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Viver para Morrer e Morrer para Viver Silvio Dutra Jul/2017

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Viver para Morrer

e

Morrer para Viver

Silvio Dutra

Jul/2017

2

A474a

Alves, Silvio Dutra

Viver para morrer e morrer para viver / Silvio

Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2017.

51p.; 14,8x21cm

1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Graça. 4.

Regeneração 5. Santificação

I. Título.

CDD 230.227

3

Fiquei profundamente impressionado, pela

forma sábia e inspirada com que o autor abordou

o assunto, com dois sermões de A. W. Pink, que

traduzi do original em inglês, intitulados,

respectivamente, “Carregando a Cruz” e a “Cruz

e o Ego”, ambos fundamentados na passagem de

Mateus 16.24, 25.

"Jesus disse aos Seus discípulos: se alguém quiser

vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua

cruz e siga-me." (Mateus 16:24)

"Pois, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á;

mas quem perder a sua vida por amor de mim,

achá-la-á." (Mateus 16:25).

De tão grande importância vital são tais palavras

do Senhor, que as achamos repetidas nos quatro

evangelhos (Mateus 10:39, Marcos 8:35, Lucas

9:24; 17:33, João 12:25).

Ele fez questão de enfatizá-las porque nelas se

encontra o maior mistério da revelação do

evangelho quanto à evidência de se ter alcançado

a vida eterna. Por elas nos alerta para não nos

iludirmos quanto ao significado de pertencer de

fato a Ele e ao Seu Reino. Há uma cruz que para

4

ser carregada e suportada é necessário antes que

se negue o ego. Há sofrimentos, aflições,

tribulações, provações, e o modo de suportá-los é

indicado, para que se possa entrar no Reino e nele

permanecer. Há uma porta estreita e um caminho

estreito. Atalhar por um caminho largo e amplo

significa a perdição eterna da alma.

É colocado assim, diante de nós, a maior e melhor

evidência de nossa conversão: negarmo-nos a nós

mesmos; estarmos carregando de fato a cruz e

seguindo ao Senhor Jesus, imitando-o e vendo a

aplicação da Sua justiça ao nosso caráter, uma vez

tendo sido justificados pela fé nele – mediante a

imputação da Sua própria justiça a nós, de modo

que nos tornássemos aceitáveis a Deus e seus

amigos e filhos amados.

Remova-se o ensino da necessidade da

autonegação e do carregar da cruz, e abre-se com

isto a possibilidade de conduzir muitas almas à

ilusão de pertencerem a Cristo, por simplesmente

terem aderido a uma denominação religiosa, ou ao

fato de terem confessado com seus lábios que

Jesus é o Senhor e o Salvador, enquanto nada

sabem e praticam sobre negar o ego e carregar a

cruz.

5

Se a conversão é somente pela graça, mediante a

fé, todavia há a necessidade de uma renúncia total

ao ego para que esta seja efetivada de fato, e daí,

a instrução do Senhor sob a forma de ordenança

de que se desejarmos segui-Lo, devemos,

necessariamente, negar-nos a nós mesmos e

tomarmos a nossa cruz.

Que vida é esta que se a desejarmos salvar será

perdida, e qual é a que se for perdida por amor a

Cristo, será achada?

Como isto é feito?

O que significa negar a si mesmo?

O que significa tomar a cruz? Qual é o significado

da cruz para nós?

Nas palavras de Jesus, se não nos negarmos e não

tomarmos a cruz e se não o seguirmos,

morreremos, mas se o fizermos, viveremos.

Então, é de importância fundamental que nos

inteiremos adequadamente destes significados

para que não venhamos a errar o alvo quanto a

alcançarmos e mantermos a vida eterna.

6

Jesus nos diz que há um modo de viver que é

morrer, e há um modo de morrer que é vida.

Veremos que negar o ego não consiste

simplesmente em nos reconhecermos pecadores,

pois há muitos que o reconhecem e no entanto,

não estão seguindo a Cristo. Não crucificaram o

ego com as suas paixões e concupiscências, e

permanecem na carne, sob a maldição da Lei, e

portanto, condenados à morte espiritual eterna, a

par de seus melhores esforços para fazerem o que

é bom e negarem o que é mau.

Doravante, lançaremos mão dos sermões de A. W.

Pink, e onde acharmos oportuno e apropriado,

teceremos algumas considerações próprias,

sempre com a introdução: “Nota do Tradutor”.

Carregando a Cruz

"Jesus disse aos Seus discípulos: se alguém quiser

vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua

cruz e siga-me". (Mateus 16:24)

"Então disse Jesus aos Seus discípulos, se alguém

quiser"; o verbo querer, aqui, significa "desejo",

7

assim como nesse versículo, "Se alguém deseja

ser piedoso". Significa "determinar-se". "Se

alguém quiser ou desejar vir após de Mim, negue-

se si mesmo e pegue a cruz (não uma cruz, mas a

cruz) e me siga." Então, em Lucas 14:27, Cristo

declarou: "E quem não toma a sua cruz, e vem

após mim, não pode ser meu discípulo". Portanto,

o carregar a cruz não é opcional. A vida cristã é

muito mais do que subscrever um sistema de

verdades, ou adotar um código de conduta - ou

submeter-se a ordenanças religiosas. A vida cristã

é principalmente uma pessoa; ter experiência de

comunhão com o Senhor Jesus, e na proporção em

que sua vida é vivida em comunhão com Cristo,

na mesma medida você está vivendo a vida cristã,

e somente nesse sentido.

A vida cristã é uma vida que consiste em seguir

Jesus. "Se alguém quiser vir após mim, negue-se,

tome a sua cruz e me siga". Quanto você e eu

podemos ganhar pela proximidade de nossa

caminhada com Cristo! Há uma classe descrita na

Escritura de quem se diz: "Estes são os que

seguem o Cordeiro onde quer que Ele vá". Mas, é

triste dizer, há outra classe, e uma grande classe,

que parece acompanhar o Senhor de forma

sentimental, ocasional e distantemente. Há grande

8

parte do mundo e muito de si mesmos em suas

vidas - e tão pouco de Cristo. Três vezes feliz será,

quem parecer com Calebe, que seguiu

completamente o Senhor.

Agora, amado, nosso principal negócio e desejo é

seguir a Cristo - mas há dificuldades e obstáculos

no caminho, e é a eles que a primeira parte do

nosso texto se refere. Você percebe que as

palavras "segue-me" são colocadas no final. O ego

está no caminho, e o mundo com suas dez mil

atrações e distrações é um obstáculo; e, portanto,

Cristo diz: "Se alguém quiser vir após Mim -

(primeiro), ele se negue a si mesmo, (segundo)

pegue sua cruz, (terceiro) e me siga". E aí

aprendemos o motivo pelo qual tão poucos

cristãos professos estão seguindo-o de perto, de

forma manifesta, consistente.

O primeiro passo para um seguimento diário de

Cristo, é a negação do EGO. Há uma grande

diferença, irmãos e irmãs, entre negar a si mesmo

e a chamada abnegação. A ideia popular que

prevalece tanto no mundo como entre os cristãos

é a desistência de coisas que gostamos. Há uma

grande diversidade de opiniões quanto ao que

deve ser desistido. Há alguns que o restringiriam

9

ao que é caracteristicamente mundano - como o

teatro, a dança ou outros tipos de divertimentos.

Mas métodos como aqueles apenas promovem o

orgulho espiritual, pois certamente eu mereço

algum crédito - se eu desistir mais do que meus

amigos.

O que Cristo fala em nosso texto (e que o espírito

de Deus possa aplicá-lo às nossas almas) como o

primeiro passo para segui-lo, é - a negação do

próprio eu - não apenas algumas das coisas que

são agradáveis para nós. Não apenas algumas das

coisas pelas quais o ego anseia, mas a negação do

próprio eu. O que isso significa, "Se alguém

quiser vir após Mim, deixe ele se negar?"

Significa, em primeiro lugar, abandonar sua

própria justiça; mas isso significa muito mais do

que isso. Esse é apenas o primeiro significado.

Significa recusar-se a descansar sobre a minha

própria sabedoria. Mas significa muito mais do

que isso. Significa deixar de insistir em meus

próprios direitos. Isso significa repudiar o próprio

ego. Significa deixar de considerar nossos

próprios confortos, nossa própria facilidade,

nosso próprio prazer, nosso próprio

engrandecimento, nossos próprios benefícios.

10

Significa ser feito como Ele. Significa, amado,

dizer com o apóstolo, já não vivo eu, mas Cristo

vive em mim. Para mim, viver é obedecer a Cristo,

servir a Cristo, honrar a Cristo, gastar-me por ele.

É isso que significa. E "se alguém deseja vir após

mim", diz o nosso Mestre, "deixe-o negar a si

mesmo", "que se autorrejeite”. Em outras

palavras, é o que você tem em Romanos 12: 1:

"Apresente seus corpos como um sacrifício vivo

para Deus".

O segundo passo para seguir a Cristo, é a tomada

da CRUZ. "Se alguém quiser vir após mim,

negue-se a si mesmo e pegue sua cruz". Ah, meus

amigos, viver a vida cristã é algo mais do que um

luxo passivo; é uma tarefa séria. É uma vida que

deve ser disciplinada em sacrifício. A vida de

discipulado começa com a autorrenúncia e

continua por automortificação. Em outras

palavras, nosso texto se refere à CRUZ, não

apenas como um objeto de fé, mas como um

princípio de vida, como o emblema do

discipulado, como uma experiência na alma. E

ouça! Assim como era verdade que o único

caminho para o trono do Pai para Jesus de Nazaré

era pela cruz, então o único caminho para uma

vida de comunhão com Deus e a coroa no final

11

para o cristão é através da cruz. Os benefícios

legais do sacrifício de Cristo são assegurados pela

fé, quando a culpa do pecado é cancelada; mas a

cruz só se torna eficaz sobre o poder do pecado

residente, quando opera em nossas vidas

diariamente.

Quero chamar sua atenção para o contexto. Volte-

se comigo por um momento para Mateus 16,

versículos 21,22: "Desde então começou Jesus

Cristo a mostrar aos seus discípulos que era

necessário que ele fosse a Jerusalém, que

padecesse muitas coisas dos anciãos, dos

principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse

morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse. E Pedro,

tomando-o à parte, começou a repreendê-lo,

dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor;

isso de modo nenhum te acontecerá." Pedro

titubeou quando disse: "Tenha compaixão de ti”.

Isso expressou a política do mundo. Essa é a soma

da filosofia do mundo - autoblindagem e

autobusca; mas o que Cristo pregou foi o

sacrifício. O Senhor Jesus viu na sugestão de

Pedro uma tentação de Satanás - e Ele a afastou de

Si. Então ele se voltou para Seus discípulos e

disse: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a

si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me." Em outras

12

palavras, o que Cristo disse foi o seguinte: eu vou

até Jerusalém para a cruz - se alguém deseja ser

Meu seguidor - há uma cruz para ele. E, como

Lucas 14 diz: "Quem não carregar a sua cruz, não

pode ser meu discípulo". Não somente Jesus deve

subir a Jerusalém e ser morto - mas todo aquele

que vem atrás dele deve pegar sua cruz. O "deve"

é tão imperativo num caso como no outro. De

maneira Mediadora, a cruz de Cristo está sozinha

- mas experimentalmente é compartilhada por

todos os que entram na vida eterna.

(Nota do tradutor: Quando Pedro pensou na morte

de Jesus como sendo algo trágico, uma fatalidade,

da qual Ele deveria ser livrado pela compaixão de

Deus, ele não sabia que a vitória sobre a morte

dependia daquela morte, e que todos os que

alcançam a vida eterna são dependentes da morte

e ressureição de Jesus, porque importava que

morresse na cruz carregando sobre Si os pecados

de todo o Seu povo.

Outra coisa que Pedro não sabia é que ninguém,

entre os pecadores, pode entrar na vida eterna caso

não passe também pela morte da cruz. Em outros

termos, Jesus poderia dizer a Pedro: “Não te

espantes com o fato de que eu deva morrer pelos

13

pecadores, porque você Pedro, e todos os que

creem em mim, devem também passar pela morte

da cruz.”

Evidentemente, se a morte de cruz significou para

Jesus a morte literal do corpo, no rude madeiro, e

não para que mortificasse qualquer pecado em Si

mesmo, pois não tinha pecado, todavia, aquela

morte significou a morte do pecado de todos os

que nele creem, e a morte dos crentes significa a

mortificação, por eles, pelo Espírito Santo, através

da instrumentalidade das tribulações, de seus

próprios pecados.

Quando disse “seja feita não a minha mas a Tua

vontade”, no Getsêmani, Jesus renunciou de modo

final à Sua própria vontade para fazer a do Pai, e

de igual modo, todos os que entram na vida eterna,

devem renunciar à própria vontade deles, para

fazerem a de Deus.

Fugir da cruz para viver segundo a própria

vontade neste mundo significa morte espiritual, e

abraçar a cruz, para a morte do ego, significa vida

espiritual abundante.

14

É por medo de ser criticado e perseguido pelo

mundo que muitos se desviam da cruz, pois não

desejam ver sua reputação sendo atacada por

motivo de guardarem os mandamentos de Deus.

Alguns tentam se autojustificar com o argumento

ilusório de que seguem os costumes do mundo

para tentarem ganhar alguns para o evangelho. Na

verdade, o amor ao mundo ainda permanece neles.

Não foram desmamados das coisas daqui debaixo

e não conseguem pensar naquelas que são do Alto.

O tesouro deles está aqui na Terra e por isso seus

corações não podem estar no Céu, porque o que

amam de fato não se encontra lá.)

Agora, o que significa "a cruz"? O que Cristo quis

dizer quando disse que "a menos que um homem

tome sua cruz"? Meus amigos, é deplorável que,

nessa data tardia, essa pergunta precise ser feita; e

é ainda mais deplorável que a grande maioria do

próprio povo de Deus tenha tais concepções não

bíblicas do que a "cruz" representa. O cristão

comum parece considerar a cruz neste texto, como

qualquer provação ou problema que lhe possa ser

imposto. Tudo o que surge que perturba a nossa

paz, isso é desagradável para a carne, ou que irrita

a nossa força - é encarado como uma cruz.

15

Alguém diz: "Bem, essa é a minha cruz", e outro

diz: "Bem, esta é a minha cruz", e outra pessoa diz

que outra coisa é a sua cruz. Meus amigos, a

palavra nunca é usada dessa forma no Novo

Testamento!

A palavra "cruz" nunca é encontrada no número

plural, nem é encontrada com o artigo indefinido

antes dela, "uma cruz". Note também que, no

nosso texto, a cruz está ligada a um verbo na voz

ativa e não na passiva. Não é uma cruz que nos é

imposta, mas uma cruz que deve ser "tomada"

voluntariamente! A cruz representa realidades

definidas que incorporam e expressam as

principais características da agonia de Cristo.

Outros entendem a "cruz" como se referindo a

deveres desagradáveis que devem cumprir. Tais

pessoas invariavelmente transformam a cruz em

uma arma com a qual atacam outras pessoas. Eles

desfazem sua abnegação e seguem insistindo que

outros deveriam segui-los. Tais concepções da

cruz são tão farisaicas como falsas, e tão

maliciosas como errôneas.

Agora, quanto o Senhor me permita, deixe-me

indicar três coisas que a cruz representa:

16

Primeiro, a cruz é a expressão do ódio do mundo.

O mundo odiava Cristo e, em última instância, seu

ódio se manifestou crucificando-o. No capítulo 15

de João, sete vezes, Cristo se refere ao ódio do

mundo contra Si mesmo e contra o Seu povo. E na

proporção em que você e eu estamos seguindo a

Cristo, apenas na proporção em que nossas vidas

estão sendo vividas como Sua vida foi vivida,

apenas na proporção em que saímos do mundo e

estamos em comunhão com Ele - assim o mundo

nos odiará!

Lemos nos Evangelhos que um homem veio e se

apresentou a Cristo para o discipulado, e ele pediu

que ele pudesse primeiro ir e enterrar seu pai - um

pedido muito natural e talvez muito louvável. Mas

a resposta do Senhor é quase impressionante. Ele

disse a esse homem: "Siga-me - e deixe os mortos

enterrar seus mortos". O que teria acontecido com

aquele jovem se ele tivesse obedecido a Cristo?

Não sei se ele fez ou não - mas se ele fizesse, o

que aconteceria? O que seus parentes e seus

vizinhos pensariam dele? Seriam capazes de

apreciar o motivo, a devoção que o levou a seguir

Cristo e negligenciar o que o mundo chamaria de

dever filial? Ah, meus amigos, se você estiver

seguindo Cristo - o mundo pensará que você está

17

louco - e alguns de vocês terão dificuldade em

suportar sua sanidade. Sim, há alguns que acham

as censuras dos vivos - um julgamento mais difícil

do que a perda dos mortos.

(Nota do tradutor: Curiosamente, temos

testemunhado um caso que bem ilustra este ponto.

Alguém que recebeu de Deus a mesma ordem de

Deus dada a Abraão de deixar a sua parentela.

Posteriormente, seu pai, que é ímpio, veio a ser

acometido de Alzheimer, e passou a demandar

maiores cuidados por parte deste seu filho cristão

a quem foi dirigida a ordem divina de se apartar

da sua parentela. Como agir num caso como este?

A ordem de Deus admite uma exceção?

Tomemos o caso do próprio Abraão, que mandou

buscar uma esposa para seu filho Isaque dentre a

sua parentela, mas tendo o cuidado de instruir seu

servo a não permitir que ele retornasse para lá. Ele

compreendeu que a ordem divina tinha em vista

mantê-lo afastado da influência de seus familiares

ímpios, e não propriamente de deflagrar uma

guerra entre eles.

Não faria qualquer sentido se Jesus nos ordenasse

deixar nossa parentela simplesmente para

18

ficarmos desocupados ou para qualquer outro

motivo diferente de termos simplesmente o

cuidado de não nos deixarmos contaminar pelas

más obras das trevas, e também para poder melhor

servi-Lo.

O jovem que queria permanecer ao lado de seu pai

até que chegasse o dia da sua morte, estava

retardando, no seu caso específico, a chamada

ministerial do Senhor para ele, que lhe exigiria

tempo integral no Seu serviço, como estavam

fazendo os apóstolos. Não haveria como conciliar

a necessidade de deslocamentos constantes com a

permanência em um lugar fixo, ainda que fosse

para cuidar do seu pai. Jesus bem sabia que ele

tinha outros familiares que poderiam

desincumbir-se da tarefa de cuidar daquele pai,

que como tudo indica, era um ímpio que não se

converteria, bem como aqueles que cuidariam

dele na ausência do candidato a seguir a Jesus. Isto

se infere das palavras do Senhor relativas a eles:

“deixai os mortos sepultarem seus mortos.”

Eles eram mortos espirituais e assim

permaneceriam inapelavelmente, enquanto o

jovem, em vez de cuidar de mortos, poderia

19

entregar-se ao lado de Jesus à tarefa de pregar o

evangelho àqueles que alcançariam a vida eterna.)

Outro jovem se apresentou a Cristo para o

discipulado e pediu ao Senhor que primeiro ele

pudesse ir para casa e despedir-se de seus amigos

- um pedido muito natural, certamente - e o

Senhor lhe apresentou a cruz: "Ninguém, Ao

colocar a mão no arado, e olhando para trás, é

adequado para o reino de Deus!" As naturezas

afetuosas acham a chave dos laços domésticos,

muito difícil de ser suportada; ainda mais são as

suspeitas de amados e amigos por terem sido

desprezados!

Sim, a opressão do mundo torna-se muito real - se

seguimos de perto a Cristo. Ninguém pode

manter-se com o mundo - e segui-Lo.

(Nota do tradutor: A cruz sempre se apresentará

para a nossa decisão de acolhê-la ou não, quando

temos que decidir sobre agradar a vontade do

Senhor ou a das pessoas, especialmente daqueles

que são nossos amigos.

20

A quem agradaremos, se isto importar que uma

das partes ficará desagradada com a nossa

decisão?

Agradaremos aos homens ou a Deus?

Os apóstolos tomaram a decisão correta quando

foram confrontados pelo Sinédrio para que não

mais pregassem a Jesus ao povo de Israel. A

resposta deles é bem conhecida: “Antes importa

obedecer a Deus do que aos homens.”

De igual modo, teremos que contrariar tanto a

amigos quanto a inimigos em muitas coisas, se

estivermos de fato decididos a seguir a Jesus. Esta

cruz de suportar a crítica, o desagrado de outros,

deverá ser tomada voluntariamente, se desejarmos

continuar seguindo o Senhor.

Para nos ensinar até que ponto o tomar

voluntariamente a cruz impõe o desagradar a

outros para que se possa agradar a Deus, nosso

Senhor, afirmou que até mesmo nossos laços mais

próximos e afetuosos devem ser contrariados

quando isto se revelar necessário para que

possamos escolher e fazer a vontade de Deus.

Nós vemos isto no texto de Lucas 14.26,27:

21

“26 Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e

mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda

também à própria vida, não pode ser meu

discípulo.

27 Quem não leva a sua cruz e não me segue, não

pode ser meu discípulo.”

Observe que Ele associa o tomar a cruz ao ato de

aborrecer a pai e mãe, mulher, filhos, irmãos e

irmãs, e conclui com o aborrecimento da nossa

própria vida neste mundo.

A cruz impõe esta necessidade de contrariar,

muitas vezes nossos próprios sentimentos e

vontade, para podermos escolher e fazer a vontade

de Deus.

Como isto exige uma renúncia absoluta a todos os

nossos próprios afetos, desejos, sentimentos,

escolhas pessoais etc, devemos estar bastante

conscientizados dessa demanda da vida cristã,

para que possamos seguir a Cristo agradando a

Deus. Foi com este propósito em vista que nosso

Senhor ilustrou imediatamente a seguir, o seu

ensino sobre o carregar cruz, com estas palavras:

22

“28 Pois qual de vós, querendo edificar uma torre,

não se senta primeiro a calcular as despesas, para

ver se tem com que a acabar?

29 Para não acontecer que, depois de haver posto

os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que

a virem comecem a zombar dele,

30 dizendo: Este homem começou a edificar e não

pode acabar.

31 Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra

contra outro rei, não se senta primeiro a consultar

se com dez mil pode sair ao encontro do que vem

contra ele com vinte mil?

32 No caso contrário, enquanto o outro ainda está

longe, manda embaixadores, e pede condições de

paz.

33 Assim, pois, todo aquele dentre vós que não

renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu

discípulo.” Lucas 14.28-33).

Percebe-se claramente que era Seu desejo que

estivéssemos devidamente esclarecidos quanto ao

significado de ser um verdadeiro crente, um

genuíno discípulo, enfim, de tudo o que seria

23

exigido de nós para concluirmos a carreira que nos

está proposta de nos tornarmos à imagem e

semelhança do Filho de Deus.

Se ficarmos divididos entre agradarmos a outros

ou até a nós mesmos em vez de agradarmos a

Deus, é certo que não concluiremos a carreira

cristã conforme convém.

Até aqui as palavras do tradutor.)

Outro jovem veio e se apresentou a Cristo e caiu

a seus pés e adorou-o, e disse: "Mestre, que coisa

boa devo fazer?" E o Senhor lhe apresentou a cruz.

"Vende tudo o que tens e dá aos pobres, e vem e

segue-me. E o jovem se afastou triste". Cristo

ainda está dizendo a você: "Quem não carregar a

sua cruz e vir após Mim - não pode ser meu

discípulo". A cruz representa a censura e o ódio

do mundo. Mas como a cruz era voluntária para

Cristo, assim é para o seu discípulo. Pode ser

evitada ou aceita. Ela pode ser ignorada ou

abraçada!

Mas em segundo lugar, a cruz representa uma vida

que é voluntariamente entregue à vontade de

Deus. Do ponto de vista do mundo, a morte era

24

um sacrifício voluntário. Volte por um momento

para o capítulo 10 de João, começando nos versos

17,18: "Por isto o Pai me ama, porque dou a minha

vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim,

mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade

para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este

mandamento recebi de meu Pai." Por que ele

estabeleceu a sua vida? Olhe para a frase final do

versículo 18: "Este mandamento eu recebi de Meu

Pai". A cruz foi a última exigência de Deus na

obediência de Seu Filho. É por isso que lemos em

Filipenses 2 que, "o qual, subsistindo em forma de

Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a

que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo,

tomando a forma de servo, tornando-se

semelhante aos homens; e, achado na forma de

homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se

obediente até a morte, e morte de cruz." (esse era

o clímax, que era o fim do caminho da obediência:

a morte da cruz!).

Cristo nos deixou um exemplo para que sigamos

os Seus passos. A obediência de Cristo deve ser a

obediência voluntária do cristão, não obrigatória;

contínua, fiel, sem reserva, até a morte. A cruz

então representa obediência, consagração,

rendição, uma vida colocada à disposição de

25

Deus. "Se alguém quer vir após Mim, que ele

tome a sua cruz e me siga" e "Quem não carregar

a sua cruz e vir após Mim - não pode ser meu

discípulo". Em outras palavras, queridos amigos,

a cruz representa o princípio do discipulado,

sendo nossa vida operada pelo mesmo princípio

que o de Cristo. Ele veio aqui - e Ele não agradou

a si mesmo; e eu também não devo. Ele não

atribuiu a Si qualquer reputação: também eu. Ele

fez o bem: eu também não deveria ser servido,

mas servir. Ele se tornou obediente até a morte, e

morte da cruz. É o que a cruz representa:

Primeiro, a reprovação do mundo - porque o

antagonizamos, aumentamos a sua ira ao nos

separarmos dele e caminhamos em um plano

diferente - porque somos movidos por princípios

diferentes, daqueles pelos quais ele caminha.

Em segundo lugar, uma vida sacrificada a Deus -

estabelecida em devoção a Ele.

Em terceiro lugar, a cruz representa sacrifícios e

sofrimentos vicários. Volte-se para a primeira

Epístola de João, terceiro capítulo, versículo 16:

"Percebemos o amor de Deus, porque Ele deu a

vida por nós, e devemos dar as nossas vidas". Essa

26

é a lógica do Calvário. Somos chamados à

comunhão com Cristo, nossas vidas devem ser

vividas pelos mesmos princípios que Ele viveu -

obediência a Deus, sacrifício para os outros. Ele

morreu para vivermos e, meus amigos, temos que

morrer para vivermos.

Veja o versículo 25 de Mateus 16: "Pois quem

quiser salvar a sua vida, a perderá". Isso significa

todo cristão, pois Cristo falava ali aos discípulos.

Todo cristão que tenha vivido uma vida

egocêntrica, considerando seus próprios

confortos, sua própria paz de espírito, seu próprio

bem-estar, suas próprias vantagens e benefícios -

que a "vida" se perderá para sempre - tudo será

desperdiçado pela eternidade; madeira, feno e

palha - que irão subir na fumaça! Mas "quem

perder a sua vida por amor de Mim", isto é, quem

não tiver vivido sua vida considerando seu próprio

bem-estar, seus próprios interesses, seu próprio

lucro, seu próprio avanço, mas que sacrificou a

vida, gastou-a em serviço dos outros por causa de

Cristo - ele encontrará a vida! Porque a vida foi

construída de materiais imperecíveis que

sobreviverão ao teste do fogo no dia seguinte. Ele

deve encontrar a "vida". Cristo morreu para

vivermos; e nós temos que morrer - se quisermos

27

viver! "Quem perder a vida por amor de mim, vai

encontrá-la".

(Nota do tradutor: Tudo o que fizermos baseados

em nossa própria vontade, aparte da vontade de

Deus, não adentrará pela eternidade, e se perderá

para sempre. Mas tudo o que for feito segundo a

vontade de Deus e para a sua exclusiva glória,

ainda que demande a morte da nossa própria

vontade, jamais deixará de ter a sua recompensa

eterna, e será carregado conosco pela eternidade

afora.

O tempo que é gasto em atividades sem Deus, ou

a sua aprovação, é tempo desperdiçado, perdido.

Mas todo o tempo que é gasto com o Senhor,

ainda que pareça um desperdício para o mundo, é

um tempo ganho, que jamais será perdido.

Quanto mais mortificamos o nosso ego mais

encontramos a vida ressurreta de Jesus Cristo. E

quanto mais se vive para o ego, por mais intenso

que seja este viver, ele é na verdade morte, pois

não traz consigo o crivo, o selo da vida eterna de

Deus.

28

Quem muito ama a vida natural que tem neste

mundo é porque está cego para a vida espiritual

que existe somente em Deus.

Quem semeia para a carne colherá corrupção e

morte, mas o que semeia para o espírito colhera a

vida abundante e eterna que Jesus veio nos dar.

Se o grão de trigo não morrer, ele ficará só e

passará. Mas se morrer dará muito fruto, pois

renascerá pelo poder de Deus em uma nova forma

de vida.)

Mais uma vez, no capítulo 20 de João, Cristo disse

aos Seus discípulos: "Como o Pai me enviou, eu

também vos envio". Cristo foi enviado aqui para

fazer o que? Para glorificar o Pai; para expressar

o amor de Deus; para manifestar a graça de Deus;

para chorar sobre Jerusalém; ter compaixão do

ignorante e daqueles que estão fora do caminho;

para trabalhar tão assiduamente que não tinha

folga nem para comer; para viver uma vida de tal

autossacrifício que até mesmo os seus parentes

disseram: "Ele está fora de si!" E, "como o Pai me

enviou, assim também", diz Cristo, "eu vos

envio". Em outras palavras, eu o envio de volta

para o mundo - do qual eu o salvei. Eu o envio de

29

volta para o mundo - para viver com a cruz

estampada sobre você. Ó irmãos e irmãs, quão

pouco "sangue" existe em nossas vidas! Quão

pouco há o carregar da morte de Jesus em nossos

corpos! (2 Coríntios 4:10).

Começamos a "carregar a cruz"? Existe alguma

maravilha de que o seguimos a uma distância tão

grande? Existe alguma maravilha de que

possamos ter pouca vitória sobre o poder do

pecado interior? Existe uma razão para isso. De

forma Mediadora, a Cruz de Cristo está sozinha -

mas, experimentalmente, a cruz deve ser

compartilhada por todos os Seus discípulos.

Legalmente, a cruz do Calvário anulou e afastou

nossa culpa, a culpa de nossos pecados; mas, meus

amigos, estou perfeitamente convencido de que a

única maneira de obter a libertação do poder do

pecado em nossas vidas e obter domínio sobre o

velho homem dentro de nós - é quando a cruz se

torna parte da experiência de nossas almas! Foi na

cruz, que o pecado foi tratado legal e

judicialmente. É somente quando a cruz é

"tomada pelo discípulo" que se torna uma

experiência, matando o poder e a corrupção do

pecado dentro de nós. E Cristo diz: "Quem não

carregar a sua cruz, não pode ser meu discípulo".

30

O quanto precisa cada cristão ficar sozinho com o

Mestre e consagrar-se a Seu serviço!

A Cruz e o Ego

“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém

quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a

sua cruz, e siga-me." (Mateus 16:24)

Antes de desenvolver o tema deste versículo,

deixe-nos comentar seus termos.

"Se alguém quer vir": o dever exigido é para todos

os que se juntaram aos seguidores de Cristo e se

inscreverem sob Sua bandeira.

"Se alguém quiser": o grego é muito enfático,

significando não só o consentimento da vontade -

mas o propósito completo do coração, uma

resolução determinada.

"Vir após mim": como um servo sujeito ao seu

Mestre, um erudito a seu Professor, um soldado a

seu Capitão.

31

"Negar" no grego significa "negar

completamente". Negar a si mesmo - a sua

natureza pecaminosa e corrupta.

"E tomar": não tomar ou carregar passivamente -

mas assumir voluntariamente, adotar ativamente.

"Sua cruz": o que é desprezado pelo mundo,

odiado pela carne, mas é a marca distintiva de um

verdadeiro cristão.

"E siga-me": viver como Cristo viveu - para a

glória de Deus.

O contexto imediato é mais solene e

impressionante. O Senhor Jesus acaba de anunciar

aos Seus apóstolos, pela primeira vez, a sua morte

de humilhação que estava próxima (v. 21). Pedro

estava titubeando e disse: "Nunca, Senhor! Isso

nunca acontecerá contigo!" (v. 22). Isso expressou

a política da mente carnal. O caminho do mundo

é autobuscando e autoblindado. "Poupe-se" é a

soma de sua filosofia. Mas a doutrina de Cristo

não é "salvar a si mesmo", mas sacrificar-se.

Cristo discerniu no conselho de Pedro, uma

tentação de Satanás (v. 23), e imediatamente o

afastou. Então, voltando-se para Pedro, disse: Não

32

somente o Cristo "deve" ir a Jerusalém e morrer -

mas todo mundo que seja um seguidor dele - deve

tomar sua cruz (v. 24). O "deve" é tão imperativo

no primeiro caso como no outro.

Mediatoriamente, a cruz de Cristo está sozinha -

mas, experimentalmente, é compartilhada por

todos os que entram na vida.

O que é um "cristão"?

Quem é membro de alguma igreja terrena? Não!

Quem acredita em um credo ortodoxo? Não!

Quem adota um certo modo de conduta? Não! O

que, então, é um cristão? Ele é aquele que

renunciou a si mesmo e recebeu a Cristo Jesus

como Senhor (Col 2: 6). É aquele que leva o jugo

de Cristo sobre si e aprende dAquele que é "manso

e humilde de coração" (Mateus 11:29). Ele é

alguém que foi "chamado para a comunhão do

Filho de Deus, Jesus Cristo nosso Senhor" (1 Cor

1: 9). Ou seja, irmandade em Sua obediência e

sofrimento agora, e Sua recompensa e glória no

futuro infinito! Não existe tal coisa como

pertencer a Cristo - e viver para agradar a si

mesmo. Não se engane com esse ponto: "Quem

não toma a sua cruz, e não vem após Mim, não

pode ser meu discípulo" (Lucas 14:27) disse

33

Cristo. E, novamente, ele declarou: "Mas quem

quiser [em vez de negar a si mesmo] me negar

diante dos homens [não" aos "homens: é a

conduta, a caminhada que está aqui em vista], eu

também o negarei diante do Pai que está no Céu."

(Mateus 10:33).

A vida cristã começa com um ato de

autorrenúncia, e é continuada por

automortificação (Romanos 8:13). A primeira

pergunta de Saulo de Tarso, quando Cristo o

apreendeu, foi: "Senhor, o que queres que eu

faça." A vida cristã é comparada a uma "corrida",

e o piloto é chamado a "deixar de lado todo peso,

e o pecado que tão facilmente o atormenta" (Heb

12: 2), porque "pecado" está no amor de si mesmo,

O desejo e a determinação de ter nosso "caminho

próprio" (Isaías 53: 6). O único grande objetivo,

fim, tarefa, estabelecido diante do cristão é seguir

a Cristo - seguir o exemplo que Ele nos deixou (1

Pedro 2:21), e Ele "não se agradou" (Romanos 15:

3). E há dificuldades e obstáculos no caminho,

cujo chefe é o EGO. Portanto, isso deve ser

"negado". Este é o primeiro passo para "seguir" a

Cristo.

34

O que significa para um homem "negar a si

mesmo"?

Primeiro, significa o repúdio completo de seu

próprio BEM-ESTAR. Significa deixar de

descansar sobre qualquer obra própria para

recomendar-se a Deus. Significa uma aceitação

irrestrita do veredicto de Deus de que "todas as

nossas justiças [nossas melhores performances]

são trapos imundos" (Isaías 64: 6). Foi neste ponto

que Israel falhou: "Por serem ignorantes da justiça

de Deus, e para estabelecer a própria justiça, não

se submeteram à justiça de Deus" (Romanos 10:

3). Mas contraste com a declaração de Paulo: "E

ser achado nEle, sem ter a minha própria justiça"

(Filipenses 3: 9).

Alguém "negar a si mesmo" significa renunciar

completamente à sua própria SABEDORIA.

Ninguém pode entrar no reino dos céus se não se

tornar com "criancinhas" (Mateus 18: 3). "Ai dos

que são sábios aos seus próprios olhos, e

prudentes à sua vista" (Isaías 5:21). "Professando-

se serem sábios, tornaram-se tolos" (Romanos

1:21). Quando o Espírito Santo aplica o

Evangelho com poder a uma alma, é para

"Destruir os conselhos, e toda a altivez que se

35

levanta contra o conhecimento de Deus, e levando

cativo todo o entendimento à obediência de

Cristo" (2 Cor 10: 5). Um bom lema para cada

cristão adotar é: "Não se incline para o seu próprio

entendimento" (Provérbios 3: 5).

(Nota do tradutor: O temor de Deus consiste em

aborrecer o mal. E entenda-se como mal, não

apenas o mal moral, mas tudo o que se levanta

contra a vontade de Deus. De modo que se alguém

procurar nos conduzir para longe de tudo aquilo

que nos é ordenado pelo Senhor em Sua Palavra,

devemos estar dispostos a carregar esta cruz de

perder até mesmo a amizade de alguém, por

motivo de escolhermos agradar ao Senhor e não à

pessoa em referência ou a nós mesmos. Esta

talvez seja a cruz mais comum na vida dos servos

de Deus que procuram viver piedosamente em

Cristo. Não é de se admirar que o santo ande

muitas vezes solitariamente, inclusive entre

aqueles que se professam cristãos, pois tem da

parte do Senhor o mandamento de se afastar de

todo aquele que não ande segundo a sã doutrina.

Isto não significa odiar, ou ter um sentimento

corrosivo em relação aos contradizentes, mas em

não ter comunhão com eles, para que se

arrependam.)

36

Alguém "negar a si mesmo" significa renunciar

completamente à sua própria FORÇA. É estar

"sem confiança na carne" (Filipenses 3: 3). É o

coração se curvando à declaração de Cristo: "Sem

Mim, nada podeis fazer." (João 15: 5). Foi nesse

ponto que Pedro falhou: (Mateus 26:33). "O

orgulho precede a destruição, e um espírito altivo

a queda" (Provérbios 16:18). Quão necessário é,

então, que observemos 1 Coríntios 10:12:

"Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não

caia." O segredo da força espiritual - consiste em

perceber a nossa fraqueza pessoal! (Veja Isaías

40:29; 2 Cor 12: 9). Então, "nos fortaleçamos na

graça que está em Cristo Jesus" (2 Tim 2: 1).

Alguém “negar a si mesmo" significa renunciar

completamente à sua própria VONTADE. O

idioma do salvo não é: "Nós não teremos esse

Homem para reinar sobre nós!" (Lucas 19:14). A

atitude do cristão é: "Para mim, viver é Cristo"

(Filipenses 1:21) - para honrar e servir. Renunciar

às nossas próprias vontades, significa prestar

atenção à exortação de Fil 2: 5: "Que haja em vós

o mesmo sentimento que havia em Cristo Jesus",

que é definido nos versículos que imediatamente

se seguem como abnegação. É o reconhecimento

prático de que "você não é seu, porque você é

37

comprado com um preço" (1 Cor 6: 19,20). É

dizer com Cristo: "No entanto, não o que eu quero,

mas o que tu queres." (Marcos 14:36).

Alguém "negar a si mesmo" significa renunciar

completamente a seus próprios desejos carnais.

"O HOMEM é um pacote de ídolos" (Thomas

Manton), e esses ídolos devem ser repudiados. Os

não cristãos são "amantes de si mesmos" (2 Tim

3, 1); Mas aquele que foi regenerado pelo Espírito,

diz com Jó: "Eis que sou vil!" (40: 4): "Eu me

abomino!" (47: 6). Dos não cristãos está escrito,

"Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de

Cristo Jesus." (Filipenses 2:21); mas dos santos de

Deus é registrado, "eles não amaram suas próprias

vidas até a morte" (Apo 12:11). A graça de Deus

é "ensinar-nos que, negando a impiedade e as

concupiscências mundanas, devemos viver com

sobriedade, justiça e piedade neste mundo

presente" (Tito 2:12).

Essa negação do eu que Cristo exige de todos os

Seus seguidores é UNIVERSAL. Não há reserva,

nenhuma exceção feita: "Não faça provisão para a

carne, para as concupiscências" (Romanos 13:14).

É constante, não ocasional: "Se alguém vir após

Mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz

38

diariamente e siga-me" (Lucas 9:23). É ser

espontâneo, não forçado; com prazer, não

relutantemente: "E o que quer que fizerem, façam

com coração, quanto ao Senhor" (Col 3:23). Quão

maligno é rebaixar o padrão que Deus coloca

diante de nós! Como condena as vidas mundanas

superficiais e carnais de tantos que professam

(mas em vão) que são "cristãos"!

"E pegue sua cruz". Isso se refere à cruz não como

um objeto de fé, mas como uma experiência na

alma. Os benefícios legais do Calvário são

recebidos através da fé, quando a culpa do pecado

é cancelada - mas as virtudes experimentais da

Cruz de Cristo só são apreciadas quando nós, de

maneira prática, somos "conformes à sua morte"

(Filipenses 3:10) . É somente quando aplicamos a

cruz em nossas vidas diárias, e regulamos nossa

conduta por seus princípios, que ela se torna

eficaz sobre o poder do pecado residente. Não

pode haver ressurreição onde não há morte; e não

pode haver uma caminhada prática "em novidade

da vida" e "trazendo sempre no corpo o morrer de

Jesus, para que também a vida de Jesus se

manifeste em nossos corpos." (2 Cor 4.10). A

"cruz" é o distintivo, a evidência, do discipulado

cristão. É a sua "cruz" e não o seu credo, que

39

distingue um verdadeiro seguidor de Cristo dos

mundanos religiosos.

Agora, no Novo Testamento, a "cruz" representa

realidades definidas.

Primeiro, expressa o ódio do mundo. O Filho de

Deus veio aqui para não julgar, mas para salvar;

Não para punir, mas para resgatar. Ele veio aqui

"cheio de graça e verdade". Ele estava sempre à

disposição dos outros: ministrando aos

necessitados, alimentando os famintos, curando

os doentes, libertando o possuído pelos demônios,

ressuscitando os mortos. Ele estava cheio de

compaixão: gentil como um cordeiro;

inteiramente sem pecado. Ele trouxe com ele boas

novas de grande alegria. Procurou o pária e

pregou aos pobres, mas desprezou os ricos; ele

perdoou os pecadores. E como ele foi recebido?

Eles o "desprezaram e rejeitaram" (Isaías 53: 3).

Ele declarou: "Eles me odiaram sem causa" (João

15:25). Eles tinham sede de Seu sangue. Nenhuma

morte comum os apaziguaria. Eles exigiram que

Ele fosse crucificado. A Cruz, então, foi a

manifestação do ódio do mundo pelo Cristo de

Deus.

40

O mundo não se transformou - mais do que o

etíope mudou sua pele, ou o leopardo suas

manchas. O mundo e Cristo ainda estão em um

antagonismo aberto. Por isso, está escrito: "Quem

quer que seja amigo do mundo é inimigo de Deus"

(Tiago 4: 4). É impossível andar com Cristo e

comungar com Ele - até que se separem do

mundo. Andar com Cristo necessariamente

envolve compartilhar de sua humilhação:

"Sairmos, portanto, para ele fora do arraial,

levando o seu opróbrio" (Heb 13:13). Isto foi o

que Moisés fez: (veja Heb 11: 24-26). Quanto

mais eu estiver caminhando com Cristo, mais eu

serei mal interpretado (1 João 3: 2), ridicularizado

(Jó 12: 4) e detestado pelo mundo (João 15:19).

Não se engane aqui - é absolutamente impossível

manter-se com o mundo e ter comunhão com o

Santo Cristo. Assim, "pegar" minha "cruz"

significa que eu deliberadamente julgo a

inimizade do mundo, por meio da minha recusa

em ser "conformado" a ele (Romanos 12: 2). Mas

no que as fronteiras do mundo são importantes -

se eu estou gostando dos sorrisos do Salvador!

Tomar minha "cruz" significa uma vida

voluntariamente entregue a Deus. Como o ato de

homens perversos, a morte de Cristo foi um

assassinato; mas, como o próprio ato de Cristo, foi

um sacrifício voluntário, oferecendo-se a Deus.

Foi também um ato de obediência a Deus. Em

41

João 10:18, ele disse: "Ninguém ma tira de mim,

mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade

para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este

mandamento recebi de meu Pai.". E por que ele o

afirmou? Suas últimas palavras nos dizem: "Este

mandamento recebi de Meu Pai". A cruz foi a

demonstração suprema da obediência de Cristo.

Aqui, ele foi o nosso Exemplo. Mais uma vez,

citamos Filipenses 2: 5: "Tende em vós aquele

sentimento que houve também em Cristo Jesus ".

No que se segue, vemos o Amado do Pai, tomando

a forma de servo e tornando-se "obediente até a

morte, a morte da cruz". Agora, a obediência de

Cristo deve ser a obediência voluntária do cristão,

alegre, sem reservas, contínua. Se essa obediência

envolve vergonha e sofrimento, repreensão e

perda - não devemos hesitar - mas colocar nossa

face "como um pederneira" (Isaías 50: 7). A cruz

é mais que o objeto da fé do cristão, é o emblema

do discipulado, o princípio pelo qual sua vida

deve ser regulada. A "cruz" representa a entrega e

a dedicação a Deus: "Rogo-vos pois, irmãos, pela

compaixão de Deus, que apresenteis os vossos

corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável

a Deus, que é o vosso culto racional." (Romanos

12 : 1).

A "cruz" significa serviço vicário e sofrimento.

Cristo estabeleceu a Sua vida pelos outros, e os

Seus seguidores são chamados a estarem

42

dispostos a fazer o mesmo: "Devemos dar as

nossas vidas pelos irmãos" (1 João 3:16). Essa é a

inevitável lógica do Calvário. Somos chamados a

seguir o exemplo de Cristo, à comunhão de seus

sofrimentos, a ser parceiros no Seu serviço. Como

Cristo se fez "sem reputação" (Filipenses 2: 7),

também nós. Como Ele "não veio para ser

servido", mas para servir "(Mateus 20:28) -

também devemos. Como Ele "não se agradou"

(Romanos 15: 3), também nós. Como Ele sempre

pensou nos outros, devemos também: "Lembrar-

nos dos presos, como se estivéssemos presos com

eles, e dos maltratados, como sendo-o nós

mesmos também no corpo." (Heb 13: 3).

"Pois, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á;

mas quem perder a sua vida por amor de mim,

achá-la-á." (Mateus 16:25). As palavras quase

idênticas a estas são encontradas novamente em

Mateus 10:39, Marcos 8:35, Lucas 9:24; 17:33,

João 12:25. Certamente, tal repetição argumenta a

profunda importância de nossa observação e

atenção a esta frase de Cristo. Ele morreu para

vivermos (João 12:24), também devemos nós

(João 12:25). Como Paulo, devemos poder dizer:

"em nada tenho a minha vida como preciosa para

mim, contando que complete a minha carreira e o

ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar

testemunho do evangelho da graça de Deus."

(Atos 20:24). A "vida" que é vivida para a

43

gratificação do EGO neste mundo, é "perdida"

pela eternidade; A vida que é sacrificada aos

interesses próprios e cedeu a Cristo, será

"encontrada" novamente e preservada pela

eternidade.

Um jovem formado na universidade, com

perspectivas brilhantes, respondeu ao chamado de

Cristo a uma vida de serviço para ele na Índia,

entre a casta mais baixa dos nativos. Seus amigos

exclamaram: "Que tragédia! Uma vida jogada

fora!" Sim, "perdeu" tanto quanto este mundo -

mas "encontrou" novamente no mundo por vir!

(Nota do tradutor: A Palavra de Deus nos ensina

claramente que não fomos chamados apenas para

afirmar verbalmente nossa fé em Cristo, mas

sobretudo para demonstrar a realidade dessa fé

nos sofrimentos que padecemos com paciência

por causa do Seu nome (Filipenses 1.29).

Nós lemos em 2 Timóteo 2.11,12:

“11 Fiel é esta palavra: Se, pois, já morremos com

ele, também com ele viveremos; (observe que se

afirma que a vida com Cristo decorre da nossa

morte com ele, ou seja da nossa identificação com

a sua morte na cruz, carregando em nosso corpo

o morrer de Jesus)

44

12 se perseveramos, com ele também reinaremos;

se o negarmos, também ele nos negará.” (observe

que o reinar com Cristo demanda perseverar em

fazer a Sua vontade pelo fiel carregar diário da

cruz)

Importa que em tudo sejamos identificados ao

nosso Salvador e Senhor, tanto no que se refere à

Sua glória, quanto aos Seus sofrimentos; de modo

que aqui embaixo, um grande indicativo da nossa

real eleição por Deus como seus filhos amados,

consiste principalmente na paciência com que

suportamos perseguições e sofrimentos por causa

do nosso bom testemunho em seguir as pegadas

de Jesus Cristo.)

“5 Porque, como as aflições de Cristo

transbordam para conosco, assim também por

meio de Cristo transborda a nossa consolação.

6 Mas, se somos atribulados, é para vossa

consolação e salvação; ou, se somos consolados,

para vossa consolação é a qual se opera

suportando com paciência as mesmas aflições que

nós também padecemos;

7 e a nossa esperança acerca de vós é firme,

sabendo que, como sois participantes das aflições,

assim o sereis também da consolação.” ( 2

Coríntios 1.5-7)

45

“19 Porque isto é agradável, que alguém, por

causa da consciência para com Deus, suporte

tristezas, padecendo injustamente.

20 Pois, que glória é essa, se, quando cometeis

pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com

paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois

afligidos, o sofreis com paciência, isso é

agradável a Deus.

21 Porque para isso fostes chamados, porquanto

também Cristo padeceu por vós, deixando-vos

exemplo, para que sigais as suas pisadas.” (I Pedro

2.19-21)

“14 Mas também, se padecerdes por amor da

justiça, bem-aventurados sereis; e não temais as

suas ameaças, nem vos turbeis;

15 antes santificai em vossos corações a Cristo

como Senhor; e estai sempre preparados para

responder com mansidão e temor a todo aquele

que vos pedir a razão da esperança que há em vós;

16 tendo uma boa consciência, para que, naquilo

em que falam mal de vós, fiquem confundidos os

que vituperam o vosso bom procedimento em

Cristo.

46

17 Porque melhor é sofrerdes fazendo o bem, se a

vontade de Deus assim o quer, do que fazendo o

mal.” (I Pedro 3.14-17)

“12 Amados, não estranheis a ardente provação

que vem sobre vós para vos experimentar, como

se coisa estranha vos acontecesse;

13 mas regozijai-vos por serdes participantes das

aflições de Cristo; para que também na revelação

da sua glória vos regozijeis e exulteis.

14 Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-

aventurados sois, porque sobre vós repousa o

Espírito da glória, o Espírito de Deus.

15 Que nenhum de vós, entretanto, padeça como

homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem

se entremete em negócios alheios;

16 mas, se padece como cristão, não se

envergonhe, antes glorifique a Deus neste nome.”

(I Pedro 4.12-16)

“8 Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o

Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e

procurando a quem possa tragar;

9 ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os

mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os

vossos irmãos no mundo.

47

10 E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos

chamou à sua eterna glória, depois de haverdes

sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de

aperfeiçoar, confirmar e fortalecer.” (I Pedro 5.8-

10)

“7 Mas o que para mim era lucro passei a

considerá-lo como perda por amor de Cristo;

8 sim, na verdade, tenho também como perda

todas as coisas pela excelência do conhecimento

de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a

perda de todas estas coisas, e as considero como

refugo, para que possa ganhar a Cristo,

9 e seja achado nele, não tendo como minha

justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em

Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;

10 para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição

e a e a participação dos seus sofrimentos,

conformando-me a ele na sua morte,” (Filipenses

3.7-10)

“8 Portanto não te envergonhes do testemunho de

nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro

seu; antes participa comigo dos sofrimentos do

evangelho segundo o poder de Deus,” (II Timóteo

1.8)

48

“10 Irmãos, tomai como exemplo de sofrimento e

paciência os profetas que falaram em nome do

Senhor.

11 Eis que chamamos bem-aventurados os que

suportaram aflições. Ouvistes da paciência de Jó,

e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o

Senhor é cheio de misericórdia e compaixão.”

(Tiago 5.10,11)

“8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Isto diz

o primeiro e o último, que foi morto e reviveu:

9 Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas

tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus,

e não o são, porém são sinagoga de Satanás.

10 Não temas o que hás de padecer. Eis que o

Diabo está para lançar alguns de vós na prisão,

para que sejais provados; e tereis uma tribulação

de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa

da vida.” (Apocalipse 2.8-10)

“12 Todos os que querem ostentar boa aparência

na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos,

somente para não serem perseguidos por causa da

cruz de Cristo.

49

13 Porque nem ainda esses mesmos que se

circuncidam guardam a lei, mas querem que vos

circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.

14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser

na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o

mundo está crucificado para mim e eu para o

mundo.” (Gálatas 6.12-14)

“1 Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre

deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um

edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos

céus.

2 Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando

muito ser revestidos da nossa habitação que é do

céu,

3 se é que, estando vestidos, não formos achados

nus.

4 Porque, na verdade, nós, os que estamos neste

tabernáculo, gememos oprimidos, porque não

queremos ser despidos, mas sim revestidos, para

que o mortal seja absorvido pela vida.

5 Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi

Deus, o qual nos deu como penhor o Espírito.

50

6 Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo

que, enquanto estamos presentes no corpo,

estamos ausentes do Senhor

7 (porque andamos por fé, e não por vista);

8 temos bom ânimo, mas desejamos antes estar

ausentes deste corpo, para estarmos presentes com

o Senhor.

9 Pelo que também nos esforçamos para ser-lhe

agradáveis, quer presentes, quer ausentes.

10 Porque é necessário que todos nós sejamos

manifestos diante do tribunal de Cristo, para que

cada um receba o que fez por meio do corpo,

segundo o que praticou, o bem ou o mal.

11 Portanto, conhecendo o temor do Senhor,

procuramos persuadir os homens; mas, a Deus já

somos manifestos, e espero que também nas

vossas consciências sejamos manifestos.

12 Não nos recomendamos outra vez a vós, mas

damo-vos ocasião de vos gloriardes por nossa

causa, a fim de que tenhais resposta para os que se

gloriam na aparência, e não no coração.

13 Porque, se enlouquecemos, é para Deus; se

conservamos o juízo, é para vós.

51

14 Pois o amor de Cristo nos constrange, porque

julgamos assim: se um morreu por todos, logo

todos morreram;

15 e ele morreu por todos, para que os que vivem

não vivam mais para si, mas para aquele que por

eles morreu e ressuscitou.” (2 Coríntios 5.1-15)