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Revista Obscena Tiragem: 3000

País: Portugal

Period.: Quadrimestral

Âmbito: Outros Assuntos

Pág: 22

Cores: Cor

Área: 21,22 x 27,01 cm²

Corte: 1 de 2ID: 30295270 01-05-2010

R E P O R TA G E M

FITEI faz parte da descoberta da acti-vidade cultural como essencial ao ser

humano”, lança Mário Moutinho, director artístico do Festival Internacional de Tea-tro de Expressão Ibérica, no activo ininter--ruptamente desde 1978. Quando surgiu no Porto, onde se realiza desde então, o públi-co estava muito interessado na “descober-ta”, principalmente devido à ausência de referentes na área das artes performativas. Com um nível de instrução ainda pequeno, a facilidade de compreensão do espanhol em Portugal ditou a matriz do FITEI: um festival virado para o teatro que se faz em Espanha e na América Latina.De acordo com o director o festival teve, no início, “uma ligação muito grande com a cidade, transformou-a, foi uma festa”. A cidade mobilizou-se e naqueles primeiros anos “o FITEI era um grande acontecimen-to no Porto”. Entretanto, as relações com a cidade mudaram, quer pelas pessoas que a geriram, quer pelo tipo de público, que começou a exigir outro género de propos-tas. Os portuenses passaram a ter acesso a “outras actividades artísticas e culturais e, à medida que iam tendo essa informa-ção, iam obviamente exigindo ao FITEI ou-tro tipo de programação”. No fundo, tem sido uma relação como todas as outras, de “altos e baixos”. Segundo Mário Moutinho, o festival esteve, durante algum tempo, “muito centrado num público que criou na primeira fase e que ainda hoje existe”. Todos os anos há um projecto novo e “todos os anos há aquele objectivo de fazer um festival cada vez mais interessante, mais inovador, mais arriscado, mais maluco”, diz Moutinho.Sem renunciar a sua matriz ibérica, o FI-TEI deste ano alarga as suas fronteiras e

FITEI E NEC VÃO BAPTIZAR UMA RUA DO PORTO

PORTO CIDADE DO TEATRO, OUTRA VEZ

FITEI

T E X T O

T E X T O

Os espectáculos de rua têm, no FITEI, uma interligação muito grande com o público e a organização espera que haja algumas surpresas este ano. A começar pelo espec-táculo de abertura em plena baixa do Porto, junto à estação de S. Bento. O pouco con-vencional Su-SESO Taladro, do Teatro Ges-tual do Chile, promete baralhar o trânsito e provocar os transeuntes da cidade. Esta é apenas uma das várias propostas de teatro de rua apresentado pelo FITEI, género que agrada particularmente o director. “Acho muito interessante que o público seja apa-nhado desprevenido; o teatro de rua tem esta capacidade de surpreender quem é apanhado, confrontá-lo, pô-lo a discutir o que vê”, confessa em entrevista. A reacção

reúne no Porto algumas produções de companhias de países como a França, o Reino Unido, a Itália e o Canadá. De regres-so estão companhias africanas – o Grupo de Teatro Pesquisa Serpente, de Angola, e a Companhia de Teatro Kadumba, de Mo-çambique. É neste sentido que surge uma parceria que se “pretende alargar e forta-lecer” com o Teatro da Trindade, em Lis-boa. “Nós colocamos um espectáculo de África em Lisboa e o Teatro da Trindade coloca no FITEI um dos seus espectáculos, da sua produção”, explica. Este ano foi es-colhida Não se Ganha, Não se Paga, uma criação de Dario Fo, encenada por Maria Emília Correia.Também o “défice de programação de dança na cidade” levou o FITEI a repensar o seu programa. Na sua origem, a dança aparecia “muito residualmente”, por nor-ma vinda dos países africanos, que tinham, como é tradição, pouco teatro e mais dan-ça. Actualmente, a organização do festival tem-lhe dado mais atenção e apresenta na sua 33.ª edição um leque de diversas pro-postas, a começar pelo o espectáculo de abertura, no Teatro Nacional S. João, Hnuy Illa , do País Basco, que entrelaça a dança tradicional com uma linguagem contempo-rânea. Depois, há os nomes incontornáveis da dança em Espanha: Marta Carrasco e Entremans. Com uma escolha de propos-tas que não obedecem exactamente a um conceito artístico, mas antes a uma vonta-de de “mostrar o que se está a fazer nos vá-rios territórios de Espanha”, vão ser apre-sentadas no FITEI “linhas estéticas muito diferentes”, adianta Mário Moutinho.

O FITEI desenrola-se em vários espaços da cidade do Porto entre 28 de Maio e 10 de Junho.

do público é sempre imprevisível e, por isso mesmo, “fascinante”.Mas se os espectáculos de rua organizados pelo FITEI fazem parte da linha de interven-ção urbana habitual, este ano há uma nova dinâmica. A estrutura convidada é o Núcleo de Experimentação Coreográfica (NEC), que, segundo Mário Moutinho fez uma pro-posta “assustadoramente aliciante”. Viver a Rua, um projecto do inglês Joshua Sofa-er, pretende ser uma intervenção “forte e duradoura”. Deste modo, no início do FITEI começa um concurso nacional que visa es-colher um cidadão anónimo “que mereça um tributo público” – explica o director do NEC, Joclécio Azevedo – e que venha a dar o seu nome a uma nova rua do Porto.

O

Marta Dies Irae © David Ruano

Page 7: Viver a Rua Press File

Revista Obscena Tiragem: 3000

País: Portugal

Period.: Quadrimestral

Âmbito: Outros Assuntos

Pág: 23

Cores: Cor

Área: 21,00 x 27,62 cm²

Corte: 1 de 2ID: 30295458 01-05-2010P E R F I L

JOSHUA

SOFAER

FITEI

T E X T O

A inauguração desta nova via terá lugar na próxima edição do festival. Em entrevista à OBSCENA, Joclécio admite que Sofaer lhes propôs algo “extremamente ambicioso”. O NEC deu, assim, início a um processo de contacto com o Departamento do Urba-nismo da Câmara Municipal do Porto que recebeu a ideia com agrado. “É uma peque-na estrutura que, de repente, se interessa pela cidade, pelo seu futuro”, revela o di-rector do NEC. Entretanto, o núcleo entrou em contacto com a Comissão de Toponímia que também “acolheu o projecto com mui-to prazer”.A proposta do artista de live art britânico também vai exigir a parceria com outras estruturas, como o Espaço T e o Clube Li-

terário do Porto. Para o concurso será uti-lizado um website – www.viverarua.com – como plataforma, para além de uma acção performativa de 15 voluntários, “uma espé-cie de armada”, que, em alguns momentos específicos, se vai espalhar pelas ruas da cidade e falar com as pessoas, explicar--lhes o projecto e motivá-las a participar, explicaram os organizadores.Mário Moutinho admite: “Temos a obrigação de fazer algumas intervenções deste tipo”. “Há de facto uma forte intervenção da po-pulação com implicações no futuro da sua cidade e a arte não pode estar alheia a isto, senão deixa de o ser”, adianta, concluindo que é preciso “uma certa dose de loucura e paixão para fazer este tipo de coisas”.

oshua Sofaer descobriu uma forma in-teligente de trabalhar: ele cria um tra-

balho que sonda ideias sérias sobre a arte e a existência, sob a forma de eventos de arte pública aparentemente simples, que agarram a atenção e apelam às massas.A Live Art é uma forma que por vezes ten-de para o inescrutável, mas não há nada de difícil para entender numa competição que quer colocar o nome de um membro do pú-blico sob o foco de luzes (Name in Lights, 2007), ou em plantar nomes num canteiro de flores (Rooted in the Earth, 2009). E, no entanto, esses projectos nunca resultam em gestos vazios. Pode-se, pelos vistos, ser populista sem ser trivial.Joshua Sofaer nasceu em Cambridge em 1972, mas cresceu em Edimburgo, na Es-cócia. Por inspiração de um professor de artes da escola que “[lhe] deu a convicção de que a arte pode fazer a diferença”, quis, inicialmente, ser actor, tendo chegado a estudar teatro. Até se aperceber que de-testava o teatro e se matriculou na escola de arte. Claramente, o interesse na perfor-mance nunca evanesceu. Embora os seus primeiros trabalhos te-nham sido performances a solo - incluin-do a Bare Buttocked Lecture, e uma outra peça onde acabou por ganhar uma meda-lha de ouro no concurso de levantamento de pesos de 56 kg do Gay Games -, Sofaer evoluíu como um artista que escolhe não se colocar no centro do seu trabalho. Ele contorna o cliché do intérprete que chama a atenção e, em vez disso, actua como en-cenador, curador, instigador ou produtor (assim como escritor, académico e profes-sor), transformando o público nos artistas do seu trabalho.Para a edição de 2009 do Festival Wunder-bar, em Newcastle, no nordeste de Ingla-terra, concebeu Tours of People’s Homes, um trabalho para o qual persuadiu onze moradores locais a abrir as suas casas ao público e a desenhar os seus próprios percursos temáticos. Algumas das experi-ências incluíam tomar um banho, partici-par numa luta de comida e ser insultado durante o jantar. “Ele desenvolveu estas extraordinárias práticas participativas”, diz Lois Keiden, directora da Live Art Develop-ment Agency, “[São] eventos de grande es-cala que estão completamente dependen-tes da acção dos participantes para existir, por isso trata-se de facilitar o potencial criativo de outras pessoas”. Embora muitas performances ofereçam aparentes oportunidades de participação do público, o trabalho de Sofaer vai muito além de persuadir os participantes inactivos para interacções estranhas e humilhações me-nores. De facto, o público não é apenas uma plateia participante, eles são a própria perfor-mance. Sofaer entrega o poder criativo ao pú-blico; dá-lhes permissão para serem os seus próprios directores, os seus próprios artistas.

Sofaer não deixa de puxar os fios. Provavel-mente, o seu evento mais conhecido seja Scavengers, que teve lugar em Londres, São Francisco e Edimburgo. A premissa era uma caçada a necrófagos, onde era dada uma lista de objectos a recolher pelo públi-co numa corrida contra o tempo. O tipo de objectos variava entre o simples e o absur-do, por exemplo, um urinol, um cavalo es-culpido em cenoura, e “qualquer figura de acção que não seja o Super-Homem, mas vestido como o Super-Homem”. Os resul-tados da caçada eram exibidos numa gale-ria, tornando os participantes em “artistas” reconhecidos, mas também preparando e posicionando um espaço para questionar directamente o que é que faz com que um objecto seja “arte”.Humor e divertimento são elementos-chave do trabalho de Sofaer. Para quem participa é um jogo alegre. “A arte pode ser muito séria e sonora. Estou aqui pela diversão”, disse uma vez o artista. Mas o impacto pode ser mais do que entreteni-mento. Sofaer incentiva seus participantes a perspectivar o mundo (as suas cidades, as suas casas) com olhos de artistas.Dois outros trabalhos de Sofaer criaram uma grande narrativa pública usando mo-delos muito diferente. Name in Lights e Rooted in the Earth tinham uma premissa semelhante, pedindo ao público para no-mear alguém cujo nome seria exibido em público. Em Birmingham, o nome de uma enfermeira natural da Jamaica que se mu-dou para a Grã-Bretanha nos anos 60 foi erguido em luzes de néon de três metros e meio. Em Londres, moradores locais tive-ram os seus nomes plantados em canteiros de parques públicos, incluindo um fã de fu-tebol de 101 anos e uma avó que trabalha com mulheres sem-abrigo.Sendo exercícios que celebravam cidadãos ignorados, ambos os projetos desafiavam os participantes a questionar a natureza da fama e a sua forma volátil. É uma ideia sim-ples quanto baste mas, na prática, é uma ideia que ressoa. “São ideias complexas, mas ele é capaz de articulá-las de manei-ras incrivelmente acessíveis”, diz Keiden. “Há muito poucas pessoas que têm aque-la capacidade para chegar a essas ideias e realizá-las tão profissionalmente. Joshua é realmente excepcional a esse respeito.”O projecto português de Sofaer, Living the Street, onde o público será convidado a nomear alguém cujo nome deve aparecer numa placa, pode ser visto como uma con-tinuação desta linha. “Eu acho que as ques-tões centrais são realmente sobre arte pú-blica - enquanto arte que está em público, mas também sobre, e com o público”, diz Keiden. “Algumas práticas participatórias podem ser extremamente paternalistas, mas Joshua consegue criar projectos à al-tura das pessoas.”

J

DR

Page 8: Viver a Rua Press File

Tiragem: 111762

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 25

Cores: Cor

Área: 26,12 x 23,91 cm²

Corte: 1 de 1ID: 35573594 20-05-2011

Page 9: Viver a Rua Press File

rápidas

Ensino privado:Cavaco veta diploma

O Presidente da Repúblicavetou o diploma do Parla-mento que alterava o decre-to-lei que regula o apoio doEstado às escolas particula-res e cooperativas, anunciouontem a Presidência no seusite da internet. Segundo adisposição vetada, "até àentrada em vigor" da porta-ria do Governo as escolasparticulares continuariam areceber os montantes acor-dados "entre Janeiro eAgosto de 2011".

---------------------------------------Infarmed suspendeAtarax

A Autoridade Nacional doMedicamento (Infarmed)ordenou ontem a "sus-pensão imediata" da co-mercialização de algunslotes do medicamentoAtarax, solução injectável,devido à detecção de fis-suras nas ampolas que“podem pôr em causa asua esterilidade”. O Infar-med recebeu um alertainternacional emitido pelaagência belga.

---------------------------------------África discutidaem Lisboa

Apesar do impacto dacrise financeira mundialde 2008, o sector finan-ceiro africano tem pers-pectivas favoráveis e atéoptimistas, segundo o re-latório do BAD "Finançasem África: Para além dacrise”, cujos pontos prin-cipais foram apresentadosontem em Lisboa.

portugal Terça-feira, 7 de Junho de 2011Point 246

Ossadas de Sagressão de criançaAs ossadas encontradasem Março em Sagres per-tencem à criança de 21meses alegadamentemorta pelo pai, um cida-dão alemão suspeito detambém ter assassinado acompanheira e mãe da cri-

ança numa praia de Lagos,em 2010, confirmou on-tem à Lusa a Polícia Judici-ária (PJ). Os ossos foramdescobertos por dois pes-cadores numa falésia dedifícil acesso na Praia doBeliche, em Sagres. //

E. Coli: Portugalpede apoio à UEO ministro da Agriculturavai formalizar esta terça-feira o pedido de apoioaos produtores portugue-ses afectados pela criseprovocada pelo surto debactéria E.coli, durante areunião extraordinária de

ministros da Agriculturaeuropeus, convocada paradebater estes problemas.António Serrano vai apre-sentar um "levantamentoexaustivo" do impacto dacrise alimentar nos agri-cultores portugueses. //

Caso Rui Pedro: Arguido vai a julgamento13 anos depoisO tribunal da Lousada decidiuontem levar a julgamento o ale-gado raptor de Rui Pedro, a cri-ança que desapareceu há mais de13 anos. O despacho de juiz deinstrução concluiu haver "indíciose sinais objectivos" da prática deum crime de rapto qualificado.

A lentidão do processo judicialque envolve Afonso Dias, o ale-gado raptor de Rui Pedro, "de-monstra o que a justiça tem depior e de melhor", lamentou on-tem o advogado da família, Ri-cardo Sá Fernandes. //

Fundador do FCP dá nomea nova rua do Porto

O projecto "Viver a Rua"permitia nomear pessoasde todas as áreas, anóni-

mas ou não, para darnome a uma rua. O eleito

foi o fundador do FCP.

(FO

TO: N

EC)

É a primeira vez que umarua do Porto é baptizadaassim.O desafio foi lan-çado pelo Núcleo de Expe-rimentação Coreográfica(NEC) e pelo FITEI aoartista britânico JoshuaSofaer, que organizou umconcurso para atribuir onome de uma pessoa, anó-nima ou não, a uma rua do

Porto. Além do vencedor,o fundador do FC Porto,António Nicolau D'Almei-da, nomeado por um seusobrinho trineto de 10anos, havia mais quatro

finalistas: Gisberta SalceJúnior, transexual assassi-nada no Porto em Feve-reiro de 2006, a empre-gada doméstica NatáliaGandra, em homenagem

ao cidadão comum, o ges-tor cultural David Sobral,num tributo à juventudeinterrompida, e o actorJorge Vasques. Fonte dojúri disse à Lusa que onome escolhido por unani-midade foi o de Gisberta,mas a decisão final coubeà Comissão de Toponímiada Câmara Municipal doPorto, que optou pelo fun-dador do FCP. A nova ar-téria fica no cruzamentoda Rua Manuel Pinto deAzevedo com a Rua doConde da Covilhã, na fre-guesia de Ramalde. //

Page 10: Viver a Rua Press File

Tiragem: 48379

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 37

Cores: Cor

Área: 5,82 x 17,84 cm²

Corte: 1 de 1ID: 35861153 06-06-2011 | Público Porto

Fundador do FC Porto dá nomea rua da cidade

a O projecto artístico Viver a Rua, do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), culminou ontem com a atribuição do nome do fundador do FC Porto, António Ni-colau d’Almeida, a uma nova rua da cidade. A nova artéria localiza-se no cruzamento da Rua Manuel Pinto de Azevedo com a Rua do Conde da Co-vilhã, na freguesia de Ramalde.

O desafi o foi lançado pelo Núcleo de Experimentação Coreográfica (NEC) e pelo FITEI ao artista britânico Joshua Sofaer na edição de 2010, mas o desfecho do Viver a Rua só agora foi conhecido com a divulgação do vencedor, entre cinco fi nalistas.

O objectivo era que Joshua Sofaer, a partir da sua experiência em ar-te participativa e em criações para o contexto urbano, propusesse um projecto que pudesse envolver cida-dãos e instituições locais. Foi, assim, lançado o desafi o à comunidade para atribuir o nome de uma rua do Porto a uma pessoa, anónima ou não, tendo recebido 253 propostas.

Entre os cinco fi nalistas, além de Nicolau d’Almeida, que foi sugerido por um seu sobrinho trineto, de 10 anos, constavam Gisberta Salce Jú-nior (transexual assassinada no Por-to em Fevereiro de 2006), o gestor cultural David Sobral, a empregada doméstica Natália Gandra, em home-nagem ao cidadão comum, e o actor Jorge Vasques. Lusa

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CULTOEdição Nº57, Junho, 2010

SE ESTA RUA FOSSE MINHAO artista britânico Joshua Sofaer quer dar o nome de umcidadão desconhecido a uma rua do Porto.

Joshua Sofaer é o criador do projecto Viver a Rua. A ideia é simples mas revolucionária: dar

o nome de um desconhecido a uma rua do Porto. O artista britânico foi convidado pelo Núcleo

de Experimentação Coreográfica (NEC) para idealizar este projecto para o Festival

Internacional de Teatro de Expressão Ibérica 2010. Conhecido por intervenções que envolvem o

público, este artista de 38 anos questiona o poder instituído e convida as pessoas a pensar e a

agir. É contra a produção de celebridades instantâneas. Os seus projectos mais conhecidos

trazem cidadãos anónimos para a ribalta: em Birmingham, prestou homenagem a uma

enfermeira escrevendo o seu nome num letreiro luminoso; em Londres, o projecto ”Rooted in

the Earth” (”Enraizado na Terra”) imortalizou o nome de cinco desconhecidos em arbustos de

jardim. Em cada iniciativa, Joshua Sofaer lança a questão que serve de premissa ao projecto que

desenvolve actualmente no Porto: quem queremos como modelos nas nossas vidas? E o que faz

as pessoas serem merecedoras de uma homenagem pública?

À Rua de Baixo, o artista lamentou o divórcio entre a política e os cidadãos e convidou-os a agir:

“A cidade é vossa”.

Nos seus projectos anteriores, “Name in Lights” (”Nome em Luzes”) e “Rooted in

the Earth” (”Enraizado na Terra”), pôs nomes de cidadãos desconhecidos eleitos

por outros cidadãos em letreiros luminosos ou esculpidos em arbustos. Como

surgiu essa ideia?

Não houve um plano definido desde o início, de uma certa forma um levou ao outro. Estava

interessado em conseguir alguma distância desta cultura de celebridades que agora está em todo

o lado, especialmente no Reino Unido. No Reino Unido, quando perguntam às crianças nas

escolas o que querem ser quando forem grandes, a resposta deixou de ser maquinistas ou

enfermeiras para dizerem que querem ser uma celebridade, uma profissão sem significado. Para

mim isto era muito mau, e quis lançar a discussão sobre quem queremos que os nossos cidadãos

sejam, quem queremos que sejam os nossos modelos, e o que significa ser um cidadão. E foi

assim que surgiu “Name in Lights”, para oferecer esta espécie de mística de Hollywood a um

cidadão desconhecido. Resultou muito bem em termos de obtenção de ambos os objectivos: na

altura, mais de dois milhões de pessoas visitaram o website durante o concurso, um número

absolutamente descomunal. Conseguimos realmente lançar um debate, mas ao mesmo tempo

havia este mistério sobre este nome, este nome em luzes que parecia pairar ali; as pessoas não

sabiam realmente quem ela era e tinham de investigar um pouco para descobrir.

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Links Externos

Viver a Ruawww.viverarua.com

FITEI 2010www.fitei.com

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RDB HOME NA RUA CULTO VISUAIS&BARULHOS MODA PLUS24H GALERIA REPORTS TV RDB WORLD LOGIN

Page 15: Viver a Rua Press File

Está a falar do letreiro luminoso com o nome de Una White por cima de um

edifício, em Birmingham. E quem era ela?

Tinha sido nomeada pela filha. Veio para o Reino Unido nos anos 60 e trabalhava como

enfermeira, trabalhou de forma incansável pela sua comunidade. E depois “Rooted in the Earth”,

que foi o projecto seguinte, funcionou de uma forma muito parecida, mas acabou por ser muito

diferente. Enquanto “Name in Lights” se focou em pessoas dos 16 aos 25 anos (foram essas as

pessoas que fizeram as nomeações), o “Rooted in the Earth” era sobretudo para famílias e

pessoas mais velhas. Era o mesmo conceito, mas envolvia plantar arbustos e flores, e escolhemos

cinco desses nomes [para podar nos arbustos], por isso passou de uma visão algo Hollywoodesca

para uma visão de jardinagem quase folclórica.

Quando vim fazer um workshop em Novembro [de 2009], o Núcleo de Experimentação

Coreográfica (NEC) disse-me que queriam comissionar-me para desenvolver uma ideia para o

FITEI 2010. Queriam algo que tivesse uma consciência social e que causasse um grande impacto

público, mas que não custasse quase nada, porque eles têm muito pouco dinheiro. Isto foi um

grande desafio para mim, porque os outros projectos tinham um orçamento pelo menos dez

vezes maior. Mudar o nome de uma rua não custa dinheiro nenhum, num certo sentido – claro

que a campanha de marketing, o tempo das pessoas, tudo isso custa dinheiro –, mas a ideia é

tentar cativar a imaginação das pessoas e iniciar uma discussão sobre o assunto. Por isso,

mesmo que as pessoas não estejam a participar, apenas o facto de estarem a pensar nisso, no que

significa viver numa cidade em que as ruas têm nomes de cidadãos, e o que justifica termos o

nosso nome como um legado permanente da cidade – estas são as coisas em que eu quero que as

pessoas pensem.

Ficarei contente se conseguirmos algumas centenas de nomeações. É algo bastante difícil de

nomear, estamos a pedir às pessoas que escrevam uma pequena exposição. Mas quer nomeiem

ou não, não se pode julgar o sucesso ou o fracasso apenas pela quantidade de nomeações. A não

nomeação de alguém também é um sucesso, de certa forma, porque pensamos “bem, não consigo

justificar isto, não sinto que seja merecedor, ou não sinto que conheça alguém merecedor disto”,

e é-se forçado a fazer esta avaliação.

Como explicaria o projecto às pessoas que trabalham e vivem no Porto?

Explicaria simplesmente o que o projecto oferece: uma oportunidade para se nomear a si mesmo

ou nomear alguém que considere importante para si e oferecer-lhe um tributo. E a razão pela

qual faço isto é porque quero que todos nós pensemos nas pessoas que valorizamos e de que

forma a sociedade como um todo valoriza as pessoas.

Qual é a rua que vai ser nomeada? É uma decisão que faz parte do projecto ou

vai ser decidido mais tarde?

Vai ser decidido mais tarde. Estamos a ver várias opções. Uma é escolher uma rua nova no Porto.

Outra opção é que há algumas ruas que não têm nome, e uma terceira é que seja algo maior do

que uma rua, como um parque. Eu gostaria muito que fosse uma rua, mas vamos ver.

Mudar o nome a uma rua já existente é uma possibilidade?

Provavelmente não uma rua já estabelecida, mas algumas ruas no Porto têm nomes algo

informais ou não estão registadas, como pequenas vielas e outras. De momento estamos a tentar

iniciar o diálogo [com a Câmara Municipal do Porto] e mantê-lo activo. Mas as opções estão em

aberto.

A placa da rua vai ser especial, vai ser diferente das outras?

A longo-prazo, o legado do projecto vai ser o mapa da cidade – com o novo nome da rua, todos

os mapas terão obviamente de mudar, e isso é algo com bastante impacto. É apenas uma placa

normal, sem explicação – o que também é muito importante para mim. Quando fiz o “Name in

Lights” e o “Rooted in the Earth”, uma das contingências das autoridades locais era que queriam

uma placa que explicasse o que era o projecto. Sou muito resistente a isso, porque acho que

quando explicamos uma coisa, podemos torná-la desinteressante por excesso de explicações. Por

isso, quero que a informação esteja disponível se as pessoas a procurarem, e que ao descobrir

digam: “Ah, então era isso!”; mas na verdade prefiro que haja muitas perguntas, “quem diabo é a

Una White, o que é isto?, quem é a Lorna Jones, o que é isto?”, e na rua no Porto, “porque é que

deram a esta rua o nome desta pessoa?”. Não quero que seja imediatamente explicado, porque

assim as pessoas tendem a desligar.

Page 16: Viver a Rua Press File

assim as pessoas tendem a desligar.

Então não haverá qualquer informação sob o nome?

Não. Há muitas ruas no Porto, incluindo a rua em que estou a viver enquanto estou cá, sobre as

quais não consigo encontrar qualquer informação, quem a pessoa era; e quando se procura no

Google é super irritante, porque tudo o que encontramos é a referência geográfica, não

encontramos a biografia. Ao passo que desta vez, se procurarem, vão de certeza obter a biografia

desta pessoa, porque será publicitada e estará disponível.

Está a falar dos sites que já existem, como o do Viver a Rua e o seu, por exemplo?

Sabe, no caso da Una White, há agora uma entrada na Wikipédia sobre ela que não existia antes.

Não há uma sobre mim, curiosamente. Apareço na página da Wikipédia da Una White como o

artista, mas estou a vermelho, o que quer dizer que não há uma entrada na Wikipédia sobre

mim. De certa forma, isso também é muito interessante, que a Una White tenha ultrapassado o

meu conceito para se tornar a parte visível para o público. Quando se fazem projectos destes, o

projecto é disseminado largamente, e não temos qualquer controlo sobre isso. Estará por aí – e

se se transformar num mito, isso também será interessante.

Imagina poder fazer um projecto assim noutra cidade?

Honestamente, pensei que fosse impossível aqui. O que o torna difícil de concretizar é a

flexibilidade das autarquias. Aqui foi-me dado a entender que a Câmara Municipal era bastante

conservadora, por isso fiquei absolutamente deliciado e encorajado por eles reconhecerem o

valor do projecto.

O Porto também dá a sensação de viver muito das ruas. Querem ter coisas na rua. Reparei que a

Feira do Livro está a acontecer na principal praça da cidade [Avenida dos Aliados]. Não me

lembro de nenhuma outra cidade que conheça que pusesse a feira do livro na principal praça da

cidade. Parece-me que uma parte importante da cidade gira em torno das ruas: há alguns

centros comerciais, mas as ruas parecem ser muito mais importantes, e os centros comerciais

são relativamente pequenos. E é interessante ver como no último andar do Via Catarina, por

exemplo, reproduziram as ruas e as fachadas das casas dentro do centro comercial; é muito

kitsch, uma espécie de Porto Disneyficado. Está-se dentro, num local fechado, mas é como estar

no exterior, na rua, ou pelo menos numa fantasia do exterior. É uma cidade de ruas, para cima e

para baixo, para cima e para baixo…

O que acha do Porto?

Acho que é incrivelmente bonito. Dá a sensação de estar num ponto de viragem.

De que forma?

Bem, vê-se que tem uma teia de História apertada e que traja a sua história à superfície. Isso é

visível na estratografia dos edifícios: alguns azulejos caíram das fachadas, há estuque novo por

cima do antigo, a superfície é velha e desgastada, por isso vê-se a história da cidade por todo o

lado, mas ao mesmo tempo dá a sensação de ser surpreendentemente jovem. A primeira vez que

cá vim era Inverno, e não me apercebi tanto desse lado: pensei que era uma cidade antiga, com

uma população envelhecida. Mas na verdade dá a sensação de ser muito juvenil, e tenho a

impressão de que são os estudantes, a cultura de vida universitária, que a mantém jovem. E

culturalmente parece ser muito activa. Para ser sincero, eu não sabia nada de Portugal antes de

cá vir. Foi este projecto que me trouxe cá pela primeira vez, e estou muito contente por ter

descoberto o país. Tive um amigo na escola cuja mãe era portuguesa. Para mim Portugal era esta

língua estranha que ele falava com a mãe, era tudo o que eu associava a Portugal até aqui…

Qual vai ser o impacto do Viver a Rua no Porto, na sua opinião?

Uma característica de todos os projectos que faço é que terminam a um dado momento – e este,

potencialmente, existirá depois de eu morrer, de uma forma real. E as pessoas vão viver nesta

rua e as coisas continuarão a acontecer, as pessoas terão desavenças nela e darão abraços nela e

talvez até sejam concebidas nela. Por isso, de uma certa forma, o mundo inteiro, tudo é

potencialmente possível, o que é muito entusiasmante, conceptualmente. Claro que não é uma

virtude artística em si, não é algo que eu vou criar, mas é algo que este projecto vai pôr em acção.

O que espero realmente é que isto aconteça. Não posso evitar sentir-me nervoso até que

aconteça. A minha esperança é apenas que aconteça, que realmente aconteça.

Page 17: Viver a Rua Press File

aconteça. A minha esperança é apenas que aconteça, que realmente aconteça.

Há uma mensagem política nos seus projectos?

Acho que todo o trabalho é político na medida em que é contextualizado na sociedade, mas sim,

diria que o meu trabalho é político. Mas com um P pequeno, não é de todo político de forma

partidária. Interesso-me por activar a cidadania, penso que a prática da arte, no seu melhor,

oferece uma espécie de permissão às pessoas para pensarem ou agirem de uma forma que de

outro modo não lhes ocorreria. Para mim o pior lado da arte é a faceta comercial do mercado da

arte visual, mas o seu melhor lado é que pode ser transformativa. Acho isso incrivelmente

poderoso. Não tenho pretensões de transformar a sociedade com este trabalho, mas penso que

de uma certa forma ele pode desafiar as pessoas para reflectirem e também para darem um passo

em frente e desempenharem um papel na comunidade. É nisso que estou verdadeiramente

interessado, em construir comunidades.

Diz no seu blogue que um dos problemas que enfrenta no projecto é as pessoas

não acreditarem realmente que isto vai acontecer.

Isso é mesmo verdade! E é uma coisa que eu não esperava e que tem sido um desafio. Até o NEC,

quando falou sobre o projecto aos amigos, ouvia “ah, isso é óptimo, mas não vai mesmo

acontecer, pois não?”; e eles, “sim, nós vamos mesmo mudar o nome de uma rua, vamos mesmo

fazer isto”. Suponho que as pessoas não acreditem que é possível, e isso é porque estão

desligadas politicamente como cidadãos, não acreditam que possam ter voz activa. Isto prova o

propósito e a necessidade do projecto, de certa forma, porque mostra que as pessoas não sentem

que têm poder na formação da sua própria cidade – e isso é trágico! É por isso que penso que

este projecto é pertinente no Porto neste momento. A segunda questão que as pessoas põem é: “a

Câmara concordou com isto?”, ou “o que é que a Câmara pensa disto?”. Acho que as pessoas não

sentem que a cidade lhes pertença. Talvez este projecto possa, de alguma maneira, dar-lhes a

noção de que podem fazer as coisas mudar.

Como artista, esta é a sua forma de reclamar as ruas para as pessoas?

Em parte, sim. Não quero parecer muito grandioso, mas acho que as pessoas devem sentir que

têm poder, é a cidade delas. Os burocratas daqui, eleitos ou não, devem trabalhar em nome dos

cidadãos. No Reino Unido a retórica é esta (ainda muito recentemente, porque tivemos eleições):

estes são membros eleitos do Parlamento que devem servir os cidadãos, não são os cidadãos que

devem servi-los a eles.

Tem uma mensagem para as pessoas do Porto e para as suas autoridades?

A mensagem seria a mesma. É uma mensagem para os cidadãos, que eu pediria à Câmara

Municipal para ouvir: esta cidade é vossa. Façam a vossa parte e podem mudá-la.

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Conhecem alguém que mereça ter o nome numa rua?

Conhecem alguém que mereça uma homenagem pública? “Viver a Rua” é a oportunidade de

nomear alguém para ser homenageado com o nome de uma rua do Porto. Qualquer pessoa, de

qualquer lugar do mundo, pode sugerir um nome. Até 10 de Junho, podem participar no

concurso, enviando o nome da pessoa que desejam nomear e explicando o motivo pelo qual a

pessoa em questão merece uma homenagem pública. Após o encerramento do concurso, o júri

escolherá o nome para ser homenageado. Esse nome será revelado oficialmente até à edição do

FITEI 2011.

Para participarem, consultem o site do projecto (ver link externo)

Esta iniciativa vai ser divulgada em vários locais do Porto por um grupo de alunos de escolas

artísticas: dia 2 de Junho, das 15h às 18h - Foz (zona esplanadas); 5 de Junho, das 16h às 19h -

Inaugurações de galerias na Miguel Bombarda; 6 de Junho, das 15h às 18h - Serralves em

Festa.

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