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  • Acrdo-5C RO 0004395-79.2011.5.12.0005

    UNICIDADE CONTRATUAL. NO CONFIGURAO. AUSNCIA DE VNCULO NO PERODO EXISTENTE ENTRE OS CONTRATOS REGISTRADOS. O fato de o empregado ter sido readmitido pela empresa no suficiente para caracterizar a unicidade contratual, sendo nus do empregado comprovar a prestao de servio nesse interregno. Ausente nos autos prova de que ele continuou a prestar servios de forma subordinada e com habitualidade aps a ruptura contratual, no h como reconhecer-se o direito unicidade.

    VISTOS, relatados e discutidos estes autos de RECURSO ORDINRIO, provenientes da 1 Vara do Trabalho de Itaja, SC, sendo recorrente VANDERLEI PEREIRA DA SILVA e recorrida J. B. WORLD ENTRETENIMENTOS S.A.

    Insurge-se o autor contra a sentena por meio do qual foram julgados improcedentes os pedidos.

    Renova em seu apelo o pedido de reconhecimento de vnculo de emprego no perodo compreendido entre 19.3.2001 e 24.4.2007, como a declarao de unicidade contratual de 1.02.1998 a 11.02.2011.

    Contrarrazes so apresentadas.

    08804/2012

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    o relatrio.

    VOTO

    Conheo do recurso e das contrarrazes, porquanto preenchidos os requisitos legais de admissibilidade.

    MRITO

    VNCULO DE EMPREGO. UNICIDADE CONTRA-TUAL

    O autor afirmou na inicial que comeou a trabalhar para a r em 1.02.1998 para exercer as funes de auxiliar de servios gerais, mas que desde o incio atuou como acrobata. Disse que apesar de seu contrato ter sido rescindido em 19.3.2001, continuou trabalhando para a r como acrobata circense efetuando viagens e apresentaes fora do parque e sem qualquer tipo de equipamento de proteo. Ponderou que em 24.4.2007 nova contratao foi formalizada, mas com reduo salarial, a qual perdurou at 11.02.2011. Pleiteou a unicidade contratual diante do reconhecimento de vnculo no perodo entre as duas contrataes, assim como o pagamento de adicional de periculosidade, diferenas salariais, verbas rescisrias e multas dos arts. 467 e 477 da CLT.

    A r controverteu o feito negando a prestao de trabalho no perodo em discusso. Esclareceu que seu acionista majoritrio, Joo Batista Srgio Murad, celebrou contratos de cesso de marca com algumas empresas, encerrados aps o falecimento dele, motivo pelo qual alguns

    Documento assinado eletronicamente por LLIA LEONOR ABREU, Desembargadora Redatora, em 24/08/2012 (Lei 11.419/2006).

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    circos que circulavam pelo Brasil utilizavam o nome e a marca Beto Carrero ou Beto Carrero World para efeito de publicidade, mas sem qualquer vinculao com a r.

    Em seu depoimento o autor afirmou que a partir de 2001 saiu do parque para ir trabalhar no circo de forma itinerante, alegando, todavia, que esse circo tambm era da empresa Beto Carrero. Disse que o pagamento era feito pelo Sr. Sergio Murad, que possui vrios circos. Afirmou conhecer o Circo Irmos Dantas e Transhow, que so circos que rodam o pas, e que o circo Irmos Dantas j utilizou o nome Circo Mundo Mgico Beto Carrero (fl. 77).

    A testemunha ouvida a convite do autor confirmou que em 2001 deixou o parque para trabalhar no circo, quando viajou pelo pas e passou a ter vantagens como a participao na venda de bebidas e de brinquedos. Disse que no parque (J B WORLD) o pagamento era feito pelo departamento de pessoal e, no circo, pelo seu gerente. Confirmou que o Circo Irmos Dantas tambm trabalhava com o nome de Mundo Mgico do Beto Carrero. Acrescentou que durante o perodo trabalhado no circo recebeu as comisses pela venda de produtos, o que no ocorreu ao retornar a trabalhar para o parque (r). Declarou que no circo ele e o autor passaram a viajar pelo Brasil e que at 2007 no voltaram a trabalhar no parque (fls. 78/79).

    J a testemunha trazida pela r, proprietrio da RC Almeida Eventos, confirmou a existncia do chamado contrato de cesso de marcas. Disse que sua empresa usou o nome Mundo Mgico do Beto Carrero e enfatizou tratar-se de um contrato feito com o Sr. Srgio

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    Murad, e no com o parque Beto Carrero (fl. 79).

    Da prova oral emerge o entendimento de que de 2001 a 2007 o autor deixou de ter qualquer vnculo de emprego com a r, passando a atuar no ramo do circo como acrobata, mas para empresas diversas. No houve vinculao empregatcia com a r, e o eventual uso do nome Beto Carrero por essas empresas decorreu de contratos de cesso de marca que elas firmaram com o scio majoritrio da r. A r, por sua vez, no detinha qualquer tipo de ingerncia no trabalho do autor, tampouco lhe remunerava os servios. O pagamento, como dito pela testemunha do autor, era feito pelo prprio gerente do circo, ao passo que no perodo em que trabalhou para a r esse pagamento era feito pelo setor de pessoal dela.

    Assim, no demonstrado nos autos que o autor prestou servios de forma subordinada e com habitualidade durante o perodo existente entre as duas contrataes que manteve com a r, no h como reconhecer-se o vnculo de emprego com ela e, por conseguinte, a unicidade contratual entre os perodos registrados.

    Inova o recorrente ao sustentar a tese de grupo econmico, matria que nem sequer foi trazida discusso quando de sua manifestao acerca da defesa. Pelo contrrio, o autor insistiu na tese de que a prestao de servios se dava diretamente ao reclamado, mas no a parceiros comerciais com cesso de uso da marca Beto Carrero (fls. 71/72).

    Quanto s diferenas salariais por

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    equiparao salarial e reduo salarial, ao adicional de periculosidade, s verbas rescisrias e s multas dos arts. 467 e 477 da CLT, no houve insurgncia no particular, mantendo-se a sentena por seus fundamentos.

    Nego provimento ao recurso.

    Pelo que,

    ACORDAM os membros da 5 Cmara do Tribunal Regional do Trabalho da 12 Regio, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO. No mrito, por igual votao, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

    Intimem-se.

    Participaram do julgamento realizado na sesso do dia 14 de agosto de 2012, sob a Presidncia da Desembargadora Llia Leonor Abreu, a Desembargadora Maria de Lourdes Leiria e a Juza Convocada Teresa Regina Cotosky. Presente a Procuradora do Trabalho Silvia Maria Zimmermann.

    LLIA LEONOR ABREU

    Relatora

    Documento assinado eletronicamente por LLIA LEONOR ABREU, Desembargadora Redatora, em 24/08/2012 (Lei 11.419/2006).