vistos, etc. 01. município de laranjeiras do sul, · iminente risco à saúde da população...

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL Vistos, etc. 01. Relatório Trata-se de autos de ação civil pública, com pedido de tutela de urgência requerida em caráter incidental, proposta pelo Ministério Público do Estado do Paraná em face do Município de Laranjeiras do Sul, representado, neste ato, pelo Sr. Prefeito, Jonatas Felisberto da Silva. Sustenta o ente ministerial, em síntese, a nulidade dos Decretos Municipais 26/2020 e 31/2020, incluindo o anexo VI, na parte em que suspendeu os serviços e atividades não essenciais. Alega que, diante do quadro de pandemia global causada pelo COVID-19, a liberação de atividades não essenciais no município representa iminente risco à saúde da população local, sob o fundamento de que viola as recomendações técnicas e sanitárias de isolamento. Assevera que a medida de isolamento tem o condão de “achatar” o pico de contágio e que Município não possui estrutura material e pessoal, na área de saúde, própria para atender a população local no caso de contaminação em massa. Argumenta que a revogação do Decreto Municipal 19/2020, por meio dos Decretos 26/2020 e 31/2020 não possui motivação idônea, fundada nas diretrizes e estudos científicos acerca do COVID-19, entres eles, emanados pela Organização Mundial de Saúde, nos termos da Lei Federal 13.979/2020. Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ8EK 5YGNL 7C8EN MZV2R PROJUDI - Processo: 0002088-71.2020.8.16.0104 - Ref. mov. 7.1 - Assinado digitalmente por Bruno Oliveira Dias:17598 20/04/2020: CONCEDIDA A MEDIDA LIMINAR. Arq: decisão

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Page 1: Vistos, etc. 01. Município de Laranjeiras do Sul, · iminente risco à saúde da população local, sob o fundamento de que viola as recomendações técnicas e sanitárias de isolamento

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Vistos, etc.

01. Relatório

Trata-se de autos de ação civil pública, com pedido de tutela de

urgência requerida em caráter incidental, proposta pelo Ministério Público

do Estado do Paraná em face do Município de Laranjeiras do Sul,

representado, neste ato, pelo Sr. Prefeito, Jonatas Felisberto da Silva.

Sustenta o ente ministerial, em síntese, a nulidade dos Decretos

Municipais 26/2020 e 31/2020, incluindo o anexo VI, na parte em que

suspendeu os serviços e atividades não essenciais.

Alega que, diante do quadro de pandemia global causada pelo

COVID-19, a liberação de atividades não essenciais no município representa

iminente risco à saúde da população local, sob o fundamento de que viola as

recomendações técnicas e sanitárias de isolamento.

Assevera que a medida de isolamento tem o condão de “achatar” o

pico de contágio e que Município não possui estrutura material e pessoal, na

área de saúde, própria para atender a população local no caso de

contaminação em massa.

Argumenta que a revogação do Decreto Municipal 19/2020, por

meio dos Decretos 26/2020 e 31/2020 não possui motivação idônea,

fundada nas diretrizes e estudos científicos acerca do COVID-19, entres

eles, emanados pela Organização Mundial de Saúde, nos termos da Lei

Federal 13.979/2020.

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Aduz que os aludidos Decretos Municipais ferem a competência

suplementar constitucional do ente federado, diante das disposições

diversas previstas no Decreto Estadual 4317 e 4230/2020.

Postula, dessa forma, liminarmente: a) a suspensão dos efeitos do

Decreto Municipal n.º 26/2020 e do Decreto n.º 31/2020, que

complementou o primeiro, restabelecendo a vigência do Decreto n.º

19/2020, na parte em que suspendeu serviços e atividades não essenciais e

que não atendam às necessidades inadiáveis da população, conforme a

regulamentação do Decreto 4.317 do Estado do Paraná; b) que o ente

público se abstenha de editar novos decretos que permitam a reabertura do

comércio não essencial sem observar recomendações técnicas e cientificas

dos órgãos técnicos locais e regionais de saúde, conforme o artigo 3º,

parágrafo 1º, da Lei Federal nº 13.979/2020, devendo avaliar e motivar

seus atos segundo o art. 50 da Lei 9.784/99 e, nos próximos atos aferir

concretamente situação epidemiológica x capacidade estrutural do sistema

de saúde (Boletim Epidemiológico 08 do Ministério da Saúde) e considerar

as posições da Organização Mundial da Saúde acerca de distanciamento

social, notadamente os 06 critérios propostos na data de 13 de abril de

2020; c) que o ente público apenas suprima, altere, acrescente, elabore atos

normativos relacionados à prevenção e ao enfrentamento à proliferação da

COVID-19 fundamentando a opção administrativa de modo congruente; d) a

determinação para que o ente municipal concorra para fiscalização dos

termos da decisão que deferir a tutela a urgência, a fim de garantir seu fel

cumprimento, informando ao Juízo as medidas que foram tomadas para se

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL garantir o fechamento de todos Centros Comerciais e estabelecimentos

congêneres situados no Município, considerados como não essenciais.

02. Do pedido liminar

DECIDO.

Antes de adentrar ao mérito da presente liminar, imperiosa uma

breve digressão acerca do contexto fático no qual se insere a presente

demanda.

É fato notório que a sociedade mundial vem enfrentando uma

pandemia global sem precedentes na história recente da humanidade,

decorrente da multiplicação dos casos de COVID-19, muitos deles

resultando em óbito, fato que tem ensejado o colapso dos sistemas de saúde

de diversos países, além da expressiva quantidade de perdas de vidas

humanas.

Os índices alarmantes de contágio e óbitos em países como Itália,

Espanha, Estados Unidos e China, esses dois últimos, potências econômicas

mundiais, tem posto no debate público um aparente conflito entre a

necessidade de proteção à saúde ou à economia.

Isto porque, conforme salientado na exordial, a Organização

Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, amparados em estudos

científicos sobre o vírus, ao menos nesta data, têm recomendado a adoção

de medidas de isolamento/quarentena social como forma de proteção à

saúde e achatamento da curva de contágio, possibilitando, dessa forma, em

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL tese, uma capacidade de atendimento mais eficiente pelos sistemas de

saúde, caso necessário.

Por outro lado, tem-se observado, de fato, como corolário lógico

de tais medidas de isolamento/quarentena social, a redução das atividades

econômicas em escala global, cujos efeitos tendem a ser deletérios a

milhares de pessoas, inclusive para as nações mais ricas do planeta. Nesse

contexto, ainda que o surto do COVID-19 seja relativamente recente, já há

projeções1 indicando redução considerável do PIB de diversos países do

globo, entre eles o Brasil.

Ocorre que a complexidade da questão, no âmbito das políticas

públicas, não pode ser analisada em abstrato, como uma dicotomia absoluta

entre saúde e economia, sob pena de simplificação do debate e

consequências ainda mais gravosas aos cidadãos.

É dizer, a economia não pode ser analisada apenas sob a ótica rasa

do emprego ou desemprego, mas sim como um fenômeno social próprio da

atividade capitalista, por meio do qual, através da produção, distribuição e

comercialização de bens e serviços, produz-se riquezas necessárias à

sobrevivência e qualidade de vida do ser humano.

Ou seja, está a economia intimamente ligada às necessidades da

vida humana, as quais não se limitam à aquisição de determinado bem para

integrar o patrimônio de um indivíduo ou satisfazer vontade pessoal, mas

também e, principalmente, para garantir a existência de uma vida digna,

1 https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/03/02/ocde-reduz-projecao-de-crescimento-para-economia-global-em-2020.ghtml

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL consistente na obtenção de alimentos, moradia, condições sanitárias

adequadas, entre outros fatores ligados direta ou indiretamente à saúde.

No âmbito nacional, a par de eventuais conotações políticas

empregadas no debate público, a dimensão continental do país, sua condição

econômica frente a outras nações ricas do planeta e a própria desigualdade

socioeconômica interna, torna a questão ainda mais sensível.

Isto porque o Brasil, por se tratar de uma país em

desenvolvimento, possui uma realidade social e econômica completamente

distinta dos países mais ricos do planeta, possuindo milhares de pessoas

vivendo na linha de pobreza e outros milhões desempregados2, mesmo antes

do surto de COVID-19.

Soma-se ainda que o Brasil possui dimensão territorial em escala

continental e profunda desigualdade interna entre as próprias regiões do

país, dado que a maior parte da “riqueza” se encontra concentrada nas

regiões mais desenvolvidas do país.

Aprofundando ainda mais o tema, aproximando-se do cenário local

no qual inserido a população do município requerido, não se pode ignorar que,

em linhas gerais, nas médias e pequenas cidades, a economia local é

composta por micro e pequenos empresários, sendo estes os maiores

responsáveis pela geração de emprego e produção de renda na localidade, a

qual inclui a arrecadação de impostos, responsáveis por manutenção do

aparelhamento estatal (hospitais, asfaltamento, transporte público, escolas

públicas, pagamento de salário de servidores, etc).

2 https://oglobo.globo.com/economia/desemprego-cai-112-em-janeiro-mas-quase-12-milhoes-de-brasileiros-ainda-estao-sem-trabalho-1-24276667

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Fato que ilustra bem a problemática posta, consiste na aprovação

de auxílio emergencial para atenuar os prejuízos deletérios da pandemia3,

estando aptos a receber o referido benefício, aproximadamente, cerca de

45 (quarenta e cinco milhões) milhões de pessoas.

Esses e outros motivos, tornam vazias as comparações rígidas

com países desenvolvidos e seus modelos de enfrentamento à atual

pandemia pelo COVID-19, tais como Suécia, Dinamarca, França, Espanha,

Itália, Estados Unidos, etc, embora, por óbvio, possam servir de exemplos.

Nessa linha de intelecção, correto lembrar que, não obstante os

avanços dos estudos sobre o COVID-19 e os esforços dos cientistas

mundiais, ainda não há qualquer previsão razoável acerca da descoberta de

um fármaco próprio ao combate e prevenção da doença. Ao contrário, eis

que ainda que se descubra o referido medicamento, mister se faz a

observância de diversos protocolos médicos e sanitários4 5 até a utilização

em seres humanos.

Ademais, ainda que as medidas de isolamento/quarenta social

estejam sendo adotadas em diversas partes do globo e defendidas por

grande parte dos especialistas médicos, por se tratar de um vírus recente,

relativamente desconhecido da comunidade científica, ainda não se tem, com

precisão, o detalhamento completo da forma de comportamento do COVID-

19 (formas de transmissão, período de permanência em objetos, resistência

ao clima, etc).

3 https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/04/17/452-milhoes-de-pessoas-foram-aprovadas-para-receber-o-auxilio-emergencial.ghtml 4 https://istoe.com.br/corrida-contra-o-tempo-para-descoberta-de-vacina-contra-a-covid-19/ 5https://oglobo.globo.com/analitico/coronavirus-vacina-nao-devera-estar-disponivel-no-proximo-ano-24276637

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Há, inclusive, embora minoritariamente, especialistas que

defendem o não isolamento total como forma de combate à pandemia6. À

título ilustrativo, o médico americano David L. Katz, diretor do Centro de

Pesquisa e Prevenção Yale-Griffin, em artigo para o jornal The New York

Times, afirmou que “as conseqüências sociais, econômicas e de saúde pública

desse colapso quase total da vida normal – escolas e empresas fechadas,

reuniões proibidas – serão duradouras e calamitosas, possivelmente mais

graves do que o custo direto do próprio vírus”7

De igual forma, Steven Woolf, diretor emérito no Centro de

Sociedade e Saúde na Virginia Commonwealth University, citado por um

articulista do jornal The New York Times. “A resposta da sociedade à

covid-19, como fechar negócios e bloquear comunidades, pode ser

necessária para conter a disseminação na comunidade, mas pode prejudicar

a saúde de outras maneiras, custando vidas8.

Assim, na visão deste julgador, considerando que a economia está

intimamente ligada à proteção à saúde, diante das considerações supra

acerca do COVID-19, é perfeitamente salutar e responsável a reflexão

acerca das políticas públicas para o enfrentamento da atual pandemia, as

quais incluem, por certo, o respeito e atenção às atividades econômicas.

Não é por outra razão, que o constituinte originário delegou

competências aos Estados e aos Municípios para legislar em certas

matérias, as quais se inclui o direito a saúde, de forma concorrente,

6 https://www.gmconline.com.br/noticias/cidade/infectologista-defende-isolamento-gradual 7https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/03/25/O-isolamento-vertical-defendido-por-Bolsonaro-sob-an%C3%A1lise 8 idem

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL cabendo ainda a esses últimos dispor sobre os assuntos de interesse local

(art. 30, I, CRFB).

A opção legislativa do constituinte é sábia à medida que confere

ao ente federado a possibilidade de dispor acerca das matérias elencadas

no texto constitucional, em atenção à realidade local.

Destarte, cumpre ao poder municipal, respeitada sua competência

constitucional e, dentro dos limites da legalidade, em juízo de conveniência

e oportunidade, adotar as políticas públicas que melhor atendam aos

interesses locais, inclusive em matéria legislativa.

Feitas essas ponderações preliminares, todavia, impõe-se

consignar que a presente decisão, além de fundada em juízo de cognição

sumária e, portanto, precária, debruça-se sobre os aspectos jurídicos que

envolvem a lide.

Em suma, pretende o Ministério Público a concessão de tutela de

urgência incidental, para o fim de suspender dos efeitos Decreto Municipal

nº 26/2020 e a suspensão liminar dos efeitos do Decreto 31/2020, que

complementou o Decreto 26/2020, incluindo-lhe o Anexo VI (que libera

atividades ao regulamentá-las no anexo), exclusivamente à regulamentação

da suspensão de serviços e atividades não essenciais e que não atendam às

necessidades inadiáveis da população, assim disciplinadas pelo Decreto

4.317 e 4230/2020 do Estado do Paraná, restabelecendo, assim, a vigência

do Decreto 19/2020 do Município de Laranjeiras do Sul.

Em sede de ação civil pública, consoante inteligência do art. 4º

c/c art. 12, ambos da Lei 7.347/85, a liminar justifica-se quando evidente o

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (periculum in mora),

condicionada, ainda, à existência da probabilidade do direito (fumus boni

juris).

A expressão fumus boni juris (aparência de bom direito) é

correlata às expressões cognição sumária, não exauriente, incompleta, de

modo que referida expressão indica o não conhecimento pleno e total dos

fatos; ao passo que o periculum in mora se refere ao risco da demora tornar

ineficaz o resultado. É significativo da circunstância de que ou a medida é

concedida quando se pleiteia ou, depois, de nada mais adiantará a sua

concessão.

No caso dos autos, a questão jurídica central consiste na

competência e legalidade do ato do poder executivo municipal que, por meio

de ato normativo, estabelece, no âmbito da proteção à saúde pública,

medidas de combate e enfretamento à pandemia global causada pelo

COVID-19 em sentido oposto às normas federal e estadual sobre o tema.

A Constituição Federal de 1988, no âmbito do Federalismo (art.

1º) e autonomia dos entes federados, elencou entre o rol de competências

constitucionais, matérias de natureza exclusiva (art. 21), privativa (art. 22),

comum (art. 23) e concorrente (art. 24).

No bojo das competências constitucionais (administrativas e

legislativas), relacionadas ao direito à saúde, o constituinte tratou a matéria

no rol das competências de natureza comum e concorrente, conforme dispõe

o art. 23, II e art. 24, VIII da carta magna;

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios:

(...)

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e

garantia das pessoas portadoras de deficiência;

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal

legislar concorrentemente sobre:

(...)

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

No caso especificamente dos municípios, a competência legislativa

do ente federado, não obstante a omissão do constituinte no caput do art.

24, CRFB, decorre dos poderes implícitos previstos na cláusula do art. 30, I,

CRFB, verbis:

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

É dizer, compete ao Município legislar sobre todas as matérias

previstas no rol do art. 24 da CRFB, as quais inclui-se a defesa da saúde,

conquanto dentro do âmbito dos interesses locais.

Estabelecidas as balizas acerca do modelo de repartição de

competências, certo é que a complexidade das questões postas no rol das

competências concorrentes e os distintos interesses que deles decorrem,

pressupõe-se, em certos casos, a existência de conflitos entre os entes

federados.

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

No âmbito da competência concorrente, o constituinte originário

conferiu à União Federal a prerrogativa de estabelecer normas gerais sobre

o tema, sem que isso afete a competência suplementar dos Estados,

conforme preconiza o art. 24, parágrafo primeiro e segundo, verbis:

Art. 24. (...)

1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da

União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide

Lei nº 13.874, de 2019)

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas

gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

O conflito envolvendo os entes federados em matéria legislativa,

todavia, não é novo na jurisprudência pátria, já tendo a corte constitucional

inúmeros arestos a respeito do tema.

Nesse sentido o Supremo Tribunal Federal, a saber:

A Constituição do Brasil contemplou a técnica da

competência legislativa concorrente entre a União, os

Estados-membros e o Distrito Federal, cabendo à União

estabelecer normas gerais e aos Estados-membros

especificá-las. É inconstitucional lei estadual que amplia

definição estabelecida por texto federal, em matéria de

competência concorrente. [ADI 1.245, rel. min. Eros Grau,

j. 6-4-2005, P, DJ de 26-8-2005.]

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

O Plenário julgou improcedente ação direta de

inconstitucionalidade ajuizada pelo governador do Estado de

Santa Catarina, contra os arts. 4º e 8º, parágrafo único, da

Lei estadual 11.078/1999, que estabelece normas sobre

controle de resíduos de embarcações, oleodutos e

instalações costeiras. (...) No mérito, o Plenário entendeu que

as questões atinentes a direito marítimo não constituem o

objeto principal do art. 4º da Lei 11.078/1999, do Estado de

Santa Catarina. A tutela ao meio ambiente é o seu principal

escopo. Na mesma linha, afirmou que não se trata, no art. 8º

desse diploma estadual, de legislação sobre responsabilidade

civil. O caso é de responsabilidade do agente causador por

dano ao meio ambiente, nos limites do disposto no art. 24,

VIII, da CF. É, portanto, matéria de competência legislativa

concorrente. Nesse contexto, o Colegiado esclareceu que

cabe à União editar normas gerais que traçam um plano,

sem estabelecer pormenores. A competência legislativa

dos Estados-membros e do Distrito Federal é de caráter

suplementar [CF/1988, art. 24, § 2º]. Todavia, diante da

ausência de lei com normas gerais, o Estado-membro pode

legislar amplamente, até que seja editada referida lei

[CF/1988, art. 24, §§ 3º e 4º]. Assim, tendo em vista que, à

época da edição da Lei 11.078/1999, não havia lei geral sobre

o tema, o Estado de Santa Catarina tinha competência

legislativa plena nessa matéria. [ADI 2.030, rel. min. Gilmar

Mendes, j. 9-8-2017, P, Informativo 872.]

Assim, fixados os parâmetros constitucionais acerca das

competências legislativas entre Estados e Municípios em relação à União,

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL considerando que o art. 30, I, CRFB preconiza que compete aos Municípios a

competência para edição de normas nos casos de interesse local, é cediço

admitir que Estado e Municípios possuam, ao menos no campo normativo,

interesses antagônicos.

A esse respeito, a Constituição Federal, na forma do art. 30, II,

reservou aos Municípios competência suplementar a legislação estadual e

federal, ou seja, cumpre ao referido ente político, havendo disciplina

federal ou estadual apenas suplementá-la à fim de permitir, com mais

precisão, a satisfação do interesse local.

Em outras palavras, não pode o ente municipal, havendo

normatização sobre a matéria em âmbito federal e/ou estadual, dispor em

sentido contrário, ainda que haja, em tese, interesse local, segundo os

critérios de oportunidade e conveniência.

Nesse sentido o Supremo Tribunal Federal:

O Município é competente para legislar sobre meio ambiente

com União e Estado, no limite de seu interesse local e desde

que tal regramento seja e harmônico com a disciplina

estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI,

c/c 30, I e II, da CRFB). [RE 586.224, rel. min. Luiz Fux, j.

5-3-2015, P, DJE de 8-5-2015, Tema 145.]

A questão suscitada no presente recurso extraordinário

versa, à luz do art. 30, I e V, da CF, sobre a competência

suplementar de Município para legislar sobre trânsito e

transporte, e impor sanções mais gravosas que as previstas

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Há nesta Corte

decisão específica sobre o tema no sentido da

inconstitucionalidade de norma municipal que impõe sanção

mais gravosa que a prevista no CTB, por extrapolar a

competência legislativa suplementar do Município expressa

no art. 30, II, da CF. Neste sentido: ARE 638.574/ MG,

rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 14-4-2011. Esta Corte

possui ainda jurisprudência firmada no sentido de que

compete privativamente à União legislar sobre trânsito e

transporte, impossibilitados os Estados-membros e

Municípios a legislar sobre a matéria enquanto não

autorizados por lei complementar. [ARE 639.496 RG, voto

do rel. min. Cezar Peluso, j. 16-6-2011, P, DJE de 31-8-2011,

Tema 430.]

É o caso dos autos. Explico.

No que se refere ao combate da pandemia causada pelo COVID-

19, em âmbito nacional, entrou em vigor a Lei n.º 13.919, de 05 de fevereiro

de 2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência

de saúde pública de importância internacional. Referida lei foi

regulamentada pelo Presidente da República, por meio do Decreto n.º

10.282, de 20/03/2020, com as alterações incluídas pelo Decreto nº

10.292, de 25/03/2020, definindo os serviços públicos e as atividades

essenciais.

Assim estabelece o artigo 3º, §1º, do decreto presidencial:

Art. 3º As medidas previstas na Lei nº 13.979, de 2020,

deverão resguardar o exercício e o funcionamento dos

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

serviços públicos e atividades essenciais a que se refere o §

1º.

§ 1º São serviços públicos e atividades essenciais aqueles

indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis

da comunidade, assim considerados aqueles que, se não

atendidos, colocam em perigo a sobrevivência, a saúde ou a

segurança da população, tais como:

I - assistência à saúde, incluídos os serviços médicos e

hospitalares;

II - assistência social e atendimento à população em estado

de vulnerabilidade;

III - atividades de segurança pública e privada, incluídas a

vigilância, a guarda e a custódia de presos;

IV - atividades de defesa nacional e de defesa civil;

V - transporte intermunicipal, interestadual e internacional

de passageiros e o transporte de passageiros por táxi ou

aplicativo;

VI - telecomunicações e internet;

VII - serviço de call center;

VIII - captação, tratamento e distribuição de água;

IX - captação e tratamento de esgoto e lixo;

X - geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e

de gás;

X - geração, transmissão e distribuição de energia elétrica,

incluído o fornecimento de suprimentos para o

funcionamento e a manutenção das centrais geradoras e dos

sistemas de transmissão e distribuição de energia, além de

produção, transporte e distribuição de gás natural; (Redação

dada pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XI - iluminação pública;

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

XII - produção, distribuição, comercialização e entrega,

realizadas presencialmente ou por meio do comércio

eletrônico, de produtos de saúde, higiene, alimentos e

bebidas;

XIII - serviços funerários;

XIV - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, de

equipamentos e de materiais nucleares;

XV - vigilância e certificações sanitárias e fitossanitárias;

XVI - prevenção, controle e erradicação de pragas dos

vegetais e de doença dos animais;

XVII - inspeção de alimentos, produtos e derivados de

origem animal e vegetal;

XVIII - vigilância agropecuária internacional;

XIX - controle de tráfego aéreo, aquático ou terrestre;

XX - compensação bancária, redes de cartões de crédito e

débito, caixas bancários eletrônicos e outros serviços não

presenciais de instituições financeiras;

XX - serviços de pagamento, de crédito e de saque e aporte

prestados pelas instituições supervisionadas pelo Banco

Central do Brasil; (Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de

2020)

XXI - serviços postais;

XXII - transporte e entrega de cargas em geral;

XXIII - serviço relacionados à tecnologia da informação e

de processamento de dados (data center) para suporte de

outras atividades previstas neste Decreto;

XXIV - fiscalização tributária e aduaneira;

XXV - transporte de numerário;

XXV - produção e distribuição de numerário à população e

manutenção da infraestrutura tecnológica do Sistema

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COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos Brasileiro;

(Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XXVI - fiscalização ambiental;

XXVII - produção, distribuição e comercialização de

combustíveis e derivados;

XXVII - produção de petróleo e produção, distribuição e

comercialização de combustíveis, gás liquefeito de petróleo

e demais derivados de petróleo; (Redação dada pelo Decreto

nº 10.292, de 2020)

XXVIII - monitoramento de construções e barragens que

possam acarretar risco à segurança;

XXIX - levantamento e análise de dados geológicos com

vistas à garantia da segurança coletiva, notadamente por

meio de alerta de riscos naturais e de cheias e inundações;

XXX - mercado de capitais e seguros;

XXXI - cuidados com animais em cativeiro;

XXXII - atividade de assessoramento em resposta às

demandas que continuem em andamento e às urgentes;

XXXIII - atividades médico-periciais relacionadas com o

regime geral de previdência social e assistência social;

XXXIII - atividades médico-periciais relacionadas com a

seguridade social, compreendidas no art. 194 da

Constituição; (Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de

2020)

XXXIV - atividades médico-periciais relacionadas com a

caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou

sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração

de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins

de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial

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COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 - Estatuto da Pessoa

com Deficiência; e

XXXIV - atividades médico-periciais relacionadas com a

caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou

sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração

de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins

de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial

na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 - Estatuto da Pessoa

com Deficiência; (Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de

2020)

XXXV - outras prestações médico-periciais da carreira de

Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das

necessidades inadiáveis da comunidade.

XXXV - outras prestações médico-periciais da carreira de

Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das

necessidades inadiáveis da comunidade; (Redação dada pelo

Decreto nº 10.292, de 2020)

XXXVI - fiscalização do trabalho; (Incluído pelo Decreto nº

10.292, de 2020)

XXXVII - atividades de pesquisa, científicas, laboratoriais

ou similares relacionadas com a pandemia de que trata este

Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XXXVIII - atividades de representação judicial e

extrajudicial, assessoria e consultoria jurídicas exercidas

pelas advocacias públicas, relacionadas à prestação regular e

tempestiva dos serviços públicos; (Incluído pelo Decreto nº

10.292, de 2020)

XXXIX - atividades religiosas de qualquer natureza,

obedecidas as determinações do Ministério da Saúde; e

(Incluído pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

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COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

XL - unidades lotéricas. (Incluído pelo Decreto nº 10.292, de

2020)

Por seu turno, no exercício de sua competência suplementar, o

Governador do Estado do Paraná editou o Decreto n.º 4230 e 4317, de 21 de

março de 2020, destacando que deverá ser considerada, no âmbito da

iniciativa privada, a suspensão dos serviços e atividades não essenciais e que

não atendam às necessidades inadiáveis da população, estabelecendo, por

outro lado, os serviços e atividades consideradas essenciais.

Confira-se:

“Art. 2º Deverá ser considerada, no âmbito da iniciativa

privada, a suspensão dos serviços e atividades não essenciais

e que não atendam as necessidades inadiáveis da população,

ressaltando-se a não interferência nos serviços e atividades

considerados essenciais.

Parágrafo único. São considerados serviços e atividade

essenciais:

I - captação, tratamento e distribuição de água; (Redação do

inciso dada pelo Decreto Nº 4318 DE 22/03/2020).

II - assistência médica e hospitalar;

III - assistência veterinária;

IV - produção, distribuição e comercialização de

medicamentos para uso humano e veterinário e produtos

odonto-médico-hospitalares, inclusive na modalidade de

entrega delivery e similares;

V - produção, distribuição e comercialização de alimentos

para uso humano e animal, inclusive na modalidade de

entrega, lojas de conveniência e similares, ainda que

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

localizados em rodovias; (Redação do inciso dada pelo

Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

VI - agropecuários para manter o abastecimento de insumos

e alimentos necessários à manutenção da vida animal;

VII - funerários;

VIII - transporte coletivo, inclusive serviços de táxi e

transporte remunerado privado individual de passageiros;

IX - fretamento para transporte de funcionários de

empresas e indústrias cuja atividade esteja autorizada ao

funcionamento;

X - transporte de profissionais dos serviços essenciais à

saúde e à coleta de lixo; (Redação do inciso dada pelo

Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

XI - captação e tratamento de esgoto e lixo;

XII - telecomunicações;

XIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas,

equipamentos e materiais nucleares;

XIV - processamento de dados ligados a serviços essenciais;

XV - imprensa;

XVI - segurança privada;

XVII - transporte e entrega de cargas em geral; (Redação

do inciso dada pelo Decreto Nº 4318 DE 22/03/2020).

XVIII - serviço postal e o correio aéreo nacional;

XIX - controle de tráfego aéreo e navegação aérea;

XX - serviços de pagamento, de crédito e de saque e aporte

prestados pelas instituições supervisionadas pelo Banco

Central do Brasil, inclusive unidades lotéricas; (Redação do

inciso dada pelo Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

XXI - atividades médico-periciais relacionadas com a

seguridade social, compreendidas no art. 194 da Constituição

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Federal; (Redação do inciso dada pelo Decreto Nº 4388 DE

30/03/2020).

XXII - atividades médico-periciais relacionadas com a

caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou

sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração

de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins

de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial

na Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da

Pessoa com Deficiência);

XXIII - outras prestações médico-periciais da carreira de

Perito Médico, indispensáveis ao atendimento das

necessidades inadiáveis da comunidade;

XXIV - setores industrial e da construção civil, em geral.

XXV - geração, transmissão e distribuição de energia

elétrica, incluído o fornecimento de suprimentos para o

funcionamento e a manutenção das centrais geradoras e dos

sistemas de transmissão e distribuição de energia, além de

produção, transporte e distribuição de gás natural; (Redação

do inciso dada pelo Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

XXVI - iluminação pública; (Inciso acrescentado pelo

Decreto Nº 4318 DE 22/03/2020).

XXVII - produção de petróleo e produção, distribuição e

comercialização de combustíveis, gás liquefeito de petróleo

e demais derivados de petróleo; (Redação do inciso dada pelo

Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

XXVIII - vigilância e certificações sanitárias e

fitossanitárias; (Inciso acrescentado pelo Decreto Nº 4318

DE 22/03/2020).

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COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

XXIX - prevenção, controle e erradicação de pragas dos

vegetais e de doença dos animais; (Inciso acrescentado pelo

Decreto Nº 4318 DE 22/03/2020).

XXX - inspeção de alimentos, produtos e derivados de

origem animal e vegetal; (Inciso acrescentado pelo Decreto

Nº 4318 DE 22/03/2020).

XXXI - vigilância agropecuária; (Inciso acrescentado pelo

Decreto Nº 4318 DE 22/03/2020).

XXXII - produção e distribuição de numerário à população e

manutenção da infraestrutura tecnológica do Sistema

Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos Brasileiro;

(Redação do inciso dada pelo Decreto Nº 4388 DE

30/03/2020).

XXXIII - serviços de manutenção, assistência e

comercialização de peças de veículo automotor terrestre ou

bicicleta; (Redação do inciso dada pelo Decreto Nº 4388 DE

30/03/2020).

XXXIV - serviços de crédito e renegociação de crédito dos

agentes financeiros integrantes do Sistema Paranaense de

Fomento de que trata o Decreto nº 2.570, de 08 de outubro

de 2015, alterado pelo Decreto nº 2.855, de 24 de setembro

de 2019;

XXXV - fiscalização do trabalho; (Inciso acrescentado pelo

Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

XXXVI - atividades de pesquisa, científicas, laboratoriais ou

similares relacionadas com a pandemia de que trata este

Decreto; (Inciso acrescentado pelo Decreto Nº 4388 DE

30/03/2020).

XXXVII - atividades de representação judicial e

extrajudicial, assessoria e consultoria jurídicas exercidas

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pelas advocacias públicas, relacionadas à prestação regular e

tempestiva dos serviços públicos; (Inciso acrescentado pelo

Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

XXXVIII - atividades religiosas de qualquer natureza,

obedecidas as determinações da Secretaria de Estado da

Saúde e do Ministério da Saúde; (Inciso acrescentado pelo

Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

a) As atividades descritas no inciso XXXVIII deverão ser

realizadas por meio de aconselhamento individual, a fim de

evitar aglomerações, recomendando-se a adoção de meios

virtuais nos casos de reuniões coletivas. (Alínea

acrescentada pelo Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

XXXIX - produção, distribuição e comercialização de

produtos de higiene pessoal e de ambientes; (Inciso

acrescentado pelo Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

XL - serviços de lavanderia hospitalar e industrial. (Inciso

acrescentado pelo Decreto Nº 4388 DE 30/03/2020).

Art. 2ºA São consideradas essenciais as atividades

acessórias, de suporte e a disponibilização dos insumos

necessários à cadeia produtiva relativa ao exercício e ao

funcionamento dos serviços públicos e das atividades

essenciais. (Artigo acrescentado pelo Decreto Nº 4323 DE

24/03/2020).

Buscando disciplinar providências em relação ao combate da

Covid-19, o Chefe do Poder Executivo do Município de Laranjeiras do Sul,

conforme exposto na petição inicial, expediu uma série de Decretos. Com

efeito, destaca-se os Decretos Municipais n.ºs 026/2020 e 031/2020, os

quais são objeto de análise neste feito.

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

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O Decreto n.º 026/2020, de 06/04/2020 (mov. 1.4), estabeleceu

a suspensão por prazo determinado dos seguintes serviços:

“Art. 3º. Ficam suspensas, durante o período de 07 de abril a 12

de abril de 2020, as seguintes atividades:

I. Clubes, academias, jogos e competições esportivas;

II. Feiras livres, com exceção da feira do pequeno produtor,

nas condições previstas no presente decreto;

III. Parques infantis e casas de festas e evento;

IV. Festas de qualquer natureza (baladas, casamentos,

formaturas, aniversários e demais confraternizações);

V. Atividades ao ar livre, visitação a parques, lago municipal e

ginásios;

VI. Cursos presenciais;

VII. Casas noturnas, boates e congêneres.

VIII. Bares, lanchonetes e congêneres;

IX. O uso de salões de festas privados e a realização de

festas em condomínios residenciais ou associações, inclusive

comunidades rurais”.

O mesmo decreto, em seu artigo 4º, aponta os estabelecimentos a

que a suspensão não se aplica. Vejamos:

“Art. 4º. A suspensão a que se refere o artigo 3º deste

decreto não se aplica aos seguintes estabelecimentos:

I. Farmácias, observando as recomendações constantes no

anexo deste decreto;

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II. Prestadores de serviços de saúde, dentistas, médicos,

fisioterapeutas e fornecedores de insumos de importância à

saúde;

III. Serviços funerários;

IV. Serviços postais;

V. Transporte e entrega de cargas em geral;

VI. Transporte de numerário;

VII. Distribuidores de gás;

VIII. Lojas de vendas de água mineral;

IX. Estabelecimentos que vendam alimento para animais ou

preste atendimento médico veterinário, incluindo o banho

terapêutico;

X. Salões de beleza, salões de cabelereiro, esmalterias e

afins, observando as recomendações constantes do anexo do

presente decreto;”

Já o Decreto nº 031/2020, de 14.04.2020 (mov. 1.7), por sua vez,

incluiu o Anexo VI ao Decreto n.º 026/2020, com orientações a respeito do

funcionamento das clínicas de fisioterapia, estúdios de pilates, academias e

estúdios de dança.

Examinando as disposições dos Decretos Municipais acima

mencionados, constata-se, em juízo de cognição sumária, aparente antinomia

jurídica com as regras estabelecidas na legislação federal e estadual,

notadamente naquilo que versa sobre autorização de abertura e

funcionamento de estabelecimentos que não estão enquadrados na definição

de serviços e atividades essenciais por estas normas.

Como dito alhures, a Constituição Federal consagra no artigo 24,

inciso XII, a competência concorrente entre a União, os Estados e o

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL Distrito Federal para legislar sobre proteção e defesa da saúde, ao passo

que os Municípios, conforme previsão do artigo 30, incisos I e II, são

competentes para legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a

legislação federal e a estadual, no que couber.

Deste modo, cabe aos Municípios a edição de leis sobre a

proteção e defesa da saúde apenas de interesse local e específico, porém

em caráter suplementar às de nível federal e estadual, não podendo as

contrariar, de forma que é defeso ao ente municipal autorizar, portanto, a

realização de atividade cuja prática é vedada nas legislações de caráter

geral e regional.

O tema em questão vem sendo objeto de recente debate no

Supremo Tribunal Federal. Em apreciação de medida cautelar na ADPF

672/DF, o Ministro Alexandre de Moraes ressaltou a necessidade da fiel

observância à Separação de Poderes e ao Federalismo na interpretação dos

dispositivos legais da Lei 13.979/20 e demais veículos legislativos que regem

a questão envolvendo o combate da pandemia.

Vejamos:

“DECISÃO Trata-se de Arguição de Descumprimento de

Preceito Fundamental proposta pelo Conselho Federal da

Ordem dos Advogados do Brasil em face de atos omissivos e

comissivos do Poder Executivo federal, praticados no

contexto da crise de saúde pública decorrente da pandemia

do COVID-19 (Coronavírus) [...] Em momentos de acentuada

crise, o fortalecimento da união e a ampliação de cooperação

entre os três poderes, no âmbito de todos os entes

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

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federativos, são instrumentos essenciais e imprescindíveis a

serem utilizados pelas diversas lideranças em defesa do

interesse público, sempre com o absoluto respeito aos

mecanismos constitucionais de equilíbrio institucional e

manutenção da harmonia e independência entre os poderes,

que devem ser cada vez mais valorizados, evitando-se o

exacerbamento de quaisquer personalismos prejudiciais à

condução das políticas públicas essenciais ao combate da

pandemia de COVID-19. Lamentavelmente, contudo, na

condução dessa crise sem precedentes recentes no Brasil e

no Mundo, mesmo em assuntos técnicos essenciais e de

tratamento uniforme em âmbito internacional, é fato notório

a grave divergência de posicionamentos entre autoridades de

níveis federativos diversos e, inclusive, entre autoridades

federais componentes do mesmo nível de Governo,

acarretando insegurança, intranquilidade e justificado receio

em toda a sociedade. A fiel observância à Separação de

Poderes e ao Federalismo – cláusulas pétreas de nossa

Constituição Federal e limitadoras de eventual exercício

arbitrário de poder – é essencial na interpretação da Lei

13.979/20 (Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da

emergência de saúde pública de importância internacional

decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019),

do Decreto Legislativo 6/20 (Reconhece, para os fins do art.

65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a

ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da

solicitação do Presidente da República encaminhada por meio

da Mensagem nº 93, de 18 de março de 2020) e dos

Decretos presidenciais 10.282 e 10.292, ambos de 2020

(Regulamentam a Lei 13.979, de 6 de fevereiro de 2020,

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para definir os serviços públicos e as atividades essenciais),

sob pena de ameaça a diversos preceitos fundamentais do

nosso texto constitucional. [...] Em relação à saúde e

assistência pública, inclusive no tocante à organização do

abastecimento alimentar, a Constituição Federal consagra,

nos termos dos incisos II e IX, do artigo 23, a existência de

competência administrativa comum entre União, Estados,

Distrito Federal e Municípios. Igualmente, nos termos do

artigo 24, XII, o texto constitucional prevê competência

concorrente entre União e Estados/Distrito Federal para

legislar sobre proteção e defesa da saúde; permitindo,

ainda, aos Municípios, nos termos do artigo 30, inciso II,

a possibilidade de suplementar a legislação federal e a

estadual no que couber, desde que haja interesse local;

devendo, ainda, ser considerada a descentralização

político-administrativa do Sistema de Saúde (art. 198,

CF, e art. 7º da Lei 8.080/1990), com a consequente

descentralização da execução de serviços e distribuição

dos encargos financeiros entre os entes federativos,

inclusive no que diz respeito às atividades de vigilância

sanitária e epidemiológica (art. 6º, I, da Lei

8.080/1990). As regras de repartição de competências

administrativas e legislativas deverão ser respeitadas na

interpretação e aplicação da Lei 13.979/20, do Decreto

Legislativo 6/20 e dos Decretos presidenciais 10.282 e

10.292, ambos de 2020, observando-se, de “maneira

explícita”, como bem ressaltado pelo eminente Ministro

MARCO AURÉLIO, ao conceder medida acauteladora na ADI

6341, “no campo pedagógico e na dicção do Supremo, a

competência concorrente”. [...] Presentes, portanto, a

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plausibilidade inequívoca de eventual conflito federativo e os

evidentes riscos sociais e à saúde pública com perigo de

lesão irreparável, CONCEDO PARCIALMENTE A MEDIDA

CAUTELAR na arguição de descumprimento de preceito

fundamental, ad referendum do Plenário desta SUPREMA

CORTE, com base no art. 21, V, do RISTF, para

DETERMINAR a efetiva observância dos artigos 23, II e

IX; 24, XII; 30, II e 198, todos da Constituição Federal na

aplicação da Lei 13.979/20 e dispositivos conexos,

RECONHENDO E ASSEGURANDO O EXERCÍCIO DA

COMPETÊNCIA CONCORRENTE DOS GOVERNOS

ESTADUAIS E DISTRITAL E SUPLEMENTAR DOS

GOVERNOS MUNICIPAIS, cada qual no exercício de suas

atribuições e no âmbito de seus respectivos territórios, para

a adoção ou manutenção de medidas restritivas legalmente

permitidas durante a pandemia, tais como, a imposição de

distanciamento/isolamento social, quarentena, suspensão de

atividades de ensino, restrições de comércio, atividades

culturais e à circulação de pessoas, entre outras;

INDEPENDENTEMENTE DE SUPERVENIENCIA DE ATO

FEDERAL EM SENTIDO CONTRÁRIO, sem prejuízo da

COMPETÊNCIA GERAL DA UNIÃO para estabelecer

medidas restritivas em todo o território nacional, caso

entenda necessário. Obviamente, a validade formal e

material de cada ato normativo específico estadual, distrital

ou municipal poderá ser analisada individualmente. Intimem-

se e publique-se. Brasília, 8 de abril de 2020. Ministro

ALEXANDRE DE MORAES Relator Documento assinado

digitalmente (ADPF 672, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE

MORAES, julgado em 08/04/2020, publicado em PROCESSO

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ELETRÔNICO DJe-089 DIVULG 14/04/2020 PUBLIC

15/04/2020)”

Em julgamento proferido nesta última terça-feira (15), em sessão

realizada por videoconferência, no referendo da medida cautelar deferida

em março pelo ministro Marco Aurélio na ADI 6341, o Plenário da Corte

também enfrentou a questão, tendo, por unanimidade, confirmado o

entendimento de que as medidas adotadas pelo Governo Federal na Medida

Provisória (MP) 926/2020 para o enfrentamento do novo coronavírus não

afastam a competência concorrente nem a tomada de providências

normativas e administrativas pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos

municípios9. Conforme proposto pelo ministro Edson Fachin, com adesão da

maioria dos ministros, há a necessidade de que o artigo 3º da Lei

13.979/2020 seja interpretado de acordo com a Constituição, a fim de

deixar claro que a União pode legislar sobre o tema, mas que o exercício

desta competência deve sempre resguardar a autonomia dos demais entes.

Com efeito, em obediência ao Federalismo e à Separação de

Poderes, não é dado ao Município, no exercício de sua competência

9 9 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=441447. Decisão: O Tribunal, por maioria, referendou a medida cautelar deferida pelo Ministro Marco Aurélio (Relator), acrescida de interpretação conforme à Constituição ao § 9º do art. 3º da Lei nº 13.979, a fim de explicitar que, preservada a atribuição de cada esfera de governo, nos termos do inciso I do art. 198 da Constituição, o Presidente da República poderá dispor, mediante decreto, sobre os serviços públicos e atividades essenciais, vencidos, neste ponto, o Ministro Relator e o Ministro Dias Toffoli (Presidente), e, em parte, quanto à interpretação conforme à letra b do inciso VI do art. 3º, os Ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux. Redigirá o acórdão o Ministro Edson Fachin. Falaram: pelo requerente, o Dr. Lucas de Castro Rivas; pelo amicus curiae Federação Brasileira de Telecomunicações - FEBRATEL, o Dr. Felipe Monnerat Solon de Pontes Rodrigues; pelo interessado, o Ministro André Luiz de Almeida Mendonça, Advogado-Geral da União; e, pela Procuradoria-Geral da República, o Dr. André Luiz de Almeida Mendonça, Advogado-Geral da União; e, pela Procuradoria-Geral da República, o Dr. Antônio Augusto Brandão de Aras, Procurador-Geral da República. Afirmou suspeição o Ministro Roberto Barroso. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Plenário, 15.04.2020. DJE nº 90, divulgado em 15/04/2020

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Page 31: Vistos, etc. 01. Município de Laranjeiras do Sul, · iminente risco à saúde da população local, sob o fundamento de que viola as recomendações técnicas e sanitárias de isolamento

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL legislativa suplementar, contrariar as normas gerais estabelecidas pela

União e pelos Estados-membros sobre o mesmo tema.

Na linha do posicionamento adotado pela Corte Excelsa, recentes

decisões do e. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná foram proferidas

em sentido análogo, conforme se observa dos autos sob n.º 0016372-

08.2020.8.16.0000, 0015743-34.2020.8.16.0000, 0016375-

60.2020.8.16.0000, 0016938-54.2020.8.16.0000. 0016228-

34.2020.8.16.0000, 0017223-47.2020.8.16.0000 e 0017227-

84.2020.8.16.0000, sendo que neste último destaco o seguinte:

“Aos Municípios cabe legislar, nos termos do art. 30 da

CF, em assuntos de interesse local de maneira

suplementar. Quanto à saúde, a competência é

concorrente, da espécie não cumulativa (CF, arts. 23,

II, e 24, XII), de modo que, aos Municípios, é

permitida a edição de leis sobre saúde e vigilância

sanitária, de

interesse local e específico, suplementando outras de

nível federal e estadual, mas sem as contrariar. Não

pode o ente municipal autorizar a realização de

atividade cuja pratica é vedada pelo Estado-membro

nos seus limites territoriais. Nesse sentido, o STF

disciplina que “a competência constitucional dos

Municípios de legislar sobre interesse local não tem

o alcance de estabelecer normas que a própria

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Constituição, na repartição das competências,

atribui à União ou aos Estados”

(T2, RE 313.060/P, Rel. Min. Ellen Gracie, j.

29.22.2005). Necessário ter em mente, neste

momento, que a organização do combate à pandemia

deve ocorrer de maneia global, ficando a política

estratégica a cargo do Estado. Com esse

posicionamento, o Ministro Marco Aurélio decidiu, na

ADI 6343 MC/DF, que as alterações promovidas na Lei

nº 13.979/2020 devem ser mantidas. Tratando do §7º

do art. 3º da citada Lei, diz que “em época de crise, há

mesmo de atentar-se para o arcabouço normativo

constitucional, mas tudo recomenda temperança,

ponderação de valores, e, no caso concreto, prevalece o

relativo à saúde pública nacional”.

Destacada essas premissas, denota-se, portanto, que existe, em

parte, a probabilidade do direito postulado na inicial.

Isto porque, as atividades descritas no artigo 3º, assim como no

inciso X do artigo 4º do Decreto Municipal n.º 026/2020, e, ainda, as

atividades atinentes à estúdios de pilates, de dança e academias, previstas

no Anexo VI do Decreto nº 031/2020 não se enquadram no conceito de

atividades essenciais, entendidas estas como “aqueles indispensáveis ao

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, assim considerados

aqueles que, se não atendidos, colocam em perigo a sobrevivência, a saúde ou

a segurança da população”, conforme descrito no §1º, do artigo 3º do

Decreto Presidencial n.º 10.282 e com base, ainda, nas atividades descritas

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL no Decreto Estadual n.º 4230 e 4317 de 2020, do Chefe do Poder Executivo

do Estado do Paraná.

Desta forma, não poderiam as disposições municipais

contrariarem aquelas previsões estabelecidas no âmbito federal e estadual,

sob pena de violação ao princípio republicano e ao pacto federativo.

No tocante ao periculum in mora, representado pelo perigo de

dano ou risco ao resultado útil do processo, vislumbra-se dos documentos

colacionados à inicial (seq. 1.11/1.20), que o ente municipal vem adotando uma

série de medidas com o fito de aperfeiçoar a prevenção e o combate à

pandemia global causada pelo COVID-19 na municipalidade, tais como

política de monitoramento e controle daqueles que ingressam ou retornam

de viagens ao município, publicação de edital para contratação de

profissionais na área de saúde, intensificação de medidas sanitárias, como

desinfecção de ruas e demais locais de grande circulação, obtenção de

verba para instalação de leitos de UTI, etc.

Tais diretrizes, embora sem qualquer dado estatístico ou

científico concreto, podem ser consideradas, de fato, como indicadores

efetivos para o não surgimento de nenhum caso confirmado até o presente

momento no município, em contraposição a outros na região.

Por outro lado, restou demonstrado, ao menos nessa fase

processual, pelos mesmos documentos que instruem a exordial, que o

sistema de saúde do município de Laranjeiras do Sul ainda não possui

aptidão material e pessoal apta a conferir eficiência no atendimento e

tratamento da doença, caso haja contaminação em massa.

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Isto porque, verifica-se que ainda não houve a finalização da

construção do hospital de campanha, bem como dos leitos de UTI, os quais,

em um primeiro momento, seriam no montante de 10 (dez) para a cobertura

mínima de cerca de 68.000 (sessenta e oito mil) pessoas.

Por sua vez, ainda se encontra em andamento processo seletivo

para a contratação de mais profissionais para compor o quadro da

secretaria municipal de saúde.

De igual sorte, é fato notório a escassez mundial de suprimentos

e insumos médicos necessários para os agentes de saúde, tais como

máscaras e álcool, realidade que não é diferente no município de Laranjeiras

do Sul, conforme se observa dos ofícios de seq. 1.17 e 1.18, por meio do qual

a Secretaria de Saúde, ora informa ter a quantidade necessária, ora

informa não ter tal quantidade, verificando-se, portanto, um quadro

desequilibrado na obtenção dos aludidos insumos.

Outro fator que chama atenção, é ausência de elementos

indicadores de uma política informativa concreta e efetiva acerca das

medidas sanitárias e de higiene adequadas à redução do risco de contágio.

As determinações constantes no Decreto Municipal 26/2020 e

31/2020, dirigidas aos comerciantes e clientes não suprem a necessidade da

adoção de uma política efetiva de conscientização coletiva de toda a

população, a uma porque as diretrizes sanitárias e de higienes constantes

dos Decretos se tratam de mera recomendação, a duas porque não há

elementos indicadores do exercício do poder de polícia fiscalizatório pela

administração pública, a três porque há parcela da população residindo em

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL locais de pouco ou restrito acesso à informação, como certas áreas rurais e,

a quatro porque não se pode negar que a autorização da prática de

atividades não essenciais tem o condão de aumentar a quantidade de

pessoas circulando nas ruas, cujas relações sociais não se limitam ao interior

dos estabelecimentos comerciais, mas também nas ruas e demais áreas de

uso comum, fato que, em abstrato, tem o condão de dificultar o controle de

aglomerações, situação que provavelmente pode resultar no colapso do

sistema de saúde municipal, mormente considerando as peculiaridades

concretas de estrutura sanitária disponível.

Nesse aspecto, salutar reconhecer a normalidade do

desconhecimento e adoção usual de medidas sanitárias e de higiene rígidas

pela população, porquanto tais práticas não se são culturalmente praticadas

nos países ocidentais, ao contrário das outras nações do continente asiático.

Todavia, não se mostra crível e, os documentos dos autos assim

indicam, que poucas semanas após a edição do Decreto Municipal 18/2020,

no qual o chefe do poder executivo reconhece a gravidade da pandemia

causada pelo COVID-19 e a necessidade de restrição da prática de

atividades não essenciais, haja modificação concreta do estado de fato,

seja pela prática eficiente de medidas sanitárias e de higiene pessoal pela

população e controle de aglomerações, seja pela estruturação do sistema de

saúde local.

Ainda que unilaterais e desprovidas de informações acerca da

data, as fotografias colacionadas em seq. 1.19, dando conta da existência de

aglomeração e circulação expressiva de pessoas nas ruas, inclusive por

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL idosos, bem como a realização de interações sociais como se não houvesse

uma pandemia global, são perfeitamente ilustrativas do que se fundamenta a

presente decisão.

Conforme já extensamente explanado na presente decisão, não se

nega a compatibilidade entre a atividade econômica e a adoção de medidas

de combate ao COVID-19, inclusive no Município de Laranjeiras do Sul.

Pensar em contrário, implicar-se-ia em reconhecer a incapacidade do

indivíduo de adaptar-se às situações adversas a sua sobrevivência e

desenvolvimento, o que não se mostra razoável ante ao decurso de milhares

de anos de existência da raça humana.

Ademais, o poder executivo municipal, ao que parece, vem

adotando medidas concretas para permitir maior capacidade de

atendimento médico, aperfeiçoando medidas sanitárias e de higiene,

fomentando, dessa forma, a criação concreta de um ambiente seguro às

relações sociais, o que, todavia, parece ainda não ser o caso.

Portanto, por todo exposto e, considerando que ainda não está

evidenciado o perilicum in mora inverso, o deferimento parcial da liminar é

medida que se impõe.

04. Isto posto:

Em relação ao item A, DEFIRO, em parte, o pedido para o fim

de determinar, por ora, a suspensão liminar do artigo 3º e artigo 4º, inciso

X, do Decreto Municipal n.º 026/2020, mantido os demais artigos em

consonância com as normas federal e estadual sobre a matéria, e, ainda, a

suspensão integral do Decreto nº 031/2020.

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Por conseguinte, restaura-se, em efeito repristinatório, a vigência

do Decreto 019/2020, na parte em que suspendeu os serviços e atividades

não essenciais, conforme regulamentação do Decreto Estadual n.º 4.317/20

do Governo do Estado do Paraná e Lei Federal n.º 13.979/20;

Em relação ao item B e C, DEFIRO, em parte, o pedido para o

fim de determinar apenas que o Poder Público Municipal se abstenha de

editar novos decretos em contrariedade à legislação federal e estadual, nos

estritos limites desta lide, sem prejuízo da edição de novas normas

suplementares de interesse local.

Deixo, todavia, de fixar multa pelo descumprimento, por ora, por

não vislumbrar indícios de dolo por parte da administração pública na adoção

das políticas públicas no combate da pandemia, bem como visando evitar o

engessamento da autonomia do gestor para a prática de atos atinentes aos

interesses locais, decorrente da coerção proporcionada pelo arbitramento

de astreintes.

Pontua-se que o controle de legalidade dos atos administrativos e

regulamentares pelo Poder Judiciário é, de regra, a posteriori.

Ademais, o Poder Público, no caso da pandemia COVID-19, deve

atender às normas gerais da Lei Federal 13.979/20 e Decreto Estadual

4370/2020, sem se olvidar, todavia, da discricionariedade dos atos de

gestão, os quais são próprios do chefe do poder executivo municipal e

independem de motivo.

Por fim, em relação ao item D, DEFIRO, em parte, o pedido para

o fim de determinar que o poder público exerça o poder fiscalizatório,

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL garantindo a eficácia da presente decisão, sob pena de multa diária, no

montante de R$ 10.000,00 (dez) mil Reais.

No que tange ao dever de prestar contas em juízo, destaca-se

que ao enfrentamento da pandemia, está assegurado ao Chefe do Poder

Executivo o juízo de conveniência e oportunidade para decidir, em meio às

hipóteses legais e constitucionalmente admissíveis, aquelas que reputar as

mais adequadas ao interesse público. Não cabe ao Poder Judiciário o

substituí-lo neste mister, desta forma, evidencia-se desnecessária a

informação periódica ao juízo das medidas adotadas para garantir o

fechamento dos centros comerciais considerados não essenciais, cabendo

tal desiderato aos órgãos de controle e fiscalização, com posterior controle

de legalidade pelo Poder Judiciário, assegurado, logicamente, a adoção de

medidas acautelatórias, coercitivas e indutivas para assegurar o

cumprimento da decisão.

Acrescente-se, por fim, a possível de revisão do presente

posicionamento durante o curso do processo, inexistindo risco de

irreversibilidade do provimento.

Nos termos do artigo 18 da Lei n. 7.347/1985, fica dispensado o

autor do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos.

05. INTIME-SE o réu dos termos da decisão liminar, bem como,

CITE-SE o Município para que apresente contestação no prazo legal, com

as advertências do artigo 344, “caput” do Código de Processo Civil.

06. Apresentada a contestação, manifeste-se o Ministério

Publico, no mesmo prazo.

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL

Intimações e diligências necessárias.

Laranjeiras do Sul, datado eletronicamente.

BRUNO OLIVEIRA DIAS

Juiz de Direito

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