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Visitez Le Portugal jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français - jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français - jornal comunitário em Português Num. 35 Ano / An 2 1 de Agosto / 1 août 2015 O Tenente-General está farto. Nós também por Baptista Bastos | [email protected] A mentira tornou-se prática comum, inclusive nas mais simples relações sociais; na política, nem se fala. Não culpemos apenas a Europa por esta desgraça que nos atinge. O sonho europeu (o que quer que a expressão queira dizer) nasceu dos escombros de uma guerra maldita, pensado por homens generosos que acreditavam na generosidade dos outros homens. Os grandes escritores e os grandes pensadores, que têm conjecturado sobre o mundo, ensinam-nos da maldade dos homens; e as guerras sem fim, as atrocidades que não acabam provam-no das razões, horrorosas razões, que determinam a condição humana. Há uma maldade intrínseca em nós, e quando essa maldade é sustentada pela ganância e por um sistema que a estrutura e pretende justificar, a extensão do mal torna- se pavorosa. Os nomes dessa maldade estão aí: Gaza, Iraque, Afeganistão; mas também o preconceito, a fome, a ignorância em que as religiões, todas as religiões se apoiam; as hegemonias, tudo o que de pior há por aí, aí está. Claro que os oportunistas políticos, os incapazes que seguem, como as rémoras, as ideologias salvíficas, fazem grupo; porém, o infortúnio não será para sempre. A tragédia que assolou a sociedade portuguesa tem culpados e responsáveis, primeiros entre os quais, nós próprios. Os que mandam treparam ao poder devido à nossa inércia e à alucinante incapacidade de os escorraçar. Os protestos chovem de todo o lado, transversalmente, e vamos ficando cada vez mais pobres, em alguns casos esmoleres sem energia nem dignidade. A mentira tornou-se prática comum, inclusive nas mais simples relações sociais; na política, nem se fala. A moleza ética parece fazer parte integrante de uma idiossincrasia até agora pouco conhecida. A palavra de honra e o aperto de mão correspondente faziam parte dos nossos padrões de vida. Ainda se encontram na província, de onde regressei há dias, um pouco recauchutado desta lástima. O Diário de Notícias publicou um artigo notável por contundente e contundente pelo desabafo moral que contém, assinado pelo Tenente-general Mário Cabrita, reformado, o qual, associado a centenas que se publicam, resulta numa grave advertência e num protesto superior. Escreve Mário Cabrita: “Estou farto de políticos mentirosos que na oposição prometem tudo e que no Governo nada fazem. Estou farto de políticos despudorados que concorrem a eleições com um programa e que, quando eleitos, o rasgam sem ponta de vergonha. Estou farto de políticos autistas que não percebem que a elevada abstenção representa um não ao actual sistema político. Estou farto de políticos malabaristas que jogam com números já hoje duvidosos e amanhã falsos, tentando fazer de nós estúpidos e ineptos. Estou farto da promiscuidade entre políticos e poderes financeiro e empresarial. Estou farto de ministros que são nomeados e depois se volatilizam, tal como o dinheiro dos contribuintes que o Estado coloca nos bancos falidos. Estou farto de pagar mais impostos, ver a pensão reduzida e a dívida a aumentar. Estou farto de ouvir dizer que o problema são os juros da dívida e não ver coragem para negociar a sua reestruturação. Estou farto de banqueiros e de presidentes de empresas com prejuízo receberem milhões de indemnização e receberem para si reformas obscenas. Estou farto de bancos e empresas com conselhos de administração de 20 membros a ganharem quantias exorbitantes. Estou farto de uma A.R. cujos deputados passam parte do tempo a trabalhar para empresas privadas. Estou farto das juventudes partidárias que só produzem políticos incultos, arrogantes e inexperientes”. É o documento impressionante que não pode deixar de ser lido e ouvido por quem tem responsabilidades gerais: os governantes, os comentaristas não estipendiados, os jornalistas honrados, os escritores que ainda não emudeceram. Por todos nós. O Tenente-general Mário Cabrita fala por todos nós. E o seu documento possui, além do valor do protesto imediato, a consistência que transforma as palavras num requisitório humano e histórico. Le PM annonce que J. Michel Doyon sera lieutenant-gouverneur du Québec Le 21 juillet 2015 Gatineau (Quebéc) Introduction Le Premier ministre Stephen Harper a aujourd’hui annoncé la nomination de J. Michel Doyon au poste de lieutenant-gouverneur du Québec. M. Doyon (Ph. D.) est un avocat, historien, professeur et auteur accompli. Il possède une vaste expérience en droit des affaires et en arbitrage commercial, et il a pratiqué au sein du cabinet Gagné, Letarte pendant plus de 30 ans. Il a été bâtonnier du Barreau du Québec, poste auquel, en tant que président- directeur général, il était appelé à superviser l’instance dirigeante des avocats de la province. M. Doyon est titulaire d’un doctorat en histoire et, avant de pratiquer le droit, il a enseigné au Cégep de Sainte-Foy et a été chargé de cours à l’Université Laurentienne, à l’Université Laval et à l’École du Barreau du Québec. Il a également été créateur et membre du comité de production de la série télévisée Le Droit de savoir. Au fil de sa carrière, il a reçu de nombreuses distinctions honorifiques. Il a notamment été nommé conseiller de la Reine et avocat émérite du Barreau du Québec. Il a également servi comme colonel honoraire de la 3e Escadre Bagotville et agit actuellement comme gouverneur de la 3e Escadre Bagotville. Cette nomination est le point culminant d’un processus entrepris par le Comité consultatif des nominations vice-royales, un organe non partisan, qui a été annoncé pour la première fois par le Premier ministre au mois de novembre 2012. Les lieutenants-gouverneurs sont nommés par Son Excellence le très honorable David Johnston, Gouverneur général du Canada, sur la recommandation du Premier ministre. Leur mandat est d’au moins cinq ans et pendant ce temps, ils agissent à titre de représentants vice-royaux de la province. Le Premier ministre a également profité de l’occasion pour remercier l’honorable Pierre Duchesne de son excellence à titre de lieutenant- gouverneur du Québec depuis le 7 juin 2007. Fait saillant •Les lieutenants-gouverneurs sont les représentants personnels de Sa Majesté la Reine du Canada dans leur province respective. Les lieutenants- gouverneurs assument le rôle et les fonctions de la Reine, notamment en donnant la Sanction royale aux lois et en rendant visite aux communautés dans leur province. Citation « J. Michel Doyon est un avocat, historien, professeur et auteur remarquable qui est également connu pour les importantes contributions qu’il apporte à sa communauté. Il saura mettre à profit sa vaste expérience dans le cadre de ce nouveau poste, et je n’ai aucun doute qu’il exercera ses fonctions de lieutenant-gouverneur du Québec avec distinction. » – Le Premier ministre Stephen Harper

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Num. 35Ano / An 21 de Agosto / 1 août 2015

O Tenente-General está farto. Nós tambémpor Baptista Bastos | [email protected]

A mentira tornou-se prática comum, inclusive nas mais simples relações sociais; na política, nem se fala.Não culpemos apenas a Europa por esta desgraça que nos atinge. O sonho europeu (o que quer que a expressão queira dizer) nasceu dos escombros de uma guerra maldita, pensado por homens generosos que acreditavam na generosidade dos outros homens. Os grandes escritores e os grandes pensadores, que têm conjecturado sobre o mundo, ensinam-nos da maldade dos homens; e as guerras sem fim, as atrocidades que não acabam provam-no das razões, horrorosas razões, que determinam a condição humana. Há uma maldade intrínseca em nós, e quando essa maldade é sustentada pela ganância e por um sistema que a estrutura e pretende justificar, a extensão do mal torna-se pavorosa.

Os nomes dessa maldade estão aí: Gaza, Iraque, Afeganistão; mas também o preconceito, a fome, a ignorância em que as religiões, todas as religiões se apoiam; as hegemonias, tudo o que de pior há por aí, aí está. Claro que os oportunistas políticos, os incapazes que seguem, como as rémoras, as ideologias salvíficas, fazem grupo; porém, o infortúnio não será para sempre.A tragédia que assolou a sociedade portuguesa tem culpados e responsáveis, primeiros entre os quais, nós próprios. Os que mandam treparam ao poder devido à nossa inércia e à alucinante incapacidade de os escorraçar. Os protestos chovem de todo o lado, transversalmente, e vamos ficando cada vez mais pobres, em alguns casos esmoleres sem energia nem dignidade. A mentira tornou-se prática comum, inclusive nas mais simples relações sociais; na política, nem se fala. A moleza ética parece fazer parte integrante de uma idiossincrasia até agora pouco conhecida. A palavra de honra e o aperto de mão correspondente faziam parte dos nossos padrões de vida. Ainda se encontram na província, de onde regressei há dias, um pouco recauchutado desta lástima.

O Diário de Notícias publicou um artigo notável por contundente e contundente pelo desabafo moral que contém, assinado pelo Tenente-general Mário Cabrita, reformado, o qual, associado a centenas que se publicam, resulta numa grave advertência e num protesto superior. Escreve Mário Cabrita:

“Estou farto de políticos mentirosos que na oposição prometem tudo e que no Governo nada fazem.Estou farto de políticos despudorados que concorrem a eleições com um programa e que, quando eleitos, o rasgam sem ponta de vergonha.Estou farto de políticos autistas que não percebem que a elevada abstenção representa um não ao actual sistema político.Estou farto de políticos malabaristas que jogam com números já hoje duvidosos e amanhã falsos, tentando fazer de nós estúpidos e ineptos.Estou farto da promiscuidade entre políticos e poderes financeiro e empresarial.Estou farto de ministros que são nomeados e depois se volatilizam, tal como o dinheiro dos contribuintes que o Estado coloca nos bancos falidos.Estou farto de pagar mais impostos, ver a pensão reduzida e a dívida a aumentar.Estou farto de ouvir dizer que o problema são os juros da dívida e não ver coragem para negociar a sua reestruturação.Estou farto de banqueiros e de presidentes de empresas com prejuízo receberem milhões de indemnização e receberem para si reformas obscenas.Estou farto de bancos e empresas com conselhos de administração de 20 membros a ganharem quantias exorbitantes.Estou farto de uma A.R. cujos deputados passam parte do tempo a trabalhar para empresas privadas.Estou farto das juventudes partidárias que só produzem políticos incultos, arrogantes e inexperientes”.

É o documento impressionante que não pode deixar de ser lido e ouvido por quem tem responsabilidades gerais: os governantes, os comentaristas não estipendiados, os jornalistas honrados, os escritores que ainda não emudeceram. Por todos nós. O Tenente-general Mário Cabrita fala por todos nós. E o seu documento possui, além do valor do protesto imediato, a consistência que transforma as palavras num requisitório humano e histórico.

Le PM annonce que J. Michel Doyon sera lieutenant-gouverneur du QuébecLe 21 juillet 2015

Gatineau (Quebéc)

Introduction

Le Premier ministre Stephen Harper a aujourd’hui annoncé la nomination de J. Michel Doyon au poste de lieutenant-gouverneur du Québec.

M. Doyon (Ph. D.) est un avocat, historien, professeur et auteur accompli. Il possède une vaste expérience en droit des affaires et en arbitrage commercial, et il a pratiqué au sein du cabinet Gagné, Letarte pendant plus de 30 ans. Il a été bâtonnier du Barreau du Québec, poste auquel, en tant que président-directeur général, il était appelé à superviser l’instance dirigeante des avocats de la province.

M. Doyon est titulaire d’un doctorat en histoire et, avant de pratiquer le droit, il a enseigné au Cégep de Sainte-Foy et a été chargé de cours à l’Université Laurentienne, à l’Université Laval et à l’École du Barreau du Québec. Il a également été créateur et membre du comité de production de la série télévisée Le Droit de savoir.

Au fil de sa carrière, il a reçu de nombreuses distinctions honorifiques. Il a notamment été nommé conseiller de la Reine et avocat émérite du Barreau du Québec. Il a également servi comme colonel honoraire de la 3e Escadre Bagotville et agit actuellement comme gouverneur de la 3e Escadre Bagotville.Cette nomination est le point culminant d’un processus entrepris par le Comité consultatif des nominations vice-royales, un organe non partisan, qui a été annoncé pour la première fois par le Premier ministre au mois de novembre 2012.

Les lieutenants-gouverneurs sont nommés par Son Excellence le très honorable David Johnston, Gouverneur général du Canada, sur la recommandation du Premier ministre. Leur mandat est d’au moins cinq ans et pendant ce temps, ils agissent à titre de représentants vice-royaux de la province.

Le Premier ministre a également profité de l’occasion pour remercier l’honorable Pierre Duchesne de son excellence à titre de lieutenant-gouverneur du Québec depuis le 7 juin 2007.

Fait saillant

•Les lieutenants-gouverneurs sont les représentants personnels de Sa Majesté la Reine du Canada dans leur province respective. Les lieutenants-gouverneurs assument le rôle et les fonctions de la Reine, notamment en donnant la Sanction royale aux lois et en rendant visite aux communautés dans leur province.

Citation« J. Michel Doyon est un avocat, historien, professeur et auteur remarquable qui est également connu pour les importantes contributions qu’il apporte à sa communauté. Il saura mettre à profit sa vaste expérience dans le cadre de ce nouveau poste, et je n’ai aucun doute qu’il exercera ses fonctions de lieutenant-gouverneur du Québec avec distinction. » –

Le Premier ministre Stephen Harper

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A Chuva e o Bom Tempo

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ABC-portuscale. Bi-mensuel. Crédits:

Recueil d’auteurs identifiés et de / colectânea de autores identificados e de:Aicep; Santé Canada; Histoire du Canada; Internet et quelques inconnus.Compliation, coordination et montage: Raul Mesquita.www.abcportuscale.com / [email protected]

Conselho de Estado

As três grandes verdadesA ideia de crítica que trago a este apontamento, inscreve-se nos hábitos e facilidade que a generalidade das pessoas têm em sacudir o capote ou ainda limpar a neve para casa do vizinho. Não é todavia minha intenção de me limitar a estas fraquezas já que pretendo sublinhar a relevância da crítica como momento reflectivo necessário, que anda, infelizmente, muito afastado da gente portuguesa em particular.

Não pretendo somente apontar estes erros à gente lusa pois que, os mesmos, poderão ser apontados a outras nacionalidades, inclusive a canadiana porém, hoje, quero dedicar-me apenas à vertente portuguesa.Sabe-se que o pensamento crítico é, apreciem ou não, um elemento decisivo que contribui de forma inteligente no desenvolvimento das comunidades.É necessário no entanto que essa reflexão se apoie em factos, vividos ou em curso, analisando de forma imparcial, as consequências que esse todo possa ter nas decisões políticas.

Todos temos preferências de cor, de líderes, de ideias. De programas. Porém, esta ideologia deve, sobretudo, ser encarada no objectivo principal: Portugal.

Na dramática situação em que nos encontramos e para a qual não podemos somente acusar o governo actual, a preocupação deverá ser encontrar soluções — outras que as em curso — que possam minimizar a miséria da população, herança de vários anos de descalabro, de oportunismos, de roubos e de corrupção.

Começa a ser tempo — até mesmo já ultrapassado — que o povo diga basta, alto e forte, passando de incrédulo e revoltado espectador, a membro activo na revalidação do país e na qualidade de vida dos novos e menos novos. A lógica deverá sempre primar. Em todas as coisas. O objectivo é Portugal. E é de nós todos.

Temos assim, que criticar aquela forma de votar sem pensar nas consequências. Muita gente vota pela imagem do candidato. Se ela lhe agrada, se é atractiva, se lhe permite fazer sonhos cor-de-rosa, o candidato, mesmo imbecil, está certo de obter apoios que reforçam a sua posição no pódio final do escrutínio. Há também aqueles que votam por tradição. Sem se questionarem sobre as intenções, a experiência confirmada ou não de qualquer candidato ou pior ainda, votam conforme o vizinho….

Surge depois um cenário temperado com piedosas declarações, desde o PM até ao PR, procurando convencer de que os instrumentos de política pública de que dispõe, não permitiram alcançar totalmente (?) os objectivos que se perseguiam e que os resultados obtidos foram os melhores nas circunstâncias. Portanto, nada justificará, na sua opinião, que a vontade do povo possa encaminhar-se noutra direcção.

O PR foi mesmo mais longe. Teve a deselegância de convidar (insistir) a população a votar massivamente a permitir um governo maioritário. Deixando no ar uma ameaça de não aceitar formar um governo minoritário…o que seria descaradamente entrar em choque com a Constituição, abrindo um precedente perigoso com decisões já aplicadas anteriormente. Pode-se encarar esta atitude como resultado de sonhos em noites de Verão ou ainda, invasão do medo, porque, apenas ele, poderá imaginar que as próximas legislativas nos darão um governo com maioria.

No meio de tudo isto, sobressai uma surpreendente falta de politização duma massa, amorfa, ignorante, inútil. Sobressaem abortos bem-falantes, vendedores da banha de cobra nas praças públicas, onde vendiam “remédios” para o reumatismo, dores de dentes e de cabeça, estômago e males de varizes. Tudo com o mesmo “medicamento”. Para uma boa venda, o importante não é aquilo que possam oferecer ou fazer mas sim, a imagem que oferece o “vendedor” .

São estes exemplos a expressão do pior retrato em preto e branco que se receia ver projectado num futuro próximo, desnaturando completamente o desejo duma maioria silenciosa, que por vezes, se manifesta abdicando do sentido da responsabilidade cívica. Por exaustão, por sentir estar comprometida a tolerância face à inconsciência quase institucionalizada, onde os fazedores de imagens vão tirando cartas da manga, enganando incautos.

Procurando desmentir a realidade, ignorando as capacidades de informação que qualquer interessado pode usufruir em tempo real, através das redes sociais e redacções quotidianas de periódicos ou TV, (não necessariamente

portuguesas), desmentem-se afirmações e os convites à emigração, numa continuação de destruição do país, do afastamento das inteligências jovens mais bem formadas nos moldes internacionais dos direitos humanos, o governo de Passos Coelho fez o seu tempo. Impôs uma brutal fiscalidade, contribuindo para o empobrecimento geral da população, que devido à precariedade do trabalho, perdeu as esperanças e perspectivas duma vida decente. Se António Costa deixa muitas dúvidas no eleitorado consciente devido, sobretudo, à sua amizade com José Sócrates e outros grandes responsáveis da crise que nos assola, creio que, à falta de outra solução que julgo fundamental e que sugeri na última edição, a meia solução que restará será a de um governo minoritário, sem poder para martirizar a população como foi feito pela dupla PSD/CDS.

É todavia salutar que após tantos anos a fingir não ver os problemas e as soluções impostas, a imprensa portuguesa, começa agora, no seguimento da crise grega, a surgir com críticas à demasiada autoridade da Alemanha e inquirindo-se da forma como essa esquizofrénica obsessão pela austeridade e autoridade poderá ser travada.

Bravo. Era tempo.

É possível que se tenham, enfim, compenetrado de que muitos portugueses se baseiam nestas três verdades insofismáveis, que são:

• Comunistas até que enriqueçam• Femininistas até que se casem• Ateus até que o avião comece a cair.

Depois…

Bom, com isto me vou.

Raul Mesquita

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Manuel do Nascimento / Paris

TROISIÈME DYNASTIE Dynastie des Philippes d’Espagne 1580 à 1640

Philippe II d’Espagne et Philippe I du Portugal (18e)

Occupation du Portugal par les rois d’Espagne. Les deux Couronnes, officiellement autonomes, sont sur la même tête : celle des rois d’Espagne et du Portugal. Le 19 avril 1580, les Cortes se réunissent à Tomar pour proclamer Philippe II d’Espagne, roi do royaume du Portugal. Est crée le Conseil du Portugal. Philippe II d’Espagne devient légalement roi du Portugal sous le nom de Philippe I. Fils de Charles Quint et d’Isabel du Portugal, (fille du roi Manuel I du Portugal), marié en premières noces à Maria du Portugal, et frère de Jeanne, mère de D. Sebastião I (Philippe II est donc, entre autres liens de parenté, l’oncle de D. Sebastião I), le roi d’Espagne est l’héritier légitime le plus proche. Philippe I est né le 21 mai 1527, à Valladolid (Espagne). En 1543, Philippe I, il se marie avec sa cousine paternelle, Maria Manuela de Portugal, fille du roi portugais D. João III et de Catarina de Castille (1). En 1554, il se marie en secondes noces avec sa cousine paternelle Marie I d’Angleterre. En 1559, il se marie avec Élisabeth de France, fille d’Henri II et de Catherine de Médicis. En 1570, il se marie avec sa nièce, l’archiduchesse Anne d’Autriche. En mars 1580, à Rueil (France), António Prior do Crato manque d’être assassiné par des agents espagnols envoyés par Philippe I du Portugal, Philippe II d’Espagne. Le 26 août 1595, meurt d’António, Prior do Crato exilé à Paris.Philippe II d’Espagne et Philippe I du Portugal, il meurt le 13 septembre 1598. Lui succède Philippe III d’Espagne, Philippe II du Portugal.Le tombeau Philipe I du Portugal se trouve à l’Escorial (Madrid).Philippe III d’Espagne et Philippe II du Portugal (19e)

Philippe II est né le 14 avril 1578, à Madrid. Fils de Philippe I, et d’Anne d’Autriche. En 1599, Philippe III d’Espagne (Philippe II de Portugal), il se marie avec sa cousine Marguerite d’Autriche, archiduchesse d’Autriche, puis reine consort d’Espagne, de Portugal, de Sicile et de Naples et duchesse consort de Bourgogne et de Milan. Elle était fille de l’archiduc Charles II d’Autriche-Styrie, donc petite-fille de l’empereur Ferdinand 1er de Habsbourg et de Marie-Anne de Bavière. En 1600, Philippe II, confie le gouvernement du Portugal au vice-roi, Cristóvão de Moura et, en 1607, c’est la refonte du Conseil du Portugal. Cette réforme, est considérée importante pour l’organisation interne du royaume.

En 1611, parution du Dictionnaire de Portugais (Português-Latim) d’Agostinho Barbosa. La défense de la langue portugaise se maintient au Portugal ainsi qu’au Brésil, en particulier, comme acte de résistance interne. Les Lusiades de Luís de Camões deviennent le ‘’Livre de la nation portugaise’’.

En 1612, Francisco Sanches médecin et philosophe portugais, après sa thèse de doctorat en médecine en 1574 à Montpellier (France), il devient titulaire de la première chaire de médecine à l’Université de Toulouse (France). Marie de Médicis, elle souhaite que le Portugais, Filipe Elias Montalto soit son médecin personnel. Lorsqu’il meurt (1616), Marie de Médicis, elle décide que le corps de Montalto soit enterré dans le cimetière juif d’Ouderkerk à Amsterdam (Hollande). En 1617, Lisbonne compte près de 165 000 habitants, étant ainsi la plus grande ville de la péninsule Ibérique et une des plus grandes de l’Europe. Cette même année, les Hollandais installent leurs premiers comptoirs au Japon. Le résultat en sera l’expulsion des Portugais qui, pourtant, étaient à l’origine de la nouvelle ville de Nagasaki.

Philippe III d’Espagne et Philippe II du Portugal, il meurt le 31 mars 1621. Lui succède Philippe IV d’Espagne, Philippe III du Portugal.Le tombeau Philipe II du Portugal se trouve à l’Escorial (Madrid).

Philippe IV d’Espagne et Philippe III du Portugal (20e)

Philippe III est né le 8 avril 1605, à Valladolid. Fils de Philippe III d’Espagne et Marguerite d’Autriche. En 1615, Philippe III, il épouse Élisabeth de France ou Élisabeth de Bourbon, fille d’Henri IV de France et de Marie de Médicis. En 1649, Philippe III, il épouse sa nièce l’archiduchesse Marie-Anne d’Autriche, fille de Ferdinand III, empereur du Saint-Empire romain germanique, et Marie-Anne d’Espagne. En 1625, (25 mai) canonisation de la reine Sainte Isabel de Portugal. La reine Isabel du Portugal était l’épouse du roi portugais D. Dinis I qui est enfin canonisée. Elle devient la Reine Sainte du Portugal. Plusieurs miracles lui sont alors attribués par le peuple.

Au Portugal les choses vont mal, puisque, en 1627, suite à une grande tempête devant les côtes françaises (Saint-Jean-de-Luz) a lieu le plus grand naufrage de la marine portugaise. Entre 1631 et 1637, éclate une guerre entre le Portugal et la Hollande au Pernambouc (Brésil). Un emprunt national est lancé au Portugal pour financer cette nouvelle guerre. Une flotte très puissante est armée. Philippe III du Portugal (IV d’Espagne), offre 500 000 cruzados de sa cassette personnelle pour l’expédition. En 1635, le palais de Paço da Ribeira (actuel place du Commerce / Terreiro do Paço à Lisbonne) est occupé par Miguel de Vasconcelos et par la duchesse de Mântua. Miguel de Vasconcelos avait le poste de secrétaire d’État (Premier ministre) de la duchesse de Mântua, vice-reine du Portugal, chargée par le roi Philippe III du Portugal et Philippe IV d’Espagne.

En août 1637, éclate la révolte à Évora appelée Manuelino, sorte de point culminant de toute l’agitation contre l’Espagne. Les impôts imposés par Madrid au peuple portugais ne cessent d’augmenter. Évora devient l’épicentre de cette véritable révolution qui atteint rapidement l’Algarve et également d’autres points au nord du Tage, jusqu’à la capitale.Les choses s’accélèrent dans le royaume portugais. Le consul français, Saint-Pé, à Lisbonne est chargé d’aider le Portugal en cas de révolte contre la domination espagnole. En 1639, Philippe III du Portugal, IV d’Espagne, recrute de force 6 000 soldats et 1 500 cavaliers portugais pour combattre diverses révoltes en péninsule Ibérique, et notamment en Catalogne.

En juin, le duc de Bragança est informé d’une conspiration anti-espagnole de la noblesse à Almada (rive sud du Tage en face de Lisbonne). En début de 1640, éclate une révolte en Catalogne. On convoque la haute noblesse portugaise à la Cour de Madrid. Le duc de Bragança, avec les nobles refuse de s’y rendre. Le 12 octobre est organisée une réunion de conspiration chez Antão de Almada (conjurado) pour former une junte, pour battre la domination espagnole au Portugal.

1er décembre 1640 : l’aristocratie portugaise provoque une révolution. Quelques 120 nobles conjurés, conduits par le Comte Miguel de Almada, pénètrent dans le Palais Royal (Paço da Ribeira) de Lisbonne, assassinent Miguel de Vasconcelos, secrétaire général du royaume et amant de la duchesse de Mântua, expulsent cette dernière et proclament João, duc de Bragança, roi du Portugal. Les conjurés aidés de militaires portugais soumettant les garnisons favorables à l’Espagne, Lisbonne et aux alentours ouvrent le port du Tage. Le nouveau roi choisit des gouverneurs de confiance pour le pays.

Photos :

2015-18-20-01 à Philippe I du Portugal, Philippe II d’Espagne2015-18-20-02à Philippe II du Portugal, Philippe III d’Espagne2015-18-20-03 à Philippe III du Portugal, Philippe IV d’Espagne2015-18-20-04 à Les trois rois Philippe

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A história do bilhete de identidadeComo eram os primeiros cartões. Eram maiores e mais detalhados do que os actuais. Tinham informações sobre sinais, cor da barba, cabelo, olhos e pele. Ninguém podia sequer andar de bicicleta sem eles.

Texto de Ana Catarina André e Lucília Galha.

Da aldeia de Mata do Rei, onde vivia, ao Registo Civil de Santarém, António Cândido demorou cinco horas. Foi de mula, na altura o único meio de transporte de que dispunha. O adolescente, com 15 ou 16 anos, tinha recebido uma bicicleta do pai, mas, para aproveitar o presente, precisava de tirar o bilhete de identidade (BI). «Naquela altura, era necessária identificação para andar de bicicleta», explica à SÁBADO o antigo moleiro, hoje com 92 anos.Em Santarém, o processo foi rápido. Apresentou a cédula de nascimento, pôs o dedo indicador direito num papel, para deixar registada a impressão digital, e explicou por que queria o documento. «O meu pai só o tirou já adulto. Precisou dele para ter uma licença de carroça. Tinha uma azenha e um moinho de vento para fazer farinha, que transportava para Santarém.»

Na época, 1936 ou 1937, os bilhetes de identidade eram documentos mais detalhados do que são hoje. Além do nome, data de nascimento, filiação, naturalidade, altura, impressão digital e fotografia, o BI de António Cândido tinha indicações sobre sinais particulares, cor da barba, do cabelo, dos olhos e da pele. O formato também era diferente: em vez do cartão amarelo ainda hoje em uso (embora em substituição gradual pelo cartão de cidadão), os portugueses da primeira metade do século XX tinham uma caderneta desdobrável. Era um documento de três páginas preenchido à mão.

No mês passado, o BI fez 99 anos. Desde 1914 que é usado para provar a identidade dos cidadãos. Os primeiros registos de identificação em Portugal são do século XVI. Em pleno período dos Descobrimentos, os capitães das naus apontavam o nome, alcunha, estado civil, filiação e naturalidade dos marinheiros. Era uma forma de saberem quem levavam a bordo, embora não existisse qualquer papel oficial. Só bastante mais tarde, na Primeira República, surgiu essa necessidade: percebeu-se que era preciso ter um registo dos cidadãos porque havia cada vez mais pessoas a viver nas cidades e tornava-se difícil identificá-las quando morriam.

O INVESTIGADOR e antigo inspector da Polícia Judiciária, Francisco Moita Flores, diz que foi esse problema de identificação dos corpos que deu origem à palavra “morgue”.«A palavra francesa morguer significa observar com atenção. Na prisão de Paris, havia uma sala enorme numa cave, com uma clarabóia com grades. Os presos iam para essa sala e os guardas ficavam a olhar para eles para tentarem memorizar as suas feições, caso fugissem ou reincidissem. Não havia outro método de identificação», explica à SÁBADO.Com o aparecimento do bilhete de identidade em Portugal, em 1914, parte destes problemas de reconhecimento acabaram: o documento tinha fotografia e impressão digital. Mas não só: possuía também informações detalhadas sobre os traços físicos. Um dos primeiros portugueses a tirar o BI foi o antigo Presidente da República, Manuel de Arriaga. O documento, que data de 1914, e que hoje pertence ao espólio do Museu da Presidência da República, tinha três páginas. Indicava que o líder republicano vivia no Palácio de Belém, tinha uma cicatriz na cabeça, do lado direito, cabelo e barba de cor branca. Estas informações eram ainda complementadas com duas fotografias, uma de perfil e outra de frente, que ocupavam a parte central da caderneta amarelada. Por baixo das imagens, está a data em que foram tiradas: 1911.Desde que foi criado oficialmente e até 2007 (ano em que começou a ser substituído pelo cartão de cidadão), o bilhete de identidade sofreu várias mudanças. De um cartão com três páginas cheio de detalhes sobre a aparência física, passou a documento plastificado com menos informação, mas mais difícil de ser copiado.

Fernando Pessoa O documento de identificação estava em português e inglês. Curiosidade. O poeta trabalhava na área do comércio e é com essa profissão que aparece identificado. Tirou-o em 1928, um ano depois de ser obrigatório para todos.Em 1952, por exemplo, chegou mesmo a haver uma versão diferente para as pessoas que viviam nas então províncias ultra-marinas: em vez de só se recolher a impressão digital do dedo indicador, punham-se as dos 10 dedos.Nos primeiros tempos, o BI não servia para verificar oficialmente a identidade dos cidadãos. Só em 1919 a lei estabeleceu que o documento podia servir como prova. Se, por exemplo, alguém duvidasse do nome verdadeiro de uma pessoa,

era preciso levar duas testemunhas que atestassem no Registo Civil a veracidade da informação. Nessa época, o BI português tinha uma validade de cinco anos e era um dos mais modernos da Europa. O director do Arquivo de Identificação da Catalunha chegou andar a dizer que o iria copiar por o considerar um dos mais bem feitos da época.

Apesar de admirado, o documento enfrentou resistências em Portugal quando, em 1926, se tomou obrigatório para todos os funcionários públicos. Como as impressões digitais e as fotografias eram até então usadas para identificar presos e mortos, alguns trabalhadores ficaram irritados ao perceberem que iriam ter um documento como os dos criminosos, com as mesmas características. Chegaram mesmo, de acordo com o Diário de Notícias, a enviar um grupo de representantes ao Senado. “Estavam alarmados”, dizia o jornal, porque, segundo a lei, deixariam de receber salário se não tivessem o tal cartão. Além do mais, ainda tinham de pagar 50 escudos para a sua emissão.

Apesar da contestação, a polémica lei do BI foi aprovada. “A ideia era cruzar o registo criminal com o registo civil. O Estado queria ter um papel mais vigilante”, explica à SÁBADO Maria Rita Lino Garnel, investigadora do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa. O Estado também pretendia distanciar-se da Igreja e converter tanto o casamento, como o divórcio ou a morte, em actos civis e não apenas religiosos.

UM ANO DEPOIS, em 1927, o cartão tornou-se obrigatório para todas as profissões. O poeta Fernando Pessoa, que então trabalhava no comércio, tirou-o a 28 de Agosto de 1928. O documento estava escrito, como determinava a lei, em três línguas: português, francês e inglês. E tinha apenas uma fotografia do escritor.

Até se democratizarem, na década de 50-60, os bilhetes de identidade continham frequentemente informações vagas e imprecisas. Quando, em 1930, com apenas 12 anos, Maria Rosalina Pais tirou o seu cartão, os funcionários do Registo Civil escreveram no espaço destinado à altura: “a crescer”. A antiga professora primária, hoje com 94 anos, precisou daquele documento para se matricular no Liceu Filipa de Lencastre, em Lisboa. Na época, o cartão só era necessário para circunstâncias específicas, como estudar, trabalhar, viajar ou para qualquer acto público. “Por exemplo, a minha mãe só o tirou aos 80 anos, quando o meu pai morreu, para poder receber o subsídio”, conta à SÁBADO.

A antiga professora primária recorda-se de que já naquele tempo o documento era valioso. “As pessoas tinham muito medo de o perder, por isso guardavam-no com cuidado.” Além disso, tirar o bilhete de identidade era uma espécie de “prova iniciática”, acrescenta a historiadora Maria Rita Lino Garnel. “Punha-se um vestido bonito, ia-se bem lavado e penteado.”

As impressões digitais começaram por ser utilizadas nos boletins de identificação dos cadáveres.

A evolução do BI

PASSOU DE CADERNETA DESDOBRÁVEL A CARTÃO DE UMA PÁGINA

1914 – Aparecem os primeiros cartões. Têm três páginas e, além do nome, filiação e naturalidade, incluem duas fotografias, uma impressão digital i do dedo indicador, assinatura, e informações sobre altura, cor da pele, olhos, cabelo, barba, sinais particulares e residência.1918 – Os bilhetes de identidade passam a ter apenas uma foto. Estão escritos em três línguas: português, francês e inglês.1926 – Começam a ter espaço para registar alterações do nome do cônjuge e do estado civil. Tornam-se obrigatórios para todos os funcionários públicos.1957 – São reduzidos a duas páginas e impressos exclusivamente em língua portuguesa. Emitem-se dois modelos: um para cidadãos nacionais, outro para estrangeiros.1970 – Passam a ter apenas uma página e são plastificados. Um ano depois, começam a ser informatizados. Os documentos escritos à mão são cada vez mais raros.1986 – É obrigatório usar fotografias a cores nos bilhetes de identidade.1992 – É introduzido o plástico à volta do cartão e uma faixa de segurança por cima da fotografia, que se encontra do lado direito.2007 – O BI começa a ser gradualmente substituído pelo cartão de cidadão.

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Rosa dos Ventos Rose des Vents

Petites vacancesIl y a toujours de bonnes raisons pour s’accorder des petites vacances. Parce que l’on cherche le soleil, parce que l’on a quelques jours de congé ou parce que l’on aime bien découvrir des lieux nouveaux.

Pour ceux qui ne disposent que de quelques jours, il vaut la peine de visiter Lisbonne ou Porto. Le voyage est rapide au départ de n’importe où en Europe et ce sont des villes faciles à visiter, avec de nombreux points d’intérêt, une bonne gastronomie et beaucoup d’animation. Et le fait qu’elles soient toutes deux baignées par un fleuve leur donne une ambiance spéciale, en particulier sous la douceur du climat en automne ou au printemps, lorsque la lumière acquiert des tonalités étonnantes.

Si vous avez peu de temps, au Portugal, il est aussi facile de voyager vers d’autres endroits pour mieux connaître l’histoire et le patrimoine portugais ou pour faire une promenade dans la nature et simplement respirer l’air pur des zones protégées.

Pour les visiteurs de Porto, les villes de Braga et de Guimarães (celle-ci étant patrimoine mondial), le parc national de Gerês, le Géoparc d’Arouca ou le fleuve du Douro sont des options à considérer. À partir de Lisbonne, vous arrivez rapidement au patrimoine mondial de Sintra, sur la côte d’Estoril ou aux parcs naturels des estuaires du Tage et du Sado. Près du Sado, vous

avez aussi le parc naturel d’Arrábida et les localités de Palmela, Sesimbra et Setúbal, qui offrent de beaux panoramas sur la mer. Un peu plus au sud, mais à seulement une heure de voiture, se trouve Évora, elle aussi inscrite au patrimoine de l’humanité. Tout comme les monastères d’Alcobaça et de Batalha, situés au nord de la capitale, peu après Óbidos, petite ville médiévale entourée de remparts.Facilement accessibles, voilà donc des suggestions pour passer une journée différente et en savoir un peu plus sur la culture et les paysages portugais.

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REPORTAGEM “RENASCIDO EM COMBATE” – AFEGANISTÃO

Por Miguel Machado

O programa “Linha da Frente” da Radio Televisão Portuguesa, emitiu no Sábado, de 11 de Julho, uma excelente reportagem, “RENASCIDO EM COMBATE”, que tem como protagonista principal o Cabo-Adjunto Comando Horácio Mourão, gravemente ferido no Afeganistão em 2005 e a sua recuperação física e psicológica. Este trabalho levanta no entanto outras questões, algumas expressamente outras subentendidas, que merecem ser referidas.

A extraordinária história da recuperação física e psicológica do Cabo-Adjunto Horácio Mourão, e em paralelo questões relativas ao ataque de Novembro de 2005 nos arredores de Cabul, são o objecto principal desta reportagem.

A reportagem

Na realidade “Renascido em Combate”, não é só uma história humana, muito sensível, mesmo impressionante, faceta certamente mais notada pela generalidade dos espectadores. Tem por principal protagonista, Horácio Mourão, um exemplo de vontade férrea, persistente no tempo na ultrapassagem das suas limitações resultantes de um acto de serviço numa situação de guerra; é também um trabalho jornalístico que tenta ir, 10 anos depois, à procura de alguns aspectos de uma operação militar que causou um morto e vários feridos, cuja evacuação correu mal. Adiante voltaremos a esta outra faceta da reportagem.

“RENASCIDO EM COMBATE”, são 33 minutos nos quais vários militares comandos sobreviventes ao ataque a uma patrulha da 2.º Companhia de Comandos em 18 de Novembro de 2005, nos arredores de Cabul, descrevem em detalhe aquilo porque passaram. Também a família da vítima mortal desse momento, o Primeiro-Sargento Comando Roma Pereira, intervém na reportagem. A notável recuperação e o esforço pessoal de Horácio Mourão, é sem dúvida alguma impressionante e alicerçado, mais do que em qualquer outro factor, na sua força de vontade e, nas suas palavras “…sou capaz de fazer tudo, se há coisa que aprendi nos Comandos, foi querer.”

Sobre o que se passou ficamos com uma boa imagem de uma situação de guerra em que uma coluna portuguesa é atacada com um engenho explosivo, comandado à distância. Foram entrevistados militares envolvidos, feridos ou não, os quais explicam com grande detalhe o sucedido, mostrando com clareza pelas suas palavras, os duros momentos porque passaram.

Bem sabemos que da montagem das declarações dos intervenientes podem surgir por vezes interpretações dúbias, omissões, mas na reportagem estes levantam dúvidas relativas aos procedimentos na evacuação dos feridos, incluindo o próprio comandante actual do Centro de Tropas Comandos, à data responsável pelo Contingente dos Comandos no Afeganistão.

Ficam ainda no ar, sem resposta, certezas familiares sobre os resultados da participação portuguesa neste conflito – onde ainda estamos com um pequeno destacamento – e um leve afloramento da dificuldade inserção dos antigos militares contratados na vida civil. Este trabalho mostra ainda algo muito pouco falado, os feridos nestas novas missões. Dos mortos ainda há referência, agora dos feridos, alguém sabe quantos foram?

Cobertura mediática das operações

Esta reportagem contraria uma tendência sobre as novas campanhas das

Forças Armadas Portuguesas, designadas oficialmente por “Missões de Paz e Humanitárias”, que teimam em estar ausentes do grande público. Seja por dificuldades criadas pelos militares seja por desinteresse das empresas e comunicação social, mas é um facto. Muitos militares portugueses, nomeadamente no Afeganistão, estiveram em situações de guerra, e a política de informação pública oficial é invariavelmente desdramatizar senão mesmo esconder. O Afeganistão foi aliás pródigo nestes procedimentos como bem sabem os militares que lá estiveram. Mas não estamos apenas a falar do passado, o exemplo mais recente é aliás o da actual missão no Iraque, sobre a qual não transparece “uma linha” na generalidade dos órgãos de comunicação social, nomeadamente os de maior impacto, a televisão.

Deverá ser necessário recuar 20 anos (!!), quando 2 militares faleceram em Sarajevo vítimas de uma explosão acidental, com forte presença de jornalistas portugueses no terreno, para se ter tentado em termos jornalísticos, ir tão ao fundo no que se terá passado num incidente com forças portuguesas em operações. Mesmo com outros mortos, quer na Bósnia quer em Timor-Leste ou Afeganistão, nunca se foi à procura de detalhes dos factos, deu-se sempre importância aos aspectos emocionais, aos funerais e reacções familiares. Houve sempre um certo pudor, em, a quente, andar a procurar erros, falhas, lacunas.

Da autoria de Armando Seixas Ferreira, António Antunes, Samuel Freire, Tó Vasconcelos, Rita Rodrigues, Cristina Rodrigues e coordenação de Mafalda Gameiro, “RENASCIDO EM COMBATE” é assim um trabalho interessante pelas diferentes facetas do acontecimento em si, mas também pelo inédito de procurar esclarecer algumas questões que aliás ficam parcialmente sem reposta. Faltaram alguns dados, que desconhecemos terem ou não sido pedidos, como relatórios oficiais da altura, recomendações, lacunas de material, lições aprendidas, etc. E, também, do nosso ponto de vista, uma posição oficial – desconhecemos se terá sido dada mas não foi inserida na reportagem – sobre o que se passou e sobre a justificação para a nossa participação no Afeganistão.

Está de parabéns a RTP por ter transmitido “RENASCIDO EM COMBATE”, mostrando ao grande público uma faceta do trabalho dos militares portugueses que deve ser divulgada e a extraordinária história de vida do Cabo-Adjunto Comando Horácio Mourão.

Ceuta: um centenário quase esquecido?Nos próximos dias (22/08) ACTUALITÉ

Vive opposition aux vignettes sur le Plateau

Par Jean-Louis Fortin

2500 résidents et commerçants du Plateau-Mont-Royal font un front commun contre les nouvelles mesures hostiles à l’automobile décrétées par le maire Luc Ferrandez.Ils sont situés pour la plupart dans le secteur du Petit Laurier, et leurs représentants publient ce matin une lettre ouverte pour dénoncer «l’imposition des vignettes sans consultation et le blocage de certaines rues au niveau du boulevard St-Joseph».Une pétition de 2500 noms avait déjà été envoyée à l’arrondissement.«Les vignettes, c’est exclusivement une vache à lait pour remplir les coffres (de l’arrondissement)», déplore l’un des instigateurs de la lettre, Serge Chaussé, qui est chirurgien-dentiste et pratique depuis 30 ans sur la rue Saint-Joseph.Selon lui, de nombreux commerçants ont vu leur chiffre d’affaires baisser de 20 à 30% depuis quelques années, à cause des entraves à l’automobile. «Les gens de l’extérieur ne viennent plus sur le Plateau», tranche-t-il.Mercredi, Le Journal rapportait le cas d’une résidente de Terrebonne qui devra désormais payer 1200 $ par année pour stationner son véhicule près de son travail, sur le Plateau.En réponse, l’arrondissement ne s’est pas caché de vouloir imposer un principe «d’utilisateur-payeur» aux automobilistes.completam-se 600 anos sobre o início da expansão marítima e colonial portuguesa, geralmente associado à partida da Armada que sob o comando do próprio Rei de Portugal, D.João I, viria a ocupar, algumas semanas depois, a cidade de Ceuta.

net/ad

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Exploration pétrolière dans le golfe: des craintes, mais pas de travauxSylvain Archambault, de la Société pour la nature et les parcs (SNAP) du Québec, a indiqué que les ministres fédéraux n’ont pas répondu à la lettre qui leur a été expédiée. Il a reconnu qu’il y a moratoire sur l’exploration, mais mentionné que la loi-miroir, que Québec et Ottawa ont adoptée chacun de leur côté, ouvre une porte sur cette possibilité.

Photothèque Le SoleilMichel Corbeil / Le Soleil

(Québec) Les projets d’exploration pétrolière dans le golfe du Saint-Laurent continuent d’alimenter des craintes. Pour le moment, il n’y a pas de travaux en cours pour confirmer l’imminence d’un danger.

Jeudi, la Coalition Saint-Laurent s’est jointe aux membres de l’industrie de la pêche, des communautés autochtones et de la société civile qui réclament «une suspension des activités d›exploration pétrolière dans le golfe tant qu›une vaste commission d›examen, indépendante et scientifique, aura démontré l›absence de risques pour l›écosystème et ses ressources naturelles».

La Coalition a rappelé que des milliers d’emplois dépendent de la pêche dans les Maritimes et au Québec. Les associations de ce secteur économique ont fait part de leurs préoccupations dans une missive expédiée au gouvernement canadien. «Le Saint-Laurent est une grande zone de pêche commune et aucun déversement ne sera retenu par les frontières provinciales», a signalé une porte-parole de la Coalition, Danielle Giroux.

«Alors qu›un premier forage pourrait bientôt être effectué à Old Harry et que le Québec a déposé récemment un projet de loi-miroir lui permettant lui aussi de se lancer dans l’exploration pétrolière en mer, il est temps de rappeler que le golfe du Saint-Laurent est un écosystème d’une grande fragilité», a affirmé Jean-Patrick Toussaint. Pour Sylvain Archambault, «l›exploration pétrolière devrait être suspendue dans l›ensemble du golfe.»

Moratoire déjà existant

Au cabinet du ministre québécois Pierre Arcand (Ressources naturelles), une porte-parole a signalé qu’il existe déjà un moratoire sur l’exploration, moratoire qui englobe aussi le gisement potentiel Old Harry. Véronique Normandin a aussi précisé qu’en ce moment, il n’y a pas de travail exploratoire.

Tout geste en ce sens ne peut devancer l’Évaluation environnementale stratégique dans le dossier des hydrocarbures. Ce rapport est attendu pour la fin de l’année.Il n’a pas été possible de contacter un porte-parole du gouvernement terre-neuvien. Mais aucun forage exploratoire ne se déroule, en ce moment, de leur côté de la frontière maritime.

En entrevue, Sylvain Archambault, de la Société pour la nature et les parcs (SNAP) du Québec, a indiqué que les ministres fédéraux n’ont pas répondu à la lettre qui leur a été expédiée. Il a reconnu qu’il y a moratoire sur l’exploration, mais mentionné que la loi-miroir, que Québec et Ottawa ont adoptée chacun de leur côté, ouvre une porte sur cette possibilité. Les craintes, a-t-il exprimé, sont à plus long terme dans le cas du Québec par rapport à Terre-Neuve, où une firme lorgne Old Harry

Poursuite de la bâtonnière suspendue: le Barreau entend se défendreLa poursuite déposée porte selon les 13 membres du conseil d’administration du Barreau «atteinte à la réputation de l’institution et de ses administrateurs et dirigeants».

Patrice Laroche,Photothèque Le Soleil, Simon Boivin

Le Soleil

(Québec) La bâtonnière Lu Chan Khuong s’accroche à son poste par une poursuite «remplie de faits erronés, de faussetés et d’éléments tendancieux», réplique le Barreau, qui entend bien se défendre en Cour supérieure.

Le Barreau du Québec a répondu par communiqué ce matin au dépôt d’une procédure juridique par Me Khuong qui lui réclame 95 000 $ en dommages exemplaires et exige d’être réintégrée dans ses fonctions.

«Le Barreau entend se défendre en Cour supérieure et faire valoir tous ses droits», peut-on lire dans la communication.

La poursuite déposée porte selon les 13 membres du conseil d’administration «atteinte à la réputation de l’institution et de ses administrateurs et dirigeants».«Le Barreau du Québec dénonce aussi la stratégie de la bâtonnière consistant à discréditer l›institution même pour laquelle elle a postulé à la plus haute fonction en diffusant depuis le début de cette affaire de nombreuses communications aux médias qui nuisent à la sérénité des débats et contreviennent au rôle d›un officier de justice», affirme l›ordre professionnel de plus de 25 000 avocats.

La publication par La Presse d’un article relatant qu’une plainte pour vol à l’étalage dans un magasin Simons de Laval, au printemps 2014, contre Me Khuong, un dossier qui a été déjudiciarisé, a déclenché l’affaire. Le c.a. du Barreau a suspendu la bâtonnière nouvellement élue, qui estime de son côté avoir été «traitée comme une criminelle».

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Escolha de Isabel Meyrelles Tradução e Colaboração de Maria Fernanda Pinto, PFr.

TEMPO DE POESIA - XXIIIséc. XXORFEU IV, fim

Para concluir a epopeia do ORFEU não esqueçamos que, à parte a Mensagem, obra de Fernando Pessoa, que ficou quase inédita até 1942, com excepção de algumas publicações e revistas, o Orfeu saiu do esquecimento graças a João Gaspar Simões e Luis de Montalvor que publicaram as suas obras mais importantes.

Neste segundo exemplar da revista foram publicados os poetas Ângelo de Lima, o poeta louco que viveu quase toda a sua vida num asilo psiquiátrico, Armando Cortês Rodrigues, que publicou sob o pseudónimo de Violante de Cysneiros e de outros, todos saídos do Simbolismo e do Paulismo como aliás quase todos os poetas publicados pela revista, os mesmos autores publicados no n.° 1 do Orfeu.

Pára-me de repente o pensamentoComo que de repente refreadoNa doida correria em que levadoIa em busca de paz, do esquecimento...

Pára surpreso, escrutador, atentoComo pára um cavaloalucinado Ante um abismo súbito rasgado...Pára e fica e demora-se um momento...

Pára e fica na doida correria...Pára à beira do abismo e se demoraE mergulha na noite escura e fria

Um olhar de aço que essa noite explora Mas a espora da Dor seu flanco estria,E êle galga e prossegue sob a espora. (Ângelo de Lima)

Assinalemos também António Ferro, então jovem futurista, (que viria a ser mais tarde director do serviço da propaganda de Salazar), em cargo no SNI, ele e a esposa Fernanda de Castro, fizeram muito pela divulgação da cultura portuguesa no estrangeiro, sobretudo em França, coisa rara a todos os níveis de hoje, por todos os responsáveis da cultura em Portugal.

Pode dizer-se que foi a publicação da obra de Pessoa em francês que fez conhecer Portugal e a sua cultura ao mundo, bem mais do que Camões, só conhecido por alguns eruditos.A verdadeira surpresa que nos reserva o Orfeu é a interferência plástica, como principal determinante da sua originalidade; neste volume, Santa Rita publica quatro duplos textos especiais, onde Amadeo de Sousa Cardoso tinha prometido

colaborar no terceiro número, nunca publicado. Uma das grandes aventuras do Orfeu foi a criação de várias correntes literárias, que deixaram traços inesquecíveis: Paulismo, Interseccionismo, Simultâneismo, Sensacionismo, etc... Em 1916 saem duas revistas: Centauro e Exílio de tendência decadentista. Nas páginas da Centauro, encontramos os autores simbolistas e sobretudo os Poemas Inéditos de Camilo Pessanha, o maior simbolista português, Alberto Osório de Castro, um conto de Raúl Leal com um título que faz sonhar: A aventura de um Sá ou a Morte de Adónis e Fernando Pessoa que publica alguns dos seus sonetos Ortónimos mais conhecidos.

Exílio é uma revista irmã da Centauro. Fundada pelos Modernistas como Augusto Santa Rita, Pedro de Menezes (pseudónimo de Alfredo Guisado), António Ferro e Cortes Rodrigues, orienta-se para un estéticismo decandentista; Fernando Pessoa também lá publicou Hora Absurda, onde se sente a influência de Sá Carneiro.

1917 foi o ano da publicação de Portugal Futurista. Com esta revista, houve uma espécie de renascimento, os poetas olhavam de novo para o futuro com euforia. É talvez por causa desta provocação que a revista foi, infelizmente, apreendida pela polícia imediatamente. Orgão do futurismo literário, os autores utilizam a agressividade, a surpresa e a ruptura sobre as formas provocadoras que fazem parte da receita para abrir Portugal à Europa. Almada Negreiros dá o tom publicando um artigo sobre “Os bailados Russos em Lisboa”.O projecto de renovação de Portugal deve passar pela sua abertura à Europa, pela evolução das mentalidades e pela revolução na Arte. Antes de tudo, é preciso reduzir a zero o passado - é o que proclama Ultimatum de Àlvaro de Campos :

“Mandato de despejo aos mandarins da Europa ! Fora.Fora tu, Anatole France, Epicúro da farmacopeia homeopática,Ténia � Jaurès do Ancien Régime, salada de Renan-Flaubertem louça do século XVII, falsificada! Tudo daqui para fora ! Tudo daqui para fora ! (...)”

É um poema de 21 páginas onde Àlvaro de Campos fala aos seus contemporâneos com força e desenvoltura do modernismo português...

Almada Negreiros no Ultimatum Futurista às gerações portuguesas do século XX, proclama que é preciso deitar fóra as luas velhas e criar uma renovação das Artes e da Poesia. A revista publica também autores estrangeiros tais como Guillaume Apolinaire Blaise Cendrars et Marinetti, les précurseurs du modernisme en France et en Italie. Almada Negreiros faz uma Conferência futurista en 1917 no Teatro República que foi recebida por uma arruaça digna da batalha d’Hernani do tempo de Victor Hugo.Outras revistas mais recentes como Contemporânea, dá lugar aos autores da Orfeu, tais como Athena 1924-1925, revista dirigida por Fernando Pessoa e Rui Vaz, da qual foram publicados 5 números, onde os autores da Orfeu tiveram uma presença preponderante.

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Une faillite européennePierre Asselin / Le Soleil

(Québec) L’accord conclu entre la Grèce et l’Europe fait peut-être le bonheur des chefs politiques européens, mais leur joie risque d’être de courte durée. Les termes de cet accord reproduisent la logique des deux ententes précédentes, qui n’ont fait qu’empirer les choses. On vient simplement de déclencher un autre compte à rebours pour un quatrième psychodrame économico-politique.Il a fallu plus d’un demi-siècle avant qu’un président admette la nécessité de changer la politique des États-Unis à l’endroit de Cuba, qui n’a rien donné. Combien de temps faudra-t-il avant que l’Europe s’ouvre les yeux et réalise que ce qui n’a pas marché ni la première ni la deuxième fois a de fortes chances d’échouer à nouveau?

Alexis Tsipras a joué avec les cartes qu’il avait en mains, c’est-à-dire à peu près rien. Il doit maintenant convaincre les siens que les termes de cet accord sont meilleurs que ce qu’ils étaient avant le référendum, où le non l’avait pourtant emporté par plus de 60 %. S’il échoue, il peut dire adieu à la politique. Son destin se jouera dans les prochaines heures, car les «réformes» imposées doivent être adoptées par son gouvernement dès mercredi.

Tout leader politique dans une position aussi précaire a besoin de boucs émissaires vers qui la colère peut être détournée. Il compte sur l’«oligarchie» grecque pour jouer le rôle de paratonnerre politique, dans la joute qui s’amorce. «Cette fois-ci, ceux qui ont évité de payer - qui étaient jusqu’ici protégés par l’ancien gouvernement - devront payer à leur tour. Eux aussi devront assumer leur part du fardeau», déclarait le premier ministre.

Il semble pourtant que les hausses de taxes, les réductions aux pensions et la libéralisation du marché du travail feront avant tout mal aux citoyens qui ont été les premiers à souffrir, jusqu’ici, des politiques d’austérité imposées par l’Europe, qui se plie aux diktats de l’Allemagne.

Tsipras pourrait malgré tout tirer son épingle du jeu. Les Grecs ne sont pas tous dupes. Plusieurs réalisent que cette entente n’est rien d’autre que le résultat d’un chantage politique et que leur premier ministre a fait tout en son pouvoir pour tenir tête aux puissances économiques européennes. On ne pouvait pas en dire autant de ses prédécesseurs. Les problèmes de l’Europe ne se résument pas seulement à la Grèce. D’autres pays doivent eux aussi assumer une dette égale à 100 % ou plus de leur PIB (produit intérieur brut). L’Italie, l’Irlande, la Belgique et le Portugal réclameront pour eux aussi la moindre concession faite à Athènes.

Un problème aussi complexe ne peut pas se résoudre par une solution simpliste. Les décisions politiques, quelles qu’elles soient, en matière de finances publiques doivent reposer sur des bases économiques, et ce n’est pas le cas ici. L’entente intervenue dimanche est une décision politique maquillée en mesure économique, comme une autruche qu’on espère voir voler...

Même si d’autres pays sont lourdement endettés, la situation de la Grèce est unique en Europe. Aucun autre pays du Vieux Continent n’a vu son économie s’effondrer comme c’est le cas en Grèce. Le produit intérieur brut, en termes réels, a perdu près de 30 % depuis 2008, trois fois plus que les autres pays les plus endettés. Alexis Tsipras a eu tort de croire que les dirigeants européens reconnaîtraient leur erreur et seraient prêts à s’engager dans une autre voie. Ce n’est pas juste la Grèce qui est en faillite. C’est aussi l’Europe.

Un mystère vieux de 350 ans s’éclaircitEn 1665, le physicien hollandais Christiaan Huygens a observé un fait étrange: le mouvement de pendules d’horloges suspendues sur un même mur est synchrone. Quelle que soit leur position de départ, les pendules se mettent en «opposition de phase»: un balancier va à gauche pendant que l’autre va à droite.Depuis, le mystère perdure. Mais aujourd’hui, des chercheurs de l’Université de Lisbonne (Portugal) avancent une explication, publiée jeudi dans Scientific Reports de la revue «Nature». Les impulsions sonores --- une onde sonore transporte de l’énergie --- peuvent passer d’une horloge à l’autre, les obligeant à se synchroniser.

Les chercheurs ont confirmé leur modèle théorique à l’aide de deux horloges à pendule attachées à un rail en aluminium fixé sur un mur. Résultat: la modification de la vitesse des mouvements des balanciers est liée à la production d’impulsions sonores.

Outre la résolution d’un vieux mystère, cette découverte ouvre la voie à la compréhension d’autres types d’oscillateurs (par exemple électroniques)», précise à l’AFP Luís V. Melo, coauteur de l’étude

Tabassée parce qu’elle bronzait en maillot de bain dans un parc public à Reims

Mercredi 22 juillet, dans l’après-midi, une jeune fille de 21 ans se prélassait en maillot de bain au parc Léo-Lagrange de Reims (photo Streetview), accompagnée de deux amies. C’est alors, raconte le quotidien local «L’Union», que cinq autres jeunes filles «originaires de différents quartiers de la ville» passent à proximité. L’une d’entre elles lui reproche sa tenue légère, jugée indécente en pareil endroit. Elle se voit rétorquer par la jeune femme en maillot que personne n’a à lui dicter sa façon de se vêtir. Une altercation éclate.

Tout le groupe se précipite alors sur la jeune fille en maillot pour la rouer de coups, raconte «L’Union». Des témoins portent secours à la victime et alertent les pompiers qui doivent l’évacuer au CHU. Bilan du passage à tabac : quatre jours d’incapacité totale de travail.

L’enquête de la brigade de répression des violences a permis d’identifier les cinq filles, dont deux sont mineures. Les trois autres, âgées de 18, 19 et 24 ans seront jugées fin septembre par le tribunal correctionnel.

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Nunca vimos Plutão tão próximo. Um dia histórico para a Humanidade Após uma viagem que durou mais de nove anos e em que percorreu 4,8 mil milhões de km, a sonda New Horizons passou o mais perto de Plutão às 11h49 TMG (12h49 em Lisboa) em piloto automático. Coordenador-geral do site AstroPT escreve sobre o significado deste feito científico.

por Carlos F. Oliveira

Pela primeira vez na história, uma sonda feita por humanos conseguiu passar perto, relativamente perto, o que em termos cósmicos se consideraria “passar a mão pelo pêlo”, de Plutão, o mais famoso planeta-anão do sistema solar.

O feito é extraordinário e os parabéns vão todos para os cientistas da NASA. Eles conseguiram encontrar-se com uma “pequena pedra gelada”, com cerca de 2.400 quilómetros de diâmetro, a uma distância de quase 5 mil milhões de quilómetros de distância, mais de 9 anos no futuro.

Sim, porque quando a sonda New Horizons foi lançada da Terra, a 19 de Janeiro de 2006, nem Plutão estava no local actual, nem a Terra estava no local actual, nem sequer o Sol (e sua família) estava no local actual.

Os cientistas da NASA tiveram que calcular tudo praticamente ao “centímetro” em milhares de milhões de quilómetros e ao segundo em mais de nove anos, o que, convenhamos, é um pouco mais difícil de calcular do que combinar encontrar-me com alguém às 17h00 no café X (e mesmo assim, na nossa vida diária, atrasos de muitos segundos são frequentes, e nem sequer contamos com efeitos como rotação, precessão ou translação).

Se dito assim, já nos parece assombrosamente admirável, imaginem ainda que esta sonda não foi directa a Plutão – ou melhor, ao ponto vazio no sistema solar quando ela foi lançada, mas que, nove anos e meio depois, lá estaria Plutão. Na verdade, ela recebeu assistência gravitacional de Júpiter.

Em Fevereiro de 2007, a sonda, de acordo com o que tinha sido planeado para a missão, passou perto de Júpiter, de modo a receber assistência gravitacional.

O que é isto?

Provavelmente já viram em filmes de ficção científica: é quando uma nave passa perto de um grande corpo celeste, como um planeta ou uma estrela, e passa dentro de uma “janela” (intervalo) orbital que lhe permite não só corrigir a órbita (de tal forma que fique com o “caminho livre” em direcção ao seu destino – neste caso, Plutão), mas sobretudo receber um impulso adicional, sem precisar de combustível extra (são as maravilhas da gravidade), para ter “força” suficiente para chegar ao destino na altura pretendida.

Sem isto, a New Horizons nunca chegaria a Plutão, não só porque a direção seria diferente, mas até porque, supondo que a direcção seria a mesma, chegaria ao ponto onde Plutão está neste momento com anos de atraso e por isso já não passaria perto dele.

Claro que na ficção científica isto é fácil de fazer, basta carregar em alguns botões que supostamente fazem isso facilmente. Na vida real, a coisa é um pouco mais complicada, porque desvios que para nós, o comum dos mortais, nos parecem totalmente insignificantes, cientificamente atirariam a sonda para o vazio cósmico. É a matemática a dizer aos humanos: sem mim, não são nada.Neste momento podem estar a pensar: mas porque enviaram uma sonda tão lenta, que demora mais de nove anos a chegar ao seu destino e ainda precisa de “empurrões” gravitacionais para andar mais rápido? É uma excelente pergunta! E a resposta é surpreendente: esta foi a sonda com maior velocidade de escape (em relação à Terra) que alguma vez enviamos para o sistema solar exterior: 58.536 km/h. O problema do espaço, neste caso do sistema solar, é que é muito grande. E mesmo a velocidades enormíssimas, a sonda precisou de nove anos e meio para lá chegar.

Na verdade, mesmo que a sonda viajasse à velocidade limite da luz, mesmo assim demoraria mais de quatro horas a chegar a Plutão (como comparação, a luz do Sol demora oito minutos a chegar à Terra). Esta sonda é tão rápida que demorou somente nove horas a chegar à órbita lunar (lembremo-nos que as missões Apollo demoraram três dias para chegar lá).

Neste momento, a sonda está a recolher dados, sobretudo da superfície de Plutão, da sua geologia e morfologia, e da composição da sua atmosfera. Infelizmente, ainda não é hoje que receberemos os dados. Por dois motivos:

- porque a sonda não consegue receber e enviar os dados simultaneamente (despenderia muita energia e espaço em disco, o que a colocaria em modo de segurança, como aconteceu há dias atrás);

- porque, como expliquei atrás, vai levar tempo até que os dados nos cheguem devido à distância a que a sonda está.

Mas amanhã, (14/7) ou melhor, esta noite, durante esta madrugada em Portugal, estaremos todos bastante atentos aos dados que nos chegarão. Cientificamente, o maior interesse está nos dados geológicos e atmosféricos. Popularmente, o interesse irá estar nas fotografias de Plutão enviadas pela sonda.

Enquanto esperam pelas novas fotos, deliciem-se com a última foto enviada pela sonda, feita na segunda-feira e revelada esta terça-feira:

Por último, deixem-me referir que este é um fly-by. Ou seja: a sonda vai passar perto de Plutão, mas não vai ficar na sua órbita (para tal, teria que despender bastante combustível, para travagens, mudanças de órbita, etc., que não tem).Talvez daqui a 200 anos (devido à excêntrica órbita de Plutão) possamos ter uma sonda a orbitar Plutão.

Em termos de New Horizons, passando pelo sistema plutónico, ela vai agora embrenhar-se na escuridão do sistema solar exterior, como fizeram as duas Voyager e as duas Pioneer. Com sorte poderá ainda passar perto de três pequenos objectos da Cintura de Kuiper com o pouco combustível para ajustes de trajectória de órbita que ainda possui. Mas isso será somente para 2019.

Finalmente, em 2047, deverá chegar à heliopausa, onde o vento solar passa a ter uma influência menor que o meio interestelar, onde já se encontra a Voyager 1 que partiu da Terra em 1977 – no entanto, a Voyager estará numa direcção diferente da New Horizons.

Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico. É coordenador-geral do site AstroPT, um projecto de astronomia em Portugal.

Praga do século

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Le sucre est-il le nouveau tabac?Pour échapper à des réglementations qui pourraient limiter la consommation de son produit, l’industrie du sucre recourt depuis 40 ans aux mêmes tactiques de relations publiques que celles qui ont fait le succès des fabricants de tabac, montre le documentaire Sugar Coated.

par Valérie Borde

Photo : Lauri Andler(Phantom)/Wikimedia Commons

Depuis 40 ans, l’industrie du sucre recourt aux mêmes tactiques de relations publiques que celles qui ont fait le succès des fabricants de tabac, en vue d’échapper à des réglementations qui pourraient limiter la consommation de ce produit omniprésent dans notre alimentation.

Michèle Hozer en fait une démonstration très convaincante dans son documentaire Sugar Coated, qui sera présenté à Montréal, au Cinéma du Parc, le 10 août prochain, et diffusé en français à Canal D cet automne.

La réalisatrice canadienne, qui a remporté un Emmy pour son documentaire Shake Hands with the Devil : The Journey of Romeo Dallaire et qui a vu son documentaire The Inner Life of Glenn Gould être présélectionné aux Oscars, s’appuie sur des sources sérieuses, et le complot qu’elle dénonce est bien documenté.

Sugar Coated est un film à voir, tout autant que l’excellent Marchands de doute, qui mettait au jour des stratégies similaires exploitées par les lobbys climatosceptiques.

La menace sucrée

Déjà, dans les années 1960, des scientifiques s’inquiétaient que la consommation excessive de sucre puisse être une cause importante d’obésité, de diabète et de maladies cardiovasculaires, en plus d’être à l’origine d’une véritable épidémie de caries dentaires.

Aux États-Unis, la Food and Drug Administration (FDA) a même un temps songé à retirer le sucre de sa liste des aliments généralement reconnus comme sécuritaires (generally recognized as safe).

Flairant la menace, l’industrie a alors entrepris de financer d’innombrables études — menées parfois dans des universités prestigieuses, comme Harvard — visant à semer systématiquement le doute sur tout nouveau résultat scientifique incriminant le sucre.

Le documentaire de Michèle Hozer s’appuie en partie sur des documents internes de l’industrie américaine datant de 1959 à 1971, découverts récemment dans une usine désaffectée par la dentiste Cristin Kearns.

En mars dernier, cette chercheure en a publié une analyse très éclairante dans la revue savante PLOS Medicine. Un texte qui montre comment l’industrie a soutenu des programmes de recherche «alternatifs» afin de contrecarrer les plans du gouvernement américain pour éradiquer la carie dentaire.

Pour expliquer l’épidémie d’obésité, l’industrie a aussi réussi à détourner l’attention sur un autre coupable potentiel : le gras.

Résultat : pendant que chercheurs et autorités se sont concentrés sur les effets du cholestérol alimentaire, ainsi que des gras saturés, insaturés ou trans — tentant ainsi de limiter la consommation de «mauvais gras» au profit de «bons gras» —, l’industrie sucrière a réussi à rester sous le radar en déclinant, sous une cinquantaine d’appellations de toutes sortes, des sucres ajoutés dans les produits sans que jamais le mot «sucre» ne figure sur les étiquettes nutritionnelles.

Conflits d’intérêts

Michèle Hozer révèle également l’étendue des conflits d’intérêts qui minent la recherche et la réglementation du sucre depuis 50 ans.

Nommé en 1970 par Richard Nixon à la tête du comité de la FDA chargé d’examiner les corrélations entre le sucre et les maladies, le biochimiste George Irving était président du conseil consultatif scientifique de l’International Sugar Research Foundation (mise sur pied par l’industrie pour défendre ses intérêts).L‘industrie continue d’avoir le bras long, prévient Michèle Hozer, qui rapporte notamment les commandites de plusieurs milliers de dollars qu’a reçues le Réseau canadien sur l’obésité d’entreprises comme Coca-Cola ou McDonald’s — des montants aussi dénoncés par le médecin Yoni Freedhov, de l’Université d’Ottawa, spécialiste des problèmes de poids.Parlant de conflit d’intérêt, je dois vous signaler que j’ai accepté d’animer la première québécoise de Sugar Coated, à Québec, en juin dernier, non sans avoir vérifié au préalable qu’il ne s’agissait pas de l’un de ces innombrables pamphlets qui diabolise un aliment bien précis.

Le sucre, en soi, n’est pas un poison. Mais on a aujourd’hui des preuves largement solides pour pouvoir affirmer qu’en consommer en quantité excessive est risqué (même si l’industrie continue de nier l’évidence).

Comparées aux nouvelles lignes directrices de l’Organisation mondiale de la santé, les statistiques sur la consommation de sucre, au Canada comme dans d’autres pays, montrent très clairement qu’on en ingurgite beaucoup trop — notamment sous la forme de jus et de boissons gazeuses.

Les trois quarts des aliments transformés contiennent du sucre ajouté.Les manigances de l’industrie et son habileté à échapper à tout contrôle en font un produit à surveiller de très près.

Des changements dans l’étiquetage

Après des décennies de laisser-aller, Santé Canada a entrepris de serrer un peu la vis.Annoncé en juin par la ministre Rona Ambrose, le nouvel étiquetage nutritionnel prévoit notamment de regrouper, dans la liste des ingrédients, toutes les formes de sucres à l’intérieur d’une même parenthèse.

S’ils prennent la peine de lire les étiquettes, bien des parents vont découvrir que les céréales pour enfants devraient être rebaptisées «sucres pour enfants», puisque de nombreuses variétés très populaires contiennent plus de sucres que de céréales.

Malheureusement, comme le dénonce la Coalition québécoise sur la problématique du poids, toutes sortes de logos et d’allégations santé (du genre «bonne source de calcium» ou «riches en fibres») pourront continuer de s’afficher en gros et en couleurs sur le devant des boîtes… et continuer d’attirer bien plus l’attention des consommateurs que le décorticage des sobres et discrètes étiquettes nutritionnelles.

Kepler452b une vieille cousine de la terre un peu enveloppée

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Militares e polícias: homens ou robôs

por Mário Cabrita

Desde que os militares entregaram o poder aos políticos em nome da democracia, estes têm prosseguido uma cruzada para reduzir as Forças Armadas (FA) e as Forças de Segurança (FS) a um grupo diminuto, submisso e abúlico, de funcionários públicos prontos para qualquer missão, como se fossem máquinas acéfalas e irracionais.

Os sucessivos governos não tiveram pejo em ir retirando os poucos direitos que os elementos das FA e das FS ainda possuíam, em humilhá-los e denegrir a sua imagem e dignidade. O aumento do desconto para o IASFA, a eliminação do Complemento de Pensão e do Fundo de Pensões, a redução dos efectivos das FA, a criação de novos postos com o objectivo de reduzir vagas no topo e aumentá-las nos escalões mais baixos, são medidas recentes que se inserem nesse plano.

Os militares foram demasiado passivos em todo este processo? Talvez, especialmente algumas chefias, já que a subordinação ao poder político não pode ser panaceia para justificar as arbitrariedades que vêm sendo cometidas.

Os militares não são autómatos. São seres humanos que pensam e que têm coração, capazes de dar a vida pelo seu camarada e perdoar ao seu inimigo, com valores morais pelos quais regem a sua vida, mas que nada dizem aos “jotinhas” que ignoram o que seja o privilégio e a honra de cumprir o serviço militar. São homens e mulheres que à chegada ao quartel, às dez da noite, vindos de um exercício ou operação, sem jantar e muitas vezes encharcados e com frio, a primeira actividade que executam é a manutenção do material utilizado, depois tratam dos animais e só depois passam aos homens: praças, sargentos e oficiais, por esta ordem.

Também as FS vêm sofrendo tratamento idêntico, com uma Sra. Ministra que demonstra total inépcia para o cargo e que se prepara para resolver um problema, o do Estatuto da PSP, criando um maior, o do Estatuto da GNR.

Alguns políticos habituaram-se a ver os elementos das FS como estátuas plantadas à porta das suas residências. À passagem, nem se dignam dar-lhes uma “boa noite” que lhes aqueça a alma ou oferecer-lhes um café que lhes aqueça o corpo.

Quando há acidentes que obrigam ao uso de armas de fogo sobre cadastrados, com perda de vidas, o que se lamenta, os Srs. Deputados da 1.ª Comissão Parlamentar são lestos em chamar o MAI e os responsáveis pela GNR e PSP para pedir explicações e, por vezes, deixar implícita uma crítica aos procedimentos das FS. Ao invés, nenhum desses Srs. Deputados foi visto nos funerais dos membros das FS que deram a vida para garantir a segurança dos cidadãos.

Também merecem realce os sentimentos que, amiúde, se apossam dos elementos das FS quando se confrontam com manifestações populares. Dentro daqueles fatos estão homens e mulheres revoltados com a situação, que rangem os dentes de raiva e vertem lágrimas de desespero, porque do outro lado das barreiras estão amigos e familiares e é onde, por vezes, eles também gostariam de estar. Mas não. O sentido do dever e o espírito de missão não o permitem e sobrepõem-se a tudo. Até quando?

A maioria dos políticos não consegue compreender que haja homens e mulheres que, conscientemente, estejam dispostos a dar a vida em defesa do cidadão e da Pátria. Este modo de estar, esta atitude e este profissionalismo fá-los sentir-se ameaçados e receosos. Postura de quem é fraco e, nomeadamente, de quem não é merecedor das FA e FS que tem.

* Tenente-General na reforma

A tribalização do debate europeuJoão Carlos Espada, prof. universitário

Talvez tenha chegado a altura de questionar o dogma de uma União Europeia “sempre mais integrada”.

Já tudo e o seu contrário terá sido dito sobre a Grécia e as peripécias que rodearam o acordo de última hora alcançado em Bruxelas. Mas o traço mais marcante — e mais irritante — desse simulacro de debate é a crescente radicalização do confronto verbal entre os que se apresentam como “defensores da Grécia” e os que se apresentam como críticos. Lamento ter de desagradar às duas tribos rivais: em meu entender, esse confronto é basicamente irracional.Uma atitude razoável em política (que deve ser distinguida simultaneamente do irracionalismo e do racionalismo construtivista) funda-se primordialmente na reflexão a partir dos factos. Ora o que os factos têm sobretudo mostrado, ao longo destes penosas peripécias em torno da Grécia, é que — ao contrário do que era desejado e anunciado — o euro tem feito aumentar dramaticamente as divisões e a acrimónia entre os países membros. Essa acrimónia está agora a ser importada para o interior de cada país, fazendo ressuscitar a linguagem da guerra de classes e da guerra entre nações.

A pergunta razoável que estes factos deveriam suscitar é simples: porquê? Por que motivo está a zona euro a assistir a um aumento inédito das tensões no seu interior? Por que motivo um projecto de moeda única, que visava criar mais convergência e integração supranacional, está a produzir efeitos exactamente contrários aos desejados?

Uma explicação conjectural possível é que o projecto da moeda única tenha significados muito diferentes entre os países que o subscreveram. Para os países do Norte, em particular a Alemanha, significa sobretudo disciplina orçamental. Para outros, especialmente a Grécia, mas seguramente não só, significa sobretudo “solidariedade” — o que quer dizer basicamente transferências automáticas dos países mais ricos para os mais pobres, incluindo a mutualização das dívidas soberanas.

Temos assistido à revolta do eleitorado grego contra o entendimento do euro enquanto disciplina orçamental. Mas, conviria agora perguntar, qual seria a reacção do eleitorado alemão se fosse aplicado o entendimento do euro preferido pelo eleitorado grego? Se e quando uma união orçamental fosse implementada, com transferências automáticas, a Alemanha não iria assistir à subida do extremismo, neste caso de sinal contrário ao do Syriza na Grécia? Em boa verdade, a subida do extremismo de direita na Alemanha, por enquanto limitada, é já um facto observável a olho nu.

Este desencontro entre as preocupações da Alemanha e, em geral, dos países do Norte da Europa, e, por outro lado, as expectativas de vários países do Sul constitui um alerta importante que devia intrigar os europeístas de espírito aberto.Como tenho repetido neste espaço, talvez esse alerta queira dizer que a União Europeia não possui uma identidade nacional — por exemplo comparável à dos Estados Unidos da América. No Federalista II, John Jay observou em 1787 várias características da unidade norte-americana que estão ausentes na experiência europeia:

“Um povo descendendo dos mesmos antepassados, falando a mesma língua, professando a mesma religião, apoiando os mesmos princípios de governo, muito semelhante nas suas maneiras e costumes, e que, lutando lado a lado durante uma longa e sangrenta guerra, estabeleceu com nobreza a sua liberdade e independência comuns. Como uma nação, fizemos a paz e a guerra; como uma nação, vencemos os nossos inimigos; como uma nação, formámos alianças, e fizemos tratados, e entrámos em vários contratos e convenções com estados estrangeiros”.

Estas palavras de John Jay devem ser recordadas quando tentamos definir com abertura de espírito as presentes circunstâncias na Europa e na zona euro. Quando foi lançado, o euro era suposto promover a convergência económica entre os estados membros, bem como uma maior união política e um maior entendimento mútuo. Os factos hoje são que a divergência económica é maior e que a linguagem da rivalidade nacional voltou ao discurso político.

Uma atitude razoável perante estes factos parece aconselhar prudência e distanciamento do crescente confronto entre facções rivais. Talvez essas facções sejam vítimas das circunstâncias que elas próprias criaram e que não se atrevem a questionar: um entendimento dogmático do projecto europeu, que o associa a uma “união sempre mais integrada” — a famosa ever-closer union.

Para os que defendem o projecto europeu original, de reencontro pacífico e democrático das famílias europeias após a II Guerra, talvez tenha chegado a altura de questionar o dogma de uma “união sempre mais integrada”.

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Oui, on peut éradiquer l’itinéranceGrâce à lui, des milliers de sans-abris souffrant de maladie mentale ont maintenant un toit. Rencontre avec un psy révolutionnaire.

par Isabelle Grégoire Photo : Pixabay

Alors qu’on ne se rappelle souvent leur existence qu’à l’approche de Noël, les itinérants ont fait les manchettes cet été avec les résultats de leur recensement. Ils seraient 3 016 à vivre dans les rues de Montréal, dont le quart de façon chronique. Répandu dans toutes les villes du monde, ce problème n’est toutefois pas irréversible.

Fondateur du programme Housing First (Logement d’abord), le psychologue gréco-canado-américain Sam Tsemberis a imaginé une formule gagnante pour sortir de la rue les sans-abris les plus mal en point — ceux combinant maladie mentale et toxicomanie. L’idée : leur fournir d’abord un appartement, puis leur procurer les soins dont ils ont besoin. Le résultat depuis les débuts du programme : de 80 % à 90 % des bénéficiaires vivent toujours dans leur appartement après cinq ans.

Né en Grèce, élevé à Montréal et diplômé en psychologie de l’Université de New York, Tsemberis, 66 ans, a d’abord travaillé avec l’équipe des urgences psychiatriques pour les itinérants de cette métropole. Il a pu constater que, sitôt libérés de l’hôpital, ceux-ci retournaient dans la rue. «Un changement radical s’imposait, raconte-t-il. Plutôt que de leur dicter notre façon de faire, nous leur avons demandé ce qu’ils souhaitaient. Tous ont répondu vouloir d’abord un logement.»

En 1992, Tsemberis fonde donc l’OSBL Pathways to Housing et le programme Housing First. Adopté par des centaines de villes d’Amérique du Nord, d’Europe et d’Australie, celui-ci fait désormais partie de la politique canadienne de lutte contre l’itinérance. L’actualité a joint Sam Tsemberis à Vancouver, où il travaille à sa mise en place avec la Commission canadienne de la santé mentale.

Certains critiques disent que vous récompensez les mauvais comportements, les anciens sans-abris pouvant continuer à boire, à se droguer, sans être expulsés de leur logement. Que leur répondez-vous ?

Le mauvais comportement, c’est de laisser dans la rue quelqu’un qui souffre de maladie mentale et se bat avec des dépendances. Beaucoup de gens méconnaissent ces problèmes, croyant que c’est un choix de vie. Ce n’en est pas un. Ils consomment pour se mettre K.-O., ne plus ressentir leur peine, s’endormir la nuit. Une fois dans leur appartement, ils réduisent leur consommation. Tous reçoivent des services de soutien personnalisés, c’est obligatoire. Ils peuvent choisir ce qu’ils veulent — un traitement, un emploi, renouer avec leur famille… —, mais ils doivent accepter nos visites à domicile. Et respecter les conditions d’un bail standard, comme tout locataire.

L’aspect esthétique des logements est un point important de votre programme. Pourquoi ?

Les appartements doivent être convenables. Les itinérants y acquièrent un sentiment de propriété, la fierté d’avoir un chez-soi, plutôt que d’être hébergés dans un foyer où les heures des repas et les chaînes de télé sont imposées.

Est-ce difficile de trouver des propriétaires acceptant de louer des appartements ?Nous leur expliquons notre programme en insistant sur le fait que le paiement du loyer est garanti, et que nous allons nous assurer que tout se passe bien dans l’appartement. Ça leur enlève des soucis, car certains de leurs locataires «normaux» peinent à payer leur loyer, ne respectent pas les règles sur le tapage nocturne, etc.

Comment réagissent les voisins ?

Ils ne connaissent pas l’histoire de la personne. Et les itinérants ayant une maladie mentale ne sont pas des gens de party, ils sont tranquilles, parfois déprimés, mais la plupart sont ravis d’avoir un appartement.Le taux de maintien dans les logements est de 80 % à 90 % après cinq ans.

Quelle est la principale cause d’échec ?

De 70 % à 80 % de nos clients ont un problème d’alcool ou de drogue et gardent leur appartement. Mais certains autres ont du mal à consommer seuls, ils invitent beaucoup de monde et ne respectent pas leur bail.L’approche Logement d’abord fait partie de la politique fédérale de lutte contre l’itinérance depuis 2014. Cela paraît étonnant, le gouvernement conservateur ayant plutôt tendance à réduire les programmes sociaux…Fournir un appartement à un itinérant ayant une maladie mentale ou une dépendance et lui assurer un suivi médical et social à domicile coûte moins cher à la société que de l’hospitaliser ou de le mettre en prison.

Le maire de Vancouver, qui avait promis en 2008 d’y éliminer l’itinérance d’ici 2015, admet avoir échoué, malgré l’implantation de Housing First. Pourquoi ?

Housing First a beau être très efficace, il ne sert qu’une catégorie d’itinérants. Pour régler le problème de l’itinérance, Vancouver doit déployer différents programmes de façon à atteindre tous ceux qui en ont besoin. La ville de Medicine Hat, en Alberta, a mis huit ans pour y arriver: on trouve un hébergement à tous les itinérants chroniques qui se présentent dans les refuges, les sans-abris ne restent pas dans la rue plus de 10 jours et les services de soutien sont efficaces.3 016 sans-abris à Montréal

C’est le nombre qui ressort du recensement commandé par la Ville au Centre de recherche de l’Institut universitaire en santé mentale Douglas.

Pourquoi un tel écart avec les 28 000 itinérants dont on parlait jusque-là ? Cette donnée, extraite d’une étude de la chercheuse Louise Fournier (publiée en 1998), mesurait en réalité la fréquentation annuelle des soupes populaires et autres refuges.

Parmi ces 28 000 utilisateurs, 12 666 avaient été sans domicile fixe durant les 12 derniers mois. Le décompte de 2015 donne en revanche un portrait de la seule journée du 24 mars, date du recensement. Environ le quart des 3 016 itinérants recensés l’étaient de façon chronique (depuis quatre ans ou plus) et près de la moitié de façon épisodique (au moins deux périodes d’itinérance durant les trois dernières années).

Pour 10 000 habitants, Montréal compte moins d’itinérants (15,4) que Vancouver (28,1), Calgary (29,7), Edmonton (26,2) et Toronto (18,8).

Au Canada, on loge d’abordLe programme Logement d’abord a été mis en œuvre au pays à la suite d’une recherche pancanadienne sur la santé mentale et l’itinérance, commandée par Ottawa à la Commission de la santé mentale du Canada.

Menée dans cinq villes (Moncton, Montréal, Toronto, Vancouver, Winnipeg) de 2009 à 2013, l’initiative Chez Soi a démontré l’efficacité de cette approche pour enrayer l’itinérance des personnes aux prises avec la maladie mentale et la dépendance aux drogues et à l’alcool. Son intérêt économique a aussi été mis en avant.

«Cette intervention permet de réaliser des économies sur plusieurs types de services: refuges, hospitalisations, visites aux urgences, logements sociaux», observe le psychiatre Eric Latimer, de l’Université McGill, chercheur à l’Institut Douglas et chercheur principal pour l’initiative Chez Soi à Montréal. «Mais elles sont plus importantes dans le cas des gens à besoins élevés.»

Pour les personnes qui engendraient les plus hauts coûts au moment du recrutement (10 % de l’échantillon), les économies moyennes ont atteint 21,72 dollars pour chaque tranche de 10 dollars investie. Les résultats de l’étude ont conduit le gouvernement fédéral à lancer un plan d’action de 600 millions de dollars sur cinq ans (2014-2019) pour réorienter selon l’approche Logement d’abord sa Stratégie des partenariats de lutte contre l’itinérance.

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Forte da Graça

-Visiter Elvas pendant la Foire de São Mateus en septembre -Manger de la « sericaia » avec des prunes confites

Près de la ligne de frontière, Elvas lutta pour préserver l’indépendance du Portugal et son histoire. C’est ainsi qu’elle devint un exemple pour l’ensemble de l’humanité.

Dans la ville, vous êtes accueillis par un gigantesque aqueduc de 7 km, composé de 843 arches, construit par l’architecte Francisco de Arruda, qui bâtit également la tour de Belém, à Lisbonne. La taille et les chiffres sont aussi impressionnants que ce que vous allez y découvrir. En fait, vous pénétrez dans la plus grande fortification garnie de bastions au monde, dont les

structures défensives en forme d’étoile et d’un périmètre d’environ 10 km illustrent, de façon unique, l’évolution de la stratégie militaire jusqu’au XIXe siècle. Celles-ci furent très importantes lors des luttes menées contre l’Espagne pour l’indépendance du Portugal, au milieu du XVIIe s. et elles servirent de base au général Wellington, pendant les guerres napoléoniennes, au début du XIXe s.

Les fortifications d’Elvas sont désormais patrimoine mondial. Le complexe militaire préservé est formé de murailles islamiques et médiévales et de l’enceinte de remparts datant du XVIIe siècle, influencée par le style hollandais de Cosmander, ainsi que du Fort de Santa Luzia (XVIIe s.), du Fort de Graça XVIIIe s.) et de 3 fortins du XIXe s. – São Mamede, São Pedro et São Domingos. Si vous aviez des ailes, vous pourriez survoler le dessin surprenant formé par ces structures sur le sol, que vous pouvez en fait seulement percevoir sur les photos aériennes ou deviner, lorsque vous visitez les monuments et admirez le paysage des alentours.

Au coeur d’Elvas, le quartier du château est la partie la plus ancienne de la ville. De là jusqu’à la Praça da República, place où se trouve l’ancienne cathédrale, actuelle église Nossa Senhora da Assunção, passez par l’église des Dominicaines (Igreja das Domínicas), avec son plan octogonal original, par le pilori manuélin et par la tour Fernandina. Dans ces rues, vous reconnaîtrez facilement les arches qui indiquent les anciennes portes des remparts.

Vous pouvez aussi visiter d’autres monuments importants, comme l’église São Domingos, le musée militaire ou l’église du Tiers-ordre de Saint-François (Igreja da Ordem Terceira de São Francisco) et deux musées à voir absolument: le moderne musée d’art contemporain et le musée de la photographie João Carpinteiro, où vous voyagerez jusqu’aux origines de cet art et où se trouvent notamment un appareil photo de 1898 ou des épreuves datant de 1860.

Riche en histoires de batailles et de bravoure, Elvas est actuellement une ville paisible, où vous serez bien accueillis avec une gastronomie régionale qui comprend des spécialités comme les « migas com entrecosto » (mélange de pain, d›huile d›olive et d›ail servi avec du travers de porc), l›« ensopado de borrego » (ragoût d’agneau) ou la « carne de porco à alentejana » (viande de porc préparée avec des pommes de terre et des palourdes). Les desserts sont irrésistibles, notamment les célèbres « ameixas de Elvas » (prunes confites) qui accompagnent à la perfection la « sericaia » (sorte de flan à la cannelle et au citron); les différents beignets « azevias » et « filhós » ou d’autres gâteaux comme les « nogados » e « enxovalhadas ».

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“ESTÓRIAS” DA HISTÓRIA

PALMA INÁCIO: TERRORISTA, BANDIDO OU HERÓI?O cidadão Palma Inácio faleceu no dia 14 de Julho de 2009, faz agora quatro anos. Na altura escreveram-se algumas imprecisões históricas, ignoraram-se convenientemente factos, branquearam-se acções e fizeram-se elogios patéticos. Como estamos no campo da opinião, também queremos dar a nossa.O conceito de “terrorismo” vem da Antiguidade Clássica e devemos remontar à seita dos “Assassinos” (Século XII) e ao “Velho da Montanha”, para encontrar o seu início organizado.

Até hoje não se acordou numa definição de terrorismo dada a dificuldade objectiva de o fazer. Isto é, para uns, o autor de um acto tido como terrorista é, para outros, um acto de heroísmo em defesa de uma causa. Isto, para não entrarmos no conceito do próprio Estado poder ser considerado terrorista…De qualquer modo, terrorismo ou não, queremos referir-nos sempre a actos de violência que implicam, ou podem implicar mortes e danos – inclusivé pretender infundir o terror – e que visam objectivos políticos, ou simples violência gratuita.Por outro lado, o delito comum está ligado aos crimes de assassínio, estupro, roubo, etc., que visam motivações de ordem pessoal.

Herói, por seu turno, vem do grego “héros”, homem extraordinário pelas suas proezas guerreiras; protagonista duma obra literária (depreciativo); homem notável pelos seus desmandos ou irregularidades. (1)

Palma Inácio (PI) foi um exemplo acabado em como “a ocasião faz o ladrão”.Vejamos como tudo começou.

Palma Inácio nasceu algarvio, em Ferragudo, no ano de 1922. Filho de família modesta, nada se conhece da sua infância que seja relevante para o que estamos a tratar.

Concorreu à Aeronáutica Militar com 18 anos e em 1946 encontrava-se a prestar serviço na Base Aérea (BA1) em Sintra, como ajudante de mecânico de aviões, tendo atingido o posto de furriel.

Segundo depoimento do Capitão Graciano chefe dos mecânicos da BA1 (2 )e também responsável pela manutenção dos aviões do Aeroclube de Portugal (ACP) que operavam a partir da base, PI era “ambicioso, refilão, com tendência para a indisciplina, insatisfeito, revelando por vezes menos simpatia para com o regime político (através de desabafos). Fundamentalmente revelava inconformismo com a sua situação. Queria ser piloto, mas não tinha habilitações mínimas para concorrer ao curso de praças pilotos”.

Não tendo dinheiro para tirar o curso no ACP pediu para ser ajudante do Cap. Graciano como funcionário daquele aeroclube, o que foi aceite e lhe proporcionou uma nova remuneração. Conseguiu ainda ser mecânico do avião “Dragon” que fazia voos de fotografia aérea aos fins – de - semana para os serviços geográficos e cadastrais.

1 Dicionário da língua portuguesa, Livraria Figueirinhas, Porto, 3ª edição.2 Este depoimento e muitos outros documentos encontram-se no processo de Palma Inácio existente no Arquivo Histórico da Força Aérea.

Este pecúlio extra permitiu que se inscrevesse no ACP a fim de tirar o brevet de piloto civil. Caiu então na tentação de roubar gasolina dos aviões militares para os aviões do ACP, permitindo-lhe, deste modo, fazer mais horas de voo com menos despesa (registava uma quantidade de gasolina superior à que metia nos depósitos; o excedente, impróprio para consumo, juntava num bidão e utilizava posteriormente nos aviões do ACP). Na caderneta de voo escrevia ainda um total de horas, menor do querealmente fazia, pagando assim menos. Tudo isto representava procedimentos irregulares do ponto de vista disciplinar e da segurança de voo.

Num dia de Setembro resolveu dar um passeio de avião ao Ribatejo para ir apanhar melões, mas na tentativa de aterragem sofreu um acidente tendo o avião ficado partido bem como as pernas do passageiro, o Pcb Costa Pereira, que aliciara para a aventura.

O Comandante da BA1, TCor Filipe Gomes Vieira quis saber como era possível, dois mecânicos andarem a voar num avião do ACP durante as horas de serviço e mandou instaurar um processo de averiguações do que resultou descobrir-se toda esta trama.

O Comandante puniu PI com 10 dias de prisão disciplinar agravada, o que foi agravado para 20 dias, pelo Comandante Geral da Aeronáutica Militar. Talcastigo, à luz da legislação de então, obrigava o punido a abandonar as fileiras. PI jurou vingança.

Como gozava de fama de ser competente como mecânico rapidamente arranjou emprego, sendo admitido na Companhia Aérea KLM, em Lisboa.

Em 10 de Abril de 1947 teve epilogo um movimento de contestação ao “Estado Novo” onde estava implicado o Brigadeiro de Aeronáutica António de Sousa Maia.

PI ter-se-á ligado a este movimento por ver aí a oportunidade de satisfazer o seu desejo de vingança. Aparentemente foi aliciado para a acção por um ex-tenente Quintão, após encontro com este na Praça do Chile (o que PI mais tarde viria a negar). Deste modo o nosso “herói” foi encarregue de sabotar os aviões da BA1, tendo-lhe sido acenado com uma posterior promoção a major.

Assim, na noite de 9 para 10 de Abril de 1947, PI cortou (ou serrou) os cabos de comando a vários aviões “Tiger Moth”, “T-6” e “DC3”, num total de 35. No caso participou o Pcab mecânico Gabriel Gomes (não por ser revolucionário, mas por ser amigo de PI) que o introduziu e retirou do hangar.

A conjura (onde também esteve implicado o cidadão João Lopes Soares (pai do Dr. Mário Soares), falhou e PI ficou a monte. O TCor Vieira acabou por não ir frequentar o curso de promoção …

Por curiosidade refira-se que PI tinha um irmão mais novo, Jaime Inácio da Palma, que fez carreira na FA como mecânico de material aéreo. Mas em tudo diferia do irmão e não concordava “com os seus métodos de actuação”.E foi assim que começou a vida “revolucionária” e “romântica” deste ícone do “reviralho”.

De facto algumas das suas acções ficaram célebres, mas não pelas melhores razões. Ao fim e ao cabo, que feitos dignos de nota, conseguiu PI?

Já analisámos a participação na conspiração de 1947, que resultou em prisão, fuga e exílio. A partir daqui PI deambulou um pouco pelo mundo, até que em 1959 conhece Humberto Delgado e Henrique Galvão, no Brasil. Volta à conspiração.Em 11 de Novembro de 1961 assalta e desvia o “Super Constellation” da TAP que fazia o percurso Casablanca/Lisboa, com o objectivo de lançar panfletos sobre Lisboa, o que consegue. Daqui nada resulta na prática para além de um embaraço para o governo de Lisboa. Mas inaugurou a época da pirataria aérea moderna (como a seguir aconteceria no mar com o assalto ao paquete Santa Maria – nós temos que estar na vanguarda de algo!) que tantas dores de cabeça têm dado ao mundo em geral e ao Ocidente em particular.

Resta ainda saber até que ponto é lícito e moral arriscar a vida de cidadãos comuns e pôr em causa bens nacionais, para beneficiar ideias políticas ou personalidades, que estavam longe de colher apoio ou simpatia na esmagadora maioria dos portugueses.

Um ano antes do seu passamento o jornal “Correio da Manhã” promoveu um encontro entre este elemento “antifascista” e o então comandante Marcelino, e a chefe do pessoal de cabine. Foi uma festa! Há gente que não tem mesmo vergonha na cara…

De Marrocos, cujas autoridades se recusaram a extraditá-lo, parte novamente para o mundo. E regressa à conspiração.A ausência leva alguns anos e devem-se ter esquecido dele. Até que no dia 17 de Maio de 1967, reaparece à frente de uma quadrilha – que lhe devemos chamar? - e assalta a dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz. Roubam 28.000 contos, uma fortuna para a época. A fuga é aparatosa e acaba em Paris.

A PIDE põe-se em campo e através do rasto de notas deixadas pelo caminho levam as autoridades francesas a prendê-lo. É então que entra em cena um elemento da oposição dita democrática, com provas dadas de seriedade, o Dr. Emídio Guerreiro e que inventa a criação da LUAR, a fim de dar um cariz politico ao roubo e assim evitar a extradição do preso para Lisboa. É deste modo que é criada a LUAR, em 19 de Junho de 1967, um mês após a “Operação Mondego”. Com este argumento as autoridades francesas impediram a entrega de PI à justiça portuguesa. A PIDE infiltra entretanto a LUAR e consegue recuperar 22.000 contos do dinheiro roubado, em duas “tranches” de 11.000. 3.000 contos tinham sido gastos pelos “amigos do alheio” e 3.000 foram entregues a Emídio Guerreiro que os depositou numa conta na Suíça. Quando se dá a “Revolução dos Cravos”, 1500 contos que restavam desta última quantia, foram entregues por Emídio Guerreiro a PI para serem entregues ao Banco de Portugal, mas desapareceram. E este é um dos episódios que levaram estes dois personagens a, mais tarde, acusarem-se mutuamente e irem a tribunal.

De tudo resultou ser PI o último preso a ser libertado de Caxias após o 25 de Abril, já que muitos o consideravam um preso de delito comum. Resta ainda acrescentar que a LUAR ainda realizou em França e Luxemburgo assaltos à mão armada a carrinhas que carregavam as economias dos nossos emigrantes.

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Ainda hoje não há conhecimento de quais as actividades levadas a cabo contra o regime de Salazar, com o produto destes roubos … Aliás o insuspeito Jaime Serra (da ARA - Acção Revolucionária Armada) acusou a LUAR, em entrevista ao DN de 13/2/99, de “ter cometido actos criminosos a coberto de motivações políticas”.

PI volta a aparecer no ano seguinte em Portugal sendo o objectivo agora tomar a cidade da Covilhã com meia dúzia de novatos. A operação que ninguém sabe explicar como se fazia ou para que serviria, nem se desencadeia, sendo o grupo preso pela polícia. Nova fuga e exílio.

Finalmente infiltra-se novamente no continente com o intuito de raptar figuras políticas, a fim de serem trocadas por presos políticos. De novo é preso e assim fica até ser libertado pelos revolucionários de Abril de 74.

De facto PI nunca conseguiu nada a não ser manchar o seu nome com o epíteto de traidor, pois realizou acções que objectivamente favoreceram os inimigos do seu país, que então desenvolvia extensas operações militares de contra guerrilha e afirmação de soberania. PI não tinha, aparentemente, ideário político, nunca escreveu um manifesto e não se lhe conhece uma ideia. A única coisa que mostrou competência foi em fugir das prisões.

Foi este personagem que esta terceira República elegeu como herói e referência nacional, que o então PR Mário Soares quis atribuir a Ordem da Liberdade, ao que se opuseram toda a Casa Militar e não só. Mário Soares não se atreveu a levar por diante a sua intenção - estranha-se pois os elogios que só na data da morte assumiu na sua plenitude – a qual só foi concretizada pelo seu sucessor, Jorge Sampaio, no ano 2000, mas a que nem sequer se deu à decência de assumir, estando presente, deixando o encargo ao vate Alegre.

A necessidade de presentear PI com uma pensão (paga por todos nós) parece ter sido o motivo principal para lhe atribuir a comenda, já que pelos vistos o irrequieto Inácio tinha uma má relação com o dinheiro e não apreciava muito emprego das nove às cinco.

“Mutatis Mutandis”, a maioria do povo português que nunca lhe passou pela cabeça aprovar as diatribes criminosas de semelhante abencerragem, foi condecorada com um atestado de reprovação e censura.

O Partido Socialista obsequiou-o e está-lhe reverente e obrigado. Estamos elucidados.

Aguardamos, pois, em jubilosa esperança, a transladação deste digno descendente de Gamas, Albuquerques e Cabrais, para o lugar que sem dúvida alguma merece, no Panteão Nacional.

João José Brandão FerreiraOficial Piloto Aviador

CHURCHILL sobre o Islão...

Incrível, mas o seguinte discurso foi escrito em 1.899.

O breve discurso feito por Winston Churchill, foi em 1.899, quando ele era um jovem soldado e jornalista.

Provavelmente explica a opinião actual de muitos, mas expressa na maravilhosa frase de Churchill a usar o idioma Inglês, do qual ele era um mestre no passado.Sir Winston Churchill foi sem dúvida um dos maiores homens dos séculos XIX e XX. Ele era um jovem soldado valente, um jornalista brilhante, um político, um grande líder, um extraordinário estadista durante a segunda guerra mundial e um óptimo Primeiro-Ministro.

Era como um profeta no seu próprio tempo. Ele morreu em 24 de Janeiro de 1.965, com a idade de 90 anos e depois de uma vida de serviço ao seu país, foi-lhe concedido um funeral de chefe de Estado.

E aqui o seu discurso:

Quão terríveis são as maldições que o maometismo coloca aos seus devotos!Além do frenesim fanático, que é tão perigoso num homem como hidrofobia num cão, não existe essa apatia fatalista do medo.

Os efeitos são evidentes em muitos países, hábitos imprevistos, desleixados, não há sistemas para a agricultura, métodos lentos de comércio e insegurança da propriedade existem sempre que os seguidores do Profeta são instalados ou vivem.

O sensualismo degradado priva as suas vidas de graça e requinte, a distância da sua dignidade e da santidade.

O facto de que, em direito maometano cada mulher deve pertencer a um homem como sua propriedade absoluta, seja como uma criança, uma mulher ou uma concubina, atrasa a extinção final da escravidão de fé do Islão deixar de ser um grande poder entre os homens.

Os Muçulmanos individualmente podem mostrar qualidades esplêndidas, mas a influência da religião paralisa o desenvolvimento social daqueles que o seguem. Não existe nenhuma força retrógrada mais forte no mundo.

Longe de ser moribundo, o islamismo é uma fé militante e proselitista.

Já se espalhou por toda a África Central, criando guerreiros destemidos a cada passo e se não se cuidar o cristianismo que está abrigado nos braços fortes da ciência, ciência contra a qual eles lutaram em vão, a civilização da Europa moderna pode cair, como caiu a civilização da Roma antiga.

Sir Winston Churchill; (Fonte: “O rio da guerra”, primeira edição, Vol II, páginas 248-250 Londres.

Respeito pelo PovoPor Octávio Ribeiro

Os portugueses intuem que os vendilhões de oportunidade são tsipras capazes de tudo.

Na ressaca do referendo e do posterior pacote de austeridade, a crise grega não retirou apenas algumas intenções de voto ao PS, mas, principalmente, fez concentrar a esperança onde há maior racionalidade. Os portugueses intuem que os vendilhões de oportunidade são tsipras capazes de tudo. São saudáveis os sinais das sondagens. Dão novo fôlego à expressão da sabedoria de um Povo que não se deixa ir em cantigas. Assim, Passos Coelho e, especialmente, António Costa se mantenham à altura das expectativas dos cidadãos, que, apesar do desgaste revelado pelo actual regime, os preferem a um imprudente salto para o desconhecido.

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Coitado, foi para o Panteão...por Carlos de Matos Gomes

“As sociedades necessitam de símbolos para representarem os seus valores. A arquitectura, a estatuária, a pintura, a arte em geral também cumprem esse papel de dar forma e local de culto ao que uma sociedade considera ser a sua essência, aquilo que pode ser designado pela sua alma.

Em África, por exemplo, certas culturas têm as suas árvores sagradas. Na Guiné, na Senegâmbia, chamam-lhes Irã. É ali que repousam os espíritos dos antepassados e ali que eles podem ser chamados a pronunciar-se sobre o presente e a transmitir aos atuais a sabedoria que recolheram da vida, a aconselhar, a julgar.

Os panteões começaram por ser os locais de reunião dos vários deuses de uma dada região e de uma dada cultura, ou civilização. Foram um primeiro passo para o monoteísmo. Ali se reuniam todos os veneráveis, num único lugar. Diferiam dos templos porque, ao contrário destes, não tinham altar, não eram lugar de sacrifício, nem de oferendas, apenas de veneração, de unanimidade sobre um certo modo de viver, que aqueles seres divinizados representavam.Os modernos panteões retomaram esse espirito numa vertente laica e republicana. Pretenderam reunir aqueles que uma dada nação considerava como os seus faróis, aqueles que foram orientando a sociedade e dotando-a de uma identidade. Aqueles que foram capazes de decantar a essência do seu povo.

A ideia de reunir esses símbolos é em si mesmo louvável. Mas é necessário deixar que o tempo faça o seu trabalho, limpando o efémero. É necessário envelhecer bem para merecer o Panteão. Um panteão não é uma caderneta de cromos com os bonecos dos futebolistas que jogaram nesse anos na primeira divisão.

Vem isto a propósito da nova moda dos panteonáveis. Tenho a minha opinião sobre os que lá estão, os da primeira vaga e os da segunda, mas não é sobre um referendo a propósito de inclusões ou exclusões que me parece saudável discutir, mas sobre o conceito de “ir para o panteão”. O ir para o panteão, já, como se ouviu após a morte de Eusébio e agora com a morte de Manuel de Oliveira é o correspondente ao sanctus súbito da Igreja Católica, que deu por vezes péssimos exemplares de santos. O outro perigo é o de transformar o Panteão numa montra dos famosos da época, de amigos de um dado regime. Ou num local da moda. Num cemitério de personalidades – um PéreLachaise no Campo de Santa Clara, na antiga igreja de Santa Engrácia- em vez de ser uma fonte, uma árvore numa floresta sagrada.

É evidente que todas as personalidades ultimamente panteonadas são ilustres, a questão não é essa, é a de a sociedade portuguesa entender que o Panteão passou a ser o jazigo dos ilustres. Isto é, se o Panteão português passou a ter outra finalidade. É que, se o Panteão passou a ser o cemitério do PéreLachaise de Portugal convém desimpedir o campo à volta de modo a albergar a vaga de famosos que mais cedo ou mais tarde falecerão e que terão tanto direito como outros a ali figurar, lembro, sem nenhum desejo de lhes apressar o fim, longe vá o agoiro, atletas como Carlos Lopes, Rosa Mota, Joaquim Agostinho, atores e actrizes como Rui de Carvalho, ou Eunice Munõz, ou Maria de Medeiros, filósofos como Eduardo Lourenço, músicos como Chaínho, pintores como Pomar, escritores como Agustina e pergunto onde estarão, entre outros, o Zeca Afonso, ou Agostinho da Silva, ou Saramago, ou Eugénio de Andrade, ou Natália Correia, ou Amadeo de Souza Cardoso, administradores como Azeredo Perdição, ou engenheiros de grandes obras como Edgar Cardoso, enfim a lista podia continuar com os acrescentos e exclusões de cada um, se a ideia for panteonar os nossos ilustres concidadãos e não aqueles que dirão aos nossos descendentes onde devem lançar a âncora, aqui e não ali, as boas épocas para viajar, ou de ficar em casa, as de correr ou as de andar, as de lutar ou as de negociar…

No romance Para Sempre, Vergílio Ferreira (aí está outro panteonável) coloca vários escritores de várias épocas a comentarem as vicissitudes de história numa imaginária biblioteca. Eu vejo o Panteão como a biblioteca do Para Sempre, com os ilustres que lá se encontram a reflectirem sobre Portugal, sobre os portugueses, sobre o que somos, sobre o nosso futuro e a deixarem-nos ouvi-los. Eu, por exemplo, de todos os ilustres lá imortalizados, o que me parece ter dado a melhor resposta às perguntas que eu lhe faria sobre o que de mais importante devíamos fazer para vivermos melhor e sermos melhores, sobre a causa da nossa pobre situação foi João de Deus: aprendam a ler! E deixou-nos uma cartilha! Inteligente e eficaz. Um caso raro.

Para já, o que oiço dos que andam cá por fora é: coitado, lá vai mais um para o panteão. Ou a nova versão da frase de Almeida Garrett: Foge cão que te mandam para o panteão! O que não honra o Panteão, nem quem lá está, nem quem lá deverá estar…

O populismo é sempre mau conselheiro e, como diz o povo, cadelas apressadas parem cães cegos. Ainda corremos o risco de lá irem parar o Alves dos Reis e o Ricardo Espírito Santo, os maiores fazedores de dinheiro falso…”“Foge cão que ainda te mandam para o Panteão”

Como conter o poder alemão? Hollande quer um “governo económico”

Teresa de Sousa/P

Presidente francês também defende a criação de um Parlamento autónomo para os países do euro.

Como é possível evitar no futuro aquilo que se passou no último fim-de-semana, em Bruxelas, em torno do destino da Grécia? A Europa deu dela própria uma imagem muito pouco edificante. Chegar a um compromisso obrigou a 17 horas de trabalho e a confrontos por vezes violentos.

A cimeira dos líderes da zona euro salvou a Grécia, mas as dificuldades persistem e os actores principais não tencionam abandonar facilmente as suas posições de partida. Wolfgang Schaeuble insiste em ter razão quanto ao Grexit. Em Atenas, o sapo parece demasiado grande para que o Syriza o consiga engolir. Em Paris, François Hollande apresentou aos franceses um balanço positivo do papel da França para salvar Atenas mas foi mais longe. Na entrevista que deu no dia nacional da França (14 de Julho) abriu as portas para uma reforma da governação da zona euro que ajude a diluir o poder de um só país. Retomou uma velha ideia francesa, a necessidade de criar um “governo económico” capaz de contrabalançar a outra face da União Económica e Monetária (UEM), e que aja em função da convergência real das economias que partilham a mesma moeda.

A necessidade de reformar a governação da zona euro tem estado em cima da mesa. Há já um documento, chamado dos “cinco presidentes” (Comissão, BCE, Conselho Europeu, Eurogrupo e Parlamento Europeu), que foi entregue aos líderes na cimeira de 25 e 26 de Junho, mas ao qual ninguém prestou grande atenção. A Grécia, que já estava a arder, e a pouca vontade alemã acabaram por retirar-lhe importância. O próprio relatório já tinha sido devidamente expurgado de alguns aspectos que os alemães recusam, por exemplo, a ideia de um orçamento próprio da zona euro para acorrer a choques assimétricos ou crises de outra natureza que afectem um ou mais países, ou a conclusão rápida da união bancária com o seu terceiro pilar, referende à garantia comum de depósitos. Berlim continua a não querer ouvir falar de uma “união de transferências”, que inclua a partilha de responsabilidades e de riscos. A França, como a Comissão e o PE, ou países que foram mais causticados pela crise (como Portugal) defendem um reforço dos mecanismos comuns que gerem a UEM, alegando que perderam os instrumentos nacionais para acorrer a situações de crise, ao abdicarem da moeda. O próprio relatório dos presidentes lembra que, mais tarde ou mais cedo, o orçamento próprio da zona euro será o “desenvolvimento natural da UEM”, lembrando que todas as uniões monetárias maduras dispõem de um.

Hollande veio agora defender um “governo económico”, indispensável a partir do momento em que os países do euro perderam a favor de Bruxelas boa parte da sua política económica, incluindo as reformas estruturais. A concepção francesa vai um pouco mais longe em matéria institucional, defendendo também a criação de um Parlamento autónomo para os países do euro, levando a separação entre os dois níveis de integração ainda mais longe. Esta foi sempre a ideia da França. Por um lado, quer que sejam os governos (e não a Comissão) a gerir a UEM. Por outro, a ideia de um núcleo duro com um grau elevado de autonomia institucional, mas que tem a oposição dos países que ficam de fora.

A chanceler não vai tão longe. Berlim considera que o Eurogrupo desempenha as funções deste “governo económico” e recusa qualquer ideia de orçamento próprio. Vale a pena recordar que a Alemanha, foi, até à crise do euro o maior defensor, entre os “grandes”, de uma união política europeia, assente no reforço das instituições (e não dos governos). O Tratado Constitucional, cuja negociação foi lançada por Berlim em 2000, foi a sua derradeira tentativa para avançar nesse sentido. A França e a Holanda encarregaram-se de rejeitar em referendo a nova Constituição, abrindo as portas para o Tratado de Lisboa, de natureza muito mais intergovernamental, com o poder centrado cada vez mais no Conselho Europeu. A crise foi a derradeira gota de água para Berlim passar a ver as coisas de outra maneira e recriar uma união monetária muito mais alemã. É o que está a fazer. É neste impasse que a Europa se encontra. Mais tarde ou mais cedo, a Europa tem de voltar a este debate. François Hollande já prometeu uma proposta que traduza a visão da França. Que não é, nem nunca foi, favorável ao reforço do poder da Comissão (é hoje um assunto arrumado e dificilmente recuperado), mas precisa de um quadro institucional que enquadre o poder excessivo da Alemanha.

Todos não somos demaispara continuar Portugal

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PORTO CABRALLe soleil embouteillé

Le Plateau s’attaque aux locaux vacantsL’arrondissement du Plateau envisage une taxe qui deviendrait de plus en plus coûteuse, pour encourager les propriétaires de bâtiment en état de décrépitude à les remettre en état.

PHOTO MARTIN TREMBLAY, Archives LA PRESSEPar Pierre-André Normandin / La Presse

Le Plateau Mont-Royal en a assez de voir des locaux rester vacants des années durant, leurs vitrines souvent placardées et couvertes de graffitis. Afin d’inciter les propriétaires à les louer plus rapidement, le maire de l’arrondissement, Luc Ferrandez, compte imposer une taxe spéciale sur ces espaces inoccupés pour éviter que ces bâtiments laissés à l’abandon ne nuisent aux artères commerciales.Dans sa lutte contre les locaux laissés vacants, le Plateau a d’abord voulu imiter la Ville de Chicago, qui impose des permis aux propriétaires de locaux vacants. «On voulait que les propriétaires aient à payer un permis de local vacant, permis qui aurait coûté de plus en plus cher, plus le local est vide longtemps. Mais au Québec, ce n›est pas possible de le faire avec la Loi sur l›aménagement du territoire», se désole Luc Ferrandez. Les administrations municipales peuvent uniquement imposer des permis en fonction des usages des bâtiments, et non pas de l’absence d’occupation.

Changeant de stratégie, le Plateau est donc retourné à la planche à dessin. Plutôt que se tourner au sud de la frontière à la recherche de solutions, l’arrondissement a décidé de s’inspirer de ce qui se fait déjà à Montréal. La métropole impose en effet depuis quelques années une taxe spéciale sur les stationnements. Afin d’encourager la construction sur les rares terrains encore libres au centre-ville, la métropole impose en effet une facture de trois à six fois supérieure aux stationnements extérieurs qu’aux stationnements intérieurs. La zone touchée par cette taxe spéciale se trouve entre les avenues Atwater et Papineau, au sud de l’avenue des Pins.

En imitant cette stratégie pour les locaux vacants, Luc Ferrandez espère arriver à réduire le nombre de locaux vacants pendant des années. Avec leurs vitrines souvent placardées et couvertes de graffitis, ces bâtiments rendent les artères commerciales moins attrayantes. Or, en recevant une note de plus en plus lourde chaque année avec cette taxe spéciale, le maire d’arrondissement espère inciter les propriétaires à trouver un ou des locataires, contribuant du coup au dynamisme des artères commerciales.

Reste maintenant à savoir à combien se chiffrera la taxe spéciale. Le taux d’imposition des commerces est déjà quatre fois plus élevé que pour les immeubles résidentiels à Montréal. Une résidence du Plateau évaluée à 500 000$ a ainsi reçu une facture de 4400$ en 2015 contre près de 19 000$ pour un édifice commercial de valeur égale.

Inspections sur Saint-Laurent

D’ici à ce que la taxe spéciale entre en vigueur, le Plateau a entre-temps décidé d’accentuer la pression sur les propriétaires de locaux vacants du boulevard Saint-Laurent en multipliant les inspections. «Depuis le début de l’été, on cible les locaux vacants. On vérifie si les ordures sont sorties le bon jour, s’il y a des problèmes de saleté. On s’assure que le local est bien fermé en tout temps. Toute infraction à la réglementation mène à une contravention. En augmentant notre vigilance, on veut envoyer le message de ne pas garder les locaux vacants parce que ça va coûter cher», résume Luc Ferrandez.

Déjà, le Plateau dit être l’arrondissement distribuant le plus d’amendes pour des problèmes de propreté. «On donne 2000 contraventions par année. C›est quatre fois plus que le deuxième arrondissement à en distribuer le plus», dit Luc Ferrandez.

La Société de développement commercial du boulevard Saint-Laurent voit d’un bon oeil la décision de l’arrondissement de multiplier les amendes aux propriétaires laissant leur façade en mauvais état. «Il y a des propriétaires qui ne sont pas à Montréal et ils ne se déplacent pas pour voir l’état de leur bâtiment. Au moins, avec une contravention que tu reçois à ton adresse, ça peut te donner la motivation d’aller constater par toi-même le problème», dit Tasha Morizio, directrice générale de l’association des commerçants. Son organisation multiplie les initiatives depuis plusieurs années pour animer la Main, notamment avec la création du festival MURAL et une corvée pour améliorer l’apparence de l’artère.

«Ferrandez a surement l’appui d’une bande de spéculateurs qui veulent faire diminuer le prix des maisons sur le plateau. Amusant de voir ces gens naïfs qui croient que derrière le projet de Ferrandez il n’y a qu’un projet écologique! Quand ils vont voir le prix de leurs maisons diminuer de façon radicale, ils comprendront trop tard ce que vivent les commerçants depuis des années! Ferrandez est la preuve vivante qu’on peut faire croire n’importe quoi à n’importe qui! Nous sommes à des années-lumière de l’individu qui a un juste et bon jugement. Ceux qui se trouvent plus brillants que les autres en croyant au projet Ferrandez verront bientôt le résultat de leurs prétentions! Notre seule joie sera de voir cette bande de prétentieux voir le prix de leurs maisons diminuer, ainsi ils commenceront au moins à comprendre ce qui arrive aux commerçants du plateau! Et ce jour-là, nous, qui aurons quitté le plateau depuis longtemps, rirons de ceux qui se croyaient si brillants et nous pleurerons en repassant devant les ruines de ce quartier jadis si vivant!»

L’opinion d’un ex-résident

L’être humain est incroyable : c’est la seule créature qui va couper un arbre pour en faire du papier et écrire dessus: «Sauvez les arbres» !

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ACTUALITÉ

Vive opposition aux vignettes sur le Plateau

Par Jean-Louis Fortin / JM

2500 résidents et commerçants du Plateau-Mont-Royal font un front commun contre les nouvelles mesures hostiles à l’automobile décrétées par le maire Luc Ferrandez.

Ils sont situés pour la plupart dans le secteur du Petit Laurier, et leurs représentants publient ce matin une lettre ouverte pour dénoncer «l’imposition des vignettes sans consultation et le blocage de certaines rues au niveau du boulevard St-Joseph».

Une pétition de 2500 noms avait déjà été envoyée à l’arrondissement.«Les vignettes, c’est exclusivement une vache à lait pour remplir les coffres (de l’arrondissement)», déplore l’un des instigateurs de la lettre, Serge Chaussé, qui est chirurgien-dentiste et pratique depuis 30 ans sur la rue Saint-Joseph.

Selon lui, de nombreux commerçants ont vu leur chiffre d’affaires baisser de 20 à 30% depuis quelques années, à cause des entraves à l’automobile. «Les gens de l’extérieur ne viennent plus sur le Plateau», tranche-t-il.

Mercredi, Le Journal rapportait le cas d’une résidente de Terrebonne qui devra désormais payer 1200 $ par année pour stationner son véhicule près de son travail, sur le Plateau.En réponse, l’arrondissement ne s’est pas caché de vouloir imposer un principe «d’utilisateur-payeur» aux automobilistes.

Actualité Transports

1200 $ par année pour stationner sur le PlateauDes travailleurs qui se rendent au boulot en voiture devront bientôt payer 100 $ par mois pour une vignette

par Judith Plamondon / JM

Une dame qui travaille depuis 17 ans sur le Plateau-Mont-Royal devra dorénavant payer 100 $ par mois pour se stationner près du boulot.L’administration du maire Luc Ferrandez ne cache pas qu’elle veut mettre des bâtons dans les roues des automobilistes.

«L’arrondissement veut faire de l’argent, mais il le fait sur le dos des travailleurs du quartier», déplore Chantale Surprenant.

La résidente de Terrebonne travaille sur la rue Boyer, au sud du boulevard Saint-Joseph, pour un fonds de pension destiné aux camionneurs. Dès le 7 août, un agrandissement des zones de stationnement réservées aux résidents l’obligera à se procurer une vignette mensuelle si elle veut continuer de garer sa voiture dans le quartier, comme elle le fait depuis 1998.

« L’arrondissement veut faire de l’argent, mais il le fait sur le dos des travailleurs du quartier » – Chantale Surprenant, travailleuse«Pour les résidents, la vignette coûte 160 $ par année. Mais pour les travailleurs, c’est un tarif mensuel de 100 $, soit 1200 $ annuellement, déplore la mère de famille. Mon budget restreint ne me permet pas une telle dépense.»

«Insensé»

Mme Surprenant estime qu’il lui faudrait plus d’une heure trente pour venir au travail en transport en commun, soit deux fois plus de temps qu’à l’heure actuelle. «C’est insensé», insiste-t-elle.

Les vignettes mensuelles pour les travailleurs sont un projet-pilote implanté depuis le 1er juin sur le Plateau pour faire payer aux travailleurs la juste valeur de leur stationnement, selon l’arrondissement.

«C’est une orientation de l’administration. Oui, on veut qu’il y ait un coût au stationnement, selon le principe de l’utilisateur-payeur», souligne le chargé de communication Michel Tanguay. Ce dernier rappelle que les dernières statistiques font état d’une augmentation du nombre de déplacements automobiles.

«Payer 100 $ par mois, c’est une politique de contrainte à l’utilisation de l’automobile, insiste M. Tanguay. Il fallait que la vignette coûte plus cher que le transport en commun.»

Des vignettes qui sèment la grogne

Les vignettes de stationnement sur le Plateau-Mont-Royal font l’objet— de nombreuses plaintes à l’arrondissement.

«Les appels des citoyens concernent surtout le secteur du Petit-Laurier», souligne le chargé de communication Michel Tanguay.

En plus d’avoir agrandi de nombreuses zones de stationnement réservées—aux résidents, l’administration du maire Luc Ferrandez en a créé une toute nouvelle (la vignette 151), sur la rue Laurier Est.

Sauf que celle-ci a entraîné une levée— de boucliers dans le secteur. Plus de 2500 citoyens se seraient prononcés contre la vignette 151, selon— le Comité de résidents et gens d’affaires du Petit-Laurier.

«Monsieur Ferrandez poursuit sa mission de restreindre la circulation automobile le plus possible, sans tenir—compte des demandes de ses citoyens et des répercussions sur le tissu social incluant commerces, professionnels et résidents», dénonce le Comité, dans un communiqué.

L’administration Ferrandez a laissé entendre que le retrait de ces vignettes n’était pas une option.

Il ne fait pas semblant.....

à notre époque, sembler con est la meilleure façon de passer inaperçu.