visão preliminar física no treino de musculação

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 XXI Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2015  1  ________________________________________________________ ____________________________________________ 26 a 30 de janeiro de 2015 VISÃO PRELIMINAR: FÍSICA NO TREINO D E MUSCULA ÇÃO? Patrícia Weishaupt Bastos 1 , Cris tiano Rodri gues de Mattos 2  1  UNISO/Universidade de Sorocaba, [email protected] 2  USP/Instituto de Física, [email protected] Resumo Neste trabalho mostraremos a necessidade de um enfoque interdisciplinar, para que os estudantes estabeleçam as relações entre os conhecimentos de física, em particular mecânica, e os conhecimentos ligados ao treino de musculação (tema motivador), possibilitando uma complexificação do conhecimento cotidiano, contribuindo assim para a construção de um conhecimento escolar que dê conta da vivência e dos interesses dos estudantes. Mostraremos dados que nos fornecem as concepções prévias dos estudantes com relação aos conteúdos de física e musculação, no qual pudemos observar a dificuldade dos estudantes ao tentarem ligar os conhecimentos sem auxílio do professor, além de ressaltar que os alunos já possuem a noção de que a musculação está relaciona da à física. Este trabalho é fruto de um levantamento de dados inicial para que futuramente construamos atividade s que facilitem o ensino de mecânica através da relação entre física e musculação, que fornecerão subsídios para auxiliar o professor ao ministrar o conteúdo de Mecânica desenvolvido no 1ºano do Ensino Médio de acordo com o Currículo de Física do Estado de São Paulo (SEE, 2008). Palavras-chave: musculação, ensino de física, biomecânica, complexidade, interdisciplinaridade.  Introdução Escolhemos abranger os conteúdos de física relacionados à academia de ginástica, devido a um aumento significativo da procura de adolescentes por este setor, para prática de ginástica e musculação (AZEVEDO JÚNIOR, et. al.,  2006). Há diversas razões para este aumento, uma delas são os benefícios à saúde pela atividade física e a outra o ideal estético atual, que sobrepõe na maioria das vezes à saúde. Podemos dizer que isto é resultado de uma cultura corporal desenvolvida ao longo das gerações. A busca pelo corpo perfeito, por meio de um corpo esculpido em uma academia de ginástica, gera exageros nos treinamentos e consequent emente lesões (SILVA, 2001). Acredito que os conhecimentos da física podem contribuir para prevenção das lesões e aumento da performance nos treinamentos. Por meio da conscientização, que é proveniente da informação (conhecimento), podemos evitar problemas futuros. Neste viés, posso pensar na aplicação dos conhecimentos físicos presentes na academia de ginástica. Pensando em saúde, bem-estar e qualidade de vida, relacionando a academia de ginástica ao aumento da performance nos exercícios físicos, temos: saúde auditiva (intensidade sonora na academia de ginástica), alimentação (nutrição

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  • XXI Simpsio Nacional de Ensino de Fsica SNEF 2015 1

    ____________________________________________________________________________________________________ 26 a 30 de janeiro de 2015

    VISO PRELIMINAR: FSICA NO TREINO DE MUSCULAO?

    Patrcia Weishaupt Bastos1, Cristiano Rodrigues de Mattos2

    1 UNISO/Universidade de Sorocaba, [email protected] 2 USP/Instituto de Fsica, [email protected]

    Resumo

    Neste trabalho mostraremos a necessidade de um enfoque interdisciplinar, para que os estudantes estabeleam as relaes entre os conhecimentos de fsica, em particular mecnica, e os conhecimentos ligados ao treino de musculao (tema motivador), possibilitando uma complexificao do conhecimento cotidiano, contribuindo assim para a construo de um conhecimento escolar que d conta da vivncia e dos interesses dos estudantes.

    Mostraremos dados que nos fornecem as concepes prvias dos estudantes com relao aos contedos de fsica e musculao, no qual pudemos observar a dificuldade dos estudantes ao tentarem ligar os conhecimentos sem auxlio do professor, alm de ressaltar que os alunos j possuem a noo de que a musculao est relacionada fsica.

    Este trabalho fruto de um levantamento de dados inicial para que futuramente construamos atividades que facilitem o ensino de mecnica atravs da relao entre fsica e musculao, que fornecero subsdios para auxiliar o professor ao ministrar o contedo de Mecnica desenvolvido no 1ano do Ensino Mdio de acordo com o Currculo de Fsica do Estado de So Paulo (SEE, 2008).

    Palavras-chave: musculao, ensino de fsica, biomecnica, complexidade, interdisciplinaridade.

    Introduo

    Escolhemos abranger os contedos de fsica relacionados academia de ginstica, devido a um aumento significativo da procura de adolescentes por este setor, para prtica de ginstica e musculao (AZEVEDO JNIOR, et. al., 2006). H diversas razes para este aumento, uma delas so os benefcios sade pela atividade fsica e a outra o ideal esttico atual, que sobrepe na maioria das vezes sade. Podemos dizer que isto resultado de uma cultura corporal desenvolvida ao longo das geraes.

    A busca pelo corpo perfeito, por meio de um corpo esculpido em uma academia de ginstica, gera exageros nos treinamentos e consequentemente leses (SILVA, 2001). Acredito que os conhecimentos da fsica podem contribuir para preveno das leses e aumento da performance nos treinamentos. Por meio da conscientizao, que proveniente da informao (conhecimento), podemos evitar problemas futuros. Neste vis, posso pensar na aplicao dos conhecimentos fsicos presentes na academia de ginstica.

    Pensando em sade, bem-estar e qualidade de vida, relacionando a academia de ginstica ao aumento da performance nos exerccios fsicos, temos: sade auditiva (intensidade sonora na academia de ginstica), alimentao (nutrio

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    do ponto de vista da fsica), anlise do movimento humano (biomecnica) e motivao (fatores axiolgicos).

    Pretendemos enfocar a preveno de leses em treinos de musculao, utilizando conceitos de biomecnica, visando integrar as disciplinas de fsica e educao fsica. Desmistificando a idia de que biomecnica apenas para o estudo dos movimentos corporais de esportes de competio, mas mostrando suas inmeras aplicaes (BATISTA, 2001).

    Nesta perspectiva, uma abordagem interdisciplinar que contenha as relaes entre sade, biomecnica, educao fsica e fsica poder ajudar os estudantes a adquirirem uma viso mais crtica e consciente do exerccio fsico.

    O corpo humano capaz de uma vasta combinao de padres de movimento, realizados em diversas posies que abrangem estudos de anatomia e estrutura articular, fisiologia muscular, fsica geral, biomecnica, processos neurolgicos e aprendizagem motora (AABERG, 2008).

    Justificativa

    Acredito que o tema motivador musculao, ao ser tratado em sala de aula de forma interdisciplinar entre fsica e educao fsica, poder auxiliar no aprendizado dos conceitos em mecnica, visando futuramente abranger mais disciplinas como biologia e qumica.

    Dentro do ensino de fsica ou de qualquer outra rea de conhecimento, o aprendizado correto dos conceitos faz diferena na compreenso dos fenmenos que ocorrem a nossa volta. Ao desenvolver em sala de aula o contedo de mecnica abrangemos conceitos como: fora, energia, velocidade, impulso, equilbrio, etc., que j so utilizados pelos estudantes em contextos do dia-a-dia. Algumas pesquisas realizadas na rea do ensino da mecnica demonstram que os estudantes estabelecem relaes intuitivas entre os conceitos apresentados, o que faz com que eles dem respostas inadequadas do ponto de vista da fsica (PEDUZZI, 1985).

    Segundo vrios autores (p.e. MORTIMER, 2000; ITZA-ORTIZ et.al., 2003) a linguagem do cotidiano tem fortes implicaes no aprendizado dos conceitos fsicos, no sendo necessrio que os estudantes abandonem os significados daquele conceito no cotidiano, mas deve haver uma coexistncia entre o conceito fsico e o conceito comum.

    Muitos pesquisadores realizam trabalhos a respeito das concepes alternativas dos estudantes para os conceitos de mecnica para estabelecer pontos de partida para o ensino da Fsica (HOLLOW, 1985). Um dos conceitos mais estudado pelos pesquisadores em ensino de fsica o conceito de fora, pois alm de ser central para a mecnica, a maioria dos alunos comea seus estudos sem fsica, sem saber diferenciar o termo fora utilizado no cotidiano do conceito fsico de fora (ITZAORTIZ et. al., 2003).

    Muitas vezes estes erros conceituais so provenientes de um ensino em que geralmente os estudantes so forados a memorizar fragmentos e algumas respostas prontas (HESTENES et. al, 1992).

    Entendemos que o ensino de biomecnica pode permitir ao aluno uma compreenso da aplicao dos princpios da mecnica ao movimento, em particular de determinados exerccios fsicos ou habilidades motoras. Pela sua natureza, os

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    conhecimentos de biomecnica resultam de uma construo histrica de um conhecimento interdisciplinar, que podem ser associados tanto a fsica e a fisiologia, quanto educao fsica (CORREA, 2004).

    H muito tempo aparncia corporal vem se sobressaindo com relao sade, antes apenas os adultos tinham a preocupao de conquistar um corpo perfeito, mas isto tambm tem se sobressado entre os adolescentes. necessrio cuidado com a prtica de exerccios fsicos na adolescncia em excesso, os exerccios fsicos e as atividades esportivas devem ser programados e supervisionados (SILVA, et. al, 2004).

    preocupante a forma com que a mdia divulga a relao entre a prtica de exerccios fsicos, esportes, sade e esttica corporal. Muitos buscam a qualquer custo forma fsica perfeita, a qual supostamente envolve o excesso de exerccios fsicos, muitas vezes sem orientao profissional, acarretando a prtica inadequada de exerccios fsicos, alm das estranhas dietas alimentares, ingesto de medicamentos e at cirurgias para chegar um padro esteticamente valorizado.

    O pblico adolescente nas academias de ginstica vem aumentando desde os anos 80, com a procura de aulas de ginstica e principalmente musculao. Este aumento est relacionado tanto ao conhecimento dos benefcios para sade pela prtica de exerccios quanto ao alcance das metas estticas (MONTEIRO, et. al., 2003).

    Estamos cientes da complexidade que envolve o estudo do movimento humano, como o estudo de qualquer fenmeno a nossa volta. Precisamos fazer com que os estudantes reconheam a natureza complexa de um fenmeno e compreendam a necessidade de utilizar vrias reas (com seus limites) do conhecimento para tentar explica-lo.

    Os movimentos da musculao revelam a importncia da biomecnica. Cada movimento, alm de trazer conceitos biomecnicos, tambm est repleto de significados que so especficos de cada indivduo, tais como: sade, beleza, etc., que de certa forma dentro de um contexto individual se relacionam com a prtica da musculao (SILVA, et. al., 2008).

    A maioria das leses que acontecem com a prtica de musculao esto ligadas a tcnica precria de execuo de exerccios, incompatvel... (CAMPOS, 2004).

    No campo da biomecnica se estuda a funcionalidade mecnica dos rgos, aparelhos e sistemas dos seres vivos, a sua cargabilidade mecnica, sobre os limites da sobrecarga para no gerar leses e sobre os fatores que afetam a performance, incluindo a atividade desportiva e, portanto envolvendo, o treino em si mesmo, os meios auxiliares de treino, o equipamento desportivo e a tcnica desportiva (VILAS-BOAS, 2001).

    Por meio da biomecnica, fsica e educao fsica mostraremos aos estudantes a importncia em seguir o programa de musculao adequado e as orientaes do profissional da academia de ginstica, realizando apenas os exerccios que foram recomendados no programa de musculao, a ordem dos exerccios, a sobrecarga, a freqncia, o nmero de sries, o nmero de repeties, o descanso entre as sries, a velocidade de execuo dos movimentos, a amplitude dos movimentos, a progresso linear dos exerccios, os alongamentos, etc.

    comum em academias de ginstica encontrar adolescentes, utilizando sobrecargas indiscriminadamente, realizando os exerccios erroneamente e

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    inventando outros exerccios, no seguindo o intervalo entre as sries, com a iluso de que ganharo mais massa muscular. Muitos adolescentes no progridem linearmente nos exerccios, passam realizar exerccios dos adultos em sua maioria com pesos livres, ao invs de prolongarem por mais tempo exerccios com aparelhos com cabos que se adaptam melhor.

    Neste vis de suma importncia incluir a discusso sobre sade, mesmo que simplificada, nas aulas de fsica do 1 ano do ensino mdio no contedo de mecnica, introduzindo conhecimentos de biomecnica contextualizados na academia de ginstica, tema de grande interesse dos estudantes. O ensino de biomecnica faz parte dos parmetros curriculares nacionais de educao fsica (PARMETROS, p. 75,1997), dada sua importncia na compreenso de que todo e qualquer movimento corporal pode ser mais bem entendido com os conceitos e padres biomecnicos, que podem ser destacados pelo professor de educao fsica durante as aulas (FREITAS & COSTA, 2000).

    Metodologia

    Para fundamentar a noo de interdisciplinaridade, nos basearemos no trabalho de Fiedler-Ferrara e Mattos (2002), e para dar suporte a noo de complexificao do conhecimento usaremos Garcia (1998).

    Mortimer (1995) prope a noo de perfil conceitual, baseada na noo de perfil epistemolgico de Bachelard. O perfil conceitual, em contraponto a noo de conceito com um nico significado, prope que os indivduos podem ter vrias vises de um mesmo conceito. Estas regies do perfil conceitual so chamadas de zonas do perfil conceitual. A conseqncia desta forma de representar o estado cognitivo de um indivduo leva a noo de aprendizagem como evoluo do perfil conceitual na qual, o indivduo, em um processo de ensino, cria novas zonas ou modifica as j existentes. Na aprendizagem, a inteno no abandonar o conceito na forma como j havia sido aprendido, mas incorporar uma nova zona de perfil conceitual que depende do contexto em que o indivduo se encontra (RODRIGUES & MATTOS, 2006).

    notrio que a integrao de fenmenos do cotidiano do aluno ao contedo curricular ajuda a complexificar o conhecimento, pois aumentam o nmero de conexes na rede de significados, entre os nveis de organizao dos elementos que formam o sistema de representao. Concebemos o conhecimento como uma estrutura complexa, com diferentes nveis hierrquicos interagindo em retro-alimentao, isto , a pan-disciplinaridade (FIEDLER-FERRARA & MATTOS, 2002).

    A escolha de um tema baseada na dinmica entre os contedos a serem tratados, no comportamento do professor e do aluno frente ao mesmo, na organizao quanto seleo das reas de conhecimento, na relao entre os contedos e seus vrios elementos e no critrio que abrange trs dimenses: axiolgica (relacionada aos valores atribudos a determinados objetos), epistemolgica (relacionada ao como conheo um objeto) e ontolgica (relacionada natureza dos objetos), dentre as quais reforamos mais a axiolgica que envolve os valores, que esto diretamente ligados ao professor que escolher os elementos a serem apresentados aos alunos (FIEDLER-FERRARA & MATTOS, 2002).

    necessrio buscar as interdependncias entre os conhecimentos para tratar os problemas da realidade sem separ-lo do contexto em que surgem.

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    importante abranger problemas relevantes para os alunos, ajudando-os a enfrentar os problemas complexos do mundo e isto pode se dar por meio da complexificao do conhecimento do cotidiano (GARCIA,1998).

    Desenho da Pesquisa

    Realizamos o levantamento de dados atravs de dois questionrios com livre escolha de ser realizado como lio de casa pelos estudantes, numa escola pblica do interior do estado de So Paulo na cidade de So Roque E.E. Prof. Germano Negrini nos anos de 2012 e 2013.

    Os dados foram coletados em duas turmas de primeira srie do Ensino Mdio, no perodo da manh, no 4 bimestre de 2012 e 2013, em um total de 223 alunos, no qual as idades variavam entre 15 e 17 anos, na qual a professora que atuou nas salas em questo a prpria pesquisadora. A superposio de papis, a nosso ver, no acarretou em deformao da amostragem, dado que a situao de aula era conhecida e o questionrio foi aplicado como atividade extra.

    Estes dois questionrios (9 questes cada) nos auxiliaro no levantamento do perfil conceitual dos estudantes a respeito da relao entre fsica e musculao, com enfoque na observao de como os estudantes utilizam os conceitos de fsica vistos no primeiro ano do ensino mdio.

    Restringimos-nos ao contedo do primeiro ano do ensino mdio, pois pelo Currculo do estado de So Paulo (SO PAULO: SEE, 2008) nesta srie que temos o contedo de mecnica, no qual pretendemos interlig-los com o tema: musculao, para auxiliar na aprendizagem de alguns conceitos fsicos de mecnica e resultar em uma vida saudvel (sem leses provenientes do treino) pela mudana de postura quanto execuo do treino de musculao.

    Na tabela 1 mostramos a ordem em que os questionrios foram aplicados e tambm a quantidade de alunos que foram submetidos pesquisa.

    Tabela 1: Quadro geral da pesquisa

    Ano/bimestre Aluno/srie/perodo Questionrio/ n de questes

    2012 / 4 1 ao 83 / 1ano / tarde Q1 / 9

    2013 / 4 1 ao 140/ 1 ano / tarde Q2 / 9

    Resultados

    Optamos por apresentar neste trabalho, devido sua extenso, apenas duas questes de cada questionrio (uma escrita e a outra em desenho) que mostram como os alunos estabelecem as relaes interdisciplinares entre fsica, educao fsica (musculao). Nossa hiptese inicial era de que os alunos no conseguiriam aplicar os conceitos de mecnica (fsica) vistos ao longo do ensino mdio no treino de musculao, alm utilizar conceitos como fora, equilbrio, velocidade, etc., de forma deformada, mais ligada ao senso comum.

    Questionrio Prvio (Q1): 6. Como os contedos de mecnica podem auxiliar na otimizao (melhor desenvolvimento) do treino de musculao. (Nesta questo queramos analisar como os alunos realizam pontes interdisciplinares entre as duas disciplinas F e EF). / 8. Escolha 1 aparelho de musculao e represente as foras atuantes no aparelho e na pessoa que est executando o movimento. Faa um

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    desenho e explique-o. (Nesta questo, queramos levantar as concepes prvias baseadas em representaes imagticas, alm de estimular o imaginrio dos alunos atravs da proposio da composio de um desenho que a representasse um dos exerccios de musculao).

    Questionrio Prvio (Q2): 7. Que tpicos (conceitos ou contedos) da disciplina de fsica esto envolvidos nos treinos de musculao? (Nesta questo queramos analisar se os alunos reconhecem os conceitos vistos nas disciplinas escolares no cotidiano). /8. Cite um exerccio de musculao e explique os movimentos realizados por meio do seu conhecimento de fsica. Faa um desenho representativo do exerccio (Nesta questo, queramos levantar as concepes prvias baseadas em representaes imagticas, alm de estimular o imaginrio dos alunos atravs da proposio da composio de um desenho que a representasse um dos exerccios de musculao).

    Tabela 2: Questo 6 do Q1, e questo 7 do Q2

    * Resposta (19, B, 6, Q1) Porque voc mede fora exata do seu corpo.

    (22, B, 6, Q1) Pode nos ajudar a compreender o funcionamento dos aparelhos e aplicar a fora necessria nos exerccios.

    (6, F, 6, Q1) Podem melhorar no modo de como podemos aplicar a fora para vencer um certo peso.

    (8, A, 7, Q2) Velocidade, fora, gravidade e atrito. (9,E, 7, Q2) A fora necessria, ao e reao, massa (massa muscular tambm) e

    peso. (3, D, 7, Q2) Acredito que a massa e a velocidade. *(aluno,turma, questo, questionrio)

    Em uma anlise geral observamos na tabela 2 que os alunos por si, embora citem alguns dos contedos do 1 ano do ensino mdio, no conseguem explicitar com propriedade as conexes do contedo aprendido na escola com as aes no cotidiano, mesmo porque muitos conceitos no so aprendidos de forma correta e ao tentar aplicar no seu cotidiano causam distores, equvocos, que so semelhantes a qualquer indivduo que nunca frequentou o ensino mdio.

    Optamos por uma questo com representao imagtica, para ajudar a compreender melhor o raciocnio elaborado pelo aluno. O objetivo do desenho no realizar anlise detalhada da representao imagtica, em termos tericos das caractersticas funcionais, semiticas e cognitivas (SANTAELLA, 1998; BELMIRO, 1998), mas refinar e observar se h uma similaridade com os dados escritos.

    Por meio da tabela 3, observamos que os estudantes apresentam alguns exerccios de musculao e como os movimentos so executados, evidenciando que freqentam a academia de ginstica e praticam musculao, mas com dificuldades em utilizar os conceitos fsicos na representao, talvez por serem abrangidos durante as aulas superficialmente, apenas para resoluo de exerccios e esquecidos, no permitindo aos estudantes aplicarem os mesmos em outro contexto.

    Estamos delimitando o campo da pesquisa para futuramente categorizar os dados, com base nos referenciais tericos adotados para assim aproveitarmos para construir as atividades.

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    Tabela 3: Questo 8 do Q1 e do Q2

    (19,

    B, Q

    1)*

    (22

    , B, Q

    1)*

    (6, F

    , Q1)

    *

    (8, A

    , Q2)

    *

    (3, D

    , Q2)

    *

    (9,E

    , Q2)

    *

    *(aluno,turma, questionrio)

    Aps a anlise dos questionrios prvios, podemos nos nortear para criar as atividades de forma a proporcionar o aprendizado dos conceitos fsicos de mecnica, tendo como aliada a biomecnica na prtica de musculao como motivadora. Pretendemos abranger tambm atravs da unio da fsica com a educao fsica (biomecnica) o significado consciente dos benefcios que a musculao pode trazer de forma a proporcionar ao indivduo uma vida saudvel, alm de conscientizar que a prtica esportiva inadequada pode trazer muitos malefcios, como: leses diversas.

    Consideraes finais

    No decorrer deste trabalho observamos o interesse dos estudantes pelo tema musculao e a percepo prvia dos mesmos, com a relao a unio da fsica com a educao fsica para compreenso e otimizao do treino de musculao.

    O intuito da interveno no desprezar o conhecimento cotidiano ou considerar o cientfico como superior, mas enriquecer o conhecimento cotidiano (GARCIA, 1998) e mostrar para o aluno que um conceito pode ter vrios significados que so dependentes do contexto.

    Enfocamos os conhecimentos da fsica como um dos critrios para uma vida saudvel, por meio de temas motivadores aos estudantes do ensino mdio, que facilitem a aprendizagem dos conceitos fsicos.

    Pretendemos futuramente construir atividades de multi-abordagens (UEMA, 2005) que trazem o conhecimento interdisciplinar em nveis variados, com graus de complexificao do conhecimento cotidiano que vo do simples ao complexo, por

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    meio da insero do conhecimento cientfico, originando um conhecimento escolar que tenha aplicaes mais relacionadas ao interesse dos estudantes.

    Durante o processo de aprendizagem o professor conseguir acompanhar os avanos e retrocessos de aprendizagem dos estudantes, e realizar os ajustes necessrios para dar o prosseguimento adequado s aulas, pois a cada atividade finalizada possvel compor um gradiente de complexificao do conhecimento (GARCIA,1998), que resultar em um mapa, no qual as coordenadas estaro relacionadas aprendizagem dos estudantes.

    As coordenadas sero previamente escolhidas pelo professor, podendo envolver contexto, utilizao de conceitos, nveis de aprendizado, graus de complexidade, etc., mas devem situar o grau de complexidade antes e aps a concluso do contedo selecionado pelo professor.

    A deciso do contedo a ser abordado e da metodologia a ser aplicada est sobre responsabilidade do professor, que realiza um recorte consciente no contedo, segundo razes que devem ser expressas previamente e analisadas posteriormente ao processo, ou seja, fundamental realizar reflexes das suas aes, para que seja sanado o mais rpido possvel.

    Referncias

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