visão pastoral sobre a renovação dos ministérios

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Encontro dos Agentes da Pastoral - Sábado, 27 de Junho 2015 - Paróquia de Santa Ana da Munhuana Visão Pastoral sobre a Renovação dos ministérios "Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para ceifa” (João 4,35) Em vista do início da preparação e consciencialização, a todos os níveis, sobre o processo de renovação dos Ministérios, Comissões e Conselhos Pastorais que está marcado pelo próximo 05 de Julho, foi sollicitada a presente palestra que visa oferecer- vos umas referências claras a nível teológico e pastoral, para podermos sabiamente proceder ao discernimento que nos é necessário. Sabemos muito bem que no contexto eclesial em que nos encontramos floresceram as mais variadas expressões ministeriais, sinal este de uma recepção concreta da forma da Igreja estabelecida no Concílio Vaticano II e que remonta às origens mesmas da Igreja de Cristo. No próximo 08 de Dezembro vai começar o Ano Jubilar que celebra a eterna misericóridia de Deus, decorrendo também os 50 anos da conclusão do Concílio Vaticano II. Na sua Constituição Dogmática sobre a Igreja, a Lumen Gentium, os Padres Conciliares, animados e inspirados pelo Espirito Santo, nos oferecem uma referência doutrinal segura para o caminho que devemos enfrentar: “Na edificação do Corpo de Cristo existe diversidade de membros e de funções. É um mesmo Espírito que distribui os seus vários dons 1

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os ministerios na igreja visao pastoral

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Encontro dos Agentes da Pastoral - Sbado, 27 de Junho 2015 - Parquia de Santa Ana da Munhuana

Viso Pastoral sobre a Renovao dos ministrios

"No dizeis vs que aindah quatro meses at ceifa?Eu, porm, vos digo: ergueios olhose vede os campos, pois j branquejam para ceifa (Joo 4,35)Em vista do incio da preparao e consciencializao, a todos os nveis, sobre o processo de renovao dos Ministrios, Comisses e Conselhos Pastorais que est marcado pelo prximo 05 de Julho, foi sollicitada a presente palestra que visa oferecer-vos umas referncias claras a nvel teolgico e pastoral, para podermos sabiamente proceder ao discernimento que nos necessrio. Sabemos muito bem que no contexto eclesial em que nos encontramos floresceram as mais variadas expresses ministeriais, sinal este de uma recepo concreta da forma da Igreja estabelecida no Conclio Vaticano II e que remonta s origens mesmas da Igreja de Cristo. No prximo 08 de Dezembro vai comear o Ano Jubilar que celebra a eterna misericridia de Deus, decorrendo tambm os 50 anos da concluso do Conclio Vaticano II. Na sua Constituio Dogmtica sobre a Igreja, a Lumen Gentium, os Padres Conciliares, animados e inspirados pelo Espirito Santo, nos oferecem uma referncia doutrinal segura para o caminho que devemos enfrentar: Na edificao do Corpo de Cristo existe diversidade de membros e de funes. um mesmo Esprito que distribui os seus vrios dons segundo a sua riqueza e as necessidades dos ministrios para utilidade da Igreja (cfr. 1 Cor. 12, 1-11). Entre estes dons, sobressai a graa dos Apstolos, a cuja autoridade o mesmo Esprito submeteu tambm os carismticos (cfr 1 Cor. 14). O mesmo Esprito, unificando o corpo por si e pela sua fora e pela coeso interna dos membros, produz e promove a caridade entre os fiis, podemos ler ao N 7 da Lumen Gentium. Esta belissima Constituio Dogmatica sobre a Igreja, assim como est fortemente alicerada na Sagrada Escritura e na riqussima tradio bimilenria da Igreja, constitue o alicerce desta palestra formativa e informativa. Obviamente convidamos os Procos e todos os agentes da Pastoral a reler este documento fundamental no qual se encontra o Norte das nossas intenes e aces pastorais. Isto porque os ministrios, grupos, ncleos, comisses, conselhos etc...nas nossas comunidades crists so muitos e sabemos bem que por falta de informao e formao, esta mutiplicidade pode criar problemas de governo e at ameaar a natureza prpria da Igeja.Vale portanto a pena esclarecer desde j a viso que Jesus recebeu de Deus e compartilhou com os seus discpulos. O texto que acabamos de ler deixa claramente entender que o que Jesus pediu e ensinou aos seus discipulos foi a Viso da Colheita!Segundo o ensino de Jesus, a Igreja deve olhar para os campos que j branquejam para a ceifa. Mas o que acontece por vezes que, ao invs de se voltar para o verdadeiro propsito da Igreja, alguns cristos e responsveis das comunidades andam preocupados mais com pessoas, com lideranas, com diferenas doutrinrias, com os mtodos, os recursos e meios, principalmente com as finanas e estruturas.Enquanto se desgastam com questes meramente humanas e secundrias, Jesus continua dizendo: Ergam os olhos! Olhem os campos! Eles esto prontos! Vo! E na medida em que forem, faam discpulos de todas as naes! Devemos mais do que estar preocupados com estas questes, proclamar a viso e o mtodo de Jesus! A VISO DA COLHEITA E DO DISCIPULADO.Quanto ao fluir dos ministrios na Igreja, vamos observar Marcos 16,15: E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura e Mateus 28,19: Portanto ide, fazei discpulos de todas as naes.... Estes textos apresentam de forma clara o plano de Deus para o fluir de dons e ministrios na Igreja. Ento vejamos:A base de constituio da Igreja definida pelo prprio Senhor Jesus Cristo, segundo o que lemos nos textos sugeridos acima, a Evangelizao e o Discipulado: Pregai o Evangelho e Fazei discipulos de todas as naes. Portanto, em Jesus Cristo, Deus quer salvar o perdido e edificar, aperfeioar, conduzir plenitude o que foi salvo.O que podemos observar que desde os primrdios, no estabelecimento da Igreja, a viso de Deus que ela funcione como um corpo, onde cada membro tem a sua funo. Tomemos por base o texto de Paulo aos Efsios 4,11-16 e tambm, como pano de fundo, os captulos 12 e 13 da Primeira Carta aos Conrntios, textos que constituem a base de referncia do j citado N 7 da Lumen Gentium: E ele deu uns como apstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo; at que todos cheguemos unidade da f e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, medida da estatura da plenitude de Cristo; para que no mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela fraudulncia dos homens, pela astcia tendente maquinao do erro; antes, seguindo a verdade em amor, cresamos em tudo naquele que a cabea, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado e ligado pelo auxlio de todas as juntas, segundo a justa operao de cada parte, efetua seu crescimento para edificao de si mesmo em amor."Diante do exposto, conclumos que no h lugar para distino de alguns membros, ou seja, no h presidentes ou primeiras damas no Corpo de Cristo. O propsito de Deus que O CORPO TODO funcione. Deus deseja que cada membro tenha boa sade e funcione no corpo, colaborando para que o todo realize o projeto de Deus que a edificao da Igreja pela evangelizao e pelo discipulado.Esta tarefa no privilgio e tambm no obrigao de alguns: vocao e misso de cada um no Corpo de Cristo. Na viso de Deus sobre a Igreja, todos tm seu lugar de funcionamento. Ento, voltemos a ler Efsios 4,12 tendo em vista o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do Corpo de Cristo. Os dons ministeriais de apstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres foram colocados no corpo para capacitar os demais membros. Portanto os ministros dos vrios ministrios so capacitadores, facilitadores, formadores dos demais membros. Lendo e meditando So Paulo aos Corntios ou aos Efsios podemos ver bastante nitidamente que: Os ministrios no foram estabelecidos por Deus para fazer tudo ou fazer a obra de todos. Portanto, no discernimento dos espritos em vista da renovao dos ministrios etc..., devemos relativizar a tudologia que as vezes se manifesta em pessoas que So Paulo chama de meninos caprichosos. Os ministrios so colocados por Deus para capacitar e treinar aos demais no cumprimento de seus servios que de evangelizar o perdido e de discipular o salvo. Se esta a funo geral prpria dos ministrios (no importa aqui distinguir entre eles), no discernimento precisamos de focar este aspecto da capacitao e formao, da animao e pedagogia evanglica. Pois sabemos bem o que se passa quando um cego guia outro cego... Os ministrios foram estabelecidos para o aperfeioamento dos santos. A palavra aperfeioamento vem do grego katartismos: significa equipar, prover o necessrio para que um servio ou aco seja realizada; dar todas as condies para a realizao deste servio ou ao. Esta a funo dos lderes ministeriais no Corpo de Cristo. Ateno portanto nova parbola que no se encontra no Evanglho mas que se encontra nas nossas comunidades: aquela das 5 virgens sbias que levaram consigo o azeite e que generosissimamente se prontificaram a partilha-lo com as virgens inconsequentes...por breve tempo foi uma festa lumonosa, mas depois, bastante cedo, acabou o azeite para todas e cairam todas nas trevas. Quer dizer: para aperfeioar os santos, para equipar os outros, devo estar eu sempre em postura de abastecimento. Portanto procurar lderes ministeriais que tenham esta postura. Os ministrios foram estabelecidos a fim de tornar o corpo sadio e equipado visando ao seu prprio crescimento. Quando os lderes ministeriais cuidam do corpo todo, a Igreja experimenta o crescimento ao qual est destinada: crescimento em maturidade - perfeita maturidade. A palavra perfeita teleios, significando: de carter completo - gerando crescimento fsico, moral e mental; crescimento em espiritualidade - altura espiritual de Cristo. Tornar cada membro do corpo igual a Jesus. Este irmo, esta irm da comunidade que parece ter cartas e nmeros e que humanamente falando me parece idneo como lder de um ministrio, me lembra os traos do rosto de Jesus? Quando o vejo, me lembro logo de Jesus? Esta a pergunta que nos devemos fazer no dificil discernimento dos espritos.Ministrios para uma mudana de perspectiva eclesial?Este tpico pessoal, uma partilha eclesiolgica, e podem tambm no concordar comigo. A questo do fundo a seguinte: no discernimento e na futura escolha dos lderes ministeriais, de fundamental importncia sabermos que tipo de Igreja queremos construir e onde a queremos construir. Para maior compreenso devemos questionar: Onde se movia a Igreja primitiva em Jerusalm? Segundo os textos de Atos 2,46-47 e 5:,42, a resposta correta seria: no Templo e de casa em casa. A igreja primitiva de Jerusalm no possua templo e no tinha inteno de constru-lo, pois o templo de Jerusalm era de todos os judeus.Ao analisar a vida em comunidade dos cristos primitivos, encontramos exemplos no Novo Testamento de grupos de pessoas que se reuniam nas casas. Consideremos este exemplo em algumas referncias bblicas tais como Romanos 16,5; 1Corntios 16,19; Colossenses 4,15; Filemone 2. A vida normal da igreja portanto acontecia principalmente nas casas.Muitas das atividades que hoje consideramos exclusividade do templo, aconteciam nos lares. Observemos estes exemplos: reunies de orao - Atos 1,13-14; 12,5; o batismo no Esprito Santo e exerccio dos dons - Atos 2,1-4; 10,22, 24-27, 44-46; a Ceia, o partir do po - Atos 2,46; 20, 7-8, 11; Judas 12; cura, batismo nas guas - Atos 9,17-18; 20,22, 24-25, 47-48; pregao e ensino - Atos 5,42.Todas estas atividades caracterizam a Igreja Primitiva como uma igreja em grupos pequenos. Precisamos de ministros que ajudem a comunidade a ser capilar, a entrar nos becos, a cruzar com a vida diria das pessoas, l onde as pessoas vivem. Papa Francisco continua a impelir os cristos a sair das sacrestias...e parece-me que esta provocao ele repetiu na recente visita Ad Limina Apostolorum dos nosso Bispos. Precisamos de voltar ao padro bblico estabelecido para a igreja primitiva.Esta primeira parte da palestra de hoje queria mostrar que a vi-so de Deus para a Igreja de hoje continua sendo a mesma transmitida por Jesus aos seus discpulos: A VISO DA COLHEITA. Os ministrios devem fluir na igreja, preparando os membros do corpo de Cristo, visando a salvao dos perdidos pela evangelizao e a edificao dos salvos pelo discipulado. O lugar para fazer isso deve descentralizar-se e passar do templo para as casas, das salas para as ruas, dos gabinetes para as bancas dos mercados.

Voltamos Sagrada Escritura: quesignifica ministrio?A palavra ministrio vem do Latim Munus que significa Oficio, encargo, tarefa, mas vem tambm do superlativo de Minus: isto Minor, o menor, o servo, o criado, o ajudante. Na Bblia, na maioria das vezes em que aparece, o termo ministrio traduz o original grego diakonia que significaservio. No Novo Testamento a palavra grega para ministrio diakoniae indica a prestao de algum tipo de servio ou trabalho. Como, por exemplo, nesse texto:e, quanto a ns, nos consagraremos orao e ao ministrio[diakonia]da palavra. (At 6,4).Ou seja, os Apstolos decidem se dedicarem ao trabalho, ao servio da pregao da palavra de Deus, so diconos da Palavra e confiam aos Sete a diakonia da cesta bsica para as vivas dos cristos hebreos de lingua grega. Por isso que o Bispo, successor dos Apstolos, na liturgia, antes de por a casula, pe a dalmtica...pois ele sempre dicono...como Cristo, que no veio para ser servido mas para servir. Na Bblia temos essa palavra aplicada aos vrios servios especiais designados por Deus aos seus servos. Por exemplo, vemos na Bblia citados o ministrio dos levitas, dos sacerdotes, dos profetas, dos apstolos, etc. (2 Cr 6,32; At 1,25). O ministrio padro para os outros ministrios o de Jesus Cristo, que tambm teve seu ministrio:Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao comear o seu ministrio. (Lc 3,23).Assim, quem tem umministrio um trabalhador, um servo voltado a agradar a Deus com aquilo que faz, com seu servio. Quem tem um ministrio tem o seu foco no prximo, no servir da melhor forma possvel com o dom que Deus lhe deu. Hoje em dia, infelizmente,muitos tm usado essa palavra para mostrar certo status por pertencer ao ministrio a ou b, o que foge totalmente do ideal bblico. Na quarta-feira passada, na televiso os meus ouvidos estremeceram ao ouvir o ttulo santissimo usado para designar um presidente ou ministro do Governo. Estamos a delirar!! Mas o pior problema no est tanto nas esaltaes de um ou outro ministro, mas na errada ecclesiologia que se encontra na mente e no corao dos cristos, e que acaba por estragar a misso dos ministrios na comunidade. Tentarei em breve de ser prtico, seno deveria dar todo o curso de ecclesiologia em 20 minutos.Em primeiro lugar a comunidade e a fraternidade

O Povo de Deus, a Esposa de Deus, a Assembleia santa, Povo sacerdotal, Corpo de Cristo formado pelos membros. Esta Qahal, Ekklesia, Igreja subsiste sempre e s com cabea (Cristo) e corpo com seus membros todos. A maior autoridade na igreja no o papa, ou o bispo, ou o padre, ou a irm religiosa ou um dos ministros. Cristo cabea do corpo constitudo de muitos membros que a sua Igreja. Cristo a maior autoridade no seio da Igreja. Cristo est vivo no meio de ns, ele o Senhor, embora haja cristos que lhe celebram o funeral todos os domingos. A igreja o corpo de Cristo, e como tal, tem em Cristo o seu Senhor. A Igreja tem cabea, a sua mente Cristo, e a Igreja deve pensar como Cristo pensou. Portanto todas as decises devem ser tiradas na mente de Cristo, isto luz da Palavra de Deus, na uno do Esprito Santo. O critrio da sua vida e decises chama-se Reino de Deus (pois este o critrio de Cristo). Portanto todos, prprio todos na Igreja esto abaixo do Evangelho. preciso dizer isso, lembrar sempre isso, porque ainda nas nossas comunidades se assiste ao espectculo j visto em Corinto, em que a mo diz ao p: voc ai em baixo, voc poeirento, voc analfabeto marginal que nem sabe assinar...vai-te emboraaaa!!!!Ainda se assistem a salhameleques obsequiosos que contradizem a postura do primeiro papa, So Pedro Apstolo, ao qual o mesmo Jesus confiou o rebanho, e que ao pago Cornlio que estava para se ajoelhar aos seus pes, o Pedro lhe impediu esse gesto, dizendo-lhe...estas a fazer o que, eu no passo de homem.

O que ainda no se quer perceber que o estatuto de filho de Deus, a identidade de filho de Deus que nos dada pelo Baptismo o ponto mais alto, o topo, the best, e no h nenhum ministrio nem ordenado nem instituido que estabelece um ponto mais alto do que este. H sim ministros e ministrios, ordenados e insituidos, cuja ropagem ou veste o avental para lavar os pes dos irmaos. O trecho que se encontra em Joo 13 fala de Jesus que tirou a roupa e cingiu-se de uma toalha, um avental e que, uma vez acabado de lavar os ps aos discipulos, voltou por a roupa mas sem tirar o avental, que ficou cingido nos seus rins. Insisto neste ponto que fundamental para o dificil discernimento dos espritos. Uma anedota nos pode ajudar: apresentou-se certo dia uma irm religiosa e me disse: padre, na minha comunidade religiosa me designaram para a pastoral juvenil da parquia, qual a minha tarefa? Eu, angelicamente, dei-lhe esta resposta: irm, preciso de uma coisa que est em falta e da qual precisamos imensamente: enquanto decorrem as actividades do grupo juvenil, preciso de voc ajoelhada frente do sacrrio a rezar para esses jovens. Ficou mal, pois evidentemente esperava visibilidade, protagonismo, activismo, retorno afectivo. No discernimento dos espritos em vista da renovao dos ministrios nas nossas parquias, devemos olhar bem e ver se esse avental evanglico est bem cingido nos rins dos futuros ministros. o que o Bispo deve fazer antes de ordenar um dicono ou um sacerdote: so Paolo lhe intima de no ter pressa de impor as mos a ninguem. o que o proco, e a comunidade toda deve fazer: no ter pressa e descirnir. Todos recebemos um plano estratgico com datas e prazos que vo dar o ritmo e acompanhar os prximos meses: 05/07/2015 - Incio de preparao e consciencializao, a todos os nveis, sobre o processo de renovao dos Ministrios, Comisses e Conselhos. 13/09/2015 - Incio da composio e renovao dos Ministrios nvel do Ncleo, Comunidade e Parquia. 15/11/2015 - Composio a nvel das zonas pastorais. Fevereiro de 2016 - Composio das Comisses e Departamentos Arquidiocesanos, constituio do Conselho Pastoral Arquidiocesano e do Conselho Presbiteral. Abril de 2016 - Preparao e tomada de posse. Maio de 2016 - Tomada de posse dos Conselhos Pastorais nas Parquias.Muito bem, belo programa, ambicioso e esperamos poder comprir com estes prazos. Mas onde est o jejum, a orao, a escuta da Palavra? Temos tres trechos dos Actos dos Apstolos que nos dizem claramente que as escolhas se fazem num contexto de orao: a escolha de Matias para sobstituir Judas, a escolha dos sete diconos, o mandato missionrio a Paulo e Barnab. Se me posso permitir, aconselho que se estabelea para toda a diocese e todas as parquias um dia de jejum e orao prolongada com a inteno de invocar o Esprito Santo que nos ilumine e nos indique a quem confiar os ministrios e servios to importantes para o presente e futuro das nossas comunidades. Volto repetir: precisamos da mente de Cristo, da cabea e do corao de Cristo para esse discernimento, e como j dizia a grande Ancilla Domini, No conheo homem...isto : essa mente de Cristo, o homem no a tem por si s e no a pode construir a partir de si. Somente o Esprito Santo capaz de fazer isso. Deus, que no mau, vai-nos dar o seu Esprito se Lho pedirmos!

Outra ateno que devemos ter que todos os membros da igreja devem participar ativamente na igreja, e desde o catecumenado de inserir os membros no corpo, concretamente orientando-os a algum servio-ministrio. So Paulo diz que cada membro recebe um carisma, em vista de um ministrio a exercer para o bem do corpo todo. Os ministros nos devem ajudar a fazer com que todos descubram esse dom e no o enterrem num leno, mas o faam fructificar.

Devemos portanto ultrapassar o vcio da preguia e tibieza, o esprito da dlega, e por isso precisamos de ministros que saibam criar rede, envolver, provocar, estimular aos demais. Ateno: seja no caso do sobstituto de Judas, seja no caso dos sete diconos foi a comunidade a apresentar nomes e pessoas aos Apstolos. Este um percurso que devemos favorecer na comunidade. Quando os nossos representantes dos Apstolos nos falam de preparao e consciencializao esto a dizer isso: convocar a assembleia, formar a comunidade, fazer perceber a gravidade do momento, e sollicitar um tempo de intensa converso e vida espiritual para que a comunidade apresente nomes e pessoas. No podemos resolver a questo com uma rpida votao sem discernimento comunitrio prvio: ns no somos a Assemblia da Repblica que vota por partido de pertena.

Ateno, muita ateno nisso por favor, pois as aparncias se tornaram realidade nesta sociedade dos ologramas lquidos, e temos ministrios nas nossas comunidades que no passam de lugares simonacos, onde se desviam os bens da comunidade para fins pessoais, se fazem dos sacramentos as ocasies de facturao em prol do prprio bolso, dos enterros a celebrao da resurreio da propria conta no banco. Se possvel, evitem-se a troca de cadeiras e as passagens automticas em que o adjunto anterior passa a ser o responsvel actual. Verdade que trigo e joio sempre crescem juntos, mas a esperteza da cobra tambm nos pedida pelo nosso Mestre Jesus.

Estas e outras indicaes prticas espero possam ajudar e peo desculpa se, a nvel pastoral, esta minha interveno resultou deficiente. S quero concluir pelo ponto do qual devia ter comeado, e que so Paulo chama de Melhor caminho a seguir: a caridade. Tudo seja feito na caridade e em vista da caridade, que depois entre ns, discipulos e discipulas de Cristo, a unica coisa que verdadeiramente importa. Muito obrigado Pe. Giuseppe Meloni scj

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