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VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental VII-010 - INTER-RELAÇÕES ENTRE SAÚDE PÚBLICA E SANEAMENTO NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA Dione da Conceição Miranda Engenheira Química pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, (UFRuRJ, 1985); Engenheira de Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-Fiocruz, 1987); Msc Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo( UFES, 1999); Engenheira de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal do Espírito Santo( UFES, 2000); Engenheira Sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde de Vitória – ES . Endereço : Av. Marechal Mascarenhas de Moraes 1.185 Forte São João, Vitória - ES - CEP: 29010-331 - Brasil - Tel: +55 (27) 3132-5021 - Fax: +55 (27) 3132-5048 - e-mail: [email protected] RESUMO Neste trabalho são avaliadas as inter-relações entre o saneamento ambiental, fatores sócio-econômicos, epidemiológicos, e ambientais, como condições favoráveis a disseminação dos patógenos investigados, buscando confronta-las com o material de revisão bibliográfica pesquisado e sugerir caminhos para a definição de prioridades nas políticas públicas dos setores de saneamento e meio ambiente que resultem em impactos significativos para a saúde pública. PALAVRAS-CHAVE : Saneamento, Saúde pública, Saúde Ambiental, Qualidade de vida INTRODUÇÃO A tendência mundial de quebrar as fronteiras que separam os povos e suas economias chegou às ciências tentando globalizar o conhecimento em grande velocidade. Contudo, a realidade nos mostra um país de contrastes imensos, onde questões elementares como o saneamento não foram resolvidas, gerando um quadro na Saúde Pública que revela o atraso histórico do Brasil. Acreditamos que como primeira etapa para a redução deste atraso devemos ampliar o conhecimento sobre a realidade da situação do saneamento básico, inter-relacionando-o às questões ambientais e à Saúde Pública . CONSIDERAÇÕES : A evolução do saneamento, bem como a sua inter-relação com as políticas públicas, na área de saúde pública, tem uma história que transcorre em paralelo ao desenvolvimento das civilizações. Povos antigos como os hindus, chineses, hebreus, gregos egípcios, romanos e astecas tinham conhecimentos na área de saneamento e realizavam obras extraordinárias como aquedutos, poços, coletores de dejetos, clarificação de água, distribuição de água, irrigação, elevação mecânica, e uso de dejetos como fertilizantes. Contudo, na Idade Média houve um retrocesso deste desenvolvimento ao ponto de o consumo per capita de água chegar a 1 litro por dia na Europa, ou seja, durante cerca de mil anos não se tomou banho. Ocorreram neste período inúmeras e sucessivas epidemias, e todo o conhecimento anterior restrito basicamente ao clero, se perdeu, não se tornando de domínio público (Menezes, 1984). O avanço das ciências, em especial a microbiologia ambiental, concorreu para o resgate e também avanços na área do saneamento. Segundo Feachem et al. (1983), a preocupação com a destruição de organismos patogênicos originou-se destes avanços. Não se deve também excluir as importantes mudanças sócio-econômicas e políticas da sociedade, que possibilitaram a institucionalização de vários dos conceitos sobre saneamento e salubridade dos ambientes. As intervenções visando restabelecer a salubridade ao espaço público, combater as doenças infecciosas e pensar a cidade de forma integral considerando fatores de fundamental importância como as condições de habitação e o afastamento das águas de chuva, passam a figurar no planejamento e nas políticas públicas uma vez que a sociedade como um todo foi afetada pelo comprometimento da força de trabalho. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

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VII-010 - INTER-RELAÇÕES ENTRE SAÚDE PÚBLICA E SANEAMENTO NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA

Dione da Conceição Miranda Engenheira Química pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, (UFRuRJ, 1985); Engenheira de Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-Fiocruz, 1987); Msc Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo( UFES, 1999); Engenheira de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal do Espírito Santo( UFES, 2000); Engenheira Sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde de Vitória – ES . Endereço : Av. Marechal Mascarenhas de Moraes 1.185 Forte São João, Vitória - ES - CEP: 29010-331 -Brasil - Tel: +55 (27) 3132-5021 - Fax: +55 (27) 3132-5048 - e-mail: [email protected] RESUMO Neste trabalho são avaliadas as inter-relações entre o saneamento ambiental, fatores sócio-econômicos, epidemiológicos, e ambientais, como condições favoráveis a disseminação dos patógenos investigados, buscando confronta-las com o material de revisão bibliográfica pesquisado e sugerir caminhos para a definição de prioridades nas políticas públicas dos setores de saneamento e meio ambiente que resultem em impactos significativos para a saúde pública.

PALAVRAS-CHAVE : Saneamento, Saúde pública, Saúde Ambiental, Qualidade de vida INTRODUÇÃO

A tendência mundial de quebrar as fronteiras que separam os povos e suas economias chegou às ciências tentando globalizar o conhecimento em grande velocidade. Contudo, a realidade nos mostra um país de contrastes imensos, onde questões elementares como o saneamento não foram resolvidas, gerando um quadro na Saúde Pública que revela o atraso histórico do Brasil.

Acreditamos que como primeira etapa para a redução deste atraso devemos ampliar o conhecimento sobre a realidade da situação do saneamento básico, inter-relacionando-o às questões ambientais e à Saúde Pública .

CONSIDERAÇÕES :

A evolução do saneamento, bem como a sua inter-relação com as políticas públicas, na área de saúde pública, tem uma história que transcorre em paralelo ao desenvolvimento das civilizações. Povos antigos como os hindus, chineses, hebreus, gregos egípcios, romanos e astecas tinham conhecimentos na área de saneamento e realizavam obras extraordinárias como aquedutos, poços, coletores de dejetos, clarificação de água, distribuição de água, irrigação, elevação mecânica, e uso de dejetos como fertilizantes. Contudo, na Idade Média houve um retrocesso deste desenvolvimento ao ponto de o consumo per capita de água chegar a 1 litro por dia na Europa, ou seja, durante cerca de mil anos não se tomou banho. Ocorreram neste período inúmeras e sucessivas epidemias, e todo o conhecimento anterior restrito basicamente ao clero, se perdeu, não se tornando de domínio público (Menezes, 1984).

O avanço das ciências, em especial a microbiologia ambiental, concorreu para o resgate e também avanços na área do saneamento. Segundo Feachem et al. (1983), a preocupação com a destruição de organismos patogênicos originou-se destes avanços. Não se deve também excluir as importantes mudanças sócio-econômicas e políticas da sociedade, que possibilitaram a institucionalização de vários dos conceitos sobre saneamento e salubridade dos ambientes. As intervenções visando restabelecer a salubridade ao espaço público, combater as doenças infecciosas e pensar a cidade de forma integral considerando fatores de fundamental importância como as condições de habitação e o afastamento das águas de chuva, passam a figurar no planejamento e nas políticas públicas uma vez que a sociedade como um todo foi afetada pelo comprometimento da força de trabalho.

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No Brasil, as principais cidades no início do século, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife, por serem pontos de ligação do comércio exterior para escoamento da produção primária nacional, tiveram os primeiros esforços coordenados para implementação de obras e serviços públicos que visavam a melhoria das condições de saúde através do abastecimento de água, afastamento dos esgotos e lixo urbano e drenagem de ruas, (Marques E.C ,1995). As possíveis variáveis a serem utilizadas para as Avaliações de Impacto sobre a Saúde incluem, entre outras, a morbidade e a mortalidade por doenças diarreicas, o estado nutricional e a ocorrência de nematóides intestinais (Briscoe et al., 1986). Vemos ainda que cerca de 90% das doenças infecciosas hídricas se enquadram nos casos em que a transmissão se dá na água ou pela falta de água, e conduz a casos de diarréias em crianças, sobretudo menores que 2 anos. Com exceção das doenças infecciosas de pele e de olhos por exemplo sarna e tracoma , todas as demais são entéricas, chamadas feco-orais, com transmissão através da contaminação por matéria fecal através da ingestão oral. Feachem (1977), quebrou a assumpção de que as infeções intestinais se davam principalmente ou quase que exclusivamente pela água, e declarou que toda doença potencialmente transmitida pela água pode ser igualmente transmitida por falta de higiene, elevando com isto a preocupação com a transmissão de doenças entéricas que constituem uma endemia entre as populações de baixa renda. Outro fator importante quando se fala do impacto do saneamento na saúde, é o custo dos serviços, exemplificado aqui por (Cairncross & Kinnear 1992), que estudaram o impacto do custo da água na saúde em comunidade de baixa renda em Khartoum-Sudão e concluíram que a variação da demanda conduziu à constatação de que alguns disponibilizavam até 44% da sua renda para o consumo de água. Observaram também que algumas famílias deveriam utilizar até 90% de sua renda com alimentação, o que significa que a comida foi sacrificada para o consumo de água, com um impacto significativo no quadro de desnutrição (Cairncross & Kinnear, 1992). A qualidade de vida que é o resultado das condições de alimentação, abastecimento de água, moradia, transporte, destinação dos esgotos e do lixo, emprego, renda, escola, seguridade, qualidade do ar, lazer, higiene e segurança do trabalho (Menezes, 1984), é um outro fator fundamental, já que o saneamento básico, compreendendo o abastecimento de água em compatibilidade com os padrões de potabilidade e em quantidade suficiente para garantir a higiene adequada, a coleta, tratamento e disposição dos esgotos e do lixo , a drenagem urbana das águas pluviais e controle ambiental de roedores, insetos helmintos e outros vetores transmissores e reservatórios de doenças, não pode ser analisado isoladamente, devendo ser inter-relacionado com a mesma. Considera-se também a importância dos indicadores epidemiológicos que relacionam saúde pública e saneamento básico, já que alguns agentes etiológicos são eliminados , reduzidos ou têm seus tempos de sobrevida extremamente influenciados pela qualidade da água de abastecimento, ou o afastamento e tratamento dos esgotos, modificando consequentemente a prevalência dos agravos a eles relacionados.

Na África, dois campos de refugiados foram comparados e concluiu-se que o acesso a banheiro com disposição dos esgotos foi mais efetivo na redução de diarréias que o acesso a uma maior quantidade de água ou água de melhor qualidade, como visto na tabela 01 a seguir:

Tabela 01 - Mortalidade por Diarréia x Condições Ambientais em duas populações de refugiados

moçambicanos no Zimbabwe e Malaui, Ago/92 . Mortalidade Zimbabwe /Chambuta

1,5/10.000 dia Malaui /Lisungue

0,25/10.000 dia Consumo de Água 17 l/pessoa dia 11 l/pessoa. dia Cloração 100% 20% Relação Pessoa/Banheiro 290 14 Fonte: Roberts(1997)

Não deve também ser esquecido o efeito "confusão", como veremos a seguir, quando observamos as intervenções sanitárias. As intervenções sanitárias se baseiam em modelos conceituais que para o abastecimento de água já estão mais desenvolvidos. Contudo, segundo Cairncross (1997), aplicam-se a outras intervenções, como ilustrado pelos princípios a seguir: • As suposições não são sempre apoiadas pela pesquisa científica; • O impacto depende das condições preexistentes;

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• O custo da intervenção sanitária pode minar qualquer benefício a saúde nas populações carentes. Há, um critério a mais a ser considerado que é a escolha do grupo controle em que múltiplos fatores podem interferir nas conclusões e resultados.

Se uma família com banheiro melhorado, com torneira em casa, ou lata de lixo fechada, tiver condições de saúde diferentes das famílias vizinhas, não significa que exclusivamente esta melhoria causou o impacto positivo, uma vez que a família que tem esta tendência, provavelmente é mais educada e consciente da importância da higiene, (Cairncross, 1997).

Pode-se então concluir que toda análise multifatorial deve ser interpretada com cautela, uma vez que os fatores sócio-econômicos, quando se analisam indicadores como diarréias e helmintíases, são avaliados de forma indireta e podem ser considerados fatores de confusão. Observemos, por exemplo, que na cidade, a densidade populacional acrescentada ao risco de inundação, que é considerável nos bairros carentes, acarreta um risco especial à saúde onde não há saneamento. As crianças, sobretudo, correm o risco de infecção, devido ao uso de espaços públicos que freqüentemente servem à defecação ou sofrem contaminação por valas a céu aberto. Essas crianças podem introduzir nas suas famílias as infecções adquiridas no meio. Moraes,(1997) abordando a questão do impacto à saúde das ações de saneamento ambiental em áreas pauperizadas diz que: Os riscos de infecção de uma população estão relacionados à sua densidade, condições de habitabilidade, à concentração e tipo de agentes patogênicos a que se expõe, e a suscetibilidade das populações; A ausência de saneamento ambiental, particularmente da disposição de excretas humano / esgotos sanitários, facilita a contaminação fecal do solo e do ambiente doméstico, compromete a higiene pessoal e as práticas adequadas de preparo e consumo de alimentos, criando desta forma, condições propícias à proliferação dos agentes associados à diarréia infecciosa, facilitando a transmissão de altas doses de agentes infectantes; Infecções intestinais por helmintos também têm sido utilizadas como indicadores epidemiológicos. Estas infecções constituem-se nas mais comuns em seres humanos em todo o mundo, sendo que as infecções por nematóides transmitidas pelo solo estão entre as mais prevalentes e são a maior causa de morbidade em crianças escolares dos países em desenvolvimento(Savioli et al.,1992; World Bank, 1993). Esta situação se agrava em áreas de população de baixa renda, freqüentemente contaminadas por ovos e larvas de helmintos intestinais, devido a disposição inadequada de excretas humanos / esgotos sanitários. Outros autores citam ainda, como de grande importância a educação em saúde e o uso correto dos serviços de saneamento pela população, onde deve-se considerar aspectos culturais além dos sócio-econômicos através de equipe multi-disciplinar que inclua antropólogos, sociólogos epidemiologistas, educadores e outros Aziz et. al. (1990). Geralmente os estudos coincidem em demonstrar, mesmo com metodologias diferentes e resultados nem sempre concordantes, o impacto positivo do esgotamento sanitário e abastecimento d’água sobre a morbidade por doenças diarréicas (VanDerslice & Bricoe, 1995). É uma constatação que as áreas de saneamento e ambiental têm um crônico distanciamento da saúde pública. Tal distanciamento necessita ser superado, por um lado, a partir de um melhor conhecimento dessa relação no contexto brasileiro, e por outro, mediante a construção de instrumentos efetivos que apoiem as ações práticas.(Heller, 1997). As linhas de pesquisas da UFMG - Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - têm tentado integrar a problemática do saneamento, meio ambiente e saúde pública. A base conceitual se apoia em: - identificar a associação entre as condições ambientais e saúde, para aspectos da realidade brasileira; - avaliar mecanismos ambientais de veiculação de doenças, especialmente endêmicas, visando fornecer

subsídios para o seu controle; - investigar e otimizar tecnologia de saneamento sob a ótica de proteção à saúde (Heller, 1997). É apresentado a seguir, o quadro 01 de conceitos para a integração entre saúde e condições ambientais.

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Quadro 01 - Base conceitual da investigação sobre a saúde e ambiente na linha de pesquisa do impacto das condições do ambiente sobre a saúde. Ponto de Partida Hipótese Exemplo

Estudo Epidemiológico Tradicional

Agravo à saúde Fatores etiológicos

Fatores etiológicos da transmissão da esquistossomose

Epidemiologia Ambiental

Condições ambientais

Impacto à saúde Indicadores

Impacto sobre a saúde de condições inadequadas do saneamento

Estudo epidemiológico tradicional com perspectiva ambiental

Agravo à saúde Determinantes Ambientais

Determinantes ambientais da transmissão da esquistossomose

Avaliação e Desenvolvimento de Tecnologia

Tecnologia de saneamento e de controle ambiental

Eficiência na proteção à saúde

Remoção de protozoários em processos de tratamento de água

Fonte: Heller (1997). Há que considerar-se ainda a influência dos fatores geográficos segundo Koopman et. al. (1978) e a prevalência dos agravos e qualidade de vida, Corteguera (1989). A Organização Pan Americana de Saúde/OMS propõe uma ação multi-disciplinar e integrada entre os órgãos de saúde pública levando em conta os fatores ambientais e seus respectivos controles, de tal forma que se contribua para a promoção da saúde, já que muitas políticas públicas têm impacto direto no estado de saúde da população. Contudo o consenso sobre os objetivos de tais políticas relaciona-se à avaliação do impacto das mesmas, o que nem sempre é possível, (Caporali, 1997). Em vista de toda a discussão sobre a questão, para os fins de valoração e hierarquização da qualidade de vida, no município de Vitória-ES, optou-se por utilizar um trabalho de estatística social realizado pela Secretaria de Ação Social da PMV (Prefeitura Municipal de Vitória), em que entrevistas e pesquisa de campo foram realizadas com vistas ao planejamento municipal e tendo em vista a coerência de visão quando se analisam as políticas públicas de áreas administrativas já delineadas. Como o requisito principal deste trabalho é inter-relacionar saneamento e saúde pública faz-se necessário testar e/ou desenvolver técnicas avaliativas e indicadoras para acompanhamento das mudanças advindas das políticas de saneamento que possam vir a ser úteis. O que insere a avaliação dos riscos ambientais e sanitários à saúde pública, com avaliações que forneçam subsídios a ações de planejamento em Saneamento Ambiental e Saúde Pública no Município de Vitória - ES. O sistema de coleta de informações adotado, foi a obtenção de dados secundários, tais como, sistemas de coleta e tratamento dos esgotos nas regiões, dados sócio-econômicos do trabalho de estatística social da Secretária Municipal de Ação Social para o projeto Vitória do Futuro (1996), dados da Rede Municipal de Saúde, referentes às doenças diarréicas e helmintíases, e também análises de patógenos nas amostras do esgoto in natura.

Principais Microorganismos pesquisados e encontrados nas amostragens Quando se aborda a questão da interação entre saneamento e saúde pública os microorganismos que apresentam maior importância são aqueles presentes nas fezes humanas, em especial, protozoários e helmintos, apresentados a seguir. Os Protozoários encontrados em fezes e identificados nas amostragens do esgoto in natura, foram : Giardia lamblia; Entamoeba histolítica ; Balanticlium coli . Helmintos Os helmintos listados a seguir são os identificados neste trabalho: Ancilostomideos, Ascaris lumbricoides, Strongyloides stercoralis, Enteróbius vermicularis, Hymenolepis nana. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO

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Descrição Física da Área do Município de Vitória

O Município de Vitória possui 81km² , localiza-se na Ilha de Vitória, compreendendo 19,79% da população do estado. Seus recursos naturais, nos últimos 40 anos, vêm sofrendo intensa degradação, em razão do uso e ocupação irregular do solo, decorrente de fortes correntes migratórias. Isto foi intensificado no final dos anos 70 e por toda a década de 1980, em razão, principalmente, da implantação dos grandes complexos industriais na região. Tabela 02 - Dados de população por região REGIÕES DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO Absolutos Relativos (%) Região I Goiabeiras 52.611 20 Região II Maruípe 63.033 24 Região III Centro 24.474 10 Região IV Sto. Antônio 29.488 11 Região V Jd. Camburi 16.181 7 Região VI São Pedro 20.691 8 Região VII Forte São João 53.733 20 Município 260.211 100 Fonte: PMV/SEMAS - Dados obtidos da “Pesquisa do Consumidor-1993” do IJSN, tabulados pela SEMAS/PMV-1996

Dados sobre a Coleta/Tratamento dos Esgotos no Município Apenas 27% da população têm seus esgotos coletados por rede tipo separador absoluto e encaminhados para tratamento coletivo. O restante vai para a rede de drenagem com ou sem tratamento individual. O tratamento individual ,quando existe, é composto de fossa séptica e filtro anaeróbio, uma forma de tratamento que é exigida para empreendimentos comerciais e residências desde 1985 no Município. A rede de drenagem cobre cerca de 80% da área do município. Existem em Vitória atualmente os sistemas coletivos de tratamento de: - Jardim Camburi (Região V)- Sistema de Lagoas (Aerada e Facultativa); - Santa Tereza (Região IV) - Lodo ativado por aeração prolongada ; - Nova Palestina (Região VI ) - Decanto digestor. Existe um programa, sem data prevista para a conclusão de sua implantação, que visa construir redes e estação de tratamento para os esgotos do município. O PRODESPOL (Programa de Despoluição dos Ecossistemas Litorâneos), que em parceria com o Banco Mundial (BIRD) deverá atender a comunidades litorâneas, com o objetivo de despoluir o litoral do Espírito Santo, cuja proposta para o município de Vitória prevê contemplar 22 bairros da zona norte, beneficiando 63.175 habitantes Este programa que se encontra interrompido, não prevê o atendimento integral à população do município. Por esta razão é possível que não seja alcançado um dos objetivos maiores de um investimento de tal vulto, que certamente deveria ser a saúde pública. Ao observar-mos esta distorção torna-se mais urgente e premente integrar os órgãos gestores da saúde pública, saneamento e meio ambiente, através de uma atuação multi-disciplinar. Dados Sócio-Econômicos e Epidemiológicos Perfil Sócio Econômico da População de Vitória Data dos últimos trinta anos o problema da favelização no município de Vitória, sendo que estudos recentes do Departamento de Habitação da Secretaria Municipal de Ação Social dão conta de que em torno de 70 mil pessoas habitam os morros da cidade e cerca de 45 mil ocupam extensas áreas do manguezal em processos de urbanização recente. Nessas regiões predominam moradores com renda média inferior a 2,5 salários mínimos. Percebe-se no município de Vitória, apesar do pequeno tamanho da ilha, uma clara diferenciação da localização espacial dos pobres. Considerando um conjunto de informações sócio-econômicas do trabalho de estatística social da SEMAS-PMV, sobre as características das pessoas e dos domicílios, a PMV hierarquizou as 7 regiões administrativas existentes atribuindo valores (positivo e negativo) e pesos, que indicam o nível de qualidade de vida dos moradores segundo as características consideradas. Isto é, características de pessoas (idade, escolarização, dados em relação ao trabalho, renda, aquisição de bens de consumo duráveis) e domicílio (infra-estrutura,

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características de construção, instalações sanitárias). Os pesos variam de -7 a 7, crescendo do fator negativo para o fator positivo. Os dados da SEMAS-PMV são apresentados na tabela 03 e a seguir

Tabela 03 - Indicadores Sociais por Região Administrativa de Saúde 1 FATOR +

OU - REGIÃO ADMINISTRATIVA DE SAÚDE

I II III IV V VI VII

Pessoais Idade: até 6 anos 7 a 14 15 a 59 60 + Cursos 1ª até 4ª série

5ª a 8ª série 2º grau superior nenhum Trabalho tem trabalho procura trabalho + sem ocupação carteira assinada posição na ocupação empregado conta própria renda mediana renda até 2 salários mínimos Bens: geladeira liqüidificador moedor de carne rádio televisão

+ + + + - - + + - + - + + - + - + + + + +

7 3 2 6 6 6 7 5 5 4 6 6 6 6 6 7 7 6 4 5 6

6 2 3 5 5 2 2 7 6 5 7 3 2 7 7 6 6 7 6 6 4

2 7 7 7 7 5 6 6 7 7 1 2 1 2 5 4 5 5 7 7 7

5 6 4 3 4 4 5 4 4 6 4 4 5 4 4 5 2 2 5 2 2

3 5 6 4 1 3 4 3 3 3 3 5 7 5 2 2 4 4 3 3 3

4 4 5 2 2 1 3 2 2 1 5 7 4 3 3 3 3 3 2 4 5

1 1 1 1 3 7 1 1 1 2 2 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1

Fonte : SEMAS – PMV.

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Tabela 03 Indicadores Sociais por Região Administrativa de Saúde cont.) Domicílios Próprio (pago + água) + 5 7 1 2 3 4 6 alugado + cedido - 4 6 1 2 3 5 7 parede de alvenaria + 7 5 6 2 3 4 1 piso madeira + 7 4 6 3 5 1 2 piso cimento + cerâmica + 1 3 2 6 5 7 4 terreno urbanizado + 7 5 6 3 2 1 4 morro urbanizado + não urbanizado - 7 6 4 3 2 1 5 lixo coletado + 7 6 5 3 4 2 1 filtragem d’água + 6 7 5 2 4 3 1 fervura d’água + 2 1 5 4 7 6 3 banheiro completo + 7 6 5 3 4 2 1 cozinha completa + 7 6 5 2 3 4 1 Total 18

3 166

158 123 121

108 69

Pessoas 47 38 54 43 32 25 17 Trabalho 41 37 22 32 27 26 11 Bens 28 29 31 13 17 17 05 Domicílio 67 62 31 35 45 40 36 Classificação da região 2ª 5ª 4ª 6ª 1ª 7ª 3ª Fonte: SEMAS/PMV PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA Os dados epidemiológicos apresentados nas tabelas 04 e 05 em anexo apresentam os números de doenças infecciosas intestinais e helmintíases do município de Vitória, obtidos na rede ambulatorial da SEMUS a partir dos boletins únicos de produtividade emitidos a cada procedimento médico. Estes boletins, de controle da produtividade e para repasse de recursos pelo SUS, no atual modelo de gestão em saúde da SEMUS-PMV, são portanto os dados mais confiáveis disponíveis MATERIAL E MÉTODOS O Método de trabalho desenvolvido foi o estudo ecológico descritivo em que agrupamentos populacionais divididos em regiões administrativas de saúde, foram avaliados levando-se em consideração aspectos multi-disciplinares tais como : indicadores sócio-econômicos, saneamento básico, prevalência de agravos (diarréias e helmintíases), além de aspectos geográficos e ambientais e amostragens e análises dos esgotos.

Os esgotos domésticos foram analisados in natura para que se observasse a presença de organismos (protozoários e helmintos) como indicativos da contaminação da população em geral. O plano de amostragem de campo foi realizado a partir das redes coletoras de esgotos in natura da PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) e da CESAN (Companhia Espírito-Santense de Saneamento). O critério para escolha dos pontos amostrados foi a maior contribuição de esgotos possível, sendo selecionados pontos da rede ou entroncamentos de ruas no sopé de morros. Utilizou-se mapas de redes do município com a colaboração da.Secretaria Municipal de Obras (SEMOB-PMV). Foram amostrados 5 pontos em cada uma das sete regiões de Saúde em que o município é dividido. A distribuição destes pontos levou em consideração os critérios mencionados acima, além da distribuição espacial de cada região, de modo que os resultados espelhassem as condições mais próximas da realidade dos bairros nela contidos. Pontos Amostrados. Região I - Goiabeiras 1 - Rua Profª. Isaura M. Silva com Prof. Fernando Rabelo 2 - Rua Profª. Isaura M. Silva com Av. Jerônimo Vervloet 3 - Rua Profª. Isaura M. Silva com Mario F. Borges 4 - Rua Alberto B. Rosa

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5 - Rua Leopogildo G. Salles Região II - Maruípe 1 - Av. Leitão da Silva com Rua Arlindo Sodré 2 - Rua Emílio Ferreira da Silva 3 - Rua Ozias Sarmento Rodrigues 4 - Rua Manoel Marques 5 - Rua da Feira de Consolação Região III - Centro 1 - Rua Wilson Freitas 2 - Rua Sete de Setembro 3 - Parque Moscoso 4 - Rua Jurema Barroso 5 - Vila Rubim - Mercado do Peixe Região IV - Santo Antônio 1 - Av. Dario Lourenço 2 - Prainha de Santo Antônio 3 - Rua Manoel Soares de Mello 4 - Galeria de Inhanguetá 5 - Rua do Colégio Maristéla de Novaes Região V - Jardim Camburi 1 - Av. Dante Micheline com Oswaldo B.S.Freitas 2 - Av. Dante Micheline com Rua José Celso Cláudio 3 - Av. Dante Micheline com Rua Fortunato A. Magno 4 - Rua Astrogildo R. dos Santos 5 - Entrada da E.T.E. de Jardim Camburi. Região VI - São Pedro 1 - Rua Nossa Senhora da Conceição 2 - Rua São Pedro 3 - Escadaria João Apolinário 4 - Rua da Creche - Ilha das Caieiras 5 - Rua dos Bandeirantes (Av. Beira Mar). Região VII - Forte São João 1 - Rua Joaquim Lyrio 2 - Av. Renato N. Daher Carneiro 3 - Rua da Cruz do Papa 4 - Estação de Bombeamento da Ilha da Fumaça 5 - Rua Ormando Aguiar (Morro do Romão) As análises de coliformes fecais foram realizadas pelo laboratório da CESAN (Companhia Espirito-Santense de Saneamento) utilizando-se o método de tubos múltiplos. As análises de ovos de helmintos e cistos de protozoários foram realizadas pelo laboratório de analises patológicas da SEMUS (Secretaria Municipal de Saúde da PMV) através do Método Hoffmamm de sedimentação espontânea. As análises tiveram caráter quantitativo para coliformes fecais, e qualitativo para helmintos e protozoários. As amostragens foram realizadas durante 7 segundas-feiras, uma para cada região, sendo que as amostras dos 5 pontos por região foram coletados em um único dia, sempre pela manhã, através de coleta simples e instantânea. Embora a coleta composta espelhe melhor as características dos esgotos, optou-se pela coleta instantânea e simples devido as restrições para coletas em vias públicas, quase sempre movimentadas, aos prazos limitados para a entrega das amostras nos laboratórios da CESAN e SEMUS e ao número de análises cedidas. Para evitar-se a contaminação, a coleta foi realizada em recipientes esterilizados para as análises de colimetria, com identificação em campo. Foram usadas luvas descartáveis e o recipiente (balde suspenso por uma corda, ambos novos e usados exclusivamente para a coleta de esgotos) usado nas coletas foi "escovado" com o esgoto a cada amostra coletada de modo a que uma amostra não mascarasse a imediatamente subsequente, e lavado ao final de cada dia de coleta. Os resultados são apresentados e discutidos mais a frente . Os dados epidemiológicos foram obtidos no setor de informações da Secretaria Municipal de Saúde de Vitória.

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Os dados referem-se exclusivamente ao ano de 1997, com a finalidade de se estabelecer comparações com os dados de campo obtidos neste mesmo ano. A análise dos dados e informações pesquisados, assim como aqueles obtidos no desenvolvimento do presente trabalho, seguiu uma metodologia que envolve a compreensão das interações entre fatores ambientais e a saúde dos indivíduos de uma comunidade. A análise das 7 regiões de saúde do município, que será apresentada no capítulo seguinte, buscará mostrar a relação entre o perfil sócio-econômico e os índices de diarréias infecciosas e helmintíases. Essas informações quando cruzadas com a presença ou não do saneamento ambiental, conduzem a um modelo em que se procura integrar a visão ambiental e a investigação sobre saúde pública, com enfoque especial para o afastamento e tratamento dos esgotos domésticos versus taxas de prevalência de diarréias e helmintíases, apresentado na figura 01 a seguir. Figura 01 - Base conceitual para a avaliação da inter-relação saneamento/saúde Base Conceitual

Nível

Sócio-ecônomico

Afastamento dos Esgotos e Fatores

Ambientais

Presença de microorganismos e patologias

ligadas a falta de Saneamento

Este modelo se baseia em modelo teórico adaptado de ATSDR, 1992 apud Almeida & Vermelho (1997) e tem a finalidade de possibilitar uma avaliação concreta da situação de Saúde Pública, sem esquecer as possíveis mudanças dos fatores de risco, tais como mudanças de nível sócio-econômico e aprimoramento na prestação de outros serviços de saneamento ambiental (fornecimento de água, coleta de lixo e drenagem, servindo esta última como fator preponderante no afastamento dos esgotos domésticos e águas contaminadas). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os fatores aqui considerados são: o saneamento, em especial o afastamento dos esgotos, o nível sócio-econômico, o perfil epidemiológico das doenças diarréicas e helmintíases por região, aspectos ambientais e geográficos relevantes das regiões em análise , bem como a presença de Coli fecal, helmintos e protozoários nas amostragens de esgotos in natura coletados.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS As tabelas 06, 07 e 08 a seguir apresentam a relação entre as regiões administrativas de Vitória, os serviços de saneamento ofertados e as patologias ligadas a falta de saneamento de interesse deste trabalho, e uma exposição dos fatores analisados.

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Tabela 06 Regiões Administrativas de Vitória e Serviços de Saneamento Ofertados, 1997.

SERVIÇOS REGIÕES

SISTEMAS COLETIVOS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

ÁGUA E COLETA DE LIXO

I GOIABEIRAS PARCIAL* EFICIENTE** INTEGRAL II MARUÏPE INEXISTENTE INTEGRAL III CENTRO INEXISTENTE INTEGRAL EFICIENTE IV SANTO ANTÔNIO PARCIAL* INEFICIENTE** INTEGRAL EFICIENTE V JARDIM CAMBURI INTEGRAL EFICIENTE** INTEGRAL EFICIENTE VI SÃO PEDRO PARCIAL* INEFICIENTE** PARCIAL* EFICIENTE VII FORTE SÃO JOÃO INEXISTENTE INTEGRAL EFICIENTE * Não há cobertura integral do serviço à população. ** A eficiência refere-se a remoção de helmintos e protozoários. Tabela 07 Regiões Administrativas de Vitória e Doenças Relacionadas à Deficiência de Saneamento, 1997.

N.º de casos por 1000 hab. REGIÕES

DIARRÉIAS INFECCIOSAS

HELMINTÍASES OBS: CLASSIFICAÇÃO POR QUALIDADE DE VIDA

I GOIABEIRAS 12,06 38,03 2ª II MARUÍPE 7,73 60,60 5ª III CENTRO 16,99 47,02 4ª IV SANTO ANTÔNIO 33,40 90,85 6ª V JARDIM CAMBURI 5,19 7,84 1ª VI SÃO PEDRO 47,89 193,65 7ª VII FORTE SÃO JOÃO 13,19 34,85 3ª OBS.: Há aproximadamente uma ordem inversa entre a qualidade de vida e a taxa de doenças diarréicas e helmintíases por 1.000 hab. Os resultados mostram que a presença ou não de saneamento básico interfere na saúde pública, pois as melhores medidas preventivas são o esgotamento sanitário, drenagem, abastecimento de água para limpeza das casas e ruas, além da relação entre pobreza e as epidemias como citam Oliveira et al.(1989) e Freitas et al.(1990)

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Tabela 08 - Fatores considerados neste trabalho.

Pop. (hab.)

52.611

63.033

24.474

29.488

16.181

20.691

53.733

R.A. I II III

IV V

VI VII

QV 2 a

5 a

4 a

6 a

1 a

7 a

3 a

D.D. (casos/1000)

12,06

17,73

16,99

33,40

5,19

47,89

13,19

HEL. (casos/1000)

38,03

60,60

47,02

90,85

7,84

193,65

34,85

CF/100ml NMP

10 6

10 6

10 610 7

10 6

10 5

10 610 7

10 510 6

N o

de pontos

.contaminados.

2

3

2

4

___

5

1

Os gráficos 01 e 02 a seguir apresentam as doenças diarréicas, helmintíases, e número de pontos contaminados por região de saúde, 1997. Gráfico 01 Doenças diarréicas e Helmintíases por região de saúde, 1997. Dados da rede ambulatorial municipal, 1997.

DOENÇAS DIARRÉICAS E HELMINTÍASES POR REGIÃO DE SAÚDE

050

100150200250

I II III IV V VI VII

REGIÕES DE SAÚDE

N. d

e ca

sos

DDHEL

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Gráfico 02 Número de pontos contaminados por região de saúde, 1997. Dados de campo,1997

A análise que se segue envolverá as 7 regiões de saúde de Vitória -ES identificadas no mapa da figura 02 a seguir :

N. de PONTOS CONTAMINADOS por REGIÃO de SAÚDE

23

24

5

10246

I

II

III

IV

V

VI

VII

REGIÕES DE SAÚDE

N. d

e po

ntos

co

ntam

inad

os

N. p cont.

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Figura 02 - Mapa das Regiões Administrativas de Saúde de Vitória

Área II Pop.: 63.033 17,73 Doenças Diarréicas 60,60 Helmintíases 5ª qualidade de vida 3 pontos contaminados

Área III Pop.: 24.474 16,99 Doenças Diarréicas 47,02 Helmintíases 4ª qualidade de vida 2 pontos contaminados

Área VII Pop.: 53.733 13,19 Doenças Diarréicas 34,85 Helmintíases 3ª qualidade de vida 1 ponto contaminado

Área IV Pop.: 29.488 33,40 Doenças Diarréicas 90,85 Helmintíases 6ª qualidade de vida 4 pontos contaminados

Área VI Pop.: 20691 47,89 Doenças Diarréicas 193,65 Helmintíases 7ª qualidade de vida 5 pontos contaminados

Área V Pop.: 16.181 5,19Doenças Diarréicas 7,84 Helmintíases 1ª qualidade de vida S/ pontos

Área I Pop.: 52.611 12,06 Doenças Diarréicas 38,03 Helmintíases 2ª qualidade de vida 2 pontos contaminados

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Região I - Goiabeiras O gráfico 03 a seguir apresenta, os números de doenças diarréicas e helmintíases na Região I, ano de 1997. Gráfico 03 Relação de doenças diarréicas e helmintíases na Região I, 97.

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

1 2 0 0

D o e n ç a s D ia r r é ic a s H e lm in t ía s e s

1 ºS e m e s t r e2 ºS e m e s t r e

Nº d

e ca

sos

Dados da rede Ambulatorial da SEMUS-PMV (1997). Os dados de campo obtidos em 5 pontos amostrados são apresentados a seguir : Quadro 02 Resultados das análises de campo na região I . Pontos Helmintos Protozoários 1 - - 2

Ascaris lumbricoides -

3 Strongiloides stercoralis

-

4 - - 5 - - Dados de julho de 1997. Obs: Em todos os pontos, o índice de Coli Fecal foi de 106/100ml indicando um esgoto bruto com característica de médio. Na Região I, pode-se considerar uma grande homogeneidade no que se refere a oferta de serviços como água de qualidade, coleta de lixo e rede de esgotos.

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Região II – Maruípe O gráfico 04 a seguir apresenta, os números de doenças diarréicas e helmintíases na Região II, ano de 1997. Gráfico 04 Relação de doenças diarréicas e helmintíases na Região II, 97.

0

500

1000

1500

2000

2500

Doenças Diarréicas Helmintíases

1ºSemestre2ºSemestre

Nº.

de c

asos

Dados da rede Ambulatorial da SEMUS-PMV (1997). Os dados de campo obtidos nas 5 amostragens são apresentados a seguir : Quadro 04 Resultados das análises de campo na região II. Pontos Helmintos Protozoários 1 - - 2

Strongiloides stecoralis -

3 - - 4

Strongiloides stecoralis -

5 Ascaris lumbricoides

Strongiloides stecoralis

-

Dados de agosto de 1997. Obs: Em todos os pontos, o índice de Coli Fecal foi de 106 NMP/100ml indicando um esgoto bruto com característica de médio A Região II pode-se há certa heterogeneidade no que se refere a oferta de serviços como água de qualidade, coleta de lixo e rede de esgotos, em função dos morros.

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Região III – Centro O gráfico 05 a seguir apresenta, os números de doenças diarréicas e helmintíases na Região III, ano de 1997. Gráfico 05 Relação de doenças diarréicas e helmintíases na Região III, 97.

0

100

200

300

400

500

600

700

Doenças Diarréicas Helmintíases

1ºSemestre2ºSemestre

Nº d

e ca

sos

Dados da rede Ambulatorial da SEMUS-PMV (1997). Os dados de campo obtidos nos 5 pontos são apresentados a seguir : Quadro 05 Resultados das análises de campo na região III. Pontos Helmintos Protozoários 1 Strongiloides stercoralis - 2 - - 3 - - 4

Strongiloides stercoralis -

5 - - Dados de Agosto de 1997. Obs: Os índices de Coli Fecal dos esgotos variaram de 106 a 107 NMP/100ml , indicando um esgoto bruto com característica de médio a forte. A Região III pode-se há certa heterogeneidade no que se refere a oferta de serviços como água de qualidade, coleta de lixo e rede de esgotos, em função dos morros.

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Região IV - Santo Antônio O gráfico 06 a seguir apresenta, os números de doenças diarréicas e helmintíases na Região IV, ano de 1997. Gráfico 06 Relação de doenças diarréicas e helmintíases na Região IV, 97.

0200400600800

1000120014001600

Doenças Diarréicas Helmintíases

1ºSemestre2ºSemestre

N

º de

caso

s

Dados da rede Ambulatorial da SEMUS-PMV (1997). Os dados de campo obtidos nos 5 pontos amostrados são apresentados a seguir Quadro 06 Resultados das análises de campo na região IV. Pontos Helmintos Protozoários 1 Ancilostomideos -

2 Ascaris lumbricoides Strongiloides stercoralis

-

3 Enterobios vermiculares Strongiloides stercoralis

-

4 - - 5 Ascaris lumbricoides

Enteróbius vermicularis -

Dados de Julho de 1997. Obs: Em todos os pontos, o índice de Coli Fecal foi de 106 NMP/100ml, indicando um esgoto bruto com característica de médio. Na Região IV os serviços de saneamento atendem a maioria da população, porem nos bolsões de pobreza há precariedade desses serviços.

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Região V - Jardim Camburi O gráfico 07 a seguir apresenta, os números de doenças diarréicas e helmintíases na RegiãoV, ano de 1997. Gráfico 07 Relação de doenças diarréicas e helmintíases na Região V, 97.

01020304050607080

Doenças Diarréicas Helmintíases

1ºSemestre2ºSemestre

Nº d

e ca

sos

Dados da rede Ambulatorial da SEMUS-PMV (1997). Os dados de campo mostram a ausência de patógenos nas 5 amostragens feitas em agosto de 1997. Obs: Em todos os pontos, o índice de Coli Fecal foi de 105 NMP/100ml, indicando um esgoto bruto com característica de fraco. A região V é composta exclusivamente do bairro Jardim Camburi, não existindo populações abaixo da linha de pobreza . Tem os melhores serviços de saneamento ambiental sendo integralmente servida de coleta e tratamento coletivo de esgotos além dos demais serviços, como água de qualidade e coleta de lixo.

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Região VI - São Pedro O gráfico 08 a seguir apresenta, os números de doenças diarréicas e helmintíases na Região VI, ano de 1997. Gráfico 08 Relação de doenças diarréicas e helmintíases na região na RegiãoVI,97.

0

500

1000

1500

2000

2500

Doenças Diarréicas Helmintíases

1ºSemestre2ºSemestre

Nº d

e ca

sos

Dados da rede Ambulatorial da SEMUS-PMV (1997) Os dados de campo obtidos nos 5 pontos amostrados são apresentados a seguir : Quadro 07 Resultados das análises de campo, região VI Pontos

Helmintos

Protozoários

1 Ascaris lumbricoides Entamoeba coli

2 Enterobios vermiculares Entamoeba coli 3 Ascaris lumbricoides

Strongiloides stercoralis Giardia lamblia

4 Ascaris lumbricoides Strongiloides stercoralis Hymenolepis nana

Entamoeba coli

5 Strongiloides stercoralis Ascaris lumbricoides

Dados de Nov/97 * * repetição de amostragem/análise Obs: Os índices de Coli Fecal dos esgotos variaram de 106 a 107 NMP/100ml, indicando um esgoto bruto com característica de médio a forte. A região VI é a mais carente do município, os serviços de água e coleta de lixo, , não atendem integralmente a demanda, devido a presença de áreas de difícil acesso, a ETE existente atende uma pequena parte da população.

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Região VII - Forte São João O gráfico 09 a seguir apresenta, os números de doenças diarréicas e helmintíases na Região VII, ano de 1997. Gráfico 09 Relação de doenças diarréicas e helmintíases na RegiãoVII,97.

0

200

400

600

800

1000

Doenças Diarréicas Helmintíases

1ºSemestre2ºSemestre

Nº d

e ca

sos

Dados da rede Ambulatorial da SEMUS-PMV (1997). Os dados de campo obtidos nos 5 pontos amostrados são apresentados a seguir : Quadro 08 Resultados das análises de campo, região VII. Pontos Helmintos Protozoários 1 - - 2 - - 3 - - 4 Ancilostomideos

Enteróbius Vermicularis -

5 - - Dados de Julho de 1997. Obs.: Os índices de Coli Fecal dos esgotos variaram 105 a 106 NMP/100ml Coli Fecal, indicando um esgoto com características de fraco a médio. A região VII é a segunda região mais populosa do município. Com fortes contrastes, bairros de classe média a média alta, e bolsões de pobreza nos morros. Há homogeneidade na coleta de lixo, e fornecimento de água de qualidade, exceto nos morros. Quanto ao esgotamento sanitário, a população é igualmente carente de coleta e tratamento coletivo.

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DISCUSSÃO Buscou-se avaliar a existência de condições propícias à disseminação de agentes etiológicos, confrontando os índices de prevalência de helmintíases e diarréias infecciosas na população .

Procurou-se identificar mecanismos ambientais de veiculação de endemias, tais como inundações do espaço destinado ao uso público pelas comunidades, em locais sem drenagem e com disposição inadequada dos esgotos, em contraposição a influência do acesso à correta disposição dos mesmos, e fatores geográficos. Por fim buscou-se nesta análise considerar a perspectiva de que a implementação de políticas de saneamento devem se orientar por ações de impacto à saúde pública . Ao comparar-se todas as regiões, a região V (Jardim Camburi) surge como a de melhor perfil sanitário, considerando os critérios de avaliação citados neste trabalho. A região V possui os menores índices de doenças diarréicas e helmintíases, e não apresentou pontos contaminados por helmintos e protozoários nas análises de campo. A região V apresenta condições diferenciadas do resto do município pela homogeneidade nas condições sócio-econômicas, ou pelo menos pela ausência de bolsões de pobreza, pela urbanização mais recente e pela integralidade da coleta e tratamento dos esgotos sanitários. A região V tem ainda um relativo isolamento geográfico, pois as regiões V (Jardim Camburi) e I (Goiabeiras) são fisicamente separadas das outras pelo canal da passagem e manguezal. Na região há segregação absoluta entre a rede de drenagem e a de esgotos reduzindo assim a possibilidade de contaminação e disseminação de patógenos por inundações do espaço público. A ETE (Estação de Tratamento de Esgotos) de Jardim Camburi, que atende uma parcela significativa dos contribuintes das regiões V e I, ou seja, cerca de 25% da população do município, é constituída por lagoas, cuja tecnologia e tempos de detenção são compatíveis com a remoção dos patógenos avaliadosneste estudo. A região I (Goiabeiras) é a segunda em qualidade de vida, e tem também o segundo melhor perfil sanitário. Apresentou 2 pontos contaminados nas análises de campo e tem o segundo menor índice de doenças diarréicas e helmintíases. Há segregação das redes de drenagem e de esgotos na maior parte de seu território, com exceção de bairros populares e residenciais próximos ao manguezal e que apresentam condições ambientais favoráveis a disseminação de doenças, como ruas sem calçamento ou drenagem, expostas a inundações e também ao intenso uso do espaço público pela população. A região VII (Forte São João) apresentou o terceiro melhor perfil sanitário do município e tendo também a terceira qualidade de vida. Apresentou 1 ponto contaminado e tem o terceiro melhor índice de doenças diarréicas e helmintíases. A região é densamente povoada com prédios e residências unifamiliares de alto padrão, possui contudo, bolsões de pobreza, e suas condições ambientais e sócio-econômicas tem contrastes muito acentuados entre as áreas nobres e as menos privilegiadas com relação ao afastamento dos esgotos, a existência de drenagem, e ao uso do espaço público pela população. As áreas menos nobres das regiões I e VII, quando comparadas, indicam que o fator ambiental exerceu influência nos indicadores , pois a urbanização da região I, mesmo nas áreas mais carentes próximas ao manguezal, tem um afastamento de esgotos superior ao encontrado nos morros e áreas mais carentes da região VII . A região III (Centro) vem a seguir, sendo a quarta em qualidade de vida. Apresentou 2 pontos contaminados nas análises de campo e o quarto melhor índice de doenças diarréicas e helmintíases. A região apresenta características especiais por ter um grande afluxo de trabalhadores das demais regiões e dos municípios vizinhos, pois concentra serviços em geral. Há redes de drenagem para águas pluviais usadas para o afastamento dos esgotos. Acima de 90% dos domicílios contribuintes não possui qualquer tratamento, pois por ser uma região com bairros antigos, não existem áreas para a execução de sistemas individuais de tratamento dos esgotos. O uso do espaço público é claramente diferenciado nas áreas destinadas a serviços, bairros de classe média e nos morros. Este uso interfere nos índices de helmintíases e das doenças diarréicas A região II (Maruípe) apresentou 3 pontos contaminados, o quinto perfil sanitário, o quinto lugar em qualidade de vida, além do quinto pior índice de doenças diarréicas e helmintíases. A região II tem predominância de residências unifamiliares com um uso do espaço público significativo, e locais sujeitos a inundações (sopé de morros, por exemplo). Estes fatores aliados a presença de bairros e morros com níveis sócio-econômicos baixos, contribuem para as elevadas taxas de prevalência de doenças diarréicas e helmintíases. A região III (Centro) possui características físicas e ambientais semelhantes a região II (Maruípe) contudo o uso do espaço público é mais intenso na região II por ser uma região predominantemente residencial.

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Podemos inferir através dos índices diferenciados entre as regiões II e III para helmintíases, que o uso do espaço público e as condições ambientais determinaram esta diferenciação nos índices e colocaram a região II em quinto lugar atrás da região III As regiões VII (Forte São João), III (Centro), e II (Maruípe), pela proximidade geográfica, tem interações ambientais estreitas. Ao analisá-las vemos que os níveis sócio-econômicos e o afastamento dos esgotos são diferenciados. Estas condições, tais como a presença de morros e bolsões de pobreza, de urbanização deficiente, e sem afastamento de esgotos culminaram por definir a posição hierárquica de cada uma delas com relação ao perfil sanitário. A região IV (Santo Antônio) é a sexta em qualidade de vida, e tem o sexto e penúltimo perfil sanitário. Apresentou 4 pontos contaminados nas análises de campo. A região é composta predominantemente de residências unifamiliares, o uso do espaço público é habitual por crianças e adultos. Possui condições ambientais favoráveis aos ciclos de helmintos e disseminação de outras doenças, pois há ruas sem calçamento e a drenagem não é integral possibilitando inundações. O perfil sócio-econômico a classifica como uma região predominantemente pobre. A região VI (São Pedro) é a sétima em qualidade de vida ,nível sócio-econômico e apresentou todos os 5 pontos contaminados nas análises de campo. Tem todas as características da região IV (Santo Antônio) agravadas por um padrão sócio-econômico pior, e condições ambientais mais adversas, pois há valas a céu aberto, e os esgotos in natura são freqüentemente conduzidos ao manguezal , canal da passagem e baía de Vitória. As interações entre saneamento e saúde pública em cada região, e entre elas, estão condicionadas aos fatores geográficos/ambientais, sócio-econômicos e epidemiológicos. Comparando-se por exemplo a região II (Maruípe) com a região VI (São Pedro), observa-se que as condições de habitação, higiênico-sanitárias e fundamentalmente ambientais, determinam índices drasticamente diferenciados: Na região II apesar da presença de diversos morros e de ser a região mais populosa, sem sistemas de tratamento coletivos de esgotos, o índice de helmintíases é cerca de 1/3 menor que o da região VI. Um dos fatores determinantes é o ambiental, como a presença ou não de valas a céu aberto favorecendo a promiscuidade com os esgotos, quando comparamos as comunidades destas regiões que possuem padrão sócio-econômico assemelhado. Um outro fator pode ser o acesso às instalações sanitárias com afastamento dos esgotos, que é muito superior na região II. Deve-se considerar como um importante fator diferenciador nas condições de saúde pública, a ausência total ou parcial do saneamento básico com o afastamento dos esgotos domésticos, uma vez que o fornecimento de água em quantidade e qualidade é praticamente homogêneo nas diversas regiões. Além da qualidade de vida que sempre anda paralela aos hábitos de higiene, reduzindo os índices de prevalência de diarréias e helmintíases nas diferentes regiões. Há que considerar-se ainda que o ciclo de transmissão de patógenos (ovos de helmintos e cistos de protozoários), depende de um ciclo na natureza e que a ausência de afastamento dos esgotos, presença de águas contaminadas, vetores, e de condições ambientais diversas são decisivas. Tecendo por fim considerações sobre os sistemas de tratamento de esgotos existentes e seu impacto na saúde pública do município, vemos que há três sistemas coletivos que diferem em concepção e alcance. As ETEs (Estações de Tratamento de Esgotos) de Nova Palestina (região VI) e Santa Tereza (região IV) atendem a um número reduzido de contribuintes em áreas de prevalência de patógenos. Não têm tecnologia eficiente para remoção dos mesmos devido as respectivas concepções de tratamento que se atém à remoção de carga orgânica não possuindo tempos de detenção compatíveis com a destruição de microorganismos patogênicos. Nas regiões atendidas pela ETE de Jardim Camburi embora as condições de saúde pública sejam as melhores do município os aspectos ambientais, ligados ao afastamento dos esgotos foram ainda mais significativos que a presença do tratamento, como visto na região I, onde as áreas sem calçamento, expostas a inundações puxaram o perfil da região para baixo.

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CONCLUSÕES Os indicadores selecionados foram adequados a finalidade do trabalho. A avaliação crítica dos indicadores possibilitou inter-relacioná-los, para traçar o perfil sanitário do município, por região. Para as regiões consideradas, os índices de prevalência de doenças diarréicas e helmintíases, variou na razão inversa da oferta dos serviços de saneamento ambiental, em especial a coleta e afastamento dos esgotos sanitários. Houve ainda uma correlação direta entre a presença de pontos contaminados nas análises de campo e o número de casos de agravos (diarréias e helmintíases) por região. Algumas variações foram observadas nas regiões com populações de características assemelhadas, relacionadas, principalmente, à presença de saneamento e fatores ambientais e/ou geográficos. Observou-se que estes fatores ambientais, tais comoa urbanização das ruas , a drenagem ou a presença de valas a céu aberto, influenciaram a prevalência de agravos na população. O modelo de avaliação multi-disciplinar proposto neste trabalho, permitiu correlações que confirmaram a literatura revisada. Finalmente a qualidade de vida, mostrou um variação inversa com o número de casos de agravos (diarréias e helmintíases). Conclui-se que o modelo utilizado obteve êxito em sua proposta, possibilitou inter-relacionar a saúde pública e o saneamento mesmo quando consideradas as limitações do método ecológico descritivo, e mostrou a que a forte correlação, teoricamente esperada, se confirmou.

RECOMENDAÇÕES : Os resultados do trabalho permitem apresentar as seguintes recomendações: - Aprofundar através de estudos a curto e médio prazos a análise dos indicadores utilizados neste trabalho, sistematizando a coleta e avaliação das informações utilizadas neste trabalho. - Monitorar a Quantidade e Qualidade da oferta dos serviços de saneamento. - Criar um banco de dados com base nos indicadores utilizados paralelamente a implantação dos projetos em saneamento ambiental no município de Vitória, em especial dos vultosos recursos destinados ao PRODESPOL (Programa de Despoluição dos Ecossistemas Litorâneos) que implantará redes e estação de tratamento de esgotos no município, e o PROJETO TERRA para que, através deste acompanhamento seja produzida uma avaliação consistente do impacto destes investimentos nos indicadores de saúde da população atendida. - Propor um modelo de educação ambiental e em saúde que privilegie os aspectos ambientais, sociais e de saúde pública; ao contemplar a importância do saneamento básico. Inserir na formação de recursos humanos para as áreas de saneamento, meio ambiente e saúde pública o caráter multi-disciplinar destas atividades. - Procurar integrar através das políticas públicas as áreas ambiental, de saneamento e saúde pública. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALMEIDA et al. Projeto de Avaliação dos Impactos do Programa de despoluição da baía de Guanabara sobre as condições de saúde e qualidade de vida – “ PAISQUA”- Apresentação e situação atual. Saneamento e Saúde nos Países em desenvolvimento Rio de Janeiro: CC&P Editora,. 1997. p.38-49..

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