vigiar e punir: um soldado beijava a boca de foucault na ... · experimenta adaptar este livro de...
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Referências do espetáculo
Inspirado na obra mais conhecida de Michel
Foucault: Vigiar e Punir. Os bonecos são inspirados
nos quadros de Goya e de Bosch. Os atores
realizaram pesquisa intensa sobre o bufão do ponto
de vista de Philippe Gaulier. É a primeira vez que se
experimenta adaptar este livro de filosofia ao teatro.
Pesquisa de campo em asilos, escolas e casas de
reabilitação compuseram o processo de criação. A
peça questiona o conceito de prisão, que não se
resume apenas à ideia de cadeia. A proposta não
linear da peça permite múltiplas e subjetivas
interpretações da obra.
O espetáculo mostra a evolução dos conceitos de punição e vigilância
dentro da sociedade contemporânea. Por meio de bonecos inspirados
em quadros de Goya e Bosch e interpretação dos atores com linguagem
de bufão, o texto de Michel Foucault é retomado de modo inédito: de
forma onírica e poética. O público pode recriar os significados e os
sentidos daquilo que vê e sente a partir de cenas abstratas e subjetivas,
imagens sutis e momentos provocativos em torno do tema da loucura,
da desobediência e da noção duvidosa de Normal. A peça evidencia,
com humor negro do bufão, como a sociedade de controle e vigilância
de hoje manipula os desejos e impulsos naturais do indivíduo
contemporâneo na busca de uma "normalização" silenciosa. A imagética
da peça e a proposta da encenação fazem com que as ideias herméticas
de Foucault sejam acessíveis aos públicos mais diversos.
Sinopse do espetáculo
Concepção de Encenação
A proposta de encenação do espetáculo se dá de forma
híbrida, utilizando-se de outras linguagens artísticas e do
diálogo estreito com as artes visuais. O que se prioriza é a
experiência visual e minimizam-se os psicologismos e a
leitura unilateral da obra criada. Nesse sentido, o público é
exigido a reconstruir os significados do que vê de forma mais
ativa.
Para despertar esse estado no espectador, utilizam-se
estímulos diversos e por meio de imagens, texto falado,
poemas, sons e gestualidades. Pelo manuseio da
materialidade, são revistas as potências e as possibilidade de
se abordar a teatralidade de maneira pictórica. Criam-se
quadros, esculturas e instalações vivas por meio do jogo de
luzes, bonecos, formas animadas e atores caracterizados.
Este estilo de teatralidade pode ser observado na obra de
Philippe Genty, Robert Wilson, Tadeuz Kantor, performances
de Tadashi Endo e na teatróloga brasileira Ana Maria Amaral.
A linguagem desse espetáculo é norteada por uma estética da
cena que busca outras formas de recepção que não sejam
limitadas pelos compromissos da “signicidade” e da “estética
denotativa”. Ou seja, um espetáculo que procura vias
diversas de recepção onde a teatralidade não seja submetida
exclusivamente ao entendimento de uma fábula dramática,
mas a um entendimento dos fatos e das situações por meio
de sentimentos, sensações e ressignificações do próprio
espectador estimuladas pela imagética da encenação.
Concepção de Encenação
Este tipo de encenação não pode ser estudado ou previsto pela
razão lógica, mas apenas intuído. Sua assimilação é similar às
sensações provocadas pela arte fotográfica, pelas artes plásticas
abstratas e pela experiência cinematográfica experimental (a
inter-relação entre imagem e som). A originalidade do olhar da
encenação nessa proposta são as relações e tensões entre as
formas, sejam elas bonecos, máscaras, cenografia, iluminação e
texto negando as convenções naturalistas e “psicologisantes”
com a intenção de propor outras formas de expressão teatral
diversas do teatro de ilusão. Nesse contexto, a presença humana
se transforma em matéria, ao passo que a matéria e os outros
elementos inanimados e sonoros da cena começam a agir
tomando o lugar do ator e construindo um universo em que não
há mais sujeitos, bonecos e objetos, mas a síntese sugestionável
e imagética de um espetáculo impalpável.
No entanto, os elementos textuais não deixam de existir. O que se
apresenta na peça é a organização poética dos conceitos e
“casos” do texto de Foucault no sentido de se criar um efeito
sobre o espectador que o incita a tomar uma posição alternante
entre distanciamento/identificação, para compreender o conteúdo
da obra de uma forma subjetiva e sensitiva, mas mantendo os
aspectos reflexivos acerca da crítica e das reflexões do texto. O
texto escrito se materializa em uma forma de capítulos
juxtapostos (retomando a idéia de livro do próprio autor) desvelar
a evolução dos métodos e justificativas de punição e vigilância
desde a idade média até a sociedade moderna.
Filosofia contemporânea em cena
A obra de Foucault mostra como os
instrumentos de normalização e seu uso estão
presentes no quotidiano contemporâneo de
forma ímpar. A disciplina aparece como
ferramenta fundamental no processo de tornar
os indivíduos comuns em seres mansos e
obedientes. A proposta deste espetáculo
busca transcender a filosofia pura de Michel
Foucault na forma de poesia visual, por meio
de bonecos, formas animadas e efeitos de
iluminação sublinhados pelo
acompanhamento de uma musicalidade
experimental contemporânea. A intenção é de
afetar o público por meio da sensibilidade da
imagem em tensão com passagens do texto do
autor revisitado poeticamente.
O texto é transcendido em bonecos,
sentimentos e situações provocativas. A lógica
linear do espectador não é o que almejamos.
Preferimos abrir espaço para uma
interpretação mais ativa, subjetiva e
idiossincrática das cenas. Uma vez
sobrepostos poeticamente, essas sensações e
sentimentos fazem com que o público reaja de
maneira pessoal às influências da peça, além
dos limites do raciocínio lógico, para poder
estimular os aspectos sensíveis do tema da
obra. Deixa-se de lado a fábula denotativa
para dar espaço à uma percepção das coisas
por meio de fluxos de ideias e quadros
imagéticos.
A soc iedade de contro le contemporânea
O processo criativo contou com pesquisas de campo. A partir de estudos teóricos e discussões com
intelectuais da área, foram realizadas visitas e residências em escolas de periferia, asilos e clínicas
psiquiátricas. Da análise da evolução dos conceitos de encarceramento e de punição do indivíduo,
compreendeu-se que, na verdade, o que está evoluindo é a forma de poder exercida sobre o homem no
intuito de "normalizá-lo". A prisão e seus fundamentos de encarceramento, punição e vigilância constante
evoluíram e não se encontram mais apenas dentro do cárcere. Os mesmos mecanismos de adestramento
se encontram em escolas, fábricas, escritórios, hospitais e na própria família sem que possamos perceber.
“A singularidade da sociedade “normopática” de hoje reside na existência do Desvio diante a Norma. E assim,
para "normalizar" o sujeito moderno, foram desenvolvidos mecanismos e dispositivos de vigilância capazes de
interiorizar a culpa e causar no indivíduo remorsos pelos seus atos.”
MICHEL FOUCAULT
Pessimismo libertador
O trabalho de Foucault é obscuro e pessimista, mas permite algum espaço para o otimismo, na medida em
que ilustra como a filosofia pode nos auxiliar a enxergar áreas de dominação e controle. Ao enxergarmos estas
áreas com maior clareza, nós somos capazes de entender como somos dominados e se desvelam as
engrenagens da subordinação dócil do indivíduo comum. A partir disso, podemos conceber condutas sociais
que minimizam o risco da alienação e de incultamento que agem contra a natureza humana livre. O espetáculo
incita o espectador a reencontrar sua liberdade de espírito natural ao perceber a frequência e a quantidade de
dogmas de remorsos culposos que sente no seu quotidiano. Ao perceber a moral arcaica que se traveste de
pseudos doutrinas culturais, o espectador passa a questionar aquilo que ele sempre entendeu como sendo
normal, natural e imutável. Contagiado pelas provocações do espetáculo, o público começa a desconfiar de
seus desejos e crenças mais naturais e estáveis.
Humor sarcástico dentro da estrutura post-dramática
O bufão permite acessar o prazer grotesco do cômico
popular. Mesmo centrado no caráter da denúncia e do
protesto, os jogos de paródia e de blasfêmia sempre a favor
da liberdade que permeiam o espetáculo não caem no
didatismo e nem no panfletário pedante. A imagem do bufão
lança mão de uma comunicação risível com o público e
permite uma escritura dramatúrgica não linear que avança e
retrocede no tempo e que não dá importância a
psicologismos do teatro realista.
Desconstrução do teatro de bonecos tradicional
Os bonecos são inspirados nos quadros de
Goya e de Bosch. Os atores realizaram pesquisa
intensa sobre o bufão do ponto de vista de
Philippe Gaulier. Buscou-se explorar outros
meios de manipulação e criação de bonecos. Aos
poucos, abandonou-se a figura bem definida da
escultura e encontrou-se uma forma incomum de
manipulação de bonecos e de confecção. Nesse
processo, a cia Carava Maschera pode encontrar
uma nova via de provocação no teatro de
bonecos: o atrito constante entre teatro de
objetos, cenografia em mutação constante no
espaço, formas animadas e a figura do bufão
imoral e fora das normas.
Currículo resumido CARAVAN MASCHERA
Giorgia Goldoni graduou-se na Academia de Belas Artes de Bolonha e na Escola Internacional de Teatrode Roma. Leonardo Gonçalves Garcia nasceu graduou-se na Universidade de Campinas e finalizou seusestudos na Universidade de Paris, La Sorbonne. Os dois fundam em 2010 a Cia Caravan Maschera, como propósito de experimentar e pesquisar linguagens cênicas onde prevalece o uso da imagem e dateatralidade cênica tais como: teatro de bonecos, máscaras, linguagem clownesca, teatro físico, teatropopularesco. No ano de 2010, foram selecionados como companhia estrangeira para participar doprojeto europeu Masks On Stage. Desse modo, entre 2010 e 2011, receberam um treinamentointernacional de alta qualidade e reconhecimento patrocinado pelo centro de estudo da ComunidadeEuropeia - EACEA: os participantes (10 no total) viviam em residências artísticas na Itália, França,Alemanha, República Checa e Espanha. Vivenciando cada cultura e experiências cênicas por 4 mesesem cada país. No Brasil, a companhia tem sua sede no TERRITÓRIO DAS ARTES CARAVAN MASCHERA,no bairro rural do Jardim Maracanã, na cidade de Atibaia-SP. Nesta localidade, transforma um CentroComunitário em um centro cultural e um local de ensaios, pesquisas e intercâmbios das artes cênicasem meio rural. Propõe, neste local, atividades continuadas de difusão das artes em geral: Artes cênicas,Cinema, Fotografia e Artes Plásticas. Neste local, ao invés de um curso de teatro, outro de cinema,outro de fotografia, etc, preferiu-se optar por um oferecimento contínuo e integrado de Artes,agregando-se em um único curso continuado as artes cênicas, a fotografia, o cinema e as artes plásticasnum projeto que visa a assimilação sintética e o diálogo entre as artes. Como atividades de promoçãoartística e de fomento de um público sensível às artes em zona rural, a Cia Caravan Maschera propõe aprojeção de cinema de pano (cinema ao ar livre) quinzenalmente, a manutenção de uma bibliotecacomunitária (projeto Livre o Livro) além de promover a circulação de seus espetáculos de repertório ede oficinas de iniciação às artes cênicas nestas áreas rurais desprovidas de atenção do poder público.No ano de 2015, a Cia Caravan Maschera, idealiza o Projeto Orun-aiye, financiado pelo Edital ProAc deArtes Integradas e consegue implementar em outros 4 bairros rurais da cidade de Atibaia suasatividades em artes integradas, além de proporcionar a criação da primeira TV Comunitária Rural daregião (TV MARACANÃ) que trata de assuntos de interesses diversos dos indivíduos dessa região. Emparalelo, foi possível concretizar projetos específicos de fotografia (Projeto meu bairro, minha cara) queincentiva a valorização da comunidade rural por meio da fotografia artesanal e profissional; Cinema(realização de 3 mini-documentários: Por que a Globo não me filma? Maracanã: bairro rural. Educar emtempos de roça e crise
Principais prêmios e incentivos culturais da cia CaravanMaschera
Em 2018, realizará a circulação do espetáculo Vidas Secas nos estados de MS e MT com o patrocínio da PETROBRAS (edital BR distribuidora decultura)
Em 2018, realizará temporada de 16 apresentações do espetáculo VIGIAR E PUNIR no CCBB de Brasília (contemplada com o edital depatrocínio e ocupação do Banco do Brasil 2017).
Em 2017, contemplada com o edital de ocupação da CAIXA FEDERAL, realiza temporada de 12 apresentações na Caixa Cultural do Rio deJaneiro com o espetáculo Vidas Secas.
Em 2017, circula pela europa com os espetáculo Tiringuito, Luisa e a Morte e Vidas Secas. Países: Itália, Eslovênia, França e Suiça.
Em 2017, contemplada com o Prêmio ProAc de circulação teatral no estado de SP por 15 cidades com o espetáculo Vidas Secas.
Em 2016, no segundo semestre, a Cia parte em turnê para o interior do Brasil com o espetáculo VIDAS SECAS graças ao edital da FUNARTEpara artistas e produtores negros, apresentando a obra de Graciliano Ramos em 12 cidades dos estados de SP, MG BA, AL e SE.
Em 2016, A Cia é contemplada com o Edital Cena Aberta da Funarte com o projeto “Ocupação Caravan Maschera –ANO V” e ocupa por umperíodo de 15 dias a Sala Carlos Miranda com 3 espetáculos em 10 apresentações de seu repertório de 5 anos de pesquisa.
Em 2016, a Cia é contemplada com o Prêmio ProAc de Artes integradas para realizar o projeto “Vigiar e Punir” baseado na obra de MichelFoucault.
Em 2015, graças ao Prêmio ProAc de Artes Integradas, realizam o Projeto Orun-aiye nas zonas rurais de Atibaia e nos Quilombos do Vale doRibeira que visa a circulação de espetáculos que se utilizam do hibridismo das artes e a realização de atividades artísticas voltadas para asartes cênicas, a fotografia, o teatro e as artes plásticas.
No ano de 2014, recebem do Governo de São Paulo dois prêmios para a difusão e preservação da cultura de bonecos de Mamulengo (ProAcde Culturas populares) e para a Produção e circulação do Espetáculo “o Mamulengo dos três vinténs” utilizando-se da linguagem de bonecospara a Obra de Brecht. (ProAc de Produção teatral para municípios de até 500mil hab.).
Em 2013 organizou na Itália o projeto Babele Buratini, baseado na linguagem do teatro de Burattini italiani financiado pela Agencia Européiade Cultura-EACEA. Que foi reconhecido pelo prestigio de suas iniciativas de preservação do teatro popular de bonecos italianos e de inclusãosocial pelo teatro. O projeto recebeu também o prêmio do Edital de Intercâmbio Cultural do Ministério da Cultura do Brasil que financiou aspassagens para o projeto e sua estadia.
Em 2012, CaravanMaschera é contemplada com o Edital FUNARTE DE ARTES NA RUA, para a produção e circulação do espetáculo "o Cordelclownesco do Romeu e da Julieta".
Em 2011, a cia foi premiada com o Edital de primeiras Obras de Teatro do Estado de São Paulo - ProAc-SP e realizou nesse período oficinas,palestras e a montagem do Espetáculo "Um sonho de verão" Baseado na Obra de Shakespeare e com linguagem do teatro de máscaras emarionetes.
Currículo resumido do espetáculo
Produção com financiamento do Prêmio ProAc de Artes
Integradas (2015).
Principais apresentações
* Ano 2016:
Padre Nóbrega
Marília
Registro
Mostra de teatro de Franco da Rocha
Bragança Paulista
Ribeirão Preto
Cubatão
Atibaia (em Zona Rural)
Atibaia ( temporada de 12 apresentações)
* ANO 2017:
V Mostra São Paulo de Teatro de Bonecos ( Teatro
Cacilda Becker)
Mostra ANIMAAI- Sesc Osasco
* Ano 2018:
Apresentação Sesc São José dos Campos
Apresentação Sesc São Carlos
Espetáculo selecionado Edital SESI Paraná
Equipamentos culturais.
XIV Mostra de Teatro de Limeira
Temporada no Centro Cultural do Banco do Brasil de
Brasília (Novembro- 12 apresentações)
Espetáculo selecionado para turnê no estado de SP-
Edital ProAC circulação.
VÍDEOS DO ESPETÁCULO
Teaser : 3:45 minutos
https://www.youtube.com/watch?v=h_i8GZUy3uU
Vídeo completo: 1:15 minutos
https://www.youtube.com/watch?v=aBFhJzLWpjo&t=3299s
Contatoswww.caravanmaschera.org
www.projetoorun-aiye.com
CARAVAN MASCHERA