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Andréia Almeida Mendes Aula 1 Análise de textos Objetivo: Analisar os diferentes níveis de leitura de um texto Análise de textos Segundo Platão e Fiorin (2002), sempre que lemos um texto, por mais simples que ele possa parecer, o leitor se defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de todos os significados de sua superfície. Às vezes, em uma primeira leitura, parece impossível encontrar algum ponto para o qual convirjam tantas variáveis, acabando assim com o caos aparente. Os autores utilizam da fábula abaixo para explicar a busca por essa unicidade. O galo que logrou a raposa Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou consigo: “...Deixa estar, seu malandro, que já te curo!...” E em voz alta: -Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinha, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. Desça desses poleiros e venha receber o meu abraço de paz e amor. -Muito bem! –exclamou o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras,

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Andréia Almeida Mendes

Aula 1 Análise de textos

Objetivo: Analisar os diferentes níveis de leitura de um texto

Análise de textos

Segundo Platão e Fiorin (2002), sempre que lemos um texto, por mais simples que ele

possa parecer, o leitor se defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de todos os

significados de sua superfície. Às vezes, em uma primeira leitura, parece impossível encontrar

algum ponto para o qual convirjam tantas variáveis, acabando assim com o caos aparente. Os

autores utilizam da fábula abaixo para explicar a busca por essa unicidade.

O galo que logrou a raposa

Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A

raposa, desapontada, murmurou consigo: “...Deixa estar, seu malandro, que já te curo!...” E

em voz alta:

-Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e

cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinha, todos os bichos andam agora aos

beijos, como namorados. Desça desses poleiros e venha receber o meu abraço de paz e amor.

-Muito bem! –exclamou o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar

o mundo, limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa,

mas... como lá vem vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que eles também tomem

parte da confraternização.

Ao ouvir falar em cachorros, dona raposa não quis saber de histórias, e tratou de pôr-se a

fresco, dizendo:

- Infelizmente, amigos Có-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica

para outra vez a festa, sim? Até logo.

E rapou-se.

Com esperteza, - esperteza e meia.(LOBATO, Monteiro. Fábulas. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, s.d.)

Três níveis de leitura seriam propostos pelos autores:

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Primeiro nível: uma estrutura superficial, em que ocorrem os significados mais concretos e

diversificados relativos ao narrador, aos personagens, aos cenários, ao tempo e às ações

concretas.

No exemplo acima, teríamos: um galo espertalhão que se protege, pois sabe que a raposa é

inimiga; a raposa que tenta convencer o galo de que a paz se instaurou entre os animais; o

galo que finge acreditar e convida a raposa a esperar os três cães que se aproximam; a raposa

que alega ter pressa e vai embora.

Segundo nível: uma estrutura intermediária, em que aflorariam os valores com que os

diferentes sujeitos entram em acordo ou desacordo.

No exemplo, teríamos: o galo que dá mostras de ter consciência de que os animais estão em

guerra; a raposa que, em contrapartida, dá mostras de que os animais estão em estado de paz;

ambos fingem entrar em acordo, mas continuam em desacordo.

Terceiro nível: uma estrutura profunda, em que surgem os significados mais abstratos e

simples que costumam garantir unicidade ao texto inteiro.

No exemplo: afirmação da guerra X negação da guerra; afirmação da paz.

A esperteza do galo foi resultado de o galo fingir entrar em acordo com a raposa;

preservando assim a paz. Pelo que ficou exposto, pode-se concluir que o leitor, fazendo essas

associações, passaria da estrutura superficial (discursiva) para a intermediária (narrativa) e,

daí, para o nível profundo (profunda).

Atividades

1) (Unicamp 2012) Leia os textos abaixo:

Texto I

Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza absoluta

(rendimento médio domiciliar per capita até meio salário mínimo mensal), permitindo que a

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taxa nacional dessa categoria de pobreza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%. No

caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de

salário mínimo mensal), observa-se um contingente de 13,1 milhões de brasileiros a superar

essa condição, o que possibilitou reduzir em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de

pobreza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008.

(Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil, Comunicados do IPEA, 13/07/2010, p. 3.)

Texto II

Fonte: BENETT, chargesdobenett.zip.net. 21/10/2011.

a) Podemos relacionar os termos miséria e pobreza, presentes no TEXTO II, a dois conceitos

que são abordados no TEXTO I. Identifique esses conceitos e explique por que eles podem

ser relacionados às noções de miséria e pobreza.

b) Que crítica é apresentada no TEXTO II? Mostre como a charge constrói essa crítica.

2) (Unesp 1995)

Capítulo VII

Figura, Vestido, E Outras Coisas Do Homem.

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Assim que os personagens dos romances começam a ganhar a estima ou aversão de

quem lê, vem logo ao leitor a vontade de compor a fisionomia do personagem plasticamente.

Se o narrador lhe dá o bosquejo, a imaginativa do leitor aperfeiçoa o que sai muito em sombra

e confuso no informe debuxo do romancista. Porém, se o descuido ou propósito deixa ao

alvedrio de quem lê imaginar as qualidades corporais de um sujeito importante como Calisto

Elói, bem pode ser que a intuição engenhosa do leitor adivinhe mais depressa e ao certo a

figura do homem, que se lhe a descrevessem com abundância de relevos e rara habilidade no

estampá-los na fantasia estranha.

Não devo ater-me à imaginação do leitor neste grave caso.

Calisto Elói não é a figura que pensam. Estou a adivinhar que o enquadraram já em

molde grotesco, e lhe deram a idade que costuma autorizar, mormente no congresso dos

legisladores, os desconcertos do espírito, exemplificados pelo deputado por Miranda. Dei azo

à falsa apreciação, por não antecipar o esboço do personagem.(Castelo Branco, Camilo. A QUEDA DUM ANJO in: Obra Seleta - I. Rio de Janeiro: Aguillar, 1960, p.807.)

Embora seja bastante frutífera a consulta ao dicionário, em muitos casos não temos

necessidade de buscar os significados de certas palavras ou expressões, pois é possível

entendê-los no contexto. Com base nesta observação, releia o trecho de Camilo e, a seguir:

 

a) Escreva os significados de "bosquejo" e "alvedrio".

b) Cite a frase do segundo parágrafo em que o narrador admite que, por não ter dado o

bosquejo de Calisto Elói, ofereceu ao leitor o ensejo de um entendimento errado do

personagem.

3) (Fuvest 2011) Leia o seguinte texto e responda ao que se pede.

Em boca fechada bem-te-vi não faz ninho

Campos de Melo passou todos os anos de sua vereança sem dar uma palavra. Era o

boca-de-siri da câmara municipal de Cuité. Até que, uma tarde, ergueu o busto, como quem ia

falar. O presidente da Mesa, mais do que depressa, disse:

— Tem a palavra o nobre vereador.

Então, em meio do grande silêncio, o grande mudo falou.

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— Peço licença para fechar a janela, pois estou constipado.

Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que, tanto do ponto de vista da estrutura

quanto da mensagem, o título do texto constitui um provérbio?

4) (Fuvest 2011) Examine esta propaganda de uma empresa de certificação digital

(mecanismo de segurança que garante a autenticidade, confidenciabilidade e

integridade às informações eletrônicas.

Aponte a relação de sentido entre a mensagem verbal e a imagem.

5) (UNICAMP 2004) Por ocasião da comemoração do dia dos professores, no mês de

outubro de 2003, foi veiculada a seguinte propaganda, assinada por uma grande

corporação de ensino:

Parabéns. (Pl. de parabém). S. m. pl. 1. Felicitações, congratulações. 2. Oxítona terminada

em ens, sempre acentuada. Acentuam-se também as terminadas em a, as, e, ES, o, os e

em.

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Para a homenagem ao Dia do Professor ser completa, a gente precisava ensinar alguma

coisa.

a) Observe os itens 1 e 2 do verbete Parabéns no interior do quadro. Há diferenças entre

eles. Aponte-as.

a) Levando em conta o enunciado que está abaixo do quadro, a quem se dirige essa

propaganda?

b) Diferentes imagens da educação escolar sustentam essa propaganda. Indique pelo

menos duas dessas imagens.

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Aula 2 As várias possibilidades de leitura de um texto

Objetivo: Demonstrar que um texto pode ter diversas leituras, bem como pode jogar com

leituras distintas para criar efeitos literários e/ou humorísticos.

As várias possibilidades de leitura de um texto

Como já citado, um texto pode apresentar mais de uma leitura, desde que essas leituras

estejam amparadas em marcas deixadas pelo autor em seu texto. Platão e Fiorin (2003)

analisam o seguinte texto:

O Lobo e o Cordeiro

Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia

uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também bebendo da

água.

- Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo - disse o lobo, que

estava alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome.

- Senhor - respondeu o cordeiro - não precisa ficar com raiva porque eu não estou

sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor

está falando.

- Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou falando mal

de mim no ano passado.

- Não pode - respondeu o cordeiro - no ano passado eu ainda não tinha nascido. O lobo

pensou um pouco e disse:

- Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo.

- Eu não tenho irmão - disse o cordeiro - sou filho único.

- Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que

cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da

floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, agarrou-o com os dentes e o levou para comer num

lugar mais sossegado.

MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor(La Fontaine, Fables Tours, Alfred Mame et Fils, 1918. v.1)

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Ao realizar a análise, a primeira questão colocada pelos autores é a de que o texto é

uma fábula, um texto que conta histórias de seres humanos representados por animais, plantas

etc.; essa afirmação pode ser feita com base no “fato de que há nos textos uma reiteração de

traços semânticos, isto é, de elementos que compõem o significado das palavras, que obriga a

ler o texto de uma dada maneira.” (PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 126).

Na fábula acima, inicialmente, parece-nos tratar de uma história de animais: um lobo e

um cordeiro. Segundo os autores, poderia-se pensar que se trata de uma história de bichos;

mas, ao se analisar esse texto, percebe-se procedimentos próprios de seres humanos (dizer,

castigar, responder, etc.), qualidades e estados exclusivos dos homens (enfurecido,

temeridade, ter irmãos), formas de tratamento usadas nas relações sociais de seres humanos

(Senhor, Vossa Majestade, você). Ao perceber essa reiteração do traço semântico humano, um

novo plano de leitura é desencadeado.

Assim, o texto assume dois planos de leitura distintos: no primeiro plano, é uma

história de animais; em segundo plano, à medida que o traço semântico humano se afirma, a

fábula deixa de ser uma simples história de bichos e passa a ser uma história de homens (o

lobo representaria o homem forte que oprime o povo – cordeiro).

As possíveis leituras de um texto são determinadas pela recorrência destes traços

semânticos. “Uma leitura não tem origem na intenção do leitor de interpretar o texto de uma

dada maneira, mas está inserida no texto como virtualidade, como possibilidade.” (PLATÃO

e FIORIN, 2003, p. 126). Cumpre lembrar que um texto não aceita qualquer leitura, um leitor

não pode atribuir ao texto os sentidos que bem entender; só serão consideradas corretas as

leituras que estiverem amparadas nos traços de significado reiterados, repetidos, recorrentes

ao longo do texto.

O texto possui duas principais “marcas de possibilidade de mais de um plano de

significação”: a primeira marca são os relacionadores de leitura, palavras com mais de um

significado; a segunda marca são os desencadeadores de leitura, palavras ou expressões que

desencadeiam outro plano de sentido. (PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 129).

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Disponível em: http://amarelosupremo.wordpress.com/tag/interpretacao/. Acesso em: 19/02/2014.

Disponível em: http://www.gargalhando.com/2011/08/22/tudo-questao-de-interpretacao/. Acesso em: 19/02/2014.

Atividade:

1 Analise as possibilidades de leitura do texto abaixo:

A noite dissolve os homens (Carlos Drummond de Andrade)

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A noite desceu. Que noite!

Já não enxergo meus irmãos.

E nem tão pouco os rumores

que outrora me perturbavam.

A noite desceu. Nas casas,

nas ruas onde se combate,

nos campos desfalecidos,

a noite espalhou o medo

e a total incompreensão.

A noite caiu.

Tremenda, sem esperança...

Os suspiros acusam a presença negra

que paralisa os guerreiros.

E o amor não abre caminho

na noite. A noite é mortal,

completa, sem reticências,

a noite dissolve os homens,

diz que é inútil sofrer,

a noite dissolve as pátrias,

apagou os almirantes cintilantes!

nas suas fardas.

A noite anoiteceu tudo...

O mundo não tem remédio...

Os suicidas tinham razão.

Aurora, entretanto eu te diviso, ainda tímida,

inexperiente das luzes que vais ascender

e dos bens que repartirás com todos os homens.

Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,

adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna.

O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,

teus dedos frios, que ainda se não modelaram

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mas que avançam na escuridão como um sinal verde e peremptório.

Minha fadiga encontrará em ti o seu termo,

minha carne estremece na certeza de tua vinda.

O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,

os corpos hirtos adquirem uma fluidez,

uma inocência, um perdão simples e macio...

Havemos de amanhecer. O mundo

se tinge com as tintas da antemanhã

e o sangue que escorre é doce, de tão necessário

para colorir tuas pálidas faces, aurora.

(Carlos Drummond de Andrade. Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969, p.57-8)

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Aula 3 Título, parágrafo, normas de manutenção temática, estruturação do parágrafo

Objetivo: Trabalhar com a estrutura e a esquematização do texto dissertativo.

Título, parágrafo, normas de manutenção temática, estruturação do parágrafo

Garcia (1996) propõe passos para estruturação do texto dissertativo, esses tópicos

propostos por ele serão detalhados agora:

Tema e título - Apesar de serem elementos bem diferentes e serem partes de um mesmo tipo

de composição, o tema e o título costumam ser empregados como sinônimos. O tema é o

assunto, já delimitado, a ser abordado; a ideia que será defendida e que deverá aparecer logo

no primeiro parágrafo. Já o título, é uma expressão, ou até uma só palavra, centrada no início

do trabalho; ele é uma vaga referência ao tema; geralmente, os títulos não possuem verbo.

Tema: Vivendo a era da comunicação, o homem contemporâneo está cada vez mais só.

Título: As contradições na era da comunicação.

Tema: O crescente dinamismo que permeia a sociedade, aliado à inovação tecnológica,

requer um aperfeiçoamento profissional constante.

Título: A importância da capacitação profissional no mundo contemporâneo.

Delimitação do tema

Texto exemplo: A droga eletrônica

   Atualmente, os meios de comunicação de massa, como o jornal, o rádio e a televisão,

invadiram praticamente todos os lares e exercem uma grande influência no modo de viver e

pensar de adultos e crianças.

Dentre estes meios de comunicação, ganha especial destaque a televisão, pois,

evidentemente, ela é o mais interessante e sugestivo para crianças e adultos.

Assistimos à televisão em casa, com todo o conforto, sem necessidade de grandes

conhecimentos ou de grande instrução. Além disso, após um dia de trabalho, ela oferece a

possibilidade de vermos lugares e pessoas que nunca poderiam ser vistos de outra maneira.

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  Por outro lado, a televisão exige parte de nosso tempo. Para assistir a um programa temos

de nos sentar diante do televisor e não podemos fazer mais nada a não ser olhar. Isso causa

problemas mais sérios do que pode parecer. A televisão exclui qualquer outra forma de

atividade. No caso de pessoas adultas, ainda é possível alegar que seja uma forma de repouso

após o trabalho, mas no caso de crianças, pode significar a perda de um tempo precioso que

deveria estar sendo usado para a aquisição direta de várias experiências.

Além disso, nem tudo o que a televisão mostra é necessariamente bom. Mesmo que

existam bons programas destinados especificamente ao público infantil, não há nenhuma

garantia de que as crianças vejam apenas esses programas. Na verdade, atualmente, as

crianças veem muito mais programas para adultos do que os infantis.

Uma das consequências desse fato é a eliminação dos limites entre o mundo cultural dos

adultos e o das crianças. Demasiado cedo, no momento em que são mais vulneráveis, as

crianças entram em contato com o mundo e a cultura das pessoas adultas. Se os adultos da

família não agirem adequadamente como mediadores, as crianças absorverão a imagem da

sociedade e dos comportamentos adultos tal como são apresentados pela televisão; e isso se

dará em detrimento da imagem espontânea e natural que poderiam formar a partir de suas

próprias experiências vividas.

É preciso, portanto, estar atento a esse poder de influência que a televisão exerce sobre

as crianças. Se for mantida a tendência de se deixar uma criança em frente da televisão de

maneira indiscriminada, ela estará cada vez menos apta a formar, por si mesma, uma visão

crítica do mundo em que vive. (Artigo retirado e adaptado de O Correio da UNESCO, maio de 1979)

Estruturação da redação

O texto acima, encontra-se assim estruturado:

Parágrafo 1 - Apresentação do tema

  A influência dos meios de comunicação de massa no modo de viver e pensar das pessoas.

Parágrafo 2 - Delimitação do tema

O autor explica que vai se deter na análise de um dos meios de comunicação de massa - a

televisão.

Parágrafos 3 a 6 - Desenvolvimento

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O autor destaca alguns aspectos positivos da televisão e, em seguida, um aspecto negativo

que lhe parece muito importante - assistir à televisão é um hábito que exclui qualquer outra

atividade simultânea, o que diminui o tempo que a criança poderia ter para se relacionar mais

profundamente com o mundo que o rodeia. Do ponto de vista educacional, isso é negativo,

pois expõe a criança a uma influência muito forte da televisão, que passa uma certa imagem

da realidade, com padrões de comportamento que poderão servir-lhe de modelo para o resto

da vida.

Parágrafo 7 - Conclusão

   Com base nos argumentos apresentados, o autor conclui seu raciocínio alertando para o

perigo de se deixar a criança exposta de maneira indiscriminada à televisão, acrescentando

que isso seria uma barreira para que ela construísse, por si mesma, uma visão crítica e pessoal

do mundo em que vive.

Estruturação do parágrafo

O parágrafo-padrão é “uma estrutura superior à frase, que desenvolve, eficazmente,

uma única ideia núcleo.” (ABREU, 1996, p. 56)

O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita

ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua

composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes

estágios.

Tamanho dos parágrafos

Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca

formação cultural. O parágrafo curto também é empregado para movimentar o texto, no meio

de longos parágrafos, ou para enfatizar uma ideia. Ex: notícia, revistas populares, livros

didáticos.

Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível

médio (2º grau). Cada parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50 a 150

palavras. Em cada página de livro cabem cerca de três parágrafos médios.

Parágrafos longos – são parágrafos com mais de 150 palavras; em geral, as obras científicas

e acadêmicas possuem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem

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muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias ideias e especificações,

ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los.

Tópico frasal

Segundo Abreu (1996, p. 56), o tópico frasal possui “uma única ideia núcleo”, que

geralmente é desenvolvida em uma única frase. O tópico frasal é eficiente e prática maneira

de estruturar o parágrafo, pois já de início expõe a ideia que se quer passar, a qual é

comprovada e reforçada pelos períodos subsequentes. Exemplo:

A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja

estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria

ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário

mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo.

Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per

capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda diminui

um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000

anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o

muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é injusta.

Os tópicos frasais podem ser desenvolvidos de diferentes formas. A seguir, mostrar-

se-ão algumas:

Tópico frasal desenvolvido por enumeração.

Exemplo: A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às

pessoas, tais como: informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de

importante em qualquer parte do mundo; diversão, através de programas de entretenimento

(shows, competições esportivas); cultura, por meio de filmes, debates, cursos.

Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes - É o processo típico do

desenvolvimento de um parágrafo descritivo:

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Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se em alicerces

o muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...) À porta da

entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado.(Monteiro Lobato)

Tópico frasal desenvolvido por confronto - Trata-se de estabelecer um confronto entre duas

ideias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das

semelhanças. Veja o exemplo:

Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de

que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances

adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode

seguir seu planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será prontamente

abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem

adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da

situação geral, na medida em que se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por razões - No desenvolvimento, apresentamos as razões, os

motivos que comprovam o que afirmamos no tópico frasal.

As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de maneira tão

generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simbólica,

da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está cheio de

objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria

presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de

experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa.

(Gianni Rodari, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por análise - É a divisão do todo em partes.

Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, divertir,

persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários sobre

a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte

do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. A

quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a

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formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto,

adaptado)

Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação - Consiste em esclarecer o que foi afirmado

no tópico frasal por meio de exemplos:

A imaginação utópica é inerente ao homem, sempre existiu e continuará existindo. Sua

presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob

a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento

religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais

que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que “sejamos realistas,

exijamos o impossível”. (Teixeira Coelho, adaptado)

Tipos de introdução

A introdução da dissertação traz ao leitor o tema a ser discutido além de, muitas vezes,

trazer sob qual ângulo a questão será discutida. Dessa forma, é ela quem provoca no leitor o

primeiro impacto, é ela a apresentação de seu texto e, portanto deve ser muito bem trabalhada,

o que não é tão difícil, pois há várias boas maneiras de começar uma dissertação. As formas

abaixo são algumas possíveis, mas, certamente, não são as únicas.

Roteiro - Como em toda introdução, o tema deve estar presente. Além disso, neste tipo, é

apresentado ao leitor o roteiro de discussão que será seguido durante o desenvolvimento. Para

exemplificação, suponhamos o tema: A questão do menor no Brasil

Uma possível introdução seria:

“Para se analisar a questão da violência contra o menor no Brasil é essencial que se

discutam suas causas e suas consequências.”

O principal defeito em uma redação que utiliza este tipo de introdução é seguir outro roteiro

que não seja o nela citado.

Hipótese (hipo) tese

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Andréia Almeida Mendes

Este tipo de introdução traz o ponto de vista a ser defendido, ou seja, a tese que se pretende

provar durante o desenvolvimento. Evidentemente a tese será retomada – e não copiada - na

conclusão.

Vejamos um exemplo para o mesmo tema:

“A questão da violência contra o menor tem origem na miséria - a principal responsável pela

desagregação familiar.”

O principal risco desse tipo de introdução é não ser capaz de realmente comprovar a tese

apresentada.

Perguntas

Esta introdução constitui-se de uma série de perguntas sobre o tema.

 Exemplo: “É possível imaginar o Brasil como um país desenvolvido e com justiça social

enquanto existir tanta violência contra o menor?”

O principal problema neste tipo de introdução é não responder, ou responder de forma

ineficaz, as perguntas feitas. Além disso, por ser uma forma bastante simples de começar um

texto, às vezes, não se consegue atrair suficientemente a atenção do leitor.

Histórica

Esta introdução traça um rápido panorama histórico da questão, servindo muitas vezes de

contraponto ao presente.

“Às crianças nunca foi dada a importância devida. Em Canudos e em Palmares não foram

poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé continuam não sendo.”

Deve-se tomar o cuidado de se escolher fatos históricos conhecidos e significativos para o

desenvolvimento que se pretende dar ao texto.

Comparação - por semelhança ou oposição

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Andréia Almeida Mendes

Procura-se neste tipo de introdução mostrar como o tema, ou aspectos dele, assemelham-se -

ou se opõem - a outros.

“É comum encontrar crianças de dez anos de idade vendendo balas nas esquinas brasileiras.

Na França, nos EUA ou na Inglaterra - países desenvolvidos - nessa idade as crianças estão

na escola e não submetidas a violência das ruas.”

É bastante importante que a comparação seja adequada e sirva a algum propósito bem claro -

no caso, mostrar o subdesenvolvimento brasileiro na questão do menor.

Definição

Parte da definição do significado do tema, ou de uma parte dele.

“Menor: o mais pequeno, de segundo plano, inferior, aquele que não atingiu a maioridade. O

uso da palavra “menor” para se referir às crianças no Brasil já demonstra como são

tratadas: em segundo plano.”

Vale perceber que há, muitas vezes, mais de uma maneira de se definir algo e, portanto a

escolha da definição mais adequada dependerá do ponto de vista a ser defendido.

Contestação

Contesta uma ideia ou uma citação conhecida.

“O Brasil é o país do futuro. A criança é o futuro do país. Ora, se a criança no Brasil passa

fome, é submetida às mais diversas formas de violência física, não tem escola, nem saúde,

como pode ser esse o país do futuro? Ou será que a criança não é o futuro do país?”

Repare como esse tipo de introdução pode ser bastante atraente, uma vez que desfazer clichês

atrai mais a atenção do que usá-los.

Narração

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Andréia Almeida Mendes

Trata-se de contar um pequeno fato de relevância como ponto de partida para a análise do

tema.

“Sentar numa frigideira com óleo quente foi o castigo imposto ao pequeno D., de um ano e

meio, pelo pai, alcoólatra. Temendo ser preso, ele levou a criança a um hospital uma semana

depois. A mulher, também vítima de espancamentos, o denunciou à polícia. O agressor

fugiu.”

Cuidado, ao fazer este tipo de introdução, para não cometer o erro de contar um fato sem

relevância, ou transformar toda sua dissertação em uma narrativa.

Estatística

Consiste em se apresentar dados estatísticos relativos à questão a ser tratada.

“Quarenta mil crianças morreram hoje no mundo, vítimas de doenças comuns combinadas

com a desnutrição. Para cada criança que morreu hoje, muitas outras vivem com a saúde

debilitada. Entre os sobreviventes, metade nunca colocará os pés em uma sala de aula. Isso

não é uma catástrofe futura. Isso aconteceu ontem, está acontecendo hoje. E irá acontecer

amanhã, exceto se o mundo decidir proteger suas crianças.”

Veja que o dado estatístico, muitas vezes, não diz nada por si só. E necessário que ele apareça

acompanhado de uma análise criteriosa.

Mista

Procura fundir várias formas de introdução. Veja como o exemplo dado em contestação traz

também a introdução com perguntas. Vejamos um outro possível exemplo.

“Crianças mortas em frente a Igreja da Candelária. Denúncias de meninas se prostituindo

nas cidades e nos campos. Garotos vendendo balas nas esquinas. Não é possível imaginar o

Brasil um país desenvolvido e com justiça social enquanto perdurar tão triste quadro.”

Normas gerais de dissertação

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Andréia Almeida Mendes

Existem dois tipos de dissertação: a dissertação expositiva e a dissertação argumentativa. A

primeira tem como objetivo expor, explicar ou interpretar ideias; a segunda procura persuadir

o leitor ou ouvinte de que determinada tese deve ser acatada. Na dissertação argumentativa,

além disso, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando

persuadi-lo de que a razão está conosco.

Esquemas de dissertação

Esquema 1

1º parágrafo: a tese

2º parágrafo: argumento 1

3º parágrafo: argumento 2

4º parágrafo: fato-exemplo

5º parágrafo: conclusão

Tema: Como encarar a questão do erro

Título: Buscar o sucesso

Tese

1º§ O homem nunca pôde conhecer acertos sem lidar com seus erros.

Argumentos 1 e 2

2º§ O erro pressupõe a falta de conhecimento ou experiência, a deficiência de sintonia entre o

que se propõe a fazer e os meios para a realização do ato. Deriva-se de inúmeras causas, que

incluem tanto a falta de informação, como a inabilidade em lidar com elas.

3º§ Já acertar, obter sucesso, constitui-se na exata coordenação entre informação e execução

de qualquer atividade. É o alinhamento preciso entre o que fazer e como fazer, sendo esses

dois pontos indispensáveis e inseparáveis.

Fato-exemplo

4º§ Como atingir o acerto? A experiência é fundamental e, na maior das vezes, é alicerçada

em erros anteriores, que ensinarão os caminhos para que cada experiência ruim não mais

ocorra. Assim, um jovem que presta seu primeiro vestibular e fracassa pode, a partir do erro,

descobrir seus pontos falhos e, aos poucos, aliar seus conhecimentos à capacidade de

enfrentar uma situação de nova prova e pressão. Esse mesmo jovem, no mercado de trabalho,

poderá estar envolvido em situações semelhantes: seus momentos de fracasso estimularão sua

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criatividade e maior empenho, o que fatalmente levará a posteriores acertos fundamentais em

seu trabalho.

Conclusão

5º§ Assim, o aparecimento dos erros nos atos humanos é inevitável. Porém, é preciso, acima

de tudo, saber lidar com eles, conscientizar-se de cada ato falho e tomá-los como desafio,

nunca se conformando, sempre buscando a superação e o sucesso. Antes do alcance da luz,

será sempre preciso percorrer o túnel. (Redação de aluno.)

Esquema 2

1º parágrafo: a tese

2º parágrafo: prova

3º parágrafo: antítese

4º parágrafo: conclusão

Tema: Vestibular, um mal necessário.

Título: A realidade do vestibular

Tese: O vestibular privilegia os candidatos pertencentes às classes mais favorecidas

economicamente.

Prova: Os candidatos que estudaram em escolas com infra-estrutura deficiente, com as

escolas públicas do Brasil, por mais que se esforcem, não têm condições de concorrer com

aqueles que frequentaram bons colégios.

Antítese: Mesmo que o acesso à universidade fosse facilitado para candidatos de condição

econômica inferior, o problema não seria resolvido, pois a falta de um aprendizado sólido, no

primeiro e segundo grau, comprometeria o ritmo do curso superior.

Conclusão (síntese): As diferenças entre as escolas públicas e privadas são as verdadeiras

responsáveis pela seleção dos candidatos mais ricos.

Esquema 3

1º parágrafo: a tese

2º parágrafo: causa

3º parágrafo: consequência

4º parágrafo: conclusão

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Tema: Muitos jovens deixam-se dominar pelo vício em diversos tipos de entorpecentes, mal

que se alastra cada vez mais em nossa sociedade.

Causa: Algumas pessoas refugiam-se nas drogas na tentativa de esquecer seus problemas.

Consequência: Acabam formando-se dependentes dos psicóticos dos quais se utilizam e, na

maioria das vezes, transformam-se em pessoas inúteis para si mesmas e para a comunidade.

Esquema 4

1º parágrafo: a, b, c

2º parágrafo: a

3º parágrafo: b

4º parágrafo: c

5º parágrafo: a,b,c

Aquilo por que vivi

Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de

amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais

paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por

sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – um êxtase tão grande que, não

raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria.

Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão – essa solidão terrível através da

qual nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e

exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo

que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora

isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal – encontrei.

Com paixão igual, busquei o conhecimento.

Eu queria compreender o coração dos homens.

Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica

pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não

muito, eu o consegui.

Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo

ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em

meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a

construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos,

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convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por avaliar o mal, mas não

posso, e também sofro.

Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom

grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.

(RUSSEL, Bertrand. Autobiografia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.)

Atividades:

1) Observar a estrutura dos textos dissertativos é um bom momento de aprendizagem.

Recomenda-se ler textos sobre o tema: "Avanços tecnológicos" e "Ciência, tecnologia

e inovação" e analisar a estrutura utilizada.

2) Proposta de redação

A TV brasileira completa 50 anos. No início, houve quem considerasse o televisor mais um

eletrodoméstico na casa. Hoje, sabe-se que ele não é só isso, a televisão é um modo de vida.

Redija um texto dissertativo, em prosa, com 30 linhas, analisando se a TV brasileira FORMA,

INFORMA ou DEFORMA. Use o esquema acima.

3) Escreva três tópicos de parágrafo (declaração inicial, alusão histórica e interrogação) a

respeito dos seguintes temas:

* O trabalho da mulher fora de casa;

* A inflação no Brasil;

* As Universidades brasileiras;

* Os problemas sociais brasileiros.

4) Escolha um dos tópicos do exercício anterior e desenvolva-o por detalhes, exemplo

específico e por comparação.

5) Desenvolva o seguinte tópico por definição e descrição de detalhes:

Viajar de avião, segundo os entendidos, é desfrutar do meio de transporte mais seguro e

confortável que existe.

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Aula 4 Semântica

Objetivo: Analisar frases e expressões do ponto de vista de sua significação.

Semântica

É a ciência que estuda a significação.

Disponível em: http://segundosdoarsenio.blogspot.com.br/2013/01/semantica.html. Acesso em: 14/02/2014.

Polissemia

“A polissemia se opõe à homonímia: para que haja polissemia, é preciso que haja uma

só palavra; para que haja homonímia, é preciso que haja mais de uma palavra. Há

continuidade entre os vários sentidos que assume uma palavra ou construção polissêmica

entre os sentidos próprios de palavras homônimas, há descontinuidade.” (ILARI,2002, p. 151)

A polissemia afeta, além das palavras, a maioria das construções gramaticais: um bom

exemplo é o chamado “aumentativo” dos nomes: se pensarmos nas razões pelas quais alguém

poderia ser chamado de Paulão, em vez de Paulo, podemos imaginar que é “porque é alto”,

“porque é grande”, “porque é grosseiro”, “porque é desajeitado” e até mesmo “porque é uma

pessoa com quem todos se sentem à vontade”.

Mais exemplos:

Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!

Vamos! Coloque logo a mão na massa!

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Andréia Almeida Mendes

As crianças estão com as mãos sujas.

Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.

Disponível em: http://lpafiada.blogspot.com.br/2010/09/polissemia-na-linguagem-publicitaria.html. Acesso:

18/02/2014.

Disponível em: http://lpafiada.blogspot.com.br/2010/09/polissemia-na-linguagem-publicitaria.html. Acesso:

18/02/2014.

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Disponível em: http://lpafiada.blogspot.com.br/2010/09/polissemia-na-linguagem-publicitaria.html. Acesso:

18/02/2014.

Disponível em: http://lpafiada.blogspot.com.br/2010/09/polissemia-na-linguagem-publicitaria.html. Acesso:

18/02/2014.

Sinonímia

“Os sinônimos são palavras de sentido próximo, que se prestam, ocasionalmente, para

descrever as mesmas coisas e as mesmas situações. Mas é sabido que não existem sinônimos

perfeitos: assim, a escolha entre dois sinônimos acaba dependendo de vários fatores a serem

exploradas.” (ILARI, 2002, p. 167)

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A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse.

A menina recusou energeticamente ao pedido para que comesse.

A mocinha rejeitou impetuosamente ao pedido para que comesse.

Disponível em: http://trabalhodimasemauricio.blogspot.com.br/2012/11/sinonimia-e-antonimia-

hiperonimia-e.html Acesso: 18/02/2014.

Antonímia

“Informalmente, as pessoas costumam chamar de antônimas quaisquer palavras ou

expressões que podem ser colocadas em oposição: nascer vs. morrer, ir vs. vir, grande vs.

pequeno etc. Os antônimos costumam ser comparados aos pares e entre dois antônimos que

formam par há sempre uma propriedade em comum. Assim, grande e pequeno indicam

tamanho; ir e vir indicam deslocamento; nascer e morrer são os dois extremos do mesmo

processo de viver etc.” (ILARI, 2002, p.25)

A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse.

A senhora aceitou passivamente ao pedido para que comesse.

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Andréia Almeida Mendes

Disponível em: http://trabalhodimasemauricio.blogspot.com.br/2012/11/sinonimia-e-antonimia-

hiperonimia-e.html Acesso: 18/02/2014.

Hiperonímia

Como o próprio prefixo já nos indica, esta palavra confere-nos uma ideia de um todo,

sendo que deste todo se originam outras ramificações, como é o caso de frutas.

Hiponímia

Demarcando o oposto do conceito da palavra anterior, podemos afirmar que ela

representa cada parte, cada item de um todo, no caso: maçã, banana, abacaxi, melão.

Disponível em: http://trabalhodimasemauricio.blogspot.com.br/2012/11/sinonimia-e-antonimia-

hiperonimia-e.html Acesso: 18/02/2014.

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Andréia Almeida Mendes

Campo lexical

“Constituem um campo lexical as palavras que nomeiam um conjunto de experiências

em algum sentido análogas. Os nomes das cores, por exemplo, que se referem a um tipo

particular de experiência visual ou os nomes dos animais, que organizam parte de nossa

experiência dos seres vivos, constituem campos lexicais.” (ILARI, 2002, p. 37)

a) Escola: professor, caderno, aula, livro, apostila, material escolar, diretor etc.

b) Internet: web, página, link, internauta, portal, blog, site etc.

c) Informática: pen drive, software, hardware, programas, gigabite, memória RAM etc.

d) Linguagem bíblica: mandamentos, Jesus, Novo Testamento, Apocalipse, Céus, Inferno,

discípulos etc.

Disponível em: http://estudarabrincar-missmonteiro.blogspot.com.br/2014/01/campo-lexical-x-familia-de-

palavra.html Acesso: 18/02/2014.

Campo semântico

Já o campo semântico, é o conjunto dos significados, dos conceitos, que uma palavra

possui. Um mesmo termo tem ou pode ter vários sentidos, os quais são escolhidos de acordo

com o contexto abordado. Assim, são exemplos de campos semânticos:

a) levar: transportar, carregar, retirar, guiar, transmitir, passar, receber.

b) natureza: seres que constituem o universo, temperamento, espécie, qualidade.

c) nota: anotação, breve comunicação escrita, comunicação escrita e oficial do governo,

cédula, som musical, atenção.

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d) breve: de pouca duração, ligeiro, resumido.

Homonímia

São palavras que possuem a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma grafia), mas

significados diferentes.

Homo = igual

Hetero = diferente

Grafo = escrita

Fono = som

Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.

rego (subst.) e rego (verbo);

providência (subst.) e providencia (verbo);

colher (verbo) e colher (subst.);

jogo (subst.) e jogo (verbo);

apoio (subst.) e apóio (verbo);

denúncia (subst.) e denuncia (verbo).

Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.

acender (atear) e ascender (subir);

cela (compartimento) e sela (arreio);

concertar (harmonizar) e consertar (reparar);

censo (recenseamento) e senso (juízo);

paço (palácio) e passo (andar)

Homógrafos e homófonos simultaneamente (perfeitos):

São  palavras iguais na escrita e na pronúncia: caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo

(verbo) e cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo)

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Disponível em: http://solinguagem.blogspot.com.br/2010/12/homonimos-e-paronimos.html Acesso:

18/02/2014.

Disponível em: http://curiosidadesgerais.spaceblog.com.br/1150253/HOMONIMOS-O-Que-Sao/ Acesso:

18/02/2014.

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Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/gramatica/paronimos-homonimos.htm Acesso:

18/02/2014.

Parônimos

São palavras diferentes no sentido, mas com muita semelhança na escrita e na

pronúncia.

Disponível em: http://riosulnet.globo.com/web/conteudo/7_277897.asp Acesso: 18/02/2014.

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Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/gramatica/paronimos-homonimos.htm Acesso:

18/02/2014.

Atividades

1) (Fuvest - SP) "Meditemos na regular beleza que a natureza nos oferece."

Assinale a alternativa em que o homônimo tem o mesmo significado do empregado na

oração acima:

A) Não conseguia regular a marcha do carro.

B) É bom aluno, mas obteve nota regular.

C) Aquilo não era regular, devia ser corrigido.

D) Admirava-se ali a disposição regular dos livros.

E) Daqui até sua casa há uma distância regular.

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2) (Cesgranrio - RJ) Assinale a alternativa em que a troca de vocábulo destacado pelo

que está entre parênteses altera sensivelmente o sentido do enunciado:

A)  "...caráter hermético." (obscuro)

B)  "...porque ela infringe os padrões." (transgride)

C) " ... o uso restrito evoca hábitos, atitudes, atividades... " (cria)

D) "... como um fenômeno de grupo restrito..." (= limitado)

E) "... essa linguagem espelha com fidelidade ..." (=reflete)

3) Indique o item em que o antônimo da palavra ou expressão em destaque está

corretamente apontado.

a) duradouro sucesso – efêmero

b) fama em ascendência – excelsa

c) elegante região – carente

d) sala lotada – desabitada

4) A palavra tráfico não dever ser confundida com tráfego, seu parônimo. Em que

item a seguir o par de vocábulos é exemplo de homonímia e não de paronímia?

a) estrato / extrato

b) flagrante / fragrante

c) eminente / iminente

d) inflação / infração

e) cavaleiro / cavalheiro

5) Assinale a alternativa correta, considerando que à direita de cada palavra há

um sinônimo.

a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar

b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)

c) delatar = expandir; dilatar = denunciar

d) deferir = diferenciar; diferir = conceder

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e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação

6) Indique a letra na qual as palavras completam, corretamente, os espaços das

frases abaixo.

Quem possui deficiência auditiva não consegue ______ os sons com nitidez.

Hoje são muitos os governos que passaram a combater o ______ de

entorpecentes com rigor.

O diretor do presídio ______ pesado castigo aos prisioneiros revoltosos.

a) discriminar - tráfico – infligiu

b) discriminar - tráfico – infringiu

c) descriminar - tráfego – infringiu

d) descriminar - tráfego – infligiu

e) descriminar - tráfico - infringiu

7) No ______ do violoncelista ______ havia muitas pessoas, pois era uma

______ beneficente.

a) conserto - eminente – sessão

b) concerto - iminente – seção

c) conserto - iminente – seção

d) concerto - eminente - sessão

8) (Fuvest 2012) Leia o seguinte texto:

Pense antes de compartilhar

Cada vez mais pessoas interagem por meio de redes sociais.

O crescimento dessas comunidades reforça uma das principais discussões relativas

à internet: a privacidade. (Época, 15/04/2011)

     a) Qual a razão apresentada por essa matéria jornalística para aconselhar seus

leitores a “pensar antes de compartilhar”?

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b) No verbete “privacidade”, do Dicionário Houaiss da língua portuguesa, lê-se:

trata-se de ang. de empréstimo recente na língua, sugerindo-se em seu lugar o uso

de ................ .

Por que o dicionário sugere que se evite o uso de “privacidade”? Que palavra pode

ser usada em seu lugar?

9) (Unifesp 2010) Leia o texto.

Jesus, que barriga

De um lado a luz, na forma de uma sorridente e radiante Gisele Bundchen, 28 anos,

que em seu único desfile na semana de moda em São Paulo exibiu a beleza

simpática de costume – sempre com roupas estrategicamente soltinhas. De outro, na

mesma passarela, a cara fechada e o peito aberto de Jesus Luz, 22, não namorado de

todo mundo sabe quem. (Veja, 24.06.2009.)

   a) Tendo como referência o uso coloquial e interjetivo que as pessoas fazem da

palavra Jesus e o texto apresentado, faça duas interpretações possíveis e coerentes

para a frase Jesus, que barriga.

b) Tomando como parâmetro a referência ao semblante das personalidades citadas,

nomeie a relação de sentido estabelecida entre eles, utilizando termos que

justifiquem sua resposta.

10) (FGV 2009) Leia o texto.

Amorim, pede pra sair

O fracasso das negociações comerciais de Doha ecoa a falência verbal que levou o

ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a entrar nas reuniões com o pé

esquerdo e a sair delas com a autoridade destroçada por duas declarações de

natureza intrinsecamente perversa.

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(Veja, 06.08.2008)

   a) Explique o título do texto, associando-o às informações apresentadas.

  b) Se fosse retirada a vírgula do título do texto, haveria alteração de sentido?

Justifique a sua resposta.

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Andréia Almeida Mendes

Aula 5 Intertextualidade

Objetivo: Levar o aluno a reconhecer os principais processos intertextuais.

Intertextualidade

Intertextualidade é a consciência de que qualquer texto se constrói absorvendo,

ampliando, reafirmando ou negando outros textos. Assim, um texto novo é um ponto de

cruzamento de vários outros textos que dialogam entre si e se completam. Segundo Kristeva

(1978), intertextualidade é o processo de interação e intercâmbio semiótico de um texto

primeiro com outro texto, ou outros textos, particularmente com o texto cultural, o texto

histórico e o texto social, (na medida em que os três se interseccionam sem, no entanto, serem

redutíveis um ao(s) outro(s)). Intertexto, por sua vez, é o texto específico (ou o corpus de

textos específicos) com que um determinado texto mantém o intercâmbio semiótico que

caracteriza a intertextualidade. Analise os textos abaixo:

Fonte: PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 53

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Andréia Almeida Mendes

Segundo Platão e Fiorin (2003), a música “Pra que mentir?”, composta por Noel Rosa,

foi motivada por uma de suas relações amorosas, tidas com uma das mais marcantes de sua

vida. “Ceci, que Noel conheceu no cabaré Apollo, Rio de Janeiro, numa festa de São João, e

de quem nunca mais se desligou, é a fonte de inspiração dessa canção de parceria com

Vadico” (PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 53). Quando a música foi composta, Ceci estava

dividida entre ele e Mário Lago, compositor de “Saudades da Amélia”; apesar dela nunca

confessar o novo romance, Noel a conhecia bem o suficiente para saber e sempre dizia a ela:

“Você ainda não aprendeu a mentir...”. Tempos depois, num jogo intertextual, Caetano

Veloso compõe “Dom de Iludir”, uma espécie de resposta à música de Noel Rosa.

Existem diversos tipos de efeitos intertextuais explícitos utilizados na composição do

texto: alusão, citação, epígrafe, bricolagem, pastiche, paráfrase, estilização e paródia. A

seguir, falar-se-á um pouco de cada um deles:

Citação Indireta - É o processo de referência indireta a um outro texto quando um autor está

desenvolvendo determinadas ideias que já foram pesquisadas por outros. Segundo a ABNT, é

quando o texto é baseado na obra do autor consultado. A citação deve ser acompanhada do

sobrenome do autor, ano da publicação e, opcionalmente, do número das páginas

parafraseadas.

“Garcia (1986), com base naquilo que chama parágrafo padrão, propõe uma série de

inícios de parágrafo, que denomina tópicos frasais” Fonte: ABREU, 1996, p.56

Citação Direta - É o processo de referência direta, quando se reproduz literalmente as

palavras do autor. Segundo a ABNT, citação direta é cópia fiel de um fragmento. Nesse caso,

é preciso constar o sobrenome do autor, o ano da publicação, a(s) página(s), volume(s),

tomo(s) ou seção(ões) da fonte consultada.

É nesse ponto que os pressupostos teóricos da Sociolinguística vêm somar-se aos da

Dialetologia. Ambas possuem um objetivo maior que é “o estudo da diversidade da língua

dentro de uma perspectiva sincrônica e concretizada nos atos de fala” (FERREIRA e

CARDOSO, 1994, p.19) Fonte: MENDES, 2009, p.52

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Andréia Almeida Mendes

Epígrafe - São pequenas citações que precedem textos literários ou teóricos, que reproduzem

pensamento, ideias e sentimentos de outras pessoas, que se aproximam das ideias a serem

desenvolvidas pelo texto. Em geral, aparece no terço final da folha e bastante recuada em

relação à margem esquerda.

Se a citação vem logo sob o título do capítulo, também recebe o nome de epígrafe. É

comum o uso do recuo à esquerda, aspas no início e no final da citação ou em itálico. A

epígrafe não é um texto ornamental; deve ser relacionada com o desenvolvimento do texto.

Em geral, ela fornece ao leitor uma pista interpretativa do texto capitular.

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Andréia Almeida Mendes

Alusão - É um tipo de intertexto que faz referência explícita ou implícitamente a uma obra de

arte, a um fato histórico ou a uma celebridade, para servir de termo de comparação e que

apela à capacidade de associação de ideias do leitor, ativando seu conhecimento prévio, sem o

qual o sentido não pode ser alcançado. (SANT’ANNA, 2000)

Esse computador, sem dúvida, é um “presente de grego”. [“presente de grego” significa

presente ou oferta que traz prejuízo, só faz sentido para quem conhece a história da Guerra

de Troia.]

“A grande arte é como labor de joalheiro. Ou bem de estatuário: tudo quanto é belo, tudo

quanto é vário, canta no martelo”. (Manuel Bandeira) [“labor de joalheiro”, “é belo”, “canta

no martelo” aludem ao poema Profissão de fé de Olavo Bilac, com a finalidade de criticar os

autores parnasianos.]

Bricolagem é um termo com origem no francês "bricòláge" cujo significado se refere à

execução de pequenos trabalhos domésticos, sem necessidade de recorrer aos serviços de

um profissional. Também pode ser um tipo de criação de texto; nesse caso específico, um

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Andréia Almeida Mendes

texto criado através de bricolagem é composto por diferentes trechos de outros textos, que

depois são "colados", através de um processo semelhante ao da bricolagem. (SANT’ANNA,

2000)

Disponível em: http://www.sabercultural.org/template/obrasCelebres/LeonardoDaVinciMonaLisa.html. Acesso

em: 20/02/2014

Disponível em: http://artpaintingartist.org/salvador-dali-a-surrealist-artist-stranger-than-fiction/ Acesso em:

20/02/2014

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Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/2012/02/12/monalisa-generica/ Acesso em:

20/02/2014

Disponível em: http://www.robsonpiresxerife.com/notas/monalisa-do-futuro-e-de-matar/ Acesso em: 20/02/2014

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Disponível em: http://www.facebookimagens.com/monalisa-com-o-passar-dos-anos.html Acesso em:

20/02/2014

Na Literatura, Oswald de Andrade, no livro Pau-Brasil, recorta textos de Pero Vaz de

Caminha e os dispõe, num contexto diverso, fazendo uma re-leitura do presente.

As meninas da Gare

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis

Com cabelos mui pretos pelas espáduas

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas

Que de nós as muito bem olharmos

Não tínhamos nenhuma vergonha.

(Oswald de Andrade)

Pastiche - É uma repetição diferenciada e recriadora de uma obra e uma forma anteriores. O

autor se apropria do texto original apenas como ponto de partida para a elaboração de sua

obra. É a imitação rude de outros criadores – escritores, pintores, entre outros – com intenção

pejorativa, ou uma modalidade de colagens e montagens de vários textos ou gêneros,

compondo uma espécie de colcha de retalhos textual. (SANT’ANNA, 2000)

Canção do Exílio (trecho)

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá

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Sem que eu desfrute os primores

que não encontro por cá

Sem que ainda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá. (Gonçalves Dias)

Expedicionário (trecho)

Seu corpo repousa

No cemitério de Pistóia

_ Disse o prefeito.

Respondeu a voz além túmulo: por mais terra que eu percorra não permita, Deus que morra

(Silviano Santiago)

Oração do Bebum 

Whisky e Vodka, que estão no bar 

Alcoolatrado seja o nosso fígado .

Venha a nós o copo cheio  nunca apenas pelo meio. 

Seja feita a nossa cachaçada 

Assim no buteco como na calçada

O mé nosso de cada dia nos dai hoje. 

Perdoai as nossas bebedeiras 

Assim como nós perdoamos

A quem não tenha bebido. 

Não nos deixai cair na Coca Diet

E livrai-nos da água gasosa, Barmem

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Disponível em: http://urania-josegalisifilho.blogspot.com.br/2012/05/nacional-por-subtracao-roberto-

schwarz.html Acesso em: 20/02/2014

Disponível em: http://cmclaughlin658.wordpress.com/2013/04/16/pastiche/ Acesso em: 20/02/2014

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Disponível em: http://cmclaughlin658.wordpress.com/2013/04/16/pastiche/ Acesso em: 20/02/2014

Disponível em: http://www.lamauvaiseherbe.net/2011/08/01/detournements-des-personnages-de-bd-dans-des-

oeuvres-dart-celebres/ Acesso em: 20/02/2014

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Andréia Almeida Mendes

Paráfrase - é a réplica, a reprodução de uma obra alheia. O autor da paráfrase deve, portanto,

esclarecer que o trecho reproduzido não é de sua autoria, citando a fonte bibliográfica

pesquisada, a fim de não cometer plágio. (SANT’ANNA, 2000). A palavra paráfrase vem do

grego “para-phrasis” e significa repetição.

Disponível em: http://carapaucarapau.blogs.sapo.pt/2011/11/ Acesso em: 20/02/2014

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Disponível em: http://carapaucarapau.blogs.sapo.pt/2011/11/ Acesso em: 20/02/2014

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Noite_Estrelada Acesso em: 20/02/2014

Disponível em: http://www.culturamix.com/cultura/arte/os-quadros-mais-famosos-do-mundo Acesso em:

20/02/2014

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Disponível em: http://lanchinhodameianoite.wordpress.com/category/arte/ Acesso em: 20/02/2014

Poema de sete faces (Drummond) – original

“Quando eu nasci um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.”

Gauche: torto, desajustado.

Até o fim (Chico Buarque)

“Quando eu nasci

Veio um anjo safado

Um chato de um querubim

Que decretou

Que eu tava predestinado

A ser errado assim.”

Canção do exílio (Gonçalves Dias) – original

“Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

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Não gorjeiam como lá.”

Um dia depois do outro – Cassiano Ricardo

“Esta saudade que fere

Mais do que as outras quiçá,

Sem exílio nem palmeira

Onde canta o sabiá.”

Fonte: PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 63

Estilização - enquanto a paráfrase é feita mantendo-se o sentido total da obra-fonte, na

estilização, o autor possui uma liberdade de recriar o texto-original, sem contudo, contrariar

sua ideia original. (SANT’ANNA, 2000)

Estilo é o conjunto de traços particulares que irá definir as coisas mais banais até as

mais altas criações artísticas. É o conjunto de características determinante para a singularidade

de alguma coisa; ou, em termos mais exatos, “é o conjunto de traços recorrentes do plano do

conteúdo ou da expressão por meio da qual se caracteriza um autor, uma época etc.”

(FIORIN, 2001, p.63)

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Fonte: PLATÃO e FIORIN, 2003, p. 62

Hino nacional (texto original)

Ouviram do Ipiranga às margens plácidas

de um povo heróico o brado retumbante

e o sol da liberdade em raios fúlgidos

brilhou no céu da Pátria nesse instante.

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Andréia Almeida Mendes

Texto estilizado

O Imperador Pedro I proclamou a Independência do Brasil às margens do Rio Ipiranga, em

São Paulo, tornando o País, a partir desse instante, liberto de compromissos com a Corte de

Portugal.

Paródia - É a apropriação que opera uma dessacralização da obra do outro, uma

descontinuidade. O autor da paródia não leva a sério os valores do texto do qual se apropria,

realizando uma traição consciente ao original. Seu propósito é provocar a reflexão no leitor e

não dar respostas definitivas. A inversão do texto produz efeitos críticos e humorísticos.

Modernamente, Sant’anna (2000, p. 12) define a paródia como um jogo intertextual, mantido

por uma relação antagônica com o texto original. O redator desconstrói e desvirtua o

pensamento do autor, sem, contudo, perder a identidade do texto fonte. Tem por objetivo

satirizar, contestar ou ridicularizar fatos sócio históricos que ocorrem cotidianamente.

A palavra paródia também vem do grego “para-ode” e significa que uma ode é

reescrita de forma contrária à original. (Ode = poema cantado muito usado na Grécia Antiga).

Motivo (Cecília Meireles)

... Eu canto porque o instante existe

E minha vida está completa

Não sou alegre

Nem sou triste

Sou Poeta.

Simultaneidade (Mário Quintana)

Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo!

Eu creio em Deus! Deus é um absurdo!

Eu vou me matar! Eu quero viver!

Você é louco?

Não, sou poeta.

Quadrilha (Carlos Drummond) – original

João amava Teresa que amava Raimundo

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Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

Que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos. Tereza para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para titia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

Que não tinha entrado na história.

Ministério da Saúde – Governo Federal

João

Que amava

Teresa

Que amava

Sílvio

Que amava

Joaquim

Que amava

Rita

Que amava

Fábio

Que morreu de AIDS

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Andréia Almeida Mendes

Disponível em: http://blog.groupon.com.br/2011/07/22/melhores-coisas-da-inglaterra-parte-4-the-

beatles/ Acesso em: 20/02/2014

Disponível em: http://minilua.com/assunto-e-parodia/ Acesso em: 20/02/2014

Disponível em: http://turmadamonicajovemmania.blogspot.com.br/2011/03/tmjovem-faz-parodia-aos-

beatles.html Acesso em: 20/02/2014

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Andréia Almeida Mendes

Disponível em: http://diariodenine.blogspot.com.br/2011/09/exemplos-de-parodias-em-quadros.html Acesso em:

20/02/2014.

Disponível em: http://diariodenine.blogspot.com.br/2011/09/exemplos-de-parodias-em-quadros.html Acesso em:

20/02/2014.

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Disponível em: http://diariodenine.blogspot.com.br/2011/09/exemplos-de-parodias-em-quadros.html Acesso em:

20/02/2014.

Disponível em: http://diariodenine.blogspot.com.br/2011/09/exemplos-de-parodias-em-quadros.html Acesso em:

20/02/2014.

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Andréia Almeida Mendes

Disponível em: http://revista.cifras.com.br/noticia/nevermind-e-sua-capa-inesquecivel_2169. Acesso em:

20/02/2014.

Disponível em: minilua.com Acesso em: 20/12/2014

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Atividades

1) (Puc 2003)

Texto 1

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou tão feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.

PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1995, p.11.

a) Adélia Prado é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras

contemporâneas. Sua poesia trata de temas que vão do mistério da criação poética à

vida cotidiana, passando pela condição feminina. Leitora contumaz, ela estabelece

uma série de diálogos com obras e autores de nossa literatura. A partir da leitura do

texto acima, estabeleça uma comparação entre o poema de Adélia e o seguinte trecho

do "Poema de sete faces" de Carlos Drummond de Andrade:

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Andréia Almeida Mendes

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche* na vida.

* gauche: palavra da língua francesa que possui inúmeros significados, dentre os quais

os de torto, malfeito, desajeitado.

b) Identifique e explique brevemente o jogo de palavras presente no título do poema.

2) O texto abaixo é uma paródia. Diga qual é a crítica que está sendo realizada no

texto.

Disponível em: http://celiareginas4849.blogspot.com.br/p/plano-de-aula.html. Acesso em: 20/02/2014

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Andréia Almeida Mendes

D)

3 Qual a relação que há entre o quadro – Mona Lisa – de Leonardo da Vinci e o anúncio

publicitário da Bombril?

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Andréia Almeida Mendes

4 O slogan do anúncio da Bombril é o seguinte:  "Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita

obra-prima". O que esse enunciado sugere?

5 Pode-se  dizer que há uma relação intertextual entre a obra de Leonardo da Vinci e o

anúncio publicitário da Bombril? Explique.

6 Qual é a relação entre os textos c e d? Pode-se afirmar que há intertextualidade entre eles?

Explique.

7 A imagem em  C  retrata a famosa capa do disco Abbey Road, em que os Beatles - uma

das maiores bandas de rock de todos os tempos - aparecem atravessando a rua em uma

faixa de pedestres. Dezenas de fãs se aglomeram todos os dias em uma das faixas de pedestres

mais famosas do mundo, em frente aos estúdios da Abbey Road em Londres, para tirar a

lendária foto dos Beatles atravessando a rua de mesmo nome, há mais de 40 anos. O que a

imagem dos Simpsons – série de  desenho animado -  atravessando a rua sugere? Explique.

8 Que tipo de intertextualidade ocorre entre o quadro  Mona Lisa – de Leonardo da Vinci e o

anúncio publicitário da Bombril? E entre capa do disco Abbey Road - dos Beatles e  a

imagem dos Simpsons? Explique.

II Leia atentamente os 3 textos abaixo:

Texto 1: Monte Castelo

Renato Russo

Composição: Renato Russo

Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.

Que conhece o que é verdade.

O amor é bom, não quer o mal.

Não sente inveja ou se envaidece.  

O amor é o fogo que arde sem se ver.

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É ferida que dói e não se sente.

É um contentamento descontente.

 É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer.

É solitário andar por entre a gente.

É um não contentar-se de contente.

É cuidar que se ganha em se perder.  

É um estar-se preso por vontade.

É servir a quem vence, o vencedor;

É um ter com quem nos mata a lealdade.

Tão contrário a si é o mesmo amor.  

Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem.

Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.

Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.  

Texto 2:  Amor é fogo que arde sem se ver

Luis Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver.

É ferida que dói e não se sente.

É um contentamento descontente.

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer.

É solitário andar por entre a gente.

É nunca contentar-se de contente.

É cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade.

É servir a quem vence, o vencedor.

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É ter com quem nos mata lealdade.  

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?     

    

Texto 3:  I carta de São Paulo aos Coríntios 

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o

metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse

todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que

transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha

fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se

não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é

invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não

busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga

com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha.

Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,

desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que

é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como

menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem,

acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então

veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou

conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes

é o Amor.”

9  A letra da música “Monte Castelo” de Renato Russo é um exemplo de intertextualidade,

isto é, retoma um texto da Bíblia – I Coríntios, capítulo 13 e o soneto de Camões “O amor é

fogo que arde sem se ver. Assim, leia  o texto 3 - I carta de São Paulo aos Coríntios – e

destaque os trechos desse texto que estão presentes na canção de Renato Russo.

10 Identifique, na canção de Renato Russo, versos  que correspondem ao soneto de Camões.

11  Antítese é uma figura de linguagem que consiste na exposição de ideias

opostas.  Transcreva do texto – Monte Castelo -  versos que constituem antíteses.

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Andréia Almeida Mendes

12 Releia estes versos:

Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria

Interprete as expressões: “língua dos homens”; “língua dos anjos”