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1° período Ficha Técnica Metodologia do Trabalho Científico CARTA DE APRESENTAÇÃO Prezado (a) aluno(a) Este material didático discute os principais aspectos que compõem a Metodologia do Trabalho Científico. A nossa maior preocupação é inserir o estudante no contexto do Ensino Superior, fornecendo- lhe as bases para que possa caminhar com sucesso na vida acadêmica. É importante ressaltar que a Metodologia não possui o seu horizonte limitado às tarefas didáticas ou à normatização de trabalhos acadêmicos. Ela é uma disciplina que se preocupa com o contexto de construção de conhecimento, com as condições da produção científica e com o papel do sujeito na transformação da realidade. Para tanto, atenta para a condição de ser humano, para as suas inquietações e questionamentos, para as necessidades da sociedade que nos cerca e para o contexto da Educação, considerando suas possibilidades e desafios no Ensino Superior. Este material foi resultado do esforço conjunto de três professoras da equipe pedagógica de Metodologia do Trabalho Científico. Eu elaborei os temas 01 e 03, intitulados “O ser humano, a sociedade e o conhecimento” e “Estrutura e organização de trabalhos acadêmicos”, respectivamente. A profª. Naurelice Maia construiu o tema 02, “Metodologia Científica e Universidade” e a profª. Leila Cruz produziu o tema 04, “A pesquisa científica e suas fases”. Acreditamos que um dos maiores méritos da Metodologia Científica é estimular a autonomia, o espírito científico e o exercício da pesquisa, enfatizando que todos nós podemos construir habilidades que favoreçam a produção de conhecimento, tais como o senso

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Page 1: contabilidadeftcead.files.wordpress.com · Web viewFicha Técnica Metodologia do Trabalho Científico CARTA DE APRESENTAÇÃO Prezado (a) aluno(a) Este material didático discute

1° período

Ficha Técnica

Metodologia do Trabalho Científico

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Prezado (a) aluno(a)

Este material didático discute os principais aspectos que compõem a Metodologia do Trabalho Científico. A nossa maior preocupação é inserir o estudante no contexto do Ensino Superior, fornecendo-lhe as bases para que possa caminhar com sucesso na vida acadêmica.

É importante ressaltar que a Metodologia não possui o seu horizonte limitado às tarefas didáticas ou à normatização de trabalhos acadêmicos. Ela é uma disciplina que se preocupa com o contexto de construção de conhecimento, com as condições da produção científica e com o papel do sujeito na transformação da realidade. Para tanto, atenta para a condição de ser humano, para as suas inquietações e questionamentos, para as necessidades da sociedade que nos cerca e para o contexto da Educação, considerando suas possibilidades e desafios no Ensino Superior.

Este material foi resultado do esforço conjunto de três professoras da equipe pedagógica de Metodologia do Trabalho Científico. Eu elaborei os temas 01 e 03, intitulados “O ser humano, a sociedade e o conhecimento” e “Estrutura e organização de trabalhos acadêmicos”, respectivamente. A profª. Naurelice Maia construiu o tema 02, “Metodologia Científica e Universidade” e a profª. Leila Cruz produziu o tema 04, “A pesquisa científica e suas fases”.

Acreditamos que um dos maiores méritos da Metodologia Científica é estimular a autonomia, o espírito científico e o exercício da pesquisa, enfatizando que todos nós podemos construir habilidades que favoreçam a produção de conhecimento, tais como o senso crítico, a sistematização, o planejamento, a observação acurada e a ação consciente sobre a realidade.

Bom estudo!

Profª. Patrícia Mota Sena.

Bloco Temático 01

O Conhecimento Humano e a Ciência

No primeiro tema, apresentaremos a disciplina de Metodologia do Trabalho Científico analisando as suas relações com a construção de conhecimento pelo ser humano. Destacamos a sua importância para a inserção do estudante no Ensino Superior, procurando desvincular a associação que preconceituosamente se faz acerca dos conteúdos da disciplina. Para tanto, privilegiamos a análise das relações que essa disciplina mantém com questões mais abrangentes, tais como a construção do conhecimento, o modo como os seres humanos se relacionam com o

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saber e as transformações das concepções de ciência no decorrer da História da humanidade. O tema seguinte aborda a atividade de estudo e a prática das técnicas para a sistematização do conhecimento tendo em vista o significado que apresentam para a eficácia da aprendizagem. Nesse tema, discutimos a especificidade da inserção do estudante no Ensino Superior, considerando a modalidade de Educação a Distância com ênfase nas habilidades necessárias e com orientações para que os estudantes possam construí-las.

Tema 01O Ser Humano, a Sociedade e o Conhecimento

Iniciaremos as nossas discussões com uma apresentação da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico, destacando os fundamentos, características e sua aplicação na construção de conhecimento na graduação.     

Em seguida, veremos a teoria do conhecimento e os elementos que constituem a produção científica. Faremos também um passeio pela História da humanidade com o objetivo de compreender as diversas concepções de ciência.

Por fim, refletiremos sobre a ciência hoje em uma perspectiva de transformação dos métodos aplicados nas Ciências Sociais até os dias de hoje.

1. Metodologia do Trabalho Científico: Apresentação da Disciplina

A Metodologia do Trabalho Científico é uma disciplina que perpassa todo contexto do Ensino Superior. Ela fornece instrumentos para a construção de uma proposta de Universidade, de ambiente acadêmico. O espaço onde se constrói o Ensino Superior é um local de excelência no desenvolvimento de um pensamento, de análise crítica, de reflexão sobre a realidade e de ação sobre ela. E isso pode ser observado não somente por meio da atuação dos profissionais egressos do Ensino Superior, mas também no debate e no cultivo à pluralidade de pensamento. Desta forma, precisamos evitar o tecnicismo, pois as regras, técnicas e normas são importantes, mas

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são instrumentos a serviço da produção de conhecimento, da comunicação de idéias com o mundo, isto é, da socialização do conhecimento.

Como afirma Antônio Joaquim Severino (Apud BARROS E LEHFELD, 2006, p. XIII e XIV), o Ensino Superior é também um espaço de contradição e de rupturas que deve proporcionar

competência técnico-profissional, competência científica e competência política, formando profissionais competentes no domínio técnico de suas habilitações de trabalho, com base em conhecimentos científicos assimilados em um processo de reelaboração da ciência [...] e comprometidos com uma nova consciência social, ou seja, capazes de compreender e reavaliar sua existência e sua atuação na sociedade a partir de um projeto [...] voltado para a transformação qualitativa dessa mesma sociedade no seu todo.

Desta forma, ao associarmos conhecimento e prática profissional, ciência e transformação da realidade, percebemos que a Metodologia do Trabalho Científico não se limita aos afazeres didático-pedagógicos. Ao se debruçar sobre o estudo do método e das condições da própria produção científica, essa disciplina integra teoria e prática, abrangendo aspectos como a condição de ser humano, as relações sociais, a educação e o contexto acadêmico.

Nesse sentido, a expectativa de entrar em contato diretamente com as disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida é, por vezes, arrefecida pelo encontro inicial com a disciplina de Metodologia do Trabalho Científico. Mas isso é fruto de um preconceito oriundo do desconhecimento acerca do significado dessa disciplina, de suas temáticas e, especialmente, da sua importância para o desenvolvimento e êxito das atividades de estudo, pesquisa e sistematização: atividades que acompanham o estudante por toda a trajetória na academia.

Então, o que é metodologia?

Qual a relevância da Metodologia Científica para o estudante do Ensino Superior?

E o método? Qual o seu significado e a sua função dentro da academia?

Diante desses questionamentos, passaremos a discutir os significados de método e metodologia, tendo em vista a compreensão da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico. Vamos lá?

“MÉTODO é derivado do grego methodos, formado por meta, “para” e hodos, “caminho”. Poder-se-ia, então, traduzir a palavra por “caminho para” ou, então, “prosseguimento”, “pesquisa”. (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 11).

No contexto de produção científica, é imprescindível trabalhar com método e agir com rigor, seguindo critérios previamente definidos pela comunidade acadêmica. É a aplicação do método que confere validade e credibilidade aos resultados de uma pesquisa científica. Ele orienta os rumos de uma investigação e, de acordo com Odília Fachin (2006, p. 30), consiste na “maneira de se proceder ao longo de um caminho”.  Ainda segundo essa autora:

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Todo trabalho científico deve ser baseado em procedimentos metodológicos, os quais conduzem a um modo pelo qual se realiza uma operação denominada conhecer, outra agir e outra fazer. Tais operações são desempenhadas pelo ser humano a fim de desenvolver adequadamente um estudo. (FACHIN, 2006, p. 29. Grifos da autora).

A escolha do método (ou dos métodos) que serão aplicados em uma pesquisa varia de acordo com a natureza de cada problema que se deseja investigar. Para tanto, é preciso considerar a natureza do objeto e o objetivo da investigação. Essa escolha tem relação direta com a área específica da ciência na qual o objeto de estudo está inserido. Desta forma, as Ciências Contábeis não são fundamentadas nos mesmos métodos em que se apóiam os estudos da Sociologia ou da Química. Isso significa que não existe um único método, universalmente aplicável a todas as áreas científicas.

Método >

Forma ordenada de proceder ao longo de um caminho.

Conjunto de processos ou fases empregadas na investigação na busca do conhecimento.

(BARROS E LEHFELD, 2006, p. 03).

O método é a organização, o planejamento do ato de pesquisar. É responsável pela abordagem de um problema a partir da análise sistemática das suas possíveis soluções, de maneira a ordenar as etapas e as atividades a serem desenvolvidas com o objetivo de construir conhecimento. De maneira geral, ele define o que deve ser feito nos processos de investigação, estudo e pesquisa. 

CLIQUE AQUI PARA SABER MAIS!

METODOLOGIA corresponde a um conjunto de procedimentos a serem utilizados na obtenção do conhecimento. É a aplicação do método, através de processos e técnicas, que garante a legitimidade do saber obtido. (BARROS & LEHFELD, 2006, P. 02).

 

 Ficha Técnica

Metodologia do Trabalho Científico

Quanto à metodologia, podemos dizer que é a operacionalização do método. É a ação planejada e praticada a partir da união entre métodos, técnicas e o corpo teórico que pauta a investigação. “O método pode ser considerado como uma visão abstrata da ação, e a Metodologia, a visão concreta da operacionalização”. (BARROS & LEHFELD, 2006, P. 01).

Já a Metodologia do Trabalho Científico é uma disciplina relacionada à epistemologia, isto é, ao modo como compreendemos, descrevemos e lançamos o nosso olhar sobre o mundo. Para além da aplicação de técnicas e normas, ela avalia os métodos disponíveis no campo das ciências,

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verificando constantemente a sua validade na resolução de novos problemas científicos. Desta forma, ela oferece os instrumentos intelectuais necessários à aprendizagem, focalizando o aluno como um sujeito capaz de construir habilidades de pesquisa, sistematização do conhecimento e auto-avaliação do aprendizado. É através da Metodologia Científica que o aluno é confrontado com a realidade uma vez que se posiciona diante do conhecimento mediante a aplicação dos métodos disponíveis, do questionamento e da expressão do saber construído contextualizado historicamente, politicamente, socialmente e culturalmente.  

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO é uma disciplina instrumental e reflexiva que se propõe a desenvolver habilidades de observação, análise crítica, sistematização e seleção de informações e dados na busca do entendimento da realidade. Barros e Lehfeld (2006, P. 07) elencam os principais objetivos dessa disciplina:

a) “análise das características essenciais que permitem distinguir Ciência de outras formas de conhecer, enfatizando o método científico e não o resultado;

 b) análise das condições em que o conhecimento é cientificamente construído abordando o significado de postulados e atitudes da Ciência hoje;

c) oportunidades especiais para o aluno comportar-se científicamente, levantando e formulando problemas, coletando dados para responder aos questionamentos, analisando e interpretando-os e comunicando resultados;

d) capacitação do aluno para que ele leia criticamente a realidade e produza conhecimentos;

e) vetor de informações e referenciais para a montagem formal e substantiva de trabalhos científicos: resenhas, monografias, artigos científicos, etc;

f) fornecimento de processos facilitadores à adaptação do aluno, integrando-o à universidade, minimizando suas dificuldades e apreensões quanto às formas estudar e, conseqüentemente, de encontrar os meios de extrair o maior proveito do estudo”.

Vamos refletir...

Atualmente vivemos um momento de transição, no qual novos paradigmas científicos estão sendo pensados com o objetivo de responder aos novos problemas da contemporaneidade. Para muitos, vivemos a era da informação. Reflita como a disciplina “Metodologia do trabalho Científico” contribui para formação do conhecimento na contemporaneidade e de que modo podemos significar a informação nesse contexto.

1.1. Metodologia do Trabalho Científico e Universidade

Para que possamos compreender melhor as relações entre a Metodologia e o Ensino Superior na atualidade, convido você para um passeio pela história, no qual conheceremos um pouco mais sobre o surgimento das primeiras universidades e o seu papel na construção de conhecimento científico. Vamos lá?

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As primeiras Universidades surgiram no contexto da Idade Média, período em que a Igreja Católica exercia papel preponderante na construção e preservação do conhecimento construído até então. Mas muito antes da institucionalização formal do Ensino Superior, podemos identificar núcleos de circulação de saberes e conhecimentos. Estamos falando da Antigüidade Clássica.

Na Grécia e Roma Antigas, havia escolas para formar especialistas em Direito, Filosofia e Retórica, por exemplo. Os aprendizes, chamados de discípulos, reuniam-se em torno de um mestre, que lhes transmitia seus conhecimentos, formando as escolas. Na Antigüidade, havia também centros de estudos, não nos moldes como conhecemos hoje, mas locais de leitura, como a Biblioteca de Alexandria. Os arqueólogos descobriram treze salas de leitura com capacidade para cerca de cinco mil estudantes.

Foi entre os séculos XI e XV que surgiram as primeiras universidades no Ocidente. Esse período compreende a Idade Média no qual a Igreja Católica foi responsável pela unificação do Ensino em virtude da preocupação em formar o clero e prepará-lo para a ação política e religiosa. A universidade medieval construía conhecimentos dogmáticos, pautados na verdade da fé e nos estudos filosóficos da Antigüidade, mas já se podia perceber o hábito das discussões abertas e dos debates públicos.

Essas universidades eram corporações. Tinham privilégios legais, inclusive autonomia, o monopólio da educação superior em suas regiões, e cada uma reconhecia os graus conferidos pelas demais. [...] Na época, admitia-se como indiscutível que as universidades deviam se concentrar na transmissão do conhecimento e não em sua descoberta. De modo semelhante, pressupunha-se que as opiniões e interpretações dos grandes pensadores e filósofos do passado não podiam ser igualadas ou refutadas pela posteridade, de tal forma que a tarefa dos professores se limitava a expor as posições das autoridades [...]. (Burke 2003, p. 38).

No contexto da Renascença e da Reforma Religiosa, que caracterizaram a Idade Moderna, a contraposição dos seguimentos burgueses e a expansão do comércio diversificaram o ensino, trazendo para a Universidade matérias mais empíricas, como a Matemática e a Lógica, mas resguardando todo o conhecimento produzido anteriormente, resguardando as verdades constituídas.

Foi o Iluminismo no século XVIII que realmente contestou tal prática, resguardando os conhecimentos constituídos e deu uma conotação profissional às universidades, com objetivos práticos. No século XIX, ainda sob a influência do pensamento iluminista, a universidade se tornou centro de pesquisa. Isso pôde ser observado em 1810, com a criação da Universidade de Berlim fundada pela iniciativa do naturalista Wilhem Humboldt.

No Brasil as primeiras universidades foram criadas no mesmo período. Antes da chegada da Família Real, em 1808, os brasileiros estudavam na Universidade de Coimbra e eram, em sua maioria, homens que desejavam seguir a carreira religiosa. Ainda em 1808, foi criada a Faculdade de Medicina, na Bahia. Em 1854 foram criadas as Faculdades de Direito de São Paulo e de Recife. No século XX, a partir de 1930, a junção de três ou mais faculdades legalmente estabelecidas se chamava universidade. Em 1934, a Universidade de São Paulo (USP) foi fundada e a de Minas Gerais foi reestruturada. A ditadura varguista, a partir de 1937, rompeu

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com o processo ascendente de expansão das universidades, já que as ditaduras são incompatíveis com os debates livres. O mesmo aconteceu com a Universidade de Brasília (UNB) que foi fechada com o golpe de 1964.

A Biblioteca de Alexandria foi fundada no século III a.C no Egito. Chegou a ter 400 mil volumes. Havia um museu que funcionava como um centro de pesquisa mantido pelo governo. Lá trabalhavam profissionais de várias áreas, tais como geógrafos, astrônomos, físicos e matemáticos.

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Fig. 01 - No período medieval as escassas bibliotecas pertenciam à Igreja Católica. O conceito de Universidade nasceu no período medieval: Escola de Direito de Bolonha, na Itália.

Assista os filmes:

• O Corcunda de Notre Dame

• O Nome da Rosa

• Contato

Links

• http://wwww.doctum.com.br/unidades...

• http://www.educ.fc.ul.pt/docentes...

• http://www.dm.ufscar.br/hp...

Ficha Técnica

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 012. A Teoria do Conhecimento

Agora que já estudamos um pouco sobre a Metodologia e suas relações com a Universidade, passaremos a examinar o próprio conhecimento. Qual a sua natureza? Como nós – indivíduos socialmente e historicamente constituídos – nos relacionamos com o conhecimento? Veremos que conhecer o mundo constitui é próprio do ser humano, pois é preciso entender a realidade em que vivemos. Veremos, a partir de agora, aspectos relacionados à Teoria do Conhecimento, ramo da Filosofia que estuda os elementos que constituem o conhecimento, estuda e avalia a sua construção tendo como ponto de partida o ser humano. E o ser hunamo é entendido como um ser cognoscente: um ser que CONHECE!

TEORIA DO CONHECIMENTO OU EPISTEMOLOGIA

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Estudo da natureza e dos fundamentos do saber, particularmente de sua validade, de seus limites, de suas condições de produção”. (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 13). Ela está associada ao modo como compreendemos e descrevemos a realidade. Estuda e avalia os fundamentos e a validade das ciências, discutindo os postulados das reflexões e da objetividade nos variados métodos aplicados. Promove uma análise crítica a respeito da produção científica e de seus elementos constitutivos, orientando a ação e a reflexão dos investigadores na construção do conhecimento científico. Barros e Lehfeld sugerem que a epistemologia, ao disponibilizar “instrumentos de crítica aos princípios e às elaborações do fato científico”, pode ser entendida como uma “Ciência da Ciência”, pois consiste no exercício da reflexão e da análise da ciência sobre si mesma. (BARROS; LEHFELD, 2006, p. 40).

Vamos começar refletindo sobre o que é o ser humano? Vamos pedir um auxílio a alguns intelectuais, estudiosos da condição humana para que possamos buscar entender um pouco mais essa questão!

A partir do século XIX, com o surgimento do materialismo histórico, filósofos como Karl Marx, passaram a considerar o ser humano como um ser social, que pode praticar atividades livres e conscientes: o ser humano como processo de seus atos. Ele pode criar sua própria vida, é um ser de consciência e ação, capaz de refletir sobre sua própria condição e melhorar suas condições de vida, mantendo uma forte relação com sua realidade material e concreta. Mas o ser humano não se constrói apenas na relação que estabelece com o mundo, com a natureza, transformando-a em benefício de suas necessidades. O ser humano se constrói, segundo Marx, na relação que estabelece consigo mesmo. E tal relação somente é possível na medida em que o ser humano se relaciona com outros indivíduos. Não podemos perder de vista o aspecto histórico dessa relação entre os seres humanos (homens e mulheres) ao longo do tempo, pois ela se transforma! Na citação abaixo e na subseqüente, entenda a aplicação do termo “homem” como ser humano universal, isto é, homens e mulheres. (Gostaria de ressaltar que estudos de gênero têm problematizado a utilização desse termo nas discussões científicas e na linguagem como um todo, uma vez que ele universaliza e generaliza o ser humano a partir de um referencial masculino, que é igualmente transposto para a ciência). Vamos lá:

Além da relação entre homens ser fundamental para se poder falar de homem, essa relação é histórica, transforma-se, transformando o próprio homem e alterando, inclusive, as suas necessidades: essas necessidades são tão mais humanas quanto mais o homem (mesmo mantendo a sua individualidade) for capaz de se reconhecer no coletivo; nesse sentido, a sociedade e o homem, que embora distintos constituem uma unidade, produzem-se reciprocamente, tanto social como historicamente; e mesmo quando a atividade humana imediata é individual, ela se caracteriza como social. (ANDERY et alli. 2004, p. 407)

Desta forma, é no processo de satisfação das necessidades materiais que o ser humano transforma o meio em que vive, constrói conhecimento e se reconstrói permanentemente.

Pois é, estamos em constante transformação...

Para complementar essa discussão, podemos nos perguntar: o que nos faz querer conhecer? Conhecer é uma ação arbitrária, eventual ou é resultado de uma escolha? Conhecemos para quê?

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Bem, o ser humano também necessita de uma dimensão individual que permita que ele seja capaz de sentir e significar o mundo que o cerca. E para que possamos compreender um pouco mais a dimensão dos sentidos na busca do conhecimento pelo ser humano, vamos acompanhar o pensamento de Eric Fromm. Para ele, o ser humano possui duas dimensões: a “mente” e o “coração”. Ambas ligam o ser humano à realidade. A mente, que é o aspecto racional, questiona: “qual a natureza das coisas?” e o coração, que é a dimensão sensorial, pergunta “qual o sentido que essas coisas têm para nós?”

O homem não só tem uma mente e necessita de um sistema de orientação que lhe permita compreender e estruturar o mundo que o rodeia; ele também tem um coração e um corpo que precisam ser ligados emocionalmente ao mundo – ao homem e à natureza. (FROMM, 1977, p. 80).

Diferentemente dos outros animais, o ser humano não se preocupa apenas em garantir as suas necessidades físicas e sua sobrevivência. O ser humano precisa compreender de que se trata a vida humana e, para tanto, precisa também estabelecer laços com aqueles que o cercam. É através desses laços que o ser humano constrói a sua individualidade, mas não como um ser isolado, mas como um ser que conhece a partir de suas relações com o outro.

COMO CONHECEMOS O MUNDO?

O ser humano, em sua plenitude, possui faculdades intrínsecas e extrínsecas que lhes possibilitam conhecer e pensar no atendimento às suas necessidades humanas básicas. O conhecimento, seja ele qual for, representa, no cenário da vida, a apropriação da realidade, que é a totalidade das coisas conhecidas pelo sujeito. Conhecer, saber e ter conhecimento é apreender os seres e as coisas. Entende-se por SER tudo aquilo que existe ou que se supõe existir. Por COISA, tudo aquilo que existe ou poderia existir. Assim é que a apropriação da realidade inclui o REAL, ou seja, o que existe realmente independente do nosso pensamento, e o IDEAL, ou seja, aquilo que existe apenas em nosso pensamento de modo imaginário ou fictício.

[...] Para Ruiz, conhecer e pensar colocam o universo ao nosso alcance e lhes dão sentido, finalidade e razão de ser. Desse modo, o homem torna-se o ser verdadeiro capaz de olhar o mundo e vê-lo, com reconhecimentodo que vê e com atribuição de significado aos seres e às coisas. (TEIXEIRA, 2005, p. 79-80)

Já que estamos falando de conhecer o mundo, podemos nos perguntar: o que é conhecimento?

Em geral, pensamos que conhecimento é tudo o que aprendemos nos livros, com nossos professores e com os pais. Essa resposta não é equivocada, mas é insatisfatória, pois nos diz apenas onde obtemos conhecimento.

Podemos entender conhecimento como elucidação da realidade. A palavra “elucidar” deriva do latim lucere que significa trazer à luz. Essa palavra vem acompanhada do prefixo reforçativo “e”. Então, do ponto de vista da origem da palavra, elucidar significa trazer à luz muito fortemente, iluminar com intensidade. Desse modo, conhecer pode ser entendido como elucidar a realidade, iluminar, trazer à luz a realidade. Essa luz é a luz da inteligência, que pode tornar a realidade

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clara e cristalina. O ato de conhecer como elucidar é o esforço de entender a realidade, buscando o sentido das coisas.

Para Luckesi (1996, p. 48), o conhecimento

“é produto de um enfrentamento do mundo realizado pelo ser humano que só faz plenamente sentido na medida em que o produzimos e o retemos como um modo de entender a realidade, que nos facilite e nos melhore o modo de viver”.

Nesse sentido, o conhecimento se configura como um instrumento de mudança, uma vez que pode se transformar em consciência social, eliminando o conformismo, favorecendo a autonomia e o senso crítico.

Para Barros e Lehfeld (2006, p. 30), o conhecimento pode ser compreendido como “a manifestação da consciência-de-conhecer. De forma mais simplificada, diz-se que o conhecimento existe quando a pessoa ultrapassa o “dado” vivido, explicando-o”. Esse dado vivido pode ser uma parcela do real, um fenômeno ou acontecimento que passaremos a chamar de objeto.

Podemos dizer então, que, quem conhece consegue se apropriar do objeto que conheceu? Bem, a esse ser que conhece, chamaremos de sujeito!

ELEMENTOS DO PROCESSO DO CONHECIMENTO

 

SUJEITO: é o ser humano que construiu inteligibilidades que permitem compreender um fenômeno da realidade. O sujeito é capaz de se apropriar, de explicar o mundo exterior.

OBJETO: é o mundo exterior ao sujeito.

ATO DE CONHECER: é o processo de interação entre sujeito e objeto

RESULTADO: é o conhecimento propriamente dito!

A existência do sujeito e do objeto é relacional, isto é, o sujeito só existe na sua relação com o objeto. O mesmo é válido para o objeto, que se constitui na relação que estabelece com o sujeito. Os conceitos não nascem de dentro do sujeito, mas da relação que ele mantém com o objeto, com o mundo exterior. A partir da relação sujeito – objeto o ser humano pode transformar o meio em que vive.

O ato de conhecer é o processo de interação entre sujeito e objeto. Essa interação pode acontecer por meio da investigação, da utilização de vários recursos que visam dar forma e conferir sentido ao objeto: compreendê-lo.

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O resultado é o conhecimento propriamente dito. A compreensão de um determinado fato ou fenômeno

estudado (objeto) e que já pode ser exposto, comunicado, compartilhado. É a explicação sintética produzida pelo sujeito por meio de um esforço de análise metodológica da realidade que a torna inteligível, compreensível. Mas esse produto, o conhecimento, pode ser revisto, reelaborado e reavaliado, pois a construção de conhecimento é um processo dinâmico e crítico.

Ficha Técnica

Metodologia do Trabalho Científico

Tipos de conhecimento

O ser humano se relaciona com o mundo de diferentes formas e, para tanto, aplica e constrói diversos tipos de conhecimento por meio dos quais interage e contribui para a construção social do meio em que vive.

Veremos a seguir, alguns tipos de conhecimento que permeiam as relações ente os indivíduos e a realidade.

CONHECIMENTO POPULAR OU SENSO COMUM: é aquele que resulta do modo espontâneo de conhecer e que obtemos no cotidiano. É superficial e assistemático porque é produto de ações não planejadas e não se organiza a partir da sistematização das idéias, mas nós mesmos o organizamos de acordo com as nossas experiências. Esse tipo de conhecimento não busca as causas dos fenômenos e não se constitui como produto de uma reflexão, pois nasce da tentativa dos indivíduos de resolver problemas da vida diária. Por exemplo: o homem do campo sabe plantar e colher de acordo com os ensinamentos e os costumes locais, que se transformam lentamente de acordo com os acontecimentos casuais com os quais ele se depara.

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Algumas características desse tipo de conhecimento:

a) Sensitivo: É a característica que se dá segundo a faculdade do sujeito cognoscente em sentir aquilo que lhe é meramente agradável ou desagradável. [...] Nessa característica, o homem em seu processo de conhecimento não consegue discernir o essencial do acidental, apreendendo apenas aspectos externos dos objetos e dos fatos [..].

b) Superficial: Retém-se, nesse caso, aquilo que é aparente, sem ater-se à análise de antecedentes e conseqüentes que provocam a ocorrência do fenômeno. Exemplificando, toma-se consciência de que os corpos caem até o solo ou sobre um outro objeto apoiado na terra. No dia-a-dia, o homem pode contentar-se com essa observação, achando ser isso tão comum e tão simples que não procura uma explicação para o fato, não constata por conseqüência o que Isaac Newton demonstrou: que a matéria em uma relação equacional e que a força de atração entre os corpos é denominada gravidade.

c) Subjetivo: Há, nesse caso, uma concepção individual e particular das coisas que estão dispostas no cosmo. Trata-se de um conhecimento direto com o mundo objetivo imediato, em que se projeta o eu individual com a sua competência espontânea e sensitiva.

d) Destituído de método (assistemático): Não possui definições metodológicas que permitem a ordenação intencional e generalizada de fases que viabilizem a construção de um modelo inteligível, simples, preciso e verificável do mundo em que se vive. Consequentemente, o saber é dispersivo e assistemático.

e) Impregnado de projeções psicológicas: Trata-se de um conhecimento impregnado de ilusões e paixões. Tal é o caso das superstições

 

BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Paerson, 2006. p.33

CONHECIMENTO CIENTÍFICO: Distinto do conhecimento popular, que não exige sistematização porque nasce da experiência, o conhecimento científico requer um planejamento rigoroso. É um conjunto organizado de conhecimentos sobre determinado objeto, sendo obtido a partir da observação dos fatos e da investigação. Ele nasce da dúvida e é factual porque lida com a ocorrência dos fatos e fenômenos. É verificável, isto é, deve ser comprovado e possui uma relativa capacidade de previsão. É importante destacar que essa não é a única forma válida de conhecer a realidade, pois não se constitui em um tipo de conhecimento absoluto, uma vez que novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular os postulados científicos já existentes.

O conhecimento científico é factual [...], denotando coisas que existem no espaço e no tempo.

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O conhecimento científico é verificável ou demonstrável; ele se baseia num método de observação, formulação de hipótese e demonstração; com este processe atinge as causas da realidade, formulando leis gerais comprovadamente.

O conhecimento científico é analítico enquanto disseca  ou dissocia aspectos do fenômeno, decompondo o todo para perceber as interconexões a fim de remontar ou sintetizar novamente.

O conhecimento científico é metódico e sistemático, rigoroso e crítico, acumulativo e falível: a ciência se constrói, faz e refaz caminhos.

 

CAMARGO, Marculino. Filosofia do Conhecimento e Ensino-Aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 47-48

CONHECIMENTO FILOSÓFICO: utiliza procedimentos racionais e reflexivos na elaboração de críticas da realidade. A compreensão filosófica pretende construir conhecimentos que orientem a ação humana. A Filosofia contribui para o ser humano adquirir consciência de si mesmo. Dizemos que o conhecimento filosófico é valorativo porque, na medida em que questiona e reflete sobre a condição humana, ele distingue os valores que norteiam as ações humanas. Dizemos que é um conhecimento não verificável porque nasce do exercício do pensamento sobre si mesmo, isto é, da reflexão.

Clique nos itens abaixo e veja de que modo Marilena Chauí nos convida ao entendimento da atitude e da reflexão filosófica e da atitude crítica.

A atitude filosófica

A atitude crítica

A reflexão filosófica

O quadro a seguir apresenta reflexões sobre a experiência. De acordo com Platão e Aristóteles, ela proporciona ao ser humano o empenho do pensar filosoficamente. Essa experiência corresponde ao thauma, perplexidade...

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Importante

Admiração e Desbanalização

Platão e Aristóteles deram à filosofia uma de suas melhores definições. Eles viram a filosofia como um discurso admirado e/ou espantado com o mundo. É difícil abandonar a idéia, que vem dos clássicos gregos, de que um discurso que fala sobre o mundo e que responde questões do tipo “o que é um raio?”, “como acontece um raio?”, é um discurso curioso – como discurso da ciência – , mas que não denota alguém tão admirado e/ou tão espantado quanto aquele que pergunta “o que é o que é?” – uma pergunta do discurso filosófico. As perguntas da filosofia mostram uma atitude de máxima admiração, pois demonstram inquietude com aquilo que até então era o mais banal. Se alguém pergunta “o que é o que é?”, este alguém está criando a desbanalização de algo superbanal, que é a condição de ser, o que até então não havia preocupado ninguém. Nós, por exemplo, estamos cotidianamente preocupados em saber coisas que não sabíamos. Agora, perguntar pelo ser das coisas que queremos saber o que são, nos parece meio fora de propósito – por que teríamos de perguntar pelo que é tão banal? Ora, o que a filosofia faz, na acepção tradicional que vem de Platão e Aristóteles, é justamente isto: ela põe certas perguntas que nos obrigam a olhar o banal como não mais banal. A filosofia, então, é o vocabulário com o qual desbanalizamos o banal. Tudo com o qual estamos acostumados fica sob suspeita, sob o crivo de uma sentença indignada – e, assim, deixamos de nos ver acostumados com as coisas às quais, até então, estávamos acostumados!

 

GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. Que é Filosofia? Disponível em: <http://www.pfilosofia.pop.com.br/03_filosofia/03_07_leia_tambem/leia_tambem_16.htm>. Acesso em: 09 nov. 2006

CONHECIMENTO RELIGIOSO: fundamenta-se na autoridade divina, no sobrenatural. Apoia-se em doutrinas sagradas, reveladas. Suas verdades são infalíveis e indiscutíveis, fornecendo um conhecimento sistemático e objetivo acerca do mundo.

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Links• http://www.leffa.pro.br/textos... Tema 0104 de 06

Ficha Técnica

Metodologia do Trabalho Científico

3. Concepções de Ciência

O ser humano, ao longo do processo histórico, sempre se esforçou em compreender a realidade, explicar a natureza que o cerca e a sua própria natureza, buscando a melhor maneira de superar os desafios. Assim, conseguiu dar respostas e avançar na compreensão do mundo. Desta forma, cada período da História forneceu explicações diferenciadas de ciência e métodos próprios de cada período.

O entendimento do ser humano sobre o mundo passou da temeridade e do espanto para a tentativa de explicar a realidade por meio do pensamento mitológico e da crença no sobrenatural. Como as crenças e a mitologia passaram a não responder a todos os questionamentos humanos, pois os deuses eram antropomórficos (possuíam qualidades e defeitos humanos), os seres humanos passaram a investigar racionalmente, buscando respostas por de caminhos que pudessem ser comprovados. Assim nasceu o método em ciência.

Veremos a seguir, como a ciência foi vista na Antigüidade, na Idade Moderna e na Idade Contemporânea.

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A CONCEPÇÃO GREGA (séc. XVIII a.C. até séc. XVI): Os gregos foram os primeiros a buscar um conhecimento que não tivesse relação imediata com a resolução de problemas imediatamente cotidianos. Debruçaram-se sobre o próprio pensamento buscando conhecer o POR QUÊ e o PARA QUE com o objetivo de compreender a natureza das coisas e do ser humano.

Antes do surgimento do pensamento filosófico, as explicações mitológicas do mundo predominavam. As ações de homens e mulheres eram explicadas pela interferência divina. O aparecimento dos filósofos na Grécia foi responsável pela contestação e pelo questionamento dessa visão de mundo.

Os filósofos surgiram em Atenas, centro cultural do mundo grego. Essa cidade-estado possuía uma vida política e cultural muito intensa com o exercício de uma democracia participativa praticada nos tribunais e assembléias. Para que essa participação fosse exercida, as pessoas recebiam uma educação que incluía a arte de falar bem, a Retórica. Para tanto, Atenas passou a receber mestres e filósofos de outras cidades-estado, especialmente os sofistas, que se mantinham lecionando para os cidadãos atenienses.

A principal característica dos sofistas era a visão crítica que eles possuíam sobre a mitologia, porque, para eles, nada nem mesmo a Filosofia, poderia encontrar respostas realmente seguras sobre as transformações da natureza. Sem poder explicá-las, eles partiram para o estudo do ser humano e da vida em sociedade. Quando Pitágiras afirmou que “o homem é a medida de todas as coisas” ele sugeria que os valores deveriam ser avaliados em relação às necessidades do homem. Os sofistas, em geral, não analisavam a vida material sob o ponto de vista da mitologia, pois não poderiam fornecer explicações concretas, mas queriam descobrir os mistérios e as causas dos fenômenos naturais a partir da observação, pois, para eles, havia uma lei que regia todos os fenômenos. Essa foi uma forma de questionar a mitologia como explicação das relações humanas.

A passagem do mito à razão e a presença dos filósofos da natureza constituíram processos que foram acompanhados de outras transformações. O surgimento da escrita possibilita a prática de uma maior abstração, pois na medida em que fixa a palavra, leva os indivíduos a refletirem sobre ela e isso modificou a estrutura do pensamento, uma vez que permite a retomada daquilo que foi escrito. A escrita exige maior clareza e rigor, estimulando o pensamento crítico. A invenção da moeda – que é a representação abstrata de um valor – e o nascimento da pólis conferiram maior autonomia ao homem, pois ele passara a expressar a individualidade do seu pensamento. A Filosofia surgiu como uma discussão da realidade que não era questionada pelos mitos.

Desta forma, a Filosofia libertou o conhecimento da religião e deu o primeiro passo em direção a uma forma científica de pensar.  

A CONCEPÇÃO MODERNA (Séc. XVII até o séc. XX): A concepção moderna de ciência propõe a conquista do conhecimento por meio da experimentação, da medição e da comprovação. O homem do Renascimento contestava a idéia grega de que o conhecimento poderia ser atingido apenas por meio da reflexão e passou a investigar a natureza aplicando a observação e a experimentação. Esse era o ______ empírico. O método empírico pressupõe que

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o conhecimento advém da experiência e o Renascimento trouxe experimentos sistemáticos com os quais os homens podiam experimentar, medir e comprovar na tentativa de entender e controlar a natureza.

Na Idade Moderna, a ciência passou a ser vista como sobreposta às diversas outras formas de conhecer. Tal ponto de vista deu origem a dois mitos da ciência: o cientificismo e a neutralidade científica. Esses mitos atingiram leigos e cientistas que, maravilhados com a eficácia da técnica, com o rigor do saber e com o avanço nas descobertas científicas se deixaram levar pelo deslumbramento e fizeram com que a ciência e a técnica se desviassem da sua destinação de aprimorar a qualidade da vida humana. A ciência moderna realizou uma ruptura com a Filosofia e com a religião, que por muito tempo dominou a produção e o acesso ao conhecimento, impondo seus dogmas como verdadeiros. Essa ruptura foi motivada pela retomada dos resultados obtidos por de cientistas como Galileu e Newton. Considerados grandes experimentadores, esses estudiosos levaram os filósofos da época a exaltar o valor da experimentação e, em grande medida, a desdenhar a preocupação dos filósofos medievais com a preservação da obra dos grandes filósofos clássicos.

O cientificismo é a confiança total na ciência, valorizando a racionalidade científica, como se ela fosse a resposta correta e única para os problemas humanos. As demais formas de entendimento da realidade, tais como a religião, a Filosofia e o senso comum foram desprezados e considerados formas menores de conhecimento.

 

TEXTO COMPLEMENTAR

A primeira prova de força de Galileu com os professores universitários esteve ligada às suas pesquisas sobre as leis do movimento, ilustradas pelos corpos em queda livre. Aceitava-se o axioma de Aristóteles segundo o qual a velocidade dos corpos em queda livre era regulada pelos seus pesos respectivos: assim, uma pedra que pesasse um quilo cairia duas vezes mais depressa que uma pedra que só pesasse meio quilo e assim por diante. Ninguém parece ter questionado a correção dessa regra, até Galileu a ter rejeitado. Ele declarou que o peso nada tinha a ver com o assunto e que […] dois corpos com peso diferente […] cairiam no chão ao mesmo tempo. Como os professores zombavam da afirmação de Galileu, ele resolveu submetê-la a um teste público. Convidou toda a universidade para testemunhar a experiência que ele estava prestes a realizar a partir da torre inclinada. Na manhã do dia combinado, Galileu, na presença de toda a universidade e de populares, foi para o topo da torre levando consigo duas bolas, uma com um peso de cinqüenta quilos e outra com um peso de meio quilo. Encostando cuidadosamente as bolas ao parapeito, largou-as juntas; viram-nas cair uniformemente, e no instante seguinte, com um grande estrondo, atingiram o solo ao mesmo tempo. A velha tradição era falsa e a ciência moderna, na pessoa do jovem investigador, tinha marcado a sua posição.

 

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Disponível em: CHALMERS, A. F. Uma perspectiva de senso comum amplamente defendida sobre a ciência. Disponível em: <www.criticanarede.com/cienciaefactos.html>Acesso em: 01 de ago.2006.

A neutralidade científica é outro mito da ciência moderna. Muitos pensavam que a ciência era um saber neutro e que as pesquisas científicas não deveriam sofrer influência social, política ou econômica. Reflexões posteriores demonstraram que não é bem assim que ocorre. Embora o cientista tente produzir conhecimento desvinculado de ideologias, a humanidade corre riscos com as pesquisas tecnológicas. Alem disso, existem instituições e empresas que financiam investigações que mais lhe interessam, de acordo com o ramo ao qual pertencem. Atualmente, a teoria da neutralidade científica não se sustenta, pois a perspectiva crítica e auto-avaliativa da ciência contemporânea questiona a que fins se destinam as suas descobertas sem alegar isenção, pois a produção científica não se realiza fora do contexto social, político e cultural que a rodeia.

A idéia da neutralidade científica é extremamente nociva porque pode gerar uma postura passiva e não questionadora no cientista em relação a sua profissão e às implicações éticas da produção científica. A neutralidade científica permitiu que o conhecimento científico fosse apropriado com fins altamente destrutivos, como foi o caso das pesquisas que levaram à bomba atômica.

 

CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA (séc. XXI): A ciência contemporânea pauta-se na incerteza e rompe com o cientificismo. Ao contrário da concepção moderna, ela adota a indução para se certificar e confirmar seus estudos.

Ficha Técnica

Metodologia do Trabalho Científico

4. Reflexões sobre a Ciência Hoje

No início do século XX, os cientistas sociais começaram a questionar se o método de investigação utilizado pelas ciências naturais e físicas deveria continuar sendo aplicado no entendimento de fenômenos sociais. Até então, os métodos de investigação eram orientados pela perspectiva positivista que supunha

“que os fatos humanos são como os da natureza, fatos que começam a ser observados tais quais, sem idéias preconcebidas; fatos que, em seguida, devem ser submetidos à experimentação, para que se possa determinar sua ou suas causas; depois, tomando uma medida precisa das modificações causadas pela experimentação, daí tirar explicações tão gerais quanto possível. Esse procedimento é realizado com a esperança de determinar, no campo do humano, as leis naturais que o regem”. (Laville ; Dionne, 1999, p. 31)

A produção científica do século XIX entendia a construção da ciência a partir da abordagem positivista, acreditando que ela poderia ser aplicada com sucesso a todos os objetos de conhecimento, fossem naturais ou sociais / humanos. No entanto, a percepção de que se tratava

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de objetos de naturezas diferenciadas, com graus de complexidade distintos não tardou a acontecer. Os cientistas sociais buscaram uma metodologia diferente para as ciências humanas, considerando a dinâmica das relações e dos fenômenos que envolvem o comportamento dos seres humanos, o que impossibilita o estabelecimento de leis gerais, comumente aplicadas nos estudos da física ou da biologia. Com base nessas especificidades, houve uma valorização da abordagem metodológica pautada na hermenêutica, que busca conhecer a partir da interpretação dos significados de um texto, que pode ser entendido como a própria realidade. Desta forma, a prioridade das ciências sociais deveria se voltar para a compreensão dos significados das ações dos sujeitos e dos significados que eles atribuem às suas próprias ações. Para isso, é necessário colocar essas ações dentro de um contexto de relações, considerar que a natureza humana é diferente, pois o ser humano é sujeito, possui valores, opiniões e capacidade de agir de maneira autônoma, o que faz suas ações serem imprevisíveis e impossíveis de se encaixarem em leis gerais que sirvam para compreendê-las.

O debate acerca da metodologia mais adequada para os diversos objetos de pesquisa, fossem eles de natureza física ou social, permaneceu ativo até a década de 1980 e, ainda hoje se reflete nas discussões sobre objetividade/subjetividade os nos debates sobre pesquisa qualitativa/pesquisa quantitativa. Sobre isso, veremos mais adiante. Importa saber que as ciências em geral se distanciaram da perspectiva positivista e construíram uma orientação que representa o seu principal método de construção de conhecimento: o método hipotético-dedutivo.

Ao definir um objeto de investigação, o pesquisador precisa delimitar e estabelecer uma questão que lhe inquieta, isto é, o problema que ele deseja solucionar. Ao perceber este problema, o pesquisador levanta possíveis respostas ou explicações lógicas capazes de fornecer uma solução para o questionamento inicial: as hipóteses. Caberá ao pesquisador testar as suas hipóteses e conservar aquela que ele pensa ser mais adequada para a compreensão do problema. Quando considerar a explicação obtida por meio da hipótese é satisfatória e válida, o pesquisador já pode divulgá-la para a comunidade científica. Para tanto,

“dirá quais são as delimitações do problema, como as percebeu, por que sua hipótese é legítima e o procedimento de verificação empregado justificado. Desse modo, cada um poderá julgar os saberes produzidos e sua credibilidade. Essa operação de objetivação, como a concentração em um problema, está hoje no centro do método científico”. (Laville ; Dionne, 1999, p. 46. Grifos dos autores).

 

Em linhas gerais, esboça-se um caminho que se caracteriza pela definição de um problema, levantamento de hipótese(s), verificação da(s) hipótese(s) e conclusão. Confira o quadro a seguir:

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“Fonte: Inspirado em Barry Beyer, Teaching in Social Studies, Columbus (Ohio): Charles E. Merril, 1979. p. 43”. Apud Laville ; Dionne, 1999, p. 47.

“Quantitativo versus qualitativo

 

O desmoronamento da perspectiva positivista não se deu sem debates entre seus defensores e adversários. Esses debates continuam ainda hoje. Pode-se verificá-lo principalmente na oposição entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa

A pesquisa de espírito positivista aprecia números. Pretende tomar a medida exata dos fenômenos humanos e do que os explica. É, para ela, uma das principais chaves da objetividade e da validade dos saberes construídos. Conseqüentemente, deve escolher com precisão o que será medido e apenas conservar o que é mensurável de modo preciso. Para os adversários desse método, trata-se de truncar o real, afastando numerosos aspectos essenciais à compreensão.

Os adversários propõem respeitar mais o real. Quando se trata do real humano, afirmam, tentemos conhecer as motivações, as representações, consideremos os valores, mesmo se dificilmente quantificáveis; deixemos falar o real a seu modo e o escutemos. Os defensores da quantificação apenas das características objetivamente mensuráveis respondem, então, que esse encontro incontrolado de subjetividades que se adicionam só pode conduzir ao saber “mole”, de pouca validade. Esquecem, desse modo, que para construir suas quantificações, tiveram que afastar inúmeros fatores e aplicar inúmeras convenções estatísticas que, do real estudado, corre-

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se o risco de não ter restado grande substância. Mas é verdade que o que resta é assegurado por um procedimento muito rigoroso, testado e preciso. E alguns gostam de afirmar que são as exigências estritas desse rigor que afastam os pesquisadores qualitativos (o que infelizmente parece, às vezes, correto, sobretudo em vista do saber matemático e do estatístico necessário!).

Na realidade, esse debate, ainda que muito presente, parece freqüentemente inútil e até falso.

Inútil, porque os pesquisadores aprenderam, há muito tempo, a conjugar suas abordagens conforme as necessidades. Vê-se agora pesquisadores de abordagem positivista deixar de lado seus aparelhos de quantificação de entrevistas, de observações clínicas, etc., e inversamente, vê-se pesquisadores adversários da perspectiva positivista que não procedem de outro modo quando é possível tratar numericamente alguns de seus dados para melhor garantir a sua generalização.

Inútil, sobretudo, porque realmente é querer se situar frente a uma altura estéril. A partir do meomento em que a pesquisa centra-se em um problema específico, é em virtude desse problema específico que o pesquisador escolherá o procedimento quantitativo, qualitativo, ou uma mistura de ambos. O essencial permanecerá: que a escolha da abordagem esteja a serviço do objeto de pesquisa, e não o contrário, com o objetivo de daí tirar, o melhor possível, os saberes desejados.

Nesse sentido, centralizar a pesquisa em um problema convida a conciliar abordagens preocupadas com a complexidade do real, sem perder o contato com os aportes anteriores”.

(Laville ; Dionne, 1999, p. 43)

Links

• http://www.projetoockham.org/ferramentas...

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Ficha Técnica

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO E UNIVERSIDADE

Prezado (a) estudante, é importante que o tema “Registro e Sistematização do Conhecimento” seja compreendido enquanto convite e subsídio para o exercício gradativo e constante da atitude criativo-especulativa, contribuindo para sistematização da aprendizagem sem saciar a perene busca do saber. Considerando que, na qualidade de estudantes dedicados à Educação, perceber o conhecimento como elemento indispensável à compreensão de si, do outro e das relações, mais que uma meta, é uma função. Nesta perspectiva, a linguagem em primeira pessoa, que aqui utilizo, além de atender a devida clareza, coerência, pertinência e ordenação lógica das idéias, favorece o envolvimento entre você estudante e a mensagem comunicada pelo tema em questão, primando pela exposição dialógica e didática dos conteúdos.

 1. METACOGNIÇÃO E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAReflexões sobre a correlação entre o estudo e os atos educativos

O ato de estudar é uma prática comum ao cotidiano escolar, mesmo à ocasião dos primeiros contatos com a Educação Formal (sem negar a Educação Informal). Desta forma, o estudo tende a ser posto na condição de atividade tão comum que não precisa ser questionada ou significada. Afinal, todos sabem como e por qual motivo estudam! De fato, todos sabem como e por qual motivo estudam?

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Ocorre que a atividade estudantil transcende (ou precisa transcender) os limites tradicionalistas que fazem do estudo a transmissão-recepção pura de conteúdos e atribui à aprendizagem o significado de memorização não reflexiva dos conceitos. A vida acadêmica requer postura autônoma, crítica, reflexiva e criativa diante do mundo. Entretanto, aqueles que ao longo de sua trajetória estudantil foram conduzidos à sempre reprodução dos conceitos, enfrentam possíveis dificuldades, tais como a percepção do real significado do estudo, da aprendizagem e da leitura. À primeira vista, estudar, aprender e ler são atitudes simples; mas, subjacente a estas atividades, há uma verdadeira galáxia de questões!

A temática Registro e Sistematização do Conhecimento oferece técnicas orientadoras que mostram o quanto algumas situações aparentemente simples (as condições favoráveis ao estudo, o ato de sublinhar, a atividade de leitura, de resumo e outras) revelam uma necessária complexidade contribuinte à eficiência estudantil, bem como fornece subsídios para a prática acadêmica, sem reduzir o fazer estudantil à perspectiva conteudista, promovendo reflexões sobre o necessário compromisso da auto-descoberta enquanto ser, para além de disposto à aprendizagem, produtor de saberes, superando os limites ideológicos de dominação social que inibem a postura propositiva, significando e ressignificando os elementos constitutivos da nossa realidade.

Se nem todos sabem como e por qual motivo estudam, é preciso observar o espaço que a educação contemporânea oferece para pensar essa e muitas outras questões, possibilitando, inicialmente e continuamente, em cada um de nós, condições para o despertamento, a perplexidade, o encantamento que convida à vontade de aprender, de ser cada vez mais construtor do modo próprio de percepção do mundo, considerando o contexto no qual os atos educativos estão inseridos. Para qualquer indivíduo o exercício dessas condições é, no mínimo, interessante; entretanto, para aqueles que se dedicam aos caminhos do educar, como ocorre nas licenciaturas, é uma função (conforme sugeri na apresentação do tema) que envolve a ressignificação da própria relação de produção do saber e de seus ambientes. No caso do ambiente institucionalizado na qualidade de escola, o prazer em aprender precisa ser constante e real.

O que você pensa sobre a relação entre prazer e aprendizagem? Em sua formação escolar, você experimentou a alegria da aprendizagem? E, hoje, na qualidade de estudante, como você pensa essa questão?

“O prazer de aprender” (Rui Canário) é uma excelente contribuição para fundamentar essas reflexões.

Links- http://www.revistapatio.com.br/...

Cada escola vive no interior de uma ordem que a transcende, donde emanam valores, orientações políticas, símbolos e prescrições normativas e comportamentais. Essa ordem é a da totalidade social em que a escola se enraíza. Mas, cada escola joga, no interior dessa transcendência, a realidade imanente da sua própria inserção: a ordem organizacional da escola não é nunca

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totalmente homóloga da ordem da instituição escolar. Descobre-se aqui, nesta descontinuidade, a possibilidade da ruptura, a vocação da diferença, a fonte da contra-corrente, ou a construção dissonante de um espaço autônomo (sic). (GARCIA, 2003, p.93)

Portanto, é preciso, ao estudar, pensar também na formação que tivemos e naquela que defendemos. Urge perceber o quanto o fazer educativo-consciente-ético está associado à formação de seres humanos também éticos e conscientes, promovendo o engajamento sem, obviamente, negar a responsabilidade de outros campos constituintes da sociedade. Conforme propõe Paulo Freire:

Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da igualdade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distancia entre o que dizemos e o que fazemos. (FREIRE, Paulo. Disponível em: <http://www.cidade.usp.br/educar2003/?teia/imperio/relatodeconversas >. Acesso em: 02 ago. 2006)

Sem essa responsabilidade que torna uníssono o dizer e o fazer, sem a predisposição à autonomia, toda e qualquer técnica ou estratégia que contribua a eficiência dos estudos e da aprendizagem se transforma em manual a ser seguindo de modo não questionável, como receitas limitadoras da criatividade. Reforço o convite para o constante exercício da postura especulativa, crítica e propositiva, lançando o olhar sobre as técnicas aqui propostas, buscando sempre o modo próprio e coerente de conceber o estudo e a aprendizagem, uma vez que é inegável a edificação da relação Ser Humano e mundo, mediante a linguagem, sendo possível expressar as relações do conhecimento e o resultado de seus processos, contribuindo significativamente enquanto registro, sistematização e, sobretudo, enquanto atuação consciente do ser no mundo.

Método e estratégia de estudo e aprendizagemNo item “Reflexões sobre a correlação entre o estudo e os atos educativos”, afirmei que memorização não reflexiva de conceitos e aprendizagem não são, necessariamente, sinônimos e lancei um questionamento provocativo que remete à necessidade de pensar o ato de estudar, suas condições básicas e implicações.

Integrando essas condições básicas, consta a significação atribuída ao estudo. Integrando as implicações, consta a conquista e a produção de saberes, atendendo ao processo próprio da aprendizagem. A aprendizagem

Não pretendo aqui apresentar uma definição que reduza o sentido da expressão aprendizagem, amplamente discutida entre educadores, especialmente no campo da psicologia da educação. O intuito é promover reflexões a respeito da aprendizagem, considerando-a a partir da concepção de incompletude do ser humano.

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A questão da incompletude está associada à concepção histórico-social de ser humano que remete ao caráter processual da formação humana. A existência não é dada, mas construída ao longo das relações, com atenção à multiplicidade de aspectos que promovem a construção (autoconstrução) do ser pessoa. Por exemplo, os aspectos cognitivo, afetivo, ecológico (biodiversidade), social, econômico, político e ético.

O contato com modos de vida, tradições e culturas diferenciadas, observando o ambiente e desenvolvendo formas de adaptação, criação, atuação e transformação, analisando, pesquisando e produzindo, evidencia que o ser humano é construtor de si mesmo, afirmando o teor dialético e social da aprendizagem. Então, questiono: para você quais são as implicações dessa construção (autoconstrução) do ser humano?

Pensar sobre o questionamento proposto é já uma forma de perceber o modo pelo qual você concebe a incompletude humana e a questão da aprendizagem, visto que, conforme já sugerido, a educação tradicional não colocava o próprio conhecer em questão. Hoje, entretanto, a metaaprendizagem, integra as buscas do âmbito educacional, conforme sinalizado pelos pilares propostos para a educação, mediante a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Especialmente pelo pilar: aprender a conhecer (aprender a aprender).

As práticas conteudistas, sob as quais muitos brasileiros foram (e alguns ainda são) educados acabam por inibir o gosto pela aprendizagem e pelo estudo, da mesma forma que criam o estereótipo de que sábio é aquele que exerce posse e acúmulo sobre as informações (ainda que não tenha compreendido o caminho sob o qual foram elaboradas). Em contrapartida, o aprender a conhecer ou aprender a aprender favorece o desenvolvimento da constante busca, dedicação e atribuição de sentidos à realidade, construindo atitudes críticas e criativas. 01 de 10

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

O pronunciamento: "Os Quatro Pilares da Educação: O seu Papel no Desenvolvimento Humano" é uma excelente contribuição para as reflexões propostas acima... Clique aqui e verifique esse espetáculo!

Links

http://www.unesco.org.br/noticias/...

Afirmo que a aprendizagem é obra própria da vida, do tornar-se efetivamente pessoa, “aprendendo a conhecer”, “aprendendo a fazer”, “aprendendo a viver junto” e “aprendendo a ser”!

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Para Charlot (2000, p. 53), nascer significa ver-se submetido à obrigação de aprender. Aprender para construir-se em triplo processo de ‘hominização’ (tornar-se homem), de singularização (tornar-se um exemplar único de homem), de socialização (tornar-se membro de uma comunidade, partilhando seus valores e ocupando um lugar nela).

Uma vez compreendendo a questão da incompletude ou do inacabamento humano e lançando o olhar sobre o triplo processo de hominização, singularização e socialização, cada pessoa é convidada a perceber o quanto as opções, os caminhos, os estudos, os pensamentos, sentimentos e as atitudes são significativos para a autoconstrução, a autopercepção e a contribuição ao tecido social maior que se estabelece. Conforme também sugerido por fragmentos de músicas como “Caminhos do Coração” e “Tocando em Frente”:

“Aprendi que se depende sempre, de

tanta, muita diferente

gente. Toda pessoa

sempre é as marcas das

lições de tantas outras

pessoas”.(Gonzaguinha

“Cada um de nós constrói a sua história e cada ser carrega em si o dom de ser capaz, de

ser feliz!”(Almir Satter)

INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

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O mundo de hoje é um mundo de informação. A constatação de que as novas tecnologias mudaram a velocidade e qualidade das informações que circulam na sociedade, bem como nosso modo de interagir com elas, é tão óbvia que quase chega a ser um clichê. A compreensão dessa nova ordem mundial, no entanto, ainda está sendo construída, tanto pela sociedade em geral quanto pela academia.

Uma coisa é certa: a dinâmica da informação demanda certas habilidades para que os indivíduos se integrem a ela de maneira autônoma e responsável. O ensino tradicional, centrado na transmissão de conteúdos, já não é mais suficiente para assegurar uma formação humana integral (ZABALA, 1998), e portanto fica aquém da missão de contribuir para a inserção autônoma e responsável dos indivíduos.

Segundo Dudziak (2003), o reconhecimento da informação como um elemento-chave das relações sociais na contemporaneidade impõe a aquisição da “information literacy”, ou competência em informação, em uma tradução aproximada e provisória. Segundo esta autora, a competência em informação poderia ser definida como o domínio “dos fundamentos conceituais, atitudinais e de habilidades necessário à compreensão e interação permanente com o universo informacional e sua dinâmica” (DUDZIAK, 2003, p. 28). O objetivo dessa competência seria proporcionar aos indivíduos a possibilidade de aprendizado constante ao longo da vida e os meios de sobrevivência na sociedade atual, “tal qual um consumidor de informação” (DUDZIAK, 2003, p. 23, grifo no original).

Mas será que consumir informação é equivalente a construir conhecimento? À primeira vista, parece que não: enquanto a informação corresponde a um dado da realidade, o conhecimento supõe uma elaboração intelectual desses dados, a reflexão. Evidentemente, a informação é necessária para construir o conhecimento, mas se tratam de objetos diferentes.

Para o filósofo alemão Robert Kurz, o paradoxo da chamada “sociedade do conhecimento” é que nela estamos cada vez mais soterrados de informação e menos reflexivos, ou seja, mais ignorantes (KURZ, 2006).

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Links- http://obeco.planetaclix.pt/rkurz95.htm

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01APRENDIZADO E METACOGNIÇÃO

Como podemos, então, construir conhecimento a partir das informações a que temos acesso? Essa construção do conhecimento, ou aprendizado, depende de vários fatores relativos ao ambiente da aprendizagem e aos próprios aprendizes. Segundo revisão da literatura acerca dos padrões de aprendizado dos estudantes, Vermunt e Vermetten (2004), os fatores relativos aos estudantes que influenciam em seu aprendizado são de ordem cognitiva, metacognitiva e afetiva/motivacional.

Os fatores de ordem cognitiva correspondem às ações mentais envolvidas no processamento do conteúdo, levando diretamente a resultados em termos de conhecimento, compreensão, habilidades, entre outras. Os fatores afetivos e motivacionais constituem a maneira com que os estudantes se relacionam com as emoções que emergem durante o aprendizado, que produz estados que podem influenciar o andamento da aprendizagem de forma positiva, neutra ou negativa. Por fim, os fatores metacognitivos dirigem os fatores cognitivos e afetivos/motivacionais, levando indiretamente aos resultados da aprendizagem. É sobre estes últimos que trataremos aqui; nas demais seções desse tema, discutiremos aspectos relacionados aos fatores cognitivos e afetivos/motivacionais.

O que é a metacognição e como ela influencia no aprendizado?

Vamos primeiro examinar o próprio termo “metacognição”. Ele é formado por duas palavras: meta + cognição. A palavra “meta” corresponde a um prefixo grego, significando “mudança,

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posteridade, além, transcendência” (FERREIRA, 1975, p. 922). Cognição, segundo o mesmo dicionário, corresponde à “aquisição de um conhecimento” (FERREIRA, 1975, p. 343), ou segundo Ribeiro (2003, p. 110), “representação dos objetos e fatos” da realidade. Assim, o termo “metacognição” pode ser entendido como uma visão mais ampla do conhecimento. De acordo com Ribeiro (2003, p. 110):

Assim, como objeto de investigação e no domínio educacional encontramos duas formas essenciais de entendimento da metacognição: conhecimento sobre o conhecimento (tomada de consciência dos processos e das competências necessárias para a realização da tarefa) e controle ou auto-regulação (capacidade para avaliar a execução da tarefa e fazer correções quando necessário - controle da atividade cognitiva, da responsabilidade dos processos executivos centrais que avaliam e orientam as operações cognitivas).

As discussões acadêmicas sobre a metacognição ganharam proeminência a partir da década de 1970, e em pouco tempo a literatura estava repleta de termos derivados da definição original (VEENMAN; Van HOUT-VOUTERS; AFFLERBACH, 2006). O interesse na área surgiu depois que vários estudos demonstraram que estudantes bem-sucedidos em geral empregam estratégias tanto para “adquirir, organizar e utilizar seu conhecimento, como na regulação de seu processo cognitivo” (RIBEIRO, 2003, p. 109). Em suma: estudantes bem-sucedidos parecem monitorar conscientemente seu processo de aprendizado.

Reflexões

Esse é a sua oportunidade de parar para pensar sobre você mesmo. Como vai a sua vida de estudante? Quais são os seus hábitos de estudo? Em que tarefas você se sai muito bem, e quais

são aquelas em que tem mais dificuldade?A disciplina de Metodologia é o ponto inicial de sua jornada na graduação. Por isso, vale a pena fazer uma “revisão de viagem”, para verificar como andam seus “equipamentos” de aprendizado.

E claro que a partir de agora, essa terá de ser uma atividade rotineira, sobretudo no ensino a distância.

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A influência da metacognição sobre o aprendizado e a motivação para os estudos foi verificada em um grande número de trabalhos. O desempenho no aprendizado foi melhorado independentemente da habilidade cognitiva, idade, e contexto social dos estudantes, e para diferentes tipos de tarefas e domínios do conhecimento (veja VEENMAN; Van HOUT-VOUTERS; AFFLERBACH, 2006). Diversos autores reconhecem que a metacognição abrange pelo menos dois aspectos distintos (ver RIBEIRO, 2003):

• Metaconhecimentos - Conhecimentos sobre os conhecimentos: referem-se às estratégias empregadas na aprendizagem, à natureza do assunto a ser aprendido, à tarefa a ser desempenhada (objetivos, critérios, dificuldade), bem como aos conhecimentos acerca das próprias capacidades e habilidades pessoais (auto-imagem, confiança, motivação).

• Estratégias metacognitivas - Conhecimentos sobre a regulação dos processos de aprendizagem: referentes à execução da auto-regulação, apóiam-se nos metaconhecimentos para a monitoração e controle da aprendizagem. Incluem o planejamento, a decisão sobre as estratégias mais adequadas à realização de determinada tarefa, a aplicação dessas estratégias, a avaliação de seu desempenho e a correção de cursos de ação quando necessário.

Toda essa discussão se relaciona diretamente com os conteúdos tratados no Tema 2 de nossa disciplina. Agora que você já tem uma idéia geral do que é a metacognição e de sua importância, perceberá que todos aqueles conteúdos se referem a estratégias e atitudes relativas à consciência sobre o aprendizado, bem como a estratégias úteis para realizá-lo, e se destinam dar a você maior controle sobre ele. Estas estratégias, no entanto, precisam estar aliadas à reflexão, ou então ficarão reduzidas a um amontoado de procedimentos automatizados e vazios. Essa breve introdução nem mesmo se aproxima de esgotar todas as discussões relacionadas à metacognição. Nossa intenção aqui foi despertar seu interesse e sua atenção a você mesmo, a suas atitudes e ações, e temos certeza de que sua reflexão lhe tornará uma pessoa mais crítica e consciente.

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

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Maior consciência e poder sobre si mesmo e suas potencialidades significa uma coisa: maior responsabilidade. Nada mais natural, já que esse é o momento em que você inicia uma nova e importante etapa de sua formação.  Lhe convidamos a assumir o papel principal dessa história, de forma madura, responsável e autônoma; nós, professores, atuamos apenas como coadjuvantes indicando os melhores caminhos. É claro que a adoção de novas posturas e objetivos, compatíveis com as exigências do ensino superior, não é um processo instantâneo ou mágico. Talvez seja mais fácil para aqueles que já possuem uma maior experiência pessoal e profissional; e um pouco mais trabalhosa para aqueles de nós que estão iniciando essa nova etapa da vida. A primeira regra aqui é saber que cada um tem um ritmo próprio, e que alcançar bons resultados exigirá empenho e dedicação de todos. Nesse trabalho, a recompensa final será você mesmo.

O ESTUDANTE NO ENSINO A DISTÂNCIA

A educação a distância (EaD) tem sido vista como uma grande promessa por seu potencial para democratizar o acesso à educação. Trata-se de uma modalidade em expansão em todo o mundo, cada vez mais integrada às novas tecnologias de comunicação, e estendendo-se além do tradicional público adulto para alcançar jovens e mesmo crianças (SHERRY, 1995). A principal característica da educação a distância você já conhece até pela sua denominação: a separação física e temporal entre professores e aprendizes. Embora seja alvo de muitas críticas, diversos trabalhos apontam que seus resultados são pelo menos equivalentes aos alcançados pelo ensino tradicional.

Uma outra marca inconfundível da EaD é a centralização da aprendizagem em torno do estudante.

De acordo com Railton e Watson (2005), ser um estudante autônomo exige que você domine as habilidades necessárias para gerir, com eficiência, uma grande porção de tempo de estudo independente, com pouca ou nenhuma orientação expressa. Tais habilidades incluem, principalmente (KERR; RYNEARSON; KERR, 2006):

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1. Habilidades de leitura e escrita: a comunicação escrita é a forma preponderante de troca de idéias e experiências entre professores e alunes e também entre alunos e alunos. Além disso, a mais importante do conteúdo é trabalhada com a linguagem escrita. Portanto, na EaD como em qualquer outra parte da vida acadêmica e profissional, o domínio da leitura e escrita é essesncial.

2. Técnicas de aprendizado independente: Lembra-se das habilidades metacognitivas? Utilize-as!

3. Motivação: Estudantes motivados guiam-se pelos objetivos que impõem a si mesmo, assumindo maior responsabilidade pelo processo de aprendizagem.

Familiaridade com a tecnologia: A facilidade com que os estudantes utilizam os recursos tecnológicos disponíveis traduz-se também em maior facilidade no processo de aprendizagem. Afinal, a tecnologia é o meio através do qual os conteúdos são trabalhados.

As informações acima são fruto de alguns estudos acadêmicos acerca da situação do estudante na EaD. De posse desses dados, avalie sua própria situação. Como estamos no início do curso, esta é a hora de estabelecer um programa de ações para melhorar seu desempenho acadêmico. O primeiro passo é a reflexão sobre as próprias características, e a avaliação de pontos fortes e fracos. A seguir, estabeleça prioridades: que aspectos necessitam ser trabalhados primeiro? Alguns deles provavelmente já serão abordados aqui na disciplina. Então, aproveito o máximo e mãos a obra!

O estudo

O Ser Humano está sempre em processo de aprendizagem e elaboração da própria existência enquanto pessoa. Nesse processo, o estudo é fundamental e requer a transformação de um determinado estado ou forma de compreensão a outro, se constituindo também na qualidade de atividade ou trabalho.

Estudo pode ser duplamente correlacionado a trabalho. Inicialmente, recorrendo ao fato de que a maioria dos estudantes de graduação não dedica seu tempo exclusivamente para os estudos, pois precisa atender às diversas demandas cotidianas. Em seu contexto originário, entretanto, o ato de estudar ou de dedicar atenção ao pensar racional, ocorria em tempo livre, de tal forma que estudo e ócio se assemelhavam. Isto era possível, em última instância, dado o caráter da pólis grega na Antigüidade e devido ao conceito de cidadania que excluía grande parte da população, que, também em última instância, com a realização de seus trabalhos, oportunizava tempo livre para aqueles que tinham o direito de exercer a cidadania.

CLIQUE AQUI E LEIA O INFORME SOBRE A NOÇÃO DE CIDADANIA. 04 de 10 de 06

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

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A correlação entre estudo e trabalho é também possível, principalmente, devido ao fato de que o ato (eficiente) de estudar não ocorre sem mobilização, sem  atividade intencional, sem esforço, sem determinação de propósitos.

Estudar é, realmente um trabalho difícil. Exige de quem o faz uma postura crítica sistemática. Exige disciplina intelectual que não se ganha, a não ser praticando-a. Isto, precisamente, o que a educação bancária não estimula. Pelo contrário, sua tônica reside fundamentalmente em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade. Sua ‘disciplina’ é a disciplina para a ingenuidade em face do texto, não para a indispensável criticidade.(FREIRE, Paulo. Considerações em torno do ato de estudar. Disponível em: http://pontodeencontro.proinfo.mec.gov.br/estudar.htm#exp> . Acesso em: 04 ago. 2006.)

Nesse contínuo processo de formação crítica, o estudo (concebido na qualidade de busca efetiva da aprendizagem e da produção de modos próprios de compreensão do mundo) se transforma em poderoso recurso para as modificações pessoais e sociais.

Como, então, desempenhar um estudo eficiente capaz de promover a construção de novos saberes?

Felizmente, não há um manual com os passos exatos a serem seguidos! É necessário estar disposto ao envolvimento com os saberes investigados/produzidos, tornando o estudo significativo, contextualizando os conteúdos, descobrindo as condições sob as quais cada um conquista melhorias na aprendizagem, criando seus próprios caminhos e modos de caminhar, com atenção à necessidade da postura metodológica e sem perder de vista os elementos e fatores fundamentais ao estudo.

Os fatores podem ser internos e externos, sabendo que se relacionam, por exemplo o fator interno concentração, de certa forma, estabelece relação com o fator externo ambiente.

Os principais fatores internos são: atenção, concentração, reflexão, espírito crítico, análise e síntese. Os externos: ambiente, iluminação, postura e horário.

Sobre esses elementos e fatores, Amorim (2005) considera um conjunto de questões que contribui ao estudo eficiente, tais como finalidade, abrangência, constância, paciência, perseverança, atenção à saúde, prática de intercâmbio, esclarecimento de dúvidas, autodisciplina e motivação.

Esse conjunto de questões não se apresenta aleatoriamente, ao contrário, ocorre no próprio fazer estudantil. Estudantes estão dispostos aos novos conhecimentos e reconhecem a necessária investigação dedicada, buscado sentidos e novos sentidos. Nesse feito, a existência de conhecimentos prévios precisa ser contemplada, pois a inter-relação entre os novos e os pré-existentes conhecimentos remete a reutilização dos saberes em situações novas e diversas, contribuindo à nossa formação enquanto pessoa.

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A observação da caminhada estudantil somada ao triplo aspecto da inacabável formação humana, justifica a constância e a perseverança, a determinação e o estabelecimento de metas e objetivos que direcionem nossos esforços rumo a aprendizagem. A paciência é indispensável para esse processo, não a paciência que promove comodismo... Paciência no sentido de estar ciente de que podemos obter os resultados dos nossos empreendimentos, respeitando o tempo de cada um e as idiossincrasias.

Paciência, constância e perseverança são fatores condicionantes do estudo e não andam sozinhos. É preciso compreender as diferenças e exigir de si mesmo a superação contínua das dificuldades, exercendo a autonomia, com mobilização/motivação. O intercâmbio, por exemplo, promove condições para o esclarecimento das dúvidas, para o debate produtivo com abertura a compreensão dos diferentes modos de percepção da temática estudada a fim de conquistar uma interpretação coerente.

Reaprender a estudar é, hoje, uma necessidade para ir além da ideológica perspectiva de sujeito receptor de informações e se dispor ao pensar, sentir e agir como pessoas construtoras de saberes.

Se o ato de estudar não é mais a recepção nem o ato de decorar conceitos, como estabelecer certo distanciamento do significado tradicionalista atribuído ao estudo, quando entre nós, muitos estiveram envolvidos com esse modelo de aprendizagem? Como reaprender a ser estudante sob as perspectivas contemporâneas de conhecimento e educação? Ainda mais: a memória é um fator importante para a aprendizagem, mas não significada como a prática de decorar!

Para satisfazer a curiosidade e descobrir, por seus próprios caminhos  cognitivos, que memorizar e decorar não são, necessariamente, sinônimos e para obter algumas orientações sobre o estudo, leia o texto “Aprendendo a Estudar” e conquiste suas próprias conclusões que, certamente, serão saberes por você construídos, enriquecendo, cada vez mais, sua atuação no mundo!

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Clique aqui para ler o texto “Aprendendo a Estudar”.

Estudar de modo que você possa abraçar esses e tantos outros critérios, requer disciplina, não aquela imposta pelo outro, mas descoberta e redescoberta por você, considerando as próprias especificidades, planejando e organizado adequadamente o tempo, subsidiando-a pela postura metodológica, pela trajetória educacional (ao longo dos processos de educação formal e informal contribuintes a construção de cada ser) e pelas técnicas de estudo/aprendizagem (quando aplicadas de modo crítico-reflexivo).

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

Délcio Vieira Salomon, em sua obra “Como fazer uma monografia” propõe o método de estudo eficiente que aqui apresento em caráter de orientação para o produtivo desempenho das atividades estudantis.

Para Salomon (apud CAMARGO, 2004, p.77) o método do estudo eficiente é composto por três fases, cada uma com suas atitudes e técnicas correspondentes.

CLIQUE AQUI PARA A PRIMEIRA FASE.

CLIQUE AQUI PARA A SEGUNDA FASE.

CLIQUE AQUI PARA A TERCEIRA FASE.

 

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Outra forma de conquistar a qualidade do estudo é realizando com paciência e perseverança as suas etapas (síncrese, análise e síntese), elas são semelhantes às fases do método do estudo eficiente, veja o quadro que segue...

2. LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS: APLICAÇÕES

O desempenho da atividade de leitura, bem como de produção textual envolve critérios variados, a exemplo das informações lingüísticas e gramaticais; da apropriação do ato de ler e escrever; do conhecimento sobre as formas da expressão escrita, da aplicação de itens como clareza, organicidade, coesão, unicidade e coerência. Estes critérios, por sua vez, precisam ser companheiros da percepção de contexto, ao contrário, a leitura se tornaria uma atividade vazia, ou pura decodificação de símbolos.

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A decodificação é uma das etapas da leitura e consiste na tradução dos sinais gráficos em palavras. As outras etapas são: intelecção (percepção do assunto, emissão de significado do que foi lido), interpretação (apreensão das idéias e estabelecimento de relações entre o texto e o contexto) e aplicação (função prática da leitura, de acordo com os objetivos que se propôs). (AMORIM, 2005, p. 28).   Correlacionar texto e contexto se constitui em tarefa indispensável, devido, entre outros fatores, às demandas sociais do Brasil e à necessidade de cultivar o prazer de ler, o prazer incessante de descobrir e redescobrir formas de percepção e compreensão da realidade. Empreendendo ânimo na longa caminhada para superar as dificuldades com a leitura e elevar tanto a quantidade quanto a qualidade dos brasileiros que dedicam atenção para essa atividade. Vejamos no gráfico que segue os dados indicados pela Câmara Brasileira do Livro, Instituto da Biblioteca Nacional, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Ministério da Educação:

Dos brasileiros de 15 a 64 anos...

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BENCINI, Roberta. Todas as Leituras. Nova Escola, São Paulo, ano XXI, n. 194, p.31-37, ago. 2006.

A palavra escrita, quando articulada em um tecido social, é necessária para o  processo de interpretação da realidade, favorecendo o movimento reflexivo do olhar, exercitando o potencial crítico e propositivo. Palavras registram um modo de percepção da realidade.

Importa considerar que o referido modo de percepção da realidade está passível às abordagens novas, devido ao caráter transformador próprio da formação e trajetória humana ao longo das organizações sociais, sendo mister questionar: afinal, quais os  elementos fundamentais que precisam ser contemplados para conquistar o exercício crítico e criativo de leitura/escrita?

É imprescindível identificar os objetivos almejados pelo autor ou pela autora do texto, identificando também o modo pelo qual fundamenta a sua proposta e, sobretudo, buscado em si o contínuo despertamento do gosto pela leitura na qualidade de quem lê o mundo, apreciando o caráter polissêmico, a diversidade de sentidos, as diferenças entre informação e saber e o compromisso subjacente à escolha de ser/se tornar profissional em educação.

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01O CARÁTER DIALÉTICO DA LEITURA E A CONQUISTA DA LEITURA PROVEITOSA.

“A palavra é metade de quem a pronuncia e metade de quem a escuta.”(Montaigne)

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Dada a incompletude do ser humano, cada um constrói a sim mesmo mediante o conjunto de experiências e perspectivas que vivencia. Sabendo que as experiências são diferenciadas, também o modo de percepção da realidade ocorrerá de modo distinto, no qual você desenvolve um olhar próprio sobre o mundo e comunica-o pela via da linguagem.

O texto, portanto, apresenta o modo de percepção do seu autor, ao mesmo instante, estabelece diálogo com o modo de percepção do leitor, favorecendo a multiplicidade de sentidos, a incompletude do discurso e a produção de sentidos uma vez que está sujeito às interpretações e significações múltiplas.

O caráter dialético da leitura é atestado nesse movimento de polissemia, ou seja, nesse movimento de multiplicidade de sentidos. De tal forma que o empenho para desenvolver a capacidade leitora, conquistando a leitura proveitosa, é indispensável!Amorim (2005, p. 28-33) informa alguns passos necessários para a leitura proveitosa (atenção, intenção, reflexão, espírito crítico, análise e síntese) e,por assim dizer, classifica a leitura de acordo com a modalidade e a finalidade. Quanto à modalidade, pode ser técnica, literária e informativa. Quanto à finalidade pode ser também informativa (leitura de estudo e de temáticas gerais) e formativa (aquisição ou ampliação de conhecimentos).

Importa ainda ponderar os “textos” sem palavras, ou seja, a capacidade leitora compreende a significação e compreensão da realidade. Para além da palavra escrita, a compreensão da linguagem não verbal e a significação da realidade. A conquista da leitura proveitosa requer também que os saberes pré-existentes sejam contemplados e estabeleçam diálogo com os novos saberes, transcendendo as barreiras da pura informação para, então, transformá-las em conhecimento, contribuindo ao desenvolvimento da capacidade inventiva, visto que a leitura não é um dado pronto e estático, ela é produzida. Prefiro afirmar: histórica, humana e prazerosamente produzida! Afinal...

A leitura de um texto pressupõe objetivos, intencionalidade... O leitor ao se dirigir ao texto, está preocupado em responder às questões suscitadas pelo seu mundo e, através do enfrentamento das posições assumidas pelo autor, busca encontrar pistas que o auxiliem no desvendamento de sua realidade. É somente neste encontro histórico, onde experiências diferentes se defrontam, que é possível a compreensão e interpretação de textos. [...] Neste sentido, compreender o texto é torná-lo a partir de um determinado horizonte, da perspectiva de quem se sente problematizado por ele[...]. (CARVALHO, 2005, p.121)

Assim concebida, na qualidade de proveitosa, a leitura se constitui em rico subsídio para a realização de pesquisas.

PRINCIPAIS ELEMENTOS E FASES DA ANÁLISE DO TEXTO

O texto precisa ser compreendido em sua totalidade. Deste modo, identificar seus elementos puramente não basta à sua compreensão. Todavia, buscar o sentido do todo sem compreender seus fundamentos é igualmente comprometedor!

No quadro abaixo constam os principais elementos que precisam ser identificados no texto,

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sabendo que todos eles estão correlacionados.  Aqui convido você caro(a) estudante para a reflexão de que é preciso acrescentar a esses elementos a capacidade de análise, interpretação e poder crítico-contextualizador.

Importante!

Elementos que precisam ser identificados no texto

Tema: idéia central ou assunto tratado pelo autor. Busca-se saber do que fala o texto, a resposta a essa questão revela o tema ou assunto.

Problema: a apreensão da problemática, aquilo que “provocou” o autor. Corresponde ao questionamento de motivação do autor.

Tese: a idéia de afirmação do autor a respeito do assunto. Identificando a problemática, outro questionamento surge: o que o autor fala sobre o tema? Qual o posicionamento que o autor assume diante da problemática? Que idéia defende?

Objetivo: corresponde a finalidade que o autor busca atingir, à mensagem que espera transmitir com o texto.

Idéias centrais e secundárias: a cada parágrafo podemos identificar idéias centrais ou secundárias que revelam os argumentos utilizados pelo autor.

(AMORIM, 2005, p.31)

As principais etapas da análise de texto são: análise textual, análise temática, análise interpretativa, problematização e síntese. A figura abaixo indica a característica principal de cada etapa.

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Para as considerações finais das questões até aqui discutidas, é pertinente a leitura (proveitosa!) do texto que segue:

“[...] Isto significa que é impossível um estudo sério se o que estuda se põe em face do texto como se estivesse magnetizado pela palavra do autor, à qual emprestasse uma força mágica. Se se comporta passivamente, “domesticamente”, procurando apenas memorizar as afirmações do autor. Se se deixa “invadir” pelo que afirma o autor. Se se transforma numa “vasilha” que deve ser enchida pelos conteúdos que ele retira do texto para pôr dentro de si mesmo.

Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões do conhecimento.

Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto. Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando assim à sua atitude crítica em face dele.

A atitude crítica no estudo é a mesma que deve ser tomada diante do mundo, da realidade, da existência. Uma atitude de adentramento com a qual se vá alcançando a razão de ser dos fatos cada vez mais lucidamente.

Um texto estará tão melhor estudado quando, na medida em que dele se tenha uma visão global, a ele se volte, delimitando suas dimensões parciais. O retorno ao livro para esta delimitação aclara a significação de sua globalidade.

Ao exercitar o ato de delimitar os núcleos centrais do texto que, em sua interação, constituem sua unidade, o leitor crítico irá surpreendendo todo um conjunto temático, nem sempre explicitado no índice da obra. A demarcação destes temas deve atender também ao referencial de interesse do sujeito leitor.

Assim é que, diante de um livro, este sujeito leitor pode ser despertado por um trecho que lhe

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provoca uma série de reflexões em torno de uma temática que o preocupa e que não é necessariamente a de que trata o livro em apreço. Suspeitada a possível relação entre o trecho lido e sua preocupação, é o caso, então, de fixar-se na análise do texto, buscando o nexo entre seu conteúdo e o objeto de estudo sobre que se encontra trabalhando. Impõe-se-lhe uma exigência: analisar o conteúdo do trecho em questão, em sua relação com os precedentes e com os que a ele se seguem, evitando, assim, trair o pensamento do autor em sua totalidade.

[...] O ato de estudar demanda humildade. Se o que estuda assume realmente uma posição humilde, coerente com a atitude crítica, não se sente diminuído se encontra dificuldades, as vezes grandes, para penetrar na significação mais profunda do texto. Humilde e crítico, sabe que o texto, na razão mesma em que é um desafio, pode estar mais além de sua capacidade de resposta. Nem sempre o texto se dá facilmente ao leitor.

Neste caso, o que deve fazer é reconhecer a necessidade de melhor instrumentar-se para voltar ao texto em condições de entendê-lo. Não adianta passar a página de um livro se sua compreensão não foi alcançada. Impõe-se, pelo contrário, a insistência na busca de seu desvelamento. A compreensão de um texto não é algo que se recebe de presente. Exige trabalho paciente de quem por ele se sente problematizado.

Não se mede o estudo pelo número de páginas lidas numa noite ou pela quantidade de livros lidos num semestre. Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las”.

FREIRE, Paulo. Considerações em torno do ato de estudar. Disponível em: <http://pontodeencontro.proinfo.mec.gov.br/estudar.htm#exp>. Acesso em 04 ago. 2006.

Para ler o texto na íntegra, clique aqui.

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Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

3. TÉCNICA PARA SUBLINHAR. TÉCNICA PARA ESQUEMATIZAR. TÉCNICA PARA FICHAR. TÉCNICA PARA RESUMIR.

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Quando em diálogo com amigos e/ou colegas, emitimos nossas opiniões e impressões sobre questões diversas, por exemplo, sobre o tipo de música que gostamos, um filme sobre o qual ouvimos comentários, um livro que lemos ou uma preferência política partidária; raramente percebemos o quanto o recurso lógico é utilizado para organizar a nossa fala e comunicar nossas idéias.

SUBLINHAR

O ato de sublinhar não é uma novidade. Entretanto, como você aprendeu a sublinhar? Ou melhor, em algum momento da sua trajetória estudantil, desde os primeiros contatos com a leitura, houve algum “ensino” sobre a importância de sublinhar e como fazê-lo? Caso sua resposta seja sim, pode sentir a satisfação de participar de um grupo raro... Pois é, pouco se dedicou atenção ao referido ato por julgá-lo demasiado simples e comum, dispensando orientações.

Permita-me aqui um breve relato: por vezes sou buscada por estudantes do ensino superior que revelam dificuldades com a leitura, especialmente de textos acadêmicos. Então, questiono-os: de que modo vocês aprenderam a ler? As respostas para essa questão giram em torno da não aprendizagem para a leitura. O que chamo de não aprendizagem da leitura corresponde ao aprender que objetiva exclusivamente a decodificação dos símbolos sem errar na pronúncia das palavras, para “fazer bonito”, para “saber” ler, negligenciando questões como a concentração e o necessário diálogo com o texto. Então, solicito que sublinhem ou destaquem alguns momentos do texto, indicando as dúvidas. Esse também se torna um difícil exercício... Revelando a aleatoriedade dos grifos e a dificuldade de entendimento. O que percebo como sublime nesse processo é o empenho para superar a formatação de um ensino tradicionalista voltado à reprodução e não à produção dos saberes.

A não aprendizagem para a leitura sinaliza a não aprendizagem para a compreensão. Para superar as possíveis dificuldades importa lembrar que a leitura não nasceu pronta, aprendemos progressivamente a ler. O ato de sublinhar, por sua vez, precisa ser desvinculado do ato de grifar aleatoriamente as palavras ou expressões. Para sublinhar corretamente o texto é preciso identificar a idéia-mestra e seus fundamentos. A releitura é condição indispensável para esse movimento, visto que, a primeira leitura remete ao reconhecimento geral do texto.

Na releitura, voltamos o olhar para a análise da obra, identificando seus principais elementos. Nesse processo, a adequada ação de sublinhar possibilita a compreensão da temática, bem como o seu posterior registro, por exemplo, elaborando resumos e sinalizando a relação entre as afirmações que se apresentam no texto. Portanto, é importante estabelecer sinais hierárquicos que

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podem ser criados pelo próprio leitor, observando as orientações metodológicas fundamentais à eficiência do ato de sublinhar.

Orientações metodológicas para sublinhar com eficiência, conforme Amorim (2005, p. 33), Medeiros (2005, p. 25), Parra Filho e Santos (2003, p. 133):

Realizar a leitura integral do texto a fim do reconhecimento geral da sua temática. Sublinhar a partir da releitura (proveitosa) do texto.

Esclarecer as possíveis dúvidas de vocabulário, termos técnicos e outras;

Utilizar linhas verticais na margem para trechos longos e/ou para ressaltar afirmações já sublinhadas;

Sublinhar a idéia central de cada parágrafo;

Sinalizar, por exemplo, com o sinal de interrogação, à margem de parágrafos que apresentem dúvidas, discordâncias, pouca clareza das idéias e/ou argumentos;

Estabelecer uma hierarquia de sinais ou símbolos;

Ter clareza do significado de cada grifo ou sublinha, por exemplo, criando uma legenda pessoal que contribua a localização da idéia-mestra, distinguindo seus argumentos e comentários.

ESQUEMATIZAR

Esquemas são formas de representação e registro que permitem a visualização gráfica ou diagramática da situação ou texto em questão. É um importante instrumento de sistematização da aprendizagem e confere organização ao estudo, identificando a proposta central e a fundamentação da obra ou de circunstâncias outras, tais como: filme, aula, palestra ou conferência.Um esquema eficiente estabelece ordenação lógica das idéias, com clareza e relação causal, identificando os argumentos e conduzindo à compreensão da temática. É possível e interessante que você desenvolva sua própria forma de elaboração dos esquemas, utilizando símbolos que evidenciem a relação entre as idéias, com atenção às orientações básicas que cito a seguir.

Orientações metodológicas para produzir esquemas eficientes, conforme Amorim (2005, p. 34) e Carvalho (2005, p. 124-125):

1. Manter a fidelidade ao texto; 2. Sinalizar o tema;

3. Indicar as idéias principais e secundárias;

4. Identificar títulos e subtítulos;

5. Condensar as idéias em palavras-chave ou em frases-mestras coerentes e concisas;

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6. Relacionar as idéias que fazem parte do argumento;

7. Distribuir gráfica, lógica e organizadamente o conteúdo, estabelecendo relações hierárquicas entre as idéias;

 

Para que essas orientações conduzam a excelência na produção de esquemas, é necessário que cada estudante esteja disposto à aprendizagem real das temáticas, compreendendo que, como há o caráter dialético da leitura, há também o caráter dialético do estudo, uma vez que requer movimento de interpretação e a constante revisão da própria aprendizagem.

FICHAR

Ao compreender a importância e as condições básicas da leitura proveitosa, o estudante passa a desenvolver o costume de ler para aprimorar seus saberes e atender as múltimas demandas de sua formação humano-estudantil-profissional. Nesse percurso a quantidade de obras lidas ou consultadas vai sendo acumulada. Como então, localizar os conteúdos estudados, por exemplo, há dois anos, ou na primeira disciplina cursada? É preciso “decorar” todas as leituras que realizamos?

Quando a aprendizagem é instaurada entre os objetivos da leitura, não é preciso “decorar”. Entretanto, o esquecimento total das questões estudadas não é desejável! Nesse caminho entre aprender e recorrer ao já aprendido, a sistematização dos estudos é indispensável e, no caso mais específico das leituras desempenhadas, a elaboração de fichas é um poderoso recurso.

Realizadas de modo criterioso e cuidadoso as fichas organizam informações variadas sobre obras lidas, sinalizando a fonte dessas informações que poderá ser buscada futuramente pelo próprio autor do fichamento.Além de ser útil enquanto recurso didático e metodológico para o estudo e a pesquisa, os fichamentos são pertinentes em situações outras, conforme explica Amorim (2005, p.35) “o sistema de fichas é atualmente utilizado nas mais diversas instituições para serviços administrativos e nas bibliotecas, onde, para consulta do público, existem fichas de autores, de títulos, de séries e de assuntos, todas em ordem alfabética”.

De acordo com o objetivo pretendido, a ficha obedece a determinados critérios de elaboração e organização do conteúdo caracterizando cada tipo de fichamento. Antes de apresentar os tipos de ficha, informo  que todos eles atendem a uma estrutura específica com cinco elementos indispensáveis, conforme citado a seguir.

Elementos estruturais da ficha, de acordo com Amorim (2005, p. 35), Parra Filho e Santos (2003, p.144-145):

Cabeçalho: representa a identificação do fichamento, compreende o título genérico, o título próximo, o título específico (opcional) e a letra indicativa da seqüência (quando se utiliza mais de uma ficha). O título genérico corresponde ao título do livro ou do trabalho utilizado na pesquisa.

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O título próximo é um desdobramento do título genérico, que é encontrado no sumário e destina-se ao fichamento.O título específico (se necessário) corresponde ao desdobramento do título próximo.

Referencia bibliográfica: deve sempre seguir normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Para proceder-se corretamente é importante consultar também a Ficha Catalográfica da obra, que traz todos os elementos necessários e, na ausência dela, a folha de rosto e outras partes do livro, até obter as informações completas.

Corpo: o conteúdo que constitui o corpo ou texto das fichas varia segundo o tipo e a finalidade da ficha.

Indicação da obra: indica o público ao qual se destina a obra conforme a área de interesse.

Local: onde pode ser encontrado o livro, pois é possível que, depois de fichada, seja necessário voltar a consultar a obra.

Para ver um exemplo com os elementos estruturais da ficha, clique aqui.

O corpo ou texto da ficha é redigido de acordo com o objetivo a ser alcançado. Portanto é necessário que o estudante tenha clara sua intenção. Por exemplo, se é pretendido emitir juízos de valor sobre a obra, o tipo de ficha é a de comentário; se o propósito é a transcrição de fragmentos da obra, a ficha utilizada é a de citação. Os principais tipos de ficha são: bibliográfica, citação, resumo ou conteúdo, esboço e comentário ou analítica.

– Ficha Bibliográfica

Conforme Parra Filho e Santos (2003, p. 150), a finalidade da ficha bibliográfica, também conhecida por ficha de indicação bibliográfica, é “identificar o objetivo da obra; os problemas a que a obra pretende responder, os resultados obtidos, bem como a metodologia utilizada e a sua contribuição para o aumento do conhecimento do assunto abordada”.

Orientações metodológicas para elaborar ficha bibliográfica, conforme Amorim (2005, p. 36-37), Parra Filho e Santos (2003, p. 150-151):

1. Indicar as fontes utilizadas 2. Ser breve: a ficha bibliográfica é a mais breve de todas, pois qualquer conhecimento

adicional poderá ser obtido com outras modalidades de fichamento.

3. Utilizar verbos ativos, tais como: analisa, compara, contém, critica, define, descreve, examina, apresenta, registra, revisa, sugere.

4. Evitar repetições desnecessárias como: esse livro, esta obra, este artigo, o autor.

– Ficha de Citação

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Quando o objetivo é indicar com citações e/ou transcrições a temática central da obra e outras considerações relevantes para a compreensão do texto, o tipo de fichamento adequado é o de citação. É necessário escolher os fragmentos que revelem e, de certa forma, justifiquem a questão central da obra fichada, respeitando os direitos autorais.

Orientações metodológicas para elaborar ficha de citação, conforme Amorim (2005, p. 36-37), Parra Filho e Santos (2003, p. 148-149):

1. Sinalizar a citação e/ou transcrição: toda e qualquer citação deve vir entre aspas, evitando que as idéias apresentadas na ficha sejam atribuídas ao fichador e respeitando a real autoria.

2. Informar o número da página de onde foi extraída a citação e/ou transcrição, permitindo a posterior utilização do trabalho, com a correta indicação bibliográfica e a localização do contexto originário do fragmento transcrito ou citado, contribuindo ao esclarecimento de dúvidas.

3. Manter os erros de grafia para que a citação seja a reprodução fiel do texto e evidenciá-los com o termo ‘sic’ entre parênteses.

4. Indicar a supressão da parte inicial ou final do texto, utilizando no local da supressão reticências no início e no final e quando for a parte central do parágrafo, utilizar reticências entre parênteses.

5. Indicar a supressão de um ou mais parágrafos utilizando uma linha completa de pontos.

6. Apontar entre colchetes possíveis acréscimos. A utilização de colchetes sinaliza que as palavras nele comportadas não são do autor da obra, mas daquele que elabora o fichamento.

7. Sinalizar quando o pensamento transcrito não é do autor da obra fichada: quando o autor cita outros autores, é necessário indicar entre parênteses a referencia bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação.

– Ficha de Resumo

A ficha de resumo objetiva apresentar o conteúdo da obra de modo sucinto, sem negligenciar com a identificação dos seus elementos fundamentais e atendendo as orientações a seguir.

Orientações metodológicas para elaborar ficha de resumo, conforme Amorim (2005, p. 38), Parra Filho e Santos (2003, p. 147):

1. Apresentar síntese clara das principais idéias do autor. 2. Utilizar as próprias palavras (não é citação, nem transcrição).

3. Ser fiel ao texto: as palavras são daquele que escreve a ficha de resumo, mas a idéia é a apresentada pelo(a) autor(a) da obra.

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4. Cuidar da extensão: a ficha de resumo apresenta mais informações do que a ficha bibliográfica, mas não detalha como ocorre na ficha de esboço. É, portanto intermediária entre a bibliográfica e a de esboço.

– Ficha de Esboço

No momento em que o estudante ou pesquisador tem por objetivo apresentar as idéias principais da obra sem, contudo, ser sucinto, a ficha a ser utilizada é a de esboço. Mas a ficha de resumo também apresenta as idéias centrais da obra, então, são sinônimos? A resposta a essa questão é negativa. Conforme Amorim (2005, p. 36), a ficha de esboço “assemelha-se a ficha de resumo, pois apresenta as idéias principais do autor, porém de forma detalhada”.

Portanto, a ficha de esboço e a de resumo se aproximam no que tange a ocupação com as idéias centrais da obra e se diferenciam pois, a primeira permite espaço para detalhamentos ao passo que a segunda, se o fizer, se descaracteriza.

Orientações metodológicas para elaborar ficha de resumo, conforme Parra Filho e Santos (2003, p. 151-152):

1. Fazer anotações das idéias principais do autor de forma detalhada. 2. Detalhar sem perder a fidelidade ao texto e com as próprias palavras do fichador.

3. Apresentar uma síntese das idéias do autor, preferencialmente, página por página.

4. Anotar à esquerda da ficha o número da página correspondente à idéia ou posicionamento sinalizado.

– Ficha de Comentário

No sentido de compreensão da obra, estudantes e pesquisadores que objetivam registrar, para além da idéia central do texto, o posicionamento próprio sobre o pensamento do(a) autor(a) encontram na ficha de comentário um excelente recurso de sistematização da obra e da interpretação sobre ela.

Para realizar com eficiência a ficha de comentário, importa compreender que explicar e comentar são situações diferenciadas. Conforme (FOLSCHEID e WUNENBURGER, 2002, p. 51) “a explicação está a serviço de um texto, o comentário interroga seu autor; a explicação parte do texto e se restringe ao texto, o comentário parte do texto e não se restringe a ele...”. Deste modo, há um compromisso maior, no qual o potencial crítico e interpretativo se torna elemento fundamental.

Orientações metodológicas para elaborar ficha de resumo, conforme Amorim (2005, p. 36) e Medeiros (2005, p.129 -130):

1. Identificar os elementos centrais da obra sem limitar-se a essa identificação. 2. Fazer uma avaliação da obra.

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3. Apresentar a interpretação e crítica pessoal sobre a obra.

4. Realizar a análise crítica do conteúdo.

Como o caráter do comentário requer interpretação pessoal, por vezes, o estudante ou pesquisador acaba por se desvincular da questão central do texto. É indispensável ter a devida atenção para não fugir do assunto, uma vez que, o comentário remete, sim, ao posicionamento do leitor, mas esse posicionamento não é aleatório, é sobre a obra fichada e requer fundamentação coerente.

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Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01RESUMIR

Para Medeiros (2005, p. 142) “resumo é uma apresentação sintética e seletiva das idéias de um texto, ressaltando a progressão e a articulação delas. Nele devem aparecer as principais idéias do autor do texto”.

Entre os aspectos que integram todos os modos de resumir constam a necessidade de planejamento e a identificação de elementos tais como: a questão discutida no texto, seus argumentos, o objetivo pretendido pelo(a) autor(a) e suas conclusões. Conforme citação a seguir.

“Os procedimentos para realizar um resumo incluem, em primeiro lugar, descobrir o plano da obra a ser resumida. Em segundo lugar, a pessoa que o está realizando deve responder, no resumo, a duas perguntas: o que o autor pretende demonstrar? De que trata o texto? Em terceiro lugar, deve-se ater às idéias principais do texto e a sua articulação ...” (MEDEIROS, 2005, p.143)

Orientações metodológicas para elaboração de resumos, conforme Amorim (2005, p. 38-39), Medeiros (2005, p.142 -153) e Siqueira (1990, apud MEDEIROS, 2005, p.151):

1. Evitar começar a resumir antes de esquematizar o texto ou de preparar as anotações de leitura.

2. Respeitar a ordem de apresentação das idéias e fatos.

3. Apresentar o conteúdo da obra de maneira sucinta.

4. Selecionar as idéias principais.

5. Suprimir os elementos redundantes e supérfluos ou irrelevantes.

6. Construir frases que incluam várias idéias expostas no texto, e fazê-lo de forma sintética.

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7. Identificar e agrupar as idéias que se relacionam entre si.

Clique aqui e veja mais orientações sobre a elaboração de resumos.

Os resumos são redigidos conforme o objetivo que se pretende alcançar, indicando tipos diferenciados de resumos. Os principais são: descritivo ou indicativo, informativa ou analítico e crítico.

 – Resumo descritivo ou indicativo

Esse tipo de resumo diz respeito aos aspectos mais importantes do texto de modo apenas indicativo, no qual são eliminadas a ocupação quanto a extensão do texto, sua constituição e conceitos (dados quantitativos) e a ocupação com a identificação e análise da hipótese, do objetivo, da problemática e das fundamentações (dados qualitativos). Portanto, não dispensa a leitura do original. (MEDEIROS, 2005, p. 143).

CLIQUE AQUI E VEJA UM EXEMPLO DE RESUMO DESCRITIVO OU INDICATIVO PROPOSTO POR MEDEIROS (2005,P.143).

 – Resumo informativo ou analítico

Realizado com eficiência, esse tipo de resumo pode dispensar a leitura do texto original quanto às conclusões. Salienta o objetivo da obra, os métodos e as técnicas utilizados, os resultados e as conclusões, evitando juízos de valor. (MEDEIROS, 2005, p.143-144)

CLIQUE AQUI E VEJA UM EXEMPLO DE RESUMO INFORMATIVO OU ANALÍTICO PROPOSTO POR MEDEIROS (2005, P. 144).

 – Resumo crítico

Favorece de modo significativo à construção de saberes, pois além de apresentar as idéias centrais do texto, requer a elaboração de juízos de valor sobre essas idéias, de tal forma que, em um primeiro momento o(a) estudante ou pesquisador(a) precisa identificar os elementos constituintes da obra e, em um segundo momento, reúne esses elementos lançando o olhar crítico e criativo sobre eles.O resumo crítico, conforme Amorim (2005, p. 39), “permite opiniões e comentários do autor do resumo sobre o trabalho e não sobre o autor, pode se centrar na forma (com relação aos aspectos metodológicos), do conteúdo (análise do teor em si do trabalho), do desenvolvimento (da lógica utilizada na demonstração); e da técnica de apresentação das idéias principais.”

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

4. O PAPEL DA METODOLOGIA CIENTÍFICA NO DIÁLOGO ENTRE AS CIÊNCIAS SOCIAIS E A REALIDADE.

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Você viu até aqui, algumas reflexões sobre a construção de conhecimento na academia. Já deu para verificar a importância da Metodologia do Trabalho Científico nesse processo assim como na atividade de estudo e de sistematização do conhecimento.Afinal, como a Metodologia do Trabalho Científico pode nos auxiliar no campo profissional? Como intervir na realidade aplicando os conhecimentos dessa disciplina, considerando a formação profissional desejada?Em áreas específicas das Ciências Sociais Aplicadas, tais como em Administração, Ciências Contábeis e Economia, faz-se necessária a constante atualização profissional, tanto com relação à produção de novos conhecimentos, quanto a uma constante reflexão sobre a sua prática cotidiana de trabalho.

As características atuais do mercado e do contexto das empresas exigem do profissional a construção de habilidades que lhe permitam ter capacidade de tomar de decisões (auxiliando nos processos decisórios) e de interpretar informações de maneira crítica e satisfatória para a resolução de problemas. Profissionais excessivamente voltados para a burocratização permeada por guias fiscais e papéis que os coloca na função de despachantes administrativos e contábeis não têm mais espaço no mundo do trabalho atual. É necessário que o profissional se posicione como sujeito capaz de construir sua própria trajetória de forma autônoma.

Seguindo o exemplo das Ciências Contábeis, os estudos têm indicado que o Brasil vive uma demanda intensa por profissionais da área, tornando premente a preocupação com a excelência na formação de contadores e com a produção científica na área. E a percepção dessas necessidades perpassa o ambiente acadêmico.

A universidade e as outras Instituições de Ensino Superior como local privilegiado para a construção de conhecimento científico voltam os seus esforços para a formação humana e profissional do indivíduo, assumindo o compromisso social de contribuir para o surgimento de um egresso criativo, inovador e crítico.Dessa forma, a pesquisa se configura como elemento chave para o rompimento com um ensino tradicional e reprodutor de saberes já existentes. Ela significa buscar conhecer, indagar, investigar! E nos dias atuais essa atividade se torna ainda mais importante!Em um contexto em que a interpretação e a seleção de informações se tornam imprescindíveis na intervenção do sujeito no âmbito profissional, o ato de conhecer é fundamental: conhecer as demandas da região onde a instituição está localizada, conhecer as especificidades do negócio que irá assumir, conhecer o perfil do cliente que irá atender, conhecer os saberes que estão sendo construídos e divulgados a respeito da área em que se situa o empreendimento, conhecer as tendências nacionais e internacionais do mercado para a inserção do negócio, conhecer a linguagem na qual se comunicam os agentes no mercado... conhecer, conhecer, conhecer!   Nesse sentido, o profissional que se deseja formar hoje é aquele que construa um pensamento e um posicionamento crítico sobre a realidade e sobre a sua profissão, que seja criativo na busca de soluções e caminhos para a resolução dos problemas e que se atualize constantemente, considerando reflexões éticas na sua prática de trabalho.

Então, podemos dizer que a Metodologia do Trabalho Científico está no centro da formação profissional da atualidade, pois ela fornece ferramentas que auxiliam o estudante a construir

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conhecimento de forma crítica, fomentando a iniciativa no processo de ensino e de aprendizagem. Trabalhos acadêmicos como estudos de caso e seminários podem auxiliar na construção de metodologias de intervenção social e profissional, exercitando o pensamento crítico-reflexivo, a expressão e comunicação de conhecimento e a auto-avaliação da aprendizagem.

Além disso, há um novo aspecto a se considerar: o marketing pessoal! Administradores e contabilistas precisam de ferramentas que lhes permitam construir projetos exeqüíveis, planejar um orçamento e se comunicar dentro da sua área de conhecimento, dominando a linguagem científica utilizada por seus pares.

Então, vamos refletir sobre os caminhos e possibilidade de integração da Metodologia do Trabalho Científico na prática profissional?

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A ADMINISTRAÇÃO, OU CIÊNCIA DAS ORGANIZAÇÕES, E A METODOLOGIA CIENTÍFICA.

“A administração pode parecer uma disciplina derivada da economia. Efetivamente o é em grande parte, mas suas preocupações a fazem apelar a várias outras ciências humanas. Poder-se-ia, então, considerá-la como uma ciência aplicada amplamente multidisciplinar. O objeto de estudo e de pesquisa em administração concerne aos meios que um organismo e seus responsáveis empregam para atingir os objetivos por eles fixados. Isso implica pesquisas da parte do próprio organismo – seus objetivos, seus meios – e da parte dos clientes – suas necessidades, capacidades, características – aos quais o organismo destina seus produtos ou serviços. Constata-se a multidisciplinaridade da administração quando esta é confrontada com problemas práticos. Apontemos alguns exemplos disso.

Se um administrador deseja aumentar a motivação de seus representantes, utilizará

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possivelmente saberes e técnicas de pesquisa inspiradas na psicologia. Um outro, que objetivasse o lançamento de um novo produto, provavelmente começaria por um estudo do mercado: a economia o ajudaria, então, a se informar sobre o estado do mercado, da concorrência...; a psicologia, a sociologia, a demografia, o ajudariam a se informar sobre as expectativas e as necessidades dos eventuais consumidores, seu número, sua divisão...

Caso se tratasse da abertura de um fast food,  em um determinado bairro, é provável que a geografia assistisse a demografia para informá-la sobre a divisão espacial da população, sua circulação na área comercial visada... Se desejasse trocas com um país estrangeiro, a economia, a ciência política iriam lhe informar sobre as regras de comércio e as políticas em vigor nesse país e entre esse país e o seu; sociologia e antropologia entrariam em jogo... Vê-se o quanto diversas ciências humanas podem conjugar seus esforços em um contexto de pesquisa aplicada. Sem, no entanto, ignorar a pesquisa fundamental, como também se faz em administração, especialmente neste setor em desenvolvimento, às vezes nomeado ciência das organizações”. (LAVILLE; DIONNE, 1999, P. 73-74). 

Links

- http://www.cavanis.org.br/dow/... - http://www.marion.pro.br/portal/...

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Ficha Técnica

Metodologia do Trabalho Científico

Bloco Temático 02

A PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO CONHECIMENTO

Vamos começar mais uma etapa da nossa disciplina na qual trataremos dos critérios que pautam a elaboração dos trabalhos acadêmicos e da construção da pesquisa na Universidade. Até aqui, vimos que a produção do conhecimento científico envolve o estabelecimento de métodos de leitura, de sistematização e de estudo. Para comunicar os resultados de uma pesquisa à comunidade acadêmica não seria diferente. Existem normas que devem ser utilizadas para a elaboração dos trabalhos científicos. A finalidade delas é facilitar a comunicação de idéias, apresentar o conteúdo de maneira clara e objetiva. Desta forma, o nosso interesse será, inicialmente, compreender o uso das normas que visam uniformizar os procedimentos, melhorando a comunicação, além de proporcionar qualidade e facilitar o intercâmbio de informações. Em seguida, veremos neste bloco temático os métodos que devem orientar a atividade de pesquisa, conhecendo as suas fases e características.

Tema 01

Estrutura e Organização de Trabalhos Acadêmicos

Para LAVILLE; DIONNE (1999, p. 238-239), “a pesquisa só tem valor quando comunicada”. E esta é uma opinião compartilhada por todo o ambiente científico, pois é assim que a pesquisa exerce a sua função social, permitindo que outros cientistas possam desenvolver novos estudos e melhorar a qualidade de vida da sociedade.Percebendo a importância que a divulgação de estudos científicos assume nos dias atuais, iniciaremos o nosso conteúdo estudando a linguagem científica e os seus critérios.

1. A LINGUAGEM CIENTÍFICA E AS REGRAS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).

 

Toda atividade pressupõe o uso de normas para uniformizar os procedimentos e guiar a sua execução. No caso específico da redação acadêmica, devemos atender a algumas características que facilitem a comunicação de conhecimentos e informações. Veremos alguns princípios básicos da redação científica.

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Links

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- http://www.projetoderedes.com.br/artigos/...

A linguagem científica possui características próprias que a diferem da linguagem coloquial. Tais características foram estabelecidas ao longo do tempo através da realização de pesquisas e de crítica metodológica capaz de estabelecer critérios específicos para o registro de processos científicos, contribuindo para a ampliação do conhecimento. Desta forma, torna-se necessário conhecer os elementos que pautam a linguagem científica, percebendo que a sua compreensão está intimamente relacionada à aprendizagem da ciência. 

A clareza na expressão é a transmissão do pensamento por meio de uma linguagem clara, cristalina e inteligível. Associada à clareza na expressão, é necessária também a utilização de uma linguagem concisa, isto é, de um estilo direto de empregar as palavras essenciais à compreensão das idéias. A noção de concisão é oposta a de prolixidade que, segundo Cardoso (2001) “se define pelo emprego de frases, palavras e expressões supérfluas, pela repetição de fatos, cenas e aspectos já descritos, e pelo uso de orações subordinadas”. Frases longas e repetição de palavras também podem ser apontadas como elementos que comprometem a significação das idéias do texto e a sua estrutura estética.Além disso, não devem ser utilizados jogos de palavras, piadas, brincadeiras com o título e com texto, pois este deve ser compreensível e claro para o leitor, que não deve ter nenhuma dificuldade para entender o conteúdo explanado. Para tanto, deve-se evitar expressões informais, ambíguas ou que sugiram trocadilhos.

É importante que depois de escrito o texto, o autor o leia cuidadosamente como se fosse seu próprio leitor para que possa verificar se a linguagem está limpa e clara. É necessário atentar também para expressões estrangeiras ou de cunho regionalista, uma vez que contribuem para que o texto se contextualize fortemente pela linguagem, em termos de espaço e de conjuntura histórica. Embora seja impossível escapar totalmente à vinculação contextual, à medida que se utiliza uma linguagem objetiva e precisa, torna-se o texto mais acessível a leitores de outras culturas ou de futuras gerações. Caso seja indispensável o uso de palavras em outro idioma, elas devem ser apresentadas entre aspas ou em itálico.

Links

- http://www.hottopos.com.br/vidlib2/...

CARACTERÍSTICAS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS

A pesquisa não deve ser confidencial, mas assumir uma perspectiva de transparência quanto aos métodos aplicados, às conclusões obtidas e os dados utilizados, pois estes precisam ser divulgados para que outros pesquisadores saibam qual a trajetória percorrida, quais fatores foram considerados e julguem o valor da investigação ou reproduzam as etapas para chegar aos mesmos resultados. Conforme Laville,

“[...] o que hoje importa é conhecer a hipótese formulada, suas coordenadas e suas modalidades de construção, as conclusões tiradas de sua verificação, para poder, dispondo dessas informações, considerar uma outra, e eventualmente refutar o conhecimento produzido. Aliás

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para toda pesquisa, é com esse espírito que se espera receber as informações que permitam acompanhar seu encaminhamento, indagando se seria possível proceder de outra forma e chegar a outra coisa”.  (LAVILLE, 1999: 238-239, grifo do autor).

Os trabalhos científicos devem ser elaborados de acordo com algumas normas estabelecidas e devem apresentar originalidade, ampliando a compreensão sobre determinados campos do conhecimento e sobre questões científicas. Desta forma, permitem que outro pesquisador julgue as conclusões do autor e as utilize como subsídio para seus próprios estudos. Em geral, estes trabalhos apresentam observações e análises acerca de fenômenos naturais ou sociais, resultados e etapas de estudos experimentais que submetam fenômenos a experiências controladas. Podem ser elaborados de diversas maneiras, mas obedecendo a metodologias específicas para cada finalidade a que se destina.

Para Ângelo Salvador (apud MARCONI e LAKATOS, 1999: 221) os trabalhos científicos devem permitir:

“a. reproduzir as experiências e obter os resultados descritos, com a mesma precisão e sem ultrapassar a margem de erro indicada pelo autor;b. repetir as observações e julgar as conclusões do autor;c. verificar a exatidão das análises e deduções que permitiram ao autor chegar às conclusões”.

Mas, como podemos dizer que um trabalho é mesmo científico?

Luiz Rey (apud MARCONI e LAKATOS, 1999: 221-222) relaciona como trabalhos científicos aqueles que apresentam:

“a. Observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estruturas e funções, mutações e variações, dados ecológicos, etc.b. Trabalhos experimentais cobrindo ao mais variados campos e representando e representando uma das mais férteis modalidades de investigação, por submeter o fenômeno estudado às condições controladas da experiência.c. Trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, levando à produção de conceitos novos por via indutiva ou dedutiva; apresentação de hipóteses, teorias etc.”

Importante!

1. Obedecer às normas preestabelecidas; 2. Ser inéditos ou originais;

3. Contribuir para ampliação de conhecimentos;

4. Oferecer subsídios para trabalhos posteriores;

5. Permitir a reprodução das experiências e a obtenção dos resultados descritos;

6. Repetir as observações;

7. Verificar a exatidão das análises

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01 de 07

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01REGRAS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT)

Existem alguns institutos que estabelecem normas gerais que são seguidas por todos aqueles que se dedicam à pesquisa científica no Brasil. Dentre eles, podemos citar a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD). A ABNT faz parte do Sinmetro, Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, composto por entidades privadas e públicas que atuam na área científica, sendo o único órgão responsável pela normalização. Por isso, ela é a referência mais segura e comum a que se pode recorrer na elaboração de trabalhos científicos. As normas que veremos aqui estão relacionadas, especificamente, com a publicação:

Norma Brasileira Registrada (NBR) 14724 - Trabalhos AcadêmicosNBR 6023 – Referências.NBR 10520 – Citações.

As normas da ABNT são elaboradas e atualizadas por um comitê formado por consumidores, produtores e membros da comunidade científica. Veremos as principais normas que ela define para a elaboração de trabalhos científicos.Importante!

A ABNT apresenta definições que são importantes para a significação de alguns trabalhos científicos:

DISSERTAÇÃO: “documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando a obtenção do título de mestre”.

TESE: “Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa a obtenção do título de doutor, ou similar”.

TRABALHOS ACADÊMICOS (esta categoria inclui trabalhos de conclusão de curso – TCC – e de especialização): “Documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador”.

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NBR 14724: Informação e documentação — trabalhos acadêmicos — apresentação

– Definições de Apresentação

1. Forma Geral

Elementos pré-textuais:

Capa: elemento obrigatório que deve conter os dados indispensáveis para a identificação do autor e especificação do trabalho; Estrutura da Capa: Nome do autor, isto é, do aluno que elaborou o trabalho, nome da instituição (opcional); Título; Subtítulo se houver; Cidade e ano em que foi entregue o trabalho.

Folha de Rosto: possui em sua estrutura o nome do autor; Título; Subtítulo; Nº do volume; Natureza do trabalho (especificar se é dissertação, monografia ou trabalho de conclusão de curso, etc); Orientador; Co-orientador; Local (cidade) da instituição; Ano de entrega.

CLIQUE AQUI PARA VER MODELOS DE CAPA E FOLHA DE ROSTO

Elementos textuais:

Introdução: deve apresentar a idéia principal do texto, para que se possa desdobrá-la no desenvolvimento.Desenvolvimento: discute o tema central exposto na introdução em parágrafos articulados de modo a construir uma lógica de pensamento coerente, defendendo os pontos de vista, ampliando o tema a partir da explicação das idéias. O desenvolvimento deve estar encaixado hierarquicamente entre a introdução e a conclusão.Conclusão: encerra a argumentação e oferece respostas para as questões feitas ao longo do texto, retomando a tese defendida no desenvolvimento.

Elementos pós-textuais:

Anexos: Servem para complementar o texto com informações difíceis de incluir no desenvolvimento do texto. São informações não essenciais, mas que fornecem elementos adicionais à compreensão do assunto tratado, ficando a critério do leitor se ele quer ou não tomar conhecimento de tais informações. Podem ser tabelas, testemunhos, documentos históricos, registros, gráficos, fotografias. Além destes, também são considerados elementos pós-textuais as notas, os apêndices, a bibliografia e o glossário.

2. Forma Gráfica

Papel: branco A4 (21cm x 29,7 cm)

Tipo de Fonte: Arial ou               Times New Roman

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Tamanho da Fonte: 12

Margens: Superior 3,0 cm                 Inferior: 2,0 cm                 Direita: 2,0 cm                 Esquerda: 3,0 cm

Siglas: quando se referir pela primeira vez usar o nome completo seguido da sigla. Depois, somente a sigla.

Paginação: pode ser no canto superior ou inferior da página na borda direita da folha (2 cm x 2 cm).

Espacejamento: 1,5 entre linhas

NBR 6023 – Referências

As referências bibliográficas devem conter os dados essenciais para a identificação da publicação. A relação das referências deve ser organizada em ordem alfabética considerando o último sobrenome da autoria. As referências devem ser alinhadas à esquerda e separadas entre si por espaço duplo.

 – Normas para a apresentação de referências.

Norma Geral:               SOBRENOME, Nome.Sobrenomes Compostos:   SOBRENOME COMPOSTO, Nome.Sobrenomes de Parentesco:    SOBRENOME NETO, FILHO, Nome.Sobrenome com partículas:  SOBRENOME, Nome de, da.Até três autores:  SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome.Mais de três autores:    SOBRENOME, Nome et al. ou et allii, quando falamos em público devemos falar “e colaboradores”.Sem autor:A entrada deve ser feita pelo títuloEntidades coletivas:NOME de associações, institutos e entidades.

1. Referências de livros

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SOBRENOME, Nome. Nome do livro. Edição. Local: Editora, Ano.

Ex.: GOMES, Antônio Marcos. Novela e sociedade no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

2. Capítulo de Livro (autor diferente do organizador do livro)

SOBRENOME, Nome do autor do capítulo. Título do capítulo. In: SOBRENOME, Nome do autor do livro. Nome do livro. Local: Editora, Ano. p. XX-XX.

Ex.: ROMANO, Giovanni. Imagens da Juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHIMIDT, J. (Org.). História dos jovens 2: a época contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 7-16.

A expressão “IN” – deve ser em itálico (língua estrangeira). Observe que o grifo continua no título da obra geral e não no título do capítulo e que se deve colocar a paginação.02 de 07

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

3. Capítulo de Livro (Autor é também o organizador do livro)

SOBRENOME, Nome. Título do capítulo. In:______. Nome do livro. Local: Editora, Ano. p. XX-XX.

Ex.: SANTOS, F.S. dos. A colonização da terra dos Tucujús. In:_____. História do Amapá. 2. Ed. Macapá: Valcan, 1994. Cap.3, p. 15-24.

O título do livro deve estar sempre destacado em itálico, negrito ou sublinhado. Mas atenção! Só podemos utilizar uma OU outra forma, nunca duas ou três ao mesmo tempo!

4. Periódico como um todo (referência de toda a coleção)

NOME DO PERIÓDICO. Local: Editora, datas de início e de encerramento da publicação, se houver.

Ex.: BOLETIM GEOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1943-1978.

5. Partes de revista, boletim etc.

NOME DA PUBLICAÇÃO. Local: Editora, numeração do ano e/ou volume, numeração do fascículo, informações de períodos e datas de publicação.

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 Ex.: DINHEIRO: revista semanal de negócios. São Paulo: Três, n. 48, 28 jun. 2000.

6. Artigo ou matéria de revista, boletim etc.SOBRENOME, Nome. Título do artigo ou matéria. Nome da revista, Local, volume e/ou ano, número, p. XX-XX, Mês/Ano. Ex.: GURGEL, C. Reforma do estado e segurança pública. Política e administração, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 15-21, set. 1997.

7. Artigo e/ou matéria de jornalSOBRENOME, Nome. Título do artigo. Nome do jornal, Local, Data. Seção, caderno ou parte do jornal, p. X.

Ex.: NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, caderno 8, p. 13.

8. Material eletrônico

SOBRENOME, Nome. Título da obra. Disponível em: <http://www.sitedeconsulta.com.br>. Acesso em: 00 mês. 0000. Ex.: ALVES, Castro. Navio negreiro. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/>. Acesso em: 04 abr. 2005.

9. Imagem em movimentoTÍTULO de filme, videocassete ou DVD. Nome do diretor e/ou produtor. Local: Produtora, data.

Ex.: OS PERIGOS DO USO DE TÓXICOS. Produção de Jorge Ramos de Andrade. São Paulo: CEVARI, 1983.

NBR 10520 – Citações em Documentos

As citações se justificam quando queremos nos referir às idéias de outros autores, a frases específicas e conclusões de outros autores/trabalhos. Elas podem ser transcrições do texto original ou referências que nem sempre precisam ser cópias. A própria natureza da pesquisa pressupõe a inspiração em outras obras, buscando nelas o apoio necessário para fundamentar pontos de vista, elaborar exemplos e ilustrações. Desta forma, podemos usar citações literais (textuais), isto é, quando transcrevemos as palavras de um texto incorporando-as ao nosso ou citações livres (paráfrases), quando retiramos do texto a idéia que nos interessa e apresentamos com nossas próprias palavras.

No texto, devemos apresentar os seguintes sinais para indicar:

Supressões: [...]

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Interpolações, acréscimos ou comentários: [ ]Ênfase ou destaque: grifo, ou negrito ou itálico

– Citações diretas no texto (até três linhas)

No caso das citações que possuam até 3 linhas, devemos mantê-las dentro do parágrafo, incorporadas ao texto. Observe o exemplo abaixo:

Para Piaget (2001, p. 26) “a escola deve atender as necessidades básicas do aluno [...]”. Como a citação possui menos de 3 linhas, ela deve dar continuidade ao parágrafo. Os colchetes com reticências indicam que uma parte do texto foi suprimida.

– Citações diretas no texto (mais de três linhas)

Para as citações mais longas, com mais de 3 linhas, devemos recuar 4 cm à margem esquerda, mas não é necessário o uso de aspas. Veja o exemplo:

A concepção materialista de Marx carrega em sua base uma concepção de natureza e da relação do homem com essa natureza. Para Marx, [...] o homem é um ser natural porque foi criado pela própria natureza, porque depende da natureza, da sua transformação para sobreviver. Por outro lado, o homem não se confunde com a natureza, [...] já que usa a natureza transformando-a conscientemente segundo suas necessidades e, nesse processo, faz-se homem. (ANDERY, 2004, P. 403)

  – Citação indireta no texto

A escola deve perceber o educando e suas necessidades (PIAGET, 2001).

– Citar no texto o nome do autor

Piaget (2001) considera que a escola deve atender as necessidades do educando.

– Grifo em citação

Deve-se utilizar itálico ou negrito para destacar a parte fundamental da citação, indicando, por meio da expressão “grifo nosso” ou “grifo do autor”. Veja os exemplos: Sendo assim, a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração seu conhecimento [...] (PIAGET, 2001, p. 26, grifo nosso).

OUSendo assim, a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração

seu conhecimento [...] (PIAGET, 2001, p. 26, grifo do autor).

– Citação de Citação (Apud)

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  Aplicamos a citação de citação quando queremos fazer referência a uma idéia à qual não tivemos acesso direto, mas por intermédio de outro texto. Ela só pode ser utilizada se for muito difícil ou impossível entrar em contato com o texto original. Veja o exemplo:

Piaget, citado por Zabala, afirma que a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração seu conhecimento [...].A expressão “citado por” pode ser substituída pela expressão latina apud, como no exemplo a seguir:Para Piaget, (apud ZABALA, 2002, p. 57) a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração seu conhecimento [...].

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

2. RESENHA, ARTIGO CIENTÍFICO, PAPER E MEMORIAL.

A partir de agora, vamos abordar como elaborar alguns dos trabalhos científicos que vão fazer parte do nosso dia a dia, já que integramos a comunidade científica. Nosso objetivo será compreender o processo de construção, elaboração e divulgação destes trabalhos. Vamos estudar:

Resenha, Artigo Científico e Memorial.Seminário, Painel e Mesa RedondaEstudo de Caso, Palestra e Conferência

RESENHA

A resenha é a apresentação do conteúdo de uma obra feita por meio da sua apreciação. Não uma simples apresentação, mas sim um resumo ampliado, acrescido da referência a outras obras da mesma área e da formulação de um conceito de valor que o resenhista faz sobre o livro.Dentre as principais características, podemos destacar que a resenha

1. É mais abrangente que um resumo crítico; 2. É a descrição detalhada de uma obra;

3. Permite comentários, opinião, juízos de valor e avaliação da obra em relação a outras;

4. Exige conhecimentos de outras obras a fim de estabelecer relações.

Conforme Andrade (apud Amorim 2005, 47) a resenha admite que sejam feitos comentários e sejam emitidas opiniões acerca das idéias explanadas no texto, comparando e avaliando a relevância da obra em relação às outras do mesmo gênero.

As resenhas podem ser classificadas quanto aos elementos que contém, podendo ser reais, analisam eventos, tratam de reuniões, encontros, congressos, palestras ou textuais, tratam de livros, artigos, peças, filmes.

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Apresentamos aqui algumas questões que podem lhe orientar na construção das resenhas, lembrando que a resenha deve ser escrita na forma de um texto dissertativo.

Importante!

Algumas questões precisam podem servir de orientação para a construção da resenha:

Qual o assunto, características e abordagens desenvolvidas?Que contribuições a obra apresenta?O autor atinge os objetivos propostos?Há profundidade na exposição das idéias?O texto supera a pura retomada de texto de outros autores?Qual o grau de acessibilidade e originalidade do texto?Qual a utilidade, validade e relevância?

Inicialmente, devemos apresentar o tema e a abordagem que o autor traz, destacando as suas contribuições. O resenhista deve observar se o texto é bem construído, agradável e interessante; se possui uma linguagem acessível na qual a erudição ou a linguagem científica / técnica não comprometam a sua compreensão. É preciso que seja feito também um apontamento das possíveis falhas do autor, indicando erros de informação encontrados. Analisar se o texto apresenta consistência nas idéias e se seus argumentos se sustentam. Em geral, as obras iniciam com um balanço bibliográfico de todos os textos que já foram publicados sobre o tema. É importante observar se o autor se restringe a analisar esses trabalhos ou se ele supera a simples retomada de idéias anteriores. É importante que seja avaliada a abordagem do autor, se é inovadora e se traz novos conhecimentos e teorias que podem ser utilizados em outras pesquisas, no entendimento de novas questões. A resenha admite que se façam elogios desde que sinceros e ponderados ao texto.

ESTRUTURA DA RESENHA

1. Referência Bibliográfica;2. Credenciais do autor;3. Resumo da obra;4. Conclusões do autor;5. Crítica do resenhista;6. Indicações do resenhista.

- A referência bibliográfica deve conter autor, título da obra, local, editora, data e número de páginas, conforme as normas da ABNT estudadas.

- Credenciais do autor são informações gerais sobre o autor, sua formação, nacionalidade, titulação e demais obras publicadas assim como qual a autoridade dele no campo científico.

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- Resumo da obra destaca as principais idéias expressas pelo autor, quais as conclusões que ele chegou, analisando os principais assuntos tratados nos capítulos ou seções do texto. 

- Conclusões do autor identifica inicialmente, se o autor alcança alguma conclusão e qual é ela. Neste item, podemos indicar os resultados que o autor obteve.

- Crítica do resenhista na qual deve expor sua opinião, fazer sua crítica sobre o texto lido.

- Indicações do resenhista, isto é, quem o livro pode ser indicado? Estudantes de que área? Ponderar se as idéias do autor servem de embasamento para outras pesquisas, evidenciando o método utilizado.

ARTIGOS CIENTÍFICOS

Nas revistas científicas, os artigos são os principais instrumentos de comunicação de uma pesquisa. Segundo Laville e Dionnne (1999), elas surgiram em meados do século XVII e a partir do século XX expandiram o ritmo de crescimento, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Em 1981, a Lista Mundial de Periódicos Científicos (World List of Scientific Periodical) registrou a existência de cerca de 100.000 revistas científicas. Atualmente, o ritmo de disseminação tem se tornado cada vez mais intenso em virtude do avanço na tecnologia das comunicações, pois os computadores dinamizam a produção das revistas e a internet divulga mundialmente.

É nos periódicos que a comunidade científica pode avaliar a validade da pesquisa realizada, uma vez que o autor do artigo deve comunicar com objetividade e clareza a problemática analisada, os métodos empregados, as etapas da investigação, as conclusões e, principalmente, o impacto do seu estudo para o ambiente acadêmico, destacando a contribuição e a originalidade do conhecimento construído.

Reflexões

A explosão de publicações científicas pode constituir motivo de preocupação para os pesquisadores? Para você, existe o risco de diminuição da qualidade dos artigos científicos tendo em vista a facilidade das modernas técnicas de difusão de textos?

04 de 07

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

Mas o que são os artigos científicos? Eles comunicam idéias e informações. Segundo Lakatos (1992) “os artigos científicos são pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se constituem em matéria de um livro.”.

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A estrutura se modifica de acordo com o periódico: cada vez que se submete um trabalho à publicação numa revista científica, é comum que esse periódico estabeleça normas próprias para apresentação. Os artigos podem ser:

Artigo de divulgação: são voltados para a divulgação dos resultados de uma pesquisa científica. Devem ser originais e inéditos. É o relato analítico de informações atualizadas sobre um tema de interesse para determinada especialidade. Não requer necessariamente uma revisão de literatura retrospectiva.

Artigo de revisão: São trabalhos que fazem uma avaliação crítica da literatura existente sobre determinado assunto. Deve apresentar conclusões abrangendo conhecimentos sobre um determinado tema disponíveis na comunidade científica, a partir da análise sistemática da bibliografia pertinente. Os artigos de revisão com enfoque histórico devem obedecer a uma ordem cronológica de pensamento e de publicação das obras analisadas Alguns aspectos devem ser observados, tais como a pertinência do tema escolhido, o grau de profundidade da revisão e a importância da bibliografia revista.A estrutura de um artigo se modifica de uma revista para a outra.  Entretanto a NBR 6022 apresenta elementos que servem de orientação para os conselhos editoriais de revistas científicas e seus colaboradores. Observe o quadro abaixo!

ESTRUTURA

Temos aqui a estrutura do artigo. Vamos comentar cada um destes itens separadamente!

1. Título 2. Credenciais do autor

3. Sinopse

4. Palavras-chave

5. Corpo do artigo

6. Agradecimentos

7. Referências

1. Primeiro vamos falar do título. Ele deve descrever a essência do artigo de forma lógica, precisa e gramaticalmente correta.

2. Aqui as credenciais do autor são os seus dados, nome, instituição à qual ele pertence e um contato, que geralmente é o e-mail.

3. A sinopse é também conhecida como resumo. Neste caso, trata-se de um resumo descritivo que apresenta o conteúdo total do texto, realçando os aspectos mencionados. Possui a quantidade de linhas, o tamanho da fonte e a quantidade de caracteres definidos previamente pelo órgão

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editor do periódico.

4. As palavras-chave são termos, expressões simples ou compostas que caracteriza os domínios em que o texto se inscreve.

5. O corpo do artigo é o desenvolvimento, o texto propriamente dito construído a partir de uma análise dos aspectos relevantes do trabalho, que, em geral, discorre sobre uma pesquisa científica.

6. A consecução de uma pesquisa científica requer o empenho de muitas pessoas. Professores, orientadores, colegas e pesquisadores acabam por se envolver com pesquisas de seus colegas, dando opiniões, lendo os textos escritos, fornecendo sugestões e indicações de documentação. O item dos agradecimentos serve para que esses nomes sejam mencionados como uma forma de demonstrar gratidão e gentileza.

7. Por último, as referências bibliográficas consistem na listagem dos livros, artigos e outros documentos científicos mencionados ao longo do texto.

PAPER

O paper é um artigo menos abrangente, um pequeno artigo. De acordo com Souza (apud TEIXEIRA, 2005, p. 45), as características desse trabalho acadêmico “podem convencionalmente consistir em atividade acadêmica, servindo usualmente como um trabalho escrito para a avaliação do desempenho em seminários, cursos e disciplinas. Devem possuir a mesma estrutura formal de um artigo”.Ainda conforme essa autora, as principais características do paper são: “a) estudo sobre um autor; estudo de um tema num autor; c) estudo de uma obra de um autor; e d) estudo de um tema / questão / problema em diversos autores”. (SOUZA apud TEIXEIRA, 2005, p. 45).

MEMORIAL Todos nós construímos uma trajetória acadêmica que envolve debates, leituras e reflexões. O memorial é uma narração autobiográfica que analisa uma etapa da vida acadêmica, que está relacionada com a pesquisa. E esta caminhada está também vinculada à nossa vida pessoal. Conforme sugere a letra da música o fragmento a seguir:

Ando devagar Porque já tive pressa E levo esse sorrisoPorque já chorei demais Hoje me sinto mais forteMais feliz quem sabe Eu só levo a certeza de que Muito pouco eu sei, eu nada sei (...)Todo mundo ama um dia todo mundo chora, Um dia a gente chega, no outro vai embora

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Cada um de nós compõe a sua história, E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, E ser feliz (Tocando em Frente. Almir Sater. Composição: Almir Sater e Renato Teixeira)

Cada um de nós possui uma história diferenciada, seja acadêmica ou pessoal, e ela pode ser abordada dentro da comunidade científica através dos memoriais, pois é um documento científico no qual escrevemos sobre nós mesmos. Dentre suas características podemos destacar que os memoriais configuram uma espécie de autobiografia acadêmica, profissional e intelectual do autor que deve ser escrito na primeira pessoa do singular.

Esta autobiografia descreve, analisa acontecimentos e a trajetória acadêmico-profissional, intelectual do autor, avaliando cada etapa da sua experiência. Destaca as fases mais importantes e significativas, evidenciando relações entre a vida pessoal e a profissional do autor. Atividades artístico-culturais importantes podem ser mencionadas, desde que sejam relevantes. Traz uma perspectiva histórica e analítica da carreira do autor, retomando e analisando o curriculum do pesquisador, permitindo a auto-avaliação e a reflexão acerca da sua trajetória acadêmico-profissional. Reflete sobre seus momentos mais importantes dentro de uma perspectiva histórica, isto é, de transformação, avanços e recuos em sua trajetória. Sua estrutura deve conter capa e folha de rosto, sumário e corpo.

05 de 07

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

3.SEMINÁRIO, PAINEL E MESA REDONDA.

SEMINÁRIO

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O seminário é uma das técnicas mais eficientes de aprendizagem, porque estimula a pesquisa e a discussão. Caracterizado como técnica de dinâmica de grupo, o seminário pode ser apresentado em eventos científicos, como congressos, encontros e simpósios, assim como constitui uma das atividades mais praticadas nos cursos de graduação e pós-graduação. O seminário pode ocorrer pautado na discussão de textos ou de temas pesquisados, fomentando a reflexão através do debate.

Dentre as suas principais características, destacamos que o seminário:

1. Inclui pesquisa, discussão e debate; 2. Não é apenas um resumo ou síntese de estudo, mas um momento de divulgação e partilha

da investigação realizada;

3. É uma forma de comunicação mais restrita;

4. Assemelha-se a um grupo de estudo, mas também pode ser feito individualmente;

5. Integra ensino, pesquisa e debate.

O primeiro passo é a pesquisa bibliográfica, requisito indispensável. Mas este trabalho de pesquisa deve ser planejado e orientado pelo professor, que se baseando nos conteúdos da disciplina, define os critérios e os objetivos que os participantes devem alcançar. E a pesquisa conduz à discussão do material coletado, fomentando o debate. Os seminários aprofundam o estudo e o conhecimento sobre determinado assunto, desenvolvem a capacidade de pesquisa e análise, preparando para a elaboração clara e objetiva dos trabalhos científicos. O seminário fortalece o sentimento de comunidade intelectual.Os seminários possuem etapas quanto à sua expressão escrita e uma estrutura específica de apresentação oral. Vejamos:

A introdução é uma breve exposição do tema central selecionado para a pesquisa. O conteúdo corresponde ao desenvolvimento e deve ser apresentado seguindo uma seqüência organizada, tornando claros os objetivos do seminário. A conclusão traz a síntese do seminário e a bibliografia relaciona todos os documentos científicos que foram utilizados e citados.

Quanto à estrutura, vamos saber quem são os participantes da apresentação:

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O coordenador é o professor que orienta a pesquisa. O relator (ou relatores) expõe os resultados obtidos. Pode ser um só elemento, vários ou

todos do grupo, cada um apresentando um aspecto do conteúdo.

O comentador pode ser um estudante de outro grupo ou um grupo diferente do responsável pelo seminário. O comentador se compromete em estudar com antecedência o tema para fazer críticas e questionamentos adequados à exposição, antes de iniciar o debate. A figura do comentador só aparece quando o coordenador deseja um aprofundamento crítico dos trabalhos.

Os debatedores correspondem a todos os alunos da classe, enfim, a todos os ouvintes do seminário. Depois da exposição e da crítica do comentador (se houver), os debatedores devem participar fazendo perguntas, pedindo esclarecimentos, colocando objeções, reforçando argumentos ou dando alguma contribuição.

Nos seminários realizados em grupo, pode haver a necessidade de um organizador, responsável pela distribuição das tarefas. Existem algumas normas que devem pautar as apresentações oral e escrita de um seminário. Quanto à sua apresentação escrita, o seminário segue normas gerais de elaboração dos trabalhos acadêmicos. Quanto à apresentação oral, Ana Paula Amorim (2005, 03) destaca que alguns elementos devem ser respeitados pelos participantes do seminário:

Domínio do assunto por todos os componentes do grupo; Exposição clara dos conceitos;

Seleção qualitativa e quantitativa do material coletado;

Adequação da extensão do relato ao tempo disponível;

Seqüência no discurso explanado e encadeamento das partes.

Para a apresentação oral, podem ser utilizados materiais de ilustração, tais como cartazes, retro projeções e projeções de slides. No entanto, Amorim (2005, 03) adverte que as informações e legendas devem aparecer em contraste com a cor do papel utilizado, observando o tamanho da fonte para que a leitura não seja comprometida pelos alunos mais afastados da exposição. Quando se tratar de imagens ou desenhos, os critérios de tamanho e legibilidade das ilustrações devem ser igualmente observados.

Importante!

O debate é o momento mais importante do seminário! Conduz à reflexão, proporciona o confronto de opiniões e fomenta a crítica, levando a um aprofundamento do conteúdo e à construção da aprendizagem. Como destaca Elisabete de Pádua, é o debate que “caracteriza o seminário como uma técnica geradora de novas idéias, despertando a curiosidade dos participantes, levando a novas indagações sobre o assunto [...].”

PAINEL

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Ao contrário do que imaginamos, o painel é uma atividade de divulgação científica que não necessariamente precisa apresentar cartazes. Consiste na reunião de vários interessados que expõem suas idéias sobre determinado assunto, de maneira informal e dialogada. A participação é espontânea, o que possibilita uma troca de idéias e conduz ao conhecimento aprofundado do tema. Em geral, participam da exposição de três a cinco especialistas em um determinado assunto que realizam o debate sob a coordenação de um moderador.  A função do moderador é inaugurar os trabalhos, apresentar o tema e os debatedores aos ouvintes. Além disso, ele deve coordenar a apresentação de cada um, organizando a discussão. 

OS PAINÉIS PODEM SER:

De interrogação:Os participantes responderão questões básicas indicadas pelo professor.De debate:Além de expressar idéias, os participantes também questionam as idéias dos demais.

MESA REDONDA

A mesa-redonda apresenta pontos de vista variados acerca de um mesmo tema. Os participantes, no máximo seis, conhecem previamente o texto dos outros expositores e podem apresentar questionamentos aos membros da mesa. Fundamentadas sobre um tema específico, seguida de uma sessão de perguntas e debates.

1. Apresentação de um tema sob pontos de vista diferentes e até mesmo divergentes; 2. Os participantes conhecem previamente o texto do expositor;

3. Após a exposição os demais participantes apresentam os seus comentários críticos;

4. A palavra retorna ao expositor, que poderá concedê-la à platéia.

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Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

4.ESTUDO DE CASO, PALESTRA E CONFERÊNCIA.

O conhecimento científico se constrói em proporções dinâmicas constantes, em decorrência das atualizações e próprias da natureza do conhecimento. Desta forma, é necessário que o cientista compartilhe dessas mudanças para que possa desenvolver um trabalho de pesquisa pertinente aos assuntos discutidos na área científica à qual pertence. Para tanto, o pesquisador deve estar atento á participação em eventos de divulgação científica específicos do seu campo de atuação. Veremos a seguir o que são as palestras, conferências e mesas-redondas.

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ESTUDO DE CASO

O estudo de caso é uma técnica que possibilita a construção do conhecimento em conjunto. Ajuda o estudante a solucionar problemas científicos não-habituais, fazendo uso da investigação. Neste processo, esta técnica exercita a capacidade de tomada de decisão uma vez que sempre haverá mais de uma resposta adequada para o problema e será necessário discernir qual a mais adequada. Além disso, requer leitura cuidadosa, aliando o estudo com a capacidade de intervenção.Conforme Ana Paula Amorim (2005, 04), esta técnica também pode ser aplicada de modo individual, acentuando-se o desenvolvimento da habilidade de decisão pessoal. Entretanto, seja individualmente ou em grupo, o estudo de caso requer que todos tenham “compreensão clara da questão, além de conhecimentos e argumentos que permitam convencer os demais membros, na busca de uma solução comum ou aceita por todos”. Maria Cecília de Carvalho (2005, 134) aponta algumas características:

Objetivos: desenvolver a capacidade de análise de situações concretas e de síntese de conhecimentos apreendidos.

Procedimento: o educador propõe uma situação-problema real ou fictícia, na qual deve ser aplicado o conhecimento teórico já construído.

Aplicação: é importante para avaliação do aproveitamento dos educandos, funcionando como exercício de motivação e aplicação dos conhecimentos. Segundo Barros e Lehfeld (2006, p. 95), a expressão “estudo de caso” surgiu no contexto do desenvolvimento de pesquisas médicas e psicológicas para fazer referência à análise detalhada de um caso buscando explicar patologias. Retomando Chizotti, essas autoras definem o estudo de caso como

uma modalidade de estudo nas Ciências Sociais, que se volta à coleta e ao registro de informações sobre um ou vários casos particularizados, elaborando relatórios críticos organizados e avaliados, dando margem a decisões e intervenções sobre o objeto escolhido para a investigação (uma comunidade, uma organização, uma empresa etc.). (CHIZOTTI, 1991 apud Barros e Lehfeld, 2006, p. 95).

CLIQUE AQUI PARA VER OS TIPOS DE ESTUDO DE CASO!

Importante!

Robert Yin, no seu livro Estudo de Caso: Planejamento e métodos (2007, p. 37)propõe alguns exercícios bastante interessantes para a inicialização do estudante das Ciências Sociais Aplicadas na prática do estudo de caso. Vale a pena tentar responder a um deles. Vamos lá?

Definindo questões significativas para o estudo de caso. Determine um tópico que você acredite que valha a pena pesquisar em um estudo de caso. Identifique as três questões principais a que seu estudo de caso tentaria responder. Agora, parta do princípio de que você pudesse responder de fato a essas questões com evidências suficientes (ou seja, que você tivesse conduzido com

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sucesso seu estudo de caso). Como você justificaria a um colega a importãncia de suas descobertas? Teria dado continuidade a alguma teoria especial? Teria descoberto alguma coisa rara? (Se você não está satisfeito com suas respostas, talvez devesse pensar em redefinir as questões principais de seu caso).  

Links

- http://www.scielo.br/...

- http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/...

PALESTRA

Estamos habituados a assistir palestras inseridas em eventos de maior abrangência ou em locais onde elas ocorrem isoladamente. Mas o que é uma palestra? A palestra é uma exposição oral sobre um tema. Nela estão presentes ouvintes que têm interesse em um determinado tema científico ou literário, pois o objetivo maior da palestra é a troca de conhecimentos. O palestrante desenvolve sua apresentação de modo metódico e estruturado sem aprofundar, mas de forma objetiva e clara, evidenciando a importância destes estudos e experiências. 

A palestra, por ser temática, pode ser apresentada no contexto de um evento mais abrangente como congressos, simpósios e encontros científicos, e, nestas ocasiões o pesquisador pode participar de duas maneiras. Conforme salienta Parra Filho e Santos (1998, p. 159), o pesquisador pode participar da palestra como “palestrante – de modo a colocar em discussão suas idéias, e para tanto deve estruturar tecnicamente o discurso a ser proferido – ou como ouvinte, e neste caso deve se preparar, estudando o tema, para conseguir um bom aproveitamento”.

A Palestra é...

Uma exposição oral individual, na qual o palestrante deve informar, esclarecer e divulgar um tema relacionado ao seu trabalho

CONFERÊNCIA

Modalidade de comunicação oral que ocorre na comunidade científica São apresentações mais curtas que as palestras. É uma exposição científica sobre um tema, realizada por um especialista na área. Pode ou não permitir a participação da platéia, que lança questionamentos ao conferencista para que ele possa esclarecer pontos que não ficaram claros. Possui, em média, a duração de uma hora.

Exposição oral mais breve que a palestra; Ao final, poderá ser reservado um tempo para indagações dos participantes, mas isso não é uma

regra. Pode limitar-se à exposição de idéias do expositor.

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O texto abaixo foi extraído do artigo intitulado “Divulgação científica: informação científica para a cidadania?”, da professora e pesquisadora Sarita Albagli (UFRJ). Foram feitas algumas adaptações para melhor visualização no formato do nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem. Leia atentamente e reflita sobre a importância da Metodologia Científica como instrumento de divulgação e significação de conhecimento. Boa leitura!

“A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Popularização da ciência ou divulgação científica (termo mais freqüentemente utilizado na literatura) pode ser definida como "o uso de processos e recursos técnicos para a comunicação da informação científica e tecnológica ao público em geral" (BUENO, 1994). Nesse sentido, divulgação supõe a tradução de uma linguagem especializada para uma leiga, visando a atingir um público mais amplo.Divulgação científica é um conceito mais restrito do que difusão científica e um conceito mais amplo do que comunicação científica.

Difusão científica refere-se a "todo e qualquer processo usado para a comunicação da informação científica e tecnológica" (BUENO, 1994). Ou seja, a difusão científica pode ser orientada tanto para especialistas (neste caso, é sinônimo de disseminação científica), quanto para o público leigo em geral (aqui tem o mesmo significado de divulgação). Já comunicação da ciência e tecnologia significa "comunicação de informação científica e tecnológica, transcrita em códigos especializados, para um público seleto formado de especialistas". (BUENO, 1994).O papel da divulgação científica vem evoluindo ao longo do tempo, acompanhando o próprio desenvolvimento da ciência e tecnologia. Pode estar orientada para diferentes objetivos, tais como (ANANDAKRISHNAN, 1985):

- Educacional, ou seja, a ampliação do conhecimento e da compreensão do público leigo a respeito do processo científico e sua lógica. Neste caso, trata-se de transmitir informação científica tanto com um caráter prático, com o objetivo de esclarecer os indivíduos sobre o desvendamento e a solução de problemas relacionados a fenômenos já cientificamente estudados, quanto com um caráter cultural, visando a estimular-lhes a curiosidade científica enquanto atributo humano. Nesse caso, divulgação científica pode-se confundir com educação científica.

- Cívico, isto é, o desenvolvimento de uma opinião pública informada sobre os impactos do desenvolvimento científico e tecnológico sobre a sociedade, particularmente em áreas críticas do processo de tomada de decisões. Trata-se, portanto, de transmitir informação científica voltada para a ampliação da consciência do cidadão a respeito de questões sociais, econômicas e ambientais associadas ao desenvolvimento científico e tecnológico.

- Mobilização popular, quer dizer, ampliação da possibilidade e da qualidade de participação da sociedade na formulação de políticas públicas e na escolha de opções tecnológicas (por exemplo, no debate relativo às alternativas energéticas). Trata-se de transmitir informação científica que instrumentalize os atores a intervir melhor no processo decisório.Esse conjunto de conceitos e definições, enfatizando ora aspectos educacionais, ora culturais, políticos e ideológicos, proporciona uma idéia das amplas possibilidades das atividades de divulgação científica. Dependendo da ênfase em cada um desses aspectos e objetivos, variam

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também os públicos-alvo dessas atividades, sejam estudantes, populações letradas e iletradas, agentes formuladores de políticas públicas e até os próprios cientistas e tecnólogos”.

Para ler o texto na íntegra, clique no link abaixo!http://scholar.google.com/...

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Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01A Pesquisa Científica

O que é pesquisa, afinal? Embora estejamos em contato todos os dias com os produtos da pesquisa científica, pode ser difícil responder satisfatoriamente a essa pergunta. Muitas vezes a pesquisa parece estar distante: parece difícil, complicada, reservada a pessoas com qualidades raras e especiais. No presente tema, iremos ver que essa idéia é uma mera aparência, pois a pesquisa científica se vale de capacidades presentes em todos os seres humanos, refinando-as e potencializando-as.Nosso objetivo será compreender o que é a pesquisa e sua importância para a docência. Partiremos de uma visão global da pesquisa, aprofundando nossa compreensão com o auxílio da epistemologia, até chegarmos à prática da pesquisa. Abordaremos, então, o papel da pesquisa na formação universitária e os documentos mais importantes aí produzidos: o projeto, o relatório e a monografia. Seguiremos questionando qual é o papel da pesquisa na prática docente, explorando suas potencialidades e limites.

Como você pode ver, temos um mundo de coisas a explorar. Aliás, explorar o mundo da pesquisa é o primeiro passo para explorar a infinidade de outros mundos que povoam nossa realidade. Venha conosco e ouse a descoberta!1. A Pesquisa na Contemporaneidade e na Graduação

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Qualquer pessoa que assista à televisão, leia jornais ou leia revistas encontra frequentemente notícias informando os resultados da mais recente pesquisa, sobre os mais diversos temas. A presença maciça da pesquisa na mídia reflete, por um lado, sua importância para todos os processos econômicos, sociais e culturais do mundo contemporâneo, e por outro o interesse de um público cuja curiosidade talvez surja mais freqüentemente da busca da fantasia que da compreensão.

Visões do senso comum sobre a pesquisa

E você, o que pensa que é a pesquisa?

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Depois de ter explorado as seções anteriores desse material que preparamos, talvez você já tenha modificado a idéia que trazia a respeito da ciência e da pesquisa. Algumas dessas visões que trazemos, formadas a partir da nossa vivência cotidiana, vão de encontro à compreensão que tem sido construída no meio acadêmico sobre a ciência, a tecnologia e a pesquisa a partir de estudos filosóficos e científicos. Tais visões do senso comum, além de serem prejudiciais para a nossa inclusão como cidadãos na sociedade, tem também conseqüências negativas no ensino. Diversos trabalhos acadêmicos têm documentado as dificuldades enfrentadas por professores e alunos na compreensão do conhecimento científico, causada por uma concepção ingênua da ciência e pesquisa (Gil Pérez et al, 2001)

Algumas dessa idéias do senso comum estão colocadas abaixo:

1. Visão da ciência como uma atividade que usa a pesquisa empírica “não contaminada” por teorias para chegar a leis gerais;2. Visão da pesquisa como um procedimento mecânico, que utiliza um método científico infalível;3. Visão da ciência como um conhecimento pronto e acabado, dogmático, que desconsidera a pesquisa como uma atividade de proposição e resolução de problemas;4. Visão da ciência como um conhecimento cumulativo, que progride linearmente, desconsiderando a pesquisa como um processo de re-interpretação e re-significação do conhecimento;5. Visão da pesquisa como uma investigação socialmente neutra, não influenciada pelo contexto social de sua realização.

Desafio:

Você poderia elaborar um argumento para contradizer alguma das idéias acima? Utilize os conhecimentos que você já construiu aqui!

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Pontuando a Epistemologia da PesquisaA crescente importância das ciências para a sociedade impôs a necessidade da compreensão de seus processos de produção. Nesse sentido, a reflexão filosófica tem desmistificado algumas das idéias pré-concebidas a respeito da ciência e da pesquisa. Veja, por exemplo, o que a epistemologia, a filosofia, a história e a sociologia da ciência têm a dizer acerca das visões mencionadas anteriormente:1. Pesquisa e Teoria. A epistemologia demonstra que é impossível realizar uma observação empírica neutra, sem recorrer a uma teoria anterior. A pesquisa, portanto, só é possível se estiver organizada em função de um corpo teórico que determine o objeto da investigação e oriente os métodos a serem utilizados.2. Pesquisa e método. A história da ciência demonstra que não há um padrão único a ser seguido, já que os cientistas ao longo do tempo têm utilizado diversas estratégias para pesquisa.3. Pesquisa e progresso da ciência. A análise filosófica evidenciou que o desenvolvimento da ciência parece ser mais que um acúmulo linear de evidências que se transformam em teorias. Este desenvolvimento pode ser também considerado como o resultado da formulação de explicações alternativas acerca dos mesmos fenômenos a partir de diferentes referenciais teóricos, que às vezes competem entre si. Os critérios que determinam a utilização de um ou outro referencial por parte dos pesquisadores ainda é um tema intensamente debatido. 4. Pesquisa e sociedade. A filosofia e sociologia da ciência demonstram que a pesquisa atende a interesses específicos em determinada sociedade. Esta ligação aparece desde o momento em que atribuímos o rótulo de “pesquisa” a qualquer atividade, que passa então a ser legitimada, até mesmo ao momento da definição dos objetos de estudo e das finalidades da investigação. A afirmação de que devemos pesquisar apenas para o “avanço do conhecimento” mascara intenções concretas. O exemplo trágico do uso de seres humanos como cobaias durante o regime facista alemão, na 2ª Guerra Mundial, que atendia ao projeto totalitário e expansionista do nazismo sob o disfarce de ciência, não nos deixa esquecer essas relações intrínsecas entre conhecimento e poder.01 de 10

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

É claro que essas discussões não esgotam toda a reflexão epistemológica que está envolvida numa pesquisa. Na verdade, o emprego de cada técnica demanda uma reflexão a respeito dos pressupostos envolvidos em cada procedimento. Até mesmo a escolha pela pesquisa empírica como instrumento de trabalho implica em escolhas filosóficas e teóricas conscientes ou não. Como afirma Pedro Demo (1995, p. 133) a respeito da justificação da pesquisa empírica nas ciências sociais, “a questão da empiria coloca, antes da coleta e do uso do dado empírico, problemas teóricos, porque um dado não fala por si, mas pela boca de uma teoria. O dado não é em si evidente, mas feito evidente no quadro de referência em que é colhido”.

Agora podemos esboçar uma resposta à nossa pergunta anterior, sobre o que é a pesquisa. Vimos que ela surge historicamente como forma de construção de conhecimentos alternativa ao método filosófico, associando-se à noção de progresso da civilização. Hoje ainda a vemos

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fundamentalmente como um processo de formulação de explicações acerca dos fenômenos da natureza, e de busca das aplicações práticas (isto é, tecnológicas) do conhecimento assim construído.

Tudo isso é movido por problemas. Sempre que perguntamos como funciona a natureza, ou que queremos conseguir melhores condições de vida, nos propomos uma questão a ser resolvida. Partindo desse ponto de vista, podemos compreender a pesquisa como um “ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento” (Barros & Lehfeld 2000). Estas três ações nos permitem ultrapassar as aparências e examinar detalhadamente os fenômenos, buscando compreender suas causas. Segundo Ander-Egg (1978, p. 28, apud Marconi & Lakatos 1999, p. 17) a pesquisa é um processo reflexivo, sistemático, controlado e crítico. É reflexivo porque os pesquisadores precisam avaliar continuamente suas ações e os resultados; é sistemático porque a pesquisa é planejada, organizada segundo um sistema de pensamento; controlado porque envolve o controle de algumas variáveis da situação enquanto se observa o comportamento de outras; e finalmente é crítico porque exige que se tenha consciência dos fundamentos e implicações de suas ações.

A Pesquisa na Graduação

Como já vimos, a pesquisa tem papel preponderante na sociedade moderna, sendo produzida nas universidades e institutos de pesquisa. Mas quem são as pessoas que a realizam? São apenas os cientistas?O cientista é um profissional treinado nas teorias e métodos característicos de um campo de conhecimento. Ele é capaz de identificar um problema e planejar procedimentos para investigá-lo. Esse treinamento ocorre durante a formação universitária, não só nas salas de aula, mas principalmente durante estágios sob a orientação de outros pesquisadores já treinados. Assim, o cientista é treinado fundamentalmente na prática, por um processo de tirocínio.

No entanto, quando entramos numa instituição de ensino superior, nem todos nós temos como objetivo nos tornarmos cientistas, o que é natural e desejável, já que a sociedade precisa de muitos tipos de profissionais. Ainda assim, o modelo de formação universitária pressupõe, hoje, que todos os estudantes tenham um treinamento mínimo nas habilidades e conhecimentos necessários para a pesquisa. Por quê?

A pesquisa durante a formação universitária é compreendida, segundo o Plano Nacional de Educação, “como elemento integrante e modernizador dos processos de ensino-aprendizagem em toda a educação superior” (PNE, 2000), pelo que deve ser incentivada. A modernização vai além da geração novos conhecimentos e da exigência de que os envolvidos estejam em constante atualização: a associação entre pesquisa e ensino-aprendizagem contribui para que a educação transcenda a simples transmissão de conteúdos. Como vimos nas seções anteriores, para cumprir

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sua finalidade imediata de resolução de problemas, a pesquisa acaba re-elaborando o pensamento, dando-lhe novas aplicações e interpretações.Quem faz pesquisa aprende a pensar.

Assim, espera-se que o ensino superior dê um passo a mais na direção de uma formação integral, já que os estudantes têm a oportunidade de construir seu próprio conhecimento de maneira ativa.

E como a pesquisa se relaciona com a formação profissional? Como ela pode contribuir para o trabalho na sua área de formação? Pense sobre isso!

A essa altura, você deve estar se perguntando como fazer para, de fato, realizar uma pesquisa. A primeira coisa a saber é:

Nenhuma pesquisa se faz da noite para o dia. É preciso paciência e muita prática. O que vamos fazer aqui é oferecer algumas noções básicas, para que você tenha informações mínimas para começar.

Por isso, não se deve esperar que, após a leitura desse texto, você já realizará um trabalho de pesquisa com desenvoltura total. Vai haver dificuldades naturais, que só a experiência poderá superar. No entanto, isso não deve lhe impedir de começar, de esboçar os primeiros passos. Elaboramos esse material justamente para lhe oferecer uma orientação geral sobre os mecanismos e processos básicos de um trabalho de pesquisa. Aproprie-se deles e mergulhe para além do que aprender aqui.

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01O Método Científico

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O “Método Científico” pode ser compreendido como um protocolo para construção de conhecimento. Sua origem remonta às ciências naturais, mas mesmo aí já não há um único método universal capaz de atender às especificidades diferentes de cada disciplina, sendo esse distanciamento mais pronunciado e visível nas ciências humanas (LAVILLE; DIONNE, 1999).  O método científico às vezes é considerado como um conjunto de procedimentos infalíveis, que permitem a descoberta da Verdade (isso mesmo, com “V” maiúsculo). Essa concepção do senso comum, presente tanto em pessoas leigas do ponto de vista científico e mesmo entre cientistas profissionais, também tem sido alvo da crítica filosófica. Atualmente, a elaboração de teorias é entendida como um processo de criação linguística, em que conceitos são formulados e conectados uns aos outros, segundo um projeto teórico (Videira, 2000). O papel da pesquisa, então, seria o de produzir provas e evidências capazes de apoiar as definições e relações estabelecidas, dando suporte empírico à estrutura teórica que está sendo erguida (Fourez, 1995).

Apesar das diferenças entre os métodos particulares das várias ciências, há alguns princípios fundamentais que são comuns às modalidades de pesquisa baseadas no método hipotético-dedutivo. Este método, consagrado após seu surgimento na era moderna e sua aplicação nas ciências naturais, pode ser compreendido como uma abordagem da construção do conhecimento a partir da resolução de um problema. Em linhas gerais: após a identificação de um problema, são imaginadas possíveis respostas para ele; a seguir, deduz-se a validade ou falsidade dessas respostas hipotéticas a partir de evidências coletadas de forma sistemática.

Desafio:

Você poderia tentar esboçar alguns desses princípios do método hipotético-dedutivo? Parta da noção de pesquisa como resolução de problemas: como você faria para solucionar uma questão do seu dia a dia?

A seguir vamos discutir algumas etapas básicas do método científico. Tente perceber qual é o raciocínio que está por trás das diferentes etapas: sua nomenclatura varia, mas o pensamento que as origina e conduz segue uma lógica cujo objetivo é a verificação de certa hipótese. E o que é verificação? O que é hipótese? O que é o método, afinal? Sente-se confortavelmente e participe da nossa discussão sobre esses conceitos, assumindo sempre a postura da leitura eficiente, reflexiva e crítica!

Fases da Pesquisa Científica

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Uma pesquisa é composta de várias fases que se encaixam para produzir a resposta ao questionamento que deu início à investigação. Só que as etapas não são realizadas aleatoriamente, e sim de acordo com uma seqüência que segue um raciocínio lógico, organizado de modo a conduzir à resolução da questão proposta. O cumprimento de cada uma das etapas é necessário para o início da etapa seguinte: cada uma delas é um degrau na escada que permitirá chegar às conclusões. No entanto, se ao longo da pesquisa você perceber que o andamento, os dados ou a análise não está transcorrendo como desejado, nada impede que você retorne às etapas anteriores para rever os fundamentos das decisões tomadas e eventualmente, mudá-las. Veremos em que consistem as seguintes etapas:

1. Seleção do tema da pesquisa;2. Levantamento de dados;3. Formulação do problema;4. Construção de hipóteses;5. Delimitação da pesquisa;6. Definição dos Métodos;7. Organização dos recursos;8. Coleta de dados;9. Sistematização e análise de dados;10. Interpretação dos resultados;11. Comunicação dos resultados

Etapa 1 – Seleção do Tema da Pesquisa

O tema da pesquisa é a área geral do conhecimento, dentro de uma determinada ciência, na qual se irá trabalhar. A escolha deve ser feita considerando-se tanto questões de ordem pessoal (os interesses, inclinações, aptidões e a qualificação profissional dos pesquisadores e pesquisadoras) quanto o interesse científico do assunto escolhido. Trabalhar com um tema que não seja de seu interesse pessoal ou que não esteja ao alcance de sua qualificação profissional aumenta as

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chances de que a pesquisa não seja terminada; a realização de um trabalho de qualidade demanda motivação e ânimo, que diminuem à medida que as dificuldades se tornam cada vez mais complicadas.

Etapa 2 – Levantamento de DadosA fase de levantamento de dados é importante para que se tenha uma idéia geral das discussões que estão sendo feitas sobre o tema escolhido. Ela é essencial para a fase seguinte, ou seja, a fase de formulação do problema.  O levantamento de dados pode ser feito de três maneiras: através de pesquisa bibliográfica; pesquisa documental ou pesquisa de campo, de caráter exploratório. A pesquisa bibliográfica destina-se mais ao reconhecimento do campo de pesquisa, enquanto que a pesquisa documental e a pesquisa de campo são mais adequadas para o reconhecimento de situações específicas com que se quer trabalhar. Mais adiante, veremos como fazer uma pesquisa bibliográfica, uma pesquisa documental e uma pesquisa exploratória de campo.

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01Etapa 3 – Formulação do problema

A formulação do problema é uma fase das fases mais delicadas de toda a pesquisa. Uma vez que o campo de pesquisa já seja conhecido, o pesquisador ou pesquisadora estará familiarizado com seus problemas e com as principais formas de trabalho utilizadas para lidar com eles. A imaginação e a criatividade entrarão como auxiliares na identificação de um ângulo diferente, uma contradição ou uma lacuna no conhecimento ainda pouco explorados, ou ainda no reconhecimento do potencial do estudo de uma situação real ou do emprego de um método um pouco modificado. Em qualquer dos casos, o problema deve ser posto de forma interrogativa e com clareza, concisão e objetividade. Dedique-se de forma intensa a essa etapa: quanto mais

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claro e preciso for o problema, mais fácil será imaginar meios de resolvê-lo, pois você identificará claramente que fatores e elementos estão envolvidos.

Além disso, a formulação do problema deve observar 5 aspectos:

- Viabilidade ou exeqüibilidade: a execução da pesquisa que buscará sua resposta exige esforços, materiais e pessoal além do que é possível no contexto concreto de sua execução? Exige uma tecnologia ainda não existente? Quais são as condições reais de sua realização?- Relevância: qual a importância desse problema? Que benefícios trará para a comunidade?- Novidade: o problema já foi alvo de muitas pesquisas? Seu exame trará novos elementos aos debates já existentes no campo de conhecimento em que está inserido?- Oportunidade: que interesses estão envolvidos na solução do problema? Há interesses governamentais, privados ou sociais que facilitam sua investigação?

Etapa 4 – Construção de hipóteses

A etapa de construção de hipóteses é um ponto crucial no desenvolvimento da pesquisa. Mas, o que é uma hipótese? Ela é uma conjectura, prevendo e antecipando algumas respostas ao problema formulado. Para formular uma hipótese, é preciso conhecer uma teoria que relacione os elementos do problema pesquisado. A existência da teoria nos faz esperar que a relação entre os elementos se dará de uma determinada maneira, dentre as múltiplas maneiras possíveis. Por antecipar essa relação, a hipótese orienta o rumo da pesquisa: os métodos serão escolhidos com base na relação esperada entre os elementos envolvidos no problema, e servirão para examinar aquele tipo de relação, mas não outros.

As hipóteses devem ser construídas observando o máximo de simplicidade e clareza e sua possibilidade de verificação empírica. Quando dizemos que uma hipótese deve ser simples, quer dizer que ela deve conter apenas uma idéia, deve expressar apenas uma relação possível entre os elementos da pesquisa. Quanto mais idéias contidas na hipótese, mais difícil fica sua utilização. Uma hipótese clara especifica, sem ambigüidades nem dúvidas, a relação esperada entre os elementos do problema. A verificação empírica é a propriedade da hipótese poder ser observada na realidade. Hipóteses contendo idéias impossíveis de verificação direta não são cientificamente válidas. Observe que algumas teorias levam a hipóteses que, embora passíveis de verificação, não conseguem ser testadas com os meios disponíveis no estágio tecnológico atual; nesse caso, a hipótese é válida; quando o nível tecnológico progredir, a hipótese poderá ser testada.

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Etapa 5 – Delimitação da pesquisaTambém é uma etapa muito importante, pois aqui serão estabelecidos os limites da investigação. Nossos esforços são limitados pelo tempo, pelos recursos, pelo espaço. Dessa forma, estipular exatamente qual vai ser o alvo da investigação é um passo essencial para garantir que os recursos e o tempo disponíveis serão empregados de forma racional e eficiente. A delimitação pode ser feita em relação ao assunto, ou à extensão do esforço de pesquisa. Quando feita em relação ao assunto, faz-se um recorte no tema proposto, localizando-o ainda mais. Quando feita em relação à extensão do esforço de pesquisa, as ações são localizadas espaço-temporalmente. Lembre-se que essa delimitação deve ser feita sempre sob a orientação da teoria que está embasando a pesquisa.Etapa 6 – Definição dos métodos

A escolha do método é um exercício de imaginação. É preciso imaginar o problema e imaginar a situação, imaginar como o método poderá fornecer as informações que precisamos, quais os seus pontos fracos, quais seus pressupostos lógicos. Existe uma variedade enorme de métodos de pesquisa disponíveis. Os pesquisadores e pesquisadoras devem optar por um método que possa ser aplicado às condições do problema e da situação que se quer estudar. Caso essa aplicação não possa ser feita seguindo integralmente as diretrizes estabelecidas durante a criação do método ou técnica desejada, pode-se realizar as alterações necessárias, após um estudo metodológico. A escolha deve partir das hipóteses formuladas. É nelas que estarão as variáveis principais da pesquisa e a relação que se quer investigar.

Etapa 7 – Organização dos Recursos

A fase de organização dos recursos se segue à definição dos métodos, uma vez que estes é que vão determinar que instrumentos serão necessários à investigação, em cada uma dessas fases. A organização deve ser o mais detalhada possível, pois muitas vezes é difícil solicitar mais verbas ou mais materiais uma vez que a pesquisa esteja em andamento. 04 de 10

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Tema 01

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Etapa 8 – Coleta de dados

Finalmente, chegamos à etapa que é mais lembrada quando pensamos nas atividades de pesquisa. Quando falamos em dados, estamos nos referindo às informações que serão obtidas a partir das técnicas selecionadas para isso. Uma mesma pesquisa pode demandar a coleta de dados quantitativos e qualitativos: os primeiros são constituídos por informações que se podem mensurar; os segundos, por outro lado, são informações relacionadas a características, opiniões, impressões, etc.

Etapa 9 – Sistematização e análise de dados

As informações, depois de coletadas, não constituem ainda os resultados da investigação; para realmente serem consideradas resultados, precisam ser organizadas e analisadas. Os dados coletados naturalmente serão variáveis apesar da uniformidade dos métodos empregados, sobretudo na área das ciências humanas. Uma vez que você padronizou o método de coleta, terá certeza de que a variação observada corresponde a um comportamento natural do fenômeno estudado. São elaboradas tabelas e gráficos, diagramas, quadros, classificações, e aplicados métodos estatísticos, para que os pesquisadores percebam um comportamento geral das variáveis pesquisadas, um padrão, em meio à variação. Tais padrões constituirão os resultados da investigação.

Etapa 10 – Interpretação dos resultadosA fase de interpretação dos resultados é aquela em que os pesquisadores, de posse dos dados sistematizados e analisados, lhes dão significado à luz do problema inicial. É aqui que estes resultados são discutidos e comparados com resultados de outras pesquisas relatados na literatura, com as expectativas iniciais dos pesquisadores, e com as hipóteses e objetivos que guiaram a investigação. Afinal, os resultados apóiam ou contradizem as hipóteses do trabalho?

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São semelhantes ou diferentes a outros resultados relatados na literatura? Houve surpresas? Que informações novas foram registradas? Quais as conclusões a que se pode chegar? A resposta a essas e outras perguntas permitirá se sejam explorados todos os aspectos e características possíveis dos resultados obtidos, fazendo com que a pesquisa tenha sido aproveitada ao máximo.Etapa 11 – Comunicação dos resultados

A fase de comunicação é a última, a que conclui a pesquisa realizada. Através dela, tanto a comunidade científica quanto a sociedade em geral poderão avaliar e utilizar os resultados obtidos. Sem a fase de comunicação, a pesquisa torna-se apenas um esforço perdido, ou um monte de papéis empoeirados no escritório de um pesquisador. A comunicação se dá através da redação de um documento científico, cujas técnicas de construção serão exploradas nas seções seguintes.

Pesquisa Científica: Variações em torno do mesmo tema

Agora que você já explorou as etapas de uma pesquisa científica baseada no método hipotético-dedutivo, poderá apreciar algumas das várias classificações da pesquisa. Como dissemos anteriormente, não existe um método único, e provavelmente os métodos continuarão a se modificar e multiplicar, à medida que o próprio conhecimento científico se modifica. A classificação que trazemos abaixo é uma modificação das classificações discutidas por Marconi & Lakatos (1999, p. 23 a 25); como essas autoras mostram, há vários esquemas de classificação na literatura.

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Tema 01

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Classificação quanto ao nível de explicação: podemos distinguir as pesquisas de acordo com o nível de compreensão acerca de um fenômeno a que se deseja alcançar. Se o fenômeno pesquisado é relativamente desconhecido dos pesquisadores, é preciso, inicialmente, realizar uma pesquisa exploratória. É um trabalho preliminar, já que tem por objetivos gerais levantar informações básicas, mínimas, para que se possa, posteriormente realizar uma investigação mais detalhada. Tais informações são necessárias, inclusive, para determinar os métodos das pesquisas seguintes. As pesquisas descritivas têm por objetivo descrever um fenômeno ou situação, mas com níveis de aprofundamento e detalhamento maiores que a pesquisa exploratória. Aqui, busca-se identificar as variáveis envolvidas nas causas do fenômeno estudado, mas sem que os pesquisadores interfiram diretamente. As pesquisas explicativas são aquelas que permitem o maior aprofundamento em relação aos conhecimentos das causas de um fenômeno. Seu objetivo é descobrir as causas determinantes dos fenômenos estudados. Nas ciências naturais, esse tipo de pesquisa é identificado, na maioria das vezes, com a pesquisa experimental (veja abaixo), mas na área de ciências humanas os experimentos nem sempre são possíveis, sendo utilizadas outras estratégias.

Classificação quanto à intervenção: aqui, também temos as pesquisas descritivas em que, como já referido anteriormente, os pesquisadores mantêm distância de seu objeto de estudo, não interferindo nele. A pesquisa experimental, por outro lado, supõe que os pesquisadores intervenham na realidade estudada. Tipicamente, há a manipulação de uma variável enquanto as demais são controladas, de modo que qualquer variação no comportamento do fenômeno estudado será associada ao elemento que foi manipulado.

Classificação quanto às fontes dos dados: esta classificação supõe dois grupos, as pesquisas por documentação indireta e as pesquisas por documentação direta. Nas primeiras, os dados são obtidos a partir de documentos já elaborados por outros pesquisadores ou indivíduos, compreendendo as pesquisas documentais e bibliográficas. Nas pesquisas documentais, características do campo da história, os pesquisadores consultam documentos diversos elaborados pelo governo ou outros órgãos acerca de uma situação. Na pesquisa bibliográfica, também são consultados documentos prontos, mas esses são documentos científicos publicados na literatura especializada, principalmente artigos. As pesquisas por documentação direta, por outro lado, supõem que os pesquisadores são a fonte primária das informações que utilizam. A coleta direta dessas informações pode ser feita por meio de uma pesquisa de campo, em que os pesquisadores observam, interagem e registram os dados a partir do contato direto com o objeto de estudo no seu local natural de ocorrência. Na pesquisa de laboratório, o contato também é direto, mas o objeto de estudo é retirado de seu ambiente natural de ocorrência e levado ao laboratório, que é um ambiente “artificial” e controlado.

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Classificação quanto ao tipo de método: Há dois grandes grupos de métodos reconhecidos na tradição científica. Os métodos quantitativossão aqueles que buscam obter dados mensuráveis, quantificáveis, acerca de seu objeto de pesquisa. É imprescindível, depois, que tais dados sejam submetidos a uma análise estatística. Os métodos qualitativos, por outro lado, visam obter dados que não podem ser mensurados, como qualificações, opiniões, significados. No entanto, as diferenças entre esses grupos não se resumem apenas ao tipo de informação coletada, e sim a uma concepção global da atividade de pesquisa. Os métodos quantitativos inserem-se em geral em uma perspectiva positivista, inspirada nas ciências naturais. Aqui, o pesquisador posiciona-se à distância do objeto que estuda. Os métodos qualitativos, por outro lado, baseiam-se numa compreensão dialética, fenomenológica do objeto de estudo. Aqui, os pesquisadores assumem explicitamente sua subjetividade, e buscam compreender os fenômenos a partir da vivência e da interpretação dos participantes daquele objeto de estudo e de sua interação com eles.

A discussão sobre o uso de métodos quantitativos e qualitativos é extensa. Muitas vezes, observa-se uma polarização entre essas duas concepções, o eu consideramos como simplista e prejudicial. Para discussões em torno desse tema, veja o artigo de Bernadete Gatti,  já mencionado anteriormente, e o artigo de José Luis Neves, intitulado “Pesquisa qualitativa: Características, Usos e Possibilidades”.Projeto E Relatório

Colocando em Prática

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Na seção anterior, discutimos uma seqüência de etapas que proporcionará uma organização mínima aos procedimentos que fazem parte de um trabalho de pesquisa. Tentamos, ali, chegar a uma visão global do que em geral é feito numa investigação. Nessa seção estaremos discutindo o aspecto documental desse processo: a sistematicidade da pesquisa é garantida pela elaboração de documentos para detalhar o planejamento e relatar os resultados alcançados. Eles são fundamentais para demonstrar que a sua pesquisa foi realizada segundo princípios teóricos claros, almejando objetivos bem definidos, seguindo um método adequado para atingi-los, e alcançando certos resultados que por sua vez dialogam com o problema discutido.Na academia, a publicidade e crítica da construção do conhecimento são as bases de toda a atividade. Por isso, a documentação é imprescindível para permitir que outras pessoas possam avaliar construtivamente o trabalho realizado, estabelecendo um diálogo aberto a toda a comunidade.

A partir de agora, examinaremos com algum detalhe os principais documentos produzidos nas atividades de pesquisa científica:

- Projeto- Relatório- MonografiaO projeto de pesquisa

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01A Estrutura de um Projeto

A estrutura de um projeto deve obedecer a seqüência lógica de pensamentos, que estabelece um problema e a seguir as ações necessárias para resolvê-lo. Esta seqüência pode estar organizada em diversas seções de texto. A seguir propomos uma estrutura geral das partes que devem compor o projeto, com uma descrição sumária de cada uma delas:

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1. Capa: É elemento obrigatório; identifica o projeto, pois apresenta pela primeira vez ao leitor o título da pesquisa, os autores e a instituição a que pertencem. Veja nas normas para elaboração de trabalhos acadêmicos as orientações para sua confecção.

2. Folha de Rosto: Também é obrigatório; veja nas normas para elaboração de trabalhos acadêmicos as orientações para sua confecção.

3. Resumo em língua vernácula: É uma breve síntese das idéias presentes no texto, cujo objetivo é fornecer uma visão geral rápida do trabalho. Deve ser seguido das palavras-chave que representem o conteúdo do trabalho.

4. Sumário: Lista as seções em que o texto do projeto está organizado, com indicação da página em que se iniciam.

5. Introdução: Deve caracterizar o tema de estudo e o problema que deu origem à investigação. A introdução pode ser iniciada pela apresentação breve da equipe envolvida e do histórico do projeto, explicitando o contexto de sua proposição. No entanto, a discussão do tema e a formulação e delimitação do problema devem ser os eixos centrais da introdução. Estes são tratados com referência a um quadro teórico, que também precisa ser explicitado através do diálogo com a bibliografia especializada. Nas palavras de Severino (2002, p. 162), “o quadro teórico constitui o universo de princípios, categorias e conceitos, formando sistematicamente um conjunto logicamente coerente, dentro do qual o trabalho [...] se fundamenta e se desenvolve”.

6. Objetivos: Aqui devem ser listados os objetivos gerais e específicos que se quer alcançar. Todos eles são formulados tendo como ponto de partida as hipóteses que você levantou previamente. Assim, no objetivo geral você buscará verificar a hipótese geral do trabalho, ou seja, “a idéia central que o trabalho se propõe a demonstrar” (Severino 2002, p. 160). Para alcançar este objetivo, você precisará verificar uma série de outras hipóteses subordinadas, em várias etapas do trabalho, tratadas cada uma em um objetivo específico.

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7. Justificativa: Nesta seção devem ser discutidos os motivos que levaram à proposição da pesquisa. Os autores procuram convencer o leitor da importância da realização da pesquisa a partir de considerações a respeito da relevância social e científica do tema.

8. Metodologia: Uma vez que os objetivos da investigação e que o quadro teórico em que está inserido tenham sido discutidos e esclarecidos, cabe agora a exposição das estratégias que serão utilizadas para resolver o problema. Para isso, é necessário também refletir sobre os fundamentos metodológicos das ações planejadas, para que a escolha do método realmente esteja adequada ao tipo de informação que se deseja obter. Cada método é idealizado tendo em vista um referencial teórico; portanto, é preciso cuidado para que os pressupostos dos métodos não entrem em conflito com o quadro teórico utilizado na formulação do problema, já que eles nem sempre se mostram compatíveis quando os examinamos de perto. Ao longo da explicação dos métodos e estratégias, podemos descrever em linhas gerais que recursos serão empregados. Algumas situações demandam um planejamento mais detalhado dos materiais necessários, casos em que devemos então elaborar uma tabela de ensumos e equipamentos, em que são explicitados também seus custos de aquisição ou utilização.

9. Cronograma: Aqui é detalhada a progressão temporal das atividades da pesquisa. Para pesquisadores iniciantes, a elaboração de um cronograma é muito instrutiva, já que serve de referência para avaliar o próprio ritmo de trabalho, pois não se tem uma dimensão muito exata a priori de quanto tempo é necessário para cumprir as tarefas propostas. Além disso, sempre haverá imprevistos, de maior ou menor magnitude. Assim, devemos ter em mente que o cronograma deve também permitir alguma flexibilidade, de forma a assegurar que o tempo total da pesquisa não seja ultrapassado.

10. Anexos: Aqui são juntados modelos e formulários que serão utilizados.

11. Referências Bibliográficas: Elemento obrigatório, em que são listadas as fontes de informação consultadas.

Mas lembre-se que há outros modos de organizar a seqüência lógica de pensamentos que guia a pesquisa. Veja por exemplo esses sites:

- Guia para elaboração de projetos da UNIVILLE: http://www.univille.net/arquivos/2340_LV_Guiaprojeto_2006digital.pdf

- Guia para elaboração de projetos do Prof. Alvaro Bianchi:http://paginas.terra.com.br/educacao/politikon/Modelo%20de%20Projeto%20de%20Pesquisa.pdf

A estrutura de um Relatório

Agora que você já aprendeu a elaborar um projeto, ficará fácil compreender o que compõe um relatório.Os relatórios são também documentos básicos em qualquer pesquisa, pois são utilizados para

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prestar contas do trabalho realizado. Através deles, orientadores e órgãos de coordenação e supervisão, seja de instituições de ensino ou de entidades de financiamento, tomam conhecimento de como foram gastos tempo e recursos destinados àquela investigação. Os relatórios podem ser solicitados durante o andamento da pesquisa, quando apresentarão resultados parciais, ou então ao término dos trabalhos, quando devem apresentar todo o percurso da investigação e os resultados obtidos.No entanto, se lembrarmos que o conhecimento científico só pode ser reconhecido como tal se for comunicado, a elaboração de um relatório começará a ser vista como mais que um procedimento burocrático de prestação de contas. Ela é parte essencial dessa comunicação que dá vida e dinamismo à atividade científica. Portanto, o relatório deve cumprir esse duplo papel, que se manifesta tanto nas informações ali contidas quanto na linguagem utilizada.

Algumas vezes, o papel administrativo deve ser mais ressaltado tendo em vista o público e a finalidade do relatório. Nesse caso, podemos nos ater simplesmente ao registro das atividades, documentando seu desenvolvimento e apreciando os resultados, sem empreender reflexões mais elaboradas (p. ex. Severino, 2002, p. 174). No entanto, em outras situações o papel científico deve sobressair, caso em que precisamos atentar, segundo LAVILLE; DIONNE (1999), para três princípios básicos: objetivação, transparência, e eficácia.

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

Assim como os projetos, a estrutura dos relatórios varia de acordo com a finalidade para a qual são produzidos. A seguir propomos um modelo geral, modificado a partir da orientação de Marconi & Lakatos (1999, p. 223), para que você use como guia. Para as seções que não estão descritas, considere as mesmas orientações oferecidas nas explicações sobre o projeto.

Embora muitas das partes dos projetos e relatórios sejam semelhantes no conteúdo que devem trazer, observe que o modo de apresentação deve ser diferente, já que os propósitos são diferentes: um deles apresenta uma intenção, um plano, e o outro apresenta um processo já consumado. Além disso, preocupe-se em conhecer um pouco seus possíveis leitores, para adequar sua linguagem ao provável público. Lembre-se sempre de atentar para esses aspectos no momento em que estiver escrevendo seu relatório.

1. Capa2. Folha de Rosto3. Resumo em língua vernácula4. Listas de Tabelas ou Ilustrações5. Sumário 6. Introdução: Desempenha a mesma função que no projeto, mas no relatório inclui também a descrição dos objetivos e a justificativa. Segundo Marconi & Lakatos (1999, p. 225), “devem ser incluídos os motivos da realização da pesquisa, sua importância, caráter e delimitação, indicando também os objetivos da pesquisa”. Estas autoras recomendam que a revisão bibliográfica seja tratada numa seção específica para isso. No entanto, consideramos que as informações

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levantadas a partir da bibliografia devem servir como embasamento para o conteúdo da introdução, entremeadas na exposição e discussão do tema e do problema do trabalho. As informações da revisão bibliográfica servem como referências para a caracterização do quadro teórico em que a investigação está inserida.7. Metodologia: Nesta seção devemos descrever quais foram as estratégias utilizadas na coleta e análise dos dados. A descrição deve considerar a precisão de tais estratégias e métodos, e ser acompanhada da justificação de sua escolha.8. Resultados e Discussão: Nesta seção você deverá expor os resultados e discutir suas implicações para a verificação da hipótese do trabalho. Quem elabora o relatório deve mostrar claramente ao leitor que dados foram coletados, utilizando não só um texto claro e preciso mas também tabelas e gráficos. Estes auxiliam na organização das informações, facilitando sua compreensão por parte do leitor. A sistematização dos dados, realizada durante a análise, deve também ser explicada claramente para que sirva de base à interpretação dos resultados. Dessa forma, na seção de Resultados e Discussão, a apresentação dos dados coletados é acompanhada pelo tratamento destes mediante a utilização de algum método, frequentemente estatístico. Este trabalho é realizado pelo autor para que ele consiga relacionar significativamente os dados coletados à hipótese que está sendo testada. 9. Conclusões: Nas Conclusões os autores voltam a chamar a atenção para os principais resultados da investigação, de forma sintética. Aqui normalmente já não há referência aos dados coletados, mas somente ao significado destes para o problema abordado na investigação. As conclusões podem ser seguidas de sugestões para pesquisas futuras e/ou recomendações para outros personagens interessados nos resultados da pesquisa, como governantes, empresas, organizações da sociedade civil, etc.10. Anexos ou Apêndices: Nos apêndices e anexos podem ser apresentados gráficos, tabelas, formulários, figuras e outros elementos que não são estritamente necessários à compreensão do trabalho, mas que ajudam a ilustrá-lo, auxiliando na compreensão. 11. Referências Bibliográficas

Nos sites abaixo você encontrará exemplos de relatórios. No entanto, observe que nem todos seguem as normas da ABNT! Fique atento ou atenta às diferenças, porque em nossas orientações é obrigatória a observação dessas normas. Nos exemplos a seguir, nosso objetivo foi ilustrar a maneira como as informações podem estar dispostas nas diferentes seções do texto.

- Relatório de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia:http://agroeco.inpa.gov.br/reinaldo/RIBarbosa_ProdCient_Usu_Visitantes/2003RelatorioVegetacao_PANA_INCRA.pdf

- Relatório de estudante de graduação em História:http://www.noronha.pe.gov.br/downloads/projetos/ relatorio-facepe.pdf

A Monografia

A estrutura de uma Monografia

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A monografia é um dos trabalhos mais comuns durante a graduação, sendo cada vez mais exigida como requisito para a conclusão dos cursos de licenciatura ou bacharelado. Na monografia, como o próprio nome implica, o estudante ou pesquisador relata os resultados de uma investigação acerca de um único tema específico, caracterizada pela profundidade mas limitada em alcance.

De acordo com Marconi & Lakatos (1999, p. 229), as características do trabalho monográfico são:

- Trabalho escrito, sistemático e completo;- Tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela;- Estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do caso; - Tratamento extenso em profundidade, mas não em alcance [...];- Metodologia específica;- Contribuição importante, original e pessoal para a ciência.

A monografia segue também uma estrutura parecida com aquela do projeto e do relatório, já que a seqüência lógica da investigação é a mesma. As variações se situam na divisão das partes do trabalho, como você verá adiante. Quando a seção não estiver descrita, considere as mesmas orientações oferecidas na elaboração dos projetos e relatórios.

1. Capa2. Folha de Rosto3. Resumo em língua vernácula4. Resumo em língua estrangeira: É também um resumo do trabalho, mas escrito em idioma estrangeiro para fins de divulgação internacional. Assim como o resumo em língua vernácula, deve também ser seguido de palavras-chave.5. Listas de Tabelas ou Ilustrações

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6. Sumário ou Índice7. Introdução: Semelhante à introdução do relatório. De acordo com Severino (2002), sua leitura deve esclarecer quanto ao tema, ao problema e à tese do trabalho, evitando-se “intermináveis retrospectos históricos, a apresentação precipitada dos resultados, os discursos grandiloquentes” (p. 83). Severino recomenda ainda que sua elaboração seja feita por último, após a redação das outras seções, quando o autor já tem uma idéia clara a respeito da argumentação do trabalho. Na introdução da monografia, pode-se realizar a exposição dos métodos segundo os quais o raciocínio será desenvolvido, considerando sua importância, ou então reservar um capítulo específico para esse fim. Em todos os casos, a introdução deve ser sintética e se concentrar na explicação da temática abordada.8. Desenvolvimento: A parte de desenvolvimento pode compreender diversos capítulos, definidos conforme um planejamento prévio da monografia. Nas monografias das ciências naturais, pode ser estruturada à semelhança do relatório, sendo que nas ciências humanas as subdivisões dos capítulos devem obedecer a um plano lógico que confira clareza ao raciocínio do autor. Aqui, o objetivo é “explicar, discutir e demonstrar. Explicar é tornar evidente o que estava implícito, obscuro ou complexo; é descreve, classificar e definir. Discutir é comparar as várias posições que se entrechocam dialeticamente. Demonstrar é aplicar a argumentação apropriada à natureza do trabalho” (Severino, 2002, p. 83).9. Conclusões: Apresenta uma síntese do trabalho, além de uma apreciação do autor acerca das discussões realizadas. Segundo Marconi & Lakatos (1999, p. 230), “da conclusão devem constar a relação existente entre as diferentes partes da argumentação e a união das idéias e, ainda, conter o fecho da introdução ou síntese de toda a questão”. Assim, como você pode ver, a conclusão deve retomar o problema exposto na introdução, mas agora apontando os elementos discutidos durante o desenvolvimento que podem contribuir para sua resolução.10. Anexos ou Apêndices11. Referências Bibliográficas

Metodologia do Trabalho Científico

Tema 01

Nos sites abaixo você encontrará algumas diretrizes úteis para a elaboração de uma monografia e um exemplo de monografia elaborada para conclusão de um curso de graduação. Ao longo de sua leitura, lembre-se do que discutimos nos temas anteriores: os métodos devem ser adequados às suas necessidades e não serem camisas-de-força.

- Orientações para elaboração de monografia da Revista Nova Escola:

http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/171_abr04/html/monografia

- Manual para elaboração de Trabalhos Acadêmicos da UDESC:

http://pages.udesc.br/~a4msk/outros/manual_udesc_versao_preliminar.pdf#search=%22elabora %C3%A7%C3%A3o%20monografia

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%22

- Monografia sobre o programa Bolsa-Escola:

http://www.foreignaid.com/thinktank/papers/Brazil_Education_Welfare_VersoFinal.pdf#search=%22 monografia%20filetype%3Apdf%22

NÃO CAIA NESSA FRIA! A tentação da cópia e do trabalho pronto

Com a expansão do ensino superior e da internet no Brasil, multiplicam-se os sites que oferecem serviços de elaboração de monografias acadêmicas, bem como de outros trabalhos, como projetos, dissertações e teses. Alguns deles já dispõem inclusive de trabalhos prontos, bastando que o interessado pague para começar a carregar o arquivo em seu computador. Em outras situações, alguns estudantes optam por realizar uma colagem de textos de outras pessoas, retirados da internet ou mesmo de livros, para cumprir com a obrigação de entregar um trabalho. Muitos deles acreditam que assim estão realizando uma pesquisa bibliográfica ou uma citação, mas na verdade estão cometendo um plágio. As citações são legítimas, mas devem ser sempre acompanhadas da indicação do autor original, e servirem para subsidiar o texto que você está escrevendo. Pesquisar, como você já deve ter percebido, é o contrário de copiar o pensamento de outras pessoas: é elaborar o próprio pensamento.Seja por falta de interesse, seja por falta de tempo ou infra-estrutura, o estudante que recorre a esses serviços ou à cópia está, na verdade, SABOTANDO SUA PRÓPRIA FORMAÇÃO. Você, que está investindo tanto tempo e esforço para chegar à conclusão do seu curso, não pode desistir em face à dificuldade. A formação do professor envolve, antes de tudo, um compromisso ético consigo mesmo: os fins não justificam os meios. Um pouco mais de esforço e dedicação lhe renderão um trabalho original, com as suas idéias e não a reprodução do trabalho de terceiros.

Veja nesse link um ensaio sobre a ética na elaboração e publicação de trabalhos científicos:

http://www.metodologia.org/saul_etica.PDF#search=%22%C3%A9tica%20trabalho%20cient%C3%ADfico%22