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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GEOPROCESSAMENTO Victória Lixinski Zanin GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE ENSINO PARA JOVENS EM SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL Santa Maria, RS 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GEOPROCESSAMENTO

Victória Lixinski Zanin

GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE ENSINO PARA JOVENS EM SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

Santa Maria, RS 2016

Victória Lixinski Zanin

GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE ENSINO PARA JOVENS EM

SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

Relatório de Estagio apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Geoprocessamento.

Orientadora: Profª. M. Sc. Michele Monguilhott

Santa Maria, RS 2016

Victória Lixinski Zanin

GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE ENSINO PARA JOVENS EM

SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

Relatório de Estagio apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Geoprocessamento.

Aprovado em 16 de dezembro de 2016:

____________________________________ Michele Monguilhott, M. Sc. (UFSM)

(Presidente/Orientadora)

____________________________________ Alessandro Carvalho Miola, Dr. (UFSM)

____________________________________ Catherine de Lima Barchet, M. Sc. (UFSM)

Santa Maria, RS 2016

RESUMO

GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE ENSINO PARA JOVENS EM

SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

AUTOR: Victória Lixinski Zanin

ORIENTADORA: Michele Monguilhott

O Estágio Supervisionado Obrigatório de 300 horas, como requisito parcial para

formação no Curso de Tecnologia em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da

UFSM, foi desenvolvido no Laboratório de Engenharia Rural, localizado no Centro

de Ciências Rurais Prédio 44J, e teve como objetivo geral aplicar os conhecimentos

da área de Geoprocessamento adquiridos durante o curso em prática. Durante sua

duração foram feitas atividades como o treinamento e aprimoramento profissional na

área de geoprocessamento de adolescentes na faixa etária entre 14 e 21 anos de

idade com o objetivo de contribuir no processo de desenvolvimento e formação

profissional de adolescentes em situação de acolhimento institucional, garantindo-

lhes o acesso ao programa de aprendizagem gratuito voltado à sua formação sócio

ocupacional.

O estágio se mostrou de grande valor, pois nele não só foi possível pôr em prática

os conhecimentos ensinados durante o curso, como também possibilitou novos

aprendizados, novas experiências e mostrou a grande importância do

Geoprocessamento em atividades didáticas e formativas para um público

diferenciado e com muitas expectativas.

Palavras-Chave: Adolescentes. Programa de Aprendizagem. Aprimoramento

Profissional.

ABSTRACT

GEOPROCESSING AS A TEACHING TOOL FOR YOUNG PEOPLE IN AN

INSTITUTIONAL RECEPTION SITUATION

AUTHOR: Victória Lixinski Zanin

ADVISOR: Michele Monguilhott

The Mandatory Supervised Practice with 300 hours, as a partial requirement

formation in the course of Tecnologia em Geoprocessamento of Colégio Politécnico

– UFSM, was developed in Laboratório de Engenharia Rural, located in Centro de

Ciências Rurais, 44J building, and had as general objective to apply the knowledge

of the area of geoprocessing acquired during the course's practice. During its

duration, activities such as training and improvement and professional was

developed in the geoprocessing area with adolescents in the age group between 14

and 21 years with the aim of contributing to the process of development and

professional formation of adolescents in an institutional reception situation,

guaranteeing them access to the free learning program aimed at their socio-

occupational formation.

The internship showed great value, because it was not only possible to put into

practice the knowledge taught during the course but also made possible new

learning, new experiences and showed the great importance of Geoprocessing in

didactic and formative activities to a differentiated public and with many expectations.

Keywords: Adolescents. Learning Program. Professional Improvement.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Gráfico da Evolução das Taxas de Mortalidade ....................................... 11 Figura 2 – Mapa de Indicadores Criminais de Homicídio Doloso no Rio Grande

do Sul. ..................................................................................................... 12

Figura 3 – Mapa de localização das Instituições de Acolhimento. ............................ 28 Figura 4 - Organograma das Fases do Projeto ......................................................... 29 Figura 6 – Aula prática – Visita a campo em Silveira Martins.................................... 31 Figura 7 – Montagem e nivelamento de equipamentos topográficos ........................ 37 Figura 8 - Montagem e nivelamento de equipamentos topográficos ......................... 38

Figura 9 – Aula prática de fotointerpretação.............................................................. 38 Figura 10 - Pontos espacializados, poligonal fechada para cálculo de área ............. 39

Figura 11 - Cálculo de Área no Earth Points ............................................................. 40 Figura 12 - Cálculo de Área no Earth Points ............................................................. 41

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Média de crianças e adolescentes acolhidos em Santa Maria no período 2010-2014 ................................................................................... 17

Tabela 2 - Cadastro Nacional de Adoção - Relatório de Dados Estatísticos ............. 19

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Divisão das aulas teóricas e práticas ...................................................... 32 Quadro 2 - Organização das atividades de GPS ....................................................... 34 Quadro 3 - Organização das atividades de Fotointerpretação .................................. 34

Quadro 4 - Organização das atividades do Google Earth ......................................... 35

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10 1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 13

1.2 CLIENTELA .................................................................................................... 14 1.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO ............................................ 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 16 2.1 ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL ................................................................. 16 2.2 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .................... 17

2.3 DADOS ESTATÍSTICOS ................................................................................ 18

2.4 GEOPROCESSAMENTO ............................................................................... 20

2.5 CARTOGRAFIA .............................................................................................. 22 2.5.1 Google Earth ................................................................................................. 22 2.6 SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL (GPS) ...................................... 23 3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 26 3.1 MATERIAIS .................................................................................................... 26

3.1.1 Critérios de Inclusão .................................................................................... 26

3.1.2 Critérios de Exclusão ................................................................................... 26 3.2 LOCALIZAÇÃO E INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES .................................... 27 3.2.1 Instituição Beneficente Lar de Miriam e Mãe Celita ................................... 27

3.2.2 Aldeias Infantis SOS ..................................................................................... 27

3.3 FASES DO PROJETO .................................................................................... 29

3.4 METODOS ...................................................................................................... 30 3.4.1 Apresentação do Geoprocessamento aos alunos ..................................... 30

3.4.2 Cartografia e o ensino do Geoprocessamento .......................................... 31 3.4.3 GPS aplicado ao Geoprocessamento ......................................................... 33 3.4.4 Fotointerpretação e Geoprocessamento .................................................... 34

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 37 5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 43

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 45 APÊNDICE A - PLANO DE TRABALHO ......................................................... 47

10

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal estabelece, no art. 227 que é dever da família, da

sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com

prioridade o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à

profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência

familiar e comunitária, deixando essas crianças e jovens protegidos de toda forma

de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), reforça em seu art. 4º que é

dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público,

assegurar esses direitos.

Não é o que acontece no Brasil, que é o quinto país mais violento do mundo,

identificado pelas altíssimas taxas de homicídio (foram 52.336 mortes por homicídios

em 2014, o representa 143 pessoas mortas por dia1). Entre os jovens o país ocupa o

quarto lugar no mundo, foram 26.102 pessoas entre 15 e 29 anos mortas em 2007, o

que representa uma taxa de 40,7 por 100 mil habitantes. (BRASIL, 2010)

Segundo os autores a dificuldade ou impossibilidade de se colocar no

mercado de trabalho é um elemento integrante da vulnerabilidade social2

Dados do IBGE (2010) destacam 3.410.704 adolescentes no Brasil com 16

anos de idade e 3.372.242 com 17 anos.

Segundo Waiselfisz (2015), em seu mapa da violência 2015, o total de óbitos

de crianças e adolescentes (0 a 19 anos) no Brasil em 2013 morreram 75.893

crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de idade por acidente transporte ou por

suicídio, ou homicídio, ou outras causas externas, sendo destes 53.852 por causas

naturais (Figura 1).

Do total de crianças e adolescentes a evolução dos números e das taxas de

óbito (em 100mil) de adolescentes entre 16 e 17 anos foi de 54,1 para cada 100 mil

em 2013. Os autores falam de uma conclusão alarmante onde a situação desses

jovens em 2013 já era grave sem muita perspectiva de melhora num futuro imediato.

1 http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/07/homicidio-de-criancas-e-adolescentes-no-brasil-

e-grande-desafio-diz-unicef.html 2 Cf. CASTRO, M. G.; ABRAMOVAY, M. “Juventudes no Brasil: Vulnerabilidades negativas e

positivas”. In: PETRINI, João Carlos; CAVALCANTI, Vanessa Ribeiro Simon (Org.). Família, sociedade e subjetividade: uma perspectiva multidisciplinar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. p. 54-83.

11

Figura 1 – Gráfico da Evolução das Taxas de Mortalidade

Fonte: Adaptado do Mapa da Violência, 2015. Adolescentes de 16 e 17 anos do Brasil.

(WAISELFISZ, 2015)

Inicialmente o projeto começou com 12 (doze) jovens entre 15 e 21 anos. Da

educação regular trazem consigo a conclusão do ensino básico, fundamental e

alguns concluindo o ensino médio.

As maiores vítimas desses homicídios no Brasil são adolescentes na faixa

etária de 16 e 17 anos. (WAISELFISZ, 2015). O mapa de dos indicadores criminais

do estado do Rio Grande do Sul (Figura 2) mostra a distribuição desse índice.

Dos 3.749 homicídios na faixa de 16 e 17 anos de idade em 2013, foram

notificados anos de estudos somente em 2.858 pela Pesquisa Nacional por Amostra

de Domicílios (PNAD) concluindo os autores que 1,5% dessas vítimas não tinham

nenhum ano de estudo, 2,6% tinham de 1 a 3 anos de estudo, 24,1 % tinha de4 a 7

anos de estudo, 71,5% tinham de 8 a 11 anos de estudo e somente 0,3% tinham 12

anos ou mais de estudo. Os autores concluíram que as causas externas de

mortalidade na faixa etária de 16 e 17 anos vem crescendo ao longo do tempo na

contramão das causas naturais que caíram de forma contínua, existindo segundo

Atila Roque da Anistia Internacional uma "epidemia de indiferença3". Sendo estes

números motivos de grande preocupação de organismos internacionais.

3 http://prvl.org.br/noticias/anistia-internacional-e-o-compromisso-do-brasil-com-os-direitos-

humanos/

12

Os números para o município de Santa Maria não diferem muito na média

nacional ou estadual (Figura 1), onde verificamos em 2010 entre 18 a 41 casos de

homicídios dolosos, evoluindo para 53 em 2015.

Figura 2 – Mapa de Indicadores Criminais de Homicídio Doloso no Rio Grande do Sul.

Fonte: FEEDADOS(2016).

A espacialização dos dados permite verificar que a maior parte dos

municípios do Estado enfrentam situações complicadas quanto ao indicador de

segurança, variável homicídio doloso.

Esses números nos ajudam a compreender a realidade de 12 adolescentes

entre 15 e 21 anos que frequentam atualmente o Colégio Politécnico da UFSM

fazendo parte de um projeto de Extensão.

É no Projeto Adote Ação Politécnico que foi realizado a maior parte das

atividades do Estágio Curricular Obrigatório, desenvolvendo formas alternativas de

profissionalizar adolescentes sem a formação básica regular.

13

1.1 JUSTIFICATIVA

Ao longo da vida acadêmica, descobre-se diversas áreas do conhecimento

onde não imagina-se a aplicabilidade do Geoprocessamento.

O estágio tem o propósito de complementar o processo de formação

acadêmica do acadêmico, possibilitando a integração entre prática e teoria, por meio

do contato com a vida profissional e as diversas áreas de atuação do Tecnólogo em

Geoprocessamento.

O estágio curricular supervisionado obrigatório do curso superior de

Tecnologia em Geoprocessamento foi realizado no Laboratório de Engenharia Rural.

O Laboratório está localizado no Centro Ciências Rurais (CCR), prédio 44J, no

município de Santa Maria (RS), no Campus da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM).

As atividades foram realizadas no período de 11 de Agosto de 2016 a 30 de

Novembro de 2016, com dedicação de 30 horas semanais nos períodos da manhã e

atividades no período noturno das 19 as 21 horas duas vezes por semana,

totalizando uma carga horária de 350 horas, sob supervisão do Profº. Drº. Lúcio de

Paula Amaral e orientação da Profª. M. Sc. Michele Monguilhott.

As atividades desenvolvidas objetivaram aplicar os conhecimentos adquiridos

nas disciplinas, com ênfase no desenvolvimento de oficinas de ensino do

geoprocessamento para jovens que se encontram em situação de acolhimento

institucional.

Trabalhar com os adolescentes, com todas as limitações que vão desde o

analfabetismo funcional até a frequência regular no Ensino Médio justifica as

atividades desenvolvidas. Os adolescentes tiveram aulas teóricas, a área de

geoprocessamento, realizaram exercícios, produziram produtos alimentícios e

trabalharam com fruticultura e floricultura.

Foi possível conhecê-los um a um entre uma atividade e outra, muitas

histórias, muitas angustias, muitas expectativas e muitas mudanças.

Por mais que existam leis que obriguem o Estado, Município, Família e

Sociedade a dar condições de vida para essas crianças e adolescentes, sabemos

que a negligência e a indiferença são grandes, e permitem a evolução da

insegurança e o aumento da criminalidade e da morte de adolescentes entre 16 e 17

anos.

14

O projeto foi cadastrado na área temática de Educação e busca dar

autonomia a esses doze adolescentes pretendendo assim modificar um pouco esses

números alarmantes que nos remetem a sua principal causa: a indiferença.

Onde o Geoprocessamento entra nisso? Como ferramenta de espacialização

de fluxos dessa realidade, como ferramenta para tornar o ensino de matemática,

física e geografia mais atrativos nas atividades deles no ensino regular e

principalmente como ferramenta capaz de proporcionar uma atividade profissional

auxiliar para esses jovens que buscam serem acolhidos pela sociedade

Santamariense.

1.2 CLIENTELA

Foram atendidos 12 adolescentes entre 15 e 21 anos acolhidos no Lar de

Miriam Mãe Celita e na Aldeias Infantis S.O.S.

Os problemas em sala de aula não são diferentes de outros jovens na mesma

faixa etária, indisciplina, agressividade com os colegas, agressões verbais com os

colegas.

Os perfis desses adolescentes variam muito e dependem da história de vida

de cada um deles. Não podemos esquecer que estamos lidando com crianças que

por motivos dos mais graves e variados possíveis foram retiradas de sua família e

estão a mercê de um sistema ainda mais negligente.

No entanto as crianças participantes do projeto, agora adolescentes entre 16

e 18 anos de idade, não possuem seus referenciais sociais e culturais ampliados,

não desenvolveram várias habilidades intelectuais e acadêmicas ampliadas

gradativamente para sua autonomia e independência. Os adolescentes que farão

parte da ação em sua maioria não têm condições para enfrentamento dos próprios

conflitos e de suas ansiedades por isso precisamos auxiliá-los no seu

desenvolvimento não só profissional como cidadão.

Os adolescentes que integram o projeto pode ter passado por situações de

trabalho infantil, trajetória de rua, acúmulo de responsabilidades no seio da família,

assumem responsabilidades por si e por outros, são precoces, não se

desenvolveram quando crianças e tiveram seu ritmo biológico e psíquico acelerado,

pulando etapas importantes do seu desenvolvimento pessoal.

15

Trata-se, portanto de consequências que segundo o PNCFC não são de

responsabilidade apenas da família, mas do Estado, da sociedade e de todas as

instituições que deveriam considerar esses adolescentes como sujeito de processos

educativos.

1.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO

No estágio foram desenvolvidas duas atividades.

A primeira foi no ensino de ferramentas de Geoprocessamento, Cartografia,

Topografia, GPS e Google Earth para a profissionalização de jovens de 15 a 21

anos que se encontram em acolhimento institucional em Instituições de Acolhimento

no município de Santa Maria/RS.

A segunda atividade foi auxiliar a equipe do Sistema de Informação

Geográfica Aplicado à Análise Espacial da Criminalidade no Município de Santa

Maria, RS na construção de um banco de dados de homicídios de Santa Maria do

ano de 2016 e a elaboração do artigo Determinação de Padrões Espaciais de

Homicídios em Relação às Vias Urbanas: Estudo de Caso em Santa Maria, RS

(Apêndice A).

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

No Plano Nacional do Direito de Crianças e Adolescentes, o termo

Acolhimento institucional designa os programas de abrigo em entidade, definidos no

Art. 90, Inciso IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como aqueles

que atendem crianças e adolescentes que se encontram sob medida protetiva de

abrigo, aplicadas nas situações dispostas no Art. 98. Segundo o Art. 101, Parágrafo

Único, o abrigo é medida provisória e excepcional, não implicando privação de

liberdade, aplicada por autoridade judiciária, após terem sido esgotados todos os

recursos para a manutenção da criança/adolescente na família de origem.

O acolhimento institucional para crianças e adolescentes pode ser oferecido

nas modalidades de abrigo institucional para pequenos grupos, Casa Lar e Casa de

Passagem, Independentemente da nomenclatura, todas elas constituem "programas

de abrigo".

As novas diretrizes da Política Nacional de Assistência Social aprovada em

2004 efetivaram a política pública como dever do Estado e direito de cidadania, de

alcance socialmente transformador e inclusivo para crianças e adolescentes dos

serviços de acolhimento de Santa Maria.

O histórico desses serviços é descrito no Plano de Acolhimento de Crianças e

Adolescentes definido para o período 2014-2017 para o município de Santa

Maria/RS PACA (2014 apud Janczura, 2012).

O primeiro Serviço de Acolhimento em Santa Maria data de 1932 com a

fundação de uma instituição espírita na modalidade de orfanato/internato/lar que

atendia meninas de 4 a 12 anos, tendo como área de abrangência Santa Maria e

região, realizando aproximadamente 10 abrigamentos por ano, totalizando entre os

anos de 1932 e 1997, 600 abrigamentos.

Outras instituições atuaram no Serviço de Acolhimento nos anos de 1939,

1943, sendo no ano de 1961 fundada a primeira instituição não religiosa, na

modalidade de lar, atendendo meninas de 0 a 14 anos e meninos até os 6 anos.

Outras Casas Lares foram fundadas em 1978, 1992 e 1993. Totalizando desde a

primeira fundação de um Serviço de Acolhimento em Santa Maria, do ano de 1932

até 1993 o abrigamento de 2.666 crianças e adolescentes para o período de 61

17

anos, cabe salientar que entre 1961 a 2006 segundo Janczura, (2012) não foram

obtidas estimativas de crianças e adolescentes abrigados em Santa Maria.

À partir de 2009 para a execução dos serviços de acolhimentos através de

convênios com o Lar de Miriam e Mãe Celita, Recanto da Esperança em 2013 e

Aldeia Infantil S.O.S, sendo executado por estas três instituições o que destaca a

Tabela 1.

Tabela 1 - Média de crianças e adolescentes acolhidos em Santa Maria no período 2010-2014

Ano 2010 2011 2012 2013 2014

Quant. 102 108 77 85 42

Fonte: PACA (2014).

A situação atual é de 8 crianças do sexo masculino e quatro do sexo feminino,

12 adolescentes do sexo masculino e 22 do sexo feminino, as famílias caracterizam-

se segundo o plano pela situação de vulnerabilidade social e pessoal, histórico de

violência, baixa escolaridade, pobreza e uso de álcool e drogas.

As crianças são encaminhadas pelas autoridades da Infância. A instituição

detém a guarda provisória e excepcional das crianças adolescentes e jovens a ela

confiada. Sempre com a garantia de seus direitos básicos como: alimentação,

educação, saúde, lazer e o direito à convivência familiar e comunitária. A idade varia

de 0 a 18 anos e o tempo para permanência é analisado individualmente.

2.2 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Segundo o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de

Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, especialistas em

desenvolvimento humano são unânimes em destacar que o desenvolvimento

satisfatório da criança nos primeiros anos de vida aumentam as possibilidades dos

indivíduos enfrentarem e superarem condições adversas no futuro, o que

denominam de resiliência. Falam que a segurança e o afeto sentidos nos cuidados

dispensados, inclusive pelo acesso social aos serviços, bem como pelas primeiras

relações afetivas, contribuirão para a capacidade da criança de construir novos

vínculos; para o sentimento de segurança e confiança em si mesma, em relação ao

18

outro e ao meio; desenvolvendo autonomia e autoestima, controlando impulsos;

tolerando frustações e angústias, etc.

O Plano Nacional do Direito de Crianças e Adolescentes destaca que a

família tem papel essencial junto ao desenvolvimento da socialização da criança

pequena: é ela quem mediará sua relação com o mundo e poderá auxiliá-la a

respeitar e introjetar regras, limites e proibições necessárias à vida em sociedade. A

capacidade que a família tem para desempenhar suas responsabilidades esta

diretamente relacionada ao seu acesso aos direitos universais de saúde, educação e

demais direitos sociais.

O PNDCA cita que a Constituição Federal estabelece a família como a base

da sociedade (Art. 226) e que, portanto, compete a ela, juntamente com o Estado, a

sociedade em geral e as comunidades, "assegurar à criança e ao adolescente o

exercício de seus direitos fundamentais" (Art. 227). Dentre estes direitos

fundamentais da cidadania está o direito à convivência familiar e comunitária.

2.3 DADOS ESTATÍSTICOS

Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) – Santa Maria possui 276.108 habitantes, sendo que 31.527 são crianças

com idade entre 0 e 9 anos, 19.833 são pré-adolescentes entre 10 e 14 anos,

21.951 são adolescente entre 15 a 19 anos e destes, 25,16% vivem em incidência

da Pobreza, 15,16% estão no limite inferior da Incidência da Pobreza, 35,35% estão

no Limite superior da Incidência da Pobreza

O censo do IBGE de 2010 encontrou, no Brasil, 59 milhões de crianças e

adolescentes. Segundo a sua faixa etária, 24,7% tinham de 0 a 6 anos, 24,9%

tinham 7 a 14 anos e 12,9 % tinham de 15 a 18 anos.

Esta população mostra acentuadas diferenças regionais, étnicas e sociais. Do

total, 96 milhões são negras e pardas, 817 mil (0,4%) são indígenas; 2 milhões de

origem asiática e 91 milhões são brancas. Do total da Microrregião de Santa Maria,

87,70% vivem na área urbana e 12,29% na área rural destes, 81,19% de etnia negra

e parda vivem na área urbana já 18,80% vivem na área rural, do total da população

de etnia Asiática, 79,09 % vivem na área urbana e 20,91% na área rural e de etnia

Branca 87,37% vivem na área urbana e 12,63 % na área rural.

19

O Relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicado

em 2010 revelou que 38% dos adolescentes brasileiros viviam em situação de

pobreza, sendo a média da população em geral de 29%.

Segundo o relatório, em 2009 existiam 16.940 adolescentes cumprindo

medidas socioeducativas com restrição de liberdade. Entre 1998 e 2008, 81 mil

brasileiros entre 15 e 19 anos foram assassinados. Um em cada sete adolescentes

entre 15 e 17 anos está fora da escola.

O quadro atual de jovens em situação de acolhimento no Brasil, conforme

dados estatísticos do Conselho Nacional de Justiça, revelam que existia em 2014 no

Brasil, 6.797 crianças e adolescentes registrados no Cadastro Nacional de Adoção

em todo o Brasil, na Região Sul esse quantitativo representava 2.039 jovens, sendo

destes 997 somente no Rio Grande do Sul representando 14,67% do total de jovens

acolhidos. A faixa etária desses jovens consta da Tabela 2.

Tabela 2 - Cadastro Nacional de Adoção - Relatório de Dados Estatísticos

Faixa Etária

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Quant. 205 273 262 225 228 205 237 243 255 301 361 458 529 565 628 625 646 551

Fonte: CNJ (2016).

Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o tempo de

permanência máximo dessas crianças nos abrigos seria de dois anos. Mas na

Capital, o tempo é tão demorado que a criança passa pela infância e adolescência

nos abrigos e só saem ao completarem 18 anos.

Segundo o Plano Nacional do Direito de Crianças e Adolescentes (2013), a

criança e o adolescente como "sujeitos de direitos" traduz à palavra sujeito a criança

e o adolescente como indivíduos autônomos e íntegros, dotados de personalidade e

vontade próprias que, na sua relação com o adulto, não podem ser tratados como

seres passivos, subalternos ou meros "objetos", devendo participar das decisões

que lhes dizem respeito, sendo ouvidos e considerados em conformidade com suas

capacidades e grau de desenvolvimento.

Esses direitos são obrigatoriamente exercidos pela família, pela sociedade e

pelo Estado no sentido de proteger a criança e o adolescente propiciando condições

20

para seu pleno desenvolvimento, no seio de uma família, de uma comunidade, ou

prestar-lhes cuidados alternativos temporários.

O Plano Nacional do Direito de Crianças e Adolescentes (2013) destaca que o

desenvolvimento da criança, e mais tarde do adolescente, caracteriza-se por

intrincados processos biológicos, psicoafetivos, cognitivos e sociais que exigem do

ambiente que os cerca, do ponto de vista material e humano, uma série de

condições, respostas e contrapartidas para realizar-se a contento.

As crianças e adolescentes quando privadas de frequentar outros contextos

sociais quando colocadas precocemente diante dos desafios do amadurecimento

tem nesta pressão muitas vezes impacto negativo sobre seu desenvolvimento moral,

cognitivo e afetivo. À medida que avança a adolescência, aumentam as

preocupações do jovem com sua inserção no mundo do trabalho e a entrada na vida

adulta.

Acreditamos que essa realidade possa ser modificada e que, proporcionar a

esses adolescentes práticas alternativas de aprendizagem técnico-profissionalizante

possa auxiliar em seu desenvolvimento profissional e cidadão.

2.4 GEOPROCESSAMENTO

Segundo Câmara (2001, p. 1), “o termo geoprocessamento denota uma

disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para

o tratamento de informações geográficas”. Esta tecnologia tem influenciado de

maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais,

Transportes, Comunicações, Energia, Planejamento Urbano e Regional, além de

possuir grande potencial para usos educacionais. Em países de grandes dimensões

e com carência de informações adequadas para a tomada de decisões sobre

problemas ambientais, o geoprocessamento apresenta um enorme potencial para

aquisição do conhecimento local baseado em tecnologias de custo relativamente

baixo (CÂMARA; MEDEIROS, 1998). Os autores relataram que os instrumentos

computacionais do geoprocessamento, chamados de Sistemas de Informações

Geográficas, permitem a realização de análises complexas ao integrar dados de

diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados. Escreveram ainda

que o objetivo principal do geoprocessamento é fornecer ferramentas

computacionais para que os diferentes analistas determinem a evolução espacial e

21

temporal de um fenômeno geográfico e as inter-relações entre diferentes

fenômenos.

Para Spanhol et al. (1999) geoprocessamento é a tecnologia que abrange o

conjunto de procedimentos de entrada, manipulação, armazenamento, análise e

saída de dados espacialmente referenciados. Podendo ainda ser definido segundo

Rodrigues (1990) como sendo o conjunto de tecnologias de coleta e tratamento de

informações espaciais e de desenvolvimento e uso de sistemas que a utilizam.

Dainese (2001) afirmou que o geoprocessamento é uma tecnologia

trandisciplinar que, através da axiomática da localização e do processamento de

dados geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, programas, processos,

entidades, dados, metodologias, e pessoas para coleta, tratamento, análise e

apresentação de informações associadas a mapas digitais georreferenciados.

O geoprocessamento é formado por diferentes ciências. Entre elas destaca-

se a informática, a qual faz a integração de todas as outras. Sem a informática seria

impossível trabalharmos com geoprocessamento. Pois são os computadores e os

aplicativos neles instalados que permitem operar os grandes volumes de dados.

Além disso, os computadores conseguem trabalhar de forma muito mais ampla e

rápida as tomadas de decisões. Os aplicativos do geoprocessamento podem

transformar dados e armazenar eles de diferentes formas, e formatos.

Um dos componentes mais importantes do geoprocessamento é a cartografia,

pois ela é a essência da representação do espaço geográfico, além de ser uma fonte

de informação importantíssima.

Para Câmara (2001, p. 3) a introdução do Geoprocessamento no Brasil inicia-

se a partir do esforço de divulgação e formação de pessoal feito pelo professor

Jorge Xavier da Silva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no início

dos anos 1980. A vinda ao Brasil, em 1982, do Dr. Roger Tomlinson, responsável

pela criação do primeiro SIG (o Canadian Geographical Information System),

incentivou o aparecimento de vários grupos interessados em desenvolver tecnologia,

entre os quais podemos citar: UFRJ: O grupo do Laboratório de Geoprocessamento

do Departamento de Geografia da UFRJ, sob a orientação do professor Jorge

Xavier, desenvolveu o SAGA (Sistema de Análise Geo-Ambiental). O SAGA tem seu

forte na capacidade de análise geográfica e vem sendo utilizado com sucesso com

veículo de estudos e pesquisas.

22

Após o surgimento do Google Maps, do Google Earth e uma verdadeira w

grandiosa revolução está acontecendo. Pessoas que não tinham qualquer contato

com ferramentas SIG, hoje podem ter acesso à qualquer parte do planeta por meio

de aplicações que misturam imagens de satélite, modelos 3D e GPS. Montadoras já

fabricam carros com sistemas de rastreamento por satélite. A cada dia fica mais

comum estar em contato com o Geoprocessamento, mesmo que não saibamos que

ele está de alguma forma sendo usado.

2.5 CARTOGRAFIA

A cartografia escolar é necessária para que o aluno compreenda a relação

existente entre espaço e tempo e saiba, a partir de então, interpretar um mapa e

atributos contidos nele. Para Passini (1994, p. 64), “a educação cartográfica ou

alfabetização para a leitura de mapas deve ser considerada tão importante quanto a

alfabetização para a leitura da escrita. Essa educação cartográfica significa preparar

o aluno para fazer e ler mapas.” A autora acrescenta que o processo de leitura

cartográfica nada mais é do que a compreensão da linguagem cartográfica,

decodificando os significantes através da legenda, utilizando cálculos para a

reversão da escala, chegando às medidas reais do espaço projetado e à informação

do espaço representado, através da sua visualização.

Passini (1994, p. 11) afirma que “é na escola que deve ocorrer à

aprendizagem espacial voltada para a compreensão das formas pelas quais a

sociedade organiza seu espaço o que só será plenamente possível com o uso de

representações formais (ou convencionais) desse espaço”.

2.5.1 Google Earth

O Google Earth é uma importante ferramenta no auxilio do ensino e da

aprendizagem do Geoprocessamento, pois ele proporciona aos alunos maiores

interações com os problemas ambientais e dinâmicas presentes no mundo. O

Google Earth é um programa desenvolvido como um gerador de imagens orbitais e

mapas, funcionando como um simulador de inúmeras paisagens presentes em todo

planeta. Com isso, é possível identificar diversas dinâmicas do globo terrestre, visitar

lugares, construções, cidades, paisagens, entre outros elementos. Tal tecnologia é

23

importante para visualização de áreas inacessíveis, confirmação de uma certa área

e um reconhecimento da área antes de uma aula a campo. Para o

Geoprocessamento como disciplina, torna-se necessário a existência de um grande

número de possibilidades de utilização destes recursos tecnológicos.

Assim, é possível proporcionar aos estudantes a visualização e aproximação

de realidades distantes de seu espaço de vivência por meio da utilização do Google

Earth, ao passo que o espaço pode ser compreendido em diferentes escalas

geográficas, fato relevante para a noção de espaço.

O Google Earth é um aplicativo muito utilizado na atualidade. Ele é uma

plataforma onde se exerce a visualização geográfica e cartográfica, nos é permitido

uma visualização de imagens de satélite que podem ser compostas por informações

dos limites políticos, físicos, sociais e ambientais através da simbologia cartográfica

(como áreas, pontos e linhas). Especificamente, sobre a visualização geográfica,

Ramos e Gerardi (2002) descrevem que ela fornece ao usuário de mapas a

possibilidade de explorar informações, estabelecer análises e, dessa forma, obter

um conhecimento. Contudo, na sala de aula, por exemplo

2.6 SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL (GPS)

GPS, ou Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global), foi

criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e tem como função

primordial identificar a localização de um receptor, na superfície terrestre, que capte

sinais emitidos por satélites. Trata-se de um sistema de posicionamento geográfico

que nos dá as coordenadas de determinado lugar na Terra.

O GPS é considerado, atualmente, a mais moderna e precisa forma de

determinação da posição de um ponto na superfície terrestre.

Atualmente, o uso do GPS está em diversas áreas da atividade humana. O

GPS é útil em praticamente todas as situações e profissões em que seja necessário

obter uma localização precisa, como trabalhos de exploração, extração e expedições

dentro de matas ou cavernas.

Uma das aplicações mais exploradas para usuários comuns é a utilização do

sistema em automóveis. Ele é utilizado com mapas das cidades e locais em que o

motorista estará trafegando, o que permite traçar percursos e rotas com facilidade.

24

A tecnologia do sistema GPS também é muito utilizada no

Geoprocessamento. Suas principais características estão no armazenamento de

pontos em sua memória, através de coordenadas tridimensionais X, Y, e Z. Paz e

Cugnasca (1997) também afirmam que os pontos plotados na memória podem ser

combinados formando rotas que, quando ativadas, permitem que o receptor analise

os dados e informe, por exemplo: tempo, horário provável de chegada e distância

até o próximo ponto; tempo, horário provável de chegada e distância até o destino;

horário de nascer e do por do sol; rumo que você deve manter para chegar ao

próximo ponto de sua rota.

Qualquer pessoa que queira saber sua posição, encontrar seu caminho para

determinado local (ou de volta ao ponto de partida), conhecer a velocidade e direção

de seu deslocamento pode se beneficiar com o sistema. Portanto, o adolescente tem

tanto fascínio pelas novas tecnologias, isso torna mais fácil a compreensão do

sistema por parte dos alunos.

A sociedade atualmente necessita de cidadãos mais críticos, futuros

profissionais que sejam capazes de lidar com as tecnologias e dificuldades do dia-

dia, as quais são necessárias à sua inserção social. O geoprocessamento é uma

ferramenta fundamental e indispensável, sendo um instrumento de apoio,

favorecendo assim, ao ensino e dinamismo das tecnologias que circundam o

cotidiano da vida profissional.

Diante disso, desenvolvemos uma metodologia de ensino e aprendizagem

que recorre às técnicas de geoprocessamento nas aulas e atividades como o

treinamento e aprimoramento profissional, visando possibilitar o domínio de

ferramentas tecnológicas pelos alunos em situação de acolhimento institucional,

debatendo não apenas a importância da tecnologia, mas as diversas formas de

aplicação.

A disseminação da utilização do geoprocessamento em sala de aula; a

utilização da cartografia, do Sistema de Posicionamento Global (GPS), da

Fotointerpretação, Cartografia, e do Google Earth, como suporte na prática

metodológica; trabalhando com fotografias aéreas, GPS de navegação, imagens de

satélites, mapas digitais e analógicos.

Diversas tecnologias de geoprocessamento podem ser utilizadas em sala de

aula para a profissionalização de jovens, visando um melhor aprendizado do aluno.

25

O domínio dessas tecnologias é um processo de construção de conhecimentos que

favorecem a leitura de adversidades encontradas no dia-dia.

Temos também o sensoriamento remoto, ressaltado pelos PCN como das

maiorias dos recursos educacionais, pela possibilidade de se extraírem informações

multidisciplinares, uma vez que os dados contidos em uma única imagem podem ser

utilizados para vários fins (FLORENZANO, 2002).

Esses conhecimentos são importantes e atrativos para adolescentes do

ensino fundamental e médio. As geotecnologias se tornaram necessárias com a

disseminação de informações geocartográficas em aparelhos celulares,

computadores e internet. Atualmente crianças de 5 anos já conseguem estabelecer

relações entre espaço, tempo e localização utilizando aplicativos básicos nos

celulares. Os adolescentes do projeto não possuem uma formação escolar regular

mas, são criativos, atentos e muito inteligentes, sendo desafiados a entender uma

profissão complexa que envolve conhecimentos de matemática, física, geografia e

outras áreas afins com o geoprocessamento.

Esse desafio tornou o aprendizado atrativo para eles que descobriram

relações entre espaço, lugar e tempo, antes desconhecidas por todos eles.

A falta de continuidade no ensino regular dificulta a permanência desses

adolescentes na escola, as atividades do projeto permitiram então o conhecimento

teórico e prático básico para inserir os alunos no mundo da cartografia. O uso de

ferramentas de geoprocessamento permitiu a rápida compreensão de toda essa

dinâmica geocartográfica.

Tens que falar um pouco do projeto, das inserções das atividades de ensino

de cartografia, GPS, Google Earth para jovens com dificuldades de aprendizagem, o

desafio foi justamente esse, passar informações sobre geotecnologias para

adolescentes sem formação básica.

26

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

A primeira etapa foi um encontro com as instituições participantes para

informar a proposta do Projeto de Extensão Adote Ação Politécnico, explicando-se

de forma detalhada os critérios de inclusão e exclusão, as informações que eram

necessárias para a participação do adolescente, a infraestrutura disponibilizada pelo

Colégio Politécnico da UFSM, a logística de atendimento e o tempo de realização de

cada ação/objetivo específico do projeto.

No segundo momento foram previamente agendadas palestras iniciais com as

instituições e os adolescentes, sobre as áreas de atuação profissional, o período de

aprendizagem, o tempo e o desenvolvimento das práticas alternativas de

aprendizagem profissionalizante para os próximos dois anos. Essa atividade teve

como característica o reconhecimento e a informação sobre cada área de atuação

técnico/tecnológica para que conheçam o Colégio, a Equipe integrante do projeto e

as possibilidades de aprendizagem profissional que lhes será disponibilizada, uma

dessas possibilidades de aprendizagem pode ser observada no Apêndice A.

3.1.1 Critérios de Inclusão

Adolescentes em situação de acolhimento classificados segundo o parâmetro

de faixa etária como adolescente jovem de 14 a 18 anos que tiveram seus direitos

ameaçados ou violados, com risco de integridade física ou psicológica.

3.1.2 Critérios de Exclusão

Adolescentes com idade inferior a 14 anos e superior a 21 anos que não

passaram por período de acolhimento. E as instituições que não aceitarem participar

do projeto.

27

3.2 LOCALIZAÇÃO E INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

3.2.1 Instituição Beneficente Lar de Miriam e Mãe Celita

Atende crianças e adolescentes no regime de proteção especial –

Acolhimento Institucional (Figura 3).

Fundada em 12 de agosto de 1961, localiza-se na Avenida Maurício Sirotisk

Sobrinho Nº 51, Bairro Patronato, CEP: 97020-440. O objetivo da instituição é

acolher crianças do sexo feminino de zero a 12 anos e meninos de 0 a 6 anos em

situação de risco social e pessoal, conforme o previsto nos capítulos I, II, III e IC do

ECA.

O acolhimento é realizado em duas etapas e após é realizado um estudo

psicossocial referente à dinâmica familiar realizado pela equipe interdisciplinar da

unidade de acolhimento (Assistente Social e Psicóloga). Quando ocorre o

desligamento/desacolhimento com o retorno à família de origem, a Equipe Técnica

acompanha, por mais seis meses, o processo de pós-desacolhimento e se

esgotadas todas as possibilidades de reinserção familiar da criança em sua família

de origem ou ampliada, inicia-se o encaminhamento destes à família substituta –

adoção.

3.2.2 Aldeias Infantis SOS

É uma organização não governamental sem fins lucrativos, de promoção ao

desenvolvimento social que trabalha desde 1949, na defesa, garantia e promoção

dos direitos de crianças, adolescentes e jovens.

Esta localizada em Santa Maria (Figura 3), as Aldeias Infantis SOS surgiu em

1978-1979, começando a acolher crianças e adolescentes a partir de 1980.

Atualmente o Programa de acolhimento Institucional das Aldeias Infantis SOS-Santa

Maria/RS está com três casa em funcionamento com 26 crianças e adolescentes

acolhidas.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) – Santa Maria possui 276.108 habitantes, sendo que 31.527 são crianças

com idade entre 0 e 9 anos, 19.833 são pré-adolescentes entre 10 e 14 anos,

21.951 são adolescente entre 15 a 19 anos e destes, 25,16% vivem em incidência

28

da Pobreza, 15,16% estão no limite inferior da Incidência da Pobreza, 35,35% estão

no Limite superior da Incidência da Pobreza.

Uma parcela significativa da população jovem da Região Central vive em

condições precárias o que só aumenta os índices do desemprego, do trabalho

informal e da marginalidade que na maioria das vezes é resultado da história de vida

desses jovens. O aumento da criminalidade, o desemprego, a falta de

acompanhamento familiar, e a facilidade em ingressar no mundo das drogas e da

criminalidade são fatores de risco devido à fragilidade social e econômica as quais

esses jovens se encontram.

Figura 3 – Mapa de localização das Instituições de Acolhimento.

Fonte: do autor.

29

3.3 FASES DO PROJETO

O projeto foi basicamente organizado em técnicas alternativas de

aprendizagem, contendo muitas práticas e maneiras alternativas de demonstrar as

teorias, conforme dificuldade apresentada pelos alunos.

Figura 4 - Organograma das Fases do Projeto

Fonte: do autor.

ETAPA 1

•Elaboração do projeto

•Critérios de inserção e exclusão

•Apresentação das atividades e dos instrutores de curso.

•Atividades teóricas

•Demonstrações dos processos teóricos

ETAPA 2

•Cartografia

•Topografia

•Sensoriamento Remoto

•GPS

•Google Earth

•Software

•Fruticultura,

•Alimentos

•Agroindústria

•Paisagismo

ETAPA 3 •Desenvolvimento de atividades práticas

•Inserção no mercado de trabalho

30

3.4 METODOS

O ensino de Geoprocessamento é inserido como ferramenta de

profissionalização, no projeto ADOTE AÇÃO POLITÉCNICO.

As técnicas e conceitos demonstrados aos jovens participantes do projeto são

de extrema importância na construção do conhecimento que está sendo transmitido

a eles;

O primeiro procedimento foi apresentação de alguns Software e equipamentos

topográficos disponíveis no Colégio Politécnico da UFSM, como o software Quantum

Gis e ArcGis e equipamentos topográficos como Nível Eletrônico, Real Time

Kinematic (RTK), Teodolito, Garmin Etrex, Estação Total, etc.

3.4.1 Apresentação do Geoprocessamento aos alunos

Para familiarizar os alunos com o geoprocessamento elaboramos uma aula

que despertou neles a importância do geoprocessamento, mostramos algumas

técnicas e utilizações relacionadas ao seu cotidiano, como as de planejamento

urbano, uso e a importância do GPS, mapeamentos ambientais, etc. Foram

abordadas também como essas geotecnologias estão presentes no dia-dia de todas

as pessoas. Para facilitar o entendimento dos alunos, foram apresentados

resultados de trabalhos já realizados com o uso das técnicas de geoprocessamento

e visitas a campo, com o objetivo de concretizar a teoria ministrada em sala de aula

(Figura 6).

31

Figura 5 – Aula prática – Visita a campo em Silveira Martins.

Fonte: do autor.

3.4.2 Cartografia e o ensino do Geoprocessamento

Foi elaborada uma análise dos conhecimentos básicos dos alunos e foi

construído um plano de aula para fixar conceitos como de orientação, localização e

representação no espaço geográfico. Para ilustrar esses assuntos ministramos aulas

nas quais os alunos trabalharam com a cartografia a fim de conhecer as seguintes

noções básicas:

• O que é a cartografia?

• Para que e como ela é usada?

• Quais são os pontos cardeais e colaterais?

• O que é a rosa-dos-ventos?

• Como utilizar uma bússola?

• Como se localizar em um lugar qualquer do globo? (utilização das

coordenadas geográficas, paralelos e meridianos, linhas de latitude e longitude).

32

• O que são mapas, plantas (forma bidimensional) e maquetes (forma

tridimensional)?

• O que é uma escala?

Como suporte para identificação dos objetivos acima, os conteúdos foram

organizados e lecionados em seis aulas teóricas e práticas, como descrevemos na

Quadro 1.

Quadro 1 - Divisão das aulas teóricas e práticas

GEOPROCESSAMENTO

Objetivo: Análise dos conhecimentos básicos dos alunos; Conceituar orientação, localização e representação no espaço geográfico.

Procedimentos: Aulas teórico práticas Duração: 6 encontros

Conteúdos: Noções de Cartografia. Uso da Cartografia. Pontos Cardeais e Colaterais. Rosa dos ventos. Utilização da bússola. Formas de localização no globo terrestre. Sistema de Coordenadas Geográficas. Sistemas de Projeção Cartográfica. Conceitos e usos: mapas, plantas, 2 D e 3 D. Escalas.

Recursos: Cartas, mapas, globo, equipamentos e ferramentas de geoprocessamento. Google Earth.

Avaliação: A avaliação foi aplicada através de questionário elaborado com os conteúdos trabalhado buscando perceber as dificuldades dos alunos.

Relatos

Aula 1 - Evolução da cartografia: Foi debatido os conteúdos referentes à teoria da cartografia, desde seu surgimento com a construção dos primeiros mapas, e sua evolução com a utilização de meios modernos, como as fotografias aéreas, o sensoriamento remoto por satélite e o uso de recursos dos computadores para a construção dos mapas atuais. Aula 2 - Definições e instrumentos da cartografia: já na segunda aula abordamos os temas sobre orientação, instrumentos de localização espacial, polos geográficos da Terra, direções de orientação como: os pontos cardeais e colaterais. Mostrar a importância da bússola e de sua utilização como um meio de localização fundamental desde o seu surgimento (navegação) até os dias atuais. Aula 3 - Debater a importância das coordenadas geográficas na localização exata de um ponto qualquer na superfície terrestre, trabalhar as definições de paralelos, meridianos, latitude e longitude.

33

Aula 4 – Trabalhando localização com o Google Earth: Mostrar a importância de saber se localizar no espaço. Orientações sobre o uso do programa Google Earth.Atividade prática: Mostrar o Google Earth e exercer a visualização geográfica e cartográfica, identificando diversos elementos da paisagem, retomar conceitos de escala, paisagem, lugar, localização e coordenadas. Aula 5 – Lugar, espaço e sociedade – conceitos: discutir com os alunos os conteúdos referentes à categoria lugar, a transformação do espaço pela sociedade e os diferentes tipos de paisagens. Aula 6 - Cartografia aplicada: Mostrar a importância referente aos mapas, suas diferenças e utilizações; Mostrar os diferentes tipos de mapas, apresentar dois tipos, em papel (em meio analógico), e em meio digital. Atividade prática: Marcar pontos no Google Earth, Salvar imagens, mudar escalas, importar e exportar KML.

Fonte: do autor.

Ao trabalhar cartografia no ensino do Geoprocessamento utilizando os dois

tipos de mapas um dos objetivos da aula era mostrar para os alunos que os mapas

que se encontram em meio convencionais podem ser estudados tanto quanto os em

meio digital.

Com os mapas analógicos utilizados, os alunos foram instigados a interpretar

e identificar a distribuição e localização dos estados brasileiros, dos países da

América do Sul e dos continentes.

Com o mapa em meio digital, os alunos visualizaram de forma dinâmica, em

diferentes escalas, o território da cidade de Santa Maria, o estado do Rio Grande do

Sul, identificando suas paisagens, a população de diversas cidades do estado, suas

bacias hidrográficas, rios, açudes, rodovias, etc.

3.4.3 GPS aplicado ao Geoprocessamento

A localização espacial é trabalhada como assunto importante, para se

aprofundar nesse assunto, elaboramos duas aulas, uma teórica e prática e uma aula

de campo, organizadas segunda tabela abaixo (Tabela 4).

34

Quadro 2 - Organização das atividades de GPS

GPS

Objetivo: Localização e representação de objetos no espaço geográfico.

Procedimentos: Aulas teórico práticas Duração: 2 encontros

Conteúdos: O que é a Posicionamento? O que é GPS? Como funciona e os tipos. Qual a utilidade?

Recursos: Cartas, mapas, globo, equipamentos e ferramentas de geoprocessamento. Google Earth.

Avaliação: A avaliação será aplicada através de questionário elaborado com os conteúdos trabalhado buscando perceber as dificuldades dos alunos.

Relatos

Aula 1 - GPS aplicado ao Geoprocessamento: Conceitos sobre GPS. Explicar como funciona o Sistema de Posicionamento Global e a utilidade. Atividade prática: localização através do sistema de coordenadas geográficas, identificação de latitude, longitude e altitude no GPS, pegar pontos, salvar e excluir. Aula 2 - GPS aplicado ao Geoprocessamento: Descarregar os pontos capturados na aula anterior, abrir no Google Earth e visualização dos pontos e da área. Exportar o KML e fazer uma visualização no Google Earth;

Fonte: do autor.

3.4.4 Fotointerpretação e Geoprocessamento

Baseado no conteúdo programado, sugerimos que os alunos explorassem as

fotografias aéreas, buscando identificar e relacionar elementos importantes

presentes na paisagem. Para trabalhar com esses assuntos, elaboramos três aulas

teóricas e duas práticas organizadas segundo a tabela abaixo (Quadro 3).

Quadro 3 - Organização das atividades de Fotointerpretação

FOTOINTERPRETAÇÃO

Objetivo: Explorar fotografias aéreas para identificar elementos da paisagem

Procedimentos: Aulas teórico práticas Duração: 3 encontros

Conteúdos: O que é Fotointerpretação? Fotos aéreas. Mostrar estereoscópio e 3D. Demonstrar sua utilidade e obtenção.

35

Recursos: Cartas, mapas, globo, equipamentos e ferramentas de geoprocessamento. Google Earth.

Avaliação: A avaliação será aplicada através de questionário elaborado com os conteúdos trabalhado buscando perceber as dificuldades dos alunos.

Relatos

Aula 1 – Debate sobre paisagem: Fazer um debate discutindo o conceito de paisagem, exemplificando e relatando as paisagens encontradas no caminho dos lares até a UFSM (mostrando pelo Google Earth), como outras áreas com a paisagem diferente. Aula 2 – Definições e aplicações da fotointerpretação: Falar sobre fotointerpretação, o que representa a fotografia aérea. Mostrar tipos de texturas e formas encontradas nas fotografias aéreas. Atividade prática: Debater sobre a obtenção das fotografias aéreas e como se forma o 3D no par estereoscópico. Fazer a prática no estereoscópio, ensinar ajustar as fotos e delimitar uma bacia. Aula 3 – Debater e explicar sobre imagens de satélites e como é sua obtenção. Falar sobre os diferentes sensores, as resoluções.

Fonte: do autor.

3.4.5 Google earth como ferramenta de aprendizagem no Geoprocessamento

Além dos assuntos sobre orientação, localização, representação no espaço

geográfico e os diferentes tipos de paisagem, o ensino de profissionalização dos

jovens contempla conceitos como: lugar, espaço e sociedade, e o estudo sobre o

globo. Para abordar esses assuntos ministramos duas aulas, divididas em aulas

práticas e teóricas, utilizando o Google Earth como ferramenta de aprendizagem. As

atividades foram dividas e organizadas segundo a tabela abaixo (Quadro 4).

Quadro 4 - Organização das atividades do Google Earth

GOOGLE EARTH

Objetivo: Explorar a ferramenta para trabalhar conceitos de lugar, espaço, sociedade e globo terrestre.

Procedimentos: Aulas teórico práticas Duração: 2 encontros

Conteúdos: Lugar. Espaço. Sociedade. Relações.

Recursos: Cartas, mapas, globo, equipamentos e ferramentas de geoprocessamento. Google Earth.

36

Avaliação: A avaliação será aplicada através de questionário elaborado com os conteúdos trabalhado buscando perceber as dificuldades dos alunos.

Relatos

Aula 1 - Lugar, espaço e sociedade – conceitos: na primeira aula foram discutidos com os alunos os conteúdos sobre lugar, a transformação do espaço pela sociedade e os diferentes tipos de paisagens. Na aula foi valorizado e levado em consideração o saber trazido pelo aluno considerando o processo de ensino-aprendizagem.

Aula 2 – Trabalhando localização com o Google Earth: Na segunda aula foram dadas orientações mais específicas sobre o uso do programa Google Earth. Os alunos acessaram o programa e exerceram a visualização geográfica e cartográfica, identificando diversos elementos explicados na aula teórica. Foram explorados também conteúdos trabalhados em aulas anteriores como: localização, orientação e escala, implicações ambientais. Na primeira parte da aula trabalhamos em escala local. Orientamos os alunos a identificar as paisagens, os aspectos naturais e aqueles que já sofreram a ação antrópica, presentes no município. Orientamos também os alunos a visualizarem em três dimensões (3D), encontrando casas e edifícios, identificando a urbanização de cidade.

Fonte: do autor.

37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O projeto iniciou após reuniões com a Juíza da Infância e da Juventude da

Comarca de Santa Maria que, autorizou a participação dos menores na faixa etária

de 15 a 18 anos, a participarem do projeto.

Neste primeiro semestre do projeto não houve capacitação das equipes sobre

temáticas específicas como drogas licitas e ilícitas, comportamento de usuários,

técnicas de abordagem e apoio aos adolescentes. Capacitações importantes para o

melhor enfrentamento de situações que possam aparecer e prejudicar as atividades

de aprendizagem durante as oficinas e cursos.

Para o próximo ano serão estabelecidas metas em conjunto com a equipe

para que possamos repensar algumas atividades propostas e inserir outras

necessárias para a formação profissional desses adolescentes.

A cada aula teórica ministrada aos adolescentes, foram elaboras aulas

práticas para o manuseio de equipamentos e a utilização de técnicas diferencias,

unindo a prática e a teoria. Na primeira aula prática revisamos a teoria e aplicamos a

a campo, na montagem dos equipamentos de topografia, Figura 7 e 8.

Figura 6 – Montagem e nivelamento de equipamentos topográficos

Fonte: do autor.

38

Figura 7 - Montagem e nivelamento de equipamentos topográficos

Fonte: do autor.

Figura 8 – Aula prática de fotointerpretação

Fonte: do autor.

39

A seguir, realizamos uma atividade prática (dia, hora, local da atividade),

planejada, utilizando receptores GPS de navegação Garmin Etrex 20. Inicialmente

coletamos e armazenamos as coordenadas geográficas de pontos (latitude e

longitude) na orla do planetário, próximo ao Politécnico da UFSM. Formamos grupos

entre os alunos, em que cada grupo tinha que pegar os pontos no GPS para

descarregar os mesmos e fazer a plotagem no Google Earth e assim fazer cálculos

de perímetro e área (Figura 10).

Figura 9 - Pontos espacializados, poligonal fechada para cálculo de área

Fonte: Google Earth, (2016); Pontos de Campo coletados com GPS de Navegação Garmim.

Após termos coletados os pontos, abrimos o Google Earth e coletamos os

mesmos pontos nos quais havíamos coletado no Garmin EtreX 20.

Após os alunos marcarem os pontos no Google Earth abrimos o Earth Points

(Figura 10) Shape disponível em http://www.earthpoint.us/Shapes.aspx. Copiamos e

colamos do Google Earth o polígono da área no Earth Points, ajustamos as

coordenadas e escolhemos as unidades de medida da área.

40

Figura 10 - Cálculo de Área no Earth Points

Fonte: Earth Points, (2016); Poligonal para cálculo de área

Após fazer essa etapa geramos um novo KML para ser plotado no Google

Earth com o tamanho da área. O perímetro foi medido no próprio Google Earth

(Figura 12) e discutido os resultados com os alunos, lembrando a aplicação dessas

ferramentas na área de geoprocessamento.

41

Figura 11 - Cálculo de Área no Earth Points

Fonte: Earth Points, (2016); Poligonal para cálculo de área

Com a utilização do GPS e do Google Earth nas aulas de Geoprocessamento

os alunos conheceram um novo instrumento de se localizar no espaço de forma

diferenciada, precisa e dinâmica, permitindo localizar coordenadas armazenas

localização, criar rotas, armazenar pontos, medir áreas, perímetros, altitudes e

encontrar locais por eles frequentados na cidade.

Para a realização do exercício prático de análise de com fotografias aéreas,

foram distribuídos entre os alunos cópias de fotografias aéreas de alguns bairros do

município de Santa Maria, disponibilizadas pelo Curso de Graduação de Tecnologia

42

em Geoprocessamento da Universidade Federal de Santa Maria. Os alunos

enfrentaram inicialmente certa dificuldade para visualização estereoscópica.

O desenvolvimento das aulas preparadas com a utilização de recursos na

área de geotecnologias para a profissionalização dos adolescentes s não se limitou

a uma mera transferência de informações, tratando de procedimentos apenas para à

divulgação de suas características e potencialidades, mas acima de tudo

proporcionar a reflexão sobre o uso dessas técnicas e tecnologias e suas relações

com a vida cotidiana desses adolescentes e com conteúdos curriculares adaptados,

visando à construção do conhecimento para que possa ser aplicado no dia-dia

profissional desses adolescentes.

43

5 CONCLUSÃO

A aplicação do Geoprocessamento nas aulas de profissionalização dos jovens

foi um desafio, pois essa tecnologia traz uma maneira diferente de interpretar os

dados, criando um choque cultural no próprio ambiente de aprendizagem.

Contudo, alguns alunos tem o privilegio de aprender de maneira mais prática

e fácil, o Colégio Politécnico possui boa infraestrutura, aplicativos atualizados,

muitos recursos que ajudam na criação de um cidadão consciente de suas

possibilidades e crítico quanto aos aspectos de qualidade de ensino gratuito.

Enquanto a maioria dos adolescentes e crianças do Brasil se quer tem contado com

computadores e participam ainda de uma aprendizagem tradicional e que não se

mostra muito eficiente e atrativa com poucas aulas práticas, no Politécnico esses

adolescentes tiveram contato com recursos modernos e adequados a sua

aprendizagem nas oficinas de extensão universitária.

O uso dessas técnicas em sala de aula é um avanço importante na formação

critica e profissional desses adolescentes. À adoção destes recursos contribui com

aulas mais diversificadas e atrativas e o aluno se sente motivado em estudar e se

profissionalizar nas áreas afins do Geoprocessamento.

Esses procedimentos podem ser adotados em outros cursos

profissionalizantes, demonstrando que as práticas alternativas de aprendizagem

técnico-profissionalizante são muito eficazes na área de Geoprocessamento e são

bem aceitas pelos adolescentes.

O estágio no Departamento de Engenharia Rural se mostrou de grande valor,

pois nele não só foi possível pôr em prática os conhecimentos ensinados durante o

curso, como também possibilitou novos aprendizados, novas experiências e contato

direto com uma realidade totalmente diferente da vivenciada nesses quatro anos de

graduação.

Os conhecimentos teóricos aprendidos durante o curso foram suficientes e de

extrema importância durante o tempo de estágio, pois o conteúdo para os jovens foi

transmitido e a maioria deles compreendeu o que foi ensinado.

A realização das aulas ministradas para o projeto Adote Ação Politécnico foi

concluída com sucesso, também, as aulas a campo tiveram grande valia na

demonstração das principais atividades do Geoprocessamento, como a topografia,

GPS, geocartografia. Não foi possível aprofundar-se muito em conceitos do curso

44

pela baixa escolaridade dos alunos do projeto, porém eles tiveram um grande

aproveitamento nos conteúdos transmitidos de maneiras alternativas e atrativas para

os adolescentes.

Não foi apenas transmitido conhecimento para os jovens, mas absorvido

muito com a vivência e a bagagem que eles trouxeram, uma realidade muito

desconhecida pela maioria das pessoas, a realidade das instituições de

acolhimentos..

Uma parcela significativa da população jovem da Região Central vive em

condições precárias o que só aumenta os índices do desemprego, do trabalho

informal e da marginalidade que na maioria das vezes é resultado da história de vida

desses jovens. O aumento da criminalidade, o desemprego, a falta de

acompanhamento familiar, e a facilidade em ingressar no mundo das drogas e da

criminalidade são fatores de risco devido à fragilidade social e econômica as quais

esses jovens se encontram.

Filhos de famílias com o mesmo histórico de situação de risco, abandono e

vivendo à margem da sociedade, estes não têm oportunidade de priorizar os

estudos, são seduzidos pelo caminho da criminalidade entrando em uma realidade

cruel muitas vezes sem volta.

A diferença para esses adolescentes é a falta de condições econômicas

favoráveis, falta de estrutura familiar e o desinteresse pela escola, o que provoca o

desconhecimento de oportunidades importantes que poderiam garantir sua

colocação no mercado de trabalho e uma pró-atividade com perspectivas favoráveis

à sua profissionalização e formação cidadã.

Esses adolescentes, participantes do processo de aprendizagem e

profissionalização Adote Ação Politécnico, estarão ao final do projeto, aptos a

preencher os requisitos exigidos pelo mercado de trabalho nas áreas de

profissionalização do projeto.

Concluindo, o prazer em trabalhar no projeto ao longo do estágio é

imensurável, maravilhosa a experiência de poder transmitir uma parte ao menos do

conhecimento que os mestres transmitem ao longo da formação profissional.

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APÊNDICE A - PLANO DE TRABALHO