viabilidade econômica para a ... - clube da irrigação · viabilidade econômica para a...

87
Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação de viabilidade econômica do sistema de irrigação tipo pivô central na propriedade representativa de Cruz Alta/RS.

Upload: others

Post on 31-Oct-2019

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos

em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação de viabilidade econômica do sistema de irrigação tipo pivô central na propriedade representativa de Cruz Alta/RS.

Page 2: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

Viabilidade econômica para a introdução do sistema de

irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS

PIRACICABA

2013

Page 3: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” – ESALQ

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA – DEAS

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA – CEPEA

Coordenação:

Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros (Cepea/Esalq)

Responsável técnico:

Mauro Osaki (Cepea/Esalq)

Lucilio Rogerio Aparecido Alves (Cepea/Esalq)

Equipe Cepea:

Andreia Cristina de Oliveira Adami

Fabio Francisco de Lima

Renato Garcia Ribeiro

Victor Yoiti Ikeda

CEPEA. Relatório da safra 2012/13: Grãos – Cruz Alta/RS. Piracicaba:

Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz De Queiroz” – ESALQ,

Departamento de Economia, Administração e Sociologia, Centro de Estudos Avançados em

Economia Aplicada. 2013. 84p. Relatório técnico apresentado ao Serviço Nacional de

Aprendizagem Rural – SENAR/RS.

Page 4: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

i

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... iii

LISTA DE SIGLAS ................................................................................................. vii

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8

2 MÉTODOS DE CAPTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ....................................... 10

2.1 A técnica de levantamento de dados por painéis ....................................... 10

2.2 Descrição da estrutura e composição de custo de produção ....................... 12

2.2.1 Método de apuração de custo de produção .......................................... 13

2.3 Análise de investimentos ........................................................................ 18

2.3.1 Valor Presente Líquido – VPL .............................................................. 19

2.3.2 Tempo de Recuperação de Capital – Payback ...................................... 20

2.3.3 Taxa Interna de Retorno – TIR ........................................................... 21

2.3.4 Método Monte Carlo .......................................................................... 22

3 PANORAMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO RIO GRANDE DO SUL .................. 23

3.1 SOJA: Brasil e Rio Grande do Sul ............................................................. 23

3.2 MILHO: Panorama no Brasil e Rio Grande do Sul ...................................... 26

3.3 TRIGO: Panorama do Brasil e Rio Grande do Sul....................................... 29

4 PANORAMA IRRIGAÇÃO BRASIL x RIO GRANDE DO SUL .............................. 32

5 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE CUSTOS DE PRODUÇÃO E DE

RENTABILIDADES DE CADA CULTURA NA SAFRA 2012/13 ............................ 38

5.1 Propriedade padrão ................................................................................ 38

5.2 Custo de produção e Rentabilidade .......................................................... 38

5.2.1 Custos de produção de soja em área de sequeiro e irrigadas ................ 38

5.2.2 Análise da receita líquida operacional da soja ...................................... 42

5.2.3 Custos de produção de milho em áreas de sequeiro e irrigadas ............. 42

5.2.4 Análise da receita líquida operacional do milho .................................... 46

5.2.5 Custos de produção de trigo em áreas de sequeiro e irrigadas .............. 46

5.2.6 Análise da receita líquida operacional do trigo ...................................... 50

5.2.7 Custos de produção de soja 2ª safra em áreas irrigadas ....................... 50

5.2.8 Análise da receita líquida operacional da soja 2ª safra .......................... 53

Page 5: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

ii

6 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DO PROJETO .................................. 53

6.1 Método determinístico ............................................................................ 53

6.1.1 Análise de projeto para o cultivo de sequeiro ....................................... 54

6.1.1.1 Cenário pessimista – sequeiro ...................................................... 55

6.1.1.2 Cenário médio – sequeiro ............................................................ 55

6.1.1.3 Cenário otimista – sequeiro ......................................................... 56

6.1.2 Análise de projeto para o cultivo irrigado com pivô central .................... 60

6.1.2.1 Cenário pessimista – irrigado ....................................................... 60

6.1.2.2 Cenário médio – irrigado ............................................................. 62

6.1.2.3 Cenário otimista – irrigado .......................................................... 62

6.1.2.4 Resultado geral dos cenários. ...................................................... 65

6.2 Método Estocástico – Simulação de Monte Carlo ....................................... 66

6.2.1 Simulações de Monte Carlo para o cultivo de sequeiro .......................... 68

6.2.1.1 Monte Carlo: Soja, milho e trigo ................................................... 68

6.2.1.2 Monte Carlo: Sistemas ................................................................ 71

6.2.1.3 Monte Carlo: Propriedade ............................................................ 72

6.2.2 Simulações de Monte Carlo para o cultivo irrigado com pivô central ....... 73

6.2.2.1 Monte Carlo: Soja, milho, trigo e soja 2ª safra .............................. 73

6.2.2.2 Monte Carlo: Sistemas ................................................................ 76

6.2.2.3 Monte Carlo: Propriedade ............................................................ 78

6.2.2.4 Resultado geral por simulação de Monte Carlo. ............................. 79

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 82

Page 6: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Produção total de soja no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras

2000/01 e 2013/14. ............................................................................................. 24

Figura 2. Área total plantada de soja no Rio Grande dos Sul e Brasil entre as

safras 2000/01 e 2013/14. .................................................................................... 25

Figura 3. Produtividade média de soja no Rio Grande do Sul e Brasil entre as

safras 2000/01 e 2013/14. .................................................................................... 26

Figura 4. Produção total de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre as

safras 2000/01 e 2011/12. .................................................................................... 27

Figura 5. Área total plantada de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre

as safras 2000/01 e 2012/13. ................................................................................ 28

Figura 6. Produtividade média de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil

entre as safras 2000/01 e 2013/14. ....................................................................... 29

Figura 7. Produção total de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras

2000/01 e 2013/14. ............................................................................................. 30

Figura 8. Área plantada de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras

2000/01 e 2013/14. ............................................................................................. 31

Figura 9. Produtividade média de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as

safras 2000/01 e 2013/14. .................................................................................... 32

Figura 10. Representatividade de área irrigada dos diferentes métodos de

irrigação empregados no Brasil .............................................................................. 35

Figura 11. Distribuição percentual dos diferentes métodos de irrigação

empregados em cada região do Brasil .................................................................... 35

Figura 12. Área dos estabelecimentos agropecuários com uso de irrigação pelo

método do pivô central no Rio Grande do sul – 2009............................................... 37

Figura 13. Receita Líquida Operacional (RLO) da soja em cultivo de sequeiro e

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS. ................. 42

Figura 14. Receita Líquida Operacional (RLO) de milho em cultivo de sequeiro e

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS. ................. 46

Figura 15. Receita Líquida Operacional (RLO) de trigo em cultivo de sequeiro e

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS. ................. 50

Figura 16. Receita Líquida Operacional (RLO) de soja 2ª safra em cultivo

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS. ................. 53

Page 7: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

iv

Figura 17. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de soja na

região de Cruz Alta/RS – R$/saca .......................................................................... 67

Figura 18. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de milho

na região de Cruz Alta/RS – R$/saca ...................................................................... 67

Figura 19. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de trigo

na região de Cruz Alta/RS – R$/saca ...................................................................... 68

Figura 20. Valor Presente Líquido (VPL) da soja para a propriedade padrão de

Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................................................................... 69

Figura 21. Valor Presente Líquido (VPL) do milho verão para a propriedade

padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................................................... 70

Figura 22. Valor Presente Líquido (VPL) do trigo verão para a propriedade

padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................................................... 71

Figura 23. Valor Presente Líquido (VPL) do sistema soja + trigo para a

propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................................. 71

Figura 24. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro de soja, milho e

trigo para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. .................................. 73

Figura 25. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de

soja para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................... 74

Figura 26. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de

milho verão para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ........................ 75

Figura 27. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de

trigo para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. .................................. 75

Figura 28. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de

soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ...................... 76

Figura 29. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central do

sistema soja + trigo para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ............ 77

Figura 30. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central do

sistema milho + soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

.......................................................................................................................... 78

Figura 31. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de

soja, milho, trigo e soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10

anos. .................................................................................................................. 79

Figura 32. Distribuição do Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro e

irrigado com pivô central para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ..... 81

Page 8: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores considerados para taxa de manutenção e vida útil dos

tratores, das colhedoras e dos autopropelidos. ....................................................... 15

Tabela 2. Valores considerados para taxa de manutenção e vida útil dos

implementos. ....................................................................................................... 15

Tabela 3. Custo de produção da soja cultivada em condições de sequeiro e

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha. ..... 41

Tabela 4. Custo de produção de milho cultivado em condições de sequeiro e

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha. ..... 45

Tabela 5. Custo de produção de trigo cultivado em condições de sequeiro e

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha. ..... 49

Tabela 6. Custo de produção de soja 2ª safra cultivada em condições de cultivo

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha. ..... 52

Tabela 7. Preço ajustados de soja, milho e trigo para análise de cenários –

R$/saca. .............................................................................................................. 54

Tabela 8. Fluxo de caixa no cenário pessimista do cultivo em sequeiro em – R$.

.......................................................................................................................... 57

Tabela 9. Análise de viabilidade econômica do cenário pessimista. ................. 57

Tabela 10. Fluxo de caixa no cenário médio do cultivo em sequeiro – em R$. . 58

Tabela 11. Análise de viabilidade econômica do cenário médio. ..................... 58

Tabela 12. Fluxo de caixa no cenário otimista do cultivo em sequeiro – em R$.

.......................................................................................................................... 59

Tabela 13. Análise de viabilidade econômica do cenário otimista. ................... 59

Tabela 14. Fluxo de caixa no cenário pessimista a do cultivo irrigado com pivô

central – em R$. .................................................................................................. 61

Tabela 15. Análise de viabilidade econômica do cenário pessimista. ............... 61

Tabela 16. Fluxo de caixa no cenário médio do cultivo irrigado com pivô central

– em R$. ............................................................................................................. 63

Tabela 17. Análise de viabilidade econômica do cenário médio. ..................... 63

Tabela 18. Fluxo de caixa no cenário otimista do cultivo irrigado com pivô

central – em R$. .................................................................................................. 64

Tabela 19. Análise de viabilidade econômica do cenário otimista. ................... 64

Page 9: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

vi

Tabela 20. Análise geral de viabilidade econômica dos cenários do cultivo de

sequeiro e irrigado. .............................................................................................. 66

Tabela 21. Valor Presente Líquido (VPL) mínimo, médio e máximo do cultivo de

sequeiro e irrigado com pivô central para a propriedade de Cruz Alta/RS – R$/10anos.

.......................................................................................................................... 81

Page 10: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

vii

LISTA DE SIGLAS

CALT Cruz Alta (RS)

CMQ Camaquã (RS)

CRZ Carazinho (RS)

CT Custo Total

RLO Receita Líquida Operacional

TIR Taxa Interna de Retorno

TPC Tupanciretã (RS)

URG Uruguaiana (RS)

VPL Valor Presente Líquido

Page 11: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

8

1 INTRODUÇÃO

O objetivo geral deste relatório foi apresentar e discutir os resultados do

levantamento de custo de produção nas principais regiões produtoras do Rio Grande

do Sul para as culturas da soja, milho, trigo em condições de cultivo em sequeiro e

irrigado no ano-safra 2012/13. Especificamente, avaliou-se a viabilidade econômica de

se investir produção de grãos sequeiro e irrigado (pivô central). Além disso, exibiram-

se as probabilidades de sucesso ao se investir capital em agricultura irrigada,

considerando o modelo de propriedade representativo de Cruz Alta/RS, por meio de

simulação.

Este trabalho faz parte do convênio entre o Serviço Nacional de Aprendizagem

Rural – SENAR/RS e a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ), cujo

objetivo foi a elaboração do relatório de viabilidade econômica de implantação de

sistema irrigado para cultivo de soja, milho e trigo. As coletas das informações de

campo ocorreram entre 12 e 16 de agosto, com a participação de pesquisadores do

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), técnicos da Farsul,

produtores agrícolas e técnicos e consultores que atuam nas localidades estudadas.

A pesquisa resultou em visita ao município de Cruz Alta no Rio Grande dos Sul,

contando no total, com 17 produtores e consultores locais para determinar o sistema

de produção agrícola da propriedade representativa na safra 2012/13 da região. Com o

levantamento, por meio da técnica de painel, foram validados o painel de soja, milho e

trigo no sistema de sequeiro e soja, milho, trigo e soja 2ª safra em condições de

irrigação com pivô central.

Para realizar o painel de soja, milho e trigo, foi visitado o município de Cruz

Alta/RS. As planilhas de custos foram preenchidas no painel, considerando o cultivo em

terras próprias em condições de sequeiro e irrigado.

Na região foram preenchidas duas planilhas do cultivo de soja no verão, sendo

uma para as condições de sequeiro e outra para irrigado com pivô central. No milho

verão e trigo também foram considerados as duas situações, com uma planilha em

sequeiro e outra no cultivo irrigado para cada cultura. Apenas no cultivo irrigado foi

realizada a planilha de custos de soja 2ª safra.

Com essa organização de dados comparou-se a competitividade das culturas

entre os dois sistemas de produção, detalhando e comparando os itens que compõe o

Custo Operacional de produção e posteriormente relatando os retornos obtidos, por

meio da Receita Líquida.

Page 12: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

9

Para analise de projetos, organizaram-se os dados de custo com o fim de

elaborar os fluxos de caixas que permitissem analisar a viabilidade dos cultivos de

sequeiro e irrigado, primeiramente com um modelo determinístico e posteriormente

com um estocástico – por meio de simulações. As análises dos resultados de cada

cultura, dos sistemas envolvidos e da propriedade com um todo, foram detalhadas nas

seções seguintes.

Page 13: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

10

2 MÉTODOS DE CAPTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Antes de se apresentar e discutir os resultados vale algumas considerações

sobre o método de captação e tratamento dos dados. Inicialmente é apresentado o

método painel e, em seguida, a estrutura e composição do custo de produção

considerado na análise.

2.1 A técnica de levantamento de dados por painéis

O levantamento das informações do custo foi realizado através de reuniões

entre pesquisadores, técnicos e produtores em cada região de referência. Ressalta-se

que a metodologia de painéis vem sendo largamente utilizada nos Estados Unidos pelo

seu Departamento de Agricultura, com uma série de propósitos. No próprio Centro de

Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), instituição executora da presente

pesquisa, a metodologia vem sendo utilizada há mais de dez anos, com resultados

bastante satisfatórios1.

No painel, os agentes discutem em conjunto e procuram desenhar um sistema

típico de produção de determinada localidade. Todos os itens do custo são detalhados:

os equipamentos, as máquinas, sua potência e consumo de combustível por unidade

de tempo; os coeficientes técnicos das máquinas e equipamentos, em especial o

número de horas necessárias por hectare para a realização de determinado trato

cultural; os insumos utilizados, quantidade e preço pago; dentre outros. Durante as

discussões, o grupo preenche uma planilha de custo que representará uma situação

típica da região.

O critério de custo de produção utilizado no estudo foi o do Custo Operacional

Total2. Por este critério estão computados como itens de custo as variáveis (insumos,

mão-de-obra, combustíveis e manutenção de equipamentos), o custo do financiamento

do capital de giro, mais a depreciação de máquinas e equipamentos e o custo de

estocagem. Também é acrescentada a remuneração de fatores fixos, como 1 Mais informações sobre descrição de painel e outras características podem ser verificadas em

DEBLITZ, C. The International Farm Comparison Network (IFCN) - bridging the gap between farmers,

science and policy. IFCN-homepage: http://www.fal.de/english/institutes/bw/ifcn/html/ifcnhome.html; e,

DE ZEN & PERES (2002). 2 Essa metodologia é uma adaptação da proposta pelo IEA, em MATSUNAGA, et al. (1976).

Page 14: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

11

depreciação de instalações diversas. Entretanto, não foram computados a

remuneração e o custo de oportunidade do empresário.

O custo das máquinas e implementos foi alocado para a cultura segundo o

tempo que os mesmos foram utilizados nessa lavoura. Por exemplo, para a semeadura

de uma lavoura, o valor do custo da operação mecânica será determinado pelo tempo

gasto para realizar esta operação com um trator, seus respectivos implementos e a

mão de obra necessária. Considera-se no valor da hora-máquina (do trator e do

implemento), o custo de manutenção e o gasto com combustível. O método não

contempla a sub ou a super utilização das máquinas e implementos. Esse critério de

alocação de custo direto é uma forma de homogeneizar o tratamento dentro da

propriedade, considerando as outras atividades agrícolas que possam existir.

Todos os insumos considerados foram registrados com seus preços de

mercado, para pagamento à vista. Para aqueles insumos que representam maiores

parcelas de custo, como óleo diesel e fertilizantes, incluiu-se o seu custo do frete –

posto na propriedade. O prazo de pagamento é um item importante, principalmente na

análise do Fluxo de Caixa de cada cultura e/ou propriedade.

A contabilização do custo da mão de obra segue o mesmo raciocínio de

utilização das máquinas no computo da mão de obra efetiva em cada cultura, qual

seja, o de considerar o tempo que o trabalhador estará se dedicando à

lavoura/atividade. O cálculo da mão de obra contempla também as horas não efetivas

na fazenda, rateada dentre as culturas conforme a intensidade com que cada uma se

utiliza dos trabalhadores no total de hectares cultivados.

Consideram-se dois tipos de trabalho: o do empregado fixo e o do chamado

temporário. O primeiro recebe salário mensal e todos os encargos devem ser

considerados, inclusive eventuais custos com alimentação, alojamento e equipamentos

de proteção fornecidos a esses. Os trabalhadores avulsos recebem diárias, que têm um

preço fixo. Mais uma vez ressalta-se que essa forma de alocação dos custos independe

das outras atividades e também da existência de mão de obra super ou

subdimensionada para a cultura sob análise.

O custo financeiro deve ser incluído em um custo total de produção. Esse seria

o custo que o agricultor incorreria com a tomada de financiamento para custeio. No

entanto, caso sejam usados apenas recursos próprios, deve ser considerado o custo de

oportunidade do capital. Na metodologia proposta, o custo financeiro incide sobre os

custos variáveis de produção, passíveis de financiamento público e/ou privado. A taxa

Page 15: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

12

de juros deve ser aquela equivalente às das principais linhas de financiamento

disponíveis para a atividade.

Caso o produtor tenha áreas arrendadas, deve-se acrescentar também o custo

deste arrendamento no custo operacional (variável). O valor é rateado entre a safra de

verão e a segunda safra pela receita gerada em cada uma delas. Já nas áreas próprias,

foi calculado o custo de oportunidade do investimento em terra, também representado

pelo arrendamento.

Em termos da sua organização, os dados de custos serão agrupados de acordo

com “linhas de custo”, agregando-se sucessivamente itens de forma a se poder

desagregar o custo total em termos dos seus componentes. Este sistema favorece a

comparabilidade entre os dados e permite se acomodar tradições diferentes de

apurações de custos. Adicionar estes itens como linhas individuais, permite ao analista

decidir a respeito de qual o nível de custo enfatizar (por exemplo, incluindo ou não o

custo da terra).

Também se optou por apresentar os custos em três etapas. Num primeiro

momento, é apresentado o Custo Operacional3 (CO), que inclui os gastos,

principalmente, com insumos variáveis. Posteriormente, adicionam-se os valores de

depreciação de máquinas e equipamentos, obtendo-se o Custo Operacional Total

(COT). Por fim, a remuneração do capital investido, como o custo de oportunidade da

terra e do capital de giro, é acrescentada, obtendo-se o Custo Total (CT) da atividade.

O detalhamento desta estrutura consta nas subseções seguinte.

2.2 Descrição da estrutura e composição de custo de produção

As planilhas de custo de produção têm objetivo de auxiliar na apuração e

avaliação do resultado econômico. A análise é feita a partir da mensuração dos custos

e das receitas incorridas no processo produtivo de cada atividade.

Para esse trabalho adaptaram-se as definições do Custo Operacional Efetivo

(COE), Custo Operacional Total (COT) e Custo Total (CT) descrita por Matsunaga et al.

3 Segundo Matsunaga et al. (1976), representam os gastos efetivamente realizados na condução

da atividade, excluindo-se os custos correspondentes aos serviços executados pela mão-de-obra familiar e

à depreciação do capital imobilizado em benfeitorias, equipamentos, animais de serviço e forrageiras não

anuais.

Page 16: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

13

(1976) e o método de alocação de custo fixo discutida por Bornia (1995). Assim,

consideraram-se os seguintes critérios:

• Custo Operacional (CO): compõe todos os itens considerados variáveis ou

gastos diretos representados pelo dispêndio em dinheiro, tais como insumo

(fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas), operação mecânica (diesel e

manutenção preventiva), mão de obra, serviço terceirizado, comercialização

agrícola, transporte, despesa financeira, despesa com tributos de

comercialização e despesa gerais.

• Custo Operacional Total (COT): trata-se da soma do CO com a parcela dos

custos indiretos representados pela depreciação, provisão da mão-de-obra e

taxas associadas ao processo de produção e mão-de-obra familiar.

• Custo Total (CT): é a soma do COT com o custo oportunidade do capital e da

terra.

Para a alocação das despesas fixas da propriedade, adotou-se o método de

centro de custo, que está composta por duas fases: a primeira divide-se a empresa em

centros de custos e distribuem-se todos os itens de custos a serem alocados aos

produtos nestes centros. Na segunda fase, os custos são alocados dos centros

produtivos para os produtos, isto é, aquele que trabalha diretamente com a produção.

As principais bases de rateio empregadas são horas de mão-de-obra, horas-máquina e

custo de mão-de-obra.

2.2.1 Método de apuração de custo de produção

O cálculo de custo de produção neste trabalho compreende o sistema de

produção da propriedade típica. As despesas incorridas abrangem desde a correção do

solo até a comercialização da produção.

Os custos operacionais foram expressos em custo médio por hectare,

considerando as seguintes subdivisões: custeio, despesa com comercialização,

despesas gerais, despesa financeira e despesa com tributos e taxas. A determinação

dos valores dos itens foi feita a partir das especificações a seguir.

a) Custeio

Compreende custo com insumos, operação mecânica, mão-de-obra, serviço

terceirizado e irrigação. O custo com insumos refere-se aos fatores de produção

Page 17: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

14

utilizados com determinado preço no processo de produção do produto final para uma

determinada tecnologia. O custo de insumos é composto por corretivos (calcário e

gesso agrícola), fertilizantes, fertilizantes foliares, defensivos agrícolas (herbicidas,

inseticidas, fungicidas, inoculantes, óleo e adjuvantes), regulador de crescimento

(algodão), sementes e mudas. O custo foi expresso em R$/ha.

O custo com operação mecânica refere-se ao conjunto de ações com tratores e

implementos agrícolas no processo produtivo. Assim, as operações mecanizadas

terrestres com máquinas próprias podem ser: o preparo do solo (aragem, gradagem,

subsolagem, conservação de terraço e outros), distribuição de calcário, semeadura,

adubação, distribuição de adubo complementar (cobertura), pulverização (aérea e PPI

– Pré-plantio incorporado), capina mecânica, colheita, destruição de soqueira de

cultura e plantas daninhas, acero, transporte interno de água, insumos (semente e

fertilizantes). O custo da operação mecânica é o produto entre o coeficiente técnico

(em horas) e o custo por hora trabalhada em cada operação.

Para cada uma das operações mecânicas supracitadas, existe um tempo gasto

para a sua execução. Assim, o coeficiente técnico refere-se ao tempo necessário para

realização de cada operação para uma determinada unidade de área (hectare, alqueire

e outros), sendo expresso em hora-máquina/ha (h/maq/ha). O custo horário da

máquina é composto pelo gasto com diesel e manutenção preventiva da mesma. O

consumo de diesel muda de acordo com a combinação entre a máquina e o

implemento agrícola considerado. No caso desse estudo, adotou-se o consumo de 0,12

litro por hora por CV (Cavalo Vapor)4, que representa a média ponderada de consumo

nas diversas operações mecânicas para as diferentes marcas de motores.

Devido à grande dificuldade de determinar a vida útil e a taxa de manutenção

das máquinas em uso, considerou-se que todas as máquinas e os implementos

existentes na propriedade típica são novas, passando a ser utilizadas no ano-safra em

análise. Assim, o custo da manutenção das máquinas e dos implementos segue as

4 O valor 0,12 é o consumo médio de óleo diesel em litros por CV. Para obter este valor, é

preciso considerar um fator para motores diesel, de 0,163 LkW-1 h-1, e que 1 CV equivale a 735 kW. A

fórmula torna-se:

=

CV

Kw

Kw

LLHP

34,1**163,012,0 .

Valores extraídos de: MOLIN, J.P.; MILAN, M. Trator implemento: dimensionamento,

capacidade operacional e custo. In.: GONÇALVES, J.L. de M.; STAPE, J.L. (Editores) Conservação e

cultivo de solos para plantações florestais. Piracicaba : IPEF, 2002. 498p.

Page 18: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

15

recomendações técnicas preventivas e o tempo de durabilidade garantida pelos

fabricantes. Para determinar o custo horário da manutenção utilizou-se o valor de

venda da máquina e do implemento de 20% do valor do novo. A vida útil das

máquinas e implementos varia de acordo com o usuário, no entanto considerou valores

médios estipulados pelas fabricantes e outras instituições de pesquisas, conforme

Tabela 1 e Tabela 2.

Tabela 1. Valores considerados para taxa de manutenção e vida útil dos tratores, das

colhedoras e dos autopropelidos.

Máquinas Tx. Manutenção

(%)

Vida útil

(Horas)

Autopropelido 70 12.000

Colhedora de algodão 80 4.000*

Colhedora de grãos 70 4.000*

Trator de pneu 4x2 100 12.000

Trator de pneu 4x4 80 12.000

Ensiladora (autopropelido) 55 4.000*

Fonte: American Society of Agricultural Engineers (ASAE)5 * adaptado pelos autores para a condição do Brasil (antes era 2000)

Tabela 2. Valores considerados para taxa de manutenção e vida útil dos implementos.

Máquinas Tx.

Manutenção (%)

Vida útil

(Horas)

Arado 100 2.000

Carreta 2 rodas (4 t) 80 3.000

Carreta 4 rodas (7 t) 80 3.000

Distribuidor de calcário (hidr) 80 1.200

Distribuidor de calcário 4 rodas (7 t) 80 1.200

Grade leve 60 2.000

Grade niveladora 60 2.000

Grade pesada 60 2.000

Pulverizador 600 litros 60 1.500

Pulverizador 2000 litros 70 1.500

Semeadora convencional 75 1.500

5 American Society of Agricultural Engineers (ASAE). Agricultural Machinery Management

Data. Asae. D497.4, janeiro/1998.

Page 19: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

16

Semeadora para Plantio direto 75 1.500

Bass-boy 75 3.000

Prensa 75 3.000

Roçadeira 150 2.000

Enxada Rotativa 80 2.000

Cultivador de solo (sem e com adubadeira) 80 1.500

Subsolador 75 2.000

Tanque de água 50 3.000

Ensiladora lateral 60 2.500

Prensa de Feno (fardo retangular) 75 3.000

Prensa de Feno (rolo) 90 1.500

Fonte: American Society of Agricultural Engineers (ASAE)

O custo com a mão de obra fixa (permanente) refere-se ao valor pago ao

trabalhador periodicamente. Na determinação do valor da hora do trabalhador rural

fixo, adicionam-se os encargos sociais e provisionamento sobre o salário. Assim, o

valor do trabalhador permanente tem acréscimo de 45,6% sobre o salário, no qual

12,7% referem-se ao encargo social (seguro de acidente de trabalho, salário

educação, INCRA e FGTS) e 32,9% de provisionamento (férias, adicional de férias,

FGTS sobre adicional férias, 13º salário, FGTS sobre o 13º salário, aviso prévio, INSS

sobre o aviso prévio e multa rescisória do FGTS). Para o caso de safrista (empregado

rural com contrato temporário), os recolhimentos de encargo social e de

provisionamento é de 37,31% sobre o salário bruto.

O custo com serviços terceirizados refere-se à contratação de agente e/ou

serviço para a realização das atividades na propriedade. Os tipos de serviços

contratados pelo produtor podem ser: capina manual, colheita manual, colheita

mecânica, pulverização aérea, transporte da produção, beneficiamento e

armazenagem.

b) Despesa com comercialização

Refere-se às despesas do produtor como a classificação, padronização e

impostos na comercialização do produto. Assim, consideram-se também os gastos com

embalagens e comissão do corretor e o custo de transporte da produção da

propriedade até o local de venda.

Page 20: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

17

c) Despesas gerais

Nas despesas gerais da fazenda, estão envolvidos desembolsos como: energia

elétrica, telefone, contabilidade rural, escritório de advocacia, exame médico

admissional e demissional, análise do solo, custo de empregados gerais (cozinheiras,

por exemplo) e administrativos, custo do deslocamento do produtor rural, custo com

transporte de funcionário, custo da manutenção de instalações diversas, seguro de

utilitários (caminhonete), EPI (Equipamento de proteção individual), garrafa d’agua,

enxadas, foices e outros.

d) Arrendamento6

Refere-se ao custo com aluguel da terra para o cultivo de determinado produto

num determinado período de tempo, conforme o artigo 3 da Lei 4.504/64. A lei impõe

a limitação no valor do contrato em 15% sobre o valor cadastral do imóvel arrendado,

possibilitando a ampliação do valor percentual de até 30% se o arrendamento recair

sobre área selecionada para a exploração intensa de alta rentabilidade. Contudo, em

áreas para produção de grãos no Brasil a prática mais comum é o valor do aluguel

estar fixo em sacas de soja, sendo o valor financeiro, portanto, dependente das

cotações da soja.

e) Despesa financeira

São as despesas com as instituições financeiras relacionadas ao financiamento

do custeio agrícola, de bens duráveis (máquinas, implementos, estufas e galpão) e

juros sobre o capital de giro. A despesa financeira no custo de produção é composta

pelo juro sobre capital de giro, que se refere ao montante financeiro despendido para

saldar os juros do capital desembolsado durante o ciclo de produção. Os itens

considerados são insumos, diesel, manutenção preventiva das máquinas e

implementos, irrigação, mão-de-obra, despesas com utilitários, despesas gerais da

fazenda, comercialização e assistência técnica. A taxa considerada é a média

ponderada entre as diferentes taxas de juros cobradas pelas fontes de crédito

6 Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por

tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte(s) do mesmo, incluindo ou não outros

bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola,

pecuária, agro-industrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites

percentuais da Lei.

Page 21: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

18

captadas junto a terceiros (cooperativas, bancos, tradings, revendas e outros) por

produtores de cada região analisada. Os recursos próprios utilizados no custeio das

atividades agrícolas tiveram suas taxas de juros ponderadas alocadas juntamente aos

juros sobre capital investido (remuneração de fatores), que serão discutidos

posteriormente.

f) Despesas com impostos, contribuições, tributos e taxas

Despesa com tributos de comercialização trata-se de impostos, contribuições e

tributos descontados no momento da comercialização do produto, tais como o valor de

2,3% da Contribuição Especial da Seguridade Social Rural (CESSR) sobre o valor bruto

de comercialização, e tributos específicos cobrados em cada Estado.

2.3 Análise de investimentos

Quando se pretende estudar o comportamento de um empreendimento e o que

o torna mais atrativo, nada mais é do que uma analise no âmbito econômico, como é

citado por Lima Junior (1993)7. Corroborando, Casarotto e Kopitke (2006)8, aponta que

somente um estudo econômico pode confirmar a viabilidade de um projeto, ou seja,

quando é feito um investimento deve ser feito uma análise fundamentada do mesmo e

optar por aquele que retornar lucro.

Casarotto e Kopitke (2006) relatam que o planejamento estratégico das

empresas evoluiu nos últimos anos para ganhos maximizados em horizontes de longo

prazo, sacrificando dessa forma o lucro imediato com fins como a liderança do setor,

abrir novos nichos de mercado ou alterar os mecanismos de vendas.

Segundo os autores supracitados, as principais ferramentas para análise de

investimentos da engenharia econômica são o VPL (Valor Presente Líquido), Payback e

a TIR (Taxa Interna de Retorno). O uso destes três últimos métodos é bastante aceito

no âmbito de empresa agropecuária, no entanto os resultados obtidos com esses

métodos podem trazer uma realidade pouco estabelecida por este setor, visto que se

7 LIMA JUNIOR, J.R. de. Decidir sobre Investimentos no Setor da Construção Civil. Boletim

Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil. São Paulo, 74p,

1998. 8 CASAROTTO FILHO, N; KOPITKE, B.H. Análise de investimentos. 9 ed. São Paulo: Atlas,

2006.

Page 22: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

19

trata de métodos determinísticos e não são considerados os riscos envolvidos na

atividade.

Ao se tratar do âmbito em que a agricultura está inserida, diversos riscos

podem ser ressalvados, principalmente o climático e fitossanitário, que podem

diretamente influenciar nos resultados agronômicos e econômicos do projeto.

Segundo Silva et. al (2007)9 e Casarotto e Kopitke (2006), ao avaliar

investimentos em que há riscos eminentes envolvidos, estes devem ser contabilizados

para minimizar a distorção da realidade dos resultados. Assim, a forma mais confiável

e segura de realiza-los é através de uma análise de risco por simulação.

A análise de sensibilidade é uma simulação que pode observar o impacto que

variações ocorridas em uma variável, pode influenciar na viabilidade econômica de um

projeto (BUARQUE, 1991)10. Atkinson (2000)11 e Horngren, Foster e Datar (2000)12

reforçam que a analise de sensibilidade é uma ferramenta analítica que envolve variar

uma ou mais hipóteses fundamentais de um projeto e o efeito que a mudança desse

parâmetro causa sobre uma decisão.

O método de simulação por Monte Carlo é uma técnica de amostragem

aleatória que pode dimensionar os riscos e auxiliar na tomada de decisão com valores

mais próximos a realidade (BLANK e TARQUIN, 2008)13.

2.3.1 Valor Presente Líquido – VPL

O VPL (Valor Presente Líquido) é a somatória dos fluxos de caixas descontados

a uma taxa de juros determinada, subtraído do valor do investimento inicial, em

termos matemáticos. Por definição, pode ser considerado como o valor agregado a um

9 SILVA, F.N.; FERREIRA, M.A.M.; PAZZINZ, F.L.S.; ABRANTES, L.A. Abordagem

determinística e de simulação de risco como instrumentos de análise de viabilidade financeira em

investimentos imobiliários. Revista de negócios. Blumenau, v.12, n.3, p. 03-17, 2007.

10 BUARQUE, C. A incerteza para seleção de projetos. In: BUARQUE, C. (Ed.) Avaliação

econômica de projetos. 8.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p.179-196. 11 ATKINSON, A.A. et al. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Editora Atlas. 2000. 12 HORNGREN, C.T.; FOSTER, G.; DATAR, S.M. Contabilidade de Custos. Rio de Janeiro:

Editora LTC. 2000. 13 BLANK, L.; TARQUIN, A. Engenharia econômica. 6 ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2008.

Page 23: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

20

investimento quando realizado, ou seja, quando o VPL for positivo ele demonstra que o

valor da empresa aumentou.

Nessa linha de raciocínio, se o VPL for igual a zero, a interpretação segue que

os valores gastos com investimentos estão sendo remunerados na mesma proporção,

por outro lado se os valores forem negativos significa que o investimento não está

sendo retornado.

O método de VPL é visto com superioridade aos outros métodos de analise de

investimento de projetos. Dentre os atributos que trazem essa robustez ao método,

estão principalmente, o uso do fluxo de caixa, o fato de considerar todos os fluxos de

caixa envolvidos no projeto, evidenciar uma noção de risco envolvido e descontar os

fluxos de caixa ao longo do tempo (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 200214; ABREU;

BARROS NETO; HEINECK, 200815).

2.3.2 Tempo de Recuperação de Capital – Payback

Define o número de anos necessários para que a empresa recupere o capital

investido inicial no projeto, ou seja, é o tempo preciso para que os fluxos de caixas

negativos (investimentos) sejam anulados pelos fluxos positivos (lucros) (GUIDUCCI, et

al., 2012)16. No entanto, individualmente, esse método apresenta limitações quanto a

tomada de decisão.

Noronha (1981)17, aponta que a análise de um projeto por Payback pode levar

a selecionar o investimento de forma incorreta, visto que a metodologia não inclui o

valor do dinheiro no tempo, não usa todas a informações disponíveis para o projeto e

14 ROSS, S.A.; WESTERFIELD, R.W.; JAFFE, J.F. Administração Financeira. 2. Ed. São

Paulo: Atlas, 2002. 15 ABREU, C.A.C.; BARROS NETO, J.P.; HEINECK, L.F.M. Avaliação Econômica de

Empreendimentos Imobiliários Residenciais: Uma Análise Comparativa. XXVIII encontro de Engenharia

de Produção. Rio de Janeiro, 2008. 16 GUIDUCCI, R.C.N.; ALVES, E.R.A.; LIMA FILHO, J.R. de; MOTA, M.M. Aspectos

metodológicos da análise de viabilidade econômica de sistemas de produção. In: EMBRAPA. Viabilidade

econômica de sistemas de produção agropecuários: metodologia e estudos de casos. Brasília, DF:

Embrapa, 2012. cap. 1, p. 17-116. 17 NORONHA, J.F. Projetos Agropecuários: Administração financeira, orçamentação e avaliação

econômica. Piracicaba, SP: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1981. 274 p.

Page 24: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

21

não pode ser considerada uma medida de lucratividade e sim uma preocupação com a

liquidez da empresa.

Embora o método de Payback tenha suas limitações e a escolha de aceitar ou

rejeitar seja inteiramente arbitraria quando avaliado de forma individual, este não pode

ser integralmente ignorado visto que, segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002), sua

simplicidade é utilizada com filtro para numerosas decisões de investimentos e indica

propriedades do ponto de vista do controle e gestão da empresa e da habilidade e

qualidade de seus administradores.

2.3.3 Taxa Interna de Retorno – TIR

A taxa interna de retorno nada mais é que a taxa de desconto que iguala o

valor presente dos fluxos líquidos ao investimento inicial (GUIDUCCI et al, 2012).

Segundo Abreu, Barros Neto e Heineck (2008), o método expressa a rentabilidade

efetiva quando o projeto for de investimentos ou o custo efetivo se referir-se a um

financiamento.

Nesse método de análise de investimento, a TIR é comparada a Taxa Mínima

de Atratividade (TMA) do mercado ou a taxa desejada de retorno, sendo aceito o

projeto em que a TIR superar essa taxa (NORONHA, 1981). Segundo Rezende Filho

(2006)18, os custos de financiamento e riscos envolvidos no projeto é que auxiliam as

empresas a calcularem suas taxas mínimas de retorno.

Segundo Laponni (2007)19 e Abreu, Barros Neto e Heineck (2008), o método de

TIR considera os fluxos de caixa completos ao longo do tempo, alem de informar se o

investimento acumula ou perde valor e ainda permiti que seja comparada a outras

taxas de mercado. Por outro lado o autor destaca a dificuldade para se determinar a

taxa mínima de atratividade especifica para cada projeto.

18 REZENDE FILHO, M. Um modelo de opções reais para avaliação de investimentos em navios

petroleiros. 2006. 115 p. Dissertação (Mestre em Engenharia Oceânica) – Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. 19 LAPPONI, J.C. Projetos de investimento na empresa. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier,

2007. 512 p.

Page 25: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

22

2.3.4 Método Monte Carlo

Para Oliveira, Barros e Reis (2007)20 o método de Monte Carlo é utilizado para

analisar fenômenos com comportamento probabilístico. Adicionando, Escudeiro

(1973)21 e Blank e Tarquin (2008) define o método como substituto do estudo de um

processo não estocástico por um modelo probabilístico que possa avaliar problemas

determinísticos por meio de uma série de amostragens aleatórias.

Como os modelos determinísticos não incorporam o risco, visto que em

situações reais diversos eventos previstos e imprevistos podem ocorrer ao longo de um

investimento, seriam necessários testar todas as possibilidades, que são inúmeras e

portanto inviável. Assim Trigeorgis (2002)22 afirma que as tentativas de simulação do

método de Monte Carlo servem para reproduzir a tomada de decisão no mundo real

através de um modelo matemático que captura os riscos de um projeto e também

como ele evolui com o tempo e os eventos aleatórios.

A simulação por Monte Carlo pode ser realizada de diversas maneiras, sendo

que as formas mais aplicadas são por meio computacionais, que segundo Vargas

(2008)23 exigem conhecimentos apurados de estatística e programação.

Para executar as simulações pelo método de Monte Carlo são necessárias que

alguns procedimentos básicos sejam atendidos, como a definição das variáveis

envolvidas com base em dados passados; identificação das distribuições de

probabilidade das variáveis aleatórias irrelevantes; construção das distribuições de

probabilidade acumuladas para cada uma das variáveis, definição dos intervalos dos

20 OLIVEIRA, P.H.D.; BARROS, N.R.; REIS, S.G. dos. Aplicabilidade do método de simulação

de Monte Carlo na previsão dos custos de produção de companhias industriais: o caso companhia do Vale

do Rio Doce. In: Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade, 4.; 2007, São Paulo. Anais...

São Paulo, USP, 2007. 21 ESCUDEIRO, L.F. La simulación em la empresa. Barraincúa: Duesto, 1973. 22 TRIGEORGIS, L. Real options: managerial flelibility and strategy resource allocation. 6.Ed.

Cambrigde: The MIT Press, 2002. 427 p. 23 VARGAS, R. Podcast sobre simulação de Monte Carlo. Disponível em: www.ricardo-

vargas.com. Acesso em: outubro de 2013.

Page 26: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

23

números aleatórios para cada variável; geração dos números aleatórios e simulação

dos experimentos (LUSTOSA; PONTES; DOMINAS, 200424; HERTZ, 196425).

Foi considerada apenas a variável preço como fator de risco e então considera

para simulação. A determinação da distribuição de probabilidade de preços foi dada a

partir da série de preços diários do Cepea entre o período de jan/2002 e set/2013.

Esses dados foram deflacionados para setembro de 2013 e ajustados para a melhor

distribuição normal.

Para essa série deflacionada, foram calculados os parâmetros média e desvio

padrão para então ser feita as simulações de Monte Carlo para os preços de soja,

milho e trigo.

As simulações foram realizadas pelo programa Excel com o auxilio do

suplemento “Análise de dados”. Por meio de Monte Carlo foram geradas dez mil

simulações para a variável preço em cada cultura.

Assim a estimação do fluxo de caixa líquido da propriedade padrão analisada foi

dada pela diferença entre a Receita Bruta (RB) e o Custo Operacional (CO) da

produção, estes que foram levantados em Painel para safra 2012/13. Por sua vez a RB

foi obtida a partir do produto da produção pela cotação da commodity.

3 PANORAMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO RIO GRANDE DO SUL

3.1 SOJA: Brasil e Rio Grande do Sul

A soja no Brasil atingiu a sua máxima produção na safra 2012/13 (Figura 1),

com 81,5 milhões de toneladas, sendo que a expectativa da safra 2013/14 promete

números acima de 87 milhões de toneladas, seguindo uma seria histórica crescente

desde 2000. Na última década, a produção brasileira só não seguiu crescente na safra

2011/12, pois houve uma grande quebra produtiva no sul do país, que reduziu a

produção final a um montante inferior ao da safra de 2009/10.

24 LUSTOSA, P.R.B.; PONTE, V.M.R; DOMINAS, W.R. Simulação. In: CORRAR, L.J.;

THEOPHILO, C.R. (Coord.). Pesquisa Operacional para decisão em contabilidade e administração:

Contabilometria. São Paulo: Atlas, 2004. p. 242-284. 25 HERTZ, O.B. Risk analysis in capital investment. Harvard Business Review, 1964, p. 95-106.

Page 27: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

24

Nas ultimas doze safras, o Rio Grande do Sul acompanhou o crescimento da

produção brasileira da oleaginosa, se consolidando como terceiro maior produtor de

soja do Brasil, atrás somente do Mato Grosso e Paraná, com exceção a safra 2011/12

que ficou atrás também de Goiás. Da safra 2000/11 em diante, a representatividade do

estado gaúcho seguiu em média de 14% da produção final, indo de picos de 18% em

2000/11 ao mais baixo nos anos de quebra de safra, 2004/05 e 2011/12.

Figura 1. Produção total de soja no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras 2000/01

e 2013/14.

Fonte: Conab (2013)26.

A posição representativa do estado gaúcho se manteve, principalmente, em

virtude do aumento de área, sendo que nos últimos dez anos houve 41% de ganho,

conforme pode ser observado na Figura 2. Quanto às variações de área plantada com

soja no Brasil nas ultimas doze safras, pode-se dividir em três momentos significativos.

O primeiro deles ocorreu entre 2001 e 2003, em que a expansão de área seguia em

média de 10% por safra no Rio Grande do Sul. No entanto a introdução da ferrugem

nas lavouras de soja brasileira freou essa evolução fazendo que as áreas começassem

26 CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em:

<http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=2&Pagina_objcmsconteudos=3#A_objc

msconteudos>. Acesso em: setembro de 2013.

Page 28: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

25

a recuar em média 1,7% por safra entre 2005 e 2008. A retomada, o terceiro

momento, ocorreu após a crise, em 2009, seguindo crescimento de 3%. Com o

advento dos preços altos em 2012, o aumento de área tomou ainda mais força,

fechando a área da safra 2012/13 em 4,6 milhões de hectares, 10% acima da safra

2011/12. Para a safra 2013/14, estima-se um aumento 140 mil hectares no território

gaúcho, sendo semeado em 4,8 milhões de hectares.

Figura 2. Área total plantada de soja no Rio Grande dos Sul e Brasil entre as safras

2000/01 e 2013/14.

Fonte: Conab (2013).

A produtividade também teve participação significativa nesse avanço, no

entanto, o rendimento por área do estado sempre esteve abaixo da média ponderada

brasileira. Cabe ressaltar, que nas últimas doze safras analisadas, quatro delas

sofreram quebra produtivas em virtudes de eventos climáticos ou fitossanitários. Com

destaque para a safra 2004/05, em que a produtividade média (Figura 2) do estado

ficou 69% abaixo da brasileira, em decorrência da maior estiagem do estado atrelada a

alta pressão da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) no país, assim como na

safra 2003/04 quando se efetivamente iniciou as perdas com a ferrugem. Nas safras

2008/09 e 2011/12, as quebras de produção resultaram do fenômeno climático “La

Niña”. Como resultado, nessas safras ocorreram longos períodos de estiagem durante

Page 29: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

26

o desenvolvimento das lavouras seguido de altos volumes pluviométricos na colheita,

causando quebras de produtividade e perdas de qualidade do grão, principalmente nas

lavouras da região sul brasileira.

Figura 3. Produtividade média de soja no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras

2000/01 e 2013/14.

Fonte: Conab (2013).

3.2 MILHO: Panorama no Brasil e Rio Grande do Sul

Do ano 2000 em diante, a produção de milho verão no Brasil oscilou durante as

safras em decorrência eventos climáticos, competitividade com a soja e com o milho 2ª

safra, resultando em perdas produtivas ou variação na área plantada. A maior

produção de milho verão brasileira ocorreu na safra 2007/08, quando atingiu 36,6

milhões de toneladas, no entanto a safra rio-grandense atingiu seu pico em 5,96

milhões de toneladas, na safra 2006/07, conforme pode ser analisado na Figura 4.

Nas safras seguintes a 2007/08, o milho verão reduziu a produção em

decorrência da falta de competitividade da soja pela área de verão e pela opção do

cultivo de cereal na segunda safra. A maior participação do milho de segunda safra fez

com que a produção de milho total brasileira crescesse enquanto a de verão recuasse.

O Rio Grande do Sul também reduziu sua produção nos anos posteriores a safra

2006/07, no entanto em perdas de área para soja, visto que a segunda safra não é

uma opção do estado.

Page 30: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

27

Figura 4. Produção total de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras

2000/01 e 2011/12.

Fonte: Conab (2013)27.

As variações da área de milho verão (Figura 5) foram muito distintas nas

ultimas doze safras, dependendo principalmente da perspectiva dos preços de

mercado. Duas safras marcaram redução significativa de área plantada modificando o

cenário gaúcho. Na safra 2001/02, os preços do milho praticados no mercado em 2001

estavam baixos favorecendo a atratividade da soja, com isso a tomada de decisão dos

produtores tomou o caminho da produção da oleaginosa, reduzindo a área de milho

em 12% no Rio Grande do Sul. Na safra 2009/10 a área plantada rio-grandense

comprimiu 17% em relação a anterior, enquanto que a brasileira 16%. O raciocínio é o

mesmo apontado para a safra 2001/02: no momento do plantio os preços do milho

eram menos atrativos que o da soja.

27 CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em:

<http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=2&Pagina_objcmsconteudos=3#A_objc

msconteudos>. Acesso em: setembro de 2013.

Page 31: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

28

Figura 5. Área total plantada de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre as

safras 2000/01 e 2012/13.

Fonte: Conab (2013).

Na série historia do milho verão iniciada em 2000, três safras apresentaram

quebra produtiva expressiva no Rio Grande do Sul (Figura 6). A primeira ocorrida na

safra 2003/04, em que uma estiagem assolou o desenvolvimento inicial das lavouras

prejudicando a produtividade e o montante final produzido, que foi 28% e 34% menor

que a safra anterior, respectivamente.

Na safra seguinte, 2004/05 outra estiagem frustrou as lavouras gaúchas de

milho, ainda mais prejudicada pelas chuvas no final do ciclo que também causou

perdas qualitativas na produção, deixando a produtividade abaixo 1.300 kg/ha. Assim

nessa safra a produção reduziu 55% em relação a anterior, que já somava quebras, e

70% de diminuição em relação a safra cheia de 2002/03. A safra 2011/12 marcou

outro período de seca no desenvolvimento do milho do Rio Grande do Sul com

produtividade média no estado de 3.002 kg/ha, reduzindo em 42% a produção final

em relação a boa safra de 2010/11.

Desconsiderando os períodos de quebra, o Rio Grande do Sul segue o histórico

de terceiro maior produtor brasileiro de milho verão, estando atrás dos estados do

Paraná e Minas Gerais e concentrando em média 15% da oferta nacional, quando

retirada os anos de quebra. Sua evolução diante desses estados, esta na limitação de

Page 32: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

29

seu potencial produtivo, que nos últimos 11 anos esteve inferior a média desses

estados e também a do Brasil.

Figura 6. Produtividade média de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre as

safras 2000/01 e 2013/14.

Fonte: Conab (2013).

3.3 TRIGO: Panorama do Brasil e Rio Grande do Sul

Embora a produção do trigo no Brasil não seja expressiva no cenário mundial, o

cereal tem importância fundamental para o estado do Rio Grande do Sul. Introduzido

inicialmente no Brasil pelo estado gaúcho, o trigo representa uma das poucas opções

de cultivo de inverno para o estado.

Historicamente, o Rio Grande do Sul assume o papel de segundo maior

produtor do cereal no país, perdendo apenas para o Paraná, sendo que na safra

2011/12 atuou a frente dos paranaenses, representando 47% da oferta nacional. Na

média das últimas treze safras, o estado compôs 37,4% da produção brasileira, com

menor participação na safra 2000/01 de 32%.

A série histórica de produção nacional apresenta grande amplitude de oscilação,

sem obedecer a um padrão crescente ou decrescente por entre as safras. O mesmo

raciocínio é aplicado à série do estado gaúcho. Entre as safras 2000/01 e 2011/12, a

produção no Rio Grande teve mínima de 728 mil toneladas e máxima de 2,7 milhões

Page 33: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

30

de toneladas (Figura 7), diferença de 277%. Essas variações nos números efetivos da

cultura se aplicam devido à instabilidade da área de plantio e a quebras de

produtividades ocorridas ao longo dos anos.

Figura 7. Produção total de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras 2000/01

e 2013/14.

Fonte: Conab (2013)28.

Nas ultimas treze safras, o Rio Grande do Sul manteve a área de produção de

trigo, consolidando como segundo maior produtor de trigo do Brasil, atrás somente do

Paraná, com exceção a safra 2012/13 que superou o Paraná. A estimativa para a safra

13/14 é uma ocupação de 1,03 milhão de hectares, que equivale a 47% da área

nacional.

28 CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em:

<http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=2&Pagina_objcmsconteudos=3#A_objc

msconteudos>. Acesso em: setembro de 2013.

Page 34: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

31

Figura 8. Área plantada de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras 2000/01

e 2013/14.

Fonte: Conab (2013).

A produtividade apresentou redução em relação ao potencial produtivo em

cinco safras: 2001/02, 2002/03, 2004/05, 2005/06 e 2006/07. Conforme a Figura 8,

em todos esses períodos a produtividade do trigo não ultrapassou os 1.940 kg/ha,

sendo a pior situação em 2006/07 quando o rendimento por área mal conseguiu

estabelecer a média de 1.050 kg/ha por causa de insuficiência de chuvas no plantio e

geadas na floração e frutificação do grão. No mais, as outras safras tiveram redução

de produtividade por problemas climáticos, em sumo na fase final da cultura, seja por

danos de geadas ou por excesso de chuvas que aumentaram a pressão de doenças.

Por outro lado, da safra 2007/08 a 2011/12 o Rio Grande do Sul o clima

favoreceu as produtividades do trigo e as médias estabeleceram o patamar acima dos

2.000 kg/ha. O pico ocorreu em 2011/12 quando a média do estado gaúcho atingiu a

marca de 2.941 kg/ha, superando o Paraná, que até então detinha as melhores

médias.

A área de plantio (Figura 9) também apresentou grande variação ao longo das

safras, que influenciaram diretamente na produção do estado e brasileira. No entanto

o clima não foi fator tão influente quanto a decisão da expansão ou contração do

Page 35: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

32

espaço semeado com trigo. Nesse caso o comportamento do mercado foi a argumento

principal na modificação das áreas de plantio.

Na safra 2006/07, além da quebra produtiva, houve a disposição da menor área

plantada de trigo no estado nas ultimas doze safras, retratada pelos baixos preços

praticados no mercado e pela falta de incentivo do estado para o desenvolvimento do

produtor tritícola. O advento dos preços baixos retornou nas safras 2009/10 e 2010/11,

afetando a tomada de decisão do produtor rio-grandense, fomentando dessa forma a

redução de área por duas safras seguidas.

Figura 9. Produtividade média de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras

2000/01 e 2013/14.

Fonte: Conab (2013).

A grande variação no rendimento da lavoura de soja e milho no Rio Grande do

Sul nessas últimas décadas tem motivado os produtores a procurar investimento em

sistema de irrigação. A principal razão do investimento é manter a rentabilidade da

fazenda.

4 PANORAMA IRRIGAÇÃO BRASIL x RIO GRANDE DO SUL

Cerca de 1,54 bilhão de hectares do mundo são destinados a produção agrícola,

sendo que apenas 18% desse total estão sob cultivo irrigado. No entanto essa baixa

Page 36: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

33

área cultivada representa mais que 44% da produção mundial agrícola, enquanto o

restante é de sequeiro (CHRISTOFIDIS, 2006)29.

O Brasil é apenas o décimo sexto em exploração de área irrigada do mundo

(Banco Mundial, 2013)30, no entanto apresenta 12% do montante dos recursos hídricos

mundiais disponíveis (ANA, 2009)31. No último censo agropecuário de 2006, o Brasil

registrou o total de 4,5 milhões de hectares explorados com irrigação na agricultura, o

que representa 8,3% das áreas de lavouras do país.

Por outro lado, os dados do MMA/SRH/DDH – 1999 (revisado por Christofidis,

2013)32 indicam um vasto potencial brasileiro no aumento de área irrigada, que pode

chegar a expansão de mais 25,1 milhões de hectares, ou seja, atualmente é explorado

apenas 15% desse potencial que é capaz de atingir a totalidade de 29,6 milhões.

No Brasil, as questões quanto ao desenvolvimento de área irrigada são

extremamente discutidos, pois esta representa 69% da água consumida no país,

segundo os números publicados na Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2011,

elaborado pela Agencia Nacional de Águas – ANA33.

Em relação as discussões de sustentabilidade do consumo de água, um estudo

realizado por Christofidis (2003)34, aponta que embora tenha ocorrido 33% aumento

de área irrigada no período de 1990-2000, o consumo de água em m³/ano reduziu em

30%. Esses, números nada mais expressam a opção dos produtores irrigantes por

29 CHRISTOFIDIS, D. Água: Gênese, gênero e sustentabilidade alimentar no Brasil.

2006. Disponível em: <

http://www.pt.genderandwater.org/content/download/2996/33129/file/Aguaesustentabilidadeali

mentarBrasil1.pdf>. Acesso em: setembro de 2013. 30 BANCO MUNDIAL. World Bank Data. Disponível em: <

http://data.worldbank.org/indicator/AG.LND.IRIG.AG.ZS>. Acesso em: setembro de 2013. 31 AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil,

2009. Brasília, DF, 2009. Disponível em:

<http://conjuntura.ana.gov.br/conjuntura/download.aspx>. Acesso em: setembro de 2013. 32 CHRISTOFIDIS, D. Água, irrigação e agropecuária sustentável. Brasília: Política

Agrícola, ano XXII, n.1, p. 115-127. 2013. 33 AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil,

2011. Brasília, DF, 2011. Disponível em:

<http://conjuntura.ana.gov.br/conjuntura/download.aspx>. Acesso em: setembro de 2013. 34 CHRISTOFIDIS, D. Água, ética, segurança alimentar, sustentabilidade ambiental.

Bahia: Análise e Dados, Salvador, v.13, n. especial, p. 317-382. 2003.

Page 37: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

34

melhorias no manejo e adoção de tecnologias que aumentaram expressivamente a

otimização do uso da água.

Nos dados do censo agropecuário de 199635 para 200636 divulgado pelo IBGE, a

expansão da área irrigada deu um salto de 42%, passando de 3,1 milhões de ha para

4,5 milhões ha, ou seja, um aumento de 1,3 milhões de hectares no período de 10

anos, o que representa o crescimento médio de 150 mil ha por ano.

Desse total apresentado no ultimo censo brasileiro, a região Sul ocupa o

segundo lugar em área irrigada, sendo que no censo 1996 atuava como primeiro, a

frente da região Sudeste. Segundo os últimos números do censo 2006, a região

Sudeste encontra-se com 1,58 ha área irrigada e a região Sul uma área de 1,22 ha,

representando 35,6% e 27,5% do total do país respectivamente. A Secretaria

Extraordinária da Irrigação e Usos Múltiplos da Água – SEIUMA divulgou em 201037,

que além de a região Sudeste ocupar a maior porcentagem de área agricultável, tem

potencial exploratório de 5,9 milhões de ha, enquanto o Sul apenas 4,5 milhões de ha.

Mesmo com o Sudeste sendo a região com maior área irrigada do país, a

segregação dos dados em estados deixa o Rio Grande do Sul a frente do ranking,

seguido do estado de São Paulo e Minas Gerais, que juntos somam mais de 50% de

toda a área de agricultura com irrigação. O estado gaúcho é responsável por 984,1 mil

ha irrigados, enquanto que São Paulo representa 770 mil ha e Minas Gerais 525,3 mil

ha.

No Brasil, a irrigação é caracterizada pelos métodos de aspersão sem pivô, por

pivô central, inundação, sulcos, localizada e outros diferentes métodos. Segundo o

Censo 2006, a aspersão é meio mais empregado na irrigação brasileira, 35% da área

total, seguido da inundação (24%) e pivô central (19%), conforme pode ser

visualizado na Figura 10.

35 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo

agropecuário – 1995-1996. Rio de Janeiro, 1998. 36 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo

agropecuário – 2006. Rio de Janeiro, 2009. 37 SECRETARIA EXTRAORDINÁRIA DA IRRIGAÇÃO E USOS MÚLTIPLOS DE ÁGUA –

SEIUMA. Potencial brasileiro para desenvolvimento sustentável da irrigação. Disponível em:

<http://www.siuma.rs.gov.br/index.php?action=noticia&cod=191>. Acesso em: setembro de 2013.

Page 38: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

35

Figura 10. Representatividade de área irrigada dos diferentes métodos de irrigação

empregados no Brasil

Fonte: IBGE (2006).

Analisando apenas a região Sul (Figura 11), os números apontam a inundação

com 75% da composição da área irrigada, que se deve ao fato dos mais de 812,8 mil

ha inundados no cultivo de arroz irrigado e outras culturas no Rio Grande do Sul

(IBGE, 2006). Nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste a predominância é do

método de aspersão sem pivô central.

Figura 11. Distribuição percentual dos diferentes métodos de irrigação empregados em

cada região do Brasil

Fonte: IBGE (2006).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte

Inundação Sulcos Pivô central Aspersão Localizada Outros

Page 39: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

36

Se fragmentados esses dados agregados da região Sul, a representatividade da

inundação no estado gaúcho supera os 82%, seguido dos métodos de sulcos com 7%

e pivô central com 5%.

Embora a inundação seja visivelmente representativa no Rio Grande do Sul

devido o cultivo de arroz, as aspersão com pivô central vem sendo empregado para o

cultivo de milho, trigo, soja e feijão no estado. Fato este que remete a possibilidade

melhorias quanto ao uso sustentável da água, visto que incrementos relevantes quanto

a eficiência do uso da água são mais significativos quando aplicados a estrutura de

irrigação pressurizada (PAULINO et al., 2011)38.

Como na região Sul do Brasil, um dos principais fatores que afetam o sucesso

das lavouras é o El Niño Oscilação Sul (ENOS), fenômeno que afeta o clima e o tempo

em diversas regiões do globo terrestre. Em anos de La Niña, em que a estiagem

avariou os cultivos do estado gaúcho, como em 2012, os produtores irrigantes do

município de Cruz Alta/RS conseguiram escapar as adversidades climáticas colhendo

médias produtivas de soja 100% superiores aos produtores de sequeiro, utilizando o

método do pivô central. Na média dos últimos 10 anos do estado essa diferença

representou 85% a mais para a soja irrigada (EMATER/RS, 2012 apud BISOGNIN,

2012)39.

Segundo Berlato e Fontana (1999)40 e Berlato, Farenzena e Fontana (2005)41, o

ENOS é o elemento fundamental na variabilidade dos números de produção agrícola do

Rio Grande do Sul, pois a regime pluviométrico é a principal fonte de água para as

lavouras.

38 PAULINO, J.; FOLEGATTI, M.V; ZOLIN, C.A.; ROMÁN-SANCHEZ, R.M.; JOSÉ, J.V.

Situação da agricultura irrigada no Brasil de acordo com o censo agropecuário 2006. Irriga, Botucatu, v.

16, n. 2, p. 163-176, abril-junho, 2011. 39 BISOGNIN, D.A. Irrigação no Rio Grande do Sul. Secretaria da Agricultura, Pecuária e

Agronegócio, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 2012. Palestra. 40 BERLATO, M.A.; FONTANA, D.C. Variabilidade interanual da precipitação pluvial e

rendimento da soja no Estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v.7, p.119-

125, 1999. 41 BERLATO, M.A.; FARENZENA, H.; FONTANA, D.C. Associação entre El Niño Oscilação

Sul e a produtividade do milho no Estado do Rio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.40,

p.423-432, 2005.

Page 40: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

37

De acordo com os dados do IBGE/SIDRA (2013)42, a área com pivô central no

Rio Grande do Sul foi de 44,9 mil ha. O destaque de maior área plantada com cultivo

irrigado fica para a mesorregião Noroeste do estado, conforme pode ser observado na

Figura 12. Os municípios de Santa Barbara do Sul, Cruz Alta e Santo Antônio do

Planalto representam os três municípios com maior a área irrigada por aspersão (pivô

central) rio-grandense, com 4.216, 3.697 e 2.564 hectares, respectivamente

(IBGE/SIDRA, 2013).

Figura 12. Área dos estabelecimentos agropecuários com uso de irrigação pelo método

do pivô central no Rio Grande do sul – 2009.

Fonte: IBGE/SIDRA (2013).

42 SISTEMA IBGE DE RECUPERAÇÃO AUTOMATICA – SIDRA. Tabela 1819 - Número de

estabelecimentos agropecuários com uso de irrigação e Área dos estabelecimentos por método utilizado

para irrigação e grupos e classes de atividade. Disponível em:

<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl3.asp?c=1819&n=0&u=0&z=t&o=11&i=P>. Acesso em:

setembro de 2013.

Page 41: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

38

5 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE CUSTOS DE PRODUÇÃO E DE RENTABILIDADES DE CADA CULTURA NA SAFRA 2012/13

Nesta seção, são apresentados e analisados os principais resultados econômicos

encontrados para cada cultura nas regiões pesquisadas. A avaliação envolverá a

composição do custo de produção, receita bruta e a receita líquida de cada cultura.

5.1 Propriedade padrão

A propriedade padrão representativa da região de Cruz Alta/RS levantada em

painel apresentou 218,75 ha de área própria e 175 ha de área arrendada. Deste total

próprio 175 ha foram destinados ao cultivo de soja e milho no verão e trigo no inverno

no caso do cultivo em sequeiro; já no caso irrigado com pivô central o a soja e milho

são semeados no verão e trigo e soja 2ª safra no inverno.

Dos 300 ha destinados ao cultivo de culturas na propriedade padrão de Cruz

Alta, foram considerados 280 ha semeados com cultivares geneticamente modificadas

(resistente ao herbicida glifosato), mais 70 ha com híbridos de milho geneticamente

modificados (resistente a lagartas) e 93,33 ha com trigo – no caso de cultivo em

sequeiro. Enquanto que no irrigado foram adicionados outros 50 ha de soja 2ª safra.

Quanto a produtividade no cultivo de sequeiro, foram observados o rendimento

médio por área de 45 sc/ha para a soja, 110 sc/ha no milho e 40 sc/ha no trigo. No

cultivo irrigado sob pivô a soja apresentou produtividade média de 70 sc/ha na

primeira safra e 45 sc/ha na segunda safra, enquanto milho fechou com rendimento de

200 sc/ha e o trigo 50 sc/ha.

5.2 Custo de produção e Rentabilidade

5.2.1 Custos de produção de soja em área de sequeiro e irrigadas

Os custos operacionais (CO) de produção (desembolsos) de soja na safra

2012/13 em áreas não irrigadas na região de Cruz Alta/RS fechou R$ 1.342,92/ha, do

qual R$ 766,99/ha correspondem ao dispêndio com insumos e representa 57% na

composição do CO. Já nas áreas de soja sob condição de irrigação com pivô central o

CO foi de R$ 2.095,73/ha, diferença de 56% em relação ao de sequeiro. Os insumos

somaram custo de R$ 1.133,94/ha o que também representa 56% do CO. Além disso,

Page 42: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

39

nesse sistema de cultivo houve um custo de R$ 200/ha com irrigação que contribuiu

significadamente para esse aumento.

A seguir, a

Tabela 3 detalha os custos de produção que apresentaram diferença na região

de Cruz Alta em condições de sequeiro e irrigado analisadas nessa pesquisa. Os

fertilizantes são os itens com maior representatividade na composição dos custos da

soja, sendo de 25% no sequeiro e 32% no irrigado. Em valores absolutos o gasto para

com fertilizantes e corretivos na cultura ficou em R$ 393,00/ha e R$ 731,76/ha

respectivamente. Na cultura de sequeiro foram adicionados ao solo 6 kg de N, 60 Kg

de P205 e 60 kg de K2O, enquanto que no irrigado foram 20 kg de N, 100 Kg de P205 e

mais 100 kg de K2O. Sob condições de irrigação a soja é planejada com potencial

produtivo acima do esperado para condições não irrigada, o que explica a diferença

entre quantidades de adubos utilizadas.

Os gastos com defensivos agrícolas na safra 2012/13 da soja de sequeiro e

irrigado foram próximos, R$ 244,50/ha e R$ 292,85/ha, respectivamente, sendo o

ultimo 20% mais oneroso ao produtor.

Em ambas condições de cultivo o gasto com fungicidas foi o defensivo mais

dispendioso ao produtor de soja de Cruz Alta. As chuvas constantes no final do ciclo da

cultura aumentou a pressão de doenças, principalmente a ferrugem asiática

(Phakopsora pachyrhizie), fazendo com que houvesse em média 4 e 5 aplicações

respectivamente para o sequeiro e irrigação. Dessa forma foi observado o gasto de R$

110,70/ha no não irrigado e R$ 143,20/ha na soja sobre o pivô.

O menor desembolso com sementes foi verificado nas propriedades típicas

sob condições irrigadas, R$ 109,33/ha enquanto que no sequeiro esse valor foi de R$

129,00/ha. A diferença é baseada na quantidade de sementes de soja espalhadas no

solo. Sob o pivô as condições de germinação são mais propicias portanto são

semeados 40 kg/ha, em contrapartida no sequeiro os riscos climáticos são maiores e

menos controlados o que explica a disposição de 50 kg de semente por hectare.

Em termos de operações mecânicas, no cultivo irrigado sob pivô central os

custos se destacam em relação as condições de sequeiro, R$191,60/ha e R$

142,26/ha, respectivamente.

A diferença nos custos com operações mecânicas são observados na

semeadura, pulverização e colheita, sendo que a discrepância é baseada nos

coeficientes técnicos, visto que foi considerado o mesmo parque de máquinas para

ambos os casos. Na semeadura e colheita os custos são superiores no cenário irrigado,

Page 43: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

40

pois a quantidade de sementes utilizadas e o montante da produção são superiores

aos do sequeiro. Na questão pulverização, houve uma aplicação menos de defensivos

no caso não irrigado – 7 entradas na soja irrigada.

Seguindo a análise dos custos operacionais, o transporte da produção é feito

de forma terceirizada com custo baseado no volume de produção transportada.

Portanto no ambiente irrigado, com produtividade maior que no sequeiro, o custo foi

superior, R$ 70,00/ha contra R$ 45,00/ha do caso sem irrigação.

Os desembolsos com mão de obra foi maior nas condições de sequeiro do que

sob o pivô central, R$114,89/ha e R$ 111,78/ha. A pequena diferença observada é

resultado do cálculo da mão-de-obra geral, que é partilhada entre o uso da área de

cultivo. Como no caso irrigado houve maior área cultivada, devido a segunda safra de

soja ou feijão, este custo foi mais diluído. No caso da mão-de-obra utilizada em

preparo de solo, semeadura, tratos culturas e colheita apresentou custo menor no

sequeiro.

A comercialização faz referência aos desembolsos com padronização,

armazenagem e beneficiamento da soja. Esse ponto foi bem distinto entre as regiões

analisadas. Como foi considerado a mesma região para as duas condições de cultivo, a

comercialização da oleaginosa corresponde a 2,5% da produção. Com a produtividade

sendo a base do calculo, o sistema irrigado apresentou maior custo com o item do CO,

em virtude da maior produção obtida por hectare.

Com relação aos impostos, contribuições e tributos os valores se

diferenciaram no sistema irrigado e sequeiro. Como este item é baseado na quantidade

produzida, o custo foi 55% superior na soja sob irrigação com pivô em relação ao de

sequeiro.

O seguro leva em conta as máquinas e implementos próprios, considerando

sua intensidade de uso, e benfeitorias presentes na propriedade rateada pela área

ocupada pela cultura. Dessa forma, os custos com este item foram muito próximos nos

dois sistemas de cultivo, R$ 26,45/ha no sequeiro e R$ 28,07/ha no irrigado, visto que

o parque de máquinas é o mesmo nos dois casos, diferenciando apenas no

investimento com benfeitorias de irrigação.

O desembolso considerado com assistência técnica, que leva em conta 2%

do gasto com insumos agrícolas, operações mecânicas, mão de obra e operações

terceirizada, ficou em R$ 21,38/ha e R$ 30,15/ha.

Na questão dos juros sobre capital de giro registrado no sequeiro foi de R$

93,11/ha, enquanto que no cultivo irrigado foi de R$ 123,39/ha. No cultivo de soja sob

Page 44: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

41

pivô central exige maior investimento capital por hectare de fertilizantes, defensivos e

também mão-de-obra, o que consequentemente gera maior custo com juros sobre o

capital de giro.

Tabela 3. Custo de produção da soja cultivada em condições de sequeiro e irrigado em

pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha.

Soja Sequeiro Soja Irrigada

Fertilizantes 393,16 731,76

Defensivos agrícolas 244,50 292,85

Sementes 129,33 109,33

Adjuvantes/oleos 17,30 21,05

Operação mecânica 142,26 191,76

Irrigação 0,00 200,00

Transporte 45,00 70,00

Mão-de-obra 114,89 111,78

Comercialização 69,19 107,63

Arrendamento 0,00 0,00

Impostos 63,65 99,02

Seguro 26,45 28,07

Assistência técnica 21,38 30,15

Juros sobre capital de giro 93,11 123,39

CO 1.342,92 2.095,73

COT 1.457,31 2.293,40

CT s/ terra 1.590,49 2.476,96

CT 2.248,94 3.102,52

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 45: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

42

42

5.2.2 Análise da receita líquida operacional da soja

Embora tenha ocorrido queda no nível de produtividade no cultivo de sequeiro

devido a adversidades climáticas, as receitas obtidas nos cultivos irrigado e não-

irrigado foram suficientes para quitar os custos operacionais.

A Figura 13 apresenta as receitas líquidas operacionais (RLO) da cultura da soja

em área de sequeiro e irrigada para a safra 2012/13 em Cruz Alta. Observam-se

ótimos resultados nas duas condições de cultivo, em que no sequeiro obteve-se RLO

de R$ 1.424,58/ha e no cultivo sob pivô R$ 2.209,27/ha, diferença de 55% entre as

margens, garantindo a mesma proporção de diferença entre os custo que foi de 56%.

Cabe ressaltar que embora o CO seja maior no cultivo da oleaginosa irrigada a

margem de retorno é também, visto que o maior gasto implica em maior investimento

na cultura e consequentemente em maior produtividade e receita.

Figura 13. Receita Líquida Operacional (RLO) da soja em cultivo de sequeiro e irrigado

em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS.

Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.3 Custos de produção de milho em áreas de sequeiro e irrigadas

O Custo Operacional (CO) de produção do milho em cultivo de sequeiro para

safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS foi de R$ 2.359,33/ha. Por outro lado o CO do

cultivo sob condições de irrigação com pivô central foi 51% maior, R$ 3.553,96/ha.

Page 46: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

43

Assim como no caso da soja, os insumos representam o maior custo de produção, no

caso estudado 64% da composição do CO de sequeiro e 61% no irrigado. Em termos

monetários equivale respectivamente a R$ 1.517,97/ha e R$ 2.151,12/ha, sendo o

ultimo 42% maior que o primeiro.

A Tabela 4 apresenta o detalhamento dos custos de produção do milho de

sequeiro e irrigado. Na desagregação dos itens do CO de produção, os fertilizantes são

os de maior de representatividade, assim como na soja, sendo no sequeiro equivalente

a 35% do CO e no cultivo sob pivô a 37%. Dessa forma pode-se observar um custo de

R$ 853,29/ha em fertilizantes e corretivos no cultivo não-irrigado e de R$

1.326,69/ha no caso irrigado, que se caracteriza com 56% mais investimentos de

capital. Visando potencial produtivo maior que no cultivo irrigado foram adicionados ao

solo 252,5 kg de N, 150 kg de P2O5 e 190 kg de K2O. Já no caso de sequeiro foi feito

menor investimento em adubação, devido ao risco que esse sistema de cultivo

apresenta, dessa forma a adubação se configura com 152 kg de N, 105 kg de P2O5 e

130 kg de K2O.

Os gastos com defensivos agrícolas apresentaram diferença de 22% do

cultivo irrigado para o de sequeiro, R$ 189,35/ha e R$ 232,10/ha, respectivamente. A

diferença observada nos custos é apoiada integralmente no custo com fungicidas,

sendo que no sequeiro este foi nulo e no milho sobre o pivô central de R$ 39,00/ha. A

intensidade de molhamento do cereal no sistema de irrigação favorece o aparecimento

de doenças e sua disseminação cujo veiculo é água e consequentemente o uso de

fungicidas e o aumentando do custo de produção.

Nas sementes o custo ficou em R$ 475,33/ha e R$ 592,33/ha respectivamente

para o cultivo em sequeiro e irrigado. A diferença que ultrapassa os R$ 100/ha é

baseada na quantidade de sementes utilizadas na semeadura, sendo que enquanto no

cultivo não-irrigado foram utilizados 1,2 sacos por hectare no sistema de cultivo sobre

o pivô central foram semeados 1,5 sacos/ha.

Nas operações mecânicas, destaca-se o custo 26% maior no sistema com

irrigação, que registrou R$ 255,06/ha, enquanto que no sequeiro esse valor foi de R$

202,10/ha. Essa discrepância de custos se fundamenta principalmente no número de

pulverizações realizadas nos diferentes sistemas de cultivo, que somaram 5 no irrigado

com pivô e 2 no não-irrigado. Os coeficiente técnicos de semeadura e colheita,

juntamente com as pulverizações, fazem parte desse aumento de custo do irrigado.

Considerando que no milho sobre pivô foram utilizados maior número de sacos por

hectare na semeadura e na colheita o montante colhido também é significadamente

Page 47: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

44

maior, tem-se menor rendimento de máquinas e consequentemente maior custo com

operações mecânicas.

Com produtividade 82% superior ao de sequeiro, na irrigação o transporte da

produção também seguiu a mesma proporção, viso que o calculo desse custo é

baseado no montante de milho transportado. Dessa forma tem-se o custo do cultivo de

sequeiro em R$ 110,00/ha e do irrigado em R$ 200,00/ha.

Os desembolsos com mão de obra foi maior no sequeiro, R$ 144,72/ha contra

R$ 134,43/ha no cultivo de milho irrigado. A distinção entre os custos dos dois

sistemas de cultivo é fundamentada na diluição dos custos de mão-de-obra geral entre

as áreas de cultivo. Como já citada anteriormente nas descrições do custo de soja, no

sistema irrigado a maior área de cultivo e o que consequentemente gera maior

distribuição da mão-de-obra.

A comercialização é caracterizada pelos desembolsos com padronização,

armazenagem e beneficiamento do milho. Como a produtividade é o fator

predominante da base do calculo desse item, no cultivo sob condição de irrigação o

custo foi superior ao de sequeiro, R$ 228,80/ha e R$ 125,84/ha, respectivamente.

Os impostos, contribuições e tributos foram maiores no sistema de cultivo

irrigado, visto que sua produção foi maior que no sequeiro. Essa diferença representa

exatamente a variação da produtividade entre os dois sistemas de cultivo, 82%.

O seguro é relativo ao parque de máquinas e benfeitorias, bem como sua

intensidade de uso. Como foi considerado o mesmo parque de máquinas, com

diferença apenas nas benfeitorias, sendo que no sistema irrigado é adicionado o pivô

central e barragem como investimento. Sendo assim, os custos foram próximos: R$

26,45/ha no sequeiro e R$ 28,07/ha no irrigado.

O desembolso considerado com assistência técnica, que leva em conta 2%

do gasto com insumos agrícolas, operações mecânicas, mão de obra e operações

terceirizada, ficou em R$ 39,50/ha e R$ 54,81/ha.

O calculo dos juros sobre capital de giro é baseado no volume de capital

investido na atividade e nas taxas de juros das diferentes formas de custeio. Como as

fontes de financiamento da lavouras foram as mesmas para o milho, a diferença nos

custos são explicadas pelas custo de produção. Assim no sequeiro, o custo de juros

sobre o capital foi de R$ 120,38/ha e no irrigado R$ 170,11/ha, sendo maior no ultimo

devido ao maior investimento aplicado.

Page 48: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

45

45

Tabela 4. Custo de produção de milho cultivado em condições de sequeiro e irrigado

em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha.

Sequeiro Irrigada

Fertilizantes e corretivos 853,29 1.326,69

Defensivos agrícolas 189,35 232,10

Sementes 475,33 592,33

Adjuvantes/óleos 3,75 7,50

Operação mecânica 202,10 255,06

Irrigação 0,00 200,00

Transporte 110,00 200,00

Mão-de-obra 144,72 134,43

Comercialização 125,84 228,80

Arrendamento 0,00 0,00

Impostos 72,36 131,56

Seguro 26,45 28,07

Assistência técnica 39,50 54,81

Juros sobre capital de giro 120,38 170,11

CO 2.359,33 3.553,96

COT 2.514,82 3.797,02

CT s/ terra 2.659,31 3.987,87

CT 3.317,77 4.613,43

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 49: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

46

5.2.4 Análise da receita líquida operacional do milho

Os resultados econômicos foram satisfatórios nos dois sistemas de cultivo,

embora a diferença entre o irrigado e sequeiro na safra 2012/13 foi de 175%. O milho

cultivado em sequeiro sofreu com as intempéries climáticas durante o desenvolvimento

das lavouras reduzindo significadamente a produtividade

A Figura 14 apresenta as receitas líquidas operacionais (RLO) da cultura do

milho sob condições de irrigação com pivô central e em condições de sequeiro. No

primeiro o a RLO foi de 2.166,04/ha, enquanto que no segundo o valor foi de

786,67/ha. Diferentemente do caso da soja, a diferença de 51% entre os custos foi

bem menor que a diferença entre as margens obtidas pelos produtores, o que sugere

que a perda produtiva do milho no sequeiro teve maior impacto econômico que no

caso da soja.

Figura 14. Receita Líquida Operacional (RLO) de milho em cultivo de sequeiro e

irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS.

Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.5 Custos de produção de trigo em áreas de sequeiro e irrigadas

Para a safra 2012/13 o Custo Operacional (CO) observado no cultivo de trigo

em condição de sequeiro foi de R$ 1.540,67/ha, enquanto que no cultivo irrigado sob

Page 50: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

47

pivô central foi de R$ 1.829,68/ha, diferença de 19%. No trigo não-irrigado, R$

1.042,25/ha são referentes ao desembolso com insumos, o que representa 68% do

CO. Já no irrigado esse valor passa para R$ 1.122,52/ha, porém com

representatividade de 61%.

A Tabela 4 apresenta o detalhamento dos custos de produção do trigo sob

cultivo de sequeiro e irrigado. Os fertilizantes e corretivos, no caso do trigo,

também registraram a maior representatividade na composição do custo operacional,

sendo observado o valor de R$ 581,05/ha no caso do sequeiro e R$ 578,92/ha no caso

irrigado. Ambos os casos foram adicionados ao solo a quantidade de 120 kg de N, 150

kg de P2O5 e 150 kg de K2O. A diferença nesse item ficou por conta dos corretivos, que

apresentou menor valor no cultivo sob condições de irrigação, em virtude do cultivo de

soja 2ª safra, que acabou por melhor diluir esse desembolso. Somente em fertilizantes

foram gastos R$ 560,00/ha, representando 36% no trigo não-irrigado e 31% no

irrigado.

O desembolso com defensivos agrícolas foi consideravelmente discrepantes

entre os cultivos de trigo em Cruz Alta. Enquanto no sequeiro este custo registrou

valor de R$ 253,20/há, no trigo sob pivô central este número chegou a R$ 335,60/ha.

A variação de custos é fundamentada na utilização de fungicidas que é mais intensa no

caso irrigado, devido as condições propicias para o desenvolvimento de doenças – alta

umidade e temperatura – que esse sistema apresenta, alem das chuvas constantes

ocorridas no estádio de desenvolvimento das espigas do trigo. Com controle de

doenças foram gastos R$ 99,70/ha no cultivo não-irrigado e R$ 178,10/ha no sistema

sob pivô central, diferença significativa de 78,6%, sendo constatada apenas uma única

aplicação a mais no caso irrigado, ficando o peso da diferença sobre a dosagem

utilizada dos produtos.

Com sementes não houve diferença nos custos e nem nos coeficientes

técnicos considerados no painel. Sendo assim o custos nos dois cultivos foi de R$

208,00/ha.

O trigo irrigado apresentou maior dispêndio com as operações mecânicas,

sendo este de R$ 157,95/ha contra R$ 152,81/ha em condições de sequeiro,

registrando diferença de 3,3% entre os custos. Essa pequena variação diz respeito a

maior aplicação de defensivos realizada no sistema irrigado, fundamentalmente

relacionado ao controle de doenças. No caso, as pulverizações de sequeiro somaram

R$ 25,70/ha e no cultivo irrigado por aspersão o total de R$ 30,84/ha.

Page 51: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

48

No calculo de transporte da produção é considerado a produtividade como

fator determinante, visto que é cobrado o mesmo preço nos dois casos. Dessa forma

tem-se o custo do cultivo de sequeiro em R$ 40,00/ha e do irrigado em R$ 50,00/ha.

O custo com mão de obra foi 23% menor no caso irrigado em relação ao de

sequeiro. Os valores reduzidos do trigo cultivado sobre pivô é confirmado pelo calculo

de mão-de-obra geral que pondera o item de acordo com a utilização dos cultivos da

terra. Sendo no irrigado considerado o plantio de soja segunda safra e portanto melhor

utilização da terra, o custo de é diluído em maior numero de hectares.

A comercialização foi maior no trigo com tecnologia irrigada, apresentando

um custo de R$ 32,20/ha, valor 25% maior que o custo de sequeiro, que foi de R$

25,76/ha. A comercialização dos grãos de trigo refere-se a padronização e

armazenamento da produção, portanto no calculo, a produtividade interfere

integralmente nos valores finais, o que explica a diferença visto que o rendimento do

cultivo irrigado foi superior.

O gasto com impostos, contribuições e tributos foram 25% superior no

trigo irrigado. Enquanto neste o desembolso foi de R$ 37,03/ha, no não-irrigado o

valor foi de R$ 29,62/ha.

O desembolso considerado com assistência técnica, que leva em conta 2%

do gasto com insumos agrícolas, operações mecânicas, mão de obra e operações

terceirizada, ficou em R$ 26,45/há no trigo em condições de sequeiro e R$ 28,07/ha

para o caso irrigado.

O desembolso com juros sobre capital de giro foi maior no trigo sob irrigado

com pivô, no caso o valor ficou em R$ 83,32/ha. No trigo de sequeiro este valor

passou para R$ 79,06/ha, soma 5% menor que o primeiro. Notavelmente a diferença

refere-se ao custo de produção maior do irrigado, visto que o calculo é baseado nesse

valor e nas diferentes fontes de financiamento, que foram as mesmas nas duas formas

de cultivo.

Page 52: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

49

Tabela 5. Custo de produção de trigo cultivado em condições de sequeiro e irrigado em

pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha.

Sequeiro Irrigada

Fertilizantes e corretivos 581,05 578,92

Defensivos agrícolas 253,20 335,60

Sementes 208,00 208,00

Adjuvantes/oleos 12,00 16,00

Operação mecânica 152,81 157,95

Irrigação 0,00 200,00

Transporte 40,00 50,00

Mão-de-obra 117,65 90,18

Comercialização 25,76 32,20

Arrendamento 0,00 0,00

Impostos 29,62 37,03

Seguro 26,45 28,07

Assistência técnica 27,05 28,41

Juros sobre capital de giro 79,06 83,32

CO 1.540,67 1.829,68

COT 1.657,97 2.003,60

CT s/ terra 1.798,57 2.186,29

CT 1.878,11 2.298,74

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 53: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

50

5.2.6 Análise da receita líquida operacional do trigo

Os desempenhos econômicos do trigo não foram satisfatórios, tanto no cultivo

em condições de sequeiro quanto no irrigado. As margens observadas na safra

2012/13 do cereal ficaram no negativo em ambos casos. Em sumo, a perda produtiva

causada por geadas tardias e excesso de chuvas no final do ciclo explicam os

resultados econômicos desfavoráveis.

Na Figura 15 podem ser observadas as receitas líquidas operacionais (RLO) da

cultura do trigo cultivado com tecnologia de irrigação e em condições não-irrigantes.

Na cultura de sequeiro a RLO registrou -R$ 252,67/ha, enquanto que no irrigado esse

valor subiu para -R$ 219,68/ha, diferença de 13%.

Figura 15. Receita Líquida Operacional (RLO) de trigo em cultivo de sequeiro e irrigado

em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS.

Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.7 Custos de produção de soja 2ª safra em áreas irrigadas

O cultivo de soja 2ª safra 2012/13 foi apenas realizado no sistema com

tecnologia irrigada, desconsiderando, portanto a analise comparativa entre os dois

modelos como para a soja, milho e trigo. O Custo Operacional (CO) da soja segunda

Page 54: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

51

safra ficou em R$ 1.460,71/ha, em que os insumos representaram 50%, apresentando

valor real de R$ R$ 735,74/ha.

Na Tabela 6 pode ser observado os custos operacionais da soja segunda safra

detalhadamente. Os fertilizantes e corretivos custaram ao produtor na safra

2012/13 o equivalente a R$ 310,14/ha e representando 21% do custo. Ao todo foram

aplicados ao solo a quantidade de 12,5 kg de N, 50 kg de P2O5 e 50 kg de K2O. O custo

com esse item foi menor nesse sistema de cultivo do que na safra verão de soja

irrigada ou de sequeiro, constatando melhor investimento na segunda safra. Os riscos

e a menor capacidade produtiva da segunda safra é que justificam o desempenho..

O custo com defensivos agrícolas da soja irrigada na segunda safra foi de R$

345,60/ha, número superior ao gasto na safra verão irrigada de R$ 292,85/ha. A

diferença é fundamentada na questão do uso de herbicidas e fungicidas, que foram

mais onerosos na segunda safra, devido às condições climáticas.

As sementes atingiram o gasto de R$ 80,00/ha cultivado com segunda safra

de soja, contra R$ 109,33/ha no caso da soja irrigada no verão. As condições que

diferenciam o custo estão nas sementes utilizadas na cobertura pós safra de verão,

que não são consideradas no gasto de segunda safra. Quanto aos coeficientes

técnicos, os mesmos foram considerados nos dois cultivos.

O gasto com operações mecânicas para soja segunda safra ficou em R$

134,44/ha, enquanto que na safra verão esse gasto foi de R$ 191,76/ha. Embora

tenha ocorrido maior numero de pulverizações na segunda, a acréscimo do plantio de

cobertura, da colheita e adubação de cobertura é sustentaram o maior gasto na safra

irrigada de verão.

O transporte da produção somou gasto de R$ 45,00/ha, custo que é

baseado no volume de produção transportado da lavoura até a unidade armazenadora.

O dispêndio com mão de obra foi de R$ 83,10/ha, valores 25% menores que

no caso de verão irrigado. A diferença é devido a representatividade da área de cultivo

da cultura em relação a área total.

A comercialização foi de R$ 69,19/ha, valor 35,7% inferior ao mesmo item da

safra irrigada de verão. A diferença nos números é devido a produtividade, visto que o

calculo de comercialização é fundamentado nesse item.

O desembolso com juros sobre capital de giro ficou em R$ 81,56/ha,

enquanto que na soja verão irrigada esse gasto foi de R$ 123,39/ha, diferença de

34%. A variação dos custos por hectare se baseiam no fato do cultivo de verão ter

Page 55: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

52

maior investimento e demandar maior volume de capital e consequentemente maior

gasto com juros sobre o capital investido.

Tabela 6. Custo de produção de soja 2ª safra cultivada em condições de cultivo irrigado

em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha.

Irrigada

Fertilizantes e corretivos 310,14

Defensivos agrícolas 345,60

Sementes 80,00

Adjuvantes/oleos 24,80

Operação mecânica 134,44

Irrigação 200,00

Transporte 45,00

Mão-de-obra 83,10

Comercialização 69,19

Arrendamento 0,00

Impostos 63,65

Seguro 28,07

Assistência técnica 19,97

Juros sobre capital de giro 81,56

CO 1.460,71

COT 1.618,98

CT s/ terra 1.799,59

CT 1.912,04

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 56: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

53

5.2.8 Análise da receita líquida operacional da soja 2ª safra

O resultado econômico da soja segunda safra 2012/13 foi satisfatórios,

principalmente quando comparado ao trigo, que é a outra opção cultivada após a safra

de verão.

A Figura 16 apresenta a receita líquida operacional (RLO) da cultura de soja 2ª

safra cultivada sob condições de irrigação com pivô central. Na oleaginosa a RLO foi de

1.306,79/ha. A RLO da segunda safra irrigada foi 40% que no caso de verão, no

entanto a produtividade apresentou diferença de 35%. Contudo a segunda safra,

ajudou indiretamente na diluição dos custos da soja, como no item mão-de-obra por

exemplo.

Figura 16. Receita Líquida Operacional (RLO) de soja 2ª safra em cultivo irrigado em

pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS.

Fonte: Dados da pesquisa.

6 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DO PROJETO

6.1 Método determinístico

Para análise de investimentos no modelo determinísticos, foram considerados

três cenários que avaliassem as condições de viabilidade segundo os resultados dos

cálculos de Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Payback.

Page 57: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

54

Os diferentes cenários foram definidos como pessimista, médio e otimista,

sendo o preço da soja, milho e trigo a variável determinante para as diferentes

realidades em análise.

Foram utilizadas as séries de preços médias mensais coletadas pelo Cepea, em

que foi considerado o período entre jan/2002 e set/2013. Estes dados foram então

deflacionados para set/2013.

A partir dessa serie deflacionada, calcularam-se as médias e os desvios padrão

de cada commodity, sendo que estes valores médios calculados serviram como base

para determinar os cenários em análise. Para o cenário pessimista e otimista foi

considerado ao preço médio um desvio padrão pra baixo (subtração) e um desvio pra

cima (adição), respectivamente – Tabela 7.

Tabela 7. Preço ajustados de soja, milho e trigo para análise de cenários – R$/saca.

Fonte: Dados da pesquisa.

O preço médio da soja ficou em R$ 54,75/sc e o desvio padrão de R$ 12,60/sc,

o que gerou um valor mínimo de R$ 42,15/sc para o cenário pessimista e um máximo

de R$ 67,34/sc para o otimista.

No milho, a média de preços seguiu em R$ 14,03/sc, com desvio padrão de

5,81/sc. Dessa forma o valor utilizado no cenário pessimista foi de R$ 8,22/sc,

enquanto que no otimista o valor foi de R$ 19,85/sc.

Para o trigo a média calculada na série foi de R$ R$ 17,41/sc, em que o desvio

padrão foi de R$ 5,96/sc. Com isso, o valor mínimo calculado foi de R$ 11,46/sc e o

máximo de R$ 23,37/sc.

6.1.1 Análise de projeto para o cultivo de sequeiro

Na análise determinística do cultivo de sequeiro, foi registrado o investimento

R$ 1.446.500,00 em máquinas e implementos e outros R$ 335.000,00 em benfeitorias,

somando o total de R$ 1.781.500,00, que foram adotados para todos os cenários do

sequeiro. Ao fim do projeto foi considerado o resgate desses bens, que somaram renda

positiva de R$ 456.800,00.

soja milho trigo

desvio padrão 12,60 5,81 5,96

mínima 42,15 8,22 11,46

média 54,75 14,03 17,41

máxima 67,34 19,85 23,37

Page 58: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

55

O Custo Operacional (CO) da produção, também considerado em todos os

cenários do cultivo de sequeiro, foi de R$ 675.532,49/ano, sendo que a soja participou

com R$ 372.174,45/ano, o milho com R$ 160.666,00/ano e o trigo com R$

142.692,04/ano. Estes custos foram adotados como constante ao longo do período de

dez anos do projeto.

6.1.1.1 Cenário pessimista – sequeiro

Considerando os preços mínimos demonstrados na seção anterior, o cenário

pessimista registrou Receita Bruta (RB) de R$ 637.107,74/ano, o que gerou um fluxo

operacional líquido de -R$ 38.424,75/ano, como pode ser observado na Tabela 8.

Levando em consideração o investimento de R$ -1.781.500,00 e esse fluxo de

caixa anual, o Valor Presente Líquido (VPL) gerado para esse projeto foi de -R$

454.344,89 para o período de 10 anos, à uma taxa de juros de 10% a.a.

Diante desses resultados econômicos, o projeto se enquadra como inviável,

visto que não há esperança de Payback dentro desse período e a Taxa Interna de

Retorno (TIR) fica abaixo de zero.

6.1.1.2 Cenário médio – sequeiro

Com a introdução dos preços médios, a RB da produção cresceu para R$

862.858,77/ano, gerando dessa forma um fluxo de caixa operacional positivo, em R$

187.326,29/ano, conforme pode ser observado na Tabela 10.

Embora os fluxos de caixa anuais tenham apresentado valores positivos ao

longo do 10 anos de projeto, o VPL somou o resultado de -R$ 454.344,89, o que já o

configura como inviável, visto que os retorno total ao período de dez anos será

negativo.

Mesmo com fluxo de caixa positivos ao longo dos anos o Payback foi de 9 anos

e 1,8 meses, o que o caracteriza por este parâmetro como viável a longo prazo. Por

outro lado a TIR ficou em 4%, o que configura o projeto como descartável, visto que o

valor se encontra abaixo da Taxa Mínima de Atratividade (TMA) do mercado, que nesta

análise seguiu um investimento mais conservador, no caso a poupança com taxa de

6,20% a.a.

Page 59: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

56

6.1.1.3 Cenário otimista – sequeiro

Em um cenário otimista, o cultivo de sequeiro apresentou resultados

econômicos satisfatórios. Com a receita da produção em R$ 1.088.609,80/ano, pode

cobrir os custos anuais e ainda gerar lucro. Alem disso, ao final dos dez anos de

projeto avaliados, gerou VPL sobre a taxa de 10% a.a. de R$ R$ 932.797,48.

Além de o resultado do VPL o configurar como viável economicamente, a TIR

apresentada foi de 20% para o caso otimista da propriedade, tornando o projeto mais

atrativo que a poupança.

Diante desse cenário, o Payback foi de 4 anos e 3,8 meses, ou seja, o

investimento em uma lavoura de soja, milho e trigo em cultivo de sequeiro pode ser

paga em mais de 4 anos e daí em diante o fluxo operacional líquido irá gerar lucros ao

produtor

Page 60: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

57

Tabela 8. Fluxo de caixa no cenário pessimista do cultivo em sequeiro em – R$.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 9. Análise de viabilidade econômica do cenário pessimista.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Receita Bruta soja 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12

Receita Bruta milho verão 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67

Receita Bruta trigo 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95

Receita Bruta (produção) 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74

Custo soja -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45

Custo milho verão -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00

Custo trigo -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04

Custo (produção) -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49

Receita Líquida (produção) -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75

Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00

Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00

Investimento irrigação 0,00 0,00

Fluxo Caixa -1.781.500,00 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 418.375,25

Fluxo de Caixa Acumulado -1.781.500,00 -1.819.924,75 -1.858.349,50 -1.896.774,25 -1.935.198,99 -1.973.623,74 -2.012.048,49 -2.050.473,24 -2.088.897,99 -2.127.322,74 -1.708.947,49

Parâmetro

VPL

TIR

Payback inviável

-

-R$ 1.841.487,27

Resultado

Page 61: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

58

Tabela 10. Fluxo de caixa no cenário médio do cultivo em sequeiro – em R$.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 11. Análise de viabilidade econômica do cenário médio.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Receita Bruta soja 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64

Receita Bruta milho verão 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28

Receita Bruta trigo 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86

Receita Bruta (produção) 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77

Custo soja -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45

Custo milho verão -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00

Custo trigo -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04

Custo (produção) -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49

Receita Líquida (produção) 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29

Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00

Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00

Investimento irrigação 0,00 0,00

Fluxo Caixa -1.781.500,00 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 644.126,29

Fluxo de Caixa Acumulado -1.781.500,00 -1.594.173,71 -1.406.847,43 -1.219.521,14 -1.032.194,86 -844.868,57 -657.542,29 -470.216,00 -282.889,72 -95.563,43 548.562,85

Parâmetro

VPL

TIR

Payback 9 anos 1,8 meses

Resultado

-R$ 454.344,89

4%

Page 62: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

59

.

Tabela 12. Fluxo de caixa no cenário otimista do cultivo em sequeiro – em R$.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 13. Análise de viabilidade econômica do cenário otimista.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Receita Bruta soja 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15

Receita Bruta milho verão 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89

Receita Bruta trigo 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77

Receita Bruta (produção) 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80

Custo soja -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45

Custo milho verão -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00

Custo trigo -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04

Custo (produção) -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49

Receita Líquida (produção) 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32

Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00

Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00

Investimento irrigação 0,00 0,00

Fluxo Caixa -1.781.500,00 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 869.877,32

Fluxo de Caixa Acumulado -1.781.500,00 -1.368.422,68 -955.345,36 -542.268,04 -129.190,72 283.886,60 696.963,92 1.110.041,23 1.523.118,55 1.936.195,87 2.806.073,19

Parâmetro

VPL

TIR

Payback 4 anos 3,8 meses

Resultado

R$ 932.797,48

20%

Page 63: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

60

6.1.2 Análise de projeto para o cultivo irrigado com pivô central

Na análise determinística do cultivo com pivô central para irrigação, foi

computado o investimento R$ 1.446.500,00 em máquinas e implementos e outros R$

335.000,00 em benfeitorias e mais R$ 700.000,00 com emprego da compra do sistema

de irrigação (pivô, bomba e barragem), somando o total de R$ 2.481.500,00, que

foram adotados para todos os cenários do cultivo irrigado. Ao termino do projeto o

resgate desses bens gera ao fluxo de caixa do décimo ano o total de R$ 668.800,00.

O Custo Operacional (CO) da produção, também considerado em todos os

cenários do cultivo deste modelo de cultivo, foi de R$ 1.069.416,47/ano, sendo que a

soja participou com R$ 583.495,32/ano, o milho com R$ 243.875,41/ano, o trigo com

R$ 169.390,03/ano e a soja 2ª safra com outros R$ 72.655,70/ano. Assim como no

sequeiro, estes custos foram constantes ao longo do período de análise.

6.1.2.1 Cenário pessimista – irrigado

No cenário pessimista do cultivo irrigado a Receita Bruta (RB) somou R$

1.089.434,81/ano, sendo suficiente para cobrir os custos, mas não para amortizar o

investimento realizado, conforme pode ser observado na Tabela 14.

Embora a receita total tenha quitado o Custo Operacional (CO) da fazenda, o

investimento feito pra o cultivo de milho e trigo não puderam ser cobertos pela receita

de seus respectivos. Isso porque o preço mínimo considerado nesta analise chegou a

um patamar que não justificaria o uso da irrigação, ou seja, na questão a alta

produtividade não mantém a segurança que a baixa cotação de mercado das

commodities pode causar sobre o investimento.

Portanto o VPL observado foi de -R$ 2.101.415,71 (Tabela 15), ou seja, o

projeto é inviável no prazo de dez anos. A Taxa Interna de Retorno (TIR) retornou o

valor de -11%, configurando o projeto como inviabilizado, independente dos outros

parâmetros de avaliação. No caso o Payback do projeto não foi contabilizado no

período de dez anos de análise, visto que , mesmo com fluxo de caixa operacional

positivo anualmente, o investimento inicial não pode ser quitado.

Cabe ressaltar, que embora a produtividade do cultivo irrigado tenha sido maior

que o de sequeiro, em situações em que o preço das commodities é relativamente

baixo para o mercado, o prejuízo ao final do projeto é maior para o cultivo de maior

investimento, no caso o irrigado com pivô.

Page 64: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

61

Tabela 14. Fluxo de caixa no cenário pessimista a do cultivo irrigado com pivô central – em R$.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 15. Análise de viabilidade econômica do cenário pessimista.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Receita Bruta soja 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42

Receita Bruta milho verão 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76

Receita Bruta trigo 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43

Receita Bruta soja 2ª safra 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20

Receita Bruta (produção) 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81

Custo soja -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32

Custo milho verão -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41

Custo trigo -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03

Custo soja 2ª safra -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70

Custo (produção) -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47

Receita Líquida (produção) 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34

Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00

Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00

Investimento irrigação -700.000,00 210.000,00

Fluxo Caixa -2.481.500,00 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 686.818,34

Fluxo de Caixa Acumulado -2.481.500,00 -2.461.481,66 -2.441.463,32 -2.421.444,98 -2.401.426,64 -2.381.408,30 -2.361.389,96 -2.341.371,62 -2.321.353,29 -2.301.334,95 -1.614.516,61

Parâmetros

VPL

TIR

Payback

Resultados

inviável

-11%

-R$ 2.101.415,71

Page 65: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

62

6.1.2.2 Cenário médio – irrigado

Neste cenário a produtividade e preço corroboraram pra que a RB da produção

total de R$ 1.473.913,86/ano superasse o CO da fazenda gerando lucro – Tabela 16.

Com isso o VPL gerado foi de R$ 261.041,66 (Tabela 17), considerando a taxa de

desconto de 10% a.a. Tambem neste cenário o milho e trigo não recuperaram os

custos e somaram valores negativos ao fluxo de caixas, sendo sustentados pela soja e

soja 2ª safra. O que supõe que a introdução da soja 2ª safra ao sistema é que

viabilizou o cenário médio.

Já no cenário médio, a TIR atingiu 12% superando a TMA – poupança de 6,2%

- caracterizando o projeto como atrativo para o mercado. Não o bastante, o Payback

deste caso foi de 6 anos e 1,6 meses, ou seja, no 7 ano em diante o fluxo de caixa

operacional já rendia lucro ao produtor desse modelo de propriedade em Cruz Alta.

Diferentemente da análise do cultivo de sequeiro, o irrigado apresentou os três

parâmetros indicando viabilidade econômica a valores das cotações de commodities na

média do mercado.

6.1.2.3 Cenário otimista – irrigado

O cenário ótimo de preços das commodities modificou todo o sistema da

fazenda. Alem da RB da propriedade total de R$ 1.858.392,92/ano conseguir cobrir o

custo de produção e gerar lucros, o milho dessa vez também o fez superando o custo

de R$ 243.875,41/ano com a receita de R$ 277.854,34/ha. Este caso sugere que a alta

produtividade do milho irrigado nada adianta se os preços do cereal não forem alto.

Com os dados deste cenário, gerou-se o VPL de R$ 2.623.499,03, aceitando o

projeto como viável. A TIR registrou o valor de 30% superando ainda mais a TMA eu o

cenário de preços médios. Assim, a Payback deste ambiente para a propriedade

padrão de Cruz Alta foi de 3 anos e 1,7 meses.

No cenário otimista, o cultivo irrigado apresentou melhor atratividade que o

sequeiro a medida que teve Payback menor. Esses dados demonstram, que em anos

que as cotações atingem médias altas, o cultivo irrigado é a melhor opção que

consegue progredir a lucratividade do milho e saldar seus investimento, ao período de

dez anos.

Page 66: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

63

Tabela 16. Fluxo de caixa no cenário médio do cultivo irrigado com pivô central – em R$.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 17. Análise de viabilidade econômica do cenário médio.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Receita Bruta soja 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88

Receita Bruta milho verão 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05

Receita Bruta trigo 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32

Receita Bruta soja 2ª safra 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61

Receita Bruta (produção) 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86

Custo soja -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32

Custo milho verão -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41

Custo trigo -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03

Custo soja 2ª safra -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70

Custo (produção) -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47

Receita Líquida (produção) 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40

Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00

Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00

Investimento irrigação -700.000,00 210.000,00

Fluxo Caixa -2.481.500,00 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 1.071.297,40

Fluxo de Caixa Acumulado -2.481.500,00 -2.077.002,60 -1.672.505,21 -1.268.007,81 -863.510,41 -459.013,02 -54.515,62 349.981,77 754.479,17 1.158.976,57 2.230.273,96

Parâmetros

VPL

TIR

Payback 6 anos 1,6 meses

12%

Resultados

R$ 261.041,66

Page 67: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

64

Tabela 18. Fluxo de caixa no cenário otimista do cultivo irrigado com pivô central – em R$.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 19. Análise de viabilidade econômica do cenário otimista.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Receita Bruta soja 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34

Receita Bruta milho verão 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34

Receita Bruta trigo 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21

Receita Bruta soja 2ª safra 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03

Receita Bruta (produção) 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92

Custo soja -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32

Custo milho verão -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41

Custo trigo -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03

Custo soja 2ª safra -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70

Custo (produção) -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47

Receita Líquida (produção) 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45

Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00

Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00

Investimento irrigação -700.000,00 210.000,00

Fluxo Caixa -2.481.500,00 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 1.455.776,45

Fluxo de Caixa Acumulado -2.481.500,00 -1.692.523,55 -903.547,09 -114.570,64 674.405,81 1.463.382,27 2.252.358,72 3.041.335,17 3.830.311,63 4.619.288,08 6.075.064,53

Parâmetros

VPL

TIR

Payback 3 anos 1,7 meses

Resultados

R$ 2.623.499,03

30%

Page 68: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

65

6.1.2.4 Resultado geral dos cenários.

Na avaliação geral dos resultados obtidos com a análise de projetos, a melhor

opção de investimento foi a com irrigação, visto que quando comparado cenário a

cenário o modelo de cultivo com pivô central superou o em condições de sequeiro.

Nos resultados, tanto no cenário otimista do sequeiro quanto do irrigado o VPL

gerado foi positivo, mas o valor encontrado para do irrigado foi 2,81 vezes superior ao

registrado em condições de sequeiro. A diferença do retorno foi superior em R$

1.690.701,55 no caso com aspersão com pivô em relação ao sequeiro. Os dados de

superioridade do irrigado também seguem com os valores da TIR em que foi de 30%

neste modelo de cultivo contra 20% no sequeiro. O Payback – período necessário para

quitar o investimento –, também foi mais curto no irrigado otimista, em que são

necessários apenas 3 anos enquanto no sequeiro são 4 anos, embora o sistema

irrigado necessite de R$ 700.000 a mais de capital inicial investido.

Com o cenário médio é mais fácil visualizar a viabilidade do projeto irrigado e a

dificuldade do sequeiro em manter seu investimento rentável. Mesmo a longo prazo –

10 anos – o cenário médio do cultivo de sequeiro não retornou VPL positivo e precisou

de mais de 9 anos para pode quitar o custo de implantação do projeto. Cabe

considerar que a quitação para mais de 9 anos só foi possível quando vendido o capital

amortizado (valor de sucata) ao final do período de análise.

Já com o cenário médio do irrigado, as condições de investimentos são mais

seguras e ultrapassam a TMA. O VPL ao período de 10 anos retornou R$ 261.041,66,

com TIR em 12%, configurando o projeto como viável e aceitável, mesmo que seu

tempo para quitar os investimentos tenha sido de 6 anos.

O cenário pessimista de ambos os casos não conseguiu viabilizar o projeto.

Neste caso destaca-se que quando o investimento passar por uma conjuntura de

preços baixos em que a receita não cobre os custos o prejuízo é maior no projeto com

maior investimento, visto que o capital aplicado inicialmente não foi pago durante o

período considerado.

Com base nessa afirmação, o quadro pessimista irrigado retornou VPL de -R$

2.101.415,71, enquanto o pessimista de sequeiro -R$ 1.841.487,27. Ou seja, como

citado anteriormente, maior investimento implica em maior risco, caso o cenários de

preços não contribua.

É obvio que os cenários, o qual a analise determinista se baseia, não responde

ao padrão da realidade, em que os ambientes mudam a cada ano.

Page 69: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

66

Tabela 20. Análise geral de viabilidade econômica dos cenários do cultivo de sequeiro e

irrigado.

Fonte: Dados da pesquisa. *TMA= 6,2% a.a.

6.2 Método Estocástico – Simulação de Monte Carlo

Usar as técnicas de repetição de amostragem aleatória da distribuição de

probabilidade faz parte das técnicas tradicionais de simulação, que por sua vez afetam

os fluxos de caixas do projeto e, consequentemente, os resultados finais do Valor

Presente Líquido (VPL) do mesmo (ZILLI, 2010). Segundo Trigeorgis (2002), essas

simulações servem para reproduzir um cenário real, usando um modelo matemático

para auxiliar na tomada de decisão.

Buscou-se então realizar simulações baseadas na serie histórica de preços de

soja, milho e trigo observado para região de Cruz Alta/RS, caracterizado com base nas

médias e nos desvios padrão. Por método de Monte Carlo foram realizadas dez mil

simulações para variável preço (mil por ano e para dez anos) em cada cultura,

considerando que as distribuições do preço foram independentes entre as culturas.

A Figura 17, Figura 18 e Figura 19 apresentam as distribuições das simulações

para o preço balcão da soja, milho e trigo, respectivamente na região da propriedade

padrão analisada. Os parâmetros considerados para soja foram a média de preço

balcão de R$ 55,31/sc, com desvio padrão de R$ 7,95; no milho a média de preço

balcão de R$ 12,33 e desvio padrão de R$2,48; e média de R$ 16,31/sc com desvio

padrão de R$ 3,51 para o trigo.

O comportamento dos preços para as culturas se diferiram um pouco nas

simulações de preços das commodities para a região de Cruz Alta/RS. Assim, o

resultado após simulações apresentaram para a soja a média de R$ 55,41/sc,

enquanto que para o milho e trigo foi de R$ 12,31/sc e R$ 16,30/sc , respectivamente.

Parâmetro Pessimista Médio Otimista Pessimista Médio Otimista

VPL -R$ 1.841.487,27 -R$ 454.344,89 R$ 932.797,48 -R$ 2.101.415,71 R$ 261.041,66 R$ 2.623.499,03

TIR - 4% 20% -11% 12% 30%

Payback inviável 9 anos 4 anos inviável 6 anos 3 anos

Sequeiro Irrigado

Page 70: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

67

Figura 17. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de soja na região

de Cruz Alta/RS – R$/saca

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 18. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de milho na

região de Cruz Alta/RS – R$/saca

Fonte: Dados da pesquisa.

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

24

,77

27

,13

29

,49

31

,85

34

,21

36

,57

38

,93

41

,29

43

,66

46

,02

48

,38

50

,74

53

,10

55

,46

57

,82

60

,18

62

,54

64

,90

67

,27

69

,63

71

,99

74

,35

76

,71

79

,07

81

,43

83

,79

86

,15

88

,51

90

,87

93

,24

95

,60

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

R$/sc

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

3,4

9

4,0

8

4,6

6

5,2

5

5,8

3

6,4

1

7,0

0

7,5

8

8,1

7

8,7

5

9,3

4

9,9

2

10

,51

11

,09

11

,67

12

,26

12

,84

13

,43

14

,01

14

,60

15

,18

15

,77

16

,35

16

,93

17

,52

18

,10

18

,69

19

,27

19

,86

20

,44

21

,02

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

R$/sc

Page 71: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

68

Figura 19. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de trigo na

região de Cruz Alta/RS – R$/saca

Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.1 Simulações de Monte Carlo para o cultivo de sequeiro

As simulações realizadas serviram de base para estudar o comportamento dos

preços das commodities dentro da região. Assim como os valores simulados foram

utilizados para simular o VPL das diferentes culturas empregadas, dos sistemas delas

envolvidos e da propriedade como um todo.

A seguir serão apresentados a distribuições das simulações do Valor Presente

esperado considerando a taxa de juros real de 2,2% a.a. Para o VPL esperado utilizou-

se o fluxo de caixa operacional líquido, desconsiderando dessa forma os custos com

depreciação de máquinas e benfeitorias, a remuneração do capital e o custo de

oportunidade da terra.

6.2.1.1 Monte Carlo: Soja, milho e trigo

Para a soja, foi considerado o Custo Operacional (CO) de R$ 372.173,20/ano

em 280 ha cultivados, ou R$ 1.329,19/ha, para cada ano dos 10 anos considerados

para o investimento. Assim, gerou um VPL médio de R$ 2.005.852,55 para toda área

semeada com soja em 10 anos (Figura 20), o que equivale R$ 7.163,76/ha, com

desvio padrão observado de R$ 263.210,48 ou R$ 940,04/ha.

Esses números expressam a integral condição de lucratividade positiva da

oleaginosa em cultivo de sequeiro. Pode-se constatar pela distribuição dos VPLs na

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

3,6

3

4,4

4

5,2

4

6,0

5

6,8

5

7,6

5

8,4

6

9,2

6

10

,06

10

,87

11

,67

12

,48

13

,28

14

,08

14

,89

15

,69

16

,49

17

,30

18

,10

18

,91

19

,71

20

,51

21

,32

22

,12

22

,92

23

,73

24

,53

25

,34

26

,14

26

,94

27

,75

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

R$/sc

Page 72: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

69

Figura 20 que há a possibilidade de 50% de chances de se obter um Valor Presente

esperado acima R$ 2.000.000,00 ao se investir neste projeto com soja.

Figura 20. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro da soja para a

propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

No milho verão, o CO considerado foi de R$ 160.666,10/ano para os 70 ha

semeados, o mesmo que R$ 2.295,23/ha/ano. Diante deste custo, o cereal registrou

VPL médio calculado de -R$ 756.464,25 para área semeada ou -R$ 10.806,63/ha, em

que o desvio padrão foi de R$ 52.354,52 ou R$ 747,92/ha. Este resultado do desvio

padrão merece atenção, visto que registra uma alta variabilidade nos resultados, o que

distancia o prejuízo entre R$ -909.114,01 até R$ R$ 603.452,18.

De acordo com a Figura 21 não apresenta probabilidade real de a atividade de

milho na região de Cruz Alta ter margem positiva em cultivo de sequeiro. Cabe

ressaltar, que há a 89%% de chances de o VPL estar abaixo dos -R$ 700.000,00,

constatando que a cultura é bem menos atrativa que a oleaginosa para o cultivo de

verão.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

1.1

67

.80

4,1

3

1.2

19

.21

1,1

2

1.2

70

.61

8,1

1

1.3

22

.02

5,1

0

1.3

73

.43

2,0

9

1.4

24

.83

9,0

7

1.4

76

.24

6,0

6

1.5

27

.65

3,0

5

1.5

79

.06

0,0

4

1.6

30

.46

7,0

3

1.6

81

.87

4,0

1

1.7

33

.28

1,0

0

1.7

84

.68

7,9

9

1.8

36

.09

4,9

8

1.8

87

.50

1,9

7

1.9

38

.90

8,9

6

1.9

90

.31

5,9

4

2.0

41

.72

2,9

3

2.0

93

.12

9,9

2

2.1

44

.53

6,9

1

2.1

95

.94

3,9

0

2.2

47

.35

0,8

8

2.2

98

.75

7,8

7

2.3

50

.16

4,8

6

2.4

01

.57

1,8

5

2.4

52

.97

8,8

4

2.5

04

.38

5,8

2

2.5

55

.79

2,8

1

2.6

07

.19

9,8

0

2.6

58

.60

6,7

9

2.7

10

.01

3,7

8

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 73: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

70

Figura 21. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro de milho verão para a

propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

O desembolso do trigo levantado em painel e considerado para os 10 anos de

investimento foi de R$ 142.691,73/ano ou R$ 1.528,84/ha/ano. Assim, o VPL médio

calculado, para este custo e a Receita Bruta (RB) simulada, foi de -R$ 968.896,54, o

equivalente à -R$ 10381,41/ha. O desvio padrão calculado para este VPL esperado foi

de R$ 36.837,05 ou R$ 394,70/ha.

O trigo também não apresenta probabilidade de margem positiva sobre o

investimento, como pode ser observado na Figura 22. O VPL pode variar entre -R$

899.434,72 e -R$ 742.235,19, sendo que 65% das simulações do VPL se concentram

entre os valores de -R$ 833.512,34 e -R$ 787.873,76.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

-90

9.1

14

,01

-89

9.2

53

,96

-88

9.3

93

,90

-87

9.5

33

,84

-86

9.6

73

,78

-85

9.8

13

,72

-84

9.9

53

,66

-84

0.0

93

,60

-83

0.2

33

,54

-82

0.3

73

,48

-81

0.5

13

,42

-80

0.6

53

,36

-79

0.7

93

,30

-78

0.9

33

,24

-77

1.0

73

,18

-76

1.2

13

,13

-75

1.3

53

,07

-74

1.4

93

,01

-73

1.6

32

,95

-72

1.7

72

,89

-71

1.9

12

,83

-70

2.0

52

,77

-69

2.1

92

,71

-68

2.3

32

,65

-67

2.4

72

,59

-66

2.6

12

,53

-65

2.7

52

,47

-64

2.8

92

,41

-63

3.0

32

,35

-62

3.1

72

,29

-61

3.3

12

,24

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 74: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

71

Figura 22. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro de trigo para a

propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.1.2 Monte Carlo: Sistemas

Para a propriedade padrão de Cruz Alta/RS, o único sistema envolvido foi o da

soja semeada no verão sucedido de trigo no inverno. Para isso foram considerados os

mesmos COs relatados nas culturas individualmente.

Figura 23. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro do sistema soja + trigo

para a propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

-1.0

86

.43

0,4

9

-1.0

79

.10

1,6

2

-1.0

71

.77

2,7

5

-1.0

64

.44

3,8

8

-1.0

57

.11

5,0

1

-1.0

49

.78

6,1

4

-1.0

42

.45

7,2

7

-1.0

35

.12

8,4

0

-1.0

27

.79

9,5

3

-1.0

20

.47

0,6

6

-1.0

13

.14

1,7

9

-1.0

05

.81

2,9

3

-99

8.4

84

,06

-99

1.1

55

,19

-98

3.8

26

,32

-97

6.4

97

,45

-96

9.1

68

,58

-96

1.8

39

,71

-95

4.5

10

,84

-94

7.1

81

,97

-93

9.8

53

,10

-93

2.5

24

,23

-92

5.1

95

,36

-91

7.8

66

,49

-91

0.5

37

,62

-90

3.2

08

,75

-89

5.8

79

,88

-88

8.5

51

,01

-88

1.2

22

,14

-87

3.8

93

,27

-86

6.5

64

,40

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

19

9.5

27

,89

25

1.8

27

,60

30

4.1

27

,32

35

6.4

27

,03

40

8.7

26

,75

46

1.0

26

,46

51

3.3

26

,18

56

5.6

25

,89

61

7.9

25

,61

67

0.2

25

,32

72

2.5

25

,04

77

4.8

24

,75

82

7.1

24

,47

87

9.4

24

,18

93

1.7

23

,90

98

4.0

23

,61

1.0

36

.32

3,3

3

1.0

88

.62

3,0

4

1.1

40

.92

2,7

6

1.1

93

.22

2,4

7

1.2

45

.52

2,1

9

1.2

97

.82

1,9

1

1.3

50

.12

1,6

2

1.4

02

.42

1,3

4

1.4

54

.72

1,0

5

1.5

07

.02

0,7

7

1.5

59

.32

0,4

8

1.6

11

.62

0,2

0

1.6

63

.91

9,9

1

1.7

16

.21

9,6

3

1.7

68

.51

9,3

4

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 75: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

72

Dessa forma, observou-se o VPL médio esperado de R$ 1.191.934,85 ou R$

3.192,71/ha, em que o desvio padrão foi de R$ 277.468,80 ou R$ 743,23/ha. Segundo

a Figura 23, o sistema registrou probabilidade integral de apresentar Valor Presente

esperado superior a zero, sendo que há mais de 97,7% de chances de o sistema

retornar VPL maior que R$ 513.326,18 e 50% de chances de o valor ser superior a R$

1.000.000,00.

6.2.1.3 Monte Carlo: Propriedade

Pensando na propriedade como um todo, foram considerados o cultivo de soja,

milho e trigo em condições de sequeiro. Dessa forma foram utilizados os resultados

individuais de cada cultura e ponderados para analisar a propriedade.

Diante desses cenários simulados para a propriedade padrão de Cruz Alta/RS, o

VPL médio registrado foi de R$ 280.491,77 ou R$ 801,41/ha, sendo o desvio padrão de

R$ 269.094,59 ou R$ 768,84/ha. Com esse alto desvio padrão, a variação do VPL foi

alta, registrando valores negativos e positivos.

Diante da análise da propriedade, é possível dizer que há 16,9% de

probabilidade de o investimento retornar valores negativos, conforme constatado na

Figura 24, sendo considerado o preço como variável. No entanto, o cultivo das três

culturas ainda pode retornar com mais de 83% de chance um VPL superior a zero, em

que o VPL pode chegar a R$ 1.070.399,84.

Conforme analisado anteriormente, o milho e trigo não atingiram VPL positivo,

sendo que a soja individualmente conseguiu suprir esse prejuízo, exceto em 16,9%

dos casos simulados.

Sendo assim não assume que o projeto do cultivo de sequeiro de soja, milho e

trigo nesse modelo de propriedade de Cruz Alta/RS, é totalmente viável, visto que o

cultivo de cereais pode estabelecer quase um quinto de chance de retornar valores

negativos.

Page 76: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

73

Figura 24. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro de soja, milho e trigo

para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.2 Simulações de Monte Carlo para o cultivo irrigado com pivô central

Assim como no cultivo em sequeiro, serão apresentadas nas seções a seguir as

distribuições das simulações do Valor Presente Líquido (VPL) esperado, considerando a

taxa real de desconto de 2,2% a.a. Com a utilização do método do fluxo de caixa

operacional líquido foram calculados os VPLs esperados desconsiderando a depreciação

de máquinas e benfeitorias, a remuneração do capital investido e o custo de

oportunidade da terra.

6.2.2.1 Monte Carlo: Soja, milho, trigo e soja 2ª safra

Para calcular o VPL do cultivo de soja irrigada, foi considerado o Custo

Operacional (CO) de R$ 583.495,32/ano, ou seja, R$ 2.083,91/ha.ano. Assim o Valor

Presente Líquido médio gerado foi de R$ 3.364.935,87, o que equivale a R$

12.017,63/ha, em que o desvio padrão calculado foi de R$ 409.438,53 ou R$

1.462,28/ha.

Com o alto valor apresentado pelo desvio padrão os VPLs simulados variaram

entre R$ 2.061.305,00 e R$ 4.540.264,20, conforme pode ser constatado na Figura 25.

Com esses valores, a soja apresentou 100% de probabilidade de gerar VPL positivo,

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

-60

0.2

04

,14

-54

6.3

13

,69

-49

2.4

23

,24

-43

8.5

32

,79

-38

4.6

42

,34

-33

0.7

51

,89

-27

6.8

61

,44

-22

2.9

70

,99

-16

9.0

80

,54

-11

5.1

90

,09

-61

.29

9,6

3

-7.4

09

,18

46

.48

1,2

7

10

0.3

71

,72

15

4.2

62

,17

20

8.1

52

,62

26

2.0

43

,07

31

5.9

33

,52

36

9.8

23

,97

42

3.7

14

,42

47

7.6

04

,87

53

1.4

95

,33

58

5.3

85

,78

63

9.2

76

,23

69

3.1

66

,68

74

7.0

57

,13

80

0.9

47

,58

85

4.8

38

,03

90

8.7

28

,48

96

2.6

18

,93

1.0

16

.50

9,3

8

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 77: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

74

concentrando 80% dos valores acima de R$ 3.020.902,11 e 5,2% dos valores

superiores a R$ 4.060.465,65.

Figura 25. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de soja

para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

Com o milho, foi considerado o CO de R$ 243.875,41/ano para o projeto de 10

anos, o que ponderado por área plantada equivale a R$ 3.483,93/ha.ano. Diante deste

cenário de custos e das simulações de receita, o VPL médio gerado foi de -R$

911.521,63 ou -R$ 13.021,74/ha, com desvio padrão de R$ 95.190,03 ou R$

1.359,86/ha. Esses resultados médios foram inferiores ao caso de sequeiro, o que

sugere que a irrigação, mesmo garantindo melhores produtividades, não consegue

compensar as oscilações de preço do milho, não sendo possível quitar o investimento

para o cultivo irrigado.

Conforme pode ser observado na Figura 26, o VPL simulado pode variar entre -

R$ 1.189.066,66 e -R$ 633.317,87, ou seja, não há chances de o projeto do cultivo de

milho nesse modelo padrão de propriedade ser viabilizado.

O trigo também não atingiu resultados satisfatórios para o investimento em

irrigação para dez anos. Com o custo de R$ 169.390,03/ano ou R$ 1.814,89/ha, gerou

o Valor Presente médio de -R$ 1.135.778,13 ou o equivalente a -R$ 12.169,49/ha. O

desvio padrão para esse valor foi de R$ 46.046,32, ou seja, R$ 493,371/ha. Nota-se

que o VPL por hectare é muito próximo ao valor do milho, porem em termos absolutos

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

2.0

61

.30

5,0

0

2.1

41

.27

1,4

2

2.2

21

.23

7,8

5

2.3

01

.20

4,2

7

2.3

81

.17

0,7

0

2.4

61

.13

7,1

3

2.5

41

.10

3,5

5

2.6

21

.06

9,9

8

2.7

01

.03

6,4

0

2.7

81

.00

2,8

3

2.8

60

.96

9,2

6

2.9

40

.93

5,6

8

3.0

20

.90

2,1

1

3.1

00

.86

8,5

3

3.1

80

.83

4,9

6

3.2

60

.80

1,3

9

3.3

40

.76

7,8

1

3.4

20

.73

4,2

4

3.5

00

.70

0,6

6

3.5

80

.66

7,0

9

3.6

60

.63

3,5

2

3.7

40

.59

9,9

4

3.8

20

.56

6,3

7

3.9

00

.53

2,7

9

3.9

80

.49

9,2

2

4.0

60

.46

5,6

5

4.1

40

.43

2,0

7

4.2

20

.39

8,5

0

4.3

00

.36

4,9

2

4.3

80

.33

1,3

5

4.4

60

.29

7,7

8

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 78: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

75

da propriedade o trigo apresentou resultados ainda mais negativos que o cereal de

verão por representar maior área semeada.

Com todos VPLs apresentados com valor negativos para todas as simulações

descritas na Figura 27, o trigo irrigado não apresentou chance alguma de retorno do

investimento em irrigação. Além disso os valores não são superiores a -R$ 998.701,86,

sendo que 15,7% se concentram em valores inferiores a -R$ 1.009.792,86.

Figura 26. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de milho

verão para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 27. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de trigo

para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

-1.1

89

.06

6,6

6

-1.1

71

.13

9,2

8

-1.1

53

.21

1,9

0

-1.1

35

.28

4,5

2

-1.1

17

.35

7,1

4

-1.0

99

.42

9,7

6

-1.0

81

.50

2,3

8

-1.0

63

.57

5,0

0

-1.0

45

.64

7,6

2

-1.0

27

.72

0,2

4

-1.0

09

.79

2,8

6

-99

1.8

65

,48

-97

3.9

38

,10

-95

6.0

10

,72

-93

8.0

83

,34

-92

0.1

55

,95

-90

2.2

28

,57

-88

4.3

01

,19

-86

6.3

73

,81

-84

8.4

46

,43

-83

0.5

19

,05

-81

2.5

91

,67

-79

4.6

64

,29

-77

6.7

36

,91

-75

8.8

09

,53

-74

0.8

82

,15

-72

2.9

54

,77

-70

5.0

27

,39

-68

7.1

00

,01

-66

9.1

72

,63

-65

1.2

45

,25

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

-1.2

82

.69

5,5

7

-1.2

73

.53

4,4

8

-1.2

64

.37

3,4

0

-1.2

55

.21

2,3

1

-1.2

46

.05

1,2

2

-1.2

36

.89

0,1

3

-1.2

27

.72

9,0

5

-1.2

18

.56

7,9

6

-1.2

09

.40

6,8

7

-1.2

00

.24

5,7

8

-1.1

91

.08

4,7

0

-1.1

81

.92

3,6

1

-1.1

72

.76

2,5

2

-1.1

63

.60

1,4

4

-1.1

54

.44

0,3

5

-1.1

45

.27

9,2

6

-1.1

36

.11

8,1

7

-1.1

26

.95

7,0

9

-1.1

17

.79

6,0

0

-1.1

08

.63

4,9

1

-1.0

99

.47

3,8

2

-1.0

90

.31

2,7

4

-1.0

81

.15

1,6

5

-1.0

71

.99

0,5

6

-1.0

62

.82

9,4

8

-1.0

53

.66

8,3

9

-1.0

44

.50

7,3

0

-1.0

35

.34

6,2

1

-1.0

26

.18

5,1

3

-1.0

17

.02

4,0

4

-1.0

07

.86

2,9

5

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 79: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

76

A soja segunda safra considerou um CO de R$ 72.655,70/ano, ou seja, R$

1.453,11/ha.ano. Para esta cultura em 50 ha, foram utilizados os mesmo preços

simulados na soja semeada no verão. Assim gerou o VPL médio esperado de R$

301.997,12, o mesmo que R$ 6.039,94/ha, com desvio padrão de R$ 67.729,83 ou R$

1.354,60/ha.

De acordo com a distribuição das VPLs gerados na simulação é possível afirmar

que a soja 2ª safra, cultivada nesse modelo de propriedade, possuiu integral chance

de retornar valores acima de zero, sendo que há 50% de probabilidade de ocorrer

valores do VPL acima de R$ 300.000,00, podendo ultrapassar, mesmo com pouca

probabilidade, a casa dos R$ 500.000,00. Com esse cenário a soja 2ª safra apresentou

maior atratividade que o trigo, que no caso anteriormente discutido, não apresentou

probabilidade de valores positivos.

Figura 28. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de soja 2ª

safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.2.2 Monte Carlo: Sistemas

No sistema de cultivo irrigado sob pivô central são considerados os sistemas de

soja seguido de trigo e de milho sucedido por soja na 2ª safra. Os custos utilizados

para o cálculo dos fluxos de caixas líquidos e VPLs foram os citados anteriormente nas

análises individuais.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

10

0.6

05

,56

11

4.7

88

,58

12

8.9

71

,60

14

3.1

54

,63

15

7.3

37

,65

17

1.5

20

,67

18

5.7

03

,69

19

9.8

86

,71

21

4.0

69

,73

22

8.2

52

,75

24

2.4

35

,77

25

6.6

18

,80

27

0.8

01

,82

28

4.9

84

,84

29

9.1

67

,86

31

3.3

50

,88

32

7.5

33

,90

34

1.7

16

,92

35

5.8

99

,95

37

0.0

82

,97

38

4.2

65

,99

39

8.4

49

,01

41

2.6

32

,03

42

6.8

15

,05

44

0.9

98

,07

45

5.1

81

,10

46

9.3

64

,12

48

3.5

47

,14

49

7.7

30

,16

51

1.9

13

,18

52

6.0

96

,20

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 80: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

77

Com isso no sistema soja seguido por trigo pode ser observado 100% de

chances de obter VPLs superior a zero – Figura 29. Além de apresentar cenários

simulados economicamente favoráveis, o sistema registrou que 99,8% dos valores de

VPL apresentados ficaram acima de R$ 1.012.309,42, 65,1% superiores ao patamar

dos R$ 2.000.000,00 e 3% ultrapassou a casa dos R$ 3.000.000,00.

O resultado dos VPLs do sistema mostra que o investimento em soja compensa

os prejuízos provenientes do cultivo de trigo no inverno. E embora o cereal de inverno

tenha apresentado resultados econômicos insatisfatórios nas simulações, a escolha da

cultura ao sistema se faz pelos ganhos agronômicos envolvidos na rotação de culturas,

sem comprometer o investimento.

Figura 29. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central do sistema

soja + trigo para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

No caso do sistema irrigado de milho verão seguido por soja segunda safra foi

constatada que a probabilidade de o VPL ser maior que zero foi nula. No caso desse

cenário 82,3% dos valores simulados foram superiores ao patamar dos -R$ 700.000,00

e apenas 15,1% foram maiores que -R$ 500.000,00.

Diferentemente dos resultados observados no outro sistema, os valores

positivos da soja não compensou os do milho, que como o trigo também apresentou

valores de VPL abaixo de zero. Sendo assim, quando tratado do ponto de vista

econômico, o sistema soja + trigo foi fundamentalmente mais atrativo.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

93

1.3

91

,24

1.0

12

.30

9,4

2

1.0

93

.22

7,5

9

1.1

74

.14

5,7

6

1.2

55

.06

3,9

4

1.3

35

.98

2,1

1

1.4

16

.90

0,2

8

1.4

97

.81

8,4

6

1.5

78

.73

6,6

3

1.6

59

.65

4,8

0

1.7

40

.57

2,9

8

1.8

21

.49

1,1

5

1.9

02

.40

9,3

2

1.9

83

.32

7,5

0

2.0

64

.24

5,6

7

2.1

45

.16

3,8

4

2.2

26

.08

2,0

1

2.3

07

.00

0,1

9

2.3

87

.91

8,3

6

2.4

68

.83

6,5

3

2.5

49

.75

4,7

1

2.6

30

.67

2,8

8

2.7

11

.59

1,0

5

2.7

92

.50

9,2

3

2.8

73

.42

7,4

0

2.9

54

.34

5,5

7

3.0

35

.26

3,7

5

3.1

16

.18

1,9

2

3.1

97

.10

0,0

9

3.2

78

.01

8,2

7

3.3

58

.93

6,4

4

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 81: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

78

Figura 30. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central do sistema

milho + soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10

anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.2.3 Monte Carlo: Propriedade

No caso do sistema com irrigação são considerados as culturas de soja, milho,

trigo e soja 2ª safra. Os resultados individuais obtidos anteriormente foram utilizados

conjuntamente nessa seção para avaliar a propriedade como um todo.

Sendo assim, a propriedade padrão de Cruz Alta/RS, sob condições de

irrigação, apresentou 100% de probabilidade de retornar valores positivos para o VPL

de um projeto para o período de 10 anos, ou seja, considerando essa proporção de

cultura plantada, é possível cobrir o valor do investimento com irrigação e ainda obter

margem positiva ao prazo estabelecido.

Essa margem positiva pode variar até R$ 2.931.904,95, sendo que também

pode retornar – no pior dos cenários – valores ainda positivos de R$ 241.007,49,

conforme pode ser observado na Figura 31. O gráfico das simulações ainda demonstra

que 92,1% das simulações apontaram um cenário que retorne valores superiores ao

patamar de R$ 1.000.000,00 no prazo de dez anos.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

-94

6.3

93

,12

-92

3.5

59

,65

-90

0.7

26

,19

-87

7.8

92

,72

-85

5.0

59

,25

-83

2.2

25

,79

-80

9.3

92

,32

-78

6.5

58

,85

-76

3.7

25

,39

-74

0.8

91

,92

-71

8.0

58

,46

-69

5.2

24

,99

-67

2.3

91

,52

-64

9.5

58

,06

-62

6.7

24

,59

-60

3.8

91

,12

-58

1.0

57

,66

-55

8.2

24

,19

-53

5.3

90

,73

-51

2.5

57

,26

-48

9.7

23

,79

-46

6.8

90

,33

-44

4.0

56

,86

-42

1.2

23

,39

-39

8.3

89

,93

-37

5.5

56

,46

-35

2.7

22

,99

-32

9.8

89

,53

-30

7.0

56

,06

-28

4.2

22

,60

-26

1.3

89

,13

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 82: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

79

Figura 31. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de soja,

milho, trigo e soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS –

R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

Por meio de Monte Carlo, assume-se que a viabilidade do projeto de irrigação

para o cultivo de soja, milho, trigo e soja 2ª safra nesse modelo de propriedade, é

consideravelmente viável, visto o empreendimento não apresenta chances reais de

prejuízo.

6.2.2.4 Resultado geral por simulação de Monte Carlo.

Os resultados finais pelo método de Monte Carlo apontaram o cultivo com

irrigação uma melhor opção que o de sequeiro, assim como no determinístico. No

entanto, esse modelo por simulação pode captar as variações de preço a cada ano

mesclando com os cenários pessimistas, médio e otimistas no período de 10 anos

retornando mil possibilidades de VPL, neste caso.

Com isso o VPL mínimo do cultivo de sequeiro foi de -R$ 600.204,14,

diferentemente do caso irrigado em que os valores ficaram acima de zero, R$

241.007,49 (Tabela 21 e Figura 32). Diferentemente do que o ocorreu no caso

determinístico, na simulação o resultado do VPL não foi menor no caso irrigado.

O VPL máximo observado no cultivo irrigado foi de R$ 2.931.904,95, valor

173% superior aos R$ 1.070.399,84 do caso de sequeiro. Embora esse resultado

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

24

1.0

07

,49

32

7.8

10

,64

41

4.6

13

,78

50

1.4

16

,93

58

8.2

20

,07

67

5.0

23

,21

76

1.8

26

,36

84

8.6

29

,50

93

5.4

32

,65

1.0

22

.23

5,7

9

1.1

09

.03

8,9

3

1.1

95

.84

2,0

8

1.2

82

.64

5,2

2

1.3

69

.44

8,3

6

1.4

56

.25

1,5

1

1.5

43

.05

4,6

5

1.6

29

.85

7,8

0

1.7

16

.66

0,9

4

1.8

03

.46

4,0

8

1.8

90

.26

7,2

3

1.9

77

.07

0,3

7

2.0

63

.87

3,5

2

2.1

50

.67

6,6

6

2.2

37

.47

9,8

0

2.3

24

.28

2,9

5

2.4

11

.08

6,0

9

2.4

97

.88

9,2

3

2.5

84

.69

2,3

8

2.6

71

.49

5,5

2

2.7

58

.29

8,6

7

2.8

45

.10

1,8

1

Mai

s

Sim

ula

çõe

s

VPL

Page 83: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

80

apresente poucas chances de ocorrer, demonstra a superioridade que a irrigação pode

trazer em casos de cenários otimistas.

Sobre a viabilidade econômica da propriedade padrão de Cruz Alta/RS, por

simulação de Monte Carlo, no caso de sequeiro ocorre com 83% de chance, atingindo

no máximo valores próximos a um milhão de reais, com pode ser observado na Figura

32. Já no caso irrigado essa chance salta para os 100% de ocorrência, podendo

retornar valores superiores a um milhão em 92% dos casos, que já é maior que o

máximo possível de o investimento de sequeiro gerar.

A diferença basicamente se fundamenta na produtividade garantida pelo cultivo

irrigado com pivô central. Sob o pivô, os rendimentos produtivos por área superam o

do contexto do sequeiro, e sustentam os fluxos de caixas em momentos em que o

preço cai. No entanto, observou-se que nos dois casos podem ocorrer cenários em que

há prejuízos, no entanto o sequeiro apresenta maior risco no projeto.

Cabe ressaltar, que dentro desse modelo de propriedade o milho e o trigo não

retornaram valores de VPL positivos em nenhuma das analises, demonstrando a

fraqueza dos riscos envolvidos com essa cultura. No entanto, é importante destacar

que os custos e produtividade considerados foram os da safra 2012/13, que então

apresentaram um dos maiores custos dos últimos cinco anos da série Cepea.

Apesar dos resultados do milho e trigo, a soja sustentou o sistema da

propriedade, sobretudo no caso irrigado com pivô.

Page 84: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

81

Figura 32. Distribuição cumulativa do Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro e irrigado com pivô central para propriedade padrão

de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 21. Valor Presente Líquido (VPL) mínimo, médio e máximo do cultivo de sequeiro e irrigado com pivô central para a propriedade de Cruz

Alta/RS – R$/10anos.

Fonte: Dados da pesquisa.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

-60

0.2

04

,14

-54

6.3

13

,69

-49

2.4

23

,24

-43

8.5

32

,79

-38

4.6

42

,34

-33

0.7

51

,89

-27

6.8

61

,44

-22

2.9

70

,99

-16

9.0

80

,54

-11

5.1

90

,09

-61

.29

9,6

3

-7.4

09

,18

46

.48

1,2

7

10

0.3

71

,72

15

4.2

62

,17

20

8.1

52

,62

26

2.0

43

,07

31

5.9

33

,52

36

9.8

23

,97

42

3.7

14

,42

47

7.6

04

,87

53

1.4

95

,33

58

5.3

85

,78

63

9.2

76

,23

69

3.1

66

,68

74

7.0

57

,13

80

0.9

47

,58

85

4.8

38

,03

90

8.7

28

,48

96

2.6

18

,93

1.0

16

.50

9,3

8

Mai

s

VPL

Sequeiro

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

24

1.0

07

,49

32

7.8

10

,64

41

4.6

13

,78

50

1.4

16

,93

58

8.2

20

,07

67

5.0

23

,21

76

1.8

26

,36

84

8.6

29

,50

93

5.4

32

,65

1.0

22

.23

5,7

9

1.1

09

.03

8,9

3

1.1

95

.84

2,0

8

1.2

82

.64

5,2

2

1.3

69

.44

8,3

6

1.4

56

.25

1,5

1

1.5

43

.05

4,6

5

1.6

29

.85

7,8

0

1.7

16

.66

0,9

4

1.8

03

.46

4,0

8

1.8

90

.26

7,2

3

1.9

77

.07

0,3

7

2.0

63

.87

3,5

2

2.1

50

.67

6,6

6

2.2

37

.47

9,8

0

2.3

24

.28

2,9

5

2.4

11

.08

6,0

9

2.4

97

.88

9,2

3

2.5

84

.69

2,3

8

2.6

71

.49

5,5

2

2.7

58

.29

8,6

7

2.8

45

.10

1,8

1

Mai

s

VPL

Irrigado

Soja Milho Trigo Soja + Trigo Soja+Milho+Trigo Soja Milho Trigo Soja2sf Soja + Trigo Milho + Soja2sf Soja+Milho+Trigo+Soja2sf

Área 280 70 93,33 373,33 443,33 280 70 93,33 50 373,33 120 493,33

CO 372.173,20 160.666,10 142.691,73 514.864,93 675.531,03 583.495,32 243.875,41 169.390,03 72.655,70 752.885,35 316.531,11 1.069.416,46

VPL Max 2.761.420,76 -603.452,18 -859.235,53 1.820.819,06 1.070.399,84 4.540.264,20 -633.317,87 -998.701,86 540.279,22 3.439.854,61 -238.555,66 2.931.904,95

VPL MED 2.005.852,55 -756.464,25 -968.896,54 1.036.956,02 280.491,77 3.364.935,87 -911.521,63 -1.135.778,13 301.997,12 2.229.157,75 -609.524,51 1.619.633,23

VPL Min 1.167.804,13 -909.114,01 -1.086.430,49 199.527,89 -600.204,14 2.061.305,00 -1.189.066,66 -1.282.695,57 100.605,56 931.391,24 -946.393,12 241.007,49

Sequeiro Irrigado

Page 85: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

82

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O relatório conseguiu finalizar com os objetivos propostos, estimando e

discutindo o custo de produção da região de Cruz Alta/RS para soja, milho, trigo e soja

2ª safra nos cultivos de sequeiro e irrigado com pivô central, em que as Receita

Líquidas Operacionais (RLO) obtidas com a produção da safra 2012/13 foram

suficientes para cobrir os custos e gerar margens positivas para o cultivo de soja, milho

e soja 2ª safra, tanto para produção em sequeiro quanto irrigado. Por outro lado o

trigo apresentou desempenho econômico negativo sobre o desembolso.

Na análise determinística, o retorno econômico foi positivo para o cenário

otimista do caso sequeiro e para os cenários médio e otimista no caso irrigado. No

outro caso, em que foram projetadas simulações (análise estocástica), os dois projetos

apresentaram viabilidade econômica, no entanto, para o cultivo irrigado não foi

observado chances de o investimento ficar em déficit, enquanto que no caso de

sequeiro essa probabilidade de não ter sucesso girou em torno de 16,9%.

Sobre a safra 2012/13, o clima prejudicou o andamento das culturas levantadas

na região. Na soja e no milho verão, as chuvas no final de ciclo causaram grande

pressão de doenças e, consequentemente, um impacto negativo na produtividade. Já

no trigo, foi registrada uma geada no período de floração e enchimento de grão, o que

gerou danos quantitativos e também na qualidade do grão.

Em termos de resultado econômico, a safra 2012/13 da região apresentou de

forma geral, desempenho satisfatório. A soja, o milho e a soja 2ª safra retornaram

Receita Líquida Operacional (RLO) positivas, garantindo o lucro da propriedade mesmo

que o trigo tenha deixado RLO negativa.

Para analise de projeto, foram realizadas analises de forma determinística e

com simulação por Monte Carlo para um período de dez anos. A primeira gerou três

cenários (pessimista, médio e otimista) em que foi possível diferenciar em que situação

o cultivo de sequeiro e irrigação, a custo e receita constante ao longo dos anos é

viável.

O método probabilístico por simulação vai alem da outra forma de avaliação,

com a possibilidade de criar cenários em que há chances de o projeto ser viável

economicamente ou descartado, frente a fontes mais seguras de investimento, como a

poupança.

No modelo determinístico, a região de Cruz Alta/RS se demonstrou viável nos

cenários otimista de sequeiro e irrigado e também no médio para o sistema com

Page 86: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

83

irrigação. A produtividade superior obtida no irrigado assegurou a rentabilidade da

propriedade padrão da região no cenário médio, demonstrando garantias de menor

risco as oscilações dos preços das commodities, mesmo com o custo de produção

superior ao caso de sequeiro.

Já nas simulações por Monte Carlo, o cenário se demonstrou mais sensível às

variações de preço das commodities. No caso do cultivo de sequeiro e irrigado, o milho

verão o trigo não retornaram VPL positivos os enquadrando como inviáveis

individualmente. O fato é que a soja introduzida ao sistema retornou lucros suficientes

para pagar o investimento dos dois casos e viabilizar o projeto para este prazo de 10

anos.

No geral as simulações apontaram que ambos os projetos tem condições de

viabilidade econômica e mais atrativa que investimentos mais seguros disponíveis no

mercado, como a poupança. Contudo, pelo método estocástico, a probabilidade do

sequeiro retornar VPL positivo chegou próximas aos 83%, enquanto a irrigação paga

seu investimento e retorna margem positiva desde o cenário mais pessimista ao mais

otimista.

Dentro dos resultados finais, para o produtor que optou pelo sistema irrigado,

as simulações apontaram 99% de chance de retornar valores superiores ao capital

investido com benfeitorias do sistema de irrigação (R$ 700.000,00), alem disso, esses

números podem chegar a 406% desse valor, ao período de 10 anos.

No caso de sequeiro o VPL esperado pode retornar até 57% do capital investido

inicialmente com a atividade (R$ 1.781.500,00), enquanto que no caso irrigado esse

número chega a 114%, ou seja, o dobro de outro. Em outras palavras, além de se

esperar uma situação de maior risco no cultivo sem irrigação, ainda há a certeza de

menores retornos nominais quando comparados aos do cultivo com pivô central.

O milho e trigo apresentaram resultados individuais interessantes para as

analises de projetos. No caso, não retornaram VPL positivo, se configurando como

atividade insustentável para a região. No milho o alto custo para aquisição de

sementes de alta tecnologia na temporada 2012/13 limitou a resultados econômicos,

juntamente com a quebra produtiva. Quanto ao trigo, a lavoura não expressou seu

potencial produtivo esperado, em virtude da geada, mesmo no caso irrigado. Nesse

caso, a adversidade climática suscita uma reflexão sobre o cronograma atual de

produção com segunda safra ou cultura de inverno na região de Cruz Alta.

Page 87: Viabilidade econômica para a ... - Clube da Irrigação · Viabilidade econômica para a introdução do sistema de irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS 2013 Avaliação

84

Concluiu-se que alem de a irrigação ser um investimento viável

economicamente, retorna margens positivas superiores ao cultivo de sequeiro,

tratando de um investimento mais seguro às oscilações nos preços das commodities.

Cabe ressaltar, o trabalho apresentam limitações, pois em todas as analises

realizadas foram consideradas as produtividades da safra 2012/13, visto que não existe

série histórica do cultivo irrigado na região. Além disso, o ciclo de vida de uma

variedade de milho e soja é curto e ao admitir uma série de longo prazo para essas

culturas poderia apresentar resultados fora da atual realidade tecnológica do campo.

Outro ponto é os que os preços considerados para simulação respeitaram a série com

período de dez anos, no entanto o custo utilizado para a análise foi o da safra

2012/13, que de acordo com as series históricas do Cepea – iniciada em 2008 – foi o

maior, devido principalmente ao alto valor das commodities durante o período de

compra para essa safra.