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VIABILIDADE ECONÔMICA DE ARROZ CONVENCIONAL VS. HÍBRIDO Alcido Elenor Wander 1 ; Glaucia de Almeida Padrão 2 Palavras-chave: orçamentação parcial, análise parcial, cultivares. INTRODUÇÃO Apesar de bastante difundidos em outros países produtores de arroz, no Brasil o uso de cultivares híbridas esbarra no elevado custo das sementes, que decorrem, dentre outros, do processo de produção de sementes complexo e caro (COUTINHO et al., 2011), apesar de o mercado de sementes não ser considerado concentrado (WANDER; ASSUNÇÃO, 2014). Em arroz de terras altas, Soares et al. (2010) obtiveram produtividades de até 45% superiores ao utilizarem cultivares híbridas em relação às convencionais. Considerando produtividades de aproximadamente 3,5 toneladas para cultivares convencionais, os híbridos passariam a produzir aproximadamente 5,0 toneladas/ha. Em arroz irrigado, De Carvalho Ferreira Neves et al. (2009) obtiveram aproximadamente 1,5 toneladas a mais na produtividade utilizando híbridos. Em áreas comerciais admite-se que o ganho médio dos híbridos seja de 1.000 kg/ha em relação às cultivares convencionais. Como em diversas situações técnicos e produtores são confrontados com a pergunta se é ou não viável a troca de variedades convencionais por híbridos, o presente trabalho buscou elaborar um instrumento de fácil utilização para comparar os ganhos marginais de se trocar variedades convencionais de arroz por híbridos, em diferentes situações, por meio de orçamentação parcial. MATERIAL E MÉTODOS Foi utilizada a técnica da orçamentação parcial (LESSLEY et al., 1991) para comparar economicamente duas alternativas: uso de cultivares convencionais vs. o uso de cultivares híbridas de arroz. Levou-se em consideração as quantidades médias de sementes preconizadas em SOSBAI (2016, p.95), ou seja, 100 kg de sementes/ha para cultivares convencionais e 45 kg/ha para híbridos. Os custos relacionados a semente convencional foram obtidos de Conab (2017). Os preços grãos comerciais considerados representam a média de maio/2016 até abril/2017 praticados em Uruguaiana (RS) para arroz irrigado e Sorriso (MT) para arroz de terras altas, conforme série histórica disponibilizada no site Agrolink (2017). Considera-se que as cultivares convencionais e híbridas atinjam o mesmo padrão de qualidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme a Conab (2017), no sistema de cultivo irrigado, para produtividades de 8.000 kg/ha, o custo por hectare das sementes convencionais foi de R$ 179,00 em Uruguaiana (RS), ou seja, R$ 1,79/kg. Já no sistema terras altas, o custo das sementes em Sinop (MT) foi de R$ 288,00 (R$ 2,88/kg) para uma produtividade de 3.600 kg/ha. Os custos médios das sementes de cultivares híbridas foi de R$ 20,00/kg, ou seja, R$ 900,00/ha. Considerando estas premissas, conforme demonstra a Tabela 1, no sistema irrigado, o uso de cultivares híbridos pode trazer uma vantagem econômica ao produtor de aproximadamente R$ 219,00/ha, desde que a qualidade de grãos seja equivalente ao das cultivares convencionais e o produtor consiga colher aproximadamente 1 tonelada a mais 1 Doutor em Ciências Agrárias (Concentração: Economia Agrícola), Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462, Km 12, 75375-000 Santo Antonio de Goiás - GO, [email protected]. 2 Doutora em Economia Aplicada, Epagri.

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VIABILIDADE ECONÔMICA DE ARROZ CONVENCIONAL VS. HÍBRIDO

Alcido Elenor Wander1; Glaucia de Almeida Padrão2

Palavras-chave: orçamentação parcial, análise parcial, cultivares.

INTRODUÇÃO

Apesar de bastante difundidos em outros países produtores de arroz, no Brasil o uso de cultivares híbridas esbarra no elevado custo das sementes, que decorrem, dentre outros, do processo de produção de sementes complexo e caro (COUTINHO et al., 2011), apesar de o mercado de sementes não ser considerado concentrado (WANDER; ASSUNÇÃO, 2014). Em arroz de terras altas, Soares et al. (2010) obtiveram produtividades de até 45% superiores ao utilizarem cultivares híbridas em relação às convencionais. Considerando produtividades de aproximadamente 3,5 toneladas para cultivares convencionais, os híbridos passariam a produzir aproximadamente 5,0 toneladas/ha. Em arroz irrigado, De Carvalho Ferreira Neves et al. (2009) obtiveram aproximadamente 1,5 toneladas a mais na produtividade utilizando híbridos. Em áreas comerciais admite-se que o ganho médio dos híbridos seja de 1.000 kg/ha em relação às cultivares convencionais. Como em diversas situações técnicos e produtores são confrontados com a pergunta se é ou não viável a troca de variedades convencionais por híbridos, o presente trabalho buscou elaborar um instrumento de fácil utilização para comparar os ganhos marginais de se trocar variedades convencionais de arroz por híbridos, em diferentes situações, por meio de orçamentação parcial.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi utilizada a técnica da orçamentação parcial (LESSLEY et al., 1991) para comparar economicamente duas alternativas: uso de cultivares convencionais vs. o uso de cultivares híbridas de arroz. Levou-se em consideração as quantidades médias de sementes preconizadas em SOSBAI (2016, p.95), ou seja, 100 kg de sementes/ha para cultivares convencionais e 45 kg/ha para híbridos. Os custos relacionados a semente convencional foram obtidos de Conab (2017). Os preços grãos comerciais considerados representam a média de maio/2016 até abril/2017 praticados em Uruguaiana (RS) para arroz irrigado e Sorriso (MT) para arroz de terras altas, conforme série histórica disponibilizada no site Agrolink (2017). Considera-se que as cultivares convencionais e híbridas atinjam o mesmo padrão de qualidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme a Conab (2017), no sistema de cultivo irrigado, para produtividades de 8.000 kg/ha, o custo por hectare das sementes convencionais foi de R$ 179,00 em Uruguaiana (RS), ou seja, R$ 1,79/kg. Já no sistema terras altas, o custo das sementes em Sinop (MT) foi de R$ 288,00 (R$ 2,88/kg) para uma produtividade de 3.600 kg/ha. Os custos médios das sementes de cultivares híbridas foi de R$ 20,00/kg, ou seja, R$ 900,00/ha.

Considerando estas premissas, conforme demonstra a Tabela 1, no sistema irrigado, o uso de cultivares híbridos pode trazer uma vantagem econômica ao produtor de aproximadamente R$ 219,00/ha, desde que a qualidade de grãos seja equivalente ao das cultivares convencionais e o produtor consiga colher aproximadamente 1 tonelada a mais

1 Doutor em Ciências Agrárias (Concentração: Economia Agrícola), Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462, Km 12, 75375-000 Santo Antonio de Goiás - GO, [email protected]. 2 Doutora em Economia Aplicada, Epagri.

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com os híbridos, ou seja, a produtividade de 8.000 kg/ha com cultivares convencionais precisaria passar para 9.000 kg/ha com cultivares híbridas.

Tabela 1. Comparativo econômico de se substituir cultivares convencionais por híbridos, no sistema irrigado, em Uruguaiana (RS), safra 2016/2017.

Efeitos positivos (EP) Efeitos negativos (EN)

1) Receita adicional R$/ha 3) Redução de receita R$/ha

• 1,0 tonelada de grãos de arroz x R$ 47,00/sc 50 kg*)

940,00 • - -

2) Redução de custos 4) Custos adicionais

• 100 kg de sementes convencionais x R$ 1,79,00/kg

179,00 • 45 kg de sementes híbridas x R$ 20,00/kg

900,00

Subtotal EP 1.119,00 Subtotal EN 900,00

Mudanças líquidas (EP-EN) R$ 219,00

* Preço médio de maio/2016 a abril/2017, em Uruguaiana (RS), conforme site Agrolink.

No sistema de cultivo em terras altas (Tabela 2) este ganho é ainda superior, chegando

a R$ 488,00/ha, desde que o produtor consiga aumentar sua produtividade em aproximadamente 1 tonelada/ha (ex. de 3.600 kg/ha para 4.600 kg/ha), mantendo o mesmo padrão de qualidade comercial.

Tabela 2. Comparativo econômico de se substituir cultivares convencionais por híbridos, no sistema de terras altas, em Sorriso (MT), safra 2016/2017.

Efeitos positivos (EP) Efeitos negativos (EN)

1) Receita adicional R$/ha 3) Redução de receita R$/ha

• 1,0 tonelada de grãos de arroz x R$ 66,00/sc 60 kg*)

1.100,00 • - -

2) Redução de custos 4) Custos adicionais

• 100 kg de sementes convencionais x R$ 2,88/kg

288,00 • 45 kg de sementes híbridas x R$ 20,00/kg

900,00

Subtotal EP 1.388,00 Subtotal EN 900,00

Mudanças líquidas (EP-EN) R$ 488,00

* Preço médio de maio/2016 a abril/2017, em Sorriso (MT), conforme site Agrolink.

Na prática, em se mantendo a superioridade de produtividade das cultivares híbridas em

1 tonelada/ha em relação às cultivares convencionais, e se o padrão de qualidade comercial for equivalente, o que determinará a vantagem ou não da adoção dos híbridos será o preço de comercialização dos grãos.

Assim, nestes termos (1 tonelada a mais de produtividade e R$ 20,00/kg de semente de cultivar híbrida), no sistema irrigado, o orizicultor passaria a perceber vantagem econômica da substituição das cultivares convencionais por híbridas sempre que o preço de comercialização dos grãos ultrapassar a casa dos R$ 36,72/sc de 50 kg. Já no sistema de terras altas, o preço de equilíbrio seria na ordem de R$ 36,05/sc de 60 kg. Preços de comercialização acima do preço de equilíbrio sinalizam que é interessante a mudança de cultivares convencionais para híbridos, mantidas constantes os demais fatores.

CONCLUSÃO

Em lavouras de alta tecnologia, se o orizicultor conseguir obter um ganho de produtividade de em torno de 1 tonelada/ha com a adoção de cultivares híbridas, se o preço da semente híbrida for até R$ 20,00/kg e o seu padrão comercial for equivalente às cultivares convencionais, é economicamente interessante o produtor adotar cultivares híbridas quando os preços dos grãos forem superiores a R$ 36,72/sc de 50 kg no arroz irrigado ou R$ 36,05/sc de 60 kg no arroz de terras altas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio da Epagri e da Embrapa para a realização deste estudo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGROLINK. Cotações do arroz. Disponível em: <https://www.agrolink.com.br/cotacoes/graos/arroz>. Acesso em: 14 abr. 2017. CONAB. Custos de produção – culturas de verão. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1554&t=2>. Acesso em: 14 abr. 2017. COUTINHO, A.R.; WANDER, A.E.; NEVES, P.D.C.F.; TAILLEBOIS, J.E.; CHAVES, M.O.; CAMARANO, L.F. Redução de densidade de plantio como alternativa para o aumento da competitividade de cultivares de arroz híbrido no mercado gaúcho. In: VII Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado: Racionalizando recursos e ampliando oportunidades, Balneário Camboriú-SC. Anais... Balneário Camboriú-SC: Epagri/SOSBAI, Vol. 1, 2011, p.793-796. DE CARVALHO FREITAS NEVES, P.; TAILLEBOIS, J.E.; MOURA NETO, F.P. Variação da habilidade combinatória em população mantenedora para o desenvolvimento de linhagens a em arroz. In: VI Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado: Estresses e sustentabilidade: desafios para a lavoura arrozeira, Porto Alegre-RS. Anais... Porto Alegre-RS: Palotti, 2009, 1 CD-ROM. LESSLEY, B.V.; JOHNSON, D.M.; HANSON, J.C. Using the partial budget to analyze farm change. University of Maryland Cooperative Extension Fact Sheet FS-547. v.6, p.2005, 1991. Disponível em: <http://www.agnr.umd.edu/MCE/Publications/PDFs/FS547.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2017. SOARES, E.R.; BASEGGIO, E.A.; DA SILVA LONDRERO, L.; CORREA, S.C.S.; ROSSINI, V.P.; ZOLINGER, I.T.; KLAHOLD, C.A.; GALON, L. Componentes de produção e produtividade de arroz híbrido de sequeiro comparado a três cultivares convencionais. Acta Agronómica, v.59, n.4, p.435-441, 2010. SOSBAI. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil / Sociedade Sul - Brasileira de Arroz Irrigado. Pelotas: SOSBAI, 2016. 200p. WANDER, A.E.; ASSUNÇÃO, P.E.V. Estrutura de mercado do setor de sementes de arroz no Brasil. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v.31, n.1, p.145-162, 2014.

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TRANSMISSÃO DE PREÇOS DE ARROZ NO MERCADO INTERNACIONAL E NACIONAL

Glaucia de Almeida Padrão1, Alcido Elenor Wander2

Palavras-chave: Elasticidade de transmissão de preços; modelo de correção de erros;

mercado de arroz

INTRODUÇÃO

O Brasil é o nono maior produtor mundial de arroz, com produção estimada em cerca de 12 milhões de toneladas na safra 2016/17 (IBGE, 2017). Do volume produzido, 80% está concentrado em dois estados, Rio Grande do Sul (71%) e Santa Catarina (9%), que juntos compreendem uma área de 1,2 milhões de hectares plantados com o grão.

No que se refere ao comércio internacional do arroz brasileiro, assim como no resto do mundo, este é pouco significativo mas marcado por parcerias importantes ao longo dos anos. No lado das exportações, os países de principal destino são Cuba, Venezuela e Senegal, que ao longo dos anos têm se revezado nas primeiras posições do ranking e importam juntos cerca de 40% do arroz brasileiro. No âmbito das importações Paraguai, Uruguai e Argentina comercializam com o Brasil cerca de 93% do volume total, graças à proximidade desses países das regiões onde estão localizadas as principais indústrias de beneficiamento do país, bem como pelas características similares dos grãos produzidos em tais países com os demandados pelo mercado nacional.

Por se tratar de um grão cuja maior parte da produção está localizada em uma região do país, ou seja, elevado grau de concentração pelo lado da oferta nacional, oscilações não antecipadas nos preços de um estado tendem a influenciar o comportamento dos preços do outro. Dessa forma, este estudo pretende analisar a formação dos preços de arroz e de que forma os mercados produtores se relacionam em relação aos preços, ou seja, há um mercado dominante e seguidores na formação dos preços? Há transmissão de preços entre os mercados produtores do arroz irrigado no país e de que forma os preços internacionais afetam o comportamento dos preços internos?

O conhecimento de tais relações permite aos agentes entender o comportamento dos preços com vistas a formulação de políticas públicas para o setor, bem como antecipar possíveis oscilações de mercado. A existência de poucos estudos desta natureza para o caso do arroz e a concentração dos estudos na análise da relação entre mercado interno e externo, dá destaque ao avanço deste estudo, que consiste em analisar a transmissão de preços entre duas regiões produtoras no Brasil e dos preços internacionais para os preços nacionais.

MATERIAL E MÉTODOS

O desenvolvimento deste estudo está centrado na ideia da existência de equilíbrio de longo prazo entre preços estabelecidos entre mercados distintos, conhecida como Lei do Preço Único (Krugman e Obstfield, 2005). Dessa forma, a ocorrência de choques em um determinado mercado tende a influenciar o comportamento dos preços de outro mercado.

Para isso, utilizou-se as séries históricas de preços mensais de arroz em Santa Catarina e Rio Grande do Sul em R$/sc 60 kg, disponibilizados respectivamente pelo Epagri/Cepa e Irga, e o preço do arroz para exportação em US$/t, dado pela ponderação dos preços dos principais consumidores mundiais de arroz e desenvolvido pela InfoArroz.

1 Doutora em Economia Aplicada, Epagri/Cepa, Rodovia Ademar Gonzaga, 1486, 88034-000 Florianópolis - SC, [email protected] 2 Doutor em Ciências Agrárias (Concentração: Economia Agrícola), Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462, Km 12, 75375-000 Santo Antonio de Goiás - GO, [email protected].

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O período considerado foi maio de 1997 a dezembro de 2016, perfazendo um total de 236 informações e os preços foram deflacionados pelo IGP-DI (base 2016=100) (IPEA, 2017).

A estimação econométrica das relações dos preços de arroz em casca entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina foi baseada no modelo de Auto-regressão Vetorial (VAR), que busca estimar as respostas de cada variável a choques ocorridos nas demais variáveis do modelo, bem como determinar a importância de cada uma das variáveis consideradas no modelo por meio da decomposição da variância dos erros, estimando um modelo de correção de erros (VEC).

Primeiramente procurou-se verificar a existência de co-integração entre os preços domésticos e na sequência entre o preço internacional e os preços domésticos, ou seja, em que medida os preços do Rio Grande do Sul e Santa Catarina se influenciam e os preços internacionais influenciam os nacionais. Para tal estimação foram realizados os procedimentos e testes econométricos necessários, a saber, teste de estacionariedade (Dickey Fuller Aumentado e Phillips-Perron), teste de co-integração de Johansen, teste de causalidade de Granger e funções de impulso-resposta. O pacote econométrico utilizado foi o Stata 14.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A evolução dos preços ao produtor de arroz nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Preço Internacional em US$ mostram um comportamento similar ao longo do período analisado (Figura 1). Observa-se que os picos de preços observados no mercado doméstico ocorreram entre meados de 1997 e 1998, explicados pela quebra de safra ocorrida no país e no mundo em decorrência das intempéries climáticas desencadeadas pelo fenômeno El Niño (Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina, 1999). Já o preço internacional teve seu pico em 2008, em que a crise financeira mundial resultou em apreciação acentuada do dólar em relação às principais moedas mundiais (Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina, 2008). A tendência observada é de preços em queda ao longo dos anos, explicada, entre outros fatores, pela estabilidade entre produção e consumo.

Figura 1. Evolução dos Preços internacionais (PInt-US$), preços em dólar por saco de 50 kg para Santa Catarina (PSC-US$) e Rio Grande do Sul (PRS-US$), maio de 1997 a dezembro de 2016. Fonte: Elaboração própria com base nos dados extraídos do Epagri/Cepa (SC), Irga (RS) e Infoarroz (Preço internacional).

A análise inicial dos resultados consistiu em verificar a estacionariedade das séries de

preços (Tabela 1), onde identificou-se que todas as séries de preços de arroz são estacionárias em primeira diferença, ou seja, I(1). Para que duas séries sejam co-integradas é condição necessária que elas tenham a mesma ordem de integração. Assim, prosseguiu-se a verificação da existência de uma relação de longo prazo entre elas, por meio do teste

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RS (US$/sc 50 kg) SC (US$/sc 50kg) Preço internacional (US$/sc 50kg)

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de Johansen baseado no teste de Traço e Máximo Auto Valor onde a existência de co-integração depende do rank da matriz.

Tabela 1. Resultados do teste de ADF em nível e em diferença para as séries mensais de preços do arroz em Reais por saco de 50 kg em Santa Catarina (PSC-R$), Rio Grande do Sul (PRS-R$), Preços internacionais (PInt-US$), preços em dólar por saco de 50 kg para Santa Catarina (PSC-US$) e Rio Grande do Sul (PRS-US$).

Variável Estatística lag p-valor Resultado Ordem de integração

PSC-R$ -2,238 2 0,1927 Não estacionária

PRS-R$ -2,424 4 0,1351 Não estacionária

ln PSC-R$ -9,488 1 0,0000 Estacionária I(1)

ln PRS-R$ -7,973 2 0,0000 Estacionária I(1)

PInt-US$ -2,539 3 0,1064 Não estacionária

PSC-US$ -2,246 2 0,1900 Não estacionária

PRS-US$ -2,277 2 0,1794 Não estacionária

ln PInt-US$ -7,690 2 0,0000 Estacionária I(1)

ln PSC-US$ -9,289 1 0,0000 Estacionária I(1)

ln PRS-US$ -9,149 1 0,0000 Estacionária I(1)

Fonte: Resultados da pesquisa.

A estatística do teste apontou para a existência de um vetor de co-integração ao nível

de significância de 1% no modelo para os preços nacionais (A) e dois vetores de cointegração para o modelo de preços internacionais (B). Confirmada a existência de pelo menos um vetor de co-integração foram estimadas as equações de longo prazo, apresentadas na Tabela 2. Tabela 2 - Equações de equilíbrio de longo prazo para as séries mensais de preços de arroz nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e Preço Internacional

Variaveis relacionadas modelo Defasagens Equação de equilíbrio de longo prazo

lnPRS-R$ x lnPSC-R$ A 1 ln PSCR$ = 0,009 + 0,77 ln PRSR$ + ε

lnPRS-US$ x lnPSC-US$ x ln PInt-US$

B 1 lnPSCUS$ = 0,001 + 0,84 lnPRSUS$ + 0,03PIntUS$𝑛𝑠

+ ε

Fonte: Resultados da pesquisa. Os resultados mostram que as elasticidades de transmissão de preços do arroz no Rio

Grande do Sul têm valor próximo à unidade nas duas equações, indicando que a hipótese da Lei do Preço Único é válida nesses mercados, ou seja, choques ocorridos no mercado de arroz do Rio Grande do Sul tendem a ser repassados ao mercado de Santa Catarina. O mesmo não pode ser dito no que se refere aos preços internacionais que tiveram resultado não significativo. Os resultados para o modelo de correção de erros (VEC), onde é possível determinar a velocidade com a qual as variáveis convergem para o equilíbrio de longo prazo, indicaram que os dois modelos estão em equilíbrio de curto prazo. No modelo A, 93,34% das discrepâncias entre o lnPSC-R$ de longo e curto prazo e 38,82% das discrepâncias entre lnPRS-R$ são corrigidas dentro de um trimestre. No modelo B, 74,18% das discrepâncias entre o lnPSC-US$ de longo e curto prazo e 57,76% das discrepâncias entre lnPRS-US$ são corrigidas dentro de um trimestre.

CONCLUSÃO

Este estudo analisou como o comportamento dos preços no mercado doméstico e os preços internacionais de arroz se relacionam. Verificou-se que oscilações ocorridas nos preços do Rio Grande do Sul, maior produtor nacional de arroz, afetam os preços catarinenses. No sentido de Granger os dois preços se influenciam ao nível de significância de 1%. Em termos quantitativos, verificou-se que 1% de aumento nos preços do Rio Grande do Sul levam a um aumento de 0,77% em média nos preços catarinenses. Observa-se, portanto, que os mercados nesses dois estados são integrados e as variações nos preços tendem a ser transmitidas quase integralmente entre os dois mercados. Já as oscilações nos preços internacionais não são transmitidas aos preços nacionais. Esse

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resultado era esperado, haja vista, que o consumo e produção do grão caminham juntos, e a inserção do Brasil no mercado externo é pouco expressiva. Para o avanço deste estudo propõe-se a análise da transmissão dos preços entre os demais estados produtores de arroz, bem como, entre os preços ao produtor, atacado e varejo.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio da Epagri e da Embrapa para a realização deste estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EPAGRI/CEPA – Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola de Santa Catarina. Preço médio mensal ao produtor – Estadual. Disponível em: http://www.cepa.epagri.sc.gov.br/. Acesso em: 20 de abril de 2017. IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento Sistemático da Produção Agropecuária. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 10 de maio de 2017. INFOARROZ. Observatorio de Estadísticas Internacionales del Arroz (OSIRIZ ™). Índice Osiriz (IPO) & Preços do Arroz para Exportação. Disponível em: http://www.infoarroz.org/portal/pt/content.php?section=14. Acesso em: 20 de abril de 2017. IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI). Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/. Acesso em: 20 de abril de 2017.

IRGA – Instituto Rio Grandense de Arroz. Série HIstórica Preços Arroz Casca T1 - 58% Inteiros. Disponível em: http://www.irga.rs.gov.br/. Acesso em: 20 de abril de 2017. KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia Internacional: teoria e política. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005. 558p. Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina. - v.1- 1976- Florianópolis: Instituto Cepa/SC, 1999. Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina. Conjuntura econômica internacional e nacional: Desempenho das economias mundial e brasileira e do comércio internacional, com ênfase nos produtos do agronegócio. v.1. Florianópolis: Instituto Cepa/SC, 2008.

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BENEFICIAMENTO DO ARROZ NO RIO GRANDE DO SUL EM 201 6

Victor H. Kayser 1, Tiago S. Barata 2, Álvaro Escher 3, Michel Kelbert 4

Palavras-chave: engenhos, produção, cadeia produtiva.

INTRODUÇÃO Os engenhos de arroz constituem parte da cadeia produtiva do arroz no Rio Grande do

Sul onde, através do beneficiamento do arroz, disponibiliza o produto apto ao consumo humano.

O presente trabalho visa avaliar a distribuição espacial das empresas de

beneficiamento, a evolução do beneficiamento e a concentração das empresas. O dado básico é o beneficiamento realizado pelas indústrias com base na fiscalização da Taxa CDO – Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura de 2016 e dados de produção de arroz no Rio Grande do Sul.

METODOLOGIA Com base nos dados dos anos de 2012 a 2016 (Tabela 1), tem-se o quadro da

evolução do número de engenhos ativos no Rio Grande do Sul, do beneficiamento, da produção de arroz no Estado e o volume beneficiado em relação à produção, que tem sido na ordem de 75%.

Tabela 1: Evolução do número de engenhos ativos, do beneficiamento, da produção de arroz no RS e da capacidade de beneficiamento.

O número de engenhos decresceu 19% no período analisado, porém a capacidade

instalada por engenho vem aumentando, mantendo o volume anual beneficiado, quase inalterado, em média de 5,9 milhões de toneladas; o volume beneficiado por engenho teve um aumento na ordem de 20% no período.

No ano de 2016, os 187 engenhos constituem 174 empresas agroindustriais

beneficiadoras de arroz. Os engenhos se distribuem em 64 municípios. A Tabela 2 refere-se aos cinco municípios com 10 ou mais engenhos.

1- Engenheiro Agrônomo .Mestre em Economia Rural -IRGA, Av. Missões, 342-Porto Alegre, RS-CEP

90230-100, [email protected]; 2 – Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronegócio; 3 – Economista; 4 - Economista

Engenhos ativos Benef. Anual Média por Produção RS Benef./Prod.

Número toneladas Engenho (t) toneladas %

2012 230 6.123.202 26.623 7.672.809 79,8%

2013 225 5.998.405 26.660 8.069.903 74,3%

2014 217 5.844.853 26.935 8.116.669 72,0%

2015 198 6.072.365 30.669 8.719.449 69,6%

2016 187 5.959.483 31.869 7.299.462 81,7%

Fonte: TAXA CDO/IRGA; Elab.: Seção de Política Setorial

Ano

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Pelotas destaca-se pelo maior número de engenhos (17), beneficiando 14% do total;

onde estes cinco municípios contam com 35% dos engenhos do Estado e beneficiaram 32% do total.

Tabela 2:Municípios do RS com 10 ou mais engenhos em 2016.

Também, constata-se uma grande concentração da capacidade de beneficiamento

entre as indústrias na RS. A Tabela 3 demonstra esta concentração. Tabela 3: Concentração no beneficiamento do arroz no RS em2016.

Na Tabela 3, comparando o primeiro estrato, empresas que beneficiam até 750 t/ano

(15.000 sacos) com o último estrato, empresas que beneficiam acima de 50 mil t/ano (1 milhão de sacos), revela que em ambos os estratos contam com 30 empresas. Enquanto que o primeiro grupo beneficia somente 0,1% do total, o último grupo beneficia 71,8% do total.

Na mesma Tabela 3, constata-se que 144 empresas (82,8%), beneficiam 28,2% do total no Estado, caracterizando a concentração do beneficiamento nas maiores empresas.

A Tabela 4 apresenta o ranking das 10 maiores empresas de beneficiamento, 5,8% do

total, processaram 45% do total no ano de 2016, demonstrando a concentração. Tabela 4: As 10 maiores empresas de beneficiamento de arroz no RS, em 2016.

Município Nº Eng. Benef. Anual (t) % Eng. % Acum. Eng. % Benef. % Benef. Acum.

Pelotas 17 841.085 9,1% 9,1% 14,1% 14,1%

São Borja 15 427.161 8,0% 17,1% 7,2% 21,3%

Santo Antônio da Patrulha 14 303.201 7,5% 24,6% 5,1% 26,4%

Uruguaiana 10 208.284 5,3% 29,9% 3,5% 29,8%

Santa Maria 10 122.790 5,3% 35,3% 2,1% 31,9%

Fonte: TAXA CDO/IRGA; Elab.: Seção de Política Setorial

Nº Classes Intervalo de classes (t/ano) No intervalo Acumulado No intervalo Acumulado No intervalo Acunulado % % Acum

1 até 750 30 30 17,2% 17,2% 7.633 7.633 0,1% 0,1%

2 de 750 até 2.500 17 47 9,8% 27,0% 25.560 33.192 0,4% 0,6%

3 de 2.500 a até 7.500 30 77 17,2% 44,3% 137.198 170.390 2,3% 2,9%

4 de 7.500 até 15.000 24 101 13,8% 58,0% 257.307 427.698 4,3% 7,2%

5 de 15.000 até 25.000 20 121 11,5% 69,5% 417.107 844.805 7,0% 14,2%

6 de 25.000 até 50.000 23 144 13,2% 82,8% 835.222 1.680.026 14,0% 28,2%

7 acima de 50.000 30 174 17,2% 100,0% 4.279.457 5.959.483 71,8% 100,0%

Fonte: TAXA CDO/IRGA; Elab.: Seção de Política Setorial

Classes Nº de Empresas Percentual (%) Beneficiamento (t) % Benef.

Nº unidades Toneladas % % Acum.

1 CAMIL ALIMENTOS S/A 4 747.561 12,5% 12,5%

2 JOSAPAR - JOAQUIM DE OLIVEIRA PART. 2 484.770 8,1% 20,7%

3 PIRAHY ALIMENTOS LTDA. 2 263.861 4,4% 25,1%

4 SLC ALIMENTOS S/A 1 216.042 3,6% 28,7%

5 ARROZEIRA PELOTAS INDUSTRIA E COMERCIO DE CEREAIS LTDA. 1 214.512 3,6% 32,3%

6 URBANO AGROINDUSTRIAL LTDA. 1 201.390 3,4% 35,7%

7 COOP. TRITICOLA SEPEENSE LTDA. 3 170.066 2,9% 38,5%

8 PILECO & CIA. LTDA. 1 137.170 2,3% 40,8%

9 ENGENHO A. M. LTDA. 1 134.482 2,3% 43,1%

10 COOP. AGROINDUSTRIAL ALEGRETE LTDA. - CAAL 1 134.241 2,3% 45,3%

Fonte: TAXA CDO/IRGA; Elab.: Seção de Política Setorial

Indústria de Beneficiamento

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A concentração do beneficiamento também se verifica espacialmente, segundo as regiões orizícolas que o IRGA – Instituto Rio Grandense do Arroz, divide o Estado a Fronteira Oeste beneficia 27% do total, com 39 engenhos, seguido da Zona Sul que beneficia praticamente 21% do total. Fora da região arrozeira há três engenhos, que beneficiaram 4.632 toneladas, apenas 0,08% do total. O beneficiamento se concentra na região produtora de arroz (99,9%) - Tabela 5.

Em termos municipais, os 10 que tiveram o maior volume de beneficiamento estão listados na Tabela 6. O município de Pelotas, na Zona Sul, beneficiou 14% do volume estadual, seguindo-se os municípios de Itaqui, Camaquã, São Borja, Alegrete, Santo Antônio da Patrulha, Capão do Leão, Dom Pedrito, Uruguaiana e São Gabriel. Dois situam-se na Zona Sul, quatro na Fronteira Oeste, dois na Campanha, um na Planície Costeira Interna e um na Planície Costeira Externa. Tabela 5: Concentração do beneficiamento do arroz no RS, segundo as regiões orizícolas, em 2016.

Os engenhos situados na região arrozeira beneficiaram em 2016 81,6% da produção

estadual – Tabela 7. Destacam-se a Planície Costeira Interna que beneficiou 10% a mais que a correspondente produção regional e a Depressão Central beneficiando 4,0% mais que a produção regional. Tabela 6: Os 10 municípios com maior beneficiamento no RS em 2016.

Regional Nº Engenhos Benef. Anual (t) % Benef. % Benef. Acum.

FO - Fronteira Oeste 39 1.621.818 27,20% 27,20%

ZS - Zona Sul 28 1.233.889 20,69% 47,89%

PCI - Plan. Cost. Interna 30 1.077.275 18,07% 65,96%

DC - Dep. Central 39 873.254 14,65% 80,60%

CA - Campanha 19 676.486 11,35% 91,95%

PCE - Plan. Cost. Externa 29 475.414 7,97% 99,92%

Subtotal Região Arrozeira 184 5.958.136 99,92% 99,92%

FRA - Fora Região Arrozeira 3 4.632 0,08% 100,00%

Total 187 5.962.768 100,00%

Fonte: TAXA CDO/IRGA; Elab.: Seção de Política Setorial

Município Regional Nº Eng. Benef. Anual (t) % Benef. % A cum.

1 Pelotas ZS 17 841.085 14,1% 14,1%

2 Itaqui FO 6 648.753 10,9% 25,0%

3 Camaquã PCI 6 580.273 9,7% 34,7%

4 São Borja FO 15 427.161 7,2% 41,9%

5 Alegrete FO 3 311.051 5,2% 47,1%

6 Santo Antônio da Patrulha PCE 14 303.201 5,1% 52,2%

7 Capão do Leão ZS 3 253.840 4,3% 56,4%

8 Dom Pedrito CA 6 237.323 4,0% 60,4%

9 Uruguaiana FO 10 208.284 3,5% 63,9%

10 São Gabriel CA 1 201.390 3,4% 67,3%

Fonte: TAXA CDO/IRGA; Elab.: Seção de Política Setorial

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Tabela 7: Produção e beneficiamento segundo as regiões orizícolas do RS em 2016.

A Figura 1 demonstra a redução do número de empresas e dos engenhos no

beneficiamento do arroz de 2012 a 2016.

Figura 1: Evolução do número de engenhos e de empresas beneficiadoras de arroz no RS, no período de 2012 a 2016.

CONCLUSÕES Verifica-se a tendência na redução do número de empresas (e de engenhos) - Figura 1

com a concentração do beneficiamento nas maiores indústrias. O setor compensa a redução do número de unidades de processamento de arroz com o

aumento de sua capacidade, visto que o volume beneficiado no período analisado (Tabela 1) mantém a média de 5,9 milhões de toneladas.

O beneficiamento se concentrou na região arrozeira (99,9%), havendo apenas três unidades industriais fora de região e que respondem por apenas 0,08% do total beneficiado.

As dez maiores empresas de beneficiamento concentram 45% do total beneficiado no estado do Rio Grande do Sul.

Benef./Prod.

toneladas % toneladas % %

FO - Fronteira Oeste 2.094.330 28,7% 1.621.818 27,2% 77,4%

ZS - Zona Sul 1.404.183 19,2% 1.233.889 20,7% 87,9%

PCI - Plan. Cost. Interna 976.943 13,4% 1.077.275 18,1% 110,3%

DC - Dep. Central 836.161 11,5% 873.254 14,7% 104,4%

CA - Campanha 1.117.311 15,3% 676.486 11,4% 60,5%

PCE - Plan. Cost. Externa 870.535 11,9% 475.414 8,0% 54,6%

Total 7.299.462 100,0% 5.958.136 100,0% 81,6%

Fonte: TAXA CDO/IRGA; Elab.: Seção de Política Setorial

Produção BeneficiamentoRegional

230 225217

198187

214 208 201185

174

0

50

100

150

200

250

2012 2013 2014 2015 2016

Engenhos ativos Empresas

Linear (Engenhos ativos) Linear (Empresas)

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MARGENS DE COMERCIALIZAÇÃO DO ARROZ

Victor H. Kayser1, Tiago S. Barata2

Palavras-chave: comercialização, economia, cadeia produtiva

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo analisar o comportamento dos preços recebidos pelos produtores de arroz no Estado do Rio Grande do Sul no período de janeiro de 1998 a dezembro de 2016 do arroz ”Tipo 1, 58%”, levantados semanalmente pelo IRGA e do arroz beneficiado, da Cesta Básica na praça de Porto Alegre do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Fez-se a análise da evolução da margem de comercialização ao longo do período.

METODOLOGIA

Os preços médios tanto do arroz em casca, como do beneficiado foram deflacionados pelo Índice

Geral de Preços, disponibilidade interna (IGP/DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aos preços de dezembro de 2016.

A Tabela 1 apresenta os preços médios mensais do arroz em casca, “Tipo 1, 58%”. Os preços apresentam tendência de queda ao longo do período – Gráfico 1. Tabela1: Preços médios mensais do arroz em casca Tipo 1, 58% deflacionados a preços de dezembro/2016 pelo IGP/DI.

Fonte:IRGA/Elab.: os autores

1- Engenheiro Agrônomo, mestre em economia rural, IRGA, Av. Missões, 342-Porto Alegre,RS- CEP 90230-100, [email protected]; 2 – Engenheiro Agrônomo, mestre em Agronegócio.

Anos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média

1998 70,41 67,33 64,19 63,69 77,51 79,19 77,50 80,66 87,55 86,94 84,61 82,40 76,83

1999 82,92 83,22 67,49 63,47 59,22 55,27 55,43 53,67 53,13 54,67 55,02 52,45 61,33

2000 51,69 50,60 45,83 42,75 41,44 43,78 42,38 41,07 40,89 40,15 40,07 43,27 43,66

2001 50,01 50,31 43,48 40,84 44,88 49,50 49,16 49,67 56,81 55,03 57,95 57,91 50,46

2002 56,66 51,22 47,32 46,99 49,61 51,16 51,68 55,16 60,05 68,54 71,03 68,28 56,48

2003 67,35 64,07 59,14 67,69 79,83 77,27 78,36 79,83 78,24 76,96 84,93 89,11 75,23

2004 88,52 82,12 71,63 72,19 72,05 67,21 65,15 63,79 60,69 56,46 53,58 47,87 66,77

2005 49,04 50,87 50,47 45,20 40,18 39,92 41,20 38,01 35,17 34,15 38,61 42,94 42,15

2006 42,43 37,90 35,34 33,78 32,74 36,60 41,24 40,07 39,94 43,73 47,67 45,00 39,70

2007 41,29 36,76 37,84 39,10 38,59 38,45 39,57 40,84 41,56 42,26 40,37 39,36 39,67

2008 42,27 43,12 39,20 47,59 57,22 54,57 53,55 53,85 55,36 56,71 53,24 51,34 50,67

2009 51,92 50,79 47,03 45,56 43,36 41,40 45,58 45,21 45,22 45,08 43,38 45,78 45,86

2010 50,86 49,33 43,57 43,88 43,74 41,82 41,34 41,26 40,07 38,81 38,02 36,99 42,48

2011 33,63 32,15 30,69 27,87 27,42 27,89 31,00 33,16 32,29 33,42 34,78 35,09 31,61

2012 35,63 36,79 35,58 36,55 38,06 38,32 38,15 41,87 48,17 50,14 49,57 44,77 41,13

2013 45,03 43,19 40,85 39,88 42,73 42,67 43,07 43,16 42,29 41,29 40,99 42,35 42,29

2014 43,31 43,45 41,07 41,67 43,01 43,42 43,35 43,45 43,85 43,69 43,48 44,01 43,15

2015 44,05 43,34 41,99 41,18 39,78 37,82 37,50 38,27 40,38 42,99 43,62 43,61 41,21

2016 43,28 43,43 42,16 41,80 42,64 45,77 50,55 50,69 50,67 49,81 48,95 48,33 46,51

Média 52,12 50,53 46,57 46,41 48,11 48,00 48,72 49,14 50,12 50,57 51,05 50,57 49,33

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Gráfico 1: Evolução dos preços médios mensais do arroz em casca tipo 1, 58%, deflacionados pelo IGP/DI.

Os preços apresentam trajetória declinante, com dois picos de preços, equivalentes a R$87,55 por saco, em setembro de 1998 e de R$83,22 em fevereiro de 1999 outros dois em dezembro de 2003, equivalente a R$89,11 por saco e de R$88,52 em janeiro de 2004 com o menor preço em maio de 2011, equivalente a R$ 27,42 por saco (50 kg). Chama atenção a relativa estabilidade dos preços a partir de janeiro de 2013, com os preços médios anuais oscilando de R$ 44,01 a R$ 52,12 quando comparados ao período anterior.

A Tabela 2 apresenta os preços médios do arroz beneficiado, a partir da Cesta Básica do Dieese (DIEESE, 2017) para a praça de Porto Alegre. Tabela 2: Preços médios mensais do arroz beneficiado, na cesta básica, na praça de Porto Alegre, R$/kg, deflacionados a preços de dezembro/2016 (IGP/DI)

Fonte:Dieese; Elab.: os autores

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

R$

*sac

o-1

Anos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média

1998 3,53 3,57 3,43 3,39 3,70 4,04 4,11 4,11 4,16 4,48 5,66 4,58 4,06

1999 4,30 4,37 4,00 3,54 3,38 3,27 3,21 3,13 3,12 2,99 3,07 3,07 3,45

2000 3,03 3,03 2,73 2,72 2,71 2,65 2,48 2,47 2,45 2,45 2,47 2,28 2,62

2001 2,54 2,73 2,81 2,65 2,54 2,57 2,72 2,73 2,75 2,89 3,31 3,39 2,80

2002 3,26 3,13 2,92 2,80 2,95 2,96 3,05 2,89 2,90 3,23 3,61 3,71 3,12

2003 3,68 3,64 3,56 3,38 3,85 4,30 4,35 4,28 4,23 4,05 4,06 4,17 3,96

2004 4,32 4,43 4,05 3,77 3,67 3,69 3,58 3,35 3,23 3,07 2,97 2,89 3,58

2005 2,88 2,71 2,64 2,61 2,54 2,39 2,38 2,22 2,18 2,04 1,94 2,04 2,38

2006 2,26 2,26 2,05 2,05 1,96 1,91 2,30 2,18 2,50 2,35 2,74 2,63 2,27

2007 2,53 2,50 2,33 2,27 2,28 2,24 2,44 2,50 2,49 2,61 2,57 2,53 2,44

2008 2,26 2,41 2,50 2,40 3,00 3,09 2,81 2,82 2,85 2,96 3,03 3,14 2,77

2009 3,04 3,26 3,12 3,05 3,08 3,01 2,97 3,04 3,03 3,08 3,05 3,05 3,06

2010 3,23 3,30 3,10 3,06 2,96 2,94 2,93 2,84 2,73 2,67 2,69 2,61 2,92

2011 2,60 2,47 2,58 2,46 2,35 2,29 2,26 2,23 2,47 2,42 2,45 2,44 2,42

2012 2,43 2,43 2,49 2,42 2,41 2,49 2,47 2,50 2,68 2,86 2,97 3,02 2,60

2013 3,02 2,99 2,94 2,90 2,89 2,87 2,86 2,89 2,84 2,81 2,79 2,70 2,88

2014 2,85 2,74 2,75 2,65 2,69 2,73 2,73 2,61 2,67 2,70 2,74 2,80 2,72

2015 2,80 2,77 2,63 2,71 2,67 2,71 2,71 2,64 2,59 2,65 2,72 2,71 2,69

2016 2,73 2,71 2,71 2,74 2,75 2,76 2,94 3,00 3,02 3,01 3,00 2,96 2,86

Média 3,01 3,02 2,91 2,82 2,86 2,89 2,91 2,86 2,89 2,91 3,04 2,98 2,93

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O Gráfico 2 apresenta o comportamento de preços ao consumidor em R$/kg a preços de dezembro de 2016, de janeiro de 1998 a dezembro de 2016.

Gráfico 2: Preços pagos pelo consumidor pelo arroz beneficiado, para de Porto Alegre, na cesta básica (DIEESE), deflacionados paradez/2016.

Os preços ao consumidor também apresentam tendência de queda no período analisado, e também apresentam uma estabilidade a partir de janeiro de 2013 com a mesma tendência de alta no final do período de análise.

A análise conjunta dos preços pagos pelo consumidor e o preço recebido pelo produtor, em R$/kg, neste período permite avaliar se as tendências do comportamento de preços são similares. O Gráfico 3 demonstra conjuntamente a variação dos preços a nível de consumidor e o preço recebido pelo produtor, em R$/kg.

Gráfico 3: Preços do arroz em R$/kg ao consumidor e pagos ao produtor (em casca) - preços deflacionados para dez/2016, pelo IGP/DI.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

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R$*

kg-1

0,00

1,00

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3,00

4,00

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6,00

R$*

kg-1

Preço ao consumidor Preços arroz em casca

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O comportamento da margem de comercialização, que é definido como a diferença entre o preço de venda e o preço de compra de uma unidade de um produto (HOFFMANN,1978), neste caso, como dispõe-se do preço pago pelo consumidor e o preço recebido pelo produtor, o que se define como margem total de comercialização, pois engloba a indústria, o atacado e o varejo, representando a remuneração de todos os processos ou funções executadas desde o produtor até o consumidor. A margem de comercialização pode ser expressa em termos percentuais. O Gráfico 4 mostra a evolução da margem no período analisado.

Gráfico 4: Margem de comercialização do arroz no RS - período Jan/1998 a dez/ 2016.

A margem de comercialização apresenta uma tendência de crescimento no período,

atingindo o pico máximo em abril de 2011 (77,31%), declinando após. O menor valor no período analisado foi de 57,25% em dezembro de 2003. Após o pico máximo registrado, o menor valor foi em setembro de 2012 (64,04%). A margem oscilou entre 62,59% a 70,57%, com uma média de 66,58% no período analisado.

CONCLUSÕES

Pelos dados apresentados, os preços do arroz no Rio Grande do Sul apresentam

tendência de queda, tanto o arroz beneficiado, no varejo, como em casca, pago ao produtor. A partir de 2013, tanto os preços no varejo, como os pagos ao produtor passam a apresentar maior estabilidade, com menores oscilações. A margem total de comercialização (varejo/produtor) apresenta uma tendência de crescimento até o pico de abril de 2011, quando passou a declinar, demonstrando que os elos da indústria, atacado e varejo vêm reduzindo suas margens a partir de então.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIEESE. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Banco de Dados. Disponível:<https://www.dieese.org.br/cesta/> Acesso em 17 de maio de 2017. HOFMANN, R.,et al. Administração da Empresa Agrícola. 2ª ed. ver. São Paulo: Pioneira,1978.

50,00

55,00

60,00

65,00

70,00

75,00

80,00

Mar

gem

de

com

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aliz

ação

(%)

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AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DO ARROZ CULTIVADO EM SISTEMA DE SEQUEIRO FAVORECIDO, NO MUNICÍPIO DE

ARARI – MA

Erika dos Santos Silva1; Victor Roberto Ribeiro Reis2; Luciano Cavalcante Muniz3; Ilka South de Lima Cantanhêde4, Carlos Martins Santiago5

Palavras-chave: orizicultura; indicadores de eficiência econômica; modelagem.

INTRODUÇÃO

A orizicultura foi destaque no estado do Maranhão na década de 1970, quando ocupou a primeira posição no ranking de produção de arroz de terras altas e o segundo lugar como produtor de arroz em sistemas irrigados e de sequeiro (FARIAS FILHO, 2006 apud PIRES, 1975). A situação econômica do cultivo de arroz no Estado é preocupante, importa-se arroz do Mercosul e de outras regiões do Brasil, para atender as indústrias do mercado local. A grande fragilidade da estrutura da assistência técnica pública e privada e o insipiente uso de tecnologias por parte dos agricultores que cultivam este cereal, ocasionam a migração para outras atividades produtivas. As exigências do mercado deste cereal são cada vez mais refinadas; os consumidores mudaram os seus gostos e hábitos de consumo, agora requerem alta qualidade, tanto visual quanto culinária, fatos que se observam apenas parcialmente na produção local (BUOSI et al., 2013). Neste contexto, este trabalho tem o objetivo de avaliar a viabilidade econômica arroz cultivado em sistema de sequeiro favorecido, implantado no município de Arari, no estado do Maranhão.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento com sistema de sequeiro favorecido foi instalado na estação experimental da Embrapa Cocais, localizada no município de Arari, Maranhão. O município situa-se na Baixada Maranhense, com precipitação pluviométrica em torno de 1.773 mm anual. (SANTOS, 2007). O solo é classificado como Gleissolo Melânico, com textura muito argilosa (FARIAS FILHO, 2014).

Os dados foram obtidos por meio de visitas aos sistemas de produção de arroz, com acompanhamento e levantamento dos custos de produção, produtividade da cultura e receita. Os tratamentos consistiram em três cultivares de arroz irrigado: BRS Catiana, BRS Pampeira e BRSMA 357.

A metodologia de cálculo de custo utilizada foi a do custo operacional, desenvolvida pelo Instituto de Economia Agrícola, onde custo operacional efetivo (COE) é formado pelas despesas efetivamente desembolsadas pelo produtor e o custo operacional total é a soma do COE mais a depreciação de máquinas e benfeitorias e a remuneração do produtor. Estes custos estão organizados em planilhas de acordo com cada alternativa de produção. Os indicadores utilizados para medir a viabilidade econômica para a produção da cultura do arroz entre os tratamentos, para o ano agrícola de 2016/2017, foram: renda bruta (RB), margem bruta (MB), margem líquida (ML), lucro ou prejuízo (L), ponto de nivelamento (PN) e taxa de retorno do empreendedor (TR), conforme metodologia proposto por Lopes et al. (2004). A renda bruta (RB) é obtida multiplicando-se a quantidade produzida de arroz pelo

1 Graduanda em Engenharia Agronômica, Universidade Estadual do Maranhão, Cidade Universitária Paulo VI. C.P. 09. Tirirical São Luís/MA, [email protected]. 2 Graduando em Engenharia Agronômica, Universidade Estadual do Maranhão. 3 Doutor, Universidade Estadual do Maranhão. 4 Doutora, Instituto Federal do Maranhão. 5 Mestre, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

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valor pago ao produtor no momento da sua colheita; expresso pela formula: RB = produção por hectare x preço do produto no momento da venda. A margem bruta (MB) é o resultado da subtração da renda bruta (RB) dos custos operacionais efetivos (COE) da produção, que correspondem aos desembolsos monetários por insumos e demais serviços por hectare, expresso pela formula: MB = renda bruta - custos operacionais efetivos.

A margem liquida (MB) é obtida pelo resultado da subtração da renda bruta (RB) dos custo operacional total (COT) da produção. O COT é somatório dos custos operacionais efetivos, depreciação de bens, maquinas e equipamentos e a remuneração do trabalho familiar. A depreciação irá ser calculada de acordo Base Legal: Instruções Normativas SRF nº. 162/98 e 130/99. Sendo expresso pela formula: COT = COE + depreciação + remuneração do trabalho familiar; MB = RB – COT.

O custo total é o somatório do custo operacional total e custo de oportunidade, este custo de oportunidade será calculado a partir do rendimento da caderneta de poupança para os meses que se poderia ter obtidos ganhos com sua porcentagem de ganho, 0,5% a.m. Sendo assim, o lucro econômico ou prejuízo (L) foi calculado subtraindo da renda bruta (RB) o custo total (CT) da produção, expresso pela formula: L = RB – CT.

O ponto de nivelamento ou ponto de equilíbrio é o nível de produção no qual o valor das vendas se iguala aos custos totais. Ou seja, corresponde ao nível de produção no qual a exploração não apresenta lucro nem prejuízo. O ponto de nivelamento pode ser obtido dividindo-se o custo total pelo preço do produto no mercado, conforme a formula: PN = CT / preço do produto. A renda líquida também nos fornece um importante indicativo do resultado da atividade, que é a taxa de retorno do empreendedor. Dividindo-se a renda líquida pelo custo total obtém-se uma medida que quantifica o quanto cada unidade monetária gasta na atividade gerada de retorno ao empreendedor, conforme a formula: TR = ML / CT.

Os dados coletados dos custos e receitas de cada tratamento foram tabulados e tratados com auxílio do programa Excel 2010. Após o tratamento dos dados, foi elaborada a tabela com os indicadores para interpretação dos resultados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na implantação da lavoura, na fase de pré-plantio foi realizado o preparo do solo com grade aradora e niveladora, esta última em duas operações, aplicação de herbicida (Pré Gamit), adubação nitrogenada (200 kg/ha tendo como fonte ureia) e potássica (50 kg/ha tendo como fonte KCl), além do uso de NKP (5-25-15). No plantio mecanizado foram utilizadas as cultivares BRS Pampeira, BRS Catiana e BRSMA 357. Os herbicidas de pós-emergência utilizados foram Nominee (0,1 L/ha), Ally (4 g/ha) e Sirius (0,06 L/ha). Foram aplicados os inseticidas Nomolt (0,15 L/ha), Lannate (1 L/ha), para o controle de lagartas e Premio (0,2 L/ha), para o controle de percevejos.

Os custos com mão-de-obra para realização das atividades já estão acrescidos em cada etapa na Tabela 1. Nessa tabela também constam o total gasto com cada etapa de produção do arroz, onde é possível verificar que a maior parte dos custos concentra-se no pré-plantio (45,86%), devido principalmente aos valores de hora/máquina. Sequencialmente, tem-se a etapa de tratos-culturais e colheita (32,97), devido à necessidade do uso de diferentes herbicidas e inseticidas bem como a hora/máquina da colhedora. Por fim os menores custos foram observados na etapa de plantio (21,18%), que se referem somente ao preço das sementes e hora/máquina da plantadora.

Tabela 1. Custos operacionais efetivos para cada etapa de cultivo na implantação de um hectare de arroz em sistema de sequeiro favorecido.

ETAPA Valor (R$) Participação (%)

Pré –plantio 1.212,50 45,86 Plantio 560,00 21,18 Tratos culturais e Colheita 871,65 32,97

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Total 2.644,15 -

Fonte: Elaboração própria (2017).

Na Tabela 2 são descritos os indicadores de eficiência econômica. Em relação à composição do custo operacional efetivo (COE), ressalta-se que tanto este como os custos totais foram estimados para um hectare. Foi contabilizado o mesmo valor para os três tratamentos quanto ao COE, o que se refere aos desembolsos realizados na implantação da lavoura, desde o pré-plantio à colheita, já demonstrados na Tabela 1. Relata-se então, que para um mesmo custo operacional efetivo, correram mudanças consideráveis nos indicadores econômicos detalhados na Tabela 2. A depreciação mais a remuneração do produtor corresponderam a 22,22% do COT por hectare no tratamento I, 22,12% no tratamento II e apenas 21,98% no III. Tabela 2. Demonstrativo dos custos, receitas e indicadores de eficiência econômica entre os tratamentos na unidade em Arari para o ano agrícola de 2016/2017 na produção de 1 hectare de arroz em sistema de sequeiro favorecido, Maranhão, Brasil.

DISCRIMINAÇÃO BRSPampeira (I)

BRSCatiana (II)

BRSMA357 (III)

Produtividade (sacas/ha) 166 179 198

Custo Operacional Efetivo (R$/ha/ano) 2.644,15 2.644,15 2.644,15

Depreciação de máquinas, Instalações e benfeitorias (R$/ha/ano)

55,57 51,42 46,51

Remuneração do produtor (R$/ha/ano) 700,00 700,00 700,00

Custo Operacional Total (R$/ha/ano) 3.399,72 3.395,57 3.390,66

Custo de Oportunidade (ha/ano) 111,05 111,05 111,05

Custo Total (R$/ha/ano) 3.510,77 3.506,62 3.501,72

Ponto de Nivelamento (Custo total/ Preço da saca)

70,16 70,08 69,98

Renda Bruta (Produção/ha * Produtividade) (R$/ha/ano)

6.953,52 7.514,64 8.307,60

Margem Bruta (R$/ha/ano) 4.309,37 4.870,49 5.663,45

Margem Líquida (R$/ha/ano) 3.553,80 4.119,07 4.916,94

Lucro (R$/ha/ano) 3.442,75 4.008,02 4.805,88

Taxa de retorno do empreendedor (%) 49,51 53,34 57,85

Fonte: Elaboração própria, 2017. O custo operacional efetivo (COE) em todos os tratamentos analisados foi de R$

2.644,15, bem abaixo da média para a formação de um hectare de arroz sob o sistema de produção irrigado que é de R$ 6.715,33 no Rio Grande do Sul (IRGA, 2016). O baixo COE obtido em todos os tratamentos, justifica-se pelo sistema de produção (sequeiro favorecido), que faz uso de águas pluviais para formação da lâmina d’água, dispensando implantação de irrigação artificial e sua demanda (SANTIAGO, 2011).

Considerando apenas o preço de venda da saca de arroz na porteira da fazenda igual a R$ 42,00, obteve-se uma considerável margem bruta e líquida nos tratamentos III, II e I respectivamente. Esse resultado demonstra que o produtor estará se remunerando e tem possibilidade de sobreviver no curto prazo, com chances de expansão e manutenção a longo prazo.

Os resultados positivos de lucro significam que o produtor está pagando os gastos operacionais efetivos e totais, além de outro tipo de investimento, como a caderneta de poupança. Apresentou lucros de R$ 4.805,88 com a BRSMA 357, R$ 4.008,02 com a BRS Catiana e R$ 3.442,75 com a BRS Pampeira. Vale ressaltar que durante o acompanhamento do ciclo da cultura, observou-se que a cultivar BRSMA 357 apresenta um ciclo maior, quando comparado as demais, até o momento adequado de colheita. Esse fator, dependendo da oferta do produto no momento da venda pode acarretar diminuições nos indicadores devido à grande quantidade ofertada de outras cultivares de ciclo menor, o que não foi o caso nesse estudo.

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O ponto de nivelamento corresponde à quantidade mínima que deverá ser produzida em cada tratamento para cobrir todos os custos empregados, e todos os tratamentos tiveram resultados positivos para a adoção de qualquer um dos tratamentos. Quanto à taxa de retorno do empreendedor, que demostra o retorno financeiro que o produtor pode obter, para as mesmas condições, o tratamento III obteve maior retorno com 57,85%, seguido pelos tratamentos II e I com 53,34% e 49,51% respectivamente.

Entretanto, mesmo diante desse resultado, muitas problemáticas giram em torno da orizicultura maranhense, dentre elas pode-se citar a difícil disponibilidade de maquinário, o que acaba gerando valores mais altos nos custos quanto a aluguel de máquinas. Fatores relacionados à comercialização como detrimento de atravessadores, também podem comprometer a atividade na distribuição dos ganhos ao longo dos elos da cadeia produtiva do arroz (SANTIAGO et.al, 2011).

A cultivar BRSMA 357 apresentou valores maiores de produtividade, sob um mesmo sistema que as demais, dispondo de custos operacionais efetivos, totais e de oportunidade que as demais. Apresentado maiores valores de lucro e menores depreciações, bem como maior taxa de retorno ao produtor. Esses resultados reforçam a importância do estudo da viabilidade econômica para fornecer ao investidor condições para a melhor tomada de decisão, assim como para indicar a rentabilidade ou não do negócio a ser investido.

CONCLUSÃO

Todos os tratamentos apresentaram lucro, sendo recomendada a adoção de qualquer uma das cultivares para a região de estudo, com destaque a cultivar BRSMA 357.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUOSI, T.; MUNIZ, L.C.; FERREIRA, C.M. Caracterização e Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Arroz no Estado do Maranhão. Brasília – DF: Embrapa, 2013. FARIAS FILHO, M.S. Caracterização e Avaliação do Cultivo do Arroz em Sistema de Vazante na Baixada Maranhense. São Luís, MA: UEMA, 2006 (Dissertação de mestrado) in PIRES, O. C. O arroz no Maranhão. São Luís: CEPAGRO, 1975. FARIAS FILHO, M. S. Variabilidade espacial dos atributos físicos e químicos em um gleissolo melânico sob três áreas no município Arari – MA. 2014. Tese - Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. IRGA, Instituto Rio Grandense do Arroz. Custos de produção do arroz (médio ponderado, sistema de cultivo mínimo de arroz irrigado). Disponível em: < http://www.irga.rs.gov.br/upload/20160516144858custo_de_producao_do_arroz_2015_16.pdf>. Acesso em 27/05/2017. LOPES, M. A.; LIMA, A. L. R.; CARVALHO, F. de M.; REIS, R. P.; SANTOS, I. C.; SARAIVA, F. H. Controle gerencial e estudo da rentabilidade de sistemas de produção de leite na região de Lavras (MG), Ciência e Agrotecnologia, v. 28, n. 4, p. 883-892, 2004. SANTIAGO, C.M.; WANDER, A.L. Análise da distribuição de ganhos na cadeia produtiva do arroz no estado de Goiás. In: Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, 7., 2011, Balneário Camboriú. Racionalizando recursos e ampliando oportunidades: anais. v. 1 p. 761-763. Itajaí: Epagri, 2011.

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CARACTERIZAÇÃO DA ORIZICULTURA NO ESTADO DO MARANHÃO POR REGIÃO DE PLANEJAMENTO PARA OS ANOS DE

2005 E 2015

Erika dos Santos Silva1; Elimilton Pereira Brasil 2; Luciano Cavalcante Muniz3; Amanda Lais da Silva de Sousa4; João Batista Zonta5

Palavras-chave: arroz, cadeias agroindustriais, produção.

INTRODUÇÃO

A atividade ligada a produção de arroz no estado do Maranhão já esteve em destaque nacionalmente na década de 1970, quando o estado ocupou a primeira posição no ranking de produção de arroz de terras altas no Brasil e o segundo lugar como produtor de arroz no total, apesar do menor número de produtores, comparado a tempos posteriores, mas com inúmeras áreas cultivadas com uma cultura (FARIAS FILHO, 2006 apud PIRES, 1975). Entretanto, o arroz foi perdendo cada vez mais representatividade devido a diversos fatores como às baixas produtividades, quando comparadas às demais regiões produtoras, resultante do baixo nível tecnológico de produção e migração para áreas de fertilidade inferior (ZONTA, 2014).

Há, portanto, a necessidade de caracterizar o cenário do arroz no Maranhão, por Região de Planejamento. Essas regiões constituem-se da junção de vários municípios com características em comum (uso da terra, infraestrutura, etc), visando facilitar a tomada de decisões governamentais em prol do desenvolvimento (SEPLAN, 2008). Esse estudo visa auxiliar possíveis intervenções, para que o setor se desenvolva no que diz respeito ao direcionamento da assistência técnica, o acesso à tecnologias necessárias para revitalizar a produção de arroz, pesquisas, extensão e melhoras na logística, além da melhor participação no mercado regional em detrimento das importações; através da análise da dinâmica da produção de arroz no estado do Maranhão nos anos 2005 e 2015, pelos dados de produtividade, por região de planejamento.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado tomando como base o Estado do Maranhão, que apresenta uma área de superfície de aproximadamente 322km², apresentando 217 municípios e 32 regiões de planejamento. É considerado o segundo maior estado do nordeste e o oitavo a nível nacional; limitado pelo Oceano Atlântico ao Norte e pelo Estado do Tocantins ao Sul, a leste limita-se pelo Estado do Piauí e a Oeste pelo Estado do Pará (SEPLAN, 2008). Apresentando em sua grande parte o clima úmido do tipo B1 (THORNTHWAITE, 1948).

Os dados usados e postos a análise foram buscados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2005 e 2015 e a classificação dos municípios por Regiões de Planejamento utilizada, foi a realizada pela Secretaria do Estado do Planejamento e Orçamento (SEPLAN), demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1. Regiões de Planejamento do Estado do Maranhão.

01 Região da Baixada Maranhense 17 Região do Mearim

1 Graduanda em Engenharia Agronômica, Universidade Estadual do Maranhão, Cidade Universitária Paulo VI. C.P. 09. Tirirical São Luís/MA, [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo, Universidade Estadual do Maranhão. 3 Doutor, Universidade Estadual do Maranhão. 4 Graduanda em Engenharia Agronômica, Universidade Estadual do Maranhão. 5 Doutor, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

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02 Região da Chapada Das Mesas 18 Região do Médio Mearim

03 Região da Ilha Do Maranhão 19 Região do Médio Parnaíba

04 Região da Pré-Amazônia 20 Região do Pericumã

05 Região das Serras 21 Região do Pindaré

06 Região do Alpercatas 22 Região do Sertão Maranhense

07 Região do Alto Munim 23 Região do Tocantins

08 Região do Alto Turi 24 Região dos Carajás

09 Região do Baixo Balsas 25 Região dos Cocais

10 Região do Baixo Itapecuru 26 Região dos Eixos Rodoferroviários

11 Região do Baixo Munim 27 Região dos Gerais De Balsas

12 Região do Baixo Turi 28 Região dos Guajajaras

13 Região do Delta Do Parnaíba 29 Região dos Imigrantes

14 Região do Flores 30 Região dos Lagos

15 Região do Gurupi 31 Região dos Lençóis Maranhenses

16 Região do Litoral Ocidental 32 Região dos Timbiras

Fonte: SEPLAN, 2008.

Após a obtenção dos dados de cada região, realizou-se a distribuição de frequência

usando a classificação dos dados em ordem crescente. Em seguida, foi feita a distribuição acumulada da variável e determinados os quartis e os quartéis. Cada quartil foi alocado no quartel que fica acima dele, de forma que 25% do total se situasse do quartil 3 (q3) para cima, 50% do q2 (mediana) para cima, e 75% do q1 para cima. Considerando-se o valor mais baixo, o valor mais alto e os quartis do conjunto de dados, foram estabelecidos quatro intervalos ou quartéis (Q1, Q2, Q3 e Q4) (ZONTA, 2014). Quanto às medidas de concentração, utilizou-se o índice de Gini, para que se tivesse uma medida do afastamento entre uma distribuição e a correspondente distribuição uniforme (ZONTA, 2014). O índice varia de 0 (distribuição de frequência uniforme) a 1 (distribuição de frequência concentrada em uma classe), e é obtido pelo produto da multiplicação do número de classes (K) pela

diferença média (D) dividido por 2: : Obtida pela seguinte fórmula:

. Para a organização dos dados e produção dos

gráficos foi utilizado o programa Excel (MICROSOFT, 2013) e para a produção dos mapas utilizou-se o programa CorelDraw 12 (2015).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A produção de arroz no estado nas ultimas décadas tem passado por modificações gradativas na cadeia produtiva, o que pode ter provocado uma saída de muitos produtores da atividade, ao passo que o acesso a tecnologia tem possibilitado o aumento da produção por área, fato concretizado com o avanço da mecanização agrícola, sementes de alta qualidade e resposta aos insumos empregados no cultivo. A margem disso, os agricultores que não acompanharam esse avanço se viram forçados mudar de atividade ou permaneceram na atividade, porém sem ganhos efetivos, a atividade se tornou mais onerosa e com a produtividade baixa, de forma que os custos não proporciona retorno econômico ao produtor, se tornando então uma atividade de subsistência. Zonta e Silva (2014), relataram que seria preciso que o produtor detivesse de mais tempo e recursos para que se consolide na atividade, devido principalmente às constantes migrações para áreas naturais, o que ocasionam maior espaço para outras culturas de maior atratividade econômica.

Fato comprovado quando se compara os dados de produção de 2005 a 2015, pode se constatar que a área cultivada teve uma redução de 283,81%, no intervalo de 10 anos, em

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que no ano de 2005 o cereal era cultivado em 3.365.803,00 hectares, com a redução em 2015 o cultivo foi realizado em 239.004,00 hectares.

Com relação a produção total de arroz do estado no período analisado houve redução de 224,46% o que gerou o déficit de mais de 349 mil toneladas do cereal, com essa redução significativa da produção total o estado acabou perdendo posição no ranking nacional, além de afetar diretamente o mercado interno. A redução da produção foi menor que a redução nos valores de área cultivada, fato que dá um indicativo de que houve aumento na produtividade, o que pode ter segurado um pouco a produção do arroz no estado.

Quanto aos dados de produtividade a figura 1 mostra as regiões de destaques no estado, no ano de 2005 se destacaram as regiões Eixo Rodoferroviário, Carajás, Serras Gerais de Balsas, Tocantina, Chapada das mesas, onde apresentou uma produtividade de 1760,10; 1645,03; 1642,37; 1620,52; 1600,10; 1571,84 respectivamente. Segundo os dados de 2015 houve uma mudança em relação as regiões produtoras, a região Tocantina e Serras que se destacavam em 2005 perderam espaço para a região Pré-amazônica e Baixo Balsas, sendo que em 2015 a região Baixo balsas passou a ocupar a terceira posição. O Ranking estadual em 2015 ficou com Gerais de Balsas em primeiro lugar, seguidos por Chapada das Mesas, Baixo Balsas, Eixo Rodoferroviário, Carajás e Pré-Amazônica, apresentando valores 1894,17; 1862,19; 1792,20; 1746,59; 1687,50; e 1556,27. Analisando os dados de 2005 e 2015 foi observado um aumento de 7,10% na produtividade destas regiões.

Para as regiões menos produtivas o destaque em 2005 está nas regiões Ilha do Maranhão, Baixo Munim, Médio Parnaíba, Litoral Ocidental, Cocais, Imigrantes, Timbiras, Lagos, Mearim, Gorupi e Alto Turi, com produtividade que variam de 125 á 1003 Kg/ha. Já em 2015 a produtividade variou de 250 a 1112 Kg/ha, com a Ilha do Maranhão em primeiro assim como em 2005, com a segunda menor produtividade está a região do Alto Munim, seguido por Delta do Parnaíba, Baixo Itapecuru, Litoral Ocidental, Baixo Munim, Cocais, Baixada Maranhense, Timbiras, Mearim e Pericumã. Quando analisado os dados gerais de produtividade o estado teve um acréscimo de 0,51% em relação a 2005. Mesmo a atividade apresentando alguma evolução tecnológica e se tecnificado em algumas regiões, os números mostram que ao longo do período ocorreu uma desconcentração do volume de produção, que se encontra distribuída em um numero maior de municípios (BRANDÃO, 2015). Figura 1. Taxas de crescimento de produtividade de arroz no estado do Maranhão para os anos de 2005 e 2015.

Fonte: Elaboração própria (2017).

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CONCLUSÃO

A produção de arroz no estado passa por adequação tecnológica, de qualificação da mão-de-obra, acesso a crédito e acessória técnica, o que irá proporcionar ganhos no futuro, porém ainda há obstáculos a serem superados, como a malha viária obsoleta e em péssimas condições de uso, assistência técnicas ineficiente, assim como a comercialização.

Já se ver avanços na produtividade do estado, porém muito aquém do real potencial do estado, com a parceria entre instituições de ensino, pesquisa e produtores, o orizicultura no estado está caminhando para melhorar a transferência de tecnologia, e assim os produtores passarão a ter acesso a tecnologias que poderão melhorar o seu sistema produtivo, aumentando a produtividade dando ao produtor melhores ganhos econômicos.

Nacionalmente a produção de arroz no estado do Maranhão é uma atividade fragilizada, e necessita de uma intervenção governamental, apoio à pesquisas e inovações universitárias e empresariais visando o incentivo ao produtor rural, como o crédito agrícola à juros reduzidos, disponibilização de tecnologias, manejo adequado com intervenções agronômicas, bem como apoio aos produtores para organização em associações e cooperativas afim de se obter maior representatividade no mercado e que possibilitem agregação de valor ao produto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDÃO, L. M. L. Análise da produção agrícola no Estado do Maranhão entre os anos de 1970 a 2012. Monografia (Graduação) – São Luís, MA, 2015.

FARIAS FILHO, M.S. Caracterização e Avaliação do Cultivo do Arroz em Sistema de Vazante na Baixada Maranhense. São Luís, MA: UEMA, 2006 (Dissertação de mestrado) in PIRES, O. C. O arroz no Maranhão. São Luís: CEPAGRO, 1975. MICROSOFT Excel. Office 2013. Microsoft Corporation, 2013.

SEPLAN. Regiões de Planejamento do Estado do Maranhão / Secretaria de Estado do Planejamento e Orçamento, Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos. Universidade Estadual do Maranhão. São Luís, 2008.

THORNTHWAITE, C. W. An approach towards a rational classifications of climate. Geographycal Review, London, 1948.

ZONTA, J. B.; SILVA, F. B. Dinâmica da orizicultura no Maranhão. Revista de Política Agrícola. – Ano 1, n. 1 (fev. 1992). Brasília, DF: Secretaria Nacional de Política Agrícola, Companhia Nacional de Abastecimento, 1992-v.; 27 cm .Ano XXIII – No 2 – Abr./Maio/Jun. 2014.

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ARROZ IRRIGADO NA METADE NORTE DO RIO GRANDE DO SUL: UM ESTUDO DE CASO

Michel Rocha da Silva

1; Ramiro Dal Molin Pombo

2; Fernando Campos da Costa

3; Nereu Augusto Streck

4,

Ary José Duarte Júnior5, Giovana Ghisleni Ribas

6, Alencar Junior Zanon

7, Gean Leonardo Richter

8, Ioran

Guedes Rossato9, Isabela Bulegon Pilecco

10

Palavras-chave: Oryza sativa, rotação de culturas, viabilidade econômica.

INTRODUÇÃO

O Rio Grande do Sul (RS) é o terceiro estado da Federação em produção de grãos, com 17% da produção nacional (CONAB, 2016). Entre as culturas de grãos destaca-se no Estado o arroz irrigado e a soja, cujas produções equivalem a 70% e 17% da produção nacional, respectivamente (CONAB, 2016). A área de cultivo do arroz irrigado está estabilizada em 1,1 milhão de hectares, irrigados por inundação, predominantemente na metade sul do RS, enquanto que a área de cultivo de soja na safra 2015/16 foi de 5,4 milhões de hectares, com mais de 80% da área cultivada na metade norte do Estado. Apesar disso, desde a safra 2009/10 a área cultivada com soja em rotação com arroz irrigado aumentou quase 5 vezes na metade sul do Estado, passando de 60 mil para 280 mil ha na safra 2016/17 (IRGA, 2017). Entre os motivos que justificam o avanço da soja na metade sul do Estado, destaca-se a intensificação do sistema produtivo orizícola, pois a rotação com soja aumenta o cotrole de plantas invasoras da cultura do arroz, sobretudo do arroz vermelho (MENEZES et al., 2013).

Nas safras 2015/16 e 2016/17, eventos meteorológicos extremos como o excesso de chuvas e as enchentes em terras baixas que margeiam rios e arroios, tem prejudicado o estabelecimento inicial, o desenvolvimento e a produtividade de soja em terras baixas no norte e no sul do RS. Relatos de produtores sobre semeaduras e ressemeaduras perdidas em decorrência desses eventos são recorrentes entre técnicos atuantes nesse setor. Em decorrência da interpretação desse cenário, Eng. Agrônomos da Cooperativa de Pequenos Agropecuaristas de Ibirubá (COOPEAGRI), enxergaram nesse cenário a viabilidade de cultivar arroz irrigado em regiões de terras baixas do norte do RS, pois essa é uma cultura que expressa seu potencial sob lâmina d’água. Tendo em vista esse novo cenário, o objetivo do trabalho é apresentar a produtividade de uma lavoura de arroz irrigado conduzida na metade norte do Estado, em uma propriedade familiar, e comprovar a viabilidade econômica.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no município de Selbach, região fisiográfica do Planalto Médio, norte do Rio Grande do Sul (lat.: 28° 37’ 4” S e long.: 52° 57′ 1″ O e alt.: entre 400 e 500 m).

1 Doutorando em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Av. Roraima n°1000, bairro Camobi, Santa

Maria - RS. [email protected]. 2 Eng. Agrônomo, Cooperativa de Pequenos Agropecuaristas de Ibirubá (COOPEAGRI).

3 Eng. Agrônomo, COOPEAGRI.

4 Prof. Associado, PhD em Agrometeorologia, UFSM.

5 Graduando em Agronomia, UFSM.

6 Doutoranda em Eng. Engenharia Agrícola, UFSM.

7 Prof. Ajunto, Dr. em Agronomia, UFSM.

8 Mestrando em Agronomia, UFSM

9 Graduando em Agronomia, UFSM

10 Graduando em Agronomia, UFSM.

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Nesse município predomina a cultura da soja em 95% da área agrícola cultivada durante o verão. A propriedade rural em estudo está localizada às margens do Arroio Grande, rio que delimita os municípios de Ibirubá e Selbach. A frustração durante as safras 2014/15 e 2015/16 com a soja cultivada em terras baixas, próximo ao Arroio Grande, motivou a família Freiberg a retomar o cultivo do arroz irrigado, antes semeado pela família na década de 1980. Durante a safra 2016/17, uma gleba de 12,2 ha foi preparada durante os meses de setembro e outubro com curvas de nível para o cultivo do arroz irrigado. A semeadura foi realizada entre os dias 12 e 15 de novembro de 2016 com a cultivar IRGA 424 e densidade de semeadura de 120 kg ha

-1. A adubação de base foi realizada na dose de 45 kg ha

-1 de N,

106 kg ha-1 de P2O5 e 75 kg ha

-1 de K2O, a lanço, devido a ausência de semeadora

adaptada para depositar o adubo na linha. A adubação de cobertura ocorreu entre os estágios V4-V5 (COUNCE et al., 2000) na dose de 65 kg ha

-1 de N. O manejo de plantas

daninhas e de pragas foi realizado de acordo com as recomendações da cultura (SOSBAI, 2016). Não foi realizado aplicação de fungicida na lavoura. O manejo de irrigação por inundação foi realizado após a aplicação da ureia em cobertura (V4-V5), e a aplicação da lâmina d’água foi realizado por gravidade. Outra gleba com 6,8 ha, localizada em terras baixas, foi cultivada com soja, cultivar BMX Ativa, de tipo de crescimento determinado e grupo de maturidade relativa de 5.6. O manejo da lavoura de soja foi realizado de acordo com o recomendado pelas cooperativas da região. A produtividade final foi realizada no posto de recebimento da COOPEAGRI, localizado no município de Ibirubá, próximo as glebas avaliadas. A análise financeira de cada gleba foi realizada a partir da relação entre a receita bruta e os custos variáveis, por ha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A produtividade média de arroz foi 176 sc ha-1 sem limpeza e 137 sc ha

-1 após desconto

de umidade, limpeza, transporte e colheita. O preço recebido foi R$35,00 sc-1, e a receita

bruta foi R$4.795,00 ha-1

. O custo de produção da lavoura de arroz irrigado foi R$2.790 ha-1,

e a receita líquida (receita bruta menos custos variáveis) foi R$2.005 ha-1.

A produtividade média de soja em terra baixa foi 50 sc ha-1 e em terra alta, na mesma

propriedade, foi 65 sc ha-1. A produção de soja não foi comercializada devido a cotação da

soja estar baixa e o custeio agrícola pode ser quitado com a renda oriunda do arroz irrigado. Esse foi um ganho indireto que a produção de arroz irrigado em rotação com a soja propiciou ao produtor. Com vistas a comparar os sistemas de produção, será considerado o preço de R$70,00 sc

-1 de soja, pois esse é o preço desejado pelo produtor para a venda do

produto. Dessa forma, o rendimento bruto da soja em terra baixa e em terra alta foi estimado em R$3.570,00 ha

-1 e R$4.550,00 ha

-1, respectivamente, e o custo variável foi

R$1.820,00 ha-1 para soja de terra baixa e terra alta pois o manejo e os insumos utilizados

foram iguais. Dessa forma, o rendimento líquido da soja em terra baixa e em terra alta foi estimado em R$1.680,00 ha

-1 e R$2.660,00 ha

-1, respectivamente.

No caso em estudo, o arroz irrigado apresentou um custo de produção 6% maior que a soja, mas o rendimento liquido do arroz irrigado foi 42% e 5% maior que a soja em terra baixa e em terra alta, respectivamente (Figura 1). Através dessa análise, é possível afirmar que o arroz irrigado cultivado no norte do Estado, em solos hidromórficos onde o estabelecimento da soja é deficiente, é economicamente viável e pode ser uma alternativa para incrementar renda ao pequeno produtor rural. Também foi verificado que a rotação de arroz-soja favoreceu o controle de plantas daninhas, como a buva. Entretanto, ao definir sobre semear arroz irrigado, é necessário considerar os gargalos existentes, como a falta de implementos agrícolas para o manejo do arroz irrigado no norte do Estado e, principalmente, onde comercializar os grãos, pois atualmente as cooperativas e empresas não estão preparadas para receber arroz e soja durante o mesmo período.

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Figura 1. Receita bruta, custo variável e receita líquida para produção de arroz irrigado e soja em terra baixa e alta no município de Selbach. * Porcentagens em relação a soja em terra alta.

De acordo com a diretoria da COOPEAGRI, a perspectiva para a safra 2017/18 de arroz

irrigado em Selbach e municípios vizinhos é promissora, com ampliação da área cultivada e incremento na produtividade. A propriedade em estudo pretende ampliar em 35% a área cultivada com arroz irrigado e adotar as práticas de manejo do Projeto 10+ do IRGA. Outros produtores que cultivam soja em solos hidromórficos pretendem cultivar arroz irrigado na próxima safra, as margens do Arroio Grande. Dessa forma, esse estudo de caso demonstra a importância da criatividade e da inovação em propriedades rurais, para aumentar a produtividade e a renda, com uso racional dos recursos naturais, buscando a intensificação sustentável da agricultura gaúcha.

CONCLUSÃO

O cultivo do arroz irrigado é economicamente viável para solos hidromórficos da metade norte do Rio Grande do Sul. No caso apresentado a rentabilidade do arroz irrigado foi maior que da soja.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: 10º Levantamento grãos safra 2015/16. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos /16_07_11_17_36_02_boletim_graos_julho_2016.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2017. COUNCE, P.; KEISLING, T. C.; MITCHELL, A. J. A uniform, objective, and adaptative system for expressing rice development. Crop Science, v.40, p.436-443, 2000. IRGA. Safras. Instituto Riograndense do Arroz. Disponível em: http://www.irga.rs.gov.br/conteudo/6911/safras. Acesso em: 10 mai. 2017. MENEZES, V. G.; ANGHINONI, I.; SILVA, P. R. F. da; MACEDO, V. R. M.; PETRY, C.; GROHS, D. S.; FREITAS, T. F. S. de; VALENTE, L. A. L. Projeto 10 - Estratégias de manejo para aumento da produtividade e da sustentabilidade da lavoura de arroz irrigado do RS: avanços e novos desafios. Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), Cachoeirinha. 2013. 104p. SOSBAI [Sociedade Sul Brasileira de Arroz Irrigado]. 2016. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Pelotas, RS: SOSBAI, 200p.

+6% 0%

+5%*

-37%

R$ -

R$ 1,000.00

R$ 2,000.00

R$ 3,000.00

R$ 4,000.00

R$ 5,000.00

Arroz irrigado Soja em terra alta Soja em terra baixa

R$

ha

-1Receita líquida

Custos variáveis

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VIABILIDADE ECONÔMICA DA CULTIVAR DE ARROZ BRS CATIANA NO ESTADO DO TOCANTINS

Daniel de Brito Fragoso1; Osmira Fátima da Silva2; Carlos Magri Ferreira3; Bernado Mendes dos Santos4

Daniel Pettersen Custódio5

Palavras-chave: Orizicultura, economia, sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

A nova cultivar de arroz (Oryza sativa L.) BRS Catiana, lançada pela Embrapa Arroz e Feijão e parceiros em 2016, se caracteriza pela ampla adaptação e alta produtividade, em condições de irrigação por inundação, excelência em qualidade de grãos e pela senescência tardia “stay green”. Encontra-se registrada junto ao RNC (Registro Nacional de Cultivares) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sob o nº 32292. Essa cultivar se constitui em uma das alternativas para o cultivo de arroz irrigado, notadamente na região tropical brasileira (MORAIS et al., 2016). Na região tropical do Brasil, o Estado do Tocantins atualmente se destaca na produção de arroz. É o terceiro maior produtor nacional desse cereal. O arroz é cultivado no sistema irrigado por inundação, restrito às terras baixas ou várzeas do vale do rio Araguaia (FRAGOSO et al., 2013). A área cultivada na safra 2016/2017 foi de 105 mil foram de arroz irrigado, com uma produção de 623 mil toneladas de grãos (CONAB, 2017).

A necessidade de ampliar a visão de negócios, no âmbito da dinâmica rural, posiciona a produção orizícola na linha competitiva do mercado. Isso determina ao produtor uma crescente busca por redução de custo unitário de produção e a obtenção de lucratividade mais expressiva, a serem alcançados a partir de produtividades potenciais. A isso, também se associa o interesse e espera do consumidor por um produto de melhor qualidade com preço mais acessível.

Este trabalho contempla a análise agroeconômica da nova cultivar de arroz de várzeas tropicais, a BRS Catiana, e tem como objetivo evidenciar sua viabilidade econômica, com base na produtividade e nos dados de custo de produção, no Estado do Tocantins, na safra 2015/2016,

MATERIAL E MÉTODOS

A análise da viabilidade econômica da cultivar BRS Catiana é realizada com base na relação de benefício/custo, segundo as avaliações de sistemas de produção de culturas temporárias, preconizada por GUIDUCCI et al. (2012). Na elaboração do custo variável da produção do arroz, por hectare, utilizou-se uma planilha eletrônica, em Excel, onde os dados de coeficientes técnicos são cruzados com os referentes preços unitários. Agrega-se os fatores de produção, como insumos, operações com máquinas, serviços e custos

1 Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462, km 12, Fazenda Capivara, Zona Rural Caixa Postal: 179 CEP: 75375-000 - Santo Antônio de Goiás - GO, [email protected]. 2 Economista, Analista da Embrapa Arroz e Feijão. 3 Doutor em Desenvolvimento Sustentável, Analista da Embrapa Arroz e Feijão. 4 Engenheiro Agrônomo, Analista da Embrapa Arroz e Feijão. 5 Engenheiro Agrônomo, Analista da Embrapa Arroz e Feijão.

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adicionais com o pós-colheita. Esses coeficientes originaram-se do levantamento realizado pela equipe técnica da Embrapa Arroz e Feijão, instalada nas estações experimentais no Estado do Tocantins e validados junto aos produtores de arroz nos municípios de Lagoa da Confusão, Dueré e Formoso do Araguaia.

As operações agrícolas do sistema de produção dessas cultivares são, praticamente, todas mecanizadas, demandando pouca mão de obra. O preparo convencional do solo feito com grade aradora e niveladora, tracionados por trator de 90 CV e a rolagem, com o rolo sendo conduzido por trator de 70 CV. A calagem foi realizada com o uso de uma carreta tracionada por um trator de 70 CV e, desta forma, distribuiu-se 1,0 t ha-1 de calcário dolomítico.

No tratamento sanitário de 100 kg ha-1 de semente certificada da cultivar BRS Catiana foram utilizados 0,38 kg do ingrediente Carboxina+Tiram. Na adubação de base, por ocasião da semeadura, foram utilizados 300 kg ha-1 do formulado 05-20-20 mais zinco.

A adubação nitrogenada foi feita em cobertura, utilizando-se 80 kg ha-1 de uréia (46% N) mais 82 kg ha-1 de uréia cloretada do formulado 30-00-20, via aérea. Nos tratamentos fitossanitários da cultivar BRS Catiana, utilizaram-se os inseticidas Bifentrina+Carbosulfan (0,60 L ha-1) e o Thiamethoxam (0,15 kg ha-1), aplicados em mistura com o óleo mineral, usado como espalhante adesivo. Também, foram utilizados os fungicidas Trifoxistrobina + Tebuconazole (0,75 L ha-1), aplicados por duas vezes. Adicionalmente, foram utilizados os fungicidas Azoxitrobina + Tebuconazole (0,50 L ha-1) em dose única e, também o Tricyclazole (0,30 kg ha-1) aplicados por duas vezes. Os controles das principais pragas e doenças foram realizados com aplicações via aérea. O controle de plantas daninhas foi realizado com herbicida pré-emergente Oxyfluorfen (0,50 L ha-1), com o pulverizador tracionado por um trator de 70 CV e a aplicação dos herbicidas pós-emergente Bispyribac sodium (0,13 L ha-1) e Clomazona (0,6 L ha-1), via aérea.

Foram utilizados os preços médios locais pagos pelos fatores de produção, na época do pré-plantio e em vigor no mês de setembro/2015 e o preço médio recebido pelo produtor de arroz, pela saca de 60 Kg, no mês de abril de 2016. Os preços de máquinas para operações tracionadas e aéreas se referem a horas alugadas, onde estão inclusos as depreciações, gastos com combustível e manutenções. As horas de serviços (mão de obra) se referem a horas contratadas com diarista.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados do custo de produção e receita obtidos pelos produtores nas várzeas tropicais, em nível de lavoura, nos municípios de Dueré, Formoso do Araguaia e Lagoa da Confusão, no Estado do Tocantins, são demonstrados no balanço econômico da safra 2015/2016 (Tabela 1). A produtividade da cultivar BRS Catiana foi de 7.500 kg ha-1, ou seja, de 125 sc.60 kg ha-1.

Na formação do custo de produção da cultivar BRS Catiana foram considerados os insumos, operações com máquinas/implementos tracionados e aéreos e serviços (mão de obra), considerados como custos variáveis.

O custo de produção da cultivar BRS Catiana foi de R$ 4.212,96 ha-1 ao custo unitário de R$ 33,70 sc.60 kg-1

No balanço econômico da cultivar BRS Catiana, os insumos representaram 48,5% do custo total, seguidos pelas operações com máquinas, 36,0%, pós-colheita, 9,7% e serviços, 5,8%. Dentre os insumos utilizados na produção, os defensivos foram os que mais oneraram o custo final, representando 20,86%.

Quanto à participação das operações com máquinas em relação ao custo total da produção, o uso de tratores representou 14,77% e o uso de aeronaves, 21,27%.

Somente com o uso de defensivos e suas correspondentes aplicações aéreas, o produtor gastou R$ 1.646,72 ha-1, representando 39,1% do custo total de produção.

Com a produtividade de 7,5 t ha-1 o produtor obteve a receita bruta de R$ 6.625,00 ha-1, o que propiciou o ganho financeiro líquido de R$ 2.412,04 ha-1. Desta forma, faz-se o

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balanço entre a receita e as despesas, obtendo-se uma relação de benefício/custo de 1,57, ou seja, a cada R$ 1,00 investido no sistema de produção, o produtor foi beneficiado com R$ 1,57 de retorno.

Nessa safra, além do incremento em produtividade obtido pelos produtores que adotaram a cultivar BRS Catiana, também houve uma redução no custo de produção, devido, principalmente, ao menor uso de defensivos demandado pela nova cultivar. Tabela 1. Balanço econômico da cultivar de arroz irrigado de várzeas tropicais (Oryza sativa L.) BRS Catiana, no Estado do Tocantins, na safra 2015/2016.

Indicador econômico (R$ ha-1) Participação ( %) I. Custos dos fatores agregados de produção: 1. Insumos 2.044,40 48,52 2. Máquina/implemento/Aeronave 1.518,20 36,04 Operações com tratores 622,20 14,77 Operações com avião 896,00 21,27 3. Serviços (Mão de obra) 243,00 5,77 4. Custos com pós-colheita 407,36 9,67 II. Resultado econômico: Produtividade (Kg ha-1) 7.500 Receita total (R$ ha-1) 6.625,00 Custo total (R$ ha-1) 4.212,96 Relação benefício/custo1 1,57 1 Com base nos preços pagos pelos fatores de produção no mês de setembro/2015 e no preço médio recebido pelos produtores de arroz irrigado, no Estado do Tocantins (saca de 60 quilogramas = R$ 53,00, em 01/04/2016 ).

CONCLUSÃO

A cultivar BRS Catiana foi desenvolvida para as condições edafo-climáticas do Estado do Tocantins, portanto, com boa adaptação local, potencialmente produtiva, com excelente qualidade de grãos e que neste estudo é economicamente viável, propiciando ao produtor uma lucratividade de 57%, sobre o investimento realizado. Essa nova cultivar, também é uma oportunidade para o agronegócio do arroz, por ser um material que demanda um menor número de aplicações de fungicidas, contribuindo para a redução do custo de produção.

AGRADECIMENTOS

À Equipe Técnica do Centro de Pesquisa Agroambiental da Várzea e à Evidência Agrícola pelo apoio na coleta das informações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONAB. Levantamentos de safra: 9º Levantamento grãos safra 2016/17. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_06_11_09_00_38_boletim_graos_maio_2017.pdf>. Acesso em: 23 mai. 2017. FRAGOSO, D. B. et al. Caracterização e diagnóstico da cadeia produtiva do arroz no Estado do Tocantins. Brasília, DF: Embrapa, 2013. 40 p. GUIDUCCI, R. C. N; LIMA FILHO, J. R; MOTA, M. M. Viabilidade Econômica de Sistemas de Produção Agropecuários: metodologia e estudos de caso. Brasília, DF: Embrapa,

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2012. 535 p. MORAIS, O. P. de; TORGA, P. P.; CORDEIRO, A. C. C.; PEREIRA, J. A.; MAGALHAES JÚNIOR, A. M. de; COLOMBARI FILHO, J. M.BRS Catiana: Cultivar de arroz irrigado de elevada produtividade e ampla adaptação. Embrapa Arroz e Feijão, 2016. 6p. (Embrapa Arroz e Feijão. Comunicado Técnico, 233).

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ANÁLISE COMPARATIVA DE RENTABILIDADE ENTRE O CULTIVO DE IRGA 424 E BRS PAMPEIRA

Gustavo Hernandes

1; Ramiro Toledo

2; Paulo R. F. Dos Santos

3

Palavras-chave: BRS Pampeira, rentabilidade, IRGA 424

INTRODUÇÃO

A tomada de decisão do produtor é auxiliada por um conjunto de atividades realizadas pela administração rural com a finalidade de se obter um melhor resultado econômico na atividade (CREPALDI, 1998). As propriedades orizícolas tem processos complexos dependentes de diversas variáveis específicas, sendo uma delas a escolha das cultivares. Com o preço do arroz baixo, excelentes produtividades, expectativas de altas produções e dificuldades para escoar a produção, os produtores e técnicos buscam um equilíbrio entre custo de produção, produtividade e qualidade de grãos utilizando as tecnologias disponíveis para tornar-se competitivo. A variedade BRS Pampeira vem se destacando em áreas, não infestadas por arroz vermelho, com uma nova alternativa de cultivo possuindo uma boa produtividade de grãos, tolerância ao acamamento e resistência a doenças (SOSBAI, 2016). Este trabalho tem como objetivo gerar informações para auxiliar o produtor de arroz irrigado na tomada de decisão, entre o cultivo de IRGA 424 e BRS Pampeira.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado nos municípios de Uruguaiana/RS e Maçambará/RS, na safra 2016/17, em unidades de observação (UOs) com módulos de 25 hectares para cada variedade. Estas UOs estavam localizadas dentro de lavouras comerciais de clientes da empresa de Consultoria VETAGRO Ltda. O manejo adotado nas unidades, em cada propriedade, foi o mesmo para ambas as variedades visando obter a menor variabilidade possível no que se refere à fertilização, densidade de semeadura e manejo fitossanitário. O levantamento das informações foi realizado, a partir dos valores fornecidos pelas empresas fornecedoras de insumos agrícolas, produtores de sementes e indústrias da região. Os custos que se diferenciaram entre as cultivares (tabela 1) foram relacionados e calculados conforme a produtividade de cada UO. Amostras de grãos foram submetidas a análise laboratorial para avaliação de defeitos no aparelho S21, que avalia por meio de imagens a qualidade visual dos grãos e suas dimensões. Os preços usados para a avaliação da rentabilidade foram os praticados pelas indústrias da região onde estas praticam diferenciação entre variedades e conforme a qualidade e defeitos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 observamos os custos diferenciados entre as cultivares para cada unidade de produção. A variação do custo da semente (item 1.1), dentro de cada UO, se deve a diferença de preço pago pelo quilo da semente onde a BRS Pampeira possui um preço mais elevado de comercialização. A diferença de custos de irrigação (item 1.2) deve-se a cultivar BRS Pampeira possuir um ciclo maior que o IRGA 424. A colheita (item 1.3) teve um custo médio de 7% sobre o arroz colhido onde se descontou a impureza e a umidade. A diferença no frete para transportar a produção é calculada baseada no preço cobrado por saco. No caso de variedades consideradas nobre e semi nobre existe a bonificação no frete.

1 Engenheiro Agrônomo - VETAGRO Consutoria Ltda - [email protected]

2 Engenheiro Agrônomo - VETAGRO Consultoria Ltda – [email protected]

3 Acadêmico de Agronomia UNIPAMPA Itaqui/RS – [email protected]

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A secagem e armazenagem (item 1.5) consideram o custo para reduzir a umidade dos grãos de 21% para 12% onde é descontado mais 1% de impureza, tendo um custo total entre estas duas práticas de 6,8% da produção do grão beneficiado (limpo e seco).

O item colaboradores, refere-se às porcentagens fixadas pelos sindicatos de classe onde, 2% para o administrador, 0,736% para o capataz e 0,4908% para cada colaborador fixo perfazendo um valor médio de 3,2268% do volume colhido. A Assistência técnica (item 1.7) possui um custo fixo de 1% da produção.

Tabela 1 – Custos diferenciados entre as cultivares nas Unidades de Observação.

UO - Uruguaiana UO - Maçambará

IRGA 424 BRS Pampeira IRGA 424 BRS Pampeira

1.1 Semente 117,00 129,00 156,00 172,00

1.2 Irrigação 603,25 629,47 511,90 541,00

1.3 Colheita 561,47 588,28 513,98 533,51

1.4 Frete c/produção 251,32 0,00 230,01 0,00

1.5 Secagem/armazenagem 545,39 571,43 499,04 518,58

1.6 Colaboradores 258,14 270,39 236,10 245,50

1.7 ASTEC 80,04 83,87 73,15 76,21

1.8 TOTAL (R$.ha-1) 2.416,61 2.272,44 2.220,18 2.086,80

A tabela 2 apresenta um demonstrativo de produtividade das Unidades de observação. Os descontos por defeitos foram realizados, na Cooperativa Agrícola Uruguaiana Ltda. (CAUL), no equipamento S21 que tem a capacidade de avaliar através de imagens todos os grãos da amostra de 100gr. Os defeitos avaliados são: centro branco, grãos gessados, grãos picados e ardidos. Tabela 2 – Demonstrativo de produtividade entre as cultivares, defeitos analisado, preços pagos ao

produtor, receita bruta das UOs.

UO - Uruguaiana UO - Maçambará

IRGA 424 BRS Pampeira IRGA 424 BRS Pampeira

2.1 Produtividade (kg.ha-1

) 10.472 10.972 9.584 9.957

2.2 Produtividade (saco50kg.ha-1

) 209,44 219,45 191,68 199,14

2.3 Descontos/defeitos (%) 4,60 1,20 3,85 1,15

2.4 Preço médio (R$.saco50kg-1

) 38,30 39,50 38,30 39,50

2.5 Receita Bruta (R$.ha-1

) 8.021,55 8.668,28 7.341,34 7.866,03

No item preço médio observa-se que a variedade BRS Pampeira possui um valor

diferenciado, em relação ao IRGA 424, por possuir uma menor quantidade de descontos. A renda bruta é obtida utilizando o valor praticado pela variedade e a produtividade atingida em cada UO onde podemos observar que a variedade BRS Pampeira proporcionou ao produtor, em ambas as UOs, uma melhor receita bruta do que IRGA 424.

Tabela 3 – Valor médio das UOs e comparativo de diferença entre as cultivares.

IRGA 424 BRS Pampeira Diferença (%)

3.1 Custos diferenciadores (R$.ha-1

) 2.318,39 2.179,62 - 5,98

3.2 Produtividade (kg.ha-1

) 10.028 10.464 + 4,16

3.3 Descontos/defeitos (%) 4,22 1,17 - 3,05

3.4 Preços mercado (R$.ha-1

) 38,30 39,50 + 3,03

3.5 Receita Bruta (R$.ha-1

) 7.681,44 8.266,56 + 7,07

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Na tabela 3 temos a unificação dos valores de produção das duas unidades de observação (Uruguaiana e Maçambará) onde podemos visualizar que a variedade BRS Pampeira obteve uma produtividade de 4,16% superior ao IRGA 424.

Quando unificamos os números de descontos e defeitos (Item 3.3) observamos que, na média das unidades de observação, a variedade IRGA 424 possui 3,05% de descontos e defeitos a mais quando comparada a BRS Pampeira o que resulta em uma valor de mercado inferior praticado para esta variedade.

Observando os valores de receita bruta (item 3.5) podemos visualizar qie a cultivar BRS Pampeira obteve um resultado 7,07% superior a IRGA 424. Este resultado deve-se a dois fatores: preço diferenciado de comercialização (3,03%) e produtividade superior (4,16%) se comparado ao IRGA 424.

CONCLUSÃO

A variedade BRS Pampeira, na safra 2016/17, mostrou-se uma boa alternativa de cultivo aos produtores superando a variedade IRGA 424 proporcionando uma maior renda bruta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CREPALDI, S. A. Contabilidade Rural: Uma abordagem decisorial. São Paulo: Ed. Atlas, 1998. Sociedade Sul-brasileira de Arroz Irrigado (SOSBAI). Arroz Irrigado: Recomendações técnicas para o Sul do Brasil; XXXI Reunião Técnica da Cultura do Arroz IRRIGADO. Bento Gonçalves: SOSBAI, 2016, p78.

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REDUÇÃO DE CUSTOS EM INSUMOS AGRÍCOLAS NA APLICAÇÃO DE PRÁTICAS DE MANEJO EM ARROZ IRRIGADO

José Alberto Petrini1; Isabel Helena Vernetti Azambuja2; Renato Kuhn3

Palavras-chave: Oryza sativa, racionalização de insumos, produtividade.

INTRODUÇÃO

Com a maior área semeada e a mais alta produtividade, o Rio Grande do Sul consolida cada vez mais a condição de principal produtor de arroz do Brasil colhendo 8,766 milhões de toneladas.

A safra 2016/17 foi beneficiada pelo nível tecnológico aplicado às lavouras e pelo clima favorável ao desenvolvimento da cultura. A produtividade média gaúcha respondeu à evolução das cultivares e ao manejo das lavouras, alcançando média de 7.930 kg ha-1 em 1,105 milhão de hectares semeados no estado (IRGA, 2017). Entretanto, o custo de produção é um dos fatores que contribui para reduzir a rentabilidade e a competitividade. De acordo com o custo de produção estimado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA, 2017), a saca de 50 kg de arroz em casca custou, em média, R$ 48,48 para ser produzida no Rio Grande do Sul na safra 2016/17. A realidade, nesta safra de arroz, aponta o preço de comercialização ao redor de R$ 41,60 (IRGA, 2017). A solução econômica deste cenário deve passar pelo desafio do orizicultor em melhorar sua rentabilidade, baixando seus custos de produção, e pelo governo federal e estadual de adotarem medidas que proporcionem novas condições de rentabilidade e competitividade ao arroz brasileiro, seja por meio de redução dos tributos, seja criando mecanismos que permitam efetivamente a manutenção de um mercado interno e externo rentável e competitivo (PLANETA ARROZ, 2011).

Visando contribuir para a melhoria da rentabilidade ao orizicultor implantou-se uma área demonstrativa de arroz irrigado com o objetivo de utilizar a tecnologia de manejo disponível com um menor custo de produção, focado na redução planejada das quantidades dos insumos utilizados na cultura.

MATERIAL E MÉTODOS

Implantou-se uma área demonstrativa de dois hectares localizada na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, Capão do Leão-RS, no ano agrícola de 2016/17, e aplicaram-se os insumos com redução nas quantidades recomendadas pela pesquisa para o Sul do Brasil (SOSBAI, 2016). A semeadura foi realizada em 29/11/2016 utilizando-se 70 kg ha-1 de sementes da cultivar BRS Pampa. A adubação de base foi de 210 kg ha-1. Na área manteve-se a recomendação da aplicação, em pré-emergência, de 0,5 L ha-1 de clomazone + 4,0 L de glifosato (SOSBAI, 2016), aplicados 3 dias após a semeadura (DAS). Não foi efetuado o tratamento de sementes com fungicida e inseticida, e não se aplicou fungicida no início do florescimento do arroz. A emergência das plântulas (80%) ocorreu dia 10/12/2016 (11 DAS). As demais práticas de manejo recomendadas (SOSBAI 2016) e as realizadas para redução de custos de produção, podem ser observadas na Tabela 1. Aplicou-se 100 kg ha-1 de uréia em cobertura no estádio das plântulas de 3 a 4 folhas (V3-V4) e 40 kg ha-1 no estádio de início da diferenciação da panícula (R0). Nas Tabelas 1 e 2 constam os insumos utilizados com as respectivas quantidades e preços vigentes no mercado em 2016.

____________________________________________________ 1 Engenheiro Agrônomo, Mestre, Embrapa Clima Temperado, BR 392, Km 78, Cx Postal 403. [email protected] 2 Economista, Embrapa Clima Temperado, BR 392, Km 78, Cx. Postal 403. isabel.azambuja.cpact.embrapa.br 3 Técnico Agícola, Embrapa Clima Temperado, BR 392, Km 78. Cx. Postal 302. renato.kuhn.cpact.embrapa.br

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Tabela 1. Insumos utilizados no manejo da cultura do arroz irrigado com as respectivas quantidades por hectare. Embrapa Clima Temperado. Capão do Leão, RS. 2017.

Práticas de manejo Insumos Recomendação Manejo realizado

Glifosato 4,0 L ha-1 4,0 L ha-1 Clomazona – pré 0,5 L ha-1 0,5 L ha-1 Semente C1- cv. BRS Pampa 100 kg ha-1 70 kg ha-1 Adubo base - N-P-K (05-25-25) 300 kg ha-1 210 kg ha-1 Uréia cobertura (46-00-00) 260 kg ha-1 140 kg ha-1 Penoxsulam – pós (Ricer) 200 mLha-1 140 mL ha-1 Cyhalofop-butyl – pós (Clincher)

1,5 L ha-1 1,2L ha-1

Óleo vegetal 1,0 L ha-1 1,0 L ha-1

Tabela 2. Preços e custo total dos insumos utilizados no manejo da cultura do arroz irrigado. Safra 2016/17. Embrapa Clima Temperado. Capão do Leão, RS. 2017.

Insumos

Preços unitário (R$)

Custo (R$/ha) – safra 2016/17 Recomendação Realizado

Glifosato 24,14 L-1 96,56 96,56 Clomazona – pré 80,00 L-1 40,00 40,00 Semente C1 cv. BRS Pampa 165,00 (40kg) 412,50 288,75 Adubo base NPK (05-25-25) 80,00 (50 kg) 480,00 336,00 Uréia cobertura (46-00-00) 82,00 (50 kg) 426,40 229,60 Penoxsulam – pós 860,00 L-1 172,00 120,40 Cyhalofop-butyl – pós 165,00 L-1 247,50 198,00 Óleo vegetal 14,00 L-1 14,00 14,00 TOTAL

1888,96 (100%)

1323,31 (70,0%)

RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se na Tabela1 a relação dos principais insumos utilizados na lavoura

arrozeira do Rio Grande do Sul e na área demonstrativa, com as respectivas quantidades recomendadas (SOSBAI, 2016) e as quantidades aplicadas efetivamente na área demonstrativa. A Tabela 2 mostra os preços médios praticados em 2016 no mercado de produtos agrícolas, bem como a comparação do custo destes insumos por hectare entre a recomendação e o que foi realizado na área demonstrativa.

Trabalho semelhante a este foi realizado por Azambuja et al, 2005, que comparou a quantidade de insumos utilizados focado no manejo racional da cultura do arroz irrigado (Marca) com os apurados na média do Estado, e observou diferenças relevantes de custo por saco produzido. Com a utilização de cultivares com alto potencial produtivo aliado ao manejo racional de insumos é possível obter altas produtividades, com redução de custos. O custo dos insumos utilizados com base nas recomendações técnicas da pesquisa para o Rio Grande do Sul (SOSBAI, 2016) foi de R$ 1.888,96 ha-1 (100%) e o custo na área demonstrativa, considerando a redução da quantidade aplicada, foi de R$ 1.323,31 ha-1, ou seja, 30,0 % menor. Considerando o custo de produção médio ponderado no Rio Grande do Sul (IRGA, 2016) que foi de R$ 7.097,59 ha-1, deduz-se que os valores

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do custo dos insumos utilizados de acordo com a recomendação representaram 26,6%. A aplicação das quantidades de insumos na área demonstrativa representou redução de 8,0% (R$ 565,65 ha-1) no custo médio ponderado, totalizando R$ 6.531,93 ha-1.

Esta economia representou 13,6 sacos ha-1 de arroz considerando a cotação média de mercado, em junho de 2017, de R$ 41,46 por saco de 50 kg. O orizicultor teria de aumentar a produtividade média em 682 kg ha-1 de arroz para compensar o custo dos insumos, conforme a recomendação, aplicados na sua lavoura.

A produtividade obtida na área demonstrativa com a cultivar BRS Pampa foi de 9.200 kg ha-1 (184,0 sacos ha-1), e foi considerada alta quando comparada com a produtividade média do Rio Grande do Sul (7.930 kg ha-1 – 158,6 sacos ha-1) e com a verificada na Zona Sul do RS (8.460 kg ha-1 – 169,2 sacos ha-1) na safra 2016/17. Considerando a produtividade média do Rio Grande do Sul, o valor gasto com insumos utilizados na recomendação técnica da pesquisa (R$ 1.888,96 ha-1), o custo por saco de arroz produzido foi de R$ 11,90, enquanto que na área demonstrativa, o valor gasto com insumos (R$ 1.323,31 ha-1) foi de R$ 7,19 por saco produzido. É importante a constatação de que a redução planejada de insumos, aliada a uma cultivar produtiva e que possui forte habilidade natural em extrair recursos do ambiente, resultou em maior lucratividade. Salienta-se que o manejo racional envolve não só a redução planejada de alguns insumos, mas também a adoção de medidas adequadas no sistema de produção de arroz irrigado, que contemplem a integração lavoura-pecuária; plantio direto; rotação de culturas; manejo correto de pastagens e a produção animal em pastejo, focando a ciclagem de nutrientes em benefício da cultura do arroz irrigado.

CONCLUSÃO

O resultado obtido neste trabalho permite inferir que é possível obter altas produtividades de arroz irrigado com redução do custo por saco produzido utilizando menores quantidades de insumos, desde que sejam aplicados de maneira racional, no momento mais adequado ao desenvolvimento da cultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANUÁRIO BRASILEIRO DO ARROZ. Editora Gazeta Santa Cruz, 2017. 104 p.

AZAMBUJA, I. H. V. PETRINI, J. A.; FAGUNDES, P. R. R.: GOMES, A. da S. Manejo Racional da Cultura do Arroz Irrigado – “Projeto Marca”. Resultados: Capão do Leão, RS. Safra 2004/05. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 40, REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 26a, Santa Maria, RS, Brasil. v.1. 2005.

INSTITUTO RIOGRANDENSE DO ARROZ. IRGA. Custo de produção de arroz irrigado, custo médio ponderado. Safra 2016/17. Disponível em: http://irga.rs.gov.br/. Acesso em 04 jun. 2017.

INSTITUTO RIOGRANDENSE DO ARROZ. IRGA. Preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul. Quarta semana de maio de 2011. Disponível em: http://irga.rs.gov.br/. Acesso em 04 jun. 2017.

PETRINI, J.A.; AZAMBUJA, I. H. V.; KUHN, R. Aplicação de práticas de manejo em arroz irrigado com redução de custos em insumos agrícolas. In: Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, 7., 2011, Balneário Camboriú. Racionalizando recursos e ampliando oportunidades: ANAIS. Itajaí: Epagri, 2011. V. 1. p. 783-785

REVISTA PLANETA ARROZ. Ano 10. Edição 37. Fevereiro 2011. 42 p.

REVISTA PLANETA ARROZ. Ano 11. Edição 38. Maio 2011. 42 p.

SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO (SOSBAI). Arroz irrigado: Recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil/ Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado; V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, XXVII Reunião da Cultura do Arroz Irrigado. Pelotas: SOSBAI, 2007. 154 p.

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COMPETÊNCIAS TÉCNICA E INSTITUCIONAL NA ORIZICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL

Carlos Magri Ferreira (1), Jaison Pereira Oliveira2, Adriano Pereira de Castro3

Palavras-chave: Gestão de pesquisa, habilidade, cadeia produtiva do arroz.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta resultados do levantamento de competências do setor orizicola no Rio Grande do Sul. As informações obtidas são subsidio para nortear debates entre instituições de pesquisas, extensão rural e do setor produtivo, com o ensejo de encontrar entendimento coletivo entre os segmentos da cadeia produtiva para otimização do uso dos recursos disponíveis. O ponto de partida para execução do trabalho foi considerar que o bom desempenho do setor da pesquisa agrícola, seja instituição pública, privada ou universidades, depende não só da capacidade da instituição gerar tecnologia, mas também da aptidão para atingir eficiência no aproveitamento dos recursos físicos, financeiros e humanos, bem como na habilidade para conseguir uma boa administração e planejamento técnico, tendo como foco alcançar as metas e objetivos estabelecidos. Por outro lado, o sucesso dessas questões depende da capacidade de realizar a leitura correta das demandas atuais e futuras.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi estabelecido o seguinte roteiro para a consecução da proposta para mapear as competências do setor orizicola do Rio Grande do Sul. Primeiramente, estabeleceu-se áreas de conhecimento a ser consideradas para promover o desenvolvimento da cadeia produtiva do arroz. A definição foi feitas a partir de emendas de disciplinas de cursos da área agrícola da Universidade Federal de Viçosa. Desse modo, chegou-se numa matriz composta de 12 áreas de concentração; (i) administração; (ii) qualidade de grãos, segurança alimentar e saúde; iii) recursos genéticos; iv) melhoramento genético vegetal; v) biotecnologia aplicada ao melhoramento de plantas; vi) fisiologia e ambiência ambiental; vii) fertilidade e solos; viii) uso sustentáveis de recursos naturais; ix) engenharia agrícola; x) controle de insetos-pragas, doenças e plantas daninhas; xi) gestão da inovação; xii) transferência de tecnologia. Essas áreas foram subdividas em 107 linhas de atuação (Tabela 1). A segunda iniciativa foi fazer um levantamento das organizações e instituições que atuam na cadeia produtiva do arroz no Rio Grande do Sul. Foram identificadas as seguintes instituições: Embrapa Arroz e Feijão, Embrapa Clima Temperado, Embrapa Pecuária Sul, Instituto Riograndense do Arroz- IRGA, Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A matriz foi preenchida na Embrapa Arroz e Feijão e enviada para as unidades da Embrapa localizadas no Rio Grande do Sul para ser preenchida. Portanto, os posicionamentos das Unidades da Embrapa na matriz foram feitos pelos próprios empregados. Enquanto os dados de outras instituições foram obtidos indiretamente, ou seja, foram os pares da Embrapa que indicaram o nome dos profissionais, suas competências e atividades que desempenham. Nas sete instituições abordadas foram identificados 97 profissionais que trabalham em pelo ou menos uma linha de atuação. Outro

1 Doutor em Desenvolvimento Sustentável, Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462 km 12, Santo Antônio de Goiás – 75375 000. [email protected] 2 Doutor em Agronomia, Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462 km 12, Santo Antônio de Goiás – 75375 000. [email protected] 3 Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462 km 12, Santo Antônio de Goiás – 75375 000. [email protected]

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procedimento adotado para preencher a matriz foi à consulta ao currículo disponível na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.

Para a sequência do trabalho sugere-se as seguintes fases: i) criar um grupo de trabalho que terá como missão revisar a matriz, consultando as instituições que não se pronunciaram diretamente e no caso da Embrapa confirmar as informações iniciais; ii) analisar a matriz consolidada, identificando fortalezas e fraquezas existentes, lacunas/gaps e sobreposições de temas; iii) apresentar a matriz nas sete instituições; iv) complementar a matriz levantando infraestruturas de apoio e laboratório das empresas/instituições; v) apresentar os resultados do grupo de trabalho às empresas/instituições e posteriormente para outros segmentos organizados da cadeia produtiva do arroz; vi) consolidar um documento com sugestões priorizando pesquisas e ações de transferência de tecnologia; vii) realizar uma rodada de negociações com as empresas/instituições, visando o estabelecimento e composição de parcerias para o fortalecimento rede de Pesquisa Desenvolvimento & Inovação do Arroz na região sul.

Sugere-se como parâmetros para o grupo de trabalho avaliar a matriz os critérios adotados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (Brasil, 2009): i) considerar excelência das instituições na prestação de serviços, bem como a competência técnica dos empregados, qualidade dos serviços prestados e alinhamento dos trabalhos que executa com as demandas do setor; ii) excelência administrativa operacional e motivação de aperfeiçoar os processos em que atuam e tradição no relacionamento interpessoal, que são aspectos essenciais para estabelecer relações de confiança, harmoniosas e cooperativas entre equipes de trabalho e parceiros; iii) foco em resultados; iv) gestão compartilhada e interesse em realizar trabalho em rede; v) visão sistêmica, integrada e disposição em considerar a complementariedade de prestação de serviços em relações às outras instituições; vi) consciência dos compromissos decorrentes das tomadas de decisões; vii) habilidade para gestão do conhecimento e da informação em se tratando de trabalho em rede; viii) ética e transparência; ix) flexibilidade para mudanças e capacidade de se adaptar e inovar; x) proatividade; xi); capacidade de articulação e flexibilidade nas negociações; xii) busca constante para o autodesenvolvimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se na Figura 1 a distribuição dos técnicos nas respectivas instituições. Ressalta-se que mais da metade dos técnicos faz parte do quadro de empregados da Embrapa. Por outro lado, observa-se a significativa participação do IRGA (17) e a grande contribuição das universidades (29), que são importantes na realização de pesquisas e na formação e recursos humanos. Na Figura 2 observa-se que entre as áreas do conhecimento, a agronomia é a formação dominante. Salienta-se que as outras áreas do conhecimento também são muito importantes na construção do conhecimento e geração de ciência. Na figura 3 observa-se que a qualificação é alta e que 66% dos indivíduos possuem título de doutores. Tal grau de estudo é um componente importante, pois fortalece a robustez e confiabilidade das pesquisas.

Pela Figura 4 a expertise do grupo fica ainda evidente, devido ao grande número de profissionais (69%) possuírem graduação há mais de 10 anos. A Figura 5 trata da frequência de expertise, tendo como referência a Embrapa Arroz e Feijão. Observa-se uma fragilidade é o fato de que 16% das áreas de concentração estão totalmente descobertas, ou seja, não há expertise em nenhuma das instituições participante da pesquisa, sendo a maior debilidade na área da engenharia agrícola. Outro aspecto a ser considerado é que há concentração em certas áreas, como o melhoramento genético de plantas. Observa-se ainda na Figura 5, que 44% das expertises estão nas instituições parceiras da Embrapa Arroz e Feijão, enquanto 33% das expertises presentes na Embrapa Arroz e Feijão existe também em menos em outra instituição. Por outro lado, 6,6% das expertises existem somente na Embrapa Arroz e Feijão.

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Embrapa = 51, Irga = 17, Universidades = 29, total = 97

Em

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Figura1 - Número de profissionais alocados nas instituiõesFonte - Dados de Pesquisa

Figura 2 - Tempo decorrente da última formaçãoFonte: Dados de Pesquisa

Figura 3- Áreas de formaçãoFonte - Dados de Pesquisa

Figura 4 -Nível de formaçãoFonte - Dados de Pesquisa

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6)

Expertise somente na Embrapa Arroz e Feijão

Não existe expertise na Embrapa Arroz e Feijão, porém existe em pelo ou menos em outra instituição

Existe expertise na Embrapa Arroz e Feijão e em pelo ou menos em outra instituição

46% 30,5%

6,5%

Não existe expertise em nenhuma instituição pesquisada 16%

Figura 5- Frequência de expertise por instituiçãoFonte - Dados de Pesquisa

(1%

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)

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)

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)

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)

Tabela 1 - Matriz de competência institucional e técnica na orizicultura gaúchaA = Não existe expertise na Embrapa Arroz e Feijão, porém existe em pelo menos uma outra instituiçãoB = Não existe expertise em nenhuma das instituições participantes do estudoC= Existe expertise na Embrapa Arroz e Feijão e em pelo menos em um outra instituiçãoD = Existe expertise somente na Embrapa Arroz e Feijão

Área de concentra

ção Linha de atuação A B C D

Área de concentr

ação Linha de atuação A B C D

Administração (1)

Marketing. X

Biotecnologia

aplicada ao

melhoramen-to

de plantas

(5)

Recursos Genéticos: Coleta, conservação e intercâmbio

X

Planejamento e Administração Estratégica X Diversidade Genética X

Políticas Públicas X Genética de Populações X

Políticas Agrícolas X Valoração de Recursos Genéticos

(Caracterização) X

Qualidade de

Grãos, seguranç

a alimentar, nutrição e

saúde (2)

Processamento de Arroz X Genética Molecular X

Parboilização X Aplicada à seleção (seleção assistida por

marcadores moleculares) X

Bioquímica do arroz e seus sub-produtos X Prospecção de genes de interesse econômico X

Análise Sensorial X Seleção Genômica X

Propriedades funcionais do arroz e seus sub-produtos X Engenharia Genética de Plantas X

Nutrição e dietas do arroz e seus sub-produtos X Bioinformática X

Toxicologia e monitoramento de contaminantes X

Fisiologia e

ambiência

ambiental

(6)

Fisiologia vegetal X

Engenharia de Alimentos, processamento e novos produtos alimentares

X Crescimento e Desenvolvimento das Plantas

X

Segurança do alimento (garantia de qualidade, rastreabilidade e certificação)

X Fisiologia da Produção

X

Avaliação de grãos pela Indústria X Nutrição Mineral de Plantas X

Evolução do consumo do arroz e seus sub-produtos e comportamento de consumidores finais

X Fisiologia do Estresse Abiótico em Plantas X

Ecossistemas e suas funções X

Melhoramento

Genético vegetal

(3)

Hibrido X Ecofisiologia aplicada aos sistemas de produção X

Genética Quantitativa X Impactos dos Sistemas Produtivos sobre

Mudanças Climáticas X

Mutagênese X Monitoramento, avaliação e mitigação de

impactos de MCG sobre sistemas naturais e agrícolas

X

Resistência Genética a Insetos-Praga X Serviços ambientais e mecanismo de

desenvolvimento limpo X

Resistência Genética a Doenças X Ecossistemas e suas funções X

Tolerância Genética a temperaturas extremas (frio e alta temperatura)

X Eficiência energética em sistemas produtivos

X

Tolerância Genética a Estresses Nutricionais (Fe, N) X Fertilidade e solos

(7)

Solos de Várzea: gênese e fertilidade X

Melhoramento populacional via seleção recorrente X Matéria Orgânica do Solo X

Desenvolvimento de cultivares X Química de solos Inundados X

Recursos Genéticos

(4)

Recursos Genéticos: Coleta, conservação e intercâmbio

X

Diversidade Genética X

Genética de Populações X

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Área de

concentração

Linha de atuação A B C D Área de

concentração

Linha de atuação A B C D

Uso sustentáv

el dos recursos naturais

(8)

Manejo e conservação de água e solo em agroecossistemas

X

Controle de

pragas (insetos-pragas, doenças e plantas daninhas

) (11)

Epidemiologia X

Manejo da Adubação X Fitopatologia X

Estabelecimento e Manejo da Cultura X Fitovirologia X

Manejo da água e da irrigação X Fitonematologia X

Agricultura de Precisão X Bactérias Fitopatogênicas X

Qualidade de água, efluentes e reuso e análise de resíduos

X Resistência do arroz à pragas

X

Caracterização, avaliação e conservação de recursos naturais

X Resistência de insetos à inseticidas

X

Zoneamento edafo-climático e econômico X Nematologia X

Manejo de bacias hidrográficas X Agroquímicos para o controle de doenças e nematoides X

Gestão Ambiental X

Agroquímicos para o Controle de insetos pragas e moluscos

X

Sistemas integrados Agropastoris (incluindo integração lavoura-pecuária e forragicultura)

X Herbicidas e seu Manejo

X

Agricultura com base ecológica X Controle Biológico Insetos-Praga X

Agricultura Orgânica X Controle Biológico de Doenças X

Impactos dos Sistemas Produtivos sobre Mudanças Climáticas

X Controle Biológico Plantas Daninhas

X

Monitoramento, avaliação e mitigação de impactos de MCG sobre sistemas naturais e agrícolas

X Interação Patógeno-Hospedeiro

X

Engenharia

Agrícola (10)

Meteorologia e Climatologia Agrícola X Manejo Integrado de Insetos-Praga X

Hidrologia de Águas Subterrâneas. X Manejo Integrado de Doenças X

Barragens de Terra e Enrocamento X Manejo Integrado de Plantas Daninhas X

Estabilidade de Taludes e Obras de Arrimo X Toxicologia dos Agroquímicos X

Hidrologia de Águas Subterrâneas. X Micotoxinas em Produtos Agrícola X

Drenagem de Terras Agrícolas. X

Gestão da

informação

(12)

Análise prospectiva de sistemas sociais, econômicos, ambientais e científicos

X

Irrigação e manejo da água X

Avaliação de viabilidade e de impactos (sociais, econômicos, ambientais, etc.) de tecnologias agrícolas

X

Mecanização Agrícola X Análise diagnóstica de cadeias e sistemas produtivos X

Manejo de Água-Planta em Solos Salinos X

Planejamento estratégico de sistemas de P&D agropecuária

X

Sistemas de Informações Geográficas X

Gestão estratégica de P D (de portfólios de projetos, de recursos físicos e financeiros, de competências)

X

Sistemas de Armazenagem de Produtos Agrícolas X Gestão de Negócios Tecnológicos X

Transferência de

UOs, UDs, vitrines, dias de campo, eventos x Gestão de propriedade intelectual e Aspectos

regulatórios X

CONCLUSÃO

A continuidade e aperfeiçoamento da matriz de competência pode se transformar num instrumento de suporte a tomada de decisões, pois permite identificar interesses e demandas coletivas, pontos cruciais que obstaculizam a cadeia produtiva do arroz. Por outro lado, reforça e estimula a integração institucional, com reflexos na melhoria do aproveitamento dos recursos humanos e financeiros. Portanto poderá ser uma ferramenta que subsidiará o fortalecimento da rede de Pesquisa, desenvolvimento e inovação – PD&I do arroz no Rio Grande do Sul e posteriormente em outras regiões no Brasil.

AGRADECIMENTOS

Clima Temperado e Embrapa Pecuária Sul

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Agricultura. Gestão por competências. 2009. Disponível em: <http://enagro.agricultura.gov.br/gestao-por-competencias>. Acesso em: 08 mai. 2017.

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PROJETO 10+:UMA NOVA ETAPA NA TRANSFERENCIA DE TECNOLOGIA DA LAVOURA ORIZÍCOLA NO RIO GRANDE DO SUL

Luciano Carmona1

Palavras-chave: arroz irrigado, agronomia, transferência de tecnologia.

INTRODUÇÂO

A orizicultura Gaúcha responde pela produção de aproximadamente 70% do arroz Brasileiro e 25% de todo arroz produzido na América Latina e Caribe. Nas ultimas 5 safras foram cultivados no RS cerca de 1.100.000 ha com uma produtividade média de 7,4 ton.ha-1. De 2002 a 2011 a produtividade média da lavoura de arroz no RS aumentou de 5,3 t/ha para 7,4 t/ha (Figura 1), este aumento foi decorrente de avanços na pesquisa, (manejo e melhoramento), e a potentes ações de transferência de tecnologia como o Projeto CFC e posteriormente o Projeto 10 desenvolvidos pelo IRGA. Porém, nas últimas cinco safras a produtividade de arroz no RS se mantém estabilizada com uma leve tendência de redução, fato que se somado ao incremento dos custos de produção, vem reduzindo a competitividade dos produtores. Frente a esse novo cenário o IRGA está retomando uma parceria estratégica integrando, pesquisa, extensão e produtores com o apoio do Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (FLAR), com o Projeto 10+.

Figura 1- Evolução dos rendimentos do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Período 1944-2017. Fonte: Política Setorial IRGA. ____________________________ 1Ing. Agr, MSc, Investigador del Centro Internacional de Agricultura Tropical, CIAT y del Fondo Latinoamericano para Arroz de Riego,

FLAR. Av. Presidente Vargas, 2114, Camaquã, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: [email protected]

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Safras

Rio Grande do Sul-Brasil 1944-2017

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Um breve panorama do “Status” tecnológico arroz irrigado no Rio Grande do Sul: Segundo dados do IRGA atualmente se cultivam 1.100.000 ha no Estado, sendo que podemos dividir os produtores em dois grandes grupos: O primeiro que abrange aproximadamente a metade da área e 80% do produtores que estão em monocultivo e geralmente apresentam rendimentos abaixo da média do Estado, e um segundo grupo de produtores que estão adotando a sucessão arroz-soja que somados aos produtores que tem mais de um corte de lavoura, apresentam rendimentos na ordem das 8-9 ton.ha-1. Porém o fato relevante, que afeta negativamente, em especial os produtores do primeiro grupo é o uso abusivo e indiscriminado do sistema “Clearfield” que segundo dados do IRGA na safra 2015/16, ocuparam 87,5% da área cultivada. Considerando a alta suscetibilidade destas variedades a “Bruzone” e ao fato que esta tecnologia vem introduzindo muito rapidamente problemas de resistência das principais plantas daninhas infestantes das lavouras do Estado ao principal mecanismo de ação de herbicidas utilizados no arroz, os inibidores de ALS, fato que introduziu novos e pesados custos no controle de plantas daninhas e a prevenção e controle da “Bruzone”. Qual a importância da transferência de tecnologia pública? O quadro exposto acima introduz novos desafios a produtores e técnicos, agora temos o componente do “MEDO”, medo do herbicida não funcionar, medo de perder a lavoura para a Bruzone, eis que a solução vem com o conceito de pacotes tecnológicos que prometem resolver estes problemas via manejo com agroquímicos, claro que com o ônus dos custos que eles representam. Neste contexto, o IRGA ciente de suas responsabilidades perante a cadeia Orizícola apresenta o PROJETO 10+, que tem como objetivo melhorar a competitividade dos produtores, mediante aumento de rendimentos e redução de custos de produção mediante a manejo integrado do cultivo.

MATERIAL E MÉTODOS

O projeto propõe o sistema produtor a produtor (Pulver et., al. 2005), onde são selecionados produtores líderes em diferentes regiões estratégicas e com estes produtores são desenvolvidas atividades de transferência de tecnologia, com cada produtor líder pode-se atingir um grande número de produtores, assim um extensionista trabalhando com poucos grupos de produtores pode ter um impacto relevante na sua zona de atuação. A estratégia do projeto propõe um Diagnóstico da situação tecnológica nas regiões e microrregiões arrozeiras identificando os fundamentos de manejo que devem ser abordados, bem como o planejamento das parcelas demonstrativas com manejo para altas produtividades versos o manejo tradicional do produtor.

As inovações tecnológicas propostas, são simples e de fácil adaptação, sendo que os pontos principais da tecnologia são:

1- PLANEJAMENTO DA LAVOURA - Garantia de eficiência dos processos de manejo

- identifica os limitantes e define os planos de ação

- define o sistema de produção e estratégias de manejo

2- PREPARO ANTECIPADO

- Garante época adequada de semeadura

3- ÉPOCA DE SEMEADURA

- Garante a maior oferta ambiental

4- SEMENTE CERTIFICADA

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-Garante potencial produtivo

-Escolha do cultivar e proteção com tratamento de sementes

5- DENSIDADE

- Garante população adequada para altos rendimentos

- Densidades de 70-100 Kg.ha-1, buscando-se populações de 150-220 plantas.m-2

- Calibração da semeadora

6- ADUBAÇÃO

- Baseada na análise de solo

- calibrada conforme a cultivar utilizada, época de semeadura e histórico da área.

7- CONTROLE PLANTAS DANINHAS

-Baseado em rotação de princípios ativos, histórico da área e produtos registrados.

8- ADUBAÇÃO DE COBERTURA

- Em condições ideais que a maior parte da dose seja aplicada em solo seco entre os

estádios V3-V4 com irrigação imediata.

9- MANEJO DA IRRIGAÇÃO

- Garante eficácia dos processos de manejo.

10- MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS E PRAGAS

- Baseado no uso de cultivares resistentes a doenças, histórico da área, monitoramento e

nível de dano econômico

RESULTADOS

Na safra 2016/17 foram implementados pelos técnicos do projeto e agricultores líderes 94 unidades demonstrativas estrategicamente espalhadas por todas as regiões arrozeiras do Estado (Tabela 1), estas áreas foram manejadas com base nos conceitos do P10+ onde todas práticas de manejo foram supervisionadas pelos extensionista do IRGA. Estas unidades demonstrativas serviram como base para 115 roteiros técnicos que foram executados tomando em conta as etapas críticas da fenologia do cultivo onde as práticas de manejo devem ser executadas com precisão. Para isto o extensionista local juntamente com o produtor líder montaram grupos de produtores com características similares para facilitar o processo de transferência de tecnologia, onde o produtor líder, apoiado pelos técnicos do projeto foi quem passou suas experiências de manejo ao grupo de produtores. Nesta safra os técnicos do projeto realizaram 115 atividades de transferência em campo, 112 roteiros técnicos e 3 dias de campo regionais, capacitando cerca de 4.770 produtores, técnicos e estudantes.

Tabela 1 - Unidades demonstrativas por região e números de atividades de transferência de tecnologia, P10+, Safra 2016/17.

Regional N° Unidades demonstrativas

Atividades de Transferência

N° Participantes

Zona Sul 18 10 1.350

Fronteira Oeste 17 30 850

Pl. Cost. Interna 18 14 250

Pl. Cost Externa 5 8 220

Depressão Central 28 43 1.800

Campanha 8 10 300

Total 94 115 4.770

Os resultados das 94 unidades demonstrativas implementadas com 78 produtores líderes distribuídos nas seis regiões arrozeiras do Estado, abrangendo uma área de 3400 ha foi

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10.334 Kg.ha-1, rendimentos 14% superiores a média da atual safra e 24% superior a média dos 53.995 ha dos produtores líderes que foi de 8936 Kg.ha-1, e 24% superior a média das safras 2014/15/16 destes produtores que foi de 7913 Kg.ha-1. Importante salientar que os resultados do projeto foram consistentes em todas regiões, demonstrando que as tecnologias propostas são de fácil adoção e podem ser utilizadas por produtores com diferentes níveis tecnológicos e em diferentes sistemas de produção. Além disso o sistema de transferência de tecnologia “produtor a produtor” permite que um extensionista do IRGA possa ter um rápido impacto em toda sua região de atuação. Tabela 2 – Rendimentos das unidades demonstrativas em comparação com o rendimento das áreas comerciais do produtor líder, P10+, Safra 2016/17.

Regional N° Unidades demonstrativas

Rendimento (t.ha-1)

N° Produtores

Área (ha)

P10+ Safra atual Safras 2014/15/16

Região Centra 30 581 10259 8130 7493

Pl. Cost. Externa 4 96 10775 9286 8000

Pl.Cost. Interna 18 463 9551 8585 7407

Fronteira Oeste 13 1108 10902 9367 7858

Região Sul 8 1069 10170 9470 8840

Campanha 7 84 10348 9778 7878

Rio Grande do Sul 78 3400 10334 8936 7913

Fonte: Dater/IRGA

CONCLUSÕES Os resultados do primeiro ano do P10+ demonstram que tanto a estratégia de extensão “sistema produtor a produtor” como as práticas de manejo recomendadas pelo programa são eficientes e eficazes, demonstrando que podemos melhorar a competitividade dos produtores do Rio Grande do Sul, via aumento dos rendimentos, redução de custos e menor impacto ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EVOLUÇÃO de colheita do arroz irrigado. Porto Alegre: Instituto Riograndense do

Arroz/Divisão de Política Setorial, 2017. ANUÁRIO Estatístico do Arroz irrigado. Porto Alegre: Instituto Riograndense do Arroz, 1944-

1982. PULVER, E.; CARMONA, L. C.; CARMONA, F. C. Novo sistema de transferência de

tecnologia para o Rio Grande do Sul, Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4., REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 26., 2005, Santa Maria. Anais..., 2005. v. 2. p. 434-436.