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VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE CISTERNAS PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL NO MEIO RURAL NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ Katia Teresinha Paloschi Associação de Estudos Orientação e Assistência Rural – Assesoar email: [email protected] Talita Caroline Dambros Associação de Estudos Orientação e Assistência Rural – Assesoar email: [email protected] Dr. Miguel Ângelo Perondi Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR email: [email protected] RESUMO Este artigo tem como objetivos traçar um estudo sobre técnicas de armazenamento das águas da chuva em cisternas, como forma alternativa de uso e preservação dos recursos hídricos e fundamentar o papel da ASSESOAR na geração, sistematização e difusão de referências sobre Construções Alternativas no território Sudoeste do Paraná. Este estudo se deu através de pesquisa qualitativa chamada de estudo de caso, com a realização de acompanhamento na implantação de duas cisternas, desde o projeto até a construção e posterior avaliação, através de entrevista com os envolvidos, nos municípios de Dois Vizinhos e Salgado Filho. O resultado do estudo foi satisfatório, pois as cisternas construídas cumpriram seus objetivos, tanto do ponto de vista ambiental quanto do educativo.

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VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE CISTERNAS PARA CAPTAÇÃO DE

ÁGUA PLUVIAL NO MEIO RURAL NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Katia Teresinha Paloschi

Associação de Estudos Orientação e Assistência Rural – Assesoar

email: [email protected]

Talita Caroline Dambros

Associação de Estudos Orientação e Assistência Rural – Assesoar

email: [email protected]

Dr. Miguel Ângelo Perondi

Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

email: [email protected]

RESUMO

Este artigo tem como objetivos traçar um estudo sobre técnicas de

armazenamento das águas da chuva em cisternas, como forma alternativa

de uso e preservação dos recursos hídricos e fundamentar o papel da

ASSESOAR na geração, sistematização e difusão de referências sobre

Construções Alternativas no território Sudoeste do Paraná. Este estudo se

deu através de pesquisa qualitativa chamada de estudo de caso, com a

realização de acompanhamento na implantação de duas cisternas, desde

o projeto até a construção e posterior avaliação, através de entrevista com

os envolvidos, nos municípios de Dois Vizinhos e Salgado Filho. O resultado

do estudo foi satisfatório, pois as cisternas construídas cumpriram seus

objetivos, tanto do ponto de vista ambiental quanto do educativo.

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INTRODUÇÃO

É inquestionável a importância da água para o desenvolvimento e

manutenção de toda a forma de vida no planeta. Mais do que isso, a água

também é importante para o desenvolvimento social e econômico das

sociedades humanas. Seu uso é indispensável nas mais diversas

atividades, tais como: agricultura, transporte, eletricidade, recreação,

abastecimento público, hidroeletricidade, turismo, disposição de resíduos,

etc.

Apesar de sua importância incontestável desde a origem do

universo, a preocupação em manter a quantidade e qualidade da água

para as gerações futuras é um assunto recente, que começou a surgir

apenas quando os problemas de escassez da água tornaram-se evidentes

em alguns locais do planeta.

Essa demora em identificar a necessidade de preservação, deveu-se

principalmente a falsa ideia de que em um planeta, cuja superfície é

composta em 70% de água, a disponibilidade desse recurso seria infinita.

Atualmente sabe-se, no entanto, que de toda a água existente no planeta,

a maior parte é salgada, compondo os oceanos e mares e, do que resta

como água doce, a grande maioria compõe as águas subterrâneas e as

calotas polares ou geleiras, restando apenas uma pequena parcela

facilmente disponível para consumo, nos rios e lagos. Essa distribuição da

água no planeta está representada na Figura 1 a seguir.

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Figura 1: Os volumes de água na Terra

Fonte: Rebouças et al., 1999

Com o crescimento demográfico e o consequente aumento das

atividades agrícolas e industriais, torna-se cada vez mais eminente a

necessidade de continuar atendendo a demanda pelo uso da água e

manter a qualidade da mesma para o consumo. Medidas baseadas no uso

racional, na reutilização e na economia de água são cada vez mais

incentivadas e a população, aos poucos tende a caminhar para uma

mudança geral no estilo de vida.

A construção de cisternas para armazenamento de água é uma

técnica de fácil implantação e operação e de baixo custo. Atualmente, ela

é amplamente utilizada nas regiões semiáridas para captação de água da

chuva nos períodos chuvosos, para ser utilizada em períodos de estiagem

característicos da região.

No Nordeste do Brasil a dificuldade de acesso à água se evidencia

nas estiagens quando as famílias recorrem aos açudes e barreiros para

apanhar água diariamente. Quando a estiagem se prolonga e os barreiros

e açudes secam, a estiagem se transforma numa “seca”. A situação de

“calamidade pública” é declarada e as autoridades organizam a

distribuição de água por carro-pipa para os “flagelados da seca”. Então,

formam-se filas de mulheres com seus baldes na beira da estrada,

esperando pela distribuição de água. Essa política assistencialista e

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secular alimenta o clientelismo, preservando, o poder dos “coronéis”. E no

Agreste, apesar de ser uma região com melhores chuvas que o Sertão no

período de seca a água também se torna escassa devido a maior pressão

demográfica e o menor tamanho dos estabelecimentos rurais.

Entretanto, com a população cansada de uma situação que se

prolongava de seca em seca, à qual o governo respondia com medidas de

caráter emergencial de “combate à seca”, os agricultores organizados

passaram a contestá-las com um novo paradigma de “conviver com o

semi-árido” numa rede social conhecida como: Articulação no Semiárido

Brasileiro – ASA, que fomenta o Programa Um milhão de Cisternas - P1MC

na região. A construção das cisternas implica diagnósticos participativos

nas comunidades, visando selecionar as famílias que serão beneficiadas

prioritariamente, a organização de treinamentos de pedreiros de cisternas,

a organização dos grupos para cavar o buraco onde cada cisterna será

instalada, a compra do material, e na organização dos fundos rotativos

solidários para financiar o material necessário e eventualmente a mão de

obra dos pedreiros.

Um dos principais focos do programa é construir “cisternas de

placas”, uma edificação de formato cilíndrico, geralmente semi-enterradas

e construída com placas de cimento pré-moldadas, curvadas, que servem

tanto para fazer o tanque que armazena água, quanto a cobertura da

cisterna. A intenção é captar a água da chuva que cai no telhado das

casas no período do “inverno”, por meio de uma calha que a recolhe e

armazena para ser usada pela família nos meses de “verão” (PERONDI et.

al., 2010).

A técnica protagonizada pelas organizações sociais no Nordeste, no

entanto, também pode ser utilizada para captar água da chuva, ou

mesmo, armazenar a própria água das fontes nos períodos em que o nível

do lençol freático esteja alto e aflora superficialmente, para ser utilizada

nos períodos mais secos, quando a vazão das fontes diminuem chegando

a secar. Dessa forma, a utilização de cisternas tem um grande potencial

de gerar resultados dentro de um sistema de gestão de recursos hídricos,

mesmo em regiões que não sofrem de estiagens prolongadas, com a

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finalidade de solucionar problemas de escassez esporádica, que ocorrem

principalmente no meio rural e de aproveitar recursos hídricos facilmente

disponíveis, até então desperdiçados.

Nesse contexto, a Associação de Estudos Orientação e Assistência

Rural – ASSESOAR1, tem desempenhado um papel importante, com

abrangência territorial, no sentido de buscar melhorias para a qualidade

de vida no meio rural, através da articulação com fóruns de entidades da

agricultura familiar, na busca de recursos e parcerias para implantação de

técnicas que levem ao desenvolvimento sustentável das Unidades de

Produção e Vida Familiar (UPVFs) e das comunidades rurais. Entre estas

técnicas estão as construções alternativas, das quais uma das mais

importantes é a cisterna para armazenamento de água da chuva.

A ASSESOAR tem suas atividades organizadas em trienais. No trienal

2008 – 2010 estavam previstas a construção de três cisternas de 30.000

litros cada uma, no território sudoeste do Paraná, das quais duas já foram

construídas em escolas municipais, em parceria com as entidades e

prefeituras e são objetos de estudo deste trabalho, além de serem peças

chave na geração de referências acerca do assunto na região.

OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivos principais avaliar a implantação de

cisternas como uma alternativa a ser considerada na gestão dos recursos

hídricos rurais procurando fundamentar o papel da ASSESOAR na geração,

sistematização e difusão de referências sobre o assunto no território

Sudoeste do Paraná e avaliar a viabilidade sócio-ambiental dos sistemas

de captação de água da chuva no meio rural dos municípios da região.

Especificamente, este estudo procura realizar uma revisão

bibliográfica sobre a construção de cisternas e avaliar sua implementação

1 Trata-se de uma associação de agricultores sem fins lucrativos e que procura apoiar projetos protagonizados pelos agricultores familiares do Sudoeste do Paraná. Maiores informações podem ser obtidas no site: http://www.assesoar.org.br

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em dois casos nos municípios de Dois Vizinhos e Salgado Filho. Para a

avaliação, procurou-se registrar o funcionamento, as condições

estruturais, o suprimento e a demanda de água, as melhorias identificadas

a partir da instalação das cisternas, o nível de satisfação dos envolvidos e

a identificação de possíveis problemas relacionados aos reservatórios.

METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido com base em duas cisternas em ferro-

cimento, utilizadas para captar a água da chuva construídas em duas

escolas no município de Dois Vizinhos (Escola Municipal Nossa Senhora da

Salette e Colégio Estadual São Francisco do Bandeira) e no município de

Salgado Filho, na Escola Municipal Tiradentes.

O estudo baseia-se num estudo de caso, típico da pesquisa

qualitativa e, para tanto, resulta do acompanhamento da implantação das

cisternas desde o projeto de implementação, passando pela construção e,

uma avaliação posterior via visitas realizadas nas escolas para verificar,

via entrevistas, as realizações alcançadas (TRIVIÑOS, 2008).(TRIVIÑOS,

2008).

PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS CISTERNAS

Como realçado anteriormente, a ASSESOAR havia previsto em seu

plano trienal 2008 – 2010, a construção de três cisternas no território

Sudoeste do Paraná. A escolha dos locais para implantação das duas

primeiras, que são objetos desse estudo, deu-se a partir do trabalho já

desenvolvido pela entidade junto aos projetos.

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No município de Dois Vizinhos, a ASSESOAR vem desenvolvendo

desde 2002, o Projeto Vida na Roça (PVR) que se encontra organizado a

partir da Associação das Famílias Agricultoras do Vida na Roça (AFAVIR) e

atende quatro (04) comunidades rurais do município, sendo uma delas a

São Francisco do Bandeira, onde funciona (no mesmo espaço físico) a

Escola Municipal Nossa Senhora da Salette e o Colégio Estadual São

Francisco do Bandeira. A iniciativa para construção de uma cisterna nesse

local partiu das ações do PVR, que identificou a necessidade de solucionar

o problema da baixa disponibilidade de água no local nos períodos de

estiagem.

No município de Salgado Filho, a ideia de construção da cisterna

surgiu a partir do fórum das entidades da agricultura familiar, a partir do

qual foi identificado o problema da baixa disponibilidade hídrica em alguns

períodos do ano na Escola Municipal Tiradentes, bem como, na própria

comunidade rural que se situa.

Além de resolver o problema imediato da falta de água nesses

locais, os projetos visaram ainda, contribuir para materializar o tema da

água como um papel formador da educação ambiental nestas escolas,

bem como, induzir o mesmo debate para dentro das comunidades que

acessam estas escolas. Além disso, houve a intenção de transformar estas

primeiras construções em referências locais e regionais, difundindo a ideia

para que outras pessoas se interessem e queiram colocá-la em prática em

suas Unidades de Produção e Vida Familiar – UPVFs, residências ou

empresas.

As cisternas construídas possuem a capacidade de armazenar um

volume de 30.000 litros de água. As informações técnicas, referentes ao

projeto estrutural, foram fornecidas pelo CETAP - Agricultura Ecológica,

entidade com sede no Rio Grande do Sul, que também prestou assessoria

técnica de três dias para a implantação de cada uma. As construções

foram feitas em forma de mutirões, dos quais participaram estudantes do

ensino médio do colégio, educandos do Curso Pós-Médio em Agroecologia

da ASSESOAR, membros da equipe da ASSESOAR, além de outras pessoas

das comunidades próximas e entidades interessadas.

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A ASSESOAR disponibilizou auxílio financeiro para custear a

assessoria do CETAP e parte dos gastos eventuais com transporte,

alimentação e hospedagem de pessoas, além de disponibilizar três

membros da sua equipe.

A técnica utilizada para construção da cisterna foi a do ferro-

cimento. É uma técnica interessante para armazenar água da chuva, pois

apresenta baixo custo e boa durabilidade, além de relativa facilidade em

seu processo de construção, manutenção e operação, o que possibilita que

qualquer pessoa possa aprender e reaplicar em sua comunidade. Observa-

se que esta técnica é diferente da Cisterna de Placas realizadas pela

Articulação do Semi-Árido como dito anteriormente.

A cisterna consiste num reservatório, de formato cilíndrico,

construído sobre a superfície do solo ou semi-enterrado, que apresenta

uma camada interna de armação formada por uma malha de arame

galvanizado com espaçamento entre dez e quinze centímetros e uma tela

de galinheiro. Cobrindo a armação, são colocadas quatro camadas

sucessivas de argamassa e cimento com pouco mais de um centímetro

cada.

Para calcular o tamanho da cisterna a partir da quantidade de água

necessária usa-se a fórmula do volume de um cilindro, descrita abaixo:

Volume = R2 x π x H

Onde:

R = raio da base do cilindro em metros (m)

π = letra grega pi cujo valor aproximado é 3,14

H = altura do cilindro em metros (m)

Considerando que a altura máxima recomendada para o reservatório

é de 2 metros, segue abaixo o cálculo realizado para calcular o raio para

uma cisterna de 30.000 litros.

30.000 litros = R2 x 3,14 x 2m

Transformando litros em m3, tem-se:

30m3 = R2 x 3,14 x 2m

30m3/6,28m = R2

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4,77m2 = R2

R = 4,77m2

R= 2,18m

Aproximando para valores mais inteiros, as cisternas foram

construídas com raios de aproximadamente 2,25 metros, resultando em

um diâmetro de 4,5 metros.

Para calcular a quantidade de materiais necessários para a

construção das cisternas foram feitos os seguintes cálculos:

Malha de ferro:

A quantidade de malha necessária para o entorno da cisterna mede-

se a partir da seguinte fórmula:

Área entorno = 2 x π x R x H

Substituindo o valor do raio e da altura, tem-se:

Área entorno = 2 x 3,14 x 2,25m x 2m

Área entorno = 28,26m2

Para calcular a área da base da cisterna, utiliza-se a fórmula da área

do círculo, a seguir:

Área do círculo = π x R2

A área da base da cisterna é, portanto:

Área da base = 3,14 x (2,25m)2

Área da base = 15,9m2

Para calcular a quantidade de malha necessária para a base da

cisterna, acrescenta-se 30 centímetros de raio para que haja sobra de

malha no entorno da base para amarrar com a malha das paredes. Sendo

assim, tem-se:

Malha da base = π x (R + 0,30m)2

Malha da base = 3,14 x (2,25m + 0,30m)2

Malha da base = 20,4m2

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Para a tampa, a malha tem que ter um raio 20 centímetros maior do

que o da cisterna, para que seja possível molda-la em forma arredondada.

Sendo assim, a área da tampa é a seguinte:

Área da tampa = 3,14 x (2,25 + 0,20)2

Área da tampa = 18,85m2

Areia e Cimento:

Para calcular a quantidade de areia e cimento necessárias para a

construção, considera-se a proporção dois para um, duas latas de areia

para uma lata de cimento. Cada saco de cimento é suficiente para fazer

aproximadamente 2,5 metros quadrados de cisterna. Sendo assim,

dividindo-se a quantidade de metros quadrados total da cisterna por 2,5,

tem-se a quantidade de sacos necessários.

Para as cisternas do estudo, calculou-se:

Sacos de cimento = Área total/2,5m2

Considerando:

Área total = Área da base + área da tampa + área lateral

Área total = 15,9m2 + 18,85m2 + 28,26m2

Área total = 63m2

Sendo assim:

Sacos de cimento = 63m2/2,5m2

Sacos de cimento = 25,2

Foram necessários pouco mais de 25 sacos de cimento para

construir a cisterna. Considerando que para cada saco de cimento são

necessárias em torno de cinco latas (18/20 litros) de areia, calcula-se a

quantidade de areia necessária:

Latas de areia = 5 x sacos de cimento

Latas de areia = 5 x 25,2

Latas de areira = 126

A quantidade de areia utilizada para cada cisterna foi de

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aproximadamente 126 latas.

Além disso, ainda foram necessários outros materiais, tais como:

tela de ferro e tela de plástico na mesma quantidade que a malha de ferro,

arame queimado, varas de bambu, tubos e conexões, bomba submersa,

entre outros constantes no orçamento apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Orçamento para construção de uma cisterna com capacidade

para 30.000 litros com assessoria do CETAP.

Materiais para construção de uma cisterna de ferro cimento:

Ite

mDescrição Unidade Quantidade

Valor

Unitário

Valor

Total

1 Cimento sacos 26 19,47 506,22

2 Brita Média m3 1 39,00 39,00

3 Areia média (peneirada)latas ou

m3 126 ou 3 71,00 213,00

4Malha de ferro 4,2''

(soldada15x15cm)m2 63 7,34 462,42

5Tela de metal ½ polegada

1,0m (Altura)m2 50 5,50 275,00

6Tela de plástico ½ polegada

1,0m (Altura)m2 50 1,90 95,00

7 Arame recozido 0,18 kg 8 7,41 59,28

8Varas de bambu 2,5 m de

comprimentoun 40 0,00 0,00

9 Tampa para cisterna de zinco un 1 60,00 60,00

Sub-total de materiais de construção: 1.709,92

Material para tubulações, conexões e bomba submersa da cisterna:

10 Bomba submersa 127v un 1 136,00 136,00

11Cola para PVC

175 gramasun 1 5,83 5,83

12 Registro PVC 40 mm un 1 18,15 18,15

13Tubo PVC 40mm soldável

(6m)un 1 31,45 31,45

14 Joelho PVC 90/40 mm un 1 2,06 2,06

15 Tubo PVC 200 mm (6m) un 1 165,17 165,17

16 Tubo PVC 150 mm m 1 14,12 14,12

17 Joelho PVC 200 mm un 2 66,68 133,36

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18 Tampa para tubo 200mm un 1 61,67 61,67

19 T 200X150mm un 1 10,20 10,20

20 Redução 200x150mm un 1 24,02 24,02

Sub-total da bomba, tubulações e conexões: 602,03

Gastos com Assessoria, Alimentação, hospedagem e gastos eventuais:

21 Assessoria Cetap dias 3 250,00 750,00

22Alimentação, locomoção,

hospedagemdias 3 100,00 300,00

23 Gastos eventuais 200,00

Sub-total com Assessoria Cetap, Alimentação, locomoção,

hospedagem e gastos eventuais:1.250,00

VALOR TOTAL PARA CONTRUÇÃO DE CISTERNA DE 30.000 L FERRO

CIMENTO3.561,95

CONSTRUÇÃO

Preparação do terreno

Cada cisterna levou três dias para ficar pronta. Em ambas, o

primeiro passo foi definir o local a construir, sendo que a e Dois Vizinhos

foi construída superficialmente ao lado das salas de aula, aproveitando o

telhado da escola, enquanto que a de Salgado Filho foi feita semi-

enterrada, ao lado do ginásio da escola, aproveitando a grande área de

telhado do mesmo. Os terrenos escolhidos foram preparados deixando-os

o mais plano possível e sem pedras.

Feito isto, foi desenhado no próprio solo um círculo do tamanho do

fundo da cisterna. Para isto, bastou marcar um ponto no chão fixando um

pedaço de ferro ou madeira mais ou menos no centro da base aplainada e,

com uma corda ou barbante de 2,25 metros de comprimento (tamanho do

raio da cisterna), delimitou-se a circunferência que demarcou o fundo da

cisterna. A Figura 1 apresenta a preparação do terreno.

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Figura 1: Preparação do terreno para construção da cisterna no Colégio

São Francisco do Bandeira em Dois Vizinhos.

Base da Cisterna

Antes de começar a fazer a base, foi instalado o cano para esgotar a

água de dentro da cisterna. Para isso, abriu-se uma “valeta” a partir do

ponto central da base até o lado escolhido para ser a saída da água. Nessa

valeta foi encaixado o cano de PVC de 40mm e o joelho de PVC com

entrada para dentro da cisterna.

Com o cano já enterrado, colocou-se uma camada de brita sobre a

base, cobrindo com massa na proporção 2 para 1, ou seja, duas latas de

areia para cada lata de cimento. Feito isso, foi colocada uma malha de

ferro soldado de espaçamento 15 x 15 e bitola 4,2mm sobre o cimento,

cortando todas as sobras que passaram para além do círculo marcado no

chão. Todas as pontas de ferro cortadas foram viradas para cima bem em

cima do risco da circunferência. As Figuras 2 e 3 ilustram essa etapa.

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Figura 2 e 3: Construção da base da cisterna do Colégio São Francisco do

Bandeira

em Dois Vizinhos.

Construção das Paredes

Para montar a parede, primeiramente colocaram-se as duas malhas

de ferro de 1 metro de altura e 14 metros de comprimento no chão

amarrando uma na outra com arame recozido. Feito isto, colocou-se a tela

de metal amarrando-a na malha, em vários pontos. Com o auxílio de

várias pessoas levantou-se a malha de ferro, fechando-a em forma de

círculo e colocando-a sobre a base, para dentro das pontas de ferro.

Em seguida, amarraram-se de forma reforçada, de cima a baixo, as

duas extremidades da malha, fechando-a e deixando um transpasse de

uma sobre a outra de pelo menos 20 cm. Depois se amarrou a parede com

o fundo em vários pontos. Nesta fase a cisterna começou a tomar seu

formato como ilustra a Figura 4.

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Figura 4: Estrutura metálica da parede da cisterna da Escola Tiradentes

em Salgado Filho.

Com a armação das paredes preparadas iniciou-se a fase de

revestimento com massa. Foram colocadas duas demãos pelo lado de fora

e uma pelo lado de dentro, intercalando uma e outra e esperando um

tempo entre cada demão para secar um pouco. As Figuras 5 e 6 ilustram a

fase de revestimento das paredes.

Figuras 5 e 6: Revestimento com massa das paredes da cisterna da Escola

Tiradentes em Salgado Filho.

Construção da Tampa

Para fazer a armação da tampa foi recortado um círculo na malha de

ferro com raio 20 centímetros maior que o raio da cisterna, deixando uma

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abertura de aproximadamente 50 x 50 centímetros no meio, que serve

para inspeção da cisterna depois de pronta. Feito isso, amarrou-se a tela

de plástico a essa malha, recortando a abertura no mesmo local.

Depois de as paredes estarem bem secas, a armação da tampa foi

erguida com a força de várias pessoas e colocada sobre a cisterna e,

enquanto alguns, do lado de dentro da cisterna, escoravam a tampa com

bambus para que ela ficasse mais alta no meio, formando uma abóbada,

outros do lado de fora foram amarrando as extremidades da tampa com

as extremidades das paredes. A Figura 8 apresenta a colocação da

armação da tampa.

Figura 8: Colocação da estrutura metálica da tampa da cisterna no Colégio

São Francisco do Bandeira.

Com a armação da tampa colocada, o próximo passo foi revesti-la

com duas camadas (uma interna e uma externa) de massa. Depois de

secas as paredes e tampa, bastou fazer o acabamento com um último

reboco de massa fina por dentro e por fora e finalizar com o polimento,

feito com uma esponja umedecida, como mostra a Figura 9.

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Figura 9: Polimento da cisterna da Escola Tiradentes, em Salgado Filho.

O polimento é muito importante, pois ajuda evitar que fiquem falhas

no reboco, evitando assim vazamentos. Depois de terminados o reboco e o

polimento, esperou-se mais uns dias para tirar as varas de bambu que

estavam escorando a tampa. Depois de pronta, a cisterna foi molhada

todos os dias, durante uma semana, processo conhecido como cura, para

evitar rachaduras. Para fechar a entrada deixada no topo da cisterna para

inspeção e possível colocação de bomba hidráulica, foi feita sob

encomenda uma tampa de zinco.

A Figura 10 ilustra a cisterna pronta.

Figura 10: Cisterna finalizada na Escola Tiradentes em Salgado Filho.

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Tubulação de Captação e Descarte da Água

A captação da água da chuva das cisternas se deu através de

telhados. Para calcular a quantidade de água possível de ser coletada em

cada caso, considerou-se que para cada milímetro de chuva, é coletado

um litro de água em cada metro quadrado de telhado. Sendo assim,

tomando como exemplo a cisterna da Escola Tiradentes, para cada

milímetro de chuva, serão coletados na cisterna 360 litros de água, visto

que o telhado utilizado para coleta tem uma área de 360m2.

Em nem um dos casos foi instalado sistema de tratamento e

purificação da água, visto que ela não é utilizada para beber, foram

criados, porém, sistemas simples para descarte da primeira água, que

lava o telhado, carregando impurezas mais grosseiras. Para isso foi

instalado, na saída de cada calha, um T de 200 mm com redução para 150

mm, apontada para baixo.

Na ponta de 200 mm colocou-se um cano de PVC que leva a água

para dentro da cisterna. Abaixo, na redução de 150 mm instalou-se um

cano de, aproximadamente, 2 metros de comprimento com uma bola

flutuante maior do que a redução de 150 mm, de modo que não consiga

passar pela mesma. Na extremidade do cano foi encaixado um tampão.

Quando chove, a primeira água da chuva desce pela redução do T

até encher o cano de 150 mm e a bola trancar a redução. Depois disso, a

água começa ir para dentro da cisterna. Após cada chuva o tampão é

aberto para retirar a água suja que ficou no cano. As cisternas possuem

ainda, um ladrão para descarte da água que extravasa o nível máximo e

bombas submersas para retirar a água para ser utilizada.

AVALIAÇÃO

Para avaliar o funcionamento, a eficiência e a viabilidade sócio-

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ambiental das cisternas estudadas, foram realizadas entrevistas nos dois

municípios, com as secretárias de educação de ambos e com os diretores

das duas escolas onde as cisternas foram construídas. Todos avaliaram a

experiência como positiva, tanto do ponto de vista educativo quanto da

utilidade da cisterna em suprir a demanda de água das escolas durante

todo o ano.

As duas cisternas estão em pleno funcionamento e não

apresentaram problemas estruturais, ao não ser por alguns pequenos

trincos na de Dois Vizinhos, que foram reparados por um técnico, logo

após a construção. As cisternas têm enchido facilmente com a chuva e

ainda não chegaram a secar.

Os diretores relataram que antes da implantação da cisterna houve

épocas de estiagem em que faltou água, sendo que em alguns períodos

críticos chegou a não ter água nem para beber, em ambas as escolas. A

diretora do São Francisco do Bandeira lembrou de períodos em que os

banheiros cheiravam mal e não havia como limpar. Já o diretor do

Tiradentes relatou que, há três ou quatro anos atrás, houve épocas em

que foi preciso mandar caminhões pipa trazer água da cidade para a

escola.

Os dois locais ainda não enfrentaram períodos de estiagem

prolongados após a implantação das cisternas, sendo impossível se

afirmar que a cisterna será suficiente para suprir a demanda por água das

escolas nos períodos mais críticos. Entretanto, pelo fato de as cisternas

nunca terem secado desde que instaladas, até mesmo depois de lavar a

escola inteira, “de água jogada” como relatou uma funcionária do São

Francisco do Bandeira, pode-se prever que mesmo que a estiagem seja

prolongada, se houver um uso racional, a água da cisterna será o

suficiente.

Na Escola Tiradentes, a água da cisterna é utilizada para limpeza da

escola e dos ônibus escolares e para as descargas e torneiras dos

banheiros. Já no Colégio São Francisco do Bandeira, a água, por enquanto,

é utilizada apenas para limpeza e irrigação do jardim, mas existe a

intenção de direcioná-la também para os banheiros e para uma horta que

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está em construção nos fundos do Colégio.

A cisterna auxiliou ainda, nas atividades educativas das Escolas e

Colégio. Os alunos acompanharam na prática o processo de construção e,

na teoria, os temas “água” e “preservação” foram trabalhados de forma

multidisciplinar. Além disso, a Escola Tiradentes recebeu intercâmbio de

outras escolas do município para conhecer a experiência.

A implantação das cisternas beneficiou um grande número de

pessoas. No Colégio São Francisco do Bandeira e Escola Nossa Senhora da

Salette passam, diariamente, cerca de 300 a 400 pessoas, que são

beneficiadas direta ou indiretamente pela água armazenada. Na Escola

Tiradentes, alunos, professores e funcionários somam 115 pessoas, além

disso, mais 30 famílias são beneficiadas indiretamente pela cisterna, pois

o mesmo poço artesiano abastece a escola e a comunidade. Com a

implantação da cisterna a escola passou a utilizar água do poço apenas

nos bebedouros e na cozinha, sobrando mais água no poço para as

famílias.

Um dos objetivos do projeto, de gerar referências, em partes foi

alcançado. Em Dois Vizinhos, a partir da experiência no Colégio São

Francisco do Bandeira, já foram construídas mais três cisternas em escolas

rurais, com incentivo da prefeitura, em parceria com empresas privadas

do município. Em Salgado Filho, existe um projeto da secretaria de

educação, que visa, entre outras coisas, construir cisternas em todas as

escolas do município, inclusive nas do meio urbano. Um funcionário da

escola também aderiu a ideia e implantou uma cisterna em sua UPVF,

embora tenha utilizado caixa de fibra para armazenar a água.

As duas cisternas já foram divulgadas na imprensa local, porém de

forma limitada. A intenção agora é de realizar, com a participação dos

alunos, a organização do espaço no entorno das cisternas e torná-las mais

atrativas, com pinturas de conscientização ambiental, a fim de divulgá-las

em meios de comunicação de maior abrangência, aumentando sua

capacidade de causar impacto e gerar referências em maiores proporções.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A captação e utilização de água da chuva se mostrou uma

alternativa interessante para usos não potáveis em áreas rurais aonde

muitas vezes em decorrência de estiagens, chega a faltar água em alguns

períodos do ano. A técnica de construção em ferro cimento é uma prática

de baixo custo e fácil implantação e operação tornando-a mais acessível

do que alternativas, tais como os poços artesianos.

As vantagens das cisternas em relação aos poços artesianos são de

cunho ambiental, econômico e social. Os poços artesianos, muito

utilizados no meio rural, exigem tecnologias mais avançadas e mão de

obra especializada além de necessitarem de licença ambiental para sua

implantação, enquanto que as cisternas garantem mais autonomia ao

agricultor ou usuário, podendo ser implantada por ele mesmo, com menor

custo, sem necessidade de autorização perante o órgão ambiental e sem

agressão direta ao meio ambiente.

Esta inovação corrobora com as ações de preservação das minas

naturais estabelecidas pelo projeto “Água e Qualidade de Vida” analisada

em Perondi (2010) e que conseguiu preservar mais de duas mil fontes na

região Sudoeste do Paraná e colaborou para consolidar a alternativa de

convivência sustentável com os recursos do meio ambiente, frente à

impossível solução dos poços artesianos para todos.

A alternativa das cisternas, embora mais utilizada para suprir a

escassez de água no meio rural, podem também ser uma alternativa para

o meio urbano, no intuito de economizar água potável e evitar o

desperdício de água tratada para fins que não exigem tamanha qualidade,

tais como nos serviços de limpeza, jardins e nas descargas dos banheiros.

Com base no exposto, acredita-se no potencial da utilização de

cisternas não apenas para solucionar problemas isolados de escassez de

água, mas também para ser introduzida em sistemas de gestão integrada

de recursos hídricos, tanto no meio urbano como rural, transformando a

iniciativa em política pública, com o objetivo de evitar a escassez,

preservar os recursos hídricos, reduzir os custos com tratamento e

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distribuição de água potável, além de colaborar para a prevenção de

enchentes, principalmente no meio urbano.

REFERÊNCIAS

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 318 p.

CETAP, Centro de Tecnologias Alternativas Populares. Aprendendo a Construir: cisternas em ferro-cimento. Passo Fundo: Meia Dois Comunicação, 2008. 21p.

DAMBROS, T. C. Análise do desempenho de uma cisterna de aproveitamento de água de chuva no município de Francisco Beltrão (PR). 2007. 71 f. Monografia (Graduação) – Curso de Engenharia Ambiental, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati, Paraná, 2007.

PERONDI, M.A.; DUQUE, G.; PIRAUX, M.; KIYOTA, N.; DINIZ, P.C.O.; NUNES, S.P. Gestão social de águas: análise comparativa entre a experiência do Pólo Sindical da Borborema (PB) e Associação do Centro de Educação Sindical (PR). In: Seminário Inovação, Poder e Desenvolvimento em Áreas Rurais do Brasil, 2010, Campina Grande. Resumos executivos... Porto Alegre: UFRGS/PGDR, 2010. Disponível em: http://www6.ufrgs.br/pgdr/ipode/resumos/resumo_04.pdf. Acesso em: 14 maio 2010. 08h01min:30

TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a pes-quisa qualitativa em educação. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2008.