vestuário · 2017-06-23 · ... a experiência do usuário com etiquetas de roupas. idemi. 2012....

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1 Vestuário RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA JUNHO | 2017 Cada roupa possui sua particularidade, que está relacionada ao modo como é feita e às características que possui. Resultado da combinação de atributos diferentes, como cores, estampas, formas, cortes e tecidos, elas devem receber um cuidado especial para manterem sua qualidade. Dessa forma, as etiquetas são cruciais para que o consumidor saiba como cuidar das peças e, principalmente, se aquela peça é realmente de qualidade, uma vez que elas contêm informações como origem de fabricação e tecidos utilizados. Regulamentação Aqueles que, na forma bruta ou de produtos intermediários das diversas fases do ciclo industrial concluído, sejam compostos, exclusivamente, de fibras e/ou filamentos têxteis”. Etiquetagem no vestuário Regulamentação e requisitos A etiquetagem de produtos têxteis tornou-se obrigatória no Brasil a partir de 1973, e deve respeitar o Regula- mento Técnico de Etiquetagem de Produtos Têxteis, aprovado pela Resolução Conmetro nº 02/2008. Definição de produtos têxteis O Regulamento Técnico de Etiquetagem de Pro- dutos Têxteis define produtos têxteis como sendo Benefícios da etiquetagem no vestuário Garantia de procedência do produto. Redução da propaganda enganosa. Aumento de vida útil do produto, uma vez que se tem a orientação de como fazer a sua conservação. Proteção da saúde do consumidor. Esclarecimento sobre a composição e as características do produto, permitindo ao consumidor uma escolha mais consciente. Facilidade no reaproveitamento de tecidos. Fontes: Regulamento Técnico de Etiquetagem de Produtos Têxteis. Resolução Conmetro nº 06/2005. Guia de Implementação: Normalização para Confecção. ABNT/SEBRAE. 2012. Lucas José Garcia et al. Usabilidade: a experiência do usuário com etiquetas de roupas. Idemi. 2012. Em roupas ou tecidos indicação de fibras têxteis é um direito do consumidor garantido por lei. Moda sem crise. 2017. Nesse contexto, o Relatório de Inteligência aborda o emprego das normas de etiquetagem no setor de vestuário, sua importância e especificação, além dos impactos para a sustentabilidade e os negócios que trabalham com reaproveitamento de tecidos.

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VestuárioRELATÓRIO DE INTELIGÊNCIAJUNHO | 2017

Cada roupa possui sua particularidade, que está relacionada ao modo como é feita e às características que

possui. Resultado da combinação de atributos diferentes, como cores, estampas, formas, cortes e tecidos, elas

devem receber um cuidado especial para manterem sua qualidade. Dessa forma, as etiquetas são cruciais para

que o consumidor saiba como cuidar das peças e, principalmente, se aquela peça é realmente de qualidade,

uma vez que elas contêm informações como origem de fabricação e tecidos utilizados.

Regulamentação

Aqueles que, na forma bruta ou de produtos intermediários

das diversas fases do ciclo industrial concluído, sejam compostos, exclusivamente, de fibras e/ou filamentos têxteis”.

Etiquetagem no vestuárioRegulamentação e requisitos

A etiquetagem de produtos têxteis tornou-se obrigatória no Brasil a partir de 1973, e deve respeitar o Regula-

mento Técnico de Etiquetagem de Produtos Têxteis, aprovado pela Resolução Conmetro nº 02/2008.

Definição de produtos têxteis

O Regulamento Técnico de Etiquetagem de Pro-

dutos Têxteis define produtos têxteis como sendo

Benefícios da etiquetagem no vestuário

Garantia de procedência do produto.

Redução da propaganda enganosa.

Aumento de vida útil do produto, uma vez que se tem a

orientação de como fazer a sua conservação.

Proteção da saúde do consumidor.

Esclarecimento sobre a composição e as características

do produto, permitindo ao consumidor uma escolha

mais consciente.

Facilidade no reaproveitamento de tecidos.

Fontes: Regulamento Técnico de Etiquetagem de Produtos Têxteis. Resolução Conmetro nº 06/2005. Guia de Implementação: Normalização para Confecção. ABNT/SEBRAE. 2012. Lucas José Garcia et al. Usabilidade: a experiência do usuário com etiquetas de roupas. Idemi. 2012. Em roupas ou

tecidos indicação de fibras têxteis é um direito do consumidor garantido por lei. Moda sem crise. 2017.

Nesse contexto, o Relatório de Inteligência aborda o emprego das normas de etiquetagem no setor de vestuário, sua importância e especificação, além dos impactos para a sustentabilidade e os negócios que trabalham com reaproveitamento de tecidos.

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Produtos sem etiquetas ou com informações incom-

pletas, além da falta de compreensão dos pictogra-

mas utilizados, podem acarretar mau uso e problemas

na manutenção da peça. Confira a seguir informações

a respeito da legislação e da correta aplicação das eti-

quetas nos artigos de vestuário.

EtiquetasRegulamentação e requisitos

O que deve ter na etiqueta

Além de dever ser afixada de maneira a não se desprender da peça, a legislação brasileira exige que as etique-

tas dos produtos têxteis contenham, em português, as seguintes informações:

Nome ou

Razão Social

Identificação

fiscal

País de

origemTamanho

Tecido e

composição

Símbolos de

conservação

COSTURA

P

70% Algodão30% Poliéster

NOME EMPRESALTDA.

Produzido no Brasil

COSTURA

CPNJ: 12.123.456/0001-12

Nome ou Razão Social ou Marca Registrada e CNPJ

É a identificação do responsável pelo produto.

O Regulamento Técnico de Etiquetagem de Produtos Têxteis também determina que todas as indicações sejam feitas de maneira clara, que as informações sejam legíveis e que

nenhuma inofrmação seja abreviada. O correto é que as letras tenham tamanho mínimo de 2 milímetros e os símbolos, 4 milímetros.

País de origem

É a identificação da origem do produto.

Nome das fibras ou filamentos

É a identificação das fibras ou filamentos têxteis que compôem o

produto, e seus respectivos percentuais.

Tratamento e cuidados para conservação

São as informações necessárias para que o consumidor saiba como preservar.

Indicação de tamanho ou dimensão

É a identificação do tamanho do produto.

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Todas as informações sobre tratamento e cuidados para conservação da peça são geralmente expressas nas

etiquetas por símbolos. Esses símbolos foram criados em 1975, pela Associação Internacional para Etique-

tagem de Cuidados Têxteis (International Association for Textile Care Labelling – Ginetex). Esses sinais são

protegidos por patentes internacionais e seu uso é mundialmente obrigatório em todas as peças de produtos

têxteis.

As informações devem seguir a norma ISO 3758:2005 e podem ser expressas por símbolos, textos ou ambos.

Além disso, devem informar sobre os seguintes processos, nesta ordem:

Tratamento e cuidados de conservação: simbologia

Exemplos de aplicação

Exemplos através de símbolos com informações adicionais

Para auxiliar na compreensão do consumidor sobre os cuidados que deve ter com as peças, a

sugestão é utilizar tags com a explicação por escrito das indicações dos melhores cuidados.DICA

Exemplos através de textos e símbolos

- Lavar a mão. Temperatura

máxima 40° C.

- Não alvejar. Não branquear

- Não secar em tambor.

- Temperatura máxima na

base do ferro a 200°C.

- Não limpar a seco.

Exemplos através de textos

- Lavar a mão. Temperatura

máxima 40° C.

- Não alvejar. Não branquear

- Não secar em tambor.

- Temperatura máxima na

base do ferro a 200°C.

- Não limpar a seco.

Confira aqui, de forma mais detalhada, o significado de todos os símbolos!

Exemplos através dos símbolos

Lavagem

Alvejamento

Limpeza profissional

Passadoria

Secagem

5

4

3

1

2

1 2 3 4 5

INFORMAÇÕES

ADICIONAIS

SECAR NA HORIZONTAL

NÃO PASSAR A ESTAMPA

4

COSTURA

P

70% Algodão30% Poliéster

NOME EMPRESALTDA.

Produzido no Brasil

COSTURA

CPNJ: 12.123.456/0001-12

Nome da fibra ou filamento acompanhado do percentual, em ordem decrescente.

Produtos cuja composição têxtil seja de difícil determinação poderão ter a indica-

ção como ‘‘COMPOSIÇÃO NÃO DETERMINADA’’ ou ‘‘FIBRAS DIVERSAS’’.

Para confecções compostas de duas ou mais partes diferenciadas (mangas

diferentes do restante, por exemplo), a composição das fibras têxteis deverá ser

indicada em separado, identificando cada uma delas.

A indicação não é obrigatória caso a parte represente, individualmente, menos de

30% da massa total do produto, exceção feita ao forro, cuja indicação da compo-

sição é sempre obrigatória.

IMPORTANTE: nunca indique as fibras por suas marcas comerciais ou nomes de

partes não têxteis, tais como nylon, popeline, lycra, javanesa, rayon, lurex, helanca,

strech, couro, pvc etc.

Conhecer a origem e as principais características dos tecidos é fundamental tanto para a confecção das peças

quanto para a elaboração das etiquetas. Existem tecidos fabricados com:

Tecidos mais utilizados

Fontes: Regulamento Técnico de Etiquetagem de Produtos Têxteis. Resolução Conmetro nº 06/2005. Guia de Implementação: Normalização para Confecção. ABNT/SEBRAE. 2012. Lucas José Garcia et al. Usabilidade: a experiência do usuário com etiquetas de roupas. Idemi. 2012. Significado dos símbolos das etiquetas. GENITEX.net. 2015. Em roupas ou tecidos, indicação de fibras têxteis é um direito do consumidor garantido por lei. Moda sem

crise. 2017.

A Audaces produziu um e-book (Tipos de Tecido – Lista de A a Z) sobre os tipos de tecido existentes. Clique aqui e confira o material na íntegra!

A pele é o maior órgão do corpo humano e fica inteiramente exposta às peças que selecionamos para cobri-

-la. A correta identificação da composição dos tecidos pode minimizar problemas de saúde, como alergias

dermatológicas e até respiratórias.

Para informar sobre a composição têxtil das peças, é obrigatório o uso da nomenclatura disposta no anexo I

do regulamento técnico. As informações devem estar descritas na etiqueta da seguinte forma:

Composição dos tecidos

Confira aqui uma lista com os principais tecidos, planos e malhas e sua composição!

Fibras naturais São feitas a partir de matérias-primas presentes na natureza. São tecidos com maior valor agregado, mas que requerem maiores cuidados. Exemplo: algodão, linho, lã e seda.

Fibras artificiais ou sintéticas São produzidas a partir de produ-tos químicos. São resistentes, retêm bem as cores, secam rápido e quase não amassam. Exemplo: poliéster, acrílico, elasta-no, poliamida, nylon, lycra, viscose, acetato.

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RegulamentaçãoE os desafios para a sustentabilidade

Muitos empreendedores do setor de moda resolveram

adotar a sustentabilidade como premissa para seus ne-

gócios. Conceitos como “moda ética”, “moda verde” e

“slow fashion” têm em comum o objetivo de incentivar

o consumo consciente e a produção responsável, com o

mínimo de impacto ao meio ambiente.

Confira mais sobre a moda slow fashion e o consumo sustentável de moda no Relatório de Inteligência produzido pelo SIS!

Muitos negócios reaproveitam os resíduos de indústrias têxteis para criar suas peças. Mas, na hora de seguir a

exigência de etiquetá-las, esbarram em uma dificuldade: a maioria das lojas de retalho não fornecem a descri-

ção da composição dos tecidos.

Sei da importância dessas especificações. Mas como fazer para respeitá-las quando se trata do uso de retalhos?

Como fazer isso na prática? Tem que ter um jeito”. Taíse Cavasin Dalazen, dona da marca de moda Cavasin Moda

Autoral, em matéria do portal Moda Sem Crise.

A responsabilidade pelas informações que constam nos produtos têxteis é de quem produz e comercializa

os mesmos. Assim, o designer deve fornecer informações reais sobre a composição das peças, indicando

corretamente as fibras e filamentos têxteis, sob pena de multa por omissão ou denominação equivocada. No

caso dos empreendedores que compram seus produtos em empresas de retalho, eles devem exigir que essas

empresas forneçam a composição dos tecidos.

Responsabilidade

Para fazer a orientação técnica e auxiliar no esclarecimento de dúvidas com relação à regulamentação, a cadeia têxtil e de confecções pode contar com a Divisão de

Fiscalização e Verificação da Conformidade do Inmetro.

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Alguns empresários recorrem à experiência pessoal para a identificação das fibras, por meio de sistemas ru-

dimentares como a queima dos tecidos e o toque. Mas, para ter uma indicação precisa da composição do

tecido, o empreendedor pode recorrer à análise têxtil. Trata-se de um serviço em que é analisada uma amos-

tra do tecido realizando ensaios utilizando como base algumas normas, que vão depender de acordo com o

laboratório. O único empecilho para os pequenos negócios é o custo dessas análises. Elas são cobradas de

acordo com a quantidade de fibras que o tecido tem, e o valor pode variar entre R$ 85,00 (duas fibras) e R$

190,00 (mais de quatro fibras)*. Para os empreendedores que têm uma venda limitada e compram tecidos por

demanda, o custo acaba ficando alto.

Testes de composição

∞ Exija a composição dos tecidos que comprar, para não precisar arcar com

os custos das análises de tecidos para a correta identificação nas etiquetas.

∞ Siga as instruções contidas no regulamento de etiquetagem para oferecer

um produto adequado ao consumidor. Para auxiliá-lo, existem algumas pla-

taformas que ajustam as etiquetas ao padrão exigido por lei. Confira aqui a

proposta de uma empresa do setor para resolver o problema das etiquetas!

Dicas e orientações

Fontes: O que é a Moda Slow? Rewiew Slow Living. 2014. Em roupas ou tecidos, indicação de fibras têxteis é um direito do consumidor garantido por lei. Moda sem crise. 2017.

No Estado, os empresários podem contar com três Laboratórios Têxteis e do Vestuário para realizar as análises necessárias:

Laboratórios têxteis e de vestuário em Santa Catarina

Blumenau - Laboratório de Análises Têxteis e do Vestuário – Lantevea

Blumenau - Fábrica Blumenauense de Estudos Têxteis – FBET

Brusque - Laboratório de Ensaios Físicos e Químicos Têxteis – Lafite

Confira aqui os detalhes sobre os laboratórios e as análises realizadas!

*Valores com base nos praticados pelo Senai Blumenau, que desenvolve ensaios para identificação de fibras utilizando normas NBR 13538/NBR 11914, AATCC 20 e AATCC 20A, respectivamente, com procedimento via química (dissolução), fogo (queima e resíduos) e microscopia (aumento de imagem), com vista longitudinal e transversal, quando necessário.

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610). Fotos: Banco de imagens.

Coordenador: Fábio Burigo ZanuzziGestor do Projeto: Leandro Silveira KalbuschAnalista de Inteligência: Fernanda BichelsSupervisor de Conteúdo: Karyne Malischeski SEBRAE Santa CatarinaEndereço: SC 401, KM 01, Lote 02 Parque Tecnológico Alfa - João Paulo CEP: 88030000 - Florianópolis – SCTelefone: 48 3221 0800

Dúvidas ou sugestões sobre o conteúdo do relatório envie um e-mail para: [email protected]

Faça também suas contribuições para o SEBRAE-SC enviando um e-mail para:[email protected]

www.sis.sebrae-sc.com.br/

VestuárioRELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA

JUNHO | 2017

Confira aqui uma lista de bolsas de resíduos em todo o país, onde as empresas disponibilizam seus

restos de produção com potencial de reciclagem ou reaproveitamento.

O Guia Têxtil também disponibiliza uma lista de empresas que vendem aparas para reaproveita-

mento. Confira aqui as empresas de Santa Catarina!

Outra iniciativa interessante é o Banco de Tecidos, que disponibiliza um acervo com toneladas de

tecidos e possui uma unidade em Santa Catarina, situada na LONA Criativa. O banco recebe de-

pósitos de tecidos – que é a moeda corrente – e, em troca, seus correntistas podem sacar outros

tecidos disponíveis. Não correntistas também podem comprar os tecidos disponíveis no banco.

Acesse o portal e saiba mais sobre a iniciativa!

Confira na íntegra o material Guia de Implementação: Normalização para Confecção, feito em

parceria entre ABNT e Sebrae, que vai complementar as informações discutidas nesse relatório.

Além disso, você pode conferir mais detalhes sobre o assunto nos seguintes manuais:

� Símbolos de lavagem (PDF)

� Regulamento técnico sobre etiquetagem (PDF)

� Guia de etiquetagem personalizado (PDF)

Utilize o site Guia Têxtil para ficar atualizado sobre as feiras do setor têxtil que serão realizadas ao

longo do ano.

AÇÕESRECOMENDADAS