versão integral disponível em digitalis.uc · a piqmentaciio dos portuqueses 129 pela ac~ao dos...

16
Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Upload: others

Post on 24-Mar-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 2: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

128 Dr. Eus ebio Tamagnini

POl' insuficiencia de regis to tiveram de SOl' eliminados 57 indiovld uos ; ficamos as sim ap enas com 11601 observacoes . (1)

II

TECNICA SOMASTOSCOPICA

Na recolha dos dados adoptou-se a pratica corrente em estu­dos deste genero, utilizando ' as esca las cr omaticas de VON L us­CHAN , de E . F ISCHE R e de K . SALLE R .

a) Cor da pele. - Sao bem conhecidas as enormes dificul­dades que hot na deterrninacdo rigorosa deste importantecarricter etnico.

Essas dificuldades resu ltam, em parte, da extrac r dinariavari abilidade do caracter. A cor da pele pode ap resenta r ,e na realidade aprosenta, uma grada <;aa cromatica Hioextensa que se torna muito diftcil determ inar com rigor 0

tom exacto que se deve atribuir it cor da pelo de qualquerindlvtduo .

Em primeiro lugar, a cor da pele nao se apresenta uni­forme em todo 0 corpo, de modo que e sempre indispen­stivel indicar com precisiio qual a regi ao a que nOB repor­tames, quando atribu imos a qualq uer individuo uma certacor de pele,

POI' outro lado, a c('jr da pele varia tambem for temente

(1) Os indivfdnos eliminados distribnem-se pelos diferentes distritos da seguinteforma:

Aveiro .Braganca.Coimbra .Guarda .Lisboa. .PortalegrePorto. .SantaremSetnbal .Viaua do Castelo .Vizeu . . . . .

11

4412121112

57

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 3: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

A Piqm entaciio dos Portuqueses 129

pela ac~ao do s factores do ambiente - calor, luz, humi­dade, etc., - e est a ainda na dependencia das coudicoeegerais metab6licas (1) .

'I' odas es ta s cau sas co ntribuem para com plical' 0 estudodo car acter e tornam mui to difi cil a obtencao de dadoscom va lor comparative ap recidvel.

Ne ste estudo, Iimitamo -nos, p ara a classificaeao dos to nscrormitieos da pele, ao emprego da es ca la de VON L USCHAN,

embora se conh ecam au tro s m etodo s mais rigorosos (2).As defieiencias desta esc ala sao bem conhecidas ma s j ul­

gamo-la preferlvel, num es t udo preliminar, it escala deBroca, porque os sens termos se apresentam m ais uuifor­mes e nao vari am com a exp csicao a Iuz.

'I'ambem a sabido que a escala de VON L USCHAN, emboraobvie II este inconveniente, ap resenta ou tros defeitos , taiscomo a com plicaeao r esultau te da r eflex ao da luz nasuperffcie irregular dos vidr os u sados, e, em certos casas,mostra-se insuficiente, poi s hzi muitos tons de pele quenuo se podem faz er corresponder com ri gor upreciavel aqualquer do s seus termos . :It 0 qu e suce de com a etn:branca palida, relativamente freqiiente en tre -nos, qu esomente par aproximaca o se pode repres cn tar pelos ter­mo s 7·9 da citad a es calu ,

As no ss as ob servacces referem-se sernpre afa ce internedo antebraeo, pouco ma is ou monos a meio da distuneiaentre as articulaeoes do pulso e do cotovelo ,

Consideramos tres classes para a cor da pele:

1) rosada, que corresp ond s ao terceiro termo da es cala;2) branca p tilida, qu e se aproxima sensivelmente dos te r­

mas 7-9 da escala ;3) triqueira, qne com preende os tons escuros e coincide

sensivelmeute, na maior par te dos casos, com os ter­mas 10-15 da escala.

(1) VON L USCHAN - Lehrbuch der An ihropoloqie, I. ' edicao, pug. 184.(2) BLACKWOOD, Beatrice - Racial diferences in Skin-colour as recorded by

the colaw'·top. The Journal of the R oyal Anthropological Institute of Great Bri­tain and Irland, Vol. LX, 1930, pug, 137.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 4: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

130 Dr. E usebio Tamaqnini

Uma divislto mais min uciosa se r ia il us6ria, em vis ta da defl ­ciencia do metoda empregado e da extrema variabilidade docaraoter.

Por conseguinte os r esultado s dos no sso s estudos devem serconsiderados como primeira ap roximaeao no sentido de investi­gar se, dum modo geral, exists qua lque r diferen ca ua distribu t­QUo ge ogd.fica da cor da pelo do s po rtug ueses, e, na hipoteseafi rmativa, em qu e sentido se manifesta .

b) Cor do cahelo. - A pigmentaeao do cabelo foi apreciadaem referencia it escala cromatiea de E. FISCHER (i).

Agrupamos as no ssas observacoes em qu atro cl as ses :

1) cabelhos ru ioos, em corresp ondeneia com os termos 1-3da escala;

2 ) cabelos loiros, que incluem to dos os to ns correspon­dentes aos te rm os 9-26;

3 ) cabelos castanhos, que cor r espon dem aos te rmos 6-8da escala ;

4) cabelos escro-os, (castanho-escuro e p reto), equivalentesaos termos 4-5 e 27. -

Como porem os cabelos ruivos se ap resentam numa per­centagem insignificante - apeuas 20 casos (0 .170;0) muito irre­gu larmente distribuidos - na elaboraeno estatistica des dad os,resolvemos iaclut-los na cla sse dos loiros, reduzind o assim ascategorise de cab elos a tres : loiros, castanhos e escw·os.

A escala de FISCHER e mu ito p ratica e comoda e per mite umaapreciaeao sufi cientemente ex acta da cor do cabelo . Conhe­ceru-se todavia outros meto dos mais r igo rosos que nao sao poremde emprego c6modo em estudos desta natureza (2).

c) Cor dos olhos, - A cor dos olhos foi de ter minada emrefereu cia it escala de K. SALLER (3) ; pa ra 0 tratamento

(1)' or. VON L USCIIAN, op. cit., pug. 187.(2) Cf. per exemplo, J. GRAY -- A n ew instrument for determining the cowur

the Hair , Eyes and Skin. -Man. - Vol. VIlI , 1908, n.· 27.(3) K. S ALLER - Leitfaden der Ani ltropoloqie, 1930, pug. 55.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 5: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

A Piqmentacao dos Portugu eses lJl

estatls tico das observacoes formamos, porem, apenas tresclass es :1 ) olhos Cla"1'OS, onde incluirnos todos os tons do az ul

correspon dentes aos termos S { a S to da escala ;2) olhoe mediae. Foram assim classificados todos os

olhos de pigmentacao mixta, correspondentes aos ter­mo s de M{ a M22 da escala ; is to e, os oIhos esver ­deados , ou azulados, onde e possivel reconheeer tam­bern a existencia de pigmento castanho em maio r oumenor quantidade.

3) olhos eSCU1'OS, que correspondem aos te rmos P l. - P s,nos quais 0 estroma da iris se apresenta uniformementeimpregnado pOl' pigmento ca stanho, mais ou menosescuro , a que se pode so brepor on tro pi gmento ma isclaro, acastanhado, com varizivel distribulciio. Co m­p reendem os ehamados olhos pretos e eastanhos dediferentes tons e aspectos,

III

PROBLEMAS ESTU DADOS

Na analise fenotipica duma populacao qualquer temos a con­siderar va r iados problemas para cuja resolu cao e indispensrivelulili zar me todos especiuis .

As raeas hu manas distinguem-se umas das outras pela as so­cineso de de terminados complexes, ou grupos, de ca ractereshereditarios, do v ariab ilidade determinada, que se estabelecerame fixaram, dentro da especie, em ambienies geog1'l'Lfi cos especiais,pela a CQiio dos processos selectioos naturais.

E , assim, a cada g rupo de influencias selectivas deve corres­p ond er um determinado compIexo hereditario, uma determinadar aca ; e 0 numero das r acas h umanas reconheciveis deve se rde pend ente da natureza, m ult ip licidade e modos de IlCQUO dosdis tin tos ambienies selectivos (1).

P or ou tro lado, 0 mimero das r acas h umanas reconheciveis

(1) W AL1'ER SCHEIDT - Allgemeine Rassenkunde, pug. 328.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 6: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

132 Dr. Eusebio Tamagnini

devera ser tan to maio r quanto ma is numero so for 0 complexohereditdrio admi tid o para as caracterizar ; nu o obstante, estemnner o tern UID limite superio r, po is sao mui to pouco os carac­teres heredit ar ios que , pOI' si mesmo s, se podem considerarobj ec to de seleceno suficientemente forte .

o proce sso herediniri o do complexo cur acte r fst ico de qual­quer ra ca pod e rev estir duas mo da lidades : a) ou 0 complexose herd a como to do organico, em virtude dos caracteres res­psctivos se encontr nrem fixamen te acopulados en tr e si; b) ouesses carncteres sao in depen dent es , e a sua associacfto no mesmoindivlduo resul ta do j ogo das combinacoes fortu itas dos genes nomomen to da fecu ndacao. Geralmente, estas duas possibilidadesre alizum-se simulta neamente.

POl' outro lad o , os fen6m en os de di.<:junC}ao e domintmeia queacomp an h am 0 processo da mesiiqaqem, conj ugados com a influ en­ci a notavel de certos p rod utos do tnetabolism o (secrecnes inter:nns }, p odem exercer iufluencia , sObre a di1'ec~cio do IJ1'ocessoselectioo.

E, como estes p ro ceasos sele ct ivos nao atingem, por igual,todos os indivldu os duma determinada po p ulaelto, e p OI' is so niioobrigam necee suriamente a de sa p arecer aque les q ue nao poseuemo compl exo he reditario, ou so em pa rte 0 possuem, compreen­de-Me bern com o, em qu al qu er p opulacao, se devem sempreencontrar individuos de l'a~a duvidosa .

A le m disso , entre os oar act eres q ue formam 0 complexohereditario ca r ucte r is tico de q ua lquer r uea, p odem ex is tir graosde correlaqao vu r iaveis ;: m uitos des ca ructeres podem se r poli­genicos, ou mesmo p olime ros . POI' es tes mo tives se ve r ifica quea maior parte dos caracteres etnicos sao earacteres quuntitativos,cnja expressllo fenotipiea nao manifesta qualquer alter na tiva,mas antes se traduz pOI' series de »ariacao , com medias e dis­pereoes mais ou me nos tipicas ( i) .

POI' tudo qu anta se sube sobre 0 processo he red itario, podenfirmar-se que_as ra~as nao constituem unidades ge1UJticas,. abaix oda especie, a uni ca ou tidado roconhecivel e identificuvel e 0 bi6­tipo, isto e, 0 conj unto de todos o~ iud ivtd uos, ho mo- ou hetero­zig6ticos, que possuem 0 mesmo gen6tipo.

(i) K. SALLER - Leitfaden der Anihropoloqie, pug. 134.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 7: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

A Piqmentacao dos Poriuqueses 133

De modo que as sub-categorias siatamaticas da espeeie saoapenas conjnntos de biotipos mais ou menos numerosos que, ­por consideracoes urn tanto arhitrarias , deterrninadas por certospontos de vista - se associam p ara constituir as unidades etnicas- as ra l}as.

E, assim, aO'S representantes duma ra ca nao se pode, geral­mente, atribuir unidade e pureza gene tica s no ambito do com­plexo formado por todos 08 seus caracter es distintivos,

Os representantes de qualquer ruea suo ante s biotipoe parciais,e a homogeneidade das raeas e as areas da sua distribureao geo­grafica sao conseqnentemente parciais e r elati vas,

o problema da an alise etn icu duma pop ulacllo , e sempre urnproblema delicado e dificil, ndo obstante os mar avilhosos pro­gressos realizados nos ultimos anos no campo da g ene tics. E asdificuldades redobram qu ando nos r ep or ta mos a populaeoeshumauas para as quais nos es td naturalmente ve dado 0 campofecundo da esperimentacao. A analise da cous tituleiio gene ticsdas populucoes hnman as nao se pode p ortanto abordar sen liopor metodos indirectos, tais como 0 estatistico e 0 qenea­l6gico.

A organizaeao dos arquivos iu disp en sdveis p ar a a elaboracdodos estudos genealogicos e porem di sp endiosa e demorada, csmofacilmente se compreende, e por isso os antr opolog os teem sidoforcados a proceder it destrinea etnica por me io da analise meto­dica de estatisticas de rnassas mais ou menos consideniveis das

.pop ulaebea humanas.Estas estatlsticas , como e obvio, fornecem-nos os dados

caracterlsticos da comp osieao fenotip ica das popul acoes, mas epossfvel a partir desse conhecimento formula r juizo s, mais oumenos seguros, acerca da corres pendente constitu'i9ao genotipica.

Neste estudo proporno-nos fazer a analise fenotlpica dos por­tugueses no que se refere it pigmenta c;;ao - cOr da pele, do cabeloe dos olhos - numa primeira aproximaeao, p reocup ando-me ape­nas com 0 estudo da distributcllo lo cal das diferentes classes decadu urn dos tres carac teres considerudos .

Deixaremos para trabalho s aub-sequentes 0 es tudo da s inter­eorrelaqoes correspondentes, e a interpretaqdo einiea dos resul­tados a que chegurmos.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 8: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

134 Dr. Eusebio Tamagnini

Limitamos, assim, neste memento a nossa aten~ao aos pro­blemas seguintes:

A) Posicao dos portugueses, quanto ao complexo dos carac­teres estudados, no quadro geral das populacces europeias.- Este problema envolve a analise da distributcao dosindividuos estudados, e a comparneao dessa distriburcaocom as que sao caractertsticas das on tras populeeceseuropeias, particnlarmente das que ocnpam areas geogra­ficas confinantes.

B) Grau de heterogeneidade geografica da populacao portu­guesa. - Seja qual for a constituielto da populaeao estu­dada, no que respeita us frequencies com que nela seencontram representadas as varias classes dos caracteresconsiderados, pode suceder que essa populaeao se ache,ou nito, uniformemente distribuida pela area geograflcaque povoa.

Para a resolucao deste problema torna-se evidentemente• indlspensavel dividir 0 pais em regioes mais pequenas, isto

e, dividir a populaeao geral estudada, em grupos regie­nais, e apreeiar a maneira como, em cada urn desses gru­pos, se manifestam os caracteres considerados.

Por falta duma divisao ac eitavel em regioes naturals,adoptamos 0 diets-ito administratioo como unidade de ti.reageografica e associamos, por sua vez, os dis tritos em pro­uincias, segundo a orientacao seguida noutros estudos jarealizados neste Instituto (!).

o reconhecimento da uniformidnde, ou falta de uniformidade,de distributcao de qualquer cariicter na area geogrdfica ocupadapor uma populaeao obriga ao estudo das difereneas encontradasnas diferentes sub-divisoes geograficns, e tal estudo inclue tresqnestoes :

1) Diferenqas locais relatioas, Primeiramente torna-senecessarlo apreciar, para as diferentes classes de cadu

(1) .Ofr. Reoisia da Unioersidade de Ooimbra, Vol. IV, pug. 588. Dr, J. G.DE BARROS E CUNHA, 0 [ndice facial superior nos portuquese«.

I

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 9: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

A Piqmeniactio dos Portuqueees 135

carzic ter, sep aradamente considerudas, qual a significa­~i1o estatistica das diferencae encontradas.

Para qu e a pop ulaeao estudada se possa conside­r ar uniformemente distribuida pOl' toda a area geo ­g rufica que oc upa, e evidentemente ind ispeusavel queessas difereneas sejam estatistieamente -insignificativas,isto e, que se possam atribuir a flutuar;oes devidas aoacaso.

2) Grao de segregar;ao das classes. No caso da popula­<;ao nao se r h omogenea, is to e, de serem sign ificativa sas diferencas lo cais respeitautes as classes de quais querca rnc te res, tern ainda interesse 0 conhecimento do gra or el ative da sua segregacao.

Isto e, considerando colectivamente para ' cada um ada s cl asses as fre qtlencias encontradas nos dife rentesgrupo s locais, 6 ern que medida relativa se afasta cadaum a delas do que seriu de esperar na bip6tese da dis­tribui cdo uniforme ?

Poderemos assim ob ter valiosos elementos de informa­<;5.0 sabre 0 sentido e intensidade com que os diferentesIactores da evo lucao est5.o contribuindo para a difere n­ciacao pop ulacional.

3 ) Semellumqa dos grupos locais com a populacao qeral ,o problema da distribuleito uniforms, ou nao uniform e,de qua lq uer carzicter duma populacjio, na t1.rea geogra­fica que ha bita, nao se pode considerar resolvido pelasim ples ap reciacao das diferencas locais respeitantes aca da uma das cl asses, separadamente consideradas, emqu e se r epar tem os sons caracteres, Pode, de fac to ,urn grupo local , quando se considera urna determinadaelas se dum dos seus caracteres, diferir significativa­mente da pop ulacao geral, mas quando se consideramsim ultaneamente tbdas as classes desse caracter, podeainda 0 grupo local ser considerado amostrn fo rtuitada pop ulucuo geral.

Esta ciro unstancia obriga-nos po r isso a determinar ,para cada carricte r - car da pele, do cabelo e dosolhos - e para todas as cl asses de cada urn deles,colec tivamente consideradaa, 0 grao de divergencia dosg r upos locais a respei to da populncao geral.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 10: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

A Piqmentaciio dos Portuqueses 191

Pode pois aflrmar-se que a \populaeno portuguesa, quanta acdr da pele, tende a diferenciar-se da seguinte forma (Mapa XXV):

1) a norte dos distritos de Setubal, Evora, Portalegre eCastelo-Branco, - com excepeao do distrito de Coimbra- por eecesso de peles brancae-palidas ;

.il

ifiii,

iijj

i:i

Ii11

~ -.,~j

1 e

I

J

iJz

.01'

Gnifico III

2) a sul dos distritos da Gunrda, Coimbra e Leiria, porexcesso de peles rosadas;

3) na regiao litoral, ao norte, no distrito de Viana-do-Cas­telo, e a sul de Coimbra, com excepcao do distrito deLisbon, ao longo de toda a zona costeira, por excesso depeles triqueiras.

10

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 11: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

192 Dr. Eusebio Tam agnini

4) Quante a cor da pele, a rogiao litoral, ao sul de -Coim­bra , apresenta-se mais complicada que 0 res to do pa ls.As pe les trigueiras, em excesso, assooiam-se com excessode peles-palidas, no dist rito de Leir ia ; com excesso depeles rosadas nos distr itos de Setubal, Beja e Faro. Masnos distritos de Santarem e L isbon encontra-se urn excess osimultaneo de pole s rosadas e palidas combinado com fultade peles trigueiras .

b ) Cor do cabelo. - Os coefic ientes de contingenciatern os seguintes va lo res ,cl'abeln XVI) :

c= .161 + .006 (provlncias),e

C= .179 + .006 ( distr itos )

que mostram nno se poder considerar uniforme a distr i­bUI<;iio geografica dcste canicter .

Nas 'I' ubelas XIII e XIV estno registados os valoresdo Cb , e respectivos erros provdveis, para as p r ovlnciase distritos .

No Grafico IV estito representados, pa ra os distritos, asrelacoes encontradas entre os va lores de Db e log. P . Va-seigu almente que todos os val ores de Gb > .023 sao indica­tivos das dive rgencias reais ,

Confirmam-se os resultados obtidos pelo emprego dometo do de X2•

As condicoes revel udns podem resumir-se da seguintoforma : (Mapa XXVI) .

1) Na reqiao costeira, ao norte do distrito de Setubal,encontl'a-se exceseo de cabelo preto, - Lisbon , Coimb ra,B ruga - que pode tamb em andar associ ado com excessode cabelos loiros - Sa uturem, L eiria, Porto e Viana-do­-Castelo,- ou com etccesso de cabelos castanhos - Aveiro.

2) Em tbda a 1'egic"l0 fronteiri~a !la. excesso de cabelo cas ­tanho, m as ao passo que na zona moutanhosa do no r ­deste - Guar da, Viz eu, V ila Real e Bruganca - apenasos te tipo de cabelos estri em excesso, nos r estan tes distri­tos ao sul da Guarda lui. iambem excesso de cabelos loiros ,

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 12: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

.Ii Piqmentacdo dos Portuqueses 193

3) 0 excesso de cabelos loiros estende-se ainda nos dis­tritos de Santarem e Leiria (associado com excesso decabelos pretos ) e ao de Setubal, que concords com o.restante Alentejo (as sociaeao com cabelo castanho ).

jj

If ~

( J e

-(J

(/

;;~

1~ J

~!,.rif)

~

.17/ .ez: .11) .a« .(1J- . (11' .01 .o j

Grafico IV

c) Cor dos olhos. - Os valores obtidos para 0 coeficientede contingencia foram (Tabela XVI ) :

c= .139 + .005 ( provfncias),e

c= .146 + .006 (distritos),

que provam haver tambem falta de uniformidado na dis­triblll<;ao ge ogrufica deste caraeter.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 13: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

194 Dr. Eusebio 'J'amagnini

Nas 'I'abelas XIII e XIV estao registados os valoresCb e log. P que mostram serem todos os valores deCb > .0235 indicativos de divergencias reais - Grafico V.

A situacdo pode resumir- se da seguinte maneira(Mapa XXVII):

1) De Coimbra para 0 norte tende a manifestar-se exceS80de olhos azuie, qual' isoladamente, quer aesociados com

,,

II

j,

-;j,

~ 6'

~J;;:;

~

.iu

Grafico V

•.~I

excesso de olhos medios - Coimbra, Vila Real, Bra­ganes e Viana do Castelo. Em Aveiro os olhos azuisassociamse com excesso dos olhos escuros j na Guardanao ha excesso de olhos azuis.

2) As divergencies a sul da Guarda e Coimbra sao devi­das exclusivamente ao excesso de olhoe escuros, comexcepeso do distrito de Santarem que diverge pOl'excesso de olhos medics.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 14: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

A Pigmentdyiio dos Portuqueses

CONCLUSOES GERAIS

195

Considerando 0 conj unto dos individuos observados comoamostra fortuita da populacao portuguese, verifica-se que estase pode caracterizar, quanto a pigmentaeao, pelos seguintesvalores tipicos:

Cor da pele - triqueira (45.44% ) ou branca-palida (45.00% ) ;

Cor do cabelo - castanhos (68.330;0) ou pretos (29.43 0;0);Cor dOB olhos - escw'os (77.74 0/ 0 ) .

Em estudos anteriores, realizados sabre os mesmos indivl­duos, tinham-se obtido os seguintes ealores medics para algunsdos earaeteres mais importantes:

Estatura .lndlce cefalico . . . .indice facial superior.

1m.635 + 0.32IDjm;

76.39 + 0.02 ;51.26 + 0.02.

De modo que podemos definir a populacao estudada dasegninte forma: dolic6cefala, mesena, de estaiura media ; pele trioqueira ou branca-polida ; cabelo castanho ou preto ,. olhos escuros.Os portugueses podem portanto, no sen conjunto , considernr-serepresentantes tipicos da ra9a mediterranica,

A populacao estudada nao se pode todavia reputar homoge­nia, como se provou neste estudo, ' enos outros nnteriores (1),peia consideraeao das diferencas locais relntivas dos variescaructeres.

o estudo da heterogeneidade da populaeao portuguesa­q uanto ao indice cefalico, estatu ra e indice facial su perior - nao .foi tao minuciosamente efectuudo como 0 relative a pigmentacao,pois para aqueles caracteres apenas determinamos as difereneas

(t) Cf. - OOlltribu'i¢'es para 0 estudo da Ant/'Gpologia Portuguesa ·- x ­Parte II - 0 indice facial superior, pag. 322, Quadro IV.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 15: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

196 Dr. Eusebio Tamagnini

loeais r elati ves respeitantes a distributcdo provincia l, e nllo secaloularam os coeficientes de div ergenc ia local.

Todavia parece-nos convenient e realizar uma analise do con­junto dos factos av erigu ado s. po is tal analise nos pode dar indi­cacoes int eressantes ucerca do sentido em que se opera a dife ­renciacao regional ci a uo ssa populacao e sugerir estudos dirig idosit investigacao das causas intervenientes (Tabela XIX).

Pondo de p arte quai squer influ cncias paraeineticns , - cuj aac tuaeao absolutamente desconhecemos - p odemos, pel a conside­r aQiio das tendeucias fenotlpicas mauifestadas nas diversas provln­cias em relaQ1io com as as sociacces mo rfol6gicas que ca racter i­zam os trss tipos etnicos fundu mentais ,das pop ulaeoes europeia s- n6rdico, alpino e mediterrnnico - , esbocar a seguinte sin tese:

o substractum es sencial da populaeao portuguesa e consti­t uido polo elemento medit erranieo, como manifestamente nos in di­cam, em todas as provlncias, as percentagens elevadas do s tracesmorenos - "pele . cabelo e olhos, - e os va lores medics da esta­t ura, indice cefii lieo e indice facial superior.

A consideraeao das diferencas significa tivas na distributedodo indice cefalico, mostra qu e na s tres provinc ias meridionais­E xtremadura, Alentejo e Alg ar ve - e no Entre-Do uro-e-Minho,se faz sentir a influ encia diferenciante dum elemento braquice­falo - 0 elemento alpine, -- in flu sucia que parece ser mais acen­tuada no sul do p ais , como mostra a sua ass ociaeao harmonicaco m diferencas sig nificativa s nos valores do indice facial sup e­rior.

Com efeito , no Entre-Douro-e-Minho 0 indica fa cia l super iortende pa ra va lores menos leptenas, contrariamente ao qu e suce dena E x tremadur n, Alentejo e Algarve.

As difereneas nos tracos p ig mentar es indicam tambem um ainfiuencia indiscutivel e bast aute generalizada , geograflcamen te ,do elemenio tuu di co,

Com efeito, na Be i ra Ba ixa, E xtromadura, Alentejo e Algarv enota-se excesso sig nificativo de peles ro sadas e cabelos loiros,a que no Al garve se associa ainda te ndoncia para ma iores esta­t urns.

N o Entre-Douro-e-Minho hri ex cesso significat ivo de olhosazuis e de estaturas mai altus a que, na primeira de stasp rovinc ias, ainda se associa excesso significativo de cabeloloire.

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

Page 16: Versão integral disponível em digitalis.uc · A Piqmentaciio dos Portuqueses 129 pela ac~ao dos factores do ambiente- calor, luz, humi dade, etc., - e esta ainda na dependencia

TA

BE

LA.

XIX

Dlf

'ere

no

as

loc

ais

rela

tiv

as

Ind

.ce

fal.

Est

at.

Ind.

tao.

Pele

Cab

elo

Olh

os

Pro

vinc

ias

--

--

Ros

ada

IA

zuis

IM

edio

s.

Pnlid

aT

rig.

Loi

roC

ast.

Pre

toE

scur

os

En

tre

Dou

roe

Min

ho+

2,46

+3.

50+

5.2

8-

11.9

7+

7.52

-0.

48+

2.21

-10

.75

+10

.26

-1-9

.70

-1

.40

-4.7

9T

raz-

os-M

onte

s-

19.2

6+

6.08

+9

.40

-11

.54

+13

24-

6.44

-3

.52

+4.

78--

3.74

+2

.44

+0

.81

-2.

2]

Bei

raL

itera

l-

4.36

-3.

93+

2.59

-11

.74

-1.

83+

8.73

-2.

99-

6.02

+7.

12+

2.40

+3

.1G

-4.

21B

eira

Alta

-7

20

+1.

90-

2.75

-2.

07+

6.92

-5

.70

-0.

65+

3.22

-3.

07+

0.9

9-0

.31

-0.

35B

eira

Bai

xa-

2.64

-4.

42-

3.47

+6.

35+

0.06

-3

.80

+2

.58

+4.

01'

-4.

97-1

.72

+0

66

+0

.50

Ex

tre

mad

ura

+13

.38

-4.

90-

3.86

+1.

92+

1.31

-2.4

3+

2.6

5-

2.40

+1.

66-

4.16

+1.

01+

1.70

Ale

ntej

o+

14.5

70

-6.

97+

27.3

6-1

9.6

6+

3.5

G+

0.9

3+

6.15

-6.

57-

8.69

-3.

72+

8.53

IAlg

arve

+6.

39+

4.74

-2.

45+

11.2

8-

0.27

+2

.63

+0.

64-

+7.

64-

8.05

-4.

62-

1.36

+4

03

~

~ .? ~ ('<>

;::; ~ -cs

I:lI

C> §' '" ? ~ <B ;::: g,: g,: N <;:) .....1

Versão integral disponível em digitalis.uc.pt