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113 SEGUNDO QUADRIMESTRE 2012 VERSÃO BRASILEIRA ANO XXIX Patricia del Carmen Alvarado G. Responsabilidade ambiental e garantias financeiras Agências de subscrição de riscos Os riscos eletrônicos Maré negra no Golfo do México “A Gerência de Riscos é um trabalho em equipe” O regime português e o exemplo espanhol. Parte II Natureza e regulação na Espanha Panes, proteção da vida privada e riscos intrínsecos Gestão da catástrofe e responsabilidade das empresas Gerente de riscos da Autoridade do Canal do Panamá PAULA RIOS E ANA SALGUEIRO CÉSAR GARCÍA FRANÇOIS SETTEMBRINO GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS

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VERSÃO BRASILEIRA

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Patricia del Carmen Alvarado G.

Responsabilidade ambiental e garantias financeiras

Agências de subscrição de riscos

Os riscos eletrônicos

Maré negra no Golfo do México

“A Gerência de Riscos é um trabalho em equipe”

O regime português e o exemplo espanhol. Parte II

Natureza e regulação na Espanha

Panes, proteção da vida privada e riscos intrínsecos

Gestão da catástrofe e responsabilidade das empresas

Gerente de riscos da Autoridade do Canal do Panamá

PAULA RIOS E ANA SALGUEIRO

CÉSAR GARCÍA

FRANÇOIS SETTEMBRINO

GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS

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Instituto de Ciencias del SeguroT 91 581 20 08Paseo de Recoletos, 23. Madrid

BOLSAS DE FORMAÇÃO

2012 EM SEGUROS E GESTÃO DO

RISCO

www.fundacionmapfre.com

A FUNDACIÓN MAPFRE está realizando uma convocatória anual de bolsas destinadas a facilitar o acesso a atividades de formação relacionadas a seguros e gestão do risco.

Bolsas de formação especializada para profissionais da Ibero-América e de Portugal: destinadas a oferecer a universitários da Ibero-América e de Portugal um período de formação em universidades e instituições espanholas sobre temas relacionados com seguros e gestão do risco.

Bolsas de estudo: destinadas a facilitar o acesso às atividades de formação oferecidas pelo Instituto de Ciencias del Seguro.

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ed

itori

alReinventar-se ou morrer

O acontecimento esportivo mais popular do mundo há pouco se encerrou. Refiro-me ao encontro da cidade de Londres com os Jogos Olímpicos de 2012. E é uma sorte que, por alguns dias, finda a ressaca da Eurocopa, tenhamos um bom motivo para pensar em coisas diferentes: esforço, superação, desportividade, espírito olímpico...

Embora os primeiros jogos tenham sido celebrados na cidade de Olímpia, por volta do ano 776 a.C., foram o entusiasmo de Evangelios Zappas e a tenacidade do barão de Coubertin que possibilitaram a reinvenção dos Jogos Olímpicos da era moderna e sua transformação em símbolo universal da civilização. O segredo é reinventar-se.

E, mesmo que a situação econômica em grande parte do planeta não ofereça muitos motivos para otimismo, devemos aproveitar esta época de crise não só para “apertar o cinto”, mas também para estabelecermos controles e mecanismos que garantam que esses mesmos erros não voltem a acontecer. Reinventar nosso modelo econômico superando o original, assim como fizeram os pais dos Jogos Olímpicos modernos, transformando-os num símbolo global.

Se existe um projeto que pode simbolizar a vontade dos seres humanos e a união entre os mundos, este projeto é o Canal do Panamá. Na entrevista com a Gerente de Riscos do Canal, Patricia del Carmen Alvarado G., podemos conhecer a gestão de riscos tanto na grande obra de ampliação quanto no funcionamento diário do Canal. Se considerarmos que o tráfego comercial pelo Canal representa 5% do comércio mundial, então podemos imaginar a magnitude dessas tarefas.

No primeiro dos três estudos (segunda parte do estudo publicado no número 112 da nossa revista), as autoras tratam do tema da responsabilidade ambiental, considerando as diversas normas desenvolvidas em alguns dos países pertencentes às economias emergentes para tratar da responsabilidade ambiental e da reparação dos danos provocados por diferentes catástrofes ambientais.

No segundo estudo, o autor reflete sobre a natureza jurídica das agências de subscrição, analisando alguns aspectos que podem parecer difusos em função da interpretação do supervisor e chegando a concluir, após argumentação sólida e extensa, que essas agências compartilham mais características com a atividade de mediação do que com a atividade seguradora.

No terceiro dos estudos publicados, François Settembrino, membro do Conselho de Redação desta revista e especialista em Gerência de Riscos, nos lembra que existem riscos fundamentais dos quais nos esquecemos

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edito

rial

A revista Gerência de Riscos e Seguros não se responsabiliza pelo conteúdo de nenhum artigo ou trabalho assinado por seus autores, e o fato de publicá-los não implica concordância ou identificação com os trabalhos expostos nesta publicação. É proibida a reprodução total ou parcial dos textos e ilustrações desta revista sem a autorização prévia do editor.

PRESIDENTE: Filomeno mira Candel

DIRETOR: José luis ibáñez Götzens CHEFE DE REDAÇÃO: ana soJo Gil COORDENAÇÃO: maría rodriGo lópez CONSELHO DE REDAÇÃO: irene albarrán lozano, alFredo arán iGlesia, FranCisCo arenas ros, montserrat Guillén estany, aleJandro izuzquiza ibáñez de aldeCoa, César lópez lópez, JorGe luzzi, FranCisCo martínez GarCía, iGnaCio martínez de baroJa y ruíz de oJeda, eduardo pavelek zamora, mª teresa piserra de Castro, César quevedo seises, daniel san millán del río, François settembrino.

PRODUÇÃO EDITORIAL: Comark XXi Consultores de ComuniCaCión y marketinG

DESENHO GRÁFICO: adrían y ureña

versão brasileira: Fundación mapFre - deleGação brasil direção: Fátima lima

coordenação: merCedes Gómez nieto

Tradução e reViSão: maristela leal Casati

projeTo GráFico e deSiGn adapTado: bmeW propaGanda

FundaCión mapFreInstituto de Ciencias del Seguro

Paseo de Recoletos, 23.28004 Madrid (España)Tel.: +34 91 581 12 40. Fax: +34 91 581 84 09

www.gerenciaderiesgosyseguros.com

algumas vezes. Para isso, ele desenha uma situação hipotética em que, diante da incerteza do futuro, só dispomos de uma arma de combate: a resiliência.

Apresentamos neste número o ranking dos maiores grupos seguradores europeus Não Vida em 2011, elaborado pelo Centro de Estudos da FUNDACIÓN MAPFRE. Com ele podemos observar que o ano de 2011 não só esteve marcado pela crise da dívida soberana da zona do euro, mas também pelo fato de a indústria seguradora mundial ter passado por perdas recorde devido às catástrofes naturais. O Observatório de Sinistros dá sequência ao nosso primeiro artigo sobre responsabilidade ambiental ao descrever a explosão e posterior afundamento da plataforma petrolífera Deepwater Horizon no Golfo do México. Declarada como catástrofe nacional pelo presidente Obama, os milhões de litros de petróleo derramados provocaram uma autêntica tragédia para as comunidades costeiras do golfo.

Encerramos este número com as habituais seções de resenhas bibliográficas e o adendo com notícias sobre a AGERS.

Como de costume, desejamos que este número lhes seja interessante. Tirem uma folga, descansem, mas não abram mão de reinventar o futuro.

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Notícias AGERS 79

Obs.: Versão brasileira traduzida, originalmente, da edição espanhola da Revista Gerencia de Riesgos y Seguros, 2º Quadrimestre de 2012.

SEGUNDO QUADRIMESTRE 2012

113

Livros 74

Caderno Brasil 82Sustentabilidade: Gestão de risco, eis a questão

Atualidade 6Novidades legislativas. Notícias IGREA – Iniciativa Gerentes de Riscos Associados. ‘Caso Prestige’, 10 anos depois. A mortalidade por acidentes na Espanha. Riscos emergentes das nanotecnologias? John H. Fitzpatrick, novo secretário da Associação de Genebra. Alberto Manzano, novo acadêmico da Real Academia San Dionísio de Ciências, Artes e Letras. Encerramento do curso 2011/2012 da Faculdade de Ciências do Seguro, Jurídicas e da Empresa.

Patricia del Carmen Alvarado G., gerente de riscos da Autoridade do Canal do Panamá.“O gerente de riscos precisa conhecer sua operação em todos os níveis e manter estreita relação com os funcionários.”

Entrevista 12

Estudos

A responsabilidade ambiental e as garantias financeiras: o regime português e o exemplo espanhol como referência para outros mercados. Parte II.PAULA RIOS E ANA SALGUEIRO ........................................................ 22Entendendo as agências de subscrição de riscosCÉSAR GARCÍA .......................................................................... 31Os riscos eletrônicosFRANÇOIS SETTEMBRINO .............................................................. 40

Agenda 2012 11

Observatório de sinistrosMaré negra no Golfo do MéxicoGERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS .................................................... 62

RelatórioRanking dos maiores grupos seguradores europeus Não Vida 2011CENTRO DE ESTUDOS .................................................................. 48

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Atu

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ade

LEGISLAÇÃONovidades

Real Decreto-lei 16/2012, de 20 de abril, de medidas urgentes para garantir a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde e melhorar a qualidade e a segurança de seus atendimentos. BOE núm. 98, de 24 de abril de 2012.

Resolução de 12 de abril de 2012, do Congresso dos Deputados, pelo qual se ordena a publicação do Acordo de Convalidação do Real Decreto-lei 10/2012, de 23 de março, pelo qual se modificam determinadas normas financeiras relativas às faculdades das Autoridades Europeias de Supervisão. BOE núm. 94, de 19 de abril de 2012.

Real Decreto-lei 10/2012, de 23 de março, pelo qual se modificam determinadas normas financeiras relativas às faculdades das Autoridades Europeias de Supervisão. BOEnúm. 72, de 24 de março de 2012.

Ordem ECC/548/2012, de 15 de março, pela qual se estabelece o sistema de resseguro a cargo do Consórcio de Seguros para o Plano de Seguros Agrários Combinados do exercício de 2012. BOE núm. 66, de 17 de março de 2012.

Reunião do presidente da IGREA com a diretora geral de seguros

Daniel San Millán, presidente da Iniciativa Gerentes de Riscos Espanhóis Associados (IGREA), reuniu-se na primeira semana de junho com Flavia Rodríguez-Ponga, diretora geral de Seguros e Fundos de Pensão. Esta iniciativa faz parte dos contatos que a IGREA mantém com outros agentes e instituições do mercado segurador espanhol para trabalharem em conjunto no desenvolvimento do setor e dar voz aos grandes compradores de seguros.

O presidente da IGREA agradeceu sinceramente a predisposição da Direção Geral de Seguros para escutar as inquietudes e propostas da associação que reúne os grandes compradores de seguros, já que estes, por serem grandes riscos, ficam fora do alcance das leis que protegem os consumidores de seguros.

“Nestes tempos complicados, onde fica clara a importância da Gerência de Riscos para a sustentabilidade econômica dos Estados e das empresas, é hora de os gerentes de riscos darem um passo adiante nas organizações e contribuírem para que a aposta na internacionalização

das grandes corporações espanholas continue tendo êxito nos próximos anos”, declarou Daniel San Millán, que também destacou “o quão bem o setor segurador está se comportando nesta já prolongada e severa crise econômica”.

Guia de boas práticas na gestão de sinistros

A IGREA, que por meio de seus 30 associados agrupa a maioria das empresas listadas na Ibex e em outros índices bursáteis espanhóis, apresentou recentemente o Guia de Boas Práticas na Gestão de Sinistros. O guia se dirige a todos os profissionais do setor segurador e estabelece um conjunto de princípios e boas práticas na gestão dos sinistros, para que sua tramitação seja homogênea, ordenada e pactuada entre as partes.

Por isso, o documento propõe a sequência de passos a serem seguidos pelos diferentes agentes envolvidos nas diversas fases e esclarece e define o papel de cada uma das

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partes envolvidas. Este método de trabalho pretende evitar os conflitos que comumente surgem no processo de tramitação de sinistros e reduzir os prazos de resolução, agilizando procedimentos complexos quando acontece um pedido de indenização.

“O Guia é a primeira grande iniciativa da IGREA”, disse Daniel San Millán, durante sua apresentação, celebrada na sede da Direção Geral de Seguros, à qual compareceram 150 profissionais do setor. “Temos certeza de que ele trará benefícios para todas as partes envolvidas no complexo processo de gestão de sinistros. Depois de intensos contatos com seguradoras, corretores e especialistas, tentamos otimizar e sistematizar o processo de pedidos de indenização e também esclarecer o papel de todos os envolvidos. Recomendamos aos segurados que utilizem as ferramentas que o guia propõe e que as apliquem em sua relação com as companhias seguradoras”, concluiu.

‘Caso Prestige’, 10 anos depois

No próximo dia 16 de outubro terá início o juízo oral do afundamento do petroleiro Prestige, que aconteceu no dia 13 de novembro de 2002 próximo à costa galega. Deixando milhares de marinheiros e marisqueiros sem poder trabalhar, foi uma das piores catástrofes ecológicas, econômicas e sociais que a Galícia já viveu.

Ainda há restos na região, que não foram limpos pela dificuldade de acesso.

O navio, construído 26 anos antes no Japão e que não tinha passado por nenhuma revisão desde 1999, transportava 77.000 toneladas de óleo combustível da Letônia para Gibraltar, quando foi pego por um temporal que abriu um vazamento em seu casco. Seis dias depois ele partiu ao meio e afundou. O Prestige já estava há vários anos nas listas negras de navegação das grandes companhias de navegação internacionais.

A ideia inicial foi afastar o navio o máximo possível da costa, rumo ao norte, mas depois o petroleiro foi rebocado por quatro embarcações e virou para o sul, para ir pelas águas portuguesas até Cabo Verde. As primeiras manchas de óleo apareceram quatro dias depois do início do temporal, e o afundamento se deu dois dias mais tarde.

Os 2.300 afetados que abriram o processo estão pedindo uma indenização total por danos e prejuízos em matéria de responsabilidade civil de 1,264 bilhões de euros e acusam o diretor geral da Marinha Mercante da época, o capitão do navio, o primeiro oficial e dois marinheiros. Como

responsáveis civis diretos aponta-se a seguradora The London Steam-Ship Owners e o Fundo Internacional de Indenização de Danos devidos à Contaminação por Hidrocarbonetos (FIDAC).

As várias nacionalidades das partes envolvidas na navegação daquela viagem do Prestige complicam a situação na hora de estabelecer as responsabilidades: ele navegava por águas espanholas; o monocasco era da Libéria; ele operava sob a bandeira de conveniência das Bahamas; o armador e o capitão são gregos; a tripulação em sua maioria é filipina; a empresa que realizou a última revisão do petroleiro é norte-americana, e o consórcio constituído pela armadora grega e pela sociedade suíça proprietária da carga é russo. Em termos práticos, o primeiro responsável é o armador proprietário do navio, e este, não importa onde seja o acidente e onde esteja radicada a sede do proprietário, tem de indenizar.

Depois que ocorreu a catástrofe, foram solicitadas, através de diversos órgãos, medidas que possam ajudar a evitar situações como esta. Ainda assim, percebe-se, por exemplo, a ausência de uma legislação europeia e de um órgão

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que cuide da segurança nas águas (dois meses depois, em janeiro de 2003, começou a funcionar a Agência de Segurança Marítima Europeia, e, se suas normas estivessem em vigor antes, o Prestige teria tido que se submeter a estritas revisões e possivelmente teria sido retirado de navegação). Exigiu-se que se revogue com a maior rapidez a moratória que permite que os navios que transportam mercadorias perigosas não disponham de casco duplo até 2015. Também foi exigido das autoridades comunitárias e internacionais: que realizem a ampliação das zonas marítimas especialmente sensíveis; que implantem um corredor longe o bastante da zona costeira, mas que, por sua vez, não impeça que os trabalhos de resgate e salvamento sejam feitos com agilidade; a provisão de mais recursos humanos e técnicos; que exijam garantias maiores na inspeção de navios antigos e que restrinjam o tráfego marítimo internacional dos cargueiros nestas áreas.

A mortalidade por acidentes na Espanha

Em 2010, o Instituto Nacional de Estatística (INE) registrou um total de 382.047 óbitos na Espanha, dos quais 14.066 ocorreram por causas externas e os demais, por causas naturais.

As causas externas, tal como as denomina o sistema de classificação de óbitos da

Organização Mundial da Saúde, compreendem causas acidentais e intencionais, que neste ano alcançaram os números

NÚMERO DE VÍTIMAS

Casa e lazer 6.418

Tráfego viário 2.478

Acidentes de trabalho

757 (incluídos os “in itinere”)

apresentados nos quadros abaixo. Considerando-se apenas os acidentes e com base nos dados estatísticos do Ministério do Emprego e Seguridade Social (acidentes de trabalho) e do Ministério do Interior (acidentes de tráfego viário), a distribuição de falecimentos por categorias fica estabelecida conforme o quadro a seguir:

ACIDENTES NÚMERO DE VÍTIMAS

Transporte* 2.576

Quedas 1.982

Obstrução das vias respiratórias 1.635

Envenenamento 722

Afogamento 432

Forças mecânicas 201

Incêndio 188

Outros e não especificados 2.320

INTENCIONAIS OU POR NEGLIGÊNCIA NÚMERO DE VÍTIMAS

Suicídios 3.158

Agressões 329

Complicações intervenção médica 419

Outros 104*Viário, aéreo, marítimo e outros.

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Riscos emergentes das nanotecnologias?

Desde o fim do século passado vêm-se utilizando cada vez com mais profusão as nanotecnologias, que proporcionam usos industriais novos e melhores em setores químicos, farmacêuticos, alimentícios e de acabamentos superficiais, entre outros. Como ocorre com todas as tecnologias, junto com os incríveis avanços surgem riscos de efeitos negativos, que, neste caso, são considerados emergentes, mas ainda são pouco conhecidos.

Conforme sua definição científica, as nanopartículas são elementos ou estruturas de dimensão de 1 a 100 nanômetros, sendo um nanômetro (nm) igual a 10-6 milímetros (mm, ou seja, um décimo milionésimo de mm). O tamanho tão reduzido das nanopartículas sólidas faz com que elas se comportem como partículas gasosas ou

microrganismos e que penetrem facilmente em membranas e tecidos biológicos, como os respiratórios, digestivos e cutâneos, de onde procede sua possível periculosidade.

Contudo, nos poucos anos de utilização e por seu uso reduzido, até o momento não foram registrados casos específicos de danos ou problemas em trabalhadores e usuários de produtos fabricados com nanopartículas. Alguns desses produtos são cremes cosméticos, aerossóis, pinturas ou resíduos de combustíveis fósseis, dos quais não se detectaram efeitos nocivos nem na mão de obra nem nos consumidores até o momento.

Ainda assim, persiste a suspeita de que seu potencial previsível de dano ou doença venha a se confirmar e desencadeie toxicidade, cânceres, combustões descontroladas e explosões. Atualmente estão sendo feitas pesquisas com animais em vários laboratórios

de saúde e industriais, mas os cronogramas são longos, e por isso teremos de esperar mais dois ou três anos para dispormos de resultados que ajudem a esclarecer a suspeita, ainda que parcialmente.

John H. Fitzpatrick, novo secretário geral da Associação de Genebra

A Associação de Genebra nomeou John H. Fitzpatrick secretário geral e diretor geral em sua Assembleia Geral, celebrada dia 7 de junho em Washington DC, sucedendo Patrick M. Liedtke, que ocupava o cargo desde janeiro de 2001.

Fitzpatrick fez sua carreira profissional no mundo financeiro e segurador. Foi diretor financeiro (CFO) da Kemper Corporation, nos Estados Unidos, e da SWISS RE, onde também foi responsável pelo negócio de Vida e Saúde da Divisão de Serviços Financeiros. Atualmente é membro não executivo do Comitê de Diretores da AIG.

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Alberto Manzano, novo acadêmico da Real Academia San Dionísio de Ciências, Artes e Letras

O presidente da FUNDACIÓN MAPFRE, Alberto Manzano, foi recentemente nomeado novo acadêmico da Real Academia San Dionísio de Ciências, Artes e Letras, num ato solene celebrado em Jerez de la Frontera (Cádiz). Desta forma, esta instituição cultural reconhece seus méritos acadêmicos e sua brilhante trajetória profissional, tanto na MAPFRE quando na FUNDACIÓN MAPFRE.

Encerramento do curso 2011/2012

Em 21 de junho celebrou-se o ato de encerramento do curso da Faculdade de Ciências do Seguro, Jurídicas e da Empresa da Universidade Pontifícia de Salamanca e do CUMES no

local que foi sua sede até três anos atrás: o campus Monte del Pilar da MAPFRE.

Assistiram ao ato de encerramento do curso mais de 200 pessoas, entre alunos de todas as turmas que passaram pelo centro, professores e colaboradores.

Posteriormente foi servido um coquetel nos jardins, onde os assistentes desfrutaram momentos muito agradáveis.

Após finalizar esta etapa, o Instituto de Ciências do Seguro, por intermédio do CUMES, manterá seu compromisso com a formação, especialmente pela Internet, oferecendo o mestrado universitário em Seguros e Gerência de Riscos na modalidade semipresencial, o mestrado universitário em Gestão e Técnica de Seguros (e-learning) e o Plano de Formação especializada em seguros, do qual participam mais de 1.000 alunos procedentes de 19 países.

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AGENDA 2012

CONGRESSOS E JORNADASJORNADA DATAS LOCAL CONVOCANTE

Congresso Anual 6-7 de novembro Pfäffikon (Suíça) SIRM

XXXII Gerente de Risco de Construção

11-15 de novembro Orlando, FL (EUA) IRMI

Congresso Anual 18-20 de novembro Queensland (Austrália) RMIA

VII Congresso Anual 21-24 de novembro Sidney (Austrália) IFRIMA

Congresso Anual 9-12 de dezembro San Francisco, CA (EUA) SRA

IX Seminário Seguros e Finanças

10-11 de dezembro Londres (Reino Unido)Associação de

Genebra

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entrevista

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Alvarado G.Patricia del Carmen

GERENTE DO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE RISCOS DA AUTORIDADE DO CANAL DO PANAMÁ

Texto: ALICIA OLIVASFotos: ISTMO PHOTO

“Cada supervisor, gerente ou vice-presidente administra

seu risco em colaboração com os outros”, diz Patricia del

Carmen Alvarado G., o que significa que a Gerência de

Riscos no Canal do Panamá é “um trabalho de equipe”.

O desafio agora é implementar uma metodologia integral

na gestão do risco em todos os níveis, o que permitirá que a

organização “pense e tome decisões considerando os riscos

que têm um impacto negativo na operação e, ao mesmo

tempo, identifique as oportunidades que surgirem em sua

operação diária”.

“O gerente de riscos precisa conhecer sua operação em todos os níveis e manter uma estreita relação com os funcionários”

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uma estreita relação com os funcionários”“O gerente de riscos precisa conhecer sua operação em todos os níveis e manter uma estreita relação com os funcionários”

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entrevista

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 3 - 2 0 1 2

“O OBJETIVO

DA GESTÃO DO

RISCO NO CANAL

É GARANTIR A

SEGURANÇA

DAS OPERAÇÕES

DE TRÂNSITO

E PROTEGER O

PATRIMÔNIO,

OS BENS E OS

ATIVOS DA

AUTORIDADE

DO CANAL”

Prestes a completar um século de história, o Canal do Panamá tem oferecido um serviço seguro e eficiente a mais de um milhão de trânsitos (marca alcançada em 2010). Cerca de 14.000 navios do mundo todo utilizam este ‘atalho’ anualmente. De fato, as atividades de transporte comercial através do Canal do Panamá representam cerca de 5% do comércio mundial. Como a área de Gestão de Riscos contribuiu para este êxito?Nos últimos anos a área de Gestão de

Riscos evoluiu e tornou-se uma operação de serviços. O apoio e o trabalho com as diferentes áreas da organização nas ofici-nas de risco nos permitiu contribuir para garantir uma operação segura e eficiente, promovendo uma cultura de riscos na or-ganização.

Como se organiza a gestão do risco no Canal do Panamá? Quais departamentos ou áreas intervêm neste processo e como é o funcionamento?Todos os colaboradores participam, de

um jeito ou de outro, da gestão de riscos no Canal do Panamá. Para termos objetivos

claros de colocação de pessoal, fazemos ofi-cinas com todas as áreas da organização para identificarmos os riscos seguráveis. Atual-mente estamos realizando oficinas com a metodologia de gestão integral de riscos em diferentes áreas operacionais, como plano piloto, e até o momento os resultados estão mostrando um compromisso da organiza-ção em todos os níveis.

OBJETIVOS DA GESTÃO DE RISCOS

Qual é o objetivo principal da gestão de riscos no Canal do Panamá?Garantir a segurança na operação

de trânsito de alta qualidade e proteger o patrimônio, os bens e os ativos da Autoridade do Canal (ACP). Trata-se de promover uma cultura de gestão de riscos proativa, que tem por objetivo implementar um sistema de administração de riscos em todos os níveis da organização. Atualmente estamos no processo de impulsionar sua formalização com a aprovação da Equipe de Alta Direção, da Política de Riscos, e sob um esquema de Enterprise Risk Management no Canal.

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“A OPERAÇÃO

DO CANAL EXIGE

TRABALHO EM

EQUIPE, E ESSA

DINÂMICA DE

TRABALHO

ESTÁ PRESENTE

TAMBÉM NA

HORA DE

ANALISAR,

PONDERAR

E TOMAR

DECISÕES SOBRE

OS RISCOS”

A Gerência de Riscos no Canal do Panamá se baseia nos critérios do Enterprise Risk Management (ERM). Em sua opinião, como esta metodologia contribui? Esta metodologia permite identifi-

car onde há oportunidades na organização para melhorar os processos, o que permite otimizar recursos e melhorar a eficiência e a eficácia na operação, e tudo isso em linha com as metas ou objetivos estratégicos da organização.

Como estão conseguindo semear uma verdadeira cultura do risco em todas as áreas da ACP? Fundamentalmente, com a partici-

pação ativa da maior quantidade de colabo-radores no processo.

Para o ano fiscal em curso (que inclui de outubro de 2011 a setembro de 2012), o Canal previu registrar o maior orçamento de sua história. Vocês vão conseguir isso? Como este desafio é encarado na sua área?

O desafio está aí e o trabalho em equi-pe do pessoal de marketing e de finanças, entre outros, definiu ações que redefinem a estratégia de gastos e consideram as varia-ções do mercado que têm impacto na recei-ta do Canal. As perspectivas são positivas.

MAPA DE RISCOS

Entre seus deveres está a identificação dos riscos. Como se constrói o melhor mapa de riscos, sem deixar nada descoberto?No Canal nós trabalhamos em equipe

na hora de construir um mapa de riscos. Membros de todas as áreas da organização contribuem com a identificação, quantifica-ção e validação dos riscos durante a etapa de construção do mapa de riscos. A operação do Canal, por sua complexidade, exige trabalho em equipe, e essa dinâmica de trabalho está presente também na hora de analisar, pon-derar e tomar decisões sobre os riscos.

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entrevista

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 3 - 2 0 1 2

“O RESULTADO

DO TRABALHO

DE UMA EQUIPE

INTERDISCIPLINAR

DE PROFISSIONAIS

NOS PERMITE

ANTECIPAR

SITUAÇÕES

DE RISCO E

ADMINISTRÁ-LAS

PARA REDUZIR

SEU IMPACTO”

Neste exato momento, quais são os riscos que mais a preocupam?Em princípio, vejo em cada situação uma

oportunidade para voltar a focar na gestão do risco. Ou seja, a minha preocupação a transforma em alternativas para melhorar constantemente a forma em que estamos fazendo nosso trabalho e assim obter resul-tados que superem nossos objetivos estra-tégicos e beneficiem o Panamá.

O Canal administra seus riscos exter-nos e internos de forma proativa. Ainda assim, os riscos externos – os de mercado, por exemplo – são os que impõem mais desafios para a organização, em virtude do controle limitado que o Canal pode exercer sobre eles e porque seu impacto pode ser sério.

A economia mundial está num ponto de inflexão, e é por isso que o Canal conta com um grupo de profissionais que a analisam, estimando alternativas para que sejam esco-lhidas as de menor impacto para o Canal. O resultado do trabalho de uma equipe inter-disciplinar de profissionais (das áreas de co-municação, tecnologia, mercado, finanças,

operações, ambiente, recursos humanos, jurídica, entre outras) nos permite anteci-par situações de risco, administrá-las para reduzir seu impacto e aproveitar as oportu-nidades da situação.

Na economia global existe um reconhecimento expresso da importância dos riscos ambientais, sociais, de transparência e ética, e de pane tecnológica. Em sua opinião, a Gerência de Riscos está preparada para assumir estas ameaças?A Gerência de Riscos no Canal é re-

presentativa. Esta representatividade está em toda pessoa que tiver sob sua respon-sabilidade a execução de um processo que contribui para que os objetivos estratégicos do Canal sejam alcançados. Cada supervi-sor, gerente ou vice-presidente administra seu risco em colaboração com os outros. O Canal está preparado para estes desafios: ambientais, sociais, éticos e tecnológicos. Dispomos das melhores práticas para o ma-nejo ambiental; na verdade, temos um de-partamento inteiro responsável por gerir o risco ambiental.

A responsabilidade social, de ética e transparência, a cargo da Repartição de Gestão Corporativa, também está na van-guarda, com ações em benefício da comu-nidade, com a colaboração de um grupo de voluntários que vem trabalhando de forma incondicional pelo Panamá. O Canal é re-gido pela ética e pela lei da transparência, que se aplica igualmente a todos os colabo-radores.

Um Comitê de Tecnologia é o respon-sável por gerir o risco tecnológico e promo-ver a mudança exigida pela alta gerência do Canal. No Canal todos contribuímos para a gestão do risco, e nossa área serve de asses-soria para garantir o processo.

Com quais planos de contingência vocês contam para enfrentar grandes catástrofes?Atualmente, o Canal dispõe de um Pla-

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“O PROGRAMA

DE AMPLIAÇÃO

DO CANAL

TRABALHOU NA

IDENTIFICAÇÃO

DE SEUS RISCOS

DESDE A

CONCEPÇÃO DO

PROJETO”

no de Emergências e Contingências que se ativa conforme a situação, agrupando dife-rentes especialistas e líderes que formam o Centro de Comando de Incidências, que, por sua vez, assume o controle da situação em conjunto com a operação do Canal.

Um exemplo recente foi a situação das chuvas extraordinárias denominada “a Pu-ríssima de 2010”, que ativou o Centro de Comando de Incidências. Este centro de-cidiu suspender o trânsito de navios pelo Canal durante 17 horas e jogar milhares de galões de água em vários pontos para en-frentar o crescente caudal resultante das chuvas. O resultado foi um sucesso porque se dispunha de um plano de contingências

e porque periodicamente o Canal realiza simulações e capacitação de emergências, em conjunto com as comunidades, dentro da área de responsabilidade identificada no plano.

Atualmente está em andamento o programa de ampliação que duplicará a capacidade do Canal. Como se lida, do ponto de vista do risco, com um projeto desta envergadura? Quais são os riscos mais graves?O programa de ampliação do canal tra-

balhou na identificação de seus riscos desde a concepção do projeto. Inicia-se com um modelo para identificar os riscos do Canal diante de um projeto desta magnitude. O projeto das especificações técnicas da decla-ração de objeções, tal qual o tipo de con-trato utilizado, foi feito considerando-se os riscos, sua mitigação e transferência. Todas as variáveis que podem incidir nestes riscos têm controle e acompanhamento contínuo.

O Departamento de Engenharia e Pro-gramas é o responsável por gerir estes ris-cos. Qualquer risco identificado com ante-cipação pelo pessoal da ampliação é levado ao Comitê de Ampliação, que se reúne se-manalmente, onde são tomadas as decisões corretivas e preventivas.

SEGUROS E FÓRMULAS ALTERNATIVAS

Outra função principal que você desempenha é a negociação e a colocação de seguros nos mercados local e internacional. No seu modo de ver, o que os gerentes de riscos precisam ter em mente na hora de traçar as linhas básicas de seus programas de seguros?

É fundamental para nós analisarmos os riscos em detalhe junto com os técnicos especialistas, para podermos criar apropria-damente uma estrutura de cobertura que cumpra as políticas e necessidades da ope-

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entrevista

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“ESTUDAMOS

AS VANTAGENS

E POSSÍVEIS

BENEFÍCIOS QUE

UMA CATIVA DE

SEGUROS PODE

TER PARA A

AUTORIDADE DO

CANAL”

ração. O gerente de riscos deve conhecer sua operação em todos os níveis e manter uma estreita relação com os funcionários nas diversas áreas da organização, sua prin-cipal fonte de informações. Ele também precisa se basear numa metodologia de ad-ministração de riscos, que inclui a análise de riscos qualitativos e quantitativos, que fortalecem o plano de negociação e a colo-cação no mercado segurador.

Você poderia descrever os principais programas de seguros da Autoridade do Canal do Panamá?O programa de seguros contra catástro-

fes do Canal cobre os danos à propriedade do Canal, a responsabilidade civil derivada de sua operação e a perda de receita por fe-chamento parcial ou total do canal de na-vegação.

O programa de seguros controlado pela Autoridade do Canal do Panamá para o programa de ampliação cobre os danos às obras de construção e a responsabilidade civil derivada do empreiteiro na execução dos trabalhos.

O programa de seguros de saúde, aci-dentes e vida para os funcionários do Canal dá cobertura de hospitalização e gastos mé-dicos, além de indenização por acidentes de trabalho e morte por qualquer causa.

O que vocês esperam de seus seguradores?O Canal mantém uma estreita relação

com seus seguradores, fundamentada na confiança profissional e na solidez finan-ceira do segurador, capaz de enfrentar um pedido de indenização em caso de evento segurado.

Vocês têm alguma cativa de seguros? Por quê?O Canal não tem uma cativa de seguros.

Atualmente este é um tema em discussão, mas nós continuamos estudando suas van-tagens e possíveis benefícios para a Autori-dade do Canal do Panamá.

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Além do seguro, vocês dispõem de outras fórmulas para enfrentar os riscos?É política da administração de riscos reter

para si o nível de riscos que ela pode mane-jar apropriadamente com suas competências fundamentais e transferir apenas o risco ca-tastrófico para o mercado segurador. Para

isto, contamos com uma reserva para danos e responsabilidade por acidentes durante o trânsito dos navios pelo Canal.

Também se contempla no orçamento um programa de investimentos agressivo para re-duzir o risco na operação. Uma área de inte-ligência competitiva avalia constantemente as

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entrevista

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Em 1985, Patricia del Carmen Alvarado G. iniciou sua carreira profissional no Canal do Panamá. “No decorrer destes 27 anos maravilhosos de experiência, eu cresci com as pessoas do Canal trabalhando em diversas posições – assistente administrativa, oficial de orçamento, analista de programas, analista de riscos –, até chegar ao cargo que exerço hoje, de gerente da área de Gestão de Riscos.”

Em paralelo ao seu crescimento profissional, ela foi se preparando academicamente. Seu currículo é extenso: “Concluí meu bacharelado na Universidade do Estado da Flórida com especialização em Estudos Latino-Americanos e em Administração de Empresas como área secundária em 1991, e depois fiz mestrado na Universidade Nacional do Panamá, no programa de Desenvolvimento do Setor Marítimo, com especialização em Portos e Canais (1996)”.

Além disso, como a maior parte de sua carreira se deu na área de finanças, “em 1999 eu concluí o mestrado em Administração de Empresas, com especialização em Finanças, na Universidade Latino-Americana de

UMA LONGA CARREIRA NO CANAL E NOVOS DESAFIOS

Ciência e Tecnologia, e depois, como achei fundamental complementar meus conhecimentos de seguros, contratos e finanças, decidi estudar Direito e Ciências Políticas na ULACIT e consegui meu diploma de advogada em 2005”.

Por fim, também participou do programa de Liderança Executiva do Canal do Panamá, “que representou um ano de capacitação em diversos temas – finanças, mercado, economia, operações no Canal, recursos humanos, liderança, etc. –, e que terminei em maio deste ano”.

Além disso, Patricia del Carmen Alvarado G. é membro ativo da Risk and Insurance Management Society e participou como conferencista diversas vezes, convidada por diferentes grupos – APADEA, CONALPROSE, ALARYS e RIMS – para falar sobre riscos, seguros e obrigações.

Quais são suas funções à frente da área de Gestão de Riscos da Autoridade do Canal do Panamá?Minhas funções como gerente

conjugam diversas responsabilidades: supervisionar e desenvolver minha equipe de trabalho; dar assessoria às diversas áreas do Canal em assuntos

de gestão integral de riscos, tais como identificação, qualificação, quantificação, simulação, mitigação, controle e acompanhamento. Oferecemos assessoria em coberturas de seguros e em redação de cláusulas contratuais para contratos de serviços de obras ou de tipo comercial.

Somos responsáveis pelo projeto, contratação e administração dos seguros corporativos do Canal. Entre eles estão: o programa de seguros corporativos contra catástrofes e o programa de seguros controlado para a construção do terceiro jogo de eclusas e a escavação do Canal de Acesso do Pacífico (CAP4). Oferecemos análise de riscos para apoiar os projetos de investimento de estrutura e equipamento, contratos de serviços diversos, operações e corpos de bombeiros, tecnologia, entre outros.

Onde se situa a área dentro do organograma da ACP?Ela forma parte da divisão de

Administração Financeira e Riscos do Departamento de Administração e Finanças, que reporta diretamente à Repartição do Administrador.

Que êxitos você destacaria dentro dos seus mais de 20 anos de experiência na administração financeira e de riscos do Canal?Durante meus anos no Canal eu

tive diversas experiências que me impactaram profissionalmente. Entre elas, posso destacar o desenvolvimento e a implementação do módulo de contabilidade por projetos da Oracle; o desenho, o desenvolvimento e a implementação do Plano de Saúde, Acidentes e Vida contratado com uma seguradora do mercado local para os funcionários do Canal; o desenho das especificações técnicas para as

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obrigações e os seguros do contrato do projeto e construção das novas eclusas, e o desenho, a contratação e a administração do contrato de corretor de seguros para o programa de ampliação.

Entre os anos de 2009 e 2012, participei do desenvolvimento, negociação e implementação de vários projetos relacionados com o financiamento do programa de ampliação, o programa de seguros corporativos contra catástrofes, o plano de implementação de um sistema de administração integral de riscos e da formalização da política de riscos do Canal.

Que desafios ainda estão pendentes?Implementar uma metodologia

integral na gestão do risco em todos os níveis da organização do Canal, o que permitiria à sua força de trabalho pensar e tomar decisões considerando os riscos que tenham um impacto negativo na operação e, ao mesmo tempo, identificar as oportunidades que surgirem em sua operação diária. E que estas informações, por sua vez, possam ser utilizadas para a tomada de decisões estratégicas na hora de avaliar os riscos macro da organização, tais como os de mercado, os financeiros, os políticos e os de imagem.

variações que se registram no mercado e seu impacto na receita do Canal, para ajustar a estratégia em função dos obje-tivos da organização.

FUTURO DA GERÊNCIA DE RISCOS

Qual é a situação hoje da Gerência de Riscos no Panamá? Como estão enfrentando o atual contexto de crise?A Gerência de Riscos no Panamá está

em plena fase de evolução. Contudo, ain-da há muito campo para a gestão de riscos no Panamá. Cada dia vemos mais capa-citações nesta área técnica e diferentes empresas no Panamá com um interesse visível em desenvolver esta metodologia.

Que futuro você prevê para esta área? Você acha que é imprescindível que os gerentes do mundo todo estreitem os laços e compartilhem suas melhores ex-periências para que a Gerência de Riscos consiga avançar em todos os níveis?

Estou totalmente de acordo com o es-treitamento de laços entre os gerentes do mundo todo e com o compartilhamento de conhecimento e experiências que en-riqueçam o crescimento dos profissionais neste campo e beneficiem suas empresas.

Que papel você acredita que os gerentes de riscos terão dentro das empresas nos próximos anos? A tendência é que sua participa-

ção seja fundamental tanto na tomada de decisões quanto na hora de garantir a operação de qualquer empresa. Ainda assim, cada empresa tem sua estrutura particular, e por isso cada uma precisará se convencer da importância da gestão do risco para alcançarem os objetivos que traçaram, porque o mundo está cada vez mais competitivo e está sempre se reinventando.

“A TENDÊNCIA É

A PARTICIPAÇÃO

DA GERÊNCIA

DE RISCOS SER

ESSENCIAL TANTO

NA TOMADA

DE DECISÕES

QUANTO NA HORA

DE GARANTIR

A OPERAÇÃO

DE QUALQUER

EMPRESA”

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A gênese da responsabilidade ambiental se deu nos Estados Unidos e de lá se estendeu

para a Europa. Hoje podemos dizer que é uma questão mundial, e vários países, seja

da Ásia, América Latina ou até mesmo da África, estão criando suas próprias normas

para a prevenção e a reparação dos danos ao meio ambiente.

Na segunda parte deste artigo, vamos olhar rapidamente alguns desses países, inclusive

as chamadas ‘economias emergentes’ que recentemente desenvolveram leis em resposta

às responsabilidades ambientais. A experiência europeia, e particularmente a da

Península Ibérica, terão definitivamente um papel importante na criação de soluções.

A responsabilidade ambiental

o regime português e o exemplo espanhol como referênciapara outros mercados

PAULA RIOSMDS

ANA SALGUEIRODoutora em Engenharia Ambiental - Consultora independente

e as garantias financeiras:

estudos

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o regime português e o exemplo espanhol como referênciapara outros mercados

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estudos

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estudosestudos

COM O PROGRESSO ECONÔMICO E A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES GRUPOS EMPRESARIAIS NO BRASIL, AS COMPANHIAS INTERNACIONAIS COM ‘EXPERTISE’ EM RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PODERÃO DESENVOLVER PRODUTOS E CRESCER EM VOLUME DE PRÊMIOS

BRASIL, NORMAS COMPLETAS

O Brasil é hoje um mercado com grande potencial, onde tudo está acontecendo. Sobre a evolução da responsabilidade

ambiental nesse país, a advogada Ivy Cassa des-taca que “as normas brasileiras sobre esta questão são bastante completas, conforme as tendências internacionais, como demonstram a Lei da Polí-tica Nacional de Meio Ambiente (Lei 6938/81), a Constituição Federal de 1988 (que incluiu o meio ambiente na lista de direitos fundamentais) e a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/98)”.

Além disso, para Cassa, embora ainda não exista “nenhuma regulação das autoridades em seguros – o Conselho Nacional de Seguros Pri-vados (CNSP) ou a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) –, nem obrigação de que se constituam garantias financeiras para a respon-sabilidade ambiental, o Congresso brasileiro está tramitando, desde 2003, o Projeto de Lei 2313, que, entre outras disposições, propõe a inclusão na lista de seguros obrigatórios do seguro de res-ponsabilidade civil para a pessoa, física ou jurídi-ca, que exerça atividades econômicas que poten-cialmente causem degradação ambiental, a fim de reparar os danos às pessoas e ao meio ambiente tanto em zonas urbanas quanto rurais”.

“Desta forma – explica a advogada brasileira –, este seguro cobriria os danos ao meio ambiente e às pessoas oriundo de radiação ou contaminação por substâncias tóxicas ou resíduos. A garantia de danos pessoais incluiria indenizações por morte, invalidez, assistência médica e outras coberturas complementares, e, no caso de danos ambientais, estariam cobertos os prejuízos causados aos re-cursos naturais por acidentes ou pela exploração agressiva. Ficam excluídas da cobertura as multas e obrigações para aquele que contamina. Além disso, este seguro constituiria um requisito fun-

damental para a concessão de licenças de ope-ração para atividades com risco potencial para o meio ambiente.

Ivy Cassa considera esta iniciativa interessante “pela função social deste seguro, mas será neces-sário que nos perguntemos, caso o projeto seja aprovado, se a lei terá eficácia ou se será apenas um dispositivo sem aplicação prática, seja por uma questão cultural brasileira não compatível com a obrigatoriedade deste tipo de seguro ou pelas próprias dificuldades que as seguradoras co-locarem no que diz respeito à aceitação do risco”.

Atualmente, declara Cassa, “no mercado a ga-rantia de responsabilidade por contaminação é quase sempre uma garantia adicional das apólices de RC”, embora já existam seguradoras com no-vos produtos específicos, como a ACE.

Em termos de potencial de mercado, acres-centa, “de acordo com os dados da SUSEP, o montante de prêmios pagos por seguros (ou co-berturas) de responsabilidade ambiental foi de 9 milhões de reais em 2011 (cerca de 4 milhões de euros), com uma sinistralidade de 500.000 reais (cerca de 220.000 euros). Estes números, como se pode perceber, são muito modestos se levar-mos em conta o potencial do mercado brasileiro, que só em 2010 foi de 125 bilhões de reais (cerca de 55 bilhões de euros)”.

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Considerando-se tudo o que foi dito, pode--se concluir que o Brasil é hoje, como em muitos outros setores, um mercado muito atraente para os seguros ambientais, e muito em breve o país se desenvolverá neste tema. Com o progresso eco-nômico e a implantação de grandes grupos em-presariais no Brasil, as companhias internacionais especializadas nesta área poderão desenvolver produtos e crescer em volume de prêmios.

ARGENTINA, UM EXEMPLO IMPORTANTE

Este país sul-americano já tem em vigor um regime de seguro obrigatório de responsabilida-de ambiental – denominado Seguro Ambiental Obrigatório (SAO) –, nos termos da Lei Geral do Meio Ambiente. A norma argentina exige de toda empresa que desenvolva atividade passível de causar dano ao meio natural que disponha de uma garantia que financie a reparação e os custos de limpeza.

Embora a Lei não estabeleça multas ou pena-lidades, as autoridades governamentais não emi-tirão a certificação ambiental para as empresas que não cumprirem os requisitos, de forma que elas não poderão operar legalmente no país. Mas a realidade é bastante diferente, já que muitas empresas não têm essa garantia porque ela atual-mente é um seguro-caução, que muito poucas companhias seguradoras oferecem.

As entidades que desenvolvem atividades de risco para o meio ambiente devem se responsabi-lizar (e garantir esta responsabilidade) por reme-diar os danos resultantes ao solo e à agua. O SAO só garante o imediato cumprimento das obriga-ções de reparação a favor do Estado, dado que o seguro funciona sem que seja necessário apurar responsabilidades (uma vez que é um seguro--caução).

Em 2008, a Superintendência de Seguros da Nação autorizou o primeiro Seguro-Caução por Dano Ambiental de Incidência Coletiva a uma companhia local, mais exatamente a Prudencia.

Mas o sistema tem seus problemas. Um deles é a definição de risco segurável, que desde seus primórdios é descrito na lei como “toda alteração relevante que modifique negativamente o meio ambiente, seus recursos, o equilíbrio dos ecossis-temas ou os bens e valores coletivos”. No entan-to, uma resolução posterior acrescentou à cober-tura danos às pessoas e a seus bens, motivo pelo qual é possível prever que esta incerteza legal e contratual levará a ações judiciais desnecessárias.

Além disso, mesmo que exista, a disponibi-lidade da cobertura é muito limitada, já que a Prudencia é a única companhia que conseguiu a aprovação de uma apólice e muito poucas com-panhias adotaram estas cláusulas. Um desenvol-vimento livre do mercado de seguros ambientais não é possível dessa maneira.

Esta questão também está começando a se de-senvolver em outros países da região latino-ame-ricana, uma vez que há uma crescente opinião pública pressionando cada vez mais para que se melhore a qualidade do meio ambiente.

De modo geral, a região possui boa legislação, mas ela ainda é pouco aplicada. No México, por exemplo, também encontramos disposições de

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estudos

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responsabilidade administrativa junto às tradicio-nais de responsabilidade civil.

ÁFRICA: O CASO DE ANGOLA No continente africano também temos um

claro exemplo de desenvolvimento de normas sobre estas responsabilidades e a forma de garan-ti-las: Angola. O Decreto Presidencial 194/11, de 7 de julho, aprovou a nova regulação sobre res-ponsabilidade por danos ambientais. Seu objetivo é “o estabelecimento da responsabilidade perante o risco e a degradação do meio ambiente, basea-da no princípio de ‘quem contamina paga’, e na prevenção e reparação de danos ambientais. Ela se aplica a todas as atividades que possam causar danos ao meio ambiente”.

Trata-se de um regime de responsabilidade objetiva, que inclui danos ao meio ambiente, mas também ao Estado e a particulares. Ele exige a adoção de medidas de prevenção e reparação e es-tabelece não só a contratação de garantias finan-ceiras como também a contratação de um seguro de responsabilidade civil.

As multas que este regime prevê podem al-cançar valores muito elevados (de 1.000 a 100 mi-lhões de dólares norte americanos).

Esta lei entrou em vigor em julho de 2011, motivo pelo qual ainda é muito recente e teremos que esperar sua implantação. Como comentário, podemos dizer que ela incluiu vários conceitos da Diretiva, embora seja muito diferente nas de-finições. Mas é um mercado ao qual devemos estar atentos, sem dúvida nenhuma, por suas oportunidades de desenvolvimento nesta área de negócios.

ÁSIA, TENDÊNCIA À ATUALIZAÇÃO

Na Ásia, especialmente na China, a legisla-ção ambiental tende a se atualizar, reforçando ao mesmo tempo a aplicação da regulação já existen-te. Na China, por exemplo, já existe um regime de responsabilidade objetiva há anos, mas ele não foi regulado devido ao seu enfoque no desen-volvimento econômico. Mas agora o país come-ça a prestar mais atenção a este tema porque as multinacionais que estão se instalando lá querem proteção para esses riscos. O mesmo acontece em vários países do sudeste asiático.

A PERSPECTIVA PARA A ESPANHA

Na primeira parte do artigo pudemos consta-tar que na Península Ibérica existe um desenvol-vimento importante nesta área, embora de for-ma um tanto diferente entre Espanha e Portugal. Ambos os países introduziram a Diretiva com a obrigatoriedade das garantias financeiras.

O mercado espanhol se preocupou, desde o início do processo, com a avaliação dos danos ambientais. Miguel Ángel de la Calle, diretor técnico do Pool Espanhol de Risco Ambiental (PERM), transmite a opinião geral de que estes riscos, “além de causar graves danos ao nosso já maltratado meio ambiente, são distintos porque podem comprometer a viabilidade e o futuro das empresas que os causam”.

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EMBORA AS GARANTIAS AINDA NÃO SEJAM OBRIGATÓRIAS, A CONSCIÊNCIA DO MERCADO ESPANHOL LEVOU A UM CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DA CARTEIRA DE PRÊMIOS DO SEGURO DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

“Para evitar estas duas circunstâncias – conti-nua –, o aconselhável é fazer uma gestão adequa-da dos riscos ambientais, que deve começar ana-lisando-os. As diferentes análises estão presentes na legislação espanhola de responsabilidade am-biental ligadas ao cálculo do limite da garantia financeira, não à prevenção de danos, que é sua verdadeira utilidade”.

E prosseguindo: “Esta vinculação e o sistema utilizado para calcular o limite da garantia finan-ceira também obrigam que essas análises sejam quantitativas (ou seja, a probabilidade de cada um dos possíveis cenários de riscos deve ser expressa em termos matemáticos). Desta forma evita-se a possibilidade de análise de riscos qualitativos e semi-quantitativos (na qual apenas a probabilida-de do cenário ou dos cenários mais significativos é calculada matematicamente). Isto é muito mais

simples e mais barato, mas é igualmente válido para a gestão de riscos”.

De la Calle conclui que “para tornar isso efi-caz, a melhor forma é incluir a análise dos riscos dentro de uma norma mais preventiva, como a que corresponde à Autorização Ambiental In-tegrada, onde se pode encontrar sua verdadeira finalidade, ou seja, a prevenção, e eliminá-los de uma norma reparadora, como a Responsabilida-de Ambiental”.

Segundo o diretor técnico do Pool Espanhol de Risco Ambiental, para avaliar os riscos, “bas-taria, ao analisá-los, usar a ferramenta MORA (Modelo de Oferta de Responsabilidade Ambien-tal) e fazer referência ao cenário ou cenários mais significativos, que também seriam os que foram utilizados para fixar o limite da garantia finan-ceira citada. Assim se simplificaria o dispendioso sistema de fixação do limite de garantia usado na normativa de responsabilidade ambiental atual”.

Em tempos de crise, como hoje, talvez pre-cisemos refletir: mesmo que alguns processos sejam ideais, eles podem significar um custo ex-cessivo, o que justificaria uma abordagem mais pragmática.

Mas a verdade é que as garantias financeiras se tornarão obrigatórias, conforme a ordem de prioridade estabelecida por setores de atividade (prioridade 1, de 1/7/2013 a 30/6/2014; priorida-de 2, de 1/7/2014 a 30/6/2016, e prioridade 3, de 1/7/2016 a 30/6/2019).

Algo também muito significativo para este tema foi a mudança da Lei Orgânica do Código Penal, que introduz pela primeira vez na Espa-nha a possibilidade de imputar responsabilidade penal às pessoas jurídicas, o que é especialmente relevante em delitos contra o meio ambiente.

De qualquer forma, e embora na realidade as garantias ainda não sejam obrigatórias, a cons-ciência do mercado levou a um crescimento sustentável da carteira de prêmios do seguro de

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estudos

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A PRÓXIMA REVISÃO DA DIRETIVA SOBRE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL AMPLIARÁ A DEFINIÇÃO DE DANOS À ÁGUA PARA ACABAR COM O ‘BURACO’ NA RESPONSABILIDADE PELOS DANOS ÀS AGUAS MARINHAS CAUSADOS PELAS OPERAÇÕES DE GÁS E PETRÓLEO ‘OFFSHORE’

responsabilidade ambiental (no que diz respeito ao PERM, o aumento acumulado de prêmios foi maior que 50%).

O FUTURO EM PORTUGAL

No tocante ao desenvolvimento da aplicação do Decreto Lei 147/2008, de 29 de julho, e a pu-blicação subsequente do Guia técnico para ava-liação do dano ambiental e ameaça iminente de dano ambiental, em Portugal se aguarda a pró-xima publicação do Guia para a constituição da garantia financeira. Este guia incluirá uma meto-dologia de avaliação do risco com o objetivo de constituir a garantia financeira, o estabelecimento dos valores mínimos para tais garantias e também a proposta de isenção de constituição de garantia para as atividades consideradas de baixo risco.

Neste capítulo, a autoridade competente tem como objetivo estabelecer os níveis de complexi-dade das atividades. As do nível C1 (baixo risco) estarão isentas da obrigatoriedade de constituição de garantia financeira, enquanto que, para as do nível C2, esta obrigação será mantida. Esta pro-posta está atualmente sendo avaliada pelo Minis-tério do Meio Ambiente.

NO AMBIENTE DA UE

A Comissão Europeia (CE) emitiu um relatório sobre a eficácia da Diretiva e a disponibilidade de garantias financeiras para a cobertura das respon-sabilidades nela estabelecidas. Neste documento, a CE reconhece a escassa experiência prática na im-plantação da Diretiva, o que dificulta a obtenção de conclusões concretas sobre sua eficácia no que tange à reparação dos danos ambientais.

Para reduzir estas limitações, a CE tomará um conjunto de iniciativas ao longo de 2012, estabe-lecidas no workshop Stakeholder and Practitio-ner on the Implementarion of the ELD, realizado em novembro de 2011. As ações previstas para o exercício em curso são as seguintes:

1. O lançamento de um folheto explicativo sobre a Diretiva.

2. A disponibilização aos Estados-membro dos conteúdos para a realização de ações de formação sobre a Diretiva.

3. O aproveitamento das vinculações entre a Diretiva e outras disposições legais, como a Diretiva de Habitats e a Diretiva-Qua-dro da Água.

4. A avaliação de aspectos adicionais relacio-nados com a avaliação do risco e a deter-minação dos níveis de risco da indústria na EU ou as atividades de mais risco.

5. A realização de um estudo minucioso so-bre a possibilidade de criação de um fun-do, ou instrumentos semelhantes, para tratar da segurança financeira/garantias financeiras das empresas e indústrias eu-ropeias no contexto da Diretiva.

Segundo uma notícia da Associação Europeia de Cimentos (The European Cement Associa-tion, ou CEMBUREAU), a CE, considerando os resultados de seu relatório de 2010, poderá rever a opção de garantia financeira obrigatória antes da revisão da Diretiva, prevista para o ano de 2014.

Este tema tem especial relevância após o aci-dente ocorrido em 4 de outubro de 2010 na Hun-gria na empresa de produção de alumínio MAL (ver primeira parte do relatório). Comprovou-se, depois, que a empresa dispunha de um seguro com cobertura muito limitada e não adequada ao âmbito das responsabilidades estabelecidas pela Diretiva. O custo do sinistro será da ordem de dezenas de milhões de euros.

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Este acidente provocou uma grande pressão no âmago da União Europeia e dos Estados--membro para que obriguem suas indústrias a obter garantias financeiras com coberturas ade-quadas a seus riscos e responsabilidades ambien-tais.

Mas, além das políticas ambientais dos países que formam parte da EU e de sua forma de im-plementação da Diretiva, as empresas deverão, acima de tudo, estar atentas e dispor de informa-ções tecnicamente adequadas sobre suas poten-ciais responsabilidades ambientais e adquirir a ga-rantia financeira mais adequada para as próprias necessidades.

AMPLIAÇÃO DA DIRETIVA Sobre a evolução da Diretiva, Valerie Fogle-

man, especialista em Direito Ambiental e consul-tora da Stevens & Bolton LLP, sustenta que “no próximo desenvolvimento se ampliará a defini-ção de danos à agua, ao incluir qualquer dano que afete significativamente às águas marinhas. A Comissão Europeia propôs esta modificação no dia 27 de outubro de 2011 para acabar com o bu-raco na responsabilidade por danos causados às águas marinhas pelas operações de gás e petróleo offshore. Os convênios marítimos não garantem estes danos, já que são aplicáveis a navios, e não a operações deste tipo”.

Da mesma forma, para Fogleman, “a Comis-são poderá propor outras alterações da Diretiva, mas provavelmente não o fará até a emissão de seu relatório sobre a aplicação e implantação da Diretiva, no dia 30 de abril de 2014”.

Contudo, esta ampliação poderá criar pro-blemas ao mercado, em desenvolvimento, de seguros ambientais. No mesmo 27 de outubro de 2011, o CEA (Comitê Europeu de Seguros) defendeu num comunicado que “a extensão da Diretiva europeia de responsabilidade ambiental poderá ter efeitos negativos, ou seja, consequên-cias prejudiciais para o mercado de seguros, como consequência da ampliação do âmbito no que diz respeito às águas marítimas”.

Esta instituição afirmou em seu comuni-cado que os seguradores de responsabilidade ambiental terão de reavaliar suas apólices à luz desta extensão, já que os riscos de responsabi-lidades offshore são cobertos por seguradores altamente especializados em seguros de energia e marítimos. No geral, eles não são oferecidos por seguradores que subscrevem responsabili-dade ambiental. São mercados distintos. Além disso, na opinião do CEA, estes riscos “deve-riam ser tratados como um tema do mercado internacional, e não só europeu”.

O certo é que, para um mercado que ainda está se desenvolvendo na Europa e que pratica-mente não existia alguns anos atrás ou era muito incipiente (limitado ao que os pools estavam ofe-recendo), a extensão prevista poderá criar dificul-dades, como o CEA deixou muito claro.

CONCLUSÕES FINAIS

De tudo o que foi exposto, pode-se concluir que a Diretiva de responsabilidade ambiental é uma norma complexa, cuja implementação está sendo realizada de forma gradual e lenta (de fato, como sua construção ou negociação). Todos os agentes envolvidos reconhecem que, embora já exista alguma prática neste campo, é necessário experiência adicional por parte de todos: auto-ridades e setor financeiro, especialmente as se-guradoras.

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A experiência adquirida até o momento na Europa nesta matéria já é um ativo importante (como exemplo, a aplicação da Diretiva ao aci-dente da Hungria) para dar suporte ao desen-volvimento de soluções de responsabilidade am-biental adequadas à realidade e especificidade das economias emergentes.

A Diretiva de responsabilidade ambiental se caracteriza por sua natureza transversal, já que é articulada por diferentes normas legais e vá-rias áreas de conhecimento. Assim, para que sua implementação seja eficaz, é essencial que se adote um enfoque multidisciplinar que englobe aspectos jurídicos, financeiros e técnicos, a fim de assegurar uma visão e um enfoque globais na avaliação da exposição de uma empresa à respon-sabilidade ambiental.

A análise do risco deve ser vista pelas empre-sas como uma ferramenta que permite dispor de informações úteis sobre a atividade e seu grau de exposição à responsabilidade ambiental. A infor-mação disponível também será útil para dar su-porte à decisão sobre a garantia financeira ou o pacote de opções de garantia financeira mais ade-quado para uma empresa ou indústria.

Embora os seguros sejam a opção com mais vantagens para um sistema de responsabilidade ambiental, eles não cobrem todos os riscos; então a combinação de diferentes instrumentos permi-

te uma amplitude maior de coberturas para essas responsabilidades. Para este efeito, é necessário garantir um mercado flexível e aberto que pro-mova o desenvolvimento e a criação de soluções inovadoras no que diz respeito a produtos e ex-tensão das coberturas.

Contratar um seguro de responsabilidade am-biental é muito mais que transferir uma parte de suas responsabilidades: é obter apoio nos mo-mentos de crise, ter acesso a serviços especializa-dos. Isso é essencial nas questões de prevenção e outros aspectos, especialmente em caso de danos à biodiversidade. As companhias que, além de aceitarem riscos, também oferecem análise pré-via dessas ameaças ou avaliação de danos em caso de sinistro, estarão sem dúvida prestando um ser-viço completo a seus clientes e, por que não, à sociedade como um todo.

O papel das seguradoras foi, é e será reconhe-cido como um apoio perante danos ambientais que requer conhecimento, experiência e tecnolo-gia. E, além disso, estes requisitos são colocados à disposição das empresas não só quando já haja danos, mas em caso de ameaça, mediante ativida-des de prevenção.

O apoio pode ser corroborado pelo operador da empresa responsável pelo primeiro sinistro conhecido de responsabilidade ambiental em Portugal, ocorrido apenas um mês depois da en-trada em vigor da lei que introduziu a Diretiva. Cerca de duas toneladas de combustível foram derramadas num pequeno afluente do rio Tejo e a atividade da empresa autora do derrame não esta-va nem sequer na lista do anexo III, de modo que a garantia havia sido contratada de forma total-mente voluntária, para grande alívio do operador, visto que, do contrário, ele teria tido que pagar mais de um milhão de euros do próprio bolso.

Sem sombra de dúvida, como indústria segu-radora, podemos ter certeza da importância do nosso papel neste assunto e da nossa contribuição para garantirmos um futuro melhor no que diz respeito à proteção do nosso meio ambiente, seja onde for, em qualquer parte do mundo.

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agênciasEntendendo as

de riscosde subscrição

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CÉSAR GARCÍADoutor em Direito de SegurosAdvogado e Consultor

A té pouco tempo atrás, as agências de subscrição eram uma avis rara, a maior parte delas associadas aos

sindicatos do Lloyd’s e usadas para co-brir riscos que a priori não eram inte-ressantes para os seguradores locais, ou porque eram riscos muito elevados ou porque envolviam operações complexas tanto de subscrição como de gestão.

Antes da última modificação da Lei de Organização e Supervisão dos Seguros Privados (LOSSP nas iniciais em espanhol), houve um aumento de pedidos de registro na Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensão, o que pou-co se estranhou em vista da situação do mercado e também das consequências das novas normas, ainda vigentes.

Mas, antes de ir a fundo nesta questão, precisamos primeiro explicar o que se entende por agência de subscri-

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ção de riscos (doravante AS), para que elas servem e como operam. Isso lançará luz, quem sabe, à regulação que está prestes a entrar em vigor.

As AS têm origem no direito anglo-sa-xão e fazem total sentido dentro da estru-tura do Lloyd’s1, uma das mais antigas mas ao mesmo tempo menos convencionais de todas as seguradoras2. Seu modus operandi é para que seus membros, agrupados em sindicatos, possam aceitar o seguro de um determinado risco e respaldar a operação subscrita com capital.

Cada sindicato possui um número de-terminado de membros, os quais, por sua vez, definem sua própria estratégia, que pode ou não convergir com a do próprio Lloyd’s. Em outras palavras, os membros do sindicato têm soberania sobre seu pró-prio capital.

Os sindicatos são assessorados por agentes gestores, os quais elaboram parece-res técnicos necessários para servir de base para a decisão dos membros do sindicato de aceitar ou recusar a transação. Pode acon-tecer de uma corretora procurar a coloca-ção de determinados riscos entre diferentes agentes gestores. O agente gestor costuma operar para o sindicato, e a corretora, para o tomador da apólice. Uma vez que o agente gestor subscreve riscos em nome do sindi-cato, pode acontecer com frequência que esses agentes deleguem a função de subs-crever riscos a outros “subagentes”, chama-dos coverholders.

Os coverholders são na verdade repre-sentantes do agente gestor do sindicato. Por isso, eles podem aceitar a contrata-ção de determinadas apólices de seguro em nome da parte que eles representam. Mas, além de subscrever riscos, este co-verholder também terá o direito de co-brar prêmios e liquidar sinistros. Os li-mites dos seus poderes de representação serão unicamente aqueles no contrato de agenciamento assinado entre o coverhol-der e o agente gestor.

A LEI VIGENTE DE MEDIAÇÃO DE SEGUROS E RES-SEGUROS AFIRMA QUE A ATIVIDADE DAS AGÊNCIAS DE SUBSCRIÇÃO DE RISCOS NÃO É CONSIDERA-DA MEDIAÇÃO, SITUAÇÃO QUE CONTRADIZ PARTE DA DOUTRINA EXISTENTE

Os coverholders são conhecidos no direito espanhol como agências de subs-crição de riscos. A Lei vigente de Media-ção em Seguros e Resseguros regulava as AS de forma extremamente superfi-cial em sua terceira disposição adicional. Apesar de o texto regular a atividade de mediação em seguros, a norma, talvez de modo surpreendente, afirma categorica-mente que a atividade das AS não é con-siderada mediação3.

Esta situação jurídica entrou em con-tradição tanto com a opinião dos próprios agentes quanto com a de parte dos teóri-cos da doutrina, que entendem o trabalho das AS como sendo, de fato, mediação4.

Nós acreditamos que o trabalho das agências de subscrição constitua, sim, mediação, já que todo o conjunto das atividades realizadas por um segurador pode ser definido como mediação.

Não podemos esquecer que a Lei de Mediação de Seguros e Resseguros Pri-vados (LMSRP) prevê a possibilidade de as companhias de seguros realizarem tra-balho mercantil de distribuição de segu-

1. Embora não apenas nele, visto que também existe, por exemplo, o Institute of London Underwriters, que essencialmente integra seguradores sediados fora do Reino Unido.

2. Fundada no séc. XVII por Edward Lloyd, que na época dirigia uma lanchonete com esse nome.

3. O mesmo vale para a figura do “orientador auxiliar”, que aparece no artigo 8 da LMSRP.

4. Rego López, A.; “Las modificaciones en el régimen de los mediadores de seguros introducidas por la Ley de Economía Sostenible”, na Revista Española de Seguros, Nº 148, outubro de 2011, pp. 785-798.

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O PROBLEMA COM A NATUREZA E AS FUNÇÕES DAS AGÊNCIAS DE SUBSCRIÇÃO VEM DAS INTERPRETAÇÕES DADAS PELO REGULADOR ESPANHOL AOS SEGURADORES COM MATRIZ, FILIAL OU SUCURSAL NA ESPANHA

ros, uma atividade que é regulada dentro da Lei de Mediação5.

O que acontece é que, em qualquer contrato de agenciamento, a representa-tividade dada pela companhia de seguros ao subscritor pode dar-lhe o direito de desempenhar muitas outras atividades, não só captar negócios e/ou oferecer pro-dutos.

Mas o problema de afirmar exatamen-te o que deve se entender por uma AS e até onde seu trabalho pode chegar teve origem nas interpretações dadas pelo re-gulador espanhol, talvez com excesso de zelo protecionista, aos seguradores com matriz, filial ou sucursal na Espanha.

Prova disso está na resposta à “Pesqui-sa Lloyd’s sobre agências de subscrição”, de 5 de julho de 2007, que deu à seção 2 o título “Relação entre a agência de subs-crição e outros mediadores”, quando a disposição adicional 3.1 da Lei 26/2006 afirma que “(...) não se pode interpretar que elas constituam atividades de me-diação de seguros ou resseguros privados conforme definidas no artigo 2.1 desta”.

Também se verifica que a Direção Ge-ral exclui a possibilidade de uma agência de subscrição subscrever riscos para mais que um segurador, “(...) visto que suas atividades serão consideradas como ten-do sido realizadas diretamente para a re-ferida entidade seguradora6”.

E isso apesar de a regulação anterior afirmar expressamente que “as atividades realizadas pelas agências de subscrição em nome e em representação das entida-des seguradoras ou resseguradoras (...)”. Ou seja, ela estava falando no plural, e não por engano, mas por decisão expressa do legislador. Para confirmar, a regulação atual emprega novamente o plural como reflexo da influência das leis da Comuni-dade Econômica Européia.

Mas o fato é que a lei espanhola se contradiz ao aceitar a subscrição de riscos para diferentes seguradores na estrutura

do Lloyd’s, uma vez que ela é considera-da uma única entidade seguradora7.

O regulador se esqueceu aqui de um princípio geral do Direito segundo o qual em direito privado o que não está expres-samente proibido é ipso facto permitido. Isso difere claramente do direito públi-co, onde as autoridades governamentais só têm o direito de realizar aquilo para o qual elas foram expressamente autoriza-das, sendo-lhes o restante proibido.

Feitos estes esclarecimentos sobre as AS e como elas são entendidas pelo nos-so regulador, perguntamos: Onde elas se enquadram legalmente?

A regulação atual das AS vem do oi-tavo ponto da disposição adicional 14 da Lei 2/2011, de Economia Sustentável, que revogou a disposição adicional 3 da Lei de Mediação em Seguros e criou os artigos 86 segundo e 86 terceiro do Real Decreto Legislativo 6/2004, ficando sua regulação, assim, inserida na Seção IV do Título III, “Sobre a atividade de entidades seguradoras estrangeiras na Espanha”.

Sua inserção exatamente aqui não é coincidência. Primeiro, porque se en-tende que a atividade das AS não é me-diação e é regulada na lei fundamental

5 Art. do 2 parágrafo 2 da Lei 26/2006.6 Conforme resposta à pesquisa “Sobre a regulação das agências de subscrição”, de 30 de novembro de 2007; resposta à pesquisa “Configuração orgânica das agências de subscrição”, de 6 de fevereiro de 2007.7 Conforme resposta à “Pesquisa Lloyd’s sobre agências de subscrição”, de 5 de julho de 2007.

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UMA AGÊNCIA DE SUBSCRIÇÃO NÃO

CONSTITUI O ESTA-BELECIMENTO DE

UMA SEGURADORA EM OUTRO PAÍS, VISTO QUE ELA

NÃO É NEM FILIAL NEM SUCURSAL

DESTA, E SIM UMA PESSOA JURÍDICA

INDEPENDENTE

8 Artigos 52 a 58 do Tratado.9 Artigos 22, 22 bis, 22 ter, parágrafo segundo da LOSSP.

para as companhias de seguros, a Lei de Ordenação e Supervisão de Seguros Pri-vados.

Por que as AS são reguladas no Tí-tulo III, “Sobre a atividade de entidades seguradoras estrangeiras na Espanha”? Porque a Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensão sempre entendeu que as agências de subscrição tinham sentido enquanto aceitassem riscos em nome de seguradores estrangeiros, nunca tendo sido complemente aceito que uma segu-radora com matriz, filial ou sucursal na Espanha outorgasse poderes suficientes a um agente para subscrever riscos direta-mente para uma seguradora ou liquidar sinistros.

Nosso entendimento é que não se pode regular olhando apenas para dentro do nosso próprio mercado (mercado es-panhol), ainda mais quando os mercados dos nossos concorrentes dão poderes e permitem transações que deixam os ope-radores nacionais em desvantagem.

Como exemplo histórico na indús-tria seguradora, citaremos o que acon-teceu com o Seguro de Defesa Jurídica na Alemanha. Lá somente os segurado-res especializados podiam comercializar esta classe, então os seguradores estran-geiros que trabalhavam com várias clas-ses de seguros operavam sob o princípio da Comunidade Europeia de liberdade de prestação de serviços e competiam com os especialistas nacionais, mas não com os nacionais que trabalhavam com várias classes, o que gerava uma clara desvantagem competitiva. Na Alema-nha, entendia-se que os interesses dos seguradores estariam mais bem protegi-dos desta forma, o que por fim não foi o caso, a julgar pela Diretiva Solvência II, já que na realidade a própria indústria alemã estava sendo prejudicada. É exata-mente isso que está acontecendo com as AS na Espanha hoje.

Deve-se acrescentar que tudo o que se refere à liberdade de prestar servi-ços e à liberdade de estabelecimento é expresso como um direito fundamen-tal no Tratado Constitutivo da CE8, na busca de tranquila interação dos dife-rentes operadores econômicos em toda a União.

Ainda assim, uma AS na realidade não constitui o estabelecimento de uma seguradora em outro país, visto que ela não é nem filial nem sucursal desta, e sim uma pessoa jurídica independente; de fato, a ela se aplica o regime de par-ticipações significativas das companhias seguradoras9. Por isso não entendemos seu enquadramento dentro da LOSSP, especialmente se considerarmos que

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O SISTEMA VIGENTE DA ESPANHA VETA A POSSIBILIDADE DE UMA AGÊNCIA DE SUBSCRIÇÃO SUBSCREVER RISCOS DE UMA SEGURADORA FORA DO ESPAÇO ECONÔMICO EUROPEU

esse regime não se aplica às sucursais das seguradoras.

Semelhante, mas com uma sutil di-ferença, é a legislação portuguesa, que considera que qualquer agência, escri-tório ou qualquer outra forma de local de representação de uma empresa de seguros seja uma sucursal10. Em outras palavras, as AS estariam de fato incluídas uma vez que elas são “qualquer outra forma de representação”. Esta situação, portanto, difere da redação da lei espa-nhola.

Além disso, o sistema vigente da Es-panha veta a possibilidade de uma AS subscrever riscos de uma seguradora fora do Espaço Econômico Europeu11, dessa forma deixando de fora as segura-doras norte-americanas, as canadenses, as japonesas, as brasileiras, as indianas, etc. Isso só pode trazer prejuízo para qualquer economia dinâmica, como a da Espanha tenta ser, e pode até ser inter-pretado como uma limitação à liberdade de empresa12.

Na realidade, uma AS subscreve ris-cos em nome de uma seguradora, quer ela possa ou não gerir os sinistros. Ela não é a representante da seguradora na Espanha, nem sua filial.

Mas para entender devidamente uma AS e assim poder regulá-las com algu-ma consistência, primeiro precisamos determinar exatamente qual é a sua na-tureza jurídica. Para isso, precisamos co-meçar esclarecendo o que é um contrato de agenciamento, uma vez que ele é a raiz da existência das AS.

O contrato de agenciamento é um dos chamados contratos atípicos13. Nes-se contrato, um agente se compromete a promover operações comerciais de modo constante e em troca de uma re-muneração14. O agente é independente daquele para quem ele faz a mediação, sem nenhum outro vínculo além da re-muneração acordada, e por isso ele não assume o risco dessas operações. Em outras palavras, ele não é uma sucursal nem um escritório local do empresário por conta de quem ele promove a ati-vidade.

Já a subscrição de riscos é entendida como o conjunto de atividades encami-nhadas para a aceitação de um risco por um segurador, conforme certas condi-ções preestabelecidas15.

Uma agência de subscrição, portanto, é aquela por meio da qual um subscritor aceita riscos em nome de uma segurado-

10 Blanco Morales, P. e Carbonelli, J.; “Actividad en regimen de establecimiento y libre prestación de servicios”, em Estudios y comentários sobre la Ley de Ordenación y Supervisión de Seguros Privados, Editorial MAPFRE, Madri, 1997, p. 296.11 Art. 86 bis 1 da LOSSP.12 Art. 38 CE.13 Chuliá Vicent, E. e Beltrán Alande, T.; Aspectos jurídicos de los contratos atípicos II, Bosch Editor, Barcelona, 1992.14 Art. 1 da Lei 12/92, sobre o Contrato de Agenciamento.15 Castelo Matrán, J. e outros; Diccionario MAPFRE de Seguros, Madri, Edição 2008.

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A MAIORIA DAS AGÊNCIAS DE SUBSCRIÇÃO

REGISTRADAS NA DIREÇÃO

GERAL DE SEGU-ROS DERIVAM DE CORRETORAS OU

CORRETORES QUE FORAM LEVADOS

A SE TORNAR AGÊNCIAS DE

SUBSCRIÇÃO PELA EVOLUÇÃO NATU-RAL DO MERCADO

ra. Mas a mera aceitação pelo subscritor já o vincula ao segurador, muito embo-ra ele não seja uma parte orgânica deste, tudo em devido acordo com a represen-tatividade concedida.

A priori, o trabalho dela poderia ser comparado ao do mediador; de fato, a maioria da AS registradas na Direção Geral de Seguros derivam de correto-ras ou corretores que foram levados a se tornar AS pela evolução natural do mercado.

Ainda assim, é preciso observar que já há algum tempo as agências de subscrição não se enquadram sob mediação de se-guros na Espanha16, situação que é seme-lhante em outros países comparáveis17.

É verdade que os mediadores podem emitir apólices que os vinculam ao se-gurador, situação que também acontece com os corretores de seguros, que não têm uma relação de dependência hierár-quica com a seguradora, como as AS.

Ainda assim, as AS podem chegar a ge-rir sinistros sempre que a companhia que confere os poderes lhes tiver delegado essa função. Está situação é proibida para cor-retores de seguros na Espanha, mas não em outros países comparáveis18, 19.

Um agente pode de fato gerenciar sinistros, mas ele não assume em nome de outro, o segurador; ele apenas, como representante do segurador, atua direta-mente como tal companhia.

Quais são as diferenças? Na Espanha, atualmente, as AS podem subscrever ris-cos apenas em nome não das segurado-ras com domicilio na Espanha, e sim no EEE20, sendo obrigadas a apresentar um programa de atividades.

Embora elas só possam trabalhar para (res) seguradoras autorizadas a operar na Espanha, os agentes não precisam apresentar um programa de atividades nem pedir autorização para o regula-dor, uma vez que a responsabilidade de notificar a entrada no Registro de Mediadores recai sobre a companhia ou

16 Sobre os tipos de agentes de seguros que havia na Espanha, vide Garrigues, J.; El contrato de seguro terrestre, Imprenta Aguirre, Madri, 1982, 2ª edição, pp. 59 e seguintes.17 P. ex., o caso português, art. 8, do Decreto-Lei 144/2006. Na mesma linha do caso espanhol, em Portugal as AS são reguladas dentro da lei de seguros com a ressalva de que “(...) qualquer presença permanente (...)” que se exerça “(...) através de um simples escritório gerido pelo pessoal da própria empresa, ou de uma pessoa independente mas com poderes de representação para atuar permanentemente em nome da companhia, como faria uma agência”. Artigo 1c do Decreto-Lei 94-B/98.18 García, C.; Críticas ao modelo espanhol de mediação na gestão de sinistros, [web 2010. http://www.interiura.com/es/news-0006-002 [Pesquisa 11-2010].19 Arts. 31 e 32 da Lei 26/2006.20 Art. 86 bis 1 do RD Legislativo 6/2004.

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A AGÊNCIA DE SUBSCRIÇÃO SUBSCREVE RISCOS EM NOME DE OUTRO, NÃO POSSUI A GARANTIA PATRIMONIAL NECESSÁRIA EM CASO DE CONSUMAÇÃO DO RISCO, QUE FICA POR CONTA DO SEGURADOR

companhias de seguros para as quais o agente está trabalhando21.

Outra diferença importante fruto da atual redação é que as agências de subs-crição de riscos só podem ser pessoas ju-rídicas, enquanto que os agentes e corre-tores também podem ser pessoas físicas22.

Se formos analisar o que é a ativi-dade seguradora, vamos entender que ela é o conjunto das atividades próprias de uma companhia de seguros, que vão desde a comercialização e venda de apólices, a gestão patrimonial dos prê-mios recebidos e, conforme o caso, as operações oriundas dos sinistros.

Qual é a diferença das AS? Simples-mente que a AS subscreve riscos em nome de outro, mas não possui a garan-tia patrimonial necessária em caso de consumação do risco, visto que quem assume estas consequências patrimo-niais é o segurador diretamente.

21 Arts. 13 e 21 da Lei de Mediação em Seguros.22 Em poucas palavras, podemos dizer que há outras diferenças, como o regime de participações significativas, a idoneidade do pessoal da diretoria, etc., mas nos centramos naquelas que consideramos mais relevantes. Vide Morillas Jarillo, Mª J., “Ley de Economía Sostenible y mercado de seguros y planes y fondos de pensiones”, em Diario La Ley, Nº 7615, Seção Tribuna, Ano XXXII, abril de 2011.23 Projeto Nº 121/000142.

Devemos destacar aqui que o teor da futura Lei de Supervisão de Seguros é idêntico ao da redação atual no que diz respeito às AS23.

A redação atual do projeto de lei, mais especificamente a Seção 4ª do Título II do capítulo II, dispõe sobre o “Acesso à atividade na Espanha de

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ANTES DA LEI DE MEDIAÇÃO,

HAVIA UM GRANDE BURACO

JURÍDICO, MAS A ESTRUTURA

ATUAL PARECE TER IDO PARA

O OUTRO EXTREMO, HAJA VISTA A ÊNFASE

COLOCADA SOBRE O CONTROLE

EXERCIDO PELO REGULADOR

companhias de seguros e resseguros de outros Estados da União Europeia. Agências de subscrição”, e o controle destas será regido de modo semelhan-te ao das companhias (res)seguradoras, conforme contemplado no capítulo I do Título IV.

Dada esta caracterização das agên-cias de subscrição, estamos lidando com um mediador sui generis ou uma modalidade específica de companhia de seguros? No nosso entender, uma agência de subscrição se enquadraria melhor no conceito de mediação, já que, no final das contas, ela não assume como seus os riscos que aceita e, por este trabalho de captação de prêmios, recebem remuneração não do tomador de apólice – como a corretora pode fa-zer –, e sim apenas da companhia para a qual ela subscreve os riscos.

A principal diferença na Espanha com relação aos corretores é que as AS podem, sim, gerir sinistros; então, em nossa opinião, a legislação espanhola quis evitar qualquer confusão com os tomadores de apólices24. Embora seja verdade que, antes da Lei de Mediação, houvesse um grande buraco jurídico, onde uma AS poderia ser uma socieda-de limitada, ou até uma pessoa física, a estrutura atual parece ter ido para o ou-tro extremo com seu rigor em demasia, haja vista a grande ênfase colocada so-bre o controle exercido pelo regulador na Lei de Ordenação25, já que agora se aplica o mesmo regime das segurado-ras às AS, o que talvez seja excessivo, visto que as AS não assumem os riscos subscritos.

Acreditamos que isso se deve ao fato de que a lei foi redigida sem uma com-

24 STJS de Madri, 2050/2009, Sala Contencioso Administrativa, Seção 8ª, de 19 de novembro.25 Sánchez Calero, F.; “Consideraciones generales en torno a la Ley de Ordenación y Supervisión de los Seguros Privados”, Diario La Ley, Sección Doctrina, Ref. D-35, Vol. 1, 1996.

preensão completa e adequada da ver-dadeira natureza jurídica das AS. Em nossa opinião, à luz de tudo o que foi dito, esta natureza pertence mais à ati-vidade de mediação do que à atividade seguradora propriamente dita.

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A finalidade deste estudo está longe de examinar todos os problemas que os usuários encontram hoje em dia. Disso já se falou muito em revistas e fóruns mais técnicos. Além do mais, os problemas e ataques desconhecidos é que se apresentam como os mais perigosos, e deles ninguém pode falar ainda. O objetivo aqui é filosofar um pouco sobre os riscos fundamentais que correm o risco de serem esquecidos.

FRANÇOIS SETTEMBRINOGerente de Riscos FERMA

ILLU

STRA

TION

STOC

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Gerenciamento de RiscosGerenciamento de Riscos Os riscos eletrônicos Os riscos eletrônicos

As panesBasta um colapso em grande escala na cor-

rente elétrica para instaurar o pânico em um grande número de usuários. Vejam o Canadá, ainda abalado muito depois da famosa queda de várias linhas de transmissão causada pelo simples peso da neve e do gelo. Durante o inverno passado, regiões inteiras da França e outras na Europa tiveram a mesma sina. Mes-mo fora das duras condições do inverno, uma sobrecarga na rede pode provocar uma que-da, e o efeito em cadeia nos dispositivos de segurança pode deixar sem eletricidade áreas enormes, como aconteceu algum tempo atrás em Nova Iorque. Como nem todo mundo tem um gerador de emergência e o colapso de

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Os riscos eletrônicos Os riscos eletrônicos

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OS EFEITOS DE UMA NOVA TEMPESTADE MAGNÉTICA DE GRANDE INTENSIDADE NO PLANETA SERIAM DRAMÁTICOS, POIS OS APARELHOS ELETRÔNICOS ESTÃO PRESENTES EM TODAS AS ESFERAS DA NOSSA VIDA E NÃO TÊM UMA PROTEÇÃO GARANTIDA PARA UM FENÔMENO DESTE TIPO

um único dispositivo pode afetar toda a rede, desencadeando uma série de consequências prejudiciais, ninguém está a salvo. Mas há ou-tros dois tipos de panes especialmente perigo-sas.

Uma é causada pela própria iniciativa do ser humano motivado por razões políticas, como o bloqueio de redes de informação. Durante os acontecimentos na Tunísia e no Egito, al-guns Estados, como a China, cortaram o fluxo de informações dos provedores de notícias e inclusive a circulação e a troca de ideias entre os próprios internautas. O assunto lhes parecia delicado demais, com um potencial de contá-gio que tinha de ser evitado a qualquer preço. As reações das pessoas, e sobretudo dos jovens, poderiam revelar por demais sua esperança de liberdade. Não dá para tolerar levante público num regime totalitário.

Existe outra fonte de panes que é ainda mais inquietante e imprevisível. O sol atualmente está mostrando sinais de fraqueza. Em 1610, Galileu foi o primeiro a observar a existência de manchas solares com uma evolução cíclica de 11 anos. Cinco anos de crescimento do nú-mero de manchas, depois cinco anos de dimi-nuição e, em seguida, um ano de recuperação em repouso. Nos séculos XVII e XIX foram re-gistradas duas anomalias, cada uma com um es-friamento significativo do clima. O ciclo, que deveria ter se reiniciado em 2008, não se mani-festou e não voltou a se manifestar até 2010, ou seja, com dois anos de atraso em relação às pre-visões. Associada à diminuição das manchas se constata uma queda na temperatura. A intensi-dade do campo magnético, que faz com que as manchas apareçam, também enfraqueceu bas-tante. Além desta anomalia, os ventos solares estão emitindo cada vez menos partículas, por-

que estão mais lentos, menos densos e, acima de tudo, mais frios. Para complicar o quadro ainda um pouco mais, o padrão de distribui-ção também mudou radicalmente. Tudo isso indica que há problemas no campo magnético do nosso sol. Ao mesmo tempo, há ainda outra fonte de incerteza: seu espectro luminoso está totalmente diferente do que se esperava, com radiações ultravioletas baixas demais e um for-te aumento da luz visível. Quais poderiam ser as consequências de todas estas anomalias em nosso clima? Teremos que esperar para saber. À primeira vista, as previsões dos cientistas são pessimistas, já que muitos esperam distúrbios climáticos. Mas há outros que já se preocupam com um recrescimento súbito, excessivamente intenso e brutal das manchas solares e de sua atividade. A tempestade magnética já é nos-sa conhecida: sofremos uma há poucos anos.

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Houve interferências nas comunicações telefô-nicas, as transmissões radiofônicas foram inter-rompidas e tudo isso criou uma grande atmos-fera de incerteza e enormes transtornos. Se os “profetas” estiverem certos desta vez, as con-sequências de uma nova tempestade de grande intensidade seriam muito mais dramáticas. A eletrônica está em toda parte hoje, não só no mundo dos computadores ou da internet, mas também no funcionamento de todos os apare-lhos de qualquer nível de complexidade, desde eletrodomésticos e automóveis até aviões. Ne-nhuma dessas máquinas tem proteção à prova de falhas contra uma grande tempestade mag-nética. Os efeitos deste colapso seriam, portan-to, monstruosos, e o sofrimento humano seria tamanho que populações inteiras poderiam ser dizimadas. Nenhum transporte, nenhum ali-mento, nenhum cuidado médico... Estes são apenas alguns dos possíveis resultados. E pare-ce que não temos solução em vista...

O sol retomou parte de suas atividades, com algumas tempestades magnéticas em 2011. Es-tas tempestades eletromagnéticas foram tão fortes que engendraram belas auroras boreais. A questão agora é saber se essas erupções vão continuar e se vão ficar mais fortes. Neste caso as retransmissões por rádio podem ser afetadas e colocar até mesmo alguns satélites em perigo, o que confinaria astronautas em suas naves, já que sair significaria um sério perigo de irradia-ção. Se a intensidade das tempestades come-çar a aumentar, não há dúvida de que alguns dos sofisticados sistemas eletrônicos dos quais nossa vida diária está repleta poderiam estar em perigo. O problema é que nós não temos nenhuma experiência passada que nos sirva de guia. Como não está previsto (?) um recresci-mento da atividade solar até 2014, teremos que esperar para ver o que acontece...

A proteção da vida privada

Conforme a dependência eletrônica vai en-volvendo um número cada vez maior de pes-soas, surgem novas leis para proteger a vida privada. O que se pode dizer sobre isso? Em geral, as intenções são boas, mas sua aplicação geralmente é uma utopia. Todos os cartões ele-trônicos que enchem a nossa carteira são outras formas de sermos espionados; o mais simples cartão de benefícios oferecido por uma rede de lojas permite-lhes saber o que compramos e quando e onde compramos. Para começar, os cartões telefônicos e celulares GSM permi-tem que sejamos rastreados permanentemente e permitem saber onde estamos e com quem estamos nos relacionando.

Qualquer ação de vigilância só pode ser feita em conformidade com a lei. Mas as listas de clientes e, acima de tudo, de seus hábitos de compra têm um apelo tão grande que algumas infiltrações são feitas intencionalmente e são

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vendidas a ótimo preço. Sem perceber, o pró-prio cidadão abre as portas para os abusos, pois não olha direito o uso que pode ser feito das in-formações que lhe dizem respeito ou não esta-belece um limite para esse uso. Às vezes isso é totalmente impossível: qualquer um que entre no Facebook está oficialmente aceitando a re-gulamentação dos Estados Unidos, muito mais permissiva que a nossa. Qualquer transação no Facebook pode ficar armazenada ad eternum, e o acesso a essas informações pode permitir que elas sejam usadas de diversas formas sem que o autor saiba. Algumas práticas talvez permi-tam limitar os riscos, mas não eliminá-los. A venda de artigos que vêm com um novo chip, com identificação não falsificável (por enquan-to) bastará para rastrear os compradores onde quer que estejam, visto que a vida do objeto comprado fica registrada permanentemente e garantirá um acompanhamento absoluto... A única esperança seria que o bolo de informa-ções gerado por estas redes torne sua utilização arriscada e complicada. Mas quando eles mi-ram num alvo, nenhum medo é infundado. E o pior de tudo é que a vítima não terá a menor ideia do que se passa, até que seja tarde demais.

Os riscos intrínsecos

Qualquer sistema de informações depende estritamente das vias e meios que foram utili-zados para criá-lo. A capacidade dos materiais de hoje está aumentando a uma velocidade ini-maginável. As linhas de código que sustentam a fabricação dos programas se tornaram com-plexas demais, e o cérebro dos especialistas em TI já não consegue acompanhar... De acordo com Kevin Sullivan, do Software Engineering Institute, os sistemas que foram criados agora extrapolam o conhecimento teórico. O sim-ples script de um software atual se expande a milhões de linhas de código-fonte. A interação imprevista entre todos esses componentes está ficando cada vez mais difícil de controlar, com alguns bugs inseridos para ajudar, mas às vezes eles são muitos. Fazer com que vários sistemas se relacionem e ao mesmo tempo antecipar as reações futuras dessa combinação é ainda mais perigoso, já que esses sistemas só podem ser fabricados na teoria, visto que esta junção ainda

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O GERENCIAMENTO DE RISCOS NOS DIZ QUE O FUTURO É SEMPRE INCERTO. PODEMOS NOS AVENTURAR COM AS PREVISÕES QUE QUISERMOS, MAS ELAS SERÃO APENAS O FRUTO DE RACIOCÍNIOS MAIS OU MENOS INTELIGENTES. DIANTE DE ACONTECIMENTOS FUTUROS DE CONSEQUÊNCIAS IMPREVISÍVEIS, SÓ DISPOMOS DE UMA ARMA: A RESILIÊNCIA

não existe. Na verdade, os detalhes do futuro comum dos sistemas deveriam ser traçados, mas esta tarefa parece ser completamente im-possível por enquanto. Não existem regras de fabricação, e sem elas não se pode criar nada sério. Tentou-se achar uma solução pela mate-mática, mas não houve êxito.

ConclusãoA teoria do Gerenciamento de Riscos nunca

para de nos dizer que o futuro é sempre in-certo. Podemos nos aventurar com as previsões que quisermos, mas elas serão apenas o fru-to de raciocínios mais ou menos inteligentes, mas sempre duvidosos, como um tiro no es-curo. Exemplos de fenômenos imprevistos que ninguém havia cogitado não faltam. A queda do muro de Berlim é um dos melhores, mas há outros exemplos e a lista não termina. Por outro lado, a catástrofe bancária não era um imprevisto, porque ela é parte integrante do sistema, é inerente a ele, mas os sabichões ga-nanciosos atrás de ganho fácil se recusaram a aceitá-la.

Todos os fenômenos citados anteriormente pertencem a hipóteses não verificáveis, mas, de acordo com certos índices, eles têm uma boa dose de probabilidade. No entanto, probabili-dade nunca quer dizer certeza e geralmente ela nos deixa impotentes. Diante de eventos fu-turos de consequências imprevisíveis, a única arma de que dispomos é a “resiliência”. Mas ainda falta que esta resiliência tome forma... como veremos abaixo:

Uma era glacial só pode ser superada providenciando-se meios melhores de aquecimento; a questão é saber quem terá acesso a eles. Os problemas de alimentação surgirão; é hora de en-contrar novos meios ou uma parte da população mundial morrerá de fome. A fauna e a flora terão de se adaptar ou morrerão. Logo fica claro que a resiliência ainda é muito frágil. Mas há algo pior... as panes, ou melhor, o corte do acesso às redes por decisão política, que só poderiam ser reba-tidos criando-se redes paralelas que funcionassem pelas costas dos toma-dores de decisão. Isso pareceria

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TODOS OS FENÔMENOS CITADOS PERTENCEM A HIPÓTESES NÃO VERIFICÁVEIS, MAS QUE, GRAÇAS A ALGUNS INDÍCIOS, TÊM UMA BOA DOSE DE PROBABILIDADE. MAS PROBABILIDADE NUNCA QUER DIZER CERTEZA, E ISSO GERALMENTE NOS DEIXA IMPOTENTES

utópico em grande escala, então é pre-ciso admitir que as margens de resiliên-cia são bastante fracas ou não existen-tes. Quanto às panes originadas pelas tempestades solares, não há resiliência alguma e as consequências poderiam ser tão sérias que nem nos atrevemos a pensar nelas.

A proteção da vida privada hoje em dia é provavelmente utópica, porque a grande massa de informações disse-minada por quase toda parte parece in-transponível. Para que isto mude, seria preciso uma verdadeira revolução, mas como todos os regimes políticos, seja de que tipo for, vêm a situação com bons olhos, nenhum quer tratar do assunto com profundidade.

Uma possível queda dos sistemas de informação só poderia ser evitada se os analistas e programadores conseguis-sem dominar as complexidades daquilo que eles mesmos criaram. Mas, sendo o cérebro humano muito limitado, a única solução prática que resta para que cada problema seja evitado é criar vários sistemas redundantes. Este é o método que foi escolhido pelos fabricantes de aviões e é fácil de entender por que, já que não é possível determinar a priori se qualquer sistema está livre de bugs. Mas isso seria apenas postergar o problema, porque a implementação de vários sistemas em rede multiplica a presença de bugs e, portanto, a possi-bilidade de bugs em série, o que torna impossível a união esperada.

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Instituto de Ciencias del SeguroCentro de DocumentaciónC/ Bárbara de Bragança, 14, 3ª planta28004 Madrid – Espanha

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CENTRO DE ESTUDOSFUNDACIÓN MAPFRE

RANKING Maiores grupos seguradores Não Vida europeus

1120A FUNDACIÓN MAPFRE apresenta a oitava edição do “Ranking dos maiores grupos seguradores Não Vida europeus”, desta vez para 2011. Ele se baseia no volume de prêmios que cada um dos grupos alcançou em 2011 neste segmento de negócio em todos os países em que atuam. Os dados vêm de relatórios anuais publicados pelas próprias empresas. O estudo também fornece informações sobre os índices combinados dos grupos, comentários sobre os destaques do ano e uma tabela com os resultados obtidos por cada grupo nos ramos Não Vida.

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Prêmios em bilhões de euros

MAIORES GRUPOS SEGURADORES NÃO VIDA EUROPEUS 2011Ranking por volume de prêmios brutos

Nº GRUPO PAÍSPrêmios Não Vida

%∆ÍNdice cOmbiNAdO1 % RANKiNG

20102010 2011 2010 20111 ALLIANZ ALEMANHA 43,895 44,772 2,0 97,2 97,8 1

2 AXA2 FRANÇA 28,877 30,003 3,9 99,5 97,9 2

3 ZURICH SUÍÇA 25,080 24,729 -1,4 97,9 98,8 3

4 GENERALI ITÁLIA 22,090 22,765 3,1 98,8 96,5 4

5 ACHMEA3 HOLANDA 16,281 16,219 -0,4 95,7 96,1 5

6 MAPFRE ESPANHA 12,768 14,473 13,4 95,8 96,9 6

7 ERGO ALEMANHA 11,982 12,402 3,5 97,0 98,3 8

8 AVIVA2 REINO UNIDO 10,761 11,195 4,0 97,1 96,8 7

9 GROUPAMA FRANÇA 10,756 11,108 3,3 104,9 97,4 9

10 RSA REINO UNIDO 9,876 10,485 6,2 96,4 94,9 10

Total 5 primeiros 136,222 138,488 1,7Total 10 primeros 192,366 198,150 3,0

Fonte: FUNDACIÓN MAPFRE. Elaboração própria com base nos relatórios financeiros consolidados (sob os critérios da NIIF).

1 O índice combinado é apresentado por cada empresa em seu relatório de lucros. Nos casos em que o índice de Não Vida

e o de Saúde são dados separadamente, nós usamos o índice de Não Vida.2 Dados de 2010 reformulados devido a operações descontinuadas.3 Nova denominação do grupo Eureko.

ASPECTOS METODOLÓGICOS

1. O ranking foi elaborado usando o volume de prêmios brutos (seguro direto mais res-seguro aceito) dos ramos de Não Vida.Con-vém esclarecer que não constam no ranking os prêmios de Saúde atribuídos ao ramo de Vida1, mas sim os que estão classificados no Não Vida ou expressamente diferenciados.

2. Devido à aplicação da NIIF 8, alguns grupos variaram os segmentos operacionais sobre os quais eles fornecem informações separadas, o que dificultou a obtenção de alguns núme-ros analisados em edições anteriores deste ranking. No entanto, sempre que possível, manteve-se o critério utilizado nos outros

anos. No caso do Groupama, que deixou de publicar informações dos segmentos Vida e Não Vida, optou-se por somar os prêmios do segmento “seguros Patrimoniais e de Respon-sabilidade” e os do seguro de Saúde.

3. Não estão incluídos neste ranking os gru-pos cuja atividade principal seja o Resseguro. Mantivemos o critério de incluir os prêmios de Resseguro aceito dos grupos com unidades resseguradoras, mas que não dependam delas como atividade principal.

4. Os dados dos resultados se referem ao seg-mento Não Vida, antes dos impostos e juros minoritários.

5. O relatório usa a expressão “resultado opera-cional” para se referir ao resultado provenien-te do negócio segurador, inclusive o resultado

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A INDÚSTRIA SEGURADORA MUNDIAL SOFREU PERDAS RECORDE COM AS CATÁSTROFES NATURAIS EM 2011 E TEVE QUE SUPORTAR GASTOS DE APROXIMADAMENTE 100 BILHÕES DE DÓLARES

DIVISA 2010 2011Libra esterlina (GBP) 1,169 1,148Dólar (USD) 0,758 0,715

dos investimentos associados ao negócio. As perdas ou lucros procedentes de outros investimentos estão incluídos no “resultado não operacional”.

6. A informação sobre o nível de solvência refere-se à totalidade de operações de cada grupo. O dado representa o número de vezes que o grupo cumpre o capital de solvência obrigatório.

7. Para fins de comparação, atualizamos as re-ceitas e resultados de 2010 publicados pelos grupos seguradores em seus relatórios anuais correspondentes a 2011.

8. Taxa de câmbio média usada2: (em relação ao euro)

1 De forma global, nos casos em que o seguro

de Saúde gera provisões matemáticas, o ramo

é classificado junto com o Vida.

2 Cotação direta.

COMENTÁRIOS GERAIS

No plano econômico, o ano de 2011 foi marca-do pela crise da dívida soberana da zona do euro, a desalavancagem do setor bancário, derivada da exigência de níveis mais altos de solvência, e as necessidades de consolidação fiscal nas economias desenvolvidas. O contraponto a essa dificuldade foi o dinamismo das economias emergentes.

A indústria seguradora mundial sofreu per-das recorde com as catástrofes naturais em 2011 e teve de suportar gastos aproximados de 110 bilhões de dólares3. A maioria dos danos se-gurados foi causada pelos terremotos no Japão e na Nova Zelândia, seguidos da enchente na Tailândia e de uma histórica temporada de tor-nados nos Estados Unidos. Na Ásia, os danos segurados ultrapassaram 49 bilhões de dólares.

Na Europa, o desastre natural mais caro para o setor foram as enchentes da Dinamarca no mês de julho, que causaram danos estimados em 800 milhões de dólares. As tempestades de inverno também causaram vários danos no nor-te da Europa e na costa mediterrânea.

Em 2011, os prêmios emitidos e aceitos dos 10 maiores grupos seguradores europeus do segmento Não Vida subiram para 198,15 bi-lhões de euros, com um aumento de 3% sobre os prêmios do exercício anterior. O grupo Al-lianz continua liderando o ranking, com receita de 44,772 bilhões de euros. Em seguida estão AXA, Zurich, Generali, Achmea (Eureko ante-riormente) e MAPFRE, que não mudaram de posição. Em 2011 o grupo Aviva reduziu sua participação na Delta Lloyd e deixou de con-solidar os resultados desta companhia em seus relatórios financeiros. Por consequência, o vo-lume de prêmios das operações continuadas do Aviva foi inferior ao do exercício anterior, ain-da que este decréscimo não se reflita no qua-dro pelo fato de os dados de 2010 terem sido reformulados. Por causa disso, o grupo alemão Ergo subiu uma posição na classificação e está em sétimo. O Groupama e o RSA continuam em oitavo e décimo lugar, respectivamente.

Além do que comentamos anteriormente so-bre o Aviva, apenas um grupo, o Achmea, viu sua

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GRUPO % ÍNDICE DE SINISTRALIDADE % ÍNDICE DE GASTOS % ÍNDICE COMBINADO

2010 2011 2010 2011 2010 2011

RSA 68,0 66,3 28,4 28,6 96,4 94,9

ACHMEA 68,1 68,3 27,6 27,8 95,7 96,1

GENERALI 71,3 69,0 27,5 27,6 98,8 96,5

AVIVA1 65,0 64,4 32,1 32,4 97,1 96,8

MAPFRE 70,6 69,2 25,2 27,7 95,8 96,9

GROUPAMA 75,3 67,8 29,6 29,6 104,9 97,4

ALLIANZ 69,1 69,9 28,1 27,9 97,2 97,8

AXA 71,7 70,9 27,8 27,0 99,5 97,9

ERGO 62,5 62,9 34,5 35,4 97,0 98,3

ZURICH 71,1 71,9 26,8 26,9 97,9 98,8

Fonte: FUNDACIÓN MAPFRE. Elaboração própria com base nos relatórios anuais.

Nota: Em ordem ascendente pelo índice combinado de 2011.

1 Operações continuadas.

3 Fonte: Sigma nº 2/2012.

receita de prêmios cair em moeda local. Esta queda foi causada pela venda do Ávero Bélgica em ja-neiro de 2011. O grupo Zurich registrou aumento de prêmios de 4,6% em dólares dos Estados Unidos, moeda em que o grupo apresenta suas contas, mas em euros ele teve um decréscimo de 1,4%. O grupo MAPFRE registrou a maior alta, de 13,4%, graças ao di-namismo do seguro direto internacional e do Resseguro. Atrás dele vem o RSA, que teve crescimento de 6,2% em euros (8,1% em moeda local), graças aos acordos comerciais realizados em 2010 e ao aumento dos preços nas renovações.

Em termos gerais, o crescimento das receitas deveu-se tanto ao aumento dos volumes (nú-mero de apólices) quanto ao aumento dos pre-ços. Continuando com a estratégia de melhora das margens iniciada em 2010, a maioria dos seguradores teve aumento de prêmios em 2011, sem que isso afetasse a retenção de clientes.

Na maioria dos casos, o impulso procedeu da força dos mercados emergentes da América

Latina e da região Ásia-Pacífico. Por outro lado, o declínio de prêmios nos mercados mais desenvolvidos se deu pelas políticas de subscrição mais restritivas, mas também por causa dos baixos níveis de ati-

vidade econômica em alguns mercados.

O índice combinado piorou em cinco dos 10 grupos devido

principalmente ao aumento da sinis-tralidade – resultante dos grandes eventos

catastróficos e do clima ruim – e, a um me-nor grau, ao aumento dos gastos. Apesar de as seguradoras mundiais terem sofrido perdas recorde com as catástrofes naturais, a maioria dos grupos que compõem esta classificação teve esta sinistralidade catastrófica fora do comum compensada por uma menor sinistralidade não catastrófica. A melhora do resultado técnico também foi influenciada pelas políticas de pre-cificação e subscrição que foram implementa-das no período.

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RESULTADO NÃO VIDA 2010-2011

GRUPO 2010 2011% VAR. 2011/12

ALLIANZ 4.320 4.017 -7,0

AXA 2.699 2.702 0,1

ZURICH 2.024 1.822 -10,0

MAPFRE 1.238 1.182 -4,5

GENERALI 889 955 7,4

AVIVA2 643 699 8,8

ACHMEA 663 701 5,7

RSA2 554 704 27,0

GROUPAMA 96 33 -65,6

TOTAL 13.126 12.815 -2,4

Milhões de euros

4 A segmentação do grupo Ergo não permite calcular o

resultado dos ramos Não Vida.

A soma dos resultados de nove dos 10 gru-pos que formam parte desta classificação4 foi de 12,815 bilhões de euros em 2011, uma queda de 2,4% em relação a 2010. Quatro grupos regis-traram resultados menores que no ano anterior, devido principalmente à piora do índice combi-nado e ao impacto da situação dos mercados fi-nanceiros em seus resultados não operacionais. O RSA teve o maior aumento, 27%, graças à melhora do resultado técnico e financeiro.

Fonte: FUNDACIÓN MAPFRE. Elaboração própria com base nos

relatórios anuais.1 Lucro/perda antes dos impostos e juros minoritários.2 Lucro antes dos impostos das operações continuadas. 3 Resultado do segmento “seguros Patrimoniais e

Responsabilidade”.

COMENTÁRIOS POR GRUPOS

ACHMEA

Como parte de uma estratégia para reduzir a complexidade jurídica, duas holdings – Achmea e Eureko – fundiram-se no fim de 2011 e decidi-ram adotar o nome de Achmea pelo seu forte re-conhecimento na Holanda e para enfatizar suas raízes cooperativas.

Os prêmios brutos subscritos no segmento de Não Vida caíram 4,3% em 2011 devido princi-palmente à venda do Avéro Bélgica em janeiro de 2011. O lucro antes dos impostos diminuiu 26 milhões de euros com relação ao ano ante-rior devido a um maior número de pedidos de

ACHMEA

PRINCIPAIS

INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios 16.281 16.219 -0,4%

Saúde 12.289 12.400 0,9%

Não Vida 3.992 3.819 -4,3%

Índice Combinado (%)

95,7 96,1 0,4 p.p.

Sinistralidade (%) 68,1 68,3 0,2 p.p.

Gastos (%) 27,6 27,8 0,2 p.p.

Resultado 663 701 5,7

Saúde 262 326 24,4

Não Vida 401 375 -6,5

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

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EM TERMOS GERAIS, O CRESCIMENTO DA RECEITA DOS MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS DEVEU-SE TANTO AO MAIOR VOLUME (NÚMERO DE APÓLICES) QUANTO AOS PREÇOS MAIS ALTOS

indenização no seguro de Incapacidade a Longo Prazo. Os gastos também subiram ligeiramente, em parte devido a uma redução nos prêmios ga-nhos líquidos.

Na linha de Saúde, os prêmios aumentaram 1% e atingiram 12,4 bilhões de euros como re-sultado de uma elevação nas tarifas para cobrir o crescente custo da assistência à saúde e de um aumento no número de segurados, o que com-pensou parcialmente a diminuição das contribui-ções do governo. Na Europa, o negócio aumen-tou 5%, com a receita chegando a 363 milhões de euros, reflexo de vendas maiores na Rússia, Eslováquia e Turquia.

O resultado antes dos impostos subiu para 326 milhões de euros, com um aumento signifi-cativo de 24,4%, devido principalmente à aquisi-ção da companhia De Friesland Zorgverzekeraar, que gerou um fundo de comércio negativo que foi transferido para o demonstrativo de resulta-dos.

ALLIANZ

O grupo Alliaz apresentou receita de 44,772 bilhões de euros em 2011 no segmento Patrimo-niais e Responsabilidade, uma elevação de 2,0% em relação ao ano anterior. Este crescimento re-flete principalmente o aumento das apólices e, em menor proporção, o aumento dos preços. O seguro de colheitas nos Estados Unidos repre-sentou aproximadamente a metade do cresci-mento, mas o volume de prêmios também cres-ceu na maioria dos mercados, especialmente na América do Sul, Reino Unido e Austrália, assim como o negócio corporativo global. Este aumen-

ALLIANZ

PRINCIPAIS

INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios 43.895 44.772 2,0%

Índice Combinado (%) 97,2 97,8 0,6 p.p.

Sinistralidade (%) 69,1 69,9 0,8 p.p.

Gastos (%) 28,1 27,9 -0,2 p.p.

Resultado 4.320 4.017 -7,0%

Operacional 4.304 4.196 -2,5%

Não operacional 16 -179 -

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

to foi parcialmente compensado por uma dimi-nuição do negócio de Resseguro.

O resultado operacional foi de 4,196 bilhões de euros, 108 milhões menos que no ano ante-rior. Isso pode ser atribuído a uma queda do re-sultado técnico, devido principalmente a perdas significativamente mais altas com as catástrofes naturais. Essas perdas foram compensadas, em parte, por uma evolução positiva dos preços, um desenvolvimento favorável da sinistralidade ocorrida em períodos anteriores e pela diminui-

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AVIVA

PRINCIPAIS INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios (€) 10.761 11.195 4,0%

Prêmios (£) 9.205 9.750 5,9%

ÍndICe CombInado (%) 97,1 96,8 -0,3 p.p.

Sinistralidade (%) 65,0 64,4 0,6 p.p.

Gastos (%) 32,1 32,4 0,3 p.p.

Resultado (€) 643 699 8,8%

Resultado (£) 550 609 10,7%

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

ção dos gastos. Como resultado, o índice combi-nado aumentou seis décimos, chegando a 97,8%. O resultado financeiro operacional subiu graças a maiores lucros nos investimentos.

A crise da dívida soberana europeia e as que-das nas bolsas de valores tiveram um impacto ne-gativo sobre o resultado não operacional.

AVIVA

Em maio de 2011 o Aviva reduziu sua partici-pação na companhia Delta Lloyd a 42,7% do ca-pital social (41,9% em 31 de dezembro de 2011) e por isso não tem mais a maioria dos direitos a voto. Como resultado, o grupo deixou de conso-lidar os resultados do Delta Lloyd em seus rela-tórios financeiros. Os resultados do Delta Lloyds até essa transação e os dos anos anteriores eram classificados como operações descontinuadas. Portanto, os dados de 2010 foram reformulados.

Os prêmios Não Vida do grupo totalizaram 11,195 bilhões de euros em 2011, subindo 4% em comparação ao exercício anterior (5,9% em moeda local), impulsionados pelo aumento do volume de negócio e pela alta de preços. No Rei-no Unido, seu maior mercado, os prêmios líqui-dos aumentaram 8% em moeda local, enquanto que na Europa e na América do Norte os cresci-mentos foram de 5% e de 6%, respectivamente.

O resultado técnico melhorou graças ao au-mento dos volumes de negócio e ao clima mais ameno na Europa. Por consequência, o índice combinado das operações continuadas ficou em 96,8%, três décimos abaixo do de 2010. O resul-tado das operações continuadas dos seguros Ge-rais e de Saúde subiu para 609 milhões de libras, 10,7% mais alto que no ano anterior.

AXA

No mês de maio, o AXA anunciou a venda de seus negócios canadenses de Vida e Não Vida para a Intact Financial Corporation. Este pro-cesso foi concluído em setembro. As operações afetadas por esta transação foram tratadas como operações descontinuadas e os dados de 2010 fo-ram reformulados.

O aumento do volume de prêmios do seg-mento Patrimoniais e Responsabilidade deveu--se principalmente ao aumento das tarifas. As receitas cresceram de forma significativa na Tur-quia e no México, assim como a linha de negó-cio de Venda Direta. O seguro de Automóveis de particulares, que representa 36% do segmento Patrimoniais e Responsabilidade, cresceu em to-dos os mercados, menos na Espanha.

As receitas do segmento Seguro Internacio-nal cresceram 2%, graças à evolução positiva da AXA Corporate Solutions, e particularmente ao seguro Marítimo e de Aviação, compensado par-cialmente pela queda do Responsabilidade Civil.

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AXA

PRINCIPAIS INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios 28.877 30.003 3,9%

Patrimoniais e RC 26.141 27.212 4,1%

Seguro Internacional 2.736 2.791 2,0%

Índice Combinado (%) 99,5 97,9 -1,6 p.p.

Sinistralidade (%) 71,7 70,9 -0,8 p.p.

Gastos (%) 27,8 27,0 -0,8 p.p.

Resultado 2.699 2.702 0,1

Patrimoniais e RC 2.222 2.288 3,0

Seguro Internacional 477 414 -13,2

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

ERGO

PRINCIPAIS INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios 11.982 12.402 3,5%

Saúde 5.778 5.975 3,4%

Patrimoniais e RC Alemanha 3.008 3.087 2,6%

Internacional 2.378 2.428 2,1%

Seguro de viagem 427 485 13,7%

Seguro venda direta 391 427 9,1%

Resultado 97,0 98,3 1,3 p.p.

Sinistralidade (%) 62,5 62,9 0,4 p.p.

Gastos (%) 34,5 35,4 0,9 p.p.

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

O índice combinado do negócio Patrimoniais e Responsabilidade melhorou 1,6 ponto porcen-tual como fruto da diminuição da sinistralidade e dos gastos. A melhora do índice de sinistralidade teve a influência de dois fatores opostos: por um lado, a queda de 2,1 pontos na sinistralidade do exercício, devido aos aumentos de tarifas e a uma menor carga de catástrofes naturais e, por outro, o aumento de 1,5 ponto nos pagamentos e re-servas de sinistros ocorridos nos anos anteriores.

O resultado líquido do Seguro Internacional decresceu devido à piora do índice combinado da AXA Corporate Solutions, que ficou em 97,9%, um ponto a mais que no ano anterior.

ERGO

Os prêmios dos ramos Não Vida aumentaram 3,5% em 2011 e subiram para 12,402 bilhões de euros, com crescimento semelhante no mercado local e no negócio internacional. Com relação a este último, cabe destacar a boa evolução de suas operações na Polônia e a venda de sua filial por-tuguesa. Quanto à evolução dos diferentes seg-mentos operacionais do grupo, cabe destacar os seguintes aspectos:

� O segmento de Saúde registrou um aumento de 3,4% no volume de prêmios, com aumento de 3,1% na Ale-manha, seu principal mercado, graças ao bom comportamento da nova produção. No início de 2011 foi abolida a norma que estabelecia um período de espera de três anos para os cidadãos que desejassem optar pelo sistema privado de saúde na Alemanha, o que contribuiu de forma positiva para o crescimento. No final de 2011, o ERGO vendeu suas participações no negócio internacional de seguro de Saúde para a a Munich Health Holding, outra companhia do grupo Munich Re.

EM TERMOS GERAIS, O CRESCIMENTO DA RECEITA DOS MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS DEVEU-SE TANTO AO MAIOR VOLUME (NÚMERO DE APÓLICES) QUANTO AOS PREÇOS MAIS ALTOS

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AXA

PRINCIPAIS INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios 22.090 22.765 3,1%

Índice Combinado (%) 98,8 96,5 -2,3 p.p.

Sinistralidade (%) 71,3 69,0 -2,3 p.p.

Gastos (%) 27,5 27,6 0,1 p.p.

Resultado 889 955 7,4%

Operacional 1.128 1.561 38,4%

Não operacional -239 -606 153,8%

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

� As receitas por prêmios do seg-mento Patrimoniais e Responsabilidade na Alemanha subiram 2,6%. Por mais um ano, o principal impulso para o cresci-mento foi o negócio de riscos Comerciais e Industriais. Nos demais ramos também houve aumento de receita, exceto no seguro de Acidentes.

� O volume de prêmios do seguro de Assistência em Viagem registrou um forte crescimento de 13,7%.

� O segmento de Venda Dire-ta registrou um crescimento de 9,1%, impulsionado principalmente pelo ramo de Saúde.

� Os prêmios Não Vida do ne-gócio Internacional aumentaram 2,1%, graças ao crescimento de suas operações na Polônia.

GENERALI

O volume de prêmios Não Vida do grupo Generali registrou alta de 3,1% em 2011, graças ao crescimento de todos os seus mercados. O crescimento do ramo de Automóveis deveu-se principalmente ao aumento do prêmio médio, sobretudo na Itália, França e Alemanha, seus três maiores mercados. Nos demais ramos, o impul-so veio do negócio na França, Europa Central e do Leste e da América Latina.

Na Itália, o motor do crescimento foi o ramo de Automóveis, enquanto que os seguros Co-merciais e Industriais caíram em virtude da si-tuação econômica do país, da estrita política de subscrição e da queda das apólices coletivas de Saúde. Na França e Alemanha, os prêmios bru-tos tiveram evolução positiva tanto em Automó-veis como nos demais ramos, com destaque para as linhas de Particulares. Os prêmios do seguro de Automóveis sofreram decréscimo na Europa Central e do Leste devido à forte concorrência, em contraposição a um crescimento de 12% nos demais ramos. No resto da Europa, o volume de prêmios registrou um aumento global.

A contribuição para o crescimento dos demais mercados foi positiva, especialmente na Améri-ca Latina, onde houve um aumento significativo de 31,1%. Cabe destacar o comportamento dos mercados argentino e mexicano.

O crescimento do resultado operacional foi o mais forte dos três últimos exercícios, com uma alta de 38,4%, graças à significativa recuperação das margens técnicas. A melhora do resultado

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técnico teve origem, por um lado, nos efeitos positivos das políticas de precificação e subscri-ção que foram implementadas e, por outro, na carga menor de eventos catastróficos, que custa-ram ao grupo cerca de 177 milhões de euros (383 milhões em 2010). Como resultado desses efei-tos, houve uma melhora de 2,3 pontos no índice combinado, que ficou em 96,5%.

O resultado não operacional foi de -606 mi-lhões de euros. Ele foi afetado pela piora do re-sultado dos investimentos devido à extrema vo-latilidade dos mercados financeiros. Por isso, o resultado do segmento Não Vida em 2010 foi 7,4% superior ao do exercício anterior.

GROUPAMA

Os prêmios Não Vida cresceram 3,3% em 2011, atingindo 11,108 bilhões de euros. No seg-mento Patrimoniais e Responsabilidade, os prin-cipais motores do crescimento foram os seguros

NO EXERCÍCIO DE 2011, O GRUPO GENERALI REGISTROU AUMENTO DE 3,1% NO VOLUME DE PRÊMIOS NÃO VIDA DEVIDO AO CRESCIMENTO DE TODOS OS SEUS MERCADOS

de particulares, principalmente Automóveis e Residência. No negócio internacional, o impul-so veio dos mercados do sudeste europeu (Itália, Grécia e Turquia).

O crescimento do ramo de Saúde na França deveu-se à combinação de um aumento da car-teira e ao aumento de preços. As receitas do ramo também tiveram uma evolução positiva no negó-cio internacional.

O resultado antes dos impostos da atividade Patrimoniais e Responsabilidade caiu de forma significativa, influenciado pelos insatisfatórios resultados financeiros, já que o resultado técnico melhorou consideravelmente graças à queda da sinistralidade.

Na França, o índice de sinistralidade melho-rou de forma significativa, depois dos efeitos que a tempestade de inverno Xynthia teve nos resul-tados do exercício anterior, e ficou em 67,7%, uma queda de 9,7 pontos. O índice de gastos se manteve estável. No negócio internacional, o resultado técnico também melhorou, com uma baixa de 3,8 pontos no índice combinado, causa-do por uma menor sinistralidade.

GROUPAMA

PRINCIPAIS INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios 10.756 11.108 3,3%

Patrimoniais e RC 8.755 9.097 3,7%

Saúde 1.981 2.011 1,5%

Índice Combinado (%) 104,9 97,4 -7,5 p.p.

Sinistralidade (%) 75,3 67,8 -7,5 p.p.

Gastos (%) 29,6 29,6 0,0 p.p.

Resultado Patrim. e RC 96 33 -65,6%

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

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RSA

PRINCIPAIS INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios (€) 9.876 10.485 6,2%

Prêmios (£) 8.448 9.131 8,1%

Índice Combinado (%) 96,4 94,9 -1,5 p.p.

Sinistralidade (%) 68,0 66,3 -1,7 p.p.

Gastos (%) 28,4 28,6 0,2 p.p.

Resultado (€) 554 704 27,0%

Resultado (£) 474 613 29,3%

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

MAPfRE

PRINCIPAIS INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios 12.768 14.473 13,4%

Índice Combinado (%) 95,8 96,9 1,1 p.p.

Sinistralidade (%) 70,6 69,2 -1,4 p.p.

Gastos (%) 25,2 27,7 2,5 p.p.

Resultado Não Vida 1.238 1.182 -4,5%

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

MAPFRE

O volume de prêmios do grupo MAPFRE em 2011 aumentou 13,4%, graças ao dinamismo do seguro direto internacional e do Resseguro. Na Espanha, os prêmios mostraram uma ligeira queda de 0,6%. Cabe destacar o crescimento do seguro direto na América Latina, com um volu-me de prêmios Não Vida de 5,412 bilhões de eu-ros e um aumento de 34,4% com relação a 2010, impulsionado pelo forte aumento do negócio do Brasil, que consolida as atividades conjuntas com o Banco do Brasil desde o mês de maio.

O índice de sinistralidade melhorou 1,4 pon-to graças à evolução da sinistralidade não ca-tastrófica, o que permitiu ao grupo absorver o efeito estimado das catástrofes do Japão, Nova Zelândia e Tailândia (1,8 p.p.) e os sinistros por meteorologia na Ásia, Oceania e Estados Unidos (1,4 p.p.)

Mas o índice de gastos aumentou 2,5 pontos em virtude da maior contribuição do negócio in-ternacional e do crescimento do negócio inter-mediado por corretores e novos canais. Como resultado de tudo isso, o índice combinado subiu 1,1 ponto e ficou em 96,9%.

Apesar de ter tido maiores entradas financei-ras, a queda do resultado técnico fez com que o resultado do negócio Não Vida diminuísse 4,5%.

RSA

O volume de prêmios brutos da RSA subiu para 9,131 bilhões de libras em 2011, 8,1% a mais que no ano anterior, graças aos acordos comer-ciais obtidos em 2010 e ao aumento dos preços nas renovações. O volume (número) de apólices diminuiu ligeiramente, com quedas no seguro de Automóveis de particulares no Reino Unido e no mercado regional de empresas de tamanho médio. Esta evolução foi compensada com o crescimento dos mercados emergentes, do Ca-nadá e de linhas especiais. A queda geral por vo-lume (número de apólices) foi compensada por uma taxa de câmbio favorável.

O grupo RSA também conseguiu uma me-lhora significativa de rentabilidade, com fortes contribuições de todas as regiões. O resultado técnico aumentou 58%, chegando a 375 milhões de libras, com um índice combinado de 94,9%, que representa uma melhora de 1,5 ponto.

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G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 3 - 2 0 1 2

As grandes perdas representaram cerca de 7 pontos do índice de sinistralidade, e foram 55 milhões de libras maiores que no ano anterior, apesar de que o exercício de 2010 incluía as per-das derivadas do terremoto do Chile. O mau tempo representou 2,4 pontos do índice de si-nistralidade e, embora tenha melhorado com re-lação a 2010, ele foi pior do que o esperado, prin-cipalmente no segundo semestre do ano, devido às enchentes na Dinamarca, Irlanda e Tailândia.

O resultado dos investimentos cresceu 19%. Todavia, a seção conhecida como “outros mo-vimentos” cresceu 72% devido ao aumento das amortizações e aos custos do Solvência II. Por tudo isso, o benefício antes dos impostos foi de 613 milhões de libras (704 milhões de euros), 29,3% superior ao do exercício anterior.

ZURICH

Os prêmios Não Vida subscritos pelo grupo Zurich em 2011 subiram para 24,729 bilhões de euros, com uma queda de 1,4% com relação ao exercício anterior. Em dólares dos Estados Unidos, moeda em que o grupo apresenta suas contas, os prêmios registraram um aumento de 4,6%. O crescimento em moeda local foi impul-sionado pelos mercados internacionais, princi-palmente a América Latina e a região Ásia-Pací-fico, assim como por alguns ramos na América do Norte e Europa. O prêmio médio aumentou mais que 3%, sem afetar o nível de retenção de clientes, que melhorou ligeiramente em compa-ração a 2010.

O índice combinado ficou em 98,8%, com uma piora de 0,9 ponto porcentual com relação

GROUPAMA

PRINCIPAIS INDICADORES 2010 2011 VARiAc.

Prêmios (€) 25.080 24.729 -1,4%

Prêmios (USD) 33.066 34.572 4,6%

Índice Combinado (%) 97,9 98,8 0,9 p.p.

Sinistralidade (%) 71,1 71,9 0,8 p.p.

Gastos (%) 26,8 26,9 0,1 p.p.

Resultado (€) 2.024 1.822 -10,0%

Resultado (USD) 2.668 2.547 -4,5%

Resultado operacional (€) 2.023 1.620 -19,9%

Resultado operacional (USD) 2.667 2.265 -15,1%

Prêmios e resultado em milhões de euros

Nota: p.p. = pontos porcentuais.

O VOLUME DE PRÊMIOS DO GRUPO MAPFRE NO EXERCÍCIO DE 2011 AUMENTOU 13,4% GRAÇAS AO DINAMISMO MOSTRADO PELO SEGURO DIRETO INTERNACIONAL E AO RESSEGURO

ao exercício anterior. O índice de sinistralida-de subjacente continuou melhorando, graças à aplicação de uma política de subscrição mais restritiva em alguns segmentos, e compensou parcialmente as perdas derivadas da frequência excepcional e da gravidade das grandes catástro-fes, que subiram para 1 bilhão de dólares. Este número inclui as enchentes da Austrália, os ter-remotos da Nova Zelância, o terremoto e sub-sequente tsunami no Japão, o furacão Irene nos Estados Unidos e as enchentes na Tailândia, bem como outros eventos relacionados com o clima em todas as regiões. O índice de gastos se mante-ve estável, com um leve aumento de um décimo.

A piora do resultado técnico, aliada a uma re-ceita de investimento menor, causou uma des-cida do resultado operacional de -15,1% em dó-lares. Um melhor resultado dos investimentos não incluídos no resultado operacional do negó-cio compensou parcialmente essa diminuição e gerou um resultado líquido de 2,547 bilhões de dólares, 4,5% inferior ao do exercício de 2010.

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MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA 2011 Nível de solvência

GRUPO 2010 2011

MAPFRE 2,86 2,87

ZURICH 2,32 2,42

ACHMEA 2,20 2,04

RSA 2,30 2,00

AXA 1,82 1,88

ALLIANZ 1,73 1,79

AVIVA 1,60 1,30

GENERALI 1,32 1,17

GROUPAMA 1,30 1,07

Participação do negócio Não Vida no exterior

Participação do negócio Não Vida nos prêmios totais

SOLVÊNCIA

Para complementar os dados sobre o negócio Não Vida, acrescentamos informações sobre o nível de solvência. É importante observar que:

� O Ergo não publica o índice de solvência do grupo porque, por ser parte do grupo Munich Re, é este último que deve apresentar tais informações em ní-vel de grupo. Por esta razão, este número é dado para todos os grupos no ranking, exceto o Ergo.

� A informação se refere ao nível de solvência da totalidade de operações de cada grupo.

� A informação não é homogênea, pois a forma específica de determinar o capital obrigatório depende das leis de cada país.Os números apresentados mostram o nú-

mero de vezes em que o grupo atingiu o ca-pital de solvência obrigatório. Em 2011, os grupos seguradores europeus que formam parte do estudo continuaram bem capitali-zados. Quatro deles aumentaram seu nível de solvência e em cinco dos restantes o ín-dice baixou, mas eles continuam mantendo níveis adequados.

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observatório de sinistros

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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS

Milhões de litros de petróleo foram derramados no Golfo

do México após a explosão e posterior afundamento da

plataforma semissubmersível Deepwater Horizon (DWH),

provocando uma perda incontrolável de óleo durante 87 dias.

O sinistro foi declarado catástrofe nacional pelo presidente

Barack Obama. A maré negra ameaçou a costa de cinco

Estados norte-americanos (Luisiana, Mississipi, Alabama,

Texas e Flórida), colocando em perigo o habitat de centenas

de espécies marinhas e aves.

A tragédia, que já com-pletou seu segundo aniversário, começou no dia 20 de abril de

2010, quando um vazamento de gás provocou uma explosão seguida de incêndio. Ela deixou fora de controle a plataforma se-missubmersível Deepwater Ho-rizon (DWH), propriedade da empresa helvética Transocean, que havia sido arrendada pela BP e seus sócios (Anadarko e Mitsui Oil) até 2013. Em conse-quência do sinistro, 11 operários faleceram e mais de uma dúzia ficaram feridos.

ra nora no

Na hora do acidente, a tor-re – uma das mais avançadas do mercado por seu design para perfurar águas profundas – estava fazendo explorações submarinas no poço Macondo, a uns 75 quilômetros da costa da Luisiana e sob uma coluna de água de 1.522 metros. Após a descoberta de petróleo e gás na exploração, a empresa de serviços Halliburton estava se preparando para cimentar e se-lar o poço, aguardando as deci-sões operacionais do consórcio liderado pela BP, quando o de-sastre aconteceu.

Maré neg

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A CATÁSTROFE TEVE ORIGEM NUM VAZAMENTO DE GÁS, QUE CONSECUTIVAMENTE PROVOCOU UMA EXPLOSÃO E UM INCÊNDIO NA PLATAFORMA DEEPWATER HORIZON, QUE ACABOU AFUNDANDO

Golfo do México Golfo do México

O incêndio durou 36 horas, até que, no dia 22 de abril, a platafor-ma afundou a uma profundidade aproximada de 1.500 metros. Isso provocou uma mancha de petró-

leo que demorou 87 dias para ser contida. Os restos da plataforma foram encontrados no leito oceâ-nico a 400 metros ao noroeste do lugar onde se localizava o poço.

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O ACIDENTE PROVOCOU O VAZAMENTO DE 4,9 MILHÕES DE BARRIS DE PETRÓLEO NAS ÁGUAS DO GOLFO, CONTAMINANDO UMA SUPERFÍCIE ESTIMADA ENTRE 86.500 E 180.000 QUILÔMETROS QUADRADOS

CATÁSTROFE SEM PRECEDENTES

No dia 29 de abril, o governo de Obama declarou o derramamento uma catástrofe nacional. Os números são assombrosos: um total de 4,9 mi-lhões de barris de petróleo foram pa-rar nas águas do Golfo - embora a BP não tenha confirmado este dado – e a superfície contaminada foi estimada entre 86.500 e 180.000 quilômetros quadrados. Oito parques nacionais dos Estados Unidos ficaram ameaçados pela mancha de petróleo, bem como cerca de 400 espécies de animais, algu-mas delas em perigo de extinção.

“O acidente da plataforma Deepwater Horizon nunca deveria ter acontecido e lamentamos

profundamente seu impacto nas vítimas, no meio ambiente e nas comunidades do litoral dos Estados Unidos no Golfo do México”, afirma a petroleira em seu website, onde informa sobre o desastre (www.bp.com/gulfofmexico). A BP aceitou criar um fundo no valor de 20 bilhões de dólares para custear as compensações derivadas do derramamento. Em 31 de dezembro de 2011, as indenizações já tinham alcançado a marca de 14 bilhões de dólares.

O vazamento de hidrocarbo-netos continuou até a selagem do poço, que foi realizada com uma técnica conhecida como Static Kill (eliminação estática). A BP tinha tentado controlar o vazamento com outros métodos – sinos de conten-ção, injeção de “lama” (fluido pesa-do de exploração) ou Top Hill, ro-bôs submarinos, etc. – mas não teve sucesso. No dia 19 de setembro, a Guarda Costeira dos Estados Uni-dos deu por encerrada a crise com a selagem definitiva do poço e de sua conexão com os poços de alívio.

Após o acidente, foram iniciadas várias investigações para estudar suas causas, tanto a nível interno como pelos Estados afetados, agên-cias governamentais e o Congres-so dos Estados Unidos. Todas elas concordaram em dividir a culpa, em maior ou menor grau, entre a BP e suas terceirizadas Transocean e Halliburton. Também foram apontadas outras causas, como o uso de técnicas de segurança du-vidosa na selagem do poço ou que os operários da plataforma não in-terpretaram bem os sinais de alar-me. Em alguns casos chamou-se a atenção para a melhora da regula-mentação das perfurações em águas

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AS EQUIPES DA PETROLEIRA BP IMEDIATAMENTE PUSERAM MÃOS À OBRA PARA ‘GERIR’ O DESASTRE

profundas.

GESTÃO DA CRISE

Poucos dias depois do acidente, o governo federal dos Estados Uni-dos montou um Comando Unifi-cado (Unified Area Command) para coordenar as operações de resposta e as comunicações. Este comando foi formado por membros da BP, da Guarda Costeira, da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA), da Agência para a Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos (EPA), da Ad-ministração de Segurança e Saúde Ocupacional e de muitos outros departamentos e órgãos federais norte-americanos.

As equipes da BP imediatamen-te puseram mãos à obra para gerir o desastre. Duas semanas depois do sinistro, teve início a perfuração do poço de alívio principal para sua se-lagem definitiva. Além disso, a pe-troleira britânica realizou a primeira tentativa de controle do vazamento por meio de uma estrutura gigan-tesca de aço de 98 toneladas. Mas as baixas temperaturas formaram cris-tais de gelo que entupiram o ducto. A BP apostou, então, em preparar outra caixa menor. No entanto, o petróleo continuou avançando e pouco depois chegou ao delta do Mississipi e à costa da Flórida.

No dia 19 de maio começou a perfuração do segundo poço de alívio, que seria utilizado como reforço do principal. Depois de considerar outras possibilidades, a BP acionou a “operação Top Hill”, injetando no poço, a toda pressão, 30.000 barris de lama, mas esta téc-nica também não conseguiu frear

a perda de petróleo. A tentativa se-guinte foi cobrir o poço com uma cúpula, depois de serrar, com a aju-da de robôs submarinos, a tubula-ção conectada à parte superior do sistema de prevenção de explosões (BOP), mas isso também não teve êxito.

O governo dos Estados Unidos deu, então, um ultimato à petrolei-ra para que ela encontrasse um mé-todo melhor. E, no dia 14 de junho, a BP apresentou um novo sistema para retirar o petróleo, “mais per-manente e flexível”. Além disso, a empresa britânica criou um depar-tamento especial para gerir a catás-trofe, dirigido pelo diretor do con-selho de administração da BP, Bob Dudley, que tinha, ainda assim, que informar o andamento das opera-ções a Tony Hayward, conselheiro--representante da BP e responsável pela crise até aquele momento.

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A GUARDA COSTEIRA DOS ESTADOS UNIDOS CONCLUIU A OPERAÇÃO DE SELAGEM DO POÇO QUE DERRAMAVA PETRÓLEO NO DIA 19 DE SETEMBRO, QUASE CINCO MESES DEPOIS DO ACIDENTE

Pouco depois, Hayward negociou sua saída definitiva da BP, sendo substituído por Dudley a partir de 1º. de outubro de 2010.

No dia 12 de julho foi colocada uma válvula de selagem para melhorar a capacidade de contenção e possivelmente selar o poço. Três dias mais tarde, a BP anunciou que tinham conseguido deter o vazamento, mas que manteriam o alerta. Em 9 de agosto, os testes de pressão confirmaram que a operação de cimentação, denominada Static Kill, tinha atingido seu objetivo. Faltava, porém, que o poço de alívio interceptasse o poço Macondo, o que se conseguiu aos 16 de setembro. Finalmente, no dia 19 de setembro, a Guarda Costeira dos Estados Unidos pôs um fim à crise do pior desastre ambiental ocorrido no país nas últimas décadas, após concluir com êxito a operação de

selagem.

CONSEqUÊNCIAS DO DESASTRE

Do ponto de vista ambiental e ecológico, as consequências do vazamento são enormes. Os pri-meiros efeitos da maré negra foram nas marismas e no delta do Missis-sipi, com a aparição de tartarugas, golfinhos e várias espécies de aves marinhas mortas ou afetadas. Os ecossistemas dos pântanos também ficaram gravemente prejudicados, e espécies como o peixe-boi apare-ciam entre as mais atingidas.

No plano econômico, a maré negra causou sérios prejuízos à ati-vidade pesqueira na área de Luisia-na e ao setor turístico nas praias da Flórida. O derramamento também teve um grande impacto nas contas da BP, que, em meados de junho de 2010, viu sua qualificação ‘AA’ re-baixada para ‘BBB’. O governo de Barack Obama exigiu da petroleira a criação de um fundo de 20 bilhões de dólares para fazer frente aos pe-didos de indenização de centenas de milhares de vítimas: pescadores da região, fornecedores de restau-rantes das áreas turísticas afetadas, bem como familiares dos operários falecidos no acidente... A petroleira também estava enfrentando a mo-ratória para novas perfurações em águas profundas, paralisadas após o acidente.

As consequências do desas-tre também chegaram até o setor segurador. Em junho de 2010, a Moody’s estimou que as segurado-ras poderiam pagar até 3,5 bilhões de dólares a título de indenizações

DERRAMAMENTO DO KATRINA, 2005

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O VAZAMENTO TEVE UM GRAVE IMPACTO NAS CONTAS DA BP: SUA CLASSIFICAÇÃO CAIU DE ‘AA’ PARA ‘BBB’, E O GOVERNO DOS EUA EXIGIU QUE ELA CRIASSE UM FUNDO DE 20 BILHÕES DE DÓLARES PARA AS INDENIZAÇÕES DAS VÍTIMAS

pelo vazamento, e se trataria do acidente mais dispendioso da in-dústria petroleira desde o incêndio da plataforma Piper Alpha no Mar do Norte, em 1988. Além disso, a agência afirmou que as apólices para as plataformas petrolíferas haviam encarecido em até 50%, e previu novas altas nas apólices de Responsabilidade Civil para esta indústria.

INVESTIGAÇÃO INTERNA

Em paralelo à contenção do desastre, a BP iniciou uma inves-

tigação interna para averiguar as causas do sinistro. Ela ficou a cargo do chefe de Segurança e Operações da empresa, Mark Bly, e dela par-ticiparam mais de 50 especialistas técnicos de dentro e fora da em-presa. Em suas quase 200 páginas, o relatório, trazido a público no dia 8 de setembro de 2010, concluiu que não houve um único respon-sável ou um único fato que causou a explosão da plataforma, e sim que ela foi fruto de uma “série inter--relacionada de falhas mecânicas, de julgamentos humanos, do pro-jeto de engenharia e da implantação operacional”.

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URQUIOLA. No dia 12 de maio de 1976, na manobra de entrada no porto de La Coruña onde ia descarregar, o navio Urquiola sofreu um dano no casco e derramou 100.000 toneladas de sua carga no mar.ARGO MERCHANT. No dia 15 de dezembro de 1976, este navio-tanque encalhou na ilha de Nantucket (Massachussets). Seis dias depois, o navio partiu e derramou toda a sua carga: 29 milhões de litros de fuelóleo.AMOCO CÁDIZ. Este petroleiro gigante construído pela Astilleros Españoles provocou um grande desastre em 16 de março de 1978. Cerca de 130.000 toneladas de ouro negro cobriram as águas e a costa da Bretanha.IXTOC I. No dia 3 de junho de 1979, houve uma explosão na plataforma situada no Golfo do México. O controle do fluxo demorou vários meses, e nesse período foram jogados no mar quase 3,3 milhões de barris de petróleo.CASTILLO DE BELLVER. No dia 5 de agosto de 1983, o naufrágio do superpetroleiro espanhol, com 252.000 toneladas de petróleo leve em frente ao Cabo da Boa Esperança, provocou o derramamento no mar de mais de 50.000 toneladas. Além disso, a corrosão do seu casco provocou um novo vazamento anos depois, já que ele ainda continha mais de 100.000 toneladas de petróleo em seu interior.EXXON VALDEZ. Em 24 de março de 1989, este petroleiro derramou mais de 40 milhões de litros de petróleo no Alaska, afetando uma das mais importantes reservas ecológicas norte-americanas.MEGABORG. No dia 8 de junho de 1990, o Megaborg derramou 20,5 milhões de litros de hidrocarbonetos a 60 milhas de Galveston (Texas), após sofrer um acidente e posterior incêndio.CIBRO SAVANNAH. Em 6 de março de 1990, o Cibro Savannah explodiu e pegou fogo nas instalações da Citgo em Linden (Nova Jersey), quando carregava cerca de 482.000 litros de hidrocarbonetos.GOLFO PÉRSICO. No dia 25 de janeiro de 1991, o Iraque lançou ao Golfo Pérsico cerca de 11 milhões de barris de petróleo dos poços do Kuwait para dificultar o desembarque aliado.

Uma longa lista de vazamentos no mundoAMOCO MILFORD HAVEN. Após uma série de explosões produzidas durante o transporte de petróleo perto de Gênova, no dia 14 de abril de 1991 o Amoco Milford Haven afundou, derramando no mar mais de 140.000 toneladas de fuelóleo.NASSIA. Em 13 de março de 1994, o petroleiro Nassia e o cargueiro Shipbroker pegaram fogo após colidirem no Estreito de Bósforo (Turquia). Foram lançadas ao mar 20.000 toneladas de petróleo.ERIKA. No dia 12 de dezembro de 1999, o petroleiro Erika, de bandeira maltesa, afundou após partir ao meio em Penmarch (Finistère, França), devido ao temporal e a problemas estruturais do casco. Carregado com 32.000 toneladas de fuel pesado, seu acidente provocou um desastre ecológico ao jogar na água 10.000 toneladas de petróleo. PRESTIGE. Aos 13 de novembro de 2002, este petroleiro navegava a 52 quilômetros de Finisterra com 77.000 toneladas de fuelóleo a bordo, quando foi pego por um temporal e sofreu uma infiltração de água. No dia 19 de setembro, após tentativas de afastá-lo da costa, ele partiu em dois, derramando o conteúdo de seus tanques no mar.

‘EXXON VALDEZ’

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‘PLATAFORMA DA BP’

‘CIBRO SAVANNAH’

A BP assumiu parte da culpa no acidente, envolven-do no ocorrido outras em-presas, como a Transocean, proprietária da plataforma e encarregada de sua manuten-ção, e a Halliburton, que rea-lizou a cimentação do poço.

Segundo a investigação, a causa fundamental do aciden-te foi a perda do controle da pressão do poço. Os operários não interpretaram bem os si-nais deste parâmetro. Além disso, a reação deles foi tar-dia, já que demoraram cerca de 40 minutos para detectar a entrada de hidrocarbonetos no poço e agir, de forma que, quando quiseram efetuar as manobras necessárias, o gás e o petróleo já estavam fluindo para a superfície.

A cimentação do poço também não foi adequada, e a petroleira britânica estimou

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O RELATÓRIO DO PAINEL NOMEADO PELA CASA BRANCA PARA AVERIGUAR AS CAUSAS DA TRAGÉDIA CONFIRMA QUE ELA PODERIA TER SIDO EVITADA E RESPONSABILIZA AS TRÊS EMPRESAS ENVOLVIDAS POR NÃO FAZEREM BEM O SEU TRABALHO

que o gás natural entrou e causou as explosões e o fogo que inuti-lizaram o sistema de prevenção de explosões Blowout Preventer (BOP), uma válvula desenhada especialmente para manter o poço nas condições adequadas. Os sis-temas anti-incêndio também não cumpriram seu principal objetivo, que era evitar que o gás entrasse em combustão.

RELATÓRIO DA COMISSÃO

No entanto, esta não foi a úni-ca investigação aberta. O painel de sete membros – dirigidos pelo senador Bob Graham e pelo ex--administrador da Agência de Pro-

A plataformaConstruída no ano de

2001, a Deepwater Horizon (DWH) era uma plataforma petrolífera semissubmersível, de posicionamento dinâmico de águas ultraprofundas. Foi projetada e construída para perfurar poços de petróleo no subsolo marinho, com a possibilidade de ser movida de um lugar para outro segundo as circunstâncias e necessidades. A torre da plataforma tinha 121 metros de longitude e 78 metros de largura, e podia operar em

águas com profundidade máxima de perfuração de 9.100 metros.

No dia 2 de setembro de 2009, a Deepwater Horizon perfurou a jazida Tiber no depósito de petróleo e gás mais profundo até então. A plataforma de propriedade da Transocean - que também era encarregada de sua manutenção - foi arrendada para a BP até setembro de 2013. Antes do acidente, a DWH estava operando no Cañón Mississipi, no bloco 252, conhecido como Macondo.

DEEPWATER HORIZON (DWH)

teção Ambiental William Reilly – nomeado pela Casa Branca para analisar as causas do acidente trou-xe suas conclusões a público em janeiro de 2011. Uma delas chama a atenção em especial: o sinistro po-deria ter sido evitado. E o relatório colocou na mira não só a BP, mas também a Halliburton e a Transo-cean. Até aquele momento, a Casa Branca havia centrado suas críticas na petroleira; na verdade, no dia 15 de dezembro ela havia instaurado uma ação civil contra a BP por su-posta negligência na gestão da pla-taforma.

Em suas 48 páginas, o relatório fala de “falhas sistêmicas”. As três empresas não fizeram bem seu tra-

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A SUPERVISÃO E A REGULAMENTAÇÃO GOVERNAMENTAL PARA AS EXPLORAÇÕES PETROLÍFERAS EM ALTO MAR NÃO ERAM AS MAIS ADEQUADAS, SEGUNDO O RELATÓRIO SOLICITADO PELA CASA BRANCA

balho na hora de avaliar os riscos das operações da plataforma e, além disso, a comunicação entre elas fa-lhou. O relatório também revela que outro “erro fundamental” da BP foi a falta de supervisão do ci-mento com o qual se selou o poço.

Na opinião dos especialistas, o sinistro poderia ter sido evitado, mas não é só isso, já que, conforme o relatório, “sem uma reforma con-siderável nas práticas empresariais e nas políticas governamentais, ele pode voltar a ocorrer”. Desta forma, a Comissão também mostrou que a supervisão e a regulamentação gover-namental para as explorações petrolí-feras em alto mar não eram as mais adequadas, e animou o governo a endurecer as leis sobre esta atividade.

OUTROS RELATÓRIOS Em 14 de setembro de 2011,

a comissão investigadora for-mada pelo BOEMRE (“Órgão de Regulamentação e Aplicação do Gerenciamento de Energia Oceânica”) e pela Guarda Cos-teira emitiu um relatório final em conjunto com os resultados do exame forense das válvulas de prevenção de urgências (BOP) da plataforma sinistrada. O do-cumento era esperado com im-paciência na indústria petroleira por seu possível impacto na con-cessão de licenças para perfurar em alto mar, tarefa que corres-ponde ao BOEMRE.

Segundo estas agências, a explosão foi o resultado de “má gestão de riscos, falta de respos-ta a indicadores-chave, controle inadequado do poço e treina-mento insuficiente em resposta a emergências”. A “cascata de erros” também chegava nessa ocasião não só à BP, mas também à Transocean e à Halliburton. As três empresas contavam com programas para suspender o tra-balho na exploração em caso de anomalias, mas não fizeram isso, e mostraram “uma enorme falta de sincronia e comunicação na gestão da plataforma”.

A Transocean, segundo o re-latório, interpretou muito mal um teste fundamental que media a pressão no poço. Além disso, a BP “deveria ter assumido sua responsabilidade” na manuten-ção da plataforma ou nos requi-sitos de inspeção do sistema de prevenção de vazamentos, cuja falha se transformou no deto-nador final do derramamento.

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Outros fatores foram o uso de ma-teriais baratos ou as deficiências no processo de cimentação efetuado pela Halliburton.

O relatório contém, ainda, dú-zias de recomendações para melho-rar a segurança da indústria, como fazer mudanças para melhorar o sistema de prevenção de vazamen-tos ou garantir que os motores das plataformas não absorvam o gás. Além disso, ele levanta a possibili-dade de que se voltem a fazer ins-peções surpresa nas plataformas do Golfo do México, uma prática eliminada nos últimos anos, ou a necessidade de que os operadores informem melhor o governo sobre seu processo de exploração.

APRENDER COM O DESASTRE

A BP se comprometeu a apren-der com o desastre, e um de seus primeiros passos foi implementar mundialmente em suas operações as recomendações resultantes da investigação feita por causa do aci-dente, com o objetivo primordial de evitar sua repetição. Os 26 con-selhos do Relatório Bly mencio-nam o fortalecimento da gestão de empreiteiros; a melhora dos BOP, do controle dos poços ou dos testes de pressão para determinar sua in-tegridade; a revisão dos sistemas de emergência; os testes de cimento; a vistoria dos equipamentos de per-furação, ou a formação do pessoal das plataformas.

No dia 14 de dezembro de 2010, todas as explorações da BP espalhadas pelo mundo receberam novas orientações com caráter tem-porário, já que a petroleira conti-nua trabalhando na implantação

Em março passado, registra-se outro marco importante neste sinistro: a BP e os requerentes particulares afetados pelo vazamento chegaram a um acordo extrajudicial conforme o qual a petroleira se comprometia a indenizá-los em 7,8 bilhões de dólares (5,8 bilhões de euros). Em abril, as partes apresentaram os termos dos acordos de solução (um para perdas econômicas e ações de danos, e outro para as queixas médicas) para aprovação nos tribunais.

Com este pacto, a BP atende aos pedidos de indenização de 100.000 pescadores e empresas que apresentaram suas ações após o vazamento. Além disso, ela assumirá os gastos médicos das vítimas durante 21 anos. “A BP se comprometeu a participar do esforço de reabilitação econômica e ecológica do Golfo; este acordo é um marco para o cumprimento de nossas promessas”, disse Bob Dudley, diretor do conselho de administração da petroleira.

A BP enfrentará essa indenização pactuada com o dinheiro do fundo criado em 2010 para custear a reparação do sinistro pelo valor de 20 bilhões de dólares. Até aquele momento, a petroleira já tinha pagado mais de 8,1 bilhões aos prejudicados e investido cerca de 14 bilhões de dólares em tarefas de limpeza ou recuperação da zona afetada.

Mas ainda precisam ser decididas as ações instauradas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, outras agências federais e governos locais, bem como os processos judiciais abertos por

Acordos de indenizaçãoacionistas e outros.

Segundo informou o jornal Financial Times no dia 9 de junho passado, a petroleira britânica quer pagar ao governo dos Estados Unidos 15 bilhões de dólares (12 bilhões de euros) para cobrir suas exigências após a catástrofe. A informação, que surgiu de fontes envolvidas neste assunto, indica que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que representa os interesses do governo central e dos Estados federados, havia pedido pelo menos 25 bilhões de dólares. As negociações estão atualmente em processo e podem terminar em setembro, antes da convenção democrata, de acordo com o jornal.

A BP também conseguiu acordos com seus sócios na exploração para tratar dos pedidos de indenização relacionados com o vazamento. Por um lado, a Moex Offshore, que tinha cerca de 10 por cento de participação no poço Macondo, concordou em pagar 1,065 bilhão de dólares para a empresa britânica; e, por outro, a Anadarko, que possuía 25% da exploração, dediciu pagar 4 bilhões de dólares à BP. Os acordos não implicavam que qualquer uma das partes tivesse de admitir responsabilidade em relação ao acidente.

Da mesma forma, a BP anunciou acordos com alguns de seus fornecedores, como a Weatherford, que trouxe equipes de perfuração; o Cameron, projetista e fabricante do BOP da plataforma. Ainda assim a batalha judicial com seus sócios continua aberta.

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das recomendações, um processo que a partir de 2012 contará com a supervisão de um especialista inde-pendente.

Entre as decisões adotadas pela BP, destaca-se a introdução de um enfoque mais centralizado em toda a sua atividade de perfuração com uma organização global dos poços e a supervisão centralizada dos seus principais projetos para obterem uma perfuração mais segura. Tudo isso com o objetivo de reduzir os riscos operacionais e a probabili-dade de vazamentos, colocando-se ênfase na prevenção.

A empresa britânica também re-visou seu sistema de gestão de risco para garantir que ela tenha proces-sos simples, homogêneos e unifi-cados em toda a BP. Sua intenção também é melhorar a forma como os empregados abordam, dia após dia, a gestão do risco. Além disso, a segurança forma parte dos parâ-metros que se utilizam para avaliar e remunerar os trabalhadores. A BP também está reexaminando a for-ma de trabalhar com as empreitei-ras e sócios do setor para otimizar o controle e a gestão da segurança e dos riscos operacionais.

PARA EVITAR ACIDENTES COMO ESTE, A BP IMPLEMENTOU MUNDIALMENTE EM SUAS OPERAÇÕES AS RECOMENDAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO FEITA POR CAUSA DO SINISTRO NO GOLFO.

CONCEITO VALOR PAGO

Pagamentos totais a particulares e empresas $ 6.789.726.640

Pagamentos ao governo (adiantamentos e pedidos de indenização) $ 1.351.291.895

Outros pagamentos (**) $ 328.865.246

Pagamentos totais (inclui adiantamentos, pedidos de indenização e outros pagamentos)

$ 8.469.883.781

Pedidos de Indenização e Pagamentos(*)

(*) Dados de 1º de maio de 2012. Fonte: BP.(**) Inclui Investigação, Turismo, Saúde Mental, Contribuições, Marketing Seafood & Testing, Funda-ções e outros pagamentos.

DE VOLTA AO GOLFO

Em julho de 2011, a BP come-çou a implementar “normas vo-luntárias” de perfuração para suas operações no Golfo do México. Segundo a petroleira, elas vão além dos “requisitos regulamentares existentes nos EUA”. Também foi reforçada a supervisão dos emprei-teiros. As novas medidas incluem:• Melhora dos requisitos para

as BOP.• Verificação por terceiros dos

testes de pressão ou de ma-nutenção.

• Atualização das normas de revisão dos procedimentos de cimentação e materiais.

• Revisão das capacidades de resposta em vazamentos em alto mar.

No final de 2011, a BP tinha cinco equipes de perfuração ope-rando em águas profundas do Gol-fo do México, que são exaustiva-mente controladas a partir da base central de Houston, de onde rece-bem apoio.

Em datas recentes, a petrolei-ra anunciou o início da produção do projeto Galápagos, formado por três campos (Isabela, Santiago e Santa Cruz) em águas profun-das do Golfo do México, no qual prevê investir 4 bilhões de dólares anualmente durante os próximos 10 anos.

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II Congreso sobre las nuevas tecnologías y sus repercusiones en el seguro:Internet, biotecnología y nanotecnología17 e 18 de novembro, 2011 Barcelona

FUNDACIÓN MAPFRE em colaboração com a Universidade Autônoma de Barcelona.VV.AA.SEAIDA, Madri 2012ISBN: 978-84-923073-9-5Preço: 25€

A s novas tecnologias (Internet, biotecnologia

e nanotecnologia) têm, como áreas multidisciplinares, diversas repercussões em todos os ramos do seguro. Na prática configuram-se cenários surpreendentes de riscos, presentes e futuros.

Existe uma lacuna de estudos acadêmicos sobre estes temas

na Espanha. E também não há comunicação entre cientistas e juristas. Os primeiros dizem, de sua perspectiva, que há ou pode haver riscos, e os segundos tratam de enquadrar essas observações num âmbito jurídico operacional. Esta falta de comunicação origina certa insegurança nos especialistas de seguros na hora de avaliar riscos e fixar prêmios e condições.

A origem destas propostas e comunicações se encontra nas pesquisas que há vários anos o Grupo Internacional de Trabalho Novas Tecnologias, Prevenção e Seguro da AIDA vem realizando. Por meio da seção espanhola da Associação Internacional de Direito de Seguros, o grupo organizou, com a colaboração da FUNDACIÓN MAPFRE e de diversas universidades, dois congressos de seguros: o de

Madri, realizado em 2010, e o de Barcelona, em 2011.

O II Congresso traz, por um lado, aprofundamento aos temas abordados no primeiro e, por outro, as novidades de cientistas, juristas e seguradores especialistas no trinômio “riscos–responsabilidade–seguros”.

Este livro reúne a documentação que os especialistas expuseram no congresso, suas conclusões e recomendações.

Esperamos que o trabalho apresentado seja de interesse do leitor e contribua para o melhor conhecimento destas três grandes áreas científicas cuja totalidade ainda está por descobrir.

livros

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Manual de protección contra incendios(Quinta edição em espanhol)Editores da edição em espanhol: Jaime Moncada Pérez e Jaime Andrés Moncada; revisão, Berta Sabogal...[et al.]; tradutores, Alfredo Fajardo... [et al.] Quincy, Massachussetts:NFPA, cop. 2012ISBN 978-087765851-1

O Fire Protection Handbook é o

documento de segurança contra incêndios mais consultado do mundo. Seu correspondente em espanhol, o Manual de protección contra incendios, foi publicado pela primeira vez no ano de 1978, em cooperação com a Editorial MAPFRE.

Esta quinta edição representa um marco para a NFPA, já que é a primeira vez que ela edita um livro para a América Latina.

O manual oferece as melhores informações disponíveis sobre as práticas de segurança contra incêndios em todos os seus aspectos. Ele se divide em 12 seções e em dois volumes que cobrem todos os aspectos da proteção contra incêndios.

Rethinking financial innovation: Reducing negative outcomes while retaining the benefitsUm relatório do Fórum Econômico Mundial em colaboração com Oliver Wyman.Genebra: Fórum Econômico Mundial, cop. 2012

Nestes tempos de crise, a inovação se transformou

numa das receitas mais prescritas para a recuperação. Ainda assim, neste relatório podemos ver que a inovação nem sempre é a solução: ela também pode ser parte da causa de alguns problemas.

A inovação financeira tem uma longa história de sucessos, oferecendo benefícios à indústria e à economia. Este relatório reco-nhece que a aplicação da inovação no setor financeiro causou, em

parte, a crise financeira e a subse-quente recessão. Além disso, exa-mina-se a inovação nos serviços financeiros a fim de compreender como ou por que ela pode às ve-zes produzir resultados negativos. O objetivo é formular recomen-dações que possam permitir à indústria reduzir a probabilidade futura de que a inovação produza resultados negativos.

O relatório está organiza-do em três partes principais: a primeira analisa como se define a inovação financeira, sua im-portância para a sociedade, os benefícios da inovação financeira e o papel da inovação na recente crise financeira. Também dis-corre sobre o futuro papel da inovação financeira para ajudar a sociedade a cuidar de seus pro-blemas fundamentais. A segunda parte do relatório apresenta um quadro de recomendações, que são descritas e discutidas com certa profundidade. A parte final do relatório oferece análise de especialistas sobre temas-chave relacionados com as recomenda-ções do relatório.

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livros

FUNDACIÓN MAPFREInstituto de Ciencias del Seguro

El agente de seguros y su responsabilidad civil. Ley 26/2006 de Mediación de Seguros y Reaseguros PrivadosJOSÉ MARÍA ELGUERO Y MERINOFUNDACIÓN MAPFRE,Madri 2012ISBN: 978-84-9844-271-7Preço: 25€ Caderno 178

Obra que analisa o cenário normativo que circunda

a figura do agente de seguros, imprescindível no setor segurador, e que foi elaborada por José Maria Elguero, diretor do Serviço de Estudos da Marsh Espanha.

O livro destaca a importância econômica e social dos agentes de seguros, um canal de distribuição que, junto aos mediadores e operadores de seguros de bancos, reúne 64% do negócio, em uma indústria cujo peso e força econômica (60,592 bilhões de euros em prêmios recebidos em 2011) são inegáveis na Espanha.

A obra se estrutura em quatro capítulos, nos quais se discutem em sequência o cenário normativo da mediação de seguros na Espanha, o estudo da figura do agente de seguros, o contrato de agenciamento de seguros e o regime de responsabilidade civil do agente.

Aborda-se de modo especial o contrato de agenciamento de seguros como instrumento jurídico que regula as obrigações das partes e os direitos econômicos do agente em seu trabalho de mediador, assim como a responsabilidade civil do agente de seguros, onde o autor analisa o novo regime neste âmbito.

El agente de seguros y su responsabilidad civil é uma obra atual e completa, com a qual José María Elguero e a FUNDACIÓN MAPFRE pretendem contribuir para remediar as atuais lacunas bibliográficas que existem nesta área.

Riesgo operacional en el marco de Solvencia IIANA BELÉN HERRERO BRAÑASFUNDACIÓN MAPFRE,Madri 2012ISBN: 978-84-9844-270-0Preço: 20€ Caderno 177

Nos últimos anos, e em consequência das

importantes mudanças nos mercados devido à globalização e ao auge tecnológico, entre outros motivos, houve uma mudança na concepção de risco operacional: ele deixou de ser um “balaio de gato”, onde se colocava tudo aquilo que não era nem risco de crédito nem de mercado, para ser uma estrutura de gestão própria onde se identificam eventos e fontes que podem ocasionar perdas importantes. Apesar de ser um risco inerente a qualquer atividade econômica, o desconhecimento do mesmo fez com que seu desenvolvimento seja relativamente recente.

Sua importância é tal que a atividade bancária, e posteriormente a atividade

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seguradora – com a entrada em vigor do Basileia e do Solvência II, respectivamente –, sofreram uma importante mudança normativa cujo eixo principal é o tratamento desse risco.

O conteúdo da publicação aborda um tema de grande interesse para o setor segurador, visto que analisa a gestão dos riscos derivados da inadequação de processos internos, de pessoal, dos sistemas ou de acontecimentos externos, assim como das mudanças normativas.

O livro se estrutura em três partes fundamentais. A primeira se dedica à análise e gestão do risco, ou Enterprise Risk Management (ERM). A segunda parte se refere fundamentalmente ao risco

operacional na atividade seguradora. Ainda assim, menciona-se a atividade bancária, já que o Solvência II, na maioria de seus aspectos, se baseia na estrutura do Basileia II. A terceira e última parte contempla uma série de anexos que tratam de temas importantes na gestão do risco operacional, como, por exemplo, a elaboração de um mapa de risco – uma das ferramentas mais utilizadas pelas companhias para a gestão de riscos – ou uma comparação do tratamento do risco operacional entre a Europa e a América Latina, já que a intenção dos supervisores de países latino-americanos é adotar o Solvência II como referência de trabalho para suas exigências regulatórias.

Un siglo de seguros marítimos barceloneses en el comercio com América (1770-1870)MARIO SALAFUNDACIÓN MAPFRE,Madri 2012ISBN: 978-84-9844-269-4Preço: 20€ Caderno 176

A pesquisa que se apresenta aqui é uma contribuição inovadora e importante para a

história do seguro marítimo, que sempre considera a evolução das relações mercantis entre a Espanha e suas colônias, ou ex-colônias, americanas. Ela tem também o mérito de conter conclusões consistentes, apesar da escassez de fontes documentais com que o autor se deparou. O resultado deste estudo é consequência do afinco do doutorando, um profissional com longa experiência atuarial. Um historiador jovem que enfrentasse este obstáculo em seu início como pesquisador muito possivelmente teria desistido de realizar esta tese.

A escassez de fontes documentais obrigou em muito o autor a aprofundar-se nos

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aspectos jurídicos e técnicos e nos mecanismos da prática seguradora em detrimento das questões mais econômicas.

Este livro trata, assim, da evolução que o seguro marítimo teve em Barcelona até se transformar em um negócio independente de caráter capitalista. Ele estabelece seu desenvolvimento desde a fase em que eram sociedades de seguros marítimos por ações, de caráter estável (ainda que por pouco tempo), sob responsabilidade ilimitada e de caráter cativo, com relativamente poucos sócios, complementares da atividade de certos grandes comerciantes, sem quase nenhum controle administrativo e isentas do pagamento de contribuição, passando por serem constituídos sob responsabilidade limitada, por um longo período de tempo, sob uma direção profissional e um estrito controle administrativo, um investimento livre em que participavam acionistas demais até se tornarem uma atividade de caráter contributivo.

Nestes cem anos de seguro barcelonês também mudaram os instrumentos e as técnicas da prática seguradora: o seguro marítimo ficou mais seguro, rápido e econômico.

Caso apareça a documentação extraviada que o autor procurou em tantos arquivos, algumas conclusões certamente poderão ser confirmadas e talvez outras deverão ser corrigidas.

Ainda assim, não há dúvida de que esta publicação

é uma obra de referência indispensável para se estudar o desenvolvimento do seguro marítimo espanhol no período de cem anos que vai do último terço do século XVIII até o mesmo período do século XIX.

El seguro de CauciónCARLOS HOYOS ELIZALDEFUNDACIÓN MAPFRE,Madri, 2012ISBN: 978-84-9844-268-7Preço: 20 € Caderno 175

O livro apresenta as modificações mais

importantes que aconteceram no seguro de Caução nos últimos cinco anos, especialmente a que se refere às “Normas da Câmara de Comércio Internacional sobre Garantias conforme Demanda”, editadas em julho de 2010 em substituição às publicadas em 1992.

A publicação, dirigida às pessoas que trabalham na prática diária do seguro de Caução, constitui uma ajuda importante para compreender as diferentes modalidades de garantias que

existem nos mercados, como deve ser feita a subscrição, quais são, e como minimizar os riscos do fronting, incluindo uma ino-vadora forma de implementá--los. Inclui, ainda, um capítulo dedicado ao Resseguro deste ramo, no qual se indica que tipo de acordos são os mais conve-nientes... Naturalmente, fala-se também das normas da Câma-ra de Comércio Internacional sobre a matéria e faz-se uma in-teressante resenha das principais associações internacionais que existem no seguro de Caução.

Considerando o objeti-vo eminentemente prático da publicação, nela se incluem um bom número de anexos apre-sentando modelos dos principais contratos de Resseguro, das apó-lices de seguro de Caução, como formalizar as contra-garantias, dos diferentes textos das obri-gações e os modelos de fronting, contando também com uma interessante bibliografia.

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NOTÍCIAS

A Associação Espanhola de Gerência de Riscos e

Seguros (AGERS) realizou em 30 de maio, no auditório de Mutua Madrileña, em Madri, a XXIII edição do Congresso Espanhol de Gerência de Riscos e Seguros, sob o título “A gestão de riscos num ambiente de crise depois dos grandes desastres”. A reunião, inaugurada pela presidente da Associação Empresarial do Seguro (UNESPA), Pilar González de Frutos, foi encerrada por Jorge Luzzi, presidente da FERMA. Da Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensão participou sua

XXIII Congresso da AGERS. “A gestão de riscos num ambiente de crise depois dos grandes desastres”

subdiretora, Laura Pilar Duque.Como todo ano, o tradicional

evento convocou a mais importante representação de profissionais da Gerência de Riscos e do setor segurador da Espanha para compartilhar ideias e fazer propostas sobre os temas de maior relevância para o setor e para a economia em geral. O programa desta edição abordou questões como a Gerência de Riscos nas insolvências ou a proteção das infraestruturas técnicas.

Os debates em torno dos riscos econômicos e da proteção das infraestruturas críticas atraíram o interesse da reunião, durante a qual os assistentes também trataram de outros temas totalmente atuais para o setor, como os riscos tecnológicos, os de reputação e os de responsabilidade das linhas financeiras.

Como de costume, o congresso terminou no dia seguinte, na sede do CEIM, com o III Encontro de Gerentes de Riscos. Assistiram à reunião 20 gerentes de riscos e seguros de empresas industriais dos setores de telecomunicações, energia, bancário, químico, alimentação, hotelaria, distribuição, logística, metalurgia e indústria pesada.

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NOTÍCIAS

Durante a reunião foram analisados, a partir da ótica dos gerentes de riscos, alguns dos aspectos tratados no dia anterior no Congresso da AGERS relativos aos riscos globais. Entre eles, destacaram-se o problema da internacionalização das corporações e o impacto das novas tecnologias nas operações do negócio, com especial relevância para riscos cibernéticos com exposição e gestão da oportunidade das redes sociais, sendo em última instância o risco de reputação o foco da atenção das empresas, já que a reputação é o suporte de todas as suas operações e perspectivas de posicionamento, sobrevivência e evolução do negócio.

Depois foram analisadas, da perspectiva dos clientes, as necessidades que o gerente de riscos tem para o enfoque de gestão e posterior transferência, conforme o caso. Foram trazidas à discussão as experiências e inquietudes dos assistentes quanto à própria gestão de riscos, assim como a existência ou não de produtos seguradores que, total ou parcialmente,

FORAM ANALISADAS, DA

PERSPECTIVA DO CLIENTE,

AS NECESSIDADES DO

GERENTE DE RISCOS NO

ENFOQUE DA GESTÃO E

TRANSFERÊNCIA DE RISCOS

ofereçam as coberturas necessárias. A percepção geral é que ainda há um longo caminho a percorrer neste campo, embora o mercado seja plenamente consciente desta realidade e esteja trabalhando com determinação.

A Área de Gerentes de Riscos da AGERS desenvolverá ações específicas de posicionamento com relação a alguns dos temas tratados, assim como grupos de trabalho, fóruns e encontros monográficos para desenvolver em profundidade os aspectos em que se possa agregar valor no desenvolvimento do perfil profissional e responsabilidades do gerente de riscos, assim como na defesa dos interesses de suas empresas.

Por outro lado, a AGERS comemorou, em 7 de maio no auditório da Zurich, em Barcelona, uma jornada profissional na qual foi abordada a situação atual da responsabilidade ambiental na Espanha após a publicação da Ordem ARM/1783/2011, de 22 de junho, pela qual se estabelece a ordem de prioridade e o calendário para a aprovação das ordens ministeriais a partir das quais será exigível a constituição da garantia financeira obrigatória prevista na disposição final quarta da Lei 26/2007, de 23 de outubro, de Responsabilidade Ambiental.

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Assembleia Geral anual da AGERS

Em 31 de maio, na sede da Câmara de Comércio de Madri (CEIM), foi realizada a Assembleia Geral Ordinária da AGERS correspondente ao exercício 2012. Durante a reunião foi aprovada a incorporação de três novos membros: Cristina Gutierrez Pérez, Mario Ramírez Ortúzar e Luis San Juan Monteo.

Atividades de formação

Dentro das atividades de formação, a AGERS ofereceu, nos dias 20 e 21 de junho, o curso “Transporte de mercadorias e comércio exterior: evolução dos riscos, prevenção e asseguramento”, com o objetivo de tornar conhecidos os riscos existentes no processo exportador, os aspectos práticos e legais do contrato de transporte, as compras e vendas

internacionais e INCOTERMS 2010, e as coberturas de seguro e necessidades de asseguramento nos países emergentes.

Outros cursos de formação que a associação prevê oferecer na segunda metade do ano são os seguintes:•“Gestão de riscos

ambientais” (26 e 27 de setembro);•“Regulamentação do

emprego, mudança de perspectiva” (24 e 25 de outubro);•“Gestão de riscos

tecnológicos” (28 e 29 de novembro).

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TExTO: DENISE BUENOFOTOS: DIVULGAÇÃO

Pires MoreiraPires MoreiraVanderlei

GERENTE DE RISCOS E SEGUROS DO GRUPO WEG

Um brasileiroprograma mundial

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negociando umdesegurosSeguro sempre foi importante para a bra-

sileira WEG, uma das maiores fabrican-tes mundiais de equipamentos eletroe-letrônicos. Com a previsão de chegar a 2020 com receita líquida de R$ 20 bi-

lhões, proteger o patrimônio dos riscos do dia-a--dia se tornou ainda mais prioritário para a prin-cipal empresa do segmento negociada na BM&F Bovespa.

Em 2011, o grupo teve uma receita operacio-nal líquida de R$ 5,2 bilhões. Ou seja, um desafio e tanto para cumprir o planejamento conhecido como “20-20”, que tem em sua base a consolida-ção do processo de internacionalização iniciado na década de 70, quando começou a exportar. Aos poucos foi abrindo escritórios comerciais e hoje já conta com doze fábricas no exterior, responsáveis por 12% da produção.

Em 2012, além de aumentar o leque de produ-tos, a fabricante parte com mais força com foco na abertura de novos mercados e incorporando novas tecnologias, como energia renovável, os “smart grids” (sistemas elétricos do futuro) e a mobilida-de energética no transporte coletivo e na indústria naval. Em junho, por exemplo, comprou a pau-lista Stardur para reforçar sua atuação em tintas industriais.

O grupo nasceu na cidade de Jaraguá do Sul (SC) em 1961 e dez anos depois já estava listado em bolsa de valores. Hoje opera em várias cidades do país e também na Argentina, Áustria, México,

Estados Unidos, Portugal, África do Sul, China e Índia e distribui seus produtos em mais de 100 países em cinco continentes. Um dos pilares do grupo para garantir o sucesso de tão ambicioso “business plan” é ter um programa de seguros am-plo e global.

“Vamos começar a fazer road show pelo mundo afora para mostrar à indústria de seguros e resse-guros mundial quem é o grupo WEG e quais são as nossas prioridades”, avisa Vanderlei Moreira, 45 anos, gerente global de riscos e seguros do grupo desde 2007, ano em que a WEG aderiu ao Novo Mercado da bolsa. Com 25 anos atuando em segu-ros, formado em Ciências Atuariais pela PUC-SP, o executivo tem as principais características que os headhunters, acionistas e empresas de seguros procuram: criatividade, flexibilidade, capacidade de reagir a mudanças e se adaptar rapidamente aos mais diferentes cenários.

Além de trabalhar em uma empresa preocupada com a sustentabilidade e especializada em geren-ciar riscos de clientes, o gerente global de riscos e seguros ainda conta com o apoio de todos os de-mais executivos da empresa. “Proteger o patrimô-nio já conquistado de riscos que possam compro-meter de alguma forma o planejamento traçado é prioridade para o corpo diretivo da WEG, bem como para o conselho de administração. Uma das formas de gerar valor ao acionista é ter uma po-lítica de relacionamentos de longo prazo com a indústria de seguros”, afirma Vanderlei Moreira.

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CONTE UM POUCO SOBRE A SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL.

e 2009. Identificando riscos e produzindo as políticas de gerenciamento de riscos para o Grupo WEG. Feito isso, definimos por meio dos comitês e comissões como será tratado o risco, se vamos absorvê-lo, compartilhá-lo ou transferi-lo, seja com seguradoras ou parceiros em proje-tos ou até com fornecedores.

Todas as unidades do mundo têm de seguir as recomendações?

Sim, em todo o mundo, e temos a adesão de todos no gerenciamento de riscos.

A sua área é responsável por todo o programa de seguros do grupo, inclusive das operações no exterior?

Sim. Temos um guarda-chuva mundial de proteções que são as apólices Master. As apólices de Responsabi-lidade Civil Geral (General Liability) Responsabilidade Civil Produtos, D&O, Transporte e Property compõem as apólices do nosso Worldwide Insurance Program (WIP) e as demais são todas definidas localmente, obedecendo às características de cada país. Nos Esta-dos Unidos, por exemplo, temos de comprar seguro de acidentes de trabalho (workers’ compensation), um item obrigatório. Na Índia, só podemos negociar com uma seguradora local, pois há restrições regulatórias para compra de seguro fora do país. Na Europa, todas as unidades estão cobertas em uma apólice conhecida como Free Office Service (FOS).

E não tem um corretor para ajudá-lo?Temos corretores apenas nos países que nos obrigam

a ter esta intermediação, como Estados Unidos e Brasil, sendo que no Brasil utilizamos nossa cativa.

Estamos considerando ter um corretor para as nossas apólices locais que não estão dentro do WIP e que nos ajude nas colocações, bem como as exigências legais e mercado de seguro destes países.

Você tem uma equipe pequena, de apenas quatro pessoas. Como cuidar de tudo?

Trabalhamos muito. Muito mesmo. Estamos estu-dando aumentar a vigência de nossas apólices mundiais de um para dois anos. Isso nos traz mais tranquilidade e nos ajuda a reduzir os custos, bem como nos permite focar no gerenciamento de riscos para diminuir o risco WEG. Geralmente começamos a negociar uma apólice seis meses antes do término de sua vigência e, ainda assim, temos constatado que para determinados riscos o prazo é muito curto para fechar a negociação. São muitas fábricas, e passamos, no Brasil 10 e exterior 12, a efetuar inspeção de risco, e a verificar se todas as nossas

Já atuei em todos os segmentos da indústria de seguros. Comecei minha carreira em seguros em 1987, na Zurich. Foi quando ouvi pela primeira vez a palavra “atuário”, o que se tornou uma rotina na minha vida após cursar Ciências Atuariais na Pontifícia Universidade Católica (PUC). Troquei a Zurich pelo grupo BCN, onde reestruturei a área de transportes. Quando o BCN foi comprado pela Bradesco, fui convidado para integrar o time da corretora Jonhson & Higgins, adquirida pela Marsh, a maior do mundo. Voltei a atuar como segu-rador no grupo Arbi Seguros (Santa Cruz Seguradora, Itatiaia Seguradora e Intercontinental Seguradora), ad-quirido pela Sul América. Depois de ter uma experiência como segurador e corretor, decidi aprender mais sobre resseguro e fui convidado a integrar o time da Munich Re Brasil em 1998. Voltei para o mercado segurador com a oferta da Cigna, que posteriormente foi adquirida pela Assurant, de onde saí com a proposta da WEG de criar uma área de riscos e seguros.

Como o grupo contratava seguro antes da sua chegada?Tínhamos um corretor de seguros, a ADD Makler,

comprado pela grupo MDS. A decisão foi deixar de ope-rar com um corretor no segmento corporate para ter um departamento de gerenciamento de riscos. Conseguimos formar um banco de dados confiável, com estatísticas que nos ajudam a desenhar produtos sob medida para as necessidades do grupo. O banco de dados também nos ajuda a obter taxas melhores de seguros, uma vez que os riscos são conhecidos e mensurados.

E como foi criar a área?Relativamente simples. Para o grupo, seguro é uma

das formas de garantir o crescimento com consistência. A WEG tem uma administração compartilhada, com comissões e comitês responsáveis pela gestão de riscos em fornecimento e financeiro, implementados em 2008

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" NA WEG, 100% DOS EQUIPAMENTOS SÃO TESTADOS POR ENTENDERMOS QUE RISCO É RISCO.".

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recomendações para as não-conformidades foram cumpridas. Se não, a unidade tem 15 dias para emitir relatório informando o prazo para ficar em conformidade com a política de risco, definida em conjunto pela alta cúpula do Grupo WEG.

Ter o apoio da alta direção foi um facili-tador e tanto...

A WEG vende equipamentos para mitigar o risco operacional de seus clientes. Por isso, o trabalho começa dentro de casa e todo o corpo diretivo é orientado a investir em gerenciamento de risco.

Qual a sua política de contratação de seguros?Convidamos seguradoras de primeira linha para

participarem de nossas concorrências, considerando a especialidade da cobertura que necessitamos.

Temos um programa mundial de seguros em que vence a melhor proposta, o que nos torna um cliente diferenciado dentro da indústria de seguros. Protegemos o patrimônio de um dos maiores grupos do mundo no segmento de motores elétricos. Temos riscos ine-rentes ao negócio. Por isso, não temos margem para correr riscos com a escolha de nossos parceiros. Nossas concorrências priorizam propostas técnicas e que visam à parceria no longo prazo.

Não há leilão para obter o melhor preço?Não, pois a nossa avaliação vai muito além do ponto

de vista financeiro. Apenas comunicamos quem venceu, dentro da política de transparência do grupo, que segue rigorosamente os padrões de governança estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Nos dias de hoje há uma tendência entre as instituições financeiras de conceder descontos para clientes que concentram as operações. Isso é benéfico ou atrapalha sua política de concorrência?

É benéfico, pois nos traz descontos. Caso a segura-dora do grupo bancário não seja a melhor no nicho em que procuramos cobertura, vamos agradecer a proposta e procurar a melhor oferta técnica. Isso já aconteceu, e temos o apoio do corpo diretivo para tomar essa decisão.

Quem escolhe os resseguradores do programa mundial?A seguradora líder. Fazemos questão de manter a

relação como um consumidor de seguros, por isso dei-xamos a seguradora livre para escolher os resseguradores. Claro que estamos atentos às negociações e exigimos companhias de primeira linha.

Como uma das cinco maiores apólices de seguros do Brasil, o grupo WEG faz road show para os seguradores e resseguradores estrangeiros ou participa das reuniões mundiais como Baden Baden ou Montecarlo, encontros típicos para negociação de grandes contratos?

Não. Participamos anualmente apenas de reuniões agendadas durante a principal feira de gerenciamento de riscos do mundo, a RIMS, nos Estados Unidos ou Canadá. Está no nosso planejamento fazer apresen-tações do grupo para os principais players

da indústria mundial a partir deste ano.

Qual é seu principal risco?Quando o assunto é risco, não temos riscos pequenos

ou grandes. Analisamos a natureza do risco, não a conse-quência. Um pequeno motor colocado numa geladeira, por exemplo, pode se tornar catastrófico se ele for o causador de um incêndio em um apartamento, com as chamas se alastrando para as outras unidades e ocasio-nando a perda total do edifício. Por isso, para nós todos os riscos são observados, analisados e tratados. Todos os equipamentos passam pelo controle de qualidade e 100% de nossos equipamentos são testados antes de chegarem ao consumidor final. Ao contrário de muitas indústrias, que testam apenas peças escolhidas aleatoriamente. Na WEG, 100% dos equipamentos são testados, porque entendermos que risco é risco.

Que tipo de apólices vocês contratam?Temos várias apólices, entre elas property, risco ope-

racional, responsabilidade civil de produtos, responsabi-lidade civil geral, seguro-garantia, seguro- transporte, um programa de afinidades com preços de seguros pessoais diferenciados para funcionários e seus dependentes com desconto na folha de pagamento, além das apólices in-cluídas no pacote de benefícios dos funcionários, sendo 25 mil funcionários só no Brasil e, destes, 15 mil estão em Jaraguá do Sul. Também temos aproximadamente 68.000 vidas entre colaboradores e seus dependentes com planos ou seguro-saúde.

Há algum risco excluído? Sim. Risco nuclear. Poucas seguradoras operam com

essa cobertura no mundo. Nossa meta é registrar o nosso histórico de equipamentos comercializados neste seg-mento e com base na experiência da carteira apresentar o risco para o setor e aí, sim, conseguir um contrato com cobertura e preço adequados.

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caderno nacional

E inundação, já que a matriz do grupo fica em uma região de risco?

Nossas fábricas foram construídas acima do nível de risco de enchentes e, por isso, sem registro de perdas com esse risco. Nosso desafio foi desenhar a logística para transferir a produção para outra unidade no caso desta ocorrência, pois, apesar de não sofrermos perdas, nossos funcionários sofrem. Muitos não conseguem chegar ao trabalho porque suas residências ou as de seus familiares foram atingidas. E os que conseguem che-gar às nossas fábricas tentam ajudar os que perderam bens em campanhas de arrecadação ou em mutirões de reconstrução.

Recentemente o grupo comprou uma fábrica de tintas. Vocês conseguiram incluir a unidade no programa mundial sem problemas?

Sim, com a mesma taxa de risco praticada para todo o grupo, pois as seguradoras sabem que temos um geren-ciamento de risco eficiente e sério.

A WEG tem adquirido muitas empresas. Como a empresa faz com as apólices, ela as mantém ou as incorpora ao programa mundial?

Analisamos cada caso e as apólices desta unidade adquirida. Se ela estiver dentro de nossos padrões, espe-ramos até o término de vigência da apólice para incluir a unidade em nossa apólice mundial; do contrário, a inclu-são é automática. Mesmo nos Estados Unidos, país que tem cultura de seguros, precisamos investir para adequar o programa às exigências determinadas pelo comitê de gerenciamento de riscos. É uma decisão do conselho nivelar todos no mesmo padrão de proteção.

Qual a principal mudança que precisou fazer para mitigar riscos, desde que criou a área de seguros no grupo WEG?

Criar em conjunto com a empresa fábricas que aten-dam ao plano de contingência e incluir no dia a dia de to-dos os colaboradores a prática de gerenciamento de risco.

Que outras ações importantes o departamento de riscos e seguros tem realizado para manter o patrimônio do grupo protegido?

Estamos sempre atentos aos riscos de abastecimento. O grupo WEG é bem verticalizado. Temos uma uni-dade responsável por administrar florestas, para termos madeira para produzir as caixas de transporte dos equi-pamentos. Não podemos correr o risco de ficar com a produção parada por problemas com um fornecedor.

E vocês têm seguro da floresta?Sim, temos. Com a BB MAPFRE.

E como é feito o seguro do transporte dos equipamentos? Há máquinas gigantes e caríssimas.

Além de grandes e do alto valor agregado, nossos clientes precisam delas funcionando na data combinada. Temos um contrato de seguro-transporte desde 2008, liderado pela Liberty, que tem funcionado muito bem, dentro do conceito “todos ganham” e não “um ganha e o outro perde”. Isso gera uma confiança grande no relacio-namento, essencial em uma carteira tão nervosa como a de transporte.

No caso da exportação, o seguro é por conta da WEG ou do cliente?

O cliente tem a opção de escolher. Pelo volume que negociamos, sempre conseguimos um preço melhor, o que faz com que cerca de 80% dos nossos clientes optem pelo seguro-transporte all risks da WEG. Além do preço, o risco de danos é menor, pois já temos uma equipe de transportadores acostumados com nossas máquinas.

Um brasileiro negociando um programa mundial de seguros. Isso deve ter causado uma surpresa no mercado internacional. Conte um pouco sobre essa experiência.

No começo as pessoas ficavam surpresas. Alguns corretores insistiam em tentar negociar com os executivos locais, mas logo se acostumaram com o fato de que toda negociação tinha de ser conduzida com a minha equipe no Brasil. Mas o mais incrível são os comentários de nossos seguradores de que os gringos das seguradoras-matrizes agora recebem, e não mais demandam, orientações e desenhos dos programas de seguro. Isto está sendo muito engraçado, porque diversos seguradores já nos confessa-ram que agora eles estão dando o troco em sua matriz.

Qual o seu maior desafio profissional à frente da gerência de risco e de seguros global da WEG?

Manter todas as unidades do grupo protegidas.

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