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Julho 2016 ExLibris 9 Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Ensino Ensinar, pensar, praticar e investigar o Direito numa Instituição de prestígio internacional Numa busca incessante por conheci- mento, o ExLibris® voltou a Coimbra, a cidade dos estudantes, dos douto- res, dos amores proibidos e das tra- dições académicas. «Coimbra é uma lição» foi o verso para sempre eter- nizado por Amália Rodrigues e, em cada regresso, confirmamos a vera- cidade desta premissa. E, voltamos muitas vezes porque Coimbra marca todos os que por aqui passam. Nes- ta cidade, «aprende-se a dizer sauda- de» e o caminho traz-nos sempre de volta às margens do rio Mondego e às águas que espelham as memórias dos tempos em que ouvíamos fasci- nados, com as nossas capas negras sobre os ombros, os acordes do Fado de Coimbra que imortalizam as emo- ções de ser estudante neste local im- buído de saber e de ciência. Guiados pela Torre da Universida- de, a «velha Cabra» que marca o pas- sar do tempo, subimos desde a Baixa até à Alta da cidade onde encontrá- mos um testemunho vivo de mais de sete séculos de sapiência: a Universi- dade mais antiga de Portugal que te- ve (e tem) um papel decisivo no país e no mundo, desde a epopeia marí- tima, à formação do Brasil e à inte- gração europeia. Almejando conhe- cer esta história que se funde e con- funde com a de Portugal, fomos até a um dos berços desta Instituição: a Faculdade de Direito da Universida- de Coimbra (FDUC). Ao percorrer os corredores desta Escola, sentimo-nos envoltos num espírito académico único. Aqui, res- pira-se conhecimento. Sentimo-nos especiais só por podermos estar no mesmo espaço que alguns dos gran- des mestres que estiveram na ori- gem do atual quadro jurídico por- tuguês e europeu, que participaram ativamente nas conquistas geracio- nais e nos feitos indeléveis que mar- cam o presente do país. É, de facto, um privilégio ter oportunidade de vi- venciar esta história na primeira pes- soa, de a conhecer tão de perto e de sentir que podemos fazer parte da evolução ambicionada para os tem- Uma das melhores escolas de Direito do mundo A Faculdade de Direito da Univer- sidade de Coimbra voltou recente- mente a ser reconhecida como uma das melhores escolas de Direito do mundo, na análise levada a cabo pe- lo QS World University Rankings by Subject de 2016, sendo a única insti- tuição portuguesa na listagem rela- tiva à área jurídica. Para o diretor da FDUC, Rui de Figueiredo Marcos, “o resultado expresso no ranking ape- nas vem coroar o prestígio interna- cional de que a Faculdade já desfru- ta”. Com o intuito de perceber quais os pilares que sustentam esta dis- tinção e o lugar de destaque alcan- çado nos panoramas nacional e in- ternacional pela Faculdade de Di- reito da UC, o ExLibris® procurou, em primeiro, conhecer a sua matriz identitária que é, com certeza, a base da sua diferenciação face às congé- neres. Neste sentido, Rui de Figuei- redo Marcos começa por elucidar O ExLibris® regressou à eterna cidade dos estudan- tes para saber, em primei- ra mão, os novos projetos que a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC) tem na forja. Numa entrevista que se materializou num verdadeiro momento de aprendizagem a vários níveis, Rui de Figueiredo Marcos, diretor da Instituição, traçou um importante retrato do passado da FDUC e dos seus notáveis contributos para o desenvolvimento do país, levando-nos a perceber porque é que esta Faculdade é uma referência incontorná- vel no panorama atual do Ensino Superior em Portugal e além-fron- teiras. Sendo uma Casa do conhecimento ímpar, a FDUC é, aliás, uma Instituição procurada por um elevado número de alunos oriundos de todo o mundo, bem como por uma legião de professores estrangeiros que aqui encontram o lugar per- feito para concretizar as suas missões de estudo e de investigação. Na senda da inovação, a Faculdade de Direito de Coimbra irá abrir, brevemente, o Curso de Jurisprudência que se consubstanciará numa nova forma de ensinar e de pensar o Direito. pos vindouros. E, ao mesmo tempo, por incrível que pareça, este conhe- cimento não nos assusta. Não fica- mos esmagados pela grandeza des- ta Faculdade; muito pelo contrário, sentimo-nos motivados e desejosos por aprendermos com todos os pro- fessores, por alcançarmos o máximo de conhecimento possível e por nos tornarmos em melhores cidadãos e em exímios profissionais. Todos os que frequentam esta verdadeira cá- tedra do conhecimento demonstram uma enorme afeição por esta Insti- tuição que se resume na forma con- victa como pronunciam a expressão “a nossa Faculdade”, como se fizes- sem parte dela e esta passasse a fa- zer orgulhosamente parte da histó- ria de cada um. Esta é, de facto, uma Instituição com passado, voltada para o futuro. Uma “Escola plural, uma Casa de Cultura e de Liberdade”, onde inves- tigam, ensinam e estudam cidadãos livres, onde se respeita e pratica a “li- berdade de aprender e de ensinar”. Rui de Figueiredo Marcos, diretor da FDUC que “a identidade ímpar desta Insti- tuição está muito alicerçada na sua importância histórica. Os estudos jurídicos em Portugal são multisse- culares e remontam à fundação da Universidade portuguesa em 1290. Vingaram com a criação das Facul- dades de Leis e de Cânones, a par das de Medicina e de Teologia. A Facul- dade de Direito da Universidade de Coimbra, com esta designação, sur- ge em 1836 como resultado da fusão imposta pela Reforma de Passos Ma- nuel entre as originais Faculdades de Leis e de Cânones. Assim, a Faculda- de de Direito de Coimbra comemora, em 2016, com esta denominação, 180 anos”, realça. Se analisarmos o per- curso traçado pela Instituição ao lon- go dos últimos séculos, conseguimos comprovar que a Faculdade de Direi- to sempre primou por “adaptar o seu ensino ao contexto jurídico prevale- cente na Europa, sendo influenciada e influenciando as grandes correntes do pensamento jurídico que marca- ram cada época, tendo como voto

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Julho 2016 ExLibris

9 Faculdade de Direito da Universidade de CoimbraEnsino

Ensinar, pensar, praticar e investigar o Direito numa Instituição de prestígio internacional

Numa busca incessante por conheci-mento, o ExLibris® voltou a Coimbra, a cidade dos estudantes, dos douto-res, dos amores proibidos e das tra-dições académicas. «Coimbra é uma lição» foi o verso para sempre eter-nizado por Amália Rodrigues e, em cada regresso, confirmamos a vera-cidade desta premissa. E, voltamos muitas vezes porque Coimbra marca todos os que por aqui passam. Nes-ta cidade, «aprende-se a dizer sauda-de» e o caminho traz-nos sempre de volta às margens do rio Mondego e às águas que espelham as memórias dos tempos em que ouvíamos fasci-nados, com as nossas capas negras sobre os ombros, os acordes do Fado de Coimbra que imortalizam as emo-ções de ser estudante neste local im-buído de saber e de ciência.

Guiados pela Torre da Universida-de, a «velha Cabra» que marca o pas-sar do tempo, subimos desde a Baixa até à Alta da cidade onde encontrá-mos um testemunho vivo de mais de sete séculos de sapiência: a Universi-

dade mais antiga de Portugal que te-ve (e tem) um papel decisivo no país e no mundo, desde a epopeia marí-tima, à formação do Brasil e à inte-gração europeia. Almejando conhe-cer esta história que se funde e con-funde com a de Portugal, fomos até a um dos berços desta Instituição: a Faculdade de Direito da Universida-de Coimbra (FDUC).

Ao percorrer os corredores desta Escola, sentimo-nos envoltos num espírito académico único. Aqui, res-pira-se conhecimento. Sentimo-nos especiais só por podermos estar no mesmo espaço que alguns dos gran-des mestres que estiveram na ori-gem do atual quadro jurídico por-tuguês e europeu, que participaram ativamente nas conquistas geracio-nais e nos feitos indeléveis que mar-cam o presente do país. É, de facto, um privilégio ter oportunidade de vi-venciar esta história na primeira pes-soa, de a conhecer tão de perto e de sentir que podemos fazer parte da evolução ambicionada para os tem-

Uma das melhores escolas de Direito do mundoA Faculdade de Direito da Univer-sidade de Coimbra voltou recente-mente a ser reconhecida como uma das melhores escolas de Direito do mundo, na análise levada a cabo pe-lo QS World University Rankings by Subject de 2016, sendo a única insti-tuição portuguesa na listagem rela-tiva à área jurídica. Para o diretor da FDUC, Rui de Figueiredo Marcos, “o resultado expresso no ranking ape-nas vem coroar o prestígio interna-cional de que a Faculdade já desfru-ta”.

Com o intuito de perceber quais os pilares que sustentam esta dis-tinção e o lugar de destaque alcan-çado nos panoramas nacional e in-ternacional pela Faculdade de Di-reito da UC, o ExLibris® procurou, em primeiro, conhecer a sua matriz identitária que é, com certeza, a base da sua diferenciação face às congé-neres. Neste sentido, Rui de Figuei-redo Marcos começa por elucidar

O ExLibris® regressou à eterna cidade dos estudan-tes para saber, em primei-ra mão, os novos projetos que a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC) tem na forja. Numa entrevista que se materializou num

verdadeiro momento de aprendizagem a vários níveis, Rui de Figueiredo Marcos, diretor da Instituição, traçou um importante retrato do passado da FDUC e dos seus notáveis contributos para o desenvolvimento

do país, levando-nos a perceber porque é que esta Faculdade é uma referência incontorná-vel no panorama atual do Ensino Superior em Portugal e além-fron-teiras. Sendo uma Casa do conhecimento ímpar,

a FDUC é, aliás, uma Instituição procurada por um elevado número de alunos oriundos de todo o mundo, bem como por uma legião de professores estrangeiros que aqui encontram o lugar per-feito para concretizar as

suas missões de estudo e de investigação. Na senda da inovação, a Faculdade de Direito de Coimbra irá abrir, brevemente, o Curso de Jurisprudência que se consubstanciará numa nova forma de ensinar e de pensar o Direito.

pos vindouros. E, ao mesmo tempo, por incrível que pareça, este conhe-cimento não nos assusta. Não fica-mos esmagados pela grandeza des-ta Faculdade; muito pelo contrário, sentimo-nos motivados e desejosos por aprendermos com todos os pro-fessores, por alcançarmos o máximo de conhecimento possível e por nos tornarmos em melhores cidadãos e em exímios profissionais. Todos os que frequentam esta verdadeira cá-tedra do conhecimento demonstram uma enorme afeição por esta Insti-tuição que se resume na forma con-victa como pronunciam a expressão

“a nossa Faculdade”, como se fizes-sem parte dela e esta passasse a fa-zer orgulhosamente parte da histó-ria de cada um.

Esta é, de facto, uma Instituição com passado, voltada para o futuro. Uma “Escola plural, uma Casa de Cultura e de Liberdade”, onde inves-tigam, ensinam e estudam cidadãos livres, onde se respeita e pratica a “li-berdade de aprender e de ensinar”.

Rui de Figueiredo Marcos, diretor da FDUC

que “a identidade ímpar desta Insti-tuição está muito alicerçada na sua importância histórica. Os estudos jurídicos em Portugal são multisse-culares e remontam à fundação da Universidade portuguesa em 1290. Vingaram com a criação das Facul-dades de Leis e de Cânones, a par das de Medicina e de Teologia. A Facul-dade de Direito da Universidade de Coimbra, com esta designação, sur-ge em 1836 como resultado da fusão imposta pela Reforma de Passos Ma-nuel entre as originais Faculdades de Leis e de Cânones. Assim, a Faculda-de de Direito de Coimbra comemora, em 2016, com esta denominação, 180 anos”, realça. Se analisarmos o per-curso traçado pela Instituição ao lon-go dos últimos séculos, conseguimos comprovar que a Faculdade de Direi-to sempre primou por “adaptar o seu ensino ao contexto jurídico prevale-cente na Europa, sendo influenciada e influenciando as grandes correntes do pensamento jurídico que marca-ram cada época, tendo como voto

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ExLibris Julho 2016

permanente uma modernização constante do ensino”, afirma o dire-tor da FDUC, mostrando, a cada pas-so do seu pensado discurso, que “es-ta identidade histórica foi-se afir-mando ao longo dos séculos e isso constitui um pecúlio precioso que se projeta, hoje em dia, a múltiplos ní-veis. Uma Faculdade de Direito, com a luz viva deste passado deveras ilus-tre, acaba por iluminar o seu presen-te e o seu futuro”.

Outro aspeto igualmente distinti-vo assenta, na opinião de Rui de Fi-gueiredo Marcos, na cultura acadé-mica incutida na e pela Instituição:

“A Faculdade de Direito da Universi-dade de Coimbra recebeu um enor-míssimo legado espiritual dos seus mestres. As gerações que nos pre-cederam trasmitiram-nos um certo modo de ser universitário. Tal facto tem uma influência enorme no pre-sente dada a circunstância de estar-mos agora a atravessar um momento de transição. A Faculdade criou um enormíssimo prestígio – quer a nível nacional, quer internacional – e tem efetivamente o dever intransigente de o defender como a si própria se defende. E isto implica uma conser-vação de um rigor enorme nas suas provas públicas de Doutoramento. Como é sabido, na nossa Faculda-de, as carreiras não correspondem propriamente a um riscar meteóri-co. Não são coisas fulgurantes. Pelo contrário, levam o seu tempo. Os pro-

fessores da FDUC apressam-se deva-gar, porque isso faz parte da sua for-mação universitária. Aqui, quem se apresenta a provas muito brevemen-te, arrepende-se muito longamente. O estudo tem o seu tempo de matu-ração e, por conseguinte, o prestígio da Faculdade tem de ser preservado com o mesmo rigor de sempre. Nos dias que correm, em que muitos dos nossos assistentes foram atirados pa-ra provas de forma urgente por impo-sição legislativa, esses cuidados têm de ser efetivamente redobrados. E a Faculdade tem conseguido ultrapas-sar com sucesso esta fase, porque realmente a nossa formação univer-sitária sempre assentou numa liga-ção muito íntima entre mestre e dis-cípulos. Presentemente, com o lugar de assistente a dar os seus últimos suspiros, isso implica que a carreira universitária comece realmente no Doutoramento. Um professor uni-versitário, em particular da FDUC, nasce muito e faz-se muito. E não nasce professor por muito douto-rado que esteja. Esta formação exi-ge anos sob orientação dos grandes mestres. Só uma geração de grandes professores dá origem a outra gran-de geração de docentes”, realça o diretor. Assim, unidos pelo amor da sabedoria, mestres e discípulos concretizam a missão da Faculdade e exercitam a ciência, assegurando, desta forma, a qualidade pedagógi-ca e científica pela qual a Faculdade

de Direito de Coimbra é sobejamen-te reconhecida. De facto, “esta com-binação entre uma formação muito rigorosa e um tirocínio na docência assenta no contacto assíduo com os mestres. Um modelo que se deseja conservar”.

A Faculdade assume-se como uma grande Escola de Ciência Ju-rídica, mas é também, com certe-za, uma grande Escola de Grati-dão. “Acarinha os seus mestres de-pois de jubilados e não os esquece após aquela viagem de onde não há regresso. É esta esmeradíssima cor-tesia universitária, este convívio es-plêndido e esta unidade espiritual entre todos os elementos que pro-porcionam o quilate pedagógico e científico que distingue a Faculda-de das suas congéneres”, garante Rui de Figueiredo Marcos. Importa real-çar que este primoroso relaciona-mento universitário existe quer no seio do corpo docente, quer entre este e os estudantes. “O facto de ha-ver uma grande unidade espiritual, uma ciência de maneiras ou de cor-tesia universitária é essencial em to-dos os aspetos, nomeadamente pa-ra o progresso de uma Faculdade e de uma boa investigação, tanto mais que, hoje em dia, a investigação de-ve ser feita também em modo cole-tivo. E isso exige, fora de dúvida, um relacionamento amável entre as pes-soas para que possa ser frutífera”, as-severa o diretor da FDUC.

Uma Faculdade empenhada na evolução do paísEsta foi, desde sempre, uma Insti-tuição que, abrindo as suas portas ao exterior, soube pôr todo o seu co-nhecimento a favor do desenvolvi-mento social, cultural e económico do país. Através dos seus estudan-tes e docentes, a Faculdade de Di-reito esteve continuamente presen-te nos principais acontecimentos da história portuguesa. Os estudantes de Coimbra lideraram movimentos políticos, ideológicos e culturais que marcaram os últimos dois séculos.

Analisando os contributos dados pela FDUC, Rui de Figueiredo Mar-cos recorda que, “em primeiro lu-gar, os estudos jurídicos em Coim-bra – através da Faculdade de Leis e da de Cânones – foram essenciais para o preenchimento do topo de to-da a Administração Pública nacional e das grandes instituições jurídicas da Monarquia ao longo das reformas pombalinas do século XVIII. O mes-mo aconteceu relativamente ao pe-ríodo liberal também”.

Percorrendo a timeline dos últi-mos séculos, o diretor da Faculda-de menciona, ainda, casos mais vi-síveis e recentes, evidenciando a importância da Instituição no pa-norama jurídico português do século XX. “Durante a Primeira República, a maioria dos presidentes da repú-blica eram professores na Universi-dade de Coimbra, sendo um ou ou-tro oriundo da Faculdade de Direito. Aliás, um dos ministros mais proe-minentes do Governo dessa época era Afonso Costa, que se formou em Direito pela Universidade de Coim-bra e foi seu professor. Também o ministro dos Negócios Estrangei-ros da mesma época, Duarte Gomes, foi escolar na Faculdade de Direito de Coimbra. E, se avançarmos um pouco no tempo, analisando o país subsequente à Primeira Repúbli-ca, todas as grandes reformas jurídi-

cas levadas a cabo entre 1926 e 1974 foram delineadas por grandes figu-ras da nossa Faculdade. Daqui saí-ram ministros ligados a importantes monumentos jurídicos como o Dou-tor Antunes Varela (um dos autores do Código Civil que está agora a co-memorar 50 anos) e o Doutor Mário Júlio de Almeida Costa (ministro da Justiça aquando da entrada em vi-gor deste Diploma). Também a cé-lebre Concordata com a Santa Sé de 1940 foi negociada por professores desta Faculdade. E poderíamos mul-tiplicar os exemplos, pois são muitas as figuras conhecidas desse período que eram oriundas desta Institui-ção”, recorda Rui de Figueiredo Mar-cos, evidenciando a suma importân-cia e presença da FDUC em momen-tos decisivos da história portuguesa.

Após a revolução de abril de 1974, a intervenção da Faculdade de Direi-to de Coimbra foi, uma vez mais, de enorme valor, uma vez que os profes-sores desta Casa estiveram ligados a algumas das reformas mais impor-tantes inscritas nesse período. Na atualidade, podemos destacar três personalidades presentes no terreno jurídico que marcam a projeção da Faculdade no panorama português:

“O Doutor Joaquim de Sousa Ribei-ro, presidente do Tribunal Constitu-cional e o Doutor José de Faria Costa, Provedor de Justiça, que são profes-sores na FDUC; e também o Doutor António Silva Henriques Gaspar, pre-sidente do Supremo Tribunal de Jus-tiça, que fez a sua formação acadé-mica nesta Faculdade. São dados ob-jetivos que transmitem a influência desta Casa no curso jurídico do país”, afirma o diretor da FDUC.

Novo curso de Jurisprudência em Coimbra: Ensinar a pensar e a praticar o DireitoFazendo jus ao seu prestigiante pas-sado e à evolução da sociedade e des-ta área do saber, na atualidade a ofer-ta formativa da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra assen-ta nas Licenciaturas em Direito e em Administração Público-Privada. Ao nível do 2º Ciclo de Estudos, a Facul-dade ministra os Mestrados em Di-reito, em Administração Pública e em Administração Pública Empresa-rial. Por último, disponibiliza ainda vários Programas Doutorais em Di-

FDUC: De portas abertas ao mundo A Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra é uma Instituição portuguesa de Ensino Superior com notável poder de atração. Presentemente, podemos encontrar, pelos seus corredores e salas de aula, alunos estrangeiros de mais de 25 nacionalidades.

“Para apoiar os alunos ao abrigo do Estatuto do Estudante Internacional, a Faculdade disponibiliza aulas suplementares (de caráter opcional) nas quais estes discentes obtêm uma atenção adicional, no sentido de os integrar mais facilmente na cultura jurídica portuguesa”, adianta Rui de Figueiredo Marcos. Além disso, dado o

elevado número de alunos brasileiros e chineses a realizar de forma integral a Licenciatura em Direito, “incluímos, no nosso plano de estudos, como cadeiras optativas, disciplinas relacionadas com o enquadramento jurídico brasileiro e chinês, por forma a dotar estes alunos de conhecimentos básicos sobre o Direito dos

seus países de origem”.Cumprindo, assim, o objetivo de João Gabriel da Silva, Reitor da UC, que pretende que a Instituição se transforme numa Universidade global, a Faculdade de Direito é também muito procurada para a organização e promoção de cursos de especialização para estudantes e juristas

estrangeiros, bem como por uma legião de profes-sores de múltiplos países para realizarem estadas de investigação e proferi-rem conferências – facto que demonstra o seu prestígio internacional. Também neste contexto, a FDUC assegura e coordena Mestrados de Direito em Timor, Macau, Moçambique e Angola.

A Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra consta, uma vez mais, no top 200 das melhores escolas de Direito do mundo, de acordo com o QS World University Rankings by Subject de 2016.

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Julho 2016 ExLibris

reito, além de Pós-graduações e Cur-sos Não Conferentes de Grau em te-mas muito específicos do Direito.

Sendo uma referência ímpar no panorama europeu de Ensino Su-perior, “esta é uma Instituição apos-tada em ensinar e pensar o Direito. Nesse sentido, o magistério do Direi-to que promovemos tenta forjar o es-pírito crítico, almejando um pensa-mento vibrátil e autónomo”, defen-de Rui de Figueiredo Marcos. Esta perspetiva não se encerra em livros. É ensinada através da proficiência dos mestres e professores nas salas de aula, mas também nas conver-sas que se tem nos corredores, nas tertúlias e em colóquios. Este é um debate profícuo que promove o co-nhecimento científico. A conjugação destes vetores proporciona um cur-so jurídico de banda larga que tem permitido saídas profissionais diver-sas aos seus diplomados.

Além disso, a par das perspetivas jurídico-filosófica e histórico-jurídi-ca do Direito que marcam o Modelo Pedagógico da FDUC, “sempre pri-mamos por aprimorar uma verten-te prática do magistério do Direito, sendo esta uma preocupação que se acentua na atualidade de acor-do com os desafios que os recém-

-diplomados enfrentam assim que concluem os seus cursos”, reitera o Professor Catedrático. Neste sentido, na senda da inovação pedagógica, a Faculdade de Direito irá abrir, breve-mente, um Curso de Pós-graduação de Jurisprudência. “Esta nova oferta ilustra uma das vertentes que às ve-zes não está completamente eviden-te no modo clássico de ensinar o Di-reito: a prática. Trata-se de ensinar uma disciplina através da casuísti-ca, o que se revela muito importante. Para tal, já temos, entre outros, pro-tocolos celebrados com o Centro de Estudos Judiciários (CEJ) e com o Sindicato dos Magistrados do Minis-tério Público. A docência deste Cur-so ficará a cargo de práticos do Di-reito, como magistrados que, dada a sua inserção no terreno, serão capa-zes de auxiliar a proporcionar uma visão mais prática aos nossos estu-dantes, nos domínios forense, da prática notarial, das conservatórias e da arte diplomática. Este modelo consubstancia outra forma de ensi-nar o Direito que não está excluído

do modo clássico, acentuando, po-rém, uma perspetiva mais jurispru-dencialista. O Direito pensa-se para ser aplicado, mas também se aplica pensando. Ele existe, em primeira instância, para servir a vida e resol-ver os problemas das pessoas”, res-salva Rui de Figueiredo Marcos.

Esta Pós-graduação encontra-se aberta a todos, desde os estudan-tes do 1º Ciclo de Estudos que pre-tendam frequentar este Curso co-mo complemento até licenciados e profissionais que queiram atuali-zar os seus conhecimentos jurídicos. No entanto, acrescenta o diretor da FDUC, “servirá sobretudo para que os nossos licenciados, aquando da sua integração no mercado de tra-balho, não mergulhem numa água tão fria como acontece a quem pos-sa estar mais desprevenido”. A Esco-la de Jurisprudência funcionará no quinhentista Colégio da Trindade, beneficiando de um espaço nobre dotado de uma sala de audiências que apoiará diretamente as ativida-des inseridas nesta nova oferta for-mativa. Este edifício albergará tam-bém o Instituto Jurídico, o braço di-leto da FDUC na área da investigação científica. Tal como o ExLibris® te-ve oportunidade de comprovar, as obras neste edifício estão a avançar a um bom ritmo, perspetivando-se a sua conclusão no decorrer deste ano.

Investigação jurídicaA par da excelência pedagógica, uma das imagens de marca da Instituição é a elevada qualidade da investiga-ção científica. Presentemente, “a Fa-culdade de Direito de Coimbra tem dois caminhos paralelos: a investi-gação individual a partir da qual os docentes e os investigadores cons-troem as suas carreiras ou, em modo coletivo que é sinal dos novos tem-pos, tornando-se necessário para as devidas candidaturas a projetos”. Es-ta produtividade científica traduz-se na atividade desenvolvida pelo Ins-tituto Jurídico e por vários Centros que prosseguem iniciativas de inves-tigação, ensino e serviços à comuni-dade em diversos domínios do saber cultivados pela FDUC. “A aposta, de forma preponderante, na investiga-ção científica constitui fator essen-cial para a distinção de uma Institui-ção”. Por conseguinte, “a Faculdade

exibe, hoje, um investimento institu-cional muito relevante na investiga-ção, centrada no Instituto Jurídico”. Tendo sido criado em 1911 e apresen-tado excelentes contributos ao longo de toda a sua história, o Instituto re-constituiu-se em janeiro de 2013 co-mo unidade de investigação e desen-volvimento, ao abrigo dos novos Es-tatutos da Faculdade. Avaliado com a nota de «Muito Bom» pela Funda-ção para a Ciência e a Tecnologia e

“presidido pelo Doutor Rui Moura Ra-mos, antigo presidente do Tribunal Constitucional, o Instituto propõe-

-se agora, mais especificamente, or-ganizar a investigação na Faculda-de em linhas e grupos temáticos, fo-mentando a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, promoven-do o investimento em pesquisa apli-cada e desenvolvendo a colabora-ção com centros estrangeiros de re-ferência”.

Da vasta produção do Instituto, destaca-se a publicação de múltiplos livros resultantes da atividade jurí-dica levada a cabo. Aliás, a primeira obra relevante saída do labor inves-tigativo do Instituto, e coordenada pelo prestigiado Doutor José Car-los Vieira de Andrade, debruçou-se, de forma pioneira, sobre o Direito do Petróleo. “Esta publicação inau-gurou uma nova etapa da Faculda-de e sublinha-se a sua sintonia com os interesses atuais, nomeadamente das economias dos países lusófonos”, reitera Rui de Figueiredo Marcos.

Todas as atividades de produção de conhecimento são apoiadas e sus-tentadas na diversidade e na riqueza das obras pertencentes à Biblioteca da Faculdade de Direito de Coimbra.

“Sendo um enclave da cultura nos pa-noramas nacional e internacional, a Biblioteca é indissociável da Facul-dade. Foi construída com exigências de sentido, desde logo incentivar a formação daquilo que se designa por jurista integral. Por isso, observamos,

sem espanto, que parte da estanta-ria da Biblioteca se encontra povoa-da de livros não jurídicos, cultivando o saber universal”, refere. Além dis-so, uma parte importante da Biblio-teca é inteiramente dedicada ao pe-riodismo jurídico – domínio em que a Faculdade foi pioneira ao publicar, desde a sua fundação, a «Revista de Legislação e de Jurisprudência». A par desta, edita o «Boletim da Facul-dade de Direito de Coimbra» e o «Bo-letim de Ciências Económicas». Com mais de um século de história, “es-ta é a melhor Biblioteca do país na área do Direito e uma das melhores da Europa, sendo muito procurada por professores e investigadores de outras Faculdades e por estudiosos estrangeiros”.

A Biblioteca tem as suas obras dis-persas. As estantes serpenteiam ao longo de todos os corredores da Fa-culdade. Por isso, “é premente erguer um edifício para Biblioteca, por for-ma a proporcionar maior comodida-de na consulta das obras e nas tare-fas de investigação. Para cumprir tais objetivos, temos um projeto, da auto-ria do arquiteto Siza Vieira, aprova-do para o Palácio dos Melos (antiga Faculdade de Farmácia) que espera-mos ver concretizado em breve”, de-fende Rui de Figueiredo Marcos. Pa-ralelamente a este projeto, a direção da FDUC logrou beneficiar os edifí-cios do Palácio dos Melos e do Co-légio de Jesus, onde requalificou e ocupou algumas salas, colmatan-do a evidente falta de espaço no seu edifício principal. O ExLibris® teve oportunidade de visitar estes reno-vados espaços e de comprovar o es-plendor e o aformoseamento destas novas instalações.

Uma Faculdade a marcar o presente e o futuroA direção da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra empenha-

-se diariamente em responder aos

desafios do tempo presente. “Nesta altura de crise europeia, marcada por movimentos de fragmentação como o Brexit, esta Instituição tem tido a preocupação de apoiar a necessária reflexão sobre os reptos que se colo-cam à Europa e o seu enquadramen-to jurídico”. Tal tem sido feito devi-do aos eventos e congressos dinami-zados pela FDUC, mas também pelo contributo que figuras oriundas des-ta Casa têm dado em organismos im-portantes como, por exemplo, o Par-lamento Europeu e o Tribunal Geral da União Europeia.

Olhando para as problemáticas prementes no nosso país, podemos também verificar que a FDUC tem cultivado domínios nevrálgicos co-mo o Direito da Saúde, da Família e da Segurança Social. “Temos fei-to um esforço conjunto com diver-sas entidades no sentido da moder-nização de todos os ramos do Direi-to. Além disso, participamos também na formação dos futuros magistrados, uma vez que os nossos professores são chamados com frequência a in-tegrar júris no CEJ. Simultaneamen-te, temos dado contributos para o de-senvolvimento dos países lusófonos através de parcerias instituídas com diversas Faculdades”, conclui.

Ainda neste domínio, servindo de cartão de apresentação aos visitantes estrangeiros, a Imprensa da UC publicou, recentemente, uma obra, em inglês, da autoria de Rui de Figueiredo Marcos, onde retrata a evolução dos estudos jurídicos em Portugal, com uma exposição cuidada

acerca da história da FDUC e das suas figuras, do passado e do presente. A obra inti-tulada «The Coimbra Faculty of Law in Retrospect» foi apresen-tada pelo Presidente da República e pelo Reitor da Universidade de Coimbra, numa luzida e muito con-corrida cerimónia.

VEJA A REPORTAGEM EM VÍDEO EM WWW.EXLIBRISCI.PTE CONHEÇA A FDUC

Crédito: In «The Coimbra Faculty of Law in Retrospect» - coordenação editorial da Imprensa da Universidade Coimbra

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1º CICLO | LICENCIATURASDireitoAdministração Público-Privada

2º CICLO | MESTRADOSDireito

Vertente CientíficaJurídico-CIVILÍSTICAS· Menção em Direito Civil· Menção em Direito Processual CivilJurídico-POLÍTICAS· Menção em Direito Constitucional· Menção em Direito Administrativo· Menção em Direito Fiscal· Menção em Direito Internacional Público e Europeu· Menção em Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do AmbienteJurídico-EMPRESARIAIS· Menção em Direito Empresarial· Menção em Direito LaboralJurídico-CRIMINAISJurídico-HISTÓRICASJurídico-ECONÓMICASJurídico-FILOSÓFICAS

Ciências Jurídico-Forenses

Administração Pública

3º CICLO | DOUTORAMENTOSCurso GeralDesafios sociais, incerteza e direito

Áreas de Especialização:. Jurídico-HISTÓRICAS. Jurídico-FILOSÓFICAS. Direito CIVIL. Jurídico-PROCESSUAIS. Jurídico-ECONÓMICAS. Jurídico-EMPRESARIAIS. Direito PÚBLICO. Direito INTERNACIONAL. Jurídico-CRIMINAIS

Programa de Doutoramentoem Direito Público sem CursoEstado Social, Constituição e Pobreza

PÓS-DOUTORAMENTO INSTITUTO JURÍDICOPrograma de Pós-Doutoramento em DireitoPós-Doutoramento a Título Individual

– Sem Curso

CURSO DE JURISPRUDÊNCIA

CURSOS NÃO CONFERENTES DE GRAU: À Distância . Pós-Graduações . Breves Sistema de Indústria Responsável: Aspectos Jurídicos . Direito da Eficiência Energética . Direito das Energias Renováveis . Estudos Europeus . Consentimento Informado . Responsabilidade Médica . Segredo Médico, Dados Pessoais e Processo Clínico . Responsabilidade Civil, Penal e Disciplinar da indústria Farmacêutica e dos Farmacêuticos . Direito da investigação Clínica . Fim de Vida e Direito . Direito e Saúde Pública . Saúde Mental, Neurociências e Direito . Direito da Medicina da Reprodução . Segredo Médico, Dados Pessoais e Processo Clínico . Direito da Comunicação Social . Direito da Regulação da Comunicação Social . Direito da Regulação das Comunicações Electrónicas . Direito de Resposta na Comunicação Social . Direito da Publicidade . Direitos de Autor . Regulação das Comunicações Electrónicas . Direito dos Contratos . Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente . Direitos Humanos . Operações de Paz e Acção Humanitária . Responsabilidades Parentais . Comissões de Protecção . Direito Internacional Privado dos Menores . Tutela Educativa . Adopção e Apadrinhamento . Divórcio . Violência Doméstica . Mediação Familiar . Direito dos Contratos e do Consumo . Direito Penal Económico Internacional e Europeu . Direito do Desporto . Direito Penal Económico . Compliance e Direito Penal . Direito Bancário, da Bolsa e dos Seguros . Regulação Pública e Concorrência . Contratação Pública . Justiça Administrativa e Fiscal . Direito do Emprego Público . Direito do Trabalho . Direito das Empresas . Direito Fiscal das Empresas . Direito Notarial e Registo Predial . Novo Regime Jurídico do Inventário

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