variantes moleculares do vírus influenza

Upload: miguel-golono

Post on 25-Feb-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    1/129

    i

    Miguel Augusto Golono

    Variantes moleculares do vrus influenza

    So Paulo2004

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    2/129

    ii

    Miguel Augusto Golono

    Variantes moleculares do vrus influenza

    So Paulo2004

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    3/129

    iii

    Miguel Augusto Golono

    Variantes moleculares do vrus influenza

    Dissertao apresentada aoInstituto de Biocincias daUniversidade de So Paulo, para aobteno de Ttulo de Mestre emCincias, na rea deBiologia/Gentica.

    Orientador: Prof. Dr Willy Beak.

    So Paulo

    2004

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    4/129

    iv

    Golono, MiguelVariantes moleculares do vrusinfluenza

    129 pginasDissertao (Mestrado) - Instituto de

    Biocincias da Universidade de So Paulo.Departamento de Biologia/Gentica.

    1. Influenza 2. Hemaglutinina 3.Drift

    I. Universidade de So Paulo. Instituto deBiocincias. Departamento deBiologia/Gentica.

    Comisso Julgadora:

    ________________________ _______________________Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).

    ________________________ _______________________

    Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).

    ______________________

    Prof. Dr. Willy beakOrientador

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    5/129

    v

    Dedico esta dissertaao aos meus pais:

    Edson Domingos Golono e Vera Lcia da

    Silva Golono

    A minha esposa: Iris Melina Politi Soza

    E as minhas filhas: Amarillyz e Izabella

    Politi Golono

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    6/129

    vi

    "Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.

    Chegaram ao lugar luminoso

    onde a verdade esplendia os seus fogos.

    Era dividida em duas metades

    diferentes uma da outra.

    Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.

    Nenhuma das duas era perfeitamente bela.

    E era preciso optar. Cada um optou

    conforme seu capricho, sua iluso, sua miopia."

    Carlos Drummond de Andrade.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    7/129

    vii

    Agradecimentos

    Agradeo meu orientador Prof. Dr. Willy Beak pela confiana em mim

    depositada e por seu esforo dedicado a esta dissertao.

    Ao Prof. Dr. Edison Luiz Durigon do Laboratrio de Virologia do ICB -

    USP, por abrir as portas de seu laboratrio assim como propiciado os meios

    para a concluso desta dissertao.

    Ao Mrio Gustavo Mayer por toda ajuda na metodologia e no

    delineamento a este projeto.A Dra. Maria Luiza Beak, pelo incentivo e ajuda para o trmino deste

    trabalho de mestrado.

    A Danielle Bruna Leal de Oliveira, por ter dedicado seu tempo para

    meu treinamento em seqenciamento e para as anlises de seqncias.

    Ao Dr. Marcelo Genofre Vallada, pela seleo dos pacintes e coleta

    das amostras no Instituto da Criana da FMUSP.Ao Alexandre Pereira pelo acompanhamento deste trabalho.

    A Dra Viviane Botosso por todas as sugestes dadas para a concluso

    deste trabalho.

    A Dra Rita de Cassia Stocco dos Santos por todo apoio e ajuda

    dispensada a mim.

    A Leonardo Setsuo Kobashi pela ajuda na finalizao do trabalho.

    Aos amigos do Laboratrio de Virologia, em especial para Jansen de

    Arajo pelo apoio nos experimentos de concluso desta Dissertao.

    A Nair Aparecida da Silva Pereira, pelo apoio prestado durante a

    execuo deste trabalho e pelo incentivo dado em todos os momentos.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    8/129

    viii

    A Antnio Carlos de Freitas tambm pelo apoio e incentivo.

    Aos amigos e tambm alunos do laboratrio de gentica: Marcelo M.

    Tavares, Luis G. B. Goes, Luciana S. Cabral, Gil R. H. Ribeiro, Rodrigo F.Ramalho, Guilherme Francisco, Juliana S. Capitanio, Adriana M. Orimoto e

    Daniela C. C. Santos.

    Em especial a Olga Brunner pelo convvio desde o incio, mesmo antes

    de eu ser aluno do curso de mestrado.

    Aos fncionrios e tambm amigos do laboratrio de Gentica do

    Instituto Butantan; Zenaide L. Silva, Vera L. A. Rodrigues, Tnia R. Berulis,Ivone S. dos Santos, Laerte P. do Santos, Ronaldo Dias, Helir Serralvo.

    Aos funcionrios da Ps-Graduao por toda ajuda dispensada.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    9/129

    ix

    ndice

    I - Introduo...................................................................................................01

    II - Objetivos....................................................................................................18

    III - Materiais e Mtodos

    1.Amostras.............................................................................................19

    2.Extrao de RNA................................................................................193. Obteno de cDNAs por transcrio reversa.....................................20

    4. Reao em Cadeia pela Polimerase -Nested Multiplex PCR.........21

    4.1. Oligonucleotdeos Iniciadores (primers)..............................21

    4.2. Reaes.................................................................................23

    4.3. Anlise dos Produtos Amplificados......................................25

    5. Reaes de Semi-Nested PCR e Nested-PCR".............................255.1. Oligonucleotdeos iniciadores..............................................25

    5.2. Reaes.................................................................................30

    5.3. Anlise dos Produtos Amplificados......................................32

    6. Determinao da seqncia de nucleotdeos......................................32

    6.1. Purificao dos Produtos de PCR.........................................33

    6.2. Reao de determinao de Seqncias de nucleotdeos......33

    7. Edio e Anlise das Seqncias Obtidas..........................................35

    8. Localizao das diferenas na estrutura da hemaglutinina................35

    9. rvore genealgica............................................................................36

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    10/129

    x

    IV - Resultados.................................................................................................37

    1. Deteco, tipagem e subtipagem das amostras clnicas.....................37

    2. Obteno da regio codificadora completa de HA1..........................403. Nested e Semi-nested PCR................................................................40

    4. Seqncias de aminocidos de HA1 das amostras estudadas:

    anlise comparativa das amostras entre si e com as cepas vacinais...42

    4.1. Tipo A Subtipo H1N1...........................................................42

    4.2. Tipo A Subtipo H3N2...........................................................49

    4.3. Tipo B...................................................................................594.4. Pesquisa das seqncias de nucleotdeos no "Genbank"......63

    4.5. Pesquisa no "Genbank" das seqncias de A H1N1.............64

    4.6. Pesquisa no "Genbank" das seqncias de A H3N2.............65

    4.7. Pesquisa no "Genbank" das seqncias de vrus do tipo B..66

    4.8. rvore Genealgica..............................................................66

    V - Discusso...................................................................................................70

    VI - Concluso.................................................................................................81

    VII - Resumo....................................................................................................82

    VIII - Abstract..................................................................................................83

    IX - Apndice 1. Dados gerais dos pacientes..................................................84

    X - Apndice 2. Distribuio das amostras.....................................................93

    XI - Referncias Bibliogrficas........................................................................97

    XII - Biografia................................................................................................119

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    11/129

    1

    I - Introduo

    A gripe uma doena respiratria aguda em seres humanos e

    causada pelo vrus da influenza. Anualmente mais de 10% da populao

    mundial, cerca de 600 milhes de pessoas so acometidas pelo vrus da

    gripe (Gerdil, 2003). Somente nos Estados Unidos, a doena causa cerca

    de 110.000 hospitalizaes com 36.000 mortes todos os anos (Thompson

    e col., 2003). Idosos com idade igual ou superior a 65 anos constituem o

    grupo de maior risco de morte por influenza. Cerca de 90% das mortes

    causadas pela gripe ocorre nessa faixa etria (Simonsen, 1999). A doena

    afeta tambm a classe economicamente ativa, o que causa queda deprodutividade e, conseqentemente prejuzos financeiros (Akazawa e

    col., 2003).

    A sintomatologia clssica da doena engloba febre, dores

    musculares, tosse, dor de cabea, irritao na garganta e secrees nasais.

    Os vrus se multiplicam no epitlio ciliado das vias respiratrias

    superiores e inferiores, causando necrose celular e irritao. Os sintomas

    podem variar de pessoa para pessoa, dependendo da idade do doente, deseu estado geral de sade e, do status imunolgico no que se refere a

    infeces anteriores, podendo evoluir para complicaes como

    pneumonia causada pela propagao viral no epitlio alveolar e/ou

    pneumonia bacteriana (WHO Fact Sheet 211, 1999).

    A famlia Ortomixoviridae composta de 4 gneros: Influenza

    virus A, Influenza virus B, Influenza virus C e Thogotovirus (Pringle,

    1996). Os vrus influenza tipo A e B causam um largo espectro de

    doenas, incluindo doena respiratria do trato inferior, pneumonia e,

    podendo no caso dos vrus influenza tipo A, causar encefalopatia e

    encefalite. Por outro lado, infeces associadas ao vrus tipo C so

    limitadas ao trato respiratrio superior (Murphy e Webster, 1990,

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    12/129

    2

    Nicholson, 1998). Os thogotovirus so ortomixovirus transmitidos por

    carrapatos.

    Os vrus influenza do tipo A e B quando adaptados a condies

    laboratoriais, assumem forma esfrica com dimetros de 80 a 120 nm. No

    entanto, as cepas recm isoladas so pleiomrficas, podendo conter

    partculas virais filamentosas (Lamb e Choppin, 1983, Roberts e

    Compans, 1998). O genoma viral composto por segmentos de RNA de

    fita simples e de polaridade negativa (complementar ao RNA

    mensageiro). Cada um dos oito segmentos dos vrus influenza tipo A e B

    e, os sete segmentos do vrus influenza tipo C esto associados

    nucleoprotena NP (Mcgeoch e col., 1976, Desselberger e col., 1980,Klumpp e col., 1997) e esto associados a um complexo de polimerase

    viral (Brown, 2000). Assim, forma-se um complexo ribonucleoprotico

    composto por RNA viral (vRNA), NP e polimerase.

    Englobando estas oito (ou sete) partculas, h uma matriz protica

    constituda por protena M1, a qual envolvida por uma bicamada

    lipdica derivada da clula hospedeira durante o processo de brotamento

    (Kates e col., 1962, Lamb e Choppin, 1983, Braakman e Anken, 2000).Duas glicoprotenas de superfcie, codificadas pelo genoma viral,

    projetam-se atravs da bicamada lipdica. Dessas, a glicoprotena

    hemaglutinina (HA) a mais abundante e, apresenta-se na forma de

    basto. J a neuraminidase (NA), presente em menores quantidades,

    apresenta-se na forma de cogumelo. Ainda, uma terceira protena,

    formadora de canais e denominada de M2, encontra-se inserida na

    bicamada lipdica (Zebedee e Lamb, 1988, Park e col., 1998, Mould e

    col., 2000).

    Quanto capacidade codificadora dos genomas dos vrus

    influenza, podemos dizer que os genomas dos vrus do tipo A e B

    codificam pelo menos dez protenas, enquanto o genoma do tipo C

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    13/129

    3

    codifica nove protenas (Neumann e col., 2000a) (tabela 1).

    Tabela 1. Organizao do genoma do vrus da influenza.

    *a - Os segmentos de RNA so numerados de acordo com seus tamanhos decrescentes.

    *b - O tamanho dos RNAs mensageiros baseado em seqncias de cepas tipo A, no

    entanto pode variar entre os tipos e subtipos, especialmente os segmentos 4, 6 e 8.

    *c - As funes detalhadas das protenas que compem a polimerase dos vrusinfluenza tipo C, ainda no foram determinadas e so designadas de P1, P2 e P3.

    *d Hemaglutinina esterase (HE) compreende as funes de HA e NA.

    *e Recentemente, NS2 recebeu o nome de NEP (nuclear export protein). estrutural.

    *f Ao vrus influenza tipo C possuem apenas 7 segmentos.

    No vrus tipo A, os segmentos 1, 2 e 3 codificam as protenas

    PB2, PB1 e PA respectivamente. No vrus tipo B os segmentos 1, 2 e 3

    codificam respectivamente as protenas PB1 , PB2 e PA. Estas protenas

    compem a polimerase viral, possuem atividade de transcriptase, e esto

    intimamente associadas ao RNA genmico do vrus. A estrutura e funo

    das polimerases do vrus tipo C ainda no foram totalmente

    caracterizadas e, assim, so designadas por P1, P2 e P3 (Yamashita e col.,

    Tamanho Polipeptdios Codificados

    *a Segmento *b RNA viral *b RNAm Tipo A Tipo B Tipo C

    1 2341 2320 PB2 PB1 *c P1

    2 2341 2320 PB1 PB2 *c P2

    3 2233 2210 PA PA *c P3

    4 1778 1756 HA HA *d HE

    5 1565 1539 NP NP NP

    6 1413 1391 NA NA, NB M1, CM27 1027 1004, 314, 275 M1, M2 (M3) M1, BM2 NS1, NS2*e

    8 890 868, 396 NS1, NS2*e NS1, NS2*e *f

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    14/129

    4

    1989, Hay, 1998, Crescenzo-Chaigne e col., 1999). No entanto, admite-se

    que essas ltimas possuam caractersticas estruturais e funcionais

    semelhantes s correlatas dos vrus tipo A e B.

    O segmento 4 codifica a hemaglutinina (HA). A HA a

    glicoprotena de superfcie viral mais imunognica. O processamento ps-

    traduo de seu precursor biossinttico (Ha0) envolve glicosilao, adio

    de cidos graxos e clivagem proteoltica. A clivagem deste precursor

    resulta em duas subunidades, HA1 e HA2, as quais permanecem unidas

    por ligaes dissulfeto (Wiley e Skehel, 1987, Skehel e Wiley, 2002). A

    subunidade HA1, correspondente extremidade N-terminal do precursor,

    projeta-se para fora do envelope viral. J a subunidade HA2 permaneceancorada no interior do envelope viral. Tal processamento proteoltico

    essencial para que os vrus tornem-se infectantes (Lamb, 1989, Skehel e

    Wiley, 2002). A HA de importncia fundamental na interao da

    partcula viral com a clula hospedeira. Esta glicoprotena, pela sua

    regio HA1, liga-se ao receptor de cido silico existente na superfcie

    celular (Zhirnov e col., 2002). Assim, a HA inicia o processo de infeco

    mediando a fuso da partcula viral endocitada com a membranaendossmica, permitindo o acesso da partcula viral ao citoplasma celular

    (Lamb, 1989, Skehel e Wiley, 2002). Contrastando com os vrus

    influenza tipo A e B, o segmento 4 do vrus influenza tipo C codifica a

    hemaglutinina esterase (HE), uma glicoprotena de superfcie que executa

    de forma acoplada as funes de HA e NA. HE reconhece

    especificamente apenas um tipo de cido silico modificado, o cido 9-

    O-acetil-N-acetilneuramnico (Rogers e col., 1986, Skehel e Wiley,

    2000), o que est relacionado com a menor patogenicidade dos vrus

    influenza tipo C.

    A nucleoprotena NP codificada pelo segmento 5. A NP

    sintetizada em abundncia nas clulas infectadas e transportada para o

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    15/129

    5

    ncleo celular. No ncleo, a NP liga-se ao RNA viral e o encapsida,

    estabilizando-o e protegendo-o da ao de RNases. (Compans e

    Duesberg, 1972; Jennings e col., 1983, Mena e col., 1999). A NP dos

    vrus influenza tipo B no relacionada imunologicamente NP dos

    vrus influenza tipo A, desempenhando, no entanto, a mesma funo. A

    NP uma das protenas utilizadas na diferenciao dos tipos sorolgicos

    A, B e C (Lamb, 1989).

    A neuraminidase (NA) codificada pelo segmento 6. Na sua

    forma madura, a NA um tetrmero com atividade cataltica de quebra de

    cido silico em glicoconjugados (Colman, 1998). A NA tem a funo de

    facilitar o acesso da partcula viral superfcie das clulas alvo, atravsda degradao de cido silico do muco extracelular, no estando

    envolvida diretamente na fuso da partcula viral com a membrana celular

    (Liu e col., 1995). Alm dessa funo, a atividade de NA destri os

    receptores de HA na superfcie das clulas hospedeiras, facilitando a

    disperso das partculas virais geradas no processo infectivo, impedindo-

    as de serem imobilizadas na superfcie das clulas infectadas (Palese e

    Compans, 1976, Yang e col, 1997). Essa glicoprotena est ancorada bicamada lipdica da clula hospedeira por uma seqncia de resduos

    hidrofbicos. A neuraminidase concentra-se em aglomerados na

    superfcie viral, contrastando com a distribuio uniforme de HA. No

    vrus influenza tipo B, uma glicoprotena adicional codificada pelo

    segmento 6. Essa glicoprotena foi denominada NB, sendo codificada por

    uma fase de leitura distinta da fase de leitura de NA. NB, assim como

    NA, uma protena de membrana, inserida no envelope viral (Betakova e

    col., 1996; Brassard e col., 1996). Devido atividade formadora de canal

    dessa glicoprotena, atribui-se a ela uma funo anloga da protena M2

    (Odagiri e col., 1999, Fischer e col., 2000, Hatta e Kawaoka, 2003).

    O segmento nmero 7 dos vrus influenza tipo A codifica as

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    16/129

    6

    protenas M1, M2 e potencialmente um peptdeo M3. Estas protenas,

    juntamente com a NP, so utilizadas para a tipagem sorolgica dos tipos

    virais. M1 faz parte da matriz protica, a qual forma uma camada

    eltrondensa logo abaixo do envelope viral e, a protena mais abundante

    no vrion (Brown, 2000). J, M2 expressa em abundncia na superfcie

    da clula hospedeira, no entanto, detectada em pequenas quantidades no

    vrion (Hilleman, 2002). Ainda, um terceiro transcrito foi identificado

    com o potencial de codificar um peptdeo constitudo de 9 resduos de

    aminocidos (M3), no entanto, ainda no foi possvel a identificao

    desse peptdeo em extratos celulares. O segmento 7 dos vrus tipo B

    codifica uma protena M1 com semelhana estrutural e funcional protena M1 dos vrus influenza tipo A. Alm da protena M1, o

    segmento 7 dos vrus tipo B codificam um segundo polipeptdio

    denominado BM2 (Odagiri e col., 1999). BM2 uma protena de

    membrana. Estudos recentes indicam que BM2 uma protena formadora

    de canais inicos, e assim como M2, tem a funo de acidificar o interior

    dos vrions quando esses se encontram nos endossomos celulares,

    enfraquecendo as ligaes entre as protenas virais, tais como M1 e NP, efavorecendo o "desempacotamento" viral (Paterson e col., 2003, Mould e

    col., 2003, Watanabe e col., 2003). O segmento 6 da influenza tipo C

    codifica a protena de matriz M1 e uma protena integral de membrana

    denominada CM2. Apesar da funo de CM2 no ser conhecida, sua

    similaridade estrutural M2 dos vrus tipo A sugere uma funo anloga

    (Hongo e col., 1997, Pekosz e Lamb, 1997, Pekosz e Lamb, 1998, Tada e

    col., 1998).

    Duas protenas no estruturais, NS1 e NS2, so codificadas pelo

    segmento 8 (vrus tipo A e B) ou segmento 7 (vrus tipo C).

    Recentemente, foi detectada a presena de NS2 em partculas virais, e

    com isso NS2 foi elevada categoria de protena estrutural. Diferente da

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    17/129

    7

    NS2, a NS1 no incorporada aos vrions e encontrada apenas em

    clulas infectadas. Em sua forma madura, NS1 se apresenta como

    homodmero, tanto para os vrus tipo A como para os vrus tipo B. No

    entanto a ao de NS1 difere entre os dois tipos de vrus. A NS1

    produzida pelos vrus influenza tipo A (NS1A) inibidora do

    processamento ps-transcricional de RNAm celular, com isso NS1A

    impede a sntese de protenas antivirais (Chen e Krug, 2000). Por outro

    lado, NS1B que produzida pelos vrus tipo B, atua diretamente na

    inibio da protena celular antiviral ISG15 (Chen e col., 1999, Krug e

    col., 2003). Aparentemente, NS1 tambm possui a capacidade de

    estimular a traduo dos RNAm virais em ambos os tipos virais (Wolff ecol., 1996, Egorov e col.,1998). A NS2 foi rebatizada de NEP ("nuclear

    export protein") devido demonstrao de que NS2 (NEP) na realidade

    uma protena estrutural. Alm da funo estrutural, NS2 ou NEP tem a

    funo de mediar a exportao nuclear dos RNAs do vrion, atuando

    como adaptadora entre os complexos ribonucleoproticos virais e a

    maquinaria de exportao nuclear da clula (ONeill e col., 1998,

    Neumann e Col., 2000, Paragas e col., 2001, Lommer e Lou, 2002).A influenza transmitida por aerossis. Quando as gotculas

    contendo os vrus so inaladas, esses entram em contato com o epitlio do

    trato respiratrio, sendo esse o tecido primrio alvo para os vrus

    influenza (Lindsay e col.,1970, Nicholson, 1998). A glicoprotena de

    superfcie NA uma enzima que age nos cidos silicos do muco

    facilitando o acesso do vrus para que haja contato direto com a

    membrana celular. As partculas virais, atravs da HA ativada, ligam-se a

    receptores de cido silico presentes em glicoprotenas e glicolipdios da

    superfcie celular. Aps essa ligao, o vrion endocitado pela clula. O

    pH baixo da vescula endoctica induz mudanas conformacionais na HA

    facilitando sua insero na membrana vesicular, iniciando a fuso das

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    18/129

    8

    membranas viral e vesicular (Isin e col., 2002, Epand e Epand, 2003). Os

    nucleocapsdeos virais migram para o ncleo da clula hospedeira e, as

    protenas com atividade de polimerase iniciam a transcrio dos RNAs do

    vrion (vRNAs) em RNAs mensageiros (mRNAs) (Yewdell e Garca-

    Sastre, 2002).

    A sntese de mRNA do vrus influenza iniciada por fragmentos

    de RNAs celulares recm sintetizados pela RNA polimerase II da clula

    hospedeira, os quais j possuem a modificao cap (m7GPPPNm) nas

    suas extremidades 5. A partir desses iniciadores de transcrio, as

    cadeias de mRNA so elongadas pela transcriptase viral at que esta

    atinja uma regio terminadora composta por uma seqncia de 5 a 7nucleotdeos de uridina localizada aproximadamente a 16 nucleotdeos da

    extremidade 5 do vRNA molde. Nesse ponto da sntese, adicionada

    uma cauda de poliadenilato [poli (A)] extremidade 3 do mRNA (Krug,

    1981, Chung e col., 1994, Pritlove e col., 1998, Fodor e col., 2000,

    Fechter e col., 2003). Participam do processo de transcrio, compondo o

    complexo da transcriptase viral, as protenas PB1, PB2 e PA. A

    polimerase PB2 atua no reconhecimento e quebra das extremidades 5modificadas dos mRNAs celulares e, portanto inicia o processo de

    transcrio (Ulmanem e col., 1981; Braam e col., 1983, Nakagawa e col.,

    1995, Perales e Ortn, 1997, Brown e Bailly, 1999, Hiromoto e col.,

    2000a). A polimerase PB1 responsvel pelo processo de elongao do

    mRNA viral (Lazarev e col., 1999, Perez e Donis, 2001). A funo da

    polimerase PA na transcrio primria ainda no conhecida, no entanto

    este polipeptdio necessrio para a transcrio e replicao do vRNA

    (Nakagawa e col., 1996, Sanz-Ezquerro e col., 1998, Fodor e col., 2003,

    Huarte e col., 2003).

    Os transcritos produzidos so utilizados na traduo das protenas

    virais. No incio da infeco predominam as snteses de NP e NS1,

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    19/129

    9

    protenas essas que migram para o ncleo. Acredita-se que o aumento da

    concentrao de NP livre dispare a mudana da sntese de mRNA

    (transcrio) para a sntese de cRNA e vRNA (replicao) (Skehel, 1972;

    Hay e col., 1977; Smith e Hay, 1982; Shapiro e col., 1987, Arrese e

    Portela, 1996, Mena e col., 1999, Medcalf e col., 1999).

    A replicao feita atravs de um processo de transcrio

    alternativo, que resulta na produo de cpias integrais de vRNAs. A

    replicao iniciada pela sntese de um RNAs complementares (cRNA),

    os quais diferem dos mRNAs pelas ausncias das modificaes 5 cap

    metiladas e caudas de poli A 3 (Hay e col.,1977; Hay e col., 1982).

    Assim, a primeira etapa na replicao dos vRNAs seria a mudana desntese de mRNA para sntese de cRNA. Os requisitos para esta mudana

    so: (1) a mudana do processo de iniciao de transcrio, o qual era

    dependente de iniciadores 5 "capped", para um processo de iniciao

    que no requer iniciadores e; (2) antiterminao no stio de

    poliadenilao, permitindo que a transcrio de cRNA gere uma cpia

    completa do vRNA (Pritlove e col., 1998). Acredita-se que NP tenha

    papel fundamental na mudana de sntese de mRNA para cRNA, comodescrito acima. Finalizando o processo de replicao, molculas de

    cRNA atuam como molde para a sntese do vRNA genmico (Honda e

    col., 2001).

    Os vRNAs recm-sintetizados so encapsidados pela NP no

    interior do ncleo e, funcionam como moldes para a transcrio de

    mRNAs virais da infeco tardia (Biswas e col., 1998, Hoffmann e

    Webster, 2000). Os principais produtos de traduo nesta etapa da

    infeco so as protenas M1, HA e NA. HA e NA so processadas aps a

    traduo no retculo endoplasmtico rugoso e, transportadas para a

    superfcie celular apical via complexo de Golgi (Barman e col., 2001). A

    entrada da protena M1 no ncleo celular parece estar associada com a

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    20/129

    10

    migrao de nucleocapsdeos para fora do ncleo, culminando com a

    montagem das partculas virais no citoplasma (Martin e Helenius, 1991,

    Ali e col., 2000). Pouco se sabe a respeito do processo de montagem dos

    vrus da influenza. Acredita-se que nucleocapsdeos envolvidos por uma

    cpsula de protena M1 migrem para a face interna da membrana

    plasmtica, para onde j foram transportadas as glicoprotenas HA, NA e

    M2. Foi proposto que a interao de M1 com os domnios citoplasmticos

    dessas 3 glicoprotenas sinalize o processo de brotamento (Elster e col.,

    1994, Reinhardt e Wolff, 2000, Hilleman, 2002). A atividade de NA na

    superfcie da clula infectada destri o receptor de HA, permitindo que as

    partculas virais geradas sejam propagadas e, evitando a adsoro destaspartculas mesma clula (Palese e Compans, 1976, Mitnaul e col., 2000,

    Wagner e col., 2000, Plakokefalos e col., 2001). O passo final na

    maturao dos vrus a clivagem de HA0 em HA1 e HA2 por proteases

    extracelulares do hospedeiro. As duas subunidades geradas, HA1 e HA2,

    permanecem ligadas por uma nica ponte dissulfeto (Wiley e Skehel,

    1987, Klenk e col., 2002, Zhirnov e col., 2002).

    Os vrus influenza tipo A so classificados de acordo com aspropriedades de duas glicoprotenas presentes na superfcie viral, HA e

    NA. At o presente momento foram descritos 15 subtipos de HA,

    denominados de H1, H2, H3 e assim sucessivamente (Webster e col.,

    1997). Estes, diferem entre si pela seqncia polipeptdica de HA1 em no

    mnimo 30%, e no possuem sorologia cruzada. Cada subtipo pode ser

    composto de variantes semelhantes entre si e, que possuem sorologia

    parcialmente cruzada (Webster e col., 1992; Ellis e col., 1997). Dos 15

    subtipos de HA descritos at hoje, 6 subtipos (H1, H2, H3, H5, H7 e H9)

    foram encontrados em isolados da influenza humana, no entanto,

    atualmente os subtipos H1 e H3 so aqueles que esto em circulao na

    populao humana (Webster e col., 1997; Subbarao e col., 1998; Peiris e

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    21/129

    11

    col., 1999; Fouchier e col., 2004). Outros subtipos de HA foram

    encontrados em vrus da influenza de cavalos, porcos e mamferos

    aquticos entre outros. Todos os subtipos de HA foram encontrados em

    vrus influenza de aves.

    Nove subtipos (N1 a N9) foram descritos para neuraminidase. A

    influenza A humana e a influenza suna compartilham entre si os subtipos

    N1 e N2 e, apesar de outros subtipos de NA terem sido encontrados em

    sunos, somente N1 e N2 foram estabelecidos nessa populao. Outros

    subtipos so encontrados em cavalos, mamferos aquticos alm de outros

    mamferos. Nos vrus da influenza aviria foram encontrados todos os

    subtipos de NA (Webster e col., 1997, Webby e Webster 2001). Osisolados de influenza tipo A so denominados pelos subtipos de HA e NA

    que possuem, o local e o ano da coleta [por ex. A/Hong Kong/03/68

    (H3N2)]. Os tipos B e C so denominados geralmente pelo local da coleta

    e ano (por ex. B/Maryland/59).

    As aves aquticas so os reservatrios naturais dos vrus tipo A.

    Estudos ecolgicos levaram a hiptese de que todos os vrus da influenza

    de mamferos so derivados dos reservatrios avirios (Webster e col.,1992). Mais recentemente, estudos filogenticos realizados a partir das

    seqncias de nucleotdeos dos vrus tipo A de vrios hospedeiros, de

    diferentes regies geogrficas, pertencentes a diferentes subtipos deram

    suporte a essa teoria (Webster e col., 1992, Capua e Alexander, 2002).

    A gripe usualmente ocorre em epidemias com rpida expanso

    geogrfica, surgindo em focos e, podendo atingir propores mundiais,

    quando so ento denominadas pandemias (Bridges e col., 2003).

    Associado s epidemias, h um aumento na taxa de morbidade e

    mortalidade. At o momento ocorreram cerca de 10 pandemias nos

    ltimos 200 anos, dentre as quais, a pandemia de 1918-20, tambm

    denominada gripe espanhola, cujo agente etiolgico foi um vrus tipo A

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    22/129

    12

    subtipo H1N1. As estimativas iniciais calculavam que mais de 20 milhes

    de pessoas foram a bito em conseqncia dessa infeco. No entanto,

    devido falta de registros em muitos pases durante a gripe espanhola,

    estima-se atualmente que o nmero de mortes foi da ordem de 40 ou 50

    milhes de pessoas em todo o mundo (Kuszewski e Brydak, 2000, Potter,

    2001). O subtipo H1N1 foi relacionado a cepas de influenza suna, o que

    estabeleceu uma ligao entre influenza enzotica e influenza humana

    (Reid e col, 2000).

    A pandemia de 1957 (gripe asitica), causada pela influenza A

    do subtipo H2N2, e a pandemia de 1968 (gripe de Hong - Kong)

    causada pela influenza A do subtipo H3N2, mataram juntas mais de 1,5milhes de pessoas. Essas pandemias causaram danos estimados de 32

    bilhes de dlares economia mundial, principalmente pela perda de

    produtividade, despesas com medicamentos e internaes (WHO

    Influenza Fact Sheet 211, 1999). Existem evidncias de que as pandemias

    de 1957 e de 1968 estivessem associadas a vrus da influenza aviria.

    J em 1976, um novo subtipo de vrus influenza advindo de

    porcos causaram graves quadros clnicos em seres humanos (WHOInfluenza Fact Sheet 211, 1999) e, em 1977 a linhagem H1N1 reapareceu

    (gripe Russa), infectando principalmente crianas e jovens, sendo as

    pessoas com mais de 50 anos pouco afetadas. Esse subtipo, ainda hoje,

    est em circulao causando gripe em seres humanos (Laver e Garman,

    2002, Nguyen-Van-Tam e Hampson, 2003).

    Em 1997-1998, 18 pessoas foram infectadas com o vrus avirio

    tipo A subtipo H5N1, na cidade de Hong Kong, onde 6 pessoas foram a

    bito. O vrus H5N1 no provocou uma epidemia ou pandemia devido a

    sua incapacidade de se transmitir de uma pessoa a outra (Subbarao e

    col.,1998, Hatta e Kawaoka, 2002, Shortridge e col., 2003, Cox e col.,

    2003). Em maro de 1999 mais um subtipo relacionado influenza

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    23/129

    13

    aviria infectou pessoas em Hong Kong. Identificado como sendo do

    subtipo H9N2, causou apenas quadros brandos de gripe (Peiris e

    col.,1999, Cox e Subbarao 2000). No incio de 2003, na Holanda, o

    subtipo viral H7N7, que ainda no havia sido encontrado em infeco de

    seres humanos, foi identificado em 89 pessoas e causou, na maioria dos

    infectados, um quadro de conjuntivite. No entanto, duas pessoas

    desenvolveram um quadro respiratrio com sintomatologia caracterstica

    de gripe, e uma foi a bito devido a complicaes pulmonares (Fouchier e

    col., 2004). Desde janeiro de 2004, a Tailndia e o Vietnam, esto

    vivendo o ressurgimento do subtipo H5N1. At o dia 10 de maro j

    haviam sido contabilizados 33 casos de infeco por H5N1 com 22mortes (www.who.int/csr/disease/influenza/en).

    A proteo contra os vrus influenza correlaciona com os nveis

    de anticorpos anti-HA e anti-NA. Uma das caractersticas marcantes do

    vrus influenza sua extensa e contnua variao antignica,

    principalmente no que se refere as glicoprotenas de superfcie viral (HA

    e NA). Tal caracterstica assegura a esses vrus seu sucesso

    epidemiolgico e, insere a influenza no hall de doenas emergentes oureemergentes.

    Dois mecanismos principais so responsveis pela mudana

    contnua na antigenicidade dos vrus da influenza, e so denominados

    shift antignico e drift antignico (Zambon, 1999).

    O drift antignico uma alterao antignica gerada por

    mutaes puntuais e cumulativas nos genes de HA e NA. O drift

    antignico ocorre como parte da evoluo contnua dos vrus da

    influenza. Esse processo gera novas linhagens de vrus capazes de escapar

    neutralizao por anticorpos gerados contra linhagens que circulavam

    anteriormente (Bridges e col., 2003). Epidemias anuais ou bienais

    ocorrem durante o perodo intra-pandmico pois um nmero suficiente de

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    24/129

    14

    indivduos na populao suscetvel linhagem variante gerada (Lin e

    col., 1999). A alterao de um nico resduo de aminocido em HA1

    pode resultar em alterao estrutural, permitindo ao vrus mutante escapar

    neutralizao pelos anticorpos gerados em processos infectivos

    anteriores (Knossow e col., 1984, Nakajima e col., 2000). Cinco stios de

    maior variabilidade no domnio globular da subunidade HA1 foram

    identificados (Wiley e Skehel, 1987). Este stios, designados A, B, C, D e

    E correspondem a regies expostas na superfcie de HA1, e prximas ao

    stio de ligao ao receptor (Wiley e col., 1981). Variaes nesses

    mesmos stios foram identificadas, quando variantes antignicos foram

    gerados pelo crescimento de linhagens na presena de anticorposmonoclonais sabidamente neutralizantes (Wiley e Skehel, 1987, Bush e

    col., 1999). Assim, os stios de maior variabilidade correspondem, pelo

    menos em parte, s regies de ligao dos anticorpos neutralizantes, o que

    poderia explicar o escape dos variantes gerados aos anticorpos produzidos

    numa infeco anterior. Estudos correlatos tambm foram realizados com

    NA (Webster e col., 1987, Ferguson e col., 2003).

    O shift antignico pode ser definido como o aparecimento deum novo vrus influenza tipo A contendo um novo subtipo de HA ou HA

    e NA, os quais so imunologicamente distintos dos vrus influenza

    circulantes nas ltimas dcadas. O shift antignico ocorre quando

    certos vrus de influenza animal, que normalmente infectam reservatrios

    avirios ou sunos e, que no estejam relacionados aos vrus da influenza

    que circulam no momento na populao humana, so transmitidos para o

    homem. Evidncias sugerem que o aparecimento de linhagens

    pandmicas podem ocorrer por dois mecanismos distintos. O primeiro

    derivado da natureza segmentada do genoma dos vrus influenza e, refere-

    se ao reagrupamento dos segmentos genmicos de vrus influenza

    humana e vrus influenza animal, durante a co-infeco de uma mesma

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    25/129

    15

    clula hospedeira (Cox e Subbarao, 2000). Como exemplos de shift

    pode-se citar as pandemias de 1957 e 1968 (Nguyen-Van-Tam e

    Hampson, 2003). A pandemia de 1957 foi gerada pela incorporao de

    segmentos genmicos avirios que codificam para a HA, NA e PB1 em

    vrus da influenza humana circulantes. Em 1968, os segmentos

    genmicos de HA e PB1 originrios de aves foram introduzidos em vrus

    da influenza humana circulantes. (Kawaoka e col., 1989; Laver e Webster

    1973). O segundo mecanismo para o surgimento de linhagens pandmicas

    a transmisso direta de uma linhagem animal para o homem (Cox e

    Subbarao, 2000). Esse fenmeno foi observado no episdio ocorrido em

    Hong-Kong, em 1997. Postula-se que, vrus da influenza aviria dosubtipo H5N1 foram transmitidos de aves migratrias para patos atravs

    da contaminao da gua por fezes de aves infectadas. Dos patos os vrus

    foram transmitidos para galinhas, as quais posteriormente so

    comercializadas nos mercados de Hong-Kong. Durante a transmisso

    entre diferentes espcies de aves os vrus agregaram a caracterstica de

    serem altamente patognicos para galinhas, sendo, eventualmente,

    transmitidos para humanos nos mercados de Hong-Kong (Lavanchy,1998, Matrosovich e col., 1999, Hiromoto e col., 2000b). Apesar do

    subtipo H5N1 ser altamente patognico para galinhas e humanos, nada

    causa em patos e gansos (Webster, 1998).

    Muitas mortes e internaes causadas pelos vrus da influenza

    podem ser evitadas pela vacinao anual, especialmente em pessoas

    propensas a complicaes mdicas. Nesse grupo esto as pessoas com

    idade acima dos 65 anos, pessoas com doenas crnicas do corao, do

    pulmo ou rins, pessoas diabticas, imunodeprimidas e pessoas com

    quadros clnicos de anemia severa (WHO Weekly Epidemiological

    Record, 2000, Kemble e Greenberg, 2003).

    As vacinas de vrus inativados constituem o principal mtodo de

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    26/129

    16

    preveno da influenza (Palese e Garca-Sastre, 2002). O monitoramento

    da antigenicidade dos vrus circulantes a cada ano necessrio para

    identificao das linhagens variantes e, posterior escolha das linhagens a

    serem utilizadas na composio da vacina (Rota e col., 1992, Gerdil,

    2003). A eficcia da vacina em grande parte devida similaridade

    antignica entre as linhagens circulantes e as da vacina (Kendal e Cox,

    1985, Wood, 2002).

    O monitoramento epidemiolgico da gripe uma atividade

    mundial que conta atualmente com uma rede de 110 laboratrios, em 80

    pases, coordenados pela Organizao Mundial da Sade (OMS). Um

    comit da OMS encarrega-se de reunir os dados e recomendar acomposio da vacina para o ano seguinte (WHO Weekly

    Epidemiological Record, 2000). A cada ano, a vacina deve conter os vrus

    com tendncia a apresentar maior prevalncia. No entanto, a vacina

    formulada para o hemisfrio norte nem sempre corresponde a linhagens

    de vrus prevalentes em outras regies, fato esse observado em pelo

    menos duas localidades do hemisfrio sul, frica do Sul (Besselaar e col.,

    1996) e Argentina (Savy e col., 1999). Na frica do Sul, isolados (H3N2)de 1993 mostraram-se antigenicamente diferentes com relao cepa

    vacinal A/Beijing/353/89 recomendada pela Organizao Mundial da

    Sade. Os isolados possuem 8 resduos de aminocidos de diferena,

    quando comparadas suas seqncias da subunidade de HA1 com a

    seqncia de HA1 de A/Beijing/353/89 (Besselaar e col., 1996). Estes

    resultados mostram a necessidade da intensificao do monitoramento no

    hemisfrio sul, tendo em vista a formulao coerente de uma vacina mais

    adequada.

    A determinao da seqncia de nucleotdeos dos genes HA e NA

    a metodologia mais precisa na associao de determinados resduos de

    aminocidos a um drift antignico (Rota e col., 1990, Plotkin e col.,

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    27/129

    17

    2002, Schweiger e col., 2002). A sensibilidade e especificidade da tcnica

    de RT-PCR, e a determinao da seqncia de nucleotdeos dos produtos

    amplificados aperfeioaram a anlise molecular das linhagens de vrus da

    influenza circulantes, aprimorando a qualidade dos dados disponveis a

    serem utilizados na formulao de vacinas (Smith, 2003).

    Nosso trabalho est situado no mbito da monitorao de

    variantes moleculares de vrus influenza tipo A, subtipos H3N2 e H1N1,

    e tipo B em amostras coletadas na cidade de So Paulo, sendo relevante o

    monitoramento desses variantes para a escolha das cepas vacinais.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    28/129

    18

    II Objetivos

    1) Determinar a ocorrncia dos vrus influenza tipo A, subtipos H1N1 e

    H3N2, e tipo B em amostras clnicas coletadas durante os anos de

    2000 e 2001, atravs da tcnica de Nested Multiplex RT-PCR,

    utilizando a regio varivel da hemaglutinina viral (HA1) como base

    de investigao.

    2) Obteno da seqncia codificadora da regio varivel completa da

    hemaglutinina dos isolados de influenza, atravs da tcnica de Nested

    Multiplex RT-PCR ou Semi-nested Multiplex RT-PCR.

    3) Analisar comparativamente as seqncias de aminocidos obtidas da

    regio HA1 da hemaglutinina do vrus influenza tipo A, H1N1 e

    H3N2, e tipo B nos anos de 2000 e 2001.

    4) Localizao das diferenas detectadas na estrutura da molcula de

    hemaglutinina e, verificao da incluso ou no desses pontos emstios antignicos de alta variabilidade.

    5) Analisar comparativamente as seqncias de aminocidos obtidas com

    as das cepas vacinais utilizadas no hemisfrio sul por proposta da

    OMS para os anos 2000 e 2001.

    6) Analisar comparativamente as seqncias de nucleotdeos entre os

    variantes isolados, assim como, compar-las a seqncias de

    nucleotdeos presentes em bancos de dados. Elaborao de uma rvore

    genealgica.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    29/129

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    30/129

    20

    tubo, prosseguiu-se com incubao por 3 minutos a temperatura

    ambiente. A mistura foi centrifugada a 12.000 x g por 15 minutos a 4oC.

    A fase aquosa foi transferida para outro tubo, e a precipitao do RNA foi

    feita temperatura ambiente por 10 minutos aps a adio de 500L de

    isopropanol (Merck). O precipitado foi coletado por centrifugao a

    12.000 x g por 10 minutos a 4oC. O sobrenadante foi descartado, e o

    precipitado foi lavado com 1 mL de etanol 75% (Synth). O RNA seco foi

    dissolvido em 20 L de gua livre de RNAses.

    3. Obteno de cDNAs por transcrio reversa.

    Inicialmente, para a reao de transcrio reversa, 10 L do RNA

    extrado de cada alquota de 250L de amostra foram desnaturados a

    65oC por 5 minutos na presena de 50 ng de iniciador randmico (50

    ng/L, Invitrogen Life Technologies) e 1 L de 10 mM de cada dNTP

    (dATP, dGTP, dTTP e dCTP). Aps a desnaturao, a mistura foi

    transferida para banho de gelo e, foram adicionados tampo para

    transcrio reversa, inibidor de RNase (RNAguard, Amershan Pharmacia

    Biotec Inc) e DTT para concentraes finais de 1X (50mM Tris-HCl,

    pH 8,3, 75 mM KCl, 3mM MgCl2), 1U/L e 10 mM respectivamente,

    considerando-se um volume final de reao de 20 L. Seguiu-se

    incubao a 25oC por 2 minutos e adio de 200 U de transcriptase

    reversa Superscript II RNase H- (200 U/L, Invitrogen Life

    Technologies). A incubao a 25oC foi prolongada por mais 10 minutos,

    seguindo-se aumento de temperatura para 42oC pelo tempo restante da

    reao, ou seja, 50 minutos. Finalmente, a enzima foi inativada por calor

    a 70oC durante 15 minutos.

    Para um lote de reaes um controle negativo foi realizado. Nesse

    controle, o mesmo volume de gua substituiu o volume original de RNA.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    31/129

    21

    4. Reao em Cadeia pela Polimerase -Nested Multiplex PCR.

    Para a deteco, tipagem e subtipagem dos cDNAs de vrus

    influenza A H1, A H3 e B foi utilizada a tcnica de Nested Multiplex

    PCR previamente estabelecida (Ellis e col., 1997; Ellis e col., 1995 e

    Zhang e Evans, 1991), na qual duas rodadas de amplificao so

    utilizadas.

    4.1. Oligonucleotdeos Iniciadores.

    Para cada uma das duas rodadas de amplificao, foram utilizados3 pares de iniciadores especficos para cada um dos segmentos de RNA

    codificante da hemaglutinina dos tipos A H1, A H3 e B (tabela 2 e

    figuras 1, 2 e 3). Assim, do total de 6 pares de iniciadores utilizados, 3

    pares tem localizao externa e destinam-se primeira rodada de

    amplificao, enquanto na segunda rodada de amplificao so utilizados

    3 pares de iniciadores internos (tabela 2).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    32/129

    22

    Tabela 2. Iniciadores utilizados na reao de Nested Multiplex PCR.

    Iniciadores*

    Posio da

    extremidade

    5' do

    iniciador**

    Tamanho do

    Produto (pb)Seqncia (53)

    Primeira Amplificao

    AH1 A 76 cagatgcagacacaatatgt

    AH1 FII 1090 1.015 aaaccggcaatggctccaaa

    AH3 A 174 cagattgaagtgactaatgc

    AH3 DII 1056 883 gtttctctggtacattccgc

    BHA A 154 gtgactggtgtgataccact

    BHA DII 1053 900 tgttttcacccatattgggc

    Segunda Amplificao

    AH1 B 96 ataggctaccatgcgaacaa

    AH1 EII 1039 944 cttagtcctgtaaccatcct

    AH3 B 348 agcaaagctttcagcaactg

    AH3 CII 938 591 gcttccatttggagtgatgc

    BHA B 196 cattttgcaaatctcaaagg

    BHA CII 962 767 tggaggcaatctgcttcacc

    O nmero romano II presente no nome dos iniciadores indica que estes socomplementares ao cDNA obtido por transcrio reversa do RNA viral. Os demais

    oligonucleotdeos so complementares ao RNA viral.

    ** Posio da extremidade 5 do iniciador ocupada no cDNA completo (iniciadores

    complementares ao RNA viral) ou, a posio onde a extremidade 5 do iniciador se associa

    com o cDNA (iniciadores complementares ao cDNA).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    33/129

    23

    4.2. Reaes.

    A primeira "PCR" foi realizada num volume total de 50 L,

    utilizando-se de 2 L de cDNA ou do controle negativo de transcrio

    reversa e nas seguintes condies: 20 mM Tris-Cl pH 8,4, 50mM KCl,

    1,5 mM MgCl2, 0,2 mM de cada dNTP, 0,1M de iniciador externo

    (AH1 A, AH1 FII, AH3 A, AH3 DII, BHA A e BHA DII), 2,5 U de Taq

    DNA polimerase (Invitrogen Life Technologies). As condies de

    ciclagem utilizadas nessa primeira amplificao encontram-se na tabela 3.

    A segunda "PCR" foi realizada partindo-se de 2 L do produto da

    primeira amplificao e nas mesmas condies da primeira "PCR",excetuando-se a concentrao dos iniciadores, a qual foi alterada para 0,5

    M de cada um dos iniciadores internos (AH1 B, AH1EII, AH3 B, AH3

    CII, BHA B e BHA CII). As condies de ciclagem utilizadas nessa

    segunda amplificao encontram-se na tabela 4. Todas as amplificaes

    foram realizadas em termociclador "Perkin Elmer Cetus DNA Thermal

    Cycler", utilizando-se leo mineral (Sigma) para se impedir evaporao

    dos contedos.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    34/129

    24

    Tabela 3. Parmetros de ciclagem da primeira "PCR".

    Programa de Ciclos da Primeira "PCR"

    EtapasTemperatura

    em oC

    Tempo em

    Minutos

    Nmero de

    Ciclos

    Desnaturao

    inicial95 2 1

    Desnaturao 94 1

    Associao 50 1Extenso 72 3

    35

    Manuteno 4 1

    Tabela 4. Parmetros de ciclagem da segunda "PCR".

    Programa de Ciclos da Segunda "PCR"

    EtapasTemperatura

    em oC

    Tempo em

    Minutos

    Nmero de

    Ciclos

    Desnaturao

    inicial95 2 1

    Desnaturao 94 1Associao 60 1

    Extenso 72 1

    35

    Manuteno 4 1

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    35/129

    25

    4.3. Anlise dos Produtos Amplificados

    A um volume de 15L de produto da segunda amplificao foram

    adicionados de 3L de corante para amostra 6X (azul de bromofenol

    0,25% e Ficoll tipo 400 15%), seguindo-se anlise por eletroforese

    horizontal em gel de agarose 1.2% (Invitrogen Life Technologies), em

    tampo 1X TAE (40 mM Tris-acetato pH 8,0, 1 mM EDTA). Os gis

    foram corados com brometo de etdio na concentrao de 0,5g/mL

    (Invitrogen Life Technologies). Aps a corrida, as bandas foram

    visualizadas por iluminao com luz ultravioleta e o gel fotografado.

    5. Reaes de Semi-Nested PCR e Nested-PCR.

    Os mesmos cDNAs positivos para os vrus influenza analisados por

    Nested Multiplex PCR foram utilizados para a amplificao de

    segmentos dos cDNAs que codificam a poro externa completa da

    molcula da Hemaglutinina (HA1). A tcnica de "Semi-Nested PCR", foi

    utilizada para a amplificao de segmentos dos cDNAs dos vrus da

    influenza tipo A subtipo H1N1 e tipo B. J para os vrus do tipo A

    subtipo H3N2, foi utilizada a tcnica de "Nested PCR".

    5.1. Oligonucleotdeos iniciadores.

    As reaes de "Semi-Nested PCR" utilizaram um par de iniciadores

    externos para a primeira amplificao, sendo os iniciadores H1F e H1R

    utilizados para os vrus influenza A H1N1, e os iniciadores BF e BR

    utilizados para vrus influenza B. Para a segunda amplificao foram

    utilizados os mesmos iniciadores externos senso (H1F e BF), no entanto

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    36/129

    26

    substituindo-se os iniciadores anti-senso utilizados na primeira reao por

    iniciadores internos: H1R2 para vrus influenza A H1N1 e, BR2 para

    vrus influenza B.

    Para as reaes de "Nested PCR" de vrus influenza H3N2 foram

    utilizados 2 pares de iniciadores, um par externo para a primeira

    amplificao, H3F2 e H3R, e um par interno para a segunda

    amplificao, H3F e H3R2.

    A seqncia dos iniciadores H3F, H3R, H1F, H1R, BF e BR foram

    descritas anteriormente (Xu e col., 1994; Xu e col., 1993; Rocha e col.,

    1991) (tabela 5 e figuras 1, 2 e 3). Os demais iniciadores, H3F2 e H3R2

    para o subtipo H3N2, H1R2 para o subtipo H1N1 e BR2 para o tipo B,foram desenhados utilizando-se os programas de computador para

    anlise, Oligo Tech (verso 1.0, Oligos Etc Inc e Oligo Therapeutics inc)

    e DNA Sequence Search Program (verso 2.1)(tabela 5 e figuras 1, 2 e 3).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    37/129

    27

    Tabela 5. Propriedades dos iniciadores do "Semi-Nested PCR e Nested PCR"

    A letra R que compe o nome do iniciador indica que ele um iniciador reverso, enquanto letra F

    indica que o iniciador senso.

    Iniciador

    Posio da

    extremidade 5

    do iniciador

    Tamanho do Produto

    (pb)Seqncia (53)

    Primeiro "PCR" (iniciadores externos)

    H3F2 12 gggataattctattaacca

    H3R 1198 1187 atggctgcttgagtgctt

    H1F 06 aagcaggggaaaataaaa

    H1R 1210 1205 gtaatcccgttaatggcaBF 36 gaaggcaataattgtactac

    BR 1140 1105 accagcaatagctccgaa

    Segundo "PCR" (iniciadores internos)

    H3F 36 actatcattgctttgagc

    H3R2 1153 1118 catctatcattcctgtc

    H1R2 1122 1117 catctatcattcctgtc

    BR2 1075 1040 cattggcaagcttcaaag

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    38/129

    28

    Fig. 1. Esquematizao da localizao dos iniciadores especficos para ovrus da influenza tipo A subtipo H1N1* Representao no cDNA do stio de clivagem da protena.

    Stio de Clivagem*

    HA1 HA2

    H1A

    H1R2 H1R

    Direo de Sntese

    H1F

    Dire o de Sntese

    H1B

    H1FIIH1EII

    HA2

    Regio notraduzida

    PeptdioSinal

    cDNA

    HA1

    (6) (76) (96)

    (1039) (1090) (1122) (1210)

    5

    53

    3

    PPrroodduuttooddeePPCCRRSSeemmii--NNeesstteedd 11220055ppaarreessddeebbaasseess

    PPrroodduuttooddeePPCCRRSSeemmii--NNeesstteedd 11111177paarreessddeebbaasseess

    PPrroodduuttooddeePPCCRRMMuullttiipplleexx11 11001155ppaarreessddee

    PPrroodd..PPCCRRMMuullttiipplleexx22 994444ppbb

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    39/129

    29

    Fig. 2. Esquematizao da localizao dos iniciadores especficos para ovrus da influenza tipo A subtipo H3N2* Representao no cDNA do stio de clivagem da protena.

    Stio de Clivagem*

    HA1 HA2

    H3A

    H3R H3R

    Direo de Sntese

    H3F2 H3F

    Dire o de Sntese

    H3B

    H3DIIH3CII

    HA2

    Regio notraduzida

    PeptdioSinal

    cDNA

    HA1

    (12) (36) (174) (348)

    (938) (1056) (1153) (1198)

    5

    53

    3

    PPrroodduuttooddeePPCCRRNNeesstteedd11 11118877ppaarreessddeebbaasseess

    PPrroodduuttooddeePPCCRRNNeesstteedd22 11111188ppaarreessddeebbaasseess

    PPrroodduuttooddeePPCCRRMMuullttiipplleexx 888833ppaarreessddeebbaasseess

    PPrroodd..PPCCRRMMuullttiipplleexx22 559911ppbb

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    40/129

    30

    Fig. 3. Esquematizao da localizao dos iniciadores especficos para ovrus da influenza tipo B.* Representao no cDNA do stio de clivagem da protena.

    5.2. Reaes.

    A primeira "PCR" foi realizada num volume total de 50 L,

    utilizando-se de 2 L de cDNA positivo ou de controle negativo nos

    experimentos de Nested Multiplex PCR e nas seguintes condies: 20

    mM Tris-Cl pH 8,4, 50mM KCl, 1,5 mM MgCl2, 0,2 mM de cada dNTP,

    0,2M de iniciador externo (H1F, H1R, H3F2, H3R, BF e BR), 2,5 U de

    Taq DNA polimerase (Invitrogen Life Technologies). As condies deciclagem utilizadas nessa primeira amplificao encontram-se na tabela 6

    para os vrus da influenza tipo A e tabela 7 para os vrus tipo B. A

    segunda "PCR" foi realizada partindo-se de 1 L do produto da primeira

    amplificao e nas mesmas condies da primeira "PCR", excetuando-se

    Stio de Clivagem*

    HA1 HA2

    BHA

    BR2 BR

    Direo de

    BF

    Dire o de Sntese

    BHA

    BHADIBHACII

    HA2

    Regio notraduzida

    PeptdioSinal

    cDNA

    HA1

    (36) (154) (196)

    (962) (1053 (1075 (1140

    5

    53

    3

    PPrroodduuttooddeePPCCRRNNeesstteedd 11110055ppaarreessddeebbaasseess

    PPrroodduuttooddeePPCCRRNNeesstteedd 11004400ppaarreessddeebbaasseess

    PPrroodduuttooddeePPCCRRMMuullttiipplleexx 990000ppaarreessddeebbaasseess

    PPCCRRMMuullttiipplleexx22 776677ppbb

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    41/129

    31

    a temperatura de associao, a qual foi alterada para 55oC. As condies

    utilizadas nessa segunda amplificao encontram-se nas tabelas 6 e 7.

    Todas as amplificaes foram realizadas em termociclador "Perkin

    Elmer Cetus DNA Thermal Cycler", utilizando-se leo mineral (Sigma)

    para se impedir evaporao dos contedos.

    Tabela 6 Para vrus da influenza tipo A.

    EtapasTemperatura

    em oC

    Tempo em

    Minutos

    Nmero de

    Ciclos

    Desnaturaoinicial

    95 2 1

    Desnaturao 94 1

    Associao 53 1

    Extenso 72 1.5

    40

    Manuteno 4 1

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    42/129

    32

    Tabela 7 Para vrus da influenza tipo B.

    Programa de Ciclos do "Semi-Nested PCR"

    EtapasTemperatura

    em oC

    Tempo em

    Minutos

    Nmero de

    Ciclos

    Desnaturao

    inicial95 2 1

    Desnaturao 94 1

    Associao 55 1Extenso 72 1.5

    40

    Manuteno 4 1

    5.3. Anlise dos Produtos Amplificados.

    Os produtos da segunda reao foram analisados por eletroforese

    em gis de agarose exatamente da mesma maneira que os produtos de

    Nested Multiplex PCR.

    6. Determinao da seqncia de nucleotdeos.

    A determinao da seqncia de nucleotdeos foi feita diretamente

    do produto de "PCR". Para isso, foi utilizado o seqenciador ABI 377(Applied Biosystems Inc) que emprega um gel de poliacrilamida com

    capacidade de 96 canaletas.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    43/129

    33

    6.1. Purificao dos Produtos de "PCR".

    A purificao dos produtos das reaes de "Nested PCR e Semi-

    Nested PCR" foi feita em colunas, utilizando o sistema "QIAquick PCR

    Purification Kit" (Qiagen) de acordo com as instrues do fabricante.

    Alquotas do produto purificado foram submetidas eletroforese

    em gel de agarose 1,2% e quantificadas com o auxlio de DNA de

    bacterifago Lambda de massa conhecida (Invitrogen Life Technologies).

    6.2. Reao de determinao de Seqncias de nucleotdeos.

    Para a reao de determinao de seqncias de nucleotdeos foramutilizados 3.2 moles de cada iniciador, 2 l de BigDye terminator

    cycle sequencing kit 3.0 (Applied Biosystems Inc), 6l de tampo Save

    Money (200mM de Tris-HCl pH 9 e 5mM de MgCl2), 30 a 100 moles

    de produto de "PCR" e, gua deionizada para completar o volume final de

    20 l. Os iniciadores utilizados foram os mesmos empregados para a

    obteno de produtos do Nested-PCR e Semi-Nested PCR (H1F,

    H1R2, H3F, H3R2, BF e BR2 - tabela 5). Para cada amostra foram feitas

    quatro reaes de seqnciamento, duas reaes utilizando iniciadores

    senso e duas com iniciadores anti-senso. As reaes foram realizadas no

    termociclador "Thermal Cycler GeneAmp PCR System 2400". As

    condies de ciclagem so apresentadas na tabela 8.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    44/129

    34

    Tabela 8. Programa de ciclagem utilizado para as reaes de

    determinao de seqncias de nucleotdeos.

    Programa de Ciclos do Seqnciamento

    EtapasTemperatura

    em oCTempo

    Nmero de

    Ciclos

    Desnaturao

    inicial

    95 2 minutos 1

    Desnaturao 94 45 segundos

    Associao 50 10 segundos

    Extenso 72 4 minutos

    25

    Manuteno 4 1

    Os produtos das reaes de determinao da seqncia de

    nucleotdeos foram purificados em colunas do kit "DyeEx 2.0 Spin Kit"

    (Qiagen) de acordo com as instrues do fabricante, seguindo-se secagem

    a vcuo por 30 minutos. As amostras purificadas foram ressuspendidas

    em 3 l de formamida e submetidas eletroforese em gel de

    poliacrilamida, utilizando o seqenciador automtico ABI 377 (AppliedBiosystems Inc).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    45/129

    35

    7. Edio e Anlise das Seqncias Obtidas.

    As quatro seqncias de nucleotdeos obtidas para cada amostra

    positiva foram alinhadas e editadas manualmente no programa de

    computador "Sequence Navigator" (verso 1.0.1 Applied Biosystems).

    As seqncias editadas foram comparadas utilizando-se o programa de

    computador ClustalX 1.83 (Thompson e col., 1997) e traduzidas para

    aminocidos pelo programa "BioEdit Sequence Alignment Editor"

    (verso 5.0.9) (Hall, 1999). Para a apresentao grfica dos alinhamentos

    das seqncias de nucleotdeos obtidas, foi utilizado o programa de

    computador "GeneDoc Multiple Sequence Alignment Editor & ShadingUtility" (verso 2.4.002) (Karl Nicholas, Copyright).

    8. Localizao das diferenas na estrutura da hemaglutinina.

    Aps mapeadas as diferenas encontradas, quando foram

    comparadas as seqncias de aminocidos das amostras estudadas entre si

    e entre as seqncias peptdicas das cepas vacinais, foi possvel localizarestas diferenas na estrutura tridimensional da hemaglutinina. Para isso

    foi utilizado o programa de computador "Rasmol" (verso 2.7.2.1.1)

    (Sayle e Milner-White 1995) para a edio da estrutura tridimensional do

    monmero de HA obtida por difrao de raios X (Influenza Sequence

    Data Base, www.flu.lanl.gov). O Modelo foi baseado na estrutura obtida

    por Sauter e cols., 1992 e depositada no Protein Data Bank sob o

    nmero de acesso 1HGI.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    46/129

    36

    9. rvore genealgica.

    Para a construo da rvore genealgica foi utilizado o programa de

    computador Meg Align 4.05 Expert Analysis Software (DNASTAR,

    Inc). As seqncias de nucleotdeos utilizadas na rvore foram todas

    alinhadas com o programa "BioEdit Sequence Alignment Editor" (verso

    5.0.9) e editadas para ficarem no tamanho de 555 resduos de

    nucleotdeos, que corresponde menor seqncia de nucleotdeos obtida

    nas amostras analisadas.

    Alm das seqncias de nucleotdeos por ns determinadas,

    tambm foram utilizadas seqncias obtidas em bancos de dados de genesGenBank e Influenza Sequence Database (www.ncbi.nlm.nih.gov e,

    www.flu.lanl.gov respectivamente). Essas ltimas foram escolhidas de

    acordo com trs critrios. Primeiro, foram obtidas seqncias de

    nucleotdeos que tiveram maior similaridade com as seqncias das

    amostras que analisamos. Segundo, foram selecionadas seqncias de

    nucleotdeos de vrus influenza isolados em diferentes anos e hospedeiros

    distintos, assim como uma seqncia do tipo A subtipo H5N1 e duasseqncias do tipo C para que o programa de computador DNASTAR

    tivesse base de comparao tendo como material de anlise seqncias

    relacionadas, no entanto, heterogneas. Terceiro, foram utilizadas na

    obteno da rvore genealgica as seqncias de nucleotdeos das cepas

    vacinais dos anos 2000 e 2001, propostas pela Organizao Mundial de

    Sade. Todas as seqncias utilizadas na rvore genealgica foram da

    regio HA1 da hemaglutinina viral, com exceo para seqncias de

    nucleotdeos dos vrus tipo C onde foram utilizadas seqncias correlatas

    da sua glicoprotena de superfcie, hemaglutinina esterase (HE).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    47/129

    37

    IV Resultados

    1. Deteco, tipagem e subtipagem das amostras clnicas.

    A tcnica de Nested Multiplex PCR previamente estabelecida (Ellis e

    col., 1997) foi utilizada na deteco, tipagem e subtipagem dos vrus influenza

    nas amostras estudadas. Essa tcnica baseia-se na amplificao de fragmentos

    de tamanho distintos atravs da utilizao de iniciadores especficos para os

    tipos e subtipos virais A H1N1, A H3N2 e B. Aps a segunda amplificao,

    eram esperados fragmentos de tamanhos 944 pares de base (pb), 591pb e 767

    pb respectivamente para amostras portadoras dos tipos virais A H1N1, A

    H3N2 e B (figura 4). Em todos experimentos de Nested Multiplex PCR um

    controle negativo onde o volume de cDNA foi substitudo pelo mesmo

    volume de gua, controle dos reagentes, sempre resultou na ausncia de

    deteco de algum produto, indicando a ausncia de contaminao dereagentes.

    No ano de 2000 foram coletadas 91 amostras e, sendo 57 amostras

    coletadas em 2001. Das 91 amostras coletadas no ano de 2000, 18 se

    mostraram positivas para vrus da influenza. Duas dessas 18 amostras (006 e

    015) mostraram a peculiaridade de serem positivas para dois subtipos virais, A

    H1N1 e A H3N2. Assim, no ano de 2000 foi possvel a deteco de 20

    produtos de Nested Multiplex PCR independentes (figura 4 B e tabela 9).

    Portanto, do total de 20 registros positivos, o que corresponde a

    aproximadamente 22% do nmero total de amostras, 12 (60% dos registros

    positivos) pertencem ao tipo A subtipo H3N2, 2 (10% dos registros positivos)

    pertencem ao subtipoH1N1 e, 6 (30% dos registros positivos) pertencem ao

    tipo B (tabela 09).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    48/129

    38

    J para as 57 amostras coletadas em 2001, 16 se mostraram positivas

    para o vrus influenza, o que corresponde a 28% do nmero total de amostras,

    sendo 1 amostra positiva para o subtipo H3N2 (6,25% dos registros positivos),

    14 para o subtipo H1N1 (87,5% dos registros positivos) e 1 amostra para o

    tipo B (6,25% dos registros positivos) (figura 4 A e tabela 9).

    Figura 4 Deteco, tipagem e subtipagem do vrus influenza em amostras clnicas. A) Gel

    de agarose 1,2% corado com brometo de etdio representativo de amostras clnicas

    portadoras dos diferentes tipos e subtipos virais. Canaleta 1, produto de Nested Multiplex

    PCR da amostra 114, mostrando padro caracterstico de presena do vrus A H1N1.

    Canaleta 2, produto de Nested Multiplex PCR da amostra 125, mostrando padro

    caracterstico de presena do vrus A H3N2. Canaleta 3, produto de Nested Multiplex

    PCR da amostra 110, mostrando padro caracterstico de presena do vrus tipo B.

    Canaleta PM, padro de peso molecular 100 bp DNA Ladder (Invitrogen LifeTechnologies). B) Produtos de Nested multiplex PCR positivos para vrus do tipo A

    subtipos H3N2 e H1N1 na mesma amostra clnica. Canaleta 1, produtos gerados a partir da

    amostra 006. Canaleta 2, produtos gerados a partir da amostra 015. Canaleta PM, padro

    de peso molecular 100 bp DNA Ladder (New England Biolabs).

    PM 1 2 3

    1.500 pb

    600 pb

    100 pb

    H1N1 944 bB (767 pb)

    H3N2 591 b

    100 pb

    1.200 pb

    500 pb

    PM 1 2

    A B

    H1N1 944 b

    H3N2 591 b

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    49/129

    39

    Tabela 9 Distribuio da amostras positivas pelos anos de coleta*.

    Quantidade de Amostras positivas

    Tipo A Tipo B Co-infeco com H3N2Ano da

    Coleta Subtipo

    H1N1

    Subtipo

    H3N2H1N1 B

    2000 2 12 6 2 0

    2001 14 1 1 0 0

    Total 16 13 7 2 0

    *Ver tambm o apndice 2.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    50/129

    40

    2. Obteno da regio codificadora completa de HA1.

    A tcnica de "Semi-Nested PCR", foi utilizada para a amplificao do

    segmento gnico contendo a poro externa da molcula de hemaglutinina

    (HA1) dos vrus da gripe tipo A subtipo H1N1 e tipo B. Para os vrus do tipo

    A subtipo H3N2 foi utilizada a tcnica de "Nested PCR". Os iniciadores

    utilizados nestas reaes em cadeia pela polimerase foram desenhados para

    serem especficos para a regio de peptdeo sinal do segmento gnico 4 e para

    a regio que codifica a poro HA2 da hemaglutinina. Dessa forma, foi

    possvel a obteno de produtos contendo as regies HA1 completas.

    Os fragmentos obtidos com a tcnica de "Semi-Nested PCR" para os

    vrus tipo A subtipo H1N1 foram de 1117 pares de bases, onde se incluem os

    978 pares de bases quem compem a regio codificadora da poro HA1 da

    hemaglutinina. Para os vrus do tipo B, foram obtidos produtos de PCR com

    1040 pares de bases, sendo a regio codificadora de HA1 composta por 1038nucleotdeos. Com a tcnica de "Nested PCR" obtivemos para o tipo A subtipo

    H3N2 produtos com 1118 pares de bases, os quais contm a regio

    codificadora da poro HA1 da hemaglutinina viral de 984 pares de base.

    Do total de 34 amostras positivas que geraram 36 produtos amplificados

    pela tcnica de "Nested Multiplex PCR", conseguimos obter 32 produtos que

    correspondem s regies HA1 completas da hemaglutinina (Figura 5). No foi

    possvel a amplificao de produtos de PCR contendo a regio completa de

    HA1 de 4 amostras, sendo 3 do tipo A subtipo H3N2 (006, 011 e 013) e 1 do

    tipo A subtipo H1N1 (006).

    As amostras de influenza A subtipo H1N1, 123, 126, 133 e 140

    mostraram bandas inespecficas (figura 5A, linhas 12, 13, 14 e 15

    respectivamente). O mesmo ocorreu com as amostras 08, 10, 12, 15 e 125 do

    tipo A subtipo H3N2 (figura 5B, linhas 2, 4, 5, 6 e 11 respectivamente).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    51/129

    41

    A

    BC

    PM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 PM 01 02 03 04 05 06 07 08 PM

    PM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 PM

    500 pb

    1.200 pb

    100 pb

    100 pb

    1.200 pb

    500 pb

    600 pb

    1500 pb

    100 pb

    Figura 5. Obteno das regies codifcadoras completas de HA1. por Semi-Nested PCR e

    Nested PCR A: Produtos de Semi-Nested PCR para cDNAs A H1N1 analisados em gel de agarose

    1,2% corado com brometo de etdio. Linhas de 01 a 15 correspondem s amostras 15, 99, 101, 103, 104,

    109, 112, 113, 114, 121, 122, 123, 126, 133 e 140 respectivamente. Padro de peso molecular (PM)

    100bp DNA ladder (New England Biolabs INC). B: Produtos de Nested PCR para cDNAs A H3N2

    analisados em gel de agarose 1,2% corado com brometo de etdio. Linhas de 01 a 11 correspondem s

    amostras 03, 08, 09, 10, 12, 15, 18, 24, 49, controle negativo e 125 respectivamente. Marcador de peso

    molecular (PM) 100bp DNA ladder (New England Biolabs INC). C: Produtos de Semi-Nested PCR

    para cDNAs B analisados em gel de agarose 1,2% corado com brometo de etdio. Linhas de 01 a 08

    correspondem s amostras 17, 53, 55, 64, 74, 79, controle negativo e 110 respectivamente. Marcador de

    peso molecular (PM) 100bp DNA ladder (Invitrogen Life Technologies).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    52/129

    42

    4. Seqncias de aminocidos de HA1 das amostras estudadas: anlise

    comparativa das amostras entre si e com as cepas vacinais.

    As regies codificadoras completas de HA1 da hemaglutinina viral das

    amostras positivas foram utilizadas para a obteno de suas seqncias de

    nucleotdeos. As seqncias de nucleotdeos obtidas foram traduzidas em

    peptdeos, as quais foram utilizadas em diferentes alinhamentos. As

    seqncias de aminocidos das regies HA1 obtidas foram alinhadas entre si,

    assim como, com a seqncia das cepas vacinais utilizadas nos anos de 2000 e

    2001.

    Essa estratgia nos permite avaliar variaes na seqncia de

    aminocidos para cada tipo e subtipo viral ao longo de 2 anos consecutivos e,

    compar-las com as cepas vacinais. Uma vez mapeadas as diferenas,

    podemos localiz-las na estrutura tridimensional da hemaglutinina e, verificar

    se essas pertencem a stios antignicos conhecidos por sua alta variabilidade.

    4.1. Tipo A Subtipo H1N1

    Foram obtidos 14 produtos de "Semi-Nested PCR" para as amostras do

    tipo A subtipo H1N1. A seqncia de nucleotdeos para esses produtos de

    978 pares de bases. Devido ausncia de produto contendo a regio HA1

    completa para a amostra 006, utilizou-se o produto de 891 pares de bases

    obtido em experimentos de "Nested Multiplex PCR" para a obteno de

    informao de seqncia de nucleotdeos. Esse fragmento corresponde a

    aproximadamente a 91% da regio HA1 da hemaglutinina. Para a amostra 123

    no foi possvel obter seqncias.

    A comparao entre as seqncias peptdicas de HA1 de todas as

    amostras do tipo A subtipo H1N1 entre si, assim como, com a seqncia da

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    53/129

    43

    cepa vacinal utilizada nos anos 2000 e 2001 (A/New Caledonia/20/99)

    mostrou vrias diferenas. Das 20 diferenas mapeadas, 19 so substituies

    de aminocidos, enquanto uma configura-se como uma deleo (figura 06).

    Entre as amostras positivas que foram coletadas no ano 2000 (amostras 006 e

    015) foi encontrado um total de 15 aminocidos de diferena quando

    comparadas com as seqncias da cepa vacinal, sendo 13 diferenas referentes

    seqncia 006 e duas referentes a seqncias 015 (tabela 10). Entre as

    amostras do ano 2001 foram encontradas apenas 6 diferenas em suas

    composies peptdicas quando comparadas com a seqncia da cepa vacinal

    A/New Caledonia/20/99 (figura 06 e tabela 10).

    Todas as alteraes de aminocidos ocorridas entre as seqncias

    peptdicas das amostras do subtipo H1N1 foram relacionadas com os cinco

    stios de maior variabilidade na regio de HA1 da molcula de hemaglutinina

    (figura 07 e tabela 10) (Yewdell e col., 1983, Caton e col., 1982, Drescher e

    Aron, 1999).

    10 20 30 40 50 60

    Cepa DTICIGYHANNSTDTVDTVLEKNVTVTHSVNLLEDSHNGKLCLLKGIAPLQLGNCSVAGW

    121H1 ............................................................

    122H1 ............................................................

    101H1 ............................................................

    099H1 ............................................................

    109H1 ............................................................

    103H1 ...........................................I................

    112H1 ............................................................

    113H1 ............................................................

    133H1 ............................................................

    126H1 ............................................................

    114H1 ............................................................

    104H1 ............................................................

    140H1 ............................................................

    015H1............................................................

    006H1-------------.............................R.............I...

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    54/129

    44

    70 80 90 100 110 120

    Cepa ILGNPECELLISKESWSYIVETPNPENGTCYPGYFADYEELREQLSSVSSFERFEIFPKE

    121H1 ............................................................

    122H1 ............................................................

    101H1 ............................................................

    099H1 ............................................................

    109H1 ............................................................

    103H1 ............................................................

    112H1 ............................................................

    113H1 ............................................................

    133H1 ............................................................

    126H1 ............................................................

    114H1 ............................................................

    104H1 ............................................................

    140H1 ............................................................

    015H1............................................................

    006H1........S.F........A....S...................................

    130 140 150 160 170 180

    Cepa SSWPNHTVT-GVSASCSHNGKSSFYRNLLWLTGKNGLYPNLSKSYVNNKEKEVLVLWGVH

    121H1 N........-...................................A..............

    122H1 N........-...................................A..............

    101H1 .........-...................................A..............

    099H1 .........-...................................A..............

    109H1 .........-...................................A..............

    103H1 .........-...................................A..............

    112H1 .........-...................................A..............

    113H1 .........-...................................A..............

    133H1 .........-...................................A..............

    126H1 .........-...................................A..............114H1 .........-...................................A..............

    104H1 .........-...................................A..............

    140H1 .........-...................................A..............

    015H1.........-................................M.................

    006H1.........K..T...............................................

    190 200 210 220 230 240

    Cepa HPPNIGDQRALYHTENAYVSVVSSHYSRRFTPEIAKRPKVRDQEGRINYYWTLLEPGDTI

    121H1 ............................................................

    122H1 ............................................................

    101H1 ............................................................

    099H1 ............................................................

    109H1 ............................................................

    103H1 ............................................................

    112H1 ............................................................

    113H1 ............................................................

    133H1 ............................................................

    126H1 ............................................................114H1 ............................................................

    104H1 ............................................................

    140H1 ............................................................

    015H1............................................................

    006H1..S.......I..............................G..................

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    55/129

    45

    250 260 270 280 290 300

    Cepa IFEANGNLIAPWYAFALSRGFGSGIITSNAPMDECDAKCQTPQGAINSSLPFQNVHPVTI

    121H1 ...........R................................................

    122H1 ...........R................................................

    101H1 ...........R................................................

    099H1 ...........R.............................................I..

    109H1 ...........R................................................

    103H1 ...........R................................................

    112H1 ...........R................................................

    113H1 ...........R................................................

    133H1 ...........R................................................

    126H1 ...........R................................................

    114H1 ...........R................................................

    104H1 ...........R................................................

    140H1 ...........R................................................

    015H1..........................................K.................

    006H1..............................S.............................

    310 320

    Cepa GECPKYVRSAKLRMVTGLRNIPSIQS

    121H1 .........T................

    122H1 .........T................

    101H1 .........T................

    099H1 ..........................

    109H1 ..........................

    103H1 ..........................

    112H1 ..........................

    113H1 ..........................

    133H1 ..........................126H1 ..........................

    114H1 ..........................

    104H1 ..........................

    140H1 ..........................

    015H1..........................

    006H1.........T----------------

    Figura 06 - Comparao entre as seqncias peptdicas de HA1 obtidas de amostras do tipo A

    subtipos H1N1 coletadas nos anos de 2000 e 2001 e a cepa vacinal A/New Caledonia/20/99.

    Pontos (.) indicam similaridade entre as seqncias obtidas, somente os aminocidos diferentes

    da seqncia da cepa vacinal esto representados. Traos (-) representam lacunas geradas por

    ausncia de seqncia peptdica. A disposio grfica da figura foi obtida com o auxlio do

    programa de computador "GeneDoc Multiple Sequence Alignment Editor & Shading Utility"

    (verso 2.4.002) (Karl Nicholas, copyrigth). A ordem das seqncias foi determinada pela

    similaridade entre as seqncias e arranjadas pelo programa de computador "ClustalX" (verso

    1.83) (Thompson e col., 1997). Amostras coletadas no ano de 2000 esto em itlico e negrito, as

    demais foram coletadas no ano de 2001. A seqncia peptdica da cepa vacinal A/New

    Caledonia/20/99 (Cepa) foi obtida do "Genbank" sob nmero de acesso AJ344014.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    56/129

    46

    Tabela 10. Sumrio das alteraes nas seqncias de aminocidos das

    amostras coletadas nos anos de 2000 e 2001 em relao cepa vacinal A/New

    Caledonia/20/99.

    Nmero da

    Amostra

    Posio dos

    ResduosCepa Vacinal Alterao

    Stio

    Antignico

    006 43 leucina arginina ---

    103 44 leucina isoleucina ---

    006 57 valina isoleucina Cb

    006 69 leucina serina Cb

    006 71 isoleucina fenilalanina Cb

    006 80 valina alanina Cb

    006 85 prolina serina ---

    121 e 122 121 serina asparagina Ca1

    006 130* Lacuna lisina Ca2

    006 133 serina treonina Ca2

    015 162 lisina metionina Sa

    121, 122, 101,

    099, 109, 103,

    112, 113, 133,

    126, 114 e

    104 .

    165 valina alanina Ca1

    006 183 prolina serina ---

    006 191 leucina isoleucina Sb

    006 222 cido asprtico glicina---

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    57/129

    47

    Nmero da

    Amostra

    Posio dos

    ResduosCepa Vacinal Alterao

    Stio

    Antignico

    121, 122, 101,

    099, 109, 103,

    112, 113, 133,

    126, 114 e

    104 .

    251 triptofano arginina ---

    006 271 prolina serina ---

    015 282 glutamina lisina ---

    99 297 valina isoleucina ---

    006, 101, 121

    e 122.309** alanina treonina ---

    (---)Resduos de aminocidos que no se enquadram em nenhum stio antignico.

    *A amostra 006 apresentou a insero de um aminocido na posio 130 da cadeiapeptdica.

    ** Para a amostra 006 esta alterao ocorreu no resduo 310 devido insero de um

    aminocido na posio 130. Para as outras amostras esta diferena ocorreu no resduo 309.

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    58/129

    48

    A B Legenda

    A) Mutaes ocorridas nos stiosantignicos Ca2, Sa, Sb, Ca1 e Cb.

    i) Ca2

    ii) Sa

    iii) Sb

    iv) Ca1

    iv) Cb

    B) Mutaes ocorridas fora dos stiosantignicos descritos.

    Resduo 130 Resduo 133

    Resduo 162

    Resduo 191

    Resduo 121 Resduo 165

    Resduo 57 Resduo 80

    Resduo 69 Resduo 57

    Resduo 43 Resduo 44Resduo 85 Resduo 183

    Resduo 222 Resduo 251Resduo 271 Resduo 282

    Resduo 297 Resduo 309

    Figura 07. Estrutura do monmero de HA obtida por difrao de raios X (Influenza Sequence Data Base,

    www.flu.lanl.gov). Modelo baseado na estrutura obtida por Sauter e cols., 1992 e depositada no Protein DataBank sob o nmero de acesso 1HGI. "Rasmol" (2.7.2.1.1), foi o programa utilizado na edio da figura (Sayle

    e Milner-White 1995).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    59/129

    49

    4.2. Tipo A Subtipo H3N2

    Foram obtidos 13 produtos de "Nested Multiplex PCR" para as

    amostras do tipo A subtipo H3N2. Dessas, 9 tiveram as seqncias de

    nucleotdeos, da regio codificadora de HA1 completa, determinadas. Devido

    no ter sido possvel a obteno de produto de "Nested PCR" para as amostras

    006, 011 e 013, foram obtidas seqncias dos produtos de "Nested Multiplex

    PCR" com tamanho de 555 pares de bases ou, quando traduzidas para

    aminocidos um tamanho de 185 resduos, cerca de 56% da regio HA1 da

    hemaglutinina. Para a amostra 018 no foi possvel obter seqncias

    caractersticas de influenza A H3N2. Todas as seqncias obtidas foram

    traduzidas para sua forma peptdica e comparadas com a seqncia de

    aminocidos da cepa vacinal.

    A comparao entre as seqncias peptdicas de HA1 dasamostras coletadas do subtipo H3N2 com a seqncia de aminocidos das

    cepas vacinais mostrou a existncia de 52 alteraes (Figura 08). Entre as

    amostras coletadas no ano de 2000 a diferena entre a cadeia peptdica das

    amostras e a seqncia da cepa vacinal de 2000 (A/Sydney/5/97) foi de 42

    resduos de aminocidos (tabela 11). A seqncia peptdica da cepa vacinal de

    2000 foi obtida no Genbank(www.ncbi.nlm.nih.gov) sob nmero de acesso

    AJ311466. Para o ano de 2001 foi recomendada pela OMS a cepa vacinal

    A/Panam/2007/99, sua seqncia peptdica foi obtida no banco de dados

    Influenza Sequence Database (www.flu.lanl.gov) sob nmero de acessoISDNCDA001. Quando comparamos a seqncia peptdica da cepa vacinal de

    2001 com a seqncia da amostra 125, coletada no ano de 2001, encontrou-se

    o total de 10 diferenas de aminocidos (tabela 12).

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    60/129

    50

    Todas as alteraes de aminocidos ocorridas entre as seqncias

    peptdicas das amostras dos subtipo H3N2 foram relacionadas com os cinco

    stios de maior variabilidade na regio de HA1 da molcula de hemaglutinina

    (Wiley e col., 1981, Underwood, 1982, Underwood 1984, Wiley e Skehel,

    1987) (tabelas 11 e 12 e figura 09).

    10 20 30 40 50 60

    Cepa1 QKIPGNDNSTATLCLGHHAVPNGTLVKTITNDQIEVTNATELVQSSSTGRICDSPHRILD

    Cepa2 ..L.................S...................................Q...

    003H3 ..L.V...............P...........H.......................Q...

    049H3 ..L.V...............P...........H.......................Q...

    125H3 ..L.V...............P...........H.......................Q...

    012H3 ..L.V...............P...........H.......................Q...

    024H3 ..L.V...............P........M..H.......................Q...

    008H3 ..L.................P.......................................

    015H3 ..L.................P.......................................

    010H3 ..L.................P.......................................

    009H3 ..L.................P.......................................

    006H3 ------------------------------------------------------------

    011H3 ------------------------------------------------------------

    013H3 ------------------------------------------------------------

    70 80 90 100 110 120Cepa1 GENCTLIDALLGDPHCDGFQNKEWDLFVERSKAYSNCYPYDVPDYASLRSLVASSGTLEF

    Cepa2 ............................................................

    003H3 ...............................T............................

    049H3 ...............................T............................

    125H3 ...............................T...................I........

    012H3 ...............................T............................

    024H3 ...............................T............................

    008H3 .K..........................................................

    015H3 .K..........................................................

    010H3 .K..........................................................

    009H3 .K..........................................................

    006H3 ------------------------------------........................

    011H3 ------------------------------------........................

    013H3 ------------------------------------........................

    130 140 150 160 170 180

    Cepa1 NNESFNWTGVAQNGTSYACKRSSIKSFFSRLNWLHQLKYKYPALNVTMPNNDKFDKLYIW

    Cepa2 ................S....R.N...........................E........

    003H3 ................S....R.I...........................E........

    049H3 ................S....R.I...........................E........

    125H3 ................S....R.I...........................E........

    012H3 ................S....R.I...........................E........

    024H3 ................S....R.I...........................E........

    008H3 I..D........S.E......G.V...........KSD.............G........

    015H3 I..D........S.E......G.V...........KSD.............G........

    010H3 I..D........S.E......G.V...........KSD.............G........

    009H3 I..D........S.E......G.V...........KSD.............G........

  • 7/25/2019 Variantes Moleculares Do Vrus Influenza

    61/129

    51

    006H3 I..D........S.E......G.V...........KS