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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE

ENSINO POR MEIO DE CANÇÕES

Autora: Zelí Genitori Silva* Orientadora: Ana Paula Guedes**

RESUMO: O presente trabalho apresenta como alvo principal a desmistificação de que as aulas de Língua Portuguesa sejam apenas para estudar normas e técnicas de falar e escrever corretamente, como também compreender e respeitar o fenômeno das variações linguísticas, levando em consideração a forma que cada indivíduo tem de se expressar estando ele dentro ou fora do ambiente escolar. Dessa forma, o objetivo maior é desenvolver conhecimentos e aprendizagens que contribuam para um ensino de qualidade, onde se evidencie as práticas vivenciadas pelos alunos, uma vez que valorizar somente a língua padrão culta, faz com que a sala deixe de ser um espaço de comunicação e interação já que a linguagem não deve ser substituída, mas deve ser adequada a situações diversas.Este trabalho teve por objetivo apresentar uma proposta de ensino e contemplando estratégias que ajudam compreender e respeitar a forma que cada indivíduo tem de se expressar. Para tanto, buscou-se fundamentos teóricos em autores como: Carlos Bagno (1990), Dino Preti (2004), Alberto Faraco (1992), Luiz Antônio Marcuschi (2007), Magda Soares (1980) e outros autores, pesquisadores e estudiosos das Variações Linguísticas. Trata-se de um projeto cujas atividades foram elaboradas para alunos 8º ano do Ensino Fundamental podendo ser aplicado em qualquer série desde que planejadas de acordo com a faixa etária dos alunos. Esta iniciativa buscou mostrar que através de letras de canções é possível estimular os alunos sobre esses fenômenos de “variação linguística” e ao mesmo tempo proporcionar a eles atividades que sejam ao mesmo tempo prazerosas e reflexivas. Como resultado espera-se que eles compreendam de forma positiva e passem a contribuir para diminuição do preconceito linguístico nos bancos escolares e no convívio social.

Palavras-chave: Língua Materna. Norma padrão/não padrão. Preconceito Linguístico.

1 INTRODUÇÃO

A realização deste trabalho se deu em busca de uma forma de despertar nos

alunos o interesse pela compreensão e o respeito às variações linguísticas tendo em

vista que nas letras musicais é possível encontrar variedades interessantes que

podem e devem ser utilizadas em sala de aula, no sentido de mostrar aos alunos as

peculiaridades do vocabulário utilizado, já que a linguagem contida em muitas

dessas letras estão presentes no cotidiano das pessoas.

_________________________

*Professora especialista em Língua Portuguesa da Rede Estadual de Ensino do Paraná. Participante do PDE ([email protected]) **Professora Doutora orientadora, da Universidade Estadual de Maringá-UEM. ([email protected].)

É notável que as músicas em geral, estão e sempre estiveram em evidência,

independente do estilo, e de classes sociais, elas configuram-se um importante

gênero textual para ser utilizado em sala de aula e ao mesmo tempo ajudar no

processo de desenvolvimento da leitura e interpretação.

O Gênero canção, como arte que é, pode ser utilizado como meio de

compreender as transformações sócio-políticas e culturais ocorridas numa

comunidade, numa cidade, num estado, no país e até mesmo no mundo inteiro.

Assim, fica evidente a importância de estudar letras de canções, pois permite

identificar nelas inúmeras variações linguísticas, o que confirma ser um excelente

material para o ensino da língua materna, porque a música faz parte da vida de

todos e por ser muito próximo do aluno não é usada apenas com objetivo de

exemplificação de fatos linguísticos que se apresentam de maneira artificial e fora da

realidade. Como afirma o autor:

[...] salientamos que as letras de música têm-se mostrado como material de alta produtividade nas classes de língua portuguesa. Como as considerações sobre a fala e a escrita incluem a dificuldade [...] (por conta de uma tradição de ensino que os tornou antipáticos), temos podido explorar a produção musical nacional [...] com vistas a descrever e documentar a riqueza de nossa língua [...] (SIMÕES, 2006, p.110).

Vale ressaltar também, que este trabalho com as variações linguísticas

expressas nas letras musicais, traduz claramente a origem e a fala do brasileiro

independente de idade, região ou classe social possibilitando o estabelecimento de

paralelos entre a língua padrão e a linguagem popular, através de expressões

populares presentes nas canções, principalmente no que diz respeito à difícil tarefa

de diferenciar a língua falada da língua escrita. Assim diz o excerto do autor:

Há duas línguas no Brasil: uma que se escreve; [...] e outra que se fala [...] É a última que é a língua materna dos brasileiros; a outra (o “português”) tem de ser aprendida na escola, e a maioria da população nunca chega a dominá-la adequadamente (PERINI, 2001, p. 25).

Essa preocupação é notável desde o processo de elaboração das Diretrizes

Curriculares da Educação do Estado do Paraná, em 2003, que objetiva formar

falantes que tenham habilidades em adaptar-se às diferentes situações de uso da

língua e ao mesmo tempo esse objetivo é ameaçado por algumas realidades

escolares em que há o privilégio pela forma exclusiva.

E consequentemente essas transformações da língua que podemos chamar

de Variações Linguísticas vão refletir de forma negativa no momento em que a

criança entra em contato com suas primeiras experiências escolares onde muitas

delas são taxadas pelo seu modo de falar, considerado por alguns docentes, como

“errado” e isso acaba dificultando ainda mais seu desempenho na aprendizagem e a

escola, por sua vez, mesmo sem perceber incute no aluno que aquele que fala

“corretamente”, está pronto para crescer intelectualmente, podendo assim, gerar

atitudes preconceituosas não só por parte do aluno como também de alguns

professores que ao primeiro contato com alunos, já os “rotulam” como “capazes ou

incapazes” como se o conhecimento linguístico expresso na fala deles possa revelar

de fato seu nível ou capacidade de aprender.

E como ponto central de discussões sobre o ensino da Língua Portuguesa,

este trabalho visa proporcionar conhecimentos e aprendizagens que venham

propiciar um ensino de qualidade, onde se valorize as práticas vivenciadas pelos

alunos, pois valorizar somente a língua padrão culta faz com que a sala deixe de ser

um espaço de comunicação e interação tendo em vista que a linguagem não deve

ser substituída e o mais importante é que ela deve ser adequada a situações

diversas.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As concepções teóricas para a compreensão deste projeto estão

fundamentadas em autores, pesquisadores e estudiosos das Variações Linguísticas,

numa perspectiva de explicar que esse fenômeno é resultado da multiplicidade da

língua devido a sua constituição sócio-política e cultural que ocorre no Brasil.

Esses teóricos convidam o professor de Língua Portuguesa a uma reflexão às

práticas aplicadas na escola em relação ao ensino da Língua materna que se

justifica, prioritariamente, pelo desenvolvimento da competência comunicativa que é

o de promover subsídios para o desenvolvimento da comunicação, já que a língua e

a principal ferramenta de interação social do ser humano.

Como afirma o autor:

A língua se relaciona com a sociedade porque é a expressão das necessidades humanas de se congregar socialmente, de construir e desenvolver o mundo. A língua não é somente a expressão da alma, ou do íntimo, ou do que quer eu seja, do indivíduo; é acima de tudo, a maneira pela qual a sociedade se expressa como se fosse a sua boca (SIGNORINI, 2002, p. 76-77).

Hoje muitos professores de Língua Portuguesa vivem essa discrepância entre

o ensino da língua e o ensino de normas impostas pelos gramáticos por acreditarem

que o sujeito só se torna um ser social se dominar a norma culta, quando na

verdade para os linguistas não existe apenas uma forma de se fazer entender,

mesmo porque a língua não é única, homogênea e isso acontece em razão das

diferenças sociais.

A esse respeito, diz Bagno:

A escola geralmente não reconhece a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, impondo assim, sua lingüística como se ela fosse, de fato, a língua comum a todos 160 milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem geográfica, de suas situações socioeconômicas, de grau de escolaridade (BAGNO, 1999, p.15).

Nesse sentido, a possibilidade de mudança através de uma educação

transformadora é a escola aceitar essas diferenças individuais e sociais, onde cada

aluno dentro de suas limitações não passe a ser excluído pelo fato de não ter tido

acesso a uma formação considerada “correta”.

Assim afirma a autora:

Em primeiro lugar, uma escola transformadora não aceita a rejeição dos dialetos dos alunos pertencentes às camadas populares, não apenas por eles serem tão expressivos e lógicos quanto o dialeto de prestígio (argumento que se fundamenta a proposta da teoria das diferenças lingüísticas), mas também, e, sobretudo, porque essa rejeição teria um caráter político inaceitável, pois significaria uma rejeição de classe social, através da rejeição de sua linguagem. Em segundo lugar, uma escola transformadora atribui ao bidialetalismo a função não de adequação do aluno às exigências da estrutura social, como se faz as teorias das diferenças lingüísticas, mas a de instrumentalização do aluno, para que ele adquira condições de participação na luta contra desigualdades inerentes a essa estrutura (SOARES, 1980, p.74).

Dentro desse enorme contingente de variedades, os estudiosos têm

percebido que, muitas vezes a tradição da nossa cultura rejeita as variações

linguísticas por considerar insuficiente e precário o uso de quem faz parte desse

grupo a ponto de valorizar aquele que dispõe de vocabulário elegante, considerado

correto. Isso leva a crer que a linguagem como veículo de comunicação passe a ser

usada como discriminação e exclusão social.

Diante da afirmação diz o linguista:

[...] menosprezar, rebaixar, ridicularizar a língua ou a variedade da língua empregada por um ser humano equivale a menosprezá-lo, rebaixá-lo

enquanto ser humano. Quem mais sofre com isso são aqueles que provêm das classes menos favorecidas economicamente, são eles que sentem na pele a ridicularização, sentem-se estranhos em sua própria língua, cheio de dúvidas e incertezas, distantes na norma considerada correta. Por isso, a maioria dos estudantes chega ao final do Ensino Médio sem conseguir transferir suas idéias para um texto escrito, e isso perpassa a uma grande preocupação em empregar regras gramaticais, em “escrever certo”, que o pensamento não consegue concretizar-se no papel (BAGNO, 2001, p.36).

Nós, enquanto professores de Língua Portuguesa, não podemos incutir em

nosso aluno que dominar a língua-padrão seja apenas saber regras ou

nomenclaturas gramaticais, mas, como ele atribui sentido ao uso da língua em

relação às necessidades encontradas no cotidiano, e dessa forma levar em conta

que é através da linguagem que vão desenvolver as funções de representação,

comunicação e de interação social. Assim afirma Marcuschi:

Falar ou escrever bem não é ser capaz de aplicar regras da língua, mas é usar adequadamente a língua para produzir um efeito de sentido pretendido numa dada situação. Não se trata de saber como se chega a um texto ideal pelo emprego de formas, mas como se chega a um discurso significativo pelo uso adequado às práticas e à situação que se destina (MARCUSCHI, 2007, p.09 ).

Por essas e outras razões, os sociolinguistas buscam pesquisar outros

fenômenos da língua como é o caso das gírias, vista preconceituosamente por uma

parte da sociedade que ainda considera que os principais grupos que utilizam esse

tipo de linguagem sejam marginais, drogados, pessoas excluídas da sociedade e

segundo Preti não existe essa classificação da linguagem, porque o uso constante

faz com que esse vocabulário passa a ser um recurso expressivo comum à nossa

língua. Ainda diz Preti em relação à gíria:

Perdida a sua condição de signo de grupo, elemento identificador, que faz do processo de auto-afirmação do falante no grupo social, a gíria se dilui na linguagem comum. A rigor, nessa etapa, na sua condição de vocabulário não marcado, a gíria poderia mesmo ser simplesmente classificada de

linguagem comum (PRETI, 2000, p.67).

O estrangeirismo, como fenômeno histórico-social marcante na globalização

não descaracteriza a língua, ao contrário, contribui para a comunicação entre

diversas nações.

A esse respeito:

[...] Afirmo que a presença de vocábulos estrangeiros, contribui para enriquecer qualquer idioma. Receber palavras de origem estrangeiras em forma de empréstimo nada tem a ver com a soberania político-econômica. Os idiomas são palcos de mestiçagem e de interculturalidade e não deve ser vistos como baluartes ou fortalezas de nacionalidade, pois as nações-estados contêm diferentes etnias com diferentes identidades. A presença de estrangeirismos na Língua Portuguesa de nenhuma forma ameaça a cultura brasileira, amplamente definida como literatura, música teatro, folclore e dança (SCHMITZ, 2001, p.104).

O Gênero canção, como arte que é, pode ser utilizado como meio de

compreender as transformações sócio-políticas e culturais ocorridas numa

comunidade, numa cidade, num estado, no país e até mesmo no mundo inteiro.

Assim, fica evidente a importância de estudar letras de canções, pois permite

identificar nelas inúmeras variações linguísticas, o que confirma ser um excelente

material para o ensino da língua materna, porque a música faz parte da vida de

todos sem distinção de idade, poder aquisitivo, sexo, letrados e não letrados como

afirma o autor:

A música em especial, exerce um papel importante nessa conceituação, porque é a mais popular das artes, superando inclusive a escrita, que acompanha a própria história. Para fazer música, a única coisa que o indivíduo precisa é estar vivo. Não precisa saber ler, nem adquirir materiais e sequer sair de casa. Reflita: basta abrir a boca e cantar, bater palmas ou os pés, assoviar ou murmurar, que você já está fazendo música ( MONTANARI, 2001, p. 6 ).

3 COLOCANDO EM PRÁTICA

A realização da aplicabilidade do Projeto desenvolveu-se durante o primeiro

semestre do ano letivo de 2013, entre os meses de fevereiro a maio envolvendo os

alunos do 8º ano do Colégio Estadual Emílio de Menezes – Ensino Fundamental e

Médio.

Antes de iniciar os trabalhos com a Sequência didática, foi aplicado aos

alunos da turma, um questionário prévio para que após os estudos, pudessem

perceber a importância do despertar não só a consciência das variedades da língua

como também possibilitar que os alunos identifiquem os conceitos relacionados ao

tema e verificar os conhecimentos prévios para o início das aulas.

3.1 APLICANDO O QUESTIONÁRIO

1) Você certamente morou, mora ou tem alguém que viveu ou vive na zona rural?

( ) sim ( ) não

2) Acha diferente a maneira de falar das pessoas que sempre viveram na zona

rural?

( ) sim ( ) não

3) Quando ouve alguém dizer:

“ Nóis vai no praça.”

“ Minha tia vortô do passeio”

“ Ela tá com pobrema de cabeça”

Pensa que é:

( ) incorreto porque não compreende o significado da conversa.

( ) a pessoa que fala não sabe conversar.

( ) compreensível e correto dependendo do ambiente em questão.

( ) a pessoa que fala demonstra total ignorância

O que você acha da linguagem usada na Internet? Observe a frase tirada de um

blog perdido e marque a alternativa que melhor lhe convier:

4) “... soh q custava 31 realz! Moh caro!..”

( ) Algumas palavras estão incompreensíveis , portanto, a frase está incorreta.

( ) A frase está correta porque os jovens e adolescentes inventaram essa linguagem

para o uso da Internet.

( ) As palavras destacadas foram escritas assim porque a pessoa ainda não

aprendeu as normas gramaticais.

5) Nas lanchonetes é muito comum vermos escrito nos cardápios de sanduíches:

a) ( ) Xburguer - X bacon - X egg - hot dog

b) ( ) pão com carne de boi - pão com toucinho defumado - pão com ovo -

pão com salsicha - etc.

Qual das duas maneiras você utiliza para solicitar o seu sanduíche?

6) Para justificar sua resposta, por que escolheu essa opção?

a) ( ) Porque acho mais fácil.

b) ( ) Porque todos falam assim.

c) ( ) Dependendo do lugar , peço das duas maneiras.

d) ( ) É mais prático e rápido de falar.

7) Você poderia responder por que em alguns sanduíches se usa a letra “X”, quando

estes vêm escritos em Língua Inglesa?

a) ( ) Só para diferenciar dos outros .

b) ( ) Porque fica mais bonito falar assim.

c) ( ) Porque neles contém queijo e por isso são especiais.

d) ( ) Não tenho a mínima ideia.

O resultado da pesquisa pode ser observado através dos seguintes gráficos:

Questão 1

66%

34%

0% 0%

Sim

Não

Questão 2

72%

28%

0% 0%

sim

não

Questão 3

6%9%

66%

19%

1ª opção

2ª opção

3ª opção

4ª opção

Questão 4

19%

78%

3% 0%

1ª opção

2ª opção

3 opção

Questão 5

9%

91%

0% 0%

opção

opção

Questão 6

37%

38%

6%

19%

1ª opção

2ª opção

3ª opão

4ª opção

Questão 7

35%

15%24%

26%1ª opção

2ª opção

3ª opção

4ª opção

Ao analisar as respostas dos alunos foi possível observar que: em relação à

primeira questão; mais da metade da turma demonstraram certo convívio e

intimidade com pessoas da zona rural e por essa razão, responderam que acha

diferente a maneira de falar dessas pessoas. Na terceira questão, mesmo que uma

parte respondeu que acham que essas pessoas falam errado, são ignorantes e por

isso não sabem conversar; ainda mais da metade consideram que dependendo do

lugar, a fala está correta. Já a questão quatro, apenas vinte e dois por cento deles

consideram a frase incompreensível ou que a pessoa que escreveu não aprendeu

as normas as normas gramaticais, isso pode representar para alguns o

desconhecimento ao uso da Internet onde apenas um ( 1 ) aluno considerou a frase

incorreta. Nas questões cinco, seis e sete observou-se que a maioria dos alunos

utiliza o estrangeirismo (o inglês), entretanto ao justificar esse uso, as respostas

foram mais divergentes e vinte e quatro alunos responderam: que é mais

fácil/porque todos falam assim e ao finalizar as questões constatou-se uma certa

dúvida em relação às respostas e apenas oito alunos demonstraram conhecimento

do uso dessa letra e os demais optaram: diferenciar dos outros lanches/ é mais

bonito pedir o lanche assim /ou não têm a mínima ideia.

Diante da análise das respostas dos alunos, pode-se observar que todos

apresentaram certo conhecimento ao assunto abordado e mesmo assim alguns

afirmaram que nunca tinham parado para prestar atenção nas conversas com

pessoas simples (para os alunos: pessoas da zona rural) porque achavam normal e

quanto maneira como os jovens e adolescentes utilizam para pedir um lanche, por

considerar importante vão passar a prestar mais atenção daqui pra frente.

3.2 SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Para iniciar as atividades tivemos como texto de entrada “Cuitelinho”

composta de Paulo Vanzolini. E de posse da letra da canção os alunos assistiram ao

clipe na TV pen-drive acompanhando a música e a letra. Após esse trabalho o

professor perguntou se eles gostaram de ouvi-la, e alguns disseram que é “parada”,

“muito antiga”, outros, teceram comentários sobre “algumas palavras estarem

escritas de maneira errada”, ou “era o jeito que falavam”. Logo em seguida

começaram os estudos sobre as características discursivas da canção com as

questões: Qual é temática desta canção? Como seria a pessoa que escreveu esse

texto? Com que propósito ela escreveu? Nesse trabalho observou-se a questão de

leitura e interpretação e que normalmente é uma das maiores dificuldades

encontradas nas aulas de Língua Portuguesa, especificamente aqui os alunos

demonstraram ter conhecimento e souberam relacionar as questões ao conteúdo do

texto e suas respostas foram satisfatórias.

A importância de iniciar os trabalhos com esta atividade foi no sentido de

perceber nos alunos o auto-reconhecimento ao que foi dito em relação à canção

porque após o momento de reflexão concluíram (em depoimento) que Cuitelinho

“apresenta algumas palavras onde o autor foi compondo conforme o jeito que ele

falava, e as pessoas gostaram, pois a forma simples que foi composta, ela traz um

forte sentimento”, mesmo sem saber escrever o autor (desconhecido) soube utilizar

de recursos linguísticos que encheram de beleza e sensibilidade à letra e a forma

com que foi escrita (Paulo Vanzolini) não prejudicou ou dificultou a compreensão e

o estudo do texto.

O segundo texto a ser trabalhado foi a letra “Chopis Centis, dos Mamonas

Assassinas”. Para o estudo desse texto, o professor procurou anteceder informações

sobre o grupo e logo de início começaram os comentários: “oba, essa música é

legal”, “eu nem era nascido(a)”, “essa música eu sei a letra inteirinha”. Foi observado

nesse momento que a maioria dos alunos tinha certa intimidade com a música ou

com o referido grupo.

Após o professor distribuir as cópias foi possível observar o total interesse dos

alunos em ouvir a música e ver o clipe, e logo começaram acompanhar a música,

pedindo para cantar mais vezes. Para o estudo desse texto, inicialmente foi

trabalhado a função social do gênero onde foi possível identificar através da letra, o

jeito de ser do brasileiro, bem como informações relevantes deixadas pelo autor

sobre a pessoa que fala na canção.

O trabalho com essa letra objetivou levar os alunos à compreensão de que a

letra dessa música apresenta uma linguagem humorística, formada de

estrangeirismos, gírias e dialeto regional que dão uma imagem fotográfica do

cotidiano com a intenção de mostrar as diferentes maneiras de falar existentes no

país e ao mesmo tempo revela nas marcas da oralidade, que mesmo as palavras

sendo escritas de acordo com a fala, (especificamente aqui) não compromete o

sentido e a intenção da música. Ao estudarem a função social do gênero, os alunos

conseguiram traçar bem o perfil da “pessoa da canção” e concluíram se tratar de um

ser humano pertencente à classe baixa, que exerce a profissão de pedreiro, um

falante com o mínimo de reflexão sobre a linguística, comum igual a tantos outros.

Nessa letra os alunos puderam trabalhar com expressões e palavras não muito

comum em seu dia a dia como: “mó de”, geralmente utilizada por pessoas que vivem

no interior do nordeste, outra palavra também pouco conhecida em nossa região -

“aipim”, chamada aqui de mandioca, e a palavra “di”, esta já mais familiar para eles

porque segundo os depoimentos, alguns além de terem ouvido, também utilizam

essa forma para a forma verbal - “dei”.

Outro fator bastante relevante presente nesse texto, além do estrangeirismo foi

o trabalho com as gírias onde foi constatada a relação de fator extralinguístico com a

escrita dos adolescentes e que estes a utilizam por uma opção para seu discurso

informal e não por desconhecimento da linguagem culta.

Para concluir o estudo do referido texto, o professor pediu que respondesse a

questão: Há diferenças de momento histórico em que foram compostas as duas

letras de músicas: Cuitelinho e Chopis Centis? Como resposta, eles disseram que

existe e que as composições foram feitas em momentos totalmente diferentes

deixando claro que no caso da primeira, foi feita por uma pessoa totalmente

analfabeta que só cantava, e a segunda, composta por pessoas letradas, mas que

não deram nenhuma importância na forma como escreveram e sim levar uma

canção que fosse cantada e entendida e ao mesmo tempo levasse alegria a todas

as idades independente do grau de escolaridade, ou posição social de cada um

como afirma o depoimento: “Chopis Centis, mostra gírias e palavras sem sentido,

isso, já estamos acostumados a falar; o que nos chama a atenção, é forma animada

e desleixada de escrever e cantar”.

O próximo texto foi a letra da canção “Samba do Approach” composição de

“Zeca Baleiro”. Para iniciar os estudos, partimos da seguinte questão após mostrar a

eles uma embalagem contendo palavras em língua Portuguesa e Língua Inglesa:

- Você costuma ler as embalagens dos produtos que compra ou se preocupa apenas

com o conteúdo?

Partindo desse questionamento, conversamos com os alunos sobre o uso

crescente de produtos brasileiros com embalagens escritas em língua estrangeira e

a importância de se entender que além das letras de canção, há também outros

setores como: produtos de higiene pessoal, comestíveis, vestuário e muitos outros

que têm utilizado desse recurso sem se importarem com a questão da língua, mas,

sim no sentido cultural, político e principalmente econômico, e devido esse

crescimento cada vez maior do estrangeirismo em nossa cultura, torna evidente

compreender e valorizar esse processo de construção linguística em nosso país.

Depois de distribuir as cópias aos alunos foi possível observar o desinteresse

na maioria dos alunos em trabalhar com o texto. No entanto, assim que ouviram a

música acompanhada da letra passaram a se interessar um pouco mais pelo estudo.

Ao iniciarem, a primeira pergunta foi sobre a palavra “approach” e o professor disse

a eles que havia vários significados para a ela, mas isso, eles iriam descobrir qual

era o mais adequado para aquele contexto.

Assim, durante o desenvolvimento das atividades discursivas do gênero, da

estrutura da composição textual e as questões de análise linguísticas, já foi possível

constatar que os alunos já eram capazes de ver com “outros olhos”, como

formadores de opinião do tipo: aluno 1 “Agora eu entendi porque o nome da música

é “Samba do Approach”; a palavra em inglês que está no título, é como se fosse

uma propaganda da letra com tantas palavras escritas em inglês e francês”. Aluno 2

“Serve pra aproximar as pessoas sem importar que língua ta sendo utilizada, desde

que se entenda a mensagem”, e aluno 3 “Parece que é uma propaganda engraçada

sobre como os brasileiros escrevem e falam.”

O trabalho com esse texto permitiu aos alunos entender que a utilização de

palavras de origem estrangeiras misturadas à Língua Portuguesa passa a contribuir

de maneira sutil e descontraída e faz com que essa utilização torna-se uma

excelente ferramenta não apenas para despertar a alegria, a descontração, como

também a sensibilidade diante do estrangeirismo como afirma a aluna 1 “Se as

palavras estrangeiras dessa música fossem escritas em português não teriam o

mesmo efeito e o mesmo sentido”.

A próxima letra a ser trabalhada foi “Amor I Love You” de “Marisa Monte”

onde professor iniciou as atividades informando dados importantes sobre a cantora e

compositora. De posse da letra, os alunos assistiram ao clipe e em seguida

acompanharam a letra e a música. Ao estudarem as características discursivas da

canção foi possível constatar que eles, com a mediação do professor, conseguiram

ler e demonstrar compreensão em relação ao conteúdo do texto bem como a

intenção do compositor, já que se trata de uma música romântica.

Durante a realização das atividades do texto, principalmente nas questões de

interpretação observou-se que os alunos, já familiarizados com o uso do

estrangeirismo na Língua Portuguesa, não estranharam o título da canção também

conter palavras em inglês, no entanto demonstraram desconhecer as vozes

apresentadas no texto evidenciando-se então a utilização da intertextualidade o que

se justifica serem alunos do 8º ano, ainda um pouco despreparados para a leitura de

mundo. Dessa forma, foi preciso a intervenção do professor no sentido de

explicações e exemplos mais consistentes relacionados à intertextualidade. Depois

da intervenção do professor, os alunos fizeram uma releitura do texto e dessa vez

apresentaram alguns pontos importantes relacionados com a vida real: “amor não

correspondido”, “traições” e “separações entre casais”, hoje, comum na sociedade.

A letra em questão possibilitou também trabalhar com os alunos a análise

linguística de maneira simples e contextualizada sem contudo, estabelecer regras

que muitas vezes não têm valor para eles. A primeira questão trabalhada foi o uso

do parônimo em “passei e passeei”, figuras de linguagem: metáfora, comparação e

personificação (denotação /conotação), tempos e modos verbais e uso da

pontuação, elementos considerados essenciais (com exceção da pontuação) para a

composição de letras de canções e/ou textos poéticos.

Em todas as atividades com as músicas, os alunos através da análise

comparativa dos textos pesquisaram a origem do estilo, músicas e compositores,

temas, variedades linguísticas e contexto social. Dessa forma acredita-se que eles,

através da metodologia utilizada conseguiram atingir o nível de compreensão de que

a linguagem apresentada nessas letras é bastante variada em razão do momento e

a intenção de cada autor. Outro fator significativo foi a estilística textual onde se

observou a percepção dos alunos em relação ao compositor onde cada um procurou

escrever sem dar nenhuma importância à regras gramaticais e nem por isso suas

composições deixaram de ser compreendidas.

3.3 PRODUÇÃO FINAL

A produção final teve como objeto a construção de paródias já que esse

gênero textual configura-se como um excelente veículo que pode facilitar e motivar

os alunos no que se refere as atividades de escrita como forma de contextualização

das letras de canções estudadas, uma vez que a elaboração das mesmas puderam

abordar vários assuntos relacionados ao dia a dia dos alunos.

A escolha desse tipo de gênero se deu pelo fato de que esse trabalho pode

fazer com que o aluno amplie seu nível de aprendizagem em relação às letras de

canções e partir daí passe a agir de maneira mais crítica em relação aos conteúdos

estudados, bem como, contribuir para o desenvolvimento de sua habilidade na

produção escrita.

Segundo o site de busca Wikipédia (PARÓDIA, 2006) a paródia é uma

imitação cômica de uma composição literária (também existem paródias de filmes e

músicas), sendo, portanto, uma imitação que possui efeito cômico, utilizando

a ironia e o deboche. Ela geralmente é parecida com a obra de origem, e quase

sempre tem sentidos diferentes. Na literatura é um processo de intertextualização,

com a finalidade de desconstruir ou reconstruir um texto. Ela surge a partir de uma

nova interpretação, da recriação de uma obra já existente e, em geral, consagrada.

Seu objetivo é adaptar a obra original a um novo contexto, passando diferentes

versões para um lado mais despojado, e aproveitando o sucesso da obra original

para passar um pouco de alegria.

Assim, mesmo tendo grande uso na atualidade, ela remonta às épocas

antigas entre os séculos V e VI a.C., entretanto hoje ela se configura como um

gênero contemporâneo e por isso não está associada apenas à literatura como

também nas histórias em quadrinhos, letras de canções, propagandas e charges

onde nesses últimos exige um público com uma visão mais ampla com capacidade

de ler as mensagens contidas em cada gênero citado, o que configura uma

excelente ferramenta para auxiliar na aprendizagem da Língua Portuguesa.

Antes de iniciar a atividade de escrita o professor expôs na TV pendrive as

imagens: O Repolhation tion, Gosto muito de você Limãozinho, A incrível Rúcula e

Chuchurek. Nessa atividade o professor fez uma explanação sobre o gênero textual

a ser trabalhado e percebeu a curiosidade e a satisfação dos alunos ao analisarem

cada imagem e após discutirem a respeito das figuras, o professor pediu que

respondessem às questões:

- Depois da leitura das figuras, é capaz de compreender as mensagens contidas

nelas?

Por se tratar de imagens bem conhecidas e próximas do convívio deles, a maioria

demonstrou compreensão em cada uma das imagens estudadas. E em relação à

pergunta:

- Exponha seu ponto de vista em relação à intenção do autor ao recriar essas

imagens. Nessa questão nem todos entenderam o sentido real do texto. O aluno 1

respondeu: “O autor quis fazer propaganda das músicas “Rebolation” “Leãozinho” e

dos filmes: “O Incrível Rulk” e “Shrek” e a aluna 2 respondeu: “Acho que é pra

vender mais”. Ao ser questionada pelo professor: Vender O quê? A aluna

respondeu: “Tudo que mostra na figura”. A aluna 3 respondeu: “ Acho que é pra

fazer propaganda de verdura e legume”. Nesse momento foi necessário a

intervenção do professor no sentido de esclarecer aos alunos o real objetivo do autor

ao recriar as imagens.

O último texto estudado sobre o gênero foi: Hino Nacional da Propaganda.

De posse das cópias, os alunos fizeram uma leitura prévia e em seguida uma

segunda, desta vez com uma visão mais crítica em relação ao conteúdo do texto.

Em seguida o professor pediu que respondessem às perguntas:

- O texto lido te lembra o quê?

- O que levou você a pensar assim?

- Consegue identificar o tema:

Para surpresa do professor, ao analisarem o texto os alunos já demonstraram

conhecimento e disseram se tratar o Hino Nacional Brasileiro. Já em relação à

segunda pergunta a aluna 4 respondeu: “ É só ver as primeiras e as últimas

palavras”. Quanto à pergunta três, a maioria dos alunos respondeu que o texto se

tratava de propaganda e nem por isso o autor desrespeitou a letra original ao colocar

outras palavras e/ou logotipos. O interessante é que os alunos perceberam nesses

textos trabalhados que o objetivo principal desse gênero é atribuir à obra original um

novo sentido, com versões mais soltas e despojadas para alegrar, criticar, ironizar

ou satirizar o leitor em geral.

3.3.1 Preparando para a escrita

Antes de iniciar os trabalhos da escrita, os alunos organizaram-se em grupos

e cada um ficou responsável por um texto estudado: Cuitelinho, Chopis Centis,

Samba do Approach e Amor I Love you. Vale lembrar que aqui é muito importante a

intervenção do professor no passo a passo das atividades de cada grupo,

principalmente levando em consideração a temática do projeto: Variações

Linguísticas, até aonde eles iriam através de suas composições; demonstrar

conhecimento na leitura e na escrita. Assim, o professor deixou que os alunos

ficassem à vontade para reescreverem seus textos de modo que cada grupo

utilizasse as palavras da maneira que quisessem (gírias, dialeto caipira,

estrangeirismo) desde que esses textos apresentassem estrutura composicional

relacionados aos textos originais estudados.

As estratégias de ação tiveram como fundamento a importância da vivência

com letras de canções para os alunos, tendo em vista a formação e a capacidade de

escrita e leitura crítica na construção de múltiplos significados. Vale lembrar que,

antes de tudo deve-se deixar claro que embora seja apresentada uma proposta de

estudos das variações linguísticas em letras de canções, o importante é que fique

claro para o aluno que a língua é viva e por isso pode variar de acordo com o falante

e o contexto em que está inserido seja na língua escrita ou na falada.

3.3.2 Resultado final do trabalho com o gênero paródia

1) Texto original - Amor I Love You Reescrita – Te Amo Face Deixa eu entrar no meu face Deixe eu curtir sua foto Isso me ajuda a perde tempo Vou ler um livro legal Hoje pensei em você E te mandei um recado Gastei meu tempo, perdi a hora Agora vou me atrasar... 2) Texto original – Cuitelinho Reescrita – O Bêbado

Chegando no bar do Chico Eu pedi umas cachaça Bebi demais perdi o rumo O juízo até as calça E aí o pau quebrou Tudo por causa da manguaça aiai Minha mulher me abandou Disse que eu sou um caso perdido Eu tô tão triste, tô muito só Tô muito mal e deprimido... 3) Texto original – Samba do Approach Reescrita – Samba da Comida

Venha comprar um pão Saiba que eu tenho presunto Na hora do almoço A gente come tudo junto Também tenho mussarela Mas só como queijo light Eu vivo pensando nela Enquanto tomo uma sprite Saiba que já fui gordo Mas agora sou magrinho De tanto fazer regime Acabei saradinho... 4) Texto Original – Chopis Centis Reescrita – Chopinzinho

Eu di um beijo nela E chamei para dançar Daí a gente fomos num chopim Pra mó de a gente passear Comi uns treco estranho Com nome de sashimi Até que tava gostoso Mas eu prefiro sushi Esse tal chopinzinho É muito legalzinho Pra traze as namoradas...

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca de uma forma de despertar o interesse do aluno pelo estudo das

variações linguísticas e consequentemente evitar o preconceito dentro e fora do

ambiente escolar foi o que nos motivou a desenvolver este trabalho fazendo uso de

uma ferramenta que lhes é bastante familiar: as letras de canções, uma vez que ela

constitui em alternativa para desenvolver no aluno o gosto pela língua materna em

razão da inventividade e da liberdade do uso das palavras. Esse valor está em

despertar no aluno o prazer de descobrir a combinação de palavras associadas aos

sons, os ritmos, o lúdico e o lirismo.

A escola já não pode mais ignorar os meio de comunicação em que o aluno

está inserido e a rapidez com que esses meios vêm se modernizando, é preciso

acompanhar essas alterações porque o aluno, independente de sua faixa etária,

interage com as mais variadas formas de linguagem (chamadas variações

linguísticas) envolvendo o dialeto caipira, as gírias, o estrangeirismo, os

regionalismos, a linguagem da internet e outros meios como o campo imagético e

sônico. Por essa razão o professor de linguagem não deve centrar suas aulas

apenas em aulas expositivas e em livros, das quais nem sempre são interessantes.

O estudo em letras de canções é um excelente mecanismo para o ensino de língua,

já que nessas letras são encontradas as mais variadas formas em relação ao uso da

palavra, sem contar que o gênero textual é ideal para concretizar a aprendizagem

levando em consideração que a canção é um dos canais mais próximos e presentes

na vida do aluno através de diferentes mídias.

A elaboração dessa proposta visa aproximar as mudanças que ocorrem na

Língua Portuguesa à realidade do ensino bem como a importância da variação

linguística e de sua abordagem diferenciada dentro e fora da sala de aula,

evidenciando o preconceito que envolve essa temática tão importante para todos

aqueles que utilizam dessa língua para se comunicar. Nesse estudo foi possível

observar os fatores diversos que causam e reafirmam a variação linguística e que

com estas justificativas não se deve minimizá-las, mas, sobretudo, respeitar o

diferente e, a partir dele, refletir e investigar as causas das variações tendo em vista

que a língua é viva e está em constante transformação.

Assim, o trabalho de implementação foi desenvolvido obtendo bons

resultados, principalmente em se tratando da participação dos alunos, dentro das

expectativas esperadas onde através do estudo das variações linguísticas serviu

para o conhecimento e a utilização da linguagem “adequada” tanto no ambiente

escolar quanto na vida dos alunos.

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