variação estrutural e florística da comunidade arbórea em ... · meia noite prensando planta e...
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Thaise de Oliveira Bahia
Variação estrutural e florística da comunidade arbórea em veredas sob efeito de
impacto ambiental na APA do rio Pandeiros, MG.
Montes Claros, MG.
2011
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Thaise de Oliveira Bahia
Variação estrutural e florística da comunidade arbórea em veredas sob efeito de
impacto ambiental na APA do rio Pandeiros, MG.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Biológicas da
Universidade Estadual de Montes Claros como
requisito necessário para a conclusão do curso
de Mestrado em Ciências Biológicas.
�Orientadora: Profa. Dra. Yule Roberta Ferreira Nunes
Montes Claros, MG.
2011
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B151v
Bahia, Thaise de Oliveira. Variação estrutural e florística da comunidade arbórea em veredas sob efeito de impacto ambiental na APA do rio Pandeiros, MG [manuscrito] / Thaise de Oliveira Bahia. – 2011. 92 f. : il. Bibliografia: f. 81-88.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Montes
Claros - Unimontes, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas -
/PPGCB, 2011.
Orientadora: Profa. Dra. Yule Roberta Ferreira Nunes. 1. Botânica. 2. Comunidades vegetais - Biodiversidade. 3. Impacto ambiental – Rio Pandeiros (MG). I. Nunes, Yule Roberta Ferreira. II. Universidade Estadual de Montes Claros. III. Título.
Catalogação Biblioteca Central Professor Antônio Jorge
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“Não creio ser um homem que saiba
Tenho sido sempre um homem que busca
Mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros
Começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim...”
Hermann Hesse, em Demian
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Agradecimentos
Agradeço, primeiramente, aos meus pais, Vilson e Idalva, que me apoiaram, ajudaram e me
incentivaram a percorrer esse caminho, entendendo minhas ausências e necessidades. Muito
obrigada por serem meus pais, tenho muito orgulho disso!
Agradeço aos meus irmãos Brenno e Thiago pela ajuda, sempre e em todos os momentos. Às
cunhadinhas, pela força.
Agradeço a Brenno Antunes, o “moleque”, pelo simples fato dele existir e tornar minha vida
tão mais completa e feliz!
Agradeço, imensamente, à Yule! Por ter me aceitado no LEPV sem ao menos conhecer-me,
por ter confiado a mim tão grande responsabilidade em assumir o projeto. Por aceitar me
orientar, por ter paciência e aceitar meus erros; mas principalmente por me ensinar tanto. Ah!
E ainda por puxar minha orelha em alguns momentos bem necessários!
À Dora agradeço muito, por tudo. Brincadeiras, ensinamentos, ajudas, fofocas, etc. (risos!).
Agradeço aos meus amigos (as), tanto aos de perto, quanto aos de longe, por terem calma
quando eu fico chata, por me ajudar quando peço, por me escutarem, por atenderem aos meus
pedidos para “beber uma” em meus momentos de stress, por me distraírem e por me fazer rir
(e como eu ri!).
À Letícia (Fubá) que, além de ser uma maravilhosa companheira de apê, é minha amiga,
conselheira e até lê minhas coisas (mesmo sem entender muito), e que contribuiu nessa
caminhada.
À Lilian Braga (a Feia) pela amizade, pelas correções, contribuições, por me ajudar sempre e
por me trazer seus problemas.
Ao Luiz Falcão e ao Matheus Lopes pelas ajudas com a estatística.
Ao Rubens por identificar as plantas.
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Ao Victor Veloso pela ajuda com os abstract.
Aos colegas da turma 2009/I, especialmente Raissa, Wesley, Cleandson e Yuri.
Às professoras Sylvia Therese Meyer Ribeiro e Maria das Dores Magalhães Veloso por
aceitarem participar da banca.
Ao NIEA-NM (Núcleo Interinstitucional de Estudos Ambientais do Norte de Minas;
Programa Vereda Viva) da Promotoria de Defesa da Bacia do Rio São Francisco – Sub-Bacia
do Rio Verde Grande e Pardo de Minas pelo financiamento do projeto e pela concessão da
bolsa.
À FAPEMIG pela concessão da bolsa de mestrado.
Ao IEF-MG – Januária pelo apoio logístico, e pela imensa ajuda, principalmente a Walter
Neves, Helen Faria, Ricardo Souza, Jairo Viana e Valeriano Silva.
A todos que me ajudaram em campo e em viagens, como: motoristas da UNIMONTES, aos
guarda-parques do IEF, Sr. Santino e sua maravilhosa família, aos funcionários da RIMA, aos
mateiros e etc.
Sem querer desmerecer ninguém, mas agradeço, especialmente, a alguns dos companheiros de
LEPV que por vários motivos se tornaram mais próximos, e se tornaram também amigos,
como Gracinha, Gisele, Giovana e Fabiano.
Por último, mas nunca menos importantes, agradeço a todos e a cada um dos estagiários do
LEPV, aos que ainda permanecem e aos que passaram, desde março de 2008 até agora. Só
nós, que fomos lá, é que temos a noção do tamanho deste levantamento. Eu sei que sem vocês
nunca teria alcançado esse objetivo e nunca teria passado por momentos memoráveis.
Imagina: depois de tantos erros, histórias, colocações, quedas, risos, pererecas, perigos e
aflições ter que voltar pra casa as 22h em cima da caminhonete (cantando) e ainda, por falta
d’água, ter que tomar banho nas cachoeiras geladas do Pandeiros no inverno. Ou então,
também por falta d’água, enfrentar problemas intestinais nos matinhos depois que a comida
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de campo faz mal. Ainda passar 10 dias num dos lugares mais ermos que já fomos, lá onde
tudo pode piorar, procurando as parcelas da “Ilha de Lost” e acordando às 5:30h, dormindo à
meia noite prensando planta e batendo plaquinhas. É claro, houveram os churrascos, as rodas
de viola e violão, banhos de rio e as festinhas no Bonito que tínhamos a sorte de presenciar.
Enfrentar caminhadas enormes no cerrado, catando cagaita e carregando quilos de materiais,
para chegar à vereda mais linda de todas. Houve a “coragem” de alguns para matar as cobras
que nos ameaçavam. Atravessar o capim e os babaçuais do São Francisco nos machucando e
por tanto tempo, e quando nem o GPS nos indicava o caminho correto. Enfrentamos as
abelhas mesmo com as alergias. Rolavam muitas disputas, principalmente pelos doces, que
alguns teimavam em não distribuir. Só que, mesmo utilizando força, o doce acabava com
quem merecia. Enfim, por compartilhar de bons e maus momentos comigo... Mas, sempre
ajudando muito. Obrigada!
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Resumo
O objetivo deste trabalho foi caracterizar a flora e a estrutura da comunidade vegetal de seis
veredas em diferentes estágios de conservação, através da descrição florística e
fitossociológica e da comparação da estrutura, composição, riqueza e abundância. Em cada
vereda foram distribuídas 100 parcelas de 100 m2, totalizando 6 ha de amostragem, onde
foram amostrados todos os indivíduos acima de 3 cm de diâmetro a altura do peito (DAP;
1,30 m do solo). Foram calculados os parâmetros quantitativos clássicos, os índices de
diversidade e equabilidade e a similaridade florística, através da análise de agrupamento. As
variações de riqueza e abundância (GLM) e as características estruturais de área basal e
distribuição de tamanhos foram comparadas entre as áreas selecionadas. Determinaram-se as
relações entre a vegetação e ambiente (CCA) e as preferências das espécies por áreas
específicas (ISA). Foram encontrados 7965 indivíduos distribuídos em 53 famílias, 102
gêneros e 165 espécies identificadas e três não identificadas. As famílias mais ricas foram
Fabaceae, Melastomataceae, Myrtaceae e Lauraceae. As 10 espécies mais abundantes foram
Tapirira guianensis, Xylopia emarginata, Zygia latifolia, Cecropia pachystachya, Byrsonima
pachyphylla, Myrsine umbellata, Calophyllum brasiliense, Calyptranthes widgreniana,
Miconia sp. e Tapirira obtusa. Os índices de diversidade e equabilidade foram 3,573 e 0,698,
respectivamente, para a amostragem total. Ocorreram grandes variações fitossociológicas,
estruturais e de composição entre as veredas. Os sítios sofreram diferentes níveis de
degradação e, por isso, a riqueza e abundância diferiram entre as áreas, assim como, variaram
os valores de área basal total, altura e diversidade. Estas diferenças demonstraram que veredas
mais perturbadas apresentaram parâmetros estruturais reduzidos, comparativamente àquelas
preservadas. Os dados revelaram a formação de três grupos: veredas preservadas, aquelas com
nível intermediário de perturbação e as mais perturbadas. Houve também uma separação em
relação às espécies. A maior proporção de espécies tolerantes à sombra e exigentes de luz foi
encontrada em áreas menos perturbadas. Desta forma, as perturbações antrópicas têm
provocado mudanças na composição natural, com perda de espécies e redução da biomassa.
Ficou demonstrado neste estudo que os impactos ambientais afetaram a estrutura da
comunidade arbórea diminuindo a riqueza, abundância e a diversidade nas veredas com
maiores índices de degradação.
Palavras-chave: Composição florística, fitossociologia, diversidade, impacto ambiental,
áreas alagadas, componente arbóreo.
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Abstract
The objective of this study was to characterize the flora and plant community structure of six
veredas (palm swamps) at different stages of conservation through floristic and
phytosociological description and comparison of the structure, composition, richness and
abundance. In each area 100 plots of 100 m2 were distributed, totaling 6 ha sampling, where
we sampled all individuals above the 3 cm in diameter at breast height (DBH, 1.30 m above
the ground). The classic quantitative parameters were calculated and the diversity and
evenness index, and floristic similarity by cluster analysis. Variations of richness and
abundance (GLM) and the structural characteristics of basal area and size distribution were
compared among the selected areas. It was determined the relationship between vegetation
and environment (CCA) and the preferences of species for specific habitats (ISA). It was
found 7965 individuals in 53 families, 102 genera and 165 species identified and three
unidentified. The richest families were Fabaceae, Melastomataceae, Myrtaceae and
Lauraceae. The 10 most abundant species were Tapirira guianensis, Xylopia emarginata,
Zygia latifolia, Cecropia pachystachya, Byrsonima pachyphylla, Myrsine umbellata,
Calophyllum brasiliense, Calyptranthes widgreniana, Miconia sp. and Tapirira obtusa. The
diversity and evenness indices were 3.573 and 0.698, respectively, for the total sample. There
was great phytosociological and structural composition variation. The sites have suffered
different levels of degradation and therefore the richness and abundance differed among areas,
as well the values of total basal area, height, and diversity varied. These differences show that
most disrupted veredas present reduced structural parameters compared to those preserved.
The data revealed the formation of three groups: preserved areas, those with intermediate
level of disturbance and more disrupted ones. There was also a separation of species. The
highest proportion of shade-tolerant and light-demanding species was found in less disturbed
areas. Thus anthropic disturbances have caused changes in the natural composition, with loss
of species and biomass reduction. It is demonstrated in this study that environmental impacts
have affected the structure of the tree community decreasing the richness, abundance and
diversity in the veredas with higher rates of degradation.
Keywords: Floristic composition, phytosociology, diversity, environmental impact, wetlands,
arboreal component.
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Sumario
Introdução Geral.....................................................................................................................11
Referências................................................................................................................................14
Capítulo 1.................................................................................................................................17
Flora e fitossociologia do componente arbóreo de seis veredas na Área de Proteção
Ambiental do Rio Pandeiros (norte de Minas Gerais).........................................................18
Resumo......................................................................................................................................19
Abstract.....................................................................................................................................20
Introdução.................................................................................................................................21
Materiais e Método...................................................................................................................23
Resultados e Discussão.............................................................................................................25
Agradecimentos........................................................................................................................40
Referências................................................................................................................................40
Capitulo 2.................................................................................................................................46
Variações estruturais e de composição do componente arbóreo de veredas sob efeito de
impactos ambientais no sudeste do Brasil.............................................................................47
Resumo......................................................................................................................................48
Abstract.....................................................................................................................................49
Introdução.................................................................................................................................50
Materiais e Método...................................................................................................................53
Resultados.................................................................................................................................57
Discussão..................................................................................................................................77
Agradecimentos........................................................................................................................81
Referências................................................................................................................................81
Conclusão Geral......................................................................................................................90
Anexos......................................................................................................................................91
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Introdução Geral
Veredas são áreas brejosas pertencentes ao bioma Cerrado (Machado et al. 2008).
Apresentam grande importância paisagística e social e possuem imenso valor ecológico e
hidrológico, já que promovem a perenidade e a regularidade dos recursos hídricos, pois se
localizam próximas às nascentes (Meirelles et al. 2004). São formadas por um tipo de
vegetação que permite proteger o sistema formado pelo solo, pelas plantas e pela água
(Ribeiro & Walter, 2008).
A vegetação associada às veredas ocorre em solos de turfa e hidromórficos capazes de
conter processos erosivos, devido ao elevado teor de matéria orgânica (Felfili & Silva-Junior
2001). Segundo Araújo et al. (2002), essa fitofisionomia pode ser considerada como um
“complexo vegetacional” e sua riqueza florística ocorre aliada ao gradiente ambiental que
influencia as espécies. Essa comunidade hidrófila é formada por dois estratos, um arbustivo-
arbóreo, com predominância da espécie buriti, e o outro herbáceo-graminoso, que perfaz uma
faixa no entorno das veredas (Ribeiro & Walter 2008).
O buriti, Mauritia flexuosa L.f., espécie de palmeira dióica, com porte arbóreo,
característica das veredas, tem ocorrência restrita a ambientes brejosos (Abreu 2001;
Guimarães et al. 2002). Seus frutos são fonte de alimento para várias aves e mamíferos, e por
isso, tem imenso valor estratégico na preservação da fauna, além da importância e beleza
ornamental (Spera et al. 2001). Os buritizais revelam áreas tropicais brejosas e, com o
desenvolvimento da vegetação, quando os vales tornam-se mais encaixados, o lençol freático
é rebaixado, as veredas podem dar lugar às matas ciliares (Guimarães et al. 2002).
Segundo Boaventura (2007), para as veredas são considerados três tipos de relevo com
seus elementos característicos: (i) veredas com superfície aplainada, com solo argiloso,
turfoso na zona encharcada e arenoso na zona mais úmida, nestas, podem ocorrer buritis e
matas de galeria; (ii) veredas do tipo várzea, são típicas de planícies de inundação, com
vegetação transicional de espécies herbáceas e buritis para matas de galeria; e (iii) vereda de
encosta, que ocorre em bordas de chapadas, onde sua vegetação é herbácea com presença ou
não de buritis, sendo assim, aquela em estágio mais basal de evolução, com estrutura mais
simples. Desse modo, podem ocorrer veredas em estágio inicial de formação, veredas com
todos os seus elementos característicos, aquelas bem evoluídas, ou, ainda, veredas em
transição para vales encaixados, residuais ou em transição para várzeas (Boaventura 2007).
Em quaisquer dessas formações, as veredas ainda são pouco estudadas, principalmente no
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norte do Estado de Minas Gerais, e carecem de estudos multidisciplinares que expliquem
todos os aspectos ecológicos desses ambientes (Bahia et al. 2009a).
A flora veredeira é bastante sensível à antropização. As perturbações nas veredas
podem influenciar na diversidade vegetal, e, em consequência, na vazão hídrica (Guimarães et
al. 2002; Bahia et al. 2009b). Segundo Pereira et al. (2005), pequenas mudanças em número
de indivíduos causam efeitos mínimos à comunidade, mas espécies que tem sua densidade
muito reduzida, apresentam grandes danos em sua estrutura, influenciando na dinâmica
natural das florestas. Assim, os processos sucessionais nessas áreas podem ser lentos, já que
são decorrentes dos diferentes níveis de perturbação e seguem padrões e mecanismos
distintos, inerentes à cada comunidade (Porto 2008; Gurevitch et al. 2009). As veredas são
apontadas como ambientes de baixa resiliência (Meirelles et al. 2004).
Pela localização em áreas de nascentes e de cursos d’água, as veredas são muito
susceptíveis a intervenção humana como pastoreio intensivo, plantio de espécies agrícolas,
queimadas, carvoamento e, principalmente, a drenagem artificial (IGA 2006; Azevedo et al.
2009). As taxas de infiltração da água no solo vêm diminuindo pelo efeito do pisoteio de
animais, provocando processos erosivos e compactação do terreno, levando a um déficit na
reposição dos aqüíferos, redução da fertilidade do solo, rebaixamento no nível freático e
redução da vazão (Guimarães 2001). Também passam por outros processos degradativos
devido à exploração de argila e turfa, avanço da urbanização e construção de estradas (Araujo
et al. 2002). Por isso, as veredas têm sido progressivamente descaracterizadas (Meirelles et al.
2004; Bahia et al. 2009a).
Estudos sobre a estrutura da comunidade vegetal podem ajudar a esclarecer a
organização espacial das plantas e a direção das mudanças nos processos ecológicos e
sucessionais, permitindo planejar práticas de manejo visando à conservação da diversidade
(Botrel et al. 2002; Nunes et al. 2003; Gurevitch et al. 2009). A análise estrutural permite
inferir sobre o passado e o futuro das comunidades vegetais. As florestas tropicais podem ter
sua idade estimada através das medidas diamétricas (Scolforo et al. 1998). Por outro lado, os
estudos sobre fitossociologia permitem entender a vida dos organismos e as relações de
associações que estes mantêm em presença de exigências comuns de condições do meio
(Porto 2008).
Desta forma, com as informações geradas a partir deste estudo pode-se entender de
sobre o funcionamento das veredas e, também, como esses ambientes reagem às alterações de
origem antrópica. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a estrutura e a
composição da comunidade vegetal em áreas de veredas na APA do rio Pandeiros, sob
13
influência de diferentes níveis de degradação ambiental. Espera-se que as alterações
provocadas pelas perturbações afetem a estrutura da comunidade de forma a reduzir a riqueza,
a densidade e a área basal dos indivíduos, demonstrando que a comunidade encontra-se em
processo sucessional. Além disto, acredita-se que estas alterações provoquem uma
modificação na composição florística, com espécies indicadoras de ambientes degradados e
preservados.
14
Referências
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17
Capítulo 1
Flora e fitossociologia do componente arbóreo de seis veredas na Área de Proteção
Ambiental do Rio Pandeiros (norte de Minas Gerais)
Artigo formatado segundo normas da Acta Botanica Brasilica
18
Flora e fitossociologia do componente arbóreo de seis veredas na Área de Proteção Ambiental
do Rio Pandeiros (norte de Minas Gerais)
Thaise de Oliveira Bahia1,2, Yule Roberta Ferreira Nunes3, Rubens Manuel dos Santos4
1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Departamento de Biologia Geral, Universidade Estadual de Montes Claros, MG, Brasil. 2 Laboratório de Ecologia e Propagação Vegetal, Departamento de Biologia Geral, Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, MG, Brasil. 3 Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras , Lavras, MG, Brasil. 4 Autor para correspondência: [email protected]
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RESUMO
(Flora e fitossociologia do componente arbóreo de seis veredas na Área de Proteção
Ambiental do Rio Pandeiros, norte de Minas Gerais). O objetivo deste trabalho foi
caracterizar a flora e a estrutura da comunidade arbustivo-arbórea de seis veredas em
diferentes estágios de conservação, através da descrição florística e fitossociológica,
comparando a riqueza, a abundância e a similaridade florística entre as áreas. Em cada vereda
foram distribuídas 100 parcelas de 10 m × 10 m, paralelas à calha principal, totalizando 6 ha
de amostragem. Foram calculados os parâmetros quantitativos clássicos e os índices de
diversidade e de equabilidade. A similaridade florística entre as áreas foi determinada através
da análise de agrupamento. Foram encontrados 7965 indivíduos arbustivo-arbóreos
distribuídos em 53 famílias, 102 gêneros e 165 espécies identificadas e três não identificadas.
As famílias mais ricas foram Fabaceae, Melastomataceae, Myrtaceae e Lauraceae. As 10
espécies mais abundantes foram Tapirira guianensis, Xylopia emarginata, Zygia latifolia,
Cecropia pachystachya, Byrsonima pachyphylla, Myrsine umbellata, Calophyllum
brasiliense, Calyptranthes widgreniana, Miconia sp. e Tapirira obtusa. Os índices de
diversidade e de equabilidade foram de 3,573 e de 0,698, respectivamente, para a amostragem
total. Ocorreram grandes variações fitossociológicas e na composição, mesmo com
amostragem e metodologia similar. Estas diferenças demonstraram que veredas mais
perturbadas apresentaram parâmetros estruturais reduzidos, comparativamente àquelas
preservadas. Segundo a análise de agrupamento, as veredas Almescla e Água Doce são as
mais similares e apresentaram maior área basal, abundância, riqueza e média de altura dos
indivíduos. Posteriormente, estão as veredas Pindaibal e São Francisco, com nível
intermediário de perturbação. As áreas mais perturbadas, Capivara e Buriti Grosso, formaram
outro grupo. Conclui-se com este estudo ficou comprovado que as perturbações antrópicas
têm provocado mudanças na composição natural, com perda de espécies e redução da
biomassa. Pode-se perceber também que, embora apresentem enorme importância ecológica,
pouco se sabe sobre a composição, riqueza e diversidade da comunidade vegetal das veredas,
principalmente do componente arbóreo.
Palavras-Chave: Comunidade vegetal, diversidade, perturbação, áreas úmidas, similaridade.
20
ABSTRACT
(Flora and phytosociology of the arboreal component of six veredas in the Environmental
Protection Area of Pandeiros River, north of Minas Gerais state) The objective of this study
was to characterize the flora and community structure of shrubs and trees of six veredas (palm
swamps) at different stage of conservation, through floristic and phytosociological
description, comparing the richness, abundance and floristic similarity among the areas. In
each area 100 plots of 10 m × 10 m were distributed, parallel to the main channel, totaling 6
hectares. Quantitative classical parameters were calculated and the diversity indices and
evenness. The similarity among the areas was determined by cluster analysis. We found 7965
arboreal individuals distributed in 53 families, 102 genera and 165 species identified and three
unidentified. The richest families were Fabaceae, Melastomataceae, Myrtaceae and
Lauraceae. The 10 most abundant species were Tapirira guianensis, Xylopia emarginata,
Zygia latifolia, Cecropia pachystachya, Byrsonima pachyphylla, Myrsine umbellata,
Calophyllum brasiliense, Calyptranthes widgreniana, Miconia sp. and Tapirira obtusa. The
diversity index and evenness were 3.573 and 0.698, respectively, for the total sample. There
were wide phytosociological variations in the composition, even with similar methodology
and sample sufficiency. These differences show that most disrupted veredas present reduced
structural parameters, compared to those preserved. According to cluster analysis, the areas
Almescla and Água Doce are the most similar and had a higher basal area, abundance,
richness, and average of individuals size. Subsequently, Pindaibal and São Francisco areas are
the ones with intermediate level of disturbance. The most disrupted areas, Capivara and Buriti
Grosso, formed another group. With this study it was proved that anthropic disturbance have
caused changes in the natural composition with the loss of species and biomass reduction. We
can also see that, although they have enormous ecological importance, little is known about
the composition, richness and diversity of plant community of the veredas, especially the
arboreal component.
Keywords: plant community, diversity, disturbance, wetlands, similarity.
21
Introdução
O cerrado é caracterizado por fitofisionomias diversas, com tipos florestais, savânicos
e campestres (Machado et al. 2008). Todas essas formações apresentam altas taxas de
endemismo, grande importância ecológica e são influenciadas pela combinação de solos, fogo
e características climáticas únicas desse bioma (Aquino et al. 2008). Sua biodiversidade pode
ser observada através da grande quantidade de espécies, algumas potencialmente econômicas,
utilizadas para fins alimentícios, medicinais, ornamentais, apícolas, produtoras de madeira,
fibras e óleos, dentre outras; e esses serviços e produtos naturais evidenciam a importância da
vegetação para o desenvolvimento econômico regional (Felfili et al. 2004).
Uma das fitofisionomias do Cerrado, as veredas, possuem um tipo de vegetação que
permite proteger o sistema formado pelo solo, pelas plantas e pela água (Ribeiro & Walter
2008). Segundo Araújo et al. (2002), essa fitofisionomia pode ser considerada como um
“complexo vegetacional”, pois apresenta vários táxons, além da palmeira Mauritia flexuosa
L.f. (buriti), que caracteriza este ambiente. A riqueza florística das veredas ocorre aliada a um
gradiente de umidade, relacionado com as mudanças na drenagem do solo, onde são
encontradas zonas denominadas de borda, local campestre, mais seco, que ocorre no entorno;
meio, com solo mediamente úmido; e fundo, local de solo saturado, próximo à calha, brejoso,
onde ocorrem os buritis, arbustos e árvores (Ribeiro & Walter 2008). Este gradiente
influencia diferencialmente as espécies, os recursos do solo disponíveis, os padrões de uso
humano e a resistência à perturbação (Ramos et al. 2006). Assim, as veredas revelam áreas
tropicais brejosas que, com a evolução da vegetação, podem apresentar ilhas de vegetação
lenhosa e, quando os vales tornam-se mais encaixados e o lençol freático é rebaixado, as
veredas podem dar lugar às matas de galeria (Guimarães et al. 2002; Boaventura 2007;
Ribeiro & Walter 2008). Essa comunidade hidrófila é formada por dois estratos, um
arbustivo-arbóreo e o outro herbáceo-graminoso (Ribeiro & Walter 2008).
As veredas, como zonas de recarga, apresentam grande importância social, além do
imenso valor ecológico e hidrológico, já que promovem a perenidade e a regularidade dos
recursos hídricos, pois se localizam próximas às nascentes (Guimarães et al. 2002; Meirelles
et al. 2004; Boaventura 2007). Ocorrem em solos de turfa ou hidromórficos e conseguem
conter processos erosivos devido ao elevado teor de matéria orgânica (Felfili & Silva-Junior
2001). São consideradas como Áreas de Preservação Permanente, de acordo com a Lei
Estadual nº. 9682 de 12 de outubro de 1988 (Minas Gerais 1988). Entretanto, como áreas de
nascentes, as veredas estão susceptíveis a intervenção humana predatória e sofrem
22
perturbações como carvoamento, pastoreio intensivo, reflorestamento, plantio de espécies
agrícolas, queimadas e principalmente a drenagem artificial (Azevedo et al. 2009). Além
disso, processos degradativos, devido à exploração de argila e turfa, o avanço da urbanização
e a construção de estradas são impactos frequentes sobre estes ambientes (Araujo et al. 2002).
Sua flora é bastante sensível à antropização e as alterações podem colocar em risco a riqueza
e a diversidade vegetal, assim como, a manutenção do regime hídrico, já que interfere no
sistema água-solo-planta (Guimarães et al. 2002; Bahia et al. 2009), levando a um déficit na
reposição dos aqüíferos, rebaixamento no nível freático e redução da vazão (Guimarães
2001). São apontados como fisionomias de baixa resiliência (Meirelles et al. 2004).
Poucos trabalhos descrevem a ecologia desses ambientes e alguns se restringem a
estudos de solos, topografia e/ou evolução da paisagem (Spera et al. 2001; Guimarães et al.
2002; Ramos et al. 2006; Boaventura 2007). Além disso, muitas vezes, essas formações são
pouco compreendidas, visto que têm sido incluídas em outras fisionomias similares como
brejo e campo úmido (Araujo et al. 2002). Estudos sobre a flora arbustivo-arbórea são
praticamente inexistentes (Bahia et al., 2009), já que a maioria das descrições botânicas
abrange, principalmente, a vegetação herbácea (Araujo et al. 2002; Guimarães et al. 2002;
Meirelles et al. 2004; Oliveira et al. 2010). Segundo Lane & Texler (2009) é primordial para
fins de restauração, o conhecimento dos componentes da comunidade vegetal, já que é preciso
conhecer para preservar e recuperar. Deste modo, este trabalho é um dos primeiros estudos
que aborda o componente arbóreo em veredas e, devido à fragilidade deste ambiente,
apresenta enorme importância para indicação de espécies potenciais para recuperação destas
áreas.
No intuito de entender a estrutura da comunidade vegetal, os estudos sobre
fitossociologia explicam a vida dos organismos e as relações de associações que estes mantêm
em presença das exigências comuns de condições do meio (Porto 2008). Estes estudos podem
ajudar a esclarecer a organização espacial da comunidade de plantas (Botrel et al. 2002;
Nunes et al. 2003). Assim, o objetivo foi descrever e comparar a composição florística e a
estrutrura fitossociológica de seis veredas no norte de Minas Gerais, por meio da descrição
florística e fitossociológica, da comparação da riqueza, da abundância e da similaridade
florística entre as áreas.
23
Materiais e Método
Área de estudo
A Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Pandeiros abrange os municípios de
Januária, Cônego Marinho e Bonito de Minas, no norte de Minas Gerais (Fig. 1). Foram
selecionadas seis veredas conhecidas popularmente como: Água Doce (15°13’18.7” S,
44°55’21.2” O), Almescla (15°21’37.2” S, 44°54’45.9” O), Buriti Grosso (15°26’26.6” S,
45°3’55” O), Capivara (15°16’10.23” S, 44°51’13.6” O), Pindaibal (15°22’30.2” S,
45°2’0,17” O) e São Francisco (15°23’4.4” S, 44°50’59.6” O). As veredas Almescla,
Pindaibal e Buriti Grosso deságuam diretamente no rio Pandeiros e as outras em seus
afluentes, como a vereda Água Doce, que deságua no Córrego Panelas, e as veredas São
Francisco e Capivara, que desembocam no rio Catulé (Fig. 1).
Figura 1: Localização da APA do Rio Pandeiros em Minas Gerais e das veredas selecionadas neste
estudo, com seus respectivos afluentes.
24
Os seis sítios foram selecionados por se encontrarem em diferentes estágios de
conservação, com intervenções antrópicas diferenciadas. As principais perturbações são
desmatamento, corte seletivo, pisoteio por gado, plantio, drenagem, barramento, estrada,
voçoroca e queimada. Cada uma das veredas sofre ou sofreu essas ações com intensidades
diferentes, assim, há áreas onde estes fatores ainda são intensos, em outras, ocorreram há
algum tempo. Desta forma, as veredas selecionadas podem ser citadas, em ordem crescente de
perturbação a Capivara, Buriti Grosso, Pindaibal, São Francisco, Almescla e, como a mais
preservada, a Água Doce.
Segundo informações de moradores da região e de funcionários do Instituto Estadual
de Floresta de Minas Gerais (IEF/MG), as ações predatórias nas veredas vão desde o corte
seletivo ou plantio em pequenas áreas, até o desmatamento e drenagem completa. Algumas
das áreas selecionadas tiveram projetos financiados pelo estado (década de 80) no programa
Pró-Várzea, principalmente para o plantio de arroz (Nunes et al. 2009). Após utilização das
áreas, o empobrecimento do solo, formado basicamente por areia (areia quartzosa), gerou o
abandono das mesmas.
Para conhecimento das características pedológicas de cada vereda foi realizado in loco
classificação por especialista, seguindo os critérios da Embrapa (EMBRAPA 2006). Os solos
são distróficos e arenosos, mas diferiram quanto ao tipo, sendo os solos da vereda da
Almescla, do Buriti Grosso e do Pindaibal classificados como Organossolo Mésico, enquanto
a Capivara e o São Francisco como Gleissolo Mésico. A vereda da Água Doce apresentou os
dois tipos de solos. Todas possuem formato de superfície aplainada, segundo classificação de
Boaventura (2007).
Amostragem da vegetação
Em cada vereda selecionada, foram distribuídas 100 parcelas de 10 m × 10 m (100 m2)
na zona de fundo da vereda, paralelas à calha principal do curso d’agua, utilizando-se a
extensão da margem deste curso, totalizando 6 ha de amostragem (1 ha por vereda). As
parcelas foram dispostas, sistematicamente, distando 10 m entre si e, para marcação e
orientação das mesmas, foi utilizada bússola com nivelamento e trena. Para delimitação em
campo, foram utilizados piquetes de PVC nos vértices das parcelas e seus limites marcados
com fio sizal.
Nas parcelas, todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com DAP (diâmetro à altura do
peito = 1,30 m do solo) ≥ 3 cm foram inventariados. Todos os indivíduos amostrados foram
25
marcados com plaquetas de alumínio numeradas, sendo aferido o CAP (circunferência à altura
do peito = 1,30 m do solo), utilizando-se fita métrica, e estimada a altura total, utilizando
como parâmetro os estágios do podão. Além disto, cada planta inventariada teve anotado seu
nome específico, quando conhecido, e coletada amostra de material vegetal para posterior
identificação. A amostragem foi realizada entre outubro de 2008 e março de 2010.
O material vegetal coletado foi tratado segundo as técnicas convencionais de
herborização (Mori et al. 1989) e foi depositado no Herbário Montes Claros (HMC), da
Universidade Estadual de Montes Claros. A identificação do material botânico coletado foi
feita por meio de consultas a especialistas, uso de literatura especializada e comparações com
as exsicatas tombadas no HMC e em outros herbários. Para a classificação das espécies em
famílias foi utilizado o sistema do Angiosperm Phylogeny Group III (APG III 2009).
Análise de dados
A análise de dados da estrutura foi feita separadamente para cada área estudada.
Assim, para cada espécie amostrada por área, foram calculados os parâmetros quantitativos
clássicos (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974): densidade relativa (DR), dominância relativa
(DoR), freqüência relativa (FR) e valor de importância (VI). Também foram calculados os
índices de diversidade de Shannon (H’) e de equabilidade de Pielou (J’), para a amostragem
total (6 ha) e para cada área separadamente.
A similaridade florística entre as áreas foi determinada através da análise de
agrupamento (Cluster Analysis), sobre a matriz logaritmizada de abundância das espécies
arbóreas (McCune & Grace 2002). Foi utilizada a distância euclidiana como medida de
similaridade florística entre as áreas e a ligação simples (single linkage) como medida de
ligação (Ludwig & Reynolds 1996).
26
Resultados e discussão
Foram encontrados, em 6 hectares de amostragem, 7965 indivíduos arbustivo-arbóreos
distribuídos em 53 famílias, 102 gêneros, 165 espécies identificadas e três não identificadas.
As famílias mais ricas foram Fabaceae (19 espécies), Melastomataceae (16), Myrtaceae (12) e
Lauraceae (11), que somadas, representaram aproximadamente 35% da riqueza. As famílias
de maior densidade foram Anacardiaceae (1245 indivíduos), Fabaceae (859), Annonaceae
(802) e Clusiaceae (736), perfazendo um total de 45,7% dos indivíduos amostrados. Para
veredas do Triângulo Mineiro, outros autores apontam como famílias mais ricas Poaceae,
Cyperaceae, Asteraceae, Melastomataceae e Fabaceae (Araújo et al. 2002; Guimarães et al.
2002; Meirelles et al. 2004). Esta diferença na composição de famílias, possivelmente, ocorre
porque grande parte dos trabalhos focaram o estrato herbáceo-graminoso, ao contrário deste,
que inventariou o estrato arbustivo-arbóreo.
Para formação de fisionomia florestal, em veredas, as condições ambientais
proporcionadas com a melhoria da drenagem do solo e sombreamento no fundo da vereda,
causados, em parte, pela presença do buriti, favorecem o estabelecimento de espécies arbóreas
de mata (Boaventura 2007; Ribeiro & Walter 2008). Ainda, segundo Ribeiro & Walter
(2008), é possível que a mata de galeria inundável seja uma formação sucessional posterior à
vereda e anterior à mata de galeria não inundável, classificada como clímax. Neste sentido, foi
verificado que as famílias mais ricas e abundantes no presente estudo são consideradas
comuns ou frequentes em matas de galeria (Silva-Junior et al. 2001; Matos & Felfili 2010).
Segundo Judd et al. (2009) Fabaceae, Myrtaceae, Anacardiaceae e Clusiaceae são
consideradas de ampla distribuição e podem ocupar grande diversidade de habitats; enquanto
Annonaceae e Lauraceae são típicas de florestas úmidas; as Melastomataceae são heliófitas e
ocupam habitats em estágios sucessionais primários.
As 10 espécies de maior densidade foram Tapirira guianensis (1017 indivíduos),
Xylopia emarginata (760), Zygia latifolia (597), Cecropia pachystachya (560), Byrsonima
pachyphylla (505), Myrsine umbellata (407), Calophyllum brasiliense (381), Calyptranthes
widgreniana (290), Miconia sp. (263) e Tapirira obtusa (217), perfazendo 63,7% dos
indivíduos. Destas espécies, apenas C. brasiliense e C. pachystachya, além do gênero
Miconia, são descritas por Ribeiro & Walter (2008), como pertencentes à fitofisionomia de
veredas. As outras espécies são descritas, geralmente, em ambientes ripários, florestas
semidecíduas e de galeria, além de florestas pluviais (Carvalho 2006; Oliveira-Filho &
Scolforo 2008). Espécies como Ilex paraguaiensis, Tibouchina cf. arborea, Coccoloba
27
declinata, Euplassa rufa e Toulicia subsquamulata presentes em algumas destas veredas
eram, até então, descritas por Oliveira-Filho & Scolforo (2008) no Inventário Florestal de
Minas Gerais, como exclusivas do domínio Atlântico.
Os índices de diversidade e de equabilidade foram 3,573 e 0,698, respectivamente,
para a amostragem total. Não foram encontrados trabalhos que calculem diversidade e
equitabilidade em veredas, porém, esses valores são parecidos com os encontrados para mata
de galeria por Matos & Felfili (2010), mas superior ao descrito por Silva et al. (2004), para o
estrato regenerante também em mata de galeria. Das 165 espécies identificadas, 86 (51,8%)
possuíram densidade menor do que seis indivíduos, ou seja, em média, apenas um indivíduo
por hectare. Segundo Townsend et al. (2006), espécies são consideradas raras quando
ocorrem em baixa densidade ou são encontradas em pequena distribuição geográfica ou
habitat incomum. A presença de espécies pouco abundantes ou exclusivas pode determinar a
identidade florística em cada sítio (Silva-Junior et al 2001) no sentido em que torna um
diferenciado do outro.
No total, 85 (51,2%) espécies ocorreram exclusivamente em uma vereda. Houve 46
espécies (27,7%) que ocorreram em duas veredas, 21 (12,6%) em três, seis (3,6%) em quatro
e quatro (2,4%) em cinco áreas. Apenas quatro (2,4%) espécies foram comuns às seis veredas,
sendo essas, Mauritia flexuosa, T. guianensis, C. pachystachya e Miconia sp. Mauritia
flexuosa apresentou maior dominância relativa em quatro das seis veredas estudadas, exceto
no Buriti Grosso e no Pindaibal. Essas áreas consideradas perturbadas, pois sofrem diversos
impactos ambientais demonstram alterações na estrutura das populações, o que pode estar
associada a perturbações ocorridas, principalmente, desmatamento e drenagem artificial, que
provocam a diminuição do encharcamento e dificultam o estabelecimento do buriti;
degradações que ocorreram no passado nas veredas descritas. Segundo Lorenzi (2010), essa
espécie é característica de solos saturados e requer estes atributos para se estabelecer.
O desmatamento também pode ser a causa da ocorrência do número reduzido de
indivíduos de T. guianensis no Buriti Grosso, sendo essa a única vereda onde a espécie não é
uma das 10 com maior VI. Tapirira guianensis é característica de planícies com solos
arenosos e classificada como generalista, de ampla ocorrência (Carvalho 2006). Fatores de
degradação também podem estar associados com o número de indivíduos de C. pachystachya,
que apresentou menor densidade relativa na vereda da Água Doce, considerada preservada, e
maior na Capivara, onde o ambiente foi degradado no passado. Segundo Carvalho (2006), C.
pachystachya é uma espécie pioneira, colonizadora de clareiras e de áreas novas, junto a
28
vertentes de curso d’água. Assim, a ocorrência do distúrbio justifica a alta densidade da
espécies nas veredas perturbadas.
Considerando cada área como unidade amostral independente, podem ser notadas
grandes variações fitossociológicas e na composição entre as áreas, mesmo com amostragem
e metodologia similar (Tab. 1). Algumas veredas apresentaram elevada densidade, como a
Almescla onde foram amostrados 2737 indivíduos, e outras, reduzido número de indivíduos,
como a Capivara, onde foram amostrados apenas 602 indivíduos. A riqueza também variou
bastante entre as áreas, com valores de 24 a 76 espécies, nas veredas Capivara e Água Doce,
respectivamente. O maior valor encontrado em área basal total foi na vereda Água Doce,
enquanto o menor valor na Capivara. As alturas médias variaram entre 4,31 e 11,9 m, sendo
maiores na Água Doce e menores no Buriti Grosso. Estas diferenças demonstram que veredas
mais perturbadas apresentaram diversos parâmetros estruturais reduzidos, comparativamente
àquelas preservadas. Diferenças no número e diversidade de espécies podem resultar em
redução da produtividade na comunidade (Gurevitch et al. 2009). Segundo Pereira et al.
(2005), quando as espécies tem sua densidade muito reduzida e sofrem danos em sua estrutura
populacional, a dinâmica natural das florestas é modificada. Mesmo após algum tempo
decorrente das perturbações, os processos sucessionais nessas áreas podem ser lentos, já que
são decorrentes dos diferentes níveis de perturbação e seguem padrões e mecanismos
distintos, inerentes a cada comunidade (Porto 2008; Gurevitch et al. 2009).
Tabela 1: Valores de estrutura da vegetação arbustivo-arbórea encontrados em seis veredas na APA do
Rio Pandeiros (norte de Minas Gerais). Densidade = número total de indivíduos (1 ha); riqueza =
número total de espécies; área basal = somatório da área basal de todas as espécies (m2/ha); altura =
média de altura dos indivíduos (m); Shannon (H’ ) = índice de diversidade; e Pielou (J”) = índice de
equabilidade.
Veredas Parâmetros
Estruturais Água Doce Almescla Buriti
Grosso Capivara Pindaibal
São
Francisco
Densidade 2290 2737 666 602 802 868
Riqueza 76 62 25 24 50 72
Área Basal 40,82 28,76 5,88 5,72 6,64 16,81
Altura 11,99 7,31 4,31 5,03 6,60 8,18
Shannon (H’) 2,89 2,87 1,81 2,18 3,08 2,98
Pielou (J’) 0,67 0,70 0,56 0,68 0,78 0,70
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A vereda que apresentou maior índice de diversidade (Tab. 1) foi Pindaibal, seguida
de São Francisco, Água Doce, Almescla e Capivara, sendo a menos diversa o Buriti Grosso.
O maior valor de equabilidade foi encontrado também na vereda do Pindaibal. Nas outras
veredas a equabilidade variou pouco, com um valor mais baixo também na vereda Buriti
Grosso. É possível pensar que Pindaibal e São Francisco, sendo veredas consideradas
intermediárias em perturbações, apresentam sua diversidade bem distribuída na área de
amostragem, possuindo espécies com diferentes requerimentos ecológicos e em diferentes
estágios de sucessão. Para Gurevitch et al. (2009), uma comunidade pode se apresentar como
um mosaico de manchas, com as espécies diferentes seguindo os processos determinísticos da
sucessão. Além disso, a sucessão pode ocorrer com diversidade baixa em princípio, mas a
riqueza cresce até uma fase intermediária, quando ocorrem espécies de grupos funcionais
diferenciados, e decresce posteriormente por exclusão competitiva, até uma fase clímax,
quando há dominância de algumas espécies (Townsend et al. 2006).
Apesar da baixa riqueza e da baixa diversidade, Buriti Grosso foi a vereda que
apresentou maior percentual de espécies exclusivas (40%), seguida por São Francisco (38%),
Água Doce (30%), Pindaibal (22%), Almescla (18%) e Capivara (12%). Como o maior valor
foi encontrado em uma vereda perturbada e sabendo que os ambientes de vereda apresentam-
se como manchas na matriz de Cerrado, e, são naturalmente isolados entre si (Boaventura
2007), possivelmente, a área sofreu colonização e recebe, por dispersão, plantas da matriz que
a contorna. Essa combinação de fragmentação e dispersão entre manchas pode dar origem a
comunidades completamente diferentes das originais (Townsend et al. 2006). Das espécies
exclusivas desta vereda, apenas Annona crassiflora, Erythroxylum suberosum e Neea theifera,
são descritas como ocorrentes em veredas, enquanto Kielmeyera speciosa, Buchenavia
tomentosa, Copaifera cearensis var. arenicola, Aegiphila lhotskiana, Ouratea hexasperma e
Talisia esculenta são descritas para outras fisionomias, como cerrado sensu restrito, mata
ciliar e de galeria, mata semidecídua e floresta ombrófila densa (Oliveira-Filho & Scolforo
2008; Sano et al. 2008).
A vereda Água Doce apresentou suas espécies distribuídas entre 34 famílias e 53
gêneros (Tab. 2), sendo os gêneros mais ricos Handroanthus (4 espécies), Miconia (4) e
Bauhinia, Erythroxylum, Guarea, Inga, Protium e Styrax (3 cada). Os parâmetros
fitossociológicos demonstraram que as dez espécies com alto VI foram, em ordem
decrescente: C. brasiliense, M. flexuosa, X. emarginata, T. guianensis, C. widgreniana,
Zollernia ilicifolia, Dendropanax cuneatus, M. umbellata, Calyptranthes brasiliensis e Ficus
obtusiuscula. As espécies da Almescla foram divididas em 30 famílias e 44 gêneros (Tab. 3).
30
Os gêneros mais ricos foram Miconia (5 espécies) e Byrsonima e Styrax (3 cada). Nesta área,
as 10 espécies com maior VI foram: Z. latifolia, M. flexuosa, T. guianensis, T. obtusa, X.
emarginata, C. pachystachya, Hieronyma alchorneoides, Croton urucurana, Styrax pohlii e S.
camporum. Essas áreas, consideradas mais preservadas nesse estudo, compartilham apenas
três das espécies com maior VI. Porém, algumas espécies que são compartilhadas
exclusivamente por essas veredas demonstraram o alto porte arbóreo dessas áreas, como
Protium spruceanum, Garcinia brasiliensis, Z. ilicifolia, D. cuneatus, Inga laurina, Leandra
sp., Miconia sp.2, Guarea kunthiana, S. camporum, S. latifolius. Além das espécies de
Melastomataceae e de I. laurina, que ocupam o sub-bosque, as demais são árvores de grande
porte (em média alcançam 15 m) e são típicas de florestas úmidas (Oliveira-Filho & Scolforo
2008; Sano et al 2008).
Tabela 2: Parâmetros fitossociológicos da vereda Água Doce, com as famílias e espécies ordenadas
pelo maior valor de VI. Sendo: DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa; FR = freqüência
relativa; VI = valor de importância; e Voucher = N° do tombo no Herbário Montes Claros.
Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. 15,98 18,22 10,24 44,45 1184 Arecaceae Mauritia flexuosa L.f. 3,76 28,40 5,12 37,28 1223 Annonaceae Xylopia emarginata Mart. 19,30 7,07 10,47 36,84 1250 Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. 10,04 10,79 9,91 30,74 1247 Myrtaceae Calyptranthes widgreniana O.Berg 12,62 3,06 3,56 19,24 1186 Fabaceae Faboideae Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel 3,89 2,74 5,01 11,64 1251
Araliaceae Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch. 3,01 2,89 4,68 10,58 1195
Myrsinaceae Myrsine umbellata Mart. 3,71 1,33 4,45 9,49 1230 Myrtaceae Calyptranthes brasiliensis Spreng. 3,93 1,24 4,12 9,29 1185 Moraceae Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. 1,75 3,83 3,45 9,03 1204 Clusiaceae Garcinia brasiliensis Mart. 2,49 1,56 3,56 7,62 1205 Phyllanthaceae Hieronyma alchorneoides Allemão 1,53 2,91 2,56 7,00 1213
Lauraceae Nectandra membranacea (Sw.) Griseb. 1,48 1,14 2,78 5,41 1231 Burseraceae Protium brasiliense (Spreng.) Engl. 0,96 2,62 1,78 5,36 1234 Fabaceae Mimosoideae Inga vera Willd. 1,09 0,99 2,12 4,20 1218 Arecaceae Mauritiella armata (Mart.) Burret 1,48 0,89 1,00 3,38 1224
Bignoniaceae Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex A.DC.) Mattos 0,87 0,92 1,56 3,35 1209
Burseraceae Protium spruceanum (Benth.) Engl. 0,70 1,50 1,00 3,20 1235 Fabaceae Mimosoideae Inga laurina (Sw.) Willd. 0,96 0,36 1,56 2,88 1216 Polygonaceae Coccoloba declinata (Vell.) Mart. 0,66 0,44 1,45 2,54 1191
Continua...
31
Continuação Tabela 2: Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Oleaceae Chionanthus crassifolius (Mart.) P.S.Green 0,52 0,73 1,11 2,37 1189 Chrysobalanaceae Hirtella gracilipes (Hook.f.) Prance 0,66 0,41 1,22 2,29 1215 Elaeocarpaceae Sloanea stipitata Spruce ex Benth. 0,44 0,71 0,67 1,82 1240
Rubiaceae Ladenbergia cujabensis Klotzsch 0,57 0,06 0,89 1,52 1219 Styracaceae Styrax camporum Pohl 0,39 0,23 0,89 1,51 1244 Moraceae Ficus citrifolia Mill. 0,44 0,23 0,78 1,45 1203 Fabaceae Mimosoideae Inga marginata Willd. 0,48 0,17 0,78 1,43 1217
Rubiaceae Posoqueria latifolia (Rudge) Roem. & Schult. 0,35 0,30 0,67 1,31 1233
Meliaceae Guarea kunthiana A.Juss. 0,39 0,10 0,78 1,27 1207
Bignoniaceae Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. 0,31 0,17 0,67 1,14 1243
Burseraceae Protium widgrenii Engl. 0,22 0,40 0,45 1,07 1236 Erythroxylaceae Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. 0,31 0,08 0,67 1,06 1201 Chrysobalanaceae Hirtella glandulosa Spreng. 0,31 0,16 0,56 1,02 1214 Myrtaceae Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg 0,35 0,18 0,45 0,97 1182 Fabaceae Cercideae Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 0,26 0,03 0,67 0,96 1180 Meliaceae Guarea macrophylla Vahl 0,22 0,17 0,56 0,95 1208 Magnoliaceae Talauma ovata (A.St.-Hil.) Spreng. 0,13 0,36 0,33 0,83 1222 Siparunaceae Siparuna reginae (Tul.) A.DC. 0,22 0,15 0,45 0,81 1239 Icacinaceae Emmotum nitens (Benth.) Miers 0,22 0,23 0,33 0,79 1197 Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul 0,17 0,13 0,45 0,75 1187 Fabaceae Cercideae Bauhinia rufa (Bong.) Steud. 0,22 0,04 0,45 0,71 1181 Meliaceae Cedrela odorata L. 0,13 0,34 0,22 0,69 1188 Styracaceae Styrax pohlii A.DC. 0,17 0,09 0,33 0,60 1246 Myristicaceae Virola sebifera Aubl. 0,04 0,39 0,11 0,55 1248 Melastomataceae Miconia sp. 0,17 0,02 0,33 0,52 1225 sp.1 0,13 0,05 0,33 0,51 1241 Meliaceae Guarea guidonia (L.) Sleumer 0,13 0,03 0,33 0,49 1206 Erythroxylaceae Erythroxylum citrifolium A.St.-Hil. 0,13 0,03 0,33 0,49 1200 Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC. 0,13 0,02 0,33 0,49 1229
Bignoniaceae Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos 0,09 0,17 0,22 0,48 1210
Ebenaceae Diospyros sericea A.DC. 0,13 0,10 0,22 0,45 1196 Arecaceae Attalea compta Mart. 0,09 0,06 0,22 0,37 1178 Boraginaceae Cordia sp. 0,04 0,17 0,11 0,33 1193 Vochysiaceae Qualea sp. 0,04 0,17 0,11 0,32 1237 Bignoniaceae Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 0,09 0,01 0,22 0,32 1211 Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. 0,17 0,03 0,11 0,31 1190 Euphorbiaceae Croton urucurana Baill. 0,04 0,11 0,11 0,26 1194 Malpighiaceae Byrsonima pachyphylla A.Juss. 0,09 0,01 0,11 0,21 1183 Myrtaceae Eugenia florida DC. 0,04 0,05 0,11 0,21 1202 Lauraceae Nectandra oppositifolia Nees 0,04 0,05 0,11 0,20 1232 Erythroxylaceae Erythroxylum betulaceum Mart. 0,04 0,03 0,11 0,18 1199 Combretaceae Combretum duarteanum Cambess. 0,04 0,02 0,11 0,18 1192 Lauraceae Endlicheria sp. 0,04 0,02 0,11 0,18 1198 Fabaceae Faboideae Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld 0,04 0,02 0,11 0,17 1221
Bignoniaceae Handroanthus spongiosus (Rizzini) S.O.Grose 0,04 0,01 0,11 0,17 1212
Phyllanthaceae Richeria grandis Vahl 0,04 0,01 0,11 0,17 1238 Continua...
32
Continuação Tabela 2: Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Ericaceae Agarista sp. 0,04 0,01 0,11 0,17 1176 Annonaceae Xylopia aromatica (Lam.) Mart. 0,04 0,01 0,11 0,16 1249 sp. 2 0,04 0,01 0,11 0,16 1242 Melastomataceae Miconia sp.3 0,04 0,01 0,11 0,16 1227 Styracaceae Styrax latifolius Pohl 0,04 0,01 0,11 0,16 1245 Fabaceae Cercideae Bauhinia acuruana Moric. 0,04 0,00 0,11 0,16 1179 Melastomataceae Miconia sp.4 0,04 0,00 0,11 0,16 1228 Melastomataceae Leandra sp. 0,04 0,00 0,11 0,16 1220 Lauraceae Aniba intermedia (Meisn.) Mez 0,04 0,00 0,11 0,16 1177 Melastomataceae Miconia sp.2 0,04 0,00 0,11 0,16 1226
Tabela 3: Parâmetros fitossociológicos da vereda Almescla, com as famílias e espécies ordenadas pelo
maior valor de VI. Sendo: DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa; FR = freqüência
relativa; VI = valor de importância; e Voucher = N° do tombo no Herbário Montes Claros.
Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Fabaceae Mimosoideae Zygia latifolia (L.) Fawc. & Rendle 21,30 6,69 9,17 37,17 1313 Arecaceae Mauritia flexuosa L.f. 1,86 28,32 3,96 34,14 1283 Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. 13,01 12,32 8,72 34,05 1306 Anacardiaceae Tapirira obtusa (Benth.) J.D.Mitch. 7,93 12,38 7,81 28,12 1307 Annonaceae Xylopia emarginata Mart. 10,23 8,94 6,00 25,17 1311 Myrtaceae Cecropia pachystachya Trécul 6,87 7,92 8,61 23,40 1258 Phyllanthaceae Hieronyma alchorneoides Allemão 2,74 3,37 4,64 10,75 1273 Euphorbiaceae Croton urucurana Baill. 3,76 2,04 4,76 10,56 1263 Styracaceae Styrax pohlii A.DC. 3,69 2,09 4,19 9,97 1305 Styracaceae Styrax camporum Pohl 3,22 1,53 4,19 8,93 1303 Myrsinaceae Myrsine umbellata Mart. 2,74 1,44 4,64 8,82 1292 Melastomataceae Miconia sp. 4,13 0,95 3,17 8,24 1288 Rubiaceae Ladenbergia cujabensis Klotzsch 2,08 0,65 3,62 6,35 1279 Melastomataceae Huberia sp. 2,27 0,33 2,72 5,32 1274 Malpighiaceae Byrsonima pachyphylla A.Juss. 1,64 0,68 2,72 5,04 1256 Arecaceae Mauritiella armata (Mart.) Burret 1,28 1,88 1,25 4,40 1284 Phyllanthaceae Richeria grandis Vahl 1,06 1,53 1,59 4,17 1299 Melastomataceae Miconia sellowiana Naudin 1,46 0,30 1,36 3,12 1287 Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. 0,51 1,25 1,02 2,78 1257 Aquifoliaceae Ilex paraguariensis A.St.-Hill 1,06 0,25 1,36 2,67 1275 Meliaceae Guarea macrophylla Vahl 1,02 0,24 1,36 2,63 1270 Melastomataceae Miconia latecrenata (DC.) Naudin 0,62 0,25 1,02 1,89 1286 Myristicaceae Virola sebifera Aubl. 0,26 1,26 0,34 1,85 1309 Chloranthaceae Hedyosmum brasiliense Miq. 0,66 0,11 0,91 1,67 1272
Bignoniaceae Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. 0,40 0,32 0,68 1,41 1302
Polygonaceae Coccoloba declinata (Vell.) Mart. 0,29 0,39 0,68 1,36 1261 Burseraceae Protium spruceanum (Benth.) Engl. 0,26 0,38 0,57 1,20 1296
Araliaceae Dendropanax cuneatus (DC). Decne. & Planch. 0,26 0,16 0,68 1,09 1264
Burseraceae Protium brasiliense (Spreng.) Engl. 0,33 0,18 0,57 1,07 1295 Melastomataceae Miconia chartacea Triana 0,29 0,08 0,68 1,05 1285 Meliaceae Guarea kunthiana A.Juss. 0,26 0,03 0,68 0,96 1269
Continua...
33
Continuação Tabela 3: Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Styracaceae Styrax latifolius Pohl 0,22 0,10 0,57 0,88 1304 Myrtaceae Marlierea angustifolia (O.Berg) Mattos 0,15 0,32 0,34 0,81 1282 Clusiaceae Garcinia brasiliensis Mart. 0,18 0,02 0,57 0,77 1268 Fabaceae Faboideae Zollernia cowanii Mansano 0,22 0,19 0,34 0,75 1312 Siparunaceae Siparuna reginae (Tul.) A.DC. 0,22 0,25 0,23 0,70 1300 Fabaceae Mimosoideae Inga vera Willd. 0,15 0,18 0,23 0,55 1278 Proteaceae Euplassa rufa (Loes.) Sleumer 0,11 0,21 0,23 0,54 1266 Moraceae Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. 0,11 0,06 0,34 0,51 1267 Vochysiaceae Qualea cordata (Mart.) Spreng. 0,07 0,08 0,23 0,38 1298 Fabaceae Cercideae Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 0,11 0,01 0,23 0,35 1252 Melastomataceae Leandra sp. 0,11 0,01 0,23 0,35 1280 Melastomataceae Miconia sp.2 0,07 0,04 0,23 0,34 1289 Myrtaceae Myrcia sp. 0,07 0,02 0,23 0,32 1271 Myrtaceae Psidium rufum DC. 0,07 0,01 0,23 0,31 1297 Myrtaceae Eugenia florida DC. 0,07 0,01 0,11 0,20 1265 Elaeocarpaceae Sloanea stipitata Spruce ex Benth. 0,04 0,05 0,11 0,20 1301 Rubiaceae Coutarea hexandra (Jacq.) K.Schum. 0,07 0,01 0,11 0,20 1262 Clusiaceae Clusia criuva Cambess. 0,04 0,05 0,11 0,20 1260 Fabaceae Mimosoideae Inga laurina (Sw.) Willd. 0,04 0,03 0,11 0,18 1277 Malpighiaceae Byrsonima intermedia A.Juss. 0,04 0,03 0,11 0,18 1255 Fabaceae Cercideae Bauhinia longifolia (Bong.) D. Dietr 0,04 0,02 0,11 0,17 1253 Aquifoliaceae Ilex theezans Mart. ex Reissek 0,04 0,01 0,11 0,16 1276 Annonaceae Xylopia aromatica (Lam.) Mart. 0,04 0,01 0,11 0,16 1310 Piperaceae Piper gaudichaudianum Kuntze 0,04 0,01 0,11 0,16 1294 Piperaceae Piper arboreum Aubl. 0,04 0,01 0,11 0,16 1293 Meliaceae Cedrela fissilis Vell. 0,04 0,00 0,11 0,15 1259
Onagraceae Ludwigia elegans (Cambess. ex A.St.-Hil.) H.Hara 0,04 0,00 0,11 0,15 1281
Malpighiaceae Byrsonima coccolobifolia Kunth 0,04 0,00 0,11 0,15 1254 Asteraceae Vernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob. 0,04 0,00 0,11 0,15 1308 Myrtaceae Myrcia venulosa DC. 0,04 0,00 0,11 0,15 1291
As espécies amostradas no Buriti Grosso (Tab. 4) pertencem a 19 famílias e 21
gêneros, sendo os mais ricos Copaifera, Erytroxylum, Miconia e Psidium, cada um com duas
espécies. A vereda Capivara (Tab. 5) teve suas espécies distribuídas em 16 famílias e 22
gêneros, sendo os gêneros que apresentaram duas espécies Ludwigia e Miconia. Nessas áreas
as espécies, gêneros e famílias que se destacaram com maiores valores de importância foram
em sua maioria, arbustivas. Elas são típicas de áreas perturbadas, que ocupam ambientes em
inicio de sucessão e não alcançam, em média, mais do que seis metros de altura (Oliveira-
Filho & Scolforo 2008; Sano et al 2008; Judd et al. 2009). Os principais exemplos são: B.
pachyphylla, C. pachystachya, Miconia sp., M. albicans, Vernonanthura phosphorica,
Solanum lycocarpum, Curatella americana, Ludwigia elegans e L. speciosa. A presença
destas espécies é justificada pelas altas pressões antrópicas sofridas nestas veredas, sendo as
duas consideradas, neste estudo, como mais impactadas, com desmatamento, drenagem e
34
plantios agrícolas ocorridos (Buriti Grosso) e/ou ocorrentes (Capivara) em quase a totalidade
destas veredas (comunicação pessoal).
Tabela 4: Parâmetros fitossociológicos da vereda Buriti Grosso, com as famílias e espécies ordenadas
pelo maior valor de VI. Sendo: DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa; FR = freqüência
relativa; VI = valor de importância; e Voucher = N° do tombo no Herbário Montes Claros.
Familia Espécie DR DoR FR VI Voucher Malpighiaceae Byrsonima pachyphylla A.Juss. 30,18 58,66 23,53 112,36 1317 Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul 31,23 20,54 23,95 75,72 1319 Melastomataceae Miconia sp. 18,77 5,45 18,91 43,12 1328 Melastomataceae Miconia albicans (Sw.) Triana 5,71 4,23 8,40 18,34 1327 Fabaceae Caesalpinioideae Copaifera coriacea Mart. 5,11 1,93 5,88 12,92 1321 Arecaceae Mauritia flexuosa L.f. 0,30 5,05 0,84 6,19 1326 Myrtaceae Psidium guajava L. 1,35 0,89 2,10 4,34 1332 Annonaceae Annona crassiflora Mart. 1,05 1,54 1,68 4,27 1315
Asteraceae Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob. 1,20 0,22 2,52 3,95 1338
Solanaceae Solanum lycocarpum A.St.-Hil. 0,75 0,17 1,68 2,60 1335 Myrtaceae Psidium rufum DC. 0,60 0,10 1,26 1,97 1333 Ochnaceae Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill. 0,45 0,13 1,26 1,85 1331 Salicaceae Casearia sylvestris Sw. 0,45 0,08 0,84 1,37 1318 Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. 0,45 0,07 0,84 1,36 1337 Combretaceae Buchenavia tomentosa Eichler 0,30 0,18 0,84 1,32 1316 Erythroxylaceae Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. 0,30 0,09 0,84 1,23 1322
Onagraceae Ludwigia elegans (Cambess. ex A.St.-Hil.) H.Hara 0,30 0,06 0,84 1,20 1325
Lamiaceae Aegiphila lhotskiana Cham. 0,30 0,04 0,84 1,18 1314 Myrtaceae Myrcia guianensis (Aubl.) DC. 0,30 0,26 0,42 0,98 1329 Sapindaceae Talisia esculenta (A.St.-Hil.) Radlk. 0,15 0,11 0,42 0,68 1336 Nyctaginaceae Neea theifera Oerst. 0,15 0,10 0,42 0,67 1330
Fabaceae Caesalpinioideae Copaifera cearensis var. arenicola Ducke 0,15 0,06 0,42 0,63 1320
Erythroxylaceae Erythroxylum suberosum A.St.-Hil. 0,15 0,03 0,42 0,60 1323
Fabaceae Caesalpinioideae Senna macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barneby 0,15 0,02 0,42 0,59 1334
Clusiaceae Kielmeyera speciosa A.St.-Hil. 0,15 0,01 0,42 0,58 1324
Tabela 5: Parâmetros fitossociológicos da vereda Capivara com as famílias e espécies ordenadas pelo
maior valor de VI. Sendo: DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa; FR = freqüência
relativa; VI = valor de importância; e Voucher = N° do tombo no Herbário Montes Claros.
Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Malpighiaceae Byrsonima pachyphylla A.Juss. 33,72 17,66 22,07 73,45 1340 Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. 16,78 24,34 12,16 53,28 1358 Arecaceae Mauritia flexuosa L.f. 1,99 35,68 4,95 42,63 1349
Asteraceae Vernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob. 11,63 3,41 13,51 28,55 1361
Continua...
35
Continuação da Tabela 5: Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul 9,63 5,47 8,11 23,21 1342 Annonaceae Xylopia emarginata Mart. 3,99 4,87 4,95 13,82 1362 Dilleniaceae Curatella americana L. 5,81 2,84 4,95 13,61 1343
Onagraceae Ludwigia elegans (Cambess. ex A.St.-Hil.) H.Hara 3,49 1,36 5,41 10,26 1346
Onagraceae Ludwigia speciosa (Brenan) Hoch 2,49 0,41 5,41 8,31 1347 Melastomataceae Miconia albicans (Sw.) Triana 2,33 0,87 4,50 7,70 1350 Melastomataceae Tibouchina sp. 2,16 1,13 2,25 5,55 1359 Solanaceae Solanum lycocarpum A.St.-Hil. 1,66 0,38 2,25 4,29 1357 Moraceae Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. 1,16 0,34 2,25 3,76 1345 Melastomataceae Miconia sp. 1,16 0,28 1,80 3,25 1351 Lauraceae Nectandra grandiflora Nees 0,50 0,21 1,35 2,06 1353 Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão 0,17 0,28 0,45 0,90 1352 Sapindaceae Toulicia subsquamulata Radlk. 0,17 0,18 0,45 0,80 1360 Myrtaceae Psidium guajava L. 0,17 0,07 0,45 0,68 1354
Fabaceae Caesalpinioideae Senna macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barneby 0,17 0,05 0,45 0,67 1356
Euphorbiaceae Sapium glandulosum (L.) Morong 0,17 0,04 0,45 0,65 1355 Myrtaceae Calyptranthes widgreniana O.Berg 0,17 0,03 0,45 0,65 1341 Melastomataceae Macairea radula (Bonpl.) DC. 0,17 0,03 0,45 0,64 1348 Fabaceae Faboideae Bowdichia virgilioides Kunth 0,17 0,02 0,45 0,64 1339 Fabaceae Caesalpinioideae Dimorphandra gardneriana Tul. 0,17 0,02 0,45 0,64 1344
As outras veredas apresentaram espécies que, segundo classificação de Oliveira-Filho
& Scolforo (2008) possuem requerimentos ecofisiológicos mais diversos. Na vereda Pindaibal
(Tab. 6), as 50 espécies amostradas integraram 30 famílias e 39 gêneros. Observou-se que a
vereda São Francisco (Tab. 7) apresentou sua riqueza distribuída em 37 famílias e 60 gêneros.
Nas duas áreas a espécie T. guianensis foi uma das mais freqüentes e de maior densidade.
Esta espécie é considerada comum e de ampla ocorrência em diversos habitats (Carvalho
2006). Outras espécies amostradas nessas veredas, com alta densidade e frequência, são
tipicamente pioneiras, como C. pachystachya e M. umbellata. Às espécies T. guianensis e M.
flexuosa são dominantes nessas áreas, já que são plantas que alcançaram elevada área basal.
Desta forma, a ocorrência de espécies típicas de diferentes estágio de sucessão demonstra o
estágio intermediário destas duas áreas (Santos & Vieira 2005). Na vereda São Francisco, que
apresenta relevo encaixado numa matriz de cerrado, destacou-se também a dominância de
outra palmeira, a Orbygnia oleifera, descrita por Lorenzi (2010) como típica de campos de
pastagem, ocupadas primariamente por matas de galeria e cerrado.
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Tabela 6: Parâmetros fitossociológicos vereda do Pindaibal, com as famílias e espécies ordenadas pelo
maior valor de VI. Sendo: DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa; FR = freqüência
relativa; VI = valor de importância; e Voucher = N° do tombo no Herbário Montes Claros.
Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. 16,46 23,79 9,63 49,88 1407 Arecaceae Mauritia flexuosa L.f. 1,50 23,46 3,40 28,36 1389 Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul 10,47 8,38 9,35 28,20 1374 Aquifoliaceae Ilex paraguariensis A.St.-Hil. 11,22 4,02 7,37 22,61 1383 Myrsinaceae Myrsine umbellata Mart. 7,73 4,72 6,80 19,25 1396 Phyllanthaceae Richeria grandis Vahl 5,86 7,00 3,68 16,54 1402
Rubiaceae Ladenbergia cujabensis Klotzsch. 4,61 3,45 4,25 12,32 1386 Myrtaceae Myrcia guianensis (Aubl.) DC. 4,11 1,45 5,10 10,66 1393
Onagraceae Ludwigia elegans (Cambess. ex A.St.-Hil.) H.Hara 4,11 1,26 4,82 10,19
1388
Asteraceae Vernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob. 3,24 2,33 3,97 9,54
1409
Lauraceae Nectandra grandiflora Nees 2,99 1,82 3,68 8,50 1397 Fabaceae Cercideae Bauhinia rufa (Bong.) Steud. 2,74 1,18 2,55 6,48 1368 Meliaceae Cedrela odorata L. 2,00 3,10 1,13 6,23 1375
Myrtaceae Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg 2,12 0,90 2,83 5,85
1370
Annonaceae Xylopia emarginata Mart. 1,75 1,41 2,55 5,71 1411 Myrtaceae Myrcia pulchra (O.Berg) Kiaersk. 1,75 1,04 2,55 5,33 1394 Styracaceae Styrax pohlii A.DC. 1,62 1,01 2,27 4,90 1406 Malpighiaceae Byrsonima coccolobifolia Kunth 2,24 0,81 1,70 4,75 1371 Euphorbiaceae Sapium obovatum Klotzsch ex Müll.Arg. 1,25 0,63 1,70 3,58 1403 Moraceae Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. 1,12 0,29 1,42 2,83 1380 Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC. 0,75 0,62 1,42 2,78 1395
Melastomataceae Miconia sp. 0,87 0,12 1,42 2,41 1392
Lauraceae Nectandra membranacea (Sw.) Griseb. 0,75 0,76 0,85 2,36 1398 Proteaceae Euplassa inaequalis (Pohl) Engl. 0,62 0,87 0,85 2,35 1379
Melastomataceae Tibouchina sp. 0,87 0,22 1,13 2,23 1408 Vochysiaceae Qualea dichotoma (Mart.) Warm. 0,62 0,64 0,85 2,12 1401 Arecaceae Mauritiella armata (Mart.) Burret 0,37 1,15 0,57 2,09 1390 Fabaceae Faboideae Zollernia cowanii Mansano 0,50 0,34 1,13 1,97 1412
Bignoniaceae Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex A.DC.) Mattos 0,62 0,16 1,13 1,92
1382
Asteraceae Baccharis serrulata DC. 0,50 0,11 1,13 1,74 1364 Erythroxylaceae Erythroxylum citrifolium A. St.-Hil. 0,50 0,19 0,85 1,54 1378 Myristicaceae Virola sebifera Aubl. 0,37 0,30 0,85 1,53 1410 Fabaceae Cercideae Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 0,25 0,70 0,28 1,23 1367 Polygonaceae Coccoloba declinata (Vell.) Mart. 0,50 0,15 0,57 1,22 1377 Aquifoliaceae Ilex theezans Mart. ex Reissek 0,37 0,14 0,57 1,08 1385 Fabaceae Cercideae Bauhinia acuruana Moric. 0,37 0,09 0,57 1,03 1365 Meliaceae Guarea macrophylla Vahl 0,25 0,15 0,57 0,97 1381 Aquifoliaceae Ilex sapotifolia Reissek 0,12 0,52 0,28 0,93 1384 Malpighiaceae Byrsonima intermedia A.Juss. 0,25 0,07 0,57 0,88 1373 Malpighiaceae Byrsonima crassa Nied. 0,25 0,05 0,57 0,87 1372
Fabaceae Caesalpinioideae Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby 0,25 0,03 0,57 0,85
1404
Fabaceae cercideae Bauhinia brevipes Vogel 0,12 0,32 0,28 0,73 1366 Continua...
37
Continuação da Tabela 6: Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Melastomataceae Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin 0,12 0,05 0,28 0,46 1391
Bignoniaceae Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. 0,12 0,05 0,28 0,46
1405
Piperaceae Piper gaudichaudianum Kuntze 0,12 0,04 0,28 0,45 1399 Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Urb. 0,12 0,03 0,28 0,44 1400 Clusiaceae Clusia criuva Cambess. 0,12 0,02 0,28 0,43 1376 Verbenaceae Lippia sp. 0,12 0,02 0,28 0,42 1387
Lauraceae Aniba firmula (Nees & Mart.) Mez 0,12 0,01 0,28 0,42 1363
Melastomataceae Bellucia sp. 0,12 0,01 0,28 0,42 1369
Tabela 7: Parâmetros fitossociológicos da vereda São Francisco, com as famílias e espécies ordenadas
pelo maior valor de VI. Sendo: DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa; FR = freqüência
relativa; VI = valor de importância; e Voucher = N° do tombo no Herbário Montes Claros.
Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Myrsinaceae Myrsine umbellata Mart. 21,31 18,38 13,52 53,21 1455 Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. 22,47 11,52 13,99 47,98 1476 Arecaceae Mauritia flexuosa L.f. 4,49 33,54 6,29 44,33 1448 Arecaceae Orbignya oleifera Barret. 3,11 12,98 4,90 20,98 1458 Malpighiaceae Byrsonima pachyphylla A.Juss. 6,22 2,92 6,76 15,90 1419 Annonaceae Xylopia aromatica (Lam.) Mart. 3,80 1,84 4,66 10,30 1482 Phyllanthaceae Richeria grandis Vahl 5,53 1,82 2,80 10,15 1469 Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul 2,07 1,41 3,50 6,98 1422 Moraceae Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. 1,61 1,18 3,03 5,83 1437 Fabaceae Mimosoideae Zygia latifolia (L.) Fawc. & Rendle 1,61 2,31 1,63 5,56 1484 Chrysobalanaceae Hirtella gracilipes (Hook.f.) Prance 1,84 1,28 2,33 5,46 1442 Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC. 1,73 0,94 1,40 4,06 1452 Siparunaceae Siparuna reginae (Tul.) A.DC. 1,84 0,18 1,86 3,89 1471
Lauraceae Persea willdenowii Kosterm. 1,15 0,99 1,17 3,30 1461 Elaeocarpaceae Sloanea stipitata Spruce ex Benth. 1,15 0,44 1,63 3,23 1472 Fabaceae Mimosoideae Inga vera Willd. 1,04 0,72 1,17 2,92 1444 Chrysobalanaceae Hirtella glandulosa Spreng. 1,04 0,39 1,40 2,83 1441 Euphorbiaceae Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. 1,04 0,56 1,17 2,76 1460 Phyllanthaceae Hieronyma alchorneoides Allemão 0,69 0,85 1,17 2,70 1440 Combretaceae Terminalia glabrescens Mart. 0,46 1,20 0,93 2,59 1477 Myrtaceae Myrcia venulosa DC. 0,81 0,24 1,17 2,21 1454 Piperaceae Piper gaudichaudianum Kuntze 0,81 0,11 1,17 2,08 1464 Sapindaceae Dilodendron bipinnatum Radlk. 0,58 0,32 1,17 2,06 1431
Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. 0,69 0,14 1,17 1,99
1415
Lauraceae Nectandra nitidula Nees 0,58 0,09 1,17 1,83 1457
Melastomataceae Miconia sp. 0,81 0,09 0,93 1,83 1450 Euphorbiaceae Croton urucurana Baill. 0,58 0,39 0,70 1,67 1428
Melastomataceae Miconia sellowiana Naudin 0,58 0,09 0,93 1,60 1449 Chloranthaceae Hedyosmum brasiliense Miq. 0,81 0,08 0,70 1,59 1439 Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão 0,46 0,11 0,93 1,51 1451 Styracaceae Styrax pohlii A.DC. 0,46 0,05 0,70 1,21 1475 Dilleniaceae Davilla elliptica A.St.-Hil. 0,35 0,16 0,70 1,20 1430 Dilleniaceae Curatella americana L. 0,35 0,12 0,70 1,17 1429
Continua...
38
Continuação da Tabela 7: Família Espécie DR DoR FR VI Voucher Polygonaceae Coccoloba mollis Casar. 0,35 0,07 0,70 1,11 1424 Rutaceae Zanthoxylum riedelianum Engl. 0,35 0,06 0,70 1,10 1483 Erythroxylaceae Erythroxylum betulaceum Mart. 0,46 0,15 0,47 1,08 1432
Melastomataceae Tibouchina cf arbórea 0,46 0,13 0,47 1,06 1478
Opiliaceae Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. 0,46 0,05 0,47 0,98
1413
Proteaceae Euplassa inaequalis (Pohl) Engl. 0,46 0,20 0,23 0,90 1435 Malvaceae Guazuma ulmifolia Lam. 0,23 0,15 0,47 0,85 1438 Piperaceae Piper arboreum Aubl. 0,35 0,04 0,47 0,85 1463 Myrtaceae Eugenia florida DC. 0,12 0,41 0,23 0,76 1434 Proteaceae Roupala montana Aubl. 0,23 0,04 0,47 0,73 1470 Salicaceae Casearia sylvestris Sw. 0,23 0,04 0,47 0,73 1421 Moraceae Ficus citrifolia Mill. 0,23 0,03 0,47 0,72 1436
Melastomataceae Bellucia sp. 0,23 0,02 0,47 0,72 1417 Myrtaceae Psidium guajava L. 0,23 0,02 0,47 0,72 1467
Onagraceae Ludwigia elegans (Cambess. ex A.St.-Hil.) H.Hara 0,23 0,01 0,47 0,71
1445
Malvaceae Luehea divaricata Mart. 0,12 0,27 0,23 0,62 1446
sp.1 0,35 0,04 0,23 0,62 1473 Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. 0,12 0,25 0,23 0,60 1420 Burseraceae Protium brasiliense (Spreng.) Engl. 0,23 0,11 0,23 0,58 1466
Melastomataceae Tibouchina sellowiana (Cham.) Cogn. 0,23 0,05 0,23 0,51 1479 Fabaceae Caesalpinioideae Copaifera langsdorffii Desf. 0,23 0,02 0,23 0,49 1426 Fabaceae Faboideae Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld 0,12 0,06 0,23 0,41 1447
Lauraceae Aniba intermedia (Meisn.) Mez 0,12 0,05 0,23 0,40 1414
Bignoniaceae Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. 0,12 0,04 0,23 0,39
1474
Vochysiaceae Qualea multiflora Mart. 0,12 0,03 0,23 0,38 1468
Sapotaceae Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni 0,12 0,03 0,23 0,37
1465
Ochnaceae Ouratea castaneifolia (DC.) Engl. 0,12 0,03 0,23 0,37 1459
Lauraceae Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez 0,12 0,02 0,23 0,37 1456
Melastomataceae Tibouchina sp. 0,12 0,02 0,23 0,37 1480
Sapotaceae Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. 0,12 0,02 0,23 0,36
1423
Combretaceae Combretum duarteanum Cambess. 0,12 0,01 0,23 0,36 1425 Myrtaceae Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. 0,12 0,01 0,23 0,36 1453 Piperaceae Piper aduncum L. 0,12 0,01 0,23 0,36 1462 Fabaceae Faboideae Bowdichia virgilioides Kunth 0,12 0,01 0,23 0,36 1418
Asteraceae Vernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob. 0,12 0,01 0,23 0,36
1481
Euphorbiaceae Croton celtidifolius Baill. 0,12 0,01 0,23 0,36 1427 Aquifoliaceae Ilex paraguariensis A.St.-Hil. 0,12 0,01 0,23 0,36 1443 Fabaceae cercideae Bauhinia brevipes Vogel 0,12 0,01 0,23 0,36 1416 Erythroxylaceae Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. 0,12 0,00 0,23 0,35 1433
Segundo a análise de agrupamento (Fig. 2) foram formados dois grandes grupos, um
formado pelas veredas São Francisco, Pindaibal, Capivara e Buriti Grosso; e o outro formado
por Água Doce e Almescla. Assim, Capivara e Buriti Grosso foram muito similares,
possivelmente devido ao maior impacto sofrido por estas áreas, onde todos os parâmetros
39
estruturais refletiram essa condição, quando comparado com as outras veredas amostradas. As
veredas São Francisco e Pindaibal sofreram impactos moderados e se agruparam por este
motivo. Entretanto, a vereda São Francisco possui um diferencial, pois sofre grande influência
da vegetação adjacente que se encontra no seu entorno, já que esta vereda não possui área de
campo herbáceo-graminoso, recebendo, com isso, espécies diferentes daquelas adaptadas à
saturação hídrica do solo da vereda. A Água Doce e Almescla formaram um agrupamento,
pois são áreas com florestas bem desenvolvidas, alta riqueza, abundância e área basal, e se
apresentaram mais preservadas.
Figura 2: Dendograma da análise de agrupamento (Cluster Analysis) das seis veredas da APA do rio
Pandeiros. AG = Água Doce; AL = Almescla; BG = Buriti Grosso; CA = Capivara; PI = Pindaibal; e
SF = São Francisco.
Sabendo que veredas são fitofisionomias de baixa resiliência, a perda da
biodiversidade nestas áreas pode ser irreversível, porque com este estudo ficou comprovado
que as perturbações antrópicas têm provocado mudanças na composição natural, perda de
espécies, redução da biomassa e modificações na estrutura destes ambientes. É provável que
as perturbações comprometam ainda os processos e serviços ecológicos que decorrem de
ecossistemas conservados. Através deste estudo pode-se perceber também que, embora
apresentem enorme importância ecológica, pouco se sabe sobre a composição, riqueza e
diversidade da comunidade vegetal das veredas, principalmente do componente arbóreo. Por
isso, é de grande importância a descrição da flora e da estrutura, realizada neste trabalho,
sobretudo para as ações de conservação, manejo e recuperação, que podem ser requeridas em
curto prazo nesses ambientes.
40
Agradecimentos
Ao NIEA-NM (Núcleo Interinstitucional de Estudos Ambientais do Norte de Minas;
Programa Vereda Viva) da Promotoria de Defesa da Bacia do Rio São Francisco – Sub-Bacia
do Rio Verde Grande e Pardo de Minas e ao CNPq (processo 478779/2009-7) pelo
financiamento do projeto. À FAPEMIG pela concessão da bolsas de mestrado de T. O. Bahia
e de BIPDT de Y. R. F. Nunes. Ao IEF-MG (Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais)
pelo apoio logístico, principalmente a Walter V. Neves, Helen D. Faria, Ricardo A. Souza,
Jairo Viana e Valeriano O. Silva. Aos estagiários do Laboratório de Ecologia e Propagação
Vegetal da UNIMONTES, principalmente a Marly Antonielle de Ávila, pelo auxílio no
trabalho de campo; e a UNIMONTES pelo apoio logístico.
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Townsend, C. R.; Begon, M. & Harper, J. L. 2006. Fundamentos em ecologia. 2. ed. Porto
Alegre: Artmed. 529p.
46
Capítulo 2
Variações estruturais e de composição da comunidade arbórea de veredas sob efeito de
impactos ambientais no sudeste do Brasil.
Artigo formatado segundo normas do Journal of Tropical Biology
47
Variações estruturais e de composição do componente arbóreo de veredas sob efeito de
impactos ambientais no sudeste do Brasil.
Título resumido: Variações estruturais e composição em veredas.
Thaise de Oliveira Bahia*, Yule Roberta Ferreira Nunes†,1, Maria das Dores Magalhães
Veloso†
* Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Departamento de Biologia Geral,
Universidade Estadual de Montes Claros, Cmpus Universitário Professor Darcy Ribeiro,
Caixa Postal 126, 39401-089 Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.
† Laboratório de Ecologia e Propagação Vegetal, Departamento de Biologia Geral,
Universidade Estadual de Montes Claros, Cmpus Universitário Professor Darcy Ribeiro,
Caixa Postal 126, 39401-089 Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.
1 Autor correspondente. Email: [email protected]
48
Resumo: Veredas constituem zonas de infiltração e recarga que mantêm constante a vazão
hídrica do Cerrado. O objetivo deste trabalho foi comparar a estrutura (riqueza, abundância,
área basal e distribuição de tamanhos) da comunidade arbórea em seis veredas sob diferentes
impactos ambientais. Em cada área foram distribuídas 100 parcelas de 100 m2 (6 ha), onde
foram amostrados todos os indivíduos arbustivo-arbóreos ≥ 3 cm de DAP. Foi determinada as
relações entre a vegetação e ambiente (CCA) e as preferências das espécies por áreas
específicas (ISA). A riqueza e abundância diferiram entre as áreas, assim como, variaram os
valores de área basal total, altura e diversidade. As veredas preservadas apresentaram baixa
relação com o índice de degradação, o contrário foi observado para aquelas degradadas.
Houve também uma separação em relação às espécies, com formação de agrupamentos.
Houve indicação de 99 das 168 espécies identificadas para alguma área amostral específica. A
maior proporção de espécies tolerantes à sombra e exigentes de luz foi encontrada em áreas
menos perturbadas, sendo as pioneiras mais ocorrentes nas veredas impactadas. Fica
demonstrado neste estudo que os impactos ambientais afetam a estrutura da comunidade
arbórea diminuindo a riqueza, abundância e a diversidade.
Palavras-chave: Áreas úmidas, Classes de tamanho, Composição florística, Distúrbio,
Espécies indicadoras, Estrato arbóreo, Estrutura de plantas, Grupos funcionais e Riqueza
49
Abstract: Veredas (palm swamps) are areas of infiltration and recharge to maintain a constant
water flow of the Cerrado. The objective of this study was to compare the structure (richness,
abundance, basal area and size distribution) of the arboreal community in six veredas under
different environmental impacts. In each area 100 plots of 100 m2 (6 hectares) were
distributed, where we sampled all shrubs-trees individuals of ≥ 3 cm dbh. We determined the
relationship between vegetation and environment (CCA) and the preferences of species for
specific habitats (ISA). The richness and abundance differed between areas, as well as varied
the values of total basal area, height, and diversity. The preserved areas showed low relation
to the degradation rate, the opposite was observed for those degraded. There was also a
separation among the species with the formation of clusters. There was 99 of 168 identified
species for some specific habitat. The highest proportion of shade-tolerant and light
demanding species was found in less disturbed areas, being the pioneers of higher occurrence
in the impacted veredas. It is demonstrated in this study that environmental impacts have
affected the structure of the tree community causing a decrease in richness, abundance and
diversity.
Key-words: Arboreal stratum, Disturbance, Floristic composition, Functional groups,
Indicator species, Plant structure, Richness, Size classes and Wetlands.
50
INTRODUÇÃO
Veredas são ambientes constituídos por áreas de exsudação da água acumulada a
pouca profundidade no solo, que ocorrem em áreas planas com elevações adjacentes, onde a
matriz de vegetação nativa é o cerrado (Boaventura 2007). Estas áreas constituem zonas de
infiltração e recarga, captando água da chuva, transmitindo para lençóis freáticos e mantendo
constante a vazão hídrica (Araujo et al. 2002; Ribeiro & Walter 2008). Os serviços para o
ecossistema prestados por essas áreas vão desde a regulação do escoamento e o controle da
infiltração (Egoh et al. 2008), bem como, a autodepuração das águas, a assimilação de
nutrientes e a retenção de sedimentos (Ramos et al. 2006). Tais características implicam na
formação de ecossistemas frágeis e de grande vulnerabilidade (Meirelles et al. 2004).
Nas veredas, ocorre um gradiente vegetacional complexo, que determina uma grande
riqueza de espécies associada à umidade do solo (Boaventura 2007). Essas fitofisionomias
apresentam zonas chamadas borda e meio, com vegetação herbáceo-graminosa, e fundo, com
predomínio de vegetação arbustivo-arbórea (Ribeiro & Walter 2008). Em áreas de nascentes,
a presença de espécies vegetais está aliada à umidade, apresentando valores de densidade
diferentes, assim como, a substituição das espécies de acordo com mudanças na saturação do
solo (Pinto et al. 2005).
As taxas de infiltração da água no solo das veredas vêm diminuindo pelo efeito das
degradações ambientais, levando a um déficit na reposição dos aqüíferos, redução da
fertilidade do solo, rebaixamento no nível freático e redução da vazão hídrica (Guimarães et
al. 2002). Os impactos ambientais podem ser potencializados pela ocorrência das queimadas
constantes que acontecem no Cerrado e, consequentemente, nas veredas, o que afeta a
dinâmica das populações vegetais, elevando a mortalidade de plantas lenhosas (Henriques e
Hay 2002, Hoffman e Moreira 2002). Da mesma forma, estas pressões, tendem a provocar, ao
longo dos anos, a fragmentação de habitats, bem como a formação de ambientes em estágios
51
sucessionais distintos (Odum e Barret 2007). Outra provável consequência é o decréscimo na
estrutura da comunidade, transformando o seu aspecto fisionômico de vegetação fechada, para
uma fitofisionomia aberta (Cardoso et al. 2009). Esses fatores de perturbação são um risco a
estas fitofisionomias, visto que apresentam, segundo Guimarães et al. (2002) e Oliveira et al.
(2010), baixa resiliência à medida que demonstram sensibilidade às ações antrópicas, sendo
portanto, ecossistemas de grande vulnerabilidade.
Aliados à importância e fragilidade, há uma enorme carência de estudos sobre o
ecossistema veredas. Trabalhos, que envolvem a flora e abrangem vários tipos fisionômicos
de Cerrado, incluindo áreas de veredas são escassos (Brandão & Gavilanes 1994, Silva-Júnior
& Felfili 1996, Mendonça et al. 1998). Além disto, raros são os estudos sobre a vegetação das
veredas (Araújo et al. 2002, Guimarães et al. 2002), principalmente sobre seu componente
arbóreo (Bahia et al. 2009a; 2009b).
Existem duas questões primordiais envolvendo as veredas, uma vez que, ao mesmo
tempo, estudos ecológicos básicos sobre estas fitofisionomias são praticamente inexistentes,
as pressões antrópicas sobre estes ambientes avançam de forma acelerada. Deste modo, as
ações de manejo e reabilitação das veredas não são realizadas de forma eficaz, pois não existe
o conhecimento sobre as mesmas. Neste sentido, estudos fitossociológicos e estruturais que
descrevam e analisem a vegetação são parâmetros eficientes para fornecer dados importantes
capazes de subsidiar a conservação (Durigan 2009).
Análises de vegetação são de grande importância porque as plantas, sendo produtores
primários, formam a base das cadeias tróficas e são, por isso, o alicerce dos ecossistemas e
dos habitats para outros organismos (Durigan 2009). Avaliar a vegetação é fundamental para
embasar planos de manejo adequados que levem em consideração o retorno do ambiente
perturbado ao seu estado anterior (Bentes-Gama et al. 2002). Além disto, entender o
comportamento ecofisiológico da vegetação, através dos grupos funcionais das plantas, pode
52
ajudar a explicar as mudanças na dinâmica de sucessão e, através disso, determinar o status de
regeneração das áreas (Chazdon et al. 2010).
Com a ocorrência das alterações, no caso de origem antrópica, e o desencadeamento
dos processos de sucessão, ocorre a necessidade de se entender as rotas de declínio ou
evolução das comunidades (Durigan 2009). Com base nisso, a realização de estudos que
abordem uma análise comparativa entre veredas com distintos graus de impacto e que
comparem a estrutura, a riqueza e os grupos funcionais, são importantes para descrição e
conhecimento dessas áreas, uma vez que, apresentam características singulares e encontram-
se distribuídas de forma insular dentro do Cerrado.
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi realizar uma comparação da estrutura e
fisionomia da comunidade arbórea em seis veredas sob diferentes impactos ambientais, na
Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Pandeiros, norte de Minas Gerais, através das
variações da riqueza, abundância, área basal, diversidade e composição de grupos funcionais
de regeneração. Sabendo que a composição da comunidade varia com o processo sucessional,
alguns questionamentos foram endereçados: (i) os sítios que sofreram mais ou menos
degradações assemelham entre si com relação à composição florística, riqueza e abundância?
(ii) Os sítios que sofreram mais ou menos degradações assemelham entre si com relação à
composição dos grupos funcionais? (iii) A estrutura da vereda reflete seu nível de sucessão,
ou seja, a estrutura da comunidade é alterada pelas perturbações?
53
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo e sítios de amostragem
A Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Pandeiros abrange os municípios de
Januária, Cônego Marinho e Bonito de Minas, no norte de Minas Gerais (Fig. 1). Apresenta
uma área de 393.060 ha e se encontra na região de transição dos domínios da Caatinga e do
Cerrado (Rizzini, 1997). Nesta APA foram selecionadas seis veredas que ocorrem,
principalmente, na região do alto curso do rio Pandeiros e que sofreram ações de perturbação
antrópica em diferentes níveis. Historicamente, as ações predatórias nas veredas vão desde o
corte seletivo ou plantio em pequenas áreas, até o desmatamento e drenagem completa. Após
utilização das áreas, o empobrecimento do solo, formado basicamente por areia, gerou o
abandono das mesmas.
FIGURA 1: Localização da APA do Rio Pandeiros em Minas Gerais e das veredas selecionadas neste estudo,
com seus respectivos afluentes.
54
As veredas selecionadas (Fig. 1) são conhecidas popularmente como: Água Doce (AD
– 15°13’18.7” S, 44°55’21.2” O), Almescla (AL – 15°21’37.2” S, 44°54’45.9” O), Buriti
Grosso (BG – 15°26’26.6” S, 45°3’55” O), Capivara (CA – 15°16’10.23” S, 44°51’13.6” O),
Pindaibal (PI – 15°22’30.2” S, 45°2’0,17” O) e São Francisco (SF – 15°23’4.4” S,
44°50’59.6” O).
Amostragem da vegetação
Em cada vereda foram distribuídas 100 parcelas de 10 m × 10 m (100 m2), paralelas à
calha principal do curso d’agua, totalizando 6 ha de amostragem (1 ha por vereda). As
parcelas foram dispostas, sistematicamente, distando pelo menos 10 m entre si e, para
marcação e orientação das mesmas, foi utilizada bússola com nivelamento e trena. Para
delimitação em campo, foram utilizados piquetes de PVC nos vértices das parcelas e seus
limites marcados com fio sizal.
Nas parcelas, todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com DAP (diâmetro à altura do
peito = 1,30 m do solo) ≥ 3 cm foram inventariados, e marcados com plaquetas de alumínio
numeradas, sendo aferido o CAP (circunferência à altura do peito = 1,30 m do solo),
utilizando-se fita métrica, e estimada a altura total, utilizando como parâmetro os estágios do
podão. Além disto, cada planta inventariada teve anotado seu nome específico, quando
conhecido, e coletada amostra de material vegetal para posterior identificação. A amostragem
foi realizada entre outubro de 2008 e março de 2010.
O material vegetal coletado foi tratado segundo as técnicas convencionais de
herborização (Mori et al. 1989) e depositado no Herbário Montes Claros (HMC), da
Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). A identificação do material
botânico coletado foi feita através de consulta a especialista, uso de literatura especializada e
comparações com as exsicatas tombadas no HMC e em outros herbários. Para a classificação
55
das espécies em famílias foi utilizado o sistema do Angiosperm Phylogegeny Group III (APG
III, 2009).
Análise de dados
Para qualificar o nível de alteração sofrido por cada vereda, elaborou-se um método de
avaliação visual, atribuindo-se valores às intervenções antrópicas. Foram considerados
seguintes os impactos ambientais: desmatamento, corte seletivo, pisoteio, plantio agrícola,
drenagem, barramento, estrada, voçoroca e queimada. As notas consistiram em ocorrência e
intensidade: 0, para ausência da intervenção; 1, quando ocorre intervenção em nível inferior a
50% da área; e 2, com intervenções em alto nível, afetando mais do que 50% da área. O
somatório destes valores foi utilizado para quantificar o impacto antrópico e foi nominado
como Índice de Degradação (adaptado de Santos & Vieira 2005).
As veredas amostradas foram comparadas em relação as suas características de
estrutura fisionômica: riqueza, abundância, área basal total e índice de diversidade. Além da
distribuição de tamanhos (diâmetro e altura), para isso foram preparadas distribuições das
árvores por proporção (%), em classes de altura e diâmetro (n° de indivíduos por classe/n°
total de indivíduos na área). Para o diâmetro foi empregado intervalos de classe com
amplitudes crescentes para compensar o forte decréscimo da densidade nas classes de
tamanho maiores (Botrel et al. 2002). O índice de diversidade alfa empregado foi o de
Shannon, calculado através da soma da abundância de cada espécie dividido pela abundância
total (Krebs 1994). A área basal total das áreas é o somatório da área basal de cada espécie
ocorrente na área.
As variações de riqueza e abundância, entre as veredas, e também entre as classes de
diâmetro foram avaliadas por meio de Modelo Linear Generalizado (GLM) e pós-teste
Análise de Contraste, utilizando a distribuição de Poisson e Quasi-Poisson, no software R (R
56
Development Core Team, 2005), aplicados após o teste de Kolmorgorov-Smirnov &
Lilliefors para normalidade (Zar 1996). Para riqueza e abundância foi considerado um
delineamento em blocos (parcelas) com as veredas como tratamentos.
Para determinar as relações entre a vegetação e o ambiente, realizou-se uma ordenação
das espécies através de Análise de Correspondência Canônica – CCA (Felfili et al. 2007) no
programa estatístico PCord versão 4.0 (Peck 2010). A matriz principal foi de abundância de
espécies, utilizando as áreas como parcelas e, como matriz categórica, foram utilizados os
dados estruturais de cada área: somatórios de riqueza, abundância, área basal, o índice de
diversidade alfa (Shannon) e o índice de degradação (elaborado a partir da quantidade e
intensidade de intervenções sofridas pela área).
Para determinar as preferências das espécies por áreas específicas foi realizada uma
Análise de Espécies Indicadoras - ISA (Felfili et al. 2007). Essa análise compara valores
relativos de freqüência e densidade (dados observados) de cada espécie, procurando entender
a relação entre distribuição das espécies e o habitats (Budke et al. 2008).
A partir da lista de espécies foi realizada uma classificação por grupo funcional
(guilda) de regeneração, seguindo a classificação de Swaine & Whitmore (1988), sendo: (1)
pioneiras, aquelas que necessitam de luz direta para germinar e se estabelecer; (2) clímax
exigentes de luz, aquelas cujas sementes conseguem germinar nas condições de sombra do
sub-bosques, embora os imaturos necessitem de luz abundante para crescer e atingir o dossel;
e (3) clímax tolerantes à sombra, aquelas que germinam e conseguem crescer nas condições
de sombra do sub-bosque, atingindo a maturidade sob o dossel ou no dossel da floresta. A
classificação em guildas foi feita através de consulta a especialista e literatura especializada
(Barroso et al. 1999, Carvalho 2006, Lorenzi 1992b, Lorenzi 1992b, Nunes et al. 2003,
Oliveira-Filho et al. 1997, Oliveira-Filho 2006, Oliveira-Filho & Scolforo 2008).
57
RESULTADOS
Os sítios sofreram diferentes níveis de degradação (Tab. 1), desta forma, a área
considerada mais impactada foi CA (15 pontos), que apresentou todos os impactos avaliados
em alta escala. Além da CA, em ordem decrescente de degradação estão: BG, PI, SF, AL e
AD. Esta última vereda (AD) foi considerada a menos degradada e apresentou os menores
sinais de perturbações. Em todas as veredas foram amostrados 7965 indivíduos arbustivo-
arbóreos distribuídos em 53 famílias, 102 gêneros, 165 espécies identificadas (Tab. 2) e três
não identificadas.
Tabela 1: Qualificação dos impactos ambientais mais comuns nas veredas estudadas na APA do Rio
Pandeiros (norte de Minas Gerais). AD = Água Doce; AL = Almescla; BG = Buriti Grosso; CA =
Capivara; PI = Pindaibal; SF = São Francisco; 0 = ausência do evento; 1 = ocorrência em menos do
que 50% da área; e 2 = ocorrência em mais de 51% da área. A soma das pontuações (total) representa
o nível de perturbação sofrido por cada vereda.
Intervenção AD AL BG CA PI SF Desmatamento 0 1 2 2 1 1
Corte seletivo 1 1 2 2 2 1
Pisoteio 2 1 0 1 1 1 Plantio 1 1 1 2 2 1
Drenagem 0 1 2 2 1 1
Barramento 1 0 2 0 1 1
Estrada 1 1 1 2 1 2
Voçoroca 1 1 1 2 1 1 Queimada 0 2 1 2 1 1
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1241
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2
1242
sp
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sp
3
1473
67
A riqueza e a abundância diferiram entre as áreas (p ˂ 0,01) com valores que variaram
desde 24 a 76 espécies e 602 a 2737 indivíduos. Pode-se perceber, através de análise de
contraste, que, quanto à riqueza, algumas áreas se agruparam (Fig. 2). As veredas AD e AL
não diferiram em relação à riqueza, apresentando os maiores valores, assim como BG e CA,
que mostraram as menores riquezas. Enquanto PI e SF apresentaram-se diferentes e com
riqueza intermediária comparadamente às demais áreas. Em relação à abundância, são
formados quatro agrupamentos, dois grupos são formados por PI/SF, com abundâncias
intermediárias, e BG/CA, com menores valores. Por outro lado, AL e AD apresentaram
abundância diferente entre si e maiores em relação às outras veredas, sendo que o número de
indivíduos em AL foi maior que em AD.
Figura 2: Número médio de indivíduos e espécies do componente arbóreo (com erro padrão)
amostrados em 100 parcelas (100m2) (DAP > 3 cm) em seis veredas da APA do Rio Pandeiros (norte
de Minas Gerais). AD = Água Doce; AL = Almescla; BG = Buriti Grosso; CA = Capivara; PI =
Pindaibal; e SF = São Francisco. Letras diferentes mostram valores que diferem significativamente à
5% de probabilidade pela análise de contraste.
Neste estudo a vereda AD apresentou o maior valor para área basal total (40,82 m2/ha)
(Tab. 3), enquanto o menor valor foi encontrado em CA (5,72 m2/ha). As alturas médias
variaram entre 4,31 e 11,9 m, sendo o maior em AD e menor em BG (Tab. 3). A vereda mais
68
diversa, em relação ao índice de diversidade, foi PI (H’ = 3,08), seguida de AD, SF, AL e CA,
sendo a menos diversa BG (H’= 1,81).
Tabela 3: Valores de estrutura da vegetação arbustivo-arbórea encontrados em seis veredas da APA do
Rio Pandeiros (norte de Minas Gerais). Abundância = número total de indivíduos; riqueza = número
total de espécies; área basal = o somatório da área basal de todas as espécies (m2/ha); altura = média
de altura dos indivíduos (m); Shannon (H’ ) = índice de diversidade; e Pielou (J”) = índice de
equabilidade; AD = Água Doce; AL = Almescla; BG = Buriti Grosso; CA = Capivara; PI = Pindaibal;
SF = São Francisco
Veredas Parâmetros Estruturais AD AL BG CA PI SF
Abundância 2290 2737 666 602 802 868
Riqueza 76 62 25 24 50 72
Área Basal 40,82 28,76 5,88 5,72 6,64 16,81
Altura 11,99 7,31 4,31 5,03 6,60 8,18
Shannon (H’) 2,89 2,87 1,81 2,18 3,08 2,98
Pielou (J’) 0,67 0,70 0,56 0,68 0,78 0,70
Observou-se diferença significativa entre as classes diamétricas entre as veredas (p ˂
0,001). Quanto à distribuição dos indivíduos, nas veredas AD (28,1%), AL (32,8%), BG
(38,7%) e Pl (35,4%) obedecendo à curva exponencial negativa (“J” invertido), com maior
ocorrência de indivíduos na primeira classe diamétrica (10 a 15 cm) e decréscimo nas classes
seguintes (Fig. 3). Enquanto nas veredas CA e SF, a maior concentração de indivíduos ocorre
na segunda classe diamétrica entre as veredas, com 39,5% e 32,4% dos indivíduos
amostrados, respectivamente.
69
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
>10 a 15 >15 a 25 >25 a 45 >45 a 85 >85 a 165 >165
Classes de diâmetro (cm)
Pro
porç
ão d
e in
diví
duos AD
AL
BG
CA
PI
SF
Figura 3: Estrutura horizontal dos indivíduos amostrados (DAP > 3 cm) em seis veredas da APA do
rio Pandeiros (norte de Minas Gerais). Proporção (%) de indivíduos em função das classes de diâmetro
(cm). AD = Água Doce; AL = Almescla; BG = Buriti Grosso; CA = Capivara; PI = Pindaibal; e SF =
São Francisco.
A estrutura vertical (Fig. 4), por classes de altura, demonstrou que em BG e CA há
uma maior quantidade de indivíduos com altura entre 1 e 3 m (47% e 40%, respectivamente).
Nessas áreas, poucos indivíduos maiores do que 15 m foram encontrados, sendo 3% dos
indivíduos amostrados em CA e 1% no BG. As veredas AL (40,6%), PI (37,7%) e SF (43,6%)
apresentaram a maioria dos seus indivíduos com altura entre 3 e 6 m. Em PI houve apenas
4,7% dos indivíduos maiores do que 15 m, enquanto AL e SF, áreas com vegetação de porte
maior, apresentaram 10,7% e 17%, respectivamente. A vereda AD apresentou uma
distribuição mais homogênea dos indivíduos entre as classes, sendo que a maioria apresentou
entre 6 e 12 m de altura, perfazendo 45,2% dos indivíduos amostrados e os indivíduos acima
de 15 m somaram 25,2%.
70
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1 a 3 >3 a 6 >6 a 9 >9 a 12 >12 a 15 >15 a 18 >18 a 21 >21 4 24 >24
Classes de altura (m)
Pro
porç
ão d
e in
diví
duos AD
AL
BG
CA
PI
SF
Figura 4: Estrutura vertical dos indivíduos amostrados (DAP > 3cm) em seis veredas da APA do rio
Pandeiros. Proporção (%) de indivíduos em função das classes de altura (m). AD = Água Doce; AL =
Almescla; BG = Buriti Grosso; CA = Capivara; PI = Pindaibal; e SF = São Francisco.
Os autovalores da Análise de Correspondência Canônica (CCA) foram, para o eixo 1,
0,63, para o eixo 2, 0,46, e para o eixo 3, 0,41, com variância acumulada de 31,3, 54,0 e
74,3%, respectivamente. A análise gerou eixos, que segundo o Teste de Monte Carlo, foram
significativamente relacionadas com as variáveis estruturais (p ˂ 0,01) (Tab. 4).
Tabela 4: Resultados das correlações, apresentadas na CCA, entre variáveis/eixos e entre
variáveis/variáveis. ArBa = área basal; S = riqueza; H’= Índice de Shannon; Abun = abundância; e
InDeg = Índice de Degradação.
Eixos Variáveis estruturais Variáveis Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 H' ArBa S Abun
H' 0,708 -0,514 0,475 ArBa 0,904 -0,096 -0,409 0,491 S 0,924 -0,246 0,118 0,843 0,797 Abun 0,604 -0,553 -0,567 0,439 0,890 0,632 InDeg -0,909 -0,180 0,199 -0,633 -0,873 -0,887 -0,766
71
Com isso o eixo 1 da CCA relacionou-se negativamente com o índice de degradação
e positivamente com a abundância, a riqueza, o índice de diversidade e a área basal. O eixo 2
teve relação negativa com todas as variáveis testadas, enquanto o eixo 3 foi positivamente
relacionado com a diversidade, a riqueza e o índice de degradação. As correlações entre as
variáveis × variáveis (Tab. 4) mostraram que o Índice de Degradação foi negativamente
correlacionado com as demais variáveis. A área basal mostrou-se fortemente correlacionada
com a abundância, assim como a riqueza com a diversidade, com área basal e, também, com a
abundância.
SF
PI
CA
BG
AD
AL
H'
ArBa
S
Abun
InDeg
Axis 1
Axi
s 2
Figura 5: Análise de Correspondência Canônica (CCA) correlacionando as áreas com variáveis
categóricas. AD = Água Doce; AL = Almescla; BG = Buriti Grosso; CA = Capivara; PI = Pindaibal;
SF = São Francisco; ArBa = área basal; Riq = riqueza; H’ = Índice de Shannon; Abun = abundância; e
InDeg = Índice de Degradação.
72
Sobre a relação entre os sítios e as variáveis estruturais (Fig. 5) a CCA demonstrou
que AD foi menos relacionada com o índice de degradação, já AL, SF e PI apresentaram
baixa ou quase nula correlação com esta variável. Ao contrário BG e CA apresentaram
correlação com este índice, estas mesmas áreas, apresentaram correlação negativa com área
basal, riqueza, abundância e índice de diversidade. A vereda AD não apresentou correlação
com área basal, riqueza, abundância e diversidade, seguida por AL, PI e SF. Assim,
formaram-se grupos distintos, sendo eles BG e CA, PI e SF e AD e AL distanciaram dos
mesmos e entre si.
Da mesma forma, ocorreu uma separação em relação às espécies, com aparente
formação de quatro agrupamentos (Fig. 6). Algumas espécies agregaram-se no centro dos
eixos. Tal ocorrência sugere que estas espécies agregaram em função da composição florística
das veredas. Sem, contudo, haver influencia das variáveis estruturais, outras são influenciadas
pela área basal, riqueza, abundancia e diversidade, como ocorre com Mauritia flexuosa L.f.,
Tapirira guianensis Aubl., Xylopia emarginata Mart., Coccoloba declinata (Vell.) Mart. As
espécies com maior ocorrência, em cada vereda, agruparam próximas entre si, segundo as
mesmas variáveis estruturais e níveis de degradação de cada área. Além disso, espécies como
Cecropia pachhystacya Trécul, Ludwigia elegans (Cambess. ex A.St.-Hil.) H.Hara, Ludwigia
speciosa (Brenan) Hoch, Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob., dentre outras,
classificadas como pioneiras, foram influenciadas pelo Índice de Degradação e seguiram a
direção deste vetor.
73
Figura 6: Análise de Correspondência Canônica (CCA) correlacionando as variáveis com as espécies.
Os símbolos das espécies constam na Tabela 1. AD = Água Doce; AL = Almescla; BG = Buriti
Grosso; CA = Capivara; PI = Pindaibal; SF = São Francisco; e ArBa = área basal; S = riqueza; H’ =
Índice de Shannon; Abun = abundância ; e InDeg = Índice de Degradação.
A Análise de Espécies Indicadoras (ISA) apontou que, 99 das 168 espécies amostradas
foram significativamente indicadoras de alguma área (Tab. 5). Destas, 28 espécies foram
indicadoras da vereda AD, 19 de AL, 19 de PI, 19 de SF, nove de BG e cinco de CA. As
veredas que apresentaram mais espécies indicadoras foram aquelas com menores Índices de
Degradação, sendo, portanto, consideraadas as preservadas. Algumas destas espécies (35) que
são exclusivas ocorreram em apenas uma área, mas a maioria ocorreu em duas ou mais áreas.
74
As 12 espécies com maiores valores indicadores foram amostradas nas veredas mais
preservadas, AD e AL.
A espécie com maior valor de indicação foi Callophyllum brasiliense Cambess. (88,4),
indicadora de AD. As espécies Zygia latifolia (L.) Fawc. & Rendle (79) e Tapirira obtusa
(Benth.) J.D.Mitch. (69) foram indicadoras da AL. Dentre as 28 espécies indicadoras de AD,
22 são tolerantes à sombra, quatro são exigentes de luz, uma é pioneira e uma não teve a
guilda de sucessão determinada. Na vereda da AL, 12 são tolerantes à sombra, quatro são
exigentes de luz e uma não foi determinada. Enquanto em SF, sete são tolerantes à sombra, 11
são exigentes de luz e uma é pioneira. Em PI as tolerantes à sombra foram sete, sete exigentes
de luz e cinco pioneiras. Das nove espécies indicadoras de BG cinco foram exigentes de luz,
três pioneiras e uma não determinada. CA apresentou uma exigente de luz, três pioneiras e
uma não determinada. A maior proporção de espécies tolerantes à sombra e exigentes de luz
foi encontrada em áreas menos perturbadas, enquanto as pioneiras foram, na maioria,
indicadoras das áreas mais perturbadas (veja Índice de Degradação).
75
Tabela 5: Análise de Espécies Indicadoras – ISA, das espécies amostradas em seis veredas da APA do
Rio Pandeiros. Resultados do Teste de Monte Carlo ordenadas por valores decrescentes de valor
indicador. GI = grupo indicador (área que a espécie indica); VIn = valor indicador; M = média de
indivíduos na área; DP = desvio padrão; p = valor de significância (5% de probabilidade; AD = Água
Doce; AL = Almescla; BG = Buriti Grosso; CA = Capivara; PI = Pindaibal; e SF = São Francisco
Espécie GI VIn M DP p Ocorrência Calophyllum brasiliense AD 88,4 5,4 1,1 0,0002 AD, AL e SF Zygia latifolia AL 79,0 5,0 1,1 0,0002 AL e SF Tapirira obtusa AL 69,0 4,2 1,0 0,0002 AL Xylopia emarginata AD 54,0 7,9 1,2 0,0002 AD, AL, CA e PI Zollernia ilicifolia AD 45,0 3,2 1,0 0,0002 AD e AL Croton urucurana AL 39,6 3,3 1,0 0,0002 AD, AL e SF Dendropanax cuneatus AD 38,1 3,3 0,9 0,0002 AD e AL Calyptranthes brasiliensis AD 37,0 2,8 0,9 0,0002 AD Styrax camporum AL 33,6 3,1 0,9 0,0002 AD e AL Calyptranthes widgreniana AD 32,0 2,6 0,9 0,0002 AD e CA Styrax pohlii AL 29,5 3,5 1,0 0,0002 AD, AL, PI e SF Garcinia brasiliensis AD 29,4 2,8 0,9 0,0002 AD e AL Ilex paraguariensis PI 27,7 3,1 1,0 0,0002 AL, PI e SF Miconia sp BG 27,4 5,0 1,1 0,0002 AD, AL, BG, CA, PI e SF Byrsonima pachyphylla BG 27,3 7,6 1,3 0,0002 AD, AL, BG, CA e SF Myracrodruon urundeuva SF 27,2 7,8 1,3 0,0002 CA e SF Hieronyma alchorneoides AL 26,4 4,1 1,0 0,0002 AD, AL e SF Cecropia pachystachya BG 26,3 9,4 1,4 0,0002 AD, AL, BG, CA, PI e SF Tapirira guianensis AL 25,1 11,8 1,3 0,0002 AD, AL, BG, CA, PI e SF Huberia sp AL 24,0 2,2 0,8 0,0002 AL Vernonanthura phosphorica CA 23,0 3,5 1,0 0,0002 AL, BG, CA, PI e SF Myrcia guianensis PI 22,8 2,0 0,8 0,0002 BG e PI Orbignya oleifera SF 22,1 2,0 0,8 0,0002 SF Nectandra membranacea AD 20,2 2,4 0,8 0,0002 AD e PI Xylopia aromatica SF 19,9 2,0 0,8 0,0002 AD, AL e SF Mauritia flexuosa AD 18,8 6,5 1,1 0,0002 AD, AL, BG, CA, PI e SF Miconia albicans BG 17,4 2,5 0,9 0,0002 BG e CA Copaifera coriacea BG 16,7 1,7 0,8 0,0002 BG Ficus obtusiuscula AD 15,9 3,6 0,9 0,0002 AD, AL, CA, PI e SF Nectandra grandiflora PI 15,6 1,8 0,8 0,0002 CA e PI Ladenbergia cujabensis AL 15,3 3,6 1,0 0,0002 AD, AL e PI Ludwigia speciosa CA 14,3 1,5 0,7 0,0002 CA Ludwigia elegans PI 13,4 2,7 0,9 0,0002 AL, BG, CA, PI e SF Inga laurina AD 13,4 1,7 0,8 0,0002 AD e AL Inga vera AD 12,3 2,3 0,8 0,0002 AD, AL e SF Curatella americana CA 12,2 1,8 0,8 0,0002 CA e SF Myrcia pulchra PI 12,0 1,5 0,8 0,0002 PI Miconia sellowiana AL 10,6 1,8 0,8 0,0002 AL e SF Protium brasiliense AD 10,6 2,1 0,8 0,0002 AD, AL e SF Handroanthus chrysotrichus AD 10,5 1,9 0,8 0,0002 AD e PI Bauhinia rufa PI 10,3 1,8 0,8 0,0002 AD e PI
Continua...
76
Continuação da Tabela 5: Espécie GI VIn M DP p Ocorrência Chionanthus crassifolius AD 10,0 1,4 0,7 0,0002 AD Blepharocalyx salicifolius PI 9,9 1,7 0,8 0,0002 AD e PI Miconia latecrenata AL 9,0 1,4 0,7 0,0002 AL Sapium obovatum PI 8,0 1,2 0,6 0,0002 PI Byrsonima coccolobifolia PI 7,7 1,4 0,7 0,0002 AL e PI Richeria grandis PI 7,6 3,1 1,0 0,0032 AD, AL, PI e SF Inga marginata AD 7,0 1,3 0,7 0,0002 AD Coccoloba declinata AD 6,9 2,0 0,8 0,0008 AD, AL e PI Myrcia splendens SF 6,7 1,8 0,9 0,0014 AD, PI e SF Protium spruceanum AD 6,3 1,7 0,7 0,0002 AD e AL Miconia chartacea AL 6,0 1,2 0,6 0,0002 AL Posoqueria latifolia AD 6,0 1,2 0,7 0,0004 AD Ficus citrifolia AD 5,8 1,4 0,7 0,0004 AD e SF Hedyosmum brasiliense AL 5,7 1,5 0,7 0,0008 AL e SF Hirtella gracilipes SF 5,6 2,1 0,8 0,004 AD e SF Guarea macrophylla AL 5,4 1,7 0,7 0,0012 AD, AL e PI Astronium fraxinifolium SF 5,3 1,1 0,6 0,0004 SF Dilodendron bipinnatum SF 5,3 1,1 0,6 0,0008 SF Nectandra nitidula SF 5,3 1,1 0,6 0,001 SF Pera glabrata SF 5,3 1,2 0,7 0,0008 SF Persea willdenowii SF 5,3 1,2 0,7 0,0004 SF Baccharis serrulata PI 5,3 1,1 0,6 0,0006 PI Mauritiella armata AL 5,3 2,2 0,9 0,008 AD, AL e PI Siparuna reginae SF 5,1 1,7 0,8 0,0042 AD, AL e SF Annona crassiflora BG 4,8 1,1 0,6 0,0012 BG Cedrela odorata PI 4,7 1,3 0,7 0,0006 AD e PI Myrcia venulosa SF 4,6 1,2 0,7 0,0018 AL e SF Psidium guajava BG 4,6 1,4 0,8 0,0052 BG, CA e SF Styrax latifolius AL 4,3 1,2 0,6 0,001 AD e AL Terminalia glabrescens SF 4,2 1,1 0,6 0,0018 SF Bauhinia cheilantha AD 4,2 1,2 0,7 0,0044 AD, AL e PI Piper gaudichaudianum SF 4,0 1,3 0,7 0,0038 AL, PI e SF Qualea dichotoma PI 4,0 1,0 0,7 0,0052 PI Solanum lycocarpum CA 4,0 1,4 0,7 0,0094 BG e CA Erythroxylum deciduum AD 4,0 1,4 0,7 0,0084 AD, BG e SF Protium widgrenii AD 4,0 1,1 0,6 0,0046 AD Guarea kunthiana AD 3,9 1,6 0,7 0,0154 AD e AL Hirtella glandulosa SF 3,6 1,5 0,7 0,0162 AD e SF Sloanea stipitata SF 3,6 1,7 0,8 0,0236 AD, AL e SF Tibouchina sp CA 3,6 1,5 0,8 0,0194 CA, PI e SF Ouratea hexasperma BG 3,6 1,0 0,7 0,0108 BG Coccoloba mollis SF 3,2 1,0 0,6 0,0142 SF Davilla elliptica SF 3,2 1,0 0,7 0,017 SF Zanthoxylum riedelianum SF 3,2 0,9 0,6 0,012 SF Sparattosperma leucanthum AL 3,2 1,7 0,7 0,0386 AD, AL, PI e SF Marlierea angustifolia AL 3,0 1,0 0,6 0,0254 AL Emmotum nitens AD 3,0 1,0 0,6 0,027 AD Guarea guidonia AD 3,0 1,0 0,6 0,0282 AD Talauma ovata AD 3,0 1,0 0,7 0,0304 AD sp.2 AD 3,0 1,0 0,7 0,0304 AD
Continua...
77
Continuação da Tabela 5: Espécie GI VIn M DP p Ocorrência Byrsonima crassa PI 2,7 0,9 0,6 0,0196 PI Senna splendida PI 2,7 0,9 0,6 0,019 PI Erythroxylum citrifolium PI 2,6 1,2 0,7 0,0442 AD e PI Psidium rufum BG 2,5 1,1 0,7 0,0374 AL e BG Bauhinia acuruana PI 2,1 1,0 0,6 0,0432 AD e PI Ilex theezans PI 2,1 1,0 0,6 0,0394 AL e PI Byrsonima intermedia PI 1,9 1,0 0,6 0,0464 AL e PI
78
DISCUSSÃO
As grandes variações em estrutura e composição entre as áreas estudadas, com
amostragem e metodologia similar, refletem as diferenças das variáveis estruturais em relação
às intervenções antrópicas sofridas pelas veredas. As veredas que sofreram maiores
perturbações foram aquelas que tiveram sua estrutura arbórea com menores valores,
principalmente as veredas Buriti Grosso (BG) e Capivara (CA), observando abundância,
riqueza, área basal, altura, diversidade e equabilidade. Assim, os impactos podem afetar a
estrutura da comunidade de forma a diminuir sua biomassa, estrutura e diversidade.
Distúrbios são apontados também por Oliveira-Filho et al. (2007) e por Ney-Nifle & Mangel
(2000), como principal causa de instabilidade em florestas tropicais, assim como em
fragmentos da floresta amazônica (Michalski et al. 2007).
Nesse sentido, é provável que as influências da diminuição do número de espécies e da
composição de grupos funcionais possam reduzir a diversidade funcional dos ecossistemas,
afetando também a produtividade vegetal (Tilman et al. 1997). Pode existir outras importantes
conseqüências, visto que, fatores de degradação também levam à fragmentação, à perda do
habitat e a redução da biodiversidade (Fahrig 2003). Assim, as alterações na estrutura e
dinâmica da comunidade arbórea desencadeiam mudanças biológicas drásticas (Nunes et al.
2003, Oliveira-Filho et al. 2007). Em outros casos, pode ocorrer o aumento da riqueza
provocado pela invasão de espécies exóticas, como descrita por Meirelles et al. (2004) em
uma vereda antropizada no Triangulo Mineiro. Porém, a longo prazo, a invasão por exóticas e
o estabelecimento dessas plantas pode provocar perda da diversidade em decorrência do poder
de dominância das mesmas (Gurevitch et al. 2009). Assim, as alterações levam à
fragmentação dos habitats e acarretam em diversas conseqüências deletérias aos ecossistemas,
tanto em curto, quanto à longo prazos (Fahrig 2003; Chazdon et al. 2010).
79
As diferenças entre riqueza e abundância também mostraram os efeitos deletérios do
impacto ambiental. Segundo Tilman et al. (1997), quanto mais degradada for uma área, menor
será sua riqueza. De fato, as áreas mais ricas e com maior abundância foram consideradas,
neste estudo, como as menos perturbadas (AD e AL), e, em ordem decrescente, estão as
intermediárias (SF e PI) e por último as que sofreram mais intervenções (CA e BG). Para
Santos & Vieira (2005), a diferença na riqueza de espécies entre áreas pode estar relacionada
ao histórico de perturbação que as comunidades sofreram. Muitas espécies podem ter sua
estrutura tão afetada que podem ser localmente extintas (Ney-Nifle & Mangel 2000).
Em florestas em estágio clímax, deve haver uma distribuição diamétrica na qual
ocorram mais árvores no estoque em crescimento, chamado de distribuição de tamanhos
semelhante à curva do tipo exponencial negativa – J-invertido (Gomide et al. 2009). Este tipo
de distribuição não foi encontrado em todas as áreas estudadas. As veredas CA e SF tiveram
sua estrutura diamétrica diferente do tipo J-invertido, não havendo um estoque maior de
plantas na primeira classe diamétrica. Processos de degradação, como desmatamento e/ou
queimadas, podem causar falhas na estrutura de tamanhos, tanto pela indução da regeneração
natural (ativação do banco de sementes e de plântulas), como pela diminuição da chuva de
sementes, em conseqüência da morte das matrizes fornecedoras de propágulos (Martins et al.
2009). De qualquer forma, a regeneração natural das áreas é prejudicada, visto que fica
comprometida a capacidade de sustentação das produções futuras, como também a renovação
dos recursos florestais para compensar os efeitos de mortalidade natural (Gomide et al. 2009).
Quanto mais elevada a proporção de indivíduos com alta área basal, mais antiga é considerada
a floresta (Scolforo, et al. 1998; Nunes et al. 2003). Assim, as veredas AD e AL são as
formações arbóreas em estágios sucessional mais avançados.
A estrutura horizontal, que descreve a altura da floresta, e pode ser resultado da
interação de fatores bióticos e abióticos (Condit et al. 1998), também mostrou diferenças
80
entre as áreas. Geralmente, a regeneração ocorre em direção a maior complexidade de formas
(Rondon-Neto et al. 2000) e espera-se que a estratificação torne-se mais complexa em áreas
de estágios maduros (Nunes et al., 2003) Desta forma, nas veredas mais degradadas
ocorreram mais indivíduos nas primeiras classes, demonstrando que essas florestas estão em
regeneração e seus indivíduos estão crescendo. Segundo Guretvicth et al. (2009) e Nunes et
al. (2003), áreas florestais que sofreram maiores perturbações, apresentam maior densidade de
árvores finas e baixas, caracterizando estádio de regeneração inicial, sendo que áreas que
sofreram menores distúrbios no passado mostram maior densidade de árvores altas e de
diâmetros maiores. Assim, nas veredas BG e CA ocorreram poucos induvíduos altos, ao
contrário das áreas mais preservadas, principalmente em AD, onde há mais indivíduos a partir
da terceira classe de altura.
A CCA agrupou áreas mais perturbadas e separou as veredas impactadas em médio e
baixo nível. Isso ocorreu tanto nas relações entre variáveis estruturais × espécies, quanto nas
variáveis estruturais × áreas. Desta forma, há uma separação que parece ser influenciada pela
estrutura pós-distúrbio. As conseqüências das perturbações na estrutura da comunidade
retratam o status sucessional de cada área, já que, o aumento da diversidade e da
produtividade vegetal são antagônicos ao aumento dos impactos ambientais (Gurevitch et al.
2009, Primack 2006). Sobre isso, Pereira et al. (2005) sugerem que alterações de baixo
impacto não afetam completamente a estrutura florestal, por isso, possivelmente, houve um
grupo formado pelas veredas alteradas em médio nível e a separação das mais preservadas.
As características das espécies também corroboram essa hipótese, a maioria das
espécies pioneiras é indicadora de áreas impactadas (Oliveira-Filho & Scolforo 2008). A
proporção por guildas de regeneração também respondeu ao índice de degradação, ou seja, há
mais espécies tolerantes à sombra em áreas menos impactadas e mais pioneiras em áreas
perturbadas. A sucessão em florestas pode ocorrer como mosaico de unidades em diferentes
81
estágios, resultados de processos naturais de perturbação (Gurevitch et al. 2009, Martins et al.
2009). Assim, é natural a presença de espécies pioneiras em todas as áreas, mesmo que em
baixa densidade nas áreas preservadas, característica da dinâmica natural de sucessão em
qualquer floresta. Desta forma, embora ocorram determinadas áreas estáveis, nelas podem
ocorrer manchas que estão em processo sucessional (Whitmore 1990).
Fica demonstrado neste estudo que os impactos ambientais sofridos pelas veredas
afetaram a estrutura da comunidade arbórea diminuindo a riqueza, abundância e a
diversidade. Por conseqüência, principalmente em lugares apontados como de baixa
resiliência, os outros aspectos naturais de áreas de nascentes são prejudicados, neste caso, o
abastecimento hídrico. As perturbações provocaram modificações também na composições de
espécies, visto que a proporção das mesmas quanto aos grupos funcionais é diferente entre os
sítios. Houve mais espécies pioneiras em áreas perturbadas e essa proporção diminui
juntamente com os impactos ambientais. É plausível pensar que a estrutura da vereda reflete
seu estágio sucessional. Sendo assim, no caso dessas veredas e dos resultados encontrados
quanto às suas estruturas, que algumas estão em fase inicial de regeneração, caso de CA e
BG; outras em estado intermediário (PI e SF) e as veredas AD e AL são as que representam o
estágio mais avançado desse tipo de fitofisionomia. Além disso, sendo as veredas pouco
estudadas, é de importância impar este trabalho, tanto para aumentar o conhecimento sobre a
ecologia desses ambientes, como para contribuir subsidiando ações de restauração e manejo.
82
AGRADECIMENTOS
Ao NIEA-NM (Núcleo Interinstitucional de Estudos Ambientais do Norte de Minas;
Programa Vereda Viva) da Promotoria de Defesa da Bacia do Rio São Francisco – Sub-Bacia
do Rio Verde Grande e Pardo de Minas e ao CNPq (processo 478779/2009-7) pelo
financiamento do projeto. À FAPEMIG pela concessão das bolsas de mestrado de T. O. Bahia
e de BIPDT de Y. R. F. Nunes. Ao IEF-MG (Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais)
pelo apoio logístico, principalmente a Walter V. Neves, Helen D. Faria, Ricardo A. Souza,
Jairo Viana e Valeriano O. Silva. Ao Dr. Rubens Manoel dos Santos pela identificação do
material botânico e auxílio na classificação das espécies em guildas de regeneração. Aos
estagiários do Laboratório de Ecologia e Propagação Vegetal da UNIMONTES,
principalmente a Marly Antonielle de Ávila, pelo auxílio no trabalho de campo; e a
UNIMONTES pelo apoio logístico.
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90
Conclusão Geral
Neste estudo, foi observado que as perturbações antrópicas provocam mudanças na
composição natural das veredas, através da diminuição e perda de espécies, redução da
biomassa e modificações na estrutura da comunidade arbórea, uma vez que houve diferenças
em relação à riqueza, a abundância e a diversidade de árvores entre as veredas em diferentes
estágios de conservação. Assim, a estrutura das comunidades amostradas reflete o nível de
sucessão de cada área.
Os resultados da estrutura obtida do componente arbustivo-arbóreo, demontraram que
algumas estão em fase inicial de regeneração, como Capivara e Buriti Grosso, outras em
estado intermediário (Pindaibal e São Francisco) e as veredas Água Doce e Almescla que
representaram o estágio mais avançado desse tipo de fitofisionomia encontrada na APA do
Rio Pandeiros.
Desta forma, foi possível observar ainda que as seis veredas apresentaram composição
florística bastante divergente, com apenas quatro espécies comuns à todos os ambientes.
Porém, de acordo com os níveis de perturbação, as veredas se assemelham entre si nos
parâmetros riqueza, abundância, diversidade e composição florística. Essa semelhança
também é encontrada com relação às proporções de espécies por grupos funcionais, as áreas
mais perturbadas possuem como indicadoras as espécies pioneiras, e, ao contrário, nos
ambientes menos degradados, as espécies de guildas de regeneração clímax, são as
indicadoras.
Além disso, embora apresentem enorme importância ecológica, pouco se sabe sobre a
composição e diversidade da comunidade vegetal das veredas, principalmente do componente
arbóreo. Foram registradas aqui espécies não descritas para esta fitofisionomia e, sequer,
haviam sido descritas para o Cerrado. Sendo assim, é de grande importância a descrição da
flora e da estrutura, realizada neste trabalho, sobretudo para as ações de conservação, manejo
e recuperação, que podem ser requeridas em curto prazo nesses ambientes.
91
Anexos
Anexo 1: Detalhe da Vereda da Água Doce, APA do Rio Pandeiros, Bonito de Minas (MG).
Anexo 2: Detalhe da Vereda da Almescla, APA do Rio Pandeiros, Bonito de Minas (MG).
92
Anexo 3: Detalhe da Vereda do Buriti Grosso, APA do Rio Pandeiros, Januária (MG).
Anexo 4: Detalhe da Vereda da Capivara, APA do Rio Pandeiros, Bonito de Minas (MG).
93
Anexo 5: Detalhe da Vereda do Pindaibal, APA do Rio Pandeiros, Januária (MG).
Anexo 6: Detalhe da Vereda do São Francisco, APA do Rio Pandeiros, Bonito de Minas (MG).
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