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VARIABILIDADE DOS BALANÇOS DE UMIDADE E CALOR DO SISTEMA DE MONÇÃO DA AMÉRICA DO SUL E RELAÇÃO COM FENÔMENOS ATMOSFÉRICOS DE BAIXA FREQUÊNCIA Projeto submetido em resposta ao Edital MCT/CNPq 14/2010 Universal – Faixa A – até R$ 20.000,00 Pesquisador responsável/coordenador : Sâmia Regina Garcia, Dra. em Meteorologia, Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), 37500-903, Itajubá, MG, Brasil. E-mail: [email protected] Pesquisador colaborador : Mary Toshie Kayano, Dra. em Meteorologia, Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 12227-010, São José dos Campos, SP, Brasil. E-mail: [email protected] Itajubá/MG, Julho de 2010

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VARIABILIDADE DOS BALANÇOS DE UMIDADE E CALOR DO SISTEMA

DE MONÇÃO DA AMÉRICA DO SUL E RELAÇÃO COM FENÔMENOS

ATMOSFÉRICOS DE BAIXA FREQUÊNCIA

Projeto submetido em resposta ao Edital MCT/CNPq 14/2010

Universal – Faixa A – até R$ 20.000,00

Pesquisador responsável/coordenador:

Sâmia Regina Garcia, Dra. em Meteorologia, Instituto de Recursos Naturais da

Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), 37500-903, Itajubá, MG, Brasil. E-mail:

[email protected]

Pesquisador colaborador:

Mary Toshie Kayano, Dra. em Meteorologia, Centro de Previsão de Tempo e Estudos

Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 12227-010,

São José dos Campos, SP, Brasil. E-mail: [email protected]

Itajubá/MG, Julho de 2010

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RESUMO

Com este projeto pretende-se investigar as características dos balanços de umidade e

calor para a região do Sistema de Monção da América do Sul (SMAS) em duas fases da

Oscilação Decenal do Pacífico (PDO, em inglês). Os termos dos balanços serão

calculados com dados da Reanálise e, com eles, uma climatologia mensal para cada fase

será feita. A técnica de Funções Ortogonais Empíricas (EOF, em inglês) será aplicada

nas anomalias dos termos de resíduo e diabático nos períodos de 1958-1976 e 1977-

1995, fase fria e quente da PDO, respectivamente, para obtenção dos modos dominantes

de tais termos. Análise de compostos das anomalias de Temperatura da Superfície do

Mar (TSM), pressão ao nível do mar, ω em 500hPa, água precipitável e temperatura do

ar em 850 hPa será feita para casos selecionados através dos cálculos das EOF dos

termos de resíduo e diabático. A seleção dos casos dar-se-á através dos valores

limítrofes máximos e mínimos de desvio padrão encontrados nas componentes

principais dos modos que explicam a maior parte da variância total. As composições

serão executadas para primavera, verão, outono e inverno, pois, assim, a análise é feita

no período, seco, chuvoso e nas estações de transição do SMAS. Ainda, as séries de

componentes principais dos modos encontrados que explicam a maior parte da variância

total serão correlacionadas com as séries das anomalias de TSM nas regiões do Pacífico

e do Atlântico. Portanto, com a realização desse projeto ter-se-á a possibilidade de um

melhor monitoramento climático, em virtude das fases da PDO, dos aspectos

atmosféricos e oceânicos relacionados ao ciclo de vida do SMAS.

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SUMÁRIO

Pág.

1 - INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................... 4 2 - OBJETIVOS ........................................................................................................ 10 3 - DADOS E METODOLOGIA .............................................................................. 11 3.1 Dados .................................................................................................................... 11 3.2 Metodologia .......................................................................................................... 11 3.2.1 Balanço de umidade ........................................................................................... 12 3.2.2 Balanço de calor ................................................................................................. 13 3.2.3 Climatologia e EOF ............................................................................................ 14

4 - PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO ............................................ 17 5 - CRONOGRAMA ................................................................................................. 18 6 - ORÇAMENTO .................................................................................................... 19 7 - DESCRIÇÃO DO ORÇAMENTO E JUSTIFICATIVAS ................................. 19 8 - PLANO DE ESTUDO DO BOLSISTA ............................................................... 21 8.1 Etapas ................................................................................................................... 21 8.2 Cronograma .......................................................................................................... 22

9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 22

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1 – INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O estudo dos aspectos climáticos de um modo geral é de grande importância para as

atividades humanas e, assim, o conhecimento da maneira com que o mesmo se altera,

em escala regional ou global, é muito relevante para os setores econômicos, agrícolas,

pesqueiros, industriais, energéticos, entre outros. Assim, entendendo os mecanismos

associados com a variabilidade do clima, faz-se possível uma maior troca de

informações com os setores administrativos, industriais e para a população em geral

através do fornecimento de subsídios necessários para se tentar lidar com seus efeitos.

Desse modo, importantes implicações sócio-econômicas são obtidas através do estudo e

do monitoramento da variabilidade climática.

A variável meteorológica de maior interesse para a sociedade em geral é a chuva, pois,

sua ocorrência, dependendo da população atingida e da intensidade, pode trazer

conseqüências benéficas ou, até mesmo, catastróficas, se a ocorrência se der em sua

maneira mais extrema. Logo, a indiscutível importância do clima e dos estudos

climáticos torna-se mais acentuada quando se associa ao contexto da chuva e, um

melhor entendimento das características dessa variável, assim como da estação chuvosa,

beneficia as pessoas que dependem dessas informações, principalmente os setores

operacionais de previsão climática.

Nesse âmbito de estação chuvosa e no que concerne à América do Sul, sabe-se que sua

região tropical concentra grande parte da energia do planeta, sendo conhecida como um

dos três centros convectivos mais ativos e intensos do globo (Riehl, 1954). A maior

radiação incidente desencadeia processos físicos, tais como o aumento da liberação de

calor sensível, o que resulta em convecção intensa e, assim, uma maior liberação de

calor latente, sendo a mesma a principal fonte de energia para os distúrbios tropicais. A

liberação de calor latente convectivo é o mecanismo principal para a circulação

atmosférica tropical de grande escala (Webster, 1972). Em adição a essa característica

convectiva da América tropical, tem-se que o maior componente dos regimes de

precipitação de verão da América do Sul é o sistema monçônico. Este desenvolve sobre

regiões continentais de baixas latitudes em resposta a mudanças sazonais no contraste

térmico entre o continente e regiões oceânicas adjacentes, chamado Sistema de Monção

da América do Sul (SMAS). Embora o SMAS não apresente a reversão da direção dos

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ventos, característica típica de um regime monçônico clássico, como no leste da Ásia e

na Índia, o mesmo mostra outros aspectos característicos de um clima monçônico, como

o ciclo sazonal de precipitação sobre grande parte do continente com grandes contrastes

entre verão e inverno que é do tipo-monção (Rao et al., 1996; Zhou e Lau, 1998; Gan et

al., 2004; Grimm et al., 2005).

Vários trabalhos têm estudado o ciclo de vida da precipitação associada ao SMAS

(Kousky, 1988; Horel et al., 1989; Rao et al., 1996; Marengo et al., 2001; Gan et al.,

2004; Vera et al., 2006; Garcia e Kayano, 2009a), o qual inclui uma fase úmida que se

inicia na Amazônia equatorial durante a primavera austral, se propaga rapidamente para

leste e sudeste. No verão, a principal atividade convectiva, sobre o Brasil central, está

relacionada à Zona de Convergência do Atlântico Sul. A fase de dissipação do SMAS

inicia-se no outono, quando a precipitação intensa sobre a Amazônia diminui e migra

gradualmente para noroeste.

Nesse contexto, como a região da América tropical é uma grande fonte de calor para a

atmosfera, a análise do ciclo de vida relacionada ao SMAS em termos do balanço de

umidade e calor configura-se de grande relevância, já que as mudanças de fase da água

são importantes fontes ou sumidouros de energia na atmosfera tropical, onde a

condensação de grande quantidade de vapor d’água leva à liberação de grande

quantidade de energia, que é o calor latente de condensação. Yanai et al. (1973)

introduziram um método para o cálculo da fonte aparente de calor (Q1) e do sumidouro

aparente de umidade (Q2), obtidos, respectivamente, como resíduos dos balanços de

calor e umidade em grande escala dados por:

pV

tppcQ

pcR

p .

/

01 e

pqqV

tqLQ .2 , em que é a temperatura potencial, q é a razão de

mistura do vapor d’água, V é a velocidade horizontal, é a velocidade vertical em

coordenadas de pressão, p é a pressão, R é a constante dos gases, pc é o calor

específico à pressão constante do ar seco, mbp 10000 e L é o calor latente de

condensação. Assim, uma comparação entre a distribuição horizontal e vertical de Q1 e

Q2 indicaria a natureza do processo termodinâmico avaliado. Logo, se o aquecimento

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em alguma região for principalmente devido ao processo de condensação, os valores de

Q1 e Q2 são similares.

Yanai e Tomita (1998), usando as reanálises do “National Centers for Environmental

Prediction - National Center for Atmospheric Research” (NCEP-NCAR), determinaram

as distribuições de fontes de calor e sumidouros de umidade (Q1 e Q2, respectivamente)

entre 50ºN e 50ºS para um período de 15 anos (1980-1994). Eles examinaram a

variabilidade sazonal e interanual de Q1 e Q2 e os mecanismos associados ao

aquecimento atmosférico sobre várias regiões do globo. Seus resultados mostraram que

no inverno do HN as principais fontes de calor são observadas sobre uma ampla zona

que conecta o oceano Índico tropical, a Indonésia e a Zona de Convergência do Pacífico

Sul (i), sobre o Congo e a Bacia Amazônica (ii) e próximo à costa oeste da Ásia e da

América do Norte (iii). As regiões desérticas, como o Saara, são caracterizadas por um

intenso aquecimento sensível próximo a superfície com um forte resfriamento radiativo

na média e alta troposfera. O aquecimento latente da atmosfera em virtude da formação

das atividades convectivas sobre os oceanos tropicais fornece as maiores fontes de calor

para a atmosfera. O resfriamento radiativo e o umedecimento da atmosfera devido à

evaporação são os aspectos dominantes sobre os oceanos subtropicais. Eles encontraram

também que os perfis verticais de Q1 e Q2 sobre o Brasil no verão, primavera e outono

são positivos, com o pico de Q1 em 400-600 hPa e o de Q2 em 700-850 hPa, indicando a

presença de um transporte vertical convectivo.

Quanto ao balanço de umidade, Rao et al. (1996) observaram que um aumento de

umidade na região central do Brasil no mês de outubro com um máximo em janeiro é

devido à incursão de umidade da Bacia Amazônica. Sendo assim, eles concluíram que a

Bacia Amazônica é a principal fonte de umidade para o Brasil central e, ainda, que o

oceano Atlântico é a principal fonte de umidade para a Bacia Amazônica, com a alta

subtropical do Atlântico Sul desempenhando papel importante no transporte de umidade

para o continente, também observado por Doyle e Barros (2002). Consistentemente,

Drumond et al. (2008) identificaram as principais fontes de umidade sobre o Brasil

Central através de um novo método diagnóstico Lagrangiano para o período de 2000 a

2004. Eles notaram que, principalmente durante o verão, o Atlântico tropical sul é uma

importante fonte de umidade para o Brasil central e que o Atlântico tropical norte é uma

fonte adicional de umidade para essa região. Entretanto, o papel do Atlântico tropical

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norte parece estar condicionado aos meses de análise já que, Arraut and Satyamurty

(2009) mostraram que o Atlântico tropical norte é a principal fonte de umidade para a

precipitação da Bacia Amazônica e dos subtrópicos da América do Sul de dezembro a

março.

Portanto, uma análise conjunta dos balanços de umidade e calor para a região do SMAS

em termos do seu ciclo de vida é importante, visto que as variáveis de umidade e

temperatura determinam as principais características relacionadas à ocorrência de

precipitação. No que concerne a tal ocorrência de precipitação, outro aspecto de grande

relevância é sua escala de variabilidade. Vários trabalhos analisaram tais escalas de

variabilidade da precipitação na América do Sul e alguns estudos têm mostrado a

existência de modos de variabilidade de baixa freqüência na precipitação do continente,

dos quais, a maioria, relaciona a mudança na precipitação com variações regionais e

globais de Temperatura da Superfície do Mar (TSM; i.e., Zhou e Lau, 2001; Nogués-

Paegle e Mo, 2002; Marengo, 2004; Andreoli e Kayano, 2005; Kayano e Andreoli,

2007).

Um desses modos de variabilidade de baixa freqüência é a Oscilação Decenal do

Pacífico (PDO, em inglês). A PDO é um padrão dominante de variabilidade sobre o

oceano Pacífico identificada por cientistas nos fins da década de 90, com os padrões

anômalos relacionados à PDO de TSM, Pressão ao Nível do Mar (PNM) e vento em

superfície no Pacífico bastante similar aos padrões correspondentes ao modo El Niño –

Oscilação Sul (ENOS; Mantua et al., 1997; Zhang et al., 1997; Garreaud e Battisti,

1999; Mestas-Nuñez e Enfield, 2001), entretanto possui maiores amplitudes em

latitudes médias do que em latitudes baixas e uma maior extensão meridional das

anomalias equatoriais (Mantua et al., 1997). A fase positiva (regime quente) da PDO é

caracterizada por um sistema de baixa pressão Aleutiana anomalamente profunda,

anomalias negativas de TSM nas partes central e oeste do Pacífico norte e anomalias

positivas de TSM ao longo da costa oeste das Américas, assim como no Pacífico

tropical central e leste (e.g., Mantua et al. 1997). A fase negativa (regime frio) da PDO

apresenta padrões quase reversos.

Assim, a escolha da escala temporal de variabilidade da PDO para o presente projeto

justifica-se em virtude de sua importância no cenário climático atual (tópico pouco

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explorado por ter sido identificado recentemente), assim como pela semelhança na sua

configuração espacial quando comparada ao ENOS. Mantua et al. (1997) definiram um

índice através do qual se tem fase fria (quente) da PDO nos períodos de 1900-1924 e

1947-1976 (1925-1946 e 1977 a meados da década de 1990).

Nesse contexto, vários autores têm mostrado que a PDO cria condições favoráveis para

modular tais fenômenos de mais alta freqüência (Gershunov e Barnett, 1998; Gutzler et

al., 2002; Chelliah e Bell, 2004; Andreoli e Kayano, 2005; Kayano e Andreoli, 2007).

Andreoli e Kayano (2005) observaram que, anomalias negativas de precipitação de

verão relacionadas ao El Niño sobre a América do Sul, em particular no seu setor

noroeste, mostram maiores magnitudes para a fase quente da PDO quando comparada à

fase fria da mesma. Consistentemente, Kayano e Andreoli (2007) notaram que os efeitos

do ENOS sobre a precipitação na América do Sul são mais fortes (fracos) quando PDO

e ENOS estão na mesma fase (em fases opostas). Esses resultados foram confirmados

por Kayano et al. (2009) visto que, através de correlações de índices de TSM com

anomalias de precipitação, eles encontraram que a relação negativa (positiva) do El

Niño (La Niña) com a precipitação no nordeste da América do Sul e positiva (negativa)

com a precipitação no sudeste da América do Sul são mais fortes no período de 1977-

2002 quando comparado ao período de 1948-1976.

Adicionalmente, variações decenais e tendências de longo prazo têm sido documentadas

para parâmetros hidrometeorológicos na América do Sul (Dias de Paiva e Clarke, 1995;

Krepper e Sequeira, 1998; Robertson e Mechoso, 1998; 2000; Zhou e Lau, 2001;

Nogués-Paegle e Mo, 2002; Chelliah e Bell, 2004; Marengo, 2004; Kayano e Andreoli,

2004; Andreoli e Kayano, 2005). Zhou e Lau (2001) encontraram um modo decenal de

precipitação de verão austral com as maiores correlações sobre o noroeste da América

do Sul e anomalias de sinais opostos sobre o nordeste do Brasil para o período de 1979-

1995. Vários autores notaram um aumento de precipitação sobre a bacia Amazônica

durante o período de 1980-1990 relativo ao período de 1950-1960 (Chu et al., 1994;

Kumar et al., 1999; Chen et al., 2001).

Chelliah e Bell (2004) também encontraram variações multi-decenais na convecção

tropical e na temperatura da superfície sobre a Bacia Amazônica para o verão austral no

período de 1949-2000. Tal estudo consistiu da análise de Funções Ortogonais Empíricas

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(EOF, em inglês) das anomalias sazonais do potencial de velocidade () em 200hPa

filtradas com o filtro passa-baixa de uma média corrida de cinco anos. Coerentemente,

Garcia e Kayano (2009b) encontraram um modo de variabilidade multi-decenal da

circulação monçônica na América do Sul usando EOF do campo de desvio da média

anual do desvio da média zonal de em 200hPa para o período de 1948-1999. Esse

modo apresentou uma mudança de sinal negativo para positivo em meados da década de

1970. Através da análise de compostos, elas observaram que o SMAS, nesse primeiro

modo, enfraqueceu-se (fortaleceu-se) na fase fria (quente) da PDO. O segundo modo

encontrado por elas mostrou flutuações interanuais, associadas ao ENOS.

No que concerne à estação chuvosa relacionada ao SMAS e a variabilidade decenal,

Carvalho et al. (2010) encontraram que o início da estação chuvosa relacionado ao

SMAS foi adiantado a partir do início da década de 1970, enquanto as datas de fim da

estação chuvosa encontram-se atrasadas nesse período mais recente e,

consequentemente, houve um aumento da duração média da estação chuvosa do SMAS.

Eles encontraram, ainda, um aumento no fluxo de umidade sobre a América do Sul

depois de 1971-1972, com condições favoráveis de aumento de precipitação sobre o sul

da Amazônia e Brasil central. Coerentemente, Marengo (2004) notou mudanças

decenais consistentes com as da PDO de 1946-1947 e 1976-1977 nos regimes de

precipitação na Amazônia, visto que uma tendência positiva (negativa) de precipitação

foi encontrada por ele sobre o sul (norte) da Amazônia depois de 1975-1976, comparado

ao período anterior. Utilizando as mesmas sub-bacias de Marengo (2004), Marengo

(2009) estendeu a análise da variabilidade climática de longo prazo dessas regiões para

o período de 1920 a 1998. Ele encontrou que as regiões norte e sul da Bacia Amazônica

apresentam uma variabilidade de baixa freqüência, entretanto, fora de fase. Logo, ciclos

interanuais das séries hidrometeorológicas são mais fortes no norte da bacia, enquanto

variações decenais e multi-decenais são mais evidentes no sul da bacia.

Portanto, pode ser visto pelo exposto acima que o regime de precipitação na região da

América do Sul, principalmente na Bacia Amazônica (pertencente ao SMAS), é

influenciado por escalas de variabilidade de baixa frequência e, no que tange à

variabilidade decenal associada à PDO, foi mostrado que a mesma pode modular

escalas de freqüência maior. Logo, o interesse crescente sobre a precipitação

relacionada ao SMAS, variabilidade e sua relação com a PDO pouco explorada

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mostram a importância deste projeto.

2 - OBJETIVOS

O pequeno número de estudos referentes à relação do SMAS com a PDO

juntamente com a importância do mesmo motivaram a constituição deste projeto. Neste

sentido, o objetivo central é analisar os balanços de umidade e calor relacionados ao

SMAS nas duas fases da PDO. De modo específico, os objetivos são:

1) Calcular todos os termos dos balanços de calor e umidade para a região do

SMAS nos períodos de 1958-1976 e 1977-1995, fase fria e quente da PDO,

respectivamente;

2) Estudar a climatologia mensal de todos esses termos separadamente para a

região do SMAS em cada fase da PDO;

3) Encontrar as anomalias mensais de todos os termos dos balanços referentes a

cada fase da PDO;

4) Determinar os modos dominantes das anomalias mensais dos termos de resíduo

e diabático na região do SMAS, para uma melhor compreensão das fontes e

sumidouros de umidade e calor, assim como da variabilidade desses termos;

5) Calcular os compostos de algumas variáveis para análise dos aspectos da

circulação de grande escala relacionados aos modos dos termos de resíduo e

diabático;

6) Correlacionar as séries de componentes principais (PC, em inglês) dos modos

dos termos de resíduo e diabático com as séries das anomalias de TSM nas

regiões do Pacífico e do Atlântico e encontrar a relação entre as fontes e

sumidouros de umidade e calor com as anomalias de TSM em ambos os oceanos

nas duas fases da PDO.

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3 – DADOS E METODOLOGIA

3.1 Dados

Os dados usados neste trabalho serão obtidos do arquivo da Reanálise 1 do

NCEP/NCAR (Kalnay et al., 1996) e são médias mensais de: componentes zonal e

meridional do vento ( u e v , respectivamente), velocidade vertical ( ), umidade

específica ( q ), temperatura do ar (T ), altura geopotencial ( Z ), água precipitável (PW,

em inglês) e PNM. Todos os dados possuem espaçamento de 2,5º de longitude e de

latitude. Os dados de u , v , , q , T e Z serão utilizados para os níveis de pressão de

1000, 925, 850, 700, 600, 500, 400, 300, 250 e 200 hPa (os dados de q encontram-se

disponíveis até 300 hPa), enquanto os dados de PW e PNM são disponibilizados na

superfície. Todos os dados serão selecionados para o período de 1958 a 1995.

Também serão usados dados mensais de TSM, os quais foram reconstruídos e

estendidos por Smith e Reynolds (2003) para o período de 1854-2000 e estão em pontos

de grade com espaçamento de 2º de latitude e de longitude. Os dados de TSM também

serão selecionados para o período de 1958 a 1995.

3.2 Metodologia

Esse projeto englobará dois períodos de 19 anos cada: de 1958 a 1976 e de 1977 a 1995.

Tal divisão é escolhida em virtude da mudança climática brusca observada no oceano

Pacífico em 1977 (Mantua et al., 1997). Assim, através do índice calculado por eles, tais

períodos correspondem às fases negativa e positiva da PDO (fria e quente,

respectivamente). A análise terminará em 1995 já que alguns autores sugerem que

mudanças observadas no Pacífico Norte em 1998/1999 podem indicar outra mudança de

fase (Minobe, 2000; Hare and Mantua, 2000). Então, com a utilização desses períodos,

será garantida a não-sobreposição das fases da PDO.

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3.2.1 Balanço de Umidade

Inicialmente, os termos da equação do balanço de umidade serão estimados e, para tal, a

equação da conservação do vapor d’água em coordenadas de pressão será utilizada

(Peixoto e Oort, 1992):

Sdtdq

(3.1)

em que py

vx

utdt

d

, q é a umidade específica, u , v e são as

componentes zonal, meridional e vertical do vento, respectivamente e S representa o

armazenamento de vapor d’água, sendo a diferença entre fontes e sumidouros de

umidade. O termo S pode ser representado por CE , a diferença entre a taxa de

evaporação e a taxa de condensação por unidade de massa. Estudos que aplicam a

equação (3.1) assumem frequentemente que toda a água condensada imediatamente

precipita P e, assim PES (p.e., Palmén e Holopainen, 1962). Logo, o balanço

de água na fase de vapor por unidade de massa em um dado ponto da atmosfera e em

um instante t pode ser expresso como:

PEpq

yqv

xqu

tq

(3.2)

ou seja,

43

21

. PEpqqV

tq

(3.3)

sendo, V

o vetor vento horizontal. Portanto, a equação do balanço de umidade para uma

parcela de ar é dada pela equação (3.3), em que o termo 1 indica a tendência local de q ;

o termo 2 a advecção horizontal de q ; o termo 3 a advecção vertical de q e, o termo 4,

as fontes 0 PE ou sumidouros 0 PE de umidade atmosférica, chamado, a

partir de agora, como termo resíduo.

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3.2.2 Balanço de Calor

Para o balanço de calor, será utilizada a equação da energia termodinâmica (Holton,

2004):

JDtDp

DtDTc p (3.4)

em que pc é o calor específico a pressão constante

kgK

J1004 , T é a temperatura,

p é a pressão e é o volume específico. Assim, o primeiro termo do lado esquerdo

indica a variação na energia interna (térmica) do ar seco; o segundo mostra a taxa de

trabalho realizado pelo fluido por unidade de massa e, o termo do lado direito J ,

representa o aquecimento diabático realizado por meios externos, tais como radiação ou

através da mudança de fase.

Então, como DtDp

e p

, em que é o geopotencial, a equação (3.4) torna-

se:

JpDt

DTcp

(3.5)

Logo, expandindo a equação (3.5), como feito para a equação (3.1), tem-se:

43

21

1.pp c

Jpcp

TTVtT

(3.6)

Portanto, a equação do balanço de calor para uma parcela de ar é dada pela equação

(3.6), em que o termo 1 indica a tendência local de T , o termo 2 a advecção horizontal

de T , o termo 3 a mudança de T devido ao processo de expansão ou compressão

adiabática da parcela de ar, chamado, a partir de agora, como termo adiabático e, o

termo 4, as fontes e sumidouros de calor devido a processos diabáticos, tais como: taxa

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de aquecimento ou resfriamento radiativo e de aquecimento da atmosfera devido à

liberação de calor latente e/ou sensível, chamado, a partir de agora, como termo

diabático.

Assim, as fontes e sumidouros de q e T serão calculados como os resíduos das

respectivas equações (3.3) e (3.6) para todos os meses do período total de 1958-1995.

Cabe ressaltar que o presente trabalho não discute o balanço quantitativo de umidade e

calor, visto que o mesmo ainda gera muitas incertezas devido à qualidade dos dados,

principalmente sobre a Bacia Amazônica (Marengo, 2005), mas sim propõe uma análise

das características de tais balanços nas duas fases da PDO. Logo, depois de calculados

os termos dos balanços para cada nível na vertical, os termos serão integrados

verticalmente de 1000 a 200 hPa para o balanço de calor e de 1000 a 300 hPa para o

balanço de umidade para uma análise desses termos em toda a camada atmosférica.

3.2.3 Climatologia e EOF

Todos os termos das equações descritas acima serão calculados para a região tropical da

América do Sul, a qual o SMAS pertence, limitada por 15ºN, 30ºS, 80ºW e 35ºW

(Figura 3.1). Em seguida, os campos climatológicos mensais de todos os termos dos

balanços serão encontrados para os períodos de 1958-1976 e 1977-1995 separadamente

para essa região. Assim, será feita uma análise do ciclo anual médio de cada termo das

equações do balanço para essa região nas fases fria e quente da PDO.

Depois dessa etapa, as anomalias serão calculadas para cada mês em relação às

climatologias de cada período parcial (1958-1976 e 1977-1995). Em seguida, os modos

dominantes das anomalias mensais dos termos de resíduo e diabático serão encontrados

através da análise de EOF de tais campos. A escolha dessa metodologia justifica-se já

que tal ferramenta é utilizada para reduzir a dimensionalidade dos dados originais e

encontrar os padrões que explicam a maior variância associados à variável. As rodadas

serão feitas para a região definida na Figura 3.1 nos períodos de 1958-1976 e 1977-

1995. Assim, os padrões de variabilidade das fontes e sumidouros de umidade e calor

serão encontrados para cada período parcial da PDO.

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Figura 3.1 – Área selecionada para climatologia e EOF.

A significância estatística dos modos será testada usando-se o método proposto por

North et al. (1982), no qual um dado modo “n” pode ser dito estatisticamente

significativo se o autovalor associado λn é bem separado dos autovalores vizinhos, isto

é, nn λΔδλ e 1n1n λΔδλ , onde )N/2(λ~δλ nn é o erro de amostragem de λn,

N é o número de Graus de Liberdade (GL) e )λλ(λΔ 1nnn é a diferença entre os

autovalores.

Cada autovetor fornece a configuração espacial de um modo e é apresentado como um

padrão de correlação. Para avaliar a significância estatística dessas correlações, o

número de GL será estimado para cada modo dividindo-se o comprimento da série do

PC pelo intervalo de tempo de duas realizações independentes (a defasagem necessária

para se obter coeficientes de auto-correlação nas séries temporais do PC próximas a

zero). Para avaliar a significância estatística das configurações espaciais, considerar-se-

á que as variáveis possuem uma distribuição normal e, assim, a hipótese nula será

assumida. Desta forma, o teste t-Student será aplicado para se obter os valores

limítrofes para que as correlações sejam significativas em um nível de confiança de

95% para os GL encontrados.

O padrão da circulação de grande escala e as condições oceânicas e atmosféricas serão

investigados juntamente com os modos encontrados pela EOF para embasamento físico.

Análises dos campos de circulação fornecerão indicações dos aspectos de grande escala

responsáveis pela variabilidade das fontes e sumidouros de umidade e calor observados.

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Assim, serão obtidos através do método de composição, os campos associados das

anomalias das variáveis: TSM, PNM, ω em 500hPa, PW e T em 850 hPa para verão

(período chuvoso), inverno (período seco) e outono e primavera (estações de transição)

nos períodos de 1958-1976 e 1977-1995. A área determinada para o cálculo das

composições é limitada por 50ºN, 50ºS, 100ºE e 20ºE (Figura 3.2). Tal área é maior do

que a referente à EOF, já que, para analisar aspectos da circulação associada, é

necessário expandir a área de estudo para a observação de influências remotas,

principalmente na região do oceano Pacífico, área do sinal da PDO.

Figura 3.2 – Área selecionada para as composições.

Antes dos cálculos das composições, as anomalias de TSM, PNM, ω em 500hPa, PW e

T em 850 hPa serão padronizadas em cada ponto de grade pelo correspondente desvio

padrão. Como as séries do PC dão as variações temporais do modo correspondente,

séries temporais das médias sazonais do PC para primavera, verão, outono e inverno

serão usadas para selecionar os casos para os compostos. Os casos incluídos em cada

composto serão selecionados usando os máximos e mínimos encontrados nos PCs dos

modos selecionados de variabilidade que explicam a maior parte da variância total.

Para avaliar a significância estatística dos compostos, o número de GL será considerado

o número de casos incluídos em cada composto. Considerando que as variáveis

possuem uma distribuição normal, para o teste da significância dos compostos, a

hipótese nula será assumida. Desta forma a seguinte condição deve ser satisfeita:

1m

σt>a S (3.7)

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onde tS é o valor tabelado da distribuição t-Student correspondente a m-1, σ é o desvio

padrão, a é a média da amostra e m é o número de casos. Assim, apenas os valores

absolutos excedendo 1m

σtS são estatisticamente significativos (Panofsky e Brier,

1968). O nível de confiança usado é o de 95%.

Em seguida, as séries dos PCs dos modos dos termos de resíduo e diabático serão

correlacionadas com as séries das anomalias mensais de TSM nas regiões do Pacífico e

do Atlântico. Logo, será possível encontrar a relação entre as fontes e sumidouros de

umidade e calor com as anomalias de TSM em ambos os oceanos para cada fase da

PDO. Essas correlações serão simultâneas e defasadas. As defasagens de 0 a 12 meses

serão inseridas nas séries temporais de TSM, as quais serão adiantadas em relação ao

PC. Para avaliar a significância estatística dessas correlações, o teste t-Student será

aplicado assim como feito para os modos da EOF.

4. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO

Após a realização deste projeto, além de um maior conhecimento adquirido no que

concerne à relação do SMAS com a PDO, subsídios necessários para uma maior

interação com grupos operacionais de clima e previsão climática serão obtidos no

sentido de fornecer informações acerca dos resultados encontrados. Outra contribuição

importante será a formação de pessoal, já que um aluno da Graduação do curso de

Ciências Atmosféricas da UNIFEI (instituição da qual o coordenador do projeto faz

parte) estará inserido em um trabalho de Iniciação Científica sobre esse assunto. Logo, o

mesmo desenvolverá determinada parte do projeto (vide Plano de Estudo do Bolsista) e,

assim, complementará o curso de graduação tendo uma iniciação em pesquisa. O aluno

irá ainda submeter seus resultados para um Congresso na área. Isto representará uma

integração importante entre a graduação na universidade e a atividade de pesquisa.

Nesse caso, a universidade entra com a contrapartida da bolsa de iniciação científica

para um aluno da graduação proveniente das cotas internas do CNPq que a mesma

possui. Finalmente, um artigo científico englobando todos os resultados encontrados no

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desenvolvimento desse projeto será publicado em uma revista internacional de

referência em Climatologia.

5 – CRONOGRAMA

A execução do projeto está planejada para um período de 2 anos (8 trimestres). O

cronograma para a realização deste projeto pode ser observado na Tabela 5.1.

Tabela 5.1: Cronograma para realização do projeto.

Atividades 1º 2º 3° 4° 5° 6° 7° 8°

Revisão Bibliográfica x x x x

Obtenção dos dados e realização dos ajustes espaciais e temporais x x

Cálculo dos termos dos balanços de umidade e calor nas duas fases da PDO x x

Cálculo das médias climatológicas mensais de todos os termos para ambas as fases e das anomalias mensais

dos mesmos x x

Cálculo da EOF das anomalias mensais dos termos de resíduo e diabático x x

Cálculo de compostos para análise da circulação de grande escala relacionados aos modos encontrados x x

Cálculo das correlações dos PCs dos termos de resíduo e diabático com as anomalias de TSM x x

Análise de todos os resultados x x x x

Redação de relatórios x x

Preparação de artigos para publicação x x

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6 – ORÇAMENTO

DESPESAS EXECUÇÃO TRIMESTRAL

1º 2º 3° 4° 5° 6° 7° 8° TOTAL

Material Permanente

1 computador x R$ 3500,00

1 HD externo x R$ 1000,00

1 impressora laser x R$ 1000,00

Material de Consumo Papel, toner, etc. x

R$ 2000,00

Diárias Itajubá/MG x x R$ 1878,30

Cidade do congresso x R$ 1878,30

Transporte São José dos Campos/SP – Itajubá/MG - São José dos

Campos/SP x x

R$ 300,00

Itajubá/MG – cidade do congresso – Itajubá/MG x

R$ 2000,00

TOTAL pedido ao

CNPq

R$ 13.556,60

7 – DESCRIÇÃO DO ORÇAMENTO E JUSTIFICATIVAS

a) Material Permanente

Especificação Quantidade Custo Unitário (R$) Custo Total (R$)

Computador 1 R$ 3500,00 R$ 3500,00

HD externo 1 R$ 1000,00 R$ 1000,00

Impressora laser 1 R$ 1000,00 R$ 1000,00

TOTAL R$ 5500,00

O computador será utilizado para a obtenção dos dados, assim como o tratamento

estatístico dos mesmos, execução dos programas computacionais e elaboração dos

relatórios e artigos. O HD externo será utilizado para backups dos dados e dos

resultados. A impressora a laser será utilizada no desenvolver da pesquisa para

impressão de relatórios, artigos e análises.

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b) Material de Consumo

Especificação Quantidade Custo Unitário (R$) Custo Total (R$)

Papel, toner, etc. div R$ 2000,00 R$ 2000,00

TOTAL R$ 2000,00

Os materiais de consumo serão: toner para impressora e papel para impressão.

c) Diárias

Especificação Quantidade Custo Unitário (R$) Custo Total (R$)

Itajubá/MG 10 R$ 187,83* R$ 1878,30

Cidade do congresso 10 R$ 187,83* R$ 1878,30

TOTAL R$ 3756,60 *De acordo com as Tabelas de Valores de Diárias para Auxílios Individuais e Bolsas de Curta Duração

Como a pesquisadora colaboradora pertence ao INPE de São José dos Campos/SP, as

diárias pedidas para Itajubá/MG são para custear a estada da mesma na cidade duas

vezes durante o projeto (5 diárias cada vez) para reuniões e trocas de informações. As

diárias pedidas para a cidade do congresso (a definir) serão para a participação do aluno

de Iniciação Científica e do pesquisador coordenador no XVII Congresso Brasileiro de

Meteorologia (5 diárias para cada) para apresentação do artigo gerado pelo

desenvolvimento do projeto. O XVII Congresso Brasileiro de Meteorologia será

realizado, provavelmente, no terceiro trimestre de 2012.

d) Transporte

Especificação Quantidade Custo Unitário (R$) Custo Total

(R$) São José dos Campos/SP –

Itajubá/MG - São José dos Campos/SP 2 R$ 150,00 R$ 300,00

Itajubá/MG – cidade do congresso – Itajubá/MG 2

R$ 1000,00

(aproximadamente)

R$ 2000,00

TOTAL R$ 2300,00

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O transporte pedido São José dos Campos/SP - Itajubá/MG - São José dos Campos/SP

será para custear a viagem da pesquisadora colaboradora para a UNIFEI duas vezes

durante o projeto. O transporte pedido Itajubá/MG – cidade do congresso – Itajubá/MG será

para o aluno de Iniciação Científica e para o pesquisador coordenador participarem do

XVII Congresso Brasileiro de Meteorologia e apresentarem o artigo gerado pelo

projeto. O valor do transporte é aproximado, pois a cidade ainda não foi definida.

8– PLANO DE ESTUDO DO BOLSISTA

No projeto de Iniciação Científica, o bolsista irá selecionar e obter os dados de estudo

para as regiões de análise através do site do NCEP/NCAR. Em seguida, o mesmo irá

fazer os cálculos dos termos dos balanços, da climatologia mensal todos os campos e

das anomalias dos mesmos para as duas fases da PDO separadamente (1958-1976 e

1977-1995).

8.1 Etapas

As etapas de execução desse projeto serão:

Etapa 1: Obtenção dos dados que serão utilizados no projeto, assim como ajustes

temporais e espaciais dos mesmos. Cálculo de todos os termos das equações dos

balanços para a região do SMAS limitada por 15ºN, 30ºS, 80ºW e 35ºW para as duas

fases da PDO (1958-1976 e 1977-1995).

Etapa 2: Preparação de relatórios para informar o andamento da pesquisa, avanços e

resultados iniciais.

Etapa 3: Análise dos resultados da primeira parte, cálculo das climatologias mensais

desses termos e das anomalias dos termos de resíduo e diabático para a região de análise

nas fases fria e quente da PDO.

Etapa 4: Preparação de artigo científico para apresentação em Congresso e relatório

final, mostrando todos os resultados obtidos.

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8.2 Cronograma

Com a finalidade de se executar a metodologia apresentada neste projeto em um ano,

será seguido o seguinte cronograma com as etapas descritas acima:

PERÍODOS ATIVIDADES

1º trimestre Etapa 1

2 º trimestre Etapa 2

3 º trimestre Etapa 3

4 º trimestre Etapa 4

9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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