varejo de livros investe em bibliotecas virtuais

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NICHO A ERA DIGITAL NA ESTANTE POR CAMILA MENDONçA Redes investem em bibliotecas virtuais para encarar o mercado de e-books, mas não esperam que o formato gere impactos significativos nos negócios, mesmo com a chegada da Amazon ao Brasil

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Revista Varejo & Oportunidades

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Page 1: Varejo de livros investe em bibliotecas virtuais

NICHO

a era diGiTalNa esTaNTe

POR CAMILA MENDONçA

Redes investem em bibliotecas virtuais para encarar o mercado de e-books, mas não esperam que o formato gere impactos significativos nos negócios, mesmo com a chegada da Amazon ao Brasil

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41www.varejoeoportunidades.com.br § FEV/MAR 2013 § Varejo, Serviços & Oportunidades

ueridinhos dos norte-americanos, os livros digitais ainda são pouco comuns no Bra-sil. A participação dos e-books no mercado editorial brasileiro representou apenas 9%

dos mais de 58 mil títulos lançados em 2011 no País. No período, o Brasil consumiu quase 470 milhões de livros, número 7,2% maior que o registrado em 2010. Ao todo, esse setor faturou mais de R$ 4,8 bilhões. Nesse montan-te, apenas R$ 870 mil vieram de livros digitais, segundo os dados de mercado mais recentes, calculados pelo Sindi-cato Nacional dos Editores de livros (SNEl). Apesar da baixa penetração, as principais redes de livrarias têm in-vestido em bibliotecas virtuais preocupadas em não per-der um mercado que pode girar US$ 48 bilhões até 2016, segundo projeção da consultoria Pricewaterhouseco-opers. Principalmente agora que a Amazon já desembarcou em terri-tório nacional.

“É um mercado com possibilidades de cresci-mento. Temos uma po-pulação que está come-çando a ter algum acesso à renda, que possibilita a compra de plataformas para leitura. Estamos começando a aparecer agora”, afirma a presi-dente do SNEl, Sônia Machado Jardim.

“Está todo mundo correndo para ter ofertas para uma demanda que vem crescendo e crescerá ainda mais. É um caminho que não tem volta”, completa o diretor executivo da câmara Brasileira do livro (cBl), Mansur Bassit.

Nesse cenário, há quem queira ser o maior vendedor de livros digitais do País. Este é um dos objetivos da livraria Saraiva, segundo o presidente da companhia, Marcílio Pousada. A empresa foi uma das primeiras li-vrarias a vender e-books no País, em 2010. Desde então, a receita proveniente da venda de livros digitais já ultra-passou a venda de livros físicos em 65 lojas da rede em setembro de 2012 – o dado mais recente da companhia. Isso significa que, no ranking de vendas das 97 unidades da rede, a loja digital pulou da 76ª posição em janeiro de 2012 para a 32ª colocação em setembro do mesmo ano. Em novembro, a rede alcançou a marca de 1 milhão de usuários do Saraiva Digital Reader, o aplicativo para leitura de e-books.

Na livraria cultura, as vendas de e-books cres-ceram 250% entre 2011 e 2012, segundo o cEO da rede, Sérgio Herz.

“É um novo mercado, que vale a pena investir e espe-ramos que ele cresça”, avalia o executivo. A livraria vem investindo forte na área. No final do ano passado, lan-çou seu e-reader, em parceria com a Kobo, concorrente do Kindle. Para o leitor, estão disponíveis cerca de 30 mil títulos. Apesar das boas expectativas, as vendas de e--books representam apenas 1% das vendas totais de livros da rede, que faturou, em 2011, cerca de R$ 340 milhões.

Diante das projeções positivas, a livraria da Vila se prepara para entrar no mercado de livros digitais nos pró-ximos meses, segundo o dono da rede, Samuel Seibel.

“É uma plataforma que veio para ficar, com potencial de crescimento inegável”, afirma. Segundo ele, uma das dificuldades para disponibilizar conteúdo digital é o sis-tema que suportará a implantação da biblioteca virtual.

FATOR AMAzONEmbora sinalizem a importância do mercado de

e-books, as livrarias ainda não acreditam em impactos significativos nas operações. “As livrarias, cada vez mais, não são apenas espaços para comprar livros, mas espaços que fornecem experiência”, ressalta Bassit, da cBl.

De acordo com Herz, os investimentos nas lojas físicas da livraria cultura e na biblioteca virtual são complementares e uma operação não interfere na outra. “As vendas de livros não estão diminuindo com o aumento das vendas de e-books”, ressalta.

Para Seibel, há diferenças claras de objetivos e operação entre as bibliotecas virtuais e as lojas físicas. “Os preços e as margens são diferentes”, reforça. Para as redes, a presença do e-book nos negócios as ajuda a capturar os leitores mais antenados. Sônia, do SNEl, acredita que essa preocupação deve mudar com o au-mento da concorrência.

“Quando grandes players internacionais chegarem, a briga será em outro patamar, porque eles são muito mais es-truturados e o varejo brasileiro terá de fazer o mesmo para competir”, avalia.

Mansur Bassit, diretor executivo da CBL

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“É um novo mercado, que vale a pena investir e esperamos que ele cresça”Sérgio Herz, CEO da Livraria Cultura

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81% acreditam que as revistas corporativas são uma ferramenta vantajosa para a obtenção

de clientes;

87% acreditam que elas ajudam na construção de relacionamentos com clientes;

90% dos executivos de marketing acreditam nas publicações corporativas como uma ferramenta

de marketing eficiente;

66% dos leitores de revistas customizadas afirmaram que seu respeito pelas empresas

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NICHO

42 Varejo, Serviços & Oportunidades § FEV/MAR 2013 § www.varejoeoportunidades.com.br42

como parte desse cenário está a entrada da Amazon no mercado bra-sileiro, que ocorreu em dezembro do ano passado. Em países como Estados Unidos e Reino Unido, o número de e-books vendidos pela gigante do e--commerce já superou o número de li-vros físicos. O aumento das vendas do leitor da empresa, o Kindle, é um dos fatores que impulsionam as vendas da companhia, que alcançaram os US$ 13,8 bilhões, no terceiro trimestre de 2012, um aumento de 27% frente ao mesmo período de 2011.

A empresa oferece em seu canal brasileiro mais de 1,4 milhão de livros, incluindo mais de 13 mil títulos em português. No início do ano, a empre-sa inaugurou quatro quiosques para vender seu e-reader, no Morumbi Shopping e Iguatemi, em São Paulo, e no Barra Shopping e leblon, no Rio de Janeiro. questio-nada sobre a possibilidade de fazer aquisições de grandes livrarias no País, a empresa respondeu apenas que “não divulga essas informações pela política de comunicação”.

Apesar disso, a presença da Amazon no Brasil não altera, pelo menos no curto prazo, os planos das redes. “É uma concorrência forte, mas as redes estão fortalecidas para enfrentar essas questões”, afirma Bassit.

“Ela é mais um competidor, como outro. É um concorrente e qualquer concorrente interfere no mercado. Temos de apren-der a jogar com ele”, afirma Herz, da livraria cultura.

“A Amazon é o maior player mundial e influenciará o mercado, talvez não em curto prazo, mas certamente ao lon-go dos anos”, afirma Seibel, da livraria da Vila.

Samuel Seibel, dono da rede Livraria da Vila

Aumenta a concorrência: Amazon monta quiosques em shoppings no Brasil para vender o Kindle

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SEM PRESSAApesar das projeções positivas, há

quem não veja significado em investir, agora, em livros digitais. É o caso da li-vraria Nobel. “Sentimos que o impacto no mercado em geral é zero”, afirma o diretor da rede, Sérgio Milano Benclowicz.

“As pessoas tendem a achar que só por-que somos livraria temos de ter livro digi-tal, mas é outro negócio. Vamos esperar pra ver se esse mercado pega e depois vemos o que fazemos”, afirma.

De acordo com Milano, os livros digitais não vão ao encontro dos negó-cios da rede.

“Qualquer site com fluxo pode vender um e-book. Nosso mercado é loja física em shopping”, afirma. Para o execu-tivo, os e-books são úteis em poucos casos, como para vender livros “em pedaços”, como livros técnicos, que são atualizados com frequência.

“Nesse caso, é importante porque você vai dando upgrade nas partes que interessam”, explica.

O qUE PREcISA MUDAR Falta de investimentos em educação, fator econômico

e desconhecimento das plataformas de leitura. Estes são, segundo especialistas, os principais fatores que impedem um crescimento mais consistente do mercado de livros digitais. Para Sônia Jardim, do SNEl, investir em edu-cação ajuda o País a construir uma base de leitores sólida.

“Para este mercado, investimentos em educação é uma necessidade, porque o hábito da leitura tem uma correlação direta com o nível de renda das pessoas”, afirma.

Para Bassit, da cBl, a renda é importante para o mercado de livros digitais, uma vez que plataformas es-pecíficas de leitura ainda são instrumentos considerados caros para a maior parte da população. E também são desconhecidos. Pesquisa feita pelo Instituto Pró-livro mostra que 70% da população brasileira nunca ouviu falar em e-books. Daqueles que conhecem, 82% nunca leram um livro digital.

A falta de conteúdo em português nas bibliotecas virtuais ainda é motivo que afasta os leitores brasilei-ros, segundo Bassit. A Saraiva, por exemplo, tem no seu acervo digital cerca de 12 mil títulos em língua portuguesa, número que equivale a apenas 5% dos 250 mil títulos em língua estrangeira. Para as redes, problemas que se referem à tecnologia são os princi-pais empecilhos.

“Ainda falta um sistema completo para que esse mercado se desenvolva e as soluções que o Brasil apresenta ainda não são tão boas”, avalia Herz.

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