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VALORES CIVILIZATÓRIOS

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UERJLicenciatura em artes visuaisMetodologia IV

VALORES CIVILIZATRIOS

CIRCULARIDADETodos ns conhecemos o prazer que advm do ato de sentar em roda com amigos para contar histrias, fazer msica, brincar com jogos ou manifestar a religiosidade. Os prprios valores civilizatrios so bons exemplo de circularidade. A vida cclica. Podemos estar muito bem agora e numa posio ruim depois at que voltemos a um estado satisfatrio. A humanidade inteira permanece unida por este sentimento circular.

O terreiro tem o papel importantssimo de resgatar a Me frica, mesmo que atravs de uma nostalgia, de um lamento. E esse territrio representado pelo crculo que vai reaparecer em vrias atividades, de cunho religioso e tambm no espao ldico. Essa mesma roda est presente na capoeira, no jongo, no tambor de crioula, na gira da umbanda e no samba.RELIGIOSIDADEPara a nao afro-descendente, religiosidade mais do que religio: um exerccio permanente de respeito vida e doao ao prximo. A propsito, em tempos de tanta violncia gratuita, vale pontuar que a vida um dom divino, de carter transcendental, e deve ser usada para cuidar de si e do outro.A cada dia acontece uma lio de vida. Aprende-se de tudo, a comunicao com os mais velhos, com os mais novos, o trabalho em grupo fazendo-se o que gosta ou que no gosta; e, sobretudo, aprende-se o gosto pela vida, numa estreita relao com o Orix (Me Stella)CORPOREIDADEEste conceito nos ensina a respeitar cada milmetro do corpo humano, que deve estar presente em cada ao e em dilogo com outros corpos. As demandas corporais devem ser consideradas. Afinal, o corpo atua, registra nele prprio a memria de vrias maneiras, seja atravs da dana, da brincadeira, do desenho, da escrita, da fala. Das msicas s danas, com tudo o que elas anunciam e denunciam. Os corpos danantes revelam memrias coletivas.

Aprendemos que as danas circulam e que o corpo informa sobre a vida de cada danarino (Antonio Nbrega)MUSICALIDADEFamosa no mundo inteiro pela sua qualidade inconteste, a msica brasileira tem os dois ps bem fincados no Continente Negro. Quem resiste aos encantos de uma batucada? A musicalidade, a dimenso do corpo que dana e vibra em resposta aos sons s reafirma a conscincia de que o corpo humano tambm meldico e potencializa a musicalidade como um valor.

O som o ponto de partida dos primeiros habitantes do globo terrestre rumo formao dos primeiros agrupamentos humanos que, no curso da evoluo, iro constituir a nossa civilizao. A importncia da msica, da qual o som a matria-prima, superior descoberta do fogo, ou inveno da roda ou da imprensa (Charles Murray)MEMRIAPara despertar o sentimento de afro-brasilidade e, sobretudo, de orgulho ao exibi-la, necessrio mexer no eixo do racismo e da memria: o racismo como algo a ser enfrentado e a memria para que a presena africana que habita em ns possa emergir livremente.ANCESTRALIDADEQuando se pensa em ancestralidade, faz-se uma imediata ponte com a histria e a memria. Convm no esquecer o passado. No h frmulas complexas para vivenciar o que , de fato, a ancestralidade. Quer provar? Ento saia em busca do relato dos mais velhos, que trazem o rico imaginrio afro-brasileiro.

A memria compe nossa identidade. por intermdio da memria que construmos nossa histria. Ao construir a memria, construmos lembrana, que para existir precisa do outro e necessita ser compartilhada. Assim tambm a obra de arte (Franklin Esparth Pedroso)COOPERATIVISMOFalar sobre cultura negra requer usar a palavra coletivo. Pensar em africanidades pensar em comunidade, em diversidade, em grupo. Imaginem o que teria acontecido com a populao negra num sistema escravocrata se houvessem desprezado o princpio da parceria, do dilogo, da cooperao? E ainda nos dias que corre, nesta sociedade racista excludente?

Durante sculos os povos da frica Central tinham lidado com a diversidade tnica, desenvolvido tradies religiosas comuns e compartilhado formas culturais. Essas habilidades eles as transmitiram para o Brasil, onde utilizaram indiscutivelmente tcnicas similares para lidar com a diversidade cultural (Karasch)ORALIDADEHerana direta da cultura africana, a expresso oral uma fora comunicativa a ser potencializada. Jamais como negao da escrita, mas como afirmao de independncia. A oralidade est associada ao corpo porque atravs da voz, da memria e da msica, por exemplo, que nos comunicamos e nos identificamos com o prximo.Griots so contadores de histrias fundamentais para a permanncia da humanidade: so como um acervo vivo de um povo. Carregam nos seus corpos lendas, feitos, canes e lies de vida de uma populao, envoltos numa magia prpria, especfica dos que encantam com o corpo e com sua oralidade (Gregrio Filho)ENERGIA VITALO princpio do ax a vontade de viver e aprender com vigor, alegria e brilho no olho, acreditando na fora do presente. Em nada se assemelha a normas, burocracias, mtodos rgidos e imutveis. Pelo contrrio. Tudo uma possibilidade para quem guiado pelo ax.

Perdi os dedos, mas no a fora e a vontade de esculpir. Aprendi a usar os joelhos como quem usa os ps. Amarrei os instrumentos s mos para continuar a trabalhar. Afinal, a criao nasce na cabea, no na ponta dos dedos (Heris de Todo Mundo, programa sobre Aleijadinho)LUDICIDADEEntre suas variadas utilidades, os jogos sempre viabilizaram o aprendizado. Tambm serviram para transmitir as conquistas da sociedade em diversos campos do conhecimento. Quando os membros mais velhos de um grupo revelam aos jovens como funciona um determinado jogo de tabuleiro, por exemplo, eles transmitem uma srie de conhecimentos que fazem parte do patrimnio cultural daquele grupo.

Antigamente, o jogo era associado a ritos mgicos e sagrados. Dependendo do lugar, era reservado apenas para os homens, ou para os homens mais velhos, ou, ainda, era exclusivo dos sacerdotes (Os Melhores Jogos do Mundo)

Disponvel em: http://www.acordacultura.org.br/oprojetoAcesso em: 27 ago. 2015