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São Bernardo do Campo Rua Newton Monteiro de Andrade, 29, Centro, CEP: 09725-370 - Tel 4123 8325 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 3ª VARA DO TRABALHO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP. Processo nº 0000697-91.2012.5.02.0463 VALDIR DA SILVA TORRES, qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista proposta em face de VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA, vem perante V.Exa., por seu advogado, apresentar suas CONTRARRAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO, nos termos do artigo 900 da CLT, requerendo o seu processamento e o envio das suas contrarrazões ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. SUSPENSÃO DOS PRAZOS PROCESSUAIS Inicialmente informa o reclamante que os prazos processuais ficaram suspensos nos dias 04 e 05 de junho (5ª e 6ª feira) em virtude do Feriado de Corpus Christi (Portaria GP nº 99/2014). JUN 4 5* Corpus Christi * Suspensão de expediente Lei nº 9.093/95 c/c Lei Municipal 14.485/07 Nestes Termos Pede Deferimento São Bernardo do Campo, 08 de junho de 2015. MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR OAB/SP 148.128 EDSON MORENO LUCILLO OAB/SP 77.761

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São Bernardo do Campo – Rua Newton Monteiro de Andrade, 29, Centro, CEP: 09725-370 - Tel 4123 8325

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 3ª VARA DO

TRABALHO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP.

Processo nº 0000697-91.2012.5.02.0463

VALDIR DA SILVA TORRES,

qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista

proposta em face de VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA

DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA, vem perante V.Exa.,

por seu advogado, apresentar suas CONTRARRAZÕES DE

RECURSO ORDINÁRIO, nos termos do artigo 900 da

CLT, requerendo o seu processamento e o envio das

suas contrarrazões ao Tribunal Regional do

Trabalho da 2ª Região.

SUSPENSÃO DOS PRAZOS PROCESSUAIS

Inicialmente informa o

reclamante que os prazos processuais ficaram

suspensos nos dias 04 e 05 de junho (5ª e 6ª

feira) em virtude do Feriado de Corpus Christi

(Portaria GP nº 99/2014).

JUN 4 5* Corpus Christi * Suspensão de expediente

Lei nº 9.093/95 c/c Lei Municipal 14.485/07

Nestes Termos

Pede Deferimento

São Bernardo do Campo, 08 de junho de 2015.

MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR

OAB/SP 148.128

EDSON MORENO LUCILLO

OAB/SP 77.761

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CONTRARRAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTE: Volkswagen do Brasil Indústria de

Veículos Automotores Ltda

RECORRIDO: Valdir da Silva Torres

ORIGEM: autos nº 0000697-91.2012.5.02.0463 da

3ª Vara do Trabalho de São Bernardo

do Campo – SP.

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA TURMA

Concorda o reclamante com a

sentença de 1ª Instância na parte que:

- condenou a reclamada no pagamento de 1 hora

extra por dia pela redução do intervalo para

refeição e descanso;

- condenou a reclamada no pagamento de horas

extras pelo trajeto da portaria até o setor de

trabalho;

- condenou a reclamada no pagamento de indenização

por danos materiais e morais pela moléstia

profissional adquirida pelo reclamante;

- revogou a advertência aplicada indevidamente

- condenou a reclamada no ressarcimento das

despesas de advogado.

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1. DA PRELIMINAR DE NULIDADE

Não prospera a preliminar de

nulidade arguida pela reclamada, vez que sequer

constou em ata de audiência qual prova que a

reclamada pretendia produzir (fls. 310).

A MM. Vara foi clara ao

fundamentar que as matérias com objetos de prova

técnica já foram produzidos.

Registre-se que a reclamada

não ratificou seus protestos em razões finais, o

que acarreta a preclusão da arguição de nulidade.

2. DO MÉRITO

DO TRAJETO DA PORTARIA ATÉ O SETOR DE TRABALHO

TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR – HORAS EXTRAS

APLICAÇÃO DO ARTIGO 4º DA CLT

APLICAÇÃO DA SÚMULA 429 DO TST

Concorda o reclamante com a

sentença de 1ª Instância que condenou a reclamada

no pagamento de 20 minutos extras por dia e seus

reflexos.

O ônibus fretado deixa o

reclamante na portaria da reclamada às 13:00

horas, sendo que o reclamante chega na ala XIII às

13:10 veste o uniforme anotando o ponto em média

às 13:15 horas.

A prova oral produzida em

audiência confirmou que o trajeto da portaria até

o setor de trabalho era de 10 minutos.

Depoimento da testemunha (Sr.

Itanaja de Assis Rego – fls. 310):

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“trabalhou no mesmo setor do autor de 2010 até outubro de 2014;”

“que da portaria até o relógio de ponto, o trajeto durava 10 minutos;”

“que chegavam as 13 horas e batiam o ponto às 13h10;”

“que na saída marcavam o cartão e levavam 10 minutos até a portaria;”

“que a troca de uniforme era feita após a marcação do cartão de ponto na

entrada;”

“que trocavam a roupa e marcavam o cartão depois da troca na saída.”

Assim, temos que o reclamante

já está à disposição do empregador desde o momento

em que entra pela portaria da reclamada e no

retorno quando sai das dependências da empresa,

nos termos do artigo 4º da CLT e da Súmula 429 do

TST.

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

“Art. 4º. Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. PARÁGRAFO ÚNICO. Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho.”

SÚMULA DO TST

“Nº 429 TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. ART. 4º DA CLT. PERÍODO DE DESLOCAMENTO ENTRE A PORTARIA E O LOCAL DE TRABALHO Considera-se à disposição do empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho, desde que supere o limite de 10 (dez) minutos diários.”

Registre-se, que a Súmula nº

449 do TST determina expressamente a

impossibilidade de flexibilização nos minutos que

antecedem a sucedem a jornada de trabalho, senão

vejamos:

SÚMULA DO TST

“Nº 449 MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO. LEI N. 10.243, DE 19.6.2001. NORMA COLETIVA. FLEXIBILIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE A partir da vigência da Lei n. 10.243, de 19.6.2001, que acrescentou o §1º ao art. 58 da CLT, não mais prevalece cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5 minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho para fins de apuração das horas extras.”

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Desta forma, faz jus o obreiro

ao pagamento de 20 minutos extras por dia

trabalhado (10 minutos na entrada e 10 minutos na

saída), bem como seus reflexos para todos os

efeitos legais.

DO INTERVALO PARA REFEIÇÃO E DESCANSO

NORMA DE PROTEÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR

APLICAÇÃO DO ARTIGO 71 DA CLT

APLICAÇÃO DA SÚMULA 437, I, II E III, DO TST

Concorda o reclamante com a

sentença de 1ª Instância que condenou a reclamada

no pagamento de 1 hora extra por dia e seus

reflexos.

O Reclamante desfrutava de

apenas 30 minutos de intervalo para refeição e

descanso, pois tinha que comer e já voltar a

laborar, o que é vedado pelo “caput” do artigo 71

da CLT:

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

“Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de seis horas, é obrigatório a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas. ...”

Registre-se que o intervalo

para refeição e descanso constitui medida de

higiene, saúde e segurança do trabalho, protegido

pela Constituição da República (art. 7º, XXII).

O artigo 71, parágrafo 3º, da

CLT diz que somente por ato do Ministro do Trabalho

é que poderá ser autorizada a redução do intervalo

para refeição e descanso e mesmo assim quando os

empregados não estiverem em regime de horas extras.

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O intervalo intrajornada para

refeição e descanso destina-se à recomposição

física do trabalhador, por intermédio da

alimentação, dentro da jornada de trabalho. Assim,

como este intervalo é um descanso que retrata uma

questão de saúde do trabalhador deve ser usufruído

na sua integralidade/totalidade.

A prova oral produzida em

audiência confirmou que o intervalo para refeição

e descanso era de apenas 30 minutos.

Depoimento da testemunha (Sr.

Itanaja de Assis Rego – fls. 310):

“trabalhou no mesmo setor do autor de 2010 até outubro de 2014;”

“que trabalhava no mesmo turno do reclamante;”

“que fazia o intervalo para refeição junto com o reclamante e usufruíam 30

minutos de horário de intervalo;”

A alegação da reclamada em seu

recurso de que a testemunha somente trabalhou com

o reclamante a partir de 2010 trata-se de mero

expediente de defesa para tentar esquivar-se do

pagamento de suas obrigações trabalhistas.

Vejamos a determinação da

Orientação Jurisprudencial nº 233 da SDI-1 do TST:

ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DA SDI-1 DO TST

“Nº 233 HORAS EXTRAS. COMPROVAÇÃO DE PARTE DO PERÍODO ALEGADO A decisão que defere horas extras com base em prova oral ou documental não ficará limitada ao tempo por ela abrangido, desde que o julgador fique convencido de que o procedimento questionado superou aquele período.”

Desta forma, nos termos do

artigo 71, parágrafo 4º do mesmo artigo

consolidado e da Súmula 437, I e III, do TST, faz

jus o obreiro ao pagamento de 1 hora extra por dia

trabalhado e seus reflexos para todos os efeitos

legais.

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SÚMULA DO TST

“Nº 437 INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT I - Após a edição da Lei n. 8.923/1994, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. ... III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, §4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. ...”

DA REVOGAÇÃO DA ADVERTÊNCIA

APLICAÇÃO DO DECRETO-LEI Nº 229/67

APLICAÇÃO DO ARTIGO 473, IV, DA CLT

Concorda o reclamante com a

sentença de 1ª Instância que declarou nula a

advertência.

O reclamante no dia 10 de

março de 2012 compareceu na COLSAN – ASSOCIAÇÃO

BENEFICENTE DE COLETA DE SANGUE para doação de

sangue colaborando para o bem comum da sociedade.

O obreiro apresentou o

atestado na reclamada, porém a mesma não aceitou

referido atestado e aplicou de forma indevida uma

advertência formal no reclamante, o que poderá

prejudicá-lo para efeito de gradação de punições e

uma possível demissão por justa causa (docs. 191).

Desta forma, correta a

sentença de 1º grau que declarou a nula a

advertência formal aplicada pela reclamada, nos

termos do Decreto-lei 229/67 e do artigo 473, IV,

da CLT.

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DA MOLÉSTIA PROFISSIONAL

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

APLICAÇÃO DO ARTIGO 7°, INCISO XXIX, DA CF

APLICAÇÃO DA SÚMULA 308 DO TST

A alegação da reclamada de que

deve ser reconhecida a prescrição quinquenal

trata-se de mero expediente de defesa para tentar

esquivar-se do pagamento de suas obrigações

trabalhistas.

No entendimento do reclamante a

ciência inequívoca de seu dano em decorrência da

incapacidade laboral em virtude das moléstias

profissionais é a partir do trânsito em julgado da

ação acidentária proposta em face do INSS. O

trânsito em julgado ocorreu em 09/12/2010 (fls.

292 do volume de documentos).

Mesmo que se admita que a ciência

inequívoca de seu dano em decorrência da

incapacidade laboral em virtude das moléstias

profissionais é a partir do laudo pericial da ação

acidentária proposta em face do INSS. O laudo

pericial foi depositado nos autos pelo Sr. Perito

em 20/09/2007 (fls. 241 do volume de documentos).

AÇÃO ACIDENTÁRIA LAUDO PERICIAL TRÂNSITO EM JULGADO

Valdir x INSS 20/09/2007 09/12/2010

AÇÃO TRABALHISTA DISTRIBUIÇÃO DA AÇÃO

Valdir x VOLKS 11/04/2012

Desta forma, temos que a ciência

da incapacidade laborativa foi dentro do prazo dos

últimos 5 anos da distribuição da ação.

Desta forma, não há que se falar

em prescrição bienal nem quinquenal.

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DA MOLÉSTIA PROFISSIONAL – ACIDENTE DO TRABALHO

APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 19, 20 E 21 DA LEI 8.213/91

O obreiro em todas as funções

anteriormente exercidas efetuava movimentos de

cunho repetitivo e circular e devido à

agressividade das condições de trabalho adquiriu

moléstia profissional em seus ombros, o que não

lhe permite desenvolver suas antigas funções com a

mesma perfeição técnica e o mesmo desempenho.

Esclarece o reclamante que

ajuizou ação acidentária na Justiça Estadual Comum

em face do Instituto Nacional do Seguro Social

(Previdência Social) para postular o benefício do

auxílio-acidente, processo nº 236/07 que tramita

perante a 4ª Vara Cível da Comarca de São Bernardo

do Campo (fls. 235/292 do volume de documentos).

Na ação acidentária foi

realizada a perícia média, sendo que no laudo

pericial apresentado em 21/09/2007 o Sr. Perito

concluiu que o obreiro é portador de bursite

subacromial-subdeltóidea dos ombros bilaterais

acompanhada de tendinopatia do supra-espinhoso à

direita. As lesões do ombro direito determinam uma

incapacidade parcial e permanente que impede a

realização de trabalho vicioso (fls. 241/255 do

volume de documentos).

A sentença foi julgada

procedente, pois foi reconhecido o nexo entre as

atividades desenvolvidas com as moléstias

adquiridas. A sentença foi confirmada pelo

Tribunal de Justiça de São Paulo ocorrendo o

trânsito em julgado da ação em 09/12/2010 (fls.

272/292 do volume de documentos).

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DA MOLÉSTIA PROFISSIONAL – ACIDENTE DO TRABALHO

LAUDO PERICIAL

NEXO DE CAUSALIDADE E INCAPACIDADE LABORATIVA

Concorda o reclamante com a

sentença de 1ª Instância que reconheceu a doença

profissional.

Quando de sua admissão, o

autor submeteu-se a todos os exames médicos pré-

admissionais, sendo considerado apto e em

perfeitas condições físicas para as funções e

desempenhar.

O obreiro em todas as funções

anteriormente exercidas efetuava movimentos de

cunho repetitivo e circular e devido à

agressividade das condições de trabalho adquiriu

moléstia profissional em seus ombros (tendinopatia

e bursite), o que não lhe permite desenvolver suas

antigas funções com a mesma perfeição técnica e o

mesmo desempenho.

A reclamada nega que tenha

nexo de causalidade entre a doença que acomete o

autor e as atividades por si desencadeadas.

Foi determinada a realização

da perícia médica e o Sr. Perito concluiu que há

nexo entre a doença e as atividades desempenhadas,

pois o autor trabalhava em movimentos repetitivos.

O Expert às fls.08 do laudo

afirmou que o autor possui “moderadas restrições e

limitações funcionais para os movimentos de elevação, abdução e rotação interna dos membros superiores”

Pelo fato de alguns setores

estarem desativados, o Expert com base no laudo do

processo cível que julgou o pedido de auxílio-

acidente (B94) procedente, o qual o autor recebe

desde 2011, conclui que:

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“[...] Conforme o laudo de vistoria realizado pelo Perito na ação contra o INSS, o trabalho realizado pelo Reclamante era moderado, com o predomínio da repetitividade sobre a força. Havia movimentos múltiplos de pinça e preensão além de elevação e movimentação conjugada de várias articulações. ... Os exames de ressonância magnética realizados demonstram tendinopatia do supraespinhoso bilateral e bursite, acompanhado de alterações degenerativas do acrômio claviculares. O exame médico pericial demonstra que o Reclamante apresenta moderadas restrições e limitações funcionais para os ombros direito e esquerdo. ...”

No tocante as moléstias, o

perito afirmou que o autor é portador de tendinopatia

do supraespinhoso bilateral e bursite nos ombros, concluindo

pela existência no nexo infortunístico, bem como

pela incapacidade permanente do autor, ficando

clara a culpa da empresa e o seu dever de

indenizar.

Não obstante ao fato de o

autor entender que a responsabilidade civil no

presente caso é objetiva, em razão da atividade da

empresa ter um grau de risco elevado, restou

provado pela perícia a culpa da reclamada que

manteve o autor em atividades que despendiam de

esforços físicos demasiados, repetitivos e

viciosos.

Quanto a incapacidade,

constata-se que o autor possui INCAPACIDADE

FUNCIONAL TOTAL, ou seja, não tem condições de

exercer as mesmas atividades que exercia junto à

reclamada, de acordo com perito na resposta ao

quesito “f” deste MM.Juízo (fls.25 do laudo).

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Verifica-se que o estágio da

doença é crônico (fls.29 do laudo – quesito 11-b).

A moléstia é irreversível

(fls.26 do laudo – quesito 2).

DA MOLÉSTIA PROFISSIONAL – ACIDENTE DO TRABALHO

RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 186 E 927 DO CÓDIGO CIVIL

APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 949 E 950 DO CÓDIGO CIVIL

APLICAÇÃO DO ARTIGO 5º, V E X, DA CF

Concorda o reclamante com a

sentença de 1ª Instância que condenou a reclamada

no pagamento de indenização por danos morais e

materiais.

Esclarece o obreiro que está

interpondo recurso ordinário para questionar a

perda funcional para a fixação da indenização da

pensão mensal vitalícia, bem como para questionar

o valor da indenização por danos morais.

Diante dos fatos acima

narrados, entende o reclamante que a reclamada

deve ser responsabilizada pelos danos causados ao

obreiro, “a priori” pela incapacidade laboral

decorrente do acidente de trabalho / doença

profissional e “a posteriori” a empresa no mínimo

agiu com imprudência e negligência estando ciente,

dos males que a agressividade do local de trabalho

estava causando ao obreiro.

A mais importante base legal

que estabelece a obrigação patronal sobre

prevenção dos acidentes de trabalho está no artigo

7º, inciso XXII, da Constituição Federal:

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: ... XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; ...”

Como bem fundamentado na

sentença o ato ilícito está presente no fato de a

empresa oferecer ao autor um trabalho repetitivo e

sem adotar medidas que ajudariam a prevenir o

surgimento de doenças.

O dano resta configurado pela

doença adquirida pelo autor e sua incapacidade

parcial e permanente para o trabalho.

Presente também o nexo e a

culpa do réu por colocar o trabalhador para

trabalhar em condições que lhe prejudica, ao ser

negligente quanto à diminuição dos riscos à saúde

e segurança do trabalhador, conforme prevê o art.

7º, XXII, da CF/88.

Registre-se que a moléstia

adquirida está em estágio grave (crônica) e que o

grau de culpa da reclamada é severa, pois ofereceu

meio ambiente de trabalho degradante ao autor por

mais de 13 anos. Esclarece o obreiro que a

reclamada é uma empresa de grande capacidade

econômica.

Logo, presentes todos os

requisitos que dão ensejo ao reconhecimento da

responsabilidade civil.

Desta forma, correta a

sentença de 1ª Instância ao condenar a reclamada

ao pagamento de:

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Pensão mensal vitalícia;

Indenização por Danos morais

Convênio médico vitalício

DO RESSARCIMENTO DAS DESPESAS PROCESSUAIS

APLICAÇÃO DO ARTIGO 8º DA CLT

APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 389 E 404 DO CÓDIGO CIVIL

Nos termos do artigo 8º da CLT

e dos artigos 389 e 404 do Código Civil, a

Reclamada deverá ressarcir a Reclamante com juros

e correção monetária e ressarcir inclusive as

despesas de honorários de advogado, no importe de

20% do valor da condenação.

Os honorários previstos nos

artigos 389 e 404 do Código Civil de 2002 estão

relacionados com os contratados entre o cliente e

o seu advogado, não se trata de sucumbência, mas

de ressarcimento integral do dano.

Em outras palavras, esse

ressarcimento legal direcionado ao lesionado não

se interage com a verba honorária imposta pela

sucumbência, havendo, assim, uma plena autonomia

dos honorários sucumbenciais em relação aos

contratuais.

A verba honorária imposta

pelo Novo Código Civil é uma indenização de

Direito Material, não guardando nenhuma relação

com o Direito Processual, sendo que o seu titular

é o lesionado e não o seu advogado.

Diante da violação de seus

direitos, não só em eventuais situações

extrajudiciais como judiciais, o trabalhador deve

ser indenizado pelas despesas havidas com o seu

advogado, sob pena de violação da própria razão de

ser do Direito do Trabalho, ou seja, de sua origem

protetora.

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A restituição do seu crédito

há de ser integral, como bem assevera o disposto

no artigo 389 do Novo Código Civil, ou seja, as

perdas e danos, nas obrigações de pagamento em

dinheiro, serão pagas com atualização monetária

segundo índices oficiais regularmente

estabelecidos, abrangendo juros, custas e

honorários de advogado, sem prejuízo da pena

convencional.

A decisão judicial deverá

fixar, a título de indenização, os valores

efetivamente contratados entre o trabalhador e o

seu advogado, quando de fato houver o

reconhecimento da procedência parcial ou total da

postulação deduzida em juízo.

Claro está que essa

indenização será um crédito do empregado, na

qualidade de parte da relação jurídica processual,

já que se trata de um ressarcimento das despesas

havidas por ele em face da atuação profissional de

seu advogado.

CÓDIGO CIVIL

“Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.” “Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. ...”

Diante do exposto, requer o

Reclamante-recorrido seja negado provimento ao

recurso ordinário da reclamada para manter a

sentença de 1ª Instância para julgar a reclamação

trabalhista procedente.

Page 16: VALDIR DA SILVA TORRES qualificado nos autos da … · qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista proposta em face de VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA ... - condenou a reclamada

São Bernardo do Campo – Rua Newton Monteiro de Andrade, 29, Centro, CEP: 09725-370 - Tel 4123 8325

Nestes Termos

Pede Deferimento

São Bernardo do Campo, 08 de junho de 2015.

MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR

OAB/SP 148.128

EDSON MORENO LUCILLO

OAB/SP 77.761

CONTRARRAZOES RO VOLKS - VALDIR