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V DE VITÓRIA: A FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA E A LUTA PELOS DIREITOS CIVIS DOS NEGROS AMERICANOS (1944-1945) Anielly Tedesco Oliveira Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul [email protected] Resumo: A pesquisa tem como foco a análise da representação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) constituída e veiculada pelo jornal afro-americano The Pittsburgh Courier, entre os anos 1944 e 1945, período que abrange a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao ano que marca o fim do conflito e a desmobilização da FEB. Se deterá na forma em que se deu a construção da Força Expedicionária Brasileira e, consequentemente, do Exército Brasileiro, como um modelo a ser seguido para concretizar as reivindicações de direitos civis para os negros americanos, por meio do periódico The Pittsburgh Courier, entre 1944-1945, considerando o contexto da Campanha de Double Victory capitaneada pelo jornal analisado . Palavras-chave: Segunda Guerra Mundial, Força Expedicionária Brasileira, Estados Unidos, Movimento dos Direitos Civis. 1 A SEGREGAÇÃO RACIAL NOS ESTADOS UNIDOS E A IMPRENSA AFRO- AMERICANA COMO INSTRUMENTO DE PROTESTO A história da segregação racial nos Estados Unidos é tão antiga quanto a própria escravidão, pois tão logo o primeiro navio negreiro aportou nas Treze Colônias, legislações foram criadas para os escravos, elas eram conhecidas como Black Codes e tinham como foco medidas de anti-miscigenação, de modo a garantir a pureza da “raça branca” (MAGNOLI, 2009, p. 121). A Guerra de Secessão, causada pelas tensões regionais entre o Norte industrial e o Sul agrícola, trouxe para o cenário político a discussão sobre a abolição da escravidão, causando o arrefecimento das relações entre as duas partes do conflito (BREEN; DIVINE

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  • V DE VITÓRIA: A FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA E A LUTA

    PELOS DIREITOS CIVIS DOS NEGROS AMERICANOS (1944-1945)

    Anielly Tedesco Oliveira

    Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

    [email protected]

    Resumo: A pesquisa tem como foco a análise da representação da Força Expedicionária

    Brasileira (FEB) constituída e veiculada pelo jornal afro-americano The Pittsburgh

    Courier, entre os anos 1944 e 1945, período que abrange a entrada do Brasil na Segunda

    Guerra Mundial ao ano que marca o fim do conflito e a desmobilização da FEB. Se deterá

    na forma em que se deu a construção da Força Expedicionária Brasileira e,

    consequentemente, do Exército Brasileiro, como um modelo a ser seguido para

    concretizar as reivindicações de direitos civis para os negros americanos, por meio do

    periódico The Pittsburgh Courier, entre 1944-1945, considerando o contexto da

    Campanha de Double Victory – capitaneada pelo jornal analisado –.

    Palavras-chave: Segunda Guerra Mundial, Força Expedicionária Brasileira, Estados

    Unidos, Movimento dos Direitos Civis.

    1 A SEGREGAÇÃO RACIAL NOS ESTADOS UNIDOS E A IMPRENSA AFRO-

    AMERICANA COMO INSTRUMENTO DE PROTESTO

    A história da segregação racial nos Estados Unidos é tão antiga quanto a própria

    escravidão, pois tão logo o primeiro navio negreiro aportou nas Treze Colônias,

    legislações foram criadas para os escravos, elas eram conhecidas como Black Codes e

    tinham como foco medidas de anti-miscigenação, de modo a garantir a pureza da “raça

    branca” (MAGNOLI, 2009, p. 121).

    A Guerra de Secessão, causada pelas tensões regionais entre o Norte industrial e

    o Sul agrícola, trouxe para o cenário político a discussão sobre a abolição da escravidão,

    causando o arrefecimento das relações entre as duas partes do conflito (BREEN; DIVINE

  • et al, 1992). A Guerra Civil Americana se estendeu de 1861 a 1865 e em janeiro de 1865,

    o congresso, que fazia parte da União – representado pelo Norte – aprovou a 13ª Emenda,

    abolindo a escravidão em todos os estados dos Estados Unidos. Entre abril e maio do

    mesmo ano, Robert E. Lee, general do exército dos Estados Confederados, e o resto das

    forças sulinas rendem-se, dando fim ao conflito que dividira o país. Após a rendição dos

    Confederados, iniciou o período denominado Reconstrução, que se estendeu entre os anos

    de 1865 a 1877.

    Logo após o fim da Guerra da Secessão, o Norte – vencedor do conflito – iniciou

    planos para uma Reconstrução radical do Sul, que previa, a partir de 1867, a ocupação

    militar e administrativa da região por soldados da União e a garantia de plena igualdade

    entre brancos e negros ex-escravizados ao remover os Black Codes e instituir direitos

    civis aos negros americanos (GALLO, 2016, p. 25). Esse período forçou a “aceitação”

    dos negros na sociedade sulista, anteriormente exclusivista e supremacista; as medidas

    causaram o ressentimento que culminou numa reação contrária as ações, como, por

    exemplo, a formação de grupos supremacistas que perseguiam negros, sendo o mais

    famoso deles a Ku Klux Klan (GALLO, 2016; MAGNOLI, 2009).

    Entretanto, após 1877, um grupo chamado redeemers, os redentores, retomou o

    controle dos governos estaduais que haviam formado a antiga Confederação (MAGNOLI,

    2009, p. 114). Os redeemers eram formados por membros da velha elite latifundiária

    sulista, de homens originários da classe média que advogavam em prol da industrialização

    e do comércio, em detrimento da agricultura e de políticos de carreira (BREEN; DIVINE

    et al, 1992, p. 375). Ao chegarem ao poder, estabeleceram, na década de 1890, um corpo

    de leis apelidadas de Jim Crow, que promoviam a segregação de negros e brancos nos

    estados do Sul dos Estados Unidos. Tais corpos de leis segregacionistas abrangiam os

    mais diversos âmbitos sociais, dentre eles os transportes públicos, bibliotecas, hotéis,

    restaurantes, escolas, teatros e, também, as relações sexuais e o casamento.

    O fim da Reconstrução marcou também o fim das aspirações republicanas à

    inserção dos negros na sociedade americana, aos poucos esse deixou de ser o projeto do

    Norte, que passou a consentir as leis discriminatórias e segregacionistas implantadas pelo

    Sul (BREEN; DIVINE et al, 1992; MELANDRI, 2002). As décadas seguintes marcaram

  • um período obscuro de racismo nos Estados Unidos e os negros americanos pagaram o

    maior preço pela reunificação do país.

    A luta dos negros por direitos civis e igualdade, como previsto na Constituição

    Americana, se estende desde os escravos até os dias atuais, passando por períodos

    emblemáticos como a emancipação e a década de 1960, quando se tornaria ilegal qualquer

    forma de segregação racial institucionalizada graças a Lei de Direitos Civis, assinada em

    junho de 1964 e a Lei dos Direitos de Voto, promulgada em agosto de 1965.

    Dentro desse contexto de luta, se insere a imprensa negra americana, que tinha

    como objetivo ser um instrumento para dar voz aos afro-americanos, publicando

    discursos, ideias, reivindicações e notícias visando como público alvo os negros dos

    Estados Unidos, se dedicando a discutir questões sociais, políticas, econômicas e culturais,

    tanto a imprensa laica quanto a religiosa tiveram esse objetivo (THOMPSON, 2001, p.

    216). A imprensa negra surge como tal em 16 de março de 1827 com a publicação do

    Freedom’s Journal em Nova York (XAVIER, 2012, p. 19) e, a partir desse período,

    estima-se que tenha existido cerca de mil e trezentos jornais no século XIX e pelo menos

    mil e quinhentos no século XX (THOMPSON, 2001, p. 217).

    Em 1907 era criado, por Edwin Harles, o periódico The Pittsburgh Courier, que

    estave entre os maiores jornais afro-americanos do século XX (THOMPSON, 2001, p.

    221). Em maio de 1910, o Courier foi incorporado no hall de periódicos afro-americanos

    que circulavam pelos Estados Unidos, ele consistia, inicialmente, em quatro páginas com

    reportagens de interesse da região de Pittsburgh (BUNI, 1974, p. 43). Porém, a partir da

    década de 1930, o Courier alavancou sua tiragem e relevância tanto regional quanto

    nacional, sendo o primeiro jornal da imprensa negra a publicar edições nacionais e

    regionais (NEWSPAPERS, p. 1). Em 1947, a circulação do The Pittsburgh Courier

    alcançou 350 mil exemplares semanais (THOMPSON, 2001, p. 221).

    Dentre as campanhas que o periódico encabeçou, as mais conhecidas foram à luta

    contra a segregação de negros nos esportes profissionais e a Double Victory, que

    reivindicava, entre outras questões, o fim da segregação racial nas Forças Armadas. Essa

    campanha recebeu apoio de vários outros jornais, a tornando um esforço nacional da

    imprensa afro-americana (NEWSPAPERS, p. 1).

  • 2 A PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS NA SEGUNDA GUERRA

    MUNDIAL E A SEGREGAÇÃO RACIAL NO EXÉRCITO AMERICANO

    A política externa vigente nos Estados Unidos, durante os anos que precederam a

    Segunda Guerra Mundial até 1941, se caracterizava pelo isolacionismo das questões que

    assolavam o mundo para além das fronteiras americanas. Mesmo a anexação da Áustria

    e a invasão da Polônia, em 1939, pela Alemanha Nazista não resultaram na participação

    dos Estados Unidos na guerra que ameaçava assolar a Europa, entretanto o governo

    americano, encabeçado pelo presidente Roosevelt, pôs em prática a partir de março de

    1941, o programa de Lend-Lease, que afirmava a garantia de suporte logístico e de

    material bélico aos aliados, principalmente a Grã-Bretanha e, por extensão, a União

    Soviética (DAVIES, 2008, p. 78, p. 189).

    Mas esta estratégia de isolamento e apoio restritamente logístico não se manteve

    por muito tempo, pois, no mesmo ano, mais precisamente no dia 7 de dezembro, o Japão

    bombardeou a frota marítima americana estacionada no Pacífico, em Pearl Harbor, numa

    resposta a uma série de “ofensas” americanas, entre elas o congelamento de bens

    japoneses no país. Esse dia ficou marcado na história americana como o “Dia da Infâmia”.

    O ataque a Pearl Harbor arrastou, em definitivo, os Estados Unidos para a Segunda

    Guerra Mundial, sobretudo devido a declaração de guerra de Hitler e Mussolini à nação

    americana três dias depois do ataque japonês. Desta forma, a maior potência econômica

    entrou de fato na guerra e, ao lado da Grã-Bretanha, passou a comandar os Aliados

    Ocidentais na luta contra as Potências do Eixo.

    Quando os Estados Unidos entraram de fato na guerra, a questão sobre a

    segregação racial no Exército Americano se tornou um tópico de discussão, sobretudo

    pelos líderes negros dos movimentos civis. Dois lados foram estabelecidos, a comunidade

    negra defendia a integração do exército e as mesmas oportunidades para os soldados

    negros e brancos; por outro lado, o Departamento de Guerra americano e alguns políticos

    afirmavam que o Exército Americano não poderia ser um laboratório de experimentos

    sociais objetivando mudar as estruturas sociais (MCGUIRE, 1983, p. 147).

    Entretanto, para entender o desenrolar deste debate, é preciso voltar para as

    origens da Negro Policy, estabelecida em dois pilares: o estereótipo do soldado negro,

  • construído pelo Exército, de que ele não é um bom soldado, que é covarde, não-confiável

    e que não possui as principais virtudes de um guerreiro. O segundo pilar é baseado no

    entendimento de que permitir que o soldado negro tenha experiência de combate e com

    armas de fogo, equiparia os negros para conquistar a igualdade racial por força nos

    Estados Unidos (REDDICK, 1949, p. 12). As especificidades dessa política foram

    estabelecidas desde a Guerra de Independência Americana e vigoraram após o fim da

    Segunda Guerra Mundial; não era uma política explicitamente escrita, porém permeava

    todos os âmbitos do Exército Americano.

    Na Segunda Guerra Mundial, algumas alterações foram feitas, sobretudo quando

    o Selective Service and Training Act se tornou uma lei em 1940 (MCGUIRE, 1983, p.

    147), e permitiu-se algumas liberdades para os afro-americanos, sobretudo em sua

    segunda cláusula, que proibia a descriminação na seleção e treinamento dos soldados;

    entretanto a terceira cláusula determinava que o Departamento de Guerra estaria

    responsável por decidir quem seria ou não aceito nas Forças Armadas, o que diminuiu o

    otimismo da comunidade afro-americana.

    As condições dos soldados negros não se tornaram tão melhores como era

    esperado, a segregação nos campos de treinamento e nas bases militares continuou e,

    apesar do número de afro-americanos inscritos no exército ter aumentado, o número de

    oficiais negros correspondia a 1% de todos os oficiais do Exército (REDDICK, 1947, p.

    26).

    “Os negros tinham suas próprias unidades, refeitórios, alojamentos, tribunais –

    nos Estados Unidos, Inglaterra, França, Bélgica, não importava onde” (AMBROSE, 2008,

    p. 403).

    A 92ª Divisão de Infantaria estava inserida neste contexto de segregação. Ela era

    a “única grande unidade de infantaria composta de negros que teve serviço ativo na

    Segunda Guerra Mundial” (MAXIMIANO, 2010, p. 338), ainda que sob o comando de

    oficiais brancos – como era determinado pela negro policy –. O emprego dessa divisão

    no combate se deu somente depois de Roosevelt ceder a pressões de duas organizações

    afro-americanas, o CORE (Congress on Racial Equality) e a NAACP (Nacional

    Advancement Association of Colored People), que eram favoráveis ao envio de tropas

    segregadas para o front (MAXIMIANO, 2010, p. 341).

  • A Buffalo Division, como era conhecida a 92ª Divisão, estava incorporada no V

    Exército Americano, o mesmo no qual seria posteriormente inserida a Força

    Expedicionária Brasileira e, por estarem incorporadas no mesmo Exército, tanto a FEB

    quando a 92ª Divisão atuaram no mesmo setor de operações e, embora não tenham sido

    utilizadas juntas em combate, a proximidade das duas forças permitiu uma certa interação

    entre elas e direcionou a atenção dos correspondentes de guerra da imprensa negra, que

    acompanhavam a 92ª Divisão, para o Exército Brasileiro, fazendo-os perceber e noticiar

    a não-existência de segregação racial entre os soldados brasileiros, particularidade que

    foi noticiada por alguns periódicos afro-americanos, entre eles o The Pittsburgh Courier.

    3 A FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA E A ENTRADA DO BRASIL NA

    SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

    O posicionamento do Brasil perante a guerra que começara em 1939 era duvidoso

    até janeiro de 1942, momento no qual houve o rompimento definitivo das relações

    diplomáticas entre o Brasil e os países que compunham o Eixo. Este rompimento se deu,

    em parte, devido as constantes pressões americanas, intensificadas depois do ataque

    japonês aos Estados Unidos, em 1941, para que, o então presidente, Getúlio Vargas

    abdicasse da neutralidade e definisse um lado ao qual se aliaria. Embora parte do mundo

    tivesse me mobilizado para o combate contra o nazifascismo, a motivação para a entrada

    na guerra era muito mais econômica e política do que ideológica, considerando o

    posicionamento inicial de Vargas e, consequentemente, do seu governo (MAXIMIANO,

    2010, p. 37).

    Em janeiro de 1942, o Brasil rompe as relações diplomáticas com os países do

    Eixo, fazendo com que a Alemanha passasse a considerar o Brasil como um país hostil

    (FERRAZ, 2012, p. 47). O fator determinante que levou a esse posicionamento alemão

    foram as bases aéreas cedidas aos americanos no Nordeste brasileiro e a aproximação do

    governo com os Aliados, principalmente com os Estados Unidos. O rompimento das

    relações ocasionou uma sequência de ataques alemães a embarcações nacionais, entre

    fevereiro e agosto de 1942, com os piores ocorrendo em agosto desse ano, quando cinco

    navios mercantes foram torpedeados e, consequentemente, afundados (SILVA, 1975, p.

  • 35), tais ataques não poderiam ser ignorados, uma vez que ocorreram em águas brasileiras,

    então, devido a isso, em 22 de agosto de 1942, Getúlio Vargas declara guerra ao Eixo e

    institui o estado de beligerância (FERRAZ, 2012, p. 47).

    Houve inúmeras discussões sobre a possibilidade de mandar um Corpo

    Expedicionário para a linha de frente como suporte aos Aliados. O plano inicial era

    recrutar, selecionar e treinar cerca de cem mil combatentes para criar uma força

    expedicionária, composta por várias divisões de infantaria e blindadas, que lutaria lado a

    lado com os Aliados nos Teatros de Operações (MAXIMIANO, 2010, p. 37).

    Tais negociações para a formação de uma força expedicionária foram encabeçadas

    pelos Estados Unidos e, após alguns revezes, foi criada, em 1943, a Força Expedicionária

    Brasileira, que contaria com cerca de 25.334 soldados (MAXIMIANO, 2010, p. 38).

    Embora a FEB tenha sido criada em 1943, ela só foi mandada para o front de

    batalha em 1944, tendo esse deslocamento dos soldados ocorrido em cinco escalões

    distintos. O primeiro deles atravessou o Atlântico e aportou em terras italianas – mais

    precisamente em Nápoles – no dia 16 de julho, tal contingente era composto por

    aproximadamente cinco mil homens (FERRAZ, 2012, p. 79).

    Os dois escalões seguintes embarcaram no dia 22 de setembro e chegaram à Itália

    em 6 de outubro (MAXIMIANO, 2010, p. 51). Nos meses seguintes foram embarcados

    os dois últimos escalões, completando, assim o contingente de cerca de 25 mil brasileiros

    enviados à Itália. Logo que os escalões chegaram em terras italianas, foram incorporados

    ao 4º Corpo do V Exército Americano, uma força multinacional com o intuito de

    combater na Frente Mediterrânea. O V Exército Americano era composto de tropas das

    mais diversas nacionalidades, reunindo americanos, ingleses, poloneses, canadenses,

    indianos, neozelandeses, brasileiros e outros (FERRAZ, 2012, p. 79).

    As primeiras baixas sofridas pela FEB aconteceram em setembro de 1944, quando

    as missões eram mais frequentes e os riscos, maiores. Cerca de 15 mil soldados brasileiros

    participaram das batalhas na linha de frente, estando diretamente envolvidos no combate

    (FERRAZ, 2012, p. 81). Grande parte das missões destinadas à FEB eram patrulhas e

    ações pontuais para tomar posições, se constituindo em uma guerra de objetivos limitados

    (FERRAZ, 2012, p. 81-2).

  • Os dois momentos mais marcantes na campanha da Força Expedicionária

    Brasileira foram os combates em Monte Castelo, entre 24 de novembro de 1944 e 21 de

    fevereiro de 1945, no qual o ataque combinado com a 10ª Divisão americana foi bem-

    sucedido e Monte Castelo foi tomado. E, o segundo momento, foi a tomada da cidade de

    Montese, em 14 de abril de 1945. Duas semanas após a tomada de Montese, a FEB rendeu

    a 148ª Divisão de Infantaria alemã, tomando como prisioneiros cerca de 15 mil homens

    (FERRAZ, 2012, p. 83-4).

    O período ativo da Força Expedicionária Brasileira se estendeu até 8 de maio de

    1945, com o fim das operações no Teatro de Guerra do Mediterrâneo, porém a guerra na

    Itália havia se concluído no dia 2 de maio, com a rendição de todos os soldados alemães

    presentes naquela área. A Força Expedicionária se manteve na Itália até o dia 3 de junho

    como tropa ocupante e retornou ao Brasil. A campanha da FEB, na Itália, resultou na

    morte de 443 soldados brasileiros (FERRAZ, 2012, p. 84).

    A participação da Força Expedicionária Brasileira num Teatro de Operações

    periférico pode ter causado diversas interpretações diferentes sobre a sua importância e o

    papel que desempenhou na vitória dos Aliados contra as Potências do Eixo

    (MAXIMIANO, 2010; FERRAZ, 2012), entretanto a sua atuação não passou

    despercebida, os periódicos afro-americanos reconheceram o valor da FEB como uma

    força racialmente integrada e noticiaram esse fato ao longo do período que estiveram em

    contato com os soldados brasileiros. Um desses foi o correspondente de guerra Ollie

    Harrington, ligado ao NAACP e que mencionou a FEB no jornal The Pittsburgh Courier,

    narrando a existência do Exército que lutava sem barreiras raciais, com “[...] brasileiros

    de peles ‘negra, branca e vermelha’ convivendo harmonicamente” (MAXIMIANO, 2010,

    p. 343).

    4 THE PITTSBURGH COURIER E A FORÇA EXPEDICIONÁRIA

    BRASILEIRA

    Entre 17 de junho de 1944 a 16 de junho de 1945, dezessete edições do The

    Pittsburgh Courier veicularam reportagens sobre a Força Expedicionária Brasileira, a

  • entrada do Brasil na guerra e a existência de uma espécie de “democracia racial” existente

    no Brasil.

    O jornal The Pittsburgh Courier apresentou uma média de cinquenta edições por

    ano, cinquenta e três em 1944 e cinquenta e duas em 1945, dentre esse número de edições

    ocorreu a incidência de dez edições com reportagens relacionadas ao Brasil, em 1944, e

    em oito edições, em 1945. Percebe-se, dessa forma que, apesar da preocupação em

    noticiar a existência de um exército racialmente integrado e de uma sociedade

    “racialmente democrática”, a participação brasileira na guerra não era o foco do periódico,

    que se mantinha noticiando com destaque a participação da 92ª Divisão de Infantaria e

    assuntos internos dentro da perspectiva de um jornalismo de protesto e do jornalismo

    negro.

    Para a análise, dentro da perspectiva da análise de conteúdo proposta por Laurence

    Bardin, foi definida três grandes categorias para efetuar a metodologia de análise, todas

    as reportagens analisadas estão inseridas em uma dessas categorias – entretanto, somente

    em uma, sem se entrecruzarem –. Desta forma, foram estabelecidas as categorias de

    Reconhecimento, Exemplificação e Comparação, unindo elementos comuns identificados

    dentro dessas categorias.

    A primeira categoria analisada, Reconhecimento, diz respeito a todas as

    reportagens veiculadas no The Pittsburgh Courier que consideram a Força

    Expedicionária Brasileira e o Exército Brasileiro, em específico, e a sociedade brasileira,

    no geral, como parte da luta contra o nazi-fascismo no front externo, dentro de parte da

    perspectiva da Campanha de Double Victory, ou seja, o reconhecimento do Brasil como

    um aliado na guerra. O panorama geral que pode ser traçado é o noticiamento da

    participação efetiva do Brasil na Segunda Guerra Mundial e suas relações com as tropas

    do V Exército com quem os expedicionários tinham contatos. Dentro dessa categoria se

    insere cinco reportagens1, todas comentando sobre a participação do Brasil na Segunda

    Guerra Mundial.

    A primeira reportagem veiculada no The Pittsburgh Courier sobre o Brasil, em

    1944, fala sobre as declarações de Getúlio Vargas sobre a entrada do Brasil na guerra e a

    1 São elas dos seguintes dias: 29 abril 1944; 17 de junho de 1944; 25 de novembro de 1944; 6 de janeiro de

    1945; 28 de abril de 1945 e 16 de junho de 1945. Todas podem ser consultadas no site

    http://newspapers.com.

    http://newspapers.com/

  • ironia presente em um país ditatorial que entra em um conflito, do lado de países

    democráticos, para lutar em prol da democracia na Europa. A reportagem começa com a

    frase “joke of the week” (SCHUYLER, 1944, p. 1), demonstrando um tom sarcástico,

    beirando ao negativo, para com o Brasil, mas nota-se que as críticas são dirigidas

    exclusivamente ao governo brasileiro, em momento algum as expandindo para a

    sociedade brasileira no geral, portanto, não há menção a sociedade, desta forma não se

    inserindo nas análises seguintes. Entretanto, é perceptivo que o tom negativo apresentado

    nessa reportagem não será continuado nas seguintes, quando passará a haver contato entre

    os correspondentes de guerra e a Força Expedicionária Brasileira, adequando-se o tom de

    mensagem com as intenções e percepções que se almeja comunicar.

    A mudança de tom, voltando a ser levemente negativo, só ocorrerá em algumas

    reportagens nos anos do pós-guerra, entretanto, o tom positivo ao se referir a sociedade

    brasileira, em específico e ao Brasil, como um todo, ainda será predominante nas páginas

    do jornal.

    Destaca-se também a reportagem do dia 17 de junho de 1944, com o título

    “Brazilians set for action”, esta foi a primeira notícia a citar nominalmente a Força

    Expedicionária Brasileira, sendo o início do acompanhamento da FEB pelos

    correspondentes de guerra afro-americanos e da veiculação de notícias sobre a Força

    Expedicionária nas páginas do Courier.

    A segunda categoria, Exemplificação, se refere a reportagens que usaram a Força

    Expedicionária Brasileira, direta ou indiretamente, como forma de exemplo para as

    reivindicações do jornal por maiores direitos civis para os negros americanos. Os

    exemplos apresentados pelo periódico se referem a medidas que o Exército Americano

    deveria tomar que já são existentes dentro do Exército Brasileiro, com foco na não-

    segregação das forças brasileiras.

    Nela constam três reportagens2, sendo a destacada veiculada no dia 7 de outubro

    de 1944 e escrita por Ollie Harrington, um dos correspondentes de guerra que escrevia

    para o Courier. Ela é breve e sutil, pois está centrada nas ações da 92ª Divisão de

    Infantaria, porém por menor que seja a menção à Força Expedicionária Brasileira, sua

    2 São elas dos seguintes dias: 17 de junho de 1944; 7 de outubro de 1944 e 17 de março de 1945. Todas podem ser consultadas no site http://newspapers.com.

    http://newspapers.com/

  • intenção é clara. A FEB é mencionada somente uma vez e em três palavras: “[...] os

    elementos da 92ª divisão, com o Exército Brasileiro não-segregado assegurando o flanco

    direito...” (HARRINGTON, 1944, p. 1)3. É interessante notar a escolha de palavras para

    adjetivar as forças brasileiras lutando próximo a 92ª Divisão, o correspondente não

    necessariamente precisaria assinalar o fato do Exército Brasileiro não ser segregado, uma

    vez que duas reportagens anteriores já haviam se debruçado sobre o fato – nas edições de

    5 de agosto e 12 de agosto do mesmo ano –.

    Entretanto, reafirmar a não existência de segregação reforça o discurso do

    periódico de colocar a Força Expedicionária Brasileira, como avatar do Exército, em uma

    posição de exemplo a ser seguido, reforçando também as reivindicações do jornal por

    Forças Armadas não-segregadas nos Estados Unidos. Pode-se inferir, então, a intenção

    do Courier de manter a impressão, nos leitores, da possibilidade real de ter suas

    reivindicações atendidas, já que um dos aliados dos Estados Unidos praticava a

    democracia racial dentro de suas Forças Armadas e de sua própria sociedade.

    A terceira categoria, a de Comparação, foi a que mais teve incidência, contando

    com quinze4 das trinta e uma reportagens analisadas. Se coloca então a questão de por

    que? Poderia ela ser o meio mais efetivo de exprimir as intenções do Courier?

    Ao comparar as ações e configurações do Exército Brasileiro e da sociedade

    brasileira, no geral, o Courier estabelece em seu discurso quais decisões o Estado

    americano deveria tomar para garantir plenos direitos aos seus cidadãos negros e de que

    forma os Estados Unidos poderiam aprender com o seu vizinho Brasil, mantendo sempre

    o tom positivo ao se referir à Força Expedicionária Brasileira e ao país.

    Duas reportagens são dignas de nota nessa categoria, as do dia 5 e 12 de agosto

    de 1944, nelas fica explícito o posicionamento do periódico frente aos problemas raciais

    dos Estados Unidos e sua visão do Brasil.

    3 Tradução livre da autora. Grifo da autora. Trecho original: “[...] the elements of the 92nd division, with

    the unsegragated Brazilian army holding the right flank...” 4 São elas dos seguintes dias: 5 de agosto de 1944; 12 de agosto de 1944; 4 de novembro de 1944; 11 novembro de 1944; 2 de dezembro de 1944; 29 de setembro de 1945; 29 de setembro de 1945; 8 de

    dezembro; 15 de dezembro de 1945; 19 de outubro de 1946; 22 de novembro de 1947; 15 de maio de 1948;

    5 de junho de 1948; 21 de agosto de 1948; 27 de novembro de 1948. Todas podem ser consultadas no site

    http://newspapers.com.

    http://newspapers.com/

  • Em 5 de agosto de 1944 verifica-se uma das maiores veiculadas sobre a Força

    Expedicionária Brasileira, escrita pelo correspondente de guerra do Courier, Ollie

    Harrington, a notícia tem o título “Black, White, Red Brazilian Troops March, Socialize

    Freely In Naples”.

    Harrington descreve os pequenos grupos de soldados andando lado a lado ao longo

    da Via Roma e preenchendo as mesas nas calçadas dos cafés italianos, impressionando

    os napolitanos que os observavam, curiosamente, devido ao “[...] espetáculo sem

    precedentes de tropas brancas, negras e 'vermelhas', obviamente inconsciente de

    quaisquer diferenças raciais e aproveitando os deleites dessa bela cidade” 5

    (HARRINGTON, 1944, p. 9).

    Nota-se que Harrington descreve os soldados brasileiros como inconscientes de

    quaisquer diferenças raciais existentes entre eles, dando a noção de que uma verdadeira

    democracia étnica reinava entre as tropas brasileiras, além de serem capazes de desfrutar

    dos mesmos espaços, juntos, sem a segregação que ocorreria caso eles estivessem

    inseridos no Exército Americano.

    Em 12 de agosto de 1944 foi veiculada a reportagem “Brazil Shows The Way”,

    relatando a chegada da primeira tropa do Exército Brasileiro nas linhas de frente onde as

    batalhas estão acontecendo e que “(...) sua chegada causou aos soldados aliados muitas

    reflexões, especialmente os soldados de cor” (BRAZIL, 1944, p. 6).

    A reportagem prossegue comentando o fato de que todos os brasileiros servem

    juntos no Exército independente da pigmentação de pele, ao contrário do que acontece

    nos exércitos americano, britânico e francês. Ressalta que “todos os brasileiros são irmãos

    de armas, servindo lado a lado em uma causa comum, uma imagem de democracia real”

    (BRAZIL, 1944, p. 6). “Os brasileiros não falam tanto sobre democracia, fraternidade e

    unidade nacional de todos os elementos quanto falam os seus Aliados, mas eles praticam

    o que os outros pregam” (BRAZIL, 1944, p. 6).

    A reportagem cita a oportunidade que os Estados Unidos têm de estabelecer seu

    exército dentro de linhas democráticas e a promulgação do Selective Service Act – que

    deveria cessar as discriminações raciais dentro do Exército Americano –, mas, continua

    5 Tradução livre da autora. Trecho original: “[...] unprecedented spectacle of white, black and red troops

    obviously unconscious of any racial differences and enjoying the delights of this beautiful city”.

  • a reportagem, o jim crowismo prevalece dentro das Forças Armadas Americanas, como

    se a lei promulgada não existisse.

    O tom de crítica a discriminação racial, especialmente dentro dos Estados Unidos,

    é bastante incisivo, recriminando a não aplicação real do act promulgado pelo presidente

    Roosevelt e a insistência de manter a lógica jim crowista dentro das Forças Armadas

    Americanas.

    Sobre o Brasil, é notável o tom positivo, até mesmo o colocando num patamar a

    cima dos outros países citados, o próprio título estabelece essa percepção inicial, pois

    coloca o Brasil numa posição de líder; ele lidera e mostra o caminho a ser seguido nas

    questões de democracia étnica. Mais do que isso, pode-se inferir a intenção do jornal de

    reafirmar os pontos onde os Estados Unidos falham nessa tarefa, sobretudo ao citar a

    insistência de manter as Forças Armadas segregadas, voltando à motivação da Campanha

    de Double Victory, que via no fim da discriminação racial dentro das Forças Armadas

    como o primeiro passo para a igualdade racial plena dentro da sociedade americana.

    Nota-se também a reafirmação do Brasil como um país que pratica a democracia

    ao invés de teorizar sobre ela, ao mesmo tempo que pinta a imagem de soldados

    brasileiros lutando lado a lado por uma causa comum sem que a cor da pele tenha qualquer

    influência nisso, numa fraternidade plena, sem nunca adereçar possíveis atos de racismo

    dentro da Força Expedicionária Brasileira, demonstrando que o discurso é construído em

    cima de uma noção da FEB e do Exército Americano, não de sua faceta real – que

    provavelmente carregava tensões raciais muito parecidas com as do Exército Americano,

    embora certamente mais veladas –. Será essa a idealização máxima do Exército Brasileiro

    nas páginas do Courier, um lugar de comunhão entre todas as raças, onde todos lutam

    juntos por uma mesma causa.

    Uma relação possível de ser feita é a forma como o Brasil passa a ser visto como

    uma democracia, ao menos étnica, enquanto a primeira reportagem sobre o país no ano

    de 1944 falava exatamente da contradição existente em um governo que se dispunha a

    lutar pela democracia na Europa enquanto ele mesmo não era democrático. O discurso do

    jornal produz um afastamento entre o governo brasileiro e a sociedade brasileira, sem

    nunca mais o adereçar quando noticia assuntos relativos ao Brasil.

  • 5 CONSIDERÇÕES FINAIS

    A Força Expedicionária Brasileira e o Brasil, como um todo, serviram durante

    anos às reivindicações do The Pittsburgh Courier para maiores direitos civis e melhores

    oportunidades de vida para os negros americanos. Mesmo com uma leve mudança de tom

    no ano de 1948, o jornal continuou, majoritariamente, se referindo a sociedade brasileira

    como um bastião de igualdade e democracia étnica.

    Concluindo, percebe-se que o Courier de fato idealizou e construiu a noção de

    uma sociedade brasileira racialmente igualitária, de modo que essa idealização foi usada

    para reforçar o discurso do periódico que intendia a advogar em prol de amplos direitos

    civis para os negros americanos.

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