força expedicionária brasileira

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Força Expedicionária Brasileira - FEB O Brasil foi o único país da América Latina que participou diretamente da Segunda Guerra Mundial. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) permaneceu na Itália cerca de 11 meses, dos quais quase oito na frente de luta, em contato permanente com o inimigo. A 28 de janeiro de 1942, durante a Terceira Conferência dos Chanceleres Americanos no Rio de Janeiro, o Governo do Brasil anunciava o rompimento de suas relações com a Alemanha, o Japão e a Itália, por efeito de seus compromissos internacionais em face da agressão a Pearl Harbour (7 de dezembro de 1941). Em conseqüência desse ato, entrou o Brasil em grande atividade militar para a segurança e a defesa de suas costas, quando, ao mesmo tempo, cedia aos Estados

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O Brasil foi o único país da América Latina que participou diretamente da Segunda Guerra Mundial. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) permaneceu na Itália cerca de 11 meses, dos quais quase oito na frente de luta, em contato permanente com o inimigo. A 28 de janeiro de 1942, durante a Terceira Conferência dos Chanceleres Americanos no Rio de Janeiro, o Governo do Brasil anunciava o rompimento de suas relações com a Alemanha, o Japão e a Itália, por efeito de seus compromissos internacionais em face da agressão a Pearl Harbour (7 de dezembro de 1941). Em conseqüência desse ato, entrou o Brasil em grande atividade militar para a segurança e a defesa de suas costas, quando, ao mesmo tempo, cedia aos Estados Unidos o uso, durante a conflagração, de suas bases militares - Belém, Natal, etc.

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Page 1: Força Expedicionária Brasileira

Força Expedicionária Brasileira - FEB

O Brasil foi o único país da América Latina que participou diretamente da Segunda Guerra

Mundial. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) permaneceu na Itália cerca de 11 meses,

dos quais quase oito na frente de luta, em contato permanente com o inimigo. A 28 de janeiro

de 1942, durante a Terceira Conferência dos Chanceleres Americanos no Rio de Janeiro, o

Governo do Brasil anunciava o rompimento de suas relações com a Alemanha, o Japão e a

Itália, por efeito de seus compromissos internacionais em face da agressão a Pearl Harbour (7

de dezembro de 1941). Em conseqüência desse ato, entrou o Brasil em grande atividade

militar para a segurança e a defesa de suas costas, quando, ao mesmo tempo, cedia aos

Estados Unidos o uso, durante a conflagração, de suas bases militares - Belém, Natal, etc.

Em agosto de 1942 o Brasil se viu envolvido nos conflitos da Segunda Guerra Mundial

quando submarinos alemães torpedearam indefesos navios mercantes brasileiros. Esses

ataques covardes levaram o Governo de Getúlio Vargas, no dia 22 de agosto de 1942 a

reconhecer a existência de estado de guerra entre o Brasil e as potências do Eixo (Alemanha,

Itália e Japão).

Page 2: Força Expedicionária Brasileira

Preparação da Força Expedicionária Brasileira (FEB)

A atitude, decorrente da declaração de guerra, não se limitou à defesa das costas, à

concessão das bases militares aos americanos, durante o conflito em curso, ou  à

colaboração com as forças militares norte-americanas no patrulhamento do Atlântico Sul, o

que de pronto foi feito. Os brasileiros desejavam participar de forma mais direta na guerra,

inclusive enviando soldados para os campos de batalha na Europa.

Porém as Forças Armadas do Brasil, notadamente o Exército Brasileiro e a Força Aérea,

estavam completamente desatualizadas, não possuíamos armas modernas, nossas

organizações e táticas eram ultrapassadas e nossos serviços deficientes. Por isso desde

agosto de 1943 começaram a serem traçadas as normas, em caráter sigiloso, para a

organização da Força Expedicionária Brasileira (FEB), destinada a cooperar, além-mar, com

os Exércitos Aliados na missão de destruir o inimigo comum. No dia 9 de agosto de 1943, o

General Mascarenhas de Moraes, comandante da 2ª Região Militar (São Paulo), foi convidado

pelo foi convidado pelo ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, a assumir o comando de uma das

Divisões de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira. Em seguida, o ministro partiu para os

Estados Unidos carregando uma carta de Vargas ao presidente Franklin Roosevelt, em que Getúlio

manisfestava o desejo do Brasil de participar das batalhas ativamente.

A divisão de Mascarenhas de Moraes seria a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE),

devendo a sua designação ser feita oportunamente. Pela Portaria Ministerial 4.744, publicada em

boletim reservado de 13 de agosto de 1943, foi estruturada a FEB, constituída pela 1ª Divisão de

Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e por órgãos não-divisionários. A 23 de novembro de 1943 é

finalmente criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), com três Divisões de Infantaria e

elementos orgânicos de Corpo de Exército, inclusive Aviação e Órgãos de Comando e de

Serviços.

Em outubro de 1943 já se tinha dado começo à organização da 1ª Divisão de Infantaria

Expedicionária (1ª DIE), sob a orientação do General Mascarenhas de Moraes, para esse fim

designado em 7 de outubro de 1943. Essa Grande Unidade expedicionária e seus elementos

constitutivos seguiriam os padrões vigentes no Exército dos Estados Unidos e já consagrados

pela experiência da guerra em pleno desenvolvimento.

A tropa orgânica da Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE), tipo americano, compreendia:

- 3 Regimentos de Infantaria (1o Regimento de Infantaria (o

“Sampaio”), do Rio de Janeiro; 6o Regimento de Infantaria, de

Caçapava;11o RI, de São João del Rei);

- 3 Grupos de Artilharia 105mm;

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- 1 Grupo de Artilharia 155mm;

- 1 Batalhão de Engenharia (9o Batalhão de Engenharia, de

Aquidauana (Mato Grosso);

- 1 Esquadrão de Reconhecimento;

- 1 Batalhão de Saúde (organizado em Valença);

- 1 Companhia de QG;

- 1 Companhia de Intendência;

- 1 Companhia de Transmissões;

- 1 Companhia de Manutenção;

- 1 Pelotão de Polícia;

- 1 Banda de Música;

- 1 Destacamento de Saúde e;

-1 Pelotão de Sepultamento.

Em resumo a FEB compôs-se de um Comando, uma divisão de Infantaria, um Depósito de

Pessoal e pequenas organizações com Serviço de Justiça e Serviço de Saúde ao qual

estiveram integrados cerca de 100 médicos, enfermeiros e 111 enfermeiras, Serviço Religioso

e contingentes de ligação, de intendência.Na organização da 1ª DIE foram aproveitadas, em

grande parte, unidades já existentes, transformadas algumas e criadas outras. Numerosos e

difíceis foram os obstáculos à tarefa de se organizar uma força expedicionária de acordo com

os moldes norte-americanos. Há muitos e muitos anos o Exército Brasileiro vinha baseando

sua organização, regulamentos e seus processos de combate na chamada "escola francesa".

De repente, devido as circunstâncias, o Brasil teve que, de dentro da antiga moldagem,

constituir uma Divisão de Infantaria, com a organização norte-americana, com métodos,

processos e meios norte-americanos. Somente quem nunca se viu a braços com problemas

análogos pode ignorar as dificuldades, as incompreensões e choques daí decorrentes. A nova

organização exigia a criação de órgãos absolutamente novos e a revisão quase revolucionária

de princípios, há muito firmados em nosso meio militar. O problema consistiu em fazer sair, de

um maquinismo montado à francesa, uma Força Expedicionária que funcionasse à

americana.

Page 4: Força Expedicionária Brasileira

A 1ª DIE, contou em seu seio, desde o início, cerca de três dezenas de oficiais das armas e

serviços, com certa experiência dos processos de combate e instrução adotados nos Estados

Unidos, pois tinham realizado proveitos estágios em Unidades e Campos de treinamento

daquele país amigo. Alguns chefes nossos, entre os quais avultam os generais Euclydes

Zenóbio da Costa, Oswaldo Cordeiros de Farias e Falconiere da Cunha, estagiaram também

na América do Norte, onde tiveram oportunidade de colher magníficos ensinamentos. Além de

contar com este contingente para as tarefas iniciais de organização e adestramento, ainda era

de inestimável valia para a 1ª DIE a visita do seu chefe divisionário às frentes de combate do

provável teatro de atuação das forças brasileiras. Obra de realismo militar, essa visita

produzia a vantagem de estabelecer proveitosas relações pessoais de comando, antes

mesmo da chegada da tropa brasileira ao teatro da guerra. Nesta ordem de idéias e objetivos,

o General Mascarenhas De Moraes, no dia de 6 de dezembro de 1943, acompanhado de

diversos oficiais, entre os quais um "Grupo de Observadores", partiu para o Norte da África e

Itália. Neste último país, visitou demoradamente as frentes de combate e esteve em contacto

com os mais abalizados chefes militares aliados desse Teatro de Operações. No final de

1943, foi decidido que o destino do corpo expedicionário brasileiro seria o teatro de

operações do Mediterrâneo.

As forças brasileiras seriam integradas ao V Exército norte-americano, comandado pelo

general Mark Clark, e incluída nos quadros do IV Corpo de Exército, comandado pelo

General Willis Crittenberger. Este Corpo do Exército americano, além da divisão brasileira,

compunha-se de uma divisão blindada (americana), uma divisão sul-africana e outra inglesa,

e ainda da 10a Divisão de Montanha (americana), que lutou ao lado dos brasileiros em

fevereiro de 1945, quando da tomada de Monte Castelo.

O V Exército norte-americano fazia parte do X Grupo de Exércitos Aliados. Lado a lado com o

V Exército norte-americano combatia no Teatro do Mediterrâneo o famoso VIII Exército inglês

comandado pelo Marechal Montgomery, laureado pelas vitórias sobre os alemães e italianos

obtidas na Campanha do Norte da África e Sicília, depois chamado à Inglaterra a fim de

preparar a invasão da Europa, substituído na Itália pelo General Lease. O Comandante

Supremo do Teatro do Mediterrâneo era o Marechal Sir Alexander, do Exército inglês. Nesse

quadro de estrelas fulgurantes da guerra, veteranos famosos, entrou a nossa FEB. O objetivo

maior dos Aliados na Itália naquele momento era manter o exército alemão sob pressão, de

modo a não permitir que seus comandantes deslocassem tropas para a França, onde se

preparava a ofensiva final das forças aliadas no ocidente. 

Somente a 28 de dezembro de 1943 é que foi publicada a designação do General

Mascarenhas De Moraes para comandar a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE),

em confirmação da escolha feita pessoalmente pelo Chefe do Governo, em agosto último.

Retornando ao Brasil em janeiro de 1944, o General Mascarenhas De Moraes fez sentir a

necessidade de tornar mais efetiva a sua ação de comando, pois urgia concentrar a tropa

Insígnia do V Exército dos Estados Unidos.

Page 5: Força Expedicionária Brasileira

expedicionária na Capital Federal, subordinando-a diretamente ao seu chefe. Na segunda

quinzena de março de 1944 atingia ao seu término a concentração da 1ª DIE na Capital

Federal, com alguns elementos no Estado do Rio de Janeiro, ficando assim essa Grande

Unidade expedicionária debaixo do comando de seu chefe próprio.

A preparação técnica e tática da 1ª DIE começou a ser encarada pelo seu comandante com a

mais séria preocupação de vencer os obstáculos que surgiam por toda a parte. Apesar da

atividade dos chefes expedicionários, nos diferentes escalões da hierarquia militar, a

escassez de armamento e de outros materiais de guerra prejudicou a obtenção de um nível

alto de adestramento, particularmente na instrução tática. Estava previsto, entretanto, um

período final de adestramento, que seria realizado no próprio teatro da guerra, o que

possibilitaria melhor lucro na instrução tática das unidades. Amiudavam-se as visitas,

inspeções e verificações, realizadas pelos chefes expedicionários de todos os escalões.

A 31 de março de 1944, desfilava pelas avenidas do Rio de Janeiro a Infantaria

Expedicionária, sob o comando do General Zenóbio Costa, dando uma excelente prova de

seu apuro físico e de sua disciplina. A 20 de maio de 1944 realizou-se, no Campo de

Instrução de Gericino (Rio de Janeiro), com a presença do Presidente da República a

esplêndida demonstração de tiro real, levada a efeito por toda a Artilharia Expedicionária, sob

o comando do General Oswaldo Cordeiros de Faria. No dia 24 desse mesmo mês, em

homenagem ao feito de Tuiuti, desfila pela Avenida Rio Branco a 1ª Divisão de Infantaria

Expedicionária (1ª DIE), sob o comando do General Mascarenhas de Moraes, recebendo do

Chefe do Governo e do povo as mais entusiásticas aclamações e as mais tocantes

despedidas.

A 1ª DIE foi organizada à base de uma Divisão de Infantaria do Exército dos EUA, ou seja,

com 14.254 homens (734 oficiais e 13.520 pracinhas, expressão que passou a denominar os

expedicionários brasileiros e que até hoje perdura) e equipada com 66 obuses (54 de 105mm

e 12 de 155mm), 144 morteiros (90 de 60mm e 54 de 80mm), 500 metralhadoras (87

submetralhadoras 4,5, 175, . 30 e 237, .50), 11.741 fuzis (5.231 carabinas e 6.510 fuzis

todos .30), 1.156 pistolas cal 45, 2.387 armas anticarro (13 canhões de 37mm e 57 de 57mm,

além de 585 lança - rojões 2.36 e 1.632 lança - granadas) e 72 detectores de minas anticarro

e máscaras contra gases para todo o efetivo. Possuía 1.410 viaturas motorizadas, das quais

13 carros blindados M8 e cinco M3 de meia - lagarta. Isso permitia à 1ª DIE transportar de

uma só vez um terço de seu efetivo, o que ocorreu na perseguição no rio Panaro. Os 47 botes

de assalto e passadeiras permitiam à divisão realizar pequenas transposições de cursos

d'água. Seus 736 telefones, 42 telégrafos, 592 estações de rádio e 10 aviões Piper Cub de

ligação, proporcionavam-lhe ampla capacidade de observação e ligação. Com essa

organização, a 1ª DIE tinha possibilidade de atacar numa frente de até 6 Km e defender uma

frente de cinco a 10 Km, depois de adaptação em montanha que ocorreria na região dos

Apeninos. O adestramento da 1ª DIE iniciou no Brasil com apoio de 115 regulamentos

Page 6: Força Expedicionária Brasileira

americanos (210.874 exemplares) traduzidos e coordenados pelo Estado - Maior da FEB do

interior, que funcionou na Casa de Deodoro e que prestou grande concurso à mobilização

complexa da FEB sob a chefia do Gen Anor Teixeira dos Santos. Concorreram para esse

adestramento vários oficiais com estágio no Exército dos EUA.

Indo para a frente de batalha

Em julho de 1944 as forças brasileiras partiram para o teatro da luta. O final da guerra, em

maio de 1945, impediu que a 2a e 3a divisões fossem juntar-se, na Itália, à 1a Divisão de

Infantaria Expedicionária (DIE), o contingente brasileiro que lutara, como integrante do 5o

Exército, ao lado dos soldados americanos, ingleses e sul-africanos.

Entre 2 de julho de 1944, data da partida do 1o Escalão, e 8 de fevereiro de 1945, quando

seguiu o 5o e último, os navios-transporte americanos General W A Mann e o General Meigs

desembarcaram na Itália, no porto de Nápoles, um total de 25.445 expedicionários brasileiros,

oficiais e soldados. Era o efetivo de uma divisão, porque a guerra da FEB foi a guerra de uma

divisão. Dos oficiais superiores da FEB, 98% pertenciam à ativa do Exército, como da ativa

era 97% de seus capitães. Em compensação, 49% dos subalternos da tropa pertenciam à

reserva - isto é, eram civis convocados nas mais diferentes partes do Brasil para completaram

os quadros da FEB. A FEB se desdobrou em cinco Escalões de Embarque no valor

aproximado de 5.000 homens, cada um, perfazendo como visto um total de cerca de 25.000

homens; os três primeiros constituíam a 1ª DIE e os dois últimos formavam o Depósito de

Pessoal, órgão da FEB, destinado ao recompletamento dos claros. Os cinco Escalões de

Embarque se deslocaram para a Itália nas condições abaixo:

1º Escalão de embarque: A 2 de julho de 1944, pelo "General Mann", sob o comando do

General Zenóbio da Costa, tendo chegado a Nápoles em 16 de julho. Acompanhou este

Escalão o General Mascarenhas de Moraes. Composição: Escalão Avançado dos Quartel

General da 1ª DIE; Estado Maior da ID da 1ª DIE; o 6º RI; a 4ª Cia. e 1º Pel. de Mrt. do

11º RI; o II/1º ROAuR; 1ª Cia. do 9º BE; 1/3 das Sec. Supr. e de Man. do 9º BE; 1º Pel. do

Esquadrão de Reconhecimento; a Sec. Explr. e elementos da Sec. Cmdo. da 1ª Cia. de

Transmissões; a 1ª Cia. de Evacuação, o Pel. Tratamento e elementos da Sec. Cmdo.,

todos do 1º Batalhão de Saúde; a Cia. de Manutenção; o Pelotão de Polícia Militar; um

pelotão de viaturas, uma Sec. do Pel. de Serv. e elementos da Séc. de Cmdo. da 1ª Cia.

de Intendência; e elementos da FEB anexos à 1ª DIE; o Correio Regulador, o Depósito de

Intendência, a Pagadoria Fixa, correspondentes de guerra, elementos do Hospital

Primário, Serviço de Justiça e Banco do Brasil. Efetivo: - 5.075 homens, inclusive 304

oficiais.

2º Escalão de Embarque: A 22 de setembro de 1944, pelo "General Meigs", sob o

comando do General Oswaldo Cordeiro de Farias, chegando a Nápoles em data de 6

Imagens do embarque, transporte e desembarque das tropas da Força Exped

Page 7: Força Expedicionária Brasileira

de outubro. Composição: AD/1ª DIE (Estado-Maior e Bia. de Comando); o 1º RI; I/2º

ROAuR; 9º BE (elementos do Dest. Cmdo., Cia. de Serviço e 2ª Cia.); grosso do I°

Esquadrão de Reconhecimento; 1ª Cia de Transmissões (Sec. Extra., uma Sec. Explr.

e Sec. Constr.); 1º Batalhão de Saúde (elementos do Dest. Cmdo., 1ª Cia. de

Evacuação e elementos da Cia. de Tratamento); elementos da Cia. de Intendência;

elementos de Depósito de Intendência; elementos dos Serviços Postal e Justiça; Cia.

do Quartel-General da 1ª DIE; grosso do QG da 1ª DIE; 2º Grupo Suplementar

Brasileiro em Hospitais americanos; 3º Grupo Suplementar Brasileiro em Hospitais

Americanos; correspondentes de guerra e elementos do Banco do Brasil. Efetivo: -

5.075 homens, inclusive 368 oficiais.

3º Escalão de Embarque: A 22 de setembro de 1944, pelo "General Meigs", sob o

comando do General Olimpio Falconiere da Cunha, chegando a Nápoles em 6 de

outubro. Composição: 11 RI.; I/1º ROAuR; I/1º RAPC; 9º BE (Comando e Cia. de

Serviço, Dest. Saúde e 3ª Cia.); Esq. de Ligação e Observação; 1º Batalhão de Saúde

(Dest. Cmdo., Pel. de Tratamento e 3ª Cia. Evac.); elementos da 1ª Cia. de

Intendência; QG da 1ª DIE e Cia. do QG; Depósito de Intendência; Banda de Música;

1º Grupo Suplementar Brasileiro em Hospitais Americanos; e Pelotão de

Sepultamento. Efetivo: - 5.239 homens, inclusive 318 oficiais. Os efetivos

transportados nos 2º e 3º Escalões de Embarque montaram a 10.375 homens.

4º Escalão de Embarque: A 23 de novembro de 1944, pelo "General Meigs", sob o

comando do coronel Mario Travassos, chegando a Nápoles a 7 de dezembro.

Conduziu o 1º Escalão do Depósito de Pessoal da FEB; Efetivo: - 4.691 homens,

inclusive 285 oficiais.

5º Escalão de Embarque: A 8 de fevereiro de 1945, pelo "General Meigs, sob o comando do

Tenente-Coronel Ibá Jobim Meireles, tendo chegado a Nápoles a 22 do mesmo mês. Conduziu

o 2º Escalão do Depósito de Pessoal da FEB. Efetivo: - 5.082 homens, inclusive 247 oficiais.

Todos esses escalões cruzaram o oceano Atlântico e penetraram no mar Mediterrâneo

protegidos por poderosas escoltas aeronavais da nossa Marinha de Guerra e das forças

aliadas em vista dos perigos da ativa guerra submarina desenvolvida pelos alemães e

italianos. Com exceção de 111 militares, entre os quais 67 enfermeiras, que viajaram por via

aérea (Rio-Natal-Dakar- Nápoles).

Distintivo- A cobra Fumou:

Os mais céticos diziam que o Brasil só iria à guerra quando uma cobra fumasse. Antes da

FEB partir para a Europa dizia-se que era “mais fácil uma cobra fumar do que a FEB

embarcar...”, mas “a cobra fumou” e se no transformando no distintivo da FEB.  O distintivo foi

Page 8: Força Expedicionária Brasileira

idealizado pelos próprios “pracinhas”, como resposta aos que não acreditavam na coragem e

bravura dos soldados brasileiros.

Adestramento no Teatro de Operações

Não foram poucas as dificuldades que, de começo, teve que vencer a primeira tropa brasileira

(1º Escalão de Embarque) desembarcada na Itália. Os chefes americanos, de menor

graduação, estranhavam, a princípio, a presença de nossos soldados em território italiano e

não escondiam a dúvida sobre as vantagens do emprego da tropa brasileira na luta, pois, do

Brasil, apenas tinham notícia das bases aéreas de Belém e Natal, que, aliás, de brasileiras só

possuíam o chão. Muito pouco se avançou no adestramento militar do 1º Escalão de

Embarque durante o seu primeiro mês de permanência no Teatro de Operações na Itália.

O obstáculo principal a esse desenvolvimento foi, como no Brasil, a falta material de

instrução. A ansiedade geral da tropa brasileira de entrar em ação de combate induziu o

General Mascarenhas de Moraes, desde os primeiros dias de nossa estada em Bagnoli,

perto de Nápoles, a interessar-se vivamente pelo recebimento do material de guerra e pela

transferência do 1º Escalão de Embarque para uma área de treinamento, o que tornaria

possível a melhoria do nosso padrão de adestramento.

Como decorrência das repetidas entrevistas que manteve com as autoridades militares

americanas, objetivando a concretização daqueles propósitos, o nosso chefe divisionário

conseguiu, no dia 26 de julho de 1944, a autorização deslocar o 1º Escalão de Embarque

para a região de Tarquinia. Ainda mais, em Tarquinia o contingente deveria receber

armamento e equipamento de toda a natureza. Na noite de 5 de agosto de 1944 estava o 1º

Escalão de Embarque concentrado em Tarquinia, onde, dentro de uma quinzena, recebia

grande cópia de variado e complexo material de guerra. Naquela mesma data ficou a nossa

tropa subordinada ao V Exército Americano, Grande Unidade que vinha tendo brilhante

atuação militar, desde a Campanha da África .

De 18 a 20 de agosto o 1º Escalão de Embarque deslocou-se de Tarquinia para Vada, que

distava, nessa ocasião, 25 quilômetros da frente de batalha do Arno. Instalara-se o 1º

Escalão de Embarque no Acampamento de Vada, com o objetivo de ultimar o seu

adestramento para o combate. Disfarçava-se sob esplêndido parreiral o nosso acampamento.

Mas, os cuidados que devíamos manter, dadas as vizinhanças da zona de combate, não

eram poucos. O funcionamento de nossos Serviços, com a nova situação que exigia

disciplina de luzes e de circulação, veio a ser encarado com espírito mais objetivo. As nossas

necessidades passaram a ser satisfatoriamente atendidas, principalmente pela adoção do

sistema das visitas diárias dos oficiais de ligação e chefes de serviço americanos.

Acima o distintivo - A Cobra Fumou, e abaixo o emblema de identificação

Page 9: Força Expedicionária Brasileira

A permanência dos brasileiros na área de Vada desde os primeiros dias, caracterizou-se por

uma intensificação de nosso adestramento. Assim, iniciamos a 2 de agosto o "período de

instrução final", com a duração de três semanas. A instrução, já com a dotação completa de

material progrediu brilhantemente. Os últimos dias do "período de instrução final" foram

vividos dentro do grande exercício de 36 horas, e iniciado a 10 de setembro, o qual constituiu

a recordação emocionante do acampamento de Vada. Tal exercício contou com a desvelada

assistência do comandante do V Exército, general Mark Clark. Esse "exercício-teste", no qual

tomaram parte mais de quatro mil expedicionários, constituiu quase um verdadeiro combate.

Quando concluído, ouviram-se os árbitros. Manifestaram eles o parecer de que os magníficos

resultados, evidenciados nesse exercício, atestavam excelente grau de adestramento para o

combate. "In continenti" o general Mark Clark felicitou o general Zenóbio da Costa e declarou

o 1º Escalão de Embarque apto para entrar em linha. Essa tropa, em conseqüência, iria atuar

na f rente geral de Pisa, integrando as forças do brilhante e operoso general Crittenberger,

comandante do IV Corpo de Exército. Indescritível a exultação patriótica que então empolgou

o acampamento de Vada.

Estava o Destacamento FEB atuando no vale do Serchio, quando o grosso da Divisão

Brasileira (2º e 3º Escalões de Embarque), avaliado em 10.000 homens, alcançava a Área de

Treinamento situada na Quinta Real de San Rossore. Aí, nessa bela quinta real, onde os

pinheiros, álamos e ciprestes, plantados na planura interminável, configuravam o traçado de

numerosas alamedas, os elementos componentes dos 2º e 3º Escalões de Embarque, em

data de 11 de outubro de 1944, encontraram um acampamento militar dotado de todos os

recursos higiênicos e dispostos em ordem impecável.

Page 10: Força Expedicionária Brasileira

Os pracinhs avançam pela Itália

Logo depois de estacionados, as 2º e 3º Escalões deveriam receber o material necessário a

um treinamento tático intensivo. O equipamento militar do grosso da Divisão não se

processou no quadro das previsões de tempo do comandante do V Exército. Os 2º e 3º

Escalões de Embarque levaram trinta e cinco dias para receber todo o suprimento bélico e os

trabalhos de distribuição aos Órgãos de Serviço brasileiros, a cargo da PBS, só foram dados

por concluídos no dia 22 de novembro. Em meio a essa balbúrdia e esse ambiente de

atropelo, a instrução se desenvolveu com imperfeições, cujas repercussões se fizeram sentir

nos embates iniciais de algumas unidades do grosso da 1ª DIE. Além das providências de

ordem material para um bom rendimento da instrução, particularmente tática, o General

Mascarenhas de Moraes considerou necessário e oportuno o restabelecimento dos laços

orgânicos da Divisão, uma vez que havia já chegado ao teatro de guerra o restante de seu

efetivo. Para isso o chefe brasileiro assumiu a direção das operações da frente de combate a

1º de novembro de 1944, designando, ao mesmo tempo, os Generais Zenóbio e Cordeiro de

Faria para organizarem e reverem os "testes" de instrução da infantaria e da artilharia

Page 11: Força Expedicionária Brasileira

respectivamente, o que veio a realizar-se na ampla área de treinamento de Filettole para a

tropa recém-chegada. Por motivos fora da alçada do General Clark e dos chefes militares

brasileiros, foram as unidades dos 2º e 3º Escalões de Embarque muito prejudicadas na sua

instrução, depois da chegada ao teatro da guerra. Os 4º e 5º Escalões de Embarque, que

constituíam o Depósito de Pessoal da FEB, partiram do Brasil praticamente sem instrução,

chegando à Itália respectivamente a 7 de dezembro de 1944 e a 22 de fevereiro de 1945, um

dia depois da vitória de Monte Castelo.

Transformado, sem tardança, em um magnífico Centro de Instrução e Recompletamento,

graças à visão e desvelo do General Truscott, então comandante do V Exército Americano,

incumbiu-se o Depósito de Pessoal, dedicadamente, do adestramento dos homens em cada

arma e em cada especialidade. Estacionado no interior de um belo e extenso pinheiral nas

proximidades do povoado de Staffoli, o Depósito de Pessoal da FEB chamava a atenção pela

ordem e higiene de suas instalações, pela grandiosidade de seus numerosos stands de tiro e

aspecto magnífico das pistas especiais de infiltração.

Foi preocupação constante dos chefes americanos e do chefe brasileiro a instrução dos

oficiais, quer na parte tática quer nas diversas especialidades, pois para esse fim estava o

Teatro de Operações da Itália muito bem aparelhado com as suas escolas e centros de

instrução. No decorrer do inverno de 1944/1945, o comando brasileiro intensificou o

treinamento de oficiais, fazendo realizar um ativo plano de instrução. No período de

estabilização que precedeu as operações de fevereiro de 1945, cuidamos de apurar a

capacidade ofensiva dos comandas em todos os escalões.

No QG Avançado de Porretta Terme, neste entrementes, realizou-se, com o propósito de

aprimorar a nossa técnica ofensiva, um esmerado e vantajoso curso de conferências,

proferidas por oficiais americanas e brasileiros. Este curso, tratando somente de assuntos

vinculados ao combate ofensivo, mereceu a honra de contar com a colaboração, como

conferencistas, dos Generais Truscott e Crittenberger, comandantes do V Exército e IV

Corpo, respectivamente.

Ressalta nítida e dolorosa, em face do exposto nas páginas precedentes, a conclusão de que

a 1ª DIE não fora bafejada pela sorte, no que concerne ao seu adestramento militar, nos

campos de instrução da Itália e Brasil. Se em nossa Pátria as dificuldades de organização, a

seleção física, a escassez de material e fatores outros impediram que alcançássemos os

objetivos finais da instrução, na Itália o retardamento da entrega do material e as

necessidades prementes da frente de combate forçaram a nossa DI a entrar em linha num

estado de adestramento reconhecidamente incompleto. Tornaram-na tais circunstâncias a

única Divisão que não foi submetida ao inalterável ciclo de instrução das Grandes Unidades

norte-americanas. Completamos a nossa instrução em estreito contacto com o inimigo,

O Marechal Alexander (esquerda), visita a frente acompanhado dos genera

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senhor de vantagens topo-táticas indiscutíveis. Amargamos, nessa aprendizagem, alguns

reveses decerto inevitáveis.

Enfrentamos, como remate ao nosso adestramento, um inverno bem rude nas gélidas

escarpas dos Apepinos. Nessa conjuntura, a que fomos levados pela força das

acontecimentos, forjou-se a capacidade combativa da tropa brasileira e aprimorou-se o

sentimento de responsabilidade dos chefes em todos os escalões da hierarquia. Nos erros

cometidos e nos reveses sofridos, fomos buscar os ensinamentos que nos levaram a tão

sensacionais e espetaculares vitórias. Um dado interessante que merece nota é que na

chegada do 1º Escalão notou-se um problema com o nosso uniforme de nossos pracinhas.

Ele era verde-oliva  e bem parecido com o uniforme alemão, o que fazia com que a população

italiana o confundisse. Por isso nossos uniformes tiveram que ser trocados por uniformes

americanos.

 

Oficiais da FEB discutem operações.

Operações do Destacamento FEB

Os esplêndidos resultados do exercício realizado em Vada, nas jornadas de 10 e 11 de

setembro, decidiram em definitivo a entrada em linha do contingente brasileiro. Como

acontecera a todas as tropas que ainda não tinham recebido o "batismo de fogo", os

Brasileiros foram destacados para um setor relativamente calmo, "onde deveriam receber a

inoculação do combate", conforme se expressou o General Mark Clark. Foi o Destacamento

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FEB constituído pela tropa do 1º Escalão de Embarque, e sob o comando do General

Zenóbio da Costa, empregado no âmbito do IV Corpo de Exército, comandado pelo General

Ceittenberger. A zona de ação atribuída ao Destacamento FEB situava-se entre a planície

que borda o litoral do mar Tirreno e o pitoresco vale do Serchio. Enfeixava o divisor entre

esse curso d'água e os tributários daquele mar, ou melhor dito, encerrava, desde o início, os

contrafortes dos Apepinos mais conhecidos pela designação de Alpes de Apuânia. Na noite

de 15 de setembro de 1944 a tropa brasileira substituía a tropa americana que se achava em

linha, disposta em larguíssima frente, à esquerda da 1ª Divisão Blindada.

A 18 de setembro os brasileiros se apoderam de Camaiore e, com as ações da jornada de 19

de setembro, conseguem cerrar sobre os postos avançados da famosa Linha Gótica. Duras

jornadas enfrentou a nossa tropa para atingir Monte Prano, onde chegou a 26 de setembro.

Constituiu a vitória de Monte Prano um feliz remate da primeira manobra das armas

brasileiras no teatro de guerra italiano, merecendo lisonjeira repercussão nos círculos

militares aliados. A estréia do Destacamento FEB foi evidentemente auspiciosa, mormente

por se tratar de uma tropa de formação e treinamento recentes a defrontar-se com um

inimigo ardiloso e veterano de muitas batalhas.

Na jornada de 27 de setembro, as nossas patrulhas perdem o contacto com o inimigo, que se

furta ao combate, protegido pelas escarpas e grotões de um terreno difícil. Resolve, por isso,

o Comando americano transferir para o vale do Serchio a tropa do General Zenóbio da

Costa, transferência esta que terminou em 2 de outubro.

São inúmeras as vilas e cidades engastadas no formoso vale do Serchio, destacando-se:

Lucca, Borgo a Mozzano, Bagni de Lucca, Fornaci, Gallicano, Castelnuovo do Garfagnana.

Prosseguindo o seu movimento para o Norte, ao longo do referido vale, ocupou o

Destacamento FEB a 6 de outubro, as localidades de Fornaci e Coreglia Antelminelli. No dia

11 de outubro os brasileiros ocupam Barga e as alturas que dominam, pelo Sul, a vila de

Gallicano. Durante alguns dias procurou o General Zenóbio consolidar as suas posições e,

mediante o lançamento sistemático de patrulhas, foi colhendo as melhores informações sobre

o dispositivo e o efetivo inimigos, tendo em vista atacar Castelnuovo di Garfagnana, ponto-

chave das comunicações dos contrários. Na manhã de 30 de outubro, apesar da lama e da

chuva, o Destacamento FEB, num primeiro tempo de operação, atingiu a linha de alturas, de

onde deveria se lançar sobre Castelnuovo.

Servida por uma transversal rodoviária, que se destinava à planície costeira, era a localidade

de Castelnuovo de importância vital para o comando alemão. Decidiu, por isso, o inimigo

desfechar contra-ataques, destinados a nos afastar daquele importante baluarte estratégico.

Nossas tropas foram surpreendidas e recuaram para a sua posição inicial, pagando caro o

seu erro de subestimar o valor combativo do inimigo. Foi esse o primeiro revés dos brasileiros

na Campanha da Itália. Apesar desse lamentável acontecimento, conquistou o Destacamento

Patrulha brasileira passa por uma vila italiana p

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FEB, de 16 de setembro a 31 de outubro, 40 quilômetros de progressão, capturou 208

prisioneiros, algumas cidades e uma fábrica de acessórios para aviões, sofrendo 290 baixas

entre mortos, feridos, acidentados e extraviados. Encerrou-se com tais resultados a ação do

General Zenóbio da Costa como comandante do Destacamento FEB, uma vez que a chegada

do grosso da 1ª DIE estava a exigir a sua presença no preparo de dois Regimentos de

Infantaria (1º e 11º RI).

Defensiva no Vale do Reno

A 29 de outubro de 1944, foi realizada, sob a presidência do General Mark Clark, a célebre

conferência do Passo de Futa, para a qual foram convocadas as mais altas patentes do V

Exército, em cujo número figurava o General Mascarenhas de Moraes. Depois de dissertar

sobre a situação geral dos Exércitos aliados na Itália, mostrando as dificuldades

conseqüentes da fraqueza atual dos efetivos, acenou o comandante do V Exército o propósito

de retomar a ofensiva ainda em dezembro, após proporcionar um justo repouso à sua tropa,

castigada por árduos combates. Ficou ajustado na referida conferência que a Divisão

Brasileira empenharia imediatamente o Destacamento FEB no vale do Reno, onde se travava

uma luta severa e difícil, e, por fim, empregaria, tão breve quanto possível, o restante de suas

forças, quando estas estivessem plenamente adestradas.

Em cumprimento à ordem do IV Corpo de Exército, o comandante da 1ª DIE, General

Mascarenhas de Moraes, assumiu às zero horas do dia 1º de novembro de 1944, com a

chegada das demais Unidades da Divisão, o controle da totalidade de seus meios, inclusive

das operações que se processavam no vale do Serchio. Substituindo no período de 3 a 7 de

novembro algumas unidades americanas empenhadas no vale do Reno, nossas tropas,

ombro a ombro, com forças mecanizadas americanas, concorreram para o desafogo da

situação que se criara naquela frente. Fora sobremaneira honrosa e árdua a herança que

coubera à Divisão Brasileira em tão importante setor de guerra, sobre a estrada número 64 ao

Norte de Porretta Terme. A frente brasileira, no setor do Reno, foi aos poucos se ampliando

com as novas missões recebidas e à proporção que vinham entrando em linha as unidades

restantes da Divisão, aspiradas prematuramente à zona de combate. Nos últimos dias de

novembro, distendia-se a Divisão Brasileira em uma frente da ordem de 15 quilômetros,

completamente devassada pelas alturas em que o inimigo se firmara.

Motivos de alta relevância induziram, sem dúvida, o Alto Comando Americano a empregar a

Divisão Brasileira em operações de ataque, cuja amplitude reclamava meios mais vigorosos,

em número e adestramento. A defensiva no vale do Reno se caracterizou por quatro ataques,

mal sucedidos, contra Monte Castello. Os primeiro e segundo ataques foram realizados a 24 e

25 de novembro, respectivamente, por tropa americana, comandada por general americano e

reforçada por um Batalhão e outros elementos da Divisão Brasileira. Os terceiro é quarto

ataques foram desfechados por tropa brasileira, nos dias 29 de novembro e 12 de dezembro,

Page 15: Força Expedicionária Brasileira

respectivamente, com os mais dolorosos insucessos, pelas baixas sofridas e pelo abalo moral

produzido nos combatentes estreantes. Entre as causas que determinaram os nossos

lamentáveis reveses em Monte Castello, destaca-se a do imperfeito adestramento da tropa,

levada prematuramente à frente de combate, por imposição dos acontecimentos da guerra.

Os referidos ataques, apesar de mal sucedidos foram pródigos em ensinamentos preciosos

para a tropa brasileira.

Para calar a resistência de Monte Castello, era preciso atacar o conjunto Belvedere-

Gorgolesco-Castello-Torraccia, empregando um mínimo de duas Divisões, bem apoiadas em

artilharia e aviação. Defender uma frente de quinze quilômetros, francamente dominada pelo

inimigo, e simultaneamente atacar um objetivo da extensão e do valor de Monte Castello, mal

dispondo das comunicações na sua zona de combate e sob uma terrível ameaça no flanco

(Monte Belvedere) eram duas tarefas que sobremaneira exorbitavam da capacidade de uma

Divisão. Esta opinião, firmemente defendida pelo chefe brasileiro perante o comando do IV

Corpo, foi afinal vitoriosa. Assim, a 13 de dezembro, os Generais Mark Clark e W.

Crittenberger, respectivamente comandantes do V Exército e IV Corpo, aceitaram a exposição

de motivos apresentada pelo General Mascarenhas de Moraes, ficando a Divisão Brasileira

dispensada temporariamente de seus compromissos ofensivos.

Page 16: Força Expedicionária Brasileira

Posto de observação da FEB

Na segunda quinzena de dezembro de 1944, começou a descer sensivelmente a temperatura,

que atingiu, algumas vezes, 18 graus centígrados abaixo zero. Era o inverno implacável que

se aproximava, trazendo a  estabilização para a frente de batalha do Teatro de Operações da

Itália. A defensiva de inverno seria a oportunidade de que se valeria o chefe expedicionários

para aprimorar o valor de sua Divisão, reajustando-a em todos os pontos que se fizessem

necessários. Tropical, tendo vivido em um país de grandes planícies e temperatura amena, o

soldado brasileiro, apesar disso, cedo se adaptou ao rude inverno dos píncaros apeninianos.

Durante a estabilização defensiva de sua Divisão, ou seja, num período de setenta dias,

suportou ao relento as nevadas inclementes e as emoções fortes das madrugadas cortantes.

Sua capacidade combativa revelou-se no aprendizado rápido das artimanhas da guarda, aliás

operado em estreito contacto tom o inimigo; e, em breve, aprimorada a técnica, apresentou

alto grau de agressividade, impondo-se à admiração de seus camaradas aliados,

Page 17: Força Expedicionária Brasileira

particularmente os norte-americanos. Para remover certo desalento e pessimismo da tropa,

organizou-se um plano especial destinado a manter em nível elevado o seu moral. O Serviço

Especial, dentro de suas atribuições, traçou e executou um plano de repouso e diversões, em

Roma e Florença, contemplando todas as Unidades. O Serviço Religioso, por sua vez, buscou

fortalecer as convicções, a noção de responsabilidade e o espírito de sacrifício, sem o qual

nada se poderia obter. Todas essas providências, em concordância com o adestramento que

o expedicionário vinha obtendo na zona de combate, ou em Staffoli, refletiram a preocupação

do chefe brasileiro de transformar sua Divisão numa Grande Unidade à altura de suas

responsabilidades nas operações futuras. À medida que se dava a atenuação do inverno,

iniciavam-se os preparativos para a ofensiva, que tão brilhantes vitórias prodigalizaria à tropa

brasileira.

O Brasil foi o único país da América Latina que participou diretamente da Segunda Guerra

Mundial. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) permaneceu na Itália cerca de 11 meses,

dos quais quase oito na frente de luta, em contato permanente com o inimigo. A 28 de janeiro

de 1942, durante a Terceira Conferência dos Chanceleres Americanos no Rio de Janeiro, o

Governo do Brasil anunciava o rompimento de suas relações com a Alemanha, o Japão e a

Itália, por efeito de seus compromissos internacionais em face da agressão a Pearl Harbour (7

de dezembro de 1941). Em conseqüência desse ato, entrou o Brasil em grande atividade

militar para a segurança e a defesa de suas costas, quando, ao mesmo tempo, cedia aos

Estados Unidos o uso, durante a conflagração, de suas bases militares - Belém, Natal, etc.

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Posição de artilharia da FEB na Itália

A Ofensiva do IV Corpo de Exército

A ofensiva do IV Corpo de Exército, preliminar das operações decisivas de abril, deveria realizar-se na segunda quinzena de fevereiro com o concurso da 10ª Divisão de Montanha, americana, e da Divisão Brasileira. Tal operação contaria com o reforço da considerável Artilharia do V Exército e o valioso auxílio da Aeronáutica, inclusive da FAB. Assim, na manhã de 16 de fevereiro de 1945, uma conferência de altos chefes militares se realizou no QG do IV Corpo, em Lucca. Achavam-se presentes nessa reunião os generais Crittenberger, Mascarenhas de Moraes, George Hays e William Crane, respectivamente comandantes do IV Corpo de Exército, 1ª DIE, 10ª Divisão de Montanha e Artilharia do IV Corpo, assistidos por vários oficiais de menor patente. Foram apreciados nessa conferência os pontos mais importantes do ataque conjunto da 1ª DIE e 10ª Divisão de Montanha e combinados os entendimentos entre os chefes dessas duas Unidades.

Desencadeou-se a ofensiva do IV Corpo na jornada de 19 de fevereiro as suas primícias couberam aos valorosos montanheses do general Hays. Iniciou-se o ataque norte-americano

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às vinte e três horas do citado dia 19. Ao clarear da manhã seguinte, a 10ª Divisão de Montanha tomou de assalto o Monte Belvedere e, em seguida, conquistou o Gorgolesco. Às dezessete horas do dia 20 de fevereiro, conquistou Mazzancana, já bombardeada pelos aviões da FAB, num exemplo inesquecível de união entre os expedicionários do ar e de terra. Às cinco horas da manhã de 21 de fevereiro, a Divisão Brasileira iniciou seu ataque a Monte Castello. Apesar de ter sido detida a Divisão de Montanha diante do Monte Della Torraccia, os brasileiros, apoiados pela sua poderosa artilharia, continuavam a investir contra Monte Castello, que foi dominado por cerca de 17:20 daquele dia. A ação principal do ataque foi executada pelo Regimento Sampaio, coberto, no seu flanco direito, por um batalhão do 11º RI e no seu flanco esquerdo, ligado à 10ª Divisão de Montanha que atacava Monte Della Torraccia. A ação, desde a sua montagem, se desdobrou sob a direção imediata do general comandante da Divisão Brasileira, que dispunha, como reserva geral, de dois batalhões do 11º RI e do Esquadrão de Reconhecimento. Com a captura de tal elevação, escrevera a Força Expedicionária Brasileira o capítulo mais emocionante de sua vida. Monte Castello, resistindo durante três meses às investidas das armas aliadas, erigira-se a cidadela da presumida invencibilidade germânica. Para os Brasileiros, no entanto, representara um símbolo e um marco na vida de nossa tropa em terras de ultramar. Constituiu o índice do valor de nossa gente. Nos dias 23 e 24 de fevereiro teve lugar o encarniçado combate de La Serra, em que se empenhou o II/1º RI, cuja ação vitoriosa encerrou a primeira fase da Ofensiva do IV Corpo. Com um novo reajustamento no dispositivo das duas Divisões, ultima-se a segunda fase da referida Ofensiva com a limpeza do vale do Marano, levada a efeito pelo II/11º RI nas dias 3 e 4 de março. 

O ataque a Castelnuovo, a 5 de março de 1945, vai-se traduzir em mais uma vitória para o IV Corpo e para a Divisão Brasileira. A operação, preparada e conduzida pelo Chefe Divisionário, consistia, de um modo geral, em dois ataques combinados: o 6º RI progredindo ao longo da crista de Castelnuovo e pelo flanco da posição inimiga; o 11º RI procurando contornar o povoado já referido e cortar a retirada dos contrários pela estrada Castelnuovo-África. Pela madrugada e pela manhã do dia 5, os dois Regimentos conquistaram a sua base de partida e, por volta das 12 horas do mesmo dia, deram início ao ataque, por ordem do IV Corpo. A nossa artilharia apoiou e protegeu brilhantemente o desenvolver da ação. Ao cair da noite de 5 de março, cerca de 19 horas, penetravam vitoriosos em Castelnuovo os primeiros elementos do 6º RI. No dia seguinte, o general Crittenberguer comunicou que cessara a chamada "Ofensiva do IV Corpo", por ordem do V Exército. As forças do V Exército passariam a dispor de esplêndida base para desfechar o golpe final sobre Bolonha. Por sua vez, o IV Corpo liberava as comunicações dos vales do Silla e Reno das vistas e fogos do inimigo. O êxito da Ofensiva do IV Corpo de Exército promoveu um grande entusiasmo das tropas aliadas da Itália.

Ofensiva da Primavera

A 20 de março, e depois a 8 de abril, compareceram ao QG do IV Corpo os generais comandantes de Divisão para acertarem as medidas referentes ao emprego de suas Grandes Unidades na Ofensiva da Primavera. A Divisão Brasileira coube o encargo de: 1) conquistar Montese e explorar o êxito até o corte do Panaro; 2) substituir continuamente o flanco ocidental (esquerdo) da 10ª Divisão de Montanha; 3) progredir na direção de Zocca-Vignola.

À ação ofensiva sobre o maciço de Montese, constituída com um escalão de ataque do valor de um Regimento, foi dirigida e conduzida pelo nosso chefe divisionário do observatório de Sassomolare. A reserva, nas mãos do comandante da 1ª DIE e com o valor global de quatro Batalhões, não só seria empregada na alimentação do ataque ao maciço de Montese, mas também seria destinada ao prolongamento do flanco oriental (direito) da Divisão e ao aproveitamento do êxito até o rio Panaro. As forças do IV Corpo de Exército iniciaram a fulminante Ofensiva da Primavera na memorável jornada de 14 de abril de 1945. O 11º RI, encarregado do ataque a Montese, coberto à direita pelo II Batalhão do Regimento Sampaio, iniciou às 10:15h a sua ação de patrulhas que conseguiram atingir os objetivos designados. O ataque propriamente dito teve início às 13:30h, precedido de compacta preparação de artilharia e contando ainda com o apoio de blindadas e fumígenos. Por volta de 15 horas o

Plaqueta de identificação (DOGTAG) dos pracinhas da FEB.por uma vila it

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I/11º RI conseguiu penetrar na vila de Montese, desorganizando e envolvendo as resistências antagônicas. Os blindados americanos, seguidos pela infantaria brasileira, atingiram, pouco antes das 18 horas, a encosta meridional de Montebuffone, ao norte de Montese. Revestiu-se de manifesta dureza a jornada de 14 de abril, que assinalou a memorável conquista de Montese, cuja posse vai-se manter através de cruenta luta . Impunha-se ainda a conquista das alturas de cota 927 e Montelo, para cobrir o avanço da 10ª Divisão de Montanha, contra as vistas e os fogos inimigos. Diante da situação ainda confusa, o 11º RI, dado a seu elevado estado moral, teve ordem de continuar o ataque na jornada de 15. As 11:45h desse dia as nossas posições se desafogaram com a tomada de Montebuffone e cota 788. Ao entardecer do dia 15, a Divisão Brasileira recebeu a missão de manter suas atuais posições e prolongar a sua frente para leste. A resistência obstinada do inimigo causou à nossa tropa um elevado número de baixas e um extremo cansaço, o que levou o chefe divisionário brasileiro a determinar a substituição do III/11º RI pelo 6º RI, então a dois batalhões. Na jornada de 16 os alemães desarticularam por três vezes a tomada do dispositivo do III/6º RI, por efeito das marteladas de sua artilharia que transformavam Montese em um verdadeiro inferno. No dia 17 recebeu o comando brasileiro a ordem do IV Corpo para não mais atacar. Os episódios que se desenrolaram em torno da tomada e posse definitiva de Montese, foram extremamente sangrentas, porém decisivos para o êxito da manobra do IV Corpo de Exército. Nessas jornadas severas, vividas sob os mais pesados bombardeios, glorificaram-se os soldados do Brasil pela sua resistência e capacidade combativa.

A Conquista de Montese - II Guerra Mundial - Tela de A. Martins

Ao anoitecer de 19 de abril, a frente de Montese se aprofundava na direção do Panaro, ao mesmo tempo que o fogo da artilharia inimiga declinava sensivelmente. A Divisão Brasileira

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prosseguia para o Norte na direção geral: - Zocca- Monte Orsello - Viggnola, fazendo a limpeza da margem oriental do Panaro e guardando o flanco esquerdo do V Exército. A jornada de 21 de abril assinalou, como acontecimento principal, a posse da vila de Zocca, operação executada pelo 6º RI, que contou com a colaboração do I/1º RI. Zocca era um obstáculo de real importância para a Divisão Brasileira e a sua conquista permitia descortinar situações ainda mais favoráveis às nossas armas. À retaguarda, unidades da 92ª DI, americana, substituíam os batalhões brasileiros, retidos na cobertura de nossas linhas de comunicação ao longo da margem oriental do Panaro, contra possíveis incursões vindas da margem oposta. Com a recuperação desses batalhões, aumentava o poder ofensivo da Divisão Brasileira, que, na sua marcha vitoriosa para o Norte, atingia a 22 de abril as imediações da aprazível localidade de Vignola. Os Germânicos então se disseminavam pela imensa planície do Pó, irresistivelmente batidos e desorientados. Finalmente, assinalou a jornada de 22 de abril o término de nosso aproveitamento de êxito, cuja duração se limitou s quatro dias e do qual resultou a conquista da porção oriental de todo o médio Panaro para as armas brasileiras. A jornada seguinte marcaria o princípio da perseguição. Vignola foi, portanto, um marco e uma encruzilhada no curso das operações militares do final da Campanha da Itália. 

Terminara vitoriosamente, e sob os melhores auspícios, o primeiro período de operações das forças comandadas pelo General Crittenberguer. Diversos reencontros das últimas jornadas serviram para evidenciar a desorganização que lavrava nas fileiras germânicas. Em presença dessa situação, o comando do IV Corpo decidiu realizar a perseguição, que reclamava, evidentemente, maior velocidade de marcha, sem maior desgaste físico para o combatente. Resolve, então, o chefe brasileiro desarmar parcialmente a artilharia da divisão, para que as suas viaturas automóveis fossem empregadas no transporte da infantaria, uma vez que esta prescindia, em parte, do apoio da arma irmã. Com tal decisão, vai a Divisão Brasileira, com a sua surpreendente velocidade de marcha, cortar a retirada de numerosas tropas inimigas e por fim aprisioná-las. De Vignola, a singular encruzilhada operativa da Divisão Brasileira, o eixo de marcha se dirige para Sassuolo e prossegue na direção de Montecchio Emilia - Collecchio. Informações de várias fontes indicavam uma DI Alemã em franca retirada para o Norte, provavelmente no rumo do Parma, sinal de que conseguira desvencilhar-se dos guerrilheiros italianos que vinham, segundo anunciavam, hostilizando as suas retaguardas nos passos montanhosos dos Apepinos emilianos. Baseado nestas informações e em cumprimento às ordens do IV Corpo, o comandante da Divisão Brasileira, ao amanhecer de 26 de abril, decidiu encetar a perseguição entre os cortes do Enza e Taro. Na tarde de 26 de abril choca-se o Esquadrão de Reconhecimento, em Collecchio, com forças inimigas, cujo valor era superior às suas possibilidades, e, ao anoitecer, um batalhão do 11º RI, em colaboração com o Esquadrão e uma companhia do 6º RI, toma contacto com a tropa alemã, que se defende tenazmente. Pela madrugada de 27, recrudesce a luta que se prolonga por algumas horas. Dominada a agressividade dos contrários, a tropa brasileira, sem perda de tempo, completou a conquista da localidade e iniciou a devida limpeza. A vitória de Collecchio barrou o acesso inimigo à cidade de Parma e proporcionou esplêndidas condições de partida a uma operação convergente sobre Fornovo. Valeu-nos ainda a glória de aprisionar 588 alemães e capturar grande quantidade de material bélico, de intendência, de transmissões e cerca de cem cavalos.

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Um blindado GreyHound da FEB em operação em Montese

Com o interrogatório dos prisioneiros capturados em Collecchio, foi identificada a 148ª DI Alemã, procedente do setor costeiro de La Spezia e em rota batida para o Norte do rio Pó. Tendo em vista os resultados do combate de Collecchio e a presença de numerosas tropas inimigas no vale do rio Taro, o general comandante da 1ª DIE não só articulara a metade de seus meios na bacia taresa, destinados a uma ação ofensiva sobre Fornovo, mas também adotara disposições que impedissem o retraimento daquelas forças contrárias pelas regiões convizinhas à referida bacia. Executando a ação principal da manobra divisionária, o 6º RI agiu em particular a cavaleiro do eixo Collecchio-Neviano- de Rossi-Fornovo, com a missão de capturar as tropas nazi-fascistas assinaladas na área de Felegara-Gaiano-Neviano de Rossi-Fornovo. Para isso, o comandante do 6º RI passara a dispor, afora a totalidade dos seus meios orgânicos, de duas Cias., de nossa Artilharia, uma Companhia de Engenharia do 9º BE e Cia. "A" do 760º Batalhão de Tanques, norte-americano.

Travou-se o combate na jornada de 28 de abril, sob a forma de um enérgico engajamento, convergente sobre a histórica localidade de Fornovo Di Taro, conduzido e impulsionado pelo comandante do 6º RI. Em cobertura do flanco Oeste (direito) do 6º RI, lançou-se o Esquadrão de Reconhecimento, brasileiro, pela margem ocidental do rio Taro, acavaleiro da estrada Medesano-Felegara-Fornovo, investindo sobre o inimigo. À noite, o inimigo, já contraíra o seu dispositivo, adentrando-se na área de Fornovo. A tropa brasileira, apesar do escuro da noite, decidiu-se a segui-lo de perto, aumentando a pressão. Horas depois, na madrugada de 29 de abril, tinha começo o espetacular episódio da rendição incondicional da 148ª DI Alemã e dos

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remanescentes da 90ª Divisão Blindada e Divisão Bersaglieri Itália. A 1ª DIE realizou um singular feito d'armas, que foi o cerco e aprisionamento de uma Divisão inimiga com a totalidade de seus meios de vida e de combate. Nesse famoso episódio da Campanha da Itália capturamos 14.779 prisioneiros, entre os quais figuravam dois generais e mais de oitocentos oficiais. Apreendemos também cerca de oitenta canhões, um milhar de viaturas automóveis, duas centenas de veículos de tração animal, quatro mil cavalos, grande quantidade de armas automáticas, fuzis e outros equipamentos vitais. As nossas baixas foram de 5 mortos e 50 feridos.

Na noite de 28 de abril, enquanto se travava o combate de Fornovo, elementos avançados da Divisão Brasileira ocupavam a planura que envolve a cidade de Placência e, no dia seguinte, transpunham o Pó para estabelecer uma cabeça de ponte no Norte desse rio. A 2 de maio, um batalhão do 11º RI, reforçado por outros elementos, ocupou a importante cidade de Turim. Nesse mesmo dia o Esquadrão de Reconhecimento, reforçado por forte patrulha do I/11º RI, alcançou a localidade de Susa, 32 quilômetros distante da fronteira ítalo-francesa, fazendo ligação com a 27ª Divisão do Exército Francês. Era essa a situação da Divisão Brasileira, quando na noite de 2 de maio todos os Exércitos inimigos, situados no território italiano, terminaram a sua capitulação. Ao cabo de dezenove gloriosas jornadas, a Ofensiva da Primavera encerrou triunfalmente a árdua Campanha da Itália, no decurso da qual os chefes militares aliados deram exuberantes provas de sua capacidade profissional e de seu valor moral. Neste brilhante panorama de triunfos, o desempenho da Divisão Brasileira, particularmente nas missões que lhe couberam no decorrer da Ofensiva Primavera, foi considerado magnífico pelos chefes militares americanos. Nesses dezenove dias de ofensiva, fizemos pouco mais de dezenove mil prisioneiros e as nossas baixas foram calculadas em 47 mortos, 10 extraviados e 616 feridos, inclusive acidentados.

A Vitória

Chegara o dia da vitória para os Exércitos Aliados no teatro de guerra da Itália (2 de maio de 1945). Na justa avaliação da imensa alegria com que inundava as corações brasileiros tão transcendente quão auspicioso acontecimento, o general Mascarenhas de Moraes baixou, a 3 de maio, a Ordem do Dia, da qual se reproduz o trecho seguinte: "Após oito meses de luta, em que, como todos os Exércitos, sofremos pesados reveses e obtivemos brilhantes vitórias, o balanço de uns e outros é ainda favorável às nossas armas. Desde o dia 16 de setembro de 1944, a FEB percorreu, conquistando ao inimigo, às vezes palmo a palmo, cerca de quatrocentos quilômetros de Lucca a Alessandria, pelos vales dos rios Sherchio, Reno e Panaro e pela planície do Pó; libertou quase meia centena de vilas e cidades; sofreu mais de duas mil baixas, entre mortos, feridos e desaparecidos; fez o considerável número de mais de vinte mil prisioneiros, vencendo pelas armas e impondo a rendição incondicional a duas Divisões inimigas. É um registro deveras honroso e de vulto para uma Divisão de Infantaria. Um dia se reconhecerá que o seu esforço foi superior às suas possibilidades materiais, porém plenamente consentâneo com a noção de dever e amor à responsabilidade, revelados pelos nossos homens em todos os degraus e escalões da hierarquia, e em todas as crises e circunstâncias da Campanha, que neste instante acabamos de encerrar. Regressamos com feridas ainda sangrando dos últimos encontros, mas, nunca, pela nossa atuação, o prestígio e nome do Brasil periclitaram ou foram comprometidos".

A Ocupação Militar

Como decorrência da capitulação final dos Exércitos nazi-fascistas, surgira, natural e plena de preocupações, a tarefa de ocupação militar. Na madrugada de 3 de maio o chefe da Expedição Brasileira recebe a Instrução de Operações n° 92 do IV Corpo de Exército, a qual atribuía à 1ª DIE o encargo de ocupar militarmente a região de Alessandria-Placência, que abrangia, numa faixa de cerca de cem quilômetros, algumas cidades e vilas importantes. O nosso chefe divisionário, na análise da nova missão que lhe fora dada pelo IV Corpo de Exército, considerou o ânimo e sentimento da população, quanto aos seus propósitos para com as tropas brasileiras. E para a efetivação de uma política de congraçamento com o povo, o comando brasileiro soube considerar e empregar os nobres sentimentos do nosso militar. Ao lado das afinidades raciais, lingüísticas e culturais, a tarefa de congraçamento encontrou,

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no elevado grau de disciplina da tropa e excelentes qualidades morais de nossos oficiais e praças, os fatores precípuos de sua concretização efetiva. Finalmente, a impressão deixada pela Força Expedicionária Brasileira foi a mais lisonjeira possível. Para corroborar esta afirmação, basta rememorar a visita que o General Mascarenhas de Moraes fez ao Príncipe Umberto de Savóia, chefe do Governo Italiano, por ocasião do seu retorno ao Brasil. Nessa oportunidade, o comandante da FEB teve a particular satisfação de ouvir daquele Regente palavras altamente elogiosas à conduta das tropas brasileiras, durante todo o tempo que permaneceram naquele Teatro de Operações. A missão de Ocupação militar por parte da Divisão Brasileira terminou a 20 de junho, data em que o último elemento da tropa brasileira deixou a zona ocupada.

Regresso ao Brasil

Em virtude das ordens do V Exército, a 1ª DIE se deslocou de seu setor de ocupação para a área de Francolise, onde estacionou aguardando o embarque de regresso ao Brasil. Finda a concentração em Francolise, o general Mascarenhas traçou as diretrizes e fixou as normas gerais reguladoras do deslocamento dos elementos da FEB para o Brasil, em escalões sucessivos. Para a travessia oceânica, de regresso ao Brasil, a FEB se desdobrou em cinco grandes escalões, numerados de 1 a 5, e dois pequenos escalões, designados pelas letras A e B. Foram então utilizados navios-transportes americanos e alguns outras nacionais, convenientemente adaptados para esse fim. Nápoles foi o porto de atracação, de onde nossas tropas iniciaram sua rota de regresso ao Brasil. Todos os embarques se realizaram na melhor ordem, saindo a tropa da área de Francolise para o porto de Nápoles em caminhões da Peninsular Base Section (PBS).

O Escalão n° 1 chegou ao Rio de Janeiro a 18 de julho de 1945 e o de n° 5, último Escalão, chegou ao mesmo destino a 3 de outubro do referido ano. Gastou, portanto, a FEB menos de três meses para ser transportada, por mar, da Itália ao Brasil. Todos os Escalões foram recebidos pelas populações do Rio de Janeiro e dos Estados entre delirantes demonstrações de júbilo e ao calor apoteótico das ovações. O regresso da FEB, infelizmente, ainda não terminou. Meio milhar de expedicionários brasileiros jazem no Campo-Santo de Pistóia. Atestam os seus despojos, plantados no silêncio evocador de Pistóia, holocausto de uma nova floração guerreira, para elevar o prestígio do Brasil na Comunidade Continental e firmar, perante a Nação Brasileira, o valor do Exército de Caxias. Síntese de sacrifícios, os restos mortais das expedicionários, tombados nos campos de batalha do Serchio, Reno, Panaro e Pó, já se alinharam, pela bravura e origem comum, às cinzas dos heróis patrícios, que, no passado, morreram pela honra e soberania do Brasil.

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Apreciação Final e Resultados

Pelo aviso 217-185 de 6-07-1945 foram estabelecidas as medidas que instruíam a maneira de extinguir a FEB, à proporção que fossem chegando ao Rio de Janeiro os diversos Escalões, de regresso da Itália. Extinta a FEB, seus feitos e vitórias, nos campos de batalha de ultra-mar, sobreviverão eternos no coração da nacionalidade, como síntese do valor de nossa gente e símbolo da vocação democrática do povo brasileiro. A participação da Força Expedicionária na Campanha da Itália, ombro a ombro com as esplêndidas tropas norte-americanas, aproximou ainda mais as duas grandes repúblicas do hemisfério ocidental, revigorando os vínculos de fraternidade continental e aduzindo motivos imperiosos para uma crescente e mútua colaboração dos dois povos em todos os setores da atividade humana. Nessa memorável conjuntura, nossas bandeiras, desfraldadas em prol dos ideais de justiça e liberdade, impávidas marcharam para o sacrifício e para a vitória. Nossos soldados, norte-americanos e brasileiros, participaram das mesmas glórias e arrostaram as mesmas vicissitudes. O contacto mantido entre Norte-Americanos e Brasileiros traduziu a confraternização de nossas armas e concretizou a identidade de nossos propósitos. Serviu para que os expedicionários conhecessem a têmpera, o descortino e o valor de ilustres chefes americanos. As figuras brilhantes e intrépidas de Mark Clark, Lucian Truscott e Willis Crittenberger, vinculando-se aos destinos de nossas armas, entraram, plenas de refulgentes serviços ao Brasil, nos fastos de nossa História Militar.

Exatamente sete meses e 19 dias foi quanto durou a guerra da FEB: de 16 de setembro de 1944, quando um batalhão do 6o Regimento de Infantaria iniciou a marcha na frente do rio Serchio (entre Pietrassanta e Luca), que redundaria na conquista de Camaiore, até 2 de maio de 1945, dia em que a ordem de cessar fogo, vinda do comando do 4o Corpo de Exército, deteve o 3o Batalhão do 11o Regimento de Infantaria na localidade de Vercelli, no vale do Pó, nas proximidades de Novara. Nessa guerra de menos de oito meses, a FEB perdeu 457 homens, entre soldados e oficiais, e 2.722 soldados se feriram no Teatro de Operações. Os integrantes da FEB aprisionados pelos inimigos foram 35. Na relação dos soldados brasileiros tombados na Itália, o 1o RI vem em primeiro lugar, com 158 mortos. O 11o RI, perdeu 134 homens, e o 6O RI, 109. Todos os Estados brasileiros estavam representados na FEB, e entre todos São Paulo foi que teve o maior número de mortos - 92. Minas Gerais perdeu 80 homens; o Estado do Rio, 63; o então Distrito Federal chorou a morte de 50 cariocas; 29 paranaenses e 28 catarinenses ficaram no cemitério de Pistóia, ao lado de 21 gaúchos, 17 goianos, 13 pernambucanos, 12 capixabas, 11 baianos, 6 cearenses, 6 paraibanos, 6 rio-grandenses-do-norte, 6 sergipanos, 5 alagoanos, 4 paraenses, 2 piauienses, 1 acreano e 1 amazonense. Apenas o Maranhão não teve um morto na campanha. A FEB deixou no pequeno e florido cemitério brasileiro da cidade de Pistóia, perto de Florença, 454 mortos. Cerca de 23 soldados foram considerados como extraviados e ainda não recuperados (dos quais 10 enterrados como desconhecidos).

Desde o dia 16 de setembro de 1944, a FEB percorreu, conquistando ao inimigo, às vezes palmo a palmo, cerca de 400 quilômetros, de Lucca a Alessandria, pelos vales dos rios Sercchio, Reno e Panaro e pela planície do Pó; libertou quase meia centena de vilas e cidades; sofreu mais de 2.000 baixas, entre mortos, feridos e desaparecidos; fez o considerável número de 20.583 prisioneiros, inclusive dois generais - o general Otto Fretter Pico, comandante da 148ª DI alemã, e o General Mario Carloni, comandante do que restava da desbaratada Divisão de Bersaglieri Itália. Ao total foram 2 Generais, 892 Oficiais e 19.689 Praças. A FEB ainda capturou: 80 Canhões, 5.000 Viaturas e 4.000 Cavalos.

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Alguns dos homens da 148ª Divisão Alemã feitos prisioneiros pela FEB.

Da conquista de Camaiore, na frente do rio Serchio, à rendição da 148ª DI alemã, em Collechio-Fornovo, a 1ª DIE não deixou de cumprir uma só das missões que lhe foram atribuídas pelo General Willys Dale Crittenberg, comandante do 4º Corpo de Exército, ao qual a tropa brasileira estava incorporada. Mas nem sempre foi fácil ou teve êxito imediato à execução das missões recebidas do 4º Corpo, como é o caso da conquista do Monte Castelo, só consumada depois de quatro tentativas rechaçadas pelos alemães. Durante a maior parte do inverno apenino, os alemães dominaram dos cumes de Monte Castelo, do Monte della Torracia e do Soprassasso, obrigando a tropa brasileira, que hibernava no vale do Reno, a disfarçar seus movimentos sob a proteção do nevoeiro artificial produzido pela queima de óleo diesel. As principais conquistas e vitórias da FEB foram assinaladas em Massarosa, Camaiore, Monte Prano, Monte Acuto, Galiano, Barga, San Quirino, Monte Castelo, La Serra, Castelnuovo, Soprassasso, Montese, Paravento, Zocca, Marano Su Parano, Collechio e Fornovo.

O General Mark Clark, que depois de comandar o V Exército foi elevado a Comandante do XV Grupo de Exército, enviou a seguinte para o Comandante da FEB ao finalizar o conflito: "Mostrou-se essa Força sob seu Comando (do General Mascarenhas de Moraes) ser capaz de enfrentar problemas novos, treinar e disciplinarse para o combate no qual desempenhou parte relevante.A FEB refletiu as altas qualidades da nação brasileira, que enviou seus melhores filhos para lutar em solo estrangeiro, longe da pátria, pela implantação dos princípios de justiça e de liberdade".

Anos após terminada a guerra, tanto o General Mark Clark quanto o General Willys Crittenberger, reconheceram, nos livros que publicaram sobre a campanha da Itália, que a FEB fora reservado, na última fase da guerra, o mais difícil setor da frente nos Apepinos. Basta dizer que somente a partir do dia 22 de fevereiro de 1945, quando Monte Castelo foi conquistado, é que a cidade de Porreta-Terme, sede do QF Avançado da 1ª DIE, pôde livrar-se da cortina artificial  que durante perto de três meses a havia escondido dos alemães. 

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O desfile da vitória no Brasil. Os pracinhas retornam ara sua pátria.

Vitórias da FEBMazzarozza 18.08.1944Camaiore 18.09.1944Monte Prano 26.09.1944Fornacci 06.10.1944Galicano 07.10.1944Barga 11.10.1944San Quirino 30.10.1944Monte Cavalloro 16.11.1944Monte Castelo 21.02.1945S. Maria Villiana 04.03.1945Castelnuovo 05.03.1945Montese 14.04.1945Paravento 15.04.1945Monte Maiolo 19.04.1945Riverla 20.04.1945Zocca 21.04.1945Formigine 23.04.1945Collecchio 27.04.1945Castelvetro 28.04.1945Fornovo 28.04.1945

 Divisões inimigas que combateram a FEB

ALEMÃS42ª Divisão Jaeger (Ligeira) 232ª Divisão de Infantaria 94ª Divisão de Infantaria 114ª Divisão Jaeger (Ligeira) 29ª Divisão Panzer Granadier334ª Divisão de Infantaria 90ª Divisão Panzer Granadier 305ª Divisão de Infantaria 148ª Divisão de Infantaria Corpo de Pára-quedistas Blindado "Herman Goering" ITALIANASDivisão ItáliaDivisão Monte RosaDivisão San Marco Pára-quedistas alemães (Fallschrimjagers) em operação na Itália em 1944  Armamentos, Veículos e Equipamentos

A capacidade de fogo da Primeira Divisão Expedicionária da FEB consistia em:

16.245 armas individuais;

505 metralhadoras;

144 morteiros;

Emblem da 29ª Divisão Panzer Granadier alemã (Divisão Falcão).

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66 obuses;

2.287 armas anti-tanque;

237 metralhadoras;

736 aparelhos telefônicos;

42 aparelhos telegráficos que asseguravam as transmissões;

10 aviões de observação e ligação, Piper Cub, dos Grupos de Artilharia.

A INFANTARIA possuía carabinas; fuzis de ferrolho, fuzis semi-automáticos, metralhadoras, morteiros, lança - rojões e canhões de 37 e 57 mm; As armas individuais eram a carabina M-1 .30, o fuzil de ferrolho Springfield .30, fuzil semi-automático Garand .30, pistola semi-automática Colt .45 ACP e o revolver Smith & Wesson . 45 modelo 1917; as submetralhadoras Thompson .45 ACP e M-3 "Grease Gun" .45 ACP. As armas de uso coletivo eram: as metralhadoras Browning .30 e Browning .50, os morteiros de 60 e 81 mm e os canhões de 37 mm e o Six Pounder de 57 mm. Completavam o arsenal de uso coletivo, 1.632 lança-rojões (bazucas), 2. 585 lança-chamas, 72 detetores de minas e 14.254 máscaras contra gases.

A ARTILHARIA contava com obuses de 105 e 155 mm;

A CAVALARIA usava 13 (de um total de 15, pois dois foram inutilizados) Carros de Combate sobre rodas M-8 Greyhound, que foram usados em missões de reconhecimento. O Brasil não teve blindados médios no conflito somente estes carros de combate já mencionados, assim em suas operações a FEB era apoiada por blindados americanos, principalmente os Shermans.

A mobilidade da Primeira Divisão Expedicionária da FEB era assegurada por 1.410 veículos, de diversos tipos e modelos, que permitiam o translado de uma terça parte dos seus efetivos numa só manobra. As operações através de cursos de água ficavam garantidas com a utilização de 47 botes de assalto.

ARMASAs características técnicas de alguns dos armamentos da FEB:

Carabina M-1

Calibre: .30 M1 ou .30 Carbine Sistema de Operação: A gás, com ferrolho rotativoRegime de Fogo: Semi-AutomáticoPeso: 2,7 kgs com carregador de 15 cartuchosCapacidade: 5,15 e 30 cartuchosComprimento Total: 905 mm

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Terceiro Sargento, da Companhia da Polícia Miloitar (Military Police), armado com uma Carabina M1, em  Fornovo, em Abril de 1945. 

Submetralhadora M-3, "Grease Gun"  

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Calibre: .45 ACP Sistema de Operação: Blowback, ferrolho abertoRegime do Fogo: Apenas AutomáticoPeso: 4,48 kgs (carregada)Capacidade: 30 cartuchosComprimento Total: 762 mm (com coronha estendida)Cadência de Tiro: 450 tiros por minuto  

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Líder e Pelotão de Fuzileiros com uma M3, em fevereiro de 1945 na Itália  

 Submetralhadora Thompson M1A1 .45 ACP 

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Calibre: .45 ACP Sistema de Operação: Blowback, ferrolho abertoRegime do Fogo: Semi-Automático e AutomáticoPeso: 4,7 kgs com carregador de 30 cartuchosCapacidade: 20 ou 30 cartuchosComprimento Total: 813 mmCadência de Tiro: 700 Tiros Por Minuto

Soldado do 11º RI armado com um submetralhadora Thompson e usando camuflagem para a neve sem posiciona em Bombiana, em Janeiro de 1945 

 Pistola Colt .45 ACP 

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Uma Colt M1911A1 da época da Segunda Guerra Mundial

Calibre: .45 ACP Funcionamento: Semi-Automático Principio de Funcionamento: Blowback, ferrolho abertoPeso:1,106 kgsCapacidade: 7 cartuchosComprimento Total: 21,6 cmAlcance Útil: 50 m   

Revolver Smith & Wesson .45, modelo 1917

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Calibre: .45 ACP Auto Rim Funcionamento: ação duplaPeso: 2,26 kgsCapacidade: 6 cartuchosComprimento Total: 27,43 cmAlcance Útil: 50 m  

Fuzil Springfield

Calibre: .30-06 (7, 62 x 63) Principio de Funcionamento: Ação muscular do atiradorPeso:3,910 kgsCapacidade: 5 cartuchosComprimento Total: 1,115 cmComprimento da Baioneta: 0,306 cm  

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Soldado do 1º Regimento de Infantaria, amado com um fuzil Springfield em Monte Castelo, em Fevereiro de 1945. Ele usa a bota de inverno americano modelo OVER SHOE muito utilizado no inverno na Segunda Guerra pela FEB. Era utilizado por cima das outras botas e muitas vezes usados como uma bota normal 

Fuzil Garand

 Modelo: M1Calibre: 7,62 x 63 mm

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Alimentação: clipe de oito cartuchos, era impossível alimentação individual de cartuchosVelocidade inicial: 822,96 m/sComprimento total: 109,22 cmComprimento do cano: 60,96Peso: 4,3 kgMiras: de abertura ajustável, 100 a 1200 jardasMétodo de operação: recuperação a gásTipo de fogo: tiro a tiro 

Fuzil Metralhador Browning

Calibre: .30-06 (7, 62 x 63) Sistema de Operação: A gás, com ferrolho abertoRegime do Fogo: Semi-automático Peso:Capacidade: carregador com 20 cartuchosComprimento Total:

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Protegido do frio, soldado do 1º RI em Torre di Nerone, em Novembro de 1944

Metralhadora Bronwning M-919Calibre: .30-06 (7, 62 x 63) Principoio de Funcionamento: Curto recuo do canoFuncionamento: AutomáticoPeso:14,07 kgsCarregador : Tipo fita de lonaCapacidade: 100 ou 250 cartuchosComprimento Total: 1,036 mCadência de Tiro: 250 tiros por minutoAlcance Útil: 540 m

Metralhadora Bronwning M2Calibre: .50 (12,7 mm) Funcionamento: Semi-Automático e Automático Peso: 39 kgsCarregador : Tipo fita de metalCapacidade: 100 ou 250 cartuchos

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Comprimento Total: Cadência de Tiro: 400 a 600 tpmAlcance Útil: 1.800 mts  

Granada de Mão MK-II A1 

A granada foi um elemento ofensivo e defensivo de extraordinária aplicação. Seu tremendo poder explosivo, ao lado da facilidade de transporte e simplicidade do manejo, fizeram dela uma das armas preferidas pela infantaria. Nas mãos de um soldado hábil podia destruir uma casamata ou demolir um reduto. A granada de mão norte americana, foi desenvolvida sobre o modelo básico utilizado na primeira guerra mundial. A carga consiste em pólvora granulada. O corpo de ferro fundido e tem a forma de limão. A superfície da granada é toda recortada, para permitir melhor dispersão dos estilhaços.

Estilhaços: Aproximadamente 50 fragmentos Peso: 540 grsDiâmetro: 5 cmsComprimento: 10 cmsExplosivo: Pólvora granuladaEspoleta: Detona em aproximadamente 4 segundosRaio de Ação: 30 m  

Lança-ChamasAlcance: 70 metros, dependendo da mistura de combustível Peso: 34 kgs carregadoCapacidade: 20 cargas intermitentes  

Lança-Rojão 2.36 pol. M9A1 (Bazooka)

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Calibre: 2.36 pol. ou 60mm Funcionamento: RepetiçãoPrincipio de funcionamento: Ação de uma corrente elétrica, sobre o rojãoPeso: 6,800 kgsComprimento Total: 155 cmsAlcance Útil: 270 mtsPeso do Foguete: 1,53 kgsFonte de Energia: Magneto colocado no punhoAparelho de Pontaria: Visor fixor, graduado de 0 a 600 jardas  

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Soldado do 1º Regimento de Infantaria, com uma Bazooka, em Monte Castelo em 21 de Fevereiro de 1945. Observe também as granadas MkII e sua faca militar. 

 Morteiro de 60 mmCalibre: 60 mm Sistema de Operação: Ação muscular do atiradorRegime do Fogo : 12 disparos por minutoPeso do tubo (cano):Peso do tripé:Peso da placa - base:Peso do granada:Alcance Útil:

Morteiro de 81 mm M-1 Calibre: 81 mm Sistema de Operação: Ação muscular do atiradorRegime do Fogo: 12 disparos por minuto

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Peso do tubo (cano):Peso do tripé:Peso da placa - base:Peso do granada:Alcance Útil:  

 Canhões 

O sorridente soldado Fco. de Paula, do 2º Grupo de Obuses (GO) da FEB, envia contra os alemães uma mensagem bem humorado. Ele está municiando um canhão de 105 mm. Canhão de 37 mmCalibre: 37 mm Regime do Fogo: Peso:Capacidade: Comprimento Total:

Canhão de 57 mm, "Six Pounder"Calibre: 57 mm Alcance: 2.800 mPoder de Penetração: em blindagens, 80 mmPeso:1.200 kg

Obus de 105 mm M-101Calibre: 105 mm Alcance: 11.000 mtsPeso:2.270 kgs

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Comprimento Total:

Obus de 155 mm M-1Calibre: 155 mm Cadência de Tiro: 3 tiros por minutoPeso: 5.700 kgsPeso da granada: 45 kgs  VEÍCULOSO emblema criado para os veículos brasileiros na Itália, nada mais era do que um derivado do americano, trocando-se a estrela branca de cinco pontas e colocando-se no local a constelação do Cruzeiro do Sul.

Características técnicas dos veículos usados pela FEB:

Ford 1 1/2 Ton./ 3 Ton. Canhão - NenhumBlindagem - NenhumaCapacidade de Carga : 1 pelotão

Meia Lagarta M-3 Peso: 2.540 KgsPeso Carregado: 3.257 kgsComprimento: 4,2 mtsLargura: 2,17 mtsAltura: 2,05 mtsMotor: FORD 8 cilindrosVelocidade Máxima: 80 km/hAlcance: 750 kmTanque de Combustível: 83 litrosArmamento: 2 metralhadoras ou no calibre .50 (12,7mm) ou duas no calibre .30

Jeep modelo WyllisPeso: 1.054 KgsPeso Carregado: 1.417 kgsComprimento: 3,36 mtsLargura: 1,85 mtsAltura: 1,77 mtsInclinação: 60%Motor: Willys MB 2.2 litros in-line de 4 cilindrosVelocidade Máxima: 105 km/hAlcance: 480 kmTanque de Combustível: 57 litros

Emblema dos veículos da FEB .

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Carro de Combate M-8 GreyHoundArmamento: Um canhão de 37 mm e 3 metralhadoras Browning .30 Peso: 8.200 kgsVelocidade: 85 km/h na estradaGuarnição: 4 homensAlcance: 620 kmMotor: Diesel Mercedes Benz OM-32 de 6 cilindros

  

 

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