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O R A C A ÒF U N E B R E ,

N A S E X E Q^U I A SD E L R E Y

d. j o a O v .D E P O R T U G A L .

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O R A g A ÖF U N E B R E ,

Q U E N A S E X E Q U I A SD E L R E Y

D.JOAOV.DE P O R T U G A L

R E C I T o U

O P. M. Fr. THEODORO DE S. JOSEPH,L t n t e d t V e ff t r a Sagrada O rdtm de f regadores % eSecreU rio da fu a P ro »

v incia . na Ig r e ja tfe S . Domingos de L isboataos tres de Setembro de 1 7 5 0 .

O F F E R E C E - ^AO ILLUSTR. E EXC ELLEN T. SENHOR.

DOM DIOGOD E N O R O N H A ,

Terceiro M a r q u e z d e M a r i a l v a , Q u i n t o C o n d e d« C a n t a n h c d e , d o C o n f d b o d « Su»

M a g e f l a d * , e d e de G u e r r a , Gcntil-homeiii d e fua C a m e r a , e Teu Eflrtbeiro luór,

Meltre d e C a m p o General junto ä Real r«lToa, e G o v e r n a d o r das A r m a s d a C o r w ,

e Provincia da Extrem a d u r a . S e n h o r das Villas d e Maiialva, C a n t a n h e d i ; , Merles.

M o n d i m , C e r v a . A l h e y , H e t m e l o , A l v a r o . Villar d e Ferreiras . Aveilss d a C i -

m i n h o , Leonil, Penela. c P o v o a , V a l o n g o , S e n h o r , e A d m i n i a r a d o r d o s M o r -

gados d e M c d e l o , e S. Sylvellre , P s d r oeiro das Igrejas de Santa M a r i a de Meiles.

S. C l e m e n t e n o C o n c e l h o de B s i m tver, e s. Miguel de Veire . S. Cl-.riftovaS de N o -

gueiia , e S. Sylveflie d e C a m p o , e de S. T e d r o de Penudc, C o m m e n d a J o r das C o m -

n-.endas d e S. Bartholonieu de Santarcni, S. Salvador d e Sanguiiihcdo , S. M a r t i n h c

d a Arrifana de S o u f a , todas n a O r d x n d e (<hiiño . e ds S a n t a M a r i a d s S e r p a , na

O r d e r n d e Aviz.

L I S B O A ,Na Offic.dosHerd.de ANTONIO PEDROZO GALRAM,

C o m t o d a s « s I k e n ¡ a s n m f f / i r i d s , A n n o d e 1 7 5 1 .

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i L r . E E x r s ? ' ^

A S fey aínda di fe emir jfechego fó temc rario , fe tatnbem ambicio-

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fo a por m jirefenga de V . E x celi enei a ejle humilde tributo da minha obrigagao; mas (juem beni fouber as muitas, (]ue eu devo a V . Excellencia^ conhecerà (]ue 0 nao poder efcapar a nota de ambiciofo, me abfolve da cenfura de temerario. A f- piro , Senhor, a ennobrecer quanto pojfa ejie Sermad, (]ue em fim como fillio do meu entendimentOy he preci- fo (}ue 0 olhe com ternura a minhavontade'^e com effeito 0 ennobrego, quanto pofo y

dedi-

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dedicando-0 a V . 'Excellen- cid) no que nao fago menos (]ue conjiituillo filho ado­ptivo da fuá alta protecgao. A adopgao Ihe dará a no- hreza, cjue nao pode a pro- ducgad) como meu filho^nad pode fe r mais humilde , e aqui ferey temerario', como filho de V , lExcellencia^nao pode fer mais illuflre , c- aqui fou ambiciofo, J á me lifongeoj de que vendo-o por efla adopgad entroncado na antiquijfm a, excelfa Cafa dos Noronhas, po jfo contar

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na fuá frondofa arvore tan­tos Scetros como ramos,,

tantos Diademas como fo~ llias. EJiehe ovulgar aro­ma com que muitos efcrito- res incenfao a vaidade dos feus Mecenas , elevando- Ihes , e muitas vezes com pouco fundamento , a fuá nobreza de feculo em fecu- lo , até Iha collocai'em na eminencia dos lühronos :

porem quando os Patro­nos fao tad conhec idamente Principes, como V . Excel^ lene i a , vira a fer para V .

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'B^cèììencìa offenja, o que para outros Jeria lijonja\. razad, porque deixando na jua notoria evidencia o Re^ gio Sangue que Ihe ennohre ce 0 efpiritOj p^Jfo iem- hrarme das Reaes prendas que Ihe ador nao o animo, ìijfa conjlancia de coragaò inalteravel, ou Jeja tole rando os incómodos daguer- r a , ou desfrutando as fe li­cidades da paz. Jijfa fere- nidade magejloja, que he corno cara^ier indelevel da foberania, ejfa affabilidade

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umor ofdy cjue he o mais bel­lo efmalt e da grandeza, ef- fa piedade verdadeiramen- te K egi a, (jue fa z a V .E x - cell enei a fen fw el, a (Jim ás afflicgoes, como ás profpe- ridades da Monarchia ; ef- fa excel fa indole, que fab e accommodar-fe as reftric- çoes da dependencia, f cm to* car nas baixezas dd adula* gaô ; ejfa liberdade igual­mente animoafa, que mode- J la , com que V . Excellent cia proféré os acertos do feu ju iz o , quando o pedem

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ajfm as razo es de ejiado^e outras muitas Jublimescjuar lidades, que omitto, jad as que j dando mayores ejmaU tes ao feu Regio Sangue,

Ihe conciliao tambem pro* fundas veneragoens ao feu refpeitavel Nome, par a que eflampando-fe na fachada de f ie papel, firva de efeudo a hum parto, que fendo pro- ducgao minha, afpira a fer üdopgao fuá. Logo defde o bergo aprendeo efle peque­ño parto a fer atrevido ;

pois nao conhecendo aindab ii ñas

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nos m ant il has mais, do que huma Pejfoa Real por em- prego, já entao Ihe veyo co­mo nafcendo a ouzadia de bujcar hum General junto Ú Pejfoa para amparo ; fe nao he que fendo e fie Ser mad hum retrato daquelle Grande R e y , de quem V . l^xcellencia recebeo tantos incentivos para o amor J u - /lamente fe Ihe devia offere ver e¡la copia fua, como pre~ cifo lenitivo da faudade. Digne-fe V . cell ene i a de permittir, que chegue

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aos feus olhos efie tran.'- fumpto mais hem explicado no coragao, que na lingua, mais elegante no affeño, que na penna ; e dijfmini ando as tofcas vozesy com que cele­bro no mundo as virtudes do no J o Auguflo Monarcha, merega efle papel a benigna üttengad de V JExcellencia, fenao pelo eflylo , ao menos pelo ajfumpto. NaÓ eflra- nha 0 mar,por mais rico que feja, 0 pequeño tributo, que Ihe offerece chorando a pe~ nha rude pelo breve párpa­

do

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do de huma concha ejlreita, Eu hcm podía dizer , que com as lagrimas nos olhos

ju jlo tributo do amor de hum V a fa llo na marte da

feu adorado Soberano, def- tillou em pranto a rudeza do meu engenho ejle limita­do defperdicio, nao Ihe ba- Jlando najcer entre Jor^ doens de Sabedoria para deixar de Jer pobre de elo- quencia j e Je Ihe nao faltou a circunjlancia de chorado na fonte, bem pode efperar que Ihe nao fa lte a ventura

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de recebido no mar. Déos Guarde aPeJfoa de V . E x - cellencia. S. Domingos de Lisboa , 24 de Setembro de1 7 5 0 .

Illufirijfimo, c ExcellemiJJimo Se- nhor iÍAÍarquéis BJlribeiro

%eijí (t mao de V , Excellencia

Seu mais obrigado ferino, e humilde Capellao

F r, T he odor o de S .Jozé.

L I C E N -

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L I C E N C A SD A O R D E M.

Jfpprovafdo do Padre Fr, tM a m eì do R ofario , Mef» tre em Santa Iheo ìog ia , Con/uìtor do Santo Oj*:

fic io , e Chroniiia da Ordem dos Fregadoresna P rov im ia de Portugal,

M. R . p. M. p r o v i n c i a l ;

DEftinou VoiTa Paternidade M u lto R e v e ­renda ao Padre Fr. Theodoro de S. Jo- feph Lente de Vefpera defta Univerfi- d a d e , que folFe Orador nas Exequias , que nel­

la fe fizeraó ao Sempre Augufto , Magnif ico, M agnanim o, e Fideliifimo D . Joa6 V. dafau- dofa memoria.

Digna eJeigaó de tal Orador para tao re­levante em preza , c digna empreza deempre- garem-fe nella todas as preciofas fadigas de tao grande Orador. Neceflitava a vehemencia da d ò r , que opprimia os cora^oens dos filhos de D o m i n g o s , de quem foiìe o feu fiel Interpre­t e , reconcentrando-fe na parte principal def-: te myftico corpo , como coftuma a natureza , quando huma vehemente mágoa acomete o cor­po natura! ; e para explicar quanto íe mágoa- v a , devia romper em alto grito , e para erte fer bem exprefl’a d o , vinha muito a propofito Orador de tamauho b r a d o , como o Padre Fr, T h e o d o r o , taó conhecido nefta Corte.

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TrafpaíTava o peito dos fíllibs 'do Grande Gufmao nao fó ver o mais f iorente, efrondo- fo R a m o daquelle R e g io T r o n c o , que hoje íe ve eftendido por todas as mayores Cortes da L u r o p a , defpojo do duro ferro da inexoravel Parca nao íó como os mais favorecidos daquel- la R egia profuiaö fern deÜdlo, que para enri­quecer os Santuarios de D é o s , foube empobre­cer as Minas, fazendo.mais ricas as ondas do T e j o com inundaçoens*3*e'ouro , do que Yo- raó as fuas aréas nas pignnas dos amigos; mas, eom onobre porçaô defta valla Monarchia, fen- tia o ver defpojo da morte aquelle feu Auguí- to Monarcha, para quém fera6 curtas todas as ideas, que, para celebrar os leus Heróes, íou- be imaginar a Fama ; refpeitando entre todos a efte como fímulacro mais digno á Poíteridade« Sobravao tantos m otivo s , para que a fua dor afogada no p e i t o , deíafogaííe , e nao com vül* gares expreíToens. Deíafogou em fim , nao com inundaçoens do famofo Ganges , ou P a f b o lo , fó dignas de tal Heroe ; mas como pobre re­gato com a emendicancia, que ihe vem por ef- trella, fupprindo as vozes de tao aureo Orador o ca b e d a l , que a forte ihe roubou para o t r i ­buto.

Efte he o famofo O r a d o r , que tantos an- nos efcutado em doces acentos na Sacrofanta Igreja Patriarchal foube recrear os o u v id o s d o M o n arch a, fern oíFeafa do fagrado minifterio; e efperado íempre em outro anno com nova exped:aça6, e com applaufo univeríal do mais i l lu i l t e ,S a b i o , eemincncs theatro, que na in-

tençao

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, por r e n t u r a , reconhcce a Europa :be disfar^ar cm culto eftylo puras verdades, amargas íempre ao pala to , mas fobornados os ouvidos com a do^ura^ fe conquiftaó melhor os coragoens.

Efte mefmo Orador mudando a le tra , fem deixar de todo o eftylo , trocando os doces em lugubres acentos , lamenta , c ao mefmo paílo fuaviza : lamenta a mqrte do H e r o e , que to­dos choramos, fuavíza a noÜa faudade com as efperangas, que piamente devemos ter da fuá immortal gloria , fazendo-fe digno dasBengaos de Déos por dous padroens , que levantou ein v id a , o amor de Déos y e o amor a feus Valial- los.

Venturofo Orador fempre i g u a l , ou para íe í l i v a s , ou para fúnebres emprezas, ou para panegyricos, ou para eligiacos aílumptos. D e P o e ta s , e Oradores fey eu , que tendo ñas eJe g i a s , ou nos panegyricos o primeiro lugar no feu C o r o , ie qiiizeraÓ mudar de C o r o , nao fe atreyerao aínda ao ultimo lugar. Inftrumen- tos múfleos ha , em que o artifíce empenhou tanto a valentia da a rte , que fó com variar o t o n o , e mudar a letra , moftraó fempre a mcf* ma armonia. Da Cythara, e do Cytharifta Eu- menides o refere a hiftoria profana na prefen- ^a do Grande Alexandre.

Appare^a, pois , ao publico theatro do mundo eila grande Ora^aó de tao efclarecido O r a d o r , de que neceflìtava taó eminente, e taò relevante allumpto; e com fer a Ora^-ao a to­das as luzes b e i la , e Omnibus nurmits abfolutay

e a 0 allum*.

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o áílumpto 1ie ta^it íperior a t o í a a valeotia' do O r a d o r , que fio eu da fuá innata modeftia, e reconhecida docilidade, ( predicados d.i fuá profunda fabedoria) que naó fe efcandalizará, que fe Ihe applique, o que já applicou o noíTo Meftre A ngel ico ao mayor dos Sacramentos.

Quantum potes, tantum audt ^ i a m a m omni laude y N ec laudare fu ffiás.

E ñ e he o meu parecer. Voíla Paternidade Mui­to Reverenda mandará o que for fervido. C o n ­vento de S, Domingos de L isb oa , 6, de Janeiro de 1751,

f r . Manoel do R ofariol

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^ fip rôéâ fâ ff ào Multo 'Rêvêrénâo P a d r i M cjtn J o a i de Santa R o fa , ReUgiofo da E fc lam id a

Ordem dos Prégadores^ Ô'f.

R r p. M. P R O T I N C I A L ;

MAnda VoiTa Revcrendiilima Jea, para dar o meu parecer , a Oraçao Funebre, que nas Exequias do Auguftiifimo M o ­narca D . Joaô V . de faudofa memoria , reci-

tou o Muito Reverendo Padre Frey T h eo d o ro de S. Jofeph , Lente de Vefpera defta Univer- fidade , a efte arrojo da eioquencia honra , e dedica o feu mefmo Author com o efpecioío t itulo de fílho do feu entendimento ; e fendo o Author tao applaudido, pelos nobres partos do íeu elevado engenho, tao conhecidopelos remontados voos da fua penna, tao celebrado pela doçura da fua eioquencia , fobra para elo­gio defte feliciflimo parto o t i t u l o , com que o ennobrece o íeu Author.

F oy Alexandre o Magno aquelle Heroe ¿ a quem a Fama dedicou mais altares naquelle t e m p o , e com tudo, a efte breve p rov erb io , reíumio a Fama toda a gloria de Alexandre : OtifHpias M atír A k x a n d r i , quem quizer compenr diar os elogios de A le x a n d re , dízia publica­mente a Fama , deixe hipérboles , eícuze pon- deraçoens, e diga fó , que tem a Olimpias por May. Era tao grande May Olimpias , que hum H e r o e , como A le x a n d r e , ou havia nafcer de

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O lim p ia s , o u n a ö h a v ia de nafcerj OHmpíaí^ ou nao havia g e r ar , ou havia gerar hum A l e ­xandre.

T e m os partos do entendimento mais eí- treita correJaçaô com o íeu A u th o r , que os fi- Ihos naturaes com os íeus progenitores ; poderá ta lvez o filho natural degenerar do P a y , que Ih ed e o o fer; mas os filhos do entendimento nunca pódem bnftardiar do efpirito do feu Au*- thor. Hum tal m on ltro , po is , da eloquencia, ou havia fer parto do entendimento do R e v e ­rendo Padre Meftre Fr. Theodoro de S. Jofeph, ou naß havia fahir a luz , ou o feiiciííimo enge- nho defte Orador eloquentiííimo nao havia orar , ou havia efta profunda Oraçao j[er par­to do feu fecundiífimo entendimento. Na liçao defte parto , veriladeíramcnte digno de hum tal principio , me fuccede o que em femelhan- te cafo á Mantuano: Legi tanta antmi volupta^ te , quanta lucuUncta jpiendet , quanto amore ejus ÆtEiore projecutus Ju m : ß d eum legenda y dumCu» pio fedáre fiú m , ptts atiera crefät, deßderium fctlt^ m , vtdendi reliquum,

Efte infaciavel defejo de ver mais, e mais partos defte elevado entendimento, que jufta- mente fe ha de excitar em todos os que tive- rem a fortuna de 1er efte S e r m a ô , me obriga a d ize r , que naô fô deve Voila Reverendiili- ma dar-lhe a licença que pede para o impri­mir ; mas mandar-lhe dê logo ao prélo os mui- tos que .tem pregado. C o m invejado allombro dos entendidos pela mefma razaô, com que Se­neca o mandou aifim a outro> tambem diici-

puio

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pulo feu : Ede phrlm ós qudm celerrimi ; u t , & tm nomini celebritas , & ¡iuáiú[í% omnibus utilitas pa‘' redtur, Efte o meu parecer. Voíla Reverendif- íima mandará o que for fervido. SaQ D om in­g os de L is b o a , i y, de Janeiro de 1 7 5 1.

. JFr, Josff dé Sánta Ro¡a*

. i

F R E Y

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FR E Y S Y L V E S T R E D E S*« T H O M A ’S ; JVIeftre em Santa T heolog ia , Confultor do San­to Officio , e da B u l l a , Examinador das Tre? Ordens M il i ta re s , e Prior Provincial da Or- dcm dos Prégadores nefles Reynos de Portu­gal 5 &c. Pela preiente damos licenza ao R e ­verendo Padre Frey T h eo d o ro de Sao Joleph , Lente de Vefpera defta Unìverfidade, para que poíTa dar ao Prélo o Sermaó,que prégou no nof- fo Convento de Sao Domingos de Lisboa ñas Exequias do Sereniífimo R e y D. Joao o V . , por haverem já precedido as diligencias necef- lar ias , e confórme as nofías Leys. Dada neí- te noííb Convento de Sap -p o m in g os de Lis* b o a , aos 23. de N ov em b re de 175o.

Fr, Syheßrt de Santo Jhomis, Ftior Provinciali

L I G E N .

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L I C E N Ç A SDO SANTO OFFICIO.

^ ffrovaçét'ê do Mu'tto Reverendo Padre M efre Rodrt^ go de Sa y da Congregaçao do Oratorio y ú'C*

IL L U S T R "] o * E REVn)o* S E N H O R E S ,

PO r ordem de VoÌTas Senhorìas vi a Ora- çaô Fun e b re , que nas Exequias celebra­das pela Sagrada Ordem dos Prégadores

em memoria do SerenilÍÍmo , e FideliíÍimo Se- r h o r R e y D. Joaô V. prégou o Padre Meftre Fr. T h eo d o ro de S. J o f e p h , Lente de Vefpe- ra na Sagrada T h e o lo g ia na Univerfídade do Convento de S, Domingos deíla Corte . E pof- to que fem Faltar á O b e d ie n c ia , pudera eu ap­provar eíla Oraçao fem a v e r , pela ter ouvido com toda a attcnçao, quando feu Author publi­camente a recitou ; nao o fíz aífim ; lenao que depois de a ouvir rec i tada , a vi agora manuef- c r i t a , e a efpero ver muirás vezes depois de imprefla. N a o he eíla Oraçao daquelles obje- ¿los, que baila verem-fe huma fó vez ; eílá tao excellente , que convida a fer multas vezes viíla com g o f i o , e outras tantas admirada cora aflombro ; com mayor razao Ihe a p p l ic o , o que a outro intento appHcou o Mancuano

d yidi(fe

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vidi [fe femeì fa tìs eft ^ ju vat uj^ue ntorari ; ou ( me- ihor para a expiica^ao do meu conceito , pof- to que na5 para o v e r fo ) J u v a t ufque m irari, Couias ha, que fe fe vem muitas v e z e s , com a repetigao enfaltiaS : efta Ora^ao quantas mais vezes fe v é , mais agrada, mais recreya verefi- cando-fe neUa o Habet repftita lefórem. Em mui ' tas obras de outros Authores achao-fe defei- to s , que entibiao o g o f i o , eretardaó a curio* íidade de as tornar a ver depois de viftas hu­ma vez : neíla obra tudo fao perfei^oes, que convidas a empregar nella a vifta muitas ve­z e s , e recrear com ella o animo. T u d o nefta Ora^aó he elegancia , he erudigaS, he acertó, he d e c ò r o , he mageftade ; e poriíib tudo pro- por^aó com o elevado aíTumpto, a que íe di­rige. Foy fel iz o Auguftiífimo R e y D Joa6 V. na vida pelas V^irtudes que exercitou j na mor­te , porque no conceito de todos foy preciofa ; e entre as felicidades, que teve depois da mor- t e , conto eu a de ter hum Panegyrifta tao e gre­g io como o Author deíle Sermao ; o qual pela flngular energía , com que deícreve as ac^oes heroicas de taó Grande Monarca, fara queef- t a s , í e n d o muitas vezes lidas, fe eternizem na memoria dos vindouros, e deíles fejaÓ com uti- l idade da República imitadas. T u d o devere- mos a taó iüuftre Orador, o qual attendendo tanto ao acertó do que efcreve , nao podia dei­xar de attender, aoqne mais im porta, que heo conformar-fe inteiramente nefta Oragaó com a pureza da F é , e bons coftumes. Pelo que a ju lg o digniífima de fahir á luz p o r m e y o d a e f -

tampa.

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tampa. VoíTas Senhorías mandaráo, o que fo- rem férvidos, Lisboa , e Congregaçaô do Ora­t o r i o , 39* de Janeiro de 1751,

Rodriga de Sa*

V Ifta a inFormaça6, póde-fe imprimir a Ora^ çaô F u n e b re , de que le trata, e depois v o l ­

tare conferida para íe dar licença que c o r ra , fem a quai naô correrá. L i s b o a , J^dejanei-^ r o d e i 7 5 i .

F r , R , dé Alencañre^ Sylva. Abreu¡

Altneidê^ Trigofo.

d ü D O

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- DO O R D I N A R I O .a p p ro v a çao ào M. R . P , M Fr, M anod Ignécia

Coutinhoy Meftre y e Doutor na Sagrada 'Jheo- Logia pela U niverpàaàe de C om bra , da

Òagrada Ordem àe N offa Senhora do Monte do Carmo,

E X C E L L E N T I S S I M O S E N H O R .

I I o Epitafio , que no tumulo do M ayor M o n ar ca , que teve Portuga l , o Auguf- tifiimo R e y D Joaô V. pcrtendeo eftam^

par o feu mayor Panegvrifta o M ulto R e v e ­rendo Padre Meflre Fr. ' i 'htodoro de S. Joieph > da Iliuftrillima Famiìia dos Prégadores, mais conhecido pelo N o m e , que pelos títulos ; e vendo que dizia aíf im: Á^ui j a z aqudle Anguf-10 Monarca , que abraçando com fumma d / ( r i f a i as tnaxtmas da paiitita mais Chrtftaa , te s disfames da Chriftandade mais politica foube f a z e r f e o querido de D tos , e o dileño dos homem. L o g o movido da ambiçaô, que íempre tive de ver difcurios fub« t ìs , e e levados , fuy obfervando attentamente , naÒ fó a e levaçaô, e fubtileza , mas tambem a proprledade, formalidade , e difcriçaô d od i f- curio, que f¿ fegue ao aflumpto, ou ao Epitafio, e achey , que a elevaçaô era tao alta , como a empreza difficultofa ; porque a mayor difficul- dade , que póde, ou nao pode vencer hum Priiî- cepe C h r i i t a o , he unir aquelles dous extre­m o s , que pelo que tem d e o p p o f t o s , fao qua*11 incompativeis , i ( l a h e , conciliar no íeu g o ­

verno

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verno o agrado de D é o s , c o agrado dos fio* mens; por íerem os homens de taó máo gofto, q d e taó pervería con d ig a ó , que o que com- muromcnte Ihcs agrada, he o q u e desagrada a D é o s : e poíto que efle milagre fe v i f lc já em bum famofo Frincepe d e l f r a e l , era Princepe, que para obrar maravilhas tinha privilegios de Déos. A íubtileza deíle difcurfo he may natu« ral de tao grande parto de entendimento. A propriedade a mais propria para a vida do meí- m o M o n a r c a , de quem choramos am orte , A difcri^ao, e formalidade fìlhas lao legitimas de hum Meftre digniiìimo de fer venerado em todas as Univerfidades do Mundo , como he nas da iua Sagrada R e l ig ia o ; e de hum Prégador tido por Oráculo , ainda entre o s m e fm o s , que o faó^jor inftituto , e por nàfcimento. Dii ie hum D o u t o , que os efcritos dos homens erao o retrato verdadciro , e mais exprefl'o do t a ­lento dos melmos homens ; bem dito na ver- dade; mas ió com huma differenza , q u e o roí- to dos homens rètrata-fe com ó pincel ha mart alheya , e o talento dosm efm os homens fó fe retrata bem com a penna na mao propria ; por­que o que OS homens , que fao hom ens, efcre* vem , he o que o proprio ju izo Ihes^dita.. San­to Thomas com a penna na mao retratou-fe hum perÌLitiffimo Anjo das E f c ó l a s , ou hum Dou- tor A n g e l ic o ; feu Mèftre Santo A lberto tsm- bem a propria penna o retratou, ou diftinguio M agno entre os Magnos Doutores. Ailìm íe tem retratado tantos milhíires de Filhos do Ef- c larecidoPatriarca S. D o m in g o s , quanros fa6

os

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OS Efcrítores infignes defta Sapíentiffima Rc> l ig i a o ; e affim le retrata o Author defta Ora- §aó Funebre fó com hum rafgo da iua penna, fendo o feu fim dar a l iv io , á que nos ficou na falta daquelle Grande Monarca. Concluinda agora com o meu fentimenCo, digo a VoíTa Ex- cel lencia , que me parecem digniífimos de fe eftampar com caracteres de ouro o Epitaf io , e o D i f c u r f o ; aq u e l le , para que fique immortal: a memoria de tao Augufto Monarca ; e eft:e, para que íe eternize tambem o Nom e de tao lingular Panegyrifta. Convento de NoíTa Se- nhora do Carm o de L i s b o a , i . de Fevereiro d& *7)í-

| r . ManoeJ Ignacio Coutinh^

V Ifta a jnformagao ¡ póde-fe imprimir o S e r m a o , de que fe tra ta , e depois torne

conferido para fe dar ücenga , para que c o r r a , fem a qual nao COirerá. L i s b o a , i . de Feverei- i o d e i 7 j i .

D O

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D O P A g O.

jp p r o v d fa o do M. R . P , M i r . Jo à o sintom o , Af(»y; tre na Sagrada Ihtohgiay da Sagrada Ordem de

JSloffa Senhora do Monte do Carmo,

S E N H O R .

MAnda-me ver VoiTa Mageftade a Ora- 930 Funebre, que nas Exequias d o S e - nhor R e y D Joao V. prégou na Igreja

é o R e a i C o n v en to de S Domingos o Padre Fr. '1 heodoro deS. J o f e p h , Filho defte Grande Pa­tr ia r ca , Lente de Vefpera na Cadeira d c T h e o - l o g i a , c Secretario da iua Provincia neftes R e y - nos. ConfeíTo, que me foy neceíTaria toda a cega o bediencia, com que devo fatisfazer aos prectitos de Voíla M a g e f ta d e , para entrepor o meu parecer em m ateria , tantas vezes gran­d e , aflim pelo íeu aíTumpto , como pelo feu Author. P o rq u e, Senhor , me parece que nao necellita de nova approva?ao huma obra , que arrebatou o applauío do numerofo, e erudito concurfo dos fídeliílimos VaíTallos de VoíTa M a ­geftade , que a ouviraó recitar ; ne¡n merece a feveridade do exame hum O r a d o r , que nun­ca íe ouvio fem re íp e ito , até na íaudofa pre- Íen9a do glorioío objeálo do íeu aííumpto , e muito menos fe podia eípcrar que díídi/TeíTe do R e a l agrado de V . M a g e íb d e o Fiiho de hum Santo Patriarca, cuja illuftre Caía fe acha duas vezes enlajada no Tronco, e nos Ramos dn Ar-

vofe

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vore dos A üguños Progenitores de Vofla Ma- geítade.

Porém , fatisfazendo a obrigagaó de hum rigorofo C e n f o r , dizendo , que em nenhuma* claufula delta Oragaó achey coufa , que encon- tralfe o R e al fervigo de VoíTa Mageítade, paf- fo a lembrar-me do merecim ento, que a faz recommendavel.

O allumpto he d i g n o , de que até pelas fa- digas da eítampa fe íaga prelente aos íeculos da noíTa polleridade. M erece , Senhor, huma interminavel duragao o retrato daquelle Gran­de R e y , que veyo ao mundo para idea de So­beranos. N os deliniamentos deíla engenhofa' pintura eítudaráó os Princepes Cathol ico s o períeitiífimo commentario da verdadeira arte de reynar, no qual fe Ihes manifeíta aquelie fegredo muito particular, que fó fiou a PrO'- videncia Divina da vaíta comprehengaó do Se-« nhor R e y D .J o a o V . , como he o m od o, com que fe pódem unir aquelles dous Polos do Im­perio , mais diítantes que o A r t h i c o , e o A n - thart ico do mundo : o fervido de D é o s , e o eítabelecimento do Eítado ; eíte Grande R e y he que foube perfuadir aos Potentados da ter­ra , que fó nos entereíTes do G eo fe deve fun­dar a conítante profperidade da Monarquía.

A s Eftatuas, que erigia R om a aos feus H e ­roes , erao huns documentos de marm ore, e de b r o n z e , que enfinavao a Quinto Maximo , e a PublioScipiao ns emprezas da Virtude, A s glo- riofas ac^oes do Senhor R e y D Joao V . judicio- íamente retratadas com a penna deíte Grande

Ora*

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Orador eftao convocando k íeu esem plo a to­dos aquelles Princepes, que pelo caminho de huma ChriftianilTima Heroicidade quizerem dar paíTos para poíTuhirem no T e m p lo da me­moria hum lugar digno da eilimaçaô do feu N o ­me. O de Alexandre produzio hum Cefar era R o m a , o de Cefar muitos Alexandres no mun­do ; Monarcas mais dignos da eterna recómen- daçaô pode fazer o Nom e refpeitavel do Se- nhor Key D. Joaô V.

Ninguem,Senhor, íabe deliniar em fi m ef­mo com mais natural, e mais nobre primor to­da a fermofura defta tao alta Idea de Prince­pes 5 como o generofo Efpirito de Voífa Ma- gefi:ade, que no exercici® de todas as fuas per* fe içôes, parece q u eeí táV o fla Mageftade fatis- fazendo os legados Paternos.

O mundo todo depois que vir ñas feiçôes defte peregrino retrato a immenfa profufao, com que a graça , e mais a natureza dotaraó a grande alma do íeu Original, juftamente fe po- derá perfuadir, quenoSenhtír R e y D. Joaó V. principiarao a grande obra de hum perfeitifiï- mo Monarca, que agora veyo aperfeiçoarna Au- gufta Pefioa de Voíí'a Mageftade a heroica imi- tâçaô das fuas Vírtuofas acçÔes.

T am bem pela fua brilhante , e magnifica ñrudtura íe f a z efta Oraçaô digna do Prclo j e m qualquer das lua partes íe encontra aquella tor­rente de ouroj que achava Marco Tu l l io na li- çao de Ariftoteles. AÍIini o devem confeílar t o ­dos aquel les, que obl'ervarem ncíte bello dif-

e curfo

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curfo a i n r e n ç a ô , a elegancia, a agudeza, o f u b l i m e ,o mageílofo , e o profundo^ e até hu­ma copiofa inundaçaô de lentenças , dillribui- do tudo debaixo da mais exaf la obfervancia dos preceitos da Oratoria : nao fe devia vertir de adorno menos pompofo huma Oraçao, que o feu Author dedica á Sagrada Urna do Senhor R e y D, Joao V . , como monumento fepulcral da fuá eterna , e íaudofa memoria. Erte he o meu parecer , nao cabendo mayores diícuríos nos didlames da C e n fu ra , e no curto talento d o C e n ío r . VoíTa Mageftade mandará o que for fervido. Convento do C arm o i6. de Fevereiro de i ; 5 i *

fr . Joao Antanié*

QU e fe poíTa imprimir viftas as licenças do Santo O ff ic io , e Ordinario , e depois de impreíia tornará a e f taM efa para fe con­

fer ir , taixar , e dar licença para correr , fem a qual nao correrá. L i s b o a , 17, de Fevereiro de 1751.

■ A taide, F a z de C arvalho, Almeidê^ C arvalho, Cajìro, M ourah

Dile£ïus

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‘DileHus DeOy &■ hominibus, cujus me­moria in benediBione ejl,

Eccleíiaílici 4^.

S v o z e s , que até agora fufpendeo a dór; porque, obrigando-as o ex- céíTo da mágoa a hum funebre íl- le n c i o , fó lá dentro das margens do peito fabia6 formar mudos fuf-

piros: A s lagrimas , que até agora fupprimio a p e n a ; p orq ue, congelando-as nos olhos a ver hemencia do fentimento, fó fahiaó á esfera do coragaÓ com os feus fentidos e c c o s , rotos já os diques ao pranto , e foltas as prizoens da l in gu a , pertendem hoje moftrar, ainda que em curto mappa, reprefentar, ainda que em thea­tro breve a deploravel tragedia, e feníibiliíll- ma Cataí lrophe, que juftamente lamenta a nof- ía ternura com os olhos naquella atrocidade, com que a inexoravel Parca córtou o dourado fio da vida ao noíT’o A uguílo Monarca.

A h quem me dera , que hoje íe pudelTe tro­car o officio da lingua com o dos olhos/ Nos

e ii olhos

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olhos haviaô de ouvir-ie vozes choradas : /«- lerdum lacrim a ponders vocis hahent. N a lingua haviaô de ver-fe lagrimas derretidas : Vocemfle- itís met j e íó entao feríao bem difcretas as ex- preíToens de tanta pena, quando os olhos cho- raíFem v o z e s , e a iingua articuIaíTé lagrimas. Para chorar a morte do melhor Emperador da M a ced o n ia , e da Grecia forao chamados os dous mais famigerados Oradores , que naquel­le tempo tinha a Grecia , e a Macedonia. De- moíthenes , e H e rac l i to ; o primeiro na e io ­quencia das vozes fem fegundo , o fegundo na R ethorica do pranto fem primeiro: Co m eçou Heracli to a chorar , e principiou Demoílhenes a difcorrer : a pena em Demoílhenes feguia a difcriçaô das v o z e s , as lagrimas em Heracli­to corriao á difcripçaô da pena; mas com tal excéílo das lagrimas ás vozes , que todos jul- g a r a o , que melhor fallara Heraclito choran­do , que Demoílhenes diícorrendo. Mas ja que o meu pranto nao he como o de H e r a c l i to , nem a minha eioquencia como a de Demoíthe- nes ; para ponderar hoje a morte , nao do ma­yor Princepe da Grecia , mas do mayor M o ­narca da Lufitania, quizera eu unir, oh Portu­g a l , as tuas lagrimas ás minhas v o z e s , para que quanto errarem as minhas vozes , emen- dem as tuas lagrimas. Correrá por conta do meu difcurío repetir a tragedia , e por conta dos teus olhos fentir a mágoa.

A o s

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Aos g o lp e s , p o i s , da dura Parca agonizou àquelle iufpirado a l e n t ó , finalizando nos bra­cos da ultima dor aquella preciofa vida, que pa­recía inacceflivel aos tiros da morte. Morreo em fim aquelle Monarca , que com efpecial favor do C e o veyo ao munJo a cnfinar aos Potentados a arte de Revnar. Acabou finalmente o M a ­g n a n im o , o L i b e r a l , o P ied o fo , o B enigno, o R e l ig io fo , e FideliflÍmo R e y ( feja o feu grande N om e o feu mayor e l o g i o ) 'D. Joao o Quinto de Portuga l , aquelle exemplar de He­roes , que Déos com a extraordinaria atten- §a6 da fuá Providencia fez nafcer no mundo para glorioíamente adminiftrar Imperios, e de- pois dos últimos parocifmos de huma obítina- da enfermidade fez patente ao mundo a fuá vafiallagem a implacavel tyranna dos viventes aquelle Princepe , cuja falta lamentao os C i f - nes do doce T e j o mais temos , que os do Mean­d r o , mais faudofos, que os do Caiftro em fen- tidas fúnebres cadencias , para acompanhar ao Lufitano Imperio, que tambem fente a fuá per­da com prantos, que na copia íao d i luv io s , com fulpiros , que pelo ardor fa5 Mongibei- los.

Demaziadamente monarchico h« o teu im­p e r io , oh m orte , e taó foberano , como ab- fo lu to j pois que a todo o fublunar compre- henJes dominante , e a todos íem diílinc^aó humilha diípotica a tua poderofa arrogancia ;

pois

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pois v e m o s , que tanto refpeita o teu córte osP ig m e o s , como OS G ig a n t e s , tanto piza o teu delcarnado pé a humildade dos valles , com o a eminencia dos m on te s , as Regias A u l a s , co­mo as ruíticas cabanas, e os tofcos Tayaes, c o ­mo as purpuras rofagantesí mas em fim he in» difpeníavel tributo daquelle fatal preceito : ótatutum eji homtnibus fem el mùrì ; e com eíta for- çofa razaô chegafte a l o g r a r , ô Atropos cruel, no mayor defpoio o mayor triunfo. M a s , de que te aproveitará taó grande d e fp ojo , Deo* fa homicida? Se adornas os teus T em p los com fúnebres , e negros p avi lhoens , para que en* feitas com Purpureas Quinas as tuas funeftas A ras Ì Se es cega , para que roubas ao Sol da Lufitania as fuas luzes? E f e es furda, pa* ra que enches o Imperio Portuguez d e taó tr i - í te s , e fúnebres lamentos? Mas nada me ref- ponde a morte mais, do que: Statutum eft ho~ minibus Jem el moru Efta he , oh defunto Monar# c a , a fata! condiçaô do frágil barro da humanit d a d e , ainda nos mayoresHeróes ; naS Ihes fer- virem de remedio para coniervar a vida aquel-» Jas acçoens, que Ihes Îervem de balfamo para Ihes immortalizar aFama.

T o d o s aquelles hom ens, a quem a natu- r e z a , e a fortuna com venturofa emulaçaô ñ* *erao grandes , facrificaraô toda a fua grande^ za nas maos da morte. Grandes foraÔ as ac- çoens, com que mer^ceo a fama humAlexan-f

dreÿ

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Tunehre, 5dre ; p orq u e, como r a y o , que á força das rui­nas faz caminho por toda a parte » excedeo o numero dos annos com o numero dos triunfos, pondo o termo aos progreííos da fua fortuna, alli donde o poem o Sol ao circulo da fua eircumferencia ; mas lem que o pudeílem f a l ­l a r da morte tantas maravilhas do v a lo r , par gou como verdadeiramente humano aquelle tri­b u t o , de que fe prefumia diípenfado , como fantafticamente divino. Juftamente mereceo os eílrondofos eccos da Fama aquelle Alexandre de R o m a , o Grande Pompeo ; porque coroou as tres partes do O rb e com o diadema dos feus t r iun fo s , unindo com as fuas Vitor ias dous e x ­tremos taÓ diftantes como Oriente , e O c c i ­dente Î mas depois de tantas proezas, ve yo a morrer ñas barbaras aréas do N i lo , faltando terra para a fepultura , a quem a mefma ter­ra tinha faltado para as V i to r i a s . R e d u zio C e ­far a l iberdade de R o m a á grandeza da Mo* narchia , deixando aos fucceiíores o caraíler do íeu nome como titulo da fua g lo r ia ; e fen­do hum h o m e m , que pelo v a l o r , pela elegan­c i a , e pela clemencia merecia a immortalida- de da vida , nao poderao as fuas proezas pre- íervallo das tyrannias da morte.

Para rem e d io , p o i s , defte damno entro» a ambiçaô , e lifonja dos homens a querer ven­cer o Imperio da Parca com a arrogancia das fuas ideas , e em benefìcio da memoria dos

niórcos

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niórtoS fizerao éloquentes os marmores, e ele­gantes os bronzes , vaJendo-íe da fuá dureza para os confervar eternos da precipitada cor­rente dos annos. Accenderao asfornalhas para Ihes darem vida nas eftatuas com arterias de bronze , abriraô as entranhas dos montes pa­ra Ihes introduzirem os nomes nas eftrellas com pirámides dem arm ores; para que o tem­p o nao confumi/fe memorias benemeritas da etcrnidade, efculpirao em tantos obeiifcos as emprezas da fuá virtude : mas nem ainda com todos ëftes artificios chcgou a induftria dos homens a confeguir o que defejava ; porque a dureza dos marmores naÓ pode reíiftir á continuaçaô dos annos, e contra a firmeza dos bronzes fe conjura a violencia dos rayos. A todas eftas defgraças porôm , a que eftá íugei- ta a foberba dos obeliícos , e a mageftade das pirámides , ferá fempre fuperior a indelevel memoria do noíTo Auguftifl imo Monarca; por­que praticando maximas do R e y mais Catho- l ico , e obfervando aforifmos do Princepe mais polit ico , foube erigir mais fólidas pirámides, levantar mais eftaveis obeiifcos para eternizar no templo da immortalidade a fua memoria. Em fim, ioube verificar obrando aquelle im- p o í í i v e l , a que Sao Paulo fe naÔ atreveo ef- cre vendo : Si hominihus placeiem , fer vus D ei non tffem ; porque fervindo a D é o s , e agradando aos homens, dos coraçoens dosl iem ens, c do

cora-

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coraçaÔ de Déos fez as pirámides 5 em que fe imir.oftalizou di le í lo de D e e s , e d i l e d o dos hcmcns : ViU &usDeoy homimbus^ ó'C*.

Ellas fao as palavras, com que começa o Eccleíiaíl ico o elogio do grande Moyíés, aquel- l e famoío Princepe de l í r a e l , e eílas faó tam­bem as mais pioprias espreííoens , de que fe pederá formar o Epitafio d e lR ey D. Joao o Q uinto , aquelle Grande Monarca de Portu­gal , Ambas as Monarchiasforao tanto do agra­d o de D é o s , que le a de lirael foy por mui- tos feculos o leu R e } n o hereditar io, a de Por* tu g a l defde o berço logra a ventura de 1er o feu Imperio adoptivo ; y o lo tn & tn ¡emine tuo imperium m h t ftabiltre. Nao fey fe todos os Monarcas da Lufitania chegarao a conciliar os incompativeis extremos de agradar a D é o s , e agradar juntamente aos homens ; porque em fim as maximas de conciliar o agrado dos ho­mens fao bem oppoftas aosdi£l:ames de mere­cer o agrado de D é o s : mas tanta foy a capa* cidade delle Grande Meftre de reynar , que foube coroar-fe o querido de D é o s , e o ama­do dos homens: Dt!e¿lus D e o , & humintbus. Eí- tes foraó os dous obelifcos^, em que diícreta- mente fe immortalizou o noílo Soberano con­tra as injurias do eíquecim ento, e elles leraô tambem os dous po lo s , em que le revolverá a maquina do meu difcurlo, pertendendo ef- fam p ar, como EpitaHo, naquelle tumulo do

f Mayor

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M ayor Monarca de Portugal aquelle mefmo periodo, que lá fervio de formar o e logio ao mayor Princepe de Ifraeí : D í!e6íus D eo , & ho- minibus , cujus memoria in benedizione tfl. Aqui j a z aquelle Auguflo M onarca, que abraçando com fumma^difcriçao as maximas da politica mais Chriilaa , e os diclamcs da Chriftandade mais politica, foube fazer-fe o querido de Deos, c o di letto dos homens ; Dik^ius Deo homi- nibus. A fua memoria fera fempre immortai pelas acçoens da fua heroica v irtude, fazen- do-i.e acredora de repetidas bençaos por toda a eternidade ; Cujus memoria in btnedìÙtone eji Em fìm veremos para confolaçaô denoila per­da , e lenitivo da noiÌa mágoa a efte AuguftiÌ- umo Joaô o dilei9:o de D e o s , e o diletto dos homens. Efte o ailumpto , principiemos pela iua primeira parte : Dite^ius Deo.

P R I M E I R O P O N T O do Difcurfo,

N A 6 aiFuftas, ainda que defenganas, oh tumulo pavorofo ; porque fe para inti­mar defenganos, nos ofíereces aos olhos eile funefto Capito l io da Parca , para evitar­

nos OS fuftos nos reprefentas neile roubado diadema, d e q u e te coroas, aquelle inclito He-, r ó e , que para immorcalizar-ie nos dous eter­

nos

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ros obeiifcos da memoria , ioube unir a gran­deza com a affabilidade , a R e l ig iao com a Pol it ica , a Jufìi^a com a C le m e n c ia , e em fim a Magefìade com o Amor ; para qua fahin- tio deila ardua, e difficil uniao as maximas do K e y mais Cathol ico combinadas com os afo­rifmos do Princepe mais Politico , fahiilem do feu R e g i o coragao ac^oens tàó dignas da im­mortalidade , que ainda hoje vive , e vivera eternamente naquellcs dous obeiifcos da fua gloria , o agrado de D e o s , e o agrado dos ho­mens. Para merecer o agrado de D e o s , pare­ce que naíceo o noíí'o Augufto Monarca ,que- rendo o C e o moftrar, já defde o ber^o , co­mo o deftinava o querido de Deos no Th ro- no. Nafceo E l R e y D . Joao o Q u i n t o , e quiz a Providencia , que naó naíceiTe primeiro. Bem fey que aílim coíluma nafcer o S o l , pois nos •refplandores efcagos de huma eftrella fe en- fayaó lempre futuros os formofos rayos defte Planeta R e y ; mas no noíí'o d efunto , e íepul- tado Sol a ordem do nafcimento teve a meu ver muy pouco de atten^aó na natureza ; por­que parece que fó foy puro eíFeito da Provi­dencia da Gra^a. Nos outros Monarcas o naf­cer primeiro he acafo , em E lR e y D . Joa5 o Quinto o naícer legundo foy elei^ao. Q uiz o C e o , que nalceíTe fegundo depois de outro J o a ó q u e naíceo primeiro i porque íe v i íleque o meírao C e o o deíUnava já defde o bergo

f ii para

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para íer o querido de Déos no Throno. N a6 he conje¿lura do meu afteélo , he fim Juizo tao bem fundado , que em todas as leys o dei- empenha a meíma fé.

N a Jey da natureza dos fílhos de A d a o , A b e l , e nao Cairn, foy o querido de Déos ; dos fílhos de Abraham, l ía c , e nao íímael, foy o herdeiro das promeiTas; dos fílhos de l ía c , J a c o b , e nao E(aií, foy o fucceílor da Primo- genitura; dos fílhos de J o f e p h , Ephraim , e nao ManaíTés, foy o depofito das bençaôs. N a ley efcrita dos fílhos de A m r a m , M o y fé s , e naó Aram, foy o Déos de Pharaó, e o Redem - ptor de Ifrael. Na L e y da Graça dos filhos de Soria , Pedro , e naó André, foy aC a b e ça da

> dos fílhos do Zebedeo , Joao , e naS D i o g o , foy o amado de Chrifto. Pois fe haviao de íer preferidos elles legundos , porque nao difpoz a Providencia, que nafceílem primei- ros? Porque ntíío fe conhecem os predeftina- dos da natureza , e os predeflinados da G r a ­ça ; niíl'o fe dillinguem os que fao os queridos de Déos com tanta efpecialidade , dos que com efpecialidade tanta nao faó os queridos de Déos, Quem viííe nafcer primeiro que A b e l C a i r n , primeiro que Ifac I fm a e l , p-imeiro que Jacob Efaü , primeiro que Ephraim xMa- naliés. Qüem viíTe naícer primeiro que M oy- íés Arao , primeiro que Pedro a A n d r é , pri- meiro que Joao a D i o g o , entenderla quenaf-

c i a o

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ciao antes ; porque haviaô íer depois os mais queridos , e elles nafciaô antes ; porque a Gra­ça deilinava para mais queridos , os que haJ viaô de naicer depois. Primeiro que E l R c y D . Joaô o Quinto nafceo o Princepe D . Joaô, e fegundo nos moftrou o eiFeito , naô nafceo p rim eiro , para que Ihe levaiTe o T h r o n o , mas iim para que Deos Ihe diípeníaíTe o agrado. N a ô foy a ordem do nafcimento forte , foy deftino. E l R e y D. Joaô o Q u i n t o , e naô o Princepe D . JoaÔ, era aquelle feliciifimo fe­gundo , em quem o C e o tinha determinado prover a C oroa : mas para que ifto naô pare- ceile providencia da natureza, m as i im d ifpo - iiçaô da G ra ça , quiz D e o s , que o queacabou Princepe, nafcefie antes, e o que morreo R e y , naícefle depois , para que fe viíTc , que fó o R e y , e nao o Princepe nafcia para fer o ven- t u r o f o , e o feliciflimo Centro dos feus afte- ¿tos : D ikñ u s D eo,

C o m os o l h o s , p o i s , no agradecimento defte myfterioío deftino apenas tomou o nof- fo adorado Monarca as redeas doLufitano Im­perio , quando formou logo a idèa de aperfei- çoar , extender , e magnificar na fua R e g ia C o r te o G ü i t o Divino ; coníiderou , que para agradecer a Dees o beneficio de huma Coroa, devia ter mais maos , que o Briareo da fabu­l a : e com effeito deu tanto , e com taô pro- fufa liberalidade ao San¿luario, que fez efcu-

recer

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rccer as efplendidas doa^oens, que fizeraó á Igreja de Chri íto nos primeiros feculos do Evangclho os Juftinianos , os Conílaniinos , os Ottos , os Carlos Magnos , os Pipinos , e os Valentinianos. Conheceo , que a Jiberalidade he virtude de Princepes; porque onde he mais Tublime a dignidade , mais larga deve fer a beneficencia.

Deíta verdade o eníinava o C e O i para on­de tinha Tempre dirigido o Scetro , com as fuas eítrellas . que quanto fao mais luzidas, fao mais beneficas. Para com Deos porém re- conheceo , que devia praticar os últimos def- empenhos defta Virtude R e g i a ; porque tinha recebido da fua Omnipotente m a ó, naó menos beneficio , que huma C o rea . H e o diadema hum complexo de dadivas , que fó fe paga com tributo de diademas, e lembrando-fe El­R e y D. Joaó o Q u i n t o , que os R e ys do Apo- calypfe lan^avaó as fuas Coroas aos pés do

Apoeai.4' Monarca do Impirio : tM itteban t Coronas fuas ante Thronum , como bem pratico das politicas do C e o , alFentou com fígo , que havia de agra­decer a Deos a Coroa com a mefma C o r o a , pagando , como David , ao melmo Senhor o beneficio., que Ihe tinha dado com o beneft-

v.* ™ ,y/‘ cio , que tinha recebido ; §luid retribuam Da- m ino . . . . Cahcem falutarts accipiavj. Por ilTo foy tal a profufaó , com que enriqueceo o Sandiua- rio ) que amda Ihe pareciaó poucas todas as

fique-

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riquezflS do feu R e g io Theiouro. Naò he juf- t o , que o R e y fe desfaça dos bens da Coroa, porque fao o feu patrimonio ; mas para o Prin­cepe agradecer a Déos h u m a C o ro a , he razao que garte muitas Coroas de ouro. Antigameii ' te Coroas de ouro forao moedas de Portugal, como em prefagio , de que algum dia teria Por­tugal hum R e y , que no C u l t o Divino deílas Coroas quantas tivera , tantas gaftára.

Será fempre immortal monumento da fua R e g ia Piedade, e augulla magnificencia a lum - ptuola obra de Mafra, relpeitolo pafmo de t o ­das as Naçoens do mundo, que tem vindo a ad­mirar huma maravjlha , que juftamente emmu- d e c e , as que até agora celebrou a fam a; fen­do a que mais íe ve obrigada ao ÍÍlencio o fa- mofo T e m p lo de D ia n a ; porque alii erigió a heroica Piedade do noíTo Soberano hum Pan­theon dedicado á Melhor Diana a Virgem San- tiíllma , ornado de tao finas pedras , de tao excellentes ef tatuas, e de taô ricos ornamen­tes , que nao fabem ju lgar os olhos a primazia entre a fingularidade do arteficio, e a precio- íidade da materia. Outro monumento da íua R e g ia Piedade, e augufta magnificencia ferá o Mofteiro de Religiofas da primeira regra de Santa Clara , que edificou no Louriçal com particular eftatuto deorarem em Laus-percnne diante do Santillimo Sacramento duas R e l ig iq- f a s , dotando efte Sa n tu a r io com gen e rofa , e

Real

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R e a l profufao. Parece que íe lembrou o noí^ lo adorado Soberano do muito que íe deleita- va o Efpoío com a armonía das vozes da Ef-

Pam.i.M. pçjfa .* Sonet vox tua tn aurtbus mets , vox en 'm tua duìcis , ò * Ju av is , e para fazer-ihe ainda mais grata li ionja , que a que entao iblicitavao feu de fe jo , deu-lhe alli naô huma fó , mas multas E fp o fa s , que com perenne armonia ei- tivelTem lempre louvando a fua grandeza. O u ­tro padrao indelevel da fua R e g ia P i e d a d e ,e auguita magnificencia ferá íempre a pompoía fabrica da Igreja , C o n v e n t o , e Palacio das Neccllïdades no f í t io de Alcantara , para os II- luílres Filhos de Sao Fillppe N eri ; querendo efte Sapientiffimo Monarca , que para o Cui-’ to D iv in o habitaífcm dentro daquelie prodi­g io da arte tantos aíTombros da fciencia. A R e y n o s Eftrangeiros fe eftendeo a fua R e g ia Piedade , e augufta magnificencia em muitos Conventos reparados, Igrejas reedificadas , e outros piedofos diípendios , eternos padroens da fua R e a l grandeza.

N a ô fallo naquella generofa profufao para com os Hofpitaes d o n d e , nao fatisfeito em enriquecer a Deos em íl m e f m o , o queria en­riquecer tambem nos feus pobres. N aô pondé^ ro aquelles extremofos exemplos da R el ig iao , com q u e , a defpezas do feu R e g io E rar io , celebrou as Canonizaçoens de tantos Santos; p o r q u e , nao contente com honrar a Deos na

fua

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