v. 3, n.6, maio/ago. 1998

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Ano III - Nœmero 6 - Maio a Agosto de 1998 Revista do TRE/RS

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Ano III - Número 6 - Maio a Agosto de 1998

Revista doTRE/RS

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Pleno do Tribunal Regional Eleitoral/RSComposição em agosto de 1998

PresidenteDes. Élvio Schuch Pinto

Vice-Presidente e CorregedorDes. Osvaldo Stefanello

Membros Efetivos

Dr. Leonel TozziDr. Fábio Bittencourt da Rosa

Dr. Antonio Carlos A. do Nascimento e Silva Dr. Nelson José Gonzaga

Dra. Sulamita Terezinha Santos Cabral

Procuradora EleitoralDra. Vera Maria Nunes Michels

SubstitutosDes. José Eugênio Tedesco

Des. Saulo Brum LealDra. Tania Terezinha Cardoso Escobar

Dr. Oscar Breno StahnkeDr. Orlando Heemann Júnior

Dra. Liselena Schifino Robles Ribeiro

Procurador Eleitoral SubstitutoDr. Francisco de Assis Vieira Sanseverino

Diretor-Geral da SecretariaDr. Antônio Augusto Portinho da Cunha

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Expediente

Comissão Editorial

Des. Osvaldo Stefanello - Presidente

Dr. Antônio Augusto Portinho da CunhaDr. Josemar dos Santos RiesgoDr. Marco Antônio Duarte Pereira

Jorn. Joabel Pereira

Equipe de Edição

Coordenação-Geral: Dr. Josemar dos Santos Riesgo

Supervisão: Marcos Cruz Pinto

Editoração Eletrônica: Carlos Eduardo Saraiva de VargasJosé Francisco Vieira Schuster

Ementário: Denise Quevedo Ribeiro NeumannCapa: Cássio Vicente Zasso

Indexação: João Antônio FriedrichVera Regina Coutinho

Revisão: Fátima Rosane Silveira SouzaConferência: André Luiz da Costa Ribas

Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do SulRua Duque de Caxias, 350 - Centro

90010-280 Porto Alegre (RS)Telefone: (051) 216-9444 (PABX)

Fax: (051) 216-9508 (Diretoria Geral)216-9507(Comissão Editorial)

e-mail: [email protected]

Revista do TRE / Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. - VoI.1, n. 1 (set/dez. 1996)- .-Porto Alegre : TRE/RS, 1996-

Quadrimestral

1. Direito Eleitoral - Periódicos. I. Rio Grande do Sul.Tribunal Regio-nal Eleitoral.

CDU 342.8(816.5)(05)

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Sumário

· Apresentação Des. Osvaldo Stefanello - Presidente da Comissão Editorial do TRE ........ 9· Doutrina

Crimes Eleitorais e o Abuso do Poder Econômico no Processo Eleitoral ..... 13Dr. Antonio C. A. do Nascimento e SilvaPropaganda Eleitoral nas Eleições de 1998 ............................................... 28Dr. Leonel Tozzi

· PareceresRecurso Criminal - Proc. nº 10000798 - Cl.10 ............................................ 41Drª Vera Maria Nunes MichelsApelação Criminal - Proc. nº 47/96 - Cl.XIII .................................................. 49Drª Vera Maria Nunes Michels

· AcórdãosNº 11/94 - Rel. Des. Élvio Schuch Pinto ....................................................... 55Nº 16000798 - Rel. Des. Élvio Schuch Pinto ............................................... 59Nº 16000898 - Rel. Des. Élvio Schuch Pinto .............................................. 59Nº 22001898 - Rel. Des. Osvaldo Stefanello ............................................... 66Nº 22001798- Rel. Des. Osvaldo Stefanello ................................................ 71Nº 22000798 - Rel. Dr. Norberto da Costa Caruso Mac-Donald ................ 78Nº 04/97- Rel. Dr. Norberto da Costa Caruso Mac-Donald ......................... 80Nº 04000198 - Rel. Dr. Leonel Tozzi ............................................................ 84Nº 15002798- Rel. Dr. Leonel Tozzi ............................................................. 86Nº 16003398 - Rel. Dr. Fábio Bittencourt da Rosa ...................................... 93Nº 32/97- Rel. Dr. Fábio Bittencourt da Rosa .............................................. 95Nº 17/97 - Rel. Dr. Carlos Rafael dos Santos Júnior ................................. 100Nº 03/97- Rel. Dr. Carlos Rafael dos Santos Júnior .................................. 105Nº 16004498 - Rel. Dr. Antonio Carlos A. do Nascimento e Silva ................ 107Nº 16001398- Rel. Dr. Antonio Carlos A. do Nascimento e Silva ................. 110Nº 16005498 - Rel. Dr. Nelson José Gonzaga .......................................... 117Nº 16004198- Rel. Dr. Nelson José Gonzaga ........................................... 124Nº 16003998 - Rel. Dra. Sulamita Terezinha Santos Cabral .................... 131Nº 16004898- Rel. Dra. Sulamita Terezinha Santos Cabral .................... 136Nº 17000598- Rel. Dra. Tania Terezinha Cardoso Escobar ..................... 141Nº 16003298- Rel. Dr. Oscar Breno Stahnke ............................................ 145

· EmentárioPrestação de Contas .................................................................................. 153Registro de Candidatura ............................................................................. 154Propaganda Eleitoral e Partidária .............................................................. 156Investigação Judicial ................................................................................... 166Impugnação de Mandato Eletivo ................................................................ 167Consulta ...................................................................................................... 168Diversos ....................................................................................................... 172

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Revista do TRE/RS6 · Resoluções do TSE e TRE/RS

Res. TSE nº 20.292/98 ................................................................................ 185Res. TRE nº 104/98 ..................................................................................... 187Res. TRE nº 105/98 ..................................................................................... 188Res. TRE nº 106/98 ..................................................................................... 191Res. TRE nº 107/98 ..................................................................................... 192

· Índice ........................................................................................................... 199

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Apresentação

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Apresentação

Apresentamos o volume número 6 - Ano III, da Revista do TRE/RS, dandocontinuidade à programação da Administração do Tribunal, no sentido de divulgarsuas atividades e aquelas de outros órgãos e pessoas voltadas ao estudo ou àaplicação do Direito Eleitoral.

Iniciamos a presente publicação com artigos de doutrina dos eminentesJuízes deste TRE, Doutores Leonel Tozzi e Antônio Carlos Antunes do Nascimentoe Silva, tratando, respectivamente, da Propaganda Eleitoral e Crimes Eleitorais, aproporcionar mais uma contribuição ao processo eleitoral do corrente ano.

Seguem-se pareceres da ilustrada Procuradora Regional Eleitoral, Dra. VeraMaria Nunes Michels, e acórdãos da relatoria dos diversos Juízes que integraram oTribunal no período, abordando temas relativos às eleições gerais de 1998, taiscomo incidentes ao registro de candidaturas, consultas e propaganda eleitoral, etc.

Continuamos publicando o Ementário das decisões do Tribunal, com destaquepara as relativas à argüição de inelegibilidade, prestação de contas, impugnaçãode mandato eletivo, recursos criminais, inquéritos policiais e propagandaeleitoral.

Ao fim, publicamos a Resolução do TSE que trata da apuração das cédulastradicionais com a utilização da Urna Eletrônica (Res. n. 20.292/98) e asResoluções deste TRE, com destaque às de números 106/98 e 107/98, que,respectivamente, aprovou a adoção da apuração com a utilização das UrnasEletrônicas às Seções Eleitorais cuja votação ocorrerá com cédulas e a queaprovou os formulários para os recursos voto a voto, instruções para seupreenchimento e o quadro de precedentes deste Tribunal.

Des. Osvaldo Stefanello,Presidente da Comissão Editorial.

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Doutrina

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Crimes Eleitorais e oAbuso do Poder Econômico

no Processo Eleitoral*Antonio C. A. Nascimento e Silva

I � CRIMES ELEITORAIS1 - conceito2 - sujeito passivo3 - classificação4 - crimes eleitorais em espécie5 - lei nº 9.504/976 - processo penal eleitoral7 - lei nº 9.099/95

II - ABUSO DO PODER ECONÔMICO1 - introdução2 - conceito3 - abuso do poder econômico e

corrupção4 - inelegibilidade5 - considerações finais

I - CRIMES ELEITORAIS

1 - CONCEITOCrimes eleitorais configuram-se

como sendo condutas ilícitas, devi-damente descritas e tipificadas na le-gislação vigente, com o objetivo deproteger o pleno exercício dos direi-tos políticos, a normalidade, a tran-qüilidade, o equilíbrio e a lisura daseleições, como forma de propiciar egarantir a prática plena da cidadania,na escolha livre e consciente dos re-presentantes do povo para cargoseletivos. E, via de conseqüência, ga-rantir a preservação do Estado De-mocrático de Direito.

Vera Maria Nunes Michels1 (atualProcuradora Regional Eleitoral do

TRE/RS) conceitua como sendo �con-dutas tipificadas em razão do proces-so eleitoral e, portanto, puníveis emdecorrência de serem praticadas porocasião do período em que se prepa-ram as eleições e, ainda, porque vi-sam a um fim eleitoral�.

Nelson Hungria 2 menciona que�são as infrações, penalmente sanci-onadas, que dizem respeito às váriase diversas fases de formação do elei-torado e do processo eleitoral�.

2 � SUJEITO PASSIVOO sujeito passivo, nos crimes elei-

torais, é sempre o Estado, já que o bemjurídico lesado ou exposto a perigo dedano é a ordem política, a ordem polí-tica do Estado. Porém, existem situa-ções em que o cidadão, qualquer pes-soa física, candidato ou não, tambémé, junto com o Estado, sujeito passivode crime eleitoral.

Contudo, como refere VERA MA-RIA NUNES MICHELS , �nada impe-de que, concomitante ao Estado, exis-ta outro sujeito passivo, ou seja, ou-tro cidadão lesado ou ameaçado noexercício de seu direito. Essa duplici-dade de dano pode ocorrer, por exem-plo, quando um cidadão é impedidode votar, situação que está tipificadano art. 297 do Código Eleitoral, sen-do, no caso, lesados, não apenas oeleitor, mas também o próprio Esta-do: o cidadão, por ser impedido deexercer o seu direito-dever que impõee assegura o Estado, e o Estado, porser agredido na normalidade de suaatividade política�.

Acrescenta-se, também exempli-ficando, nessa linha de raciocínio, asofensas a bem jurídico particular, nassituações caracterizadas como delitoscontra a honra, perpetrados durante apropaganda eleitoral (gratuita ou não).

*Juiz do Tribunal Regional Eleitoral/RS.Palestra proferida no Seminário de DireitoPenal. Universidade Regional Integrada doAlto Uruguai e das Missões - URI. SantoÂngelo/RS. 05/06/98

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3 - CLASSIFICAÇÃOVariadas são, na doutrina, as clas-

sificações dos crimes eleitorais. Al-gumas, segundo o sujeito ativo; ou-tras, em conformidade com o bemjurídico tutelado ou considerandosomente o momento da consumaçãodos delitos.

Fávila Ribeiro, levando em consi-deração os bens lesados ou os colo-cados em perigo, em razão do com-portamento do sujeito ativo, classifica-os como:

�1 - lesivos à autenticidade do pro-cesso eleitoral;

2 - lesivos ao funcionamento doserviço eleitoral;

3 - lesivos à liberdade eleitoral;4 - lesivos aos padrões éticos ou

igualitários nas atividades eleitorais�.NELSON HUNGRIA5 , citado pela

Dra. Vera Michels, na sua já referidaobra sobre Direito Eleitoral6 , diversaclassificação apresenta, com base noCódigo Eleitoral:

�a) abusiva propaganda eleitoral(arts. 322 a 337);

b) corrupção eleitoral (art. 299);c) fraude eleitoral (arts. 289 a 291,

302, 307, 309, 310, 312, 315, 317, 319,321, 337, 339, 340, 348, 349, 352, 353e 354);

d) coação eleitoral (300 e 301);e) aproveitamento econômico da

ocasião eleitoral (arts. 303 e 304);f) irregularidade no ou contra o

serviço público eleitoral (demais ar-tigos do Capítulo II, do Título IV)�.

JOEL J. CÂNDIDO7 outra classifi-cação dos crimes eleitorais apresenta,considerando o bem jurídico especifi-camente protegido, com base na obje-tividade jurídica das normas legais, in-cluindo as figuras criminais do CódigoEleitoral e da legislação extravagante,a saber (in verbis):

�1. Crimes contra a OrganizaçãoAdministrativa da Justiça Eleitoral:arts. 305, 306, 310, 311, 318 e 340 doCódigo Eleitoral.

2. Crimes contra os Serviços daJustiça Eleitoral: arts. 289 a 293, 296,303, 304, 341 a 347; art. 11 da Lei nº6.091/748 ; arts. 45, parágrafos 9º e 11,47, parágrafo 4º, 68, parágrafo 2º, 71,parágrafo 3º, 114, parágrafo único e 120,parágrafo 5º, todos do Código Eleitoral.

3. Crimes contra a Fé Pública Elei-toral: arts. 313 a 316, 348 a 354; art.15 da Lei nº 6.996/82 e art. 174, pará-grafo 3º, do Código Eleitoral.

4. Crimes contra a PropagandaEleitoral: arts. 323 a 327, 330 a 332 e334 a 337, do Código Eleitoral.

5. Crimes contra o Sigilo e o Exer-cício do Voto: arts. 295, 297 a 302, 307a 309, 312, 317, 339; art. 5º da Lei nº7.021/82; art. 129, parágrafo único e135, parágrafo 5º, do Código Eleitoral.

6. Crimes contra os Partidos Po-líticos: arts. 319 a 321 e 338 do Códi-go Eleitoral, e art. 25 da Lei Comple-mentar nº 64/90�.

Antonio Roque Citadini9 , citado peloDr. Joel Cândido (Direito Eleitoral Bra-sileiro)10 , também diversa classificaçãopropõe, com base nas diversas etapasdo processo eleitoral:

�1. Crimes Eleitorais no Alista-mento Eleitoral - arts. 289 a 295.

2. Crimes Eleitorais no Alistamen-to Partidário - arts. 319 a 321.

3. Crimes Eleitorais na Propagan-da Eleitoral - arts. 299 a 304 e 322 a338.

4. Crimes Eleitorais na Votação -arts. 297, 298, 305 a 312.

5. Crimes Eleitorais na Apuração- arts. 313 a 319.

6. Crimes Eleitorais no Funciona-mento do Serviço Eleitoral - arts. 296,339 a 354�.

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4 - CRIMES ELEITORAISEM ESPÉCIE

Adotando-se a classificação pro-posta por Joel Cândido, comenta-sealgumas das mais usuais e/ou signi-ficativas ocorrências de figuras crimi-nais eleitorais, considerando o poten-cial de lesividade que apresentamcontra o Estado e/ou contra o cidadão,já que existem mais de sessenta ti-pos penais eleitorais no Código Elei-toral e na legislação esparsa.

4a. CRIMES CONTRA AADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

ELEITORAL:

arts. 305, 306, 310, 311, 318 e 340,todos do Código Eleitoral.

I - Art. 31011 - Irregularidade na votação:Irregularidade qualquer durante o

período destinado ao recebimentos dosvotos, mas suficientemente forte paraimportar anulação da votação (anulaçãodos votos da respectiva seção eleitoral,por óbvio), praticada ou permitida suaocorrência por membro da mesa recep-tora, constitui crime que atenta contra aadministração da Justiça Eleitoral.

II - Art. 31812 - Indevida apuraçãopela mesa receptora:

O Tribunal Superior Eleitoral pode,a pedido dos Tribunais Regionais, au-torizar (art. 188, do Código Eleitoral),na votação tradicional, a contagem dosvotos pela própria mesa receptora, sal-vo quando a própria Mesa se julgar semgarantia ou sem segurança para a rea-lização da contagem ou, ainda, quan-do eleitor houver votado sob impug-nação. O apenamento à Mesa ocorre,então, em caso de apuração, quandohouver voto impugnado.

4b. CRIMES CONTRA OS SERVIÇOSDA JUSTIÇA ELEITORAL:

arts. 289 a 293, 296, 303, 304, 341 a347; art. 11 da Lei nº 6.091/7413; arts.

45, parágrafos 9º e 11, 47, parágrafo4º, 68, parágrafo 2º, 71, parágrafo 3º,114, parágrafo único e 120, parágrafo

5º, todos do Código Eleitoral.I - Inscrever-se eleitor fraudulenta-

mente (art. 289).II - Indução à inscrição de eleitor

com infração de qualquer disposição doCódigo Eleitoral (art. 290).

III - Efetuar o juiz a inscrição frau-dulenta de eleitor (art. 291).

IV - Promover desordem que preju-dique os trabalhos eleitorais (art. 296).

V - Recusar ou abandonar o servi-ço eleitoral sem justa causa (art. 344).

VI - Recusar cumprimento ou obe-diência a diligências, ordens ou instru-ções da Justiça Eleitoral ou opor em-baraços à sua execução (art. 347)14:

Trata-se, pois, do crime de desobe-diência. Não obedecer às ordens, dili-gências ou instruções emanadas daJustiça Eleitoral. A conduta delitiva seaperfeiçoa por ação ou por omissão.Descumprir ordem negativa (abster-seda prática de determinado ato) ou nãoatender ordem positiva (de fazer/dar/realizar determinado ato).

Tranqüilo, entretanto, é o entendi-mento jurisprudencial, quanto à carac-terização desse crime, no sentido deque a ordem deve ser específica e de-terminada, dirigida a pessoa certa e in-dividualizada. Não configura o tipo pe-nal, quando ocorre descumprimento deordem genérica.

VII - Transporte irregular de eleitores:A matéria está regulada pela Lei nº

6.091/74, que estabelece:"Art. 5º. Nenhum veículo ou embar-

cação poderá fazer transporte de elei-tores desde o dia anterior até o poste-rior à eleição, salvo:

I - a serviço da Justiça Eleitoral;II - coletivos de linhas regulares e

não-fretados:

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III - de uso individual do proprietá-rio, para o exercício do próprio voto edos membros de sua família;

IV - o serviço normal, sem finalidadeeleitoral, de veículos de aluguel não atingi-dos pela requisição de que trata o art. 2º.

Art. 10. É vedado aos candidatos ouórgãos partidários, ou a qualquer pes-soa, o fornecimento de transporte ourefeições aos eleitores da zona urbana.

Art. 11. Constitui crime eleitoral:III - descumprir a proibição dos arts.

5º, (...) e 10:Pena - reclusão de quatro a seis

anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa."

A lei citada incrimina, assim, o trans-porte de eleitores não apenas no diada eleição, mas também no anterior eno posterior. Nada menciona, porém,quanto à intenção do agente em prati-car o transporte não- permitido.

Pacífico, no entanto, é o entendi-mento da jurisprudência, inclusive donosso Tribunal Regional, de que o cri-me somente se configura quando hou-ver deliberada intenção do agente,quando houver dolo específico, no sen-tido de realizar o transporte com o in-tuito de aliciar eleitor em favor de de-terminado candidato ou partido.

Tal entendimento jurisprudencial sejustifica pela gravidade do apenamentoimposto ao agente, um dos maiores dalegislação eleitoral: de quatro a seisanos de reclusão e mais pagamentode 200 a 300 dias multa. Não se pode,evidentemente, aplicar mesmo a penamínima (quatro anos) sem que o agen-te tenha a plena consciência do crimeque está praticando. Por isso, a exigên-cia do elemento subjetivo para confi-gurar o crime eleitoral.

�Recurso especial. Suposta ofensaaos arts. 5º e 11, inc. III, da Lei nº 6.091/74. Transporte de eleitores.

Para a configuração do delito descritono art. 5º da Lei nº 6.091/74, é indispensá-vel a presença do dolo específico, expres-so no aliciamento de eleitores em favorde determinado partido ou candidato. Hi-póteses em que isso não ocorreu.

Recurso de que não se conhece�(Acórdão nº 13.132, no RE nº 9418, deCruzeiro-SP, relator: Min. José Cândido,publicado no DJ de 01.01.93).

4c. CRIMES CONTRA AFÉ PÚBLICA ELEITORAL

arts. 313 a 316, 348 a 354; art. 15 daLei nº 6.996/82 e art. 174, parágrafo

3º, do Código Eleitoral.I - Omissão de expedição de bole-

tim de urna (art. 313).II - Alteração indevida de boletim ou

mapa (art. 315).III - Falsificação de documento pú-

blico, falsificação de documento parti-cular, falsidade ideológica eleitoral, fal-so reconhecimento de firma, uso dedocumento falso e obtenção de docu-mento falso (arts. 348, 349, 350, 352,353 e 354).

Outros dos mais graves crimes elei-torais, apenados com penas máximasde três, cinco ou seis anos de reclu-são, porque, evidentemente, atentamcontra a fé pública eleitoral, além depotencializarem irregularidades eilicitudes no correto e normal desenvol-vimento do processo eleitoral. A regu-laridade do pleito, por certo, fica afeta-da com a prática de quaisquer dessestipos penais. Ex.: falsificar documento,para votar em nome de outra pessoaque esteja impossibilitada de exercero seu constitucional direito-dever de li-vremente escolher o seu candidato.

4d. CRIMES CONTRA APROPAGANDA ELEITORAL

arts. 323 a 327, 330 a 332 e 334 a337, do Código Eleitoral.

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I - Divulgação de fatos inverídicos(art. 323)15 :

Durante o processo eleitoral, não sepodem afastar os que dele participamde elementares princípios éticos e deigualdade que devem nortear a dispu-ta, de forma a impedir que se divulguemfatos que não estão sob o abrigo daverdade e que possam indispor os can-didatos ou mesmo os partidos frenteaos eleitores.

Nesse norte, o art. 323 do CódigoEleitoral tem como objetividade jurídi-ca a honra e a ética durante o certameeleitoral, estabelecendo sanções paraa indevida divulgação de fatos sabida-mente não-verdadeiros e que possamatingir candidatos e partidos políticos.

II - Calúnia eleitoral (art. 324, do Có-digo Eleitoral)16 :

Caluniar é atribuir a outrem, falsa-mente, a prática de fato definido comocrime. O elemento normativo do tipo estácontido na expressão �falsamente�. Énecessário que seja falsa a imputaçãoformulada pelo sujeito, cujo objeto poderecair: 1º) sobre o fato; ou 2º) sobre aautoria do fato criminoso. No primeiro,o fato atribuído à vítima não ocorreu. Nosegundo, o fato criminoso é verdadeiro,sendo falsa a imputação de autoria.

Sobre o tema, Damásio E. de Je-sus17 tece as seguintes considerações:

�(...) A calúnia constitui crime formal,porque a definição legal descreve ocomportamento e o resultado visadopelo sujeito, mas não exige sua produ-ção. Para que exista crime, não é ne-cessário que o sujeito consiga obter oresultado visado, que é o dano à honraobjetiva da vítima (reputação). Trata-sede crime instantâneo, consumando-seem certo e exato momento. Não é, as-sim, delito permanente. Crime simples,a calúnia atinge um só objetivo jurídico:o direito à honra objetiva� (pág. 231).

�(...) O momento consumativo dacalúnia ocorre no instante em que aimputação chega ao conhecimento deum terceiro que não a vítima. Não énecessário que um número indeter-minado de pessoas tome conhecimen-to do fato, sendo suficiente que ape-nas uma pessoa saiba da atribuiçãofalsa� (pág. 232).

Ainda, o autor supracitado (in Có-digo Penal Anotado)18 registra:

�Honra subjetiva é o sentimento decada um a respeito de seus atributosfísicos, intelectuais, morais e demaisdotes da pessoa humana. É aquilo quecada um pensa a respeito de si mes-mo em relação a tais atributos. Honraobjetiva é a reputação, aquilo que osoutros pensam a respeito do cidadãono tocante a seus atributos físicos, in-telectuais, morais, etc.�

III - Difamação eleitoral (art. 325, doCódigo Eleitoral)19 .

Difamar é atribuir a outrem a práticade conduta ofensiva à sua reputação, àsua honra objetiva. Atinge seu momen-to consumativo quando um terceiro, quenão o ofendido, toma conhecimento daimputação ofensiva à reputação.

Damásio E. de Jesus20 afirma quese configura a conduta típica quando:�O sujeito afirma a realização de umcomportamento, por parte do sujeitopassivo, capaz de macular a sua hon-ra objetiva (reputação)�.

IV - Injúria eleitoral (art. 326, doCódigo Eleitoral)21 .

A injúria, ainda no conceito deDamásio E. de Jesus22 , �é a ofensa àdignidade ou ao decoro de outrem. (...)Dignidade, prossegue o citado autor, éo sentimento próprio a respeito dos atri-butos morais do cidadão. Decoro é osentimento próprio a respeito dos atri-butos físicos e intelectuais da pessoahumana. Assim, a honra subjetiva

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pode ser dividida em honra-dignida-de e honra-decoro. Na injúria não háatribuição de fato, mas de qualidadenegativa do sujeito passivo�.

Celso Delmanto23 , na mesma li-nha de entendimento, registra: �Na in-júria não há a atribuição de um fato,mas a opinião que o agente dá a res-peito do ofendido�.

V - Inutilização de propaganda líci-ta (art. 331).

VI - Impedir propaganda lícita (art. 332).VII - Aliciamento comercial de elei-

tores (art. 334).VIII - Propaganda em língua estran-

geira (art. 335).IX - Participação de estrangeiros

em atividades eleitorais (art. 337).A Lei nº 9.504/97, em seu art. 107,

revogou os arts. 322, 328, 329 e 333,que também tratavam de crimes contraa propaganda eleitoral, por isso, volta-se a tratar do tema, quando dos comen-tários a esse novo diploma legal.

4e. CRIMES CONTRA O SIGILOE O EXERCÍCIO DO VOTO

arts. 295, 297 a 302, 307 a 309, 312,317, 339; art. 5º da Lei nº 7.021/82;

art. 129, parágrafo único e 135,parágrafo 5º, do Código Eleitoral.

I - Retenção de título contra a von-tade do eleitor (art. 295).

II - Impedir ou embaraçar o eleitorde votar (art. 297).

III - Corrupção eleitoral (art. 299)24 :Corrupção ativa (dar, oferecer, pro-

meter) e passiva (solicitar ou receber).Trata-se de crime formal, sendo sufi-ciente, para sua configuração, a efeti-vação da oferta (na corrupção ativa),mesmo que não seja aceita. De igualforma, na modalidade passiva, basta,para a concretização do delito, a soli-citação da vantagem.

Por �qualquer outra vantagem� men-cionada pelo citado artigo, conforme re-

gistra Joel Cândido25 , �pode-se enten-der qualquer benefício, material, moral,econômico, financeiro, apoio, etc., pou-co importando se legal ou ilegal�.

IV - Aliciamento violento de eleito-res (art. 301)26 .

V - Concentração ilegal de eleito-res (art. 302).

VI - Violação do voto, violação e des-truição de urna (arts. 312, 317 e 339).

4f. CRIMES CONTRAOS PARTIDOS POLÍTICOS

arts. 319 a 321 e 338 do CódigoEleitoral e art. 25 da LeiComplementar nº 64/90.

I - Subscrever o eleitor mais deuma ficha de registro de um ou maispartidos (art. 319).

II - Inscrever-se o eleitor, simulta-neamente, em dois ou mais partidos(art. 320).

III - Colher assinatura de eleitor emmais de uma ficha de registro de par-tido (art. 321).

IV - Impugnação de registro por má--fé (art. 25, da LC nº 64/90)27 :

Joel J. Cândido28 , sobre o tema,consigna:

�(...) Aqui, a impugnação, sempre,procurará demonstrar que o candidatoou não reúne todas as condições deelegibilidade exigidas pela Lei ou de-monstrará que ele possui, pelo menos,um causa de inelegibilidade que a Leinão tolera. Para que a ação do agenteseja criminosa, ele deverá formularessa medida mas sem nenhuma des-sas motivações legais. A motivaçãoque o leva ajuizar é, ou a má-fé contrao candidato, ou a leviandade, ou a de-turpação do poder de autoridade, ou,finalmente, o puro e simples aprovei-tamento de uma situação de privilégiodecorrente do poder econômico quedetém, em qualquer de suas modali-dades. Para que ocorra o crime, basta

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a propositura formal da ação deimpugnação, nos termos vedadospela norma repressiva, pouco impor-tando o resultado do julgamento�.

5 - LEI Nº 9.504/97A Lei nº 9.504/97 (denominada Lei

das Eleições), como já mencionado,revogou, entre outros, os arts. 322, 328,329 e 333, do Código Eleitoral.

O art. 322 assim estava redigido:�Fazer propaganda eleitoral por meiode alto-falantes instalados nas sedespartidárias, em qualquer outra depen-dência do partido ou veículo, fora doperíodo autorizado ou, nesse período,em horários não permitidos. Pena =detenção até um mês ou pagamentode 60 a 90 dias-multa".

A nova Lei mantém a delimitaçãode horário para o funcionamento dealto-falantes ou amplificadores desom (entre oito e vinte e duas horas),mas somente considera crime, nostermos do art. 39, parágrafo 5º, inc. I ,a utilização de tais instrumentos uni-camente no dia da eleição.

Algumas questões, no entanto, im-põem-se, inclusive para o debate:

1ª) A Lei somente considera crimeeleitoral a utilização dos mencionadosinstrumentos no dia da eleição! Emocorrendo a utilização fora do horárioprevisto, qual sanção será imposta?

2ª) De igual forma, a realização decomícios fora do horário estabelecido(entre oito e vinte e quatro horas)! Qualsanção será aplicada pela não-obser-vância da limitação constante da Lei?

3º) Como coibir a prática dessasmodalidades de propaganda eleitoralirregular?

A Lei mantém a vedação de picha-ção, inscrição a tinta e a veiculação depropaganda, nos bens públicos domini-cais, de uso especial ou de uso comumdo povo, e, também, naqueles cujo uso

dependa de cessão ou permissão doPoder Público, cominando ao responsá-vel a obrigação de restaurar o bem e aopagamento de multa de cinco a quinzemil UFIR (art. 37 e parágrafo 1º). A men-cionada Lei não incrimina essa condutatransgressora do ordenamento, apenasimpõe sanção administrativa.

Porém, como novidade, autoriza acolocação de cartazes, faixas em mu-ros, fachadas ou logradouros públicos(postes de iluminação, viadutos, passa-relas e pontes), desde que não lhes cau-se dano, dificulte ou impeça o seu usoe o bom andamento do tráfego (art. 37).

A novel lei mantém conduta típica,passível de apenamento de seis me-ses a um ano de detenção, com a al-ternativa de prestação de serviços, pelomesmo período, e multa de 5.000 a15.000 UFIR, à usualmente conhecida�boca de urna�, assim explicitando aação do agente: �Constituem crimes,no dia da eleição (...) a distribuição dematerial de propaganda política, inclu-sive volantes e outros impressos, ou aprática de aliciamento, coação ou ma-nifestação tendentes a influir na vonta-de do eleitor (art. 39, parágrafo 5º, II)."

Outra questão que se apresenta,para o debate:

a) Ao comentar os crimes contra osigilo e o exercício do voto, referiu-seao aliciamento violento de eleitores(art. 301 do Código Eleitoral).

Tal dispositivo assim dispõe (inverbis):

�Usar de violência ou grave amea-ça para coagir alguém a votar, ou nãovotar, em determinado candidato oupartido, ainda que os fins visados nãosejam conseguidos: Pena - reclusãoaté quatro anos e pagamento de mul-ta de 5 a 15 dias-multa�.

O art. 39, parágrafo 5º, inc. II, tam-bém prevê a coação como forma de

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aliciamento de eleitor. No entanto,pune tal conduta com detenção deseis meses a um ano, com a alterna-tiva de prestação de serviços à comu-nidade pelo mesmo período, e multade cinco a quinze mil UFIR.

Admite-se coação, física ou moral,capaz de influir na vontade do eleitor,sem violência ou sem grave ameaça?Existe tal possibilidade? Em não exis-tindo, qual dispositivo legal infringiu oagente que coagiu eleitor no dia da elei-ção? Quis o legislador mitigar o apena-mento para o infrator no dia da eleição?Qual o maior grau de lesividade, con-tra o sigilo e o exercício do voto: coa-ção antes ou no dia da eleição?Colidentes seriam, então, os referidosdispositivos legais?

Questão, esta, para os operadoresdo Direito dirimirem!

A Lei nº 9.504/97 não dedicou ca-pítulo específico aos crimes eleitorais,que estão ao longo do texto, tais como,entre outros:

1) divulgação de pesquisa fraudu-lenta (art. 33, parágrafo 4º);

2) retardar, impedir ou dificultar aação fiscalizadora dos partidos (art. 34,parágrafo 2º);

3) obter acesso a sistema de trata-mento automático de dados usado peloserviço eleitoral, a fim de alterar a apura-ção ou a contagem dos votos (art. 72, I);

4) causar, propositadamente, danofísico ao equipamento usado na votaçãoou na totalização de votos (art. 72, III).

O art. 40, da Lei nº 9.504/97, dis-põe: �O uso, na propaganda eleitoral,de símbolos, frases ou imagens, as-sociadas ou semelhantes às empre-gadas por órgão de governo, empre-sa pública ou sociedade de economiamista constitui crime, punível com de-tenção, de seis meses a um ano, coma alternativa de prestação de serviços

à comunidade, pelo mesmo período,e multa de dez a vinte mil UFIR�.

O Des. Tupinambá M. C. do Nasci-mento, em sua recente obra sobre Di-reito Eleitoral29 , comentando esse arti-go, especifica: �(...) O fato tipificado emlei é ser usado, na propaganda eleito-ral, símbolos, frases ou imagens, as-sociadas ou semelhantes às utilizadaspelos órgãos e pessoas jurídicas aci-ma referida. Não se pune por haver plá-gio ou situação semelhante; sim, por-que a utilização por partido, candidatoou coligação é considerada como que-rendo se vincular a tais órgãos, se be-neficiando. (...) O simples fato de uso,sem a consciência da ilicitude, não levaa qualquer punição. Exige-se, para aconfiguração criminal, a conduta que seamolde à previsão legal e o querer aação tipificada, ou assumir o risco decometê-la�.

Assim, acrescento, a legislação elei-toral só pune condutas praticadas coma consciência plena de sua ilicitude, ouseja, com dolo. Não encontro, nos di-versos diplomas legais, que tratam dequestões eleitorais, o apenamento paracondutas praticadas com culpa, emquaisquer de suas modalidades.

6 - PROCESSO PENAL ELEITORALO processo penal eleitoral está dis-

ciplinado nos arts. 355 a 364, do Có-digo Eleitoral, sendo, por força do ci-tado art. 364, aplicado, como lei sub-sidiária ou supletiva, o Código de Pro-cesso Penal.

A ação penal é pública incondicio-nada, mesmo quando atingidos bensjurídicos particulares, porque, como aoinício referido, o Estado é sempre su-jeito passivo, vez que atingida a suaordem política. Entretanto, pode serproposta ação privada, ante o dispos-to no art. 5º, inc. LIX, da ConstituiçãoFederal (�será admitida ação privada

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nos crimes de ação pública, se estanão for intentada no prazo legal�). Oprazo para oferecimento da denúnciaé de 10 dias (art. 357).

Recebida a denúncia, o réu é cita-do para, em 10 dias, oferecer defesa,podendo juntar documentos que ilidama acusação e arrolar testemunhas. Nãocogita a Lei de interrogatório do acu-sado. No entanto, por entender que éum direito constitucional de qualquer ci-dadão a defesa pessoal, não apenas atécnica, propiciava eu, quando JuizEleitoral, aos denunciados, que quises-sem, por certo, a realização de interro-gatório.

Realizado ou não o interrogatório,são ouvidas as testemunhas de acu-sação e defesa. Praticadas as diligên-cias requeridas pelo Ministério Públicoe deferidas ou ordenadas pelo Juiz, éaberto o prazo de cinco dias a cadauma das partes, para alegações finais,conforme dispõe o art. 360 do CódigoEleitoral.

O Código silencia quanto a diligên-cias requeridas pela defesa. Tenho, noentanto, que, em observância ao prin-cípio legal da ampla defesa e da buscada verdade real, devem ser deferidaseventuais diligências ou a produção deoutras provas postuladas pela defe-sa, porque podem ocorrer situaçõesem que essas provas não estejam aoalcance da parte, necessitando, paravir aos autos, por exemplo, de deter-minação judicial.

A sentença deverá ser proferida em10 dias contados da conclusão, quedeverá ser efetivada em 48 horas, acontar da entrega das alegações finais.O prazo para recurso é de 10 dias, acontar, evidentemente, da intimaçãoda sentença, entendendo-se que asrazões recursais devem ser apresen-tadas nesse prazo, pena de ser o re-

curso julgado intempestivo. O prazopara contra-razões, também no silên-cio da lei, para que se mantenha aigualdade processual entre as partes,deve ser também no prazo de 10 dias.

Diverso, porém, é rito processualquando o denunciado, por crime elei-toral, for Prefeito Municipal. A açãopenal deve ser proposta diretamente noTribunal Regional, porque os mesmospossuem, por força da Constituição Fe-deral, foro privilegiado, e obedecerá àsregras da Lei nº 8.038/90, em razão daLei nº 8.658/93.

Oferecida a denúncia, o réu é cita-do para oferecer resposta no prazo de15 dias. Recebida a peça acusatória,realiza-se o interrogatório, abrindo-seo prazo de cinco dias para a apresen-tação de defesa prévia. Inquiridas astestemunhas arroladas pelas partes,acusação e defesa têm o prazo de cin-co dias, cada uma, para requerem dili-gências. O prazo para alegações finaisé de quinze dias. Novas diligências po-dem ser determinadas, de ofício, peloRelator, tendo em vista o disposto noart. 11, parágrafo 3º, da mencionadaLei nº 8.038/90. Segue-se o julgamen-to pelo Tribunal.

Algumas questões, relativamente aesses processos criminais surgiram,mas foram dirimidas pela jurisprudência:

1 - sendo a ação penal instauradacontra quem já exercia o cargo de Pre-feito Municipal, mesmo após extinto omandato, permanece o Tribunal com-petente para seu julgamento;

2 - tendo o processo sido promovi-do contra quem não exercia o cargode Prefeito Municipal, elegendo-se omesmo, a competência para proces-sar o feito desloca-se para o TribunalRegional, mas será devolvido ao juízode 1º grau, se expirado o mandato enão houver ainda julgamento.

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O Tribunal Superior Eleitoral en-tende como válidos os atos pratica-dos pelo Juiz Eleitoral, dando início àinstrução criminal, quando o denun-ciado ainda não era Prefeito Munici-pal, não havendo necessidade deserem renovados, quando, após adiplomação, a competência se des-loca para o Tribunal.

�Crime Eleitoral. Denúncia. Anterior.Diplomação.

Competência por prerrogativa defunção. Prefeito. Processo iniciado an-tes da diplomação. Em tal caso, sãoválidos os atos anteriormente pratica-dos (praticados perante o Juiz Eleito-ral). Precedente do TSE: HC nº 299.Pedido de �habeas corpus� indeferido�(Acórdão nº 296, de 19.08.97 no HC nº296/CE, relator: Min. Nilson Naves, �in�ementário TSE/Setembro/97, pág. 11).

7 - LEI Nº 9.099/95Restringe-se a aplicação da Lei

nº 9.099/95, aos feitos criminais elei-torais, apenas ao disposto no art. 89,ou seja, a suspensão condicional doprocesso, preenchidos os requisitoslegais. Questão já pacificada na ju-risprudência.

Entendo, e o Tribunal também as-sim entende, por maioria, vencido umde seus membros, que, para a sus-pensão condicional do processo, aspenas dos delitos imputados ao acu-sado devem ser individualmente con-sideradas, não impedindo a aplicaçãode tal dispositivo legal mesmo emcasos de concurso de crimes (materi-al, formal ou continuado).

Finalmente, preenchidos os requi-sitos objetivos e subjetivos exigidospela lei, não proposta a suspensãopelo Ministério Público, entendo serum direito subjetivo do réu postular asuspensão, já que é um benefício quea lei lhe concede.

II - ABUSO DO PODER ECONÔMICO1 - IntroduçãoO processo eleitoral, para plena

garantia do sistema democrático repre-sentativo, que se baseia no pluralismopartidário e político, por força de man-damento constitucional, deve assegu-rar ao cidadão o exercício efetivo desuas liberdades civis, individuais e po-líticas.

O Ministro José Néri da Silveira30

registra �A liberdade individual de ex-pressão das tendências políticas põe-se como pressuposto essencial da or-dem democrática, de que o processoeleitoral é uma manifestação. Dentre osdireitos políticos, o do sufrágio, talvez,seja o mais eminente em relação ao serhumano e à comunidade ao seu redorcomo bem anotou MÔNICA HERMANSALEM CAGGIANO, �exatamente porpropiciar a participação ativa e passi-va no pólo epicêntrico das decisões po-líticas fundamentais� (in SistemasEleitorais X Representação Política,1987, p. 41). CARL SCHMITT (in TEO-RIA DE LA CONSTITUCIÓN, México,1970, p. 197), na visualização dos di-reitos do indivíduo no âmbito do Esta-do, como cidadão, afirma que o sufrá-gio �poderia ser considerado como su-perior, na medida em que dele depen-de o gozo dos demais, porquanto deuma boa representação parlamentardimana a segurança das leis adequa-das e justas e da forma de legislar ede dar cumprimento às leis dependeo tratamento a ser dado aos direitosindividuais� .�

Por isso, Leonel Tozzi31 , Juiz do Tri-bunal Regional Eleitoral do RS, menci-ona: �O sufrágio, como meio de expres-são da soberania popular e o conse-qüente direito político de votar, precisaser fortemente protegido contra influ-ências externas que possam violar a

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consciência do eleitor. Portanto, a von-tade soberana do eleitor deve ser livrede qualquer vício, para que o resultadode um pleito possa ser a conseqüên-cia da lisura do processo eleitoral�.

Assim, a manifestação do eleitordeve ser livre e consciente, represen-tando, efetivamente, a sua vontade,sem qualquer vício, pela importânciaque representa para a transparência,lisura, equilíbrio, segurança e eficáciado processo eleitoral, que deve estarimune a infiltrações e interferências ne-gativas, de qualquer ordem, capazesde desfigurar a sua autenticidade.

Como forma de viciar a higidez dosistema de sufrágios, aparece o abusodo poder econômico no processo elei-toral, pelo indevido aliciamento de elei-tores e/ou pela quebra do princípio daigualdade no embate eleitoral.

2 - ConceitoQuanto aos aspectos conceituais,

o Des. Luiz Melíbio U. Machado32 , ex-Presidente do TRE/RS, preleciona:

�No plano conceitual, por uso dopoder econômico tem-se o emprego dedinheiro mediante as mais diversas téc-nicas, que vão desde a ajuda financei-ra, pura e simples, a partidos e candi-datos, até a manipulação da opiniãopública, melhor dito, da vontade doseleitores por meio da propaganda po-lítica subliminar com aparência de pro-paganda meramente comercial, (...).

O uso do poder econômico, quan-do se faz por intermédio dos partidos ecom obediência estrita à legislaçãopertinente, é lícito e moralmenteadmissível. O que o torna ilícito, e mo-ralmente reprovável, é o seu empregofora do sistema legal, visando a van-tagens eleitorais imediatas, com o fatode intervir no processo eleitoral, defi-nindo os resultados, de acordo comdeterminados interesses. Sem este

nexo causal, o ato abusivo, para efeitoda ação processual constitucional, éirrelevante, embora possa ter interes-se e repercussão em outras provínciasdo Direito�.

3 - Abuso do poder econômico ecorrupção

Importante é, neste momento, dis-tinguir-se o abuso do poder econômi-co da corrupção eleitoral, tendo em vis-ta as condutas e conseqüências jurídi-cas diferentes de um e outro.

A corrupção eleitoral, tipificada noart. 299 do Código Eleitoral, já comen-tada, caracteriza-se pela existênciasempre de dois sujeitos, que estabele-cem estreita e direta relação de cum-plicidade, tanto na corrupção ativa (dar,oferecer, prometer), como na passiva(solicitar ou receber). A vontade do elei-tor é conspurcada diretamente peloagente, na modalidade ativa. Na pas-siva, a solicitação ou o recebimento érealizado, em princípio, diretamentepelo autor da postulação ou do recebi-mento da vantagem.

A conseqüência jurídica é a práticado crime descrito no já citado art. 299,que impõe ao infrator pena privativa deliberdade (reclusão até quatro anos) epagamento de 5 a 15 dias-multa.

Quanto ao abuso do poder econô-mico, o Des. Luiz Melíbio U. Machado,na já aludida palestra, consigna: �

�(...) Naquele, no abuso de podereconômico, não há a figura do corrom-pido; a captação do voto se faz de ma-neira indireta, sutil, imperceptível atémesmo para o próprio eleitor, que ésujeito passivo. Na verdade, quer-se-lhe ganhar a adesão conquistando-lheo coração e a mente, mediante artifí-cios. Por aí se vê que o titular do usodo poder econômico não age comoum corruptor do eleitorado, e os mei-os que emprega são moralmente

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admissíveis. A ilicitude está no dese-quilíbrio de oportunidades, relativa-mente aos partidos e candidatos quese conduziram, no decorrer da propa-ganda eleitoral, dentro dos parâme-tros legais�.

O abuso do poder econômico podeproduzir duas conseqüências jurídicasdiversas: inelegibilidade e perda domandato do candidato eleito.

4 - InelegibilidadeO art. 1º, inc. I, �d�, da Lei Comple-

mentar nº 64/90, estabelece:�São inelegíveis:I - Para qualquer cargo:d - os que tenham contra sua pes-

soa representação julgada procedentepela Justiça Eleitoral, transitada em jul-gado, em processo de apuração deabuso de poder econômico ou político,para a eleição na qual concorrem outenham sido diplomados, bem comopara as que se realizarem nos 3 (três)anos seguintes".

Em diversos momentos do proces-so eleitoral e mediante quatro procedi-mentos, pode, então, ser argüida a i-nelegibilidade: ação de impugnaçãoao pedido de registro da candidatu-ra, investigação judicial eleitoral, re-curso contra a diplomação e ação deimpugnação de mandado eletivo.

I - Ação de impugnação ao pedidode registro da candidatura:

O art. 3º, da supra referida LC, dis-põe: �Caberá a qualquer candidato, apartido político, coligação ou ao Minis-tério Público, no prazo de 5 (cinco) dias,contados da publicação do pedidode registro de candidato, impugná-loem petição fundamentada."

Revogado está, via de conseqüên-cia, o disposto nos parágrafos 2º, 3º e4º, do art. 97, do Código Eleitoral, ten-do em vista que foi alterado o rito pro-cessual dessa ação. Não há mais pos-

sibilidade, o que permitia o Código Elei-toral, de que a ação de impugnação aopedido de registro seja apresentada poreleitor. Nada impede, contudo, que esteformule representação diretamente aoMinistério Público, para que o mesmopromova a citada ação.

O prazo para sua propositura é decinco dias, a partir da publicação dopedido de registro do candidato na im-prensa, oficial ou não, ou da publicaçãodo edital afixado na sede da Zona Elei-toral ou no Tribunal Regional Eleitoral.

Transitada em julgado a decisãode procedência da ação, indeferido éo registro da candidatura e, também,por força do art. 1º, inc. I, �d�, da LC 64/90, declarada é a inelegibilidade dodemandado, para a eleição na qualpretenda concorrer, bem como para asque se realizarem nos três anos se-guintes.

II - Investigação judicial eleitoral:A investigação judicial eleitoral está

regrada pela Lei Complementar nº 64/90, arts. 19 ao 23, e apresenta um triploefeito: 1) produção de prova paraeventual uso futuro; 2) declaração deinelegibilidade do candidato; e 3) cas-sação do registro da candidatura.

As questões relativas ao abuso dopoder econômico, que vierem a conhe-cimento das pessoas ou das entidadesjá aludidas, antes do registro da candi-datura, devem servir de suporte para oajuizamento da ação de impugnação aopedido de registro da candidatura. Porisso, ajuizada esta, não pode ser defe-rido o registro da candidatura, sem jul-gamento daquela.

No entanto, tais fatos, mesmo ospraticados antes do registro da candi-datura, podem somente ser conhecidosdepois do respectivo registro, mas an-tes da eleição. O instrumento hábil,assim, para apurar a ocorrência dos

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mesmos é a investigação judicial elei-toral que, como antes referido, apresen-ta vários efeitos:

1 - sendo julgada procedente a in-vestigação antes da eleição, cassa-seo registro da candidatura e se declaraa inelegibilidade, pelo prazo já aludido(art. 22, XIV, da LC nº 64/9033 );

2 - sendo julgada procedente a in-vestigação depois da eleição, mas ocandidato não foi eleito, não há maisregistro de candidatura a ser cassado,mas se declara a sua inelegibilidadepara as eleições que se realizarem nostrês anos seguintes;

3 - sendo julgada depois da eleição,vai servir de elemento hábil a instruirrecurso contra a diplomação ou a açãode impugnação de mandato eletivo;

4 � sendo julgada procedente pos-teriormente à eleição e depois de ven-cidos os prazos para a interposição dorecurso contra a diplomação e para aação de impugnação de mandatoeletivo, não há mais possibilidade doeleito perder o mandato, mas a conse-qüência jurídica, ante a procedência,será a declaração de sua inelegibilida-de, pelo período de três anos, ou seja,para as eleições que se realizarem nostrês anos subseqüentes àquela que oelegeu.

III - Recurso contra a diplomação:O recurso contra a diplomação está,

na espécie, disciplinado no art. 262, I,do Código Eleitoral, e deverá ser inter-posto no prazo de três dias, por forçado art. 258, do mesmo diploma legal, acontar da diplomação do eleito.

Os Partidos Políticos, as Coliga-ções, os candidatos e o Ministério Pú-blico são os que possuem legitima-ção para a interposição de tal recur-so, não a apresentando o eleitor, con-soante predominante entendimentojurisprudencial.

Necessário, porém, que esse Re-curso seja instruído com prova pré-constituída (documental ou origináriade investigação, da antes referida in-vestigação judicial eleitoral).

Provido o recurso, o eleito perde omandato e é declarada a sua inelegibi-lidade, pelo tempo previsto no disposi-tivo que o fundamentou. No caso, por-que em comento o abuso de poder eco-nômico, a inelegibilidade é para as elei-ções que se realizarem nos três anosseguintes.

Consigna-se que, em razão do dis-posto no art. 216, do Código Eleitoral,o recorrido poderá exercer, normalmen-te, o mandato, enquanto não houvertrânsito em julgado da decisão. O men-cionado artigo estabelece: �Enquantoo Tribunal Superior não decidir o recur-so interposto contra a expedição dodiploma, poderá o diplomado exercero mandato em sua plenitude�.

IV - Ação de impugnação de man-dato eletivo:

Trata-se de ação prevista no art. 14,parágrafos 10 e 11, da Constituição Fe-deral. Tramita em segredo de justiça. Oprazo para interposição é de 15 dias, acontar da diplomação. Não necessitade prova pré-constituída e o seu campode abrangência é bem mais amplo queno recurso contra a diplomação, já quenão se limita às situações elencadasno art. 262 do Código Eleitoral.

Somente têm legitimidade ativa parapropor a ação os Partidos, as Coligações,os candidatos, eleitos ou não, e o Minis-tério Público. Eleitores ou quaisquer ou-tros interessados podem, evidentemen-te, representar perante o Ministério Pú-blico ou às outras partes legitimadas,para o devido ajuizamento da ação.

Julgada procedente, o demandadoperde o mandato eletivo, bem como de-clarada será a sua inelegibilidade, para

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as eleições que ocorrerem nos trêsanos seguintes; contando-se tal prazodo trânsito em julgado da decisão.

Necessário, porém, atentar-se paraa preclusão, como refere Vera MariaNunes Michels34:

�Em princípio, o abuso do podereconômico em qualquer forma, acorrupção em qualquer acepção e afraude em qualquer modalidade, sejaem qualquer fase do processo elei-toral que ocorra, poderão ensejaressa ação. Contudo, se anteriores aoRegistro e não argüidas na ação deimpugnação de registro de candida-tura, estarão fulminadas pela preclu-são, ou mesmo se fulminadas pelares judicata que decidiu sobre o re-gistro, não poderão mais ser levan-tadas na ação constitucional (art. 259,parte inicial, do Código Eleitoral, e art.467 do CPC).

Há duas exceções, contudo, a saber:1º) em caso de fatos supervenientes;2º) se a hipótese versar sobre ma-

téria constitucional (art. 259, parte fi-nal, do Código Eleitoral).

Saliente-se que os fatos devem sersupervenientes ao registro, porque seforem anteriores, porém não-desconhe-cidos, estarão também alcançados pelapreclusão. (...)�.

5 - Considerações finais:Os temas comportam, principal-

mente o último, análise mais aprofun-dada, inclusive quanto aos meios deprova, o que o tempo aqui não permi-te. Não se pode, ao menos, deixar dereferir que outros abusos de poder con-correm, também, para prejudicar a li-sura, a autenticidade, a normalidade,a igualdade de oportunidades e o equi-líbrio das eleições, tais como: abuso depoder político, abuso de poder de au-toridade, abuso de poder cultural e abu-so de poder social.

1 VERA MARIA NUNES MICHELS. Direi-to Eleitoral. Análise Panorâmica. Livraria doAdvogado. 1998, pág. 175.

2 NELSON HUNGRIA. Comentários aoCódigo Penal. Ed. Forense, 4ª edição, 1958,pág., 289.

3 Obra citada, pág. 176.4 FÁVILA RIBEIRO. Direito Eleitoral, Ed.

Forense, 4ª edição, 1996, pág. 558.5 NELSON HUNGRIA. Crimes Eleito-

rais, artigo publicado na Revista Eleitoral daGuanabara, 1968, do Tribunal Regional Elei-toral, ano I, nº 1, págs. 134/135.

6 Direito Eleitoral. Análise Panorâmica.Pág. 178.

7 JOEL J. CÂNDIDO. Direito EleitoralBrasileiro, Ed. Edipro, 7ª edição, 1998, págs.277/278.

8 Lei nº 6.091/74 (fornecimento gratuitode transporte a eleitores).

9 ANTONIO ROQUE CITADINI, Códi-go Eleitoral Anotado e Comentado.

10 Direito Eleitoral Brasileiro, págs. 276/277.

11 Art. 310. Praticar ou permitir o mem-bro da mesa receptora que seja praticadaqualquer irregularidade que determine aanulação de votação, salvo no caso do art.311 (detenção até seis meses ou pagamen-to de 60 a 90 dias-multa).

12 Art. 318. Efetuar a mesa receptora acontagem dos votos da urna quando qual-quer eleitor houver votado sob impugnação- art. 190 (detenção até um mês ou paga-mento de 30 a 60 dias-multa).

13 Lei nº 6.091/74 (fornecimento gra-tuito de transporte a eleitores).

14 Pena - detenção de três meses a umano e pagamento de 10 a 20 dias-multa.

15 Art. 323. Divulgar, na propaganda,fatos que sabe inverídicos, em relação apartidos ou candidatos e capazes de exer-cerem influência perante o eleitorado.

16 Art. 324. Caluniar alguém, na propa-ganda eleitoral, ou visando fins de propa-ganda, imputando-lhe falsamente fato defi-nido como crime.

17 DAMÁSIO E. DE JESUS. DireitoPenal, 2º volume, Parte Especial, Saraiva,8ª edição, 1985, págs. 231/232.

18 DAMÁSIO E. DE JESUS. Código PenalAnotado, Saraiva, 5ª edição, 1995, pág. 409.

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19 Art. 325. Difamar alguém, na propa-ganda eleitoral, ou visando fins de propa-ganda, imputando-lhe fato ofensivo à suareputação.

20 DAMÁSIO E. DE JESUS. Código PenalAnotado, Saraiva, 5ª edição, 1995, pág. 418.

21 Art. 326. Injuriar alguém, na propagan-da eleitoral, ou visando fins de propaganda,ofendendo-lhe a dignidade e o decoro.

22 DAMÁSIO E. DE JESUS. Direito Pe-nal, 2º volume, Saraiva, 8ª edição, 1985,pág. 243.

23 CELSO DELMANTO. Código PenalAnotado, Ed. Renovar, 1991, pág. 241.

24 Art. 299. Dar, oferecer, prometer,solicitar ou receber, para si ou para ou-trem, dinheiro, dádiva, ou qualquer vanta-gem, para obter ou dar voto e para conse-guir ou prometer abstenção, ainda que aoferta não seja aceita (até quatro anos dereclusão e 5 a 15 dias-multa).

25 Obra citada, pág. 309.26 Art. 301. Usar de violência ou grave

ameaça para coagir alguém a votar, ou nãovotar, em determinado candidato ou parti-do, ainda que os fins visados não sejam

conseguidos (mesma pena do art. 299).27 Art. 25. Constitui crime eleitoral a

argüição de inelegibilidade, ou a impugnaçãode registro de candidato feito por interfe-rência do poder econômico, desvio ou abu-so de poder de autoridade, deduzida deforma temerária ou de manifesta má-fé (de-tenção de 6 meses a 2 anos e multa).

28 Obra citada, págs. 322/323.29 TUPINAMBÁ M. C. DO NASCIMEN-

TO. Comentários à Nova Lei Eleitoral, Ed.Síntese, 1998, pág. 110.

30 Abuso do Poder Econômico no Pro-cesso Eleitoral. Palestra proferida no En-contro de Corregedores Eleitorais, no Tri-bunal Superior Eleitoral, em 19 de março de1992.

31 LEONEL TOZZI. Abuso do PoderEconômico, Revista do TRE/RS, Ano I. Se-tembro/Dezembro 1996, págs. 24/25.

32 Palestra proferida em painel realiza-do em setembro de 1994.

33 Três anos. Para as eleições a se rea-lizarem nos três anos subseqüentes à elei-ção em que foi declarada a inelegibilidade.

34 Obra citada, págs. 117/118.

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Propaganda Eleitoralnas Eleições de 1998

Dr. Leonel Tozzi¹

O tema a ser abordado neste en-contro é de vastíssimo alcance e o tem-po de que dispomos é excessivamen-te restrito.

Assim, tentarei dar à nossa conver-sação a maior objetividade possível.

Darei maior ênfase à PropagandaEleitoral por ser, dentro do CalendárioEleitoral, a primeira oportunidade, emuma eleição na órbita Federal e Regio-nal, na qual os Senhores, na condiçãode Juízes Eleitorais, deverão posi-cionar-se em ações de representaçãoou de reclamação contra a chamadapropaganda irregular.

Antes, porém, para que os Senho-res tenham uma noção, ainda que su-perficial, sobre a �Evolução Político-Partidária�, ocorrida após a Constitui-ção de 1988, cabe dizer que antes des-ta, os partidos políticos eram �pessoasjurídicas de direito público interno�, nostermos do art. 2º da Lei nº 5.682/71 (LeiOrgânica dos Partidos Políticos).

Com o advento da atual Constitui-ção, os partidos políticos, nos termosdo § 2º, do art. 17, após adquirirem apersonalidade jurídica, na forma da LeiCivil, registrarão seus estatutos no TSEe o § 1º do mesmo art. 17, asseguraaos partidos políticos autonomia e in-dependência para definir suas estrutu-ras internas, organização e funciona-mento.

Portanto, passou, o partido políticoa ser pessoa jurídica de direto privado.

Em decorrência desta autonomia eindependência partidárias, foi editadaa Lei 9.096/95, que é a chamada NovaLei dos Partidos Políticos e o TSE pro-mulgou a Res. 19.406 que dá instru-ções sobre o funcionamento dos parti-dos políticos e filiações partidárias.

Por conseqüência, temos os pri-meiros problemas de ordem práticapara serem, por nós, enfrentados:

1º - Há necessidade de anotação dosórgãos partidários na Justiça Eleitoral?

2º - Como enfrentar a �Filiação Par-tidária�, face ao disposto na Lei nº9.096/95?

São dois temas que interessam aosSenhores Juízes, ainda que, na elei-ção que se avizinha, não seja da com-petência do Juiz Eleitoral o registro dascandidaturas.

Portanto, mesmo que superficial-mente, tentaremos responder às inda-gações.

1º - Anotações dos órgãos da ad-ministração interna dos partidos políti-cos, tais como: diretórios nacionais,regionais e municipais.

A princípio, foi entendido que, faceà autonomia dos partidos (art. 17, § 1º,da CF), não havia necessidade.

Posteriormente, o entendimento foimodificado no sentido que a anotaçãodo diretório municipal (é aquele que dizcom o interesse direto do Juiz Eleito-ral) seria no Juízo Eleitoral, ou seja, naZona Eleitoral, fato que não implicavarestrições à autonomia dos partidos,firmada no art. 17, § 1º, da CF, até por-que o seu § 2º, do mesmo art. 17, de-termina o registro dos estatutos parti-dários no TSE.

Definindo o posicionamento, o TSEbaixou a Resolução 19.443 que escla-rece: �O órgão de direção regional co-municará ao TRE a formação dosdiretórios regionais e municipais com

¹Juiz do TRE/RS.Palestra proferida no IV Encontro de

Estudos da Justiça Eleitoral nos dias 12 a15/08/98, em Bento Goçalves/RS

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os nomes dos respectivos integran-tes para anotação.�

Ato contínuo, após a devida anota-ção, será enviado ao Juiz Eleitoral aíntegra da composição do diretóriomunicipal de sua jurisdição.

2º - Com referência à filiação parti-dária, a Lei 9.096/95, art. 19, determi-na que os partidos devem enviar aosJuízes Eleitorais a lista ou relação defiliados nos meses de maio e dezem-bro. Porém, como sói acontecer com alegislação eleitoral, a Lei nº 9.504/97que regula as eleições do corrente ano,no art. 103, altera a redação do art. 19,da Lei 9.096/95 e preceitua:

�Art. 19. Na segunda semana dosmeses de abril e outubro de cada ano, opartido, por seus órgãos de direção mu-nicipais, regionais ou nacional, deveráremeter, aos Juízes Eleitorais para arqui-vamento, publicação e cumprimento deprazos de filiação partidária para efeitode candidatura a cargos eletivos, a rela-ção dos nomes de todos os seusfiliados, da qual constará a data dafiliação, o número dos títulos eleitorais edas seções em que estão inscritos.�

É necessário ressaltar que é su-mamente importante a filiação parti-dária, porque é ela que dá condiçãode ELEGIBILIDADE AO CANDIDATO(art. 14, § 3º, inc. I, da CF).

Note-se mais, que um dos docu-mentos indispensáveis para o deferi-mento do registro de uma candidaturaé a prova de filiação partidária, deferidapelo partido, com o prazo mínimo deum ano antes do pleito (art. 9 c/c o art.11 da Lei 9.504/97).

Impõe-se lembrar, aqui, que face àautonomia partidária concedida pelaConstituição Federal, verifica-se umamudança radical no que se refere aoposicionamento da Justiça Eleitoralante a filiação partidária.

Para dar um cunho objetivo à nos-sa conversação, impõe-se fazer refe-rência a uma recente decisão do plenodo nosso Egrégio Tribunal Eleitoral, noProcesso de nº 14002798, do qual fuiRelator, que modificam sentençasprolatadas por eminentes Juízes Elei-torais de duas zonas de nosso Estado,que não receberam as relações defiliações por terem sido apresentadasextemporaneamente, cuja ementa é aseguinte:

�Filiação Partidária. Indeferimento.Extemporaneidade na apresentaçãodas relações dos filiados à agremiaçãopartidária - art. 19, da Lei nº 9.096/95.�

Não se atribui qualquer naturezaconstitutiva de direito ao ato de apre-sentação à Justiça Eleitoral da Relaçãode Filiados, mas tão-somente naturezadeclaratória, tendo em vista que não é alistagem de filiados encaminhada queconfere a filiação ao eleitor, mas sim oseu deferimento pelo partido, na formaprevista no art. 17 e parágrafo único, da�Nova Lei dos Partidos Políticos."

Para justificar a decisão unânimeda Colenda Corte, peço vênia para re-produzir parte do meu voto.

�... Na legislação anterior, a filiaçãopartidária somente se configurava coma homologação do Juiz Eleitoral e coma determinação do registro da compe-tente ficha de filiação do eleitor a de-terminado partido.

A legislação atual, face à autono-mia dos partidos para definir sua es-trutura e funcionamento de seus órgãosinternos, exige, apenas, que o partidoapresente a relação dos filiados emdeterminado prazo estabelecido em lei,ou seja, nos meses de abril e outubro(art. 19, da Lei 9.096/95) - como provade filiação. Isto é, o deferimento de umafiliação se dá na órbita partidária e deacordo com os seus estatutos.

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O art. 19, em comento, não afirmaque o descumprimento do prazo paraa remessa da lista de filiados implicadesfiliação do eleitor. Pelo contrário, oparágrafo primeiro do referido artigoconfirma as filiações preexistentes,quando estabelece:

�§ 1º Se a relação não é remetidanos prazos mencionados neste artigo,permanece inalterada a filiação de to-dos os eleitores, constantes da relaçãoremetida anteriormente.�

Na verdade, como muito bem estáexpresso no texto legal citado, cuida-se da apresentação de uma lista defiliados, para fins de publicidade, comvistas à candidatura a cargo eletivo.

Em outras palavras, não se atribuiqualquer natureza constitutiva de direi-to ao ato de apresentação à JustiçaEleitoral da relação de filiados, mas tão-somente de um ato de natureza decla-ratória, tendo em vista que não é alistagem de filiados encaminhada queconfere a filiação ao eleitor, mas sim odeferimento pelo partido, na forma pre-vista no art. 17, parágrafo único, da Lei9.096/95.

Concluo o voto da seguinte forma:�...Assim, sendo a filiação partidária

uma exigência constitucional de elegi-bilidade (art. 14, § 3º, da CF) e existindoprova substancial de que os eleitoresem questão possuem filiação devida-mente deferida por partido político é, nomeu sentir, extrema demasia impedirque os mesmos realizem a justa e legí-tima aspiração de qualquer cidadão desubmeter-se à escolha do eleitorado empleito eleitoral, por razões decorrentesde apresentação extemporânea de umarelação de filiados cujo ato de entrega éde natureza meramente declaratória ede cunho nitidamente formal.�

Também o Colendo Tribunal Su-perior Eleitoral tem endereçado suas

decisões no mesmo sentido, haja vistao Recurso Especial nº 12.964, RelatorMin. Diniz de Andrade, cuja a ementaé a seguinte:

�Registro. Impugnação. Inocor-rência de violação dos arts. 19 e 58 daLei 9.096/95. Natureza meramentedeclaratória do ato de encaminhamen-to das listas partidárias.�

Ainda:Acórdão 12.997/96, Rel. Min. Ilmar

Galvão:�Registro de Candidato - atraso no en-

vio de lista de filiação à Justiça Eleitoral.A data de remessa da lista de

filiação à Justiça Eleitoral contendo onome dos filiados não pode ser consi-derada como a data de filiação do can-didato.

Eventual atraso na remessa à Jus-tiça Eleitoral da relação de filiado aopartido não deve prejudicar o candida-to, uma vez comprovada, nos autos,sua filiação.�

Outro dispositivo da Lei 9.096/95que merece ser debatido por nós é oParágrafo Único, do art. 22 que deter-mina que, quem se filiar a outro partidoe não comunicar ao Juiz e ao partidodo qual se desfilia, em 24 horas, terácanceladas as duas filiações. Trata-sede uma inovação, pois, na legislaçãoanterior, automaticamente, prevalece-ria a última filiação.

Tal dispositivo (parágrafo único, art.22, Lei 9.096/95) tem sido objeto deinúmeras interpretações:

Uns aplicando ao pé da letra a faltaimediata de comunicação e determi-nando o cancelamento das duasfiliações; outros, mais comedidos, ana-lisam as circunstâncias da últimafiliação e conforme o caso, relevam anão-comunicação da desfiliação.

Atualmente, as decisões do TSEtêm se inclinado no sentido que a

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filiação partidária e a comunicação aoJuiz da precedente desfiliação, deveser prestigiada a vontade inequívocamanifestada pelo cidadão ou preten-dente à candidatura, acima do cumpri-mento de �exigências burocráticas�que, na maioria das vezes, são quaseinjustificáveis.

Apenas à guisa de exemplificação,o TRE julgou um feito, no qual o Juiznão acolheu a comunicação feita peloeleitor, via fax, e determinou o cance-lamento das duas filiações.

Desta forma, parece ser correta atendência jurisprudencial no sentido deauscultar, prevalentemente, a vontadedo eleitor.

Cabe referir, ainda, a Súmula nº 14do Colendo TSE, que preceitua:

�Súmula nº 14:A duplicidade de que cuida o pará-

grafo único do artigo 22 da Lei nº 9.096/95 somente fica caracterizada caso anova filiação houver ocorrido após aremessa das listas previstas no pará-grafo único do artigo 58 da referida Lei.

Referências:Acórdão nº 12.851, de 9.9.96Acórdão nº 12.855, de 9.9.96Acórdão nº 12.852, de 9.9.96Acórdão nº 12.844, de 9.9.96�Estas, em linhas gerais, algumas

referências a situações que julguei im-portantes, no que tange à filiação par-tidária.

Feita esta pequena digressão, vamosanalisar a Propaganda Eleitoral (ainda querapidamente), e que está regulamentadanos arts. 36 e 57 da Lei 9.504/97.

Vale dizer, como prefacial, que osufrágio como meio de expressão dasoberania popular e o conseqüenteexercício do direito político de votar,precisa ser fortemente protegido con-tra influências externas que possamviolar a consciência do eleitor.

Portanto, a vontade soberana doeleitor deve ser livre de qualquer vício,para que o resultado de um pleito pos-sa ser conseqüência da lisura do pro-cesso eleitoral.

Desta forma, sendo o Brasil umaDemocracia Representativa, com baseno pluralismo partidário e político, a li-sura e a legitimidade do processo elei-toral fundamentam-se no PrincípioIgualitário da Propaganda.

Assim, a Propaganda Eleitoral, emsua verdadeira acepção, compreendetudo quanto possa influir na vontade doeleitor e na sua livre escolha do candi-dato; bem como as despesas corres-pondentes deverão se enquadrar noslimites do que for lícito ao partido e aocandidato despender, atendendo comclareza e rigor aos dispositivos previs-tos em lei.

Destarte, para assegurar a obedi-ência à Lei e à igualdade de condiçõesentre partidos e candidatos, visando àlicitude e à legitimidade do pleito, é quedeve se empenhar a Justiça Eleitoral,através do operoso e insubstituível tra-balho dos Juízes Eleitorais.

Assim, antes de mais nada, impõe-se consignar que a atual Lei, regulado-ra do pleito de 1998, Lei nº 9.504/97,no seu art. 96, § 3º, estabelece:

�§ 3º Os Tribunais Regionais Eleito-rais designarão três (3) Juízes Auxiliarespara apreciação das reclamações e re-presentações que lhes forem dirigidas.�

O TRE do Rio Grande do Sul, va-lendo-se desta prerrogativa, designoutrês Juízes Eleitorais da Capital paraauxiliá-lo no julgamento das possíveisreclamações e representações.

Das decisões dos Juízes auxiliarescaberá recurso ao TRE que será julga-do em sessão plenária.

Visando, também, orientar com pre-cisão a todos os Juízes Eleitorais do

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Estado, a Egrégia Corregedoria Elei-toral baixou provimento através do ofí-cio nº 9/98, onde, em síntese, frente afato ensejador de descumprimentonormativo, autoriza o Juiz Eleitoral aadotar as medidas repressivas quejulgar convenientes, inclusive apreen-são de material. Subseqüentemente,reunida a documentação referente aoocorrido, remetê-la aos Juízes Auxili-ares, via Secretaria Judiciária do TRE.

A Lei 9.504/97, no art. 36 e §§, pre-vê o início da propaganda eleitoral paraapós o dia 5 de julho do corrente ano,e a Resolução nº 20.106, do TSE, pre-cisamente determina que a propagan-da eleitoral inicia dia 6 de julho.

Assim sendo, hoje, estamos viven-ciando um período de plena companhaeleitoral.

Entretanto, deve ser enfatizado quea Lei 9.504/97, ao determinar um diaespecífico, ou seja, após o dia 5 de ju-lho, para iniciar a propaganda eleito-ral, contrariou uma tradição do proces-so eleitoral que estava previsto no art.240 do Código, segundo o qual a pro-paganda iniciava com a escolha docandidato em convenção partidária.

Este fato inovador ocasionou inú-meras reclamações e representações,de vez que a propaganda desenvolvi-da antes da data aprazada em lei,constituiu-se em Propaganda EleitoralIrregular e a infringência deste dispo-sitivo legal sujeita o responsável pelapropaganda ou o seu beneficiário àpena pecuniária de 20 mil a 50 milUFIR.

Como se vê, o dispositivo do art. 36(caput), tumultuou desnecessariamen-te o processo eleitoral, quando dilatouo prazo de início da propaganda elei-toral, sem qualquer motivo aparente.

Porém, estando, nesta data, libera-da a propaganda eleitoral há que se de-

finir, primeiramente, quais os locais per-mitidos, ou não, para a sua veiculação.

Destarte, nos bens particulares apropaganda é permitida sem restrições,independentemente de licença ou au-torização das autoridades públicas ouda Justiça Eleitoral (art. 37, § 2º)

Evidente que o candidato deverá tera cautela de obter a permissão do pro-prietário ou ocupante de um bemque não seja de sua propriedade. Ex.:Pintura de muro de uma residênciaparticular.

No entanto, é vedada a pichação,inscrição a tinta e a veiculação de pro-paganda de qualquer tipo nos BENSCUJO USO DEPENDA DA CESSÃOOU PERMISSÃO DO PODER PÚBLI-CO. Ex.: propaganda em ônibus de pas-sageiros (art. 37, caput).

Nos BENS DE USO COMUM éproibida a fixação e qualquer tipo deveiculação de propaganda que possacausar dano de difícil restauração.

Há, entretanto, uma exceção pre-vista no art. 37, qual seja, é permitida aafixação de placas, estandartes, faixase assemelhados, em postes de ilumi-nação, viadutos, passarelas e pontes,desde que não lhes causem dano, difi-culte ou impeça o uso e o bom anda-mento do tráfego.

Trata-se de uma inovação, já que,nos termos das legislações anterioreseste tipo de propaganda era expressa-mente proibido.

Aliás, no que concerne aos bens deuso comum, imperioso se faz referir aementa lavrada no Processo nº 18/97,do qual foi Relator o Eminente Des.Élvio Schuch Pinto, que assim dispõe:

�Em bens particulares, ainda que aeles tenham acesso o público, para as-segurar-se o �Princípio Constitucional daLivre Manifestação do Pensamento�, nãopode haver qualquer vedação.

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De outra banda, BEM DE USO CO-MUM é aquele definido pela Lei Civil, eo que o legislador visa tutelar é exata-mente esse bem que é aberto ao povoe que não pode ser usado para fim depropaganda política.

A legislação proibitiva visa, tão só,a proteção dos BENS DOMINICAIS daadministração pública, ou afetados osseus serviços, e dos bens de uso co-mum da população, contra dano eeventual poluição decorrentes da afi-xação de faixas, colocação de carta-zes e pichações�.

Em decorrência, conclui-se que asproibições visam, tão só, a proteçãodos �bens dominicais� da administraçãopública (art. 66 do C.C.) e os �bens deuso comum� da população contra danoe eventual poluição decorrentes dacolocação de faixas, cartazes, inscri-ções, etc.

Ademais, vale dizer que a propa-ganda eleitoral, não é só genericamen-te lícita, quanto útil e necessária ao bomexercício do direito de votar.

Nesta linha de pensar, nos imóveise instalações comerciais pertencentesa particulares, como estacionamentos,armazéns, bares, lojas, etc., ainda quepostos seus serviços à disposição dopúblico, no horário e com as limitaçõesimpostas pelo proprietário, não é proi-bida a propaganda eleitoral, como, atéentão, vinha sendo entendido pelastorrenciais decisões jurisprudenciais.

Ainda, a Lei 9.504/97 regulamentoue estabeleceu condições para o uso dapropaganda eleitoral nas dependênci-as do Poder Legislativo que somentepoderá ser veiculada a critério e quan-do expressamente autorizado pelaMesa Diretora da Casa (Art. 37, § 3º).

Desta forma, foram resolvidos fatosde grandes polêmicas em pleitos pas-sados.

A distribuição de folhetos, volantese outros impressos é LIVRE e inde-pende de autorização da Justiça Elei-toral e da licença da autoridade muni-cipal (Art. 38).

Entretanto, convém lembrar de umaprática que já se tornou rotineira emépoca de campanhas eleitorais que éa chamada �Mala Direta�, pelos Correi-os e Telégrafos, por parte de candida-tos e até mesmos de parlamentarescandidatos à reeleição. Estes estãoimpedidos de fazerem este tipo de pro-paganda usando das benesses que oCongresso ou as Câmaras Legislativaslhes oferecem na condição de parla-mentar.

Assim, a toda a evidência, os mei-os que o Congresso Nacional ou as As-sembléias Legislativas põem à dis-posição dos parlamentares para o de-sempenho do seu mandato, como é ocaso dos papéis, envelopes e a fran-quia postal, não podem ser usados parauso particular em campanha eleitoral,sob a pena de, além da ofensa ao prin-cípio da moralidade, ser desrespeita-do o princípio igualitário que rege a pro-paganda eleitoral.

Também, a realização da propagan-da eleitoral em recinto aberto ou fecha-do tais como, ginásio de esportes, ci-nema, praça pública, ela, independe daautorização policial (Art. 39).

Deve, outrossim, o dirigente parti-dário comunicar à autoridade policial,com um mínimo de 24 horas de ante-cedência da realização do evento parafins de assegurar a prioridade e a se-gurança que se faz necessária.

O funcionamento de alto-falantes ouamplificadores de som é permitido nohorário das 8 às 22 horas.

Também nas carreatas é permitidoo uso dos alto-falantes, entretanto, nãopodem fazer uso destes equipamentos

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em distância inferior a duzentosmetros das sedes dos Poderes Exe-cutivo, legislativo e Judiciário, de quar-téis, dos hospitais e casas de saúde,de escolas, bibliotecas, igrejas e tea-tros quando em funcionamento.

A realização de comício é permiti-da, com o uso de alto-falante, no horá-rio das 8 às 24 horas.

Importante referência deve ser fei-ta à PROPAGANDA ELEITORAL NODIA DA ELEIÇÃO.

No DIA DA ELEIÇÃO, constitui cri-me eleitoral, com pena de detenção deseis meses a um ano, o uso de alto-falantes e amplificadores de som ourealização de comício ou carreata.

Também constitui crime a distribui-ção de folhetos e impressos ou práticade aliciamento, coação ou manifesta-ção tendente a influir na vontade doeleitor, é a chamada BOCA DE URNA.

Na realidade a tipificação do crimedenominado Boca de Urna é caracteri-zada pela coação e aliciamento do elei-tor no sentido de influir na sua vonta-de. Destarte, é permitida a propagan-da individual e silenciosa. Também, ofato de um grupo de eleitores portarembandeiras, ou dísticos de seus candi-datos não configura crime, até porqueo dia da eleição se constitui numa fes-ta cívica.

Cumpre frisar, ainda, que, no dia daeleição, os comitês partidários podeme devem funcionar normalmente porquenão constitui propaganda eleitoral aabertura e o movimento intenso de pes-soas na sede ou no comitê partidário.Não podem é utilizar-se de alto-falan-tes ou equipamentos de som para fa-zer propaganda de seus candidatos.

Vale lembrar tal ocorrência porque,em eleições anteriores, alguns magis-trados determinaram o fechamento decomitês partidários por estarem funcio-

nando, no dia da eleição, no mesmoedifício ou muito próximo do prédio ondeestavam localizadas seções eleitorais.

Desta determinação, resultou ainterposição de Mandados de Seguran-ça que foram deferidos pelo pleno doTRE.

É importante frisar que o Juiz Eleito-ral não pode tolher ou impedir a propa-ganda exercida licitamente, sob a ale-gação do seu poder de polícia (Art. 41).

A Propaganda por meio de outdoorssomente é permitida após a realizaçãodo sorteio pela Justiça Eleitoral (Art. 42).

No interior do Estado, o sorteio épresidido pelo Juiz Eleitoral.

As empresas de publicidade deve-rão relacionar os pontos para veiculaçãoda propaganda, os quais não poderãoser inferiores à metade do total de espa-ços existentes no território do Município.

Note-se que, para fins de sorteio,a COLIGAÇÃO, qualquer que seja onúmero de partidos que a compõe,equipara-se a um partido político.

A distribuição dos locais destinadosà propaganda eleitoral através deoutdoors e as condições de uso e depreço estão previstas no Art. 42 e pa-rágrafos, da Lei 9.504/97.

PROPAGANDA ELEITORALNA IMPRENSA

A propaganda eleitoral paga, naimprensa escrita, é permitida, inclusi-ve no dia da eleição.

Entretanto, deve se ater ao espaçomáximo, por edição, para cada candi-dato, partido ou coligação, compreen-dido em um oitavo (1/8) de página deum jornal padrão e um quarto (1/4) depágina de revista ou tablóide.

A inobservância destes limites su-jeita os responsáveis pelo jornal, revistaou tablóide e ao candidato, partido oucoligação à multa de 1.000 a 10.000UFIR.

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PROPAGANDA NO RÁDIOE TELEVISÃO

Nas emissoras de rádio e televi-são, restringe-se ao horário da propa-ganda eleitoral gratuita prevista nosarts. 44 a 56, da Lei 9.504/97.

A partir de 1º de Julho do correnteano é vedado às emissoras de rádio etelevisão, em sua programação normal:

A) Transmitir, ainda que em formade entrevista jornalística imagem derealização de pesquisa que possa con-figurar manipulação de dados;

B) Dar tratamento privilegiado acandidato, partido ou coligação e ou-tros fatores previstos no art. 45, taiscomo:

Divulgar nome de programa que serefira a candidato escolhido em conven-ção, mesmo que o programa sejapreexistente à escolha do candidato.

A partir de 1º de agosto é vedado aTransmissão de programa apresentadoou comentado por candidato ao pleito.

A inobservância deste dispositivodo art. 45, da Lei 9.504/97, sujeita aemissora ao pagamento da multa de20.000 a 100.000 UFIR.

Por disposição semelhante, em plei-tos anteriores, foi entendido que o radi-alista ou apresentador de televisão can-didato, deveria se desincompatibilizar 60dias antes do pleito, sob pena de serdeclarado inelegível.

Entretanto, esta interpretação foi mo-dificada, tendo em vista que o dispositivoem apreço responsabiliza e prevê puni-ção apenas para a emissora e não parao radialista que deve, isto sim, abster-sede apresentar programa político-partidá-rio, assim como evitar produzir comentá-rios também da mesma natureza.

Tal entendimento foi consagrado,em definitivo, pelo Acórdão nº 13.173,Relator Min. Eduardo Alckmin, cujaEMENTA é a seguinte:

� Registro de Candidato - Radialis-ta - Desincompatibilização.

Não prevista em LEI, descum-primento do §3º, art. 64, da Lei 9.100(Leia-se §1º, art. 45, Lei 9.504/97),acarreta sanção para a emissora porpropaganda eleitoral indevida�

(J. TSE, Vol. 8, Nº 2, Pág. 327)Jornalista não está impedido.Resolução nº 14.559, do Egrégio

TSE:"À falta de norma expressa, o jor-

nalista candidato poderá exercer a pro-fissão, desde que não utilize a colunaque assina para promover a sua pró-pria imagem explícita ou implicitamen-te para fins eleitorais, sendo vedada,no entanto a utilização de sua fotogra-fia na coluna, se adotada apenas apartir da companha eleitoral."

Também o TRE/RS, em consulta daqual foi Relator o Eminente Juiz Anto-nio Carlos do Nascimento e Silva, res-pondeu que a partir de 1º de julho nãopoderá ser divulgado programa cujo onome seja o mesmo do radialista, ouapresentador de TV, candidato ao plei-to, podendo, pois, o profissional desem-penhar suas funções sem, contudo,fazer comentários de natureza políticaou promoção de sua candidatura.

Entretanto, a partir de 1º de agosto,o candidato radialista ou apresentadorde televisão deverá se afastar de suasatribuições no rádio e na televisão, sobpena de privilegiamento a candidato acargo eletivo no pleito eleitoral.

Outro fator importante para ser refe-rido é que as emissoras de rádio e tele-visão e os canais de televisão por assi-natura sob a responsabilidade do Se-nado Federal e da Câmara de Deputa-dos reservarão, nos 45 dias anterioresaté a antevéspera do pleito, horário des-tinado à divulgação, em rede, de propa-ganda eleitoral gratuita (Art. 47)

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Note-se que estão desobrigadosde divulgarem a propaganda eleitoralgratuita, todos os canais de TV por as-sinaturas particulares.

O sorteio dos espaços será efetiva-do pelo TRE, na forma prevista nos arts.47 a 52, da Lei 9504/97.

Importante acrescentar que nãoserão admitidos cortes instantâneos ouqualquer tipo de censura prévia, nosprogramas eleitorais gratuitos (Art. 53).

A Justiça Eleitoral, atendendo repre-sentação de candidato, partido ou coli-gação, poderá determinar a suspensão,por 24 horas, da programação normalda emissora que deixar de cumprir asdisposições da Lei 9.504/97, referen-tes à propaganda eleitoral gratuita.

Durante a suspensão a emissoratransmitirá, a cada 15 min, a informa-ção que se encontra fora do ar por de-sobediência à lei eleitoral.

Antes de encerrar, é imperioso fa-zer algumas referências, ainda quesucintas ao,

DIREITO DE RESPOSTA.A partir da escolha do candidato em

convenção, é assegurado o direito deresposta a candidato, partido ou coli-gação, ainda que de forma indireta, porconceito, imagem ou afirmação calu-niosa, difamatória, injuriosa ou sabida-mente inverídica, difundir por veículo decomunicação social (Art. 58).

O que baliza o direito à propagan-da é a escolha do candidato em con-venção partidária.

Pela legislação atual (Lei 9.504/97,art. 36), a propaganda tem início a par-tir do dia 6 de julho (Res. 20.106/98).

Entretanto, convém trazer a lume aseguinte situação:

Se for indeferido o registro da can-didatura, poderá o candidato prosseguirna sua campanha eleitoral, veiculandosua propaganda, desde o momento

que interpor recurso, até o trânsito emjulgado da decisão indeferitória.

Este é o posicionamento jurispru-dencial de predominância unânimequer no TSE, quer nos Tribunais Regi-onais, face aos termos do art. 15, daLC nº 64/90, que estabelece:

�Art. 15. Transitado em julgado a de-cisão que declarar a inelegibilidade docandidato, ser-lhe-á negado o registro;ou cancelado se tiver sido feito; ou de-clarado nulo o diploma, se já expedido.�

Por fim, deve ser mencionada, ain-da, a prioridade concedida em lei aosfeitos eleitorais.

Assim, o art. 94, da Lei 9.504/97,dispõe:

�Os feitos eleitorais, no período en-tre o registro das candidaturas até cin-co (5) dias após a realização do segun-do turno das eleições, terão prioridadepara a participação do Ministério Pú-blico e dos Juízes de todas as Justiçase instâncias, ressalvados os processosde Habeas corpus e mandado de se-gurança.�

Ainda, por derradeiro, imperioso sefaz referir o posicionamento do Tribu-nal Eleitoral no que tange ao dispostono art. 46, da Lei nº 9.504/97 que tratados debates sobre as eleições majori-tárias levados ao ar por emissoras derádio e televisão.

Neste sentido, o paradigma foi edi-tado no Processo nº 22001798, do qualfoi Relator o Eminente DesembargadorOsvaldo Stefanello, cujo voto pode serresumido da seguinte forma:

"A Coligação corresponde a um par-tido, seja qual for o número dos parti-dos que a compõe.

Isto posto, com relação ao debateentre os candidatos à eleição majoritá-ria, cabe dizer:

O convite deverá ser feito a todosos candidatos, indistintamente.

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Há possibilidade de cindir o deba-te em grupos de, no mínimo, três can-didatos."

Nesta hipótese, a escolha dosparticipantes, dia e ordem de fala decada candidato, deverá ser feita porsorteio, salvo se houver acordo, emoutro sentido, entre todos os partidose coligações interessados e o deba-te deverá ser previamente divulgadopelo rádio ou televisão patrocinadorado debate.

Será admitida a realização de de-bates sem a presença de algum candi-dato, desde que provado que o convitefoi efetivado, com antecedência míni-ma de 72 horas.

É vedada a presença de um candi-dato mais de uma vez em debates da

mesma emissora, para preservar o prin-cípio igualitário da propaganda.

O não-cumprimento das disposi-ções do art. 46, sujeita a empresa (rá-dio ou televisão) à pena de suspensãode 24 horas da programação normal,nos termos do art. 56, já que é ela aúnica responsável pela realização dosdebates.

Estas , em linhas gerais, são algu-mas referências sobre a propaganda elei-toral que, face à exigüidade do tempo dis-ponível, não possibilitou maior detalha-mento, razão por que peço, humildemen-te, desculpa aos Senhores, mas me co-loco à disposição para qualquer outroesclarecimento que se fizer necessáriosobre toda a matéria eleitoral, seja a Lei9.504/97 ou instruções correlatas.

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Pareceres

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Recurso CriminalProc. nº 10000798 - Classe 10.

Parecer da Dra. Vera MariaNunes Michels

Recorrentes : Ronaldo Miro Zulkee Laerte Dorneles Meliga.

Recorrido : Ministério Público Elei-toral da 114ª Zona - Porto Alegre.

RELATOR : JUIZ LEONEL TOZZI.

PARECER.Trata-se de recurso criminal inter-

posto por RONALDO MIRO ZULKE eLAERTE DORNELES MELIGA, incon-formados com a sentença do Juiz Elei-toral da 114ª Zona-Porto Alegre, quejulgou procedente a denúncia e os con-denou à pena de um ano e um mêsde detenção e pecuniária de 25 dias-multa, por incursos nas sanções doart. 324 e § 1º, do Código Eleitoral, sus-pendendo a execução da pena privati-va por dois anos (art. 77 do CP).

Às fls. 349/354, foi oportunizada poresta Procuradora Regional Eleitoral, pro-posta de suspensão condicional do pro-cesso (art. 89 da Lei nº 9.099/95), benefí-cio que foi recusado pelos ora recorren-tes (fl. 362). Destaco ainda que o �Termode Audiência�, de fl. 362, registrou que�com a concordância de todas as partes,que o Juiz instrutor anterior propôs a sus-pensão condicional do processo, antesde prolatada a sentença, embora não exis-ta registro nos autos�. A ausência de re-gistro nos autos da proposta de suspen-são condicional do processo foi o que le-vou esta Procuradora Regional Eleitorala propô-la, não obstante já tivesse sidofeita sem �registro nos autos�.

Sustentam os recorrentes, RO-NALDO MIRO ZULKE, às fls. 294/303,e LAERTE DORNELES MELIGA, às fls.322/331, as suas absolvições.

Em preliminar, RONALDO MIROZULKE sustenta que (1) a denúnciaoferecida pelo MPE é inepta por serabsolutamente genérica, �não trazen-do qualquer elemento que indiquequando e como a permissão para di-vulgação do panfleto teria ocorrido�,bem como (2) a ocorrência de cercea-mento de defesa face à ausência dodepoimento da Deputada CidinhaCampos, Relatora da CPI da Previ-dência e, por fim, (3) a ocorrência decoisa julgada no feito criminal nº 04/95, em que o mesmo foi absolvido.No mérito, sustenta o recorrente, emsíntese, a absolvição por ausência deprovas quanto à realização da condu-ta típica.

Por sua vez, LAERTE DORNELESMELIGA postula, em preliminar, a nuli-dade do julgamento por cerceamentode defesa, uma vez que (1)o Juiz de 1ºGrau indeferiu a reinquirição do Gover-nador do Estado Antônio Britto, (2)nãofoi tomado o depoimento da DeputadaCidinha Campos, Relatora da CPI daPrevidência e, por fim, (3)o advogado dorecorrente não foi regularmente intima-do da audiência do dia 12/04/95. Nomérito, requer a absolvição, aduzindo,em síntese, que os fatos não caracteri-zam crime eleitoral.

O MPE de 1º grau contra-arrazoouos recursos (fls. 333/343), postulandoo improvimento dos mesmos.

COLENDA CORTE.I - Preliminarmente, refiro que o re-

curso interposto por LARTE DOR-NELES MELIGA é tempestivo, pois queoferecido dentro do prazo recursal es-tipulado no art. 362 do Código Eleito-ral [10 dias], tendo em vista que aadvogada do recorrente foi intimadaatravés de mandado, no dia 10/03/98[fl. 291v.], e o recurso foi protocoladoem 20/03/98 [fl. 322].

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Com relação ao recurso interpostopor RONALDO MIRO ZULKE, devo re-ferir que o mesmo também é tempes-tivo, pois que oferecido dentro do pra-zo estipulado no art. 362 do CódigoEleitoral [10 dias], tendo em vista quea advogada do recorrente foi intimadaatravés de mandado no dia 02/12/97[fl. 280], e protocolou o recurso no dia11/12/97 [fl. 294], portanto, quando ain-da não havia escoado o prazo para suainterposição, sequer tendo ocorrido aintimação pessoal do recorrente.

II Ainda em preliminar, com relaçãoàs alegações formuladas por RONALDOMIRO ZULKE no sentido de que (1) a de-núncia seria inepta, (2) a ausência de de-poimento por parte da Deputada CidinhaCampos ensejaria a nulidade do feito e,ainda, (3) teria ocorrido coisa julgada nofeito criminal nº 04/95, penso que mere-cem ser rejeitadas tais postulações emsede preliminar.

Isto porque, não há que se cogitar nainépcia da denúncia de fls. 02/05, umavez que a mesma descreveu o fato con-siderado delituoso, tipificado no art. 324,§ 1º, do CE (calúnia) e as circunstânciasem que se deu a sua prática, bem comoapontou os responsáveis pela referidaconduta (autoria), rol de testemunhas,enfim, atendeu plenamente ao dispostono art. 41 do CPP, não se verificando, porisso, nenhum prejuízo ao direito de defe-sa dos acusados, eis que a denúnciapermitiu perfeita compreensão dos fa-tos imputados, possibilitando o exercí-cio da ampla defesa pelos recorrentes.

Veja-se, a propósito, o entendimen-to jurisprudencial a respeito, verbis:

�HÁBEAS CORPUS. AÇÃO PENALPRIVADA: DIFAMAÇÃO. NULIDADES.PROCURAÇÃO. INÉPCIA DA INICIAL:NARRATIVA GENÉRICA DE TEMPO ELUGAR. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES.NEGATIVA DA AUTORIA. QUEIXA

RECEBIDA POR DECISÃO NÃO-FUN-DAMENTADA.

(...).4. Não é inepta a inicial que des-

creve o fato considerado, ao menos emtese, como delituoso e aponta quem foio autor do mesmo (art. 41 do C.P.P)�(STF, 2ª Turma, HC nº 72.286-5/PR,Rel. Min. Maurício Correa, j. 28/11/95,DJ 16/02/96, pág. 2.998).

�HÁBEAS CORPUS. PREFEITO DE-NUNCIADO COMO INCURSO NAS PE-NAS DOS ARTS. 390 E 346 DO CE.ANULAÇÃO DO PROCESSO OUTRANCAMENTO DA AÇÃO CRIMINALELEITORAL. (...).

Não é inepta a denúncia que descre-ve o fato criminoso, enquadrando-o numdispositivo penal, e que possibilita aosréus o seu exame e compreensão e oexercício de ampla defesa. (...)� (TSE, HCnº 186-SP, Rel. Min. Diniz de Andrada,DJU de 05/11/93, pág. 23.301).

De mais a mais, a alegação de inép-cia da denúncia, em sede recursal, nãomerece prosperar, conforme entendi-mento do TSE, abaixo transcrito:

�Crime eleitoral. Oferta de pedrabritada em troca de votos. Alegação deinépcia da denúncia. Uma vez senten-ciado o feito, não é mais dado cogitarde inépcia da denúncia - Recurso deque não se conhece� (TSE, Resp. Elei-toral nº 13.414, Rel. Min. Ilmar Galvão,j. 20/05/97, DJU 05/09/97, pág. 41.959).

No que diz respeito à ausência deoitiva da Deputada Cidinha Campos,penso que tal aspecto não gera a nuli-dade do processo por cerceamento dedefesa, como pretende o recorrente.

Nesse sentido, transcrevo as bem--lançadas contra-razões do MPE de 1ºgrau, aduzindo a respeito da prelimi-nar invocada:

�Compulsando os autos, consta-ta-se que a referida testemunha não

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compareceu nas audiências designa-das para a sua oitiva, tampouco semanifestou quanto ao dia e hora quedesejava ser ouvida, conforme lhe fa-culta o artigo 221 do Código de Pro-cesso Penal.

Assim, quando do cumprimento daCarta Precatória nº 01/96, o Juízo de-precado fez constar, no ofício dirigidoa mencionada Deputada Federal, fl.229, a seguinte referência:

�...esclareço que o silêncio de V. Exa.,no prazo de 15 (quinze) dias, a contar darecepção deste, subsidiará o entendi-mento de que se acha, in casu, a escusamencionada pelo art. 53, § 5º, da Consti-tuição Federal, acarretando a devoluçãodos autos ao Juízo deprecante�.

Destarte, afasta-se qualquer alega-ção de cerceamento de defesa, vez quea testemunha arrolada não estava obri-gada a testemunhar sobre os fatos im-putados aos acusados, o que afasta aalegação de que as escusas do art. 53,§ 5º, da Constituição Federal devem serexpressas�.

Como se vê das razões supra, nãohá que se cogitar na nulidade do feitopela ausência do depoimento da Depu-tada Federal Cidinha Campos, uma vezque a mesma, por força do art. 53, § 5ºda CF, não se encontrava obrigada �atestemunhar sobre informações recebi-das ou prestadas em razão do exercí-cio do mandato, nem sobre as pessoasque lhes confiaram ou deles receberaminformações�. Veja-se que a referidaDeputada foi comunicada duas vezespara prestar depoimento (fls. 131/149 e217/230) e, em nenhuma delas, mani-festou interesse em comparecer peran-te o Juízo deprecado.

Ora, isto é atitude incompatível coma de quem pretenda prestar depoimen-to em Juízo, motivo pelo qual a conclu-são inexorável é a de que a referida

Deputada pretendeu exercer a prerro-gativa que lhe confere o art. 53, § 5º,da CF.

Ademais, o depoimento da Deputa-da Cidinha Campos não poderia dizermais do que foi dito no Relatório da Co-missão Parlamentar de Inquérito (volu-me apenso, fls. 11/268), o qual, em ne-nhum momento, conforme abordaremosno mérito, imputa ao Sr. Governador An-tônio Britto a prática dos atos que foramrelatados no panfleto de fls. 15/16 e quedeu origem à presente ação penal.

A deputada Cidinha Campos se-quer foi arrolada como testemunha dadefesa de RONALDO MIRO ZULKE,fato que o próprio recorrente reconhe-ce à fl. 296 (razões de recurso), motivopelo qual se conclui pela ausência dequalquer prejuízo à sua defesa.

Saliente-se, por fim, que possuo oentendimento de que, na espécie, temaplicabilidade os princípios norteadoressobre nulidades, insculpido no art. 563do CPP, que diz que �nenhum ato serádeclarado nulo, se da nulidade não re-sultar nenhum prejuízo para a acusa-ção ou para a defesa� e o disposto noart. 566 do mesmo Diploma Legal quediz que �não será declarada nulidadede ato processual que não houver in-fluído na apuração da verdade subs-tancial ou na decisão da causa�.

Ora, conforme se verifica nas suasrazões de recurso (fls. 294/303), o re-corrente RONALDO MIRO ZULKE nãoalega, em nenhum momento, eventualprejuízo para a sua defesa, baseadaem algum dado concreto, motivo peloqual merece ser rejeitada a preliminarsuscitada pelo recorrente.

Quanto à alegação de ocorrência decoisa julgada no processo nº 04/95 (videfls. 304/321), no qual teria sido absolvi-do o ora recorrente, penso que a mes-ma também não merece prosperar.

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Isto porque, conforme esclarece opróprio recorrente, em fls. 301/302 (ra-zões de recurso), bem como nas cópi-as de fls. 304/321, foi o recorrente ab-solvido uma vez que �não teve partici-pação na elaboração final do programade TV� (fl. 302), ocasião em que teriamsido feitas críticas à atuação de AntônioBritto como Ministro da Previdência, nosmoldes do panfleto divulgado que origi-nou a presente ação penal.

Constata-se facilmente que não sepode cogitar, de forma alguma, na ocor-rência de coisa julgada, pois que a cau-sa de pedir no processo nº 04/95, diziarespeito a texto publicado na propagan-da eleitoral gratuita no rádio e na televi-são (fato principal), relativo à atuação doSr. Antônio Britto como Ministro da Previ-dência, sendo que o Julgador, naquelaocasião, entendeu não estar comprova-da a participação do ora recorrente naelaboração do aludido programa.

No entanto, no presente caso (pro-cesso nº 04/94-origem), a causa de pe-dir diz respeito à responsabilidade dorecorrente pela divulgação de panfle-tos (fato principal) a respeito da atua-ção do Sr. Antônio Britto como Ministroda Previdência.

Como se vê, o objeto das senten-ças proferidas trata de fatos (principais)diversos1 e que decorrem da diversi-dade da causa de pedir das ações pe-nais propostas, inexistindo assim co-nexão entre os feitos e, muito menos,a hipótese levantada de coisa julgada,motivo pelo qual merece ser totalmen-te rejeitada esta preliminar.

III - Por fim, ainda em sede de pre-liminar, penso que também não mere-cem prosperar as alegações formula-das por LAERTE DORNELES MELIGA,postulando a nulidade do feito, tendoem vista que o (1) Juiz de 1º Grau inde-feriu a reinquirição do Governador do

Estado Antônio Britto, (2)não foi tomadoo depoimento da Deputada CidinhaCampos, Relatora da CPI da Previdên-cia, e, por fim, (3)o advogado do recor-rente não foi regularmente intimado daaudiência do dia 12/04/95.

O indeferimento da reinquirição doSr. Governador Antônio Britto não geranenhuma nulidade processual, tam-pouco prejuízo à defesa, pois que, con-forme bem ilustrou o MPE de 1º grauem suas contra-razões às fls. 333/343,verbis:

�Quanto à audiência realizada noPalácio Piratini, na oitiva do Exmo. Sr.Governador do Estado, também não sevislumbra qualquer prejuízo na defesado ora recorrente, eis que a mesma foipatrocinada pela advogada MaritâniaLúcia Dallagnol.

Por outro lado, restou irrecorrida adecisão de fls. 192/194, onde foi en-frentada a questão da ausência do pro-curador do recorrente, quando da oitivado ofendido.

Ainda, deixou o recorrente de apre-sentar Alegações Finais, após ter omagistrado oportunizado a reaberturada instrução criminal, o que afasta qual-quer argüição de nulidade, vez que nãomanifestada em tempo oportuno� (fls.341/342).

Ora, como se vê do próprio �Termode Audiência�, de fl. 177, o recorrentefoi devidamente representado por de-fensora nomeada �ad hoc�, Dra. Maritâ-nia Lúcia Dallagnol, por ocasião daoitiva do Sr. Governador Antônio Britto,sendo incabível sua postulação nesteparticular, uma vez que ausente qual-quer prejuízo à defesa do recorrente e,além do mais, não há nenhuma provanos autos que comprove as alegaçõesformuladas às fls. 324/326.

De outra parte, em relação à ausên-cia de oitiva da Deputada Cidinha Cam-

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pos, tal preliminar é idêntica à formula-da pelo outro co-réu RONALDO MIROZULKE, motivo pelo qual, pelas mes-mas razões lá referidas, penso que nãomerece prosperar dita preliminar.

Por fim, no que diz respeito à ausên-cia de intimação do defensor do recor-rente para a audiência do dia 12/ABR/95 (fl. 108), cumpre destacar as bem-lançadas contra-razões do Parquet Elei-toral de 1º grau (fl. 341), aduzindo, verbis:

�Na realidade, em relação à audi-ência em data de 12 de abril de 1995,bem como na audiência ocorrida em 26/04/95, o não-comparecimento do de-fensor do acusado, Bel. Lauro W.Magnano, demonstra que este não ti-nha mais interesse na defesa do seuconstituinte, tanto que, na última sole-nidade, o acusado Laerte constituiu, noato, como defensor o Bel. MarcosVinícius Martins Antunes (fl. 130)�.

Destaco ainda, que o Sr. Oficial deJustiça tentou, inúmeras vezes, intimar odefensor do recorrente, tendo certificadoà fl. 106v. que �em cumprimento ao pre-sente mandado, dirigi-me ao endereçoretrocitado, não encontrando o Bel.LAURO W. MAGNAGO. Tentei inúmerasvezes localizá-lo, inclusive em seu ende-reço residencial, restando infrutíferas astentativas. Deixei recado no escritório, naresidência, para marcar um horário, semobter êxito. Por fim, estive hoje em suaresidência antes das 8 horas, não o en-contrando�. No seguimento, à fl. 107, aprópria Diretora da 114ª Zona Eleitoralcertificou que �CERTIFICO E DOU FÉ que,em cumprimento ao Mandado deIntimação, no dia 07/04/1995, às18h30min, INTIMEI o Bel. LAURO W.MAGNAGO, por meio de telefone, da au-diência de inquirição de testemunhas,aprazada para o dia 12/04/1995, às 9horas, no Gabinete deste Juízo, do queficou ciente, confirmando a presença�.

Como se vê, o defensor do recor-rente tinha ciência inequívoca da reali-zação da audiência aprazada para o dia12/04/95, sendo que, mesmo assim,deixou de comparecer, o que, pelo quese depreende pelo teor das certidões,o foi com o objetivo de alegar futura nu-lidade processual, como agora o estáfazendo. Veja-se, ainda, que por oca-sião da audiência designada para o dia12/04/95, foi nomeada defensora dativapara o recorrente LAERTE DORNELESMELIGA, Dra. Maritânia Lúcia Dall-agnol, que é defensora de RONALDOMIRO ZULKE, tendo pleno conheci-mento do processo que era objeto daaudiência referida. Assim, não há quese cogitar em prejuízo para a defesa emuito menos em nulidade do processopor ausência de intimação, pois que amesma ocorreu, dando ciência inequí-voca ao defensor da audiência desig-nada.

Por tais motivos, penso que nãomerecem prosperar as preliminaresargüidas pelos recorrentes LAERTEDORNELES MELIGA e RONALDOMIRO ZULKE, impondo-se a rejeiçãodas mesmas.

IV - No mérito, penso que não me-recem serem providos os recursos in-terpostos, devendo ser mantida a r.sentença condenatória.

Imputa-se aos recorrentes a práticada conduta típica prevista no art. 324, § 1º,do Código Eleitoral, que assim dispõe:

�Art. 324. Caluniar alguém na pro-paganda eleitoral, ou visando a fins depropaganda, imputando-lhe falsamen-te fato definido como crime:

Pena - Detenção de seis meses adois anos e pagamento de 10 a 40dias-multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorrequem, sabendo falsa a imputação, apropala ou divulga.

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(...)�.A materialidade delitiva restou ple-

namente comprovada nos autos, con-forme panfleto [jornal] acostado às fls.15/16 dos autos.

A simples leitura do panfleto de fls.15/16, revela, sem nenhuma dificulda-de, a atribuição de fatos definidos comocrimes (art. 324, § 1º, do CE), em rela-ção a pessoa de Antônio Britto, panfle-to que teve ampla divulgação por oca-sião da campanha eleitoral de 1994.

Neste sentido, cumpre transcreveralguns trechos do referido panfleto,acostado às fls. 15/16, verbis:

�A gestão de Antônio Britto no Mi-nistério da Previdência é uma históriaque mistura corrupção, má administra-ção do dinheiro público e favorecimentode grandes empresários. História quea Zero Hora não deu. Britto segueRicupero e Fernando Henrique: o queé bom ele fatura e o que é ruim escon-de. Nós vamos te revelar agora comoa indústria da fraude atuou no Ministé-rio da Previdência.

(...).Britto no Ministério: Quando Antônio

Britto assumiu o Ministério, esta quadri-lha estava em plena atuação, mas elenão fez nada para acabar com a corrup-ção e botar os ladrões na cadeia. Pelocontrário, Britto trouxe Renato Menegatpara o Ministério da Previdência, entre-gando para um dos principais elemen-tos do esquema Arrieta a SecretariaNacional de Previdência Complemen-tar. Britto também manteve no mesmocargo o procurador Fernando de Carva-lho e nomeou Sérgio Cutolo como Se-cretário Executivo do Ministério. A CPIque investigou o caso, concluiu que todoo esquema de corrupção montado nogoverno Collor não só continuou, masse aprofundou na gestão Britto. Os au-tos da CPI afirmam �que a influência de

Arrieta chegava no gabinete do MinistroAntônio Britto�.

(...).A verdade: A Previdência continua

igual ou pior do que estava antes. Aroubalheira continuou e Britto não aca-bou com o esquema de corrupção ins-talado dentro do seu próprio gabinete.Quem diz isso não é a Frente Popular,mas uma CPI instalada no CongressoNacional. (...)�.

Como se verifica da transcrição su-pra, há menção, no mínimo, de duascondutas delitivas imputadas a pessoade Antônio Britto: o de prevaricação(art. 319), pois que ele �não fez nadapara acabar com a corrupção e botaros ladrões na cadeia�, bem como �Aroubalheira continuou e Britto não aca-bou com o esquema de corrupção ins-talado dentro do seu próprio gabinete�(fl. 16), e previsto no art. 317 do CP(corrupção passiva), pois �A gestão deAntônio Britto no Ministério da Previ-dência é uma história que misturacorrupção, má administração do dinhei-ro público e favorecimento de grandesempresários� (fl. 16).

No que diz respeito à autoria daconduta típica prevista no art. 324 doCódigo Eleitoral, pelos recorridosRONALDO MIRO ZULKE e LAERTEDORNELES MELIGA, a r. sentençacondenatória (fl. 271) bem analisou ocontexto probatório dos autos, verbis:

�III - A prova coligida evidencia queos denunciados tinham ciência do tex-to do questionado panfleto. Mais ain-da, como integrantes da Coordenaçãoda Campanha Eleitoral da Frente Po-pular, autorizaram a impressão e a di-vulgação dos aludidos panfletos, o queconfirma a autoria do fato que lhes éimputado na denúncia.

Luiz Carlos Barbosa da Silva (fl.113) relata: �que recebeu o material

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constante do panfleto da Coordena-ção da Campanha e que os Coorde-nadores da Campanha eram os réusdeste feito. (...) Quem autorizava a im-pressão do material de propagandaeram os dois Coordenadores da Cam-panha�.

Adeli Sell (fl. 114) menciona: �quea publicação, impressão e divulgaçãodos panfletos dos autos foi decidido emreunião da Coordenação da Campa-nha. (...) A decisão da impressão, di-vulgação e distribuição dos panfletosnão foi exclusivamente de autoria dosdenunciados�. Mas, acrescento, tam-bém foi deles tal decisão!

Os denunciados, quando ouvidosem juízo (fls. 215 e 216), não negamterem autorizado a impressão, a divul-gação e a distribuição dos panfletosmencionados. Sem qualquer dúvida,pois, quanto à autoria do fato, em razãodos elementos constantes dos autos�.

Ademais, o próprio MPE de 1º grau,que vivenciou o feito e sua respectivainstrução, ratificou, em alegações finais(fl. 260v.), sua manifestação de fls. 198/199, que aduzia, verbis:

�As testemunhas ouvidas em Juízoconfirmam a existência do fato.

Diante de tal quadro de provas, res-taram devida e suficientemente com-provadas a existência do crime eleito-ral e a autoria de ambos os acusados.

O réu Laerte é confesso.Basta uma rápida passada de olhos

pelos panfletos impugnados para quese tenha a nítida visão de ofensas àhonra da vítima, em especial a calúnia,posto que, em todas as letras, é impu-tado à vítima a prática dos delitos deprevaricação e corrupção.

Portanto, fica sem qualquer ampa-ro a afirmação do réu Laerte no senti-do de que, com o que colocou nos pan-fletos, não tinha a intenção de denegrir

a honra da vítima. O ataque à honra davítima salta aos olhos, sendo provamaterial.

De outra banda, sem qualquer sus-tentação a versão do réu Ronaldo deque não tinha conhecimento do teor dospanfletos, e de sua divulgação.

Ora, o réu Ronaldo era o Presiden-te da Executiva Regional do Partido dosTrabalhadores, e, nesta condição, aimpressão dos panfletos, isto é, a au-torização para tal impressão, necessa-riamente tinha que passar pelo seu cri-vo, posto que, como Presidente, apro-varia ou não referida impressão.

Portanto, plenamente comprovadaa co-autoria nos fatos."

Como se vê, a prova da existênciado fato típico previsto no art. 324, § 1º,do Código Eleitoral e sua materialidadedelitiva, se encontram plenamente com-provados nos autos e, quanto à auto-ria do delito, também se encontra com-provado que sua prática deve ser im-putada aos ora recorrentes.

Ademais, a justificativa da incidênciado § 1º do art. 324 do Código Eleitoral,na espécie dos autos, foi muito bem re-tratada pelo MM. Juízo Monocrático (fl.274), que assim concluiu:

�VII - A defesa dos acusados afir-ma que os fatos noticiados no panfletoapenas refletem o resultado de CPI ins-taurada pelo Congresso Nacional (ape-nas inscrições ou reproduções de in-formações contidas no relatório daCPI), não representando, por conse-qüência, conclusões ou afirmações pró-prias da Frente Popular.

Entretanto, pelos elementos conti-dos nos autos, inclusive no apenso (re-latórios da CPI), já que não conheço dosdocumentos de fls. 233/259, porque,mesmo obtidos via Internet, como refe-rido, não evidenciam ser peças oficiaisda aludida CPI, não há qualquer refe-

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rência a envolvimento de Antônio Britto,no referido esquema de corrupção queteria sido instalado no Ministério.

De igual forma, os documentos in-tegrantes deste feito, em momentoqualquer, registram os fatos assimcomo relatados no panfleto, principal-mente com relação ao ofendido, quesequer teve seu nome citado nos rela-tórios da Comissão Parlamentar de In-quérito instaurada pelo Congresso Na-cional.

Assim, as afirmações consignadasno questionado panfleto extrapolam, noque diz respeito ao envolvimento doofendido, os dados constantes nos re-latórios da CPI, não representando, porconseqüência, simples transcrições oureproduções das conclusões nos mes-mos contidas.

(...)�.Veja-se ainda, totalmente aplicável

à espécie, o ensinamento de FávilaRibeiro2 , verbis:

�O crime de calúnia previsto no art.324 é resultante de transplantação delegislação penal comum, adicionadocom aspectos peculiares às atividadeseleitorais.

Exige-se à caracterização do crimede calúnia em matéria eleitoral hajafalsa imputação a outrem de fato con-siderado crime, feita em propagandaeleitoral, ou ainda que tenha o propó-sito de gerar efeitos prejudiciais durantea propaganda.

Não é preciso que a falsa imputa-ção refira-se a crime eleitoral, sendobastante que o fato seja definido emlei como crime, especializado ou não.

O reconhecimento do caráter elei-toral da infração é determinado em pri-meiro lugar pelo momento em que forcometida, isto é, durante ato de pro-paganda eleitoral, ou, então, em virtu-de da finalidade contemplada, em po-der influir no comportamento do elei-torado.

Comunica-se a responsabilidade doevento a todos os que, embora saben-do da improcedência da imputação,concorrem para que seja difundida,aumentando, assim, maldosamentesua propagação�.

Assim sendo, comprovadas auto-ria, materialidade e tipicidade da con-duta imputada aos recorrentes, impõe-se a manutenção da condenação dosmesmos.

Pelo exposto, esta ProcuradoraRegional Eleitoral opina, preliminar-mente, pelo conhecimento dos recur-sos e, quanto ao mérito, pelo improvi-mento de ambos, com a manutençãoda r. decisão condenatória proferida àsfls. 267/276.

É o parecer.Porto Alegre, 28 de maio de 1998.VERA MARIA NUNES MICHELS,Procuradora Regional Eleitoral.

1 Código de Processo Penal:�Art. 110. (...).§ 2º A exceção de coisa julgada somen-

te poderá ser oposta em relação ao fato prin-cipal, que tiver sido objeto da sentença�.

2 Fávila Ribeiro, in �Direito Eleitoral�, Ed.Forense, 4ª ed., Rio de Janeiro, 1996, pág.603.

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Apelação CriminalProc. nº 47/96 - Classe XIII.

Parecer da Dra. Vera MariaNunes Michels

Apelante : JACEDIR ANTÔNIOSOCCOL.

Apelados : MINISTÉRIO PÚBLICOELEITORAL DA 70ª ZONA - GETÚLIOVARGAS.

RELATOR : JUIZ FÁBIO BITTEN-COURT DA ROSA.

PARECER.O delito tipificado no art. 11, inc. III,

da Lei nº 6.091/74 não prescinde dodolo específico=aliciamento de eleito-res, tendo em vista que, no final daimposição da pena, esse artigo faz re-missão explícita ao art. 302 do Códi-go Eleitoral, que prevê a necessidadedo elemento subjetivo do tipo, qualseja, o dolo específico para configu-ração do crime. Abrangência, in casu,da Resolução TSE nº 9.641/74.

Trata-se de apelação criminal inter-posta por JACEDIR ANTÔNIO SOCCOL,inconformado com sentença do JuízoEleitoral da 70ª Zona - Getúlio Vargasque o condenou ao cumprimento da penade três anos de reclusão e pena pecu-niária de 200 dias-multa, ao valor diáriode 1/3 do maior salário mínimo à data dofato, por infringência ao art. 11, inc.III, daLei nº 6.091/74.

Sustenta o recorrente, em suas ra-zões de recurso, acostadas às fls.129/136, a sua absolvição ou redução dapena aplicada. Sustenta, preliminar-mente, [1]que sua apelação não sejaconsiderada deserta, frente à revoga-ção tácita pela Constituição Federaldo art. 594 do CPP, sendo cabível oconhecimento da apelação em liber-dade do recorrente e [2]seja concedi-

do ao apelante o benefício da assis-tência judiciária gratuita. No mérito,sustenta a sua absolvição face nãoter ficado demonstrado que o recor-rente �agiu com culpa ou dolo e serealmente aliciou eleitores�, bemcomo é o recorrente um agricultorsimples, do interior do município, ar-rimo e sustento de seus pais idosose que não tinha conhecimento do ilí-cito praticado.

O Parquet Eleitoral apresenta con-tra-razões ao apelo, fls.138/139, pos-tulando a manutenção da sentença re-corrida.

Colenda Corte.Preliminarmente, refiro que o recur-

so é tempestivo, pois que oferecidodentro do prazo estabelecido no art.362 do Código Eleitoral [10 dias], ten-do em vista que, tendo sido o recorren-te intimado da sentença no dia 02/09/96 [fl.125/verso], ajuizou o seu recursono dia 09/09/96 [fl.127].

II - Quanto às preliminares levanta-das no recurso, do [1]cabimento da ape-lação em liberdade, face à revogaçãotácita, pela Constituição Federal, do art.594 do CPP e do [2]benefício da assis-tência judiciária gratuita, penso queambas já superadas no processo.

Quanto a primeira, à sentença ex-pressamente reconhece ser o ora recor-rente primário e de bons antecedentes,nos exatos termos do art. 594 do CPP,assim sem qualquer razão a apreensãodo recorrente para que sua apelaçãonão fosse considerada deserta por nãoter o mesmo se recolhido à prisão.

Quanto à segunda preliminar, pen-so que sem qualquer alcance na Jus-tiça Eleitoral, tendo em vista que nãosão cobradas custas e nem emolu-mentos nessa Justiça Especializada,bem como nela não há condenaçãoaos ônus da sucumbência.

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III - No mérito, entendo que deva serdado provimento ao apelo de JACEDIRANTÔNIO SOCCOL.

Vejamos o texto legal � Lei nº6.091/74, art. 11, III c/c art. 5º � no quala Juíza Eleitoral da 70ª Zona enquadraa condenação do recorrente:

�Art. 11. Constitui crime eleitoral:...III - descumprir a proibição dos arts.

5º, 8º e 10:Pena - reclusão de quatro a seis

anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa (artigo 302 do Código Eleitoral);

Art. 5º. Nenhum veículo ou embar-cação poderá fazer transporte de elei-tores desde o dia anterior até o poste-rior à eleição, salvo:

I - a serviço da Justiça Eleitoral;II - coletivos de linhas regulares e

não-fretados;III - de uso individual do proprietá-

rio, para o exercício do próprio voto edos membros de sua família;

IV - o serviço normal, sem finalida-de eleitoral, de veículos de aluguel nãoatingidos pela requisição de que tratao artigo 2º.� Grifei.

Como se vê do texto acima trans-crito, há uma remissão expressa ao art.302, do Código Eleitoral, no final da im-posição da pena, daí porque, perfeita-mente correta a interpretação de que,o tipo penal da Lei 6.091/74, tambémexige o elemento subjetivo do tipo pre-visto no art. 302 do Código Eleitoral,qual seja, o dolo específico, para suaconfiguração.1

Destarte, penso que equivocado oraciocínio desenvolvido pela Juíza Elei-toral em sua sentença, de que o tipo émeramente objetivo, dispensando o doloespecífico, ou meramente formal, �pres-cindindo de qualquer resultado em es-pecífico� para se consumar, tendo argu-mentado [fls.119 ] de que �a autoria é fato

certo. O réu foi pego em flagrante, quan-do desembarcava alguns eleitores naVila Cohab, que retornavam de suas se-ções de votação, e embarcava outros,que levaria para exercerem o direito dovoto. Ao ser inquirido, pelo então Juiz Elei-toral da Comarca, na presença do dele-gado da coligação �Frente Popular�, con-fessou o fato: �(...) efetivamente, estavapuxando eleitores no veículo de sua pro-priedade (...) Não sabia que era proibidofazer transporte de eleitor (...)� (fl.05,v)."

Contudo, a própria Magistrada Elei-toral reconhece em sua sentença[fl.120], que �embora tenha comenta-do aos policiais militares que o abor-daram em flagrante de crime eleitoralter ciência de que era vedado o trans-porte de eleitores, o modo como prati-cou o fato demonstra que não tinhaconhecimento da extensão deste cará-ter ilícito. Isso é verificável pela since-ridade do acusado, ao ser inquiridopelos policiais militares, e pela totalausência de cuidado ou tentativa dedisfarçar o que estava fazendo, tantoque passara várias vezes, em frenteaos policiais militares, transportandoeleitores, sequer tendo precaução devariar as seções, ou mesmo a locali-dade onde colhia os eleitores�(grifei).

Analisando o tipo penal eleitoral emquestão, penso que resulta claro que aResolução TSE nº 9.641, de 24/08/74,ao regulamentar o alcance desse tipocriminal eleitoral, através do parágrafoúnico do art. 8º, não criou figura criminale nem tampouco acrescentou elemen-to subjetivo ao tipo previsto no art. 11,inc. III da Lei nº 6.091/74, pelo simplesfato de que a própria lei, conforme járeferido, no final da imposição da penase reportou expressamente ao art. 302do Código Eleitoral, que prevê o doloespecífico=propósito de aliciamento,como integrante do tipo.

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Fato incontroverso no processo foique houve transporte de eleitores peloora recorrente, conforme se vê de seudepoimento por ocasião do flagranteinserido às fls. 05/verso e 06.

Contudo, conforme muito bemenfocado na r. sentença recorrida, ne-nhuma prova há nos autos de que te-nha o recorrente aliciado eleitores paravotar em determinado candidato, refe-rindo a Magistrada, inclusive, de que�o modo como praticou o fato demons-tra que não tinha conhecimento da ex-tensão deste caráter ilícito. Isso éverificável pela sinceridade do acusa-do, ao ser inquirido pelos policiais mili-tares, e pela total ausência de cuidadoou tentativa de disfarçar o que estavafazendo, tanto que passara várias ve-zes, em frente aos policiais militares,transportando eleitores, sequer tendoa precaução de variar as seções, oumesmo a localidade onde colhia os elei-tores�. Mais adiante ao examinar as cir-cunstâncias judiciais, [fl.121], a JuízaEleitoral é enfática ao acrescentar�quanto às conseqüências, é difícil deaquilatar, porquanto não se sabe seefetivamente influenciou aos eleitores,em face de tê-los transportado�.

Ademais, nenhuma propagandaeleitoral foi apreendida no veículoVolkswagen que realizou o transportede eleitores, como resultou claro daprova produzida nos autos.

Por outro lado, as testemunhastransportadas, ao deporem, à unanimi-dade, referem não terem presenciado,antes e durante a viagem, qualquer ten-tativa de influência na vontade dos elei-tores transportados.

Destarte, não resultando provadono processo que o transporte de elei-tores foi feito com o fim específico de�aliciamento eleitoral�, não configurado,segundo penso, o crime tipificado no

art. 11, inc. III c/c art. 5º da Lei nº 6.091/74 pois, sem sombra de dúvidas, con-forme já demonstrado, o escopo dessalei é coibir qualquer influência na von-tade do eleitor.

Ademais, não é demasiado referirque a pena cominada a esse delito éexcessivamente severa para admitir-seque tal tipo prescinde da prova do doloespecífico=aliciamento de eleitores e,tanto não é, que o próprio tipo, no finalda imposição da pena explicitamenteremete ao art. 302 do Código Eleitoral,que prevê o dolo específico no tipo, ra-zão pela qual a Resolução TSE nº 9.641,ao regular instruções para aplicaçãodessa Lei, corretamente dispõe que�não incidirá a proibição prevista nesteartigo quando não houver propósito dealiciamento�[parágrafo único do art. 8º].

A jurisprudência a respeito tambémé remansosa a respeito, senão vejamos:

�RECURSO ESPECIAL. SUPOSTAOFENSA AOS ARTIGOS 5º E 11,INCISO III, DA LEI Nº6.091/74. TRANS-PORTE DE ELEITORES.

- Para configuração do delito des-crito no art. 5º da Lei 6.091/74, é indis-pensável a presença do dolo específi-co, expresso no aliciamento de eleito-res em favor de determinado partido oucandidato. Hipótese em que isso nãoocorreu.

- Recurso que não se conhece.�TSE - REsp.nº 13.132/SP, Rel. MIN.

JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO FI-LHO, j. unânime, p. DJ 11/02/93, pág.01257.

�Processo-crime eleitoral: transpor-te de eleitores, configurada, em tese,infringência aos arts. 5º, 10 e 11, inc.III, da Lei 6.091/74. Inexistência de pro-paganda política e de aliciamento deeleitores, retirando a emolduração típi-ca do delito imputado aos réus, na con-formidade com a Res. 9.641/74 do TSE.

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Ausência de dolo. Denúncia julgadaimprocedente.�

TRE/RS - Proc. nº 26/93, Classe 12,Rel. JUIZ ARAMIS NASSIF, j. em 27/06/94.

Pelo exposto, esta ProcuradoraRegional Eleitoral opina seja conheci-do e dado provimento ao recurso deJACEDIR ANTÔNIO SOCCOL, refor-mando-se a sentença do Juízo Eleito-ral da 70ª Zona - Getúlio Vargas.

É o parecer.Porto Alegre, 28 de julho de 1997.VERA MARIA NUNES MICHELS,Procuradora Regional Eleitoral.

1 Entendimento esposado pelo entãoProcurador-Geral Eleitoral, DR. ARISTIDESJUNQUEIRA ALVARENGA, no desenrolardo julgamento pelo TSE do HC nº 227/MG,no qual foi Rel. o MIN. ANTÔNIO DEPÁDUA RIBEIRO, j., unânime em 7/06/94,p.DJ 7/OUT/94 e na Rev. Jur. TSE vol. 7, nº1, JAN/MAR/96, págs.11/25.

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Acórdãos

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Processo no 11/94

CLASSE XVIIPROCEDÊNCIA: DESTA CAPITALREPRESENTANTE: MINISTÉRIO

PÚBLICO ELEITORALREPRESENTADOS: JOÃO LUIZ

SCOPEL, MANOEL ORDENI ARAÚJO,LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBO-SA E PTB

Representação. Investigação judi-cial eleitoral. Abuso do poder políticoem detrimento da liberdade de voto.Propaganda eleitoral ilegal.

Falta de suporte probatório.Representação julgada improce-

dente.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, julgar improcedente a presen-te representação para a instauração deinvestigação judicial eleitoral.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além do

signatário, os eminentes DesembargadorCeleste Vicente Rovani - Presidente - eDrs. Norberto da Costa Caruso Mac-Donald, Leonel Tozzi, Carlos Rafael dosSantos Júnior, Tania Terezinha Cardo-so Escobar e Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva, bem como a Dra.Vera Maria Nunes Michels, ProcuradoraRegional Eleitoral.

Porto Alegre, 04 de maio de 1998.Des. Élvio Schuch Pinto,Relator.

RELATÓRIOO Ministério Público Eleitoral ofere-

ceu representação para a instauração

de Investigação Judicial Eleitoral con-tra os representados João Luiz Scopel,Manoel Ordeni Araújo, Luiz FranciscoCorrêa Barbosa e PTB - Partido Tra-balhista Brasileiro -, em razão de o pri-meiro, candidato a Deputado Estadu-al, e de o segundo, candidato a Depu-tado Federal, ambos pelo PTB, teremacompanhado o terceiro, então Prefei-to Municipal de Sapucaia do Sul, nadistribuição de uniformes escolaresadquiridos pela Prefeitura, em 1994,período de campanha eleitoral, carac-terizando, assim, propaganda ilegal eabuso do poder de autoridade (fls. 02/07). Foram arroladas três testemunhase requeridas, ao Jornal Vale dos Sinos,todas as fotografias referentes à repor-tagem de acompanhamento da entre-ga de uniformes escolares em Sapu-caia do Sul, bem como os negativosdos filmes e cópia do procedimentolicitatório para aquisição dos referidosmateriais.

O então Procurador Regional Elei-toral, à fl. 23, ratificou o pedido e asdiligências formuladas.

Houve declaração de impedimento,consignada à fl. 25, pelo então Corre-gedor, Des. Melíbio, passando a atuarno feito o seu substituto legal, Des.Tupinambá, o qual deferiu as diligên-cias requeridas, além de determinar anotificação dos representados, na for-ma da Lei Complementar 64/90.

O Partido Trabalhista Brasileiro, porintermédio de seu delegado, ratificouas defesas de seus filiados e protestoupela ausência de defesa prévia antesda proposição da presente medida, oque violaria o disposto nos incisos LIVe LV do art. 5º da Constituição Federal(fls. 43 e 44).

Os representados, em suas defe-sas, às fls. 45/154, requereram a jun-tada de documentos e a oitiva das tes-

Acórdãos

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temunhas arroladas. Postularam, tam-bém, o indeferimento liminar ou a im-procedência da presente representa-ção (LC 64/90, art. 22, I, c ).

Rejeitada a preliminar de inépcia dainicial e juntados os demais documen-tos, o Sr. Corregedor Substituto deter-minou fosse oficiado à 2ª Zona Eleito-ral, para remessa a este Tribunal, doProc. nº 143/94, onde constam as foto-grafias solicitadas na inicial.

Em 28/11/94, foi realizada a audi-ência de instrução (fls. 182/188).

À fl. 196, o MM. Relator exarou des-pacho suspendendo a tramitação dopresente processo, visto que foi apre-sentada exceção de suspeição e im-pedimento de Juízes deste TRE (Proc.Cl. XIII, nº 16/94 - fls. 189/191).

Da decisão de suspensão, foi inter-posto Recurso Regimental (Proc. 04/95 - Cl. XVII), apreciado em sessão de22/11/95, desacolhido e transitado emjulgado (certidão de fl. 209).

Os representados LUIZ FRANCISCOCORRÊA BARBOSA e JOÃO LUIZSCOPEL interpuseram, ainda, dois Re-cursos Regimentais (Classe XVII, núme-ros 29 e 30/94). O primeiro foi improvidoe o segundo julgado prejudicado. Estetransitou em julgado em 08/11/94. Dosacórdãos, foram interpostos Embargosde Declaração, aos quais foi negado se-guimento.

Desta última decisão, relativamen-te ao primeiro processo (29/94), foi in-terposto novo Recurso Regimental(Classe XVII, 39/94), o qual aguarda adecisão desta representação.

Redistribuído o feito, foi aberto pra-zo, às partes e ao MP, aos fins do art.22, X, da LC 64/90 (fl. 212).

0 PTB e MANOEL ORDENI ARAÚ-JO, por seus representantes, às fls.218/224 e 242/243, apresentaram suasalegações, propugnando a improce-

dência da presente representação.Em parecer às fls. 226/229, a Dra.

Procuradora Regional Eleitoral opinoupela improcedência da presente inves-tigação.

Não tendo sido regularmente intima-dos do despacho de fl. 212, para fins deapresentação de alegações, determina-ram-se diligências complementares paraintimação dos indiciados SCOPEL eBARBOSA, as quais foram cumpridas(fls. 240, 244, 250 e 253), sem que osmesmos se manifestassem.

É o relatório.

VOTODes. Élvio Schuch Pinto:Sr. Presidente e Srs. Juízes:Percebi, do relatório e de uma ins-

peção visual nos autos, uma enorme evariada gama de incidentes que deter-minaram o alongamento da instruçãoe a conclusão decidenda.

O procedimento investigatório teveinício em setembro/94, no curso da pro-paganda às eleições nacionais e regi-onais de 03/10/94. A representação foiapresentada pelo Promotor de JustiçaEleitoral da Comarca de Sapucaia doSul, Dr. Gilberto Thums, e ratificadapelo Procurador Regional Eleitoral, Dr.Luiz Carlos Barradas Leiria.

Os representados e o diretório re-gional do respectivo partido político(PTB) foram notificados. Os dois primei-ros subscreveram pessoalmente o �AR�das notificações; naquela enviada aoterceiro, e no ofício de requisição doprocedimento licitatório, os �AR� foramassinados pelo Procurador-Geral doMunicípio de Sapucaia do Sul.

Todos os representados constituí-ram advogados diferentes e apresenta-ram respostas: o PTB, às fls. 43/44; JoãoLuiz Scopel, às fls. 45/48; Manoel Ordenide Araújo, às fls. 60/63; e Luiz Francis-co Corrêa Barbosa, às fls. 76/90.

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Como relatado, além dos documen-tos trazidos pelas partes ou requisita-dos, a instrução foi completada pelotestemunho de Adriane Dutra Costa,repórter do Jornal Vale dos Sinos eautora da reportagem em que seembasou a representação.

As testemunhas arroladas pelosrepresentados-indiciados não foraminquiridas, porque não apresentadas.

Tenho por correta, em sua conclu-são, a decisão de fls. 190 e verso, quedenegou sua intimação pessoal ou re-quisição, postulada às fls. 189 e 190,de vez que, de conformidade com odisposto no art. 22, V, da Lei Comple-mentar nº 64/90, as testemunhas arro-ladas comparecerão independente-mente de intimação. Em outras pala-vras, incumbe à parte que arrola apre-sentar as testemunhas. Na impossibili-dade, objetivamente demonstrada, éque se poderá cogitar de intimação ounotificação prévias a cargo da JustiçaEleitoral.

No caso, os representados-indi-ciados não demonstraram objetivamen-te que tivessem solicitado o compare-cimento voluntário das testemunhas edelas obtido recusa ou alegação deimpedimento, que justificasse diligên-cia do juízo da instrução.

Não se pode, por isso, declarar deofício ou acolher alegação de nulidadeda instrução, por falta de inquirição detestemunhas.

Do testemunho de Adriane DutraCosta (fls. 182/188), infere-se que agiu,no caso, movida por interesse e senti-mentos pessoais próprios, e não comosimples repórter setorista, que dá co-bertura a eventos da AdministraçãoMunicipal de Sapucaia do Sul - em queteriam ocorrido atos de propagandaeleitoral ilícita e de abuso de poder deautoridade pública, em favor de candi-

datos ou em detrimento da liberdadedo voto - e faz publicar no jornal que aemprega a respectiva reportagem.

Fez mais. Revela que foi ela quemtelefonou ao Promotor de Justiça deSapucaia do Sul, cientificando-o dosfatos (fl. 185).

Informa, ainda, que à época eramnotórias as divergências e o mau rela-cionamento do Jornal com o Prefeitorepresentado.

Noticia que referido jornal encomen-dou e divulgou uma pesquisa, nas elei-ções municipais anteriores, vencidaspor Barbosa, que apontava a vitória decandidato de uma coligação adversária.

Diz que presidiu o Diretório Munici-pal do PMDB.

Tais circunstâncias, numa análiseintegrada, poderiam desqualificar seutestemunho, prestado sob compromisso.

De qualquer forma, os fatos neleinformados, quanto ao comportamen-to do Prefeito, naquelas solenidades,podem, quando muito, representar onatural apoio às candidaturas de cor-religionários do PTB, que participavamou participaram da administração mu-nicipal e estavam em campanha naseleições gerais a se realizarem dentrode aproximadamente um mês

De outra parte, a solenidade de en-trega dos abrigos escolares constituiua simples culminância e realização deum projeto anunciado em 1992, quan-do em campanha pelo governo munici-pal. E a ocasião escolhida, ainda quepróxima - a um mês - do pleito, tevemais a ver com as festividades da Se-mana da Pátria que com a eleição fu-tura. É que, às vésperas do desfile es-tudantil que se realizou em 03/09/94, aAdministração do Prefeito Barbosa es-tava entregando cerca de 7.000 abri-gos, dos aproximadamente 10.000 re-gularmente licitados e destinados a to-

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dos os alunos de primeiro grau dasescolas municipais.

Tenho, assim, por correta a afirma-ção feita pela eminente ProcuradoraRegional Eleitoral no parecer:

�(...) da prova produzida não se ex-trai a mínima sustentação que autorizeo seu provimento.

(...)(...) da prova produzida na presen-

te investigação, resultou claro e incon-troverso que entre os pontos do Planode Governo do Prefeito de Sapucaia,estava a proposta de fornecimentogratuito de uniforme e material es-colar, conforme está expresso no Pla-no de Governo, devidamente registra-do em 19/08/92 no Cartório dos Regis-tros Públicos de Sapucaia do Sul, noLivro B-15, fl. 3291.

É salutar que seja referido que aúnica testemunha ouvida no presenteprocedimento foi a jornalista AdrianeCosta, arrolada na representação peloPromotor Eleitoral, e seu depoimento,constante de fls. 182/188, nada de novoacrescenta à presente investigação ju-dicial eleitoral. Inclusive, refere à fl. 185que nenhum dos dois candidatos fezsua propaganda eleitoral pessoal,apenas salientaram que �como sig-natários de um compromisso assu-mido em 1992, estavam agora cum-prindo o prometido�.

O fato de terem sido entregues es-ses uniformes próximo às eleições de1994, por si só, não caracteriza, se-gundo entendo, qualquer abuso dopoder econômico e político a ensejara inelegibilidade dos representados.A uma porque, como já referido, talfornecimento fez parte do programade governo do Prefeito de Sapucaia.A duas porque, conforme satisfatori-amente comprovado neste procedi-mento, os uniformes foram adquiridos

licitamente pela Prefeitura Municipal,tendo obedecido às regras da Licita-ção para sua confecção. A três por-que os uniformes foram distribuídosà totalidade dos alunos matriculadosnos cursos municipais diurnos, por-tanto sem benefício a essa ou aquelaescola.

Por outro lado, o fato de terem sidodistribuídos próximo às eleições/94está justificado, tendo em vista que osuniformes foram usados no desfile daSemana da Pátria, pelos alunos de todaa rede escolar municipal.

Ademais, penso que a principal con-seqüência jurídica da procedência dapresente investigação judicial eleitoralé demasiadamente grave, pois que setrata de apuração do abuso do podereconômico e político a ensejar a pró-pria inelegibilidade dos representados,o que nos leva a exigir uma prova ro-busta e indeclinável da prática desseabuso do poder econômico e político,o que, a toda evidência, como já men-cionado, não é o caso desse procedi-mento.

Aliás, entendo que resulta louvá-vel, no aspecto social, ter constadodo plano de governo do Prefeito adistribuição de uniformes a todos osalunos da rede escolar municipal eseu efetivo cumprimento. É digno deelogio o administrador que se mos-tra preocupado com o apoio e favo-recimento do próprio contribuinte,com quem, como referido na defesado Prefeito, o Governo Municipal temcompromisso. E, como muito bemasseverado na defesa, fl. 81, favo-recimento existiria se o ato fossereservado a eles, com proibição ouexclusão de terceiros, mas issonão chegou a ser alegado na inici-al, e, se o fosse, também não seriaverdade.�

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Revista do TRE/RS 59

Ante o exposto, o voto é no senti-do da improcedência da representação-investigação.

(Todos de acordo.)

DECISÃOImproveram. Unânime.

Processo nos 16000798 e 16000898

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: DESTA CAPITALREPRESENTANTE: PARTIDO DOS

TRABALHADORESREPRESENTADO: PARTIDO DO

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASI-LEIRO

Representações. Propaganda elei-toral irregular. Veiculação de propagan-da partidária mediante inserções emdesconformidade com as normas legaisregulamentares pertinentes.

1. Reafirmação das decisões limi-nares suspensivas editadas no exercí-cio regular do poder de polícia da Jus-tiça Eleitoral.

2. Representações julgadas parci-almente procedentes, com a conse-qüente cassação do direito da agre-miação política representada à próxi-ma transmissão de propaganda parti-dária (no primeiro semestre de 1999),pela via das inserções em cadeia esta-dual de televisão.

3. Encaminhamento de cópia dasdecisões à Procuradoria Regional Elei-toral, com a finalidade de averiguar aexistência de outros ilícitos eleitorais, in-clusive de natureza penal, que mereçampronunciamento do Ministério Público.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitoral

e nos termos das notas taquigráficasinclusas, acolher parcialmente as repre-sentações e determinar a remessa decópias de peças dos autos ao Ministé-rio Público Eleitoral, para os finsexplicitados nos votos.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além do

signatário, os eminentes DesembargadorOsvaldo Stefanello e Drs. Norberto daCosta Caruso Mac-Donald, Leonel Tozzi,Carlos Rafael dos Santos Júnior, FábioBittencourt da Rosa e Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva, bemcomo a Dra. Vera Maria Nunes Michels,Procuradora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 14 de maio de 1998.Des. Élvio Schuch Pinto,Vice-Presidente, no exercício da

Presidência e Relator.

RELATÓRIOTrata-se de representações formu-

ladas pelo PT contra o PMDB, por es-tar veiculando propaganda partidáriamediante inserções em desconfor-midade com as normas legais regula-mentares pertinentes. Ditos espaçosestariam sendo usados para promoçãopessoal e propaganda eleitoral do Sr.Governador, sabidamente candidato àreeleição. Em ambas, foi requerida asuspensão liminar das veiculações pro-gramadas e a cassação, a final, do di-reito de transmissão de propagandapelo requerido, no primeiro semestrede 1999. Na primeira delas, a liminarfoi deferida e as veiculações sus-pensas. Houve resposta do represen-tado, parecer do Ministério Público erecurso regimental que resultou provi-do parcialmente, ao efeito de garantir-se a veiculação das demais inserçõesprogramadas, obedecidos os requisitoslegais.

Na segunda representação, que ti-nha por objeto duas mensagens dife-

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rentes, foi deferida parcialmente aliminar, com a suspensão de apenasuma delas e desacolhido pedido deproibição da veiculação de inserçõesdiversas nas datas ainda disponíveis.

O parecer do Ministério Público éno sentido da confirmação das limi-nares e cassação, a final, do direito detransmissão de propaganda partidáriapelo PMDB, no primeiro semestre de1999.

É o relatório.

VOTOSDes. Élvio Schuch Pinto:O Pleno do Tribunal já apreciou a

matéria em sede de recurso regimen-tal, na época sob a presidência do Des.Rovani.

O voto orienta-se no sentido dareafirmação das decisões preambu-lares, do Corregedor Regional e do seueminente substituto, e da procedênciaparcial das representações, na esteirados pareceres da Dra. ProcuradoraEleitoral.

Em primeiro lugar, renovando o en-tendimento manifestado por esteColegiado, no sentido de que, do po-der de polícia da Justiça Eleitoral, es-pecialmente no que pertine à propagan-da e de conformidade com o dispostono art. 249 do Código Eleitoral, decor-re o poder-dever de reprimir a veicu-lação de propaganda ilegal, e de queas decisões liminares suspensivas fo-ram editadas no exercício regular des-se múnus, tudo isso a par e sem preju-ízo da aplicação da sanção expressa-mente cominada no art. 45, § 2º, da Leinº 9.096/95.

Conforme foi salientado na decisãosingular suspensiva das veiculaçõeshostilizadas no acórdão relativo ao jul-gamento do recurso regimental e é re-ferido com inteira propriedade pelaeminente Dra. Procuradora Regional

Eleitoral, no parecer de fls. 31/36, rela-tivo à representação nº 16000798, re-ferida propaganda partidária do PMDB,que foi liminarmente retirada da televi-são, se desviou do rumo traçado no art.45, incisos I, II e III, da Lei nº 9.096/95,e infringiu diretamente o disposto noparágrafo 1º, inc. II do mesmo artigo,ao ter, referidas inserções, divulgadopropaganda escancaradamente decandidato a cargo eletivo e feito a de-fesa de interesses pessoais do Exmo.Sr. Governador do Estado, pois é no-tória e pacífica a divulgação pela im-prensa de sua candidatura à reeleição.

E mais adiante, transcrevendo ain-da do parecer, refiro o seguinte:

�(...) nas referidas propagandaspartidárias do PMDB questionadas, fi-gura apenas o Exmo. Senhor Gover-nador do Estado - anunciadamentecandidato à reeleição -, que discor-re sobre seus atos e projeto de go-verno e sobre a satisfação que de-les obteve ou pretende alcançar. Nãohá nada sobre o programa partidá-rio do PMDB; nenhuma mensagemaos filiados do partido sobre tal pro-grama ou eventos com ele relacio-nados e também não há divulgaçãode posição do partido a temas políti-co-comunitários.�

Ao longo da tramitação da primeirarepresentação, suspendemos, aqui, ainserção seguinte, e, agilmente, quan-do julgado o recurso regimental, o par-tido fez chegar às televisões uma ou-tra fita, que tinha os mesmos (ou algunsdos mesmos) defeitos, e o pedido foisubmetido novamente ao Corregedor.Despachei, inicialmente, postergandoa apreciação da liminar, porque o pe-dido estava mal instruído, e, na minhaausência, quando eu estava em reu-nião em Brasília, o Dr. Carlos Rafael,como Corregedor substituto, suspen-

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deu pelo menos parte da inserção, fun-damentando a respectiva decisão, den-tre outros argumentos, com as seguin-tes afirmações:

�... a segunda inserção examinada,por evidente, caracteriza promoçãopessoal do Sr. Antonio Brito, atual Go-vernador do Estado, não por figurar,mais uma vez, como narrador do epi-sódio, mas porque trata de assunto daórbita pessoal do candidato (fato notó-rio no Estado), mencionando jornal ouperiódico de propriedade de seu pai eafirmando, sempre na primeira pessoado singular, e apontando tempos no-vos para os quais, supostamente, suaadministração direciona o Rio Grandedo Sul.

Ante o exposto, e com fundamentono art. 45, § 2º, da Lei nº 9.096/95, eartigos 1º e 12 da Resolução TSE nº20.034/97, o meu voto é no sentido dejulgar parcialmente procedentes as re-presentações, com a conseqüente cas-sação do direito do Partido do Movi-mento Democrático Brasileiro - PMDB- à próxima transmissão de propagan-da partidária (no primeiro semestre de1999), pela via das inserções em ca-deia estadual de rádio e televisão.�

Peço à Corte para fazer um desta-que, alertado pelo parecer da Dra. Vera:examinando a petição inicial, não vejo,no pedido do Partido dos Trabalhado-res, a extensão da cassação do direitode transmissão de inserções pela via dorádio e da televisão, e penso que nasegunda representação também não háessa explicitação. Submeto à reflexãodos colegas essa extensão.

Pensando melhor, creio que não sepode, sem uma representação e umprocessamento relativo às veiculaçõesno rádio, estender assim essa vedação,mesmo porque o rádio tem outra confi-guração. O rádio é mensagem de

áudio, mas não tem os recursos da te-levisão. Penso que nós devamos limi-tar a vedação às inserções em cadeiade televisão. É o voto preliminar, quedestaco com relação ao objeto.

E penso que, com os provimentosexpostos no meu voto, esgota-se a ju-risdição deste Tribunal, postulada epossível pela via das presentes repre-sentações. Por isso, ainda que o com-portamento do partido representado ede seu agente possam inserir-se naconduta vedada no art. 36, caput, daLei nº 9.504/97 - que é a lei que regulaa eleição de 1998 e que veda a propa-ganda antes do dia 05 de julho -,descaberia, a meu sentir, aqui apreciá-la sob tal enfoque, sob pena de afrontaaos princípios do devido processo le-gal e da ampla defesa.

É como voto.Des. Osvaldo Stefanello:Inicio pela preliminar da extensão

do julgamento. Parece-me que, tantoquanto no processo comum, ou mes-mo no processo criminal, a Justiça Elei-toral se há de ater, também, em haven-do reclamação, aos limites do pedidoformulado. O Tribunal não pode, de ofí-cio, ultrapassar os limites da pretensãodo próprio partido representante. Maisdo que um procedimento administrati-vo, este procedimento eleitoral traz umapunição ao partido ou ao candidato.Conseqüentemente, não consigo supe-rar o óbice estabelecido na Constitui-ção, segundo o qual a todo processa-do, inclusive no setor administrativo, háque ser assegurado o princípio da am-pla defesa e do contraditório, com oselementos necessários para que essaampla defesa possa ser efetivamenteexercida. Embora eu não conheça afundo a defesa apresentada peloPMDB, creio que tenha ficado dentrodo limite estabelecido no próprio pedi-

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do do PT. Conseqüentemente, de iní-cio, estou em acompanhar, sem maio-res dúvidas, o limite do voto de V. Exa.,Sr. Presidente.

Quanto ao mérito, também acom-panho V. Exa., eis que me parece terhavido manifesto abuso do Sr. Gover-nador do Estado em se utilizar da tele-visão, não para fazer propaganda polí-tico-partidária ou institucional do parti-do ao qual está filiado e o qual estavaa representar naquela ocasião, masacabando por descambar para a típicacampanha eleitoral, em período em queela ainda não é permitida. E, em se tra-tando de abuso, cabe ao Tribunal Elei-toral, no seu poder de polícia, coibi-lo.No meu entender, a questão está bemposta no ilustrado parecer da eminen-te Procuradora e no voto de V. Exa.,com essa ressalva que também estoua fazer, no sentido de que a decisão selimite ao pedido formulado pelo partidorepresentante. Dessa forma, é que es-tou a encaminhar o meu voto, SenhorPresidente.

Dr. Norberto da Costa Caruso Mac-Donald:

Senhor Presidente:Acompanho o voto de V. Exa., quer

quanto à sua extensão na punição aopartido, quer quanto ao outro aspecto,no tocante a eventual processo paraapuração da propaganda irregular, nostermos da Lei nº 9.504/97.

Acompanho integralmente a mani-festação de V. Exa.

Dr. Leonel Tozzi:Senhor Presidente:No que se refere à preliminar,

acompanho V. Exa., restringindo avedação apenas à propaganda de te-levisão. No entanto, no mais, ouso di-vergir de V. Exa., por questões de con-vicção e pelas razões que peço per-missão para expor.

Inegavelmente o caso em julgamen-to configura publicidade feita emdesconformidade com a norma legal,pois o art. 45 da Lei nº 9.096/95 é cris-talino no sentido de esclarecer que apropaganda partidária gratuita tem porfinalidade precípua:

I - difundir os programas partidários;II - transmitir mensagens aos

filiados sobre a execução do programapartidário, dos eventos com este rela-cionados e das atividades congres-suais do partido;

III- divulgar a posição do partido emrelação a temas político-comunitários.

Logo, como se pode constatar, aforma como foi divulgada a propagan-da ora questionada visa a beneficiarpessoalmente um candidato às elei-ções de outubro próximo vindouro, queé o Senhor Governador, e este fato,além de caracterizar privilegiamento,poderá configurar abuso do poder pelautilização indevida dos meios de comu-nicação, o que é reprovável sob todosos aspectos e, nesta hipótese, comoprimeira e imediata medida, é perfeita-mente cabível o exercício do poder depolícia, já exercido legitimamente peloeminente Relator e pelo eminente subs-tituto da Corregedoria.

Convém ressaltar que esta Corteestá a julgar um caso de reincidênciaespecífica, pois, como é consabido, jáfoi determinada, à unanimidade, a reti-rada de programa em tudo e por tudosemelhante.

Por conseguinte, a repetição damesma infração da norma legal pelopartido político, em frontal descon-sideração a uma decisão judicial, mere-ce, por parte deste Tribunal, não só aretirada do ar da propaganda irregular(aliás, o que já foi providenciado peloeminente Relator), como um apena-mento mais severo, embasado não só

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no que dispõe a Lei 9.096/95, no art. 45,§ 2º, cuja sanção resulta na cassaçãodo direito de transmissão no semestreseguinte, sanção esta que se traduz inó-cua, por se tratar de ano de eleição,quando não haverá propaganda pura-mente partidária. Impõe-se, para atingireste desiderato, trazer à colação outrosordenamentos do direito eleitoral.

Para embasar esta pretensão,louvo-me do sábio ensinamento do con-ceituado e brilhante mestre do direito,Desembargador Tupinambá MiguelCastro do Nascimento, que, em suaobra �Lineamentos do Direito Eleitoral�,p. 14, assim preceitua:

�A melhor interpretação é aquelaque visa a comparar a regra pretendi-da ser interpretada com as outras nor-mas da mesma lei e com outras de leisdiferentes, que tenham o mesmo obje-to da interpretada. Esta é a interpreta-ção sistemática, em que se tenta har-monizar todas as normas numa visãode conjunto. Em outras palavras, a maiscorreta interpretação é a que se fazcompatibilizando-se as normas doordenamento jurídico em geral, com oobjetivo de alcançar o fim da lei, se uti-lizando de elementos exteriores a ela,que são as circunstâncias sociais.

0 intérprete não pode jamais pres-cindir do método teleológico-sistêmico�.

Diante desta lapidar conceituaçãoe do princípio ao qual me filio, de que�ao Juiz é importante, em primeiro lu-gar, procurar a solução justa, para de-pois adequá-la às normas do direito�,entendo que é plenamente viável e le-gítimo esta Corte valer-se de outrasleis, dentro do contexto da legislaçãoeleitoral, que tenham por fim assegu-rar a licitude do pleito, consagrando oprincípio igualitário da propaganda.

Valendo-se desta prerrogativa econsiderando-se que não é possível

ignorar a circunstância de que na hipó-tese sub judice se configurou perfeita-mente a utilização indevida do veículode comunicação (rádio e televisão) embenefício do PMDB e de seu então pro-vável candidato à reeleição, em detri-mento dos demais partidos e seus can-didatos, é plenamente viável a aplica-ção do disposto no art. 22 da Lei Com-plementar 64/90, que estabelece:

�Art. 22. Qualquer partido político,coligação, candidato ou Ministério Pú-blico Eleitoral poderá representar à Jus-tiça Eleitoral, diretamente ao Corre-gedor-Geral ou Regional, relatando fa-tos e indicando provas, indícios e cir-cunstâncias e pedir abertura de inves-tigação judicial para apurar uso indevi-do, desvio ou abuso do poder econô-mico ou do poder de autoridade, ou uti-lização indevida de veículos ou meiosde comunicação social, em benefíciode candidato ou de partido político...�

Entretanto, é imperioso admitir tam-bém que a instauração da investigaçãojudicial, que nos levaria a apurar a ver-dadeira extensão e intenção da repeti-ção de um ato já reprovado por esteTribunal, depende da provocação dosagentes relacionados no texto legal,não cabendo, portanto, a iniciativa des-te Tribunal.

Porém, a Lei nº 9.504/97, regulado-ra do pleito de outubro vindouro, vedaao postulante à candidatura a cargoeletivo a realização de propaganda oupromoção pessoal fora do período in-dicado, ou seja, na quinzena anterior àescolha de candidato em convençãopelo partido.

Assim, vale analisar o disposto noart. 36 e parágrafos do citado diplomalegal.

�Art. 36. A propaganda eleitoral so-mente é permitida após o dia 5 de ju-lho do ano da eleição.

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§ 1º Ao postulante a candidatura acargo eletivo é permitida a realização,na quinzena anterior à escolha pelopartido, de propaganda intrapartidáriacom vista à indicação de seu nome,vedado o uso de rádio, televisão eoutdoor.

§ 2º No segundo semestre do anoda eleição, não será veiculada a pro-paganda partidária gratuita prevista emlei nem permitido qualquer tipo de pro-paganda política paga no rádio e na te-levisão.

§ 3º A violação do disposto nesteartigo sujeitará o responsável pela di-vulgação da propaganda e, quandocomprovado seu prévio conhecimento,o beneficiário, à multa no valor de vin-te mil a cinqüenta mil UFIR ou equiva-lente ao custo da propaganda, se estefor maior.�

Como se vê, em decorrência do tex-to legal, a propaganda eleitoral somen-te será permitida a partir do dia 6 dejulho próximo vindouro, nos termos doart. 1º da Resolução 20.106/98, doEgrégio TSE.

A exceção consiste em admitir apropaganda interpartidária na quinze-na que anteceder à convenção de es-colha dos candidatos, assim mesmocom proibição expressa do uso de rá-dio, televisão e outdoor.

Ora, Senhor Presidente e eminen-tes Juízes, o caso em julgamento serefere exatamente ao uso indevido datelevisão para fim de promoção pesso-al do Senhor Governador do Estado,com autorização e consentimento ex-plícito do PMDB, que deveria divulgarpropaganda de índole exclusivamentepartidária e que, com este agir, desfi-gurou deliberadamente o objetivo prin-cipal da propaganda gratuita previstaem lei, veiculando, desta forma, propa-ganda inteiramente irregular.

Aliás, não foi por outra razão queesta Corte, por duas vezes, proibiu suadivulgação tanto no rádio, quanto natelevisão.

Em decorrência, ante a represen-tação legitimamente formulada peran-te este Tribunal, cabe interpretar o dis-posto no § 3º do art. 36 já mencionado,para definir quem é o responsável peladivulgação da propaganda irregular.

Destarte, no feito em julgamento, nãotenho dúvida de que a responsabilidadeé do partido político - no caso, o PMDB -pois foi ele que fraudou, por duas vezesconsecutivas, a confiança da Justiça Elei-toral, quando esta lhe deferiu o direito,nos termos da legislação vigente, paradifundir gratuitamente seus programaspartidários e seus posicionamentos emrelação aos temas político-partidários,não para promoção pessoal de provávelcandidato ao pleito.

Aplica-se subsidiariamente, por for-ça do art. 364 do Código Eleitoral, oCódigo de Processo Civil, cujo art. 131estabelece:

�O juiz apreciará livremente a pro-va, atendendo aos fatos e circunstân-cias constantes dos autos, ainda quenão alegados pelas partes; mas deve-rá indicar, na sentença, os motivos quelhe formaram o convencimento.�

Cabe, ainda, afiançar que a atitudedo PMDB já frutificou; na última propa-ganda partidária levada ao ar pelo PPB,houve expressa e clara propaganda elei-toral, ao ponto de, ao término do pro-grama, um locutor dizer: �Na próximaeleição, não esqueça: vote no nº 11�.

Face a todo o exposto, salientan-do, uma vez mais, que a reincidênciainfracional cometida deliberadamentepelo PMDB não pode e não deve aba-lar a respeitabilidade e estabilidade ju-rídica da decisão desta Corte, e con-victo de que a Justiça Eleitoral, no de-

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sempenho de sua nobre missão, esta-rá atenta e vigilante para que o pleitoeleitoral de 1998 se desenvolva dentrodos paradigmas de licitude e legitimi-dade, em estrita obediência ao princí-pio igualitário da propaganda eleito-ral, para que o resultado das urnas re-presente a verdadeira vontade do elei-tor, voto pela manutenção da liminarconcedida e, no mérito, para condenaro Partido do Movimento DemocráticoBrasileiro - PMDB - ao pagamento damulta no valor de cinqüenta mil UFIR,nos termos do art. 36, § 3º, da Lei nº9.504/97.

É como voto.Dr. Carlos Rafael dos Santos Júnior:Senhor Presidente:Acompanho V. Exa. integralmente,

mas faço rápidas considerações.A competência desta Corte para o

exame da reclamação ora em julga-mento, que tive oportunidade de exa-minar quando despachei uma dasliminares concedidas, pelo menos emparte, deflui exatamente de se tratar deviolação da Lei nº 9.096/95. Caso esti-véssemos diante da violação do art. 36da Lei nº 9.504/97, esta mesma esta-belece, no art. 96 e seguintes, um ou-tro procedimento, que é a representa-ção através dos Juízes auxiliares, comrecurso a esta Corte. Nesse diapasão,tenho para mim que só podemos real-mente decidir com o limite imposto peloart. 45, § 2º, da Lei nº 9.096. Por isso,estou acompanhando V. Exa., em to-dos os termos.

Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Acompanho o voto de V. Exa., Sr.

Presidente. Penso também que a san-ção deve limitar-se ao pedido, só quecomplemento o voto porque o ilícito quegerou a sanção - que é reconhecido,tanto que, por duas vezes, foramsuspensas as inserções - é no âmbito

estritamente eleitoral, em que o bemjurídico tutelado é a regularidade dopleito. Então, parece-me que a aplica-ção dessa sanção é suficiente para aresposta do sistema ao ilícito pratica-do. Só que vejo, no fato que envolveesse processo, possíveis ilícitos admi-nistrativos em relação ao pleito e, qui-çá, penais, que se evidenciam pela re-sistência à norma de proibição, porqueo partido não se intimidou com a deci-são do Tribunal Eleitoral e voltou aapresentar propagandas idênticas, como mesmo conteúdo de lesão e de danoao pleito, numa evidente resistência àprestação jurisdicional em matéria elei-toral. Penso que isso revela um indíciode ilícito administrativo, ou, como jádisse, mesmo penal, que demandaria,por parte deste Tribunal, uma providên-cia, a qual seria, na forma do Códigode Processo Penal, a remessa de pe-ças para o Ministério Público Eleitoral,a fim de que examinasse a situação eeventualmente apresentasse a postu-lação que entendesse adequada; eeste Tribunal decidiria pelo que maiscorreto considerasse.

Voto no sentido de confirmar asliminares, tal qual V. Exa. fez, aplicar asanção com os limites que V. Exa. im-pôs, mas complementar o voto no sen-tido de remeter peças ao MinistérioPúblico Eleitoral.

Dr. Antonio Carlos do Nascimentoe Silva:

Voto com V. Exa., Sr. Presidente,com a complementação do Dr. Fábio,no sentido da remessa de peças dofeito ao Ministério Público Eleitoral.

Des. Élvio Schuch Pinto:Não havia me manifestado sobre

o tema, mas o sugeri ao encerrar meuvoto, dizendo que eventuais infra-ções, inclusive ao dispositivo do art.36, devessem ficar à margem da nos-

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Revista do TRE/RS66

sa decisão, porque escapavam aoconteúdo da prestação jurisdicionalpostulada. Mas também, a exemplodo Dr. Tozzi e do Dr. Fábio, estouvendo que está implícito no meu votoa possibilidade de infração, quandomais não seja, à Lei nº 9.504, art. 36,e penso que se deva encaminhar có-pia das decisões à Dra. ProcuradoraRegional Eleitoral, para que verifiquese existem outros ilícitos eleitorais, ouaté de natureza penal, que mereçampronunciamento do Ministério Públi-co. Por isso, estou aderindo à pro-posta do Dr. Fábio, mantendo nomais o meu voto, pedindo vênia aoDr. Leonel.

Dr. Leonel Tozzi:Senhor Presidente:Sei que vou ficar isolado em minha

conclusão, mas como considero, portemperamento, o lado objetivo da ques-tão, retifico o meu voto na parte final,em que condeno o partido, para acom-panhar o Dr. Fábio no encaminhamen-to da documentação ao Ministério Pú-blico Eleitoral, para fins de estudo.

Des. Élvio Schuch Pinto:Acolho a retificação do voto de V.

Exa. e a registro.Des. Stefanello, manifesta-se sobre

a proposta do Dr. Fábio?Des. Osvaldo Stefanello:Não tenho nenhuma resistência a

que se apurem todos os fatos e suasimplicações. Conseqüentemente, nãohá nada que impeça que se averigúese efetivamente houve algo que se pos-sa considerar, ao menos em tese, cri-me eleitoral. Acompanho os demaisColegas.

Dr. Norberto da Costa Caruso Mac-Donald:

Também acompanho, Sr. Presidente.Dr. Carlos Rafael dos Santos Júnior:Da mesma forma.

DECISÃODeram parcial acolhimento às repre-

sentações, determinando a remessa decópias de peças dos autos ao MinistérioPúblico Eleitoral, para os fins explicitadosnos votos. Decisão unânime.

Processo no 22001898

CLASSE 22PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGREINTERESSADA: COLIGAÇÃO RIO

GRANDE VENCEDORConsulta. Eleições 1998. Propagan-

da eleitoral gratuita no rádio e na tele-visão.

Consulta conhecida e respondidanos termos do voto do Relator.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, por maioria, ouvidaa Procuradoria Regional Eleitoral e nostermos das notas taquigráficas inclu-sas, conhecer da presente consulta,vencido o eminente Dr. Leonel Tozzi;e, à unamidade, respondê-la nos ter-mos do voto do Relator.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além do

signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presidente- e Drs. Leonel Tozzi, Fábio Bittencourt daRosa, Antonio Carlos Antunes do Nasci-mento e Silva, Nelson José Gonzaga eSulamita Terezinha Santos Cabral, bemcomo a Dra. Vera Maria Nunes Michels,Procuradora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 07 de agosto de 1998.Des. Osvaldo Stefanello,Relator.

RELATÓRIOTrata-se de consulta formulada pela

COLIGAÇÃO RIO GRANDE VENCE-DOR e que diz com a correta interpre-

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Revista do TRE/RS 67

tação dos artigos 47 e 51 da Lei nº9.504/97.

São várias questões, nos seguintestermos:

a) Dentro de um mesmo partido oucoligação é possível a utilização, par-cial ou total, do tempo destinado a can-didatos a eleições proporcionais paraa propaganda de candidatos a eleiçõesmajoritárias? Ou, vice-versa?

b) Ainda dentro de um mesmo par-tido ou coligação, é possível a utiliza-ção, parcial ou total, do tempo destina-do a candidato a uma eleição majoritá-ria para a propaganda de candidato aoutra eleição majoritária?

c) Se a resposta a qualquer dosquestionamentos anteriores for afirma-tiva, é possível a utilização, parcial outotal, do tempo destinado aos candida-tos a uma eleição pelo próprio candi-dato à outra eleição? Por exemplo, can-didato proporcional utilizando tempodestinado a uma das eleições majori-tárias?

d) Se um partido, isoladamente oucomo integrante de uma coligação pró-pria, concorrendo a uma eleição (ma-joritária, por exemplo), integrar em ou-tra (proporcional, por exemplo) coliga-ção diversa, que não tenha candidatoà majoritária, poderão ocorrer as utili-zações de tempo de que se cuidam,nas letras �a� e �b�, mesmo não sendoabsolutamente iguais os partidos ou co-ligações que disputam uma e outra elei-ções?

e) Nas hipóteses previstas nas le-tras �a� e �b� (mesmo partido ou coliga-ção) e na letra �d� (partidos ou coliga-ções diversas, mas ligadas por partici-pação de partidos comuns), os candi-datos a uma eleição (proporcional, porexemplo) poderão comparecer no pro-grama de rádio e televisão destinadoaos candidatos a outra eleição (majori-

tária, Governador ou Senador, porexemplo) para fazer propaganda des-tes? Ou vice-versa?

a) Há alguma limitação ou restriçãoquantitativa ou, ainda, exigência de dis-tribuição paritária entre as várias elei-ções para a utilização das inserçõesdestinadas a cada partido ou coligação(partidos que a integrem) para a pro-moção das suas legendas partidárias?Ou tal utilização se oferece à decisãoexclusiva do partido ou da coligação?Uma coligação, por exemplo, poderáutilizar todas as inserções destinadasà campanha das eleições proporcionaispara promover a legenda dos partidosque a integram? Poderá fazer o mes-mo, em relação às inserções destina-das à campanha das eleições majori-tárias (Governador, Senador)? Ou autilização das inserções para a promo-ção das legendas partidárias deveráser distribuída paritariamente entre asvárias eleições (por exemplo, destinar20% das inserções de cada uma daseleições - Governador, Senador, Depu-tado Federal, Deputado Estadual)?

b) As inserções destinadas a umacampanha, por exemplo, das eleiçõesproporcionais, só poderão ser utiliza-das pelos candidatos proporcionais oupara a promoção de legenda partidá-ria? Ou poderão, se assim decidirem opartido ou a coligação, ser destinadas,parcial ou integralmente, para a cam-panha das eleições majoritárias, ou deGovernador ou de Senador? Tal desti-nação poderá ocorrer, inclusive, naque-les casos em que haja coligações di-versas para uma e outra eleição, masligadas por participação de partidoscomuns (por exemplo, nas eleições ma-joritárias, coligação �A�, integrada pe-los partidos �b� e �c�; nas eleições pro-porcionais, coligação �C�, integradapelos partidos �b�, �c� e �d�)? Ou, ain-

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da, naqueles casos de coligação, numaeleição (proporcional, por exemplo), ede partido, em outra (majoritária, porexemplo), onde este integre àquela (porexemplo, nas eleições majoritárias par-tido �b�; nas eleições proporcionais,coligação �A�, integrada pelos partidos�b� e �c�)?

c) Nas inserções destinadas à cam-panha dos candidatos às eleições pro-porcionais ou à promoção das legen-das partidárias dos partidos que inte-grem determinada coligação, poderãoparticipar pessoalmente os candidatosàs eleições majoritárias pela mesmacoligação, fazendo a propaganda ge-nérica de todos os candidatos propor-cionais e a promoção de todas as le-gendas partidárias?

d) Na elaboração do plano de mídia,em relação àqueles partidos ou coligaçõesque tenham direito a menos de quatro in-serções diárias, como será observada aeqüidade na distribuição das mesmasentre os horários de maior e menor audi-ência? Far-se-á com que não haja maisde uma inserção diária por bloco e que osblocos sem destinação em um dia a te-nham no dia imediatamente subseqüen-te e, assim, sucessivamente, como formade evitar a concentração de todas elasem blocos de maior audiência?

e) A duração de cada inserção, ob-servados os limites legais (mínimo de30s e máximo de 60s), fica ao critérioexclusivo de cada partido ou coligação?�

A Dra. Procuradora emitiu parecere, certamente, vai-se referir a cada umadas questões oralmente.

É o relatório.

VOTOSDr. Leonel Tozzi:Senhor Presidente:Eu poderia levantar uma questão de

ordem?

Com a vênia do eminente Relator,parece-me que o Tribunal, ao respon-der às consultas, deverá responder asque tenham uma lógica seqüencial, emque se possa entender o que pretendeo consulente. Penso que, no caso pre-sente, apesar de existir lei regulandotoda a matéria (arts. 46 a 57, da Lei nº9.504/97), não podemos correr o riscode responder à consulta que, por si só,é confusa e tem as respostas na Lei.No momento do fato objetivo, aí sim,em cada caso concreto, poderemos de-cidir. Mas não podemos responder auma consulta genérica, que não nostraz segurança quanto à nossa respos-ta estar correta. Além do mais, no quese refere às coligações, neste ano háuma inovação: as coligações poderãoser feitas para as eleições proporcio-nais para a majoritária e com partidosdiferenciados. Se se tratasse de umapergunta em tese, porém dirigida paraum determinado fato, eu concordariaem respondê-la. Mas com uma consul-ta referente a um número tão grandede dispositivos legais, parece-me quecorremos o risco de orientar mal. Porisso, Senhor Presidente, levanto estaquestão de ordem, para não conhecera consulta.

Des. Osvaldo Stefanello:Senhor Presidente:Embora as ponderações do eminen-

te Dr. Leonel, vou conhecer da ques-tão, seguindo orientação desta Corte nosentido de que, quando a matéria obje-to da consulta é para aplicação no futu-ro, como o é no caso, eis que essas in-serções só poderão ser levadas a efei-to a partir do dia 18 de agosto. Emboraorientação em contrário do egrégio Tri-bunal Superior Eleitoral, a matéria háque ser conhecida. E, quanto às pon-derações do Dr. Leonel, efetivamentealgumas das questões são confusas,

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mas, assim mesmo, delas se pode ex-trair o sentido objetivo. Pessoalmente,penso que o Tribunal Eleitoral não de-veria ser órgão de consulta, mas a Lei oprevê, o próprio Código Eleitoral o pre-vê. Então estou em conhecer das ques-tões e vou respondê-las, se assim opensar a egrégia Corte.

Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Se o eminente Relator examinou a

questão e entende que é possível res-ponder à consulta, embora confusa,nós corremos o risco de responder umacoisa que o partido não quer, mas issonão vai ser inútil. Se houver confusãonas questões, pode haver confusãotambém nas respostas. Mas se o Tri-bunal vai interpretar a lei, evidentemen-te, vai fazê-lo com segurança. Pode aténão corresponder à vontade do consu-lente, mas vai fazê-lo com a sua con-vicção. Conheço.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

Conheço também a consulta.Dr. Nelson José Gonzaga:Se o eminente Relator está seguro

da consulta e das respostas, tambémdevo dela conhecer.

Dra. Sulamita Terezinha SantosCabral:

Com o eminente Relator.Des. Osvaldo Stefanello:Eminentes Colegas:Passo às respostas:1ª Questão: A resposta encontra-

se, por exclusão, no art. 47, § 1º, incisosI a V, da Lei nº 9.504/97, e art. 18,incisos I a V, da Resolução do TSE nº20.106. Preceitos nos quais previstosde forma expressa estão os períodosdestinados aos candidatos que concor-ram a cada uma das eleições, restan-do inviabilizada a destinação dos es-paços para a propaganda eleitoral quenão se coadune com tais dispositivos.

A razão de tais disposições, e o que,por certo, levou o legislador a assimdispor, é a de evitar que a propagandaeleitoral seja polarizada em favor doscandidatos de uma ou de outra das elei-ções, em detrimento ou prejuízo doscandidatos a outros cargos eletivos.Objetivamente: a resposta é negativa.

2ª Questão: Pelas mesmas razõesque levaram a ser respondida negati-vamente a primeira questão, a respos-ta também é negativa. A propagandaeleitoral há que seguir os rumos traça-dos pelo legislador, que assegura aoscandidatos de cada uma das eleiçõesa utilização do tempo que lhe é desti-nado pela Lei Eleitoral.

3ª Questão: A resposta, ante a so-lução dada aos dois primeiros questio-namentos, resta prejudicada. Com efei-to, se se está a asseverar que os es-paços destinados aos candidatos decada eleição devem ser ocupados pe-los candidatos de cada eleição, majo-ritária ou proporcional, sem que taisespaços possam ser utilizados por can-didatos de outra eleição, possível nãose apresenta que candidato à eleiçãomajoritária, por exemplo, utilize pesso-almente espaço destinado à eleiçãoproporcional. Ou vice-versa.

4ª Questão: A resposta é negativa.Como bem o ressalta a eminenteProcuradora Eleitoral em seu parecer,inexistindo candidaturas de determina-do partido - eleições majoritárias ouproporcionais, desimporta - ou coliga-ção, a distribuição dos espaços de pro-paganda deverá se dar entre os candi-datos remanescentes nas eleições deque participem, tendo em consideraçãoo disposto no art. 47, incisos I a V, c/ccom o § 5º do mesmo artigo 47 da Leinº 9.504/97, e art. 18, incisos I a V, c/co § 3º do art. 19 da Resolução do TSEnº 20.106. Há que se ressaltar que ex-

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presso é o § 5º do art. 19 da Resolu-ção referida, que as coligações serãosempre tratadas como se partido úni-co fossem, o que já previra a Lei nº9.504/97, no § 1º do art. 6º, ao disporque a coligação deve funcionar junto àJustiça Eleitoral como um só partido.

5ª Questão: Para esta questão étambém negativa a resposta. A se ad-mitir que candidato a uma das eleiçõesfaça propaganda de outro candidato -majoritária ou proporcional, desimporta-, se estaria admitindo que esse candi-dato fizesse, embora obliquamente,campanha para si próprio, violando, as-sim, o equilíbrio que a Lei Eleitoral visaassegurar entre os candidatos que con-correm às diversas eleições. Ou seja,se estaria ferindo, embora não direta efrontalmente, os dispositivos que prevê-em a divisão dos horários de propagan-da gratuita entre os candidatos das di-versas eleições. Mais precisamente, osmesmos arts. 47, incisos I a V, da Lei nº9.504/97, e art. 18, incisos I a V, da Re-solução do TSE nº 20.106. Relembromais uma vez, para que dúvidas nãopermaneçam, que as coligações hãoque ser tratadas como partido único, oque significa, como bem acentua umavez mais a eminente Procuradora Elei-toral, que, se um partido estiver coliga-do para a eleição proporcional, deveráse ater, sua coligação, ao pleito propor-cional, embora possa estar coligado deforma diversa para o pleito majoritário.Coligação também esta que se há decomportar como partido único e se aterà propaganda de seus candidatos aopleito majoritário.

6ª Questão: Embora a formulação,de certa forma, confusa, a solução seencontra no inciso I do art. 51 da Lei nº9.504/97 e art. 22, inciso I, da Resolu-ção TSE nº 20.106/98. Normas segun-do as quais, nas inserções de que tra-

ta o caput do art. 51, � o tempo serádividido em partes iguais para a utiliza-ção nas campanhas dos candidatos àseleições majoritárias e proporcionais,bem como de suas legendas partidári-as ou das que componham a coliga-ção. Ou seja, a partição do tempo des-tinado às inserções há que ser feita deforma paritária, observada cada umadas eleições. E, na ausência de candi-dato de determinado partido político oucoligação, em alguma das cinco elei-ções, poderá ser utilizado o respectivotempo para a promoção da legenda dopartido ou coligação. Esta é a respostaque encontro na Lei Eleitoral, emboraa falta de clareza do questionamento.

7ª Questão: A matéria em referên-cia foi, de certa forma, abordada naquestão anterior. Não custa, no entan-to, expressar a resposta negativa aoquestionamento. Assim o é porque odispõe, explicitamente, o art. 51, inc. I,da Lei nº 9.504/97, e art. 22, I, da Re-solução TSE nº 20.106, como correta-mente o fez a Dra. Procuradora Eleito-ral, ao dizer que: �o tempo será divi-dido em partes iguais para a utiliza-ção nas campanhas dos candidatosàs eleições majoritárias e proporci-onais, não permitindo, com isso, de-terminação em sentido contrário, aqual, se configurada, implicaria desi-gualdade entre as candidaturas, aindamais se considerarmos a multiplicidadede pleitos nas eleições de OUT/98(Presidente, Senador, Governador, De-putado Federal e Deputado Estadual),daí por que a Lei Eleitoral dispôs nosentido de cada Coligação ter tratamen-to igual a um Partido, independente-mente dos Partidos que a integrarem,devendo, por isso, no meu entendi-mento, cada Partido e cada Coligaçãose ater à promoção das candidaturasdo pleito disputado.�

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8ª Questão: Esta pergunta já foraformulada, a rigor, na 5ª questão, me-recendo resposta negativa. Isto porque,como diz, mais uma vez, a Procura-dora, �O candidato à eleição majoritá-ria, ao fazer propaganda da legendapartidária e de todos os candidatos pro-porcionais, também está realizando suaprópria campanha (promoção junto aoeleitorado), violando, de forma oblíqua,o disposto no art. 51, inciso I, da Lei nº9.504/97, dispondo que o tempo dasinserções será dividido em partesiguais para a utilização nas campa-nhas dos candidatos às eleiçõesmajoritárias e proporcionais, bemcomo de suas legendas partidáriasou das que componham a coligação,quando for o caso.�

9ª Questão: É questão técnica, quejá foi resolvida entre as empresas demídia e os partidos políticos. Houveuma reunião aqui realizada pelo emi-nente Juiz Coordenador da Propagan-da Eleitoral, no dia 3 de agosto do cor-rente ano, quando ficou acertada essaquestão. Em decorrência do que aquificou decidido, o eminente Juiz baixoua Portaria nº 2/98, estabelecendo oscritérios que foram aqui acertados, con-cretizando a forma de utilização da pro-paganda com a mídia. Então, essaquestão acabou ficando prejudicada.

10ª Questão: A solução se encon-tra, uma vez mais, no art. 51 da Lei nº9.504/97, ao dispor que a utilização dasinserções e sua forma ficam �a critériodo respectivo partido ou coligação�,observando-se o disposto no § 6º doart. 47 e nos arts. 22 e 19, § 6º, daResolução TSE nº 20.106. A resposta,portanto, é afirmativa, ou seja, fica acritério dos partidos políticos, porque aLei o prevê.

Vêem os eminentes Colegas que,embora a aparente complexidade des-

sas questões, na realidade, as respos-tas estão na Lei. Não há questões decunho mais aleatório ou complexo. Narealidade, todas as questões que foramformuladas encontram resposta na LeiEleitoral, como bem o ressaltou a emi-nente Procuradora.

É dessa forma, eminente Presiden-te, que estou a responder esse questio-namento encaminhado pela ColigaçãoRio Grande Vencedor.

(Todos de acordo.)

DECISÃOConhecida por maioria e respondi-

da à unanimidade, nos termos do votodo Relator.

Processo no 22001798

CLASSE 22PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGREINTERESSADA: COLIGAÇÃO RIO

GRANDE VENCEDORConsulta. Eleições 1998. Esclare-

cimentos sobre a interpretação do art.46 da Lei nº 9.504/97.

Consulta conhecida e respondidanos termos do voto do Relator.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, conhecer da presente consul-ta e respondê-la nos termos do voto doRelator.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desem-bargador Élvio Schuch Pinto e Drs. Leonel Tozzi, Fábio Bittencourt daRosa, Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva, Nelson José Gonzagae Sulamita Terezinha dos Santos

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Cabral, bem como a Dra. Vera MariaNunes Michels, Procuradora RegionalEleitoral.

Porto Alegre, 21 de julho de 1998.Des. Osvaldo Stefanello,Relator.

RELATÓRIO1. Está-se a tratar de consulta rea-

lizada por Delegados da Coligação RioGrande Vencedor, junto a este Tribu-nal Regional Eleitoral, sobre a corretainterpretação de situações previstas noart. 46 da Lei nº 9.504, de 30 de se-tembro de 1997.

A primeira questão dispõe sobre aparte final do caput do referido dispo-sitivo, qual seja, �...sendo asseguradaa participação de candidatos dos par-tidos com representação na Câmarados Deputados, e facultada a dos de-mais...�, e está assim formulada:

�Qual o momento em que se deveapurar a existência de representaçãodo partido na Câmara dos Deputados?No momento da proclamação do de-bate? Ou na data de início da legisla-tura que estiver em curso, 15 de feve-reiro de 1995, conforme é previsto paraa distribuição dos horários reservadosà propaganda eleitoral gratuita em rá-dio e televisão, entre os partidos quetenham candidato e representação naCâmara dos Deputados (Lei nº 9.504/97, art. 47, § 3º, e Resolução nº 20.106,4.3.98, art. 19, § 1º)?�

A segunda refere-se à aparentedissintonia entre o disposto no art. 46,que fala em partidos com representa-ção na Câmara dos Deputados, com odisposto no art. 6º, § 1º, que fala emcoligação com denominação própria,com atribuições e prerrogativas de par-tido, assim formulada:

�Ocorrendo coligação, a existênciade representação na Câmara dos De-putados de qualquer dos partidos que

a integrem assegura a participação dosseus candidatos nos respectivos deba-tes (debates entre candidatos a Gover-nador; debates entre candidatos a Vice-Governador; debates entre candidatosa Senador)? Ou a representação, paratal fim, deverá ser do partido, integranteda coligação, ao qual for filiado o Go-vernador, Vice-Governador e Senador,em relação aos respectivos debates?�

A terceira, sobre quem decide a res-peito da participação facultativa nos de-bates eleitorais dos candidatos às elei-ções majoritárias, vem assim formulada:

�Quem decide sobre a participação(facultativa) nos debates eleitorais doscandidatos às eleições majoritárias dospartidos que não tenham representa-ção na Câmara dos Deputados? Aemissora de rádio ou televisão promo-tora do debate? As coligações e ospartidos cujos candidatos têm assegu-rada a sua participação nos debates?Ou ambos: emissora promotora do de-bate e coligações e partidos com can-didatos majoritários com participaçãoassegurada?

As mesmas perguntas se impõemsobre a decisão de fazer o debate emconjunto, com todos os candidatos, ouem grupos com, no mínimo, três candi-datos em cada dia. A quem cabe deci-dir? À emissora promotora do debate?Às coligações e aos partidos com can-didatos que tenham participação asse-gurada? Ou a ambos?�

E a quarta questão versa sobrecomo aplicar corretamente o dispostonas letras a e b do inc. I do mesmo dis-positivo, nas expressões �em conjun-to, estando presentes todos os candi-datos a um mesmo cargo eletivo�; ou�em grupos, estando presentes, no mí-nimo, três candidatos�.

Consulta realizada, segundo o in-teressado, ante as deficiências da lei e

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da resolução do Egrégio Tribunal Su-perior Eleitoral, com o objetivo de pre-venir dissenções futuras no encaminha-mento da programação e formataçãodos debates sobre eleições majoritári-as, promovidos por emissoras de rádioe televisão (...), e visando a assegurara normalidade do processo eleitoral.

O parecer da eminente ProcuradoraRegional Eleitoral levanta preliminar denão-conhecimento da consulta. Supe-rada que seja a preliminar, propõe res-postas aos questionamentos da coliga-ção interessada.

VOTOSDes. Osvaldo Stefanello:Eminentes Colegas:2. (a) Com toda a vênia, vou diver-

gir da Procuradora Eleitoral e argumen-to com a circunstância de que o Códi-go Eleitoral, no seu art. 30, VIII, ao tra-tar das consultas a serem realizadas,em tese, aos Tribunais Eleitorais, nãoestabelece limite temporal. É a primei-ra constatação que se faz a respeitodessa questão. Não diz que a consultadeve ser dirigida até o início da propa-ganda eleitoral, ou até o desenca-deamento do processo eleitoral. Assim,como não o prevê o Código Eleitoral,no referido dispositivo, não há previsãolegal, na legislação eleitoral tomadacomo um todo, a respeito dessa limita-ção temporal. E há que se convir que,onde a lei não limita, não pode o intér-prete lhe atribuir limitação, objetivandoo direito que busca o texto. Ademais,há que se convir que, no caso, não seadequa exatamente aos precedentesinvocados pela eminente ProcuradoraEleitoral. E o é pela simples circuns-tância de que os debates previstos naLei Eleitoral atual, ou seja, a Lei nº9.504/97, não se iniciaram sequer. Nãohá ainda, por certo, nenhuma orienta-ção dos Juízes Eleitorais, e mesmo que

houvesse, essa orientação poderia seralterada pelo Tribunal Regional Eleito-ral, na sua competência de a respeitodispor. O que releva é que os fatos quea coligação consulente busca esclare-cer são fatos que deverão se realizarno futuro, e não fatos que tenham ocor-rido no passado.

Com essas ponderações rápidas eobjetivas, eminente Presidente e de-mais Juízes desta Corte, estou em su-perar a preliminar, em conhecer da con-sulta e responder aos questionamentosnela formulados.

É o meu voto preliminar.Dr. Leonel Tozzi:Sr. Presidente:Também conheço da consulta, até

porque convém registrar que, no preceden-te citado pela eminente Procuradora, tra-tava-se de desincompatibilização. E, sen-do a consulta de caráter orientador, umavez formulado o pedido de registro, nãohá que falar em desincompatibilização, quejá deveria ter ocorrido. Por essa razão, ovoto foi nesse sentido, naquela oportuni-dade. Agora, não; estamos tratando de umdebate que está por vir e, evidentemente,há que se conhecer da consulta, para ori-entar aqueles que vão ser responsáveispelo debate e até aqueles que futuramen-te deverão julgar.

Com essas pequenas explicações,acompanho o eminente Relator, conhe-cendo da consulta.

Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Com a devida vênia da Dra. Procu-

radora, acompanho o Relator.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:Acompanho o Relator, Sr. Presiden-

te; conheço da consulta.Dr. Nelson José Gonzaga:Sr. Presidente:Tenho que o precedente invocado

pela ilustre Dra. Procuradora Regional

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não incide no caso presente. Ademais,a matéria é para ser orientada por esteTribunal.

Conheço da consulta.Dra. Sulamita Terezinha Santos

Cabral:Acompanho o eminente Relator.Des. Osvaldo Stefanello:(b) Superada a questão posta na

preliminar, no que tange às indaga-ções, merecem, a meu entender, asseguintes respostas:

Primeira: A própria consulente, nojustificar a indagação que formula, indi-ca-lhe a resposta correta, ao dissertarque a interpretação de uma lei, inclusi-ve da lei eleitoral, há que sê-lo de formasistêmica, buscando sua verdadeira fi-nalidade e alcance. A interpretação lite-ral da lei, ou de texto nela inserido, nãoé o mais inteligente - têm dito e repetidode forma correta os juristas.

Em assim sendo, como bem acen-tua a Dra. Procuradora Eleitoral em seuparecer, �dispondo o parágrafo 3º doart. 47 da Lei nº 9.504/97 que a repre-sentação de cada partido na Câmarados Deputados será a existente na datado início da legislatura que estiver emcurso, por evidente que tal exegese seleva ao interpretar-se o art. 46 da Leinº 9.504/97.�

Ou seja, há que ser considerada adata de 15 de fevereiro de 1995 (Re-solução do TSE nº 20.106, de 4/3/98,art. 19, § 1º).

Nenhum descompasso ou contradi-ção apresentam, no ponto, os arts. 46e 47 da Lei nº 9.504/97. Ambos os dis-positivos tratam da veiculação da pro-paganda eleitoral gratuita, estabelecen-do parâmetros e fixando requisitos quedevam ser observados e seguidos, pre-vendo infrações e respectivas penali-zações em caso de descumprimento ouviolação de tais regras.

Segunda: Da mesma forma que naprimeira indagação, a consulente estáa evidenciar a resposta, sempre tendoem consideração a já referida exegesesistêmica e finalística da lei eleitoral.

Socorro-me, uma vez mais, no ob-jetivo, mas claro parecer da Dra.Procuradora Eleitoral, que, com suahabitual precisão, diz:

�O parágrafo 1º do art. 6º da Lei nº9.504/97 dispõe que a coligação terádenominação própria, que poderá sera junção de todas as siglas que a inte-gram, sendo a ela atribuídas as prerro-gativas e obrigações de partido políti-co no que se refere ao processo eleito-ral, e devendo funcionar como um sópartido no relacionamento com a Justi-ça Eleitoral e no trato de interessesinterpartidários.

Assim como a coligação deve fun-cionar como um só partido no trato deinteresses interpartidários, por eviden-te que, se apenas um dos partidos co-ligados tiver representação na Câma-ra dos Deputados, estará asseguradoo direito aos candidatos ao pleito ma-joritário (Governador, Vice-Governadore Senador) o direito à participação dosrespectivos debates, até porque a fina-lidade precípua da propaganda eleito-ral gratuita, veiculada através do rádioe televisão, é o tratamento igualitárioentre todos os concorrentes ao pleito.�

Ou seja, numa expressão sintetiza-da: para efeito de participação dos can-didatos que a integram nos debates aque se refere a Lei Eleitoral, a coliga-ção é equiparada a partido político. As-sim é que deve ser interpretado, frenteao art. 6º, § 1º, o cabeço do art. 46 daLei nº 9.504/97, quando fala em partici-pação de candidatos dos partidos nosdebates de que trata o texto legal sobreas eleições majoritárias, ficando adstritoao questionamento formulado.

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Faço essa última observação por-que a questão refere-se, apenas, a elei-ções majoritárias. Então, essa é a res-posta à segunda pergunta, ou seja,coligação e partido se equiparam paraesses efeitos.

Terceira: Observado o teor docaput do art. 46 - �Independentementeda veiculação de propaganda eleitoralgratuita no horário definido nesta Lei,é facultada a transmissão, por emisso-ra de rádio ou televisão, de debatessobre as eleições majoritária ou propor-cional, sendo assegurada a participa-ção de candidatos dos partidos comrepresentação na Câmara dos Depu-tados, e facultada a dos demais (...)� -,tenho que a solução, como bem intuiu,uma vez mais, a Dra. Procuradora Elei-toral, está no parágrafo 3º do mesmodispositivo, que dispõe: �os debatesdeverão ser parte de programação pre-viamente estabelecida e divulgada pelaemissora, fazendo-se mediante sorteioa escolha do dia e da ordem da fala decada candidato, salvo se celebradoacordo em outro sentido entre os parti-dos e coligações interessadas.�

Dessa forma posta a questão, háde se convir que quem decide sobre aparticipação, nos debates, dos candi-datos às eleições majoritárias cujospartidos ou coligações não tenham re-presentação junto à Câmara dos De-putados - por isso que a própria Lei atrata como facultativa -, é a própriaemissora que os leva a efeito, excep-cionada a hipótese de que tenha sidocelebrado acordo em contrário entre ospartidos e coligações interessados emdos encontros participarem.

Esse é o sentido literal da norma.Realço essa circunstância porque

as emissoras de rádio e televisão, comobem posto pela Dra. Procuradora Elei-toral, hão que observar, na realização

desses debates, o que dispõe o incisoIV do art. 45 da mesma Lei nº 9.504:Norma que veda o tratamento privi-legiado a candidato, partido ou coli-gação (grifei).

Observo que há uma aparente ouevidente contradição entre as duasnormas: uma diz que é facultado, masoutra impõe à emissora a obrigação detratar igualitariamente todos os candi-datos, partidos ou coligações, sob penade lhe ser imposta uma sanção.

Ou seja, mormente em se tratandode debates de candidatos a eleiçõesmajoritárias, de que se está a tratar, atépela observação do princípio isonô-mico, ao se interpretar o art. 46, não sepode esquecer do disposto no incisoIV do art. 45, o que implica reconhecerque, para evitar incidir nas sanções daLei, para as eleições majoritárias, to-dos os candidatos devem ser convi-dados a participar dos debates, inde-pendentemente de terem, os respecti-vos partidos ou coligações, represen-tação junto à Câmara dos Deputados.

Desejo deixar consignado, a respei-to da distinção que a Lei faz aos candi-datos dos partidos sem representaçãona Câmara dos Deputados, no atinenteà participação nos debates, pela ex-pressão facultada a dos demais, queé altamente discriminatória, eis queafronta ao princípio da isonomia. Ex-pressão essa de muito duvidosaconstitucionalidade, eis que, a partir domomento em que o partido político,amparado na Lei, consegue seu regis-tro junto à Justiça Eleitoral - podendo,conseqüentemente, lançar candidatosàs mais diversas eleições, majoritáriasou proporcionais, tenha ou não depu-tados federais -, para todos os efeitosda legislação eleitoral, há que ser tra-tado como os demais partidos políticos,modo especial para efeitos de campa-

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nha eleitoral e a utilização dos meiosque a própria legislação eleitoral põe àdisposição dos partidos e coligações.Ou seja, para todos os partidos, coli-gações ou candidatos que disputem amesma eleição, devem ser assegura-das idênticas oportunidades. E reitero,simples e concreta aplicação do prin-cípio isonômico segundo o qual To-dos são iguais perante a lei (art. 5ºda Constituição Federal). Numa pala-vra, idêntica situação jurídica, idên-tico tratamento, sem privilégios ou res-trições, sejam de que natureza forem.

Quarta: A questão foi posta cominteligência, consideradas as incongru-ências, ambigüidades e obscuridadesapresentadas pela Lei nº 9.504/97como um todo, inclusive na parte quetrata da campanha eleitoral. Porém,estabelecida a premissa de que todosos candidatos à eleição majoritáriadevem ser convidados a participar dosdebates, eis que todos devem ter tra-tamento igualitário, só sendo possívelse formarem grupos de, no mínimo,três, é que será possível a cisão dosdebates. O que não se pode é trans-formar debates em entrevista de umou dois candidatos. Seria afrontar detodo ao real objetivo da Lei Eleitoral.

Daí que penso, e assim o entendo,que, nas eleições majoritárias, a regraa ser seguida é a da letra �a� do incisoI do art. 46 da Lei nº 9.504/97. Ou seja,os debates hão que ser em conjunto,convidados para tanto todos os can-didatos. Só excepcionalmente, asse-gurada a presença de pelo menos trêscandidatos, é que pode ser cindido odebate. Cisão que, de qualquer forma,não será ao nuto da emissora de rá-dio ou televisão, mas, por evidente, asorteio, a não ser que haja outra solu-ção, com a concordância de todos ospartidos e coligações que tenham can-

didatos aos respectivos cargos eletivos.Quero deixar bem clara essa cir-

cunstância: todos os partidos devemconcordar na composição desses de-bates. E vou além: o sorteio para osdebates há que ser feito na mesmahora, em conjunto, estabelecidas namesma hora, também, as datas dosrespectivos debates - que devem ser,por evidente, no mesmo horário e nasmesmas condições. Deve ficar muitoclaro isso, para que esses debates nãose transformem em direcionamento dacomposição dos grupos para determi-nados candidatos. Não é isso que a leiestá estabelecendo, quando autorizaque haja cisão no que diz respeito aosdebates para as eleições majoritárias.A Justiça Eleitoral está aqui exatamentepara resolver essas dúvidas.

Dessa forma é que estou a respon-der aos questionamentos formuladospela coligação consulente, devida vê-nia de eventuais divergências que pos-sam aflorar nesta Corte, reconhecen-do e reiterando que a Lei nº 9.504/97apresenta lacunas e muitas impreci-sões; porém, um basilar princípio dedireito não pode ser olvidado, reitero:o de que todos os iguais, de forma igualdevem ser tratados, sejam fortes, fra-cos ou insignificantes.

E aqui vou lançar um último pensa-mento: os políticos fazem as leis, masnão conhecem as leis que fazem. AJustiça, porém, as conhece e lhes dá,tanto quanto possível, a correta inter-pretação e adequada aplicação.

Eminentes Colegas, peço escusaspor ter sido um pouco prolixo, mas de-sejei deixar bem claras essas questõesque foram formuladas, para que não sealegue, depois, que há obscuridade naLei. A Lei, admita-se, não é de todo cla-ra, mas deve ser aplicada na forma emque foi editada, interpretando-se-a de

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Revista do TRE/RS 77

forma objetiva, sistemática e, principal-mente, racional, ou seja, a lei deve seraplicada de forma correta, até o pontoem que todos os candidatos, partidosou coligações tenham tratamento igua-litário nesses programas de debatesque poderão ser levados ao ar pelasemissoras de rádio e televisão.

É o voto.Dr. Leonel Tozzi:Sr. Presidente:Em princípio, acompanho o eminen-

te Relator, mas quero dar ao meu votoum caráter mais sintético e objetivo.

A coligação corresponde a um par-tido, seja qual for o número de seuscomponentes. Isto posto, com relaçãoao debate entre os candidatos à elei-ção majoritária, cabe dizer: o convitedeverá ser feito a todos os candidatos,indistintamente. Há possibilidade decindir o debate em grupos de, no míni-mo, três candidatos. Nesta hipótese, aescolha dos participantes, dia e ordemde fala de cada candidato deverá serfeita por sorteio, salvo se houver acor-do em outro sentido entre todos os par-tidos e coligações interessados, e odebate deverá ser previamente divul-gado. Será admitida a realização dedebate sem a presença de algum can-didato, desde que provado que o con-vite foi efetivado com antecedênciamínima de 72 horas. É vedada a pre-sença de um candidato mais de umavez em debates da mesma emissora,para preservar o princípio igualitário dapropaganda. E o não-cumprimento des-sas disposições, principalmente a doart. 45 da Lei nº 9.504/97, sujeita aempresa à pena de suspensão de 24horas da programação normal, nos ter-mos do art. 56, já que é ela a respon-sável pela realização dos debates.

É assim que voto.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:

Sr. Presidente:Estou integralmente de acordo com

o voto do eminente Relator sob o pon-to de vista técnico. Apenas quero con-fessar a V. Exa. uma preocupação mi-nha com o espírito na interpretação daregra. É que a excessiva preocupaçãode um sistema normativo em dar trata-mento igual a situações desiguais podecausar alguns problemas na prática.Não podemos negar que os meios decomunicação invadiram os lares domundo inteiro. E, na realidade, quandovai se realizar um debate político, numaeleição da magnitude como é a quevamos ter, o que as pessoas queremver é debate entre candidatos que re-almente tenham representação popu-lar. O tratamento absolutamente igual,nessas circunstâncias, pode redundar,na prática, no desvirtuamento da regra,porque, se houver dois candidatos querealmente polarizem as atenções - e nomundo inteiro se vê que os debates natelevisão são feitos por dois candida-tos que polarizam as eleições -, e, nosorteio, um candidato ficar num deba-te e o outro noutro dia, então vai seesvaziar a discussão. A extrema igual-dade pretendida vai acabar inviabi-lizando que o debate seja feito no inte-resse do povo, e uma regra legal só temfinalidade se for feita no interesse dopovo, porque dele ela emerge. Quan-do ouvi o voto do eminente Relator, fi-cou-me essa preocupação de que sedeva dar essa linha de interpretação àquestão: que essa excessiva igualda-de pretendida pode redundar, exata-mente, no esvaziamento da norma,porque possivelmente não seja issoque o povo quer ver na televisão.

Com esses esclarecimentos, acom-panho o Relator.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

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Com o Relator.Dr. Nelson José Gonzaga:Acompanho o voto do Relator.Dra. Sulamita Terezinha Santos

Cabral:Acompanho o eminente Relator.

DECISÃOConhecida e respondida nos termos

do voto do Relator. Unânime.

Processo no 22000798

CLASSE 22PROCEDÊNCIA: NOVA SANTA

RITA (CANOAS)INTERESSADO: PRESIDENTE DA

CÂMARA MUNICIPALConsulta. Eleições 1998. Legalida-

de de reposição salarial para servido-res públicos municipais, consoante odisposto no inciso VIII do art. 73 da Leinº 9.504/97.

a) Extensão do significado da ex-pressão �circunscrição do pleito�. Inter-pretação a ser dada é de acordo com oque preconiza o art. 86 do Código Elei-toral, referindo-se aos pleitos que serealizarão no corrente ano, quais se-jam, federal e estadual.

b) Revisão da remuneração ao lon-go do ano da eleição. A resposta estáexpressa no art. 31, inciso VIII, da Re-solução TSE nº 20.106/98, que veda aosagentes públicos fazer, na circunscriçãodo pleito - no caso das eleições que seavizinham, o País e o Estado -, revisãogeral da remuneração dos servidorespúblicos que exceda à recomposição daperda de seu poder aquisitivo ao longodo ano da eleição, a partir de 7 de abrile até a posse dos eleitos.

c) O terceiro questionamento, for-mulado de forma concreta, não é pas-sível de resposta, pois a Lei nº 4.737/65 exige que as consultas sejam feitasem tese.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, conhecer em parte da presen-te consulta, e respondê-la nos termosdo voto do Juiz-Relator.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te em exercício - e Osvaldo Stefanelloe Drs. Leonel Tozzi, Fábio Bittencourtda Rosa, Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva e Nelson JoséGonzaga, bem como a Dra. Vera Ma-ria Nunes Michels, Procuradora Regi-onal Eleitoral.

Porto Alegre, 26 de maio de 1998.Dr. Norberto da Costa Caruso Mac-

Donald,Relator.

RELATÓRIOTrata-se de consulta encaminhada

pelo Presidente da Câmara de Verea-dores do Município de Nova Santa Rita,vazada nos seguintes termos:

�Consulta sobre a legalidade de re-posição salarial, pela perda do poderaquisitivo dos funcionários públicosdeste município, com base na Lei Elei-toral nº 9.504, de 30 de setembro de1997, art. 73, incisos V, VI e VIII.

Os dispositivos nos oferecem am-paro legal de que três meses antes dopleito pode ser feita revisão geral daremuneração dos servidores que exce-da a recomposição da perda de seupoder aquisitivo, ao longo do ano daeleição.

Todavia, encontramos pontos po-lêmicos, com várias interpretações,deixando dúvidas com relação, porexemplo:

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Revista do TRE/RS 79

Art. 73, inciso VIII, da Lei já referida.1. Circunscrição do pleito;2. Revisão ao longo do ano da eleição;3. Onde nos afeta o art. 7º, nesse

caso?O art. 73 da Lei, inciso VIII, dispõe

que é vedado:VIII - fazer, na circunscrição do plei-

to, revisão geral da remuneração dosservidores públicos que exceda a re-composição da perda de seu poderaquisitivo ao longo do ano da eleição,a partir do início do prazo estabelecidono art. 7º desta Lei e até a posse doseleitos.�

A Dra. Procuradora Regional Elei-toral manifestou-se no sentido do co-nhecimento da consulta, por atenderaos requisitos do art. 30, inc. VIII, doCódigo Eleitoral; por estar firmada peloPresidente da Câmara Municipal, quese enquadra juridicamente no conceitode autoridade pública; e por ser feitaem tese. Diz mais, S. Exa.:

�Com relação ao primeiro questio-namento (circunscrição do pleito), a res-posta se encontra na consulta formula-da a este TRE/RS sob o nº 22000598,Cl. 22, Relator Juiz Norberto da CostaCaruso Mac-Donald, verbis:

Consulta. Eleições 1998. Significadoda expressão circunscrição do pleito,contida no inciso VIII do art. 73 da Lei nº9.504/97. Interpretação consoante o ar-tigo 86 do Código Eleitoral, referindo-seaos pleitos que se realizarão no correnteano, quais sejam, federal e estadual.

Neste sentido, o art. 86 do CódigoEleitoral, ao tratar especificamente dascircunscrições eleitorais, determinouque �nas eleições presidenciais, a cir-cunscrição será o País; nas eleiçõesfederais e estaduais, o Estado; e nasmunicipais, o respectivo Município�.�

Por sua vez, a Resolução TSE nº20.106/98, que regulamenta a propa-

ganda eleitoral para o pleito/98, no seuart. 31, inciso VIII, ao utilizar a expres-são �circunscrição do pleito�, evidente-mente refere-se aos pleitos que se re-alizarão em OUT/98, quais sejam, fe-deral e estadual.

Com relação ao segundo questio-namento, a resposta se encontra no art.31, VIII, da Resolução TSE nº 20.106/98, vedando aos agentes públicos �fa-zer, na circunscrição do pleito, revisãogeral da remuneração dos servidorespúblicos que exceda a recomposiçãoda perda de seu poder aquisitivo aolongo do ano da eleição, a partir de 7de abril e até a posse dos eleitos�.

Ademais, não há que se falar na li-mitação da revisão da remuneraçãodos servidores (não excedente) apenasnos três meses que antecedem opleito, pois que referido período refe-re-se unicamente às hipóteses previs-tas nas alíneas �a�, �b� e �c� do inc. VIdo art. 73 da Lei nº 9.504/97.

O terceiro questionamento, no meuentender, além de ter sido formulado deforma concreta, é ininteligível e, portan-to, impossível de ser respondido.

Esta é a manifestação da Dra.Procuradora.

É o relatório, Sr. Presidente.

VOTOSDr. Norberto da Costa Caruso Mac-

Donald:O voto é no sentido do parecer da

Dra. Procuradora Eleitoral e do prece-dente desta Corte, no mesmo referido.

Quanto à primeira indagação, a ex-pressão �circunscrição do pleito� estádefinida no art. 86 do Código Eleitorale ficou bem especificada na ementa dadecisão desta Corte, citada à fl. 21 dosautos (parecer).

Quanto à segunda questão, refe-rente à revisão ao longo do ano daeleição, parece que a resposta está

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expressa - como disse a Dra. Procu-radora - no art. 31, inciso VIII, da Re-solução TSE, que veda aos agentespúblicos fazer, na circunscrição dopleito - no caso das eleições que seavizinham, o País e o Estado -, revi-são geral da remuneração dos servi-dores públicos que exceda a recom-posição da perda de seu poder aqui-sitivo ao longo do ano da eleição, apartir de 7 de abril e até a posse doseleitos.

Quanto à terceira indagação, pare-ce-me que foi feita de forma concreta,e o Código Eleitoral exige que as con-sultas sejam feitas em tese.

É assim que respondo à consulta.Des. Osvaldo Stefanello:Apenas vou fazer uma observa-

ção, Sr. Presidente. Parece-me queseria de não conhecer, em princípio,da consulta, porque o Código Eleito-ral, ao tratar, no inciso VIII do art. 30,sobre a competência dos TribunaisRegionais, estabelece que a estescompete responder às consultas quelhe forem feitas em tese, por autori-dade pública ou partido político, so-bre matéria eleitoral. A questãoremuneratória não diz respeito a ma-téria eleitoral. Está previsto que éproibido alterar remuneração ou coi-sa semelhante, mas esta não é ma-téria eleitoral no sentido estrito, pelomenos.

Faço esta observação apenas pen-sando na possibilidade de no futuro,quiçá, a matéria voltar para estudo maisaprofundado, mas acompanho o emi-nente Relator.

(Todos os demais de acordo.)

DECISÃOConhecida em parte e respondida

nos termos do voto do Juiz Relator.Unânime.

Processo no 04/97

CLASSE XIIPROCEDÊNCIA: MORRINHOS DO

SUL (TORRES)AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO

ELEITORALRÉUS: PEDRO ANTÔNIO SELAU

E SANTINO ISAIAS GRACIANO DAROSA

Processo-crime eleitoral. Supostainfração ao artigo 326 do Código Elei-toral.

Recebimento da denúncia e pros-seguimento do feito, nos termos do ar-tigo  7º da Lei nº 8.038/90, com rela-ção ao denunciado que exerce o cargode Prefeito Municipal.

Homologação da suspensão condi-cional do processo no que concerne aoacusado remanescente. Determinaçãode que se oficie ao Juízo Eleitoral da85ª Zona, para fiscalizar o cumprimen-to das condições da suspensão.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, receber a denúncia e deter-minar o prosseguimento do feito nostermos do artigo 7º da Lei nº 8.038/90,relativamente ao acusado Pedro Antô-nio Selau; homologar a suspensão doprocesso, relativamente ao denuncia-do Santino Isaias Graciano da Rosa; edeterminar se oficie ao Juízo Eleitoralda 85ª Zona, para fiscalizar o cumpri-mento das respectivas condições.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te em exercício - e Osvaldo Stefanelloe Drs.  Leonel Tozzi, Fábio Bittencourt

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da Rosa, Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva e Nelson JoséGonzaga, bem como a Dra. Vera Ma-ria Nunes Michels, Procuradora Regi-onal Eleitoral.

Porto Alegre, 28 de maio de 1998.Dr. Norberto da Costa Caruso Mac-

Donald,Relator.

RELATÓRIOA Dra. Procuradora Regional Elei-

toral ofereceu denúncia contra PEDROANTÔNIO SELAU, Prefeito Municipalde Morrinhos do Sul, e SANTINOISAIAS GRACIANO DA ROSA, devi-damente qualificados nos autos, nosseguintes termos (fls. 52/3):

Por ocasião da campanha eleitoralde 1996, no Município de Morrinhos doSul (85ª Zona - Torres), o denunciadoSANTINO ISAIAS GRACIANO DAROSA mandou imprimir e divulgar pan-fleto com o seguinte conteúdo: Acabecom a Imoralidade e a Corrupção!Diga não ao miau-miau - Vote noSelau. Apedido: Santino.

O mesmo denunciado também man-dou imprimir e divulgou outro panfleto,com o seguinte teor: �Aos Pedessistas(PDS), hoje Pepebistas (PPB), deMorrinhos do Sul, neste momento dedecisão, faço um apelo para que nãovotem em candidato que não tem Vere-adores e nem expressão, imposto peloPrefeito, cínico, mentiroso, imoral e cor-rupto, que negociou o partido. Não éadmissível que um partido que tem oPrefeito e 5 Vereadores possa abrir mãoda cabeça de chapa. É simplesmentevergonhoso. Ass. Santino Isaias�.

Como se constata pela análise doconteúdo dos panfletos, o denunciadoSANTINO injuriou o Prefeito Municipalde Morrinhos do Sul, Cirineu Steffen daSilva, mediante a divulgação continua-da dos referidos panfletos, cuja finali-

dade eleitoral está caracterizada pelasafirmações Vote no Selau (fl. 72) e...não votem em candidato impostopelo prefeito... (fl. 56).

Já o segundo denunciado, PEDROANTÔNIO SELAU, atual Prefeito deMorrinhos do Sul, utilizou-se de tais pan-fletos em proveito de sua eleição aocargo, mediante a divulgação, de formacontinuada, dos referidos panfletos aoseleitores daquele Município, conformese verifica dos depoimentos das teste-munhas ouvidas no inquérito (fls. 73/78).

A autoria delitiva resultou devida-mente comprovada pela investigaçãopolicial, sendo que em relação ao pri-meiro denunciado, SANTINO, este de-clarou, inclusive com firma reconheci-da, que foi o autor dos panfletos (fls.57 e 60), além da confirmação por par-te das testemunhas de fls. 73/75 e 77.No que diz respeito ao segundo denun-ciado, PEDRO SELAU, a autoria é re-conhecida pelo depoimento das teste-munhas constantes de fls. 76 e 78.

A materialidade delitiva tambémestá devidamente comprovada, medi-ante a apreensão dos panfletos em fls.55/56 (Auto de Busca e Apreensão) efl. 72 (panfleto juntado pela testemu-nha Liseu Steffen Ferreira na ocasiãodo seu depoimento).

A tipicidade da conduta imputadaaos denunciados também restou de-monstrada, uma vez que o art. 326 daLei nº 4.737/65, Código Eleitoral, esta-belece a pena de detenção até seismeses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa, para aquele que �Injuriar alguém,na propaganda eleitoral, ou visando afins de propaganda, ofendendo-lhe adignidade ou o decoro�, o que é facil-mente perceptível pelo conteúdo dospanfletos de fls. 56 e 72.

Assim agindo, os denunciados in-fringiram o disposto no art. 326 da Lei

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nº 4.737/65, Código Eleitoral, sujeitan-do-se à pena cominada no referido dis-positivo.

Portanto, devidamente provadasautoria e materialidade delitivas, encon-tram-se:

1. PEDRO ANTÔNIO SELAU, incur-so no tipo do art. 326 (duas vezes) daLei nº 4.737/65, Código Eleitoral, emcontinuidade delitiva (art. 71 do CP);

2. SANTINO ISAIAS GRACIANODA ROSA, incurso no tipo do art. 326(três vezes) da Lei nº 4.737/65, CódigoEleitoral, em continuidade delitiva (art.71 do CP).

Diante do exposto, esta Procura-dora Regional Eleitoral requer:

1º) o processamento e recebimen-to da presente denúncia, com a cita-ção dos acusados para se verem pro-cessados até final condenação, deven-do ser observado o disposto no art. 4ºe ss. da Lei nº 8.038/90, c/c a Lei nº8.658/93;

2º) requer, também, a oitiva das tes-temunhas a seguir arroladas;

3º) requer, por fim, após o recebi-mento da denúncia (§ 1º do art. 89 daLei nº 9.099/95), - e após averiguaçãose os acusados não estão sendo pro-cessados por outro delito ou nãosofreram qualquer condenação cri-minal e, levando em consideraçãoque a pena mínima cominada ao de-lito pelo qual foram denunciados éigual a 15 dias de detenção - o ofere-cimento aos denunciados da suspen-são condicional do processo peloprazo de três anos, mediante as condi-ções estipuladas no art. 89 da Lei nº9.099/95;

Conclusos os autos ao RelatorSubstituto, Dr. Rolf Hansen Madaleno,esse exarou despacho à fl. 60, requi-sitando ao Dr. Juiz Eleitoral da 85ªZona que:

1) proceda à notificação do acusa-do para oferecer resposta no prazo de15 dias, entregando-se-lhe cópias dadenúncia e do presente despacho (Leinº 8.038/90, art. 4º, § 1º);

(...)3) em havendo nela manifestação do

réu no sentido da aceitação da propos-ta de suspensão feita na denúncia, combase no art. 89 da Lei nº 9.099/95, pro-mova a respectiva audiência e lavraturado termo do eventual acordo praticado,sujeito à homologação ou ratificaçãopelo Tribunal Regional Eleitoral, se estevier a receber a denúncia.

Expedida a carta de ordem, foramos indiciados notificados, tendo PedroAntônio Selau oferecido a resposta defls. 70/73 e Santino Isaias Graciano daRosa acatado a proposta de suspensãocondicional do processo (fl. 75). Consi-derando a falta de manifestação expres-sa do indiciado Pedro Selau quanto àsuspensão condicional do processo, aDra. Juíza Eleitoral acolheu promoçãodo Ministério Público de 1º grau no sen-tido de serem intimados ambos osindiciados para a competente audiência.Nesta, realizada a 28/04/98, o indiciadoSantino aceitou a proposta de suspen-são condicional do processo pelo prazode dois anos, sob as seguintes condi-ções: apresentação mensal em Juízo,justificando suas atividades, e não seausentar da comarca por mais de setedias sem prévia comunicação ao Juízo.Pelo indiciado Pedro Antônio Selau, Pre-feito Municipal, foi dito que não aceita-va a proposta, eis que pretende provarsua inocência.

Em nova manifestação à fl. 101, aDra. Procuradora Regional Eleitoral re-quer a homologação das condiçõesespecificadas à fl. 97, para a suspen-são condicional do processo, em rela-ção ao denunciado Santino Isaias

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Graciano da Rosa, comunicando-se àorigem, para o cumprimento das condi-ções e fiscalização pelo Juiz Eleitoralcompetente, prosseguindo-se no feito,nos termos do art. 6º e seguintes da Leinº 8.038/90, com relação ao denuncia-do Pedro Antônio Selau, porquanto, se-gundo a Dra. Procuradora, a respostapor esse trazida, na forma do art. 5º dareferida lei, em nada desfigura a denún-cia ofertada às fls. 51/54.

É o relatório.

VOTOComo bem destaca a Dra. Procura-

dora Regional Eleitoral à fl. 101, �A tesedefensiva é amplamente desmentidapelas testemunhas João Cordovel Go-mes (fl. 76) e Lídio Machado da Silva (fl.78), as quais confirmam, expressamen-te, que Pedro Antônio Selau carregavae distribuía, com finalidade eleitoral, pan-fletos com conteúdo injurioso, dirigidoscontra o então Prefeito de Morrinhos doSul, Cirineu Sttefen da Silva.�

Com efeito, em seu depoimentoprestado no inquérito policial, disseJoão Cordovel Gomes (fl. 76):

(...)que em data incerta o declaran-te estava na frente de sua residência,quando Pedro Antônio Selau veio lhedar uma caixa de maçãs; que, quandoPedro foi abrir o porta-malas do veícu-lo em que estava, havia, em seu interi-or, uma caixa de panfletos, dos quaiso declarante ganhou um; que nos pan-fletos estava escrito o seguinte: �Aca-be com a imoralidade e a corrupção.Diga não ao miau-miau e vote em PedroSelau. Apedido: Santino.�; que, nestemomento, faz juntada de um destespanfletos aos autos.�

De sua vez, Lídio Machado da Sil-va declarou perante a autoridade poli-cial (fl. 78): que, há cerca de um mêsatrás - o depoimento foi prestado em15 de outubro de 1996 -, estava em

uma praça na localidade de Morro doForno, quando viu um veículo paradonesta praça; que uma pessoa que es-tava no interior do veículo chamou-o eque, ao chegar próximo, viu que se tra-tava de Pedro Selau; que Pedro disse:Toma e faz que não me viu. O decla-rante pegou um punhado de papel eos colocou no bolso. Ao chegar emcasa, ao ler, viu que era um panfleto, oqual foi juntado aos autos neste mo-mento; que, quanto à pessoa deSantino, nada sabe.

No tocante à alegação em defesa domesmo denunciado (fl.71), de que a re-presentação dirigida ao Dr. PromotorEleitoral da 85ª Zona não está firmadapelo ofendido, e sim pelo advogado LuisFelipe Ramos Graziotin, em nome doPartido Democrático Brasileiro, sem jun-tar procuração e sem que exista tal de-nominação partidária, não tem relevân-cia, porquanto, como ensina Joel Cân-dido todos os crimes eleitorais são deação pública, já que o Estado é o su-jeito passivo da lesão a essas nor-mas. (...) Mesmo nos crimes contra ahonra, que, no direito comum, são, aprincípio, de ação penal privada, noDireito Eleitoral são eles, pelos con-tornos de suas tipicidades, de açãopública, já que o Estado é o que maisse prejudica e se ofende com a açãoantijurídica do réu. (Direito EleitoralBrasileiro, nº 15.2).

No caso, a ação penal pública estásendo proposta através de denúncia,por quem de direito, ou seja, pela Dra.Procuradora Regional Eleitoral, em vir-tude da competência, por se tratar, odenunciado, de prefeito municipal. E osfatos expostos na peça inicial, junta-mente com os elementos colhidos noinquérito policial, estão a determinar oprosseguimento do feito, pelo que ovoto é no sentido de:

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Revista do TRE/RS84

1º) Receber a denúncia, prosse-guindo-se no feito, nos termos do art.7º da Lei nº 8.038/90, com relação aodenunciado Pedro Antônio Selau;

2º) homologar a suspensão condi-cional do processo, relativamente aSantino Isaias Graciano da Rosa, sobas condições especificadas à fl. 97 dosautos, anteriormente apontadas no re-latório, comunicando-se à origem, paracumprimento das mesma e fiscalizaçãodo Juiz Eleitoral competente.

É o voto.(Todos de acordo.)

DECISÃOReceberam a denúncia e determi-

naram o prosseguimento do feito, nostermos do art. 7º da Lei nº 8.038/90,relativamente ao acusado Pedro Antô-nio Selau; homologaram a suspensãodo processo, relativamente ao denun-ciado Santino Isaias G. da Rosa, e de-terminaram se oficiasse ao Juízo Elei-toral da 85ª Zona, para fiscalizar o cum-primento das respectivas condições.Decisão unânime.

Processo no 04000198

CLASSE 04PROCEDÊNCIA: DESTA CAPITALREQUERENTES: HELENA BIA-

SOTTO E SÉRGIO TADEU DE MELOPERES

REQUERIDO: PARTIDO DA SOCI-AL DEMOCRACIA BRASILEIRA

Ação cautelar inominada. Questãode ordem. Pedido de liminar requeren-do a suspensão provisória das delibe-rações da convenção regional daagremiação partidária, incluindo a queconcerne à validade jurídica do votorasurado. Competência deste TRE paraexame da matéria.

Determinada diligência, requisitan-do a cédula original que ocasionou a

controvérsia, bem como os sistemas ecritérios de votação e apuração adota-dos na convenção do partido.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, nostermos das notas taquigráficas inclu-sas, determinar diligências a seremcumpridas em 24 horas.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gador Osvaldo Stefanello - Vice-Presi-dente, no exercício da Presidência - eDrs.  Fábio Bittencourt da Rosa, Anto-nio Carlos Antunes do Nascimento eSilva e Nelson José Gonzaga, bemcomo a Dra. Vera Maria Nunes Michels,Procuradora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 18 de junho de 1998.Dr. Leonel Tozzi,Relator.

RELATÓRIOPasso a relatar esta cautelar inomi-

nada, que trago como questão de ordem:HELENA BIASOTTO e SÉRGIO

TADEU, participantes da ConvençãoRegional para escolha de candidato doPartido da Social Democracia Brasilei-ra ingressaram com a cautelar, reque-rendo o seguinte:

�(...)c) Diante ao preenchimento dos re-

quisitos objetivos contidos no art. 798do Código de Processo Civil em vigor,bem como dos impressos do seu art.804, a emissão sem a oitiva do partidopolítico requerido na medida cautelarinominada, cujo conteúdo suspendaprovisoriamente a eficácia jurídica dasdeliberações realizadas pela Conven-ção Regional do partido, incluindo-sea efetuada sob a validade jurídica dovoto rasurado pela sua Comissão Exe-cutiva. Se concedida a tutela jurisdi-

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Revista do TRE/RS 85

cional de urgência, a determinação, noprimeiro momento, de sua comunica-ção ao partido postulado, para seralcançada através de fax ao seu Dire-tório Estadual. Se a ordem de citaçãodo sujeito passivo da relação juris-dicional processual aqui instaurada,para que, no prazo de cinco dias, ofe-reça, mediante contestação, antítese àpeça inicial da ação cautelar inominadasobressalte-se que, se omitida a pro-dução de sua defesa, restará incon-troversa a veracidade das afirmações.

d) A oportunização de produção deprova por todos os meios de direito ad-mitida, a fim de que seja demonstrada averacidade das afirmações efetuadas.

e) O exercício do poder discricioná-rio concedido pelo art. 355 do Códigode Processo Civil em vigor, para requi-sitar ao ilustríssimo Sr. Secretário-Ge-ral da Comissão Executiva estadual dopartido o original do voto cuja validadejurídica está a controversa. E, afinal,confirmando-se a tutela jurisdicional deurgência, se concedida, submeter opleito à tutela jurisdicional de cogniçãosumária preventiva provisional, ao jul-gamento do órgão julgador colegiado,a fim de que se profira medida cautelarinominada.�

Sr. Presidente, trata-se de matériade grande relevância; e, como é pra-xe neste Tribunal, é trazida a conhe-cimento do Colegiado, a fim de deci-dir sobre medida de liminar. Ocorreque o ilustríssimo Presidente da Co-missão Executiva estadual do PSDB,antes do início da deliberação de con-venção sobre a proposta de coligação,esclareceu:

�A cédula, na primeira votaçãoconstava de dois quadrados em bran-co, com os dizeres, ao lado: Não à co-ligação proposta e Sim à coligaçãoproposta.

Os convencionais favoráveis à pro-posta da coligação deveriam fazer umsinal dentro do quadrado do sim. E osconvencionais desfavoráveis à propos-ta da coligação efetuaram um sinal den-tro do quadrado do não.�

Ocorre que a irresignação sobre avalidade de um determinado voto é quea sinalização, no entender do peticio-nário, é dúbia, e que a decisão que lhedesfavoreceu está ocasionando estairresignação.

É o relatório.

VOTOComo não há parecer do Ministério

Público, por se tratar de questão deordem, para o estudo e análise de umaliminar, gostaria de adentrar, primeiro,à situação da competência. Entendoque se trata de competência origináriadeste Tribunal. O Código Eleitoral es-tabelece:

�Art. 29. Compete aos Tribunais Re-gionais:

I - Processar e julgar originariamente:a) o registro e o cancelamento dos

registros dos diretórios estaduais e mu-nicipais de partidos políticos, bem comode candidatos a Governador, Vice-Go-vernadores e membros do CongressoNacional e das Assembléias Legisla-tivas.�

E, no mesmo diploma legal lê-se:�Art. 89. Serão registrados: (...)II - nos Tribunais Regionais Eleito-

rais os candidatos a senador, deputa-do federal, governador e vice-governa-dor e deputado estadual.�

O art. 11 da Resolução nº 20.100do egrégio TSE diz o seguinte:

�Os candidatos a Presidente e Vice-Presidente da República serão regis-trados no Tribunal Superior Eleitoral; oscandidatos a Governador e Vice-Gover-nador, Senador e respectivos suplen-

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Revista do TRE/RS86

tes, e a Deputado Federal, Estadual eDistrital, serão registrados nos Tribu-nais Regionais Eleitorais (Código Elei-toral, art. 89, I e II).�

Por conseqüência, tratando-se deuma convenção para escolha de can-didatos, cujos registros serão desteTribunal, parece-me que traz consigoa competência para decidir litígios ocor-ridos nesta Convenção. Porém, enten-do que não é o caso de definirmos aliminar, porque estaremos a decidirsobre algo que não consta dos autos,que é a cédula que ocasionou toda adivergência e toda a polêmica. Comose trata de uma interpretação da von-tade de um determinado eleitor, pare-ce-me que só com o original podería-mos tomar uma posição mais consci-ente, a fim de analisarmos o fumus bonijuris da petição e do interesse do re-querente.

Assim, Sr. Presidente, voto no sen-tido de requisitar ao PSDB a cédula queocasionou a polêmica e os sistemas ecritérios de votação e apuração adota-dos nesta Convenção.

É assim que voto, Sr. Presidente.(Todos de acordo.)

DECISÃODeterminaram diligências, a serem

cumpridas em 24 horas. Unânime.

Processo no 15002798

CLASSE 15PROCEDÊNCIA: DESTA CAPITALIMPUGNANTE: MINISTÉRIO PÚ-

BLICO ELEITORALIMPUGNADO: ROGÉRIO DE MO-

RAESImpugnação a pedido de registro de

candidatura. Sentença condenatóriatransitada em julgado. Infringência aodisposto no art. 57, inciso III, da Lei nº8.713/93.

Ação impugnatória fundamentadano art. 15, inciso III, da Lei Maior, e noart. 1º, inciso I, alínea �e�, da Lei Com-plementar nº 64/90. Suspensão dos di-reitos políticos. Inelegibilidade, peloprazo de três anos, após o cumprimen-to da pena.

Qualquer condenação criminal tran-sitada em julgado suspende tempora-riamente os direitos políticos e, por con-seqüência, impede o eleitor, nestascondições, de candidatar-se a cargoseletivos.

Impugnação ao pedido de registrode candidatura julgada procedente.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, acolher a presente impug-nação e indeferir o pedido de registrodo candidato.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gador Élvio Schuch Pinto - Presidente- e Drs. Fábio Bittencourt da Rosa, An-tonio Carlos Antunes do Nascimento eSilva, Nelson José Gonzaga e SulamitaTerezinha Santos Cabral, bem como aDra. Vera Maria Nunes Michels, Procu-radora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 04 de agosto de 1998.Dr. Leonel Tozzi,Relator.

RELATÓRIOO MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITO-

RAL, através da douta Procuradora Re-gional Eleitoral, interpôs junto a este TREação de impugnação ao registro de can-didatura de ROGÉRIO DE MORAES,para o cargo de Deputado Estadual pelaColigação Frente Popular, constituídapelo PT, PSB, PC do B e PCB.

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As razões da impugnação estãoalicerçadas no fato de que Rogério deMoraes tem contra si condenação cri-minal, transitada em julgado em 7 demaio de 1996 pela 57ª Zona Eleitoral,no Processo nº 89.516, de Uruguaiana,e no Processo nº 12/96, deste TRE/RS,por infringência ao disposto na Lei nº8.713/93, art. 57, inciso III, que tipificoucomo crime eleitoral:

�III - distribuir, no dia da eleição,qualquer espécie de propaganda polí-tica, inclusive volantes e outros impres-sos, ou fazer funcionar postos de dis-tribuição ou de entrega de material depropaganda.�

O impugnado recebeu como conde-nação a pena de um mês de detenção,transformada em multa, porque preen-chidos os requisitos do art. 44, incisosII e III, do CP.

A penalidade foi mantida pelo Ple-no deste TRE, em sessão de 22 de abrilde 1996, e transitou em julgado em 7de maio de 1996, conforme certidão daSecretaria Judiciária, à fl. 8.

Os fundamentos do pedido deimpugnação estão insertos no art. 15,inc. III, da Constituição Federal, queadmite a suspensão dos direitos políti-cos do cidadão, por condenação crimi-nal transitada em julgado, enquantodurarem os seus efeitos.

E, no que se refere à inelegibilida-de, na LC nº 64/90, art. 1º, inc. I, alínea�e�, que prevê a inelegibilidade, paraqualquer cargo, aos condenados, porsentença transitada em julgado, emcrimes eleitorais, pelo prazo de trêsanos, após o cumprimento da pena.

Por essas motivações, a impug-nante espera ter deferido o pedido.

Em contestação, às fls. 26/29, oPartido dos Trabalhadores e o impug-nado Rogério de Moraes sustentamque os fatos motivadores da condena-

ção são fundamentais para demonstrarque, em que pese a final decisãocondenatória, não possuem a relevân-cia jurídica capaz de arranhar os prin-cípios norteadores do Direito Eleitoral,bem assim dos objetivos que compõemos limitadores à elegibilidade. Consti-tui-se em fato mínimo que poderá im-pedir ao impugnado o exercício do di-reito constitucional de ser votado naeleição deste ano, gravando o mesmocom sanção desproporcional ao atocometido.

Dizem mais: �A omissão da senten-ça, da limitação aos direitos políticospor três anos, tolheu ao ora impugna-do a possibilidade de defesa sob esteaspecto, cuja relevância teria necessá-ria influência sobre o recurso ordinárioimpetrado contra tal decisão, bem as-sim possibilitar fundamentação pararecurso ao egrégio Tribunal SuperiorEleitoral (CF, art. 14 e 121, § 4º - III).�

Mesmo assim, o impugnado teve oseu registro deferido, para concorrer aocargo de Vereador do Município deUruguaiana, em cujo pleito foi eleito,exercendo, atualmente, uma cadeira naCâmara Legislativa daquele Município.Como explicar, então, que um verea-dor, no pleno exercício do mandato,não possa concorrer a um cargo naAssembléia Legislativa Estadual.

Por essas razões, espera a impro-cedência da impugnação.

Falando sobre a contestação, às fls.156/160, a douta Procuradoria Eleito-ral refuta os argumentos apresentadospelo impugnado, dizendo que a asser-tiva de que o ato praticado pelo oraimpugnado é de menor potencial ofen-sivo não possui em seu favor qualquersustentação legal. Isto porque a LC nº64/90 dispõe, na alínea �e�, que serãoinelegíveis, pelo prazo de três anos,após o cumprimento da pena, aqueles

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que forem condenados por crime elei-toral, não excetuando os crimes eleito-rais de menor potencial.

Quanto ao argumento de que apena restritiva de direito, no caso decondenação por crime eleitoral, por for-ça do art. 1º, �e�, da LC nº 64/90, deveser declarada na sentença condena-tória, também não merece acolhida, jáque em nenhum momento a Lei Com-plementar dispõe que é obrigatórioconstar da sentença a restrição do art.1º, inc. I, letra �e�.

Por último, não procede o argu-mento de que a Justiça Eleitoral ab-dicou da aplicação da restrição legalao impugnado, quando da realizaçãodo pleito municipal de 1996, isto por-que, na eleição municipal, a compe-tência é do Promotor Eleitoral, e nãoda Procuradoria Regional Eleitoral.Ademais, o que hoje se impugna éum registro de candidato a Deputa-do Estadual, e não a Vereador. Porcerto, precluiu o direito à impugnaçãodo pleito municipal ocorrido em ou-tubro de 96, mas não no pleito esta-dual que ocorrerá em outubro de1998.

Por estas razões, a ProcuradoriaRegional Eleitoral espera a procedên-cia da impugnação.

É o relatório. (Produziu sustentação oral, pelo

impugnado, a Bela. Maritânia Dall-agnol.)

VOTOSDr. Leonel Tozzi:Sr. Presidente:O candidato a Deputado Estadual,

ROGÉRIO DE MORAES, pela Coliga-ção Frente Popular, teve seu registroimpugnado pelo Ministério Público Elei-toral, com fundamento no art. 15, III,da Constituição Federal, e no art. 1º, I,�e�, da LC nº 64/90.

O art. 15, inc. III, da Magna Carta,quando se refere aos direitos políticosdo cidadão, assim dispõe:

Art. 15. É vedada a cassação de di-reitos políticos, cuja perda ou suspen-são só se dará nos casos de:

(...)III - condenação criminal transitada

em julgado, enquanto durarem os seusefeitos.

A Lei Complementar nº 64/90, aotratar das inelegibilidades, no seu art.1º, inc. I, alínea �e�, prescreve:

�Art. 1º - São inelegíveisI - Para qualquer cargo(...)e) os que forem condenados crimi-

nalmente, com sentença transitada emjulgado, pela prática de crimes contraa economia popular, a fé pública, aadministração pública, o patrimôniopúblico, o mercado financeiro, pelo trá-fico de entorpecentes e por crimes elei-torais, pelo prazo de três (3) anos, apóso cumprimento da pena.�

Na hipótese sub judice é incontesteque o ora impugnado, Rogério deMoraes, fora condenado pelo MM. JuizEleitoral de Uruguaiana à pena de 30dias de detenção, transformada empena pecuniária de 10 dias-multa, àrazão de 1/30 do maior salário mínimovigente à época do fato, como incursono art. 57, inc. III, da Lei nº 8.713/93.

A condenação foi mantida por estecolendo Tribunal Pleno, à unanimida-de, em decisão de 22 de abril de 1996,quando foi negado provimento ao re-curso interposto por Rogério de Moraes(doc. de fls. 9/11).

A decisão transitou em julgado, em7 de maio de 1996, conforme prova acertidão à fl. 8.

Portanto, estamos diante de umasentença condenatória transitada emjulgado, incidindo, pois, sobre o con-

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Revista do TRE/RS 89

denado, o disposto no art. 15, inc. III,da CF, que prevê a suspensão dos di-reitos políticos.

Em decorrência, temos a incidên-cia do preceito contido no art. 1º, inc. I,alínea �e�, da LC nº 64/90, que discipli-na a hipótese de inelegibilidade, peloprazo de três anos após o cumprimen-to da pena.

Assim, ao interpretar tanto o textoconstitucional, quanto o texto comple-mentar é forçoso entender que qual-quer condenação criminal transitadaem julgado suspende temporariamen-te os direitos políticos e, por conse-qüência, impede o eleitor, nessas con-dições, de candidatar-se a cargoseletivos.

É verdade que, para chegar a essaconclusão, grandes e judiciosos foramos debates no colendo Supremo Tribu-nal Federal, de vez que três concorren-tes, com abalizados e jurídicos funda-mentos, se digladiavam-se: um, quedefendia a tese de que o preceito cons-titucional não era auto-aplicável, de vezque era indispensável a edição de leique definisse as hipóteses em que asentença criminal transitada em julga-do configurasse a inelegibilidade. Ou-tro, que sustentava a tese que tinhacomo fundamento nuclear eximir dasuspensão dos direitos políticos aque-le que sofrera condenação por lesõescorporais culposas em um acidente detrânsito, por exemplo. Em outras pala-vras, que tomava como base de sus-tentação a gravidade do delito, poten-cializando o aspecto material e relevan-do, desta forma, os crimes de menorpotencialidade.

Entretanto, prevaleceu no Pretórioexcelso o entendimento de que a cláu-sula constitucional da suspensão dosdireitos políticos por condenação crimi-nal transitada em julgado, enquanto

durarem seus efeitos (art. 15, inc. III),é uma norma auto-aplicável e refere-se a qualquer crime, seja ele doloso ouculposo.

Em conseqüência, é torrencial a ju-risprudência nesse sentido, tanto doSupremo Tribunal Federal, quanto doSuperior Tribunal Eleitoral, valendodestacar as seguintes decisões:

�Recurso Extraordinário nº 179.502-6, Relator Min. Moreira Alves, divulga-do no D. J. de 8 de setembro de 1995:

Condições de elegibilidade. Cassa-ção de diploma de candidato eleito ve-reador, porque fora ele condenado,com trânsito em julgado, por crime elei-toral contra a honra, estando em cursoa suspensão condicional da pena. In-terpretação do art. 15, III, da CF.

Em face do disposto no art. 15, III,da CF, a suspensão dos direitos polí-ticos se dá, ainda, quando, com refe-rência ao condenado por sentença cri-minal transitada em julgado, estejaem curso o período de suspensãocondicional.�

Ainda:�Acórdão nº 13.293. Contravenção.

Art. 15, inc. III, CF. Candidato conde-nado pela prática de contravenção pe-nal. CF, art. 15, III.

A disposição constitucional preven-do a suspensão dos direitos políticos,ao referir-se à condenação criminaltransitada em julgado, abrange não sóaquela decorrente da prática de crime,mas também a de contravenção penal(in Julgados do TSE, vol. 12, nº I, dez/96, pág. 16).�

Também:�Acórdão nº 13.861 - Registro de

Candidato. Art. 15, III, CF.É de ser indeferido o registro de

candidato que teve contra si sentençatransitada em julgado, ainda que hajasido determinado o cumprimento de

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Revista do TRE/RS90

pena em regime aberto (in Julgados doTSE, vol. 12, nº II, dez/96, pág. 32).�

Mais:�Acórdão nº 12.978 - Rel. Min. Ilmar

Galvão - Registro de Candidatura -Inelegibilidade.

O posterior reembolso do débito nãotem o condão de afastar a causa dainelegibilidade prevista no art. 1º, inc.I, alínea �g�, da LC nº 64/90. (Jurispru-dência TSE , vol. 8, nº 2, pág. 266.)�

Por último:�Acórdão nº 2471 - Rel. Min. Eduar-

do Ribeiro. Suspensão dos direitos po-líticos. Art. 15, inc. III, da CF. Auto-aplicabilidade.

A norma constitucional não distinguequanto ao tipo de crime cometido. (Ju-risprudência TSE, vol. 8, nº 3, pág. 40).�

De tais decisões, conclui-se que osórgãos máximos da Justiça de nossoPaís consagraram, indiscutivelmente, aplena eficácia e a aplicabilidade imedi-ata do dispositivo contido no art. 15, inc.III, da Constituição Federal.

Não obstante, há que se analisar,com a devida consideração, os argu-mentos esposados pelo ora impugna-do, em especial quando afirma que adecisão condenatória, no que se refereao contestante, não possui relevânciajurídica capaz de arranhar os princípiosnorteadores do Direito Eleitoral, bemassim dos objetivos que compõem oslimitadores à elegibilidade. Constitui-seem fato mínimo, que poderá impedi-lode ser votado na eleição deste ano.

Não resta dúvida, a assertiva pos-sui algum fundamento, pois o texto le-gal é inegavelmente muito forte, porquenão faz distinção entre os tipos de cri-me, equiparando crimes contra opatrimônio, por exemplo, a um crimeeleitoral, genericamente. Portanto,indubitavelmente, sob este aspecto, otexto legal até pode merecer críticas.

Entretanto, há que reconhecer-se que,na verdade, não há uma distinção ex-pressa na lei. Por decorrência, há quese entender que todo o crime eleitoral éde natureza grave e sempre ensejam ainelegibilidade, desde que haja conde-nação, com sentença transitada em jul-gado, ex vi do art. 1º, inc. I, alínea �e�.

Ademais, não cabe ao Judiciárioexercer um juízo de valor ao texto le-gal, dando-lhe uma interpretação quese diferencie daquela que lhe foi dadapelo próprio legislador.

Vale, aqui, registrar parte do votodo eminente Min. Sidney Sanches, noRecurso Extraordinário nº 179.502-6,de São Paulo, que tratava da aplica-bilidade do disposto no art. 15, inc. III,da CF, vazado nos termos que seguem:

�(...) O Juiz não pode dar à normaem questão interpretação diversa daque pretendeu a Constituição.

Ademais, se começarmos a fazerdistinção entre condenações e conde-nações, não sei que critérios havere-mos de adotar.

Crimes de lesões corporais dolosaspodem ensejar multa, e, nesse caso,não cabe nem sursis, a não ser que amulta seja convertida em prisão, porfalta de pagamento.

Que outro tipo de crimes podería-mos escolher - se é que podemos es-colher algum -, para dizer quais devamlevar a esse tipo de sanção?

Acho que rarissimamente uma nor-ma constitucional é tão clara como a orafocalizada: �condenação criminal transi-tada em julgado�. Acho que essa hipóte-se está caracterizada, o que leva à con-seqüência que a Constituição impôs.�

Assim sendo, quando o dispositivolegal contido na Lei Complementar re-gistra os condenados criminalmentecom sentença transitada em julgado,por crimes eleitorais, não faz exceção

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Revista do TRE/RS 91

aos chamados �crimes de menospotencialidade�. Inclui, na verdade,mesmo aqueles que tenham a pena dedetenção transformada em multa, comoé o caso dos autos.

Quanto à alegação de que a sen-tença condenatória deveria declarar,como decorrência, a inelegibilidade -por força do art. 1º, inc. I, �e�, da LC nº64/90 -, a fim de possibilitar a defesado impugnado em outra esfera da Jus-tiça Eleitoral, não merece acolhida.

Neste passo, razão assiste à ilus-tre impugnante, quando acentua que:

�a restrição da inelegibilidade nãoé pena restritiva de direito, na acepçãodo Código Penal, pois que as penasrestritivas de direito, dispostas no art.54 e seguintes do Código Penal, sãoaplicadas sempre em substituição depena privativa de liberdade, e nuncacumulativamente com a pena privativade liberdade.

Assim, estando a inelegibilidade daletra �e� do inc. I do art. 1º da LC nº 64/90 dispondo sobre a inelegibilidade,pelo prazo de três anos, após o cum-primento da pena criminal por crimeeleitoral, a toda evidência, não pode serconfundida e ser expressa na senten-ça condenatória, como pretende o im-pugnado, pois que essa restrição deinelegibilidade se estende após o cum-primento da pena.�

Quanto ao fato de haver o impug-nado concorrido ao pleito de 1996, parao cargo de Vereador do Município deUruguaiana, onde, atualmente, exercea vereança municipal, sem que, naoportunidade, tenha o Ministério Públi-co de 1º Grau impugnado sua candi-datura, não obsta a iniciativa da doutaProcuradoria Regional Eleitoral de ofe-recer impugnação ao registro da can-didatura para o cargo de DeputadoEstadual.

Primordialmente, porque se trata denova eleição, com novo calendário; edestinada à escolha do eleitorado paraoutro cargo eletivo, qual seja, à depu-tação estadual.

Em verdade, transcorrido in albis oprazo para a impugnação do registro decandidato a vereador, precluiu o direitode impugnação para aquela eleição.

Em outras palavras, os requisitospara o registro de candidatura são apre-ciados à luz dos fatos correntes na fasedo registro, e as decisões daí decor-rentes são autônomas e dizem respei-to, exclusivamente, a um determinadopedido de registro de candidatura e aum determinado cargo eletivo.

Portanto, agora, com a renovaçãodo prazo para impugnação em outraeleição, e permanecendo o motivoimpeditivo do registro, nada mais ób-vio que o órgão competente para im-pugnar o faça tempestivamente, comoé a hipótese em julgamento.

Destarte, in casu, aplica-se oAcórdão nº 13.451, de 02/10/96, publi-cado na Revista de Jurisprudência,TSE, vol. 8, nº 3, pág. 137, em cujaementa consta expressamente:

�(...) em pleito subseqüente, serápossível reexaminar a causa de inele-gibilidade de que se teve como exis-tente.�

Assim sendo, estando devidamenteprovado nos autos que o ora impugna-do, Rogério de Moraes, sofreu senten-ça condenatória por crime eleitoral, pre-visto no art. 57, inc. III, da Lei nº 8.713/93, e cuja condenação transitou em jul-gado na data de 7 de maio de 1996, éinevitável o reconhecimento de sua ine-legibilidade até 7 de maio de 1999, for-te no disposto no art. 1º, inc. I, alínea�e�, da Lei Complementar nº 64/90.

Face ao exposto, julgo procedentea impugnação ao registro da candida-

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tura de Rogério de Moraes à deputa-ção estadual.

É como voto.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Sr. Presidente:Acompanho o eminente Relator.

Penso que o parecer da eminenteProcuradora, bem como o voto do ilus-tre Relator, foram exaustivos ao tratara matéria. Sensibilizou-me na susten-tação oral da defesa, essa questão dairrelevância do fato, e, inicialmente,penso que o critério indicador dessairrelevância seria a cominação para ocrime, que é a pena de multa. Mas, narealidade, o precedente é um crimeeleitoral, e, portanto, é um indicador,sem dúvida, de gravidade, na forma-ção da pessoa que foi condenada, oque compromete essa pessoa paraexercer um cargo representativo dopovo Se ela não é capaz de obedecerao sistema eleitoral do seu país, evi-dentemente, não deve - pelo menos atéque prescreva a condenação - ser re-presentante do povo. Portanto, éinelegível.

Também, quanto à questão dadesatualização da falta. O fato ocor-reu em 94, se não me engano, mas aprescrição da condenação ocorreriaem cinco anos após o cumprimento dapena, que é um indicador da inexis-tência do desaparecimento da pericu-losidade presumida do agente. Então,também sob esse aspecto, não apro-veita o impugnado. Aparentemente,seria uma atitude draconiana impedirque concorra à eleição alguém quepraticou um fato mínimo apenado compena de multa, mas essa é a soluçãolegal. Entendo que o arbítrio do Juizna interpretação da lei deve ser a pon-to de manter a eficácia da mesma eretirar o que é incongruente nela. Sóque não pode ser uma interpretação

derrogadora, a não ser que seja evi-dente que a lei esteja totalmente es-vaziada quanto ao valor que ela pro-cura realizar. Não é o caso. Como jádisse, penso que em se tratando decrime eleitoral é um indicador de queessa conduta revela uma inadaptaçãodo indivíduo para ser candidato a umcargo representativo.

Com esse complemento, devo ade-rir integralmente ao voto do eminenteRelator.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

Sr. Presidente:Acompanho integralmente o Relator,

que bem analisou a espécie - exausti-vamente, como referiu o Dr. Fábio -, e,também, pelos argumentos por eleexpendidos com relação à sustentaçãooral, no que diz respeito a fato mínimo.No entanto, não há como fugir da regraestabelecida pela Lei Complementar,que é clara no sentido de que é inelegí-vel a pessoa condenada por crime elei-toral. Em a Lei não excepcionando aquestão do crime eleitoral - se ele tempotencial lesivo maior ou menor -, nãocabe ao intérprete assim fazer.

Acompanho integralmente o Relator.Dr. Nelson José Gonzaga:Sr. Presidente:Entendo que a impugnação proce-

de, vez que o impugnado foi condena-do por crime eleitoral, com sentençatransitada em julgado, e os seus efei-tos ainda perduram.

Acompanho o voto do eminente Re-lator.

Dra. Sulamita Terezinha SantosCabral:

Acompanho o eminente Relator.

DECISÃOÀ unanimidade, acolheram a impug-

nação e indeferiram o registro do can-didato.

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Revista do TRE/RS 93

Processo no 16003398

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: DESTA CAPITALRECORRENTES: PARTIDO DO

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASI-LEIRO E PAULO RITZEL

RECORRIDO: PARTIDO DOSTRABALHADORES

Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa.

1. A responsabilidade da agremia-ção política não resta comprovada.Inexiste notícia do prévio conhecimen-to do partido na realização da propa-ganda, tampouco a existência de pro-vas quanto à sua participação na con-fecção e divulgação dos exemplarespublicados.

2. É manifesta a natureza político-eleitoral da publicação, uma vez que amesma não se limitou a informar asatividades parlamentares do candida-to, transbordando para a louvação pes-soal do mesmo. Propaganda eleitoralextemporânea, portanto irregular, obri-gando a incidência do art. 36, caput, e§ 3º, da Lei nº 9.504/97.

A fixação da pena acima do míni-mo legal, a despeito da primariedadedo representado, é justa e adequada,haja vista a gravidade do ilícito eleito-ral praticado.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, apreciando os pre-sentes autos, à unanimidade, ouvida aProcuradoria Regional Eleitoral e nostermos das notas taquigráficas inclu-sas, dar provimento ao recurso no to-cante ao primeiro recorrente, e negá-lo quanto ao segundo.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-

gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te - e Osvaldo Stefanello e Drs. LeonelTozzi, Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva, Nelson José Gonzagae Oscar Breno Stahnke, bem como aDra. Vera Maria Nunes Michels, Procu-radora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 14 de julho de 1998.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa,Relator.

RELATÓRIOO PARTIDO DOS TRABALHADO-

RES representa contra PAULO RITZELe o PARTIDO DO MOVIMENTO DE-MOCRÁTICO BRASILEIRO, em virtu-de de divulgação, por parte do primei-ro representado, de jornal do qual háum exemplar à fl. 06 dos autos, cons-tando, na página inicial:

�Vale a confiançaO DEVER CUMPRIDOPaulo Ritzel: presença marcante na

Câmara Federal em prol dos gaúchos.�Em seguida, vê-se o editorial, onde

se lê:�O Deputado Paulo Ritzel é um par-

lamentar combativo, corajoso e lúcido.Luta visando à solução de problemas dasua região de origem, sem perder a vi-são nacional. Se trata de uma presençaimportante na Câmara dos Deputados.�

Assina Odacir Klein, Deputado Fe-deral.

Na página seguinte, refere-se queo Deputado Federal busca recursospara a área do Vale, relacionando-seas verbas liberadas aos municípios;noutra página, há uma lista de obrasda sua administração como Prefeito ecomo Deputado Estadual. Ainda há al-gumas entrevistas e noticiários a res-peito da sua atuação, inclusive na re-forma da Previdência. Na última folha,sob o título Paulo e a família, constaentrevista com a esposa do candida-to, que diz:

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Revista do TRE/RS94

�O Paulo é uma pessoa muito es-pecial e que me faz feliz. Nenhum denós dois estamos arrependidos de coi-sa alguma, pois fazer o bem aos ou-tros é mais que um dever de quem viveneste mundo. Estou absolutamentecerta de que o Paulo pensa e age coma sinceridade, a dedicação e a hones-tidade de propósitos que lhe são pecu-liares.

Na verdade, esse jornal é a súmu-la reveladora da carreira do Paulo, desua coragem de dizer, de fazer e dese mostrar à opinião pública e dequem deseja ainda muito realizar.Assim é o Paulo, meu marido, umsujeito cheio de ideais, que fala pelavoz do coração e acredita muito noser humano.�

Julgando procedente a representa-ção, o MM. Juiz Eleitoral aplicou penade 30 mil UFIR ao partido e ao pretensocandidato. Contra essa decisão recor-reram o PMDB e Paulo Ritzel.

Foi contra-arrazoado o recurso.Nesta instância, o Ministério Públi-

co Eleitoral opinou pelo provimentoparcial do recurso, a fim de afastar dacondenação o PMDB e diminuir a mul-ta para 20 mil UFIR, que é o mínimoconstante da sanção legal.

É o relatório.

VOTOO meu voto é parcialmente na linha

do parecer ministerial.Fiz questão de ler, no relatório, al-

guns tópicos do jornal, para evidenciarque esta publicação é totalmente feitacom a intenção da promoção pessoaldo candidato. Sob esse ângulo, não hádúvida de que a interpretação do fatorevela que houve propaganda políticairregular de Paulo Ritzel, incidindo noilícito eleitoral.

Também entendo que deve ser ex-cluída a responsabilidade do PMDB,

porque, se examinarmos a publica-ção, veremos que não há qualquer re-ferência ao partido. Não há compro-vação, na representação, quanto àparticipação do partido na veiculaçãodo jornal.

Ao terceiro aspecto colocado noparecer, permito-me discordar, por-que não vejo como vinculante aprimariedade e a obrigação da fixa-ção da pena no mínimo. E este casoé muito peculiar, porque, na página 2do jornal, lê-se:

�Expediente:Jornal informativo das atividades

parlamentares do Deputado FederalPaulo Ritzel.

Jornalista responsável: GeraldoHaubert

Redação: Diana Maria Fiori SchneiderFotos: ArquivoImpressão: Grupo Editorial SinosTiragem: 100.000 exemplaresDistribuição gratuitaConfeccionado no Gabinete do De-

putado Paulo Ritzel�Foi praticado um ilícito eleitoral com

o dinheiro do povo. Então, no mínimo,a pena deve representar alguma coi-sa, em termos de reposição do dinhei-ro, ainda que a finalidade possa nãoser idêntica, para compensar o prejuí-zo causado à população com o ilícitoeleitoral financiado por esse mesmopovo.

Dou parcial provimento ao recur-so, para excluir da condenação o Par-tido do Movimento Democrático Bra-sileiro, mantendo, quanto ao resto, adecisão.

(Todos de acordo.)

DECISÃOProveram o recurso do PMDB e

negaram provimento ao de PauloRitzel. Decisão unânime.

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Revista do TRE/RS 95

Processo no 32/97

CLASSE IXPROCEDÊNCIA: TUPANCI DO SULRECORRENTES: OZELIO MUNARI

E GERALDO ZOTTIRECORRIDOS: ITALVINO ZANELLA

E CELSO JOÃO PARPINELLIRecurso. Ação de impugnação de

mandato eletivo.Não-comprovada, de forma cabal,

a ocorrência de abuso do poder eco-nômico, corrupção ou fraude.

Provimento negado.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, negar provimento ao presen-te recurso.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te - e Osvaldo Stefanello e Drs.  Leo-nel Tozzi, Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva, Nelson JoséGonzaga e Sulamita Terezinha SantosCabral, bem como a Dra. Vera MariaNunes Michels, Procuradora RegionalEleitoral.

Porto Alegre, 22 de julho de 1998.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa,Relator.

RELATÓRIOTrata-se de ação de impugnação de

mandato, em que os recorrentes impu-taram aos recorridos os seguintes fa-tos (fls. 5 a 7):

�5. 1 - Na semana das eleições, en-tre os dias 01 e 03 de outubro de 1996,no município de Tupanci do Sul - RS -,os Srs. JOÃO AMÉRICO LOURENÇODA SILVA, ALEXANDRE PARPINELLI

(pai do candidato eleito a Vice-Prefeito)e LEONILDO ZOTTI, mediante seqües-tro e cárcere privado, privaram a liber-dade dos eleitores JOSÉ DERLI DASILVA SABINO, ELZA TERESINHAALVES DE OLIVEIRA, JOSÉ DE CAM-POS, MARIZETE CONSOLADORAALVES DE OLIVEIRA e ELENIR DEOLIVEIRA, obrigando-os a permanece-rem sob a guarda dos mesmos até se-rem conduzidos a votar para o candi-dato a Prefeito Municipal ITALVINOZANELLA, conforme demonstram asfotocópias dos documentos em anexo.

5.1.1 - Os eleitores acima referidosforam impedidos de voltar para suas re-sidências, tendo sido levados para vá-rios locais, inclusive, para um mato,localizado em terras de propriedade deOTACILIO VIEIRA DE LIMA, onde fi-caram no cativeiro até o dia das elei-ções municipais, por JOÃO AMÉRICOLOURENÇO DA SILVA, ALEXANDREPARPINELLI e LEONILDO ZOTTI, quepermaneceram vigiando-os, armadoscom revólveres para evitar a fuga, sen-do que somente foram libertados no dia03 de outubro de 1996, quando um táxilevou-os para votar, por determinaçãodos infratores, no candidato a prefeitomunicipal ITALVINO ZANELLA, confor-me demonstram e comprovam as foto-cópias dos documentos inclusos.

5.1.2 - Os eleitores acima mencio-nados foram coagidos a votar emITALVINO ZANELLA sob violência egrave ameaça, caracterizando a cha-mada corrupção psicológica, conformeprovam as fotocópias dos documentosem anexo.

5.1.3 - Os responsáveis, JOÃOAMÉRICO LOURENÇO DA SILVA eALEXANDRE PARPINELLI, promete-ram dar a quantia de RS 50,00 (cin-qüenta reais) a cada um dos eleitoressubmetidos ao cárcere privado para

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Revista do TRE/RS96

que votassem em ITALVINO ZANELLA,aliciando os eleitores, conforme de-monstram e provam as fotocópias dosdocumentos em anexo.

5.1.4 - Durante o seqüestro e cár-cere privado, os títulos de eleitor fica-ram apreendidos e na posse do Sr.JOÃO AMÉRICO LOURENÇO DA SIL-VA contra a vontade dos eleitores, so-mente sendo devolvidos a eles no mo-mento em que foram votar, conformedemonstram as fotocópias dos docu-mentos inclusos.

5.1.5 - Os infratores, JOÃO AMÉRICOLOURENÇO DA SILVA, ALEXANDREPARPINELLI e LEONILDO ZOTTI, agiramcom o propósito de fraudar as eleiçõesque se realizaram no dia 03 de outubrode 1996, objetivando obter votos para ocandidato a prefeito municipal de Tupancido Sul, RS, Sr. ITALVINO ZANELLA, oque efetivamente conseguiram em preju-ízo dos Autores, conforme provam as viasdos documentos e fotocópias em anexo.

5.2 - 0 candidato a prefeito munici-pal, Sr. ITALVINO ZANELLA, candida-to eleito, no final do mês de setembrode 1996, esteve na residência do Sr.AMANCIO DRUM ARRUDA, oferecen-do calcário e adubo em troca de seuvoto e de seus familiares. Os votosdeveriam ser para o candidato a pre-feito, ITALVINO ZANELLA, e para osvereadores ANTONIO TUMELERO eORACILIO BONES. Diante da insistên-cia do candidato a prefeito o declaran-te recebeu 15 sacos de adubo em tro-ca dos votos. Que, na data da entrega,o declarante assinou um documento,na condição de que, se o Sr. ITALVINOZANELLA e os dois vereadores fossemeleitos, não cobrariam o adubo. A en-trega do adubo em sua residência foifeita na presença dos Srs. AMARILDOFRANCISCO DE VARGAS e JOÃOMILTON URBANO DOS SANTOS, con-

forme demonstra e comprova a escri-tura pública de declaração em anexo.

5.3 - E a �compra de votos� - expedi-ente coibido pela nossa legislação - nãocessou por aí. No dia 03 de outubro de1996, dia da realização do pleito muni-cipal de Tupanci do Sul, RS, IVANISALETE CONSTANTE DA SILVA foiabordada por JOSANE PARPINELLI(irmã do candidato a Vice-Prefeito), quepagou-lhe a quantia de R$ 60,00 (ses-senta reais), para que a mesma votas-se no candidato da Coligação Ação eTrabalho, Sr. ITALVINO ZANELLA, con-forme demostra e comprova a declara-ção inclusa.

5.4 - Também, ocorreu a �comprade votos�, pelos adeptos do candidatoa prefeito municipal de Tupanci do Sul,RS, Sr. ITALVINO ZANELLA, atravésda doação de alimentos em troca devotos, efetuada pelo Sr. ALGEO RECH,à esposa do Sr. JOÃO MARIA RIBAS,conforme demonstra e comprova a fo-tocópia do documento incluso.

5.5 - Além dos fatos acima relatados,os cabos eleitorais e demais simpatizan-tes dos réus, ITALVINO ZANELLA eCELSO JOÃO PARPINELLI, praticaramdiversas infrações, inclusive, os Srs.ARTEMIO JOÃO DE VARGAS e SELIOHOFFMANN, no dia das eleições muni-cipais de Tupanci do Sul, RS, invadirama casa da Sra. MARIA MARCHIORI, como objetivo de coagir a mesma e sua fa-mília a votar no candidato a prefeito mu-nicipal Sr. ITALVINO ZANELLA, confor-me será demonstrado e comprovado nodecorrer da instrução.�

Processado o feito, sobreveio sen-tença de improcedência da demanda(fls. 448 a 454).

Recorreram os autores, sendo con-tra-arrazoado o recurso.

O MPE opinou pelo improvimentodo recurso. No entanto, entendeu que

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Revista do TRE/RS 97

haveria de ser reformada, de ofício, asentença, no que diz respeito à conde-nação em honorários advocatícios aossucumbentes.

É o relatório.À revisão.

VOTOSDr. Fábio Bittencourt da Rosa:Sr. Presidente:A situação fática da lide foi bem

examinada pelo prolator da sentençarecorrida (fls. 451 a 453):

�Primeiramente, a única testemu-nha que apontava a possível ocorrên-cia dos delitos supracitados, José Derlida Silva Sabino, afirma que não retive-ram seu título, entregou para que Leniro guardasse, pois não tinha local paraguardar. Revela também que não proi-biram a sua saída, mas queriam queele permanecesse lá. A mesma teste-munha, quando da realização de aca-reação, confessou que estava sendoinstruído para depor e caso houvessea cassação do mandato do prefeito,receberia um emprego, sendo adverti-do de que, se não houvesse a cassa-ção, o mesmo teria que desocupar acasa. Assim, de escasso valor proba-tório se torna tal depoimento e no con-fronto com os demais depoimentos to-mados no processo penal, estes últi-mos devem prevalecer. E o que se ve-rifica das declarações das outras su-postas vítimas é que desconhecem osfatos narrados na denúncia do proces-so criminal, sendo que uma das pseudo-vítimas, Lenir Aparecida de Oliveira,ainda que alertada pelo juízo de quenenhum prejuízo adviria do reconheci-mento da condição de vítima, aindaassim, não reconheceu nenhum dosfatos descritos na denúncia.

No que tange à alegação de com-pra de votos, Aquiles Piardi esclareceque, estando presente no momento do

fato, ao contrário do que afirmam os au-tores, foi Ivani quem procurou Josanee, dizendo que votaria em Zanella, pe-diu dinheiro a esta, ao que esta res-pondeu que não estava comprandovotos e nem tinha dinheiro. Declaraçãocorroborada por Neri Zotti (primo-irmãode Geraldo Zotti). Já Neiva Arse da Sil-va diz que em conversa com Ivani estadisse que recebera dinheiro de Josanee Dirceu Biazus e Genésio Marcon, al-mejando um conjunto probatório nomesmo sentido, afirmam que viramJosane entregar dinheiro a Ivani, semsaber o que conversaram, porém o de-poimento destes, analisados conjunta-mente, não se complementam, poisDirceu Biazus diz que estava na com-panhia de Neiva Arse da Silva eGenésio Marcon quando viu o fato,enquanto que Neiva em nenhum mo-mento diz ter visto, tendo apenas tidoconhecimento do fato quando Ivani lhemostrou o dinheiro e lhe contou o ocor-rido. Se estavam juntos, ambos deve-riam ter visto, pois não é crível que seDirceu tivesse visto a entrega de dinhei-ro, ainda mais, suspeitando que se tra-tava de compra de votos, não alertariasua companhia para o que estava acon-tecendo. Ademais, em duas oportuni-dades, há a declaração de NeidePastorello, que atuou como presidentede mesa, na seção nº 28, nas últimaseleições municipais de Tupanci do Sul,informando que Dirceu Biazus, fiscal doPMDB, atuou naquela seção, só sain-do por um período de aproximadamen-te meia hora, por volta do meio-dia,para almoçar, e tendo o fato ocorridono período máximo entre 9 e 10 horas,conforme disse Genésio Marcon, tor-nando estas declarações contraditóri-as. Na acareação realizada entre IvaniSalete da Silva e Josane Maria Antu-nes, elas confirmaram os depoimentos

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Revista do TRE/RS98

prestados. Destarte, tendo as provasse mostrado mais harmoniosas comrelação às declarações de Josane Ma-ria Antunes, resta claro que não houveesta compra de votos alegada pelosimpugnantes.

Em relação à troca de votos por pro-dutos agropecuários, o filho de Amân-cio Drum Arruda, Gilmar Telles Arrudanoticia que o pai do depoente é poucoalfabetizado, não enxerga bem e temproblemas auditivos e segundo informa-ções do próprio pai teria assinado umadeclaração para o diretório do PPB, semsaber do conteúdo, pois confiava de-mais em Orli, e que após tomar conhe-cimento do que fora escrito, Amâncio foià delegacia dizer que não era verdadei-ra a sua declaração. Sendo que houvea compra de aproximadamente 15 sa-cos de adubo. Fato este corroborado porseu irmão Gilberto Telles Arruda. Fatosestes descritos que se encontram per-feitamente harmonizados com a decla-ração do próprio Amâncio. Porém, JoãoMilton Urbano dos Santos e AmarildoFrancisco de Vargas revelam que Amân-cio Drum Arruda contou a eles que ga-nharia o adubo se Etelvino Zanella ga-nhasse a eleição, estas declarações dis-cordantes das outras declarações, de-vem ser refutadas em face da ausênciade demais elementos comprobatórios,baseando-se apenas na conversa do Sr.Amâncio, que em juízo revelou que nãoeram verdadeiras.

Referentemente à alegação de do-ação de alimentos em troca de voto,Algeo Rech diz que agiu imbuído porespírito humanitário, já que a Nena aca-bara de retornar do hospital e ele é ovizinho mais próximo dela, não haven-do elementos comprobatórios da ale-gação supracitada.

No que toca à suposta coação, Ma-ria Marchiori declara que Artêmio e Célio

estiveram em sua casa no dia das elei-ções e que Artêmio estava pedindo vo-tos para Italvino Zanella, porém nãohouve oferecimento de dinheiro, ocor-rendo, logo após uma briga envolvendoeste, Enio e Belmir, sendo que em ne-nhum momento houve menção à coa-ção para obtenção de votos referidapelos impugnantes na petição inicial.

Assim, não resta comprovada deforma cabal a ocorrência de abuso dopoder econômico, fraude ou corrupção,a dar ensejo a uma tão drástica medi-da, qual seja a cassação do mandatoeletivo obtido pelos réus.�

Sem dúvida, o quadro probatório doprocesso não viabiliza um juízo de pro-cedência, cuja natureza próxima dapenal, em matéria de impugnação demandato, exige prova cabal, extrema-da da dúvida.

A ilustre representante do MPE,perante este Tribunal, aduziu em seuparecer (fls. 496 a 498):

�2. Quanto à condenação em hono-rários advocatícios, imposta aos recor-rentes, muito embora os mesmos nãotenham se insurgido no seu recursocontra essa condenação, entendo queessa Corte deverá apreciar, ex officio,essa questão.

Isto porque entendo, tal como a posi-ção de PEDRO NIESS, Procurador Regi-onal Eleitoral do Estado de São Paulo,antes citado, �que a ação de impugnaçãode mandato eletivo, de berço constitucio-nal, reveste-se do caráter de ação popu-lar, razão pela qual só por exceção podeaceitar a condenação em honoráriosadvocatícios, a estes estende-se agratuidade dos atos eleitorais.

Nem mesmo a conotação ressar-citória apresenta essa verba, eis quepelo Estatuto da Advocacia pertenceela ao advogado, não ao seu cliente(Lei nº 8.906/94, art. 23).

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Revista do TRE/RS 99

A condenação do autor aos ônus dasucumbência inibiria iniciativas seme-lhantes que, ao contrário, dada sua fi-nalidade, devem ser incentivadas, res-salvados os casos em que a provoca-ção do Judiciário se der temerariamen-te ou com má-fé, o que aqui não seconfigura�.

Ademais, inobstante tenha a juris-prudência do TSE estendido o rito or-dinário do CPC às ações de impug-nação de mandato eletivo, penso quenem por isso ela deixa de ser estrita-mente feito eleitoral e esse TRE já tempacificado o entendimento do não-ca-bimento de condenação aos ônus dasucumbência nos feitos eleitorais,verbis:

�Recurso. Decisão que ao aplicarcondenação não mencionou o paga-mento de honorários ao recorrente. Osprocessos e procedimentos eleitoraistêm natureza gratuita, não havendo, naespécie, sequer previsão legal para opagamento de custas processuais�.

Proc. nº 183/96, Classe XVII, Rela-tor Juiz Norberto da Costa Caruso Mac-Donald, decisão proferida era 16/12/96.

�Honorários advocatícios. Não-ca-bimento de condenação em honorári-os advocatícios nas ações de impug-nação de mandato eletivo. Exclusão.Provimento parcial�.

Proc. nº 14/94, Classe lX, RelatorJuiz Carlos Alberto Bencke, decisãoproferida em 03/08/94.

�Sentença confirmada, reforman-do-se apenas no que diz respeito aosônus sucumbenciais, já que segundoa jurisprudência predominante naCasa, o princípio da sucumbência nãoé compatível com as causas que se de-senvolvem na Justiça Eleitoral�.

Proc. nº 18/93, Classe X, RelatorJuiz Teori Albino Zavascki, decisão pro-ferida em 04/04/94.

Assim sendo, penso que a conde-nação em honorários advocatícios nãomerece prosperar, uma vez que é in-compatível com qualquer procedimen-to eleitoral, e, por isso, deverá esseTRE, de ofício, apreciar a questão.�

Com a devida vênia, penso que aquestão relativa aos ônus da sucum-bência não merece ser conhecida.

A petição de recurso, com suas ra-zões, delimita o conhecimento da ins-tância recursal. É o que decorre do prin-cípio tantum devolutum, quantumappellatum.

Se o Tribunal decidisse mais do quefoi objeto de inconformidade, sua deci-são seria ultra ou extra petita.

Questão semelhante à presente foitrazida à baila, por diversas vezes, pe-rante o TRF da 4ª Região, que acaboupor expedir a Súmula 16, com a seguin-te redação:

�A apelação genérica, pela impro-cedência da ação, não devolve ao Tri-bunal o exame da fixação dos honorá-rios advocatícios, se esta deixar de seratacada no recurso.�

Em face do exposto, voto no senti-do de conhecer do recurso, para ne-gar-lhe provimento.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

Revisei, Sr. Presidente, e, de igualforma, acompanho o eminente Relator.

É pacífico o entendimento de que,para a procedência da ação de impug-nação de mandato eletivo, indispensá-vel é a plena convicção da existênciade corrupção, de fraude ou de abusodo poder econômico, com reflexos di-retos na lisura, na normalidade e noequilíbrio do processo eleitoral.

Como bem referido pelo eminenteRelator, como também o fez a Dra.Procuradora, não há qualquer provanos autos a evidenciar tais fatos.

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Revista do TRE/RS100

Portanto, acompanho o Relator e,também, nego provimento, inclusive,com relação à questão do ônus dasucumbência, salientando a boa apre-ciação da prova pelo Julgador, comotambém o fez o Ministério Público, queexaminou com acuidade os elementoscontidos nos autos.

É o voto, Sr. Presidente.Dr. Nelson José Gonzaga:Acompanho o voto do Relator.Dra. Sulamita Terezinha Santos

Cabral:Com o Relator.Des. Osvaldo Stefanello:Eminente Presidente:Acompanho integralmente o voto

do eminente Relator, inclusive noque concerne aos honorários. Não seestá a tratar de reexame necessário,hipótese em que seria devolvido aoTribunal o exame integral da maté-ria nos autos discutida, independen-temente de manifestação de descon-formidade. Não é a hipótese, eis quese trata de matéria recursal de livremanifestação da parte que tenha sidovencida, mesmo que se trate de pro-cesso eleitoral.

É o voto.Dr. Leonel Tozzi:Também acompanho o voto do Re-

lator e gostaria de registrar que esteTribunal, como disse a eminenteProcuradora, já decidiu de ofício comreferência aos honorários e custas pro-cessuais. No entanto, os argumentosdo eminente Relator são realmenteirrefutáveis. Por isso, acompanho-o in-tegralmente.

DECISÃOÀ unanimidade, negaram provimen-

to ao recurso.

Processo no 17/97

CLASSE XIIIPROCEDÊNCIA: SÃO VALENTIMDENUNCIANTE: MINISTÉRIO PÚ-

BLICO ELEITORAL DA 168ª ZONADENUNCIADOS: SÉRGIO BIGO-

LIM, ALCIONE FONTANA, ANTÔNIOCAGOL, CELSO TONATTO, INOCEN-TE ALBERTO GRANDO, ISVALDOGABOARDI, LUIZ ZANELLA, MOACIRJOSÉ MENEGHETTI E VALDIRJAROZESKI

Denúncia-crime. Corrupção ativaeleitoral. Competência para o proces-so deslocada para o TRE.

1. Preliminares rejeitadas.2. O recebimento da peça vestibu-

lar acusatória pelo juiz singular, instau-rando a ação penal, deve ser ratifica-do, uma vez que a denúncia foi recebi-da antes da diplomação e posse de umdos acusados no cargo de PrefeitoMunicipal, embora o mesmo já houves-se sido eleito. Ademais, a peça inicialatende aos requisitos do art. 41 doCódigo de Processo Penal, estando osfatos articulados apoiados na provapreliminar.

3. É de homologar-se a suspensãocondicional do processo em relação aoco-denunciado, cuja manifestaçãovolitiva orienta-se no sentido do precei-tuado na Lei nº 9.099/95.

4. Instrução do feito delegada aoJuízo de origem, nos termos do art. 9ºda Lei nº 8.038/90.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitoral,rejeitar as preliminares argüidas e rati-ficar o recebimento da denúncia. Ou-trossim, homologam a suspensão con-dicional do processo em relação a An-

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Revista do TRE/RS 101

tônio Cagol e delegam ao Juízo de 1ºgrau a instrução do feito, nos termosdas notas taquigráficas inclusas.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além do

signatário, os eminentes Desembar-gadores Celeste Vicente Rovani - Presi-dente - e Élvio Schuch Pinto eDrs. Norberto da Costa Caruso Mac-Donald, Leonel Tozzi, Fábio Bittencourtda Rosa e Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva, bem como a Dra.Vera Maria Nunes Michels, ProcuradoraRegional Eleitoral.

Porto Alegre, 11 de maio de 1998.Dr. Carlos Rafael dos Santos Júnior,Relator.

RELATÓRIOO Ministério Público Eleitoral da 168ª

Zona Eleitoral, com base no incluso in-quérito policial, ofereceu denúncia con-tra ALCIONE FONTANA, ANTÔNIOCAGOL, CELSO TONATTO, INOCEN-TE ALBERTO GRANDO, ISVALDOGABOARDI, LUIZ ZANELLA, MOACIRJOSÉ MENEGHETTI, SÉRGIO BIGOLIMe VALDIR JAROZESKI, todos qualifica-dos na inicial, pelos seguintes fatos:

�Às vésperas das eleições munici-pais do corrente ano - 1996, no caso -,aproximadamente 15 dias antes do dia03 de outubro, em horário não suficien-temente esclarecido no sumário base,em São Valentim - RS, o denunciadoAntônio Cagol prometeu a importânciade R$ 50,00 (cinqüenta reais) paraVilmar Scartolin, para que este desseseu voto para ele, denunciado, candi-dato a vereador no pleito referido.

Às vésperas das eleições do dia 03de outubro de 1996 e neste dia, no Pos-to de Combustíveis Texaco, sito na Ave-nida Castelo Branco, em São Valentim- RS, os denunciados Alcione Fontana,Celso Tonato, Inocente Alberto Grando,Luiz Zanella, Moacir José Meneghetti,

Sérgio Bigolim e Valdir Jarozeski deramcombustível para eleitores, para obte-rem o voto destes, uma vez que os de-nunciados concorriam a cargos eletivosna referida eleição.

Às vésperas das eleições munici-pais e no dia desta, 03 de outubro de1996, em São Valentim - RS, o denun-ciado Isvaldo Gaboardi deu combustí-vel para eleitores, para obter o votodestes para os candidatos da Coliga-ção Frente Democrática Progressistade São Valentim.�

Por tais fatos, estariam os réusincursos nas sanções penais previstaspelo art. 299 do Código Eleitoral.

Com a denúncia, veio o rol dedezesseis testemunhas.

A peça acusatória foi recebida em21 de novembro de 1996, por despa-cho do Juiz Eleitoral de 1º grau (fl. 122).

Com defensor constituído, os acu-sados ofereceram as defesas préviasde fls. 135 a 151, com documentos, e157 a 158.

Preliminarmente, sustentaram anulidade da denúncia, por estar capi-tulando infrações e atribuindo penas denorma jurídica revogada, eis que en-tendem que a Lei nº 9.100/95 revogouo art. 299 do Código Eleitoral.

No mérito, negaram a prática dosfatos e alegaram que a prova carreadaaos autos é inconsistente, contraditó-ria e suspeita.

Ao final, postularam a realização dediligências.

Devido à diplomação do acusadoSérgio Bigolim como Prefeito de SãoValentim, o Juiz de 1º grau declinou dacompetência para este Tribunal; e, faceà conexão, pela via atrativa do Prefeito,declinou também da competência paraprocessar e julgar os demais acusados.

Nesta Corte, a Dra. ProcuradoraRegional Eleitoral lançou parecer nas

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Revista do TRE/RS102

fls. 171 a 176, aduzindo que, como adenúncia foi recebida em 21 de novem-bro de 1996, quando o acusado SérgioBigolim já estava eleito como PrefeitoMunicipal, mas ainda não havia toma-do posse no cargo respectivo, é válidoo recebimento da peça acusatória peloJuízo a quo, pelo que ratificou-a total-mente, bem como os atos posteriores,até a remessa do processo a este Tri-bunal. Por outro lado, entendendo apli-cável aos denunciados Antônio Cagol,Celso Tonato, Inocente e Valdir a sus-pensão condicional do processo, con-forme dispõe o art. 89 da Lei nº 9.099,postulou o oferecimento de tal benefí-cio a estes e o prosseguimento do fei-to em relação aos acusados Alcione,Isvaldo e Luiz, Moacir e Sérgio, eis queestão respondendo a outro processocriminal em trâmite neste Tribunal.

Atendendo ao despacho de fl. 178,vieram várias certidões aos autos. E,através de carta de ordem, regularmen-te notificados por defensores constitu-ídos, os denunciados ofereceram no-vas respostas, ratificando os fatos efundamentos expostos nas contesta-ções oferecidas em 1º grau. De outrabanda, Antônio Cagol ofereceu a con-testação de fl. 259, sustentando preli-minarmente a rejeição da denúncia,porque o fato ali narrado não constituicrime, e por faltar condição exigida pelalei para o exercício da ação penal. Ale-ga que a inicial apresenta vício insa-nável, porque arrola nove indiciados,descrevendo fatos delituosos diferen-tes e apresentando um rol de 16 teste-munhas, o qual ultrapassa o limite le-gal de oito testemunhas, gerando ex-cesso de acusação. Em audiência de-signada pelo Juízo ordenado, para ofim de consultarem-se os denunciadossobre a proposta de suspensão condi-cional do processo, expressamente os

acusados Celso, Inocente e Valdir,acompanhados de seus defensores,rejeitaram a proposta de suspensão doprocesso, enquanto o denunciado An-tônio aceitou-a.

Os autos vieram a mim conclusos.É o relatório.(Produziu sustentação oral o Bel.

Celso Dias da Silva.)

VOTOSDr. Carlos Rafael dos Santos Júnior:Preliminarmente, é de ser examina-

da a questão relativa à validade dodespacho de fl. 122, prolatado pelo JuizEleitoral de São Valentim, em 21/11/96,com o qual a denúncia foi recebida naforma do art. 359 do Código Eleitoral,instaurando-se a ação penal contra osdenunciados. Acontece que, segundoa certidão de fl. 164, o denunciado Sér-gio Bigolim, nas eleições de 03 de ou-tubro de 1996, foi eleito Prefeito do Mu-nicípio sede da 168ª Zona Eleitoral,sendo diplomado no dia 12 de dezem-bro do mesmo ano.

De início, tinha dúvida a respeito daconseqüência dessa eleição. No entan-to, com a eleição, diplomação e possedo denunciado no referido cargo, nostermos do art. 29, inc. X, da Constitui-ção Federal de 1988, não obstante acompetência para o processo se tenhadeslocado para este Tribunal RegionalEleitoral, entendo que deve ser mantidaa validade do despacho de recebimen-to da denúncia então prolatada, tendopresente a circunstância de que, quan-do isso se deu, ainda não ocorrera adiplomação do eleito, menos ainda aposse no cargo de Prefeito Municipal. Éde ser este, então, ratificado por estaCorte, examinadas as preliminares ar-güidas.

O primeiro argumento articuladocontra a inicial foi posto como prefacialde rejeição da denúncia, porque ofe-

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Revista do TRE/RS 103

recida por fato tipificado em tese noart. 299 do Código Eleitoral, o qual te-ria sido revogado pela Lei nº 9.100/95,ao prover sobre novos tipos penaiseleitorais. Não vinga, todavia, a preli-minar argüida. Com efeito, o exame daLei nº 9.100/95 em nenhum momentoautoriza a conclusão de que tenha re-vogado, por qualquer forma - expres-sa ou tácita -, o art. 299 do Código Elei-toral. Nesse sentido, cabe anotar quenão há revogação expressa de ne-nhum dispositivo do Código Eleitoral,limitando-se o art. 78 da norma emcomento, citado pelos denunciados, adeterminar a aplicação das normas doCódigo Penal e o processo previsto naLei nº 4.737/65 para tais infrações.Não ocorreu revogação, portanto, de-vendo tão-somente interpretar-se asnormas em seu conjunto - aliás, as daLei nº 9.100/95, direcionada, em es-pecial, às eleições de 96.

Finalmente, saliento que a correçãoda incidência legal vinda na denúncianão é causa de nulidade alguma, estalimitada à correta descrição do fato tidocomo delituoso, ao qual a atividade ju-dicial aplicará a norma penal adequa-da, com observação dos arts. 383 e 384do Código de Processo Penal, se for ocaso.

A segunda preliminar argüida,agora pela defesa de Antônio Cagol(fls. 259/260), é da nulidade do man-dado de busca e apreensão, porquenão constou no mesmo a assinaturade duas testemunhas, como determi-na o art. 245, § 7º, do Código de Pro-cesso Penal, o que afrontaria o art.5º, inc. LVI, da Constituição Federal.Todavia, o mandado de busca e apre-ensão, de fls. 11/13, não se refere àbusca e apreensão domiciliar, mas àdiligência realizada no Posto Texacolocalizado na Av. Castelo Branco, e

não na residência dos denunciados.E o estabelecimento comercial nãopode ser comparado ao domicílio,posta a circunstância de não se tra-tar de local habitado, motivo pelo qualnão incide a norma do art. 245 doCódigo do Processo Penal, que tratatão-somente das buscas domiciliares.Além disso, ainda que assim não fos-se, a omissão foi tão-somente da as-sinatura das testemunhas, pois a lei-tura do termo circunstanciado daapreensão demonstra que, na folha13, foi lançada a presença das teste-munhas Valdomiro Meneghetti e AriVacaro, apenas não-coletadas as as-sinaturas de ambos, o que caracteri-zaria mera irregularidade. Afasto apreliminar, portanto.

Por fim, não ocorre o pretendidoexcesso de acusação, pelo arrolamen-to de 16 testemunhas na inicial, postoque a limitação do art. 398 do Códigode Processo Penal, segundo a unani-midade da jurisprudência de nossosTribunais, é para cada fato descrito nadenúncia; e a leitura da peça inicial re-vela que a acusação contém, pelo me-nos, dois fatos -, viável portanto, o ar-rolamento, exatamente, do número detestemunhas vindo na inicial acu-satória, pelo que rejeito também estapreliminar.

No mérito, a denúncia vai ratificadaem todos os seus termos. Nesse pas-so, o exame do depoimento prestadopor Vilmar Scatolin perante a autorida-de policial, como se vê da fl. 27 dosautos, é no sentido de que, de fato, naépoca mencionada na denúncia, o can-didato Antônio Cagol prometeu ao mes-mo a importância de R$ 50,00 (cinqüen-ta reais), caso lhe desse o voto naque-las eleições. De outra banda, os depo-imentos de Osvaldo Begini, ValdecirJosé Rigo e Meiri Bigolim trazem notí-

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Revista do TRE/RS104

cia de que os denunciados às eleiçõesde 1996, na cidade de São Valentin,determinaram, em alguns casos, a al-gumas pessoas, que abastecessemseus veículos de gasolina, para finseleitorais. A denúncia, para que sejarecebida, deve narrar fato em tese típi-co e decorrente da prova indiciária ini-cial, contida nas indagações policiaisou documentos outros que instruam ofeito. A menção da tribuna aos docu-mentos juntados às fls. 290 e seguin-tes, que tratam e são oriundos de re-presentação por abuso de poder eco-nômico (fl. 341) e ação de impugnaçãode mandato eletivo (fl. 344) tambémnão vingam no caso, porque se tratam,ambas, de demandas cíveis, e é sabi-do que a culpa civil é, em muito, dife-rente da culpa criminal.

Nessas condições, atendendo apeça inicial os requisitos do art. 41 doCódigo de Processo Penal e estandoos fatos articulados apoiados na provapreliminar, voto no sentido de recebera denúncia e instaurar a ação penalcontra os denunciados, ratificando adecisão de fl. 122.

Por fim, recebida que foi a denún-cia, deve ser homologada a suspensãocondicional do processo, proposta pelaDra. Procuradora Regional Eleitoral eaceita apenas pelo acusado AntônioCagol, como se vê da ata de audiên-cia, realizada para tal fim à fl. 264. Es-tabeleço como condições para a sus-pensão que o acusado compareça tri-mestralmente ao Juízo da fiscalizaçãoda suspensão e não altere seu domicí-lio ou dele se afaste por mais de 30dias, sem comunicar ao Juízo. Apenasno tocante às condições acordadaspelas partes, suprimo aquela relativa àproibição de freqüência a prostíbulos eingestão de bebidas alcóolicas em lo-cais públicos, porque penso veladoras

do direito de liberdade pessoal dobeneficiário, o que não condiz com oespírito da Lei nº 9.099/95. Delego, nostermos do art. 9º da Lei nº 8.038/90, ainstrução do feito ao Juízo Eleitoral da168ª Zona Eleitoral, para onde deve-rão ser remetidos os autos, podendoaquele Juízo, inclusive, deprecar atosde instrução, porventura necessários.

É o voto.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Acompanho o eminente Relator.Entendo que o despacho que rece-

beu a denúncia, pelo Juízo de 1º grau,é válido e eficaz, tendo em vista quetinha competência para julgamento dalide penal na ocasião em que proferiutal despacho. É caso, portanto, de rati-ficação pelo Juízo de 2º grau, tendo emvista a prerrogativa de foro, decorren-te de assunção ao cargo de Prefeito.

Penso que a sustentação oral feitapelo eminente defensor dos acusadosrevela, por si só, que restam dúvidas arespeito da imputação feita na denún-cia. Elas defluiriam de decisões em pro-cessos cíveis, que não têm eficácia noâmbito penal, e devem ser dirimidas nainstrução do processo penal, o qualexiste para isso. E, se dúvidas existi-rem, poderão embasar uma decisãoabsolutória do acusado, nunca um des-pacho de rejeição da denúncia, em ra-zão do que acompanho integralmenteo voto do eminente Relator.

(Todos os demais de acordo.)

DECISÃO1. Rejeitadas as preliminares, rati-

ficaram o recebimento da denúncia.2. Homologaram a suspensão con-

dicional do processo em relação a An-tônio Cagol.

3. Delegaram ao Juízo de 1º grau ainstrução do feito.

Unânime.

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Revista do TRE/RS 105

Processo no 03/97

CLASSE XIIPROCEDÊNCIA: URUGUAIANA -

57ª ZONA ELEITORALAUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO

ELEITORALDENUNCIADOS: ELY MANOEL DA

ROSA E OUTROSProcesso-crime eleitoral. Aceitação,

pelos denunciados, da suspensão con-dicional do processo formulada na peçaacusatória. Afastamento da preliminarde ilegitimidade passiva de uma das de-nunciadas.

Distinção entre os institutos jurídicos dainscrição e da transferência de eleitores.Inadmissibilidade de interpretação analó-gica ou extensiva da norma de Direito Pe-nal. Incidência dos princípios constitucio-nais da legalidade e da reserva legal.

Denúncia rejeitada.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, rejeitar a presente denúncia,com base no artigo 43, inciso I, do Có-digo de Processo Penal, combinadocom o artigo 364 do Código Eleitoral.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te em exercício - e Osvaldo Stefanelloe Drs. Norberto da Costa Caruso Mac-Donald, Leonel Tozzi, Fábio Bittencourtda Rosa e Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva, bem como o Dr.Francisco Sanseverino, ProcuradorRegional Eleitoral Substituto.

Porto Alegre, 19 de maio de 1998.Dr. Carlos Rafael dos Santos Júnior,Relator.

RELATÓRIOTrata-se de exame de denúncia ofe-

recida contra ELY MANOEL ROSA,ELENIR ROCHA DA SILVA, OTACÍLIOOLIVEIRA ROCHA, JOSÉ PROTÁZIOSILVA RAMOS, LUIZ FELIPE SUS-SALLA FRECERO, SANDRA ELIZETEANTUNES DOS SANTOS e ODILONFERNANDES DE SOUZA, todos quali-ficados nos autos, pela prática do delitodo art. 290 do Código Eleitoral, sendoque os denunciados José Protázio Sil-va Ramos, Luiz Felipe Sussala Freceroe Elenir Rocha da Silva teriam pratica-do mais de um fato, na forma do artigo71 do Código Penal.

Adoto, inicialmente, o relatório defls. 375/377: (lê).

Adito, todavia, que através de car-ta de ordem ao Juízo Eleitoral de Uru-guaiana (57ª ZE), os denunciados fo-ram notificados regularmente, nos ter-mos do artigo 4º da Lei nº 8.038/90, eofereceram as respostas de fls. 293/297, 303/308, 314/319, 326/331, 337/342, 349/354 e 361/366, argüindo pre-liminares e postulando, no mérito, arejeição da denúncia.

Acrescento, ainda, que, em sessãorealizada em 19 de novembro de 1997,este Tribunal Regional Eleitoral deci-diu, por maioria de votos, baixar osautos à origem, para que fosse reno-vada a proposta de suspensão condi-cional do processo, vinda na denún-cia, tendo todos os denunciadosaceitado a suspensão, mediante ascondições sugeridas no acórdão defls. 381/385.

Nova vista dos autos foi dada à Pro-curadoria Regional Eleitoral, que pos-tula o recebimento da denúncia, na for-ma do art. 6º da Lei nº 8.038/90, e ahomologação da suspensão proposta.

Os autos vieram-me conclusos.É o relatório.

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Revista do TRE/RS106

VOTODe início, examino a preliminar de

nulidade da denúncia, argüida porElenir Rocha da Silva (fl. 305), que afir-ma não haver integrado, como refere ainicial acusatória, a comissão emanci-pacionista do Distrito de Barra doQuaraí, pelo que se estaria diante dailegitimidade passiva da acusada Elenirpara a causa, sendo caso de rejeiçãoda denúncia, nos termos do artigo 43,III, do Código de Processo Penal.

Nota-se, desde logo, que de nuli-dade da denúncia não trata a alegação,mas de postulação de rejeição da peçainicial, por ilegitimidade ad causam daparte, o que está inscrito no artigo 43,inciso III, do Código de Processo Pe-nal, tratando-se evidentemente de umadas condições do exercício da açãopenal pelo seu titular.

Entretanto, a circunstância, se bemque verdadeira, como se percebe peloexame do documento de fl. 311, oriun-do da Colenda Assembléia Legislativado Estado e que demonstra que ElenirRocha da Silva, efetivamente, não in-tegrou a Comissão Emancipacionistade Barra do Quaraí, não tem o condãode conduzir à rejeição da inicialacusatória, como pretendido.

Com efeito, trata-se de mera cir-cunstância acidental, semelhante àqualificação do agente, e que não teminfluência para o deslinde da questão,podendo, nos termos do art. 569 doCódigo de Processo Penal, ser cor-rigida a qualquer tempo, e acrescenta-ria: mesmo na ausência de correção,nenhum efeito teria no plano da regu-laridade do feito.

É que ser ou não membro da co-missão emancipacionista em nadamodifica a conduta do agente, paraos fins do tipo do art. 290 do CódigoEleitoral.

Afasto, em conseqüência, este pri-meiro argumento, como motivo para arejeição pretendida.

Quanto ao mérito da acusação pos-ta na inicial, segundo a peça de denún-cia, os acusados, no período que ante-cedeu à consulta plebiscitária que vi-sava à emancipação do distrito de Bar-ra do Quaraí, então pertencente aomunicípio de Uruguaiana, os denunci-ados, integrantes da comissão eman-cipacionista, induziram MohammadMustafa Khatib, Maria Dileta de Brito,Nora Nei dos Santos Perlin, Marco Au-rélio dos Santos Basconcelos, JoséAlberto de Souza Rodrigues, ValdirRoselein Fagundes Jardim e EdsonDoviggi Pelizaro, a alterarem seus do-micílios eleitorais, passando a integraro contingente de eleitores domiciliadosem Barra do Quaraí, sem que efetiva-mente ali tivessem domicílio, com a fi-nalidade de votarem no plesbiscito quese avizinhava.

O artigo nº 290 do Código Eleitoral,supostamente violado pelos denuncia-dos, incrimina a conduta de Induzir al-guém a se inscrever eleitor com in-fração de qualquer dispositivo des-te Código.

Tratando-se de norma de direitopenal, a meu sentir, vigorante o princí-pio da reserva legal que incide de modointegral na espécie, sequer em tese osdenunciados violaram o dispositivopenal citado.

Ocorre que somente em se tratan-do de inscrição, com infração a qual-quer dispositivo do Código Eleitoral, otipo incidiria sobre a conduta dos agen-tes, e, no caso dos autos, desde logose constata que se está a tratar detransferência de eleitores, e não de ins-crição.

Note-se que os dois institutos sãodiferentes, e a própria lei eleitoral dis-

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Revista do TRE/RS 107

ciplina a matéria em capítulos distintos,a qualificação e a inscrição do eleitorna Parte Terceira, Do alistamento, Tí-tulo I, Da Qualificação e Inscrição, pre-vistas nos artigos 42 a 50; enquantoque a transferência do eleitor para ZonaEleitoral diversa da de sua inscrição,no Título I, capítulo II, Da Transferên-cia, artigos 55 a 58 do CE.

O exame da jurisprudência do Tri-bunal Superior Eleitoral, embora nãotenha localizado especificamente aquestão posta nestes autos, sempredemonstra, aparentemente, tratar-se deinscrição efetiva, assim entendidaaquela que faz quem não é eleitor, norespectivo quadro, tornando-se eleitor,jamais se tratando de transferência dedomicílio eleitoral as condutas punidaspela norma do artigo 290 do Código.

Nestas condições, presente o prin-cípio da legalidade e da reserva legal,inscritos no artigo 5º, inciso XXXIX, daConstituição Federal, e artigo 1º doCódigo Penal, não sendo admissívelinterpretação analógica ou extensiva danorma de Direito Penal, e consideran-do a distinção que a Lei nº 4.737/65 fazsobre os institutos da inscrição e datransferência do eleitor, incriminandoapenas e tão-somente a inscrição comviolação aos dispositivos da Lei, e nãoa transferência, o que nestes autos setrata, voto no sentido de rejeitar a de-núncia, com base no art. 43, inciso I,do Código de Processo Penal, aplica-do à espécie, por força do artigo 364do Código Eleitoral, porque o fato des-crito na denúncia não constitui ilícitoeleitoral.

É o voto.(Todos de acordo.)

DECISÃOÀ unanimidade, rejeitaram a denún-

cia, com base no art. 43, I, do CPP, c/cart. 364 do Código Eleitoral.

Processo no 16004498

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRERECORRENTE: MINISTÉRIO PÚ-

BLICO ELEITORAL DA 2ª ZONARECORRIDO: NET SUL - TV A

CABO E PARTICIPAÇÕES LTDA.Recurso. Representação. Propa-

ganda eleitoral irregular. Decisão que,ao condenar, deixou de aplicar sanção.

Legitimidade recursal do MinistérioPúblico atuando como custos legis.Feito conhecido.

Aplicação de multa com fundamentono artigo 45, § 2º, da Lei nº  9.504/97.

Recurso provido.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, por maioria, ouvidaa Procuradoria Regional Eleitoral e nostermos das notas taquigráficas inclu-sas, conhecer do presente recurso,vencido o eminente Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva - Rela-tor - e, à unanimidade, dar-lhe provi-mento.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te - e Osvaldo Stefanello e Drs. LeonelTozzi, Fábio Bittencourt da Rosa, An-tonio Carlos Antunes do Nascimento eSilva, Nelson José Gonzaga e SulamitaTerezinha Santos Cabral, bem como aDra. Vera Maria Nunes Michels, Procu-radora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 07 de agosto de 1998.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva,Relator.

RELATÓRIOO PARTIDO SOCIALISTA BRASI-

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Revista do TRE/RS108

LEIRO - PSB - do Rio Grande do Sulrepresentou contra a empresa NET-SUL, TV a cabo localizada nesta Capi-tal, porque, no dia 05 de julho, por vol-ta das 18h20min, nos canais 20 e 6 daTV a cabo NET-SUL, o candidato a De-putado pelo PMDB, Berfran Rosado,concedeu entrevista ao programa �OverFashion�, onde, a pretexto de estar lan-çando um livro de sua autoria, promo-veu e divulgou sua candidatura. O Par-tido refere que isso é vedado à Emis-sora e ao candidato, à luz da Lei nº9.504/97, que delimita a forma de usodo rádio e televisão após o dia 01/07/98, para fins de promoção eleitoral.

O Ministério Público exarou promo-ção, pedindo o recebimento da repre-sentação.

Foi juntada a fita com a gravaçãodo referido programa, que resultou semdegravação, e foram notificados o can-didato e o Partido do Movimento De-mocrático Brasileiro.

O candidato, em preliminar, argüiseja extinta, de plano, a representação,sem julgamento do mérito. No mérito,postula a improcedência.

Junta um ofício expedido pelo pro-dutor do programa, informando sobrea ocorrência do mesmo, bem como adata em que foi veiculado. A NET-SULapresenta longa contestação, procu-rando fazer a diferenciação entre aslegislações que tratam da TV conven-cional, da TV a cabo, da TV por assi-natura (canal fechado).

O Ministério Público ofertou parecer.O Dr. Juiz auxiliar proferiu senten-

ça (fls. 51/55), apreciando todas asquestões argüidas em contestação, in-clusive as preliminares, e julgando pro-cedente a representação. Examinou,também, a questão relativa à legisla-ção que regulamenta a TV a cabo, con-cluindo que a responsabilidade da em-

presa NET-SUL excluiu da represen-tação o candidato Berfran Rosado. Jul-gou procedente a representação, regis-trando, ao fim de sua decisão:

�Todavia, considerando o inedi-tismo da discussão, ao menos no atualperíodo eleitoral, tenho por não aplicara penalidade prevista no par. 2º do art.45, a fim de que a presente decisão sir-va como paradigma de orientação àsemissoras.�

A multa não foi aplicada, em razãodesses fatos.

O Ministério Público Eleitoral recor-re, pedindo a aplicação da pena demulta.

Em contra-razões, a empresa NET-SUL volta novamente a tecer comen-tários sobre a legislação de umas e deoutras, ou seja, TV convencional, TV acabo, TV paga ou TV por assinatura.

O feito foi à Dra. Procuradora Regi-onal, que ofertou parecer, opinandopela procedência do recurso, com apli-cação da pena de multa no seu míni-mo legal, nos termos do art. 45, § 2º,da Lei nº 9. 504/97.

É o relatório.

VOTOSDr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:Sr. Presidente:Como relatado e bem disposto no

parecer da Dra. Procuradora, cinge-seo recurso somente à aplicação ou nãoda multa prevista no art. 45. No entan-to, estou levantando uma questão, quedestacarei, com relação ao não-conhe-cimento do recurso.

O representante foi o Partido Socia-lista Brasileiro. O Ministério Público,quando me foi dada vista da represen-tação, apenas opinou pelo recebimentoda mesma, não aderiu à representação,não foi ao representante. Então, nestefeito, verifico que ele atuou como cus-

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Revista do TRE/RS 109

tos legis, unicamente. Assim, a questãoque destaco é o não-conhecimento dorecurso, por verificar a ausência de le-gitimidade recursal do Ministério Públi-co, quando atua como custos legis nosprocedimentos eleitorais.

Destaco.Dr. Nelson José Gonzaga:Vou divergir, Sr. Presidente. Enten-

do que o Ministério Público, como cus-tos legis, pode recorrer.

Dra. Sulamita Terezinha SantosCabral:

Divirjo do Relator.Des. Osvaldo Stefanello:Embora não haja previsão expres-

sa na Lei Eleitoral e no processo elei-toral, na hipótese, é de se aplicar su-pletivamente o que dispõe o Código deProcesso Civil a respeito. Pelo CPC, oMinistério Público, mesmo atuando noprocesso como custos legis, tem legiti-midade para recorrer naqueles proces-sos em que atua.

Por essa razão, conheço do recurso.Dr. Leonel Tozzi:Também, Sr. Presidente, peço vê-

nia ao eminente Relator e discordo,porque é uma competência constituci-onal do Ministério Público ser fiscal dalei. E, como fiscal da lei, ele não podese omitir quando entende que devaparticipar, até como recorrente, mes-mo sendo custos legis.

É assim que voto.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Também entendo que, sendo fiscal

da execução da lei, na condição de cus-tos legis, o Ministério Público tem quezelar pela boa aplicação da lei, em qual-quer grau de jurisdição, do que decorreo seu poder e direito de apelar.

Des. Élvio Schuch Pinto:O eminente Relator pode prosseguir.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:

O mérito, Sr. Presidente, nada maisversa do que aplicar a penalidade. Hou-ve a infração, e não vislumbro a ques-tão de que a não-aplicação da multateria efeito pedagógico, ou efeito, comoreferi na sentença, de paradigma deorientação às emissoras. Então, sinte-ticamente, já que o recurso cinge-se,exatamente, à aplicação ou não dapenalidade, dou provimento ao recur-so e aplico a pena de multa em 20 milUFIR, com base no art. 45, § 2º, da Leinº 9.504/97.

É o voto.Dr. Nelson José Gonzaga:No mérito, acompanho o voto do

eminente Relator.Dra. Sulamita Terezinha Santos

Cabral:Acompanho o voto do Relator.Des. Osvaldo Stefanello:Sr. Presidente:Também acompanho. Acontece

que o objetivo didático, ou profilático,ou, usando a expressão do Juiz, a ori-entação pedagógica que decorre deuma condenação, só será alcançada seaplicada a respectiva sanção - em ha-vendo sanção, pecuniária que seja. Narealidade, a não ser assim, estar-se-ia, ao mesmo tempo, condenando eaplicando o princípio do perdão judici-al ou anistia, o que só há que ser admi-tido naqueles casos restritos e expres-samente previstos.

Portanto, e com todo o respeito à po-sição do eminente Juiz, estou em acom-panhar o voto do eminente Relator.

Dr. Leonel Tozzi:Também, Sr. Presidente, acompa-

nho o eminente Relator.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Sr. Presidente:Também penso que condenar sem

sancionar é um direito alternativo. Nes-se caso, não aceito essa tese.

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Revista do TRE/RS110

DECISÃOPor maioria - vencido o Relator -,

conheceram do recurso e, por unani-midade, proveram-no.

Processo no 16001398

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: DESTA CAPITALRECORRENTES: (1º) PARTIDO

DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICOBRASILEIRO E (2º) ANTÔNIO BRIT-TO FILHO

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLI-CO ELEITORAL

Recursos. Representação. Propa-ganda partidária.

1. Irresignação recursal do segun-do recorrente ofertada a destempo, ra-zão pela qual a mesma não merece serconhecida. Não-cumprimento do prazode 24 horas a que se refere o art. 96, §8º, da Lei nº 9.504/97, e art. 64, § 9º,da Resolução TSE nº 20.106/98.

2. Preliminares rejeitadas.3. No que concerne ao primeiro re-

corrente, verifica-se que as inserçõesveiculadas estão em desacordo com oque preconiza o art. 45 da Lei nº 9.096/95, uma vez que as mesmas não tra-tam de questões de cunho partidário ouprogramático, tampouco divulgam asposições do partido relativas a temaspolítico-comunitários. Incabível a utiliza-ção de tais espaços para manifestaçãopessoal de candidatos e propaganda deprograma de governo. Resta evidente acaracterização de propaganda eleitoralirregular, com infringência ao dispostono art. 36, § 3º, da Lei nº 9.504/97.

Provimento negado.

A C Ó R D Ã OVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, apreciando os pre-sentes autos, ouvida a Procuradoria

Regional Eleitoral e nos termos dasnotas taquigráficas inclusas, não co-nhecer, à unanimidade, do recurso deAntônio Britto Filho; rejeitar, por maio-ria, as preliminares argüidas, vencidoo eminente Dr. Fábio Bittencourt daRosa; e, à unanimidade, negar provi-mento ao recurso do PMDB.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te em exercício - e Osvaldo Stefanelloe Drs. Leonel Tozzi, Fábio Bittencourtda Rosa, Nelson José Gonzaga e Os-car Breno Stahnke, bem como a Dra.Vera Maria Nunes Michels, Procu-radora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 16 de junho de 1998.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva,Relator.

RELATÓRIOO MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITO-

RAL ofertou representação contra oPARTIDO DO MOVIMENTO DEMO-CRÁTICO BRASILEIRO - PMDB - doRio Grande do Sul e contra ANTÔNIOBRITTO FILHO, Governador do Esta-do, por infringência à Lei nº 9.504, art.36, § 3º, em razão de propaganda irre-gular praticada em espaço destinado àpropaganda partidária, quando, nosdias 13, 15, 20 e 22 de abril de 98, combase no art. 45 da Lei nº 9.096/95, lhefoi facultada essa inserção para propa-ganda partidária.

Esta egrégia Corte entendeu, inclu-sive com liminar deferida pelo eminen-te Sr. Presidente, de suspender as in-serções e de, no mérito, aplicar ao par-tido a sanção de não-apresentação, nopróximo semestre, da propaganda par-tidária. Com isso, e entendendo terocorrido a prática de propaganda irre-gular, o Ministério Público ofereceu a

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representação, que foi instruída comcópia do acórdão proferido nesses au-tos, referido anteriormente.

O processo seguiu seus trâmitesnormais, com contestação, culminan-do com sentença de procedência darepresentação e aplicação da multa de20 mil UFIR a cada um dos represen-tados - ou seja, 20 mil UFIR ao PMDBe 20 mil UFIR ao Governador AntônioBritto Filho.

Irresignados, ambos os representa-dos interpõem recurso a esta egrégiaCorte.

O Partido do Movimento Democrá-tico Brasileiro, ratificando as razões dacontestação, refere que a matéria queoriginou a representação já foi objetode apreciação por esta Corte, quandoda imposição de sanção prevista no art.45, § 2º, da mencionada Lei nº 9.096,aduzindo que, negado seguimento aorecurso interposto contra essa decisão,interpôs agravo de instrumento. Pros-seguindo, diz que, por haver questãopendente de pronunciamento definiti-vo da Justiça Eleitoral - que se refereespecificamente ao objeto de recursonaqueles autos -, não pode ser conde-nado, nos autos desta representação,à pena de multa prevista na Lei nº9.504, por serem as referidas inserçõesconfiguradas como propaganda eleito-ral. Refere, também, que seria um bisin idem inaceitável e injusto, devendoser aplicado ao caso o princípio daconsunção ou da subsidiariedade -dupla penalidade que não é possível.Ou ocorre a absolvição - e a puniçãoimposta nos termos da Lei nº 9.096afasta qualquer outra, ou a aplicaçãoda multa exclui a perda do direito deapresentar o programa no próximo se-mestre de 99. Pede a revogação dasentença, com o conhecimento e pro-vimento do recurso.

Recorre, também, o Sr. AntônioBritto Filho, quanto ao mérito, ratifican-do os mesmos argumentos da contes-tação anteriormente apresentada e dasrazões recursais do PMDB. No entan-to, argüi, em preliminar, a existência delitispendência - ausência de legitimida-de passiva para figurar no pólo passi-vo da representação. Basicamente, sãoessas as razões. Quanto ao mérito an-tes referido, repetem os argumentos doPartido Democrático Brasileiro, no sen-tido de que a propaganda partidária foilícita e em conformidade com a Lei nº9.096, assim como também o fez oPartido recorrente.

O Ministério Público Eleitoral ofer-tou parecer e também o fez nesta Cor-te a Dra. Procuradora Regional, refe-rindo, no entanto, em preliminar, aintempestividade do recurso apresen-tado por Antônio Britto Filho. Em lon-gas razões, a Dra. Procuradora Regio-nal Eleitoral opinou pelo conhecimen-to do recurso do PMDB, pelo não-co-nhecimento do recurso de AntônioBritto, porque intempestivo, rejeitandoas preliminares. No mérito, opinou peloimprovimento de ambos os recursos,com a manutenção da sentença recor-rida, que aplicou a cada um dos recor-rentes a multa prevista na Lei nº 9.504.

Este é, em síntese, o relatório.

VOTOSDr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:Sr. Presidente:Os recursos interpostos contra as

representações, por infringência à Leinº 9.504/97, estão regrados, quanto aoprazo, no art. 96, § 8º dessa Lei, queassim estabelece:

�Quando cabível recurso contra adecisão, este deverá ser apresentadono prazo de vinte e quatro horas da pu-blicação da decisão em cartório ou ses-

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são, assegurado ao recorrido o ofere-cimento de contra-razões, em igual pra-zo, a contar da sua notificação.�

De igual forma, a Resolução nº20.106/98, em seu art. 64, § 9º, repetea disposição da Lei nº 9.504, referindo:

�Contra a decisão do Juiz Auxiliarcaberá recurso, no prazo de vinte equatro horas da publicação da decisãona Secretaria (...).�

O art. 389 do Código de ProcessoPenal, aplicável supletiva e subsi-diariamente aos feitos eleitorais, dispõeque a publicação da sentença se dá emmãos do escrivão.

Conforme certidão à fl. 129 destesautos, no dia 03 de junho de 1998 foipublicada a decisão que aplicou a pe-nalidade de multa aos ora recorrentes,porque recebidos pelo Diretor da 2ªZona Eleitoral, Vicente Olir Pilatti, nes-sa mesma data.

A rigor, então, seriam intempestivosambos os recursos já que apenas in-terpostos no dia 08 de junho, ou seja,cinco dias após a data de publicaçãoda sentença. No entanto, acolhendo osargumentos da Dra. Procuradora Re-gional, porque o Juiz auxiliar determi-nou a intimação da sentença por man-dado, considero o termo inicial do pra-zo recursal o dia e a data em que ocor-reu a intimação. No caso, o PMDB -Partido Democrático Brasileiro - foi in-timado da decisão no dia 5 de junho de98, às 15h30min, e o Sr. Governadordo Estado foi intimado também no mes-mo dia, porém às 10 horas da manhã.

Os recursos foram interpostos peloPMDB, no dia 08 de junho, às 08 horasda manhã, e o recurso interposto peloSr. Antônio Britto Filho, no dia 08 dejunho, às 12 horas, ou seja, duas ho-ras após o prazo de vinte e quatro ho-ras, a contar da intimação da decisãoque lhe aplicou a multa.

Por isso, Sr. Presidente, entendointempestivo o recurso apresentadopelo Governador Antônio Britto Filho enão o conheço, conhecendo do recur-so do Partido Democrático Brasileiro.

É o voto, com relação a essa preli-minar. Destaco.

(Todos de acordo.)Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Sr. Presidente:Confesso que fiquei em dúvida a

respeito dessa alegação de subsidia-riedade, tendo em vista a aplicação deduas sanções pelo mesmo fato. Então,por isso, gostaria de um esclarecimen-to do nobre Relator sobre qual a nor-ma aplicada no primeiro processo,como também qual a aplicada nesteque está em julgamento.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

No primeiro processo, a sançãoaplicada foi a do art. 45 da Lei nº 9.096,que apenou o Partido com a cassação,com a não-veiculação da propagandapartidária no semestre seguinte ao daeleição. A representação baseou-se naLei nº 9.504, por ter havido, segundo apeça inicial, propaganda partidária ir-regular nessas inserções. Então, seri-am inaplicáveis, segundo o argumentoda defesa e dos Drs. Procuradores,duas regras para o mesmo fato (Lei nº9.096 - sanção de 20 mil UFIR - e Leinº 9.504 - por propaganda eleitoral ir-regular, ocorrida nas inserções da pro-paganda partidária gratuita, facultadaspelos termos da Lei nº 9.096).

Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Portanto, o mesmo fato gerou duas

inserções.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:É exatamente o que está a afirmar

a defesa.Des. Élvio Schuch Pinto:

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O eminente Relator pode prosseguir.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:Sr. Presidente:O Partido recorrente - esclarecen-

do também o Dr. Fábio que não partici-pou da decisão da sessão anterior, emque se examinou essa questão - refereque a matéria já foi objeto de aprecia-ção por esta Corte, que decidiu impora sanção prevista no art. 45, § 2º, daLei nº 9.096.

Contra essa decisão, foi interpostorecurso especial - previsto no CódigoEleitoral -, ao qual foi negado segui-mento, e, por isso, interposto agravode instrumento, ainda em tramitação.

Continua o Partido recorrente:Portanto, a decisão em que se fun-

damenta a sentença recorrida não é de-finitiva, podendo, como espera o Re-corrente, ser reformada no egrégio Tri-bunal Superior Eleitoral.

Por estar pendente de pronuncia-mento definitivo da Justiça a questão daconfiguração ou não das referidas inser-ções como propaganda eleitoral, nãopode ser aplicada a multa prevista na Leinº 9.504/97, devendo, por este motivo, asentença ser reformada, com o provimen-to deste Recurso. (fls. 134-135).

Examino, então, as preliminaresargüidas pelo Partido recorrente, já quea preliminar de ausência de interesseprocessual do Ministério Público empromover a representação só foi argüi-da pelo recorrente Antônio Britto Filho,cujo recurso não foi conhecido.

Mais ainda: o Partido recorrente - nasrazões recursais, quanto às questõesaludidas ao início, de que a questão pen-de de recurso - diz: (fl. 135, in fine):

�Repita-se, também, aqui, que a im-posição de multa constitui um bis inidem inaceitável e injusto, devendo seraplicado ao caso o princípio da con-

sunção ou o princípio da subsidia-riedade. A dupla penalidade é que nãoé possível.

Assim, temos uma questão: litis-pendência, consunção ou aplicação deuma regra subsidiária a outra principal.

O art. 301 do CPC estabelece:�§ 1º Verifica-se a litispendência ou

a coisa julgada, quando se reproduzação anteriormente ajuizada.

(...)§ 3º Há litispendência, quando se

repete ação, que está em curso; há coi-sa julgada, quando se repete ação quejá foi decidida por sentença, de que nãocaiba recurso.�

Por conseqüência, estabelece-se alitispendência quando já existe açãoajuizada, pendente de decisão definiti-va, em que, na segunda, se pretendediscutir a mesma questão deduzida naprimeira. Forma-se, pela litispendência,duas discussões a respeito do mesmofato, da mesma relação jurídica, con-tra a mesma pessoa e pela mesma cau-sa. Entretanto, entendo que não é ocaso dos autos. A penalidade impostaao Partido recorrente, cassação do di-reito de propaganda partidária, no pri-meiro semestre do ano de 99, resultoude infringência ao art. 45, caput, daLei nº 9.096, que estabelece:

�A propaganda partidária gratuita,gravada ou ao vivo, efetuada median-te transmissão por rádio e televisão,será realizada entre as dezenove ho-ras e trinta minutos e as vinte e duashoras para, com exclusividade:

I - difundir programas partidários;II - transmitir mensagens aos

filiados sobre a execução do programapartidário, dos eventos com este rela-cionados e das atividades congres-suais do partido;

III - divulgar a posição do partido emrelação a temas político-comunitários.

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Entendendo esta egrégia Corte, noacórdão que se junta aos autos, queesses requisitos do art. 45 da Lei nº9.096 não foram atendidos, incidiu, en-tão, o Partido em infringência a essa Lei,e, por isso, foi apenado com a cassa-ção do direito de não veicular a propa-ganda partidária no semestre seguinte.�

A infringência, portanto, a tal dispo-sitivo pode ocorrer não-somente pelaprática de propaganda eleitoral irregu-lar. Outras figuras típicas, inclusivepenais, ou infrações podem ser prati-cadas nessa propaganda partidáriagratuita estabelecida pela Lei nº 9.096,ou mesmo, até, como referido, figurastípicas penais eleitorais. Cito, por exem-plo, a questão de crimes contra a hon-ra, praticados no espaço dessas inser-ções destinadas à propaganda políti-co-partidária. Então, em se aceitandoa tese da defesa, somente a penalida-de imposta, de cassação ao registro,estaria absorvendo o crime eleitoral.Não entendo dessa forma. Um só fatoou uma só infração perpetrada podemter conseqüências jurídicas diversas.

Como bem salienta o parecer mi-nisterial de 1º grau (fls. 155-156):

�Afora isso, tratando-se de duas in-cidências, primeiramente de naturezaeleitoral e não penal, mas administrati-va - qualificada como infração de natu-reza administrativo-eleitoral -, tanto éque não se consignam nos capítuloscriminais ou prevê em seu próprio tex-to, como no art. 40 seguinte, a consti-tuição de crime - conduta tipificadacomo infração penal.

No mais, originam-se as infraçõesde duas leis diversas (9.096 e 9.504),e especiais, uma sanção à ofensa à le-gislação partidária e outra à propagan-da eleitoral - fora de prazo.

Logo, totalmente distintas as fontese conseqüentemente as sanções (uma

suspende o direito de propagar para osemestre seguinte, e a outra impõepecúnia). Não há o que se falar emconsumação ou subsidiariedade, etampouco uma depende necessaria-mente da outra, podendo perfeitamen-te conviverem no mesmo ambiente ju-rídico, sem necessitar, para a aplica-ção de uma sanção, o trânsito em jul-gado da outra.

Sobre, ainda, essa questão, Pon-tes de Miranda, que é citado nos autos(fl. 9), refere:

�O mesmo ato pode ser elementodos suportes fáticos de regras jurídicasdiferentes; inclusive a incidência deuma delas pode fazê-lo entrar como atoilícito relativo, e a de outra, como atoilícito absoluto. Basta para isso que,violador de contrato, ou de outro negó-cio jurídico, ou de ato jurídico strictosensu, também o seja de direito abso-luto; ou melhor, que o ato seja ilícitoabsoluto e o fosse ainda se não exis-tisse a relação jurídica entre o agentee o lesado.�

Entendo não presentes, na espécie,os princípios argüidos pela defesa.Quanto ao princípio da consunção, nodizer de Aníbal Bruno, citado nos au-tos à fl. 109:

�O fato definido em uma lei ou dis-posição de lei pode estar compreendi-do no fato previsto em outra, de senti-do mais amplo. Então, é essa disposi-ção mais larga que vem aplicar-se àhipótese. É o princípio da consunção.Pode ocorrer isso quando o fato pre-visto em uma norma figura como ele-mento constitutivo do tipo delituoso,definido em outra conduta inicial, meiopara realizá-lo ou parte do todo que elerepresenta...�

Ainda, o mesmo autor (f l . 9),quanto ao princípio da subsidiarieda-de, refere:

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�A norma principal prevalece sobrea norma simplesmente subsidiária; istoé, a norma subsidiária só se aplica seao caso não for aplicável a norma prin-cipal...�

Entendo, desta forma, que a san-ção aplicada, em conformidade com aLei nº 9.096, não absorveu outra even-tual infração praticada dentro do espa-ço destinado à propaganda partidáriaeleitoral, nos termos da Lei 9.096.

De igual forma, tratando-se deinfringência a regramentos distintos, nocaso em exame, inocorre o princípio dasubsidiariedade, porque, como já men-cionado, elementos caracterizadoresde cada umas das infrações (Leis nºs9.096 e 9.504) não estão contidos, ne-cessariamente, em uma e outra. E,como conseqüência lógica, o apena-mento a uma não exclui eventualapenamento a outra, por terem conse-qüências jurídicas diversas.

Rejeito, então, estas preliminares,destacando-as, se houver necessida-de de entendimento de V. Exa.

Dr. Nelson José Gonzaga:Também entendo rejeitar as preli-

minares, porque não existe litispendên-cia, não existe esta consunção e tam-bém não existe, como disse o eminen-te Relator, a possibilidade de se falarem subsidiariedade.

Dr. Oscar Breno Stahnke:De acordo.Des. Osvaldo Stefanello:Com o eminente Relator, Sr. Presi-

dente.Dr. Leonel Tozzi:Com o eminente Relator.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Divirjo, Sr. Presidente. Entendo que

há conflito de leis. As normas são deDireito Penal Administrativo, ambas esua natureza bem o revela, porque elastêm caráter retributivo, além do caráter

de reposição. Portanto, na eleição deSebastião Soler, são normas penais. E,assim se tratando, a elas se aplica oprincípio que rege a solução do confli-to aparentes de leis. No caso, sempreque ocorre um fato que colore duas oumais normas penais, apenas uma podeser aplicada, e não duas. Então, tere-mos de nos socorrer de um dos princí-pios que soluciona o conflito aparente,para dizer qual a norma aplicável. Oque me pareceu defluir do que foi dis-cutido até aqui é que, pela interpreta-ção da situação fática, como caracte-rizadora de propaganda irregular, apli-cou-se a sanção no impedimento daveiculação da propaganda no semes-tre seguinte da eleição e a sanção das20.000 UFIR. Então, um fato apenasensejou a aplicação de duas normasde Direito Administrativo Penal, de ca-ráter sancionatório. Vejo aí, realmen-te, um conflito aparente de leis e umaimpossibilidade de aplicação simultâ-nea das regras. Então, por esse funda-mento, entendo que seria de acolher-se a preliminar, no que diz respeito aoconflito aparente de leis; não tem nadaa ver com litispendência, que afasto. Aquestão de o TSE julgar o caráter ilíci-to eleitoral da propaganda é uma pre-judicial. Ela não impediria o julgamen-to deste processo aqui; seria uma meraprejudicial. Agora, sem dúvida alguma,há uma simultânea aplicação de regrade natureza penal, porque o fato é umsó. Vejam bem: concordo com o emi-nente Relator quando diz que, se alémde essa propaganda se caracterizarcomo irregular o fato tiver conotaçãocriminosa, o conjunto de atos, caracte-rizador do fato, poderá colorir regrasdiferentes, uma de Direito Administra-tivo Penal e outra de Direito Penal pro-priamente dito. Neste caso, são regrasda mesma hierarquia, de Direito Admi-

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nistrativo Penal. A meu ver, há um bisin idem na sanção, razão porque aco-lho essa preliminar.

Des. Élvio Schuch Pinto:O eminente Relator pode prosseguir.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:Permita-me apenas um acréscimo,

Sr. Presidente. A decisão proferida poresta Corte entendeu como irregular pro-paganda partidária gratuita, mas nãodefiniu definitivamente ou especifica-mente o que seria propaganda partidá-ria eleitoral irregular.

Quanto ao mérito, Sr. Presidente,entendo que melhor sorte não socorreao recorrente. A Lei nº 9.096, em seuart. 45, anteriormente referido, é espe-cífica quanto à matéria a ser apresen-tada no aludido programa partidáriogratuito:

�I - difundir os programas partidários;II - transmitir mensagens aos

filiados sobre a execução do programapartidário, dos eventos com este rela-cionados e das atividades congressuais do partido;

III - divulgar a posição do partido emrelação aos temas político-comunitários.�

A primeira inserção, do dia 13 deabril, assim refere, nas palavras do Sr.Governador: (lê à fl. 164).

A segunda inserção, do dia 15 deabril, assim diz: (lê às fls. 164/165).

Das inserções ocorridas em 20 e 22de abril, cito só a primeira. Após onarrador fazer referência ao nascimen-to de uma criança que acabara de nas-cer, o Sr. Governador Antônio Britto as-sim se manifesta: (lê à fl. 165). Eviden-temente que essas colocações do Sr.Governador do Estado estão em com-pleto desacordo com o art. 45 da Lei nº9.096, porque não tratam de questão decunho partidário, de programa de parti-do; não transmitem mensagem aos

filiados sobre a execução de programaspartidários. O que, na realidade, acon-tece é uma manifestação pessoal do Sr.Governador, que - é público e notório -deverá ser candidato à reeleição, emproveito próprio, referindo projetos queele, como governador, executou. Trata-se, então, de propaganda de um pro-grama de governo. Trata-se, pois, depropaganda eleitoral irregular, porquepraticada antes de 5 de julho - mais es-pecificamente, no dia 6 de julho - nostermos da Lei nº 9.504, conforme a Re-solução nº 20.106/98.

A Dra. Procuradora Regional, emseu ilustrado parecer, assim se mani-festa: (lê às fls. 165/166).

Trago, como reforço de argumen-tação, a ilustrada manifestação do Sr.Corregedor à época, quando aprecioupedido de liminar apresentado pelo PT.Consta à fl. 33/34:

�4. Tenho por induvidoso que as in-serções objeto da presente representa-ção desgarraram do objeto taxati-vamente estabelecido na Lei e na Re-solução do TSE, e que as mensagensnelas divulgadas se ajustam à moldurade alguma das vedações estabelecidasexemplificativamente nos referidos tex-tos normativos. É que nelas figura ape-nas o Excelentíssimo senhor Governa-dor do Estado - anunciadamente candi-dato à reeleição -, que discorre sobreseus atos e projetos de Governo, e so-bre a satisfação que deles obteve oupretende alcançar. Não há nada sobreo programa partidário do PMDB; nenhu-ma mensagem aos filiados do partidosobre tal programa ou eventos com elerelacionados; também não há divulga-ção de posição do partido relativa a te-mas político-comunitários.�

Assim sendo, tenho que ocorreuinfração ao art. 36, § 3º, da Lei nº 9.504/97, motivo pelo qual voto pelo improvi-

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mento do recurso, mantendo a senten-ça recorrida.

É o voto, Sr. Presidente.Dr. Nelson José Gonzaga:Acompanho o voto do Relator.Dr. Oscar Breno Stahnke:De acordo.Des. Osvaldo Stenafello:De acordo.Dr. Leonel Tozzi:Sr. Presidente:Estou de acordo, mas gostaria de

consignar que o legislador - os políti-cos, em última análise -, inseriram nalegislação um prazo específico para apropaganda eleitoral. E esses mesmospolíticos, as autoridades em si, são osprimeiros a desrespeitarem aquilo queeles, a sponte sua, colocaram na lei,revogando uma praxe antiga de que apropaganda iniciava com a escolha docandidato à convenção. Esta atitude éum desserviço à democracia e é ummal exemplo de cidadania. Está plena-mente comprovado, como demonstrouo eminente Relator, que se trata de pro-paganda irregular em benefício próprio.Portanto, acompanho integralmente oseu brilhante voto.

Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:No mérito, acompanho o Relator.

DECISÃOÀ unanimidade, não conheceram do

recurso de Antônio Britto Filho; pormaioria, vencido o Dr. Fábio B. daRosa, rejeitaram as preliminares; e, àunanimidade, negaram provimento aorecurso do PMDB.

Processo no 16005498

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRERECORRENTES: COLIGAÇÃO RIO

GRANDE VENCEDOR, PARTIDO DOMOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASI-

LEIRO E ANTÔNIO BRITTO FILHORECORRIDOS: COLIGAÇÃO

FRENTE POPULAR, PARTIDO DOSTRABALHADORES E OLÍVIO DUTRA

Recurso. Representação. Apreensãode panfletos de propaganda eleitoral.

Medida liminar corretamente defe-rida, eis que presentes os pressupos-tos caracterizadores do fumus boni jurise do periculum in mora.

Provimento negado.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, negar provimento ao presen-te recurso.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desem-bargadores Élvio Schuch Pinto - Pre-sidente - e Osvaldo Stefanello eDrs. Leonel Tozzi, Tania TerezinhaCardoso Escobar, Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva eSulamita Terezinha Santos Cabral,bem como a Dra. Vera Maria NunesMichels, Procuradora Regional Elei-toral.

Porto Alegre, 25 de agosto de 1998.Dr. Nelson José Gonzaga,Relator.

RELATÓRIOA COLIGAÇÃO RIO GRANDE VEN-

CEDOR, o PARTIDO DO MOVIMEN-TO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO,PMDB, e ANTÔNIO BRITTO FILHO,inconformados com decisão liminarconcedida por Juiz auxiliar, que orde-nou a expedição de mandado de bus-ca e apreensão de material junto aoComitê de Campanha da Coligação RioGrande Vencedor, nos autos da repre-sentação movida pela Coligação Fren-

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te Popular, pelo Partido dos Trabalha-dores e por Olívio Dutra, aqui recorri-dos, contra os ora recorrentes, afora-ram o presente recurso, colimando areforma da liminar, e, por conseqüên-cia, a restituição de todo o materialapreendido.

Sustentam que a publicação veicu-lada nada mais fez do que relatar fatosverdadeiros, reais, que aconteceram.

Peço vênia para lê-la, na íntegra (lêfls. 10/13).

Para os recorrentes, tal publicaçãonão tratou de omitir nenhum fato, nemmesmo aqueles veiculados nos 200 milpanfletos, sob o título �O esquemaArrieta - A verdadeira História da Pre-vidência�, que agrediram, injusta emaldosamente, o seu próprio candida-to e que, por serem falsos e mentiro-sos, levaram à condenação o Presiden-te do Partido dos Trabalhadores e tam-bém o Coordenador-Geral da campa-nha eleitoral de 1994.

Segundo os recorrentes, foram ex-traídos dos órgãos de imprensa, dasnotícias neles veiculadas e das publi-cações neles feitas, tendo sido, inclu-sive, colhidos de documentos oficiais,tais como das decisões condenatóriasimpostas em primeira e em segundainstâncias pela Justiça.

Por conseguinte, asseveram os re-correntes, se os recorridos estão a con-siderar agressiva e abusiva esta pro-paganda, que chamam de panfletos, éporque é verdadeiro o seu conteúdo eservirá, por seu lado, como forma decensura para aqueles que insistem emfazer da mentira o seu principal instru-mento de ação.

Dizem mais: que �A Verdadeira His-tória das Eleições�, ao contrário de �AVerdadeira História da Previdência�,contada à época pelos recorridos e,posteriormente, qualificada como calu-

niosa, não pelos recorrentes, mas simpelo Poder Judiciário, não calunia, nãoinjuria, nem difama ninguém. O quecaracteriza os crimes contra a honrasão as mentiras, as falsidades, as im-putações e denúncias irresponsáveis,todas elas presentes na �VerdadeiraHistória da Previdência�, que foramcontadas pelo PT em 1994, na vã ten-tativa de iludir os eleitores e com umúnico propósito, de manipulação dopleito eleitoral de 1994, em benefíciopróprio.

�A Verdadeira História das Eleiçõesde 1994�, ao contrário do entendimen-to dos recorridos, não calunia, não in-juria, nem tampouco difama ninguém.Se não bastasse, no Direito pátrio, éentendimento dos recorrentes que nãoexiste crime contra a honra de pesso-as jurídicas - no caso, a ColigaçãoFrente Popular e o Partido dos Traba-lhadores. E, no tocante ao terceiro re-corrido, Olívio Dutra, nem teria sido ci-tado na aludida publicação. Os conde-nados Ronaldo Zulke e Laerte Méliga,esses sim, foram atingidos pela mão daJustiça e, em tese, poderiam sentir-seafrontados pela VERDADE dos fatos;mas silenciaram e nem compareceramnesta representação, como a demons-trar que o juízo condenatório já teriasurtido seus efeitos.

Para o recorrentes, os dez capítu-los contidos na publicação estão a re-presentar a farsa, montada em 1994pelos recorridos e pelos ausentes,Zulke e Méliga, com a finalidade demaquinar o processo eleitoral então emcurso. Em tudo o que foi escrito, nãohá margem para mentiras ou ofensas,porque lastreados, ditos capítulos, emfatos, documentados em sentenças, emacórdãos, todos verdadeiros.

Ainda para os recorrentes, o capí-tulo 3 da �Farsa do PT�, e as assertivas

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nele contidas, �O PT SEM ESCRÚPU-LOS�, �O PT de Olívio Dutra tira a más-cara e pisoteia na ética numa flagran-te manipulação eleitoreira�, ao contrá-rio do pensamento dos recorridos, nãopodem ser tidas como graves ofensasou como afirmações novas, mas simcomo afirmações antigas, por repre-sentarem, tanto o título quanto as as-severações, o que constou em notaoficial publicada no dia 13 de setem-bro de 1994 nos Jornais Zero Hora,Correio do Povo e Jornal do Comér-cio, a mando da Coligação Movimen-to Rio Grande Unido e Forte, quando,no exercício de direito seu - inalienávelna época -, de resposta, teceu críti-cas fortes, justificadas e fundamenta-das, contra as imputações levianas efalsas feitas pelos que hoje se dizemofendidos.

Naquela oportunidade, asseguramtambém os recorrentes, o Partido dosTrabalhadores, mais precisamente, nodia seguinte, 14 de setembro de 1994,através de nota oficial intitulada �Osgaúchos têm direito à verdade�, nosmesmos jornais, respondeu, de suavez, à nota do dia anterior, de parteda Coligação Movimento do Rio Gran-de Unido e Forte.

Ao que emerge do recurso, os re-corridos parece que não têm memó-ria, vez que, se assim não fosse, nãoteriam medo da verdade que se con-tém na propaganda que pretendemver censurada.

Para os recorrentes, a publicaçãoapreendida se mostra regular e foi pro-duzida abertamente, com recursos decampanha, tanto que a Justiça Eleito-ral não encontrou qualquer dificulda-de para localização do material.

Assegurando que não há, na divul-gação, fatos inverídicos em relação apartidos ou candidatos, capazes de

exercer influência sobre o eleitorado(artigo 323 do Código Eleitoral), nemtampouco crimes contra a honra (arti-gos 324, 325 e 326 do Código Eleito-ral), mas sim uma publicação da verda-de, embasada em fatos e documentosdevidamente comprovados e reconhe-cidos publicamente, pugnaram, ao final,a revogação da liminar, com imediatadevolução do material apreendido.

Juntaram os documentos de fls. 09/79.Nas contra-razões de fls. 82/88, de

início, os recorridos fazem menção aoque se contém no material apreendi-do, argumentando, a seguir, que aFrente Popular, em seus programas,não acusou o recorrente Antônio Brittode envolvimento com a corrupção efraudes praticadas no Ministério da Pre-vidência, mas por incompetência admi-nistrativa, e que, assim, o debate re-sultou centrado nos programas de te-levisão, sem nenhuma conotação comoutro panfleto, que acabou, na época,sendo também apreendido pela Justi-ça Eleitoral.

E, pelo debate na TV, que é retrata-do no panfleto agora questionado, nãoexistiu condenação, nem de RonaldoZulke, nem de Olívio Dutra, como pre-tendem fazer crer os recorrentes.

Desta forma, segundo os recorri-dos, se há uma farsa a denunciar nes-te momento, é a da tentativa de atri-buir-se à Frente Popular e ao Partidodos Trabalhadores terem promovidoum �golpe�, um �calote eleitoral��, uma�fraude� nas eleições de 1994, o quenão aconteceu, com o propósito deli-berado de fazer incidir no processo elei-toral em curso um descrédito na Coli-gação e candidato recorridos.

Revelam as contra-razões que ocandidato Antônio Britto Filho, em 1994,obteve direito de resposta no espaçodestinado à Frente Popular e respon-

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deu aos fatos. De igual, assim tambémos jornais que noticiaram, com desta-que, o programa da Frente Popular, naversão dos recorrentes. Portanto, nãovêem os recorridos, motivos para bus-car a atenção do eleitor de 1994, paraprestação de esclarecimentos agora,sobre o que chamam de farsa, que nãoexistiu.

Se não bastasse, no panfleto recen-temente aprendido, fez-se inserir parteda coluna do jornal ZH, de 04 de agos-to, de responsabilidade do jornalistaJosé Barrionuevo, acusando o PT de terpromovido um golpe na eleição de 1994,numa clara exortação aos eleitores paranão votarem na Frente Popular, sobreo qual os recorridos já obtiveram, naJustiça, o direito de resposta.

Para os recorridos, o panfleto emdiscussão não passa de uma monta-gem enganosa, com manipulação dedecisão judicial ainda não transitadaem julgado, colocando sob suspeita deilegitimidade os milhares de votos da-dos a Olívio Dutra em 1994, com a in-tenção de fazer recair no processo elei-toral, em andamento.

Acrescentam, ainda, que não cabediscutir, fora do recurso próprio, a de-cisão de primeiro grau, nem tampoucoa do segundo, no que respeita às con-denações de Ronaldo Zulke e LaerteMéliga, porque sequer publicado o jul-gamento do recurso por esta EgrégiaCorte. Ademais, dizem os recorridos,nenhuma dessas decisões está a au-torizar as acusações partidas dos re-correntes no panfleto, de fraude eleito-ral, de calote, de golpe ou farsa, come-tidos pelos recorridos no pleito de 1994.Dizem mais: que no panfleto, no inícioe no seu final, com conotação de ver-dade, somente trechos das decisõesjudiciais nele foram inseridas, dando aentender que toda a questão do deba-

te travado em 1994 encontra-se conti-do nas sentenças. Mais: que o ajuiza-mento da representação, com pedidode liminar, não trata de temor da ver-dade, como pretendem fazer acreditaros recorrentes, mas do uso de um di-reito, pelos recorridos, de verem man-tido o equilíbrio eleitoral - expediente,aliás, também utilizado pelo recorrenteAntônio Britto, para opor-se a posicio-namentos assumidos pelo candidatoOlívio Dutra. Mais ainda: que o panfle-to difama contra a Coligação recorridae seu candidato, ao afirmar que o Par-tido dos Trabalhadores fabricou umadas maiores tentativas de manipulaçãoeleitoral do Estado, e ofende a reputa-ção, no instante em que suspeita dalegitimidade da votação obtida pelocandidato Olívio Dutra em 1994, conti-nuando a ofender, quando reproduz aacusação de �golpe� e �calote eleitoral�,feita por jornalista de Zero Hora, pelaqual já foi concedido o direito de res-posta.

Para os recorridos, ao contrário doapregoado pelos recorrentes, longeestá o panfleto de se constituir em umarauto de verdades, mas sim de pro-paganda difamatória e inverídica, nãotendo sido confeccionado para atingiros já condenados, Ronaldo Zulke eLarte Méliga, mas sim com o propósitode alcançar e desacreditar o Partidodos Trabalhadores, a Frente Popular eo candidato Olívio Dutra. Permitir suadistribuição, então, seria a causação deenormes prejuízos aos recorridos.

Pediram a manutenção da liminar.Acostaram as fotocópias de fls. 89/92.Emitiu parecer a Dra. Procuradora

Regional Eleitoral (fls. 100/102), peloimprovimento do recurso.

É o relatório. (Sustentaram as razões, pelos re-

correntes, o Bel. José Fernando Ei-

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chenberg, e, pelos recorridos, a Bela.Maritânia Dallagnol.)

VOTOSDr. Nelson José Gonzaga:Senhor Presidente.Como se viu do relatório, trata-se

de recurso promovido pela ColigaçãoRio Grande Vencedor, o Partido doMovimento Democrático Brasileiro(PMDB) e Antônio Britto Filho contraliminar concedida por Juiz auxiliar, que,em representação aforada pela Coliga-ção Frente Popular, o Partido dos Tra-balhadores e Olívio Dutra, determinoua busca e apreensão de 200 mil pan-fletos mandados confeccionar pelosrecorrentes com o título �A VerdadeiraHistória das Eleições de 1994�.

Da lição de Fávila Ribeiro, falandosobre os padrões éticos e igualitáriosna campanha eleitoral e sobre os cri-mes eleitorais, colhe-se o seguinteensinamento:

�Nesse período de compreensívelefervescência cívica, em que as pai-xões se encrespam e os ânimos seexacerbam, é necessário impedir quea propaganda resvale para o achinca-lhamento, atingindo os partidos, os can-didatos, autoridades públicas ou qual-quer pessoa.

Todos, indistintamente, são credo-res de igual proteção moral, de respei-to à sua dignidade.

Mas a esse aspecto individual so-breleva a preocupação com o própriodecoro da campanha política, a quese não venha amesquinhar em despri-morosas retaliações. É a ordem pú-blica que deixa refletida a prevalên-cia de seu interesse, uma vez que afase da campanha política está dire-tamente implicada ao funcionamen-to das instituições representativasque compõem a organização políti-ca nacional.

Não é admissível que se procurecolher proveitos eleitorais, desencade-ando reações desfavoráveis do eleito-rado contra os adversários.

As increpações infundadas e au-sência de prontos corretivos determi-nam fatalmente a generalização dasofensas, acarretando queda no nívelda campanha eleitoral e descréditopara o regime político.

É inadmissível que as pessoas queprocurem ingressar ou participem navida pública fiquem expostas a depri-mentes agressões, ficando moralmen-te abaladas perante a coletividade quedevem representar. Em não lhes con-cedendo a devida e oportuna proteção,não demorará a atividade pública aperder o concurso dos mais sérios edevotados colaboradores, que a aban-donam para que não vejam conspur-cada a própria dignidade. É necessá-rio haja compatível repressão legal,para que não se fique levianamente aassacar contra a honra alheia, comorecurso demagógico para indispor oeleitorado contra os candidatos dolosa-mente atingidos.

Há que acrescentar que a ativida-de ilícita na propaganda eleitoral podeacarretar efeitos fulminantes e irrever-síveis, uma vez que o desvirtuamentodas imagens pessoais tem por finali-dade influir na decisão do eleitorado,a ser tomada em breve espaço de tem-po. Por isso mesmo, dificilmente po-dem ser recompostos os efeitos dano-sos produzidos, beneficiando-se os in-fratores eleitoralmente dos resultadosilicitamente estimulados.

Deve, portanto, a Justiça Eleitoralvelar para manter um clima moral e psi-cológico a ser igualmente compartilha-do por todos os candidatos, para quepossa, o eleitorado, realizar a sua es-colha, sem que esteja sendo emocio-

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nalmente e dolosamente ludibriado.�(in Direito Eleitoral, Forense, 1976, pá-ginas 513/514).

A tutela cautelar somente tem azoem se demonstrando plausibilidade dointeresse invocado. Conseqüência dis-so, tenho que para possibilitar aojulgador o exame e o deferimento deuma liminar não há necessidade dedemonstração, de parte do requeren-te, que tem direito material, mas simde demonstrar que tem interesse, so-mente interesse, no provimento juris-dicional reclamado. O fumus, a aparên-cia do bom direito, deve ser tida comouma causa do pedido ao Juízo. Não épreciso que o Juiz vá a fundo e digada existência de um direito, para a con-cessão da tutela. Basta ao julgadoruma mera aparência desse direito,desde que verossímil. Num exame per-functório da postulação, basta haveruma verossimilhança. Para se ter ofumus, então, não é tão-somente,como pensam alguns, a demonstraçãoda aparência do direito. E até menosque isso, podendo confundir-se com amera verossimilhança do alegado.

Já o periculum in mora, perigo nademora, reside em que, não sendoconcedida a cautela, a liminar, hajadano ou a possibilidade muito grandede haver perecimento do direito ou in-teresse afirmado. Dano é um termo ge-nérico, pois o perecimento do direitonão deixa de ser um dano. O preen-chimento do requisito do perigo na de-mora é isto: demonstrar ao juiz que ademora na obtenção da tutela jurisdi-cional irá ocasionar ao requerente umdano inevitável, e o processo principalesvaziar-se-á.

Nesse sentido preleciona HumbertoTheodoro Júnior, quando diz:

�Em suma, o requisito da açãocautelar, tradicionalmente apontado

como o fumus boni iuris, deve, na ver-dade, corresponder, não propriamenteà probabilidade de existência do direi-to material - pois qualquer exame a res-peito só é próprio da ação principal -,mas sim à verificação efetiva de que,realmente, a parte dispõe do direito deação, direito ao processo principal a sertutelado.�

E, sobre o periculum in mora, mos-tra-se incisivo o ilustre processualista,ao ensinar:

�O perigo de dano refere-se, portan-to, ao interesse processual em obteruma justa composição do litígio, sejaem favor de uma ou de outra parte, oque não poderá ser alcançado caso seconcretize o dano temido (in ProcessoCautelar, Eud, 2a edição, 1976, pági-nas 76-77).�

Sydnei Sanches, por seu lado, nãotem discrepado deste mesmo senti-mento:

�A nosso ver, porém, a razão estácom Humberto Theodoro Júnior, segun-do o qual podem ser considerados re-quisitos básicos para a tutela jurisdi-cional cautelar o interesse na soluçãoeficaz de uma lide (conceito que é su-perior ao tradicional: o da plausibilidadedo direito material); e o fundado receiodo periculum in mora, enquanto seaguarda solução definitiva da lide (inPoder Cautelar Geral do Juiz no Pro-cesso Civil Brasileiro, 1978, editora RT.,página 45).�

Na situação dos autos, ao queemerge do malsinado panfleto, estavarealmente a justificar, no caso em exa-me, a medida liminar concedida peloilustre Juiz auxiliar, que bem andou emordenar a busca e apreensão da pro-paganda.

Os recorridos, como titulares do di-reito atingido pelo panfleto, à evidên-cia, demonstraram todo o interesse na

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obtenção de um provimento juris-dicional, o bastante para caracterizar ofumus boni iuris a uma simples leiturado que se contém na propaganda man-dada veicular pelos recorrentes.

E o periculum in mora, por sua vez,resulta dos indiscutíveis riscos e preju-ízos, que por certo adviriam aos recor-ridos, caso não fosse, de logo, deferidaa liminar.

Sem querer adentrar no mérito darepresentação, algumas considera-ções, por oportunas, merecem seraqui colocadas. Equivocam-se os re-correntes, ao questionarem, nesterecurso, sobre a possibilidade, ounão, de uma pessoa jurídica ser ofen-dida contra a honra, porque tal dis-cussão não pode ser colocada emsede de uma liminar cujo mérito sódiz com o periculum in mora.

Cometem engano, também, os re-correntes, quando asseguram que osfatos contidos no panfleto não são no-vos, mas antigos, o que estaria adescaracterizar grave ofensa, comoalegado pelos recorridos na represen-tação, porque o que está a interessar,agora, não é o que se escreveu no pas-sado, mas a veiculação de uma propa-ganda nova, mesmo contendo fatos oufrases já usadas, com o acréscimo deoutras mais recentes. 0 que importa, emverdade, não são propriamente os fa-tos relatados, que até poderão ser ve-lhos, com frases já utilizadas em outraépoca, mas a divulgação que se lhesdê no momento, a repetição, e o quenela se contém. A não ser assim, al-guém que fosse chamado de inescru-puloso, uma vez divulgada novamentea mesma assertiva ofensiva, estariaimpedido de responsabilizar o ofensor,que sempre estaria escudado na justi-ficativa de já ter usado a expressão eficaria isento de responsabilidades, o

que não se mostra correto dizer. Talraciocínio, usado pelos recorrentes,como se vê, não convence. Ao depois,sempre se mostra importante lembrar,o que não constou no panfleto apreen-dido, que a decisão condenatória deRonaldo Zulke e Laerte Méliga nãotransitou em julgado. Como disse, bemandou o Juiz Eleitoral ao deferir a me-dida, que se confirma, apesar dos es-forços expendidos pelos recorrentes,para modificá-la, mas sem êxito.

Nego, pois, provimento ao recurso.É como voto.

Dra. Sulamita Terezinha SantosCabral:

Acompanho o eminente Relator.Des. Osvaldo Stefanello:Também, sem outras considera-

ções, por desnecessárias, estou emacompanhar o voto do eminente Rela-tor, em grau de liminar. Mais não é ne-cessário dizer para confirmar a decisãojudicial de instância inicial.

Dr. Leonel Tozzi:Também, Sr. Presidente, acompa-

nho integralmente o voto do eminenteRelator.

Dra. Tania Terezinha CardosoEscobar:

Sr. Presidente:O direito de crítica foi muito enfati-

zado pelos ilustres patronos dos recor-rentes e recorridos. Gostaria apenas desalientar que, realmente, como disseem outros processos, o direito de críti-ca é possível; o que não pode é repi-sar julgamentos anteriores, e atravésde panfletos. Assim, não querendoadentrar-me mais na questão, tendo emvista a apreciação da matéria apenasem termos de liminar, penso que estãopresentes os pressupostos caracte-rizadores para a sua concessão - quero fumus boni juris, perfunctoriamente,quer, necessariamente, o perigo da

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demora, porque se não fosse deferidaessa apreensão do material, possivel-mente já estaria consumado o dano aosrecorridos. Por isso, acompanho o votodo eminente Relator.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

Acompanho o eminente Relator.

DECISÃOÀ unanimidade, negaram provimento.

Processo no 16004198

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRERECORRENTES: MINISTÉRIO

PÚBLICO ELEITORAL DA 2ª ZONA ECOLIGAÇÃO RIO GRANDE VENCE-DOR

RECORRIDOS: PARTIDO DOSTRABALHADORES, OLÍVIO DUTRA EJAIRO CARNEIRO

Recursos. Representação. Propagan-da eleitoral irregular. Multa. Fixação depropaganda eleitoral em área pública.

Responsabilidade solidária entrepartido e candidatos, a teor do art. 241do Código Eleitoral. Inviabilidade, naespécie, da aplicação das atenuanteselencadas nas alíneas b e d do inciso IIIdo art. 65 do Código Penal para fixar apena de multa aquém do mínimo legal.

Provido na íntegra o recurso do pri-meiro recorrente, e parcialmente o dosegundo.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, por maioria, apreci-ando os presentes autos, ouvida a Pro-curadoria Regional Eleitoral e nos ter-mos das notas taquigráficas inclusas,dar provimento integral ao recurso doMINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORALDA 2ª ZONA, e parcial ao da COLIGA-

ÇÃO RIO GRANDE VENCEDOR, ven-cidos o eminente Desembargador Os-valdo Stefanello, que mantinha integral-mente a decisão recorrida; e, em par-te, o eminente Dr. Fábio Bittencourt daRosa, que a mantinha quanto aos re-corridos OLÍVIO DUTRA e JAIRO CAR-NEIRO.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te - e Osvaldo Stefanello e Drs. LeonelTozzi, Fábio Bittencourt da Rosa, An-tonio Carlos Antunes do Nascimento eSilva e Sulamita Terezinha SantosCabral, bem como a Dra. Vera MariaNunes Michels, Procuradora RegionalEleitoral.

Porto Alegre, 04 de agosto de 1998.Dr. Nelson José Gonzaga,Relator.

RELATÓRIOA COLIGAÇÃO RIO GRANDE VEN-

CEDOR, por seu Delegado, amparadano artigo 96, parágrafo 5º, da Lei nº9.504/97, promoveu a presente repre-sentação contra a COLIGAÇÃO FREN-TE POPULAR, seu candidato a Gover-nador, OLíVIO DUTRA, contra o candi-dato a Deputado Estadual JAIRO CAR-NEIRO, e também contra o PARTIDODOS TRABALHADORES, PT, alegan-do que os representados Olívio Dutrae Jairo Carneiro fixaram propagandaeleitoral em área pública, mais preci-samente em árvores da Estrada doConde, no município de Guaíba, de-fronte à empresa Sur, localizada naRua Santa Maria, nº 1000, naqueleMunicípio, e na Estrada Santa Maria,defronte à firma Companhia Geral deIndústrias, também em Guaíba. Com talcomportamento, segundo o represen-tante, desobedeceram, esses repre-sentados, ao artigo 37 da Lei Eleitoral.

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E pela solidariedade, do artigo 241 doCódigo Eleitoral, também deveriam serresponsabilizados a Coligação FrentePopular e o Partido dos Trabalhadores.Pediu a punição de todos os represen-tados, à restauração do bem, e comaplicação da pena de multa, de cincomil a quinze mil UFIR. Postulou, porderradeiro, a concessão de liminar,para retirada, incontinenti, pelos repre-sentados, da propaganda irregularmen-te afixada. Juntou o levantamento fo-tográfico de fls. 06/13.

Deferida liminar (fls. 14/15), se-guiu-se a notificação, para a retiradada propaganda em 48 horas. Notifi-cou-se, de outra banda, a Delegada doPartido dos Trabalhadores (fl. 19 ver-so), para apresentação de defesa, notocante à representação. Concernenteà primeira, compareceram a FrentePopular, o Partido dos Trabalhadores,Olívio Dutra e Jairo Carneiro (fl. 19),com a afirmação de já terem providen-ciado na retirada da propaganda e compedido de dilatação do prazo para tra-zerem para juízo, por fotografias, a pro-va do recolhimento dessa mesma pro-paganda. No que diz com a segunda,no prazo, ofereceram defesa única.Sustentaram que o Partido dos Traba-lhadores tem sido diligente no sentidode orientar seus filiados, candidatos emilitantes, a se absterem de colocarpropaganda eleitoral em lugares não-autorizados ou proibidos. Disserammais: que a propaganda, objeto da pre-sente representação, foi colocada nosprimeiros dias da campanha eleitoral,e face à Lei eleitoral nova permitir autilização de alguns bens públicos paraa propaganda, desde que não fosse�propaganda suja�, ou seja, colagem epichação, houve equívoco por parte dealguns militantes, que entenderam quea propaganda, nesses locais, estaria

totalmente autorizada. Mais: que osrepresentados não tiveram a intençãode infringir a Lei, mas apenas divulgarsuas candidaturas em locais que en-tendiam legais, o que estaria a demons-trar a boa-fé na realização das cola-gens. O Partido dos Trabalhadores, aodepois, não é reincidente. Mais ainda:que os representados, embora respon-sáveis pela propaganda de seus can-didatos, não têm como controlar queseus militantes ou apoiadores venhama colocar propaganda dos candidatosdo partido, e que sempre ao tomar co-nhecimento de fatos como os em jul-gamento - seja por comunicação judi-cial, seja por terceiros - imediatamentetêm resolvido as irregularidades, coma retirada da propaganda. Pugnou, aofinal, pelo não-acolhimento da repre-sentação.

A propósito da representação,manifestou-se o Ministério Público Es-tadual (fls. 23/25), pela procedência,em parte, da representação, somentepara sujeitar os candidatos e o Partidodos Trabalhadores às sanções do arti-go 37, § 1º, da Lei nº 9.504/97.

Juntadas as fotografias de fl. 28pelos representados, dando mostras deterem providenciado na limpeza nasárvores onde foram colocadas as pro-pagandas.

Instada a Coligação Rio GrandeVencedor para se manifestar, em 24horas, sobre a retirada da propagan-da, pelo Partido dos Trabalhadores, tra-tou de argüir a intempestividade dadefesa, como, de resto, do atendimen-to da determinação judicial, para o re-colhimento da propaganda. Ouvidotambém o Ministério Público Estadualsobre o mesmo assunto (fl. 35), deu-sepor ciente da retirada do material depropaganda. E, sobre a preliminarinvocada pela Coligação representan-

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te, concordou que a defesa foi apresen-tada fora do prazo das 48 horas. Nomérito, repisou o mesmo ponto de vis-ta defendido anteriormente no feito.

Sem provas a serem coletadas, so-breveio a decisão de fls. 37/49, de ab-solvição da Coligação Frente Populare dos candidatos Olívio Dutra e JairoCarneiro, e de condenação do Partidodos Trabalhadores, por violação do ar-tigo 37, § 1º, da Lei Eleitoral, à pena demulta de 2.500 UFIR, aquém do míni-mo legal, considerando o fato de teremsido confessos os representados e te-rem reparado o bem.

Inconformado, interpôs recurso oMinistério Público Estadual, objeti-vando ver condenados também os can-didatos Olívio Dutra e Jairo Carneiro, epara ver modificada a sentença no to-cante à pena de multa, ao Partido dosTrabalhadores, para o mínimo legal, ouseja, cinco mil UFIR. Irresignada, tam-bém recorreu a representante, a Coli-gação Rio Grande Vencedor, postulan-do a reforma da decisão, para ver con-denados os candidatos representados,mas contando-se em três (três endere-ços) as propagandas irregulares, e sempossibilidade de fixação das multas emvalores menores do que o estabeleci-do no parágrafo 1º do artigo 37 da LeiEleitoral.

Ofertadas as contra-razões, subiramos autos à apreciação desta Corte.

É o relatório.

VOTOSDr. Nelson José Gonzaga:Senhor Presidente:Como mencionado no relatório, há

uma preliminar, suscitada pela Coliga-ção Rio Grande Vencedor quando daintimação do representante para falarsobre a retirada da propaganda. Essaprefacial é de intempestividade, susten-tando a Coligação Rio Grande Vence-

dor que a defesa de parte dos repre-sentados foi aforada após o decurso doprazo das 48 horas do artigo 96, incisoIII, § 5º, da Lei Eleitoral. Procede a ale-gação, vez que a notificação da Dele-gada do Partido dos Trabalhadoresocorreu às 15h30min do dia 18 de ju-lho, enquanto a defesa acabou sendotrazida para juízo no dia 20, às 16h20min - portanto, fora do prazo legal,encerrado às 15h30min. Entretanto, talextemporaneidade não tem o condãode produzir os efeitos da revelia, masapenas de depor contra os represen-tados, pelo fato de não terem madru-gado na defesa dos seus interesses,mas tardiamente.

Superada a preliminar, passo aoexame da questão meritória dos recur-sos, que não atacaram a absolvição daColigação Frente Popular, mas somen-te a decisão do juiz monocrático, queinocentou os recorridos Olívio Dutra eJairo Carneiro e aplicou ao recorrido, oPartido dos Trabalhadores, uma penade multa, segundo os recorrentes,aquém do mínimo legal estabelecido noartigo 37, § 1º, da Lei nº 9.504/97.

Analiso as absolvições dos recorri-dos Olívio Dutra e Jairo Carneiro. Aoque emerge do conjunto probatório,assiste inteira razão aos recorrentes.Os fatos, pelo que revelam os autos,restaram bem esclarecidos. Como con-fessado lisamente pelos recorridos, nadefesa de fls. 20/21, militantes do Par-tido dos Trabalhadores, tão logo inici-ado o período de campanha eleitoral,trataram de colar, em árvores localiza-das na Estrada do Conde, na Rua San-ta Maria, e na Estrada Santa Maria, nomunicípio de Guaíba - em área públi-ca, portanto -, as propagandas mostra-das nas fotografias de fls. 06/12. Comtal comportamento, evidentemente,desobedeceram, os recorridos, ao arti-

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go 37 da Lei Eleitoral. As justificativaspara inocentar-se, por sua vez, nãoconvencem. Por primeiro, porque oscartazes foram colocados, e produzi-ram efeitos. Por segundo, porque, àevidência, a propaganda, sem ordemjudicial, não teria sido retirada. Por ter-ceiro, porque o equívoco cometido pe-los militantes do Partido dos Trabalha-dores, como reconhecido na defesa,não serve para desculpar, nem o parti-do, nem tampouco os candidatos, es-tes últimos, na condição de bene-ficiários diretos da propaganda veicu-lada, posto que a responsabilidade, nocaso em julgamento, a teor do artigo241 do Código Eleitoral, é de todos.Neste sentido, vale lembrar a lição deJoel J. Cândido:

É importante salientar que persistevigente, neste assunto, o Princípio daResponsabilidade Solidária entre par-tidos, coligações e candidatos, do arti-go 241 do Código Eleitoral, que deveaqui ser usado para responsabilizartodos, ou qualquer um dos três, pelodescumprimento desta regra. Se a pro-paganda irregular é deles, a presun-ção é que é deles a autoria da infraçãoe podem, assim, ser compelidos a res-taurar o bem e pagar a multa. O ônusda prova de autoria diversa é do bene-ficiado pela propaganda. Obrigados areparar o dano, terão regresso contrainfrator posteriormente identificado (inDireito Eleitoral Brasileiro, V edição,Editora Edipro, 1998, página 436).

Ao depois, a ignorância ou a erra-da compreensão da lei, como é cediço,não eximem de pena. Como corolário,nem o recorrido, o Partido dos Traba-lhadores, tampouco os co-respon-sáveis pela propaganda e também re-corridos, os candidatos Olívio Dutra eJairo Carneiro, podem ficar de fora deum juízo de condenação.

Tocante à pena de multa impostaao recorrido, o Partido dos Trabalha-dores, no valor de 2.500 UFIR, abaixodo mínimo legal, mostra a decisão ata-cada, resultou da aplicação, pelojulgador, das atenuantes elencadas noartigo 65, III, letras �b� (reparação dodano) e �d� (confissão da autoria), doCódigo Penal. Muito embora respeitá-vel o entendimento esposado pelo ilus-tre Juiz auxiliar, para assim estabele-cer a pena de multa a menor que o mí-nimo legal, não vejo como manter talsentimento. Justifico. O legislador, noartigo 37, parágrafo 1º, da Lei Eleito-ral, com manifesta clareza, cuidou deapenar o infrator com multa no valor decinco mil a quinze mil UFIR, além daresponsabilização civil ressarcitóriapara a restauração do bem danificado.É como preleciona, neste particular, oinsigne Des. Tupinambá M. C. do Nas-cimento:

�Temos para nós que a aplicaçãoda multa é conseqüência de procedi-mento administrativo, sendo a multaaplicada pela Justiça Eleitoral. A res-ponsabilidade pela restauração do bemé reconhecida pela Justiça Comum,sem dependência com o procedimentoadministrativo (in Comentários à NovaLei Eleitoral, Editora Síntese, 1998, pá-gina 106).�

Emerge sem hesitação daí que, emhipótese alguma, as aludidas atenuan-tes poderiam incidir no caso telado,porque se trata de punições distintas -a da multa e a da reparação do dano-, além do que, a retirada da propagan-da, no caso, não se deu por vontadelivre dos representados, recorridos,mas porque foram obrigados, porliminar, a fazê-lo. Se não bastasse, osrecorridos, diante da prova fotográficaacostada à inicial, merecedora decredibilidade, não poderiam infirmá-la.

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Tiveram que reconhecer o equívoco, enão podem ser beneficiados por isso.Assim, não há como se estabeleceruma pena aquém do mínimo legal parao Partido dos Trabalhadores, mas, par-tindo do mínimo, até aumentá-la, emrazão da reincidência, disciplinada noartigo 90, § 2º, da Lei Eleitoral. E paraos candidatos recorridos, Olívio Dutrae Jairo Carneiro, a pena se ajusta emcinco mil UFIR e sem nenhum concur-so material, como reclamado pela Co-ligação recorrente, Rio Grande Vence-dor. Por conseguinte, estou a dar pro-vimento, por inteiro, ao recurso inter-posto pelo Ministério Público Estadu-al, e parcialmente ao recurso aforadopela Coligação Rio Grande Vencedor,para, com amparo no artigo 37, pará-grafo 1º, combinado com o artigo 90,§ 2º, ambos da Lei nº 9.504/97, esta-belecer a pena de multa a ser paga pelorecorrido, Partido dos Trabalhadores,em dez mil UFIR, partindo do valor decinco mil UFIR, do mínimo, e passan-do ao dobro, pela reincidência; e paracondenar, de outra banda, os candida-tos Olívio Dutra e Jairo Carneiro, comoincursos nas sanções do artigo 37,§ 1º, da Lei Eleitoral, ao pagamento damulta de cinco mil UFIR para cada um.

É o voto.Dra. Sulamita Terezinha dos San-

tos Cabral:Concordo em parte com o Relator;

apenas diminuiria a multa de todos para5 mil UFIR.

Des. Osvaldo Stefanello:Sr. Presidente:Com toda a vênia, divirjo do emi-

nente Relator. Mantenho a sentença,porque realmente não consigo vercomo a afixação de propaganda elei-toral em pés de eucalipto, mesmo queestejam no corredor de uma via públi-ca ou que sejam bens de uso comum,

possa levar à condenação de alguémpor fazer política. A lei eleitoral é sufi-cientemente drástica para que se a tor-ne mais drástica ainda. Não vejorazoabilidade em condenar um partidopolítico - e desinteressa qual seja ele -por fixar propaganda política em árvo-res, quando se pode fazê-lo, inclusive,em postes de luz - o que, pelo menos,atrapalha o trabalho, se necessário forconsertar a linha de energia elétrica.Não vejo como o exercício do direitode fazer política partidária e eleitoralinclusive, sem que haja abuso desseexercício possa levar a uma condena-ção. Vejo aqui apenas o exercício dodireito de fazer política. Afinal de con-tas, está-se numa disputa eleitoral acir-rada, e os partidos e candidatos têmdireito de utilizar os meios que são ade-quados, e não-abusivos, para tentarvencer uma eleição. Sei que, se for le-vado ao pé da letra, o § 1º do art. 37 daLei nº 9.504/97 poderia levar a umacondenação. Ocorre que nenhuma nor-ma pode ser levada ao pé da letra, masdeve ser interpretada de forma a delaextrair o verdadeiro alcance, principal-mente no que diz com a Lei nº 9.504,reconhecidamente mal-elaborada.Nunca vi uma lei eleitoral ou lei de qual-quer espécie tão mal-elaborada quan-to esta. Essa é a realidade que leva aessas quase que irracionalidades, dese pretender condenar um partido po-lítico porque afixa fotografias em árvo-res. E tem mais: constitui abuso fazeresse tipo de política, mesmo que even-tualmente se pudesse conceituá-la deirregular? Não houve abuso. Estou con-vencido, quanto às representaçõesdesse tipo, que, se não houver abusode parte do partido ou candidato, nãose o pode condenar só por causa dairregularidade eleitoral. Tem que haverabuso, devem-se que juntar os dois

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conceitos: irregularidade e abuso; ouseja, notificado o partido, se não tives-se retirado a propaganda, haveria abu-so. Mas, notificado, o partido retirou apropaganda; conseqüentemente, nãohouve abuso. Isto mostra que os mili-tantes do partido e da coligação nãoestavam agindo de má-fé. Assim comonão vejo reincidência quando o parti-do, lá em Santa Vitória do Palmar, co-loca uma fotografia numa árvore, e omesmo partido, em Marcelino Ramos,Nonoai, Tenente Portela, ou Cacequicoloca a mesma propaganda. Não háreincidência. A reincidência tem que serno local, a não ser que se parta, volto adizer, para a irracionalidade. A Lei deveser interpretada, em primeiro lugar, deforma racional. Não consigo ver abusonesta propaganda eleitoral a ponto dese condenar; inclusive só não absolvoo partido porque não recorreu. Temosque partir para isso: ou se faz políticaou não se faz, e vamos voltar à épocada ditadura, quando o sujeito apareciana televisão só na fotografia. Essa éuma realidade que estou vendo a cadadia, e mais ainda desde que entrei nes-te Tribunal, há pouco tempo.

Daí por que, eminentes Colegas,estou em divergir dos votos proferidos,mantendo a sentença e negando pro-vimento tanto ao recurso do MinistérioPúblico quanto ao da Coligação que feza representação. Não vejo abuso nes-sa forma de fazer política. A árvore estálá; por certo está inteirinha; ninguémestragou a árvore, nem sequer se es-tragou sua casca para descolar essapropaganda política. Admitiria até oestrago se fosse um prédio, onde sedanificasse a pintura. Mas uma árvore,pé de eucalipto, cuja casca é grossa...Não vejo abuso, não vejo irregularida-de. Estou mantendo a sentença, devi-da vênia, eminentes Colegas.

Dr. Leonel Tozzi:Sr. Presidente:Com a mais respeitosa vênia ao emi-

nente Des. Stefanello, temos que decidirque há propagandas e propagandas. Aressalva feita no art. 37 é clara: afixaçãode placas, estandartes, faixas e asseme-lhados; ou seja, nada que adira ao bem,porque não deve causar dano. O queestamos julgando é uma pichação feitaem uma árvore. Com toda a vênia doeminente Desembargador, há que serespeitar a natureza; há que haver limi-tações na propaganda. A propaganda,realmente, é algo indispensável parauma democracia, só que não podemosadmitir propaganda que venha a causardano. Quer queira, quer não, cola emuma árvore, cuja natureza não está pre-parada para recebê-la, causa dano. As-sim, entendo que temos que fazer essadistinção: propagandas e propagandasdanosas; propagandas úteis, necessári-as para a democracia, e propagandasque são contra a democracia, ou seja,vêm trazer algo de prejuízo a um bem ouà própria natureza, como é o caso.

No que se refere à reincidência,parece-me que este Tribunal já definiua questão. Há o entendimento novo deque, uma vez feita a propaganda, cons-tatada a irregularidade, há que punir.Como bem disse o eminente Relator,se não houvesse determinação da Jus-tiça, não haveria sido retirada a propa-ganda. Na eleição anterior fui vencido,mas adiro à maioria, votando nessesentido.

Por isso, Sr. Presidente, pedindo amais respeitosa vênia, uma vez mais,ao eminente Desembargador, divirjo dasua posição.

Também divirjo com relação ao votodo eminente Relator e aplico a penamínima estabelecida em lei, de 5 milUFIR a todos os infratores.

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É assim que voto, Sr. Presidente.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Sr. Presidente:Acompanho o Des. Stefanello. Já

votei nesse sentido em processo se-melhante. Estou convencido de quenão se trata, com a devida vênia doeminente Relator, de ignorância ou er-rada compreensão da lei não eximir depena. O que se deve buscar no DireitoPenal, para aplicação no caso, a meuver, é a questão do erro de tipo. Estouconvencido, pelos inúmeros processosque existem neste Tribunal em relaçãoa este partido, e já disse em outra opor-tunidade, que o que aconteceu foi que,no início da propaganda, saiu todomundo a colar cartazes por todos oslados. Evidentemente, o partido nãodeve ter dinheiro para empregar genteque cole cartaz com conhecimento dalegislação eleitoral.

O que houve, a meu ver, é a evi-dência de um erro de tipo. Não se sa-bia que aquela ação tinha a qualidadeda ação prevista na norma de proibi-ção. Não vejo, portanto, como se pos-sa condenar os dois indivíduos por te-rem sido favorecidos pela propagandaeleitoral.

Também não posso entender comose há de raciocinar com reincidência.A meu ver, é caso típico, se assim sepudesse falar de continuidade delitiva:foram vários atos praticados de propa-ganda irregular, mas não foi um atopraticado, com condenação, resistên-cia à norma de proibição, prática denovo ato, nova condenação - isto seriareincidência. Esta gravidade que envol-ve o conceito de reincidência é que jus-tifica o aumento da pena, com a devi-da vênia do Dr. Leonel.

Quanto à pena, concordo parcial-mente com o eminente Relator, no sen-tido de que essa analogia com o Direi-

to Penal não há de ser feita para seconsiderar a causa de diminuição dapena do Código Penal neste caso. Ameu ver, a pena deveria ficar no míni-mo legal, de 5 mil UFIR.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

Sr. Presidente:Acompanho, em parte, o eminente

Relator. Embora concordando com oDes. Stefanello no sentido de que a Leinº 9.504 não é um primor de técnicajurídica, efetivamente, no art. 37, elavisa a preservar os bens públicos, tan-to que faz a ressalva quanto à fixaçãode placas, estandartes, faixas e asse-melhados nos postes de iluminaçãopública, viadutos, passarelas e pontes,desde que não lhes cause dano, difi-culte ou impeça o seu uso e o bom an-damento no tráfego. É evidente que asárvores nos leitos de via pública inte-gram o patrimônio público, e a colagemde cartazes certamente produz danosnesses bens. Se hoje, como referiu oDes. Stefanello, em seu brilhante voto,não houve qualquer prejuízo àquelaárvore, porque o cartaz foi colado, ama-nhã haverá cartazes pregados, e odano será cada vez maior.

Por isso, estou em acompanhar oRelator, porque praticada propagandairregular em local não-autorizado e compotencial de dano evidente ao bempúblico. Entendo, de igual forma, quenão se caracterizou a reincidência, pelamesma razão exposta pelo Dr. Fábio.Acompanho em parte o Relator, paravotar no sentido de fixar a multa nomínimo legal para todos.

É o voto.Dr. Nelson José Gonzaga:Vou aderir à redução da multa, por-

que não há como se falar em reincidên-cia, quando este fato é mais antigo doque aquele que julgamos há pouco, em

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que a condenação é mais recente. Pa-rece-me que o justo é não se falar emreincidência e se manter a pena demulta em 5 mil UFIR para todos.

DECISÃOPor maioria, proveram parcialmen-

te ambos os recursos, vencido o Des.Stefanello, que mantinha integralmen-te a decisão recorrida, e vencido, emparte, o Juiz Fábio Rosa, que manti-nha a sentença quanto aos recorridosOlívio Dutra e Jairo Carneiro.

Processo no 16003998

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: DESTA CAPITALRECORRENTE: PARTIDO DOS

TRABALHADORESRECORRIDO: PARTIDO DEMO-

CRÁTICO TRABALHISTARecurso. Decisão que julgou pro-

cedente representação por propagan-da eleitoral irregular e condenou o re-corrente a sanção pecuniária. Violaçãoao disposto no artigo 37, caput, da Leinº 9.504/97, e artigo 241 do CódigoEleitoral.

Perfeita caracterização de propa-ganda eleitoral irregular. Redução dapena de multa.

Provimento parcial.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, por maioria, comvoto de desempate do Desembargador-Presidente, ouvida a Procuradoria Re-gional Eleitoral e nos termos das notastaquigráficas inclusas, dar provimentoparcial ao presente recurso, vencidosem parte o Desembargador OsvaldoStefanello e os Drs.  Leonel Tozzi eFábio Bittencourt da Rosa, que provi-am integralmente o recurso.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além do

signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te - e Osvaldo Stefanello e Drs. LeonelTozzi, Fábio Bittencourt da Rosa, Anto-nio Carlos Antunes do Nascimento eSilva e Nelson José Gonzaga, bemcomo a Dra. Vera Maria Nunes Michels,Procuradora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 29 de julho de 1998.Dra. Sulamita Terezinha Santos

Cabral,Relatora.

RELATÓRIOTrata-se de recurso interposto pelo

PARTIDO DOS TRABALHADORES -PT -, contra a decisão do Juiz Eleitoralda 2ª Zona, designado como Juiz auxi-liar do TRE, que julgou procedente a re-presentação ajuizada pelo Partido De-mocrático Trabalhista (PDT) (fls. 43/47),pelo fato da divulgação de propagandaeleitoral irregular, eis que vários carta-zes referentes à candidatura de OlívioDutra, para Governador, e professorEdson, para Deputado Estadual, foramafixados em bens públicos e de usocomum, como escola, passarelas, via-dutos, calçadões e tapumes de obraspúblicas, na cidade de Sapucaia do Sul,sem permissão do Poder Público, comviolação dos arts. 37, § 1º, da Leinº 9.504/97 e 241 do Código Eleitoral,condenando o PT à multa de 15.000UFIR e à completa restauração dos lo-cais danificados em 48 horas.

Postula o recorrente (fls. 49 a 51) areforma da decisão, argumentando quea propaganda foi realizada no primeirodia de campanha eleitoral, e que algunsmilitantes equivocaram-se, pois, comoa nova lei eleitoral permite a utilizaçãode alguns bens públicos para propagan-da, entenderam que a mesma estavatotalmente liberada.

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Revista do TRE/RS132

Alega boa-fé e informa que removeutotalmente as colagens, referindo-se àprova fotográfica juntada às fls. 56/60.

Finalmente, argumenta ser inadequa-da a penalidade imposta - multa de15.000 UFIR -, por falta de proporcio-nalidade entre a falta e a penalidade e,principalmente, por não ser reincidente.

O Partido Democrático Trabalhista- PDT - ofereceu contra-razões, propug-nando pela confirmação da decisãorecorrida (fls. 62/63).

A Procuradoria Regional Eleitoralemitiu parecer às fls. 71/74, concluin-do pelo conhecimento do recurso e, nomérito, pelo improvimento.

É o relatório.

VOTOSDra. Sulamita Terezinha Santos

Cabral:O recurso é tempestivo, pois o parti-

do recorrente o fez dentro do prazo de24 horas, conforme determina o art. 96,§ 8º, da Lei nº 9.504/97 e art. 64, § 9º,da Resolução TSE nº 20.106/98, eis queo mesmo foi publicado às 17 horas e 45minutos do dia 21 de julho próximo cor-rente, e o recurso deu entrada às 17horas e 37 minutos do dia seguinte, con-forme fl. 48.

A propaganda eleitoral, em geral, évedada em bens públicos dominicais,de uso especial ou de uso comum dopovo, assim como em qualquer bemcujo uso dependa de cessão ou per-missão do Poder Público, conforme art.37 da Lei nº 9.504/97.

Quanto ao mérito, entendo que fi-cou perfeitamente caracterizada a rea-lização da propaganda eleitoral irregu-lar do PT através das fotografias apre-sentadas, tendo o recorrente admitidoexpressamente a existência das mes-mas. O fato de a propaganda ter sidoremovida, cumprindo determinação ju-dicial, não elide a penalidade imposta

pelo descumprimento ao art. 37 da Leinº 9.504/97, pois não há previsão legalpara tal.

Quanto à multa imposta de 15.000UFIR, a mesma se justifica, pois a re-corrente é reincidente, conforme semanifesta em parecer a douta Procura-dora Regional Eleitoral, à fl. 73, quetranscrevo:

�Saliento ainda, que o PT - Partidodos Trabalhadores - já é reincidente narealização de propaganda eleitoral comviolação ao art. 37 da Lei nº 9.504/97,justificando-se, assim, a sanção pecu-niária de 15.000 UFIR, imposta peloJuiz Eleitoral auxiliar .

Isto porque, no Proc. nº 16003498,Cl. 16, Rel. Juiz Leonel Tozzi, em que aColigação RIO GRANDE VENCEDORrecorria da decisão do Juiz auxiliar, re-lativa ao não-deferimento da imediataretirada (liminar) dos cartazes coladosnos muros da empresa BANRISUL AR-MAZÉNS GERAIS S/A, exarei parecercontrário ao provimento do recurso, uni-camente pelo fato de a Coligação entãorecorrente não ter provado, perante oJuízo auxiliar, a condição de empresapública de BANRISUL ARMAZÉNSGERAIS S/A.

O mesmo se diga em relação aoProc. nº 16003798, Cl. 16, Rel. Juiz Fá-bio Bittencourt da Rosa, em que exareiparecer no sentido da imposição de san-ção pecuniária à Coligação Frente Po-pular, da qual o PT é integrante, pelaviolação do art. 37 da Lei nº 9.504/97.�

Adotando, também, os fundamen-tos do parecer da eminente Procura-dora como razões de decidir, voto peloimprovimento do recurso.

Des. Osvaldo Stefanello:Senhor Presidente:É certo que o art. 37 da Lei Eleito-

ral veda a realização de propagandapolítica usando-se afixação em bens

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Revista do TRE/RS 133

públicos. No caso, no entanto, pelo queentendi, determinada a retirada da pro-paganda eleitoral irregular, o fez o par-tido ora representado. Admite, é certo,que os militantes do seu partido equi-vocaram-se em afixar propaganda elei-toral em local proibido. No entanto, des-de que o partido, obedecendo à ordemdo Juiz Eleitoral, retire essa propagan-da, não reincidindo na mesma falha,não se configura reincidência, mesmoque, eventualmente, em outro local eem outro processo, tenha havido amesma falha. A reincidência há que serconsiderada a falha ou a propagandairregular nas mesmas condições e nomesmo local.

Há jurisprudência desta Corte, e foicitada pela eminente Procuradora Elei-toral, segundo a qual, em tendo sido re-tirada a propaganda irregular por ordemjudicial do Juiz Eleitoral, e não ocorren-do reincidência, não incide a penapecuniária respectiva. É certo que não oprevê o texto legal, de forma expressa.Mas essa é a orientação que era segui-da por esta Corte ante as leis eleitoraisanteriores, cujo texto, ou cuja vedação,ou cuja proibição era de todo semelhan-te ao artigo 37 da Lei nº 9.504/97.

Vejo, por evidente, que houve essairregularidade, mas esta foi de imedia-to sanada, e a irregularidade sanadanão pode ser punida, em não havendoreincidência da propaganda no mesmolugar e nas mesmas condições. Paraefeito de reincidência, não se pode pre-tender utilizar propaganda, mesmo ir-regular, pelo mesmo partido ou candi-dato, que tenha sido realizada em lo-cal outro que não o daquela que estásendo impugnada.

Com essas ponderações, eminen-tes Presidente e demais Colegas des-ta Corte, estou, devida vênia da emi-nente Procuradora e da eminente

Relatora, em dar provimento ao recur-so do PT, eis que removeu, o partido,de imediato, a propaganda que foraconsiderada irregular.

Assim é que estou a votar, SenhorPresidente.

Dr. Leonel Tozzi:Senhor Presidente:Em verdade, nem a legislação atu-

al, nem a anterior, falavam em não-punibilidade para aquele que atendes-se à determinação judicial. Isso foi umadeliberação que este Tribunal tomou e,de repente, ela se tornou precedente,de acolhimento unânime. A Lei atualtambém não prevê que, se retirada apropaganda, não haja punibilidade.Neste ponto, entendo que está corre-to, porque não podemos inibir os parti-dos de fazer a propaganda; penso quea propaganda é indispensável, até paraa boa orientação do eleitor. Se o parti-do colocou a propaganda, reconheceuo erro, atendeu ao pedido do Juiz deretirada e o fez dentro daquele prazodeterminado, entendo também que nãoé de se punir o partido. E, a respeito dareincidência específica, como bem fa-lou o Des. Stefanello, esse Tribunal nãoentendia que era no mesmo local; en-tendia propaganda de modo geral,malfeita - não vou dizer irregular. A pro-paganda malfeita não poderia ser re-petida. Mas entendo também que,como estamos hoje discutindo e anali-sando uma eleição em nível regional,parece-me que é mais prudente esta-belecermos local para que essa reinci-dência não ocorra. Porque temos oEstado inteiro. Pode um adepto de de-terminado partido colocar uma propa-ganda mal em Santa Maria, por exem-plo, e já tê-lo feito em Porto Alegre, enós vamos dizer que houve reincidên-cia? Parece-me que não há. Reincidên-cia seria a desobediência específica

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Revista do TRE/RS134

para não colocar pela segunda vez apropaganda em determinado local.

Assim, Senhor Presidente, tambémpedindo vênia à eminente Relatora, eseguindo, digo mais, não o preceden-te, mas a tradição deste Tribunal, tam-bém não aplicaria a multa ao partidoinfrator.

É assim que voto.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Senhor Presidente:Pelo processo que tenho para re-

latar e por este que está em julgamen-to, parece que o que aconteceu foique, quando se desencadeou o pro-cesso eleitoral, todo mundo saiu a co-lar cartazes por todos os lugares; e opartido, colhido de surpresa quandorecebeu essas notificações, de ime-diato providenciou a retirada da pro-paganda.

Essa regra é de direito eleitoral pe-nal, uma regra punitiva. O que se evi-dencia aí é que não houve vontade deinfringir a regra. Isso é que me sensibi-liza. Porque, se passado um mês, doismeses, ocorresse sempre a mesma coi-sa, esse tipo de atividade, e viesse oargumento de que o partido não sabia...Mas não é assim: o que aconteceu foium fato, não houve reincidência; hou-ve continuidade, porque essa infraçãoocorreu em vários lugares ao mesmotempo. A infração realmente existiu; ameu ver, porém, sem elemento subje-tivo. Não houve vontade de infringir, oque se evidenciou com a retirada ime-diata da propaganda, com a limpezados locais.

Então, com a devida vênia da emi-nente Relatora, acompanho o Des.Stefanello.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

Senhor Presidente:Vou acompanhar a eminente Relatora.

A propaganda, consoante as foto-grafias acostadas aos autos, foi afixa-da em bens de uso comum do povo.Com relação aos cartazes, em que apa-rece Olívio Dutra, candidato ao Gover-no do Estado, vê-se que não forammeras inscrições a tinta; são coloridos,certamente confeccionados em localapropriado, por determinação do Parti-do, e não feitos por militantes. E, aoque deduzo, também o Partido deter-minou a distribuição dos mesmos aosmilitantes. Sabe-se que um partido or-ganizado, como o Partido dos Traba-lhadores, jamais distribuiria aleatoria-mente a seus militantes propagandaeleitoral, sem a devida instrução de usoda mesma.

Tenho então, Senhor Presidente,que, mesmo com a retirada, a propa-ganda atingiu os seus objetivos. Porisso, considero-a como irregular eacompanho a Relatora, aplicando amulta respectiva.

Dr. Nelson José Gonzaga:Senhor Presidente:Faço uma pergunta: sem ordem ju-

dicial, esses cartazes teriam sido reti-rados? Talvez não. Então, o entendi-mento é de que houve, sim, violaçãoao art. 37 da Lei nº 9.504/97. Concor-do com a Dra. Relatora em penalizaros representados, mas, no que diz res-peito à reincidência, quer-me parecerque não ficou esclarecido se houveuma condenação anterior nos mesmosmoldes da situação agora tratada nes-te julgamento. Então, manteria a sen-tença no que diz respeito à condena-ção, mas diminuiria a pena para o mí-nimo de 5.000 UFIR.

Des. Élvio Schuch Pinto:Com relação à questão de fundo,

está empatada a votação, e incumbe-me desempatá-la.

Eminentes Colegas:

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Revista do TRE/RS 135

Participei aqui, na eleição de 96, dealgumas sessões, quando o eminentePresidente Tupinambá estava em licen-ça-saúde, e encontrei posta aqui essaorientação do Tribunal, que, embora tãorigoroso na questão da interpretação doartigo assemelhado ao atual 37 da Leinº 9.504/97 - à época vigorava a Lei nº9.100 -, ao ponto de punir pessoas que,dentro de sua casa particular, tinhamum armazém ou um mercadinho, e látinham um �santinho�, sentindo, quemsabe, a orientação draconiana, estaCorte também teve o cuidado de, quan-do de imediato removidas as propagan-das, anistiar, sem autorização legal.

Agora, diferente também dessa ori-entação é aquela do Juiz que mandaretirar (e mandavam retirar, especial-mente porque era uma eleição munici-pal; ali estava o Juiz atuante, com seupoder de polícia preventivo, repressi-vo) independentemente de representa-ção ou de ação de terceiros. E essesforam os casos que vi com mais fre-qüência. O Juiz agia, mandava retirare por aí punha mais uma pedra emcima, anistiando todo mundo. Mas nãovejo como, aqui e agora, se possa in-vocar essa questão e esse preceden-te, porque é contra legem. A lei diz que,se propaganda houve - e essa, ao quetudo indica, foi evidente, tendo sido ela-borado o painel ou cartaz como propa-ganda, com a responsabilidade do par-tido afirmada na Lei -, houve a infraçãoà Lei, que foi sancionada (essa infra-ção) depois de uma representação ede um processo regular. E a perguntado Dr. Nelson é muito oportuna: nãotivesse havido a representação, teriasido retirado esse cartaz? Não. Lá per-maneceu um, dois, três ou quatro dias,e surtiu algum efeito? Certamente sim.Se os recorridos - PDT, seus filiadosou dirigentes - viram essa propagan-

da, alguém mais também viu. Então,vou pedir a máxima vênia ao eminenteDes. Stefanello, mas vou ficar coeren-te e zeloso com o texto e com a finali-dade da Lei. Imaginem os Colegas otumulto que serão essas eleições se amoda pegar: então, vamos todos colarcartazes, esperar a representação, oJuiz manda retirar, aplica a sanção e,aí, nós retiramos, e a propaganda foifeita. Penso que o caos estará arma-do, especialmente numa eleição naci-onal, geral, em que nós temos só trêsJuízes efetivamente atuando na repres-são à propaganda irregular. Os demais,por recomendação desta Corte, estãoatentos para os abusos, as chamadasprovocações manifestas, mas não paraeste tipo de propaganda. Estou acom-panhando a eminente Relatora, osJuízes Gonzaga e Nascimento, man-tendo a decisão de 1º grau, negandoprovimento ao recurso. É como voto.

Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Senhor Presidente:Já que fui vencido na questão de

fundo, gostaria de votar quanto à penaimposta, para diminuí-la para 5.000UFIR.

Des. Osvaldo Stefanello:Estaria também com o Dr. Nelson,

considerando ter ficado vencido naquestão de fundo.

Dra. Sulamita Terezinha SantosCabral:

Concordaria também com a redu-ção para 5.000 UFIR.

Dr. Leonel Tozzi:De acordo.

DECISÃODeram parcial provimento, vencidos

em parte o Des. Stefanello e os Drs.Tozzi e Bittencourt da Rosa, que provi-am integralmente o recurso. Proferiu ovoto de desempate o Presidente.

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Revista do TRE/RS136

Processo no 16004898

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRERECORRENTE: MINISTÉRIO PÚ-

BLICO ELEITORAL DA 2ª ZONARECORRIDOS: LUIZ FERNANDO

SALVATORI ZACHIA E COLIGAÇÃORIO GRANDE VENCEDOR

Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Colocação defaixas com bandeiras fincadas ao solo(pirulitos).

Plenamente demonstrada, na espé-cie, a veiculação de propaganda embem público, não descaracterizada pelaaparente ausência de dano, uma vezque a publicidade não-danosa só épermitida em postes de iluminação pú-blica, passarelas, pontes e viadutos(art. 37, caput, da Lei n° 9.504/97).Pena de multa regularmente aplicada -sendo inviável a anistia do infrator pelaretirada do material - apenas à coliga-ção recorrida, responsável pela propa-ganda - impossível a imputação diretaao beneficiário, contra quem inexisteprova de que tenha afixado as faixas.

Recurso parcialmente provido.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, por maioria - com ovoto de desempate do eminenteDesembargador-Presidente, quanto àaplicação da sanção pecuniária -, ouvi-da a Procuradoria Regional Eleitoral enos termos das notas taquigráficas in-clusas, dar provimento parcial ao pre-sente recurso, vencidos integralmenteos eminentes Des. Osvaldo Stefanelloe Dr. Leonel Tozzi, que lhe negavamprovimento; e, em parte, a eminente Dra.Tania Terezinha Cardoso Escobar, quelhe dava provimento, relativamente a umdos recorridos, em menor extensão.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além do

signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te - e Osvaldo Stefanello e Drs. LeonelTozzi, Tania Terezinha Cardoso Esco-bar, Antonio Carlos Antunes do Nasci-mento e Silva e Nelson José Gonzaga,bem como a Dra. Vera Maria NunesMichels, Procuradora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 18 de agosto de 1998.Dra. Sulamita Terezinha Santos

Cabral,Relatora.

RELATÓRIOTrata-se de recurso interposto pelo

Ministério Público Eleitoral da 2ª Zona -Porto Alegre -, inconformado com a de-cisão do Juiz Eleitoral da 2ª Zona, de-signado como Juiz auxiliar pelo TRE-RS,na forma do art. 96, § 3º, da Lei nº 9.504/97 e art. 64, § 2º, da Resolução do TSEnº 20.106/98, que julgou improcedente(fls. 15 a 17) a representação daqueleórgão contra o candidato Luiz FernandoZachia e a Coligação Rio Grande Ven-cedor (PMDB), pela colocação de umafaixa com bandeiras fincadas ao soloatravés de madeiras, conhecidas comopirulitos, em área pública - no canteirocentral da chamada Rótula da CarlosGomes -, contendo o nome do candida-to referido e a sigla do Partido, o que,no entendimento da recorrente, consti-tui propaganda irregular, vedada peloart. 37 da Lei nº 9.504/97, incorrendo,pois, os recorridos, separadamente, nassanções pecuniárias do art. 37, caput,da Lei nº 9.504/97 e art. 241 do CódigoEleitoral.

Pelo exame das fotografias acos-tadas aos autos (fl. 5), constata-seque se trata de duas faixas presas aosolo por três sarrafos de madeira. Asmesmas foram retiradas, não se veri-ficando, pelas novas fotos apresen-

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tadas, qualquer marca deixada nagrama (fls. 11/13).

A sentença de fls. 15/17 diz, textu-almente:

�A Lei Eleitoral autoriza a afixaçãode faixas em bens públicos, como pos-tes, viadutos, passarelas e pontes, des-de que não causem danos ou prejudi-quem o tráfego.

Na espécie, as faixas colocadasnão se enquadram exatamente na au-torização legal, pois foram presas aosolo por sarrafos de madeira fincadosna grama.

Apesar disso, a propaganda veicula-da não pode ser considerada irregular.

A intenção do legislador é a preser-vação do patrimônio público contra achamada propaganda suja, que poluiou danifica os bens públicos, como, porexemplo, pinturas, pichações e cola-gem de cartazes.

A propaganda veiculada, apesar deescapar da autorização legal, deve seraceita.

O eventual dano causado ao patri-mônio público foi mínimo, conforme in-dicam as fotografias de fls. 11/12, ten-do sido pronta e eficientemente restau-rado pelos representados.

Por isso, impõe-se a improcedên-cia da representação.�

Inconformado, recorre o MinistérioPúblico Eleitoral (fls. 20/23), defenden-do que a lei é taxativa ao proibir aveiculação de propaganda em benspúblicos, sendo relevante a apreciaçãodo dano somente para a permissão dafixação de placas, estandartes, faixase assemelhados nos postes de ilumi-nação pública, viadutos, passarelas epontes, o que não é o caso.

Contesta a tese de ausência dedano, afirmando que, se permitirmos oencravamento de três madeiras ao solopor candidato, teríamos 1.650, posto

que temos cerca de 550 candidatos.Sustenta a necessidade de coibir talpostura irregular, entendendo que bas-ta só um pirulito para incorrer na san-ção. Postula, ainda, a atribuição de res-ponsabilidade solidária aos reclamados.

Nas contra-razões (fls. 26/27), aColigação recorrida afirma que logo quechegou ao conhecimento do candidatoe da coligação, houve a retirada domaterial, não restando qualquer danoao solo, não tendo o bem tutelado pelalei - o patrimônio público - sido atingi-do. Ainda, que se trata de apenas detrês sarrafos afixados ao solo e que ocaso concreto deve ser julgado levan-do-se em conta a realidade presente.

A douta Procuradora Regional Elei-toral, em parecer de fls. 31/34, opinapelo conhecimento do recurso, e, nomérito, pelo seu provimento, para o fimde impor aos recorridos a sançãopecuniária prevista no art. 37, § 1º, daLei nº 9.504/97, no seu mínimo legal.

É o relatório.

VOTOSDra. Sulamita Terezinha Santos

Cabral:Conheço o recurso.No mérito, o exame das fotografias

acostadas aos autos (fl. 5) permite ve-rificar que a referida propaganda eraconstituída por duas faixas fixadas aosolo por três sarrafos de madeira emmeio ao gramado, no local já mencio-nado.

O art. 37 da Lei nº 9.504/97 preceitua:�Nos bens cujo uso dependa de

cessão ou permissão do Poder Públi-co, ou que a ele pertençam, e nos deuso comum, é vedada a pichação, ins-crição a tinta e a veiculação de propa-ganda, ressalvada a fixação de placas,estandartes, faixas e assemelhadosnos postes de iluminação pública, via-dutos, passarelas e pontes, desde que

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não lhes cause dano, dificulte ou im-peça o seu uso e o bom andamento dotráfego.�

Fazendo uma interpretação teleo-lógica desta norma, temos que o fim vi-sado pelo legislador é basicamente pro-teger o bem público, impedindo que omesmo seja danificado, agredido ou po-luído com propaganda dos candidatos.

A regra é, pois, a proibição de pro-paganda nos bens públicos em geral,permitindo-se a fixação de placas, es-tandartes, faixas nos postes de ilumi-nação, viadutos, passarelas e pontes,desde que não lhes cause dano, difi-culte ou impeça o seu uso e o bom an-damento do tráfego.

Ora, ficou plenamente demonstra-da a existência da propaganda em bempúblico. O fato de, aparentemente, nãoter causado dano não a descaracteriza,pois só é permitida propaganda quenão cause dano nos postes de ilumi-nação pública, passarelas, pontes eviadutos.

A propaganda realizada em cantei-ros e gramados públicos não estáabrigada por essa ressalva. Tal propa-ganda não pode ser aceita, porque nãohá previsão legal. Há que se conside-rar ainda a admoestação da recorren-te de que, se permitirmos que cadacandidato encrave três madeiras aosolo, teremos um número elevado deestacas em nossas praças, causandodanos consideráveis.

Entendemos, assim, que a repre-sentação é procedente, pois de imedi-ato já determinou a retirada da propa-ganda do canteiro, repondo-se o bemao estado anterior, ainda que sem danofísico aparente.

O § 1º do art. 37 diz que �a veicu-lação de propaganda em desacordocom o disposto neste artigo sujeita oresponsável à restauração do bem e a

multa ano valor de cinco mil a quinzemil UFIR.�

A restauração cuja significação do-minante é a de ação que faz voltar aoestado anterior, sem alterar a situaçãoou o aspecto que a coisa tinha anteri-ormente (in Vocabulário Jurídico, Plá-cido e Silva, p. 13, ed. Forense), já ocor-reu, restando, ainda, a aplicação damulta ao responsável.

Assim, julgo parcialmente proce-dente o recurso, para impor à Coliga-ção Rio Grande Vencedor a sançãopecuniária prevista no art. 37, § 1º, daLei nº 9.504/97, no seu mínimo legal.

É como voto.Des. Osvaldo Stefanello:Sr. Presidente,Eminentes Colegas:Com a vênia da eminente Relatora,

vou divergir, mantendo coerência comdecisões anteriores. Tenho defendidoa tese de que, para a penalização decoligação, partido político ou candida-to, além de ser colocada a propagan-da em lugar inadequado, há que estarvinculada ao dano que o bem públicopossa sofrer, ou seja, sem que hajadano, não se há de cogitar penalizaçãopecuniária.

No caso, é fácil constatar, dado otipo de propaganda - faixas fincadas aosolo com três sarrafos de madeira -, ainexistência de dano - nem diria danomínimo. Creio não seja demasia tam-bém referir que as exceções previstasno art. 37 da Lei Eleitoral não são decaráter exaustivo ou conclusivo. Quan-do a lei fala em faixas colocadas empostes de iluminação, viadutos, passa-relas e pontes, por certo não quis darexaustividade a essas quatro exce-ções. Outras que possam ser asseme-lhadas podem e devem ser utilizadaspelos partidos, coligações e candida-tos, inclusive propaganda do tipo da

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que está em questionamento. Daí porque volto a insistir que pode perfeita-mente ser adaptado esse tipo de pro-paganda às exceções previstas no art.37 da Lei Eleitoral, sem considerar, rei-tero, que, para efeito de penalização,há que se jungir não apenas irregulari-dade de propaganda, mas o prejuízoao bem público - requisito, condição oupressuposto especial para a aplicaçãode pena pecuniária.

Com essas ponderações, estou em,complementando os fundamentos dadouta sentença de 1º grau, confirmá-la, com a devida vênia.

Dr. Leonel Tozzi:Sr. Presidente:Com a mais respeitosa vênia da emi-

nente Relatora, também vou dela diver-gir, porque esse tipo de propaganda é omais antigo existente em campanhaseleitorais. Sempre se usou a propagan-da chamada pirulito em todas as campa-nhas. Tanto é verdade que, no último plei-to, havia sorteio das rótulas, para quefossem colocadas as propagandas des-se tipo por todos os partidos interessa-dos. A exceção que traz o art. 37 vemconfirmar a regra de que a propagandadeve ser permitida em campanha eleito-ral porque é a sua razão de ser. Tanto éverdade que o art. 37 dispõe que podem,atualmente, ser afixados placas, estan-dartes, faixas e assemelhados em pos-tes de iluminação (o que era proibido),viadutos, passarelas e pontes. O argu-mento de que agora teremos 550 candi-datos a colocarem nos gramados umapropaganda que vai danificar o bem pú-blico vale também para as pontes. Setodos resolverem colocar estandartes oufaixas numa ponte, evidentemente nãosó vai trazer danos ao patrimônio, comovai também complicar...

Assim, Sr. Presidente, se a Lei per-mite o mais, por que não permitir o mí-

nimo, que é uma simples estaca na gra-ma contendo uma propaganda?

Com esses argumentos, pedindomais uma vez vênia à eminente Rela-tora, mantenho integralmente a doutasentença de 1º grau, negando provi-mento ao recurso.

Dra. Tania Terezinha CardosoEscobar:

Sr. Presidente:O processo eleitoral e sua finaliza-

ção, no que tange à propaganda, é tem-porário e deve ser célere. Portanto, épreciso analisar se os três sarrafos afi-xados ao solo, chamados de pirulitos,estariam ou não enquadrados no art.37 da Lei nº 9.504/97.

Com a vênia dos doutos Juízes queme antecederam, penso que há umavedação em relação à propaganda emquestão, e que causa dano ao patri-mônio público. Logicamente, poder-se-ia até interpretar que essas exceçõesnão são exaustivas, como disse o emi-nente Des. Stefanello; é de se pensarsobre isso.

No caso, a lei está excepcionandoquais os casos em que pode haver fi-xação de propaganda, placas, estan-dartes, faixas e assemelhados nos pos-tes de iluminação pública, viadutos,passarelas e pontes, com o acréscimode que não se pode causar dano a essebem público. Qual é o objetivo da lei?Seria não danificar o bem público. Nocaso em concreto, houve o dano aobem público, mas no seu grau mínimo,porque foi em seguida reposto, peloque entendi. Esse dano implicaria, ameu juízo, gastos para o Poder Públi-co, e isso vejo como sério e inarredável.O fato de haver uma permissão em re-lação a faixas em viadutos, postes deiluminação, passarelas, pontes, pensoque significa que não há um prejuízomaior, como nesse caso dos pirulitos.

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Dou provimento ao recurso, masretiro a aplicação da multa, embora nãohaja previsão legal nesse sentido, con-siderando que foi apenas um caso eque foi restaurado imediatamente ostatus quo.

Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva:

Sr. Presidente:O art. 37, caput, da Lei nº 9.504/97,

como referido pela Dra. Tania, vedaesse tipo de publicidade. Entendo, aocontrário do Des. Stefanello, que as ex-ceções da parte final do dispositivo - fi-xação de placas, estandartes, faixas eassemelhados - não são exaustivas comrelação a um tipo de propaganda, maso são quanto aos locais de realizaçãodessa propaganda, que me parecemestar perfeitamente definidos, não sepodendo acrescentar outros, porque sãoespecíficos: postes de iluminação, via-dutos, passarelas e pontes.

O que se tem no caso em exame?Temos cartazes fixados ao solo porhastes de madeira, os chamados piru-litos. O texto do art. 37, embora tecni-camente impreciso na definição do queé bem público, visa, como referiu a Dra.Tania, à preservação do bem público.Entendo mais, nesse caso: visa à pre-servação do meio ambiente. Racioci-nemos assim: um pirulito fixado em umarótula e retirado não ocasionou dano;mas, se pensarmos em eleições pas-sadas - não em 1994, porque então sedisciplinou o uso de locais previamen-te estabelecidos pela SMAM, que fezum levantamento do impacto ambientaldesses locais, mas em anos anterioresa 1992 -, em que não era só um piruli-to, mas era um colocado sobre outro eficou um caos, as praças e rótulas fica-ram completamente danificadas, evi-dentemente houve um prejuízo aopatrimônio público, que teve de ser res-

taurado. Há mais: hoje, se aceitarmosesse tipo de propaganda, estaremosalargando a margem de sua ocorrên-cia, não só com dano ao patrimôniopúblico, mas também ao patrimônioparticular. Hoje temos na nossa cida-de a experiência de que empresas par-ticulares adotam rótulas e canteirospara preservar esses locais e com issoinvestem não só com ajardinamento ecolocação de grama, mas com a colo-cação de flores, plantas e outros ador-nos vegetais. Estaríamos, então, per-mitindo dano ao patrimônio público, aoparticular e, evidentemente, a meu ver,tal propaganda incide na parte inicialdo art. 37. Por isso acompanho aRelatora, dando provimento ao recur-so, para aplicar a pena mínima à coli-gação.

É o voto.Dr. Nelson José Gonzaga:Sr. Presidente:Se a propaganda escapa da ressal-

va contida na segunda parte do art. 37,caput, da Lei Eleitoral, não vejo comoabsolver, nem tampouco se falar, nocaso, em causar ou não dano, porquenão previsto o dano na primeira partedo dispositivo, que é o que disciplina ocaso em exame.

Mais: o § 1º do art. 37 prevê umadupla penalização: a restauração dobem e a pena de multa. Se foi ou nãorestaurado o bem, é uma questão. Háde sobrar a pena de multa, que foi mui-to bem aplicada pela eminente Relatora.

Acompanho o voto da eminenteDra. Sulamita.

Des. Élvio Schuch Pinto:Incumbe-me desempatar com rela-

ção à aplicação de pena de multa, e ofaço nos termos do voto da eminenteRelatora, porque realmente não vejocomo se anistiar o infrator porque sub-traiu o pirulito. De qualquer forma, o

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dano decorrente do cravamento dastrês estacas e sua remoção, ainda quemínimo, existiu. E o Juiz tanto reconhe-ceu a ilicitude da propaganda que man-dou suprimi-la. E ainda sobre o temadiria, com a máxima vênia do Des.Stefanello e do Dr. Leonel, que a ques-tão do art. 37, referente à propagandaem bens públicos, estaria assim equa-cionada: regra geral, a propaganda élícita e necessária. A vedação da pro-paganda sobre bem público tem porrazão de ser não a ilicitude da propa-ganda, mas a preservação do bem comrelação ao dano. E a Lei nº 9.504/97veio a reconhecer esse sentido nocaput, conjugado com o § 1º, do art.37. O § 1º enuncia, na exceção, exata-mente isso: inexistindo dano, e presun-tivamente inexiste dano em penduraruma faixa num poste, viaduto ou pon-te. A presunção é juris tantum, afasta odano. No § 1º estabelece a exceção.E, no caput, a presunção é de que hádano. E a quem incumbe fazer a de-monstração em contrário? A quemafronta o caput - no caso, fixando piru-litos na rótula da Carlos Gomes; a esteincumbe a prova de que não houve odano.

Estou vendo ilicitude na propagan-da, que não se inclui dentre as exce-ções já autorizadas; não há demons-tração, data venia, de que tirar o piruli-to não implicou dano. Por isso, não hácomo afastar a sanção. Houve ilicitude,aplica-se a pena. No caso, aplica-se apena ao partido político - porque a co-ligação é tida, para os efeitos legais,nos termos da Lei nº 9.504, como par-tido político -, responsável por toda apropaganda, que, no caso, não se podeimputar diretamente ao beneficiário,pois não houve prova de que o candi-dato Luiz Fernando Salvatori Zachiaafixou os pirulitos.

Assim votando, desempato nos ter-mos do voto da eminente Relatora,dando parcial provimento ao recurso.

DECISÃODeram parcial provimento, nos ter-

mos do voto da Juíza Relatora, venci-dos integralmente os Juízes Stefanelloe Tozzi, que negavam provimento; e,em parte, a Dra. Tania Escobar, queprovia o recurso relativamente à Coli-gação em menor extensão. Proferiuvoto de desempate o Presidente, quan-to à aplicação da sanção pecuniária.

Processo no 17000598

CLASSE 17PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRERECORRENTES: COLIGAÇÃO

FRENTE POPULAR, JÚLIO QUA-DROS, PARTIDO DOS TRABALHADO-RES, OLÍVIO DUTRA, RONALDOZULKE E LAERTE MÉLIGA

RECORRIDA: RÁDIO GAÚCHA S.A.Recurso. Direito de resposta. Co-

mentário efetuado em programa radio-fônico que extrapola os limites da críti-ca via imprensa, podendo refletir ne-gativamente no conceito e imagem docandidato. Provimento parcial do recur-so para deferir direito de resposta acandidato ofendido em sua honra. Pro-vimento negado em relação aos demaisconsortes.

Feito não-conhecido no que concer-ne aos postulantes que não detêm acondição de candidatos.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, por maioria, apreci-ando os presentes autos, ouvida a Pro-curadoria Regional Eleitoral e nos ter-mos das notas taquigráficas inclusas,impedido o Dr. Antonio Carlos Antunes

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do Nascimento e Silva, não conhecerdo recurso relativamente a LaerteMéliga e Júlio Quadros e dar-lhe provi-mento parcial para deferir direito deresposta tão-somente a Ronaldo Zulke,vencido em parte o eminente Dr. Nel-son José Gonzaga, que o estendia àFrente Popular e ao Partido dos Tra-balhadores.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além do

signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te - e Osvaldo Stefanello e Drs. LeonelTozzi, Antonio Carlos Antunes do Nas-cimento e Silva, Nelson José Gonzagae Sulamita Terezinha Santos Cabral,bem como a Dra. Vera Maria NunesMichels, Procuradora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 19 de agosto de 1998.Dra. Tania Terezinha Cardoso

Escobar,Relatora

RELATÓRIOA Frente Popular, PT, Júlio R. de

Quadros, Olívio Dutra, Ronaldo MiroZulke e Laerte Méliga, com base no art.58 da Lei nº 9.504/97, apresentarampedido de Direito de Resposta contracomentários veiculados pela RádioGaúcha-AM no programa Gaúcha Atu-alidade do dia 05 de agosto de 1998,às 9h20min, comentários esses feitospelo jornalista José Barrionuevo, queassim teria sido dito:

�O grupo do Ronaldo Zulke, peloque fez seu líder e ex-presidente de 94,dá impressão que não tem escrúpulos(...) tem gente que não gosta da demo-cracia (...)�

O Magistrado da 2ª Zona Eleitoralde Porto Alegre reconheceu a ilegitimi-dade ativa aos recorrentes LaerteMéliga e Júlio Quadros e julgou impro-cedente o pedido quanto aos demais,que entendeu legitimados. Fundamen-

tou a sentença ao entendimento ado-tado no episódio anterior, 03 de agos-to de 1998, também com pedido de di-reito de resposta: �E, se no episódioanterior, em que as críticas foram maiscontundentes, entendi-as como penal-mente atípicas, agora, da mesma for-ma, não vislumbro as condutas injurio-sas, ou, mesmo, difamatórias.�

Recorreram a Coligação da FrentePopular, Partido dos Trabalhadores(PT), Júlio R. de Quadros (representan-te da Frente Popular), Olívio Dutra (can-didato ao Governo do Estado pela Fren-te Popular), Ronaldo Miro Zulke (can-didato a Deputado Estadual) e LaerteMéliga (coordenador da campanha daFrente Popular).

Nas razões, buscaram a reforma dadecisão de primeiro grau, sustentandoque o Magistrado não se manifestousobre o direito de resposta quanto aocandidato Olívio Dutra.

A recorrida quer a manutenção dasentença.

O parecer da Dra. Vera Michels,eminente Procuradora Regional Eleito-ral, acolhe a manifestação ministerialno 1º grau, que foi pelo não-conheci-mento do recurso em relação a LaerteMéliga e Júlio R. Quadros, em face desua ilegitimidade ativa ao feito eleito-ral, e no mérito, pelo parcial provimen-to, deferindo-se o direito de respostaem relação a Ronaldo Zulke.

É o relatório.(Produziu sustentação oral a Bela.

Maritânia Dallagnol, pelos recorrentes.)

VOTOSDra. Tania Terezinha Cardoso

Escobar:Sr. Presidente:A matéria veiculada, reiteradamente,

pelo jornalista José Barrionuevo na Rá-dio Gaúcha, ao comentar a condenaçãoimposta pelo TRE a Laerte Méliga e

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Ronaldo Zulke, julgada em 30 de julhode 1998, foi além da mera críticajornalística. Foram assacadas afirma-ções graves ao candidato Zulke. Todosesses fatos elencados, quer pela ilustreProcuradora da República, quer pelailustre procuradora dos recorrentes,através da tribuna, efetivamente, assimocorreram. Disse o jornalista (fl. 4):

�O grupo do Ronaldo Zulke, peloque fez seu líder e ex-presidente de 94,dá a impressão que não tem escrúpu-los; há mais dias querem me atemori-zar, querem o jornalismo adestrado,serviçal, subserviente, mas eu achoque acabou essa história do bem e domal, da direita e da esquerda, do mo-nopólio da honestidade, tem gente quenão gosta da democracia, tem segmen-tos radicais que não toleram a crítica,a mais singela, apenas o relato de umasentença judicial, não suportam a luzdo dia.�

Como a Dra. Procuradora haviadito, ele inicia o programa dizendo:

�As denúncias patrocinadas porZulke e Méliga eram tão fortes, tãocontundentes, nos dias 12, 13, 14 e15 de setembro de 94, no final da cam-panha, que remeteram a campanhapara o segundo turno. Todos os ana-listas, as reportagens, pesquisas mos-traram que as denúncias contra Britto,de corrupção, de prevaricação, deroubalheira eram tão fortes que o elei-tor mudou de voto.�

Ou seja, a meu juízo, o cerne daquestão era as eleições de 94, pelosquais ambos já foram julgados peloTribunal. Penso que não cabe fazeruma retrospectiva sobre isso nem nojulgamento deste recurso, nem, muitomenos, por qualquer jornalista. O fatode o jornalista haver dito não tem es-crúpulos e não gosta de democracia,é, esse sim, uma ofensa à honra sub-

jetiva de Ronaldo Zulke. Como já dis-se anteriormente, houve um excessoverbal do jornalista, que extrapolou oslimites da saudável crítica via impren-sa quando disse: querem me atemori-zar, querem um jornalismo adestrado,serviçal, subserviente. Mas a socieda-de não quer isso; o regime democráti-co não quer isso; ninguém quer isso.Mas há os limites da imprensa saudá-vel, que estão fixados no fato e nas de-clarações dos envolvidos, apenas in-formando e comentando a notícia. Opovo, ou o ouvinte, ou o leitor irá tiraras suas próprias conclusões e fazer oseu próprio julgamento.

O conteúdo depreciativo ao candi-dato, assacado em comentário radio-fônico, tem ampla penetração no elei-torado. Não se há de subestimar a in-teligência da opinião pública. O singe-lo noticiar da referida condenação peloTRE, isoladamente, já atingiria a finali-dade de informar, restando, não ape-nas desnecessário, como, ainda, ex-cessivo o comentário contundente elesivo à honra, que entendi nas expres-sões não tem escrúpulos e não gostade democracia.

Quanto a Júlio e Laerte, não conhe-ço do recurso, porque o art. 58 refere-se a candidatos, e eles não são candi-datos. Assim, não conheço do recur-so, pelos mesmos motivos elencadosno processo anterior.

Em que pesem as judiciosas razõesexpendidas pela nobre procuradora dosrecorrentes, a qual parabenizo, pensoque os comentários do jornalista nãoatingiram a reputação tanto do Partidoquanto da Coligação, quando ele dis-se que o grupo do Ronaldo Zulke, peloque fez seu líder e ex-presidente de 94,dá a impressão que não tem escrúpu-los. Com a devida vênia, penso quetodos esses elementos e todo esse

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comentário referiram-se à eleição de94, que já foi objeto de julgamento poreste Tribunal. Entendo que esses co-mentários não poderiam interferir ouatingir nem a reputação do Partido nema da Coligação.

Por isso, em relação aos recorren-tes Olívio Dutra, PT e Coligação FrentePopular, penso que o comentáriodegravado, à fl. 07, não demonstra e nãoatribui aos mesmos nenhum conceito ouimagem injuriosa, ou ainda qualquer afir-mação inverídica, motivo pelo qual in-defiro o direito de resposta aos mesmos.

Voto no sentido de não conhecerdos recursos de Júlio R. de Quadros eLaerte Méliga e dou parcial provimen-to ao recurso, para deferir o direito deresposta ao candidato Ronaldo Zulke,na forma da Lei Eleitoral.

É assim que voto.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:Senhor Presidente:Pelas razões expendidas no julga-

mento anterior, dou-me por impedidopara atuar no presente feito.

Dr. Nelson José Gonzaga:Senhor Presidente:Peço vênia à Dra. Relatora para di-

vergir.Tenho que no âmago desta maté-

ria encontra-se a vontade deliberada dojornalista de difamar e injuriar, não so-mente o candidato Ronaldo Zulke,como também a Frente Popular e o PT.Não há como negar que uma entidadejurídica possa ser ofendida na sua hon-ra e também possa receber dano mo-ral pelo ato praticado contra ela.

Por isso, concedo o direito de res-posta à Coligação Frente Popular, aoPT, ao candidato Ronaldo Zulke, ne-gando-o aos demais.

É o voto.Dra. Sulamita Terezinha Santos Cabral:

Acompanho a eminente Relatora.Des. Osvaldo Stefanello:Senhor Presidente:No que concerne ao mérito propri-

amente dito, a questão está bem colo-cada pela eminente Relatora, assimcomo o foi pela eminente ProcuradoraRegional Eleitoral. Como é assegura-da a livre manifestação do pensamen-to como um dos direitos fundamentaisde toda pessoa - art. 5º, inc. IV, e art.220, incisos e parágrafos da Constitui-ção Federal -, assim como é assegura-do o direito de resposta - inc. V do art.5º da Constituição Federal -, a Consti-tuição também assegura, e não pode-ria ser de outra forma, a inviolabilidadeda intimidade da vida privada, honra eimagem das pessoas. Portanto, sãodireitos da mesma hierarquia constitu-cional. Não se está a tratar de direitosde hierarquia superior ou inferior. Ouseja, como a Constituição assegura alivre manifestação do pensamento, aliberdade de expressão e crítica, tam-bém assegura o direito à inviolabilidadeda pessoa. No caso - disse e reitero -,se Ronaldo Zulke e Méliga cometeramdelito de calúnia, difamação ou injúrianas eleições de 94, mediante panfletos,essa questão já foi definida pela Justi-ça e já receberam a devida condena-ção, que não é definitiva. Poderá serrevista. Portanto, a ninguém mais cabese arvorar o direito à nova condenaçãosobre os mesmos fatos. Reitero tam-bém que não se há de confundir críti-ca, por mais acerba, pesada e dura quepossa ser, principalmente a agentes pú-blicos, com o descambamento para aofensa pessoal, para a ofensa à honrapessoal - objetiva ou subjetiva -, parao achincalhe e para tantas outras for-mas de se atingir uma pessoa. Não éeticamente aprovável que assim se aja.Há que se ter um limite, porque, a par

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da minha liberdade existe a liberdadede outrem, do meu vizinho. E essa li-berdade absoluta, principalmente decertos meios de comunicação social,de pretender abrir inquérito, processare julgar, foge ao princípio do direito daliberdade de livre manifestação do pen-samento. Não é essa liberdade ditato-rial da imprensa que a Constituiçãoestá a assegurar. Em tudo existe umlimite, jurídica e eticamente. Daí por-que estou em acompanhar a eminenteRelatora, inclusive no que diz respeitoao direito de resposta a Ronaldo Zulke,apenas. Direito de resposta que, emúltima análise e na prática, vai atingir oobjetivo do pedido - inclusive, dos de-mais requerentes. O que importa nãoé se o direito de resposta é assegura-do a A, B ou C, mas se a todos vai atin-gir, pois na prática, na realidade, a to-dos vai atingir. Dito isso, não vou adi-ante e vou reservar-me o direito dereexaminar toda essa questão, porquesou Relator das demais ações envol-vendo o mesmo jornalista, pelas publi-cações feitas na Zero Hora dos dias 2e 4 do corrente mês. Fico, pois, nessaposição, que posso mudar nos próxi-mos julgamentos, eis que, de propósi-to, não os trouxe hoje, porque preten-do examinar mais a fundo essa ques-tão; e, para tanto, tenho até terça-feirada semana que vem. Estou em acom-panhar, na sua íntegra, o voto da emi-nente Relatora, com a devida vênia dedivergência manifestada pelo eminen-te Dr. Nelson.

Dr. Leonel Tozzi:Senhor Presidente:Razão assiste à eminente Relatora

quando disse que o radialista se exce-deu em suas atribuições. É verdade.Ele foi muito além de uma mera críticaou de uma notícia de uma decisão to-mada por este Tribunal. Ao dizer o gru-

po do Ronaldo Zulke (...) dá a impres-são de não ter escrúpulos e (...) quenão gosta de democracia, sem dúvidaalguma atingiu a honra subjetiva docandidato Zulke. E a ele, como bemdefiniu a ilustre Relatora, dou o direitode resposta, não conhecendo quantoaos demais, Laerte e Júlio Quadros.Também entendo, como o eminenteDes. Stefanello, que ao dar o direito deresposta ao candidato Zulke estaremosatingindo os objetivos do recurso.

Por isso, Senhor Presidente, acom-panho integralmente o eminente Rela-tor. É o voto.

DECISÃOPor votação uniforme, não conhece-

ram do recurso quanto a Laerte Méligae Júlio Quadros e proveram-no parcial-mente, para assegurar direito de respos-ta tão-só a Ronaldo Zulke, vencido emparte o Juiz Nelson Gonzaga, que oestendia à Frente Popular e ao PT.

Não votou o Dr. Nascimento, eisque impedido, nos termos do art. 252,III, do CPC.

Processo no 16003298

CLASSE 16PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRERECORRENTE: MINISTÉRIO PÚ-

BLICO ELEITORAL DA 2ª ZONARECORRIDOS: ANTONIO BARBE-

DO E PARTIDO DO MOVIMENTO DE-MOCRÁTICO BRASILEIRO

Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular.

Inexistência de qualquer prova deque o partido político recorrido tenhaparticipado na realização da condutaprevista no art. 36, § 3º, da Lei nº 9.504/97, sendo, de outra parte, incabível asua condenação em face do dispostono art. 241 do Código Eleitoral, eis queos fatos ocorreram anteriormente à

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convenção partidária para a escolha decandidatos.

Panfletos que, na espécie, por seuconteúdo, bem como pela época e for-ma de sua divulgação, configuram pro-paganda eleitoral irregular em benefí-cio do candidato recorrido.

Recurso parcialmente provido.

ACÓRDÃOVistos, etc.ACORDAM os Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral, à unanimidade, ou-vida a Procuradoria Regional Eleitorale nos termos das notas taquigráficasinclusas, dar provimento parcial ao pre-sente recurso.

CUMPRA-SE.Participaram do julgamento, além

do signatário, os eminentes Desembar-gadores Élvio Schuch Pinto - Presiden-te - e Osvaldo Stefanello e Drs. LeonelTozzi, Fábio Bittencourt da Rosa, An-tonio Carlos Antunes do Nascimento eSilva e Nelson José Gonzaga, bemcomo a Dra. Vera Maria Nunes Michels,Procuradora Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 16 de julho de 1998.Dr. Oscar Breno Stahnke,Relator.

RELATÓRIOO PARTIDO DOS TRABALHADO-

RES ofereceu representação contra oDeputado Estadual e candidato à ree-leição ANTONIO BARBEDO e o PAR-TIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTI-CO BRASILEIRO.

A inicial relata que o representado,Deputado Barbedo, realizou, indevida-mente, propaganda eleitoral, �afixando,no mural da sede do sindicato, materi-al de propaganda eleitoral (panfleto emanexo), além de estocar no local ou-tros materiais para distribuição ao pú-blico que lá compareceu�. Diz, mais,que �No material referido, o primeiro re-presentado faz divulgação da festa re-

alizada no dia 12 de junho, por ocasiãodo lançamento de sua candidatura à re-eleição, ocorrida na Churrascaria Chi-marrão, em Porto Alegre, com a pre-sença de mais de 400 pessoas, con-forme documento em anexo�. Assimagindo, segundo a representação, te-ria violado o disposto no artigo 36 daLei nº 9.504/97, que permite propagan-da eleitoral somente após o dia 05 dejulho do ano da eleição. Entende apli-cável a pena prevista no § 3º do referi-do artigo.

Forte no artigo 241 do Código Elei-toral, estendeu a representação, tam-bém, ao PMDB, sob o fundamento dasolidariedade do Partido.

Juntou um exemplar do �BoletimInformativo do Deputado Estadual An-tônio Barbedo�, que contém manifes-tação do referido parlamentar acercada aposentadoria dos eletricitários, como título �Aposentadoria proporcional éuma conquista nossa� (folha 5). Igual-mente, acostou o Boletim denominadoUnidade Eletricitária, no qual foi notici-ado o lançamento das candidaturas deAntônio Barbedo e Manoel Valente,respectivamente, para Deputado Esta-dual e Deputado Federal. Finalmente,trouxe aos autos uma cópia de folhado jornal Zero Hora, edição de 29 dejunho último, na qual foi publicada anominata dos candidatos escolhidosem convenção do PMDB, constando,aí, o nome do representado AntônioBarbedo.

Notificados, os representados ofe-receram defesa conjunta (folhas 10 a12). Em preliminar, o Partido do Movi-mento Democrático Brasileiro pleiteoua sua exclusão da lide, sob o funda-mento de que, na data daquela reunião,ainda não havia sido realizada a con-venção partidária. No mérito sustenta-ram não estar caracterizada a infração

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descrita na inicial. O Deputado Anto-nio Barbedo teria comparecido àquelareunião para discutir assuntos pertinen-tes ao desempenho dos dois manda-tos que possui: de Deputado e de Pre-sidente do Sindicato. Invocaram oacórdão deste Egrégio Tribunal profe-rido no recurso nº 16002398, Classe16, no qual ficou assentado que nãohá vedação legal, no que concerne àconfecção, impressão e estoque depanfletos, bem como à sua distribuiçãopara propaganda intrapartidária.

O Ministério Público, através da suadouta Promotora Eleitoral, manifestou-sepela procedência da representação (fo-lhas 23 a 28).

O Doutor Juiz auxiliar proferiu a sen-tença (folhas 30 a 32), julgando impro-cedente a representação. Interpretou oprimeiro documento, denominado Bo-letim Informativo como uma apreciaçãodo Deputado Antônio Barbedo das pre-tendidas reformas previdenciárias, oque não era vedado fazer. Acerca dofolheto sindical, constante da folha 6, oMagistrado concluiu que, como Presi-dente do Senergisul, o Deputado An-tônio Barbedo, necessariamente, eraobjeto de notícias no meio eletricitário.Acrescentou, mais, que este folhetonão é de autoria de partido político e,tudo indica, foi de circulação interna.Concluiu que �Pela peculiar situação,entendo que não se configurou a pro-paganda política irregular�.

Publicada a decisão no dia 06 dejulho (folhas 33), seguiu-se a intimaçãopessoal do representante do Ministé-rio Público, no dia 07 desse mês, às 13horas e 30 minutos.

No dia 08 de julho, às 12 horas e 55minutos, o douto Promotor Eleitoral in-terpôs o recurso de apelação contra adecisão proferida, considerando-a equi-vocada, transcrevendo trechos constan-

tes dos documentos juntados com a re-presentação. Conclui: �Claro está que odocumento constitui propaganda eleito-ral, posto que destinado a amealharvotos dos eletricitários, sendo indiferenteque a circulação seja interna aos meiossindicais, já que entre os eletricitárioshá eleitores�. Reedita a argumentaçãode que o Partido foi responsável solida-riamente.

Os recorridos apresentaram contra-razões, pugnando pela confirmação dasentença, repisando que não se carac-terizou propaganda política e que oPartido não teve qualquer participaçãonos fatos descritos.

Neste Egrégio Tribunal, a doutaProcuradora Regional Eleitoral emitiuo parecer das folhas 49 a 52, opinandopelo provimento parcial do recurso, porestar caracterizada a prática de propa-ganda eleitoral irregular pelo candida-to Antônio Barbedo. Acrescentou �queo recorrido ANTÔNIO BARBEDO, semnenhuma dúvida, figura como o maiorbeneficiário da propaganda contida nopanfleto de fl. 06, ocasião em que pro-move sua própria candidatura, inclusi-ve inserindo sua foto�. Transcreveu tre-chos contidos no panfleto. Concluiu querestou comprovada a infração ao dis-posto no artigo 36 da Lei nº 9.504/97.

Respeitante ao Partido do Movi-mento Democrático Brasileiro, excluiu-ode qualquer responsabilidade, porinexistir prova de sua participaçao na-queles procedimentos contestados. Poristo, opinou pelo provimento parcial dorecurso, com a condenação do recorri-do Antônio Barbedo.

Este é o relatório.

VOTOSDr. Oscar Breno Stahnke:O recurso é tempestivo, eis que in-

terposto antes de se completarem asvinte e quatro horas da intimação do

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Ministério Público. Por isto, deve serconhecido.

No mérito, dou-lhe provimento par-cial, na linha de fundamentação dedu-zida pela douta Procuradora RegionalEleitoral.

A exclusão do Partido do Movimen-to Democrático Brasileiro impõe-seporque os fatos aconteceram anterior-mente à convenção partidária e não háprova de que o partido haja participa-do, de alguma forma, naquelas condu-tas questionadas. Não estando carac-terizada a hipótese do artigo 241 doCódigo Eleitoral, não há como atribuirqualquer responsabilidade ao partidorecorrido. Nesse sentido é a reiteradajurisprudência deste Egrégio Tribunal.

Quanto ao recorrido Antônio Barbe-do, entendo comprovado, pelo docu-mento da folha 6, um beneficiamentoeleitoral. Todo o texto daquele panfletoé uma louvação ao candidato AntônioBarbedo. O próprio título já confirmaessa propaganda ao mencionar �Lança-das as candidaturas de Valente eBarbedo�. Consta do texto que lideran-ças eletricitárias �lançaram oficialmen-te as candidaturas de ANTONIOBARBEDO e MANOEL VALENTE (PDT)a Deputado Estadual e Federal, respec-tivamente�. Logo a seguir, o panfletoinforma que mais de quatrocentos líde-res, no dia 12 de junho, em churrasca-ria sediada nesta Capital, �promoveramentusiasmadas a grande largada dacampanha destes autênticos represen-tantes da categoria eletricitária�. O tex-to encerra, afirmando que �Ficou deci-dido, por aclamação, que a categoriaestá livre para votar para presidente daRepública, governador do Estado e se-nador naqueles candidatos que melhorlhe aprouver. Porém, definido ficou queos eletricitários fecharão questão deBARBEDO - Deputado Estadual e VA-

LENTE - Deputado Federal�. No panfle-to foi reproduzida a fotografia do jantarreferido e nesta foto verifica-se que ha-viam sido fixadas faixas, em parede la-teral do estabelecimento comercial, con-tendo os seguintes dizeres �Eletricitáriosindependentes apoiam VALENTE fede-ral BARBEDO estadual�. Na segundafaixa consta �Família eletricitária elege-rá sua defesa: VALENTE federalBARBEDO estadual�. Na terceira faixa,estava escrito: �A garantia do nosso fu-turo será mantida com VALENTE fede-ral BARBEDO estadual�. No mesmopanfleto, ainda, aparece a foto do can-didato Antônio Barbedo conclamando oseletricitários a fazerem uma frente, vi-sando à defesa da categoria. Ao fundodesta foto do candidato, aparece a ter-ceira faixa referida, o que evidencia queela foi colhida na data do referido chur-rasco.

Não há dúvida, assim, de que aque-le jantar caracterizou-se como um atode propaganda política do candidatoAntônio Barbedo. O panfleto da folha6, então, noticiou aquela reunião emestabelecimento comercial. Não satis-feito com a presença de mais de qua-trocentos �líderes� no churrasco, o re-corrido, Antônio Barbedo, editou oudeixou que editassem aquele panfleto,em nome do sindicato, contendo todoum conteúdo de propaganda política,e o afixou, ou permitiu que o fizessem,em local público, na sede da entidadesindical. Isto não foi negado na defe-sa, impondo-se, assim, como verdadei-ra a assertiva.

Não se alegue que o panfleto dafolha 6 era de responsabilidade do sin-dicato, pois o seu Presidente era e é oDeputado Antônio Barbedo, a quem,presumidamente, cabe decidir sobre apublicação de qualquer matéria emnome da entidade. Logo, cabia-lhe,

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como Presidente da entidade, evitar adivulgação de propaganda eleitoral aseu favor.

No dia 12 de junho, data em que foirealizado o churrasco de lançamentoda candidatura de Antônio Barbedo,ainda não havia sido realizada a con-venção, e a propaganda eleitoral so-mente é permitida após o dia 5 do mêsde julho que antecede ao pleito, a teordo artigo 36 da Lei nº 9.504/97.

Não se alegue, por igual, que se tra-tou, no caso, de propaganda intrapar-tidária. O jantar foi realizado em estabe-lecimento comercial, não privativo daentidade sindical. Por sua vez, o panfle-to foi afixado nas dependências do sin-dicato dos eletricitários, onde todas aspessoas que lá compareceram dele ti-veram ciência. Assim, o precedente in-vocado nas contra-razões não se aplicaao caso em espécie, pois lá se discutiu aconfecção e estoque de panfletos. Nocaso em exame, o panfleto foi afixadoem local de acesso ao público. Portanto,não se tratava de material estocado, esim de propaganda eleitoral ostensiva.Por igual, essa propaganda não eraintrapartidária, a toda evidência.

Por estes fundamentos adicionais aodouto parecer das folhas 49 a 52, dou pro-vimento parcial ao recurso, para excluir oPartido do Movimento Democrático Bra-sileiro da lide, por não estar caracteriza-da a hipótese do artigo 241 do CódigoEleitoral, condenando o recorrido AntônioBarbedo, na forma do artigo 36, § 3º, daLei nº 9.504/97, à pena de multa no seumínimo legal de 20.000 UFIR, face à ine-xistência de condenação precedente.

É como voto.Des. Osvaldo Stefanello:Sr. Presidente,Eminentes Colegas,Dra. Procuradora:Estou de pleno acordo com o voto

do Relator. No que diz com a questãoenvolvendo matéria previdenciária,manifesto se apresenta que não se estáa tratar de infração à Lei Eleitoral. Po-der-se-ia dizer que a discussão gira emtorno de questões institucionais quenão fogem aos estreitos limites da pu-blicidade permitida.

Quanto ao segundo episódio, é evi-dente a propaganda política ou eleitoralirregular; sequer se pode cogitar de pro-paganda subliminar ou indireta. É claraa intenção eleitoral dessa manifestação,tanto que dada publicidade quando darealização de uma festa política, com umsem-número de pessoas presentes. Etambém, como ressaltou o eminenteRelator, não se há de cogitar dos limitespermissivos do § 1º do art. 36; a come-çar que não se tratava de propagandainterna para chegar à candidatura dedeputado, mas sim de propaganda ex-terna e realizada em período que exce-de ao prazo de 15 dias em que seria per-mitida a propaganda interpartidária.

Quanto ao partido político, tambémconcordo que não se lhe pode atribuir res-ponsabilidade por ação de candidato iso-lada, sem a concordância ou aquiescên-cia - pelo menos conhecida - do partido.

Com essas rápidas ponderações, es-tou em acompanhar o eminente Relator.

Dr. Leonel Tozzi:Acompanho o eminente Relator,

porque seu voto está de acordo comdecisões anteriores desta Corte.

Dr. Fábio Bittencourt da Rosa:Com o Relator.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e Silva:Com o Relator, Sr. Presidente.Dr. Nelson José Gonzaga:Acompanho o eminente Relator.

DECISÃODeram parcial provimento. Unânime.

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Ementário

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Ementário

Prestação de Contas

01. Recursos. Prestação de contas.Eleições 1996. O caráter administrativodos feitos atinentes à prestação de con-tas, cuja apresentação é obrigatória, fazcom que se afaste o problema datempestividade, sendo que tal fato nãopode impedir o conhecimento do recur-so. Apenas ilicitudes substanciais, ca-pazes de macular a veracidade das re-ceitas e despesas, credenciam a rejei-ção das contas e aplicação de sançãoao faltosos. Recursos dos candidatosprovidos. Negado provimento ao apelodo Comitê Financeiro. (Proc. Cl. VIII, N°82/96; Rel. Dr. Antonio Carlos Antunesdo Nascimento e Silva; 30.06.98; recor-rentes: Comitê Financeiro do PDT deChuí, Marçal Saldívia e Anselmo ArturiAmaral; recorrida: Justiça Eleitoral da43ª Zona).

02. Prestação de contas anual. Exer-cício 1996. Irregularidades apontadaspela perícia contábil devidamente supri-das, consoante permissivo legal cons-tante no parágrafo único do art. 37 daLei Orgânica dos Partidos Políticos.Contas julgadas regulares. (Proc. Cl.VIII, N° 343/97; Rel. Des. OsvaldoStefanello; 09.07.98; interessado: Par-tido Trabalhista Brasileiro).

03. Prestação de contas anual. Exer-cício 1996. Irregularidade apontada pelaperícia contábil - ausência da relação deagentes responsáveis (art. 6º, inciso I,da Resolução TSE nº 19.768/96) - devi-damente suprida. Contas julgadas regu-lares. (Proc. Cl. VIII, N° 352/97; Rel. Dr.Fábio Bittencourt da Rosa; 16.06.98; in-teressado: Partido Republicano Progres-sista).

04. Prestação de contas anual. Exer-cício 1996. Irregularidades apontadas

pela perícia contábil devidamente supri-das, consoante permissivo legal cons-tante no parágrafo único do art. 37 daLei nº 9.096/95. Contas julgadas regula-res. (Proc. Cl. VIII, N° 353/97; Rel. Dr.Antonio Carlos Antunes do Nascimentoe Silva; 23.07.98; interessado: Partidodos Trabalhadores).

05. Prestação de contas anual. Exer-cício 1996. Complementação de diligên-cia. Irregularidades remanescentesapontadas no relatório da Coordenadoriade Controle Interno do TRE. Consideran-do as oportunidades já concedidas aopartido político a fim de suprir as irregu-laridades constatadas pela períciacontábil, torna-se imperativa a rejeiçãoda prestação de contas anual daagremiação partidária, uma vez que nãoforam apresentados regularmente a re-lação dos agentes responsáveis e o ba-lanço financeiro, na forma do art. 6º,incisos I e III, da Resolução TSE nº19.768/96. Rejeição das contas apre-sentadas. (Proc. Cl. VIII, N° 357/97; Rel.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa;23.07.98; interessado: Partido Socialis-ta Brasileiro).

06. Recurso. Prestação de contas.Eleições 1996. Meros erros formais emateriais corrigíveis não autorizam arejeição das contas e a cominação desanção a candidato ou partido. Somen-te ilicitudes substanciais, capazes demacular a veracidade das receitas edespesas da campanha eleitoral,credenciam a rejeição das contas eaplicação de sanção aos faltosos. Con-tas julgadas regulares. (Proc. Cl. VIII,N° 373/97; Rel. Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;09.06.98; recorrente: João dos Santos;recorrida: Justiça Eleitoral da 77ªZona).

07. Prestação de contas anual. Exer-cício 1996. Complementação de diligên-

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cia. Irregularidades remanescentesapontadas no relatório da Coordenadoriade Controle Interno do TRE. Consideran-do as oportunidades já concedidas aopartido político a fim de suprir as irregu-laridades constatadas pela períciacontábil, torna-se imperativa a rejeiçãoda prestação de contas anual daagremiação partidária, uma vez que nãofoi preenchido o requisito constante noart. 6º, inciso XI, da Resolução TSE nº19.768/96, relativo à apresentação darelação das contas bancárias abertaspelo partido. Rejeição das contas apre-sentadas. (Proc. Cl. VIII, Nº 358/97; Rel.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nasci-mento e Silva; 18.08.98; interessado:Partido Liberal).

Registro de Candidatura

01. Pedido de registro de candidatu-ra. Eleições proporcionais à CâmaraFederal. Pleito de 1998. Documentaçãoapresentada em conformidade com alegislação vigente, motivo pelo qualdeve ser deferido o pedido de registrodos candidatos relacionados na inicial,exceções feitas ao postulante contra oqual tramita ação de impugnação deregistro de candidatura e aos renunci-antes. (Proc. N° 150005/98; Rel. Dr.Antonio Carlos Antunes do Nascimen-to e Silva; 28.07.98; interessada: Coli-gação Rio Grande Vencedor (PMDB,PSDB, PFL, PSC E PRP).

02. Pedido de registro individual decandidatura. Eleições proporcionais àAssembléia Legislativa. Pleito de 1998.No sistema eleitoral vigente, é dos par-tidos políticos a competência para in-dicar os candidatos a registro, previa-mente escolhidos em convenção parti-dária, não se admitindo candidaturasavulsas. A ata da convenção para es-colha dos candidatos é documento in-

dispensável para o competente regis-tro junto à Justiça Eleitoral, como seinfere do art. 11, § 1º, inciso I, da Lei nº9.504/97. Dessarte, falta ao peticioná-rio condição básica para concorrer àseleições, qual seja, a aceitação da pré-candidatura pelos convencionais.Postulação indeferida. (Proc. N°150017/98; Rel. Dr. Fábio Bittencourtda Rosa; 29.07.98; interessado: Jairdos Santos Rodrigues).

03. Pedido de registro individual decandidatura. Eleições proporcionais àAssembléia Legislativa. Pleito de 1998.A ata da convenção para escolha doscandidatos é documento indispensávelpara o competente registro junto à Jus-tiça Eleitoral, como se infere do art. 11,§ 1º, inciso I, da Lei nº 9.504/97. Faltaao postulante condição básica paraconcorrer às eleições, qual seja, a ma-nifestação dos convencionais do parti-do político a que pertence - escolha docandidato em convenção. Pedido inde-ferido. (Proc. N° 150018/98; Rel. Dr.Leonel Tozzi; 28.07.98; interessado:Dalvínios Agenor Terme).

04. Pedido de registro individual decandidatura a Deputado Estadual naseleições de 1998. Interessado não es-colhido candidato em convenção pelopartido. Inviabilidade, nos termos dalegislação vigente, de candidatura avul-sa. Pedido indeferido. (Proc. N°150021/98; Rel. Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;29.07.98; interessado: Henrique Ebe-ling).

05. Ação de impugnação a registrode candidatura. Inocorrência do trânsi-to em julgado de decisão do Tribunalde Contas do Estado. Impugnação re-jeitada. (Proc. N° 150024/98; Rel. Dr.Antonio Carlos Antunes do Nascimen-to e Silva; 05.08.98; impugnante: Mi-nistério Público Eleitoral; impug-

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nado: José Maria Carvalho da Silva -Candidato a Deputado Estadual peloPMDB).

06. Impugnação a pedido de registrode candidatura. Contas julgadas irregu-lares pelo Tribunal de Contas do Esta-do. Pedido fundamentado no art. 1º,inciso I, letra �g�, da Lei Complementarnº 64/90, c/c o art. 11, § 5º, da Lei nº9.504/97. Ausência de elementos capa-zes de comprovar irregularidadeinsanável nas contas do impugnado, ouqualquer ato de improbidade adminis-trativa. Ação impugnatória julgada im-procedente. (Proc. N° 150025/98; Rel.Dr. Antonio Carlos Antunes do Nasci-mento e Silva; 06.08.98; impugnante:Ministério Público Eleitoral; impug-nado: Clóvis Antonio Schwertner).

07. Impugnação a pedido de registrode candidatura. Contas julgadas irregu-lares pelo Tribunal de Contas do Esta-do. Pedido fundamentado no art. 1º,inciso I, letra �g�, da Lei Complementarnº 64/90, c/c o art. 11, § 5º, da Lei n 9.504/97. 1. Rejeitada a prefacial de preclusão,uma vez que o fato dito irregular subsis-te. Não havendo sido apreciado à épo-ca, nada impede que o seja agora, es-tando a possibilidade de apresentar aimpugnação reaberta. 2. Ausência deelementos capazes de comprovar irre-gularidade insanável nas contas do im-pugnado, ou qualquer ato deimprobidade administrativa. Açãoimpugnatória julgada improcedente.(Proc. N° 150026/98; Rel. Dr. AntonioCarlos Antunes do Nascimento e Sil-va; 06.08.98; impugnante: MinistérioPúblico Eleitoral; impugnado: WilsonJoão Cignachi).

08. Impugnação a pedido de registrode candidatura. Sentença condenatóriatransitada em julgado. Infringência aodisposto no art. 57, inciso III, da Lei nº8.713/93. Ação impugnatória fundamen-

tada no art. 15, inciso III, da Lei Maior, eno art. 1º, inciso I, alínea �e�, da Lei Com-plementar nº 64/90. Suspensão dos di-reitos políticos. Inelegibilidade, pelo pra-zo de três anos, após o cumprimento dapena. Qualquer condenação criminaltransitada em julgado suspende tempo-rariamente os direitos políticos e, porconseqüência, impede o eleitor, nestascondições, de candidatar-se a cargoseletivos. Impugnação ao pedido de re-gistro de candidatura julgada proceden-te. (Proc. N° 150027/98; Rel. Dr. LeonelTozzi; 04.08.98; impugnante: MinistérioPúblico Eleitoral; impugnado:  Rogério deMoraes).

09. Homonímias. Eleições 1998. Va-riação nominal deferida a um dosinteressados, o qual teve o pedido deregistro de sua candidatura impugna-do pelo TRE. Entretanto, por recorrívelo decisum que declarou sua inelegibi-lidade, pode o mesmo desenvolver apropaganda eleitoral até a decisão deeventual recurso ao TSE. (Proc. N°150077/98; Rel. Dr. Leonel Tozzi;06.08.98; interessados: Rogério deMoraes (PT) - Deputado Estadual - eCarlos Rogério Rosado Clossi (PPS) -Deputado Estadual).

10. Pedido de providências diante donão-fornecimento de talão de chequesde conta corrente para fins eleitorais. Éobrigatório aos bancos proceder à aber-tura de conta corrente de qualquer parti-do ou candidato destinada à movimen-tação financeira da campanha eleitoral,consoante determina o art. 22 e § 1º daLei nº 9.504/97. Inexiste dispositivo legalque determine o fornecimento obrigató-rio de talão de cheques para os partidose candidatos, pois que a imperatividadese restringe à abertura de conta, a qualpode ser movimentada por meio de car-tão magnético e cheque avulso. Petiçãoindeferida. (Proc. N° 150086/98; Rel. Dr.

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Leonel Tozzi; 28.07.98; interessado: JoséGomes da Silva Júnior).

Propaganda Eleitorale Partidária

01. Representação. Abuso do po-der político em detrimento da liberda-de de voto. Propaganda eleitoral ile-gal. Falta de suporte probatório. Re-presentação julgada improcedente.(Proc. Cl. XVII, Nº 11/94; Rel. Des. ÉlvioSchuch Pinto; 04.05.98; representan-te: Ministério Público Eleitoral; repre-sentados: João Luiz Scopel, ManoelOrdeni Araújo, Luiz Francisco CorrêaBarbosa e PTB).

02. Representações. Propagandaeleitoral irregular. Veiculação de propa-ganda partidária mediante inserçõesem desconformidade com as normaslegais regulamentares pertinentes. 1.Reafirmação das decisões liminaressuspensivas editadas no exercício re-gular do poder de polícia da JustiçaEleitoral. 2. Representações julgadasparcialmente procedentes, com a con-seqüente cassação do direito daagremiação política representada àpróxima transmissão de propagandapartidária (no primeiro semestre de1999), pela via das inserções em ca-deia estadual de televisão. 3. Encami-nhamento de cópia das decisões à Pro-curadoria Regional Eleitoral, com a fi-nalidade de averiguar a existência deoutros ilícitos eleitorais, inclusive denatureza penal, que mereçam pronun-ciamento do Ministério Público. (Proc.Nº 160007/98 e 160008/98; Rel. Des.Élvio Schuch Pinto; 14.05.98; represen-tante: Partido dos Trabalhadores; repre-sentado: Partido do Movimento Demo-crático Brasileiro).

03. Recurso. Representação. Re-tirada de painéis outdoors. A crítica po-

lítica veiculada pela recorrida atravésde outdoor não configura propagandaeleitoral, e sim exercício da liberdadede expressão, garantida pela Constitui-ção Federal. Provimento negado. (Proc.Nº 160009/98; Rel. Dr. Leonel Tozzi;07.05.98; recorrente: Partido da SocialDemocracia Brasileira; recorrida: Cen-tral Única dos Trabalhadores).

04. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral. Busca e apreensão. Pro-vimento jurisdicional solicitado pelo Par-tido recorrido já obtido, com a decisãoda Justiça Eleitoral no sentido do reco-lhimento de publicação veiculadora depropaganda eleitoral irregular, sendoinadmissível a contrapropaganda damesma natureza. Recurso provido.(Proc. N° 160012/98; Rel. Dr. Norbertoda Costa Caruso Mac-Donald;02.06.98; recorrentes: Partido do Mo-vimento Democrático Brasileiro; recor-rido: PT e Raul Anglada Pont).

05. Recursos. Representação. Pro-paganda partidária. 1. Irresignaçãorecursal do segundo recorrente oferta-da a destempo, razão pela qual a mes-ma não merece ser conhecida. Não-cumprimento do prazo de24 horas aque se refere o art. 96, § 8º, da Lei nº9.504/97, e art. 64, § 9º, da ResoluçãoTSE nº 20.106/98.2. Preliminares rejei-tadas. 3. No que concerne ao primeirorecorrente, verifica-se que as inserçõesveiculadas estão em desacordo com oque preconiza o art. 45 da Lei nº 9.096/95, uma vez que as mesmas não tra-tam de questões de cunho partidário ouprogramático, tampouco divulgam asposições do partido relativas a temaspolítico-comunitários. Incabível a utili-zação de tais espaços para manifesta-ção pessoal de candidatos e propagan-da de programa de governo. Resta evi-dente a caracterização de propagandaeleitoral irregular, com infringência ao

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disposto no art. 36, § 3º, da Lei nº9.504/97. Provimento negado. (Proc.N° 160013/98; Rel. Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;16.06.98; recorrentes: Partido do Mo-vimento Democrático Brasileiro e An-tônio Brito Filho; recorrido: MinistérioPúblico Eleitoral).

06. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Afixação de pa-inéis em escritório político antes do pe-ríodo permitido pela legislação. De-cisão liminar que ordenou a retirada dapropaganda. Mérito da controvérsiaanteriormente decidido pelo TRE. Per-da do objeto e constituição de coisajulgada. Feito julgado prejudicado.(Proc. Nº 160014/98; Rel. Dr. NelsonJosé Gonzaga; 07.07.98; recorrentes:PMDB e César Augusto Busatto; recor-rido: Partido dos Trabalhadores).

07. Recurso. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. 1.Preliminares rejeitadas. 2. Ocorrênciade promoções explícitas da candidatu-ra do recorrente em período anterior aolegalmente permitido para a realizaçãode propaganda eleitoral. A aludida ex-temporaneidade embasa a aplicaçãoda sanção pecuniária prevista no § 3ºdo art. 36 da Lei nº 9.504/97. Provimen-to negado. (Proc. N° 160015/98; Rel.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa; 18.06.98;recorrente: Jairo Rolim Cacenote; re-corrido: Partido dos Trabalhadores).

08. Recurso. Propaganda eleitoralirregular. Afixação de painéis em es-critório político antes do período per-mitido pela legislação. Violação ao dis-posto no artigo 36, caput, da Lei nº9.504/97. Provimento parcial, para re-duzir o valor da sanção pecuniária.(Proc. N° 160016/98; Rel. Dr. NelsonJosé Gonzaga; 23.06.98; recorrente:Cézar Augusto Busatto; recorrido: Par-tido dos Trabalhadores).

09. Recursos. Representação.Propaganda eleitoral irregular. Rejei-tada preliminar de nulidade da deci-são recorrida por inconstitucionalida-de do parágrafo 3º do art. 96 da Leinº 9.504/97, que prevê a figura do Juizauxiliar, eis que o referido dispositivolegal não conflita com as disposiçõesda Lei Maior. Igualmente rejeitada pre-liminar de ilegitimidade passiva doprimeiro recorrente. Inobservância, naespécie, dos limites e do objeto a quese deve restringir a propaganda parti-dária, a teor do art. 45 da Lei nº 9.096/95, e do art. 1º, incisos I, II e III, daResolução TSE nº 20.034/97. Provi-mento negado. (Proc. Nº 160017/98;Rel. Dr. Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva; 25.06.98; recor-rentes: Vicente Joaquim Bogo e Parti-do da Social Democracia Brasileira;recorrido: Ministério Público Eleitoralda 2ª Zona).

10. Recursos. Deferimento parcialde liminar em representação. Propagan-da partidária e eleitoral irregular. Ato denatureza política passível de originar in-fração tanto à Lei nº 9.504/97, que regu-la as eleições e a campanha eleitoral(matéria de competência do Juiz auxili-ar), quanto à Lei nº 9.096/95, que rege acampanha partidária (competência daCorregedoria Regional Eleitoral, comrecurso ao Pleno do TRE). Avocados oprocessamento e o julgamento da repre-sentação quanto à alegada infração à Leinº 9.096/95. Prejudicados, por falta deobjeto, os recursos contra o deferimen-to da liminar. Relegada, para o julgamen-to final da causa no TRE, a apreciaçãoda questão relativa à devolução ou nãodos autos ao Juízo auxiliar, com vistas àalegada afronta à Lei nº 9.504/97. (Proc.Nº 160018/98; Rel. Des. OsvaldoStefanello; 30.06.98; recorrentes: Parti-do do Movimento Democrático Brasilei-

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ro, Partido dos Trabalhadores e OlívioDutra; recorridos: os mesmos).

11. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Na espé-cie, os calendários de bolso, tendo emvista os seus dizeres e a época de suadistribuição, configuram, inequivocamen-te, a prática de propaganda eleitoral ir-regular. Provimento negado. (Proc. Nº160019/98; Rel. Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;30.06.98; recorrente: Élio João Quatrin;recorrido: Ministério Público Eleitoral da2ª Zona).

12. Recursos. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. 1.Preliminares rejeitadas. 2. Realizaçãode propaganda eleitoral irregular - dis-tribuição de revista cujo teor configuralouvação expressa, nominada e dirigi-da, no sentido de beneficiar o chefe doExecutivo Estadual -, porque divulgadaextemporaneamente, consoante sedepreende do disposto no caput do art.36 da Lei nº 9.504/97. 3. Cada um dospartidos recorrentes concorreu para arealização da propaganda ilícita, razãopela qual a cada um deles se aplica,individualmente, a sanção pecuniáriaprevista no § 3º do art. 36 da Lei nº9.504/97. Na ocasião da veiculação eapreensão da publicação, inexistia co-ligação entre as referidas agremiaçõespartidárias, para fins de incidência doart. 6º, § 1º, da legislação supra-mencionada. Provimento negado.(Proc. Nº 160020/98; Rel. Dr. LeonelTozzi; 30.06.98; recorrentes: PFL,PMDB, PPB, PSDB, PTB, PL e Antô-nio Britto Filho; recorrido: Partido dosTrabalhadores).

13. Recurso. Propaganda eleitoralirregular. Não configurada conduta proi-bida pela legislação eleitoral. Inexis-tência de vedação legal no que concer-ne à confecção, impressão e estoque

de panfletos, bem como à sua distri-buição para propaganda intrapartidária,nos termos do artigo 36, parágrafo 1º,da Lei nº 9.504/97. Provimento nega-do. (Proc. Nº 160023/98; Rel. Dr. Fá-bio Bittencourt da Rosa; 30.06.98; re-corrente: Partido do Movimento Demo-crático Brasileiro; recorridos: AryVanazzi, José Paulo Bisol, MiguelRosseto, Olívio Dutra e Partido dos Tra-balhadores).

14. Recurso. Representação. Propa-ganda partidária e eleitoral irregular. 1.Avocatura do processo, para exame dapossível violação de norma constante naLei Orgânica dos Partidos Políticos. 2.Prejudicado o recurso no que concerneao deferimento da medida liminar, umavez que se encontra superado o prazopara a propaganda partidária. 3.Relegada a averiguação de eventualafronta à Lei nº 9.504/97 para final julga-mento pelo Tribunal Regional Eleitoral,ocasião em que se devolverá ou não oprocesso ao Juízo Eleitoral que proferiua decisão hostilizada. (Proc. Nº 160024/98; Rel. Des. Osvaldo Stefanello;02.07.98; recorrente: Partido dos Traba-lhadores; recorrido: Partido do Movimen-to Democrático Brasileiro).

15. Recurso. Representação compedido de liminar. Propaganda eleitoralirregular. Ato de natureza política passí-vel de originar infração tanto à Lei nº9.504/97, que regula as eleições e a cam-panha eleitoral (matéria de competênciado Juiz auxiliar), quanto à Lei nº 9.096/95, que rege a campanha partidária(competência da Corregedoria RegionalEleitoral, com recurso ao Pleno do TRE).Avocados o processamento e o julga-mento da representação quanto àalegada infração à Lei nº 9.096/95. Pre-judicado, por falta de objeto, o recursocontra o deferimento da liminar.Relegada, para o julgamento final da

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causa no TRE, a apreciação de even-tual afronta à Lei nº 9.504/97. (Proc. Nº160025/98; Rel. Des. OsvaldoStefanello; 02.07.98; recorrentes: OlívioDutra e Partido dos Trabalhadores; re-corrido: Partido do Movimento Democrá-tico Brasileiro).

16. Recursos. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. Nãohá como enfrentar o mérito da repre-sentação, sem oportunizar, ao repre-sentado ou à grei partidária a qual per-tença, o lapso temporal para apresen-tação de defesa. Somente depois deefetivada a notificação do art. 96, inc.II, § 5º, da Lei nº 9.504/97, com con-cessão do prazo de 48 horas para de-fesa, é que os recursos serão passí-veis de exame. Assim, necessária setorna a baixa do feito ao juízo de ori-gem, em diligência, para que se efeti-ve a inclusão do representado no pólopassivo da demanda, com retificaçãoda autuação e sua notificação, ou dopartido político, para oferecimento deresposta, sob pena de cerceamento dedefesa. (Proc. Nº 160026/98; Rel. Dr.Nelson José Gonzaga; 09.07.98; recor-rentes: Partido dos Trabalhadores,Paulo Paim e Ministério Público Eleito-ral da 2ª Zona; recorridos: Partido doMovimento Democrático Brasileiro;João Mota, Maria do Rosário e PauloEgon).

17. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Conteúdo depanfletos confeccionados e distribuídospelo recorrido configurador de propagan-da eleitoral irregular, porque realizada emdesconformidade com o art. 36 da Lein° 9.504/97. Provimento negado. (Proc.Nº 160027/98; Rel. Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;09.07.98; recorrente: Partido dos Traba-lhadores; recorrido: Partido do Movimen-to Democrático Brasileiro).

18. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Panfletodistribuído extemporaneamente e edita-do sob responsabilidade da agremiaçãopolítica, revela a prática de propagandaeleitoral irregular, mediante texto subs-crito por pré-candidato exortando o elei-torado a votar nos candidatos de sua greipartidária, além de promover e exaltarsua própria candidatura. Afronta aosarts. 240 do Código Eleitoral e 36, caput,da Lei nº 9.504/97, com a conseqüenteincidência do § 3º deste último dispositi-vo legal. Entretanto, quando o infrator nãofor reincidente, a pena pecuniária impos-ta deve circunscrever-se ao valor míni-mo previsto em lei. Recurso parcialmen-te provido. (Proc. Nº 160029/98; Rel. Dr.Leonel Tozzi; 14.07.98; recorrentes: Par-tido dos Trabalhadores e OrlandoDesconsi; recorrido: Partido do Movi-mento Democrático Brasileiro).

19. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. 1.Inafastável a infringência, pelo candi-dato representado, do art. 36, caput, daLei nº 9.504/97, e a decorrente incidên-cia da sanção pecuniária prevista no§ 3º do aludido dispositivo legal. Pro-paganda eleitoral irregular nitidamentecaracterizada. 2. Em relação ao decre-to condenatório da agremiação partidá-ria, o mesmo não merece prosperar,pois que inexistente, nos autos, qual-quer prova de que tenha participado narealização da conduta prevista na nor-ma legal supramencionada, sendo, deoutra parte, incabível sua condenaçãoem face do disposto no art. 241 doCódigo Eleitoral. O art. 241 refere-seao período de propaganda eleitoral pre-visto no art. 36, caput, da Lei nº 9.504/97, e não à propaganda eleitoralextemporânea, como sucedeu na es-pécie, com aplicação do § 3º do dispo-sitivo acima referido, já que na época

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ainda não escolhidos os candidatosem convenção, e muito menosregistrados como tais. Recurso parci-almente provido. (Proc. Nº 160031/98;Rel. Dr. Nelson José Gonzaga;21.07.98; recorrentes: Partido Progres-sista Brasileiro e Wilson Mânica; recor-rido: Partido dos Trabalhadores).

20. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Inexistência dequalquer prova de que o partido políticorecorrido tenha participado na realizaçãoda conduta prevista no art. 36, § 3º, daLei nº 9.504/97, sendo, de outra parte,incabível a sua condenação em face dodisposto no art. 241 do Código Eleitoral,eis que os fatos ocorreram anteriormen-te à convenção partidária para a esco-lha de candidatos. Panfletos que, naespécie, por seu conteúdo, bem comopela época e forma de sua divulgação,configuram propaganda eleitoral irregu-lar em benefício do candidato recorrido.Recurso parcialmente provido. (Proc. Nº160032/98; Rel. Dr. Oscar BrenoStahnke; 16.07.98; recorrente: Ministé-rio Público Eleitoral da 2ª Zona; recorri-dos: Antonio Barbedo e Partido do Mo-vimento Democrático Brasileiro).

21. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. 1. A res-ponsabilidade da agremiação políticanão resta comprovada. Inexiste notíciado prévio conhecimento do partido narealização da propaganda, tampouco aexistência de provas quanto à sua parti-cipação na confecção e divulgação dosexemplares publicados. 2. É manifestaa natureza político-eleitoral da publica-ção, uma vez que a mesma não se limi-tou a informar as atividades parlamen-tares do candidato, transbordando paraa louvação pessoal do mesmo. Propa-ganda eleitoral extemporânea, portantoirregular, obrigando a incidência do art.36, caput, e § 3º, da Lei nº 9.504/97. A

fixação da pena acima do mínimo legal,a despeito da primariedade do represen-tado, é justa e adequada, haja vista a gra-vidade do ilícito eleitoral praticado. (Proc.Nº 160033/98; Rel. Dr. Fábio Bittencourtda Rosa; 14.07.98; recorrentes: Partidodo Movimento Democrático Brasileiro ePaulo Ritzel; recorrido: Partido dos Tra-balhadores).

22. Embargos declaratórios de de-cisão do Pleno do TRE. Ausência denotificação pessoal. Alegada incons-titucionalidade do § 6º do art. 96 da Leinº 9.504/97. Garantia da ampla defe-sa. Alusão à existência de erro de fatono julgado. 1. Os embargos decla-ratórios não se prestam, em regra, àrevisão das decisões, mas ao esclare-cimento de dúvidas, desfazimento decontradições e suprimento de omis-sões. A normatividade do § 6º do art.96 da Lei nº 9.504/97 foi reputada cons-titucional, porque aplicada no proces-so. Jurisdição esgotada. 2. A preten-são de fazer prova e reabrir a discus-são da lide - alegado erro de fato - nãomerece prosperar, pois o momento pro-cessual é inadequado. Inexistência deprova conclusiva do que pretende oembargante. Provimento negado.(Proc. Nº 160033b/98; Rel. Dr. FábioBittencourt da Rosa; 22.07.98; embar-gante: Paulo Artur Ritzel).

23. Recursos. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. 1. Odecreto condenatório da agremiaçãopartidária não merece prosperar, pos-to que inexistente, nos autos, qualqueradminículo probatório de que tenhaparticipado na realização da condutaprevista no art. 36, caput, e § 3º, da Leinº 9.504/97. De outra banda, incabívelsua condenação em face do dispostono art. 241 do Código Eleitoral, pois omesmo refere-se ao período de propa-ganda eleitoral previsto no art. 36,

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26. Recurso. Decisão que julgou pro-cedente representação por propagandaeleitoral irregular e condenou o recorren-te à sanção pecuniária. Violação ao dis-posto no artigo 37, caput, da Lei nº 9.504/97, e artigo 241 do Código Eleitoral. Per-feita caracterização de propaganda elei-toral irregular. Redução da pena de mul-ta. Provimento parcial. (Proc. Nº 160039/98; Rel. Dra. Sulamita Terezinha SantosCabral; 29.07.98; recorrente: Partidodos Trabalhadores; recorrido: PartidoDemocrático Trabalhista).

27. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Manifes-tações através de rádio e televisão emcontradição com os termos do art. 45da Lei nº 9.096/95. Participação reduzi-da do quinto e do sexto recorridos, nãose caracterizando, quanto a eles, a vio-lação à legislação eleitoral. Recurso pro-vido em parte. (Proc. Nº 160040/98;Prolator do acórdão: Dr. Leonel Tozzi;05.08.98; recorrente: Ministério PúblicoEleitoral da 2ª Zona; recorridos: PartidoProgressista Brasileiro, José OtávioGermano, Telmo Kirst, Otomar Vivian,Francisco Appio e Erni Petri).

28. Recursos. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. Fixa-ção de propaganda eleitoral em áreapública. Responsabilidade solidáriaentre partido e candidatos, a teor do art.241 do Código Eleitoral. Inviabilidade,na espécie, da aplicação das atenuan-tes elencadas nas alíneas b e d doinciso III do art. 65 do Código Penal parafixar a pena de multa aquém do mínimolegal. Provido na íntegra o recurso doprimeiro recorrente, e parcialmente o dosegundo. (Proc. Nº 160041/98; Rel. Dr.Nelson José Gonzaga; 04.08.98; recor-rentes: Ministério Público Eleitoral da 2ªZona e Coligação Rio Grande Vence-dor; recorridos: Partido dos Trabalhado-res, Olívio Dutra e Jairo Carneiro).

caput, da Lei nº 9.504/97, e não à pro-paganda eleitoral extemporânea,como sucedeu na espécie, com apli-cação do § 3º do dispositivo acima re-ferido. 2. Inafastável a infringência, pelocandidato representado, do art. 36,caput, da Lei nº 9.504/97, e a decor-rente incidência da sanção pecuniáriaprevista no § 3º do aludido dispositi-vo legal. Propaganda eleitoral irregu-lar caracterizada. Ademais, existe aagravante de a propaganda indigitadahaver sido apreendida em transportepúblico, no qual é vedada - art. 37 daLei nº 9.504/97 - a veiculação de pro-paganda eleitoral. (Proc. Nº 160035/98; Rel. Dra. Sulamita Terezinha San-tos Cabral; 23.07.98; recorrentes: Par-tido Trabalhista Brasileiro e Pedro Diasde Moraes; recorrido: Partido dos Tra-balhadores).

24. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Cartazes retira-dos em tempo hábil, seja por efeito demedida liminar ou por acordo firmadoentre os Partidos Políticos. Manutençãoda sentença recorrida. Provimento ne-gado. (Proc. Nº 160037/98; Rel. Dr. Fá-bio Bittencourt da Rosa; 06.08.98; recor-rente: Coligação Rio Grande Vencedor;recorridos: Coligação Frente Popular,Olívio Dutra, Ari Vanazzi e Marcon).

25. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. O exer-cício do direito de fazer política não seconfunde com o exercício do direito defazer campanha eleitoral. O referidoanúncio - aviso de endereço -, que nemsequer fala em candidato, não constituiqualquer propaganda irregular, tampoucofere disposição de lei eleitoral. Provimen-to negado. (Proc. Nº 160038/98; Prolatordo acórdão: Des. Osvaldo Stefanello;29.07.98; recorrente: Partido dos Traba-lhadores; recorridos: Elmar AndréSchneider e Nelson Proença).

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29. Recursos. Representação.Propaganda eleitoral irregular. Multa.Responsabilidade pela realização depropaganda irregular é dos PartidosPolíticos. Adequação do valor da san-ção ao mínimo legal. Provimento ne-gado ao recurso do primeiro recorren-te. Parcialmente provido o remanes-cente. (Proc. Nº 160042/98; Rel. Dra.Sulamita Terezinha Santos Cabral;06.08.98; recorrentes: Coligação RioGrande Vencedor e Partido dos Tra-balhadores; recorridos: Coligação RioGrande Vencedor, Partido dos Traba-lhadores, Coligação Frente Popular,Olívio Dutra, Henrique Fontana,Luciana Genro e Flávio Koutzi).

30. Recurso. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. Preli-minares rejeitadas. Ocorrência de vio-lação do disposto no art. 36 da Lei nº9.504/97, face à realização de propa-ganda eleitoral em programa destina-do à propaganda partidária gratuita.Dessarte, restou caracterizada a irregu-laridade na propaganda eleitoral, moti-vo pelo qual a agremiação partidáriadeve ser responsabilizada, nos termosdo art. 36, § 3º, da referida legislação.Determinação do retorno dos autos àProcuradoria Regional Eleitoral, paraexame da infringência ao art. 45, § 1º,inciso II, da Lei nº 9.096/95. Modificaçãoda decisão, para o fim de reduzir a san-ção pecuniária ao mínimo legal, umavez que não há notícia de eventual rein-cidência do partido político na veiculaçãode propaganda eleitoral irregular duran-te a propaganda partidária gratuita. Re-curso parcialmente provido. (Proc. Nº160043/98; Rel. Dr. Fábio Bittencourt daRosa; 06.08.98; recorrente: Partido Tra-balhista Brasileiro; recorrido: MinistérioPúblico Eleitoral da 2ª Zona).

31. Recurso. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Decisão

que, ao condenar, deixou de aplicarsanção. Legitimidade recursal do Mi-nistério Público atuando como custoslegis. Feito conhecido. Aplicação demulta com fundamento no artigo 45, §2º, da Lei nº 9.504/97. Recurso provi-do. (Proc. Nº 160044/98; Rel. Dr. Anto-nio Carlos Antunes do Nascimento eSilva; 07.08.98; recorrente: MinistérioPúblico Eleitoral da 2ª Zona; recorri-do: NET SUL - TV A Cabo e Participa-ções LTDA).

32. Recursos. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. A res-ponsabilidade pela realização de propa-ganda eleitoral é dos Partidos Políticos.Imputação aos beneficiários exige cons-tituição de prova de seu prévio conheci-mento, a cargo do acusador. Estabele-cimento de sanção pecuniária acima domínimo legal em razão da continuidade,em vários locais e de forma confessa.Provimento negado. (Proc. Nº 160045/98; Rel. Dr. Nelson José Gonzaga;11.08.98; recorrentes: Coligação RioGrande Vencedor, Ministério PúblicoEleitoral da 2ª Zona e Partido dos Tra-balhadores; recorridos: Coligação RioGrande Vencedor, CUT, Ary Vanazzi,Olívio Dutra, Marcon e Edson).

33. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Conde-nação da coligação representante porlitigância de má-fé. Não perfeitamentecaracterizada a ocorrência de litigânciade má-fé. Recurso provido. (Proc. Nº160046/98; Rel. Dra. Sulamita TerezinhaSantos Cabral; 18.08.98; recorrente:Coligação Rio Grande Vencedor; recor-ridos: Coligação Frente Popular, OlívioDutra, Henrique Fontana e FlávioKoutzi).

34. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Afixaçãode cartazes em local público. Rejeitadapreliminar de ilegitimidade passiva, eis

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que o Código Eleitoral, no art. 241, atri-bui responsabilidade pela propagan-da ao partido, que é uma entidade per-manente, e não à coligação - entidadeeventual. Comprovada, na espécie, acolagem de cartazes em prédio noto-riamente público, autorizando, inde-pendentemente da posterior repara-ção do bem, a sanção por violação doart. 37, § 1º, da Lei nº 9.504/97. Multareduzida ao mínimo legal, uma vez quenão há notícia de eventual reincidên-cia do recorrente. Recurso parcial-mente provido. (Proc. Nº 160047/98;Prolator do acórdão: Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;12.08.98; recorrente: Partido do Movi-mento Democrático Brasileiro; recor-rida: Coligação Frente Popular).

35. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Colocação defaixas com bandeiras fincadas ao solo(pirulitos). Plenamente demonstrada, naespécie, a veiculação de propaganda embem público, não descaracterizada pelaaparente ausência de dano, uma vez quea publicidade não-danosa só é permiti-da em postes de iluminação pública,passarelas, pontes e viadutos (art. 37,caput, da Lei n° 9.504/97). Pena de mul-ta regularmente aplicada - sendo inviávela anistia do infrator pela retirada do ma-terial - apenas à coligação recorrida, res-ponsável pela propaganda - impossívela imputação direta ao beneficiário, con-tra quem inexiste prova de que tenhaafixado as faixas. Recurso parcialmen-te provido. (Proc. Nº 160048/98; Rel.Dra. Sulamita Terezinha Santos Cabral;18.08.98; recorrente: Ministério Públi-co Eleitoral da 2ª Zona; recorridos: LuizFernando Salvatori Zachia e ColigaçãoRio Grande Vencedor).

36. Recursos. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. Aresponsabilidade pela realização de

propaganda eleitoral é dos PartidosPolíticos. Provimento negado em rela-ção à agremiação partidária. Imputaçãoaos beneficiários exige constituição deprova de seu prévio conhecimento, acargo do acusador. Provimento dairresignação do candidato. (Proc. Nº160049/98; Rel. Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;18.08.98; recorrentes: Partido do Mo-vimento Democrático Brasileiro e Pau-lo Odone; recorrida: Coligação FrentePopular).

37. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Caracte-rizada a veiculação de propaganda elei-toral extemporânea. Responsabilidadeda emissora de rádio pelos atos prati-cados por seus funcionários. Provimen-to parcial. (Proc. Nº 160052/98; Rel. Dra.Sulamita Terezinha Santos Cabral;25.08.98; recorrentes: Partido do Movi-mento Democrático Brasileiro e PauloOdone; recorrido: Coligação Frente Po-pular).

38. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Colagemde cartazes em bem público.Inobservância da forma disciplinada nalegislação eleitoral para a propaganda.Inexistência, nos autos, de prova daparticipação, na colagem, dos candida-tos recorrentes. Recurso parcialmenteprovido. (Proc. Nº 160053/98; Rel. Dra.Tania Terezinha Cardoso Escobar;26.08.98; recorrentes: Coligação Fren-te Popular, Partido dos Trabalhadores,Partido Socialista Brasileiro, MauriRamme, Luciana Genro e José PauloBisol; recorrida: Coligação Rio GrandeVencedor).

39. Recurso. Representação. Apre-ensão de panfletos de propaganda elei-toral. Medida liminar corretamentedeferida, eis que presentes os pressu-postos caracterizadores do fumus boni

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juris e do periculum in mora. Provi-mento negado. (Proc. Nº 160054/98;Rel. Dr. Nelson José Gonzaga;25.08.98; recorrentes: Rádio Municipalde Tenente Portela, César Schirmer eItiberê de Mesquita Orsi; recorrido: Mi-nistério Público da 2ª Zona Eleitoral).

40. Recurso. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Busca eapreensão de placas com propagan-da eleitoral. Decisão judicial, na es-pécie, limitada ao âmbito administra-tivo, e ínsita no poder de polícia confe-rido a todos os Juízes Eleitorais. Pro-vimento negado. (Proc. Nº 160055/98;Rel. Dra. Tania Terezinha CardosoEscobar; 25.08.98; recorrente:Germano Rigotto; recorrido: Juiz Elei-toral da 68ª Zona).

41. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Coloca-ção de outdoor em bem público. Placapublicitária colocada sobre imóvel apre-sentando todas as características deterreno baldio, transformado em depó-sito de lixo, nenhuma indicação haven-do de que pertencesse a órgão públicomunicipal. Perfeitamente admissível, naespécie, a boa-fé no agir dos recorridos.Provimento negado. (Proc. Nº 160056/98; Rel. Des. Osvaldo Stefanello;25.08.98; recorrente: Ministério PúblicoEleitoral da 2ª Zona; recorridos: PauloOdone e PMDB).

42. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Na espé-cie, as cercas provisórias nas quais fo-ram colados os cartazes de propagan-da eleitoral pertencem, à evidência, aoPoder Público. É irrelevante cogitar-seda existência ou não de dano, do come-timento ou não de abuso, da avaliaçãode possível prejuízo ao patrimônio públi-co ou, mesmo, da impossibilidade derestauração do bem, uma vez que es-sas situações não foram contempladas

pelo legislador no texto legal. Na propa-ganda só aparecem dois candidatos, in-tegrantes de uma das agremiações re-corridas, e apenas esta é responsávelpela colagem, eis que a Lei Eleitoral nãoprevê a solidariedade entre candidatose partidos políticos. Recurso parcialmen-te provido. (Proc. Nº 160057/98; Rel. Dr.Nelson José Gonzaga; 28.08.98; recor-rente: Ministério Público Eleitoral da 2ªZona; recorridos: Coligação FrentePopular, Partido dos Trabalhadores,Partido Comunista do rasil, Olívio Dutra,Jussara Cony e Edson Silva).

43. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Multa. Ocorrên-cia de violação ao disposto no caput doart. 37 da Lei nº 9.504/97. Incidência doart 241 do Código Eleitoral, c/c o art. 6º,§ 1º, da Lei nº 9.504/97. Inexistência deprevisão legal no sentido da não-aplica-ção de sanção pecuniária, caso seja pro-videnciada a retirada da propaganda ve-dada. Impossibilidade de responsabilizarcandidato quando não há prova de seuprévio conhecimento, como exige o art.36, § 3º, da Lei Eleitoral. Imposição dasanção prevista no art. 37, § 1º, da refe-rida legislação, apenas à coligação, noseu mínimo legal. Recurso parcialmen-te provido. (Proc. Nº 160058/98; Rel.Dra. Sulamita Terezinha Santos Cabral;25.08.98; recorrente: Ministério Públi-co Eleitoral da 2ª Zona; recorridos:Coligação Frente Popular e OlívioDutra).

44. Recurso. Propaganda eleitoralirregular. Multa. Caracterizada a reali-zação de propaganda eleitoral extem-porânea. Provimento negado. (Proc. Nº160059/98; Rel. Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;26.08.98; recorrentes: Álvaro LuizBittencourt da Rosa e Partido Socialis-ta Brasileiro; recorrido: Ministério Pú-blico Eleitoral da 2ª Zona).

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45. Recurso. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. A ale-gação de desconhecimento da condi-ção de bem imóvel público é defensá-vel pelas circunstâncias fáticas, poisestas restam obscuras, e a dúvida fa-vorece aos recorrentes. Recurso pro-vido. (Proc. Nº 160060/98; Rel. Dra.Tania Terezinha Cardoso Escobar;26.08.98; recorrentes: Partido Demo-crático Trabalhista, Emília Fernandes,Matheus Schimdt, Pedro Ruas, Alceude Deus Collares e Neuza CelinaCanabarro Elizeire; recorrido: Ministé-rio Público Eleitoral da 2ª Zona).

46. Recurso. Representação. Propa-ganda eleitoral irregular. Impossibilidade,nos termos expressos da lei, de coloca-ção de propaganda eleitoral em supor-tes permanentes de sinalização de trân-sito. Inexistência de solidariedade entrepartido e candidato no tocante a conde-nações fundamentadas no art. 37 da Leinº 9.504/97. Recurso parcialmente pro-vido. (Proc. Nº 160061/98; Rel. Des.Osvaldo Stefanello; 26.08.98; recorren-tes: Partido do Movimento DemocráticoBrasileiro e Paulo Odone; recorrido: Mi-nistério Público Eleitoral da 2ª Zona).

47. Recurso. Decisão que julgou im-procedente representação por propagan-da eleitoral irregular. Publicidade afixadaem tapumes de obra pública. A respon-sabilidade pela realização de propagan-da eleitoral é dos Partidos Políticos. Aretirada da publicidade não afasta a inci-dência da sanção pecuniária prevista nalegislação. Provimento parcial. (Proc. Nº160063/98; Rel. Dra. Sulamita TerezinhaSantos Cabral; 27.08.98; recorrente: Mi-nistério Público Eleitoral da 2ª Zona; re-corridos: Emilio Santiago, Partido Traba-lhista Brasileiro, Paulo Odone, MendesRibeiro Filho, Partido do Movimento De-mocrático Brasileiro, Partido dos Traba-lhadores e Luciana Genro).

48. Recurso. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. Inde-pendentemente de causar ou nãodano, a propaganda em prédio públicoé irregular, eis que a lei tem em vistanão apenas o estado de conservaçãodo imóvel mas, principalmente, o não-envolvimento dos administradores pú-blicos. Para a caracterização da irregu-laridade, a reparação do dano e o pa-gamento da multa - conforme referidosno § 1° do art. 37 da Lei nº 9.504/97 -são situações independentes. Provi-mento negado. (Proc. Nº 160064/98;Rel. Dr. Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva; 26.08.98; recorren-tes: Coligação Frente Popular, Partidodos Trabalhadores, Olívio Dutra, Mar-cos Rolim e Maria do Rosário; recorri-da: Coligação Rio Grande Vencedor).

49. Recurso. Representação. Pro-paganda eleitoral irregular. Multa. In-teligência da expressão �bem de usocomum�, prevista no art. 51 da Lei nº9.100/95. Tais bens são aquelesexemplificativamente previstos no art.66, inciso I, do Código Civil. Dessarte,não é possível entender-se que bensprivados, como lojas, bares, restau-rantes, apenas e tão-só por seremabertos ao público, possam ser en-quadrados como bens de uso co-mum. Tem, o proprietário, o direito deusar, gozar, fruir e dispor de sua pro-priedade de forma livre, sem outraslimitações que não as impostas porlei, ou observada sua função social.Limitações que hão de ser interpreta-das restritivamente, mormente quan-do sua violação imponha sanções.Recurso provido. (Proc. Cl. XVII, Nº 19/97; Rel. Des. Osvaldo Stefanello;30.07.98; recorrentes: Partido Demo-crático Trabalhista e Carlos FranciscoAliardi; recorrida: Coligação União PorOsório (PMDB/PFL).

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Investigação Judicial

01. Recursos. Representação. In-vestigação judicial eleitoral. Multa. No-tícia publicada em periódico informa-tivo sindical. Preliminar rejeitada. Ma-téria jornalístico-informativa publicadagratuitamente, com manifestaçõesmais de ordem sindical do que políti-co-eleitoral. Contas do recorrente can-didato a vereador aprovadas pelo TRE.Inocorrência de violação aos arts. 54e 37, inciso VI, da Lei nº 9.100/95. Re-curso postulando a reforma integral dadecisão monocrática provido. Julgadoprejudicado o apelo objetivando a apli-cação da pena máxima aos condena-dos em primeiro grau. (Proc. Cl. XVII,N° 29/97; Rel. Des. Osvaldo Stefanello;28.07.98; recorrentes: Orvandil Nunesde Freitas, Rogério de Moraes e OlíbioEstevão Nunes de Freitas; recorrido:os mesmos).

02. Agravo regimental. Representa-ção. Investigação judicial. Desvio e abu-so do poder de autoridade. Liminardeferitória de pedido de sustação depublicidade do Governo do Estado in-serida em quadros ou painéis. Distin-ção entre propaganda eleitoral e ato ad-ministrativo de Governo estabelecida noart. 73, inciso VI, letra "b", da Lei nº 9.504/97. Recurso provido. (Proc. N°190002/98; Rel. Dr. Leonel Tozzi; 16.06.98; re-corrente: Antônio Brito Filho; recorrido:Partido dos Trabalhadores).

03. Representação. Investigaçãojudicial. Desvio e abuso do poder deautoridade. Publicidade do Governodo Estado veiculada através de qua-dros ou painéis. Preliminares rejei-tadas. Referida publicidade legitima-mente inserida nas previsões postasnos § § 1º do art. 37 da ConstituiçãoFederal e 1º do art. 19 da Carta Políti-ca Estadual, e apenas vedada nos

três meses que antecedem o pleito,a teor dos arts. 73, inciso VI, alínea"b", da Lei nº 9.504/97, e 31, inciso VI,alínea "b", da Resolução TSE nº20.106/98. Representação julgadaimprocedente. (Proc. N°190002b/98;Rel. Des. Osvaldo Stefanello;21.07.98; representante: Partido dosTrabalhadores; representado: AntônioBritto Filho - Governador do Estadodo Rio Grande do Sul).

04. Recurso regimental. Repre-sentação. Investigação judicial. Des-vio e abuso do poder de autoridade.Liminar deferitória de pedido desustação da distribuição de encartesinseridos em jornais do interior doEstado. Referidos encartes veiculado-res de matéria publicitária institucio-nal, e não de propaganda eleitoral.Recurso provido. (Proc. N° 190003/98;Rel. Des. Osvaldo Stefanello; 18.06.98;recorrente: Antônio Brito Filho; recorri-do: Partido dos Trabalhadores).

05. Propaganda institucional vei-culada através de encartes em jornais.Publicidade alegadamente viciada pordesvio e abuso do poder de autorida-de. Preliminares rejeitadas. Referidapublicidade legitimamente inseridanas previsões postas nos § § 1º doart. 37 da Constituição Federal e 1° doart. 19 da Carta Política Estadual. Nãocaracterizada a indevida utilização damáquina administrativa em benefíciodo primeiro representado - indevidouso, desvio ou abuso do poder de au-toridade - ou a propaganda eleitoralilícita. Representação julgada impro-cedente. (Proc. N° 190003b/98; Rel.Des. Osvaldo Stefanello; 28.06.98; re-presentante: Partido dos Trabalhado-res; representados: Antônio Britto Fi-lho - Governador do Estado do RioGrande do Sul - e Ricardo Russowski -Presidente do Banrisul).

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06. Representação. Investigaçãojudicial. Inserções de publicidadepartidária veiculadas pela televisão,alegadamente configurando propa-ganda eleitoral irregular e utilizaçãoindevida de meios de comunicaçãosocial em benefício de candidato ede partido político. Preliminar rejeita-da. Publicidade lícita e legítima, nãoimplicando propaganda ou defesa deinteresses pessoais de qualquercandidato, e não ofendendo qualquerpreceito da legislação eleitoral.Inviabilidade da sustação antecipa-da de inserções, por implicar censu-ra prévia, constitucional e legalmen-te vedada. Representação julgadaimprocedente, bem como as proces-sadas em apenso. (Proc. N° 190004/98 (e em apenso números 16002898e 16003098); Rel. Des. OsvaldoStefanello; 06.06.98; representante:Partido do Movimento DemocráticoBrasileiro; representados: Partido dosTrabalhadores e Olívio Dutra).

07. Representação. Investigação ju-dicial. Preliminares rejeitadas. Inexis-tência de desvio ou abuso de poder deautoridade aptos a violar o disposto noart. 22 da Lei Complementar nº 64/90.Publicidade institucional, na espécie,realizada em período anterior ao refe-rido nos arts. 73, VI, "b", da Lei nº 9.504/97, e 31, VI, "b", da Resolução TSE nº20.106/98; e perfeitamente enquadra-da nos limites postos nos § § 1º do art.37 da Constituição Federal e 1º do art.19 da Carta Estadual. Representaçãojulgada improcedente. (Proc. N°19000698; Rel. Des. OsvaldoStefanello; 04.08.98; representante:Partido dos Trabalhadores; represen-tados: Mário Bernd, Partido do Movi-mento Democrático Brasileiro e Funda-ção Nacional de Saúde/RS - Coorde-nação Estadual - RS).

Impugnação de Mandato Eletivo

01. Recurso. Ação de impugnaçãode mandato eletivo. Não há obstáculoao ajuizamento da ação constitucio-nal impugnatória, quando ainda emandamento investigação judicial elei-toral (art. 22 da Lei dasInelegibilidades) que apura os mes-mos fatos. Inexistência de litispendên-cia. A ação de que trata o art. 14, § § 10e 11, da Magna Carta, propostatempestivamente, instruída com asprovas mínimas necessárias, em cujobojo foi postulado o apensamento dosprocedimentos judiciaisinvestigatórios para instrução conjun-ta dos feitos, merece prosperar, parao fim de ser recebida, instruída, pro-cessada e julgada. Recurso provido.(Proc. Cl. IX, N° 16/97; Rel. Dr. FábioBittencourt da Rosa; 07.07.98; recor-rente: Partido dos Trabalhadores; re-corridos: Júlio Osório Brum de Olivei-ra e Antonio Ailton Torres de Paula).

02. Recurso. Decisão que julgou im-procedente ação de impugnação demandato eletivo. 1. Inconsistência jurídi-ca na pretensão de reabrir a fase da ins-trução do processo, sob pena de sub-versão da ordem processual. Preliminarrejeitada. 2. O ungido pela vontade ex-pressa nas urnas tem a favor de si umapresunção de legitimidade, que não éabsoluta, mas só pode ser elidida medi-ante prova induvidosa. É indispensávela plena convicção da existência do abu-so do poder econômico, da corrupçãoou da fraude e, pelo menos, indícios desua influência no resultado da eleição,para que seja cassado mandato de can-didato eleito pela vontade popular. 3. Osprocessos e procedimentos eleitoraistêm natureza gratuita, não se lhes apli-cando o princípio da sucumbência. Ex-

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clusão da condenação aos ônus pro-cessuais. Recurso parcialmente pro-vido. (Proc. Cl. IX, N° 27/97; Rel. Des.Osvaldo Stefanello; 27.08.98; recor-rente: Partido Progressista Brasileiro;recorridos: José Inácio Ferreira Pirese Ilson Ademir Ritter de Quadros).

03. Recurso. Ação de impugnaçãode mandato eletivo. Inexistindo man-dato eletivo a ser impugnado - face aotranscurso do quadriênio -, a ação cons-titucional impugnatória perde seu obje-to. Ademais, há necessidade de provarobusta e incontroversa para caracteri-zar o abuso do poder econômico e oenvolvimento dos acusados no vício queestá a inquinar a liberdade do voto e alegitimidade das eleições. Provimentonegado. (Proc. Cl. IX, N° 28/97; Rel. Dr.Fábio Bittencourt da Rosa; 09.06.98; re-correntes: Partido Democrático Social,Partido Trabalhista Brasileiro e Partidoda Frente Liberal; recorridos: Gilson Ter-ra Paiva e Luiz Pereira de Lemos).

04. Recurso. Ação de impugnaçãode mandato eletivo. Não comprovada, deforma cabal, a ocorrência de abuso dopoder econômico, corrupção ou fraude.Provimento negado. (Proc. Cl. IX, N° 32/97; Rel. Dr. Fábio Bittencourt da Rosa;22.07.98; recorrentes: Ozelio Munari eGeraldo Zotti; recorridos: Italvino Zanellae Celso João Parpinelli).

05. Recurso. Ação de impugnaçãode mandato eletivo. Em se tratando derecurso interposto contra a sentençaque julgar a ação constitucional impug-natória, a regra incidente é a do art. 258do Código Eleitoral. À evidência, ocor-reu o descumprimento do prazo de trêsdias previsto pela legislação eleitoral.Feito não conhecido. (Proc. N° 210001/98; Rel. Dr. Fábio Bittencourt da Rosa;18.06.98; recorrente: Antonio AlaerteOliveira dos Santos; recorrido: PartidoProgressista Brasileiro).

Consulta

01. Consulta. Eleições 1998. Picha-ções em placas sinalizadoras de trânsi-to nas estradas gaúchas. 1. Vedada apichação das placas de sinalização,por serem consideradas bem de usocomum do povo. 2. A Corte, em casode infração, agirá mediante provoca-ção de qualquer partido, coligação,candidato ou do Ministério Público.(Proc. N° 220002/98; Rel. Dr. AntonioCarlos Antunes do Nascimento e Sil-va; 18.06.98; interessado: DeputadoEstadual José Ivo Sartori).

02. Consulta. Esclarecimentosacerca da aplicabilidade da legislaçãoeleitoral nas eleições de 1998. Seunão-conhecimento. (Proc. N° 220003/98; Rel. Dr. Carlos Rafael dos SantosJúnior; 29.04.98; interessado: ValdirHeck - Deputado Estadual).

03. Consulta. Eleições 1998. Datalimite de afastamento das atividadesde radialistas esportivos candidatos adeputado estadual ou federal. Seu não-conhecimento. (Proc. N° 220004/98;Prolator do acórdão: Fábio Bittencourtda Rosa; 16.06.98; interessado: AdolfoBrito - Deputado Estadual).

04. Eleições 1998. Consulta: a)confecção de propaganda eleitoral; b)instalação de urna eletrônica demons-trativa; c) escolha de números de can-didatos. Resposta à primeira indaga-ção nos termos do artigo 38 da Lei nº9.504/97, e artigos 2º e 4º da Resolu-ção TSE nº 20.106/98. Segundo itemnão conhecido, por se tratar de maté-ria administrativa. Terceiro questiona-mento respondido conforme artigo 39da Resolução TSE nº 20.100/98; arti-go 15, § 1º, da Lei nº 9.504/97, combi-nado com o artigo 37 da ResoluçãoTSE nº 20.100/98; e artigo 15, § 2º, daResolução TSE nº 20.106/98. (Proc.

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N° 220006/98; Rel. Dr. FábioBittencourt da Rosa; 04.06.98; interes-sado: Partido Socialista Brasileiro).

05. Consulta. Eleições 1998. Le-galidade de reposição salarial paraservidores públicos municipais, con-soante o disposto no inciso VIII do art.73 da Lei nº 9.504/97. a) Extensão dosignificado da expressão �circunscri-ção do pleito�. Interpretação a serdada é de acordo com o que preconi-za o art. 86 do Código Eleitoral, refe-rindo-se aos pleitos que se realizarãono corrente ano, quais sejam, federale estadual. b) Revisão da remunera-ção ao longo do ano da eleição. A res-posta está expressa no art. 31, incisoVIII, da Resolução TSE nº 20.106/98,que veda aos agentes públicos fazer,na circunscrição do pleito - no casodas eleições que se avizinham, o Paíse o Estado -, revisão geral da remune-ração dos servidores públicos que ex-ceda a recomposição da perda de seupoder aquisitivo ao longo do ano daeleição, a partir de 7 de abril e até aposse dos eleitos. c) O terceiro ques-tionamento, formulado de forma con-creta, não é passível de resposta, poisa Lei nº 4.737/65 exige que as consul-tas sejam feitas em tese. (Proc. Nº220007/98; Rel. Dr. Norberto da Cos-ta Caruso Mac-Donald; 26.05.98; inte-ressado: Presidente da Câmara Muni-cipal).

06. Eleições 1998. Consulta: interpre-tação do artigo 73, inciso VIII, da Leinº 9.504/97. 1. Inexistência de impedi-mento legal para a realização de revi-são geral da remuneração dos servi-dores municipais. Matéria já enfrenta-da pelo TRE. Expressão circunscriçãodo pleito abrange, nas eleições de1998, as esferas federal e estadual. 2.Faculdade de o Poder Executivo Muni-cipal conceder reposição de perda in-

flacionária do período de abril de 1996a maio de 1998. Inteligência do artigo31, inciso VIII, da Resolução TSE20.106/98. 3. Prazo que proíbe revisãogeral de vencimentos, na circunscriçãodo pleito, começou a fluir em 07 de abrildo corrente. (Proc. Nº 220008/98; Rel.Dr. Nelson José Gonzaga; 09.07.98;interessado: Presidente da CâmaraMunicipal de Vereadores de Butiá).

07. Consulta. Eleições 1998. Veda-ções em propaganda eleitoral gratuitaem rádio e televisão. Livre utilização deuso de imagens e gravações externas,recursos técnicos, efeitos especiais emontagens, salvo nas situações emque houver ofensa a bem jurídico par-ticular de candidato, partido ou coliga-ção. (Proc. N° 220009/98; Rel. Dr. An-tonio Carlos Antunes do Nascimento eSilva; 04.06.98; interessado: PartidoSocialista Brasileiro).

08. Eleições 1998. Consulta: inter-pretação do artigo 11, parágrafo 1º,incisos VII e IV, da Lei nº 9.504/97.a) Apresentação de certidões criminais:o dispositivo legal não exige que a cer-tidão criminal seja negativa ou que secomprove a ausência de condenaçãocriminal transitada em julgado. Respos-ta negativa. b) Apresentação de decla-ração de Imposto de Renda, na parteem que se refere aos bens do contri-buinte: admissibilidade. Resposta po-sitiva. (Proc. N° 220010/98; Rel. Dr.Leonel Tozzi; 09.06.98; interessado:Partido do Movimento DemocráticoBrasileiro).

09. Consulta. Eleições 1998. Interpre-tação das expressões �circunscrição dopleito� e �revisão geral�, constantes noart. 73, inc. VIII, da Lei nº 9.504/97. a)Extensão do significado da expressão�circunscrição do pleito�. Interpretaçãoa ser dada é de acordo com o que pre-coniza o art. 86 do Código Eleitoral, re-

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ferindo-se aos pleitos que se realiza-rão no corrente ano, quais sejam, fe-deral e estadual. Dessarte, a aludidaexpressão não guarda relação com aesfera administrativa municipal, umavez que não se trata de circunscriçãoabrangida pelo pleito de 1998. b) Aexpressão �revisão geral� compreen-de apenas os reajustes para recom-por a perda do valor aquisitivo da mo-eda ocorrida durante o ano, conformedeterminado pela Constituição Fede-ral. (Proc. N° 220011/98; Rel. Dr. Fá-bio Bittencourt da Rosa; 16.06.98; in-teressado: Prefeito Municipal).

10. Consulta. Eleições 1998. Pos-sibilidade de partido político firmar con-trato com companhia telefônica visan-do arrecadar recursos financeiros.Resposta negativa, com fundamentono art. 23, parágrafos 2º e 4º, da Lei nº9.504/97, e arts. 5º, parágrafos 2º e 4º,e 6º, parágrafos 4º e 5º, da ResoluçãoTSE nº 20.102/98. (Proc. N° 220012/98; Rel. Des. Osvaldo Stefanello;16.06.98; interessado: Partido Comu-nista do Brasil).

11. Consulta. Eleições 1998. Neces-sidade de desincompatibilização de pre-sidente de cooperativa de produtoresrurais. Caráter orientador da consulta.Processo eleitoral já deflagrado. Encer-rado o prazo para a escolha de candi-datos pelas convenções partidárias. Fei-to não conhecido. (Proc. N° 220013/98;Prolator do acórdão: Dr. Leonel Tozzi;14.07.98; interessado: Partido da SocialDemocracia Brasileira).

12. Eleições 1998. Consulta: a) exis-tência de impedimento quanto à conti-nuidade da participação, como convida-do, uma vez por semana, durante o mêsde julho de 1998, em programa de de-bates em canal de televisão, de deputa-do estadual candidato ao próximo plei-to; b) possibilidade de emissora de rá-

dio ou televisão entrevistar deputadocandidato ao referido pleito. Respostanegativa à primeira indagação, observa-do o espírito da Lei (art. 45, inciso IV, daLei nº 9.504/97), no sentido de evitar tra-tamento privilegiado a quem participa deum evento perante um órgão de divul-gação. Segundo questionamento res-pondido positivamente, desde que a en-trevista não envolva expressa questãoeleitoral ou político-partidária. (Proc. N°220014/98; Rel. Dr. Antonio CarlosAntunes do Nascimento e Silva;14.07.98; interessado: Partido Socialis-ta Brasileiro).

13. Consulta. Eleições 1998. Escla-recimentos sobre admissões, demis-sões sem justa causa, alterações devantagens, exonerações e demais con-dutas previstas no inciso V do art. 73da Lei Federal n° 9.504/97. As restri-ções previstas no referido dispositivolegal não se aplicam à esfera munici-pal. (Proc. N° 220015/98; Rel. Dr. Leo-nel Tozzi; 09.07.98; interessado: Pre-feito Municipal de Santa Cruz do Sul).

14. Consulta: a) possibilidade de fa-zer propaganda eleitoral em veículos detransporte coletivo; b) obrigatoriedade douso da denominação da coligação empropaganda eleitoral de candidatos à elei-ção proporcional (agremiação partidáriacoligada somente para o pleito majoritá-rio). Indagação sob letra "a" respondidanegativamente, ex vi do art. 37 da Lei nº9.504/97. No tocante ao tópico "b",questionamento também respondido ne-gativamente, por força do art. 6º da Leinº 9.504/97. (Proc. N° 220016/98; Rel.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa; 29.07.98;interessado: Partido da Social Democra-cia Brasileira).

15. Consulta. Eleições 1998. Escla-recimentos sobre a interpretação do art.46 da Lei nº 9.504/97. Consulta conhe-cida e respondida nos termos do voto

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do Relator. (Proc. N° 220017/98; Rel.Des. Osvaldo Stefanello; 21.07.98; in-teressada: Coligação Rio Grande Ven-cedor).

16. Consulta. Eleições 1998. Propa-ganda eleitoral gratuita no rádio e na te-levisão. Consulta conhecida e res-pondida nos termos do voto do Rela-tor. (Proc. N° 220018/98; Rel. Des.Osvaldo Stefanello; 07.08.98; interes-sada: Coligação Rio Grande Vencedor).

17. Consulta. Eleições 1998. Possi-bilidade de transferências financeiras.Uma vez deflagrado o período eleito-ral, descabe o conhecimento de con-sultas. Momento adequado para talapreciação é o da prestação de con-tas. Feito não conhecido. (Proc. N°220019/98; Rel. Dr. Nelson JoséGonzaga; 27.08.98; interessado: Coli-gação Rio Grande Vencedor

18. Consulta. Eleições 1998. Interpre-tação das normas que regem a aplica-ção dos recursos arrecadados para acampanha eleitoral. Possibilidade decaracterizar a comercialização de pro-dutos ou a venda de ingressos - cus-tos e despesas correspondentes -como despesas de campanha. Os cus-tos referidos não se sujeitam à inclu-são no cálculo do limite das despesasde campanha (art. 4º da ResoluçãoTSE nº 20.102/98). (Proc. N° 220020/98; Rel. Dr. Fábio Bittencourt da Rosa;06.08.98; interessada: Coligação RioGrande Vencedor).

19. Consulta. Eleições 1998. Possi-bilidade de empresa de distribuição deenergia elétrica desautorizar a coloca-ção de placas de propaganda eleitoralem postes da rede elétrica. Iniciado oprocesso eleitoral, com a realização deconvenção e registro de candidatos, pas-sa a ser inviável a análise de consulta,por se revestir de características de casoconcreto. Feito não conhecido. (Proc. N°

220021/98; Rel. Dra. Sulamita TerezinhaSantos Cabral; 19.08.98; interessado:Partido Socialista Brasileiro).

20. Consulta. Eleições 1998. Interpre-tação do artigo 51 da Lei nº 9.504/97.Uma vez deflagrado o período eleitoral,descabe o conhecimento de consultas.Feito não conhecido. (Proc. N° 220022/98; Rel. Dr. Nelson José Gonzaga;27.08.98; interessado: Partido Comunis-ta do Brasil).

21. Consulta. Eleições 1998. Pos-sibilidade de afixar propaganda elei-toral em viadutos, passarelas e pon-tes. Impossibilidade de responder àconsulente após a deflagração do pro-cesso eleitoral, inclusive com o inícioda propaganda, sob pena dedesnaturar-se o caráter orientador daJustiça Eleitoral. Feito não conhecido.(Proc. N° 220023/98; Rel. Dr. AntonioCarlos Antunes do Nascimento e Sil-va; 19.08.98; interessada: ColigaçãoRio Grande Vencedor).

22. Consulta. Eleições 1998. Propa-ganda eleitoral na �Internet�. Impossibili-dade de responder ao consulente apósa deflagração do processo eleitoral, in-clusive com o início da propaganda, sobpena de desnaturar-se o caráterorientador da Justiça Eleitoral. Feito nãoconhecido. (Proc. N° 220024/98; Rel.Dra. Sulamita Terezinha Santos Cabral;28.08.98; interessado: Partido Progres-sista Brasileiro).

23. Consulta. Eleições 1998. Doa-ções em dinheiro aos partidos políticose candidatos. Iniciado o processo elei-toral, com a realização de convençãoe registro de candidatos, passa a serinviável a análise de consulta, por serevestir de características de caso con-creto; outrossim, desnatura-se o cará-ter orientador da Justiça Eleitoral. Fei-to não conhecido. (Proc. N° 220025/98;Rel. Dra. Tania Terezinha Cardoso

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Escobar; 26.08.98; interessado: Parti-do Progressista Brasileiro).

24. Consulta. Eleições 1998. Permis-são para afixar propaganda eleitoral empostes de condução de energia elétrica.Iniciado o processo eleitoral, com a rea-lização de convenção e registro de can-didatos, passa a ser inviável a análisede consulta, por se revestir de caracte-rísticas de caso concreto; outrossim,desnatura-se o caráter orientador daJustiça Eleitoral. Feito não conhecido.(Proc. N° 220026/98; Rel. Dra. SulamitaTerezinha Santos Cabral; 28.08.98; in-teressado: Partido da Frente Liberal).

25. Consulta. Eleições 1998. Possi-bilidade de colocação de propagandaeleitoral em imóveis tombados pelo po-der público. Uma vez deflagrado o perí-odo eleitoral, descabe o conhecimentode consultas. Feito não conhecido.(Proc. N° 220031/98; Rel. Dra. TaniaTerezinha Cardoso Escobar; 26.08.98;interessada: Prefeitura Municipal dePorto Alegre).

Diversos

01. Habeas corpus. Recebimento dedenúncia. Suspensão do ato de interro-gatório. O art. 359 do Código Eleitoral de-termina que o procedimento criminal noscrimes eleitorais será iniciado com a cita-ção do denunciado para oferecer contes-tação em dez dias. Dessarte, sonegar taldireito com designação imediata de in-terrogatório, sequer previsto no texto le-gal, caracteriza lesão ao princípio da am-pla defesa. Ordem concedida. (Proc. N°020001/98; Rel. Dr. Fábio Bittencourt daRosa; 28.07.98; impetrantes: ValdirAmaral Pinto, Antônio Augusto BiermannPinto, João Otávio Biermann Pinto e LuizFelipe Biermann Pinto; impetrada: JuízaEleitoral da 44ª Zona; paciente: Valnezdos Santos ).

02. Habeas corpus. Processo porinjúria eleitoral. Designação de audi-ência para o interrogatório do acusa-do. Liminar deferida. Ato não previstono art. 359 do Cód. Eleitoral e não de-sejado pelo paciente, submetendo-o àsituação de coação em seu direito deir e vir, constitucionalmente assegura-do. Ordem concedida. (Proc. N°020002/98; Rel. Dr. Nelson JoséGonzaga; 18.08.98; impetrantes: DécioItiberê Gomes de Oliveira e Paulo Re-nato Moraes; impetrada: Juíza Eleito-ral da 85ª Zona; paciente: Pedro AntônioSelau).

03. Habeas data. Ausência de nomede eleitor em listagem eleitoral. Impe-tração fundamentada no art. 5º, incisoLXXII, letra "a", da Constituição Fede-ral. Incidência da Súmula nº 02, do STJ.Indeferimento. (Proc. N° 030001/98;Rel. Dra. Sulamita Terezinha SantosCabral; 25.08.98; impetrante: LuizMarcondes Boeno Lima; impetrado:Cartório da 46ª Zona Eleitoral).

04. Ação cautelar inominada. Ques-tão de ordem. Pedido de liminar reque-rendo a suspensão provisória das deli-berações da convenção regional daagremiação partidária, incluindo a queconcerne à validade jurídica do votorasurado. Competência deste TRE paraexame da matéria. Determinada dili-gência, requisitando a cédula originalque ocasionou a controvérsia, bemcomo os sistemas e critérios de vota-ção e apuração adotados na conven-ção do partido. (Proc. N° 040001/98; Rel.Dr. Leonel Tozzi; 18.06.98; requerentes:Helena Biasotto e Sérgio Tadeu de MeloPeres; requerido: Partido da Social De-mocracia Brasileira).

05. Ação cautelar inominada. Ques-tão de ordem. Pedido de liminar reque-rendo a suspensão provisória das de-liberações da convenção regional da

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agremiação partidária, incluindo a queconcerne à validade jurídica do votorasurado. Competência deste TRE paraexame da matéria. Preliminar rejeitada.Induvidosa a intenção do eleitor ao re-gistrar seu voto. Insuficiência dos requi-sitos para deferimento de medidaliminar. Liminar indeferida. (Proc. N°040001b/98; Rel. Dr. Leonel Tozzi;23.06.98; requerentes: HelenaBiasotto e Sérgio Tadeu de Melo Peres;requerido: Partido da Social Democra-cia Brasileira).

06. Conflito negativo de competên-cia. Em se tratando de conexão entrecrime comum e eleitoral, prevalece acompetência da justiça especializada.Conflito improcedente. Competência doJuízo Eleitoral suscitante. (Proc. N°060001/98; Rel. Dr. Leonel Tozzi;28.08.98; suscitante: Juiz Eleitoral da60ª Zona; suscitada: Justiça Comum).

07. Conflito negativo de competên-cia. O princípio da perpetuação da ju-risdição só comporta exceção quandofor, segundo os critérios legais, impos-sível a preservação da competênciaprimitiva. Para que o processo criminalpassasse a ser da competência do JuizEleitoral suscitante, imprescindível se-ria a interferência do TRE, por Resolu-ção, disciplinando, expressamente,quais os processos que teriam a com-petência modificada, devendo ser re-metidos à nova Comarca. Conflito ne-gativo de jurisdição julgado proceden-te. (Proc. Nº 060002/98; Rel. Dr. Nel-son José Gonzaga; 04.08.98; susci-tante: Juiz Eleitoral da 21ª Zona; sus-citada: Juíza Eleitoral da 56ª Zona).

08. Recurso regimental. Represen-tação visando à instauração de inves-tigação judicial. Pedido de medidaliminar objetivando a sustação de pro-paganda indeferido. Publicidade não seevidencia irregular a ponto de autori-

zar sua suspensão. Incerteza quanto àsua caracterização como propagandaeleitoral. Manutenção da decisão ata-cada. Provimento negado. (Proc. Nº070002/98; Rel. Dr. Nelson JoséGonzaga; 04.08.98; recorrente: Coliga-ção Rio Grande Vencedor; recorrida:Justiça Eleitoral).

09. Recurso regimental. Represen-tação. Pedido de abertura de investi-gação judicial, com fundamento nosarts. 19 a 22 da Lei Complementar nº64/90. Alegada prática de propagandapolítico-eleitoral irregular, através derádio, televisão e outdoors. Indefe-rimento de pedido de sustação imedia-ta da referida propaganda. Inexistênciade razão jurídica suficientemente fortea amparar a pretendida decisão susta-tiva. Textos impugnados configurado-res de crítica a uma administração, in-confundível com publicidade político-eleitoral. Exercício do direito de crítica- não suspenso, nem interrompido emperíodos eleitorais ou pré-eleitorais -assegurado pela Constituição e ineren-te ao exercício do direito de cidadania.Provimento negado. (Proc. Nº 070004/98; Rel. Dr. Nelson José Gonzaga;18.08.98; recorrente: Coligação RioGrande Vencedor; recorrida: JustiçaEleitoral).

10. Recurso Regimental. Pedido deabertura de investigação judicialcumulado com o de medida liminar.Indeferimento da liminar. Inexistênciade violação à legislação eleitoral sufi-ciente para autorizar de plano a tutelapleiteada. Provimento negado. (Proc.Nº 070005/98; Rel. Des. OsvaldoStefanello; 18.08.98; recorrentes: Co-ligação Rio Grande Vencedor e Anto-nio Brito; recorrida: Justiça Eleitoral).

11. Recurso regimental. Represen-tação com pedido de investigação ju-dicial eleitoral. Não-concessão da

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liminar pleiteada. Pedido para sustara distribuição e determinar o recolhi-mento de boletim publicitário custea-do por Casa Legislativa. A legislaçãoeleitoral veda a ridicularização de can-didato, que resta evidenciada na pu-blicação referida. Presentes os pres-supostos ensejadores do deferimen-to do pedido liminar, tanto o fumus bonijuris quanto o periculum in mora. Re-curso provido. (Proc. Nº 070006/98;Rel. Des. Osvaldo Stefanello; 25.08.98;recorrente: Coligação Rio Grande Ven-cedor; recorrida: Justiça Eleitoral).

12. Recurso criminal. Corrupçãoeleitoral. Do preceito primário da normapenal incriminadora (art. 299 do CódigoEleitoral) ressalta a necessidade da com-provação do dolo específico, sem o qualo tipo penal estabelecido na norma legalnão se aperfeiçoa. A intenção de obter ovoto ou a abstenção deve ser compro-vada de maneira objetiva. Recurso pro-vido. (Proc. Nº 100003/98; Rel. Dr. Leo-nel Tozzi; 14.05.98; recorrentes: AntônioDias da Costa e Albino Ziolkovski; re-corrido: Ministério Público Eleitoral da95ª Zona).

13. Recursos. Decisão que julgouprocedente denúncia oferecida pelo Mi-nistério Público por incursão nas san-ções do artigo 324, parágrafo 1º, doCódigo Eleitoral. Preliminares ofereci-das pelos recorrentes, de nulidade dadenúncia, coisa julgada e cerceamentode defesa, rejeitadas. Presentes os ele-mentos para configuração de crime denatureza eleitoral. Caracterizada a práti-ca de imputação falsa de fato definidocomo crime. Estabelecimento da mate-rialidade e autoria. Provimento negado.(Proc. Nº 100007/98; Rel. Dr. LeonelTozzi; 30.07.98; recorrentes: LaerteDorneles Meliga e Ronaldo Miro Zulke;recorridos: Ministério Público Eleitoral da114ª Zona e Antonio Britto Filho).

14. Recurso criminal. Alegada di-vulgação de pesquisa eleitoral mani-pulada. Possível infringência ao dis-posto no art. 67, inciso IV, da Lei nº9.100/95. Ocorrência de divulgação deprognóstico, ou mesmo de expectati-va de vitória com base em desejo pes-soal, mas de modo restrito aosfreqüentadores de estabelecimentocomercial. O fato é atípico, tanto porinexistir uma pesquisa eleitoral efeti-vamente realizada, mediante consul-ta de intenção de voto, quanto pela sin-geleza do evento, que repercussãoalguma gerou na vontade do eleitora-do. Provimento negado. (Proc. Nº100010/98; Rel. Dra. SulamitaTerezinha Santos Cabral; 26.08.98;recorrente: Ministério Público Eleitoralda 18ª Zona; recorrido: Carlos NewtonGonçalves Munhoz).

15. Inquérito policial. Imputação deprática dos delitos previstos nos arti-gos 323 a 326 do Código Eleitoral. Emrelação aos três primeiros denuncia-dos, as provas dos autos não trazemcerteza quanto à existência dos ele-mentos mínimos de autoria e materia-lidade. Feito arquivado no que concer-ne a estes denunciados. Acerca daindiciada remanescente, há provas su-ficientes de sua participação, verifican-do-se claramente os indícios de auto-ria. Devolução dos autos à origem paraapreciação do feito. (Proc. Nº 110001/98; Rel. Dr. Fábio Bittencourt da Rosa;21.05.98; indiciados: Ortiz Iboti Schro-er, Breno Weber, Leonildo Picoli e CátiaDenise Kruger).

16. Inquérito policial. Infringência aosartigos 67, inciso IX, da Lei nº 9.100/95,e 326 do Código Eleitoral. Ausência detipicidade quanto ao delito de aliciamentode eleitores, eis que a distribuição depanfletos, se houve, ocorreu na véspe-ra, e não no dia do pleito. Falta de ele-

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mentos de prova convincentes e sóli-dos no tocante ao crime de injúria elei-toral. Determinado o arquivamento dofeito. (Proc. N° 110007/98; Rel. Dr.Leonel Tozzi; 04.06.98; indiciado:Darcy Pozza - Prefeito Municipal deBento Gonçalves).

17. Inquérito policial. Indiciamento deex-Prefeito pela prática da infração pre-vista no art. 329 do Código Eleitoral (co-locação de cartazes em logradourospúblicos).Ocorrência de supressão daconduta típica - abolitio criminis - faceà revogação expressa do art. 329 daLei nº 4.737/65 pelo art. 107 da Lei nº9.504/97 Feito arquivado.(Proc. N°110009/98; Rel. Dr. Norberto da CostaCaruso Mac-Donald; 02.06.98; indicia-do: Enio Bueno da Silva).

18. Processo-crime eleitoral. Aceita-ção, pelos denunciados, da suspensãocondicional do processo formulada napeça acusatória. Afastamento da preli-minar de ilegitimidade passiva de umadas denunciadas. Distinção entre os ins-titutos jurídicos da inscrição e da trans-ferência de eleitores. Inadmissibilidadede interpretação analógica ou extensivada norma de Direito Penal. Incidênciados princípios constitucionais da legali-dade e da reserva legal. Denúncia rejei-tada. (Proc. Cl. XII, Nº 03/97; Rel. Dr.Carlos Rafael dos Santos Júnior;19.05.98; autor: Ministério Público Elei-toral; denunciados: Ely Manoel da Rosae outros ).

19. Processo-crime eleitoral. Supos-ta infração ao artigo 326 do Código Elei-toral. Recebimento da denúncia e pros-seguimento do feito, nos termos do arti-go 7º da Lei nº 8.038/90, com relação aodenunciado que exerce o cargo de Pre-feito Municipal. Homologação da suspen-são condicional do processo no queconcerne ao acusado remanescente.Determinação de que se oficie ao Juízo

Eleitoral da 85ª Zona, para fiscalizar ocumprimento das condições da suspen-são. (Proc. Cl. XII, Nº 04/97; Rel. Dr.Norberto da Costa Caruso Mac-Donald;28.05.98; autor: Ministério Público Elei-toral; réus: Pedro Antônio Selau eSantino Isaias Graciano da Rosa).

20. Apelação criminal. Competênciaoriginária dos Tribunais Regionais Elei-torais para processar e julgar, por crimeeleitoral, os Prefeitos Municipais. Maté-ria de ordem pública que deve ser co-nhecida de ofício. Nulidade ab initiodo feito. Declarada a prescrição da pre-tensão punitiva do Estado. (Proc. Cl.XIII, Nº 39/96; Rel. Des. OsvaldoStefanello; 25.08.98; apelante: ValdecirJoão Canssi; apelada: Justiça Eleito-ral).

21. Apelação criminal. Aliciamento ouinfluência na vontade do eleitor por in-termédio de transporte gratuito. Su-posta infringência ao art. 11, inciso III,da Lei nº 6.091/74. Prefaciais argüidaspela defesa rejeitadas. Para a configu-ração do delito referido é indispensá-vel a presença do dolo específico, ex-presso no aliciamento de eleitores emfavor de determinado partido ou candi-dato. Recurso provido. (Proc. Cl. XIII,Nº 47/96; Rel. Dr. Fábio Bittencourt daRosa; 07.08.98; apelante: Jacedir An-tônio Soccol; apelado: Ministério Públi-co Eleitoral da 70ª Zona).

22. Denúncia-crime. Transporte deeleitores. Distribuição de propagandapolítica no dia da eleição. Baixa dosautos à origem para os efeitos do art.89 da Lei nº 9.099/95. Homologada asuspensão condicional do processorelativamente ao denunciado que acei-tou as condições para o referido ato.Ratificado o recebimento da denúnciae determinado o prosseguimento dofeito em relação aos demais denuncia-dos, rejeitadas as preliminares de nuli-

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dade invocadas em suas contesta-ções. (Proc. Cl. XIII, Nº 08b/97; Rel.Dr. Norberto da Costa Caruso Mac-Donald; 25.05.98; denunciante: Minis-tério Público Eleitoral da 28ª Zona; de-nunciados: Paulo Moyses de Andrade,Moacir Busnello, Genuíno Manfredi eIlson José Rodrigues de Jesus).

23. Denúncia-crime. Corrupção ati-va eleitoral. Competência para o pro-cesso deslocada para o TRE. 1. Preli-minares rejeitadas. 2.O recebimento dapeça vestibular acusatória pelo juiz sin-gular, instaurando a ação penal, deveser ratificado, uma vez que a denúnciafoi recebida antes da diplomação e pos-se de um dos acusados no cargo dePrefeito Municipal, embora o mesmo jáhouvesse sido eleito. Ademais, a peçainicial atende aos requisitos do art. 41do Código de Processo Penal, estan-do os fatos articulados apoiados naprova preliminar. 3. É de homologar-sea suspensão condicional do processoem relação ao co-denunciado, cujamanifestação volitiva orienta-se no sen-tido do preceituado na Lei nº 9.099/95.4. Instrução do feito delegada ao Juízode origem, nos termos do art. 9º da Leinº 8.038/90. (Proc. Cl. XIII, Nº 17/97;Rel. Dr. Carlos Rafael dos SantosJúnior; 11.05.98; denunciante: Ministé-rio Público Eleitoral da 168ª Zona; de-nunciados: Sérgio Bigolim, AlcioneFontana, Antônio Cagol, Celso Tonatto,Inocente Alberto Grando, IsvaldoGaboardi, Luiz Zanella, Moacir JoséMeneghetti e Valdir Jarozeski).

24. Apelação criminal. Decisão queabsolveu o réu das sanções do artigo323, caput e parágrafo único, e 326,caput, do Código Eleitoral. Afirmaçãosustentada por fato concreto e objeti-vo: contas julgadas irregulares porquem competente, ou seja, o PoderLegislativo Municipal. Divulgação de

fato ocorrida antes do ajuizamento daação declaratória de nulidade da deci-são da Câmara de Vereadores. Ausên-cia de dolo específico ou de intençãodeliberada para falsear a verdade ouatingir a honra, quer objetiva, quer sub-jetiva, da vítima. Inexistência de provasegura do agir criminoso ou ilícito parasustentar a condenação. Provimentonegado. (Proc. Cl. XIII, Nº 20/97;Prolator do acórdão: Des. OsvaldoStefanello; 14.07.98; denunciante: Mi-nistério Público Eleitoral da 168ª Zona;apelantes: Ministério Público da 89ªZona e José Álvaro Jost, apelado:Arlindo José Moura de Almeida).

25. Inquérito policial. Imputação deprática de difamação eleitoral. Inexis-tência de configuração da conduta típi-ca prevista no artigo 325 do CódigoEleitoral. Assertivas inquinadas dedifamatórias são inerentes ao jogo po-lítico da campanha eleitoral. Feito ar-quivado. (Proc. Cl. XIV, N° 26/97; Rel.Des. Osvaldo Stefanello; 18.08.98;indiciado: Sady Zanatta - Prefeito Mu-nicipal).

26. Recurso. Dupla filiação partidá-ria. Apresentação, no prazo legal, dopedido de desfiliação, apenas não re-cebido por irregularidades formais.Admissibilidade, de acordo com a ju-risprudência atual, do recebimento doreferido pedido por fax. Aplicação, àespécie, da Súmula nº 14, do TSE.Inocorrência de dupla filiação. Recur-so provido. (Proc. N° 140022/98; Rel.Dr. Fábio Bittencourt da Rosa;02.06.98; recorrente: Rubens Golden-berg; recorrida: Justiça Eleitoral da 37ªZona).

27. Recursos. Filiação partidária.Indeferimento. Extemporaneidade naapresentação das relações dos filiadosà agremiação partidária. Art. 19 da Lei nº9.096/95. Não se atribui qualquer natu-

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reza constitutiva de direito ao ato de apre-sentação à Justiça Eleitoral da relaçãode filiados, mas tão-somente naturezadeclaratória, tendo em vista que não é alistagem de filiados encaminhada queconfere a filiação ao eleitor, mas sim oseu deferimento pelo partido, na formaprevista no art. 17 e parágrafo único da�Nova Lei dos Partidos Políticos�. Recur-sos providos. (Proc. N° 140027/98; Rel.Dr. Leonel Tozzi; 21.07.98; recorrente:Partido Renovador Trabalhista Brasilei-ro; interessados: Luiz Cândido MoreiraSantos, Marco Aurélio Scherer Pinto e Ma-ria Salete Roncuni Bica).

28. Recurso. Dupla filiação. Ocor-rência de irregularidade sanável, quenão justifica o cancelamento da filiaçãopartidária. Recurso provido. (Proc. N°140030/98; Rel. Dra. Tania TerezinhaCardoso Escobar; 27.08.98; recorren-te: Partido Renovador Trabalhista Bra-sileiro; interessados: Luiz CândidoMoreira Santos, Marco Aurélio SchererPinto e Maria Salete Roncuni Bica).

29. Recurso. Direito de resposta.Alegadas ofensas veiculadas em ape-dido publicado em jornal. Inexistênciada vontade consciente de difamar ouinjuriar. Recurso provido. (Proc.N°170001/98; Rel. Dr. Nelson JoséGonzaga; 22.07.98; recorrente: Jair dosSantos Kroeff; recorrido: Juiz Eleitoralda 37ª Zona).

30. Recurso. Direito de resposta. 1.Não está ao amparo da legislação elei-toral, no que pertine ao exercício dodireito de resposta, quem não se reves-te da qualidade de candidato a cargoeletivo. 2. É constitucionalmente asse-gurado o direito à liberdade de infor-mação e crítica, vedada qualquer es-pécie de censura prévia. Inobstante, deigual hierarquia é o direito à privacida-de das pessoas, à preservação de suahonra e imagem. Ademais, a aprecia-

ção depreciativa que se possa fazertambém atinge as entidades jurídicas,como o são os partidos políticos, con-forme se depreende do art. 58 da Leinº 9.504/97. Recurso provido. (Proc.N°170002/98; Rel. Des. Osvaldo Stefa-nello; 25.08.98; recorrentes: ColigaçãoFrente Popular, Partido dos Trabalha-dores, Júlio R. de Quadros, OlívioDutra, Ronaldo Miro Zulke e LaerteMéliga; recorrida: Zero Hora - EditoraJornalística S.A).

31. Recurso. Direito de resposta.Comentário efetuado em programaradiofônico que extrapola os limites dacrítica via imprensa, podendo refletirnegativamente no conceito e imagemdo candidato. Provimento parcial dorecurso para deferir direito de respostaa candidato ofendido em sua honra.Provimento negado em relação aosdemais consortes. Feito não conheci-do no que concerne ao postulante quenão detém a condição de candidato.(Proc. N°170003/98; Rel. Dra. TaniaTerezinha Cardoso Escobar; 19.08.98;recorrentes: Coligação Frente Popular,Partido dos Trabalhadores, OlívioDutra, Ronaldo Zulke, Laerte Méliga eFlávio Koutzi; recorrida: Rádio GaúchaS.A).

32. Questão de ordem. Recurso.Direito de resposta. Veiculação, porrádio, de texto cujo conteúdo alegada-mente foge ao legalmente admissível.Pedido de prévio conhecimento, peloTRE, de texto de resposta a ser trans-mitido em outra data. Pedido indefe-rido, uma vez que a lei só exige a apre-sentação do referido texto com a ini-cial quando se tratar de direito de res-posta pela imprensa escrita - e, ain-da assim, apenas para avaliação for-mal -, e não através de rádio e televi-são. (Proc. N° 170003b/98; Rel. Dra.Tania Terezinha Cardoso Escobar;

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25.08.98; interessada: Rádio GaúchaS.A.).

33. Recurso. Direito de resposta. 1.O texto para resposta a que alude aletra "a" do inciso I do § 3º do art. 58 daLei Eleitoral constitui-se em especialcondição de procedibilidade. Tal con-dição não resta descaracterizada pelacircunstância de o julgador, na senten-ça, haver determinado a adequação dotexto da resposta aos termos do vere-dicto proferido. Inocorrência de senten-ça condicional e conseqüente nulida-de da mesma. 2. O direito à liberdadede informação e crítica - liberdade deimprensa - não é absoluto, assertivaesta consagrada em várias passagensda Magna Carta. Direitos de igual hie-rarquia, como o direito à intimidade, àvida privada, à honra, à preservaçãodo bom nome, da boa imagem externadas pessoas e entidades jurídicas, sãoamparadas pela Lei Maior e legislaçãoinfraconstitucional. Ocorrendo excesso,por parte de jornalista, no seu direitode informar e criticar, caracteriza-se oataque ofensivo e reprimível pela viado exercício do direito de resposta. Pro-vimento negado. (Proc. N°170004/98;Rel. Des. Osvaldo Stefanello; 25.08.98;recorrente: Zero Hora - Editora Jorna-lística S.A.; recorridos: Coligação Fren-te Popular, Partido dos Trabalhadores,Júlio R. de Quadros, Olívio Dutra,Ronaldo Miro Zulke, Laerte Méliga eFlávio Koutzii).

34. Recurso. Direito de resposta.Comentário efetuado em programaradiofônico que extrapola os limites dacrítica via imprensa, podendo refletirnegativamente no conceito e imagemdo candidato. Provimento parcial dorecurso para deferir direito de respostaa candidato ofendido em sua honra.Provimento negado em relação aosdemais consortes. Feito não conheci-

do no que concerne aos postulantesque não detêm a condição de candida-tos. (Proc. N°170005/98; Rel. Dra. Ta-nia Terezinha Cardoso Escobar;19.08.98; recorrentes: Coligação Fren-te Popular, Partido dos Trabalhadores,Olívio Dutra, Ronaldo Zulke, LaerteMéliga e Flávio Koutzi; recorrida: Rá-dio Gaúcha S.A).

35. Pedido de apreciação dos textosa serem utilizados pelo Governo do Es-tado nas peças de divulgação do proces-so de elaboração orçamentária para oexercício de 1999. A publicidade dosatos preparatórios à consulta popular -como enunciados - e aos efeitos da LeiEstadual n° 11.179/98, não incide navedação que se contém no art. 73, incisoVI, letra "b", da Lei nº 9.504/97. (Proc.N° 240014/98; Rel. Des. Élvio SchuchPinto; 07.07.98; interessado: Secretáriode Estado da Coordenação e Planeja-mento).

36. Pedido de cópia de relação dedoadores. Candidatos à eleição majo-ritária para Governador. Pleito de 1994.Apreciada e julgada a prestação decontas, e transitada em julgado estadecisão, não mais cabe à Corte Eleito-ral dispor dos dados e elementos na-quela contidos, pois a propriedade des-ses documentos retorna ao partido eao candidato, já que a guarda dos mes-mos, pelo prazo de cinco anos, é desua responsabilidade. A referida docu-mentação está à disposição da JustiçaEleitoral, e não de terceiros, seja parti-do político ou candidato. Postulaçãoindeferida. (Proc. N° 240016/98; Rel.Dr. Nelson José Gonzaga; 28.07.98;interessado: Partido do MovimentoDemocrático Brasileiro).

37. Pedido de autorização parareimpressão de material informativo-educativo. Conduta enquadrada naproibição contida no art. 73, inciso VI,

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letra "b", da Lei nº 9.504/97, e art. 31,inciso VI, letra "b", da Resolução TSEnº 20.106/98. Pedido indeferido. (Proc.N° 240017/98; Rel. Dra. SulamitaTerezinha Santos Cabral; 28.07.98; in-teressado: Secretário de Estado daAgricultura e Abastecimento).

38. Complementação. Tomada decontas. Instrução Normativa/TCU nº 17.Exercício 1997. Contas dos partidos po-líticos relativas aos recursos do FundoPartidário consideradas regulares. De-terminado o encaminhamento dos au-tos ao Tribunal de Contas da União.(Proc. N° 240018/98; Rel. Dr. LeonelTozzi; 23.07.98; interessado: TribunalRegional Eleitoral do Rio Grande do Sul).

39. Pedido de autorização de enti-dade pública para a veiculação de pro-gramação de rádio e realização de se-minários com informações de ordemtécnica e econômica destinadas aosprodutores rurais. Descabe proibir umórgão administrativo de desenvolversuas atividades precípuas pressupon-do que haverá prática indevida de pro-paganda eleitoral. Postulaçãodeferida. (Proc. N° 240019/98; Rel. Dr.Fábio Bittencourt da Rosa; 06.08.98;interessado: Secretário de Estado daAgricultura e Abastecimento).

40. Pedido de autorização para aimpressão de material de divulgaçãoacerca de evento a ser patrocinado porfundação estadual. A legislação eleito-ral impõe limites no trato com a propa-ganda em época de campanha eleito-ral. Contudo, em se tratando de servi-ço de natureza relevante, e que nãomerece interrupção, não há vedaçãolegal. Postulação deferida. (Proc. N°240022/98; Rel. Dr. Nelson JoséGonzaga; 06.08.98; interessada: Fun-dação de Atendimento ao Deficiente eao Superdotado no Rio Grande Do Sul- FADERS).

41. Pedido de autorização para a di-vulgação de peças publicitárias refe-rentes a programa de educação para otrânsito. Exame dos projetos e peçaspublicitárias não revela propagandaeleitoral indireta, oblíqua ou com obje-tivos específicos de campanha eleito-ral a qualquer candidato a cargo eletivo.Autorizada a veiculação da publicida-de. (Proc. N° 240023/98; Rel. Dra.Sulamita Terezinha Santos Cabral;18.08.98; interessado: Secretário deEstado da Justiça e da Segurança).

42. Pedido de autorização para darpublicidade à programa da Administra-ção Pública. Não há como vislumbrar -Na matéria publicitária - Propaganda Elei-toral, mesmo indireta, tampouco o obje-tivo de promover proselitismo político emfavor de candidatos a cargos eletivos.Postulação Deferida. (Proc. N° 240024/98; Rel. Dr. Antonio Carlos Antunes doNascimento e Silva; 18.08.98; interessa-do: Secretário de Estado da Coordena-ção e Planejamento).

43. Pedido de autorização para aelaboração de peças publicitárias re-ferentes a projeto de educaçãoambiental. Exame dos projetos e pe-ças publicitárias não apresenta pro-paganda eleitoral indireta, oblíqua oucom objetivos específicos de campa-nha eleitoral a qualquer candidato acargo eletivo. Autorizada a veiculaçãoda publicidade. (Proc. N° 240025/98;Rel. Des. Osvaldo Stefanello; 11.08.98;interessado: Secretário Executivo doPró-Guaiba).

44. Pedido de autorização para aconfecção de material de divulgação re-ferente a projeto de educação ambi-ental. Inexiste, na matéria encaminha-da, fato ou elemento do qual se possaextrair qualquer tipo de propagandapolítico-eleitoral. Postulação deferida.(Proc. N° 240025b/98; Rel. Des. Osval-

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do Stefanello; 26.08.98; interessado:Secretário Executivo do Pró-Guaiba).

45. Pedido de autorização para divul-gação de front lite em bens particulares.Inexistência de previsão legal relativa àpetição. Feito não conhecido. (Proc. N°240026/98; Rel. Dr. Fábio Bittencourt daRosa; 07.08.98; interessado: VanderlanPeçanha - Candidato a Deputado Fede-ral pelo Partido Trabalhista Brasileiro).

46. Pedido de autorização para aconfecção de material de divulgação.Propaganda de produtos que tenhamconcorrência no mercado. A pretensãonão é vedada pelo art. 73, inciso VI,letra �b�, da Lei nº 9.504/97. Ao revés,constitui-se numa das exceções do pró-prio dispositivo legal. Postulaçãodeferida. (Proc. N° 240027/98; Rel. Dr.Nelson José Gonzaga; 18.08.98; inte-ressado: Secretário de Estado da Agri-cultura e Abastecimento).

47. Pedido de autorização para a di-vulgação de peças publicitárias refe-rentes a novas tecnologias na educa-ção. Exame dos projetos e peças pu-blicitárias não revela propaganda elei-toral indireta, oblíqua ou com objetivosespecíficos de campanha eleitoral aqualquer candidato a cargo eletivo.Autorizada a veiculação da publicida-de. (Proc. N° 240028/98; Rel. Dra.Sulamita Terezinha Santos Cabral;26.08.98; interessada: Secretária doEstado da Educação).

48. Embargos de declaração. Oacórdão embargado mostra, claramen-te, que a condenação da agremiaçãopolítica e dos candidatos embargantesdeu-se pelo art. 37, § 1º, da Lei nº9.504/97, em combinação com o art.241 do Cód. Eleitoral, que diz com asolidariedade, ausente qualquer rele-vo para o fato de o citado acórdão termencionado os referidos candidatoscomo beneficiários - situação só aludi-

da no art. 36, § 3º, daquela Lei.Inexistente a alegada contradição nosfundamentos do decisum. Recurso re-jeitado. (Proc. N° 240029/98; Rel. Dr.Nelson José Gonzaga; 18.08.98;embargantes: Partido dos Trabalhado-res, Olívio Dutra, Jairo Carneiro e Fren-te Popular).

49. Pedido de autorização para a di-vulgação de peças publicitárias refe-rentes a programa de incremento detributos estaduais. Exame dos projetose peças publicitárias não revela propa-ganda eleitoral indireta, oblíqua ou comobjetivos específicos de campanhaeleitoral a qualquer candidato a cargoeletivo. Autorizada a veiculação da pu-blicidade. (Proc. N° 240034/98; Rel. Dr.Antonio Carlos Antunes do Nascimen-to e Silva; 18.08.98; interessado: Se-cretário de Estado da Fazenda).

50. Pedido de autorização para divul-gação de campanha publicitária. Examedos projetos e peças publicitárias nãorevela propaganda eleitoral indireta, oblí-qua ou com objetivos específicos decampanha eleitoral a qualquer candida-to a cargo eletivo. Autorizada aveiculação da publicidade. (Proc. N°240037/98; Rel. Des. OsvaldoStefanello; 18.08.98; interessado: Secre-tário de Estado da Agricultura e Abaste-cimento substituto).

51. Pedido de autorização para a di-vulgação de peças publicitárias referen-tes a material promocional de cultura etradição regional. Exame dos projetos epeças publicitárias não revela propagan-da eleitoral indireta, oblíqua ou com ob-jetivos específicos de campanha eleito-ral a qualquer candidato a cargo eletivo.Autorizada a veiculação da publicidade.(Proc. N° 240042/98; Rel. Dra. TaniaTerezinha Cardoso Escobar; 27.08.98;interessado: Secretário do Trabalho, Ci-dadania e Assistência Social).

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52. Pedido de autorização para di-vulgação de projeto de órgão públicoestadual. Incidência da regra previstano art. 73, inciso VI, alínea "b", da Leinº 9.504/97, c/c o art. 31, inciso VI, alí-nea "b", da Resolução TSE nº 20.106/98. Não se cogita, na espécie, de gra-ve ou urgente necessidade pública.

Ademais, a análise das publicaçõesjá produzidas referem atuação positi-va do Governo Estadual, o que poderedundar em propaganda institucio-nal. Postulação indeferida. (Proc. N°240043/98; Rel. Dra. Sulamita Tere-zinha Santos Cabral; 28.08.98; inte-ressado: Secretário de Estado da Co-ordenação e Planejamento).

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quanto sejam necessários, convoca-dos e nomeados por edital, até 60(sessenta) dias antes da eleição.

Parágrafo único. As Turmas Apura-doras serão compostas de 3 (três)escrutinadores e 1 (um) suplente, eserão presididas pelos escrutinadores,membros da respectiva junta, por no-meação do Presidente da Junta.

Art. 3º Será utilizada uma Urna Ele-trônica pela Turma Apuradora que,após a leitura, digitará o voto nomicroterminal.

Parágrafo único. No início dos tra-balhos, após a inicialização da UrnaEletrônica, será emitido o relatório�Zerésima�.

SEÇÃO IIDOS PROCEDIMENTOS

Art. 4º As Urnas Eletrônicas utiliza-das para a apuração e totalização dosvotos serão configuradas pelos mem-bros das Turmas Apuradoras, que de-vem efetuar a identificação do municí-pio, zona, seção eleitoral, junta, turma,bem como lançar o comparecimentoconstante da ata de eleição.

Art. 5º Após a emissão do relatório�Zerésima de Apuração�, adotadas ascautelas legais, as Turmas Apuradorasdevem proceder da seguinte maneira:

I - decidir os votos em separados;II - separar as cédulas majoritári-

as e proporcionais, e contá-las;III - numerar seqüencialmente a

cédula e desdobrá-la, uma de cadavez:

a) ler os votos em voz alta e aporos carimbos nos votos em branco enulos;

b) se necessário, pesquisar no Ín-dice Onomástico o número do candi-dato, anunciando aos demais membrosda Turma Apuradora;

c) digitar o número do candidato nomicroterminal da Urna Eletrônica.

Resolução nº 20.292

(6.8.98)

PROCESSO ADMINISTRATIVONº 16.595 - CLASSE 19ª

DISTRITO FEDERAL (Brasília).Relator: Ministro Ilmar Galvão.Interessada: Secretaria de Infor-

mática do TSE.Modifica a redação da Resolução nº

20.230, de 17 de junho de 1998 - esta-belece procedimentos para a apuraçãoe totalização dos votos, com o uso daUrna Eletrônica, para as seções eleito-rais nas quais o processo de votaçãofor por cédulas.

O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITO-RAL, usando das atribuições que lheconfere o artigo 23, IX, do Código Elei-toral e o artigo 25, parágrafo 5º, daResolução nº 20.103, de 03 de marçode 1998, resolve:

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARESArt. 1º A critério dos Tribunais Re-

gionais Eleitorais, a apuração e atotalização dos votos das seções elei-torais nas quais o processo de vota-ção for por cédulas poderão ser pro-cessadas com a utilização das UrnasEletrônicas.

Parágrafo único. Nos locais emque for utilizado este sistema de apu-ração, os Tribunais Regionais Eleito-rais poderão autorizar o início da apu-ração a partir das 18 horas do dia davotação. Devendo estar encerrada noprazo máximo de 5 (cinco) dias.

Art. 2º Constituem as Juntas Elei-torais um Juiz de Direito que será oPresidente e 4 (quatro) membros titu-lares e tantos membros suplentes

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Parágrafo único. A Turma Apura-dora somente desdobrará a cédulaseguinte após confirmação do re-gistro na Urna Eletrônica da cédulaanterior.

Art. 6º Na hipótese de defeito daUrna Eletrônica e sendo possível, oPresidente da Junta solicitará a sua tro-ca por outra à equipe designada peloJuiz Eleitoral, que abrirá a Urna Eletrô-nica com defeito, retirará os discos eos colocará na nova máquina, faculta-da aos partidos e coligações ampla fis-calização.

§ 1º Na impossibilidade de troca daurna defeituosa, o Presidente da Juntadeterminará nova apuração em outraUrna Eletrônica.

§ 2º Verificada a impossibilidade deleitura do disquete, o Juiz Eleitoral de-terminará a recuperação dos dadosmediante uma das seguintes formas:

a) a geração de novo disquete apartir da Urna Eletrônica, para o quedeverá usar senha especial;

b) digitação dos dados constantes doboletim emitido pela Urna Eletrônica.

Art. 7º A apuração dos votos dasSeções Eleitorais com votação eletrô-nica que passarem à votação por cé-dulas (Res. nº 20.105, art. 38, § 5º)ocorrerá da seguinte maneira:

I - A equipe técnica designada peloJuiz Eleitoral gerará o disquete com avotação até o momento da falha, faráimprimir o Boletim de Urna parcial, em3 (três) vias, e os entregará ao Presi-dente da Turma Apuradora;

II - O presidente da Turma Apuradoraprovidenciará a autenticação das vias doBoletim de Urna parcial pela equipe téc-nica, pelos componentes da Turma, Fis-cais, que serão também visadas peloJuiz Eleitoral e representante do Ministé-rio Público; após os distribuirá na formado parágrafo único do art. 10;

III. Os dados contidos no disqueteserão recepcionados pelo sistema deapuração eletrônica na urna apuradora;

IV. Em seguida, iniciar-se-á a apu-ração das cédulas, na forma definidapelo art. 5º desta Resolução.

Art. 8º Constatada a não-correspon-dência entre o número seqüencial dacédula em apuração e o apresentadopela urna eletrônica, imediatamentedeverá a mesa apuradora proceder daseguinte maneira:

I - utilizando-se da senha específi-ca, emitir o Espelho de Cédulas parcial;

II - cotejar o conteúdo das cédulascom o contido no Espelho de Cédulaparcial, a partir da última até o momen-to da incoincidência;

III - comandar a exclusão dos da-dos referentes às cédulas incoinci-dentes;

IV - retomar a apuração a partir daprimeira cédula incoincidente.

Art. 9º Ao final da apuração dascédulas majoritárias ou proporcionais,observada a incoincidência entre o nú-mero de votantes e o de cédulas apu-radas, não constituirá motivo de nuli-dade da votação, desde que não resul-te de fraude comprovada.

Parágrafo único. Se a Junta Eleito-ral entender que a incoincidência resul-ta de fraude, anulará a votação, decla-rará a apuração em separado e recor-rerá de ofício para o Tribunal RegionalEleitoral.

Art. 10. O encerramento da apura-ção consiste na geração do disquete eemissão do Boletim de Urna, em trêsvias, que deverão ser autenticadas pe-los componentes da Turma Apuradora,Fiscais, visadas pelo Juiz Eleitoral e re-presentante do Ministério Público.

Parágrafo único. Uma via do Bole-tim de Urna, juntamente com o respec-tivo disquete, será encaminhada à Se-

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cretaria da Junta Eleitoral; outra seráafixada na Junta Eleitoral, em localonde possa ser lido por qualquer pes-soa; a terceira será entregue, medi-ante recibo, ao Comitê Interpartidáriode Fiscalização; a impressão do Es-pelho das Cédulas será opcional, anão ser para o caso de apuração emseparado, hipótese em que o Espe-lho de Cédulas deverá ser colocadono envelope juntamente com as cé-dulas.

SEÇÃO IIIDA FISCALIZAÇÃO

Art. 11. A Urna Eletrônica deverá serposicionada em local adequado de ma-neira a facilitar o trabalho dos fiscais, queacompanharão:

I - a numeração seqüencial das cé-dulas;

II - o desdobramento das cédulas;III - a digitação do voto na Urna Ele-

trônica.Art. 12. À medida em que os votos

forem sendo apurados, os fiscais po-derão impugná-los ou apontar irregu-laridades no seu registro, ocorrênciasque serão decididas de plano pela Jun-ta Apuradora.

Art. 13. Declarado o conteúdo dovoto seguinte fica preclusa a impug-nação do conteúdo do anterior.

Parágrafo único. A preclusão daimpugnação com relação ao voto daúltima eleição existente na cédula ocor-rerá quando for comandada a confirma-ção final de todo o seu conteúdo.

Art. 14. Os eventuais erros dedigitação poderão ser corrigidos en-quanto não for comandada a confirma-ção final de todo o conteúdo da cédu-la, após o que ocorrerá a preclusão daimpugnação.

Art. 15. Esta Resolução entra em vi-gor na data de sua publicação, revoga-das as disposições em contrário.

Sala de Sessões do Tribunal Supe-rior Eleitoral.

Brasília, 06 de agosto de 1998.Ministro ILMAR GALVÃO, Presiden-

te e RelatorMinistro NÉRI DA SILVEIRAMinistro MAURÍCIO CORRÊAMinistro EDUARDO RIBEIROMinistro EDSON VIDIGALMinistro EDUARDO ALCKMINMinistro COSTA PORTO

Resolução nº 104/98

Regulamenta a Resolução nº 51/90,que criou a Medalha Moysés Vianna doMérito Eleitoral.

O TRIBUNAL REGIONAL ELEITO-RAL DO RIO GRANDE DO SUL, no usode suas atribuições,

RESOLVE:Art. 1º - A Medalha Moysés Vianna,

criada pela Resolução nº 51/90, de 21/05/90, deste Tribunal, será conferida acidadãos que se tenham destacado emmatéria de Direito Eleitoral ou no aper-feiçoamento da Justiça Eleitoral, e as-sim reconhecido pelo Tribunal, em suacomposição plenária.

§ 1º A medalha será banhada emouro e terá formato ovalado, reprodu-zindo-se em seu anverso uma balançasobreposta por uma urna, com umacédula, ostentando as cores do RioGrande do Sul, nela sendo introduzida;o conjunto será encimado pela inscri-ção Mérito Eleitoral e, de sua parte in-ferior, constará a inscrição MedalhaMoysés Vianna. Em seu reverso, en-contrar-se-á a inscrição Tribunal Regi-onal Eleitoral - Rio Grande do Sul;

§ 2º A medalha será acompanha-da de um diploma e de uma roseta.

Art. 2º A Medalha Moysés Vianna des-tinar-se-á a Magistrados, Procuradores,Juristas, servidores, efetivos ou requisita-

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dos, do Tribunal Regional Eleitoral do RioGrande do Sul, e demais cidadãos quepreencham os requisitos do art. 1º.

Art. 3º Ficam extintos os quadrosefetivo e especial, criados pelo art. 2ºda Resolução nº 51/90.

Art. 4º Ficam extintas as classesinstituídas em sessão do dia 30 deoutubro de 1990, passando a meda-lha a ser concedida em classe única,correspondente à classe Ouro.

Art. 5º A critério do Tribunal, asmedalhas classes Prata e Bronze jáconferidas poderão ser substituídaspor medalhas da classe única, corres-pondente à classe Ouro.

Art. 6º Da concessão e entrega dasmedalhas lavrar-se-á ata em livro pró-prio, cuja guarda e conservação fica-rão a cargo da Diretoria-Geral da Se-cretaria do Tribunal.

Art. 7º A presente Resolução en-tra em vigor na data de sua aprova-ção, revogadas as disposições emcontrário.

Sala de Sessões do Tribunal Re-gional Eleitoral do Rio Grande do Sul,em Porto Alegre, aos trinta dias domês de março do ano de mil novecen-tos e noventa e oito.

Des. Celeste Vicente RovaniPresidenteDes. Osvaldo StefanelloVice-Presidente SubstitutoDr. Norberto da Costa Caruso Mac-

DonaldDr. Leonel TozziDr. Carlos Rafael dos Santos JúniorDra. Tânia Terezinha Cardoso

EscobarDr. Antônio Carlos Antunes do Nas-

cimento e SilvaDra. Vera Maria Nunes MichelsProcuradora Regional Eleitoral

Resolução nº 105/98

Dispõe sobre a concessão de es-tágio a estudantes no âmbito da Justi-ça Eleitoral do Rio Grande do Sul.

O TRIBUNAL REGIONAL ELEITO-RAL DO RIO GRANDE DO SUL, comfundamento nos arts. 96, I, e 99 daConstituição Federal,

CONSIDERANDO o que dispõem aLei 6.494, de 07 de dezembro de 1977,alterada pela Lei nº 8.859, de 23 demarço de 1994, e o Decreto nº 87.497,de 18 de agosto de 1982, alterado peloDecreto nº 89.467, de 21 de março de1984; e

CONSIDERANDO a necessidadede regulamentar a implementação, noâmbito deste Tribunal, de estágiocurricular de estudantes regularmentematriculados em cursos vinculados aoensino público e particular;

RESOLVE, no uso de suas atribui-ções constitucionais e legais, estabe-lecer o que segue:

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º O Tribunal Regional Eleito-ral do Rio Grande do Sul, nos termosdesta Resolução, poderá aceitar comoestagiários os estudantes regularmen-te matriculados e que venham freqüen-tando efetivamente cursos vinculadosao ensino público e particular, oficiaisou reconhecidos, encaminhados a esteTribunal pela instituição intermediadorade estágio contratada, ou diretamente,na forma prevista no art. 16.

§ 1º Os estudantes a que se refereo �caput� deste artigo devem estar cur-sando nível superior ou escolas profis-sionalizantes de 2º grau, em áreas di-retamente relacionadas às atividadesdos órgãos do Tribunal ou CartóriosEleitorais.

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§ 2º Os estudantes interessadosna realização do estágio, se de 2ºgrau, devem ter freqüentado, no míni-mo, dois semestres letivos do curso;se de nível superior, quatro semestres.

Art. 2º O estágio deve propiciar acomplementação do ensino e da apren-dizagem aos estudantes, constituindo-se em instrumento de integração, emtermos de treinamento prático, de aper-feiçoamento técnico-cultural, científicoe de relacionamento humano.

Art. 3º O Tribunal promoverá, emarticulação com as instituições menci-onadas no art. 1º desta resolução, acoordenação das atividades de plane-jamento, execução, acompanhamentoe avaliação de estágio.

CAPÍTULO IIDA COORDENAÇÃO

DO PROGRAMA DE ESTÁGIO

SEÇÃO IDO TRIBUNAL

Art. 4º Havendo convênio firmadocom instituição intermediadora, in-cumbe ao Tribunal, no tocante àimplementação do estágio:

I - identificar e quantificar as opor-tunidades de estágio a serem conce-didas;

II - formalizar as oportunidades deestágio, conciliando, em conjunto coma instituição intermediadora, suascondições e disponibilidades com asexigências das instituições de ensi-no;

III - receber os estudantes encami-nhados pela instituição intermediado-ra, mantendo com os mesmos enten-dimentos sobre as condições de reali-zação dos estágios;

IV - informar à intermediadora onome dos estudantes que efetivamen-te irão realizar o estágio;

V - celebrar, com a interveniênciada instituição intermediadora, acordos

de cooperação com instituições de en-sino e termos de compromisso de es-tágio;

VI - participar da sistemática deacompanhamento, supervisão e avali-ação dos estágios;

VII - informar à instituição interme-diadora a freqüência dos estudantes aoestágio;

VIII - transferir à instituição contra-tada os recursos para o pagamento dasbolsas-auxílio de estágio, acrescidosde percentual a ser ajustado destinadoà cobertura de gastos operacionais;

IX - emitir e entregar aos estudan-tes os certificados ou declarações men-cionados no art. 14.

§ 1º Em se tratando dos CartóriosEleitorais, competirá ao Juiz Eleitoralrespectivo o previsto nos incisos I, III,VI e IX, bem como a informação ao Tri-bunal do nome dos estudantes que efe-tivamente irão realizar o estágio e aobservância do que dispõe o parágra-fo seguinte.

§ 2º Os órgãos deste Tribunal de-verão observar o seguinte:

I - para solicitar estagiários, disporde servidor que reúna as condiçõesnecessárias para exercer a supervisãodo estágio, responsabilizando-se pelaavaliação do estagiário;

II - enviar à Secretaria de RecursosHumanos as respectivas efetividadesaté o 2º dia útil de cada mês.

SEÇÃO IIDA INSTITUIÇÃO

INTERMEDIADORA DE ESTÁGIOArt. 5º A intermediação do estágio,

quando contratada, será promovida porentidade especializada após os devi-dos procedimentos legais.

Parágrafo único. A intermediaçãodo estágio compreende:

I - relacionamento com as institui-ções de ensino, por meio da celebra-

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Revista do TRE/RS190

ção de convênios específicos conten-do as condições por elas exigidas paraa caracterização e definição dos está-gios de seus alunos;

II - obtenção, no Tribunal, daquantificação das oportunidades deestágio possíveis de serem concedi-das com a identificação dos respecti-vos cursos;

III - promoção do ajuste das condi-ções de estágio definidas pelas insti-tuições de ensino com as condiçõese disponibilidades do Tribunal;

IV - recrutamento e pré-seleção dosestudantes cadastrados e identifica-dos com as oportunidades de está-gio, com posterior encaminhamentoao Tribunal;

V - providências para a assinaturade acordos de cooperação entre insti-tuições de ensino e o Tribunal;

VI - providências para a assinaturade termos de compromisso entre o Tri-bunal e os estudantes, com a inter-venção da instituição de ensino;

VII - preparação de toda a docu-mentação legal referente ao estágio,bem como o custeio e a efetivação doseguro contra acidentes pessoais, emfavor dos estudantes que realizaremestágio junto ao Tribunal, nos termosdo convênio a ser celebrado entre estee a instituição intermediadora;

VIII - pagamento de bolsa-auxíliomensal ao estudante estagiário, sen-do os recursos para esse fim repas-sados pelo Tribunal.

CAPÍTULO IIIDOS ESTAGIÁRIOS

SEÇÃO IDA DURAÇÃO E DA JORNADA DO

ESTÁGIOArt. 6º A duração do estágio será de,

no mínimo, 1(um) semestre, prorrogá-vel por até 3 (três) vezes por igual perío-do, quando do interesse das partes.

Art. 7º Para que o estagiário possater direito à bolsa de que trata a SeçãoIII deste Capítulo, deverá ser cumpridaa jornada de 20 (vinte) a 30 (trinta) ho-ras semanais, conforme firmado no ter-mo de compromisso, compatibilizadacom o seu horário escolar.

SEÇÃO IIDA ACEITAÇÃO DE ESTAGIÁRIOArt. 8º A aceitação do estagiário dar-se-

á por meio da assinatura de termo de com-promisso a ser celebrado entre o estudante,o Tribunal e a instituição de ensino.

§ 1º Mediante a assinatura do ter-mo de compromisso, o estagiário obri-gar-se-á a cumprir as normas discipli-nares de trabalho estabelecidas paraos servidores deste TRE.

§ 2º É atribuição do Diretor-Geral,podendo ser delegada nos termos doRegulamento da Secretaria, firmar ostermos de compromisso de estágio eos acordos de cooperação com as ins-tituições de ensino.

SEÇÃO IIIBOLSA DE ESTÁGIO

Art. 9º O estudante receberá a título debolsa de estágio importância mensal fi-xada em portaria do Presidente do Tribu-nal, em valor nunca superior a 30%, paraos estagiários que cumprirem 20 horassemanais, ou 35%, para os que cumpri-rem 30 horas, da remuneração inicial databela remuneratória dos cargos efetivos,conforme o nível do estágio.

Art. 10. Será considerada, para efeitode cálculo da bolsa, a freqüência men-sal do estagiário, deduzindo-se os diasde falta justificada ou não e a parcelade remuneração diária, proporcionalaos atrasos e saídas antecipadas.

SEÇÃO IVDO DESLIGAMENTO

Art. 11. O desligamento do estagi-ário ocorrerá:

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Revista do TRE/RS 191

I - automaticamente, ao término doprazo de validade do termo de compro-misso;

II - por conclusão ou interrupção docurso na instituição de ensino;

III - a pedido do estagiário;IV - por interesse e conveniência da

Administração;Art. 12. Suspender-se-á o paga-

mento da bolsa a partir da data de des-ligamento do estágiário, qualquer queseja a causa.

CAPÍTULO IVDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 13. À Diretoria-Geral incumbea adoção das providências pertinentesà regulamentação dos procedimentostécnicos e administrativos do programade estágio.

Art. 14. Poderá ser emitido certifi-cado quando o estudante obtiver apro-veitamento satisfatório e, nos demaiscasos, declaração comprobatória doperíodo do estágio.

Art. 15. O estágio, ante o dispostono art. 4º da Lei nº 6.494, de 07 de de-zembro de 1977, não cria vínculoempregatício de qualquer natureza,ressalvado o disposto na legislaçãoprevidenciária, assegurando-se o rece-bimento de bolsa e o pagamento deseguro contra acidentes pessoais, naforma da legislação em vigor.

Art. 16. O Tribunal poderá, a seucritério, assumir a coordenação dasatividades de planejamento, execu-ção, acompanhamento e avaliação doprograma de estágio, hipótese emque a ele caberá a articulação diretacom as instituições de ensino, emespecial no que se refere aos incisosIII, IV e VII do art. 4º, bem com as atri-buições elencadas no art. 5º, no quecouber.

Art. 18 Esta Resolução entra emvigor na data de sua publicação.

Sala de Sessões do Tribunal Re-gional Eleitoral do Rio Grande do Sul,em Porto Alegre, aos vinte e nove diasdo mês de abril do ano de mil nove-centos e noventa e oito.

Des. Celeste Vicente Rovani,Presidente.Des. Élvio Schuch Pinto,Vice-Presidente e Corregedor Re-

gional Eleitoral.Dr. Fábio Bittencourt da RosaDr. Carlos Rafael dos Santos JúniorDr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e SilvaDr. Norberto da Costa Caruso Mac-

DonaldDr. Leonel TozziDrª Vera Maria Nunes MichelsProcuradora-Regional Eleitoral

Resolução nº 106/98

Dispõe sobre a adoção do SistemaEletrônico de Apuração (�voto cantado�).

O Tribunal Regional Eleitoral do RioGrande do Sul, no uso das atribuiçõesque lhe confere o artigo 32, inciso X,de seu Regimento Interno,

Considerando o objetivo de empre-ender maior agilidade e segurança naobtenção dos resultados do pleito deoutubro próximo,

Considerando o disposto no artigoprimeiro da Resolução nº 20.230, doTribunal Superior Eleitoral,

RESOLVE:Art. 1º Determinar a adoção do Sis-

tema Eletrônico de Apuração de Votos(�voto cantado�), com o uso da urnaeletrônica, em todos os municípios daCircunscrição onde haverá votação nosmoldes tradicionais.

Parágrafo único. Será observado omesmo procedimento nas seçõesonde, apesar da utilização do votoinformatizado, por eventual falha, não

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Revista do TRE/RS192

for adotado o Sistema Eletrônico deVotação.

Art. 2º A presente Resolução en-trará em vigor na data de sua aprova-ção, revogadas as disposições emcontrário.

Sala de Sessões do Tribunal Re-gional Eleitoral do Rio Grande do Sul,em 21 de julho de 1998.

Des. Élvio Schuch PintoPresidenteDes. Osvaldo StefanelloVice-Presidente e Corregedor Re-

gional EleitoralDr. Leonel TozziDr. Fábio Bittencourt da RosaDr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e SilvaDr. Nelson Jose GonzagaDra. Sulamita Terezinha Santos

CabralDra. Vera Maria Nunes MichelsProcuradora-Regional Eleitoral

Resolução nº 107/98

Estabelece procedimentos para oprocessamento dos recursos contraa contagem dos votos e aprova os res-pectivos formulários.

O Tribunal Regional Eleitoral doRio Grande do Sul, no uso das atri-buições que lhe conferem o art. 96,I, b, da Constituição Federal e art.32, inciso X, de seu Regimento In-terno,

CONSIDERANDO a necessidadede implantação de sistemática unifor-me no processamento dos recursoscontra a contagem de votos, pelas Zo-nas Eleitorais;

CONSIDERANDO a necessidadede obviar o julgamento de recursosque tenham perdido seu objeto ou ointeresse das partes;

RESOLVE:Aprovar os quadros de procedimen-

tos e de precedentes relativos aos re-cursos contra a contagem dos votos,bem como os respectivos formuláriosa serem adotados nas eleições de 4 deoutubro de 1998, os quais constituemos anexos 01 a 05, integrantes destaResolução.

Anexo 01: QUADRO DE PROCEDI-MENTOS

Anexo 02: QUADRO DE PRECE-DENTES

Anexo 03: CAPA/AUTUAÇÃO �Formulários 01

Anexo 04: FOLHA DE RECURSO �Formulário 02

Anexo 05: FOLHA PARA A CÉDU-LA � Formulário 03

Sala de Sessões do Tribunal Regi-onal Eleitoral do Rio Grande do Sul, emPorto Alegre, aos 30 dias do mês dejulho de 1998.

Des. Élvio Schuch PintoPresidenteDes. Osvaldo StefanelloVice-Presidente e Corregedor Re-

gional EleitoralDr. Leonel TozziDr. Fábio Bittencourt da RosaDr. Antonio Carlos Antunes do Nas-

cimento e SilvaDr. Nelson José GonzagaDra. Sulamita Terezinha Santos

CabralDra. Vera Maria Nunes MichelsProcuradora Regional Eleitoral

RECURSOS CONTRA A CONTAGEMDE VOTOS (VOTO-A-VOTO)

IDENTIFICAÇÃO E INSTRUÇÕESPARA PREENCHIMENTO DOS

FORMULÁRIOSTodos os recursos de um mesmo

candidato ou de uma mesma legendadeverão constituir um único proces-

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Revista do TRE/RS 193

so, formando-se tantos volumes quan-to forem necessários.

I) PROCEDIMENTOSPRELIMINARES:

1. Concluída a apuração, reunir to-dos os recursos voto-a-voto interpostos.

2. Separar os recursos relativos àeleição para Presidente, Governador,Senador, Deputado Federal e Deputa-do Estadual. Após, separar por candi-dato/recorrente, e/ou - legenda/recor-rente.

3. Remeter todos os recursos voto-a-voto imediatamente, após a apura-ção, e na mesma oportunidade, não emremessas sucessivas.

II) IDENTIFICAÇÃO EPREENCHIMENTO DOS

FORMULÁRIOS:Todos os campos devem ser pre-

enchidos pelas Zonas Eleitorais.

1) FORMULÁRIO 01:É a capa/autuação dos processos

constituídos pelos recursos de cadacandidato ou legenda.

Preenchimento:1.1) Campo 01: Preencher o núme-

ro do processo na Zona Eleitoral. Se oprocesso tiver mais de um volume, de-verá constar o número do mesmo nagrade respectiva. A numeração dosprocessos deverá ser seqüencial, apartir do algarismo �1� (um).

1.2) Campo 02: Preencher a quan-tidade de cédulas que compõem o pro-cesso.

1.3) Campo 03: Assinalar com �x� ocargo que versa o recurso.

1.4) Campo 04: Preencher o nomee o número do candidato.

1.5) Campo 05: Somente preencheresse campo se o recurso for, apenas,da legenda (eleições proporcionais).

1.6) Campo 06: Preencher o núme-ro da Zona.

1.7) Campo 07: Identificar o muni-cípio-sede.

1.8) Campo 08: Identificar o muni-cípio apurado.

2) FORMULÁRIO 02:É a peça recursal propriamente dita,

onde constará a decisão da Junta, oobjeto de recurso e o despacho doJuiz-Presidente.

Preenchimento:2.1) Campo 09: destinado à deci-

são da Junta.2.2) Campo 10: diz respeito ao ob-

jeto do recurso. Contém quadriláterosque deverão ser assinalados de acor-do com o tipo de pedido formulado.Deverá ser preenchida, também, a áreadestinada à data, hora, recorrente e suaassinatura.

2.3) Campo 11: reservado ao Juiz-Presidente, onde despachará o recur-so, negando seguimento, ou remeten-do-o, devidamente processado, aoTRE.

3) FORMULÁRIO 3:Formulário destinado para a cédu-

la, que deverá ser grampeada no cam-po indicado (12).

Se houver mais de um recurso re-lativo a mesma cédula, deverá ser pro-videnciada a reprodução fotostática damesma, a qual deverá ser autenticadapelo cartório eleitoral ou secretaria daJunta.

Preenchimento:3.1) Campo 13: identificar o muni-

cípio apurado.3.2) Campo 14: identificar a seção.

QUADRO DE PRECEDENTES01.O Ministério Público não pode

impugnar nem recorrer de decisõesrelativas à contagem de votos, eis quenão foi contemplado com legitimidadepara tanto pelo art. 169 do Código Elei-toral que a defere exclusivamente aos

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Revista do TRE/RS194

delegados e fiscais partidários e aoscandidatos. (Precedentes do TSE:Acórdãos 11.894 e 11.844).

02.Matéria preclusa, por ausênciade impugnação junto à mesa receptorade votos no momento apropriado. Re-curso não conhecido.

03.Ausência de fundamentação.Recurso não conhecido.

04.Válido é o voto se, incólume aquaisquer dúvidas, surge a vontade doeleitor.

05.Tendo o eleitor, além de assinala-do um quadrilátero, inscrito o nome docandidato correspondente ou reforçadosua opção, sublinhando o nome, o votoé válido, pois demonstrada clara e ine-quivocamente a intenção do eleitor.

06.Eleitor que marca dois quadri-láteros, sendo um com apenas um tra-ço em diagonal, e o outro com doistraços em diagonal, formando �x�. Ovoto é válido, mandado contar ao can-didato assinalado com �x�.

07.Eleitor que, embora assinalandoa cédula fora do quadrilátero apropria-do, o faz no espaço à direita de nomede candidato. Sinal colocado de tal for-ma que impossibilita dúvidas quanto àintenção do eleitor. Recurso provido,para validar o voto.

08.Tendo o eleitor assinalado oquadrilátero correspondente ao candi-dato, embora pelo lado externo da cé-dula, o voto é válido, desde que de-monstrada claramente a intenção dosufrágio.

09.Eleitor que grafou, no quadrilá-tero de um candidato, número corres-pondente a outro. Embora a inade-quação tópica, o eleitor, ao escrever onúmero de seu candidato, manifestoude forma inequívoca sua vontade. Votoválido.

10.Eleitor que assinala no verso dacédula, sem quebra do sigilo; ou escre-

ve nome ou número de candidato naparte externa, de forma que não se tor-nou visível. Recurso provido, para vali-dar o sufrágio.

11.O fato de encontrar-se dentro dacédula oficial, no momento da apura-ção, modelo de voto distribuído pelospartidos, de que se serviu o eleitor, nãoimporta quebra de sigilo ou identifica-ção da cédula. Voto válido.

12.Nas eleições pelo sistema pro-porcional, valida-se o voto, mesmo queo número ou o nome do candidato hajasido colocado em lugar inadequado dacédula, desde que feito de maneira cla-ra a não confundir com outro candida-to ao mesmo cargo.

13.Candidato que não registroucognome pelo qual é conhecido, nãopode reivindicar votos de quem se re-gistrou com igual cognome.

14.Não será considerado o critérioterritorial como definidor da vontade doeleitor para o caso de homonímia (no-mes iguais).

15.O voto numérico, que não indi-que com clareza o candidato à eleiçãoproporcional, será computado para alegenda nele identificada na dezenainicial.

16.Anulação de urna por não loca-lização da respectiva ata. Hipótese deausência de fraude ou violação da urna.Inexistência de alegação de prejuízo.Coincidência do número de votantescom o de votos encontrados. Conva-lidação da apuração.

17.Incoincidência entre o númerode cédulas constantes da urna e o con-signado na ata como de votantes. Apli-cação do disposto no art. 166, pará-grafo 1º, do C.E. (art. 17, parágrafo 1º,da Resolução 19.540).

18.Validação de urna. Constituimera irregularidade, quanto mais au-sente qualquer alegação ou prova de

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Revista do TRE/RS 195

prejuízo, a falta de rubrica no lacre daurna, bem como sua localização emlocal inadequado.

19.Cédula assinada unicamente porum dos mesários integrantes da mesareceptora de votos não incide na hipó-tese prevista no art. 175, inciso II, doCE, quando ausente qualquer dúvidarelativa à identidade do referido mesá-rio, ou à autenticidade da respectiva

assinatura. A falta de rubrica dos de-mais integrantes da mesa constituimera irregularidade insuscetível deanular o voto.

20.A identificação seqüencial dascédulas, por parte dos mesários, nu-merando os quadriláteros externos dasmesmas em ordem crescente ininter-rupta, ausente qualquer prova de frau-de ou sequer de prejuízo, importa emmera irregularidade. Urna válida.

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Revista do TRE/RS196

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Revista do TRE/RS 197

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Índice

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Revista do TRE/RS 201

AABUSO DO PODER DE AUTORIDADE

Distribuição de uniformes escolaresACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII, nº11/94 ...................................... 55

Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Investigação judi-cial 02 a 05, 07 ............. 166, 167

ABUSO DO PODER ECONÔMICOAção de impugnação de mandato

EMENTÁRIO Impugnação de man-dato eletivo 02 a 04 .......... 167, 168

Crimes eleitoraisACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95DOUTRINA ............................. 13

InelegibilidadeDOUTRINA ............................. 13

ABUSO DO PODER POLÍTICOPropaganda eleitoral

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 01 .......................... 156

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃOMandato eletivo

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95EMENTÁRIO Impugnação de man-dato eletivo 01 a 05 .......... 167, 168

Registro de candidatoACÓRDÃOS Proc. nº 15002798 . 86EMENTÁRIO Registro de candi-datura 05 a 07 .............. 154, 155

Registro de candidato. PreclusãoEMENTÁRIO Registro de candi-datura 07 ............................... 155

Registro de candidato. Sentençatransitada em julgadoEMENTÁRIO Registro de candi-datura 08 ............................... 155

AÇÃO PENALLegitimidade

EMENTÁRIO Diversos 23 .... 176Processo eleitoral. Prazo de con-

testaçãoEMENTÁRIO Diversos 01, 02 ... 172

ALICIAMENTO DE ELEITORESCrime eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ..................................... 95

InexistênciaPARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49

ALTO-FALANTESPropaganda eleitoral

DOUTRINA ............................. 28APELAÇÃO EM LIBERDADE

CabimentoPARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49

APURAÇÃO E TOTALIZAÇÃO DEVOTOS

Urna eletrônica. Voto por cédulaRESOLUÇÕES ............. 185, 191

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITAProcesso eleitoral

PARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49

BBENS PRIVADOS

Propaganda eleitoralDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 49 .......................... 165

BENS PÚBLICOSPropaganda eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. nº 16003998 131ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124ACÓRDÃOS Proc. nº 16004898 136DOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Consulta 01, 14 .......................................... 168, 170

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 23, 26, 28, 34, 35, 38, 41a 43, 45, 47 a 49 ..................................... 160, 161, 162, 163, 164, 165

Responsabilidade solidáriaACÓRDÃOS Proc. nº 16004898 136

BOCA DE URNAPropaganda eleitoral

DOUTRINA ............................. 28

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Revista do TRE/RS202

CCALÚNIA

Crime eleitoralEMENTÁRIO Diversos 13, 15 ... 174PARECER Proc. nº 10000798 . 41

CAMPANHA ELEITORALDoações

EMENTÁRIO Consulta 10 .... 170Recursos financeiros. Arrecadação

e aplicaçãoEMENTÁRIO Consulta 18 .... 171

CAMPANHA PUBLICITÁRIAPropaganda institucional

EMENTÁRIO Diversos 39 a 42,44, 47, 49 a 51 .............. 179, 180

CANDIDATO AVULSORegistro

EMENTÁRIO Registro de candi-datura 02 a 04 ...................... 154

CANDIDATOSNúmero

EMENTÁRIO Consulta 04 .... 168CARREATA

Propaganda eleitoralDOUTRINA ............................. 28

CE, ART. 29TRE. Competência

ACÓRDÃOS Proc. nº 04000198 . 84CE, ART. 86

Circunscrição do pleitoACÓRDÃOS Proc. nº 22000798 . 78EMENTÁRIO Consulta 05, 06,09 .......................................... 169

CE, ART. 89, IITRE. Competência

ACÓRDÃOS Proc. nº 04000198 . 84CE, ART. 240

Justiça eleitoral. Após a convençãoEMENTÁRIO Propagandaeleitoral e partidária 18 ........ 159

CE, ART. 241Propaganda eleitoral. Bens públicos

ACÓRDÃOS Proc. nº 16003998 131

Propaganda eleitoral. SolidariedadeACÓRDÃOS Proc. nº 16003298 145ACÓRDÃOS Proc. nº 16003998 131ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124ACÓRDÃOS Proc. nº 16004898 136EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 19 a 21, 23, 26, 27, 34,35, 43 . 159, 160, 161, 162, 163, 164

CE, ART. 249Justiça eleitoral. Poder de polícia

ACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02 .......................... 156

CE, ART. 258Recurso. Prazo

EMENTÁRIO Impugnação demandato eletivo 05 ............... 168

CE, ART. 290Inscrição irregular de eleitores

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

CE, ART. 299Aplicação

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

Corrupção eleitoralEMENTÁRIO Diversos 12 .... 174

CE, ART. 302Transporte de eleitores

PARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49CE, ART. 323

Propaganda eleitoral. CrimeEMENTÁRIO Diversos 24 .... 176

CE, ART. 323 A 326Crime eleitoral

EMENTÁRIO Diversos 15 .... 174CE, ART. 324, § 1º

CalúniaEMENTÁRIO Diversos 13 .... 174PARECER Proc. nº 10000798 ....41

CE, ART. 325Difamação

EMENTÁRIO Diversos 25 .... 176

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Revista do TRE/RS 203

CE, ART. 326Injúria. Propaganda eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80EMENTÁRIO Diversos 16, 19,24 ........................ 174, 175, 176

CE, ART. 329Cartazes em logradouros públicos

EMENTÁRIO Diversos 17 .... 175CE, ART. 359

Ação penal. Prazo de contestaçãoEMENTÁRIO Diversos 01, 02 ... 172

CE, ART. 364Aplicação subsidiária do CPP

ACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02 .......................... 156

CENSURA PRÉVIADireito de resposta

EMENTÁRIO Diversos 30 .... 177Propaganda eleitoral

DOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Investigação judi-cial 06 ................................... 167

CERCEAMENTO DE DEFESAAusência de testemunha

PARECER Proc. nº 10000798 ....41CERTIDÃO CRIMINAL

Registro de candidatoEMENTÁRIO Consulta 08 .... 169

CF, ART. 5º, VDireito de resposta

ACÓRDÃOS Proc. nº 17000598 141CF, ART. 5º, LXXII, a

Habeas dataEMENTÁRIO Diversos 03 .... 172

CF, ART. 14, § 10 e 11Impugnação de mandato eletivo

EMENTÁRIO Impugnação demandato eletivo 01 ............... 167

CF, ART. 15, IIISuspensão dos direitos políticos.

Sentença transitada em julgadoACÓRDÃOS Proc. nº 15002798 . 86

CF, ART. 37, § 1ºPropaganda. Órgão público

EMENTÁRIO Investigação judi-cial 03, 05 ............................. 166

CF, ART. 53, § 5ºTestemunho parlamentar

PARECER Proc. nº 10000798 41CIRCUNSCRIÇÃO DO PLEITO

InterpretaçãoACÓRDÃOS Proc. nº 22000798 . 78EMENTÁRIO Consulta 05, 06,09 .......................................... 169

Revisão salarial. Servidor públicoACÓRDÃOS Proc. nº 22000798 . 78EMENTÁRIO Consulta 05, 06 ... 169

COAÇÃOCrime eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

COISA JULGADAOcorrência

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156PARECER Proc. nº 10000798 . 41

Perda de objetoEMENTÁRIO Diversos 13 .... 174

Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Registro de candi-datura 06 .............................. 157

COLIGAÇÃODenominação

EMENTÁRIO Consulta 14 .... 170Litigância de má fé

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 33 .......................... 162

Propaganda eleitoral. DebatesACÓRDÃOS Proc. nº 22001798 . 71

Propaganda eleitoral. Distribuiçãode tempoACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66

Propaganda eleitoral. Responsabi-lidadeEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 43 .......................... 164

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Revista do TRE/RS204

COMPRA DE VOTOSCrime eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

CONFLITO NEGATIVO DE COMPE-TÊNCIA

Juiz eleitoralEMENTÁRIO Diversos 06, 07 ... 173

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, ART.19, §1º

Propaganda. Órgão públicoEMENTÁRIO Investigação judi-cial 03, 05 ............................. 166

CONSULTACaso concreto. Descabimento

EMENTÁRIO Consulta 19 .... 171Período eleitoral. Descabimento

EMENTÁRIO Consulta 11, 17,20 a 25 ................ 170, 171, 172

PrazoACÓRDÃOS Proc. nº 22001798 . 71

CONSUNÇÃOInocorrência

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

CONTA BANCÁRIACampanha eleitoral. Talão de cheques

EMENTÁRIO Registro de candi-datura 10 ............................... 155

Prestação de contasEMENTÁRIO Prestação de con-tas 07 .................................... 153

CONTAGEM DE VOTOSRecurso

RESOLUÇÕES ..................... 192CONVENÇÃO PARTIDÁRIA

Escolha de candidato. DiligênciaACÓRDÃOS Proc. nº 04000198 . 84

CONVENÇÃO REGIONALPartido político. Suspensão

EMENTÁRIO Diversos 04, 05 ... 172Suspensão. Competência

EMENTÁRIO Diversos 04, 05 ... 172CORRUPÇÃO

Crime eleitoralACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

EMENTÁRIO Diversos 12, 23 .......................................... 174, 176

CORRUPÇÃO ELEITORALCrime eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

CP, ART. 65, III, b e dPena. Atenuante

ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 28 .......................... 161

CPC, ART. 131Prova não alegada

ACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02 .......................... 156

CPC, ART. 301, § 1º e 3ºLitispendência ou coisa julgada

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

CPP, ART. 41Denúncia

EMENTÁRIO Diversos 23 .... 176CPP, ART. 43, III

Denúncia. RejeiçãoACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

CPP, ART. 245, § 7ºMandado de busca e apreensão

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

CPP, ART. 252, IIIJuiz do tribunal. Impedimento

ACÓRDÃOS Proc. nº 17000598 141CPP, ART. 398

Testemunha. LimiteACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

CPP, ART. 563 E 566Nulidade processual

PARECER Proc. nº 10000798 ....41CRIME ELEITORAL

Abuso do poder econômicoACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

Page 199: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS 205

Ação públicaACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80

Aliciamento de eleitoresACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

CalúniaEMENTÁRIO Diversos 13 .... 174PARECER Proc. nº 10000798 ....41

Calúnia, difamação e injúriaEMENTÁRIO Diversos 15 ........ 174

ClassificaçãoDOUTRINA ............................. 13

CoaçãoACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

Compra de votosACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

CorrupçãoACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100EMENTÁRIO Diversos 12, 23 ............................................... 174, 176

DifamaçãoEMENTÁRIO Diversos 25 .... 176

FraudeACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

InjúriaACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80EMENTÁRIO Diversos 16, 19,24 ........................ 174, 175, 176

Inscrição irregular de eleitoresACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

Prefeito municipalDOUTRINA ............................. 13

Prefeito municipal. CompetênciaACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

CRIMES ELEITORAIS E O ABUSODO PODER ECONÔMICO NOPROCESSO ELEITORAL

Antonio C. A. Nascimento e SilvaDOUTRINA ............................. 13

CUSTAS PROCESSUAISProcesso eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95PARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49

DDEBATES

Antes da eleição. Participação dedeputadoEMENTÁRIO Consulta 12 .... 170

Propaganda eleitoralDOUTRINA ............................. 28

Propaganda eleitoral. ColigaçãoACÓRDÃOS Proc. nº 22001798 . 71

Propaganda eleitoral. InterpretaçãoEMENTÁRIO Consulta 15 ......170

DECLARAÇÃO DE BENSRegistro de candidato

EMENTÁRIO Consulta 08 .... 169DEFESA

CerceamentoEMENTÁRIO Diversos 13 .... 174

DENÚNCIANulidade

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

ProvaEMENTÁRIO Diversos 23 .... 176

RecebimentoACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

Recebimento. RatificaçãoACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

Page 200: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS206

RejeiçãoACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

DESINCOMPATIBILIZAÇÃOConsulta. Descabimento

EMENTÁRIO Consulta 11 .... 170Radialista

EMENTÁRIO Consulta 03 .... 168DESPESAS DE CAMPANHA

LimitesEMENTÁRIO Consulta 18 .... 171

DIFAMAÇÃOCrime eleitoral

EMENTÁRIO Diversos 15, 25..................................... 174, 176

DIREITO DE DEFESACerceamento

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII, nº11/94 ...................................... 55EMENTÁRIO Diversos 13 .... 174

Processo eleitoralEMENTÁRIO Diversos 01 .... 172

DIREITO DE RESPOSTAInstrução

EMENTÁRIO Diversos 33 .... 178Legitimidade

EMENTÁRIO Diversos 31, 34 .......................................... 177, 178

Pedido de prévio conhecimentoEMENTÁRIO Diversos 32 ........ 177

Propaganda eleitoralACÓRDÃOS Proc. nº 17000598 141DOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Diversos 29, 30,31, 32 .................................... 177

DIREITOS POLÍTICOSSuspensão. Sentença transitada

em julgadoACÓRDÃOS Proc. nº 15002798 . 86

DOAÇÕESCampanha eleitoral

EMENTÁRIO Consulta 10 .... 170Consulta. Descabimento

EMENTÁRIO Consulta 23 .... 171

Relação de doadores. SolicitaçãoEMENTÁRIO Diversos 36 .... 178

DUPLA FILIAÇÃOPartido político

EMENTÁRIO Diversos 26, 28 ............................................... 176, 177

EELEIÇÕES

Contas bancárias. Talão de chequesEMENTÁRIO Registro de candi-datura 10 ............................... 155

ELEIÇÕES 1996Prestação de contas

EMENTÁRIO Prestação de con-tas 01, 06, 07 ........................ 153

ELEITORESAliciamento

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95EMENTÁRIO Diversos 21 .... 175PARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49

Ausência da listagem eleitoralEMENTÁRIO Diversos 03 .... 172

Inscrição irregularACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

TransporteEMENTÁRIO Diversos 21, 22 .175PARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49

ENTREVISTAAntes da eleição. Participação de

deputadoEMENTÁRIO Consulta 12 .... 170

ESTÁGIOConcessão. TRE/RS

RESOLUÇÕES ..................... 188EX-PREFEITO

Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Diversos 17 .... 175

EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃOJuiz do Tribunal

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII, nº11/94 .................................... 55

Page 201: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS 207

FFILIAÇÃO PARTIDÁRIA

Dupla filiaçãoDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Diversos 26, 28 ............................................... 176, 177

IndeferimentoEMENTÁRIO Diversos 27 .... 176

PrazoDOUTRINA ............................. 28

Relação de filiados. Apresentaçãoà justiça eleitoralEMENTÁRIO Diversos 27 .... 176

Relação de filiados. NaturezadeclaratóriaDOUTRINA ............................. 28

FRAUDECrime eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

FRONT LITEPropaganda eleitoral

EMENTÁRIO Diversos 45 .... 180FUNCIONÁRIO PÚBLICO

VerSERVIDOR PÚBLICO

HHABEAS CORPUS

Suspensão de interrogatórioEMENTÁRIO Diversos 01, 02 ... 172

HABEAS DATAListagem eleitoral. Ausência de eleitor

EMENTÁRIO Diversos 03 .... 172HOMONÍMIA

Registro de candidatoEMENTÁRIO Registro de candi-datura 09 ............................... 155

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOSProcesso eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

IIMPEDIMENTO

Juiz do TribunalACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII,nº 11/94 ................................. 55

IMPRENSAPropaganda eleitoral

DOUTRINA ............................. 28IMPUGNAÇÃO

Mandato eletivoACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95EMENTÁRIO Impugnação demandato eletivo 01 a 05 ... 167, 168

Registro de candidatoACÓRDÃOS Proc. nº 15002798 . 86EMENTÁRIO Registro de candi-datura 05 a 07 .............. 154, 155

Registro de candidato. Sentençatransitada em julgadoEMENTÁRIO Registro de candi-datura 08 ............................... 155

INELEGIBILIDADEAbuso do poder econômico

DOUTRINA ............................. 13Sentença transitada em julgado

ACÓRDÃOS Proc. nº 15002798 . 86INÉPCIA DA DENÚNCIA

Cerceamento de defesaPARECER Proc. nº 10000798 ....41

INÉPCIA DA INICIALAusência de defesa prévia

ACÓRDÃOS Proc. Class. XVII,nº 11/94 .................................. 55

INJÚRIACrime eleitoral

EMENTÁRIO Diversos 15, 16,19, 24 ................... 174, 175, 176

Propaganda eleitoralACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80

INSERÇÕESDistribuição de tempo. Coligações

ACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66

Page 202: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS208

Propaganda partidáriaACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

Propaganda partidária. Censura préviaEMENTÁRIO Investigação judi-cial 06 ................................... 167

INTERNETPropaganda eleitoral

EMENTÁRIO Consulta 22 .... 171INVESTIGAÇÃO JUDICIAL

Abuso do poder de autoridadeACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII, nº11/94 ...................................... 55

Pedido de instauraçãoEMENTÁRIO Diversos 08, 09,10, 11 .................................... 173

Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Investigação judi-cial 01 a 07 ................... 166, 167

JJUIZ AUXILIAR

Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 09 .......................... 157

JUIZ DO TRIBUNALExceção de suspeição

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII, nº11/94 ...................................... 55

ImpedimentoACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII, nº11/94 ...................................... 55ACÓRDÃOS Proc. nº 17000598 141

JUIZ ELEITORALConflito negativo de competência

EMENTÁRIO Diversos 06, 07 ... 173Recebimento de denúncia. Compe-

tênciaACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

JUSTIÇA ELEITORALPoder de polícia

ACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 03, 40 ............ 156, 164

LL 6.091/74, ART. 5º C/C ART. 11, III

Transporte de eleitoresPARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49

L 6.091/74, ART. 11, IIITransporte de eleitores

EMENTÁRIO Diversos 21 .... 175L 8.038/90, ART. 6º

Denúncia. RecebimentoACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

L 8.038/90, ART. 7ºAção penal originária. Citação

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80

Interrogatório. Citação e intimaçãoEMENTÁRIO Diversos 19 .... 175

L 8.038/90, ART. 9ºDelegação. Juiz de origem

EMENTÁRIO Diversos 23 .... 176Instrução do feito. Juiz de origem

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

L 9.096/95, ART. 17Filiação partidária. Deferimento

EMENTÁRIO Diversos 27 .... 176L 9.096/95, ART. 19

Filiação partidáriaDOUTRINA ............................. 28

Relação de filiadosEMENTÁRIO Diversos 27 .... 176

L 9.096/95, ART. 22Dupla filiação partidária

DOUTRINA ............................. 28L 9.096/95, ART. 45

Propaganda partidáriaACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156EMENTÁRIO Registro de candi-datura 09 ............................... 157

Page 203: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS 209

Propaganda partidária. Rádio e tvEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 27 .......................... 161

Propaganda partidária. ViolaçãoACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02 .......................... 156

L 9.096/95, ART. 45, § 1º, IIPropaganda partidária. Candidato

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 30 .......................... 162

L 9.096/95, ART. 45, § 2ºPropaganda partidária. Cassação

ACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02 .......................... 156

L 9.099/95, ART. 89Suspensão condicional de processo

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100DOUTRINA ............................. 13EMENTÁRIO Diversos 22, 23 ............................................. 175, 176

L 9.100/95, ART. 37, VI e ART. 64Propaganda eleitoral

EMENTÁRIO Investigação judi-cial 01 ................................... 166

L 9.100/95, ART. 51Propaganda eleitoral. Bens públicos

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 49 .......................... 165

L 9.100/95, ART. 67, IVPesquisa eleitoral. Divulgação

EMENTÁRIO Diversos 14 .... 174L 9.100/95, ART. 67, IX

Propaganda eleitoral. Distribuiçãode panfletosEMENTÁRIO Diversos 16 .... 174

L 9.504/97Crime eleitoral. Interpretação

DOUTRINA ............................. 13

L 9.504/97, ART. 6ºColigação

EMENTÁRIO Consulta 14 .... 170L 9.504/97, ART. 6º, § 1º

ColigaçãoACÓRDÃOS Proc. nº 22001798 . 71EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 43 .......................... 164

L 9.504/97, ART. 11, § 1º, IRegistro de candidato. Ata de

convençãoEMENTÁRIO Registro de candi-datura 02 a 04 ...................... 154

L 9.504/97, ART. 11, § 1º, IV e VIIRegistro de candidato. Declaração

de bens e certidão criminalEMENTÁRIO Consulta 08 .... 169

L 9.504/97, ART. 15, §1ºCandidatos. Número

EMENTÁRIO Consulta 04 .... 168L 9.504/97, ART. 22, § 1º

Eleições. Conta bancáriaEMENTÁRIO Registro de candi-datura 10 ............................... 155

L 9.504/97, ART. 23, § 2º e 4ºCampannha eleitoral. Doações

EMENTÁRIO Consulta 10 .... 170L 9.504/97, ART. 36 A 57

Propaganda eleitoralDOUTRINA ............................. 28

L 9.504/97, ART. 36, CAPUTPropaganda eleitoral. Extempora-

neidadeEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 08 .......................... 157EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 12, 17, 18, 19 a 21, 23,30 .....................158, 159, 160, 162

L 9.504/97, ART. 36, CAPUT e § 3ºPropaganda eleitoral irregular

ACÓRDÃOS Proc. nº 16003398 . 93L 9.504/97, ART. 36, § 1º

Propaganda intrapartidáriaEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 13 .......................... 158

Page 204: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS210

L 9.504/97, ART. 36, § 3ºPropaganda eleitoral. Beneficiário

EMENTÁRIO Diversos 48 .... 180Propaganda eleitoral. Multa

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110ACÓRDÃOS Proc. nº 16003298 145ACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propagandaeleitoral e partidária 02, 05, 07,12, 18 a 21, 23, 30, 43 ................. 156, 157, 158, 159, 160, 162, 164

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 30, 43 ............ 162, 164

L 9.504/97, ART. 37, CAPUTPropaganda eleitoral. Bens públicos

ACÓRDÃOS Proc. nº 16003998 131ACÓRDÃOS Proc. nº 16004898 136EMENTÁRIO Consulta 14 .... 170EMENTÁRIO Propagandaeleitoral e partidária 23, 26, 35, 43,46 ........... 160, 161, 163, 164, 165

L 9.504/97, ART. 37, § 1ºPropaganda eleitoral. Multa

ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 .............................................. 124EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 28, 34, 48 161, 162, 165

L 9.504/97, ART. 37, § 1º C/C CE,ART. 241

Propaganda eleitoral. SolidariedadeEMENTÁRIO Diversos 48 .... 180

L 9.504/97, ART. 38Propaganda eleitoral. Impressos

EMENTÁRIO Consulta 04 .... 168L 9.504/97, ART. 45, § 2º

Propaganda eleitoral. MultaACÓRDÃOS Proc. nº 16004498 107EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 31 .......................... 162

L 9.504/97, ART. 45, IVPropaganda eleitoral. Tratamento

privilegiadoEMENTÁRIO Consulta 12 .... 170

L 9.504/97, ART. 46Propaganda eleitoral. Debates

ACÓRDÃOS Proc. nº 22001798 . 71EMENTÁRIO Consulta 15 .... 170

Propaganda eleitoral. Direito derespostaDOUTRINA ............................. 28

L 9.504/97, ART. 47, § 1º, I a VPropaganda eleitoral. Distribuição

ACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66L 9.504/97, ART. 47, § 3º

Propaganda eleitoral. Representa-ção na câmara dos deputadosACÓRDÃOS Proc. nº 22001798 . 71

L 9.504/97, ART. 51, IInserções. Distribuição de tempo

ACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66L 9.504/97, ART. 58

Direito de respostaACÓRDÃOS Proc. nº 17000598 141EMENTÁRIO Diversos 30 .... 177

L 9.504/97, ART. 58, § 3º, aDireito de resposta. Instrução

EMENTÁRIO Diversos 33 .... 178L 9.504/97, ART. 73, V

Conduta de agentes públicosEMENTÁRIO Consulta 13 .... 170

L 9.504/97, ART. 73, VI, bPropaganda eleitoral. Agentes públicos

EMENTÁRIO Diversos 37, 52 ............................................... 178, 181

EMENTÁRIO Investigação judi-cial 02, 03 ............................. 166

Propaganda institucional. AgentespúblicosEMENTÁRIO Diversos 35, 46 ............................................... 178, 180

L 9.504/97, ART. 73, VIIICircunscrição eleitoral. Interpretação

EMENTÁRIO Consulta 09 .... 169Revisão salarial. Servidor público

ACÓRDÃOS Proc. nº 22000798 . 78EMENTÁRIO Consulta 05, 06 ... 169

L 9.504/97, ART. 90, § 2ºPropaganda eleitoral. Reincidência

ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 28 .......................... 161

L 9.504/97, ART. 94Feitos eleitorais. Prioridade

DOUTRINA ............................. 28

Page 205: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS 211

L 9.504/97, ART. 96, II e § 5ºRecurso. Prazo para defesa

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 16 .......................... 159

L 9.504/97, ART. 96, § 3ºInconstitucionalidade

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 09 .......................... 157

Reclamação ou representação.Juiz auxiliarEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 09 .......................... 157

L 9.504/97, ART. 96, § 5ºRecurso. Prazo

ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 28 .......................... 161

L 9.504/97, ART. 96, § 6ºInconstitucionalidade

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 22 .......................... 160

Reclamação ou representação.NotificaçãoEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 22 .......................... 160

L 9.504/97, ART. 96, § 8ºRecurso. Prazo

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

L 9.504/97, ART. 103Altera o art. 19, da L 9.096/95

DOUTRINA ............................. 28LC 64/90, ART. 1º, I, e

Inelegibilidade. Sentença transita-da em julgadoACÓRDÃOS Proc. nº 15002798 . 86

LC 64/90, ART. 1º, I, g C/C L 9.504/97, ART. 11, § 5º

Registro de candidato. Conta rejeitadaEMENTÁRIO Registro de candi-datura 06, 07 ........................ 155

LC 64/90, ART. 19 e 22Investigação judicial

EMENTÁRIO Diversos 09 .... 173

LC 64/90, ART. 22Investigação judicial. Legitimidade

EMENTÁRIO Investigação judi-cial 07 ................................... 167

Representação. LegitimidadeACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02 .......................... 156

LC 64/90, ART. 22, VTestemunha. Intimação

ACÓRDÃOS Proc. cl. XVII, nº11/94 ...................................... 55

LEGISLAÇÃO ELEITORALAplicação

EMENTÁRIO Consulta 02 .... 168LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ

ColigaçãoEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 33 .......................... 162

LITISPENDÊNCIAOcorrência

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

MMANDADO DE BUSCA E APREENSÃO

NulidadeACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 04, 39, 40 156, 163, 164

Propaganda eleitoral. PanfletosACÓRDÃOS Proc. nº 16005498 117

MANDATO ELETIVOAção de impugnação

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95EMENTÁRIO Impugnação de man-dato eletivo 01 a 05 .......... 167, 168

MINISTÉRIO PÚBLICOCustos legis. Legitimidade recursal

ACÓRDÃOS Proc. nº 16004498 107

Page 206: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS212

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 31 .......................... 162

MOYSÉS VIANNAMedalha

RESOLUÇÕES ..................... 187

NNULIDADE DE DECISÃO

Por inconstitucionalidadeEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 09 .......................... 157

NULIDADE DE DENÚNCIAAplicação de norma jurídica revogada

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

Ilegitimidade passivaACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175

RejeiçãoEMENTÁRIO Diversos 13 ...... 74

NULIDADE DE MANDADOBusca e apreensão de material

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

NULIDADE DE SENTENÇASentença condicional

EMENTÁRIO Diversos 33 .... 178NULIDADE PROCESSUAL

Ausência de intimaçãoPARECER Proc. nº 10000798 ....41

Cerceamento de defesaACÓRDÃOS Proc. Class. XVII,nº 11/94 .................................. 55PARECER Proc. nº 10000798 ....41

PedidoEMENTÁRIO Diversos 22 .... 175

OOUTDOORS

Bens públicosEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 41 .......................... 164

Propaganda eleitoralDOUTRINA ............................. 28

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 03 .......................... 156

PPANFLETOS

Apreensão. Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 39 .......................... 163

Busca e apreensão. PropagandaeleitoralACÓRDÃOS Proc. nº 16005498 117

PARTIDO POLÍTICOAnotação. Justiça eleitoral

DOUTRINA ............................. 28Convenção regional. Suspensão

EMENTÁRIO Diversos 04, 05 ... 172Dupla filiação

EMENTÁRIO Diversos 26, 28 .......................................... 176, 177

Filiação partidáriaDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Diversos 27 .... 176

Prestação de contasEMENTÁRIO Prestação de con-tas 02 a 05 ............................ 153

Prestação de contas. Fundo partidárioEMENTÁRIO Diversos 38 .... 179

Propaganda eleitoral. Responsabi-lidadeEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 47 .......................... 165

RejeiçãoEMENTÁRIO Prestação de con-tas 05 .................................... 153

Relação de filiados. Apresentaçãoà justiça eleitoralEMENTÁRIO Diversos 27 .... 176

Responsabilidade solidáriaACÓRDÃOS Proc. nº 16003298 145ACÓRDÃOS Proc. nº 16003998 131ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124ACÓRDÃOS Proc. nº 16004898 136EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 19 a 21, 23, 28, 29, 32,34 a 36, 42, 46 ................................ 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165

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Revista do TRE/RS 213

PENAAtenuante

ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 28 .......................... 161

PESQUISA ELEITORALDivulgação

EMENTÁRIO Diversos 14 .... 174PODER DE POLÍCIA

Justiça eleitoralACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02, 40 ............ 156, 164

PREFEITO MUNICIPALProcesso eleitoral. Competência

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100EMENTÁRIO Diversos 20, 23 ............................................... 175, 176

PRESTAÇÃO DE CONTASEleições 1996

EMENTÁRIO Prestação de con-tas 01, 06, 07 ........................ 153

Fundo partidárioEMENTÁRIO Diversos 38 .... 179

Partido políticoEMENTÁRIO Prestação de con-tas 02, 03, 04, 05 .................. 153

Relação de doadores. SolicitaçãoEMENTÁRIO Diversos 36 .... 178

TempestividadeEMENTÁRIO Prestação de con-tas 01 .................................... 153

PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃOInocorrência

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADEInocorrência

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

PROCESSONulidade

EMENTÁRIO Diversos 22 .... 175PARECER Proc. nº 10000798 ....41

Suspensão condicionalACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100DOUTRINA ............................. 13EMENTÁRIO Diversos 18, 19,22, 23 ............................ 175, 176PARECER Proc. nº 10000798 ....41

PROCESSO ELEITORALCustas processuais

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95

Direito de defesaEMENTÁRIO Diversos 01 .... 172

Prazo de contestaçãoEMENTÁRIO Diversos 01, 02 ... 172

Prefeito municipalDOUTRINA ............................. 13

Rito processualDOUTRINA ............................. 13

SucumbênciaACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95EMENTÁRIO Impugnação demandato eletivo 02 ............... 167

PROPAGANDA ELEITORALAbuso do poder político

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 01 .......................... 156

Alto-falantesDOUTRINA ............................. 28

Anterior à convençãoACÓRDÃOS Proc. nº 16003298 145

Bens privadosDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Propagandaeleitoral e partidária 49 ........ 165

Bens públicosACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124DOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Consulta 01 .... 168

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Revista do TRE/RS214

EMENTÁRIO Propagandaeleitoral e partidária 23, 26, 28, 34,35, 38, 42, 43, 45 a 49 ........................ 160, 161, 162, 163, 164, 165

Bens públicos. MultaACÓRDÃOS Proc. nº 16003998 131ACÓRDÃOS Proc. nº 16004898 136

Boca de urnaDOUTRINA ............................. 28

Busca e apreensão de materialACÓRDÃOS Proc. nº 16005498 117EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 04, 39, 40 156, 163, 164

CarreataDOUTRINA ............................. 28

CartazesEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 23 .......................... 160

Cartazes em logradouros públicosEMENTÁRIO Diversos 17 .... 175

Censura préviaDOUTRINA ............................. 28

Coisa julgadaEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 06 .......................... 157

ColigaçõesACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66

Consulta. Caso concretoEMENTÁRIO Consulta 19 .... 171

Consulta. DescabimentoEMENTÁRIO Consulta 20, 21,22, 24, 25 ...................... 171, 172

DebatesACÓRDÃOS Proc. nº 22001798 . 71DOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Consulta 15 .... 170

Dia da eleiçãoDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Diversos 22 .... 175

Direito de respostaACÓRDÃOS Proc. nº 17000598 141DOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Diversos 29, 30,31, 32, 33, 34 ................ 177, 178

Distribuição de panfletosEMENTÁRIO Diversos 16 .... 174

Distribuição de tempoACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66

Distribuição de uniformes escolaresACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII, nº11/94 ...................................... 55

ExtemporaneidadeACÓRDÃOS Proc. nº 16003298 145ACÓRDÃOS Proc. nº 16003398 . 93EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 06 .......................... 157EMENTÁRIO Propaganda eleitoral epartidária 06 a 08, 11, 12, 17 a 21, 23,30, 37, 44, 49 .................................157, 158, 159, 160, 162, 163, 164, 165

Front liteEMENTÁRIO Diversos 45 .... 180

ImprensaDOUTRINA ............................. 28

ImpressosDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Consulta 04 .... 168

InfraçãoEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 09, 10, 14, 15 . 157, 158

InjúriaACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80

InserçõesACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propagandaeleitoral e partidária 02, 05 .. 156

InternetEMENTÁRIO Consulta 22 .... 171

Investigação judicialEMENTÁRIO Investigação judi-cial 01 a 07 ................... 166, 167

Manifestação em rádio e televisãoEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 27 .......................... 161

MultaACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110ACÓRDÃOS Proc. nº 16003398 . 93ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124

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Revista do TRE/RS 215

ACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02, 05, 07, 08, 11, 12,16, 18 a 21, 23, 25 a 30, 32 a 34, 36a 38, 41 a 45, 48, 49..........156, 157,158, 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165

Multa. AplicaçãoACÓRDÃOS Proc. nº 16004498 107EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 31 .......................... 162

OutdoorsDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 41 .......................... 164

Partido político. ResponsabilidadeACÓRDÃOS Proc. nº 16003398 . 93

Poder de políciaACÓRDÃOS Proc. nºs 16000798e 16000898 ............................. 59EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 02 .......................... 156

Postes de energia elétricaEMENTÁRIO Consulta 24 .... 172

Propaganda intrapartidáriaEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 13 .......................... 158

Rádio e televisãoDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Consulta 07, 16 .......................................... 169, 171

ReincidênciaACÓRDÃOS Proc. nº 16003998 131ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 28 .......................... 161

ResponsabilidadeEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 46, 47 .................... 165

Responsabilidade solidáriaACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 19 a 21, 23, 28, 29, 32,34 a 37, 42, 43 ........................................ 159, 160, 161, 162, 163, 164

Responsabilidade solidária.BeneficiárioEMENTÁRIO Diversos 48 .... 180

Sinalização de trânsitoEMENTÁRIO Consulta 01 .... 168EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 46 .......................... 165

Sustação. PedidoEMENTÁRIO Diversos 08, 09 ... 173

Transporte coletivoEMENTÁRIO Consulta 14 .... 170

PROPAGANDA ELEITORAL EPARTIDÁRIA

OutdoorsEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 03 .......................... 156

PROPAGANDA INSTITUCIONALAgentes públicos

EMENTÁRIO Diversos 35, 37,46, 52 ................... 178, 180, 181

Campanha publicitária. AutorizaçãoEMENTÁRIO Diversos 39 a 44,47, 49 a 51 .................... 179, 180

Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Investigação judi-cial 02 a 05, 07 ............. 166, 167

Sustação. PedidoEMENTÁRIO Diversos 11 .... 173

PROPAGANDA PARTIDÁRIAExtemporaneidade

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 14 .......................... 158

InfraçãoEMENTÁRIO Propagandaeleitoral e partidária 09, 10,15, 27 ................. 157, 158, 161

InserçõesACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Investigação judi-cial 06 ................................... 167

RRADIALISTA

DesincompatibilizaçãoEMENTÁRIO Consulta 03 .... 168

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Revista do TRE/RS216

RÁDIOPropaganda eleitoral

DOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Consulta 07 .... 169

Propaganda eleitoral. Responsabi-lidadeEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 37 .......................... 163

RECLAMAÇÃOPropaganda eleitoral

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 09 .......................... 157

Propaganda eleitoral. NotificaçãoEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 22 .......................... 160

RECURSOContagem de votos

RESOLUÇÕES ..................... 192Falta de objeto

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 10 .......................... 157

Ilegitimidade ativaACÓRDÃOS Proc. nº 17000598 141

Perda de objetoEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 15 .......................... 158

PrazoACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

Prazo. DefesaEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 16 .......................... 159

REGISTRO DE CANDIDATOAção de impugnação

ACÓRDÃOS Proc. nº 15002798 . 86EMENTÁRIO Registro de candi-datura 05, 06, 07 .......... 154, 155

Ação de impugnação. Sentençatransitada em julgadoEMENTÁRIO Registro de candi-datura 08 ............................... 155

Candidato avulsoEMENTÁRIO Registro de candi-datura 02 a 04 ...................... 154

Certidão criminalEMENTÁRIO Consulta 08 .... 169

HomonímiaEMENTÁRIO Registro de candi-datura 09 ............................... 155

PedidoEMENTÁRIO Registro de candi-datura 01 ............................... 154

REPRESENTAÇÃOPropaganda eleitoral

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 09 .......................... 157

Propaganda eleitoral. NotificaçãoEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 22 .......................... 160

RES. TRE/RS 104/98Medalha Moysés Vianna

RESOLUÇÕES ..................... 187RES. TRE/RS 105/98

EstágioRESOLUÇÕES ..................... 188

RES. TRE/RS 106/98Apuração e totalização de votos

RESOLUÇÕES ..................... 191RES. TRE/RS 107/98

Recurso. Contagem de votosRESOLUÇÕES ..................... 192

RES. TSE 19.443/96Partido político. Anotação na justiça

eleitoralDOUTRINA ............................. 28

RES. TSE 19.768/96, ART. 6º, IBalanço financeiro

EMENTÁRIO Prestação de con-tas 05 .................................... 153

RES. TSE 19.768/96, ART. 6º, XIContas bancárias

EMENTÁRIO Prestação de con-tas 07 .................................... 153

RES. TSE 20.034/97, ART. 1ºPropaganda partidária gratuita

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 09 .......................... 157

RES. TSE 20.100/98, ART. 11TRE. Competência

ACÓRDÃOS Proc. nº 04000198 . 84

Page 211: v. 3, n.6, maio/ago. 1998

Revista do TRE/RS 217

RES. TSE 20.100/98, ART. 37Candidatos. Número

EMENTÁRIO Consulta 04 .... 168RES. TSE 20.100/98, ART. 39

Candidatos. NúmeroEMENTÁRIO Consulta 04 .... 168

RES. TSE 20.102/98, ART. 5º, § 2º e4º; ART. 6º, § 4º e 5º

Campanha eleitoral. DoaçõesEMENTÁRIO Consulta 10 .... 170

RES. TSE 20.106/98, ART. 2º e 4ºPropaganda eleitoral

EMENTÁRIO Consulta 04 .... 168RES. TSE 20.106/98, ART. 18

Propaganda eleitoral gratuitaACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66

RES. TSE 20.106/98, ART. 19, IColigação. Distribuição de tempo

ACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66Propaganda eleitoral. Representa-

ção na câmara dos deputadosACÓRDÃOS Proc. nº 22001798 . 71

RES. TSE 20.106/98, ART. 31, VI, bPropaganda institucional. Agentes

públicosEMENTÁRIO Diversos 37, 52..................................... 178, 181

RES. TSE 20.106/98, ART. 31, VIIIRevisão salarial. Servidor público

ACÓRDÃOS Proc. nº 22000798 .. 78EMENTÁRIO Consulta 05, 06 ... 169

RES. TSE 20.106/98, ART. 64, § 9ºRecurso. Prazo

ACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

RES. TSE 20.292/98Apuração e totalização de votos

RESOLUÇÕES ..................... 185RES. TSE 9.641/74, ART. 8º, § ÚNICO

Aliciamento de eleitoresPARECER Proc. Cl. XIII, nº47/96 ..................................... 49

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIAPropaganda eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. nº 16003298 145

ACÓRDÃOS Proc. nº 16003998 131ACÓRDÃOS Proc. nº 16004198 124ACÓRDÃOS Proc. nº 16004898 136EMENTÁRIO Diversos 48 .... 180EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 19 a 21, 23, 26, 28, 29,32, 34 a 36, 42, 43, 46, 47 ............... 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165

Propaganda eleitoral. RádioEMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 37 .......................... 163

REVISÃO GERALSalários. Servidor público

EMENTÁRIO Consulta 09 .... 169

SSALÁRIO

Revisão. Ano eleitoralACÓRDÃOS Proc. nº 22000798 . 78EMENTÁRIO Consulta 05, 06,09 .......................................... 169

SENTENÇANulidade

EMENTÁRIO Diversos 33 .... 178SERVIDOR PÚBLICO

Cedência para campanha eleitoralACÓRDÃOS Proc. nº 22000798 . 78EMENTÁRIO Consulta 05, 06 ... 169

Revisão salarial. Ano eleitoralACÓRDÃOS Proc. nº 22000798 . 78EMENTÁRIO Consulta 05, 06,09 .......................................... 169

Situação funcional. Ano eleitoralEMENTÁRIO Consulta 13 .... 170

SILVA, ANTONIO C. A. DO NASCI-MENTO

Crimes eleitorais e o abuso do podereconômico no processo eleitoralDOUTRINA ............................. 13

SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITOPropaganda eleitoral

EMENTÁRIO Consulta 01 .... 168SUBSIDIARIEDADE

InocorrênciaACÓRDÃOS Proc. nº 16001398 110

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Revista do TRE/RS218

EMENTÁRIO Propaganda eleitorale partidária 05 .......................... 156

SUCUMBÊNCIAProcesso eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. Cl. IX, nº32/97 ...................................... 95EMENTÁRIO Impugnação demandato eletivo 02 ............... 167

SÚMULA TSE Nº 14Dupla filiação partidária

EMENTÁRIO Diversos 26 .... 176SUSPENSÃO CONDICIONAL DE

PROCESSOAbuso de poder econômico

DOUTRINA ............................. 13Homologação

EMENTÁRIO Diversos 19, 22,23 ................................. 175, 176

ProposiçãoACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº04/97 ...................................... 80ACÓRDÃOS Proc. Cl. XII, nº03/97 .................................... 105ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100EMENTÁRIO Diversos 18 .... 175PARECER Proc. nº 10000798 ....41

TTELEVISÃO

Propaganda eleitoralDOUTRINA ............................. 28EMENTÁRIO Consulta 07 .... 169

TEMPODistribuição. Propaganda eleitoral

ACÓRDÃOS Proc. nº 22001898 . 66TESTEMUNHA

AusênciaPARECER Proc. nº 10000798 ....41

IntimaçãoACÓRDÃOS Proc. Cl. XVII, nº

11/94 ...................................... 55Número

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100

TRANSFERÊNCIA FINANACEIRAConsulta. Descabimento

EMENTÁRIO Consulta 17 .... 171TRANSPORTE COLETIVO

Propaganda eleitoralEMENTÁRIO Consulta 14 .... 170

TRANSPORTE DE ELEITORESCrime eleitoral

EMENTÁRIO Diversos 21, 22 ... 175PARECER Proc. Cl. XIII, nº 47/96 49

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORALCompetência

ACÓRDÃOS Proc. Cl. XIII, nº17/97 .................................... 100EMENTÁRIO Diversos 23 .... 176

Competência origináriaACÓRDÃOS Proc. nº 04000198 . 84EMENTÁRIO Diversos 20 .... 175

Suspensão de convenção regional.CompetênciaEMENTÁRIO Diversos 04, 05 ... 172

UURNA ELETRÔNICA

DemonstraçãoEMENTÁRIO Consulta 04 .... 168

Uso em seções com voto por cédulaRESOLUÇÕES ............ 185, 191

VVOTO CANTADO

Sistema eletrônico de apuraçãoRESOLUÇÕES ............ 185, 191

VOTOSContagem. Recurso

RESOLUÇÕES ..................... 192

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Revista do TRE/RS 219