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COLEGIADO DA ÁREA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE APOIO À DECISÃO
PARA ANÁLISE DE CAPACIDADE DE ESTOCAGEM: UM
ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA QUÍMICA
Letícia Silva de Moura
Rio de Janeiro
2013
ii
LETÍCIA SILVA DE MOURA
Aluna do curso de Engenharia de Produção
Matrícula 0823800003
UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE APOIO À DECISÃO
PARA ANÁLISE DE CAPACIDADE DE ESTOCAGEM: UM
ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA QUÍMICA
Trabalho de Conclusão de Curso, TCC,
apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia de Produção, da UEZO como parte
dos requisitos para a obtenção de grau de
Engenharia de Produção, sob a orientação da
Profª Luciangela Mattos Galletti da Costa.
Rio de Janeiro
2013
iii
Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Julho de 2013
iv
AGRADECIMENTOS
Este trabalho é o resultado de muito esforço e dedicação e da cooperação e apoio de
muitas pessoas. Nesta oportunidade faço questão de agradecer:
Primeiramente a Deus, por permitir e inspirar o desenvolvimento deste trabalho e sempre
abençoar e iluminar meu caminho durante todos os momentos da minha vida;
Aos meus pais Dione e Aldir, por todo amor e dedicação incondicional para me garantir
uma boa educação e me tornar uma pessoa do bem;
Aos meus tios Ivete e Ediwaldo pelo incentivo e apoio em todos os momentos decisivos
da minha vida e por sempre comemorarem minhas vitórias;
Ao amigo Thiago Beltrão pela amizade, incentivo e contribuições para realização deste
trabalho;
Aos amigos da UEZO que me acompanharam durante a faculdade e que compartilharam
momentos de alegrias e dificuldades no decorrer do curso;
Aos demais amigos e familiares que acompanham a minha trajetória com ações e
palavras de incentivo;
A minha professora orientadora Luciangela Galletti, pelos incentivos, ensinamentos,
sugestões, contribuições e pela atenção sempre disponibilizada que foram indispensáveis
para a conclusão deste trabalho.
v
RESUMO
O presente trabalho possui como foco apresentar a efetividade do uso de um
Sistema de Apoio à Decisão (SAD) para análises referentes à capacidade de estocagem
dos insumos e produtos da empresa estudada, uma vez que a capacidade atual dos
depósitos da empresa poderá ser insuficiente no ano atual. Com a aplicação do sistema
SAD pode-se iniciar o desenvolvimento de um plano de ação, considerando o
crescimento da demanda de defensivos agrícolas. A partir daí, foi utilizada a metodologia
descritiva através de um estudo de caso para explicar o funcionamento desta ferramenta
que possibilita a redução de incertezas e o improviso nas tomadas de decisão,
desenvolvida em planilhas eletrônicas do software Microsoft Excel, e mostrar os
resultados obtidos apresentados através de tabelas e gráficos. Assim, como resultado,
houve a possibilidade de verificar a previsão da quantidade de materiais que serão
estocados nos depósitos da empresa durante todo o ano de 2013 e levando em
consideração a capacidade total de estocagem dos mesmos, foi possível verificar se tais
depósitos serão suficientes para suprir a demanda.
Palavras-chave: Sistema de Apoio à Decisão, capacidade de estocagem e tomada de
decisão.
vi
ABSTRACT
This study has focused on showing the effectiveness of the use of a Decision
Support System (DSS) for analyzes relating to storage capacity of raw materials and
products of the company studied, in order to avoid the probable insufficiency in the
capacity of the company's warehouses in current year. With DSS application we can start
developing an action plan, considering the agrochemicals demand increasing. From there,
we used descriptive methodology through a case study in order to explain the tool’s
operation promoting the uncertainty reduction and improvisation in taking decision, which
are noticed in software Microsoft Excel, DSS tool also presents the results on charts and
graphs. Finally, as a result, it was possible verify the forecast about the materials quantity
that will be stocked in the company's warehouses during 2013 year and taking into
account the total storage capacity in warehouses, besides that it was possible concluded
that these areas will be enough to meet the estimated demand.
Keywords: Decision Support System, storage capacity and taking decision.
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Armazenagem por empilhamento ...................................................................... 13
Figura 2 - Estrutura porta-palete ........................................................................................ 14
Figura 3 - Sistema cantilever ............................................................................................. 14
Figura 4 - Flow rack ........................................................................................................... 15
Figura 5 - Estrutura drive-in ............................................................................................... 16
Figura 6 - Estrutura drive-through ...................................................................................... 16
Figura 7 - Estrutura push back ........................................................................................... 17
Figura 8 - Características e capacidades do SAD .............................................................. 26
Figura 9 - Componentes de um SAD ................................................................................. 27
Figura 10 - Estrutura porta paletes do depósito X ............................................................... 33
Figura 11 - Estrutura de armazenagem em empilhamento do depósito Y ........................... 33
Figura 12 - Estrutura do SAD da ALFA Indústria Química ................................................... 37
Figura 13 - Estrutura dos arquivos do SAD da ALFA Indústria Química .............................. 38
Figura 14 - Abas do arquivo “1. Product database_2013_rev1”........................................... 39
Figura 15 - Banco de dados do SAD da ALFA Indústria Química ........................................ 41
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Evolução da logística .......................................................................................... 9
Tabela 2 - Média das posições ocupadas no depósito X em 2012..................................... 34
Tabela 3 - Média das posições ocupadas no depósito Y em 2012..................................... 35
Tabela 4 - Volume de produção em 2012 .......................................................................... 35
Tabela 5 - Volume de Vendas em 2012 ............................................................................. 36
Tabela 6 - Previsão de estocagem de produto acabado em KGL do Produto X ................. 43
Tabela 7 - Previsão de estocagem de produto acabado em paletes do Produto X ........... 44
Tabela 8 - Previsão de estocagem de matéria-prima em paletes do Produto X ................. 45
Tabela 9 - Previsão de estocagem de embalagem em paletes do Produto X .................... 47
Tabela 10 - Relatório de resultados da previsão de armazenagem dos Depósitos
X e Y ................................................................................................................ 48
ix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - PIB do Agronegócio Nacional ............................................................................ 30
Gráfico 2 - Evolução das vendas de defensivos agrícolas no Brasil .................................... 31
Gráfico 3 - Gráfico de capacidade de estocagem no depósito X ......................................... 49
Gráfico 4 - Gráfico de capacidade de estocagem no depósito Y ......................................... 49
x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CEPEA Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
FAEMG Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais
FEFO First-Expire, First Out
FG Finish Good
FIFO Fisrt-In First-Out
KGL Unidades de medida para quilograma e litro;
LIFO Last In, First Out
PIB Produto Interno Bruto
PM Package Material
RM Raw Material
SAD Sistema de Apoio à Decisão
SEAPA Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio
SINDAG Sindicato Nacional da Industria de Produtos para Defesa Agrícola
SKU Stock Keeping Unit
xi
SUMÁRIO
1. Introdução .................................................................................................................. 1
1.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 2
1.1.1. Objetivos Específicos ............................................................................... 2
1.2. Justificativa .......................................................................................................... 2
1.3. Formulação do Problema e Hipóteses ................................................................. 3
1.4. Metodologia ......................................................................................................... 4
2. Referencial Teórico .................................................................................................... 5
2.1. Logística Empresarial .......................................................................................... 5
2.1.1. Conceito de Logística ............................................................................... 5
2.1.2. Evolução da Logística .............................................................................. 7
2.1.3. Escopo da Logística ................................................................................. 9
2.2. Armazenagem ................................................................................................... 11
2.3. Principais tipos de estruturas de armazenagem................................................ 13
2.3.1. Empilhamento ........................................................................................ 13
2.3.2. Porta-palete convencional ...................................................................... 13
2.3.3. Cantilever ............................................................................................... 14
2.3.4. Flow Rack .............................................................................................. 15
2.3.5. Estrutura drive-in e drive through ........................................................... 15
2.3.6. Armazenagem Push Back ...................................................................... 16
2.4. Conceitos Básicos sobre decisão ..................................................................... 17
2.4.1. Etapas do processo decisório ................................................................ 18
2.4.2. Fatores que influenciam o processo decisório ........................................ 19
2.4.3. O processo decisório nas empresas ...................................................... 20
2.5. Sistemas de Apoio à Decisão ............................................................................ 21
2.5.1. Surgimento do SAD ............................................................................... 21
2.5.2. Definição do SAD ................................................................................... 22
2.5.3. Características do SAD .......................................................................... 24
2.5.4. Componentes do SAD............................................................................ 27
3. Estudo de Caso ........................................................................................................ 29
3.1. Apresentação do Tema...................................................................................... 29
3.2. Definição do problema e estabelecimento de objetivos...................................... 30
3.3. Descrição da estrutura dos depósitos ................................................................ 32
xii
3.4. SAD utilizado no Estudo de Caso ...................................................................... 36
3.5. Coleta de Dados ................................................................................................ 36
3.6. Realização do Estudo de Caso .......................................................................... 38
3.6.1. Previsão de estocagem de produtos acabados ...................................... 42
3.6.2. Previsão de estocagem de Matéria-Prima e Embalagem ....................... 44
3.6.3. Relatório de resultados da Previsão de Estocagem ............................... 47
4. Resultados e Discussões ......................................................................................... 48
4.1. Pontos Fracos da ferramenta............................................................................. 50
4.2. Sugestão de Melhoria ........................................................................................ 50
5. Considerações Finais ............................................................................................... 51
6. Referências Bibliográficas ........................................................................................ 52
1
1. INTRODUÇÃO
O processo de desenvolvimento e transformação das empresas está cada vez
mais acelerado no cenário mundial, fazendo com que busquem aprimoramentos a fim de
atingir melhores níveis de desempenho e consequentemente a permanência no mercado.
Entretanto, os gerentes defrontam-se frequentemente com situações não rotineiras em
que a decisão para solução desses problemas precisa ser bem embasada.
Diante dessas situações não rotineiras enfrentadas pelas empresas é preciso
considerar que, geralmente, qualquer tipo de tomada de decisão envolve um processo
complexo, pois depende da consideração de inúmeras variáveis que influenciam os
resultados, sejam as mesmas internas, ou externas, ao ambiente de decisão. É possível
ainda afirmar que, quanto mais complexo for o ambiente que envolve o processo
decisório, mais difícil este último se torna, uma vez que aumenta o número de variáveis a
serem analisadas, assim como as relações entre elas tomam formatos que nem sempre
permitem algum tipo de previsão.
No ambiente dos agronegócios o panorama observado não é diferente, uma vez
que o Brasil apresenta índices de desenvolvimento agrícola acima da média mundial de
acordo com de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico. Com isso, as empresas desse ramo lucram com a demanda de produção
cada vez maior.
Entretanto, somente ganhos de produtividade nas lavouras não garantem
competitividade no mercado, pelo contrário, estes necessitam ser acompanhados por
melhorias em infraestrutura e logística que deem suporte à comercialização de safras
cada vez maiores. Neste contexto, é preciso analisar a capacidade de estocagem nos
depósitos dessas empresas para saber se irão suportar essa crescente demanda do
mercado.
Neste contexto, as empresas estão fazendo uso de Sistemas de Apoio à
Decisão são utilizados para reunir um maior número de informações e auxiliar a tomada
de decisões, economizando tempo, fazendo assim, que as opções escolhidas sejam mais
confiáveis.
2
A partir do cenário exposto, o presente trabalho de conclusão de curso realiza
uma explicação conceitual com embasamento em diversos autores referente à Logística
Industrial, armazenagem com foco em estocagem de materiais e Sistemas de Apoio à
Decisão. Em seguida é apresentado um estudo de caso, onde foi descrito o
funcionamento do Sistema de Apoio à Decisão utilizado na empresa estudada.
1.1. OBJETIVO GERAL
Tem-se por objetivo apresentar e descrever de forma clara e objetiva o Sistema
de Apoio à Decisão utilizado em uma indústria química com ênfase em fabricação de
defensivos agrícolas para analisar a capacidade de estocagem de seus depósitos de
matéria-prima, embalagem e produto acabado e assim possibilitar melhor embasamento
para criação de um plano de ação no caso dessa capacidade ser ultrapassada.
1.1.1. Objetivos Específicos
Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a Logística Empresarial com ênfase em
armazenagem e estocagem, bem como conceitos sobre o processo decisório e os
Sistemas de Apoio à Decisão;
Descrever a ferramenta de apoio à decisão utilizada na empresa estudada e seu
funcionamento;
Apontar os pontos fracos da ferramenta;
Sugerir propostas para melhoria no processo decisório dos sistemas de gestão
logístico.
1.2. JUSTIFICATIVA
As empresas do ramo do agronegócio estão em constante crescimento por fazer
parte de uma área de negocio de grande representatividade econômica. Tal fato ocasiona
aumento da demanda de produtos, gerando preocupação com relação ao espaço
disponível para estocagem.
Neste contexto, uma ferramenta onde se possa analisar a capacidade de
estocagem a pequeno, médio e longo prazo auxilia na tomada de decisões. Tal modelo
se faz jus na agilidade e fidelidade das respostas alcançadas. Outro aspecto relevante é
3
o baixo valor de investimento para que se tenha uma ferramenta da tal confiabilidade
para auxiliar à tomada de decisões estratégicas e o fácil manuseio por parte dos gestores
que farão uso da ferramenta.
A motivação pela escolha deste tema provém do atual cenário competitivo em
que uma empresa comprometida com o desenvolvimento de excelência dos seus
processos de gestão precisa saber explorar e analisar de forma dinâmica os dados
transformando-os em informações que possam ser utilizadas estrategicamente no
momento de tomada de decisão.
1.3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA E HIPÓTESES
Para as empresas, tanto publicas quanto privadas, o sistema logístico exerce
uma grande influência no equilíbrio/custo da empresa, devido à sua eficiência na
disponibilidade dos materiais aos usuários, tornando assim uma importância econômica
às empresas. O sistema logístico é fundamental quando o assunto é estoque. Ele é
usado para manter as operações separadas e com isso permitir um planejamento e
controle quase independente de cada operação.
Dessa forma, considerando uma indústria com grande demanda de produção,
seus depósitos precisam suportar esta demanda para que o fluxo logístico funcione
corretamente e cumpra a missão da logística que, de acordo com Coyle (1992) é “garantir
a disponibilidade do produto certo, na quantidade certa, nas condições certas, no local
certo, no tempo certo, para o cliente certo, e a um custo certo”. Porém surge o seguinte
questionamento: “Será que a capacidade de estocagem atual da empresa suportará a
demanda de produção?” Para responder esse tipo de dúvida e antever possíveis
mudanças são necessárias ferramentas que auxiliem os gestores nas tomadas de
decisão.
Portanto, tem-se como hipótese a seguinte questão que será respondida ao
longo do presente trabalho: os Sistemas de Apoio à Decisão, de fato, são eficazes e
adequados no auxilio à tomada de decisões relacionadas à capacidade de estocagem
nos depósitos de uma indústria?
4
1.4. METODOLOGIA
O estudo realizado no presente Trabalho de Conclusão de Curso caracteriza-se
como uma pesquisa descritiva, pois “tem o objetivo de descrever um determinado
fenômeno” (GIL, 2004, p. 54), descrevendo a ferramenta de apoio à decisão utilizada na
empresa.
Sendo uma pesquisa descritiva, a metodologia utilizada foi à pesquisa
qualitativa. Geralmente, a pesquisa qualitativa, segundo KATES (1998), tem a vantagem
de provocar sugestões para futuros estudos que foram geradas ao longo do andamento
da pesquisa. De acordo com Gephart (2004), a pesquisa qualitativa fornece uma
narrativa da visão da realidade dos indivíduos, sendo altamente descritiva. GEPHART
(2004), diz que a pesquisa qualitativa dá uma ênfase aos detalhes situacionais,
permitindo uma boa descrição dos processos.
O objetivo principal com a utilização dessa metodologia é descrever o Sistema
de apoio à Decisão utilizado pela empresa estudada e mostrar os resultados da análise
da capacidade de estocagem que foi realizada utilizando esta ferramenta.
5
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo apresenta as bases teóricas para a realização deste trabalho. Com
isso, será feita uma abordagem sobre os conceitos gerais de logística empresarial,
armazenagem de materiais, sua importância, vantagens e seus principais tipos.
Na sequência são abordados conceitos básicos sobre decisão com o intuito de
contextualizar a utilização do Sistema de Apoio à Decisão (SAD) em uma organização,
abordando seu surgimento, definição, características e componentes.
2.1. Logística Empresarial
As empresas estão vivendo um momento extremamente desafiador,
caracterizado pela grande competitividade, desenvolvimento tecnológico, aumento na
oferta de produtos e serviços os quais devem atender as expectativas dos clientes, aliado
ao desenvolvimento do capital intelectual da empresa. Isso faz com que as empresas
busquem na Logística uma estratégia eficaz que às levem a redução de custos.
A palavra logística tem origem francesa e era utilizada no meio militar, durante a
Segunda Guerra Mundial, onde se via necessário a determinação de estratégias para
distribuição de suprimentos, medicamentos, pessoas, entre outros. Mas foi durante a
Guerra do Golfo que as atividades logísticas ficaram mundialmente conhecidas, devido à
necessidade de grandes distribuições ao longo de uma considerada área geográfica.
Segundo Hall (1985), o termo Logística começou a ser utilizado para descrever
uma variedade de ferramentas analíticas utilizadas para maximizar a eficiência do fluxo
de materiais, a utilização de equipamentos e das pessoas durante a guerra. Após a
Segunda Guerra Mundial, os conceitos e técnicas desenvolvidas para fins militares
passaram a migrar para o setor privado.
2.1.1. Conceito de Logística
Após uma pesquisa conceitual sobre a Logística, é possível observar que
diversas abordagens foram elaboradas nos últimos tempos, uma vez que o conceito de
6
logística está em constante evolução, acompanhando o desenvolvimento das
organizações.
Pode-se observar que alguns autores definem a Logística Empresarial com
enfoques mais amplos onde existe uma preocupação com o fluxo de matérias desde a
aquisição da matéria-prima até o consumidor final e não somente com a distribuição do
produto acabado. Neste sentido, Ballou (1993) define a Logística Empresarial como:
“ (...) todas as atividades de movimentação e armazenagem,
que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-
prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de
informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de
providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo
razoável”. (Op. cit. p.24)
De acordo com o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP)
apud NOVAES (2001, p.36) a Logistica é definida, em uma perspectiva mais ampla, como:
(...) o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente
o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e
informações associadas, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto
de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.
Segundo Moura (1998, p.51), “a logística consiste em fazer chegar a quantidade
certa das mercadorias certas ao ponto certo, nas condições certas e ao mínimo custo”.
Para Kobayashi (2000, p.17), “é denominada logística a atividade que serve para
oferecer aos clientes artigos comerciais, produtos e serviços com rapidez a baixos custos
e com satisfação”.
Para Bowersox e Closs (2001, p.20), “a logística envolve a integração de
informações, transporte, estoque, armazenagem, manuseio de materiais e embalagem”.
Ching (1999, p.28) diz que “a logística exerce a função de responder por toda a
movimentação de materiais no ambiente interno e externo da empresa, iniciando pela
chegada da matéria-prima e atingindo até a entrega do produto final ao cliente”.
7
Tomando como base os conceitos apresentados até o momento, é possível
definir a logística como sendo um conjunto de atividades baseadas no planejamento e
controle do fluxo físico de bens e/ou serviços, no fluxo de informações e no fluxo
financeiro associado a esse processo, desde o fornecedor de matéria-prima até o cliente
final, com o objetivo de atender as necessidades do cliente no tempo certo e ao menor
custo possível. Por isso, a integração da informação é um elemento de grande
importância nas operações logísticas, uma vez que a informação aumenta a flexibilidade
permitindo identificar os recursos que podem ser utilizados para que se obtenha
vantagens estratégicas.
2.1.2. Evolução da Logística
A Logística existe desde os tempos mais antigos, sendo utilizada na preparação
das guerras por líderes militares desde os tempos bíblicos. Dessa forma, a logística foi
considerada uma importante estratégia, em relação às práticas utilizadas em
planejamento estratégico de guerra. Com o decorrer dos anos, esses conceitos migraram
para o ambiente empresarial, ganharam vulto e sua importância vem crescendo e
fazendo parte da rotina das empresas de sucesso do mundo globalizado.
Conforme Rodrigues (2006, p.70) a evolução logística ocorreu de maneira
gradual:
Nos anos 50, após a 2ª guerra Mundial, o governo americano estimulou
a reestruturação dos procedimentos industriais por todo o planeta, antes
voltado somente para a guerra.
Nos anos 60, as atenções voltaram-se para o marketing e para a
distribuição, como poder efetivo frente ao mercado e as fontes de
suprimento.
Nas décadas de 70 e 80 respectivamente, ocorrem: Uma pressão por
aumento da variedade de produtos, o que acarreta em parcerias,
agregando tecnologias. Ocorre uma revolução Tecnológica, então o
gerenciamento logístico torna-se o ponto-chave na sustentação
estratégica mercadológica inovadora.
Nos anos 90, o processo de globalização da economia, e o ambiente
competitivo, junto com os avanços nas telecomunicações, a indústria e o
comércio passam a considerar todo o mercado mundial. Os atacadistas
8
diminuem seus estoques, geram mais mercadorias e reduzem o ciclo de
vida do produto.
Novaes apud Carvalho (2006) divide o processo de evolução da logística em
quatro fases.
Partiu-se do período Pós-Guerra com o foco muito grande em controle de
custos, lotes econômicos de transporte e grandes estoques com pulmão, ou seja,
quantidades de matéria-prima ou produtos acabados previamente determinados que
ainda não foram processados. A atuação dos atores da cadeia de suprimentos era
segmentada, não havia integração.
Na segunda fase já se busca alguma integração, porém rígida, face ao
surgimento de dificuldades como a diversificação da demanda e a crise do petróleo e,
também, devido ao desenvolvimento da informática.
Já na terceira fase o processo de integração se tornou mais flexível, produtos e
mercados foram diversificados, buscava-se o estoque zero, os processos produtivos se
tornaram mais flexíveis, em vista da satisfação plena do cliente.
A quarta fase trata do gerenciamento da cadeia de suprimento, onde a logística
passa a ser tratada de forma estratégica e a busca de parcerias e colaboração na cadeia
é uma tônica com vistas a redução total do seu custo.
De forma complementar pode-se verificar a evolução da logística na Tabela 1:
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FASE AMBIENTE FOCO
1a - Atuação Segmentada
Sub-sistemas otimizados separadamente, com estoques servindo de
pulmão.
Pós II Guerra Mundial
Produtos únicos (pouca
flexibilidade)
Voltados para único segmento
Controle de Custos
Lotes econômicos de transportes
Pedido econômico
2a - Integração Rígida
Busca inicial de racionalização integrada da cadeia, mas rígida por não permitir correção dinâmica do planejamento ao longo
do tempo
Crise do petróleo: reflexo no aumento do custo de
transporte
Congestionamento crescente dos centros urbanos com
reflexo no custo de distribuição
Desdobramento da demanda em grupos heterogêneos de consumidores (segmentação
de mercado Desenvolvimento da
informática
Maior integração entre pedidos de fabricação e despacho
Processo de decisão integrado
Otimização de atividades e
planejamento
Uso da informática para cálculos e otimização
Processos produtivos flexíveis, para maior variedade do produto
3a - Integração Flexível
Integração dinâmica: dentro da empresa e nas inter-
relações da empresa com fornecedores e clientes
Globalização: reflexo nos níveis de competitividade
internacional
Mudança nos modelos de gestão
Emergência de novos padrões de qualidade e produtividade
Diversificação de produtos e mercados
Satisfação plena do cliente
Busca do estoque zero
Prazos de entrega mais curtos
possíveis
Redução de custos
Competitividade Integração da Logística em
termos operacionais e físicos
Uso intensivo da informação e da informática
4a - Gerenciamento da Cadeia de Suprimento
Elevação dos níveis de
competitividade Empresas
virtuais Uso do conceito de
postponement (postergação)
Crescimento das compras eletrônicas
Questão logística tratada de forma estratégica entre os
componentes da cadeia produtiva - parceria
Agregaçaõ de valor para o cliente final
Redução de incertezas ao longo da cadeia produtiva
Preocupação com o meio ambiente - logística verde e
logística reversa
Tabela 1 - Evolução da logística
Fonte: adaptado de Novaes (2001)
2.1.3. Escopo da Logística
Ballou (1993) desmembra o sistema logístico integrado em dois componentes
básicos, que são:
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componente primário: constituído pelo transporte, manutenção de estoques e pelo
processamento de pedidos;
componente de apoio: constituído pela armazenagem, manuseio de material,
embalagens de proteção e manutenção de informação.
A logística engloba a movimentação física dos produtos e o fluxo de
informações, podendo ser usada em diversas áreas, entre as quais se destaca a área de
transporte de suprimentos, a área de apoio à produção e a área de transporte de
distribuição. Os temas a serem tratados na atividade logística são apresentados de forma
bastante variada, como exemplo Ching (1999) destaca:
Fluxo de compras de matérias-primas;
Operações de produção;
Controle de materiais e processos;
Gerenciamento de transporte que abrange a movimentação de materiais
internos e externos à empresa;
Distribuição para os clientes finais a partir da fábrica e/ou depósitos
intermediários;
Recebimento de matéria-prima;
Armazenagem.
Já Hall (1985) divide as atividades logísticas em produção, armazenagem e
transporte. Este sintetiza o escopo das operações logísticas enfatizando sua dimensão
temporal (quando) e espacial (onde) através de três questões chaves, a saber:
Quando e onde os bens devem ser produzidos?
Quando e onde os bens devem ser armazenados?
Quando e onde os bens devem ser transportados?
A partir das definições de escopo da logística expostas, pode se constatar que a
logística passa a ser vista e valorizada como integradora de várias funções ao longo da
cadeia produtiva, que nada mais é do que as etapas consecutivas em que os insumos
sofrem transformações até chegar ao produto final. A armazenagem é um dos processos
estratégicos mais importantes dentro da Logística, conforme relata Moura (1997), porém
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geram muitos gastos. Com isso a armazenagem e o controle de estoques precisam ser
bem estruturados para atender as exigências dos clientes e a demanda do mercado.
2.2. ARMAZENAGEM
A armazenagem é um dos principais componentes essenciais do sistema
logístico. Esta atividade logística refere-se à administração do espaço necessário para
manter estoques, na qual interage diretamente com a entrada de material, compras e
expedição do material. Levando em consideração essa informação, pode-se afirmar que:
A função armazenagem compreende as atividades de guardar, localizar,
manusear, proteger e preservar os materiais comprados, produzidos e
movimentados por uma empresa, com o objetivo de atender às suas
necessidades operacionais, sejam elas de consumo, de transformação
ou de revenda (atacado e varejo). (LOPES; SOUZA; MORAES, 2006. p.
155)
Segundo Gasnier & Banzato (2001), a armazenagem é tida como uma
importante função para atender com efetividade a gestão da cadeia de suprimento. Sua
importância reside no fato de ser um sistema de abastecimento em relação ao fluxo
logístico, que serve de base para sua uniformidade e continuidade, assegurando um
adequado nível de serviço e agregando valor ao produto.
Ballou (1993) afirma que a armazenagem e estocagem de mercadorias
constituem funções essenciais do sistema logístico e que seus custos podem absorver de
12 a 40% das despesas logísticas de uma empresa.
É importante ressaltar que armazenagem e estocagem possuem ideias distintas.
Apesar de muitas vezes terem seus significados confundidos na prática, podem ser
definidas como:
Armazenagem é a denominação genérica e ampla que inclui todas as
atividades de um ponto destinado à guarda temporária e à distribuição
de materiais (depósitos, almoxarifados, centros de distribuição, etc.) e
estocagem é uma das atividades do fluxo de materiais no armazém e o
ponto destinado à locação estática dos materiais. A estocagem é uma
parte da armazenagem. (MOURA 2005, p. 20).
12
A partir dessa ideia é importante ressaltar que a armazenagem é uma
característica da logística de materiais que une a produção ao consumidor uma vez que
envolve toda movimentação desde a etapa de recebimento de insumos até a expedição
do produto acabado. Já estocagem é o conceito da busca pela otimização do espaço
existente a fim de tornar o depósito ou armazém econômico.
O sistema de armazenagem envolve muitos outros fatores além de
simplesmente guardar materiais como, localização, dimensionamento de área, estruturas
de armazenagem, sistemas de movimentação de materiais, pessoas e equipamentos
especializados, entre outros. Entretanto, todos esses fatores geram muitos custos que
acabam sendo subestimados devido a preocupação com os custos do material.
Segundo Lopes, Souza, Moraes (2006. p. 156), a armazenagem pode gerar
grandes vantagens, quando bem organizada, como:
Fácil acesso aos principais itens de estoque, satisfazendo plenamente as
expectativas dos usuários;
Redução da distância entre a armazenagem e a utilização do material nas
operações;
Elevado grau de flexibilidade do espaço físico disponível interno;
Menor quantidade de equipamentos de manuseio;
Redução do processo de deterioração de materiais;
Redução dos desvios e sinistros de materiais;
Otimização de inventários físicos manuais ou por código de barras.
Uma estrutura inadequada de armazenagem pode trazer muitos prejuízos para a
organização, por isso é essencial que o local onde o material é armazenado seja capaz
recebe-los e mantê-los de acordo com suas especificações, otimizando espaço e,
consequentemente, reduzindo custos. Por isso a importância de analisar os tipos de
estruturas de armazenagem existentes para saber qual melhor se adequa as
necessidades da empresa.
13
2.3. PRINCIPAIS TIPOS DE ESTRUTURAS DE ARMAZENAGEM
Existem diversas técnicas que possibilitam uma melhor organização dos
materiais nos armazéns, que serão explicadas a seguir segundo Lopes, Souza, Moraes
(2006. p. 161-165).
2.3.1. Empilhamento
É um tipo de armazenagem de unidades de carga em pilhas nas filas de
armazenagem, utilizando paletes como dispositivo. Podem ser empilhados um sobre os
outros se observando a pressão das pilhas abaixo e da disposição do material, de modo
a obter o melhor aproveitamento do espaço vertical dentro do armazém. O empilhamento
deve ser feito de forma a manter o equilíbrio da pilha, conforme mostrado na Figura 1.
Figura 1 – Armazenagem por empilhamento Fonte – Empresa pesquisada
2.3.2. Porta-palete convencional
As estruturas porta-pallets, mostradas na figura 2, são sistemas de
armazenagem para cargas consideradas pesadas e paletizadas de qualquer tamanho
composta por duas colunas verticais, com altura regulável. É normalmente utilizado para
o melhor aproveitamento do espaço vertical de armazéns com grandes variedades de
14
itens estocados tendo como principal vantagem a possibilidade de localização e
movimentação de qualquer palete sem a necessidade de moverem-se outros paletes.
Figura 2 – Estrutura porta-palete Fonte: ABOLETTI (2013)
2.3.3. Cantilever
O sistema cantilever é utilizado para armazenagem de produtos com formas,
volumes e pesos variados e não paletizados. Tal estrutura, presente na Figura 3, é
formada por uma coluna central e braços em balanço para apoio das cargas que
normalmente são tubos de PVC, canos, eixos e móveis de grandes dimensões.
Figura 3 – Sistema cantilever Fonte: AMAXIMUS (2013)
15
2.3.4. Flow rack
A estrutura do tipo Flow rack, mostrada na Figura 4, é um sistema de
armazenamento tipo dinâmico, onde a carga desliza sobre roletes por ação da gravidade.
Esta estrutura é utilizada, normalmente, para volumes de pequeno porte, mas com
grande rotatividade adotando o conceito FIFO (Fisrt-In First-Out), ou seja, o primeiro
produto que chega ao estoque é o primeiro que sairá para ser utilizado.
Figura 4 - Flow rack Fonte: LISAL (2013)
2.3.5. Estrutura drive-in e drive through
O modelo drive-in, representado na Figura 5, é um sistema de armazenagem de
pallets em que as empilhadeiras movimentam-se dentro da própria estrutura, ao longo de
“ruas”, sendo os pallets armazenados longitudinalmente nas “ruas”, diminuindo desta
maneira o número de corredores centrais entre estruturas. Os materiais são
armazenados uns atrás dos outros e nas respectivas laterais, permitindo somente um
ponto de acesso. Neste caso, o ponto de colocação e retirada do material é o mesmo.
Este tipo de estrutura é geralmente utilizado para materiais de pouca variedade e de
baixo giro. Desse modo, o sistema aplicado é do tipo LIFO (Last In, First Out), ou seja,
último item a entrar em estoque, será o primeiro item a sair para utilização.
Já no modelo drive through, também conhecido como drive-thru e, representado
na Figura 6, os materiais são armazenados em colunas, permitindo o acesso nas duas
extremidades. Os pontos de colocação e de retirada dos materiais são diferentes. Este
16
tipo de modelo deve ser utilizado quando o sistema de inventário dos materiais direcione
para adoção da regra FIFO.
Figura 5 – Estrutura drive-in Fonte: ABOTELLI (2013)
Figura 6 – Estrutura drive-through Fonte: DACOCORP (2013)
2.3.6. Armazenagem Push back
O push back é um modelo no qual no qual os paletes são armazenados uns
atrás do outros, parecido com a estrutura drive-in. A estrutura push back possui roletes
que permitem colocar o palete na frente da estrutura empurrando os demais para trás.
Este sistema, visualizado na Figura 7, possui um pequeno aclive, o qual possibilita que
ao se retirar o primeiro palete, os restantes se movimentem por gravidade na direção do
palete retirado, permitindo a operação LIFO. Esta estrutura é utilizada para armazenagem
de produtos com baixa seletividade e alta densidade.
17
Figura 7 – Estrutura push back
Fonte: ISMA (2013)
Com isso, foi possível verificar os principais tipos de modelos de
armazenamento. Na empresa em que foi realizado o estudo de caso em questão, os tipos
de armazenagem utilizada são: empilhamento e estrutura porta-paletes.
Todavia, mesmo tendo uma estrutura de armazenagem adequada para as
necessidades da empresa, com o passar do tempo, a capacidade desses depósitos pode
ser insuficiente com o crescimento da demanda do mercado.
Esse tipo de situação precisa ser analisada preditivamente para que se tenha
um bom desempenho logístico. Para tal, a empresa pode utilizar sistemas de informações
gerenciais que, de acordo com Ballou (2002) seu principal propósito é coletar, manter e
manipular os dados, visando agilizar os processos e fornecer subsídios para a tomada de
decisão, proporcionando integração de dados e auxiliando o profissional de logística a
realizar o planejamento de suas operações, identificar oportunidades de melhorias,
solucionar problemas e tomar decisões baseadas em fatos e dados.
2.4. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE DECISÃO
Segundo Pereira & Fonseca (1997), o conceito da palavra decisão é composto
pelo prefixo “de” (que vem do latim e significa parar, extrair, interromper) que se antepõe
à palavra “cisão” (do latim caedere que significa cindir, cortar). Sendo assim, pode-se
dizer que a palavra decidir significa “parar de cortar” ou “deixar fluir”. A partir da análise
18
desse significado podemos perceber o quão importante é o processo decisório para a
resolução de um problema ou situação indesejada que possui mais de uma alternativa
para a sua solução.
2.4.1. Etapas do processo decisório
Para que uma decisão seja tomada de forma correta e organizada é necessário
que etapas sejam definidas. Normalmente, esse processo pode ser dividido em seis
etapas (URIS,1989):
Análise e identificação da situação: Deve-se identificar de forma clara a
situação do ambiente em que o problema está inserido, através do levantamento
de informações, para que se possa chegar a uma decisão segura e precisa.
Desenvolvimento de alternativas: A partir do levantamento das informações, ou
seja, da coleta de dados, pode se chegar a possíveis alternativas para a
resolução do problema em questão.
Comparação entre as alternativas: Identificação das vantagens e desvantagens
de cada alternativa.
Classificação dos riscos de cada alternativa: As decisões sempre envolvem
riscos, pode ser um grau quase nulo, um grau intermediário ou um alto grau de
risco. Com isso, é preciso sempre levar em consideração o grau de risco
apresentado em cada alternativa e escolher a alternativa que apresente
comprovadamente o menor grau de risco. Porém, muitas vezes, é necessário se
combinar o grau de risco com os objetivos a serem alcançados, ou seja, às vezes,
o grau de risco que se corre é muito grande, porém, o objetivo a ser alcançado
trará benefícios maiores em relação às alternativas menos arriscadas.
Escolher a melhor alternativa: Tendo em mãos todas as informações a respeito
do problema, como o conhecimento das vantagens, desvantagens e riscos, o
decisor é capaz de identificar a alternativa mais adequada, que melhor solucione
o problema.
19
Execução e avaliação: A alternativa escolhida fornecerá resultados que deverão
ser comparados e avaliados com as previsões anteriores.
2.4.2. Fatores que influenciam o processo decisório
O ser humano toma decisões a todo tempo e toda decisão tem suas
consequências e riscos, por isso, segundo Pereira & Fonseca (1997), o processo
decisório é sempre estressante para seus decisores e, geralmente, após as tomadas de
decisão importantes acontece um relaxamento geral nos organismos dos mesmos. Em
algumas pessoas, o estresse provocado pelo processo decisório é marcado por claras
manifestações psicossomáticas, tais como dores de cabeça, sono, perturbações
gástricas, manifestações de euforia, depressão ou outros sintomas físicos ou
psicológicos.
De acordo com Pereira & Fonseca (1997), o processo decisório pode ser
influenciado diretamente por alguns fatores. Antes de existir o problema esses fatores já
existem e quando o problema surge, o mesmo é inserido em um cenário onde estes
fatores estão embutidos. Normalmente, estes fatores não fazem parte das variáveis que
compõem o problema, ou mesmo das alterativas existentes para a sua solução, porém
esses fatores estão sempre presentes e exercem influência na solução do problema.
Pereira & Fonseca (1997) elencam alguns fatores que podem influenciar de
forma individual ou coletiva, são eles:
De forma individual:
a inteligência e cultura;
o nível social;
o sexo;
a religião;
os costumes e as crenças;
a ética moral e a ética profissional;
a saúde física e a mental;
a influência familiar;
o fator emocional, na hora exata da tomada de decisão.
20
De forma coletiva:
a necessidade de produtos ou serviços com qualidade;
a necessidade de atendimento rápido e personalizado;
a necessidade de preços competitivos;
as condições impostas por clientes e/ou fornecedores;
as exigências dos governos e da sociedade;
a concorrência;
as notícias da mídia;
a cultura organizacional;
as tecnologias utilizadas;
o melhor emprego dos recursos exitentes;
as normas existentes das empresas;
a legislação em vigor;
o meio ambiente.
Como pode ser visto, o ato de tomar uma decisão é extremamente complexo e
crucial para o futuro de uma empresa. Saber administrar corretamente uma empresa
levando em consideração todos esses fatores é um grande desafio. Por isso, cada vez
mais, torna-se indispensável o uso de boas ferramentas para dar suporte à tomada
decisão.
2.4.3. O processo decisório nas empresas
Segundo Pereira & Fonseca (1997), a função dos administradores da empresa é
extremamente decisória. Os processos administrativos são basicamente processos
decisórios. As decisões gerenciais afetam diretamente a sobrevivência da empresa e a
vida das pessoas que giram em torno dela, sejam elas empregadas, acionistas,
fornecedores ou clientes.
O cenário em que as organizações estão inseridas se modifica constantemente,
isso faz com que os administradores das empresas mantenham-se em permanente alerta
a fim de que tenham a percepção das ameaças e oportunidades que os ambientes, tanto
internos quanto externos da organização indicam, uma vez que as escolhas devem ser
realizadas tomando como base a realidade organizacional.
21
O ato de tomar decisões é crucial para as organizações. Essa atividade ocorre a
todo o momento, em todos os níveis hierárquicos, desde o chão de fábrica até o topo
responsável pela administração estratégica da empresa, isso causa influência direta no
desempenho da organização. É muito difícil se chegar à decisão considerada como
perfeita, uma vez que são encontradas muitas dificuldades no momento da decisão e a
forma de como são pensadas, muitas vezes, não seguirem um raciocínio lógico
adequado. Uma decisão nada mais é do que uma escolha para enfrentar um problema,
que pode desencadear a outra situação que exige novas decisões.
A importância da tomada de decisão na organização é bastante clara e pode ser
percebida em qualquer análise organizacional. Todas as organizações, sejam elas
públicas ou privadas, se defrontam com estas questões. Atualmente, os gerentes e
pessoas envolvidas nos diversos processos decisórios das organizações necessitam de
ferramentas que deem suporte na tomada de decisão para que aconteça de uma forma
mais precisa e satisfatória.
2.5. SISTEMA DE APOIO A DECISÃO
Os sistemas de apoio à decisão (SAD) ajudam os administradores a tomar
decisões mais eficazes para responder a questões complexas, além de oferecem
previsões sobre circunstâncias futuras. Eles também dão aos administradores a
capacidade de analisar de maneira quantitativa, caminhos alternativos para uma decisão.
Segundo Polloni (2001), o SAD é um sistema que trata de assuntos específicos,
estatísticas, projeções e comparações de dados referentes ao desempenho da empresa,
estabelecendo parâmetros para novas ações dentro do negócio da empresa.
2.5.1 Surgimento do SAD
Durante a década de 60 e 70, empresas começaram a se interessar por
Sistemas de Apoio à Decisão, motivados por diversos problemas e fatores que
assolavam as organizações naquele momento. O principal deles era o crescente
ambiente econômico turbulento e a competitividade cada vez maior entre as
organizações. Com isso se tornavam cada vez mais necessário um rápido recebimento
de informações no processo de tomada de decisão. Além disso, necessitava-se de
disponibilidade de tecnologias de hardware e software para armazenar e buscar
22
rapidamente as informações, armazenamento do conhecimento e as experiências de
especialistas em bases de conhecimentos e o apoio da informática no processo de
planejamento estratégico empresarial.
Segundo Sprangue & Watson (1991), diversas empresas e grupos de pesquisas
iniciaram pesquisas e desenvolvimentos de Sistemas de Apoio à Decisão que passaram
a ser caracterizados como sistemas computacionais interativos que auxiliavam no
processo decisório de problemas considerados não estruturados. Os autores, ainda,
afirmam que na década seguinte esse sistema teve o conceito ampliado, de modo que
passou a afirmar que qualquer sistema é capaz de dar alguma contribuição ao processo
decisório, desde que possuíssem algumas características determinantes, tais como:
Problemas menos estruturados e menos especificados com os quais eram
comumente enfrentados pelos gerentes;
Uso de modelos ou técnicas analíticas a funções tradicionais de acesso e
recuperação de informações;
Concentração no uso de recursos que facilitem seu manuseio por pessoas
não especializadas em computação;
Priorização da flexibilidade e adaptabilidade de acomodar mudanças no
ambiente e na abordagem ao processo decisório.
Com isso, esses fatores e acontecimentos motivaram o desenvolvimento de
sistemas de informação (SI) nas organizações para que possuíssem uma fonte de auxilio
durante o processo de tomada de decisão.
2.5.2 Definição do SAD
Apesar dos sistemas de apoio a decisão (SAD) existirem a muitos anos, até hoje
ainda não possuem um conceito claro e único. Alguns autores acreditam que um SAD é
um sistema que se relaciona com uma base de dados, auxiliando o usuário na tomada de
decisão, indicando uma boa alternativa para a tomada de decisão. Outros acreditam que
um SAD é qualquer sistema que possa contribuir no processo decisório (BINDER, 1999).
23
Esses sistemas podem apresentar informações para os responsáveis pelas
tomadas de decisão através de simulações, projeções estatísticas, recursos gráficos,
entre outros.
Existem diversas definições em relação aos Sistemas de Apoio à Decisão (SAD),
isso varia de acordo com os autores e do nível hierárquico para o qual é desenvolvido:
Os sistemas de Apoio a Decisão é uma das principais categorias de sistemas de
apoio gerencial. São sistemas de informação computadorizados que fornecem aos
gerentes, apoio interetivo de informação durante o processo de tomada de decisão. Os
sistemas de apoio à decisão utilizam modelos analíticos, banco de dados especializados,
e um processo de modelagem computadorizada para apoiar a tomada de decisões semi-
estruturadas e não-estruturadas por parte de cada gerente. (O’BRIEN, 2001)
O Sistema de Apoio a Decisão procura estabelecer uma simbiose entre a mente
humana e o computador, permitindo um alto grau de interação homem-computador e
capacitando o gerente-usuário a manter controle direto sobre as atividades
computacionais e seus resultados. (YOURDON, 1990)
Um Sistema de Apoio a Decisão é um sistema interativo que proporciona ao
usuário acesso fácil a modelos decisórios semi-estruturados ou não-estruturados. (MAN,
R. e Watson, H., 1984)
Sistema computacionais interativos, que ajudam os responsáveis pela tomada
de decisões a utilizar dados e modelos para resolver problemas não-estruturados. É um
sistema de informação que apoia qualquer processo de tomada de decisão em áreas de
planejamento estratégico, controle gerencial e controle operacional. (SPRAGUE Jr, Ralph
H, Hugh J. Watson.,1991)
Tomando como base as definições citadas, observa-se que o SAD é uma
ferramenta que auxilia as pessoas a tomarem decisões inteligentes e embasadas sobre
vários aspectos de uma operação, tendo como aliado a eficiência e a eficácia do
computador no apoio à tomada de decisão de problemas semi-estruturados e não
estruturados.
24
Segundo CHIAVENATO (2000), problemas não estruturados são aqueles que
não podem ser claramente definidos, pois uma ou mais de suas variáveis, são
desconhecidas ou não podem ser determinadas com algum grau de confiança.
MAXIMIANO (2000) afirma que a maior parte das situações enfrentadas pelos
administradores são não-estruturadas. São situações imprevistas, que necessitam de
diagnóstico e que exigem dos mesmos, primeiro a decisão de decidir ou não. Já os
problemas semi-estruturado é aquele onde apenas algumas partes do problema podem
ser resolvidas por métodos de decisão formais e automatizadas.
É muito importante destacar que o SAD amplifica o entendimento do decisor,
mas jamais decide em lugar do decisor, fornecendo informações relevantes, em formato
adequado, para que o gerente possa tomar a decisão.
A preocupação principal no SAD percebe-se que é melhorar a qualidade das
decisões e aumentar a eficácia dos processos decisórios e não simplesmente melhorar a
eficiência dos procedimentos operacionais da empresa.
2.5.3 Características do SAD
Como citado anteriormente, o SAD teve origem a partir da competitividade
crescente entre as empresas e a disponibilidade de tecnologias de hardware e software
para armazenar e buscar rapidamente as informações. Para que essa competitividade
possa ser mantida, um SAD deve possuir diferencial sobre os demais sistemas. Vale
ressaltar que a maioria dos SAD’s possuem apenas algumas das características citadas
a seguir levantadas nas literaturas de (Turban, 1993; Freitas, 1993), conforme
representadas da Figura 8.
Decisões semi-estruturadas e não estruturadas – auxilia os decisores a
trabalharem com problemas semi-estruturados e não estruturados, uma vez que
permitem reunir o pensamento humano e a informação computadorizada;
Suporte a níveis diferentes - permite apoio para vários níveis
administrativos e vários executivos da empresa, desde executivos a gerentes;
25
Trabalho em grupo ou individual – permite apoio aos indivíduos como
também para grupos. Muitos problemas organizacionais envolvem decisões de
várias pessoas ou departamentos. A frequência de problemas menos
estruturados requer o envolvimento de vários indivíduos que formam
departamentos diferentes e níveis organizacionais;
Decisões mutuamente dependentes ou sequenciais - Permite apoio para
várias decisões dependentes e / ou decisões sequenciais;
Apoio a todas as fases do processo de decisão - os SAD apoiam todas as
fases da decisão que incluem a inteligência de processos, projetos, escolha e
implementação;
Suporte a diversos estilos de decisão e processos - SAD apoia uma
variedade de estilos e processos de decisão como: análise e identificação da
situação, desenvolvimento de alternativas, comparação entre as alternativas,
classificação dos riscos de cada alternativa, escolher a melhor alternativa,
execução e avaliação;
Adaptabilidade e flexibilidade – Possui a habilidade de ser adaptável ao
longo do tempo, ou seja, é flexível o suficiente para que seus utilizadores
possam acrescentar, eliminar ou alterar certos elementos chave;
Facilidade de uso – o SAD é de fácil utilização. Os usuários devem
alimentar facilmente o sistema. Flexibilidade e capacidades gráficas fortes,
podem aumentar a efetividade do SAD. Esta facilidade de uso implica um modo
interativo;
Eficiência nas decisões – o SAD tenta melhorar a eficiência das decisões
(ao nível de precisão, oportunidade, qualidade), em lugar de se preocupar com o
custo dessas decisões;
Controle da máquina pelo homem – o decisor tem absoluto controle dos
passos da decisão para resolver um problema. O objetivo do SAD é ajudar e dar
26
apoio e não substituir o decisor. O decisor pode anular a recomendação do
computador a qualquer hora no processo;
Capacidade de modificação do sistema - Os utilizadores finais devem ser
capazes de construir e modificar sistemas simples. Os sistemas mais
complicados devem ser construídos com a ajuda de um especialista.
Facilidade de construção - os SAD são normalmente fáceis de construir.
Poderiam ser construídos sistemas maiores nas organizações para o usuário
com ajuda secundária de especialistas de sistemas de informação;
Conhecimento - os SAD avançados possuem componentes de
conhecimento que habilita a solução eficiente e efetiva de problemas mais
difíceis.
As características e capacidades de SAD fornecem alguns benefícios principais
como mostrado na Figura 8:
Figura 8 – Características e capacidades do SAD Fonte: adaptado de TURBAN, 1993
27
2.5.4 Componentes de um SAD
Os SAD são sistemas de interfaces relativamente simples, mas de
processamento, complexo, com busca de informações de inúmeras fontes, sejam elas
internas ou externas à organização. Um SAD é composto basicamente por banco de
dados, software de um SAD e interface de Usuário, conforme mostrado na figura 9:
Figura 9 – Componentes de um SAD
Fonte: Adaptado de Laudon K.; Laudon J. (2004, p. 361) e Rezende; Abreu (2003,
p. 204)
Segundo Laudon e Laudon (2004), os componentes dos SAD podem ser
definidos da seguinte forma:
Banco de dados – coletânea de dados atuais e históricos de uma
variedade de sistemas ou grupos que são relevantes para a situação ou
problema em questão. Pode ser um pequeno banco de dados em um
computador isolado, coletando dados externos e corporativos para auxiliar no
processo decisório ou pode ser um poderoso data warehouse continuamente
28
atualizado por dados operacionais. Geralmente estes bancos de dados são
cópias das informações originais, para que o SAD não interfira nas demais
informações dos softwares e sistemas operacionais existentes na empresa;
Software de um SAD - diversas formas de ferramentas empregadas para
a análise de dados que podem ser facilmente acessados pelo usuário. Possui
um subconjunto com modelos que tem a finalidade de comparar os dados
adquiridos e as informações necessárias. Os modelos podem ser do tipo de
mineração de dados, matemáticos, analíticos, de previsão, de análise financeira,
de risco, entre outros, de acordo com a finalidade para o qual foi projetado. O
modelo mais comum é o de análise de sensibilidade, que faz perguntas do tipo
“se então” repetidamente, para que seja determinado o impacto causado sobre
os resultados pelas mudanças em um ou mais fatores, permitindo que o usuário
varie certos valores e dados para que seja testado diferentes cenários e
comparado seus resultados;
Interface de Usuário: é o que permite os usuários do sistema a fácil
interação com o sistema e as ferramentas disponíveis no SAD, com uma
interface gráfica flexível e de fácil utilização. Geralmente, os usuários são
executivos e gerentes de corporações que não possuem muita habilidade e
conhecimento no uso da tecnologia, por isso essa interface deve ser amigável
ao máximo para que se aproveite integralmente esse componente.
No próximo capítulo será abordado o estudo de caso.
29
3. ESTUDO DE CASO
Este capítulo apresenta um estudo de caso em uma indústria química com ênfase
em fabricação de defensivos agrícolas localizada no Rio de Janeiro. Por questões de
confidencialidade, não será divulgado o verdadeiro nome da organização. Doravante, a
mesma será intitulada ALFA Indústria Química. A metodologia apresentada no início
desta dissertação foi aplicada para o desenvolvimento da pesquisa. A descrição do
estudo de caso está dividida da seguinte forma:
apresentação da ALFA Industria Química;
definição do problema e estabelecimento do objetivo do estudo;
descrição da estrutura dos depósitos;
desenvolvimento da análise do problema.
3.1. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
A empresa selecionada para o estudo de caso é uma multinacional considerada
uma das líderes mundiais nas áreas de ciência agrícola e saúde ambiental. A empresa
está presente em mais de 120 países e suas atividades mundiais englobam os
segmentos de Proteção de Cultivos, voltado para o controle de plantas daninhas,
doenças e pragas nas lavouras; biotecnologia, que abrange os negócios de sementes
convencionais e biotecnologia vegetal; e saúde ambiental, com soluções inovadoras para
o controle doméstico e profissional de pragas urbanas, jardinagem, reflorestamento e
grãos armazenados.
O estudo de caso foi realizado no centro produtivo da empresa no Brasil,
localizado em um Parque Industrial, no Rio de Janeiro, uma das três maiores unidades de
formulação de inseticidas, fungicidas e herbicidas da empresa em todo o mundo,
empregando aproximadamente mais de 900 colaboradores.
O Parque Industrial é composto por três fábricas, as quais são abastecidas de
matéria prima e embalagens que estão estocadas em dois depósitos agrupados da
seguinte maneira: um depósito para produto acabado e matéria prima e outro para
embalagens.
30
3.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS
Nesta fase do projeto identifica-se o problema para qual se procura uma
solução. Um possível problema, o qual está vinculado ao crescimento da área de negócio
da empresa em questão, é o impacto que o crescimento deste segmento pode causar na
capacidade de estocagem das matérias-primas e produtos acabados.
O agronegócio é um segmento de grande representatividade econômica, sendo
considerado um dos maiores e mais lucrativos segmentos do mundo, responsável pela
geração de U$ 6,5 trilhões/ano. No Brasil representa, aproximadamente, um terço do PIB
(Produto Interno Bruto) do país, o que corresponde a cerca de 29% do PIB brasileiro, de
acordo com dados de 2012 da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
No Gráfico 1 pode-se observar o crescimento do PIB do Agronegócio Nacional
nos últimos doze anos.
Gráfico 1 – PIB do Agronegócio Nacional
Fonte: CEPEA/FAEMG/SEAPA (2012)
Segundo dados apresentados pelo Sindicato Nacional da Indústria de
Defensivos Agrícolas (Sindag) e da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), o
31
mercado brasileiro de defensivos agrícolas cresceu 14,4%, ou US$ 1,2 bilhão, e alcançou
a marca recorde de US$ 9,71 bilhões, cerca de R$ 19,5 bilhões, em 2012, totalizando um
comércio de 823,22 mil toneladas de produtos químicos para o controle de pragas e
ervas daninhas nas lavouras, gerando um aumento de 12,6%.
No Gráfico 2 pode-se verificar a evolução das vendas de defensivos agrícolas no
Brasil.
Gráfico 2 – Evolução das vendas de defensivos agrícolas no Brasil
Fonte: Sindag (2012)
Dessa forma, levando em consideração o cenário do Agronegócio no Brasil,
surge a preocupação com a capacidade de estocagem na empresa nos próximos anos,
uma vez que o crescimento do PIB do Agronegócio impacta diretamente na previsão de
vendas, aumentando a produção e, consequentemente, o nível de estoques.
O objetivo principal desse estudo é analisar se os depósitos existentes na
empresa terão capacidade de comportar a demanda de produção no período de Janeiro
à Dezembro de 2013 tendo como ferramenta de análise um sistema de apoio à decisão,
desenvolvido em planilhas do Microsoft Excel e criado por funcionários do setor de
Logística Industrial da ALFA Indústria Química.
Este setor tem como finalidade planejar, implementar e controlar de maneira
eficiente o fluxo e a armazenagem dos insumos e produtos fabricados na empresa. A
partir desta análise, a empresa poderá ter um maior embasamento para criação de um
32
plano de ação no caso da capacidade de seus depósitos não serem suficientes para a
demanda de produção.
O uso do sistema de apoio à decisão para realizar essa análise seria como uma
técnica preditiva, onde respostas para questões do tipo “o que aconteceria se...?”, irão
auxiliar em tomadas de decisões que podem evitar cobranças futuras do tipo “tinha que
ter pensado nisso antes!”.
No decorrer do presente estudo de caso será explicado como foi desenvolvida a
estrutura desta ferramenta, os dados de entrada utilizados, as lógicas de cálculo e por fim
serão mostrados os resultados obtidos na análise realizada através da ferramenta de
SAD.
3.3. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA DOS DEPÓSITOS
A ALFA Indústria Química utiliza dois depósitos para armazenar seus insumos e
produtos acabados de forma que o maior comporta os produtos acabados e matérias-
primas e o outro menor comporta as embalagens. Doravante, o depósito de produto
acabado e matéria-prima será intitulado de depósito X e o depósito embalagem será
intitulado de depósito Y. Seguem as características desses depósitos:
Estrutura de armazenagem:
Depósito X: a estrutura de armazenagem nesse depósito é do tipo porta-
paletes convencional, conforme pode ser visto na Figura 10, nos quais a
disposição e identificação deles ocorrem por três titulações distintas que são:
módulos (divisões internas do depósito), ruas (corredor), prateleiras (vertical) e
estantes (horizontal). Neste depósito, as operações de armazenagem
requerem a gestão dos estoques através do controle de lote e validade dos
produtos com base no critério de F.E.F.O. (First-Expire, First Out – Primeiro
que vence é o primeiro que sai).
33
Figura 10 – Estrutura porta paletes do depósito X
Fonte – Empresa pesquisada
Depósito Y: a estrutura de armazenagem nesse depósito é através do
empilhamento em blocos dos paletes, onde as cargas são empilhadas em
cima umas das outras e armazenadas em pistas no piso do armazém,
conforme pode ser visto na Figura 11. Os paletes são empilhados em uma
altura específica respeitando os limites de estabilidade de empilhamento para
cada tipo de produto. Para evitar obsolescência dos mesmos, é considerada a
regra F.I.F.O. (First In, First Out - Primeiro a entrar, primeiro a sair).
Figura 11 – Estrutura de armazenagem em empilhamento do depósito Y
Fonte: Empresa pesquisada
34
Tipo de materiais armazenados: A empresa possui em seu portfólio de produtos
aproximadamente 100 itens, sendo dividido entre três unidades de formulação:
inseticidas, fungicidas e herbicidas.
Capacidade de posições de armazenagem: A capacidade de posições de
armazenagem do depósito X é de 19.187 posições. Cada palete representa um
box do drive-In, ou uma SKU (Stock Keeping Unit, ou em português Unidade de
Manutenção de Estoque, é um código de identificação que serve para designar
itens do estoque que possuem alguma diferença entre si). Já no depósito Y a
capacidade de posições de armazenagem é de 10.500 posições.
Metragem dos depósitos: A metragem do depósito X é 15.820 m². Já no
depósito Y é de 6.674 m².
Abaixo pode-se observar a média das posições de paletes ocupadas nos
depósitos, o volume de produção e a previsão de vendas:
Média da posição palete ocupada nos depósitos X e Y – os valores utilizados
para o cálculo da média das posições foram obtidos pelos valores colhidos
diariamente, no inicio da manhã, das posições paletes ocupadas nos depósitos,
conforme pode ser observado nas Tabelas 2 e 3. Nas Tabelas cada período (t)
representa um mês. Os meses 7, 8, 9, 10 e 11 são considerados meses sazonais,
onde o volume de produção e venda é maior devido aos períodos de safra.
Tabela 2 – Média das posições ocupadas no depósito X em 2012
Fonte – Elaborado pela autora
35
Tabela 3 – Média das posições ocupadas no depósito Y em 2012
Fonte – Elaborado pela autora
Volumes de produção – é o volume a ser produzido em um certo período (t),
considerando o total de volume/mês. Os dados levantados na Tabela 4 são dados
de real produzido. De acordo com as informações repassadas pela área de
produção, a variabilidade entre o previsto de produção e o produzido é de 4%
acima ou abaixo do volume consentido de produção do inicio do mês. Conforme
dados passados, a média fica entre 2% acima ou abaixo do volume.
Tabela 4 – Volume de produção em 2012
Fonte – Elaborado pela autora
Volume de vendas - é o volume a ser vendido em um certo período (t),
considerando o total de volume/mês. Os dados levantados na Tabela 5 são dados
de real vendido. De acordo com as informações repassadas pela área de
planejamento, o grau de assertividade da previsão de vendas é, em média, de
10% levando em consideração que essa previsão não é baseada apenas no
histórico de vendas dos anos anteriores. São considerados também alguns
quesitos específicos do agronegócio como: área plantada, preço dos itens na
bolsa de valores e desafios previstos para cada tipo de produto.
36
Tabela 5 – Volume de Vendas em 2012
Fonte – Elaborado pela autora
3.4. SAD UTILIZADO NO ESTUDO DE CASO
O Sistema de Apoio à Decisão (SAD), utilizado pela empresa, tem por objetivo
melhorar a eficiência e qualidade do processo de tomada de decisão a nível de
planejamento e gerência. Ainda, da forma que é utilizada pode ser considerada uma
ferramenta de fácil manuseio e análise. Dessa forma, foi utilizado o software Microsoft
Excel por questões de conveniência e praticidade, uma vez que uma pessoa que não
tenha conhecimento específico em Tecnologia da Informação (TI) pode utilizar e
manipular essa ferramenta e realizar as análises necessárias, além de ser um método de
baixo custo.
3.5. COLETA DE DADOS
Para realizar a coleta de dados foi preciso primeiramente fazer uma análise do
principal objetivo da ferramenta, ou seja, refletir sobre o que realmente se espera que a
mesma ofereça. Uma vez identificada a necessidade de analisar a capacidade de
estocagem no ano de 2013, verificou-se que para se obter essa resposta são necessários
os seguintes dados de entrada:
plano de produção mensal referente ao ano que será realizada a análise contendo
todos os produtos do portfólio da empresa;
previsão de vendas mensal referente ao ano que será realizada a análise
contendo todos os produtos do portfólio da empresa;
previsão de estoque inicial do mês imediatamente anterior ao mês inicial da
análise;
paletização de todos os materiais em portfólio;
37
cover time em dias, ou seja, o tempo de antecipação de chegada dos insumos;
grau de despaletização em porcentagem, ou seja, percentual que deve ser
acrescido no número final de paletes para ser considerado a perda devido a
despaletização. Isso ocorre com os insumos que foram enviados para a produção,
porém não foram utilizados e retornam para armazenagem.
A estrutura da ferramenta de sistema de apoio à decisão da ALFA Indústria
Química pode ser representada conforme a Figura 12:
Figura 12 - Estrutura do SAD da ALFA Indústria Química
Fonte: Elaborado pela autora
Os dados citados anteriormente foram coletados em duas fontes distintas:
plano de produção e previsão de vendas foram coletados com a equipe do setor
de planejamento;
estoque inicial, informação de paletização, cover time e despaletização foram
extraídos de relatórios específicos do sistema ERP (Enterprise Resource
Planning) existente na empresa.
38
3.6. REALIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Feito a identificação e separação dos dados, pode-se começar a fazer análise na
ferramenta de apoio à decisão para o presente estudo de caso. Contudo, é necessário
fazer o entendimento de como são realizados esses cálculos e como estão organizados
todos os dados de entrada e, de que forma esses resultados são extraídos.
O SAD da ALFA Indústria Química é constituído por um conjunto de pastas de
arquivos Excel, sendo que para cada análise realizada deve-se ter uma estrutura
conforme a mostrada na Figura 13 de modo a ter uma melhor organização.
Figura 13 – Estrutura dos arquivos do SAD da ALFA Indústria Química
Fonte: Empresa pesquisada
Na pasta “1.Dados de input”, devem estar alocados os dados principais de
entrada, que são constituídos de 3 arquivos:
Arquivo 1 – Plano de produção referente ao ano da análise;
Arquivo 2 – Previsão de vendas referente ao ano da análise;
Arquivo 3 – Previsão de estoque inicial do mês imediatamente anterior ao mês
inicial da análise.
A planilha onde é realizado o cálculo da previsão de estocagem se encontra na
pasta “2.Calculo Base”. De modo a manter um padrão, seu nome é definido da seguinte
forma: “1. Product database_Ano a ser analisado_Revisão da análise”. Portanto, o nome
do arquivo da presente análise é “1. Product database_2013_rev1”.
O arquivo “1. Product database_2013_rev1” é composto por diversas abas, onde
são feitas as divisões das informações, conforme mostrado na Figura 14. Em cada uma
39
dessas abas é inserido um tipo de informação ou realizado cálculos, conforme será
explicitado no decorrer do presente estudo de caso.
Figura 14 – Abas do arquivo “1. Product database_2013_rev1”
Fonte: Empresa pesquisada
O primeiro passo para começar os cálculos é inserir os dados principais de
entrada em suas respectivas abas da seguinte forma:
Na aba Production Data deve-se inserir os dados de plano de produção obtidos
no arquivo 1 da pasta “dados de input”;
Na aba Marketing Data deve-se inserir os dados de previsão de vendas obtidos
no arquivo 2 da pasta “dados de input”;
Na aba Estoque Inicial deve-se inserir os dados de estoque real obtidos no
arquivo 3 da pasta “dados de input”.
Esses dados são inseridos através das funções índice-corresp. Tais funções são
recursos do Microsoft Excel. O Índice retorna o valor de uma célula em uma determinada
posição e o Corresp determina a posição de um valor dentro de um intervalo de dados.
Dessa forma, ao serem utilizados juntos, o Índice determina o local onde será realizada a
pesquisa, e o Corresp, localiza a linha e a coluna que se deseja visualizar no intervalo.
É necessário utilizar essa fórmula, pois no arquivo “1. Product
database_2013_rev1” possui a listagem de todo o portfólio da empresa, mas não significa
que todos esses materiais serão produzidos e vendidos no ano referente a análise,
portanto não constará nos arquivos de plano de produção e previsão de vendas. Com
isso, para agilizar o processo é utilizada essa fórmula que localizará automaticamente os
materiais nas respectivas planilhas e copiará os dados corretamente.
40
Nas demais abas existentes no arquivo “1. Product database_2013_rev1” são
realizados efetivamente os cálculos de previsão de estocagem respeitando a seguinte
divisão:
Na aba FG Storage Preview Pallets é realizada a previsão de estocagem em
paletes dos produtos acabados;
Na aba FG Storage Preview KGL é realizada a previsão de estocagem em KGL
de produtos acabados;
Na aba RM & PM Storage Preview Pallet é realizada a previsão de estocagem em
paletes de matéria-prima e embalagens.
Para melhor entendimento, FG, RM, PM e KGL são nomenclaturas utilizadas
nesse SAD definidas pela instituição que representam:
KGL - unidades de medida para quilograma e litro;
FG – abreviação em inglês para Finish Good que significa produto acabado;
RM - abreviação em inglês para Raw Material que significa matéria-prima;
PM - abreviação em inglês para Package Material que significa material de
embalagem.
Como pode-se perceber, a maioria das nomenclaturas e informações inseridas
nas planilhas do SAD são em inglês devido a ALFA Indústria Química ser uma empresa
multinacional e muitas dessas informações serem apresentadas para diretores de outras
nacionalidades.
Nessas abas contém uma espécie de banco de dados com informações
importantes para realização dos cálculos que devem ser exatamente iguais nas três abas
deste arquivo. Esses dados são referentes a informações comerciais dos produtos,
informações das embalagens utilizadas e paletização dos mesmos, conforme mostrado
na Figura 15:
41
Product comercial classification – refere-se a classificação de cada produto do
portfólio, uma vez que a ALFA Industria Química comercializava dois grupos
distintos de materiais:
Finish Goods – materiais que são fabricados pela ALFA Industria Química;
Trade Goods – materiais que são comprados de um fornecedor e revendidos
pela ALFA Industria Química;
Primary Package – informa a quantidade de produto que a embalagem comporta
em litros ou quilogramas;
Ton FG / Pallet FG – é a razão da quantidade de produto acabado, em toneladas,
em um palete;
Pallet PM / Pallet FG – é a razão entre a quantidade em paletes de embalagem
para um palete de produto acabado;
Pallet RM / Ton FG – é a razão entre a quantidade em paletes de matéria-prima
para uma tonelada de produto acabado.
Figura 15 – Banco de dados do SAD da ALFA Indústria Química
Fonte: Empresa pesquisada
42
Esses dados devem ser totalmente preenchidos de forma correta, sob risco de
causar distorções, e devem ser exatamente iguais em todas as abas onde são realizados
os cálculos de previsão de estocagem. Em caso de surgirem novos produtos acabados
no portfólio, os mesmos devem ser adicionados em todas as abas juntamente com os
dados de embalagem e paletização.
Com todos esses dados preenchidos pode-se realizar os cálculos de previsão de
estocagem. Primeiramente será demonstrada a previsão de estocagem de produtos
acabados.
3.6.1 PREVISÃO DE ESTOCAGEM DE PRODUTOS ACABADOS
A previsão de estocagem de produtos acabados é realizada na aba “FG Storage
Preview KGL”, onde a previsão é apresentada em toneladas. Com o intuito de facilitar os
cálculos, os dados de plano de produção, previsão de vendas e estoque inicial são
copiados novamente nesta aba.
O cálculo para realizar a previsão de estocagem de produto acabado em
toneladas é realizado através do somatório do estoque inicial (ou estoque anterior ao mês
de referência) e plano de produção do material em questão, subtraído pela previsão de
vendas do mesmo. De forma esquemática, pode ser representado pela seguinte regra:
IPA – Estoque inicial de produto acabado
PV m – Previsão de vendas do mês
PP m – Previsão de produção do mês
SPA m – Saldo de produto acabado do mês
m – Mês de referencia
SPA m = (IPA + PP m ) - PV m
SPA 1m = (SPA m + PP 1m ) - PV 1m
Tomando como exemplo um produto X do portfólio da empresa, pode-se
visualizar na Tabela 6 a previsão de estocagem mensal de acordo com as premissas e as
regras apresentadas acima.
43
Tabela 6 – Previsão de estocagem de produto acabado em KGL do Produto X
Fonte – Elaborado pela autora
A previsão de estocagem de produtos acabados em paletes é realizada na aba
“FG Storage Preview Pallets”. A lógica do cálculo é realizada da mesma forma que o
cálculo de previsão de estocagem em toneladas. Neste caso, os dados de entrada
principais são previamente convertidos para paletes, utilizando as informações contidas
no campo “Ton FG / Pallet FG”. Esquematicamente é representado pela seguinte regra:
IPA – Estoque inicial de produto acabado;
PV m – Previsão de vendas do mês;
PP m – Previsão de produção do mês;
SPA m – Saldo de produto acabado do mês;
RPAL PA – a razão da quantidade de produto acabado, em toneladas, em um palete;
IPAp – Estoque inicial de produto acabado em paletes;
PVp m – Previsão de vendas do mês em paletes;
PPp m – Previsão de produção do mês em paletes;
SPAp m – Saldo de produto acabado do mês em paletes;
m – Mês de referencia.
Conversão de KGL para paletes:
IPAp = IPA / RPAL PA / 1000;
PVp m = PV m / RPAL PA / 1000;
PPp m = PP m / RPAL PA / 1000;
44
SPAp m = SPA m / RPAL PA / 1000.
Calculo de previsão de estocagem de produto acabado em paletes:
SPAp m = (IPAp + PPp m ) - PVp m ;
SPAp 1m = (SPAp m + PPp 1m ) - PVp 1m .
Tomando como exemplo o produto X do portfólio da empresa, já exemplificado
anteriormente com o cálculo em toneladas, pode-se visualizar na Tabela 7 a previsão de
estocagem mensal de acordo com as premissas e as regras apresentadas acima.
Tabela 7 – Previsão de estocagem de produto acabado em paletes do Produto X
Fonte – Elaborado pela autora
3.6.2 PREVISÃO DE ESTOCAGEM DE MATÉRIAS-PRIMA E EMBALAGEM
A previsão de estocagem de matéria-prima e embalagem é realizada na aba
“RM & PM Storage Preview Pallet”, onde a previsão é apresentada diretamente em
paletes por uma opção da equipe de planejamento que elaborou esse SAD. Nesta aba
apenas os dados de plano de produção são copiados uma vez que a previsão de vendas
e estoque inicial não são utilizados nesse cálculo.
O cálculo para realizar a previsão de estocagem de matéria-prima em paletes é
baseado essencialmente no plano de produção, na razão entre a quantidade em paletes
de matéria-prima para uma tonelada de produto acabado e no cover time e
despaletização para matérias-primas. De forma esquemática, pode ser representado pela
seguinte regra:
45
PP m – Previsão de produção do mês;
PPt m – Previsão de produção do mês em toneladas;
SMP m – Saldo de matéria prima;
RPAL PAMP / – a razão entre a quantidade em paletes de matéria-prima para uma tonelada
de produto acabado;
PPp m – Previsão de produção do mês em paletes;
CTMP – Cover time da matéria prima em meses;
DPMP – Grau de despaletização de matéria prima;
m – Mês de referencia.
Conversão do plano de produção em KGL para toneladas:
PPt m = PP m / 1000.
Calculo de previsão de estocagem de embalagem em paletes:
SMP m = PPt m x RPAL PAMP / x (CTMP / 30) x (1 + DPMP).
Tomando como base o produto X, agora pode-se visualizar na Tabela 8 a
previsão de estocagem de matéria-prima do mesmo de acordo com as premissas e as
regras apresentadas acima.
Tabela 8 – Previsão de estocagem de matéria-prima em paletes do Produto X
Fonte – Elaborado pela autora
46
O cálculo para realizar a previsão de estocagem de embalagem em paletes é
baseado essencialmente no plano de produção, na razão entre a quantidade em paletes
de embalagem para um palete de produto acabado e no cover time e despaletização para
embalagens, além de duas premissas importantes:
Se o material for um “Trade Good” não haverá estocagem de embalagem uma vez
que esse tipo de produto é comprado pronto de terceiros;
Se não houver produção de algum produto no mês de referência a estocagem em tal
mês será zero.
De forma esquemática, o cálculo da estocagem de embalagens pode ser
representado pela seguinte regra:
PP m – Previsão de produção do mês;
PPt m – Previsão de produção do mês em toneladas;
SEMB m – Saldo de embalagem;
RPAL PAEMB / – a razão entre a quantidade em paletes de embalagem para um palete de
produto acabado;
RPAL PA – a razão da quantidade de produto acabado, em toneladas, em um palete;
PPp m – Previsão de produção do mês em paletes;
CTMP – Cover time da embalagem em meses;
DPMP – Grau de despaletização de embalagem;
m – Mês de referencia.
Conversão do plano de produção em KGL para toneladas:
PPt m = PP m / 1000.
Conversão do plano de produção em toneladas para paletes:
PPp m = (PPt m / RPAL PA ) + 1.
47
Calculo de previsão de estocagem de embalagem em paletes:
SEMB m = PPp m x RPAL PAEMB / x (CTMP / 30) x (1 + DPMP).
Tomando como base o produto X, pode-se visualizar na Tabela 9 a previsão de
estocagem de embalagem do mesmo de acordo com as premissas e as regras
apresentadas acima.
Tabela 9 – Previsão de estocagem de embalagem em paletes do Produto X
Fonte – Elaborado pela autora
3.6.3 RELATÓRIO DE RESULTADOS DA PREVISÃO DE ESTOCAGEM
Os resultados da previsão de estocagem obtidos no arquivo “1. Product
database_2013_rev1” migram na sequência para o arquivo “1. Requerimentos de
armazenagem 2013”, localizado na pasta “3. Resultados e Cenários”.
O somatório mensal da previsão de estocagem de produtos acabados, matéria-
prima e embalagem migram para tal arquivo através de fórmulas especificas existentes
no Microsoft Excel. Este arquivo em forma de relatório facilita a análise dos resultados
uma vez que é uma ferramenta primordial para a tomada de decisões.
A partir da Tabela 10, pode-se observar o relatório do SAD com os resultados da
análise de previsão de armazenagem nos depósitos X e Y.
48
Tabela 10 – Relatório de resultados da previsão de estocagem dos Depósitos X e Y
Fonte: Elaborado pela autora
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com a análise realizada e descrita anteriormente foi possível obter
informações bastante relevantes com relação a preocupação em diagnosticar se a
capacidade dos depósitos da ALFA Industria Química irá suportar a demanda de
produção em decorrência do mercado de Agronegócio superaquecido que ocasiona a
elevação da quantidade de posições-palete para estocagem dos produtos acabados,
matéria-prima e embalagem.
A partir dos resultados obtidos, pode ser visto nos gráficos 3 e 4 que a
quantidade de material em estoque não irá ultrapassar a capacidade máxima de
armazenagem dos depósitos de produto acabado, matéria-prima e embalagem.
Entretanto, nos meses sazonais (meses de julho à novembro) o pico de estocagem é de
aproximadamente 89%, considerando que a empresa determinou que o limite de
posições-palete ocupadas é de 90%, caso esse número exceda outras ações deverão ser
tomadas antes que o volume de estoque exceda o limite de segurança de estocagem,
apesar de não ter ocorrido ainda problemas como esse no histórico da empresa.
49
Gráfico 3 – Gráfico de capacidade de estocagem no depósito X
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 4 – Gráfico de capacidade de estocagem no depósito Y
Fonte: Elaborado pela autora
Cabe ressaltar que a empresa adotou uma margem de erro de 10%, para cima
ou para baixo, para a ferramenta de SAD em questão. Caso essa margem seja
ultrapassada durante a análise, o planejamento é revisto.
50
Tendo em vista esse cenário, sugere-se que a ALFA Indústria Química realize
um estudo de viabilidade econômica para determinar a melhor alternativa entre expandir
os depósitos de produto acabado, matéria-prima e embalagem existentes ou terceirizar
um serviço de armazenagem para que o excedente seja estocado por um operador
logístico contratado.
4.1. PONTOS FRACOS DA FERRAMENTA
O SAD apresentado neste estudo de caso é uma ferramenta de grande valia
para auxiliar em algumas tomadas de decisão, porém existem algumas desvantagens no
mesmo que precisam ser considerados:
São utilizados um grande número de dados e fórmulas que fazem referência a
outras células e/ou abas que são manipulados por usuários, podendo,
acidentalmente, alterar tais informações e fórmulas, causando diversos erros nos
cálculos;
Esta ferramenta de SAD, desenvolvida pela empresa, é mais limitada por utilizar
apenas fórmulas simples do Microsoft Excel em comparação com os softwares
comerciais de SAD existentes que possuem maior grau de complexidade por
conta dos modelos matemáticos utilizados, considerando mais variáveis do que o
SAD em questão. Dessa forma, o SAD descrito neste trabalho não permite um
grande aproveitamento para realização de diversas analises complexa
simultaneamente assim como é possível nos software de simulação
computacional.
4.2. SUGESTÃO DE MELHORIA
Sugere-se que futuramente a empresa adquira um software de simulação
computacional. Apesar de ser necessário um alto investimento esta ferramenta possui um
nível de precisão maior do que o atual SAD utilizado que apoiará a área de Logística da
empresa no desenvolvimento de excelência nos seus processos de gestão.
Com a utilização de um software de simulação computacional, a empresa terá
mais recursos para realizar outros tipos de análises como previsões de custos de
51
armazenagem, movimentação e transporte, despesas fiscais e outros requerimentos que
forem pertinentes para o auxílio de análises e tomadas de decisão.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve por objetivo apresentar a análise de previsão de
estocagem de produtos acabados e insumos nos depósitos existentes na empresa, no
intuito de fornecer embasamento para a tomada de decisão por parte dos gestores para
definir um plano de ação com relação à estocagem dos materiais excedentes caso a
capacidade dos depósitos existentes não suportem a demanda.
Utilizando como método o estudo descritivo, foi relatado o funcionamento
detalhado da ferramenta de SAD, desenvolvida na empresa em que foi realizado o
estudo de caso, bem como a descrição das características dos depósitos nela existente
que foi o foco para a realização da análise, além de informações referente a volume de
produção e vendas e total de posições ocupadas nos depósitos no ano anterior a analise
de modo a contextualizar e justificar a necessidade de realização deste tipo de estudo por
parte dos gestores.
A realização deste trabalho possibilitou enfatizar a importância e as vantagens
de uma empresa, que lida com questões complexas constantemente, utilizar uma
ferramenta que auxilia na tomada de decisão, uma vez que oferece previsões para
circunstâncias futuras. Além disso, foi possível perceber que a principal vantagem desse
SAD é a acessibilidade, interatividade e ser facilmente operável por pessoas não
especializadas em computadores e de qualquer nível hierárquico da organização, para
que a tomada de decisão seja bem calibrada e realizada com a maior probabilidade de
retorno possível para a empresa.
Dessa forma, os resultados alcançados com esta análise demonstram a
efetividade e o potencial do SAD como instrumento de suporte para prever a quantidade
de itens que serão estocados baseados no plano de produção e vendas da empresa.
Com isso, após comprovar a efetividade e importância de se utilizar uma ferramenta de
apoio à decisão, a empresa aceitou a sugestão em adquirir um software de simulação
computacional e está em processo de compra da ferramenta para assim ampliar suas
análises sempre visando o desenvolvimento de seus processos.
52
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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