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i Utilização das Tecnologias de Informação no contexto das Cidades Inteligentes em grandes cidades Joana Marta Ferreira Aires O Caso de Lisboa Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Gestão de Informação

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Utilização das Tecnologias de Informação no

contexto das Cidades Inteligentes em grandes

cidades

Joana Marta Ferreira Aires

O Caso de Lisboa

Dissertação apresentada como requisito parcial para

obtenção do grau de Mestre em Gestão de Informação

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MEGI

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Título: Utilização das Tecnologias de Informação no contexto das Cidades Inteligentes em grandes cidades

Subtítulo: O Caso de Lisboa

Joana Marta Ferreira Aires MGI

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NOVA Information Management School

Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação

Universidade Nova de Lisboa

UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NO

CONTEXTO DAS CIDADES INTELIGENTES EM GRANDES CIDADES

O CASO DE LISBOA

por

Joana Marta Ferreira Aires

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Gestão

de Informação, Especialização em Gestão do Conhecimento e Business Intelligence

Orientador: Professor Doutor Vítor Manuel Pereira Duarte dos Santos

maio 2016

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação à minha mãe, Maria da Conceição Ferreira, pelo apoio incondicional

que me tem dado ao longo da minha vida.

E também ao meu pai, João António Velez Aires, pela sua cooperação em determinados

momentos do meu percurso existencial.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço ao meu orientador, Professor Doutor Vítor Santos, pois

graças à sua preciosa ajuda, disponibilidade, paciência, compreensão, conselhos, força e apoio

em todos os momentos, foi possível realizar este trabalho de investigação. Um grande Bem-

Haja! Muito Obrigada por tudo!

Agradeço também ao Vereador dos Sistemas de Informação da Câmara Municipal de

Lisboa, Dr. Jorge Máximo, pela sua disponibilidade em conceder-me a honra da entrevista e

permitir a conclusão deste estudo.

Ao Dr. Nuno Xavier, pela compreensão e auxílio no agendamento da entrevista.

À instituição de excelência NOVA Information Management School, pela oportunidade

de frequentar o Mestrado em Gestão de Informação e também ao seu corpo docente, com o

qual tive o privilégio de aprender e me transmitiu vários conhecimentos.

Aos meus colegas de Mestrado que colaboraram nas aulas e nos trabalhos de grupo.

Ao Prof. Dr. Leonardo Vanneschi pelas palavras de incentivo, coragem e também pela

possibilidade de treinar o idioma italiano, que tanto aprecio.

Ao Dr. Carlos Miranda, pela atenção que sempre teve comigo.

Ao Dr. José Rafael, pelos conselhos, boa disposição e por me fazer sorrir.

Ao João Tiago Silva pela sua amizade, força, conselhos, cumplicidade e compreensão.

À Zhang Shuang pelo seu otimismo e apoio.

As diferentes culturas e idiomas não são uma barreira para a amizade e troca de ideias e

conhecimentos.

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RESUMO

As Cidades Inteligentes podem ser vistas como uma nova abordagem para lidar com os

problemas urbanos, como por exemplo a gestão do trânsito. Através da disponibilidade,

infraestrutura e qualidade das Tecnologias da Informação e do capital humano é possível

melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, promovendo a sua participação e proporcionando

uma melhor monitorização de eventos que ocorrem nas cidades. Tomando-se como caso de

estudo a grande cidade de Lisboa, neste trabalho procura-se compreender as estratégias e os

projetos que têm vindo a ser implementados, comparando-os com aqueles que têm vindo a

ser realizados em Barcelona e no Rio de Janeiro, também grandes cidades, para que estas

possam ser cada vez mais “Smart Cities.”

PALAVRAS-CHAVE

Cidades Inteligentes; Tecnologias de Informação; Urbanismo; Cidadãos; Lisboa

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ABSTRACT

The Smart Cities can be seen as a new approach to dealing with urban problems such as

traffic management. Through the availability, infrastructure and quality of Information

Technologies and human capital the quality of citizens’ life can improve, their participation is

promoted and better monitoring of events occurring in the city is provided. As Lisbon is a big

city, this study seeks to understand the strategies and the projects that have been

implemented, comparing them with those that have been accomplished also in Barcelona and

Rio de Janeiro, so that they can be increasingly "Smart Cities."

KEYWORDS

Smart Cities; Information Technologies; Urbanism; Citizens; Lisbon

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SUBMISSÃO

SUBMISSÃO RESULTANTE DESTA DISSERTAÇÃO

ARTIGO

AIRES, J. E SANTOS, V., UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DAS CIDADES INTELIGENTES EM

GRANDES CIDADES – O CASO DE LISBOA

SUBMISSÃO ACEITE PELA CISTI'2016 - 11ª CONFERÊNCIA

IBÉRICA DE SISTEMAS E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

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SUBMISSION

SUBMISSION RESULTING FROM THIS DISSERTATION

FULL PAPER

AIRES, J. E SANTOS, V., THE USE OF INFORMATION TECNOLOGIES

IN THE CONTEXT OF SMART CITIES IN LARGE CITIES – THE LISBON

CASE STUDY

ACCEPTED SUBMISSION BY CISTI'2016 - 11TH IBERIAN

CONFERENCE ON INFORMATION SYSTEMS AND TECHNOLOGIES

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ÍNDICE

1. Introdução .................................................................................................................. 16

1.1. Enquadramento e Definição do Problema ......................................................... 17

1.2. Motivação ........................................................................................................... 19

1.3. Objetivo .............................................................................................................. 20

1.4. Estrutura da Dissertação ..................................................................................... 21

2. Revisão da Literatura ................................................................................................. 22

2.1. Tipos de Cidades ................................................................................................. 22

2.1.1. Cidades de Aprendizagem ........................................................................... 22

2.1.2. Cidades de Conhecimento ........................................................................... 24

2.1.3. Cidades Criativas .......................................................................................... 26

2.1.4. Cidades Digitais ............................................................................................ 27

2.1.5. Cidades Híbridas .......................................................................................... 28

2.1.6. Cidades Humanas ........................................................................................ 29

2.1.7. Cidades de Informação ................................................................................ 29

2.1.8. Cidades Inteligentes..................................................................................... 30

2.1.9. Cidades Ubíquas .......................................................................................... 30

2.1.10. Cidades Sem Fios ....................................................................................... 31

2.2. Smart Cities ......................................................................................................... 33

2.2.1. Áreas e vertentes associadas às SC ............................................................. 35

2.2.1.1. Vertente Análise de Dados ........................................................................... 37

2.2.1.2. Vertente Participação ................................................................................... 39

2.2.1.3. Vertente Serviços ......................................................................................... 40

2.2.2. Modelos de Maturidade .............................................................................. 42

2.2.3. Tecnologias de Informação e Comunicação ................................................ 44

2.2.3.1. Tecnologias utilizadas em Smart Cities ........................................................ 44

2.2.3.2. Bluetooth ...................................................................................................... 45

2.2.3.3. Computação em Nuvem ............................................................................... 45

2.2.3.4. GSM .............................................................................................................. 45

2.2.3.5. GPS ............................................................................................................... 46

2.2.3.6. NFC ............................................................................................................... 46

2.2.3.7. Código QR ..................................................................................................... 47

2.2.3.8. RFID .............................................................................................................. 47

2.2.3.9. Wi-Fi ............................................................................................................. 47

2.2.3.10. Wireless Sensor Networks ........................................................................ 48

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2.2.3.11. Sistemas de Computação Móvel e Ubíqua .............................................. 48

2.2.4. Sistemas de Informação .............................................................................. 48

2.2.4.1. Sistemas de Informação nas Smart Cities .................................................... 49

2.2.4.2. Sistemas de Informação Geográfica ............................................................. 49

2.3. Situação no Mundo ............................................................................................. 50

2.3.1. Caso de Sucesso – Barcelona Smart City ..................................................... 50

2.3.2. Caso de Sucesso - Rio de Janeiro Smart City ............................................... 54

2.3.3. Análise Prévia da Situação de Lisboa Smart City ......................................... 58

3. Metodologia ............................................................................................................... 62

3.1. Estudo do Caso ................................................................................................... 62

3.2. Estratégia de desenvolvimento da Investigação ................................................ 62

4. Estudo e Análise de resultados .................................................................................. 64

4.1. Câmara Municipal de Lisboa ............................................................................... 64

4.2. Desenho da Entrevista ........................................................................................ 64

4.3. Realização da Entrevista ..................................................................................... 65

4.4. Análise Detalhada da Entrevista ......................................................................... 65

4.5. Análise Global ..................................................................................................... 74

5. Conclusões e trabalhos futuros ................................................................................. 75

5.1. Síntese do trabalho ............................................................................................. 75

5.2. Conclusões .......................................................................................................... 76

5.3. Limitações e recomendações para trabalhos futuros ........................................ 77

Referências ..................................................................................................................... 78

Anexo I – Guião de Entrevista ........................................................................................ 85

Anexo II – Comparação da situação de Lisboa, Barcelona e Rio de Janeiro .................. 99

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INDEX

1. Introduction ............................................................................................................... 16

1.1. Problem Statement ............................................................................................. 17

1.2. Motivation .......................................................................................................... 19

1.3. Aims and Objectives ........................................................................................... 20

1.4. Dissertation Structure ......................................................................................... 21

2. Literature Review ....................................................................................................... 22

2.1. Types of Cities ..................................................................................................... 22

2.1.1. Learning Cities.............................................................................................. 22

2.1.2. Knowledge Cities ......................................................................................... 24

2.1.3. Creative Cities .............................................................................................. 26

2.1.4. Digital Cities ................................................................................................. 27

2.1.5. Hybrid Cities ................................................................................................. 28

2.1.6. Human Cities ................................................................................................ 29

2.1.7. Information Cities ........................................................................................ 29

2.1.8. Intelligent Cities ........................................................................................... 30

2.1.9. Ubiquitous Cities .......................................................................................... 30

2.1.10. Wireless Cities ........................................................................................... 31

2.2. Smart Cities ......................................................................................................... 33

2.2.1. Areas and aspects associated with Smart Cities ......................................... 35

2.2.2. Maturity Models .......................................................................................... 42

2.2.3. Information and Communication Technologies .......................................... 44

2.2.4. Information Systems .................................................................................... 48

2.3. Situation in the World......................................................................................... 50

2.3.1. Success Case – Barcelona Smart City ........................................................... 50

2.3.2. Success Case - Rio de Janeiro Smart City ..................................................... 54

2.3.3. Lisbon Smart City - Preliminary analysis ..................................................... 58

3. Methodology .............................................................................................................. 62

3.1. Case Study ........................................................................................................... 62

3.2. Research Development Strategy ........................................................................ 62

4. Study Results and Analysis ......................................................................................... 64

4.1. Lisbon City Hall .................................................................................................... 64

4.2. Interview Drawing............................................................................................... 64

4.3. Interview Achievement ....................................................................................... 65

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4.4. Detailed Analysis of the Interview ...................................................................... 65

4.5. Global Analysis .................................................................................................... 74

5. Conclusions and Future Work .................................................................................... 75

5.1. Work Synthesis ................................................................................................... 75

5.2. Conclusions ......................................................................................................... 76

5.3. Limitations and Recommendations for Future Work ......................................... 77

References ...................................................................................................................... 78

Annex I – Interview Script ............................................................................................... 85

Annex II – Comparison of some Smart Cities projects known in the three cities studied……………………………………………………………………………………………………………………….99

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Exemplo de Áreas Principais numa Smart City ............................................ 35

Figura 2.2 - Fatores associados às seis características das Smart Cities ........................ 36

Figura 2.3 - Exemplo de uma imagem do portal Open Data de BCN ............................. 53

Figura 2.4 – Sala do Centro de Operações do Rio de Janeiro......................................... 55

Figura 2.5 – Exemplo aplicação Waze no Rock in Rio 2013 ........................................... 57

Figura 2.6 – Fab Lab Lisboa ............................................................................................ 59

Figura 3.1 – Diagrama de Metodologia .......................................................................... 63

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 - Exemplo de elementos de desenho de um jogo ........................................ 40

Tabela 2.2 - Exemplos de tipos de crowdsourcing ......................................................... 41

Tabela 2.3 - Modelo de Maturidade de Autoavaliação .................................................. 42

Tabela 2.4 - Modelo de Maturidade relacionado com áreas de SC e TIC ...................... 43

Tabela II.1 – Projetos conhecidos no âmbito de Smart Cities nas três cidades

apresentadas .......................................................................................................... 99

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BCN Barcelona

CE Comissão Europeia

CML Câmara Municipal de Lisboa

E-Nova Agência Municipal de Energia e Ambiente de Lisboa

GNSS Global Navigation Satellite System

GPS Global Positioning System

GSM Global System for Mobile Communication

IAPMEI Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação

IoE Internet of Everything

IoT Internet of Things

NFC Near Field Communication

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico

RFID Radio Frenquecy Identification

RJ Rio de Janeiro

SC Smart Cities

SI Sistemas de Informação

SIG Sistemas de Informação Geográfica

TI Tecnologias de Informação

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

UE União Europeia

WSN Wireless Sensor Networks

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Harrison e Donnelly (2011) a expressão cidade inteligente (Smart City), poderá ter a

sua origem na investigação desenvolvida por David Bollier, publicada em 1998, no âmbito do

movimento de 1990, Smart Growth, que defendia a criação de novas políticas para o planeamento

urbano. Atualmente, esta expressão foca-se principalmente no papel desempenhado pelas TI, onde

as SC devem ter uma infraestrutura com redes interligadas que suportem tecnologias e recolham

dados acerca da sua sustentabilidade (Manville et al., 2014; Copenhagen Cleantech Cluster, 2012).

Para Caragliu, Del Bo e Nijkamp (2011), uma cidade é inteligente quando existe um investimento em

infraestruturas de tecnologias de informação e comunicação, em redes de transportes, em capital

humano e social, onde é efetuada uma boa gestão dos recursos disponíveis, contribuindo para um

melhoramento da qualidade de vida dos seus habitantes.

Com a crise económica, têm surgido vários desafios nas cidades de todo o mundo, exigindo a

adoção de novas políticas para promover estratégias, de forma a garantir a sustentabilidade e o

crescimento da economia (Dirks, Gurdgiev e Keeling, 2010). Alguns desses desafios estão

relacionados com a constante urbanização provocada pelo crescimento da população mundial, que

poderá adicionar 2,5 mil milhões de pessoas à população urbana em 2050 (United Nations, 2014).

Portanto, será provável que num futuro não muito distante, a maioria das pessoas habitará nas

cidades, criando-se assim acrescidas preocupações ambientais e de desenvolvimento económico e

social (Varela, Calçada e Lagarto, 2014). Este crescente e complexo urbanismo exigirá, certamente,

aos governantes formas inovadoras para gerir os recursos disponíveis e atenuar a sobrelotação das

cidades (Manville et al., 2014).

Nos últimos anos, a nível mundial, tem-se verificado um maior impacto das consequências

provocadas por catástrofes de origem natural e tecnológica, por vezes ocasionais ou propositadas

(Mendes e Souto, 2014). A sua maioria tem maior incidência nas grandes metrópoles, que

atualmente apresentam alguns problemas, nomeadamente exclusão social, poluição atmosférica e

sonora, congestionamento rodoviário, desigualdades económicas e financeiras, degradação de

edifícios devolutos, diminuição dos espaços verdes e falta de espaço (Ferrão, 2014). Neste contexto,

nota-se o surgimento de novos desafios em termos de TI, como o desenvolvimento, a

implementação e a conceção de novas estratégias e métodos de gestão para tornar as cidades mais

sustentáveis, seguras e acolhedoras para todos os grupos da sociedade (Pereira e Machado, 2014).

Neste trabalho estudamos a utilização de Tecnologias de Informação em Smart Cities, tendo

como base a análise do caso da cidade de Lisboa enquanto representativa de uma grande cidade.

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1.1. ENQUADRAMENTO E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Existem diversos projetos de implementação de SC em diferentes cidades de Portugal, como

por exemplo: “Future Cities” no Porto, com grande foco no conceito de Living Lab e “Coimbra, Cidade

Inteligente e Criativa” (Selada e Silva, 2013).

Embora, todos eles revelem o seu interesse e significância, sendo suscetíveis de estudo, não

seria possível analisá-los em tempo útil e com a profundidade desejada. Assim, optou-se por estudar

a situação de Lisboa, sendo que, para além de ser a capital de Portugal, de acordo com os Censos

2011 a área de Lisboa registou uma densidade populacional de 940 residentes por km2, destacando-

se da densidade média do país que contabilizou 114, 5 habitantes/km2 (INE, 2012). Sendo também a

segunda economia mais importante da Península Ibérica, Schaffers et al. (2012) destacam, na capital,

o crescimento de projetos relacionados com SC em diferentes áreas, como por exemplo o Mob

Carsharing que surge no âmbito da mobilidade. Por exemplo, a Carris implementou-o com vista ao

aumento da utilização dos transportes públicos, através do aluguer online destes carros.

Futuramente, a empresa pretende equipar estas viaturas com GPS, de forma a monitorizar as rotas e

os destinos mais efetuados, com o intuito de introduzir novos trajetos de autocarros e novas

localizações de parques de estacionamento para estes veículos.

Verificando-se a existência de alguns trabalhos realizados no campo das SC, o estudo encontra-

se focado num âmbito mais restrito, que visa contribuir para a obtenção de uma melhor definição da

utilização das TI no contexto das Cidades Inteligentes tendo como base o caso da cidade de Lisboa.

Esta escolha permitirá a comparação com cidades que apresentam uma maior dimensão e que

se destacam mundialmente pela importância e sucesso na implementação de projetos de SC: Viena,

Toronto, Paris, Nova Iorque, Londres, Tóquio, Berlim, Copenhaga, Hong Kong e Barcelona,

consideradas no Top 10 elaborado por Cohen em 2012.

Além das cidades supramencionadas, o Rio de Janeiro também se destaca com o prémio

“cidade inteligente” atribuído no Smart City Expo World Congress, em Barcelona (Selada, 2014). Tal

distinção poderá ajudar na identificação dos projetos que estão a ser efetuados, de modo a retirar

conclusões sobre a importância do papel das TI na construção e no funcionamento destas cidades

inteligentes.

No contexto deste trabalho consideramos que, sob a ótica das Tecnologias, as TIC funcionam

como um “sistema nervoso digital” que recolhe dados de uma panóplia de fontes, como por

exemplo, informações de trânsito, parques de estacionamento e câmaras de vigilância, permitindo

que as cidades inteligentes sejam transformadas em ecossistemas que sentem e agem (Neirotti, De

Marco, Cagliano, Mangano e Scorrano, 2014; Hall, 2000; Marsa-Maestre, Lopez-Carmona, Velasco e

Navarro, 2008), e possibilitando a criação de algoritmos inspirados em conceitos biológicos (Stolfi e

Alba, 2014). Com esta constante receção de grandes quantidades de dados, em tempo real,

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provenientes de dispositivos móveis e sensores torna-se crítica a organização da atividade da urbe

(Schaffers, Komninos e Pallot, 2011).

Neste contexto, a implementação de projetos e soluções no âmbito de SC pode incidir em três

áreas principais: Serviços, Participação e Análise de Dados (Santos, 2014). Na área dos “Serviços”

salientam-se a IBM, Cisco, Ericsson e Siemens como as principais organizações que fornecem

diferentes soluções para o desenvolvimento e integração de infraestruturas de TIC (Akçura e Avci,

2014). Por exemplo, a IBM oferece em Cloud Computing três tipos de serviços que englobam um

conjunto de áreas inerentes a uma cidade inteligente. O serviço para infraestruturas das cidades

inclui o planeamento urbano e os transportes. Aquele que se aplica ao desenvolvimento, entre

ourtos, abrange a segurança pública. O de gestão da cidade confere auxílio na administração

municipal, na governação e estratégia da urbe (Fritz, Kehoe e Kwan, 2012). As principais soluções

oferecidas baseiam-se em redes de sensores, que monitorizam em tempo real várias infraestruturas

de edifícios, fluidez do tráfego nas estradas, sistemas de comunicação móvel e ubíqua (Santos, 2014).

Nesta vertente surge também o conceito IoT, que através do acesso à Internet é possível conectar

objetos, dados, pessoas e processos em rede (Clarke, 2013).

Na vertente “Participação” pretende-se que os cidadãos tenham um envolvimento ativo com a

cidade através da sua participação e interação na tomada de decisão na vida política (Giffinger et al.

2007), como é exemplo o orçamento participativo. De forma a garantir esse envolvimento podem ser

utilizadas tecnologias persuasivas para motivar a participação das pessoas, como o gamification, que

tem por base os elementos e características dos jogos de vídeo e aplicações móveis, proporcionando

uma melhor experiência para o utilizador (Deterding, Sicart, Nacke, O’Hara e Dixon, 2011). O

crowdsourcing, também surge nesta área como uma forma de inteligência coletiva onde um grupo

de indivíduos, de uma forma gratuita e por reconhecimento, partilha as suas ideias, sugestões e

conhecimento tácito (com origem em experiência pessoais e profissionais) para a resolução de

problemas de diversas ordens, como por exemplo a construção de um código para programar um

determinado software (Malone, Laubacher e Dellarocas, 2010). Assim, com o objetivo de incluir e

proporcionar a participação do maior número de pessoas em comunidade, com a implementação do

conceito de cidades inteligentes pretende-se diminuir o digital divide, exclusão daqueles que

possuem poucos conhecimentos informáticos (Partridge, 2014).

Na perspetiva da “Análise de Dados” destacam-se as análises preditivas e comportamentais,

com base em dados históricos. Através da sua exploração e análise é possível encontrar padrões ou

eventos até ao momento desconhecidos, permitindo descobrir e criar nova informação e

conhecimento. Aqui estão também incluídas as análises estatísticas, a exploração e uniformidade de

dados ambientais e socioeconómicos, zone design (Santos, 2014). Os dados geográficos também

contribuem para os mesmos efeitos, sendo extrapolados a partir de imagens de satélites, facultando

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assim, uma melhor gestão e planeamento de atividades num território, garantindo também uma

georreferenciação de acontecimentos naturais ou com intervenção humana (Carvalho, 2014).

Antunes (2014) considera que é através do crescimento destas cidades que surgirão hipóteses

referentes à distribuição do conhecimento, aumentando a inovação e criatividade provenientes da

utilização das TIC fomentando assim a competitividade.

Existe atualmente um forte interesse por este assunto no nosso país, como é possível observar

pelos diversos eventos, que foram organizados no último ano em Lisboa, nomeadamente: a

conferência internacional “Crescer com Energia – Desafios para as cidades: boas práticas e sinergias

na reabilitação urbana, eficiência energética e criação de emprego” (Figueiredo, 2014) e a

conferência nacional “Cidades Inteligentes, Cidades do Futuro” organizada pela Lisboa E-Nova, onde

verificou-se o interesse de políticos, autarcas, empresas e estudantes pela temática das SC (Cardoso,

2015).

1.2. MOTIVAÇÃO

Elaborar a investigação da utilização das TI na implementação de SC em Lisboa é importante

para compreender quais os projetos que têm sido desenvolvidos e quais as soluções tecnológicas

que possibilitam criar ambientes para a construção da infraestrutura de cidades desta dimensão.

O estudo a realizar procurará contribuir para identificar e compreender as boas práticas que

atualmente estão a ser adotadas a nível mundial, nomeadamente na cidade do Rio de Janeiro, uma

vez que pertence a um país de língua oficial portuguesa, o Brasil, e tem desenvolvido projetos de SC,

como por exemplo a criação de um centro de operações, com o principal objetivo de coordenar e dar

respostas à ocorrência de desastres naturais (Buscher e Doody, 2013). Em Espanha, Barcelona é

atualmente uma das cidades mais avançadas a nível de tecnologia e inteligência urbana, liderando o

setor das SC. Conta com projetos inovadores, tencionando exportar a sua experiência e tecnologia

para outras cidades do mundo (Figueiredo, 2015).

Importa assim compreender, como é que estas cidades inteligentes e as tecnologias estão a

ser desenvolvidas e aplicadas. Também será importante compreender como a cidade de Lisboa, com

anos de história, consegue adaptar-se à implementação de novas tecnologias, em termos de

organização e mobilidade.

O estudo da utilização de TI no âmbito das SC na cidade de Lisboa proporcionará a recolha de

ilações sobre o que poderia ser aplicado ou adaptado em outras cidades no restante território

nacional.

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1.3. OBJETIVO

O objetivo principal deste trabalho é avaliar e compreender a forma como são aplicadas as

Tecnologias da Informação nas cidades inteligentes, tentando promover uma cidade melhor para os

cidadãos, tomando como estudo de caso a cidade de Lisboa. Assim, no presente trabalho, o objeto

de estudo será a cidade de Lisboa e em particular, procurar-se-á responder às seguintes questões:

Qual o estado da implementação e utilização das Tecnologias e Sistemas de Informação

para Cidades Inteligentes em Lisboa?

Qual a maturidade da implementação do conceito Smart City em Lisboa?

De forma a alcançar os objetivos gerais supramencionados, são propostos os objetivos

específicos a concretizar:

1. Definir o conceito Smart City e de alguns dos diferentes tipos de cidades;

2. Analisar detalhadamente as Tecnologias e Sistemas de Informação utilizados nas

Cidades Inteligentes;

3. Identificar as iniciativas já realizadas em Lisboa relacionadas com as SC e comparar com

as práticas efetuadas no mesmo âmbito, no Rio de Janeiro, dado que é uma cidade

pertencente a um país de língua oficial portuguesa e tem projetos já desenvolvidos em

SC e Barcelona, que é considerada uma das cidades mais inteligentes do mundo,

pertence ao nosso país vizinho, Espanha;

4. Compreender quais as oportunidades e os desafios que se colocam na implementação

de SC em Lisboa;

5. Extrapolar os resultados obtidos no estudo de caso para a generalidade das grandes

cidades.

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1.4. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação está estruturada em cinco capítulos, tendo cada um deles um papel

específico na presente dissertação.

O primeiro capítulo explica o que se pretende com o desenvolvimento deste tema e que

contributo pode dar ao conhecimento nesta área das Tecnologias de Informação aplicadas à criação

de infraestruturas em Smart Cities.

O capítulo dois apresenta algumas das definições atribuídas às cidades para além do adjetivo

smart, dado que são diversificados consoante a área predominante, ou seja uns estão mais

relacionados com a partilha do conhecimento e a interação social, outros estão mais focados nas

tecnologias utilizadas. Aqui, também são descritas as principais áreas de atuação nas SC e exemplos

de modelos de maturidade com fatores a ter em conta para suceder da melhor forma na sua

implementação. Neste capítulo, ainda são incluídas definições de algumas tecnologias e sistemas de

informação associadas às SC.

Relativamente aos avanços neste campo a nível mundial, é importante compreender como a

capital da Catalunha, Barcelona, ocupa uma posição de destaque e como é possível adquirir lições,

conhecendo o trajeto que levou à implementação de SC no Rio de Janeiro. Ainda é apresentada uma

análise prévia sobre os projetos já desenvolvidos na cidade de Lisboa.

Os procedimentos metodológicos utilizados para a elaboração do presente trabalho são

apresentados no terceiro capítulo.

O quarto capítulo é importante, uma vez que apresenta a concretização da recolha de

informação acerca do estudo do caso da cidade de Lisboa, enquanto Smart City.

A análise dos resultados apresenta o grau de maturidade em que a cidade de Lisboa se

encontra em comparação com as cidades analisadas neste trabalho, Barcelona e Rio de Janeiro.

Finalmente, no quinto capítulo são indicadas as ilações retiradas da elaboração do estudo e

assinalados os pontos que podem complementar esta investigação.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

A presente revisão da literatura inclui uma análise crítica sobre os conceitos fundamentais à

realização deste trabalho de investigação. Apresenta as principais discussões existentes acerca do

conceito de cidades inteligentes, os casos de sucesso a nível mundial, que projetos em Lisboa já

foram realizados para capacitar a cidade de mais inteligência e como as tecnologias de informação

têm contribuído para a implementação e monitorização de SC.

2.1. TIPOS DE CIDADES

O conceito Smart City é geralmente difuso, dado que, pode ser interpretado de várias formas,

dependendo de diferentes perspetivas (Hollands, 2008). Também Chourabi et al. (2012) afirma que

existem definições muito variadas de SC, bastando para tal a substituição do adjetivo Smart, por

outro, como digital. Para além deste adjetivo, Nam e Pardo (2011) consideram outras definições de

cidades, que são caracterizadas por outros adjetivos, que fazem correspondência com a dimensão a

eles associados, como por exemplo, a dimensão tecnológica, que engloba as cidades de informação,

digitais, inteligentes, ubíquas e híbridas. E noutra dimensão é valorizado o capital humano,

encontrando-se as cidades do conhecimento, humanas, criativas e de aprendizagem.

Por estas razões e para uma melhor compreensão dos fatores que levam à existência do

conceito SC, é importante conhecer, em primeiro lugar a definição de outros tipos de cidades

existentes. Por esse motivo seguidamente são apresentados dez conceitos de cidades.

2.1.1. Cidades de Aprendizagem

A aprendizagem tem contribuído para a evolução da Humanidade (Cisco, 2010),

intensificando-se ao longo dos tempos a necessidade da constante aprendizagem ao longo da vida

(Yang, 2012). Visto que, perante cenários como o envelhecimento da população e as desigualdades

socias e económicas, torna-se essencial uma aprendizagem contínua, contribuindo para um

desenvolvimento social sustentável e aumento da coesão social (UNESCO Institute for Lifelong

Learning (UIL), 2013). A exclusão social ou mudanças globais também podem ser atenuados com esta

aprendizagem, já que se cada indivíduo possuir uma educação de qualidade, poderá ter mais bases

para expressar-se, ter uma melhor compreensão dos contextos locais e globais, ter bons resultados

nos seus desafios profissionais e verificar que a aprendizagem não está apenas limitada a

determinadas fases da vida (Adama Ouane, 2011).

A aprendizagem manifesta-se através da aquisição/divulgação de conhecimento, que pode ser

experimentado, transformado e preservado para uso futuro, para promover mudanças (Campbell,

2009). Esta pode ser formal ou informal (Cisco, 2010). Em 2000, Coffield fez uma analogia entre este

tipo de aprendizagens e um iceberg, argumentando que a parte submersa correspondia à

aprendizagem mais relevante, a informal, enquanto a formal correspondia à parte visível.

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A aprendizagem formal é adquirida através das escolas, universidades e outras instituições de

ensino, onde existem metas curriculares para serem atingidas e onde é possível obter certificações. A

informal refere-se às interações socias, familiares e profissionais no quotidiano de cada pessoa, das

quais advêm lições e conhecimentos, que podem ser ou não ser aplicados no decorrer da vida (CIP,

2013). A Web 2.0, relacionada com as redes sociais e a Web 3.0, referente à Web semântica

(atribuição de significado aos conteúdos publicados na Internet) e Internet das Coisas, contribuem

atualmente para esta aprendizagem informal (Carneiro, 2011).

É importante referir que as novas tecnologias, isto é tecnologias de comunicação móvel

computação ubíqua, têm vindo a modificar a forma de ensinar e aprender (Ning, 2011). Por esse

motivo são relevantes as iniciativas como o Programa Novas Oportunidades, introduzido no ano de

2005 e concluído em 2013, que Carneiro (2011) refere no seu estudo, que mostrou ser benéfico para

3,5 milhões de adultos portugueses com poucas habilitações, contribuindo para o seu

desenvolvimento de soft skills1 e competências informáticas.

Ao longo dos anos verificou-se um crescimento de cidades de aprendizagem (UNESCO Institute

for Lifelong Learning (UIL), 2015; (SoongHee, 2011), constatando-se que mais de mil cidades e

comunidades em vários pontos do globo tornaram-se cidades de aprendizagem e outras a progredir

para tal (UNESCO Institute for Lifelong Learning (UIL), 2015a).

Segundo Osborne, Kearns e Yang (2013) a ideia do termo cidade de aprendizagem,

denominada assim no século XX, já existia nos tempos da Grécia Antiga. Contudo a origem do seu

significado atual está relacionada com a iniciativa da OCDE realizada no ano de 1973, intitulada,

Cidades da Educação (Yang, 2012). Onde a educação, também nas cidades de aprendizagem tem um

papel fundamental no desenvolvimento pessoal, no aumento de competências, conhecimento e

diminuição da exclusão social (Delors, 1996), comportando benefícios tanto individuais como

coletivos, dado que para além de proporcionar um melhor futuro profissional, contribui para o

aumento da riqueza de um país (Cisco, 2010).

Embora sejam utilizadas outras definições como sociedades, comunidades ou regiões de

aprendizagem, a cidade de aprendizagem é o conceito mais utilizado em investigações

internacionais, uma vez que são as cidades que facultam melhores condições para o

desenvolvimento de emprego e outro tipo de serviços como os cuidados de saúde e movimentos

sociais para a reivindicação de melhores condições de vida, do que em meios rurais (UNFPA, 2000,

citado por Yang, 2012; Osborne et al., 2013).

Este tipo de cidade pode ser visto como um local que pretende incutir a aprendizagem nos

seus habitantes, percorrendo todos os níveis de ensino, prologando-se ao longo da vida, preparando

da melhor forma os cidadãos para continuarem a aprender no local de trabalho, tendo como suporte

nas novas tecnologias para uma aprendizagem mais moderna (UIL, 2013).

Este conceito é sustentado por quatro pilares da aprendizagem (Delors, 1996):

1 Capacidades de gestão e de relacionamento interpessoal, como trabalho em equipa e comunicação.

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Ser: Inclui as aptidões de um indivíduo, como a capacidade de raciocínio, memória e

comunicação;

Saber: Estabelece a combinação dos conhecimentos adquiridos tanto na vertente

académica como profissional;

Fazer: Obtenção de competências através da aprendizagem de um trabalho;

proporciona uma melhor habilidade para saber gerir diversas situações,

principalmente na liderança de equipas;

Viver em Conjunto: O conhecimento dos costumes e cultura de outros povos permite

melhorar a resolução e a gestão de conflitos que possam ocorrer.

Adama Ouane (2011) é da opinião que estas bases não são suficientes, sugerindo que

deveriam ser acrescentados mais três:

Aprender para Transformar – Permite que os indivíduos tenham uma opinião crítica em

relação ao que podem fazer para melhorar a sua vida;

Aprender para Aprender – Baseia-se na perceção coletiva e individual que aprender é

importante para a preparação da ocorrência de acontecimentos futuros;

Aprender para Tornar-se – Desenvolve o que a aprendizagem pode oferecer para

atenuar a exclusão social.

Por fim, neste âmbito importa referir o estudo de Valdes-Cotera et al. (2015) apresenta alguns

exemplos de cidades que implementaram o conceito de cidades de aprendizagem, verificando-se

diferentes perceções quanto ao mesmo. No caso de Sorocaba, situada em São Paulo, no Brasil, o

termo foi aplicado com o objetivo de criar um ser humano e uma cidade educativa onde as

diferenças devem ser respeitadas, baseando-se na aprendizagem ao longo da vida e no igual acesso

às oportunidades de aprendizagem, focando-se no apoio aos grupos sociais vulneráveis. Em Espoo,

na Finlândia o motivo prende-se com o facto de tornar a cidade num lugar bom para viver, onde os

cidadãos participem, vivam e trabalhem e sejam todos incluídos. Em Cork, na Irlanda, pretendeu-se o

crescimento de emprego, a redução das desigualdades, exclusão social e o favorecimento do

investimento.

2.1.2. Cidades de Conhecimento

Apesar de Nam e Pardo, em 2011a consideraram este termo semelhante à cidade de

aprendizagem, a referência às cidades do conhecimento remonta ao ano de 1994 (Ryser,1994 citado

por Carrillo, 2004), estando relacionada com a economia e com o desenvolvimento urbano baseados

no conhecimento (Nam e Pardo, 2011a).

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A cultura, o capital humano, os trabalhadores do conhecimento 2 , a comunicação, as

tecnologias e os aglomerados urbanos são elementos que contribuem para a constituição destas

cidades (Yigitcanlar, O’Connor e Westerman, 2008).

Esta cidade pode ser avaliada pela quantidade de patentes, nível de inovação e investimento

em I&D3 (Van Winden et al. 2007).

A cidade do conhecimento pode ainda ser vista como um acordo permanente onde os

cidadãos assumem sistemática e deliberadamente um esforço para desenvolver e reconhecer o seu

sistema de capital de modo sustentável e equilibrado (Carrillo, 2004). No mesmo ano, Carrillo

também refere que estas cidades marcaram a transição entre um sistema de valor baseado no

material para um sistema baseado no conhecimento, onde predominam as emoções e a

intelectualidade.

Melbourne, na Austrália, Barcelona, São Paulo e a cidade de Monterrey, no México, foram

algumas cidades que se consideraram como cidades do conhecimento (Yigitcanlar et al., 2008; Dvir e

Pasher, 2004).

Yigitcanlar, O’Connor e Westerman (2008) afirmam que uma cidade que segue este conceito

tem uma estratégia focada na expansão da economia do conhecimento e da sociedade, tendo

especial atenção pela ciência e inovação.

Nonaka, Toyama e Konno (2000) classificam o conhecimento como algo dinâmico, pois este

acontece, tanto quando as pessoas como as organizações interagem constantemente entre si, no seu

próprio contexto, num tempo e lugar específico. Apenas, assim é possível o enquadramento da

informação para obter o conhecimento. Estes autores também descrevem dois tipos de

conhecimentos, cruciais para ampliá-lo: O conhecimento tácito, predominantemente subjetivo,

existindo uma grande dificuldade para a sua formalização, isto é diferentes pessoas podem ter

formas distintas de explicarem detalhadamente o processo para andar de bicicleta, por exemplo,

logo pode ser complicado explicar situações como esta. Este conhecimento encontra-se presente em

cada indivíduo, sendo conquistado e aumentado ao longo da vida, a partir das capacidades cognitivas

e das experiências, quer sociais ou profissionais de cada indivíduo. Em contraste o conhecimento

explícito é mais formal e mais fácil de expressar-se verbalmente, pode ser compartilhado e guardado

em manuais ou documentos.

Como pode o conhecimento ser criado ou convertido? Pelo processo SECI (Nonaka et al.,

2000), onde a interação do conhecimento tácito e explícito apresenta quatro formas: (i) -

Socialização (tácito para tácito) o conhecimento é transmitido pela partilha de experiências e

convívio entre as pessoas; (ii) - Externalização (tácito para explícito): o conhecimento pessoal é

partilhado em grupo recorrendo a analogias e metáforas; (iii) - Combinação (explícito para explícito):

2 Trabalho de uma pessoa que se caracteriza pela utilização e manipulação de informação. 3 Investigação e Desenvolvimento.

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combinação e processamento do conhecimento explícito por aquilo que é recolhido, dentro e fora

das organizações, criando assim novo conhecimento; (iv) - Internalização (explícito para tácito):

sintetiza-se por “aprender fazendo.” Constata-se também a importância da formação de uma

espiral que vai aumentando à volta dos modos de conversão, referidos, entre a interação do

conhecimento explícito e do tácito.

2.1.3. Cidades Criativas

Este conceito começou a ganhar relevância no final do ano de 1990, principalmente no Reino

Unido, tendo como referência o termo de indústrias culturais ou criativas (Vivant, 2013; Scott, 2014;

Kong, 2014).

Estas indústrias, tais como a Música, Publicidade, Arquitetura, Filmes, Rádio e Televisão

poderiam revitalizar a economia. Via-se a Cultura como algo que iria tornar a cidade mais atrativa

para os profissionais (Hall, 2000).

Relacionada também com a economia do conhecimento, que na Europa esteve relacionada

com a globalização. As cidades tiveram que de certa forma se defenderem e aumentar a sua

competitividade para não desaparecerem pela concorrência. (tiveram que se demarcar). Tiveram de

se tornar criativas (Hospers, 2003). A concorrência económica existia também nestas cidades, o que

se traduzia por vantagens dado que graças à capacidade criativa podiam direcionar-se para nichos de

mercado, tanto na cidade como no resto do mundo, desde que a oferta dos produtos e serviços fosse

algo distintivo (Scott, 2006).

Esta cidade é também relacionada com a criatividade, isto é com a capacidade de encontrar

soluções originais para problemas do quotidiano, “a mente criativa vê o que os outros veem, mas

pensa e faz algo diferente” (Hospers, 2003).

A mediatização deste tipo de cidades foi retomada por Florida, no ano de 2002 (Scott, 2006).

Florida (2003) contestou a teoria do capital humano que diz que as pessoas criativas são o

principal motor do crescimento económico regional, com a sua perspetiva de teoria do capital

criativo. O autor apelida as pessoas, por classe criativa. Considera os professores universitários, os

poetas, engenheiros e cientistas, informáticos, médicos como exemplo da base super criativa desta

classe, já que estas pessoas podem produzir novas formas ou teorias que podem ter uma grande

utilidade, como a conceção de um produto que pode ser largamente reproduzido ou vendido,

elaboração de um teorema aplicado em várias situações. Para isso, são exigidas várias qualificações e

ter a capacidade criativa para a resolução de problemas.

A UNESCO, em 2004 lançou a Rede de Cidades Criativas, que ganhou alguma popularidade

(Pratt, 2010). Com o intuito de alicerçar a colaboração entre cidades que valorizam a criatividade

como uma estratégia ao desenvolvimento sustentável da componente social, económica, ambiental

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e cultural, abrangendo sete temáticas: Literatura, Gastronomia, Música, Artes Populares e

Artesanato, Design, Filmes e Artes Media. Pretendendo difundir atividades culturais, onde o acesso, a

participação e usufruto dos bens culturais aos cidadãos mais vulneráveis ou marginalizados é

facilitado (UNESCO, 2004).

Amesterdão, Paris, Londres e Berlim foram exemplos de cidades criativas (Hospers, 2003).

2.1.4. Cidades Digitais

Segundo Besselaar (2001) o conceito de Cidade Digital surgiu na Europa, em Amesterdão, no

ano de 1994. Esta cidade foi a primeira a possibilitar na Holanda, o acesso público à Internet, sendo

lançada, de forma experimental, pelo grupo de ativistas informático “Hacktic” e pelo centro político-

cultural “The Balie.” Baseada em Community Networks4 e em FreeNets5 do Canadá e dos E.U.A.

(Estados Unidos da América) (Schuler, 1994, 1996, citado por Besselaar, 2001). Esta tinha como

objetivo promover a liberdade de expressão em assuntos políticos e sociais no ciberespaço (Ishida,

2000). Como este projeto correu bem e sendo o primeiro a utilizar este termo, por toda a Europa

iniciou-se o movimento das cidades digitais (Ishida, Aurigi e Yasuoka, 2005).

Seguidamente apresentam-se algumas cidades que se destacaram neste âmbito. (Ishida, 2000;

Anthopoulos e Fitsilis, 2010; Dykes, Andrienko, Andrienko, Paelke e Schiewe, 2010):

Em Quioto, o projeto iniciado no final de 1998, pretendia criar uma infraestrutura de

informação social, onde a recolha de dados em tempo real, através de sensores teria

posteriormente um mapeamento digital. Os mapas 2D, e espaços virtuais 3D criavam uma

metáfora da cidade física, onde poderia ser consultada informação sobre o tempo,

parqueamento, visitas turísticas e compras. A sua navegação era facilitada a indivíduos

com poucos conhecimentos técnicos. Nesta cidade, como em Amesterdão eram utlizadas

aplicações web em 3D, que simulavam a cidade, incluindo as suas ruas e lojas.

Posteriormente, estas abordagens evoluíram para ambientes de realidade virtual;

American Online (AOL), fundada em 1985, disponibilizava informação regional,

agrupando-a de acordo com serviços como entretenimento, notícias e comércio

Reservava espaço para a publicidade e recolhia dados sobre vendas e turismo. Utilizava

tecnologias WEB e Chat;

Helsínquia – Iniciada em 1996 tinha como meta a construção da próxima geração da rede

de área metropolitana6. Permitia a comunicação em direto através de vídeo e utilizava

4 Redes Comunitárias que utilizam tecnologias em rede ao serviço de uma comunidade local. 5 Aplicações de redes (de pessoa para pessoa), que possibilitam o anonimato de leitores e autores de publicações e replicações de dados. 6 Interligação de várias redes geograficamente próximas num circuito urbano.

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modelos 3D e tecnologia de rede. Já nesse tempo a Finlândia estava na vanguarda da

utilização de Internet, telemóveis e home banking7;

Copenhagen Base utilizava as TIC, já que consistia numa base de dados pública que

continha informação acerca da comunidade local.

Em 2005, Ishida definiu estas cidades como organizadoras da informação digital, promovendo

um espaço de informação pública para as pessoas interagirem entre si. Caracteriza-se por um

ambiente de rede digital, que interliga sistemas tecnológicos de modo a conectar serviços públicos,

escolas, empresas e comunidades, disponibilizando informação em padrões, desenvolvendo

potencialidades da sociedade de informação e transformando o cidadão no principal ator na

realidade virtual (Guerreiro, 2006; Rezende et al., 2014).

Já Su, Li e Fu (2011) indicaram que as cidades digitais envolvem tecnologias de informação

espacial, como o GPS, a deteção remota e o SIG, para a construção de informação geográfica e de

plataformas de serviço público para divulgar a informação geográfica urbana.

Têm como objetivo criar um ambiente de partilha, colaboração e troca de informação (Yovanof

e Hazapis, 2009). Porém cada cidade digital assume a sua estratégia consoante os seus objetivos,

tentando garantir a igualdade no acesso à Internet de todos os cidadãos (Ishida, 2000).

2.1.5. Cidades Híbridas

Norbert Streitz propôs o conceito de cidades híbridas, como o resultado da junção entre a

realidade física da cidade, que comporta todos os seus residentes e componentes físicos, e a parte

correspondente à cidade virtual, onde estão incluídos os homólogos das pessoas e dos componentes

físicos (Smart Future Initiative, 2014).

Estas cidades podem trazer benefícios aos cidadãos através da oferta de serviços

personalizados, que vão desde a área de lazer à área da saúde. Podem proporcionar a otimização de

transportes, através relação entre os seus vários tipos e da utilização da informação de trânsito.

Também, promover a participação dos habitantes na sua comunidade, através de atividades que

visam um envolvimento ativo e integrante na sociedade, privilegiando e adequando os interesses de

cada um (Smart Future Initiative, 2014).

O espaço virtual faz cada vez mais parte do espaço material das cidades, que detêm uma

infraestrutura digital (Antoniadis e Apostol, 2014), uma vez que uma cidade híbrida possui

infraestruturas digitais, onde as TI estão presentes através de Wi-Fi, ecrãs públicos, comunicações

móveis, navegação por GPS e câmaras de vigilância. (De Lange e De Waal, 2012).

As TIC têm um papel fundamental na mediação entre o espaço urbano e o espaço virtual, uma

vez que possibilita a interação entre vizinhos e transeuntes. Tanto as autoridades locais como os

residentes beneficiam desta interligação, porque partilham e geram dados relevantes no decorrer do

seu quotidiano (Antoniadis e Apostol, 2014).

7 Acesso à conta bancária através da Internet.

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A rede social Meetup, cofundada por Scott Heiferman e Matt Meeker, e lançada em 12 de

Junho de 2002, é um caso de uma comunidade híbrida, que facilita o encontro de grupos de pessoas

na vida real, através do uso da Internet. Para a sua realização, os membros registados podem criar ou

participar num encontro de acordo com a sua localização e consoante os seus interesses em livros,

filmes, idiomas, animais de estimação, saúde, entre outros (Antoniadis, 2013; Wikipedia, 2015).

2.1.6. Cidades Humanas

Este conceito foi concebido pela associação belga Pro Materia, em 2006 e cofundado pelo

Programa Europa Criativa da UE de 2014 a 2018. Este último trata-se de um projeto que tem a

intenção de explorar o modo como os cidadãos, sendo eles próprios recursos para o bem-estar e

qualidade de vida, se adaptam e (re) inventam a vida na cidade. Nesta cidade procura-se partilhar

valores tais como a solidariedade, empatia, acessibilidade, imaginação, estética e lazer (Human

Cities, 2015).

Segundo Hillier (2003) a cidade humana deriva da capacidade cognitiva de cada sujeito, em

moldar e construir a cidade. O autor também refere que esta cidade surge igualmente pelas

intervenções sociais, efetuadas por indivíduos capacitados cognitivamente que atuam de acordo com

a perceção que têm da cidade.

A cidade humana também pode ser caracterizada como um lugar onde as pessoas apreciam a

sua vida, o seu trabalho, o quotidiano e onde sejam proporcionadas diversas oportunidades para

descobrirem o seu potencial humano e criativo (Smart Future Initiative, 2014).

Estas cidades compartilham estes valores com entidades de diferentes países como: o

Politécnico de Milão em Itália, o Instituto de Planeamento Urbano da República da Eslovénia e a

Cidade de Design em França (Human Cities, 2015).

Alguns programas desta iniciativa são: os “Laboratórios de experimentação”; “Human Cities

Masterclass” e “Gestão e Comunicação” (Human Cities, 2015).

2.1.7. Cidades de Informação

Esta cidade define-se pela recolha e disponibilização de informação de comunidades locais, em

portais na Internet (Nam e Pardo, 2011a).

As cidades de Informação implicam dois propósitos: O primeiro prende-se com o facto de

tornar o invisível (dados, localização, criação de relação entre dados), visível, possibilitando, assim a

compreensão do funcionamento e interação dos constituintes da cidade. Em segundo, estas cidades

produzem grandes fluxos de informação, onde os dados são criados continuamente e de forma

omnipresente pelos seus residentes e infraestruturas. Por esse motivo, convém manter uma boa

organização e estruturação dos mesmos (Schmitt, 2015).

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Sproull e Patterson (2004) afirmam que a Informação é apenas uma fração da cidade, que faz

esta ser viva e atrativa. Contudo com a troca de informação em comunidades online, muitas vezes

descobertas a partir de pesquisas de uma determinada informação. Os cidadãos ao participarem

nestas comunidades, podem beneficiar tanto socialmente como emocionalmente, através da partilha

de problemas, soluções, ideias, amizades. Aqui os cidadãos podem sentir que não estão sozinhos,

pois conhecem outras pessoas que partilham as mesmas ideias. Os autores referem ainda que

registam-se diferenças entre ler informação em formato digital e em formato de papel, porém todos

podem beneficiar das tecnologias, já que é possibilitada a contribuição individual de cada um, em

qualquer lugar e em qualquer hora.

2.1.8. Cidades Inteligentes

As cidades inteligentes derivam da fusão das cidades digitais e das cidades de conhecimento

(Moser, 2001; Nicos Komninos, 2006; (Nam e Pardo, 2011a).

Komninos (2006) refere que as cidades inteligentes representam ambientes que habilitam a

criatividade construída coletivamente, através da combinação das capacidades cognitivas individuais

e de SI que operam nos espaços físicos, digitais e institucionais das cidades. O autor define-as como

integradoras de atividades e clusters de conhecimento intensivo, sendo facilitadoras de rotinas de

cooperação social, permitindo a inovação e a partilha de conhecimento.

Estas cidades destacam-se pelo paradigma de criação de ambientes propícios ao

melhoramento das capacidades humanas e cognitivas e de aprendizagem das pessoas. O incentivo à

inovação é realizado através da criação de espaços digitais, SI e serviços online para a existência de

novas funcionalidades, onde para além da cooperação facultam a transferência e criação de

conhecimento (Komninos e Sefertzi, 2009).

Os Living Labs são exemplo de locais físicos onde pode acontecer a criação e partilha de

conhecimentos tecnológicos (Yovanof e Hazapis, 2009).

As cidades inteligentes exigem a capacidade de resolução de problemas, inovação e resiliência.

Esta capacidade pode ser aumentada pela inteligência coletiva, que visa a combinação das

competências de cada indivíduo para encontrar a solução de um problema, ou seja perante

determinado problema podem ser reunidas as sinergias de um grupo de pessoas (Komninos, 2006).

Em 2009 Eindhoven, na Holanda e Estocolmo, na Suécia eram as cidades europeias que mais se

destacavam como cidades inteligentes.

2.1.9. Cidades Ubíquas

As cidades ubíquas proveem da extensão do termo de cidades digitais (Anthopoulos e Fitsilis,

2010).

Estas cidades têm como objetivo estimular a economia e a criação de valor nas comunidades

baseadas no conhecimento, minimizar as desigualdades e otimizar a utilização da informação (Lee,

Han, Leem, e Yigitcanlar, 2008).

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A cidade é criada através dos sensores e chips de computador embutidos em componentes

urbanos, tendo como meta, a construção de um ambiente digital onde a população consiga obter

acesso, em qualquer dispositivo, a qualquer hora e em qualquer lugar, a um determinado serviço

(Lee, Han, Leem e Yigitcanlar, 2008; Nam e Pardo, 2011a).

A computação ubíqua ou tecnologia omnipresente está no cerne desta cidade, sendo proposta

no início dos anos 90, por Mark Weiser num projeto da Xerox, nos E.U.A., referindo-se às

capacidades computacionais e à omnipresença da tecnologia de informação. A tecnologia

omnipresente normalmente não utiliza fios e é móvel, auxiliando os indivíduos a estarem conectados

quando pretendem, ao mundo e às pessoas que utilizam as mesmas tecnologias (Yigitcanlar e Lee,

2014).

A cidade ubíqua é baseada em redes de sensores, onde estes comunicam continuamente com

dispositivos eletrónicos, com ou sem fios, incrustados em pessoas, edifícios, infraestruturas ou em

qualquer espaço urbano. Facilita a comunicação ubíqua de pessoa para pessoa, pessoa para objeto e

objeto para objetos, onde os computadores ou os dispositivos estão ocultos dos utilizadores (Lee et

al., 2008).

Lee et al. (2008) referem ainda que a teleconferência, a telemedicina, os sistemas inteligentes

de transportes e a deteção remota são serviços sempre disponíveis nestas cidades (Lee et al., 2008).

A Coreia do Sul destaca-se como exemplo de uma cidade ubíqua e vanguardista no setor das TI

(Shin, 2009).

2.1.10. Cidades Sem Fios

Anthopoulos e Fitsilis (2010) assinalam as Wireless Cities, como uma das bases para a evolução

das cidades digitais, como forma de estabelecimento de um ambiente ubíquo em espaços urbanos.

Em 2006, cidades como São Francisco, Boston, Londres e Taipei em Taiwan manifestaram o

seu interesse em pôr em prática a criação de redes sem fios. Taipei pretendeu constituir uma cidade

sem fios em larga escala e Singapura planeou a instalação de uma rede de Internet sem fios (Hu,

2014).

O acesso ao wireless intensificou-se, devido ao fenómeno dos hotspots exteriores, ou seja

locais públicos como centros comerciais, transportes públicos e cafés que disponibilizam o acesso à

Internet gratuitamente (Cisco, 2007).

Alguns dos benefícios inerentes à aplicação de uma cidade sem fios são: são os custos de

transação reduzidos, a disponibilização de serviços eletrónicos como saúde e educação eletrónica

torna-se mais eficientes; o bem-estar dos cidadãos é melhorado através da sensação de proximidade

nas suas interações sociais, a partilha do conhecimento é mais rápida; a maior oferta de serviços em

banda larga e aplicações. As cidades sem fios, também podem oferecer mais oportunidades de

emprego e o crescimento económico. Pode verificar-se a melhoria da eficácia global dos serviços

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públicos e a entrega de serviços de Internet wireless de baixo custo para comunidades com poucos

rendimentos (Hu, 2014; Gunasekaran e Harmantzis, 2007).

Em 2007, a Cisco apresentou quatro fases de trabalho, para auxiliar as cidades a

transformarem-se numa cidade sem fios: (i) - Visão da Cidade Sem Fios, para construir uma cidade

wireless, os governantes municipais devem identificar, determinar e planear os objetivos pretendidos

com esta iniciativa. Nesta etapa são incluídas três subfases, a primeira intitulada “governo sem fios”,

onde se pretende a redução de custos da administração pública e o melhoramento da eficiência

interna, em segundo os “serviços públicos sem fios”, que implica abranger os serviços aos cidadãos e

melhorar a segurança pública e por último a “cidade sem cabos”, que pretende garantir a inclusão

digital e estimular o desenvolvimento económico; (ii) - Realização de um estudo de exequibilidade;

(iii) - Desenvolvimento do Modelo de Negócio, onde a edificação da infraestrutura da rede wireless

baseia-se em quatro camadas: a infraestrutura física, a de rede ativa; a rede de serviços e o conteúdo

dos serviços; (iv) - Construção da Infraestrutura e lançamento da iniciativa que pode ser baseada na

escolha de tecnologias como Wi-Fi (tecnologia padrão) e a WiMAX (Worldwide Interoperability for

Microwave Access, a Interoperabilidade Mundial para Acesso de Micro-Ondas, que se trata de uma

tecnologia baseada em padrões que possibilita a distribuição de acesso de banda larga sem fios. Os

seus fornecedores acreditam que esta tecnologia será amplamente difundida como o Wi-Fi

(Gunasekaran e Harmantzis, 2008).

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2.2. SMART CITIES

Em relação à etimologia da palavra Smart City, Hollands (2008) refere que este conceito

emergiu devido a debates, nos países ocidentais, sobre o desenvolvimento urbano e que o Fórum

Mundial de Cidades Inteligentes, em 1997, sugeriu a cerca de cinquenta mil cidades em todo o

mundo que desenvolvessem iniciativas inteligentes na década seguinte. Por outro lado, Batty et al.

(2012) referem que o conceito smart é tipicamente Americano, utilizado para indicar ideias ou

pessoas com ideias inteligentes, e que atualmente foi adotada para caracterizar o planeamento

urbano, relembrando o movimento do crescimento inteligente, que se refere ao alcance de uma

maior eficiência, pela cooperação de vários setores como os transportes e a economia, sem qualquer

intervenção, deixando as coisas seguirem o seu rumo.

Também no princípio dos anos 90 este conceito estava ligado ao desenvolvimento urbano e à

globalização, inovação e utilização de tecnologias (Schaffers et al., 2011). Todavia, ganhou uma nova

dimensão graças às TIC, surgindo como uma fórmula para atenuar os problemas citadinos e melhorar

a qualidade de vida nas cidades (Nam e Pardo, 2011a). Atraindo a atenção das autarquias como

forma de desenvolver novas medidas no contexto urbano, tornando-se numa “moda” política

(Schaffers et al., 2011; Caragliu et al., 2011).

Schaffers et al. (2012) também referem que a IBM tem contribuído maioritariamente para a

propagação deste conceito, fazendo dele uma estratégia de negócio. “As SC, como as cidades

criativas fazem parte dos jogos da linguagem urbana contemporânea em torno da gestão e do

desenvolvimento urbano”. Nela participam especialistas de marketing, consultores e organizações,

como a IBM com a sua estratégia de fornecimento de serviços, campanha e presença na construção

das SC (Söderström, Paasche e Klauser, 2014).

Vários autores (por exemplo Odendaal, 2003; Hollands, 2008; Caragliu et al., 2011; Chourabi et

al., 2012; Manville et al., 2014) referem que o crescente e complexo êxodo para as cidades é propícia

ao surgimento de uma vasta panóplia de problemas sociais, ambientais, sobrelotação e consumo de

recursos, como a eletricidade, sendo por isso necessária uma maior capacidade de gestão e inovação

para mitigá-los.

Logo, estas cidades também surgem como uma solução para desafios como, a manutenção

dos postos de trabalho e lutar contra a pobreza através da criação de emprego, otimização e gestão

dos recursos hídricos e energéticos, segurança, sustentar uma economia inovadora e a riqueza das

cidades. Para estes objetivos serem atingidos os autarcas terão de planear estratégias e tomar

iniciativas para criar um ambiente físico digital, utilizar aplicações e serviços eletrónicos e assegurar a

sustentabilidade das SC a longo prazo através de modelos de negócio viáveis (Schaffers et al., 2011).

Devido a estas causas, atualmente as cidades são consideradas sistemas complexos onde são

estabelecidas inúmeras conexões (Neirotti, De Marco, Cagliano, Mangano e Scorrano, 2014).

Para Kitchin (2014) um dos aspetos importantes destas cidades é a capacidade analítica para

planear, compreender e monitorizar a cidade, pois com as infraestruturas digitais e redes de

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sensores permitem capturar uma grande quantidade de dados que se traduzem em informação

sobre as atividades praticadas pelos cidadãos e nas cidades.

Como esta ideologia é relativamente nova e atualmente bastante difundida (Manville et al.,

2014) não existe um consenso quanto à sua definição, visto que são vários os autores que referem

que o conceito Smart City, apesar de ser utilizado globalmente não está clarificado, isto é na forma

como ele é aplicado, visto que podem haver referências a outros adjetivos associados a diferentes

contextos, adquirindo significados distintos consoante a área de atuação, mais tecnológica ou numa

vertente em que se valoriza o conhecimento das pessoas, por exemplo (Chourabi et al., 2012).

Por um lado, as SC podem estar ligadas à palavra sustentabilidade e ao aumento da utilização

das novas tecnologias, como os telemóveis inteligentes, computação em nuvem e Internet das Coisas

(Schaffers et al., 2011). Também Batty (2013) compartilha a mesma ideia de Hollands (2008) na área

das tecnologias, indicando qua as SC podem ser sinónimo de cidades de informação e de cidades

inteligentes. Por outro lado Hollands (2008) também indica que as SC, devem considerar

principalmente o capital humano do que acreditarem que apenas as TI podem transformar e

desenvolver as cidades automaticamente, referindo que as cidades são mais do que fios, cabos e

escritórios inteligentes, existindo um grande número de pessoas que merecem mais do que isso.

Ainda, Nam e Pardo (2011) consideram que as Smart Cities são cidades humanas, bem como cidades

de aprendizagem.

Ainda numa vertente tecnológica Chourabi et al. (2012) e Schaffers et al., 2012 referem no seu

estudo, a analogia elaborada por Mitchell (2007) entre as tecnologias utilizadas nas SC e o corpo

humano a nova inteligência das cidades encontra-se na combinação das redes digitais de

telecomunicações (os nervos), inteligência ubíqua incorporada (o cérebro), sensores e etiquetas

(órgãos sensoriais) e o software (as competências cognitivas e o conhecimento).

E de acordo Komninos (2011) as cidades devem conter uma inteligência espacial, caracterizada

por uma capacidade que possibilita às comunidades, existentes dentro da cidade, beneficiarem do

seu capital intelectual. Essa inteligência deve ser composta, pela inteligência artificial, constituída por

ambientes virtuais e sistemas inteligentes, pela inteligência coletiva, onde deve constar o capital

social das instituições e por último pela inteligência inovadora e criativa.

Já outros autores admitem a junção da componente humana e tecnológica, como Manville et

al. (2014) que afirmam que as SC estão relacionadas com a conexão do capital humano, social e das

infraestruturas das TIC, com o objetivo de promover uma qualidade de vida e desenvolvimento

económico sustentável. Segundo Kitchin (2014) o conceito SC, pode ser dividido em duas partes

distintas: resume a primeira à palavra everyware citando Greenfield 2006, onde a informação é

relacionada, analisada e integrada para compreender melhor a cidade pelas suas formas:

computação móvel (presente nos telemóveis inteligentes), que através da recolha de dados

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consegue identificar a localização do utilizador, a ubíqua e a pervasiva e ainda os dispositivos

embutidos na construção de espaços urbanos, como redes de sensores, câmaras e telecomunicações

fixas ou sem fios. Estas tecnologias são utilizadas para supervisionar e controlar os processos da

cidade em tempo real. Quanto à segunda parte, esta refere-se ao desenvolvimento da economia do

conhecimento com base nas pessoas, no empreendedorismo, na inovação e criatividade.

Em 2007, Giffinger et al. referiu que o termo SC estava associado a vários setores de atividade,

como o grau de educação dos cidadãos, a economia, a governação da cidade e criação de novos

meios de comunicação com a população, utilização de novas tecnologias, segurança e mobilidade.

2.2.1. Áreas e vertentes associadas às SC

Para além, das tecnologias e conceitos associados às tês vertentes referidas anteriormente

para explicar em que consistem as SC (Santos, 2014), verificam-se também outras áreas e

componentes que constituem os objetivos das SC.

Manville et al., 2014 consideram na sua publicação, que uma cidade para ser classificada como

Smart City deve ter pelo menos uma iniciativa referente a uma das seis áreas de atuação definidas

por Giffinger et al. (2007), que podem ser observadas na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Exemplo de Áreas Principais numa Smart City Fonte: Elaboração Própria com base em Manville et al. (2014)

Estas seis características são definidas como: Pessoas Inteligentes, para além das qualificações

dos cidadãos inclui também a qualidade da participação em eventos e interações sociais; Modo de

Vida Inteligente, que inclui tudo o que se relaciona com o bem-estar e a qualidade de vida dos

habitantes, como as condições de saúde e condições financeiras que propiciam, por exemplo a

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Pessoas Inteligentes

(Capital Humano e Social)

Modo de Vida Inteligente

(Qualidade de Vida)

Mobilidade Inteligente

(Transporte e TIC)

Aprendizagem ao longo da vida Atração Turística Acessibilidade (Inter) Nacional

Cosmopolitismo e Mente Aberta Coesão Social Acessibilidade Local

Criatividade Condições de Saúde Disponibilidade de Infraestruturas TIC

Flexibilidade Infraestruturas Culturais Sistemas de Transportes Seguros e Sustentáveis

Nível de Qualificações Infraestruturas Educacionais

Participação na Vida Pública Qualidade da Habitação

Pluralidade Ética e Social Segurança Individual

Ambiente Inteligente

(Recursos Naturais)

Economia Inteligente

(Competitividade)

Governação Inteligente

(Participação)Atratividade das Condições Naturais Abilidade para Transformar Estratégia e Prespetivas Políticas

Gestão Sustentável dos Recursos Empreendedorismo Governação Transparente

Poluição Espírito inovador Participação na Tomada de Decisões

Proteção Ambiental Flexibilidade do Mercado de Trabalho Serviços Públicos e Sociais

Imagem Económica e Marcas Registadas

Inserção Internacional

Produtividade

qualidade da formação e acesso a eventos culturais; Mobilidade Inteligente, onde está disponível

uma infraestrutura de TIC, que possibilita a segurança, acessibilidade e sustentabilidade dos

transportes públicos; Ambiente Inteligente refere-se a questões de proteção ambiental, medidas

que promovem a redução da poluição e gestão dos recursos disponíveis; Economia Inteligente

engloba a produtividade, relações com agentes económicos externos e empreendedorismo;

Governação Inteligente conta com a participação e estratégia política, e ainda o desenvolvimento de

serviços públicos (Giffinger et al., 2007).

Estas seis características são definidas por um determinado número de fatores (ver Figura 2.2),

para um melhor enquadramento e entendimento das mesmas. Como exemplo ilustrativo, verifica-se

que a área “Pessoas Inteligentes” engloba fatores de ordem humana e social, tendo em consideração

projetos que promovam a aprendizagem ao longo da vida, o aumento de classificações. Já no caso da

“Mobilidade Inteligente” são incluídos fatores a nível das infraestruturas de TIC, bem como

elementos ligados à acessibilidade.

Já a IDC (2012) considera cinco dimensões de inteligência: edifícios inteligentes, energia e

ambiente inteligentes, governação inteligente e serviços inteligentes. E Schaffers et al. (2011)

apresentam três domínios de atuação nas SC: Economia Inovadora; Infraestrutura da cidade e

serviços e Governação.

Figura 2.2 - Fatores associados às seis características das Smart Cities (Adaptado)

Fonte: Giffinger et al. (2007)

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Seguidamente são apresentados alguns conceitos enquadrados nas três vertentes, referidas

anteriormente.

2.2.1.1. Vertente Análise de Dados

A velocidade e o grande volume de dados resultantes das atividades diárias como por

exemplo, utilizar o cartão de fidelização do supermercado, a passagem numa portagem e o

pagamento de contas por multibanco, conferem a análise e a descoberta de padrões que

caracterizadores do perfil de um grupo de cidadãos e ainda a compreensão do dia-a-dia na cidade.

Seguidamente são apresentados alguns dos conceitos inseridos nesta vertente:

Big Data

Os dados que não cabem numa folha de Excel podem ser considerados big data. Esta grande

quantidade de dados é produzida automaticamente, em tempo real, por sensores, que podem

indicar a georreferenciação dos dados ou podem ser produzidos pelas pessoas, por exemplo através

do crowdsourcing onde são as próprias a inserir os dados.

Big data permite saber como a cidade funciona e permite que a tomada de decisão seja mais

informada e fundamentada (Batty, 2013). Este é definido principalmente por três apanágios: a

variedade com que os dados podem ser produzidos por múltiplas fontes como, imagens colocadas

em redes sociais, sinais de GPS em telemóveis; a velocidade, com que os dados são criados em

tempo real ou quase real podem trazer vantagem competitiva para uma empresa, dado que podem

antecipar o número de pessoas que em determinado local se encontram e prever o número de

vendas efetuado nesse dia; e o volume, uma enorme quantidade de dados pode ser gerada a cada

hora e as empresas podem trabalhar com petabytes de dados numa única base de dados (McAfee e

Brynjolfsson, 2012).

Já Kitchin (2014) descreve que big data consiste em bases de dados dinâmicas, detalhadas,

com baixo custo, massivas e interrelacionadas, que podem conter dados muito grandes, como dos

censos, informação sobre os cidadãos, registos de eventos nas cidades e informação sobre

transações e clientes.

IoT e IoE

De acordo com Atzori, Iera e Morabito (2010), citados por Zanella et al. (2014) a Internet das

Coisas é um novo paradigma na área da comunicação, onde os objetos do quotidiano, para se

comunicarem digitalmente uns com os outros e com os utilizadores vão estar munidos com

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microcontroladores e transcetores8, estando assim integrados na Internet. Esses objetos podem ser

câmaras de vigilância, sensores ou eletrodomésticos (Zanella et al.,2014).

Evans (2012) citando Gartner (2012) menciona que à medida que as coisas acrescentam novas

capacidades como a sensibilidade ao contexto, independência energética, o aumento do poder de

processamento e novos tipos de informação e pessoas conectadas, a Internet das Coisas converte-se

na Internet de Tudo, numa rede de redes onde biliões e triliões de conexões criam inúmeras

oportunidades e novos riscos de segurança.

A Internet de Tudo gera uma grande quantidade de dados, alguns dos quais, nunca teremos

acesso. O mais interessante é a exploração dos dados, quando estes são analisados inteligentemente

existem infinitas soluções para criar algo. Também, faculta a tomada de decisões e comunicações de

maneira mais eficiente e com maior rapidez e a descoberta de novas informações (Clarke, 2013).

Social Media Intelligence

Surgiu em 2012, num artigo de Sir David Omand, Jamie Bartlett e Carl Miller. Possibilitam que

as organizações acedam e dados sobre a utilização das redes sociais e até mesmo conversas que aí se

realizem, permitindo conhecer tendências, opiniões e necessidades dos utilizadores. De tal forma

que podem ser utilizados métodos intrusivos ou não intrusivos (Wikipedia, 2015d).

Business Intelligence

Este termo surgiu nos anos 90, tornando-se bastante utilizado por profissionais de TI, sendo

utilizado para analisar uma grande quantidade de dados (big data), complexos, provenientes das

redes sociais e de sensores. Para o estudo ser efetuado são utilizadas diferentes etapas de

tratamento de dados, como ETL (Extract, Transform and Load), que permite extrair dados de diversas

fontes como sistemas, bases de dados e transformá-los previamente, segundo as regras de negócio

de uma organização, antes da sua alocação num repositório de dados ou Data Mart, que é um

subconjunto de um Data Warehouse (Armazém de Dados). Os principais fornecedores da inteligência

empresarial são a Microsoft, Oracle, SAP e IBM (Chen e Storey, 2012).

Data Mining

As técnicas que constituem este conceito foram desenvolvidas nos anos 80 (Chen e Storey,

2012). Baseia-se na técnica de aprendizagem de máquinas. Através de Data Mining consegue-se

extrair dados úteis para interpretar a cidade (Batty et al., 2012). Este termo surgiu devido à sua

utilização por analisadores de dados, técnicos estatísticos e pela utilização de sistemas de gestão de

informação. Através da aplicação de algoritmos consegue-se analisar bases de dados com um

8 Combinação de transmissores e recetores.

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número considerável de registos, verificando a existência de padrões entre os mesmos (Fayyad,

Piatetsky-Shapiro e Smyth, 1996). Esses padrões são identificados a partir de técnicas como análises

de associação, de regressão e segmentação dos dados (Chen e Storey, 2012).

2.2.1.2. Vertente Participação

De forma a incentivar os cidadãos a participarem ativamente na partilha de informação,

através da utilização das TIC e da interação dentro da sua comunidade, com a administração da

cidade, abaixo são descritos alguns conceitos neste âmbito.

Digital Divide

Já em 2001, a OCDE estudava uma forma de medir a exclusão digital, que se refere

essencialmente à desigualdade de acesso às TIC através da utilização da Internet existente entre os

elementos da população, empresas e áreas geográficas e países. Segundo esse trabalho as variáveis

que contribuíam para essa diferença eram os níveis de educação e dos rendimentos. Também

Partridge (2014), na sua investigação invoca as mesmas variáveis como a principal razão para o

crescimento da exclusão digital, nomeando ainda o emprego como outra variável para esta

ocorrência. Embora se tenha verificado a diminuição dos preços dos serviços de acesso à Internet,

bem como dos computadores portáteis, a autora afirma que as diferenças socioeconómicas são

pouco convincentes para justificar as razões para as TIC não serem utilizadas. Por isso, pretende com

a sua investigação pretende compreender este fenómeno na perspetiva da Psicologia.

Living Labs

Os Living Labs encontram-se um pouco por todas as grandes cidades europeias (Komninos e

Sefertzi, 2009). William Mitchell da MIT9 deu origem a este termo, que pretende aproximar os

cidadãos da inovação, difundindo a cocriação e pró-atividade entre os utilizadores, de modo a

criarem ideias e a torná-las em realidade através da utilização das tecnologias. Dessa forma podem

elaborar projetos piloto ou protótipos. Este conceito constitui um ecossistema de 4 P’s, ou seja conta

com a inclusão de Parcerias entre Pessoas e entidades Público-Privadas (Schaffers et al., 2011).

Fab Labs

9 Instituto de Tecnologias de Massachusetts.

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Os Laboratórios de Fabricação Digital são oficinas de pequena dimensão, onde os elementos

da comunidade podem utilizar computadores para desenvolver diferentes tipos de projetos e

produtos (Wikipedia, 2015b).

Gamificação

Teve origem nos media digitais, sendo muitas vezes descrita como a utilização de técnicas

para desenhar jogos de vídeo em sistemas que não estão relacionados com jogos (Deterding et al.,

2011). A gamificação pode ser utilizada como modelo para aplicações móveis, incentivando a

participação dos utilizadores através da atribuição de recompensas (Chen e Storey, 2012). Na Tabela

2.1 podem ser observados os elementos de desenho de um jogo, desde um comportamento e o

motivo que exerce nos utilizadores.

Elementos de desenho de jogo Motivos

Mecânica de jogo Dinâmica de jogo

Documentação de comportamento Exploração Curiosidade

intelectual

Troféus, emblemas e sistemas de

pontuação Coleção Conquista

Rankings Competição Reconhecimento

social

Classificação, pontos de reputação e

níveis Aquisição de status -

Tarefas em grupo Colaboração Intercâmbio social

Pressão do tempo, missões e tarefas Desafio Simulação cognitiva

Comércio virtual, mundos virtuais e

avatares Organização/desenvolvimento Autodeterminação

Tabela 2.1 - Exemplo de elementos de desenho de um jogo (Adaptado)

Fonte: Blohm e Leimeister, 2013

2.2.1.3. Vertente Serviços

As TIC são indispensáveis para a simplificação da vida dos cidadãos, no seu quotidiano, pois

contribuem para a resolução de problemas citadinos e para a ponderação da melhor e mais acertada

decisão a tomar. Para a disponibilização de serviços que vão encontro das espectativas dos cidadãos

é importante que a informação possa ser acedida em tempo real. Exemplos desta informação são: a

proposta de rotas alternativas, caso se verifique algum congestionamento rodoviário, a existência de

lugares vagos num estacionamento e a gestão do consumo de eletricidade e água (Daniel e Doran,

2013).

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Crowdsourcing

Derivado da palavra outsourcing onde a produção é transferida remotamente para locais com

custos reduzidos, o crowdsourcing refere-se a grupos de pessoas que realizam trabalhos difíceis de

automatizar e dispendiosos (Heipke, 2010).

Também pode ser caracterizado pela combinação dos conceitos de inovação, open source10 e a

sabedoria das multidões. Este termo foi iniciado por Jeff Howe, tratando-se de um evento no qual as

pessoas utilizam o seu tempo livre para ajudar outras, resolvendo os seus problemas, sejam estes a

construção de um bloco de código de programação ou a votação em determinadas ideias ou

assuntos. Para tal, podem ser utilizadas plataformas de crowdsourcing online, viabilizando às

organizações a solicitação da prestação de alguns serviços, a procura de ideias criativas, soluções,

respostas ou a delegação de certas tarefas que são realizadas por um grupo de indivíduos com

determinadas capacidades cognitivas (Schuurman, Baccarne e De Marez, 2012).

Na Tabela 2.2 são descritos os vários tipos de crowdsourcing com os respetivos exemplos, a

nível internacional.

Tipo de Crowdsourcing Exemplos

Tarefas sem renumeração Youtube e Wikipedia

Tarefas sem avaliação da comunidade Brainspot e Innocentive

Tarefas com avaliação da comunidade Mjin digital idee voor Gent (caso de estudo)

Tarefas com remuneração baseada no sucesso Threadless

Tarefas com remuneração fixa Mechanical Turk da Amazon

Tabela 2.2 - Exemplos de tipos de crowdsourcing (Adaptado)

Fonte: Schuurman et al. (2012)

Dados Abertos

Algumas cidades podem conceder o acesso a informação sobre dados atuais ou históricos. A

disponibilização regular deste tipo de informação assegura, por um lado, a qualidade dos serviços

prestados e por outro, evita o uso abusivo e fraudulento dos dados (Daniel e Doran, 2013). Os dados

fornecidos têm diferentes formatos de apresentação, por exemplo XML (Extensible Markup

Language) e CSV (Comma-Separated Values) (Domingo, Bellalta, Palacin, Oliver e Almirall, 2013). Os

dados disponibilizados pela administração da cidade podem ser utilizados pelos cidadãos,

promovendo desta forma a inovação (Matheus e Ribeiro, 2014).

10 Comunidades de código aberto que contribuem para as boas práticas e soluções abertas (Schaffers et

al., 2011).

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2.2.2. Modelos de Maturidade

Com o intuito de responder a uma das questões fulcrais desta investigação, na Tabela 2.3,

observa-se um exemplo de um modelo de maturidade para uma autoavaliação genérica da aplicação

do conceito Smart City, proposto pela Urban Tide (2015), admitindo a compreensão, verificação do

estado de uma cidade que pretende ser mais inteligente e perceção dos resultados que poderão ser

alcançados no futuro.

Cada estado (Gestão da cidade e Smart City) e o efeito nos resultados podem ser categorizados

num dos cinco graus de maturidade propostos: Ad-Hoc11, Oportunista, Repetida e Propositada,

Operacionalizada e Otimizada, consoante a situação que melhor se adapte à realidade atual.

Nível 1

Ad-Hoc 2

Oportunista

3 Repetida e

Propositada

4 Operacionalizada

5 Otimizada

Estado da Gestão da

Cidade Silo

Colaboração de Sistemas

Integração de Sistemas

Gestão de Sistemas

“Sistema de Sistemas” Abertos e

Sustentáveis

Estado da Smart City

Operações focadas na melhoria

de serviços digitais e de dados

Partilha emergente de dados e sistema de

pensamento holístico

Resultados estratégicos

atingidos pelo investimento nas

tecnologias

Dados e Tecnologias

permitem ativar sistemas de

sensores e de resposta

dinâmicos

Desenvolvimento inteligente e

contínuo, adaptado a toda

a cidade

Efeito nos Resultados

Construção de Casos

de Estudo e recolha

de evidências

Parcerias permitem o

foco e partilha de resultados

Partilha da responsabilidade

dos resultados do programa de

investimento global

Bons resultados através da

melhoria da previsão,

prevenção e resposta em tempo real

Abordagem de “Sistema de

Sistemas” em toda a cidade impulsiona a inovação que

melhora a competitividade

da cidade

Tabela 2.3 - Modelo de Maturidade de Autoavaliação (Adaptado)

Fonte: Urban Tide (2015)

Para efetuar uma validação, mais pormenorizada, na Tabela 2.4 é apresentado um exemplo de

um modelo de maturidade baseado em três níveis: O primeiro classifica a cidade como dispersa, uma

vez que as iniciativas, referentes à mobilidade ou aos serviços são geridas por departamentos

distintos, logo são desenvolvidos isoladamente; Quando uma cidade é classificada como Integrada

apresenta uma cooperação e sinergia na realização das iniciativas entre os vários departamentos;

11 Situação temporária, utilizada com uma finalidade específica.

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Quando atinge o terceiro nível é designada de relacionada, pois existe um plano global para a

implementação das iniciativas, incluindo as pessoas, o governo e as organizações (IDC, 2012).

As dimensões aqui analisadas são o ambiente e a energia, edifícios, governo e mobilidade,

para cada uma são listadas as ações e iniciativas, conforme é dada a passagem para cada nível, isto é

em cada nível, existem características que uma dimensão deve ter para assim ser classificada.

Ao longo do avanço nos níveis de maturidade, verifica-se uma evolução nas TIC utilizadas,

iniciando-se na disponibilização de dados abertos por parte da administração do município,

considerada uma medida padrão, não personalizada, é acessível ao público em geral. No nível

integrado a cidade já é capaz de disponibilizar informação relevante, onde os dados abertos se

inserem num contexto e ganham um maior significado para os seus utilizadores. No terceiro nível, a

informação é omnipresente, pois é possível aceder em qualquer lugar e em qualquer momento a

informações com base nos perfis dos cidadãos. Esta é disponibilizada pela Internet das Coisas e

computação pervasiva (IDC, 2012).

Maturidade

Área Nível 1

Dispersa Nível 2

Integrada Nível 3

Relacionada

Ambiente

e Energia

- Atividades de proteção ambiental; - Planeamento para diminuição de emissões de carbono; - Presença limitada de Energias Renováveis; - Desenvolvimento parcial de Tecnologias de Medição Inteligente e Redes Inteligentes

- Integração de medidores inteligentes e sensores; - Aumento da quota de Energias Renováveis; - Programas de compromisso dos cidadãos

- Redes inteligentes plenamente operacionais; - omnipresença de prosumerismo de energias renováveis12

Edifícios - Aplicação de normas de classe energética na construção e remodelação

- Aumento de edifícios inteligentes

- Adoção generalizada de edifícios Zero-Energia

Governo

- Governação transparente; - Disponibilidade online de dados; - Colaboração limitada entre unidades de administração governamental

- Governo participativo; - Partilha online de informação relevante; - Colaboração entre unidades de administração governamental

- Governo Inclusivo; - Informação personalizada; - Colaboração centrada das partes interessadas

Mobilidade

- Gestão do congestionamento do trânsito; - Iniciativas de baixo carbono (Carpooling13; Infra-estrutura para veículos elétricos; Partilha do carro/bicicleta; Teletrabalho)

- Plataforma de otimização de mobilidade inteligente

- Omnipresença da mobilidade pública ou privada de baixo carbono

Serviços

- Sistemas de controlo integrado de Segurança Pública; - Disponibilização de alguns serviços para cidadãos e empresas (educação eletrónica, turismo e comércio eletrónico)

- Sistemas de controlo e monitorização integrada; - Plataformas com mais serviços eletrónicos

- Predição ubíqua de Segurança, de Emergência e Serviços conectada numa plataforma

TIC Dados Abertos Informação Relevante Informação Ubíqua

Tabela 2.4 - Modelo de Maturidade relacionado com áreas de SC e TIC (Adaptado)

Fonte: (IDC, 2012)

12 Segmento de consumidores mais exigentes e profissionais. 13 Viagem em grupo no mesmo automóvel para o local de trabalho.

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2.2.3. Tecnologias de Informação e Comunicação

Para compreender o papel fundamental das TIC e TI na criação e no crescimento de cidades

inteligentes, será necessário definir este conceito e distinguir alguns dos elementos tecnológicos que

constituem o alicerce das SC como: wireless sensor networks (Manville et al., 2014), GPS (Pan et al.,

2013), GIS (Harrison e Donnelly, 2011), computação ubíqua e computação móvel (Hancke, Silva e

Hancke Jr., 2012).

Rezende et al. (2014) referem que as TI ou as TIC podem ser consideradas, a nível tecnológico

como a nível computacional, como recursos para o armazenamento de dados, criação e utilização da

informação. São baseadas em software14, em hardware15, e na gestão de dados, informação e

sistemas de telecomunicação.

A Tecnologia de Informação e Comunicação é considerada a chave principal para a construção

de uma Smart City (Nam e Pardo, 2011a; IDC, 2012). As TIC podem suportar novos tipos de fluxos de

comunicação, informação, transações e culturas, podendo desenvolver as capacidades dos cidadãos

e das cidades. As TIC estão disponíveis em telemóveis, em redes de computadores, comércio

eletrónico e em serviços da Internet (Graham, 2002).

Harrison e Donnelly (2011) referem que as TI causam impactos nas SC, pois desempenham um

papel importante ao nível da formação e de novas formas de comportamento destinado a facilitar a

gestão do crescimento contínuo de populações.

As TI são necessárias para que as cidades consigam gerir os seus problemas, nomeadamente

diferenciarem-se de outras cidades, lidarem com o crescimento da população, incentivar a

criatividade e o conhecimento. Os seus sistemas como, transportes, saúde, educação e segurança

podem ser melhorados através das TI, permitindo uma redução de custos (Dirks et al., 2010).

Todavia, para uma cidade ser “Smart” não basta apenas uma infraestrutura de TI, também tem

de existir uma colaboração real com as instituições de ensino, com o setor privado e público (Nam e

Pardo, 2011a).

De seguida são descritas algumas das principais tecnologias que compõem as TIC para o

desenvolvimento das SC, proporcionado uma melhor eficiência na recolha e transmissão de dados.

2.2.3.1. Tecnologias utilizadas em Smart Cities

Schaffers et al. (2011) consideram que a preparação para os serviços eletrónicos nos

ecossistemas de inovação das cidades devem ser efetuados através de Tecnologias, com ambientes

multissensoriais, aplicações que suportam a realidade aumentada, plataformas open source que

permitam a distribuição e armazenamento de dados e localização de conteúdos dependendo da

localização de um indivíduo. Os autores destacam a Microsoft, Cisco e IBM como algumas das

14 Programa de computador 15 Periféricos do computador

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empresas no setor das TIC que desempenham um papel crucial para construir e monitorizar as

cidades inteligentes.

Algumas das tecnologias que atuam nas Smart Cities com a finalidade de monitorizar e

localizar dados são o GPS, Bluetooth, Wi-Fi, GSM e RFID (Pan et al., 2013).

2.2.3.2. Bluetooth

Segundo McDermott-Wells (2005) esta tecnologia foi criada em 1994, pela empresa

multinacional Ericsson. Originalmente idealizado como uma alternativa sem fios aos cabos de dados,

esta permitiu proceder à ligação e transferência de fotografias, vídeos, música, ficheiros de voz, de

dados, através do emparelhamento de dispositivos móveis como computadores, telemóveis, tablets

e PDAs, através de uma combinação de software, que permite a conectividade entre dispositivos

móveis, e de hardware, ou seja, da existência de um circuito integrado que contém o rádio

Bluetooth. Tornou-se uma tecnologia de padrão global para a conectividade sem fios entre

dispositivos portáteis (Bluetooth, 2015).

A escolha do nome “Bluetooth” homenageou o rei da Dinamarca, Harold Bluetooth (910-985),

considerado o primeiro representante da unificação do seu país (de Araujo, 2003). A unificação é

exatamente o que se pretende fazer a partir da conectividade entre dispositivos diferentes

(Bluetooth, 2015).

2.2.3.3. Computação em Nuvem

Dillon, Wu e Chang (2010) afirmam que a computação em nuvem poderá revolucionar a

indústria das TI. Pois trata-se de um modelo que possibilita o acesso, conforme necessário, à rede de

uma forma simples e ubíqua, de modo a estabelecer a partilha de recursos computacionais, tais

como serviços, servidores, aplicações e armazenamento. Estes recursos podem ser fornecidos

rapidamente, sem existir a necessidade de interagir com o provedor de serviço ou com necessidade

de um elevado nível de gestão (Mell e Grance, 2009).

Já a IBM, em 2012 apresentou uma definição sucinta desta tecnologia através da ligação com

as SC, indicando que se trata de uma abordagem que disponibiliza a entrega rápida de aplicações e

serviços de TI através da Internet, praticando preços conforme a utilização. Assim, o custo que as

cidades despendem com as TI reduz-se, pois os investimentos em software e hardware diminuem.

A computação em nuvem também desempenha um papel importante na gestão urbana de

uma Smart City, uma vez que auxilia a integração da Internet das Coisas (Su et al., 2011).

2.2.3.4. GSM

Segundo Scourias (1995) a tecnologia GSM nasceu nos anos 80, devido à elevada expansão dos

sistemas de telefones móveis analógicos em países europeus como a França e o Reino Unido. Nesse

tempo pretendia-se que o sistema fosse único e não pertencente exclusivamente a cada país, visto

que se assim fosse o serviço seria limitado à fronteira de cada um. Assim, como forma de resolução

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no ano de 1982 a CEPT (Conference of European Posts and Telegraphs) formou um grupo com o

nome de GSM (Groupe Spécial Mobile) para estudar um novo sistema público de telemóveis com

determinadas especificações, tais como: baixo custo; possibilidade de uma boa qualidade de voz;

roaming internacional e compatibilidade com a Rede Digital de Serviços Integrados. Após as fases de

implementação e comercialização e expansão para outros países na Europa, África e América do Sul,

o acrónimo foi alterado para aquele que atualmente conhecemos. Esta tecnologia permite o registo

das chamadas telefónicas nacionais e internacionais feitas a partir de um telemóvel (Batty et al.,

2012). Trata-se também de uma ferramenta de localização, porém menos segura do que o GPS (Pan

et al., 2013).

2.2.3.5. GPS

Desenvolvido nos Estados Unidos da América, pelo departamento de defesa, esta tecnologia

funciona através do Sistema Global de Posição por Satélite, em inglês conhecido por GNSS. Utiliza

uma constelação de pelo menos vinte e quatro satélites em órbita da Terra que transmitem sinais de

rádio, possibilitando a um equipamento de GPS determinar uma localização, velocidade ou direção,

por exemplo de um veículo. O GPS tornou-se um auxílio de navegação em todo o mundo, sendo uma

ferramenta útil, também para a elaboração de mapas (Lee et al., 2008).

Os sistemas de transporte eficientes são uma das características associadas ao conceito de SC,

dado que as plataformas móveis e sensores com GPS embutido são fundamentais para a existência

de um mobilidade inteligente, já que possibilitam a definição da melhor rota para alcançar um

determinado local, permitindo a atualização da mesma independentemente das escolhas efetuadas

pelos condutores de veículos (Daniel e Doran, 2013).

No estudo de Elmaghraby e Losavio (2014) sobre a segurança e a inteligência no transporte

público e privado, salientam que o GPS pode dar indicações pessoais acerca da morada ou a

localização do utilizador o que pode ser perigoso, pois essa informação pode ser utilizada por

pessoas mal-intencionadas.

2.2.3.6. NFC

Esta tecnologia trata-se de um tipo de comunicação bidirecional de alcance muito curto. É

utilizada em dispositivos móveis, como smartphones, permitindo ao seu utilizador uma interação

mais inteligente. No âmbito de um modo de vida inteligente, permite a utilização de uma carteira

digital, autorizando pagamentos de bilhetes de transporte, identificação e substituição de cartões

bancários. As casas também podem tornar-se mais inteligentes, uma vez que habilita a deteção da

entrada do seu proprietário numa determinada divisão da casa (Balan, Ramasubbu, Prakobphol,

Christin e Hong, 2009).

Alguns exemplos da utilização desta tecnologia, quando está incorporada em telemóveis

inteligentes são: a leitura dos contadores inteligentes, utilização como bilhete eletrónico para aceder

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a parques de estacionamento, uso como uma plataforma de controlo remoto e a leitura de cartazes

inteligentes para encontrar locais de interesse, numa cidade (Hancke et al., 2012).

Esta tecnologia, também capacita os sensores para efetuarem a transmissões de dados

(Kitchin, 2014).

2.2.3.7. Código QR

Com origem no Japão, no ano de 1994, caracteriza-se por ser um código de resposta rápida,

atualmente bastante utilizado na área de Marketing (INTELI, 2012). Caracteriza-se por ser um código

de barras bidimensional, que pode ser lido e através da câmara dos telemóveis inteligentes. Após a

sua leitura e conversão, o utilizador pode ser direcionado para uma página web, mensagem, um

contacto ou ainda uma localização georreferenciada. Inicialmente foi utilizado para catalogar peças

na construção de veículos, hoje também é utilizado para a gestão de inventários (Wikipedia, 2015a).

Na investigação de Mulligan e Olsson (2013), o QR Code é apresentado como parte integrante

de um exemplo de arquitetura de SC, fazendo parte do domínio da deteção de utilizadores,

juntamente com as tecnologias RFID e NFC.

2.2.3.8. RFID

É uma tecnologia sensorial que identifica automaticamente objetos, pessoas e animais, pelo

recurso a ondas de rádio de sensores em pequenos aparelhos. São compostos por transmissores-

recetores ou etiquetas RFID e leitores RFID. Todas as etiquetas têm pelo menos duas partes: (i)

antena para transmitir e receber o sinal; (ii) circuito integrado, para armazenar e processar

informação, modelar e demodelar sinais de frequências de rádio (Lee et al., 2008).

Esta tecnologia de curto alcance e unidirecional (Hancke et al., 2012) é constituída por uma

etiqueta, que está contida num objeto, de forma a utilizar sinais de rádio para a localizá-lo ou

identifica-lo. São acessíveis e fáceis de desenvolver. As etiquetas passivas e as etiquetas ativas são os

principais tipos de etiquetas RFID.

São acessíveis e fáceis de desenvolver. As etiquetas passivas e as etiquetas ativas são os

principais tipos de etiquetas RFID. Segundo (Hancke, Silva e Hancke Jr., 2013), a etiqueta passiva,

para além de ter um preço acessível, tem um baixo consumo sendo ligada apenas quando é

necessário, o que permite a sua implementação numa maior quantidade. A ativa é onde os dados são

armazenados.

2.2.3.9. Wi-Fi

O Wi-Fi é atualmente fornecido através da rede mundial, Wi-Fi Alliance, composta por cerca de

seiscentas empresas. Tudo começou no ano de 1999, quando esta rede de empresas se reuniu para

formar uma associação sem fins lucrativos, tendo como objetivo proporcionar aos indivíduos uma

nova tecnologia de acesso à Internet, partilhada por vários dispositivos ao mesmo tempo, sem existir

a necessidade de recorrer à utilização de fios (Wi-Fi Alliance, 2015). Esta tecnologia emergiu para a

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utilização em vários tipos de redes sem fios como locais, metropolitanas, pessoais e vizinhas

(Gunasekaran e Harmantzis, 2008).

2.2.3.10. Wireless Sensor Networks

As Redes de Sensores Sem Fios caracterizam-se por serem as principais responsáveis pela

captação de informação importante para ambientes inteligentes, por exemplo edifícios, sistemas de

automação de transportes, serviços públicos e habitações. De preferência, este tipo de redes deve

ter uma instalação e manutenção simples e célere (Lewis, 2004).

Estas são compostas por nós de sensores sem fios que comunicam uns com os outros, de

forma a monitorizarem e detetarem eventos na cidade. Estes podem compreender diversos

parâmetros físicos e de condições ambientais, como a luz, temperatura, humidade e velocidade.

Podendo ser utilizados num conjunto diverso de aplicações como na área da energia, monitorização

do trânsito e meteorologia (Domingo et al., 2013).

2.2.3.11. Sistemas de Computação Móvel e Ubíqua

Tal como o próprio nome indica a Computação Móvel está disponível em dispositivos móveis e

computacionais de pequena dimensão como, computadores portáteis, tablets e PDAs, que também

têm incorporado sistemas que possibilitam o acesso à rede sem fios (Santos, 2013).

A Computação Ubíqua tenta colocar os computadores como parte integrante da vida

quotidiana, de modo a que estes se tornem de alguma forma invisíveis (Galloway, 2004). Esta

invisibilidade significa que existe a capacidade de interagir com sistemas computacionais, sem as

pessoas se aperceberem que se tratam de máquinas (Santos, 2013). Como os telemóveis, acessórios,

roupa inteligente e ainda implantes computorizados (Yigitcanlar e Lee, 2014).

Na computação ubíqua, os outros sistemas de computação são caracterizados pela

omnipresença, por estarem permanentemente ligados ou a tentar estabelecer comunicação (Santos,

2013).

2.2.4. Sistemas de Informação

Os SI caracterizam-se por serem uma coleção de módulos de software, interfaces, entidades

(objetos) e dados estruturados (Castro, Kolp e Mylopoulos, 2002). Estes podem ser apresentados

como um ERP (Enterprise Resource Planning), sistemas de comércio eletrónico, gestores de

conhecimento, sendo desenhados para ajustarem-se a um âmbito de atuação.

Os SI como o sistema de ERP constitui uma base para criar o conceito inteligente ao nível da

infraestrutura da cidade. A ideia da sua implementação tem como objetivo, substituir o legado dos

sistemas já existentes. Um dos fatores para a implementação deste sistema é o económico (Al-Hader,

Rodzi, Sharif e Ahmad, 2009).

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2.2.4.1. Sistemas de Informação nas Smart Cities

Segundo Harrison e Donnelly (2011) a cidade é um sistema complexo, bem como hardware e o

software necessários para compor os SI, que podem desempenhar vários papéis, como

proporcionarem a integração da infraestrutura dos serviços urbanos (segurança pública, distribuição

elétrica, transportes). Para tal, arquitetos de TI e engenheiros de software têm recorrido a formas

para gerir os mesmos, como recorrer a modelos conceptuais da cidade. Estes também sustentam

uma nova forma urbana para a criar conhecimento e transferência de tecnologias.

2.2.4.2. Sistemas de Informação Geográfica

Os SIG são uma ferramenta que permite gerir digitalmente o espaço urbano (Komninos e

Sefertzi, 2009).

Este sistema computacional possibilita utilizar ferramentas para análise de informação

espacial; edição de mapas e dados; queries interativas e representação dos resultados dessas

operações. Cartografia, Planeamento Urbano, investigações Científicas, Planeamento de Rotas são

exemplos de áreas de atuação desta. Também permite o planeamento de respostas em caso de

emergências, como um incêndio ou inundação (Lee, Han, Leem e Yigitcanlar, 2008).

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2.3. SITUAÇÃO NO MUNDO

Não só na Europa se verificam este tipo de cidades, mas também em outras zonas do globo,

como na China, Japão, Coreia do Sul e Índia. Com o fenómeno da urbanização em massa são

preparadas estratégias como a Europa 2020, que pretende disseminar estas cidades, efetuando para

tal, investimentos no capital humano, social e em infraestruturas de TIC (Manville et al., 2014).

Para existir uma forma de comparação com o que já foi e o que está a ser efetuado na cidade

de Lisboa, é necessário obter uma visão e conhecimento de casos de excelência, no processo de

desenvolvimento e exportação a nível mundial, de projetos no campo das SC.

2.3.1. Caso de Sucesso – Barcelona Smart City

Barcelona, capital da Catalunha, é a segunda maior cidade espanhola, a seguir a Madrid. Em

2014, a sua população era constituída por 1.602,386 milhões de habitantes, numa área territorial de

101.4 km2 (Idescat, 2015). A sua economia é especializada no turismo, educação, moda, serviços de

informação e media (Buscher e Doody, 2013). Tendo alicerces numa sociedade e economia do

conhecimento Barcelona, em 2009, foi classificada em quarto lugar como uma das melhores cidades

Europeias para estabelecer um negócio (Schaffers et al., 2012).

BCN ocupou o primeiro lugar do estudo da IDC em 2012. Considerada a cidade globalmente

líder em SC, seguida por Nova Iorque, Londres, Nice e Singapura, Barcelona sobressai pela promoção

de iniciativas ambientais mais sustentáveis, sendo um excelente modelo de referência para outras

cidades. Destaca-se também, pelo seu bom desempenho em assuntos como gestão inteligente de

congestionamento de trânsito e redes energéticas inteligentes (Juniper Research, 2015). Para o

desempenho desta cidade ter este nível, as TIC também têm contribuído para preparar e alcançar

objetivos como: o acesso universal à educação, cultura e saúde, mobilidade urbana eficiente e

sustentável, integração e coesão social (Buscher e Doody, 2013).

Todavia, a ideia para a implementação do conceito de SC, que começou pela área da energia,

evoluiu do movimento das cidades digitais, há mais de uma década. Para começar esta ação,

participaram diferentes áreas da Câmara Municipal e não exclusivamente o departamento de TI ou

do ordenamento da cidade. Foi constituída uma nova área, Urban Habitat, para integrar as áreas de

TIC, do ambiente e urbanas (Buscher e Doody, 2013). Todavia, as TI foram a principal aposta para

desenvolver os objetivos estratégicos baseados em cinco vertentes principais Mobility, E-

Government, Smart Cities, Information Systems e Inovation, denominados por MESSI16 (IDC, 2012).

As Pessoas, a Informação e a Estrutura da cidade, compõem o modelo conceptual de SC em BCN

(Buscher e Doody, 2013). Schaffers et al. (2012) menciona o trabalho de Bakici e Almirall, visto que

esclarecem os elementos do modelo conceptual: O capital humano (população, empresas e

16 Mobilidade, Governação Eletrónica, SC, Sistemas de Informação e Inovação.

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universidades), conjuntamente com a autarquia pode participar no desenvolvimento de uma cidade

smart. Como os autores referem: “Uma Smart City deve ser capaz de ativar a criação de ideias

inteligentes”, num ambiente como os Living Labs. A Informação é classificada como uma fonte de

matéria-prima, com origem nos sensores esparsos pela cidade, nas atividades diárias no espaço

urbano e do setor público. Os habitantes também contribuem para a mesma através das suas

atividades nas redes sociais, crowdsourcing e pagada digital. Para conectar cidadãos e organizações é

preciso renovar as infraestruturas antigas (edifícios públicos, residências) para infraestruturas

ubíquas, de modo a existir a presença de fibra ótica, Wi-Fi, instalação de sensores, novas redes de

mobilidade e energia, por exemplo.

A estratégia de BCN SC, também tem alicerces em três eixos principais de ação:

Projetos Locais – Como Smart City Campus, localizado no Bairro da Inovação, tem o

intuito de fortalecer a inovação urbana (Ajuntament de Barcelona, 2012a);

Promoção - Participação em eventos como Smart City Expo World Congress, onde

organizações se encontram para divulgar experiências e contribuir para o futuro

desenvolvimento das cidades (Ajuntament de Barcelona, 2012a);

Projeção Internacional – Presença em projetos europeus como BESOS (Building Energy

decision Support Systems fOr Smart cities), que foi realizado em colaboração com

Portugal e a Lisboa E-Nova tendo como objetivo a criação de um sistema de suporte à

decisão para gerir sistemas de eficiência energética em edifícios (Ajuntament de

Barcelona, 2012b). Presença na conferência anual das grandes cidades europeias; City

Protocol engloba acordos de informação, boas práticas e conta com o setor industrial e

das universidades para a criação de um “fórum global para desenvolvimento de cidades

inteligentes” (Ajuntament de Barcelona, 2012a).

Esta cidade investiu 310 milhões de euros no distrito da tecnologia/bairro da inovação,

denominado “22@Barcelona”, que ao contrário dos parques empresariais alocados fora da área

metropolitana, este bairro insere-se na malha urbana. Aqui reúnem-se 10 universidades, 12 centros

de I&D, serviços públicos e empresas, em conformidade com cinco clusters de ocupação principais:

TIC, tecnologias médicas, media, energias renováveis e moda. Este conglomerado permite uma maior

cooperação entre os institutos e empresas presentes (Schaffers et al., 2012; Figueiredo, 2015).

Para alcançar os seus objetivos estratégicos e disponibilizar uma panóplia de serviços conta

com parecerias público-privadas e com empresas como a Endesa, Telefónica, Indra, IBM e Cisco (IDC,

2012; Buscher e Doody, 2013).

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Com vista à implementação destes projetos e tendo em conta a atual situação económica foi

necessário utilizar apoios da CE, nomeadamente provenientes do Programa Horizonte 202017,

destinado à Investigação e Inovação (IDC, 2012).

Na sua investigação, Hancke et al. (2012) indicam alguns projetos realizados em Barcelona,

como os sistemas de estacionamento inteligentes, para os cidadãos saberem se existem lugares

vagos; sensores de humidade para controlar a água utilizada nos jardins públicos; iluminação

inteligente para ajustar a intensidade e a presença de luz; contentores de resíduos inteligentes,

através da colocação de sensores nos contentores, estes possibilitam controlar o seu conteúdo

remotamente, permitindo otimizar as rotas de recolha dos mesmos. Neste último são utilizados

sensores ultrassónicos e a tecnologia RFID (Ajuntament de Barcelona, 2012a).

Na área da Mobilidade foi definido um projeto piloto para a partilha de carros elétricos

(Ajuntament de Barcelona, 2012b).

Abaixo são apresentados mais alguns dos projetos que já foram desenvolvidos em Barcelona e

que continuam em constante melhoramento (Ajuntament de Barcelona, 2015):

Barcelona Wi-Fi – Com a maior rede Wi-Fi pública de Espanha e considerada uma das mais

importantes de toda a Europa, existe o objetivo de aumentar o acesso gratuito à Internet,

para esse fim, já foram disponibilizados até ao momento 461 pontos de acesso. E para

abranger um maior número de cidadãos, pretende-se a instalação de pontos Wi-Fi em jardins

e parques infantis, na rede de metro e autocarros. Estima-se que 1.130 autocarros e 9

estações de metro irão ter o serviço de Wi-fi até ao final de 2016.

BCN Contactless – Está operacional durante todo ano, 24 horas por dia. Este serviço

caracteriza-se por ser uma porta para a Barcelona virtual, onde todos os cidadãos que

possuam um dispositivo com ligação à Internet, como um tablet, smartphone, PDAs e através

da tecnologia NFC ou QR Code, conseguem aceder a informações relativas a eventos,

serviços e instalações acerca do local onde se encontram.

Open Data – O portal dados abertos tem como objetivo universalizar o acesso aos dados,

promover a inovação e aumentar a transparência da Câmara Municipal (Buscher e Doody,

2013). Através deste são disponibilizados dados acerca da cidade, onde todos os indivíduos

podem reutilizá-los. Estão classificados em cinco categorias principais: Meio Urbano

(Segurança, Turismo, Desporto); Região (Infraestruturas e Planeamento); População

(Demografia, Educação); Economia e Negócios (Ciência e Tecnologia, Emprego) e

Administração Pública (Setor Público, Legislação). No portal visualizam-se por exemplo

parques, pontos de Wi-Fi, paragens de autocarros e táxis representados num mapa.

17 https://ec.europa.eu/programmes/horizon2020/en/what-horizon-2020

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Na Figura 2.3, é representado um exemplo de um mapa onde são visíveis os pontos Wi-Fi

distribuídos pela cidade.

Figura 2.3 - Exemplo de uma imagem do portal Open Data de BCN

Fonte: Portal Barcelona (2015)

Alguns projetos relacionados com a participação dos cidadãos são (Ajuntament de Barcelona,

2015):

Citizen´s Postbox – Trata-se de uma aplicação móvel, onde todos os habitantes podem enviar

em tempo real relatos de qualquer tipo de incidentes ocorridos em Barcelona.

Barcelona Open Gorvenment – Com o intuito de modificar “governar para as pessoas” para

“governar com as pessoas” é através das TIC que o cidadão está mais informado e com

motivação para participar em atividades governamentais.

Laboratórios de Fabricação – Caracterizam-se por serem espaços onde é possível

compreender as noções básicas da fabricação digital, tecnologias ou modelos científicos e

tecnológicos. Nestes espaços valoriza-se a aprendizagem informal, cocriação, colaboração e

o crowdsourcing. Os programas são estruturados para famílias, tendo motivações sociais e

educacionais. Existem também os laboratórios urbanos, para testar novos serviços,

promovendo a competitividade (Buscher & Doody, 2013).

Vincles BCN – É um projeto promovido pela área de Qualidade de Vida, Igualdade e Desporto,

com o principal objetivo de atenuar o isolamento de cidadãos com mais de 65 anos, com

doenças crónicas, dependentes de terceiros e referenciados pelos serviços sociais, através de

uma rede de apoio social composta por membros da família, amigos, trabalhadores da área

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da saúde e serviços sociais. Todos aqueles que estejam dentro do mesmo círculo de amigos,

podem comunicar uns com os outros podendo responder às necessidades e alertas da pessoa

que acede a este serviço através de um tablet.

No seu estudo Clarke (2013) considera a existência de três projetos fundamentais que

contribuíram para o sucesso dos esforços da Câmara Municipal de Barcelona:

Rede de comunicação de alta velocidade, composta por redes de fibra ótica e Wi-Fi utilizadas

como a plataforma para melhorar a prestação de serviços;

Plataforma de Sensores: Realizada para quebrar silos de informação entre departamentos que

tratam de assuntos como os transportes, a energia e água;

CityOS: Esta plataforma permite a colaboração entre as universidades e empresas privadas

para que estas contribuam para a inovação de Barcelona, através de aplicações e soluções.

Apesar destas transformações e introdução de novas tecnologias, BCN pretende preservar a

sua tradição e cultura (Figueiredo, 2015).

Relativamente aos desafios encontrados na implementação do conceito de Smart City,

constata-se que o nível de empreendedorismo, comparado com outros países europeus encontrou-

se abaixo das expectativas, o mesmo aconteceu com o número de empresas para liderar a inovação.

As pessoas com níveis de qualificação elevados não foram suficientes para colmatar as necessidades

dos clusters industriais. Também, o financiamento de capital de risco não foi suficiente para atrair

novas empresas e financiar startups18 (Schaffers et al., 2012).

2.3.2. Caso de Sucesso - Rio de Janeiro Smart City

Sendo a segunda maior área metropolitana (IBM, 2014), a seguir a São Paulo, o Rio de Janeiro

teve uma população estimada em 2014 de 6.453,682 milhões de habitantes numa área territorial de

1.197,463 km² (IBGE, 2014). O seu estudo é relevante, visto que se trata da Smart City modelo do

Brasil (Payão, 2015). Sendo esta cidade também distinguida com o prémio de melhor Smart City de

2013, na terceira edição da Smart City Expo World Congress, organizada pela Fira de Barcelona

(Smart City Expo, 2015).

A origem do RJ Smart City deve-se sobretudo a acontecimentos de ordem natural, que

ocorreram em 2010 colocando os habitantes da cidade em risco. Logo, para prevenir e responder de

forma célere neste tipo de emergências efetuou-se uma parceria com a IBM, que desenhou e criou

um edifício para permitir a recolha, processamento e análise de dados e supervisão dos eventos a

ocorrer na cidade (Matheus e Ribeiro, 2014; Schneider Electric, 2013; Copenhagen Cleantech Cluster,

18 Empresas empreendedoras e baseadas em tecnologias, ainda na fase de desenvolvimento e estudo de

mercado. Retirado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_startup

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2012). Assim, desenvolveu-se o COR, o Centro de Operações Rio (Figura 2.4), apesar de que,

inicialmente a sua construção estava prevista para a altura dos Jogos Olímpicos de 2016 (Buscher e

Doody, 2013).

Figura 2.4 – Sala do Centro de Operações do Rio de Janeiro Fonte: Perfeitura do Rio de Janeiro (2014)

Após a sua inauguração, na Cidade Nova, no dia 31 de Dezembro de 2010, este centro conta

com mais de 400 colaboradores que monitorizam a cidade 24 horas por dia através de imagens

captadas em tempo real por 560 câmaras, localizadas em diversos pontos da cidade (Perfeitura do

Rio de Janeiro, 2015b). Desde a sua existência têm sido desenvolvidas rotinas operacionais de

manutenção e de otimização de recursos para serem obtidas soluções mais eficazes. Por exemplo os

camiões de recolha de resíduos urbanos passaram a estar munidos de GPS, de modo que, em

situações que seja necessário possam alterar a sua rota (Buscher e Doody, 2013).

Existe também, uma sala de crise, onde é possível efetuar videoconferências com a residência

oficial do perfeito e com a sede da Defesa Civil, de forma a serem tomadas resoluções e decisões

atempadamente (Perfeitura do Rio de Janeiro, 2015b). Esta sala também é utilizada para proceder à

integração da informação proveniente dos diferentes departamentos governamentais e instituições

públicas (Roche, Nabian, Kloeckl e Ratti, 2012).

O COR também está presente nas redes sociais, através do Twitter, Facebook e Youtube,

contando ainda com um portal que disponibiliza informações tais como: as condições

meteorológicas, boletins diários, onde são divulgados os números de ocorrências registadas pela

defesa civil e alterações no trânsito, devido a obras ou interdições (Prefeitura do Rio de Janeiro,

2015a).

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O RJ também disponibiliza dados abertos aos seus cidadãos e se estes assim pretenderem

podem obter dados gerais sobre o desenvolvimento social, receitas e despesas, saúde, transportes e

mobilidade, educação, impostos e taxas (Perfeitura do Rio de Janeiro, 2015a). Porém, caso

pretendam aceder a dados geográficos poderão consultar o portal da SIURB (Sistema Municipal de

Informações Urbanas) onde estão incluídas informações sobre ciclovias, estações de metro, escolas

municipais, federais ou estaduais e dados relativos ao censo de 2010, por exemplo (Perfeitura do Rio

de Janeiro, 2015d).

Na temática de dados abertos, também se encontra o “Rio Apps 450” (lançado pela ocasião da

comemoração dos seus 450 anos) tratando-se de um concurso lançado com a finalidade de

incentivar os cidadãos a desenvolverem aplicações inovadoras, baseando-se em três principais

objetivos: o melhoramento do acesso à informação; incentivo à inovação e tornar o RJ uma cidade

mais inteligente Algumas categorias dos aplicativos são por exemplo: o “Rio + Social” para apoiar a

qualificação imediata dos serviços de conservação urbana, iluminação pública, limpeza e recolha de

resíduos; Habitação e Urbanização para tornar os bairros mais inteligentes e Empreendedorismo,

para novas possibilidades de negócios nos mais diversos setores (Perfeitura do Rio de Janeiro,

2015c).

Buscher e Doody (2013) verificam que o RJ se tem tornado num núcleo importante para

acolher startups digitais, pretendendo obter, no futuro, uma cidade mais coesa e equitativa com uma

economia mais criativa.

Acerca de projetos na área da mobilidade verifica-se que desde 2013, existe uma parceria com a

Waze, fornecedora de uma aplicação de navegação onde a informação enviada pelos seus

utilizadores é utilizada em mapas que são atualizados em tempo real. Através da mesma procedeu-se

à instalação de vinte painéis eletrónicos em zonas com grande afluência de trânsito (Copacabana,

Ipanema e Lagoa), com o objetivo de serem disponibilizados dados em tempo real, como o tempo

previsto para a deslocação para os bairros principais, o encerramento das vias e acidentes. As

localizações dos painéis foram estudadas por uma equipa da prefeitura especializada em big data, o

Grupo PENSA (Olhar Digital, 2014). Também neste tema verificam-se custos que as fraudes em

transportes públicos acarretam, por este motivo estão a ser efetuados testes para a inclusão da

biometria. Deste modo, o cartão dos passageiros apenas será validado após a sua identificação digital

(Pereira, 2014).

Na Figura 2.5 é possível ver um exemplo da utilização da aplicação, num evento de grande

relevância no Brasil, onde constam as ocorrências que os utilizadores encontraram no trajeto

efetuado, permitindo assim a atualização do mapa em tempo real.

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Figura 2.5 – Exemplo aplicação Waze no Rock in Rio 2013

Fonte: Waze (2013)

Em relação à utilização de tecnologias, em 11 de Junho de 2014 foi lançado o programa “Rio

Smart City” onde adesivos inteligentes, colocados em 5 mil estações de autocarro, com o código QR e

a tecnologia NFC foram utilizados. As informações dos trajetos dos autocarros e a sua localização em

tempo real estão disponibilizadas em português, espanhol e inglês para consulta através da utilização

destes adesivos (G1 Rio, 2014).

Na área da participação e com a função de atenuar o digital divide foi criado o programa “Rio

Digital 15 Minutos”, com a finalidade de melhorar a integração dos membros da comunidade e

serviços públicos prestados em determinado local. Este programa também conta com a rede das

Naves do Conhecimento, onde existem cursos tecnológicos para instruir e alfabetizar digitalmente os

cidadãos, através do primeiro contacto com a história, conceitos básicos de software, hardware,

pesquisas na Internet e utilização dos computadores. As temáticas dos cursos incluem ainda a

robótica e web design (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2015b).

Em 2014, Prado e Santos abordam no seu trabalho alguns dos principais desafios da cidade do

RJ, bem como as possíveis soluções para os mesmos: (i) – O RJ ainda tem comunidades onde não

existem infraestruturas de saneamento básico, e algumas das redes de abastecimento de ádua

encontram-se em mau estado. De forma a poupar água, podem ser utilizados sensores que

controlem as fugas de água, sendo remotamente ligados a centros de monitorização; (ii) – Redução

do consumo da energia elétrica através da utilização de sistemas inteligentes de iluminação; (iii) – a

mobilidade, que é considerada, pela CNN Money, a terceira pior do mundo, devido à falta de

segurança, cultura automóvel e precaridade dos tranasportes públicos (gestão privada), algumas das

soluções são os semáforos inteligentes, que utilizando uma rede de sensores sem fios, avalia e

determina as ações a tomar consoante a informação de trânsito (fluxos e velocidades); utilizar

transportes públicos, ou bicicletas; (iv) – melhorar a segurança e operações policiais através dos SIG,

já que possibilita o georreferenciamento de locais complexos e registo das ocorrêcias; (v) – maior

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amplificação da rede Wi-Fi, em universidades públicas e outras instituições para além da existente na

faixa de Copacabana.

Por último, importa saber que o RJ tem um programa estratégico na área da urbanização, com o

auxílio das finanças públicas para urbanizar os bairros de favelas até 2020, tendo especial atenção às

zonas mais sensíveis e carenciadas, onde exista também um risco acrescido para fenómenos naturais

extremos (Buscher e Doody, 2013).

2.3.3. Análise Prévia da Situação de Lisboa Smart City

Em 2014, Lisboa, a capital e a maior cidade de Portugal era constituída por 509.312 mil

habitantes (INE, 2014), numa área territorial de 100 km2 (Wikipédia, 2015).

Relativamente à perceção quanto à necessidade de Lisboa se tornar mais inteligente, a CML

afirma: ”Queremos transformar Lisboa numa cidade inteligente ao serviço dos cidadãos. Através da

promoção de programas de participação, dinamizados de forma criativa e empreendedora,

pretendemos converter as ideias dos cidadãos em projetos para a cidade, com vista ao

desenvolvimento sustentável do ambiente económico, científico e social” (CML, 2014b).

Também a antiga vereadora da Inovação e Economia, Graça Fonseca, reforçou esta ideia,

quando no Centro de Inovação Urbana de Lisboa, a respeito do tema Lisboa Smart City, revelou que

Lisboa é dotada de capacidades tecnológicas, criativas e empreendedoras, apresentando uma grande

diversidade das pessoas que a compõe, desde os estudantes universitários aos seus habitantes e

pessoas que habitam aqui temporariamente. Mencionou ainda alguns exemplos de iniciativas

realizadas na capital, como a incubadora de empresas StartUp Lisboa, o FabLab e o Cluster Criativo

Santa Clara, o Orçamento Participativo, o Portal Lisboa Participa e o espaço de co-working do

Mercado do Forno do Tijolo (CML, 2014a).

No trabalho realizado por Fernandez, Barroca e Torres, acerca de Lisboa como Smart City,

incluído no trabalho de Schaffers et al. (2012), são descritos os pilares da estratégia da cidade: (i)

Empreendedorismo – A Ignite e a TEDx Lisboa são dois exemplos da competência e cooperação

desempenhada por vários interessados em lançar novos negócios e em criar condições para reunir

esforços e adicionar valor através do desenvolvimento de startups; (ii) Disponibilização de dados –

tem o intuito de permitir a cocriação de novos dados através daqueles que são disponibilizados. Para

tal, existe o projeto Open Data Lx onde podem ser encontradas coleções de dados acerca de diversos

assuntos da cidade de Lisboa. (iii) Espaços de Inovação - onde são aplicados os conceitos de Fab Labs

(laboratórios de fabricação digital) e Coworking (onde o espaço de trabalho é partilhado por pessoas

que pertencem a diferentes empresas), com o objetivo de fomentar a criatividade e a partilha das

competências e conhecimentos de cada indivíduo.

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Em matéria de dados, a CML, juntamente com a parceria da Agência para a Modernização

Administrativa, lançaram em 2011, o projeto Open Data LX, que se destina à disponibilização de um

conjunto de dados sobre Lisboa, classificados em Cartografia, Ambiente, Saúde, por exemplo. Este

tem como objetivo a consulta dos mesmos numa área específica, no portal “Lisboa Participa”, onde

os cidadãos podem consultá-los ou criar novos serviços, para aplicações informáticas ou

desenvolvimento de trabalhos de investigação (Lisboa Participa, 2013).

Relativamente aos espaços de apoio à criatividade e inovação, de acordo com a Fab Lab

Lisboa (2013), o espaço disponibilizado (ver Figura 2.6) permite o acesso a equipamentos como

computadores com software de programação computer-aided manufacturing (CAM) e computer-

aided design (CAD), máquinas de corte de vinil e laser, e impressoras 3D. O “learn by doing” é o

processo metodológico aplicado desde a conceção à concretização dos projetos.

Figura 2.6 – Fab Lab Lisboa Fonte: FabLab Lisboa (2013)

Quanto ao trabalho cooperativo, em 2010 a CoworkLisboa abriu na LXFactory, que é um local

destinado a trabalhadores independentes, startups e freelancers19, é possível trocar experiências,

ideias e partilhar conhecimento, através de ofertas indicadas para diferentes perfis de utilizadores e

necessidades de trabalho, como por exemplo, “WorkRoom”,“Nómada”, “Mesa Flex” e “Mesa Fixa L”,

que se adaptam ao trabalho individual ou em grupo, possibilitando também a realização de

formações, apresentações e eventos (CoworkLisboa, 2014).

Também têm sido desenvolvidos projetos noutros âmbitos como na Energia. O “Plano de

Promoção de Eficiência no Consumo de Energia Elétrica” promovido pela entidade reguladora dos

serviços energéticos, é um deles, que tem como objetivo conhecer os padrões de consumo

energético de famílias e edifícios de serviços, para tal, foram utilizados contadores inteligentes. Estes

19Profissional autónomo

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caracterizavam-se pelo seu monitor que permitia a visualização constante da potência em utilização,

em contraste com a contratada, estando disponível numa versão para tablets, smartphones e

computadores (Lisboa E-Nova, 2015b).

No âmbito do Programa Competitividade e Inovação, da UE, o projeto APOLLON (Advanced

Pilots of Living Labs Operating in Networks) teve como principal finalidade a transferência de

conhecimento de tecnologias de monitorização de consumos energéticos em tempo real, entre as

PMEs20 participantes de vários parceiros europeus (Lisboa E-Nova, 2015a).

O Programa para a Mobilidade Elétrica, criado no âmbito do Plano Nacional de Ação para a

Eficiência Energética, que visou a introdução e a utilização de veículos elétricos, contou com a

participação da EMEL na constituição e desenvolvimento da rede de mobilidade elétrica (EMEL,

2015b).

De forma, a facilitar o estacionamento sem recorrer à utilização de moedas o ePark é uma

aplicação para smartphones, criada pela EMEL, que possibilita pagar, apenas o tempo exato em que o

lugar de estacionamento foi utilizado, mais o tarifário correspondente a cada zona. Pode ser

registada mais do que uma matrícula. Para tal, dá a possibilidade de definir o tempo pretendido para

estacionar, existindo um mínimo de 15 minutos. O pagamento pode ser efetuado de uma maneira

fácil, através de PayPal ou multibanco num montante entre dez a cem euros. Permite ainda,

visualizar os lugares de estacionamento que se encontram livres. Também, possibilita acionar um

lembrete para saber quantos minutos faltam para o fim do tempo de estacionamento e parar a

contagem do tempo assim que o condutor se aproxima do veículo (EMEL, 2015a).

A cidade de Lisboa, também desenvolveu projetos de revitalização social em bairros críticos,

tais como o K’CIDADE - Programa de Desenvolvimento Comunitário Urbano, com o objetivo de

combater a pobreza e a exclusão social em meios urbanos, tendo como principal foco as zonas piloto

da Alta de Lisboa, freguesia da Ameixoeira e de Mira Sintra. O BIP-ZIP (Bairros e Zonas de Intervenção

Prioritária) é um outro projeto que pretende contribuir para uma imagem mais positiva dos bairros,

com o desígnio de reforçar uma melhor integração, precavendo discriminações no acesso a bens e

serviços (Inteli, 2012).

Acedendo ao endereço da Internet da CML é possível encontrar serviços online com diferentes

funcionalidades e de interesse para os cidadãos, como por exemplo: “Atendimento Online” trata-se

de uma plataforma que permite conversar em tempo real com um colaborador municipal;

“Bibliotecas Municipais”, que permite requisitar um cartão para usufruir das bibliotecas municipais e

reservar livros; “Lisboa interativa”, onde é possível encontrar informação geográfica

georreferenciada sobre a capital e “Na minha rua” os cidadãos podem participar ocorrências em

equipamentos municipais, habitações e em espaços públicos (CML, 2016).

20 Pequenas e Médias Empresas

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Constata-se que existe um reconhecimento internacional quanto à forte aposta no

empreendedorismo, visto que Lisboa, em 2012 integrou, na revista Financial Times, a lista Top 10 das

cidades europeias com potencial de futuro. Sendo também distinguida como The European City of

the Year 2012, baseada em critérios de sustentabilidade social, ambiental, governo e viabilidade

comercial, atribuição concedida pela Academy of Urbanism, no Reino Unido (Câmara Municipal de

Lisboa, 2015b).

Também o programa “Lisboa Empreende” ganhou o grande prémio do Júri dos Prémios da

Promoção Empresarial da União Europeia. O mais conceituado Prémio da Comissão Europeia na área

de promoção empresarial e das PMEs (Câmara Municipal de Lisboa, 2015a). Em Bruxelas, no ano de

2014, a capital recebeu a distinção de Cidade Empreendedora Europeia 2015 (Câmara Municipal de

Lisboa, 2015b).

Executando uma comparação prévia da cidade de Lisboa com a cidade de Barcelona, verificou-

se que um inquérito realizado pela empresa tecnológica Indra, referente à temática das SC, destaca

qua Lisboa é considerada uma boa cidade para habitação, uma vez que existe uma perceção de

segurança acima da média, e onde o tempo médio para chegar ao trabalho é um dos mais baixos.

Contudo, assinala que a sustentabilidade e a administração pela via eletrónica devem ser

melhoradas. A Indra menciona também que a cidade de Lisboa é muito similar à de Barcelona, visto

que todos os serviços foram cotados acima da média (Alberti, 2014).

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3. METODOLOGIA

Para entender melhor a forma como se podem obter conclusões quanto ao tema, questões e

objetivos, que a presente dissertação pretende esclarecer, descrever e compreender, nesta seção

são descritos o método qualitativo e as etapas para a recolha de informação, relativamente ao

assunto proposto.

3.1. ESTUDO DO CASO

Considerando que os objetivos de estudo estão relacionados principalmente com o

entendimento de um fenómeno emergente, global e complexo (Yin, 2009), que atualmente

apresenta bastante notoriedade, o método de investigação mais apropriado será o estudo do caso,

com a aplicação de uma lógica qualitativa.

Este consiste numa análise completa e pormenorizada de um fenómeno referente a uma

entidade social, tendo como principais objetivos, aumentar o conhecimento que existe acerca de um

tema e estudar as alterações que ocorrem ao longo do tempo sendo apropriado quando existem

poucos dados sobre um acontecimento (Fortin, Côte e Filion, 2009).

Segundo Kanellis e Papadopoulos (2009), no âmbito dos sistemas de informação a realização

do caso de estudo pode apresentar duas perspetivas distintas: uma posição positivista, que o

caracteriza segundo alguns elementos, como o facto de não ser necessário métodos experimentais;

os dados podem ser recolhidos de várias formas, através de uma pessoa ou mais entidades como as

organizações; quando se pretende realizar uma descrição ou explicação de um fenómeno recente,

aplicando-se também a estudos que requerem respostas a questões de “como” e “porquê.” Numa

visão interpretivista, trata-se de um processo organizacional de dados e na capacidade de entender

um fenómeno através de um raciocínio lógico na descrição dos resultados.

Ponte (2006) indica que o estudo do caso baseia-se fortemente em fontes como a análise

documental, o trabalho de campo, observações e entrevistas. Este para além de descritivo pode

produzir análises e uma vertente mais crítica, através do questionamento de uma situação

comparando-a com teorias já existentes, procurando assim gerar novas ideias e contribuição para o

conhecimento.

No âmbito do caso de estudo realizar-se-á uma entrevista estruturada, de forma a

compreender e a interpretar o objetivo deste trabalho.

3.2. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO

Como pode ser observado na Figura 3.1, onde é representado um diagrama com as etapas a

serem seguidas neste trabalho de investigação, a metodologia proposta é guiada através da revisão

da literatura, que permite conhecer em pormenor a definição de conceitos existentes de alguns tipos

de cidades e especialmente das SC, sob as perspetivas idênticas ou controversas de diferentes

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autores; qual a sua aplicabilidade; que benefícios comporta à sociedade; que dificuldades podem ou

não existir, permitindo também conhecer os exemplos de modelos de maturidade propostos para

avaliar a implementação do conceito. São também conhecidas algumas das tecnologias e alguns

sistemas de informação utilizados nas SC.

Uma outra parte da revisão da literatura permite conhecer a maturidade e o foco principal da

estratégia de Barcelona e o Rio de Janeiro na temática das SC, necessária para averiguar e comparar

a evolução e posição de Lisboa face a este evento. Também são descritos alguns dos projetos que

Lisboa tem realizado como Smart City.

A informação será recolhida através da realização de uma entrevista ao responsável pela área

de Sistemas de Informação da Câmara Municipal de Lisboa, de modo a obter diretamente de uma

fonte fidedigna, a opinião e elucidação quanto a este tema. Seguidamente a informação será

analisada e interpretada em função dos pressupostos definidos nesta investigação e do material

relacionado com a revisão da literatura das SC, da utilização das TI e da situação das grandes cidades:

Barcelona e Rio de Janeiro, principalmente com o intuito de compreender o estado e a maturidade

da capital de Portugal em relação ao tema das SC e a sua comparação com as duas SC estudadas.

Por último, serão obtidas conclusões e efetuadas sugestões e recomendações como linhas

orientadoras para investigações futuras.

Figura 3.1 – Diagrama de Metodologia

Fonte: Elaboração Própria

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4. ESTUDO E ANÁLISE DE RESULTADOS

No presente capítulo, procede-se à explicação da escolha do local e do entrevistado, para

recolher a informação mais indicada para esta dissertação. Aqui, também são descritos os

procedimentos e avaliações subsequentes da entrevista.

4.1. CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

Como a finalidade desta investigação é averiguar o estado da implementação das tecnologias e

conceito de SC na capital portuguesa, a recolha de informação, efetuou-se através do contacto com a

Câmara Municipal de Lisboa, dado que para além da sua importância, é o local onde são tomadas

decisões primordiais e aplicadas estratégias quanto à gestão e futuro da cidade. É o lugar onde

também existe o conhecimento acerca das atividades políticas e implementação de projetos neste

âmbito.

4.2. DESENHO DA ENTREVISTA

Conforme determinado na metodologia de investigação, para o procedimento de recolha de

informação acerca deste tema e a fim de aplicar uma ferramenta para realizar o caso de estudo,

realizar-se-á uma entrevista individual, estruturada com base na revisão e análise prévia dos

conceitos, áreas de atuação e tecnologias relacionados com as SC, com vista à obtenção de

fundamentos para a formulação do guião de entrevista, foram identificadas duas fases:

1ªFase – Identificação do Entrevistado:

Nome: Dr. Jorge Máximo

Idade: 41

Cargo: Vereador dos Sistemas de Informação, Desporto e Relação com o Munícipe na Câmara

Municipal de Lisboa

O Vereador dos Sistemas de Informação da cidade de Lisboa foi considerado o autarca mais

indicado para recolher informação relevante para este estudo, uma vez que tem melhor perceção e

conhecimento relativo a esta situação. Também é responsável pelo pelouro da relação com o

Munícipe e Desporto. E tem participado em eventos relacionados com as SC, como o Encontro Anual

de Utilizadores ESRI, que incidiu sobre o debate acerca das SC, na Culturgest (CML, 2015).

2ªFase – Estrutura da Entrevista:

A entrevista foi constituída por trinta e sete questões: trinta e uma abertas, uma semiaberta e

cinco fechadas. Sendo estas Encontrando-se organizada agrupadas em seis dimensões distintas, que

tentam abranger o trabalho realizado anteriormente.

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A primeira dimensão corresponde à implementação do conceito SC, a segunda refere-se à

comparação com outros casos de sucesso (Barcelona e Rio de Janeiro), a terceira aborda questões

relacionadas com os Serviços, a quarta engloba perguntas sobre a análise de dados, na penúltima

dimensão são colocadas questões sobre a participação dos cidadãos e por fim, a última trata o tema

das tecnologias.

4.3. REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA

A entrevista presencial com o atual Vereador dos Sistemas de Informação da Câmara

Municipal de Lisboa, o Dr. Jorge Máximo, teve lugar no edifício da CML, no Campo Grande, tendo

início às 12:05 e término às 13:05.

A entrevista na sua íntegra encontra-se disponível para consulta no Anexo I.

4.4. ANÁLISE DETALHADA DA ENTREVISTA

Para melhor compreensão da entrevista realizada, são apresentadas duas abordagens:

A primeira trata-se de uma análise mais pormenorizada, onde as respostas são apresentadas

resumidamente e em relação às seis dimensões da entrevista. A segunda abordagem refere-se a uma

síntese global da entrevista, onde são retiradas as conclusões mais pertinentes.

As respostas às questões colocadas na primeira parte da entrevista, referente à

implementação do conceito de Smart Cities são analisadas de seguida.

Lisboa tem seguido uma dimensão “mais humana.” “(…) Estamos bem na dinâmica da rede de

incubadoras, temos sido premiados internacionalmente. Alguns projetos de participação e

governança de proximidade têm sido realizados (..) Outros projetos como por exemplo: no plano de

acessibilidade pedonal, na nova forma de governação de cidade, preocupação pelo movimento verde,

ciclovias com grande foco nas áreas socias e na área do desporto. A Câmara também tem tentado

melhorar a área tecnológica, sendo preciso alguma capacidade de investimento e muita capacidade

técnica (...).” No presente Lisboa caracteriza-se pelo “Conhecimento”, por ser “Criativa e Humana” e

no futuro pretende-se que seja “Inteligente”, que tenha “Conhecimento” e que continue “Humana”.

Verifica-se que a componente humana está em grande destaque na estratégia da cidade de

Lisboa, em diversas vertentes, como as sociais, do desporto e governação. A área da Mobilidade e do

Ambiente também são salientadas. Apesar de serem efetuados esforços para o desenvolvimento da

área tecnológica, ainda é preciso mais investimento e encontrar colaboradores com capacidades

específicas para o desenvolvimento das TIC. Pretende-se que Lisboa seja focada na economia do

Conhecimento, onde a cultura, a inovação e a criatividade estão presentes, onde os cidadãos estão

em destaque, privilegiando as capacidades cognitivas de cada um e onde existe a valorização dos

mesmos.

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A “Economia, Mobilidade e Pessoas” são as áreas que têm merecido mais atenção por parte da

CML, uma vez que “(…) como capital somos um business centre e também a alavanca do país, e

portanto aqui a Economia ganha um papel muito essencial, nas suas várias dinâmicas. (…) A maior

parte das pessoas que hoje vivem em Lisboa, ou que estão aqui, não são necessariamente residentes,

estabelecem-se por razões económicas e essa é a razão de ser de uma capital. Este facto acarreta

outros problemas, como o da Mobilidade, que requere uma gestão de um fluxo enorme de indivíduos

e portanto, trata-se de um tema importantíssimo. (…) O principal objetivo é servir melhor as

pessoas.”

Como áreas merecedoras de maior atenção por parte da CML estão a Economia, a Mobilidade

e as Pessoas. Pelo que é descrito, supõe-se que a Economia é um fator crucial, tanto a nível interno

em termos de empreendedorismo e produtividade, para manter as condições de atração para os

cidadãos residentes e aqueles que provêm de outras localidades do território nacional ou de outros

países, e externo, não só devido às relações económicas como a exportação, como à participação e

colaboração em organizações mundialmente conhecidas em diversos setores de atuação. A

Mobilidade é importante para transações económicas, como em termos de acessibilidade e

alternativas de transportes coletivos ou de baixo carbono, e que haja facilidade de transbordo e

intermodalidade entre os mesmos. As Pessoas são o motor principal para que as operações

anteriores sejam acionadas e melhoradas, pois com as aptidões de cada um e a participação social,

podem ser compreendidos ou melhorados alguns dos fenómenos e problemas citadinos.

“Esse é o grande objetivo, continuar a construir uma cidade cada vez mais fácil de utilizar, de

viver, que simplifica a vida das pessoas, são esses os seus fatores de atração. Garantir as suas

necessidades essenciais, ir de encontro às suas expectativas e criar uma cidade que seja

suficientemente inteligente e criativa, pode incutir novos hábitos, novas tendências, novas formas de

simplificação, gerindo a qualidade de vida dos cidadãos (…).”

Mais uma vez se constata que as Pessoas são uma prioridade para desenvolvimento de uma

Lisboa mais simplificada e que corresponda aos ideais dos seus transeuntes. Para isso, deve-se

apostar em novas formas de prestar essas simplificações que proporcionam uma melhor qualidade

de vida.

“ (…) Estou muito focado em colocar as TIC na vanguarda da cidade inteligente que queremos

desenvolver, penso que as TIC podem ter um papel fundamental na construção de uma cidade mais

inteligente e mais amiga. Temos um programa fundamental referente à integração de sistemas para

podermos criar uma melhor gestão da cidade, disponibilizando melhores e mais rápidas respostas ao

cidadão. (…) Estamos a utilizar as TIC para aumentar cada vez mais a participação das pessoas no

desenvolvimento de soluções para a cidade. (…) Estamos a trabalhar também no sentido de

iniciarmos um processo mais vasto de sensorização da cidade, de modo a conhecermos melhor o que

se está a passar para tomarmos novas políticas de abertura. Também trabalhamos com as Juntas de

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Freguesia, no sentido de estabelecer uma maior proximidade com as pessoas. (…) Temos uma política

de inclusão muito assumida. São nestas várias dimensões onde as TIC com ou mais ação podem criar

a cidade que queremos.”

Para proceder à simplificação da vida quotidiana da cidade, reconhece-se o papel das TIC como

o meio para alcançar esse objetivo, pois esta permitem dar respostas de forma mais eficaz, a

interação e participação dos cidadãos, de modo a divulgarem as suas sugestões e a contribuírem

para o melhoramento de Lisboa. Para além, deste reconhecimento é evidenciada a aproximação do

contacto entre as autoridades locais com os cidadãos.

Os principais desafios: “Há a barreira do «sempre foi assim» e às vezes a mudança não se faz

da forma como se pretende. (…) O Darwin dizia que não são os mais fortes que vencem, são aqueles

que melhor se adaptam. (…) Uma cidade que tem múltiplos problemas obriga a múltiplas soluções, às

vezes pode existir algum desfoque (…).”

Não é fácil alterar mentalidades e procedimentos de trabalho enraizados há vários anos.

Contudo, é necessário aplicar novas formas e métodos mais eficazes para a realização das mesmas

tarefas ou atualizar os seus procedimentos.

“Lisboa já é considerada por muitas pessoas um benchmark (…). Lisboa, claramente, é hoje

uma cidade bem cotada na rede de cidades inteligentes, porque de facto, ganhamos prémios,

estamos em vários projetos, estamos a trabalhar com várias cidades internacionalmente (…).”

Os projetos concretizados na cidade de Lisboa são reconhecidos internacionalmente, logo

pode-se concluir que estes têm valor e servem de exemplo para outra cidades inteligentes ou que

pretendam caminhar para tal, seguindo o exemplo do know-how da capital portuguesa.

A análise do bloco de questões pertencentes à componente da Comparação com outros Casos

de Sucesso é apresentada de seguida.

“Não tenho uma única referência de cidade. Tenho visto bons projetos. Conheço a realidade de

Barcelona, já lá estive várias vezes (…). Penso que Barcelona ganhou um estatuto muito grande

devido à organização anual do World Forum Smart Cities, mas em certas coisas não se diferencia da

cidade de Lisboa de forma muito evidente. Naturalmente tem processos já implementados.

Continuo a pensar que as cidades inteligentes não são só TICs. Noutras dimensões Lisboa está

muito à frente de Barcelona, nós implementámos uma reforma administrativa, de modo muito mais

ágil e muito mais ambiciosa do que a cidade de Barcelona. Eles têm projetos que implementaram e

não sustentaram e que estão a repensar, como por exemplo o caso da rede wi-fi. Nós ainda não

temos, por opção e também pelas dificuldades de implementação, mas a cidade de Barcelona tem

coisas muito interessantes. Na área da participação para mim Barcelona não é um benchmark.

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O Rio de Janeiro é uma cidade com imensos problemas, tem um centro de operações integrado,

mas em termos de modelo de funcionamento é um modelo muito fechado, muito dependente de um

fornecedor externo (…). Nós estamos a observar: Paris, Bogotá, Bristol, estamos a observar outras

zonas do Mundo, Estados Unidos e vamos fazendo aquilo que é a nossa capacidade.

A cidade de Lisboa tem os seus problemas, tem as suas necessidades e são necessariamente

diferentes das outras, devendo-se focar na satisfação da sua realidade e procurar ser inteligente

naquilo que é verdadeiramente o seu objetivo e a sua estratégia política, sem prejuízo de seguir o que

está a ser feito em todo o lado.”

Esta resposta é bastante importante dado que, para além de evidenciar alguns modelos e boas

práticas a serem seguidas globalmente, nomeadamente de cidades dos E.U.A, Bristol, no Reino

Unido, Paris, em França e Bogotá, na Colômbia, revela uma comparação direta com as outras duas

cidades em estudo nesta dissertação.

Em relação a Barcelona, observa-se que a estratégia de promoção internacional desta cidade

tem sido bem-sucedida, apesar de que alguns projetos internos serem repensados, como é o caso da

rede Wi-Fi, que atualmente a cidade lisboeta ainda não tem disponível. Todavia, o Dr. Jorge Máximo,

faz questão de frisar que as SC, não dependem apenas das TIC. Refere ainda que foram efetuadas

reformas administrativas mais ambiciosas e eficazes em Lisboa, do que as ocorridas em Barcelona.

Quanto ao Rio de Janeiro, verifica-se que já têm um centro de operações para monitorizar uma

cidade com problemas de várias índoles, dependente de um único fornecedor externo.

Conclui-se que acima de tudo a cidade de Lisboa deve seguir o seu ritmo e focar-se nos

objetivos traçados, preocupando-se em primeiro lugar no que melhor sabe fazer, ou seja deve

continuar a trabalhar em projetos que promovam a sua vantagem competitiva em relação a outras

cidades.

“Nós estamos a construir um, o nosso está a ser desenvolvido em duas dimensões, com uma

plataforma integradora e uma plataforma de inteligência (…). Espero que o COI esteja a funcionar em

2017, após o término do concurso público e a questão da implementação do projeto, que é muito

complexa. Eu diria que no segundo semestre de 2017 tem de estar em pleno funcionamento (…). Hoje

em dia a principal barreira das TIC é a complexidade de gerir dados que não estejam integrados.”

À semelhança do que foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, constata-se que a CML está a

construir a versão portuguesa do COR, denominado COI (Centro de Operações Integrado), que será

composto por duas plataformas: uma inteligente e uma integradora, para possibilitar a reunião de

dados dispersos, provenientes de várias fontes e dar-lhes contexto para a devida gestão dos eventos

da cidade de Lisboa.

“ (…) Penso que, essa não é necessariamente a situação mais importante, mas estou convicto

que a pessoa que lidera neste momento os transportes de Lisboa, pela sua visão moderna e

inteligente de fazer as coisas, Lisboa irá de certeza caminhará para tal. Todavia, o mais importante é

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a intermodalidade, a gestão eficiente da rede urbana dos transportes públicos e o incentivo da maior

utilização do transporte público.

Essa aplicação, à partida até pode ser considerada uma barreira à utilização dos transportes

públicos (…).”

A implementação da biometria nos transportes, como é aplicada ao caso dos autocarros no Rio

de Janeiro, de momento não é considerado algo importante, para a cidade de Lisboa. A biometria

pode ser um fator impeditivo para a escolha dos transportes públicos.

“Esse é um tema muito importante para a cidade de Lisboa, a questão do acompanhamento na

velhice. O acompanhamento à distância do isolamento na velhice é um tema que está na nossa

agenda. O vereador dos direitos sociais já me solicitou o estudo de uma solução de teleassistência

(...). Hoje, muitas delas, já têm carências de isolamento, de solidão na velhice e precisam de

assistência. Esses casos encontram-se identificados nas nossas redes internas. Ainda não chegámos

ao alto nível de gestão dessa informação de uma forma inteligente (...).”

Observa-se a intenção de desenvolver uma aplicação semelhante à de Barcelona “Vincles”,

que permite minimizar a solidão dos habitantes idosos. Por enquanto, é efetuada a identificação

destas situações sem recurso às TIC.

“ (…) Como vereador estou a lançar os Centros de Cidadania Digital, onde apostamos na

formação, nomeadamente em comunidades mais afastadas destes sistemas. Temos também redes

de cidadania digital, fab labs, universidades muito conceituadas, vêm muitas pessoas de fora estudar

para Lisboa… eu penso que sobre isto não nos comparamos mal com Barcelona, considero que até

nos comparamos bem, estamos lá muito próximo.

Na Mouraria tivemos vários projetos, por exemplo o Centro de Inovação da Moraria onde

recuperámos um edifício exatamente para estimular a criatividade (...) Eu próprio queria implementar

uma startup na área do desporto, penso que é um negócio do futuro. Mas temos por exemplo na

Mouraria, temos na Baixa, temos uma startup TIC na área da Baixa, …, a proximidade de estarmos no

centro da baixa, foi um verdadeiro êxito, temos também a zona do parque do IAPMEI, em Carnide,

mas não só.”

Pela resposta apresentada nota-se que existem vários Bairros de Inovação, e não apenas um

como o 22@ Barcelona, centrado apenas numa determinada área da cidade. Os bairros de inovação

lisboetas encontram-se dispersos um pouco por toda a cidade. Não é nomeado apenas um, com mais

importância ou relevância que os outros.

Foram realizadas apostas na redução da exclusão social, através dos Centros de Cidadania

Digital. Verifica-se a vontade se inovar e criar startups em setores como o desporto.

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“Não conheço em profundidade os projetos de Barcelona, se me perguntar, onde pensa que

estamos na parte TIC, estamos a meio da tabela e como é que nos comparamos com a cidade de

Barcelona, um 6 ou 7.”

Lisboa em comparação com a cidade de Barcelona, no geral, é classificada como mais dos que

satisfatória. Como foi referido que os projetos barceloneses não eram conhecidos em profundidade,

não se obteve um grau de maturidade em comparação com os lisboetas, ou seja Em termos de grau

de maturidade na utilização das TI.

“ (…) A palavra mais importante para um vereador das TIC deve ser integrar, a informação tem

de estar integrada para estar disponível e ser trabalhada e útil às pessoas e às decisões, este é que é

o tema. Neste aspeto o tema da cidade de Lisboa é dar esse passo fundamental. Neste momento

temos oito macro programas na área das TIC, duvido que em Barcelona existam oito macro

programas na área das TIC, ou se existem ainda bem para eles (…).”

A avaliação atribuída anteriormente tem fundamentos no número de programas previstos

para a área das TIC e mais uma vez na estratégia da CML em disponibilizar informação útil para os

cidadãos.

“Não conheço o Rio de janeiro, nunca lá estive, o feedback que eu tenho do Rio é relativamente

ao centro de operações integrado (…). Faça-me essa pergunta no final de 2017 e vamos ver quem é

que está bem e quem é que está mal. O nosso é feito à medida da cidade de Lisboa.”

Em relação à avaliação de Lisboa, em termos de maturidade e implementação de projetos em

SC e utilização das TI, em Comparação com o Rio de Janeiro, não foi possível obter um termo de

comparação visto que apenas é conhecido o projeto do COR.

“Com certeza que sim, Lisboa é uma cidade num mundo muito grande é a capital de um país

relativamente à escala mundial (…). É uma cidade muito policultural, com grande História, e o que

Lisboa faz a nessa escala e por ter uma boa reputação internacional é observado (…). Tenho visto

projetos elaborados noutras cidades que gostaria que já existissem na cidade de Lisboa. Mas se me

perguntam se se vive melhor nessas cidades do que em Lisboa, tenho dúvidas (…).”

Embora não sejam apresentados exemplos concretos de outras cidades que tenham o mesmo

grau de maturidade como o de Lisboa, verifica-se a intenção de implementar projetos internacionais,

adaptados à realidade da capital.

“ (…) Obviamente todos os projetos bem feitos em Lisboa podem ser replicados (…). O

orçamento participativo começou em Lisboa e hoje já praticamente todo o país o faz. Mas as cidades

olham para o que nós fazemos e portanto, pequenas soluções, pequenos fatores de êxito em Lisboa

são implementados noutras cidades, porque são fórmulas, se deu em Lisboa aqui também vai dar.”

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Verifica-se claramente que os projetos desenvolvidos em Lisboa, como o Orçamento

Participativo, podem no futuro ser aplicados a outras cidades portuguesas.

Seguidamente são analisadas as respostas correspondentes à dimensão dos Serviços.

“ Vamos apresentar no dia 11 de Fevereiro, uma nova plataforma de dados abertos. (…). Na

integração, nós temos projetos em várias áreas: no Ambiente, Energia, Mobilidade, na área da

Higiene Urbana. Temos muitos projetos, projetos na cidade de Lisboa não faltam e portanto as

pessoas vão vendo os resultados dos mesmos ativamente (…).”

Estão a ser disponibilizados dados para o seu futuro tratamento pelos cidadãos. Nota-se que

estão a ser preparados serviços na área do Ambiente, Energia, Mobilidade e Higiene Urbana.

“Não, essa é uma das principais áreas onde temos de melhorar nos próximos tempos, porque

irá ser fundamental para o COI funcionar em pleno. Temos que apostar na IoT e essa é uma área

onde a Câmara tem de assumir alguma capacidade de investimento, e está a fazê-lo com projetos

piloto (…).”

Atualmente, Lisboa ainda não possui uma estrutura de sensores para captar dados de trânsito.

Aguarda-se o funcionamento do COI e investimentos na IoT.

“O que estamos a trabalhar na social media intelligence ainda é muito ligado à componente de

comunicação. O social media é input do COI, é daquelas áreas que o COI terá de receber informação.

(…) Mas gostaria de criar, com a DSI uma culturização de monitorizar quer o que se diz nas redes

sociais, quer o crowdsourcing para a área de IoT, sobre o que se faz na cidade de Lisboa (…).Temos

um SIG com cerca de mil e seiscentos, mil e quinhentos layers. Uma das coisas que vamos apresentar

no dia 11 de fevereiro, nesta nova política de dados abertos tem a ver com um portal de dados

abertos georreferenciados, os geo-dados, e temos uma boa equipa na área de SIG. Eu considero o SIG

como o coração do Sistema de Informação do município (…).”

Dados provenientes de Social Media Intelligence serão inputs do futuro COI. Todavia, existe o

interesse de monitorizar o que é escrito nas redes sociais, crowdsourcing e contextualizar os dados

provenientes da IoT. Esperam-se novas utilizações dos geo-dados.

Seguidamente são descritas as análises à componente de Análise de Dados:

“O objetivo do COI é conseguir passar a termos essa informação de forma permanente e com a

troca da mesma com empresas de forma regular. No dia 11 vamos apresentar um protótipo de um

protocolo com doze empresas que já se tornaram disponíveis a trocar informação, vão ser futuros

fornecedores de informação para o COI e vão também assumir uma estratégia conjunta com a

Câmara, como política de inovação aberta (…).”

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Para a gestão da cidade, com recurso ao COI serão utilizados dados provenientes de outras

entidades.

“ (…) Sou um defensor de dados abertos, quase ao limite, porque considero que hoje os dados

são o novo petróleo e a informação já não é poder. Porquê? Porque quem não dá vai ser substituído,

o Google existe, não protejam a informação, permitam que as pessoas criem soluções (…). Agora os

dados que estão protegidas por lei, pela confidencialidade não vou colocar disponíveis.”

Constata-se a disponibilização dos dados não confidenciais.

“ (…) Também no dia 11 vamos apresentar um grande programa: Lisboa Aberta, a nova

plataforma de dados abertos e um programa de estímulo à inovação aberta, baseada nos dados

municipais e da cidade.”

Verifica-se a disponibilização de dados para a utilização dos cidadãos de modo a estes

poderem criar aplicações com base nos mesmos em prol do melhoramento da capital, através da

nova plataforma de dados abertos, “Lisboa Aberta.”

“Vamos lançar o challenge e alguém irá aproveitar o mesmo para criar soluções que nós

estamos ansiosamente à espera.”

Quanto à área de atuação das aplicações, ainda não há conhecimento visto que é necessário

lançar o desafio para a idealização e desenvolvimento das aplicações.

“Temos bons profissionais a trabalhar na área do Big Data, estamos a trabalhar num novo

modelo. Todavia, neste momento o meu foco não é o Big Data é resolver os problemas antes dessa

área e eventualmente com a parceria do ISEGI.”

Atualmente encontram-se profissionais a trabalhar na área de Big Data e eventualmente serão

efetuadas parcerias para a sua gestão.

“Recolhemos e infelizmente de pouca dimensão (…) o problema é elaborar uma forma

estratégica concertada e integrada onde todos possam utilizar essa informação. Esse é o grande

objetivo do COI.”

Os dados recolhidos pela CML são de pouca dimensão, verificando-se a necessidade de colocar

operacional o COI para a integração dos dados provenientes de outras fontes.

“ (…) Eventualmente existe a necessidade de recorrer a outras entidades na parte de mudar o

status quo, devemos recorrer preferencialmente à rede científica da cidade, é o que temos feito, para

não se montarem novos processos, depois a Câmara tem de ter a capacidade de os manter e gerir.”

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A gestão dos serviços é efetuada pela CML, no entanto é necessário recorrer a entidades

externas.

A análise das questões referentes à Participação são analisadas abaixo.

“ (…) Nós focamo-nos em satisfazer as expectativas do cidadão, e portanto aumentar a

participação é aumentar o processo de as ouvir e ir de encontro às suas expectativas, como somos

citizens oriented, isso é o mais importante, isso é o topo da decisão política. (…) Dar-lhes informação

do que se está a passar e motiva-los para que participem no município.”

Mais uma vez é reforçada a estratégia principal de Lisboa, ouvir os cidadãos, estar próximo dos

mesmos e incentivá-los a participar. Contudo a pergunta de que forma as TI têm possibilitado uma

maior participação dos lisboetas na vida da cidade e na influência de decisões políticas, não é

respondida de forma direta e concisa.

“ (…) Penso que a aceitação é boa, ter cinquenta pessoas no Fablab para mim já é um êxito.”

Verifica-se que apesar da pequena dimensão, a aceitação é positiva.

“O melhor reconhecimento é termos o Web Summit, em Lisboa, este ano e termos ganho.”

O retorno em termos de Startups é excelente.

“No programa Lisboa Aberta criámos os centros de cidadania digital, já montámos um em

Marvila e queria alargá-los este ano (…) Esse é um tema que está especificamente na minha agenda e

que queria implementar com a ajuda das juntas de freguesia.”

Em Marvila existe um Centro de Cidadania Digital que permite atenuar o alfabetismo digital.

Pretende-se a implementação de mais centros, com o apoio das juntas de freguesia.

Finalmente são analisadas as respostas da sexta dimensão referente às Tecnologias.

“Não é fácil montar estes projetos, porque eles têm de trazer resultados rapidamente visíveis,

(…) Agora estamos numa fase de aceleração daquilo que queremos fazer, naturalmente questões

como essa obrigam à implementação de projetos piloto, para se perceber exatamente qual o grau do

benefício que está associado, também pelo NFC de uma estrutura pesada que gere estas áreas.

Depois obriga à renovação e investimento de um parque enorme, e não podemos desfocar-nos do

mais prioritário.”

Os desafios para a implementação de novas tecnologias deve-se sobretudo a questões

financeiras, de investimento em projetos piloto e em renovação das infraestruturas.

“Vamos ter de investir nessas áreas todas, temos projetos na área da computação ubíqua,

dispositivos móveis, modernização da infraestrutura de rede da Câmara, projetos nas plataformas

integradoras (…).”

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A CML reconhece que as tecnologias como computação em nuvem, redes de sensores, GPS,

computação ubíqua, NFC, dispositivos móveis requerem um maior investimento.

“Sim. (…) É um passo natural, porque as cidades tendem a tornar-se cada vez mais globais e

criar estas redes facilita também o desenvolvimento e criação de projetos de uma forma comum e de

resultados óbvios. Por exemplo o Fazemos parte da UCCI, o mercado ibero-americano e da UCCLA

(…).”

A parceria com outras cidades inteligentes, globalmente tem beneficiado os conhecimentos

tecnológicos, a criação e desenvolvimento de projetos, por vezes comuns.

4.5. ANÁLISE GLOBAL

Após a análise pormenorizada da entrevista, nota-se claramente que no âmbito das SC a

estratégia da CML está fortemente centrada nas pessoas, em promover o seu potencial cognitivo e

criativo e em proporcionar um maior bem-estar, tanto a nível económico, ambiental, de mobilidade

e de saúde, através da higiene urbana. Existe a preocupação de como os cidadãos podem participar

no desenvolvimento da cidade, em vários âmbitos, para além da tecnologia.

A Economia, Mobilidade e Pessoas são as áreas que mais se atenção requerem da CML.

Lisboa caracteriza-se por ser uma cidade de Conhecimento, Criativa e Humana, com

expectativas que no futuro continue a ser uma cidade de Conhecimento, Humana e que se torne

mais Inteligente. Até lá, atualmente o seu foco está na especialização do que melhor sabe fazer, na

criação e apoio a startups que têm reconhecimento mundial, na promoção da criatividade e do

engenho dos cidadãos para a criação de soluções para a cidade, em termos de aplicações que podem

ser criadas através dos dados disponibilizados pelo novo programa de dados abertos, lançado a 11 de

Fevereiro de 2016, “Lisboa Aberta.” Para promover a Participação dos cidadãos, ajudá-los a

concretizar as suas ideias e fornecer-lhes conhecimento também foram criados por exemplo os

centros de cidadania digital e Fab Labs.

Em contraste com as cidades estudadas, que já têm projetos desenvolvidos com base nas TIC,

onde se incluem as tecnologias como Wi-Fi, NFC, QR Code e redes de sensores, a capital portuguesa

apresenta ainda um caminho relativamente longo, para atingir o mesmo nível tecnológico de

Barcelona e do Rio de Janeiro. Talvez quando o COI estiver ativo, este seja o grande impulsionador

para o desenvolvimento e implementação dessas tecnologias.

Verifica-se que estão a ser feitos esforços no sentido de Lisboa continuar a evoluir na parte

tecnológica. Os projetos realizados em comum com outros países tem proporcionado conhecimentos

tecnológicos e parcerias.

Os projetos desenvolvidos em Lisboa servem de exemplo para outras cidades portuguesas.

Um dos principais desafios em tornar Lisboa mais inteligente prendem-se com as barreira à

mudança, renovação de infraestruturas e investimento para realizar testes piloto e investir em

tecnologias como Redes de Sensores, Computação em Nuvem, GPS, NFC e Computação Ubíqua.

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5. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

No presente capítulo é apresentada uma síntese geral de todo o trabalho efetuado.

São retiradas as principais conclusões deste estudo, como também são apresentadas as limitações

encontradas e sugestões para a elaboração de trabalhos futuros.

5.1. SÍNTESE DO TRABALHO

Verifica-se que, no futuro as cidades encaminham-se cada vez mais para uma vertente

tecnológica, de modo a facilitar a recolha de dados das atividades que acontecem na cidade, das

redes sociais para se compreender o que se fala acerca dela, perceber quais as sugestões dos

cidadãos para as suas cidades. Porém isto tudo se baseia no conhecimento e aprendizagem dos

técnicos para implementação destas tecnologias e dos cidadãos que necessitam de acompanhar esta

evolução e terem formação para interagir com as tecnologias que no século XXI lhes permite

simplificar a vida e minimizar a solidão vivida nos dias de hoje.

Após a descrição de alguns termos dos vários tipos de cidades incluindo a Smart City, que se

encontra atualmente em voga, constata-se que o conceito de SC não tem uma definição consensual,

pois este pode ser mais associado ao domínio da utilização das TI, ao domínio do capital humano ou

a ambos. Porém, também se verifica que tais fundamentos podem estar ligados aos outros conceitos,

daí poder ser considerada como um sinónimo de uma cidade criativa ou cidade inteligente. A SC,

ainda pode ser encarada como uma espécie de etiquetagem ou de promoção de novas tecnologias

para o desenvolvimento urbanístico.

A análise das vertentes e áreas associadas possibilitou entender o foco e o intuito do

desenvolvimento destas cidades.

Os modelos de maturidade e servem de autoavaliação ao estado de evolução da cidade numa

perspetiva global e mais restrita, cingindo-se a áreas em particular.

A descrição de algumas das tecnologias mais utilizadas nas SC e de Sistemas de Informação,

permitiu conhecer de uma forma resumida, o que é utilizado para se cumprirem as expetativas e

projetos delineados.

Os casos de BCN e RJ e a análise prévia da situação da cidade de Lisboa, em termos da sua

aposta em componentes SC, possibilitaram o conhecimento acerca das suas estratégias e projetos

desenvolvidos.

Pela metodologia definida nesta investigação, o estudo do caso, procedeu-se à realização de

uma entrevista com o Vereador dos Sistemas de Informação da CML, com vista à obtenção de

informação sobre a realidade da cidade em termos de aposta nas TIC, qual é a visão e opinião acerca

deste tema, quais os projetos já implementados ou ainda por realizar.

Após a análise do conteúdo da mesma e também à comparação de alguns projetos das três

cidades em estudo é possível verificar de seguida as ilações alcançadas.

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5.2. CONCLUSÕES

Constata-se que, no futuro as cidades encaminham-se cada vez mais para uma vertente

tecnológica, de modo a facilitar a recolha de dados das atividades que acontecem na cidade, das

redes sociais para se compreender o que se fala acerca dela, perceber quais as sugestões dos

cidadãos para as suas cidades. Porém, tudo isto se baseia no conhecimento e aprendizagem dos

técnicos para implementação destas tecnologias e dos cidadãos que necessitam de acompanhar esta

evolução e terem formação para interagir com as tecnologias que no século XXI lhes permite

simplificar a vida e minimizar a solidão vivida nos dias de hoje.

Relativamente ao principal contributo deste trabalho, respeitante ao atual caso de Lisboa em

relação ao uso das TIC num contexto de SC, tendo como forma de análise a comparação com outras

duas cidades, também internacionalmente reconhecidas pelas suas ações e especializações no

âmbito das SC.

Em suma, observa-se que o estado de implementação e utilização das Tecnologias e Sistemas

de Informação na cidade de Lisboa ainda se encontra numa fase inicial, num nível ainda primário em

passagem para um nível secundário, tanto numa perspetiva global, como por determinadas áreas.

Mantendo um nível satisfatório na parte das TIC. Nota-se que os objetivos estão estabelecidos e

existe a pretensão de alcançá-los. Verifica-se também a especialização e reconhecimento

internacional do trabalho efetuado, principalmente nas Startups. E os fatores que afetam de alguma

forma um maior avanço tecnológico são de cariz económica, financeira, de resistência à mudança e

acima de tudo a estratégia da cidade Lisboeta está intrinsecamente ligada ao bem-estar dos cidadãos

e em responder às suas necessidades e expectativas.

Quanto à comparação com a cidade de Barcelona, sabe-se que já participaram em conjunto

em pelo menos num projeto, possuem algumas similaridades em termos de projetos de mobilidade,

nomeadamente em privilegiar veículos elétricos, e mais amigos do ambiente, aposta em Fab Labs e

dados abertos.

Em relação à cidade do Rio de Janeiro é de salientar o acompanhamento do projeto COR e

intenção de concluir e colocar operacional a versão lisboeta, o COI, com particularidades distintivas,

nomeadamente a diversidade de fornecedores externos. Observa-se que este será um grande

contributo para a integração de dados e atualização dos sistemas de informação, monitorização da

cidade e será, talvez um impulsionador para o investimento em novas tecnologias, como a IoT. Em

termos de projetos, os centros de cidadania lisboetas têm características semelhantes às naves do

conhecimento cariocas, uma vez que pretendem aumentar a literacia informática. Existe também a

disponibilização de dados abertos para fomentar a criatividade, como forma a serem desenhadas

aplicações para o melhoramento do modo de via da cidade, isto é de forma a simplificá-la.

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Efetivamente conclui-se que as três cidades são distintas, têm diferentes números

populacionais, apostam na economia do conhecimento ou têm por base componentes digitais,

encontraram uma solução para uma parte dos seus problemas ou preferem auxiliar e criar um elo de

ligação com os cidadãos.

Contudo, os projetos desenvolvidos em Lisboa poderiam ser aplicados noutras cidades,

principalmente portuguesas.

Quanto ao conceito de Smart City sabe-se que está ligado ao desenvolvimento urbano,

distribuindo um pouco a atenção pelas áreas cruciais para uma boa estão da cidade, todavia e

consequentemente a política define se está pretende qualificar o seu capital humano, dando-lhe

capacidades para inovar e participar, ou se pretende que as tecnologias estejam omnipresentes na

cidade. Se bem que cada uma se tornará mais inteligente, à medida do seu ritmo, consoante a sua

cultura e economia do seu país.

5.3. LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Os resultados apresentados são objeto com a metodologia utilizada.

Pelo facto do trabalho estar centrado na comparação da cidade de Lisboa, com a de Barcelona

e do Rio de Janeiro, pode ter constituído uma limitação já que não permite saber, por exemplo se

existem outras cidades europeias e com situações económicas e sociais semelhantes à cidade de

Lisboa, que se encontram no mesmo ritmo, ou que também destaquem a mesma área prioritária e se

as estratégias se focam em princípios idênticos.

Este trabalho foi mais heterogéneo em termos de comparação de cidades do que homogéneo.

O estudo podia ser alargado às várias partes interessadas da cidade de Lisboa, como verificar a

perceção de que a capital está mais inteligente junto dos cidadãos, ou questionar empresas

envolvidas diretamente no processo de implementação de novas tecnologias em Lisboa.

Para a realização de investigações futuras propõe-se um estudo mais pormenorizado

relativamente à evolução da implementação do COI, como este poderá mudar a forma de gerir

Lisboa e avaliar a progressão da cidade de Lisboa, na inclusão e utilização de tecnologias como a

Internet of Things ou redes de sensores.

Também poderá ser realizado um acompanhamento da evolução da maturidade de

implementação das TIC e SI para Smart Cities em Lisboa.

Também, seria interessante estudar, mais aprofundadamente, o impacto que as SC estão a ter

em Lisboa, nas áreas de atuação destacadas, se estão realmente a evitar as desigualdades sociais, a

exclusão social. Ou ainda comparar Lisboa com outras cidades portuguesas, como o Porto no mesmo

âmbito.

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ANEXO I – GUIÃO DE ENTREVISTA

De forma a recolher informação, no âmbito do desenvolvimento do trabalho de investigação

de Joana Aires, aluna do Mestrado de Gestão de Informação com especialização em Gestão do

Conhecimento e Business Intelligence da NOVA Information Management School, é proposto o

presente guião de entrevista.

A entrevista tem uma duração prevista de 60 minutos.

Objetivo: Avaliar e compreender o estado da implementação e utilização das Tecnologias e Sistemas de Informação para Smart Cities em Lisboa e verificar qual é a maturidade de implementação do conceito Smart City em Lisboa. Comparar projetos e avaliação de grau de maturidade em termos de implementação de SC com a cidade de Barcelona e o Rio de Janeiro.

Metodologia: Entrevista individual ao Vereador de Sistemas de Informação da Câmara

Municipal de Lisboa.

I. Implementação do conceito Smart Cities

1. Na sua opinião, Lisboa tem seguido uma dimensão mais tecnológica ou mais humana?

“Mais Humana.”

2. Porque razão?

“Lisboa já está na vanguarda daquilo que eu considero Smart Cities, em várias dimensões,

também na área tecnológica, mas não necessariamente. Penso que, nesse âmbito ainda temos

grandes passos para dar.

Estamos bem na dinâmica da rede de incubadoras, temos sido premiados internacionalmente.

Alguns projetos de participação e governança de proximidade têm sido realizados. Fomos dos

primeiros a lançar um orçamento participativo, mas também lançámos projetos como o BIP-ZIP, a

própria reforma administrativa da cidade de Lisboa. Outros projetos como por exemplo: no plano de

acessibilidades pedonal, na nova forma de governação de cidade, preocupação pelo movimento

verde, ciclovias com grande foco nas áreas socias, e na área do desporto, que também tutelo.

Penso que estamos a assumir algum protagonismo baseado numa lógica direcionada para o

que são as cidades modernas. A Câmara também tem tentado melhorar a área tecnológica, sendo

“Utilização das Tecnologias de Informação no contexto das Cidades Inteligentes em grandes cidades - O Caso de Lisboa” Data da Entrevista: 08 de Fevereiro de 2015 Local da Entrevista: Edifício CML – Campo Grande Entrevistadora: Joana Aires Entrevista iniciada às 12:05 e concluída às 13:00

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preciso alguma capacidade de investimento e muita capacidade técnica. Considero que nestes

últimos dois anos começámos a dar passos para também posicionarmo-nos nessa frente.

Os processos na Câmara são um pouco condicionados às normas de contratação pública, de

diagnóstico e à mudança de status quo, que não é fácil. Neste momento temos vários projetos em

pipeline, alguns com grande ambição e penso que se tudo correr bem, Lisboa, também se irá

posicionar na componente tecnológica e TIC, na área das Smart Cites. Acima de tudo no contexto de

Portugal, penso que não estamos mal, mas ainda permanecemos a acompanhar métodos que estão a

ser desenvolvidos lá fora. Penso que estamos no ritmo da cidade de Lisboa, mas já com uma ambição

forte nessa área.”

3. Se tivesse de escolher três adjetivos para caracterizar a cidade de Lisboa, no presente, quais

escolheria?

Aprendizagem Conhecimento Criativa Digital Híbrida Humana Informação Inteligente Ubíqua Wireless

4. E no futuro?

Inteligente Digital Informação Conhecimento Humana Ubíqua Criativa Aprendizagem Híbrida Wireless

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5. Quais são as áreas que têm merecido mais atenção por parte da CML para transformar Lisboa

numa Smart City?

Ambiente Economia Governação Mobilidade Pessoas Qualidade de Vida Outra. Qual?

6. Porque razão estas têm maior prioridade em relação às outras?

“Tem a ver com a própria capitalidade, existem problemas mais visíveis e problemas menos

visíveis, há problemas de maior dimensão do que outros. Naturalmente, como capital somos um

business centre e também a alavanca do país, e portanto aqui a Economia ganha um papel muito

essencial, nas suas várias dinâmicas. Um terço do PIB em Portugal é feito à volta da área

metropolitana. A maior parte das pessoas que hoje vivem em Lisboa, ou que estão aqui, não são

necessariamente residentes, estabelecem-se por razões económicas e essa é a razão de ser de uma

capital. Este facto acarreta outros problemas, como o da Mobilidade, que requere uma gestão de um

fluxo enorme de indivíduos e portanto, trata-se de um tema importantíssimo. E o foco, que

assumimos estrategicamente, para a cidade de Lisboa são as Pessoas e as suas expectativas. Isto é

um aspeto vago, mas muito concreto ao mesmo tempo, porque, no limite quando tomamos decisões

relativamente à política da Mobilidade, estas são centradas no problema das Pessoas, sobre a

participação, a relação com o munícipe, políticas de proximidade e a reforma administrativa. O

principal objetivo é servir melhor as pessoas, desde aquela que se preocupa com o seu espaço

público, em frente à sua casa, até àquela que precisa ter o seu filho na cresce. Portanto o tema

primordial é a preocupação com os cidadãos. Esta é uma cidade onde as pessoas estão no topo, o

resto é secundário.”

7. No que respeita aos projetos que estão a ser desenvolvidos, estes irão melhorar a qualidade de

vida dos cidadãos residentes em Lisboa, bem como dos não residentes?

“Esse é o grande objetivo, continuar a construir uma cidade cada vez mais fácil de utilizar, de

viver, que simplifica a vida das pessoas, são esses os seus fatores de atração. Garantir as as suas

necessidades essenciais, ir de encontro às suas expectativas e criar uma cidade que seja

suficientemente inteligente e criativa, pode incutir novos hábitos, novas tendências, novas formas de

simplificação, gerindo a qualidade de vida dos cidadãos. É feita para as pessoas, é vista de uma

forma diversificada. As expectativas de uma pessoa de 20 anos são diferentes de uma de 70. Talvez,

uma é mais inovadora do ponto de vista tecnológico, a outra é mais do ponto de vista social. Por isso,

a Inovação tem de ser vista numa multiprespetiva, numa componente Digital e numa componente

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Social. Também tem de existir a sensação de governança, uma cidade inteligente tem de ter estas

três dimensões.”

8. De que forma? Pode, por favor dar exemplos?

“A cidade tem vários projetos. Estou muito focado em colocar as TIC na vanguarda da cidade

inteligente que queremos desenvolver, penso que as TIC podem ter um papel fundamental na

construção de uma cidade mais inteligente e mais amiga. Temos um programa fundamental

referente à integração de sistemas para podermos criar uma melhor gestão da cidade,

disponibilizando melhores e mais rápidas respostas ao cidadão. Por isso, estamos a construir um

centro de operações integrado. Estamos também a trabalhar na criação de soluções ubíquas que

permitem às pessoas interagir com a cidade, de uma forma muito mais simples e em qualquer lugar.

Estamos a utilizar as TIC para aumentar cada vez mais a participação das pessoas no

desenvolvimento de soluções para a cidade, quer através de novos modelos de orçamentos

participativos, quer através do programa Lisboa Aberta, onde temos uma nova estratégia de dados

abertos para estimular as entidades e as pessoas a participarem na invenção de soluções para a

cidade. Estamos a trabalhar também no sentido de iniciarmos um processo mais vasto de

sensorização da cidade, de modo a conhecermos melhor o que se está a passar para tomarmos novas

políticas de abertura. Também trabalhamos com as Juntas de Freguesia, no sentido de estabelecer

uma maior proximidade com as pessoas. Estamos a inovar noutras áreas, como a da energia, da

higiene urbana, do planeamento, nas cartas quer social, quer desportiva, educativa. Melhoramos os

equipamentos da cidade, a aumentamos o espaço público verde e o espaço público pedonal. Temos

uma política de inclusão muito assumida. São nestas várias dimensões onde as TICs com ou mais

ação podem criar a cidade que queremos.”

9. Quais têm sido os principais desafios para tornar Lisboa mais Smart?

“Há a barreira do «sempre foi assim» e às vezes a mudança não se faz da forma como se

pretende. A Câmara é uma máquina muito pesada e não é tão versátil como uma pequena empresa,

que rapidamente se adapta. O Darwin dizia que não são os mais fortes que vencem, são aqueles que

melhor se adaptam. É um pouco isso, a cidade é um paquiderme, o modelo de governação da cidade

é um paquiderme, e quer a barreira da máquina, quer algumas dificuldades que tivemos noutras

dimensões têm diminuído a capacidade de acelerarmos algumas respostas, mas penso que este ano

estamos num bom caminho. Sabemos bem o que queremos, estamos a tentar ficar cada vez mais

ágeis. Uma cidade que tem múltiplos problemas obriga a múltiplas soluções, às vezes pode existir

algum desfoque. É uma questão de prioritização. Existem muitos programas estratégicos e as Smart

Cities é apenas um deles. Governar uma cidade como Lisboa não é fácil, nem simples, é preciso uma

grande capacidade de visão. As pessoas pretendiam ter resultados mais rápidos, mas não

conseguimos dá-los. Mas estamos num processo, que considero ser um bom caminho e se

continuarmos assim, com as condições que temos atualmente, podemos apresentar bons resultados

brevemente.”

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10. Na sua opinião os projetos desenvolvidos em Lisboa poderiam ser um modelo para outra

grande cidade inteligente? Porquê?

“Claro que sim, Lisboa já é considerada por muitas pessoas um benchmark. Eu gosto de manter

as expectativas baixas, exatamente porque gosto de dar resultados sustentados e não apenas

superficiais. Lisboa claramente é hoje uma cidade bem cotada na rede de cidades inteligentes, porque

de facto, ganhamos prémios, estamos em vários projetos, estamos a trabalhar com várias cidades

internacionalmente. Recentemente ganhámos mais uma candidatura a um projeto de Lighthouse,

estamos a trabalhar com Instituto Heidolph para criar um heat map para as cidades inteligentes.

Tudo isto é ouvido lá fora e posiciona Lisboa como um benchmark. Penso que, Lisboa deve ser vista

como um benchmark lá fora, mas deve assumir-se cá dentro como uma cidade que tem ainda muito

trabalho para fazer e não se deve desfocar, nem se deve expor como uma cidade que se autoadmira

de forma narcisista e não arregaça as mangas. O mais importante para mim, é arregaçar as mangas,

dar resultados, colocar a cidade inteligente que queremos ter e continuar naturalmente a sermos

bem vistos lá fora, porque naturalmente isso é bom para Lisboa e para o país.”

II. Comparação com outros casos de sucesso

11. Têm seguido algum modelo ou boas práticas em Smart Cities de alguma cidade europeia ou do

resto do Mundo?

“Não tenho uma única referência de cidade. Tenho visto bons projetos. Conheço a realidade de

Barcelona, já lá estive várias vezes. Penso que Barcelona ganhou um estatuto muito grande devido à

organização anual do World Forum Smart Cities, mas em certas coisas não se diferencia da cidade de

Lisboa de forma muito evidente. Naturalmente tem processos já implementados.

Continuo a pensar que as cidades inteligentes não são só TICs. Noutras dimensões Lisboa está

muito à frente de Barcelona, nós implementámos uma reforma administrativa, de modo muito mais

ágil e muito mais ambiciosa do que a cidade de Barcelona. Eles têm projetos que implementaram e

não sustentaram e que estão a repensar, como por exemplo o caso da rede wi-fi. Nós ainda não

temos, por opção e também pelas dificuldades de implementação, mas a cidade de Barcelona tem

coisas muito interessantes. Na área da participação para mim Barcelona não é um benchmark.

O Rio de Janeiro é uma cidade com imensos problemas, tem um centro de operações integrado,

mas em termos de modelo de funcionamento é um modelo muito fechado, muito dependente de um

fornecedor externo e o nosso é muito mais aberto, muito mais flexível. Mas de facto têm-no. Isto tudo

passa pelo forte envolvimento da presidência em situações muito específicas que aconteceram nestas

cidades. O Rio de Janeiro tem coisas boas, mas por outro lado, duvido que as pessoas trocassem a

residência na cidade de Lisboa pela residência no Rio de Janeiro e Barcelona idem aspas.

Penso que a cidade de Lisboa deve fazer o seu caminho, deve estar atenta ao que se faz em

todo o Mundo e não só no Rio de Janeiro e Barcelona. Nós estamos a observar: Paris, Bogotá, Bristol,

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estamos a observar outras zonas do Mundo, Estados Unidos e vamos fazendo aquilo que é a nossa

capacidade.

A cidade de Lisboa tem os seus problemas, tem as suas necessidades e são necessariamente

diferentes das outras, devendo-se focar na satisfação da sua realidade e procurar ser inteligente

naquilo que é verdadeiramente o seu objetivo e a sua estratégia política, sem prejuízo de seguir o que

está a ser feito em todo o lado.”

12. O Centro de Operações do Rio de Janeiro poderia ser implementado em Lisboa, para lidar com

casos semelhantes aos que aí são monitorizados?

“Nós estamos a construir um, o nosso está a ser desenvolvido em duas dimensões, com uma

plataforma integradora e uma plataforma de inteligência que estarão brevemente em concursos

públicos, espero que seja no primeiro trimestre de 2016. Espero que o COI21 esteja a funcionar em

2017, após o término do concurso público e a questão da implementação do projeto, que é um

projeto muito complexo. Eu diria que no segundo semestre de 2017 tem de estar em pleno

funcionamento. É uma ambição pessoal minha, porque é um projeto estratégico para a cidade, temos

uma unidade que está dedicada em exclusivo a esse tema, é uma visão do anterior presidente

António Costa. Considero que um vereador das TIC’s sem COI, não consegue implementar todas as

políticas, pois o COI vai permitir integrar sistemas.

Hoje em dia a principal barreira das TIC’s é a complexidade de gerir dados que não estejam

integrados.”

13. Na sua opinião, consideraria viável a aplicação de biometria nos transportes, à semelhança dos

testes que estão a ser feitos no Rio de Janeiro nessa área?

“Os transportes públicos ainda não estão sobre a tutela da Câmara Municipal, esse era um

compromisso do anterior presidente, que hoje é primeiro-ministro, logo não sei como vai ficar a

gestão dos transportes públicos.

A integração dos transportes públicos, na cidade de Lisboa é algo que tem de ser repensado,

até para a própria gestão futura da mobilidade. Penso que, essa não é necessariamente a situação

mais importante, mas estou convicto que a pessoa que lidera neste momento os transportes de

Lisboa, pela sua visão moderna e inteligente de fazer as coisas, Lisboa irá de certeza caminhará para

tal. Todavia, o mais importante é a intermodalidade, a gestão eficiente da rede urbana dos

transportes públicos e o incentivo da maior utilização do transporte público.

Essa aplicação, à partida até pode ser considerada uma barreira à utilização dos transportes

públicos. Vamos ver se essa irá ser uma das principais opções, neste momento não é uma prioridade.”

14. Têm ou pretendem desenvolver alguma aplicação à semelhança da que já existe em Barcelona,

que permite minimizar a solidão dos habitantes seniores?

21 Centro de Operações Integrado

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“Esse é um tema muito importante para a cidade de Lisboa, a questão do acompanhamento na

velhice. O acompanhamento à distância do isolamento na velhice é um tema que está na nossa

agenda. O vereador dos direitos sociais já me solicitou o estudo de uma solução de teleassistência. Se

bem que hoje em Lisboa já existe uma rede de várias dimensões que faz esse acompanhamento, quer

ao nível das freguesias, quer a nível da rede da Santa Casa e o próprio município. Não podemos

esquecer que o município através da gebalis22 é proprietário e arrendatário de cerca de 90 mil

pessoas. Hoje, muitas delas, já têm carências de isolamento, de solidão na velhice e precisam de

assistência. Esses casos encontram-se identificados nas nossas redes internas. Ainda não chegámos

ao alto nível de gestão dessa informação de uma forma inteligente, porém estamos a trabalhar nessa

vertente com a equipa do João Afonso.”

15. À semelhança do projeto 22@Barcelona, já podemos, nomear em Lisboa um Bairro da

Inovação?

“Esse não conheço.” (Breve explicação sobre o mesmo).

“Lisboa ganhou o ano passado o prémio da cidade mais empreendedora da europa, o prémio

regiões 2015. Nós temos uma rede de incubadoras enorme, o startup Lisboa é hoje um case study.

Como vereador estou a lançar os Centros de Cidadania Digital, onde apostamos na formação,

nomeadamente em comunidades mais afastadas destes sistemas. Temos também redes de cidadania

digital, fab labs, universidades muito conceituadas, vêm muitas pessoas de fora estudar para Lisboa…

eu penso que sobre isto não nos comparamos mal com Barcelona, considero que até nos

comparamos bem, estamos lá muito próximo.

Na Mouraria tivemos vários projetos, por exemplo o Centro de Inovação da Moraria onde

recuperámos um edifício exatamente para estimular a criatividade, temos também na rua Castilho.

Nesse aspeto considero que Lisboa está na vanguarda na área de apoio ao empreendedorismo, se

não estamos no topo do mundo, estamos lá muito próximo. Os projetos são estimulados, conforme o

tipo de perfil. Eu próprio queria implementar uma startup na área do desporto, penso que é um

negócio do futuro. Mas temos por exemplo na Mouraria, temos na Baixa, temos uma startup TIC na

área da Baixa, …, a proximidade de estarmos no centro da baixa, foi um verdadeiro êxito, temos

também a zona do parque do IAPMEI, em Carnide, mas não só.”

16. Na sua opinião como avalia Lisboa, numa escala de 1 a 10, em termos de maturidade no desenvolvimento e implementação de projetos em SC e utilização das TI, em comparação com Barcelona?

1-2-3-4-5-6-7-8-9-10

22 Gestão do Arrendamento Social em Bairros Municipais de Lisboa.

Pouco Satisfatória Muito Satisfatória

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“Não conheço em profundidade os projetos de Barcelona, se me perguntar, onde pensa que

estamos na parte TIC, estamos a meio da tabela e como é que nos comparamos com a cidade de

Barcelona, um 6 ou 7”.

17. Quais são as bases para atribuir essa avaliação?

“As TIC são um instrumento, não são o objetivo, o objetivo em si mesmo são as pessoas.

Quando investimos num bikesharing, não é porque queremos ter bicicletas inteligentes, é porque

queremos que as pessoas andem em bicicletas e se desloquem na cidade, por isso facilita a vida das

pessoas e diminui a poluição, portanto são instrumentais, e a questão das TIC no fundo permitem

esta forma mais fácil e mais eficiente de gerir a cidade e de implementar políticas.

A palavra mais importante para um vereador das TIC deve ser integrar, a informação tem de

estar integrada para estar disponível e ser trabalhada e útil às pessoas e às decisões, este é que é o

tema. Neste aspeto o tema da cidade de Lisboa é dar esse passo fundamental. Neste momento temos

oito macro programas na área das TIC, duvido que em Barcelona existam oito macro programas na

área das TIC, ou se existem ainda bem para eles. Mas neste momento, depois de dois anos um pouco

complicados, do ponto de vista do mandato, assumi oito programas estratégicos na área das TIC e

todos eles estão muito claramente definidos e que são de grande ambição. Uma vez implementados

vão mudar o paradigma TIC da cidade de Lisboa, não tenho dúvidas nenhumas.”

18. Na sua opinião como avalia Lisboa, numa escala de 1 a 10, em termos de maturidade no desenvolvimento e implementação de projetos em SC e utilização das TI, em comparação com o Rio de Janeiro?

1-2-3-4-5-6-7-8-9-10

“Não conheço o Rio de janeiro, nunca lá estive, o feedback que eu tenho do Rio é relativamente

ao centro de operações integrado. Eles já têm e a Câmara não tem mas está a fazê-lo.

O feedback que eu tenho é que o centro de operações integrado do Rio de Janeiro é muito

focado em safety and security. O nosso vai ser também nessa dimensão, mas incluí ainda a gestão de

operações, a mobilidade e outras dimensões. O deles é muito dependente de um fornecedor externo,

o nosso terá de ser muito mais flexível e mais aberto, também tem por base incentivar os

stakeholders da cidade a partilhar informação connosco e não sei se o do Rio de Janeiro tem essa

dimensão. Presumo que também tenha, mas neste caso, para nós é crítico, é uma condição de

funcionamento, o nosso COI integrará informação de várias entidades da cidade, não só municipais,

mas cuja atividade é fundamental para a gestão da cidade. Portanto a grande diferença é que eles já

têm e nós não temos. Faça-me essa pergunta no final de 2017 e vamos ver quem é que está bem e

quem é que está mal. O nosso é feito à medida da cidade de Lisboa.”

Pouco Satisfatória Muito Satisfatória

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19. Considera que existem cidades com o mesmo grau de maturidade como o de Lisboa?

“Com certeza que sim, Lisboa é uma cidade num mundo muito grande é a capital de um país

relativamente à escala mundial. A vantagem da cidade de Lisboa é que é uma cidade muito atrativa,

com grande capacidade, à sua escala é uma cidade com um nível de conhecimento, com uma boa

rede universitária, é uma cidade muito apreciada internacionalmente, por várias razões e é uma

cidade que não tem grandes problemas sociais, uma cidade com alguma segurança, com alguma

qualidade de vida e isso torna a cidade de Lisboa como um bom benchmark. É uma cidade muito

policultural, com grande História, e o que Lisboa faz a nessa escala e por ter uma boa reputação

internacional é observado.

Tenho orgulho de trabalhar aqui, porque de facto a nossa capital tem uma dimensão maior do

que aquela que eu supunha antes de vir para aqui. Não vou dizer que Lisboa é a melhor cidade do

Mundo, em termos de cidade inteligente, porque não é. Tenho visto projetos elaborados noutras

cidades que gostaria que já existissem na cidade de Lisboa. Mas se me perguntam se se vive melhor

nessas cidades do que em Lisboa, tenho dúvidas. Porque deve haver poucos sítios mais espetaculares

no mundo para viver como em Lisboa.”

20. Pensa que os projetos desenvolvidos para a capital, poderiam ser aplicados ou adaptados a outras cidades portuguesas?

“Obviamente. Nós temos esse dever até para o país. Temos de afirmar a nossa capitalidade,

temos que estar preocupados em situarmo-nos na vanguarda da inovação e quer Lisboa, quer o

Porto, também tem dimensão para se assumir como grande cidade. E obviamente todos os projetos

bem feitos em Lisboa podem ser replicados. Podem ser mais dinâmicos e inovadores.

O orçamento participativo começou em Lisboa e hoje já praticamente todo o país o faz. Mas as

cidades olham para o que nós fazemos e portanto, pequenas soluções, pequenos fatores de êxito em

Lisboa são implementados noutras cidades, porque são fórmulas, se deu em Lisboa aqui também vai

dar.”

III. Serviços

21. Que tipos de serviços estão a ser disponibilizados?

“Vamos apresentar no dia 11 de fevereiro, uma nova plataforma de dados abertos.

A política de dados abertos no município não tem uma só provisão, aquilo que nós damos, é o

que as pessoas querem receber.

Na integração, nós temos projetos em várias áreas: no Ambiente, Energia, Mobilidade, na área

da Higiene Urbana. Temos muitos projetos, projetos na cidade de Lisboa não faltam e portanto as

pessoas vão vendo os resultados dos mesmos ativamente. Agora, quais são as prioridades? As

prioridades também dependem das expectativas das pessoas, para além das nossas prioridades

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políticas que estão assumidíssimas, por isso é importante desenvolver a aposta na parte do

relacionamento com o munícipe, porque é mais fácil ouvir as pessoas quanto às suas expectativas.”

22. Lisboa já possui uma boa estrutura de rede de sensores para captar dados do trânsito?

“Não, essa é uma das principais áreas onde temos de melhorar nos próximos tempos, porque

irá ser fundamental para o COI funcionar em pleno. Temos que apostar na IoT e essa é uma área

onde a Câmara tem de assumir alguma capacidade de investimento, e está a fazê-lo com projetos

piloto, eu próprio na área das TIC tenho um projeto na área do Senso, temos projetos cofinanciados

pela União Europeia. Estamos a começar a trabalhar nesse eixo, the Internet of Things.”

23. Têm utilizado dados geográficos recolhidos a partir das redes sociais? E através de Sistemas de

Informação Geográfica?

“O que estamos a trabalhar na social media intelligence ainda é muito ligado à componente de

comunicação. O social media é input do COI, é daquelas áreas que o COI terá de receber informação.

Ouvir o que as redes sociais dizem sobre a cidade de Lisboa e transformar isso em ocorrências COI, é

algo que está nos requisitos do sistema. Mas gostaria de criar, com a DSI uma culturização de

monitorizar quer o que se diz nas redes sociais, quer o crowdsourcing para a área de IoT, sobre o que

se faz na cidade de Lisboa. Estamos a estudar como vamos trabalhar nesse eixo até o COI estar

implementado. Espero ter brevemente uma estratégia para o próximo ano e meio e depois a partir

daí vai ser o modelo do COI a funcionar. Basicamente o que eu quero é ouvir a cidade através das

redes sociais.”

“Temos um SIG com cerca de mil e seiscentos, mil e quinhentos layers. Uma das coisas que

vamos apresentar no dia 11 de fevereiro, nesta nova política de dados abertos tem a ver com um

portal de dados abertos georreferenciados, os geo-dados, e temos uma boa equipa na área de SIG. Eu

considero o SIG como o coração do Sistema de Informação do município. Uma das apostas passa por

melhorarmos e adequarmos mecanismos de atualização regular do nosso SIG, que é muito do

momento e não tem dinâmicas de atualização com a regularidade que deveríamos ter. Considero que

o SIG tem de superar a barreira física que é o próximo paradigma, que digo ser o novo SIG, que não é

basicamente ter apenas a localização/existência física de ativos, mas ter também a cidade viva, tem

de ter as pessoas, e esse é o novo paradigma que diz onde estão as pessoas. Ainda não chegámos a

esse SIG, porém é o desafio que lancei à nossa área de SIG. Já sei onde estão os hospitais e as

estradas e a rede de saneamento, isso era a primeira fase, agora quero saber onde estão as pessoas e

o que fazem.”

IV. Análise de Dados

24. Para a gestão da cidade de Lisboa a CML utiliza dados disponibilizados, por exemplo, pela

CARRIS, para gerir o tráfego? Ou recorre a outras entidades?

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“O objetivo do COI é conseguir passar a termos essa informação de forma permanente e com a

troca da mesma com empresas de forma regular. No dia 11 vamos apresentar um protótipo de um

protocolo com doze empresas que já se tornaram disponíveis a trocar informação, vão ser futuros

fornecedores de informação para o COI e vão também assumir uma estratégia conjunta com a

Câmara, como política de inovação aberta. Gostaria de deixar o projeto do COI concluído, uma vez

pronto a cidade vai ser mudada, vai ser gerida de uma forma diferente, se não for é uma grande

oportunidade perdida, pois este projeto vai mudar a forma como governamos a cidade.”

25. Esses dados recolhidos pela CML, são posteriormente disponibilizados aos cidadãos?

“Não são todos naturalmente. Dia 11 de fevereiro vamos apresentar a nova política de

inovação aberta da cidade. Sou um defensor de dados abertos, quase ao limite, porque considero que

hoje, os dados são o novo petróleo e a informação já não é poder. Porquê? Porque quem não dá vai

ser substituído, o Google existe, não protejam a informação, permitam que as pessoas criem

soluções. O nosso papel como administração pública é facilitar a vida às pessoas, não interessa a

informação estar fechada no escritório do diretor municipal, ele não vai mudar as situações, mas as

pessoas podem mudar. Agora os dados que estão protegidas por lei, pela confidencialidade não vou

colocar disponíveis.”

26. Os dados disponibilizados têm permitido aos cidadãos o desenvolvimento de aplicações?

“Sim, já tivemos um concurso de aplicações e vamos ter. Também no dia 11 vamos apresentar

um grande programa: Lisboa Aberta, a nova plataforma de dados abertos e um programa de

estímulo à inovação aberta, baseada nos dados municipais e da cidade.”

27. Qual é área de atuação das mesmas?

“Vamos lançar o challenge e alguém irá aproveitar o mesmo para criar soluções que nós

estamos ansiosamente à espera.”

28. Que tecnologias têm utilizado para captar e gerir Big Data?

“Neste momento estamos com uma forte reformulação dos sistemas informáticos do

município. Os temas core são baseados na tecnologia que vamos utilizar para o COI.

Temos bons profissionais a trabalhar na área do Big Data, estamos a trabalhar num novo

modelo. Todavia, neste momento o meu foco não é o Big Data é resolver os problemas antes dessa

área e eventualmente com a parceria do ISEGI.”

29. A CML utiliza os dados recolhidos para alimentar os seus Sistemas de Decisão, ou também recorre à disponibilização de dados por parte de entidades privadas?

“Recolhemos e infelizmente de pouca dimensão e aqui existe um grande paradigma, através

dos bombeiros tem-se informação da proteção civil nacional, na área da higiene urbana e dos

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sistemas sectoriais tem-se informação respetiva á sua atividade, o problema é elaborar uma forma

estratégica concertada e integrada onde todos possam utilizar essa informação. Esse é o grande

objetivo do COI.”

30. A gestão dos Serviços Informáticos é efetuada pela CML ou existe a necessidade de recorrer a

outras entidades?

“Sim, resolve problemas com o atendimento ao munícipe, problemas do SIG, como colocar as

aplicações do município em formato de telemóvel.

Eventualmente existe a necessidade de recorrer a outras entidades na parte de mudar o status

quo, devemos recorrer preferencialmente à rede científica da cidade, é o que temos feito, para não se

montarem novos processos, depois a Câmara tem de ter a capacidade de os manter e gerir.”

V. Participação

31. De que forma as Tecnologias de Informação têm possibilitado uma maior participação dos

cidadãos lisboetas na vida da cidade e na influência de decisões políticas?

“Os cidadãos são o nosso negócio. A sua perceção perante a nossa e vice-versa é o que motiva

a nossa decisão política. Nós focamo-nos em satisfazer as expectativas do cidadão, e portanto

aumentar a participação é aumentar o processo de as ouvir e ir de encontro às suas expectativas,

como somos citizens oriented, isso é o mais importante, isso é o topo da decisão política. Agora,

também sou responsável pelo relacionamento com o cidadão e essa é a parte que mais me preocupa

neste momento, é a perceção que os cidadãos têm da Câmara. Dar-lhes informação do que se está a

passar e motiva-los para que participem no município.”

32. Como tem sido o feedback dos cidadãos em relação a projetos como os Fab Labs?

“Especificamente sobre isso não sei. Não é uma área que tutelo. Nós temos um Fab Lab no

mercado forno do tijolo, é um cluster muito pequeno, teve uma prototipagem de projetos de

inovação, não é um projeto de aceitação a larga escala, porque isso é uma coisa muito específica.

Penso que a aceitação é boa, ter cinquenta pessoas no Fablab para mim já é um êxito.”

33. E em termos de Startups?

“O melhor reconhecimento é termos o Web Summit, em Lisboa, este ano e termos ganho.”

34. Têm sido realizados ou promovidos projetos que pretendam minimizar o Digital Divide?

“No programa Lisboa Aberta criámos os centros de cidadania digital, já montámos um em

Marvila e queria alargá-los este ano. Ajudamos as comunidades a interagir com o município e a

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acabar com essa literacia digital. Esse é um tema que está especificamente na minha agenda e que

queria implementar com a ajuda das juntas de freguesia.”

VI. Tecnologias

35. Com os anos de História, que Lisboa já têm quais têm sido os principais desafios na implementação de novas tecnologias?

“Não é fácil montar estes projetos, porque eles têm de trazer resultados rapidamente visíveis,

as pessoas não votam em nós por terem um contador inteligente, votam em nós se o lixo não estiver

na rua. O meu objetivo é resolver os vários temas estratégicos da cidade. A crise também afetou a

cidade de Lisboa, não foi só o país, e portanto, nós não conseguimos ter essa capacidade de mudança

de muitas coisas que gostaríamos ter mudado. Agora estamos numa fase de aceleração daquilo que

queremos fazer, naturalmente questões como essa obrigam à implementação de projetos piloto, para

se perceber exatamente qual o grau do benefício que está associado, também pelo NFC de uma

estrutura pesada que gere estas áreas. Depois obriga à renovação e investimento de um parque

enorme, e não podemos desfocar-nos do mais prioritário.”

36. Quais as tecnologias para Smart Cities que antevê requererem maior investimento? (Como por

exemplo: Computação em Nuvem, Redes de sensores, GPS, Computação Ubíqua, NFC)

“Vamos ter de investir nessas áreas todas, temos projetos na área da computação ubíqua,

dispositivos móveis, modernização da infraestrutura de rede da Câmara, projetos nas plataformas

integradoras, o COI é apenas o exemplo maior, e acima de tudo temos de ter uma maior rede de IoT,

que é importante para a cidade em várias áreas.”

37. A parceria com outras cidades inteligentes tem proporcionado novos conhecimentos

tecnológicos?

“Sim. Nós agora somos os fundadores do Smart City Group da TM fórum, ganhámos

recentemente um projeto Lighthouse do Horizonte 2020 com Milão e Londres. Estamos no programa

com mais sete cidades, também temos outros programas na área da energia com outras cidades

europeias e algumas propostas provavelmente com outras cidades. É um passo natural, porque as

cidades tendem a tornar-se cada vez mais globais e criar estas redes facilita também o

desenvolvimento e criação de projetos de uma forma comum e de resultados óbvios. Por exemplo o

Fazemos parte da UCCI23, o mercado ibero-americano e da UCCLA24.

Para mim um dos projetos mais interessantes a nível da cidadania está em Bogotá, talvez a

rede principal é a rede de ligação da UCCI das cidades ibero-americanas que tem um comité sectorial

para a área das TIC, logo é para aproveitar estes canais. Mas nem sempre o tema é o canal, as redes

23 União das Cidades Capitais Ibero-Americanas 24 União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas

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existem, mas colocar os colaboradores a trabalhar com essas pessoas é a principal barreira, porque

não estão habituados.”

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ANEXO II – COMPARAÇÃO DA SITUAÇÃO DE LISBOA, BARCELONA E RIO DE

JANEIRO

Âmbito

Smart City

Projetos

Lisboa Barcelona Rio de Janeiro

Estratégia Pessoas Pessoas, Informação e

Infraestruturas ubíquas

Prevenção e resposta atempada

desastres naturais e Monitorização

da cidade

Mobilidade - Utilização de

veículos elétricos.

- Partilha de carros

elétricos;

- BCN Contactless;

- Gestão do trânsito.

- Utilização de Biometria;

- Rio Smart City;

- Gestão do trânsito.

Pessoas

- BIP-ZIP;

- Fab Labs;

- Centros de

cidadania Digital.

- Fab Labs;

- Living Labs;

- Contentores

inteligentes.

- Urbanização de Bairros de

Favelas;

- Rio Digital 15 Minutos: Naves do

Conhecimento.

Governação - Dados Abertos. - Dados Abertos;

- Citizen´s Post.

- Dados Abertos;

- Aplicação Waze Partilha de

ocorrências na cidade.

Economia - Startups. - 22@Barcelona. - Startups digitais.

Ambiente

- Energia: BESOS;

- Ciclovias;

- Contadores

inteligentes.

- Energia: BESOS;

- Sensores de humidade;

- Iluminação inteligente;

- Redes energéticas

inteligentes;

- Utilização de transportes públicos

e bicicletas.

Modo de Vida - Aplicações, como

ePark.

- Vincles BCN;

- Barcelona Wi-Fi.

- Estacionamento

Inteligente;

- Aplicações: Rio Apps 450.

Tabela II.1 – Comparação de alguns projetos conhecidos no âmbito de Smart Cities nas três cidades apresentadas

Fonte: Elaboração Própria