utilizaÇÃo dos algoritmos genÉticos como ferramenta de otimizaÇÃo em problemas de...

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA/UNIDERP Curso de Administração WESLEY OSVALDO PRADELLA RODRIGUES UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO Campo Grande MS Novembro, 2010

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ALGORITMOS GENÉTICOS

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Page 1: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

UNIVERSIDADE ANHANGUERA/UNIDERP

Curso de Administração

WESLEY OSVALDO PRADELLA RODRIGUES

UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO

FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE

ROTEIRIZAÇÃO

Campo Grande – MS

Novembro, 2010

Page 2: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

WESLEY OSVALDO PRADELLA RODRIGUES

UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO

FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE

ROTEIRIZAÇÃO

Trabalho final de graduação apresentado como

requisito para colação de grau no Curso de

Graduação em Administração da Universidade

Anhaguera/Uniderp, turma N81, sob a orientação

do Prof˚ Mestre Roberti Andre da Silva Filho e co-

orientação do Prof˚ Doutor Celso Correia de

Souza.

Campo Grande – MS

Novembro, 2010

Page 3: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

O trabalho final de graduação intitulado “Utilização dos Algoritmos Genéticos como

Ferramenta de Otimização em Problemas de Roteirização” apresentada por Wesley Osvaldo

Pradella Rodrigues como requisito para colação de grau no curso de Graduação em

Administração à Banca Examinadora da Anhanguera – Uniderp, obteve conceito ________

para aprovação.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof˚ Mestre Roberti Andre da Silva Filho

___________________________________________________

Prof˚ Doutor Celso Correia de Souza.

___________________________________________________

Campo Grande – MS, ____ de ___________________ de 2010

Page 4: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

Dedico aos pais, assim como para

minha namorada pelo incentivo

constante e amor a mim concedido.

Page 5: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

AGRADECIMENTO

Agradeço, primeiramente e acima de tudo a Deus, o ser que por mim tudo executa, que

me guiou e protegeu para eu chegar até aqui.

A meus pais queridos Osvaldo e Teresinha, por terem dados força, incentivo e

constante amor em todos os momentos da minha vida. Sempre me motivando , orientando e

conforme suas possibilidades investindo em minha educação. Desejo honrá-los e agradecê-los

por tudo.

A minha namorada, pelo companheirismo, carinho, amizade e compreensão, sempre

acreditando e me incentivando para a conclusão deste trabalho.

Aos meus amigos por me apoiarem e me ajudarem ao longo do curso, especialmente

aos meus colegas de Iniciação Científica e aos professores do NEPES.

A todos os professores que contribuíram para minha formação acadêmica, em especial

ao Professor Roberti Andre da Silva Filho, meu orientador, ao professor Celso Correia de

Souza, meu co-orientador, e ao Professor Jose Francisco dos Reis Neto, por me dirigirem aos

caminhos da pesquisa e por me guiarem para a realização deste trabalho.

Page 6: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

We are continually faced by great opportunities

brilliantly disguised as insoluble problems.

Lee Iacoc

Page 7: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

RESUMO

O sucesso de qualquer operação Logística depende fundamentalmente do planejamento

econômico, rigoroso e bem estruturado, para facilitar as tomadas de decisões. No caso da

Roteirização de veículos ou Programação de entregas o seu sucesso depende

fundamentalmente da agilidade na entrega de produtos ou serviços, na redução de distâncias e

na minimização dos custos operacionais em um roteiro de entrega, o planejamento é o

principal instrumento no qual o gestor de se basear para tomar as suas decisões. Os modelos

matemáticos são os grandes aliados do gestor para a minimização de custos operacionais,

simulando situações idealizadas através de modelos matemáticos, que não poderiam ser

facilmente testadas no decorrer das operações de distribuição, mas que são fundamentais nas

tomadas de decisões. A técnica dos Algoritmos Genéticos, modelo matemático pertencente às

meta-heurísticas, é eficiente na busca de soluções otimizadas, ou aproximadamente ótimas,

numa grande variedade de problemas, dado que não possuem as diversas das limitações

encontradas nos métodos tradicionais de busca. Nesse trabalho de pesquisa utilizou-se a

técnica dos Algoritmos Genéticos na otimização de um roteiro de distribuição de bebidas de

uma empresa fictícia situada na cidade de Campo Grande – MS, visando obter a melhor rota

de distribuição com o menor custo/distância entre o centro de distribuição e os clientes. Os

resultados foram considerados muito bons visto que foi possível otimizar a rota de

distribuição de bebidas, obtendo o menor custo/distância possível para a ótima execução do

processo, evidenciando a eficiência dos Algoritmos Genéticos como ferramenta de otimização

no auxilio da tomada de decisão.

Palavras-chave: Algoritmos genéticos, Roteirização de veículos, otimização, tomada de

decisão.

Page 8: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Distância reduzida através da melhoria de roteiro. ................................................ 22

Figura 2 – Fluxograma da solução de problemas de otimização com Algoritmos Genéticos. 27

Figura 3 – Representação do processo de seleção via roleta. .................................................. 32

Figura 4 – Representação de cruzamento de um ponto de corte. ............................................ 35

Figura 5 – Representação de cruzamento de dois pontos de corte. ......................................... 35

Figura 6 – Exemplo de dois pais de cromossomos.................................................................. 36

Figura 7 – Escolha do ponto de corte no cruzamento PMX. ................................................... 36

Figura 8 – Preenchimento do cromossomo filho no cruzamento PMX. ................................. 37

Figura 9 – Completando o cromossomo filho no cruzamento PMX. ...................................... 37

Figura 10 – Exemplo de dois pais de cromossomos................................................................ 39

Figura 11 – Escolha do ponto de corte no cruzamento OX. .................................................... 39

Figura 12 – Completando o cromossomo filho no cruzamento PMX. .................................... 40

Figura 13 – Operação com operador de mutação EM ............................................................. 41

Figura 14 – Operação com operação de mutação SIM............................................................ 42

Figura 15 – Operação com operador de mutação SM ............................................................. 42

Figura 16 – Localização dos clientes no plano cartesiano. ..................................................... 47

Figura 17 – Trecho da população inicial gerada no software Matlab. .................................... 47

Figura 18 – Representação da 1º rota possível no plano cartesiano. ....................................... 48

Page 9: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

Figura 19 – Trecho da população inicial, contendo o cálculo das distâncias, gerada no

software Matlab. ....................................................................................................................... 49

Figura 20 – Trecho da operação de elitismo no software Matlab. .......................................... 50

Figura 21 – Trecho da operação de cruzamento PMX no software Matlab. ........................... 51

Figura 22 – Trecho da operação de mutação EM no software Matlab. ................................... 52

Figura 23 – Trecho população final gerada no software Matlab. ............................................ 54

Figura 24 – Representação da rota com menor custo no plano cartesiano. ............................. 55

Figura 25 – Representação de uma possível rota encontra pelo Algoritmo Genético. ........... 57

Figura 26 – Representação de uma possivel rota encontra pelo Algoritimo Genético. .......... 58

Figura 27 – Representação de uma possivel rota encontra pelo Algoritimo Genético. .......... 58

Figura 28 – Melhor rota encontrada pelo Algoritimo Genético. ............................................. 59

Page 10: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Terminologia dos Algoritmos Genéticos ............................................................... 29

Tabela 2 – Dimensão do espaço de busca em função do número de cidades no problema do

caixeiro viajante. ....................................................................................................................... 31

Tabela 3 – Tabela das distâncias calculadas ............................................................................ 46

Page 11: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Relação Custos x Interação na resolução na resolução do problema ................... 56

Page 12: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

i

SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................. iii

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. iv

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. vi

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................... vii

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 2

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .................................................................................................... 2

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 3

2.1 LOGÍSTICA EMPRESARIAL ............................................................................................ 3

2.1.1 Definição de logística ................................................................................................. 3

2.1.2 Origem do termo logística .......................................................................................... 5

2.1.3 Atividades da logística ............................................................................................... 5

2.2 TRANSPORTE .................................................................................................................... 8

2.2.1 Escolha dos modais .................................................................................................. 12

2.2.2 Tipos de modais ....................................................................................................... 13

2.3 ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS ................................................................................... 17

2.3.1 Princípios básicos de roteirização e programação de veículos ................................ 18

2.3.2 Roteirização sem restrições ...................................................................................... 19

2.3.3 Roteirização com restrições ..................................................................................... 20

Page 13: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

ii

2.3.4 Métodos de Melhoria de Roteiros ............................................................................ 25

2.4 ALGORITMOS GENÉTICOS NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE

ROTEIRIZAÇÃO ..................................................................................................................... 25

2.4.1 Representação de soluções possiveis (cromossomos) .............................................. 27

2.4.2 Terminologia ............................................................................................................ 29

2.4.3 Função de avaliação ................................................................................................. 30

2.4.4 Escolha da população inicial .................................................................................... 30

2.4.5 Seleção ..................................................................................................................... 31

2.4.6 Elitismo .................................................................................................................... 33

2.4.7 Operadores genéticos ............................................................................................... 33

2.4.8 Crossover .................................................................................................................. 34

2.4.9 Mutação .................................................................................................................... 41

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 43

3.1 CARACTERISTICA DA PESQUISA ............................................................................... 44

3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................................. 44

3.3 INSTRUMENTOS PARA TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS .......................... 44

4. O CASO EM ESTUDO ...................................................................................................... 45

4.1 INICIAR ............................................................................................................................. 45

4.2 GERAR A POPULAÇÃO INICIAL .................................................................................. 47

4.3 FUNÇÃO DOS CUSTOS/DISTÂNCIA ............................................................................ 48

4.4 SELEÇÃO .......................................................................................................................... 49

4.5 ELITISMO ......................................................................................................................... 49

4.6 CRUZAMENTO ................................................................................................................ 50

4.7 MUTAÇÃO ........................................................................................................................ 51

5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS ...................................................................................... 53

5.1 MELHOR ROTA ............................................................................................................... 53

Page 14: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

iii

6 ANALISE DOS DADOS ..................................................................................................... 56

7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 61

Page 15: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

1

1 INTRODUÇÃO

A utilização de ferramentas computacionais na distribuição física já bastante

conhecida, devido a necessidade de obter produtividade e rentabilidade. A necessidade de

implementação de novas técnicas, equipamentos e recursos que beneficiem o planejamento e

o processo decisório ocorrem em razão do aumento da competitividade no setor.

A roteirização de veículos tem como finalidade resolver problemas que estão

relacionados com a distribuição física de produtos e serviços, através de problemas de

otimização, que envolvem maximização e minimização, normalmente ligados a área de

Pesquisa Operacional, já os problemas de Programação Matemática, que são uma classe

particular de problemas de otimização, são muito aplicados nos campos da organização e do

gerenciamento logístico, em que o objetivo e as restrições são dadas como funções

matemáticos e relações funcionais.

O conceito de modelo matemático é essencial no estudo de Algoritmos Genéticos. Os

modelos matemáticos constituem uma abstração simplificada da realidade, representada por

um conjunto de equações e relações. A partir dessa idealização simplificada, o modelo

emprega símbolos matemáticos para representar as variáveis de decisão do sistema real.

A qualidade do modelo matemático está associada à exatidão com que ele representa a

realidade e ao grau em que captura aspectos essenciais da realidade. É importante saber

selecionar o que é relevante para a composição do modelo. Assim, é conveniente dividir o

problema em problemas menores, se possível; identificar as variáveis de decisão (nível de

produção); identificar possíveis relações entre as variáveis de decisão; identificar o objetivo

(maximizar produção, minimizar custo) e construir a função objetivo; identificar os fatores

restritivos (disponibilidade de recursos) e construir as restrições do modelo; finalmente,

construir o modelo matemático, como um problema de programação linear.

Algoritmos Genéticos são algoritmos de busca estocásticos que têm desenvolvimento

e funcionamento vinculados à genética, em que todas as novas espécies são produzidas por

meio de uma seleção natural em que o mais apto sobrevive gerando descendentes. O

Algoritmo Genético básico é o que realiza as seguintes funções: inicializa a população de

cromossomos; avalia cada cromossomo da população; cria novos cromossomos a partir da

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2

população atual (realiza cruzamento e mutação); e termina, se o critério de fim for alcançado,

se não, reinicializa (VIANA, 1998).

No capítulo 1 tem-se o problema da pesquisa, no qual descreve o objetivo geral e os

objetivos específicos deste trabalho. No capítulo 2 apresenta-se a fundamentação teórica, com

os conceitos de Logística e Algoritmos Genéticos, e os seus principais operadores utilizados

na resolução de problemas de roteirização. No capítulo 3, detalham-se os métodos e técnicas

utilizadas para a realização deste trabalho. No capítulo 4, descrevem-se o problema em estudo

e as suas características e limitações. No capítulo 5, apresentam-se os resultados alcançados

neste trabalho por meio da utilização dos Algoritmos Genéticos. Por fim no capítulo 6

apresentem-se a análise do resultado obtido.

1.1 OBJETIVO GERAL

Otimizar uma rota de distribuição de bebidas de uma empresa fictícia situada na

cidade de Campo Grande – MS no programa matemático MATLAB® utilizando os

Algoritmos Genéticos como ferramenta de otimização.

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

a) Estudar a teoria de Roteirização de veículos na Logística Aplicada;

b) Analisar modelos de roteirização eficientes no processo de distribuição de

bebidas;

c) Estudar os Algoritmos Genéticos como ferramenta de otimização;

d) Estudar o manuseio do programa de modelagem matemático MATLAB 7.0.

Page 17: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo ressalta a importância da logística no cotidiano de cada empresa; o

conceito de roteirização e os seus principais métodos de resolução de problemas de

roteirização; e o conceito de Algoritmos Genéticos, com os seus principais operadores

genéticos.

2.1 LOGÍSTICA EMPRESARIAL

2.1.1 Definição de logística

O conceito de logística é mais abrangente e complexo do que simplesmente restringi-

lo apenas as atividades de transporte e entrega de produtos. Existem, na realidades , diversas

atividades, essenciais para as empresas, envolvidas no processo logístico.

Nogueira (2006, apud BALLOU, 1993, p. 16) definiu:

A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e

armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição

da matéria prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de

informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de

providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.

Outra melhor definição de logística pode ser dada pelo Conselho de Administração

Logística (CLM – Council of Logistics Management) uma organização profissional de

gestores de logística, professores e práticos, formada em 1962 com o propósito de oferecer

educação continuada e fomentar o intercâmbio de idéias (apud BALLOU, 2001, p. 21):

Logística é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo

eficiente e economicamente eficaz de matérias primas, estoque em processo,

produtos acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o

ponto de consumo, com o propósito de atender as exigências dos clientes.

Page 18: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

4

Kobayazhi (2000, p. 17), apresenta outras definições mais detalhadas de logística

como sendo:

“A logística é a técnica e, ao mesmo tempo, uma ciência que suporta a

realização dos objetivos empresariais, a programação dos mesmos e a consecução; serve para

o management, o engineering e as atividades técnicas nos temas solicitados, o projeto, o

fornecimento e a preservação dos recursos”1.

“É o processo com o qual se dirige de maneira estratégica a transferência e

armazenagem de materiais, componentes e produtos acabados, começando dos fornecedores,

passando através das empresas, até chegar aos consumidores”2

Bowersox (2007,p. 19) afirma que “o objetivo da logística é tornar disponíveis

produtos e serviços no local onde são necessários, no momento em que são desejados”.

Visto as definições mais usuais de logística, Ballou (2001, p. 21) define “a missão do

profissional de logística é fornecer mercadorias e serviços a clientes de acordo com as suas

necessidades exigências de maneira mais eficiente possível”.

Conforme define a SOLE – Society of Logistics Enginners (apud KOBAYAZHI,

2000, p. 18), os objetivos da logística podem ser compreendidas nos “8R”, apresentados a

seguir:

Right Material (materiais justos)

Right Quantity (na quantidade justa)

Right Quality (de justa qualidade)

Right Place ( no lugar justo)

Right Time (no tempo justo)

Right Method (com o método justo)

Right Cost (segundo o custo justo)

Right Impression (com uma boa impressão)

1 SOLE – Society of Logistic Engineers

2 Martin Christopher

Page 19: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

5

2.1.2 Origem do termo logística

De acordo com o Dicionário Aurélio, o termo logística vem do francês Logistique e

tem como uma de suas definições “a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da

realização de: projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição,

reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos ou administrativos”.

Na sua origem, a logística estava relacionada às operações dos militares, quando

decidiam estratégias de avançar ou recuar suas tropas, eles tinham sob suas ordens uma

equipe de apoio que providenciasse o deslocamento, na hora certa, de munição, de

mantimentos e equipes de socorro medico para o campo de batalha (NOVAES, 2007).

Após mais de sessenta anos de logística e seus benefícios, pode-se perceber a evolução

e a sua importância nos dias atuais, sendo hoje considerada um dos elementos-chave na

estratégia competitiva das empresas. A sua idéia não é mais apenas “transporte e

armazenagem de produtos; hoje é o ponto nevrálgico da cadeia produtiva integrada”, afirma

Novaes (2001, p. 31). As equipes de logística não são mais percebidas como apenas

responsáveis pela função de entregar produtos ou serviços, mas sim por agregarem valor de

lugar, de tempo, de qualidade, de informação à cadeia produtiva; mas também eliminar do

processo tudo aquilo que não tenha valor ao consumidor final.

2.1.3 Atividades da logística

As atividades a serem gerenciadas que compõe a logística empresarial varia da

organização para organização, dependendo da estrutura da organização e as sua estratégias

particulares de cada organização.

Page 20: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

6

Segundo o CLM3 (apud BALLOU, 2001, p. 22):

Os componentes de uma sistema logístico típico são: serviços ao cliente,

previsão de vendas, comunicação de distribuição, controle de estoque,

manuseio de materiais, processamento de pedidos, peças de reposição e

serviços de suporte, seleção do local da planta e armazenagem (análise de

localização), compras, embalagem, manuseio de mercadorias devolvidas,

recuperação e descarte de sucata, trafego e transporte, e armazenagem e

estocagem.

De acordo com Ballou (2001), as atividades logísticas são divididas em atividades-

chave ou atividades principais e atividades de suporte ou atividades secundárias, com algumas

das decisões associadas a cada atividade, sendo:

ATIVIDADES-CHAVE

1. Padrões de serviço ao cliente

Cooperar com o marketing para:

a. Determinar as necessidades e os desejos de clientes para serviços logísticos;

b. Determinar a reação dos clientes aos serviços; e

c. Estabelecer o nível de serviços a clientes.

d. Transportes

e. Seleção do modal e do serviço de transportes;

f. Consolidação de fretes;

g. Roteiro do transporte;

h. Programação de veículos;

i. Seleção de equipamentos;

j. Processamento de reclamações; e

k. Auditoria de tarifas.

2. Administração de estoques

a. Políticas de estocagem de matérias primas e produtos acabados;

b. Previsão de vendas a curto prazo;

c. Combinação de produtos em pontos de estocagem;

d. Numero, tamanho e local dos pontos de estocagem; e

e. Estratégias de Just-in-time, de empurrar e de puxar.

3 Council of Logistics Management

Page 21: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

7

3. Fluxo de informação e processamento de pedidos

a. Processamentos de interface dos estoques com pedidos de vendas;

b. Métodos de transmissão de informações de pedidos; e

c. Regras de pedidos.

ATIVIDADES DE SUPORTE

1. Armazenagem

a. Determinação do espaço;

b. Disposição do estoque e desempenho das docas;

c. Configuração do armazém;

d. Localização do estoque.

2. Manuseio de materiais

a. Seleção de equipamentos;

b. Políticas de reposição de equipamentos;

c. Procedimentos de coleta de pedidos;

d. Alocação e recuperação de materiais.

3. Compras

a. Seleção de fontes de suprimentos;

b. O montante da compra;

c. Quantidades de compra.

4. Embalagem protetora

a. Manuseio;

b. Estocagem.

c. Proteção contra perdas e danos;

5. Cooperar com a produção/operações para

a. Especificar quantidades agregadas;

b. Seqüência e tempo do volume de produção.

6. Manutenção

a. Coleta, arquivamento e manipulação de informação;

b. Análise de dados;

c. Procedimentos de controle.

As atividades-chave e as de suporte são separadas por que, certas atividades, ocorrem

ao longo da cadeia logística, as atividades-chave estão num circuito critico, contribuindo

Page 22: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

8

majoritariamente para o custo e são essenciais para conclusão eficaz das tarefas logísticas. As

atividades de suporte são consideradas como contribuintes para a realização da missão

logística, podendo nem existir em algumas empresas (BALLOU, 2001).

2.2 TRANSPORTE

O transporte é geralmente o principal elemento dos sistemas logísticos das empresas,

sua importância pode ser medida através de pelo menos três indicadores financeiros: custo,

faturamento e lucro. O transporte representa, cerca de 64% dos custos logísticos de uma

empresa, 4,3% do faturamento e, em alguns para maioria das empresas mais que o dobro do

lucro (FIGUEREDO, 2006 e BALLOU, 2001).

Bowersox e Closs (2001) afirma que três fatores são fundamentais para o desempenho

do transporte:

Custos – é o pagamento pela movimentação entre dois pontos geográficos e as

despesas relacionadas com o gerenciamento e a manutenção de estoque em trânsito. Os

sistemas de logística devem ser projetados para utilizar o tipo de transporte que minimizarem

o custo total do sistema.

Velocidade – é o tempo necessário para completar uma movimentação

especifica. A velocidade e os custos de transporte estão relacionados de duas maneiras: a

primeira relação, quanto mais rápido o serviço de entrega mais altas são as taxas de

transporte, a segunda relação , não menos importante, refere-se quanto mais rápido o serviço

de transporte, mais curto será o intervalo de tempo durante o qual o estoque ficará em trânsito.

Consistência – abrange as variações do tempo necessário para executar uma

movimentação especifica, considerando diversos carregamentos, a consistência é um reflexo

da confiabilidade do transporte. A consistência afeta o risco de falta de produto,

comprometendo o nível de estoque, tanto do vendedor como do comprador. A combinação

entre velocidade e consistência forma a percepção sobre a qualidade do transporte por parte

do usuário.

Page 23: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

9

Conforme Manfroi (2008, apud CAIXETA FILHO E MARTINS, 2001, p. 37) “… os

estudos na área de transportes são de fundamental importância para a logística, na qual o

transporte é normalmente seu principal componente”.

A logística de transporte esta muito além da melhor forma de transferir uma

mercadoria do seu ponto de origem ao seu destino final com preço, qualidade e tempo

compatíveis com as necessidades e desejos dos consumidores (MANFROI, 2008 apud

GUIMARÃES E PACHECO, 2005, p. 37).

Para Enomoto (2005) compartilhando das idéias de Caixeta-Filho e Martins (2001)

ressalta que primeiramente o transporte tem uma função econômica de promover a integração

entre sociedades produtoras de bens em geral. Outra função econômica atribuída ao sistema

de transporte é a possibilidade de expandir mercados.

Em relação a funcionalidade do transporte, Bowersox e Closs (2001) diz que o

transporte possui duas funções principais:

Movimentação de Produtos – movimentação de produtos de um determinado

local de origem até o seu destino. O transporte é responsável pela movimentação de produtos,

materiais e/ou serviços. Assim, assegura o fluxo físico dos produtos entre as empresas. De

modo geral, a movimentação é necessária para transportar o produto até a fase seguinte do

processo ou para perto do cliente final, ou seja, essa movimentação pode acontecer a

montante ou a jusante na cadeia de agregação de valor e os produtos podem estar das mais

variadas formas. A movimentação para ser desempenhada necessita de recursos temporais,

recursos financeiros; recursos ambientais.

Estocagem de produtos – mesmo que temporária, não deixa de ser uma função

do transporte. Apesar de possuírem um custo muito elevado de estocagem, os veículos podem

se tornar uma opção viável na análise dos custos de carga/descarga, restrições de capacidade

ou a possibilidade do aumento dos tempos de viagem ou espera.

Para Enomoto (2005, apud LAMBERT, 2008, p. 20) as atividades de transporte

incluem:

A escolha do meio de transporte (modo de transporte). O transporte pode ser

realizado de várias formas e com diferentes veículos, podendo ainda ser de frota própria ou

contratada, dependendo de vários aspectos;

A rota a ser seguida;

Manutenção da frota;

Page 24: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

10

O cumprimento das regulamentações de transporte em nível municipal,

estadual e federal;

Conhecimento das exigências do transporte nacional e internacional.

De acordo com Manfroi (apud KEEDI, 2001, p. 38), os transportes representam

“como fazer uma mercadoria sair do seu ponto de origem (...) para aquele que a está

remetendo, e ser entregue no seu destino (...) de forma mais conveniente, ao menor tempo,

custo adequado, e com o menor ou nenhum tipo de problema, utilizando-se dos mais

adequados meios à disposição para este fim”.

O transporte não se limita apenas ao translado de mercadorias, deve ser considerado

sua execução de forma otimizada, em que os fatores tempo, custo e eficiência são

indispensáveis para cada empresa. Transporte implica fazer uma reflexão sobre todos os

aspectos da operação de movimentação na distribuição física. A função de transporte por

muito tempo já foi considerada a própria logística, onde os profissional da área visualizavam

que transporte significava movimentar os materiais desejados de um ponto a outro da cadeia

de suprimento (FIGUEREDO, 2006; MANFROI, 2008; ENOMOTO, 2005 e BALLOU,

2001).

Para auxiliar na resolução desses problemas, as empresas, utilizam muitas vezes

técnicas matemáticas e software comerciais, com o objetivo de auxiliar o gestor em logística

na tomada de decisão.

Segundo Bowersox e Closs (2001), os principais norteadores das operações e

gerenciamento do transporte são dois:

A economia de escala é obtida através da redução dos custos de transporte por

unidade de peso com cargas maiores e/ou consolidadas. Isso acontece porque as despesas

fixas de transporte são diluídas quando há uma maior quantidade transportada, isto é, quanto

maior a carga, menor será o custo por unidade de peso;

A economia de distância caracteriza-se pela redução dos custos de transporte

por unidade de distância, à medida que ela aumenta, ou seja, distâncias mais longas permitem

que o custo fixo seja distribuído por mais quilômetros, provocando taxas menores por

quilômetros.

Segundo Ballou (2001) um sistema de transporte eficiente e barato contribui para:

Page 25: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

11

Aumentar a concorrência no mercado – o transporte de alta qualidade e barato

encoraja a competição, disponibilizando mercadorias para um mercado que não poderia

suportar aos altos custos de transporte, aumentando as vendas através da penetração de

produtos que não eram disponíveis em certas regiões.

Escala de produção – o transporte barato possibilita a descentralização de

mercados e de locais de produção, de forma que a produção pode ser instalada onde há

vantagem geográfica.

Reduzir os preços de mercadorias – o transporte é um componente de custo, o

transporte barato e eficiente contribui para redução dos preços dos produtos.

Segundo Enomoto (2005, apud LAMBERT, 1998, p. 21) as características do produto

influenciam o custo do transporte. Os produtos podem ser classificados nas seguintes formas:

Densidade – que se refere ao índice de peso/volume;

Facilidade de armazenagem – é o grau em que o produto preenche um espaço

no veículo de transporte;

Facilidade ou dificuldade de manutenção – está relacionada com a facilidade

de armazenagem.

Para Figueiredo (2006, p. 247) “administrar transporte significa tomar decisão sobre

um amplo conjunto de aspectos” e podem ser classificadas em dois grandes grupos:

Decisões estratégicas – são as decisões que se caracterizam pelos impactos de

longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais. Basicamente as decisões

estratégicas no transporte são: escolha dos modais, decisões sobre propriedades da frota,

seleção e negociação com transportadores, e políticas de consolidação de cargas;

Decisões operacionais – são geralmente as decisões de curto prazo e se

referem às tarefa as do dia-a-dia dos responsáveis pelo transporte. As principais decisões de

curto prazo são: planejamentos de embarques, programação de veículos, roteirização,

auditoria de fretes, e gerenciamento de avarias.

Saber gerenciar as interferências do meio, de modo que não haja prejuízos para a

empresa contratante, faz com que todos os envolvidos obtenham vantagens competitivas no

mercado que atuam (ENOMOTO, 2005).

Page 26: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

12

2.2.1 Escolha dos modais

Basicamente são cinco os modais de transporte de cargas: rodoviário, ferroviário,

aquaviário, dutoviário e aéreo. Sendo que cada um possui um custo particular, que os torna

adequados para certos tipos de operações e produtos.

Os critérios para escolha de modais devem sempre levar em consideração dois

aspectos básicos, os aspectos de preço/custo e os aspectos de características de serviços.

Levando em consideração que quanto maior o desempenho do serviço maior o custo do

mesmo (BALLOU, 2001 e FIGUEIREDO, 2006).

2.2.1.1 Aspectos de preço/custo

O preço ou custo do serviço de transporte, no caso do embarcador, é apenas a

somatória da taxa de transporte mais as cobranças por serviços adicionais fornecidos ou

custos relevantes. Os custos relevantes são itens como: combustível, mão-de-obra,

manutenção, depreciação do equipamento e custos administrativos. No caso de serviços

contratados, é cobrada a taxa de movimentação da mercadoria mais algum a taxa adicional, tal

como coleta na origem, entrega no destino, seguro entre outros (BALLOU, 2001).

2.2.1.2 Aspectos de características de serviços

Esta dimensão pode ser considerada na escolha do modal, sendo cinco as

características mais importantes, no que diz respeito aos serviços oferecidos, são:

Velocidade – o tempo médio que um carregamento leva para se deslocar do seu

ponto de origem até o ponto de destino;

Consistência – que representa a capacidade de cumprir os tempos previstos;

Page 27: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

13

Perdas e danos – representa a capacidade de movimentar mercadorias sem

nenhuma perda ou dano, se caso ocorra, o mínimo possível durante a movimentação;

Capacitação – representa a capacitação de um determinado modal trabalhar

com diferentes volumes e variedades de produtos;

Disponibilidade – refere-se ao numero de localidades onde o modal se encontra

presente;

Freqüência – refere-se ao número de vezes em que um determinado modal

pode ser utilizado em dado espaço de tempo (BALLOU, 2001 e FIGUEIREDO, 2006).

2.2.2 Tipos de modais

2.2.2.1 Modo rodoviário

“O modo rodoviário é o mais expressivo no transporte de cargas no Brasil, e atinge

praticamente todos os pontos do território nacional” (ALVARENGA e NOVAES, 2000, p.

82).

São usadas na América do Norte as siglas FTL (full truck load) para indicar um

carregamento completo, ou seja, o veículo é carregado totalmente com um lote de despacho. E

a sigla LTL (less than truck load) para indicar que a capacidades do veículo é compartilhada

com a carga de dois ou mais embarcadores. No Brasil, é costumamos chamar de lotação

completa o primeiro caso, e de carga fracionada o segundo (NOVAES, 2007; BALLOU,

2001 e BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Segundo Novaes (2007), no caso da carga fracionada, as operações mais comuns são

formadas pelos seguintes processos:

Apanhar o lote a ser transportado no depósito do cliente;

Transportar o lote até o centro de distribuição local da transportadora;

Descarregar, verificar, rotular e triagem da mercadoria segundo os diversos

destinos;

Transferir as mercadorias até a cidade de destino;

Descarregamento, verificação e triagem da mercadoria ao cliente final.

Page 28: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

14

A locação completa é a escolha principal na transferência de grandes quantidades,

como entre fabrica e um centro de distribuição, ou atacadista e varejista. A sua grande

vantagem é que as quantidades transportadas são maiores, favorecendo a escolha de em

veículo maior que irá totalmente lotado. Essa vantagem possibilita o ganho em três grandes

custos principais:

O veículo é em geral maior, com custo mais baixo por unidade transportada;

Por ser homogênea, a carga é melhor arrumada no caminhão, com maior

aproveito do espaço, assim reduzindo o custo unitário;

Eliminam-se inúmeras operações intermediarias como descarga e recarga dos

produtos em veículos menores, reduzindo assim os custos com movimentação da carga

(NOVAES, 2007, BALLOU, 2001 e BOWERSOX e CLOSS, 2001).

O modal rodo apresenta as seguintes vantagens:

Alcançar qualquer ponto de entrega;

Maior disponibilidade de vias de acesso;

Possibilidades de serviços porta a porta; embarques e partidas mais rápidas;

Possibilidade de embarque de pequenos lotes;

Facilidade de substituição do veiculo em casos de acidentes;

Maior rapidez de entrega; e

Segurança, em função do menor manuseio da carga.

Como desvantagens desçam-se:

Maior custo operacional e menor capacidade de carga;

Possibilidade de congestionamento e atrasos;

Desgaste da malha rodoviária por excesso de peso e/ ou rodagem;

Altos custos de depreciação dos veículos, devido aos maus estados da malha

rodoviária (ENOMOTO, 2005, NOVAES, 2007, BALLOU, 2001 e BOWERSOX e CLOSS,

2001).

Apesar dessas desvantagens o transporte rodoviário continua sendo o mais utilizado e

o mais importante das operações logísticas.

Page 29: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

15

2.2.2.2 Modo ferroviário

“A ferrovia é basicamente um transportador de longo curso e um movimentador lento

de matéria prima… e de produtos manufaturados de baixo valor… e prefere mover embarques

de carregamento completo” (BALLOU, 2001, p. 123).

O modo ferroviário apresenta as seguintes vantagens:

É basicamente mais eficiente em termos de consumo de combustível e outros

custos operacionais indiretos, por se operar em unidades (os trens) de maior capacidade de

carga;

Manuseio de cargas e volume maior a serem transportados, como produtos a

granel (grãos, minérios, fertilizantes, combustíveis e etc.) entre outros;

Serviço expresso para garantir a chegada da mercadoria dentro de certo espaço

de tempo;

Privilégios de varias parados, que permitem carregamento e descarregamento

parcial entre o ponto de origem e o ponto de destino;

Coleta e entrega; e

Diversificação e redespacho, que permitem circuito de roteirização e mudanças

no destino final de um embarque enquanto o percurso.

E apresenta as seguintes desvantagens:

Velocidade no transporte relativamente lenta;

Existência de vagões com finalidades especificas que não podem ser utilizados

no transporte de outros produtos; e

Altos custos fixos da ferrovia, como conservação da via permanente, operação

das estações, operação dos terminais de carga e descarga, entre outros (NOVAES, 2007,

BALLOU, 2001 e BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Uma forma de utilização eficiente no transporte de cargas é o piggy-back, isto é, são

fixados contêineres ou carretas sobre vagões-plataforma, permitindo a combinação ferrovia-

rodovia, associando a agilidade d o transporte rodoviário com o menor custo unitário do trem

(NOVAES, 2007).

Page 30: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

16

2.2.2.3 Modo aquaviário

“O transporte aquaviário, como sua denominação indica, envolve todos os tipos de

transporte efetuado sobre a água. Incluindo o transporte fluvial e lacustre (aquaviário interior)

e o transporte marítimo (NOVAES, 2007, p. 247).

A principal vantagem do transporte aquaviário esta na capacidade transportar grandes

volumes/tonelagem a um custo variável baixo. As principais desvantagens são a rapidez e o

alcance de operação limitada. Os principais produtos transportados são os produtos de

mineração, os produtos de commodities básicas a granel e alguns tipos de produtos agrícolas

(NOVAES, 2007, BALLOU, 2001 e BOWERSOX e CLOSS, 2001).

2.2.2.4 Modo dutoviário

A natureza de uma dutovia é singular, pois apresentam características, vantagens e

desvantagens próprias. A principal vantagem e característica da dutovia é o seu tempo

constante de operação, operando 24 horas por dia, sete dias da semana, com restrição de

funcionamento apenas durante a mudança do produto transportado e manutenção. Além de

apresentar o menos custo variável, se comparado com os outros modais, pois não necessita de

muita mão-de-obra. Outra característica são as pequenas perdas e danos do produto ao longo

do transporte. As principais desvantagens são os altos custos fixos, resultante do direito de

acesso, da construção e das capacidades de controle das estações, além da capacidade de

bombeamento. Outra desvantagem é que os dutos não flexíveis e são limitados quanto aos

produtos que podem ser transportados – transportam produtos somente nas formas de gás,

liquido ou de mistura semifluida (NOVAES, 2007, BALLOU, 2001 e BOWERSOX e

CLOSS, 2001).

Segundo Bowersox e Closs (2001) os produtos economicamente mais viáveis para

serem movimentados por dutos são o petróleo cru, os produtos de petróleo refinado e o gás

natural.

Page 31: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

17

2.2.2.5 Modo aéreo

Para Novaes (2007, p. 251) “a importância do transporte aéreo na Logística aumentou

muito com a globalização, pois agora as cadeias produtivas estenderam suas ramificações pelo

mundo todo”.

O mais novo tido de transporte, porém menos utilizado, é o transporte aéreo. A grande

vantagem deste modal está na sua rapidez de entrega de cargas, e a grande desvantagem está

nos altos custos de transporte que esse modal exige. Os principais produtos transportados são:

cartas e envelopes, jóias, flores, produtos perecíveis, entre outros, devido a sua vantagem de

ser um modal segura e com poucas perdas e danos aos produtos (NOVAES, 2007, BALLOU,

2001 e BOWERSOX e CLOSS, 2001).

2.3 ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

Após a fase de planejamento logístico, na qual são analisados e dimensionados os

locais ou regiões e a frota de veículos necessários para realizar um determinado tipo de

serviço de distribuição ou prestação de serviços, se encontra um problema especifico de

enfoque operacional, no caso da distribuição física, pois já se conhece as localizações dos

clientes e suas demandas, um problema muito freqüente é o problema da roteirização de

veículos.

Segundo Noveas (2007 apud PARTYKA e HALL, 2000, p.303) “um problema real de

roteirização é definido por três fatores fundamentais: decisões, objetivos e restrições.”

As decisões consistem em agrupar os clientes que devem ser visitados,

programando e seqüenciando-as, a um conjunto de veículos.

O objetivo principal do processo de roteirização visa propiciar um serviço de

alta eficiência aos clientes e ao mesmo tempo minimizar os custos operacionais da

distribuição.

Page 32: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

18

As restrições, dizem respeito às limitações impostas por normas ou leis, nos

casos, por exemplo, respeitar o limite de tempo impostos pela jornada de trabalho dos

motoristas e ajudantes, respeitar as restrições de trânsito, referindo-se aos limites de

velocidades, tamanho máximo do veiculo, entre outras, e as limitações operacionais, no caso,

por exemplo, respeitar os limites de dimensões e capacidade de peso suportado pelo veiculo.

Problemas de roteirização ocorrem com bastante freqüência na distribuição de

produtos e serviços. Alguns exemplos são listados a seguir (NOVAES, 2007, p.304):

entrega, em domicílio, de produtos comprados nas lojas de varejo ou pela

internet;

distribuição de produtos dos centros de distribuição (CDs) para lojas de varejo;

distribuição de bebidas em bares e restaurantes;

distribuição de dinheiro para caixas eletrônicos de bancos;

distribuição de combustíveis para postos de gasolina;

distribuição de artigos de toalete (toalhas, roupa de cama, etc) para hotéis,

restaurantes e hospitais;

coleta de lixo urbano;

entrega domiciliar de correspondência, etc;

2.3.1 Princípios básicos de roteirização e programação de veículos

Antes de começarmos a estudar os tipos de roteirização e alguns dos mais freqüentes

problemas de roteirização, precisamos tomar como diretrizes oito princípios básicos, que

podem nos auxiliar ao longo do processo de desenvolvimento de boas rotas.

Para Ballou (2001) esses princípios são:

1. Carregar os caminhões com volumes de paradas que estão próximas entre si;

2. As paradas em dias diferentes devem ser combinadas para produzir

agrupamentos densos;

Page 33: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

19

3. A construção de rotas começando com a parada mais distante do deposito;

4. A seqüência das paradas em uma rota rodoviária deve formar um padrão de

gota d’água;

5. As rotas mais eficientes são constituídas usando os maiores veículos

disponíveis;

6. As coletas devem ser combinadas com as rotas de entrega em vez de serem

deixadas para o final das rotas;

7. Uma parada que é removível de um agrupamento de rota é uma boa candidata

para um meio alternativo de entrega;

8. As limitações das janelas de tempo estreitas devem ser evitadas;

Esses princípios usados em projetos de formação de rotas podem oferecer melhorias

substanciais sobre outros métodos de roteirização que serão mencionados ao longo deste

trabalho.

2.3.2 Roteirização sem restrições

Para Novaes (2007) a roteirização sem restrições não leva em conta as questões de

tempo e nem capacidade de carga e carregamento, como o nome já diz ela não se preocupa

em respeitar ou atender um dos fatores fundamentais da roteirização que é a questão das

restrições.

A roteirização sem restrições ocorre quando o numero de locais ou clientes a serem

visitados são relativamente poucos ou podem ser facilmente resolvido por meio de inspeção,

permitindo a ocorrência de problemas relacionados à otimização do percurso, minimizando a

distância a ser percorrida, ou relacionado com a otimização da seqüência de visitas,

encontrando a seqüência que torne mínimo o percurso dentro da rota (BALLOU, 2001 e

NOVAES 2007).

Page 34: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

20

2.3.3 Roteirização com restrições

A roteirização com restrições ocorrem quando as resoluções dos problemas de

roteirização estão relacionados ou condicionados aos limites de tempo, de capacidade dos

veículos, a barreiras de viajem (lagos, contornos, montanhas) e muitas vezes devem ser

resolvidas em paralelo com o processo de divisão das áreas de entrega (BALLOU, 2001 e

NOVAES 2007).

2.3.3.1 Problemas de roteirização

De acordo com Farkuh Neto (2005 apud BODIN, 1983, p.2),

os problemas de roteirização podem ser classificados em três grupos

principais: problemas de roteirização pura de veículos (PRV), problemas de

programação de veículos e tripulações (PRVT); e problemas combinados de

roteirização e programação de veículos.

Segundo Farkuh Neto (2005) quando ocorrem aplicações com restrições de janelas de

tempo e de precedência de tarefas, o problema pode ser visto como um problema combinado

de roteirização e programação de veículos. O problema de roteirização e programação de

veículos com janelas de tempo, PRRPVJT, (Vehicle Routing Problem with Time Windows –

VRPTW), é considerado uma NP-Completo. Este tipo de problema surge freqüentemente na

pratica e pode ser considerado um problema comum de roteirização logística, no qual precisa

associar os clientes a serem atendidos a determinados veículos e numa seqüência ótima, que

minimize o custo total e respeite as janelas de atendimento (FARKUH NETO, 2005,

BELFIORI, 2006).

Na literatura encontramos diversos métodos para resolver esses tipos problemas,

alguns envolvendo modelos matemáticos complexos e outros relativamente simples, neste

trabalho escolhemos alguns métodos bastante utilizados e eficazes. São eles:

Método de varredura;

Page 35: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

21

Método de Clarke e Wright;

Método de melhoria do roteiro;

Método de Atribuição Paralela.

2.3.3.2 Método de varredura

Novaes (2007 apud BALLOU, 1999, p.310) afirma que “o método de varredura

apresenta precisão de 10%, tomando como referência a solução ótima absoluta”. Segundo

Ballou (2001) por se tratar de um método fácil de usar e de requerer uma computação rápida,

esse nível de precisão pode ser aceita em situações que ocorrem muito rapidamente a

mudança das características do problema.

Para Ballou (2001) e Novaes (2007) o método de varredura pode ser descrito pelos

seguintes passos:

1º Passo: tornar o centro de distribuição (CD) como centro do mapa e definir um eixo

passando por ele.

2º Passo: girar o eixo em torno do CD, independente do sentido, até que a linha

encontre um cliente;

3º Passo: verificar se o cliente em potencial pode ser incluído no roteiro, analisando se:

(a) o tempo de atendimento não exceda a jornada de trabalho permitida; (b) a quantidade

solicitada pelo cliente não exceda as restrições de peso e quantidade do veiculo de entrega. Se

o novo cliente não exceder as condições analisadas este será incorporado ao roteiro;

4º Passo: o processo de formação de um roteiro termina quando se esgotam todas as

possibilidades de inclusão de um novo cliente, em seguida deve ser iniciado um novo

processo de formação de roteiro, até que todos os clientes sejam atendidos;

5º Passo: aplicar os métodos de melhoria do roteiro (estes serão apresentados no

decorrer do trabalho);

Page 36: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

22

2.3.3.3 Método das economias de Clarke e Wright

Conforme Ballou (2001, p. 170) “o objetivo do método das economias é minimizar a

distância total percorrida por todos os veículos necessários para servir a todas as paradas”.

Novaes (2007, p. 315) “… o método de Clarke e Wright tem como objetivo gerar

roteiros que respeitem as restrições de tempo e de capacidade, mas visando, ao mesmo tempo,

minimizar a distância total percorrida pela frota.” Este método parte do conceito de ganho,

encontrando quais destinos a ser percorrido oferece um ganho maior (BALLOU, 2001 e

NOVAES, 2007).

Segundo Ballou (2001) o método de Clarke e Wright produz um erro médio de 2% em

relação ao ótimo absoluto, e se encontra com facilidade em muitos programas de roteirização,

por permitir incorporar diversos tipos de restrições, e utilizar formas engenhosas de

construção de roteiros.

A lógica do método é começar com um veículo-modelo que serve a cada parada e que

retorne ao depósito, como mostra a Figura 1(a), e a possibilidade de melhoria seria juntar as

duas paradas num só roteiro, como mostra a Figura 1(b), resultando na economia na distância

a percorrer (BALLOU, 2001 e NOVAES 2007).

Figura 1 – Distância reduzida através da melhoria de roteiro.

Fonte: Adaptado de Novaes (2007, p. 316)

O método de Clarke e Wright consta com os seguintes passos:

Page 37: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

23

1º Passo: combinar todos os pontos dois a dois e calcular o ganho para cada

combinação através formula a seguir:

Na qual g corresponde ao ganho, i e j representam os clientes, dD,i e dD,j representa as

distâncias entre o CD e os clientes.

2º Passo: classificar todas as combinações i, j, de forma decrescente segundo os

valores dos ganhos gi,j.

3º Passo: combinar dois a dois os nós, respeitando a classificação decrescente de

acordo com o ganho.

4º Passo: analisar e verificar se o par de clientes (i, j) candidato atente as seguintes

condições:

a) Se i e j não foram incluídos em nenhum outro roteiro já iniciado, criar então

um novo roteiro com esses dois pontos;

b) Se o ponto i já pertencer a um roteiro iniciado, verificar se esse ponto é

primeiro ou ultimo desse roteiro. Em caso positivo, acrescentar o par do ponto (i, j) na

extremidade do ponto i. Fazer a mesma analise para o ponto j. Se nenhum dos dois pontos

atenderem essas condições separadamente, passar para o próximo item;

c) Se ambos os pontos i e j fazem parte, cada um deles, de roteiros iniciados, mas

diferentes, verificar se ambos são extremos dos respectivos roteiros. Em caso positivo,

devem-se unir os pontos i e j, a fim de formar um único roteiro. Caso contrario, passar para o

5˚ Passo.

d) Se ambos os pontos i e j pertencem a um mesmo roteiro, passar para o 5˚

Passo.

5º Passo: após acrescentar ou unir um ou mais pontos no roteiro, verificar se a nova

configuração atende e satisfaz as restrições de tempo e capacidade.

6º Passo: o processo termina quando todos os clientes tiverem sido incluídos nos

roteiros (BALLOU, 2001 e NOVAES 2007).

Page 38: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

24

2.3.3.4 Método de Atribuição Paralela

O método de atribuição paralela é assim chamado por calcular a prioridade para

cliente considerando todos os depósitos ao mesmo tempo. Esse método compara o custo de

atribuir um cliente a seu deposito mais próximo com o custo de atribuir o cliente a outro

deposito. (SILVA JUNIOR, 2008)

Segundo com Silva Junior (2008) o método possui o seguinte funcionamento: cada

cliente pertence a somente um dos seguintes conjuntos: A, se um cliente foi atribuído para um

deposito, NA, se o cliente ainda não foi atribuído para um depósito. Cada depósito pertence a

somente um dos seguintes conjuntos: DS, se a demanda do depósito já ter sido satisfeita e

DNS, se a demanda do deposito ainda não ter sido satisfeita.

Silva Junior (2008) ainda menciona que uma atribuição de um cliente para um

deposito é possível apenas se: a) o deposito pertence ao conjunto DNS; b) o cliente pertence

ao conjunto NA. O método de Atribuição Paralela conta com os seguintes passos:

1º Passo: calcular a urgência u de cada cliente através da formula a seguir:

c corresponde ao cliente ou cidade;

D corresponde a distância e;

d corresponde ao depósito.

2º Passo: criar uma lista de clientes NA ordenada em ordem decrescente pelo valor da

urgência u;

3º Passo: iniciar a atribuição a partir do cliente com maior urgência u.

4º Passo: atribuir o cliente ao deposito mais próximo e que esteja no conjunto DNS;

remover o cliente de NA e adicionar em A; atualizar a demanda atendida pelo deposito, se a

demanda for igual à sua capacidade, então remove o deposito de DNS e o adicione em DS;

5º Passo: o processo termina quando todos os clientes forem atendidos.

Page 39: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

25

2.3.4 Métodos de Melhoria de Roteiros

De acordo com Novaes (2007, p. 308) “os métodos de melhoria têm como objetivo

aperfeiçoar o resultado obtido por outros métodos, usando uma sistemática predefinida. Os

métodos mais utilizados são o 2-opt e o 3-opt, desenvolvidos por Lin e Kernighan”.

Segundo Novaes (2005), o método 2-opt, mais simples, tem a seguinte evolução

computacional:

Etapa 1: Começamos com um roteiro qualquer, de preferência um roteiro gerado com

o auxilio de um método de construção.

Etapa 2: Removemos dois arcos do roteiro e tentativamente reconectamos os nós que

formam esses dois arcos, alterando as ligações. Se essa nova ligação produzir um resultado

melhor, isto é, gerando um roteiro de extensão menor do que o anterior, substituímos o roteiro

e repetimos a etapa 2. Caso contrario, continuamos com o roteiro anterior e tentamos outros

dois arcos, repetindo a etapa 2, e assim sucessivamente.

Etapa 3: O processo termina quando não se conseguir nenhuma melhoria, ao se

fazerem todas as trocas de ligações possíveis.

De acordo com Novaes (2004, p. 309) “o método 3-opt conceitualmente é um

procedimento de melhoria de roteiro similar ao 2-opt com a diferença é que são removidos

três arcos distintos em cada integração de tentativa de melhoria do roteiro.”

No próximo capitulo falaremos sobre os Algoritmos Genéticos como uma ferramenta

de otimização utilizada na resolução de problemas de roteirização de veículos.

2.4 ALGORITMOS GENÉTICOS NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE

ROTEIRIZAÇÃO

Começaremos esse capitulo com uma breve introdução sobre os Algoritmos Genéticos

(AGs).

Page 40: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

26

Para Rodrigues (2009 apud LINDEN, 2008; GUERVÓS, 2009, p.3):

“Os Algoritmos Genéticos são algoritmos de busca, criados por John

Holland em 1975, baseado nos processos observados na evolução natural das

espécies. O conceito básico consiste em que, de forma similar à teoria

biológica dos sistemas naturais, os “melhores” indivíduos sobrevivem e

geram descendentes com suas características hereditárias, no qual esses

novos elementos tendem a ter a mesma aparência, ou fenótipo, que seus

antecessores.”

Souza (2010) afirma que:

“... a implementação dos Algoritmos Genéticos parte de uma população

indivíduos gerados aleatoriamente (configurações iniciais de um problema),

realiza-se a avaliação de cada um (em relação a função objetiva), seleciona

os mais aptos e promove os manipuladores ou operadores genéticos como

cruzamento e mutação, originando novas gerações de indivíduos. Cada

individuo na população representa uma possível solução para um dado

problema ...”

Conforme Rodrigues (2009, p. 3) “o que o AGs faz é buscar aquela solução que seja

muito boa ou a melhor do problema analisado através da criação de população de indivíduos

cada vez mais aptos levando à otimização da função objetiva”. Na FIGURA 2 podem-se

resumir os Algoritmos Genéticos através do fluxograma.

Page 41: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

27

Figura 2 – Fluxograma da solução de problemas de otimização com Algoritmos

Genéticos.

Fonte: Adaptado de Rodrigues (2009, p. 3)

Os AGs permitem uma simplificação na formulação e solução de problemas de

otimização, pois imcorporam uma solução possivel para o problema utilizado numa estrutura

semelhante à estrutura de um cromossomo, aplicam operadores de seleção e cruzamento a

essas estruturas de forma a preservar informações importantes para a solução de problema

(LINDEN, 2008).

2.4.1 Representação de soluções possiveis (cromossomos)

Segundo os estudos de Silva (2006), para resolução de problemas de roteirização,

foram propostas varias formas de representação do espaço de busca, entre as principais estão:

a ordinal, por caminho (ou inteiros) e por adjacência.

Page 42: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

28

2.4.1.1 Representação ordinal

De acordo com Araújo (2008) “Nesta forma de codificação, cada solução é

representada como uma lista de n cidades, onde o i-ésimo elemento da lista é um número entre

1 e n – i +1. Existe uma lista ordenada de cidades que serve como referencia para construir a

representação. A lista ordenada l, varia de 1 a n cidades”, ou seja, o cromossomo é um vetor

de posicionamento da cidade na lista. Por exemplo, seja o cromossomo p = (1, 1, 2, 3, 1, 1) e

a lista l = (1, 2, 3, 4, 5, 6).

A representação ordinal é construída seguindo as seguintes etapas: o primeiro

elemento do cromossomo p é 1. Ele corresponde ao primeiro elemento da lista l que é o 1

(Rota: 1). O próximo elemento do cromossomo p é 1. Ele corresponde ao primeiro elemento

da lista l atualizada (após remoção do 1) que é o 2 (Rota: 1 2). O próximo número do

cromossomo p é 2. Tal número corresponde ao segundo elemento da lista l atualizada (sem o

1 e o 2) que é o 4 (Rota: 1 2 4). O próximo elemento do cromossomo é 3, correspondendo ao

6 na lista l atualizada (Rota: 1 2 4 6). Seguindo este raciocínio, chega-se à rota final: 1 2 4 6 3

5. Essa é a solução representada por este cromossomo (SILVA, 2006 e ARAÚJO, 2008).

2.4.1.2 Representação por caminho

Nesta representação o cromossomo é formado pela seqüência dos nós na solução. Por

exemplo, o cromossomo p = (1,2,3,5,4,7,6) representa a solução 1→2→3→5→4→7→6.

2.4.1.3 Representação por adjacência

De acordo com Silva (2006) “Cada cromossomo é representado como uma lista de n

cidades, a cidade j da rota é listada na posição i se, e somente se, a rota vai da cidade i a

cidade j.”

Page 43: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

29

Por exemplo, um cromossomo p = (1,2,3,5,4,7,6) apresenta os seguintes arcos em uma

rota associada a p: 1→2; 2→6; 6→7; 7→3; 3→5; 5→4; 4→1. Assim o cromossomo

representa a seguinte configuração: 1→2→6→7→3→5→4.

2.4.2 Terminologia

Antes de nos aprofundarmos nos AGs, é importante no familiarizarmos com a sua

terminologia adotada, visto que esses algoritmos possuem uma linguagem única, por serem

inspirados na genética humana, há uma analogia entre os termos biológicos e os termos

usados no campo dos AGs. De acordo com a literatura existente, na tabela abaixa está

algumas das terminologias que serão mencionadas com freqüência neste trabalho.

Tabela 1 – Terminologia dos Algoritmos Genéticos

Linguagem natural AGs

Cromossomo Individuo

Gen Característica

Alelo Valor

locus Posição

Genótipo Estrutura

Fenótipo Conjunto de parâmetros

Fonte: O autor.

Page 44: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

30

2.4.3 Função de avaliação

Segundo Linden (2008) a função de avaliação, também chamada de função de custo,

calcula então o valor numérico que reflete quão bons os parâmetros representados no

cromossomo resolvem o problema.

Em virtude dos parâmetros do problema serem conflitantes, a função de aptidão é

construída para encontrar o ponto ótimo, em problemas de otimização ela pode representar a

função objetiva do problema.

A função de avaliação deve portanto ser escolhida com grande cuidado. Ela deve

embutir todo o conhecimento que se possui sobre o problema a ser resolvido, tanto suas

restrições quanto seus de qualidade (LINDEN, 2008).

2.4.4 Escolha da população inicial

A inicialização da população é feita da forma mais simples possível, fazendo-se uma

escolha aleatória independente para cada individuo da população inicial ou por processo

heurístico, isto é, simplesmente escolher n indivíduos dentro do espaço de busca. Essa técnica

permite gerar uma boa distribuição, cobrindo um espaço maior no espaço de busca, sem

interessar se são boas soluções ou não, assim como na natureza para haver evolução é

necessário diversidade (LINDEN, 2008; VIANA, 1998 e SOUZA, 2010).

Segundo Malaquias (2006) nos casos de problemas de roteirização, a escolha da

população inicial é feita através de possíveis rotas para n clientes, calculada pela formula a

seguir:

A TABELA 2 mostra o numero de rotas possíveis em função do numero de clientes,

tomando, por exemplo, uma rota de 14 clientes e serem atendidos.

Page 45: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

31

Tabela 2 – Dimensão do espaço de busca em função do número de cidades no problema

do caixeiro viajante.

número de cidades (n) número de rotas

3 1

4 3

5 12

6 60

7 360

8 2.520

9 20.160

10 181.440

11 1.814.400

12 19.958.400

13 239.500.800

14 3.113.510.400

15 43.589.145.600

16 653.837.184.000

Fonte: Adaptado de Malaquias (2006, p. 54)

2.4.5 Seleção

A seleção dos indivíduos da população deve simular o mecanismo de seleção natural,

“sobrevivência dos mais fortes”, em que os pais mais aptos geram mais filhos. O algoritmo

permite, também, que alguns indivíduos menos aptos gerem filhos, garantindo a diversidade

entre os indivíduos melhores e os piores. Se apenas os melhores indivíduos se reproduzirem a

população tenderá a ser cada vez mais semelhante, não ocorrendo a evolução (LINDEN, 2008

e VIANA, 1998).

Há diversas formas de seleção dos indivíduos reprodutores, entre elas as mais usadas

são os métodos de seleção por Torneio e o método da Roleta Viciada (VIANA, 1988).

Neste trabalho optemos por apresentar apenas o método de seleção da Roleta Viciada,

por se tratar de um método bastante abrangente, pois considera todos os indivíduos da

população; e por ser considerado um método pratico e de tempo computacional insignificante.

Page 46: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

32

2.4.5.1 Seleção Via Método da Roleta

Essa etapa emprega o principio da probabilidade de sobrevivência do mais apto, ou

seja, que possui a melhor função objetiva associada. Com base nos valores de )( ii xf , onde ix

é o indivíduo i avaliado de n indivíduos amostrados. Os indivíduos mais aptos são

selecionados e duplicados em substituição aos menos aptos. Nessa etapa é quantificada a

probabilidade pi de i-ésimo indivíduo da população vir a ser selecionado é proporcional à

sua probabilidade de seleção.

Assim, os indivíduos com alta aptidão recebem uma proporção maior na roleta e os

indivíduos com baixa aptidão uma porção relativamente menor na roleta. O ato de rodar a

roleta deve ser completamente aleatório, podendo ser simulado escolhendo-se um número

aleatório “r” no intervalo [0, 1] e comparar seu valor com a probabilidade acumulada iq ,

considerando 00 q . Assim, se ii qrq 1 deve-se selecionar o individuo ix . Na FIGURA

3 estão dispostos cinco pais, A, B, C, D e E com as suas respectivas aptidões (áreas dos

setores circulares), para serem selecionados através da roleta e gerarem uma nova população.

Observa-se que o indivíduo A tem maiores chances de ser escolhido ao rodar a roleta.

Figura 3 – Representação do processo de seleção via roleta. Fonte: Adaptado de Souza (2010)

Page 47: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

33

O ato de rodar a roleta deve ser completamente aleatório, podendo ser simulado

escolhendo-se um número aleatório “r” no intervalo [0, 1] e comparar seu valor com a

probabilidade acumulada iq , considerando 00 q , expressão (05). Assim, se ii qrq 1

deve-se selecionar o individuo ix .

Essa etapa tem a desvantagem de possuir uma alta variabilidade, podendo levar a um

grande número de cópias de um bom cromossomo, diminuindo a diversidade da população,

podendo também causar uma convergência prematura do algoritmo para uma solução não

almejada. Quando a evolução esta avançada, onde as aptidões não diferenciam entre si, pode

causar uma estagnação do algoritmo, isto é, pouca modificação na seleção dos indivíduos.

2.4.6 Elitismo

O elitismo visa preservar os melhores cromossomos de uma geração para outra sem

alterações, garantindo sempre melhor solução encontrada em qualquer uma das gerações será

mantida até o final do processo. Geralmente usa-se nos Algoritmos Genéticos uma taxa de

elitismo de 30% do total de indivíduos gerados (LINDEN, 2008 e VIANA, 1998).

A principal vantagem deste método é que a convergência é garantida, isto é, se o

máximo global for descoberto, o Algoritmo Genético converge para esse máximo, entretanto,

da mesma forma existe o risco da estagnação em um máximo local.

2.4.7 Operadores genéticos

A função dos operadores genéticos é definir regras para a renovação eficaz de uma

população, com a finalidade de melhorar a qualidade genética de cada individuo. Existem

basicamente dois tipos de operadores genéticos:

Page 48: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

34

operadores do tipo crossover (cruzamento), e

operadores do tipo mutação.

2.4.8 Crossover

O cruzamento ou crossover é em processo de recombinação de partes das seqüências

de caracteres entre pares de cromossomos, com o objetivo de gerar nova descendência. Esta

troca de material genético garante a recombinação da população, possibilitando, assim, uma

probabilidade maior de produzir indivíduos mais evoluídos que seus pais.

O operador crossover escolhe aleatoriamente dois pais e troca parte de seu padrão

genético. A escolha do ponto de corte do cromossomo é feita aleatoriamente; após esses

passos são gerados dois filhos em substituição aos pais. No cruzamento é usual atribuir um

percentual PX (indivíduos para cruzamentos), na faixa de 25% a 75% da população,

recomenda-se preservar os primeiros e últimos gens do cromossomo (LINDEN, 2008;

VIANA, 1998; RODRIGUES, 2009 e SOUZA, 2010).

2.4.8.1 Um ponto de corte

Esta é a forma mais simples de cruzamento, onde dois indivíduos da população, após a

seleção, são submetidos ao processo de cruzamento, no qual um ponto de corte é gerado

aleatoriamente, os gens ou bits que precedem o ponto de corte são preservados, e os bits

posteriores são trocados entre o par participante do processo, como demonstra a figura a

seguir.

Page 49: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

35

Figura 4 – Representação de cruzamento de um ponto de corte.

Fonte: O autor.

2.4.8.2 Dois pontos de corte

Segue a mesma idéia do cruzamento de um ponto, só que agora são gerados dois

pontos de corte, e somente os bits que estiverem nas extremidades dos cromossomos serão

trocados entre o par de cromossomos selecionados, os bits que ficarem entre os dois pontos

serão preservados, como demonstra a figura a seguir:

Figura 5 – Representação de cruzamento de dois pontos de corte.

Fonte: O autor

2.4.8.3 Pontos de Corte Uniforme

Neste cruzamento é gerada para cada par uma mascara de bits aleatórios que guiará a

troca do material genético. Se o primeiro bit da mascara possuir o valor 1, então o primeiro bit

do pai 2 é copiado para o primeiro bit do filho1. Caso contrário, o primeiro bit do pai2 é

copiado para o primeiro bit do filho1.

Page 50: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

36

2.4.8.4 Cruzamento de mapeamento parcial (PMX)

O operador PMX consiste em passar as informações de ordem e de posição das rotas

dos pais para as rotas dos filhos, uma parte da seqüência dos pais são mapeadas e preservadas

no filho, a informação restante é trocada entre os pais, segue como exemplo P1 e P2, conforme

a figura abaixo.

Figura 6 – Exemplo de dois pais de cromossomos. Fonte: O autor.

Segundo os estudos de Malaquias (2006) o operador PMX consiste nos seguintes

passos:

1º passo: selecionar aleatoriamente dois pontos de corte nas seqüências que

representam as rotas dos pais;

2º passo: copiar a seqüência mapeada do P1 e inserir no f2, e copiar a seqüência

mapeada do P2 e inserir no f1;

Figura 7 – Escolha do ponto de corte no cruzamento PMX.

Fonte: O autor.

3º passo: preencher o f1 com copias dos elementos do P1,o mesmo ocorre com f2 e P2;

Page 51: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

37

Figura 8 – Preenchimento do cromossomo filho no cruzamento PMX.

Fonte: O autor.

4º passo: caso um cliente já esteja presente no filho, ele é substituído por outro, na ordem da

esquerda para a direita, de acordo com os mapeamentos, como mostra a figura abaixo.

Figura 9 – Completando o cromossomo filho no cruzamento PMX. Fonte: O autor.

2.4.8.5 Operador de Cruzamento Edge Recombination (ERX)

Este operador foi desenvolvido especialmente para o problema do caixeiro viajante e

prioriza o fator adjacência. Segundo os estudos de Malaquias (2006) sua característica

principal é a de que um cromossomo filho deve ser construído sempre que possível a partir

das arestas de ambos os pais. De acordo com Malaquias (2006) em media 95 por cento das

arestas dos pais são transferidas para os filhos neste operador reduzindo consideravelmente o

percentual de arestas selecionadas aleatoriamente.

Page 52: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

38

De acordo com Malaquias (2006, p 61)

“No ERX o significativo numérico de arestas transferidas de cromossomos

pais para cromossomos filhos é uma conseqüência do seguinte

procedimento: Criar uma lista de arestas de ambos os pais. A lista de arestas

para cada cidade, todas as outras cidades a ela conectadas em pelo menos um

dos cromossomos pais.”

Considerando o exemplo a baixo, supondo que (i j) = (j i).

P1 = (1 2 3 5 4 7 6)

P2 = (6 5 7 1 3 2 4)

A lista de arestas será:

cidade 1 (1, 2), (3, 1), (7, 1)

cidade 2 (1, 2), (2, 3), (2, 4)

cidade 3 (2, 3), (3, 5), (1, 3), (3, 2)

cidade 4 (5, 4), (4, 7), (2, 4)

cidade 5 (3, 5), (5, 4), (6, 5), (5, 7)

cidade 6 (7, 6), (6, 5)

cidade 7 (4, 7), (7, 6), (5, 7), (7, 1).

Segundo os textos de Malaquias (2006), neste operador pode-se a partir de dois

cromossomos pais gerarem um ou dois filhos. Para gerar um filho segue-se o seguinte

processo: seleciona-se a cidade inicial de um dos pais (cidade 1 e cidade 6, no exemplo

acima), relaciona-se a cidade inicial com o menor numero de arestas ( no nosso caso escolheu

a cidade 6). A cidade 6 esta diretamente ligada às cidades 5 e 7, a próxima cidade no

cromossomo filho será uma dessas cidades, aquela que possuir o menor numero de arestas, no

exemplo escolheu-se a cidade 7. O próximo gene do cromossomo filho será uma das cidades

conectadas diretamente a cidade 7 que possuir numero menor de arestas. Caso não existir

candidatos, a próxima aresta será escolhida aleatoriamente dentre as não pertencentes ao

cromossomo filho. O cromossomo filho será:

f1= (6 7 1 2 4 5 3)

Page 53: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

39

2.4.8.6 Order Crossover OX

O operador order crossover explora a propriedade de representação do caminho, este

operador gera filhos a partir da escolha de uma seqüência parcial de cidades de um dos pais e

preserva a ordem relativa das cidades do outro pai, se importando com a ordem dos pais ao

invés de suas posições, segue como exemplo P1 e P2, conforme a figura abaixo.

Figura 10 – Exemplo de dois pais de cromossomos.

Fonte: O autor.

Segundo os estudos de Araújo (2008), o operador OX, segue os seguintes passos:

1º Passo: escolhem-se dois pontos de corte i e j, no nosso caso i = 3 e j = 7;

2º Passo: passar os genes entre i e j do cromossomo P1 no cromossomo f1;

Figura 11 – Escolha do ponto de corte no cruzamento OX. Fonte: O autor.

3º Passo: o cromossomo f1 é completado com os genes de P2 a partir do ponto j,

tomando cuidado de não inserir duas vezes o mesmo gene;

4º Passo: o mesmo ocorre com P2 e f2. De acordo com o exemplo abaixo:

Page 54: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

40

Figura 12 – Completando o cromossomo filho no cruzamento PMX. Fonte: O autor.

2.4.8.7 Operador HX

Segundo Silva (2006) este operador utiliza informações heurísticas, como a distancia,

isto é, o tamanho dos arcos.

Segundo Silva (2006) o operador HX pode ser descrito da seguinte forma:

a) Escolhe-se uma cidade inicial aleatoriamente de um dos pais:

b) Comparam-se os arcos deixando a atual cidade em ambos os pais e selecione o

menor;

c) Se o menor arco escolhido formar um ciclo na rota parcial, então escolha um

arco aleatório que não introduza um ciclo;

d) Repita os passos “b” e “c” ate que todas as cidades sejam incluídas na rota.

2.4.8.8 Recombinação de Arestas

Podemos dizer que essa é uma das mais interessantes maneiras de se fazer o crossover

baseado em ordem. Também conhecida como edge recombination, ou ER.

Segundo LINDEN (2008) este método é baseado no conceito de que a informação

importante em um cromossomo não é a ordem dos nós, mas sim as arestas entre eles. Assim,

os filhos gerados pelo crossover devem ser baseados nas arestas entre os nós, e não na

ordenação relativa entre eles.

Page 55: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

41

Segundo LINDEN (2008) apud Michalewicz (2002) cita experimentos que indicam

que a taxa de falha, em que não temos nenhuma aresta para escolher, é muito baixa (cerca de

1%). Ademais, o operador ER é interessante pois preserva características estruturais do grafo

subjacente à nossa representação, ao preservar as arestas entre os nós que o formam.

2.4.9 Mutação

Este operador é responsável pela introdução e manutenção da diversidade genética na

população. O operador de mutação inverte os valores de bits, ou seja, muda o valor de dado

bit de 1 para 0 ou de 0 para 1, com o objetivo de tentar regenerar algum individuo que possa

ter sido eliminado de forma inesperada. Para que uma determinada população não sofra

muitas alterações, esta operação é processada para um pequeno percentual PM de seus

elementos, em torno de 1% de todos os genes.

2.4.9.1 Mutação por troca (EM)

Para Malaquias (2006) “O operador de mutação por troca (Exchange mutation – EM)

aleatoriamente seleciona duas cidades na rota e troca suas posições”. A abaixo ilustra o

operador EM.

Figura 13 – Operação com operador de mutação EM

Fonte: O autor.

Page 56: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

42

2.4.9.2 Mutação por inversão simples (SIM)

O operador SIM (simple inversion operator) seleciona aleatoriamente dois pontos de

corte na seqüência, e reverte a subseqüência entre os dois pontos de corte. A FIGURA 9

ilustra o operador SIM.

Figura 14 – Operação com operação de mutação SIM. Fonte: O autor.

2.4.9.3 Scramble Mutation (SM)

Este operador de mutação escolhe aleatoriamente uma sub-rota e mistura as cidades

dentre dela, conforme a figura abaixo:

Figura 15 – Operação com operador de mutação SM Fonte: O autor.

Page 57: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

43

3 METODOLOGIA

“... não há ciência sem o emprego de métodos científicos.” (LAKATOS, 2001, p. 83).

Uma vez apresentados o objeto de estudo, a problemática, as questões de pesquisa, os

objetivos e a abrangência do trabalho, espera-se ter construído a base referência para o

desenvolvimento de uma ferramenta confiável e precisa que auxilie na roteirização de

veículos utilizando Algoritmos Genéticos como ferramenta de otimização, identificando,

quantificando e colocando em pratica oportunidades de melhoria com o objetivo de geral um

desempenho superior do sistema utilizado pela empresa.

Sendo o objetivo deste trabalho elaborar um programa de otimização de rotas de

distribuição no programa de simulação matemática MATLAB® utilizando os Algoritmos

Genéticos como ferramenta de otimização, foram definidas etapas para atingi-lo.

Primeiramente, identificou-se a necessidade de evidenciar a metodologia utilizada para

a execução do estudo de caso e a bibliografia necessária para dar o suporte conceitual para a

utilização da ferramenta de otimização.

Uma vez elaborado o modelo e revisados os estudos que, direta e indiretamente,

abordam o objeto de estudo, visando ilustrar a sua utilização, será realizada uma atividade de

coleta de dados e, posteriormente, simulações de roteiros, para a validação do estudo.

Por fim, serão apresentadas as conclusões e considerações finais do presente trabalho.

A seguir estão descritos os aspectos metodológicos considerados para a consecução

dos objetivos propostos do presente trabalho. Refere-se à metodologia utilizada para o

delineamento da pesquisa e no desenvolvimento do modelo conceitual para a utilização da

ferramenta em análise.

Lakatos (2001, p. 83) “o método é o conjunto das atividades sistêmicas e racionais

que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos validos e

verdadeiros -, …, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.”

Page 58: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

44

3.1 CARACTERISTICA DA PESQUISA

A pesquisa é do tipo exploratória, de acordo com Gil (1999, p. 43) “ as pesquisas

exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e

idéias, tendo em vista formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para

estudos posteriores”.

A pesquisa é quanti-qualitativa, pois em alguns momentos apresenta característica de

pesquisa quantitativas, procurando mensurar os resultados, e em outros, apresenta

características qualitativas, sendo possível descrever situações.

A pesquisa será fundamentada por meio de Fontes Bibliográficas, partindo de

referências teóricas já publicadas em documentos e coleta de dados.

3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

As técnicas selecionadas para obtenção de dados e informações foram: Entrevistas

com os responsáveis pelo setor logístico da empresa; realização de observação simples e

realização de pesquisas bibliográficas.

3.3 INSTRUMENTOS PARA TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Para o tratamento dos dados coletados será utilizado o programa matemático

MATLAB® para a simulação de roteiros e para a programação de um roteiro otimizado.

Page 59: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

45

4. O CASO EM ESTUDO

Queremos resolver um problema de roteirização na entrega de bebidas de uma

empresa fictícia de distribuição de bebidas situada na cidade de Campo Grande – MS. O

problema se trata em otimizar uma rota de distribuição de bebidas no programa de simulação

matemática MATLAB® utilizando os Algoritmos Genéticos como ferramenta de otimização,

a fim de encontrar a menor distância possível a ser percorrida entre o centro de distribuição e

os clientes dentro de um roteiro de entrega.

Existe um centro de distribuição denominado de Cliente 1 (C1) e nove pontos de

entregas que variam a denominação de Cliente 2 (C2) a Cliente 10 (C10). No protótipo

implementado para resolver esse problema eles são representados pelas coordenadas

cartesianas em um mapa. Estas coordenadas permitem o calculo da distância linear entre dois

pontos quaisquer. A distância entre os pontos serão utilizadas para o cálculo da distância total

percorrida na rota a ser otimizada.

Para a resolução deste problema foi utilizado algumas simulações no software

matemático Matlab, com o objetivo de modelar e validar o programa.

O problema a ser resolvido possui as seguintes características descritas ao longo deste

capitulo, e seguiu o fluxograma desenhado na FIGURA 2 (página 29).

4.1 INICIAR

Esta etapa consiste em iniciar o programa, ou seja, inserir as características e

configurações necessárias para a realização do programa.

Na elaboração do programa no software Matlab, inserimos algumas entradas que

representam as características e restrições do problema proposto, tais como:

N=10;

n=100

Page 60: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

46

P= 10-3

;

TE= 20%;

TC= 80% e

TM= 2 %

Onde N representa os números de clientes do roteiro; n representa o tamanho da

população a ser gerada, P representa a precisão ou “eficiência” do roteiro proposto; TE

representa a taxa de elitismo, TC representa a taxa de cruzamento e TM representando a taxa

de mutação.

Após a introdução dos dados foi elaborado uma matriz, que contém as localizações

dos clientes e o Centro de Distribuição (CD) em coordenadas geográficas ou cartesianas. As

distâncias calculadas entre um cliente e os demais e as distâncias calculadas entre os clientes e

o CD. A tabela abaixo mostra as distâncias calculadas entre as cidades.

Tabela 3 – Tabela das distâncias calculadas

Fonte: O autor.

No qual o CD é representado pelo Cliente 1, isto para facilitar o entendimento e a

visualização do problema, lembrando que as distâncias estão valoradas em unidades de

quilômetros. A FIGURA 16 representa as localizações dos clientes.

Page 61: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

47

Figura 16 – Localização dos clientes no plano cartesiano. Fonte: O autor.

4.2 GERAR A POPULAÇÃO INICIAL

Após a introdução dos dados, é gerada a primeira população, ou população inicial.

Esta etapa consiste na escolha aleatória de n roteiros possíveis a serem utilizados, respeitando

todas as limitações e características do problema.

Neste trabalho utilizamos a representação ordinal, onde cada cliente é representado por

um algoritmo. A figura abaixo mostra as 10 primeiras rotas possíveis a ser utilizadas,

observando que o CD (representado por 1) deve aparecer como ponto de partida e como ponto

de chegada da rota.

Figura 17 – Trecho da população inicial gerada no software Matlab.

Fonte: O autor.

Page 62: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

48

Figura 18 – Representação da 1º rota possível no plano cartesiano. Fonte: O autor.

4.3 FUNÇÃO DOS CUSTOS/DISTÂNCIA

Após a escolha das possíveis rotas a serem utilizadas, são calculados os custas dessas

rotas.

Cada possível solução é avaliada por uma função custo, indicando a qualidade da

solução. Por meio deste valor calculado pela função custo para cada solução disponível, é

possível comparar as diversas soluções disponíveis e escolher a(s) melhore(s).

Podemos dizer que a função custo é utilizada para medir a aptidão de cada

cromossomo, que representa uma solução para o problema.

Para este problema a função custo utilizada calcula a distância total de todos os

roteiros incluídos no cromossomo, o custo de uma solução é a soma das distâncias percorridas

dentro do roteiro.

Por ser um problema de minimização os custos são representados pelo inverso dos

custos de cada rota, para que possa ser usado o algoritmo de maximização, obtendo a 12º

coluna da FIGURA 19.

Page 63: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

49

Figura 19 – Trecho da população inicial, contendo o cálculo das distâncias, gerada no

software Matlab. Fonte: O autor.

4.4 SELEÇÃO

Na resolução deste problema foi utilizado o método da roleta viciada, que consiste em

selecionar as melhores rotas, duplicando-as e substituindo no lugar das rotas menos viáveis a

ser percorridas.

Para a realização da roleta viciada, inicialmente calculou-se a probabilidade de uma

rota ser escolhida conforme a sua distância em relação às outras possíveis rotas, a rota que

apresenta a menor distância a ser percorrida recebe uma probabilidade maior de ser escolhida

dentre as demais.

O ato de se rodar a roleta consiste em gerar n números aleatoriamente dentro de um

intervalo [0, 1] e comparar seu valor com a probabilidade acumulada, escolhendo assim a rota

que melhor satisfaça, em relação a probabilidade acumulada, o numero resultante da roleta.

4.5 ELITISMO

Neste problema foi utilizada um taxa de elitismo com valor de 20%, isto é, após o

processo de seleção descrito acima, escolhemos e separamos 20% da população para a

próxima geração. A figura abaixo mostra o trecho do programa utilizado no software Matlab.

Page 64: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

50

Figura 20 – Trecho da operação de elitismo no software Matlab. Fonte: O autor.

4.6 CRUZAMENTO

Utilizamos o Cruzamento de Mapeamento Parcial (PMX), para a realização deste

problema, por apresentar a vantagem de manter uma parte seqüência preservada. A figura

abaixo mostra o trecho do programa utilizado no software Matlab.

Page 65: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

51

Figura 21 – Trecho da operação de cruzamento PMX no software Matlab.

Fonte: O autor.

4.7 MUTAÇÃO

Utilizamos a Mutação por Troca (EM), na qual são selecionados aleatoriamente dois

clientes dentro da rota e trocadas de posição. Neste processo utilizamos uma taxa mutação

(TM) igual a 2% da população. . A figura a baixo mostra o trecho do programa utilizado no

software Matlab.

Page 66: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

52

Figura 22 – Trecho da operação de mutação EM no software Matlab.

Fonte: O autor.

O capitulo a seguir apresentará o resultado e a analise dos dados sobre esse problema

de roteirização.

Page 67: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

53

5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Neste capitulo é apresentado os resultados obtidos com os Algoritmos Genéticos como

ferramenta de otimização de um roteiro de distribuição de bebidas, continuando a seguir o

fluxograma desenhado na FIGURA 2 (página 29).

5.1 MELHOR ROTA

Este é a ultimo etapa do processo, no qual é escolhida a melhor rota, nesse problema

utilizamos um numero máximo de interações na igualdade de 500 interações a ser realizadas

pelos Algoritmos Genéticos.

A melhor rota encontrada atingiu essas 500 interações em torno de 1 minuto

computacional. A figura a seguir mostra a melhor rota para a resolução do problema na forma

de programação.

Page 68: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

54

Figura 23 – Trecho população final gerada no software Matlab. Fonte: O autor.

Na FIGURA 24 esta desenhada a melhor rota determinada através dos Algoritmos

Genéticos, com uma quilometragem total percorrida equivalente ao calculo do inverso do

valor ótimo obtido na FIGURA 23.

A figura a baixo representa a melhor solução obtida para a resolução do problema na

forma de representação em plano cartesiano.

Page 69: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

55

Figura 24 – Representação da rota com menor custo no plano cartesiano. Fonte: O autor.

A melhor rota obtida teve um valor máximo de 1/0.0130, isto é, esta rota obteve um

custo/distância aproximado de 76,9 km. Assim a melhor rota envolve o seguinte percurso entre

os clientes: C1, C8, C7, C6, C10, C5, C3, C4, C9, C2 e C1.

O capítulo a seguir apresentará a análise dos dados obtidos.

Page 70: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

56

6 ANALISE DOS DADOS

Comparando a primeira com a ultima interação, podemos ver uma melhora

significativa tanto em relação a diminuição da distância como em relação a visualização do

roteiro.

O gráfico a seguir apresenta a relação entre o custo e o número de interações no

processo de otimização do roteiro.

Gráfico 1 – Relação Custos x Interação na resolução na resolução do problema

Fonte: O autor

Como podemos analisar no gráfico acima, houve uma melhora de cerca de 43,8% na

redução do custo/distância na melhor rota em relação com primeira possível rota proposta na

primeira interação, ou seja, houve uma redução de aproximadamente de 100 km na melhor

rota proposta pelo Algoritmo Genético.

As figuras apresentados a seguir, mostram de forma visual, as possíveis rotas criadas

no processo de otimização do roteiro de distribuição.

175,439

102,041

76,923

0,000

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

140,000

160,000

180,000

25˚

50˚

75˚

100˚

125˚

150˚

175˚

200˚

225˚

250˚

275˚

300˚

325˚

350˚

375˚

400˚

425˚

450˚

475˚

500˚

Cu

sto/d

istâ

nci

a

Interação

Relação Custo x Interação

Page 71: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

57

A figura abaixo se refere a uma possível rota, na qual o custo/distância é igual a

129,87 km para percorrer todo o roteiro.

Figura 25 – Representação de uma possível rota encontra pelo Algoritmo Genético.

Fonte: O autor

A figura abaixo apresenta uma possível rota, na qual o custo/distância é igual a 104,16

km para percorrer todo o roteiro.

Page 72: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

58

Figura 26 – Representação de uma possivel rota encontra pelo Algoritimo Genético.

Fonte: O autor

A figura abaixo apresenta uma possível rota, na qual o custo/distância é igual a 90,1

km para percorrer todo o roteiro.

Figura 27 – Representação de uma possivel rota encontra pelo Algoritimo Genético. Fonte: O autor

Page 73: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

59

A figura abaixo apresenta a melhor rota, na qual o custo/distância é igual a 76,92 km

para percorrer todo o roteiro

Figura 28 – Melhor rota encontrada pelo Algoritimo Genético. Fonte: O autor

Page 74: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

60

7 CONCLUSÃO

Os resultados podem ser considerados bons, visto que o objetivo do trabalho, que era

otimizar uma rota de distribuição de bebidas, utilizando os Algoritmos Genéticos como

ferramenta de otimização, foi alcançado.

Os Algoritmos Genéticos se mostraram uma ferramenta eficiente na otimização de

problemas complexos, como no caso de problemas relacionados à roteirização, alem de não

necessitar nenhuma propriedade especial sobre a função objetiva, como derivabilidade, por

exemplo.

Os Algoritmos Genéticos possuem a desvantagem de demandarem um grande tempo

computacional no momento de seu desenvolvimento ou primeira programação, se comparados

com outros algoritmos clássicos. Os Algoritmos Genéticos possuem a vantagem de, após

gerada a população inicial, realizar melhorias sobre a mesma no espaço de busca, visando a

otimização da função, não necessitando uma nova programação a cada vez que se for criada

um novo roteiro de distribuição ou otimizar um roteiro de distribuição.

O uso do software Matlab foi de extrema importância na execução deste trabalho, pois

o mesmo possui uma ferramenta especial dedicada aos Algoritmos Genéticos, facilitando

sobre maneira o seu uso em aplicações práticas.

Sendo assim, os Algoritmos Genéticos se comprovam como uma importante

ferramenta de otimização no auxilio da tomada de decisão, especialmente na Gestão Logística

– roteirização de veículos – como sendo um dos objetivos deste trabalho.

Page 75: UTILIZAÇÃO DOS ALGORITMOS GENÉTICOS COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO EM PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO

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