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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA Trabalho de Conclusão de Curso Utilização de wetland como pós-tratamento de Biodisco para lixiviado de aterro sanitário. Rodrigo Luiz Cruz Corazzari Pelotas, 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso

Utilização de wetland como pós-tratamento de Biodisco

para lixiviado de aterro sanitário.

Rodrigo Luiz Cruz Corazzari

Pelotas, 2016

RODRIGO LUIZ CRUZ CORAZZARI

Utilização de wetland como pós-tratamento de Biodisco

para lixiviado de aterro sanitário.

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenheiro Ambiental e Sanitarista.

Orientador: Prof. Dr. Maurizio Silveira Quadro

Pelotas, 2016

Banca examinadora:

Prof. Dr. Maurizio Silveira Quadro - Centro de Engenharias/UFPel -

Orientador

Prof. Dr. Érico Kunde Corrêa - Centro de Engenharias/UFPel

Prof. MSc. Willian Cézar Nadaleti - Centro de Engenharias/UFPel

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a minha família, em especial, aos

meus pais, Wilson Corazzari Junior e Sandra Regina Cruz Corazzari, que me deram

a oportunidade de estudo, sempre me apoiaram e incentivaram a buscar meus

objetivos.

Agradeço a meu orientador, Prof. Dr. Maurizio Silveira Quadro, pelo apoio e

dedicação durante todo o trabalho e sempre disposto a debater sobre os assuntos

da pesquisa.

Agradeço a todos os professores que, de alguma forma contribuíram para a minha formação acadêmica e pessoal.

Agradeço aos amigos do Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão em

Saneamento Ambiental, pelo companheirismo, apoio e sugestões que contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho.

Agradeço aos amigos que tive o prazer de conhecer durante a graduação e

que estiveram comigo ao longo desta caminhada.

Enfim, agradeço a todos aqueles que contribuírem de alguma maneira, para o

sucesso da pesquisa ou para minha formação pessoal.

CORAZZARI, Rodrigo Luiz Cruz. Utilização de wetland como pós-tratamento de Biodisco para lixiviado de aterro. 2016. 48f. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

RESUMO

Os aterros sanitários são a principal uma alternativa de disposição final de resíduos

sólidos urbanos bastante utilizados nos municípios brasileiros. Porém, o principal

problema nesse tipo de tratamento ocorre através da decomposição dos resíduos e

pela produção de lixiviado ou chorume, que é um líquido escuro, malcheiroso e com

alto potencial poluidor. Em vista disto, surgem diversas dificuldades para

proporcionar um tratamento adequado para o lixiviado, o que mostra necessário a

busca de novas alternativas tecnológicas para o seu tratamento. Nesse sentido, este

trabalho apresenta um estudo sobre o uso de wetlands no pós-tratamento de

lixiviado de aterro sanitário. Foi construído um protótipo de wetland utilizando a

macrófita da espécie Typha ssp. para avaliar o lixiviado do aterro sanitário de Rio

Grande – RS. As plantas foram coletadas em seu habitat natural no município de

Pelotas e tiveram um período de adaptação de 3 semanas no laboratório do Núcleo

de Ensino Pesquisa e Extensão em Saneamento Ambiental da Universidade Federal

de Pelotas. O sistema foi operado com uma vazão de, aproximadamente, 2L/dia, um

tempo de detenção hidráulica de 3 dias e os parâmetros analisados foram: pH,

fósforo e DQO. Foram encontradas remoções médias de, aproximadamente, 2 mg/L para o fósforo e 360,5 mg/L para DQO.

Palavras-chave: aterros sanitários; lixiviado; Typha ssp.; wetland

CORAZZARI, Rodrigo Luiz Cruz. Use of wetland as Biodisc post-treatment for landfill leachate. 2016. 48p. Course Conclusion Paper. Graduation in Environmental and Sanitary Engineering. Federal University of Pelotas, Pelotas.

ABSTRACT

The landfills are an alternative of final disposal of solid waste used in Brazilian

cities. However, the main problem in this type of treatment is through the

decomposition of waste and the production of leachate or slurry, which is a dark

liquid, smelly and with high pollution potential. In view of this, there are several

difficulties to provide adequate treatment for leachate which shows necessity to

search for new alternatives for their treatment. This project presents a study on the

use of wetlands in the post-treatment of landfill leachate. Firstly, a wetland prototype

was built using the macrophyte species Typha ssp. to evaluate the leachate from the

landfill of Rio Grande - RS. The plants were collected in their natural habitat in the

city of Pelotas and had a 3-week adaptation period in the Laboratory of Educational

Research and Extension Center in Environmental Sanitation of the Federal University

of Pelotas. The system was operated at a rate of approximately 2 L/day, a hydraulic

retention time of 3 days and the parameters analyzed were: pH, phosphorus and

COD. Removals were found of, approximately, 2 mg/L of phosphorus and 360.5 mg/L COD.

Key-words: landfills; leachate; Typha ssp.; wetland

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... . 11

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 13

1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 13

1.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 14

2.1 Resíduos sólidos ................................................................................................. 14

2.2 Aterros Sanitários ................................................................................................ 15

2.3 Geração do Lixiviado ........................................................................................... 19

2.4 Biodisco ............................................................................................................... 22

2.5 Wetland ............................................................................................................... 23

2.6 Plantas utilizadas................................................................................................. 26

3. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 28

3.1 Localização do Aterro .......................................................................................... 28

3.2 Coleta do lixiviado ............................................................................................... 28

3.3 Análises Físico – Químicas ................................................................................. 29

3.4 Características do efluente .................................................................................. 29

3.5 Construção do sistema de wetland...................................................................... 30

3.6 Operação do sistema .......................................................................................... 34

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 35

4.1 Caracterização do lixiviado bruto ........................................................................ 35

4.2 Análises Físico-Químicas .................................................................................... 35

4.2.1 pH ..................................................................................................................... 35

4.2.2 Fósforo ............................................................................................................. 37

4.2.3 DQO ................................................................................................................. 39

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 42

6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 43

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fases de estabilização dos resíduos sólidos urbanos.. ............................ 18

Figura 2 - Fluxo superficial. ....................................................................................... 25

Figura 3 - Fluxo sub-superficial ................................................................................. 25

Figura 4 - Taboa ........................................................................................................ 27

Figura 5 – Localização do Aterro Sanitário................................................................ 28

Figura 6 – Sistema do wetland sem o material filtrante ............................................. 30

Figura 7 – Grade de ferro .......................................................................................... 31

Figura 8 – Brita nº 1 ................................................................................................... 31

Figura 9 – Areia grossa ............................................................................................. 32

Figura 10 - Imagem da espécie Typha spp ............................................................... 32

Figura 11 – Sistema de wetland com a Taboa .......................................................... 33

Figura 12 - Representação gráfica dos valores de pH na entrada e saída do wetland. .................................................................................................................................. 37

Figura 13 - Representação gráfica dos valores de fósforo na entrada e saída do wetland. ..................................................................................................................... 39

Figura 14 - Representação gráfica dos valores de DQO na entrada e saída do wetland. ..................................................................................................................... 41

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados típicos da composição do lixiviado para novos e antigos aterros .............................................................................................................. 22

Tabela 2 - Valores máximos e mínimosdo efluente após a passagem pelo sistema de biodisco. ......................................................................................... 29

Tabela 3 - Valores máximos e mínimos do lixiviado bruto do aterro. ............... 35

Tabela 4 – Resultados da avaliação de pH ...................................................... 36

Tabela 5 - Resultados na avaliação de fósforo ................................................ 38

Tabela 6 - Resultados na avaliação de DQO ................................................... 40

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LISTA DE ABREVIATURAS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

DBO5 – Demanda bioquímica de oxigênio

DQO – Demanda química de oxigênico

h – Horas

L – Litros

m3 – Metros cúbicos

pH – Potencial hidrogeniônico

CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente

P - fósforo

TDH – Tempo de detenção hidráulica

mg/L – Miligramas por litro

L/dia – Litros por dia

R.S.U. – Resíduos sólidos urbanos NPSA - Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão em Saneamento Ambiental

11

1. INTRODUÇÃO

A maioria dos municípios brasileiros não apresentam planos de

gerenciamento de resíduos sólidos, assim como infraestrutura para o adequado

tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos (R.S.U.), gerando

uma série de problemas ambientais e de saúde pública (ALMEIDA LEITE, 2013).

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), em 2010,

a população brasileira era de aproximadamente 190 milhões de habitantes, das

quais foram coletadas aproximadamente 173.500 t/dia de R.S.U. Em relação

ao tratamento e a destinação final de resíduos sólidos, distribuídos de acordo

com a população dos municípios, indicam que aproximadamente 51% dos

municípios brasileiros depositam seus resíduos sólidos em “lixões”, somente

27% relatam que utilizam aterros sanitários e 22% dispõem seus resíduos em aterros controlados (IBGE, 2010).

A utilização dos aterros sanitários para resíduos sólidos urbanos tem se

apresentado como a melhor alternativa no ponto de vista ambiental e

econômico. Suas características construtivas permitem minimizar a poluição causada nos recursos hídricos pelo lixiviado (PORTELLA, 2015).

Tchobanoglous (1993), define lixiviado como um líquido escuro e mau

cheiroso que é percolado através dos resíduos sólidos e solubiliza os

elementos presentes no resíduos. A água infiltra na massa dos resíduos

sólidos, solubilizando os seus constituintes, formando o lixiviado. As principais

fontes externas de água em um aterro são: drenagem superficial, precipitação e o líquido produzido a partir da decomposição dos resíduos sólidos.

Uma das principais características de um aterro sanitário é a

impermeabilização de sua base, o que elimina diretamente a infiltração do

lixiviado com o solo e os recursos hídricos do local. Em vista disso e pelo seu

alto potencial poluidor, o lixiviado tem sido o principal problema gerado nos

aterros sanitários e deve ter um tratamento diferenciado (POVINELLI e

SOBRINHO, 2009).

12

O lixiviado vem se mostrando um grande desafio para os projetos de

aterros sanitários. O grande problema do tratamento do lixiviado acontece em

função da variabilidade das suas características físico-químicas que variam conforme a idade do aterro (FERREIRA, 2001).

De acordo com Philippi e Sezerino (2004), no início do século XX,

usavam-se zonas úmidas como ponto de descarga para o tratamento de

esgotos. Essas áreas inundáveis, também conhecidas como wetlands naturais,

são ecossistemas de transição entre ambientes terrestres e aquáticos, onde

ocorrem inúmeros processos e interações (animais, plantas, solo, luz e outros)

que recebem, doam e reciclam nutrientes e matéria orgânica. Porém, Metcalf

(1991), mostra que a utilização dos wetlands naturais como ponto de descarga

de esgotos promove grandes alterações na dinâmica natural dos ecossistemas

e, na maioria das vezes, não é recomendado como alternativa ecologicamente

correta. Devido a essa limitação no uso de wetlands naturais, criou-se os

chamados wetlands construídos, onde se impede a dispersão do efluente no

solo e nos corpos hídricos (PHILIPPI E SEZERINO, 2004).

Wetlands construídos são sistemas de baixos custos, feitos para simular

um banhado natural para tratar águas residuárias. Estes sistemas, compostos

principalmente de plantas aquáticas, substratos (solo, areia, etc),

microrganismos e águas residuárias, utilizam diferentes processos que

envolvem mecanismos físicos, químicos e biológicos, a fim de melhorar a

qualidade da água (HOFFMANN, 2011; KAMARUDZAMAN, 2011).

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização de um

wetland construído para o pós-tratamento do lixiviado do aterro sanitário da cidade de Rio Grande, RS.

13

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O trabalho teve como objetivo avaliar a utilização e desempenho de um

wetland construído no pós-tratamento do lixiviado do aterro sanitário de Rio

Grande-RS.

1.1.2 Objetivos Específicos

Caracterizar o lixiviado do Aterro Sanitário;

Avaliar o potencial de utilização do wetland construído como pós-tratamento

do lixiviado;

Avaliar a eficiência de remoção de DQO e fósforo presentes no lixiviado.

14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Resíduos sólidos

Segundo a Lei 12.305 (BRASIL, 2010) que institui a Politica Nacional dos Resíduos Sólidos, entende-se por resíduos sólidos:

“material, substância, objeto ou bem descartado

resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja

destinação final se procede, se propõe proceder ou se

está obrigado a proceder, nos estados sólido ou

semissólido, bem como gases contidos em recipientes e

líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede publica de esgotos ou em corpos

d’agua, ou exijam para isso soluções técnicas ou

economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia

disponível”.

De acordo com Schalch (1984), a composição dos resíduos sólidos

domiciliares é diferenciada conforme a região em função dos hábitos culturais,

sociais e da situação econômica de cada aglomerado populacional, quer seja

representado por um povoado, um bairro, uma cidade ou uma grande

metrópole. Pode-se dividir sua composição em qualitativa e quantitativa, e essa

divisão pode contribuir muito para o estudo do aproveitamento ou

biodegradabilidade de alguns de seus componentes e a caracterização do seu lixiviado.

Os resíduos sólidos urbanos (RSU) são formados por diferentes tipos de

materiais, resultando numa massa bastante heterogênea, evolutiva e

multifásica (sólidos, líquidos e gases). Gomes (2012), mostra que a fase sólida

pode ser subdividida em 3 grupos de materiais, de acordo com as suas

principais características de comportamento: materiais inertes, deformáveis e

putrescíveis ou biodegradáveis. A fase líquida é constituída pela água que se

infiltra e pelos líquidos resultantes dos processos de biodecomposição, e a fase gasosa por ar e gases resultantes do mesmo processo.

Segundo Gomes (2012), os processos de alteração da matéria orgânica

podem também ser subdivididos em: processos de decomposição em que a

matéria orgânica é transformada em gases e lixiviado por ação dos

15

microrganismos, e processos de degradação em que os complexos orgânicos

são transformados noutros mais simples através de reações bioquímicas. A

decomposição da matéria orgânica decorre apenas em determinadas

condições de humidade e temperatura, as quais permitem o desenvolvimento

de inúmeros microrganismos responsáveis pela transformação da matéria orgânica em gases, lixiviado e calor.

2.2 Aterros Sanitários

No Brasil, o lixão, o aterro controlado e o aterro sanitário são as formas

mais comuns de destinação final do resíduo sólido urbano. O lixão consiste na

disposição a céu aberto, sem nenhum tipo de controle de impactos sobre a

água, o solo e a atmosfera, portanto, é considerado uma forma inadequada de

destinação, com alto poder de contaminação. Já no aterro controlado, o

resíduo é recoberto com terra ocasionalmente, evitando a presença de vetores

e uma pequena parcela da emissão de gases, sendo também, uma forma

inadequada de disposição final. Destes três, apenas o aterro sanitário é uma

forma adequada de disposição de resíduo sólido urbano, além de promover a

completa degradação da matéria orgânica do mesmo (TEIXEIRA, 2009).

Segundo a NBR 8419/1992, aterro sanitário é uma técnica de disposição

de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no solo, que minimiza os impactos

ambientais sem causar danos à saúde pública e sua segurança, utilizando

princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos a menor área

possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma

camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores se for necessário.

As principais vantagens de um aterro sanitário são: Baixo custo de

implantação e operação; é considerado uma forma adequada de disposição do

RSU capaz de receber grande quantidade de resíduo diariamente, evita a

proliferação de vetores e a presença de catadores, propicia um ambiente

favorável à decomposição do resíduo (DE CAMARGO, 2012).

Segundo De Camargo as principais desvantagens são: formação de

gases de efeito estufa, geração continua de lixiviado mesmo após o

16

encerramento do recebimento de resíduo e a necessidade de grande

quantidade de material para cobertura diária. Em vista disso, um dos maiores

problemas relacionados à implantação e ao gerenciamento de um aterro do

ponto de vista ambiental e de saúde pública é a geração e o tratamento do

liquido escuro, turvo e malcheiroso (lixiviado), proveniente do armazenamento e tratamento dos resíduos (IPT/CEMPRE, 2000).

Os aterros sanitários devem ser construídos e serem capazes de conter

e minimizar ao máximo as emissões de poluentes, reduzindo os riscos à saúde

pública e ao meio ambiente, destinando-se para estes somente aqueles

resíduos que contêm poluentes passíveis de atenuação no solo, por processos

de degradação ou retenção físico-química (CETESB, 1992). A forma mais

utilizada no mundo para a disposição final de resíduos sólidos urbanos é o

aterro sanitário, porém, em diversos momentos esta técnica é mal empregada (BORZACCONI et al., 1996b).

O aterro sanitário, dentro de áreas da engenharia e normas operacionais

específicas, proporciona o confinamento seguro dos resíduos (normalmente,

recobrindo com argila selecionada e compactada em níveis satisfatórios),

evitando danos ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos

ambientais. Essas medidas de engenharia apontadas materializam-se na

impermeabilização prévia do solo e em construção de sistemas de drenagem

periférica e superficial para deslocamento de águas de chuva, de drenagem de

fundo para a coleta de lixiviado, de sistema de tratamento para o lixiviado

drenado e queima dos gases gerados durante o processo de consolidação da matéria orgânica (BIDONE e POVINELLI, 1999).

Os aterros sanitários funcionam como grandes reatores bioquímicos e

tem como os principais componentes de entrada e de alimentação os resíduos

sólidos orgânicos e a água, enquanto o biogás, o lixiviado e a matéria orgânica

mineralizada são os principais componentes de saída ou subprodutos. Eles

funcionam como sistemas abertos onde ocorrem trocas permanentes entre o

reator e o meio ambiente, em particular durante a fase de deposição. São

vários fatores que determinam a velocidade e a intensidade dos processos

bioquímicos, tais como: o teor em água, composição, granulometria, idade e

17

densidade dos resíduos, temperatura no interior do aterro e pH dos lixiviados.

O teor de água é o que mais influencia os processos de biodecomposição,

pois, facilitam o transporte e contato entre os nutrientes solúveis e insolúveis e

os microrganismos, estimulando deste modo a atividade microbiana (EHRIG, 1989 e MCBEAN, 1995).

A decomposição da fração orgânica inclui processos de digestão aeróbia

(presença de oxigênio) e anaeróbia (ausência de oxigênio). A fase de

decomposição aeróbia é a de menor duração, que corresponde ao tempo de

consumo do oxigénio disponível nos resíduos durando algumas semanas,

enquanto a fase de decomposição anaeróbia se prolonga por vários anos.

Existem diferentes modelos propostos que descrevem as fases de

estabilização do aterro. O modelo mais simples, voltado para aspectos práticos

de operação das estações de tratamento foi proposto por Reichert (1999). Este autor propôs uma divisão em três fases:

Fase ácida: geração de ácidos graxos voláteis e alta carga

orgânica (aterro jovem);

Fase metanogênica: geração de gás metano, meio levemente

alcalino e níveis mais baixos nas concentrações do lixiviado

(aterro velho);

Fase de maturação: as emissões diminuem até valores

insignificantes (aterro estabilizado).

O acerto dessa divisão está no fato de que delimita bem três contextos

com necessidades de tratamento muito diferentes.

Pohland e Harper (1986) propuseram um modelo composto de 5 etapas

que avaliam a estabilização dos resíduos dispostos no aterro em relação ao tempo (Figura 1):

18

Figura 1 - Fases de estabilização dos resíduos sólidos urbanos. Fonte: adaptado de POHLAND

e HARPER, 1986 apud TELLES, 2010.

Fase Inicial: fase aeróbica, de curta duração, onde ocorre

formação de gás carbônico, água e compostos orgânicos

parcialmente degradados.

Fase de Transição: fase anaeróbia, onde se tem aumento do teor

de ácidos orgânicos voláteis (AOV) e da DQO.

Fase de acidificação: Ocorre a diminuição do pH, dissolução dos

metais e a DQO atinge seu valor máximo.

Fase Metanogênica: fase de maior duração, ocorre produção de

metano e dióxido de carbono, a carga orgânica diminui, pH

aumenta e ocorre a diminuição das concentrações de metais

pesados.

Fase de Maturação ou Oxidação: Ocorre o declínio da atividade

microbiológica, diminuição da produção de biogás e da

concentração de nutrientes, produção de substâncias húmicas e aumento na produção de O2 e N2.

A duração de cada uma das fases indicadas anteriormente varia de

aterro para aterro em função da distribuição dos componentes orgânicos dentro

do aterro, da disponibilidade de nutrientes, do teor em água, dos níveis de

percolação e do grau de compactação inicial (POHLAND E HARPER, 1986).

19

Dentro de um aterro sanitário é normal verificar, simultaneamente, a

ocorrência das várias fases de decomposição indicadas anteriormente, a

diferentes profundidades ou em distintas zonas e pontos do aterro. Contudo,

nos primeiros anos após o fechamento, as fases anaeróbias tornam-se

dominantes e mantêm-se até o esgotamento dos componentes orgânicos

disponíveis. Quanto menor a taxa de produção de biogás e de lixiviado, maior

será a idade do aterro, ou seja, a sua idade está geralmente associada a uma

diminuição das taxas de produção de biogás e uma variação da composição do

biogás e dos lixiviados. Portanto, o estudo da composição do lixiviado e suas

variações no tempo constituem bons indicadores da fase de decomposição dos

resíduos (GOMES, 2012).

Segundo Povinelli e Sobrinho (2009), para o Brasil, com um ponto de

vista técnico e econômico, o aterro sanitário é considerado a melhor opção de

disposição final de RSU. As características de construção do aterro com

mantas de impermeabilização no fundo e nas laterais e coletores de gás para

queima permitem a minimização dos impactos em potencial, evitando

principalmente a infiltração do lixiviado no solo e a consequente contaminação

dos aquíferos. Este efluente não deve ser lançado diretamente nos corpos

hídricos, devido a sua alta capacidade de impactar o meio ambiente. Ele deve

receber tratamento adequado e este tem sido um dos principais desafios para a engenharia, devido as diferentes características do lixiviado.

2.3 Geração do Lixiviado

Segundo a NBR 8849, o lixiviado pode ser definido como líquido

percolado resultante da decomposição de substâncias contidas nos resíduos

sólidos se caracterizando por sua cor escura, mau cheirosa, elevadas

concentrações de amônia e DBO. Na maioria dos aterros sanitários o lixiviado

sofre ainda interferências de fontes externas, tais como: sistemas de drenagem

superficial, precipitação atmosférica, evapotranspiração, existência de lençol

freático e de nascentes, recirculação dos líquidos gerados, umidade, vegetação, dentre outras (BRASIL-ABNT, 1985).

20

Oliveira e Pasqual (2000), descrevem lixiviação como o fenômeno de

solubilização do resíduo que resulta passagem da fase sólida para a fase

líquida. Todavia, o termo lixiviado por si só é pouco esclarecedor e pode ser

usado para diferentes variedades de situações, como nos solos e em

processos industriais, e todos estes efluentes recebem o nome de lixiviado.

Fica então necessário especificar quando se trata de lixiviado de aterro

sanitário (LIBÂNIO, 2002).

A percolação da água através dos resíduos em decomposição lixivia

constituintes orgânicos e inorgânicos que, acrescidos dos produtos resultantes

das reações de biodecomposição. Em vista disso, a percolação de líquidos só

se inicia após os resíduos atingirem a capacidade de campo, o que depende da

quantidade de água de precipitação infiltrada, tipo e umidade inicial dos

resíduos, e de fontes externas de água, como águas superficiais ou subterrâneas (GOMES, 2012).

O lixiviado é formado pela digestão da matéria orgânica sólida, por ação

de exo-enzimas produzidas pelas bactérias. A função dessas enzimas é

solubilizar a matéria orgânica para que possa ser assimilada pelas células

bacterianas (SCHALCH, 1984).

Em suas principais características, o lixiviado de aterro sanitário

apresenta elevadas concentrações de matéria orgânica, bem como

quantidades consideráveis de substâncias inorgânicas (metais pesados). A

quantidade de lixiviado produzido em um aterro depende de diversos fatores

como: condições meteorológicas do local (umidade, precipitação, evaporação,

temperatura e ventos); geologia e geomorfologia (escoamento superficial e/ou

infiltração subterrânea, grau de compactação e capacidade do solo em reter

umidade); condições de operação do aterro (conformação e cobertura das

células, grau de compactação dos resíduos, tipo de equipamento, recirculação

do percolado); idade e natureza dos resíduos sólidos (tipo, umidade, nível de

matéria orgânica, características); topografia (área e perfil do aterro); qualidade

e quantidade de recicláveis e hábitos da população. A composição do líquido

lixiviado geralmente muda de um aterro para outro em função da qualidade e

características dos resíduos sólidos (TORRES et al.,1997). Sarsby (2000)

21

indica que, em função das características do aterro e das condições climáticas, a produção de lixiviado pode variar entre 15 a 55% da precipitação registada.

O teor em água dos resíduos depende de vários fatores, como a

composição e teor de umidade inicial dos resíduos, sua capacidade de reter

água, métodos de gerenciamento do aterro e de pré-tratamento, grau de

decomposição ou idade dos resíduos, relação precipitação-evapotranspiração,

grau de estanqueidade do sistema de cobertura, e capacidade dos sistemas de drenagem de lixiviados e de biogás (GOMES, 2012).

O contato físico e o arraste mecânico da água com os resíduos fazem

com que ocorram mudanças estruturais que auxiliam na decomposição física

envolvendo processos de sorção e difusão. A decomposição química consiste

nas alterações resultantes de mudança de pH, oxidação, redução, dissolução,

precipitação, complexação e outras reações químicas (MCBEAN, ROVERS E

FARQUHAR, 1995). A solubilização pode ocorrer por meio da dissociação

iônica (caso dos sais) ou pela formação de pontes de hidrogênio com a água,

no caso de compostos com grupos funcionais hidrofílicos, como carboxila (–

COOH), hidroxila (-OH) e ácido sulfônico (-SO3H) (CHEN E BOWERMAN, 1974).

Devido ao elevado potencial poluente dos lixiviados, o seu controle e

tratamento são aspectos fundamentais da gestão de aterros sanitários. O

tratamento dos lixiviados é mais complexo do que o tratamento das águas

residuais urbanas. Ibarra (1994), mostra que os níveis de DQO nos lixiviados

podem chegar a ser 200 vezes superior aos das águas residuais, e que a

variabilidade da sua composição e dos volumes produzidos durante a vida de

um aterro é elevada.

Lixiviados novos (fase ácida) são passíveis de diversas formas de

tratamento biológico, pois sua carga orgânica é elevada, porém facilmente

biodegradável. Para lixiviados velhos (fase metanogênica), o tratamento deve

ser diferenciado (MCBEAN, ROVERS E FARQUHAR, 1995).

TCHOBANOGLOUS (1993), descreve que a composição química dos

lixiviados varia muito dependendo da idade do aterro sanitário. Ele analisou

22

lixiviados coletados durante a fase ácida da decomposição e observou altos

valores de DQO, DBO5, nutrientes e metais pesados, e baixos valores de pH.

Por outro lado, lixiviados coletados durante a fase metanogênica, apresentam

valores de pH que podem estar na faixa de 6,5 a 7,5 e valores de DQO, DBO5,

e nutrientes significativamente menores que os da fase ácida. As

concentrações de metais pesados também são bem menores, porque a maioria

dos metais são menos solúveis em pH aproximadamente neutro. O pH dos

lixiviados também pode depender da pressão parcial de CO2 do gás do aterro

que está em contato com o lixiviado e não só dos ácidos presentes no mesmo.

A Tabela 1 a seguir apresenta características presentes no lixiviado para novos

e antigos aterros:

Tabela 1: Dados típicos da composição do lixiviado para novos e antigos aterros, segundo Tchobanoglous, 1993.

* Com exceção do pH, que é adimensional.

2.4 Biodisco

Segundo Von Sperling (2005), os biodiscos são sistemas que consistem

em vários discos separados entre si e fixados por um eixo horizontal no seu

centro, o eixo é rotacionado em meio ao efluente com 50% dos discos

afundados no leito e os outros 50% no ar atmosférico. Com esse mecanismo,

forma-se ao redor dos discos um biofilme, onde a biomassa fica acumulada.

Esse sistema de tratamento é utilizado para que os microrganismos se

Características Valores (mg/l)

Novos aterros (2 anos) Aterros antigos Faixa de variação Típico (mais de 10 anos)

DBO5 2.000-30.000 10000 100-200 COT (carbono orgânico

total) 1.500-20.000 6000 80-160 DQO 3.000-60.000 18000 100-500

Sólidos suspensos totais 200-2.000 500 100-400 Nitrogênio orgânico 10-800 200 80-122

Nitrogênio amoniacal 10-800 200 20-42 Nitrato 5-40 25 5-12

Fósforo total 4-100 30 5-12 PH 4,5-7,5 6 6,6-7,5

Dureza total como CaCO3 300-10.000 3500 200-502

23

acumulem nos discos e que com o movimento aconteça a remoção de material orgânico a partir de um sistema aerado com biofilme.

Essa modalidade de tratamento é bem eficaz na remoção de DBO5, na

nitrificação do processo, e como outras vantagens necessitam de uma pequena

área de instalação, possui pequena perda de carga e os mecanismos dos

equipamentos são muito simples. Por outro modo, suas desvantagens estão

relacionadas à quase nula remoção de coliformes, custos altos para implantar e

operar o sistema, além de depender da temperatura e de ser feito o tratamento e a disposição correta do lodo (VON SPERLING, 2005).

2.5 Wetland

Com relação aos wetlands, esses são ecossistemas naturais que ficam

inundado ou alagado durante pelo menos uma parte do ano. Estes sistemas,

quando naturais, podem ser facilmente identificados por sua característica:

várzeas dos rios, igapós na Amazônia, pântanos, formações lacustres de baixa

profundidade, manguezais, etc. (CAMPOS, 2002).

Da observação desse ecossistema, já existente na natureza, foram

criados os chamados wetlands construídos. Estes são ecossistemas artificiais

com diferentes tecnologias associada a eles que utilizam princípios básicos de

modificação da qualidade da água que ocorre nos sistemas existentes na

natureza (MANNARINO, 2003). Segundo Garcia et al. (1997), eles funcionam

como reatores bioquímicos projetados preferencialmente para tratamento de

efluentes (esgoto, águas de drenagem de campos de agricultura, lixiviados de

aterros e alguns efluentes industriais). Geralmente o tratamento é secundário

ou terciário, complementando um sistema de depuração biológica

convencional.

Ferreira et al. (2001), menciona as principais vantagens dos wetlands

construídos: baixo custo de implantação; alta eficiência de melhoria dos

parâmetros que caracterizam os recursos hídricos; alta produção de biomassa que pode ser utilizada na produção de ração animal, energia e biofertilizantes.

Para a construção de um wetland utilizam-se plantas aquáticas

(macrófitas) em substratos de solo, areia ou cascalho, onde ocorrem

24

agregações de microorganismos com o meio que, através de processos

biológicos, químicos e físicos, tratam diferentes tipos de efluentes (SOUSA et

al., 2000).

No Brasil, os wetlands construídos são um dos métodos de

fitorremediação mais empregados para o tratamento de águas e de efluentes

que proveem de algum pré-tratamento ou de outros sistemas de remediações (FERREIRA et al., 2001).

Accioly e Siqueira, (2000), definem fitorremediação como uma técnica

onde há uma combinação entre as plantas, microbiota e matéria orgânica do

solo, associadas a práticas agronômicas que agem em conjunto, removendo,

amenizando ou tornando os contaminantes menos ofensivos ao meio

ambiente. Nas duas últimas décadas, a fitorremediação tornou-se um método

cada vez mais reconhecido para remoção de contaminantes das águas e solos

rasos, sendo esteticamente agradável (ZHANG et al., 2010).

O wetland construído possui alta eficiência na remoção de DBO5, DQO,

sólidos e alguns nutrientes, por isso se torna uma ótima escolha para pós-tratamento de efluente (CALIJURI et. al., 2009).

Quanto ao tipo de fluxo hidráulico, os wetlands construídos podem ser

de fluxo superficial ou de fluxo sub-superficial (Figuras 2 e 3). O de fluxo

superficial carrega o efluente para toda a área plantada com alta condutividade

hidráulica. O efluente flui acima da superfície do meio filtrante, em média o

nível fica entre as folhas e o caule da macrófita. Para o fluxo sub- superficial o

nível do efluente fica entre o leito filtrante, o que significa uma alimentação mais concentrada para os microrganismos dos biofilmes (SEZERINO, 2006).

25

Figura 2 - Fluxo superficial. Fonte: Adaptado de SALATI, 2009

Figura 3 - Fluxo sub-superficial. Fonte: Adaptado de SALATI, 2009

Ambos os tipos de wetlands podem remover até 90% de DQO tratando

águas residuárias domésticas, com um tempo de detenção de sete dias

(KADLEC e KNIGHT, 1996). Ormonde (2012) verificou uma remoção de

turbidez de 83,88%, e 95,4% para sólidos suspensos.

Esta concepção de wetlands construído como tratamento de águas

residuárias para a remoção de nutrientes vem sendo desenvolvida desde a

década de 70, no século passado. O primeiro sistema de fluxo horizontal entrou

em operação em 1974 na cidade de Othfresen, Alemanha (Kickuth, 1977, apud

Sezerino, 2006). Nos Estados Unidos, as experiências começaram em 1975,

com projetos em Houghton Lake (MI), Florida e Wisconsin (KADLEC e KNIGHT, 1996).

O tempo de detenção hidráulica do efluente em um wetland corresponde

ao tempo em que o efluente fica dentro do sistema. Varia com a vazão que o

enfluente entra e o volume do sistema. O tempo de detenção é uma variável

importante no projeto do processo de wetland, quanto mais o líquido

permanece no sistema, mais efetivo é o tratamento. Segundo Mulamoottil

(1999), o tempo de retenção suficiente para reduzir 90% da matéria orgânica é

26

em torno de 7 dias e para reduzir em 90% os nutrientes (nitrogênio e fósforo), 14 dias.

2.6 Plantas utilizadas

As plantas de wetland, que são geralmente sustentadas por um suporte

preenchido com cascalho e areia, oferecem uma zona de raízes para filtração e

fornecimento de oxigênio e carbono para tratamento de águas. As raízes

oferecem locais de ligação e interação com os microrganismos que consomem

o oxigênio disponível no processo, ajudando na eliminação de poluentes (POH, 2003).

O uso das plantas para remover ou minimizar contaminantes nos solos e

águas é chamado de fitorremediação. Segundo Anselmo e Jones (2005) a

fitorremediação é uma tecnologia totalmente viável aos métodos convencionais

de tratamento, pois as plantas possuem a capacidade de armazenar os

poluentes em seus tecidos ou os metabolizam, tornando-os menos tóxicos.

De acordo com Campos (2002), quanto ao tipo de vegetação

empregada, os wetlands podem ser classificados como sistemas que utilizam

plantas aquáticas flutuantes ou emergentes. As plantas aquáticas flutuantes

são utilizadas em projetos com canais relativamente rasos. Esses canais

podem conter apenas uma espécie de planta ou uma combinação de espécies.

A espécie mais estudada é a Eichornia crassipes, pela suas características de

robustez associada à uma grande capacidade de crescimento vegetativo. As

plantas aquáticas emergentes possuem o sistema radicular preso ao sedimento

e o caule e as folhas parcialmente submersas. A infiltração da raiz permite a

exploração de um grande volume de sedimentos, dependendo da espécie

considerada. A espécie mais utilizada em projetos tem sido a Typha latifolia,

conhecida popularmente por taboa (Figura 4).

27

Figura 4 - Taboa. (Adaptado de Metcalf, 1991).

Bernard (1999) destaca a taboa (Thypha sp.) como excelente alternativa

para utilização em wetlands, pois sua estrutura interna (folhas e raízes) são

formadas por tecidos que contém pequenos espaços abertos e nos rizomas,

possuem aparência esponjosa. Esses espaços abertos permitem o transporte

do oxigênio da atmosfera para as folhas e daí para as raízes e rizomas. Parte

do oxigênio pode ainda sair para a área externa do sistema radicular criando

condições de oxidação para os sedimentos, para decomposição aeróbia da matéria orgânica e para o crescimento de bactérias nitrificantes.

O nitrogênio é um dos o elementos que as plantas necessitam em

grande quantidade e é absorvido pelas raízes na forma de nitrato. O efeito

externo do nitrogênio mais visível é a vegetação verde e abundante. O fósforo

estimula o crescimento das raízes, apressa a maturação, estimula o

florescimento e ajuda a formação das sementes e aumenta a resistência ao frio

(MALAVOLTA, VITTI e SEBASTIÃO, 1989).

O tratamento não exige especifico algum tipo de macrófita, contudo,

para que aconteça o melhor desenvolvimento da planta no sistema, devem-se

observar quais os tipos mais comuns na região, pois terá uma melhor

adaptação para o projeto (VALENTIM, 1999).

28

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Localização do Aterro

O município de Rio Grande está localizado no litoral sul do estado do

Rio Grande do Sul. O aterro sanitário de Rio Grande está localizado na Vila da

Quinta, a margem da BR-471. A localização geográfica situa-se na coordenada

32°01’45” de latitude sul e 52°17’32” de longitude oeste, abrangendo uma área

de 54 hectares (Figura 5).

O município de Rio Grande possui uma população em torno de 207.000

habitantes e é gerado diariamente uma média de 175 toneladas/dia de

resíduos sólidos urbanos (IBGE, 2015).

Figura 5 – Localização do Aterro Sanitário de Rio Grande.

3.2 Coleta do lixiviado

Os efluentes gerados no aterro sanitário são drenados para estação de

tratamento de efluentes (ETE) que conta com dez lagoas anaeróbias, onde, no

mes de maio, foram coletadas as amostras para a avaliação do experimento.

O lixiviado foi coletado da primeira lagoa anaeróbia da ETE do aterro

(com o auxilio de um balde e uma corda), colocado em bombonas de 50L e

encaminhado para o laboratório. As coletas ocorreram nos dias 2,9 e 23 de

maio.

29

No laboratório, o lixiviado foi inserido no biodisco, com o auxílio de uma

bomba peristáltica, que após a passagem pelo sistema, o efluente era

depositado em outra bombona de 50 litros onde era bombeado para o sistema

de wetland.

Foram feitas análises nos dias 23/5, 26/5, 31/5, 03/6, 06/6 e 10/6 na

entrada do sistema de wetland e nos dias 26/5, 30/5, 2/6, 6/6, 10/6 e 13/6 na

saída do sistema. Os parâmetros avaliados foram: pH, DQO e P.

3.3 Análises Físico – Químicas

O afluente e efluente do sistema foram analisados quanto aos

parâmetros: pH, DQO e P. Todas as análises foram executadas de acordo com

a metodologia apresentada no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2005).

3.4 Características do efluente

A coleta do lixiviado após a passagem pelo biodisco foi feita antes da

entrada do sistema de wetland e as analises realizadas no laboratório do

Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão em Saneamento Ambiental - NPSA. A

Tabela 2 mostram os valores máximos, e mínimos do efluente após a

passagem pelo sistema de biodisco.

Tabela 2: valores máximos e mínimos do efluente após a passagem pelo sistema de biodisco

Parâmetro Mínimo Média Máximo

pH 8,53 8,96 9,22

fósforo 18,22 28,32 38,31

DQO 1142,9 3750,6 4903,9

30

3.5 Construção do sistema de wetland

O protótipo de wetland construído foi instalado no laboratório do NPSA

no prédio da Cotada na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) no município

de Pelotas-RS e foi usado como pós tratamento de um Biodisco, instalado no mesmo local.

Foi construído do um sistema utilizando um galão de água de 20L com

um volume de 18,5L. Na saída do sistema foi instalada uma tubulação com

cano de PVC, com o objetivo de controle de vazão, onde, a altura da entrada

ficou igual a de saída (Figura 6). Seu interior foi preenchido com uma grade de

ferro, camada de brita e areia que serviu como meio suporte às plantas, como

mostrado nas figuras 7,8 e 9.

O meio suporte possui uma altura de 32 centímetros, com 20 cm de areia e 12 cm de brita nº 1.

Figura 6 – Sistema do wetland sem o material filtrante

31

Figura 7 – Grade de ferro

Figura 8 – Brita nº 1

32

Figura 9 – Areia grossa

A determinação da porosidade do meio suporte foi realizada seguindo a

NBR 9776 e foi realizada no Laboratório do NPSA na UFPel. Os resultados

obtiveram uma porosidade de 35% no meio filtrante, resultando em um volume

de 6,5 litros aproximadamente.

A Taboa (Typha spp) foi escolhida por ser uma espécie bastante

utilizada em sistemas de wetlands construídos. É uma espécie nativa da região

e altamente adaptável, pois, encontra-se espalhada por todo o mundo. As

plantas foram colhidas no seu habitat natural localizado dentro do município de

Pelotas-RS (figura 10).

Figura 10 - Imagem da espécie Typha spp

33

Para a coleta, foi utilizada uma pá, que ajudou na retirada da planta com

parte da raiz e sacos plásticos para transportar as plantas até o local onde o

sistema foi instalado. As plantas e as raízes foram lavadas com água para a

remoção de restos de solo, plantas e contaminantes. Em seguida duas plantas

foram inseridas no sistema (Figura 11).

Figura 11 – Sistema de wetland com a Taboa

A adaptação das plantas ocorreu durante 3 semanas entre os meses de

abril e maio de 2016 com uma vazão de 2L/dia. Foram utilizadas lâmpadas

fluorescentes para a obtenção de luz, no que ficavam acesas 12 horas por dia.

Na primeira semana foi adicionada apenas água, na segunda semana

25% do efluente bruto e na terceira semana com 50%. Após a fase de

aclimação, uma das plantas apresentou sinal de não adaptação no sistema,

provavelmente devido a algum erro na coleta da mesma, em seu transporte ou a não adaptação à carga de efluente inserida no sistema.

Durante esse período, observou-se a evolução das plantas e o

surgimento de uma nova Taboa. No fim do período de adaptação, foi feito a

poda na parte superior das plantas, pois estavam amareladas. O corte teve como objetivo favorecer a eficiência de remoção das macrófitas.

34

3.6 Operação do sistema

A vazão afluente foi medida pelo método de enchimento de um

recipiente conhecido em um determinado tempo e durante todo o experimento

a vazão foi de, aproximadamente, 2L\dia em cada sistema e garantiu um tempo

de detenção hidráulica de 3 dias.

Foram coletas amostras nos dias 23/5, 26/5, 31/5, 03/6, 06/6 e 10/6 no

afluente dos sistemas e nos dias 26/5, 30/5, 2/6, 6/6, 10/6 e 13/6 no efluente

dos sistemas, onde foram realizadas análises para a caracterização e

avaliação do wetland construído. Os parâmetros avaliados foram: pH, DQO e

P.

35

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização do lixiviado bruto

As análises para a caracterização do lixiviado bruto foram realizadas no

laboratório do NPSA. A Tabela 3 mostram os valores máximos, e mínimos do

lixiviado bruto do aterro.

Tabela 3: valores máximos e mínimos do lixiviado bruto do aterro

Parâmetro Mínimo (mg/L)

Média (mg/L)

Máximo (mg/L)

pH 7,8 8,33 8,67

fósforo 16,38 29,04 38,31

DQO 2602,2 3750,6 5358,3 * Com exceção do pH, que é adimensional.

Observando os dados da caracterização da Tabela 3, mostra-se a

necessidade de um tratamento eficaz antes da passagem pelo sistema de

wetland devido às altas cargas de DQO e fósforo, que estão muito acima dos

padrões estabelecidos pela Resolução do CONSEMA n° 128/2006 que é de no máximo 400 mg/L para a DQO e 4 mg/L para o fósforo.

Nos parâmetros analisados, apenas o pH ficou fora da faixa de variação

encontrada por Tchobanoglous (1993), onde o pH variou entre 4,5 e 7,5 em

aterros no Canadá.

4.2 Análises Físico-Químicas

4.2.1 pH

Os resultados obtidos nas medições de pH estão apresentados na

Tabela 4, onde mostra o monitoramento na entrada e saída do sistema .

36

Tabela 4 – Resultados da avaliação de pH

Amostra Data Entrada Saída 0 23/5 8,53 8,41

1 26/5 8,82 8,99

2 31/5 9,05 9,01

3 03/6 9,19 8,88

4 06/6 9,22 9,02

5 10/6 9,19 9,08

Média 9,00 8,898

Os valores de pH variaram na faixa de 8,53 a 9,22 no lixiviado bruto e

8,41 a 9,08 no lixiviado tratado. De acordo com Toniato (2005), após a

passagem pelo leito, os wetlands tendem a levar os valores de pH à

neutralidade.

Sezerino (2005), obteve resultados semelhantes ao encontrado. Ao

analisar efluentes de lagoas facultativas de uma ETE um pH de em média 8,23

que após a passagem pelo sistema de wetland obteve 7,02 unidades. Sezerino

(2006) também destaca que o processo de fotossíntese das plantas pode

favorecer a elevação do pH.

Plentz (2014), através de um sistema de wetland para tratamento de

chorume, demonstrou uma pequena redução do pH em todas as análises

feitas, onde na entrada do sistema observou uma média de 7,69 e na saída

7,53 unidades. Mostrando que o pH, após passar pelo sistema, tem um

pequena tendência a levar os valores à neutralidade.

No experimento, a maioria das amostras, assim como na média,

mostraram valores de saída menores aos de entrada, como pode ser observado na Figura 12.

37

Figura 12 - Representação gráfica dos valores de pH na entrada e saída do wetland.

Podemos observar no gráfico que apenas no dia 26/5 (amostra 1) o valor

do pH de saída ficou maior ao de entrada. Nas amostras 2,4 e 5 os valores de

pH encontram-se acima da faixa permitida pela Resolução CONSEMA N

128/2006 para emissão de efluentes em águas superficiais, ou seja, entre 5,0 e 9,0.

4.2.2 Fósforo

Os resultados obtidos nas medições de fósforo estão apresentados na

Tabela 5, onde mostra o monitoramento na entrada e saída do sistema.

6

6.5

7

7.5

8

8.5

9

9.5

0 1 2 3 4 5 6

pH

Amostra

entrada

saída

38

Tabela 5 - Resultados na avaliação de fósforo

Amostra Data Entrada (mg/L)

Saída (mg/L)

Eficiência de Remoção (%)

0 23/5 18,22 16,95 7,00

1 26/5 24,65 20,39 17,28

2 31/5 31,89 33,14 -3,94

3 3/6 38,31 34,29 10,48

4 6/6 30,28 30,29 -0,04

5 10/6 26,56 23,04 13,24

Média 28,32 26,35 7,34

Podemos observar na tabela 5, que as amostras 0, 1, 3 e 5 tiveram uma

redução de 1,28 mg/L, 4,26 mg/L, 4,02 mg/L, 3,52 mg/L, respectivamente, com uma eficiência média de remoção de 7,34%.

Valentim (1999) obteve baixa remoção de fósforo operando leitos

cultivados com Typha, com 4,5 dias de tempo de detenção hidráulica, com

remoção entre 13 e 29%.

BORDIN (2010), apresentou uma média de remoção de fósforo

semelhante à encontrada. A autora obteve uma remoção de fósforo de 2,5

mg/L e uma eficiência média de remoção de 15,5%. A autora ainda descreve

que efluentes com altas taxas e cargas de fósforo podem ser impróprios para

serem tratados em wetlands construídos.

ORMONDE (2012), com uma concentração média de fósforo no afluente

do sistema de wetland de 2,54 mg/L, obteve uma remoção média de 1,52 mg/L

com uma eficiência de remoção de 59,79%. A autora notou que as amostras

dos primeiros meses tiveram uma remoção de fósforo maior se comparado aos

últimos meses do experimento. Sousa (2004), observou que nos primeiros

meses, a remoção de fósforo em sistemas de wetland podem chegar a 90%,

39

decaindo significativamente nos meses seguintes, podendo chegar a produzir

efluente com concentrações de fósforo maiores que a do afluente.

Comparando os resultados obtidos com outros autores, podemos

verificar que a remoção de fósforo foi bastante semelhante, porém a eficiência

do sistema ficou abaixo do esperado. Isso pode ter ocorrido devido às altas

cargas de fósforo do efluente, que eram bastante superiores aos outros

trabalhos.

Podemos observar a variação do fósforo na entrada e saída do sistema no gráfico 13:

Figura 13 - Representação gráfica dos valores de fósforo na entrada e saída do wetland.

Os índices de Fósforo tanto no efluente bruto quanto no efluente tratado

apresentaram valores acima dos padrões estabelecidos pela Resolução

CONSEMA nº. 128/2006, não podendo o efluente ser despejado em corpos

hídricos.

4.2.3 DQO

Os resultados obtidos nas medições de DQO estão apresentados na Tabela 4, onde mostra o monitoramento na entrada e saída do sistema.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 1 2 3 4 5 6

mg/L

Amostra

entrada

saída

40

Tabela 6 - Resultados na avaliação de DQO

Amostra Data Entrada (mg/L)

Saída (mg/L)

Eficiência de Remoção (%)

0 23/5 2426,67 2118,38 12,70 1 26/5 2560,00 2367,60 7,52 2 31/5 1142,86 1123,81 1,67 3 3/6 3135,13 2492,21 20,51 4 6/6 3843,61 3239,88 15,71 5 10/6 4903,91 4506,30 8,11 Média 3002,03 2641,363 11,03

Podemos observar na Tabela 6, que as amostras 0, 1, 2, 3, 4 e 5 tiveram

uma redução de 308,29 mg/L, 192,40 mg/L, 19,05 mg/L, 642,92 mg/L, 603,73

mg/L e 397,61 mg/L, respectivamente, com uma eficiência média de remoção de 11,03%.

BORDIN (2010), obteve uma remoção média de 520 mg/L e uma eficiência

média de remoção de 21,5% com um sistema de wetland para tratamento de

lixiviado. O resultado foi semelhante ao encontrado nesse trabalho, porém, com

uma melhor eficiência. O autor descreve que efluentes com altas cargas de

DQO podem ser impróprios para serem tratados em wetlands devido às baixas

remoções verificada pelo sistema.

Wendt (2014), observou uma mudança drástica na remoção de DQO

com diferentes tempos de detenção hidráulica. Com um TDH de 6,7 dias ela

obteve uma remoção média de 606 mg/L com uma eficiência média de

remoção de 70,2%, porém, com um TDH de 3,35 dias ela obteve uma remoção

média de 101,6 mg/L com uma eficiência média de remoção de 17%. Com um

TDH de 3,35 dias, nota-se uma eficiência semelhante às analises desse

trabalho, onde, com um TDH de 3 dias, obteve-se uma eficiência de 11,03%.

ORMONDE (2012), analisou o uso de um wetland para efluentes com

baixas cargas de DQO e observou uma eficiência média de 63% na remoção

de DQO após a passagem pelo sistema, com uma remoção de 134,8 mg/L.

Comparando os resultados obtidos com outros autores, podemos

verificar que a remoção de DQO foi bastante semelhante, porém a eficiência do

41

sistema ficou abaixo do esperado. Isso pode ter ocorrido devido às altas cargas

de DQO do efluente e um baixo TDH no sistema.

Podemos observar a variação de DQO na entrada e saída do sistema no gráfico 14:

Figura 14 - Representação gráfica dos valores de DQO na entrada e saída do wetland.

Os índices de DQO tanto no efluente bruto quanto no efluente tratado

apresentaram valores acima dos padrões estabelecidos pela Resolução

CONSEMA nº. 128/2006, não podendo o efluente ser despejado em corpos

hídricos.

0.00

500.00

1000.00

1500.00

2000.00

2500.00

3000.00

3500.00

4000.00

4500.00

5000.00

0 1 2 3 4 5 6

mg/L

Amostra

Entrada

Saída

42

5. CONCLUSÃO

O sistema mostrou-se eficiente apenas no parâmetro pH, onde os

resultados obtidos tenderam à neutralidade. A remoção de fósforo foi de 2 mg/L

e apresentou valor de remoção igual aos outros estudos, porém com uma baixa

eficiência de 7,3%, devido a elevada carga da substância. O mesmo aconteceu

para a DQO, onde apresentou uma boa remoção média, para wetland, de

360,5 mg/L, porém com baixa eficiência de 11%.

O experimento apresentou resultados abaixo do esperado. Esses

resultados podem estar relacionados com diversos fatores, conforme vistos na

literatura e em outros estudos, como: baixo TDH, pouco tempo para a

aclimação das plantas, elevada carga de poluente no lixiviado, correntes

preferenciais de caminho do lixiviado e mudanças na constância da vazão.

Como sugestão para trabalhos futuros, sugere-se avaliar eficiência de

um sistema de wetland variando tempos de detenção hidráulica e cargas de

poluentes do lixiviado.

43

6. REFERÊNCIAS

ACCIOLY, AM de A. et al. Contaminação química e biorremediação do solo.Tópicos em ciência do solo. Viçosa, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, v. 1, p. 299-351, 2000.

ALMEIDA LEITE, Wellington Cyro de et al. A política nacional de resíduos sólidos: experiências brasileiras na elaboração dos planos de gestão integrada de resíduos sólidos. In: VII Congreso de Medio Ambiente. 2013.

ANSELMO, A.L.F. & JONES, C.M. Fitorremediação de solos contaminados: O estado da arte. XXV Encontro nacional de Eng. de Produção, Porto Alegre, RS 2005.

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