utilização da internet nos estabelecimentos prisionais portugueses. realidade ou utopia?

Mestrado Comunicação Multimédia ∙ Multimédia Interactivo · Daniela Graça [44984]

universidade de aveirotheoria poiesis praxis 30 anos a projectar futuros

Utilização da Internetnos Estabelecimentos Prisionais Portugueses.

Realidade ou Utopia?

Curso de Mestrado em Comunicação Multimédia, ramo Multimédia Interactivo da Universidade de Aveiro

Prof. Doutora Lídia J. Oliveira Loureiro da Silva

âmbito

orientação

• Perceber se o acesso à Internet poderá constituir uma mais-valia na vida dos reclusos dos Estabelecimentos Prisionais Portugueses.

• Definir de que forma esse melhoramento poderá ser posto em prática nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses.

objectivos

• Perceber se o acesso à Internet poderá constituir uma mais-valia na vida dos reclusos dos Estabelecimentos Prisionais Portugueses.

• Definir de que forma esse melhoramento poderá ser posto em prática nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses.

objectivos

• De que forma o acesso à Internet por parte dos reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses poderá ser uma realidade?

• Que implicações teria na vida dos reclusos a utilização da Internet nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses?

questões de investigação

• De que forma o acesso à Internet por parte dos reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses poderá ser uma realidade?

• Que implicações teria na vida dos reclusos a utilização da Internet nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses?

questões de investigação

1) De forma controlada e vigiada o acesso à Internet por parte dos reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses pode ser uma realidade.

2) Havendo formação e educação para a utilização da Internet, o acesso a esta tecnologia por parte dos reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses pode ser uma realidade.

3) A utilização da Internet favorece a proximidade e, consequentemente, a manutenção dos laços afectivos entre os reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses e a respectiva rede social de apoio.

hipóteses

Prisão é um instrumento de controlo social que actua através da punição e deve ter um papel reabilitativo com vista à reinserção social.

A Internet é uma tecnologia fundamental na preparação dos indivíduos para a vida profissional, e representa também um papel importante ao nível pessoal.

relevância do trabalho

A utilização da Internet em contexto de reclusão pode ser uma ferramenta primordial no processo de reabilitação e reinserção social pós-reclusão.

1. Enquadramento Teórico - compreensão da prisão enquanto conceito e fenómeno social.

2. Enquadramento Nacional: as TIC/Internet na sociedade e no contexto prisional português.

3. Enquadramento Internacional: exemplos de uso da Internet no contexto prisional.

4. Definição do Estudo.

metodologia/abordagem inicial

DINAMARCA, FINLÂNDIA, NORUEGA E SUÉCIANesta países o princípio governativo dos serviços prisionais é o de que os reclusos têm direito de acesso aos mesmos serviços que os “cidadãos-livres”.

Na Noruega a utilização da Internet e o acesso ao correio electrónico em reclusão nas escolas-prisão, de acordo com determinadas medidas de segurança, foi autorizada pelo Ministério da Justiça.

Na Finlândia o acesso à Internet por parte dos reclusos é feito nas escolas, durante os períodos de aprendizagem.

metodologia: exemplos internacionais

DINAMARCA, FINLÂNDIA, NORUEGA E SUÉCIANestes países o princípio governativo dos serviços prisionais é o de que os reclusos têm direito de acesso aos mesmos serviços que os “cidadãos-livres”.

Estados Unidos da AméricaTrulincs: programa que permite que os reclusos tenham acesso limitado ao uso de computadores de forma a capacitá-los para o envio e recepção de correio electrónico sem que tenham acesso à Internet.

WriteAPrisoner.com: projecto que disponibiliza na respectiva página virtual perfis pessoais e penais de reclusos – estão contabilizados milhares – que sairão em liberdade dentro de um ano. Objectivos: criação e incentivo à comunicação por carta em correio tradicional com “amigos” no exterior, os Pen Pall Friends.

Reinserção social é temática chave na legislação«Os reclusos devem ser autorizados a comunicar, tão frequentemente quanto possível, por carta, telefone ou outros meios de comunicação, com a sua família, com terceiros e com representantes de organizações do exterior (…)» (Conselho da Europa, 2006, p. 10).

Novas Tecnologias assumiram lugar de destaqueO Plano Tecnológico visa a promoção, desenvolvimento e reforço da competitividade de Portugal e encaixa três eixos principais: conhecimento – “qualificar os portugueses para a sociedade do conhecimento e mobilizando os portugueses para a Sociedade de Informação” –, tecnologia – “vencer o atraso científico e tecnológico” –, e inovação – “impulso à inovação, facilitando a adaptação do tecido produtivo aos desafios impostos pela globalização”. (Conselho Consultivo do Plano Tecnológico, 2006, p. 9).

metodologia: enquadramento social português

Novas Tecnologias assumiram lugar de destaqueO Plano Tecnológico visa a promoção, desenvolvimento e reforço da competitividade de Portugal e encaixa três eixos principais: conhecimento – “qualificar os portugueses para a sociedade do conhecimento e mobilizando os portugueses para a Sociedade de Informação” –, tecnologia – “vencer o atraso científico e tecnológico” –, e inovação – “impulso à inovação, facilitando a adaptação do tecido produtivo aos desafios impostos pela globalização”. (Conselho Consultivo do Plano Tecnológico, 2006, p. 9).

Novas Tecnologias têm lugar de destaqueO Plano Tecnológico visa a promoção, desenvolvimento e reforço da competitividade de Portugal e encaixa três eixos principais: conhecimento – “qualificar os portugueses para a sociedade do conhecimento e mobilizando os portugueses para a Sociedade de Informação” –, tecnologia – “vencer o atraso científico e tecnológico” –, e inovação – “impulso à inovação, facilitando a adaptação do tecido produtivo aos desafios impostos pela globalização”. (Conselho Consultivo do Plano Tecnológico, 2006, p. 9).

• Recolha documental (website da DGSP) para análise e caracterização demográfica da População Reclusa Portuguesa e compreensão da composição geográfica da rede de Estabelecimentos Prisionais Portugueses.

Definição da tipologia dos reclusos constituintes da amostra para o estudo empírico, selecção dos Estabelecimentos Prisionais participantes na investigação.

metodologia: definição dos participantes

• Entidades oficiais: directores, técnicos, professores e/ou formadores.

• Reclusos: distribuídos por 5 estabelecimentos prisionais

• Rede social de apoio: familiares ou amigos “obtidos” através dos reclusos participantes

metodologia: tipologia de participantes

• Reclusos: distribuídos por 5 estabelecimentos prisionais.

• Rede social de apoio: familiares ou amigos “obtidos” através dos reclusos participantes

• Reclusos: distribuídos por 5 estabelecimentos prisionais.

• Rede social de apoio: familiares ou amigos “obtidos” através dos reclusos participantes.

• Entidades oficiais: directores, técnicos, professores e/ou formadores > Inquérito por Entrevista

• Reclusos: distribuídos por 5 estabelecimentos prisionais > Inquérito por Questionário

• Rede social de apoio: familiares ou amigos “obtidos” através dos reclusos participantes > Inquérito por Entrevista

metodologia: tipologia de participantes > instrumentos de recolha de dados

Contacto com a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais:

• autorização para a realização do estudo;

• validação dos Estabelecimentos Prisionais seleccionados;

• validação da dimensão da amostra;

• validação da distribuição do número de participantes pelos Estabelecimentos Prisionais Portugueses.

metodologia: definição da amostra de reclusos

Estabelecimento PrisionalTipologia por Género

Distribuição do número de Reclusos a Inquirir apresentada à

Distribuição do número de Reclusos a Inquirir aceite pela

Nº de Reclusos Inquiridos

EP de Aveiro (Regional, Masculino) 60 60 22

EP de Leiria (Regional, Masculino) 70 40 38

EP de Tires (Especial, Feminino e Masculino) 80* 60** 57***

EP de Coimbra (Central, Masculino) 80 60 57

EP de Porto (Central, Masculino) 100 80 74

Total 390 300 248

* 20 reclusas e 60 reclusos. ** 20 reclusas e 40 reclusos. *** 17 reclusas e 40 reclusos.1 Orientação pela tabela de relação entre valor população e valor amostra de Krejcie & Morgan.

Total 3901 300 248

Cargo Número

Técnicos 5

Professores/Formadores 4

Total 9

Nota: Os Estabelecimentos Prisionais onde estes participantes trabalham são ocultados propositadamente por se considerar que deve ser garantida a salvaguarda do anonimato dos autores das respostas dadas.

metodologia: amostra composta por técnicos e professores

Familiares Número

Contactados não estabelecidos 10

Contactos estabelecidos 10

Contactos estabelecidos participantes 9

Contactos estabelecidos não participantes 1

Total 21

Nota: Os nomes dos familiares e/ou amigos participantes não foram registados propositadamente por se considerar que deve ser garantida a salvaguarda do anonimato dos autores das respostas dadas.

metodologia: amostra composta pela rede social de apoio

Contrariedades

• “baixo nível de escolaridade e informação”;

• “pouco acesso às novas tecnologias por parte da população portuguesa em geral”;

• “população com pouca motivação para a leitura e aprendizagem”; e,

• falta de “Segurança”.

resultados: técnicos

Motivos Favoráveis

• “Porque há reclusos a frequentar o ensino superior”;

• “Porque as TIC são uma arma para o acesso a outras oportunidades”;

• “Para os reclusos não ficarem isolados do mundo exterior”;

• “Veículo de formação pessoal, social, aquisição de competências, ligação à rede social de apoio”;

• “Beneficiar o bem-estar do recluso”.

O que falta

• Segurança;

• Recursos Tecnológicos;

• Vontade.

Vantagens da utilização da Internet em reclusão ser uma realidade

“Aquisição de conhecimentos.”

“Melhoria da capacidade de aprendizagem.”

“Pesquisa, formação, procura de emprego.”

“Formação.”

“Obter conhecimento.”

“Consultas de documentos e assuntos de interesse a nível escolar.”

“Ponte para o exterior.”

“Acesso a informação do dia-a-dia.”

“Estar a par do mundo lá fora.”

“Desenvolver pesquisas.”

Principal problema na utilização da Internet em reclusão

“Controlo”

resultados: professores

• pesquisa;

• reflexão;

• realização de trabalhos;

• acesso a informação;

• construção da própria aprendizagem;

• facilitação da futura entrada ou reinserção no mercado de trabalho.

resultados: professores

Perfil Demográfico

62% tem menos de 40 anos

66% estado civil solteiro, divorciado ou viúvo

resultados: reclusos

Perfil Social

67% relação “Muito Boa” com o agregado familiar

70% vive com entre uma a quatro pessoas

54% tem entre um a 15 amigos

89% tem passatempos

Perfil Escolar e Profissional

78% não atingiram a escolaridade obrigatória

36% desempregados

Perfil Prisional

77% está em reclusão por condenação

61% cumpre pena de seis meses a nove anos

48% tem pena restante de seis meses a mais de quatro anos

67% cumpre pena por crimes de património ou de tráfico

58% está em reclusão pela primeira vez

Perfil de Utilizador da Internet Pré-reclusão

89% conhecem

36% conhecimento em contexto de formação e/ou aulas

43% utilização diária e várias vezes ao dia

37% utilização em lazer

33% para estudar/investigar e trabalhar

Perfil de Utilizador da Internet Pré-reclusão

23% comunicação com familiares e amigos

19% visualização de vídeos ou imagens

15% informação sobre o “mundo exterior”

12% estudar/investigar

9% procurar de emprego

Opinião sobre utilização da Internet em reclusão

57% “Possível/Viável”

16% “Impossível/Inviável”

59% “Adequada”

2% “Desadequada”

76% “Útil”

0% “Inútil”

Como utilizaria a Internet em reclusão

22% comunicaria com familiares e amigos

18% informar-se-ia sobre o “mundo exterior”

16% estudaria

Que vantagens traria a utilização da Internet em reclusão

26% melhoraria a sua relação com as rede social de apoio

24% contribuiria para conhecer o “mundo exterior”

24% ajudaria a inserirem-se no mundo de trabalho após a reclusão

23% melhoraria a sua educação e/ou formação

Contrariedades

• falta de habilitações;

• separação demasiado inflexível com o “mundo exterior”.

• bem-estar emocional do recluso (proximidade aos filhos e cônjuges, possibilidade de partilha de sentimentos, ocupação de tempo);

• progresso enquanto pessoa, cidadão e profissional (pesquisa, aprendizagem, informação).

resultados: rede social de apoio

Contrariedades

• falta de habilitações;

• separação demasiado inflexível com o “mundo exterior”.

• bem-estar emocional do recluso (proximidade aos filhos e cônjuges, possibilidade de partilha de sentimentos, ocupação de tempo);

• progresso enquanto pessoa, cidadão e profissional (pesquisa, aprendizagem, informação).

resultados: rede social de apoio

Os resultados obtidos permitiram concluir que duas das hipóteses elaboradas no início da investigação se confirmam:

Hipótese 1: De forma controlada e vigiada o acesso à Internet por parte dos reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses pode ser uma realidade.

Hipótese 2: Havendo formação e educação para a utilização da Internet, o acesso a esta tecnologia por parte dos reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses pode ser uma realidade.

conclusões

Relativamente à terceira hipótese revelou-se necessário fazer uma pequena alteração de forma a torná-la verdadeira:

(Hipótese 3): A utilização da Internet, com as condições de acesso e de utilização adequadas por parte dos familiares e/ou amigos, pode favorecer a proximidade e, consequentemente, a manutenção dos laços afectivos entre os reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses e a respectiva rede social de apoio.

conclusões

Produto da análise e dos resultados verificados:

O acesso à Internet em contexto de formação é, nalguns ciclos educacionais e formativos, fundamental para a educação e formação do “cidadão-recluso” e, consequentemente, para a sua preparação para a vida pós-reclusão, nomeadamente, no que diz respeito à reinserção no mercado de trabalho.

conclusões

O acesso à Internet por parte dos reclusos nos Estabelecimentos Prisionais Portugueses poderá ser uma realidade no contexto de escola e/ou formação:

• com supervisão e acompanhamento do professor/formador; e,

• com limitação do acesso através de uma filtragem na navegação.

conclusões

O acesso à Internet, de forma supervisionada, controlada e acompanhada, permitindo ao recluso estar informado ou em comunicação mais assídua com a respectiva rede social de apoio poderia trazer-lhe um maior sentimento de bem-estar e reforço da auto-estima, o que é favorável quer à reabilitação do recluso quer a uma reinserção social pós-reclusão plena.

conclusões

Participação no Congresso Internacional IAMCR 2010“Communication and Citizenship - Rethinking Crisis and Change”, em Braga, organizado pela Universidade do Minho, com apresentação do artigo “Internet usage in Portuguese Prisional Establishments. Reality or an Utopia?”, inserido na secção “Participatory Communication Research”, na sessão “ITCs, On-line Media and Participatory Change”.

Convites para publicação em jornais científicosObservatório OberCom (http://obs.obercom.pt)

Journal of US-China Public Administration, USA (http://www.managers.org.cn/mag/.)

participações/publicações

Participação no Congresso Internacional IAMCR 2010“Communication and Citizenship - Rethinking Crisis and Change”, em Braga, organizado pela Universidade do Minho, com apresentação do artigo “Internet usage in Portuguese Prisional Establishments. Reality or an Utopia?”, inserido na secção “Participatory Communication Research”, na sessão “ITCs, On-line Media and Participatory Change”.

Convites para publicação em jornais científicosObservatório OberCom (http://obs.obercom.pt)

Journal of US-China Public Administration, USA (http://www.managers.org.cn/mag/.)

participações/publicações

Estudo de CasoGrupo-piloto: definido com recurso aos dados obtidos na presente dissertação, população reclusa do EP Porto e do EP St.ª Cruz Bispo.

Factores de selecção: tempo restante de pena a cumprir; grau de escolaridade; frequência de ano curricular ou curso de formação no EP; tipo de utilização prévia da Internet.

Acções de formação: avaliar que impacto a criação, desenvolvimento e/ou valorização de competências na utilização desta tecnologia teria na vida do formando-recluso, focalizando os domínios afectivo e cognitivo.

perspectivas de trabalho futuro

Obrigada pela atenção.

utilização da internet nos estabelecimentos prisionais portugueses. realidade ou utopia?

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