uso dos agrotÓxicos e danos sobre a saÚde 2015_alimentos_karen... · uso dos agrotÓxicos e danos...
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ENSP/FIOCRUZ
São Paulo, 01 de setembro de 2015
USO DOS AGROTÓXICOS E
DANOS SOBRE A SAÚDE
Karen Friedrich
USO DOS AGROTÓXICOS E DANOS SOBRE A
SAÚDE
1) USO NO BRASIL
2) REGULAÇÃO
3) EXPOSIÇÃO E EFEITOS SOBRE A
SAÚDE
USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
• Maior consumidor mundial
• 12 litros/hectare
• 7 litros/habitante
USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
• Maior consumidor mundial
• 12 litros/hectare
• 7 litros/habitante
USO DOS AGROTÓXICOS E DANOS SOBRE A
SAÚDE
1) USO NO BRASIL
2) REGULAÇÃO
3) EXPOSIÇÃO E EFEITOS SOBRE A SAÚDE
REGISTRO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
ANVISA IBAMA MAPA
Relevância
agronômica
Impacto
ambiental
Saúde humana
REGISTRO REAVALIADO
?
ESTUDOS APORTADOS PELA INDUSTRIA
Estudos agudos, subagudos, subcrônicos e crônicos (dérmica, oral,
inalatória)
Relevância dos achados para a saúde humana
- estudos in vitro (células, tecidos)
- estudos in vivo (animais de laboratório)
- Toxicogenoma, proteoma, metaboloma
• DECISÕES DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS
• ESTUDOS CIENTÍFICOS
• CASOS DE INTOXICAÇÃO
Avaliação Toxicológica de Agrotóxicos
(Re) Avaliação Toxicológica de Agrotóxicos
8
DEFINIÇÃO DE LIMITES DE SEGURANÇA
*
Ex: Ingestão Diária Aceitável (IDA) = Dose onde não foram observados efeitos
Fatores de incerteza
Agrotóxico mg/kg/dia
% d
e a
um
ento
de e
feito
0 x 2x 4x
100
80
60
40
20
0
ESTUDOS APORTADOS PELA INDUSTRIA
Estudos agudos, subagudos, subcrônicos e crônicos (dérmica, oral,
inalatória)
Relevância dos achados para a saúde humana
- estudos in vitro (células, tecidos)
- estudos in vivo (animais de laboratório)
- Toxicogenoma, proteoma, metaboloma
• DECISÕES DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS
• ESTUDOS CIENTÍFICOS
• CASOS DE INTOXICAÇÃO
Avaliação Toxicológica de Agrotóxicos
(Re) Avaliação Toxicológica de Agrotóxicos
REGISTRO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
ANVISA IBAMA MAPA
- Testes realizados pelas indústrias investigam apenas um único
ingrediente ativo de agrotóxico para cálculo de limites
- Não considera a presença em outros produtos (saneantes,
medicamentos etc)
- Registro ad eternum - novos achados científicos nem sempre são
considerados para a revisão de limites ou de autorizações de uso
(Judicialização dos processos de revisão)
- Limitações das ações de monitoramento de alimentos e vigilância das
populações expostas
- Interesses econômicos se sobrepões aos da saúde e do meio ambiente
- Contextos de vulnerabilidade e vulneração das populações expostas
LIMITAÇÕES
REGISTRO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
ANVISA IBAMA MAPA
- Testes realizados pelas indústrias investigam apenas um único
ingrediente ativo de agrotóxico para cálculo de limites
- Não considera a presença em outros produtos (saneantes,
medicamentos etc)
- Registro ad eternum - novos achados científicos nem sempre são
considerados para a revisão de limites ou de autorizações de uso
(Judicialização dos processos de revisão)
- Limitações das ações de monitoramento de alimentos e vigilância das
populações expostas
- Interesses econômicos se sobrepões aos da saúde e do meio ambiente
- Contextos de vulnerabilidade e vulneração das populações expostas
LIMITAÇÕES
REGISTRO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
ANVISA IBAMA MAPA
- Testes realizados pelas indústrias investigam apenas um único
ingrediente ativo de agrotóxico para cálculo de limites
- Não considera a presença em outros produtos (saneantes,
medicamentos etc)
- Registro ad eternum - novos achados científicos nem sempre são
considerados para a revisão de limites ou de autorizações de uso
(Judicialização dos processos de revisão)
- Limitações das ações de monitoramento de alimentos e vigilância das
populações expostas
- Interesses econômicos se sobrepões aos da saúde e do meio ambiente
- Contextos de vulnerabilidade e vulneração das populações expostas
LIMITAÇÕES
REGISTRO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
ANVISA IBAMA MAPA
- Testes realizados pelas indústrias investigam apenas um único
ingrediente ativo de agrotóxico para cálculo de limites
- Não considera a presença em outros produtos (saneantes,
medicamentos etc)
- Registro ad eternum - novos achados científicos nem sempre são
considerados para a revisão de limites ou de autorizações de uso
(Judicialização dos processos de revisão)
- Limitações das ações de monitoramento de alimentos e vigilância das
populações expostas
- Interesses econômicos se sobrepões aos da saúde e do meio ambiente
- Contextos de vulnerabilidade e vulneração das populações expostas
LIMITAÇÕES
REGISTRO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
ANVISA IBAMA MAPA
- Testes realizados pelas indústrias investigam apenas um único
ingrediente ativo de agrotóxico para cálculo de limites
- Não considera a presença em outros produtos (saneantes,
medicamentos etc)
- Registro ad eternum - novos achados científicos nem sempre são
considerados para a revisão de limites ou de autorizações de uso
(Judicialização dos processos de revisão)
- Limitações das ações de monitoramento de alimentos e vigilância das
populações expostas
- Interesses econômicos se sobrepões aos da saúde e do meio ambiente
- Contextos de vulnerabilidade e vulneração das populações expostas
LIMITAÇÕES
REGISTRO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
ANVISA IBAMA MAPA
- Testes realizados pelas indústrias investigam apenas um único
ingrediente ativo de agrotóxico para cálculo de limites
- Não considera a presença em outros produtos (saneantes,
medicamentos etc)
- Registro ad eternum - novos achados científicos nem sempre são
considerados para a revisão de limites ou de autorizações de uso
(Judicialização dos processos de revisão)
- Limitações das ações de monitoramento de alimentos e vigilância das
populações expostas
- Interesses econômicos se sobrepões aos da saúde e do meio ambiente
- Contextos de vulnerabilidade e vulneração das populações expostas
LIMITAÇÕES
Dados de monitoramento de alimentos. Alerta !!
Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA – ANVISA
CIPERMETRINA
Piretróide (Classe II - altamente tóxico)
•Alterações sistema reprodutivo
masculino de ratos (Mani et al, 2002;
Elbetieha et al, 2001; Wang et Al, 2010; Ahmad et
al, 2009)
• Distúrbios neurocomportamentais em
ratos (McDaniel; Moser, 1993; Soderlund et al,
2002; Wolansky; Harrill, 2008)
CLORPIRIFÓS
Organofosforado (Classe II - altamente tóxico)
•Alterações hormônios tireóide em
camundongos (exposição in utero) (Haviland et al,
2010; De Angelis et al, 2009)
• Interfere sistema reprodutivo masculino em
ratos (Joshi, Mathur, Gulati, 2007)
PROFENOFÓS
Organofosforado (Classe II - altamente tóxico)
• Dano genético (Prabhavathy et al, 2006; Fahmy;
Abdalla, 1998)
• Sistema reprodutivo masculino em ratos
(Moustafa et al, 2007)
PERMETRINA
Piretróide (Classe III - medianamente tóxico)
• Associação com mieloma múltiplo em
seres humanos (Rusiecki et al, 2009) e
possível carcinógeno (US EPA)
• Déficits neurocomportamentais (ratos) (Abdel-Rahman et al, 2004)
PIM
EN
TÃ
O
PROCLORAZ
Imidazolilcarboxamida (Classe I – Extremamente
tóxico)
• Alteração hormônios
corticosteróides e sexuais
(diminuição fertilidade masculina)
(Kjaerstad et al, 2010; Ohlsson et al, 2010;
Higley et al, 2010; Ohlsson et al, 2009; Muller et
al, 2009; (Laier et al., 2006; Noriega et al.,
2005; Vinggaard et al., 2002)
• Malformações fetais (ratos)
(Noriega et al, 2005)
CLOROTANOLIL
Isoftalonitrila (Classe III (Medianamente tóxico)
• Carcinogênico não-genotóxico ??
•(Rakitsky et al, 2000; Wilkinson; Killeen, 1996)
• Toxicidade fetal, desenvolvimento pós-
natal (Farag et al, 2006; Greenlee et al, 2004) (de
Castro et al, 2000)
MO
RA
NG
O
USO DOS AGROTÓXICOS E DANOS SOBRE A
SAÚDE
1) USO NO BRASIL
2) REGULAÇÃO
3) EXPOSIÇÃO E EFEITOS SOBRE A SAÚDE
USO DE AGROTÓXICOS
Meio Ambiente
Biota
Desequilíbrio ecológico
Biomagnificação
Ar, água e solo
Contaminação local e distância
Contaminação superficial e subterrânea
Saúde humana
Trabalhador(a), Residentes
Intoxicação aguda
Danos crônicos
Consumidor(a)
Modificado de Soares; Porto, 2007. Ciência & Saúde Coletiva, 12(1)131-143, 2007
Múltiplas exposições = multiplicação dos efeitos
Uso não-agrícola Uso agrícola
Portas de entrada dos agrotóxicos no corpo
Respiração (nariz)
Leite materno
Gravidez
Ingestão (boca)
Absorção
(pele)
Exposição aos agrotóxicos
Doenças, morte, suicídios
BRASIL - Lei nº7.802 11 de julho de 1989
(Art. 3º)
§ 6º Fica proibido o registro de agrotóxicos, seus componentes e afins:
a) para os quais o Brasil não disponha de métodos para desativação de seus
componentes, de modo a impedir que os seus resíduos remanescentes provoquem
riscos ao meio ambiente e à saúde pública;
b) para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no Brasil;
c) que revelem características teratogênicas, carcinogênicas ou
mutagênicas, de acordo com os resultados atualizados de experiências da
comunidade científica;
d) que provoquem distúrbios hormonais, danos ao aparelho reprodutor, de
acordo com procedimentos e experiências atualizadas na comunidade científica;
e) que se revelem mais perigosos para o homem do que os testes de
laboratório, com animais, tenham podido demonstrar, segundo critérios técnicos e
científicos atualizados;
f) cujas características causem danos ao meio ambiente.
EFEITOS CRÔNICOS
(TARDIOS, DEMORAM A APARECER )
em geral várias exposições a doses baixas
EFEITOS AGUDOS (IMEDIATOS, ACONTECEM LOGO)
em geral uma vez a doses altas
Irritação pele e olhos,
coceira, cólicas, vômitos,
diarréias, espasmos,
dificuldades respiratórias,
convulsões, morte etc.
Infertilidade, impotência,
abortos, malformações,
desregulação hormonal,
efeitos sobre sistema
imunológico, câncer etc.
EFEITOS CRÔNICOS
(TARDIOS, DEMORAM A APARECER )
em geral várias exposições a doses baixas
EFEITOS AGUDOS (IMEDIATOS, ACONTECEM LOGO)
em geral uma vez a doses altas
ROTULAGEM DE AGROTÓXICOS
EFEITOS AGUDOS
DL50 oral, DL50 inalatória
EFEITOS CRÔNICOS
Não são utilizados para a classificação toxicológica
World Health Organization (OMS)
Classe I - Produto Extremamente tóxico
Classe II - Produto Altamente tóxico
Classe III - Produto Medianamente tóxico
Classe IV - Produto Pouco tóxico
CÂNCER: um efeito crônico causado por
agrotóxicos
Agrotóxico Grupo químico Classe
Toxicológica
Referências
BETACIFLUTRINA Piretróide Classe II Ila et al, 2008
CLOROTANOLIL Isoftalonitrila Classe III Rakitsky et al, 2000; Wilkinson,1996
CARBENDAZIM Benzimidazol Classe III Kirsch-Volders et al, 2003; McCarroll et al,
2002
PERMETRINA Piretróide Classe III Rusiecki et al, 2009; US EPA
PROFENOFÓS Organofosforado Classe II Prabhavathy et al, 2006; Fahmy; Abdalla,
1998
METAMIDOFÓS Organofosforado Classe I NT ANVISA; US EPA
Câncer de mama, pulmão, boca, linfomas, leucemias
cérebro, rins, pâncreas, cérebro, tireóide e sistema
reprodutivo
INCA – Instituto Nacional de Câncer
(...) Considerando o atual cenário brasileiro, os
estudos científicos desenvolvidos até o presente
momento e os marcos políticos existentes para o
enfrentamento do uso dos agrotóxicos, o
Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Gomes da Silva (INCA) recomenda o uso do
Princípio da Precaução e o estabelecimento de
ações que visem à redução progressiva e
sustentada do uso de agrotóxicos, como
previsto no Programa Nacional para Redução
do uso de Agrotóxicos (Pronara).
Em substituição ao modelo dominante, o INCA
apoia a produção de base agroecológica em
acordo com a Política Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica.
http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/comunicacao/posicio
namento_do_inca_sobre_os_agrotoxicos_06_abr_15.pdf
IARC – Agência Internacional de Pesquisa de Câncer
Organização Mundial da saúde
Monografia 112 – IARC – março 2015
GLIFOSATO Herbicida Classe IV
DIAZINONA Inseticida e acaricida Classe II
MALATIONA Inseticida e acaricida Classe III
Monografia 113 – IARC – junho 2015
2,4-D Herbicida Classe I
LINDANO - -
DDT - -
Glifosato - aplicação em pós-emergência das plantas infestantes nas culturas de algodão, ameixa, arroz, banana, cacau,
café, cana-de-açúcar, citros, coco, feijão, fumo, maçã, mamão, milho, nectarina, pastagem, pêra, pêssego, seringueira, soja,
trigo e uva; Diazinona - aplicação foliar nas culturas de citros e maçã; Malationa - aplicação foliar nas culturas de alface,
algodão, berinjela, brócolis, cacau, café, citros, couve, couve-flor, feijão, maçã, morango, orquídeas, pastagens, pepino,
pêra, pêssego, repolho, rosa, soja e tomate. Domissanitário e campanhas de saúde pública. Aplicação em arroz, feijão,
milho, sorgo e trigo armazenados; 2,4-D - aplicação em pré e pós-emergência das plantas infestantes nas culturas de arroz,
aveia, café, cana-de-açúcar, centeio, cevada, milho, pastagem, soja, sorgo e trigo
89 agentes (substâncias químicas, agentes biológicos,
exposições
16 agrotóxicos + exposição ocupacional a agrotóxicos
Uso não-agrícola Uso agrícola
EXPOSIÇÃO A MISTURAS DE
AGROTÓXICOS
Disponível em: http://www.abrasco.org/dossieabrasco/