uso de sig para análise de adequação de uso agrícola das...

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1 Uso de SiG Para Análise de Adequação de Uso Agrícola das Terras João Paulo Domingos Gonçalves 1 1 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Caixa Postal 515 - 12227-010 - São José dos Campos - SP, Brasil [email protected] Resumo: O Brasil apresenta um uso desordenado do solo, uma vez que apenas pequena porcentagem de suas áreas é protegida. Para criar uma conscientização social e ecológica em relação a este uso desordenado é preciso uma análise do uso agrícola do solo das cidades brasileiras. Por se tratar de áreas extensas, o melhor caminho de análise e o mais viável é o sensoriamento remoto aliado a técnicas de SIG, que têm demonstrado, através de técnicas distintas, grande eficácia e assim, medidas necessárias possam ser tomadas para resolução do problema e melhora na competitividade, que o país vem buscando no mercado Internacional. Neste trabalho através de técnicas de geoprocessamento, foi feita uma análise da adequação do uso agrícola do solo nos municípios de Gilbués e Monte alegre do Piauí, ambos no estado do Piauí. Demonstrando que através de um banco de dados específicos de uma região, informações podem ser cruzadas e gerar outras informações de forma rápida e eficaz. Palavras-chave: Geoprocessamento, AHP, solo, adequação. 1. Introdução Uma definição dentre as várias existentes para o que seja geoprocessamento é o de um conjunto de ciências, tecnologias e técnicas empregadas na aquisição, armazenamento, gerenciamento, manipulação, cruzamento, exibição, documentação e distribuição de dados e informações geográficas. Os principais componentes do geoprocessamento são: a base de dados geográficos, formada pela base gráfica e a base de dados descritivos, geralmente armazenado em um banco de dados, os programas computacionais, equipamentos e, principalmente, pessoas para integrar e operar tudo isso. Os mapas de aptidão agrícola das terras, quando cruzados e sobrepostos com mapas de uso atual e declividade, permitem determinar áreas com diferentes níveis de adequação de uso. Nesse sentido, o ambiente SIG torna-se uma ferramenta fundamental para tomadas de decisão na gestão ambiental, em razão da possibilidade de detecção da taxa de adequação entre aptidão agrícola e uso das terras, sendo um sistema realístico, semiautomático e não subjetivo. Dessa maneira, é possível planejar o uso das terras o que é importante no cenário agrícola atual, que busca maior competitividade bem como a conservação dos recursos naturais (Silva et al., 2008). Monceratt e Pinto (1996) utilizaram técnicas de geoprocessamento com objetivo de analisar o uso da terra nos municípios de Araras e Conchal, localizados no este do estado de São Paulo, para este fim, foi feita a interpretação de imagens TM Landsat-5 de duas datas e estas foram comparadas com o mapa de aptidão agrícola. O resultado desta fusão de informações foi um mapa-resumo no qual se detectaram as áreas que estão sendo utilizadas adequadamente ou não.

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Uso de SiG Para Análise de Adequação de Uso Agrícola das Terras

João Paulo Domingos Gonçalves1

1 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE

Caixa Postal 515 - 12227-010 - São José dos Campos - SP, Brasil [email protected]

Resumo: O Brasil apresenta um uso desordenado do solo, uma vez que apenas pequena porcentagem de suas áreas é protegida. Para criar uma conscientização social e ecológica em relação a este uso desordenado é preciso uma análise do uso agrícola do solo das cidades brasileiras. Por se tratar de áreas extensas, o melhor caminho de análise e o mais viável é o sensoriamento remoto aliado a técnicas de SIG, que têm demonstrado, através de técnicas distintas, grande eficácia e assim, medidas necessárias possam ser tomadas para resolução do problema e melhora na competitividade, que o país vem buscando no mercado Internacional. Neste trabalho através de técnicas de geoprocessamento, foi feita uma análise da adequação do uso agrícola do solo nos municípios de Gilbués e Monte alegre do Piauí, ambos no estado do Piauí. Demonstrando que através de um banco de dados específicos de uma região, informações podem ser cruzadas e gerar outras informações de forma rápida e eficaz. Palavras-chave: Geoprocessamento, AHP, solo, adequação.

1. Introdução

Uma definição dentre as várias existentes para o que seja geoprocessamento é o de um conjunto de

ciências, tecnologias e técnicas empregadas na aquisição, armazenamento, gerenciamento,

manipulação, cruzamento, exibição, documentação e distribuição de dados e informações

geográficas.

Os principais componentes do geoprocessamento são: a base de dados geográficos, formada

pela base gráfica e a base de dados descritivos, geralmente armazenado em um banco de dados, os

programas computacionais, equipamentos e, principalmente, pessoas para integrar e operar tudo

isso.

Os mapas de aptidão agrícola das terras, quando cruzados e sobrepostos com mapas de uso

atual e declividade, permitem determinar áreas com diferentes níveis de adequação de uso. Nesse

sentido, o ambiente SIG torna-se uma ferramenta fundamental para tomadas de decisão na gestão

ambiental, em razão da possibilidade de detecção da taxa de adequação entre aptidão agrícola e uso

das terras, sendo um sistema realístico, semiautomático e não subjetivo. Dessa maneira, é possível

planejar o uso das terras o que é importante no cenário agrícola atual, que busca maior

competitividade bem como a conservação dos recursos naturais (Silva et al., 2008).

Monceratt e Pinto (1996) utilizaram técnicas de geoprocessamento com objetivo de analisar o

uso da terra nos municípios de Araras e Conchal, localizados no este do estado de São Paulo, para

este fim, foi feita a interpretação de imagens TM Landsat-5 de duas datas e estas foram comparadas

com o mapa de aptidão agrícola. O resultado desta fusão de informações foi um mapa-resumo no

qual se detectaram as áreas que estão sendo utilizadas adequadamente ou não.

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Barros et al. (2004) também delimitaram as áreas que estão tendo um uso adequado na questão

agrícola no município de Maringá-Pr. Para elaboração deste trabalho foram utilizadas cartas

topográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que serviram de base na

definição dos limites da área de estudo e extração da rede de drenagem, foi utilizado também o

mapa de ocupação do solo, aptidão agrícola, geologia e curvas de nível do município em questão.

Como resultado observou-se que o municio de Maringá apresenta ocupação de suas terras em sua

grande maioria, em acordo com a aptidão agrícola recomendada para a região

Rodrigues et al. (2001) também basearam-se nas técnicas de geoprocessamento para definir ás

áreas que apresentam um uso adequado do solo na bacia do Córrego Água da Madalena, afluente do

Rio Pardo, região de Botucatu/Pardinho (SP), com este intuito foi efetuado o cruzamento do mapa

de classes de declive com o mapa que continha as unidades de mapeamento de solo.

Portanto pode-se perceber que as técnicas de geoprocessamento estão sendo utilizadas

freqüentemente para definição da adequação de uso agrícola das terras, podendo-se empregá-las

com o cruzamento de informações distintas, obtidas também de maneira distinta, em diversas

regiões, climas e unidades de área.

O objetivo deste trabalho foi analisar a adequação de uso das terras de dois municípios

adjacentes, Gilbués e Monte Alegre do Piauí. De posse de informações de declividade, aptidão

agrícola e de uso e ocupação do solo, foi feito o cruzamento destas informações em ambiente de

SIG.

2 Materiais e Método

O presente estudo foi realizado nos municípios de Gilbués e Monte Alegre do Piauí, ambos

localizados no Estado do Piauí. (Figura 1).

Figura 1- Localização da área de estudo

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas IBGE e do Governo do Estado

do Piauí, o município de Gilbués está localizado na microrregião do Alto Médio Gurguéia tendo

como limites ao norte os municípios de Baixa Grande do Ribeiro, Bom Jesus e Santa Filomena, ao

sul Barreiras do Piauí e São Gonçalo do Gurguéia, a leste Monte Alegre do Piauí e Riacho Frio, e a

oeste Barreiras do Piauí, Santa Filomena e o Estado do Maranhão.

A sede municipal tem as coordenadas geográficas de 9º49’55’’de latitude sul e 45º20’38’’de

longitude oeste de Greenwich e dista cerca de 800 km da capital Teresina. A agricultura praticada

no município é baseada na produção sazonal de arroz, feijão, mandioca, milho e soja.

As condições climáticas do município (com altitude da sede a 481 m acima do nível do mar)

apresentam temperaturas mínimas de 25ºC e máximas de 36ºC, com clima quente e semi-úmido. A

precipitação pluviométrica média anual é definida no Regime Equatorial Continental, com isoietas

anuais em torno de 800 a 1200 mm e período chuvoso estendendo-se de novembro-dezembro a

abril-maio.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e do Governo do

Estado do Piauí, o município de Monte Alegre do Piauí está localizado na microrregião do Alto

Médio Gurguéia tendo como limites ao norte os municípios de Bom Jesus e Redenção do Gurguéia,

ao sul e a oeste o município de Gilbués, e a leste Riacho Frio.

A sede municipal tem as coordenadas geográficas de 9º45’14 de latitude sul e 45º18’14’’ de

longitude oeste de Greenwich e dista cerca de 790 km de Teresina. A agricultura praticada no

município é baseada na produção sazonal de arroz, cana de açúcar, feijão, mandioca, milho e soja.

As condições climáticas do Município (com altitude da sede a 453 m acima do nível do mar)

apresentam temperaturas mínimas de 24ºC e máximas de 36ºC, com clima quente e semi-úmido. A

precipitação pluviométrica média anual (registrada, na sede, 900 mm) é definida no Regime

Equatorial Continental, com isoietas anuais em torno de 800 a 1200 mm e período chuvoso

estendendo-se de novembro-dezembro a abril-maio.

Para elaboração deste estudo foram utilizadas informações obtidas do banco de dados

geográficos dos municípios de Gilbués e Monte Alegre do Piauí, elaborado por Crepani et al (2008)

e do Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil (Topodata), através dos quais utilizando-se do

Software Spring 5.1.5.1, foi possível a elaboração de diferentes mapas de fatores.

Estes mapas por serem superfícies contínuas, que representam uma variação gradual da

adequação de uso das terras, foi estipulada uma escala crescente de valores que vai de 0 (menos

adequado) a 255 (mais adequado), baseando-se no modelo adotado por Corseuil e Campos (2007)

Neste estudo, foram considerados como fatores a aptidão agrícola, o uso da terra e a declividade.

Para esses fatores foram estabelecidas quatro classes de adequação de uso: alta, média, baixa e

restrita.

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Para a obtenção das diferentes classes de declividade existentes na região, foram utilizados

dados do Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil (Topodata), através da localização

geográfica dos municípios, foram obtidas as informações referentes à declividade destes. Estes

dados foram inseridos em ambientes SIG através do software Spring 5.1.5.1, e foram atribuídas

quatro classes distintas de declividade (Figura 2). O diagrama OMT-G abaixo foi utilizada para

nortear a execução deste trabalho, demonstrando os passos que deviam ser seguidos para obtenção

dos resultados almejados.

Para o fator declividade utilizou-se como critério o intervalo de classes estabelecido no sistema

de avaliação da aptidão agrícola das terras, proposto por Ramalho Filho e Beek (1995). A partir

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dessas classes foi possível inferir que as declividades abaixo de 20% são as mais adequadas para a

utilização agrícola, de 20% a 45% conferem uma baixa adequação por apresentarem dificuldades

para o preparo do solo e para a mecanização. Já as declividades maiores que 45% são consideradas

inadequadas para essa atividade, devendo ser destinadas para outros usos (exemplo: culturas

permanentes, silvicultura e áreas de preservação). Com base nesses critérios foram estabelecidas as

classes de adequação de uso conforme mostra a Tabela 1.

Figura 2: Classes de Declividade do Município de Gilbués e Monte Alegre do Piauí- PI.

Classes de declividade (%) Valores de adequação Classes de adequação

0-13 255 Alta 13-20 170 Média 20-45 85 Baixa >45 0 Restrita

Fonte: Corseuil e Campos (2007) Tabela 1. Intervalos de declividade, valores e classes de adequação de uso.

Foi utilizado também um mapa de aptidão agrícola dos municípios referentes ao trabalho,

baseados no sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras proposto por Ramalho Filho e Beek

(1994). Os municípios de Gilbués e Monte alegre do Piauí apresentaram nove classes de aptidão

conforme a Figura 3.

As classes com aptidão regular para lavoura, ou seja, 2abc**-, 2(a)BC, 2(a)bc- e 2(a)bc*- foram

agrupadas numa única classe e receberam o valor de 170 (média adequação de uso). Neste

agrupamento não foram considerados os diferentes níveis de manejo necessários para que o solo

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possua aptidão agrícola, apenas se é possível realizar essa prática. Já para as classe com aptidão

para pastagem 4 (p)+ 4(p)+- foi atribuído um valor de 85 (baixa). Por fim, para classes 6 e 6+ (sem

aptidão agrícola) foi dado um valor 0 (restrita).

Figura 3: Aptidão agrícola do Município de Gilbués e Monte Alegre do Piauí- PI.

Através do banco de dados citado acima foi elaborado um mapa de uso do solo do ano de 2006

dos municípios de Gilbués e Monte Alegre do Piauí (Figura 4) sendo que este uso foi divido em

cinco categorias: Vegetação Natural, Solo Exposto, Área Urbana, Pastagens, Água e Cultivo Anual.

Para o fator uso da terra utilizou-se como critério de avaliação o grau de proteção contra a

erosão que cada tipo de cobertura vegetal (uso atual) proporciona ao solo (Bertoni e LombardiNeto,

1990). Desta forma, foram estabelecidas classes de adequação de uso em função da maior ou menor

proteção proporcionada às terras pela cobertura vegetal. Sendo assim, para as áreas cobertas por

vegetação natural, pastagem foram atribuídos os seguintes valores: 255 (alta) e 170 (média),

respectivamente. As áreas com cultivo anual e solo exposto (recém plantado) foram agrupadas

numa única classe e receberam o valor 85 (baixa adequação), por serem destinadas para o mesmo

fim (cultivo anual), regiões que representam as áreas urbanas e massas de água, foram consideradas

restritas. (Tabela 2).

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Uso Atual Valores de adequação Classes de adequação

Vegetação Natural 255 Alta Pastagens 170 Média

Cultivo Anual e Solo Exposto 85 Baixa Água e Área Urbana 0 Restrita

Fonte: Corseuil e Campos (2007)

Tabela 2: Classes de adequação dos Municípios de Gilbués e Monte Alegre do Piauí- PI.

Figura 4: Uso do solo do Município de Gilbués e Monte Alegre do Piauí- PI (2006).

Após a padronização dos fatores, para a escala de 0 a 255, a próxima etapa consistiu em

ponderar a influência de cada um no processo de avaliação da adequação de uso das terras.

A ponderação foi realizada utilizando-se uma matriz de comparação pareada, onde cada célula é

preenchida com um valor de julgamento que expressa a importância relativa entre pares de critérios.

A definição dos valores de importância entre os critérios determina os dados de entrada na matriz e,

a partir deles, são calculados os pesos ponderados dos fatores (auto vetor da matriz) e a consistência

do julgamento da matriz (máximo autovalor da matriz).

Desta forma, foi construída uma matriz de comparação pareada no SIG utilizando-se como base

uma escala contínua de 9 pontos que traduz a importância relativa entre eles: 1/9 (Extremamente),

1/7 (fortemente), 1/5 (forte); 1/3 (pouco); 1 (igual importância); 3 (pouco); 5(forte); 7 (fortemente);

9 (extremamente). Com base nesta escala, foi elaborada a matriz de pesos, conforme mostra a

Tabela 3.

Depois de comparar os fatores, dois a dois, foram calculados os pesos para cada um, por meio

do método AHP (Analytical Hierarchy Process - Processo de Análise Hierárquica). Esse

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procedimento foi realizado por meio do SIG, o qual apresenta uma estrutura similar ao método de

Saaty (1980). Além dos pesos, o programa permite calcular a razão de consistência da matriz que,

segundo Saaty e Vargas (1991) deve ser menor que 0,1. A razão de consistência (RC) indica a

probabilidade que as avaliações da matriz foram geradas aleatoriamente.

Fatores Uso da terra Declividade Aptidão agrícola

Uso da terra 1 1/3 1/7 Declividade 3 1 1/3

Aptidão agrícola 7 3 1 Fonte: Corseuil e Campos (2007) Tabela 3: Matriz de julgamento dos fatores 3. Resultados e discussão Os pesos, calculados a partir da matriz de julgamento, para os fatores: uso da terra, declividade e

aptidão agrícola foram: 0.008 ; 0,243 e 0,669, respectivamente. A razão de consistência (RC) dos

pesos encontrada para este estudo foi de 0,006 , indicando que o julgamento apresentou consistência

aceitável, ou seja, menor que 0,1 (10%). Analisando os resultados, observa-se que os fatores aptidão

agrícola e declividade apresentaram pesos maiores (0,669e 0,243) em relação ao uso da terra

(0.008). Estes valores refletem aqueles apresentados na Tabela 3, que expressam a importância de

cada critério no processo de avaliação da adequação de uso das terras.

Como resultado desta metodologia obteve-se duas imagens (Figuras 5 e 6) que representa uma

superfície contínua de adequação uso agrícola das terras, no municípios de Gilbués e Monte alegre

do Piauí respectivamente, com valores variando de 0 a 255. Onde 0 representa a restrição total à

exploração agrícola das terras, aumentando gradativamente até 255, valor de alta adequação para o

mesmo fim.

Figura 5. Escala contínua de adequação de uso agrícola (0 a 255). Gilbués-PI

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Figura 6. Escala contínua de adequação de uso agrícola (0 a 255). Monte Alegre do Piauí- PI

Com intuito de fazer comparações entre os dois municípios em estudo, foi elaborado um mapa

contendo informações destes em relação à adequação do uso do solo em relação ao uso do solo do

ano de 2006. O resultado desta fusão das figuras 5 e 6 pode ser visualizado na figura7.

Figura 7. Escala contínua de adequação de uso agrícola (0 a 255). Gilbués e Monte Alegre do Piauí- PI

Essa imagem foi reclassificada em quatro classes (restrita, baixa, média, e alta), para uma melhor

análise das áreas dos municípios que estão sendo utilizadas de maneira adequada ou não, segundo

os critérios determinados para este estudo, resultando nos mapas finais de adequação de uso das

terras (Figuras 8 e 9).

Analisando-se a Figura 5, observa-se que, a maior parte da área apresenta valores de médio a

alto grau de adequação de uso, comportamento que pode ser melhor visualizado na Figura 8, onde

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é possível observar que as áreas determinadas como de alta adequação de uso agrícola apresentam-

se distribuídas na parte norte do município de gilbués, já,as de média adequação ocorrem nas

porções , oeste e sul. As áreas com baixa adequação aparecem distribuídas ao longo do município

de Gilbués.

Figura 8. Mapa de classes de adequação de uso agrícola das terras Gilbués-PI

No municipio de Monte Alegre Do Piauí, a maior parte das terras apresenta uma alta adequação

do uso agrícola das terras, podendo-se afimar que estas estão distribuídas pelo município como um

todo. Entretanto, as regiões com média adequação, estão localizadas principalmente na região sul da

cidade, já as regiões de Monte Alegre do piauí que apresentam uma baixa adequação estão

distribuídas ao longo do município, entretanto ocorrem de maneira pontual, nao representando uma

grande quantindade de terras associadas a esta classe.

As regiões consideradas como restritas, podem ser visualizadas principalmente no sul do

município, região na qual se inserem as áreas urbanas, e os corpos d’água, regiões que receberam o

valor 0 na classe de adequação. A análise e comparação visual, deixa clara a discrepância em

relação ao uso agrícola das terras nestes municípios.

Muitas vezes, os resultados provenientes de intepretação visual, podem trazer informações

iverídicas e generalistas da realiadade, para que não aconteça tal fato, pode-se utilizar técnicas de

SIG, que de maneira prática e rápida efetuam estes cálculos. Deve-se ressaltar que os softwares

específicos de geoprocessamento, possuem estas funções, entretanto podem apresentar variações em

relação a interface e forma de utilização.

Figura 9. Mapa de classes de adequação de uso agrícola das terras

A partir dos mapas de adequação de uso das terras (

a área de cada classe, em valores absolutos. Com esses dados, determinou

onde, Gilbués apresenta 33% alta adequação de uso agrícola;

O município de Monte Alegre do Piau

alta adequação de uso agrícola; 6

pode ser visualizada na Figura 10

Figura 10: Área relativa de adequaç

Neste caso, o valor atribuído ao fator aptidão agrícola (0) influenciou fortemente o

uma vez que, as terras ocorrentes nessa região, pertencem

ambos os municípios, ou seja,

município de Monte alegre do Piau

indicada para cultivo anual ou agricultura mecanizada.

Entretanto, algumas dessas áreas apresentam uso adequado

(vegetação nativa) e, foram classificadas como de baixa adequação

aptidão neste local apresentar um valor 0 (restrições). As áreas

terras (corpos d’água, área urbana

área total de cada município.

1% 13%

80%

Monte Alegre

do Piauí

Mapa de classes de adequação de uso agrícola das terras . Monte Alegre do Piauí

de adequação de uso das terras (Figuras 8 e 9) foi possível calcular (no SIG)

a área de cada classe, em valores absolutos. Com esses dados, determinou-se os valores

% alta adequação de uso agrícola; 55% média, 11% baixa e

ípio de Monte Alegre do Piauí, apresenta segundo os cálculos efetuados

6% média, 13% baixa e 1% restrita. Foi feita uma comparaç

Figura 10.

adequação de uso agrícola das terras. Gilbués-PI e Monte Alegre do Piau

Neste caso, o valor atribuído ao fator aptidão agrícola (0) influenciou fortemente o

terras ocorrentes nessa região, pertencem principalmente à cla

eja, aptas para uso agrícola. No entanto, pode

ípio de Monte alegre do Piauí, apresenta um maior percentual de terras com aptid

cultivo anual ou agricultura mecanizada.

Entretanto, algumas dessas áreas apresentam uso adequado quanto à cobertura vegetal

(vegetação nativa) e, foram classificadas como de baixa adequação de uso agrícola em função da

esentar um valor 0 (restrições). As áreas de total restrição ao uso agrícola das

área urbana), independente do uso ou manejo do solo, representam 1

13%

6%

Monte Alegre

do Piauí-Pi

Restrita

Baixa

Média

Alta

1% 11%

55%

33%

Gilbués- PI

Restrita

Baixa

Média

Alta

11

Monte Alegre do Piauí- PI

) foi possível calcular (no SIG)

se os valores relativos

% baixa e 1% restrita.

álculos efetuados no Sig 80%

oi feita uma comparação que

PI e Monte Alegre do Piauí-PI

Neste caso, o valor atribuído ao fator aptidão agrícola (0) influenciou fortemente o resultado,

à classe de aptidão 2 em

No entanto, pode-se perceber que o

de terras com aptidão agrícola

quanto à cobertura vegetal

de uso agrícola em função da

de total restrição ao uso agrícola das

u manejo do solo, representam 1% da

Restrita

Baixa

Média

Alta

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4. Considerações Finais

Na questão agrícola, que se apresenta nos dias atuais com importância notória, deve-se atentar para

as diferentes formas de utilização da terra. Esta adequação pode influir drasticamente na

produtividade e sustentabilidade de uma região específica. Para que seja possível a análise correta

desta adequação, a metodologia empregada neste trabalho pode ser considerada como correta, mas

não completamente abrangente. Por este motivo, pode-se dizer que novos parâmetros devem ser

incluídos nesta, para aumentar a qualidade e precisão das informações obtidas pelas técnicas de SIG

empregadas.

As técnicas de SIG são produtoras de informações oportunas e geradores de conhecimento, a

fusão do conhecimento do analista, juntamente com o conhecimento e disponibilidade de softwares

adequados, permite que novas informações sejam criadas e difundidas. Esta difusão pode se

apresentar de diferentes maneiras, dentre elas pode-se destacar a internet e redes específicas de

trabalho. Para que seja possível esta transferência de dados, estes devem estar claramente

especificados quanto suas características, forma de aquisição, escala e datum escolhido para a

realização do trabalho.

A transferência de informações e a conseqüente aquisição por parte de uma analista foi utilizada

para realização do presente trabalho, que através de uma metodologia específica, observou que a

cidade de Gilbués, não apresenta dentro de suas terras um uso adequado na questão agrícola,

entretanto, a cidade de Monte Alegre do Piauí, apesar de estar próxima de Gilbués, apresenta uma

adequação em praticamente todo o município. No entanto não se pode restringir a adequação do uso

agrícola apenas aos fatores utilizados nesta metodologia, a disponibilidade hídrica, possibilidade de

escoamento através de rodovias, presença de condições adequadas de trabalho para os agricultores,

são importantes para a realização de atividade com este fim.

O exemplo destas cidades, utilizadas para a realização do presente estudo demonstra que se deve

atentar para as diferenças existentes entre municípios, mesmo que estes estejam próximos,

demonstrando a necessidade que medidas sejam tomadas para resolução/mitigação do problema do

uso indevido de terras agrícolas, que não se apresenta somente nesta região específica do Estado do

Piauí, mas sim em grande parte das terras brasileiras.

Portanto, novas metodologias podem e devem ser criadas para fazer a análise deste uso, não

somente em regiões de interesse político e social, mas em regiões que estão distantes do foco

governamental, como o nordeste e norte do país, que por não apresentar muitas vezes leis

específicas para determinar quais terras podem ser utilizadas e para que fim se destinam, são

utilizadas de maneira irregular e prejudicial para a população e para produtividade nacional.

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5. Referências Bibliográficas BARROS, Z.X.; TORNERO, M.T.; STIPP, N.A.F.; CARDOSO, L.G.; POLLO, R.A. Estudo da adequação de uso do solo, no município de Maringá – PR, utilizando-se de geoprocessamento. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 24, n. 2, p. 436-444, 2004. BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone, 1990. 355p. CORSEUIL W. C.; CAMPOS. S. Análise de adequação do uso das terras por meio de técnicas de geoprocessamento e de análise de multicritérios. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 4, 2007, Florianópolis. Atas... Florianópolis: Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais-INPE / Sociedade de Especialistas Latino-Americanos em Sensoriamento Remoto-SELPER, 2007, CD-ROM. MENEZES, M. D. de; CURI, N.; MARQUES, J. J.; MELLO, C. R. de; ARAÚJO, A. R. de. Levantamento pedológico e sistema de informações geográficas na avaliação do uso das terras em sub-bacia hidrográfica de Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.33, n.6, p.1544-1553, nov./dez., 2009. MONCERATT, A.E. & PINTO, S.A.F. Caracterização e adequação do uso da terra utilizando técnicas de sensoriamento remoto e sistemas de informação geográfica. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 8, 1996, Salvador. Atas... Salvador: Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais-INPE / Sociedade de Especialistas Latino-Americanos em Sensoriamento Remoto-SELPER, 1996, CD-ROM. RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K.J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 3.ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1994. 313 p. RODRIGUES et al. UTILIZAÇÃO DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA AVALIAÇÃO DO USO DA TERRA EM BOTUCATU (SP) Revista Brasileiras de Ciência do Solo, 25:675-681, 2001 SILVA, F. M. da; SOUZA, Z. M. de; FIGUEIREDO, C. A. P. de; VIEIRA, L. H. de S.; OLIVEIRA, E. de. Variabilidade espacial de atributos químicos e produtividade da cultura do café em duas safras agrícolas. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.32, n.1, p.231-241, jan./fev., 2008 SAATY, T. L. The analytical hierarchy process: planning, priority setting, resource allocation. New York: McGraw-Hill, 1980. 287p. SAATY, T. L; VARGAS, L. G. Prediction. Projection and forecasting. Kluwer Academic Publishers, Boston, MA, USA. 1991. 251p