uso de preparaÇÕes caseiras de plantas medicinais ... · tabela 04 - opinião dos entrevistados...

111
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM - FFOE MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FARMÁCIA CLÍNICA GISELE MEDEIROS BASTOS USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS Fortaleza 2007

Upload: vanxuyen

Post on 11-Nov-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM - FFOE

MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FARMÁCIA CLÍNICA

GISELE MEDEIROS BASTOS

USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS

Fortaleza

2007

Page 2: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

1

GISELE MEDEIROS BASTOS

USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em

Ciências Farmacêuticas, com área de concentração

em Farmácia Clínica, do Departamento de Farmácia

da Universidade Federal do Ceará, para a obtenção

de título de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira

Fortaleza

2007

Page 3: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

2

B328u Bastos, Gisele Medeiros Uso de preparações caseiras de plantas medicinais utilizadas no tratamento de doenças infecciosas/ Gisele Medeiros Bastos. 2007. 108 f. : il. Orientadora: Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Fortaleza, 2007.

1. Plantas Medicinais. 2. Produtos com Ação Antimi-crobiana . I. Nogueira, Nádia Accioly Pinto (orient.). II. Títu-lo.

CDD 615.882

Page 4: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

3

GISELE MEDEIROS BASTOS

USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS

Dissertação apresentada ao Curso de

Mestrado em Ciências Farmacêuticas,

com área de concentração em Farmácia

Clínica, do Departamento de Farmácia da

Universidade Federal do Ceará, para a ob-

tenção de título de Mestre.

Dissertação aprovada em 16/05/2007

Banca Examinadora

___________________________________________

Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira

(Orientadora)

___________________________________________

Profa. Dra. Cibele Barreto Mano de Carvalho

___________________________________________

Profa. Dra. Mary Anne Medeiros Bandeira

Page 5: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

4

DEDICATÓRIA

“A Deus que me deu força e determinação

na realização deste trabalho,

aos meus pais, aos familiares

e amigos.”

Page 6: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

5

AGRADECIMENTOS

À Deus, por minha vida, pela força, disposição e saúde para enfrentar os obstáculos da vida.

À minha mãe Claudenir e meu pai José (In memorian), pelo amor e carinho incondi-cionais. Aos meus irmãos Daniele e Daniel, pela amizade, companheirismo e torcida e ao meu sobrinho Caio pelos momentos de alegria.

À minha orientadora Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira, grande responsável por esta vitória, pela transmissão de seus conhecimentos durante todo o tempo em que me orientou no mestrado e na graduação.

A Cássia e Manuella, estagiárias do Laboratório de Pesquisa em Microbiologia Apli-cada (LabMicro), que não mediram esforços para me ajudar. Ao Fernando e Felipe pela colaboração na fase inicial do projeto.

À Raimundinha, secretária do mestrado, pela paciência e disponibilidade em me au-xiliar sempre que a ela me dirigi.

A Senhora Graça Alcoeres e ao Centro de Educação Infantil Aprisco, pela viabiliza-ção do projeto através dos quais tive acesso às famílias estudadas.

Às famílias que participaram da pesquisa, pela compreensão e colaboração no estu-do.

Aos professores e colegas do mestrado, pela aprendizagem e troca de experiências.

À professora Francisca Silvania de Sousa Monte, do departamento de Economia Doméstica, pela orientação quanto às normas de elaboração e análise dos dados dessa dissertação.

À professora Marta Maria de França Fonteles, pela oportunidade de conhecer o Centro de Educação Infantil Aprisco e pela força, carinho e incentivo profissional.

Ao René Duarte Martins, pela ajuda fundamental no período de estudo para seleção do mestrado.

A todos os meus amigos, em especial à minha amiga Deuzilane, pela grande ajuda que recebi nos momentos finais de conclusão desse projeto.

Ao Laboratório de Pesquisa em Microbiologia Aplicada (LabMicro) do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas DACT-UFC que deu condições para a realiza-ção desta pesquisa.

À FIOCRUZ pela doação das cepas microbianas utilizadas no estudo.

À Fundação Cearense de Apoio à Pesquisa (FUNCAP) pela concessão da bolsa de

estudo.

Page 7: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

6

"Não há porque envergonhar-se de tomar do povo

o que pode ser útil à arte de curar."

HIPÓCRATES (460 a.C. - 377 a.C.)

Page 8: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Distribuição dos entrevistados em função do nível de escolaridade (n=41).........................................................................................................................59 Figura 02 - Distribuição das famílias entrevistadas em função da renda familiar (n=41).........................................................................................................................60 Figura 03 - Distribuição das respostas dos entrevistados em relação à pergunta: “Em caso de doença recorre a” (n=41)......................................................................60 Figura 04- Distribuição das famílias em função do tipo de atendimento médico (n=41).........................................................................................................................61 Figura 05 - Freqüência de uso de Plantas Medicinais pelas famílias entrevistadas. (n=41).........................................................................................................................62 Figura 06 - Fonte de orientação para o uso de Plantas Medicinais pelas famílias en-trevistadas (n=39).......................................................................................................62 Figura 07 - Responsável pela preparação de formulações caseiras à base de Plan-tas Medicinais (n=39).................................................................................................63 Figura 08 - Formas de obtenção de plantas medicinais utilizadas pelas famílias en-trevistadas (n=39).......................................................................................................63 Figura 09 - Distribuição das respostas dos entrevistados em relação à pergunta: “Armazena a planta antes do preparo?” (n=39).........................................................64 Figura 10 - Distribuição das respostas dos entrevistados em relação à pergunta: “Já recebeu algum informativo sobre o uso de Plantas?” (n=39).....................................65 Figura 11 - Freqüência de citação das plantas medicinais segundo a parte utilizada da planta.....................................................................................................................66 Figura 12 - Distribuição das preparações caseiras de plantas medicinais citadas nas entrevistas, segundo a forma de utilização (n=97).....................................................67 Figura 13 - Freqüência das preparações caseiras de plantas medicinais indicadas pelas famílias entrevistadas por grupo de afecções (n=97).......................................67 Figura 14 - Freqüência absoluta de citação das plantas utilizadas pelas famílias en-trevistadas..................................................................................................................69

Page 9: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

8

LISTA DE FOTOS

Foto 01 - Visão da parte externa do Centro de Educação Infantil Aprisco................47 Foto 02 - Visão da parte interna do Centro de Educação Infantil Aprisco.................47 Foto 03 - Representante de uma família assinando o termo de consentimento.......48 Foto 04 - Suspensões microbianas sendo semeadas em placas de ágar Mueller-Hinton.........................................................................................................................52 Foto 05 - Confecções de poços no ágar como auxílio de um perfurador..................52 Foto 06 - Remoção do ágar com auxílio de uma pinça para a formação do poço....53 Foto 07 - Adição das amostras em diferentes concentrações submetidas à avaliação da atividade antimicrobiana........................................................................................53 Foto 08 - Adição das amostras em diferentes concentrações submetidas à avaliação da atividade antimicrobiana........................................................................................54 Foto 09 - Adição das amostras em diferentes concentrações submetidas à avaliação da atividade antimicrobiana........................................................................................54 Foto 10 - Medição dos halos de inibição...................................................................55 Foto 11 - Registro dos resultados do experimento....................................................55 Foto 12 - Atividade antimicrobiana da Amostra 32 X P. aeruginosa ATCC 9027.....78

Foto 13 - Atividade antimicrobiana da Amostra 01 X P. aeruginosa ATCC 9027.....78

Page 10: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Espécies vegetais utilizadas pelas famílias entrevistadas, incluindo no-me científico e família.................................................................................................68 Quadro 02 - Relação das plantas citadas nas entrevistas, segundo a parte usada, forma de preparo, via de administração e indicação de uso......................................70 Quadro 03 - Composição das amostras submetidas à avaliação da atividade antimi-crobiana, forma de preparo e indicação de uso, citados pelos entrevistados ..........75 Quadro 04 - Atividade antimicrobiana das amostras testadas..................................77

Page 11: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Distribuição dos entrevistados em função do sexo e faixa etária...........58 Tabela 02 - Distribuição dos questionários em função do número de pessoas por domicílio (n=41)..........................................................................................................59 Tabela 03 - Distribuição das respostas positivas à pergunta “Armazena a planta an-tes do preparo?”, em função do local e do tempo de armazenamento (n=13)..........64 Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39)...65 Tabela 05 - Distribuição do número de preparações por questionário (n=41)...........66

Page 12: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

11

RESUMO

A maioria da população de países em desenvolvimento utiliza plantas ou prepara-ções vegetais em seus cuidados básicos de saúde. A falta de informações sobre os possíveis riscos e benefícios do uso de plantas medicinais é um dos principais fato-res que contribui para automedicação da população com ervas. Muitas das espécies vegetais utilizadas na medicina popular apresentam propriedades antimicrobianas comprovadas, no entanto, diversos fatores como a preparação incorreta das plantas pode interferir na eficácia do tratamento. O presente trabalho, teve como objetivo avaliar a utilização de preparações caseiras de plantas medicinais, pelas famílias das crianças assistidas pelo Centro de Educação Infantil Aprisco, em Fortaleza. As famílias que participaram do estudo responderam a um questionário que permitiu conhecer as principais plantas medicinais utilizadas pela população estudada, suas indicações terapêuticas, modo de preparo, parte da planta utilizada, entre outras questões. Num segundo momento, foi realizado um estudo experimental, onde foi testado in vitro o potencial antimicrobiano das preparações caseiras das plantas me-dicinais citadas durante as entrevistas. Os dados foram inseridos e analisados no Microsoft Office Excel e no programa estatístico Epi Info 3.3.2. Foram entrevistadas 41 famílias, das quais 97,6% afirmaram utilizar as plantas medicinais como opção terapêutica no tratamento de doenças. Num total de 39 questionários foram citadas 97 preparações caseiras de plantas, com uma média de 2,5 ± 1,6 por questionário. Desse total de preparações, 71,1% eram usadas buscando solucionar problemas respiratórios e digestivos. A principal parte utilizada da planta foi a folha (60%) e a forma de utilização mais citada o chá por decocção (59,8%). Foram citadas trinta e duas espécies vegetais utilizadas nas preparações, das quais o eucalipto (Eucalyptus citriodora) teve a maior freqüência de citação (11,9%). Das quarenta e cinco amostras submetidas à avaliação da atividade antimicrobiana in vitro, 55,6% (25 amostras) apresentaram atividade inibitória sobre o crescimento de pelo menos um dos microrganismos utilizados. A maioria das plantas com propriedade antimi-crobiana conhecida e que foram citadas pelos entrevistados tiveram sua atividade alterada de acordo com a forma com que foram preparadas. Foi verificado ainda o uso de plantas para fins medicinais que apresentam em sua composição substân-cias com características tóxicas. Os resultados obtidos nesse trabalho sugerem que dependendo das condições em que as plantas são utilizadas elas podem apresentar ou não a atividade farmacológica que lhe é atribuída. Está nas mãos do profissional farmacêutico, contribuindo com seu conhecimento, promover o uso eficaz, seguro e racional das plantas medicinais. Palavras-chave: Plantas Medicinais; Produtos com Ação Antimicrobiana.

Page 13: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

12

ABSTRACT

Most of the people in developing countries use plants or herbal preparations in their basic health care. The lack of information about the possible risks and benefits in the use of medicinal plants is one of the main factors that contribute with herbs automedication. Many plants used in the popular medicine have proved antimicrobial properties; however, several factors for example, incorrect preparation of the plants, can interfere in the efficiency of the treatment. The aim of this study was to assess-ment the use of domestic preparations of medicinal plants by the families of children who study in the Centre of Children Education Aprisco, in Fortaleza. The families that participated of the study answered a questionnaire that allowed knowing the most used medicinal plants by this population, as well as its therapeutic indications, forms of use, parts of the plant used, and other ones. At a second moment, an in vitro ex-perimental study analysed the antimicrobial potential of the domestic preparations of the medicinal plants quoted during the interviews. The data were inserted and ana-lysed in the Microsoftware package Office Excel and in the statistical program Epi Info 3.3.2. Forty one families were interviewed, of which 97,6 % affirmed to use the medicinal plants like therapeutic option in the treatment of diseases. In 39 question-naires were quoted 97 domestic preparations of plants, with an average of 2,5 ± 1,6 preparations. Of this total (97), 71,1 % was used to respiratory and digestive prob-lems. Furthermore, the most used part of the plant was the leaf (60 %) and the de-coction was the main form of the use (59,8 %). Thirty two plants species were used in the preparations, of which the eucalyptus (Eucalyptus citriodora) had the highest fre-quency (11,9 %). From the forty five samples that was submited to the antimicrobial activity in vitro, 55,6 % (25 samples) showed inhibitory activity on the growth at least one of the microorganisms used in the test. Many of the plants that have antimicro-bial properties and that were quoted by the families interviewed, had their activity al-tered in accordance with the form that they were prepared. It was also observed the use of plants for health care that present in their composition toxic substances. The results of this study suggest that the forms of preparation and use of the plants can interfere on the presence or absence of the farmacology activity that is attributed for the plants. Therefore, it’s in the pharmacist’s hands, who can contribute with his knowledge, to promote the efficient, safe and rational use of the medicinal plants. key words: Medicinal Plants; Products with Antimicrobial Action.

Page 14: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

13

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS LISTA DE FOTOS LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 16

1.1 Considerações iniciais ....................................................................... 16

1.2 Antimicrobianos................................................................................... 20

1.3 Resistência Bacteriana ....................................................................... 21

1.4 Plantas Medicinais .............................................................................. 23

1.4.1. Considerações iniciais........................................................................ 23

1.4.2. Histórico ............................................................................................ 24

1.4.2.1 No Brasil .......................................................................................... 26

1.4.3 Legislação dos Fitoterápicos .............................................................. 28

1.4.4 Fitoterapia no Estado do Ceará ......................................................... 31

1.4.5 Propriedades Farmacológicas das plantas ......................................... 34

1.4.5.1 Plantas Medicinais com Propriedades Antimicrobiana..................... 35

1.4.6. Toxicidade das plantas medicinais..................................................... 37

2. JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 42

3. OBJETIVOS............................................................................................. 44

3.1 Geral ...................................................................................................... 44

3.2 Específicos ........................................................................................... 44

4. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................... 46

4.1. Desenho do estudo............................................................................. 46

4.2. Local do estudo................................................................................... 46

Page 15: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

14

4.3. Termo de consentimento.................................................................... 48

4.4. Critérios de inclusão........................................................................... 48

4.5. Critérios de exclusão.......................................................................... 49

4.6. Aplicação do questionário ................................................................. 49

4.7. Análise estatística .............................................................................. 49

4.8. Determinação do potencial antimicrobiano...................................... 50

4.8.1Cepas microbianas .............................................................................. 50

4.8.2 Material vegetal................................................................................... 50

4.8.3 Antibiograma ...................................................................................... 51

4.9 Critérios de Ética ................................................................................. 56

5. RESULTADOS ........................................................................................ 58

5.1. Dados sócio-econômicos................................................................... 58

5.2. Dados etnobotânicos.......................................................................... 61

5.3. Atividade Antimicrobiana ................................................................... 74

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................ 80

6.1. Dados sócio-econômicos................................................................... 80

6.2. Dados etnobotânicos.......................................................................... 81

6.3. Atividade Antimicrobiana ................................................................... 84

6.4. Avaliação do uso de plantas medicinais nas diversas formulações

utilizadas pela população estudada ......................................................... 88

7. CONCLUSÃO .......................................................................................... 92

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 94

ANEXOS ..................................................................................................... 105

Page 16: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

15

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO _________________________________________________________________________________

Page 17: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

16

1. INTRODUÇÃO

1.1 Considerações gerais

A relação entre homem e microorganismos, partilhando uma vida em comum, é

tão antiga quanto à história da humanidade e, certamente, as doenças infecciosas

do ser humano existem desde que esses seres habitam o planeta (TAVARES,

1996). A observação de danos causados por microrganismos, tanto em ossos e ór-

gãos internos de múmias quanto em fósseis do homem primitivo, indica que os pa-

tógenos humanos existem há milhares de anos. Um dos primeiros relatos que se

conhece sobre doenças infecciosas data de 3180 a.C., referindo-se a uma “pestilên-

cia” que ocorreu no Egito, considerada como a primeira epidemia registrada (BUR-

TON & ENGELKIRK, 2005).

Habitualmente, a palavra infecção é utilizada como sinônimo de “doença infec-

ciosa”. Do ponto de vista microbiológico, infecção refere-se à colonização do corpo

por microrganismos patogênicos (isto é, quando um patógeno se aloja na superfície

ou no interior do corpo de uma pessoa, aí permanecendo). Enquanto que o termo

doença infecciosa é utilizado quando durante a infecção há uma alteração de um

estado de saúde (BURTON & ENGELKIRK, 2005). Algumas doenças infecciosas

são causadas por patógenos estritos (isto é, microorganismos que estão sempre

associados com doenças humanas). Todavia, a maioria das infecções é causada por

patógenos oportunitas, microorganismos que são caracteristicamente membros da

microbiota normal do paciente (por exemplo, Staphylococcus aureus, Escherichia

coli, Candida albicans). Esses microorganismos não provocam doença em circuns-

tâncias normais, mas sim quando são introduzidos em locais estéreis e/ou em locais

que não costuma habitar, por exemplo, a corrente sanguínea, os tecidos (MURRAY

et al, 2004).

As doenças infecciosas podem acometer os diferentes sistemas e órgãos huma-

nos, como por exemplo, o trato respiratório (DINIZ et al, 2005), o trato geniturinário

(LUCCHETTI et al, 2005), assim como ouvidos e olhos (MASCARO et al, 2003), en-

tre outros, e ter como agentes etiológicos: bactérias (PEREIRA et al, 2004), fungos

(MASCARO et al, 2003), vírus (DINIZ et al, 2005) e parasitas (BENTLEY et al, 2004).

Page 18: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

17

Além disso, atingem todas as faixas etárias, diferenciando-se na intensidade das

manifestações clínicas (DINIZ et al, 2005; ALMEIDA & FERREIRA FILHO, 2004).

Até o final do século XIX, as doenças infecciosas e a fome endêmica persistiam

entre os principais problemas de saúde pública, sendo responsáveis por elevadas

taxas de mortalidade infantil e pela baixa expectativa de vida das populações huma-

nas. Entre os diversos fatores associados a esse quadro, podem ser citadas a falta

de saneamento e a existência de habitações inadequadas, condições que colabora-

vam para elevadas taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias,

mesmo em países desenvolvidos (BUCHALLA, WALDMAN & LAURENTI, 2003).

De acordo com a teoria da “transição epidemiológica”, estaria ocorrendo um pro-

cesso de mudança nos padrões de mortalidade e morbidade das populações. Nesse

processo, estaria ocorrendo um declínio progressivo das doenças infecciosas e pa-

rasitárias e a ascensão das doenças crônico-degenerativas e “produzidas pelo ho-

mem” (LUNA, 2002). O declínio das mortes por doenças infecciosas ao longo das

décadas vem ocorrendo em decorrência do avanço técnico principalmente na área

da saúde, medidas de controle do meio ambiente e progressos na assistência à sa-

úde (MEDRONHO et al, 2003).

De acordo com Buchalla e colaboradores (2003), no inicio do século XX, no mu-

nicípio de São Paulo entre as 10 principais causas de morte, 5 eram devido às do-

enças infecciosas, correspondendo a 37% das mortes . Ao passo que no final desse

mesmo século, apenas a pneumonia era citada entre as principais causas de morte

no município, verificando-se uma acentuada queda na mortalidade por doenças in-

fecciosas, decorrente de mudanças como, a ampliação do saneamento urbano, a

melhora das condições de nutrição, o desenvolvimento de novas tecnologias médi-

cas e a ampliação da cobertura dos serviços básicos de saúde pública, como im-

plantação do sistema de esgoto e de tratamento da água.

Em um estudo realizado na cidade de Teresina, Campelo e colaboradores (2005)

mostraram que o coeficiente de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias

nesse município sofreu uma redução de 168 para 27,8 a cada 100.000 mortes, entre

os anos de 1971 e 2000.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil apresenta um novo perfil epide-

miológico, visto que em 1930, cerca de 50% das mortes no Brasil eram por doenças

Page 19: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

18

infecciosas ou parasitárias. As causas externas correspondiam a 3%, as neoplasias

a 3% e as doenças do aparelho circulatório a 12%. Ao passo que no ano de 2003,

as doenças infecciosas e parasitárias respondem por 5,2% das mortes. As violên-

cias por 13,5%, as neoplasias por 16,2% e as doenças do aparelho circulatório por

28,4%. No ano de 2004, das doenças de origem infecciosa apenas a pneumonia,

encontrava-se entre as dez principais causas de mortes no país, ocupando a quinta

posição. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006b).

No entanto, no Brasil a transição epidemiológica não tem ocorrido de acordo com

o modelo experimentado pela maioria dos países industrializados e mesmo por vizi-

nhos latino-americanos como o Chile, Cuba e Costa-Rica. Em um estudo sobre a

transição epidemiológica no Brasil, Schramm e colaboradores (2004), verificaram

que, as doenças crônico-degenerativas responderam por 66,3% da carga de doença

no Brasil; as doenças infecciosas responderam por 23,5%; e as causas externas

foram responsáveis por 10,2%.

Desta maneira, o país encontra-se em uma situação em que a morbidade persis-

te elevada para ambos os padrões, predominando tanto as doenças de natureza

infecciosa, quanto as crônico-degenerativas. Visto que, nos últimos anos as doenças

infecciosas se evidenciaram novamente, como importante problema de saúde públi-

ca, pelo ressurgimento da cólera, dengue e a emergência da AIDS. A emergência da

AIDS no início da década de oitenta nos Estados Unidos pode ser considerada como

o fato mais importante no questionamento das bases e na superação da teoria da

transição epidemiológica, abrindo caminho para a construção do conceito das doen-

ças infecciosas emergentes e reemergentes (LUNA, 2002).

O mais recente conceito, elaborado pelo Instituto de Medicina nos Estados Uni-

dos, em 2003 define doenças emergente e reemergente como doença infecciosa

clinicamente distinta, que tenha sido recentemente reconhecida, e doença conhecida

cuja incidência esteja aumentando em um dado lugar ou entre uma população espe-

cífica, respectivamente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

Uma série de fatores contribui para a emergência e reemergência de doenças in-

fecciosas, tais como: fatores demográficos, sociais, políticos, econômicos, ambien-

tais, relacionados ao desempenho do setor saúde, relacionados às mudanças e a-

daptação dos microrganismos e, manipulação de microrganismos com vistas ao de-

senvolvimento de armas biológicas (LUNA, 2002).

Page 20: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

19

Atualmente, a tuberculose é uma das mais importantes doenças infecciosas e

uma das principais causas de morbi-mortalidade no mundo (LEMOS et al, 2004). A

Organização Mundial de Saúde estima que o número de mortes por tuberculose em

2004 foi de aproximadamente 1,7 milhões de pessoas em todo o mundo, com a re-

gião da África apresentando as maiores taxas de mortalidade (WHO, 2006).

Sobre a Tuberculose, o médico e pesquisador Genésio Vicentin, do Centro de

Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da Fiocruz afirma: "Certamente

é uma das doenças infecciosas que mais mata no Brasil" (FIOCRUZ, 2006).

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o único pa-

ís das Américas que faz parte do grupo de países responsáveis por 80% dos casos

de tuberculose no mundo, ocupando a posição de número 15. A mais alta taxa de

incidência de tuberculose ocorre no estado do Rio de Janeiro, onde a cada ano são

notificados em média 16.000 casos de tuberculose. No Brasil, cerca de 110 mil pes-

soas adoecem por ano (SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE - RJ, 2006).

A Transição Epidemiológica no Brasil exibe, regionalmente e mesmo microrregi-

onalmente, estágios diferentes (VERMELHO et al., 2001). Apesar de o Brasil exibir

uma queda acentuada das taxas de mortalidade por doenças infecciosas em todas

as regiões ao longo do tempo, diferenças regionais importantes podem ser observa-

das, mostrando que as doenças infecciosas ainda são marcantes no Norte e Nor-

deste, visto que, os fatores de riscos nessas duas regiões continuam elevados

quando comparados com o sul e sudeste (MEDRONHO et al, 2003; SCHRAMM et

al., 2004).

No Brasil, as grandes desigualdades sócio-econômicas, particularmente na regi-

ão Nordeste, refletem-se no importante papel que as doenças infecciosas, em espe-

cial a diarréia aguda e a infecção respiratória aguda (IRA), ainda conservam como

causa de doença e morte, em especial nas crianças (VAZQUÉZ et al, 1999).

Torres e colaboradores (2005) verificaram que entre as principais causas de in-

ternação de crianças em um hospital na cidade de João Pessoa, a pneumonia e as

infecções intestinais ocupavam respectivamente, o primeiro e segundo lugar, de-

monstrando assim as doenças infecciosas como alto índice de morbidade, coerente

com a situação de saúde na população de baixo nível sócio-econômico.

Page 21: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

20

1.2 Antimicrobianos

Os benefícios trazidos para a sociedade pelos antimicrobianos são um dos avan-

ços mais importantes na medicina do século XX.

Embora só recentemente a natureza infecciosa de muitas doenças tenha sido

descoberta, a história da humanidade tem mais de 50.000 anos e desde longo tem-

po, o homem já utilizava substâncias no combate às infecções. Por exemplo, chine-

ses, hindus, babilônicos, suméricos e egípicios costumavam empregar plantas medi-

cinais e seus derivados, bem como, produtos de origem animal e mineral como for-

ma de tratar as doenças (TAVARES, 1996).

As primeiras descrições sobre o uso de antimicrobianos datam de 1000 a.C.,

quando os médicos chineses usavam bolores para tratar tumores e feridas infeccio-

nadas, e os suméricos recomendavam emplastros com uma mistura de vinho, cerve-

ja e ameixas. Usados, na época, de maneira empírica, sabe-se hoje que vários pro-

dutos utilizados na Antiguidade e na Idade Média apresentam propriedades terapêu-

ticas antiinfecciosas devido a determinadas substâncias presentes em sua composi-

ção (TAVARES, 1996).

A demonstração, no século XIX, da origem infecciosa de várias doenças estimu-

lou a pesquisa no sentido de se descobrir substâncias específicas no combate aos

germes. Foi graças aos esforços do cientista Paul Herlich, considerado pai da quimi-

oterapia, que no início do século XX surgiram os primeiros quimioterápicos de ação

sistêmica, iniciando a moderna terapêutica das infecções. Outro grande marco na

história da ciência foi à descoberta da penicilina por Alexander Fleming em 1928.

Fleming, ao estudar culturas de Staphylococcus aureus, observou a presença de

colônias de fungos e que em sua vizinhança não existia crescimento bacteriano. A

substância responsável pela inibição do crescimento de S. aureus era produzida pe-

lo fungo Penicillium notatum e foi denominada penicilina (TORTORA, 2003).

Com o início do uso clínico da Penicilina, na década de 40, estava iniciada a era

da antibioticoterapia, marcada pela corrida na busca de novas substâncias anti-

infecciosas originadas de microorganismos e pelo desenvolvimento de outros agen-

tes quimioterápicos. Todos esses agentes antimicrobianos aumentaram intensamen-

Page 22: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

21

te o número de doenças infecciosas passíveis de prevenção ou de cura (MURRAY

et al, 2004).

1.3. Resistência Bacteriana

Durante os primeiros anos da era dos antibióticos, o desenvolvimento de novas

classes de agentes antimicrobianos acompanhou ou até ficou à frente da capacida-

de das bactérias clinicamente importantes em desenvolver resistência. Nas décadas

de 60 e 70, o uso indiscriminado de penicilinas (semi-sintéticas, penicilinases resis-

tentes) e cefalosporinas favoreceu a emergência de cepas de S.aureus meticilina-

resistente (MRSA). E a partir de então, a resistência às drogas antimicrobianas tem

crescido de forma inexorável (ROSSI & ANDREAZZI, 2005).

A expressão “resistente” significa que o germe tem a capacidade de crescer in vi-

tro em presença da concentração que essa droga atinge no sangue, ou seja, o con-

ceito é dose-dependente (BARROS et al, 2003).

A resistência aos antimicrobianos é um fenômeno genético relacionado à exis-

tência de genes contidos no microrganismo que codificam diferentes mecanismos

bioquímicos que impedem a ação das drogas. A resistência pode ser originada em

mutações que ocorrem no germe durante seu processo reprodutivo e resulta de er-

ros de cópia na seqüência de bases que formam o DNA cromossômico responsável

pelo código genético. Outra origem possível é através do intercâmbio do material

genético, ou seja, pela importação dos genes causadores do fenômeno, pelos me-

canismos de transdução, transformação e conjugação e, freqüentemente, envolve

genes situados em plasmídios e transposons (TAVARES, 2000).

Apesar da disponibilização de novos antibióticos, o ritmo do desenvolvimento da

resistência bacteriana nos diferentes patógenos, Gram-positivos e negativos, repre-

senta um constante desafio terapêutico (ROSSI & ANDREAZZI, 2005).

No Brasil, atualmente, acima de 80% dos S. aureus isolados de pacientes hospi-

talizados e cerca de 70% dos isolados de pacientes da comunidade apresentam re-

sistência às penicilinas naturais e, por extensão, à ampicilina e amoxicilina (TAVA-

RES, 2000). De acordo com Lopes e colaboradores (1998), a freqüência de bacté-

Page 23: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

22

rias resistentes à norfloxacina variou de 3,2% a 9,1% entres os anos de 1983 e

1994.

Em 2002 foi descrita, nos Estados Unidos da América (EUA), a primeira cepa de

Staphylococcus aureus totalmente resistente a Vancomicina (VRSA). Até 2004, três

cepas já haviam sido descritas como portadoras do gene VanA, codificador da resis-

tência à Vancomicina.

Um estudo que buscou determinar o perfil de resistência aos antimicrobianos de

microorganismos associados à infecções, em um grande hospital universitário no

estado de Pernambuco, mostrou que vários isolados apresentaram alto nível de re-

sistência aos antimicrobianos. Por exemplo, a P. aeruginosa apresentou alto nível de

resistência às cefalosporinas, 86,8% e 65,3% apresentaram resistência as terceira e

quarta geração (cefepime) respectivamente. Várias cepas de P. aeruginosa (45,7%)

apresentaram resistência a quatro grupos de antimicrobianos, sendo considerada

Multi-Drogas-Resistentes (MDR) e 24 cepas (15,7%) apresentaram resistência de

alto nível a seis grupos de antimicrobianos. A Klebsiella spp, a segunda espécie

mais frequentemente isolada, apresentou resistência às cefalosporinas, em percen-

tual decrescente da 1ª a última geração variando de 73,4 % (1ª geração) a 42,9 %

(4ª geração). A resistência das cepas de S. aureus e Staphylococcus coagulase ne-

gativa a moxifloxacina e penicilina G foi de 10,1% 68,2%, respectivamente. Das ce-

pas de estafilococos resistência à oxacilina (40,2%), 100% foram resistentes à eri-

tromicina, 96,2% à clindamicina, 83% à gentamicina, 73,6% à sulfametoxa-

zol/trimetoprim, 73,6% à ciprofloxacina e 73,6% ao cloranfenicol, sendo considera-

das como MDR (VILELA, 2004).

Dessa forma, reforça-se a necessidade da otimização na utilização desse arsenal

terapêutico, visto que, o emprego crescente e indiscriminado desses fármacos está

associado à emergência de cepas microbianas resistentes em todo o mundo. Fato

que tem causado muita preocupação em virtude da possibilidade de em um curto

espaço de tempo, nos deparemos com dificuldades no tratamento de doenças infec-

ciosas comuns (BERQUÓ et al, 2004).

Page 24: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

23

1.4. Plantas Medicinais

1.4.1. Considerações Iniciais

O conhecimento sobre as plantas medicinais sempre acompanhou a evo-

lução do homem através dos tempos. Há milhares de anos, as pessoas vêm desco-

brindo e utilizando ervas e substâncias químicas para curar doenças infecciosas.

Nos últimos anos, as plantas têm sido fontes naturais de inúmeros compostos usa-

das para manter a saúde humana. No Brasil o uso desses compostos para propósi-

tos farmacológicos tem crescido gradualmente.

A arte dos benzedores, curandeiros e xamãs, herdada de magos e feiticei-

ros, pode ser vista até hoje, em teste, nos laboratórios científicos, os quais passaram

a avaliar experimentalmente a veracidade destas informações (DI STASI, 1996). Em

algumas sociedades tradicionais, todo esse conhecimento sobre o poder curativo

das plantas, foi e continua sendo transmitida oralmente às gerações posteriores.

Buscando evitar que todos esses conhecimentos sejam extintos junto com essas

comunidades, os grandes laboratórios enviam pesquisadores para entrevistar pajés

indígenas e curandeiros populares, para identificar plantas e indicações médicas

populares.

Essas informações sobre os usos das plantas medicinais e suas virtudes

terapêuticas foram sendo acumuladas durante séculos, e muitos desses conheci-

mentos empíricos se encontram disponíveis atualmente. De domínio público, o co-

nhecimento sobre as plantas medicinais representou e ainda representa o único re-

curso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos (DI STASI, 1996).

A ciência reconhece que as plantas medicinais possuem ação curativa so-

bre o ser humano, graças à presença de substâncias ativas produzidas pelo metabo-

lismo secundário, que ajudam a explicar a ação da planta sobre o organismo huma-

no.

A OMS define planta medicinal como sendo “todo e qualquer vegetal que

possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins tera-

pêuticos ou que sejam precursores de fármacos semi-sintéticos” (VEIGA JUNIOR,

PINTO & MACIEL, 2005). A diferença entre planta medicinal e fitoterápico reside na

Page 25: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

24

elaboração da planta para uma formulação específica, o que caracteriza um fitoterá-

pico.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária define Fitoterápico como “Me-

dicamento farmacêutico obtido por processos tecnologicamente adequados, empre-

gando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, com finalidade profilática, cura-

tiva, paliativa ou para fins de diagnóstico. É caracterizado pelo conhecimento da efi-

cácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de

sua qualidade. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua com-

posição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associa-

ções destas com extratos vegetais” (ANVISA, 2000).

1.4.2 Histórico

A utilização de plantas medicinais no atendimento à saúde é tão antiga

quanto à própria Humanidade. Sabe-se atualmente que os povos primitivos sempre

buscaram no reino vegetal medicamentos para aliviar o sofrimento humano provo-

cado por doenças ou acidentes. Através da experimentação e da observação dos

animais, que também buscam nos vegetais, alívio para seus males, os povos de to-

dos os tempos e todos os continentes produziram ao longo da História um saber im-

portantíssimo sobre as propriedades das plantas medicinais (SILVA, 2003).

Na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, há muitas referên-

cias a plantas curativas ou seus derivados, como, por exemplo, a aloe, o benjoim, a

mirra, entre outros (TOMAZZONI, 2004).

A história do desenvolvimento das civilizações Oriental e Ocidental é rica

em exemplos da utilização de recursos naturais na medicina, no controle de pragas

e em mecanismos de defesa, merecendo destaque a civilização Egípcia, Greco-

romana e Chinesa (VIEGAS, BOLZANI & BARREIRO, 2006). O famoso Papiro de

Erbes, decifrado em 1873, pelo egiptólogo alemão Georg Erbes, representa o pri-

meiro tratado médico egípcio conhecido, da primeira metade do século XVI antes da

era cristã, que se destina à prática da Fitoterapia, no qual são descritas centenas de

plantas medicinais e fórmulas medicamentosas utilizando vegetais (SILVA, 2003).

Page 26: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

25

Na Grécia antiga algumas plantas eram consideradas sagradas e relacio-

navam-se à mitologia dos deuses. No século V a.C., o grego Hipócrates, considera-

do o pai da medicina, nos legou uma importante e completa obra sobre medicina –

Corpus Hipocraticum – na qual também reconhece as propriedades terapêuticas das

plantas. Por volta de 100 a.C., foi escrito o Sheng Nung Ben Cao Chien (Herbal

clássico do divino lavrador), primeiro livro chinês sobre o poder curativo das plantas,

no qual são descritas mais de 250 plantas e mais de 150 doenças que podiam ser

tratadas com elas. No começo da era cristã, o médico e cirurgião romano, Pedanios

Dioscórides é conhecido como fundador do primeiro tratado Europeu, no século I

d.C. – “De Matéria Médica” – que contém a descrição de 600 plantas provenientes

da Ásia, Grécia, Egito e Itália, tendo sido considerado a base para a medicina curati-

va dos 18 séculos seguintes. Nó século II d.C, o grego Claudius Galenus (Galeno)

misturou pela primeira vez diferentes ervas em um mesmo preparado, sendo res-

ponsável por algumas formas farmacêuticas precursoras das que ainda hoje são

usadas (SILVA, 2003).

Um dos fatos mais importante do início do século XIX, em 1803, foi a des-

coberta da morfina pelo assistente de farmacêutico, o alemão Friedrich Sertürner,

Trabalhando no isolamento de princípios ativos do ópio, Sertürner identificou uma

substância que denominou principium somniferum, uma substância orgânica com

propriedades alcalinas. Posteriormente, Sertürner substituiu essa denominação por

morphium em homenagem ao Deus grego do sono. A substituição do termo morphi-

um por morfina foi proposta por Gay Lussac, denominação que ficou consagrada até

os dias atuais. Após a descoberta da morfina, vários outros compostos farmacologi-

camente importantes foram isolados e vários derivados semi-sintéticos foram obtidos

por modificações relativamente simples na molécula da morfina (DUARTE, 2005).

Com a síntese da uréia em 1828, a química torna-se ciência, e a partir

desse momento, vários compostos terapêuticos de grande valor passaram a ser sin-

tetizados em laboratórios. Com o advento da industrialização e da urbanização e o

avanço da tecnologia no que diz respeito à elaboração de fármacos sintéticos, houve

aumento por parte da população da utilização destes medicamentos, deixando-se de

lado a utilização das plantas medicinais pela medicina moderna (TOMAZZONI,

2004).

Page 27: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

26

Durante a 1ª guerra mundial, as indústrias priorizaram a produção de

substâncias utilizadas em combate, como gazes asfixiantes, ao invés de medica-

mentos. Com isso, as plantas medicinais foram relembradas, e a ciência então, pas-

sou a estudar e introduzir na medicina moderna, plantas medicinais já conhecidas

pela sabedoria popular. (SILVA, 2003).

1.4.2.1. No Brasil

Desde os tempos mais remotos, o homem lançou mão de vários recursos

destinados a evitar ou combater as doenças. Guiado instintivamente como os ani-

mais, distinguia plantas comestíveis daquelas que podiam curar, cicatrizar ou aliviar.

Esses conhecimentos empíricos adquiridos, transmitidos de geração em geração,

são a origem das práticas médicas primitivas conhecidas. Assim, a utilização de

plantas como meio de cura ou prevenção de doenças, com a moderna denominação

de fitoterapia, ocorreu em todas as regiões do globo, apenas variando regionalmente

por influência de características culturais da população, assim como de sua flora,

solo e clima.

No território brasileiro, diante da enorme diversidade de vida vegetal, a possi-

bilidade de encontrarem-se plantas medicinais sempre foi significativa. Como aten-

tos observadores da natureza, os indígenas conheciam bem a flora da região e não

desperdiçaram a oportunidade de sua benéfica utilização. Várias drogas em uso cor-

riqueiro na vasta e diversificada farmacopéia atual são originárias de nossas plantas

nativas. A “sabedoria das selvas”, portanto, acabou por tornar-se proveitosa para

toda a humanidade e faz do Brasil, ainda hoje, uma importante fonte de recursos

naturais (SANTOS, 2000).

As tradições populares de uso de plantas medicinais no Brasil guardam ele-

mentos de várias culturas e representam um importante ponto de encontro entre

permanências e rupturas culturais, estabelecidas desde os primeiros contatos inter-

tribais (povos nativos), e consolidadas no entrecruzamento das principais matrizes

presentes no processo de formação do povo brasileiro. Ao longo do tempo em que

se estreitou o contato com as sociedades ocidentais, o conhecimento fitoterápico do

Page 28: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

27

povo brasileiro passou a incorporar saberes e práticas civilizadas, oriundas princi-

palmente da medicina popular européia. Assim, as culturas européias vieram somar

novos conhecimentos e novas práticas a este universo. Ao logo dos séculos XVI,

XVII e XVIII, espanhóis, portugueses e ingleses, holandeses e franceses, entre ou-

tros mantiveram contato com o território brasileiro difundindo seus conhecimentos e

contribuindo para essa diversificação no conhecimento sobre as plantas medicinais

(SANTOS, 2000).

Neste período as missões religiosas desempenharam papel preponderante

em relação à difusão do conhecimento europeu entre os nativos. Dentre essas mis-

sões destaca-se a Companhia de Jesus, formada em 1540, por iniciativa de Inácio

de Loyola, e que se configurou como uma ordem-modelo de um novo momento da

cristandade na Europa.

Além de trabalharem incansavelmente na difusão da fé cristã, os jesuítas

também foram uma grande âncora da saúde na colônia, atestada pela vastíssima

documentação das correspondências que mantiveram com seus irmãos em Portugal

e no Brasil. Alguns deles vinham de Portugal já formados nas artes médicas, mas a

maioria acabou por atuar informalmente, como físicos, sangradores e até cirurgiões,

aprendendo na prática, o ofício na colônia, como José de Anchieta, João Gonçalves

ou Gregório Serrão. Outros, em meio a obras e cartas, onde comentavam sobre a

natureza colonial, dedicaram várias páginas à descrição de ervas e plantas curati-

vas, inaugurando os primeiros escritos sobre a farmacopéia brasileira. (CALAI-

NHO, 2005).

A escassez de médicos formados por escolas de medicina na Europa, pelo

menos até o século XVIII, fez dos jesuítas os responsáveis quase que exclusivos

pela assistência médica no primeiro século de colonização do Brasil. Os medica-

mentos que supriam suas boticas vinham do Reino, mas a pouca freqüência de che-

gada dos navios, as eventuais perdas por deterioração nas embarcações e nos por-

tos e os altos preços obrigaram-nos, ao longo do tempo, a se voltarem para os re-

cursos naturais oferecidos pela nova terra, ajudados pelos conhecimentos dos indí-

genas na decifração desta natureza estranha. Os jesuítas foram exímios observado-

res da fauna e da flora brasileira, identificando variadas espécies e cultivando as de

efeitos curativos. (CALAINHO, 2005).

Os jesuítas levaram para a Europa o conhecimento das virtudes terapêuticas

de raízes, caules, folhas, cascas, sumos, polens, minerais e óleos, a exemplo da

Page 29: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

28

quina, planta da região da Amazônia, que curava a malária. A quina chegou a Roma

em 1649, levada pelas mãos de um Irmão, e depois, difundiu-se rapidamente pelo

continente. De igual modo, a ipecacuanha, erva excelente para problemas respira-

tórios, teve suas virtudes divulgadas na Europa em 1625, através de um manuscrito

de autoria do Padre Fernão Cardim. (CALAINHO, 2005).

Assim, desde os primórdios das civilizações, a medicina utiliza os vegetais

no tratamento de doenças infecciosas. O crescente interesse pelo uso de plantas

medicinais, na atualidade, está relacionado a vários fatores, entre eles o alto custo

dos medicamentos industrializados, a crise econômica, a falta de acesso da popula-

ção à assistência médica e farmacêutica e uma tendência dos consumidores em uti-

lizar produtos de origem natural.

1.4.3. Legislação dos fitoterápicos.

Segundo Chez (1997), a medicina tradicional é definida como “sistemas,

práticas, intervenções e aplicações de estratégias médicas que atualmente não fa-

zem parte do sistema médico convencional e dominante”. Também conhecida como

alternativa, a medicina tradicional consiste de diversas formas de tratamento, como

a Acupuntura, a Yoga, a Homeopatia, a Fitoterapia, além de muitas outras (apud

SILVA, 2003).

Em vários países do mundo, a Fitoterapia é empregada como pratica da me-

dicina tradicional (alternativa), não sendo considerada como uma terapia convencio-

nal da biomedicina. No entanto, alguns países desenvolvidos reconhecem o uso de

plantas medicinais nas ações de saúde há muito tempo. Temos como exemplo a

Alemanha, onde muito fitoterápicos são classificados como medicamentos. Ainda no

continente europeu, diversos outros países, como Itália, França, Portugal e Espa-

nha, classificam muitos fitoterápicos como medicamentos do sistema biomédico de

tratamento, onde sua venda é restrita às farmácias comerciais mediante a atuação

do profissional farmacêutico. A legislação européia tem sido ampliada por normas,

como a que determina que o marketing de produtos relacionados a ervas medicinais

só possa ser veiculado mediante autorização a ser fornecida, baseada nos resulta-

dos de testes que comprovem eficácia, qualidade e segurança (SILANO et al, 2004).

Page 30: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

29

O uso de medicamentos fitoterápicos, com finalidade profilática, curativa, pali-

ativa ou para fins de diagnóstico, passou a ser oficialmente reconhecido pela OMS

em 1978, quando se realizou uma conferência em Alma-Ata (antiga URSS). A pro-

posta dessa conferência era “Saúde para todos no ano 2000”, onde um dos princi-

pais pontos foi a incorporação das práticas tradicionais, entre elas a fitoterapia, nos

cuidados da saúde.

Antes deste período, já existiam resoluções da Assembléia Mundial de Saúde

(Res. 29.72/1976 e Res. 30.49/1977), recomendando aos países que utilizassem os

seus sistemas tradicionais de saúde.

Em 1987, a Resolução 40.33 da 40ª Assembléia Mundial de Saúde, reiterou

os principais pontos das resoluções anteriores e das recomendações feitas pela

Conferência Internacional de Cuidados Primários em Saúde (Alma-Ata, 1978). No

ano de 1988, a OMS convocou a 1ª Conferência Internacional sobre Conservação

de Plantas Medicinais (Chiang Mai, Tailândia), que resultou na adoção da Declara-

ção de Chiang Mai: “Salvem as Plantas que Salvam Vidas”, inserindo o uso racional

de plantas medicinais de maneira definitiva no sistema de saúde pública (SILVA,

2003).

No Brasil, a primeira iniciativa de incentivar os investimentos públicos em

plantas medicinais foi da Central de Medicamentos (CEME), que em 1983 implantou

o Programa de Pesquisa em Plantas Medicinais (SILVA, 2003).

A criação do Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais (PPPM) - CEME

do Ministério da Saúde teve por objetivo promover a pesquisa científica das proprie-

dades terapêuticas potenciais das espécies vegetais utilizadas pela população, mi-

rando o futuro desenvolvimento de medicamentos ou preparações que servissem de

suporte para o estabelecimento de uma terapêutica alternativa e complementária,

considerando, inclusive, sua integração à Relação Nacional de Medicamentos Es-

senciais – RENAME (SANT' ANA & ASSAD, 2004).

Em 1988, a Resolução CIPLAN N.º 08/88 normatiza a implantação da fitote-

rapia nos Serviços de Saúde, nas Unidades Federadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2001).

Em 1991, o Parecer N.º 06/91 do Conselho Federal de Medicina, aprova em

08/03/91 o reconhecimento “da atividade de fitoterapia desenvolvida sob a supervi-

são de profissional médico” como prática reconhecida pelo Ministério da Saúde (MI-

NISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Page 31: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

30

No Brasil, a fitoterapia foi reconhecida como prática do sistema biomédico

de saúde, a partir 1995 através da Portaria N.º 06/SVS – Secretaria de Vigilância

Sanitária, de 31/01/1995, que “resolve instituir e normatizar o registro de produtos

fitoterápicos no Sistema de Vigilância Sanitária” (SILVA, 2003).

Em 1996, a Portaria N.º 1153, de 06/06/96 - do Ministério da Saúde, “cria a

Comissão de Assessoramento para Assuntos de Medicamentos (CONATEM)”. Em

1998, a Portaria N.º 665, de 25/08/98, do Ministério da Saúde, “cria a Sub-Comissão

Nacional de Assessoramento em Fitoterápicos (CONAFIT) (LA CRUZ, 2005).

Atualmente, os fitoterápicos são considerados medicamentos, e estão re-

gulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A Resolução – RDC nº

17, de 24 de Fevereiro de 2000, aprovou o regulamento técnico visando normatizar

o registro de todos os medicamentos fitoterápicos junto à Agência Nacional de Vigi-

lância Sanitária. No ano de 2004, essa resolução foi revogada e substituída pela Re-

solução RDC nº 48 de 16 de março (ANVISA, 2000; ANVISA, 2004).

A OMS, através do documento “Estrategia de la OMS sobre la medicina tradi-

cional 2002/2005”, preconiza: o incentivo da fitoterapia no sistema nacional de saú-

de; a investigação sobre sua segurança, eficácia, qualidade e normalização de seus

serviços; a melhoria do acesso da população menos favorecida; e o uso racional

pelos profissionais e usuários.

Em 2003, a 1ª Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farma-

cêutica, também evidenciou a importância da incorporação do uso de plantas medi-

cinais e fitoterápicos no SUS. A fitoterapia na assistência farmacêutica deve ser um

instrumento coerente com o princípio da integralidade e com a necessidade de hu-

manização e ampliação do acesso ao medicamento.

A resolução n° 89 de 16/03/2004 publica uma lista de registro simplificado de

fitoterápicos, com o objetivo de facilitar o registro de fitoterápicos junto a ANVISA,

favorecendo o desenvolvimento da indústria nacional.

Em 2004, foi realizada a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Ino-

vação em Saúde, onde foi deliberada a necessidade de aplicação de recursos para

o desenvolvimento e pesquisa nas áreas de conhecimento que envolve a produção

de plantas medicinais e fitoterápicos e serviços de saúde que utilizem esta terapêuti-

ca.

Page 32: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

31

Em 2005, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial para formular a pro-

posta da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e, sugerir seus ins-

trumentos de regulamentação.

Em 2006, o decreto Nº 5.813, de 22 de junho de 2006 aprovou a Política Na-

cional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, estabelecendo diretrizes e linhas priori-

tárias para o desenvolvimento de ações voltadas à garantia do acesso seguro e uso

racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso País (BRASIL, 2006).

1.4.4. A Fitoterapia no Estado do Ceará.

A experiência mais antiga que estimulou a criação de programas de fitote-

rapia em todo o país foi o Projeto Farmácias Vivas. Em 1983, o Professor Francisco

José de Abreu Matos, apoiado pela Universidade Federal do Ceará - UFC, começou

a implantar o Projeto Farmácias Vivas, seguindo as recomendações da OMS (SIL-

VA, 2003).

Criado em 1983, o projeto foi planejado para atuar como um programa de

Assistência Social Farmacêutica aplicado a pequenas comunidades, carentes de

atendimento de serviços básicos de saúde pública. A execução do projeto exigia a

colaboração interativa entre o médico, o farmacêutico e o agrônomo, visando pro-

mover o emprego correto de plantas com ação terapêutica comprovada aliada a um

baixo custo operacional, ou seja, substituir as práticas caseiras empíricas adotadas

pelo povo pelo emprego de plantas selecionadas com base em informações científi-

cas. Este recurso foi e continua sendo bastante útil no atendimento às localidades

onde a assistência médico-farmacêutica tem sido difícil e os níveis de morbi-

mortalidade apresentam-se consideravelmente elevados, visto que o projeto Farmá-

cias-Vivas é direcionado para a saúde pública, cujas plantas permitem, hoje, o tra-

tamento de aproximadamente 80% das enfermidades mais comuns nas populações

de baixa renda (MATOS, 2002).

O projeto original consistia em instalar nas comunidades as chamadas

“Farmácias Vivas”, que são pequenas hortas para o cultivo de plantas medicinais

validadas sob normas rígidas de base científica. Nas Farmácias Vivas, os medica-

mentos são preparados em laboratório de fitoterápicos sob responsabilidade de um

farmacêutico especialmente treinado. Para o preparo dos medicamentos, foi desen-

Page 33: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

32

volvida uma metodologia que torna possível o emprego terapêutico do princípio ativo

das plantas, sem que sejam necessários os onerosos processos para o seu isola-

mento e purificação. Dessa maneira, tornou-se possível oferecer às comunidades,

remédios mais baratos mantendo-se a qualidade do produto final. Tais fitoterápicos

são produzidos a partir de plantas frescas, na forma de preparações caseiras (chás,

lambedor, cataplasma) ou de fórmulas farmacêuticas (xarope, tinturas, cápsulas,

creme) em pequenas oficinas sob ação direta ou indireta do farmacêutico (SILVA,

2003).

A escolha das plantas é baseada na sua eficácia, comprovada por pesqui-

sas realizadas pela UFC e/ou por monografias existentes na literatura. Essa seleção

inicia-se a partir de um levantamento etnobotânico, seguido do levantamento biblio-

gráfico e experimentação em laboratório. As informações geradas são organizadas

em um banco de dados e, posteriormente, sua eficácia e segurança terapêutica são

avaliadas. Nessa fase, as variedades coletadas no campo são levadas para um hor-

to de plantas medicinais, localizado no campus da UFC, onde passam pelo processo

de domesticação e preparação de mudas, sob a orientação de um agrônomo, para

mais tarde serem cultivadas nas hortas de cada farmácia-viva (MATOS, 2002).

Entre os fitomedicamentos usados com eficiência já comprovada cientifi-

camente, pode-se citar a tintura e o sabonete líquido de alecrim-pimenta (Lippia si-

doides), preparações de elevado poder anti-séptico; o creme vaginal de aroeira-do-

sertão (Myracrodruom urundeuva), usado com sucesso no tratamento de cervicite e

cervicovaginite; assim como o elixir de aroeira, de ação semelhante às preparações

de espinheira-santa, para tratar gastrite e úlcera gástrica e as cápsulas de hortelã-

rasteira (Menthax villosa) eficiente medicamento contra amebíase, giardíase e trico-

moníase (MATOS, 2002).

A partir da criação do Projeto Farmácias Vivas, em Fortaleza, e incentiva-

do pelos bons resultado desse projeto, o governo cearense implantou em 1995, a-

través do Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde, o

Programa Estadual de Fitoterapia. Em 1997 foi criado o Centro Estadual de Fitotera-

pia, que objetiva integrar as ações de fitoterapia, complementando as ações de as-

sistência farmacêutica na atenção primária à saúde, oferecendo apoio aos municí-

pios e instituições interessadas na implantação do programa. O apoio consiste na

distribuição de mudas; produção de fitoterápicos; capacitação de recursos humanos

Page 34: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

33

nas diversas áreas envolvidas, disponibilizando material técnico-científico e informa-

tivo aos profissionais de saúde, usuários e a população em geral. (SILVA, 2003).

Desta forma, o Programa do Estado apresenta como uma de suas metas

nivelar todos os municípios sob suas normas e supervisão, mesmo aqueles que im-

plantaram a Farmácia Viva antes de sua criação. Para tanto conta com a parceria de

vários segmentos e setores do governo: Secretaria de Desenvolvimento Rural, Se-

cretaria do Trabalho e Ação Social, Secretaria da Ciência e da Tecnologia, além do

Centro de Pesquisa da UFC e ONG’S, juntamente com o apoio técnico do Comitê

Estadual de Fitoterapia do Ceará – COMEF-CE, criado em 1998. Os municípios do

estado do Ceará passaram a implantar o programa em suas comunidades, sob a

supervisão do Professor Francisco José de Abreu Matos (UFC) e hoje o programa é

aplicado em cerca de 30 comunidades do interior, como complemento do Programa

Saúde da Família (PSF). (SILVA, 2003).

Em 1999, o projeto de lei Nº 0045/99 regulamentou a política de Implanta-

ção de Fitoterapia em Saúde Pública do Estado do Ceará, e no ano de 2000 foi cria-

da a Célula de Desenvolvimento Tecnológico e Produção de Fitoterápicos. O projeto

Farmácias Vivas se tornou referência para os outros cursos de graduação em Far-

mácia das universidades de nordeste brasileiro e, posteriormente, se estendeu para

todo o Brasil (SILVA, 2003).

Para Matos (1998), a Fitoterapia no Brasil compreende duas importantes

áreas: a Fitoterapia científica, praticada por profissionais qualificados que utilizam

plantas cientificamente validadas, no preparo de medicamentos com base em suas

características de eficácia e segurança, e a Fitoterapia empírica, exercida por pro-

fissionais leigos, geralmente na forma de preparações caseiras, as quais não se-

guem critérios de segurança e eficácia.

Page 35: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

34

1.4.5. Propriedades farmacológicas

O Brasil é o país que detém a maior parcela da biodiversidade, em torno de

15 a 20% do total mundial. Embora o nosso país possua a maior diversidade vegetal

do mundo, com cerca de 60.000 espécies de vegetais superiores catalogadas, ape-

nas 8% foram estudadas para a pesquisa de compostos bioativos e 1.100 espécies

foram avaliadas em suas propriedades medicinais (SIMÕES et al, 2003). Assim, a-

pesar da flora brasileira possuir uma infinidade de espécies com potenciais aplica-

ções terapêuticas, as descobertas de novos princípios ativos ainda são reduzidas.

A Organização Mundial de Saúde considera que as plantas medicinais sejam

as melhores fontes de obtenção de novas drogas. Assim, essas plantas devem ser

exaustivamente investigadas em busca de compostos com atividade terapêutica,

para melhor entendermos suas propriedades e garantirmos sua segurança e eficá-

cia. Muitos estudos têm sido conduzidos, em diferentes partes do mundo, para com-

provar sua eficiência (SILVA & CECHINEL FILHO, 2002; LANS, 2007). Muitas plan-

tas são usadas por sua atividade antimicrobiana (MBWAMBO et al, 2007; PRABU-

SEENIVASAN, JAYAKUMAR & IGNACIMUTHU, 2006; LOGUERCIO et al, 2005 &

PEREIRA et al, 2004), a qual se deve a compostos sintetizados tanto em seu meta-

bolismo primário como no secundário (NASCIMENTO et al., 2000).

Os metabólitos secundários frequentemente apresentam atividades bioló-

gicas interessantes. Do ponto de vista farmacêutico, o maior interesse deriva princi-

palmente do grande número de substâncias farmacologicamente importantes, com

diferentes finalidades terapêuticas. As principais classes de compostos derivados do

metabolismo secundário das plantas são: taninos, alcalóides, cumarinas, antraqui-

nonas, flavonóides (SIMÕES et al, 2003).

Entre as atividades farmacológicas das plantas medicinais podemos citar

sua ação antiparasitária (ROSA et al, 2003), antimicrobiana (PRABUSEENIVASAN,

JAYAKUMAR & IGNACIMUTHU, 2006, BANDEIRA et al. 2006; ALBUQUERQUE et

al. 2004; MARTINS et al., 2003; SALGUEIRO et al., 2003), analgésica (CUNHA et al,

2003), diurética (BEZERRA, 1994), miorelaxantes e antiespasmódica (MAGALHÃES

et al., 1998), antiinflamatória (MENEZES, ALMEIDA & RAO, 1990) e anticonvulsivan-

te (SANTOS, RAO & SILVEIRA, 1997), as quais os tornam fontes de moléculas bio-

Page 36: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

35

logicamente ativas de grande importância terapêutica e científica (SOUZA et al.,

1997).

Assim como os óleos essenciais, os extratos vegetais também são conhe-

cidos por seu uso na medicina popular e suas atividades terapêuticas. O estudo das

atividades biológicas de óleos essenciais e de extratos de plantas medicinais tem

servido para comprovar cientificamente seu uso empírico, assim como, para o de-

senvolvimento de novos fármacos.

1.4.6.1 Plantas Medicinais com propriedades antimicrobianas

As plantas do bioma brasileiro têm sido usadas na medicina tradicional pela

população local no tratamento de diversas doenças, incluindo aquelas causadas por

microrganismos, como as infecções bacterianas e fúngicas. A atividade antimicrobi-

ana de plantas medicinais tem sido pesquisada em diversas espécies, tanto no Bra-

sil (LOGUERCIO et al, 2005; BOTELHO et al, 2007) quanto em outros países, como

por exemplo, Malásia (SARTORATTO et al., 2004), Tailândia (WANNISSORN et al.,

2005), Gana (KONNING, AGYARE & ENNISON, 2004).

Muitas espécies vegetais têm sido usadas, pelas características antimicro-

bianas, através de compostos sintetizados pelo metabolismo secundário da planta.

Esses produtos são reconhecidos por suas substâncias ativas, como é o caso dos

compostos fenólicos que fazem parte dos óleos essenciais e dos taninos (LO-

GUERCIO et al, 2005). Entretanto, a atividade antimicrobiana não é exclusiva de

componentes de óleos essenciais e taninos, sendo observada, também, para outras

substâncias, como os flavonóides (COELHO et al, 2003; COWAN, 1999).

Os óleos essenciais são elementos voláteis contidos em diversos órgãos ve-

getais e seus principais constituintes são substâncias terpênicas (SIANI et al., 2000).

A composição química dos óleos essenciais contidos em diferentes espécies é bas-

tante complexa e sofre influência tanto do material genético da planta (variedade do

vegetal), quanto das condições de cultura e desenvolvimento (tipo de solo e clima),

assim como de colheita e o processamento pós-colheita (parte da planta do qual é

destilado, da hora do dia, da época do ano) (LAVABRE, 1992). São constituídos

principalmente de terpenos, sesquiterpenos, ésteres, álcoois, fenóis, aldeídos, ceto-

Page 37: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

36

nas e ácidos orgânicos. Em sua composição também são encontrados, antibióticos,

vitaminas, hormônios e anti-sépticos (SIANI et al., 2000) e sua natureza volátil os

diferencia dos óleos graxos (LAVABRE, 1992). Eles podem ter ação tanto contra

bactérias Gram-positivas quanto Gram-negativas e ainda leveduras e fungos fila-

mentos.

O termo “tanino” é um nome genérico descritivo para um grupo de subs-

tâncias poliméricas fenólicas capaz de curtir couro ou precipitar gelatina em solução,

propriedade conhecida como adstringência. São encontradas na maioria dos órgãos

vegetais, como casca, caule, folhas, frutos, e raízes. Uma de suas ações molecula-

res é a de formar complexos com proteínas. O mecanismo de ação antimicrobiana

dos taninos explica-se por três hipóteses. A primeira pressupõe os taninos inibindo

enzimas bacterianas e fúngicas e/ou se complexando com o substrato dessas enzi-

mas; a segunda inclui a ação dos taninos sobre as membranas celulares dos micro-

organismos, modificando seu metabolismo, e a terceira fundamenta-se na comple-

xação dos taninos com íons metálicos, diminuindo a disponibilidade de íons essen-

ciais para o metabolismo microbiano. (COWAN, 1999)

Muitas pesquisas têm comprovado a atividade antimicrobiana de extratos

vegetais de diversas plantas medicinais (MBWAMBO et al, 2007; CATÃO et al,

2006).

Em um estudo, foi realizada a análise da atividade antibacteriana de óleos es-

senciais de Ocimum gratissimum, L., Cybopogum citratus (DC) Stapf. e Salvia offici-

nalis, L. frente a 100 cepas de bactérias isoladas de indivíduos da comunidade com

diagnóstico de infecção urinária. Nesse trabalho verificou - se que Salvia officinalis,

L. apresentou ação inibitória superior às outras ervas, tendo eficácia de 100% sobre

espécies de Klebsiella e Enterobacter, 96% sobre Escherichia coli, 83% sobre Pro-

teus mirabilis e 75% sobre Morganella morganii. Embora menos eficiente que Salvia

officinalis L., as ervas O. gratissimum L. e C. citratus (DC) Stapf. apresentaram ativi-

dade antimicrobiana sobre 16% das cepas estudadas, exceto para Klebsiella oxyto-

ca e Pseudomonas aeruginosa.(PEREIRA et al, 2004)

Catão e colaboradores (2006) buscando avaliar a atividade antimicrobiana

“in vitro” do extato etanólico de Punica granatum (romã) e determinar sua concentra-

ção inibitória mínima (CIM) sobre amostras de Staphylococcus aureus de origem

Page 38: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

37

humana ambulatorial, concluíram que o extrato etanólico de P.granatum na concen-

tração de 10% foi capaz de inibir 100% das cepas analisadas.

Quando testadas quanto à sua atividade antibacteriana e antifúngica, o óleo

essencial de Lippia sidoides Chum. e seus componentes fenólicos, timol e carvacrol

apresentaram bons resultados contra o principal grupo de bactérias cariogênicas

(patógenos orais relacionados com a formação de cáries), bem como contra C. albi-

cans (responsável por infecções fúngicas orais) (BOTELHO et al, 2007).

A busca de substâncias vegetais com elevada atividade antimicrobiana é

de extrema importância, pois além de esclarecer cientificamente o uso popular de

muitas plantas medicinais, garantindo seu uso seguro, nos proporciona a oportuni-

dade de encontrar compostos com atividade antimicrobiana, muitas vezes superior

aos fármacos atuais. Além disso, tendo em vista que bactérias resistentes a múlti-

plos antimicrobianos representam um desafio no tratamento de infecções, é notória

a necessidade de encontrar novas substâncias com propriedades antimicrobianas

para serem utilizadas no combate a esses microorganismos (PEREIRA et al, 2004).

1.4.6. Toxicidade das plantas

As plantas medicinais contém princípios ativos, que são reponsáveis pelas pro-

priedades terapêuticas a que lhe são atribuídas, mas também pelas intoxicações e

reações adversas que podem aparecer devido ao seu emprego em doses inadequa-

das e/ou por períodos prolongados. A falta de informação objetiva e atualizada sobre

os possíveis riscos e beneficios que o uso de plantas medicinais pode provocar, é

uma dos principais fatores que contribui para automedicação da população com er-

vas, alegando que estas são inócuas e mais seguras, pelo simples fato de serem

naturais.

Comparada com a dos medicamentos usados nos tratamentos convencionais, a

toxicidade de plantas medicinais e dos fitoterápicos pode parecer trivial. Isto, entre-

tanto, não é verdade. O emprego de plantas medicinais de ação supostamente ino-

fensiva à saúde pode muitas vezes ser responsável por resultados desastrosos, já

que, ocasionalmente uma mesma planta pode apresentar tanto uma ação terapêuti-

Page 39: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

38

ca quanto tóxica, conforme dosagem e modo de preparo. A toxicidade de plantas

medicinais é um problema sério de saúde pública (GOMES et al, 2001).

Segundo Simões et al.(2003), uma planta pode ser potencialmente tóxica e

não provocar a intoxicação, determinando nesse caso a convicção equivocada da

ausência de toxicidade. As substâncias tóxicas em uma planta podem estar limita-

das a uma estação do ano ou a certas condições ambientais, ou ainda a certas vari-

edades dentro da espécie.

Devido ao desconhecimento da possível existência da ação tóxica, bem como

de sua indicação adequada, as plantas medicinais são muitas vezes usadas de for-

ma incorreta, não produzindo o efeito desejado (PEREIRA et al, 2004).

O uso milenar de plantas medicinais mostrou ao longo dos anos, que deter-

minadas plantas apresentam substâncias potencialmente perigosas. Do ponto de

vista científico, pesquisas mostraram que muitas delas possuem substâncias poten-

cialmente agressivas e, por esta razão, devem ser utilizadas com cuidado, respei-

tando seus riscos toxicológicos (VEIGA JUNIOR, PINTO &MACIEL, 2005).

A principal causa das intoxicações por plantas é a presença de alcalóides,

cardiotônicos, glicosídios cianogenéticos, proteínas tóxicas, glicosídios e furanocu-

marinas, oriundos de algumas espécies de plantas ornamentais. Para evitar aciden-

tes é necessário manter as crianças afastadas das plantas ornamentais, manipular

os alimentos corretamente e não utilizar plantas medicinais sem o acompanhamento

de profissionais habilitados (ARNOUS, SANTOS & BEINNER, 2005).

Gomes e colaboradores (2001) estudando 60 plantas que foram citadas pela

população de Morretes - PR, como sendo usadas para fins medicinais, encontraram

16 espécies que apresentavam características tóxicas e restrições quanto ao seu

uso. Tal fato torna evidente o desconhecimento da população quanto à toxicidade

das plantas e o uso indiscriminado das mesmas.

No estudo de Parente e Rosa (2001), sobre as plantas comercializadas no

Município de Barra do Piraí no Rio de Janeiro, foram listadas como medicinais, vá-

rias espécies consideradas tóxicas de acordo com dados disponíveis na literatura.

O uso de medicamentos em crianças, principalmente nos bebês, nos quais o

metabolismo da droga e a função renal são menos eficientes, podem acarretar efei-

tos mais intensos. A utilização de chás, de forma indiscriminada, em crianças porta-

doras de enfermidades hepáticas, renais ou outras doenças, poderá lhes trazer sé-

Page 40: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

39

rias conseqüências para sua saúde se não houver acompanhamento médico (RANG

& DALE, 2001). Por exemplo, devido a efeitos hepatotóxicos, o mastruz é contra in-

dicado para crianças, salvo com acompanhamento de algum profissional da saúde.

Por tanto a segurança para o uso de plantas medicinais na pediatria precisa ser bem

avaliada.

A prática pouco cuidadosa no uso de plantas medicinais, devido ao conheci-

mento insuficiente sobre o assunto ou pela idéia de que “é natural e se bem não fi-

zer, mal não fará”, pode causar efeitos indesejados como intoxicações ou ausência

da resposta medicamentosa (MEDEIROS FILHO et al., 1997). Aliam-se a tudo isto

as associações de plantas com alguma medicação; estas associações podem ser do

tipo planta x planta ou planta x medicamento (TORRES et al, 2005)

Estas associações representam um grande risco à saúde, pois podem trazer

tanto efeitos benéficos quanto maléficos (WONG & CASTRO, 2003). Dentre os efei-

tos maléficos de interação, temos a Lippia alba (Mill) N. E. Brown que potencializa o

efeito do pentobarbital, o Eucalyptus globulus Labil que não deve ser administrado

junto a sedativos, analgésicos ou anestésicos, pois podem potencializar os efeitos

dos mesmos, o Persea americana Mill., que interage com a warfarina na terapia an-

ticoagulante, diminuindo o efeito da droga. Outros estudos mostram que o uso de

produtos derivados de plantas pode em algumas situações interferir sobre a efetivi-

dade de antibióticos de uso no tratamento clínico (OLIVEIRA et al., 2006).

No intuito de se prevenir intoxicações, diminuição do efeito medicamentoso

esperado e, também, de melhorar a identificação da espécie responsável pelo efeito

maléfico, no caso de interações planta x planta, os profissionais de saúde não reco-

mendam essa prática.

Portanto, faz-se necessário esclarecer a população sobre alguns pontos es-

senciais para o uso racional de plantas medicinais tais como: manipulação, coleta e

uso terapêutico; isso deverá ser feito com o propósito de correlacionar o saber popu-

lar x científico para que o profissional de saúde indique a terapêutica a ser usada,

principalmente em crianças portadoras de doenças crônicas, a fim de se avaliar os

riscos e benefícios.

Todos os profissionais de saúde podem exercer um papel importante na pre-

venção de intoxicações por plantas, com destaque para a responsabilidade atribuída

ao farmacêutico que tendo em vista sua formação básica (abrangendo botânica,

química, farmacognosia, farmacologia e toxicologia), deve ser capaz de entender os

Page 41: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

40

riscos e a natureza das intoxicações, bem como, conhecer o potencial tóxico das

plantas de sua região, em especial, aquelas que apresentam propriedades medici-

nais conhecidas pela população. Nas mãos dos profissionais farmacêuticos está a

tarefa de contribuir com seu trabalho diário e seus esforços na contínua educação

da comunidade e de muitos profissionais da saúde sobre este tema, para desta for-

ma garantir o bem estar da população, elevando sua qualidade de vida, assim como

promovendo o uso eficaz, seguro e racional das plantas medicinais.

Page 42: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

41

JJUUSSTTIIFFIICCAATTIIVVAA __________________________________________________________________________________________

Page 43: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

42

2. JUSTIFICATIVA

Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida na maior parte do

mundo, a Organização Mundial de Saúde reconhece que grande parte da população

de países em desenvolvimento depende da medicina tradicional para a sua atenção

primária e 80% desta população utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados bá-

sicos de saúde e 85% destes utilizam plantas ou preparações vegetais.

O desenvolvimento de resistência microbiana aos antimicrobianos atuais vem

sendo motivo de preocupação constante no tratamento das doenças infecciosas.

Nas últimas décadas a indústria farmacêutica tem produzido um grande número de

novos antibióticos, no entanto o desenvolvimento de resistência a essas drogas vem

ocorrendo rapidamente, o que torna impossível, termos uma previsão segura de co-

mo, no futuro, os microrganismos responderão aos novos antimicrobianos.

O território brasileiro possui uma rica biodiversidade que se contrapõe à existên-

cia de grandes bolsões de pobreza em todas as regiões, onde a população carente

além de apresentar dificuldades para obter medicamentos convencionais, também

adoece muito mais. Por tanto, a ampliação das opções terapêuticas, através do uso

de plantas medicinais e fitoterápicos, torna-se uma importante estratégia com vistas

à melhoria da atenção à saúde.

A população estudada (famílias das crianças assistidas pelo Centro de Educação

Infantil Aprisco) apresenta um baixo poder aquisitivo, encontrando obstáculos bási-

cos na utilização da medicina alopática, que vão desde o acesso aos centros de a-

tendimento hospitalar à realização de exames e obtenção de medicamentos, contri-

buindo dessa forma para a alta freqüência do uso de plantas medicinais por essa

população.

Mesmo a fitoterapia sendo eficaz, cabe aos profissionais de saúde, em espe-

cial os farmacêuticos, orientar as pessoas quanto ao uso indiscriminado de algumas

plantas medicinais, esclarecendo as dúvidas da população, orientando para o prepa-

ro e a utilização correta de plantas medicinais, seja através das Unidades de Saúde,

seja através de visitas domiciliares.

Page 44: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

43

OOBBJJEETTIIVVOOSS _________________________________________________________________________________

Page 45: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

44

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

O projeto de pesquisa “Uso de preparações caseiras de plantas medici-nais utilizadas no tratamento de doenças infecciosas” tem como objetivo geral

avaliar a utilização de preparações caseiras de plantas medicinais, pelas famílias

das crianças assistidas pelo Centro de Educação Infantil Aprisco, em Fortaleza, para

o tratamento de doenças infecciosas.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Verificar a relação entre as características sócio-econômicas e as formas de

utilização e obtenção da matéria prima para as preparações caseiras de plan-

tas medicinais na população em estudo;

• Relacionar as plantas freqüentemente usadas para o tratamento de doenças

na população em estudo;

• Conhecer as formas de preparo de formulações e utilização de plantas medi-

cinais para o tratamento de doenças na população em estudo;

• Determinar os diversos fatores que podem influir na eficácia do tratamento;

• Determinar o potencial antimicrobiano in vitro das preparações caseiras de

plantas medicinais;

• Fornecer subsídios para orientação do uso racional de plantas medicinais.

Page 46: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

45

MMAATTEERRIIAAIISS EE MMÉÉTTOODDOOSS _________________________________________________________________________________

Page 47: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

46

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. DESENHO DO ESTUDO:

Foram realizados dois tipos de estudos:

• O primeiro estudo foi do tipo observacional transversal, onde foram coleta-

dos dados através de um questionário, como instrumento de medida.

• No segundo momento, foi realizado um estudo experimental no Laborató-

rio de Pesquisa em Microbiologia Aplicada (DACT-FFOE-UFC), onde foi

testado in vitro o potencial antimicrobiano das preparações caseiras de

plantas medicinais citadas durante as entrevistas, e cujas informações fo-

ram coletadas no primeiro estudo.

4.2. LOCAL DE ESTUDO:

A população em estudo refere-se às famílias das crianças assistidas pelo Centro

de Educação Infantil Aprisco que atende às comunidades dos bairros Rodolfo Teófi-

lo, Parque Araxá, Jardim América e Bela Vista, na cidade de Fortaleza.

O Centro de Educação Infantil Aprisco (Fotos 01 e 02):

• Faz parte dos projetos de desenvolvimento social da Secretaria de Ação

Social do Estado do Ceará.

• Recebe apoio do Programa Mesa Brasil Sesc.

• Objetivo: Propiciar o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos,

através de práticas sócio-pedagógicas e da suplementação alimentar, ga-

rantindo direitos fundamentais.

• Público Alvo: Crianças procedentes de famílias com renda familiar per cá-

pita de até ½ s.m.

• Funciona em um terreno cedido gentilmente pela Igreja Batista do Poran-

gabussu (Comunidade do Amor).

Page 48: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

47

A creche conta hoje com um quadro de nove funcionários assim distribuídos: 01

coordenadora, 04 professoras, 01 cozinheira, 01 pessoa responsáveis por serviços

gerais e 02 vigias.

Foto 01 - Visão da parte externa do Centro de Educação Infantil Aprisco.

Foto 02 - Visão da parte interna do Centro de Educação Infantil Aprisco.

Page 49: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

48

4.3. TERMO DE CONSENTIMENTO:

Depois de esclarecidos os objetivos do projeto de pesquisa, as famílias que con-

cordaram em participar do estudo assinaram um termo de consentimento autorizan-

do a aplicação do questionário em suas residências (Foto 03). Neste documento

constavam as responsabilidades do pesquisador e do entrevistado (anexo 01).

Foto 03 - Representante de uma família assinando o termo de consentimento.

4.4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Todas as famílias que tinham pelo menos um de seus filhos matriculados na

Creche Escola Aprisco, durante o período de realização do estudo, de julho à No-

vembro de 2006.

Page 50: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

49

4.5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Todas as famílias que se recusaram a participar do estudo não assinando o

termo de consentimento ou que mudaram de endereço e não comunicaram a mu-

dança.

4.6. APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO

As entrevistas foram realizadas, utilizando um questionário semi-estruturado

composto por 28 questões, que além de enfocar os dados sócio-econômicos, permi-

tiu o conhecimento das principais plantas medicinais utilizadas pela população local,

sua indicação terapêutica, modo de preparo, parte da planta utilizada, via de admi-

nistração, e condições de armazenagem antes e depois o preparo, entre outras

questões (Anexo 02).

Os questionários foram aplicados por acadêmicos previamente treinados dos

cursos de farmácia e economia doméstica da Universidade Federal do Ceará, sob

supervisão da pesquisadora responsável, utilizando um esquema padrão de entre-

vista. Apenas um membro por família foi entrevistado, o qual forneceu as informa-

ções necessárias para o preenchimento do questionário durante a visita domiciliar.

4.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram inseridos e analisados no Microsoft Office Excel e no pro-

grama estatístico Epi Info 3.3.2.

Page 51: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

50

4.8. DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO

O potencial antimicrobiano das preparações caseiras de plantas medicinais utili-

zadas pela população em estudo foram realizados no Laboratório de Pesquisa em

Microbiologia Aplicada (LabMicro) do Departamento de Análises Clínicas e Toxicoló-

gicas (DACT) da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) da

Universidade Federal do Ceará (UFC).

4.8.1. CEPAS MICROBIANAS

Foram utilizadas cinco cepas microbianas doadas pelo Laboratório de Materi-

ais de Referência da FIOCRUZ: Staphylococcus aureus ATCC 6538P, Escherichia

coli ATCC 10536, Candida albicans ATCC 10231, Pseudomonas aeruginosa ATCC

9027, Salmonella cholerae-suis ATCC 10708.

4.8.2. MATERIAL VEGETAL

As amostras vegetais analisadas foram obtidas em feiras livres e mercados da

cidade de Fortaleza – Ce, e as formulações preparadas conforme relato dos entre-

vistados. As formulações obtidas foram testadas contra cepas microbianas citadas

no item 4.8.1.

Page 52: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

51

4.8.3. ANTIBIOGRAMA

A determinação da atividade antimicrobiana das amostras foi realizada de a-

cordo com a norma M2-A8, Vol. 23 No 01 do National Committee for Clinical Labora-

tory Standards (NCCLS, 2003), que padroniza os testes de sensibilidade a antimi-

crobianos por disco-difusão. Essa técnica foi adaptada, pois ao invés de utilizar dis-

cos de papel impregnados com as amostras, foram confeccionados poços onde es-

sas amostras foram aplicadas.

Culturas microbianas puras originárias da American Type Culture Collection

(ATCC) e mantidas em ágar estoque sob refrigeração foram repicadas para caldo

BHI e incubadas a 35ºC até atingirem uma turvação visivelmente equivalente à do

tubo 0,5 da escala de McFarland (108 UFC/mL).

Com o auxílio de “swab” estéreis, essas suspensões foram semeadas na su-

perfície do ágar Mueller-Hinton. De acordo com a metodologia e para evitar resulta-

dos incorretos, a camada de ágar na placa de Petri deve ter de 3 a 4 mm de espes-

sura e ser semeada em três direções, para que seja obtido um crescimento conflu-

ente e homogêneo. Após 5 minutos, foram confeccionados poços no ágar de apro-

ximadamente 6 mm, utilizando-se para isso um perfurador estéril. Nesses poços fo-

ram aplicadas 100µl das amostras em diferentes concentrações. Antibióticos comer-

ciais (para as bactérias: amicacina 30µg/100µl; e para Levedura: cetoconazol

50µg/100µl) foram usados como controles positivos (inibição do crescimento micro-

biano) e o diluente das amostras como controle negativo (não inibição do crescimen-

to microbiano).

Após incubação a 35 ºC/18 h, a leitura dos halos de inibição foi realizada com

auxílio de um halômetro. Todos os ensaios foram realizados em duplicata (Fotos 04

a 11).

Page 53: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

52

Foto 04 - Suspensões microbianas sendo semeadas em placas de ágar Mueller-

Hinton.

Foto 05 - Confecções de poços no ágar como auxílio de um perfurador.

Page 54: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

53

Foto 06 - Remoção do ágar com auxílio de uma pinça para a formação do poço.

Foto 07 - Adição das amostras em diferentes concentrações submetidas à avaliação

da atividade antimicrobiana.

Page 55: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

54

Foto 08 - Adição das amostras em diferentes concentrações submetidas à avaliação

da atividade antimicrobiana.

Foto 09 - Adição das amostras em diferentes concentrações submetidas à avaliação

da atividade antimicrobiana.

Page 56: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

55

Foto 10 - Medição dos halos de inibição.

Foto 11 - Registro dos resultados do experimento.

Page 57: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

56

4.9. QUESTÕES ÉTICAS

O projeto de pesquisa “Uso de preparações caseiras de plantas medicinais uti-lizadas no tratamento de doenças infecciosas” foi submetido ao comitê de ética

da Universidade Federal do Ceará tendo sido aprovado com protocolo nº 242/06, em

10 de novembro de 2006 (Anexo 03).

Page 58: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

57

RREESSUULLTTAADDOOSS _________________________________________________________________________________

Page 59: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

58

5. RESULTADOS

5.1 Dados sócio-econômicos

No período do estudo, de junho a novembro de 2006, 77 crianças estavam ma-

triculadas, no Centro de Educação Infantil Aprisco, totalizando um número de 69 fa-

mílias. Dessas, 07 foram entrevistadas durante o estudo piloto, 15 não assinaram o

termo de consentimento e 06 mudaram de endereço. Ao final, foram aplicados 41

questionários, cujos resultados serão apresentados a seguir.

Com relação ao gênero, 95,1% dos entrevistados eram do sexo feminino, en-

quanto apenas 4,9% eram do sexo masculino. Dos entrevistados 41,5% concentra-

vam-se na faixa etária de 28-37 anos, 36,6% estavam entre 18-27 anos, e 17,1%

entre 38-57 anos. A média de idade dos entrevistados foi de 32,1 anos ± 10,3. A

maioria dos entrevistados (78,1%) encontrava-se na faixa de idade entre 18-37 anos

(Tabela 01).

Tabela 01 - Distribuição dos entrevistados em função do sexo e faixa etária.

Características

N

%

Sexo Feminino 39 95,1 Masculino 02 4,9

Faixa etária

18-27 15 36,6 28-37 17 41,5 38-47 05 12,2 48-57 02 4,9 >58 01 2,4

Não informou 01 2,4 Total 41 100,0

FONTE: Dados da pesquisa

Quanto ao grau de escolaridade, 75,6% cursaram o ensino fundamental, 19,5% o

ensino médio, e 4,9% o ensino superior. Não houve entrevistado que não tivesse

freqüentado a escola (Figura 01).

Page 60: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

59

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Não estudou Fundamental Médio Superior

Escolaridade

Entr

evis

tado

s

Figura 01 - Distribuição dos entrevistados em função do nível de escolaridade (n=41).

Foi verificada economia de baixa renda entre a maioria das famílias dos en-

trevistados, com 82,9% com renda de até dois salários mínimos, como mostra a Fi-

gura 02. A média de pessoas por domicílio foi de 5,6 pessoas ± 2,2 e na maioria dos

domicílios (63,4%), o número máximo era de cinco pessoas (tabela 02)

Tabela 02 - Distribuição dos questionários em função do número de pessoas por domicílio (n=41).

Número de pessoas

N

%

Até 05 26 63,4 06 a 10 14 34,1

Mais de 10 01 2,5 Total 41 100,0

N = número de domicílios entrevistados FONTE: Dados da pesquisa.

75,6%

19,5%

4,9%

Page 61: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

60

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

< 1SM 1 a 2 SM 2 a 5 SM > 5 SM Nãoinformou

Renda familiar

Fam

ílias

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Médico

/enfer

meiro

Vizinho

Farmácia

Plantas

Med

icina

is

Benze

deira

Figura 02 - Distribuição das famílias entrevistadas em função da renda familiar (n=41).

Ao responderem à pergunta, “Em caso de doença recorre a:“, 95,1% dos en-

trevistados responderam que procuram atendimento médico e, 36,6% relataram

buscar ajuda nas plantas medicinais (Figura 03). De acordo com a Figura 04, quase

a totalidade dos entrevistados (97,6%), busca atendimento médico através do Sis-

tema Único de Saúde, e apenas um (2,4%) afirmou ter algum Plano de Saúde.

Figura 03 - Distribuição das respostas dos entrevistados em relação à pergunta: “Em caso de doença recorre a” (n=41)

46,3%

12,2%

4,9%

36,6%

95,1%

7,3%

34,1% 36,6%

2,4%

Page 62: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

61

ParticularSUSConvênio

Figura 04 - Distribuição das famílias em função do tipo de atendimento médico (n=41).

5.2 Dados etnobotânicos

Quando indagamos sobre o uso de plantas medicinais, 97,6% afirmaram usar

ou ter usado algum tipo de preparação caseira de plantas em algum período de suas

vidas (Figura 05). Dos envolvidos na pesquisa, 61,5% afirmaram ter aprendido so-

bre as plantas medicinais com seus antecedentes (pais e avós principalmente) e

10,2% relataram ter aprendido com um profissional de saúde (Figura 06). A mãe da

criança era a principal figura responsável pela preparação dos “remédios à base de

ervas” em 71,8% das famílias e a avó foi citada em 10,2% dos questionários (Figura

07).

Dos entrevistados, 74,4% relataram comprar as plantas que utilizam nas pre-

parações, enquanto 28,2% têm o hábito de cultivar as plantas medicinais em seus

quintais e 28,2% adquirem nos quintais de amigos e vizinhos (Figura 08). Alguns

entrevistados relataram que tinha mais de uma forma de adquirir a planta utilizada.

Sobre o armazenamento das plantas antes do preparo, a resposta foi positiva

em 33,3% dos questionários (Figura 09). O tempo de armazenagem variou de 01 dia

até mais de um mês, dependendo do estado (seca ou in natura) e da parte da planta

2,4%

97,6%

Page 63: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

62

Sim

Não

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Pais, avós e tios Profissionais desaúde

Vizinho Outro

a ser conservada. Os locais citados para a armazenagem foram a geladeira e o ar-

mário. (Tabela 03)

Figura 05 - Freqüência de uso de Plantas Medicinais pelas famílias entrevistada. (n=41)

*Outro: Sogra, Amiga, Sozinha, no local de trabalho Figura 06 - Fonte de orientação para o uso de Plantas Medicinais pelas famílias en-trevistadas (n=39)

2,4%

97,6%

61,5%

15,4% 12,8% 10,2%

Page 64: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

63

* 0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Pai Mãe Avó Outro

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Quintal Quintal vizinho/amigo

No mato Compra

*Outro: Tia, vizinha, irmã, madrinha, qualquer um. Figura 07 - Responsável pela preparação de formulações caseiras à base de Plan-tas Medicinais (n=39)

Figura 08 - Formas de obtenção de plantas medicinais utilizadas pelas famílias en-trevistadas (n=39).

10,2% 15,4%

2,6%

71,8%

28,2% 28,2%

74,4%

Page 65: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

64

SimNão

Figura 09 - Distribuição das respostas dos entrevistados em relação à pergunta: “Armazena a planta antes do preparo?” (n=39)

Tabela 03 - Distribuição das respostas positivas à pergunta “Armazena a planta an-tes do preparo?”, em função do local e do tempo de armazenamento (n=13).

Características do armazenamento N %

Local Armário 06 46,2

Geladeira 07 53,8 Tempo

Até 24hs 02 15,4 Até uma semana 05 38,5

Até um mês 04 30,7 Mais de um mês 02 15,4

Total 13 100 FONTE: Dados da pesquisa.

66,7%

33,3%

Page 66: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

65

De acordo com a TABELA 04, entre os entrevistados que fazem uso de plan-

tas, 82,1% sempre consideram satisfatório o tratamento com plantas medicinais e

92,3% afirmam que não experimentaram nenhum efeito indesejado com o seu uso.

Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39).

Opinião sobre o uso de Plantas

Medicinais N %

Considera o tratamento satisfatório: Sempre 32 82,1 Nunca 00 0,0

Ás vezes 07 17,9

Algum efeito indesejado: Não 36 92,3 Sim 03 7,7

Total 39 100,0

FONTE: Dados da pesquisa.

Quando perguntamos se já receberam alguma informação acerca do uso de

plantas, apenas em 33,3% dos questionários a resposta foi positiva. Dentre os quais,

61,5% (08) (fatia na cor laranja da figura 10) citaram a creche como a fonte da in-

formação. As outras fontes foram: o médico, programa Globo Rural, Posto de saúde

Anastácio Magalhães e o Livro “Medicina de A a Z”.

Figura 10 - Distribuição das respostas dos entrevistados em relação à pergunta: “Já recebeu algum informativo sobre o uso de Plantas?” (n=39)

66,7% Não

33,3% Sim

Outras

Creche

Page 67: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

66

4%9%2%6%6%

13%

1%

60%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Folha

Flor

Fruto, fru

tículo

Entrec

asca

Raiz, riz

oma

Tubércu

loBulb

o

Semen

te

Parte usada

Cita

ção

Nos 39 questionários foi citado um total de 97 preparações, e a média foi de

2,5 preparações ± 1,6, variando de 01(38,5%) até 07(2,6%) preparações por questi-

onário (Tabela 05). A parte da planta utilizada com mais freqüência foi a folha (Figu-

ra 11), citada em 60% das preparações. Sobre a forma de utilização, o chá foi referi-

do em 74,2% das preparações, sendo que em 59,8% destes, o chá foi feito por de-

cocção da planta (Figura 12). A maioria das preparações era voltada para solucionar

ou aliviar sintomas associados ao sistema respiratório e digestivo, como mostra a

Figura 13.

Tabela 05 - Distribuição do número de preparações por questionário (n=41).

Número de preparações N %

01 15 38,5 02 07 17,9 03 08 20,5 04 05 12,8 05 01 2,6 06 02 5,1 07 01 2,6

Total 39 100,0 FONTE: Dados da pesquisa

Figura 11 - Freqüência de citação das plantas medicinais segundo a parte utilizada da planta.

Page 68: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

67

Chá - decocçãoChá - infusãoLambedorSuco ou sumoMaceração

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Sist.Respiratório

Sist. Digestivo Sist.Geniturinário

Sist. Nervoso Outrossintomas

Figura 12 - Distribuição das preparações caseiras de plantas medicinais citadas nas entrevistas, segundo a forma de utilização (n=97)

Figura 13 - Freqüência das preparações caseiras de plantas medicinais indicadas pelas famílias entrevistadas por grupo de afecções (n=97)

20,6%

59,8% 14,4%

17,5%

6,2%

7,2%

50,5%

11,3% 10,4%

2,1%

Page 69: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

68

O Quadro 01 relaciona todas as plantas que foram citadas nas 97 preparações pelo

nome popular, nome científico e família. Enquanto a Figura 14 mostra a freqüência

de citação de cada uma.

Quadro 01 - Espécies vegetais utilizadas pelas famílias entrevistadas, incluindo nome ci-entífico e família.

NOME POPULAR

NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA Nº DE CI-TAÇÕES

Abacaxi Ananas sativum ( L.) Merr. Bromeliaceae 01 Agrião Eclipta alba Hassk. Compositae 01

Alfavaca Ocimum gratissimum L.; Labiatae 08 Alho Allium sativum L. Liliaceae 05

Anador Não identificado Não identificado 01 Aroeira Myracrodruon urundeuva All. Anacardiaceae 04 Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae 01

Beterraba Beta vulgaris L. Chenopodiaceae 06 Boldo Peumus boldus Mol. Monimiaceae 09

Camomila Matricaria chamomilla L. Compositae 01 Capim-santo Cymbopogon citratus Stapf. Gramineae 08

Cebolinha branca Allium ascalonicum L. Liliaceae 08 Cidreira Lippia alba (Mill) N.E. Brown. Verbenaceae 11 Corama Kalanchoe brasiliensis Camb. Crassulaceae 05 Cumaru Amburana cearensis (All.) A. C. Smith. Leg. Papilionoideae 02

Erva doce Pimpinella anisum L. Apiaceae 05 Eucalipto Eucalyptus citrioda Myrtaceae 17 Gengibre Zingiber officinale Roscoe Zingiberaceae 02 Gergilim Sesamum orientale L. Pedaliaceae 01 Girassol HeIianthus annuus L. Compositae 01 Hortelã Mentha sp. Labiatae 06 Jatobá Hymenaea courbaril L. Leg.

Caesalpinoideae 01

Laranja Citrus aurantium L. Rutaceae 04 Limão Citrus limmonia Osbeck Rutaceae 05

Malva santa Plectranthus barbatus Andr. Labiatae 01 Malvarisco Plectranthus amboinicus Lour. Labiatae 10

Mastruz Chenopodium ambrosioides L. Chenopodiaceae 06 Melancia Citrulus vulgaris L. Cucurbitaceae 01 Mostarda Brassica Intergrifolia O. E. Schulz. Cruciferae 01

Pepaconha Hybanthus ipecacuanha (L.) Oken. Violaceae 05 Quebra-pedra Phyllanthus sp. Euphorbiaceae 01

Romã Punica granatum L. Punicaceae 05

Page 70: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

69

11

85

14

16

91

88

115

25

172

11

61

45

110

611

51

5

0 5 10 15 20

Frequência absoluta

1

Plan

tas

cita

das

RomãQuebra-pedraPepaconhaMostardaMelanciaMastruzMalvariscoMalva santaLimãoLaranjaJatobáHortelãGirassolGergilimGengibreEucaliptoErva doceCumaruCoramaCidreiraCebolinha brancaCapim-santoCamomilaBoldoBeterrabaArrudaAroeiraAnadorAlhoAlfavacaAgriãoAbacaxi

Figura 14 - Freqüência absoluta de citação das plantas utilizadas pelas famílias en-

trevistadas.

O Quadro 02 relaciona todas as plantas que foram citadas, sua forma de pre-

paro, via de administração e indicação de uso.

Page 71: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

70

Quadro 02 - Relação das plantas citadas nas entrevistas, segundo a parte usada, forma de preparo, via de administração e indicação de uso.

NOME POPULAR

PARTE USADA FORMA DE PREPARO

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO*

INDICAÇÃO

Abacaxi Fruto (polpa) Lambedor Oral Gripe Agrião Flor Chá (decocção)/L* Oral Expectorante

Alfavaca Folha

Chá (decocção)* Chá (decocção)

Chá (decocção)/L*

Banho, inalação, Oral.

Gripe, “Mal-estar” no estômago, Expec-torante.

Alho Bulbo Chá (infusão)* Chá (decocção)/L* Chá (decocção)* Chá (decocção)

Oral.

Gripe, Dor de garganta, Expectorante.

Anador Folha Chá (infusão) Oral Dor de cabeça Aroeira Casca Chá (decocção)

Chá (decocção)/L* Maceração

Asseio, Oral.

“Infecção geniturinária”, “Mal estar”, Tosse

Arruda Folha Chá (infusão)* Oral Cólica, infecção Beterraba Tubérculo s/ casca Lambedor

Chá (decocção)/L* Chá (decocção)

Oral

Dor de garganta, Expectorante, Tosse

Boldo Folha Chá (decocção) Chá (decocção)*

Chá (infusão)

Oral

Digestão, Diarréia, “Mal estar”, Proble-mas de fígado, Dor de barriga, Proble-

mas de estômago Camomila Flor, parte aérea. Chá (decocção) Oral Dor de barriga

Capim-santo

Folha Chá (decocção)* Chá (decocção)

Oral

Calmante, Dor de barriga, Calmante, Febre, Labirintite, gripe e dor de cabeça.

Cebolinha branca

Bulbo Chá (decocção)/L* Chá (decocção)

Oral

Tosse, Expectorante, Dor de garganta, Gripe, Cólica

70

Page 72: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

71

Cidreira Folha Chá (decocção) Chá (decocção)*

Chá (infusão) Chá (decocção)/G

Oral Dor de barriga, Calmante, Gripe, Febre, Dor e diarréia.

Corama Folha Sumo* Chá (decocção)/L*

Sumo c/ leite* Chá (decocção)

Oral Tosse, Gripe e “inflamação”.

Cumaru Casca Chá (decocção)/L* Oral Dor de garganta, Expectorante Erva doce Frutículo Chá (decocção)

Chá (infusão) Oral Calmante, Dor de barriga, Pressão bai-

xa, Calmante. Eucalipto Folha Chá (decocção)*

Chá (decocção)/L* Chá (decocção)*

Chá (infusão) Chá (decocção) Chá (infusão)*

Banho, Inalação,Oral Gripe, Expectorante, Tosse, Dor de garganta, Febre, dor no corpo, Dor de

cabeça, Coriza

Gengibre Rizoma Mastigação Mastigação Dor da garganta Gergilim Semente Torra/decocção* Oral Gripe Girassol Semente Torra/decocção* Oral Gripe Hortelã Folha Chá (infusão)

Chá (infusão)* Chá (decocção)*

Chá (decocção)/L*

Oral Gripe, Dor de garganta, cólica e infecção

Jatobá Fruto verde Chá (decocção)/L Oral Tosse Laranja Fruto (casca) Chá (decocção)

Chá (decocção)* Chá (infusão)

Oral Dor de barriga

Limão Fruto (sumo e casca) Chá (infusão)* Chá (decocção)* Chá (decocção)

Banho, Oral

Gripe, Febre e dor no corpo

71

Page 73: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

72

Malva santa Folha Sumo c/ leite* Oral Dor de barriga Malvarisco Folha, raiz Chá (decocção)/L*

Sumo* Lambedor

Sumo c/ leite* Chá (decocção)

Oral Tosse Gripe Expectorante

Mastruz Parte aérea (folha) Sumo c/ leite* Sumo c/ leite

Chá (decocção)/L* Chá (decocção) Chá (decocção)*

Oral Dor de barriga, Tosse, Antiinflamatório, Gripe, expectorante.

Melancia Semente Torra/decocção* Oral Gripe Mostarda Semente Torra/decocção* Oral Gripe

Pepaconha Raiz Chá (decocção)/L* Maceração

Oral Expectorante, Gripe, Tosse, Cansaço, febre

Quebra-pedra

Raiz. Chá (decocção) Oral “Infecção” dos rins

Romã Fruto (Semente e cas-ca)

Chá (decocção)/L Chá (decocção)

Oral Dor de garganta,Tosse

FONTE: Dados da pesquisa.

72

Page 74: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

73

LEGENDA DO QUADRO 02

Lambedor: açúcar + planta sem adição de água (levando ao fogo ou não). Chá (decocção)/L*: Lambedor feito a partir do cozimento da planta (associação de plantas). Chá (decocção)/L: Lambedor feito a partir do cozimento da planta (a planta usada sozinha). Chá (decocção)*: A planta é colocada em fervura (associação de plantas). Chá (decocção): A planta é colocada em fervura sozinha. Chá (infusão)/L*: Lambedor feito a partir do infuso da planta (associação de plantas). Chá (infusão)/L: Lambedor feito a partir do infuso da planta (a planta usada sozinha). Chá (infusão)*: A água fervente é adicionada à planta (associação de plantas). Chá (infusão): A água fervente é adicionada à planta (a planta usada sozinha). Sumo*: A planta é triturada no liquidificador com água e coada em seguida (associação de plantas). Sumo c/ leite*: A planta é triturada no liquidificador com leite e coada em seguida (associação de plantas). Sumo c/ leite: A planta é triturada no liquidificador com leite e coada em seguida (a planta usada sozinha). Maceração: A planta amassada ou picada é colocada de molho em água fria. Mastigação: A planta é mastigada lentamente. Torra/decocção*: Decocção feita a partir de sementes torradas e planta triturada (associação de plantas).

73

Page 75: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

74

5.3. Atividade Antimicrobiana

O Quadro 03 mostra a composição de cada amostra testada para a qual foi

realizado o antibiograma, assim como sua forma de utilização e indicação para o

uso, de acordo com as informações coletadas durante as entrevistas.

O Quadro 04 mostra a atividade antimicrobiana in vitro das preparações ca-

seiras de plantas medicinais. Os resultados foram baseados na presença ou ausên-

cia do halo de inibição. Foram selecionadas as preparações usadas para solucionar

os seguintes sinais e sintomas, descritos pela própria população estudada e que po-

deriam estar associados a um quadro de infecção, tais como: febre, dor no corpo,

dor de garganta, gripe, “catarro” (usado como expectorante), tosse, “nariz escorren-

do” (coriza), cansaço, dor de barriga, diarréia, “Inflamação” e “Infecção dos rins”.

Page 76: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

75

Quadro 03: Composição das amostras submetidas à avaliação da atividade antimi-

crobiana, forma de preparo e indicação de uso, citados pelos entrevistados.

Nº da amostra

Composição da amostra Forma de preparo

Indicação de uso pelos en-trevistados

01 Alfavaca + Eucalipto Chá-D Gripe 02 Cidreira Chá-D Dor de barriga 03 Eucalipto + Alho + Limão Chá-D Gripe 04 Mastruz + Malvariço + Leite Suco Dor de barriga 05 Eucalipto Chá-D Febre 06 Casca da laranja Chá-D Dor de barriga 07 Eucalipto + Alho Chá-D Dor de garganta 08 Eucalipto + Alfavaca + Limão Chá-D Gripe/ tosse 09 Gengibre Mastigação Dor de garganta 10 Camomila Chá-D Dor de barriga 11 Erva doce Chá-I Dor de barriga 12 Casca de laranja + Boldo Chá-D Dor de barriga 13 Aroeira Chá-D Asseio/infecção 14 Pepaconha Maceração Tosse/ cansaço 15 Cidreira Chá-I Febre 16 Quebra pedra Chá-D Infecção dos rins17 Capim santo Chá-D Dor de barriga 18 Hortelã Chá-I Gripe 19 Mastruz + Leite Suco antiinflamatório 20 Alfavaca Chá-D Expectorante 21 Corama + mastruz + malvariço Suco Tosse forte 22 Corama + malvariço Lambedor Gripe ou tosse 23 Malvariço + corama + mastruz + cebolinha

branca + pepaconha Lambedor Gripe

24 Abacaxi Lambedor Gripe 25 Eucalipto + malvariço + cebolinha branca Lambedor Tosse 26 Beterraba Lambedor Dor de garganta 27 Hortelã + malvariço Lambedor Gripe 28 Cumaru + eucalipto + hortelã + cebola +

beterraba Lambedor Dor de garganta

29 Romã Lambedor Dor de garganta 30 Malva do reino Lambedor Gripe 31 Cebolinha + pepaconha + cumaru + beter-

raba + alho + mel de abelha Lambedor Expectorante

32 Cebolinha branca + eucalipto + aroeira + pepaconha

Lambedor Tosse

33 Pepaconha+ agrião + malvariço + alfavaca + cebolinha branca

Lambedor Expectorante

34 Corama Chá-D Gripe/inflamação35 Malvariço Chá-D Gripe 36 Mastruz + leite Chá-D Gripe 37 Romã Chá-D Tosse 38 Cebola branca Chá-D Gripe

Page 77: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

76

39 Alho Chá-D Gripe 40 Limão Chá-D Gripe 41 Cidreira + goma Chá-D Dor de barriga 42 Jatobá Lambedor Tosse 43 Beterraba Chá-D Tosse 44 Malvariço Chá-D Tosse 45 Sementes de girassol + melancia + gergilim

+ mostarda + hortelã Chá-D Gripe

Legenda: Chá-D = chá por decocção ou cozimento; Chá-I = chá por infusão FONTE: Dados da pesquisa.

Page 78: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

77

Cepa microbiana Nº da amostra SA¹ EC² PA³ SC4 CA5

01 + - + + - 02 - - - - - 03 - - + + + 04 - - - - - 05 - - - - - 06 - - - - - 07 - - - - - 08 - - - - - 09 + - - - + 10 - - - - - 11 - - - - - 12 - - - - - 13 + - - - - 14 - - - - - 15 - - - - - 16 + - + + + 17 - - - - - 18 - - + + - 19 - - - - - 20 - - + + + 21 - - - - + 22 + - + + + 23 + - + + +

Cepa microbiana Nº da amostra SA¹ EC² PA³ SC4 CA5

24 + - + - - 25 + - + + + 26 + - - - - 27 + - + + + 28 + - + + + 29 + + + + + 30 + - - + + 31 + + + + + 32 + - + + + 33 + - + + - 34 - - - - - 35 - - + + - 36 - - - - - 37 - - - + - 38 - - - - - 39 - - - - - 40 - - - - - 41 - - - - - 42 + + + - - 43 - - - - - 44 - - + + - 45 - - + + -

Quadro 04 - Atividade antimicrobiana das preparações caseiras.

1: Staphylococcus aureus ATCC 6538P; 2 : Escherichia coli ATCC 10536; 3 : Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027; 4 : Sal-monella cholerasuis ATCC 10708; 5 : Candida albicans ATCC 10231; (+): presença de halo de inibição de crescimento mi-crobiano; ( - ): ausência de halo de inibição de crescimento microbiano.

77

Page 79: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

78

Foto 12 - Atividade antimicrobiana da Amostra 32 X P. aeruginosa ATCC 9027.

Foto 13 - Atividade antimicrobiana da Amostra 01 X P. aeruginosa ATCC 9027.

Page 80: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

79

DDIISSCCUUSSSSÃÃOO DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS _________________________________________________________________________________

Page 81: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

80

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

6.1 Dados sócio-econômicos

As visitas aos domicílios foram realizadas sempre no período diurno ou vesperti-

no, de acordo com a disponibilidade do entrevistado (informação que foi anexada ao

termo de consentimento), o que pode justificar em parte a expressiva presença fe-

minina (95,1%) entre os entrevistados, visto que nesses horários os homens geral-

mente encontram-se ausentes de seus lares devido ao seu trabalho e/ou realização

de outras atividades, mantendo-se ainda aquela condição de que a mulher é a res-

ponsável pelas atividades do lar, pelo cultivo e preparo das plantas medicinais, as-

sim como pela alimentação e cuidados dispensados às crianças e outros familiares

quando enfermos. Resultados semelhantes foram encontrados por Arnous e colabo-

radores (2005), em que 88,8% dos entrevistados eram mulheres e no estudo de

Marchese et al. (2004) no qual esse valor foi de 78%.

Muitos estudos relatam que pessoas a partir de 30 anos são as que mais se dis-

põe a conversar e fornecer informações sobre plantas medicinais, pois geralmente

as mais jovens dizem preferir remédios quimiossintetizados e demonstraram-se in-

crédulos no “poder de cura das plantas medicinais”. (LIMA, 2000). No presente estu-

do, a faixa etária dos entrevistados variou de 18 a 68 anos, sendo 78,1% com idade

de até 37 anos. O número de preparações por questionário foi considerado baixo,

visto que 76,9% dos questionários continham no máximo três preparações. Tendo

em vista o fato de que o uso de plantas medicinais faz parte da herança cultural da

humanidade, espera-se que a sua utilização aumente com o aumento da faixa etá-

ria. Isto porque em faixas etárias acima dos 40 anos, as pessoas são mais resisten-

tes a mudanças, no sentido da preservação dos seus costumes e crenças quanto à

eficiência da prática caseira com utilização de plantas medicinais, e por isso, as utili-

za em maior proporção.

Pode-se observar que o percentual mais alto dos entrevistados no estudo

(75,6%) é composto por pessoas que cursaram o ensino fundamental (completando

ou não), o que representa um nível educacional baixo. Arnous et al (2005) verifica-

Page 82: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

81

ram em seu estudo sobre o uso caseiro de plantas medicinais, que a faixa da popu-

lação que mais as utilizam apresenta baixo nível de escolaridade.

Quanto à renda familiar, para a maioria (81,6%) das famílias entrevistadas, a

renda mensal não ultrapassava o valor de 02 salários mínimos, verificando-se se

tratar de uma população de baixo poder aquisitivo. Este fato justificaria o uso do sis-

tema público de saúde por 97,6% dessas famílias e a busca de tratamentos de baixo

custo, visto que 97,6% afirmam fazer uso de plantas medicinais. Portando, os dados

são concordantes com a OMS, mostrando que grande parte da comunidade utiliza

plantas medicinais como opção terapêutica.

6.2 Dados Etnobotânicos

A população estudada demonstrou uma alta credibilidade no tratamento fitoterá-

pico como mostra a Tabela 04, em que 82,1% consideram o tratamento sempre sa-

tisfatório. Arnous e colaboradoes (2005) em seu estudo verificaram que 83,6% dos

entrevistados acreditam que o tratamento com plantas medicinais seja eficaz. Gran-

de parte dos consumidores de plantas medicinais acredita que estes remédios, por

serem naturais, são totalmente seguros. É comum ouvir entre as pessoas a expres-

são: “se não fizer bem, mal não faz”, acreditando firmemente que planta medicinal

não faz mal para a saúde e não há contra-indicações por se tratar de substâncias

naturais.

Outro aspecto importante que foi estudado é a origem do conhecimento sobre

as plantas. A herança cultural foi citada com sendo a maior fonte de aprendizagem a

respeito de plantas com fins medicinais como mostra a figura 06, na qual observa-

mos que a família (pais, avós e tios) foi lembrada pela maioria dos entrevistados co-

mo principal divulgadora dessas informações. Enquanto os profissionais da área de

saúde foram citados em apenas 10,2% dos questionários, comprovando que a utili-

zação de um vegetal na terapêutica popular, em geral, ocorre sem qualquer ou pou-

ca informação de cunho científico. Arnous et al (2005) encontraram resultado análo-

go.

A preparação dos “remédios feitos de plantas” ficou a cargo quase que exclu-

sivamente de representantes do sexo feminino como mãe, avós, tia e madrinha, co-

Page 83: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

82

mo pode ser observado na figura 07, chamando a atenção mais uma vez para o pa-

pel da mulher no cuidado e atenção à saúde dos membros da família (SILVA, 2003).

De acordo com a figura 10, grande parte dos entrevistados, não tem acesso

às informações sobre o uso e manipulação correta de plantas medicinais, conside-

rando que apenas 33% afirmaram ter recebido algum tipo de informativo (cartilhas,

folders, palestras, etc.) sobre o assunto. Uma observação importante foi que entre

essas pessoas que receberam algum informativo, 61,5% disseram ter recebido tais

informações, no Centro de Educação Infantil Aprisco, ressaltando a forte influência

dessa instituição na divulgação do conhecimento para população através da realiza-

ção de trabalhos de educação em saúde. Uma parceria entre Escola e Universidade,

portanto, pode contribuir de forma significativa para a disseminação do conhecimen-

to científico entre a população, divulgando os resultados obtidos em estudos, de

forma prática e acessível. Como por exemplo, na orientação e incentivo ao uso e

manejo corretos de plantas medicinais, por meio de palestras e oficinas colaborando

assim para a diminuição dos gastos familiares com a aquisição de medicamentos.

(POLEZZI et al, 2004).

O hábito de armazenar as plantas antes do preparo foi relatado por 33,3%

dos entrevistados. Segundo Matos (1989) dentre os principais riscos no uso de plan-

tas medicinais está o uso de plantas mofadas por terem sido mantidas em recipien-

tes e locais impróprios. Logo, o cuidado na armazenagem de plantas é um fator im-

portante na garantia no efeito terapêutico que se deseja alcançar.

O levantamento realizado revelou que 74,4% dos entrevistados compram as

plantas utilizadas na preparação, mostrado que os raizeiros têm uma participação

ativa no fornecimento de plantas medicinais para essa população, superando a a-

quisição por meio de cultivo em suas próprias residências e, doadas por parentes,

amigos e vizinhos. Em contraste, em um trabalho realizado no Rio Grande do Sul,

Somavilla & Canto-Dorow (1996) citam que 76% das plantas utilizadas como medi-

cinais são obtidas através de amigos e também pelo hábito de cultivo caseiro, en-

contrando-se uma porcentagem bem menor para as espécies adquiridas com raizei-

ros ou em farmácias.

Matos (1989) chama atenção para os riscos da utilização indiscriminada de

plantas medicinais, pois a maioria das plantas utilizadas não está sujeita a uma le-

gislação farmacêutica que garanta a qualidade do material. Plantas frescas geral-

Page 84: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

83

mente são conseguidas em cultivos caseiros e as plantas secas são adquiridas, na

maior parte dos casos, em raizeiros que as comercializam em feiras e mercados.

Neste caso, a certeza de que realmente é a espécie correta, só pode ser garantida

com base no conhecimento do raizeiro que pode ser desde um simples vendedor a

um especialista no assunto, cuja formação, representa a cultura tradicional passada

de geração a geração.

Verificou-se que o conhecimento geral da maioria da população entrevistada

está restrito a poucas plantas. Foram indicadas 32 espécies, distribuídas em 23 fa-

mílias, sendo que a Labiatae contribuiu com o maior número de espécies (12,5%).

(Quadro 01). A avaliação do percentual ou número de vezes que determinada planta

foi citada pelos entrevistados ficou abaixo de 20%. Portanto, apesar das pessoas

terem afirmado que utilizam plantas medicinais e acreditam em sua eficácia, o co-

nhecimento sobre as propriedades terapêuticas das plantas pela comunidade parece

ser restrito. Dentre as plantas medicinais mais citadas pelos entrevistados destaca-

ram-se: Eucalipto (Eucalyptus globulus) - 11,9%, Erva Cidreira (Lippia alba) – 7,7%,

Malvarisco (Plectranthus amboinicus) – 7,0%, Boldo (Peumus boldus) -6,3%, Ceboli-

nha branca (Allium ascalonicum) -5,6%, Capim santo (Cymbopogon citratus) -5,6% e

a Alfavaca (Ocimum gratissimum) -5,6% (Figura 16). A maior parte das espécies ci-

tadas tem mais de uma indicação terapêutica.

Em 39 questionários foi citado um total de 97 preparações utilizando plantas

para fins medicinais com uma média de 2,5 ± 1,6 preparações por questionário (Ta-

bela 05). No que se refere à parte da planta utilizada, encontrou-se um amplo uso de

folhas, seguido por fruto e uma menor porcentagem de raízes, frutos, cascas, flores

etc (Figura 11), diferentemente do trabalho de Parente e Rosa (2001), em que foi

observada a predominância do uso de toda a planta. Com relação à forma de utiliza-

ção, das 97 preparações, 59,8% eram usadas na forma de chá por decocção (Figura

12). Muitos trabalhos obtiveram resultados análogos (ARNOUS et al., 2005; FUCK et

al., 2005; PARENTE & ROSA, 2001), o que revela o fato de que na maioria das ve-

zes a planta é utilizada de forma errônea porque só as partes duras (raiz, caule e

casca) devem ser cozidas. De acordo com Castellani (1999), a infusão deve ser utili-

zada em todas as partes de plantas medicinais tenras tais como folhas, botões e

flores, pois as mesmas são ricas em componentes voláteis, aromas delicados e prin-

cípios ativos que se degradam pela ação combinada da água e do calor prolongado.

Page 85: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

84

Provando mais uma vez, que a população deve ser informada quanto às formas cor-

retas de preparo das plantas medicinais que são comumente utilizadas. O lambedor

também foi bastante citado (17 preparações) entre as várias formulações no uso das

plantas, ocupando o segundo lugar como mostra a figura 12.

No presente estudo, as indicações de uso medicinal das plantas citadas, bus-

cam atender aos mais variados problemas de saúde, destacando-se aqueles rela-

cionados ao sistema respiratório e digestivo (Figura 13). Resultado semelhante foi

encontrado por Amorozo (2002) ao realizar um levantamento etnobotânico de plan-

tas com usos terapêuticos no município de Santo Antonio do Leverger, MT. Ainda

segundo esse autor, a via de administração mais utilizada foi a via oral, o mesmo

resultado foi encontrado para esta pesquisa (Quadro 02).

6.3. Atividade antimicrobiana.

O estudo da atividade antimicrobiana com plantas tidas como medicinais na

forma de chás e extratos, exige investigações minuciosas, visto que inúmeros fato-

res comumente dificultam a comprovação da atividade in vitro. Geralmente se tratam

de misturas complexas e indefinidas de princípios ativos e substâncias secundárias

que, além de variarem constantemente sua composição, podem se potencializar ou

antagonizar mutuamente. Bem como, com certa freqüência, não produzir efeitos em

curto prazo, em face do efeito cumulativo que podem alcançar após várias semanas,

ou ainda sofrer variações em decorrência de fatores associados à própria planta

como coleta, armazenamento e preparação (SIMÕES et al., 2003).

De acordo com o quadro 03, das quarenta e cinco amostras testadas 55,6%

(25 amostras) apresentaram atividade inibitória sobre o crescimento de pelo menos

um dos microrganismos utilizados. Duas dessas amostras (29 e 31) determinaram a

inibição de todas as cepas testadas. As fotos 10 e 11 mostram respectivamente a

atividade antimicrobiana das amostras 32 e 01, sobre Pseudomonas aeruginosa,

microorganismo bastante conhecido por sua múltipla resistência a drogas.

Ao analisarmos a freqüência com que algumas espécies se repetem nas a-

mostras submetidas à avaliação da atividade antimicrobiana, verificamos que entre

as oito plantas mais utilizadas cinco são conhecidas por sua atividade antimicrobia-

Page 86: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

85

na, como: Malvariço (Plectranthus amboinicus), eucalipto (Eucalyptus citriodora),

Mastruz (Chenopodium ambrosioides), Alfavaca (Ocimum gratissimum) e o alho (Al-

lium sativum). (MATOS, 2002)

A principal atividade do eucalipto (Eucalyptus globulus) é no aparelho respira-

tório em função do óleo essencial rico em eucaliptol, que é o seu composto mais ati-

vo, o qual tem demonstrado, tanto por via oral como inalatória, atividade antigripal,

expectorante e anti-séptica das vias respiratórias No entanto na região nordeste, o

que se observa freqüentemente na medicina popular é o uso da espécie Eucalyptus

citriodora para fins medicinais, Esta espécie não contém eucaliptol e sim citronelal,

uma substância que causa irritação na mucosa do trato respiratório, mas cuja ativi-

dade anti-séptica justifica seu emprego como agente de limpeza. (MATOS, 2002).

O eucalipto foi citado na preparação de oito formulações caseiras, sozinho ou

em associação com outras plantas. Quando utilizado sozinho, não demonstrou ne-

nhuma atividade (amostra 05). Isso pode ser justificado pela sua forma de prepara-

ção, neste caso foi o cozimento das folhas, e como seu princípio ativo é uma subs-

tância volátil, o mesmo pode ter sofrido alterações e perdido sua atividade devido à

exposição prolongada ao calor. No entanto, quando associado à alfavaca, mesmo

sendo preparado da mesma forma, demonstrou uma melhora na atividade, possi-

velmente porque esta planta (alfavaca) cujo principal constituinte é o eugenol, tenha

sido mais estável, mesmo quando submetido ao calor.

A adição de limão à formulação, da amostra número 8 (Eucalipto + alfavaca +

limão) determinou a perda total de atividade inibitória sobre as cepas testadas, o que

possivelmente pode ser atribuído à redução do pH do meio pela adição do ácido cí-

trico à mistura.

Ocimum gratissimum (Alfavaca) está amplamente distribuída na região tropi-

cal. É usada na medicina popular em infecção do trato respiratório superior, pneu-

monia, tosse, febre e conjuntivites. O óleo extraído dessa planta possui vários com-

postos entre os quais se destacam o cineol (eucaliptol) e o eugenol. Estudos mos-

tram que em diferentes concentrações esse vegetal foi capaz de inibir o crescimento

de Staphylococcus aureus, Shigella flexneri, Salmonella enteritidis, Escherichia coli,

Klebsiella sp., Proteus mirabilis e Pseudomonas aeruginosa (NAKAMURA et

al,1999; PEREIRA et al,2004).

Page 87: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

86

Nesse estudo, observou-se uma variação na atividade antimicrobiana das

preparações envolvendo a alfavaca. Assim como o eucalipto, esse vegetal também

apresenta em sua composição substâncias voláteis ativas e que podem ser perdidas

com o aquecimento, e consequentemente sua atividade antimicrobiana reduzida.

Além disso, essas substâncias ativas (eugenol e eucaliptol) sofrem variações de

concentração na planta ao longo do dia (MATOS, 2002). Devendo-se considerar en-

tão, que sua atividade também pode ter variado de acordo com o período do dia em

que a coleta do vegetal foi realizada.

O Chenopodium ambrosioides (Mastruz) apesar de ser amplamente usado na

medicina popular por suas propriedades vermífuga e antimicrobiana, pode trazer

riscos de intoxicação para quem faz uso dessa espécie, devido à presença de uma

substância chamada ascaridol, ativa contra os nematelmintos. Essa substância é

tóxica para o fígado e para os rins. É totalmente contra-indicado em crianças abaixo

dos três anos (ALONSO, 1998; MATOS, 2002).

O óleo essencial do mastruz também contém cineol, ao qual se atribui a sua

atividade antimicrobiana. Segundo Matos (2002), o sumo dessa planta apresenta

atividade antimicrobiana. No presente estudo não se obteve resultado que compro-

vasse tal informação, o que pode ser atribuído à pequena quantidade de material

vegetal utilizado no preparo do suco, insuficiente para que o princípio ativo expres-

sasse sua atividade in vitro.

A mistura conhecida como “Mastruz com leite” geralmente é utilizada como

um modo de facilitar a ingestão. Porém, devido à sua propriedade de acelerar a e-

closão dos ovos de helmintos ingeridos acidentalmente, pode provocar uma hiper-

verminose, se tomada em doses insuficiente e sem cuidados higiênicos essenciais.

Essa mistura também não apresentou potencial inibitório nesse experimento, nem

quando usado na forma de sumo nem na forma de cozimento.

O alho (Allium sativum), entre as suas propriedades terapêuticas destaca-se

hipolipemiante, antiplaquetário, antitumoral e antiinfeccioso (ALONSO, 1998). O ajo-

eno é o responsável pela propriedade de proteção contra a trombose e de redução

dos níveis de colesterol e gordura no sangue. Ao passo que sua ação antiinfecciosa

se deve à presença de uma substância denominada alicina que destrói grupos es-

senciais à proliferação de bactérias. No entanto, a trituração e o cozimento do alho

decompõem rapidamente os seus princípios ativos. Logo, o uso correto do alho, de-

Page 88: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

87

ve ser restrito às preparações obtidas recentemente, sem aquecimento e conserva-

das de preferência em pH acido (SOUSA et al., 2004).

Os resultados mostraram que o alho quando aquecido, ou seja, na forma de

decocto (amostras 07 e 39) não exibiu atividade antimicrobiana sobre nenhum cres-

cimento microbiano. Entretanto, quando se adicionou o limão ao chá de eucalipto

com alho (amostra 03) mesmo na presença de calor o resultado foi diferente, verifi-

cando-se a presença de halos de inibição no crescimento de três dos cinco microor-

ganismos testados. Nesse caso, provavelmente o potencial antimicrobiano do alho

foi mantido estável devido ao pH ácido, graças a presença do fruto cítrico na mistu-

ra.

Plectranthus amboinicus (Malvariço) é uma planta utilizada no combate às

bronquites e inflamação de boca e garganta. No óleo essencial encontram-se o timol

com propriedades antimicrobianas, podendo contribuir para a melhora nas patologi-

as do trato respiratório. A mucilagem das folhas parece exercer ação protetora das

mucosas inflamadas, auxiliando a expectoração (MATOS, 2002). Quando utilizado

na forma de suco, adicionado de mastruz, foi capaz de inibir o crescimento da leve-

dura C. albicans apenas na formulação em que estava presente a corama (amostra

número 21). Em um levantamento bibliográfico realizado sobre plantas utilizadas

pela população brasileira no tratamento de sinais e sintomas relacionados às infec-

ções fúngicas, foram citadas 409 espécies entre elas, a corama (Kalanchoe brasili-

ensis) (FENNER et al, 2006).

Na forma de chá o malvariço foi capaz de inibir o crescimento das bactérias

Gram-negativas da Pseudomonas aeruginosa e da Salmonella cholerasuis.

Na maioria das amostras em que a malvariço estava na composição a princi-

pal forma de utilização foi o lambedor, a mesma recomenda segundo literatura (MA-

TOS, 2002).

De um modo geral, todas as amostras utilizadas na forma de lambedor apre-

sentaram boa atividade antimicrobiana, tanto aquelas preparadas a partir de um co-

zimento adicionando-se açúcar ou mel ao chá (amostras 22, 23, 25, 27, 28, 29, 31,

32, 33 e 42) quanto àquelas que misturam o açúcar diretamente com a planta sem

colocar água (amostras 24, 26 e 30). Esse resultado sugere que a atividade antimi-

Page 89: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

88

crobiana dessas amostras possivelmente possa ter alguma relação com a concen-

tração de açúcar na formulação e que a ela possa ser atribuída tal propriedade.

6.4 Avaliação do uso de plantas medicinais nas diversas formulações utiliza-das pela população estudada

Durante o estudo foram observadas diversas ações incorretas no uso de plan-

tas medicinais que vão desde o preparo e armazenagem inadequados até o uso de

plantas que apresentem alguma atividade tóxica.

Em relação ao preparo, verificamos que muitas formulações são obtidas de

forma inadequada, como, por exemplo, plantas cujo princípio ativo encontra-se em

substâncias voláteis e que na maioria das vezes foram expostas ao calor (decoc-

ção), principalmente suas partes termossensíveis como folhas e flores. Essa exposi-

ção prolongada ao calor pode levar a degradação do principio ativo e conseqüente

perda da atividade farmacológica atribuída à espécie.

Ainda com relação ao preparo, o uso combinado entre plantas foi bastante

freqüente, assim como a utilização de outros ingredientes na preparação dos remé-

dios, tais como: leite, mel, etc. Simões (1989) previne que esta prática é perigosa,

porque nem sempre o processo de preparação mais indicado é o mesmo para plan-

tas diferentes e a combinação pode resultar em efeitos imprevisíveis. Associação de

duas ou mais plantas com efeitos farmacológicos semelhantes também foi observa-

do, como por exemplo, o uso de plantas com propriedades sedativa, analgésica e

anestésica comprovadas, e cuja interação aumenta os riscos de uma potencializar

os efeitos da outra.

Quanto à armazenagem alguns dos erros encontrados são listados abaixo:

• Chá guardado por mais de um dia – Os chás devem ser preparados

de preferência em dose individuais para serem usados logo em seguida. Quando,

porém, essas doses são muito freqüentes, podem ser preparados em quantidade

maior, para consumo no mesmo dia. Nesse caso, além do cuidado de usar todo o

material muito bem limpo, deve-se manter o recipiente com chá bem fechado e

guardado de preferência, na geladeira e não usá-lo no dia seguinte (MATOS 2002).

Page 90: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

89

• Guarda e depois “amorna de novo” – (referindo-se ao chá por de-

cocção do eucalipto para a inalação): A inalação é uma preparação que aproveita a

ação combinada de vapor de água quente com aroma das plantas com princípios

voláteis. O preparo deve ser na forma de infuso para evitar a perda do princípio ativo

pelo calor. Ainda segundo a literatura, o uso correto exige que se repita a adição da

droga e da água fervente quadro os vapores perderem o aroma. Portanto, guardar o

chá, principalmente feito por decocção, para fazer inalações no dia seguinte não

constitui uma prática correta.

• Guarda o cozimento do eucalipto para o próximo banho: mesmo

comentário do item anterior.

• Gengibre guardado na geladeira durante 01 mês: O principal com-

posto ativo no gengibre, o zingibereno, pode ter sua concentração alterada em de-

corrência de sua transformação em arcurcumeno. Isso ocorre devido às condições e

tempo de armazenagem do mesmo. Estudos mostram que quando o óleo é obtido

de rizomas dessecados de modo inadequado, perde o odor de limão e o poder bac-

teriostático. Logo, não se recomenda guardar o gengibre, assim como outras espé-

cies in natura por tempo prolongado. (SOUSA et al, 2004).

• Preparações de plantas com leite armazenado por vários dias: Os

alimentos “in natura” ou submetidos aos diferentes tipos de processamento, podem

ser veículos de transmissão de diversos microrganismos, os quais utilizam esses

alimentos como fonte de elementos nutritivos para sua multiplicação. Por tanto, o

armazenamento por vários dias pode levar a contaminação da mistura contendo leite

e trazer efeitos não desejáveis com a sua ingestão.

Inúmeras plantas utilizadas na medicina popular apresentam substâncias

consideradas tóxicas, portanto estas plantas precisam ser manuseadas e utilizadas

com o máximo cuidado. Nesse estudo foram identificadas espécies que apresentam

toxicidade e que foram frequentemente utilizadas para fins terapêuticos, como a Ar-

ruda (Ruta graveolens) e o Mastruz (Chenopodium ambrosioides).

A arruda (Ruta graveolens) é uma planta arbustiva lenhosa, de origem euro-

péia, pertencente à família Rutaceae. Apesar de ter sua ação comprovada por al-

guns autores para determinadas patologias, é de extrema importância saber sobre

seu risco em relação aos seus efeitos internos, que podem causar grandes compli-

Page 91: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

90

cações. Por exemplo, ainda que seu chá tenha efeito nos quadros de ansiedade e

de insônia, a arruda não pode ser usada por via interna, pois há possibilidade de

ocorrer hiperemia dos órgãos respiratórios associada à hemorragia, vômitos, gastro-

enterites, sonolência e convulsões. A toxicidade da Arruda é em grande parte devido

aos seus derivados cumarínicos. Sua atividade anticoncepcional é atribuída à inibi-

ção da implantação do óvulo no útero, devido ao aumento da motilidade desse órgão

(propriedade atribuída à substância metilnonilcetona), sendo considerada popular-

mente como abortiva. Além disso, estudos anteriores mostraram que a arruda pro-

duz alterações cromossômicas in vitro de células humanas. (MARTINS et al, 2005;

SOUZA et al, 2004)

O Mastruz (Chenopodium ambrosioides) pertencente à família Chenopodia-

ceae é uma erva bastante ramosa e, de cheiro forte pouco agradável e característi-

co. Suas propriedades, vermífuga e antimicrobiana justificam o largo uso, tanto in-

terno como externo apesar do risco de intoxicação pelo ascaridol, substância nefro e

hepatotóxica. Por tanto contra indicada para pessoas com patologias associadas a

esses órgãos, bem como, gestantes, crianças e idosos. Gomes e colaboradores

(2001), também identificaram o mastruz com uma planta com característica tóxica e

com restrições de uso entre as plantas utilizadas como medicinais no município de

Morretes - PR.

Observou-se no presente estudo o desconhecimento de grande parte dos en-

trevistados quanto à toxicidade das plantas e verificou-se o uso indiscriminado das

mesmas, uma vez, que para a maioria, toda erva é um tratamento natural e benéfi-

co. Em conseqüência deste resultado, tem-se a emergente importância de um traba-

lho de conscientização junto à comunidade, no que se refere ao uso de plantas me-

dicinais.

Todos esses fatores observados podem influir na eficácia e na segurança do

tratamento. Por tanto, o conhecimento destes fatores contribui fundamentalmente

para a utilização racional das plantas medicinais e suas formulações, com base na

medicina tradicional, cabendo ao farmacêutico, em particular, estar atento quanto à

orientação de utilização de ervas medicinais.

Page 92: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

91

CCOONNCCLLUUSSÃÃOO _________________________________________________________________________________

Page 93: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

92

7. CONCLUSÃO

Este trabalho revelou uma grande riqueza de informações que podem contribuir

para o incentivo e discussão sobre o uso racional das plantas medicinais, além de

fornecer informações sobre a utilização de plantas para fins terapêuticos pela popu-

lação estudada.

Na população estudada a prática do uso de plantas medicinais como uma opção

terapêutica de baixo custo no tratamento de doenças foi bastante freqüente, tanto

por que confiam no seu poder de cura como porque acreditam que elas não fazem

mal à saúde por serem naturais. No entanto, durante o estudo verificou-se que di-

versos fatores podem comprometer a eficácia do tratamento, ou até mesmo a sua

segurança. Esses fatores vão desde a identificação incorreta da espécie, até o em-

prego incorreto de formulações e indicações incoerentes de plantas, cujo preparo e

finalidade algumas vezes foram discordantes com a literatura científica. Portanto, há

a necessidade de discussões e maiores esclarecimentos para que riscos sejam evi-

tados.

Page 94: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

93

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS _________________________________________________________________________________

Page 95: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

94

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, M. R. J. R.; LEMOS, T. L. G.; SILVEIRA, E. R.; SOUZA, E. B., NOGUEIRA, N. A. P.; LINS, M. U. D. S.; PESSOA, O. D. L. Composition and antimi-crobial activity of the essential oil from aerial parts of Bacharis trinervis. Arkivoc, v. vi, p. 60-65, 2004.

ALMEIDA, J. R. de; FERREIRA FILHO, O. F. Community-acquired pneumonia in elderly patients: adherence to Brazilian guidelines for the treatment of pneumonia. J. bras. pneumol., Ribeirão Preto, v.30, n.3, p.229-236, May/June 2004.

ALONSO, J.R. Tratado de fitomedicina: bases clínicas y farmacológicas. ISIS. Ediciones SRL, 1998.

AMOROZO, M. C. M. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do Leverger, MT, Brasil. Acta bot. bras. v.16, n.2, p.189-203, 2002.

ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Dispõe sobre o regis-tro de medicamentos fitoterápicos. Resolução - RDC n. 17, de 24 de fevereiro de 2000. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 25 de fevereiro de 2000.

______. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Resolução - RDC n. 48, de 16 de março de 2004. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 18 de março de 2004.

ARNOUS, A. H.; SANTOS, A. S.; BEINNER, R. P. C. Plantas medicinais de uso ca-seiro – Conhecimento popular e interesse por cultivo comunitário. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.6, n.2, p.1-6, jun.2005.

LEMOS, T. L. G.; BANDEIRA, P. N. ; MONTE, F. J. Q.; LINS, M. U.; NOGUEIRA, N. A. P.; PESSOA, O. D.; COSTA, S. M. O.; FONSECA, A. M.; PESSOA, O. D. L. Chemical Composition: Antimicrobial and Antioxidant Activities of the essential oil from resin of Protium hepthaphyllum (Aubl) March. Natural Product Communications, v. 1-4, p.17-120, 2006.

BARROS, E.; BITTENCOURT, H.; CARAMORI, M. L.; MACHADO, A. Antimicrobi-anos: consulta rápida. 3. ed. Porto Alegre: Ed. ARTMED, 2003.

BERQUÓ, L. S., BARROS, A. J. D.; LIMA, R. C.; BERTOLDI, A. D. Use of drugs to treat respiratory tract infections in the community. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.38, n.3, p.358-364, June 2004.

Page 96: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

95

BETLEY, C.; LAUBACH, H.; SPALTER, J.; GINTER, E.; JENSEN, L. Relationship of cryptosporidiosis to abdominal pain and diarrhea in mayan indians. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, v. 46, n. 4, p. 235-237, July-August, 2004.

BEZERRA, M. A. C. Alpinia Spesiosa Schum: Estudo de Frações Fixas e do Ó-leo Essencial. 1994. 103p. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Cea-rá, Fortaleza, 1994.

BOTELHO, M.A.; NOGUEIRA, N.A.P.; BASTOS, G.M.; FONSECA, S.G.C.; LEMOS, T.L.G.; MATOS, F.J.A.; MONTENEGRO, D.; HEUKELBACH, J.; RAO, V.S.; BRITO, G.A.C. Antimicrobial activity of the essential oil from Lippia sidoides, carvacrol and thymol against oral pathogens. Brazilian Journal of Medical and Biological Re-search, v.40, p. 349-356, 2007.

BRASIL. Decreto n. 5.813, de 22 de junho de 2006. Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 23 de junho de 2006.

BUCHALLA, C. M.; WALDMAN, E. A.; LAURENTI, R. A mortalidade por doenças infecciosas no início e no final do século XX no Município de São Paulo. Rev. bras. epidemiol., Rio de Janeiro, v.6, n.4, p.335-344, dez. 2003.

BURTON, G.R.W.; ENGELKIRK, P.G. Microbiologia para as Ciências da Saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

CALAINHO, D. B. Jesuítas e Medicina no Brasil Colonial. Tempo, Rio de Janeiro, n.19, p. 61-75, 2005.

CAMPELO, V.; GONCALVES, M. A. G.; DONADI, E. A. Mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias no Município de Teresina-PI (Brasil), 1971-2000. Rev. bras. epidemiol., Rio de Janeiro, v.8, n.1, p.31-40, mar. 2005.

CASTELLANI, D. C. Plantas medicinais. Viçosa: Agromídia software, 1999.

CATÃO, R. M. R.; ANTUNES, R. M. P.; ARRUDA, T. A.; PEREIRA, M. S. V.; HIGI-NO, J. S.; ALVES, J. A.; PASSOS, M.G.V.M.; SANTOS, V. L. Atividade antimicrobia-na “in vitro” do extrato etanólico de Punica granatum linn. (romã) sobre isolados am-bulatoriais de Staphylococcus aureus. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 38, n.2, p. 111-114, 2006.

CHEZ, R. A.; JONAS, W. B. The challenge of complementary and alternative medi-cine. Am. J. Obstet. Gynecol, v. 177, n. 5, p. 1156-61, nov. 1997.

Page 97: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

96

COELHO, A. M. S. P.; SILVA, G. A. da; VIEIRA, O. M. C.; CHAVASCO, J. K. Ativi-dade antimicrobiana de Bixa orellana L. (Urucum). Revista Lecta, Bragança Paulis-ta, v. 21, n. 1/2, p. 47-54, jan./dez. 2003.

COWAN, M. M. Plant products as antimicrobial agents. Clin. Microbiol. Rev., v. 12, n. 4, p. 564-582, oct. 1999.

CUNHA, W. R.; ANDRADE e SILVA, M. L.; TURATTI, I. C. C.; FERREIRA D. S.; BETARELLO, H. L.. Avaliação da atividade analgésica de Miconia ligustroides (Me-lastomataceae) utilizando o teste de contorção abdominal em camundongos. Rev. Bras. Farm., v. 84, n. 2, p. 47-49, 2003.

DI STASI, L.C. Plantas Medicinais: arte e ciência. Um guia de estudo Interdisci-plinar. São Paulo: UNESP, 1996.

DINIZ, E. M. A.; VIEIRA, R. A.; CECCON, M. E. J.; ISHIDA M. A.; VAZ, F. A. C. Inci-dence of respiratory viruses in preterm infants submitted to mechanical ventilation. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, São Paulo, v.47, n.1, p.37-44. Jan/Feb. 2005.

DUARTE, D. F. Opium and opioids: a brief history. Rev. Bras. Anestesiol., Rio de Janeiro, v.55, n.1, p.135-146, Jan./Feb. 2005.

FENNER, R.; BETTI, A. H.; MENTZ, L. A.; RATES, S. M. K. Plantas utilizadas na medicina popular brasileira com potencial atividade antifúngica. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. v. 42, n. 3, jul./set., 2006.

FIOCRUZ. Glossário de doenças – Tuberculose. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=309&sid=6>. Acesso em: 15 setembro 2006.

FUCK, S. B.; ATHANÁZIO, J. C.; LIMA, C. B. de; MING, L. C. Plantas medicinais utilizadas na medicina popular por moradores da área urbana de Bandeirantes, PR, Brasil. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 26, n. 3, p. 291-296, jul./set. 2005.

GOMES, E. C..; ELPO, E. R. S; GABRIEL, M. M. ; LOPES, M. Plantas medicinais com características tóxicas usadas pela população do município de Morretes, PR. Revis-ta Visão Acadêmica, Curitiba, v. 2, n. 2, p. 77-80, Jul.- Dez./2001.

KONNING, G.H.; AGYARE, C.; ENNISON, B. Antimicrobial activity of some medici-nal plants from Ghana. Fitoterapia, v.75, p. 65–67, 2004.

Page 98: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

97

LA CRUZ, M. G. O acesso aos Fitoterápicos e Plantas Medicinais e a Inclusão Social – Governo o Estado do Mato Grosso, 2005.

LANS, C. Comparison of plants used for skin and stomach problems in Trinidad and Tobago with Asian ethnomedicine. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v.3, n.3, 2007.

LAVABRE, M. Aromaterapia – A cura pelos óleos essenciais. 2. ed. Rio de Janei-ro: Record, 1992.

LEMOS, A. C.; MATOS, E. D.; PEDRAL-SAMPAIO, D. B.; NETTO, E. M. Risk of tu-berculosis among household contacts in Salvador, Bahia. Braz J Infect Dis, Salva-dor, v.8, n.6, p.424-430, dec. 2004.

LIMA, C. B. Plantas medicinais utilizadas em duas localidades do município de Bandeirantes-PR. 2000. 103 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universi-dade Estadual Paulista, Botucatu, 2000.

LOGUERCIO, A. P.; BATTISTIN, A.; VARGA, A. C. de; HENZEL, A.; WITT, N. M. Antibacterial activity of hydro-alcoholic extract leaves of jambolan (Syzygium cumini (L.) Skells). Cienc. Rural, Santa Maria-RS, v.35, n.2, p.371-376. Mar./Apr. 2005.

LOPES, A.A.; SALGADO, K.; MARTINELLI, R.; ROCHA, H.; Aumento da freqüência de resistência à norfloxacina e ciprofloxacina em bactérias isoladas em uroculturas. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v.44, n.3, p.196-200, jul./set. 1998.

LUCCHETTI, G.; SILVA, A. J. da; UEDA, S. M. Y.; PEREZ, M. C. D.; MÍMICA, L. M. J. Analysis of the frequency and antimicrobial susceptibilities to urinary tract infec-tions agents in chronic catheterized patients. J. Bras. Patol. Med. Lab., Rio de Ja-neiro, v.41, n.6, p.383-389, dec. 2005.

LUNA, E. J. A. The emergence of emerging diseases and emerging and reemerging infectious diseases in Brazil. Rev. bras. epidemiol., Rio de Janeiro, v.5, n.3, p.229-243, Dec. 2002.

MAGALHÃES, P. J. C.; CRIDDLE, D. N.; TAVARES, R. A.; MELO, E. M.; MOTA, T. L.; LEAL-CARDOSO, J. H. Intestinal myorelaxant and anti-spasmadic effects of the essential oil of Croton nepetaefolius, and its constituents cineol, methyl-eugenol and therpineol. Phytotherapy Research, Inglaterra, v.12, p.172-177, 1998.

Page 99: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

98

MARCHESE, J.A.; BROETTO, F.; MING, L. C.; GOTO, R.; STEFANINI, M. B.; GA-LINA, A.; TEDESCO, A. C.; CONTE, C.; MINIUK, C. M.; SCHURT, D. A.; SANGA-LETTI, E.; SILVA G. O. da; GOMES, G.; BERTAGNOLLI, J. A.; FRANCHESCHI, L.; COSSA, M. L.; MORAES, M. R.D.; LIMA, P. M.; LIRA, R.; COSTA, S. Perfil dos con-sumidores de plantas medicinais e condimentares do município de Pato Branco (PR). Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.332-335, abril-junho 2004.

MARTINS A. P., SALGUEIRO, L. R.; GONÇALVES, M. J.; PROENÇA DA CU-NHA, A.; VILA, R.; CAÑIGUERAL, S. Essential oil composition and antimicrobial ac-tivity of santiria trimera Bark. Planta Médica., v.69, n.1, p.77-79, 2003.

MARTINS, A. G.; ROSÁRIO, D. L. do; BARROS, M. N. de; JARDIM, M. A. G. Levan-tamento etnobotânico de plantas medicinais, alimentares e tóxicas da Ilha do Com-bu, Município de Belém, Estado do Pará, Brasil. Rev. Bras. Farm., v.86, n.1, p. 21-30, 2005.

MASCARO, V. L. D. M.; HÖFLING-LIMA, A. L.; GOMPERTZ, O. F.; ZORAT YU, M. C.; MATTA, D. A. da; COLOMBO, A. L.. Teste de susceptibilidade a antifúngicos de leveduras isoladas de infecções corneais. Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo, v.66, n.5, p.647-652, set./out. 2003.

MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais; guia de seleção e emprego de plantas usa-das em fitoterapia no Nordeste do Brasil. Fortaleza: IOCE, 1989.

______. Farmácias Vivas. 3. ed. Fortaleza: Editora UFC, 1998.

______. Farmácias Vivas. 4. ed. Fortaleza: Editora UFC, 2002.

MBWAMBO, Z.. H.; MOSHI, M. J.; MASIMBA, P. J.; KAPINGU, M. C.; NONDO, R. S. O. Antimicrobial activity and brine shrimp toxicity of extracts of Terminalia brownii roots and stem. BMC Complementary and Alternative Medicine, v.7, n.9, 2007.

MEDEIROS FILHO, J. G.; PIRES, M. P. C.; FREIRE, A. C. M. Toxicidade de plantas medicinais na terapêutica infantil. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v.1, p. 45-52, 1997.

MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Ed. Atheneu, 2003.

MENEZES, M. A. S.; ALMEIDA, F. R. C.; RAO, V. S. N. Anti-inflamatory activity in the essential oil Vanillosmopsis arborea. Fitoterapia, v.61, p.252-54, 1990.

Page 100: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

99

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos. Brasília. Outubro, 2001.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Painel de Indicadores do SUS. Brasília, 2006b. Disponí-vel em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/painel_%20indicadores_do_SUS.pdf>. Acesso em: 20 março 2007.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Vigilância epidemiológica- doenças emergentes e re-emergentes. Brasília, 2006. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/svs/visualizar_texto.cfm?idtxt=21548>. Acesso em: 20 setembro 2006.

MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; KOBAYASHI, G. S.; PFALLER, M. A. Micro-biologia Médica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

NAKAMURA, C. V.; UEDA-NAKAMURA, T.; BANDO, E.; MELO, A.F. N.; CORTEZ, D. A. G.; DIAS FILHO, B.P. Antibacterial activity of Ocimum gratissimum L. essential oil. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 94, p.675-8, 1999.

NASCIMENTO, G. G. F.; LOCATELLI, J.; FREITAS, P. C.; SILVA, G. L.. Antibacterial activity of extracts and phytochemicals on antibiotic-resistant bacteria. Braz. J. Mi-crobiol., São Paulo, v.31, n.4, p.247-256, 2000.

NCCLS - Performance Standards for Antimicrobial Disk Susceptibility Tests. 8 th ed. Approved Standard: M2-A8. NCCLS, 2003

Oganización Mundial de La Salud. Promoción y desarrollo de la medicina tradi-cional. En: Atención Primaria a la Salud. Informe de la Conferencia Internacional sobre Atención Primaria a la Salud; 1978 Alma Ata URSS. 6 -12 septiembre. Gine-bra: OMS, 1978: 355-367.

OLIVEIRA, R. A. G.; LIMA, E. O.; VIEIRA, W. L.; FREIRE, K. R. L.; TRAJANO, V. N.; LIMA, I. O.; SOUZA, E. L. ; TOLEDO, M. S.; SILVA-FILHO, R. N. Estudo da interfe-rência de óleos essenciais sobre a atividade de alguns antibióticos usados na clíni-ca. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.6, n.1, p. 77-82, Jan./Mar. 2006

Organização Mundial de Saúde. Declaração de Chiang Mai, 1988.

Organização Mundial de Saúde. Resoluções WHA 29.72, WHA 30.49, WHA 40.33, 1976-1977, 1987.

Page 101: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

100

PARENTE, C. E. T.; ROSA, M. M. T. Plantas comercializadas como medicinais no Município de Barra do Piraí, RJ. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 52, n.80 p. 47-59, 2001.

PEREIRA, R. S.; SUMITA, T. C.; FURLAN, M. R.; JORGE, A. O. C.; UENO. M. Ativi-dade antibacteriana de óleos essenciais em cepas isoladas de infecção urinária. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 38, n. 2, 2004.

POLEZZI, R. C. S.; MOTOMIYA, A. V. A.; NISHI, M. L. M.; SOUZA, R. P.; OLIVEIRA, V. A. Intercâmbio de Informações entre Universidade-Escola-Comunidade envolven-do Uso, Cultivo e Identificação de Plantas Medicinais, na Vila Pernambuco, de Cas-silândia, MS. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Belo Hori-zonte, setembro de 2004

PRABUSEENIVASAN, S.; JAYAKUMAR, M.; IGNACIMUTHU, S. In vitro antibacterial activity of some plant essential oils BMC Complementary and Alternative Medi-cine,v.6, n.39, 2006

RANG, H. P.; DALE, M. M. Farmacologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

ROSSI, F.; ANDREAZZI, D.B. Resistência Bacteriana: interpretando o antibio-grama. São Paulo: Atheneu, 2005.

SALGUEIRO, L. R.; CAVALEIRO, C.; GONÇALVES, M. J.; PROENÇA DA CU-NHA, A. Antimicrobial activity and chemical compositios of the essential oil of lippia graveolens from Guatemala. Planta Médica, v.69, n.1, p.80-83, 2003.

SANT’ ANA, P. J. P.; ASSAD, A. L. D. Programa de pesquisa em produtos naturais: A experiência a CEME. Quim. Nova, v.27, n.3, p. 508-512, 2004

SANTOS, F. A.; RAO, V. S.; SILVEIRA, E. R. The leaf Essential Oil of Psidium guy-anensis offers protection against pentylenetetrazole-induced seizures. Planta Médi-ca, v.63, p.133-135, 1997.

SANTOS, F. S. D. dos. Tradições populares de uso de plantas medicinais na Ama-zônia. História, Ciência e Saúde – Manguinhos, vol. VI(suplemento), p. 919-939, set. 2000.

SCHRAMM, J. M. A.; OLIVEIRA, A. F.; LEITE, I. C.; VALENTE, J. G.; GADELHA, A. M. J.; PORTELA, M. C.; CAMPOS, M. R. Transição Epidemiológica e estudo de car-ga de doença no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v.9, n.4, p.897-908, 2004.

Page 102: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

101

SECRETÁRIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO. Tuberculose - Bo-letim Informativo 2005. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.saude.rj.gov.br/Tuberculose/boletim_informativo.pdf. Acesso em: 25 se-tembro 2006.

SIANI, A. C.; SAMPAIO, A. L. F.; SOUSA, M. C.; HENRIQUES, M. G. M. O.; RA-MOS, M. F. S. Óleos Essenciais: Potencial antiinflamatório. BIO Tech., v.16, p.37-43, 2000.

SILANO, M.; De VINCENZI, De VINCENZI, M.; A.; SILANO, V. The new European legislation on traditional herbal medicines: main features and perspec-tives. Fitoterapia. v.75, p.107-116, 2004.

SILVA, K. L.; CECHINEL FILHO, V. Plants of the genus Bauhinia: chemical composi-tion and pharmacological potential. Quím. Nova, São Paulo, v.25, n.3, p.449-454, may 2002.

SILVA, M.I.G. Utilização de Fitoterápicos nas Unidades Básicas de Atenção à Saúde da Família, no Município de Maracanaú – Ceará. 2003. 160p. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2003.

SIMÕES, C. M. O. Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul 3ed Porto Alegre: Editora da Universidade/ UFRGS, 1989.

SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto Alegre/ Florianópolis: Editora da UFRGS/ Editora da UFSC, 2003.

SOMAVILLA, N.; CANTO-DOROW, T. S. Levantamento das plantas medicinais utili-zadas em bairros de Santa Maria, RS, Brasil. Ciência e Natura, v.18, p. 31-148, 1996.

SOUSA, M. P.; MATOS, M. E. O.; MATOS, F. J. A.; MACHADO, M. I. L.; CRAVEI-RO, A. A. Constituintes químicos e propriedades biológicas de plantas medici-nais brasileiras. Fortaleza: Editora UFC, 2004.

SOUZA, A. N. C. de; BARATA, E. L.; MAGALHÃES, P. J. C.; LIMA, C. C.; CARDO-SO, J. H. L.et al. Effects of the essential oil of Croton zehntneri and its constituient estragole on intestinal smooth muscle. Phytotherapy Research, Inglaterra, v.11, p.299-304, 1997.

Page 103: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

102

TAVARES, W. Manual de Antibióticos e Quimioterápicos Antiinfecciosos. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1996.

______. Problem gram-positive bacteria: resistance in staphylococci, enterococci, and pneumococci to antimicrobial drugs. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba-MG, v.33, n.3, p.281-301, may/june. 2000.

TOMAZZONI, M. I. Subsídios para a introdução do uso de fitoterápicos na rede básica de saúde do município de Cascavel / PR. 2004. 113f. Dissertação (mes-trado) Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Setor de Ciências da Saúde Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004.

TORRES, A.R.; OLIVEIRA, R.A.G.; DINIZ, M. F. F. M.; ARAÚJO, E.C. Estudo sobre o uso de plantas medicinais em crianças hospitalizadas da cidade de João Pessoa: riscos e benefícios. Revista Brasileira de Farmacognosia. v.15, n.4, p. 373-380, Out./Dez. 2005.

TORTORA, G.J.; FUNKE, B. R.; CASE, C.L. Microbiologia. 6. ed. Porto Alegre: Ed. ARTMED, 2003.

VAZQUEZ, M. L.; MOSQUERA, M.; CUEVAS, L. E.; GONZÁLEZ, E. S.; VERAS, I. C. L.; LUZ, E. O.; BATISTA FILHO, M.; GURGEL, R. Q. Incidência e fatores de risco de diarréia e infecções respiratórias agudas em comunidades urbanas de Pernam-buco, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.15, n.1, p.163-172, jan./mar. 1999.

VEIGA JUNIOR, V. F.; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. M. Medicinal plants: safe cure? Quím. Nova, São Paulo, v.28, n.3, p.519-528, May/June 2005.

VERMELHO L. L.; MONTEIRO, M. F. G.; COSTA, A. J. L.; KALE, P. L. Transição epidemiológica e indicadores de saúde atuais. Cadernos Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.9, n.2, p. 111 - 126, 2001.

VIEGAS JUNIOR, C.; BOLZANI, V. S.; BARREIRO, E. J. The natural products and the modern medicinal chemistry. Quím. Nova, São Paulo, v.29, n.2, p.326-337, Mar./Apr. 2006.

VILELA, M. A. Padrão de Resistência Antimicrobiana de Casos de Infecções Nosocomiais no Recife, Pernambuco, Brasil, 2002-2003. 2004. 91p. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Departamento de Saúde Coletiva – NESC do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – CPqAM da Fundação Oswaldo Cruz – FIO-CRUZ/MS, Recife, 2004.

Page 104: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

103

WANNISSOR, B.; JARIKASEMB, S.; SIRIWANGCHAIB, T.; THUBTHIMTHED, S. Antibacterial properties of essential oilsfrom Thai medicinal plants. Fitoterapia, v.76, p.233– 236, 2005.

WONG, A.; CASTRO, E. G. R. Aspectos toxicológicos dos fitoterápicos. Arquivos Brasileiros de Fitomedicina Científica, v.1, p. 96-102, 2003.

WORLD HEALTH ORGANIZATION –Tuberculosis - Global and regional inci-dence, 2006. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs104/en/.> Acesso em: 15 setembro 2006.

Page 105: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

104

AANNEEXXOOSS _________________________________________________________________________________

Page 106: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

105

ANEXO 01

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM – FFOE.

MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO FARMÁCIA CLÍNICA.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO: “USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS”

Eu, Gisele Medeiros Bastos, aluna do mestrado em Ciências Farmacêuticas

da Universidade Federal do Ceará, estou desenvolvendo uma pesquisa cujo objetivo

é avaliar a eficiência de plantas medicinais utilizadas no tratamento de infecções, e

assim, disponibilizar informações que contribuam para orientar uma utilização ade-

quada de plantas medicinais para o tratamento de doenças infecciosas.

Desse modo, venho solicitar o seu consentimento a fim de que sua família

possa participar da pesquisa, sendo necessária para isso a sua autorização, para

que possa ser realizada a coleta dos dados através da aplicação de um questionário

em seu domicílio e que concorde com os seguintes itens:

1. A participação na pesquisa deverá ser de livre e espontânea vontade.

2. Ao participar da pesquisa, você não ficará exposto (a) a nenhum risco.

3. A identidade dos participantes será mantida em segredo.

4. Você poderá desistir de participar da pesquisa a qualquer momento

Page 107: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

106

CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que todas as minhas dúvidas foram esclarecidas pelo pesquisador,

que entendi todos os passos da pesquisa e autorizo a realização da pesquisa em

meu domicílio nos horários pré - estabelecidos.

Assinatura dos Pais ou responsável legal:

___________________________________________

Assinatura da Testemunha:

___________________________________________

DADOS DO PESQUISADOR

Pesquisador (a): Gisele Medeiros Bastos

Cargo/Função: Farmacêutica/ Pós-Graduanda em Ciências Farmacêuticas

Endereço: Rua Professor Costa Mendes, 933 Aptº. 303

Bairro: Bom Futuro Cidade: Fortaleza

Telefone: (085) 8822-7114 ou (085) 34942046

ATENÇÃO: Qualquer dúvida em relação a sua participação na pesquisa pode entrar em

contato com a Comissão de Ética e Pesquisa pelo fone: (085) 4009-8338.

Fortaleza, _____de _____________de ______

____________________________________

Gisele Medeiros Bastos

Pesquisador Responsável

Page 108: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

107

ANEXO 02

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC

FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO FARMÁCIA CLÍNICA.

USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS

NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS

QUESTIONÁRIO Nº _______ DATA: ____/____/_____ NOME DO ENTREVISTADO:_____________________________SEXO: ( )F ( )M IDADE: __________ ENDEREÇO: ____________________________________________________ TELEFONE: ______________________ GRAU DE ESCOLARIDADE: ESTADO CIVIL: ( )Analfabeto ( ) Solteiro(a) ( )1ºgrau incompleto ( ) Casado(a) ( )1ºgrau completo ( ) Divorciado(a) ( )2ºgrau incompleto ( ) Viúvo(a) ( )2ºgrau completo ( )Outro__________ ( )Ensino superior incompleto ( )Ensino superior completo 1 - Número de pessoas que moram na casa Adultos Crianças Idosos

2 – Renda Familiar: < 1 SM 1 a 2 SM 2 a 5 SM >5 SM

3 - Moram em casa: Própria Alugada Outro

4 – Saneamento: Esgoto Fossa Céu aberto Outro

5 – Abastecimento de água: Água encanada

fora de casa Água encanada

dentro de casa Poço ou cacimba

Lago ou rio

Outro

6 – Em caso de doença recorre a: Médico/ enfermeiro Vizinho Benzedeira Farmácia Plantas

Medicinais

Page 109: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

108

7 – Atendimento Médico: Particular SUS Plano de Saúde

8 – Já fez ou faz uso de alguma preparação caseira com plantas medicinais?

SIM NÃO

9 – Fonte de orientação para a utilização de plantas medicinais: Pais, avós e tios. Profissionais

de saúde Outro

OUTRO: _______________________________________________________ 10 – Como adquire as plantas: Quintal Quintal vizinhos/ amigos No mato Compra

SE COMPRAR, ONDE: _______________________________________________________________

11 - Costuma armazenar as plantas antes do preparo?

SIM NÃO

SE SIM, ONDE: _______________________________________________________________

12 – Por quanto tempo armazena? Até 24hs Até 01 semana Até 1 mês Mais de um mês

13 – Quem prepara as plantas medicinais: Pai Mãe Outro

OUTRO: _______________________________________________________ 14 – O uso de plantas medicinais já causou algum efeito indesejado ou mal estar?

SIM NÃO 15 – Considera o tratamento com plantas medicinais satisfatório: Sempre Nunca Às vezes

16 – Já recebeu algum informativo (cartilhas, folders, outros) sobre o uso de plantas medicinais?

SIM NÃO SE SIM, QUANDO E ONDE? _______________________________________________________________

Page 110: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

109

USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS.

NOME DA PLANTA

PARTE USADA

PARA QUE USA?

QUANTO USA?

COMO PREPARA?

QUANTO TOMA?

QUAL O INTERVALO?

ONDE GUARDA?

109

Page 111: USO DE PREPARAÇÕES CASEIRAS DE PLANTAS MEDICINAIS ... · Tabela 04 - Opinião dos entrevistados sobre o uso de Plantas Medicinais (n=39) ... res que contribui para automedicação

110