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USO DE BIOESTIMULANTES NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MUDAS DE MELANCIA (Citrullus lanatus)
SILVA, C.P.1,*; BENTO, E.S. 1; ONO, E.O 2.
1 Universidade Estadual Paulista – UNESP-SP, Campus de Botucatu, Faculdade de Ciências Agrárias-FCA. Departamento de Produção Vegetal Horticultura – DPVH [email protected] e [email protected]
2 Universidade Estadual Paulista – UNESP-SP, Campus de Botucatu, Instituto de Biociências - IB. Departamento de Botânica – Fisiologia Vegetal – [email protected]
Introdução
Melancia (Citrullus lanatus) é uma fruta rasteira, originária da África, é cultivada ou aparece quase
espontaneamente em várias regiões do Brasil, geralmente em áreas secas e de solo arenoso. A
melancia é cultivada praticamente em todo Brasil. No último levantamento realizado foram cultivados
82.000 ha e a produção foi de 620 mil toneladas de frutos, representando 10,2% da área plantada e
4,0% do volume produzido com hortaliças no País (EMBRAPA, 2003). As regiões Sul e Nordeste são
as principais produtoras, destacando-se os Estados do Rio Grande do Sul e Bahia.
Atualmente a região Nordeste brasileira tem se destacado no cultivo de melancia. Dentre o método
de propagação mais utilizada, tem sido estabelecida na sua maioria através da semeadura direta,
uma vez que o plantio é fácil e o custo das sementes é baixo. Com a implementação de novas
tecnologias, tais como aplicação de “mulching”, fertirrigação, sementes híbridas de alto custo, o
método de estabelecimento de plântulas em campo deverá ser modificado. A utilização de mudas
produzidas em bandejas deverá ser incrementada e certamente será uma etapa imprescindível na
produção de melancia, a exemplo do que vem ocorrendo em outras hortaliças. A presente pesquisa
tem como objetivo avaliar o efeito de bioestimulantes na qualidade de mudas de melancia.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em condições de ripado a 70% de luminosidade do Departamento de
Produção Vegetal – Horticultura, da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP-SP, Campos de
Botucatu em 18/01/07. A semeadura da melancia, Crimson Sweet foi realizada em bandejas de 128
células, preenchidas com o substrato comercial Plantmax®, sendo colocada uma semente no centro
de cada célula da bandeja, na profundidade de 1 cm.
A aplicação dos bioestimulantes aconteceu sete dias após a semeadura, por pulverização nas
referidas concentrações 0%, 0,25%, 0,50% e 0,75%. O delineamento experimental utilizado foi em
blocos casualizados completos em esquema fatorial 3 x 4 com quatro repetições. Os tratamentos
resultaram da combinação de dois bioestimulantes (Fertiactyl GZ®, Rutter AA® Stimulate®) e cinco
concentrações (0%; 0,25%; 0,50%; 0,75%). A unidade experimental foi composta por uma bandeja de
128 células, sendo que no momento das avaliações, considerou-se como área útil às 50 células
centrais da bandeja. As avaliações foram realizadas 14 dias após a semeadura, As características
avaliadas foram: altura da muda e comprimento da raiz (cm), massa seca da parte aérea e de raízes
(g) onde as mudas foram fracionadas em parte aérea e raízes, colocada em estufa com circulação
forçada de ar a 65º C por um período de 48 h, para determinação da massa seca da parte aérea e de
raiz.
Resultados Tabela 01. Relação altura da muda, comprimento da raiz principal e massa da matéria seca das
raízes em relação ao tipo de bioestimulantes e concentrações. Botucatu-SP. 2007
Tratamentos altura da muda comprimento da raiz MMSR
Fertiactyl GZ® (cm) (cm) (g)
0% 8,23 b 3,15 b 0,25 b
0,25% 12,15 a 3,50 b 0,35 a
0,50% 11,58 a 4,85 a 0,33 a
0,75% 10,21 ab 4,25 a 0,30 a
CV (%) 3,25% 2,25% 3,15 %
Rutter AA®
0% 7,15 b 3,75 c 0,30 b
0,25% 13,25 a 4,75 b 0,45 a
0,50% 12,85 a 5,85 a 0,43 a
0,75% 11,45 a 5,25 a 0,38 a
CV (%) 3,15% 3,25% 2,25%
Stimulate®
0% 8,15 b 3,75 b 0,33 b
0,25% 12,75 a 4,25 a 0,38 a
0,50% 13,75 a 4,50 a 0,40 a
0,75% 12,25 a 3,50 b 0,45 a
CV (%) 3,65% 2,15% 3,50%
Teste de Tukey a 5%.
Discussão e Conclusões
Os resultados revelaram que os bioestimulantes proporcionaram resultados significativos em relação
as testemunhas para altura de plântula, obtida nas concentrações de 0,25%, 0,50% e 0,75%. Já para
o comprimento da raiz principal, pode-se perceber comportamento diferentes e não uniformes, entre
os tipos de bioestimulantes e concentrações, no entanto, pode-se verificar nas análises visuais
(momento da retirada do substrato das raízes em água corrente), que o bioestimulante Rutter® e
Stimulate® apresentaram muita raízes, obtendo praticamente os mesmo resultados, superando o
comportamento do Fertiactyl GZ®.
A superioridade do bioestimulante Rutter® e Stimulate® em relação ao Fertiactyl GZ®, deve-se
provavelmente a sua composição, os primeiros contém teores de N e K2O maiores que o segundo.
Esses nutrientes desempenham importantes funções no desenvolvimento inicial da muda, pois
estimulam tanto o crescimento das raízes como também da parte aérea. E em se tratando da cultura
da melancia o potássio e o nitrogênio são também os nutrientes mais exigidos ao longo do ciclo de
cultivo (GRANGEIRO & CECÍLIO FILHO, 2004). Além disto, o STIMULATE apresentam reguladores
vegetais como auxina, citocinina e ácido giberélico (0,005%, 0,009% e 0,005%) que auxiliam no
processo de divisão e alongamento celular (CASTRO, et al. 2002). Estes dados estão de acordo com
os obtidos por COSTA et al. (2008), onde observaram o mesmo comportamento com os dois
primeiros bioestimulantes para altura e comprimento das raízes.
É importante frisar que ambos os produtos contêm na sua composição aminoácidos, nutrientes e
reeguladores vegetais, no caso do STIMULATE ®, sendo que estas substâncias em conjunto podem
atuar de modo sinérgico, participando de importantes reações, influenciando a fertilidade do substrato
pela liberação de nutrientes, pela detoxificação de elementos químicos, pela melhoria das condições
físicas e biológicas e pela produção de substâncias fisiologicamente ativas.
Referências
COSTA, C.L.P.; COSTA, Z.V.B.; COSTA JUNIOR; C.O.; ANDRADE, R.; SANTOS, J.G.R. Utilização de bioestimulante na produção de mudas de melancia. Revista Verde. v.3, n.3, p. 110-115, 2008. EMBRAPA, hortaliças em números. Disponível em < http://WWW.cnph.embrapa .br/util/tabelas/index.htm>Acesso em: 10 de jun. 2008. GRANGEIRO, L.C.; CECÍLIO FILHO, A.B. Acúmulo e exportação de macronutrientes pelo híbrido de melancia Tide. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.1, p.93-97,jan. 2004. P.R.C. CASTRO, P.R.C.;PACHECO, A.C.; MEDINA, C.L. Efeitos de bioestimulante e micronutrients no desenvolvimento vegetativo de laranjeira ‘Pêra’ (Citrus sinensis L. Osbeck). Scientia Agricola. vol. 55 n. 2, 121-125, 1998.