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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO
DA ___ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DE GOIÂNIA/GO.
URGENTE
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS,
por sua Promotora de Justiça que subscreve, vem, perante Vossa Excelência, no uso de
suas atribuições conferidas pelo art. 127, caput, e 129, caput e incisos II e III da
Constituição Federal, pelo art. 25, inc. IV, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.625/93, à vista
dos elementos inclusos no Inquérito Civil Público nº 201500126593, propor
em face de:
1. ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público interno,
representada pelo Procurador-Geral Alexandre Eduardo Felipe Tocantins, domiciliado
na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n.º 03, Centro, Goiânia/GO, CEP 74003-010,
2. FUNDAÇÃO UNIVERSA, instituição sem fins econômicos, de
direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 03218102000176, representada por Everton
Francisco Alves, com sede na SGAN 609, Módulo A, L2 Asa Norte, Brasília/DF, CEP:
70830-401;
pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:
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AÇÃO CIVIL PÚBLICA
c/c Pedido de MEDIDA LIMINAR
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I - DOS FATOS
O Ministério Público do Estado de Goiás instaurou
Inquérito Civil Público para apurar o excessivo número de servidores temporários na
SSPGO - Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária -,
ocupando o cargo de Vigilantes Penitenciários, em suposta violação a regra do
concurso público encartada no artigo 37, II, da Constituição Federal.
A mencionada investigação teve início a partir de
representação noticiando que a SSPGO, através da SEAP – Superintendência
Executiva de Administração Penitenciária -, tinha publicado edital de concurso público
para provimento do cargo de Agente Prisional em número muito menor do que os
contratos temporários existentes.
Apurou-se que o Estado de Goiás, por intermédio da
SEGPLAN – Secretaria Estadual de Gestão e Planejamento –, publicou o Edital nº
001/2014, objetivando a realização de concurso público para o provimento de 305
(trezentos e cinco) vagas e formação de cadastro de reserva para o cargo de Agente de
Segurança Prisional.
Entretanto, concomitantemente a realização do concurso, a
SEGPLAN também publicou o Edital nº 002/2015 para contratação temporária de
1.625 (mil seiscentos e vinte e cinco) Vigilantes Penitenciários, cujas atividades são
as mesmas ou abrangidas pelas do cargo efetivo .
Acerca da desproporção entre as vagas ofertadas no
concurso público e no processo seletivo para contratação temporária, o Secretário
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Estadual de Administração Penitenciária e Justiça informou que o “concurso público
visa atender parcialmente a demanda, visto que atualmente há 1625 contratos de
vigilantes penitenciários temporários em vigência”.
Posteriormente, chegou ao conhecimento desta Promotoria
de Justiça que o Edital nº 001/2014, em seu subitem 16.6, estabeleceu cláusula de
barreira entre as duas etapas do certame, de modo que passarão para a segunda etapa,
consistente no curso de formação, apenas os candidatos mais bem classificados até a
posição 461 (quatrocentos e sessenta e um).
Para melhor explicar, o Edital nº 001/2014 estabeleceu que
o certame será composto de duas etapas, a primeira composta de cinco fases (prova
objetiva, prova discursiva, avaliação médica, prova de aptidão física e avaliação
psicológica e vida pregressa) e a segunda etapa consistente no curso de formação.
Segundo o cronograma do concurso, o certame encontra-se
na quinta fase da primeira etapa, ou seja, avaliação psicológica e análise da vida
pregressa, e a segunda etapa tem data prevista para iniciar-se próximo dia 02/11/2015.
Nesse ponto, a irresignação dos denunciantes fundava-se
em dois questionamentos: a limitação indevida de vagas no concurso para favorecer a
contratação temporária de servidores em um processo seletivo que oferece quase 5
(cinco) vezes mais o número de vagas e; inconstitucionalidade de cláusula de barreira
após o candidato já ter se mostrado apto em todas as avaliações do certame.
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Outro fato que também foi noticiado, diz respeito a última
fase da primeira etapa do concurso (avaliação psicológica e análise da vida pregressa).
Segundo apurado, a avaliação psicológica dos candidatos
foi aplicada no mesmo dia em 8 (oito) horários diferentes, contudo, os testes foram os
mesmos, o que possibilitou a troca de informações entre os candidatos, favorecendo
indevidamente aqueles que tiveram acesso aos testes antes da realização da avaliação.
Apurou-se também que a exigência de avaliação
psicológica no objurgado concurso vai de encontro a Constituição Federal, pois,
segundo entendimento do STF firmado na Súmula Vinculante nº 44, “só por lei se
pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público”, e no
ESTADO DE GOIÁS NÃO EXISTE ESSA LEI.
A última notícia de irregularidade que também foi
comprovada ocorreu na análise da vida pregressa dos candidatos. Os examinadores do
concurso reprovaram diversos candidatos por eles possuírem dívidas particulares,
alguns com dívidas de menos de R$ 100,00 (cem reais), o que se demonstrou
plenamente desarrazoado e ilegal.
Diante da flagrante ilegalidade pela violação da regra do
concurso público com a contratação de 1625 vigilantes penitenciários temporários para
apenas 305 efetivos, bem como pelo entendimento do STF de que a cláusula de
barreira não pode ocorrer entre etapas do concurso público, esta Promotoria de Justiça
recomendou ao Secretário Estadual de Segurança Pública e ao Secretário Estadual de
Gestão e Planejamento que adotassem as seguintes providências:
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I) revogar o subitem 16.6 do Edital nº 001/2014, por criar restrição indevida,
inconstitucional e desarrazoada de acesso dos candidatos aprovados ao curso de
formação;
II) estabelecer o total de 1.930 (mil novecentos e trinta) candidatos para o curso de
formação, número este que corresponde a soma das vagas ofertadas no
concurso com as do processo seletivo regido pelo Edital nº 002/2015;
III) ampliar o cadastro de reserva do concurso público para contratação de Agentes
Penitenciários, regido pelo Edital nº 001/2014, até o limite de 1.930 (mil
novecentos e trinta) vagas, mudando a situação jurídica dos que forem
aprovados fora do número de vagas para “aprovados em cadastro de reserva”;
IV) que se o total de candidatos aprovados no concurso público não for suficiente
para prover as 1.930 (mil novecentos e trinta) vagas, que seja deflagrado novo
concurso público no prazo máximo de 6 (seis) meses;
O Secretário Estadual de Segurança Pública nada
manifestou acerca da recomendação e o Secretário Estadual de Gestão e Planejamento
solicitou dilação de prazo para responder a recomendação por 30 (trinta) dias, mas foi-
lhe concedido apenas 15 (quinze), os quais transcorreram em branco.
As mencionadas irregularidades na avaliação psicológica e
na análise da vida pregressa, inicialmente foram investigadas pela 50ª Promotoria de
Justiça, que instaurou o ICP nº 087/2015, porém, em razão da prevenção, os autos
foram remetidos a esta Promotoria de Justiça.
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No curso da investigação conduzida pela 50ª Promotoria de
Justiça, a Dra Leila Maria de Oliveira, dentre outras providências, expediu
recomendação ao Secretário Estadual de Segurança Pública para que:
1 - cancele o exame psicotécnico realizado aos 29 e 30 de agosto de 2015,
já que não foi avaliação hábil a comprovar aptidão dos candidatos;
2 – se abstenha de realizar nova avaliação psicotécnica no concurso nº
001/2014, já que tal exame afronta a Súmula Vinculante nº 44, tendo em
vista que não há previsão expressa da realização desta avaliação nas leis
que regem o cargo;
3 – adie as próximas fases do concurso nº 001/2014 até a regularização do
certame.
O Secretário omitiu-se novamente ao deixar de apresentar
qualquer manifestação acerca da recomendação recebida.
II – DO DIREITO
1. DAS ATRIBUIÇÕES IDÊNTICAS OU SEMELHANTES DOS CARGOS DE
AGENTE PRISIONAL e VIGILANTE PENITENCIÁRIO TEMPORÁRIO:
O Edital nº 001/2014 estabelece que são atribuições do
cargo de Agente Prisional as seguintes atribuições:
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DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATRIBUIÇÕES: receber e orientar presos quanto às normas disciplinares, divulgandoos direitos, deveres e obrigações conforme normativas legais; revistarpresos e instalações; prestar assistência aos presos e internados,encaminhando-os para atendimento nos diversos setores sempre quese fizer necessário; verificar as condições de segurançacomportamental e estrutural, comunicando as alterações à chefiaimediata; acompanhar e fiscalizar a movimentação de presos ouinternos no interior da unidade e adjacências; realizar escolta depresos em deslocamentos locais e interestaduais, bem comocustodiá-los em unidades de saúde, órgãos judiciais, órgãos públicose privados, sejam municipais, estaduais ou federais; observar ocomportamento dos presos ou internos em suas atividades individuaise coletivas; não permitir o contato de presos ou internos com pessoasnão autorizadas; revistar toda pessoa, autoridade civil ou militar, comexceção das autorizadas previstas em lei, e veículos previamenteautorizados ou não, que pretendam adentrar ou que tenhamadentrado ao estabelecimento penal e/ou suas imediações; verificar econferir os materiais e as instalações do posto de serviço, zelandopelos mesmos; controlar a entrada e saída de pessoas, veículos evolumes nos estabelecimentos penais e/ou suas imediações,conforme normas vigentes; conferir documentos, quando da entrada esaída de presos e visitantes do estabelecimento penal e adjacências;operar o sistema de alarme e demais sistemas de comunicaçãointerno, externo e audiovisuais; operar qualquer tipo demonitoramento eletrônico relacionado ao indivíduo preso dos regimesfechado, semiaberto, aberto ou submetido a qualquer tipo de medidacautelar prevista em lei; executar atividades de inteligência e contra-inteligência prisional; executar serviços e atividades depatrulhamento, guarda e vigilância de muralhas, postos deobservação, guaritas, portarias, patrimônio móvel e imóvel, nosperímetros internos e externos dos estabelecimentos penais ecorrelatos; participar dos Conselhos e Grupos que tratam de assuntosvinculados ao Sistema Penal; ministrar cursos de formação,aperfeiçoamento, capacitação, instrução e outros correlatos, aosservidores do Sistema Penal, assim como para outras instituiçõesquando solicitado; desempenho de atividades relacionadas complanejamento, organização, direção, execução, supervisão,coordenação, consultoria, assessoramento e controle de ações,serviços administrativos, educação em serviços penais, projetos eprogramas de gestão prisional; conter, gerenciar, negociar e intervirem situações de crise no âmbito do Sistema Penal e/ou quandosolicitado por outras autoridades competentes; inspecionar, tendolivre acesso a locais públicos ou particulares onde seja passível afiscalização do cumprimento de penas nos regimes semiaberto eaberto, assim como penas alternativas e medidas alternativas àprisão; executar outras atividades correlatas.
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Por sua vez, o Edital nº 002/2015 dispõe que os Vigilantes
Penitenciários Temporários desempenharão as seguintes atribuições:
2.3 Atribuições: Desempenho de atividades que compreendam tarefas de apoio àsegurança, custódia, assistência e ressocialização dos privados deliberdade, tais como, segurança, vigilância, custódia, disciplina,fiscalização, triagem e escolta dos presos.
2.3.1 Tarefas típicas:Dentro das atribuições que lhe são inerentes, ao VigilantePenitenciário Temporário cabe:a) zelar pela disciplina e segurança dos presos, evitando fugas econflitos; b) fiscalizar o comportamento da população carcerária, observandoos regulamentos e normas em vigor; c) providenciar a necessária assistência aos presos, em casos deemergências; d) fiscalizar a entrada e saída de pessoas e veículos nas unidadesprisionais; e) verificar as condições de segurança da unidade em que trabalha; f) elaborar relatório das condições da unidade em que trabalha; g) fazer triagem de presos de acordo com a Lei de Execução Penal; h) conduzir e acompanhar, em custódia, os presos entre as unidadesprisionais integradas do Complexo Prisional de Aparecida de Goiâniae durante os deslocamentos para fora do referido ComplexoPenitenciário;i) realizar trabalhos em grupo e individuais com o objetivo de instruiros presidiários, neles incluindo hábitos de higiene e boas maneiras; j) encaminhar solicitações de assistência médica, jurídica, social ematerial ao preso; k) exercer com maior grau de complexidade e responsabilidade asatribuições dirigidas à disciplina;l) primar pela segurança, fiscalização, assistência social, educação ecoordenação de atividades laborativas dos presos, bem como afiscalização da segurança da unidade;m) articular-se com a autoridade competente, objetivando melhorcumprimento das normas e rotinas de segurança; n) elaborar relatórios de acompanhamento das atividades laborativasdos internos;o) desenvolver atividades que visem à ressocialização do preso,programar atividades de formação cívica, ética, social, cultural, eprofissional do preso;p) desenvolver ações com vistas a despertar no preso o senso deresponsabilidade, dedicação no cumprimento dos deveres sociais,profissionais e familiares; q) executar outras atividades correlatas e as que lhe forem delegadaspela autoridade superior
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Assim, a simples leitura desses dois itens dos mencionados
editais deixa claro que o cargo efetivo de Agente Prisional e o cargo temporário de
Vigilante Penitenciário possuem as mesmas ou atribuições semelhantes, de modo que
ao publicar o Edital nº 002/2015, o ESTADO DE GOIÁS reconheceu a necessidade de
provimento de 1.930 (mil novecentos e trinta) vagas no cargo de Agente Prisional.
Observa-se que ao publicar o Edital nº 002/2015, o
ESTADO DE GOIÁS justifica a necessidade da contratação temporária alegando
caráter excepcional por inexistir candidatos aprovados em concurso público.
Veja que paradoxo, o ESTADO alega a falta de aprovados
em concurso para contratar servidores temporários, mas limita as vagas do concurso
público para abranger somente 1/5 das vagas que precisam ser providas,
estabelecendo, inclusive, cláusula de barreira, impossibilitando que candidatos
classificados sejam aprovados por não atingirem o número de vagas foram
tendenciosamente limitadas.
Ainda acerca da compatibilidade das atribuições dos cargos
de Agentes Prisionais e Vigilantes Penitenciários Temporários, como já adiantado, o
próprio Secretário Estadual de Administração Penitenciária e Justiça informou que o
“concurso público visa atender parcialmente a demanda, visto que atualmente há
1625 contratos de vigilantes penitenciários temporários em vigência”, deixando claro
que o que somente os diferencia é a forma de provimento e a nomenclatura.
Mas, afinal, por que a necessidade de demonstrar que os
cargos de Agente Prisional e de Vigilante Penitenciário Temporário possuem as
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mesmas atribuições? A razão é simples, se o ESTADO DE GOIÁS está realizando
concurso público com número de vagas comprovadamente menor ao da necessidade
que o serviço público exige e, ao mesmo tempo, realiza processo seletivo para
contratação de temporários, ele claramente está violando a regra do concurso público
insculpida no artigo 37, II, da CF.
Devidamente demonstrada a inconstitucionalidade do
processo seletivo regulamentado pelo Edital nº 002/2015 realizado pelo ESTADO DE
GOIÁS, outra solução não há que não a de declará-lo NULO ou, no mínimo,
restringido ao número de vagas remanescentes após a homologação do resultado final
do concurso que, conforme se demonstrará, não deverá ser o quantitativo do edital,
mas sim de todos que se encontrarem classificados até o limite de 1.930 (mil
novecentos e trinta).
2. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA CLÁUSULA DE BARREIRA FIXADA
PELO EDITAL Nº 001/2014:
Como já adiantado, o subitem 16.6 do Edital nº 001/2014
estabeleceu que “serão convocados para o curso de formação os candidatos
classificados até as posições-limite indicadas no quadro abaixo. Os candidatos não
convocados no presente subitem estarão eliminados e não terão classificação
alguma no concurso público”.
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Segundo o subitem do edital acima mencionado, apenas
461 (quatrocentos e sessenta e um) candidatos aprovados na primeira etapa do
concurso farão o curso de formação, os demais, estarão eliminados, ou seja, entre as
duas etapas do concurso, estabeleceu-se uma cláusula de barreira limitando o número
de candidatos classificados.
Pois bem. Inicialmente cumpre observar que o próprio
Secretário de Segurança Pública encaminhou a SEGPLAN o Ofício nº 966/2015-GAB
narrando a necessidade “do aumento do efetivo de servidores, aproveitando o
concurso em andamento e convocando os aprovados em todas as fases para o curso
de formação, deixando-os aptos ao cadastro de reserva”.
A iniciativa do Secretário foi plausível, mas não teve
nenhum efeito. O ESTADO DE GOIÁS está firme no propósito de manter a cláusula
de barreira e violar a Constituição Federal e a Estadual.
Acerca da cláusula de barreira nos editais de concurso
público, embora o STF tenha declarado a sua constitucionalidade (RE nº 635739), o
ministro Gilmar Mendes, relator do recurso, apontou que os critérios para restringir a
convocação de candidatos são razoáveis quando ocorrerem de uma fase para outra
dos certames, não podendo, por conclusão lógica, restringir a convocação do
candidato que tiver sido aprovado em todas as avaliações e ter se demonstrado
apto a participar do curso de formação, o que torna NULO o subitem 16.6 do
Edital nº 001/2014;
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É importante atentar que há enorme diferença na cláusula
de barreira entre fases de um determinado concurso, como ocorre, por exemplo, no
concurso da magistratura e do MP entre as fases das provas objetivas e subjetivas, com
a cláusula criada ao final do certame quando o candidato tiver se mostrado apto a
participar do curso de formação.
Ainda que não se entenda dessa forma, a nulidade do
subitem 16.6 do Edital nº 001/2014 deve ser declarada em atenção aos princípios da
razoabilidade, impessoalidade e moralidade, flagrantemente violados pelo ESTADO
DE GOIÁS através da limitação tendenciosa de vagas de concurso público para
favorecer a contratação de servidores temporários.
Assim, se há flagrante violação da regra do concurso
público pelo ESTADO DE GOIÁS ao publicar o Edital nº 002/2015, a cláusula de
barreira estabelecida no subitem 16.6 do Edital nº 001/2014 se torna plenamente
desarrazoada e ilegal/inconstitucional.
Observa-se que a jurisprudência dos Tribunais Superiores e
do TJGO é firme no sentido de que o candidato aprovado em concurso público possui
direito subjetivo à nomeação quando se comprovar que existem servidores
temporários, comissionados ou outro regime precário, ocupando sua vaga, de modo
que, feita as devidas adaptações, se ele tem direito subjetivo a nomeação, muito mais
terá de participar de curso de formação quando ele tiver se mostrado apto em todas as
etapas anteriores do concurso.
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. SERVIDOR APROVADOFORA DO NÚMERO DE VAGAS. SURGIMENTO DE NOVAS VAGAS.
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NOMEAÇÃO DE TEMPORÁRIOS.DIREITO À NOMEAÇÃO.1. Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar,impetrado ao propósito de determinar ao Exmo. Sr. Ministro deEstado da Ciência e Tecnologia a prorrogação do concurso paraprovimento de cargos de Assistente em Ciência e Tecnologia 1 - TemaVII, Apoio Administrativo e Apoio Técnico/MCTI/AC, bem como areserva de vagas - e posterior aproveitamento, ao final da demanda -a José Alan Alves de Macedo e outros.2. "A legitimidade passiva da Ministra de Estado do Planejamento,Orçamento e Gestão também encontra-se devidamente configurada,uma vez que, nos termos do art. 10 do Decreto n. 6.944, de21/8/2009, c/c a Portaria/MPOG 350, de 4/8/2010, cabe ao titulardaquela Pasta autorizar o provimento dos cargos relativos aoconcurso público ora sob análise" (MS 19.227/DF, Rel. MinistroArnaldo Esteves Lima, Primeira Seção, DJe 30/4/2013).3. A jurisprudência do STJ também reconhece que aclassificação e aprovação do candidato, ainda que fora donúmero mínimo de vagas previstas no edital do concurso,confere-lhe o direito subjetivo à nomeação para o respectivocargo se, durante o prazo de validade do concurso, surgirem asnovas vagas, seja por criação de lei ou por força de vacância.Ressalta-se que há a aplicação de tal entendimento mesmo quenão haja previsão editalícia para o preenchimento das vagas quevierem a surgir durante o prazo de validade do certame. (AgRgno RMS 20.658/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 10/9/2015).4. Excepciona-se esse entendimento, contudo, se houver efetivademonstração pelo ente público da impossibilidade de contratar emvirtude de situações excepcionais e imprevisíveis e para respeitar oslimites de gastos com folha de pessoal, nos termos da legislação deregência, o que não ocorreu na espécie.5. A contratação de servidor em caráter temporário para vaga em quehá candidato aprovado em cadastro de reserva também gera o direitoà nomeação.6. Documentalmente comprovada a existência de vagas do Ministériode Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, bem como acontratação de servidores temporários, justifica-se a nomeação dosimpetrantes.6. Ordem concedida para determinar que seja autorizada a nomeaçãoe efetivada a posse dos impetrantes.(MS 20.658/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO,julgado em 23/09/2015, DJe 30/09/2015) Destacou-se.
Posto isso, não há dúvidas que o subitem 16.6 do Edital nº
001/2014 deve ser declarado NULO, seja por sua inconstitucionalidade,
desarrazoabilidade ou em decorrência dos contratos temporários existentes, emergido-
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se, portanto, o direito subjetivo dos candidatos classificados nas fases anteriores a
participarem do curso de formação.
Observe que nem por razões financeiras o ESTADO DE
GOIÁS poderá alegar que não é possível realizar o curso de formação com todos os
candidatos aprovados nas fases anteriores do concurso, pois a ASPEGO – Associação
dos Servidores do Sistema Prisional do Estado de Goiás – declarou, através de um
instrumento registrado em Cartório, que “em reunião com a coordenação e
instrutores do curso de formação de Agentes de Segurança Prisional, concurso
2015, estes declinaram do recebimento de qualquer valor financeiro, por parte do
Estado de Goiás, referentes aos candidatos que se fizerem aptos após última etapa
do concurso elencado, acima do número de vagas ofertados pelo certame”.
3. DA INCONSTITUCIONALIDADE DO PROCESSO SELETIVO
REGULAMENTADO PELO EDITAL Nº 002/2015 POR AUSÊNCIA DOS
REQUISITOS QUE PERMITEM A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA ou POR
IMPOSSIBILIDADE DE CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE AGENTES DA
SEGURANÇA PÚBLICA :
À luz do conteúdo jurídico do art. 37, inciso IX, da
Constituição da República e da jurisprudência do STF em sede de Repercussão Geral
(RE 658.026), a contratação temporária reclama os seguintes requisitos para sua
validade: (i) os casos excepcionais devem estar previstos em lei; (ii) o prazo de
contratação precisa ser predeterminado; (iii) a necessidade deve ser temporária; (iv) o
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interesse público deve ser excepcional; (iv) a necessidade de contratação há de ser
indispensável, sendo vedada a contratação para os serviços ordinários permanentes do
Estado, e que devam estar sob o espectro das contingências normais da Administração,
mormente na ausência de uma necessidade temporária.
No caso sub examine, não há qualquer evidência de
necessidade provisória que legitime a contratação de Vigilantes Penitenciários
temporários para o munus da segurança pública, bem como que a contratação não é
indispensável, até mesmo porque ela o é, pois existe concurso público em andamento
em que os candidatos podem ser aproveitados.
Nesse ponto, o TJGO tem entendimento consolidado de
que a contratação temporária que não obedece aos requisitos previstos na Constituição
Federal é NULA;
AGRAVO INTERNO. COBRANÇA DE CRÉDITOS TRABALHISTAS.CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO COM O PODERPÚBLICO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. AGENTE DE SAÚDE.INVESTIDURA EM CARGO PÚBLICO SEM CONCURSO.NULIDADE. DEPÓSITOS DE FGTS E ADICIONAL DEINSALUBRIDADE DEVIDOS. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁDECIDIDA. INEXISTÊNCIA DE FATO NOVO. AGRAVO IMPROVIDO.I - A norma constitucional veda expressamente a contratação deservidor sem processo seletivo público, a qual poderá ocorrer emcaso de necessidade temporária de excepcional interesse público. II -Não preenchidos os requisitos do art. 37, IX, Constituição daRepública, quais seja, excepcionalidade e temporariedade, oinstrumento contratual pactuado padece de nulidade, eis quecelebrado em desconformidade com o texto constitucional. III -Ainda que considerado nulo o contrato de prestação de serviço, ésolidamente amparado na jurisprudência o direito do trabalhador aorecebimento do FGTS (fundo de garantia por tempo de serviço), emcontraposição ao enriquecimento ilícito. IV - Limitando-se amunicipalidade agravante a reiterar razões já examinadas em sede dadecisão que negou seguimento ao recurso de apelação interposto,mantém-se o ato, máxime se não demonstrado fato novo ou relevantemotivo a embasar a insurgência recursal. Precedentes. V - Inexiste
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razão para a reforma da decisão monocrática que considerou o casoconcreto e se encontra em consonância ao entendimentojurisprudencial majoritário. Atendido o disposto no art. 557, caput,CPC. VI - Agravo improvido.(TJGO, APELACAO CIVEL 269453-56.2011.8.09.0206, Rel. DR(A).DORACI LAMAR ROSA DA SILVA ANDRADE, 3A CAMARA CIVEL,julgado em 30/10/2014, DJe 1664 de 06/11/2014)
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRATOTEMPORÁRIO. AGENTE DE SAÚDE. COMBATE AO MOSQUITO DADENGUE. EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICODESCARACTERIZADO, ANTE AS SUCESSIVAS RENOVAÇÕES.INVESTIDURA EM CARGO PÚBLICO SEM CONCURSO.CONTRATO NULO. EFEITOS: VERBAS DE NATUREZA SALARIAL EFGTS. I - A investidura em cargo público apenas é possívelmediante prévia aprovação em concurso público. A exceçãoconstitucional recai na nomeação para cargos em comissão e àcontratação por tempo determinado para atender excepcionalinteresse público, hipótese do artigo 37, IX, Constituição Federal.A excepcionalidade deste dispositivo exige a presença de doisrequisitos: a previsão expressa em lei e a real existência denecessidade temporária de excepcional interesse público.Ausente lei regulamentadora e renovado sucessivamente ocontrato, a contratação efetivada é nula de pleno direito. II -Inadmissível a contratação sem concurso público, tendo o trabalhadordireito a receber apenas as verbas de natureza salarial e FGTS. III -Apelos conhecidos e improvidos.(TJGO, APELACAO CIVEL 167493-36.2009.8.09.0074, Rel. DES.BEATRIZ FIGUEIREDO FRANCO, 4A CAMARA CIVEL, julgado em17/06/2010, DJe 617 de 12/07/2010)
É bom ainda lembrar que recentemente o STF, no
julgamento da ADI 5163, declarou inconstitucional a lei do ESTADO DE GOIÁS que
criou o SIMVE – Serviço de Interesse Militar Voluntário Especial -, serviço este que
consistia na contratação temporária de policiais militares e bombeiros, justamente por
ferir a regra do concurso público.
Assim, se o STF reconheceu a obrigatoriedade de concurso
público para o ingresso no quadro da Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros,
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declarando inconstitucional a lei que permitia as contratações temporárias para tais
cargos, certamente, se for o caso, o fara também para a contratação temporária de
Vigilantes Penitenciários por se tratar de hipótese absolutamente análoga.
Nesse contexto, o Edital nº 002/2015 também deve ser
declarado NULO por ausência dos requisitos que permitem a contratação temporária
e/ou por impossibilidade de contratação de temporários para os cargos da segurança
pública.
4. DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA. EDITAL Nº 001/2014. VIOLAÇÃO DA
SÚMULA VINCULANTE Nº 44:
Segundo o subitem 1.3.1 “e” do Edital nº 001/2014, a
quinta fase da primeira etapa do concurso para provimento de vagas no cargo de
Agente Prisional consiste em “avaliação psicológica, de caráter eliminatório, a ser
realizada pela Fundação Universa e avaliação de vida pregressa, de caráter
eliminatório, a ser realizada pela Secretaria de Estado da Administração
Penitenciária e Justiça (SAPeJUS)”.
A avaliação psicológica dos candidatos aprovados na Prova
de Aptidão Física foi realizada nos dias 29/08/2015 (às 07:30, 08:30, 14:00 e 15:00
horas) e 30/08/2015 (às 07:30, 08:30, 14:00 e 15:00 horas).
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Entretanto, foram aplicados os mesmos testes de avaliação
psicológica (G36, IFP II e EFN) para todos os candidatos, apesar da prova ter sido
aplicada em oito horários diferentes, o que possibilitou que os candidatos trocassem
informações entre si e fraudassem o real resultado do exame.
Conforme apurado, os candidatos que realizaram a
avaliação psicológica no primeiro horário do dia 29/08/2015 informaram aos demais
candidatos quais eram os testes que foram utilizados pela banca através do aplicativo
whatsapp.
Assim, já sabendo quais eram os testes escolhidos pela
banca, os candidatos passaram a trocar entre si sugestões, apostilas e links com o
gabarito do teste G36 e as respostas/padrões esperados para aprovação nos testes IFP-
II e EFN.
Dessa forma, a avaliação psicotécnica não foi meio hábil a
comprovar a aptidão psicológica dos candidatos no certame, já que estes não
responderam os exames de acordo com sua própria inteligência e características
pessoais, mas sim utilizaram gabaritos e padrões que fraudaram o resultado.
Destarte, diante do vazamento das questões do exame
psicotécnico dos candidatos, esta fase deve ser declarada NULA.
Porém, a nulidade da quinta fase da primeira etapa do
concurso de Agentes Prisionais não deve ser declarada nula e ser designado um novo
exame, ela deve ser excluída do certame, e a razão é a seguinte:
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A Súmula Vinculante nº 44 dispõe que “só por lei se pode
sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público”.
Nos debates para a edição da referida súmula, os Ministros
afirmaram que:
Com efeito, esta Corte possui firme e reiterada jurisprudência quantoà possibilidade, à luz do disposto no art. 37, I, da Carta Magna, de seexigir a realização de teste psicotécnico, com critérios objetivos deavaliação, como condição para o provimento de cargo público, desdeque esta imposição esteja expressamente prevista em lei emsentido estrito, além de constar do respectivo edital regulamentadordo concurso público
Dessa forma, o STF entende que a aplicação de exame
psicotécnico para provimento de determinado cargo deve ser expressamente previsto
na legislação que rege o cargo.
O Edital do concurso aqui mencionado citou várias
legislações vinculadas ao cargo de Agente de Segurança Prisional, quais sejam, Lei
Estadual nº 15.674/2006, Lei Estadual n.° 15.507/2005; Lei Estadual n.° 16.448/2008;
Lei Estadual n.° 16.036/2007; Lei Estadual n.° 14.237/2002; Decreto Estadual n.°
5.717/2003; Decreto Estadual n.° 5.463/2001 e Lei Estadual 17.090/2010, sendo que
nenhuma dessas Leis tratou de regulamentar a avaliação psicológica referente ao
cargo.
O artigo 5º da Lei Estadual nº 14.237/2002, ao trazer os
requisitos para investidura no cargo, menciona apenas que os candidatos devem
possuir “controle emocional”, não prevendo expressamente a avaliação psicotécnica.
Além do exposto, o edital do concurso trouxe um tópico
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especifico, item 13, tratando da avaliação psicológica, o qual não detalha de forma
objetiva os critérios a serem aferidos e não menciona a legislação correspondente
para que seja aplicado o teste psicológico nos candidatos.
Dessa forma, se não há previsão legal para a realização do
exame psicotécnico/avaliação psicológica para determinado cargo, esta avaliação não
pode servir como etapa eliminatória no concurso público.
Nesse sentido, confira-se a jurisprudência:
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO NACIONAL DOMINISTÉRIO PÚBLICO. CONTROLE DE LEGALIDADE DE ATOPRATICADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE RONDÔNIA.CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO. PREVISÃO EMLEI. CRITÉRIOS OBJETIVOS. ORDEM DENEGADA. I O art. 5º, I,�da Lei 12.016/2009 não configura uma condição de procedibilidade,mas tão somente uma causa impeditiva de que se utilizesimultaneamente o recurso administrativo com efeito suspensivo e omandamus. II � A questão da legalidade do exame psicotécniconos concursos públicos reveste-se de relevância jurídica eultrapassa os interesses subjetivos da causa. III � A exigência deexame psicotécnico, como requisito ou condição necessária aoacesso a determinados cargos públicos, somente é possível, nostermos da Constituição Federal, se houver lei em sentidomaterial que expressamente o autorize, além de previsão noedital do certame. IV � É necessário um grau mínimo deobjetividade e de publicidade dos critérios que nortearão aavaliação psicotécnica. A ausência desses requisitos torna o atoilegítimo, por não possibilitar o acesso à tutela jurisdicional para averificação de lesão de direito individual pelo uso desses critérios V -Segurança denegada.(STF - MS: 30822 DF , Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI,Data de Julgamento: 05/06/2012, Segunda Turma, Data dePublicação: DJe-124 DIVULG 25-06-2012 PUBLIC 26-06-2012)
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. EXAMEPSICOTÉCNICO. CARÁTER CLASSIFICATÓRIO. Em respeito ao�contraditório e à legalidade, não se admite que sejam adotadoscritérios subjetivos na avaliação psicotécnica e nem mesmo que estessejam obscuros, pois, o edital de concurso público há de prever
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objetivamente e com transparência os critérios a serem adotados. �Este teste possui um caráter meramente eliminatório, poisproporciona a avaliação psíquico-intelectual do candidato para averificação de sua aptidão às funções inerentes ao cargo, esta é asua finalidade e não a de interferir na classificação dos candidatos. �No caso concreto, verifica-se a ausência no edital da devidaespecificação quanto aos critérios regedores do exame supracitado,além da incidência de natureza classificatória neste, logo, os seusefeitos se revestem de plena nulidade. Apelação e remessaobrigatória improvidas.(TRF-5 - AMS: 99785 SE 0000542-09.2007.4.05.8500, Relator:Desembargador Federal José Maria Lucena, Data de Julgamento:24/04/2008, Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário daJustiça - Data: 29/05/2008 - Página: 410 - Nº: 101 - Ano: 2008)
Posto isso, não há dúvidas de que o exame psicotécnico
exigido pelo Edital nº 001/2014 afronta a Constituição Federal e vai de encontro à
Súmula Vinculante nº 44, razão pela qual esta fase deve ser excluída do certame.
5. AVALIAÇÃO DA VIDA PREGRESSA. DESARRAZOABILIDADE DA
AVALIAÇÃO. FALTA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS:
A quinta fase da primeira etapa do concurso regido pelo
Edital nº 001/2015, além da avaliação psicológica, também consistia na análise da vida
pregressa do candidato.
Uma enxovalhada de representações foram encaminhadas
ao Ministério Público narrando que diversos candidatos haviam sido reprovados na
análise da vida pregressa meramente por possuírem dívidas e estarem com seus nomes
negativados nos órgãos de proteção ao crédito.
O Ministério Público solicitou a comissão organizadora
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do concurso que encaminhasse os laudos dos exames da vida pregressa dos
candidatos, porém, ela negou a apresentá-los.
De qualquer modo, a jurisprudência tem firmado
posicionamento no sentido de que viola os princípios da proporcionalidade,
razoabilidade, eficiência e isonomia a não habilitação de candidato pelo fato de ter o
seu nome inscrito em cadastro de inadimplentes, confira-se:
APELAÇÃO. CONCURSO PÚBLICO. TÉCNICO PENITENCIÁRIO.SINDICÂNCIA DA VIDA PREGRESSA E INVESTIGAÇÃO SOCIAL.REGISTRO NO CADASTRO DE INADIMPLENTES. CHEQUE SEMFUNDOS. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E DARAZOABILIDADE. ISONOMIA E EFICIÊNCIA. VIOLAÇÃO.A não habilitação de candidato a concurso público, na fase desindicância da vida pregressa e investigação social, pelo fato de ter onome inscrito em cadastros de inadimplentes e por haver emitidocheque sem provisão de fundos, viola os princípios da razoabilidade,da proporcionalidade, da eficiência e da isonomia.Recurso e remessa oficial conhecidos e improvidos.(Acórdão n.482033, 20080111354429APC, Relator: SOUZA E AVILA,Revisor: ROMEU GONZAGA NEIVA, 5ª Turma Cível, Data deJulgamento: 16/02/2011, Publicado no DJE: 22/02/2011. Pág.: 157)
Obtempera-se que o enunciado acima transcrito foi firmado
em situação absolutamente análoga a ora tratada, pois referia-se ao exame da vida
pregressa de candidatos as carreiras de atividade penitenciária do DF.
Assim, segundo o cronograma do concurso, como o
resultado definitivo desta fase do concurso ocorrerá no dia 29/10/2015 e o curso de
formação iniciará no dia 03/11/2015, necessário a suspensão desta fase e a intervenção
deste Juízo para determinar que a Comissão do Concurso remeta todos os documentos
pertinentes a análise da vida pregressa dos candidatos, contendo as razões de
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reprovação dos candidatos.
III – DA MEDIDA LIMINAR
Para efetividade da prestação jurisdicional aqui pleiteada,
afigura-se imperiosa a concessão de liminar/cautelar nos autos principais desta ação,
consistente:
1. na suspensão da cláusula de barreira estabelecida no subitem 16.6 do
Edital nº 001/2014, permitindo que todos os candidatos classificados nas
fases anteriores façam o curso de formação, até o limite de 1.930 (mil
novecentos e trinta) vagas;
2. na suspensão da quinta fase da primeira etapa do concurso público
regido pelo Edital nº 001/2014, consistente na avaliação psicológica e na
análise da vida pregressa dos candidatos;
3. suspender o início do curso de formação consistente na segunda
etapa do concurso 001/2014 por, no mínimo, 15 (quinze) dias;
Mencionadas medidas liminares se baseiam no art. 12 da
Lei 7.347/85 e no poder geral de cautela, disposto nos arts. 798 e 799 do Código de
Processo Civil, que pregam:
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Art. 12 - Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ousem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
Art. 798 - Além dos procedimentos cautelaresespecíficos, que este Código regula no Capítulo II desteLivro, poderá o juiz determinar as medidas provisóriasque julgar adequadas, quando houver fundado receio deque uma parte, antes do julgamento da lide, cause aodireito da outra lesão grave e de difícil reparação.
Art. 799 - No caso do artigo anterior, poderá o juiz, paraevitar o dano, autorizar ou vedar a prática dedeterminados atos, ordenar a guarda judicial de pessoase depósito de bens e impor a prestação de caução.
O art. 12 da Lei 7.347/85 prevê expressamente que a
liminar pode ser concedida com ou sem justificação prévia para evitar dano irreparável
ou de difícil reparação, desde que presentes, claro, os requisitos autorizadores do
fumus boni júris e do perículum in mora, pressupostos estes que se encontram
presentes no caso em tela.
O fumus boni juris está contido em toda a fundamentação
jurídica desenvolvida nesta petição inicial, bem como nos documentos inclusos, que
demonstram que o ESTADO DE GOIÁS está fraudando concurso público para
permitir a contratação de um elevado número de servidores terceirizados.
Por sua vez, o periculum in mora deve-se ao fato de que o
curso de formação para os candidatos aprovados na primeira etapa do concurso
iniciará no próximo dia 03/11/2015, de modo que se não houver o provimento liminar,
o direito dos candidatos que tiverem sido irregularmente reprovados restará
comprometido.
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Obtempera-se que o ESTADO DE GOIÁS estabeleceu no
cronograma do concurso que a inscrição no curso de formação se dará no dia
02/11/2015, no dia do feriado de finados, certamente para dificultar a análise judicial
das ações que forem protocolizadas e também criar barreiras aos candidatos.
Registra-se ainda que com base em todos os argumentos
que foram narrados, não faz sentido excluir diversos candidatos que se encontram
aptos a participarem do curso de formação quando o próprio ESTADO DE GOIÁS
demonstrou de forma inequívoca a necessidade de prover 5 (cinco) vezes o número de
vagas ofertadas.
Por fim, faz necessário lembrar que a própria Associação
dos Agentes Prisionais declarou que custeará o curso de formação, não havendo
nenhum ônus financeiro para o ESTADO DE GOIÁS.
IV - DOS PEDIDOS:
Pelo exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO
DE GOIÁS requer:
1. seja esta petição inicial registrada e autuada juntamente com os
documentos que a acompanham;
2. a concessão de medida liminar/cautelar inaudita altera pars
para:
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2.1) suspender a cláusula de barreira estabelecida no
subitem 16.6 do Edital nº 001/2014, permitindo que todos
os candidatos classificados nas fases anteriores façam o
curso de formação, até o limite de 1.930 (mil novecentos e
trinta) vagas;
2.2) suspender a quinta fase da primeira etapa do concurso
público regido pelo Edital nº 001/2014, consistente na
avaliação psicológica e na análise da vida pregressa dos
candidatos;
2.3) suspender o início do curso de formação consistente na
segunda etapa do concurso 001/2014, por, no mínimo, 15
(quinze) dias, período necessário para análise dos
documentos referentes aos testes psicotécnico e da vida
pregressa dos candidatos;
Para cumprimento desta medida, o Ministério Público
requer que este Juízo requisite da Comissão Organizadora
do Concurso cópia dos testes psicotécnico e da vida
pregressa dos candidatos reprovados nessas etapas,
contendo as justificativas para reprovação.
3. o recebimento da petição inicial, citando-se os Requeridos para
oferecimento de contestação, sob pena de revelia;
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4. seja julgado procedente o pedido, em todos os seus aspectos,
para:
4.1) confirmar a medida liminar, declarando-se,
consequentemente NULOS o subitem 16.6 do Edital nº
001/2014 (cláusula de barreira) e o subitem 1.3.1 “e”
(quinta etapa da primeira fase), permitindo que todos os
candidatos aprovados nas fases anteriores sejam
classificados e, os que ultrapassarem o número limite de
vagas, aptos ao cadastro de reserva;
4.3) seja declarado NULO o processo seletivo nº 002/2015
por afrontar flagrantemente a regra do concurso público
disposta no artigo 37, II, CF “ou” que ele seja declarado
válido apenas para suprir a necessidade das vagas
remanescentes do concurso público;
5. requer a produção de todos os meios de provas admitidos em
direito, inclusive, a juntada dos autos do ICP nº 201500126593 que
segue em anexo;
6. a condenação dos requeridos ao pagamento de custas
processuais e demais verbas de sucumbência;
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).
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