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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE
PRISCILA PROSINI DA FONTE
A INFLUÊNCIA DA APARÊNCIA DENTOFACIAL SOBRE
A ATRAÇÃO INTERPESSOAL DE CRIANÇAS AOS 10
ANOS DE IDADE
CAMARAGIBE – PE 2005
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PRISCILA PROSINI DA FONTE
A INFLUÊNCIA DA APARÊNCIA DENTOFACIAL SOBRE
A ATRAÇÃO INTERPESSOAL DE CRIANÇAS AOS 10
ANOS DE IDADE
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Doutorado em Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco, como requisito para obtenção do título de Doutora em odontologia. Área de Concentração: Odontopediatria Orientadora: Profa. Dra. Viviane Colares
CAMARAGIBE – PE
2005
Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Biblioteca Prof. Guilherme Simões Gomes
Faculdade de Odontologia de Pernambuco – FOP/UPE
F682i Fonte, Priscila Prosini da
A influência da aparência dentofacial sobre a atração interpessoal de crianças aos 10 anos de idade/Priscila Prosini da Fonte; orientadora: Viviane Colares. - Camaragibe, 2005.
132f.: il. - Tese (Doutorado) - Universidade de Pernambuco, Faculdade de
Odontologia de Pernambuco, Camaragibe, 2005.
1 MALOCLUSÃO 2 OCLUSÃO DENTÁRIA 3 ESTÉTICA DENTÁRIA 4 PERCEPÇÃO SOCIAL 5 FACE I Colares, Viviane (orient.) II Título
Black D75 Manoel Paranhos – CRB4/1384
DEDICATÓRIA
A Deus que, através de sua força imensurável, nos faz capazes de crescer e vencer desafios, dedico este trabalho.
"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce".
(Fernando Pessoa)
AGRADECIMENTOS
A Eduardo, meu marido, e a meus filhos Tatiana e Luís Henrique, por todo
amor, que me incentiva a continuar na busca dos meus sonhos.
“Ainda que eu falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.“
(Apóstolo Paulo)
Aos meus pais, pelo exemplo de dignidade, pela formação que me deram, pelo apoio em todos os momentos, por todo amor e carinho...
"Existem dois legados duradouros que podemos deixar para nossos filhos.
Um deles, raízes, o outro, asas."
(Hodding Carter)
A toda minha família, pelo espírito de união e cumplicidade que nos une e nos fortalece...
“Não somos amados por sermos bons.
Somos bons porque somos amados.
(Desmond Tutu)
À minha querida avó Cila, que reza por mim todos os dias.
“A gratidão é a memória do coração”
(Antítenes)
À minha orientadora e amiga Viviane Colares, por ter acreditado em nosso projeto, trabalhando comigo lado a lado, com disponibilidade, competência, doação e carinho.
"A glória da amizade não é a mão estendida,
nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia.
É a inspiração espiritual que vem quando você descobre
que alguém acredita e confia em você."
(Ralph Waldo Emerson)
À coordenadora do curso, Professora Doutora Aronita Rosemblatt, que há
muito me incentiva a ingressar no Doutorado em Odontopediatria.
“O estudo em geral, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido ficar crianças toda a vida”
(Albert Einstein)
A todos os professores do curso que compartilharam conosco o seu saber e os seus sonhos...
“Não deves acreditar nas respostas.
As respostas são muitas e a tua pergunta é única e insubstituível.”
(Mário Quintana)
Aos queridos colegas de pós-graduação, pelo companheirismo, incentivo e cumplicidade ...
“Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos.
Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança”
(Albert Einstein)
À Sandra Cadena, pela grande amizade e pelos momentos impossíveis de serem esquecidos durante a pesquisa e por toda a vida.
“A amizade é identificação e diferença”
(Hermann Hesse)
À Laura Machado e Flávio Stéfann, pela valiosa contribuição durante a fase
de coleta de dados da pesquisa, tornando mais leve e alegre a nossa jornada.
“O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra.”
(Aristóteles)
Ao Dr. Lauro Soares Bezerra, pelo convite e acolhimento na Disciplina e no Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade e pelo apoio no momento de minha liberação para a realização do curso de Doutorado.
“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros.
É a única.” (Albert Schweitzer)
Aos colegas de disciplina, que possibilitaram minha ausência, para que eu pudesse cursar o Doutorado.
“A cooperação é a convicção plena de que ninguém pode chegar à meta se não chegarem todos.”
(Virginia Burden)
À Lúcia Silvestre, pelo constante incentivo, compreensão e por seu jeito doce de ser minha amiga.
“Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas”
(Thomas Cray)
Aos colegas que fazem comigo a clínica Orto-Cirúrgica da FOP, Márcia, André Ricardo, Cláudia, Eneida, Vanessa e Sofia, e às funcionárias Solange e Ana Cláudia, pela amizade e por terem me ajudado a manter nosso projeto vivo, nos momentos em que não pude estar presente, durante o Doutorado.
“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível".
(São Francisco de Assis)
A todos os meus alunos e ex-alunos, por tudo que aprendi com eles.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
(Cora Coralina)
À minha querida mãe, Ana Prosini, pela revisão gramatical.
A José Ricardo Rijo, pelo trabalho de computação gráfica.
Ao professor Edimlson Mazza, pela análise estatística.
À Tânia Deodato, pelo auxílio na normatização.
Aos adolescentes e seus responsáveis, que permitiram sua participação nesta pesquisa.
Aos diretores, professores e funcionários das escolas envolvidas na pesquisa, pelo apoio e participação.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para que fosse possível a conclusão deste trabalho.
SUMÁRIO*
LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS LISTA DE GRÁFICOS LISTA DE TABELAS RESUMO ABSTRACT 1- INTRODUÇÃO....................................................................................................12 2 - REVISTA DA LITERATURA..............................................................................15 2.1- A idade de dez anos........................................................................................15 2.2 - Psicologia da percepção.................................................................................17 2.3 - Harmonia facial: a percepção social da normalidade.....................................20 2.4 -Harmonia facial: a percepção da normalidade em ortodontia........................23 2.5 - Harmonia facial: diagnóstico e decisão de tratamento ortodôntico................35 3 – OBJETIVOS......................................................................................................40 4 - MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................41 4.1- Abordagem quantitativa...................................................................................41 4.2 - Abordagem qualitativa....................................................................................63 4.3 - Considerações sobre o estudo piloto.............................................................70 4.4 - Aspectos éticos...............................................................................................72 5 – RESULTADOS..................................................................................................74 5.1 - Etapa quantitativa...........................................................................................74 5.2 - Etapa qualitativa.............................................................................................95 6 – DISCUSSÃO...................................................................................................104 7 – CONCLUSÕES...............................................................................................118 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................120 ANEXOS...............................................................................................................127
____________________________________ * Tese elaborada de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT: NBR10520 (Ago/2001), NBR14724 (Ago/2002), NBR6023 (Ago/2000), NBR6024 (Ago/1989), NBR6027 (Ago/1989), NBR6028 (Maio/1990), NBR10522 (Out/1988).
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - A cidade do Recife................................................................................42 Figura 2 - Bairros do Recife: localização das Escolas..........................................43 Figura 3 - Imagem da face harmônica..................................................................51 Figura 4 - Imagem facial da Síndrome de Classe II..............................................53 Figura 5 - Imagem facial da Síndrome de Classe III.............................................54 Figura 6 - Imagem facial da Síndrome de Face Longa.........................................55 Figura 7- Cartela fotográfica 1: avaliação do contexto de amizade......................58 Figura 8 - Cartela fotográfica 2: avaliação do contexto de agressividade............59 Figura 9 - Cartela fotográfica 3: avaliação do contexto de inteligência................60 Figura 10 - Cartela fotográfica 4: avaliação do contexto de beleza......................61
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Distribuição do número de alunos por escola.....................................48 Quadro 2 - Modelo do formulário da etapa quantitativa da pesquisa...................57 Quadro 3 - Roteiro da entrevista da etapa qualitativa da pesquisa......................65 Quadro 4 - Normas utilizadas para a transcrição das entrevistas........................66 Quadro 5 – Diferenças na emissão das opiniões entre crianças das redes pública e particular de ensino............................................................96
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição percentual da amostra segundo a rede de ensino e a zona de localização da escola ........................................................75 Gráfico 2 - Distribuição percentual da amostra, segundo o sexo da criança entrevistada.........................................................................................75
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição da amostra segundo a rede de ensino e a localização da escola..............................................................................................74 Tabela 2 - Avaliação do contexto de amizade.......................................................76 Tabela 3 - Avaliação do contexto de amizade segundo o sexo da criança avaliada................................................................................................77 Tabela 4 - Avaliação do contexto de amizade segundo o sexo da criança entrevistada..........................................................................................78 Tabela 5 - Avaliação do contexto de amizade segundo o sexo da criança entrevistada e da criança avaliada......................................................79 Tabela 6 - Avaliação do contexto de amizade por rede de ensino ........................80 Tabela 7 - Avaliação do contexto agressividade....................................................81 Tabela 8 - Avaliação do contexto agressividade segundo o sexo.........................81 Tabela 9 - Avaliação do contexto de agressividade segundo o sexo da criança entrevistada..........................................................................................82 Tabela 10 - Avaliação do contexto de agressividade segundo o sexo da criança entrevistada e da criança avaliada.....................................................83 Tabela 11 - Avaliação do contexto de agressividade por rede de ensino..............84 Tabela 12 - Avaliação do contexto de inteligência.................................................85 Tabela 13 - Avaliação do contexto de inteligência segundo o sexo da criança avaliada..............................................................................................86 Tabela 14 - Avaliação do contexto de inteligência segundo o sexo da criança entrevistada........................................................................................87 Tabela 15 - Avaliação do contexto de inteligência segundo o sexo da criança entrevistada e da criança avaliada...................................................88 Tabela 16 - Avaliação do contexto de inteligência segundo a rede de ensino....89 Tabela 17 - Avaliação do contexto de beleza para o sexo masculino...................90 Tabela 18 - Avaliação do contexto de beleza para o sexo feminino......................91 Tabela 19 - Avaliação do contexto de beleza segundo o sexo da criança entrevistada........................................................................................92 Tabela 20 - Avaliação do contexto de beleza por rede de ensino......................... 94
RESUMO
Com o objetivo de avaliar a influência da aparência dentofacial sobre a atração interpessoal de crianças, foi proposto um estudo transversal híbrido, quantitativo-qualitativo, em escolares, com 10 anos de idade, matriculados nas redes pública e particular de ensino da cidade do Recife/PE. Na etapa quantitativa, a amostra foi composta de 802 escolares matriculados em 9 escolas públicas e 6 particulares. Quatro cartelas fotográficas foram desenvolvidas, nas quais imagens faciais de um menino e uma menina eram apresentadas em situação de harmonia facial (situação real) e em três situações de maloclusão (Classe II, Classe III e Face Longa), obtidas através de computação gráfica. Essas imagens foram apresentadas aos escolares para que elegessem a criança preferida ou excluída como amiga, a mais agressiva, a mais (e a menos) inteligente e a mais (e a menos) bonita. Na análise de dados, foram utilizadas técnicas de estatística descritiva e inferencial, testes qui-quadrado de independência e de homogeneidade. No contexto de amizade, os resultados apontaram preferência significativa pela face harmônica (68,9%); quanto à agressividade, a síndrome de Classe III foi a mais apontada (57,9%); quanto à inteligência, a face equilibrada foi fortemente associada positivamente (46,8%), enquanto a face longa apresentou associação negativa (51,0%); quanto à beleza, houve preferência significativa pela face equilibrada, tanto no sexo masculino (55,4%), como no feminino (61,7%). Na etapa qualitativa, foi elaborado um roteiro de entrevista, aplicado a um grupo menor de crianças, com o objetivo de se conhecer as justificativas para suas escolhas. Observou-se que as crianças se basearam em padrões de estética e harmonia e que determinadas maloclusões estavam associadas a características específicas, como agressividade, para a Classe III e falta de inteligência, para a face longa. Baseando-se nesses resultados, pode-se concluir que existe associação entre aparências dentofaciais harmônica e desarmônica e a atração interpessoal aos 10 anos de idade da cidade do Recife.
DESCRITORES: maloclusão, percepção, estética, face.
ABSTRACT
In order to evaluate the influence of dentofacial appearance on children’s interpersonal attractiveness, a quantitative and qualitative cross-section study was undertaken of 10-year-olds enrolled at public and private elementary school systems of Metropolitan Recife, Pernambuco, Brazil. At the quantitative stage, the stratified sample (n=802) was representative of the population of 24.351 schoolchildren of both sexes, randomly selected through a conglomerate process among nine public and six private schools. Four sets of photographs were prepared, having as their initial models facial portraits of four boys and four girls. In each set, facial portraits of a boy and a girl were presented in four situations: the original harmonic face and three versions produced by a computer, classified as the class II, class III and long face syndromes. These photographs were shown to the children so that they could choose which one they would most want and which one they would least want to have as a friend, which one they considered the most and the least aggressive, the most and the least intelligent and the most and the least good-looking. In the data analysis use was made of techniques of descriptive and inferential statistics and chi-square tests of independence and homogeneity. In the friendship dimension the results pointed to a significant preference for harmonic face (68,9%) and a significant rejection of the long face (38,7%) and class III (31,2%); as regards aggressiveness, class III was the predominant choice (57,9%); as for intelligence, the harmonic face was a strongly positive association (46,8%), while the long face presented a negative association (51,0%), regarding attractiveness in males, there was a significant preference for the harmonic face (55,4%), class III (41,9%) and the long face (34,0%) being rejected, while in females there was also a preference for the harmonic face (61,7%), the long face (34,5%) and class III (34,3%) being the most rejected. At the qualitative stage, a questionnaire was applied with a smaller group in order to ascertain the rationale of the schoolchildren’s choices. The children based their explanations on esthetics and harmony, specific syndromes being associated with specific characteristics. On the basis of these results it may be concluded that an association exists between harmonic and inharmonic facial appearances and interpersonal attractiveness in 10-year-old children of Recife’s city. DESCRIPTORS: malocclusion, perception, esthetics, face.
1 - INTRODUÇÃO
No relacionamento social, a face aparece como o primeiro fator de
identificação entre os indivíduos. E, como o reconhecimento individual geralmente
ocorre através da imagem facial, a face pode ser considerada como um dos
principais parâmetros utilizados pelo indivíduo, tanto na composição de sua auto-
imagem, como na formação da primeira impressão sobre o outro.
Assim, a desarmonia facial pode prejudicar tanto a auto-estima como a
aceitação do indivíduo pela sociedade. A força da influência do grupo social sobre
a auto-imagem foi destacada por Lacan (1998), quando definiu que a imagem que
o indivíduo tem de si mesmo é sempre relacionada a um padrão imposto pelas
exigências sociais.
Além dos parâmetros estéticos impostos pela sociedade, o peso social que
a mesma exerce sobre o indivíduo deve ser destacado. Segundo Wolf (1998), em
nossa organização sociocultural, a aparência é superdimensionada em detrimento
de outros valores, o que faz com que as pessoas se tornem mais vulneráveis a
sentimentos de inferioridade quando não alcançam o padrão desenhado e
intensamente inculcado pela mídia.
Cunningham (1999) enfatiza essa relação entre a aparência facial e o
processo de socialização. Segundo a autora, como a face representa a principal
característica do indivíduo, a desarmonia facial pode gerar problemas em diversas
situações, como educação, relacionamentos e empregos.
Para Shaw, Addy, Ray (1980), a desvantagem emocional imposta por uma
aparência dentofacial desarmônica pode gerar impacto significativo sobre o bem-
estar do indivíduo.
A criança, como parte integrante da sociedade, percebe e sente os efeitos
de seu grupo social, sendo bastante influenciada por ele. Assim, problemas no
processo de socialização infantil podem afetar negativamente toda a vida do
indivíduo.
A importância da aparência dentofacial sobre o comportamento social de
crianças foi avaliada por um estudo de Dibiase, Sandler (2001). Os autores
constatam que má aparência pode trazer sérias conseqüências psicológicas para
a criança envolvida, pois a ocorrência de gozações é freqüente entre escolares.
É importante ressaltar que os problemas ortodônticos, quando analisados
em sua forma global, não atingem apenas as funções, como, a mastigação, a fala
e a deglutição. A presença de alguns tipos de maloclusão prejudica a harmonia
facial, e uma reavaliação sobre os critérios utilizados na determinação da
necessidade de tratamento ortodôntico torna-se necessária.
Essa constatação é destacada por Kerosuo et al (1995), quando afirmam
que a demanda para o tratamento ortodôntico por razões estéticas nem sempre
atende apenas a anseios de vaidade, mas de validação social.
O presente estudo teve como objetivo investigar a influência da aparência
dentofacial sobre a aceitação da criança, por seus pares, por representar um
importante critério, ainda pouco estudado, na determinação da necessidade de
tratamento ortodôntico.
2 - REVISTA DA LITERATURA
2.1 - A IDADE DE 10 ANOS
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a idade de 10 anos faz parte
do período da adolescência, no qual grandes transformações biopsicossociais
marcam a passagem da infância para a vida adulta, compreendendo o período
dos dez aos dezenove anos de idade.
O termo pré-adolescência tem sido utilizado para situar a fase transicional
da vida em que o indivíduo deixa a infância e inicia a adolescência. Segundo
Soifer (1992), esse termo, relacionado à faixa etária de oito a doze anos, apesar
de parecer impreciso, diante da riqueza de fenômenos observáveis nessa fase,
parece ser o mais apropriado, quando se deseja observar o processo de divisão
evolutiva em períodos. Segundo a autora, na pré-adolescência, em especial na
idade de 10 anos, os indivíduos abarcam uma ampla variedade de valores sociais
e culturais. Seu pensamento tem grande versatilidade, é rápido, agudo e
superficial, e já existe a auto-consciência de méritos e defeitos. Tem perspicácia
nas relações pessoais e senso de justiça. Pode ser muito cruel com os amigos,
mas sente também a sua influência e se identifica com eles.
Segundo Carr-Gregg, Shale (2003), a adolescência divide-se em três
estágios fundamentais, nos quais os jovens enfrentam três enormes dilemas: na
fase inicial: “sou normal?”, na fase intermediária: “quem sou eu?” e, na fase final:
”qual é o meu lugar no mundo?” . Segundo os autores, a pré-adolescência
coincide com o início da puberdade, uma época de incontáveis alterações físicas,
na qual corpos e emoções transformam-se numa velocidade alarmante. Porém,
enquanto as mudanças físicas podem ser, quase sempre, visíveis, as alterações
emocionais são complexas e, muitas vezes, imprevisíveis. Os autores ressaltam
que, nessa fase, os jovens recebem todo tipo de provocação por causa da
aparência, que ela é de primordial importância para eles, e que os pais devem
estar atentos ao fato, pois comentários inocentes a esse respeito podem resultar
em danos e retaliações violentas.
Essa atenção ao foco emocional do jovem adolescente também é
enfatizada por Tiba (1986), quando afirma que a principal característica dessa fase
da vida é a transformação do mundo interno. Segundo o autor, o adolescente é
um ser humano em crescimento, em evolução para atingir a maturidade
biopsicossocial.
A influência da aparência física sobre as alterações emocionais do
adolescente deve ser considerada. Tolendal (1985) destaca que a adolescência é
fase em que o indivíduo começa a manifestar grande interesse estético pelo
corpo, maior independência e alto nível de compreensão perceptiva.
Essa influência é explorada por Levisky (1998), quando afirma que a
imagem corporal é algo subjetivo e depende de aspectos emocionais, funcionais e
de características sociológicas. Segundo o autor, o adolescente é muito sensível à
sua imagem corporal, reagindo com ansiedade e frustração, diante da imagem
que idealiza para si próprio.
2. 2 - PSICOLOGIA DA PERCEPÇÃO
Para que se possa compreender a natureza da percepção social, deve-se
inicialmente distinguir a sensação, que se refere à simples experiência dos
estímulos físicos, da percepção, que pressupõe as sensações acrescidas dos
significados que se lhes atribuem. As pessoas vivem formando idéias sobre os
outros, só de observar suas aparências e suas ações. Essas “idéias” originam-se
no processo de integração ou estruturação perceptiva (CAMINO, MACIEL,
BRANDÃO et al, 1996).
Existem dois modelos básicos de estruturação perceptiva: o intuitivo e o
dedutivo. Cook (1973) define o modelo intuitivo como aquele que se baseia no
princípio de que a percepção tem caráter inato, global e direto ou imediato. O
modelo dedutivo pressupõe que experiências anteriores atuam na integração
perceptiva.
Durante o processo de percepção do outro, deve-se considerar a exatidão
do julgamento social exercido. Essa exatidão deve-se, em grande parte, a
julgamentos convencionais ou predições baseadas em estereótipos (GAGE, 1952)
Porém, Cronbach (1958) ressalta a necessidade de se pensar a percepção
social em termos multifatoriais. Cline, Richards (1960) apresentam que esse
pensamento levou a se entender a existência de duas formas de habilidade
perceptiva: a exatidão estereotípica, ou habilidade de julgar o outro generalizado,
e a exatidão diferencial, ou sensibilidade em relação às diferenças individuais.
As dificuldades em se compreender a habilidade perceptiva do outro fez
com que autores como Tagiuri (1958) deslocassem o interesse da percepção
enquanto produto, para o processo perceptual em si, ou seja, no processo de
formação da impressão.
Camino et al (1996) definem impressão como o conjunto de avaliações
afetivas, morais e instrumentais que são elaboradas por um sujeito sobre o outro,
possuindo elementos cognitivos e afetivos, que predispõem a forma com que
ocorrerá a interação. Esses autores afirmam que formar impressões sobre
pessoas parece ser um fenômeno não só universal, como relativamente rápido, e
que, freqüentemente, com poucos indícios, às vezes apenas um, ela é formada. A
análise da formação de impressões é realizada sob as perspectivas dos modelos
algébrico, gestáltico e, mais atualmente, através da Teoria Implícita da
Personalidade.
Anderson (1974) apresenta o modelo algébrico, no qual cada elemento da
informação tem um valor próprio, que contribui, individualmente, à medida que
é conhecido, para a impressão geral. Segundo esse modelo, a impressão é o
resultado da combinação de cada valor, sem subordinação ao contexto.
Já Asch (1977), através do modelo gestáltico, explica que formar
impressões significa organizar a informação disponível acerca de uma pessoa de
modo a poder integrá-la numa categoria significativa. Os princípios desse modelo
podem ser resumidos da seguinte forma:
existe uma tendência, quase uma necessidade, nos indivíduos, de
formar a impressão global da pessoa, mesmo quando as
informações são poucas e parciais
o significado de cada traço depende da interação com os outros
traços e influencia a impressão total
os diferentes traços não possuem o mesmo valor. Os mais
importantes são denominados de centrais e os de menor valor, de
periféricos ou subordinados
o valor de cada traço é contextual, ou seja, dependendo da situação,
os valores podem ser modificados
as primeiras impressões implicam a formação de uma estrutura
rudimentar, que influencia na determinação da integração ou rejeição
de outros traços.
No entanto, de acordo com Camino et al (1996), nenhuma dessas teorias
possui meios para avaliar o conjunto e a relação entre as impressões. Segundo os
autores, as repostas para esses questionamentos têm sido investigadas através
de sistemas multidimensionais de avaliação e de conjuntos de relações e
correlações entre os traços, através da Teoria Leiga da Personalidade ou Teoria
Implícita da Personalidade.
Segundo a Teoria Implícita da Personalidade, existe consistência no
comportamento das pessoas. O que se infere sobre os outros é baseado em
expectativas derivadas, em parte, da experiência. A partir dessas expectativas,
constrói-se a configuração de traços, que se constitui em nossa crença sobre a
natureza das pessoas. E é a partir dessa configuração (ou teoria implícita da
personalidade), que se infere, nas pessoas, alguns traços não-observados, a partir
de um traço observado (BRUNNER, SHAPIRO, TAGIURI, 1958).
2. 3 - HARMONIA FACIAL: A percepção SOCIAL da normalidade
Toda sociedade cria mecanismos de atribuição de características
normativas a seus membros, que os leva a agir de acordo com o socialmente
esperado (DURKHEIM, 1995).
Baseada nessa premissa, Dantas da Silva (2003) observou que a
sociedade orienta, consciente ou inconscientemente, o comportamento dos
indivíduos, criando um sistema de classificação que tem a função de harmonizar a
sociedade, evitando o surgimento da desordem e do desvio comportamental.
Segundo a autora, essas formas de manipulação ocorrem devido a um conjunto
de normas sociais, compartilhadas pelos indivíduos, que designam o que é bom
ou não para a sociedade, estabelecendo critérios de normalidade social.
Observa-se que, culturalmente, é criado um sistema de representações, que
constrói o sentido do mundo, das coisas e das relações sociais, estando além das
consciências individuais.
Telford, Sawrey (1988) ressaltam que as pessoas desenvolvem uma vasta
gama de expectativas acerca dos demais, esperando que a maioria das pessoas
seja normal, e que, quando essas expectativas não são atendidas, desenvolvem-
se categorias adicionais, com o objetivo de se ajustar esses desvios, tidos agora,
como anormais.
É interessante notar que o processo de formação da impressão do outro, ou
seja, o conjunto de avaliações afetivas, morais e instrumentais que são realizadas
sobre alguém parece ser um fenômeno não somente universal, mas relativamente
rápido. Para Camino et al (1996), freqüentemente com poucos indícios, às vezes
um só, forma-se uma impressão sobre alguém. Segundo os autores, as pessoas,
mesmo possuindo poucos indícios a respeito do outro, sentem-se aptas a emitir
juízos sobre uma série de atributos deste, de maneira convicta e unificada. E,
nesse sentido, as impressões cumprem a função geral da percepção social de
orientar o indivíduo em suas relações com o meio social.
Outro ponto a ser ressaltado é a influência da beleza física sobre a
formação da impressão sobre o outro. Esse esterótipo, “o belo é bom”, tem sido
avaliado em pesquisas sobre a formação de impressões. Ramsey, Langlois
(2002), realizaram um estudo com crianças entre três e sete anos de idade, no
qual testaram a força da impressão positiva causada pela beleza em crianças. A
metodologia empregada baseou-se em histórias que lhes eram contadas, nas
quais os personagens eram manipulados de forma a confirmar ou confundir o
referido esterótipo. Segundo os autores, a força da impressão positiva associada
à beleza é tanta que as crianças apresentam maior facilidade em assimilar
informações com ela consistentes. Os resultados do estudo demonstraram que
existe uma distorção no esquema de processamento de informações das crianças,
quando elas são discordantes de seus esterótipos; e que esse processo é
consistente, forte e tende a ser mantido na idade adulta, quando se avalia o sexo
feminino.
Aprofundando-se a análise desse fato, observa-se que a situação inversa,
também é verdadeira, ou seja, “o bom torna-se belo”. Segundo Lee-Manoel et al
(2002), em um estudo sobre atratividade interpessoal em pré-escolares de cinco
anos, avaliou os efeitos da familiaridade sobre a percepção da atratividade física
infantil. Os resultados do estudo apontaram ligações entre afeto, julgamento de
atratividade e avaliações comportamentais bem estabelecidas, indicando que o
efeito de esterótipo diminui à medida que aumenta o grau de informação sobre a
pessoa que está sendo julgada.
É importante observar que a sociedade determina que desvios irão resultar
na diminuição ou na ampliação do valor pessoal. Rodrigues (1975) alertou para
que tudo que representa o estranho, o anormal, converte-se em fonte de perigo
por se encontrar, ao mesmo tempo, próximo de nós, mas fora de nosso controle.
Assim, uma impressão, quando estranha ou desagradável, poderá vir a ser
causa de sérios problemas para o indivíduo avaliado. Goffman (1988) considera
que quando se está em presença do estranho, tende-se a avaliá-lo, procurando
enquadrá-lo em algum grupo. Quando se encontram nele atributos que o tornam
diferente dos outros, tende-se a atribuir-lhe características depreciativas, e isso é
o que se denomina estigma.
2. 4 - HARMONIA FACIAL: A percepção da normalidade em Ortodontia
Em 1970, Stricker salienta a importância da realização de estudos
relacionando os problemas psicológicos e a presença de maloclusão. O autor
realizou uma extensa revisão de literatura, abordando pesquisas relevantes nessa
área e, apesar de considerar que, na área em questão, a maioria dos trabalhos
carece de rigor científico, afirma que os problemas psicológicos de uma pessoa
portadora de uma deficiência resultam da resposta da sociedade a essa
deficiência. Segundo o autor, no caso da maloclusão, isso envolveria o grau em
que as relações pessoais seriam atingidas, através da forma com que o outro
rejeita a deficiência, variando desde o horror absoluto que, provavelmente, é raro,
até a simples gozação.
Problemas de socialização relacionados à presença de maloclusão foram
destacados por MacGregor (1970). O autor realizou um estudo baseado em
entrevistas com 283 pessoas portadoras de deformidades faciais a fim de
observar alterações em seus perfis psicológicos. Segundo o autor, os indivíduos
entrevistados apresentavam desordens comportamentais e desajustes sociais
relacionados à exposição a que eram submetidos. Concluiu que o estresse
psicológico do indivíduo foi diretamente proporcional ao grau de desfiguração
gerado pela severidade da maloclusão.
Se a maloclusão é capaz de promover desarmonias, torna-se importante a
verificação de como e quando essas desarmonias são percebidas. Rubenstein,
Kalakanis, Langlois (1999), realizaram uma pesquisa sobre percepção facial
infantil, utilizando quatro estudos cognitivos sobre o desenvolvimento da
preferência estética. Os autores observaram que a atração infantil por faces
harmônicas não é induzida, apenas, pela socialização dos pais, colegas e pela
mídia. Segundo os autores, já aos seis meses de idade, as crianças percebem e
são mais receptivas a imagens faciais equilibradas. Essa preferência pode ser
explicada por um mecanismo geral de processamento de informações, presente
em adultos e crianças, que é a capacidade inconsciente de abstrair um protótipo
após a visão de exemplares de uma mesma classe ou categoria. O protótipo, valor
médio de atributos, passa então a representar a categoria e, quando visto como
um membro dessa categoria é, tipicamente, o preferido.
Outro ponto interessante a ser destacado é que algumas alterações faciais
decorrentes de maloclusões podem ser confundidas com expressões faciais que
um indivíduo assume em resposta a situações diversas. Para Grant (1969), estão
associadas à agressão infantil, a mordedura intencional com o maxilar inferior
protruído e a retração do lábio inferior com ampla exibição dos dentes.
Essa abordagem é defendida por Corraze (1982), quando explica que,
quando uma criança está com raiva, ela adota, instintivamente, algumas
expressões bucais, que são automaticamente compreendidas pelo outro, por
serem expressões de caráter não-adquirido ou não-imitativo. Esse caráter
universal e inato é evidente quando se constata que expressões faciais idênticas
são manifestadas por crianças portadoras de deficiência visual.
Essas afirmações baseiam-se nas pesquisas de Darwing (2000), que em
seu estudo denominado “A expressão das emoções nos homens e animais”
descreve que, durante a raiva, os lábios se retraem com a finalidade de expor os
dentes rangendo ou cerrados que, descobertos, parecem estar prontos para
morder ou lacerar o inimigo, ainda que não exista nenhuma intenção de agir desse
modo.
Pesquisas têm demonstrado notáveis efeitos da atratividade física facial
sobre a percepção e as relações interpessoais. Omote (1991) realizou um estudo
no qual estudantes universitários avaliaram imagens fotográficas de 3 grupos de
crianças classificadas entre atratividade alta (AA), média (AM) e alta (AA),
relacionando-as a uma lista de adjetivos. Os resultados demonstraram que
crianças mais atraentes foram percebidas mais favoravelmente.
Com o objetivo de avaliar o efeito da aparência dentária sobre a primeira
impressão entre as pessoas, Eli, Bar-Tal, Kostovetzki (2001), realizaram um
estudo fotográfico, através de alterações computadorizadas em dentições
esteticamente agradáveis. Fotografias, incluindo boas e más condições buco-
dentárias de homens e mulheres, foram avaliadas por pessoas de ambos os
sexos. Os autores confirmaram o efeito da aparência dentária sobre a atratividade
física e observaram que esse efeito é mais evidente quando homens avaliam
mulheres e vice-versa. Concluíram que a aparência física é um importante fator de
interação social, e que a boca e os dentes são uns dos principais elementos que
compõem essa aparência.
A influência da harmonia facial sobre as interações sociais também foi
objeto de estudo de Cunningham (1999). Em uma discussão sobre a relação entre
a atratividade facial e a socialização do indivíduo, a autora afirma que a estética
tem importância fundamental em situações diversas, como educação,
relacionamentos e empregos. Segundo a pesquisa, a aparência facial representa
a principal característica do indivíduo, devendo ser, por esse motivo, valorizada no
campo da odontologia.
A literatura relata que tanto os pais como os pacientes ortodônticos
consideram a estética como importante fator para o bem-estar psicossocial, e que
a aparência física, com destaque para a boca e os dentes, tem relevância nos
mecanismos de interação social. Coyne, Woods, Abrams (1999), realizaram um
levantamento sobre a percepção da comunidade leiga quanto à importância de se
corrigir diversos problemas de má oclusão. O estudo foi conduzido através de
duas entrevistas por telefone, e os entrevistados eram questionados quanto à
importância de se apresentar dentes alinhados e sorriso bonito. Os autores
concluíram que a população considera importantes, tanto o alinhamento dentário,
quanto a beleza do sorriso e que mostra grande preocupação com respeito ao
custo do tratamento ortodôntico.
Da mesma forma, Birkeland, Boe, Wisth (2000), verificaram a existência de
relação entre a oclusão, a satisfação estética individual e a auto-estima em
adolescentes, antes e após o tratamento ortodôntico. O estudo foi realizado
através de entrevistas com questionários direcionados aos pais e aos pacientes
adolescentes. As respostas apresentadas nos questionários indicam que tanto os
pais como os pacientes consideram a estética um importante fator para o bem-
estar psicossocial.
Essa preocupação já havia sido ressaltada por Peck, Peck em 1970,
quando afirmam que, em ortodontia, apesar de o profissional ter em mãos a
decisão final quanto à necessidade de realizar alterações faciais no paciente, essa
decisão deveria considerar a percepção do paciente e/ou de seus responsáveis.
Para os autores, o paciente e seus familiares são raramente questionados quanto
às suas visões estéticas, atitude que só se justificaria em ocasiões graves,
emergenciais ou funcionalmente debilitantes.
Dann et al (1995), avaliando o auto-conceito de pacientes ortodônticos,
através da escala de Piers-Harris, antes e após 15 meses de tratamento
ortodôntico, não encontraram correlação entre a melhora da condição dentária e a
autopercepção de adolescentes. A amostra inicial do estudo constituiu-se de 208
pacientes com idades entre sete e 15 anos, portadores de maloclusão de Classe II
de Angle, com overjet aumentado. Após o período de 15 meses de tratamento
ortodôntico, foi realizada uma avaliação psicológica sobre o auto-conceito de 87
adolescentes em tratamento. Os resultados demonstram que não houve relação
significativa entre o auto-conceito, a idade dos pacientes e o grau de severidade
do overjet. Os autores salientam que existe uma gama de fatores que interagem
sobre a auto-estima e que, possivelmente, o período de 15 meses fora insuficiente
para observação adequada da existência de mudanças psicológicas decorrentes
dos resultados ortodônticos.
Um resultado semelhante sobre percepção da maloclusão foi encontrado
por Onyeaso, Sanu (2005), em uma pesquisa na qual foi avaliada a correlação
entre auto-percepção da maloclusão e o grau de satisfação com a aparência
dental em adolescentes nigerianos. Através de questionários e do levantamento
do índice de estética dentária (DAI), os autores não encontraram correlação entre
a presença, a auto-percepção da maloclusão e a satisfação com a aparência
dentária. Os autores sugerem novos estudos, utilizando-se o índice de
necessidade de tratamento ortodôntico, para aprofundamento dessa questão, na
Nigéria.
Já Mugonzibwa et al (2004), utilizando os índices AC (componente estético)
e IOTN (necessidade de tratamento ortodôntico) e questionários acoplados a
imagens fotográficas, avaliaram a relação entre presença e percepção de
necessidade de tratamento, em adolescentes da Tanzânia. Os autores concluíram
que, sob o ponto de vista dos adolescentes existe correlação entre a presença e a
percepção da maloclusão e que os achados devem ser considerados para o
planejamento de políticas de saúde local.
Em um estudo semelhante realizado na Jordânia, Abu Alhaija, Al-Nimri, Al-
Khateeb (2005) também encontraram correlação entre a existência e a percepção
da maloclusão em adolescentes. Os resultados da pesquisa apontaram diferença
significativa na auto-percepção dos adolescentes enquadrados nos grupos de
necessidade estética baixa, limítrofe e alta, segundo o índice AC (componente
estético). Segundo os autores, os adolescentes considerados como pertencentes
ao grupo de alta prioridade para o tratamento ortodôntico perceberam essa
necessidade, e consideraram seus dentes os “piores”, quando comparados aos
demais grupos.
No Brasil, um estudo epidemiológico foi conduzido por Peres, Traebert,
Marcenes (2002), no qual foi determinada a prevalência de maloclusões em
adolescentes residentes em Florianópolis, Santa Catarina, e verificada a
associação entre a necessidade normativa e a necessidade autopercebida para o
tratamento ortodôntico. A avaliação foi realizada através do DAI (índice de estética
dentária) e questionários, envolvendo perguntas aos adolescentes. Os resultados
demonstraram existir graus de problemas oclusais tecnicamente definidos que são
aceitáveis pela população. Segundo os autores, esse achado interfere diretamente
na demanda para esse tipo de atendimento, pois leva ao questionamento quanto
aos parâmetros normalmente utilizados na decisão de tratamento. Os autores
concluem que medidas subjetivas poderiam ser incorporadas aos critérios clínicos
atualmente utilizados nessa decisão.
Outro estudo epidemiológico brasileiro foi conduzido por Marques et al
(2005), no qual foi determinada a prevalência de maloclusões em adolescentes
residentes em Belo Horizonte, Minas Gerais, e verificada a associação entre a
necessidade normativa de tratamento ortodôntico e os aspectos psicossociais
relacionados. A avaliação foi realizada através do DAI (índice de estética dentária)
e questionários, envolvendo perguntas aos adolescentes e seus pais. Os
resultados demonstraram existir correlação entre as necessidades apontadas pelo
índice e a percepção das mesmas, pelos pacientes e seus pais. Os autores
sugerem que os fatores psicossociais devem ser incorporados aos critérios
clínicos considerados na decisão de tratamento ortodôntico.
Além do conceito que o indivíduo tem de si mesmo, é também importante a
forma com que o indivíduo é avaliado pelo grupo social em que vive. Avaliando a
relação entre a harmonia facial e a aceitação social, Dion (1973) realizou um
estudo no qual pré-escolares, na faixa etária de três a seis anos e meio,
observaram fotografias de crianças da mesma idade, anteriormente avaliadas por
adultos. A autora procurou identificar se as crianças eram capazes de criar
esterótipos baseados em atratividade facial e comparar a avaliação infantil com a
dos adultos. Os resultados assinalam que as crianças foram capazes de
discriminar diferenças estéticas, que seus julgamentos coincidiram com os
julgamentos dos adultos, que tiveram significativa preferência pelas crianças mais
atraentes como amigos e que houve consistente criação de esterótipos
associados à atratividade. Os pré-escolares inferiram que as crianças mais
atraentes seriam aquelas de melhor conduta, enquanto as não-atraentes exibiriam
comportamento anti-social.
De acordo com essa premissa, Shaw (1981) levantou a hipótese de que
uma criança com aparência dental normal pode ser considerada mais bonita, e ter
maior aceitação social. O autor realizou um estudo com fotografias faciais
frontais, em preto e branco, de um garoto e de uma garota com faces agradáveis.
As fotografias foram avaliadas em sua forma original e acrescidas de modificações
que representavam alguns problemas dentofaciais comuns, como apinhamento
dentário, perda de elementos, protrusão dentária, entre outros. Cada fotografia foi
avaliada por dois grupos diferentes, formados por 42 crianças e 42 adultos,
igualmente divididos quanto ao gênero. Os resultados do estudo comprovam a
hipótese do autor.
Devido ao reconhecimento da grande influência que a estética dentofacial
exerce sobre a auto-estima do paciente, esse tema tem sido objeto de pesquisas
reveladoras. Com o objetivo de avaliar a extensão da exposição ao ridículo e ao
embaraço a que as crianças podem ser submetidas devido a desvios gerados por
maloclusões, Shaw, Meek, Jones (1980), realizaram um estudo em duas etapas.
Na primeira parte do estudo, 531 escolares foram entrevistados sobre suas
experiências com apelidos, provocações e tormentos, e foi observado que, para os
apelidos, em particular, os problemas dentários apareceram como fatores de
motivação significativa. Na segunda parte do estudo, a gravidade da aparência
dentária foi avaliada, entrevistando-se 82 crianças após projeção de um filme com
faces infantis. De acordo com os resultados, quanto maior for a gravidade do
problema dentário, maior a sua capacidade de gerar exposição da criança
portadora.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Dibiase, Sandler (2001), apresentam
um estudo sobre a influência da aparência dentofacial sobre a caracterização
psicológica infantil. Segundo os autores, a gozação é endêmica entre escolares e
pode afetar psicologicamente a criança vitimada pela referida situação. Segundo
os autores, a persistência do problema pode refletir-se em falta de capacidade de
engajamento social ou no desenvolvimento de natureza submissa pela criança
envolvida. Ressaltam que a má aparência dentária tem sido considerada,
particularmente, prejudicial nesses casos.
Uma pesquisa sobre o impacto das anomalias craniofaciais sobre a
disposição de crianças em interagir com outras, portadoras das referidas
anomalias, foi conduzida por Reed, Robathan, Hockenhull (1999). Os autores
observaram que as crianças apresentaram divergências quanto à interação, mas
concluem que o conhecimento prévio sobre o problema diminui o impacto inicial
causado pela aparência da anomalia.
Outro ponto importante que deve ser considerado é a imagem que o adulto
faz da criança, baseado em sua aparência facial. Omote (1997) realizou um
estudo no qual imagens fotográficas de crianças, com diferentes níveis de
atratividade facial, eram apresentadas a estudantes universitários, com a
informação de que eram portadoras de deficiência auditiva e estavam recebendo
tratamento especializado. A cada série de três imagens, os estudantes eram
orientados no sentido de escolher a criança que poderia obter melhor progresso
no tratamento especializado. Os resultados demonstraram que o prognóstico
favorável foi associado às crianças mais atraentes.
Dumas, Nilsen, Lynch (2001), realizaram um estudo com o objetivo de
verificar se pessoas adultas avaliam questões como o equilíbrio psicológico de
uma criança, apenas através de sua aparência física. Fotografias de crianças, em
diferentes situações cotidianas, foram realizadas e avaliadas por adultos. Os
autores ressaltam que os adultos tendem a formar uma impressão sobre o caráter
de uma criança, baseados apenas em imagens, como postura ou expressão do
olhar. Concluem que a primeira impressão de um adulto sobre uma criança,
quando positiva ou negativa, tende a permanecer como vantagem ou
desvantagem para a criança, respectivamente, mesmo quando seu desempenho
posterior confirme ou invalide essa impressão.
Essa constatação é ratificada por Clifford, Walster (1973), Adams, LaVoie
(1975), Richman, Eliason (1993) e Colares, Richman (2002), quando afirmam que
maior atenção positiva é fornecida pelos adultos às crianças com aparência mais
atrativa; assim, suas necessidades são mais prontamente percebidas e
respondidas favoravelmente.
O grande número de evidências quanto à importância da aparência para o
indivíduo transformou a estética em objeto de diversos estudos em Ortodontia
(BRITO, 1991; DONG et al, 1999). Estudos epidemiológicos vêm sendo
desenvolvidos com a finalidade de se avaliar as necessidades de tratamento
ortodôntico nas populações, e a importância dos parâmetros envolvidos na
determinação dessas necessidades tem sido discutida. (REED et al, 1999;
RUBENSTEIN, KALAKANIS, LANGLOIS, 1999; MARTINS et al, 2003).
Em um artigo sobre os aspectos psicológicos do tratamento ortodôntico,
Vellini-Ferreira, Monteiro (1989), reforçam que o ortodontista deve estar preparado
para assistir seu paciente em um senso global, pois o impacto da má oclusão
pode representar o principal papel na decisão de se realizar a correção. Concluem
que o mais importante na resposta psicossocial do paciente não é o grau de
desfiguração resultante da má oclusão, mas a forma como o indivíduo percebe e
avalia esse comprometimento estético.
2. 5 - HARMONIA FACIAL: Diagnóstico e decisão de traramento ortodôntico
Pesquisas têm demonstrado que a aparência dentofacial normal pode ser
muito influente sobre a socialização do indivíduo (SHAW, 1981). Mas o que
significa uma aparência dentofacial normal? Essa é uma questão complexa e
subjetiva. A harmonia e a desarmonia podem ser evidentes ou se apresentarem
em situações limítrofes, necessitando de parâmetros normativos para sua
identificação e sua classificação.
Não se pode iniciar uma explanação sobre normalidade em ortodontia sem
a citação da nomenclatura de Angle (1899). Foi o pai da Ortodontia moderna que
publicou, em 1890, o artigo clássico intitulado “Classification of malocclusion”.
Segundo o autor, todos os dentes fora de harmonia com a linha de oclusão estão
ocupando posições de maloclusão. Variações da oclusão normal, da mais simples
à mais complexa, podem não envolver somente as más posições dos dentes, mas
também a relação dos ossos, a interdependência dos arcos e a influência dos
músculos, resultando em deformidades e produzindo aparências desagradáveis.
Angle (1899), apesar de ter considerado a importância dos outros
componentes faciais, dá maior enfoque às relações dentárias. Sua classificação
das más oclusões tem como base a relação sagital dos primeiros molares
permanentes. Para o autor, o primeiro molar permanente superior ocupa uma
posição estável no esqueleto craniofacial e, dependendo da relação sagital que o
primeiro molar permanente inferior apresente com esse elemento dentário, são
definidos três tipos básicos de maloclusão: Classe I, Classe II e Classe III.
Diversas formas de classificação das maloclusões surgiram, ao longo do
tempo, com o objetivo de complementar a classificação de Angle. Martins, Cotrim-
Ferreira (1988), apresentam um resumo dos principais sistemas de classificação
adotados na ortodontia contemporânea. Os autores destacam, além da
classificação de Angle, os modelos de Lischer e Simon. É interessante observar
que o modelo de Lischer, proposto em 1911, baseia-se no posicionamento
individual dos dentes; e o modelo de Simon, apresentado em 1922, considera os
planos faciais antropométricos, ou seja, a relação entre a olcusão dentária e o
esqueleto facial, classificando as maloclusões em antero-posteriores, transversais
e verticais. Porém, apesar de possuírem valor diagnóstico, nenhuma dessas
classificações destaca o aspecto facial comprometido pela presença da
maloclusão.
Moyers (1991) também apresenta um resumo seguido de uma discussão
sobre os principais sistemas de classificação das maloclusões. Segundo o autor, a
classificação é feita por motivos tradicionais, facilidade de referência, propósitos
de comparação e facilidade de comunicação. Porém um dos erros mais comuns é
tentar rotular cada caso imediatamente. Classificação não é diagnóstico, sendo
necessário se descrever todas as observações de maneira completa e precisa
para só depois tentar enquadrar o caso em um grupo específico. O autor ressalta
que é necessário lembrar a limitação dos sistemas de classificação, pois nenhum
é verdadeiramente abrangente.
Outro ponto importante na avaliação da maloclusão é o critério
cefalométrico. Esse precioso instrumento diagnóstico surge em 1931, quando
Broadbent publica um artigo apresentando uma nova técnica radiográfica que
permitiria a medição de estruturas craniofaciais com exatidão. Após o advento da
cefalometria, o enfoque principal das relações dentárias na identificação e na
classificação das maloclusões foi substituído pela avaliação do esqueleto facial. A
telerradiografia, ou radiografia cefalométrica, marca o início de uma nova visão
para o diagnóstico ortodôntico.
A partir de então, um grande número de estudos cefalométricos foi proposto
para diagnosticar as diferentes maloclusões. Pereira, Mundstock, Berthold (1998)
e Vilella (1998) apresentam um resumo das análises cefalométricas propostas por
diferentes autores, ao longo do tempo, de valor indubitável para o diagnóstico em
ortodontia. No “período da cefalometria”, o padrão esquelético passa a ser
considerado como a chave do diagnóstico e do planejamento ortodôntico e,
através dela, a decisão de extração ou não-extração dentária era tomada,
independentemente do perfil facial do paciente, muitas vezes com prejuízo para a
harmonia facial. Por um período, esse excesso de atenção para a harmonia
esquelética predominou sobre as características faciais do paciente.
É interessante ressaltar que essa discussão sobre o valor da cefalometria
no diagnóstico ortodôntico é antiga. Já em 1953, Steiner em seu artigo clássico
intitulado “Cephalometrics for you and me”, ressalta que o problema não reside em
se utilizar a cefalometria no diagnóstico ortodôntico, pois ela representa “a pedra
fundamental sobre a qual se baseiam o conceito e o conhecimento atual da
ortodontia”. O erro está na supervalorização de dados numéricos, que são
utilizados sem a devida coordenação com outros dados também importantes.
Em 1957, Wilson ressalta a importância da visão global do paciente,
quando apresenta uma discussão aprofundada sobre os conceitos ortodônticos de
normalidade, enfocando a clássica tríade: equilíbrio estrutural, eficiência funcional
e harmonia estética. O autor argumenta sobre a necessidade de se aceitar os
diferentes padrões faciais existentes, sem que se tome como parâmetro um
padrão único, determinado através de padrões cefalométricos normativos.
Essa visão de conjunto, na qual a normalidade ortodôntica requer harmonia
facial e posicionamento dentário adequado, dentro de componentes esqueléticos
equilibrados e funcionalmente estáveis, é bem descrita por Ackerman, Proffit
(1969). Os autores publicaram uma classificação abrangente, em que a maioria
dos componentes dentofaciais é considerada.
Apesar de todos esses conceitos estarem bem estabelecidos, a análise da
harmonia facial é subjetiva, dinâmica e individualizada. A antropometria, muito
utilizada na época anterior à cefalometria, pode ser útil como auxiliar na
determinação de parâmetros que norteiem essa subjetividade. Em 1992, Farkas
resgata alguns desses conceitos, introduzindo, como meio de diagnóstico, a
antropometria clínica, também denominada análise facial, na qual, através de
medidas faciais pode-se avaliar o equilíbrio estrutural da face.
O reconhecimento da importância da harmonia facial na decisão de
tratamento ortodôntico levou os estudiosos a uma revisão de conceitos. Segundo
Almeida, Mazziero (2003), a Ortodontia, historicamente, vinha sendo uma
especialidade voltada primeiramente para a resolução de problemas funcionais e
estruturais das maloclusões, o que nem sempre implicava a melhora da estética
facial do indivíduo. No entanto, nas últimas décadas, a estética obteve uma
importância maior no planejamento ortodôntico, principalmente em consideração
ao grande aumento na demanda de pacientes e à maior valorização da sociedade
em relação à aparência.
Assim, o estudo das características da face ganhou posição de destaque
na Ortodontia, e diversos artigos foram publicados, com o intuito de melhor
descrever a análise facial. Esse destaque pode ser apreciado nos artigos de
Almeida, Almeida (1999), Landgraf et al (2002) e Vedovello Filho et at (2002) e na
excelente didática com que Capelozza Filho (2004) descreve a importância
diagnóstica do conceito de padrão facial.
3 - OBJETIVOS 3.1 - OBJETIVO GERAL
Avaliar a influência da aparência dentofacial da criança, aos 10 anos de
idade, sobre a atração interpessoal entre escolares da mesma idade.
3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar a influência das aparências dentofaciais harmônica e
desarmônica sobre a atração interpessoal infantil aos 10 anos de idade, nos
seguintes contextos sociais: amizade, agressividade, inteligência e beleza;
Verificar diferenças na influência das desarmonias faciais sobre a
interação social nos diferentes contextos, de acordo com o sexo da criança;
Verificar diferenças na influência das desarmonias faciais sobre a
interação social nos diferentes contextos, de acordo com a rede de ensino,
pública ou particular;
Investigar as justificativas das crianças para as escolhas expressas
no estudo.
3.3 HIPÓTESE
Há influência da aparência dentofacial da criança, aos 10 anos de
idade, sobre a atração interpessoal entre escolares da mesma idade,
matriculados nas redes estadual e particular de ensino da cidade do Recife.
4 - MATERIAIS E MÉTODOS
Este é um estudo híbrido, composto de um levantamento quantitativo,
complementado por uma investigação qualitativa. Na primeira etapa, busca-se
uma visão geral e numérica do objeto investigado, e na segunda, a compreensão
dos resultados encontrados. As estratégias adotadas nas duas etapas,
quantitativa e qualitativa, serão apresentadas separadamente a seguir.
4.1 - ABORDAGEM QUANTITATIVA
4.1.1 - DESENHO DO ESTUDO
A primeira etapa desse estudo pode ser classificada como quantitativa
transversal, com amostra aleatória e representativa da população avaliada.
4.1.2 - CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO
O presente estudo foi realizado na cidade de Recife, capital de
Pernambuco, estado situado na região nordeste do Brasil. A cidade apresenta
área territorial de 217 mil km2 , com população estimada de 1.461.320 habitantes
(IBGE, 2004).
FIGURA 1: A cidade do Recife
A população-alvo constituiu-se de escolares do ensino fundamental, com 10
anos de idade, de ambos os sexos, matriculados em escolas das redes pública e
particular de ensino da cidade do Recife-PE, no ano de 2004.
De acordo com os dados fornecidos pela Secretaria de Educação e Cultura
do Estado de Pernambuco, no ano de 2004, esta população compreende o
universo de 24.351 escolares, matriculados em 728 escolas, que, de acordo com
sua localização geográfica, são divididas em duas Gerências Regionais de
Educação (GERE): Recife Norte e Recife Sul.
FIGURA 2: Bairros do Recife: localização das escolas
4.1.3 - AMOSTRA
A amostra utilizada na primeira etapa deste estudo foi do tipo aleatória e
representativa da população estudada, composta por 802 escolares, com 10 anos
de idade, de ambos os sexos, matriculados em quinze escolas públicas e seis
particulares da região metropolitana da cidade de Recife/PE.
Os critérios utilizados para a seleção da amostra são relacionados a seguir:
a) Idade: a opção pela idade de 10 anos teve como argumento estudos de
psicobiologia que apontam que nessa idade se inicia, no pré-adolescente, o
interesse estético pelo corpo e um alto nível de compreensão perceptiva
(TOLLENDAL, 1985), e adotando-se o critério da Organização Mundial de
Saúde, que situa os 10 anos de idade como o início da adolescência.
b) Tamanho e Representatividade Amostral: como não havia estudos
anteriores de prevalência para o objeto de investigação do presente estudo,
para que a amostra fosse representativa da população, foi realizado um cálculo
estatístico padrão a partir do estudo piloto desta pesquisa, com:
intervalo de confiança de 95%
margem de erro de 3,5%
estimativa percentual mais próxima de 50% obtida no piloto (51,8%)
fórmula para cálculo de tamanho amostral, segundo estimativa de
proporção de Zar (1999):
n = [Z]2 – p.(1-p)]
2
onde:
Z = 1,96 (correspondente a um intervalo de 95% na curva normal)
= erro fixado (0,035)
p = proporção obtida da amostra piloto (0,518)
O intervalo de confiança de 95% foi escolhido por ser amplamente aceito
em pesquisas de epidemiologia em saúde.
Apesar de ser mais usual a utilização da margem de erro de 5,0%, durante
o planejamento estatístico deste trabalho, optou-se pela redução dessa
margem para 3,5%, com o objetivo de se obter uma amostra maior que
permitisse a realização de todos os cruzamentos e testes estatísticos
necessários ao estudo.
O cálculo do tamanho amostral para cada variável foi determinado segundo
estudo piloto, através do programa Epi info versão 6.0, sendo considerado o
maior dos tamanhos obtidos.
c) Critérios de exclusão: foram excluídos da pesquisa os escolares:
cujos responsáveis apresentaram objeção registrada no consentimento
informado;
que se recusaram a participar ;
que estiveram ausentes no dia da pesquisa;
portadores de deficiências sensoriais que impossibilitassem sua
participação.
Sorteio da Amostra
Durante o estudo-piloto, observou-se que havia um grande número de
escolas nas quais estava matriculado um número muito reduzido de crianças na
idade pertencente à população alvo do estudo.
Assim, com a finalidade de operacionalizar as visitas em tempo hábil para
que a validação do estudo não ficasse comprometida, todas as escolas com
menos de 30 alunos, dentro da faixa etária requerida, foram excluídas,
permanecendo um total de 288 escolas com 20.179 alunos matriculados na idade
em questão.
Obedecendo a proporcionalidade do universo, foi respeitado o percentual
real de crianças matriculadas nas escolas das redes pública e particular, que,
segundo a Secretaria de Educação de Pernambuco, era de 77% (15.580) e 23%
(4.599), respectivamente. Como o sorteio dos elementos da amostra foi realizado
por escolas, quinze escolas públicas e seis escolas particulares foram sorteadas.
Dentro dos critérios estabelecidos, a amostra deste estudo incluiu, no
sorteio por escola, todas crianças presentes no dia da entrevista, que não se
recusaram em participar e cujos responsáveis não enviaram o consentimento
negativo assinado (Quadro 1).
SORTEIO DA AMOSTRA
CÓDIGO
DA ESCOLA
NÚMERO DE ESCOLARES
MATRICULADOS
REDE DE ENSINO:
1=PÚBLICA 2=PARTICULAR
GERE:
1= RECIFE NORTE
2 = RECIFE
SUL
NÚMERO DE ESCOLARES
QUE PARTICIPARAM
DO ESTUDO
SUB-
TOTAL E
TOTAL
5442 65 2 1 45 45
5452 182 1 1 57 102
5477 100 2 1 72 174
5626 116 1 1 36 210
5786 144 2 2 66 276
5797 57 2 1 27 303
5807 91 2 2 30 333
5944 111 2 2 36 369
5987 153 1 1 75 444
5990 217 1 2 105 549
5996 114 1 1 57 606
6003 118 1 2 60 666
6022 79 1 2 39 705
6038 98 1 2 45 750
6048 100 1 1 52 802
Quadro 1 – Distribuição do número de alunos por escola.
4.1.4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Visando cumprir os objetivos desta etapa do estudo, quatro cartelas
fotográficas foram desenvolvidas, a partir de imagens fotográficas faciais de oito
crianças, sendo quatro do sexo masculino e quatro do sexo feminino, da seguinte
forma:
Cada cartela apresentava um par de crianças diferentes, sendo uma
criança do sexo masculino e outra do sexo feminino, escolhidas
aleatoriamente, obtendo-se um total de quatro cartelas;
Em todas as cartelas, a imagem do menino e a imagem da menina, foram
apresentadas em quatro situações: situação real (harmônica) e três
situações modificadas através de computação gráfica, classificadas como
síndromes de Classe II, Classe III e Face Longa, num total de oito imagens
por cartela.
Para cada cartela, foi determinado, também de forma aleatória, um dos
contextos a ser avaliado. Assim, na primeira cartela, foi avaliado o contexto
de amizade, na segunda, o de agressividade, na terceira, o de inteligência
e na quarta, o de beleza.
As cartelas foram apresentadas, uma a uma, às crianças para que, dentro
de cada um dos contextos, as mesmas fizessem suas escolhas, segundo
um roteiro preestabelecido de perguntas.
A seguir será descrito, de forma detalhada, o processo de elaboração das
cartelas fotográficas e estratégias de coleta de dados.
a) Seleção das fotografias: 20 fotografias faciais frontais de crianças, com 10
anos de idade, sendo 10 meninos e 10 meninas, portadores de faces
harmônicas, foram selecionadas de arquivos de especialistas em Ortodontia da
cidade do Recife. Após a realização dos procedimentos de autorização dos
responsáveis para utilização das imagens, essas fotografias foram avaliadas
por uma equipe de três profissionais especialistas nas áreas de Psicologia,
Odontopediatria e Ortodontia, com o objetivo de se obter quatro faces
masculinas e quatro femininas harmônicas, que não se distanciassem do tipo
populacional brasileiro.
Segundo Capelozza (2004), a face harmônica ou padrão I é aquela em que
existe equilíbrio entre os componentes faciais. A fim de determinar
precisamente esse equilíbrio, neste estudo, utilizamos os seguintes critérios de
Landgraf et al (2002) :
equilíbrio entre os terços faciais superior, médio e inferior;
proporção de 1:1 ou de até 5:6 entre os terços médio e inferior;
simetria entre os lados direito e esquerdo da face;
selamento labial passivo.
Figura 3 – Imagem da face harmônica
Características mais subjetivas, como boa expressão facial do terço médio
da face e do mento, também foram consideradas durante a seleção.
Como tipo populacional brasileiro, incluímos faces com as características de
nossa miscigenação racial, como pele morena clara, olhos e cabelos escuros,
e ausência de sinais raciais predominantes em populações menos
miscigenadas, como pele muito clara, olhos claros e cabelos louros
(caucasianos); cor de pele negra e cabelos muito crespos (negros); cabelos
negros muito lisos e olhos oblíquos (asiáticos).
b) Preparo das fotografias: após a seleção das oito fotografias, foi realizado um
trabalho de computação gráfica obtendo-se, para cada criança, quatro faces
diferentes: uma harmônica, e três desarmônicas, representativas das
síndromes de classe II, classe III e face longa.
A face harmônica
Nas fotografias de faces harmônicas, nenhuma alteração gráfica foi
realizada.
Desarmonias faciais
Para simular as síndromes de Classe II, Classe III e Face Longa, o terço
inferior das fotografias foi alterado. A fim de embasar precisamente essa
alteração, neste estudo, utilizamos uma associação de critérios teóricos de
Moyers (1991), Landgraf et al (2002) e Capelozza (2004).
A Síndrome de Classe II
Figura 4 – Imagem facial da Síndrome de Classe II
Na adaptação gráfica das fotografias (Figura 4), para a simulação da
síndrome de Classe II, foram observadas as seguintes características:
terço facial inferior em equilíbrio ou ligeiramente diminuído em relação
ao terço médio;
simetria entre os lados direito e esquerdo da face;
ausência de selamento labial, com lábio inferior evertido, e superior
hipotônico;
protrusão dentária superior, com incisivos superiores à mostra.
A Síndrome de Classe III
Figura 5 – Imagem facial da Síndrome de Classe III
Na adaptação das fotografias para a simulação da síndrome de Classe III
(Figura 5), foram observadas as seguintes características:
o terço facial inferior variou na dependência do tipo de Classe III
simulada, podendo estar ligeiramente diminuído ou ligeiramente
aumentado em relação ao terço médio, como acontece nesse tipo de
maloclusão;
quanto à simetria entre os lados direito e esquerdo da face, foram
simuladas duas situações: presença de simetria ou suave assimetria
mandibular, que é freqüente na Classe III;
quanto ao selamento labial, também foram simuladas duas situações:
presença de selamento, com encurtamento do lábio superior ou
ausência de selamento, com exposição dentária;
nos casos em que a simulação foi feita sem selamento labial, era
possível a visualização da protrusão dentária inferior.
Obs.: como na síndrome da Classe III existem essas particularidades, essas
diferenças foram bem distribuídas nas pranchas, de forma a caracterizar a referida
síndrome nos diferentes contextos avaliados.
A Síndrome de Face Longa
Figura 6 – Imagem facial da Síndrome de Face Longa
Na adaptação das fotografias para a simulação da síndrome de Face Longa
(Figura 6), foram observadas as seguintes características:
terço facial inferior aumentado;
simetria entre os lados direito e esquerdo da face;
ausência de selamento e hipotonia labial.
c) Coleta de dados - A equipe para a coleta constituiu-se de três cirurgiãs-
dentistas, sendo duas examinadoras e uma responsável pelo fluxo dos
escolares. Assim, a aplicação dos formulários foi individual, realizada de duas
em duas crianças, que eram entrevistadas, separadamente, cada uma por uma
das examinadoras, em sala previamente reservada para realização da
pesquisa, pela diretoria das escolas.
Como foi exposto anteriormente, em cada cartela, o valor da aparência
facial foi avaliado em um contexto psicossocial específico: amizade,
agressividade, inteligência e estética, através de perguntas condutoras feitas pelas
examinadoras. As respostas obtidas foram anotadas, preenchendo-se a fichas de
identificação de respostas (quadro 2). O período total da coleta foi de 40 dias.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Numeração da criança: ____________ (1 a 802) Idade: 10 anos e _______meses Sexo: ( ) 1 = masculino ( ) 2 = feminino Rede de ensino: ( ) 1 = pública ( ) 2 = particular Zona de localização da escola: ( ) norte ( ) sul
DADOS DA ENTREVISTA A) CONTEXTO AMIZADE Para ser meu amigo, gostaria da criança n_____ não gostaria da criança n_____ B) CONTEXTO AGRESSIVIDADE A criança mais agressiva é a n_____ C) CONTEXTO INTELIGÊNCIA A criança mais inteligente é a n_____ A criança menos inteligente é a n_____ D) CONTEXTO BELEZA O menino mais bonito é o n_____ O menino mais feio é o n_____ A menina mais bonita é a n_____ A menina mais feia é a n_____
Quadro 2 – Modelo do formulário da etapa quantitativa da pesquisa
Na cartela fotográfica 1 (figura 7), foi avaliada a atração interpessoal no
contexto de amizade. A pesquisadora realizou duas perguntas para cada criança:
Figura 7 – Cartela fotográfica 1 - avaliação do contexto de amizade
Pergunta 1: Qual dessas crianças você gostaria de ter como amigo (a)? Escolha
apenas um menino ou uma menina.
Pergunta 2: Qual dessas crianças você não gostaria de ter como amigo (a)?
Escolha apenas um menino ou uma menina.
Figura 8 – Cartela fotográfica 2 - avaliação do contexto de agressividade
Na cartela 2 (figura 8), foi avaliada a atração interpessoal no contexto de
agressividade. a pesquisadora realizou a seguinte pergunta para cada criança:
Pergunta: Uma dessas crianças é muito agressiva: briga na escola, bate nos
outros. Qual dessas crianças você acha que é? Escolha apenas um menino ou
uma menina.
Figura 9 – Cartela fotográfica 3 - avaliação do contexto de inteligência
Na cartela 3 (figura 9), foi avaliada a atração interpessoal no contexto de
inteligência. a pesquisadora realizou duas perguntas para cada criança:
Pergunta 1: Uma dessas crianças é muito inteligente. Entende tudo que a
professora explica. Qual delas você acha que é ? Escolha apenas uma.
Pergunta 2: Uma dessas crianças não entende nada que a professora explica.
Qual delas você acha que é ? Escolha apenas uma.
Figura 10 – Cartela fotográfica 4 - avaliação do contexto de beleza
Na cartela 4 (figura 10), foi avaliada a atração interpessoal no contexto de
estética. A pesquisadora realizou quatro perguntas para cada criança:
Pergunta 1: Qual é o menino mais bonito? Escolha apenas um.
Pergunta 2: Qual é o menino mais feio? Escolha apenas um.
Pergunta 3: Qual é a menina mais bonita? Escolha apenas uma.
Pergunta 4: Qual é a menina mais feia? Escolha apenas uma.
4.1.5 - PROCESSAMENTO DE DADOS
Para a construção do banco de dados, cada formulário da pesquisa foi
catalogado de acordo com a numeração correspondente à escola. A digitação foi
realizada pela pesquisadora, logo após a coleta em cada escola, com conferência
por uma segunda pessoa.
O programa utilizado para digitação e processamento do dados foi o SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) versão 11.0.
4.1.6 MÉTODO ESTATÍSTICO
A análise dos dados foi realizada através de técnicas de estatística descritiva
e inferencial.
A técnica de estatística descritiva permitiu-nos a obtenção de distribuições
absolutas e percentuais univariadas e bivairadas.
Através da técnica estatística inferencial, foram utilizados os testes Qui-
quadrado de independência, Qui-quadrado de igualdade de proporções ou de
homogeneidade e o Exato de Fisher, com nível de significância de 5%.
4.2 - ABORDAGEM QUALITATIVA
O método qualitativo baseia-se na filosofia naturalista e visa explicar a
realidade por meio de conceitos, comportamentos, percepções e avaliações das
pessoas (ESTRELA, 2001).
A finalidade dessa etapa da pesquisa foi aprofundar os resultados da etapa
quantitativa, verificando-se quais os motivos que levaram as crianças a
manifestarem suas preferências e rejeições pelos diferentes tipos faciais.
4.2.1 - SELEÇÃO DA AMOSTRA
A fim de não desvincular as etapas quantitativa e qualitativa do estudo, a
amostra qualitativa foi selecionada a partir da primeira, constituindo-se em uma
porção desta. Assim, foram selecionadas crianças com 10 anos de idade, de
ambos os sexos, nas redes pública e particular de ensino, matriculadas no ano de
2004, que haviam participado da etapa quantitativa da pesquisa. Adotou-se a
amostragem por saturação, aquela na qual o pesquisador fecha o grupo quando,
após as informações coletadas com um determinado número de sujeitos, novas
entrevistas passam a apresentar conteúdo repetitivo (TURATO, 2003).
4.2.2 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A programação da etapa qualitativa teve com base, os achados da fase
quantitativa do estudo. As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora
individualmente, em local reservado, apenas com a presença da pesquisadora
e da criança.
Todas as entrevistas foram gravadas em fita K7 para posterior transcrição,
cada uma, com duração de cerca de 10 minutos.
Nessa etapa, as mesmas cartelas fotográficas da fase quantitativa do
estudo foram apresentadas e o roteiro de perguntas foi adaptado (Quadro 3).
Caso a criança respondesse de forma pouco elucidativa ou não respondesse ao
porquê da escolha, outras perguntas eram feitas com o objetivo de estimular a
criança para falar de sua escolha.
Contexto de amizade
Qual dessas crianças você prefere para ser seu amigo? Por quê? Fale 3 coisas que você gostou mais nessa criança O que essa criança tem que lhe fez escolher para sua
(seu) amiga(o)? Qual dessas crianças você não queria para ser seu
amigo? Por quê? O que você não gostou nela? Fale 3 coisas que você não gostou nessa criança.
Contexto de agressividade
Uma dessas crianças é muito agressiva. Bate nos colegas e vive arrumando confusão. Qual você acha que é?
Por quê você achou que era essa? O que fez você achar essa mais agressiva que as outras? Como é a cara de uma pessoa agressiva?
Contexto de inteligência
Uma dessas crianças é muito inteligente. Tudo que a professora explica ela entende bem rápido. Ela tira muitas notas altas. Adivinhe qual é.
Por quê você achou que era essa? Uma dessas crianças não é inteligente. Tudo que a
professora explica ela não entende. A professora explica várias vezes a mesma coisa e mesmo assim ela só tira notas baixas. Adivinhe qual é.
Por quê você achou que era essa? O que fez você achar ... Como é a cara de alguém ... O que essa criança tem que a faz parecer ....
Contexto de beleza
Qual desses meninos (só os meninos) você acha mais bonito*?
Porque? Qual desses meninos (só os meninos) você acha mais
feio? Porque? O que é bonito (feio)nele... Fale 3 coisas ... Idem para meninas
*ou menos feio (a), quando a criança não queria apontar um bonito, fato
comumente observado no estudo piloto.
Quadro 3 - Roteiro da entrevista da etapa qualitativa da pesquisa
A transcrição das gravações foi feita pela pesquisadora de acordo com as
normas para transcrição (Quadro 4).
Ocorrências Sinais Exemplificação Incompreensão de palavras ou segmentos
( ) Do nível de renda... ( )
nível de renda nominal...
Hipótese do que se ouviu (hipótese) (estou) meio preocupado
(com o gravador)
Truncamento (havendo homografia, usa-se acento indicativo da tônicae/ou timbre)
/
e comé/ e reinicia
Entoação enfática maiúsculas Porque as pessoas reTÊM moeda
Prolongamento de vogal e consoante (como s, r)
:: podendo aumentar para :::: ou mais
ao emprestarem os...
éh::: ...o dinheiro
Silabação - Por motivo tran-sa-ção
Interrogação ? e o Banco... Central... certo?
Qualquer pausa
...
São três motivos...ou três razões...que fazem com que se retenha moeda... existe uma... retenção
Comentários descritivos do transcritor
((minúsculas)) (( tossiu))
Comentários que quebram a seqüência temática da exposição; desviu temático
-- --
...a demanda de moeda --
vamos dar essa notação --
demanda de moeda por motivo
Superposição, simultaneidade de vozes
ligando as
linhas
A. na casa da sua irmã B. sexta-feira?
A. fizeram lá... B. cozinharam lá?
Indicação de que a fala foi tomada ou interrompida em determinado ponto. Não no seu início, por exemplo.
(...)
(...) nós vimos que existem...
Citações literais leituras de textos, durante a gravação
‘’ ‘’
Pedro Lima... ah escreve na ocasião... “O cinema falado em língua estrangeira não precisa de nenhuma baRREIra entre nós”...
Quadro 4 – Normas utilizadas para a transcrição das entrevistas
Fonte: A Linguagem Falada Culta na Cidade de São Paulo, Preti & Urbano (1986).
Os dados obtidos, no formato das transcrições, foram trabalhados para a
identificação da opinião das crianças através da análise de conteúdo temática
descrita por MINAYO (1999 ).
Segundo a autora, a análise temática consiste de uma técnica interpretativa
que procura descobrir os núcleos de sentido que compõem a comunicação, cuja
presença ou freqüência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado.
Essa análise tem enfoque quantitativo-qualitativo. Quantitativamente, encaminha-
se para a contagem de freqüência das unidades de significação para definir o
caráter do discurso; e qualitativamente, investiga-se a presença de determinados
temas, denotam-se valores de referência e modelos de comportamento presentes
no discurso.
De acordo com a autora, a análise temática desdobra-se em 3 etapas: pré-
analise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e
interpretação.
A Pré-análise
Os objetivos da pré-análise são a escolha das entrevistas a serem
analisadas; a retomada e a confirmação dos objetivos iniciais; e a elaboração de
indicadores para orientação da interpretação final. Esses objetivos foram
realizados em duas etapas:
Leitura flutuante: é o contato exaustivo com o material de investigação, no
qual o investigador deixa-se impregnar pelo seu conteúdo. Todas as
entrevistas transcritas foram lidas diversas vezes e comparadas, com a
intenção de se aprofundar em seus conteúdos.
Constituição do corpus: é a organização do material de forma a preencher
os seguintes pré-requisitos:
o Exaustividade: a pesquisadora conferiu se o material coletado
contemplava todos os aspectos levantados no roteiro, ou seja, se
todas as questões foram respondidas pelas crianças de forma
satisfatória para análise.
o Representatividade: a pesquisadora conferiu se havia número
suficiente de crianças no que diz respeito ao sexo do entrevistado, e
à rede de ensino a que pertenciam, indicando que o material
representava todo o universo pretendido.
o Homogeneidade: o conteúdo foi analisado no sentido de se verificar
se as entrevistas haviam sido conduzidas de forma criteriosa. Se a
criança havia compreendido bem e respondido a todas as perguntas,
se não havia sido cometida nenhuma condução indesejável de
respostas ou fuga ao tema proposto no momento da coleta.
o Pertinência: a pesquisadora realizou nova conferência de todo o
material para avaliar se estavam adequados aos objetivos da
pesquisa.
Ao final da pré-análise, após toda avaliação do material coletado, foi
confirmado o objetivo da fase qualitativa da pesquisa: verificar quais os motivos
que levaram as crianças a manifestarem suas preferências e rejeições pelos
diferentes tipos faciais, determinando suas escolhas na fase quantitativa do
estudo.
A exploração do material
Essa etapa consiste, basicamente, da operação de codificação do
conteúdo. Transformam-se os dados brutos, a fim de alcançar o núcleo de
compreensão do texto. Com esse objetivo, foi feito o recorte do texto em unidades
de registro, ou seja, as transcrições foram trabalhadas através do destaque de
palavras e frases, tanto no sentido de repetição como no destaque significativo
dos termos. Procedeu-se também à classificação e agregação dos dados, ou seja,
as palavras e frases mais repetidas ou mais enfatizadas foram agrupadas em um
quadro para destaque.
A interpretação
Por fim, as informações obtidas foram submetidas a uma triangulação, na
qual, o material coletado foi analisado pela pesquisadora, pela orientadora da
pesquisa e por uma profissional doutorada em psicologia, para confirmação,
enriquecimento e fechamento dos resultados.
4.3 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO PILOTO
O estudo-piloto consiste de um ensaio que tem como objetivo testar e
embasar as estratégias a serem utilizadas na pesquisa principal. Através do
estudo-piloto, a pesquisa principal foi enriquecida, destacando-se como principais
elementos:
a) Validação dos instrumentos de investigação elaborados:
Preparo das pranchas fotográficas: como o trabalho de computação gráfica
proposto foi original, com relação à simulação da aparência frontal das
maloclusões avaliadas, não havia, na literatura, nenhum instrumento
semelhante, tornando-se necessária sua utilização prévia para adequação
de detalhes técnicos. De fato, algumas alterações faciais foram refeitas,
pois observou-se que, em alguns casos, havia sido dado maior ou menor
destaque nas alterações faciais de algumas fotografias, conduzindo, de
certa forma, a escolha das crianças. Assim, o processo de computação
gráfica foi revisto, obtendo-se maior homogeneidade quanto à severidade
das maloclusões.
Forma de apresentação das pranchas fotográficas: inicialmente, foi
planejada a apresentação das pranchas às crianças em conjunto, em sala
de aula. Porém, observou-se que havia uma dificuldade muito grande de se
controlar influência de umas crianças sobre as outras quando da realização
de suas escolhas. Já durante a realização do piloto, houve modificação da
estratégia e as pranchas passaram a ser apresentadas individualmente.
b) Permitir o cálculo de uma amostra significativa da população avaliada: como
não havia estudos anteriores de freqüência na cidade do Recife, relacionados às
questões avaliadas nesta pesquisa, os resultados do piloto serviram como base
para o cálculo da amostra do estudo principal.
A fim de cumprir com seus objetivos, o estudo piloto foi desenhado com
uma amostra de 113 escolares, da mesma faixa etária da pesquisa principal,
matriculados em duas escolas, sendo uma em cada rede de ensino.
Como houve alterações de metodologia após a realização do estudo-piloto,
os dados coletados e os resultados obtidos no referido estudo não foram somados
aos da pesquisa principal.
4.4 - ASPECTOS ÉTICOS
Os princípios fundamentais da bioética foram respeitados durante todas as
etapas da pesquisa.
Para todas as crianças entrevistadas foi solicitada à direção de cada escola
uma autorização de participação (anexo A). Após análise da proposta do estudo, a
diretoria da escola realizava o preenchimento de um certificado de autorização, no
qual eram agendados o dia e o horário mais convenientes à programação escolar
para a realização das entrevistas (anexo B).
Aprovado o estudo, a direção da escola operacionalizava a distribuição das
solicitações para autorização expressa dos responsáveis para a participação das
crianças no estudo. Através desse documento, denominado Consentimento
Informado, os responsáveis eram esclarecidos sobre a natureza e os objetivos da
pesquisa, a fim de que pudessem optar pela autorização da participação das
crianças. Caso os responsáveis autorizassem, as crianças também tinham a
liberdade de optar por sua participação. Na fase quantitativa, por motivo de
operacionalização da pesquisa, dado o grande número de entrevistados, foi
utilizado um consentimento do tipo negativo (anexo C). Na fase qualitativa, o
número mais reduzido de entrevistados permitiu-nos a utilização do consentimento
positivo (anexo D).
Para as crianças que serviram de modelo fotográfico, o mesmo
procedimento de autorização expressa dos pais foi realizado, através de um
documento denominado de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo E).
Também nesse caso, as crianças tiveram a liberdade de optar por sua
participação.
Todo o cuidado foi tomado no sentido de não cometer invasão de
privacidade, exposição a sentimentos indesejáveis e quebra de anonimato. Os
aspectos éticos da pesquisa foram avaliados e aprovados pelo comitê de ética em
pesquisa da UPE (anexo F).
Todos os entrevistados foram tratados de forma semelhante, com respeito,
consideração e gratidão.
5 - RESULTADOS
Os resultados das etapas quantitativa e qualitativa deste estudo, serão
apresentados separadamente.
5.1 - Etapa quantitativa
5.1.1 - Caracterização da amostra
a) A amostra segundo a rede de ensino e a zona de localização
A Tabela 1 apresenta a amostra total segundo o tipo de escola e sua
localização. Simulando a proporção do universo, verifica-se que, amostra tem um
percentual mais elevado de alunos pertencentes à rede pública, quando
comparado à particular. Quanto às zonas de localização norte e sul, a divisão da
amostra é equilibrada, com cerca de metade dos alunos pertencendo a escolas
localizadas em cada uma das referidas zonas.
Tabela 1 – Distribuição da amostra segundo a rede de ensino e a localização da escola Variáveis N % Rede de ensino Pública 526 65,6 Particular 276 34,4 TOTAL 802 100,0 Localização da escola Recife Zona Norte 421 52,5 Recife Zona Sul 381 47,5 TOTAL 802 100,0
O Gráfico 1 mostra o cruzamento dos dados referentes às redes de ensino
e às zonas de localização das escolas. Observa-se que, dentre os quatro grupos
formados, a maior concentração de escolares aparece na rede pública da zona
norte, ficando o menor número representando a rede particular da zona sul.
Pública - Zona Sul
31,0%
Pública - Zona Norte34,5%Particular - Zona
Norte18,0%
Particular - Zona Sul
16,5%
Gráfico 1 – Distribuição percentual da amostra segundo a rede de ensino e a zona de localização da escola
b) A amostra segundo o sexo da criança
A distribuição da amostra, segundo o sexo da criança entrevistada, foi
bastante equilibrada, podendo ser apreciada no Gráfico 2.
Feminino52,4%
Masculino47,6%
Gráfico 2 – Distribuição percentual da amostra, segundo o sexo da criança entrevistada.
5.1.2 - Avaliação do contexto de amizade Na Tabela 2 são apresentados os resultados sobre a preferência e a
rejeição das diferentes faces apresentadas, no contexto de amizade. Desta tabela
destaca-se que a maioria dos pesquisados declarou a preferência pela criança
com face equilibrada. As faces mais rejeitadas neste contexto foram a face longa,
seguida da síndrome de Classe III.
Tabela 2 – Avaliação do contexto de amizade
Variável n % Preferência Face equilibrada (E) 553 68,9 Padrão II (II) 105 13,1 Padrão III (III) 77 9,6 Face longa (FL) 67 8,4 TOTAL 802 100,0 Rejeição Face equilibrada (E) 72 9,0 Padrão II (II) 168 21,1 Padrão III (III) 249 31,2 Face longa (FL) 309 38,7 TOTAL(1) 798 100,0 (1) – Para 4 pesquisados não se dispõe desta informação
a) Avaliação do contexto de amizade segundo o sexo
Sexo da criança avaliada
Na avaliação da preferência declarada para o contexto de amizade,
destaca-se que a menina com face equilibrada foi a preferida (42,6%), seguida do
menino com face equilibrada (26,3%). Observa-se que a preferência pela face
equilibrada nesse contexto independe do sexo. Quanto à rejeição, observa-se que
a face longa é mais apontada em ambos os sexos (Tabela 3).
Tabela 3 – Avaliação do contexto de amizade segundo o sexo da criança avaliada Variáveis n % Preferência como amigo Menino E 211 26,3 Menino II 64 8,0 Menino III 53 6,6 Menino FL 30 3,7 Menina E 342 42,6 Menina II 41 5,1 Menina III 24 3,0 Menina FL 37 4,6 TOTAL 802 100,0 Rejeição como amigo Menino E 44 5,5 Menino II 99 12,4 Menino III 195 24,4 Menino FL 216 27,1 Menina E 28 3,5 Menina II 69 8,6 Menina III 54 6,8 Menina FL 93 11,6 TOTAL (1) 798 100,0 (1) – Para 4 dos pesquisados não se dispõe desta informação.
Sexo da criança entrevistada
Observando-se os dados apresentados na Tabela 4 é possível determinar
que, no contexto de amizade, as crianças entrevistadas de ambos os sexos
apontaram preferência pela face equilibrada. Analisando-se a diferença percentual
entre sexos nessa questão, observa-se que houve maior percepção da harmonia
facial pelas meninas, que associaram mais fortemente a face harmônica à
preferência no contexto de amizade. A diferença percentual de 8,7% indica
associação significante entre sexos em relação a esta questão (p < 0,05).
No item rejeição, a face harmônica foi a menos apontada em ambos os
sexos. Também aqui houve diferença percentual entre os sexos (0,9%), com
maior grau de associação para os meninos. Porém diferença entre os sexos nesse
caso não teve associação significante (p > 0,05).
Tabela 4 – Avaliação do contexto de amizade segundo o sexo da criança entrevistada Sexo Contexto de amizade Masculino Feminino Grupo total Valor de p N % N % N % Preferência E 246 64,4 307 73,1 553 68,9 p (1) = 0,0060* II 55 14,4 50 11,9 105 13,1 III 50 13,1 27 6,4 77 9,6 FL 31 8,1 36 8,6 67 8,3 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0 Rejeição E 36 9,5 36 8,6 72 9,0 p (1) = 0,9733 II 80 21,0 88 21,1 168 21,1 III 119 31,3 130 31,1 249 31,2 FL 145 38,2 164 39,2 309 38,7 TOTAL 380 100,0 418 100,0 798 100,0 (*) – Associação significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Sexo da criança entrevistada e da criança avaliada
Quando se analisa o cruzamento dos dados referentes ao sexo da criança
avaliada e da criança entrevistada (Tabela 5) destaca-se que, quanto à
preferência no contexto de amizade, meninos preferiram meninos e meninas
preferiram meninas.
Já na rejeição, as meninas com faces equilibradas foram as menos
apontadas em ambos os sexos.
Tabela 5 – Avaliação do contexto de amizade segundo o sexo da criança entrevistada e da criança avaliada
Sexo Contexto de amizade Masculino Feminino Grupo total N % N % N % Preferência Menino E 165 43,2 46 10,9 211 26,3 Menino II 46 12,0 18 4,3 64 8,0 Menino III 43 11,3 10 2,4 53 6,6 Menino FL 20 5,2 10 2,4 30 3,7 Menina E 81 21,2 261 62,1 342 42,6 Menina II 9 2,4 32 7,6 41 5,1 Menina III 7 1,8 17 4,1 24 3,0 Menina FL 11 2,9 26 6,2 37 4,6 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0 Rejeição Menino E 22 5,8 22 5,3 44 5,5 Menino II 49 12,9 50 12,0 99 12,4 Menino III 99 26,0 96 23,0 195 24,4 Menino FL 116 30,5 100 23,9 216 27,1 Menina E 14 3,7 14 3,4 28 3,5 Menina II 31 8,2 38 9,1 69 8,6 Menina III 20 5,3 34 8,1 54 6,8 Menina FL 29 7,6 64 15,3 93 11,6 TOTAL 380 100,0 418 100,0 798 100,0
(*) – Associação significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
b) Avaliação do contexto de amizade segundo a rede de ensino
Da Tabela 6 destaca-se que o percentual de crianças que preferiu a face
harmônica foi mais elevado entre os alunos da escola particular do que os alunos
da escola pública (80,1% versus 63,1% respectivamente), havendo diferença
significante entre as redes de ensino para essa questão (p < 0,05).
Em relação à rejeição, ao nível de 5,0% não se comprova diferença
significante entre os dois tipos de escola (p > 0,05).
Tabela 6 – Avaliação do contexto de amizade por rede de ensino Rede de ensino Contexto de amizade Pública Particular Grupo total Valor de p n % n % n % Preferência) E 332 63,1 221 80,1 553 68,9 p (1) < 0,0001* II 81 15,4 24 8,7 105 13,1 III 59 11,2 18 6,5 77 9,6 FL 54 10,3 13 4,7 67 8,4 TOTAL 526 100,0 276 100,0 802 100,0 Rejeição E 54 10,3 18 6,6 72 9,0 p (1) = 0,0961 II 113 21,6 55 20,0 168 21,0 III 150 28,7 99 36,0 249 31,2 FL 206 39,4 103 37,4 309 38,7 TOTAL 523 100,0 275 100,0 789 100,0 (*) – Diferença significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
5.1.3 - Avaliação do contexto de agressividade Analisando-se o contexto de agressividade, verifica-se que a maioria das
crianças entrevistadas (57,9%) apontou a criança Classe III como a mais
agressiva (Tabela 7).
Tabela 7 – Avaliação do contexto agressividade Criança mais agressiva n % E 146 18,2 II 68 8,5 III 464 57,9 FL 124 15,5 TOTAL 802 100,0
a) Avaliação do contexto de agressividade segundo o sexo
Sexo da criança avaliada Quando se considera o sexo da criança avaliada destaca-se que os mais
agressivos corresponderam aos meninos Classe III, totalizando 47,0% da amostra
(Tabela 8).
Tabela 8 – Avaliação do contexto agressividade segundo o sexo Criança mais agressiva n % Menino E 138 17,2 Menino II 60 7,5 Menino III 377 47,0 Menino FL 108 13,5 Menina E 8 1,0 Menina II 8 1,0 Menina III 87 10,8 Menina FL 16 2,0 TOTAL 802 100,0
Sexo da criança entrevistada
Na análise da face mais agressiva, a escolha pela Classe III ocorreu
independentemente do sexo da criança entrevistada, não se observando diferença
significante para essa questão, com o valor de p menor que 0,05 (Tabela 9).
Tabela 9 – Avaliação do contexto de agressividade segundo o sexo da criança entrevistada
Sexo Contexto de agressividade
Masculino Feminino Grupo total Valor de p
(1)
N % N % N % Criança mais agressiva E 73 19,1 73 17,4 146 18,2 p(1) = 0,2375 II 39 10,2 29 6,9 68 8,5 III 217 56,8 247 58,8 464 57,9 FL 53 13,9 71 16,9 124 15,5 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0
(1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Sexo da criança entrevistada e da criança avaliada A análise do contexto da agressividade, considerando-se o cruzamento dos
dados referentes ao sexo da criança entrevistada e da avaliada é apresentada na
Tabela 10. Desta tabela destaca-se que, em ambos os sexos, o maior percentual
de crianças entrevistadas escolheu o menino Classe III como o mais agressivo.
É interessante observar que, apesar da escolha pelo sexo masculino ter
sido marcante nesse contexto, mesmo quando se escolheu o sexo feminino,
houve predominância pela menina Classe III.
Através do teste da Razão de Verossimilhança (p < 0,05), comprova-se a
existência de associação significante entre o gênero e o contexto da hostilidade.
Tabela 10 – Avaliação do contexto de agressividade segundo o sexo da criança entrevistada e da criança avaliada Sexo Contexto de agressividade
Masculino Feminino Grupo total Valor de p
(1)
N % N % N % Criança mais agressiva Menino E 70 18,3 68 16,2 138 17,2 p(1) < 0,0001* Menino II 36 9,4 24 5,7 60 7,5 Menino III 184 48,2 193 45,9 377 47,0 Menino FL 47 12,3 61 14,5 108 13,5 Menina E 3 0,8 5 1,2 8 1,0 Menina II 3 0,8 5 1,2 8 1,0 Menina III 33 8,6 54 12,9 87 10,8 Menina FL 6 1,6 10 2,4 16 2,0 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0 (*) – Associação significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado da Razão da Verossimilhança.
b) Avaliação do contexto de agressividade segundo a rede de ensino
No contexto de agressividade (Tabela 11), observa-se que tanto na rede
pública como na particular, a face Classe III foi a mais relacionada à
agressividade. Porém essa percepção foi mais marcante na rede particular. Ao
nível de significância considerado, existe diferença significante entre os dois tipos
de escola .
Tabela 11 – Avaliação do contexto de agressividade por rede de ensino Rede de ensino Contexto de agressividade
Pública Particular Grupo total Valor de p
n % N % n % Criança mais agressiva
E 98 18,6 48 17,4 146 18,2 p (1) = 0,0149*
II 50 9,5 18 6,5 68 8,5 III 285 54,2 179 64,9 464 57,9 FL 93 17,7 31 11,2 124 15,5 TOTAL 526 100,0 276 100,0 802 100,0 (*) – Diferença significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
5.1.4 - Avaliação do contexto de inteligência
Da Tabela 12, destaca-se que o tipo facial equilibrado foi o mais associado
à inteligência (46,8%) pelo grupo pesquisado e o tipo face longa, o menos
associado (9,1%).
Em relação inversa, quando se procurou avaliar a associação das faces à
característica “menos inteligente”, obteve-se uma confirmação dos achados
anteriores, sendo a face longa a mais citada (51,0%) e a face equilibrada, a menos
apontada na pesquisa (12,0%).
Tabela 12 – Avaliação do contexto de inteligência Variável n % Criança mais inteligente E 375 46,8 II 183 22,8 III 170 21,2 FL 73 9,1 TOTAL(1) 801 100,0 (1) – Para um do pesquisado não se dispõe desta informação. Criança menos inteligente E 96 12,0 II 149 18,6 III 148 18,4 FL 409 51,0 TOTAL(1) 802 100,0 (1) – Para um dos pesquisados não se dispõe desta informação.
a) Avaliação do contexto de inteligência segundo o sexo
Sexo da criança avaliada
Quando se avalia o contexto de inteligência por sexo da criança avaliada
(Tabela 13) destaca-se que, independentemente do sexo, a menina e o menino
portadores de faces equilibradas foram considerados como mais inteligentes
representando 24,1% e 22,7% respectivamente da amostra.
No item menos inteligente, observa-se que houve forte associação com a
face longa, sendo predominante no sexo masculino. Vale ressaltar, porém, que
mesmo havendo menor associação entre a criança menos inteligente e o sexo
feminino, dentre as diferentes aparências faciais femininas, houve predominância
da associação dessa característica com a face longa.
Tabela 13 – Avaliação do contexto de inteligência segundo o sexo da criança avaliada
Variáveis N % Criança mais inteligente Menino E 182 22,7 Menino II 117 14,6 Menino III 112 14,0 Menino FL 18 2,2 Menina E 193 24,1 Menina II 66 8,2 Menina III 58 7,2 Menina FL 55 6,9 TOTAL(1) 801 100,0 (1) – Para um do pesquisado não se dispõe desta informação. Criança menos inteligente Menino E 42 5,2 Menino II 102 12,7 Menino III 117 14,6 Menino FL 327 40,8 Menina E 54 6,7 Menina II 47 5,9 Menina III 31 3,9 Menina FL 82 10,2 TOTAL 802 100,0
Sexo da criança entrevistada
Com relação ao tipo facial considerado mais inteligente apresentado na
Tabela 14, independentemente do sexo da criança entrevistada, houve clara
preferência pela criança com face equilibrada, não se comprovando associação
significante entre os dois sexos em relação à escolha da citada questão para o
nível de significância fixada (p > 0,05).
Na questão sobre o menos inteligente e o sexo da criança entrevistada
também não se comprova associação significante entre as duas variáveis
analisadas (p > 0,05).
Tabela 14 – Avaliação do contexto de inteligência segundo o sexo da criança entrevistada
Sexo Contexto de inteligência Masculino Feminino Grupo total Valor de p N % N % N % Mais inteligente E 179 46,9 196 46,8 375 46,8 p (1) = 0,1539 II 90 23,6 93 22,2 183 22,8 III 87 22,8 83 18,8 170 21,2 FL 26 6,8 47 11,2 73 9,1 TOTAL 382 100,0 419 100,0 801 100,0 Menos inteligente E 46 12,0 50 11,9 96 12,0 p (1) = 0,6307 II 78 20,4 71 16,9 149 18,6 III 68 17,8 80 19,1 148 18,4 FL 190 49,7 219 52,1 409 51,0 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0 (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Sexo da criança entrevistada e da criança avaliada
Na Tabela 15, verifica-se que a predominância da escolha das faces
equilibradas ocorreu da seguinte forma: meninos escolheram meninos, e meninas
escolheram meninas. A associação entre as duas variáveis se mostra significante.
Em relação ao menino menos inteligente, as crianças entrevistadas,
independentemente do sexo, apontaram o menino face longa. Entretanto, a
análise estatística aponta que, quando se consideram as demais escolhas,
comprova-se associação significante entre o sexo e a escolha do menos
inteligente (p < 0,05).
Tabela 15 – Avaliação do contexto de inteligência segundo o sexo da criança entrevistada e da criança avaliada Sexo Contexto de inteligência Masculino Feminino Grupo total Valor de p N % N % N % Mais inteligente Menino E 112 29,3 70 16,7 182 22,7 p (1) < 0,0001* Menino II 68 17,8 49 11,7 117 14,6 Menino III 63 16,5 49 11,7 112 14,0 Menino FL 7 1,8 11 2,6 18 2,3 Menina E 67 17,5 126 30,1 193 24,1 Menina II 22 5,8 44 10,5 66 8,2 Menina III 24 6,3 34 8,1 58 7,2 Menina FL 19 5,0 36 8,6 55 6,9 TOTAL 382 100,0 419 100,0 801 100,0 Menos inteligente Menino E 20 5,2 22 5,2 42 5,2 p (1) = 0,0148* Menino II 61 16,0 41 9,8 102 12,7 Menino III 59 15,5 58 13,8 117 14,6 Menino FL 160 41,9 167 39,8 327 40,8 Menina E 26 6,8 28 6,7 54 6,7 Menina II 17 4,5 30 7,1 47 5,9 Menina III 9 2,4 22 5,2 31 3,9 Menina FL 30 7,8 52 12,4 82 10,2 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0 (*) – Associação significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
b) Avaliação do contexto de inteligência segundo a rede de ensino
Na escolha da criança mais inteligente (Tabela 16), observa-se que tanto na
rede pública como na particular, a face equilibrada foi a mais relacionada à
inteligência e a face longa, foi a mais relacionada à falta de inteligência. Apesar
de, em ambas as redes, se observar que a maioria das crianças expressou essa
opinião, essa percepção foi mais marcante na rede particular, com percentual
19,5% mais elevado. Além disso, avaliando-se as escolhas pelos outros tipos
faciais, também se observam diferenças percentuais marcantes entre as redes
escolares, levando-se à constatação estatística de que existe diferença
significante entre os dois tipos de escola em relação à escolha da criança mais
inteligente (p < 0,05).
Tabela 16 – Avaliação do contexto de inteligência segundo a rede de ensino Rede de ensino Contexto de inteligência Pública Particular Grupo total Valor de p n % N % n % Mais inteligente E 211 40,1 164 59,6 375 46,8 p (1) < 0,0001* II 131 24,9 52 18,9 183 22,8 III 123 23,4 47 17,1 170 21,2 FL 61 11,6 12 4,4 73 9,1 TOTAL 526 100,0 75 100,0 801 100,0 Menos inteligente E 83 15,8 13 4,7 96 12,0 p (1) < 0,0001* II 89 16,9 60 21,7 149 18,6 III 105 20,0 43 15,6 148 18,4 FL 249 47,3 160 58,0 409 51,0 TOTAL 526 100,0 276 100,0 802 100,0 (*) – Diferença significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
5.1.5 - Avaliação do contexto de beleza
Nesse contexto, a avaliação foi feita, desde o início, isolando-se o sexo da
criança avaliada. Essa diferenciação foi planejada com o intuito de nos permitir a
análise da opinião de todas as crianças entrevistadas a respeito de suas
preferências estéticas para o sexo masculino e feminino.
a) Avaliação das imagens das crianças do sexo masculino
A Tabela 17 apresenta os resultados da avaliação da harmonia facial no
contexto de beleza. Nesse item destaca-se que a preferência estética pela face
harmônica foi marcante, para o sexo masculino, com um percentual de escolha
correspondendo a 55,4% da amostra. Com relação à escolha do menino mais feio,
verifica-se que a face mais citada foi a Classe III, com 41,9% da amostra.
Tabela 17 – Avaliação do contexto de beleza para o sexo masculino Variáveis n % Menino mais bonito E 444 55,4 II 256 32,0 III 75 9,4 FL 26 3,2 TOTAL (1) 801 100,0 (1) – Para um do pesquisado não se dispõe desta informação. Menino mais feio E 31 3,9 II 162 20,2 III 336 41,9 FL 273 34,0 TOTAL 802 100,0
b) Avaliação das imagens das crianças do sexo feminino
Na Tabela 18, são observados os resultados da avaliação das faces
femininas no contexto de beleza. Nesta tabela destaca-se que a face equilibrada
foi considerada a mais bonita em 61,7% da amostra.
Quanto à menina mais feia verifica-se que não houve uma predominância
marcante por nenhum tipo de desarmonia. Porém os dados revelam com clareza,
que a face menos citada foi a equilibrada, com apenas 4,1% da amostra.
Tabela 18 – Avaliação do contexto de beleza para o sexo feminino Variáveis n % Menina mais bonita E 495 61,7 II 135 16,8 III 43 5,4 FL 129 16,1 TOTAL 802 100,0 Menina mais feia E 33 4,1 II 217 27,1 III 275 34,3 FL 277 34,5 TOTAL 802 100,0
c) Avaliação das imagens das crianças de ambos os sexos, segundo o sexo
da criança entrevistada
No contexto de beleza (Tabela 19), observa-se que tanto os meninos como
as meninas escolheram a face equilibrada como a mais bonita, para meninos e
para meninas.
É interessante destacar que o menino considerado mais feio foi o Classe III,
para ambos os sexos. Já a menina considerada mais feia, foi a Classe III, quando
avaliada pelos meninos, e a face longa, segundo a avaliação das meninas.
É possível verificar que nas diferentes faces apresentadas, houve
diferenças percentuais variadas, entre as opiniões das meninas e dos meninos. Ao
nível de significância de 5,0% comprova-se associação significante entre gênero
com cada uma das variáveis: menino mais bonito e menina mais feia.
Tabela 19 – Avaliação do contexto de beleza segundo o sexo da criança entrevistada Sexo Contexto de beleza Masculino Feminino Grupo total Valor de p N % N % N % Menino mais bonito E 206 53,9 238 56,8 444 55,4 p (1) = 0,0011* II 110 28,8 146 34,8 256 32,0 III 47 12,3 28 6,7 75 9,4 FL 19 5,0 7 1,7 26 3,3 TOTAL 382 100,0 419 100,0 801 100,0 Menino mais feio E 19 5,0 12 2,9 31 3,9 p (1) = 0,0526 II 89 23,3 73 17,4 162 20,2 III 154 40,3 182 43,3 336 41,9 FL 120 31,4 153 36,4 273 34,0 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0 Menina mais bonita E 225 58,9 270 64,3 495 61,7 p (1) = 0,1601 II 63 16,5 72 17,1 135 16,8 III 26 6,8 17 4,1 43 5,4 FL 68 17,8 61 14,5 129 16,1 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0 Menina mais feia E 13 3,4 20 4,8 33 4,1 p (1) = 0,0415* II 113 29,6 104 24,8 217 27,1 III 141 36,9 134 31,9 275 34,3 FL 115 30,1 162 38,6 277 34,5 TOTAL 382 100,0 420 100,0 802 100,0 (*) – Associação significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
d) Avaliação do contexto de beleza segundo a rede de ensino
No contexto da aparência (Tabela 20) destaca-se que na avaliação da
escolha das crianças para:
a) menino mais bonito: apesar de ambas as redes de ensino apontarem
preferencialmente a face equilibrada como a mais bonita, houve percentual
de escolha mais elevado entre os alunos da escola particular (62,3%
versus 51,8%). Ao nível de 5,0% existiu diferença significante entre as duas
redes de ensino em relação à questão.
b) menino mais feio: para esse item, não se verificam diferenças percentuais
elevadas entre os dois tipos de escola e não se comprova diferença entre
as duas redes de ensino (p > 0,05).
c) menina mais bonita: verifica-se que o percentual de escolha pela menina
com face equilibrada foi bem mais elevado entre os alunos da escola
particular do que pública (78,3% versus 53,0%) e comprova-se diferença
significante entre as escolas pública e particular em relação aos resultados
da questão (p < 0,05).
d) menina mais feia: nesse item, podem ser observadas diferenças
percentuais em quase todos os tipos de faces, que se revelaram
significantes entre os dois tipos de escola em relação à referida escolha (p
< 0,05).
Tabela 20 – Avaliação do contexto de beleza por rede de ensino Rede de ensino Contexto de beleza Pública Particular Grupo total Valor de p N % N % N % Menino mais bonito E 272 51,8 172 62,3 444 55,4 p (1) = 0,0208* II 177 33,7 79 28,6 256 32,0 III 55 10,5 20 7,3 75 9,4 FL 21 4,0 5 1,8 26 3,3 TOTAL 525 100,0 276 100,0 801 100,0 Menino mais feio E 19 3,6 12 4,4 31 3,9 II 112 21,3 50 18,1 162 20,2 p (1) = 0,6702 III 215 40,9 121 43,8 336 41,9 FL 180 34,2 93 33,7 273 34,0 TOTAL 526 100,0 276 100,0 802 100,0 Menina mais bonita E 279 53,0 216 78,3 495 61,7 p (1) < 0,0001* II 107 20,3 28 10,1 135 16,8 III 38 7,2 5 1,8 43 5,4 FL 102 19,4 27 9,8 129 16,1 TOTAL 526 100,0 276 100,0 802 100,0 Menina mais feia E 32 6,1 1 0,4 33 4,1 p (1) < 0,0001* II 151 28,7 66 23,9 217 27,1 III 182 34,6 93 33,7 275 34,3 FL 161 30,6 116 42,0 277 34,5 TOTAL 526 100,0 276 100,0 802 100,0 (*) – Diferença significante ao nível de 5,0%. (1) – Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
5.2 - Etapa qualitativa
5.2.1 - Caracterização da amostra
Como foi exposto na metodologia, a amostra da etapa qualitativa foi
selecionada a partir da amostra quantitativa deste estudo, constituindo-se em uma
porção desta.
Duas escolas participantes da etapa quantitativa desta pesquisa foram
sorteadas, sendo uma pública e uma particular.
Através do método de seleção de amostragem por saturação, as entrevistas
foram realizadas de forma que o número de participantes foi considerado fechado
quando, após as informações coletadas com um determinado número de sujeitos,
novas entrevistas passaram a apresentar conteúdo repetitivo.
O número total de crianças entrevistadas foi quinze. Dez crianças
pertenciam à rede pública, das quais seis eram do sexo feminino e três do
masculino. Cinco crianças pertenceram à rede particular de ensino, das quais três
eram do sexo feminino e duas, do masculino.
É interessante ressaltar que não se observou diferença no padrão de
justificativas apresentadas pelas crianças, quando se avalia o sexo e a rede
pública envolvida. No entanto, verificou-se clara diferença com relação ao maior
esclarecimento e detalhamento das opiniões emitidas pelas crianças da rede
particular de ensino (Quadro 5)
Pergunta Resposta da criança da rede pública
Resposta da criança da rede particular
Por que você escolheu essa criança para ser sua amiga?
“Porque tem uma cara...um rosto...é mais alegre....assim, mais feliz...”
“Porque, pela carinha, parece que ela é mais amigável...”
Por que você está achando tão difícil escolher um amigo?
“Sei lá...” ”Não posso escolher um amigo só pela aparência, tia... qualquer um pode ser legal...”
Por que você achou que esse menino era o mais agressivo?
“Porque o rosto dele é muito mau...o dos outros é muito alegre...” “ Porque está com cara de mau jeito...”
“Tem boca de raiva... como quem quer bater em alguém...”
Por que você achou esse menino o menos inteligente?
“Tem cara de abestalhado...”
“Porque ele tem o aspecto de uma pessoa que não liga muito para os estudos...” “Eu achei ele muito distraído...”
Quadro 5 – Diferenças na emissão das opiniões entre crianças das redes pública
e particular de ensino.
5.2.2 - Avaliação do contexto de amizade
A preferência e a rejeição das crianças, no contexto de amizade, foram
fortemente relacionadas à estética. As faces harmônicas foram as preferidas e as
crianças escolhiam ou rejeitavam as faces apresentadas, segundo conceitos
próprios de beleza.
“ Porque é mais bonita”
“ Porque eu acho ele muito...muito feio”
Vale salientar que esse dado é nitidamente percebido nos primeiros
contatos, quando inicia a relação interpessoal. Segundo Dion (1973), de acordo
com a primeira impressão, poderá haver maior ou menor facilidade de
aproximação ou até mesmo rejeição social.
Mas, não se pode deixar de levar em consideração que o contrário também
pode ocorrer, ou seja, a criança poderá passar a ver como belas, as pessoas de
que mais gosta, como por exemplo, a mãe, uma professora querida ou um amigo.
Segundo Lee-Manoel et al (2002) existe uma forte correlação entre afeto e
julgamento de atratividade. Assim, a influência afetiva sobre a percepção do outro
ocorre ao longo do tempo, quando os relacionamentos já estão, de certa forma,
estabelecidos.
A maioria das crianças detectou a área facial da desarmonia (boca, dentes
grandes, lábios), confirmando os achados de Eli, Bar-Tal, Kostovetzki (2001). Esse
resultado nos leva a entender a boca e os dentes como traços centrais da
percepção facial, segundo a teoria gestáltica (ASCH,1977).
“É que esse ta mais bonitinho de boca fechada”
A percepção da boca e dos dentes também pode ser destacada, quando as
crianças justificam suas escolhas pelo “sorriso”, pois nenhuma das faces
apresentadas encontrava-se sorrindo, já que as imagens eram de faces em
repouso.
“Porque ela está alegre...”
“Um pouco sorridente...”
“Porque está sorrindo...”
Porém, algumas crianças apontaram, como referência de observação, no
momento da escolha, outros traços, como o cabelo, o penteado, e os olhos. É
interessante notar que apenas o terço inferior da face havia sido modificado e,
portanto, os demais traços permaneceram exatamente iguais no grupo de
imagens apresentadas.
Esse fato pode ser explicado através da psicologia, pela Teoria Gestáltica.
De acordo com Asch (1977), a percepção do conjunto não representa,
simplesmente, a percepção da soma de suas partes. Cada elemento componente
do conjunto interfere, de alguma forma, nos demais. Assim, ao se modificar um
dos elementos faciais, ocorre o comprometimento da percepção da face como um
todo, levando diversas crianças a apontarem outros traços, que não haviam sido
modificados, como a causa de sua aprovação ou rejeição às imagens. Dessa
forma, a maloclusão não compromete apenas uma parte, mas toda a harmonia
facial.
Outro ponto a ser destacado é a identificação da criança com a imagem.
Algumas vezes, as crianças preferiam uma imagem, simplesmente por encontrar
nela algum traço semelhante ao de sua própria aparência, o que fez com que a
imagem lhes parecesse familiar.
“Porque eu achei mais parecida comigo”
É importante destacar a simplicidade com que a maioria das crianças inferiu
sentimentos e intenções a partir da simples observação de uma fotografia.
“Tem o rosto... não sei... é infiel.”
“ Eu achei só de olhar”
“ Tem cara de tristeza... de escrava.”
“Porque eu acho todos legais.”
“Tem cara de chato”.
5.2.2 - Avaliação do contexto de agressividade
Na identificação da criança mais agressiva, houve predominância da
escolha pela face Classe III. A posição protruída da mandíbula, associada, em
alguns casos com a exposição dos incisivos inferiores levou as crianças a uma
leitura de agressividade.
“Cara de mau”
“A expressão do rosto... como se tivesse com raiva de alguma coisa...”
“Cara de raiva”
“Cara de malvado”
“Cara de bravo”
Essa leitura não é aleatória. Quando uma criança está com raiva, ela adota,
instintivamente, algumas expressões bucais, que são automaticamente
compreendidas pelo outro, por serem expressões de caráter não-adquirido ou
não-imitativo. O caráter universal e inato dessas expressões é esclarecido por
Corraze (1982), quando defende que expressões idênticas podem ser observadas
em crianças deficientes visuais.
Segundo Grant (1969) e Darwing (2000) estão associadas à agressão: a
mordedura intencional com o maxilar inferior protruído e a retração do lábio inferior
com ampla exibição dos dentes. Na definição dos autores, tudo se passa como se
os dentes estivessem descobertos, prontos para agarrar ou estraçalhar o inimigo,
embora possa não existir aí a menor intenção de adotar esse procedimento.
Assim, pode-se esperar que uma criança interprete as características da
maloclusão de Classe III, como sinais de agressividade, à primeira vista. Essa
associação ocorre por um processo de “comunicação não-verbal”, apresentado
por Corraze (1982), no qual, mesmo sem a utilização da linguagem falada, os
seres humanos estão em constante comunicação e o sinal emitido por um
indivíduo é suscetível de ser associado à sua atitude.
Ao serem questionados quanto ao por quê da visualização daquela criança
como agressiva, algumas respostas foram enfáticas, demonstrando o quanto a
aparência pode determinar a formação da imagem do outro.
“Porque o rosto dele mostra que ele é”.
É interessante notar que na identificação da criança mais agressiva, a
grande maioria escolheu uma face do sexo masculino, o que pode ser destacado
através do seguinte comentário:
“Porque os meninos são mais agressivos, eu acho.”
Também nesse contexto, a desarmonia do terço inferior da face foi
incorporada ao conjunto e as crianças apontaram, além da boca, os olhos e o
cabelo como pontos de referência na observação da agressividade.
5.2.3 - Avaliação do contexto de inteligência
Nesse contexto, a criança harmônica foi fortemente relacionada
positivamente. A harmonia foi, mais uma vez associada a outras características
positivas, no caso, a inteligência.
Também foi interessante observar o quanto as crianças relacionam a
harmonia facial à idéia de seriedade e bom comportamento.
“Porque eu acho ele mais sério, assim, pra escutar a professora,
entendeu?”
“Porque ta mais séria que as outras”
“Cara de mais comportada, mais arrumadinha”
“É assim, uma pessoa bonita, uma pessoa calma...”
Já a face longa, com lábios entreabertos foi fortemente relacionada à falta
de inteligência.
“Tem cara de uma pessoa que não presta atenção em nada”
“Cara de dúvida”
“Cara de abestalhado”
“Eu achei ele muito distraído”
A face de Classe II também foi bastante citada, porém com uma conotação
diferente. A Classe II foi relacionada não à falta de inteligência, mas ao mau
comportamento na escola.
“Cara de quem fica conversando...”
“Ele tem assim... o aspecto de uma pessoa que não liga muito para os
estudos”
“É muito sapeca”
5.2.3 - Avaliação do contexto de beleza
Na avaliação da beleza, a face harmônica foi destacadamente a preferida, e
as faces Classe III e Longa, as mais rejeitadas.
Algumas crianças foram capazes de perceber que as desarmonias estavam
no terço inferior da face, identificando a boca, o sorriso, os lábios e os dentes
como pontos positivos ou negativos em suas avaliações.
Porém, também nesse contexto, mais uma vez a visão gestáltica fez com
que outros detalhes bastante interessantes fossem destacados, embora, na
verdade, não diferissem de uma imagem para a outra, tais como: orelha,
sobrancelha, cabelo e nariz.
Vale salientar que, embora a criança nem sempre fosse capaz de apontar o
local exato da desarmonia facial, era perfeitamente capaz de diferenciar as faces
harmônicas das desarmônicas, preferindo, na grande maioria das vezes as faces
harmônicas.
6. DISCUSSÃO
6.1 - Avaliação da Hipótese
A hipótese do presente estudo de que haveria influência da aparência
dentofacial sobre a atração interpessoal entre crianças de 10 anos de idade foi
confirmada. A influência foi observada nos quatro diferentes contextos de
julgamento: amizade, inteligência, agressividade e beleza. Esse achado ratifica
aquele encontrado por Shaw (1981), em um estudo semelhante.
A constatação de que a presença de alguns tipos de má oclusão prejudica a
harmonia facial, e que esse prejuízo é perceptível na infância, também ocorreu.
Os resultados deste estudo demonstram que as crianças foram capazes de
diferenciar as situações de harmonia e desarmonia facial ocasionada pela
presença da maloclusão. Além disso, percebe-se a associação da face harmônica
com idéias positivas, como amizade, inteligência e beleza. Esses resultados estão
de acordo com a idéia de que a aparência facial agradável influencia,
positivamente, o primeiro julgamento do indivíduo. SHAW (1981); FERREIRA,
MONTEIRO (1989).
Em contrapartida, observa-se que as crianças além de diferenciarem as
faces harmônicas das desarmônicas, dentre as últimas, alguns tipos faciais foram
especificamente associados a características pejorativas como a falta de
inteligência e a agressividade.
Outro ponto a ser destacado foi a facilidade com que as crianças fizeram
suas escolhas, sem que houvesse questionamentos quanto a outros atributos que
pudessem vir a reforçar o processo de seleção. A força da imagem facial foi
suficiente para que as crianças entrevistadas fizessem suas opções. Esse dado
confirma a idéia de Camino et al (1996), quando afirmam que a formação da
impressão do outro, formada pelo conjunto de avaliações afetivas, morais e
instrumentais, parece ser um fenômeno não somente universal, mas relativamente
rápido. Segundo os autores, freqüentemente com poucos indícios, às vezes um
só, forma-se uma impressão sobre alguém.
Essa forma rápida de julgamento é coerente com a avaliação da criança de
dez anos de idade, realizada por Soifer (1992), quando afirma que, nessa idade o
pensamento da criança tem grande versatilidade, é rápido, agudo e superficial.
A rapidez com que esse processo de formação de impressão ocorre foi
observado na etapa qualitativa deste estudo. As crianças entrevistadas inferiam
qualificações às crianças avaliadas de forma segura, a partir da simples imagem
facial. Esse poder da imagem ficou bem evidente, apresentando-se neste estudo
tal e qual a expressão “está na cara”, comumente utilizada na linguagem falada
para manifestação do óbvio. “Tem cara de mau” ... “Tem cara de chato”.
Apesar da idade das crianças avaliadas neste estudo ter se limitado a dez
anos, a preferência por faces harmônicas foi constatada em idades bem mais
precoces. Rubenstein, Kalakanis, Langlois (1999) em uma pesquisa sobre
percepção facial infantil, observaram que a atração infantil por faces harmônicas
começa muito cedo, já aos seis meses de idade.
A grande importância da constatação dessa influência reside no fato de que
a aparência facial de uma criança pode evocar expectativas a respeito de sua
personalidade e de seu comportamento. Ainda mais relevante para a formação da
personalidade de uma criança é a evidência de que os próprios pais são
influenciados pela aparência de seus filhos. Segundo Adams, LaVoie (1975), os
pais têm expectativas mais favoráveis quanto à personalidade e ao sucesso social
dos filhos mais atraentes.
Os resultados deste estudo também apontam que há maior rejeição por
desarmonias faciais presentes em determinados tipos de maloclusão. Apesar
desses resultados referirem-se à avaliação entre crianças com 10 anos de idade,
outras pesquisas dessa natureza, no qual adultos avaliaram crianças, confirmam
essa tendência. Dumas, Nilsen, Lynch (2001) ressaltaram que os adultos tendem
a formar uma impressão sobre o caráter de uma criança, baseados apenas em
imagens e ressaltaram que a primeira impressão de um adulto sobre uma criança
tende a permanecer, mesmo quando seu desempenho posterior confirme ou
invalide essa impressão.
Vale ressaltar que a visão do adulto, influenciada pela aparência da criança,
pode interferir positiva ou negativamente em seu desenvolvimento. Para Richman,
Eliason (1993) e Colares, Richman (2002), observa-se que maior atenção é
fornecida pelos adultos às crianças com melhor aparência; assim, suas
necessidades são mais prontamente percebidas e respondidas favoravelmente.
Esses resultados coincidem com aqueles encontrados para a avaliação
entre adultos. Eli, Bar-Tal, Kostovetzki (2001) encontraram resultados equivalentes
em um estudo, no qual alterações computadorizadas foram realizadas em
dentições esteticamente agradáveis de indivíduos adultos. Os autores
confirmaram o efeito da aparência dentofacial sobre a interação social.
6.2 - Avaliação do contexto de amizade
Os resultados deste estudo, obtidos para o contexto de amizade, apontam
que quase dois terços das crianças entrevistadas fizeram a escolha pela criança
com face harmônica. Esse padrão se repete no estudo de Dion (1973), com
crianças de 3 a 6 anos de idade e de Shaw (1981), com crianças na mesma faixa
etária desta pesquisa.
Esse dado também é consistente com os estudos de Ramsey, Langlois
(2002), que, apesar de também avaliarem amostras mais jovens, com idades
variando entre 3 e 7 anos, ressaltam a influência da beleza física sobre a
formação da impressão sobre o outro. Partindo-se do princípio avaliado pelos
autores de que as crianças são bastante influenciadas pelo esterótipo “o belo é
bom”, a preferência pelo amigo portador de face harmônica, encontrada neste
estudo, confirma essa influência.
Esse esterótipo foi ratificado na etapa qualitativa deste estudo. Ao serem
questionadas quanto ao por quê de suas escolhas no contexto de amizade, as
crianças eram incisivas... “ Porque é mais bonita”.
A evidente diferenciação feita pelas crianças na escolha pelo amigo, entre
faces harmônicas e desarmônicas alerta para o fato de que, a percepção estética
inicia muito cedo. Apesar de existir uma crença de que a criança constrói seu
senso estético tendo como referência os conceitos dos pais e da mídia,
Rubenstein, Kalakanis, Langlois (1999) demonstraram, através de um estudo
experimental, que esse processo é mais complexo. Segundo os autores, a
preferência pelo harmônico é resultado de um mecanismo central de
processamento de informações no qual, inconscientemente, a criança realiza a
média das diferentes imagens que visualiza, gerando imagens protótipo. Como o
protótipo nada mais é que a média, e a face harmônica é a face que mantém
maior proporcionalidade, a criança, já com seis meses de idade, demonstra
preferência por faces harmônicas, pois, para ela, essas faces são mais familiares
que as desarmônicas. Essa constatação acentua a desvantagem que a criança
portadora de desarmonia facial pode ter na avaliação de seus pares, mesmo antes
destes sofrerem a influência dos adultos.
Avaliando-se a variável “sexo”, este estudo demonstra que, no contexto de
amizade, meninas preferiram meninas e meninos preferiram meninos. Esse
resultado coincide com os resultados de Shaw (1981) para a mesma questão, e é
bastante coerente com a observação de Soifer (1992), quando explica que a
criança, aos dez anos de idade, ainda tende a desprezar o sexo oposto.
Ainda no contexto de amizade, observa-se que as faces portadoras das
maloclusões de Classe III e Face Longa foram as mais rejeitadas. Esse achado
tem relevância no sentido de que a presença de determinadas características
faciais, inerentes a alguns tipos de maloclusão, pode contribuir negativamente
para a formação da imagem do indivíduo portador. Além disso, essas
características poderão vir a se tornar causa de exposição ao ridículo e ao
embaraço. Esse fato foi ressaltado em um estudo de Shaw, Meek, Jones (1980),
em que os autores observaram que aspectos dentários foram apontados como
fatores de motivação na construção de apelidos entre crianças. Segundo os
autores, quanto maior for a gravidade do problema dentário, maior a sua
capacidade de gerar exposição da criança portadora.
A rejeição pelas faces desarmônicas na escolha do amigo também foi
observada por Dion (1973). Segundo a autora, desde cedo a aparência facial
apresenta-se como um sinal de diferenciação social. A forte associação
encontrada neste estudo para essa questão sugere que alguns tipos faciais
podem estar relacionados a características pejorativas, o que pode levar a
problemas de interação social e estigmatização, confirmando a idéia de Dibiase,
Sandler (2001).
6.3 - Avaliação do contexto de agressividade
Os resultados deste estudo demonstraram que mais da metade das
crianças entrevistadas apontaram a criança portadora de maloclusão de Classe III
como a mais agressiva. Nesse contexto, Shaw (1981) encontrou que crianças com
ausência de incisivos foram consideradas as mais agressivas. Vale salientar que
dentre as alterações faciais presentes no estudo do autor, a maloclusão de Classe
III não estava presente.
Esse resultado leva à observação de que algumas variações na morfologia
dentofacial do indivíduo podem gerar interpretações sobre sua personalidade.
Essa particularidade foi ressaltada por Shaw (1981), quando afirma que algumas
variações dentofaciais podem operar como palpites de particulares dimensões de
personalidade, como, por exemplo, a mordida cruzada anterior, presente na
maloclusão Classe III, que pode provocar a atribuição da agressividade.
Esse achado se enquadra nas observações de Grant (1969), Corraze
(1982) e Darwing (2000), quando descrevem que a mordedura intencional com o
maxilar inferior protruído e a retração do lábio inferior com ampla exibição dos
dentes estão associadas à agressão.
A etapa qualitativa deste estudo evidencia essa relação da agressividade
com a face Classe III... “Cara de bravo” ... “Cara de mau”.
É interessante ressaltar que, neste estudo, as crianças portadoras de
maloclusão de Classe II foram as menos relacionadas com o fator agressividade
(8,5%). Esse resultado difere daquele apresentado por Shaw (1981) que observou
serem as faces harmônicas as menos apontadas como propensas a exibir
comportamentos agressivos. Porém esse achado é consistente com a observação
de Cunningham (1999), quando afirma que os indivíduos são freqüentemente
esterotipados devido à aparência facial: portadores de maloclusão de Classe II
podem ser considerados “palermas” ou “estúpidos”, enquanto que portadores de
Classe III são mais percebidos como agressivos.
Ainda no contexto de agressividade, os resultados deste estudo,
considerando-se o gênero da criança avaliada, demonstram que as faces
apontadas como mais agressivas corresponderam à dos meninos Classe III, em
quase metade da amostra. Essa noção de que os meninos apresentam natureza
mais agressiva que as meninas foi ratificada pela opinião das crianças na etapa
qualitativa do estudo... “Porque os meninos são mais agressivos, eu acho.”
É interessante ressaltar que a relação entre agressividade e o sexo
masculino possui embasamento na psicologia, na faixa etária avaliada. Segundo
Soifer (1992), aos dez anos de idade, torna-se notória nas meninas uma maior
tendência para as lágrimas e nos meninos, para a ira.
6.4 - Avaliação do contexto de inteligência
Neste estudo, cerca de metade das crianças pesquisadas apontou a
criança portadora de face harmônica como a mais inteligente. Esses resultados
são compatíveis com aqueles publicados por Shaw (1981). No entanto, para o
contexto de inteligência, o autor não avaliou a opinião infantil e sim a de adultos,
que perceberam como mais inteligentes, as crianças mais atraentes.
A influência da aparência facial da criança sobre a expectativa do adulto em
relação à a capacidade intelectual de crianças também foi observada em um
estudo de Clifford, Walster (1973). Os autores constataram que professores,
avaliando alunos com mesmo desempenho acadêmico, consideraram aqueles
mais atraentes como mais populares e mais inteligentes.
Na etapa qualitativa deste estudo, as crianças justificaram sua escolha pela
criança com face harmônica como mais inteligente, relacionando a harmonia facial
a diversas qualidades positivas, que também eram relacionadas à inteligência...
“Porque eu acho ele mais sério”... “Cara de mais comportada, mais
arrumadinha”... “É assim, uma pessoa bonita, uma pessoa calma...”
Na escolha da criança menos inteligente, apenas 12% da amostra deste
estudo selecionou a face equilibrada. Dentre as desarmonias, é interessante notar
que mais da metade dos pesquisados elegeu a criança portadora de face longa
como a menos inteligente. Essa relação da face longa, com lábios entreabertos,
foi descrita enfaticamente na etapa qualitativa deste estudo... “Cara de
abestalhado”... “Eu achei ele muito distraído”.
Mais uma vez, observa-se a especificidade da associação de determinadas
alterações faciais com algumas características de personalidade. Porém, este
resultado difere do exposto por Cunningham (1999), quando afirma que os
indivíduos portadores de maloclusão de Classe II são freqüentemente
esterotipados como pouco inteligentes.
Na etapa qualitativa deste estudo, a face de Classe II também foi bastante
citada, relacionada não à falta de inteligência, mas ao mau comportamento na
escola... “Cara de quem fica conversando”... “É muito sapeca”...
Já Shaw (1981), na avaliação de adultos, encontrou maior associação entre
a face portadora de lábio leporino, e a criança menos inteligente. Como as demais
alterações simuladas no referido estudo restringiam-se a problemas dentários
menos desfigurantes, esse dado pode sugerir a dedução de que a referida
associação dever-se-ia ao fato de que a referida anomalia era a de maior potencial
gerador de desarmonia facial.
6.5 - Avaliação do contexto de beleza
Os resultados indicaram que, na percepção das crianças, houve marcante
preferência estética sobre fotos de crianças com faces equilibradas, tanto para as
faces de meninos, como de meninas, e rejeição pelas faces desarmônicas. Esses
achados estão de acordo com aqueles apresentados por Shaw (1981).
Entre as desarmonias, no contexto de beleza, as mais rejeitadas foram as
faces portadoras de maloclusões de Classe III e face longa em meninos; e se
distribuíram mais equilibradamente entre todas as alterações, nas meninas. Esses
resultados sugerem, mais uma vez que alguns tipos faciais podem ser mais
rejeitados que outros, levando as crianças portadoras a possíveis problemas de
interação social e estigmatização. Dibiase, Sandler (2001).
6.6 - Avaliação das diferenças entre as redes de ensino pública e particular
Os resultados deste estudo demonstraram que as opiniões emitidas pelas
crianças das diferentes redes de ensino não variaram com relação ao significado
dos conceitos emitidos, e sim na intensidade com que os mesmos foram
expressos. Ou seja, apesar das crianças de ambas as redes emitirem opiniões
semelhantes, na rede particular observou-se um maior nível de concordância entre
as respostas, tornando os resultados mais significativos, quantitativamente.
Essa menor visibilidade dos resultados para a rede pública também foi
observada na fase qualitativa do estudo. No momento das entrevistas, as crianças
da rede pública apresentaram maior dificuldade de compreensão das questões
propostas e de explanação sobre suas opiniões.
Através desse resultado pode-se sugerir que, apesar da idade cronológica
das crianças ser a mesma, o nível real de escolaridade mostrou-se diferente nas
duas redes de ensino avaliadas, com maior desempenho cognitivo para as
crianças da rede particular de ensino.
Aprofundando-se um pouco mais na análise dessa questão, deve-se
considerar que, apesar deste estudo não ter sido realizado com base na renda
familiar das crianças envolvidas, e restringir-se à cidade do Recife, sabe-se que no
Brasil, de modo geral, existe diferença de nível social entre crianças matriculadas
nas redes pública e particular de ensino. Assim, crianças da rede particular,
normalmente possuem níveis sociais mais altos e têm maior acesso a informações
seja por parte dos pais, com melhor grau de formação acadêmica, seja por parte
da mídia, através dos meios de comunicação em geral. Talvez por esse motivo,
essas crianças possam apresentar uma percepção mais desenvolvida e uma
maior capacidade de compreensão e expressão verbal. Porém outros estudos são
necessários para verificação dessa hipótese.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo, através da confirmação da hipótese de que existe
influência da aparência dentofacial sobre a atração interpessoal entre crianças de
10 anos de idade, estimula a investigação de diversas outras hipóteses.
Com relação à metodologia aplicada neste estudo, e considerando-se que o
mesmo baseou-se na avaliação de imagens fotográficas, seria valiosa a
observação de questões semelhantes em situação real, onde as demais
interações sociais estariam ocorrendo naturalmente.
Apesar de diversos autores [MacGregor (1970); Stricker (1970); Dion
(1973); Shaw (1981); Cunningham (1999); Birkeland, Boe, Wisth (2000); Dibiase,
Sandler (2001); Eli, Bar-Tal, Kostovetzki (2001)] advertirem sobre a importância da
necessidade de realização de estudos relacionando os problemas psicológicos e a
presença de maloclusão, observa-se uma carência, na literatura, de pesquisas
voltadas ao aprofundamento dessa questão.
Assim, baseando-se nas citações de Shaw (1981) de que a rejeição pelos
colegas é uma das maiores catástrofes que podem ocorrer na formação da
criança e do adolescente e de que a aparência facial pode evocar julgamentos
sociais desfavoráveis, observa-se a necessidade uma revisão de conceitos quanto
à análise nas necessidades de tratamento ortodôntico.
Os resultados deste estudo apontam para uma ampla avaliação do assunto,
quantitativa e qualitativa, com pesquisas que abordem tanto a magnitude como a
forma com que a influência da aparência facial venha a interferir na auto-estima e
na socialização do indivíduo.
Outra questão a ser aprofundada é a influência do grau de desfiguração
facial da maloclusão, tanto no sentido do tipo de maloclusão envolvida como na
gravidade da mesma. Apesar de MacGregor (1970) ter encontrado, em seu
estudo, que o estresse psicológico do indivíduo é diretamente proporcional ao
grau de desfiguração gerado pela severidade da maloclusão, essa constatação
suscita dados mais precisos e esclarecedores sobre o assunto.
Não menos relevante é o aspecto da grande importância dada à imagem
facial, encontrado nesta pesquisa. Além da atuação sobre a correção ou melhoria
das alterações faciais, o profissional de saúde deve estar atento no sentido de
compreender essa importância, em cada caso, no momento da avaliação de seu
paciente. Há que se considerar que a excessiva preocupação com pequenas
imperfeições estéticas pode estar mascarando outras insatisfações pessoais.
Quando se avalia a imagem facial, fatores diversos como a subjetividade da
beleza, a imposição de padrões estéticos pela mídia e a existência de diferenças
sócio-culturais, não podem ser esquecidos. Assim, um aprofundamento sobre a
questão da supervalorização da imagem corporal em nossa sociedade e de seus
efeitos negativos sobre a formação do indivíduo torna-se importante.
7 - CONCLUSÕES
Após a análise dos dados coletados, pode-se concluir que:
7.1 A aparência dentofacial da criança, aos 10 anos de idade, exerceu
influência significativa sobre a atração interpessoal entre escolares da mesma
idade, tanto na rede de ensino pública como particular; observando-se forte
preferência das crianças pela face harmônica nos contextos sociais de amizade,
inteligência e beleza.
7.2 Houve influência de determinadas desarmonias faciais sobre a
interação social em contextos específicos, destacando-se que:
a) a agressividade foi associada à face desarmônica, em especial,
maloclusão Classe III;
c) a criança menos inteligente foi associada à face desarmônica, em
especial, à síndrome de face longa;
d) as crianças mais feias foram associadas às faces desarmônicas, em
especial às maloclusões de Classe III e face longa.
7.3 Verificou-se associação significativa entre a aparência dentofacial, nos
diferentes contextos, e a variável “sexo da criança entrevistada”, destacando-se
que:
a) as meninas demonstraram maior preferência pela face harmônica no
contexto de amizade;
b) houve associação positiva entre a agressividade e a criança avaliada do
sexo masculino.
7.4. Verificou-se associação significativa entre a aparência dentofacial nos
diferentes contextos, e a variável rede de ensino. Apesar de ambos os grupos
demonstrarem preferência pela face harmônica e visão estereotipada de
determinadas desarmonias, o percentual dessa percepção foi significativamente
mais elevado nas crianças da rede particular de ensino.
7.5. Observou-se que a escolha das crianças nos contextos considerados
baseou-se em critérios estéticos, com inferências incisivas e precisas quanto à
personalidade do outro.
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ANEXOS
ANEXO A FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO – FOP/UPE OFÍCIO S/Nº Camaragibe, 05 de Fevereiro de 2004. Da: Profa. Dra. Maria das Neves Correia Diretora da Faculdade Para: Diretores(as) das Escolas públicas e particulares da cidade de Recife Prezado(a) Diretor(a),
As Cirurgiãs-Dentistas, Priscila Prosini da Fonte e Sandra Maria Delgado Cadena, são alunas do Programa de Pós-Graduação em Odontologia desta Faculdade, área de concentração - Doutorado em Odontopediatria e Mestrado em Saúde Coletiva, respectivamente. Os referidos cursos tem como parte dos requisitos, a elaboração e apresentação de um trabalho de pesquisa inédito.
As pesquisas serão realizadas em escolas públicas e privadas da rede de ensino fundamental da região metropolitana da cidade de Recife/PE, no horário escolar, com crianças na faixa etária de 10 anos a 10 anos e 11 meses, de ambos os sexos, cujos responsáveis concordarem com a participação da criança na pesquisa.
As pesquisas pretendem saber a opinião das crianças sobre a aparência facial, através da apresentação de fotografias de crianças na mesma faixa etária, onde serão feitas algumas perguntas a serem respondidas pelas crianças, o que levará em torno de 10 a 15 minutos, no dia e horário a ser agendado com a diretoria da escola.
Certos de podermos contar com a vossa colaboração, solicitamos de V.Sa. autorização para realização da pesquisa na escola, distribuição do Consentimento Informado para os pais e/ou responsáveis pelas crianças de 10 anos de idade matriculadas nesta rede de ensino e a marcação do dia e horário para aplicação dos formulários da pesquisa. Segue em anexo, Certificado de Autorização da direção da escola e modelo do Consentimento Informado.
Atenciosamente,
_____________________________ Profa. Dra. Maria das Neves Correia
Diretora da Faculdade
ANEXO B DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA PESQUISA Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco – FOP/UPE Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Doutorado em Odontopediatria Nome da Pesquisa: A influência da aparência dentofacial sobre a atração interpessoal de crianças aos 10 anos de idade Responsável pela pesquisa: Doutoranda – Priscila Prosini da Fonte Professora Orientadora da pesquisa: Dra Viviane Colares
CERTIFICADO DE AUTORIZAÇÃO
Autorizo as cirurgiãs-dentistas, Priscila Prosini da Fonte e Sandra Maria Delgado Cadena, do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração - doutorado em Odontopediatria e mestrado em Saúde Coletiva, da Faculdade de Odontologia de Pernambuco – FOP/UPE, a realizarem a pesquisa em um grupo de alunos desta escola, crianças de 10 anos de idade, cujos pais e/ou responsáveis concordarem com a sua participação na pesquisa, com o objetivo de coletar dados para um estudo de Odontologia sobre a aparência facial, nos dias e horários especificados abaixo, previamente planejados pela direção e coordenação do ensino fundamental desta instituição de ensino. Recife, ____ de _______________ de 2004.
_______________________
Diretor(a) da Escola Escola:__________________________________________________________ Data:___________________________________________________________ Horário: ________________________________________________________
ANEXO C DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA PESQUISA Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco – FOP/UPE Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Doutorado em Odontopediatria Nome da Pesquisa: A influência da aparência dentofacial sobre a atração interpessoal de crianças aos 10 anos de idade Responsável pela pesquisa: Doutoranda – Priscila Prosini da Fonte Professora Orientadora da pesquisa: Dra Viviane Colares
CONSENTIMENTO INFORMADO Prezados pais ou responsáveis, somos Cirurgiãs-Dentistas, alunas do Programa
de Pós-Graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia de Pernambuco – FOP/UPE. Faz parte do curso a realização e apresentação de um trabalho de pesquisa sob a orientação de Professores Doutores em Odontologia.
Vamos realizar uma pesquisa na escola, mostrando fotografias coloridas de rostos de crianças com 10 anos de idade, para que o seu filho, filha ou menor que está sob a sua responsabilidade, responda a algumas perguntas, escolhendo para cada uma delas, uma ou mais fotografias que serão apresentadas.
As crianças participarão do estudo no horário escolar e duas pesquisadoras irão mostrar as fotografias e fazer as perguntas, o que levará cerca de 10 a 15 minutos, no dia e horário que a diretoria da escola irá marcar com antecedência.
A pesquisa será realizada em escolas estaduais, municipais e particulares da cidade de Recife, somente com crianças de 10 anos, ou seja, crianças que tenham entre 10 anos e 10 anos e 11 meses.
Os resultados da pesquisa serão importantes para compararmos com estudos de outros países e conhecermos a opinião das crianças brasileiras.
Gostaríamos que o seu filho, filha ou menor que está sob a sua responsabilidade, participasse da nossa pesquisa, pois a opinião dele ou dela será muito importante para nós.
Garantimos tirar qualquer dúvida durante a pesquisa e o direito de desistir em qualquer momento.
Informamos ainda, que não serão reveladas as identidades das crianças pesquisadas, ou seja, seus nomes não irão aparecer em nenhuma parte da pesquisa.
Mesmo conhecendo todos os objetivos, caso não concorde ou não queira que seu filho, filha ou menor sob a sua responsabilidade, participe desta pesquisa, solicitamos que este termo de consentimento informado seja assinado e devolvido na diretoria da escola.
Não autorizo a participação na pesquisa, do (a) menor ____________________ ________________________________________________________________ Recife, ____ de ________________ de ________ _______________________________________________________________
Nome do(a) Responsável pelo(a) menor
________________________________________________________________
Responsável pela pesquisa: Dra. Priscila Prosini da Fonte
telefone para contato: (81)33266523
ANEXO D
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA PESQUISA Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco – FOP/UPE Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Doutorado em Odontopediatria Nome da Pesquisa: A influência da aparência dentofacial sobre a atração interpessoal de crianças aos 10 anos de idade Responsável pela pesquisa: Doutoranda – Priscila Prosini da Fonte Professora Orientadora da pesquisa: Dra Viviane Colares
CONSENTIMENTO INFORMADO Prezados pais ou responsáveis, sou Cirurgiã-Dentista, aluna do Programa de Pós-
Graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia de Pernambuco – FOP/UPE. Faz parte do curso a realização e apresentação de um trabalho de pesquisa sob a orientação de Professores Doutores em Odontologia.
Estamos realizando uma pesquisa na escola, mostrando fotografias de rostos de crianças com 10 anos de idade, para que o seu filho, filha ou menor que está sob a sua responsabilidade, responda a algumas perguntas, escolhendo para cada uma delas, uma ou mais fotografias que serão apresentadas.
No âmbito escolar, na presença da pesquisadora, as crianças vão observar as fotografias e responder perguntas, o que levará cerca de 10 a 15 minutos, no dia e horário que a diretoria da escola irá marcar com antecedência, dentro do horário escolar.
A pesquisa será realizada em escolas públicas e particulares da cidade de Recife, somente com crianças de 10 anos, ou seja, crianças que tenham entre 10 anos e 10 anos e 11 meses.
Os resultados da pesquisa serão importantes para compararmos com estudos de outros países e conhecermos a opinião das crianças brasileiras.
Gostaríamos que o seu filho, filha ou menor que está sob a sua responsabilidade, participasse da nossa pesquisa, pois a opinião dele ou dela será muito importante para nós.
Garantimos tirar qualquer dúvida durante a pesquisa e o direito de desistir em qualquer momento.
Informamos ainda, que não serão reveladas as identidades das crianças pesquisadas, ou seja, seus nomes não irão aparecer em nenhuma parte da pesquisa.
Conhecendo todos os objetivos, caso concorde com a participação de seu filho, filha ou menor sob a sua responsabilidade, nesta pesquisa, solicitamos que este termo de consentimento informado seja assinado e devolvido na diretoria da escola.
Autorizo a participação na pesquisa, do (a) menor ________________________________________________________________________
Recife, ____ de ________________ de ________ ______________________________________________________________
Nome do(a) Responsável pelo(a) menor ______________________________________________________________
Responsável pela pesquisa:Dra. Priscila Prosini da Fonte
telefone para contato: (81)33266523
ANEXO E
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA PESQUISA Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco – FOP/UPE Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Doutorado em Odontopediatria Nome da Pesquisa: A influência da aparência dentofacial sobre a atração interpessoal de crianças aos 10 anos de idade Responsável pela pesquisa: Doutoranda – Priscila Prosini da Fonte Professora Orientadora da pesquisa: Dra Viviane Colares
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezados pais ou responsáveis, vamos realizar uma pesquisa sobre a aparência facial de crianças, na faixa etária de 10 anos a 10 anos e 11 meses, que apresentem um tipo facial equilibrado, ou seja, agradável esteticamente e compará-la com outras três faces que apresentem alterações decorrentes de problemas dentários e/ou esqueléticos.
Guiadas por um questionário, crianças na faixa etária de 10 anos a 10 anos e 11 meses irão relacionar diferentes fotografias de faces de crianças com algumas características emocionais e físicas, como amizade, inteligência, agressividade e beleza.
A pesquisa será realizada em sala de aula, em escolas da rede pública estadual, pública municipal e particular da região metropolitana da cidade do Recife, a serem selecionadas aleatoriamente.
Pesquisas realizadas em outros países sugerem que a presença da má oclusão, por influenciar na harmonia facial, pode afetar, diretamente, a performance diária da criança, sua interação social e o seu bem estar psicológico.
A nossa pesquisa pretende saber a opinião das crianças sobre a imagem facial, verificando se o aspecto facial influencia a atração interpessoal no meio infantil.
Os resultados desse estudo serão importantes para que possamos analisar questões relacionadas aos aspectos psicossociais e à qualidade de vida.
Para realização do nosso trabalho, solicitamos a sua autorização para utilizar a fotografia da documentação ortodôntica inicial do seu filho, filha ou menor pelo qual está responsável, para que sirva de modelo de face equilibrada e possa ser utilizada como instrumento de pesquisa.
Garantimos esclarecer qualquer dúvida durante e/ou após a pesquisa e o direito de desistir em qualquer momento, sem nenhum constrangimento ou prejuízo para o tratamento ortodôntico que está sendo realizado no consultório particular da pesquisadora.
Gostaríamos de solicitar a sua autorização para o uso da imagem fotográfica do(a) menor, de modo que ela possa ser publicada e aparecer em revistas, dissertações, teses, trabalhos e publicações somente da área científica.
Informamos, ainda, que não será revelada a identidade do(a) menor ou do responsável, ou seja, os seus nomes não serão citados em nenhum trabalho ou publicação científica.
Conhecendo todos os objetivos e benefícios da pesquisa, afirmo ter tirado todas as dúvidas sobre o estudo, concordo e autorizo a utilização da fotografia do(a) menor _________________________________________________, bem como a publicação da imagem fotográfica em congressos, trabalhos, dissertações, teses e revistas científicas.
Recife, ____ de _____________ de _______
Nome do(a) Responsável pelo(a) menor
Dra. Priscila Prosini da Fonte – responsável pela pesquisa.
Contato: (81)3462-2657
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