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ÓRGÃO OFICIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Produzido pela Assessoria de Comunicação - Setor de Mídia Impressa - Gabinete do Reitor ANO I, Nº 3 – DEZEMBRO DE 2004 Leia no especial. Anteprojeto da Reforma Universitária Universidade aprova orçamento descentralizado Nesta edição publicamos um encarte especial com a íntegra do anteprojeto de lei que também pode ser acessado no site www.mec.gov.br Abertura de arquivos secretos cria expectativa na sociedade Acesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir para Acesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir para Acesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir para Acesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir para Acesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir para que a história recente do país possa ser melhor compreendida. que a história recente do país possa ser melhor compreendida. que a história recente do país possa ser melhor compreendida. que a história recente do país possa ser melhor compreendida. que a história recente do país possa ser melhor compreendida. Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6

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ÓRGÃO OFICIAL DAUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROProduzido pela Assessoria de Comunicação - Setor de MídiaImpressa - Gabinete do Reitor

ANO I, Nº 3 – DEZEMBRO DE 2004

Leia no especial.

Anteprojeto da Reforma Universitária

Universidade aprovaorçamento descentralizado

Nesta edição publicamos um encarte especial com a íntegra do anteprojetode lei que também pode ser acessado no site www.mec.gov.br

Abertura de arquivos secretoscria expectativa na sociedadeAcesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir paraAcesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir paraAcesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir paraAcesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir paraAcesso a documentos sigilosos da época do regime militar vai contribuir paraque a história recente do país possa ser melhor compreendida.que a história recente do país possa ser melhor compreendida.que a história recente do país possa ser melhor compreendida.que a história recente do país possa ser melhor compreendida.que a história recente do país possa ser melhor compreendida. Pág. 6Pág. 6Pág. 6Pág. 6Pág. 6

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Página 2 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004

Reitor: Aloísio Teixeira – Vice-Reitor: Sylvia da Silveira Mello Vargas – Chefe de Gabinete: João Eduardo do Nascimento Fonseca FORUM DE CIÊNCIA E CULTURA Carlos Antônio Kalil Tannus PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO – PR-1: Pró-reitor: José RobertoMeyer Fernandes - Superintendente: Deia Maria Ferreira dos Santos PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – PR-2: Pró-reitor: José Luiz Fontes Monteiro - Superintendente de ensino: Leila Rodrigues da Silva - Superintendente administrativa:Regina Dantas – PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO – PR-3: Pró-reitor:Joel Regueira Teodósio - Superintendente: Almaísa Monteiro de Souza PRÓ-REITORIA DE PESSOAL – PR-4: Pró-reitor: Luiz Afonso Henriques Mariz - Superintendente:Roberto Antônio Gambine Moreira. PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO – PR-5: Pró-reitor: Marco Antonio França Faria - Superintendente: Alexandre Mendes Nazareth SUPERINTENDÊNCIA GERAL DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS - SG-6 - Superintendente: MiltonFlores PREFEITURAUNIVERSITÁRIA–UFRJ:Prefeito:HéliodeMattosAlves JORNALDAUFRJÉUMAPUBLICAÇÃOMENSAL DO SETOR DE MÍDIA IMPRESSA, DA ASSESSORIADECOMUNICAÇÃODAUNIVERSIDADEFEDERALDORIODEJANEIRO–AssessordeComunicação:Fernando Pedro Lopes – Av. Brigadeiro Trompovsky, s/n. Prédio da Reitoria, 2o andar - Cidade Universitária - Ilha do Fundão. - CEP 21941-590 - Rio de Janeiro - RJ. Telefones: (21) 2598 1621 - 2598 1894 Fax: (021) 2598 1605 - [email protected]. – Editora/JornalistaResponsável: Geralda Alves ([email protected]) - Chefe de Pauta: Geralda Alves - Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Claudio Camillo - Ilustração: Cláudio Duarte - Redação e Reportagem: Geralda Alves, Ilza Santos e Coryntho Baldez - Estagiários: Gilda Moll, LianaFernandes, Lucas Bonates e Nathália de Oliveira - Fotografia - Gabriela d’Araujo - Revisão: Daniele Robert - Secretaria: Maria do Carmo Mendes. IMPRESSO NA GRÁFICA JOSELIA.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

OP I N I AO

E D ITOR IAL

Luiz Marinho *

Uma sociedade efetiva-mente democrática e justadepende da concessão, peloEstado, de direitos elementa-res a toda a população. A edu-cação pública, gratuita e dequalidade em todos os seusníveis é um destes direitos.Assim, para nós, da CentralÚnica dos Trabalhadores, aReforma Universitária queestá sendo elaborada pelo go-verno federal deve levar emconta, além da qualidade e daampliação de vagas nas ins-tituições públicas de ensinosuperior, a democratizaçãodo acesso e da permanênciade estudantes. Esta é umabandeira histórica da CUT,uma vez que as camadas so-ciais menos favorecidas es-tão alijadas do ensino, espe-cialmente o de 3º grau.

Para a CUT, a Reformaprecisa ter como princípionorteador a recuperação e a

É preciso um projetonacional de educação

valorização das universidadespúblicas e a formação iniciale continuada dos trabalhado-res em educação. Além disso,deve reverter a mercantiliza-ção do ensino superior e con-cretizar a construção de umSistema Nacional do EnsinoSuperior, que englobe a educa-ção superior pública e priva-da. É preciso que seja debati-do também o que se pretendecom a educação superior, quaisseus objetivos e que funçãodeve cumprir. A Central enten-de que só um projeto nacionalde educação, forjado em alicer-ces democráticos, poderá al-cançar resultados efetivos deinclusão e desenvolvimento.

E é nesse contexto que aexpansão de vagas deve estarvoltada. Para nós, esta ampli-ação deve ocorrer prioritaria-mente nas universidades pú-blicas e pode se dar através daabertura de cursos noturnos,assim como na reorganizaçãodos currículos e melhor apro-veitamento dos espaços físicos.A reserva de vagas para alu-nos oriundos de escolas públi-cas, para afro-descendentes eindígenas significa um avanço,pois contribuiu com a demo-cratização do acesso. No en-

tanto, avaliamos que é precisoavançar para que as cotas se-jam por turnos e por curso,para que esta fatia de estudan-tes possa ocupar também cur-sos considerados de elite, comomedicina, engenharia e arqui-tetura. Mas, embora conside-re pertinente a política de co-tas do ponto de vista de políti-ca afirmativa, ela deve ser con-siderada transitória. Para nós,o esforço do governo deve seconcentrar em universalizaçãodo acesso para todos.

Por fim, é preciso deixar re-gistrado o avanço conquista-do pelo movimento sindicalbrasileiro, que foi incluído peloMinistério da Educação no de-bate e na redação final do an-teprojeto de lei da ReformaUniversitária, o que significaque o governo reconhece a le-gitimidade das organizaçõesde trabalhadores como atorese interlocutores para a cons-trução de uma proposta demo-crática, que leve em conside-ração suas demandas histó-ricas e que seja um dos cami-nhos para um País verdadei-ramente cidadão e justo

* Presidente Nacional da [email protected]

A reserva devagas significaum avanço

O TEMPO

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança,fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansare entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,com outro número

e outra vontade de acreditarque aqui para diante vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade

Feliz 2005!

O poema de Drummond, OTempo, que transcrevemos nestapágina, nos fala do “milagre” da re-novação com a passagem para umnovo ano: “com outro número e avontadedeacreditar quedaqui parafrentevai serdiferente”.Emboranãoseja nossa vocação acreditar emmilagres, a virada para 2005 sinali-za substantivas mudanças, muitasdelas fruto de um esforço coletivorealizadonaUniversidade.Pela pri-meira vez em sua história, a UFRJentra o ano com um projeto orça-mentário construído com a partici-pação de todas as suas unidades.Inaugura-se uma descentralizaçãona aplicação de recursos a seremliberados pelo MEC, reservando-se R$ 16 milhões da rubrica OutrosCusteios e Capital a serem admi-nistrados pelas próprias unidades edecanias, as quais discutirão emseus órgãos colegiados as priori-dadesaseremcontempladas.Essaé uma mudança de postura que fa-voreceo fortalecimento deumacul-turadeplanejamentoeprincipalmen-te, estimula um processo de rompi-mento com a fragmentação institu-cional ainda existente naUFRJ.

Ao mesmo tempo em que pen-samos o futuro, estamos nos liber-tandodeamarras dopassado, pas-sivos de dívidas acumuladas poranos. É o caso de recente acordocom a Light, em que negociaçõespermitiram reduzir deR$24milhõespara R$18 milhões a dívida comesse fornecedor e finalmente, sal-dá-la quase integralmente, aindaneste mês de dezembro. Na mes-maoportunidade, firmou-seumTer-mo de Cooperação com esta em-presa, através do qual R$ 10 mi-lhões serão aplicados a fundo per-dido, no período de dois anos, emobras que visam a eficiência ener-

gética de prédios dos campi. É umsalto de qualidade na relação comeste fornecedor. Nesta mesma edi-ção do Jornal da UFRJ, trazemostambémagrata notícia deoutro acor-do, desta vez com a Petrobras; que,ao realizar obras para a construçãode um novo Centro de Pesquisas naIlha do Fundão (o Cenpes II), investi-rá R$ 8 milhões, ao longo de doisanos, em atividades de pesquisa,ensinoeextensão realizadasemcon-junto com a UFRJ.

Um Suplemento Especial divul-ga oAnteprojeto de Lei da ReformadaEducaçãoSuperior para o debatecom a comunidade. Sem dúvida,muita polêmica se anuncia, e a uni-versidadeéumdos interlocutorespri-vilegiadosneste diálogo comasocie-dade, já que as Instituições PúblicasdeEnsinoSuperior são responsáveispor oferecer um ensino gratuito, dequalidade, voltado para a inclusãosocial e a cidadania, conforme pro-pósitos explicitados nodocumento.

Se não devemos fazer previsõespara 2005 baseadas na ocorrênciademilagres, podemosassegurar, ba-seadosnestessinaisdemudançaas-sinalados, que a UFRJ vem assu-mindo seu compromisso com a ma-nutençãodaqualidadedoensino.Doisbreves registros, um do presente eoutro para o futuro confirmam estaperspectiva:aavaliaçãoCAPES2004revelou que ampliamos a participa-ção de nossos cursos de pós-gradu-ação com conceitos seis e sete emrelaçãoaoconjuntodosistema;epara2005,doorçamentodeR$67milhõesdo MEC para a Universidade, R$ 13milhões serão dedicados abolsas deestudoparaalunosdegraduação,umacréscimo de 237,5%.

No mais, é acreditar, como dizDrummond, quedaqui pra frente tudovai ser diferente.

Vontades e milagres

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ Página 3OP I N I AO

Marcos Formiga*

A experiência internacional tem de-monstrado que a educação de qualidadedispensa o rigor da lei, na medida emque se fortalece o sistema de avaliação.No Brasil constata-se que quanto maisse legisla, mais complexa fica a situa-ção. A reforma do ensino superior de-veria começar pela redução da quanti-dade de leis para que o sistema educa-cional possa funcionar sem burocracia.

Faz-se necessário lembrar que, des-de 1968, convivemos com uma reformaque nada ou pouco contribuiu para a con-solidação de um sistema de educaçãosuperior brasileiro. A estrutura que aíestá não atende às necessidades míni-mas da Sociedade da Informação e doConhecimento.

A indústria, por meio da CNI (Con-federação Nacional da Indústria), apre-sentou ao ministro da Educação, Tar-so Genro, no mês passado, um docu-mento analítico com a identificação dedesafios e propostas para a reforma.É uma contribuição aberta à discus-são, mas que aponta para uma ques-tão consensual: a autonomia univer-sitária. Sem ela, a reforma, mais umavez, será frustrada.

Compreende-se por autonomia umpoder atribuído a uma instituição, oque não significa liberdade absoluta,conforme a Carta Magna das Univer-sidades (Bologna, 1988). É um bene-fício à sociedade e não à instituição.Também não é soberania, mas resultaem ônus, representado pela avaliação

Prezados colegas da Assessoria deComunicação

Primeiramente gostaria de parabe-nizá-los pela excelente qualidade doJornal da UFRJ (Qualidade em con-teúdo e forma). A última edição, de ou-tubro , trouxe subsídios importantíssi-mos para melhor conhecimento, porparte de nossa comunidade acadêmi-ca, da importância das discussões doPlano Diretor. Momento fundamentalnesta busca de (re)definições dos ru-mos de nossa universidade.

Para a matéria UFRJ abre suas por-tas, dei uma pequena e rápida entre-vista (por telefone) ao jornalista destaAssessoria e gostaria de fazer uma cor-reção importante.

Foi publicado o seguinte texto : (...)Eapenas em 1972, a Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro foi inauguradaoficialmente pelo então general-presi-dente , Ernesto Geisel.

O correto é : “E apenas em 1972,a CIDADE UNIVERSITÁRIA da Uni-versidade Federal do Rio de janei-ro foi inaugurada oficialmente peloentão general-presidente MÉDICI.”

Como a entrevista foi dada por te-lefone, pode ser que tenha havido “ruí-do” entre as informações. De qualquerforma, gostaria muito de que tal retifi-cação fosse registrada.

No mais, reitero os parabéns aequipe de produção e coloco-me sem-pre à disposição para contribuir com oque for necessário.

Um abraço a todos,Antonio José Barbosa de Oliveiracoordenador de Extensão do CCS-UFRJ

Prezada Geralda,

Quero agradecer pela matéria doIPUB. Ficou ótima, Parabéns pelo Jornal,ele está com um layout legal e com maté-rias mais densas. Achei o formato bom.

Gláucia Aguiar / IPUB

Prezada Senhora

Agradeço a gentileza da remessa deexemplares da edição de número 2, ano1, outubro de 2004, do Jornal da UFRJ,na qual registramos com especial sa-tisfação a reportagem de página inteira(página 6) sobre a projetada criação doConselho Federal de Jornalismo, temaque os autores Liana Fernandes e Lu-cas Bonates desenvolveram com isen-ção e objetividade.(...)

Cordialmente,Mauricio Azêdo

Presidente da AssociaçãoBrasileira de Imprensa

A contribuição da indústriapara a reforma universitária

da qualidade, e em bônus, a partir dagarantia do seu financiamento.

O problema da educação é, sobre-

tudo, de origem social. Educação noBrasil continua a ser privilégio, comodenunciava Anísio Teixeira, desde adécada de trinta. A reforma se faz ur-gente pela qualidade limitada do sis-tema e pela irrelevância do seu con-tingente quantitativo. Não é mais pos-sível conviver com uma deformada ma-triz de formação que concentra 75,5%dos cursos nas áreas de ciências hu-manas e sociais.

A indústria entende que o atual sis-tema requer um maior enfoque na for-mação tecnológica, pela valorização doscursos de graduação e pós-graduação emtecnologia, e das carreiras da engenha-ria correlacionadas às ciências exatas eda natureza. Vários países, mesmo osindustrializados, que dispõem de fortesestruturas educacionais superiores tra-dicionais, não hesitaram em criar opor-tunidades de educação e aprendizagensabertas em todos os níveis, inclusive naeducação superior.

A experiência internacional apontapara a existência de uma universidadeaberta como forma de democratizar o aces-so à educação superior. Chegou a hora e avez da criação de uma Universidade Aber-ta do Brasil, como forma de ampliar o nú-mero de alunos matriculados dos atuais3,9 milhões para 10 milhões até o final dadécada, garantida a indispensável quali-dade de seus cursos

*Assessor especial da presidência da Confederação Na-cional da Indústria (CNI), professor da Universidade deBrasília (UnB) e vice-presidente daAssociação Brasileirade Educação a Distância (ABED)

O problema daeducação é,sobretudo, deorigem social.

C A R T A S�����

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Página 4 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004E N TR E V I STA

Ministério cria departamento para divulgar ciênciaGeralda Alves

A Secretaria de Ciência eTecnologia para Inclusão Soci-al, do Ministério da Ciência eTecnologia (MCT), criou há cer-ca de seis meses o Departamen-to de Divulgação para a Popu-larização da Ciência. Para diri-gir o setor, foi convidado o físi-co Ildeu de Castro Moreira, pro-fessor da UFRJ, que teve comoprimeiro desafio organizar, emquatro meses, a Semana Naci-onal de Ciência e Tecnologia. Osucesso foi tanto que Ildeu pla-neja para o próximo ano dobraro número de participações:“Nossa meta é atingir mil mu-nicípios”. Outro desafio é me-lhorar a qualidade do ensino deciência no Brasil. “O ensino defísica, matemática e químicaainda é muito fraco. Precisamosformar professores de ciência,já que a deficiência é enorme”,afirma Ildeu.

O que é o Departamento deDivulgação para aPopularização da Ciência?

Esse departamento, dentroda Secretaria de Ciência e Tec-nologia, é voltado para popu-larização da ciência e tecno-logia. De início, definimosumas prioridades de ação. Paraesse ano, estimulamos a cria-ção e apoio aos centros e mu-seus de ciência. Publicamosum edital recente para veícu-los que vão divulgar ciência naperiferia das grandes cidadese no interior do país. Apare-ceram 48 projetos do Brasilinteiro, nós tínhamos dinhei-ro para apoiar seis ou sete eestamos vendo se a FundaçãoVitae apóia mais 13.

Existe apoio também paraeventos ?

A gente também apóiaeventos de divulgação cientí-fica com caráter mais amplo,nacional, como o 8º CongressoBrasileiro de Jornalismo Cien-tífico que aconteceu em no-vembro, em Salvador e as reu-niões anual e regionais daSBPC (Sociedade Brasileirapara o Progresso da Ciência),realizada em vários estados(uma parceria do MEC/MCT),atingindo mais de 25 mil pro-fessores particulares de ensi-no fundamental e médio dosestados do Maranhão, Piauí,Amazonas, Pará, Mato Grosso,por exemplo. Ano que vem, va-mos apoiar o IV CongressoMundial de Museus de Ciên-cia, organizado pelo Museu daVida, da Fiocruz e as ativida-des de comemoração do AnoMundial da Física, que vão serrealizadas no Rio de Janeiro.

Como anda a divulgação daciência na mídia?

Esta é outra linha de atua-ção que a gente tem tentadodesenvolver. Uma presença

maior da ciência na mídia. Fi-zemos um acordo com a Fun-dação Roberto Marinho, o pro-grama Globo Ciência foi rees-truturado e já está no ar. Umacordo entre o MCT-Finep (Fi-nanciadora de Estudos e Pro-jetos), a TV Globo e o Institutode Ciência permitiu fazer oitoinserções valorizando a ques-tão da ciência chamada “Ciên-cia vale a pena”. Estamos dis-cutindo também com a Radio-brás, um programa de ciência,outro com a TV Escola, do MECe com a Rádio MEC, veículopouco explorado na área de di-vulgação científica.

Qual a maior deficiência naárea de divulgação científica?

Uma delas é a falta de pes-soal qualificado em jornalismocientífico e a desvalorizaçãoacadêmica dessa atividade. Du-rante a preparação da Sema-na Nacional de Ciência e Tec-nologia fizemos contato com asPró-reitorias de Extensão dasuniversidades e abrimos umedital a fim de valorizar não sóesse setor universitário, comotambém as pessoas que atuamnele, como os professores e ospesquisadores em suas áreasde pesquisa.

Existe algum projeto paraapoiar cursos de jornalismocientífico?

Estamos abertos a apoiarqualquer tipo de iniciativa nes-sa área, como os congressosque já falei e, além disso, nóstemos discutido com as revis-tas de divulgação científica Ci-ência Hoje e a revista da Fa-pesp, programas de utilizaçãodesses veículos nas escolas.Nós queremos apoiar esse tipode iniciativa, agora é impor-tante que as instituições cri-em e nos solicitem. Espero queno ano que vem, a gente possaestimular mais as universida-des, as escolas de comunica-ção a fazerem cursos nessa di-

reção. Acredito que no mo-mento que o governo sinalizar,o CNPq e o MCT mostrarem quesão atividades importantes, asinstituições passem a organi-zar seus cursos.

Os pesquisadores se colo-cam num patamar distante damídia e deixam de divulgarseus projetos. Como eles po-deriam contribuir para a po-pularização da ciência e se tor-narem mais acessíveis à im-prensa?

A comunidade científicatem que estar consciente doseu papel e ter uma atuaçãomais ampla. No Brasil, muitosgrupos já fazem um trabalholegal de divulgação científica,mas dá para fazer mais. Às ve-zes, um professor que queiracriar um museu de ciência, porexemplo, fica vinte anos paraconcluir o projeto que tem umimpacto enorme junto aos jo-vens e vai atrair vocações deciência. Aquilo no currículodele não conta nada. Se elepublicar um paper conta mui-to mais. Claro que é importan-te publicar um paper nas me-lhores revistas, isso é funda-mental, mas não é só isso queconstitui a vida acadêmica.Em alguns países da Europamuitos dos projetos de pesqui-sa são aprovados com umacondição, que uma parcela dosrecursos e também do traba-lho dos profissionais sejam di-vulgados para uma populaçãomais ampla. Essa é uma etapaque temos que alcançar.

Como você vê o descompassodo avanço tecnológico com acapacidade da população emdominar esse avanço?

Isso é um problema do mun-do moderno. O capitalismo estánum ritmo de produção de no-vas tecnologias e o indivíduonão consegue acompanhar essaenorme diversidade. A manei-ra de contorná-lo, não de re-solvê-lo, é termos uma educa-

ção científica de qualidade, oque não dispomos atualmente.

A popularização da ciênciaajudaria nesse processo?

Este é um caminho. É umamaneira de atualizar mais aspessoas, criando uma culturae uma crítica maior. Quando sefala em divulgação científicanão defendemos apenas ummarketing para mostrar comoa ciência é importante. Para umpaís democrático, as pessoasprecisam ter um conhecimen-to básico de ciência e tecnolo-gia, que deveria ser fornecidopelo sistema educacional, o quenão está acontecendo.

Como resolver essa questão?Uma das nossas tentativas

e ações, em parceria com oMEC, é melhorar o estudo deciências no ensino médio. Hojeestá sendo discutido o resul-tado de um edital feito pela Fi-nep para esse fim.

Qual o resultado da SemanaNacional de Ciência eTecnologia?

O balanço da Semana foimuito positivo, tivemos cercade duas mil atividades, atingi-mos 250 municípios, com a par-ticipação de todos os estados.Obtivemos uma cobertura jor-nalística muito grande. Só emtelevisão foram 38 matérias.Cerca de dez mil pessoas, semcontar com a comunidade cien-tífica, se envolveram direta-mente nas atividades que atin-giram milhares de pessoas.

O fato de ter tido “portasabertas” em 500 instituiçõesde pesquisa no Brasil tem umsignificado muito importante.A Embrapa abriu a porta de to-das as suas unidades (mais de40), a Comissão Nacional deEnergia Nuclear e muitas uni-versidades participaram par-cial ou integralmente. Essaaproximação da sociedade coma instituição é essencial. NoRio, a Universidade Federalteve uma participação ativacom o Trem da Ciência, que foida Central do Brasil para NovaIguaçu, com diversas ativida-des, inclusive da Faculdade deMedicina, discutindo sobre do-enças sexualmente transmis-síveis. Outro evento foi reali-zado no Aterro do Flamengo,no último dia, que recebeu 25mil pessoas.

Quais os lugares maisdistantes atingidos pelaSemana?

Estivemos presentes emSão Gabriel da Cachoeira, Ama-pá, Roraima e Macapá, queteve um “Brasil olhe para océu”, com a participação dequatro mil pessoas na praçaprincipal da cidade. Houve ati-vidade também na ponta do RioGrande do Sul, em Pelotas,Santa Maria, Corumbá, Doura-

dos, Acre, Piauí, Amazônia eFernando de Noronha. A pro-gramação foi muito extensa,apesar do pouco tempo de pre-paração, que foi de quatromeses e dos recursos limita-dos. Houve uma resposta mui-to boa por parte da comunida-de científica, assim como dosinstitutos do MCT, de muitas se-cretarias estaduais de ciênciae tecnologia, escolas, institu-tos de pesquisa estaduais, mu-nicipais, algumas ONGs e so-ciedades científicas como aSBPC, que tiveram uma atua-ção voluntária.

Qual a perspectiva para opróximo ano?

Se atingimos 250 municípi-os este ano, no próximo a gentevai dobrar. Já estamos prepa-rando a próxima Semana, quevai acontecer de 3 a 9 de outu-bro e convidamos as comunida-des universitárias que queiramse envolver. É uma atividadeaberta, voluntária e só há umaexigência: que sejam atividadescientíficas e de qualidade.

Quais são as barreiras paraa popularização da ciência?

O conhecimento básico émuito deficiente em função deuma educação científica precá-ria, que devia começar já noensino fundamental. Melhorar aqualidade do ensino de ciênciaé o grande desafio. O ensino deFísica, Matemática e Químicaainda é muito fraco no geral.

Qual a contribuição que asuniversidades podem darnesse processo?

Formando professores naslicenciaturas com maior quali-ficação e isso tem que ser valo-rizado pelo governo e pelas pró-prias universidades, o que nãoacontece. As universidades po-deriam contribuir muito maisna melhoria do ensino funda-mental e médio. Outra iniciati-va é produzir livros didáticospara o ensino fundamental emédio, produzindo os livros di-dáticos utilizados nos cursos.

O Brasil é o maior compra-dor de livros do mundo. O MECcompra, por ano, mais de 60milhões de livros para distri-buir na rede escolar. Esses li-vros, em geral, são de edito-ras privadas. Por que as uni-versidades públicas não dispu-tam também esse mercado? Po-deriam disputar com um cor-po qualificado. Os nossos es-tudantes poderiam interagirmuito mais, contribuindo, porexemplo, como monitores emexposições como as da Casa daCiência da UFRJ. No Brasil te-mos um milhão de estudantesque têm o ensino gratuito. Seuma vez, ao longo de seu cur-so, se envolvessem com ativi-dades de difusão científica,haveria um impacto enorme noensino e na sociedade

Ildeu de Castro: Para um país democrático, as pessoas precisam terIldeu de Castro: Para um país democrático, as pessoas precisam terIldeu de Castro: Para um país democrático, as pessoas precisam terIldeu de Castro: Para um país democrático, as pessoas precisam terIldeu de Castro: Para um país democrático, as pessoas precisam terum conhecimento de ciência e tecnologia básicoum conhecimento de ciência e tecnologia básicoum conhecimento de ciência e tecnologia básicoum conhecimento de ciência e tecnologia básicoum conhecimento de ciência e tecnologia básico

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ Página 5P E S Q U I S A

Células-troncousadasnotratamentodedoençasPesquisas com embriões ainda não são permitidas no Brasil

Liana Fernandes

A função das células-tron-co é manter a renovação dostecidos. Mais ativadas quandohá uma lesão, essas célulastêm a capacidade de auto-re-novação, de criar uma massacelular num momento de ne-cessidade e de se diferenciarem vários tecidos. Por isso,podem ser aplicadas em tera-pias celulares e em bioenge-nharia. As células-tronco adul-tas também têm sido estuda-das, afinal, são células do pró-prio paciente e, por isso, o ris-co de rejeição é menor.

− Quando essa necessidadeé aumentada durante muitotempo, por exemplo, em umaintoxicação crônica hepática,essas células irão se renovarcontinuamente mas nesse mo-mento, as células-tronco damedula podem, através da cir-culação, chegar ao fígado e par-ticipar de uma regeneraçãomais reforçada – disse o pro-fessor Radovan Borojevic, che-fe do Laboratório de BiologiaCelular e Molecular do Depar-tamento de Histologia e Embri-ologia do Instituto de CiênciasBiomédicas da UFRJ, o ICB.

O uso de células embrioná-rias na recuperação de doen-ças genéticas, como distrofiamuscular e hemofilia, é outravantagem da utilização das cé-lulas-tronco. Mas há grandediscussão entre a comunidadecientífica e a sociedade civilquando se fala em manipularembriões. Para obter célulasembrionárias é preciso destruiro embrião e para a religião cris-tã, a fecundação é o ato de cri-ação de um novo ser. Para aciência, o estágio de embriãoprecede a implantação no úte-ro, portanto, não há como esseembrião se tornar um novo ser.

– Todos os embriões gera-dos em clínicas de fecundaçãoassistida e que não são im-plantados, são descartados.Então, pode-se dizer que es-ses embriões são seres vivospotenciais, mas não efetivos.A mesma classificação podeser aplicada aos doadores deórgãos que sofreram morteclínica, que não têm mais con-dições de viver, embora o co-ração ainda pulse. Os tecidossão retirados desses doadorese utilizados para reparo deum outro paciente – comparao professor Radovan.

Pesquisas na UFRJNa UFRJ são realizados tra-

balhos em cardiologia, derme,epiderme, mucosas, tecido con-juntivo, tecido ósseo e cartila-gem. Pesquisas em pulmão epâncreas estão dando bons re-sultados, mas algumas ativida-

des são suspensas por falta deverbas. No Brasil ainda não sãopermitidas pesquisas com em-briões, mas na última propos-ta, ainda não votada definitiva-mente (Lei da Biossegurança),foi pedida a liberação de pes-quisas com embriões congela-dos há mais de três anos e queserão descartados por falta deinteressados em implantação.

– O uso de células embrio-nárias para o transplante emorganismo adulto ou infantilpode e deve ser feito em tera-pias genéticas, quando se quercorrigir uma doença genética.Nesse caso, todas as célulasdesse paciente são portadorasda doença, então, necessaria-mente, há que se introduzircélulas de outro organismo. Obenefício justifica o risco por-que não há manipulação domaterial genético da célula quevocê vai implantar, como acon-tece na Clonagem Terapêutica,em que eu acho o risco despro-porcional – explica o professorRadovan.

UFRJ e Pró-cardíacoA parceria existe há cerca de

três anos e teve início com te-rapias celulares para doençascardíacas. Pesquisadores e mé-dicos da UFRJ e do Pró-cardía-co, em agosto deste ano, implan-taram com sucesso células-tron-co adultas em uma paciente vo-luntária, a dona-de-casa Mariadas Graças Pomaceno, de 54anos, que havia sofrido um Aci-dente Vascular Cerebral (AVC),também conhecido como derra-me. O objetivo desse estudo emuma primeira fase era avaliar asegurança e a exeqüibilidade daterapia, para num segundo mo-mento, avaliar a eficácia. Deacordo com a professora Rosá-lia Mendez-Otero, do Laborató-rio de Neurobiologia Celular eMolecular, do ICB, a avaliaçãodos neurologistas é que a paci-ente, primeira voluntária da ex-periência, teve melhora maisrápida do que um paciente comuma grande lesão teria.

– A evolução favorável foiuma ótima surpresa. Existeuma variabilidade muito gran-de na melhora de pacientescom AVC, mas só quando tiver-mos vários pacientes, algunstratados e outros não é quepoderemos comparar – dissea Drª Rosália.

Terapia com cardíacos Nos laboratórios do profes-

sor Antônio Carlos, do ICB, sãofeitos estudos em modelos ex-perimentais para infarto domiocárdio e, baseado nessesestudos surgiu a proposta derealizar terapias com células-tronco em pacientes com do-enças cardíacas. Os estudos fo-ram encerrados com experiên-cias em 15 pacientes. Os re-sultados foram tão favoráveisque o Ministério da Saúde lan-çou um outro estudo coorde-nado pelo Instituto Nacional deCardiologia de Laranjeiras,hospital de referência em do-enças cardíacas. Dessa vez se-rão atendidos 1200 pacientesportadores de quatro doenças docoração: infarto agudo, infartocrônico, cardiomiopatia chagá-sica e cardiomiopatia dilatada.

O Ministério da Saúde lan-çou o edital para a realizaçãodessa pesquisa que será coor-denada pelo professor AntônioCarlos de Carvalho, do ICB. Fo-ram selecionados os centrosâncoras para o estudo, os pro-jetos serão analisados e cadacentro vai selecionar os paci-entes. O centro coordenador éo Instituto de Cardiologia deLaranjeiras; o centro âncorapara infarto agudo do miocár-dio é o ICB, em parceria com oPró-cardíaco; o centro paradoença cardíaca crônica – pes-soas que já tiveram infarto háalguns anos – é o INCOR, emSão Paulo e, para cardiomio-patia dilatada é o próprio Ins-tituto, em Laranjeiras.

– No caso das terapias car-díacas, vários pacientes tra-tados no Pró-cardíaco já ti-nham esgotado todas as pos-sibilidades de tratamento eestavam na fila para trans-plante de coração. Eles me-lhoraram tanto que não pre-cisam mais de transplantecardíaco, saíram da fila e re-tomaram suas atividades,dentro de suas possibilidades– destaca a Drª Rosália.

Uma célula de paciente terá o núcleo retirado e implantado em uma célulaembrionária ou em um óvulo. Isso vai gerar, portanto, um embrião com as proprie-dades imunológicas do paciente. É a chamada Clonagem Terapêutica. Essa tera-pia ainda não foi desenvolvida suficientemente para sua aplicação, não chega aser formado um humano, nem se chega aos primeiros estágios disso. A manipula-ção de núcleo envolve uma agressão ao patrimônio genético e uma alteraçãodesse patrimônio é praticamente incontrolável, visto o tamanho e a composiçãocomplexa do genoma humano. Nós não temos e, dificilmente teremos, condiçãode verificar se essas células serão efetivamente normais. Portanto, implantar umacélula para a qual eu não posso garantir que seja normal, dentro de um paciente, éum ato arriscado e eu acho que o benefício, neste caso, não justifica o risco. Emmedicina sempre se avalia benefício e risco. Se o risco é grande, não se faz.

Clonagem Terapêutica

Professor Radovan Borojevic

A Faculdade de Medicina daUSP está usando terapia celu-lar para tratar esclerose múlti-pla, doença em que o sistemaimunológico do paciente destróia bainha de mielina, que envol-ve o axônio, e o neurônio passaa funcionar mal, causando per-

Esclerose Múltipla e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

ELA é uma doença que tem causa desconhecida e provocaa degeneração progressiva do sistema nervoso central. Umprotocolo para tratamento dessa doença, com terapia celu-lar, está sendo escrito juntamente com um pesquisador dosEUA. Quando esse protocolo estiver pronto, será submetidoaos Comitês de Ética dos Hospitais e depois será enviadopara o CONET (Conselho Nacional de Ética e Pesquisa),em Brasília. Se o protocolo for aprovado, começaremos arecrutar os pacientes.

da da função motora. Na tera-pia, que já foi aplicada em maisde 20 pacientes, com ótimos re-sultados, são injetadas nova-mente células-tronco da medulaóssea do paciente, na expecta-tiva de que estas percam a infor-mação de que a própria célulaé estranha.

Professora Rosália Mendez-Otero

Melhora na qualidadede vida

A pesquisa traz esperançapara os doentes de Chagas, umaparasitose que infecta o sanguee ataca o coração, o esôfago eo intestino grosso. De acordocom a Organização Mundial deSaúde existem cerca de seis aoito milhões de brasileiros coma doença, transmitida pelo in-seto conhecido como Barbeiro.A professora Rosália diz que,por um estudo feito pela UFRJe o Hospital Santa Isabel, naBahia, já foram tratados 20 pa-cientes com Chagas, com gra-ve comprometimento cardíaco.

– Com base em estudos ex-perimentais, nenhuma dessasterapias prevê a cura, mas hádiminuição das seqüelas deixa-das pela doença e uma melho-ra na qualidade de vida dos pa-cientes – explica a Drª Rosália.

Na paciente Maria das Graças,a terapia foi feita com células-tronco retiradas da própria me-dula-óssea. A expectativa é queestas entrem no tecido cerebral,próximo ao local onde houve aobstrução, e liberem fatores queajudem a melhorar o quadro tóxi-co instalado, devido à ausência deoxigênio e glicose nos neurônios.Segundo a professora Rosália, aexpectativa não é que essas cé-lulas se transformem em novosneurônios e substituam os quemorreram, pois mesmo que issoacontecesse, seria em uma pe-quena porcentagem, e não justi-ficaria as melhoras.

– Os neurônios próximos àlesão e que, provavelmente, es-tão recebendo fatores tróficospodem ser resgatados. Quandoisso acontece, há diminuição dasseqüelas e as perdas funcionaissão menores. Não é que a pessoavá ficar curada, mas a “cicatriz”vai ser menor do que se o pacien-te não tivesse se submetido à te-rapia – explica a Dr.ª Rosália

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Página 6 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004N A C I O N A L

Abertura parauma luz na históriaIlza Santos

O Governo Federal publicou noDiário Oficial da União do Dia In-ternacional dos Direitos Humanos,10 de dezembro, a Medida Provi-sória, nº 228 e o Decreto nº 5.301/2004, que tratam da aberturados arquivos secretos, alterandoos prazos para liberação dispos-tos no Decreto 4553/2002, assi-nado pelo ex-presidente Fernan-do Henrique Cardoso no final doseu governo.

Com a MP o presidente LuísInácio Lula da Silva regulamentao inciso XXXIII do art 5º da Consti-tuição Brasileira, de 1988, queprevê que todos têm direito a re-ceber dos órgãos públicos infor-mações de seu interesse particu-lar, ou de interesse coletivo ougeral, que serão prestadas no pra-zo da lei, sob pena de responsabi-lidade, ressalvadas aquelas cujosigilo seja imprescindível à segu-rança da sociedade e do Estado. Ecria a Comissão de Averiguação eAnálise de Informações Sigilosas,para avaliar se os documentosacessados não afrontarão a segu-rança da sociedade e do Estado.

O novo Decreto regulamentaa MP definindo a composição daComissão, que será coordenadapelo ministro chefe da Casa Ci-vil e terá a participação do mi-nistro chefe do Gabinete de Se-gurança Institucional da Presi-dência da República, da Justiça,da Defesa, das Relações Exteri-ores além do advogado-geral daUnião e do secretário dos Direi-tos Humanos. Este grupo pode-rá convocar técnicos e especia-listas de áreas relacionadas coma informação contida nos docu-mentos sigilosos para avaliaçãosobre a liberação.

O Decreto 5.301 altera tam-bém os prazos de sigilo dos docu-mentos arquivados. Para os clas-sificados como ultra-secretos operíodo máximo passa a ser de30 anos; para os secretos 20 anos;os confidenciais, dez anos e paraos reservados, o sigilo fica, em nomáximo, cinco anos. Em parágra-fo único o Decreto destaca que“o novo prazo de duração conta-se a partir da data de produçãodo dado ou informação”.

Estes prazos de classificaçãopoderão ser prorrogados umavez, por igual período, estabele-ce ainda o Decreto. No entanto,vencidos os prazos e a prorroga-ção para a liberação dos docu-mentos no mais alto grau de sigi-lo, a Comissão Interministerialpoderá ser acionada pela autori-dade responsável pelo conteúdodos arquivos para avaliar sobre aliberação ou não do material.

Expectativa e polêmicaEstas medidas eram aguarda-

das ansiosamente, desde a pos-se do presidente Lula, não só por

parentes de desaparecidos e ví-timas de tortura, como tambémpelos pesquisadores e estudio-sos que esperam poder dar con-tinuidade aos seus trabalhosem torno do esclarecimento dosfatos ocorridos, principalmen-te, no período da ditadura mili-tar (1964/85).

A polêmica começou quan-do, faltando cinco dias paraencerrar seu mandato, o ex-presidente FHC assinou o De-creto 4.553 ampliando os pra-zos para divulgação dos docu-mentos públicos sigilosos e pre-vendo até que alguns nuncafossem abertos.

Este assunto voltou à tonacom a ampla repercussão naimprensa, de fotos, inicialmen-te identificadas como sendo dojornalista Vladimir Herzog,morto sob custódia do Exérci-to no início dos anos 70. Umanota assinada pela Agência Bra-sileira de Informação (Abin)esclareceu que se tratava, narealidade, do padre canadenseLeopold d’Astous, que hoje, aos72 anos, vive no Canadá, de ondeteria confirmado esta versão.

A repercussão destas fotos esuas conseqüências geraramuma grande desestabilizaçãonos quadros do Governo, provo-cando o afastamento do ex-mi-nistro da Defesa, José ViegasFilho e a saída do ex-presidenteda Comissão Especial de Mortose Desaparecidos Políticos, o ad-vogado João Luiz Duboc Pinaud.

Na visão de Pinaud, entre-

vistado pelo Jornal da UFRJJornal da UFRJJornal da UFRJJornal da UFRJJornal da UFRJ,fatos como a guerrilha do Ara-guaia, entre outros, precisamser esclarecidos, são temas quepreocupam toda a sociedadebrasileira. Ele afirma que a fal-ta de compromisso com os va-lores da democracia por partedo governo adiou esta decisão,esclarecendo que este foi umdos motivos que o levou a seafastar da Comissão. De acordocom Pinaud a memória é umdireito do povo e “não se podemutilar o passado”, enfatiza.

O deputado federal petistaLuiz Eduardo Greenhalgh, tam-bém destaca a abertura dos ar-quivos como um compromissocom a agenda democrática doPaís. Advogado das famílias demortos e desaparecidos da guer-rilha do Araguaia, que buscaramna Justiça a garantia de locali-zação dos corpos de seusparentes,Greenhalgh declarouao Jornal da UFRJJornal da UFRJJornal da UFRJJornal da UFRJJornal da UFRJ: “ é essen-cial virar uma página ainda la-mentavelmente obscura da nos-sa história. Sem rancores ou re-vanchismos.”

Pesquisas paralisadasPara pesquisadores e histo-

riadores a questão é ainda maiscomplexa. A ampliação dos pra-zos, bem como a possibilidadede manter documentos fecha-dos eternamente, “restringia oacesso e a continuidade de tra-balhos que estavam em anda-mento”, explica o professor deTeoria e Metodologia da Histó-ria do Instituto de Filosofia e

Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ,Carlos Fico. Autor de diversoslivros resultantes de suas pes-quisas na área de segurança einformações no regime militar,Carlos Fico foi enfático na co-brança, “a sociedade brasileiraexigia do governo Lula a imediatarevogação do decreto 4.553”. Ecomplementa: “existem muitaspropostas para a mudança e nãose podia continuar com uma le-gislação retrógrada”.

Nesse mesmo tom, entidadesde classe e de defesa dos direi-tos humanos, como o Grupo Tor-tura Nunca Mais, a Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB), a Fe-deração Nacional dos Jornalistas(Fenaj), a Associação Nacional deHistória e o Conselho Nacionalde Arquivos, entre outras, desen-volveram intensa campanha vol-tada para a revisão da medida.

“Propostas para que aabertura seja efetivada imedi-atamente e com segurança éo que não falta”, garante o his-toriador, membro da AcademiaBrasileira de Letras (ABL) eprofessor do IFCS, José Muri-lo de Carvalho. Ele explicaque a maneira de procederesta abertura deve ser neces-sariamente com muito cuida-do, enfatizando que “as famí-lias precisam saber o queaconteceu com seus parentesque desapareceram”.

A criação da Comissão Inter-ministerial para estudar a for-ma de divulgação dos documen-tos fica próxima de uma suges-tão apresentada pelo Acadêmi-co José Murillo que propôs “acriação de uma comissão mista

independente para, a partir deuma análise dos documentos,decidir a maneira mais adequa-da para que esta aberturaaconteça, visando a segurançanacional, a preservação dos no-mes e a honra de pessoas vi-vas”. Murilo de Carvalho des-taca como exemplo o caso daArgentina, onde, de acordo comele, uma alteração da Lei daAnistia, que lá é chamada de

Lei da Obediência Devida,realizada neste governodo presidente Néstor Kir-chner, “mudou toda a le-

gislação e agora estão abrin-do os arquivos”.

Opiniões contráriasNa visão do professor Murilo

de Carvalho existem muitas in-coerências na postura daquelesque não querem liberar o acessoaos arquivos. “Alguns segmentosmilitares dizem que são contra aabertura, mas, por outro lado,afirmam que não há documenta-ção, então por que ser contra?”,questiona o historiador.

Outros argumentos que julgaimpróprios são aqueles relaciona-dos com os valores de indenizaçõesque venham a ser requeridas judi-cialmente pelas vítimas do perío-do repressivo. Assim como o pro-fessor Carlos Fico, Murilo de Car-valho acredita que a Justiça estáhabilitada para atribuir valores deindenizações equivalentes ao ní-vel de agravo sofrido pelas vítimas.

O estabelecimento de um tetoé uma questão complexa, expli-ca Fico, “os casos são diferentes,algumas pessoas foram presas ehumilhadas moralmente, outrasforam torturadas e quase morre-ram, algumas foram afastadas decargos públicos onde poderiamter tido carreiras brilhantes e nãotiveram, então são casos muitodistintos para serem analisadosde forma simples”, exemplifica.

Exilada por muitos anos, aprofessora do IFCS, Anita Leocá-dia, filha de Luis Carlos Prestese Olga Benário, afirma que as-sim como ela, “todos devem teracesso às informações sobre oque aconteceu com seus paren-tes desaparecidos”. Para ela, aregularização destes direitos éuma prerrogativa da cidadania.

A recente destruição de docu-mentos referente ao regime mili-tar dentro da base da aeronáuti-ca, em Salvador-BA contrasta coma liberação de informações peloComando Militar do Sul as quaisajudaram a esclarecer a morte doestudante Antônio Carlos Noguei-ra Cabral, militante da ALN. In-quérito Policial Militar já foi ins-talado para investigar os respon-sáveis pela queima dos arquivos,o que sinaliza o propósito de nãorecuar no projeto de dar acessoaos arquivos da ditadura

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ Página 7E SP E C I AL

Coryntho Baldez

Um meio eficaz de integração acadê-mica vem provocando novos abalos naresistente cultura da fragmentação ain-da presente na UFRJ. O orçamento par-ticipativo, implantado este ano para seraplicado em 2005 e construído de for-ma coletiva pelas unidades, não apenastorna mais criterioso o processo de alo-cação de recursos na Universidade. Elecontribui, decisivamente, para rompero fardo histórico da segmentação estru-tural da UFRJ. A receita é simples: trans-parência de números e critérios, deba-te franco e, especialmente, apoio cru-zado e solidário entre as unidades. Ini-cialmente, a elaboração orçamentáriadescentralizada incidirá sobre uma re-ceita de R$ 16 milhões, ou seja, a maiorparte dos recursos extras de R$ 25 mi-lhões que a Universidade pleiteia juntoà Secretaria de Educação Superior(SESu).

O reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira,afirma que a Universidade, em seu con-junto, nunca pensou de modo estratégi-co o seu futuro. Planejar o orçamento,com participação ativa das unidades –todas as 62 unidades gestoras, sem ex-ceção, preencheram as planilhas deta-lhando as suas demandas – é uma novi-dade tão radical que expõe a estruturaburocrática e fragmentada da Universi-dade, segundo o reitor, a intensas vibra-ções democráticas. “A elaboração cole-tiva do orçamento de 2005 introduz umalógica participativa que definirá, daquipor diante, as prioridades acadêmicas esociais da UFRJ”, afirma Aloísio.....

Experiência inicial

De acordo com o reitor, essa rededescentralizada de debates que se ins-talou nas instâncias da Universidade –e que deve permanecer no ano que vemquando da execução orçamentária – re-força um desenho institucional alterna-tivo à tradicional segregação de interes-ses:

– A gestão orçamentária descentra-lizada vai contribuir para superar umelemento perverso de nossa estrutura,a cultura da fragmentação. É precisoque os centros discutam as suas priori-dades e potencializem a utilização dosrecursos. Essa é uma experiência par-ticipativa inicial que vai propiciar umdebate construtivo entre as unidadessobre as diretrizes orçamentárias e asdemandas reais da Universidade – afir-ma.

Segundo Aloísio Teixeira, foram maisde dois meses de discussão sobre o me-lhor modelo de repartição dos recursos.Os critérios acadêmicos tradicionais,como número de doutores e qualidadedas pesquisas, resultariam em distor-ções. Pela sua própria natureza, o Co-légio de Aplicação (CAp), por exemplo,caso fossem adotados aqueles critérios,não receberia 1/5 da receita prevista noorçamento descentralizado – comenta.

Somando idéiaspara dividir o bolo

Orçamento descentralizado recupera papel das unidades no planejamento estratégico da UFRJ

Critério justo

A opção pelo modelo implantado le-vou em conta a idéia de que cada um devereceber segundo a sua necessidade:

– Partimos para um formato mais sim-ples, porém muito mais lógico, que foi adistribuição de recursos com base nas de-mandas concretas de cada unidade, levan-tadas através de planilhas – conta Aloísio.

Outro aspecto que merece destaque

As cifras para 2005O orçamento da UFRJ para 2005

é, em números redondos, de R$ 67 mi-lhões. Desse total, R$ 52 milhões virãodo Tesouro Nacional e R$ 14 milhõesestão previstos como receita própria. Aesses valores, a UFRJ quer adicionarR$ 25 milhões, uma parte da verba ex-tra de R$ 106 milhões da Secretariade Educação Superior (SESu) que serárepartida entre as IFES. A previsão dereceita total para o ano que vem che-garia, portanto, a R$ 92 milhões, umaumento de 70% em relação a 2004.

Apesar do salto significativo em re-lação a este ano, a receita prevista para2005, segundo o pró-reitor de Planeja-mento e Desenvolvimento, Joel Teo-dósio, só daria para satisfazer as ne-cessidades mínimas de custeio e ca-pital da universidade, sem qualquer in-vestimento:

– Na realidade, precisaríamos decerca de R$167 milhões para recupe-rar e manter a nossa infra-estrutura emboas condições de funcionamento.Mesmo com esses recursos, seriamuito difícil fazer grandes investimen-tos – ressalta.

Pela proposta da reitoria para o or-çamento descentralizado, dos R$ 25milhões que a UFRJ reivindica junto àSESu, cerca de R$ 9 milhões seriamgastos pela administração central emnovas bolsas para estudantes, manu-tenção do restaurante universitário ematerial permanente. Os outros R$16milhões ficariam reservados para se-rem geridos pelas unidades, que vãodecidir como gastar esse dinheiro, deacordo com o planejamento e os crité-rios previamente discutidos e aprova-dos em várias instâncias acadêmicas.

Segundo Joel Teodósio, o instru-mento utilizado para a consulta às uni-dades foi uma planilha com itens rela-tivos a custeio e capital, como materialde consumo, material permanente eserviços de terceiros. Os valores soma-dos de todas as unidades chegaram aR$ 59 milhões, mas não houve nenhu-ma frustração pelo fato de a universi-dade dispor apenas de R$ 16 milhões.

– Todos conhecem os limites or-çamentários definidos pelo governo fe-deral e, além disso, as unidades tam-bém estão contempladas, obviamen-te, dentro do orçamento global – assi-nala.

Mais do que discutir os valores, JoelTeodósio faz questão de realçar o fatode que pela primeira vez – “em 30 anosque estou na UFRJ” – a reitoria faz umaelaboração orçamentária democráticae transparente, depois de consultadasas necessidades do conjunto da UFRJ.

O orçamento descentralizado já foiaprovado, por unanimidade, no Conse-lho Superior de Coordenação Executi-va (CSCE), na plenária de decanos ediretores e no Conselho Universitário

na elaboração do orçamento, segundo oreitor, é a clara prioridade dada à gra-duação. Neste ano, foram gastos quaseR$ 4 milhões (até 3/11) em Auxílio Fi-nanceiro a Estudantes. Para 2005, aprevisão de receitas é de R$ 13,5 mi-lhões. Um salto gigantesco que revela ocompromisso social inerente a uma uni-versidade pública e o desejo de mantera reconhecida qualidade dos cursos degraduação da UFRJ.

ILUSTRA

AUXÍLIO FINANCEIRO A ESTUDANTESAUXÍLIO FINANCEIRO A ESTUDANTESAUXÍLIO FINANCEIRO A ESTUDANTESAUXÍLIO FINANCEIRO A ESTUDANTESAUXÍLIO FINANCEIRO A ESTUDANTES

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Página 8 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004

Pela primeira vez na história da UFRJ, o Conselho Universitário aprova o orçamento da instituição. A particidos critérios, das prioridades e dos valores para alocação de recursos tornam-se instrument

O orçamento descentraliza-do, segundo Milton Flores, éuma inovação completa, namedida em que cada unidade vaipoder se planejar pensando noseu presente e no seu futuro.Para ele, a transferência de re-cursos para as unidades permi-tirá que elas enfrentem proble-mas operacionais do dia-a-dia eprogramem ações estratégicasde longo prazo.

Milton Flores também acre-dita que, a partir desse novo ins-trumento, é possível construiruma consciência duradoura en-tre professores, alunos e funci-onários administrativos sobre anecessidade de ampliar os re-cursos destinados à educaçãopública superior no Brasil e, emparticular, à UFRJ:

— Se tivermos um planeja-mento estratégico, discutido eaprovado por toda a universi-dade, será mais fácil unificá-lana defesa de um orçamentomaior junto ao governo e à so-ciedade — afirma.

Participação intensa

A decana do Centro de Filo-sofia e Ciências Humanas(CFCH), Suely Souza de Almei-da, considera o momento extre-mamente importante para auniversidade. Pela primeira vez,segundo ela, a UFRJ promoveum processo de planejamento,em bases participativas, com oobjetivo de definir o orçamentoda instituição.Para Suely, essaé uma inovação que merece serdestacada:

— O processo envolveu or-ganicamente o conjunto dasunidades da UFRJ, as instânci-as dos conselhos de coordena-ção de Centros, o CSCE, a ple-nária de diretores e decanos eculmina com a discussão e aaprovação do orçamento noConsuni — constata.

Essas instâncias recupera-ram, de acordo com a decanado CFCH, o papel de definir po-líticas estratégicas para a uni-versidade. A decana e professo-ra da Escola de Serviço Socialdestaca, ainda, o reconheci-mento da importância do Colé-gio de Aplicação na formulação

final do orçamento. Para alémdo investimento numa educaçãobásica de excelência, esse re-conhecimento significa — ob-serva a decana — a oportuni-dade de investir na formação deprofessores para a educaçãobásica. A valorização do CAp e oaumento substancial de recur-sos para o apoio ao estudante,outra grande lacuna das políti-cas institucionais da UFRJ, re-presentam — analisa SuelySouza — uma inversão de prio-ridades.

Um passoextraordinário

Também o professor Frank-lin Trein, diretor do IFCS e queestá há 25 anos na UFRJ, diz queé o primeiro ano que sabe o to-tal dos recursos que a universi-

A falta de participação dasunidades e dos Centros no plane-jamento orçamentário dava mar-gem, às vezes, ao surgimento depráticas de balcão, segundo o pró-reitor de Planejamento e Desen-volvimento, Joel Teodósio.

Mesmo sem nenhuma expe-riência institucional anterior, adescentralização do orçamentojá pode ser considerada bem-sucedida em sua fase inicial. Ograu de adesão das unidades foide 100%.

— Todas as unidades respon-deram. As Faculdades, os Insti-tutos, as decanias, as Pró-reito-rias, a Prefeitura, o EscritórioTécnico Universitário (ETU) e oshospitais — revela o pró-reitorde Planejamento, acrescentan-do que isso expressa o alto graude confiança da comunidadeacadêmica na proposta apre-sentada à comunidade.

Foi, de fato, uma respostamagnífica, concorda a superin-tende geral de Planejamento eDesenvolvimento, Almaisa Mon-teiro Souza. Ela ressalta, ain-da, que o aumento da verba pre-vista para bolsas, que será qua-druplicada em 2005, expressaum compromisso da reitoria deinverter prioridades:

— Historicamente, essaquestão vem sendo esquecida eentendemos que se deve prio-

rizar fortemente o apoio à gra-duação, através da concessãode bolsas especialmente aosalunos mais necessitados, jáque essa é uma universidadepública e gratuita — argumen-ta Almaisa, que inclui comoparte dessa política de amparoao estudante a necessidade desubsídio à alimentação, atravésda construção do restauranteuniversitário (investimentoprevisto para ser feito com re-cursos extra-orçamentários).

Os contratoscentralizados

Na divisão do bolo — infor-ma a superintendente de Pla-nejamento — as maiores des-pesas ficarão centralizadas: aenergia (que consome 30% doorçamento) e todos os contra-tos ligados aos campi, como vi-gilância, limpeza urbana, águae bolsas dos trabalhos de cam-po desenvolvidos pelos alunos.Almaisa Monteiro lembra queisso não significa que os gastosda administração central sejammaiores, pois as unidades tam-bém estão contempladas no or-çamento centralizado. Aliás, umlevantamento do que elas exe-cutaram de 2001 a 2004 mos-tra que, comparativamente, te-rão um montante bem maior de

recursos no ano que vem.Emregra, o que as unidades pedi-ram estão levando, pois o quemais aumentava o orçamentodelas era a parte de Outros Cus-teios e Capitais (OCC) Funcio-namento, ligada basicamente àmanutenção de prédios e deequipamentos caros, explicaAlmaisa. As decanias vão absor-ver essa responsabilidade, masse orientarão por um critérioque vai garantir a transparên-cia na aplicação dos recursos:

— O uso dos recursos geri-dos pelas decanias vai depen-der de aprovação nos seus co-legiados, os chamados conse-lhos de centros. Esse é um cri-tério que ajuda a democratizaras decisões e a promover a in-tegração entre as unidades.

Ações de longo prazo

Ao comentar a formulaçãoorçamentária participativa, oprofessor Milton Flores, supe-rintendente de Administração eFinanças, também registra comoo maior ganho desta metodolo-gia a possibilidade de superaçãoda cultura da fragmentação:

— A UFRJ não foi construídacomo um projeto de universida-de, mas como uma federação deescolas e isso marcou a sua vidae sua cultura — afirma.

No mesmo b a

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ Página 9

Debate favorece construçãosolidária do orçamento

Debate favorece construçãosolidária do orçamento

Em defesa da transparênciaPara o diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Adalberto

Vieyra, a transparência no trato dos recursos públicos é pré-condiçãopara que eles sejam empregados de forma eficiente. Por isso, vê combons olhos o orçamento descentralizado, que vai gerar, segundo ele,maior compromisso e envolvimento de diretores e docentes na execu-ção da peça orçamentária:

— Todos certamente vão contribuir mais e passarão a ter tam-bém familiaridade com a forma pela qual os recursos são recebi-dos e utilizados — avalia.

O professor frisa que, apesar do nosso tempo favorecer tendên-cias individualistas, a participação no Instituto tem sido bastanteintensa. As propostas encaminhadas pela unidade — relata — es-pelham as necessidades e anseios detectados ao longo dos últi-mos dois anos. Ele diz que a legitimidade das demandas é grande,mas é preciso considerar a asfixia orçamentária nas instituiçõespúblicas de ensino superior. Para Adalberto Vieyra, os recursos doorçamento da União não estão direcionados para prioridades so-ciais, como a educação, e sim para o pagamento de dívidas inter-na e externa. Mas frisa que não adianta apenas reclamar contra aescuridão.

— Embora seja necessário manter a bandeira de luta por umajusta distribuição dos recursos do orçamento da União, reconhece-mos que a UFRJ passa por dificuldades e que não teria sentido pedirrecursos de modo absolutamente desproporcional — pondera.

Valorizando a graduaçãoEm sintonia com o princípio de valorização da graduação, ado-

tado na elaboração geral do orçamento, o Instituto de CiênciasBiomédicas, que registra mais de 10 mil matrículas por ano emdisciplinas que ministra para toda a área de saúde da UFRJ, prio-rizou itens como material permanente, que envolve a preservaçãoda qualidade das atividades acadêmicas básicas.

— Temos, por exemplo, um problema derivado do déficit noparque de imagens, composto por microscópios, equipamentosaudiovisuais, câmeras, sistemas de computação, que são utiliza-dos para as atividades de ensino de graduação —revela.

O diretor do ICB considera, ainda, que o maior desafio é cons-truir um orçamento participativo e democrático, com a criação deinstâncias coletivas permanentes de discussão que venham a con-tribuir para consolidar a universidade como um corpo integrado.Para o professor, as unidades também não podem administrar osseus recursos como se eles fossem autônomos em relação aoorçamento global. A UFRJ, segundo Adalberto Vieyra, deve buscarformas de integrar as suas atividades de ensino, pesquisa e exten-são, levando em conta, especialmente, as previsões de expansãoe crescimento:

— Isso deve ser feito de maneira associativa entre as unidades,de modo que a utilização desses recursos permita superar a frag-mentação que afeta a UFRJ desde a sua criação — conclui

pação das unidades e centros, e o debate do colegiado na definiçãoto eficaz do desenvolvimento estratégico da Universidade.

dade receberá e onde e comovão ser gastos. Ele relata que,inicialmente, observou um cer-to descrédito entre docentes efuncionários administrativos desua unidade quanto aos resul-tados da proposta de gestão des-centralizada de parte do orça-mento. A unidade, no entanto,encaminhou a sua planilha,com justificativas para cadauma das rubricas. Ao recebê-lade volta, Franklin Trein consul-tou novamente o corpo docen-te e administrativo do IFCS econstatou, surpreso, uma mu-dança de atitude:

— Eu nunca vi uma reaçãotão positiva diante de uma inici-ativa da alta administração. Issocertamente será algo que mar-cará a história da nossa trajetó-ria nesses anos na Universidade.

O orçamento descentraliza-do, para o diretor do IFCS, é umpasso extraordinário no senti-do da transparência dos custose do financiamento das ativida-des da universidade. Tambémamplia — afirma — o processodemocrático de tomada de de-cisões, tendo em vista que aproposta não foi apresentadacomo um orçamento fechado.Além disso, ela foi muito bemfeita tecnicamente, segundoFranklin Trein:

— Pessoas sem costume e in-timidade com orçamento ficaramsatisfeitas com os esclarecimen-tos e compreenderam a elabora-ção da peça orçamentária.

O IFCS encaminhou umaproposta da ordem de R$ 308mil, o que significava, em nú-meros redondos, de acordo com

Franklin Trein, cerca de cincovezes mais os gastos históricosda unidade em custeio.

— Fomos contemplados comR$ 276 mil, uma pequena dife-rença que diz respeito a umarubrica que a reitoria preferiuadministrar, relativa à presta-ção de serviços de terceiros paraa universidade (passagens aé-reas e diárias). Isso nos pare-ceu correto porque é uma ru-brica que oferece mais dificul-dades para essa descentraliza-ção — afirma.

O diretor do IFCS considera,ainda, que esse modo democrá-tico de construir o orçamentovai reforçar enormemente a in-tegração acadêmica e o neces-sário apoio a unidades debilita-das e com menores condiçõesde obter recursos próprios

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Página 10 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004E S P E C I A L

Investimentos da ordem deR$ 8 milhões, em dois anos,serão repassados pela Petro-bras à UFRJ, fruto de um Ter-mo de Cooperação assinado dia16 de novembro de 2004, emsolenidade ocorrida no salão doConselho Universitário. Segun-do o pró-reitor de Planejamen-to e Desenvolvimento da UFRJ,professor Joel Teodósio, essesrecursos somam-se a outros R$2 milhões e 500 mil proveni-entes de aluguéis, além de R$250 mil em taxas condominiais,pagas anualmente pela empre-sa em função da utilização daárea do campus do Fundão,onde se encontra o Centro dePesquisas e DesenvolvimentoLeopoldo A. Miguez de Mello —Cenpes, e pela ocupação denova área, de cerca de 60 milm², na qual será construído oCenpes II.

O projeto de expansão doCentro de Pesquisas na CidadeUniversitária foi exposto peloarquiteto Siegbert Zanettini aospresentes à solenidade e apre-senta soluções pensadas poruma equipe de cerca de 130profissionais. Pelo projeto sãopostos em prática conceitos deeco-eficiência e desenvolvi-mento sustentável. A aprecia-ção final dos três projetos ar-quitetônicos selecionados pelaestatal, dos quais o de Zanetti-ni, feito em co-autoria com JoséWagner Garcia foi o vencedor,contou com a participação daarquiteta e chefe do Escritório

Técnico da UFRJ, Maria Ânge-la Dias. Ao fim da solenidadehouve a apresentação do Coraldo Programa de Crianças Petro-bras da Maré.

Velhos parceirosA parceria entre a Petrobras

e a UFRJ já vem de longa data.Se em 1973 eram extraídos140 mil barris/dia e hoje sãoquase 2 milhões/dia, significa-tivos avanços tecnológicos fo-ram implementados, especial-mente com prospecção e explo-ração offshore, para as quaisPesquisadores da UFRJ e do

Fernando Pedro

Cenpes trabalharam para colo-car o Brasil na liderança mun-dial. A barreira dos mil proje-tos, efetuados em conjunto en-tre a COPPE/UFRJ e a estataljá foi superada, que credenciouesta Universidade para acolherem seu campus a expansão domaior Centro de Pesquisas empetróleo da América Latina.Esse Centro nasceu em 1963,localizando-se no campus daUFRJ, na Praia Vermelha e dezanos após, transfere suas ins-talações para a Ilha do Fundão,em um prédio concebido peloarquiteto Sérgio Bernardes.A novidade desse Termo de Co-

operação é que ele não visaapenas dar apoio à pesquisacientífica e tecnológica, mastambém às áreas de infra-estru-tura e responsabilidade social.Estão previstos investimentosem segurança do campus doFundão, como financiamento àinstalação de circuitos internosde TV, urbanização e manuten-ção de equipamentos de uso pú-blico e compartilhado, comomelhorias na rede de comuni-cação. Ações junto às comuni-dades adjacentes, tais como oconjunto de bairros da Maré,serão articuladas, o que forta-

lecerá, por exemplo, projetosde alfabetização para jovens eadultos, desenvolvidos pelaUFRJ junto ao Centro de AçõesSolidárias da Maré — CEASM.

Para 2005, destaca o pró-reitor Joel Teodósio, o aportede recursos da Petrobras, so-mando os provenientes desteTermo de Cooperação mais ocontrato de aluguel e taxas con-dominiais, deverá atingir R$ 6milhões e 750 mil, ou seja, oequivalente a cerca de 10% dovalor total das verbas previs-tas para a UFRJ pelo orçamen-to geral da União.Todos os pro-jetos, segundo informou a su-perintendente da PR-3, Almai-sa Monteiro Souza, deverão serpreviamente submetidos àapreciação de dois Conselhos,o Consultivo e o Gestor, com-postos por representantes deambas as partes. “O primeiroaprova as formas concretas decooperação entre os partícipes,priorizando os projetos a seremexecutados e destinando recur-sos necessários aos seus desen-volvimentos enquanto o conse-lho Gestor centraliza as deman-das originadas e recebidas pe-las Instituições, acompanhan-do a implantação dos projetosaprovados”, explica Almaisa.

Compuseram a mesa da so-lenidade a vice-reitora, profes-sora Sylvia Vargas, o gerenteexecutivo do Centro de Pesqui-sa e Desenvolvimento da Petro-bras, Carlos Tadeu da Costa Fra-ga; o pró-reitor de Planejamen-to e Desenvolvimento da UFRJ,professor Joel Teodósio; o ge-rente de Gestão Tecnológica doCenpes, Bruno Zemann, a di-retora da COPPE e diretora su-perintendente da Coppetec,Ângela Uller e o diretor Execu-tivo da Fundação Coppetec,David Nassi.

A vigência do Termo de Coo-peração é de 730 dias, prorro-gáveis por igual período e conta

com a interveniência administra-tiva da Fundação Coppetec.

Projeto integradoA apresentação do projeto

do Cenpes II, feita pelo arqui-teto Zanettini, enfatizou algu-mas das principais caracterís-ticas desta obra, que segundoseu autor, “constitui um impor-tante marco para a arquitetu-ra contemporânea”. E não épara menos. Estratégias de eco-eficiência estão estruturalmen-te contempladas. As condiçõesdo clima local foram tomadascomo fatores determinantespara os critérios de projeto,desde a etapa de implantaçãodo novo conjunto, até a defini-ção da arquitetura dos edifíci-os. Zanettini explica que a pro-posta aborda o desafio da eco-eficiência, criando ambientesexternos e internos que buscamo conforto ambiental do usuá-rio, a eficiência energética dosedifícios em operação, a possi-bilidade de geração de energialimpa e o aproveitamento dapaisagem natural na composi-ção dos espaços. Assim, elemen-tos do ambiente local, comoventos e vegetação, somados àvista privilegiada do mar, sãoinseridos no projeto. O consu-mo de ar-condicionado, porexemplo, é minimizado pelaconjunção de fatores que usa oadequado posicionamento dosprédios em relação à ventila-ção, a íntima convivência coma vegetação e o correto posici-onamento dos laboratórios nadireção norte-sul. “A predomi-nância da orientação norte-suldiminui a exposição destes edi-fícios à radiação direta prove-niente das orientações leste eoeste, e permite melhor apro-veitamento dos painéis fotovol-taicos para a geração de ener-gia limpa”, comenta Zanettini.Para ele, arquiteto e urbanistaformado pela USP, professor há

UFRJ e Petrobras firmam acordo de R$ 8 milhões45 anos, a obra de arquiteturadeve ser a conjunção de arte eciência. “Só arte, vira escultu-ra, só técnica, vira uma boaconstrução, mas jamais umaobra arquitetônica”.

Ele defende uma idéia plu-ridimensional para a arquitetu-ra, onde vários campos do sa-ber colaborem entre si, desde ageologia, a ecologia, passandopelo paisagismo, pela estéticae freqüentando as disciplinasdas ciências humanas, econô-micas e sociais, visando umequilíbrio entre o mundo raci-onal e o mundo sensível.

Convívio amistosoUm eixo central, a semelhan-

ça de uma coluna vertebral,percorre pela parte superiortodo o conjunto dedicado aoslaboratórios, servindo para otrânsito de pessoas, ao mesmotempo que funciona como umcondutor energético ligado aCentral de Utilidades, que per-mite vascularizar os prédios quesituam-se como vértebras, per-pendiculares a este eixo. Zanet-tini chegou a chamar de “pele”a cobertura externa proporcio-nada pelo eixo central, pois nelatambém estarão jardins complantas típicas da região prote-gidas por um telhado com estru-turas perfuradas, criando umfiltro de luz e um envoltório queajudará na criação de um micro-clima agradável. A água da chu-va será recolhida em reservató-rios e aproveitada, enquanto aságuas servidas serão tratadas eadequadamente reutilizadas. Aproximidade do mar tambémpermitirá o uso da água salgadana refrigeração de determinadosequipamentos.

O material principal do con-junto é o aço, da estrutura aosfechamentos. Segundo o ar-quiteto cumprindo as funçõesprotetoras de sombreamento erevestimento, painéis e chapasperfuradas em cores claras sãoinseridos na arquitetura.“Desta forma, tais chapas epainéis têm o papel de refletira radiação solar direta e filtrara luz natural, contribuindopara o conforto térmico e paraa eficiência energética dos am-bientes”, explica o professor.De acordo com Carlos Tadeu,gerente executivo do Cenpes,formado em Engenharia Civilpela UFRJ, outro destaque doplano arquitônico desta ex-pansão é a área da edificaçãovoltada para o público exter-no, com auditórios, lanchone-te, e salas de reunião, a qualservirá de espaço para trocade informações, realização deexposições daquilo que a Pe-trobras e a comunidade acadê-mica fazem, aumentando estainteração.

Ele adiantou que até fins de2006, o conjunto das novas ins-talações deverá estar concluído

Carlos TCarlos TCarlos TCarlos TCarlos Tadeu e Sylvia Vadeu e Sylvia Vadeu e Sylvia Vadeu e Sylvia Vadeu e Sylvia Vargas firmam acordoargas firmam acordoargas firmam acordoargas firmam acordoargas firmam acordo

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ Página 11U N I V E RS IDAD E

Liana Fernandes e Lucas Bonates

Alunos do Instituto de Filosofiae Ciências Sociais, o IFCS, e daEscola de Música da UFRJ denun-ciam a precariedade do funciona-mento de suas unidades. A faltade professores e funcionários, e aquestão da Reforma Curricular sãoos principais pontos de tensão. Ainfra-estrutura dos prédios tambémestá comprometida, mas como sãotombados pelo IPHAN (Instituto doPatrimônio Histórico e ArtísticoNacional), a restauração das ins-talações envolve custos altos, o quedificulta sua execução.

No IFCS, segundo os alunos, ainadimplência de alguns docentes,após a mobilização estudantil, foireduzida. Mas a deficiência no qua-dro de funcionários persiste. O De-partamento de Ciências Políticasestá há mais de um ano sem funci-onário, o que acarreta o atraso naliberação de notas e de diplomas,além da dificuldade de inscrição emdisciplinas que exigem pré-requisi-tos. São mais de 600 estudantes pre-judicados. Essa lacuna tem sidopreenchida com limitações por doisfuncionários dos departamentos deSociologia e Filosofia.

— Os professores justificavam aausência dizendo que os alunos tam-bém faltam — conta Ricardo Bonfim,do C.A. de Ciências Sociais.

O diretor da unidade, Frank-lin Trein, diz que desde que assu-miu a diretoria – há três anos –solicita funcionários para o depar-tamento e para a biblioteca – quenão tem funcionários no turno danoite – e espera suprir as defici-ências no próximo ano. Quanto aosprofessores faltosos, Franklin diznão ter sido procurado pelos alu-nos sobre esta questão.

— Não estou sabendo das faltasdos professores porque os alunos nun-ca me procuraram. Os canais estãoabertos para que possamos agir. Oimportante é que as salas de aulanão fiquem vazias — disse FranklinTrein, diretor do IFCS.

Outra reclamação dos alunosde Ciências Sociais é sobre a atu-alização do currículo acadêmico.Ao mesmo tempo em que foraminseridas novas matérias comoGlobalização e Movimento Rural,existem disciplinas consideradasultrapassadas, que poderiam sersubstituídas. Os estudantes tam-bém sugerem a ampliação da gra-de curricular, com a inclusão demais tópicos sobre crime e vio-lência urbana, e pedem maior es-pecificidade nas ementas a fimde que saibam quais autores se-rão estudados e para que possamcomprovar os temas abordadospelas disciplinas.

Filosofia noVestibular da UFRJ

Os discentes do IFCS comemo-ram a aprovação, no Consuni, dainclusão da prova de Filosofia novestibular da UFRJ, prevista parao ano letivo de 2006, mas lamen-tam que a matéria não esteja noedital do concurso deste ano. NoIFCS, foram organizados três deba-tes com a Associação dos Profissio-nais de Sociologia do Rio de Janeirosobre esse novo modelo de vestibu-lar. Estima-se que em 2012 todo oconteúdo programático de Filosofia,referente ao ensino médio, seja ple-namente abordado no concurso.Dessa forma, haverá uma amplia-ção no mercado de trabalho para

Por uma Universidade melhor

A inclusão da prova de Filosofia no Vestibular da UFRJ será feita gradualmente. Com início noconcurso de 2006, a medida será definitivamente implantada em 2012.

CLAC gratuitoOs estudantes da Fa-

culdade de Letras questi-onam a situação do res-taurante, onde funciona-va o antigo bandejão, e doestacionamento do pré-dio. Os alunos reivindi-cam, principalmente, agratuidade do CLAC, Cur-so de Línguas Aberto àComunidade.

— No bandejão, a co-mida custava até R$1,00.Agora tem esse restauran-te que cobra caro e os alu-nos têm dif iculdade depagar. Nós não temos di-nheiro para bancar ali-mentação, passagem eoutros gastos — disseGregory Magalhães, doC.A. de Letras.

O CLAC é um curso deextensão subordinado àdireção da Faculdade deLetras. Há 15 anos o cur-so começou a funcionargratuitamente. Há algunsanos foi discutida e apro-vada na Congregação acobrança de uma taxa deR$10,00, mas durante aúltima gestão da Unidade,sem a aprovação da Con-gregação, o curso passoua custar R$190,00 por se-mestre.

— Quando o preçochegou a R$150,00 hou-ve deliberação da Con-gregação de que qual-quer ação do CLAC estásubmetida a esse colegi-ado, e isso não vinha sen-do respeitado — revelaVladimir Aragão, do C.A.de Letras.

Os cursos do CLACtêm duração média dedois anos e meio e sãoabertos a qualquer pes-soa que tenha idade míni-ma de 16 anos. São distri-buídas duas vagas gratui-tas em cada turma, comaulas durante a semanapara os alunos residentesno alojamento. Os estu-dantes da Faculdade deLetras da UFRJ tambémpodem estudar gratuita-mente, mas não há isen-ção para as aulas aos sá-bados, nem para alunosde outras unidades. Pro-curada pelo Jornal daUFRJ, a diretora da Le-tras, professora CecíliaMolica, preferiu não sepronunciar.

A Faculdade de Música temenfrentado sérias dificuldades deinfra-estrutura e recursos. Doisedifícios estão comprometidos,o “Prédio de Sopros” e oAnexo 2,que é cedido pela empresa Su-perpesa à Universidade. Emambos, as salas de aula têm sidopouco utilizadas, mas por diferen-tes razões.

Os instrumentos, principal-mente pianos e contra-baixos,estão em péssimas condições deuso. “Não existe um piano afina-do. Como alguém pode ter a aulade harmonia sem um pianobom?”, reclama um estudante.Além disso, a instabilidade do“Prédio de Sopros” amedronta osuniversitários. No mês de setem-bro, o lustre do salão principal daFaculdade de Música despen-cou. O Anexo 2 está com proble-ma de vazamento de esgoto nacalçada. A insalubridade inutilizao primeiro andar, no entanto, al-guns professores continuam le-cionando no segundo piso, en-tre eles a diretora Harlei Apareci-da Raymundo.

A maior polêmica, contudo,envolvealunos, professores, aPró-reitoria de Graduação e a direto-ria da Escola. Desde o início doano letivo de 2004, o Departamen-to de Sopro se nega a ministraraulas aos estudantes do curso deLicenciatura em Música, recém-criado. O chefe do Departamen-to, professor Eduardo Monteiro,alega que a disciplina Licencia-tura/Instrumento não seguiu os

trâmites oficiais da Universidade aoser criada e, portanto, é ilegal. Noentanto, o Conselho de Ensino eGraduação (CEG) reconheceu alegalidade do curso.

Segundo Eduardo Monteiro, aComissão de Licenciatura, respon-sável pela elaboração do curso deLicenciatura em Música e suas dis-ciplinas, não foi criada oficialmen-te. Ele também questiona a com-petência do Conselho Departamen-tal, que não teria poderes delibera-tivos, apenas consultivos. A decisãodeste Conselho não deveria substi-tuir a do Departamento.

—Além disso, não existe ata deCongregação discriminando a cri-ação da matéria Licenciatura/Ins-trumento com ementa única. Mes-mo que tivesse sido criada, aementa não poderia ser única, por-que não é possível desdobrar con-teúdos programáticos para instru-mentos diferentes. Esse desdobra-mento significaria a criação denove novas matérias, só no meudepartamento — disse o professorEduardo.

Entretanto, a diretora Harlei afir-ma que a Comissão de Licencia-tura era legítima. Um de seus mem-bros, o então chefe do Departa-mento de Sopro, professor AfonsoOliveira, não levou a questão dacriação da matéria à discussão noDepartamento. De acordo comHarlei, o professor Afonso não seopôs claramente à ementa únicae não compareceu à Congrega-ção no dia da aprovação do cursode Licenciatura em Música.

Apesar de reconhecer que aata da Congregação foi mal re-digida, a diretora defende que adiscussão e a aprovação damatéria no Conselho Departa-mental supera a decisão de umDepartamento isolado. Além deter sido aprovada no Conselho ena Congregação da Escola deMúsica – principal Colegiado daunidade – a criação da discipli-na foi legitimada pelo CEG.

Quanto à disciplina Licenci-atura/Instrumento, Harlei garan-te que não há problema em cadaDepartamento desenvolver oconteúdo programático especí-fico para cada instrumento, apartir de uma ementa única. Se-gundo a diretora, no ano de 2003os professores do Departamen-to de Sopro ministraram essadisciplina normalmente, mas em2004 a suspenderam.

— Fazíamos uma adaptaçãoda disciplina Instrumento B, quesupriria as necessidades dosalunos do curso de Licenciaturaem Música. Chegamos a proporque em vez de se criar nove ma-térias, continuássemos usandoa Instrumento B. Mas Maria Be-atriz Licursi, por ser diretora deGraduação e possuir a senha dosistema, resolveu criar uma equi-valência entre Instrumento B eLicenciatura/Instrumento, semnenhum critério ou estudo. ODepartamento não acatou, nãoestá acatando e não acataráqualquer ilegalidade — contes-tou Eduardo Monteiro.

Disputa política na Escola de Música

Vestibular 2006 a 2008 – conteúdo da 1a. série do Ensino MédioVestibular 2009 a 2011 – conteúdo da 1a. e 2a. séries do Ensino MédioVestibular de 2012 em diante – inclusão de todo conteúdo do Ensino Médio.

quem se forma em Filosofia, pois asescolas (particulares e públicas)deverão contratar professores paraatender essa demanda.

O diretor do IFCS acredita que ainclusão de Filosofia no vestibularé uma questão delicada, que deveser avaliada com cuidado, pois aomesmo tempo em que o conteúdo dadisciplina, se bem abordado, é umamaneira de ampliar o senso críticodos estudantes e acrescentar, posi-

tivamente, na construção do conhe-cimento, a própria UFRJ está como currículo desatualizado.

– O licenciado não está bem

preparado para levar os estudan-tes do ensino médio a refletir so-bre o pensamento filosófico – ex-plica Franklin Trein.

FOTO: Vinícius Couto

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Página 12 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004U N I V E RS IDAD E

Bruno Franco e Luana Monçores

O presidente da RepúblicaBolivariana da Venezuela,Hugo Chávez, foi recebido noPalácio Universitário da PraiaVermelha, no dia 5 de novem-bro, para discorrer sobre a in-tegração latino-americana.Falou sobre seu histórico, osdesafios atuais e os projetospara o futuro. O estadista foiaclamado pela platéia, e retri-buiu o carinho acolhendo inú-meros pedidos de fotos, aper-tos de mão e abraços.

Professores e estudantesuniversitários, representantesde instituições dos governosbrasileiro e venezuelano, lide-ranças sindicais e políticos lo-taram o Salão Pedro Calmon, noForum de Ciência e Cultura daUniversidade. Junto a HugoChávez estavam a vice-reitorada UFRJ, Sylvia Vargas, e o pre-sidente da União Nacional deEstudantes (UNE) Gustavo Pet-ta. Ao se pronunciar, o líder daUNE recebeu aplausos e vaiasdos estudantes presentes, o queevidenciou a divisão do atualmovimento estudantil, percebi-da e comentada por Chávez.

As palavras de ChávezPassado, presente e futuro

da América Latina. Assim pode-se resumir o discurso do presi-dente venezuelano, que abor-dou aspectos políticos, econô-micos e sócio-culturais do con-tinente, ressaltando a impor-tância de uma integração bemplanejada.

Chávez anunciou que esta éuma ocasião propícia para seiniciar a integração latino-ame-ricana. “Há recursos, possibili-dades e vontade para fazê-la”.O presidente destacou, contu-do, que esta deve ser feita demodo fraterno, com ganhos paratodos os parceiros, e nunca nosmoldes da Área de Livre Comér-cio das Américas (ALCA), o pro-jeto desejado pelos Estados Uni-dos, que, em sua opinião, é de-sintegrador e aniquilador paraos países menos desenvolvidos.

Ao relembrar ícones dos mo-vimentos de resistência, Chá-vez evocou personagens da lutalatina por independência, comoSimón Bolívar e San Martín,além de nomes recentes, den-tre eles Che Guevara, Luis Car-los Prestes e o revolucionáriopernambucano Abreu e Lima,pouco conhecido entre nós. Eleenfatiza a necessidade de co-nhecermos nossas raízes histó-ricas para melhor entendermosquem somos. O chefe de gover-no venezuelano afirmou queeste é um momento históricopara corrigir o rumo do desen-volvimento da região. “Esta é ahora da vitória do povo da Amé-

UFRJ recebe Chávez

rica Latina. Que nossos bisne-tos não precisem repetir nos-sos esforços revolucionários”,sentenciou.

Chávez assinalou que paracrescer é preciso romper como liberalismo da globalização fi-nanceira, principalmente como Fundo Monetário Internacio-nal (FMI), posição que ele de-fende radical-mente, com oargumento deque o “Fundo éum asquerosoinstrumento deexploração dospovos do mun-do a serviçodos impérios”.A desunião dosm o v i m e n t o ssindical e estu-dantil, segundoo presidente, éque faz o jogo dos imperialis-tas. Para ele, é indispensávela agregação de valor aos nos-sos produtos e garantia de in-vestimentos sociais, principal-mente em saúde, educação e nageração de emprego e renda,como instrumentos para a afir-mação da América Latina nocenário mundial.

Ao criticar a ingerência daONU no Haiti e da coalizão capi-taneada pelos Estados Unidospara a ocupação do Iraque, o lí-der venezuelano defendeu a au-todeteminação dos povos. Apesarde evitar recriminar liderançascontroversas, como o ex-presi-dente haitiano, Jean-BaptisteAristide, afirmou que o povo lati-no deve resguardar sua memória

e não permitir o surgimento deum novo “Pinochet” em seu solo.

Para o futuro, Chávez de-fendeu uma integração conti-nental, harmonizadora e jus-ta, que garanta a soberania deseus países com organismossupranacionais, como porexemplo, a criação de umaempresa petrolífera (Petro-

sur), que faria peso na estru-tura geopolítica. Outras pro-postas, um tanto polêmicas einstigantes, foram: a OTAS (Or-ganização do Tratado do Atlân-tico Sul), que seria uma ForçaArmada dos países do AtlânticoSul; uma emissora de televisãocom programação voltada à in-tegração sul-americana; um

Fundo Monetário Re-gional e a integraçãocultural dos povosla t inos . “Bras i l eVenezuela devem seconhecer”, reiterouo presidente.

Ao som de gritosde “Chávez no se vá!”,o líder bolivarianoencerrou a palestra eseguiu com sua comi-tiva para a quadra daescola de samba daMangueira

O chefe de governo venezuelano, ao lado da vice reitora Sylvia VO chefe de governo venezuelano, ao lado da vice reitora Sylvia VO chefe de governo venezuelano, ao lado da vice reitora Sylvia VO chefe de governo venezuelano, ao lado da vice reitora Sylvia VO chefe de governo venezuelano, ao lado da vice reitora Sylvia Vargas, fala da necessidade deargas, fala da necessidade deargas, fala da necessidade deargas, fala da necessidade deargas, fala da necessidade deconhecermos nossas raízes históricas para melhor entendermos quem somos.conhecermos nossas raízes históricas para melhor entendermos quem somos.conhecermos nossas raízes históricas para melhor entendermos quem somos.conhecermos nossas raízes históricas para melhor entendermos quem somos.conhecermos nossas raízes históricas para melhor entendermos quem somos.

AcordoA UFRJ assinou, dia 6 de

dezembro, um acordo coma Light que abate a dívidaexistente entre a Universida-de e a concessionária. Asnegociações entre as partesduraram cinco anos, e a dí-vida, que e inicialmente, erade R$ 24 milhões, já haviasido reduzida a cerca de R$18 milhões. Agora a UFRJconseguiu junto ao Ministé-rio da Educação (MEC) a li-beração de R$ 16,9 milhões.A Light concordou em par-celar o restante da dívida em12 vezes, sem juros, de R$161 mil. O pró-reitor de Pla-nejamento e Desenvolvi-mento, Joel Teodósio afir-mou que elas serão pagascom tranqüilidade e des-creveu o momento comohistórico: “A política da Rei-toria é sanar as finanças,liquidando os passivos”.Além disso, GuilhermeFreitas, gerente de gran-des clientes/poder públi-co, da Light, anunciou quea empresa investirá R$ 10milhões na UFRJ, em trêsanos, para melhorar a efi-ciência do uso de energianos prédios. Os recursosvirão sob a forma de fundoperdido (doações), nomaior acordo já feito pelaconcessionária nesse gê-nero. R$ 3 milhões serãol iberados em abri l de2005, em decisão já apro-vada pela Aneel.

ReformaUniversitáriaO ministro da Educação,

Tarso Genro, apresentou,dia 6 de dezembro, em Bra-sília, a versão preliminar doanteprojeto de lei da refor-ma da educação superioraos fóruns das comunida-des acadêmica e científica,aos movimentos sociais eestudantis e às entidadesdos setores trabalhista eempresarial. Estas mesmasentidades e movimentostêm prazo até 15 de feverei-ro de 2005 para apresentaremendas ao anteprojeto. OMEC vai construir o projetode lei para discussão com asociedade e, finalmente, en-caminhá-lo ao presidente daRepública. Leia no suple-mento desta edição o Ante-projeto

Úl t imasSemanas

Militar, político e escritor, opernambucano José IgnácioAbreu e Lima era filho do PadreRoma, um dos líderes da Revo-lução Pernambucana, de 1817,o qual viu ser fuzilado pelas tro-pas da Coroa Portuguesa. Abreue Lima, defensor da unidade doBrasil e da solidariedade sul-americana, juntou-se às forçasde Bolívar, na Confederação doEquador, e lutou nas guerras deindependência da Venezuela eColômbia. De volta ao Brasil, par-ticipou da Revolução Praieira,em 1848, na qual foi preso. Li-

berto, escreveu livros (Compêndiode História do Brasil e O Socialis-mo) e artigos de orientação soci-alista em jornais como Diário dePernambuco, Diário Novo e Bar-ca de São Pedro. Manteve até ofinal sua conhecida conduta pro-vocadora, desafiando o clero per-nambucano, que lhe recusou oenterro em terreno católico, àocasião de seu falecimento, em8 de março de 1869. Abreu e Limafoi sepultado em cemitério angli-cano, fato que não escapou àscríticas de Chávez, em sua pas-sagem pela UFRJ.

Chávez é saudado pela multidãoChávez é saudado pela multidãoChávez é saudado pela multidãoChávez é saudado pela multidãoChávez é saudado pela multidão

Um brasileiro nas tropas de Bolívar

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ Página 13U N I D A D E S

Liana Fernandes e Lucas Bonates

Primeiro colégio público do Bra-si l na classif icação do ENEM de2003 (Exame Nacional de EnsinoMédio), o Colégio de Aplicação daUFRJ (CAp/UFRJ) é considerado aescola dos sonhos, segundo Marce-lo Corrêa, diretor da Faculdade deEducação da UFRJ. A qualidade dosprofessores – muitos, mestres e dou-tores, o diálogo aberto entre estu-dantes e docentes e a proposta pe-dagógica que privilegia a ação com-petente, reflexiva e crítica mantêmo CAp entre as dez melhores esco-las do Rio de Janeiro – entre as pú-blicas, a que possui maior índice deaprovação na UFRJ.

O colégio é parceiro preferenci-al da Faculdade de Educação daUFRJ. Estudantes de Licenciaturafazem estágio supervisionado na ins-tituição, que os orienta no sentidode estimular o senso crítico e des-pertar a criatividade dos alunos.

– O nosso colégio prioriza o diá-logo e apesar das dificuldades queenfrenta, dispõe de um corpo docen-te muito bem preparado. Os alunostêm aulas de Artes Cênicas, Plásti-cas, Educação Física, Desenho Ge-ométrico, Francês, Inglês e Música.São estudantes que exigem muitodos professores, o que proporcionauma boa troca – diz Militza BakichPutziger, diretora do CAp/UFRJ.

Curso noturno

Apesar da sua estrutura educa-cional, o CAp é prejudicado estra-tegicamente pela crise do ensino fe-deral. O colégio funciona apenas noperíodo diurno e pretende abrir tur-mas à noite. Dessa forma, supririaa demanda de alunos do Ensino Mé-dio e de estudantesde Licenciatura daFaculdade de Edu-cação da UFRJ ,que já oferece cur-so noturno há 15anos, aproximada-mente.

– Formamos umnúmero a l to dealunos na Licenci-atura, mas as va-gas para estágiono CAp são pou-cas. Apenas qua-tro alunos por tur-ma – destaca Mar-celo Corrêa.

Existem problemas de infiltraçãoe a falta de uma sede própria – opréd io per tence ao Munic íp io .Além disso, está com o quadro defuncionários incompleto. Para aten-der as 28 turmas, conta com 116professores, sendo 80 titulares e 36substitutos. A diretoria espera queo MEC conceda vagas para recom-por o quadro docente e ampliá-lo,dessa forma será possível oferecero curso noturno.

– Esse curso é imprescindívelpara que os estudantes das licenci-aturas noturnas da UFRJ possam re-

Entre os melhores do Brasil

alizar aqui o seu estágio supervisi-onado – diz Militza.

Além dos problemas na estrutu-ra do prédio, faltam recursos paraa alimentação dos alunos. O CAptem recebido contribuições dos paispara tentar diminuir essas deficiên-cias, mas espera receber ajuda doMEC .

– A reitoria está tentando nosajudar com a alimentação dos alu-nos, afinal, uma criança que ficaaqui em período integral, devido àsaulas de apoio, precisa almoçar, masfalta dinheiro. Além disso, se com-

prometeu a nos ajudar a solucionara questão da localização do colégio.Existe a possibilidade de se cons-truir um CAp no Fundão, mas o ide-al é que fosse perto da Faculdadede Educação, na Praia Vermelha –explicou Militza.

A reitoria liberou verba para aconstrução do refeitório e, assimque estiver pronto, a escola voltaráa solicitar a ajuda ao MEC e ao FNDE(Fundo Nacional de Desenvolvimen-to da Educação) – R$ 0,06 por alu-no/dia. “O valor é irrisório diantedas necessidades dos estudantes”,lamenta Militza.

Metodologia de ensino

O perfil diversificado de alunoscombina com a metodologia de en-sino do colégio, que rejeita a famo-sa “decoreba”, priorizando a com-preensão dos assuntos abordados emsala de aula. Por isso, desenvolveatividades que estimulam a vontadede aprender, como visitas a museuse a monumentos e a lugares histó-ricos da cidade do Rio de Janeiro. Oteatro é outra atividade realizadapelos estudantes, que produzem as

peças em parceria com a Escola deDireção Teatral da UFRJ.

O CAp possui uma biblioteca mui-to freqüentada por estudantes e pro-fessores. Os alunos de 1ª a 4ª séri-es participam da Oficina da Palavra,uma espécie de disciplina adicional,em que as crianças ouvem históri-as, contam-nas e lêem poemas paraque aprendam a discursar e se ex-pressar.

– A biblioteca que temos é peque-na para as atividades que aconte-cem, afinal atende a um público ex-tenso. Os alunos da Série Inicial (an-tigo CA) até o 3º ano do Ensino Mé-dio, além de estudantes da Licenci-atura, professores do colégio e uni-versitários matriculados na UFRJtêm acesso aos livros – disse LúciaHelena, responsável pela bibliote-ca do CAp.

O Acesso ao CAp UFRJ

Com turmas de 30 alunos, o sis-tema de ingresso ao CAp UFRJ era,até 1998, feito através de concur-so. Os estudantes faziam provas eos melhores colocados eram seleci-onados, mas a partir de 1999, paraque o colégio pudesse atender àsclasses de baixa renda, foi decididoque as vagas seriam sorteadas. Oscandidatos ao ensino médio realizamprovas de nivelamento antes do sor-teio, a fim de evitar patamares deconhecimento muito diferentes en-tre os alunos nesta etapa.

– Como o nível de ensino varia muitoentre as escolas, se fizermos um sorteiopuro do ensino médio, algumas crian-ças não conseguirão, mesmo com asaulas de apoio, superar as lacunas quetrazem. E, como ainda persiste o siste-ma de jubilamento, aceitar uma criançacom muitas lacunas aumenta as chan-ces de que ela seja jubilada – argumen-tou Militza.

Segundo Marcelo Corrêa, atual-mente, o CAp tem o acesso mais de-mocrático entre as escolas que exi-gem concurso público. Por isso, osistema de acesso torna desneces-sária a reserva de vagas (raciais oupor renda):

– O concurso público do CAp é oinstrumento mais democrático, não épreciso cotas. É necessário assegu-rar a qualidade do colégio, através deinvestimentos, recuperação e ampli-ação do quadro de professores. Os es-tudantes que se formam pelo CAp sãocompetentes e podem trabalhar pelamelhoria da educação de base comqualidade – defende.

Militza concorda com o sistemade acesso ao CAp:

– O Colégio tem a mesma filosofiada maioria dentro da UFRJ: quere-mos valor izar o ens ino públ ico .Quanto às cotas raciais, considera-mos que há igualmente grande nú-mero de jovens que não são de raçanegra e cujas famílias têm poderaquisitivo reduzidíssimo, o que, damesma forma, os impede de estarmais bem preparados para enfrentaro vestibular, finaliza

O diálogo aberto entre estudantes e docentes mantêm o CAp entre as dezO diálogo aberto entre estudantes e docentes mantêm o CAp entre as dezO diálogo aberto entre estudantes e docentes mantêm o CAp entre as dezO diálogo aberto entre estudantes e docentes mantêm o CAp entre as dezO diálogo aberto entre estudantes e docentes mantêm o CAp entre as dezmelhores escolas do Rio de Janeiromelhores escolas do Rio de Janeiromelhores escolas do Rio de Janeiromelhores escolas do Rio de Janeiromelhores escolas do Rio de Janeiro

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Página 14 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004COLE G IADOS

Conselhos em retrospectivaCEPG

O CEPG, Conselho de Ensino e Pes-quisa para Graduados, é o órgão delibe-rativo da estrutura superior da Univer-sidade responsável pelas diretrizes di-dáticas e pedagógicas dos cursos de Pós-graduação. José Luiz Fontes Monteiro,pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisae presidente do CEPG, avalia positiva-mente os trabalhos do Conselho duran-te o ano, que foi muito ativo nas ques-tões mais amplas de políticas acadêmi-cas. “Estou satisfeito, as reuniões ren-deram bastante. Talvez pela própria na-tureza polêmica dos assuntos, as discus-sões enriquecem”.

A maior aproximação e interaçãoentre os coordenadores de Pós-gradua-ção e o CEPG, através de suas câmaras,em particular a Câmara de Acompanha-mento e Avaliação de Cursos (CAAC), fo-ram muito incentivadas ao longo de2004. Do ponto de vista da relação coma comunidade acadêmica, José LuizMonteiro destaca esta como uma dasatividades mais proveitosas.

Este ano o Conselho também apro-vou a criação do curso de Pós-gradua-ção em Arqueologia, no Museu Nacio-nal. No momento, o processo está emapreciação pela CAPES e aguarda-se oresultado final. José Luiz enfatiza que acriação de novos cursos representa umavitória para a UFRJ.

Comissões e trabalhoDurante o ano, várias comissões fo-

ram instituídas e estão operando em di-ferentes estágios de desenvolvimento.Dentre as mais importantes, José LuizMonteiro destaca que está estudando oscursos de Pós-graduação Lato Sensu,visando uma maior disponibilização deinformações em relação a tais cursos.

Outra comissão importante é a queestá realizando um acompanhamento doscursos que obtiveram avaliações menossatisfatórias pela CAPES. “Foi feito umtrabalho muito importante ao longo desteano, não somente no sentido de identifi-car as deficiências destes cursos, masde permitir ao CEPG e à Reitoria teremum papel mais ativo, apoiando estesprogramas e oferecendo propostas dereformulação para que as deficiênciaspossam ser superadas”.

PolêmicasPara 2005, o CEPG aprovou uma

pauta de temas para discussão. “Nóssugerimos os assuntos e tentamos dis-cuti-los segundo prioridades defini-das”, esclarece José Luiz Monteiro. Deacordo com ele, uma das questões maispolêmicas deste ano foi a criação doProex, o novo programa da CAPES paraos cursos de excelência. “Essa foi umadas questões mais discutidas, em par-ticular com uma atuação forte da re-

presentação estudantil, que tinhamuitas preocupações quanto à imple-mentação do programa e eventuais pre-juízos que a comunidade discente po-deria ter”.

De modo mais amplo, o Conselho tra-tou de diversos assuntos importantes,como os debates a respeito da ReformaUniversitária, da alocação de vagas paradocentes e da cobrança de taxas de ins-crição para os cursos de Pós-graduação.

Quanto à cobrança, José Luiz expli-ca que há alguns programas na Univer-sidade que exigem taxa de inscrição ecada um o faz de forma isolada. O CEPGfará um levantamento da legislação,para depois se posicionar quanto à per-tinência ou não da cobrança das taxas.

CEG

O Conselho de Ensino e Graduação,CEG, é o órgão colegiado que, formadopor professores e alunos, define a polí-tica acadêmica e fixa normas de ensinodos cursos de graduação, como tambémdas formas de ingresso na UFRJ.

A superintendente geral de Graduação,professora Déia Maria Ferreira dos San-tos, esclarece que este ano o Conselho sereuniu com quorum em todas as sessõesconvocadas. “O CEG é um colegiado queestá sempre disposto a responder a gran-des desafios, trabalhando para resolver asquestões, para que as pautas não fiquematrasadas e para que os processos das câ-maras tenham um tempo de retenção mí-nimo. Este ano não faltaram desafios e no-vas propostas”.

No Conselho, os processos passampelas Câmaras e Comissões que o com-põem. Existem cinco câmaras — deCorpo Docente, de Corpo Discente, deLegislação e Normas, de Currículos ede Fomento —, além da Comissão deVestibular e das Comissões Mistas,compostas por membros dos outroscolegiados.

DeliberaçõesEm 2004, o CEG aprovou propostas

relativas à concessão de bolsas, entreelas, a ampliação de bolsas auxílio, a cri-ação da bolsa apoio (destinada a alunosde baixa renda), das bolsas de monitoriae de iniciação artística e cultural e a per-missão para que cada aluno alojado re-ceba uma bolsa auxílio manutenção, novalor de R$ 260,00.

O Conselho também deliberou sobrea inserção de uma prova de Filosofiano exame de vestibular para 2006. Aprofessora Déia acrescenta que esteano o CEG realizou uma reunião naFaculdade Nacional de Direito, qauan-do debateu e identificou a gravidade dacrise da unidade.

Entre os pontos mais polêmicos, aprofessora Déia destacou o da adoção decotas raciais ou sociais para os concur-sos de acesso à UFRJ

Gilda Moll

Os colegiados são órgãos de vitalimportância para a Universidade. Pe-los Conselho Universitário, Conse-lhos de Ensino de Graduação, CEG,e de Ensino e Pesquisa para Gradu-ados, CEPG, cada qual com suas co-missões ou câmaras e atribuições es-pecíficas, passaram, este ano, asprincipais discussões e decisões re-lativas ao dia-a-dia da UFRJ.

Consuni

De acordo com o secretário dos Ór-gãos Colegiados, Ivan Hidalgo, desde a úl-tima gestão muita coisa ficou acumula-da, pois os colegiados se reuniam menos.“Hoje estamos nos regularizando”. Ivandestaca, porém, que nem tudo que foiagendado foi decidido, pois sempre háassuntos tramitando nas comissões. En-tretanto, o Consuni pode se orgulhar deestar com a pauta em dia. O Conselho sereúne quinzenalmente, no 2º andar doPrédio da Reitoria. Na sua página na In-ternet — www.consuni.ufrj.br — há in-formações, como por exemplo, o regimen-to, a composição, as atribuições, as últi-mas resoluções, atas e moções. Tambémdesde setembro, as sessões do Consunivêm sendo transmitidas através de telõesfixados em pontos estratégicos em oitounidades distribuídas nos campi da PraiaVermelha e do Fundão.

O Estatuto da UFRJ define que oConsuni é o órgão superior de jurisdi-ção da Universidade, sendo o reitor seupresidente e tendo como integranteso vice-reitor, os pró-reitores e os de-canos de cada centro como membrosnatos. Ocupando mandatos, compõemo quadro de conselheiros, dois repre-sentantes de professores titulares edois de professores adjuntos, por cen-tro. Além de um representante de pro-fessores assistentes, um de professo-res de ensino fundamental e médio,cinco representantes do corpo discen-te, cinco dos técnico-administrativos,um representante dos professoreseméritos, um dos ex-alunos, um mem-bro do governo do estado e um do go-verno municipal.

Existem três comissões perma-nentes que integram o Conselho ecada uma delas dá pareceres sobresuas áreas de atuação. A Comissãode Ensino e Títulos aprecia, porexemplo, os calendários acadêmicose as concessões de títulos honorífi-cos. A Comissão de Desenvolvimen-to trata do Plano Diretor, do que sevai construir, recuperar, onde se vaiinvestir. Já a Comissão de Legisla-ção e Normas disciplina, de acordocom a legislação externa e internada UFRJ, apreciando em grau, ou deconsulta ou de recurso, os proces-sos que surgem.

Conselheiros

O professor Carlos Tannus está em seusegundo mandato como decano do Centrode Letras e Artes (CLA) e atua tambémcomo coordenador do Forum de Ciência eCultura (FCC). Ele avalia positivamenteos trabalhos do ano e elogia a transparên-cia com que o Conselho vem tratando aquestão do orçamento da Universidade. “OConsuni tem apoiado a reitoria na buscade mais recursos para a universidade pú-blica, gratuita e de qualidade”. O profes-sor, porém, enfatiza a necessidade de secriar condições para que os alunos fre-qüentem seus cursos, passando o dia naUniversidade com segurança, tendo aces-so às bibliotecas e condições de alimenta-ção e transporte. “Estamos reservando,para o próximo ano, uma boa parcela debolsas-auxílio para os alunos. Também éuma preocupação nossa o pequeno núme-ro de vagas no alojamento”.

Marcílio Lourenço de Araújo, repre-sentante dos técnico-administrativos emembro da Comissão de Legislação eNormas, defende o aumento do númerode vagas em geral nas universidades pú-blicas. Ele demonstrou claramente suaposição crítica em relação a vários pon-tos, principalmente no que concerne àsubserviência da Universidade na ques-tão da autonomia. “Ainda não temos umposicionamento discutido e formado comrelação a projetos do Ministério da Edu-cação que prejudiquem as universidades.A academia não está fazendo debates so-bre a questão do Pró-Uni e discussõespolíticas de alocação de verbas, porexemplo. Ela está deixando o barco cor-rer e depois vai se adaptando. Essa é aminha maior queixa”.

Na opinião de Paulo Maurício Schue-ler, representante do Corpo Discente deGraduação e membro da Comissão de De-senvolvimento, 2004 foi um ano contur-bado, em que pouco se conseguiu avan-çar em pautas que são estratégicas paraa UFRJ. “Infelizmente, chegaram ao cole-giado tantos problemas do dia-a-dia quenão conseguimos formular muita coisapara o futuro da Universidade”. Paulo vêas dificuldades financeiras como obstácu-los para o desenvolvimento de discussõesfundamentais para o futuro da UFRJ, comoo Plano Diretor. “Talvez o maior exemplodisso seja o fato de a universidade aindanão ter pautado, como instituição, o de-bate sobre a Reforma Universitária”.

Segundo Fernanda Lima Martins,representante do corpo Discente dePós-graduação e membro da Comissãode Ensino e Títulos, entre os objetivosde sua representação no Conselho estáa reivindicação de melhorias para ospós-graduandos, com a busca por apri-morar as condições de trabalho e sa-nar problemas referentes às bolsas deestudo. Fernanda também destacou oapoio às questões ligadas à graduação.“Neste ano pleiteamos, com os estu-dantes do IFCS, a reabertura da bibli-oteca, fechada devido a proliferaçãode fungos e a problemas estruturais.Apoiamos a luta dos estudantes da Fa-culdade Nacional de Direito pela reti-rada de seu diretor. Acompanhamos asdemandas dos alunos da EBA por me-lhorias nas instalações da Escola etambém a demanda dos estudantes deFilosofia e Ciências Sociais pela im-plementação das disciplinas Filosofiae Sociologia no vestibular”.

José Luiz: Interação incentivadaJosé Luiz: Interação incentivadaJosé Luiz: Interação incentivadaJosé Luiz: Interação incentivadaJosé Luiz: Interação incentivada

Déia Maria, José Roberto Meyer e Armando BorgesDéia Maria, José Roberto Meyer e Armando BorgesDéia Maria, José Roberto Meyer e Armando BorgesDéia Maria, José Roberto Meyer e Armando BorgesDéia Maria, José Roberto Meyer e Armando Borges

Consuni: pauta em diaConsuni: pauta em diaConsuni: pauta em diaConsuni: pauta em diaConsuni: pauta em dia

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ Página 15

Tornar o livro um produto de fácilacesso à maioria da população. Essa éuma das mais difíceis propostas do atu-al governo e de entidades como a Câma-ra Brasileira do Livro, o Sindicato Naci-onal dos Editores. Entre outras razões,porque não se trata de questão mera-mente econômica, mas sim de formarnovos leitores. Campanhas como a Fomede Livro e o projeto da Câmara Setorialdo Livro, (fórum para a elaboração dasdiretrizes da lei do livro) são ações quepretendem tornar a leitura um hábitodo brasileiro.

No início do mês de dezembro, foi ra-tificada pelo Senado Federal a isençãodo PIS e do Cofins sobre livros de todanatureza, conforme o presidente Lula eo ministro da Fazenda, Antonio Palocci,haviam anunciado ao setor editorial elivreiro no início de novembro. A emen-da, proposta pelos deputados Luiz Car-los Hauly (PSDB), Carlito Mers (PT) eJosé Carlos Aleluia (PFL), pôde soarcomo um alento aos pequenos edito-res, uma vez que esses tributos repre-sentavam uma carga de até 9,25% so-bre o faturamento das empresas doramo livreiro. Entretanto, a longo pra-zo, o resultado de uma ação única nãocontribui para o barateamento do li-vro no Brasil.

Sebastião Lacerda, editor da NovaAguillar, reconhecida por suas publica-ções de obras completas de grandes clás-sicos, vê com bons olhos a medida, masconsidera outras questões:

“Será talvez suficiente para tornar olivro um pouco mais barato num primei-ro momento. Fora isso, creio que empouco tempo estará tudo como hoje. Opapel continuará subindo de preço, osserviços gráficos também, como a gaso-lina do transporte.”

Além do custo alto das publicações pelabaixa tiragem no mercado, Sebastião apon-ta que faltam ações do poder público paraa aplicação de políticas públicas que mo-difiquem a mentalidade sobre o livro:

“É possível mudar o consenso de que

Livro para comida:um prato para educação

Emendas que desoneram o livro no BrasilArt. 6º. Os arts. 8º e 28º da Lei 10.865, de 30 de abril de 2004, passam a vigorar com aseguinte redação:

Art. 8º As contribuições serão calculadas mediante aplicação, sobre a base de cálculo deque trata o art. 7º desta Lei, das alíquotas de:§ 12. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas das contribuições, nas hipóteses de impor-tação de:

XII - livros, conforme definido no art. 2º da Lei nº 10.753, de 31 de outubro de 2003.Art. 28º. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e daCOFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, de:

VI - livros, conforme definido no art. 2º da Lei nº 10.753, de 31 de outubro de 2003.

Nathália de Oliveirao livro é um artigo de luxo. Basta que oPoder Público brasileiro tome vergonhae formule e execute uma política real-mente séria de distribuição de leituraatravés da rede nacional de bibliotecaspúblicas. Há algum tempo atrás foi ditonuma reunião de editores e livreirosque a rede pública de bibliotecas daFrança absorvia cerca de 40% da pro-dução editorial. O Brasil, menos de 4%.Está explicado todo o problema. Qual-quer projeto industrial, e o livro o é tam-bém, está mais do que viabilizado quan-do tem 40% da sua produção com a ven-da assegurada. E isso seria até mais doque o livro brasileiro necessita. Agora,com 4% só, não vai...”

Apesar das medidas de incentivo es-tarem engatinhando no setor, os livrosuniversitários conquistam novos espa-ços no mercado. Em 2003, as 104 edi-toras associadas à Abeu (AssociaçãoBrasileira das Editoras Universitárias)lançaram 800 títulos, revelando novosautores. Os livros abrem espaços nomercado editorial para temas impor-tantes de ciência e tecnologia que nor-malmente só são publicados pelas edi-toras comerciais se o apelo de vendasfor muito grande.

Editora universitária

A Editora UFRJ, por ser universitá-ria, atua em condições que não são asdo mercado. Em seu catálogo, possui131 títulos publicados entre obras cul-turais, filosóficas e científicas, além dos98 títulos ativos. Carlos Nelson Couti-nho, à frente da Editora reconhece ereafirma a importância de editoras uni-versitárias para a publicação de obrasfundamentais para o conhecimento hu-mano, mas que não possuem muito ape-lo comercial. Entre os projetos defendi-dos pelo professor de Teoria Política daEscola de Serviço Social da UFRJ, ummarxista intacto e editor de Gramsci, estáo de publicar a Ontologia do ser social,obra final do filósofo húngaro Lukács.

A linha que a editora vem seguin-

t

do é a de publicar importantes auto-res brasileiros que estão fora do mer-cado, além da produção dos autoresda própria Universidade. SegundoCarlos Nelson, uma editora universi-tária tem uma função específica, que

Estatísticas sobre leitura e entendimento dos Brasileiros(Percentagem que abrange a faixa etária dos 15 aos 64 anos)

Analfabetos: 8%Localizam informações simples em uma frase: 30%Localizam informação em texto curto: 37%Estabelecem relações entre textos longos: 25%

Média de livros lidos por ano7 na França5,1 nos EUA5 na Itália4,9 na Inglaterra1,8 no Brasil

Da população adulta alfabetizada do país:Um terço aprecia a leitura de livros61% tem muito pouco ou nenhum contato com livro

Fontes: CBL, IBL, BNDES, MEC e Inaf / Folha de São Paulo.

CULTURA

Livros unioversitários conquistam novos epaços no mercadosLivros unioversitários conquistam novos epaços no mercadosLivros unioversitários conquistam novos epaços no mercadosLivros unioversitários conquistam novos epaços no mercadosLivros unioversitários conquistam novos epaços no mercados

é exatamente a de pôr à disposiçãode um público ligado à universidadealguns textos clássicos, tanto do pen-samento mundial quanto do pensa-mento social brasileiro, com uma li-nha mais pluralista

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Página 16 JORNAL DA UFRJ – Suplemento Especial – DEZEMBRO DE 2004

CULTURA

IV Mostra de Teatro da UFRJ- O curso de Direção Teatral daEscola de Comunicação da UFRJrealiza até o dia 19 de dezembro,na Casa da Ciência, sua IV Mos-tra deTeatro. Os espetáculos vãode terça à domingo, às 18 e 20horas, com entrada franca e distri-buição de senhas uma hora antesdos espetáculos. O público pode-rá contribuir para campanhas con-tra a fome levando alimentos não-perecíveis.

Dia 12 – 20h - O Imbecil, deLuigi PirandelloDireçãoAna Beatriz FiguerasOrientação José Henrique B. Mo-reira

Dia 14, 15 e 16 – 20h - O Diá-rio de Anne Frank, adaptação deJulianaZarur, a partir das versõesdo Diário deAnne Frank, deAnneFrank e de Frances Goodrich eAlbertHackettDireção Juliana ZarurOrientação José Henrique B. Mo-reira

Dia17, 18e19–20h -ADamadoFashionWeek,deLarissaCâ-mara, livremente inspirado emDama das Camélias, de Alexan-dre Dumas FilhoDireção Larissa CâmaraOrientação Eleonora Fabião

CasadaCiênciaRua Lauro Müller, 3 – Botafogo -www.casadaciencia.ufrj.br

Forum de Ciência e Cultura

Dia 13 – O Natal do Forumvai ao FundãoO Natal Musical Brasileiro naUFRJ

Auto de Natal“Lapinha daParaíba”Saguão do Centro deTecnologia(CT), Cidade Universitária, Ilha doFundão, às 11h30min

Dia 20 – Auto de Natal comBalé Brasil da Ilha do Bom Jesus.Salão Dourado, às 11h30min.Formado por jovens das comuni-dades de Vila dos Pinheiros, Vilado João e ECEX.Coreógrafa:MercedesFerraroValPassosCoordenação: Wanda CôcoRealização: Forum de Ciência eCultura da UFRJ

Dia 22 – 18h Cia Folclóricado Rio de JaneiroEspetáculo: PastorilLocal: Átrio do Forum de CiênciaeCultura

18h30min – Atividade CulturalLocal: Capela do Forum de Ciên-cia eCultura

http://olharvirtual.ufrj.brAcesse

efiquebeminformado

Nathália de Oliveira

O ano era 1923. O lugar era acasa de Roquette-Pinto, em Botafogo.A situação: uma transmissão radio-fônica feita através de uma antenainstalada na Praia Vermelha. A ge-ringonça vista pelo repórter AmadeuAmaral era o rádio. Às vésperas decompletar 39 anos, Edgard Roquette-Pinto implantava, no Brasil, a pri-meira rádio educativa.

Com a frase “o rádio é a escolados que não têm escola”, Roquette-Pinto expressava sua intenção detransformar a realidade dos brasi-leiros que encontrou em suas an-danças pelo país. Numa época emque havia um forte pensamento ra-cista, de que negros e índios pode-riam comprometer a formação deuma população saudável e mais ín-tegra, o médico e também antropó-logo explicitava a necessidade depolíticas sanitárias e educativaspara os mais pobres.

Participante da expediçãoRondon ao Mato Grosso, Ro-quette-Pinto recolheu, atravésde anotações, desde o aspec-to físico da Região aos cânti-cos e instrumentos indígenas.Durante a viagem, trabalhoucomo etnógrafo, sociólogo, ge-ógrafo, arqueólogo, botânico,zoólogo, lingüista, médico, far-macêutico, legista, fotógrafo,cineasta e folclorista.

Sucessor de Osório Du-que Estrada, o autor do HinoNacional, na cadeira 15 daABL, Roquette-Pinto não os-tentava títulos, adorava gí-rias e dizia só escrever certopor acaso. Seu livro Rondô-nia, fruto de sua experiên-cia na expedição Rondon, foicomparado à obra Os Ser-tões, de Euclides da Cunha,pela força estilística de seu

“O homem-multidão”“Uma vara de bambu,

plantada no jardim,servia de antena. Delaescorriam fios de cobre,que iam até a sala e seenfiavam numa bobina

de papelão, a qualdevia ser o aparelho.

Deste saíam umatomada de terra,

comicamente ligada àtorneira da pia, e um

fone comum, detelefone, para ser

aplicado à orelha. Umageringonça infantil,primitiva e precária.

Amadeu Amaral achougraça: aquilo é que erao rádio?” Ruy Castro.

tratado científico. Suas pesquisasse estenderam às experimentaçõesno rádio e no cinema. Em 1936,Roquette-Pinto fundou o InstitutoNacional de Cinema Educativo aolado de Humberto Mauro. O INCEproduziu cerca de 300 documentá-rios em curta-metragem, de cará-ter científico, histórico e da poéti-ca popular. Quase todos sob a ori-entação de Roquette, que tambémescreveu e narrou muitos deles.

Foi através da Rádio Socieda-de, que Roquette-Pinto se tornoumais conhecido. Apesar das críti-cas do elitismo de sua programa-ção à frente da emissora, Roquetteinsistia em não aceitar propagan-da comercial ou política, fato que oisolava diante das outras emisso-ras comerciais que cresciam no Bra-sil. Com pouco dinheiro, a socieda-de não poderia modernizar seusequipamentos, muito menos ampli-ar sua abrangência para ganharmais espaço com seus ouvintes.

A saída para evitar o fim daRádio Sociedade veio com a anexa-ção de seus canais a um órgão ofi-cial. Autorizado por seus filhos adeixar sua única herança ao Mi-nistério da Educação, com todos osbens contidos na emissora, Roquet-te exigiu que fosse obedecida a suaúnica condição: de que a rádio per-manecesse fiel ao seu lema culturale educativo, sem qualquer vínculocomercial, político ou religioso. A

frase “ao Ministério de Educaçãodo povo, não ao governo” foi utili-zada por Roquette como argumen-to para que a Rádio não fossetransferida e se tornasse meio demanobra para o Departamento dePropaganda e Difusão Cultural,logo depois renomeado DIP, no go-verno de Getúlio Vargas.

A doação foi oficializada no diasete de setembro de 1936 e presen-ciada por Drummond, que anos maistarde definiu a cerimônia com a fra-se: “tinha qualquer coisa de casa-mento no seio de uma família muitounida, que via a filha sair nos bra-ços do rapaz escolhido livremente;sim, um excelente rapaz, tudo esta-va ótimo, os dois seriam muito feli-zes — mas... quem sabe?”. Após oevento, Roquette saiu acompanha-do da filha Beatriz e num corredornos fundos do andar, chorou. Des-de então, a Rádio Sociedade se tor-nou a Rádio Ministério da Educa-ção, a conhecida Rádio MEC.

Um mestremultidisciplinar

Um homem multifacetado. Talcaracterística é o ponto de partidada exposição itinerante Roquette-Pinto: um mestre brasiliano, sedia-da na Casa da Ciência da UFRJdurante o mês de novembro. Res-ponsável pela gerência educativa daCasa, Adriana Vicente descreve atrajetória da mostra:

“A exposição começa pelo apar-tamento do Roquette-Pinto e termi-na na réplica do auditório da RádioSociedade. Queríamos passar issode uma forma agradável, multimí-dia, que tivesse a cara do Roquette.Fizemos uma representação doapartamento em que viveu durantea velhice. O charuto ainda no cin-zeiro, a banheira repleta de livros,porque não existia mais espaço paraguardá-los. Ele era múltiplo e mui-to bagunçado, porque também faziavárias coisas ao mesmo tempo. E apartir desse espaço, começamos aentrar na vida pública do Roquettecom a expedição Rondon e a cria-ção da Rádio Sociedade”.

Organizada pela Casa deOswaldo Cruz/Fiocruz, em par-ceria com a Casa da Ciência e aRádio MEC, a exposição contoucom fotos, charges e caricaturas,além de peças etnológicas reu-nidas durante a participação deRoquette na expedição organiza-da por Cândido Rondon à Serrado Norte, Mato Grosso, em 1912.

O material exposto pela Casa daCiência foi coletado dos acervos doMuseu Nacional, Museu da Imageme do Som e Rádio MEC, num traba-lho de produção que envolveu pes-quisadores durante três meses.

A exposição remonta um progra-ma de auditório em que os visitan-tes participam como funcionários daRádio Sociedade. O evento oferece

oficina de rádio para crian-ças com programas de músi-ca e de ciências, mesas-re-dondas e exibição de filmeseducativos e científicos feitosno INCE à época em que Ro-quette era o diretor. Os curtasRondônia, Miocárdio em Cul-tura, Preparo da Vacina con-tra a Raiva, O Poraquê, FebreAmarela I e II e Céu do Brasilestão no programa. A próxi-ma sede da exposição será oMuseu de Ciência da Terra,na Avenida Lauro Müller, emBotafogo

ERRATA – Informamos que amatéria UFRJ abre suas portas, vei-culada no mês de outubro, na editoriade Cultura, é de autoria de Lucas Bo-nates, e não de Marcelo M. Corrêa eCastro, como foi publicada.

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ – Suplemento Especial Página 17

Suplemento Especial

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Página 18 JORNAL DA UFRJ – Suplemento Especial – DEZEMBRO DE 2004

Art. 2º. A educação superiorcumpre função social quanto àsatividades de ensino, pesquisae extensão, desenvolvidas eprestadas em seu âmbito.

Art. 3º. A educação superioratenderá aos seguintes objeti-vos:

I - formação de recursos hu-manos em padrões elevadosde qualidade;

II - formação e qualificação dequadros profissionais, inclusivepor programas de extensão uni-versitária, cujas habilitações es-tejam especificamente direcio-nadas ao atendimento de neces-sidades do desenvolvimentoeconômico, social, cultural, ci-entífico e tecnológico regional,ou de demandas específicas degrupos e organizações sociais,inclusive do mundo do trabalho,urbano e do campo, voltadospara o regime de cooperação;

III - qualidade de ensino, emcaráter estável e duradouro, nasinstituições de educação supe-rior, públicas e privadas, comocondição de ingresso e perma-nência no Sistema Federal daEducação Superior;

IV - integração crescente dasinstituições de educação supe-rior com a sociedade, pela ofer-ta permanente de oportunida-des de acesso aos bens cultu-rais e tecnológicos, em espe-cial quanto às populações deseu entorno ou área de influên-cia;

V - comprometimento institu-cional do Sistema Federal daEducação Superior com os de-mais sistemas de ensino e como desenvolvimento científico,tecnológico e cultural do País;

VI - redução de desigualda-des regionais, mediante políti-cas e programas públicos de in-vestimentos em ensino e pes-quisa e de formação de profes-sores e pesquisadores;

VII - expansão da rede pú-blica de instituições de educa-ção superior, pela criação de uni-versidades, centros universitá-rios e faculdades, e pelo au-mento da oferta de vagas, demodo a garantir a igualdade deoportunidades educacionais,com a meta de alcançar o per-centual de 40% (quarenta porcento) das vagas do sistema deensino superior até 2011.

Art. 4º. Sem prejuízo das fi-nalidades estabelecidas peloart. 43 da Lei nº 9.394, de 1996,a educação superior reger-se-á pelos seguintes preceitos:

I - promoção do exercício dacidadania e do respeito à digni-dade da pessoa humana e dosdireitos e garantias fundamen-tais;

II - responsabilidade socialdas instituições de educação su-perior, bem como das institui-ções de pesquisa científica etecnológica, públicas e priva-

das;III - aplicação de políticas e

ações afirmativas na promoçãoda igualdade de condições, noâmbito da educação superior,por critérios universais de ren-da ou específicos de etnia, comvista à inclusão social dos can-didatos a ingresso em seus cur-sos e programas;

IV - atendimento das neces-sidades definidas como de in-teresse público, no âmbito daeducação superior, em razãodos interesses nacionais, espe-cialmente com vista à reduçãode desigualdades sociais e re-gionais e ao incentivo ao de-senvolvimento sustentável, emtermos ambientais e econômi-cos, visando a uma integraçãosoberana e cooperativa do paísna economia mundial.

Art. 5º.As instituições de edu-cação superior exercerão suaresponsabilidade social pela ob-servância dos seguintes princí-pios, sem prejuízo do atendi-mento às demais disposiçõesaplicáveis:

I - compromisso com a liber-dade acadêmica, de forma a ga-rantir a livre expressão da ativi-dade intelectual, artística, cientí-fica e de comunicação;

II - atendimento das políticase planejamento públicos para aeducação superior, em especi-al quanto à criação e autoriza-ção de cursos de graduação eprogramas de pós-graduação;

III - gestão democrática dasatividades acadêmicas, median-te organização colegiada dasinstituições, de modo a promo-ver e garantir a cooperação dascategorias integrantes de suascomunidades;

IV - participação da socieda-de civil;

V - implantação de políticaspúblicas nas áreas de saúde,cultura, ciência e tecnologia, ava-liação educacional, desenvolvi-mento tecnológico e inclusãosocial;

VI - garantia de contraditóriae ampla defesa para aplicaçãode penalidades a professores,estudantes e servidores, técni-cos e administrativos, na formaregulada no estatuto ou regimen-to da instituição, vedando-se pu-nições ou perseguições de ca-ráter político ou ideológico;

VII - garantia de liberdade deassociação, organização e ma-nutenção de professores, estu-dantes e servidores, técnicos eadministrativos, por entidadespróprias, para representação desuas respectivas categorias, in-clusive sindicais, quando cou-ber, assegurando-lhes condi-ções físicas de funcionamentojunto a suas bases de represen-tação;

VIII - garantia da livre expres-são de professores, estudantes,técnicos e administrativos, por

si ou por suas entidades repre-sentativas, quanto aos interes-ses e pleitos de suas respecti-vas categorias, assegurado o li-vre acesso de dirigentes de en-tidades regionais e nacionaisde representação das categori-as referidas no inciso anterior;

IX - promoção da diversida-de cultural e da identidade, açãoe memória dos diferentes seg-mentos étnicos nacionais, valo-rizando os seus saberes, mani-festações artísticas e culturais,modos de vida e formas de ex-pressão tradicionais, em espe-cial das culturas populares, in-dígenas e afro-brasileiras.

Art. 6º. A liberdade de ensi-no à iniciativa privada será exer-cida em razão e nos limites dafunção social da educação su-perior.

Art. 7º. A educação superiorcompreenderá:

I - cursos de graduação, com-preendendo licenciaturas, ba-charelados e cursos superioresde tecnologia, bem como ou-tros cursos especializados porcampo do saber, abertos a can-didatos que tenham concluídoo ensino médio ou equivalen-te, devidamente classificadosem processo seletivo;

II - programas de pós-gradu-ação, compreendendo cursosde mestrado e doutorado, cre-denciados e em funcionamentoregular, abertos a candidatosgraduados que atendam aos re-quisitos estabelecidos pelas ins-tituições de educação superior;

III - programas e atividadesde extensão, abertos a candi-datos que atendam aos requisi-tos estabelecidos pelas institui-ções de educação superior;

IV - programas de formaçãocontinuada, abertos a candida-tos que atendam aos requisitosestabelecidos pelas instituiçõesde educação superior, abran-gendo:

a) cursos de estudos supe-riores posteriores ao ensino mé-dio ou equivalente, que não con-figurem graduação;

b) cursos seqüenciais porcampo do saber, de diferentesníveis de abrangência;

c) cursos de especialização,destinados a graduados;

d) cursos de aperfeiçoamen-to e de treinamento, destinadosa graduados.

§ 1º Pela conclusão dos cur-sos de graduação e dos cursoscompreendidos pelos progra-mas de pós-graduação, estu-dante receberá diploma comvalidade nacional como provada formação recebida por seutitular.

§ 2º Pela conclusão de cur-sos e atividades compreendi-dos em programas de extensãoe de formação continuada, o es-tudante receberá certificadocomprobatório dos correspon-

Ministro de Estado da EducaçãoMinistro de Estado da EducaçãoMinistro de Estado da EducaçãoMinistro de Estado da EducaçãoMinistro de Estado da Educação

Apresentação

O Ministério da Educação entrega a versão preliminar do Antepro-jeto da Lei de Educação Superior. Este documento é o resultado deum processo de trabalho com o qual contribuíram a comunidadeacadêmica, entidades da sociedade organizada, lideranças sociais,intelectuais e políticas, técnicos e especialistas do campo da educa-ção.

Este documento defende conceitos e estabelece procedimentospara que a Educação Superior cumpra sua missão e exerça as res-ponsabilidades que lhes são atribuídas pela Constituição. Restabe-lece o papel do Estado como mantenedor das Instituições Federaisde Ensino Superior e regulador do Sistema Federal de EducaçãoSuperior. Define, também, as condições objetivas que permitem oefetivo exercício da autonomia, garantida no Art. 207 da ConstituiçãoFederal. Autonomia, prerrogativas e responsabilidades acadêmicasestão articuladas a objetivos que devem garantir o acesso e a perma-nência nas instituições, assim como ensino de qualidade aferido porprocessos participativos de avaliação e executados por mecanismosdemocráticos de gestão. Da mesma maneira, torna-se explícito ocomprometimento do Governo com a qualificação e o fortalecimen-to da universidade pública.

A Reforma da Educação Superior é um estímulo à inovação dopensamento brasileiro e ao fortalecimento de sua inserção no cená-rio internacional. As mudanças propiciadas por esta Lei certamentecontribuirão para liberar energias criadoras contidas pela falta decondições adequadas ao pleno exercício das atividades científicas,culturais e intelectuais. A educação é a prática e a formação de valo-res. As atuais e futuras gerações transformadoras da história destepaís devem poder encontrar, em todas e em cada instituição de ensi-no superior, ambientes propícios ao exercício da liberdade, solidari-edade, diversidade e ética, para que possam se comprometer com ofuturo do Brasil.

A entrega deste documento abre uma nova fase no processo re-publicano de reflexão e transformação da educação superior brasi-leira. A partir de agora, o Ministério da Educação estará recebendocontribuições para a formulação do Anteprojeto de Lei da EducaçãoSuperior. Trata-se, portanto, de um documento posicionado, porém,aberto a uma nova construção, através de um amplo diálogo no inte-rior da sociedade civil, para que possamos recolher críticas, suges-tões e opiniões visando à redação do anteprojeto definitivo.

Este processo é o testemunho de um compromisso: a educaçãosuperior brasileira tem a missão estratégica e única voltada para aconsolidação de uma nação soberana, democrática, inclusiva e ca-paz de gerar a emancipação social. Esta proposta traduz a visãopolítica expressa no Programa de Governo Lula, reafirmada no deba-te público, nas críticas e consensos de que o projeto de nação estáintrinsecamente vinculado aos destinos da educação superior.

Tarso Genro - Ministro de Estado da Educação

ANTEPROJETO DE LEIVersão preliminar

6 de dezembro de 2004

Estabelece normas gerais para a educação superior, regula oSistema Federal da Educação Superior e dá outras providências.

TÍTULO I - DA EDUCAÇÃO SUPERIORCAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º. Esta Lei estabelece normas gerais para a educação su-perior, regula o Sistema Federal da Educação Superior e dá outrasprovidências.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, sem preju-ízo do disposto nos arts. 16 e 17 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de1996:

I - as instituições públicas de educação superior mantidas pelaUnião, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, constituídas comopessoas jurídicas de direito público, ainda que detenham estruturade direito privado;

II - as instituições de educação superior criadas ou mantidas pelainiciativa privada;

III - as instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicasou privadas, e as entidades públicas de fomento ao ensino e à pes-quisa científica e tecnológica, no que couber;

IV - as fundações de apoio, constituídas na forma da Lei nº 8.958,de 20 de dezembro de 1994, bem como as suas congêneres, públi-cas ou privadas, no que couber.

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dentes estudos superiores.§ 3º Os cursos de graduação

deverão ter o prazo mínimo deduração de três anos, sem pre-juízo do estabelecimento deprazos mínimos mais extensospara cursos específicos e à ex-ceção dos cursos que atende-rem ao disposto no inciso I doArt. 2º, caso em que o prazomínimo de duração deverá serde quatro anos.

Art. 8º. Os campos do saberabrangidos pelas instituições deeducação superior são:

I - Educação;II - Ciências Exatas e da Ter-

ra;III - Engenharia e Ciências

Tecnológicas;IV - Ciências Biológicas e da

Saúde;V - Ciências Agrárias;VI - Ciências Humanas e So-

ciais;VII - Letras e Artes.

CAPÍTULO II - DAS INSTITUI-ÇÕESDEEDUCAÇÃOSUPERI-

OR - SEÇÃO I - DISPOSI-ÇÕES GERAIS

Art. 9º.As instituições de edu-cação superior classificam-senas seguintes categorias:

I - públicas, assim entendi-das as criadas ou incorporadas,mantidas e administradas peloPoder Público;

II - privadas, assim entendi-das as mantidas e administradaspor pessoas físicas ou jurídicasde direito privado.

Art. 10. Quanto à sua organi-zação acadêmica, as institui-ções de educação superior, pú-blicas e privadas, classificam-seem:

I - universidades;II - centros universitários;III - faculdades.§ 1º As denominações de

universidade, centro universitá-rio e faculdade são privativasdas instituições de educação su-perior, na forma de seus res-pectivos atos de credenciamen-to.

§ 2º A especialização porcampos do saber de instituiçõesde educação superior, a teor doparágrafo único do art. 52 da Leinº 9.394, de 1996, se fará na for-ma do art. 8º desta Lei.

§ 3º A denominação de insti-tuição de educação superior, es-pecializada por campo do sa-ber, em especial no que se re-fere à pós-graduação, tambémpoderá referir sua peculiaridade.

Art. 11. As instituições deeducação superior, para fins dedeterminação das prerrogativasque lhes são por esta Lei atri-buídas, serão classificadascomo universidades, centrosuniversitários e faculdades, con-forme o efetivo cumprimentodos requisitos pertinentes a

cada tipo de instituição, especi-almente os constantes nos arts.13, 25 e 27 e seu parágrafo úni-co, respectivamente, e indepen-dentemente da sua denomina-ção anterior à publicação destaLei.

§ 1º A instituição de educaçãosuperior cujas prerrogativas deautonomia forem reduzidas emfunção de enquadramento, nostermos do caput, firmará proto-colo de compromisso na formado art. 10 da Lei nº 10.861, de 14de abril de 2004.

§ 2º Findo o prazo estipula-do pelo protocolo de compro-misso, a instituição passará agozar das prerrogativas a que fi-zer jus e terá sua denominaçãoalterada, conforme o cumprimen-to efetivo dos requisitos previs-tos por esta Lei.

Art. 12. Sem prejuízo dos cri-térios utilizados pelo Ministériode Educação, na supervisão dasinstituições de educação supe-rior, considera-se avaliação po-sitiva, em especial para os efei-tos dos arts. 13, 25 e 27 e seuparágrafo único, a obtenção deconceitos satisfatórios de quali-dade, situados nos dois níveissuperiores da escala estabele-cida com base na Lei nº 10.861,de 2004, em cada uma das di-mensões e no conjunto de di-mensões avaliadas.

Parágrafo único. Com vista àredução de desigualdades so-ciais, regionais e locais, poderáo Ministério de Educação, emcasos especiais, com base emindicadores apropriados, definirregiões e situações nas quaisseja suficiente a obtenção deconceitos satisfatórios de quali-dade, situados nos três níveis su-periores da escala estabelecidacom base na Lei nº 10.861, de2004, em cada uma das dimen-sões e no conjunto das dimen-sões avaliadas.

SEÇÃO IIDA UNIVERSIDADE

Art. 13. Considera-se univer-sidade, para os efeitos desta Lei,a instituição de educação supe-rior que atenda, no mínimo, aosseguintes requisitos:

I - estrutura pluridisciplinar,com oferta regular de no mínimodoze cursos de graduação empelo menos três campos do sa-ber, todos reconhecidos e comavaliação positiva pelo Ministé-rio da Educação;

II - programas consolidadosde pós-graduação, com no mí-nimo três cursos de mestrado eum curso de doutorado, todosreconhecidos e com avaliaçãopositiva pelo Ministério da Edu-cação;

III - programas institucionaisde extensão em todos os cam-pos do saber abrangidos pelainstituição;

IV - pelo menos um terço docorpo docente em regime detempo integral ou dedicaçãoexclusiva, e pelo menos a me-tade com titulação acadêmicade mestrado ou doutorado.

Parágrafo único. Sem pre-juízo das exigências postasnos incisos III e IV deste arti-go, as universidades tecnoló-gicas e as demais universida-des especializadas deverãoatender, no mínimo, aos requi-sitos de oito cursos de gradu-ação, sendo seis em um únicocampo do saber, um curso demestrado ou um curso de dou-torado, todos reconhecidos ecom avaliação positiva pelo Mi-nistério da Educação, bemcomo de programa institucionalde extensão em seu campo dosaber precípuo.

Art. 14. Observado o dis-posto nos arts. 52, 53 e 54 daLei nº 9.394, de 1996, a univer-sidade, pública e privada,apresenta as seguintes carac-terísticas:

I - autonomia universitária,com as prerrogativas a ela ine-rentes;

II - responsabilidade socialprópria das instituições de edu-cação superior;

III - indissociabilidade entreensino, de pesquisa e de ex-tensão;

IV - geração de novos co-nhecimentos, nos programasde pós-graduação, de pesqui-sa e de extensão;

V - observância dos seguin-tes preceitos:

a) liberdade de aprender,ensinar, pesquisar e divulgar opensamento, a arte, a ciência,a cultura e o saber;

b) manutenção de padrõeselevados de qualidade na for-mação de recursos humanos;

c) pluralismo de idéias e deconcepções pedagógicas;

d) articulação com a socie-dade, em especial com a co-munidade local e regional desua inserção e situação;

e) integração com os de-mais níveis e modalidades deensino;

f) igualdade de condiçõespara o acesso e permanênciadiscente na instituição;

g) inscrição gratuita paraexame de acesso à educaçãosuperior para estudantes de bai-xa renda, conforme regulamen-to;

h) gestão democrática e co-legiada da instituição;

i) valorização profissionaldos docentes e servidores,técnicos e administrativos, dainstituição.

Art. 15. Sem prejuízo dasatribuições asseguradas peloart. 53 da Lei nº 9.394, de

1996, a autonomia universi-tária compreende a autonomiadidático-científica, administrati-

va e degestão financeira e patrimo-

nial.§ 1º A autonomia administra-

tiva consiste na capacidade deauto-organização e de ediçãode normas próprias, no queconcerne à escolha de seus di-rigentes e à administração derecursos humanos e materiais.

§ 2º A autonomia de gestãofinanceira e patrimonial consis-te na capacidade de gerir recur-sos financeiros e patrimoniais,postos à sua disposição pelaUnião ou recebidos em doação,bem como os gerados pela pró-pria instituição.

§ 3º A autonomia administra-tiva e a autonomia de gestão fi-nanceira e patrimonial decorreme estão subordinadas à autono-mia didático-científica, comomeios de assegurar a sua efeti-vidade.

Art. 16. A fim de garantir oexercício da autonomia didático-científica, administrativa e degestão, são asseguradas às uni-versidades as seguintes prerro-gativas:

I - criar, organizar e extinguir,em sua sede ou campus autori-zado, cursos e programas deeducação superior, obedecen-do às normas gerais da União,e quando for o caso, do respec-tivo sistema de ensino;

II - fixar os currículos de seuscursos e programas, observa-das as diretrizes gerais pertinen-tes;

III - fixar seus objetivos pe-dagógicos, científicos, tecnoló-gicos, artísticos, culturais e so-ciais, bem como de educaçãopara a democracia e cidadania;

IV - fixar o número de vagasem seus cursos e programas,de acordo com a capacidadeinstitucional e as exigências domeio de seu entorno e área deinfluência;

V - estabelecer periodica-mente o calendário acadêmico,observada a duração mínima doperíodo letivo determinada pelalei;

VI - estabelecer planos, pro-gramas e projetos de pesquisacientífica e tecnológica, de pro-dução artística e cultural e deextensão;

VII - conferir graus, diplomas,certificados e outros títulos aca-dêmicos;

VIII - registrar diplomas;XI - estabelecer normas e cri-

térios para seleção, admissãoe exclusão de seus estudantes,assim como para aceitação detransferências;

X - promover a avaliação, in-terna e externa, de seus cursose programas, com a efetiva par-ticipação de professores, estu-dantes e demais profissionaisda educação;

XI - firmar contratos, acordose convênios.

Art. 17. A auto-organizaçãoda universidade far-se-á pelaelaboração e alteração de es-tatuto, pelo qual suas atividadesserão regidas, atendidas as pe-culiaridades regionais e locais.

Art. 18. O estatuto da univer-sidade deverá garantir a liber-dade de pensamento, a livreprodução e transmissão do co-nhecimento e, em especial, as-segurar:

I - a organização da comuni-dade acadêmica em colegia-dos e órgãos de direção comcapacidade decisória sobre as-suntos relativos ao ensino, àpesquisa, à extensão e, no quecouber, à administração e ao pla-nejamento;

II - a participação em seusórgãos colegiados deliberati-vos de representantes dos cor-pos docente e discente, dosservidores, técnicos e adminis-trativos, e da sociedade civil,observada a participação majo-ritária de docentes em efetivoexercício na instituição;

III - a proteção da liberdadeacadêmica contra qualquerexercício abusivo de poder, in-terno ou externo à instituição, noensino, na pesquisa e na exten-são;

IV - a gestão pluralista dosrecursos da instituição, demodo a garantir a continuidadejustificada de programas proje-tos de ensino, pesquisa e ex-tensão;

V - a organização de conse-lho comunitário social, constitu-ído por representantes da soci-edade civil, da própria institui-ção e da administração pública,direta e indireta, responsávelpela supervisão e acompanha-mento de suas atividades;

VI - a prévia tipificação de in-frações disciplinares e de suascorrespondentes penalidades,para os corpos docente e dis-cente e para os servidores, téc-nicos e administrativos, bemcomo a regulação dos proces-sos administrativos para sua apli-cação;

VII - planos de carreira parao corpo docente e para os ser-vidores, técnicos e administra-tivos;

VIII - a institucionalização doplanejamento das atividadesestruturais da universidadecomo atribuição de exercíciopermanente pela instituição.

Art. 19. Na organização dauniversidade, o estatuto deve-rá prever ao menos um colegi-ado superior de gestão, que fun-cionará como órgão máximo dedecisão quanto às atividades di-dático-científicas, administrativase financeiro-patrimoniais, ecomo instância recursal definiti-va no âmbito da instituição.

Art. 20. O conselho comuni-tário social, constituído com a fi-nalidade de assegurar a partici

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Página 20 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004

pação da sociedade em as-suntos relativos ao ensino, àpesquisa, à extensão, à admi-nistração e ao planejamento dauniversidade, terá as seguintesprerrogativas, sem prejuízo deoutras que lhe possam ser es-tatutariamente conferidas:

I - viabilizar amplo conheci-mento público das atividadesestruturais da universidade, comvista à avaliação social de suaefetividade enquanto instituição;

II - opinar sobre o desempe-nho da universidade, medianterelatórios periódicos, os quaisserão obrigatoriamente consi-derados no processo de avali-ação da instituição, estabeleci-do pela Lei nº 10.861, de 2004;

III - examinar e opinar sobreo atendimento, pela instituição,do disposto nos arts. 13, 14 e18 desta Lei;

IV - emitir relatório de avalia-ção quanto ao Plano de Desen-volvimento Institucional da uni-versidade;

V - elaborar e encaminharsubsídios para a fixação das di-retrizes e da política geral da uni-versidade, bem como opinarsobre todos os assuntos quelhe forem submetidos.

Parágrafo único. O conselhocomunitário social será consti-tuído pelo reitor da universida-de, que o presidirá; pelo vice-reitor, que o substituirá em seusimpedimentos; por representan-tes do Poder Público de qual-quer nível de governo; e, sem-pre com participação majoritá-ria, por representantes de enti-dades de fomento científico etecnológico, entidades corpora-tivas, associações de classe,sindicatos e da sociedade civil.

Art. 21. As universidades, naforma de seus estatutos, pode-rão organizar os seus cursos degraduação, na sua totalidade ouem parte, em períodos de for-mação, os quais atenderão aosseguintes critérios:

I - estudos de formação ge-ral, em quaisquer campos dosaber, com a duração mínimade quatro semestres, com vistaa:

a) formação humanística e in-terdisciplinar;

b) realização de estudos pre-paratórios para os períodos pos-teriores de formação;

c) orientação para a escolhade carreira profissional.

II - estudos de formação pro-fissional, em campo do saberespecífico, de acordo com aestrutura curricular estabelecidapela instituição.

§ 1º Os estudos de formaçãogeral não implicam habilitaçãoprofissional.

§ 2º Pela conclusão dos es-tudos de formação geral, o es-tudante receberá

certificado de estudos supe-riores, com validade acadêmi-

ca de âmbito nacional, comoprova da formação recebida porseu titular.

§ 3º O atendimento do dis-posto no inciso I deste artigoserá considerado positivamen-te na avaliação das instituiçõesde educação superior.

Art. 22. Para efeito da estru-turação dos períodos de forma-ção, as disciplinas ou atividadesoferecidas pelas universidadesserão agrupadas em conjuntosde disciplinas ou atividades deformação geral e de disciplinasou atividades de formação pro-fissional.

Art. 23. As disciplinas ou ati-vidades de formação geral quetiverem caráter genérico porcampo do saber poderão seragrupadas em conjuntos própri-os, para o efeito de constituíremfase preparatória aos estudosespecíficos de formação profis-sional nos cursos pretendidosem um mesmo campo.

Art. 24. Sem prejuízo da or-ganização e pré-requisitos cur-riculares dos cursos oferecidos,poderá ser facultado ao estudan-te, desde o seu ingresso, ma-tricular-se livremente nas disci-plinas ou atividades do períodode estudos de formação geralou de formação profissional.

SEÇÃO IIIDO CENTRO UNIVERSITÁRIO

Art. 25. Considera-se cen-tro universitário, para os efei-tos desta Lei, a instituição deeducação superior que atenda,no mínimo, aos seguintes re-quisitos:

I - estrutura pluridisciplinar dainstituição, com oferta regularde no mínimo seis cursos degraduação em no mínimo doiscampos do saber específicos,todos reconhecidos e com ava-liação positiva pelo Ministérioda Educação;

II - programa institucional deextensão, em pelo menos doisdos campos de saber, nosquais mantenha cursos de gra-duação;

III - um quinto do corpo do-cente, pelo menos, em regimede tempo integral ou dedicaçãoexclusiva, e pelo menos um ter-ço com titulação acadêmica demestrado ou doutorado.

Parágrafo único. Sem preju-ízo da exigência posta no inci-so III deste artigo, os centrosuniversitários tecnológicos eos demais centros universitári-os especializados deverãoatender, no mínimo, aos requi-sitos de quatro cursos de gra-duação em um único campo dosaber, todos reconhecidos ecom avaliação positiva pelo Mi-nistério da Educação, bemcomo programa institucional deextensão no mesmo campo.

Art. 26. O centro universitá-rio poderá exercer as prerro-gativas dispostas no art. 16desta Lei, com exceção daconstante do inciso I.

§ 1º O centro universitáriopoderá propor, no mesmo cam-po do saber, a criação de cur-sos congêneres aos cursos degraduação, nos quais obtiveravaliação positiva, na forma doart. 12, caput, desta Lei.

§ 2º A aprovação da conge-nereidade e a definição do nú-mero inicial de vagas serão fei-tas pelo Ministério da Educa-ção, com prioridade de análi-se e procedimento sumário, deacordo com a capacidade ins-titucional e as exigências domeio de seu entorno e área deinfluência.

SEÇÃO IV - DA FACULDADE

Art. 27. As faculdades po-derão exercer as prerrogativasdispostas no art. 16 desta Lei,com exceção das constantesdos incisos I, IV, e VIII.

Parágrafo único. Poderãoser estendidas à faculdade,quanto aos cursos de gradua-ção nos quais houver obtidoavaliação positiva, na forma doart. 12, caput, desta Lei, no atode reconhecimento e nas reno-vações de reconhecimentoposteriores, as seguintes atri-buições de autonomia didático-científica próprias das universi-dades:

I - ampliar o número de va-gas, até o limite máximo de50% (cinqüenta por cento) dasvagas existentes, em cada eta-pa de renovação;

II - registrar os diplomasconferidos.

SEÇÃO V - DO PLANO DEDESENVOLVIMENTO

INSTITUCIONAL

Art. 28. As instituições deeducação superior deverãoelaborar, tendo por base seuplanejamento estratégico, Pla-no de Desenvolvimento Institu-cional - PDI, a cada período decinco anos, que conterá:

I - apresentação das pers-pectivas de evolução da insti-tuição no período de vigênciado plano;

II - o projeto pedagógico dainstituição;

III - o projeto de desenvol-vimento regional e local da ins-tituição, conforme o disposto naLei nº 10.861, de 2004, demodo a que a instituição alcan-ce:

a) atender às necessidadesdo desenvolvimento econômi-co, social, cultural, científico etecnológico nacional e regio-nal, em especial pelo estudoe elaboração de temáticas re-gionais;

b) atender a demandas es-pecíficas de grupos e organi-zações sociais, inclusive domundo do trabalho, urbano e docampo;

c) integrar-se com a socie-dade, em especial com as po-pulações de seu entorno ouárea de influência.

IV - os instrumentos de inte-gração com a sociedade emgeral, e com as comunidadeslocais e regionais de sua inser-ção, bem como com a comuni-dade acadêmica e científica, demodo a viabilizar pleno conhe-cimento público de suas ativi-dades estruturais.

§ 1º O PDI deverá trazer:I - o histórico da instituição,

contendo sua implantação eevolução;

II - a descrição da situaçãoatual da instituição, mediantedados quantitativos e qualitati-vos comprovados, ou cuja com-provação possa ser solicitadaa qualquer tempo;

III - a estrutura organizacionale de gestão da instituição, bemcomo de órgãos e entidadescongêneres, auxiliares e subsi-diários, mantidos diretamente ouatravés de entidade mantenedo-ra comum;

IV - os objetivos e metasque a instituição se propõe a re-alizar, no ensino, na pesquisa ena extensão, inclusive median-te projetos de expansão e qua-lificação institucional, com espe-cial adequação ao disposto noart. 3º desta Lei;

V - os critérios de seleçãopública para admissão de do-centes e servidores, técnicose administrativos;

VI - a indicação orçamentá-ria dos recursos financeiros deque dispõe, com a especifica-ção de sua fonte, incluídas asreceitas próprias geradas porsuas atividades e serviços,com sua alocação à realizaçãodos objetivos e metas propos-tos, em especial novos inves-timentos;

VII - a indicação orçamentá-ria dos recursos financeiros ne-cessários à realização dos ob-jetivos e metas propostos, emespecial novos investimentosos quais dependam de seremobtidos em fontes estranhas àinstituição;

VIII - o orçamento do exer-cício financeiro corrente da ins-tituição, bem como o orçamen-to plurianual dos exercícios fi-nanceiros seguintes e as dire-trizes orçamentárias aplicáveis;

IX - proposta de termo decompromisso de atendimento,a ser firmado pela instituiçãocom o Ministério da Educação,dos objetivos e metas especi-ficados no PDI, em especialquanto aos projetos de expan-são e qualificação institucionalpropostos.

§ 2º A apresentação daperspectiva de evolução seráfundamentada em autoavalia-ção da instituição, indicandosuas potencialidades e carên-cias e a proposta para sua oti-mização e correção.

§ 3º O projeto pedagógicoda instituição conterá:

I - finalidades e objetivos dainstituição, explicitado em do-cumentos oficiais;

II - práticas pedagógicas eadministrativas relacionadascom os objetivos centrais dainstituição, identificando resul-tados esperados, dificuldades,carências, possibilidades e po-tencialidades;

III - a política para o ensino,a pesquisa, a pós-graduação,a extensão e as receptivas nor-mas de operacionalização, in-cluídos os procedimentos paraestimulo à produção acadêmi-ca, às bolsas de pesquisas, demonitoria e demais modalida-des de incentivo à pesquisa;

IV - práticas institucionaisque estimulam a melhoria doensino, a formação docente, oapoio ao estudante, a interdis-ciplinaridade, inovações didá-tico-pedagógicas e o uso dasnovas tecnologias no ensino;

V - relevância social e cien-tífica da pesquisa em relaçãoaos objetivos institucionais;

VI - vínculos e contribuiçãoda pesquisa para o desenvol-vimento local ou regional;

VII - políticas e práticas ins-titucionais e pesquisa para aformação de pesquisadores;

VIII - articulação da pesqui-sa com as demais atividadesacadêmicas;

IX - concepção de extensãoe de atuação social afirmada noPDI;

X - articulação das ativida-des de extensão com o ensi-no e a pesquisa e com as ne-cessidades e demandas doentorno social;

XI - projeto de avaliação eacompanhamento das atividadesacadêmicas de ensino, pesqui-sa e extensão, planejamento egestão;

XII - infra-estrutura física eacadêmica, bem como a ade-quação da infra-estrutura parao atendimento aos portadoresde necessidades especiais.

§ 4º O termo de compromis-so, observadas a natureza jurí-dica, tipo institucional, identida-de e características peculiaresà instituição, deverá identificaro interesse público e a respon-sabilidade social que lhe sãopróprias e, ademais dos obje-tivos e metas especificados noPDI, conter também os com-prometimentos e vinculaçõescom a promoção das seguin-tes ações:

I - melhoria continuada daqualidade da educação supe-

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rior oferecida, em especialnos cursos de graduação, nasatividades de ensino, pesqui-sa e extensão;

II - oferta e expansão dasatividades que envolvam aprestação de serviços essen-ciais às comunidades, mesmosem remuneração ou retornofinanceiro para a instituição, in-clusive sob a forma de progra-mas de extensão instituciona-lizados;

III - atendimento das neces-sidades básicas de manuten-ção, melhoria e expansão doshospitais, centros de saúde eoutros estabelecimentos con-gêneres vinculados à institui-ção, os quais funcionem comohospitais-escola ou equivalen-tes, em atividades de ensino,pesquisa e extensão;

IV - políticas e programasde ações afirmativas de pro-moção igualitária e inclusãosocial, com vista ao dispostono inciso III do art. 4º e, no quecouber, nos arts. 47 a 51 des-ta Lei;

V - manutenção da área fí-sica e instalações da institui-ção, com especial proteção epreservação de bens caracte-rísticos do patrimônio culturalbrasileiro ou universal, integra-dos em seu patrimônio institu-cional.

§ 5º O PDI, e o correspon-dente termo de compromissoproposto com base em seusconteúdos, deverão ser apro-vados pelo colegiado superi-or de gestão da instituição.

Art. 29. O PDI constitui ter-mo de compromisso da insti-tuição de educação superiorperante o Ministério da Edu-cação, cujos posteriores adi-tamentos dependem de análi-se prévia e homologação porparte deste último.

TÍTULO II - DO SISTEMAFEDERAL DA EDUCAÇÃO

SUPERIOR

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 30. O Sistema Federalda Educação Superior compre-ende as instituições de educa-ção superior, públicas federaise privadas, e os órgãos, enti-dades e serviços públicos decaráter normativo, administrati-vo e de apoio técnico existen-tes no âmbito da União.

§ 1º O Sistema Federal daEducação Superior tem comoórgão normativo o ConselhoNacional de Educação, na for-ma da lei, e como órgão exe-cutivo o Ministério da Educa-ção.

§ 2º O Sistema Federal daEducação Superior contarácom o Fórum Nacional da Edu-cação Superior, órgão consul-

tivo da Câmara de EducaçãoSuperior do Conselho Nacionalde Educação, como instânciade articulação com a socieda-de.

§ 3º O Fórum Nacional daEducação Superior se reuniráperiodicamente, por convoca-ção da Câmara de EducaçãoSuperior do Conselho Nacionalde Educação, a quem cabe asua coordenação, e será obri-gatoriamente ouvido durante aelaboração dos Planos Nacio-nais de Educação.

§ 4º Os sistemas estaduaisde educação superior poderãoinstituir órgãos equivalentes aoFórum Nacional de EducaçãoSuperior, os quais se articula-rão, em regime de colabora-ção.

Art. 31. O Sistema Federalda Educação Superior, objeti-vando a oferta universal deoportunidades de acesso àsinstituições de educação supe-rior, e a redução de desigual-dades sociais e regionais, ope-rará segundo as seguintes di-retrizes:

I - coordenação e planeja-mento das políticas públicasem educação superior;

II - democratização da ges-tão e administração das políti-cas públicas em educação su-perior;

III - participação da socieda-de civil, inclusive de grupossociais e étnico-raciais espe-cíficos;

IV - colaboração entre os ór-gãos e entidades da adminis-tração púbica federal, direta eindireta, em especial com asentidades de fomento ao ensi-no e à pesquisa cientifica e tec-nológica;

V - colaboração com os sis-temas de educação superiordos Estados;

VI - articulação entre os di-ferentes níveis de ensino;

VII - promoção da qualida-de da educação superior, pelavalorização do processo deavaliação institucional;

VIII - garantia de condiçõesdignas de trabalho aos profes-sores, pesquisadores e servi-dores, técnicos e administrati-vos.

Art. 32. O Sistema Federalda Educação Superior será ar-ticulado com o Sistema Únicode Saúde - SUS, de modo agarantir orientação intersetorialao ensino e à prestação de ser-viços de saúde, mediante de-cisão compartilhada quanto àsnormas regulatórias aplicáveis,resguardados os âmbitos decompetência do Ministério daEducação e do Ministério daSaúde.

§ 1º A criação de cursos degraduação em medicina, odon-tologia, psicologia, enferma-gem, farmácia, fonoaudiologia,

nutrição, terapia ocupacional, fi-sioterapia e biomedicina, poruniversidades e demais insti-tuições de ensino superior, de-verá ser submetida à manifes-tação do Conselho Nacional deSaúde.

§ 2º O Conselho Nacional deSaúde deverá manifestar-se noprazo máximo de cento e vintedias, contados da data do re-cebimento do processo reme-tido pela Secretaria de Educa-ção Superior do Ministério daEducação.

Art. 33. A União, medianteconvênios, poderá delegar aosEstados competência para au-torização e supervisão do fun-cionamento de instituições pri-vadas de educação superiornão-universitárias, cabendo adefinição de diretrizes comple-mentares ao sistema de ensi-no estadual correspondente.

CAPÍTULO IIDAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS

DEEDUCAÇÃOSUPERIOR

SEÇÃO IDAS UNIVERSIDADES

FEDERAIS

Art. 34. As universidades fe-derais são pessoas jurídicas dedireito público, instituídas e man-tidas pela União, criadas ou cominstituição autorizada por lei,sob qualquer das formas admi-tidas em direito, e dotadas dasprerrogativas inerentes à auto-nomia universitária, na forma daConstituição.

§ 1º As universidades fede-rais, mesmo quando detenhamestrutura de direito privado, re-gem-se por regime jurídico pró-prio, na forma estabelecida pelaConstituição e por esta Lei, pelalei de sua criação ou de autori-zação de sua instituição, e pe-los seus Estatutos.

§ 2º As universidades fede-rais poderão utilizar, para in-gresso aos seus cursos de gra-duação, os resultados dos exa-mes nacionais de avaliação dedesempenho escolar básico,total ou parcialmente, que se-rão:

I - obrigatórios para todos osconcluintes do Ensino Médio edemais egressos deste nívelde ensino, em qualquer de suasmodalidades, a partir da vigên-cia desta Lei;

II - optativos para os conclu-intes do Ensino Médio e demaisegressos deste nível de ensi-no, em qualquer de suas mo-dalidades, antes da vigênciadesta Lei.

§ 3º Aos centros universitári-os federais e às faculdades fe-derais se aplica, no que couber,o disposto no presente capítu-lo.

Art. 35. A universidade fede-

ral obedecerá aos princípios de:I - indissociabilidade entre

ensino, pesquisa e extensão;II - função social do ensino,

da pesquisa e da extensão;III - interação permanente

com a sociedade e o mundo dotrabalho, urbano e rural, orien-tando a formação de educado-res do campo e o desenvolvi-mento sustentável do campo;

IV - integração com os de-mais níveis e modalidades deensino;

V - igualdade de condiçõespara o acesso e permanênciadiscente na instituição;

VI - liberdade de aprender,ensinar, pesquisar e divulgar opensamento, a arte, a cultura eo saber;

VII - pluralismo de idéias ede concepções pedagógicas;

VIII - garantia de qualidadeacadêmica;

IX - gestão democrática e co-legiada;

X - eficiência, probidade e ra-cionalização na gestão dos re-cursos;

XI - valorização profissionaldos docentes e técnico-admi-nistrativos;

XII - gratuidade do ensino degraduação e de pós-graduação.

Art. 36. São finalidades dauniversidade federal:

I - gerar, transmitir e dissemi-nar o conhecimento, em pa-drões elevados de qualidade eeqüidade;

II - formar profissionais nosdiferentes campos do saber,ampliando o acesso da popula-ção à educação superior;

III - valorizar o ser humano, acultura e os saberes;

IV - promover a formação hu-manista do cidadão com a ca-pacidade crítica frente à socie-dade e ao Estado;

V - promover o desenvolvi-mento científico, tecnológico,econômico, social, artístico ecultural;

VI - conservar e difundir osvalores éticos e de liberdade,igualdade e democracia;

VII - estimular a solidarieda-de humana na construção da so-ciedade e na estruturação domundo da vida e do trabalho;

VIII - educar para a conser-vação e a preservação da natu-reza;

IX - propiciar condições paraa transformação da realidade vi-sando à justiça social e ao de-senvolvimento auto-sustentável;

X - estimular o conhecimen-to e a busca de soluções deproblemas do mundo contem-porâneo, em particular os regi-onais e nacionais.

Art. 37. A universidade fede-ral reger-se-á por seu estatuto,aprovado pelo respectivo cole-giado superior e pelo ConselhoNacional de Educação, em de-cisão sujeita a homologação

pelo Ministro da Educação.Art. 38. Observado o dispos-

to no art. 16 desta Lei, são as-seguradas à universidade fede-ral, para garantir o exercício daautonomia administrativa, semprejuízo de outras que venhama ser estabelecidas, as prerro-gativas de:

I - organizar-se internamenteda forma mais conveniente ecompatível com sua peculiarida-de, estabelecendo suas instân-cias decisórias;

II - estabelecer a política ge-ral de administração da institui-ção;

III - elaborar e reformar seusestatutos e regimentos;

IV - escolher seus dirigentes,na forma de seu estatuto;

V - estabelecer seu quadrode pessoal, criando, transfor-mando e extinguindo cargos efunções, no limite de sua capa-cidade orçamentária;

VI - remunerar serviços ex-traordinários e atividades espe-ciais, conforme definição doconselho superior da instituição;

VII - admitir, nomear, promo-ver, demitir e exonerar pesso-al;

VIII - organizar a distribuiçãodas atividades de ensino, pes-quisa e extensão;

IX - autorizar o afastamentode seu pessoal para qualifica-ção e atualização e para partici-pação em atividades científicas,tecnológicas, artísticas, culturaise de representação;

X - estabelecer normas eexercer o poder disciplinar re-lativamente ao seu quadro depessoal e ao corpo discente;

XI - firmar contratos, acordose convênios.

Parágrafo único.As prerroga-tivas previstas nos incisos V eVI deste artigo serão exercidascom observância dos planos decarreira nacional, para os docen-tes e para os servidores, técni-cos e administrativos, com pisosalarial assegurado em ambasas categorias, e ingresso exclu-sivamente por concurso públi-co de provas e títulos.

Art. 39. Os estatutos das uni-versidades federais deverãoprever a forma de escolha deseus dirigentes máximos, reitore vice-reitor, mediante eleiçãodireta pela comunidade univer-sitária.

Parágrafo único. O colegia-do superior da instituição regu-lamentará o processo de elei-ção direta de seus dirigentes,com observância dos seguintespreceitos:

I - a votação dos integrantesda comunidade universitáriaserá uninominal e secreta;

II - a eleição do Reitor impor-tará a do Vice-Reitor com ele re-gistrado;

III - o resultado eleitoral serácalculado, entre os montantes

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de votos válidos dos corposdocente, discente e dos servi-dores, técnicos e administrati-vos, com observância da pon-deração estabelecida no esta-tuto da instituição.

Art. 40. É assegurada à uni-versidade federal, para garantiro exercício da autonomia degestão financeira e patrimonial,sem prejuízo de outras açõesque venham a ser estabeleci-das, a liberdade de:

I - propor e executar seu or-çamento, em conformidade comos limites estabelecidos pelaUnião;

II - remanejar os recursosoriundos da União e as receitaspróprias, inclusive rendimentosde capital, entre rubricas, pro-gramas ou categorias de des-pesa;

III - gerir seu patrimônio;IV - receber doações, heran-

ças e legados e estabelecer co-operação financeira com entida-des privadas;

V - receber subvenções eestabelecer cooperação finan-ceira com entidades públicas;

Parágrafo único. A universi-dade federal publicará anual-mente o balanço das receitasauferidas e das despesas efe-tuadas.

SEÇÃO II

DO FINANCIAMENTO DASINSTITUIÇÕES FEDERAIS DE

EDUCAÇÃO SUPERIOR

Art. 41.AUnião aplicará, anu-almente, nas instituições fede-rais de educação superior, nun-ca menos de setenta e cincopor cento da receita constituci-onalmente vinculada à manuten-ção e desenvolvimento do en-sino.

Parágrafo único. Fica dedu-zida da base de cálculo a quese refere o caput a complemen-tação da União aos Fundos deManutenção e Desenvolvimen-to da Educação Básica e de Va-lorização dos Profissionais daEducação, nos termos do art. 60,incisos IV e V, das disposiçõestransitórias da Constituição Fe-deral, com a redação dada pelaEmenda Constitucional nº __.

Art. 42. A participação decada instituição federal de edu-cação superior nos recursosdestinados pela União à manu-tenção e desenvolvimento doensino não poderá ser inferiorao montante recebido, a mes-mo título, no exercício financei-ro imediatamente anterior.

§ 1º O montante a receber,na forma do caput, será acres-cido dos recursos necessáriospara cobrir o aumento:

I - de despesas de pessoal,pela concessão de vantagensou aumento de remuneração,

pela criação de cargos, empre-gos e funções ou alteração deestruturas de carreira, e pela ad-missão ou contratação de pes-soal, a qualquer título;

II - de despesas de custeio,considerada a variação médiados preços dos insumos essen-ciais às atividades de ensino epesquisa, conforme regulamen-to;

§ 2º Excluem-se do cálculoa que se refere o caput:

I - os recursos alocados àsinstituições federais de educa-ção superior pelas

entidades públicas de fo-mento ao ensino e à pesquisacientífica e tecnológica e porsuas congêneres privadas.

II - os recursos alocados àsinstituições federais de educa-ção superior, por força de con-vênios, contratos, programas eprojetos de cooperação, por ór-gãos e entidades públicos fe-derais não participantes do Sis-tema Federal da Educação Su-perior, por outros órgãos e enti-dades públicos, federais ounão, bem como por organiza-ções internacionais.

III - as receitas próprias dasinstituições federais de educa-ção superior, geradas por suasatividades e serviços.

§ 3º Os excedentes financei-ros de cada exercício serão au-tomaticamente incorporados aoexercício seguinte, e não serãoconsiderados na fixação domontante a que se refere o ca-put.

Art. 43. As despesas cominativos e pensionistas das ins-tituições federais de educaçãosuperior, sem prejuízo de seusdireitos específicos, correrão àconta do Tesouro Nacional, me-diante alocação de recursos defontes que não as referidas noart. 41.

Art. 44. Os recursos destina-dos a cada instituição federal deeducação superior, na forma doart. 42, para efeito de orçamen-tação global nas mesmas enti-dades, deverão ser repassadospela União sob a forma de do-tações globais.

§ 1º A partir do exercício de2006, até o exercício de 2008,o Poder Executivo deverá im-plantar progressivamente, nasinstituições federais de educa-ção superior, o regime de orça-mentação global, bem como arealizar a liberação de recursosmediante duodécimos mensais.

§ 2º As instituições federaisde educação superior deverãose habilitar à gestão autônomados recursos que lhes foremdestinados, no regime de orça-mentação global, pelo atendi-mento de indicadores instituci-onais de gestão e desempe-nho.

§ 3º As instituições federaisde educação superior habilita-

das à gestão autônoma dos re-cursos que lhes forem destina-dos, no regime de orçamenta-ção global, terão as suas fun-dações de apoio descredenci-adas pelo Ministério da Educa-ção e pelo Ministério da Ciên-cia e Tecnologia, que estabele-cerão prazo para a revisão dasrelações da instituição mantidascom suas fundações de apoioquanto aos convênios, contra-tos, acordos e ajustes com es-tas firmados.

Art. 45. Caberá a cada insti-tuição federal de educação su-perior elaborar e executar seuorçamento, discriminando entredespesas de pessoal, outroscusteios e capital, incluindo omontante e a destinação dos re-cursos, inclusive os oriundosde outras fontes, assegurada apossibilidade de remanejamen-tos entre rubricas, programas oucategorias de despesa.

Parágrafo único. As institui-ções federais de educação su-perior, responsáveis pela manu-tenção de hospitais, centros desaúde e outros estabelecimen-tos congêneres, que funcionemcomo hospitais-escola ou equi-valentes, deverão manter orça-mentação separada para essesestabelecimentos.

Art. 46. As instituições fede-rais de educação superior, naelaboração de seus Planos deDesenvolvimento Institucional,especificarão os objetivos e me-tas que se propõem a realizarno ensino, na pesquisa e na ex-tensão, com especial destaqueaos projetos de expansão equalificação institucional pro-postos, a que se refere o art.28, § 1º, VIII desta Lei.

§ 1º O PDI deverá especifi-car a fonte dos recursos, incluí-das as receitas próprias gera-das por suas atividades e ser-viços, necessários à realizaçãodos objetivos e metas propos-tas, em especial quando impli-quem em novos investimentos,destinados a suportar os proje-tos de expansão e qualificaçãoinstitucional.

§ 2º Os objetivos e metasespecificados no PDI servirãode base para a celebração deprotocolo de compromisso deseu atendimento, entre as insti-tuições federais de educaçãosuperior e o Ministério da Edu-cação, em especial quanto aosprojetos de expansão e qualifi-cação institucional que depen-dam de novos investimentos.

§ 3º Os recursos correspon-dentes aos projetos de expan-são e qualificação institucional,especificados no PDI, serão alo-cados, em cada exercício, soba forma de contribuição orça-mentária complementar, libera-da juntamente com os duodéci-mos mensais, até o primeiro diade cada mês.

§ 4º Respeitado o dispostono art. 41, a expansão das insti-tuições federais de educaçãosuperior será definida pelo Mi-nistério da Educação medianteanálise do PDI de cada institui-ção e respectiva avaliação dedesempenho, segundo critériosdefinidos em regulamento.

SEÇÃO IIIDAS POLÍTICAS E AÇÕESAFIRMATIVAS PÚBLICAS

Art. 47. As instituições fede-rais de educação superior de-verão elaborar e implantar, naforma estabelecida em seu PDI,programas de ações afirmativasde promoção igualitária e inclu-são social, que atendam ao dis-posto no inciso III do art. 4º des-ta Lei.

Art. 48. As instituições fede-rais de educação superior re-servarão, a título geral, em cadaconcurso de seleção para in-gresso nos cursos de gradua-ção, no mínimo, cinqüenta porcento de suas vagas para estu-dantes que tenham cursado in-tegralmente o ensino médio emescolas públicas.

Art. 49. Em cada instituiçãofederal de educação superior,as vagas de que trata o art. 48serão preenchidas por uma pro-porção mínima de autodeclara-dos negros e indígenas igual àproporção de pretos, pardos eindígenas na população da Uni-dade da Federação onde estáinstalada a instituição, segundoo último Censo do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatísti-ca - IBGE.

Parágrafo único. No caso denão preenchimento das vagassegundo os critérios do caput,as remanescentes deverão sercompletadas por estudantesque tenham cursado integral-mente o ensino médio em es-colas públicas.

Art. 50. No prazo máximo dedez anos, as instituições fede-rais de educação superior de-verão progressivamente haveralcançado o atendimento plenodos critérios de proporção es-tabelecidos nos arts. 48 e 49desta Lei, em todos e cada umde seus cursos de graduação,segundo etapas fixadas em cro-nograma constante de progra-ma de ação afirmativa promovi-do pela instituição com esseobjetivo específico.

§ 1º Para os efeitos do dis-posto no caput, as instituiçõesfederais de educação superiorpoderão estabelecer um dife-rencial máximo aceitável entreo desempenho dos candidatosbeneficiados pelo programa deação afirmativa e dos demaiscandidatos a ingresso pelo sis-tema geral, tal como apurado noprocesso seletivo adotado pela

instituição para acesso aos seuscursos de graduação.

§ 2ºA implantação de progra-mas de ação afirmativa, direci-onados a cursos de graduaçãoespecíficos, em hipótese algu-ma servirão para restringir a re-serva geral de vagas fixadasnos arts. 48 e 49 desta Lei.

Art. 51. Sempre que a insti-tuição federal de educação su-perior promova concurso de se-leção para ingresso nos cursosde graduação, o qual detenhacaracterísticas especiais, a for-ma de adequação ao dispostonesta Seção deverá constar, demodo fundamentado, do PDI.

SEÇÃO IVDO APOIO AO ESTUDANTE

SUBSEÇÃO I - DA ASSISTÊN-CIA ESTUDANTIL

Art. 52. A Caixa EconômicaFederal fica autorizada a reali-zar concurso anual especialcom destinação da renda líqui-da exclusivamente para o finan-ciamento de programas de as-sistência estudantil a estudantesde baixa renda do sistema fe-deral da educação superior, re-ferente a todas as modalidadesde Loterias Federais existentes,regidas pelo Decreto-Lei no204, de 27 de fevereiro de 1967,e pelas demais normas aplicá-veis, e mediante aprovação dasrespectivas regras pelo Minis-tério da Fazenda.

Parágrafo único. Na seleçãodos estudantes beneficiáriosdos programas a que se refereo caput deverá ser observadaproporção mínima de autodecla-rados negros e indígenas iguala proporção de pretos, pardose indígenas na população, se-gundo o último Censo do Insti-tuto Brasileiro de Geografia eEstatística - IBGE.

Art. 53. Considera-se rendalíquida o valor resultante da ren-da bruta auferida pela extraçãoespecial instituída por esta Lei,deduzidas as importâncias re-lativas ao custeio da administra-ção, ao valor destinado à pre-miação, ao montante de que tra-ta o art. 2o, inciso VIII, da LeiComplementar no 79, de 7 dejaneiro de 1994, e um por centoda receita bruta para o orçamen-to da seguridade social.

Art. 54. Os recursos oriundosda extração especial, previstanos termos desta Lei, serão re-partidos na forma do artigo an-terior e creditados pela CaixaEconômica Federal até o déci-mo dia subseqüente ao da rea-lização do sorteio respectivo.

Art. 55. Não se aplica aosprêmios pagos em função des-ta extração anual especial o dis-posto no art. 14 da Lei no 4.506,de 30 de novembro de 1964, eo disposto no art. 676 do De-

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DEZEMBRO DE 2004 – JORNAL DA UFRJ Página 23

creto no 3.000, de 26 de marçode 1999.

SUBSEÇÃO IIDO PRIMEIRO EMPREGO

ACADÊMICO

Art. 56. As instituições deeducação superior do sistemafederal de ensino e do sistemade ensino dos Estados e do Dis-trito Federal ficam autorizadas aadotar, com as adaptações tra-zidas por esta subseção, as re-gras para seleção de estudan-tes, celebração de contratos detrabalho e acesso à subvençãoeconômica, previstas pelosarts. 2o, 2o-A e 5o da Lei no10.748, de 22 de outubro de2003, que instituiu o ProgramaNacional de Estímulo ao Primei-ro Emprego - PNPE.

§ 1º As regras desta Lei des-tinam-se apenas à celebraçãode contratos de trabalho em ati-vidades de extensão, por estu-dantes matriculados em cursode graduação, e em atividadesde ensino, como instrutores oumonitores, por estudantes ma-triculados em programas depós-graduação, na mesma ins-tituição superior de ensino.

§ 2º Não se aplicam aos con-tratos previstos no caput desteartigo as disposições da Lei no10.748, de 2003, relativas à exe-cução e à fiscalização do PNPEpelo Ministério do Trabalho eEmprego, ao cadastramento deestudantes e mantenedores,bem como todas as demais dis-posições incompatíveis com oscontratos de trabalho previstosnesta subseção.

Art. 57. Serão empregadosos estudantes com idade entredezesseis e vinte e quatroanos, em situação de desem-prego involuntário, que atendamcumulativamente aos seguintesrequisitos:

I - não tenham tido vínculoempregatício anterior;

II - sejam membros de famí-lias com renda mensal per ca-pita de até um salário mínimo emeio, incluídas nessa médiaeventuais subvenções econô-micas de programas congêne-res e similares, nos termos dodisposto pelo art. 11 da Lei no10.748, de 2003;

III - estejammatriculados e fre-qüentando regularmente cursode graduação ou programas depós-graduação em estabeleci-mento de instituição de educa-ção superior pública do siste-ma federal de ensino ou do sis-tema de ensino dos Estados edo Distrito Federal, ou cursos deeducação de jovens e adultos,nos termos dos arts. 37 e 38 daLei no 9.394, de 20 de dezem-bro de 1996.

Art. 58. O disposto no § 1ºdo art. 2o da Lei no 10.748, de2003, não se aplica aos empre-

gos criados ao amparo da pre-sente Lei.

Art. 59. Os contratos de tra-balho poderão ser celebradospor tempo indeterminado ou de-terminado, nos termos da CLT.

Parágrafo único. Os contra-tos de trabalho deverão ter du-ração mínima de 12 (doze) me-ses, observado o prazo máxi-mo para conclusão do curso degraduação ou seqüencial de for-mação específica freqüentadopelo estudante contratado.

Art. 60. Fica o Poder Execu-tivo autorizado a conceder sub-venção econômica à geraçãode empregos destinados a es-tudantes que atendam aos re-quisitos fixados no art. 2º destaLei.

§ 1º As instituições de edu-cação superior que contrataremestudantes nos termos destasubseção receberão a subven-ção econômica de que trata esteartigo, na forma e no valor pre-vistos pela Lei nº 10.740, de2003.

§ 2º No caso de contrataçãosob regime de tempo parcial, ovalor das parcelas referidas no§ 1º será proporcional.

§ 3º A concessão da subven-ção econômica prevista nesteartigo fica condicionada à dis-ponibilidade dos recursos finan-ceiros, que serão distribuídosna forma definida pelo Ministé-rio do Trabalho e Emprego.

Art. 61. As despesas com asubvenção econômica de quetrata o artigo anterior correrão àconta das dotações orçamentá-rias consignadas anualmente aoMinistério do Trabalho e Empre-go, observados os limites demovimentação e empenho e depagamento da programação or-çamentária e financeira anual.

Art. 62. As instituições deeducação superior do sistemafederal e do sistema de ensinodos Estados e do Distrito Fe-deral disciplinarão a oferta devagas e a seleção de estudan-tes a serem contratados nos ter-mos desta subseção.

Art. 63. A execução dos con-tratos de trabalho será fiscaliza-da pelo Ministério do Trabalhoe Emprego, com auxílio do Mi-nistério da Educação.

CAPÍTULO IIIDAS INSTITUIÇÕES

PRIVADAS DE EDUCAÇÃOSUPERIOR

SEÇÃO IDAS MANTENEDORAS

Art. 64. As entidades mante-nedoras de instituições de edu-cação superior terão personali-dade jurídica própria e serão ins-tituídas, na forma de seus atosconstitutivos, como associa-ções, sociedades ou funda-ções, cuja finalidade principal

deverá ser a oferta de educa-ção.

§ 1º As entidades mantene-doras de instituições de educa-ção superior dependem de au-torização do Ministério da Edu-cação para o início de suas ati-vidades educacionais, deven-do tal autorização ser renovadaperiodicamente, mediante ava-liação de qualidade do ensinoe da mantença, em processosde credenciamento e recreden-ciamento.

§ 2º As entidades mantene-doras de instituições de educa-ção superior deverão contar, emseus conselhos, órgãos colegi-ados ou de gestão superior,com a participação de pelomenos 30% (trinta por cento) dedoutores ou profissionais decomprovada experiência edu-cacional.

§ 3º O estatuto ou contratosocial da entidade mantenedo-ra de instituição privada de edu-cação superior, bem assim assuas alterações, serão devida-mente registrados pelos órgãoscompetentes e remetidos aoMinistério da Educação.

§ 4º As alterações de con-trole pessoal, patrimonial ou docapital social da entidade man-tenedora de instituição privadade educação superior deverãoser previamente aprovadas peloMinistério da Educação.

§ 5ºAautorização para o fun-cionamento de atividades edu-cacionais, concedida à entida-de mantenedora de instituiçãoprivada de educação superiorque infringir disposição de or-dem pública ou praticar atos con-trários aos fins declarados noseu estatuto, poderá ser cassa-da a qualquer tempo.

§ 6º Em qualquer caso, pelomenos 70% (setenta por cento)do capital total e do capital vo-tante das entidades mantenedo-ras de instituição de educaçãosuperior, quando constituídassob a forma de sociedade comfinalidades lucrativas, deverápertencer, direta ou indiretamen-te, a brasileiros natos ou natura-lizados há mais de dez anos,que exercerão obrigatoriamen-te a gestão das suas atividades.

Art. 65. As entidades mante-nedoras de instituições privadasde educação superior se en-quadrarão nas seguintes cate-gorias:

I - associações, constituídaspara fins não econômicos, con-forme o disposto nos arts. 53 a61 do Código Civil, sem prejuí-zo de outras disposições legaisaplicáveis;

II - fundações, constituídasprincipalmente para finalidadeseducacionais, conforme o dis-posto no arts. 62 a 69 do Códi-go Civil, sem prejuízo de outrasdisposições legais aplicáveis;

III - sociedades, conforme o

disposto nos arts. 981 a 1.195do Código Civil, sem prejuízode outras disposições legaisaplicáveis.

Art. 66. A transferência decursos e instituições de educa-ção superior entre mantenedo-ras deverá ser previamenteaprovada pelo Ministério da Edu-cação.

Art. 67. As mantenedoras deinstituições de educação supe-rior sem finalidade lucrativa pu-blicarão, a cada ano civil, de-monstrações financeiras certifi-cadas por auditores indepen-dentes, com parecer do res-pectivo conselho fiscal, sendoainda obrigadas a:

I - manter, em livros revesti-dos de formalidades que asse-gurem a respectiva exatidão, es-crituração completa e regular detodos os dados fiscais na formada legislação pertinente, bemassim de quaisquer outros atosou operações que venham amodificar sua situação patrimo-nial; e

II - conservar em boa ordem,pelo prazo de cinco anos, con-tados da data de emissão, osdocumentos que comprovem aorigem de suas receitas e a efe-tivação de suas despesas, bemcomo a realização de quaisqueroutros atos ou operações quevenham a modificar sua situaçãopatrimonial.

§ 1º As entidades de que tra-ta o caput deverão, ainda, quan-do determinado pelo Ministérioda Educação:

I - submeter-se a auditoria; eII - comprovar:a) a aplicação dos seus ex-

cedentes financeiros para os finsda instituição de educação su-perior mantida; e

b) a não remuneração ou con-cessão de vantagens ou bene-fícios, por qualquer forma ou tí-tulo, a seus instituidores, diri-gentes, sócios, conselheiros,ou equivalentes.

§ 2º Em caso de encerra-mento de suas atividades, as ins-tituições de que trata o caput de-verão destinar seu patrimônio aoutra instituição congênere ouao Poder Público, promovendo,se necessário, a alteração es-tatutária correspondente.

Art. 68. As mantenedoras deinstituições de educação supe-rior com finalidade lucrativa, ain-da que de natureza civil, deve-rão elaborar, em cada exercíciosocial, demonstrações financei-ras atestadas por profissionais.

SEÇÃO IIDAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS

DEEDUCAÇÃOSUPERIOR

Art. 69. As instituições priva-das de educação superior, cu-jas mantenedoras se constituamsob a forma de associações,por instituição de pessoas físi-

cas ou jurídicas de direito pri-vado, nas quais se incluam re-presentantes da comunidade edo Poder Público, locais ou re-gionais, serão denominadas co-munitárias.

Parágrafo único. As institui-ções comunitárias de educaçãosuperior, subordinadas a contro-le externo, através de conselhosocial formado na base comu-nitária que lhe deu origem, de-verão ser objeto de políticas es-peciais de qualificação promo-vidas pelo Ministério da Educa-ção.

Art. 70. As instituições priva-das de educação superior, cu-jas mantenedoras se constituamsob a forma de associações,por instituição de pessoas físi-cas ou jurídicas de direito pri-vado, que atendam a orientaçãoconfessional ou ideológica es-pecíficas, serão denominadasconfessionais, devendo preen-cher ainda os requisitos das ins-tituições comunitárias.

Art. 71. A organização dasinstituições privadas de educa-ção superior será definida na for-ma de seus estatutos e regi-mentos, considerando padrõesde qualidade e as peculiarida-des regionais e locais, atendi-do o disposto nesta Lei.

Art. 72. As instituições priva-das de educação superior de-verão constituir um conselho su-perior composto de forma co-legiada, responsável pela ela-boração das normas e diretrizesacadêmico-administrativas.

Parágrafo único. Na sua com-posição, as instituições deverãoobservar:

I - a representação de docen-tes, discentes, funcionários e dacomunidade.

II - todos os componentesdeverão ter vinculo acadêmicoe/ou administrativo com a insti-tuição de educação superior, aexceção da representação dacomunidade.

III - os integrantes da institui-ção de educação superior queexerçam exclusivamente ativi-dade administrativa não pode-rão exceder a 10 % (dez porcento) da representação total.

IV - os integrantes da entida-de mantenedora, independen-temente do cargo ou atividadeque exercem na instituição deeducação superior não poderãoexceder a 20% da representa-ção total.

Art.73. As universidades ecentros universitários privadosdevem contar com pelo menosum dirigente, no nível de pró-reitor ou equivalente, escolhidomediante eleição direta pela co-munidade.

Art. 74. O colegiado máximoda instituição privada de educa-ção superior regulamentará oprocesso de eleição direta dodirigente referido no caput, com

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Página 24 JORNAL DA UFRJ – DEZEMBRO DE 2004

observância dos seguintespreceitos:

I - a votação dos integrantesda comunidade universitáriaserá uninominal e secreta;

II - o resultado eleitoral serácalculado, entre os montantesde votos válidos dos corposdocente, discente e dos servi-dores, técnicos e administrati-vos, com observância da pon-deração estabelecida no esta-tuto da instituição.

CAPÍTULO IVDA REGULAÇÃO DO

SISTEMA FEDERAL DAEDUCAÇÃO SUPERIOR

Art. 75. As universidades so-mente serão criadas por novocredenciamento de instituiçõesde educação superior já cre-denciadas como centros univer-sitários e em funcionamento re-gular, que apresentem desem-penho satisfatório nas avalia-ções realizadas, ou, no caso deinstituições federais, por lei es-pecífica.

Art. 76. Os centros universi-tários somente serão criadospor novo credenciamento de ins-tituições de educação superiorjá credenciadas como faculda-des e em funcionamento regu-lar, que apresentem desempe-nho satisfatório nas avaliaçõesrealizadas, ou, no caso de ins-tituições federais, por lei espe-cífica.

Art. 77. As faculdades so-mente serão autorizadas a fun-cionar com oferta regular depelo menos um curso de gra-duação, mediante prévia avali-ação das condições de ensino.

Parágrafo único. Duas oumais faculdades credenciadasque mantenham cursos de gra-duação em campos do saberdistintos, podem articular suasatividades mediante regimentocomum e direção unificada, naforma proposta em seus planosde gestão e desenvolvimentoinstitucional.

Art. 78. As universidades eos centros universitários, para aobtenção e manutenção de cre-denciamento, deverão obter namaioria de seus cursos de gra-duação avaliação positiva peloMinistério da Educação.

Art. 79. O credenciamento deinstituições de educação supe-rior do Sistema Federal de Edu-cação Superior, bem como desuas mantenedoras, somenteserá concedido após o perío-do de três anos, a partir do atode autorização prévia para aoferta de cursos superiores con-cedida pelo MEC.

§ 1º No decorrer do períodode autorização prévia para ofer-ta de cursos superiores, as ins-tituições de educação superior,bem como suas mantenedoras,serão submetidas aos proces-

sos de supervisão, verificaçãoe regulação.

§ 2º Decorrido o período de-finido no caput, as instituiçõesde educação superior, bemcomo de suas mantenedoras,previamente autorizadas queobtiverem resultados satisfató-rios nos processos de avalia-ção para fins de verificação esupervisão, poderão ter seu cre-denciamento concedido peloprazo máximo de cinco anos.

§ 3º A instituição de educa-ção superior que infringir dispo-sição de ordem pública ou pra-ticar atos contrários aos fins de-clarados no seu estatuto pode-rá ter o credenciamento cassa-do a qualquer tempo.

Art. 80. O recredenciamentode instituições de educação su-perior do Sistema Federal deEducação Superior, bem comode suas mantenedoras, seráconcedido pelo prazo máximode dez anos para universidadese de cinco anos para centros uni-versitários e faculdades, e de-penderá da obtenção de resul-tados satisfatórios nos proces-sos de avaliação institucional, decursos e de desempenho dis-cente, nos termos da Lei nº10.861, de 2004, bem como aoatendimento dos critérios defi-nidos pelo Ministério da Educa-ção no âmbito da supervisão eregulação.

Parágrafo único. O recreden-ciamento das instituições deeducação superior do SistemaFederal de Educação Superior,bem como de suas mantenedo-ras, dependerá de ato do Po-der Executivo, após deliberaçãoda Câmara de Educação Supe-rior do Conselho Nacional deEducação, homologada peloMinistro de Estado da Educa-ção.

Art. 81. A alteração da orga-nização acadêmica das institui-ções de educação superior doSistema Federal de EducaçãoSuperior dependerá de autori-zação concedida pela Câmarade Educação Superior do Con-selho Nacional de Educação esomente será efetivada após operíodo de três anos, mediantea obtenção de resultados satis-fatórios nos processos de ava-liação institucional e de cursos,nos termos da Lei nº 10.861, de14 de abril de 2004, bem comoao atendimento dos critériosdefinidos pelo Ministério daEducação,

Parágrafo único. A alteraçãoda organização acadêmica dasinstituições de educação supe-rior do Sistema Federal de Edu-cação Superior dependerá deato do Poder Executivo, apósdeliberação da Câmara de Edu-cação Superior do ConselhoNacional de Educação, homo-logada pelo Ministro de Estadoda Educação.

Art. 82. A autorização parafuncionamento de instituição deeducação superior, bem comode sua entidade mantenedora,mediante credenciamento ou re-credenciamento, é de compe-tência do Conselho Nacional deEducação.

Parágrafo único. Indeferido ocredenciamento ou recredenci-amento, o Ministério da Educa-ção regulará as relações jurídi-cas pendentes, bem como es-tabelecerá as providências a se-rem adotadas pela instituição deeducação superior, no sentidode salvaguardar os direitos dosestudantes, professores e ser-vidores, técnicos e administra-tivos.

Art. 83. Depois de autoriza-das a funcionar, as instituiçõesde educação superior, bemcomo suas mantenedoras, de-verão ser periodicamente recre-denciadas, segundo critérios eprocedimentos estabelecidospelo Ministério da Educação, emediante processo permanen-te de avaliação de qualidade,na forma da Lei nº 10.861, de2004.

§ 1º Todas as instituições deeducação superior serão sub-metidas a procedimento de ava-liação para fins de credencia-mento ou recredenciamento, in-clusive as instituições criadasanteriormente à vigência da Leinº 9.394, de 1996.

§ 2º As instituições de edu-cação superior que, por qual-quer forma de acordo, contra-to, ajuste ou convênio, tácitoou expresso, utilizem a mes-ma logomarca, serão conside-radas conjuntamente no pro-cesso avaliativo.

TÍTULOIIIDISPOSIÇÕES FINAIS E

TRANSITÓRIAS

Art. 84. As questões susci-tadas na transição entre o regi-me anterior e o que se instituinesta Lei serão resolvidas pelaCâmara de Educação Superiordo Conselho Nacional de Edu-cação, preservada a autonomiauniversitária.

Art. 85. Compete à Procura-doria-Geral Federal a represen-tação judicial e extrajudicial dasinstituições federais de educa-ção superior, bem como as res-pectivas atividades de consul-toria e assessoramento jurídico,observando-se as seguintesdisposições:

I - a representação contenci-osa judicial e extrajudicial dasinstituições de educação supe-rior compete à respectiva Pro-curadoria Federal não especi-alizada ou à Procuradoria Regi-onal Federal pertinente, confor-me o caso, nos termos dos arts.11-A e 11-B da Lei nº 9.028, de12 de abril de 1995;

II - as atividades de consul-toria e assessoramento jurídicoserão desempenhadas por Pro-curadorias, Departamentos Ju-rídicos, Consultorias Jurídicas ouAssessorias Jurídicas das autar-quias e fundações federais,como órgãos de execução daProcuradoria-Geral Federal jun-to às instituições de educaçãosuperior

Art. 86. As instituições deeducação superior adaptarãoseus estatutos e regimentos aosdispositivos desta Lei no prazode um ano, contado de 1º dejaneiro do primeiro ano subse-qüente ao de vigência destaLei.

Art. 87. As universidades de-verão atender ao disposto nosincisos I e II do art. 13, quantoaos cursos de mestrado, a par-tir de 1º de janeiro do primeiroano subseqüente ao da publi-cação desta Lei.

Parágrafo único. O dispos-to nos incisos III e IV do art. 13deverá ser atendido no prazode seis anos, e o disposto noinciso II do art. 13, quanto aoscursos de doutorado, no prazode oito anos, contados de 1ºde janeiro do primeiro ano sub-seqüente ao da publicaçãodesta Lei.

Art. 88. Os atuais centros fe-derais de educação tecnológi-ca e faculdades tecnológicasou de tecnologia passam a serconsiderados respectivamentecentros universitários e faculda-des, sem prejuízo da avaliaçãoperiódica de suas condiçõesde permanência na classe aque atualmente pertencerem,mediante processo de recre-denciamento.

Art. 89. As instituições deeducação superior que se es-pecializarem em educação pro-fissional e tecnológica, nos vá-rios níveis e modalidades deensino, poderão ser denomina-das universidades tecnológicas,centros universitários tecnológi-cos e faculdades tecnológicasou de tecnologia.

Art. 90. Os atuais institutossuperiores de educação pas-sam a ser considerados facul-dades especializadas na forma-ção de professores, ainda quemantenham a denominação deorigem.

Art. 91. Os hospitais univer-sitários, constituídos como pes-soas jurídicas distintas das ins-tituições de educação superiora que estão vinculados, subor-dinam-se ao regime desta Lei,quanto às atividades de ensino,pesquisa e extensão que em-preenderem.

Art. 92. O Poder Executivoencaminhará ao Congresso Na-cional, em dois anos contadosda publicação desta Lei, proje-to de lei instituindo a classe deprofessor associado na carrei-

ra do magistério superior dasinstituições federais de educa-ção superior, intermediária en-tre as classes de professor titu-lar e professor adjunto, previs-tas no Plano Único de Classifi-cação e Retribuição de Cargose Empregos, instituído pela Leinº 7.596, de 10 de abril de 1987,regulamentada pelo Decreto nº94.664, de 23 de julho de 1987.

Art. 93. As mantenedoras deinstituições de educação supe-rior, inclusive as criadas anteri-ormente à vigência da Lei nº9.394, de 1996, deverão seadaptar ao disposto nesta Leino prazo de cinco anos, conta-dos a partir de 1o de janeiro doano subseqüente ao da vigên-cia desta Lei.

Art. 94. O Poder Executivopromoverá, no prazo de dezanos, contados de 1º de janei-ro do primeiro ano subseqüen-te ao da publicação desta Lei,a revisão do sistema especialpara o acesso de estudantesnegros, pardos e indígenas,bem como daqueles que te-nham cursado integralmente oensino médio em escolas pú-blicas, nas instituições federaisde educação superior.

Art. 95. Aos estudantes ma-triculados em cursos seqüenci-ais de formação específica atéa data da publicação desta Lei,fica assegurada a expedição dediploma desta modalidade.

Art. 96. As instituições priva-das de educação superior terãoprazo de cinco anos para o cum-primento do que dispõe o inci-so VII do art. 18, e de dois anospara o cumprimento do que dis-põe o inciso V, do § 1º do art.28.

Art. 97. Será realizada comperiodicidade inferior a quatroanos, Conferência Nacional daEducação Superior, patrocina-da pelo Ministério da Educa-ção.

Art. 98. O art. 24 da Lei nº9.504, de 30 de setembro de1997, passa a vigorar acresci-do do inciso VIII, com a se-guinte redação: “VIII - mante-nedora de instituição educaci-onal”.

Art. 99. Revoga-se o art. 44da Lei nº 9.394, de 1996.

Art. 100. Esta Lei entra emvigor na data de sua publicação.