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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS CURSO DE DIREITO Gilmar Gomes Coelho DIREITO À IMAGEM SOB A ÓTICA DA MÍDIA VIRTUAL Governador Valadares 2012

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS

CURSO DE DIREITO

Gilmar Gomes Coelho

DIREITO À IMAGEM SOB A ÓTICA DA MÍDIA VIRTUAL

Governador Valadares

2012

1

GILMAR GOMES COELHO

DIREITO À IMAGEM SOB A ÓTICA DA MÍDIA VIRTUAL

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito, Ciências Administrativas e Econômicas, da Universidade Vale do Rio Doce. Orientador: Ianaca Indio Brasil

Governador Valadares

2012

2

GILMAR GOMES COELHO

DIREITO À IMAGEM SOB A ÓTICA DA MÍDIA VIRTUAL

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito, Ciências Administrativas e Econômicas, da Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, 28 de março de 2012.

Banca Examinadora:

____________________________________________________ Prof. Ianacã Indio Brasil - Orientador

Universidade Vale do Rio Doce

____________________________________________________ Prof.

Universidade Vale do Rio Doce

____________________________________________________ Prof.

Universidade Vale do Rio Doce

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus e Maria por ter me dado saúde, disposição e

garra para enfrentar todos os desafios. A todos os santos por interceder a mim a

Deus e me levarem sempre a vitórias.

A minha família pela força, pelos conselhos e principalmente pela união que

sempre tivemos tanto nas horas difíceis e nas horas boas.

Agradeço ao meu orientador Ianacã Indio Brasil pela atenção e pela força que

me foi dada em todo processo para elaboração da monografia.

Agradeço a todos os professores o carinho e a boa vontade neste 5 anos de

estudos pelo ensino que nos foi passado, buscando sempre resultados positivos.

Esses não podiam ser esquecidos de forma alguma, aos meus amigos pela

amizade, união, compreensão. Em especial ao amigo Clayton que nos deu força em

todos os períodos.

A todos os funcionários da Univale pela atenção e compreensão que nos foi

prestada nesta longa caminhada.

Ao Felício, dona Manu e ao kelson donos dos bares perto da faculdade por ter

nos tratado tão bem quando reuníamos a turma para bater papo e descontrair do

stress das provas.

4

RESUMO

O objetivo deste trabalho é compreender sob a luz da Constituição Federal o direito à imagem sob a ótica da mídia virtual. Privilegia-se, como recurso metodológico, a pesquisa bibliográfica realizada mediante levantamento da literatura em fontes que versam sobre o tema. Atualmente, o crescente aperfeiçoamento dos meios de comunicação e a associação cada vez mais frequente da imagem de pessoas para fins publicitários são alguns dos responsáveis pela enxurrada de exploração da imagem e de muitas ações judiciais devido ao seu uso incorreto. A Constituição Federal de 1988, ao tratar dos direitos fundamentais nos quais se colocam a proteção à personalidade, em três oportunidades menciona a tutela a direito a própria imagem, dentro do contexto de proteção a ofensas de índole moral, referindo-se também a inviolabilidade da intimidade da vida privada, e incluído no Código Civil, esse direito pode ser visto como a obrigação que todos têm de respeitar a imagem física e moral de outrem, preservando seu aspecto físico. Consoante ao exposto, conclui-se que a liberdade de informação jornalística vai até aonde não houver embate com outros direitos fundamentais, especialmente os invioláveis. Trata-se de um equilíbrio de forma a assegurar que uma garantia não se sobreponha à outra.

Palavras-chave : Direito à Imagem. Constituição Federal. Mídia Virtual.

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ABSTRACT

The aim of this paper is to understand in the lit of the Constitution the right to the image from the perspective of virtual media. The focus is, as a methodology, the research literature was conducted by surveying the literature on sources that deal with the issue. Currently, the constant improvement of media and association increasingly common image of people for publicity purposes are responsible for some of the flood of image scanning and many lawsuits because of its misuse. The 1988 Federal Constitution, dealing with fundamental right which arise in the protection of personality on three occasions mentions the responsibility to right the image itself, within the context of protecting the offenses of moral character, also referring to the inviolability of private life, and included in the Civil Code, this right can be seen as an obligation that everyone must respect the moral and physical image of others, preserving their physical appearance. Depended on the above, we conclude that the freedom of press is going to where there is no clash with other fundamental rights, especially those inviolable. It is a balance to ensure that a guarantee does not overlap the other.

Keywords : Right to the Image. Federal Constitution. Virtual Media.

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LISTA DE ABREVIATURAS

CF - Constituição Federal.

CC - Código Civil.

CPC - Código de Processo Civil.

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.

STJ - Superior Tribunal de Justiça.

TJMG - Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

TJEP - Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 8

2 DIREITOS DA PERSONALIDADE ..................................................................... 10

2.1 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.................................. 10

2.2 CONCEITO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE......................................

2.3 NATUREZA JURÍDICA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE....................

2.4 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE.......................

11

14

15

3 DIREITO À PRÓPRIA IMAGEM ........................................................................

3.1 O DIREITO À IMAGEM NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS....................

17

17

3.2 O DIREITO À IMAGEM NO DIREITO COMPARADO..................................... 19

3.3 CONCEITOS E GENERALIDADES................................................................. 22

3.4 TUTELA JURÍDICA DA IMAGEM.................................................................... 25

4 DIREITO À IMAGEM SOB A ÓTICA DA MÍDIA VIRTUAL ............................... 28

4.1 LIMITES DO DIREITO À IMAGEM.................................................................. 28

4.2 DANO À IMAGEM E SUA REPARAÇÃO........................................................ 31

4.2.1 Jurisprudências .......................................................................................... 36

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 44

8

1 INTRODUÇÃO

A cada dia a rede mundial de computadores torna-se realidade. E com isso,

são grandes as perspectivas para cometimento de crimes, devido a grande

quantidade de tecnologias.

Nesse contexto, a proposta deste estudo é pesquisar o direito à imagem sob

a ótica da mídia virtual, pela importância da inviolabilidade à honra e imagem

previstas na Constituição Federal de 1988, no seu artigo 5º, inciso X, o qual protege

o cidadão contra abusos cometidos pela mídia, oferecendo o direito de resposta,

preservando a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, e prevê o direito de

indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. (BRASIL,

2011).

Dessa forma, questiona-se: em que medida os instrumentos de que dispõe

o ordenamento jurídico brasileiro para proteger a pessoa do uso indevido de sua

imagem tem sido eficaz, uma vez que o direito a imagem deve ser preservado e

protegido, coibindo-se qualquer ato que vise atingi-lo?

Nesse contexto, tem-se como objetivo geral compreender sob a luz da

Constituição Federal o direito à imagem sob a ótica da mídia virtual.

Privilegiou-se, como recurso metodológico, a pesquisa bibliográfica

realizada mediante levantamento da literatura em fontes que versam sobre o tema.

Lakatos e Marconi (2006, p. 66) sustentam que:

A pesquisa bibliográfica trata-se do levantamento, seleção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo pesquisado, em livros, revistas, jornais, boletins, monografias, teses, dissertações, material cartográfico, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo o material já escrito sobre o mesmo.

Isto é, a pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais

trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer

dados atuais e relevantes relacionados com o tema.

Este estudo é de suma importância para minha formação, pois contribui, e

muito, para o meu aperfeiçoamento enquanto educando, além de oportunizar

maiores conhecimentos enquanto profissional da área de publicidade, pois,

9

atualmente, o direito à imagem possui forte penetração no cotidiano graças,

principalmente, à mídia. Daí o interesse por esta investigação, além de ser um

assunto relevante para a sociedade em geral e para os aplicadores do direito, pois, a

proteção da imagem se tornou preocupação dos juristas, devido ao desenvolvimento

tecnológico, quer no que tange a captação da imagem, quer na reprodução, pois

esta evolução acarreta uma grande ameaça à imagem do indivíduo.

O texto está dividido em cinco partes. O capítulo dois descreve-se o direito

da personalidade. O terceiro traça um entendimento do direito da própria imagem

nas constituições brasileiras e no direito comparado, bem como o conceito,

generalidades e a tutela jurídica da imagem. O quarto capítulo estuda-se o direito à

imagem sob a ótica da mídia virtual, trazendo algumas jurisprudências sobre os

danos morais causados à imagem e sua reparação.

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2 DIREITOS DA PERSONALIDADE

2.1 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

O Direito nas últimas décadas tem se orientado na valorização do ser

humano em sua plenitude. Ou seja, aos direitos atinentes à tutela da pessoa

humana, essenciais a sua dignidade. Sendo assim, a dignidade da pessoa humana

é intangível; respeitá-la e protegê-la é obrigação de todo o poder público.

Na verdade, a preocupação com o ser humano surge antes, já no século

XVII, com as declarações de direitos. Já a Magna Carta, de João Sem-Terra (século

XIII), demonstrava essa preocupação. Cuidava esses diplomas de proteger a pessoa

contra os abusos do poder estatal totalitário. Seu destaque e o desenvolvimento das

teorias que visavam proteger o ser humano se devem, especialmente, ao

cristianismo (dignidade do homem), ao jusnaturalismo (direitos inatos) e ao

iluminismo (valorização do indivíduo perante o Estado). A porta de entrada dos

direitos da personalidade foi o Direito Público. No entanto, com a evolução do

capitalismo industrial, com o desenvolvimento da tecnologia, a perspectiva muda. Os

direitos da personalidade passam a integrar a esfera privada, protegendo o

indivíduo, sua dignidade, contra a ganância e o poderio dos mais fortes. Contudo,

tendo em vista as esferas, privada e pública, os direitos da personalidade pertencem

a ambas. (FIÚZA, 2002).

Na esfera privada, fala-se em direitos de personalidade. Na esfera pública,

em direitos humanos ou direitos fundamentais.

Segundo Silva (2011, p. 69), esses direitos têm como objeto:

Os atributos físicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais, compondo-se de valores inatos, como a vida, a integridade física e psíquica, a liberdade e a honra, que são tutelados pela Constituição Federal em seu art. 5º, caput e incisos, assim como no § 2º desse artigo que amplia a relação desses direitos.

O artigo 1º, III, da CF/1988 circunstancia que “o Estado Democrático de

Direito temo como fundamento a dignidade da pessoa humana” (BRASIL, 2011). E

mais adiante, ao cuidar dos direitos e garantias fundamentais (Título II), traz, em seu

11

extenso rol, aqueles que estão contidos no conceito de direito da personalidade e

que devem ser objeto de proteção legal.

Afirma Fachin (2001), trata-se daquilo que se denomina princípio máximo,

ou superprincípio, ou macro-princípio, ou princípio dos princípios. Diante desse

regramento de proteção da pessoa humana é que se encontra a supervalorização

da pessoa. Para Tartuce (2010), é difícil a conceituação exata do que seja o

princípio da dignidade da pessoa humana, por tratar-se de uma cláusula geral, de

um conceito legal indeterminado, com variantes interpretações.

O princípio em questão é conceituado por Sarlete (2005, p. 124), como

sendo:

O reduto intangível de cada indivíduo e, neste sentido, a última fronteira contra quaisquer ingerências externas. Tal não significa, contudo, a impossibilidade de que se estabeleçam restrições aos direitos e garantias fundamentais, mas que as restrições efetivadas não ultrapassem o limite intangível imposto pela dignidade da pessoa humana.

Enquanto para Moraes (2000, p. 50-51), apresenta-se em uma dupla

concepção:

a) Primeiramente, prevê um direito individual protetivo, seja em relação ao

próprio estado, seja em relação aos demais indivíduos.

b) Em segundo lugar, estabelece verdadeiro dever fundamental de

tratamento igualitário dos próprios semelhantes. Esse dever configura-se pela

exigência do individuo respeitar a dignidade de seu semelhante tal qual a

Constituição federal exige que lhe respeitem a própria.

Isso implica dizer que o conceito de dignidade da pessoa humana abriga um

conjunto de valores que não está restrito, unicamente, à defesa dos direitos

individuais do homem, mas abarca em seu bojo toda uma gama de direitos, de

liberdades e de garantias, de interesses que dizem respeito à vida humana, sejam

esses direitos pessoais, sociais, políticos, culturais, ou econômicos.

2.2 CONCEITO DE DIREITOS DA PERSONALIDADE

Sustenta Amarante (2005), que todos os direitos, na medida em que

destinados a dar conteúdo à personalidade, poderiam chamar-se direitos da

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personalidade. No entanto, na linguagem jurídica corrente, esta designação é

reservada àqueles direitos subjetivos, cuja função, relativamente à personalidade, é

especial, constituindo o mínimo necessário e imprescindível ao seu conteúdo.

Para conceituação dos direitos da personalidade, vale ressaltar que a forma

como surgiu a noção do que seriam os direitos da personalidade, permitiu o

afloramento de inúmeras divergências conceituais. Ressalta-se também que Código

Civil não conceitua direitos da personalidade, fazendo apenas o desenho de sua

proteção.

Bittar (2003, p.1) define os direitos da personalidade como sendo:

Direitos reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em suas projeções na sociedade, previstos no ordenamento jurídico exatamente para a defesa de valores inatos no homem, como a vida, a higidez física, a intimidade, a honra, a intelectualidade e outros tantos.

Para Amaral (2002) “direitos da personalidade são direitos subjetivos que

têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral

e intelectual”. é a aptidão, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para exercer

direitos e contrair obrigações. Assim, é o objeto da tutela jurídica geral, e defende a

inviolabilidade da pessoa humana, em todos os seus aspectos.

No entendimento de Godoy (2001, p. 30):

A inserção da dignidade como princípio constitucional fundamental, contida em preceito introdutório do capítulo dos direitos fundamentais, significa, afinal, adoção mesmo de um dever geral de personalidade, cujo conteúdo é justamente a prerrogativa do ser humano de desenvolver a integralidade de sua personalidade, todos os seus desdobramentos e projeções, nada mais senão a garantia dessa sua própria dignidade.

São direitos da personalidade aqueles que buscam a defesa dos valores

inatos no homem, reconhecidos ao homem em sua interioridade e em suas

projeções na sociedade. É um campo muito vasto, englobando direitos físicos,

referentes à integridade corporal, como os direitos à vida, à integridade física, ao

corpo, à imagem e à voz; direitos psíquicos, relativos a componentes interiores e

próprios da personalidade humana, como os direitos à liberdade, à intimidade, à

integridade psíquica e ao segredo; além dos direitos morais, referentes a atributo

valorativo da pessoa na sociedade, como os direitos à identidade, à honra, ao

respeito e às criações intelectuais. (D’ AZEVEDO, 2001).

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Ou seja, direitos da personalidade são direitos comuns da existência porque

são simples permissões dadas pela norma jurídica, a cada pessoa, de defender um

bem que a natureza lhe deu, de maneira primordial e direta, vale dizer, direitos à

integridade moral, física, psíquica e intelectual. São considerados como direitos

subjetivos absolutos, indisponíveis, intransmissíveis, irrenunciáveis, imprescritíveis e

impenhoráveis. Embora intransmissíveis em sua essência, os efeitos patrimoniais

dos direitos da personalidade são transmissíveis. A utilização dos direitos da

personalidade se tiver expressão econômica, é transmissível. A autoria de obra

literária (direito da personalidade) é intransmissível, mas o recebimento de dinheiro

pela comercialização da referida obra (direito patrimonial) pode ser negociado

livremente, sendo, portanto, transmissível inclusive por herança. (NERY JR. e NERY,

2003).

Para Bittar (2003, p. 122):

Excepciona-se da proteção a pessoa dotada de notoriedade e desde que no exercício de sua atividade, podendo ocorrer a revelação de fatos de interesse público, independentemente de sua anuência. Entende-se que, nesse caso, existe redução espontânea dos limites da privacidade (como ocorre com os políticos, atletas, artistas e outros que se mantém em contato com o público com maior intensidade). Mas o limite da confidencialidade persiste reservado. Assim, sobre fatos íntimos, sobre a vida familiar, sobre a reserva no domicílio e na correspondência não é lícita a comunicação sem consulta ao interessado.

Segundo Diniz (2005), os direitos de personalidade são relativos, pois, em

relação ao direito da imagem, ninguém poderá recusar que sua foto fique estampada

em documento de identificação. Pessoa famosa poderá explorar sua imagem na

promoção de venda de produtos, mediante pagamento de uma remuneração

convencionada. Nada obsta a que, em relação ao corpo, alguém, para atender a

uma situação de altruística e terapêutica, venha a ceder, gratuitamente, órgão ou

tecido. Logo, os direitos da personalidade poderão ser objetos de contrato como, por

exemplo, o de concessão ou licença para uso de imagem ou de marca (se pessoa

jurídica); o de edição para divulgar obra ao público; o de merchandising para inserir

em produtos uma criação intelectual, com o escopo de comercializá-la, colocando, p.

ex., desenhos de Disney em alimentos infantis para despertar o desejo das crianças

de adquiri-los, expandindo assim, a publicidade do produto. Portanto, ao longo dos

anos, a doutrina tem apresentado diferentes conceitos para o que sejam os direitos

da personalidade.

14

Vale lembrar que os direitos de personalidade até então consagrados eram

individuais, consubstanciados em liberdades, esferas de autonomias dos indivíduos

em face fundamentalmente do pode do Estado, a quem se exige que se abstenha,

quanto possível, de se intrometer na vida social. Estes direitos individuais, ao lado

dos direitos políticos, são denominados pela doutrina como direitos fundamentais de

primeira geração.

Portanto, os direitos da personalidade são aqueles atinentes à tutela da

pessoa humana, considerados essenciais à sua dignidade e integridade, previsto no

art. 1º, III, da CF e a cláusula geral de tutela e promoção da pessoa humana, que

decorre da conjugação do art. 1º, III, com os art. 3º, I, III, IV e 5º, § 2º, todas da Carta

Maior. (BRASIL, 2011).

2.3 NATUREZA JURÍDICA DE DIREITOS DA PERSONALIDADE

Observa-se que são várias as contribuições da doutrina no tocante aos

direitos da personalidade e, em grande parte desta, está firme a importância desses

direitos em assegurar ao indivíduo seus valores fundamentais. A respeito da

natureza jurídica dos direitos da personalidade, e mesmo do direito geral de

personalidade, tem-se os mesmos como direitos inatos, preexistentes ao

ordenamento, inerentes mesmo à condição humana.

Para o Godoy (2001), a natureza jurídica dos direitos da personalidade é de

natureza subjetiva, onde, são de cunho pessoal, intransmissíveis, indisponíveis, não

sofrem avaliações pecuniárias, já nascem com a pessoa e assim se extinguem.

De acordo com Amarante (2005) é sem conta a opinião dos doutrinadores

em relação à natureza jurídica e objeto dos direitos da personalidade. Para a autora,

a doutrina moderna, assentada na concepção pluralista e cujo objeto são as

projeções fiscais e morais da pessoa, constituem os referidos direitos verdadeiros

direitos subjetivos.

Interessante é o posicionamento de Fiúza (2003, p.118), quando afirma que:

Em abordagem mais moderna, pode-se dizer que uma coisa é a utilidade juridicamente protegida. Outra coisa é o dever geral, por parte da coletividade, de abster-se de atentar contra esta utilidade. Assim, a

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utilidade protegida é o ponto de referência da relação jurídica, e integra o sujeito, pelos menos nas relações não patrimoniais. Assim, a honra é parte integrante do sujeito, diferentemente de um imóvel, objeto do direito de propriedade. O que é externo é o dever de abstenção da coletividade, que não devem atentar contra a honra alheia.

Assim, o objeto dos direitos da personalidade é o bem jurídico da própria

personalidade, como conjunto unitário, dinâmico e evolutivo dos bens e valores

essenciais da pessoa no seu aspecto físico, moral e intelectual, destinados

fundamentalmente ao exercício da tutela da dignidade da pessoa humana, que é a

titular dos direitos da personalidade, como decorrência da garantia maior do direito à

vida. Portanto, são todos indispensáveis ao desenrolar saudável e pleno das

virtudes psicofísicas que ornamentam a pessoa. (JABUR, 2000).

2.4 CARACTERÍSTICAS DE DIREITOS DA PERSONALIDADE

Afirma Bittar (2003), que os direitos da personalidade são dotados de

características próprias para uma proteção eficaz à pessoa humana, em função de

possuir, como objeto, os bens mais elevados do homem.

O Código Civil em seu artigo 11 estabelece que: “com exceção dos casos

previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,

não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. (BRASIL, 2002).

Porém, os direitos da personalidade apresentam, além das dispostas no

CC, outras características. Segundo Fiúza (2003, p. 136-137), por suas

características, os direitos da personalidade são:

a) Genéricos por serem concedidos a todos. b) Extrapatrimoniais por não terem natureza econômico-patrimonial. c) Absolutos por serem exigíveis de toda a coletividade (respeito). d) Inalienáveis ou indisponíveis por não poderem ser transferidos a terceiros. Alguns direitos são, no entanto, disponíveis, como os autorais, os direitos à imagem, ao corpo, aos órgãos etc., por meio de contrato de concessão, de licença ou de doação. e) Imprescritíveis por não haver prazo para seu exercício. As ações que os protegem tampouco se sujeitam a prazo. f) Intransmissíveis por não se transferirem hereditariamente, apesar de a tutela de muitos interesses relacionados à personalidade manter-se mesmo após a morte. g) Necessários, uma vez que todo ser humano os detém necessariamente, por força de lei. h) Essenciais porque são inerentes ao ser humano. i) Preeminentes porque se sobrepujam a todos os demais direitos subjetivos.

16

No mesmo entendimento, para Amaral (2002, p. 247), os direitos da

personalidade caracterizam-se:

Por serem essenciais, inatos e permanentes, no sentido de que, sem eles, não se configura a personalidade, nascendo com a pessoa e acompanhando-a por toda a existência. São inerentes à pessoa, intransmissíveis, inseparáveis do titular, e por isso se chamam, também, personalíssimos, pelo que se extinguem com a morte do titular.

Entende-se, então, que os direitos da personalidade são dotados de

características especiais, na medida que destinados à proteção eficaz da pessoa

humana em todos os seus atributos de forma a proteger e assegurar sua dignidade

como valor fundamental.

17

3 DIREITO À PRÓPRIA IMAGEM

3.1 O DIREITO À IMAGEM NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

A evolução do direito à imagem nas Constituições Brasileiras remota da

Constituição do Império, de 1824, que normatizava apenas a inviolabilidade do

domicílio, protegendo, conseqüentemente a intimidade. Ao proteger o domicílio, a

imagem também é protegida de forma reflexa, como característica da intimidade,

sendo, assim, uma proteção da imagem do indivíduo desde que dentro do domicílio.

A Constituição republicana de 1891 também regula a imagem através da

inviolabilidade de domicílio. No entanto, a Constituição de 1934 traz uma novidade

na proteção de imagem, embora, permaneça ainda no campo inespecífico, pois o

direito à imagem é subtendido nos direitos e garantias não especificados que são

assegurados pelo artigo que trata deste assunto. Em seu artigo 179, VII, a

Constituição do Império garantia a inviolabilidade de domicílio, projeção territorial da

vida privada. Tal dispositivo marca o início da proteção constitucional da imagem no

Brasil, mesmo antes da invenção da fotografia. Protegia-se a imagem de forma

reflexa quando o individuo estivesse dentro de seu domicilio. Mantida pela

Constituição Republicana de 1891 (art. 72, § 11) e pela Constituição de 1934 (art.

113, XVI). Nesta, o artigo 114 passou a assegurar outros direitos e garantias não-

expressos no texto “resultantes do regime e dos princípios da vida e da imagem”.

Dentre os direitos não expressos estava estampada a proteção da vida e da

imagem, bens essenciais à organização do regime democrático, objetivo estampado

no preâmbulo da Carta de 1934. (LOUREIRO, 2005).

A Constituição de 1937 reproduz, de maneira geral, os direitos fundamentais

previstos na Lei Maior de 1934. Na Constituição de 1946, a imagem passava a ter

proteção como decorrência do direito à vida. Ou seja, a imagem continua a ser

protegida através da intimidade e reforçada com a inclusão da inviolabilidade dos

direitos concernentes à vida. Mas a proteção ainda vem de forma implícita e não

expressa. A Constituição de 1967 e sua Emenda n. 1, de 1969, mantiveram a

proteção da imagem na mesma trilha derivada do direito à vida. (LOUREIRO, 2005).

18

Com o advento da CF/1988, a proteção da imagem atingiu grande evolução.

Cuida de proteger a imagem de forma expressa e efetiva, distinguindo a imagem da

intimidade, honra e vida privada. Sendo assim, o direito à imagem está previsto

expressamente em três dispositivos constitucionais. Os incisos V, X. XXVIII, “a”, do

artigo 5º, transcritos abaixo:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo�se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização. (...) XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. (BRASIL, 2011).

Percebe-se a grande importância conferida à imagem pelo Constituinte de

1988. Outro dispositivo da Constituição é o artigo 1º, III, combinado com o § 2º do

art. 5º, tem protegido o direito à imagem, brasileiros e estrangeiros, residentes ou

não no Brasil.

Silva (2002, p. 101-116-118), referente à eficácia e aplicabilidade das

normas constitucionais sob análise, afirma que são três:

1) As de eficácia plena, aquelas quem, desde a entrada em vigor da

Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos

essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o

legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular;

2) As de eficácia contida, aquelas que o legislador constituinte regulou

suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem

à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público, nos

termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais neles enunciados;

19

3) As de eficácia limitada, aquelas que dependem de outras providências

normativas, para que possam sentir os efeitos essenciais colimados pelo legislador

constituinte.

No que diz respeito à aplicabilidade, sustenta Silva (2002, p.102-102,

p.116):

Tanto as normas constitucionais de eficiência plena quanto às de eficácia contida são de aplicabilidade imediata, por possuírem todos os elementos necessários à sua executoriedade. As de eficácia contida, apesar de não estarem condicionadas a uma normação posterior, ficam dependendo dos limites que ulteriormente se estabeleçam mediante lei, ou de que as circunstâncias restritivas, constitucionalmente admitidas, ocorram.

Sendo assim, os incisos V e X do artigo 5º da CF são de eficácia plena e

aplicabilidade imediata. Produzem efeitos de pronto e não estão sujeitos a restrições

pelo legislador infraconstitucional. O inciso XXVIII, “a”, que assegura nos termos da

lei a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da

imagem e voz humana, não é dotado de eficácia plena. (LOUREIRO, 2005).

Afirma Silva (2002, p. 173): “deveras, o legislador ordinário pode restringir

as hipóteses de proteção sem, contudo, suprimir situações subjetivas dos

governados”. Trata-se de uma norma contida. A esse respeito, o artigo 42 da Lei n.

8.615/1998, ao regular o direito de arena, suprimiu integralmente o direito dos atletas

não profissionais à participação no produto da transmissão de suas imagens nas

atividades desportivas.

Vale ressaltar que o direito de arena está relacionado ao direito à imagem,

mas com ele não se confunde. Abarca o direito à captação, reprodução e

transmissão da imagem de eventos desportivos. Às entidades desportivas pertence

o direito de arena, sendo também necessário, entretanto, o consentimento individual

dos participantes.

3.2 O DIREITO À IMAGEM NO DIREITO COMPARADO

O quadro abaixo, elucida o direito à imagem em legislações alienígenas de

acordo com Franciulli Netto (2004):

20

Quadro 1: Esboço sobre o direito à imagem em legislações alienígenas Alemanha Está disciplinada na Lei do Direito do Autor, de 9 de janeiro de 1907, bem como

na Lei de 9 de setembro de 1965. Apresenta como traço fundamental a proibição de divulgação ou exibição em público da imagem sem consentimento do efigiado. Abre exceções para as hipóteses de: a) penetração na esfera da história contemporânea; b) aparecimento do retrato como mero acessório de uma paisagem ou de uma multidão ou pelo menos de um razoável grupo de pessoas; c) participação de reuniões, cortejos ou acontecimentos similares de um grupo de pessoas interessadas; d) confecção sem encomenda, desde que a divulgação e exposição sirvam a um interesse artístico superior.

Argentina Encontra-se disciplinada na Lei n. 11.723, de 28 de setembro de 1933, particularmente em seu artigo 31, que consagra o mesmo princípio central alemão. Deixa claro que o consentimento tem que ser expresso e na falta do titular por morte, essa faculdade passa ao cônjuge e aos descendentes diretos daquele; na falta deste, ao pai e à mãe do titular primevo.

Áustria O artigo 78 da Lei da Propriedade Intelectual, de 9 de abril de 1936, modificada em 14 de julho de 1949 e em 8 de julho de 1953, igualmente proíbe a exposição pública e a difusão de retratos em locais de acesso público, se de tal maneira houver prejuízo da pessoa representada ou de algum parente próximo, sem prévia autorização, específica para a publicação. Tais parentes próximos são das linhas ascendentes ou descendentes e o cônjuge supérstite.

Bélgica A Lei Belga de Propriedade Intelectual, de 22 de março de 1886, em seu artigo 20, dispõe que nem o autor nem o proprietário de um retrato tem o direito de reproduzi-lo, incluída a exposição pública, sem o consentimento da pessoa efigiada ou de seus sucessores durante 20 anos a partir da morte.

Espanha Dois diplomas legais avultam de importância quanto à proteção do direito à imagem na Espanha. Na dicção do artigo 18 de sua respectiva Constituição, de 26 de dezembro de 1978, “é garantido o direito à honra, à intimidade da pessoa e família e à própria imagem”. A Lei Orgânica n. 1 de 1982, do mesmo país, por seu turno, em seu artigo 7º, considera intromissão ilegítima, no âmbito da proteção dessa lei, a captação, reprodução ou publicação por fotografia, filme ou qualquer outro procedimento da imagem de uma pessoa em lugares ou momentos de sua vida privada ou fora deles, salvo as expressões legais. De outra parte, igualmente, não é permitida a utilização do nome, da voz ou da imagem de uma pessoa para fins publicitários, comerciais ou de natureza análoga.

Estados Unidos da América

A legislação federal veda o uso do retrato de pessoa viva como marca industrial e nos papéis de banco. A Cahill’s Law de 1930, do Estado de Nova Iorque, no Capítulo 7, estabelece em seu parágrafo 50 que é passível de delito quem se utiliza para sua publicidade ou o seu comércio o nome, o retrato ou a imagem de uma pessoa viva sem prévio consentimento dela ou de seus pais ou tutores se menores de idade. O parágrafo 51 autoriza os fotógrafos profissionais a exporem os retratos que possuam como mostras de seu trabalho, mesmo fora de seus estúdios, a menos que haja proibição por escrito do modelo.

Grã-Bretanha A Lei Inglesa sobre Propriedade Intelectual, de 7 de novembro de 1956, e a nova lei do Reino Unido, de 23 de julho de 1958, estabelecem que, se uma pessoa contrata um retrato (fotografia, pintura, gravura etc.) e paga ou se obriga a pagar em dinheiro ou o seu equivalente monetário e a obra realizada é fruto desse

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contrato, o comitente terá todos os direitos autorais sobre ela com base na referida lei.

Itália O Código Civil Italiano, em seu artigo 10, permite que, a requerimento do interessado, seja obstada a exposição pública da fotografia de uma pessoa, de seus pais, cônjuge ou filhos menores de idade, fora as exceções legais, quando haja prejuízo ao decoro ou à reputação da pessoa fotografada ou de seus parentes.

Japão O direito japonês, por meio de lei de 4 de março de 1899 e ulteriores modificações, dispõe que o direito do autor sobre um retrato fotográfico realizado às custas de um terceiro a este pertencerá.

México A moderna Lei Mexicana de Propriedade Intelectual, de 29 de dezembro de 1956, reza em seu artigo 13 a proibição da publicação do retrato sem o conhecimento do retratado e, depois de sua morte, sem o dos ascendentes, filhos e outros descendentes, até o segundo grau. O consentimento pode ser revogado até a publicação, desde que pagos os prejuízos que daí poderão ocorrer. Abre exceção para a publicação para fins educativos, científicos, culturais ou de interesse geral ou ainda se referente a acontecimento atual e que se deu em público, sempre que não tenha caráter infamante. Os fotógrafos profissionais podem expor as fotos de seus modelos como mostras de seu trabalho quando não se oponha a isso nem um dos interessados supramencionados.

Portugal No direito português, a imagem está amparada no artigo 26 de sua Constituição e a Lei n. 2/99, de 3 de janeiro, demarca, para o exercício da imprensa, como limite a imagem e a palavra dos cidadãos, a par de haver capitulação expressa no Código Penal Português, em seu artigo 192, que estipula pena de um ano e multa de até 240 dias para quem captar, fotografar, filmar, registrar ou divulgar imagens das pessoas ou de objetos ou espaços íntimos. Há também amparo no direito tanto no Código Civil Português, que vigora a partir de junho de 1967, como em outros diplomas, como, por exemplo, o Decreto-lei n. 330/90, de 23 de outubro, que trata do código da publicidade.

Suíça O sistema legal suíço, em linhas mestras, não difere dos demais quanto ao direito do autor e ao consentimento do retratado. O artigo 28, parágrafo 1º, do Código Civil, prevê que quem sofre um ataque ou uma lesão ilícita em seus interesses pessoais pode solicitar ao juiz a sua cessação.

Uruguai A Lei Uruguaia sobre Propriedade Intelectual, de 17 de dezembro de 1937, em seu artigo 20, a exemplo de outras, estabelece que cabe à pessoa retratada em obra artística os respectivos direitos, desde que a obra tenha sido contratada com encargo financeiro. No mais, quanto ao consentimento e a possibilidade de reparação, não difere das demais, nem mesmo no que tange às exceções.

Fonte: Autor, 2011. Texto retirado de FRANCIULLI NETTO, 2004.

Importante ressaltar que a Declaração Universal dos Direitos do Homem,

aprovada na Assembléia-Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948,

como marco inicial impagável da proteção dos direitos do homem, sem vozes de

interesses internos, mas sim com a preocupação de princípios de cunho universal.

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Conquanto, “sem nenhuma referência explícita, protegido o direito do

homem, de modo amplo e irrestrito, sem dúvida aí também nasceu o primeiro texto a

velar pela proteção à imagem”. (LIMA, 2003, p. 47).

3.3 CONCEITOS E GENERALIDADES

Antes de mencionar direito de imagem, ou seja, de ofensa à imagem e à

honra, ou, ainda, a divulgação desonrosa da imagem busca-se em sentido comum

conceituar a imagem como: “representação gráfica, plástica ou fotográfica de pessoa

ou objeto”. (FERREIRA, 2008, p. 461).

Juridicamente, Silva (2007, p. 209) define a “inviolabilidade da imagem

como sendo a tutela do aspecto físico”.

O direito à própria imagem é um direito essencial do homem, dotado de

certas peculiaridades. No âmbito dos direitos da personalidade, o direito à imagem

alcançou posição relevante graças ao extraordinário progresso das comunicações e

à importância que a imagem adquiriu no contexto publicitário.

Stoco (2007, p. 839) sustenta que a “imagem é a projeção dos elementos

visíveis que integram a personalidade humana; é a emanação da própria pessoa; é

o eflúvio dos caracteres físicos que a individualizam”.

Nesse sentido, a sua reprodução, consequentemente, somente pode ser

autorizada pela pessoa a que pertence, por se tratar de direito personalíssimo, sob

pena de acarretar o dever de indenizar que, no caso, surge com a sua própria

utilização indevida.

Franciulli Netto (2004, p. 9-13), em palestra proferida na XXII Semana de

Estudos Jurídicos promovidas pela Universidade Regional de Blumenau/SC, em 28

d outubro de 2004, citou Moraes (1972, p. 64), extraindo a extensão e profundidade

do conceito de imagem:

Toda expressão formal e sensível da personalidade de um homem é imagem para o Direito. A idéia de imagem não se restringe, portanto, à representação do aspecto visual da pessoa pela arte da pintura, da escultura, do desenho, da fotografia, da figuração caricata ou decorativa, da reprodução em manequins e máscaras. Compreende, além, a imagem sonora da fonografia e da radiodifusão, e os gestos, expressões dinâmicas

23

da personalidade. A cinematografia e a televisão são formas de representação integral da figura humana. De uma e de outra pode dizer-se, com De Cupis, que avizinham extraordinariamente o espectador da inteira realidade, constituindo os mais graves modos de representação no que tange à tutela do direito. Não falta quem inclua no rol das modalidades figurativas interessantes para o direito, os ‘retratos falados’ e os retratos literários, conquanto não sejam elas expressões sensíveis e sim intelectuais da personalidade. Por outro lado, imagem não é só o aspecto físico total do sujeito, nem particularmente o semblante, como o teriam sustentado Schneickert e Koeni. Também as partes destacadas do corpo, desde que por elas se possa reconhecer o indivíduo, são imagem NA índole jurídica: certas pessoas ficam famosas por seus olhos, por seus gestos, mesmo pelos seus membros.

Para Diniz (2005), o direito à imagem é o de não ver sua efígie exposta em

público ou mercantilizada sem seu consenso e o de não ter sua personalidade

alterada material ou intelectualmente, causando dano à reputação.

No entanto, afirma D’azevedo (2001) que não pode o homem privar-se da

sua própria imagem, mas dela pode dispor para tirar proveito econômico. Esta

característica fundamental do direito à imagem implica em uma série de

conseqüências no mundo jurídico, pois quando é utilizada a imagem alheia sem o

consentimento do interessado, ou quando se ultrapassa os limites do que foi

autorizado, ocorre uma violação ao direito à imagem.

Loureiro (2005, p. 193) considera que o consentimento para a licença do

uso da imagem-retrato deve ser:

Preferencialmente expresso. Admite-se o consentimento tácito desde que haja manifestação inequívoca, ainda que não expressa, da autorização. Em qualquer caso, ele deve ser interpretado restritivamente. Uma vez dado o consentimento, nada obsta que a pessoa se retrate, revogando a autorização, arcando com os eventuais danos que causar. A possibilidade da revogação do consentimento decorre da natureza personalíssima do direito à imagem e da essencialidade e indisponibilidade que o caracterizam.

Afirma Bittar (2003), que o direito à imagem reveste-se de todas as

características comuns aos direitos da personalidade. Destaca-se, no entanto, dos

demais, pelo aspecto de disponibilidade, que, com respeito a esse direito, assume

dimensões de relevo, em função da prática consagrada de uso de imagem humana

em publicidade.

Cahali (2000, p. 545) esclarece que:

A doutrina ainda digressiona a respeito do significado da expressão “imagem”, expressão caracterizadamente polissêmica, ao mesmo tempo,

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que várias teorias são apresentadas visando definir a natureza do direito da própria imagem.

O direito à imagem consiste no elo que “junge a pessoa à sua expressão

externa, tanto no seu conjunto quanto em componentes desmembrados, como

olhos, rosto, pernas, boca, etc.; é direito que incide sobre a conformação física da

pessoa”. (AMARANTE, 2005, p. 82).

Durval (1988, p. 105) citado por D’Azevedo (2001) conceitua o direito à

imagem como a “projeção da personalidade física (traços fisionômicos, corpo,

atitudes, gestos, sorrisos, indumentárias, etc.) ou moral (aura, fama, reputação, etc.)

do indivíduo (homens, mulheres, crianças ou bebê) no mundo exterior".

Para Nunes Jr. e Araújo (2005, p.109), o direito à imagem possui duas

variações:

De um lado, deve ser entendido como o direito relativo à reprodução gráfica (retrato, desenho, fotografia, filmagem etc.) da figura humana. De outro, porém, a imagem assume a característica do conjunto de atributos cultivados pelo indivíduo e reconhecidos pelo conjunto social. Chamemos a primeira de imagem-retrato e a segunda de imagem-atributo.

Assim, a denominada, imagem-retrato, encontra uma interpretação

restritiva, na área da indisponibilidade. Pode-se dispor da imagem-retrato,

autorizando a sua veiculação em um anúncio. Essa possibilidade, no entanto, não

retira a imagem do campo dos direitos da personalidade.

Conclui-se que o direito a imagem, para o direito tem duas significações. A

imagem-retrato (confere à pessoa natural o direito exclusivo de autorizar e negar a

captação, a reprodução e a publicação de expressões formais e sensíveis de sua

personalidade), que consiste em toda expressão formal e sensível da personalidade

humana, incluindo a voz, as partes do corpo (desde que suficientes à identificação

do indivíduo), os gestos, as expressões dinâmicas da personalidade e o DNA; e a

imagem-atributo (protege a pessoa contra informações falsas, incorretas e

incompletas que alteram e deturpem os seus caracteres nutridos junto à sociedade),

que consubstancia as características, positivas ou negativas, efetivamente

cultivadas por uma pessoa na sociedade.

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3.4 TUTELA JURÍDICA DA IMAGEM

A proteção jurídica à imagem é fundamental, pois preserva à pessoa,

simultaneamente, a defesa de componentes essenciais de sua personalidade e do

respectivo patrimônio, pelo valor econômico que representa. Assim, pode-se dizer

que “o direito de imagem é, de fato, a proteção jurídica conferida às representações

de determinada pessoa, seja através de uma foto, desenho ou caricatura”. (RSTON,

2004, p. 93). Ou seja, qualquer representação que se faça lembrar de determinada

pessoa, de forma inequívoca, constitui-se em imagem é tutelada juridicamente.

No direito brasileiro, a partir da CF/1988, foi consagrada autonomia plena do

direito à imagem, como um bem essencial que é objeto autônomo de tutela jurídica.

Ou seja, o legislador constituinte originário conscientizou-se da importância do

direito à imagem e dotou-o de proteção legal, independentemente da ofensa ou não

de outro direito da personalidade.

O Código Civil, na esteira da Constituição Federal, disciplina, em seu artigo

20, a proteção específica do direito em análise ao ressalvar que:

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. (BRASIL, 2011 - CCB)

Ou seja, a divulgação da imagem só poderá ser feita com o consentimento

de seu titular, prevendo, por outro lado, a possibilidade de indenização quando

violado.

Também, estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, Lei n.

8.069, de 13 de julho de 1990 ao proteger a imagem da criança e do adolescente,

em seu artigo 17, consoante a seguinte assertiva:

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. (BRASIL, 2011 - ECA).

26

Além disso, o ECA resguarda a imagem ao estabelecer, em seu artigo 240,

punição com pena de reclusão para quem:

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracenam. § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: I - no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exerce�la; II - prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou III - prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (BRASIL, 2011 - ECA).

No artigo 241 do mesmo dispositivo, pena de reclusão de um a quatro anos

para quem fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfico, envolvendo

criança ou adolescente.

Portanto, como bem jurídico que demanda proteção autônoma, o direito a

imagem, não pode estar preso a conceitos tradicionais, e sim deve estar em

permanente mudança, em conformidade com o que exigem os novos avanços

tecnológicos e dos meios de comunicação.

Em conformidade com Moraes (2005), o direito à imagem pertence a ambos

os gêneros da classificação, é naturalmente física, mas igualmente moral pela

expressão que o semblante da pessoa irradia.

Contudo, de acordo com Loureiro (2005), por conta da relativa

disponibilidade de seu exercício, há quem sustente que o direito à imagem tem

dupla natureza, material e moral. Segundo o autor, o Supremo Tribunal de Justiça

em algumas oportunidades, enalteceu o duplo conteúdo do direito à imagem: o

moral, porque direito da personalidade, e o patrimonial, pois a imagem pode ter o

uso licenciado onerosamente. Cita como exemplo os julgados: REsp. N. 230268/SP,

Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, Segunda Seção, j. 11/12/2002, DJ

04/08/2003 e RESp. n. 46420/SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 4ª T., j.

12/09/1994, DJ 05/12/1994. Nesses julgados, sustenta Loureiro (2005, p.43): “esse

Egrégio Tribunal Superior determinou a reparação por dano moral pelo simples uso

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não autorizado da imagem, ainda que a publicação estivesse despida de

ofensividade”.

Como se vê a tutela da imagem e dos demais bens da personalidade

decorre do princípio da dignidade humana e da cláusula geral de tutela e promoção

da pessoa humana que emergem da Constituição Federal.

Loureiro (2005, p. 197) esclarece que:

A tutela da imagem pode se operar pela via judiciária ou, excepcionalmente, pela defesa privada. Na esfera privada, havendo ato ilícito atual ou iminente, poderá o ofendido lançar mão da legitima defesa para evitar a captação de sua imagem utilizando-se, moderadamente, dos meios necessários para tanto. Mas a tutela do direito à imagem se dá fundamentalmente pelo Poder Judiciário. Pode o titular aforar ação para evitar ou fazer cessar a violação do direito, sob pena de multa diária, busca e apreensão ou de outra medida necessária à efetivação da tutela específica, nos termos dos artigos 461-A do Código de Processo Civil - CPC. Perpetrado o ato ilícito e ocorrido o dano, a reparação deverá ser ampla e total, a teor do disposto no art. 5º, V e X, da Constituição Federal, abarcando a indenização por dano material e moral.

Independentemente do abalo da honra, a mera utilização não consentida da

imagem gera dano moral, pois a imagem é bem da personalidade autônomo para o

direito, dotado de elemento moral.

Portanto, o direito de imagem, não abarca apenas a proteção contra a

exibição indevida da figura física da pessoa, mas também da forma pela qual ela é

vista em seu meio social e profissional. Assim, tal direito visa garantir que a pessoa

não será publicamente exposta sem o seu consentimento.

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4 DIREITO À IMAGEM SOB A ÓTICA DA MÍDIA VIRTUAL

4.1 LIMITES DO DIREITO À IMAGEM

As imagens publicadas em mídia virtual são exibidas durante fração de

segundos, bem diverso do que ocorre com a captura de uma cena e sua publicação

em meio de comunicação impresso.

Nos tempos modernos, o tratamento jurídico das questões que envolvem a

internet e o espaço ciberespaço tornou-se um desafio, uma vez que os progressivos

avanços tecnológicos têm levado à flexibilização e à alteração de alguns conceitos

jurídicos até então sedimentados, como liberdade, espaço territorial, tempo, entre

outros. O direito à imagem se encaixa neste contexto, pois traz à tona a

controvertida situação do impacto da internet sobre os direitos e as relações jurídico-

sociais em um ambiente desprovido de regulamentação estatal. (BOLETIM

JURÍDICO, 2011).

Para Beline, Lisita e Tavares Neto (2009, p.147-162):

A mídia, a economia, o direito, a educação, assim como outras formas de poder simbólico, na condição de processos de dominação, funcionam de modo próprio e com características específicas, enquanto modos de produção da sociedade. A mídia, o direito, o mercado, a religião, a família, a escola, entre outras instâncias, operam numa sociedade concreta e determinada, existindo uma clara relação entre mídia/dominação na procura, produção e consumo de bens, incidindo numa relação transacional, ou seja, a produção de legalidade/legitimidade. Pode-se inferir da realidade midiática o ensejo de produção de bens simbólicos, diretamente relacionados à estrutura social, com forte tendência à reprodução da conjuntura social, altamente regulada pela estrutura interna do campo mídia/economia, e este sendo estruturado/estruturante.

Sendo assim, os operadores da mídia, no caso em estudo, devem observar

as obrigações elencadas na CF/1988, ou seja, respeitar valores éticos e sociais da

pessoa e da família, dentre outros. Portanto, o direito à imagem, vertente do direito

da personalidade é uma prerrogativa tão importante que é tratada na Constituição

Federal de 1988, assegurando a inviolabilidade à honra e imagem, dentre outros

atributos, prevendo assim, o direito de indenização para a violação.

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Dessa forma, a Constituição Federal de 1988 garante a liberdade de

expressão e a liberdade de imprensa. Estas prerrogativas encontram-se no artigo 5º,

no Título II - Dos Direitos e Garantias Individuais. Nele, é protegida a livre

manifestação de pensamento, é proibido o anonimato (inciso IV), garantidos a livre

expressão de comunicação, independente de censura (inciso IX), o acesso à

informação e o sigilo da fonte (inciso XIV). (BRASIL, 2011).

O mesmo artigo 5º protege o cidadão contra abusos cometidos pela mídia,

oferecendo o direito de resposta, preservando a vida privada, a honra e a imagem

das pessoas (inciso V). Reservou a Constituição dentro do Título VII - Da Ordem

Social, capítulo V, artigos 220 a 224, para a Comunicação Social, o reforço da livre

manifestação de pensamento, a liberdade de informação e a proibição da censura.

Nesse título é determinado ainda que a produção de televisão deve atender a

finalidades educativas, artísticas, culturais, respeitar valores éticos e sociais da

pessoa e da família, dentre outros. (BRASIL, 2011). O objetivo do legislador de 1988

abrangeu na mesmo proporção o livre exercício da liberdade de imprensa e de

expressão e coibiu abusos porventura praticados pela ou através da mídia.

Guerra Filho (2001) e Silva (2007) entendem que os conflitos existentes

entre os preceitos constitucionais do direito à liberdade de imprensa e do direito à

imagem, há limitação clara e expressa no próprio texto constitucional, e insistir na

afirmação de que a imprensa é plenamente livre, sem exceções, seria uma violência

ao próprio Estado de Direito, que concebe de forma clara as liberdades públicas.

Para Moraes (2005, p. 46):

A liberdade de imprensa em todos os seus aspectos, inclusive mediante a vedação de censura prévia, deve ser exercida com a necessária responsabilidade que se exige em um Estado Democrático de Direito, de modo que o desenvolvimento da mesma para o cometimento de fatos ilícitos, civil ou penalmente, possibilitará aos prejudicados plena e integral indenização por danos materiais e morais, além do efetivo direito de resposta.

Diante deste embate entre dois direitos fundamentais, como é o caso do

direito à honra ou do direito à imagem em confronto com o direito de informação

jornalística, deve-se buscar a compatibilização de tais direitos, de modo que estas

garantias constitucionais convivam harmonicamente, sem impedir a imprensa de

exercer a sua essencial função, de conduzir a informação à coletividade e externar

críticas e opiniões úteis ao interesse social e, por outro lado, garantir o direito do

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cidadão de ter sua honra e imagem resguardada. Portanto, o direito de informação e

opinião inerentes ao exercício da atividade jornalística deve ser exercido com

moderação e prudência, sem que se extrapole a medida necessária para realizar

seu fim social, e nos estreitos limites impostos pelo ordenamento jurídico. (BELINE,

LISITA e TAVARES NETO, 2009).

Isso implica dizer que o manto do legislador de 1988 abrangeu na mesma

proporção o livre exercício da liberdade de imprensa e de expressão e coibiu abusos

porventura praticados pela ou através da mídia. Portanto, para imputar o dever de

compensar danos morais pelo uso indevido da imagem com fins lucrativos é

necessário analisar as circunstâncias particulares que envolveram a captação e

exposição da imagem.

Segundo Beline, Lisita e Tavares Neto (2009, p. 148):

Trata-se de um equilíbrio que pode ser comparado a concepção montesquiana de freios e contrapesos dos poderes, de forma a assegurar que uma garantia não se sobreponha a outra, ocasionando, em hipótese, uma hipertrofia de poderes a um determinado segmento da sociedade.

Portanto, no momento em que a Constituição Federal consolidou estes

valores (honra, intimidade, vida privada e imagem) como sendo invioláveis, vedou

que os indivíduos pudessem afrontá-los. Reflexamente, a imprensa também está

proibida de desrespeitá-los. Sendo assim, a liberdade de informação jornalística vai

até aonde não houver embate com outros direitos fundamentais, especialmente os

invioláveis. Trata-se de um equilíbrio de forma a assegurar que uma garantia não se

sobreponha à outra.

Como bem ressalta Ibiapina (2000, p. 2):

Cabe aos agentes estatais, Delegados de Polícia, Policiais Militares, Ministério Público e Poder Judiciário o dever, de preservar os direitos da personalidade do suspeito, pois como dito antes, o Estado assumiu o dever dessa preservação, quando legislou sobre a proteção à imagem, à honra e à intimidade, elevando tais direitos a nível constitucional, não podendo esses mesmos agentes serem desatenciosos neste trato, impedindo as ações previsíveis da mídia sedenta por algo, que lhe ponha no topo da audiência. Assim deve o Estado, não só exercer a proteção a nível de garantir o processo de ressarcimento, mas antecipar-se, visando a não violação dos direitos da personalidade, explicitando ao suspeito seus direitos, deixando-o livre para decidir sobre a autorização da veiculação de sua imagem. Só assim, estaremos diante de uma investigação ética, e diante da certeza de que a mídia estará limitada legal e moralmente no trato da personalidade de cada um de nós.

31

Pode-se afirmar segundo Godoy (2001), que a síntese desse conflito está

entre o direito à vida privada em confronto com o direito à informação, exposto na

liberdade de imprensa, cujo uso indevido desse direito faz com que parte da vida da

pessoa, seja levada ao grande público. Afirma-se também, ao dizer que o conflito

entre esses direitos não é o critério hierárquico que irá solucionar esse problema,

porque são normas contidas no mesmo estatuto jurídico, portanto, do mesmo nível e

escalão de hierarquia. Assim, para se chegar a uma solução é preciso verificar se,

no caso concreto, o sacrifício da honra, da privacidade ou da imagem de uma

pessoa se impõe diante de determinada informação ou manifestação que, de

alguma forma, se faz necessária e de interesse social, coletivo, sem o que não se

justifica a invasão da esfera íntima ou moral do indivíduo. Então, se houver

“sensacionalismo”, ou seja, se a notícia for veiculada com o fim de causar escândalo

e dele se tirar proveito, configurar-se-á um abuso do direito de informar ferindo os

direitos da personalidade da pessoa que se tornou notícia

Nesse sentido, Godoy (2001, p. 65) afirma: “com isso, ao exercer o direito

de informar, algumas vezes, a imprensa colide com os direitos da personalidade,

quais são a honra, a imagem, a privacidade, dentre outros”. O que se pode dizer é

que, com a veiculação da notícia, da crítica ou da opinião, acaba a imprensa

invadindo à intimidade ou à privacidade da pessoa humana.

4.2 DANO À IMAGEM E SUA REPARAÇÃO

Dano consiste no prejuízo sofrido pelo agente. Pode ser individual ou

coletivo, moral ou material, ou melhor, econômico e não econômico. Não se foge

dos princípios da responsabilidade: ato culposo, nexo causal (une a conduta do

agente ao dano) e dano. Em concepção mais moderna, pode-se entender que a

expressão dano traduz a mesma noção de lesão a um interesse, tendo em vista o

vulto que tornou a responsabilidade civil. (VENOSA, 2005).

O autor supracitado, alerta para o “dano informático”, onde a nova

sociedade, nesse alvorecer do século XXI, lastreia seu poder na informação. A cada

dia, no sentido literal do termo, novos implementos e atualizações ocorrem nesse

campo. O homem, com isso, perde sua privacidade. A tecnologia, que deveria

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propiciar maior conforto, transformou esse conforto em permanentes exigências que

a cada momento exigem as respostas imediatas, porque imediatos são os contatos

do mundo virtual. Nesse universo, há, portanto, um novo campo jurídico em fase de

desenvolvimento, o direito informático. Sendo assim, a legislação deve-se preocupar

com a prevenção desses danos, que podem atingir repercussões muito graves.

Atendo-se ao dano moral causado à imagem que abrange os direitos de

personalidade, busca-se conceituá-lo de acordo com os doutrinadores, a seguir.

Segundo Venosa (2005, p. 47), dano moral é:

O prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. “Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade”. Nesse campo, o prejuízo transita pelo imponderável, daí porque aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa recompensa pelo dano. Em muitas situações, cuida-se de indenizar o inefável.

Por sua vez, Diniz (2005, p. 91), “dano moral é a lesão de interesses não

patrimoniais da pessoa provocadas pelo fato lesivo”, Ou seja, a expressão dano

moral deve ser reservada exclusivamente para designar o agravo que não produz

qualquer efeito patrimonial. Portanto, o direito à imagem-retrato (exclusivo da pessoa

física) e à imagem-atributo (estendido também às pessoas jurídicas) das pessoas

físicas tem natureza jurídica de direito da personalidade.

Para Donnini e Donnini (2002) afirmam “que o dano à imagem é a lesão

pela utilização indevida, não consentida ou abusiva da imagem, seja ela a imagem-

retrato, seja ela a imagem-atributo”. Assim, entendido, é espécie do gênero dano

moral.

Cahali (2000, p. 20) caracteriza o dano moral pelos seus próprios

elementos, portanto:

Como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são: a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual; a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos; classificando-se, desse modo, em dano que afeta a “parte social do patrimônio moral” (honra, reputação etc.) e dano que molesta a “parte afetiva do patrimônio moral” (dor, tristeza, saudade etc.); dano moral que provoca direta e indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante etc.) e dano moral puro (dor, tristeza etc).

Consequentemente, todo ato ilícito ocasiona dano, podendo haver

possibilidade de indenização. A Constituição Federal de 1988, ao considerar

33

expressamente o direito à imagem como um direito independente e autônomo e

estabelecer a indenização por danos morais e materiais, colocou o direito brasileiro,

nesta matéria, como um dos mais modernos do mundo, sendo um divisor de águas

e fonte de inspiração para a legislação infraconstitucional brasileira. Pois, além de

assegurar no artigo 5º, inciso X (imagem-retrato), a reparação por dano material e

moral pela violação do direito à imagem, estampou, no inciso V (imagem atributo) do

mesmo artigo, a garantia de indenização por dano à imagem.

Conforme assevera Rston (2004, p. 92), o bem jurídico a ser protegido pela

reparação é, “como o próprio termo deixa claro, a imagem, a reputação. Por sua vez,

no dano à imagem a vítima sentirá os efeitos da lesão pela mudança na forma de

tratamento ou até mesmo no modo de pensar de outrem”. Portanto, ocorrida a

ofensa à imagem, a Constituição garante o direito à respectiva indenização,

decorrente do dano moral ou material.

A captação e a difusão da imagem na sociedade contemporânea, tendo em

vista o desenvolvimento tecnológico, causou uma grande exposição da imagem,

principalmente de pessoas que obtiveram destaque em suas atividades,

conseqüentemente, à imagem foi agregado um valor econômico expressivo.

(D’AZEVEDO, 2001).

Importante ressaltar, não são só as pessoas públicas que estão sujeitas ao

uso indevido de sua imagem. Como explicita o Des. WALTER GUILHERME, em

Acórdão de número 743.255/1 do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo citado

por Ibiapina (1999, p. 1):

[...] cidadão privado, homem público, artista, não-artista e em certa medida a pessoa jurídica, todos têm direito de ver respeitado o seu cabedal íntimo, sujeitando-se o ofensor à responsabilidade civil e/ou penal, a par de exercícios de resposta, se bem que esta freqüentemente é inócua, não se habilitando como medida capaz de ressarcir a intimidade, vida privada, honra ou imagem violadas [...].

Em outubro de 2009, a Terceira Turma do STJ decidiu que a Editora Abril

deveria indenizar por danos morais uma dentista que apareceu em matéria da

revista Playboy. A matéria descrevia as cidades brasileiras e era ilustrada com fotos

de mulheres tiradas em praias, boates, etc. No caso, a dentista foi fotografada em

uma praia de Natal (RN), em trajes de banho. A mulher não autorizou que uma foto

sua ilustrasse a matéria. (Resp 1.024.276). (BOLETIM JURIDICO, 2011).

34

Silva (2010, p. 210) constata que:

É cada vez mais notório que a intimidade e a vida privada do cidadão estão vulneráveis por divulgações ilegítimas por aparelhos registradores de imagem, sons e dados, conseqüência disto, a Constituição Federal foi explícita em assegurar ao lesado, direito à indenização por dano material ou moral, decorrente da violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem [...].

Na mesma linha segue o pensamento de Moraes (2005), quando se

posiciona no tocante às penalidades a que se sujeitam os que abusam dessa

liberdade. Nesse sentido, a proteção jurídica desses direitos em caso afirmativo,

soma-se perdas e danos, com o objetivo de ressarcir os danos morais e patrimoniais

experimentados pela vítima.

Segundo Stoco (2007), a sanção dos direitos da personalidade deve ser

feita, por um lado, através de medidas cautelares que determinam a imediata

suspensão dos atos que desrespeitem tais direitos. Mas não se pode olvidar que ato

ilícito cria uma obrigação de reparar (CC, art. 186).

Ressalta o autor, que antes da CF/1988 e do CC/2002 as ofensas ao direito

de imagem por uso indevido se resolviam apenas através de medidas visando à

abstenção do ato, suspensão de publicação, apreensão de exemplares, proibição de

exposição, anúncio do nome do autor por quem o omitiu, publicação de resposta ou

desagravo pelo mesmo veículo etc., agora, ademais, de todas essas providências

acautelatórias, o direito à reparação, a título de indenização por dano moral, ficou

expressamente assegurado seja no referido art. 5º, V, X, da Carta Magna, como

também no art. 20 do CC.

Stoco (2007, p. 1646) diz que o dano à imagem e sua reparação pode ser

resumido nas seguintes proposições:

1) Toda expressão formal e sensível da personalidade de um homem é

imagem de Direito;

2) A própria imagem constitui um bem jurídico autônomo;

3) O direito da imagem é matéria de direito de personalidade;

4) O direito à própria imagem é direito inato;

5) A ordem jurídica confere ao sujeito exclusivo de autorizar a disposição

e sua imagem;

6) O direito de autorizar implica disposição geral da imagem;

35

7) A faculdade de autorizar é uma das faces do direito próprio de dispor;

8) O direito de dispor da própria imagem não pode atingir os direitos

substanciais do autor e os do proprietário do corpus mechanicum (meio físico, o

suporte material no qual uma obra é fixada)1;

9) O direito de dispor da própria imagem abrange a forma física original

do homem;

10) A disposição econômica da própria figura induz um contrato sui

generis;

11) O direito exclusivo de modificar a própria imagem está contido no

direito de disposição;

12) Tem cabimento jurídico a oposição do sujeito ao ato de captação de

sua imagem, enquanto isto signifique proibição de reprodução da mesma;

13) Se a imagem é um bem jurídico essencial, o seu titular pode exercer

sobre ela os atos de disposição que lhe aprouverem, exceto os que impliquem

privar-se dela;

14) O interesse público estabelece os limites contingentes ao direito de

dispor da própria imagem;

15) A tutela processual da imagem assenta numa pretensão negatória de

conteúdo negativo ou positivo, mas não exclui uma pretensão reparatória, seja de

ordem material, quando se prove a ocorrência de prejuízo ou perda efetiva, e, ainda,

extrapatrimonial ou moral, como compensação pela ofensa moral, quando esta não

possa ser reparada por outro meio;

16) O direito à própria imagem extingue-se com a morte do sujeito titular,

mas o Código Civil assegura que, “em se tratando de morto ou de ausente, são

partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os

descendentes”, inclusive a indenização que couber (art. 20, parágrafo único).

Pode-se compreender imagem não apenas como o semblante da pessoa,

mas também partes distintas de seu corpo (exteriorizações da personalidade do

indivíduo em seu conceito social). Assim, certamente, mesmo depois da morte, a

memória, a imagem, a honra e a intimidade das pessoas continuam a merecer a

tutela da lei. Essa proteção é feita em benefício dos parentes dos mortos, para se

1 CRUZ, Terezinha Cristina Firmino da. Corpus mechanicum. Disponível em: <http://www.cid.unb.br/M452/M4522012.ASP?txtID_PRINCIPAL=915> Acesso em: 30 mar. 2012.

36

evitar os danos reflexos que podem sofrer em decorrência da injusta agressão moral

a um membro da família já falecido. Assim como a morte do chefe da família

acarreta dano material reflexo aos seus dependentes, por ficarem sem o sustento, a

ofensa aos mortos atinge também reflexamente a honra, a imagem, a reputação dos

seus familiares sobreviventes, afirmou o ministro Luis Felipe Salomão. (BOLETIM

JURÍDICO, 2011).

Foi esse o entendimento aplicado pela Quarta Turma para restabelecer

sentença que condenou o Jornal CINFORM - Central de Informações Comerciais

Ltda, ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 7 mil a uma

viúva que teve exposta foto de seu marido morto e ensanguentado após um

acidente de trânsito (Resp 1.005.278). Para os ministros do colegiado, em se

tratando de pessoa morta, os herdeiros indicados e o cônjuge sobrevivente são

legitimados para buscar o ressarcimento decorrente de lesão. “Desta forma,

inexistindo autorização dos familiares para a publicação de imagem-retrato de

parente falecido, certa é a violação ao direito de personalidade do morto, gerando

reparação civil”, decidiram. (BOLETIM JURÍDICO, 2011).

Observa-se que a morte da pessoa extingue o direito de imagem, nascendo

aos entes próximos um direito novo, de preservação da imagem do falecido. Este

direito próprio tem natureza jurídica de direito de personalidade, pois atinente à

tutela da pessoa humana e essencial à sua dignidade e integridade.

Dessa forma, a indenização pelo dano exclusivamente moral não possui o

acanhado aspecto de reparar unicamente o pretium doloris, mas busca restaurar a

dignidade do ofendido. Por isso, não há que se dizer que a indenização por dano

moral é um preço que se paga pela dor sofrida. É claro que é isso e muito mais.

Indeniza-se pela dor da morte de alguém querido, mas indeniza-se também quando

a dignidade do ser humano é aviltada com incômodos anormais na vida em

sociedade. (VENOSA, 2005).

4.2.1 Jurisprudências

Foi a jurisprudência francesa do século XIX que registrou a primeira decisão

sobre a qual se construiu o direito à imagem. Mas foi no século XX, proclamado para

37

expressar a civilização da imagem, que o tema entrou para a sensibilidade coletiva e

alcançou a dimensão atual. Sendo assim, considerado o século da imagem.

Acrescenta BARBOSA (2007, p. 102) citado por Stoco (2007, p. 1640): “é

através da imagem que se dá, fundamentalmente, a comunicação e a transmissão

de informações nos dias de hoje, avultando-se a importância da publicidade e o

valor econômico que esta trouxe à imagem”. Todavia, nem sempre essas

informações são exteriorizadas de forma adequada, desrespeitando o direito à

imagem, entre outros. Daí a necessidade da reparação dos danos morais causados

às vítimas.

Tal reparação, afirma Venosa (2005), embora admitida pela doutrina

majoritária anteriormente à CF/1988 (art. 5º, X), ganhou enorme dimensão entre nós

somente após o preceito constitucional, superando-se a renitência emperdenida de

grande massa da jurisprudência, que rejeitava a reparação de danos exclusivamente

morais.

Contudo, a reparação de danos morais ganhou força nos julgados dos

Tribunais de Justiça do Brasil. Nesse sentido, a Quarta Turma do STJ, em maio de

2010, definiu que a justiça brasileira pode ser acionada em caso de violação no

exterior ao direito de imagem, constatada pela internet, sendo que o contrato entre

as partes fixava a Espanha como foro e envolvia uma cidadã que vive no Brasil.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE IMAGEM EM SÍTIO ELETRÔNICO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PARA EMPRESA ESPANHOLA. CONTRATO COM CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO NO EXTERIOR. RECURSO ESPECIAL N. 1.168.547 - RJ (2007/0252908-3). Quando a alegada atividade ilícita tiver sido praticada pela internet, independentemente de foro previsto no contrato de prestação de serviço, ainda que no exterior, é competente a autoridade judiciária brasileira caso acionada para dirimir o conflito, pois aqui tem domicílio a autora e é o local onde houve acesso ao sítio eletrônico onde a informação foi veiculada, interpretando-se como ato praticado no Brasil, aplicando-se à hipótese o disposto no artigo 88, III, do CPC. 15. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ/AP), negar provimento ao recurso especial, acompanhando os votos dos Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Relator, e Fernando Gonçalves, e os votos dos Srs. Ministros Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha, no mesmo sentido, a Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ/AP), Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 11 de maio de 2010 (data do julgamento) MINISTRO LUIS

38

FELIPE SALOMÃO Relator Documento: 959347 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 07/02/2011. (SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2011).

Portanto, em recurso efetuado pela recorrente em que se pretendia a

incompetência da justiça brasileira para discussão da matéria de indenização por

utilização indevida de imagem em sitio eletrônico com decorrência de prestação de

serviços para empresa estrangeira com existência de chamada de eleição, foi

negado provimento ao recurso, mantendo-se a competência da justiça brasileira.

O Ministro lembrou que a internet pulverizou as fronteiras territoriais e criou

um novo mecanismo de comunicação, mas não subverteu a possibilidade e a

credibilidade da aplicação da lei baseada nos limites geográficos. Assim:

Para as lesões a direitos ocorridos no âmbito do território brasileiro, em linha de princípio, a autoridade judiciária nacional detém competência para processar e julgar o litígio. [...] A evolução dos sistemas relacionados à informática proporciona a internacionalização das relações humanas, relativiza as distâncias geográficas e enseja múltiplas e instantâneas interações entre indivíduos. Entretanto, a intangibilidade e mobilidade das informações armazenadas e transmitidas na rede mundial de computadores, a fugacidade e instantaneidade com que as conexões são estabelecidas e encerradas, a possibilidade de não exposição física do usuário, o alcance global da rede, constituem-se em algumas peculiaridades inerentes a esta nova tecnologia, abrindo ensejo à prática de possíveis condutas indevidas. (SALOMÃO, 2011).

O mesmo colegiado determinou ao site Yahoo! Brasil que retirasse da rede

página com conteúdo falso sobre uma mulher que ofereceria programas sexuais,

além de fotos pornográficas a ela atribuídas. Para os ministros, mesmo diante da

afirmação de que a Yahoo! Brasil é sócia da Yahoo! Inc., o consumidor não distingue

com clareza as divisas entre a empresa americana e sua correspondente nacional.

EMENTA. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. RETIRADA DE PÁGINA DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES. CONTEÚDO OFENSIVO À HONRA E À IMAGEM. ALEGADA RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE CONTROLADORA, DE ORIGEM ESTRANGEIRA. POSSIBILIDADE DA ORDEM SER CUMPRIDA PELA EMPRESA NACIONAL. RECURSO ESPECIAL N. 1.021.987 - RN (2008/0002443-8. 1. A matéria relativa a não aplicação do Código de Defesa do Consumidor à espécie não foi objeto de decisão pelo aresto recorrido, ressentindo-se o recurso especial, no particular, do necessário prequestionamento. Incidência da súmula 211/STJ. 2. Se empresa brasileira aufere diversos benefícios quando se apresenta ao mercado de forma tão semelhante a sua controladora americana, deve também, responder pelos riscos de tal conduta. 3. Recurso especial não conhecido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal

39

de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso especial. Os Ministros Aldir Passarinho Junior, João Otávio de Noronha, Luis Felipe Salomão e Carlos Fernando Mathias (Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região) votaram com o Ministro Relator. Brasília, 07 de outubro de 2008. (data de julgamento) Ministro Fernando Gonçalves, Relator Documento: 3956404 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJ: 09/02/2009. (SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2009).

O julgamento a seguir entende que o apelante deve ser indenizado pelo

dano moral que sofreu em decorrência do ato ilícito positivo das apeladas, violador

do inciso X, do artigo 5º da CF/1988:

EMENTA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. N. 559.712-6. AÇÃO COM PEDIDO INIBITÓRIO. PEIDO DE LIMINAR ANTECIPANDO OS EFEITOS DA TUTELA. RETIRADA DE VÍDEO DO YOUTUBE. VÍDEO ANTERIORMENTE VEICULADO POR EMPRESA DE TELEVISÃO. AUSÊNCIA DE PERIGO DE GRAVE E DIFÍCIL REPARAÇÃO. DIREITO DE IMAGEM X DIREITO A INFORMAÇÃO. PREPONDERÂNCIA DO DIREITO DE INFORMAÇÃO DIREITO DO CASO POSTO EM RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. ACÓRDÃO: ACORDAM os Magistrados integrantes da 8ª Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná - TJEP, J. S. FAGUNDES CUNHA - Relator e Desembargadores GUIMARÃES DA COSTA e KUSTER PUPPI, à unanimidade de Votos, em CONHECER o Recurso de Agravo de Instrumento e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO, pelos fundamentos ensamblados no Voto do Relator e de acordo com a Ata de Julgamento. Curitiba, 10 de setembro de 2009. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ, 2009).

Observa-se que a decisão da Corte de Justiça retrata um dos casos de

profunda agressão à personalidade dos apelados, em decorrência de reportagem

publicada em Revista conhecida no meio social e artístico, que causou profunda

indignação e mágoa nas pessoas atingidas - daí o dano moral notoriamente

reconhecida.

Esclarece Stoco (2007, p. 840), “é certo que não se pode cometer o delírio de,

em nome do direito de privacidade, estabelecer-se uma redoma protetora em torno

de uma pessoa para torná-la imune de qualquer veiculação atinente à sua imagem”.

Todavia, não se deve exaltar a liberdade de informação a ponto de se consentir que

o direito à própria imagem seja postergado, pois a sua exposição deve condicionar-

se à existência de evidente interesse público, a ser satisfeito, de receber

informações.

Devido a demanda de recursos em que envolvem os danos causados a

vitima pela violação do seu direito à imagem, a Segunda Seção do Superior Tribunal

40

de Justiça - STJ, aprovou em sua última sessão a súmula de número 403 - 2009,

que trata da indenização pela publicação não autorizada da imagem de alguém,

ficando assim: “O direito à indenização, independente de prova do prejuízo, pela

publicação sem autorização da imagem de uma pessoa com fins econômicos ou

comerciais agora está sumulado”. A matéria sumulada teve como referência a

CF/1988, artigo 5º, inciso V, bem como no inciso X. (SUPREMO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA, 2009).

Também, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, manteve a

condenação imposta pela sentença recorrida, salientando que o valor fixado deverá

ser corrigido a partir do trânsito em julgado da decisão, pelos índices da tabela

sugerida pela Egrégia Corregedoria Geral de Justiça de Minas Gerais, e acrescido

de juros de mora a partir da citação.

EMENTA: INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - VEICULAÇÃO DE IMAGENS INDESEJADAS DO AUTOR NA INTERNET - PÁGINA DE RELACIONAMENTO INVADIDA POR TERCEIRO - IDENTIDADE NÃO REVELADA PELA PROVEDORA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - ENTENDIMENTO DO ART. 927, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CC/2002 - PEDIDO PROCEDENTE - MINORAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO - NÃO CABIMENTO - DECISÃO MANTIDA. - O apelado criou um perfil no provedor da apelante, visando o bom relacionamento com pessoas de comunidades religiosas e amigos de outras localidades. Teve o seu sigilo quebrado e alterado o seu perfil por terceira pessoa que inseriu fotos e filmes de conteúdo indesejado, que veio a denegrir profundamente a sua imagem de bom cidadão e de representante da Igreja naquela cidade. A apelante, Google Brasil, não obstante possua meios para tal, não identificou o ofensor, assumindo, em razão disso, a responsabilidade de indenizar os danos morais reclamados na inicial, sob a égide da teoria objetiva, prevista no art. 927, parágrafo único, do Código Civil de 2002, até mesmo porque, caberia a ela proceder maior controle para evitar tais práticas abusivas, com o fim de proteger os usuários de boa-fé, como é o caso do apelado. - O valor da INDENIZAÇÃO neste caso, deve ser fixado em valor que atente as condições sociais e econômicas da vítima e do ofensor, de tal sorte que não haja enriquecimento do ofendido, mas que corresponda a INDENIZAÇÃO a um desestímulo a novas agressões, nos exatos termos da sentença recorrida, cujo valor da condenação deverá ser corrigido a partir do trânsito em julgado da decisão e acrescido de juros de mora a partir da citação. N. Processo: 1.0701.09.257770-/001(1). Comarca de Uberaba Relator: Des(a). Batista de Abreu. Data do julgamento: 12/11/2010. Data da publicação: 21/01/2011. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS, 2010).

O apelado criou um perfil no provedor da apelante, visando o bom

relacionamento com pessoas de comunidades religiosas e amigos de outras

localidades. Teve o seu sigilo quebrado e alterado o seu perfil por terceira pessoa

que inseriu fotos e filmes de conteúdo que veio a denegrir profundamente a sua

41

imagem de bom cidadão e de representante da Igreja naquela cidade. A apelante,

não obstante possua meios para tal, não identificou o ofensor, assumindo, em razão

disso, a responsabilidade de indenizar os danos morais reclamados na inicial, sob a

égide da teoria objetiva, prevista no art. 927, parágrafo único, do Código Civil de

2002, até mesmo porque, caberia a ela proceder maior controle para evitar tais

práticas abusivas, com o fim de proteger os usuários de boa-fé, como é o caso do

apelado.

Vale ressaltar que, vem decidindo este Egrégio Tribunal, ação de

indenização de publicação de material ofensivo na internet sem identificação do

usuário, veja-se:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. PUBLICAÇÃO DE MATERIAL OFENSIVO NA INTERNET SEM IDENTIFICAÇÃO DO USUÁRIO. RESPONSABILIDADE DA PROVEDORA DE CONTEÚDO. DANO MORAL. ARBITRAMENTO. À medida que a Provedora de Conteúdo disponibiliza na INTERNET um serviço sem dispositivos de segurança e controle mínimos e, ainda, permite a publicação de material de conteúdo livre, sem sequer identificar o usuário, deve responsabilizar-se pelo risco oriundo do seu empreendimento. Em casos tais, a incidência da responsabilidade objetiva decorre da natureza da atividade, bem como do disposto no art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor. Não tendo o réu apresentado prova suficiente da excludente de sua responsabilidade, exsurge o dever de indenizar pelos danos morais ocasionados. O arbitramento do dano moral deve ser realizado com moderação, em atenção à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes. Ademais, não se pode olvidar, consoante parcela da jurisprudência pátria, acolhedora da tese punitiva acerca da responsabilidade civil, da necessidade de desestimular o ofensor a repetir o ato. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS, 2009).

Dessa forma, faz-se necessário um equilíbrio nas relações entre a mídia e a

necessidade de resguardar a imagem, que é, sem dúvida, a representação única da

pessoa humana.

Consoante ao exposto pelas jurisprudências citadas e pelas doutrinas

consultadas, observa-se que os instrumentos de que dispõe o ordenamento jurídico

brasileiro para proteger a pessoa do uso indevido de sua imagem tem sido eficaz

para dirimir o conflito, entre o direito de informação e o direito de imagem sob a ótica

virtual, quando da atividade ilícita praticada pela internet.

42

5 CONCLUSÃO

A princípio, observou-se que o direito da personalidade, consagrado

constitucionalmente, é dotado de características próprias; é bem jurídico da própria

personalidade, destinada fundamentalmente ao exercício da tutela da dignidade da

pessoa humana.

Conclui-se que, a partir da Constituição Imperial, apesar da não inclusão

explícita do direito à imagem, este sempre teve proteção constitucional. Sendo, esta

mais perceptível a partir do texto de 1946, e explicitamente a partir do texto de 1988.

Como também, o Código Civil de 2002, art. 20, consagra expressamente a proteção

da imagem, subclassificada em imagem retrato (aspecto físico da imagem, a

fisionomia de alguém) e imagem atributo (repercussão social da imagem). Portanto,

a imagem para o direito, tem duas significações: a imagem-retrato, que consiste em

toda expressão formal e sensível da personalidade humana, e a imagem-atributo,

que consubstancia as características positivas ou negativas, cultivadas por uma

pessoa na sociedade.

Assim, o direito à imagem foi merecedor da ampla proteção, pois, a todo o

momento esse direito está sendo violado, principalmente, pela imprensa que expõe

indevidamente a imagem das pessoas, causando-lhes dano de difícil reparação.

Sendo assim, sempre que houver utilização indevida da imagem, poderá o titular se

opor e acionar por reparação. No caso de dúvida, o juiz deve se por a favor do

direito à imagem e, na hipótese de confronto com o direito à informação, assegura a

imagem diante desse direito. Existe também a garantia da imagem humana ao

participar de obra coletiva, tenha participado de forma ativa, deve ser protegida, não

podendo incluir nas exceções do direito à própria imagem. Entendeu-se, que o

direito de resposta é a garantia que a lei dá a cada um de representar a sua versão

dos fatos, pelo mesmo veículo, quando tenha sido ofendido, acusado ou vítima de

erro nos meios de comunicação de massa.

Sendo assim, o direito à imagem implica em uma série de consequências no

mundo jurídico, pois quando é utilizada a imagem alheia sem o consentimento do

interessado, ou quando se ultrapassa os limites do que foi autorizado, ocorre uma

violação ao direito à imagem.

43

A liberdade de informação, seja ela virtual ou não, vai até o momento em

que não fira outros direitos fundamentais. Portanto, a liberdade de imprensa também

é tutelada pelo ordenamento constitucional, assim, deve-se buscar um equilíbrio

entre esses dois institutos, para que ambos possam ser exercidos sem causarem

danos a outrem. As penalidades a que se sujeitam os que abusam dessa liberdade

visam ressarcir os danos morais e patrimoniais experimentados pela vítima.

Portanto, não resta dúvida de que o direito de informação e o direito de

imagem são totalmente independentes. Trata-se de um equilíbrio de forma a

assegurar que uma garantia não se sobreponha à outra.

No tocante a tutela da imagem opera-se pela via judiciária em que o titular

abone ação para evitar ou fazer cessar a violação do direito sob medidas

necessárias à efetivação da tutela específica. Cometido o ato ilícito e ocorrido o

dano, a reparação deverá ser ampla e total (art. 5º, V e X, CF), abrangendo

indenização. Excepcionalmente, a tutela da imagem opera-se pela esfera privada.

Assim, a solução para a colisão da liberdade de informação e o direito à imagem

deve ser examinada em cada caso concreto.

Isso implica dizer que àqueles que operam as diversas mídias precisam

estar atentos para a devida liberdade concedida por lei. Caso contrário, é cabível a

indenização civil por dano, seja ele, material ou moral.

Constatou-se que as decisões jurisprudenciais vem se preocupando com a

prevenção desses danos morais causados à imagem, que podem atingir

repercussões muito graves.

Nesse contexto, conclui-se que de acordo com o problema que norteou este

estudo, os instrumentos de que dispõe o ordenamento jurídico brasileiro para

proteger a pessoa do uso indevido de sua imagem tem sido eficaz.

Nessa perspectiva, o que se espera com este estudo, é que este sirva de

base para outras fontes de estudos mais aprofundados e que leve ao conhecimento

sobre o direito à imagem, estabelecido no ordenamento jurídico brasileiro para

proteger a pessoa do uso indevido de sua imagem.

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REFERÊNCIAS

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