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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE POS GRADUAÇÃO EM ANALISE CLINICA E GESTAO LABORATORIAL Alysson Bruno da Silva Oliveira TRATAMENTO DA CRYPTOCOCOSE E RESISTENCIA ANTIFUNGICA AO CRYPTOCOCCUS SP GOVERNADOR VALADARES 2012

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

POS GRADUAÇÃO EM ANALISE CLINICA E GESTAO LABORATORIAL

Alysson Bruno da Silva Oliveira

TRATAMENTO DA CRYPTOCOCOSE E

RESISTENCIA ANTIFUNGICA AO CRYPTOCOCCUS SP

GOVERNADOR VALADARES

2012

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ALYSSON BRUNO DA SILVA OLIVEIRA

TRATAMENTO DA CRYPTOCOCOSE E

RESISTENCIA ANTIFUNGICA AO CRYPTOCOCCUS SP

Monografia apresentada como requisito para

obtenção do grau de pós-graduado em analise

clinica e gestão laboratorial pela Faculdade de

Ciências da Saúde da Universidade Vale do

Rio Doce.

Orientador: Profª. - Gabriella Freitas Ferreira

Governador Valadares

2012

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FOLHA DE APROVAÇÃO

ALYSSON BRUNO DA SILVA OLIVEIRA.

TRATAMENTO DA CRYPTOCOCOSE E

RESISTENCIA ANTIFUNGICA AO CRYPTOCOCCUS SP

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de pós-graduado em analise clinica e gestão laboratorial pela Faculdade de Ciências da Saúde da

Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, ___ de ____________ de _____.

Banca Examinadora:

1) Prof.(a) Dr.(a) :______________________________________________________ Titulação: ______________________________________________ Julgamento: ________________ Assinatura:___________________

2) Prof.(a) Dr.(a) :______________________________________________________ Titulação: ______________________________________________ Julgamento: ________________ Assinatura:___________________

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RESUMO

Nas últimas décadas, evidenciou-se aumento considerável de micoses de caráter invasivo e de difícil tratamento. A criptococose vem representando significativa causa de mortalidade, principalmente em indivíduos HIV positivos. Cryptococcus sp, agente da criptococose, apresenta duas espécies C. neoformans e C. gattii. Cada uma delas é classificada em sorotipos, a partir das diferenças na estrutura química do polissacarídeo capsular, que refletem diferenças antigênicas. O tratamento da condição ainda hoje é considerado difícil devido aos diversos efeitos tóxicos e a emergência de isolados fúngicos resistentes às drogas comumente utilizadas. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é descrever os mecanismos de resistência do Cryptococcus sp frente aos principais antifúngicos utilizados no tratamento da criptococose. A metodologia adotada para a elaboração deste trabalho foi em uma revisão sistemática, de caráter descritivo, desenvolvida através de pesquisa à literatura científica especializada. Verificou-se que em geral a resistência às drogas poliênicas se dá por alterações na membrana plasmática que dificultam ou impedem a devida ligação destas às proteínas de ligação na superfície do microrganismo ocasionando, assim, diminuição de seu efeito. Já os principais mecanismos de resistência às drogas azólicas consistem em alterações da parede celular, por redução da afinidade de ligação da enzima 14 α-demetilase ou uma inerente impermeabilidade da membrana celular, bem como o aumento do conteúdo de ergosterol. No caso dos derivados pirimidínicos, a resistência do fungo se dá pela perda ou mutação de enzimas associadas à conversão e incorporação de RNA. Assim, concluímos que a resistência do Cryptococcus sp frente aos antifúngicos possui grande impacto no tratamento medicamentoso dos pacientes com criptococose.

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ABSTRACT

In recent decades, there was considerable increase in invasive fungal infections in nature and difficult to treat. Cryptococcosis has represented a significant cause of mortality, especially in HIV positive individuals. Cryptococcus spp., Agent of cryptococcosis, has two species C. and C. neoformans gattii. Each is classified into serotypes, from the differences in chemical structure of the polysaccharide capsule, reflecting antigenic differences. The treatment of the condition is still considered difficult due to various toxic effects and the emergence of resistant fungal isolates to commonly used antimicrobials. Thus, the aim of this study is to describe the mechanisms of resistance of Cryptococcus sp front of the main antifungal used to treat cryptococcosis. The methodology adopted for the preparation of this work was a systematic review and descriptive, developed through research to the specialized scientific literature. It was found that overall drug resistance polyenic occurs by changes in the plasma membrane that impede proper linkage of these binding proteins on the surface of the microorganism causing thus decrease its effect. In the case of pyrimidine derivatives, the resistance of the fungus occurs through the loss or mutation of enzymes associated with conversion and incorporation into RNA. In relation to the azoles, the main mechanisms of acquired drug resistance occur by changes in the cell wall by reducing the binding affinity of the enzyme 14-α demethylase, or an inherent impermeability of the same, as well as increased content ofergosterol. Because we detected resistant isolates, we conclude that this study of susceptibility is needed to assess the sensitivity of the strains, aiming at a most appropriate therapy to patients.

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SUMARIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................6

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................7

2.1 C. NEOFORMAN C.GATTI ..................................................................................8

2.2 CRIPTOCOCOSE ..............................................................................................8

2.3 EPDEMIOLOGIA ................................................................................................9

2.4 DIAGNOSTICO LABORATORIAL ....................................................................10

3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................13

4 OBJETIVOS ...................................................................................................................14

4.1 OBJETIVOS GERAL .........................................................................................14

4.2 OBJETIVO ESPECIFICO .................................................................................14

5 METODOLOGIA ............................................................................................................15

6 RESULTADO E DISCUSSÃO .......................................................................................16

6.1 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ................................................................16

6.1.1 Anfotericina B .........................................................................................17

6.1.2 Flucitosina ..............................................................................................19

6.1.3 Fluconazol...............................................................................................20

6.1.4 Itraconazol...............................................................................................21

6.2 RESISTENCIA ANTIFUNGICA .......................................................................22

6.2.1 MECANISMO DE RESISTENCIA ..........................................................23

6.3 IMPACTO DO FENOMENO DA RESISTENCIA .............................................25

7 CONCLUSAO ...............................................................................................................27

8 REFERENCIA BIBLIOGRAFICA .................................................................................28

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1 INTRODUÇÃO

O fungo Cryptococcus sp apresenta duas espécies consideradas

patogênicas para seres humanos e animais, Cryptococcus gatti que era

anteriormente conhecida como cryptococcus neoformans var gatti e

Cryptococcus neoformans. Esses fungos são os agentes etiológicos da

criptococose, onde C. gatti esta intimamente relacionado com a cripitococose

em indivíduos imunocompetentes e C. neoformans com indivíduos

imunocomprometidos (Kon et al. 2008).

Criptococose é uma doença infecciosa fúngica adquirida através da

inalação de propágulos do fungo, leveduras desidratadas ou basidiósporos.

Após a inalação pode haver disseminação hematogênica para tecido cutâneo,

órgãos internos e para o sistema nervoso central, onde se observa a forma

clínica mais comum da micose, a meningoencefalite (Pappalardo & Melhem,

2003).

No tratamento em pacientes imunocompotentes e imunocomprometidos

a anfotericina B é utilizada em associação com a 5-flucitosina, em infecções

disseminadas, ou fluconazol e itraconazol, como alternativa para o tratamento

de infecções cutâneas (Bivanco et al., 2006).

A resistência a drogas, como o fluconazol, é possível principalmente

durante tratamentos supressivos prolongados como nos casos de meningite

por C. neoformans, há relatos da não melhora clínica e micológica de um

paciente soropositivo apresentando meningite por Cryptococcus neoformans

após tratamento de manutenção com Fluconazol (Bivanco et al., 2006).

Diante do exposto, esse trabalho visa descrever o que a literatura fala

sobre a resistência do Criptococus sp. frente aos antifúngicos utilizados no

tratamento da criptococose (Bivanco et al., 2006).

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2 REVISAO DA LITERATURA

2.1 CRYPTOCOCCUS NEOFORMANS E CRYPTOCOCCUS GATTI

O fungo Cryptococcus apresenta duas espécies consideradas

patogênicas para seres humanos e animais, Cryptococcus gatti que era

anteriormente conhecida como cryptococcus neoformans var gatti e

Cryptococcus neoformans. Esses fungos são os agentes etiológicos da

criptococose, micose que afeta tanto indivíduos saudáveis, como

imunocomprometidos (Kon et al. 2008).

A natureza polissacarídica de sua cápsula, que consiste, principalmente,

em glicuronoxilomanana, galactoxilomanana e manoproteína, permite a sua

separação em cinco sorotipos, agrupados em duas variedades: C. neoformans

var. neoformans (sorotipos A, AD e D) e C. neoformans var. gattii (sorotipos B e

C) (Sorrell et al., 1996). Entretanto, estudos recentes sugerem uma nova

classificação: C. neoformans var. grubii (sorotipo A) e C. neoformans var.

neoformans (sorotipo D), ambos de distribuição mundial; C. neoformans var.

Gattii (sorotipos B e C), restritos a regiões de clima tropical e subtropical

(Franzot et al., 1999; Steenberg et al., 2000). Tais variedades apresentam

diferenças significativas tanto em questões morfofisiológicas quanto em

distribuição e hábitat (Franzot et al., 1999; Steenberg et al., 2000).

Cryptococcus neoformans pode causar infecção em indivíduos hígidos;

entretanto, a maior proporção de humanos acometidos ocorre naqueles ditos

imunocomprometidos. A doença é caracterizada por um primeiro estágio, onde

a infecção fica delimitada ao sistema respiratório, podendo assumir as formas

aguda, sub-aguda ou crônica. Pode, ainda, apresentar-se como uma infecção

secundária, resultante da disseminação para o sistema nervoso central, sítio

pelo qual a levedura apresenta tropismo, podendo acarretar quadros de

meningite, encefalite ou meningoencefalite (Levi, 1998). Enquanto que o

Criptococcus Gatti esta mais intimamente relacionado com os casos de

cripitococose em indivíduos imunocompetentes (Levitz, 1991).

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2.2 CRIPTOCOCOSE

A criptococose é uma doença infecciosa fúngica adquirida através da

inalação de propágulos do fungo, leveduras desidratadas ou basidiósporos.

Após a inalação pode haver disseminação hematogênica para tecido cutâneo,

órgãos internos e para o sistema nervoso central, onde se observa a forma

clínica mais comum da micose, a meningoencefalite (Pappalardo & Melhem,

2003).

A criptococose é uma infecção que se manifesta por vários quadros

clínicos. C. neoformans pode infectar qualquer órgão, mas tem predileção pelo

pulmão e SNC. O pulmão é a porta de entrada usual e os sintomas variam de

colonização assintomática à pneumonia grave (Pappalardo & Melhem, 2003).

Já com relação à doença em humanos, o sorotipo A é o mais frequente

no Brasil, sendo caracterizado pelo acentuado dermotropismo. Quando há

criptococose sistêmica, as lesões na pele são observadas em 10-15% dos

casos. A criptococose cutânea primária é mais rara, mas pode acontecer em

casos de inoculação direta do fungo na pele (Moreira et al., 2006).

Em humanos, a criptococose é mais freqüente em adultos, mas apesar

de rara pode afetar crianças. Esta micose é comumente diagnosticada em

pacientes com imunodepressão celular, como os soropositivos. Nos últimos

anos, o aumento do número de casos da síndrome da imunodeficiência

adquirida (SIDA) foi acompanhado pelo aumento da incidência de criptococose

(Pappalardo & Melhem, 2003). Dessa forma, a criptococose é atualmente

considerada a doença oportunista com maior morbidade e mortalidade entre os

pacientes soropositivos (Moreira et al., 2006).

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2.3 EPIDEMIOLOGIA

Em todo o mundo há casos de meningite em um milhão de pessoas por

ano, a infecção se da pela instalação de esporos, freqüentemente encontrados

em detritos de pombos e em madeiras em decomposição de árvores de regiões

tropicais e subtropicais, e o contagio não acontece de pessoa para pessoa

(Melo et al., 1993).

As duas espécies Cryptococcus gattii e Cryptococcus neoformans

colonizam a madeira em avançado estado de decomposição em regiões

tropicais e subtropicais. Entretanto, foi relatada a ocorrência de Cryptococcus

gattii em regiões de clima temperado, Cryptococcus neoformans por sua vez,

ocorre geralmente em excrementos secos principalmente de pombos

(Granados, Castañedas 2005).

O C. neoformans var. gattii teria alcançado várias partes do mundo

através de sementes do Eucaliptus camaldulensis oriundos da Austrália, os

quais continham micélios dicarióticos. Nesse país, o C. neoformans var. gattii

foi isolado a partir de folhas, sementes, flores e cascas de eucalipto (Eucaliptus

camaldulensis). O principal propágulo responsável pela infecção corresponde

aos basidiósporos encontrados nas flores dessa árvore que funcionaria como

hospedeiro para o fungo em uma associação biotrófica (Melo et al., 1993). No

entanto, recentemente tem sido observada a presença de C. neoformans em

ocos de diferentes árvores como Cassia grandis, Senna multijuga e Ficus

microcarpa, independente de sua variedade, indicando novas fontes naturais

desse fungo. Dessa forma, pode não haver uma relação definida entre o fungo

e um tipo específico de habitat (Lázera et al., 1998 apud Fernandes et al.,

2000).

A associação entre a criptococose com o vírus HIV (vírus da

imunodeficiência humana) e o aumento na susceptibilidade à infecção

criptocóccica disseminada foi notada em pacientes com o sistema imune

comprometido, como em pacientes em uso de terapias imunossupressoras

pós-transplantes e em neoplasias (DROMER et al., 2007). No Brasil, a

criptococose ocorre como primeira manifestação oportunista em

aproximadamente 4% dos pacientes com Aids, sendo responsável por 50% dos

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casos de morte devido a micoses sistêmicas neste grupo de indivíduos

(MORETTI et al, 2008; PAPPALARDO et al., 2007; PRADO et al, 2009). A

doença é ocasionada por C. neoformans e com esta associação é

predominante nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do país (MORETTI et al,

2008). Em todo o mundo estima-se que 25% a 30% de indivíduos com Aids têm

como conseqüência a meningite criptocóccica. Sua incidência varia em

diferentes partes do planeta apresentando-se entre 5 a 10% na Europa

Ocidental e Estados Unidos e mais de 20% na África Central e leste da Ásia

(MITCHELL & PERFECT, 1995; MENTZ, et al 2001; LIFSON et al., 2006).

2.4 DIAGNOSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico laboratorial da criptococose é baseado no achado

microscópico de leveduras capsuladas, no crescimento do Cryptococcus

neoformans na cultura, e na detecção do antígeno capsular em fluidos

biológicos, sendo esta última mais sensível e rápida (Mitchell; Perfect, 1995).

As amostras de liquido cefalo-raquidiano são observadas ao

microscópio, mas a cultura pode ser necessária para a identificação, a

sorologia com detecção de anticorpos específicos contra o fungo é usada

também (Mitchell; Perfect, 1995).

Existem três etapas de fundamental importância para um diagnóstico

final definitivo. São elas: coleta, armazenamento e transporte (Severo 1986).

1) Coleta, deve ser realizada da forma mais asséptica possível, evitando

contaminações. Todas as amostras devem ser colhidas em frascos estéreis

devidamente identificados, cuja vedação seja suficiente para impedir

vazamentos. As principais amostras para o diagnóstico de micoses pulmonares

são secreções e/ou fragmentos teciduais do trato respiratório inferior, assim

como amostras de locais de disseminação, sangue e outros fluídos corpóreos

(Severo 1986).

2) Armazenamento, todos os espécimes clínicos devem ser enviados

imediatamente ao laboratório, para evitar a proliferação de outros

microrganismos que podem vir a interferir no isolamento fúngico, dificultando

ou impedindo desenvolvimento/reconhecimento do real agente de uma

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infecção pulmonar. Na impossibilidade do envio imediato, as amostras devem

ser mantidas sob refrigeração a 4°C. Amostras de líquor devem ser mantidas

em temperatura ambiente, visto que sua refrigeração retarda o crescimento de

Cryptococcus sp. Materiais que tiveram contato com mucosas são

potencialmente contaminados com a microbiota local, como é o caso do

escarro, que deve ser processado em até 2 h. Caso não seja possível, esse

deve ser mantido sob refrigeração por um período máximo de 24 h, com a

ressalva de que esse fato retarda o crescimento fúngico (Xavier et al. 2009).

3) Transporte, o material dever ter algumas informações básicas: nome

do paciente, naturalidade, local onde reside/residiu, viagens realizadas (para

incluir as micoses de importação no diagnóstico), história ocupacional/lazer

[como criação de animais, como por exemplo, galinhas (histoplasmose) e

pombos (criptococose)], tipo de material, data da colheita, hipótese diagnóstica,

condições predisponentes/associadas, história terapêutica, testes laboratoriais

requeridos, médico responsável, serviço de onde provém o material, telefone

e/ou e-mail (Severo 1986).

O transporte deverá ocorrer o mais rápido possível. Os espécimes

clínicos são transportados de acordo com os procedimentos laboratoriais a que

se destinam: o material a ser cultivado deve ser transportado em frasco

esterilizado e sob refrigeração (caixa de isopor com gelo reciclável); quando o

exame solicitado é a microscopia direta, lâminas fixadas são suficientes (Xavier

et al. 2009).

A coloração com tinta nanquim (tinta da China) é considerado o padrão

ouro para o diagnóstico laboratorial da criptococose, uma vez que a tinta revela

muito bem a cápsula do agente etiológico (LACAZ et al., 2002a). A levedura

pode ser isolada do fluido cérebro-espinhal, dos tecidos, escarro e amostras

respiratórias, raspados e de aspirados de lesões cutâneas. Para o cultivo,

utiliza-se o meio Sabouraud. A levedura cresce facilmente, formando colônias

mucóides, lisas e úmidas, de coloração branca a creme (Mitchell; Perfect,

1995).

O teste mais usado para diferenciar C. neoformans de C. gattii é CGB

(Canavanina-Glicina-azul de Bromotimol). C. gattii é resistente à L-canavanina

metabolizando-a a produtos não tóxicos e sendo portanto capaz de crescer no

meio CGB (Canavanina-Glicina-azul de Bromotimol), onde a glicina é utilizada

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como única fonte de carbono e nitrogênio. A alcalinização do meio resulta da

liberação de amônia durante a degradação da glicina levando à elevação do pH

e alteração da cor do indicador para azul-cobalto. Por outro lado, C.

neoformans é inibido pela Lcanavanina e não é capaz de crescer ou utilizar a

glicina no meio CGB (Canavanina-Glicina-azul de Bromotimol), portanto não

alteram o pH e a cor original do meio é mantida (Casadaval; Perfect, 1998;

Lazera; Igreja; Wanke, 2004).

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3 JUSTIFICATIVA

Tendo em vista dados da OMS e Programas de controle HIV/AIDS das

Nações Unidas que registram três milhões de óbitos por ano de pacientes

infectados pelo HIV com complicações associadas a criptococose, e hoje

enquadra-se entre as três doenças oportunistas mais comuns em pacientes

HIV positivos. Somando se a estes dados, os perigos com a meningoencefalite

criptococócica se agravam pela característica de C. gattii acometer pacientes

imunocompetentes (Lin & Heitman, 2006).

Além disso, o tratamento hoje é considerado difícil devido aos diversos

efeitos tóxicos e a emergência de isolados fúngicos resistentes às drogas

comumente utilizadas (Lin & Heitman, 2006).

Apesar do tratamento com anfotericina B, flucitosina e azólicos ser bem

sucedido na criptococose, falhas na terapia ocorrem por uma variedade de

razões, incluindo resistência direta à droga antifúngica (Perfect & Cox 1999).

A maioria dos estudos encontrados na literatura mostra que isolados de

Cryptococcus neoformans apresentam suscetibilidade in vitro a diferentes

antifúngicos. A resistência de Cryptococcus neoformans aos antifúngicos in

vitro é fenômeno pouco freqüente, embora já foram encontrados alguns

isolados clínicos resistentes ao itraconazol, anfotericina B e fluconazol (Perfect

& Cox 1999).

Sendo que diante dessas resistências do Criptococcus sp. ao tratamento

da criptococose com antifúngicos, é de grande importância estudar essa

resistência aos antifúngicos (Perfect & Cox 1999).

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4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Descrever os mecanismos de resistência do Cryptococcus sp frente aos

principais antifúngicos utilizados no tratamento da criptococose.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever o tratamento medicamentoso utilizado na criptococose;

Descrever a farmacodinâmica dos principais antifúngicos utilizados no

tratamento da criptococose;

Verificar quais são os mecanismos de resistência do Cryptococcus sp

descritos na literatura;

Verificar qual o impacto do fenômeno da resistência no tratamento da

criotococose.

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5 METODOLOGIA

A metodologia adotada para a elaboração deste trabalho será na revisão

sistemática, de caráter descritivo, realizada entre os meses de março a maio de

2011, desenvolvida através de pesquisa à literatura científica especializada,

como artigos das bases de dados MEDLINE, BIREME e SCOPUS, portais

eletrônicos de periódicos como CAPES e SCIELO, e pesquisa a livros com

informações relevantes sobre Cryptococcus sp. e sua resistência aos

antifúngicos. Os estudos e dados obtidos através da pesquisa bibliográfica

científica foram analisados criticamente e catalogados de modo a constituir o

objeto de trabalho.

Os seguintes termos de pesquisa (palavras-chaves e delimitadores)

foram utilizados em várias combinações: 1) Cryptococcus sp. 2) Resistência

antifúngica. 3 )Criptococose. 4) Tratamento Criptococose. 5) Mecanismo de

resistência antifúngica.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

O tratamento disponível para criptococose é baseado nos medicamentos

de derivados azólicos com biodisponibilidade alta e toxicidade baixa, como

fluconazol e também itraconazol. Tais medicamentos azólicos abriram

perspectivas a novos esquemas terapêuticos, sendo usados para fins

profiláticos, e para fins de cura como em esquemas de manutenção e em uso

combinado com a anfotericina B, que com doses iniciais de ataque seguido

com fluconazol, podendo gerar isolados resistentes, emergentes nos últimos

anos principalmente nos casos de falha terapêutica (Woods et al., 1998;

Cattelan et al., 2004).

Recentemente, a anfotericina B também está sendo administrada

associada com a 5- flucitosina, o que tem demonstrado uma diminuição de

30% de casos de falha na terapêutica quando comparado com outros

tratamentos, porém esta possibilidade não existe no Brasil, pois a 5- flucitosina

não está mais disponível devido o emprego prolongado da flucitosina pode

rapidamente gerar resistência por parte do fungo. A associação com

anfotericina B permite conseguir um efeito sinérgico ou aditivo in vivo e in vitro

sobre Cryptococcus, mas aconselha-se obter a sensibilidade microbiológica

(CIM < 15mg/ml). Essa combinação terapêutica pode aumentar os riscos, a

intolerância ou a toxicidade, em especial a renal por anfotericina. Deve-se ter

especial cuidado com a administração dos fármacos que reduzem a filtração

glomerular, pois prolongariam a eliminação da flucitosina (Ashley et al., 2006).

As opções de tratamento, sua dose e duração variam de acordo com a

severidade da doença, imunidade do hospedeiro e o sitio da infecção.

Recomenda-se de modo geral o tratamento com fluconazol por três a seis

meses, podendo também utilizar a anfotericina B. Tratamento de paciente com

acometimento extraneural, extrapulmonar (por exemplo, pele, próstata, osso),

com ou sem envolvimento pulmonar e considerado mais complicado, devendo

usar inicialmente anfotericina B associado ou não com 5-flucitosina, com

Fluconazol e Itraconazol como opções (Powderly et al.,1992a;1992b; Saag et

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al., 1999).

O tratamento da criptococose meníngea é feito em duas fases: a

primeira, ou fase aguda, que duraria em torno de 6 a 10 meses e a segunda,

chamada de fase de manutenção, por período indefinido. Geralmente

considera-se dois resultados negativos como critério para determinar a

mudança entre estas duas fases. Usualmente, pacientes com AIDS são

tratados na fase inicial com anfotericina B, acompanhada ou não por 5-

flucitosina, mas relatos de recidivas são muito comuns, em torno de 50 a 75%,

se a terapia for descontinuada, relataram menores efeitos colaterais, menor

recidiva e prolongamento de vida nos casos em que foram associados estes

dois medicamentos. Durante a fase de manutenção têm-se utilizado fluconazol

por período indefinido, já que este triazol possui excelente atividade antifúngica

e atinge boa concentração no sistema nervoso central (Ashley et al., 2006).

Na literatura há relatos de tratamento de lesão cutânea (primaria e

secundaria), com fluconazol inicialmente endovenoso (200 mg a cada 12 h por

14 dias) e após manutenção com a droga via oral (400 mg/dia) por no mínimo

45 dias com cura das lesões 6,8%. Quando a lesão e localizada e bem

delimitada na pele, osso ou SNC (lesão única maior de 3 cm), pode se pensar

em excisão cirúrgica (Ashley et al., 2006). Assim, abaixo segue a descrição dos

principais fármacos utilizados na Criptococose.

6.1.1 Anfotericina B - Formula Química (C47-H73-N-O17).

A anfotericina B é um medicamento poliêmico usado em diversas

infecções fungicas sistêmicas, como no caso da Criptococose. O seu primeiro

uso foi em 1956 e tem sido a droga de escolha para numerosas infecções

fúngicas sistêmicas. É antibiótico poliênico e fungicida. Seu uso é limitado à via

endovenosa e, excepcionalmente, intratecal, pois por via oral tem absorção

insignificante e a intramuscular provoca abscessos (Groll et al., 2003).

Quando não há resposta à terapia endovenosa, e nefro toxicidade grave,

alguns autores recomendam o uso da via intratecal para a administração da

anfotericina B, mas os efeitos adversos são comuns e severos determinando,

na maioria das vezes, sua descontinuação (Andriole, 1998).

Farmacocinética: É apresentada em frascos contendo 50 mg de

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substância ativa, 41 mg de desoxicolato de sódio e 20,2 mg de fosfato de sódio

(Groll et al., 2003).

O nível sérico persiste por 6 a 8 horas após infusão intravenosa, quando

usualmente declina para aproximadamente a metade do nível inicial, em 24

horas. A dose habitual diária é de 1 mg/kg/dia, iniciando-se as primeiras

aplicações com 0,25 mg/kg/dia e a seguir 0,5 mg/kg/dia, aumentando-se de

acordo com a tolerância do paciente. A dose total da droga fica em torno de 1,5

a 3 g, embora alguns pacientes necessitem e tolerem bem doses mais

elevadas (Groll et al., 2003).

Cerca de 91 a 95 % da droga se liga a beta-lipoproteínas, sendo que a

sua meia vida inicial gira entre 24 a 48 horas e a meia vida de eliminação final

é de 15 dias. Seu metabolismo é desconhecido, não sendo alterado em casos

de portadores de insuficiência renal ou hepatopatias. A excreção urinária diária

é de 3% e esse composto não é removido por hemodiálise(Groll et al., 2003).

Mecanismo de ação: A anfotericina B é fungicida dependendo da

concentração obtida nos fluidos corporais e da sensibilidade dos fungos. A

anfotericina B age ligando-se aos esteróis da membrana celular do fungo

sensível, alterando a permeabilidade da membrana e provocando

extravasamento dos componentes intracelulares (Andriole, 1998).

A anfotericina B provoca a produção de radicais livres dentro da célula

(Andriole, 1998).

Reações adversas: Quando administrado Anfotericina B seus efeitos

tóxicos são comuns, determinando muitas vezes a suspensão temporária da

droga. As flebites são de ocorrência freqüente no local da injeção e às vezes

prevenidas pela adição de pequena dose de heparina à solução. Durante a

infusão ocorrem reações febris, calafrios, náuseas, vômitos e cefaléia

(Andriole, 1998).

A anemia, geralmente normocrômica e normocítica é relatada. A

anfotericina B pode ter efeito hepatotóxica, mielotóxica e cardiotóxica. Com a

finalidade de tentar-se evitar os efeitos tóxicos indesejáveis do medicamento,

há necessidade do controle do potássio, uréia, creatinina, eletrocardiograma,

hemograma e transaminases (Andriole, 1998).

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6.1.2 Flucitosina – formula química (C4-H6-N3-O-F).

A flucitosina na terapia combinada (anfotericina B + 5 - flucitosina) é

superior às drogas quando usadas isoladamente, tem menor número de

recidivas e nefro toxicidade, diminuindo o período de hospitalização, mas

apesar dessas vantagens, apenas 68% dos pacientes respondem ao

tratamento (Bodey, 1996).

Nos indivíduos com SIDA, essa associação não aparenta efeito superior

ao da anfotericina B quando usada isoladamente (Bodey, 1996).

Farmacocinética: É uma droga de uso sistêmico que apresenta boa e

rápida absorção gastrointestinal, distribuindo-se amplamente por todo o

organismo, com volume de distribuição (Vd) de 0,6 a 0,7 L/kg,

biodisponibilidade acima de 80% e ligação a proteínas plasmática menor que

4%. Após 1 a 2 horas da ingestão oral de 100 mg da droga é observada

concentração plasmática máxima de 50-100 mg/mL, com meia-vida de 3 a 6

horas em indivíduos normais, mas podendo atingir 200 horas em pacientes

com insuficiência renal (Groll e Kolve, 2004).

Bem absorvido pelo trato gastrointestinal, tem excelente penetração no

LCR, resultando 50 a 70% do nível sérico. Cerca de 90% da droga é eliminada

pelos rins. É apresentada em comprimidos de 500 mg, e a dose habitual é de

150 mg/kg/dia via oral, fracionada em 4 a 6 tomadas diárias(Groll e Kolve,

2004).

Apresenta concentração liquórica de 80% da concentração plasmática e

também penetra no humor aquoso e passa a placenta. Cerca de mais de 75 %

da droga é excretada de forma inalterada pela urina, com depuração

semelhante a da creatinina, obrigando a recalcular a dose de administração se

o paciente apresentar função renal diminuída, principalmente quando

associada a anfotericina B que é nefrotóxica. Pode ser eliminada por

hemodiálise e diálise peritoneal (Groll e Kolve, 2004).

Mecanismo de ação: A flucitosina, 5-fluorcitosina ou 5-FC é um

fungistático que atua alterando o RNA do fungo, transformando-o em RNA

fluorado com a inibição da síntese protéica (Groll e Kolve, 2004).

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Reações adversas: A Flucitosina tem menos efeitos colaterais que a

anfotericina B, mas há ocorrência regular de diarréia, náuseas e vômitos, é

também hepatotóxica e mielotóxica (Bodey, 1996).

Acrescida ao fato de que a 5-flucitosina determina reações indesejáveis

(30 a 40%) nesses pacientes, como supressão medular e disfunção hepática

(Bodey, 1996).

6.1.3 Fluconazol – Formula Química (C13-H12-F2-N6-O).

A dose usual é de 400 mg no 1º dia e 200 a 400 mg em dias

subseqüentes e a duração do tratamento é de 6 semanas a 6 meses. A

excelente penetração liquórica, 70 a 90% do valor sérico, em meninges normal

e inflamada respectivamente, permite seu uso no tratamento de meningite

fúngica (Andriole, 1998).

Por sua solubilidade é uma droga disponível para uso endovenoso e não

depende do pH gástrico para sua absorção, sendo, portanto, bem absorvido

por via oral, com suas propriedades farmacológicas similares à endovenosa

(Andriole, 1998).

Tem baixa ligação protéica e é excretado como droga ativa em alta

concentração pela urina. Sua meia vida longa permite dose única diária

(Andriole, 1998).

Farmacocinética: As propriedades do fluconazol são similares após

administração via intravenosa e oral. Após administração oral o fluconazol é

bem absorvido e os níveis plasmáticos e de biodisponibilidade sistêmica estão

acima de 90%dos níveis obtidos após administração intravenosa. A absorção

oral não é afetada pela ingestão concomitante de alimentos. Em jejum, os picos

de concentração plasmática ocorrem entre 0,5 e 1,5 hora após a dose, com

meia-vida de eliminação plasmática de aproximadamente 30 horas. As

concentrações plasmáticas são proporcionais à dose. Após 4 - 5 dias com

doses únicas diárias, são alcançados 90% dos níveis de equilíbrio. O

fluconazol apresenta boa penetração em todos os fluidos corpóreos estudados.

Em pacientes com meningite fúngica os níveis de fluconazol no líquor são

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aproximadamente 80% dos níveis plasmáticos correspondentes (Groll e Kolve,

2004).

A administração de uma dose maciça (no primeiro dia) equivalente ao

dobro da dose diária usual atinge níveis plasmáticos de aproximadamente 90%

dos níveis de equilíbrio no segundo dia. O volume aparente de distribuição

aproxima-se do volume total corpóreo de água. A ligação às proteínas

plasmáticas é baixa (11 - 12%) (Groll e Kolve, 2004).

Mecanismo de ação: Estes medicamento atuam mediante a inibição da

enzima lanosterol 14-α demetilasa no complexo citocromo P-450 dos fungos. O

resultado é a inibição da conversão de lanosterol em ergosterol, com a

depleção conseguinte de ergosterol, acumulação de precursores e perda da

integridade da membrana fúngica (Bodey, 1996).

Reações adversas: A tolerância é geralmente boa, podendo haver

moderado desconforto epigástrico, náuseas, dor abdominal, diarréia,

flatulência, alterações cutâneas e cefaléia. Excepcionalmente é hepatotóxico,

com elevação transitória das enzimas hepáticas (Andriole, 1998).

6.1.4 Itraconazol – Formula Química (C35-H38-Cl2-N8-O4).

As doses indicadas (100 a 400 mg por dia) e o tempo de duração do

tratamento variam de acordo com a patologia, podendo ultrapassar 10 meses

ou mais em casos de cromoblastomicose. Como apresenta semi-vida de 20 a

64 horas, e permanece durante semanas na epiderme, pode ser utilizado em

esquema de pulsos (Groll e Kolve, 2004).

É um triazol que esteve durante muito tempo disponível em cápsulas

(100 mg) e, mais recentemente, em solução oral e endovenosa (Powderly et al.

1992a; 1992b; Saag et al., 1999).

Farmacocinética: É totalmente diferente para os azóis de uso tópico,

que têm baixa absorção cutânea e oral, e para os de uso sistêmicos, que

apresentam boa absorção oral (Groll e Kolve, 2004).

A absorção oral da droga em cápsulas é feita em meio ácido e melhora

quando administrada próxima ou junto às refeições. As soluções endovenosa e

oral contêm ciclodextrina, a qual confere 30% a mais de biodisponibilidade,

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estabiliza o medicamento e aumenta sua absorção, resultando em maiores

níveis séricos e teciduais do itraconazol. As concentrações de itraconazol no

fígado, pulmão e nos superam o nível sérico, porém não possui penetração no

sistema nervoso central (Groll e Kolve, 2004).

Os metabólitos são inativos e são excretados por via biliar, renal ou

ambas. Devido a diferenças de hidro-lipossolubidade, os azóis de uso

sistêmicos apresentam comportamentos distintos quanto à: absorção,

distribuição tecidual, vias de metabolização e excreção. Todos os azóis têm

meia-vida sérica suficientemente longa para possibilitar a terapia com uma ou

duas doses por dia (Groll e Kolve, 2004).

Mecanismo de ação: O mecanismo de ação do itraconazol baseia-se na

sua capacidade de inibir a síntese de ergosterol, um componente vital da

membrana da célula dos fungos. A consequência do bloqueio da síntese de

ergosterol é um aumento da permeabilidade da membrana celular,

desencadeando alterações morfológicas que resultam em necrose da célula

(Bodey, 1996).

Reações adversas: Os efeitos adversos ao itraconazol incluem náuseas,

dor abdominal, insuficiência hepática, prurido, cefaléia, tontura e, a doses muito

altas, hipocalemia e edema. Pelo seu efeito teratogênico não é indicado para

tratamento de onicomicose durante a gestação (Powderly et al. 1992a; 1992b;

Saag et al., 1999).

6.2 RESISTENCIA ANTIFUNGICA

Resistência é o mecanismo através do qual micoorganismos pode

mdiminuir ou inativar a ação dos agentes antimicrobianos. A resistência tem

forçado a síntese de novos antimicrobianos cuja eficácia depende de fatores

extra microbianos e do hospedeiro(PEREA et al., 2002).

Outra definição comumente utilizada para resistência microbiana

consiste na persistência ou progressão da infecção apesar de uma terapia

microbiana apropriada. Os fungos, como os outros microorganismos, podem

ser naturalmente resistentes a determinadas drogas antifúngicas (resistência

primaria) ou podem desenvolver resistência a droga durante o tratamento

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(resistência secundaria) (Perea & Paterson 2002; Perfect & Cox 1999).

No entanto, a resposta química não está somente vinculada a

susceptibilidade do organismo à droga, mas irá depender de outros fatores

como o perfil imunológico do paciente e sua tolerância à droga, o sítio de

infecção, o grau de penetração e distribuição da droga, a virulência da cepa e a

presença de um foco persistente de infecção como, por exemplo, cateteres

(Perfect & Cox 1999).

Vários pesquisadores relataram cepas de Cryptococcus sp resistentes a

antimicromianos (ref 2). No Brasil, pesquisa realizada em Goiânia avaliou a

susceptibilidade, in vitro, de C. neoformans e C. gattii obtidos. Todas as

amostras dos sorotipos A e D foram susceptíveis às drogas anfotericina B e

itraconazol e, a maioria, ao fluconazol. Já para o sorotipo B, as cepas avaliadas

apresentaram elevado índice de resistência ao fluconazol, demonstrando,

assim, a importância para o clínico na escolha do medicamento e do esquema

terapêutico a ser empregado no tratamento (PAPPALARDO; MELHEM, 2003;

FERNANDES et al., 2003).

6.2.1 Mecanismo de Resistência.

A resistência primária de leveduras a derivados azóis, especialmente ao

fluconazol, é um fenômeno que vem emergindo, este fenômeno é bem

conhecido nas espécies. Alterações na suscetibilidade de C. neoformans ao

fluconazol foram descritos e foi atribuído principalmente ao fenômeno de efluxo

no qual a perda de droga no interior celular acontece através de transporte

ativo e é mediada através da glicoproteína P ou por outras proteínas como

MFS (principal super família facilitadora) (Perfect & Cox 1999)

A resistência em C. gatti tem ocorrido principalmente entre pacientes

com AIDS que desenvolvem criptococose. Durante a terapia de manutenção

com o azólico fluconazol, o fungo gera um mecanismo capaz de sobrepujar a

ação do antifúngico, levando a recidiva da doença (BICANIC & HARRISON

2004).

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A ocorrência de isolados de C. neoformans com resistência primária ou

secundária a anfotericina B são relativamente raros e relacionados geralmente

com alteração na composição do ergosterol que é o principal esterol presente

na membrana dos fungos (PEREA et al., 2002).

Quando as duas drogas (anfotericina B + 5 - flucitosina) foram utilizadas

em associação, 67% dos pacientes apresentaram cura ou melhora do quadro,

contra 41% dos pacientes tratados apenas com anfotericina B (PEREA et al.,

2002).

A flucitosina apresenta um estrito espectro de atividade contra

Cryptococcus, e a monoterapia com essa droga geralmente conduz a uma

resistência clinica, os mecanismos na resistência à flucitocina envolve

alterações em varias etapas enzimáticas intracelulares envolvidas no

mecanismo de ação, incluindo alterações nas enzimas pirofosforilase

monofosfato de urudina, citosina permease e citosina desaminase, ou o

aumento de pirimidinas (PEREA et al., 2002).

A resistência mediada por alterações no ERG11/CYP51 (alvo dos azóis)

tem sido amplamente documentada envolvendo mutações pontuais ou super

expressão desses genes (PEREA et al., 2002).

Os mecanismos mais comuns de resistência a azólicos em patógenos

fúngicos têm sido estudados, mas pouco se sabe sobre os mecanismos

moleculares responsáveis pela resistência aos azólicos em Cryptococcus,

exceto para o caso de uma mutação no ERG11 relatado na cepa isolada de um

paciente com AIDS que apresentou meningoencefalite criptocócica recidivante

(PEREA et al., 2002).

A super expressão do gene ERG11 tem sido freqüentemente associada

à resistência aos azóis em C. albicans e em um único isolado de C. tropicalis.

Esse mecanismo de resistência envolve um efeito de dosagem do gene, no

qual o aumento do número de moléculas ERG11 impede a saturação pelos

azóis (PEREA et al., 2002).

Em criptococose a resistência ao itraconazol em isolados clínicos está

associada à ocorrência de substituições de aminoácidos na CYP51A, gene

ortólogo funcional ao ERG11 nesta espécie de fungo (PEREA et al., 2002).

O uso abusivo dos derivados azólicos tem levado segundo alguns

pesquisadores, ao aparecimento de isolados multirresistentes, avaliaram a

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atividade in vitro do itraconazol em 1615 isolados de C. neoformans e a droga

foi ativa em apenas 80% dos isolados (PEREA et al., 2002).

Estudos recentes demonstraram que a resistência aos azóis nesta

espécie de levedura, também pode ser devido à heteroresistência, que é um

mecanismo pelo qual a resistência pode ser induzida ou revertida numa parcela

de uma população. Heteroresistência de C. neoformans parece envolver

aneuploidias cromossômicas e, portanto, o número de cópias de genes de

resistência a drogas, incluindo ERG11 é aumentada. Este mecanismo pode,

portanto, resultar numa elevada transcrição do ERG11(PEREA et al., 2002).

6.3 IMPACTO DO FENOMENO DA RESISTENCIA NO TRATAMENTO DA

CRIPTOCOCOSE.

Devido a resistência adquirida pelos fungos, alguns autores acreditam

que determinados pacientes, com infecções fúngicas deveriam ser tratados

com combinação de drogas para um efeito mais eficaz do tratamento, aqueles

com infecções invasivas devido a fungos oportunistas filamentosos e

prognóstico ruim, com infecção aguda e fulminante ou infecções refratárias,

com infecção em locais como o cérebro (PAPPALARDO; MELHEM, 2003;

FERNANDES et al., 2003).

Citam que a terapêutica antifúngica combinada pode ser uma alternativa

promissora em algumas circunstâncias, pois ela pode aumentar a taxa de

morte microbiológica, diminuir a duração do tratamento, evitar o aparecimento

de resistência a drogas, e aumentar o espectro de atividade (PAPPALARDO;

MELHEM, 2003; FERNANDES et al., 2003).

Por outro lado, a combinação pode aumentar o custo financeiro e a

interação entre drogas pode ter conseqüente aumento de toxicidade. Mesmo

assim, considera que, a combinação antifúngica deverá ser o padrão para

manejo de infecções difíceis de tratar (PAPPALARDO; MELHEM, 2003;

FERNANDES et al., 2003).

Sendo assim, mais investigações devem ser realizadas para monitorar a

resistência antifúngica em cepas de C. neoformans e C. gattii, podendo, desta

forma, alertar a comunidade médico-científica quanto à seleção de cepas

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clínicas resistentes induzidas pela terapêutica antifúngica, bem como o

aparecimento de amostras ambientais primariamente resistentes

(PAPPALARDO; MELHEM, 2003; FERNANDES et al., 2003).

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7 CONCLUSÃO

Ao longo desse trabalho, verificou-se que a existência de cepas

resistentes aos antimicrobianos normalmente utilizados. Verificou-se que em

geral a resistência às drogas poliênicas se dá por alterações na membrana

plasmática que dificultam ou impedem a devida ligação destas às proteínas de

ligação na superfície do microrganismo ocasionando, assim, diminuição de seu

efeito. Já os principais mecanismos de resistência às drogas azólicas

consistem em alterações da parede celular, por redução da afinidade de

ligação da enzima 14 α-demetilase ou uma inerente impermeabilidade da

membrana celular, bem como o aumento do conteúdo de ergosterol. No caso

dos derivados pirimidínicos, a resistência do fungo se dá pela perda ou

mutação de enzimas associadas à conversão e incorporação de RNA. Assim,

concluímos que a resistência do Cryptococcus sp frente aos antifúngicos

possui grande impacto no tratamento medicamentoso dos pacientes com

criptococose.

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