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UNIVERSIDADE TUJUTI DO PARANA CHRISTIANE PETRELLI COELHO METAFORA DA lMAGEM POETICA ILlMAREFLExAO SOBRE 0 PENSAMENTO CRIADOR Curitiba 2004

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Page 1: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

UNIVERSIDADE TUJUTI DO PARANA

CHRISTIANE PETRELLI COELHO

METAFORA DA lMAGEM POETICA

ILlMAREFLExAO SOBRE 0 PENSAMENTO CRIADOR

Curitiba2004

CHRISTlANE PETRELLI COELHO

METAFORA DA IMAGEM POETICA

UMAREFLExAO SOBRE 0 PENSAMENTO CRIADOR

Monografia apresentada como requisito parcial it obtencrao do

grau de especialista do curso de Pos-Graduayao em Poeticas

Contemporiineas no Ensino da Arte da Universidadc Tuiuti do

Parana

Orientadora Pror MSc Andrea Cristina Lisboa de Miranda

Curitiba2004

Um sagaz ilusionistacria prodigios do nada

Malabarista de imagenstrapezista e damadorfaz destras acrobaciasem barras de alegorias

Voa entre 0 ceu e os abismoso eiticeiro inventor

Helena Kolody

Dedico este trabalho a tantos amigos e afetos pelos gestos e didogogt criativos Sao

(Jle~fgt~c6pios no mell horizonte Agradefto a milIla orientadora por me glliar na tllZ com sua

tanlerna

sUMARIO

JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06

01 11

SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II

tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13

TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19

ZARIMAGENS 26

01 30

ADOR NA OBRA 30

34

38

43

N BAVeAR um olhar interceptivo

JSAO

NCIAS BIBLJOGRAFICAS

INTRODUltAO

A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido

bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos

1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza

indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de

ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer

arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da

I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada

tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao

~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta

lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento

c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam

gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da

A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao

ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando

de significacfio e fonna nesses gestos e acoes

A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional

IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a

Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses

rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es

Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas

~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da

nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da

esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a

sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994

arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-

a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)

ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes

10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar

A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre

nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual

e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor

Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a

imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa

0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a

ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de

oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I

Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos

do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao

Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento

haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais

ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e

i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de

alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as

lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida

A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula

e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de

Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a

Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa

J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade

lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades

IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo

Y IRH8 p21)

A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do

n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de

dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela

relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo

xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado

de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela

de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada

pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser

ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata

arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn

nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que

cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)

Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando

1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca

dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do

Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra

Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem

pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim

nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse

pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica

inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes

E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da

sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato

lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas

aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no

10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos

)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes

layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de

Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se

Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na

ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do

l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo

~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios

nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0

do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0

Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se

rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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I 1998

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 2: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

CHRISTlANE PETRELLI COELHO

METAFORA DA IMAGEM POETICA

UMAREFLExAO SOBRE 0 PENSAMENTO CRIADOR

Monografia apresentada como requisito parcial it obtencrao do

grau de especialista do curso de Pos-Graduayao em Poeticas

Contemporiineas no Ensino da Arte da Universidadc Tuiuti do

Parana

Orientadora Pror MSc Andrea Cristina Lisboa de Miranda

Curitiba2004

Um sagaz ilusionistacria prodigios do nada

Malabarista de imagenstrapezista e damadorfaz destras acrobaciasem barras de alegorias

Voa entre 0 ceu e os abismoso eiticeiro inventor

Helena Kolody

Dedico este trabalho a tantos amigos e afetos pelos gestos e didogogt criativos Sao

(Jle~fgt~c6pios no mell horizonte Agradefto a milIla orientadora por me glliar na tllZ com sua

tanlerna

sUMARIO

JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06

01 11

SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II

tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13

TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19

ZARIMAGENS 26

01 30

ADOR NA OBRA 30

34

38

43

N BAVeAR um olhar interceptivo

JSAO

NCIAS BIBLJOGRAFICAS

INTRODUltAO

A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido

bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos

1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza

indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de

ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer

arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da

I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada

tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao

~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta

lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento

c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam

gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da

A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao

ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando

de significacfio e fonna nesses gestos e acoes

A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional

IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a

Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses

rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es

Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas

~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da

nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da

esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a

sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994

arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-

a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)

ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes

10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar

A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre

nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual

e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor

Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a

imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa

0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a

ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de

oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I

Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos

do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao

Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento

haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais

ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e

i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de

alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as

lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida

A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula

e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de

Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a

Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa

J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade

lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades

IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo

Y IRH8 p21)

A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do

n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de

dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela

relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo

xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado

de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela

de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada

pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser

ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata

arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn

nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que

cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)

Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando

1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca

dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do

Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra

Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem

pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim

nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse

pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica

inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes

E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da

sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato

lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas

aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no

10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos

)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes

layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de

Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se

Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na

ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do

l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo

~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios

nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0

do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0

Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se

rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 3: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

Um sagaz ilusionistacria prodigios do nada

Malabarista de imagenstrapezista e damadorfaz destras acrobaciasem barras de alegorias

Voa entre 0 ceu e os abismoso eiticeiro inventor

Helena Kolody

Dedico este trabalho a tantos amigos e afetos pelos gestos e didogogt criativos Sao

(Jle~fgt~c6pios no mell horizonte Agradefto a milIla orientadora por me glliar na tllZ com sua

tanlerna

sUMARIO

JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06

01 11

SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II

tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13

TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19

ZARIMAGENS 26

01 30

ADOR NA OBRA 30

34

38

43

N BAVeAR um olhar interceptivo

JSAO

NCIAS BIBLJOGRAFICAS

INTRODUltAO

A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido

bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos

1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza

indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de

ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer

arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da

I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada

tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao

~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta

lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento

c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam

gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da

A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao

ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando

de significacfio e fonna nesses gestos e acoes

A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional

IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a

Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses

rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es

Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas

~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da

nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da

esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a

sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994

arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-

a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)

ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes

10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar

A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre

nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual

e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor

Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a

imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa

0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a

ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de

oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I

Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos

do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao

Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento

haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais

ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e

i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de

alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as

lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida

A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula

e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de

Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a

Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa

J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade

lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades

IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo

Y IRH8 p21)

A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do

n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de

dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela

relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo

xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado

de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela

de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada

pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser

ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata

arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn

nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que

cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)

Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando

1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca

dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do

Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra

Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem

pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim

nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse

pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica

inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes

E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da

sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato

lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas

aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no

10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos

)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes

layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de

Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se

Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na

ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do

l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo

~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios

nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0

do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0

Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se

rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 4: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

Dedico este trabalho a tantos amigos e afetos pelos gestos e didogogt criativos Sao

(Jle~fgt~c6pios no mell horizonte Agradefto a milIla orientadora por me glliar na tllZ com sua

tanlerna

sUMARIO

JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06

01 11

SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II

tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13

TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19

ZARIMAGENS 26

01 30

ADOR NA OBRA 30

34

38

43

N BAVeAR um olhar interceptivo

JSAO

NCIAS BIBLJOGRAFICAS

INTRODUltAO

A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido

bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos

1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza

indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de

ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer

arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da

I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada

tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao

~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta

lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento

c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam

gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da

A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao

ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando

de significacfio e fonna nesses gestos e acoes

A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional

IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a

Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses

rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es

Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas

~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da

nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da

esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a

sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994

arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-

a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)

ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes

10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar

A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre

nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual

e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor

Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a

imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa

0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a

ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de

oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I

Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos

do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao

Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento

haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais

ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e

i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de

alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as

lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida

A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula

e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de

Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a

Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa

J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade

lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades

IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo

Y IRH8 p21)

A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do

n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de

dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela

relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo

xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado

de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela

de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada

pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser

ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata

arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn

nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que

cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)

Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando

1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca

dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do

Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra

Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem

pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim

nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse

pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica

inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes

E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da

sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato

lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas

aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no

10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos

)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes

layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de

Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se

Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na

ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do

l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo

~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios

nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0

do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0

Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se

rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 5: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

sUMARIO

JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06

01 11

SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II

tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13

TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19

ZARIMAGENS 26

01 30

ADOR NA OBRA 30

34

38

43

N BAVeAR um olhar interceptivo

JSAO

NCIAS BIBLJOGRAFICAS

INTRODUltAO

A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido

bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos

1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza

indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de

ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer

arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da

I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada

tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao

~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta

lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento

c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam

gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da

A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao

ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando

de significacfio e fonna nesses gestos e acoes

A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional

IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a

Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses

rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es

Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas

~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da

nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da

esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a

sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994

arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-

a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)

ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes

10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar

A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre

nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual

e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor

Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a

imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa

0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a

ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de

oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I

Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos

do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao

Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento

haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais

ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e

i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de

alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as

lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida

A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula

e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de

Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a

Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa

J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade

lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades

IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo

Y IRH8 p21)

A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do

n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de

dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela

relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo

xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado

de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela

de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada

pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser

ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata

arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn

nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que

cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)

Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando

1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca

dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do

Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra

Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem

pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim

nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse

pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica

inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes

E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da

sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato

lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas

aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no

10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos

)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes

layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de

Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se

Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na

ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do

l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo

~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios

nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0

do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0

Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se

rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 6: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

INTRODUltAO

A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido

bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos

1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza

indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de

ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer

arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da

I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada

tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao

~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta

lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento

c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam

gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da

A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao

ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando

de significacfio e fonna nesses gestos e acoes

A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional

IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a

Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses

rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es

Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas

~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da

nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da

esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a

sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994

arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-

a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)

ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes

10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar

A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre

nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual

e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor

Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a

imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa

0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a

ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de

oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I

Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos

do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao

Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento

haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais

ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e

i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de

alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as

lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida

A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula

e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de

Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a

Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa

J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade

lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades

IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo

Y IRH8 p21)

A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do

n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de

dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela

relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo

xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado

de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela

de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada

pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser

ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata

arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn

nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que

cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)

Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando

1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca

dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do

Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra

Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem

pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim

nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse

pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica

inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes

E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da

sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato

lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas

aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no

10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos

)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes

layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de

Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se

Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na

ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do

l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo

~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios

nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0

do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0

Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se

rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 7: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes

10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar

A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre

nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual

e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor

Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a

imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa

0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a

ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de

oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I

Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos

do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao

Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento

haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais

ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e

i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de

alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as

lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida

A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula

e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de

Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a

Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa

J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade

lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades

IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo

Y IRH8 p21)

A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do

n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de

dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela

relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo

xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado

de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela

de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada

pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser

ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata

arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn

nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que

cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)

Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando

1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca

dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do

Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra

Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem

pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim

nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse

pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica

inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes

E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da

sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato

lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas

aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no

10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos

)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes

layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de

Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se

Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na

ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do

l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo

~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios

nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0

do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0

Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se

rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 8: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela

de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada

pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser

ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata

arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn

nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que

cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)

Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando

1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca

dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do

Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra

Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem

pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim

nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse

pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica

inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes

E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da

sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato

lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas

aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no

10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos

)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes

layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de

Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se

Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na

ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do

l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo

~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios

nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0

do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0

Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se

rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 9: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto

0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn

a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante

nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva

upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo

( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na

nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando

cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de

s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia

1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de

) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e

mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado

ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de

0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias

imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da

Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social

NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da

10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da

in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte

COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea

Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes

licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica

lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem

xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma

I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que

smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito

ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio

usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter

s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria

JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao

1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 10: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

10

I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados

lllllal1a

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 11: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

II

CAPiTULOl

SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades

) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os

Huyghe

La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90

Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e

~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa

ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os

150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas

IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira

Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao

Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade

lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da

u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0

il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca

para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do

Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn

rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um

I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao

nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -

l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente

c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio

ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no

k iueias e conceituaroes

A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo

C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0

te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 12: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

12

)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso

13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse

ria~10 dizendo

Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as

nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente

humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes

111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em

IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira

llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001

111)

Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador

Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo

tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e

Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos

1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que

lVI1 vida

C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel

J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo

odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0

0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a

ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro

scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e

A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos

ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos

prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do

-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar

Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi

embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto

metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 13: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

13

prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades

de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina

hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)

Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da

oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca

OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num

harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0

IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos

o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da

da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo

urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando

CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo

mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros

es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade

K 200 I p35)

A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser

que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos

J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo

Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a

a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios

)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora

A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende

as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por

la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a

ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital

do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz

l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade

a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade

pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 14: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

14

) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir

ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas

aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes

J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se

1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao

Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana

Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e

)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento

a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao

I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e

_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao

reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem

se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas

Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda

Ifcbra)humana

10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao

mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky

k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em

tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos

fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel

mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante

mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se

)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos

Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou

imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado

nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e

emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e

ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 15: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

15

outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de

un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)

A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso

I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e

sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e

Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas

1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que

nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original

conteudos da vida intelectuaL

o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer

car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou

oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto

lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e

Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao

oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona

na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no

lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os

dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso

ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane

capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos

crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do

~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras

lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao

imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as

toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade

llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo

l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas

por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 16: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

16

lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias

ki 1998 p23)

o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do

umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos

egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido

d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma

la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930

Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que

habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro

rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0

nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana

(Durrenne 1998 pIS3)

Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu

rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle

i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de

tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais

iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do

gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica

tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO

)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis

do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por

IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos

Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da

lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam

signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem

La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora

Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn

) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado

Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn

0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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ANEXOS

Page 17: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

17

I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani

a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de

transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na

do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que

do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados

Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse

lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das

yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de

ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au

Irlistica (CUNHA 1998 p 151)

Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30

vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo

sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa

lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e

assim como a cognitiva

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 18: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

Quando olho e lao vejo

vejo 0 que nao e olhado

o que se passa

o que se possa

o que se dispa e dispare

a emea visao do artista

Olhar eld6cri1O secreto

10 rnotivo de lim gesto

sem dogma

sem doma

sem palavra que decrete

um nao da minha vista

Roberto Bittencourt

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 19: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

19

ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica

0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e

Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo

(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu

(Meira 2003)

Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de

tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia

-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a

SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes

bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma

lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas

III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater

parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado

do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do

facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais

~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930

k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso

tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos

gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)

15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao

JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a

poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico

c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais

I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A

segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo

de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar

livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se

ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas

durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)

lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 20: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

20

l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn

llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se

10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0

) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao

nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p

Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna

expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a

presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de

aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e

sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0

rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las

meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma

tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos

Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos

0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel

l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -

Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e

Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que

0v) considera como urna Dutra experiencia

( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar

parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar

simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e

outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente

as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais

as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as

possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma

aheridadc (LEVY 1998 p72)

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 21: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

21

A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e

eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a

lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia

lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30

gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma

~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes

em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0

I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre

1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos

Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30

tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30

IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)

do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio

la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da

n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0

llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do

llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se

I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas

rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos

lla incividuo dizendo

Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de

aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs

ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de

lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern

cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando

110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)

as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 22: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

22

alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado

de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma

semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os

ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca

rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino

(GARDNER 1999 p123)

Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern

l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade

113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da

10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3

ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana

fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas

rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao

poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte

pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica

interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo

contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)

J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua

li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura

lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a

ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella

CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que

amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si

it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)

197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao

instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es

E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das

4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna

umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 23: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

23

pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade

Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern

rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao

()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas

~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas

poetkas pel a imagem atraves da palavra

1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn

emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista

pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn

sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova

c)periencia

2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade

reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao

Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e

reconhecem imediatarnente

-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada

pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a

analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa

ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma

caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia

JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de

imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta

6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0

g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora

slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para

ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)

Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao

sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de

ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)

L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de

ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 24: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

24

Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com

sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais

laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador

IIll contexto ou obra de arte

A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e

Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es

figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como

cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades

as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da

lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de

ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica

sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem

19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo

Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de

cks

SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a

visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e

imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos

olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0

poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica

transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)

A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso

middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD

) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia

Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e

lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)

1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma

imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 25: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

25

Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a

Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e

ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao

rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos

nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa

melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn

c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de

)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0

Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no

ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a

Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor

o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao

hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe

scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn

pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)

A funcyao estetica determina a importancia do contexto na

11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva

1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca

sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater

Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky

Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores

sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de

qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade

au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao

01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc

bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 26: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

26

M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor

eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)

A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de

naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade

i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente

UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se

Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser

captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar

h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem

lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas

IIZAR IMAGENS

iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar

a visao do universo e 0 segredo de uma alma

Bachelard

A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao

sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as

dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam

11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a

Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos

I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao

lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital

atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia

~gcnlradom do ser

Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -

mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova

n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo

o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 27: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

27

tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)

per encia estttica na co-participa~ao com a cbra

t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de

cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e

julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este

ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de

si proprio (HUYGHE 1998 pII)

A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer

roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido

lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser

que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao

lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos

c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998

lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario

J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser

=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0

roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se

enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)

Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de

Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou

I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de

llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica

ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante

No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem

Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria

lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 28: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

28

11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher

gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter

(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do

Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo

( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem

imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim

CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina

o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica

existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)

o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it

10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994

gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto

[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se

anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a

d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa

propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0

a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu

llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as

-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse

har cientifico

Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento

produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica

em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados

a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6

scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo

associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e

possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por

Hadamard( pp 142-43)

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 29: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

29

Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate

trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado

m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto

rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual

lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da

no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo

rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos

Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo

com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 30: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

30

CAPiTULO 11

IADOR NA ORRA

Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver

Bachelard

Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal

todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0

plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve

fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de

SOJ ser (VALERY 1998 p 34)

o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern

) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de

A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0

~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa

abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0

ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo

~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta

Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta

nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio

primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender

liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)

o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na

do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa

lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de

deSC1volver (2003 p 103)

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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199~

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MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 31: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

31

I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de

la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10

ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando

t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente

dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que

ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na

-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de

Iva (1alery 1998 p34)

A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se

press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda

ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a

raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003

Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada

singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas

Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)

o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua

il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias

nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio

1bull1 sLlaconcep~1o de mundo

No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao

H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele

Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando

ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para

(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento

to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de

rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica

L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze

IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral

IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es

liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana

Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930

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IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

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199~

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45

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__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 32: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

32

IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma

1t1l1a

Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0

que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e

pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao

compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)

A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no

listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser

rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo

lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0

no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0

16gico do ser (1998 p159)

Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado

Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut

da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn

tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia

ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0

lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem

1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma

1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade

1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse

icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua

bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das

s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes

L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do

obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es

leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto

I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

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Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

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RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

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1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

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diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 33: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

II

podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0

10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando

Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam

possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem

devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela

iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha

lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria

inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras

(CL1VEIRA 1999p57)

o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com

alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em

~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc

A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it

laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse

aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais

J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade

llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de

pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao

As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar

aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do

criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo

aparenles insignificancias das coisas

ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 34: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

34

I~ 11m olhar interceptivo

vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava

Valery

COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu

I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes

rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a

Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao

magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para

I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen

ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e

manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a

It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e

1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador

1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como

Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar

COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de

de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista

d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como

J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a

do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao

ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre

llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da

para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo

I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar

2)

No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria

1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele

I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 35: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

3S

) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes

Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio

11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do

olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se

ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de

nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte

Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio

Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo

Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira

~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em

) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de

(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de

mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da

jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa

)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a

lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca

ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras

I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas

erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego

UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe

lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria

IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das

~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico

a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do

u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra

lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do

ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)

Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 36: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

36

Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que

IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa

11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma

em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar

- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da

estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao

~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e

to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema

mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas

par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo

l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero

de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da

A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza

urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e

car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse

lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e

nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam

luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento

dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem

I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos

uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0

I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista

Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo

l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar

nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu

Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []

ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn

I)imltJgensde lranscendencia invisfvel

IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 37: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

37

Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao

I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade

lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade

ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de

l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90

no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au

uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista

lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas

ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose

l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem

If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 38: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

39

CONCLUSAO

o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no

processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que

derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela

ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma

em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu

to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento

poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento

III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula

lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -

da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code

afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao

Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo

IUO se ve

Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas

~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento

de magens faz com que elas percam sua significarao em vias

Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo

iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer

A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a

ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida

IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa

m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS

III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em

ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha

-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada

ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao

parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De

0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das

dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 39: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

40

n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta

I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade

m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele

ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A

UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu

Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es

A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis

l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua

na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente

dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande

I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante

do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira

) papdas imagens na eultura destaeando

o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora

do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo

sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-

sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003

p19)

Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par

s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica

isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se

cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares

lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda

~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode

r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem

1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao

1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores

c dialogos existenciais com 0 meio

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

Page 40: UNIVERSIDADE TUJUTI DOPARANA CHRISTIANE PETRELLI …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/07/METAFORA-DA-IMAGEM-1.pdf · Seguir-se-a uma rota a partir das proposic;oes ,lica:i da imagem

41

o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do

ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas

~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de

l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo

JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao

Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de

dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de

incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua

Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser

expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os

comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados

culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um

lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao

ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado

por ele ( MElRA 2003 p 131)

Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de

lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para

lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem

c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento

a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na

) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de

ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)

o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido

vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da

Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da

JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma

I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que

hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar

42

lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

44

REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural

ANEXOS

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lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato

m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no

a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa

cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma

lnde re-contiguramos nossas percep90es

o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela

1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do

to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a

(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A

loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em

n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a

In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e

I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das

t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos

E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme

Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A

metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido

Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de

dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do

c em culturas que sc componham em liberdade de expressao

Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule

tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos

jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn

ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao

novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas

1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de

h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da

Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a

trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante

upio

43

Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

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REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo

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ANEXOS

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Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances

tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo

111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em

las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que

iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas

llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar

lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se

kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se

d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero

Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de

Ide

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REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

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REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS

LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand

199~

LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no

Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004

()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e

la Brasilia UnB 1998

JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem

Itica ~aoPaulo Summus 2002

Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba

1991i

lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de

UAPE 1998

)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao

Escuta 200 L

)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A

11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001

RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do

ncl CJritiba Criar 2001

RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998

1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999

rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999

IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000

45

)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

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pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

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)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999

diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998

LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA

Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998

MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel

Icgre Mediaao 2003

ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa

pa 1988

URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres

middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999

RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo

I 1998

Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999

(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982

__ Evgen Bavcar

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ANEXOS

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