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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Tania Regina Barillari Gomes Amui A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA CRIANÇA ABANDONADA: UM OLHAR JUNGUIANO CURITBA 2007

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Tania Regina Barillari Gomes Amui

A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA CRIANÇA ABANDONADA:

UM OLHAR JUNGUIANO

CURITBA 2007

Tania Regina Barillari Gomes Amui

A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA CRIANÇA ABANDONADA: UM OLHAR JUNGUIANO

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação apresentada ao Curso de Psicopedagogia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de especialização. Orientador: Laura Bianca Monti.

CURITBA 2007

TERMO DE APROVAÇÃO Tania Regina Barillari Gomes Amui

A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA CRIANÇA ABANDONADA: UM OLHAR JUNGUIANO

Este Artigo foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia no curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, _____ de __________ de 2007.

_____________________________________________

Curso de Psicopedagogia Universidade Tuiuti do Paraná

Orientadora: Laura Bianca Monti Prof.ª Cleide Meirelles Piragis Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.ª Jurândi Serra Freitas Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.ª Margarete Schroeder Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.ª Maria Letizia Marchese Universidade Tuiuti do Paraná

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo abordar a dificuldade de aprendizagem na criança abandonada, sob a ótica da psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Considerando o fato de que Jung não deteve seus estudos na psique infantil, será utilizada a perspectiva teórica do pós-junguiano Edward F. Edinger e, também, algumas considerações de Erich Neumann sobre o desenvolvimento infantil. Edinger afirma que o desenvolvimento da criança se dá mediante a passagem de diferentes estados psíquicos, dentre eles, os de inflação e de alienação, cujo fim ideal é o re-encontro entre ego e Si – mesmo: processo de individuação. Este artigo enfoca a possibilidade dos problemas emocionais interferirem no processo de aprendizagem e, diante disso, a hipótese aqui levantada é que o desenvolvimento da psique da criança abandonada a impossibilita de entrar em contato com o aprender. Isto porque a psique da criança abandonada está aprisionada no estado de alienação e, com isso, ela não consegue dar continuidade ao seu processo de individuação, comprometendo a sua aprendizagem. Menciona-se também a importância do professor para o desenvolvimento da psique da criança abandonada e vice-versa; e, também, a necessidade da educação dar mais atenção à subjetividade no contexto escolar. Palavras-chave: Edward F. Edinger, psique infantil, processo de individuação, criança abandonada, dificuldade de aprendizagem.

ABSTRACT

The main objective of this article is to broach the learning difficulties of the abandoned child, from the point of view of the analytic psychology of Carl Gustav Jung. Considering the fact that Jung did not focus his studies on the child psyche, the theoretic perspective of post- Jungian Edward F. Edinger will also be considered, and also some considerations of Erich Neumann concerning early childhood development. Edinger states that child development happens by means of the different stages of the psyche, including, inflation and alienation, which the ideal end is the meeting of the ego and the Self: process of individualism. This article emphasises the possibility of emotional problems that hinders the learning process, therefore, the hypothesis argued here is that the abandoned child’s development of the psyche weakens the learning process. This is because the abandoned child’s development of the psyche is in the alienation stage and, with this she cannot continue the individualization process, hindering her learning. Also mentioned is the importance of the teacher for the development the abandoned child’s psyche and vice-versa, and as well as the need for a more subjective approach in the educational setting. Key-words: Edward F. Edinger, child psyche, process of individualism, abandoned child, learning difficulties.

Ao observar crianças com histórico de abandono, percebe-se um número

significativo com dificuldades na aprendizagem e, consequentemente, no

desempenho escolar.

Mas, apesar desta constatação, o levantamento bibliográfico mostrou uma

escassez de trabalhos que abordem esta temática, sendo que o mais próximo

encontrado foi uma pesquisa realizada por Dell’Aglio & Hutz, 2004, cujo objetivo foi

verificar a manifestação do distúrbio depressivo e o desempenho escolar em

crianças e adolescentes que vivem em instituição de abrigo comparando os dados

com as crianças que vivem em família.

Outra dificuldade observada no levantamento bibliográfico foi encontrar

trabalhos que abordem a dificuldade de aprendizagem, sob a ótica da psicologia

analítica de Carl Gustav Jung. Na realidade, teve-se acesso apenas ao de Claudete

Sargo (2005), psicopedagoga com formação em psicologia analítica pela Sociedade

Brasileira de Psicologia Analítica. Em seu livro “O Berço da Aprendizagem: um

estudo a partir da psicologia de Jung”, a autora aborda como a relação entre pais e

filhos pode comprometer, do ponto de vista emocional, a aprendizagem da criança.

Há também um artigo de Sargo (2000) intitulado “A voz do self ouvida na dificuldade

de aprendizagem: uma investigação simbólica em psicopedagogia”, em que a autora

considera a dificuldade de aprendizagem como um sintoma que, em termos

simbólicos, indica a existência de um desiquilíbrio na auto-regulação da psique1 e

que deve ser ouvido, de modo que a criança possa dar continuidade ao seu

processo de aprendizagem e, consequentemente, ao seu processo de individuação2.

1 Entende-se por psique a totalidade dos processos psíquicos, tanto conscientes quanto inconscientes. 2 A individuação, em geral, é o processo de formação e particularização do ser individual e, em especial, é o desenvolvimento do indivíduo psicológico como ser distinto do conjunto, da psicologia coletiva. É portanto um processo de diferenciação que objetiva o desenvolvimento da personalidade

2

As dificuldades até então encontradas no levantamento bibliográfico não se

repetiram com relação à temática do abandono, que, por sua vez, mostrou-se rica e

interessante em termos de livros e artigos publicados.

Apesar de haver uma forte incidência relacionando problemas emocionais e

o baixo rendimento acadêmico, ainda não há consenso se são as dificuldades

emocionais que ocasionam o baixo rendimento acadêmico ou se é o baixo

rendimento acadêmico que desencadeia as dificuldades emocionais na criança. No

entanto, parece que um problema se apresenta como situação de risco para o outro.

(SANTOS; GRAMINHA, 2005).

Etimologicamente, aprender vem do latim apprendo que significa agarrar,

apanhar, segurar, apoderar-se de. (APPRENDO, 1962). Mas, o que há de notório

na psique da criança abandonada que a impede de agarrar, apanhar, segurar; enfim,

de apoderar-se do conhecimento - fruto da aprendizagem? Para que aponta a

dificuldade de aprendizagem apresentada pela criança abandonada? Para tentar

responder a tais questionamentos, é preciso antes de tudo abranger como a

psicologia analítica entende o desenvolvimento da psique infantil para, depois,

compreender como se dá este desenvolvimento na psique da criança abandonada,

articulando-o com a dificuldade desta em aprender, enfim, de colher o conhecimento

como fruto da aprendizagem.

Carl Gustav Jung (1875-1961), suíço e filho de pastor protestante, viveu na

Basiléia, onde fez faculdade de medicina, especializando-se em psiquiatria. Durante

os anos de faculdade, Jung destacou-se dentre os demais, o que fez com que se

tornasse assistente de profissionais renomados, dentre eles Bleuler. Em seus

estudos realizados no hospital psiquiátrico de Burgholzli, Jung estava disposto a

individual. É uma necessidade natural; e uma coibição dela [...], traria prejuízos para a atividade vital do indivíduo. (JUNG, 1991, § 853).

3

encontrar uma explicação psicológica para os fenômenos psiquiátricos que, naquela

época, eram explicados apenas por meio da descrição dos sintomas. (SILVEIRA,

1997).

Em 1907, com a publicação de seu livro “A psicologia da demência precoce”,

Jung conheceu Sigmund Freud e mostrou-se fascinado com a sua teoria,

principalmente, no que diz respeito ao recalque, o que o aproximou do movimento

psicanalítico (SARGO, 2005) e, mais tarde, o auxiliou na formulação da teoria dos

complexos3, uma de suas contribuições para a psicologia analítica. (JUNG, 1995).

Entretanto, Jung questionava a concepção de Freud de que o material

recalcado estava relacionado apenas com a sexualidade. Para Jung, havia outros

fatores que poderiam contribuir para o recalque e não somente a sexualidade.

(JUNG, 1995). A publicação de “Símbolos de transformação”, em 1912, marca a

ruptura entre Freud e Jung, pois aqui Jung define libido como energia psíquica e não

como energia sexual. (SARGO, 2005).

Além disso, Jung tinha outras idéias as quais Freud não compartilhava ou

não havia conseguido formular melhor, dentre elas, a existência do inconsciente

coletivo4, além do inconsciente pessoal5; a importância da mitologia; a concepção de

que o inconsciente se mostra tal como ele é, não havendo, portanto, camuflagens; a

3 Complexo é um aspecto dissociado da psique, de natureza inconsciente, que possui uma forte carga emocional incompatível com a consciência, sendo capaz de invadir a consciência, independentemente da vontade do ego. É uma manifestação natural da própria psique encontrada em todos os povos e épocas e, por isso, todos têm complexos, não sendo então visto como algo patológico. A conscientização dos complexos inconscientes é fundamental para o desenvolvimento da personalidade, uma vez que são os complexos os responsáveis pelos ‘tropeços’ que cometemos em nossas vidas. (JUNG, 1991c). 4 O inconsciente coletivo é a camada mais profunda da psique e tem como conteúdo os arquétipos, ou seja, potencialidades herdadas que são transmitidas à humanidade. (JUNG, 1991b). 5 De acordo com a teoria de Freud, o inconsciente pessoal é formado essencialmente por conteúdos reprimidos pelo meio social. Entretanto, Jung observou que o inconsciente pessoal não é só formado por estes conteúdos, mas também, por conteúdos subliminares e por conteúdos que ainda não se apresentaram à consciência. (JUNG, 1991b).

4

relação compensatória do inconsciente; a finalidade do sintoma; e a existência do

simbólico, além da linguagem literal, conceitual. (JUNG, 1995).

Jung casou-se com Emma Jung, com a qual teve três filhos, falecendo aos

oitenta e cinco anos. (SARGO, 2005).

Promovendo uma pesquisa nas obras completas de Carl Gustav Jung,

percebe-se uma escassez de textos ou parágrafos que definam ou tratem

especificamente da criança e da psique infantil. Isto porque, ao contrário de Freud,

Jung deteve seus estudos mais na psique adulta, uma vez que, em grande parte de

sua obra, Jung afirma que o processo de individuação inicia a partir da segunda

metade da vida.

Porém, em termos gerais, Jung defende a idéia de que a criança, ainda com

seu ego em formação, é susceptível à psique de seus pais e, consequentemente,

também às perturbações inconscientes destes. “A criança se encontra de tal modo

ligada e unida à atitude dos pais, que não é de causar espanto se a maioria das

perturbações nervosas verificadas na infância devam sua origem na atmosfera

psíquica dos pais”. (JUNG, 1986, §80).

Nesta outra afirmação, Jung (1997, §296) deixa ainda mais evidente a sua

posição. “(...) Os adultos é que têm os problemas. Deixem as pobres crianças em

paz. O que faço é puxar as orelhas da mãe, não da criança. São os pais que

transmitem as neuroses aos filhos”.

Mediante a posição teórica limitada de Jung quanto à criança, uma série de

outros psicólogos da psicologia analítica empreenderam estudos visando

compreender o funcionamento da psique infantil, em termos de desenvolvimento,

tais como Erich Neumann, Michael Fordham e Edward F. Edinger.

5

Edinger - um pós junguiano norte-americano – considera que o

desenvolvimento da criança se dá mediante a passagem de diferentes estados

psíquicos, dentre eles os de inflação e de alienação, cujo fim ideal é o re-encontro

entre ego e Si - mesmo6. A busca deste re-encontro, a psicologia analítica chama de

processo de individuação.

No estado de inflação, não existe nada além do Si – mesmo; o ego existe

apenas enquanto potencialidade e está imerso / identificado com o Si – mesmo.

Aqui, ego e Si – mesmo são um só e, por isso, o ego latente desfruta da harmonia,

perfeição, plenitude e totalidade divinas, o que é chamado de inflação passiva.

Esta condição paradisíaca, na qual o ego está imerso, explica o sentimento

nostálgico que nos assola de voltar às origens, à infância, principalmente, nos

momentos difíceis; e, também, a dificuldade encontrada por algumas pessoas – puer

aeternus, o eterno jovem - em sair deste estado psíquico, uma vez que isto significa

entrar em contato com a realidade, como ilustra o conto de fadas “Peter Pan”, o

menino que não quer crescer, de James Matthew Barrie.

Mas, para que o ego se desenvolva, é preciso que o ego latente sacrifique o

passivo conforto do estado paradisíaco em direção a um mundo de sofrimento,

conflito e incerteza, ou seja, que assuma uma atitude inflada ativa, uma hybris7 como

ilustra o mito de Prometeu, quando este rouba a faísca do fogo do céu levando-a de

volta aos homens.

6 Si – mesmo ou Self é o arquétipo central da psique, ou seja, o centro organizador que contém todas as possibilidades da vida psíquica do homem. Engloba o consciente e o inconsciente. “Admitir a existência e a realidade do Self é de importância vital, pois é ele quem dá o impulso endógeno que leva o indivíduo a conectar-se com o mundo exterior. É a partir do Self que o ‘eu’ se forma, e é eleque o conduz ao longo da vida. O Self inicia a organização do desenvolvimento da consciência através da ativação dos arquétipos parentais que são padrões de funcionamento psíquico.” (SARGO, 2005, p. 49). 7 O termo hybris significa violência, insolência, descomedimento, excesso que ocorre quando o homem ultrapassa o métron, ou seja, a medida, indo além de si mesmo na tentativa de igualar-se aos deuses e, por isso, é severamente punido por meio do remorso, da culpa e da autodestruição. (Brandão, 2004).

6

Tudo começa quando Prometeu querendo comprovar a clarividência de

Júpiter dividiu um boi em duas partes: numa colocou as carnes e os melhores

pedaços, envolvendo-os com o ventre do boi; e noutra dispôs os ossos recobrindo-

os com a gordura lustrosa do animal. Prometeu pediu a Júpiter que escolhesse uma

das partes e o mesmo escolheu a parte mais pesada, onde só encontrou ossos.

Júpiter ficou furioso por ter sido enganado e para vingar-se de Prometeu - protetor

dos homens - roubou destes o fogo8 que é essencial à realização de todo e qualquer

trabalho. Entretanto, Prometeu não se deu por vencido e conseguiu roubar uma

faísca do fogo do céu levando-o de volta para os homens. Diante de tal ousadia,

Júpiter decidiu punir severamente os homens. Para isso, Júpiter envia a Epimeteu,

irmão de Prometeu, Pandora, mulher atraente e perniciosa, que carrega consigo

uma caixa, cujo conteúdo ignora e que seria fatal aos homens. Impelida pela

curiosidade, Pandora abre a caixa e todos os males contidos nela se espalham pela

terra restando na caixa apenas a esperança. Júpiter também pune Prometeu

agrilhoando-o a um rochedo do monte Cáucaso, onde uma águia constantemente

dilacera o seu fígado que logo se regenera. Hércules liberta Prometeu deste suplício

matando a águia com uma flecha. Júpiter, entretanto, não impede a libertação de

Prometeu, mas para manter a sua palavra, faz um anel com um dos elos da cadeia

que agrilhoava Prometeu, onde introduz um pedaço do rochedo, e assim, Prometeu

continua preso ao Cáucaso. (MENARD, 1991).

Outra imagem que pode ser utilizada para ilustrar a inflação ativa do ego, ou

seja, a hybris, é a do mito bíblico que retrata o pecado original cometido por Adão e

Eva ao comerem o fruto proibido da árvore da ciência do bem e do mal.

8 Segundo Brandão (2004), o fogo simboliza a inteligência e a sua privação torna a humanidade imbecil.

7

[...] Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e colocou-o no paraíso de delícias para que o cultivasse e guardasse. E deu-lhe este preceito, dizendo: Come de todas as árvores do paraíso, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque, em qualquer dia que comeres dele, morrerás indubitavelmente. [...] Viu, pois, a mulher que (o fruto) da árvore era bom para comer, e formoso aos olhos, e de aspecto agradável; e tirou do fruto dela, e comeu; e deu a seu marido, que também comeu. E os olhos de ambos se abriram; e, tendo conhecido que estavam nus, coseram folhas de figueira, e fizeram para si cinturas. [...] E disse: Eis que Adão se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal; agora, pois, (expulsemo-lo do paraíso), para que não suceda que ele estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. E o Senhor Deus lançou-o fora do paraíso de delícias, para que cultivasse a terra, de que tinha sido tomado. E expulsou Adão, e pôs diante do paraíso de delícias Querubins brandindo uma espada de fogo, para guardar o caminho da árvore da vida. (Gênesis, 2, 15-16; 3, 6-7; 3, 22-24).

Tanto o mito de Prometeu quanto o do pecado original mostram que o

desenvolvimento do ego, ou seja, da consciência, só é possível quando o ego

latente é capaz de lutar contra os poderes divinos, ou seja, cometer uma hybris.

É preferível ser consciente a permanecer no estado animal. Mas, para emergir, o ego é obrigado a colocar-se contra o inconsciente de que proveio e a assegurar sua autonomia com um ato inflado. (EDINGER, 1995, p. 50).

Mas, a atitude inflada ativa do ego latente – hybris - ocasiona um

estranhamento entre o ego e o Si – mesmo; estranhamento este que, apesar de ser

necessário para o desenvolvimento do ego, é vivenciado pelo mesmo como punição

divina – nêmesis9 -, uma vez que o ego é alienado de suas origens. A este estado,

Edinger (1995) chama de alienação e é simbolizado por imagens de queda, exílio,

ferida sem cura, tortura perpétua.

9 Nêmesis é a punição divina para “[...] restabelecer o equilíbrio, quando a justiça deixa de ser equânime, em conseqüência da [...] (hybris), de um ‘excesso’, de uma ‘insolência’ praticada.” (BRANDÃO, 2004, p. 232).

8

No mito de Prometeu, a nêmesis ocorre quando Júpiter pune Prometeu

aprisionando-o a um rochedo, onde é constantemente bicado por uma águia; e,

quando põe fim ao estado paradisíaco em que vivia o homem. No mito bíblico do

Jardim do Éden, a imagem da nêmesis pode ser vista, principalmente, na expulsão

de Adão e Eva do paraíso.

No entanto, pode acontecer do ego sentir que a punição divina – nêmesis –

foi severa demais, a ponto de quebrar, romper a vinculação existente entre ambos -

ego e Si – mesmo. Quando isto ocorre, o ego sente-se sozinho, perdido, sem

sentido para viver, o que é nefasto para o seu desenvolvimento.

A conexão entre ego e Si - mesmo tem importância vital para a saúde psíquica. Proporciona fundamento, estrutura e segurança ao ego, além de fornecer a este último energia, interesse, significado e propósito. Quando a conexão se quebra, o resultado é o vazio, o desespero, a falta de sentido e, em casos extremos, a psicose ou o suicídio. (EDINGER, 1995, p. 72).

Deste modo, é importante salientar que, no estado de alienação, o ego deve

apenas perder a identificação com o Si – mesmo, o que é desejável para o seu

desenvolvimento. “O ego não pode ser um vaso para receber o influxo da graça

enquanto não tiver esvaziado seu próprio conteúdo inflado. E esse esvaziamento só

ocorre através da experiência de alienação”. (EDINGER, 1995, p. 90). Porém, em

hipótese alguma, a vinculação entre o ego e o Si - mesmo deve ser rompida, visto

que é esta vinculação o prelúdio necessário à consciência do Si – mesmo, o que é

retratado na imagem do deserto que simboliza a redenção, ou seja, a individuação

propriamente dita. “Quando o peregrino perdido no deserto está prestes a perecer,

eis que surge uma fonte divina de alimentação”. (EDINGER, 1995, p. 81).

9

Conforme a concepção de Edinger (1995, p. 69), é “O sentimento de ser

aceito pelo Si - mesmo dá ao ego força e estabilidade. Esse sentimento de aceitação

é veiculado para o ego através do eixo ego - Si - mesmo (...)”, o que deixa a criança

livre para viver e crescer, uma vez que para ela, todas as vicissitudes da vida

contêm um significado e constituem uma expressão de padrões e poderes

transpessoais.

Portanto, para Edinger (1995), a criança, a todo o momento, transita pelos

estados de inflação, alienação e redenção, sendo que o mais comum é a oscilação

entre os estados de inflação e alienação, de modo a promover o desenvolvimento do

ego – da consciência - primeira metade do processo de individuação, a qual Jung

não se deteve.

A tarefa do homem é (...) conscientizar-se dos conteúdos que pressionam para cima, vindos do inconsciente. Ele não deve persistir em sua inconsciência, nem tampouco permanecer idêntico aos elementos inconscientes de seu ser, assim se esquivando a seu destino, que é o de criar cada vez mais consciência. Tanto quanto podemos discernir, a finalidade única da existência humana é a de avivar uma chama na escuridão do simples ser. Pode-se até presumir que, assim como o inconsciente nos afeta, o aumento de nossa consciência afeta o inconsciente. (Carl Gustav Jung citado por EDINGER, 1996, p. 16).

Para Erich Neumann, outro psicólogo junguiano desenvolvimentista, (1999,

p. 10 ss.), “[...] Simbolicamente, a relação do ego com o centro da totalidade é uma

relação de filho. O centro da totalidade, ou Self, enquanto relacionado com o

desenvolvimento do ego, encontra-se estreitamente ligado aos arquétipos parentais.

[...]”.

Diante desta afirmação de Neumann, o que acontece quando há o

rompimento, a quebra desta relação como, por exemplo, no caso da criança com

histórico de abandono, haja vista que a relação de filiação existente entre ego e Si –

10

mesmo é fundamental para o desenvolvimento saudável do ego, ou seja, de um ego

capaz de integrar as crises que põem em perigo o curso natural de seu

desenvolvimento?

Antes de tudo, é preciso dizer que, apesar do abandono ser extremamente

doloroso para a criança, uma vez que ela experimenta a rejeição da mãe como uma

rejeição por parte de Deus, o mesmo é necessário, visto que é por meio dele que a

criança evolui rumo à independência, o que não pode ser conseguido sem o

distanciamento de suas origens - estado de alienação, - o que já ilustrava os mitos

de Prometeu e do Jardim do Éden. Deste modo, Abrams (1990, p. 64) coloca que

A experiência de abandono – concreta, emocional, psicológica – é, portanto, uma iniciação na vida. É uma repetição da expulsão do Éden, uma perda da inocência, uma decepção, assim como uma traição. Contudo é um acontecimento positivo, porque nos põe em movimento na nossa jornada, nos faz seguir as voltas do nosso caminho em busca da experiência e da identidade.

No entanto, o que vai dizer se a vivência do abandono será prejudicial ou

não para o desenvolvimento da criança é se esta já tem imagens internas

desenvolvidas do aspecto provedor da Grande Mãe10 que podem ser ativadas por

algo ou alguém capaz de abraçá-la, protegê-la, nutri-la e ajudá-la, num momento de

solidão, regenerando assim o eixo ego / Si – mesmo danificado. No conto de fadas

“Cinderela” de Jacob & Wilhelm Grimm “[...] Os animais oferecem a Cinderela a

ligação vital com os aspectos provedores da Grande Mãe que pode resgatá-la,

10 A Grande Mãe [...] assume três formas: A Mãe Bondosa, a Mãe Terrível e a Mãe Bondosa - Má. Os elementos femininos (e masculinos) bons configuram a ‘Mãe Bondosa’ que, tanto quanto a ‘Mãe Terrível, detentora dos elementos negativos, também pode emergir de forma independente da unidade da Grande Mãe. A terceira forma é aquela da ‘Grande Mãe’ que é boa e má e que permite a união de atributos positivos e negativos. (NEUMANN, 1998, p. 33).

11

livrando-a daquela vida miserável e do cerco da Mãe Terrível. Ela pode então tornar-

se princesa.” (ROTHEMBERG, 1990, p. 94).

Uma relação mãe-filho é o exemplo perfeito de uma situação de campo simbiótico necessária para a liberação da imagem arquetípica. Quando o arquétipo foi evocado com êxito e os primeiros estágios da relação primal se concluíram, o arquétipo pode tornar-se autônomo e funcionar como órgão independente. Ele então se manifesta com todos os símbolos transpessoais e com as qualidades características do arquétipo – e não apenas da mãe pessoal que o liberou. (NEUMANN, 1999, p. 70).

Diante disso, a vivência do abandono parece ser mais nefasta para aquela

criança que, por algum motivo, não conseguiu desenvolver imagens internas do

aspecto provedor da Grande Mãe e, por isso, a dor, o sofrimento e o terror

ocasionados pelo abandono da mãe acabam comprometendo o seu

desenvolvimento. Neste caso, a criança pode desencadear uma psicose, tendo em

vista que a não existência da mãe significa a própria morte da criança; ou

desenvolver um ego negativizado, pois ‘’Ser bom é ser amado pela própria mãe;

como a sua mãe não ama você, você é mau ’’’’ (NEUMANN, 1999, p. 71), o que

explica a tendência da criança abandonada em excluir-se do mundo; o sentimento

de culpa pelo abandono sofrido; a raiva que sente do mundo pela desgraça de sua

vida; e a necessidade de ir em busca de relações amorosas intensas na tentativa de

preencher esta lacuna de desamor.

Essa tendência a excluir-se, que o ego negativizado possui, intensifica a situação de abandono e o sentimento de insegurança da criança, e isto é o início de um círculo vicioso no qual a rigidez do ego, a agressão e o negativismo se alternam com sentimentos de abandono, de inferioridade e de desamor, cada conjunto de sentimentos intensificando o outro. [...]. (NEUMANN, 1999, p. 65)

[...] A situação patológica de uma criança abandonada em seu desamparo e dependência fá-la entrar em erupções de raiva e agressões ou, em termos

12

do simbolismo alimentar, desejos canibais e sádicos de devorar a mãe. (NEUMANN, 1999, p. 64).

A ausência de imagens internas do aspecto provedor da Grande Mãe a

impossibilita de ser redimida e, por isso, esta criança fica aprisionada no estado de

alienação, não conseguindo então dar andamento ao seu processo de individuação.

É como se estivesse almadiçoada, enfeitiçada e, por isso, seu comportamento

parece destoante e destrutivo não só em relação a si mesma, mas também em

relação aos outros. É preciso redimi-la, de modo que fique curada da maldição ou

feitiço.

De modo geral, estar enfeitiçado significa que uma certa estrutura da psique está mutilada ou danificada em seu funcionamento e o todo é, por conseguinte, afetado, pois todos os complexos vivem, por assim dizer, dentro de uma ordem social dada pela totalidade da psique; e é por isso que estamos interessados no motivo de enfeitiçamento e sua cura. (VON FRANZ, 1997, p. 22).

Diante disso, a redenção se faz necessária de modo a promover o re-

equilíbrio da psique, caso contrário, a estrutura mutilada ou danificada da psique

pode comprometer, por exemplo, a estrutura cognitiva da criança, ou seja, a

aprendizagem desta.

O desequilíbrio dessa auto-regulação da psique pode implicar o desequilíbrio da auto-regulação da estrutura cognitiva. Portanto, diante de um sujeito que apresenta na aprendizagem um sintoma de ordem psicogênica, devemos construir um vaso pedagógico que nos permita ouvir a voz do Self oferecendo canais para que a energia que está contida na sombra11 se manifeste. Esse é o caminho que, acredito, devamos percorrer

11 O termo sombra refere-se ao lado negativo da personalidade, a soma de todas as qualidades desagradáveis que o indivíduo quer esconder, o lado inferior, sem valor, e primitivo da natureza do homem, a “outra pessoa” em um indivíduo, seu próprio lado obscuro. (SOMBRA).

13

para que nossos alunos possam adquirir a liberdade e o direito de buscar a Sabedoria. (SARGO, 2000, p. 252 ss.)

A aprendizagem da criança que está sob a maldição, o feitiço do abandono

pode ser comprometida e, deste modo, a dificuldade de aprendizagem pode reforçar

ainda mais a imagem negativa que ela tem de si mesma, fazendo com que a mesma

se perceba com menor habilidade para aprender, com mais dificuldades

comportamentais e menos status intelectual para ajustar-se às demandas do meio, o

que favorece seu sentimento de inferioridade. (MEDEIROS; LOUREIRO;

LINHARES; MARTURANO, 2004).

Além do mais, o fato da criança abandonada estar aprisionada no estado de

alienação, devido à ausência da redenção, a impossibilita de cometer uma nova

hybris. Para ela, hybris e nêmesis estão intimamente relacionadas, haja vista que o

seu nascimento – hybris – foi severamente punido pelo abandono da mãe, por não

corresponder às suas expectativas – nêmesis -, como ilustra o conto de fadas “O

patinho feio” de Hans Christian Andersen.

Diante disso, a criança abandonada teme cometer novas hybris. Mas, sem

cometer novas hybris, a aprendizagem não se dá, pois como já foi visto aprender

etimologicamente significa agarrar, apanhar, segurar, apoderar-se de algo como, por

exemplo, o fogo - símbolo da inteligência - como o fez Prometeu; e o fruto proibido -

símbolo do conhecimento - como fizeram Adão e Eva. Somente sendo capaz de

cometer novas hybris é que a criança abandonada poderá entrar em contato com a

aprendizagem. Mas, para que a criança abandonada possa cometer novas hybris, a

mesma tem que ser redimida.

Parece aqui que o professor como educador pode ser um agente redentor

da criança abandonada. Isso porque educar etimologicamente vem do latim educo

14

cujos significados são criar, amamentar, levar para fora, fazer sair, tirar de, dar à luz,

produzir. (EDUCO, 1962).

Sendo assim, o professor que, na relação mestre-aprendiz, é capaz de

‘criar’, ‘amamentar’ a criança com histórico de abandono, permite com que imagens

internas do aspecto provedor da Grande Mãe se desenvolvam nesta criança,

podendo tais imagens serem ativadas num momento de solidão - redenção. A

atitude maternal do professor faz com que o eixo ego / Si – mesmo danificado seja

regenerado e, com isso, a criança abandonada é tirada, levada para fora do estado

de alienação, a qual estava aprisionada; enfim a criança é redimida, curada do

feitiço, da maldição. O patinho feio transforma-se em cisne.

É muito importante que o professor esteja consciente desse seu papel. Sua tarefa não consiste apenas de meter na cabeça das crianças certa quantidade de ensinamentos, mas também, em influir sobre as crianças, em favor de sua personalidade total. (JUNG, 1986, § 107a).

Mas, não só o professor auxilia no desenvolvimento da personalidade da

criança com histórico de abandono. A criança abandonada também auxilia no

desenvolvimento da personalidade do professor. Isso porque este, ao re-significar o

arquétipo da Grande Mãe para a criança abandonada está, ao mesmo tempo, re-

significando a sua própria experiência com este arquétipo, continuando assim o seu

processo de individuação.

A percepção de que, como professores, estamos nos desenvolvendo, ou seja, estruturando também a nossa personalidade e não somente a do aluno, é fundamental. Penso que daí pode decorrer outra atitude do professor em relação a seu papel, à medida em que ele se percebe incluído no processo de desenvolvimento, juntamente com seu aluno. (GALIÁS, 1989, p. 90).

15

Portanto, como afirma Sargo (2005, p. 93), “A escola é, assim, um espaço

importante para o desenvolvimento da consciência. É um espaço que deveria estar

voltado para o crescimento da criança e do educador”.

Esta é a proposta do livro “Por uma educação com alma: a objetividade e a

subjetividade nos processos ensino/aprendizagem” de Beatriz Scoz (2000), em que

são sugeridos o trabalho com a arte, com o corpo, com os sonhos; e o sandplay12 -

terapia na caixa de areia – como estratégias psicopedagógicas a serem utilizadas

pela escola, de modo a propiciar o crescimento tanto da criança quanto do

educador.

Porém, o que se tem observado na prática é a desvalorização da

subjetividade no contexto escolar, por mais ostensiva e inegável que seja a sua

importância. E parece que é este um dos desafios que o psicopedagogo tem à sua

frente, ou seja, descobrir novas trilhas, ainda que desconhecidas, que tragam a

subjetividade para a escola, de modo a tirar das sombras o sujeito que aprende.

12 O sandplay é uma técnica utilizada pela psicologia junguiana, desenvolvida por Dora Kalff em que o paciente cria cenários numa caixa de tamanho específico, utilizando areia, água e um grande número de miniaturas. Ao elaborar um cenário, o paciente fornece um constante retrato de seu estado emocional e um claro espelho de seu desenvolvimento analítico. (WEINRIB, 1993).

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