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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Renata Borges da Cruz Dantas A PROTEÇÃO JURÍDICA DAS MARCAS NOTÓRIAS CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Renata Borges da Cruz Dantas

A PROTEÇÃO JURÍDICA DAS MARCAS NOTÓRIAS

CURITIBA

2011

A PROTEÇÃO JURÍDICA DAS MARCAS NOTÓRIAS

CURITIBA

2011

Renata Borges da Cruz Dantas

A PROTEÇÃO JURÍDICA DAS MARCAS NOTÓRIAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Mário Augusto Batista de Souza

CURITIBA

2011

TERMO DE APROVAÇÃO

Renata Borges da Cruz Dantas

A PROTEÇÃO JURÍDICA DAS MARCAS NOTÓRIAS

Esta monografia foi julgada e aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, de de 2011.

____________________________________ Professor Doutor Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador de Monografias do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: _____________________________________ Prof. Mário Augusto Batista de Souza Membros: _____________________________________ Prof. 1º Membro da Banca _____________________________________ Prof. 2º Membro da Banca

Ao meu namorado Eduardo, pelo apoio, força e incentivo em todos

os momentos.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 08

2 MARCA .............................................................................................................................. 09

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MARCA.............................................................................. 09

2.2 CONCEITO DE MARCA.................................................................................................. 10

2.3 FUNÇÕES DA MARCA.................................................................................................... 12

2.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO DAS MARCAS...................................................................... 14

2.4.1 Princípio da territorialidade ........................................................................................... 14

2.4.2 Princípio da especialidade............................................................................................ 15

2.5 DO REGISTRO................................................................................................................ 16

2.6 DA PROTEÇÃO............................................................................................................... 19

3 DA MARCA NOTÓRIA....................................................................................................... 21

3.1 EFEITOS DA NOTORIEDADE......................................................................................... 22

3.2 CRITÉRIOS DE AFERIÇÃO DA NOTORIEDADE........................................................... 23

4 TIPOS DE MARCA NOTÓRIA............................................................................................ 25

4.1 MARCAS NOTORIAMENTE CONHECIDAS................................................................... 25

4.1.2 Características.............................................................................................................. 26

4.2 MARCA DE ALTO RENOME .......................................................................................... 28

4.2.1 Falta de critério para aferição de alto renome.............................................................. 29

4.2.2 Características.............................................................................................................. 30

4.2.2.1 Exceção ao princípio da especialidade das marcas.................................................. 30

4.2.2.2 Alto conhecimento do público em geral..................................................................... 30

4.2.2.3 Reputação.................................................................................................................. 30

4.2.2.4 Necessidade de registro no Brasil............................................................................. 30

4.3 MOMENTO DE VERIFICAÇÃO DO ALTO RENOME DE UMA MARCA......................... 31

5 NOTORIEDADE NOS ACORDOS INTERNACIONAIS...................................................... 33

5.1. TRATADOS INTERNACIONAIS..................................................................................... 33

5.2 CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS.............................................................................. 33

5.2.1 Objetivo da Convenção................................................................................................. 34

5.2.2 Objeto da Convenção................................................................................................... 34

5.2.3 Princípios informadores da convenção da União de Paris........................................... 35

5.2.3.1 Princípio do tratamento nacional............................................................................... 35

5.2.3.2 Princípio do tratamento unionista............................................................................... 35

5.2.3.3 Direito de prioridade................................................................................................... 36

5.3 PROTEÇÃO DA MARCA NOTORIAMENTE CONHECIDA NA CONVENÇÃO DE

PARIS..................................................................................................................................... 36

5.3.1 Competência do reconhecimento da marca notoriamente conhecida.......................... 37

5.3.2 Formas de Proteção...................................................................................................... 37

5.3.3 Prazos para cancelamento do registro e proibição de uso........................................... 38

5.3.4 Beneficiários do dispositivo........................................................................................... 38

5.4 ACORDO TRIPs............................................................................................................... 38

5.4.1 Introdução : GATT......................................................................................................... 38

5.4.2 Noções Gerais do TRIPs .............................................................................................. 39

5.4.3 Princípios Gerais do TRIPs........................................................................................... 41

5.4.3.1 Princípio do tratamento nacional................................................................................ 41

5.4.3.2 Princípio da nação mais favorecida........................................................................... 41

5.4.4 As marcas no TRIPs..................................................................................................... 42

5.4.4.1 Marcas notoriamente conhecidas no Acordo TRIPs.................................................. 43

6 CONCLUSÃO..................................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 47

RESUMO

O objeto deste trabalho é a Proteção Jurídica das Marcas Notórias. O trabalho é técnico e todo baseado em pesquisa bibliográfica, possuindo enfoque no âmbito nacional e nos acordos internacionais. O tema é explorado não dentro do contexto das falsificações propriamente ditas, mas enfatizando a proteção das marcas notórias. Atualmente, o legislador brasileiro tem-se incumbido de dispor de elementos que protejam as marcas notórias de maneira efetiva. Busca-se nessa pesquisa científica uma coesão no entendimento sobre a aferição da nomenclatura, sendo que nem os doutrinadores encontram posições paritárias, estabelecendo certo enigma na área da propriedade industrial, na esfera nacional e internacional.

Palavras-chave: Marcas Notórias; Âmbito Nacional; Acordos Internacionais; Proteção; Propriedade Industrial.

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1 INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade havia a associação entre a propriedade do objeto com a

atividade econômica desenvolvida, mas o caráter mercantil só passou a ser atribuído

tempos depois.

O direito das marcas faz parte do ramo da propriedade intelectual, do direito

privado. Sua importância nasce do fato das marcas carecerem de proteção, devendo

ser tuteladas em favor da exclusividade de seu titular, ou seja, àquele que efetuou o

registro de um signo distintivo.

O tema abordado na presente pesquisa demonstra a amplitude da

propriedade industrial e a forma pela qual ela deverá ser regulada em âmbito

nacional e internacional, já que a abrangência de pessoas conhecedoras de

determinadas marcas caracteriza a sua notoriedade, expõe e atrai interesses de

terceiros e, consequentemente, exige nível especial de proteção.

De outro vértice, busca-se aqui também estabelecer as diferenças existentes

entre os conceitos das marcas notoriamente conhecidas e de alto renome.

O fenômeno da notoriedade atribui vantagens às marcas assim classificadas,

agregando, por outro lado, grandes prejuízos aos titulares dos respectivos registros

no que tange a visibilidade para falsificações e usurpações.

Com a evolução midiática e a facilidade de acesso às grandes marcas, surgiu

uma preocupação redobrada nos acordos internacionais e legislação

infraconstitucional em definir conceitos e conferir proteção proporcional ao assédio

sofrido.

No Brasil, a lei nacional está em consonância com os tratados internacionais,

com espaços para que o operador do direito a aplique de forma discricionária em

observância ao caso concreto.

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2 MARCA

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MARCA

Desde a antiguidade era necessária a associação da propriedade do objeto

com a atividade econômica desenvolvida, porém, ainda não se podia atribuir a

mesma o sentido comercial, por não visarem à conquista de clientela.

Na Idade Média é que as marcas encontram sua origem com característica

de propriedade. Foi nesta época que as mesmas passaram a ter função de indicação

do estabelecimento fabricante e/ou comerciante dos produtos teve que promover um

mecanismo representativo e distintivo na figura de suas atribuições e finalidades,

antevendo conseqüências no âmbito jurídico. (MORO, 2003).

Para Strenger (2004), a origem certa e atual da marca deu-se com a

Revolução industrial, iniciada na Inglaterra no fim do século XVIII, com o

aparecimento de novos maquinários, fontes de energia, matérias- primas,

procedimentos de trabalho, que deram ensejo à fabricação em série de produtos

padronizados, sobre os quais a marca era chamada a atuar com toda força.

Nos tempos modernos, a primeira regulamentação que se conhece é

francesa, de abril de 1803. Nessa regulamentação não foi exigida a obrigatoriedade

das marcas nos produtos, diferente do que ocorria na Idade Média. Porém, foi a lei

francesa de 1857, que serviu de paradigma para muitas legislações, inclusive

brasileiras.

Segundo Maitê Cecília Fabri Moro:

A primeira lei específica sobre propriedade industrial no Brasil, Dec. 2.682, surgiu em 1875. Foi reclamado por Rui Barbosa junto à Câmara dos

10

Deputados, que no caso Rapé Areia Preta x Rapé Areia Parda viu seu cliente prejudicado por falta de lei. 1 (2003, p. 28).

Atualmente, as marcas buscam qualificar e individualizar a representação de

um determinado produto ou serviço que obtenham alguma semelhança ou

identicidade com outros. De acordo com Kotler “nomes poderosos de marcas têm

franquia do consumidor, ou seja, comandam a forte lealdade dos consumidores”

(1999, p. 195). Grande parte do público consumidor exige essas marcas, recusando

outras que possam vir a substituí-las, mesmo quando oferecidas a preços mais

baixos.

O objetivo deixa de ser apenas a caracterização da unicidade do produto,

mas sim, simbolizá-lo como uma significativa importância econômica para o detentor

do registro. Para Kotler (1999), esse é o motivo pelo qual as empresas fazem

grandes investimentos para terem reconhecimento e preferência nacionais ou

globais de suas marcas.

A atual lei brasileira que regula a propriedade industrial é a Lei 9.279, de

14.05.1996, responsável pela revogação do Código de Propriedade Industrial, Lei

5.772 de 21.12.1971, e o Decreto- lei 7.903, de 27.08.1945.

2.2 CONCEITO DE MARCA

De acordo com Requião “a marca é o sinal distintivo de determinado

produto, mercadoria ou serviço”. (2006, p. 242).

Pontes de Miranda, citado por Denis Borges Barbosa afirma:

As marcas são sinais distintivos apostos a produtos fabricados, a mercadorias comercializadas, ou a serviços prestados, para a identificação do objeto a ser lançado no mercado, vinculando-o a um determinado titular de um direito de clientela. Sujeitas a registro, são propriedade industrial a

1 O Acórdão, de 1874, não reconheceu o direito da autora por não estar previsto, nem no Código, nem em lei, o delito de contrafação das marcas de indústria e de comércio.

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partir do mesmo, não se concebendo, no direito brasileiro vigente, direito natural de ocupação sobre a marca. No entanto, a partir do depósito haveria uma expectativa de direito, suscetível, entendem alguns, inclusive de proteção possessória. (MIRANDA, 1971, p. 73 e ss citado por BARBOSA, 2003, p. 799)

O artigo 122 da Lei 9.279/96 afasta o registro das marcas olfativas,

gustativas ou sonoras, exigindo o caráter visual nas marcas. 2

Segundo Kotler “a marca é um nome, termo, signo, símbolo ou design, ou

uma combinação desses elementos, para identificar os produtos ou serviços de um

vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los dos seus concorrentes”. (1999, p.

195).

A marca não precisa identificar a origem do produto ou serviço, precisa

apenas diferenciar um produto ou serviço de outros produtos ou serviços,

visualmente. As marcas não necessariamente indicam a qualidade do produto ou do

serviço, mas indicam de onde os mesmos provêm, servindo de referencial para o

consumidor no que se refere à qualidade.

Para Moro (2003), a marca é composta por três elementos: o signo, de

realidade intangível, que necessita adquirir forma sensível, materializando-se no

produto comercializado; o produto, que é o objeto tangível no qual o signo se opõe;

e por fim o elemento subjetivo, sendo este o elemento psicológico, que deve ser

reconhecido para a efetividade de uma marca. Em suma, o empresário busca uma

associação do signo ao produto, capaz de se estabelecer na mente do público -

consumidor, com a finalidade que estes façam a associação signo-produto em

conjunto com todos os elementos advindos de tal relação, gerando a atratividade do

produto e garantindo sua clientela, em busca de sua perpetuação.

De acordo com Denis Borges Barbosa:

2 Art. 122: são suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.

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[...] marca é o sinal visualmente representado, que é configurado para o fim específico de distinguir a origem dos produtos e serviços. Símbolo voltado a um fim, sua existência fáctica depende da presença destes dois requisitos: capacidade de simbolizar, e capacidade de indicar uma origem específica, sem confundir o destinatário do processo de comunicação em que se insere: o consumidor. Sua proteção jurídica depende de um fator a mais: a apropriabilidade, ou seja, a possibilidade de se tronar um símbolo exclusivo, ou legalmente unívoco, em face do objeto simbolizado. (2003, p.803).

No artigo 123 da Lei 9.279/96, são estabelecidas três espécies de marcas,

tendo como critério de classificação a finalidade do uso (ROCHA FILHO, 2000).

Em seu inciso I, fala-se da marca de produto ou serviço, que tem como

função distinguir um produto ou serviço de outro igual, similar ou afim.

A marca de certificação, preconizada pelo inciso II, se ocupa da função de

“atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou

especificações técnicas, especialmente quanto à qualidade, natureza, material

utilizado e metodologia empregada”, sendo este instrumento é mais do que apenas

uma identificação de produtos idênticos ou similares, tendo como objetivo primordial

atestar que o produto está em conformidade com as normas e padrões específicos

de um órgão que o rege.

O inciso III do artigo supra mencionado, traz a marca coletiva, a qual

identifica produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade,

que regulamentará sua utilização. Esta poderá ser dada por uma série de produtores

diferentes.

Ressalta-se que embora tenham natureza no sinal distintivo, com

finalidades inconfundíveis e diferenciadas, o mesmo sistema jurídico é adotado para

todas, respeitando a individualidade de cada interpretação.

2.3 FUNÇÕES DA MARCA

Para os empresários, as marcas funcionam como meios de atração da

clientela diferenciando produtos e serviços em relação aos concorrentes. Também

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tem a função de resguardar os interesses do consumidor referente à qualidade ou

proveniência de produto ou serviço, servindo como referencial para que o

consumidor possa escolher seguindo sua vontade.

Segundo Maurício Lopes de Oliveira citado por Marlon Tomazette:

A marca tem duas funções: função distintiva e função de indicação de procedência, isto é, ela distingue um produto ou serviço de outro e serve para indicar ao consumidor a origem do produto ou serviço, não necessariamente com a indicação concreta de seu fabricante. (OLIVEIRA, 2000, p. 4-7 citado por TOMAZETTE, 2009, p. 141).

A função distintiva é considerada intrínseca à marca, pois sem ela a marca

perde sua essência. Portanto, essa função é utilizada para distinguir, diferenciar,

separar um produto ou serviço dos demais, sendo uma das condições de validade

da marca.

A função de indicação de origem ou procedência, nos tempos remotos, foi

considerada a função por excelência da marca. A finalidade da marca era indicar ao

consumidor o local em que o artigo tivesse sido fabricado, a casa que o vendesse ou

o artesão que o produzisse. Cabe salientar que no decorrer dos anos a marca

passou a ser definida como fonte de identificação de um produto, ultrapassando a

simples definição de procedência do mesmo, inclusive deixando de indicá-la. Por tal

razão, é uma função que gera polêmica entre muito doutrinadores, havendo autores

que a aceitam como função exercida pela marca, e outros que a consideram

ultrapassada.

Newton Silveira traz uma observação pertinente com relação à função de

indicação de origem da marca, citado por Moro:

A marca não é sinal de origem dos produtos, no sentido que tenham sido fabricados em determinado local. É sinal de origem no sentido de que o proprietário do sinal é o responsável pela fabricação do produto (quando se tratar de marca de indústria), determinando quem e como o fará. A aposição da marca significa que ele foi feito sob responsabilidade do

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proprietário do sinal, por ele fabricado ou como se tivera sido fabricado por ele. (SILVEIRA, 1997, P. 87 citado por MORO, 2003, p.40).

A função de indicação de qualidade traduz a atribuição dos consumidores, de

certa qualidade aos produtos que carregam uma determinada marca. O consumidor

conhece os padrões de qualidade da marca e os usa como parâmetros na hora da

compra. Pode-se perceber, portanto, que essa função almeja determinar um controle

de qualidade, seja satisfatório ou não.

Outra função de suma importância é a econômica. A empresa, ao adotar

métodos rigorosos de controle de qualidade, atribui à marca um importante valor

econômico. Assim, pode-se dizer que em muitos casos o valor conquistado pela

marca de determinada empresa é muito superior aos bens materiais a ela

pertencentes. Embora este valor não seja de fácil mensuração, deve ser

reconhecido.

A Lei 9.279/1996, em seus arts. 125 e 126, reconhece expressamente a

importância econômica que algumas marcas possuem como é o caso das marcas

de alto renome e as marcas notórias.

Para Moro (2003), trata-se a função publicitária como meio pelo qual o público

toma conhecimento de uma determinada marca. A publicidade é responsável pela

difusão da marca e tem como objetivo primordial a criação de uma imagem, uma

identidade, o que faz com que o consumidor, na dúvida entre produtos similares,

opte por aquele que lhe é mais familiar, subsistindo a fidelidade do público-

consumidor com a marca.

2.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO DAS MARCAS

2.4.1 Princípio da territorialidade

15

Nas palavras de José Roberto Gusmão citado por Maitê Cecília Fabri Moro:

O princípio da territorialidade inerente ao direito de propriedade industrial, em geral, deriva do princípio maior da territorialidade das leis, segundo o qual as leis de determinado Estado são aplicáveis única e exclusivamente no território daquele Estado. (GUSMÂO, 1996, p.86 citado por MORO, 2003, p. 64).

A propriedade de uma marca em um determinado país produz efeitos apenas

em seu território. Portanto, aqueles que têm uma marca registrada em outro país, e

quiserem fazer valer a proteção no Brasil, deverão proceder ao registro no território

brasileiro.

Registrada a marca, a mesma será de domínio de um particular ou de um

ente público em todo o território brasileiro, não importando o local da obtenção do

registro, sendo conferido ao titular do mesmo a exploração de qualquer atividade

lícita sobre a marca.

O princípio da territorialidade comporta uma exceção, que é o caso da marca

notoriamente conhecida, tema que será abordado adiante.

2.4.2 Princípio da especialidade

O princípio da especialidade baseia-se na idéia de proteção do signo e sua

vinculação direta com o produto ou serviço assinalado pelo titular. Assim, no

momento do registro da marca, o depositante deve especificar o tipo de produto ou

serviço ao qual se destinará, ou seja, designar a classe e o ramo de atuação. Uma

vez registrado o signo, não se aceitam outros registros iguais ou similares a serem

registrados posteriormente para o mesmo tipo de produto ou serviço.

Conforme elucida Maitê Cecília Fabri Moro:

Há uma grande diferença entre classe e ramo de atividade, pois nem sempre o ramo de atividade está contido em uma só classe, podendo ser mais abrangente que esta. E não necessariamente os produtos ou serviços

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elencados em uma classe pertencem a um mesmo ramo de atividade. Para o titular da marca, melhor é a proteção em seu ramo de atividade, pois é neste que ele poderá sofrer mais prejuízos se um terceiro registrar marca igual ou semelhante à sua, para assinalar produto igual ou afim. (2003, p. 70).

O STJ afirmou que “o direito de exclusividade de uso de marca, decorrente do

seu registro no INPI, é limitado à classe para qual é deferido, não sendo possível a

sua irradiação para outras classes de atividades”.3

No entanto, é de suma importância ressaltar que este princípio não atinge as

marcas de alto renome, que tem aplicação especial segundo disposto no artigo 125

da Lei de Propriedade Industrial em vigência, e nos casos de aproveitamento

parasitário, que se resume no exercício irregular do direito, como a usurpação da

marca, podendo ocasionar prejuízo ao titular do registro. Tais exceções serão

analisadas de forma aprofundada posteriormente.

2.5 DO REGISTRO

O registro de marca deverá ser pleiteado perante a Diretoria de Marcas do

INPI, por meio de requerimento dirigido ao Presidente do Instituto 4.

O sistema brasileiro é baseado nas condições negativas de validade das

marcas, ou seja, baseia-se nos casos em que não pode ser um signo registrado

como marca, sendo assim, para ser válida uma marca não pode encontrar-se

enquadrada no rol dos motivos de recusa enumerado em lei.

Para Moro (2003), as condições negativas determinadas por lei para a

classificação de marcas se dividem em dois aspectos: as condições quanto ao

próprio signo e as quanto às características do signo. A primeira classificação

3 STJ- 4ª Turma – RESP 142.954/SP, Relator Ministro BARROS MONTEIRO, DJ de 21/09/1999. apud TOMAZETTE, Marlon, obra citada, p. 162. 4 O Presidente do INPI, pelo Ato Normativo nº 131, de 23.04.1997, adequou os procedimentos administrativos relativos ao registro de marcas às normas da Lei 9.279/96.

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concerne nas condições relacionadas com a forma ou com a função exercida pela

marca.

As condições relativas às características do signo se subdividem em gêneros

de distintividade, disponibilidade e licitude.

A distintividade é condição de validade da marca e já explicada supra. A

disponibilidade demonstra a inexistência de registro anterior àquele que se quer

registrar, além de não possuir nenhum óbce proveniente de proibição e impedimento

de registro conferido pela lei. A marca deve ser lícita e não defesa em lei. A validade

do registro se dará quando não for encontrada nenhuma interdição legal resultante

de razão comercial, que não seja contra à moral e aos bons costumes, ou em função

de ordem pública.

O artigo 124 da Lei enumera o que não é passível de registro:

Art. 124. Não são registráveis como marca: I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação; II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração; IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público; V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos; VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda; VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo; IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica; X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;

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XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza; XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154; XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento; XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país; XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular; XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou serviço a distinguir; XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia; XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva; XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico; XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia.5

Segundo Maitê Cecília Fabri Moro:

As condições positivas são aquelas que devem estar presentes nos signos registráveis como marca. Encontravam-se enunciadas no art. 64 da Lei 5.772/1971e podiam ser divididas em dois grupos: a) quanto à destinação, na qual inserem-se as marcas de indústria e comércio e a marca de serviço; b) quanto à configuração, levando-se aqui em consideração a forma de apresentação da marca, em que se incluem as marcas nominativas, as marcas figurativas, as marcas mistas e as marcas tridimensionais. A estas últimas vedava, a Lei 5.772/1971, registro como marca. (2003, p. 58).

5 BRASIL. Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade Industrial. Diário Oficial, Brasília, 15 de maio de 1996.

19

A classificação acima é aplicável à Lei 9.279/1996, acrescentando-se à

mesma aos signos registráveis, segundo sua destinação, as marcas de certificação

e as marcas coletivas. Já no que diz respeito à apresentação, foi reconhecida a

existência de marcas tridimensionais com a referida Lei.

2.6 DA PROTEÇÃO

Segundo João da Gama Cerqueira citado por Moro:

Mas o esforço, a inteligência, o trabalho dos industriais e comerciantes, empregados no aperfeiçoamento de seus produtos e na consolidação de seus créditos profissionais, seriam inteiramente frustrados se não os amparasse e protegesse a tutela do Estado, pondo-os coberto da concorrência desleal que pessoas menos escrupulosas poderiam exercer contra seus interesses, aproveitando-se do renome das marcas mais conhecidas e da confiança imposta aos consumidores, para usufruir, na sombra, o fruto do trabalho alheio. Por outro lado, o público ver-se-ia iludido na sua boa-fé, expondo-se a adquirir mercadorias de qualidade inferior ou, pelo menos, diferentes das que desejasse, se não pudesse ter certeza da legitimidade da marca que está habituado a procurar. Daí a proteção que a lei dispensa às marcas industriais, proteção que compreende a garantia do seu uso exclusivo e, como conseqüência, a repressão às contrafações. (CERQUEIRA, 1946, p. 346 citado por MORO, 2003, p. 62)

A proteção conferida pelo registro de marca abarca o direito de impedir o uso

de marca idêntica ou semelhante, que possa vir a gerar confusão sobre a marca, ou

sobre a proveniência de produto ou serviço. Maurício Lopes de Oliveira citado por

Marlon Tomazette, afirma:

O risco de confusão ocorre quando a semelhança entre as marcas em questão possibilite que um sinal seja tomado pelo outro ou que o consumidor considere que há identidade de proveniência entre produtos ou serviços que os sinais identificam. (OLIVEIRA, 2000, p. 21 citado por TOMAZETTE, 2009, p. 160).

Havendo esse risco, o titular da marca tem direito de impedir o seu uso,

respeitando-se os princípios da territorialidade e especificidade.

20

São prerrogativas do titular da marca: a cessão do registro ou do pedido de

registro; a licença do uso da marca; e o cuidado pela integridade material e

reputação da marca.

É pacífico que não é admissível dar proteção a sinais distintivos contrários à

moral e às idéias, religiões e sentimentos veneráveis 6. Por exemplo, não se admite

registro que incite ao consumo de tóxicos.

6 Art. 124, III; e Convenção de Paris, art. 6º, 2º, parte III.

21

3 DA MARCA NOTÓRIA

Antes de adentrar no tema propriamente dito, se faz importante definir o

significado do termo.

Conforme expõe Denis Barbosa:

Quando, em virtude de seu prestígio, a marca tem poder evocativo que ultrapassa os limites de seu mercado, setorial ou geográfico, tem-se a marca notória. (...) a questão da marca notória vem a ser exatamente a existência de um valor econômico (a boa fama) num mercado em que o seu possuidor não atua diretamente. (2003, p. 872).

Notório é a qualidade do que é ostensivamente público e conhecido. As

marcas notórias foram objeto de proteção desde a Convenção da União de Paris,

em 1883, que dispõe:

Os países contratantes se obrigam a recusar ou invalidar, seja de ofício se a legislação do país o permitir, seja a requerimento do interessado, o registro de marca de fábrica ou de comércio que constitua a reprodução ou a imitação, suscetível de causar confusão, de marca que a autoridade competente do país do registro estimar ali ser notoriamente conhecida como sendo de um cidadão de outro país contratante e utilizada para produtos idênticos ou similares7

Cabe salientar, que há certa dificuldade na definição clara da palavra

notoriedade em relação à marca, no que diz respeito às formas que a levam a ser

conhecida, tendo em vista que não há critérios objetivos traçados pela lei de

propriedade industrial enfocando esse gênero. Tal fato também ocorre por ser

medido pelo conhecimento do público, que se dá das formas mais variadas

possíveis. Essa dificuldade de definição representa também uma dificuldade de

delimitação da mesma.

7 Art. 6º, alínea 2, da Convenção da União de Paris, de 1883.

22

De acordo com Moro, “a notoriedade não se confunde com a reputação de

uma marca, pois esta além de alcançar o conhecimento de um grande número de

pessoas, tem condão qualitativo”. (2003, p. 86).

Portanto, cabe afirmar que a notoriedade de uma marca atribui caráter de alto

renome e de conhecimento de grande parte do público consumidor, o qual será

aprofundado posteriormente nesta pesquisa científica.

3.1 EFEITOS DA NOTORIEDADE

Para definir os efeitos da notoriedade das marcas, antes se faz necessária

uma subdivisão.

Para Barbosa (2003), a notoriedade se ocupa na direção de duas vertentes: a

Territorialidade e a Especialidade da proteção, que resumem, respectivamente, a

proteção da marca em seu local de registro e a determinada classe de atuação.

Na ótica de Maitê Cecília Fabbri Moro,

(...) a notoriedade pode ser motivo para aumentar a esfera de proteção da marca. Este fato é que proporciona às marcas notoriamente conhecidas e às marcas de alto renome uma proteção avantajada em relação àquelas marcas ditas ‘ordinárias. Ademais, pode-se dizer que, pela notoriedade, a proteção se estende também a casos nos quais a marca é utilizada por terceiro como nome comercial. (2003, p.85).

Enquanto se fala em notoriedade da marca, é de suma importância utilizar a

expressão secondary meaning, que quer dizer “significado secundário”, quando o

signo adquire resultado secundário diferente do original, ou seja, um signo não

distintivo, passa a ser considerado distintivo.

Tenta-se preservar a marca quando “famosa” quando um signo passa a ser

distintivo, sem que a mesma seja rotulada em um grau genérico e passe a ter

23

ligação com produtos ou serviços similares, porém sem graduação para tanto. O

objetivo primordial é evitar que a marca se degenere.

Conforme Fabio Ulhoa Coelho:

A degeneração de marca notória é um interessante fenômeno mercadológico, que se verifica quando os consumidores passam a identificar o gênero do produto pela marca de um de seus fabricantes. Marcas como aspirina, gilete e fórmica encontram-se degeneradas, na medida em que deixaram de identificar certo produto. Fornecido por determinado empresário, e passaram a se referir ao gênero, incluindo produtos concorrentes. A degeneração é altamente prejudicial ao empresário, porque a marca deixa de cumprir com sua função essencial. Todos os investimentos em publicidade para tornar notória a marca podem se perder, pelo exagero da notoriedade. (2005, p. 172)

A capacidade de tornar um signo distintivo dependerá também da atuação do

titular da marca nas campanhas publicitárias veiculadas, da distribuição do produto,

entre outras ações. É fundamental que o público seja capaz de fazer uma

associação do signo-produto, e que esta seja consolidada na mente do consumidor,

para que o produto não seja lembrado apenas como signo genérico, mas como um

diferenciador do produto, um signo distintivo.

3.2 CRITÉRIOS DE AFERIÇÃO DA NOTORIEDADE

Alguns critérios foram delimitados pela doutrina e pelo INPI a fim de introduzir

parâmetros objetivos para que não fossem cometidas injustiças, devido á

subjetividade do tema.

Cabe ressaltar que é muito difícil estabelecer critérios objetivos para decidir

sobre notoriedade de uma marca, pois sempre restará uma dose de subjetivismo

ligado ao caso concreto.

Alguns doutrinadores elencam alguns critérios que devem ser levados em

consideração, como: o grau de conhecimento pelo público; a determinação do

24

território onde se dá o conhecimento; os valores transmitidos pelas mascas

afamada, decorrentes de características intrínsecas aos produtos.

Denis Barbosa conceitua os métodos de apuração da notoriedade, quando se

baseia nas Recomendações Conjuntas de 1999 da OMPI, afirmando que:

Não é aceitável que se faça valer simplesmente o bom senso de examinadores ou do juiz; a notoriedade deve ser apreciada segundo o princípio geral de livre convencimento, mas sempre com base em apuração factual do conhecimento da marca, segundo o critério legal. Certamente não se aplica aqui a regra latina do notória non egent probatione. De acordo com as Recomendações Conjuntas de 1999 da OMPI,

‘The degree of knowledge or recognition of a mark can be determined through consumer surveys and opinion polls. The point under consideration recognizes such methods, without setting any standards for methods to be used or quantitative results to be obtained.’ ” (2003, p. 882).

Tem-se como forma mais eficaz de aferição de notoriedade, tendo em vista a

variedade de critérios referidos, é uma pesquisa de opinião realizada por órgão

independente8, não podendo deixar de considerar o alto custo de tal realização.

8 “Considerando ensinamentos doutrinários de ilustres juristas e profundos conhecedores da matéria, sobre o que de fato constitui notoriedade de marca, chega-se à conclusão de que apenas uma pesquisa de opinião pública seria o meio competente para sua constatação” (JF/RJ- 6 VF, AO 7.076.304, sentença confirmada pelo TRF2- AC 90.02.13987-0- Rel. Arnaldo Lima – DJ 10.08.1995).

25

4 TIPOS DE MARCA NOTÓRIA

A questão da notoriedade e a existência de duas espécies dentro desse

gênero no ordenamento jurídico brasileiro, sendo elas: as marcas notoriamente

conhecidas e as marcas de alto renome, já foram explicitadas supra. Ao realizar

essa pesquisa científica, percebe-se que os doutrinadores tentaram arduamente

chegar a conceitos bem definidos sobre os derivados das marcas notórias, além de

evitar decisões contraditórias dos tribunais referentes a assuntos referentes à

mesma matéria.

A distinção se faz presente sem que haja uma diferença de graus, mas sim

de institutos distintos, que são comumente notórios, ou têm como ponto em comum

a notoriedade.

4.1 MARCAS NOTORIAMENTE CONHECIDAS

As marcas notoriamente conhecidas são famosas no seu segmento

mercadológico, dentro de seu ramo de atuação. Assim, a proteção fica restrita ao

ramo de atividade, independente do registro do país, com exceção do princípio da

territorialidade. Portanto, goza de proteção especial, bastando que seja considerada

como notoriamente conhecida pelo INPI, o qual não poderá fazer registro da mesma

marca ou similar.

Neste sentido, Marlon Tomazette afirma que “se uma marca for notoriamente

conhecida, ela é protegida independentemente de estar registrada no país, mas

essa proteção será restrita ao seu segmento mercadológico”. (2009, p. 165).

Marcelo M. Bertoldi e Márcia Carla Pereira Ribeiro estabelecem uma

importante diferença entre a marca notoriamente conhecida e a de alto renome:

26

A marca de alto renome difere da marca notoriamente conhecida pelo faro de que esta somente ganha proteção em seu próprio ramo de atividade, ou seja, sua proteção se dá tão somente em relação aos produtos e serviços idênticos ou similares, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil, enquanto a marca de alto renome é protegida em todos os ramos de atividade, desde que devidamente registrada no Brasil. (2006, p. 114).

4. 1.1 Características

Maitê Cecília Fabbri Moro enumera as características de uma marca

notoriamente conhecida:

As características comuns que apresentam as marca notoriamente conhecidas são as seguintes: exceção ao princípio da territorialidade (A); elevado grau de conhecimento pelo público consumidor (B); proteção especial às marcas nacionais e estrangeiras não registradas no Brasil (C); e restrição a produtos idênticos ou similares (D). Aproveitar-se-á ainda para se fazer uma observação sobre marcas de serviço (E). (2003, p. 103).

A marca notoriamente conhecida é exceção do principio da territorialidade, de

tal sorte que, são acolhidos os casos em que a marca é reconhecida pelo público,

mas que ainda não tenha um proprietário original do signo distintivo se apropriando

da mesma. Essa espécie de marca deverá ser protegida como se houvesse registro

ou depósito feito por seu titular de direito.

Neste diapasão, Moro salienta que o território de aferição da marca notória é

aquele onde se queira registrá-la, tal entendimento já foi pacificado pela doutrina e

jurisprudência, como pode-se observar:

O tema, à primeira vista, diante da liberdade da redação do artigo 126 da Lei de Propriedade Industrial, não ofereceria muita dificuldade interpretativa. De fato, dispõe a referida norma que ‘a marca conhecida em seu ramo de atividade nos termos do artigo 6 bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil’ (...). Resulta dos termos na Convenção da União de Paris que o país-membro não é obrigado a proteger marcas notoriamente conhecidas, mas que não o são dentro de seu território. Portanto, a proteção se dirige a ‘uma marca que a autoridade competente do país do registro ou do uso considere que nele é notoriamente conhecida. (2003, p. 107)

27

Com relação ao elevado grau de conhecimento da marca pelo público

consumidor, observa-se que é elemento essencial para que a mesma seja

reconhecida. Essa característica tem proteção especial na lei pelo alto grau de

conhecimento e relação que o público faz entre a marca notoriamente conhecida e o

produto ou serviço, e que se fosse utilizado por terceiros geraria confusão, além de

prejuízos ao titular do direito.

No que diz respeito à proteção de marcas nacionais e estrangeiras não

registradas no Brasil, Maitê Cecília Fabri Moro elucida o seguinte:

Segundo a legislação brasileira, uma marca, não registrada no território nacional, considerada aqui notoriamente conhecida, pode constituir anterioridade para outras marcas que a imitem ou reproduzam, total ou parcialmente. Desta forma, mesmo não registrada, pelo grau de conhecimento que possui junto ao público brasileiro, a marca é protegida. Atribui-se-lhe uma proteção especial que impede o registro de outra marca que a imite ou reproduza, no seu ramo de atividade. Esta proteção visa a evitar que terceiros se aproveitem de sua fama, invocando seu registro. (2003, p. 104).

Por serem mais conhecidas, as marcas notórias estão sujeitas ao maior

assédio de eventual usurpação, razão pela qual usufruem de proteção ampla e

especial.

Com relação aos produtos idênticos ou similares o conhecimento exigido

restringe-se ao público consumidor desses produtos.

Novamente citando as palavras de Maitê Cecília Fabri Moro:

Há de se analisar dois métodos que podem ser adotados para se especificar o que venha a ser produto ou serviço similar: um estritamente objetivo e jurídico, e um outro econômico. O primeiro só considera como similares os produtos ou serviços cuja natureza e uso são muito próximos ou têm um destino comum. O segundo, econômico, é mais flexível, e considera similar o produto que, por alguma razão, possa ser confundido em sua origem. (2003, p. 105).

28

Como ultima característica temos as marcas de serviço, cabe salientar que foi

inserida como dispositivo legal no na TRIPs, sem ter o embasamento na Convenção

da União de Paris, que será abordado com maior precisão em tópico subseqüente.

4.2 MARCA DE ALTO RENOME

Tem-se como marca de alto renome aquela que é conhecida da população de

forma geral, sendo um fator de diferenciação relevando, ou seja, ela implica algo

mais do que seu significado óbvio e imediato. Possui alto grau de conhecimento e

atração perante o público, dando-lhe sensação de segurança ao utilizá-la.

O artigo 125 da Lei 9.279/96 dispõe que “à marca registrada no Brasil

considerada de alto renome será assegurada proteção especial, em todos os ramos

de atividade”.

Como mencionado supra, a marca de alto renome representa exceção ao

princípio da especialidade, pois o grau de conhecimento das marcas dessa espécie

extrapola os ramos de atuação para que a mesma foi registrada. Assim, segundo

Marlon Tomazette “a força da marca de alto renome não se limita ao seu ramo de

atuação e, por isso, sua proteção deve-se estender indistintamente a todos os ramos

de atuação”. (2009, p. 163). A confiança do público na marca de alto renome será

estendida a outros ramos aos quais o mesmo empresário possa vir a se dedicar.

São dois os elementos que devem estar presentes na marca de alto renome:

o conhecimento da marca deve ser considerado perante o público em geral, e não

só por parte dos consumidores do produto ou serviço; e ser uma marca que assinala

produtos de qualidade.

A proteção especial conferida pelas marcas de alto renome deverá ser

requerida ao INPI, pela via incidental, como matéria de defesa, quando da oposição

29

a pedido de registro de marca de terceiro ou do processo administrativo de nulidade

de registro de marca de terceiro, nos moldes da Resolução 121/2005 do INPI.

Segundo Tomazette “podem ser consideradas marcas de alto renome:

COCA-COLA, BRASTEMP, BMW, HARLEY DAVIDSON, MERCEDES-BENZ... No

Brasil, já se reconheceram de alto renome as marcas DAKOTA, PICA-PAU E

GOODYEAR”. (2009, p. 164).

A aferição de alto renome depende de prova e formalidades específicas do

INPI, não cabendo a qualquer a simples atribuição de cunho o alto renome pela

qualidade da marca.

4.2.1 Falta de critério para aferição de alto renome

A Lei é omissa no sentido de não fornecer nenhum critério para que se

declare uma marca como possuidora de alto renome.

Nesse sentido, pela falta de critérios citados na lei, a doutrinadora Maitê

Cecília Fabbri Moro discorre:

Para se concluir estar diante de uma marca de alto renome, dois elementos deveriam ser observados cumulativamente: a) deveria o sinal gozar de renome que transcenda o segmento de mercado para o qual ele foi originariamente destinado; e b) deveria o sinal gozar de um renome especial, de maneira que se possa enquadrá-lo como marca de alto renome. E, na aferição do renome de uma marca, podiam servir como subsídios alguns fatos, tais como: a) valor da marca no ativo da empresa; b) valor dos gastos em propaganda diretamente relacionados com a marca; c) abrangência de mercado interno e externo, com número estimado de consumidores e esclarecimentos de sua participação relativa no setor; d) enumeração das empresas nacionais e estrangeiras que utilizam a marca e sua relação com as alíneas b e c; e) enumeração de países em que a marca se encontra registrada; f) data inicial do uso efetivo da marca no Brasil, acompanhada de documentação comprobatória possível; g) pesquisa de opinião pública; e h) outras informações que os interessados julguem necessárias ao suporte do pleito. (2003, p. 111).

Entretanto, cabe salientar que esses critérios estarão presentes em todas as

marcas de alto renome, não podendo ser considerados como elementos

30

característicos de todas as marcas de alto renome. De todos os critérios elencados

acima, o mais eficaz é a pesquisa de opinião pública.

4.2.2 Características

As características mais relevantes para as marcas de alto renome serão

citadas nos tópicos que seguem.

4. 2.2.1 Exceção ao princípio da especialidade das marcas

A marca de alto renome representa uma exceção ao princípio da

especialidade por ser conferida a ela uma proteção especial além do ramo de

atividade em que se encontra registrada, ou seja, em todos os ramos de atividade.

4.2.2.2 Alto conhecimento do público em geral

Nessa característica, faz-se importante ressaltar que o conhecimento

estende-se ao público em geral, diferente do que ocorre com a marca notoriamente

conhecida.

4.2.2.3 Reputação

A reputação de uma marca pressupõe alto conhecimento do público

consumidor em geral, e lhe transmite valores, advindos da qualidade do produto.

A marca de alto renome pode ser vista como um símbolo de qualidade, no

entanto, não há uma regra que diga que os produtos ou serviços de melhor

qualidade devam ser considerados de alto renome. Essa consagração virá do

público.

4.2.2.4 Necessidade de registro no Brasil

31

O art. 125 da Lei de Propriedade Industrial brasileira entende que a marca de

alto renome para ser reconhecida deverá estar registrada no Brasil. Fato este

presumível, uma vez que a marca de alto renome é exceção do princípio da

especialidade e não do princípio da territorialidade.

É passível de verificação que muitos casos de marcas de alto renome são

casos de marcas internacionalmente conhecidas, como é o caso da Coca-Cola,

Ferrari, Rolex, entre outras.

4.3 MOMENTO DE VERIFICAÇÃO DO ALTO RENOME DE UMA MARCA

O momento de verificação do alto renome de uma marca será aquele em que

ela necessite ser protegida contra terceiros.

Para Barbosa (2003), com relação ao risco de diluição da marca pode ser

compreendido como um processo de erosão das marcas, de modo que seu

magnetismo é perdido aos poucos.

Muito embora a Lei de Propriedade Industrial tenha trazido a

desburocratização, proporcionando a desnecessidade de registro e reconhecimento

prévio oficial do alto renome, algumas empresas ainda almejam que seja declarado

expressamente o alto renome da marca visando maior segurança, buscando o

Poder Judiciário para tal reconhecimento.

Neste sentido:

PROPRIEDADE INDUSTRIAL - RECONHECIMENTO DE MARCA COMO DE ALTO RENOME - PROTEÇÃO DIFERENCIADA - ART. 125, DA LEI N.º 9.279/96 - RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO - ART. 269, 11, DO CPC - REMESSA NECESSÁRIA IMPROVIDA - SENTENÇA INTEGRALMENTE MANTIDA.

(...) 3- É assegurada proteção especial à marca considerada de alto renome, registrada no Brasil, proteção esta que alcança todos os ramos de atividade. Este é o princípio contido no art. 125, da Lei n.º 9279/96.

32

4- A pretensão não foi contestada pelo INPI, que se manifestou, reconhecendo ser a marca DAKOTA de alto renome e, por isso, merecedora da proteção conferida pelo art. 125, da Lei n.º 9279/96. (...) 7- Sentença integralmente mantida.9

Portanto, o momento de verificação do alto renome será dado quando houver

necessidade de impugnação de marca capaz de gerar confusão, associação ou

risco de diluição da mesma.

9 JFRJ- 22 VF – AO 98.0018583-6- Juiz Eduardo André Brandão de Brito Fernandes- j. 14.01.1999, e TRF2 – Edcl REO 1999.02.01.041882-1- Rel. Raldênio Bonifácio Costa – j. 24.02.2001.

33

5. NOTORIEDADE NOS ACORDOS INTERNACIONAIS

5.1 TRATADOS INTERNACIONAIS

Inicialmente é necessário definir o que é tratado. Nas palavras de Maitê

Cecília Fabri Moro:

A definição de tratado é dada pela Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 23.05.1969, segundo a qual: Art. 2º, n.1. a) “tratado significa um acordo internacional celebrado entre Estados em forma escrita e regido pelo direito internacional, que conste, ou de um instrumento único ou de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. (2003, p. 143-144).

Os tratados podem ser classificados segundo critérios formais ou materiais.

Nos critérios formais, serão considerados o número de partes, portanto são

bilaterais ou multilaterais, ou os procedimentos de conclusão, quando se verificam

tratados solenes ou acordos executivos.

Com relação aos critérios materiais, os tratados podem ser classificados

quanto à natureza da norma contida (tratado- contrato ou tratado- lei), quanto à

execução no tempo (tratado estático ou dinâmico) quanto à execução no espaço (o

tratado poderá entrar em vigor em parte do território ou em sua totalidade).

5.2 CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS

A Convenção da União de Paris teve seu texto original aprovado pela

Conferência de Paris, em 06.03.1983. Passou por várias revisões, por força de seu

art. 14, o qual prevê a revisão periódica de forma expressa. Por causa dessas

revisões a Convenção da União de Paris continua em vigor.

A partir desta Convenção foi possível verificar que o sistema de adoção de

uma norma internacional para reger a propriedade industrial era vantajoso, pois em

suas legislações internas os países membros adotaram os princípios convencionais,

34

facilitando e ajudando a promover a harmonização legislativa internacional nesta

matéria.

5.2.1 Objetivo da Convenção

Conforme os ensinamentos de Maristela Basso:

A Convenção de Paris para a Proteção de Propriedade Industrial surge em 1883, para as patentes, modelos de utilidade, desenhos e modelos industriais, marcas, indicações de proveniência ou denominações de origem. (...) Naquela época, não foi possível a providência de qualquer documento para a proteção de ‘propriedade industrial’, de modo que restou aos Estados signatários a faculdade de substituir essa expressão por outra. (2000, p. 37-38).

A Convenção da União de Paris não possui como objetivo a uniformização

das leis nacionais, nem condiciona o tratamento nacional à reciprocidade. Ela possui

o condão de prever ampla liberdade legislativa para cada país, exigindo somente

paridade, ou seja, o tratamento nacional também beneficiará o estrangeiro.

5.2.2 Objeto da convenção

O objeto da Convenção da União de Paris é a propriedade industrial, observe-

se:

A proteção da propriedade industrial tem por objeto as patentes de invenção, os modelos de utilidade, os desenhos e modelos industriais, as marcas de fábrica ou de comércio, o nome comercial e as indicações de proveniência ou denominações de origem, bem como a repressão da concorrência desleal.10

A expressão “propriedade industrial” deve ser compreendida em sua acepção

ampla, não apenas indústria e comércio, mas incluindo também indústrias agrícolas

e extrativas e a todos os produtos manufaturados e manuais, segundo o art. 1.3 da

Convenção.

10 Art. 1.2 da Convenção da união de Paris

35

5.2.3 Princípios informadores da Convenção da União de Paris

Newton Silveira, em obra sobre propriedade intelectual à luz da lei

9.279/1996, faz comentários acerca do princípio básico da Convenção da União de

Paris:

O princípio básico da Convenção é o da assimilação dos cidadãos dos países pertencentes à União, de modo que o cidadão de um país obtém em outros direitos de propriedade industrial e os exercita em igualdade de condições com os nacionais daquele. Mantém-se a plena vigência das legislações nacionais e a territorialidade da proteção, que deve ser obtida em cada país pela repetição de pedidos de registros e de patentes. (1997, p. 19).

São três os princípios informadores da Convenção e serão analisados nos

tópicos subseqüentes.

5.2.3.1 Princípio do tratamento nacional

O primeiro princípio da CUP é o do tratamento nacional:

cidadãos de cada um dos países contratantes gozarão em todos os demais países da União, no que concerne à Propriedade Industrial, das vantagens que as respectivas Leis concedem atualmente ou vierem posteriormente a ceder aos nacionais11

Esse princípio está ligado principalmente à idéia de não- discriminação,

superando a mera noção de reciprocidade anterior á CUP.

5.2.3.2 Princípio do tratamento unionista

Temos como segundo princípio informador da Convenção o do tratamento

unionista, que nada mais é do que tratar das regras especialmente criadas para a

União. Atualmente essas regras são chamadas de normas comuns.

11 Artigo II da Convenção da União de Paris

36

Para Angelo (2000), cabe ao titular da marca estrangeira, regularmente

registrada ou depositada no país de origem, o direito de reivindicar a prioridade

unionista, nos prazos estabelecidos na convenção, para registrar sua marca no

território brasileiro.

5.2.3.3 Direito de prioridade

Segundo Maitê Cecília Fabri Moro, aduz o art. 4º da Convenção que:

Uma pessoa que solicite um pedido de patente, de registro de marca, depósito de modelo de utilidade, de desenho ou modelo industrial, em um dos países da União, poderá solicitar a proteção ulterior em todos os demais países da União, por um período que variará de acordo com a proteção requerida (12 meses para patentes de invenção e modelos de utilidade e 6 meses para as marcas e os desenhos), e terão como base o primeiro pedido.(2003, p. 166).

5.3 PROTEÇÃO DA MARCA NOTORIAMENTE CONHECIDA NA CONVENÇÃO DE

PARIS

A marca notória é tratada no art. 6 bis da Convenção da União de Paris, o

qual surgiu da necessidade de se proteger internacionalmente as marcas contra a

concorrência desleal.

De acordo com as atualizações que o texto legal sofreu, é importante analisar

o artigo 6 bis que dispõe:

“1) os países da União comprometem-se a recusar ou invalidar os registro, quer administrativamente, se a lei do país o permitir, quer a pedido do interessado e a proibir o uso de marca de fábrica ou de comércio que constitua reprodução, imitação ou tradução, suscetíveis de estabelecer confusão, de uma marca que a autoridade competente do país do registro ou do uso considere que nele é notoriamente conhecida como sendo já marca de uma pessoa amparada pela presente Convenção, e utilizada para produtos idênticos ou similares. O mesmo sucederá quando a parte essencial da marca constitui reprodução de maca notoriamente conhecida ou imitação suscetível de estabelecer confusão com esta. 2)Deverá se concedido um prazo mínimo de cinco anos a contar da data do registro, para requerer cancelamento de tal marca. Os países da União têm a faculdade de prever um prazo dentro do qual deverá ser requerida a

37

proibição do uso. 3) Não será fixado prazo para requer o cancelamento ou proibição de uso de marcas registradas ou utilizadas de má-fé.”

Cabe salientar, embora mencionado e explicado anteriormente, que a marca

notoriamente conhecida não possui uma definição precisa, mas do artigo

supracitado depreende-se que são marcas que possuem alto grau de conhecimento

por parte do público consumidor, no país em que se reclama a proteção.

5.3.1 Competência do reconhecimento da marca notoriamente conhecida

No Brasil a autoridade administrativa para declarar que a marca é

notoriamente conhecida é o INPI. Em outros países com registro atributivo, também

são declarados por órgãos administrativos responsáveis pelos registros de marca

em outros países. Porém, nos países onde a aquisição de marca se dá mediante

uso, o Judiciário é a autoridade competente para o reconhecimento da marca

notoriamente conhecida.

5.3.2 Formas de proteção

As formas de proteção das marcas notoriamente conhecidas se dão de duas

maneiras.

Nesse sentido, elucida Moro:

No primeiro caso, da recusa ou invalidação do registro da marca imitante administrativamente será possível, de acordo com o art. 6 bis, se a legislação do país o permitir. Fato que dá margem às legislações internas de não permitirem este tipo de atuação pelo órgão administrativo. No caso da atual legislação brasileira isto é possível (art. 126, inc. III, da Lei 9.279/1996). Situação diversa é prevista para o caso de o pedido partir do particular interessado. O reconhecimento dificulta-se, pois ao interessado se imputa a demonstração da notoriedade de sua marca. Em contrapartida, neste caso, uma vez comprovada a notoriedade, não se pode deixar de proteger a marca em questão. (2003, p. 177).

38

5.3.3 Prazos para cancelamento do registro e proibição de uso

Estabelece o inciso II, do artigo 6 bis, que o prazo mínimo para cancelamento

do registro é de cinco anos contados da data do registro. Entretanto, por se tratar de

um prazo mínimo, os Estados-membros, têm a liberdade de prever prazo maior.

Com relação aos prazos para proibição de uso, por não haver um mínimo fixado,

cabe a cada país estipular o seu.

Como exceção à regra, temos o inciso III do mesmo artigo, que dispões sobre

a marca utilizada de má-fé, quando houver manifesta intenção de aproveitamento de

marca alheia Neste caso, pode ser cancelado o registro ou proibido o uso da marca

em qualquer tempo.

5.3.4 Beneficiários do dispositivo

O art. 3 da Convenção dispõe que não somente os nacionais dos países-

membros da União estão protegidos, mas também aqueles que “estejam

domiciliados ou que possuam estabelecimentos industriais ou comerciais efetivos e

reais no território de um dos países- membros”.

Segundo Moro “a cidadania da “União” é uma cidadania considerada em seu

sentido amplo”. (2003, p. 179). É considerado cidadão da União todo aquele que

esteja ligado a um dos países-membros, seja por constituição de domicílio, seja pela

nacionalidade, ou por ser proprietário de estabelecimento comercial em um dos

países- membros.

5.4 ACORDO TRIPs

5.4.1 Introdução: GATT

39

Quando o acordo GATT foi negociado em 1947, já se sabia a importância da

proteção dos direitos de propriedade intelectual para o comércio multilateral, embora

as suas disposições tenham sido muito tímidas. Após a Segunda Guerra, ainda não

se tinha a percepção nítida da vinculação entre propriedade intelectual e comércio

internacional, nem dos seus reflexos que poderiam advir, no mercado internacional,

de um sistema mais eficaz de proteção de tais direitos.

Tal noção veio a ocorrer nas décadas de 70 e 80, pois os benefícios da

proteção à propriedade intelectual, como fator fundamental de desenvolvimento

tecnológico e aumento dos investimentos diretos do exterior, ficaram evidentes.

Conforme os ensinamentos de Maristela Basso:

Aquela antiga condição que gozavam os Estados, no modelo tradicional ou histórico anterior à Segunda Guerra, de optar em implementar ou não políticas de proteção a propriedade intelectual, torna-se inviável no modelo atual, frente aos compromissos internacionais, cada vez mais numerosos, assumidos pelos Estados, e às pressões dos setores privados nacionais e transnacionais. (2000, p. 161).

Quando do início da “Rodada do Uruguai”, o TRIPs tinha como objetivo a

formulação de um acordo multilateral sobre um nível mínimo capaz de proteger os

direitos da propriedade intelectual.

Como leciona Maristela Basso

A inclusão do TRIPs no GATT demonstra o reconhecimento e a importância que a propriedade intelectual possui para o comércio internacional. Não se podia mais negar que o desenvolvimento do comércio internacional poderia ser afetado, se os standards adotados para a proteção dos direitos de propriedade intelectual divergissem de um país a outro. (2000, p. 155).

Buscava-se nesse acordo uma posição que não desse margem à

controvérsias referentes à propriedade intelectual vários territórios.

5.4.2 Noções gerais do TRIPs

40

O TRIPs (Trade Related Aspects of Intelectual Property Rights), ou seja,

Acordo Sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao

Comércio, regula além das patentes de invenção e das marcas também outros

temas atinentes à proteção da propriedade intelectual, como os direitos de autor e

conexos, indicações geográficas, desenhos e modelos industriais e topografia de

circuitos integrados.

Nas palavras de Maristela Basso:

O TRIPS representa, portanto, um documento fundamental na consolidação da proteção dos direitos de propriedade intelectual na sociedade internacional contemporânea, em a vinculação definitiva desses direitos ao comércio internacional. Com ele as partes ganharam e perderam alguma coisa, e os interesses contrapostos acabaram chegando ao consenso. (2000, p. 169).

Assim como a CUP, o TRIPs também não é uma lei uniforme e sim um

documento gerador de padrões, bases mínimas que devem ser observadas pelos

países ratificantes.

Denis Barbosa elenca o conteúdo do Acordo TRIPs:

O Acordo tem a seguinte estrutura: a) Disposições gerais e princípios básicos; b) padrões relativos à existência, abrangência e exercício de direitos de propriedade intelectual; c) Aplicação de normas de proteção dos direitos de propriedade intelectual; d) Obtenção e manutenção de direitos de propriedade intelectual e procedimentos inter partes conexos; e) Prevenção e solução de controvérsias; f) Arranjos transitórios; g) Arranjos institucionais: disposições finais. Os conteúdos de direitos que constituirão os padrões mínimos estão na seção II do Acordo: 1) Direitos de autor e direitos conexos; 2) Marcas; 3) Indicações geográficas; 4) Desenhos industriais; 5) Patentes; 6) Topografias de circuitos integrados; 7) Proteção de informação confidencial; 8) Controle de práticas de concorrência desleal em contratos de licença. (2003, p. 198/199).

Embora o TRIPs tenha similaridade com a CUP, o mesmo é mais eficaz. Isso

se deve a dois motivos: primeiramente por fazer parte da base jurídica do GATT

como acordo multilateral, caso que não possui exceções; e em segundo lugar por

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estar sujeito a um efetivo sistema de soluções de controvérsias instalado na OMC, o

qual sanciona os países que deixarem de cumprir suas normas.

O que se visa pelo TRIPs não é uma unificação das legislações, mas sim uma

criação de bases mínimas efetivas para um tratamento digno da propriedade

industrial nos países contratantes. O estabelecimento de bases mínimas não deixa

de ser um tipo de harmonização, pois não se aceitará por parte dos países-

membros tratamento menos favorável que o disposto no tratado.

5.4.3 Princípios gerais do TRIPs

O TRIPs segue os mesmos princípios consignados no GATT, obedecendo as

regras de tratamento nacional e as de tratamento da nação mais favorecida.

5.4.3.1 Princípio do tratamento nacional

Este princípio prevê que os nacionais dos demais países signatários não

devem e não podem receber tratamento menos favorável que o outorgado aos

próprios nacionais, previsto no art. 3 do TRIPs.

5.4.3.2 Princípio da nação mais favorecida

O art. 4 do TRIPs dispõe:

“toda vantagem, favorecimento, privilégio ou imunidade que um membro conceda aos nacionais de qualquer outro país será outorgada imediata e incondicionalmente aos nacionais de todos os demais membros”.

O princípio da nação mais favorecida foi utilizado pela primeira vez no GATT,

fazendo parte agora do TRIPs, constituindo alicerce à proteção da propriedade

intelectual.

Segundo Maristela Basso:

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É importante observar que as obrigações decorrentes dos princípios do ‘tratamento nacional’ e ‘nação mais favorecida’ (arts. 3º e 4º) ‘não se aplicam aos procedimentos previstos em acordos multilaterais concluídos sob os auspícios da OMPI relativos à obtenção e manutenção dos direitos de propriedade intelectual’ (art 5º). (2000, p. 181).

Faz-se pertinente salientar que o art. 4 do TRIPs enumera várias exceções ao

princípio da nação mais favorecida.

5.4.4 As marcas no TRIPs

O art. 15 do TRIPs trata do objeto da proteção. Todos os signos visualmente

perceptíveis, e distintivos, poderão ser protegidos como marcas. Até mesmo os não

distintivos poderão ser objeto de secondary meaning, que de acordo com Denis

Borges Barbosa “é fenômeno pelo qual uma marca essencialmente fraca se

desvulgariza pelo emprego contínuo e enfático por parte de um certo produtor ou

prestador de serviços”. (2003, p. 202).

O artigo 15.1 dispõe sobre a matéria que deve ser protegida:

“Qualquer sinal, ou combinação de sinais, capaz de distinguir bens e serviços de um empreendimento daqueles de outro empreendimento, poderá constituir uma marca. Estes sinais, em particular palavras, inclusive nomes próprios, letras, numerais, elementos figurativos e combinação de cores, bem como qualquer combinação desses sinais, serão registráveis como marcas. Quando os sinais não forem intrinsecamente capazes de distinguir os bens e serviços pertinentes, os Membros poderão condicionar a possibilidade do registro ao caráter distintivo que tenham adquirido pelo uso. Os membros poderão exigir, como condição para o registro, que os sinais sejam visualmente perceptíveis.”

O art. 16.1 faz menção às marcas registradas em geral, conferindo aos

seus titulares diante do uso por terceiros de sinais idênticos ou similares para

produtos ou serviços idênticos ou similares, quando houver possibilidade de

confusão.

O Acordo também previu que o tempo de duração de um registro de marca

não poderá ser inferior a sete anos, passíveis de renovação indefinidamente,

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conforme art. 18. Porém, no Brasil os registros duram dez anos, renováveis

indefinidamente.

Observando-se que o ordenamento jurídico brasileiro, em se tratando de

questões de propriedade industrial, se adequou aos preceitos estabelecidos em

âmbito internacional, de modo que conceituar as marcas nesse capítulo de forma

mais detalhada, por se tratar da disposição do Acordo TRIPs seria, de certa forma,

voltar a tratar do assunto especificado no primeiro capítulo desta pesquisa científica.

Assim, a título de argumentação, entende-se que a questão está pacificada e

claramente postulada em todos os sentidos e esferas.

5.4.4.1 As marcas notoriamente conhecidas no Acordo TRIPs

O TRIPs trouxe contribuição fundamental no que tange à proteção das

marcas. Dispõe o art. 16.2:

“o disposto no art. 6 bis da Convenção de Paris (1967) aplicar- se- á a ‘mutatis mutandis’, a serviços. Ao determinar se uma marca é notoriamente conhecida, os Membros levarão em consideração o conhecimento da marca no setor pertinente do público, inclusive o conhecimento que tenha sido obtido naquele Membro, como resultado de promoção da marca”.

Cumpre ressaltar que o art. 16.2 estendeu a proteção às marcas de serviço, o

que não estava previsto no art. 6 bis da Convenção da União de Paris. O art. 16.2

também é mais específico que o art. 6 bis, no sentido de admitir que o conhecimento

para avaliar uma marca notoriamente conhecida não provém necessariamente do

uso da marca no Estado em que se pretende a proteção, podendo também ser

obtido pelo resultado de um esforço promocional da marca. Neste sentido, Moro

discorre que:

Ao aceitar expressamente o conhecimento resultante da promoção da marca, cessam as discussões sobre a necessidade do uso desta, que tinham espaço sob a égide do art. 6 bis (...). Não se faz necessária, portanto, a utilização do signo distintivo no Estado em que se requer a

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proteção de uma marca notoriamente conhecida, desde que se comprove ser ela conhecida do público deste. (2003, p. 201/202).

Outra questão que se tornou mais clara com relação ao art. 6 bis refere-se ao

conhecimento exigido, a qual foi a limitação do conhecimento ao “setor relevante do

público”, cuja limitação se restringia aos produtos idênticos ou semelhantes.

De acordo com os ensinamentos de Maristela Basso:

O TRIPs é também tido como “Paris Plus” ao estabelecer que o critério a ser seguido pelos Estados-Partes, com o intuito de determinar se uma marca é notoriamente conhecida, é “o conhecimento da marca no setor pertinente do público”, e não necessariamente do “público em geral”, como ficou implícito, e confirmado pela prática, na Convenção de Paris. (2000, p. 214).

Com as considerações feitas neste sub-tópico, pode-se dizer que o TRIPs, no

art. 16.3, inovou, preenchendo uma lacuna que vinha sendo observada na prática,

que era a situação de uma marca notoriamente conhecida ampliando seu

conhecimento e alargando a sua proteção.

Cabe, por fim, ressaltar que o tema tratado neste sub- tópico já foi

devidamente aprofundado quando se estudou as marcas notoriamente conhecidas

anteriormente nessa pesquisa científica.

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6 CONCLUSÃO

Nos tempos modernos, a marca é atributo de extrema relevância, pois os

consumidores a consideram uma parte importante do produto, ou seja, têm o condão

de valorizá-lo. Várias espécies de consumidores não se importam com o preço do

produto, mas sim com a qualidade representada pela marca, o valor a ela agregado.

O direito marcário é considerado como um direito de propriedade peculiar,

devendo aplicar-se a ele o regime jurídico de propriedade, ressalvando a

originalidade da sua natureza.

A notoriedade da marca é uma qualidade presente nas marcas que auferem

um expressivo conhecimento do público. Por este motivo a marca notória deve ser

protegida. Ocorre, entretanto, que é muito difícil definir o conceito de notoriedade de

forma clara e precisa, pois apesar de ser medida pelo conhecimento do público, as

formas de avaliação desse conhecimento são feitas de diversas maneiras e são

pautadas no subjetivismo. Tal conceito deve ser avaliado no caso concreto, sendo a

pesquisa de opinião pública, apesar de seu alto custo, a forma mais eficaz de

constatação de notoriedade.

Não se deve confundir a marca notoriamente conhecida da marca de alto

renome, isso porque o renome é conferido pelo caráter qualitativo da marca, e não

tanto pela quantidade de pessoas que a conhecem.

São princípios norteadores do direito das marcas o princípio da territorialidade

e o da especialidade, garantindo-lhes proteção especial em seus devidos termos. A

marca notória excepciona o princípio da territorialidade, enquanto que a de alto

renome é exceção do princípio da especialidade.

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A Convenção da União de Paris foi pioneira no trato da proteção da marca

notoriamente conhecida, prevendo ampla liberdade legislativa para os países,

exigindo somente paridade, ou seja, o tratamento nacional beneficiará também o

estrangeiro. Assim, a CUP protege internacionalmente as marcas contra a

concorrência desleal.

Posteriormente, surge o Acordo TRIPs do já antigo GATT, se aprofundando

nas questões da propriedade industrial, sendo, porém, mais eficaz que a Convenção

da União de Paris. O TRIPs ampliou consideravelmente o âmbito de incidência da

propriedade industrial e incorporou expressamente as marcas de serviço, além de

preencher uma lacuna que vinha sendo observada na prática, que era a situação de

uma marca notoriamente conhecida ampliando seu conhecimento e alargando a sua

proteção.

Diante do estudo realizado sobre tema aqui abordado, pode-se concluir que

não ocorrem conflitos extremos entre as normas nacionais e internacionais, o que

torna mais fácil a aplicação do instituto no ordenamento jurídico pátrio. Também

restou claro que a marca de alto renome recebe proteção estrita na lei brasileira, não

contrariando o disposto na CUP e no TRIPs, que servem de base para sua proteção.

Observa-se, por fim, que é de extrema importância que as marcas notórias

sejam protegidas, pois em caso de associação, diluição ou confusão da marca,

ocorre o risco de prejuízos aos consumidores e aos titulares da mesma, podendo

gerar benefícios àqueles que usurpam e se aproveitam da marca.

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REFERÊNCIAS

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propriedade industrial, São Paulo : Liv. e Ed. Universitária de Direito, 2000.

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atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.

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Livraria do advogado, 2000.

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comercial. 3ed. reform., atual. e ampl. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais,

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lei 9.279/1996 e nos acordos internacionais. São Paulo: Editora Revista dos

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STRENGER, Irineu. Marcas e Patentes, 2. ed. – São Paulo : LTr, 2004.

TAVARES, Maria de Lourdes Coutinho. Marca Notoriamente Conhecida: Espectro

da Proteção Legal. Revista da ABPI – nº 81 – Mar/Abr 2006.

TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: teoria geral e direito societário.

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