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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JAHINE FERNANDA DE SOUZA RIBEIRO LIBERDADES E RESTRIÇÕES DO ALTO MAR CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

JAHINE FERNANDA DE SOUZA RIBEIRO

LIBERDADES E RESTRIÇÕES DO ALTO MAR

CURITIBA

2015

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JAHINE FERNANDA DE SOUZA RIBEIRO

LIBERDADES E RESTRIÇÕES DO ALTO MAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Wagner Rocha D’Angelis

CURITIBA

2015

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TERMO DE APROVAÇÃO

JAHINE FERNANDA DE SOUZA RIBEIRO

LIBERDADES E RESTRIÇÕES DO ALTO MAR

Este trabalho foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Bacharel no Curso

de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 20 de setembro de 2015.

_______________________________________

Prof. Doutor Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografias

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Dr. Wagner Rocha D’Angelis Universidade Tuiuti do Paraná Membro: Prof. Dr. Universidade Tuiuti do Paraná Membro: Prof. Dr. Universidade Tuiuti do Paraná

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DEDICATORIA

Dedico a Deus que é o responsável por todas as conquistas da minha vida.

E especialmente a minha mãe, Sonia, que é merecedora de todos os méritos

por mais essa etapa concluída.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus, sem ele eu não teria forças ou

capacidade para concluir esse curso. Agradeço ainda mais, por ter me dado a

possibilidade de levantar todos os dias, e ter uma nova chance de tentar.

Agradeço especialmente a minha mãe, Sonia, que não mediu esforços para

que eu conseguisse concluir esta etapa tão importante da minha vida, e embora

tenha havido momentos em que tropecei em meio aos meus objetivos, me ajudou a

levantar e continuar, independendo das nossas condições financeiras, físicas e

emocionais.

Também, agradeço a minhas amigas de sala, pois, definitivamente é difícil a

convivência em meio a tanta diversidade, mas demos um jeito, e sempre ajudamos

umas às outras, brigamos quando uma de nós fazia algo prejudicial, nos

incentivamos e persistimos.

Por fim, agradeço ao meu orientador, o qual, não só me inspirou a escolher

este tema, no momento em que foi meu professor, como, por todo o esforço,

dedicação, aprendizado e compreensão que me transmitiu durante o período em

que fui orientada.

Deixo aqui, por intermédio destas palavras, meus mais sinceros

agradecimentos.

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EPIGRAFE

“Todos nós queremos que tudo fique bem. Nem mesmo desejamos que as coisas

sejam fantásticas, maravilhosas ou extraordinários. Aceitamos, satisfeitos, o bem,

porque, bem na maior parte do tempo, é suficiente”

David Levithan

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RESUMO

O direito possui diversas vertentes, para que possa reger todos os campos que este

abrange, e assim tornar harmonioso o convivio dentro de uma nação ou mesmo

entre várias nações. No que diz respeito ao direito maritimo, há uma gama de

assuntos regulados por este, porém, dentre estes estão assunto de suma

importancia, por tratarem não apenas de uma parcela de direitos destinados a um

determinado local. Afinal, o direito marítimo envolve bens e interesses que são

patrimônio comum da humanidade, no seu objetivo de regular o uso e o

aproveitamento das várias questões pertinentes ao mar e seus elementos. O

universo marítimo possui diversas regras, envolvendo restrições e liberdades, as

quais procuram estabelecer padrões comuns para o convivio pacifico entre os povos

do globo terrestre, buscando assegurar igualdade de direitos entre eles,

independendo da riqueza ou capacidade tecnológica de cada país. Ao longo do

trabalho haverá esclarecimentos sobre as divisões do mar, baseadas na convenção

de Montego Bay de 1982, a qual estabeleceu inumeras diretrizes para manter a

ordem mundial neste tema.

Palavras-chave: Direito. Alto mar. Liberdades. Restrições. Patrimônio comum.

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ABSTRACT

The right has various aspects, so you can rule all the fields that it covers, and so

make the harmonious socializing within a nation or between various nations. With

regard to maritime law, there is a range of matters regulated by this, however, among

these are of paramount importance issue for addressing not just a portion of rights to

a particular location. After all, the maritime law involves goods and interests that are

the common heritage of humanity in its purpose of regulating the use and exploitation

of the various issues related to the sea and its elements. The maritime world has

several rules involving restrictions and freedoms, which seek to establish common

standards for the peaceful conviviality among peoples of the globe, seeking to ensure

equal rights between them, regardless of wealth or technological capacity of each

country. Throughout the work there will be clarification of the divisions of the sea,

based on the Montego Bay Convention of 1982, which established numerous

guidelines for maintaining world order in this area.

Keywords: Right. High seas. Freedoms. Restrictions. Common heritage.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

CNUDM - Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar

FUNAG - Fundação Alexandre de Gusmão

MM - Milhas Marítima

MN – Milhas Náuticas

MT - Mar Territorial

ONU - Organização das Nações Unidas

ZEE - Zona Econômica Exclusiva

ZC - Zona Contígua

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIAÇÕES ..................................................................................... 08

1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO MARÍTIMO ........................................ 10

2 AS QUATRO FAIXAS DE MAR ........................................................................ 12

2.1 CONVENÇÃO DE DIREITO DO MAR DA ONU DE 1982 ................................. 12

2.2 ZONA CONTÍGUA ............................................................................................ 14

2.3 ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA .................................................................... 15

2.4 MAR TERRITORIAL .......................................................................................... 17

2.5 ALTO MAR ........................................................................................................ 18

3 LIBERDADES PREVISTAS PARA O ALTO MAR NA CONVENÇÃO DA ONU

DE 1982 ................................................................................................................ 22

3.1 LIBERDADE DE NAVEGAÇÃO ........................................................................ 23

3.2 LIBERDADE DE SOBREVOO ........................................................................... 24

3.3 LIBERDADE DE COLOCAR CABOS E DUTOS SUBMARINOS ...................... 25

3.4 LIBERDADE DE PESCA ................................................................................... 25

3.5 LIBERDADE DE CONSTRUÇÃO DE ILHAS ARTIFICIAIS E OUTRAS

INSTALAÇÕES ..................................................................................................... 26

3.6 LIBERDADE DE PESQUISA CIENTIFICA ........................................................ 27

4 RESTRIÇÕES ÀS LIBERDADES DO ALTO MAR ........................................... 29

4.1 PROIBIÇÃO DA GUERRA ................................................................................ 29

4.2 BLOQUEIO EM TEMPO DE GUERRA ............................................................. 30

4.3 DIREITO DE VISITA ......................................................................................... 31

5 PATRIMONIO COMUM DA HUMANIDADE ..................................................... 32

5.1 LIMITAÇÕES À EXPLORAÇÃO DO PATRIMÔNIO COMUM DA HUMANIDADE

............................................................................................................................... 33

5.2 RESTRIÇÕES ÀS LIBERDADES EM ALTO MAR NÃO IMPEDEM DESASTRES

AMBIENTAIS .......................................................................................................... 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 43

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1. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO MARÍTIMO

O direito marítimo, assim como os demais, tem sua devida importância nos

mais diversos aspectos, como a pesca, o comércio, o turismo, a extração do

petróleo, conservação ambiental, entre outros, o que para a humanidade torna sua

conservação e utilização essencial.

Não há como se prender ao título de direito marítimo, quando este abrange

muito mais que apenas este direito, como é o caso do direito da navegação, que

está inteiramente ligado ao direito marítimo, os quais mesmo que algumas vezes se

confundam, tratam de concepções diferentes. Porém, buscam proporcionar ao mar

um regime jurídico, deste modo o protegendo de disputas territorialistas entre

Estados que buscam usurpar suas riquezas naturais e recursos vivos. Bem como,

apenas por intermédio do regime jurídico adotado, procura-se manter essa relação

estável entre estados nos territórios marítimos e possibilitando deste modo,

preservar o mar enquanto bem e fonte de riqueza para toda a humanidade.

O Alto Mar é a extensão de mar que não é parte da zona econômica

exclusiva, da zona contígua, do mar territorial de um estado costeiro, ou que faça

parte das aguas marítimas de algum arquipélago. Sendo desta forma considerado

alto mar todo conjunto de zonas marítimas que não estejam sob a égide de alguma

jurisdição especifica de um Estado.

Em sua obra, o autor Celso D. de Albuquerque Mello observou que foi na

Idade Média que surgiram as primeiras noções de mar territorial e a noção de

espaço marítimo sem proteção de uma jurisdição. Historicamente, o Direito do Mar

nos remete às épocas das grandes navegações, estas sendo de enorme

importância, pois, muitas civilizações dependiam do comercio. Antes dessa época,

porém, o mar já era utilizado como forma de sobrevivência e de obtenção de lucros

comerciais, e como exemplos pode-se citar os fenícios, gregos, egípcios, entre

outros. Já na Idade Média, muitos povos utilizavam do mar, de forma semelhante à

pirataria, espalhando histórias sobre aventuras no mar de modo a desencorajar

outros povos, e assim manter o comércio marítimo de forma avantajada para si,

demonstrando claramente que Estados estavam exercendo jurisdição sobre um bem

comum a todos, e privando outros de utilizar deste, surgindo então a necessidade de

uma jurisdição que interviesse nessa situação egoística que certos Estados

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mantinham no mar. Cabe não esquecer, ainda, que a pirataria marítima, como ação

ilegal para enriquecimento de particulares e do próprio Estado, foi intensamente

utilizada nos séculos XVII até meados do século XIX, forçando novas preocupações

com o tema, principalmente entre os europeus. (1971, p. 565)

De uma forma geral, algumas providências foram tomadas para evitar essa

intensa intervenção exclusivista de alguns Estados no mar. Como exemplos, a Lei

Rodes (Lex Rhodia de Jactu), Basilika, Consolato Del Mare (Consulado do Mar), A

Tabua Amalfitana, os Assizes de Jerusalém, Leis de Oléron, Leis Wisbuenses ou

também chamadas Leis Marítimas de Gothland.1

O comércio marítimo foi prejudicado com a queda de Constantinopla em

1453, sendo expedida a Bula Inter Coetera destinada a fixar limites entre as posses

espanholas e portuguesas, levando estes países a elaborarem o Tratado de

Tordesilhas, em 1494. A partir da Paz de Westfália, em 1648, os grandes países

europeus comandaram avanços na regulação do mar territorial e das liberdades de

alto mar.

O Tratado Internacional de Gand, no século XIX, tratou das noções acerca da

Zona contígua e de Mar Territorial. Em 1856, pelo Tratado de Paris, determinou-se o

fim do corso e das ações dos corsários – piratas contratados por Governos.

Após a Conferência da Paz de Haia em 1907, a de 1930 e os convênios

firmados no seio de organizações internacionais como a ONU, se ampliou

atribuições ao mar.

Todavia, as principais fontes do Direito do Mar vigentes até hoje são as

Convenções de Genebra de 1958 e de 1960, e, principalmente, a Convenção das

Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982, a qual regulou amplamente o tema.

1 http://jusvi.com/artigos/40966

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2. AS QUATRO FAIXAS DE MAR

2.1. CONVENÇÃO DE DIREITO DO MAR DA ONU DE 1982

Devido à ausência de legislação regulamentando o território marítimo, no dia 10 de

dezembro de 1982 houve a conclusão da Convenção das Nações Unidas sobre o

Direito do Mar (CNUDM), em Montego Bay, na Jamaica. Esta Convenção, por sua

vez, trouxe à tona importantes regulamentações em todos os aspectos do universo

marítimo, como; delimitação das fronteiras, regulamentos ambientais, investigação

científica, comércio, resolução de conflitos internacionais relacionados ao mar, e o

mais importante, a sustentabilidade do espaço marítimo.

O referido tratado internacional restou aprovado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nº 5, de 9 de novembro de 1987, tendo a sua ratificação se verificada em

22 de dezembro de 1989 pelo Governo brasileiro; posteriormente, o Brasil editou a

Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993, dispondo sobre o mar territorial, a zona

contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiros, e dando

outras providências. Finalmente, com as alterações levadas a efeito em parte da

Convenção do Mar de 1982, o Governo Brasileiro promulgou o Decreto nº 1.530, de

22 de junho de 1995, estabelecendo que o mencionado tratado entrara em vigor

internacional e para o Brasil a partir de 16/11/1994.

Conforme explica Francisco Rezek:

A Convenção das Nações Unidas sobre o direito do mar foi concluída, depois de quase nove anos de negociação, em Montego Bay, na Jamaica, em 10 de dezembro de 1982. Compõe-se de trezentos e vinte artigos e vários anexos. Entrou em vigor no dia 16 de novembro de 1994, um ano após a reunião do quórum de sessenta Estados ratificantes ou aderentes. (2015, p.356)

Na CNUD foram definidos os espaços marítimos, estes sendo divididos em:

Águas Interiores, Mar Territorial, Zona Contígua, Zona Econômica Exclusiva,

Plataforma Continental, Alto-Mar e Fundos Marinhos. Porém, ocorreram mudanças

em alguns aspectos, pouco tempo depois da assinatura da Convenção.

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Beirão e Pereira esclarecem:

Os trinta anos da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982, complementada pelo Acordo sobre a Implementação de sua Parte XI, de 1994, apresenta prós (respeito à soberania, uso pacífico dos mares, delimitação do mar territorial, da zona contígua, da zona econômica exclusiva e da plataforma continental) e contras (quotas de captura na zona econômica exclusiva, a noção de patrimônio comum da humanidade da Área, frágeis medidas contra o comércio ilícito de entorpecentes). (2014, p.21)

Tal complementação trouxe um destaque maior referente ao Boat Paper, que

é uma complementação a respeito da área do fundo do mar internacional, concluída

em 1994, modificando a forma de exploração dos fundos oceânicos.

Com a entrada em vigor da Convenção, também ocorreu a fixação da largura

do mar territorial em 12 milhas náuticas, ao contrário da pretensão dos países

pobres que pleiteavam um limite ampliado de 200 milhas náuticas; ao mesmo

tempo, deu-se a delimitação dos espaços no território marítimo; mar territorial, zona

contígua, zona econômica exclusiva e plataforma continental.

Wagner Menezes alude:

A Convenção estabeleceu uma estrutura legal detalhada para regular todo o espaço do oceano, seus usos e recursos, contendo normas disciplinadoras sobre o mar territorial, a zona contígua, a plataforma continental, a zona econômica exclusiva e o alto mar. Fornece regras para a proteção e preservação do ambiente marinho, para a pesquisa científica, para o desenvolvimento e transferência da tecnologia marinha para a exploração dos recursos do oceano e de seu subsolo, delimitando os limites da jurisdição nacional para cada matéria; também consolidou princípios costumeiros que devem ser observados pelos Estados na utilização conjunta dos espaços marítimos, como a liberdade do mar, o exercício da jurisdição interna dos Estados dentro de limites do mar adjacente ao Estado e a caracterização da plataforma continental. (2015, p.33)

Enfim, pela CNUDM de 1982, ficou estabelecida a existência de quatro faixas

de mar, sendo elas: mar territorial (MT), zona contígua (ZC), zona econômica

exclusiva (ZEE), e, alto mar.

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2.2. ZONA CONTÍGUA

A Zona contígua passou por uma redefinição nos contornos da faixa existente

entre o alto-mar, o mar territorial e a zona econômica exclusiva, estabelecendo o

disposto na seção 4, artigo 33, deste Decreto. Acerca de sua criação, esclareça-se:

“A noção de zona contígua foi elaborada através dos séculos por motivos

principalmente econômicos: o controle aduaneiro e fiscal. A sua principal finalidade é

evitar o contrabando.” (Celso D. de Albuquerque Mello, 1971, p. 570). Também,

permite que o Estado costeiro tome as devidas medidas para fiscalização desta

área, exercendo-a de modo soberano, buscando evitar infrações, a regulamentos

aduaneiros e fiscais, estes sendo de imigração ou sanitários, em seu território ou

mar territorial, bem como, reprimir as infrações das leis em tais questões, podendo

sancionar os infratores desta área. Não pode a zona contígua ultrapassar as 24

milhas marítimas estipuladas, devendo esta ser contada a partir da linha base do

mar territorial. Anteriormente a zona contígua tinha outras especificações.2

Wagner Menezes ensina:

Nos limites da zona contígua, o Estado pode exercer parcela de sua jurisdição, mas somente para adotar medidas de vigilância e fiscalização sobre o cumprimento de certas regras administrativas, como regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários. Tem por finalidade a proteção de seu território, evitando e reprimindo a infração a essas leis e regulamentos. É um espaço em que o Estado costeiro está legitimado a atuar, mas somente para fazer cumprir regras administrativas ou de segurança. (2015, P. 102)

Conforme Celso D. de Albuquerque Mello descreve:

A zona contígua se distingue do mar territorial por diversas razões: a) a zona contígua faz parte do alto-mar, enquanto o mar territorial faz parte do território do Estado; b) na zona contígua o estado tem direitos limitados, enquanto no mar territorial a competência do Estado é plena. A zona contígua, pela Convenção de Genebra, vai até a largura de 12 milhas de largura, contadas a partir da linha base que serve para medir o

2 Art. 33, Zona contígua; 1. Numa zona contígua ao seu mar territorial, denominada zona contígua, o Estado costeiro pode tomar as medidas de fiscalização necessárias a: a) evitar as infrações às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários no seu território ou no seu mar territorial; b) reprimir as infrações às leis e regulamentos no seu território ou no seu mar territorial. 2. A zona contígua não pode estender-se além de 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.

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mar territorial. Em consequência, se o estado tiver o mar territorial de 12 milhas de largura, ele não terá zona contígua. O Estado tem na zona contígua os seguintes direitos: a) polícia aduaneira, sanitária e fiscal; b) controle de imigração; c) pode exercer o direito de perseguição visando à repressão das infrações cometidas no mar territorial ou no próprio território. (1971, p.571)

Porém, mesmo com as modificações feitas na CNUDM de 1982, houve

lacunas. O controle do Estado Costeiro acabou sendo reduzido, deixando de possuir

esse controle total, mesmo que este não fosse absoluto do mar territorial, chegando

à ausência de controle do alto mar. Isso devido à dificuldade de estabelecer controle

de maneira efetiva sobre as embarcações que ali transitam, de modo que surge uma

abertura maior para a utilização de bandeiras de conveniência.

2.3. ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA

Quanto à ZEE, esta teve sua inserção na CNUDM de 1982, parte 5, Artigo 57,

com fins de atender anseios de matéria econômica. Sua delimitação territorial é de

200 milhas náuticas, porém na realidade se tratam apenas de 188 milhas náuticas,

já que até 24 milhas náuticas o tratado de Montego Bay fixou a existência das faixas

de mar territorial e zona contígua. Situada além do mar territorial e adjacente à zona

contígua. Sua soberania está nas mãos do Estado costeiro, porém, este devendo

respeitar os direitos e liberdades dos demais Estados, de acordo com o regulado no

Decreto nº 1.530/1982.

Objetiva a exploração, aproveitamento, conservação e gestão dos recursos

naturais, renováveis ou não renováveis, das águas que se sobressaem ao leito do

mar e seu subsolo.3

Sidney Guerra explica:

A zona econômica exclusiva foi inserida na Convenção sobre o direito do Mar, de 1982, para atender aos anseios dos Estados costeiros em razão de lhes conferir uma série de direitos em matéria econômica sobre espaços marítimos adjacentes ao mar territorial. (2015, p. 217)

Dispõe o Art. 56 do Decreto Nº 1.530, de 22 de junho de 1995:

3 Art. 57. Largura da zona econômica exclusiva; A zona econômica exclusiva não se estenderá além

de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial.

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1. Na zona econômica exclusiva, o Estado costeiro tem: a) direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vista à exploração e aproveitamento da zona para fins econômicos, como a produção de energia a partir da água, das correntes e dos ventos; c) jurisdição, de conformidade com as disposições pertinentes da presente Convenção, no que se refere a: I) colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas; II) investigação cientifica marinha; III) proteção e preservação do meio marinho; 2. No exercício dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres na zona econômica exclusiva nos termos da presente Convenção, o Estado costeiro terá em devida conta os direitos e deveres dos outros Estados e agirá de forma compatível com as disposições da presente Convenção. 3. Os direitos enunciados no presente artigo referentes ao leito do mar e ao seu subsolo devem ser exercidos de conformidade com a Parte VI da presente Convenção.

É ainda Francisco Rezek quem ensina:

Todos os Estados gozam, na zona econômica exclusiva de qualquer deles, de liberdades que distinguem essa área do mar territorial: a navegação – prerrogativa mais ampla que a simples passagem inocente -, o sobrevoo – que acima das águas territoriais não é permitido por norma geral alguma – e a colocação de cabos ou dutos submarinos, além de outros usos compatíveis com os direitos do Estado costeiro. Quando este último, em matéria de exploração econômica, não tiver capacidade para o pleno aproveitamento racional possível da zona, deverá tornar o excedente acessível a outros Estados, mediante atos convencionais. (2015, p.364)

Devem-se observar os direitos e deveres do Estado costeiro para com a ZEE,

bem como, os dos demais Estados. Estes, livres para gozar das liberdades de

navegação, de sobrevoo, operação de navios, aeronaves e de colocação de cabos e

dutos submarinos, sejam Estados costeiros ou Estados sem litoral desde que de

acordo com o que estabelece no Art. 58 da CNUDM de 82.4

4 Art. 58. Direitos e deveres de outros Estados na zona econômica exclusiva; 1. Na zona econômica

exclusiva, todos os Estados, quer costeiros quer sem litoral, gozam, nos termos das disposições da

presente Convenção, das liberdades de navegação e sobrevôo e de colocação de cabos e dutos

submarinos, a que se refere o artigo 87, bem como de outros usos do mar internacionalmente lícitos,

relacionados com as referidas liberdades, tais como os ligados à operação de navios, aeronaves,

cabos e dutos submarinos e compatíveis com as demais disposições da presente Convenção. 2. Os

artigos 88 a 115 e demais normas pertinentes de direito internacional aplicam-se à zona econômica

exclusiva na medida em que não sejam incompatíveis com a presente Parte. 3. No exercício dos seus

direitos e no cumprimento dos seus deveres na zona econômica exclusiva, nos termos da presente

Convenção, os Estados terão em devida conta os direitos e deveres do Estado costeiro e cumprirão

as leis e regulamentos por ele adotados de conformidade com as disposições da presente

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2.4. MAR TERRITORIAL

O mar territorial se estabelece a partir da linha base, em outras palavras, a

linhas de baixa-mar ao longo da costa, definido por cartas marítimas, não sendo

permitido que este ultrapasse 12 milhas náuticas. Dispõe a seção 2, do Decreto Nº

1.530/95 os seus limites.5

A soberania do Estado costeiro – diz a Convenção de 1982 – estende-se, além do seu território e das suas águas interiores, a uma zona de mar adjacente designada pelo nome de mar territorial. A soberania, em tal caso, alcança não apenas as águas, mas também o leito do mar, o respectivo subsolo, e ainda o espaço aéreo sobrejacente. Esta soberania só não é absoluta – como no caso do território ou das águas interiores – porque sofre uma restrição tópica, ditada por velha norma internacional: trata-se do direito de passagem inocente, reconhecido em favor dos navios – mercantes ou de guerra – de qualquer Estado. Não só os navios que flanqueiam a costa realizam passagem inocente, mas também aqueles que tomam o rumo das águas interiores para atracar num porto, ou dali se retiram. Em todos os casos a passagem inocente deve ser contínua e rápida, e nada pode degenerá-la, sob risco de ato ilícito: proíbem-se ao navio passante manobras militares, atos de propaganda, pesquisas e busca de informações, atividades seja estritamente relacionado com o ato simples de passar pelas águas territoriais. Aos submarinos manda-se que naveguem na superfície e arvorem seu pavilhão. O Estado costeiro tem o direito de regulamentar a passagem inocente de modo a prover à segurança da navegação, à proteção de instalações e equipamentos diversos, à proteção do meio ambiente e à prevenção de infrações à própria disciplina da passagem. Pode ele ainda, quando isso for necessário à segurança da navegação, estabelecer rotas marítimas a serem seguidas pelos barcos transeuntes. (IBID, 2015, p.359/360)

O Brasil aproveitou o fato de ser parte da convenção de 1958, e

unilateralmente, havia estabelecido com o Decreto Lei Nº 1.098/70, unilateralmente,

o seu limite de mar territorial em 200 milhas náuticas, com uma intenção puramente

econômica, principalmente em relação à pesca. Porém, em 1971, o Decreto nº

68.459 limitou uma zona de 100 milhas náuticas para a pesca (a ser feita

Convenção e demais normas de direito internacional, na medida em que não sejam incompatíveis

com a presente Parte.

5 Art. 3. Largura do mar territorial; Todo Estado tem o direito de fixar a largura do seu mar territorial

até um limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas, medidas a partir de linhas de base

determinadas de conformidade com a presente Convenção. Art. 4. Limite exterior do mar territorial;

Limite exterior do mar territorial é definido por uma linha em que cada um dos pontos fica a uma

distância do ponto mais próximo da linha de base igual à largura do mar territorial. Art. 5. Linha de

base normal; Salvo disposição em contrário da presente Convenção, a linha de base normal para

medir a largura do mar territorial é a linha de baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas

cartas marítimas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo Estado costeiro.

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exclusivamente por embarcações nacionais), com algumas exceções. Foi então

promulgada a Lei nº 8.617/93, a qual estabeleceu internamente em 12 milhas

náuticas a largura para o Mar Territorial, e uma Zona Contigua relacionada a

infrações às normas aduaneiras, fiscais, sanitárias e de imigração.

Marcelo D. Varella comenta:

O Brasil realizou estudos para aumentar seu território além do limite de 200 milhas e descobriu que em diversos pontos a plataforma continental brasileira o ultrapassa. Neste sentido, formalizou um pedido à ONU, incorporando uma área equivalente a 900 mil km² ao território brasileiro, o equivalente aos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A área total da plataforma continental brasileira será de 4,4 milhões de km², ou quase metade da área terrestre do território nacional. (2012, p.217)

E Wagner Menezes aduz:

A definição do mar territorial foi importante para estabelecer os limites jurídicos de exercício dos plenos poderes de jurisdição do Estado e de seu domínio, nos quais ele soberanamente pudesse exercer seu papel de polícia, guarda e segurança, aplicar suas leis de forma plena e executar medidas adjudicatórias; também, para definir os limites exploratórios dos recursos marinhos, sem qualquer intervenção de outro Estado ou da comunidade internacional. (2015, p. 93)

Assim, ficam estabelecidos os limites de jurisdição do Estado, bem como, seu

domínio, tornando possível exercer seu papel de polícia, guarda e segurança,

tornando por meio desta autoridade cabível a aplicação da lei.

2.5. ALTO MAR

A Convenção da ONU de 1982 regulamentou a partir do art. 86,

significativamente, o espaço marítimo, buscando a cooperação mutua de todos os

povos, para que deste modo seja possível estabelecer a paz, a justiça e o progresso

a todos, com a consciência de que os problemas em espaço marítimo dizem

respeito a todos, se baseando no Princípio da Justiça e o Princípio da Igualdade.

Além do respeito à soberania dos Estados, existe a necessidade de se observar “[...]

uma ordem jurídica que facilite as comunicações internacionais e promova o uso

pacífico dos mares, a conservação e utilização equitativa de seus recursos vivos e a

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proteção do meio marinho.” (Jana Maria Brito Silva e Larissa Maciel do Amaral,

2013, p.9)

Até o regime de Montego Bay, o alto-mar era tudo o que se estendia além do mar territorial, mas, com disciplinamento da zona econômica exclusiva, suas dimensões foram relativamente diminuídas, não obstante a perda geográfica tenha afetado seu princípio fundamental consuetudinariamente arraigado da liberdade do alto-mar. (IBID, 2015, p. 114)

Friedmann Wendpap e Rosane Kolotelo explicam:

Excluída a parte do mar que está suscetível à soberania política e aquela que está submetida à soberania econômica dos Estados (zona econômica exclusiva), uma parcela do mar remanesce livre: é o alto-mar, um bem internacional, onde há liberdade de trânsito e de exploração científica e econômica. Os recursos minerais do solo e subsolo do alto-mar, denominados de Área pela Convenção de Montego Bay, não se enquadram na classificação de res omnium aplicável às águas e ar suprajacente. (2007, p. 208)

Ficou legitimado após a CNUDM de 82, que nenhum Estado pode exercer

soberania sobre o alto mar, baseando-se no Res Communis Omnium,6 sendo ilegal

tentar ultrapassar as zonas estipuladas de sua jurisdição de Estado, ou seja, o alto

mar é um espaço coletivo comum, por sua vez tornando todos iguais, não devendo

estes desrespeitar o estipulado na Convenção. Devido ao fato de ser um espaço

comum a todos, a CNUDM de 82 estipulou alguns deveres e direitos a todos, e

mesmo que seja este um espaço coletivo, podem alguns Estados ter o dever

diferenciado para com este bem de interesse de toda a humanidade.

Neste ponto, Sidney Guerra relata:

O alto mar deve ser utilizado com finalidades pacíficas e pode ser conceituado como todas as partes do mar não incluídas na zona econômica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores em um Estado, nem nas águas arquipelágicas de um Estado arquipélago. (2015, p. 224)

Por seu turno, Washinton Luiz da Trindade comenta:

[...] observam Azevedo Matos e Teófilo de Azeredo Santos, apoiados nas autoridades de Francisco Antônio da Veiga Beirão e de Danjon, respectivamente, ao afirmarem que o Direito Marítimo tem seu domínio

6 Res Communis: coisa comum a todos

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próprio e seu caráter de normas estáveis, uniformes e universalistas. (1983, p. 18 - 19)

O alto mar é classificado como parte do patrimônio comum da humanidade,

sendo uma das regiões que não está sob domínio direto de nenhum Estado, ficando

sua preservação como uma responsabilidade de toda humanidade. Aliás, assim

como reservado aos fundos oceânicos, também estão classificados como patrimônio

comum da humanidade a Antártica, o espaço geoestacionário, o espaço sideral e os

corpos celestes.

Marcelo Dias Varella ensina:

O alto-mar compreende as regiões além da zona econômica exclusiva dos Estados. Anteriormente, acreditava-se que os fundos marinhos eram ricos em minérios e que as riquezas extraídas deveriam beneficiar todos os Estados, indistintamente. O termo “patrimônio comum da humanidade” decorre de um discurso do embaixador de Malta, Arvid Pardo, na Organização das Nações Unidas, sobre a necessidade de compartilhamento desse patrimônio, que estaria de certa forma monopolizado pelos Estados industrializados, os únicos a deterem tecnologia suficiente para realizar a extração dos recursos em grandes profundidades. Nos anos noventa, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento chegou a propor a divisão dos fundos marinhos entre os Estados, que poderiam em seguida vender suas partes a empresas privadas ou possibilitar a exploração mediante o pagamento de royalties. No entanto, diversos fatores impediram o sucesso da proposta, como a falta de uma metodologia para dividir tal território e a descoberta que mais de 90% dos recursos marinhos encontram-se nas zonas econômicas exclusivas. O alto-mar foi regulado em 1982, por meio da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. A região do leito do mar – os fundos marinhos e seu subsolo - além da jurisdição nacional, é chamada de área internacional dos oceanos ou simplesmente Área. Nessas regiões, os Estados podem livremente navegar, sobrevoar, colocar cabos submarinos, construir ilhas artificiais, pescar e realizar pesquisas, sempre respeitando o uso sustentável dos recursos existentes e para fins pacíficos. [...]a exploração mineral na Área é submetida ao controle da Autoridade Internacional dos Fundos Marítimos. Esta foi criada com o objetivo de melhor dividir os resultados da exploração de nódulos polimetálicos existentes na Área (ricos em níquel, cobalto, manganês e cobre) e de controlar a poluição resultante de atividades em alto-mar. Sua criação é o resultado de uma pretensão dos Estados em desenvolvimento que acreditavam que pouco adiantaria considerar a área uma região internacional se apenas as empresas dos Estados tecnologicamente avançados teriam condições de explorar minérios nessas regiões. Assim, para uma empresa poder explorar esses minérios, paga uma taxa, além de uma parcela de royalties sobre o resultado da exploração. Existem poucas atividades licenciadas, em virtude das dificuldades para a exploração e a existência de importantes jazidas nacionais de acesso mais fácil. (2015, p. 221-222)

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Foram criadas normas em relação ao alto mar com a finalidade de dividir de

maneira mais justa os bens e recursos encontrados nele, para que os Estados que

ainda se encontram em desenvolvimento, não fiquem de alheios as atividades que

ocorrem no alto mar.

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3. LIBERDADES PREVISTAS PARA O ALTO MAR NA CONVENÇÃO DA ONU DE

1982

Os direitos dos Estados que compõem a liberdade do alto mar estão divididos

em seis, as chamadas “seis liberdades básicas” (Wagner Menezes, 2015, p.115): a)

liberdade de navegação; b) liberdade de sobrevoo; c) liberdade de instalação de

cabos e oleodutos; d) liberdade de construção de ilhas artificiais e outras

instalações; e) liberdade de pesca; f) liberdade de pesquisa científica. Devendo

sempre se observar os direitos dos Estados. “Inúmeros casos de restrições à

liberdade dos mares surgiram convencionalmente. ” (Celso D. de Albuquerque Mello,

1971, p. 581)

Vale conferir as lições de Francisco Rezek:

Princípio da liberdade. A liberdade do alto mar – outrora se dizia simplesmente a liberdade dos mares – é ampla: diz respeito à navegação e a todas as formas possíveis de aproveitamento. Nenhuma pretensão restricionista podendo emanar da autoridade soberana de qualquer Estado. O Princípio da liberdade foi afirmado por Roma ao tempo de sua hegemonia. Sofreu desgaste na Idade Média, à força de aspirações de domínio que as potências navais manifestaram sob influência do princípio nhóis do século XVI, Francisco de Vitória e Francisco Suárez, e motivou, na primeira metade do século seguinte, a célebre controvérsia doutrinária entre o holandês Hugo Grotius, que publicou em 1609 o Mare liberum, e o inglês John Selden, que replicou em 1635 com o Mare clausum – obra supostamente encomendada por Carlos I de Inglaterra, onde o autor sustenta que o mar é suscetível de apropriação e domínio, mas não chega a excluir a liberdade coletiva de navegação. As pretensões dominiais desaparecem com o século XVII. (2015, p. 367)

E Celso D. de Albuquerque Mello destaca: A liberdade do alto-mar sofre uma série de limitações de origem costumeira. Estas limitações restringem a regra de não interferência. A finalidade delas é regulamentar de um certo modo a utilização do alto-mar, para evitar que nele haja uma anarquia. (2002, p.1206)

Devem as liberdades asseguradas na CNUDM de 82 serem respeitadas por

todos os Estados, levando em conta o interesse de todos os Estados em relação ao

exercício desta liberdade em alto mar, não se abstendo de nenhuma atividade

prevista pela convenção.

O Decreto nº 1.530/95 confirma:

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Artigo 87 Liberdade do alto mar 1. O alto mar está aberto a todos os Estados, quer costeiros quer sem litoral. A liberdade do alto mar é exercida nas condições estabelecidas na presente Convenção e nas demais normas de direito internacional. Compreende, inter alia, para os Estados quer costeiros quer sem litoral: a) liberdade de navegação; b) liberdade de sobrevôo; c) liberdade de colocar cabos e dutos submarinos nos termos da PARTE VI; d) liberdade de construir ilhas artificiais e outras instalações permitidas pelo direito internacional, nos termos da parte VI; e) Liberdade de pesca nos termos das condições enunciadas na seção 2; f) liberdade de investigação científica, nos termos das Partes VI e XIII. 2. Tais liberdades devem ser exercidas por todos os Estados, tendo em devida conta os interesses de outros Estados no seu exercício da liberdade do alto mar, bem como os direitos relativos às atividades na Área previstos na presente Convenção.

Deste modo, especifica o Artigo 87 todas as liberdades do alto mar,

esclarecendo que estas devem considerar o interesse de todos os Estados,

baseando-se no seu exercício da liberdade sobre o alto mar, não deixando de lado

os direitos da Área que a Convenção prevê.

3.1. LIBERDADE DE NAVEGAÇÃO

Considerada a mais clássica das liberdades do alto mar, é garantida até

mesmo para os estados sem litoral, “ [...] desde que arvorem sua bandeira. ” (Sidney

Guerra, 2015, p. 224). Cada navio deve possuir uma bandeira, para que não seja

considerado um sem nacionalidade. É como uma proibição de interferência de um

pavilhão sobre o outro, em tempos de paz, ou seja, se um navio possui uma

bandeira, e o outro uma diversa, mesmo que um deles seja militar não pode

interferir. A liberdade de navegação tem sido admitida de longa data, porém não

existia norma costumeira do que a regulasse.

Wagner Menezes ressalta:

O direito de navegação envolve também a atribuição de que cada Estado deve regular a relação ou o atributo da personalidade aos navios, dando-lhes a nacionalidade e o direito/dever de alvorar sua bandeira e, assim, estabelecer um vínculo político-jurídico do Estado com o navio, que terá o direito/dever de alvorar sua bandeira, submetendo-se a sua jurisdição e vinculando-se juridicamente a ele. Nesse sentido, o Estado deve obrigatoriamente construir um sistema jurídico legal que discipline o registro de navios com os respectivos nomes e características, detendo direitos de

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jurisdição, com base no Direito interno, sobre os navios registrados sob sua bandeira e sobre toda tripulação, e garantir a segurança por meio do poder de polícia, principalmente em relação às condições de navegabilidade, às condições de trabalho e formação da tripulação e à prevenção de abalroamento. (2015, p.116)

Existe a garantia de os Estados que se encontram entre o mar e aqueles

Estados que não possuem litoral poderem resolver em comum acordo o direito de

acesso ao mar, desde que se considerem os direitos do Estado ribeirinho ou de

trânsito e as particularidades do Estado sem litoral, ficando assim, possibilitados de

exercer tal liberdade desde que respeitem a liberdade de trânsito e à liberdade de

tratamento dos portos. O que pode ocasionar uma rivalidade entre dois grandes

princípios, o da liberdade das comunicações internacionais e o da soberania

territorial.

3.2. LIBERDADE DE SOBREVOO

A liberdade de sobrevoo está ligada ao entendimento de que o espaço aéreo

segue o mesmo regime jurídico do espaço terrestre, usando então o princípio da

liberdade como base para a liberdade de navegação aérea nesta área, tornando-a

livre e sem restrições. É de se observar que a liberdade do sobrevoo, não possui

detalhes para se materializar, para que não fiquem configuradas regras de direito

aéreo.

Segundo Celso D. de Albuquerque Mello:

A liberdade de sobrevôo é uma consequência da liberdade dos mares, uma vez que o espaço aéreo segue a situação da superficie terrestre ou marítima a que ele é sobrejacente.(2007, p. 1202)

Wagner Menezes comenta:

A liberdade de sobrevoo é o direito de aeronaves, quer militares, quer comerciais, de utilizar livremente o espaço aéreo sobrejacente ao alto-mar e utilizá-lo livremente, desde que para fins pacíficos. Embora a Convenção regule o uso do mar, ela estendeu seu alcance para disciplinar e regular o espaço aéreo existente sobre o alto-mar, reconhecendo a aplicabilidade de seu princípio fundamental também para o espaço aéreo. (2015, p. 118)

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É admitido o sobrevoo inocente, bem como, o pouso forçado, caso

comprovado que advindo de força maior. “Já no espaço aéreo situado sobre ao alto-

mar a liberdade de sobrevoo é total ” (Adherbal Meira Mattos, 2002, p. 173). Porém,

deve-se lembrar de que todas as vezes que é aumentada a extensão do mar

territorial de determinado país (desde que não ultrapassadas as 12 milhas náuticas

convencionadas), este tem seu espaço de sobrevoo diminuído, pois, como

consequência de tal aumento a extensão do alto-mar diminui.

3.3. LIBERDADE DE COLOCAR CABOS E DUTOS SUBMARINOS

É uma das liberdades mais recentes, visto que só a partir do século XIX foram

colocados os primeiros cabos em área marinha, tendo em vista que antes deste

século não havia tal possibilidade devido à ausência de tecnologia.

Celso D. de Albuquerque Mello ensina:

O estado que coloca tais cabos deve levar em consideração os já existentes, a fim de não impedir a sua reparação. (2002, p. 1207)

O Estado Costeiro só pode tomar em relação aos cabos e oleodutos ”medidas razoáveis”, tendo em vista a exploração da plataforma e seus recursos. (IB, 1971, p. 577)

Cabe lembrar que na Convenção de Genebra sobre o Alto Mar, de 1958, já

havia sido estipulada a garantia de “colocação de cabos e oleodutos submarinos no

leito do alto-mar a todos os Estados” (Adherbal Meira Mattos, 2002, p. 172), bem

como, a reserva de direito de exploração da sua plataforma submarina, e também o

aproveitamento de seus recursos naturais aos Estados Costeiros.

3.4. LIBERDADE DE PESCA

Sempre foi uma das liberdades do alto mar, pois “decorria de se considerar os

recursos piscícolas inesgotáveis” (Mello, 1971, p. 585). Porém, algumas espécies

começaram a diminuir, devido aos métodos utilizados por pescadores e caçadores,

o que consequentemente ocasionou o surgimento de tratados para regulamentação

da pesca de algumas espécies marinhas, para que estas não desaparecessem.

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Diante das ocorrências, não é mais absoluta a liberdade de pesca, estando ela

sujeita a restrições.

Sidney Guerra enfatiza:

A liberdade de pesca está assegurada para todos os Estados da sociedade internacional, mesmo aqueles que não possuem acesso para o mar, levando-se em consideração as limitações que são apresentadas pelo direito internacional ambiental. (2015, p. 224)

Celso D. de Albuquerque Mello explica:

A liberdade de pesca no alto-mar é um princípio tradicional no DIP do mar. Ela partia do pressuposto de que os recursos vivos do mar eram inesgotáveis. Atualmente, com a verificação de que esta afirmativa não corresponde à realidade, a liberdade de pesca deixou de ser absoluta e passou a estar sujeita a uma regulamentação, visando a conservação dos recursos vivos do alto-mar. (2002, p. 1206)

Há de se observar que muitos dos navios que pescam em alto mar utilizam a

bandeira de conveniência, de modo que não é respeitada a conservação dos

recursos vivos, consequentemente os peixes podem ter uma redução de sua

espécie.

3.5. LIBERDADE DE CONSTRUÇÃO DE ILHAS ARTIFICIAIS E OUTRAS

INSTALAÇÕES

É parte integrante do direito do Estado a construção de ilhas artificiais,

instalações e estruturas, contanto que estas não interfiram na navegação, bem

como, deve o Estado garantir a sinalização e segurança destas instalações. Seu

regime jurídico é o mesmo tanto na ZEE, quando no alto mar, o qual está disposto

no art. 80, parte VI, da Convenção. Assim sendo, o Estado costeiro, ou o Estado de

pavilhão, em caso de alto mar, não possuem soberania sobre estas, apenas

possuem jurisdição, ficando então sujeitas a Lei de pavilhão (Decreto nº

18.871/1929). 7

7 Art 80. Ilhas artificiais, instalações e estruturas na plataforma continental; O artigo 60 aplica-se,

mutatis mutandis, às ilhas artificiais, instalações e estruturas sobre a plataforma continental.

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Celso D. de Albuquerque Mello ressalta:

A liberdade de colocar ilhas artificiais é regulada pelas normas sobre esta matéria para a plataforma continental, onde são aplicadas, "mutatis mutandis", as mesmas normas para a colocação de ilhas artificiais na zona econômica. (2002, p. 1207)

Wagner Menezes aduz:

É de se destacar que, embora não possam os Estados exercer sua jurisdição no alto-mar, o fato de terem instalado as ilhas e construções lhes dará o direito de regulamentar o uso sobre tais instalações, bem como estabelecer leis de imigração, sanitárias e de segurança. Isso porque o dispositivo que versa sobre a liberdade de instalação de ilhas artificiais e instalações faz remissão ao artigo 60 da Convenção, que autoriza o Estado a utilizar sua jurisdição, criando, assim, um regime de exceção ao princípio. (2015, p. 119)

As ilhas artificiais não possuem o mesmo regime jurídico das ilhas naturais,

podendo ser criada uma zona de segurança ao redor desta de 500 metros.

Sidney Guerra esclarece:

Essa ideia relaciona-se à capacidade dos Estados de fomentarem o crescimento no plano interno utilizando esse espaço que “pertence a todos”. A possibilidade de incrementar as comunicações de um Estado e/ou carrear a produção de óleo, por exemplo, por meio de dutos e cabos possibilitam, por certo, o incremento das relações entre os diversos sujeitos de direito internacional. (2015, p. 224)

Deixa claro então, o interesse dos Estados em impulsionar o crescimento, por

intermédio desse espaço que é considerado de todos, possibilitando o

desenvolvimento das relações entre os sujeitos de direito internacional.

3.6. LIBERDADE DE PESQUISA CIENTIFICA

Todos os Estados, independente de sua localização geográfica, bem como,

as organizações internacionais competentes, têm o direito de realizar pesquisas

cientificas marinhas que contribuam para preservação dos recursos vivos, “bem

como para a manutenção e utilização coletiva dessa região” (Wagner Menezes,

2012, p. 121). Naturalmente, deve-se observar se não há prejuízo dos deveres e

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direitos de outros estados, vez que tal gênero de pesquisa está ligado ao uso

exclusivo para fins pacíficos, assim como é necessário respeitar os regulamentos

existentes, principalmente os destinados à proteção e preservação do meio

marítimo, evitando-se intervenções.

Celso D. de Albuquerque Mello lembra a respeito dessa liberdade:

Ela estabelece que todo e qualquer Estado tem o direito de realizar pesquisa científica marinha e está deverá ser feita para fins pacíficos, com métodos e meios específicos adequados, etc. Determina, ainda, que a pesquisa cientifica não será "fundamento jurídico" para reivindicações sobre o meio marinho ou seus recursos. (2002, p. 1213) O Estado ou organização que vá realizar pesquisa científica deverá dar informações ao Estado costeiro como o tipo e objetivos do projeto, o método e meios que vão ser utilizados, as áreas geográficas em que ela vai ser realizada, o nome da instituição patrocinadora, etc. O Estado costeiro poderá participar da exploração, bem como poderá solicitar os resultados finais da pesquisa. O Estado costeiro poderá suspender ou fazer cessar a pesquisa se ela é realizada de modo diverso do que consta das informações que foram dadas a ele, etc. Os Estados sem litoral e os desfavorecidos pela geografia serão notificados de pesquisa realizada na zona econômica e plataforma continental realizada por outros Estados e organizações e também poderão participar dela. (IBID, p. 1214)

Todo o Estado ou organização que realizar pesquisas cientificas, tem como

obrigação deixar ciente o Estado costeiro sobre seus objetivos do projeto, métodos e

meios, de que se utilizará, entre outras informações, estando este Estado que

pretende realizar tais pesquisas sujeito a ter elas suspensas ou cessadas, se o

Estado costeiro não houver recebido as informações devidas sobre tais pesquisas.

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4. RESTRIÇÕES ÀS LIBERDADES DO ALTO MAR

Buscando preservar e manter a paz e respeitar o direito internacional, há

algumas restrições à liberdade de navegação, considerando-se que mesmo com a

ausência de soberania, não se deve permitir anarquia. São então reguladas estas

restrições por tratados e convenções internacionais.

Os Estados se uniram para cooperar em caso de repressão de algumas

atividades ilícitas, considerando que estas são próprias do meio marítimo, ou nela

encontrar um caminho para sua prática. Desta forma, todos os Estados

conjuntamente ficam responsáveis por esta fiscalização, sobre embarcações de seu

pavilhão e também contra embarcações estrangeiras.

O princípio geral da liberdade dos mares foi consagrado pela doutrina apenas

no século XIX, nos fins do primeiro quartel, mesmo que este viesse se impondo

desde o século XVIII. Porém, o princípio da liberdade sofre restrições seja em tempo

de paz ou de guerra. Neste sentido, a CNUDM atribui aos navios de guerra o direito

de visita às embarcações em alto mar, tal qual o exercício de um poder de polícia,

situação essa normatizada no art. 110 da Convenção de 1982. “As referidas

restrições derivam da natureza das coisas – no sentido de que a liberdade de cada

Estado, no alto-mar” (Hildebrando Accioly, 1991, pg. 197), [...] não deve ultrapassar

limites que levem a prejudicar a liberdade de outro Estado, ou pode ser decorrente

de acordos ou convenções internacionais.

4.1. PROIBIÇÃO DA GUERRA

Devido a questão de o alto mar ter o dever de ser utilizado apenas para fins

pacíficos, há à proibição formal da guerra desde 1945 pelo menos, quando da

Conferencia São Francisco, que criou a ONU, em 26 de junho daquele ano.

A ONU estabeleceu na sua Carta de criação que todos os Estados resolvam

seus conflitos internacionais pacificamente.8 A Convenção de 1982 criou

8 Carta São Francisco – 1945. Art. 1. Os propósitos das Nações Unidas são: 1§ Manter a paz e a

segurança internacionais e, para esse fim, tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar

ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios

pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou

solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;

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mecanismos de solução pacífica sobre todas as disputas relacionadas à Convenção,

na parte XV, art. 280.9 Porém, há de se observar que nem todos os países são parte

da ONU, não tendo esses a obrigatoriedade de cumprir com o estipulado, assim

como, sabe-se que mesmo para os países integrantes da ONU, há aqueles que

infringem as normas.

4.2. BLOQUEIO EM TEMPO DE GUERRA

Semelhante a um cerco terrestre, o bloqueio é o corte de comunicações

exteriores, de modo que há interdição de todas as embarcações que ali tentarem

transitar. Se o bloqueio for estabelecido de forma legitima, autoriza-se que ocorra

apresamento ou até o confisco das cargas que estiverem sendo transportadas,

comportando exceções. Entre elas os casos de desconhecimento do capitão em

desrespeitar o bloqueio

Aborda o capítulo I da Declaração relativa ao direito da guerra marítima,

assinada em Londres, na data de 26 de fevereiro de 1909, a respeito do bloqueio em

tempo de guerra:

Art. 1. O bloqueio deve limitar-se aos portos e às costas do inimigo ou por ele ocupados. Art. 2. De conformidade com a Declaração de Paris de 1856, o bloqueio, para ser obrigatório, deve ser efetivo, isto é, mantido por uma força suficiente para impedir realmente o acesso ao litoral inimigo. Art. 3. Saber se o bloqueio é efetivo é uma questão de fato. Art. O bloqueio não será considerado levantado se, em razão do mau tempo, as forças que mantêm o bloqueio se distanciaram momentaneamente. Art. 5. O bloqueio aplicar-se-á imparcialmente às diferentes bandeiras. Art. 6. O comandante da força bloqueadora pode conceder a navios de guerra autorização para entrar no porto bloqueado e para posteriormente dele sair. Art. 7. Um navio neutro, em caso de perigo comprovado por uma autoridade das forças bloqueadoras, pode penetrar no local bloqueado e dele sair posteriormente, sob condição de não haver deixado ou retirado carga alguma. Art. 8. O bloqueio, para ser obrigatório, deverá ser declarado conforme o artigo 9 e notificado conforme os artigos 11 e 16. Art. 9. Fará a declaração de bloqueio a Potência bloqueadora ou as autoridades navais que atuem em seu nome. [...]

9 Art. 280. Solução de controvérsias por quaisquer meios pacíficos escolhidos pelas partes; Nenhuma

das disposições da presente Parte prejudica o direito dos Estados Partes de, em qualquer, momento,

acordarem na solução de uma controvérsia entre eles relativa à interpretação ou aplicação da

presente Convenção por quaisquer meios pacíficos de sua própria escolha.

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O bloqueio é uma operação que impede que cada beligerante “renove os

seus recursos e mantenha correspondência com o exterior [...]” (Bevilaqua, 1939, p.

301) através do mar. Mesmo que tal operação prejudique os neutros, é uma

operação considerada licita, visto que há outras operações realizadas em guerra que

prejudicam muito os neutros, e estes por sua vez não podem intervir nas operações

de guerra.

A guerra que autoriza o bloqueio é a internacional, pois ela deixa clara a

situação com os beligerantes e a existência de neutros. A autoridade que possui

competência para declarar o bloqueio é o poder executivo do beligerante, podendo

ele delegar ao chefe de sua esquadra. Para que o bloqueio seja respeitado, deve

este ser efetivo e executado pelas forças da potência que o decretou.

4.3. DIREITO DE VISITA

Deve-se considerar que as liberdades do alto-mar podem ser exercidas

conforme interesses de outros Estados, assim como, os direitos relacionados à área

que constitui bem comum da humanidade, conforme dispõe art. 87, § 2.10

O direito a visita trata da possibilidade que um navio de guerra possui para

visitar um navio estrangeiro, buscando descobrir sua identidade, mediante

solicitação de documentos. Também é conhecido como direito à aproximação e

direito a visita. A Convenção de Montego Bay de 1982, em seu art. 110, descreve os

motivos razoáveis para se levantar suspeita sobre um navio estrangeiro e então se

usufruir do direito de aproximação. Dentre os motivos então: a) pirataria, b) tráfico de

escravos, c) transmissões não autorizadas, d) falta de nacionalidade, e, e) uso de

bandeira falsa. Caso não seja fundamentada devidamente tal visita, pode o navio ser

indenizado, por qualquer perda e dano sofridos.11

10 Art. 87. §2. Tais liberdades devem ser exercidas por todos os Estados, tendo em devida conta os

interesses de outros Estados no seu exercício da liberdade do alto mar, bem como os direitos relativos às atividades na Área previstos na presente Convenção. 11 Art. 110 §2. Nos casos previstos no parágrafo 1º, o navio de guerra pode proceder à verificação

dos documentos que autorizem o uso da bandeira. Para isso, pode enviar uma embarcação ao navio

suspeito, sob o comando de um oficial. Se, após a verificação dos documentos, as suspeitas

persistem, pode preceder a bordo do navio a um exame ulterior, que deverá ser efetuado com toda a

consideração possível. § 3. Se as suspeitas se revelarem infundadas e o navio visitado não tiver

cometido qualquer ato que as justifique, esse navio deve ser indenizado por qualquer perda ou dano

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5. PATRIMONIO COMUM DA HUMANIDADE

O termo patrimônio comum da humanidade teve sua origem em um discurso

do embaixador de Malta, chamado Arvid Pardo, na ONU, objetivando dar

notoriedade a necessidade de compartilhamento dos recursos dos fundos

oceânicos, pois estes vinham sendo monopolizados por grandes potencias

tecnológicas, as quais são os únicos portadores de possibilidade para realizar a

extração dos recursos em grandes profundidades. O princípio do patrimônio comum

da Humanidade traz como consequência a exploração dos recursos encontrados

nos “[...] fundos marinhos através do sistema internacional, o que garante

compartilhamento de tecnologia e de benefícios. ” (Hee Moon Jo, 2000, p. 476)

Marcelo Dias Varella destaca:

Nos anos noventa, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento chegou a propor a divisão dos fundos marinhos entre os Estados, que poderiam em seguida vender suas partes a empresas privadas ou possibilitar a exploração mediante o pagamento de royalties. No entanto, diversos fatores impediram o sucesso da proposta, como a falta de uma metodologia para dividir tal território e a descoberta que mais de 90% dos recursos marinhos encontram-se nas zonas econômicas exclusivas. O alto-mar foi regulado em 1982, por meio da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. (2012, p. 221)

Os fundos dos oceanos para lá das plataformas continentais e seus recursos

fazem parte do consagrado “patrimônio comum da humanidade”, conforme estipula

o art. 136 da Convenção de Montego Bay de 1982.12 Também são detentores do

título de ’bens internacionais’, devido ao valor atribuído a estes. Os bens

internacionais são res omnium (coisa de todos), visto que ninguém é dono desses

bens, e, ao mesmo tempo, todos têm a obrigação de zelar por estes, e podem se

utilizar destes, desde que de acordo com as normas que os regem. Não há de se

falar em soberania estatal sobre esses bens, independente de quem entrar primeiro

que possa ter sofrido. §4. Estas disposições aplicam-se, mutatis mutandis, às aeronaves militares. §5.

Estas disposições aplicam-se também a quaisquer outros navios ou aeronaves devidamente

autorizados que tragam sinais claros e sejam identificáveis como navios e aeronaves ao serviço de

um governo.

12 Art. 136. Patrimônio comum da humanidade; A Área e seus recursos são patrimônio comum da

humanidade.

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em uma competição por estes, vez que “há direito difuso titularizado por todas as

formas de vida” (Friedmann Wendpap; Rosane Kolotelo, 2007, p. 206)

Sidney Guerra enfatiza:

Chama-se atenção para esse fato, porque no passado havia o entendimento de que os recursos naturais eram infinitos e que poderiam ser utilizados sem qualquer limitação. Infelizmente, nos dias atuais, verifica-se que existem vários problemas que precisam ser devidamente normatizados para que não ocorra o colapso para as futuras gerações. (2015, p.224)

“A Área” é o nome dado ao espaço que é localizado além da plataforma

continental, tendo sua extensão pelo espaço chamado zona internacional dos fundos

marinhos e oceânicos. O tema do fundo do mar, de modo que ultrapassasse as

jurisdições nacionais, não foi tratado nas Conferências de Genebra, de 1958 e 1960.

Porém, a Declaração de São Domingos, de 1972, classificou o fundo do mar

internacional, junto a recursos provenientes deste, como “patrimônio comum da

humanidade”, de acordo com a Resolução nº 2.749, XXV, de 1970.

Adherbal Meira Mattos explica:

Com base na noção de patrimônio comum da Humanidade, Nenhum Estado Poderá reivindicar direitos soberanos sobre parte alguma dessa zona, de onde resulta a impossibilidade de aquisição de propriedade (domínio), seja por uso, ocupação ou qualquer outro meio. (2002, p. 180)

Zulmira Maria de Castro Baptista alude:

A área e seus recursos institui uma autoridade internacional dos fundos marinhos, organização a ser integrada pelos Estados-partes, que se incumbirá da administração da área. Sob este singular regime, sua exploração far-se-á tanto pelos estados, mediante o controle da autoridade quanto pela empresa, um ente operacional diretamente subordinado àquela. (2002, p. 349)

A administração da área é responsabilidade dos Estados-partes, se utilizando

da autoridade advinda dos Estados e por ente subordinado, a empresa.

5.1. LIMITAÇÕES À EXPLORAÇÃO DO PATRIMÔNIO COMUM DA HUMANIDADE

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A CNUDM de 1982, em sua parte XI, dispõe sobre a Área, descrevendo que

ela e seus recursos são patrimônio comum da Humanidade, nos termos do art. 136.

A Convenção considera que “é um dos princípios básico que regem a Área, ao lado

da cooperação, fins pacíficos, investigação científica marinha, transferência de

tecnologia e proteção do meio marinho. ” (IBID, p. 180). Não devendo deixar de lado

o “aproveitamento dos recursos da Área, sobre seus órgãos, solução de

controvérsias e pareceres consultivos. ” (IBID, p.180).

Hee Moon Jo ensina:

Uma das razões que criaram a Convenção de 1982 foi a expectativa criada pela exploração dos recursos naturais nas áreas dos fundos marinhos em um futuro próximo. Os países em desenvolvimento se preocuparam muito com os possíveis benefícios, que seriam exclusivos dos países industrializados. A parte XI da Convenção objetiva garantir a participação no compartilhamento dos benefícios pela atividade comercial nos fundos marinhos. O princípio que rege a área é o princípio de herança comum da humanidade, [...]. (2000, p. 476).

Os recursos são distintos dos minerais, como dispõe o art. 133 – “a”; porém,

os minerais são recursos extraídos da Área, conforme art. 133 – “b”; ocorre, então,

que ambos são patrimônios comum da Humanidade, a Área e seus recursos.13

Tornam-se assim, tais recursos inalienáveis, porque nenhum Estado pode reivindicar

soberania ou direitos de soberania sobre estes, conforme o Art. 137, §1 e §2. 14

Há, porém, uma distorção em relação aos recursos, porquanto os minerais

extraídos podem ser alienados, desde que por Autoridade Internacional, segundo

13 Art. 133. Termos utilizados, Para efeitos da presente Parte: a) ‘recursos’ significa todos os recursos

minerais sólidos, líquidos ou gasosos in situ, na Área, no leito do mar ou no seu subsolo, incluindo os

nódulos polimetálicos; b) os recursos, uma vez extraídos da Área, são denominados ‘minerais’.

14 Art. 137. Regime jurídico da Área e dos seus recursos; §1. Nenhum estado pode reivindicar ou

exercer soberania ou direitos de soberania sobre qualquer parte da Área ou seus recursos; nenhum

Estado ou pessoa física ou jurídica pode apropriar-se de qualquer parte da Área ou dos seus

recursos. Não serão reconhecidos tal reivindicação ou exercício de soberania ou direitos de

soberania nem tal apropriação. §2. Todos os direitos sobre os recursos da Área pertencem à

humanidade em geral, em cujo nome, atuará a Autoridade. Esses recursos são inalienáveis. No

entanto, os minerais extraídos da Área só poderão ser alienados de conformidade com a presente

Parte e com as normas, regulamentos e procedimentos da Autoridade.

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disposto no Art. 137, §3.15 De tal forma fica clara a distorção do princípio do

patrimônio comum da Humanidade, praticada por parte do G-7, o qual contraria o

art. 140 da Convenção, que busca tratar com igualdade até mesmo os Estados em

desenvolvimento, que não alcançaram sua independência plena, deixando-os em

desvantagens em face aos países mais desenvolvidos como, no caso, os países

integrantes do G-7.16

Vê-se, então, a necessidade de tais restrições, vez que mesmo com elas

sendo impostas, há quem não as cumpra. De modo que a questão permite indagar

se, no caso da inexistência de tais restrições, ficariam os Estados menos

desenvolvidos sem direito algum a tal patrimônio, mesmo que este seja intitulado

como Patrimônio Comum da Humanidade? Isto porque os Estados mais

desenvolvidos não se conteriam em explora-lo o mais rápido possível, sem se

limitar, para que em um futuro próximo estes não venham a ter de compartilha-lo ou

corram o risco de não poder utilizar-se destes.

A parte XI da Convenção é considerada uma vitória no contexto da Nova

Ordem Econômica Internacional, por aqueles países em desenvolvimento, “[...]

desde que a exploração da Área garanta o benefício financeiro deles. ” (IBID, p.

477). Já os países industrializados, bem como as empreses transnacionais, não

ficaram satisfeitos com o estipulado pela Convenção. De modo que as discordâncias

levaram a um acordo relacionado à Implementação da Parte XI da Convenção de

Montego Bay, de 1982, objetivando a satisfação dos interesses de ambas as partes.

15 Art. 137. § 3. Nenhum Estado ou pessoa física ou jurídica poderá reivindicar, adquirir ou exercer

direitos relativos aos minerais extraídos da Área, a não ser de conformidade com a presente Parte.

De outro modo, não serão reconhecidos tal reivindicação, aquisição ou exercício de direitos.

16 Art. 140. Benefício da humanidade; §1. As atividades na Área devem ser realizadas, nos temos do

previsto expressamente na presente Parte, em benefício da humanidade em geral,

independentemente da situação geográfica dos Estados, costeiros ou sem litoral, e tendo

particularmente em conta os interesses e as necessidades dos Estados em desenvolvimento e dos

povos que não tenham alcançado a plena independência ou outro regime de autonomia reconhecido

pelas Nações Unidas de conformidade com a resolução 1514 (XV) e com as outras resoluções

pertinentes da sua Assembléia Geral. §2. A autoridade, através de mecanismo apropriado, numa

base não discriminatória, deve assegurar a distribuição equitativa dos benefícios financeiros e dos

outros benefícios econômicos resultantes das atividades na Área de conformidade com a subalínea i)

da alínea f) do parágrafo 2º do artigo 160.

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Fica resguardado o direito soberano que o Estado possui de explorar os

recursos naturais do meio ambiente marítimo. No entanto, possuem o dever de

preserva-lo, conforme o art. 193, e protege-lo.17

Adherbal Meira Mattos leciona:

Nota-se, uma vez mais, a presença marcante da autoridade dos assuntos referentes ao Direito do Mar. A despeito da preocupação normativa com os interesses dos países periféricos (teórica) deverão estes, lutar para que as políticas e estratégias dos países centrais não venham, na prática, a lhe causar prejuízos, inclusive, em virtude da hodierna (e odiosa) noção de patrimônio comum da Humanidade. (2002, p. 197)

Um dos princípios regentes da Área é relacionado ao comportamento dos

Estados, devendo esses sempre manter a paz e a segurança internacional, bem

como, a compreensão mútua, conforme disposto no art. 138 da Convenção.18 Visto

que a partir deste surge a responsabilidade por danos, aplicadas às organizações

internacionais competentes, conforme art. 139.19 E, por fim, complementado pelo

17 Art. 193. Direito de soberania dos Estados para aproveitar os seus recursos naturais; Os Estados

têm o direito de soberania para aproveitar os seus recursos naturais de acordo com a sua política em

matéria de meio ambiente e de conformidade com o seu dever de proteger e preservar o meio

marinho.

18 Art. 138. Comportamento geral dos Estados em relação à Área; O comportamento geral dos

Estados em relação à Área deve conformar-se com as disposições da presente Parte, com os

princípios enunciados na Carta das Nações Unidas e com outras normas de direito internacional, no

interesse da manutenção da paz e da segurança e da promoção da cooperação internacional e da

compreensão mútua.

19 Art. 139. Obrigação de zelar pelo cumprimento e responsabilidade por danos; §1. Os Estados Partes ficam obrigados a zelar por que as atividades na Área, realizadas quer por Estados Partes, quer por empresas estatais ou por pessoas físicas ou jurídicas que possuam a nacionalidade dos Estados Partes ou se encontrem sob o controle efetivo desses Estados ou dos seus nacionais, sejam realizadas de conformidade com a presente Parte. A mesma obrigação incube às organizações internacionais por atividades que realizem na Área. §2. Sem prejuízo das normas de direito internacional e do artigo 22 do Anexo III, os danos causados pelo não cumprimento por um Estado Parte ou uma organização, internacional das suas obrigações, nos termos da presente Parte, implicam responsabilidade; os Estados Partes ou organizações internacionais que atuem em comum serão conjunta e solidariamente responsáveis. No entanto, o Estado Parte não será responsável pelos danos causados pelo não-cumprimento da presente Parte por uma pessoa jurídica a quem esse Estado patrocinou nos termos da alínea b) do parágrafo 2º do artigo 153 se o Estado Parte tiver tomado todas as medidas necessárias e apropriadas para assegurar o cumprimento efetivo do parágrafo 4º do artigo 153 e do parágrafo 4º do artigo 4 do Anexo III. §3. Os Estados Partes que sejam membros de organizações internacionais tomarão medidas apropriadas para assegurar a aplicação do presente artigo no que se refere a tais organizações.

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Art. 141, que esclarece quanto a utilização da Área, especificando que se destina

apenas para fins pacíficos.20

5.2. RESTRIÇÕES ÀS LIBERDADES EM ALTO MAR NÃO IMPEDEM DESASTRES

AMBIENTAIS

Há de se considerar que a Área tem sofrido explorações imoderadamente, por

indústrias petroleiras, as quais tem extraído em quantidades indevidas o petróleo de

determinadas regiões. Em alguns Países, fica claro a interferência das autoridades

destes buscando limita-los, porém, o Brasil é um país em que as autoridades não

tem considerado de tanto importância o que ocorre nesse sentido, não reprimindo a

exploração abusiva de tais recursos, mesmo que estes estejam localizados na Área,

ou seja, sejam, bem ou riqueza da humanidade, não apenas mais um bem nacional,

a ser explorado egoistamente e desconsiderando consequências, tais como as que

ocorreram no Golfo do México, situação à qual o Brasil não está imune, e pode vir a

ocorrer sem aviso prévio.

Algumas explorações que ocorrem em nosso alto mar, não são apenas

capazes de consumir todos os recursos ali existentes, podendo também, ocasionar

desastres desproporcionais e a longo prazo, como o citado acima, que ocorreu no

Golfo do México, região onde até os dias de hoje é possível encontrar animais e até

mesmo ovos de pássaros, ainda contaminados com compostos químicos, não

olvidando o dano maior ocasionado aos milhares de animais que morreram devido a

este vazamento.

O que gera a reflexão, seguinte, mesmo que existam responsabilidades por

danos, como será possível restituir todas as vidas desses animais que foram e estão

sendo prejudicados até hoje por este vazamento. Não tornando visível a eficácia do

artigo 139, da Convenção, vez que alguns danos são de difícil reparação, ou até

mesmo, irreparáveis.

Não há como deixar de lado danos econômicos que resultam de tais

desastres, porém estes, de alguma maneira, com o tempo e o devido empenho,

certamente serão reparados. Não deixando se considerar as exceções, como por

20 Art. 141. Utilização da Área exclusivamente para fins pacíficos; A Área está aberta à utilização exclusivamente para fins pacíficos por todos os Estados, costeiros ou sem litoral, sem discriminação e sem prejuízo das outras disposições da presente Parte.

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exemplo: os prejuízos causados a empresas de pesca, que poderão ser

recuperados, uma vez que o meio ambiente de que eram extraídos os peixes para

seu comercio, até hoje não está recuperado.

O artigo 145 estipula a proteção do meio ambiente marinho, esclarecendo

todas as medidas de precaução que devem ser tomadas, porém, não se fala em

riscos, se omitindo em mencionar casos fortuitos ou força maior, ficando o artigo um

tanto vago, portanto por mais que alguns Estados e empresas que explorem tais

meios tomem as devidas precauções, pode ser inevitável ou imprevisível que um

dano imenso ocorra. 21

Outro desastre que ocorreu antes do Golfo do México, é o acidente petroleiro

de Exxon Valdez, em 1989, que contaminou 2.000 quilômetros de litoral e matou

milhares de animais. Duas décadas se passaram e ainda assim restam 95 mil litros

de óleo na região; previa-se que o óleo se degradasse, porém ele permanece,

mesmo que a maior parte debaixo da terra.

Fatos que levam a um grande problema, que precisa ser prontamente

enfrentado, exigindo-se que todas as vezes que ocorrerem desastres como esses no

meio ambiente - ambiente que era para ser nossa herança, herança de gerações,

patrimônio da Humanidade -, as autoridades devem cobrar das responsáveis multas

gigantescas. Todavia, o valor cobrado as quais nunca se saberá em que finalidades

serão realmente utilizadas, mesmo que devesse ser direito de todos saberem, vez

que o bem depredado é nosso, visto que é nosso patrimônio que necessita ser

restaurado, renovado, preservado. Porém, a única coisa que poderá ser notada será

a tentativa frustrada de reparação dos imensos danos que empresas e Estados

gananciosos causaram a tal patrimônio, dos quais, quando se observa tais

acontecimentos, não parecem tão nossos.

21 Art. 145 Proteção do meio marinho; No que se refere às atividades na Área, devem ser tomadas as medidas necessárias, de conformidade com a presente Convenção, para assegurar a proteção eficaz do meio marinho contra os efeitos nocivos que possam resultar de tais atividades. Para tal fim, a Autoridade adotará normas, regulamentos e procedimentos apropriados para, inter alia,: a) prevenir, reduzir e controlar a poluição e outros perigos para o meio marinho, incluindo o litoral, bem como a perturbação do equilíbrio ecológico do meio marinho, prestando especial atenção à necessidade de proteção contra os efeitos nocivos de atividades, tais como a perfuração, dragagem, escavações, lançamento de detritos, construção e funcionamento ou manutenção de instalações, dutos e outros dispositivos relacionados com tais atividades; b) proteger e conservar os recursos naturais da Área e prevenir danos à flora e à fauna do meio

marinho.

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Neste ponto, é relevante observar que:

Os Estados têm dever de proteger e de preservar (conservar) o meio marinho e o Direito de soberania para aproveitar seus recursos naturais. Têm, ainda, o dever de não transferir danos ou riscos de uma zona para outra, ou adotar medidas para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho, inclusive, as resultantes da utilização de tecnologias sob seu controle. Tais medidas referem-se a todas as fontes de poluição do meio marinho, incluindo, inter alia, as destinadas a reduzir, tanto quanto possível, a emissão de substâncias tóxicas provenientes de fontes terrestres, da atmosfera ou por alijamento; a poluição proveniente de embarcações; a poluição decorrente de instalações e dispositivos utilizados na exploração ou por alijamento dos recursos naturais do leito do mar e do seu subsolo; e a poluição proveniente de outras instalações e dispositivos que funcionem no meio marinho. (IBID, 2002, p. 189)

Há de se notar que não se prevê a restauração dos recursos, se focando

principalmente na exploração desses, quando, a realidade é que devido a

exploração descabida destes, não há como garantir que gerações futuras virão a

explorar estes recursos, devido à grande degradação que vem sofrendo, sem serem

restituídos. Não se aclara que o fato de se diminuir a poluição não fará com que ela

acabe, a diminuição do problema, da poluição total de toda a Área em algum

momento mesmo que levem décadas, não será eliminado; considerando que

diminuir não é o mesmo que acabar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O direito marítimo passou por uma evolução histórica intensa, devido à

grande intervenção do Estado, tornando necessária a criação de leis que o

regulamentasse. Considerando também, a necessidade dessas leis, devido à grande

abrangência que o direito marítimo possui, estando ele ligado a diversos aspectos o

tornando essencial para a humanidade.

Com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982,

ocorreram mudanças no direito marítimo, sendo algumas delas as divisões que

ocorreram sobre o mar, passando então a ser dividido em quatro faixas: mar

territorial, zona contígua, zona econômica exclusiva, e, alto mar. Cada uma dessas

faixas possui suas normas e espaços distintos uns dos outros, para que desta forma

possam ser melhor administradas. Havendo como exigência o respeito aos

regramentos impostos a cada uma, de forma a satisfazer cada estado e seus

espaços, bem como, o espaço que é dividido entre todos os Estados, o alto mar.

O alto mar por sua vez, tem uma importância grande, pois, não é apenas uma

área a ser resguardada por leis, é também, um bem e fonte de riqueza para toda a

humanidade. Tornando então, sua preservação essencial para todos os Estados,

visto que os bens e recursos retirados desta área são de todos, não possibilitando

que nenhum Estado o explore egoisticamente, e, tornando aberta a possibilidade de

Estados menos desenvolvidos participarem das explorações que ocorrem em alto

mar.

Buscando a preservação do alto mar, ou, desse bem e fonte de riqueza, que é

considerado herança da humanidade, se criaram liberdades previstas na Convenção

das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982. Estas liberdades são: a

liberdade de navegação, liberdade de sobrevoo, liberdade de colocar cabos e dutos

submarinos, liberdade de construir ilhas artificiais e outras instalações permitidas

pelo direito internacional, liberdade de pesca e a liberdade de investigação científica.

Assim como, o alto mar possui suas liberdades, surgiu a necessidade de se

elaborar restrições para suas liberdades, para que em casos de necessidade não

haja lacunas a respeito de quais atitudes deve se tomar. Nos casos, ocorre a

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proibição de guerra, direito a visita e o bloqueio em tempo de guerra, no entanto,

não deixando de observar que mesmo nas suas liberdades, os artigos que as

regulamentam, as restringem também.

Apesar de todas as leis regulando o alto mar, ele vem sofrendo desgastes em

seus recursos e poluição de seu ambiente, pois, mesmo que haja regras para sua

utilização, podem ocorrer eventos inesperados que ocasionam danos de difícil

reparação, e muitas vezes, até irreparáveis. Levando, a se considerar, se as

liberdades que existem sobre o alto mar não são exageradas, ou, se suas restrições

é que não são suficientes.

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