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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA LUCIANA LINHARES KINTOPP TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA - Pr 2006

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

LUCIANA LINHARES KINTOPP

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA - Pr

2006

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LUCIANA LINHARES KINTOPP

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, como requisito parcial para obtenção do título de

Médica Veterinária. Orientadora e Supervisora: Profª. MSc Carmen

Lucia Scortecci Hilst Professora Orientadora:Profª.Dra.Neide Mariko

Tanaka

CURITIBA - Pr 2006

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LUCIANA LINHARES KINTOPP

DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS

ASSOCIADA À OBSTRUÇÃO URETRAL POR TAMPÕES URETRAIS

E URÓLITOS

Monografia de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP , como requisito parcial para obtenção do título de

Médica Veterinária. Professora Orientadora :Profª. Dra. Neide Mariko

Tanaka

CURITIBA - Pr 2006

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TERMO DE APROVAÇÃO

Luciana Linhares Kintopp

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C)

Esse trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção do título (grau) de Médico

Veterinário no Programa (Curso) de Medicna Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 24 de novembro de 2006

_________________________________________

Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

_____________________________________

Orientadora: Profª. Dra. Neide Mariko Tanaka

Universidade Tuiuti do Paraná

_____________________________________

Profª. Dra. Simone Monteiro

Universidade Tuiuti do Paraná

_____________________________________

Prof. Dr. Ricardo Maia

Universidade Tuiuti do Paraná

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Reitor

Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitor Administrativo

Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica

Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Afonso Celso Rangel Santos

Secretária Geral

Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Sa úde

Prof. João Henrique Faryniuk

Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária

Profª. Neide Mariko Tanaka

Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medic ina Veterinária

Profª. Elza Maria Galvão Ciffoni

CAMPUS CHAMPAGNAT

Rua Marcelino Champagnat, 505

CEP 80710- 250 – Mercês

Fone: (41) 3331-7803

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso é composto por um relatório de estágio

realizado no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina (UEL) no

período de 01 de agosto a 29 de setembro de 2006 e também uma monografia com

o tema Doença do trato urinário inferior dos felinos associada a obstrução uretral por

tampões uretrais e urólitos, que se encontra logo após a descrição das atividades

desenvolvidas no estágio curricular obrigatório.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me lembrar do poder que possuo, por me dar saúde e

disposição para alcançar todos os meus objetivos, e pela pessoa que sou.

Aos meus pais: Walter João Tatarem Kintopp e Lindaura Linhares Kintopp,

sempre acreditando na minha pessoa, me apoiando, me ouvindo, orientando e

incentivando.

Ao meu irmão e principalmente a minha cunhada, que sempre me incentivou

e acreditou em mim.

Às minhas grandes amigas Daniella Ribeiro da Cunha e Cândi Luzia Krul,

que muitas vezes me fizeram acreditar que era possível, e que compartilhei toda a

minha vida acadêmica ao lado delas e grande parte da minha vida particular.

À minha amiga e exímia orientadora Neide Mariko Tanaka, pela orientação

precisa, apoio e estímulo, por ter me viabilizado escolher os meus próprios caminhos

e neles ter trilhado comigo.

Aos animais da minha vida, in memoriam: Teco, Zelda, Wine, minha querida

Wendy, e aqueles que ainda vivem comigo Baco, Colé , e o meu raio de luz, sempre

ao meu lado mesmo em silêncio minha amada gata Ágata, obrigado por me

trazerem para esta profissão.

Aos proprietários que permitiram que seus animais participassem do período

do meu estudo.

À todos os professores da Universidade Tuiuti do Paraná, pelo incentivo e

apoio.

E a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização

deste trabalho.

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Somos aprendizes de uma arte na qual ninguém se torna mestre.

Ernest Hemingway (1898-1961)

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SUMÁRIO

RESUMO 1

1. INTRODUÇÃO 2

2. FUNÇÃO URETRAL NORMAL 3

2.1 ANATOMIA DA URETRA

2.2 FISIOLOGIA DA URETRA

2.3 NEUROFISIOLOGIA DA URETRA

3. DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS (D TUIF)

3.1 ETIOLOGIA DA DTUIF

3.2 EPIDEMIOLOGIA DA DTUIF

3.2.1 Fatores predisponentes

3.2.1.1 Idade

3.2.1.2 Sexo

3.2.1.3 Raça

3.2.1.4 Estilo de vida

3.2.1.5 Dieta

3.2.1.6 Freqüência de refeições

4. CRISTAIS DE ESTRUVITA

5. TAMPÕES URETRAIS

5.1 COMPOSIÇÃO DOS TAMPÕES URETRAIS

5.1.1 Composição da matriz amorfa dos tampões

5.1.2 Composição mineral dos tampões

5.2 TAMPÕES URETRAIS DE CRISTAIS DE ESTRUVITA

5.3 LOCALIZAÇÃO DOS TAMPÕES URETRAIS

6. URÓLITOS

6.1 URÓLITOS DE ESTRUVITA

6.1.1 Tipos de urólitos de estruvita

6.2 URÓLITOS DE OXALATO DE CÁLCIO

6.2.1 Fatores predisponentes

6.2.2 Fatores de risco

6.3 OXALATO DE CÁLCIO X ESTRUVITA

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7. OBSTRUÇÃO URETRAL

7.1 ETIOLOGIA

7.2 EPIDEMIOLOGIA

7.3 HISTÓRICO E SINAIS CLÍNICOS

7.4 DIAGNÓSTICO DA OBSTRUÇÃO URETRAL

7.4.1 Diagnóstico por imagem

7.4.2 Exames laboratoriais

7.4.2.1 Urinálise

7.4.2.2 Urocultura

7.4.2.3 Exames bioquímicos e hemograma

7.4.2.4 Análise dos urólitos

7.5 TRATAMENTO DA OBSTRUÇÃO URETRAL

7.5.1 Correção das alterações sistêmicas

7.5.1.1 Hipotermia

7.5.1.2 Azotemia pós-renal

7.5.1.3 Hipercaliemia

7.5.1.4 Hipocaliemia

7.5.1.5 Acidose metabólica

7.5.1.6 Hipocalcemia ionizada

7.5.1.7 Hipoglicemia

7.5.1.8 Catabolismo

7.5.2 Contenção do paciente

7.5.3 Desobstrução uretral

7.5.3.1 Massagem suave da uretra peniana

7.5.3.2 Compressão manual da bexiga

7.5.3.3 Cistocentese

7.5.3.4 Desobstrução por propulsão hídrica

7.5.3.5 Cateter de espera

7.5.4 Procedimentos cirúrgicos

7.5.4.1 uretrostomia perineal

7.5.4.2 Uretrostomia pré-púbica

7.5.4.3 Uretrostomia subpúbica

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7.6 PREVENÇÃO DA OBSTRUÇÃO URETRAL

8. COMCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Disposição da uretra do gato macho

Figura 2. Cristais de estruvita

Figura 3. Composição mineral dos tampões felinos, 2005

Figura 4. Distribuição dos tampões felinos de 1981 – 2005

Figuras 5 e 6. Urólitos de estruvita

Figuras 7, 8, 9 e 10. Urólitos de oxalato de cálcio

Figura 11. Composição dos urólitos felinos

Figura 12. Distribuição dos urólitos felinos de 1981 – 2005

Figura 13. Locais corretos e incorretos de inserção da agulha dentro da

bexiga

Figura 14. Exposição do pênis

Figura 15. Soluções de irrigação

Figura 16. Posição do animal na mesa operatória

Figura 17. Preparação do animal na mesa operatória

Figura 18. Liberação do pênis

Figura 19. Incisão da uretra

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DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS ASSOC IADA À

OBSTRUÇÃO URETRAL POR TAMPÕES URETRAIS E URÓLITOS

RESUMO

O trato urinário inferior dos felinos, que consiste em bexiga e uretra, está

sujeito à ocorrência de várias enfermidades, das quais merece grande destaque a

obstrução uretral, causada pela formação de tampões uretrais e urólitos pelo

acúmulo de cristais de estruvita e oxalato de cálcio e mucosecreções, em várias

seções da uretra, podendo inclusive ter um comprometimento sistêmico, onde o

prognóstico poderá ser bastante desfavorável. Sendo assim, este trabalho tem por

objetivo apresentar alguns importantes aspectos relacionados à ocorrência,

diagnóstico, prevenção e tratamentos da obstrução uretral em felinos machos.

Palavras-chave: Obstrução uretral, tampões uretrais, urólitos, felinos.

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1. INTRODUÇÃO

A principal causa de obstrução urinária nos felinos domésticos é a obstrução

uretral secundária à doença do trato urinário inferior dos felinos (DTUIF), que já foi

considerada por alguns autores como a enfermidade mais comum nos gatos.

(SESHANDRI, 2002).

A associação de achados clínicos e epidemiológicos, associados ao

emprego de exames complementares, torna possível diferenciar a DTUIF de outras

enfermidades que acometem o trato urinário inferior dos felinos, assim como prever

um tratamento diferenciado para gatos obstruídos. (SILVA, 2005).

A interrupção do fluxo urinário pode ser em virtude da obstrução física,

sendo as causas mais comuns os urólitos e os tampões uretrais. Tal interrupção leva

a um efeito prejudicial sobre a função renal, fazendo com que as condutas

terapêuticas sejam de caráter emergencial.

As metas da terapia de gatos com obstrução uretral são a restauração do

fluxo uretral normal e a correção das anormalidades bioquímicas e clínicas que se

desenvolvem. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

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2. FUNÇÃO URETRAL NORMAL

2.1 ANATOMIA DA URETRA

O trato urinário inferior dos felinos é composto da vesícula (bexiga) e da

uretra. A vesícula urinária é dividida em três porções: ápice que constitui a parte

cranial, o corpo localizado entre o ápice e o colo; e o colo localizado entre as

junções uretrovesicais e vesicouretral.

A uretra dos gatos machos é dividida anatomicamente em quatro

segmentos: uretra pré-prostática, uretra prostática, uretra pós-prostática e uretra

peniana. A uretra pré-ptostática estende-se desde o colo da vesícula urinária até a

próstata A uretra prostática localiza-se na região correspondente à glândula

prostática até as glândulas bulbouretrais, e a uretra peniana situa-se entre as

glândulas bulbouretrais e a extremidade peniana, como pode ser observada na

figura 1. O diâmetro uretral interno é de 2,4 milímetros na junção vesicouretral, 2,0

milímetro na porção pré-prostática, 2,3 milímetros na porção pós-prostática, 1,3

milímetros na altura das glândulas bulbouretrais e 0,7 milímetros na porção peniana,

o que justifica a maior incidência de obstrução nesta região. (CORGOZINHO e

SOUZA, 2003).

A uretra das fêmeas é um conduto que une a bexiga urinária com a vagina,

este conduto tem um comprimento muito menor que nos machos e seu diâmetro é

constante, por estas características a apresentação da DTUIF na sua forma

obstrutiva é pouco freqüente, e corresponde à parte da uretra do macho craniana à

próstata. A mucosa da uretra de machos e fêmeas é predominantemente formada

por epitélio de transição; gradualmente o epitélio transforma-se num epitélio

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pavimentoso estratificado nas proximidades do orifício uretral externo. (HOSGOOD e

HEDLUND, 1996).

FIGURA 1 : DISPOSIÇÃO DA URETRA DO GATO MACHO

1. Uretra pélvica

2. Testículo

3. Parte esponjosa da

uretra

4. Glande

5. Ducto deferente

FONTE: WWW.PUBLICATIONS.ROYALCANIN.COM, 2006

O ápice e o corpo vesical são constituídos de musculatura lisa, formando o

músculo detrusor que é responsável pelo esvaziamento vesical. A musculatura lisa

localizada no colo vesical e na uretra pré-prostática forma o esfíncter uretral interno.

O músculo uretralis envolve a uretra pós-prostática constituindo o esfíncter uretral

externo. A uretra prostática é a região de transição entre os dois esfíncteres.

(CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

2.2 FISIOLOGIA DA URETRA

As principais funções da uretra são (1) a manutenção da continência pelo

fornecimento da resistência ao fluxo urinário no estado de não-eliminação, (2) a

possibilitação da passagem não obstruída da urina durante as eliminações urinárias,

e (3) a contribuição às defesas normais do hospedeiro contra a infecção do trato

urinário. (HOSGOOD e HEDLUND, 1996).

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A resistência ao fluxo urinário é efetuada pela musculatura lisa da uretra pré-

prostática, pelas musculaturas lisa e estriada da uretra prostática e pela musculatura

estriada da uretra pós-prostática e peniana.

A eliminação normal da urina requer o relaxamento do esfíncter uretral

externo e interno e a contração do músculo detrusor.(CORGOZINHO e SOUZA,

2003).

2.3 NEUROFISIOLOGIA DA URETRA

A inervação simpática da vesícula urinária e da uretra é efetuada pelo nervo

hipogástrico originado dos segmentos da medula espinhal entre as vértebras L1 e

L4. As inervações parassimpática colinérgica é realizada pelo nervo pélvico que

emerge das raízes nervosas entre os segmentos das vértebras S1 e S3. O nervo

pélvico atua sobre o músculo detrusor estimulando a contração vesical. O nervo

pudendo é originado das raízes nervosas entre S1 e S3 e é responsável pela

inervação somática da uretra e pela inervação do esfíncter uretral externo.

A continência urinária é denominada fase simpática. A micção é controlada

pela inervação parassimpática. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

3. DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS – DTUIF

3.1 ETIOLOGIA DA DTUIF

A DTUIF pode ser causada por uma única causa ou por uma combinação

delas. Já foram motivos de estudos etiológicos alguns tipos de vírus, bactérias,

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traumas, neoplasias, doenças uretrais tampões uretrais e urolitíases, embora, na

maioria das vezes, não tenha sido possível identificar sua origem. (BUFFINGTON,

1997). Estes casos com origem desconhecida são classificados como idiopáticos.

(SHAW e IHLE, 1999). Da mesma forma, Osborne et al, (2004) diz, se a causa da

DTUIF felina não puder ser identificada após avaliação apropriada, sugere-se o

nome de doença idiopática do trato urinário inferior dos felinos.

Os pacientes felinos acometidos pela DTUIF podem ser classificados em

dois grupos principais, dos quais o primeiro é composto por pacientes em que o

processo inflamatório das vias urinárias é acompanhado da presença de minerais

(cristais e/ou cálculos), e o segundo, nos quais agentes infecciosos (bacterianos e

virais), trauma, neoplasias de bexiga e uretra ou ainda outros fatores não elucidados

podem estar envolvidos no desenvolvimento da DTUIF. (SENIOR, 1993).

3.2 EPIDEMIOLOGIA DA DTUIF

Estudos norteamericanos e britânicos relatados na década d 1970 e início de

1980 estimaram que a incidência global de DTUIF felina é de 0,5% a 10% ao ano.

(OSBORNE et al, 2004).

Um estudo brasileiro de 50 felinos com DTUIF comprovam achados

referentes à incidência da doença, uma vez que 88% dos animais avaliados eram

machos, 92% recebiam ração seca e 52% apresentaram quadros recidivantes da

doença. Setenta e dois por cento apresentavam obstrução uretral, sendo todos

machos. (RECHE JR. et al., 1998).

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3.2.1 Fatores predisponentes

3.2.1.1 Idade

Os gatos adultos jovens de 2 a 6 anos de idade (variação entre 1 a 10 anos)

são mais comumentes afetados, é raro acometer gatos com menos de 12 meses.

(SHAW e IHLE, 1999).

3.2.1.2 Sexo

Os machos e fêmeas são igualmente afetados, mas os machos são mais

suscetíveis à obstrução uretral. Os gatos castrados, de ambos os sexos, são mais

freqüentemente afetados do que os não-castrados. (SHAW e IHLE, 1999).

3.2.1.3 Raça

Há uma maior freqüência em gatos Persas e menor em gatos Siameses.

(SHAW e IHLE, 1999).

3.2.1.4 Estilo de vida

Os gatos obesos sedentários e confinados têm maior risco. Tem sido

registrado um aumento da ocorrência no final do outono e no inverno. O estresse

pode ser um fator em alguns gatos, especialmente se alteram a ingestão de comida

e água. (SHAW e IHLE, 1999).

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3.2.1.5 Dieta

A comida de gatos parece aumentar o risco, possivelmente por seu teor

mais alto em magnésio, pelo aumento da ingesta devido à densidade calórica e pela

digestibilidade mais baixa, ou por indução de menor volume urinário (devido ao

aumento de perda de água fecal). A urina concentrada favorece a supersaturação

dos minerais e subseqüentemente precipitação. (SHAW e IHLE, 1999).

3.2.1.6 Freqüência de refeições

A alimentação freqüente ou ad libitum resulta em fluxos urinários pós-

prandiais alcalinos mais regulares, que podem causar um aumento sustentado no

pH urinário e conseqüente precipitação de cristais de estruvita. Os cristais de

estruvita podem levar à formação de tampões uretrais ou de urólitos. (SHAW e IHLE,

1999).

4. CRISTAIS DE ESTRUVITA

Os cristais de estruvita são uma das principais causas de afecções do trato

urinário inferior dos felinos, sendo um complexo mineral (fosfato-amônico-

magnésico), cuja solubilidade depende das concentrações de Mg +2, NH4+e PO4 -3.

(FUNABA et al, 2001). (Figura 2).

De acordo com O’Flaherty (2006), a formação, crescimento e dissolução de

cristais de estruvita na urina depende da atividade dos constituintes da estruvita e da

atividade do soluto na solução. A cristalização de estruvita na urina pode ser assim

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considerada: zona alta de saturação: os cristais se formam espontaneamente e

desenvolvem-se rapidamente, mas há presença de cristais pré-formados; zona de

supersaturação: não há formação de cristais espontaneamente, mas os cristais pré-

formados não se dissolvem; zona de baixa saturação: os cristais não se formam e os

cristais pré-formados se dissolvem.

FIGURA 2: CRISTAIS DE ESTRUVITA

FONTE: WWW.GETTOKNOWHILLS.COM, 2006

5. TAMPÕES URETRAIS

5.1 COMPOSIÇÃO DOS TAMPÕES URETRAIS

Segundo Osborne et al (1997), os tampões uretrais são objetos de qualquer

composição que fecham ou obstruam as vias de passagem ou ductos.

A formação de tampões uretrais pode ocorrer na DTUIF por qualquer causa.

Os tampões são geralmente formados pela associação de uma matriz protéica e

uma cristalina, apesar de existirem os de matriz única ou amorfa (HORTA, 2006).

A ocorrência concomitante de inflamação do trato urinário e cristalúria

persistente podem levar à formação de tampões de matriz cristalina, especialmente

de felinos machos. Este processo de formação dos tampões uretrais de matriz

cristalina também pode ser comparado com a preparação de uma gelatina de fruta: a

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matriz (comparável à gelatina) captura diversos tipos de cristais (comparável à fruta).

(OSBORNE et al, 2004).

5.1.1 Composição da matriz amorfa dos tampões

A matriz amorfa dos tampões uretrais são formadas pelas células

descamadas de urotélios, células e restos celulares do sangue (hemácias),

espermatozóides, tecidos esfacelados, exudatos inflamatório, glicoproteínas,

partícula semelhantes a vírus e bactérias envoltos por materiais amorfo, etc.

(OSBORNE et al, 2004).

A glicoproteína de Tamm-Horsfall tem sido citada como componente da

substância amorfa dos tampões uretrais. Mas a glicoproteína Tamm-Horsfall é

produzida nos túbulos renais e no começo da doença o rim é um órgão que não é

afetado. As substâncias produzidas pelas células epiteliais devem ser nomeadas

como glicoproteínas do muco. (RODRIGUEZ, 1995).

5.1.2 Composição mineral dos tampões

Uma variedade de diferentes minerais é encontrada nos tampões uretrais,

como: Fosfato de amônio e magnésio 6H2O (estruvita), newberita, oxalato de cálcio

mono e diidratado, fosfato de cálcio, urato ácido de amônio, xantina. (OSBORNE et

al 2004). Embora atualmente os cálculos de oxalato de cálcio sejam os mais

habituais em gatos, a base da matriz cristalina mais comum ainda são os cristais de

estruvita. (SPARKES, 2006).

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23

5.2 TAMPÕES URETRAIS DE CRISTAIS DE ESTRUVITA

Os tampões uretrais de estruvita têm características físicas próprias como a

coloração branca, creme ou castanho-clara, freqüentemente têm forma cilíndrica ou

algumas vezes formam massas gelatinosa sem forma, são frágeis, moles e

facilmente compressíveis, geralmente isolados e ocasionalmente múltiplos, seu

diâmetro conforma-se ao diâmetro da uretra e o comprimento varia, desde alguns

milímetros até vários centímetros. (OSBORNE et al, 1997).

De acordo com Lazzarotto (2005), há um mecanismo, que está ligado aos

tampões uretrais de estruvita, é sugerido por diversos autores como resultante de

uma associação dos fatores predisponentes dos cristais de estruvita estéreis e dos

induzidos por infecção. E este mecanismo é uma das causas mais comum de

obstrução uretral em gatos.

Segundo Osborne et al (2006), um estudo realizado em 2005, onde

veterinários da Minnesota Uroliths Center submeteram a uma análise 593 tampões

uretrais, e seu resultado foi: a composição mineral de quase 87 por cento eram

primeiramente estruvita, menos de 1 por cento foi composto do oxalato de cálcio,

9,8% de matriz e os 2,4 restantes de outros minerais. Desde 1981, a estruvita foi

consistentemente o mineral o mais comum em tampões uretrais felinos; e a

prevalência de oxalato de cálcio em tampões uretrais sempre foi infrequente, como

pode ser observado nas figuras 3 e 4.

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24

FIGURA 3: COMPOSIÇÃO MINERAL DOS TAMPÕES FELINOS, 2005.

• MAP (estruvita), CaOx (Oxalato de cálcio), Matrix (Matriz) e Other (Outros).

FONTE: OSBORNE, 2006 MINNESOTA UROLITH CENTER

FIGURA 4: DISTRIBUIÇÃO DOS TAMPÕES FELINOS DE 1981 – 2005

Estruvita (MAP) Oxalato de cálcio Fosfato de cálcio Matriz Misto Outros

IDADE

FONTE: OSBORNE, 2006 MINNESOTA UROLITH CENTER

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25

5.3 LOCALIZAÇÃO DOS TAMPÕES URETRAIS

As seções da uretra descrito como localização mais freqüente dos tampões

uretrais é a uretra peniana, a uretra ao nível das glândulas bulbouretrais e no canal

de entrada da bexiga.(CHEW et al, 2002).

6. URÓLITOS

Os urólitos podem ser catalogados segundo sua composição mineral,

localização ou forma. As formas características dos cristais e urólitos são

principalmente influenciadas pela estrutura interna dos cristais e pelo ambiente no

qual se formam.

A presença de fatores que promovem a formação de cristais e o crescimento

na urina, na ausência de concomitante infecções do trato urinário causadoras da

produção de grandes quantidades de mucoproteína e reagentes inflamatórios, levam

a formação dos urólitos clássicos. (OSBORNE et al, 1996).

Segundo Osborne et al (2004), os urólitos são concreções policristalinas

compostas basicamente de minerais (cristalóides orgânicos e inorgânicos) e com

quantidades menores de matriz. Uma variedade de diferentes minerais é encontrada

nos urólitos clássicos, como: fosfato de amônio e magnésio 6H2O (estruvita), fosfato

de hidrogênio e magnésio 3H2O, hidrato de fosfato de magnésio, oxalato de cálcio,

fosfato de cálcio, ácido úrico e uratos, xantina, cistina, sílica, uréia. De acordo com

Buffington et al (1997), os gatos possuem uma alta capacidade de concentração

urinária (densidade 1.050-1.080) e que a simples presença de cristais na urina não

significa que o animal irá desenvolver urolitíase.

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26

Os gatos podem ter diversos tipos de urólitos, mas o mineral mais comum

encontrado é o fosfato amônico magnésico (estruvita). (ROBERTSON et al, 2002).

Entretanto, nos últimos dez anos, o número de urólitos de oxalato de cálcio

aumentou de modo que agora os dois tipos ocorrem quase com a mesma

freqüência. (BUFFINGTON et al, 1997; PEQUENO, 2006).

Em anos recentes, a porcentagem de urólitos composto de estruvita vem

diminuindo, por conseqüência das dietas formuladas para reduzir o mineral, mas

com isso a porcentagem dos urólitos de oxalato de cálcio aumentou. (RICHARDS,

2006).

De acordo com Gonzáles et al (2003), a incidência de urólitos é relacionada

à alimentação, principalmente em função dos índices de magnésio na dieta, pois a

homeostase do magnésio é mantido basicamente através de excreções na urina.

Há diferenças físicas e, provavelmente, etiopatogênicas entre os urólitos e

os tampões uretrais felinos. Portanto, esses termos não devem ser empregados

como sinônimos. (OSBORNE et al, 2004).

6.1 URÓLITOS DE ESTRUVITA

De acordo com Funaba et al (2001), os urólitos de estruvita são vistos com

mais freqüência em gatos alimentados com alimentos secos, e quando o pH urinário

excede 7, mas somente o pH não determina a ocorrência de urólitos de estruvita.

Um pH urinário alcalino e um magnésio dietético elevado são geralmente

considerados os fatores mais importantes na formação dos urólitos de estruvita, com

tudo o pH da urina é muito mais importante, pois os urólitos de estruvita não se

formam em um pH abaixo de 6,5. A habilidade da dieta em induzir a urina ácida

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27

depende dos ingredientes usados na adição de acidificantes tais como a metionina,

cloreto de amônio e ácido fosfórico. Os alimentos equilibrados atuais mantêm o

magnésio a uma porcentagem de 0.08 a 1 na matéria seca. (BIORGE, 2001).

Os urólitos de estruvita são brancos, cor de creme, ou castanho-claro. Em

geral a superfície dos urólitos é vermelha, devido a hematúria concomitante.

(OSBORNE et al, 1997). (Figuras 5 e 6).

FIGURA 5 E 6: URÓLITOS DE ESTRUVITA

FIGURA 5 FIGURA 6

FONTE: WARRAK, 2006 6.1.1 Tipos de urólitos de estruvita

Os urólitos de estruvita estéreis ou assépticas, contém pouca matriz, e

caracteristicamente são densos e quebradiços. Estão associados a um conjunto

multifatorial, que se destacam os seguintes fatores: queda no volume e aumento na

densidade específica urinária, secundários à baixa ingestão de água; consumo

excessivo de alimentos, podendo resultar em obesidade e a alta excreção de

minerais (alguns calculogênicos) pela urina.

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Os urólitos de estruvita induzida por infecção contém uma quantidade

superior de matriz se comparada ao urólito de estruvita estéril. A formação deste tipo

de urólito está relacionada à urease microbiana. Mediante tal urease ocorre a

hidrólise da uréia. Com isso, tem-se uma alcalinização da urina e origem de uma

grande quantidade de íons fosfato e amônio, que fazem parte da composição do

cristal de estruvita. (OSBORNE et al, 2004).

6.2 URÓLITOS DE OXALATO DE CÁLCIO

Os urólitos de oxalato de cálcio são seqüelas de um grupo de distúrbios

subjacentes que resultam na precipitação do oxalato de cálcio na urina. Alterações

no equilíbrio entre as concentrações urinárias de minerais calcinogênicos (cálcio e

oxalato) e inibidores da cristalização (como o citrato, fósforo, magnésio, sódio,

potássio) foram associados ao início e crescimento dos urólitos de oxalato de cálcio.

(OSBORNE et al, 1997).

Os gatos com urolitíase por oxalato de cálcio tipicamente apresentam uma

urina ácida, pH urinário de 6,3 a 6,7. (OSBORNE et al, 2004).

Os urólitos de oxalato de cálcio, tem como características físicas, geralmente

tem um formato irregular, tamanho pequeno, superfície lisa e esférica, as cores

variam de branco, creme à marrom. (OSBORNE et al, 1996). (Figuras 7, 8, 9 e 10).

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FIGURA 7, 8, 9 e 10: URÓLITOS DE OXALATO DE CÁLCIO

FIGURA 7 FIGURA 8

FIGURA 9 FIGURA 10

FONTE: WARRAK, 2006

6.2.1 Fatores predisponentes

Os gatos predispostos são gatos moradores de apartamento em centros

urbanos, fazem uso de um único tipo de dieta, consomem dieta acidificada,

alimentam-se de ração seca, a faixa etária é de 4 a 8 anos, animais da raça Persa,

Himalaia e Birmanês, a maioria são machos e estão acima do peso corporal ideal.

Observa-se, que na maioria das vezes, os fatores predisponentes são múltiplos e

podem ser necessários mais de um fator atuando. (SOUZA, 2006).

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6.2.2 Fatores de risco

Os fatores de risco que são associados com o urolitíase do oxalato de cálcio

incluem a hipercalciúria, a hipercalcemia, a hiperoxalúria, hipocitraturia,

hipomagnesemia, acidose, diminuição dos inibidores macromoleculares e redução

do volume urinário. (ELLIOTT, 2003).

Os fatores de risco relacionados com a dieta para o desenvolvimento do

urólito de oxalato de cálcio incluem uma superacidificação, o conteúdo de umidade

abaixo, excesso de vitamina C, excessiva restrição de cálcio, excessiva restrição de

fósforo e níveis baixos de fibra, (SOUZA, 2006) e ainda relacionado com a dieta,

uma dieta com excesso de oxalato e teores excessivos de proteína, sódio e vitamina

D, dietas deficientes em piroxina (vitamina B6). O consumo de dietas secas está

associado com o risco mais alto de formação de urólitos de oxalato de cálcio que as

dietas enlatadas. (LULICH et al, 2003).

6. 3 OXALATO DE CÁCIO X ESTRUVITA

Segundo Osborne et al (2006), em 1981, o oxalato de cálcio foi detectado

em somente 2 por cento de urólitos felinos submetidos ao centro de Minnesota

Urolith Center, visto que a estruvita foi detectado em 78 por cento. Entretanto, em

meados dos anos 80 começou, um aumento dramático na freqüência de urólitos de

oxalato de cálcio, ocorrendo uma associação com uma diminuição na freqüência de

urólitos de estruvita. De 1994 a 2002, aproximadamente 55 por cento dos urólitos

felinos submetidos ao centro de Minnesota Urolith Center foram compostos do

oxalato de cálcio, quando somente 33 por cento foram compostos de estruvita. Em

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2003, a freqüência de urólitos de oxalato de cálcio declinou a 47 por cento, quando a

freqüência dos urólitos de estruvita se levantou a 42 por cento. Durante 2004, o

número de urólitos de estruvita (44.9%) que foram submetidos ao Minnesota Urolith

Center cutucou aqueles que no passado continham o oxalato de cálcio (44.3 por

cento). Em 2005, o número de urólitos de estruvita (48.1%) ultrapassava aqueles

que continham oxalato de cálcio (40.6%) na freqüência da ocorrência, como pode

ser observado nas figuras 11 e 12.

A diminuição progressiva na ocorrência de urólitos naturais de oxalato de

cálcio durante os três anos passados pôde ser associada com: reformulação da

dieta de manutenção do gato adulto, melhorias na formulação de dietas terapêuticas

e aumento no consumo de formulações terapêuticas, todos projetados para

minimizar a formação de urólitos de oxalato de cálcio.

FIGURA 11: COMPOSIÇÃO DOS URÓLITOS FELINOS

• MAP (Estruvita), CaOx (Oxalato de cálcio), CaPO (Fosfato de cácio), Matrix (Matriz), Other

(Outros) e Purine

FONTE: OSBORNE, 2006 MINNESOTA UROLITH CENTER

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FIGURA 12: DISTRIBUIÇÃO DOS URÓLITOS FELINOS DE 1981 A 2005

Estruvita (MAP) Oxalato de cálcio Fosfato de cálcio Matriz Misto Outros

IDADE FONTE: OSBORNE, 2006 MINNESOTA UROLITH CENTER

7. OBSTRUÇÃO URETRAL

7.1 ETIOLOGIA

A obstrução do lúmen uretral pode ocorrer por oclusão mecânica através de

debris no sítio de obstrução, denominada de obstrução intramural. As causas de

obstrução uretral são comumente classificadas de primária, perpetuante e

iatrogênica. Uma ou mais afecções intraluminal localizada em um único ou diferentes

locais podem levar ao desenvolvimento da uropatia obstrutiva. (CORGOZINHO e

SOUZA, 2003).

As principais causas de afecções intramurais compreendem os tampões

(mucoproteínas e/ou cristais, coágulos, restos teciduais, corpo estranho) e urólitos.

(CORGOZINHO e SOUZA, 2003). As outras causas de obstrução uretral são as

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33

estenoses, as lesões da próstata e as massas extraluminais que comprimem a luz

uretral. (BOJRAB et al, 2005).

7.2 EPIDEMIOLOGIA

A maior prevalência da obstrução uretral em gatos machos é justificada pela

menor elasticidade e diâmetro da uretra, como também, pelo maior comprimento

quando comparada com a uretra da fêmea. (SILVA, 2005).

Os fatores contributivos são a expansão de volume decorrente do líquido

administrado durante o período anúrico, o acúmulo de solutos deficientemente

reabsorvidos durante o período anúrico, e um defeito tubular na reabsorção de sódio

e água. (DIBARTOLA et al, 1998).

7.3 HISTÓRICO E SINAIS CLÍNICOS

O histórico e os sinais clínicos de gatos obstruídos dependem da duração da

doença e do grau da obstrução uretral. De um modo geral, os proprietários de felinos

que apresentam obstrução uretral parcial relatam que o gato inicialmente demonstra

várias tentativas para urinar com emissão de pouca urina (em gotas) e com

coloração avermelhada. O felino permanece por um longo período na posição de

micção, dentro da bandeja sanitária ou lugares inapropriados da casa, o que leva o

proprietário a relatar que o animal está constipado. Entre as repetidas tentativas de

urinar a dor fica evidenciada, o gato lambe incessantemente o pênis ou o abdome, a

postura de dorso arqueado e mia alto. (DIBARTOLA et al, 1998; CORGOZINHO e

SOUZA, 2003).

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34

Nos casos mais graves, os proprietários notam a impossibilidade total do

felino expelir a urina, o que demonstra obstrução total. Os gatos ficam débeis, não

comem e se escondem.

Na inspeção clínica evidencia-se o pênis hiperêmico e edemaciado. À

palpação, observa-se uma vesícula urinária distendida, o que gera desconforto ao

animal. Na obstrução parcial, nota-se o fluxo urinário com pequeno diâmetro após a

compressão da bexiga. Quando a obstrução é total, o gato não permite o exame

clínico demonstrando dor grave e ausência de fluxo urinário. Deve-se tomar cuidado

com a pressão exercida sobre a bexiga em virtude da fragilidade da musculatura,

podendo ocorrer a sua ruptura. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

A urina retida na bexiga ocasiona uma pressão retrógrada aos ureteres e

aos rins. Assim sendo, ocorre alteração na filtração e no fluxo sangüíneo renal e

alteração na função tubular renal. Caso o gato permaneça obstruído por 24 a 36

horas, aparecerão sinais clínicos de azotemia pós-renal como vômito, anorexia,

depressão, desidratação, hipotermia e até colapso. Fraqueza generalizada, arritmia

cardíaca, e/ou bradicardia indicam uma obstrução de longa duração em função da

hipercalemia.(BARSANTI, 1994; CORGOZINHO e SOUZA, 2003). Se houver

obstrução uretral completa, deve-se avaliar a magnitude da azotemia e da

hipercaliemia pós-renal. (NELSON e COUTO, 2001).

O efeito da obstrução uretral é a redução e, eventualmente, a interrupção de

filtração glomerular, levando a um rápido acúmulo de metabólitos de excreção, como

a uréia, e a uma insuficiência dos rins em manter o equilíbrio iônico e ácido-básico.

(CHANDLER et al, 1988 ). Sinais de uremia indicam que a obstrução completa está

presente no mínimo 48 horas. (BARSANTI et al, 1994).

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35

7.4 DIAGNÓSTICO DA OBSTRUÇÃO URETRAL

Segundo Barsanti (1994), quando a obstrução uretral é suspeitada com base

no exame físico, a tranqüilidade e a história dos pacientes ajudará determinar a

duração e a severidade da obstrução.

O diagnóstico de gatos com obstrução uretral associada a DTUIF é realizado

através do histórico e da anamnese, concomitantemente à avaliação clínica e aos

exames complementares. A palpação e compressão manual da bexiga para indução

da micção deverão preceder avaliação radiográfica do trato urinário inferior para

confirmação da obstrução uretral. Nos felinos obstruídos deve-se adiar qualquer

tentativa imediata de investigação diagnóstica nos animais que apresentam sinais

clínicos de desidratação, uremia e hipercalemia, priorizando a estabilização das

funções vitais, além do restabelecimento do fluxo urinário normal. (CORGOZINHO e

SOUZA, 2003).

7.4.1 Diagnóstico por imagem

Os exames radiográficos são recomendados em pacientes com obstrução

uretral para identificar com precisão o sítio ou os sítios da obstrução, e também, as

anormalidades do trato urinário pertinentes. As radiografias simples podem

comprovar a existência de cálculos radiopacos na uretra, como também na vesícula

urinária e nos rins. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

Os urólitos de matriz podem ser radiotransparentes, ou podem ter alguma

radiodensidade. Coágulos sangüíneos são radiotransparentes e podem ser

erroneamente tomados por urólitos radiotransparentes. Os urólitos

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36

radiotransparentes podem ser diferenciados dos coágulos sangüíneos, quando

avaliado pela ultra-sonografia bidimensional em escala-cinza. Comumente os

urólitos produzem sombras nitidamente marginadas contendo poucos ecos, estando

ainda associados a sombreamento acústico. (OSBORNE et al, 2004).

O estudo radiológico contrastado é efetivo na identificação de cálculos

radiolucentes, ruptura uretral ou vesical, estenose uretral, divertículo uracral,

neoplasias e processos inflamatórios.

A técnica radiológica contrastada empregada em felinos freqüentemente é a

uretrocistograma retrógrada de contraste positivo para determinar os possíveis sítios

de obstrução uretral. O contraste positivo é injetado através de um cateter urinário

(Soreveign 3 ½ Tom Cat Catheter®) com o orifício na extremidade proximal com 3,5

French de diâmetro. Nos gatos machos, o cateter deve ser introduzido lubrificado no

início da uretra peniana. O volume de contraste irá depender se o lúmen está ou não

completamente ocluído. Quando todo o lúmen uretral encontrar-se patente, o

procedimento é realizado utilizando 2 a 3 ml de contraste à base de diatrizoato de

meglumina ou tri-iodo aquoso orgânico diluído em solução fisiológica estéril numa

porção de 1:3. O cateter deve ser mantido no interior do lúmen uretral através da

compressão digital da uretra peniana evitando que contraste positivo reflua durante

a administração.

A avaliação ultra-sonográfica dos gatos obstruídos tem a vantagem de

verificar a integridade do trato urinário inferior, além de averiguar a presença de

tampões e urólitos na vesícula urinária que possam migrar para uretra, e dessa

forma perpetuar a obstrução intramural. Contudo, o trajeto da uretra não é

totalmente visualizado pela presença do púbis. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

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37

7.4.2 Exames laboratoriais

Os exames laboratoriais são fundamentais para escolha da conduta

terapêutica adequada dos gatos obstruídos.

7.4.2.1 Urinálise

De um modo geral, a urinálise realizada de gatos obstruídos demonstra uma

intensa hematúria, principalmente pela distensão da vesícula urinária e pelo

processo inflamatório. Posteriormente, o exame de urina irá proporcionar

informações importantes tais como o pH urinário, o grau de hematúria, a presença

de células inflamatórias, bactérias e se há ou não presença de cristais.

(CORGOZINHO e SOUZA, 2003). No contexto da urolitíase, a avaliação do pH

urinário, da cristalúria, da densidade e se a ITU (infecção do trato urinário) é

causada ou não por bactérias produtoras de ureases é de particular importância.

(OSBORNE et al, 2004). Preferencialmente, o pH deve ser avaliado 4 a 6 horas após

a refeição, pois se a urina estiver ácida, provavelmente será ácida ao longo do dia.

(CORGOZINHO e SOUZA, 2003). A urina felina, de um modo geral, só tende a

tornar-se alcalina após as refeições em função da maré alcalina pós-prandial.

(SOUZA, 2006).

7.4.2.2 Urocultura

A cultura da urina deve ser realizada quando a urinálise for indicativa de

piúria e/ou bacteriúria, além da hematúria. Preferencialmente, a urina deve ser

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38

colhida por cistocentese. A análise de urina é feita de forma quantitativa e

qualitativa. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

7.4.2.3 Exames bioquímicos e hemograma

Os exames laboratoriais mais importantes na avaliação inicial de gatos

obstruídos são a dosagem de uréia e creatinina séricas, glicose, cálcio, fósforo,

sódio, potássio e proteínas totais. Deve-se também determinar o hematócrito e, se

possível fazer gasometria venosa. Se o suporte laboratorial for limitado, pode-se

determinar o hematócrito e as proteínas totais e estimar o grau de azotemia (uréia)

com o azostix, a glicose com glicostix.(MORAES, 2004).

Gatos com obstrução uretral podem apresentar-se com leucocitose com

distribuição normal dos leucócitos, ou com padrão de tensão. Os aumentos do

hematócrito e da concentração das proteínas plasmáticas totais refletem a

ocorrência de hemoconcentração. Podem ocorrer: azotemia, hiperfosfatemia,

hipocalcemia, hipermagnesemia, leve hiponatremia, acidose metabólica com

compensação respiratória inadequada, hiperproteinemia, hiperglicemia, e

hipercalemia. (DIBARTOLA et al, 1998).

7.4.2.4 Análise dos urólitos

A análise do urólito colhido é importante para detectar sua composição com

intuito de selecionar protocolos terapêutico que promovam a dissolução e prevenção

dos mesmos. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

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39

A localização dos urólitos removidos do trato urinário deverá ser registrada,

além da sua quantidade, tamanho, forma, cor e consistência. Se for obtido vários

urólitos, um deles poderá ser colocado em um recipiente contendo formalina

tamponada 10%, para exame microscópico. (OSBORNE et al, 1996).

7.5 TRATAMENTO DA OBSTRUÇÃO URETRAL

Os objetivos do tratamento de gatos obstruídos são a correção das

alterações sistêmicas com reposição de fluídos e eletrólitos e a restauração da

permeabilidade do lúmen uretral, viabilizando a excreção urinária. (CORGOZINHO e

SOUZA, 2003).

7.5.1 Correção das alterações sistêmica

7.5.1.1 Hipotermia

Gatos urêmicos geralmente são hipotérmicos, e devem ser aquecidos com colchão

térmico, bolsas de água quente ou fluídos intravenosos mornos. (CORGOZINHO e

SOUZA, 2003).

7.5.1.2 Azotemia pós-renal

Felinos azotêmicos sem sinais clínicos podem ser tratados através da

fluídoterapia por via subcutânea na dosagem de 80 a 110 mL/Kg/dia. O volume

inicial de fluído; e calculado usando o peso do gato e o grau de desidratação, sendo

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40

administrado aproximadamente em quatro a seis horas. Perdas hídricas como

vômito ou diarréia devem ser corrigidas. O requerimento hídrico para a manutenção

durante as primeiras 24 horas é calculado em 66 mL/Kg de peso.

A fluidoterapia por via intravenosa tem também, como objetivo, compensar à

diurese pós-obstrutiva que ocorre dentro de 12 a 24 horas após a desobstrução.

(CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

7.5.1.3 Hipercaliemia

A hipercaliemia é um achado comum em animais obstruídos em virtude da

incapacidade de eliminação dos íons de potássio pela urina, sendo uma ameaça

para vida do paciente. O eletrocardiograma pode fornecer uma evidência presuntiva

de hipercaliemia, na impossibilidade de mensurar a concentração sérica de potássio

nas primeiras duas horas de tratamento. A hipercaliemia induz a arritmia cardíaca

por distúrbios da condição supraventricular. As mudanças no traçado

eletrocardiográfico são verificadas quando os níveis de potássio sérico estão acima

de 7 mEq/L, embora nem todas as anormalidades sejam observadas no mesmo

animal. Evidencia-se, dependendo da elevação do íon potássio, as seguintes

alterações: bradicardia, onda T elevada (onda T maior em 50% do que a onda R),

diminuição da onda P, aumento do intervalo P-R, e nos casos mais graves ausência

da onda P denominada de “atrial standstill”, ou seja, paralisia atrial. (LORENZ et al,

1996; CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

O restabelecimento do fluxo urinário e a administração de fluídos pela via

intravenosa são os primeiros e mais importantes passos no tratamento da

hipercaliemia. Bicarbonato de sódio administrado na dosagem de 1 a 2 mEq/Kg, via

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41

intravenosa, durante 5 a 15 minutos, faz com que o potássio do espaço extracelular

entre no meio intracelular. A terapia com insulina regular é indicada quando há risco

de vida pela hipercaliemia, e pode ser feita na dosagem de 1 UI/Kg associada a 2

gramas de glicose para cada unidade de insulina por via intravenosa em “bolus”. A

solução de gluconato de cálcio a 10% (50 – 100 mg/Kg em 2 – 3 minutos)

antagoniza os efeitos do potássio no coração, mas não diminui o potássio sérico, e

pode ser injetada pela via intravenosa lentamente não excedendo a dosagem de 1

mL/Kg. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003; MORAES, 2004).

Segundo Moraes (2004), o bicarbonato e insulina com glicose aumentam a

entrada de potássio nas células, diminuindo o potássio sérico. Estas drogas

começam atuar em 15 a 30 minutos e o efeito pode se manter pó 6 a 24 horas. O

bicarbonato tem a vantagem de melhorar a acidose, pode agravar a hipocalcemia

(diminui o cálcio ionizado).

7.5.1.4 Hipocaliemia

Gatos inicialmente hipercaliêmico pela obstrução podem se tornar

hipocaliêmico durante a fluidoterapia. Além do mais, um período de intensa diurese

ocorre após a desobstrução uretral, podendo levar a perda excessiva de potássio.

No felino hipocalêmico observa-se fraqueza muscular, letargia, poliúria e polidipsia,

redução da capacidade de retenção da urina. A terapia é indicada quando o potássio

sérico está abaixo de 3,5 a 3,8 mEq/L, embora os sinais clínicos sejam visíveis

quando esse se encontra abaixo de 2,5 mEq/L. A hipocaliemia pode ser corrigida

acrescentando cloreto de potássio nos fluidos intravenosos. A quantidade depende

da gravidade da hipocaliemia, não podendo ultrapassar 0,5 mEq/Kg/hora. O potássio

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42

pode ser empregado via oral na ausência de vômito, na dosagem de 1 a 2 mEq/Kg

dividido em três administrações ao dia. (SHAW et al, 1999; CORGOZINHO e

SOUZA, 2003)

7.5.1.5 Acidose metabólica

A acidose metabólica é causada pela retenção de ácidos, pelo consumo de

bicarbonato para estabilizar o pH do plasma pela produção de lactato, associada à

hipovolemia a hipoxia, e pela mínima conservação de bicarbonato no período

obstrutivo e pós-obstrutivo. O pH do sangue, o dióxido de carbono e os níveis de

bicarbonato são avaliados para realizar a terapia alcalinizantes. A terapia é indicada

quando o pH sangüíneo está abaixo de 7,2, utilizando a seguinte fórmula: mEq de

bicarbonato de sódio necessária = Kg x 0,3 x déficit de bicarbonato (mEq/L), sendo

50% administrado durante as primeiras doze horas. Caso não haja disponibilidade

de dados laboratoriais, cerca de 1,5 a 2 mEq/Kg de bicarbonato podem ser

restituído. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003; MORAES, 2004).

7.5.1.6 Hipocalcemia ionizada

A diminuição do cálcio ionizado agrava os efeitos celulares da hipercaliemia

e é um fator prognóstico negativo em gatos obstruídos. Tratamento de paciente

sintomático para hipocalcemia (tremores musculares, tetania) ou que também

estejam hipercaliêmicos deve feito com gluconato de cálcio, o mesmo empregado

para hipercaliemia. (MORAES, 2004).

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43

7.5.1.7 Hipoglicemia

A hipoglicemia é um problema comum em muitos gatos na emergência

porque gatos hipotensos tendem a ficar hipoglicêmicos. A presença de hipoglicemia

limita a resposta cardiovascular para correção da hipotensão, bem como favorece o

aparecimento de hipotermia, criando vários ciclos que se retroalimentam. É

imperativo o tratamento com glicose (0,5 – 1 g/Kg). (MORAES, 2004).

7.5.1.8 Catabolismo

O gato obstruído encontra-se em estado catabólico, o que predispõe a

lipidose hepática principalmente nos animais obesos. Uma dieta altamente palatável

e calórica deve ser oferecida após o término dos episódios de vômito. Mudanças

para rações terapêutica só devem ser efetuadas após o retorno da apetência e

estabilidade metabólica e hidroeletrolítica. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

7.5.2 Contenção do paciente

A contenção física em combinação com anestesia tópica pode ser adequada

para gatos que são particularmente dóceis ou que estão gravemente deprimidos.

A contenção farmacológica é recomendada quando as tentativas de

desalojamento do material obstrutor estão provavelmente associadas às lesões

adicionais à uretra, e quando há risco elevado de infecção iatrogênica do trato

urinário. As cateterizações da uretra realizadas sem a devida sedação podem

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44

acarretar em ruptura uretral com conseqüente extravasamento de urina para o tecido

periuretral.

Os anestésicos são administrados cautelosamente, visto que as dosagens

inferiores às recomendadas para pacientes com função renal normal são exigidas

naqueles com azotemia pós-renal, principalmente os fármacos excretados pelos rins.

O cloridrato de cetamina é o anestésico dissociativo comumente utilizado em

gatos, porém produz rigidez muscular o que dificulta a cateterização uretral. Dessa

forma, tem sido empregada a associação do cloridrato de cetamina na dosagem de

1 a 2 mg/Kg, com o diazepam na dosagem de 0,2 mg/Kg, por via intravenosa, o que

melhora o relaxamento muscular. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

Segundo DiBartola et al (1998), a contenção adequada pode ser conseguida

pelo uso de cetamina (1 a 2 mg/Kg IV) ou tiamilal sódico (4 a 10 mg/Kg IV), ou ainda

atropina (0,05 mg/Kg IM) mais tiamilal sódico. Também se pode considerar o uso de

Tiletamina-zolazepam (1 a 3 mg/Kg IV).

7.5.3 Desobstrução uretral

Os procedimentos recomendados na tentativa de restauração do lúmen

uretral em um gato macho obstruído seguem uma ordem de prioridades que são:

massagem uretral distal, tentativa de indução de micção pela suave palpação da

bexiga, cistocentese, desobstrução do lúmen uretral por propulsão hídrica,

combinação da massagem uretral distal com a desobstrução do lúmen uretral por

propulsão hídrica, estudo radiográfico para determinar a causa da obstrução uretral:

intraluminal, mural e/ou extramural, e procedimento cirúrgico. (CORGOZINHO e

SOUZA, 2003).

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45

7.5.3.1 Massagem suave da uretra peniana

Essa etapa inicial implica na retração do prepúcio e exposição do pênis para

detectar a presença de material obstrutor. A massagem suave do pênis entre o

polegar e o dedo indicador ajuda a desalojar e fragmentar os tampões localizados na

uretra peniana, a tal ponto que a subseqüente palpação da vesícula urinária induz a

remoção dos mesmos. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003). Este procedimento evita o

traumatismo uretral causado pela cateterização e jateamento retrógrado.

(DIBARTOLA et al, 1998).

7.5.3.2 Compressão manual da bexiga

Essa técnica é empregada em seguida à massagem uretral, pois uma

pressão intraluminal gerada pode ser suficiente para deslocar precipitados uretrais.

A compressão é efetuada com cautela para prevenir trauma iatrogênico na vesícula

urinária. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

7.5.3.3 Cistocentese

O estado de repleção da bexiga é verificado quando não se obtém sucesso

com as etapas já citadas. A ruptura da bexiga pode ocorrer em função da fragilidade

da parede vesical em animais obstruídos por muito tempo. É recomendada a

descompressão da bexiga por meio da cistocentece, quando esta se encontra

superdistendida. A cistocentese pode ser realizada utilizando-se uma agulha de

calibre 22G, uma torneira de três vias e uma seringa de 20 a 60 mL. A bexiga é

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46

segurada firmemente entre os dedos, fazendo uma tração para posicioná-la de

contra a parede abdominal (CORGOZINHO e SOUZA, 2003), e a seguir, a agulha de

calibre 22 deve ser inserida através da parede ventral ou ventrolateral da bexiga

para minimizar o trauma aos ureteres e aos principais vasos abdominais adjacentes

(Figura 13). A agulha deve ser inserida no meio do trajeto entre o ápice da superfície

vesical e a junção da bexiga com a uretra, retirando o máximo de urina possível.

(OSBORNE et al, 2004)

FIGURA 13: LOCAIS CORRETOS E INCORRETOS DE INSERÇÃO DA AGULHA

DENTRO DA BEXIGA

FONTE: WASHINGTON STATE UNIVERSITY, 2006

7.5.3.4 Desobstrução por propulsão hídrica

Em um grande número de casos, são necessárias a irrigação e

cateterização uretral, para promover a desobstrução. Isto deve ser efetuado sob

anestesia geral em todos os animais. (CHANDLER et al, 1988). O cateter urinário de

polipropileno com extremidade aberta é preferido para cateterização da uretra distal

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47

em gatos. As soluções de irrigação à temperatura ambiente são injetadas através do

cateter no intuito de dissolver o material obstrutor e/ou empurrá-lo para o interior da

vesícula urinária. A solução salina a 0,9% ou de Ringer com Lactato são atóxicas,

estéreis e não irritantes.

O cateter urinário estéril lubrificado é gentilmente introduzido na uretra

peniana até o ponto da obstrução, após a exposição do pênis. As soluções de

irrigação são impelidas em grande quantidade (50 a 200 ml), pelo lúmen uretral,

permitindo que reflua através do orifício uretral externo, como mostra as figuras 14 e

15. Em virtude dessa manobra, os tampões uretrais obstrutores são gradualmente

fragmentados, deslocados e expelidos pela irrigação em torno do cateter, e para fora

do lúmen uretral. O cateter não deve ser forçado para o interior do lúmen uretral até

remoção do material obstrutor devido à possibilidade de ruptura da parede uretral.

As irrigações do lúmen da bexiga com soluções isotônicas são válidas para

minimizar uma nova obstrução uretral na presença de grandes quantidades de

debris, coágulos ou cristais. Emprega-se um cateter flexível de borracha, com

abertura lateral, estéril, com 3,5 French de diâmetro, que é introduzido até o ponto

onde é observada a saída de urina, e esta é obtida por aspiração. Cerca de 50 ml de

solução isotônica estéril são injetadas e removidas, até que se obtenha uma urina

clara e livre de cristais ou sangue. O cateter é removido.

Caso o material obstrutor permaneça no interior do lúmen uretral, após

tentativas de removê-lo pelas manobras já citadas, deve-se efetuar uma suave

compressão digital da uretra peniana sobre o cateter, e enviar o tampão e/ou urólitos

para o interior da vesícula urinária através da solução de irrigação. (CORGOZINHO

e SOUZA, 2003).

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48

FIGURA 14: EXPOSIÇAO DO PÊNIS FIGURA 15: SOLUÇÕES DE IRRIGAÇÃO

FONTE: GATTI, 2006

7.5.3.5 Cateter de espera

O cateter de espera é indicado nos casos severos de hematúria, uremia, nos

procedimentos de difícil cateterização e desobstrução, na presença de fluxo urinário

fino e/ou curto, na presença de grande quantidade de debris após várias irrigações

vesicais e na disfunção do músculo detrusor secundária a distenção da vesícula

urinária. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

O cateter é introduzido até o ponto onde se observa a saída de urina, e é

conectado ao circuito fechado (equipo e frasco de soro vazio estéril) para minimizar

a infecção bacteriana ascendente. É recomendada a permanência do cateter por um

período de 24 a 48 horas. (BARSANTI et al, 1994; CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

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49

7.5.4 Procedimentos cirúrgicos

Ocasionalmente, os métodos clínicos indicados para corrigir ou impedir a

obstrução uretral recidivante são ineficazes. Nestes casos, as uretrostomias

perineais e outros métodos cirúrgicos destinados a desviar a uretra peniana muitas

vezes são considerados independente da causa subjacente. A cistouretrografia

anterógrafa ou a uretrocistografia retrógrada, ambas com contraste, devem ser

realizadas para localizar o(s) ponto(s) de obstrução uretral antes de se considerar

esta técnica. (OSBORNE et al, 2004).

7.5.4.1 Uretrostomia perineal

O gato é posicionado em decúbito esternal, com a cauda fletida em direção

à linha média da coluna vertebral, e os membros pélvicos pêndulos formando um

ângulo de 90º com a mesa operatória. Uma sutura em forma de bolsa de tabaco é

realizada ao redor do ânus, evitando contaminação do campo operatório, como pode

ser observado nas figuras 16 e 17. Preferencialmente, a uretra deve ser sondada

com um cateter de polipropileno. Se o animal não for castrado deve-se realizar a

orquiectomia.

Uma incisão cutânea elíptica vertical é realizada para excisão do prepúcio e

escroto. Os vasos escrotais são ligados, assim como a artéria e veia dorsal do pênis.

O pênis é fletido no sentido dorsolateral para ambos os lados, permitindo a

dissecção do tecido celular subcutâneo. A dissecação se estende em direção lateral

e ventral, permitindo a mobilização do pênis no arco isquiático.

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50

FIGURA 16: POSIÇÃO DO ANIMAL NA FIGURA 17: PREPARAÇÃO DO ANIMAL

MESA OPERATÓRIA NA MESA OPERATÓRIA

FONTE: TOBIAS, 2006

Os músculos isquiocavernosos e isquiouretralis estão laterais a uretra, e são

incisados próximos às suas inserções na tuberosidade isquiática, minimizando

hemorragia e lesões nos ramos do nervo pudendo.

O pênis é fletido no sentido ventral para expor a superfície dorsal. É

realizado a divulsão e elevação do músculo retrator do pênis, posteriormente este é

incisado. Neste ponto realiza-se toda a dissecção dorsal da uretra. Em seguida, uma

incisão na superfície dorsal da uretra peniana é feita no sentido longitudinal com

uma lâmina de bisturi, seguida de uma tesoura de íris, até um centímetro após as

glândulas bulbouretrais (Figuras 18 e 19). Para avaliar se o diâmetro uretral até

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51

adequado, uma pinça hemostática, tipo Halsted fechada, sem resistência é

introduzida até o final das ranhuras. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003; BOJRAB e

CONSTANTINESCIU, 2005).

FIGURA 18: LIBERAÇÃO DO PÊNIS FIGURA 19: INCISÃO DA URETRA

FONTE: TOBIAS, 2006

Uma sutura mucocutânea é realizada com a mucosa da uretra pélvica e a

pele do períneo usando pontos simples separados, com fio inabsorvível de nº 4-0 ou

absorvível. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003; BOJRAB e CONSTANTINESCIU,

2005).

As suturas proximais são feitas colocando os dois primeiros pontos no ápice

da abertura da uretra num ângulo de 45º com a pele. Estes pontos tracionam a

uretra pélvica, ampliando a uretrostomia. Em seguida, a uretra peniana

remanescente é amputada sendo realizada uma sutura contínua com fio absorvível

para coibir a hemorragia do tecido cavernoso. As últimas suturas ventrais também

devem ser colocadas em um ângulo de 45º. A pele é fechada com fio inabsorvível e

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52

pontos simples separados. A sutura do ânus é retirada. A bexiga é manualmente

comprimida para se assegurar do fluxo urinário. (CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

As complicações decorrentes da uretrostomia perinal podem ser: infecção

bacteriana do trato inferior, estenose uretral, urolitíases, incontinência fecal ou

urinária, hemorragias, extravasamento de urina e deiscência de sutura.

(CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

7.5.4.2 Uretrostomia pré-púbica

A uretrostomia pré-púbica é indicada em processo de estenose e/ou

obstrução grave na uretra pélvica. A via de acesso é a uretra pélvica dá-se através

de uma laparotomia retroumbilical.

As complicações observadas com maior freqüência após a uretrostomia pré-

púbica são: constrição do estoma, dermatite periestomal pela ação cáustica da urina,

incontinência urinária, infecção bacteriana do trato inferior. (CORGOZINHO e

SOUZA, 2003).

7.5.4.3 Uretrostomia subpúbica

A uretrostomia subpúbica é indicada quando ocorre estenose recidivante

após a uretrostomia perineal ou quando o processo obstrutivo se localiza na uretra

pélvica caudal. O acesso cirúrgico à uretra pélvica dá-se através de uma laparotomia

retroumbilical com o prolongamento da incisão até a altura do púbis.

As complicações observadas são: estenose e infecção bacteriana do trato

inferior recorrente e dermatite amoniacal.(CORGOZINHO e SOUZA, 2003).

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53

7.6 PREVENÇÃO

Segundo DiBartola et al (1998), sugere-se as seguintes recomendações

conservadoras, para gatos não obstruídos :

- Mudar a dieta para ração enlatada para gatos que tenham elevado teor de energia

(> 4 Kcal/g de matéria seca), e menos de 0,2% de magnésio por matéria.

- Monitorar o pH urinário 4 horas após o fornecimento da refeição, e acrescentar

cloreto de amônio ao alimento, apenas em caso de necessidade, para que o pH

urinário pós-prandial (4 horas) seja mantido dentro da faixa de 6,0 a 6,5.

- Determinar a densidade específica da urina e considerar a possibilidade do

acréscimo direito de água à ração, caso este parâmetro se revele consistentemente

acima de 1,050.

- Fornecer água fresa em todas as ocasiões.

- Promover diariamente a higiene da caixa de defecação/micção.

- Evitar a obesidade, mediante a limitação da ingestão de calorias.

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54

8. CONCLUSÃO

A obstrução uretral e a estase do fluxo urinário, tem um grande efeito

prejudicial sobre a função renal dos felinos, devendo receber uma terapia

emergencial.

A cateterização da uretra com posterior fixação da sonda uretral deve ser

visto com muita cautela, pois pode acarretar uma infecção bacteriana secundária

bem como uma reação inflamatória intensa na mucosa peniana.

O tipo de dieta e a freqüência com que o animal a recebe também podem

interferir diretamente no pH urinário, podendo ir de uma urina alcalina a uma urina

ácida.

Mediante a revisão bibliográfica referente a DTUIF, obstrução uretral e

urolitíase felina, pode-se afirmar que a sua ocorrência está, em grande parte,

associada à falta de atenção e cuidados com vários fatores predisponentes, cuja

maior parte está relacionada à alimentação que é proporcionada aos animais. Por

isso, é fundamental que os proprietários de gatos, sejam esclarecidos a respeito de

como proceder para prevenir tais patologias.

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62

RESUMO

O trabalho de conclusão de curso de Luciana Linhares Kintopp, teve como

objetivo relatar os casos clínicos de animais de companhia em medicina veterinária

acompanhados na Universidade Estadual de Londrina. Os casos são relatados de

acordo com o interesse pessoal, com o acompanhamento parcial dos atendimentos

e, com os dados obtidos em ficha dos animais registrados pelos profissionais

responsáveis. Além da descrição de cada caso, há uma breve revisão de literatura e

após o relato sua discussão e conclusão. O estágio contribuiu para uma

aprendizagem prática da profissão de Médico Veterinário, e de como proceder

adequadamente diante dos mais diversos casos , desde os mais corriqueiros aos

mais complexos.

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63

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Casos clínicos acompanhados no setor da clínica cirúrgica de

animais de companhia do HV-UEL no período de agosto e se-

tembro de 2006.

8

TABELA 2. Resultados de exames histopatológico dos nódulos

TABELA 3. Auxílio nos procedimentos cirúrgicos, referente aos casos clíni-

cos listados na tabela 1.

10

10

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64

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Entrada do Hospital Veterinário

FIGURA 2. Entrada do Hospital Veterinário

FIGURA 3. Sala de procedimento

FIGURA 4. Gatil

FIGURA 5. Sala de cirurgia

FIGURA 6. Setor de radiologia

FIGURA 7. Anatomia cirúrgica dos músculos que compõem o diafragma

pélvico do cão

FIGURA 8. Raio X simples

FIGURA 9. Raio X contrastado

FIGURA 10. Radiografia de necrose asséptica da cabeça femoral, no

posicionamento ventrodorsal

FIGURA 11. Contorno irregular de cabeça e colo femoral esquerdo de

Paciente com necrose asséptica da cabeça femoral

FIGURA 12. Raio X pós-operatório em posição, ausência de cabeça e colo

femoral esquerdo

FIGURA 13. À esquerda uma articulação coxofemoral normal e à direita

Uma articulação anormal

FIGURA 14. Radiografia em posição ventrodorsal do paciente - perda da

profundidade acetabular com remodelamento de colo e cabeça

femoral severa, com proliferação de osteófitos em articulação

coxofemoral bilateral, compatível com displasia coxofemoral

FIGURA 15. Radiografia em posição ventrodorsal do paciente – presença de

fragmentos ósseos em área de espaço articular coxofemoral

esquerdo

FIGURA 16. Procedimento cirúrgico do paciente – ressecção da cabeça e

colo femorais - afastamento dos músculos

FIGURA 17. Procedimento cirúrgico do paciente – ressecção da cabeça e

colo femorais - exposição da cabeça femoral

FIGURA 18. Procedimento cirúrgico do paciente – ressecção da cabeça e

2

2

3

3

4

4

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65

colo femorais - exposição da cabeça femoral

FIGURA 19. Procedimento cirúrgico do paciente – ressecção da cabeça e

colo femorais - remoção das protuberâncias ósseas

FIGURA 20. Fratura completa transversa em terço médio de diáfise no fêmur

esquerdo - posição ventrodorsal

FIGURA 21. Fratura completa transversa em terço médio de diáfise no fêmur

esquerdo – posição lateral

FIGURA 22. Radiografia do paciente em posição ventrodorsal e lateral,

pós-operatório do dia 02/08/2006

FIGURA 23. Radiografia do paciente em posição lateral e ventrodorsal do

paciente no dia 01/09/2006 – reação periosteal em terço médio

distal, junto ao foco da fratura, com linha de fratura

FIGURA 24. Radiografia do paciente no dia 26/09/2006 – reação exacerbada

adjacente ao foco da fratura e esclerose do canal medular ,

compatível com não-união - posição lateral

FIGURA 25. Radiografia do paciente no dia 26/09/2006 – reação exacerbada

adjacente ao foco da fratura e esclerose do canal medular ,

compatível com não-união - posição ventrodorsal

FIGURA 26. Radiografia controle, pós-operatório dia 27/09/2006 – fixador

tipo Kirschner com auxílio de cimento cirúrgico - posição

ventrodorsal

FIGURA 27. Radiografia controle, pós-operatório dia 27/09/2006 – fixador

tipo Kirschner com auxílio de cimento cirúrgico – posição lateral

FIGURA 28. Radiografia do paciente, pré-operatório – fratura completa em

terço médio de diáfise de fêmur - posição lateral

FIGURA 29. Radiografia do paciente, pré-operatório – fratura completa em

terço médio de diáfise de fêmur - posição ventrodorsal

FIGURA 30. Radiografia em posição lateral do paciente, pós-operatório - pino

de Steinmann posicionado

FIGURA 31. Paciente com uma bandagem no MPE

FIGURA 32. Paciente com atadura no MPD

FIGURA 33. Radiografia de crânio do paciente

FIGURA 34. Radiografia de crânio do paciente

39

45

45

47

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50

50

50

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52

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66

FIGURA 35. Posicionamento da focinheira no paciente

FIGURA 36. Posicionamento da focinheira no paciente

FIGURA 37. Confecção da focinheira em esparadrapo

FIGURA 38. Confecção da focinheira em esparadrapo

FIGURA 39. Hemilaminectomia com exposição do canal medular

FIGURA 40. Abordagem cirúrgica ao canal medular

FIGURA 41. Abordagem cirúrgica ao canal medular

FIGURA 42. Mielografia do paciente, interrupção da coluna de contraste

FIGURA 43. Mielografia do paciente, interrupção da coluna de contraste

FIGURA 44. Pinça Kerrinson

FIGURA 45. Microretífica

FIGURA 46. Progressão do tratamento da ferida dia 18/08

FIGURA 47. Progressão do tratamento da ferida dia 18/08

FIGURA 48. Progressão do tratamento da ferida dia 08/09

FIGURA 49. Progressão do tratamento da ferida dia 08/09

FIGURA 50. Progressão do tratamento da ferida dia 13/09

FIGURA 51. Progressão do tratamento da ferida dia 13/09

FIGURA 52. Progressão do tratamento da ferida dia 23/09

FIGURA 53. Progressão do tratamento da ferida dia 23/09

66

66

67

67

70

71

71

73

73

75

75

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84

84

84

85

85

85

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67

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS “ ®

Segundos Marca registrada

% °C < > BID Bpm C.C.A.C cm C.M.A.C et al g/dl HV IV Kg MAE mEq/L mg/dl mg/Kg mg/ml mg/m² mm³ MPA Mpm p. PO PS PVPI QID RG SC SID SRD TAC TID TPC UEL UI/L UNESP USP VO

Percentagem Graus Celsius Menor Maior Do latim bis in die, duas vezes ao dia (a cada 12 horas) Batimento por minuto Clínica cirúrgica de animais de companhia Centímetros Clínica médica de animais de companhia Do latim et alii, que significa e outros Gramas por decilitro Hospital Veterinário Intravenoso Kilograma Membro anterior esquerdo Miliequivalente por litro Miligrama por decilitro Miligrama por quilo Miligrama por mililitro Miligrama por metro quadrado Milímetros cúbicos Medicação pré anestésica Movimentos por minuto Página Por via oral Pronto socorro Iodo-povidona Do latim quarter in die, quatro vezes ao dia (a cada 6 horas) Registro geral Subcutâneo Do latim semel in die, uma vez ao dia (a cada 24 horas) Sem raça definida Teriogenealogia de animais de companhia Do latim ter in die, três vezes ao dia (a cada 8 horas) Tempo de preenchimento capilar Universidade Estadual de Londrina Unidade internacional por litro Universidade Estadual de São Paulo Universidade de São Paulo Via oral

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68

LISTA DE VALORES DE REFERÊNCIA DE EXAMES PARA CÃES 1. HEMATÓCRITO Eritrócitos: 5,5 – 8,5 milhões/mm³. Hematócrito: 37 – 55%. Leucócitos: 6 – 17 milhares/mm³. Bastonetes: 0 – 3%. Segmentados: 60 – 77%. Linfócitos: 12 – 30%. Monócitos: 3 – 10%. Eosinófilo: 2 – 10%. Plaquetas: 200 – 500 milhares/mm³. Hemoglobina: 12 – 18 g/dl. 2. BIOQUÍMICOS Alanina-aminotrasferase (ALT): 5,0 – 20,0 UI/L. Aspartato-aminotransferase (AST): < 30 UI/L. Bilirrubina direta: < 0,14 mg/dl. Bilirrubina total: 0,05 – 0,60 mg/dl. Colesterol: 100 – 200 mg/dl. Creatinina: 0,5 – 1,9 mg/dl. Fosfatese alcalina: < 80 UI/L. Glicose: 60 – 100 mEq/L. Triglicerídeos: 50 – 100 mg/dl. Uréia: 15 – 40 mg/dl. Proteínas totais: 6,0 – 7,5 g/dl.

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69

SUMÁRIO

RESUMO

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

LISTA DE VALORES DE REFERÊNCIA DE EXAMES PARA CÃES

1. INTRODUÇÃO 1

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 1

2.1 PLANTA FÍSICA

2.2 DOCENTES DA CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

2.3 COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO

2.4 METODOLOGIA

2.5 ATIVIDADE DE ESTÁGIO

2.6 OBJETIVO DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO

3. CASUÍSTICA DOS CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS

4. RELATOS DE CASOS ACOMPANHADOS

4.1 AFECÇÕES DE TECIDOS MOLES

4.1.1 Hérnia perineal

4.1.1.1 Revisão de literatuta

4.1.1.2 Caso Clínico 1

4.2 AFECÇÕES DO SISTEMA ÓSSEO

4.2.1 Afecções de Legg-Calvé-Perthes

4.2.1.1 Revisão de literatura

4.2.1.2 Caso Clínico 2

4.2.2 Displasia Coxofemoral

4.2.2.1 Revisão de literatura

4.2.2.2 Caso Clínico 3

4.2.2.3 Caso Clínico 4

4.2.3 Fratura de fêmur

4.2.3.1 Revisão de literatura

4.2.3.2 Caso Clínico 5

2

4

5

5

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11

11

11

11

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19

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70

4.2.3.3 Caso Clínico 6

4.2.4 Fratura de tíbia

4.2.4.1 Revisão de literatura

4.2.4.2 Caso Clínico 7

4.2.5 Fratura de mandíbula

4.2.5.1 Revisão de literatura

4.2.5.2 Caso Clínico 8

4.2.6 Doença do disco intervertebral

4.2.6.1 Revisão de literatura

4.2.6.2 Caso Clínico 9

4.3 AFECÇÕES DO SISTEMA TEGUMENTAR

4.3.1 Manejo de feridas abertas

4.3.1.1 Revisão de literatura

4.3.1.2 Caso Clínico 10

5. CONCLUSÃO

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

51

57

57

58

62

62

64

68

68

71

76

76

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71

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho visa relatar todas as atividades desenvolvidas e acompanhadas

pela acadêmica Luciana Linhares Kintopp, no estágio curricular obrigatório realizado

no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina (HV - UEL) na área de

Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia e desenvolvido durante o período

compreendido entre os dias 01 de agosto a 30 de setembro de 2006, totalizando 320

horas.

O estágio referido acima, também teve como objetivo, o aprimoramento dos

conhecimentos prático e condutas de trabalho na área de cirurgia de animais de

companhia, e conhecer o funcionamento e a rotina de um hospital veterinário em

outra instituição como a UEL, que proporciona aos alunos e estagiários um ensino e

vivências das situações encontradas no campo profissional.

Assim sendo, este trabalho tem como objetivo relatar o estágio obrigatório de

conclusão de curso, enfocando local de estágio, seu funcionamento, atividades

realizadas, casos acompanhados e a discussão dos mesmos.

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio curricular de conclusão de curso foi realizado no Hospital

Veterinário da Universidade Estadual de Londrina (UEL), na área de Clínica

Cirúrgica de Animais de Companhia, no período de 01 de agosto a 30 de setembro

de 2006.

O Hospital Universitário Estadual de Londrina encontra-se localizado na

Rodovia Celso Garcia Cid - PR 445, s/nº - Km 379, Campus Universitário na cidade

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72

de Londrina – PR, CEP: 86051-990. Telefone: (043) 3371-4000/ Fax; (043) 3371-

4644. (Figuras 1 e 2).

FIGURAS 1 e 2: ENTRADA DO HOSPITAL VETERINÁRIO

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

2.1 PLANTA FÍSICA

Os animais de companhia são recebidos por um docente de plantão do setor

de triagem, que após uma avaliação e diagnóstico inicial, encaminha-os para o

atendimento especializado. Este atendimento é conduzido conforme sua

necessidade por residentes e estagiários e supervisionados pelos docentes dos

respectivos setores: Pronto Socorro (PS), Clínica Médica de Animais de Companhia

(CMAC), Obstetrícia ou Teriogenealogia de Animais de Companhia (TAC), Clínica

Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC).

O setor de Clínica Cirúrgica, no qual foi realizado este estágio curricular, é

constituído: por dois ambulatórios, onde são realizadas as consultas, conduzidas a

anamnese e exame físico, solicitados os exames laboratoriais e diagnósticos por

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73

imagem, feitas as orientações e prescrições de receitas aos proprietários, indicados

procedimentos e internamentos, e reavaliações; uma sala de procedimento, onde

são realizadas coletas para exames laboratoriais e procedimentos rápidos.

Em outro bloco do setor de Clínica Cirúrgica encontra-se o Centro Cirúrgico,

com duas salas para procedimentos estéreis, sendo uma delas para cirurgia

ortopédica; as salas de esterilização e instrumental, duas salas de internamento,

sendo uma para o gatil, com capacidade para 5 animais e outra para os cães, com

capacidade para 16 animais, sala para procedimentos, onde são realizados

imobilizações, curativos e tratamento para os animais que estão internados; uma

sala para cirurgias de animais que chegam pelo Pronto Socorro.

O hospital conta também com uma área de vários laboratórios de análises

clínicas e patológicas e uma infra-estrutura para exames radiográficos. (Figuras 3, 4,

5 e 6).

FIGURA 3: SALA DE PROCEDIMENTOS FIGURA 4: GATIL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

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74

FIGURA 5: SALA DE CIRURGIA FIGURA 6: SETOR DE RADIOLOGIA

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

2.2 DOCENTES DA CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

• Professora: Carmen Lucia Scortecci Hilst.

Graduação em Medicina Veterinária: UEL. Residência: Cirurgia UNESP Botucatu.

• Professora: Mirian Siliane Batista de Souza.

Graduação em Medicina Veterinária: UEL. Residência Cirurgia UNESP

Jaboticabal. Mestrado Medicina Veterinária – Cirurgia UNESP Jaboticabal e

Doutora em Medicina Veterinária – Cirurgia – USP.

• Professora: Mônica Vicky Bahr Arias.

Graduação em Medicina Veterinária: UEL. Mestrado em Medicina Veterinária –

Cirurgia USP. Doutora em Medicina Veterinária – Cirurgia – USP.

• Professora: Nilva Maria Feres Mascarenhas.

Graduação em Medicina Veterinária: UNESP Botucatu. Especialização:

Metodologia de Ensino Superior – UEL. Mestrado Ciências Biológicas (Histologia)

UEL. Doutorado: Ciências Biológicas (Anatomia) UNESP Botucatu.

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75

2.3 COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO

• Coordenadora da Comissão de Estágio em Medicina Veterinária:

Professora Carmen Lucia Scortecci Hilst

• Vice-Coordenador:

Professor Antônio Carlos Faria dos Reis

2.4 METODOLOGIA

A clínica cirúrgica de animais de companhia possui uma divisão a qual dá

origem a três subáreas: atendimento ambulatorial, atendimento aos animais

internados (móvel) e acompanhamento de procedimentos cirúrgicos (centro

cirúrgico). Os médicos veterinários residentes e estagiários acompanham uma

escala realizada para que haja rotação dos mesmos entre as três subáreas.

O atendimento ambulatorial se responsabiliza pelos casos novos triados por

afecções cirúrgicas não emergenciais e retornos programados dos animais que já

passaram por consultas ou procedimentos cirúrgicos. Os atendimentos são

realizados pelos médicos veterinários residentes supervisionados pelos docentes da

área e auxiliados pelos estagiários, que assistem ao recebimento do animal,

anamnese e exame físico, condução e contenção para exames radiográficos, auxílio

na coleta de materiais para exames laboratoriais, preenchimento de guias,

solicitações, prescrições e receitas, condução para o internamento.

O atendimento aos animais internados tem a função de acompanhar os

pacientes do setor, realizando exames clínicos diários, troca de curativos,

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76

administração de medicações prescritas, coleta de materiais biológicos para exames

de acompanhamento e pré-operatórios (hemogramas, urinálises, perfil bioquímicos,

entre outros), oferta de alimentação enteral e parenteral (se necessário), colocação e

acompanhamento dos animais na fluidoterapia, fisioterapia (se prescrito), limpeza

das gaiolas, breves passeios pela área externa, do HV - UEL, entre outras.

Os estagiários designados ao acompanhamento dos procedimentos cirúrgicos

(centro cirúrgico) têm a responsabilidade de receber e preparar os animais para as

cirurgias, providenciar exames pré-operatórios e materiais específicos a serem

utilizados nos procedimentos, bem como o de auxiliar o residente ou o docente

durante o procedimento cirúrgico e a condução do paciente pós-cirurgico para o

internamento.

2.5 ATIVIDADES DE ESTÁGIO

Durante o período de estágio, foi proporcionado à acadêmica, o

acompanhamento de todas as atividades e serviços que dispõe o setor da Clínica

Cirúrgica do Hospital Veterinário da UEL, como:

- acompanhamento do atendimento ambulatorial, de casos novos e casos de

reavaliação de prescrições conservativas ou pós-cirúrgicas, fazendo anamnese e

exame físico, sob supervisão de residentes e docentes;

- acompanhamento da rotina hospitalar da área de clínica cirúrgica de animais

de companhia;

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77

- coleta de materiais biológicos como sangue, urina e secreções de feridas

para encaminhamento de hemograma, sorologia, cultura, citologia, histopatologia

entre outros.

- acompanhamento de exames de diagnóstico por imagem como exame

radiográfico e mielografias, auxiliando no preparo, posicionamento e contenção dos

animais.

- acompanhamento de procedimentos cirúrgicos diversos, instrumentando,

auxiliando ou como ajudante de sala, tudo com a supervisão do docente responsável

pela semana do centro cirúrgico;

- monitoramento e cuidados de enfermagem dos animais internados no setor

de clinica cirúrgica de animais de companhia, como limpeza de feridas e troca do

curativo, troca de talas entre outros;

- participação como ouvinte de reuniões clínicas semanais entre docentes e

residentes, para discussão dos casos ocorridos na semana anterior.

2.6 OBJETIVO DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Este trabalho tem como objetivo, a apresentação descritiva de dez casos

clínicos acompanhados pela acadêmica Luciana Linhares Kintopp, na área de clínica

cirúrgica de animais de companhia, fornecendo informações gerais de todos os

casos acompanhados, uma breve revisão de literatura e discussão dos casos

descritos.

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78

3. CASUÍSTICA DOS CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS

TABELA 1 – Casos clínicos acompanhados no setor da clínica cirúrgica de animais

de companhia do HV – UEL no período de agosto e setembro de 2006.

AFECÇÕES CANINOS FELINOS TOTAL

Afecções do Sistema neuromuscular Síndrome toracolombar Síndrome cervical grau 1 Síndrome cervical grau 2 Síndrome de Wobbler ou do bamboleio Síndrome lombossacra Tetraplegia Tetraparesia Síndrome da cauda eqüina Fratura compressiva T 2

Má-formação vertebral

Afecções do Sistema ósseo Fraturas pélvicas Fraturas umerais Fraturas radio-ulnares Fraturas tibiais Displasia coxofemoral Luxação coxofemoral Fraturas mandibulares Necrose avascular da cabeça do fêmur Fraturas do metatarso Fraturas femorais Fraturas do metacarpo Fratura de tarso Luxação patelar Luxação articular úmero/radio/ulnar Luxação tarso-metatarso Fratura de costelas Cisto ósseo Ruptura de tendão Ruptura da cápsula articular Avulsão da cauda Afecções do Sistema urogenital Obstrução urinária Cisto na bexiga Ruptura de uretra Ruptura de bexiga Miíase em vulva Fístula perianal

6 1 2 2 3 1 - 2 1 1

14 3 5 3 1 3 2 2 1 5 1 2 1 2 2 1 1 1 1 - 2 - 2 1 1 1

- - - - - - 1 - - - - - - 2 - - 2 - - 2 - - - - - - - - - 1 6 1 1 - - -

6 1 2 2 3 1 1 2 1 1

14 3 5 5 1 3 4 2 1 7 1 2 1 2 2 1 1 1 1 1

8 1 3 1 1 1

Continua

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79

AFECÇÕES CANINOS FELINOS TOTAL

Afecções do Sistema respiratório Perfuração de tórax Contusão pulmonar Osso em orofaringe Afecções dos sentidos especiais Olho Glaucoma Perfuração Uveíte Úlcera de córnea Protrusão da glândula da 3ª pálpebra Catarata Hifema Entrópio Ouvido Otite Otohematoma Miíase no ouvido Afecções do Sistema digestório Massa em cavidade oral Fístula do 4º pré-molar Evisceração Intussuscepção Fecaloma Hérnias Hérnia perineal Afecções do Sistema tegumentar Feridas lacerantes e/ou mordedura Farmacodermia Escaras no cotovelo Deiscência de sutura Flegmão Afecções Oncológicas Nódulo em cotovelo Nódulo em tórax Nódulo em mandíbula Nódulo palpebral Nódulo em membro posterior Nódulo em membro anterior Nódulo no baço TOTAL

2 1 1 5 1 3 1 3 1 1 1 - 2 1 3 1 1 1 1 4

14 1 3 2 3 1 3 1 2 3 1 1

146

- - - - - - - - - - - 1 1 - - - - - - - 4 - - - - - - - - - - -

22

2 1 1

5 1 3 1 3 1 1 1

1 3 1

3 1 1 1 1

4

18 1 3 2 3

1 3 1 2 3 1 1

168

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80

TABELA 2 – RESULTADO DE EXAMES HISTOPATOLÓGICO DOS NÓDULOS

HISTOPATOLÓGICO CANINOS FELINOS TOTAL

Mieloma múltiplo Mastocitoma Fibrohistiocitoma maligno Carcinoma sólido Histiocitoma Processo inflamatório neutrofílico Melanoma maligno

1 4 1 1 1 1 1

10

- - - - - - - 0

1 4 1 1 1 1 1

10

TABELA 3 – AUXÍLIO NOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS, REFERENTE AOS

CASOS CLÍNICOS LISTADOS NA TABELA 1.

Afecções Procedimentos Cirúrgico Número de casos

Hérnia perineal Obstrução urinária Fratura de fêmur Fratura de úmero Fratura de tíbia Fratura de mandíbula Fratura de rádio e ulna Fratura de pelve Fratura múltipla exposta Protrusão da gl. da 3ª pálpebra Protrusão do globo ocular Otohematoma Feridas abertas Síndrome toracolombar Displasia coxofemoral

Herniorrafia

Cistorrafia

Osteossíntese Excisão da cabeça e colo

Osteossíntese do úmero

Osteossíntese de tíbia

Cerclagem

Osteossíntese de rádio e ulna

Placa e parafusos

Amputação de membro e dígitos

Sepultamento da glândula

Enucleação

Drenagem

Síntese de ferida

Hemilaminectomia c/ Fenestração

Denervação

2

1

4 2

1

1

1

2

1

3

2

1

1

3

4

1

29

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81

4. RELATOS DE CASOS ACOMPANHADOS

4.1 AFECÇÕES DE TECIDOS MOLES

4.1.1 Hérnia perineal

4.1.1.1 Revisão de literatura

Hérnia é uma protrusão anormal de um órgão ou tecido através de uma

abertura corporal normal. As hérnias apresentam um anel hernial e um saco formado

de peritônio circundando o conteúdo hernial; as hérnias falsas não têm saco

peritoneal. As hérnias são redutíveis ou irredutíveis. As hérnias irredutíveis podem

ficar estranguladas se a circulação para o conteúdo for interrompida. (DEAN et al,

1996).

A hérnia perineal resulta da incapacidade do diafragma pélvico em suportar

a parede retal que se distende e sofre desvio. O conteúdo pélvico e,

ocasionalmente, abdominal, pode projetar-se entre o diafragma pélvico e o reto.

Ocorre tumefação ao ânus, e em casos bilaterais, também é observada projeção

caudal do ânus. (BELLENGER e CANFIELD, 1998).

Com base na anatomia cirúrgica o períneo é a parte da parede do corpo que

cobre a saída pélvica e circunda os canais anal e urogenital. Os limites laterais são

formados pelo ligamento sacrotuberoso, que se estende desde o ângulo lateral da

tuberosidade isquiática até o processo transversal da primeira vértebra caudal, e

extremidade caudal do sacro. A principal estrutura do períneo é o diafragma pélvico,

que consiste dos músculos coccígeo e elevador do ânus, juntamente com suas

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82

coberturas faciais, externas e internas. (Figura 7). Um aspecto topográfico da área é

a fossa isquiorretal, e suas paredes são formadas pelo esfíncter anal externo, pelos

músculos coccígeos e elevador do ânus medialmente, pelo músculo obturador

interno ventralmente, e pela parte caudal do músculo glúteo superficial lateralmente.

Ocupam este espaço quantidades variáveis de tecido adiposo, que está incorporado

a fáscia perineal superficial. (BELLEGER e CANFIELD, 1998).

FIGURA 7: ANATOMIA CIRÚRGICA DOS MÚSCULOS QUE COMPÕEM O

DIAFRAGMA PÉLVICO DO CÃO

FONTE: MORTARI E RAHAL, 2005

Muitos são os fatores implicados na etiopatogenia da doença. Existem

teorias que sugerem predisposição genética, uma fraqueza estrutural do diafragma

pélvico, um desequilíbrio hormonal e uma constipação crônica. Devido à inexistência

de fortes evidências que sustentem uma dessas teorias, a origem desta doença

deve envolver uma combinação de vários fatores. (BOJRAB et al, 1991).

Qualquer cão de raça pura ou SRD pode ser afligido por hérnia perineal,

porém certas raças exibem com maior freqüência: Boston Terriers, Collies, Boxers,

Welsh Corgis, Kelpies e mestiços Kelpies, Dachshunds puros e mestiços, Old

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83

English sheepdog, e SRD. Cães com caudas curtas podem estar predispostos a esta

condição. A hérnia perineal quase que exclusivamente afeta os cães machos

(sexualmente não castrados e castrados) com 5 anos ou mais; porém, alguns casos

foram descritos em cadelas. (MANN, 1996).

Com base nos sinais clínicos a maioria dos animais são apresentados com

tumefação perineal redutível, e com um ou mais dos sinais seguintes: constipação

(defecação difícil ou defecação a intervalos prolongados), obstipação (constipação

intratável), tenesmo (esforço para defecar ou urinar, sem que ocorra a eliminação), e

disquezia (defecação dolorosa). O edema na região perineal é normalmente

evidente e pode ser unilateral ou bilateral. Pode ocorrer estrangúria (micção

dolorosa) em associação com afecção prostática, outros sinais clínicos ocasionais

são a ulceração da pele na massa herniada, incontinência fecal, incontinência

urinária, e atitude alterada da cauda. (BELLEGER e CANFIELD, 1998).

O diagnóstico baseia-se na história clínica, sinais clínicos, bem como

exames físicos, radiográficos e ultra-sonográficos. A palpação retal é um dos

exames mais importantes, visto possibilitar a determinação das estruturas que

formam o aumento de volume, verificar a presença de deslocamento ou dilatação

retal, e avaliar a textura e tamanho da próstata, se esta estiver envolvida.

Radiografias não contrastadas podem indicar a posição da bexiga urinária, próstata,

bem como deslocamento e dilatações retais, desde que o reto esteja preenchido por

fezes. A ultra-sonografia é efetiva na determinação dos conteúdos herniários

dispensando muitas vezes o exame radiográfico. (BELLENGER e CANFIELD, 1998).

No que se refere aos diagnósticos diferenciais, devem excluir-se as

seguintes possibilidades: neoplasia perineal, hiperplasia das glândulas perineais,

inflamação ou neoplasia dos sacos anais, atresia ani e tumores vaginais. No caso de

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84

existir disquezia, deve descartar a hipótese da presença de um corpo estranho no

reto, de uma fístula perianal, de uma constrição anal ou retal, de um abscesso dos

sacos anais, de uma neoplasia anal ou retal, de um trauma anal, de um prolapso

anorretal ou ainda de uma dermatite anal. (FERREIRA e DELGADO, 2002).

Existem três tipos principais de técnicas usadas como herniorrafia citadas. A

herniorrafia tradicional, a por transposição do músculo obturador interno e por meio

de implantação de membranas biológicas. As técnicas basicamente consistem na

redução do conteúdo herniário e fechamento do defeito. Durante a herniorrafia, é

importante a correção dos fatores etiológicos. A castração de rotina de todos os

pacientes de hérnia perineal é recomendada. Muitos cirurgiões acham indicado o

reparo simultâneo das hérnias bilaterais. (BELLENGER e CANFIELD, 1998).

4.1.1.2 Caso Clínico 1

NOME: Baco

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: Rottweiller

SEXO: Macho

RG Nº: 2139/06

IDADE: 6 anos

PESO: 32 Kg

DATA: 11/08/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

O proprietário relatou que o animal estava urinando aos poucos e com muita

dificuldade há mais ou menos 1 mês, e que há poucos dias sente dor ao tocar na

região perineal, com isso o animal não fica na posição de sentar. Fezes normais,

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85

animal dócil, mas não permite manipulação no local, não é castrado e nunca cruzou,

come ração seca de boa qualidade, vacinas atrasadas, tomou vermífugo há mais de

4 meses. Vive com mais uma fêmea da mesma raça e saudável, em um quintal com

grama e metade de cimento, sai para passear toda noite.

EXAME FÍSICO

O animal apresentou temperatura retal de 38,7°C, f reqüência cardíaca de

152 bpm, estava em taquicardia, e TPC não foi possível avaliar, hidratação normal.

Pulso arterial regular, mucosas congestas, nível de consciência alerta, estado

nutricional normal, comportamento agressivo. Esclera avermelhada e com secreção

ocular bilateral. Aumento de volume macio de 12 a 15 cm de diâmetro e com

temperatura levemente elevada em região perineal bilateral, flacidez na musculatura

local.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raio-X simples e contrastado, hemograma, creatinina e proteínas totais.

Resultados:

Proteínas totais 9,0 g/dl

Creatinina 0,55 mg/dl

Hemograma dentro das normalidades.

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86

Realizado raio-x simples em posição lateral, observa-se o aumento de

tamanho de tecido mole em região perineal e a posição da bexiga urinária está bem

caudal. (Figura 8).

Raio-x contrastado realizado em posição lateral com a técnica da cistografia

retrógrada positiva, observa-se o aumento de tamanho de tecido mole em região

perineal (com presença de gás). (Figura 9).

FIGURAS 8: RAIO-X SIMPLES FIGURA 9: RAIO-X CONTRASTADO

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Hérnia Perineal

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Neoplasias (adenocarcinoma, adenoma), corpo estranho, abscessos.

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87

TRATAMENTO

Herniorrafia perineal.

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com neozine na dose 0,15 mg/ Kg (0,3 ml/kg)

de peso pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol na dose de 5

mg/Kg e diazepam na dose 0,3 mg/Kg pela via intravenosa, o paciente foi mantido

em plano anestésico com isofluorano, volume total de 35 ml, pela via inalatória.

Realizado uma epidural com lidocaína 1 ml/Kg mais morfina na dose 0,2 mg/Kg.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA OPERATÓRIA

Animal em decúbito ventral, com os membros posteriores sobre o final da

mesa e o quadril levemente inclinado. O acesso foi realizado com uma incisão em

meia lua na região perineal direita, incisando a pele, subcutâneo e musculatura. No

interior encontrou-se muito epiplon e líquido abdominal, em seguida realizado a

redução deste conteúdo, com o auxílio de um tampão (pinça e gaze). Feito o pré-

posicionamento dos fios de nylon 2-0 com auxílio das pinças para após realizar a

sutura dos músculos esfíncter externo do ânus e obturador interno, esfíncter externo

do ânus e elevador do ânus, coccígeo e elevador do ânus, e coccígeo e obturador

interno. Antes de amarrar-se às extremidades de sutura é retirado o tampão nos

últimos pontos. Após sutura-se o subcutâneo com fio nylon 0,30, cushing e pele com

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88

pontos simples interrompidos e com fio nylon 0,30. O mesmo procedimento foi

realizado do lado esquerdo.

Foi realizado uma orquiectomia, segundo a técnica das três pinças,

transfixado com fio de sutura nylon 0,30.

PÓS-OPERATÓRIO

Animal permaneceu internado durante 4 dias com prescrição de Cefalexina

na dose de 30mg/Kg (5 ml), SC, TID, Cetoprofeno 1mg/Kg (0,7 ml), SC, SID,

Lactulona® 7 ml, VO, BID e a limpeza dos pontos com aplicação de gelo por 10

minutos, BID. Manteve em casa por 7 dias as seguintes medicações: Cefalexina e a

Lactulona®, fazendo a limpeza e compressas geladas, o animal permaneceu

sempre com colar elizabetano.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

A herniorrafia foi o tratamento de escolha e de melhor eficácia para o caso,

pois quanto mais precoce for feito a correção cirúrgica mais favorável será o

prognóstico. A castração foi realizada para que diminua a probabilidade de

recorrência da hérnia, pois segundo Belleger e Canfield (1998), a glândula prostática

influencia nos desequilíbrios hormonais os quais são fatores que podem ter certo

papel na patogênese da hérnia perineal.

A ultra-sonografia não foi realizada por falta de recursos do proprietário e o

Hospital Veterinário da UEL não dispõem dos aparelhos para realizar este exame.

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89

4.2 AFECÇÕES DO SISTEMA ÓSSEO

4.2.1 Afecção de Legg-Calvé-Perthes

4.2.1.1 Revisão de literatura

Também pode ser denominada como afecção de Legg-Perthes ou Calvé-

Perthes, osteocondrite juvenil, necrose avascular, e coxa plana, a afecção de Legg-

Calvé-Perthes é uma necrose asséptica não inflamatória da cabeça e colo femorais

em cães de pequeno porte. A causa de tal necrose não é conhecida com certeza,

mas tem sido proposta como isquemia resultante de compressão vascular e

atividade hormonal sexual precoce. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

Em todos os casos, o osso da cabeça e colo femorais sofre necrose e

deformação durante as quais a dor é manifestada pelo animal. A cartilagem articular

crepita, como resultado de colapso do osso subcondral. O osso eventualmente pode

formar-se novamente na área necrótica, mas a cabeça e colo femorais estão

deformados, com incongruência articular e instabilidade resultantes. Esta condição

leva a graves mudanças degenerativas dentro de toda articulação coxofemoral e a

desenvolvimento de acentuada ósteo-artrose. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

Animais machos e fêmeas são igualmente afetados. O envolvimento bilateral

tem sido relatado como 16,5%. Os animais de raças “toy” e terrier são os mais

suscetíveis. O pico de incidência do aparecimento de sintomas é de 5 a 8 meses de

idade, com a amplitude de 3 a 13 meses. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

Freqüentemente, o primeiro sinal notado é a irritabilidade. O animal pode

morder a área do flanco e coxal. A dor pode ser determinada na articulação

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90

coxofemoral, particularmente na abdução, a crepitação pode estar presente, com

taxa de movimentação restrita e encurtamento do membro. A atrofia dos músculos

glúteos e quadríceps tornam-se aparente. A ocorrência de claudicação é geralmente

gradual, e seis a oito semanas são necessárias para progressão até a incompleta

impotência funcional. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

As radiografias da articulação coxofemoral devem ser realizadas no

posicionamento ventrodorsal. (Figura 10). Os sinais radiográficos são: deformidade e

irregularidade de cabeça e colo femorais, depressões radioluscentes no osso

subcondral da cabeça femoral, diminuição da radiopacidade de epífise e metáfise

femorais, subluxação coxofemoral, fragmentação de cabeça femoral, fraturas

patológicas (secundárias) e sinais de doença articular degenerativa secundária

(principalmente osteofitose em colo femoral). (OLMSTEAD, 1998).

Apesar da afecção poder ocorrer bilateralmente, os sinais radiográficos

podem não se apresentar simultaneamente. Uma alternativa para o diagnóstico é o

uso da ressonância magnética com contraste. (OLMSTEAD, 1998).

O diagnóstico diferencial para animais jovens é a luxação patelar medial e

para animais senis é a ruptura de ligamento cruzado cranial e a displasia

coxofemoral. (CARPENTER, 2003).

Com base no tratamento, a excisão da cabeça e colo femorais produz

resultados mais favoráveis do que o tratamento conservativo, que consiste de

repouso e analgésicos. Com a técnica cirúrgica adequada, leve claudicação pode

permanecer porque o membro é encurtado pela remoção da cabeça e colo femorais,

e os músculos da coxa e articulações coxofemoral permanecem de alguma maneira

atrofiados. Em raras circunstâncias onde as radiotransparências são vistas sem

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91

colapso femoral, pode-se tentar aplicar bandagem de Ehmer por três a quatro dias.

(GAMBARDELLA, 1996).

FIGURA 10: RADIOGRAFIA DE PACIENTE COM NECROSE ASSÉPTICA DA

CABEÇA FEMORAL, NO POSICIONAMENTO VENTRODORSAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

4.2.1.2 Caso Clínico 2

NOME: Snoopy

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: SRD

SEXO: Macho

RG Nº: 2064/06

IDADE: 7 meses

PESO: 6,7 Kg

DATA:08/08/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

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92

ANAMNESE

O paciente estava com claudicação no membro posterior esquerdo há mais

ou menos 10 dias, às vezes apoiava o membro mas não soltava o peso, o

proprietário nega qualquer tipo de trauma, e o animal tem momentos que parece

melhor. Foi tratado com ¼ de comprimido de Voltarem® e depois mais ¼ de

comprimido de Dorflex®, com isto apresentou vômito e suspendeu a medicação há

uma semana. Comportamento dócil, vacinado, vermífugo foi administrado há 3

meses, come ração seca com comida caseira, vive em ambiente com piso de

cimento, e não tem acesso à rua.

EXAME FÍSICO

Ao exame físico o animal apresentou temperatura retal de 39,1°C,

freqüência cardíaca de 176 bpm, freqüência respiratória de 40 mpm, tempo de

preenchimento capilar de 1”, boa hidratação, mucosas rosadas, pulso normal, nível

de consciência alerta, estado nutricional normal, comportamento dócil, membro

posterior esquerdo parcialmente flexionado e dor na extensão e flexão da articulação

coxofemoral do membro posterior esquerdo.

EXAMES COMPLEMENTARES

Radiografia da região articular coxofemoral, hemograma + plaqueta,

creatinina + proteínas totais.

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93

Resultados:

Radiografia em posição ventrodorsal observou arrasamento da cabeça e

colo femoral esquerdo, com áreas de osteólise em colo femoral.(Figura 11).

Creatinina 1,27 mg/dl

Proteínas totais 8,5 g/dl

Segmentados 49%

Linfócitos 49%

Eosinófilos 2%

FIGURA 11: CONTORNO IRREGULAR DE CABEÇA E COLO FEMORAL

ESQUERDO DE PACIENTE COM NECROSE ASSÉPTICA DA

CABEÇA FEMORAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Necrose Avascular da Cabeça do Fêmur.

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94

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Fratura de colo femoral, fratura de acetábulo, luxação coxofemoral, ruptura

do ligamento cruzado cranial, trauma, luxação patelar, displasia coxofemoral.

TRATAMENTO

Ostectomia ou Artroplastia por excisão da cabeça e colo do fêmur.

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com Neozine® na dose de 0,15 mg/ Kg (0,2

ml/kg) de peso pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol,

volume de 4 ml pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico

com isofluorano, volume total de 10 ml, pela via inalatória. Foi feito anestesia

epidural com lidocaína 1 ml/Kg mais morfina na dose 0,2 mg/Kg.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA OPERATÓRIA

Animal em decúbito lateral. Acesso dorso-caudal, com uma incisão de pele e

subcutâneo em meia lua, tendo como referência o trocanter maior. Incisou-se a

fascia lata, afastando os músculos glúteos superficiais e bíceps femoral e do nervo

ciático, incisão dos músculos gêmeos expondo a cápsula articular, incisando a

cápsula articular, extravasando o líquido sinovial. Com uma leve rotação do membro

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95

luxou-se a cabeça do fêmur, com isso a cabeça fica exposta promovendo-se a

artroplastia por excisão da cabeça e colo femorais, com auxílio de um osteótomo e

martelo, em seguida retirou-se esquírolas ósseas através de uma goiva. Lavou o

local com solução fisiológica. Em seguida, sutura do subcutâneo com cushing e fio

nylon 0,25, sutura da pele com pontos simples contínuo e fio nylon 0,25.

PÓS-OPERATÓRIO

Pós-cirurgia realizou-se uma radiografia em posição ventrodorsal, para

constatar o sucesso da artroplastia. (Figura 12).

FIGURA 12: RAIO-X PÓS-OPERATÓRIO EM POSIÇÃO VENTRODORSAL,

AUSÊNCIA DE CABEÇA E COLO FEMORAL ESQUERDO

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

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O paciente ficou internado por dois dias com as seguintes medicações e

cuidados: Cefalexina® na dose 30mg/Kg - 1 ml, SC, TID, Cetaprofeno® na dose 1

mg/Kg - 0,14 ml, SC, SID, Tramal® na dose 1 mg/Kg - 0,14 ml, SC, TID, gelo por 10

minutos, BID, curativo com PVPI nos pontos, SID, e fisioterapia com movimentos de

flexão e extensão, BID. A prescrição para o paciente em casa foi Cefalexina 250mg,

um comprimido, VO, TID, Meloxicam 0,5 mg, um comprimido, VO, SID, manter a

fisioterapia, gelo e curativo e colar protetor até retorno.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

A escolha pele artroplastia por excisão da cabeça e do colo femoral foi a

melhor, pois como já foi descrito este procedimento cirúrgico elimina o contato

doloroso do osso com osso além de ter um prognóstico excelente. O tratamento

conservativo só é realizado caso o proprietário não tenha condições de financiar a

cirurgia, pois só amenizará a dor do animal e não resolverá o problema.

4.2.2 Displasia Coxofemoral

4.2.2.1 Revisão de Literatura

A articulação coxofemoral é uma articulação esferoidal em que a cabeça

femoral hemisférica encaixe-se num receptáculo/cavidade elipsóide situado no

interior do osso pélvico. A configuração anatômica desta articulação permite grande

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97

amplitude de movimentos, ao mesmo tempo em que proporciona máxima

estabilidade. (MANLEY, 1998)

A displasia coxofemoral é o desenvolvimento ou o crescimento anormal da

articulação coxofemoral. Ela se manifesta por vários graus de frouxidão dos tecidos

moles ao redor, instabilidade, malformação da cabeça femoral e acetábulo, e ósteo-

artrose. (PIERMATTEI e FLO, 1999). (Figura 13)

Uma das afecções mais prevalentes na articulação coxofemoral, a displasia

coxofemoral é a causa mais importante de ósteo-artrite coxofemoral do cão. A

afecção raramente ocorre em cães que tem um peso corpóreo abaixo de 11 a 12 Kg,

quando adultos. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

FIGURA 13: À ESQUERDA UMA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL NORMAL E À

DIREITA UMA ARTICULAÇÃO ANORMAL

FONTE: FRATOCCHI E SOMMER, 2006

A transmissão pode ser hereditária, recessiva, intermitente e poligênica

(alguns autores consideram 20 genes). Fatores nutricionais, biomecânicos e de meio

ambiente (multifatorial), associados à hereditariedade, pioram a condição da

displasia. Recomenda-se fundamentalmente evitar os traumas, sejam eles da

obesidade, dos trabalhos precoces, dos exercícios forçados, dos locais

escorregadios. (PIERMATTEI e FLO, 1999; FRATOCCHI e SOMMER, 2006).

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98

Os achados clínicos da displasia coxofemoral variam com a idade do animal.

Há dois grupos clinicamente reconhecíveis : Os animais jovens entre 5 e 8 meses de

idade e os animais adultos que apresentam a forma crônica da doença. Nos animais

jovens é constatado um curso unilateral da doença que ocasionalmente se

apresenta bilateralmente. Clinicamente observa-se claudicação, redução das

atividades do animal, sensibilidade nos membros pélvicos, dificuldade de erguer-se,

redução do desejo de andar, correr subir escadas, além do fato da maioria dos

pacientes apresentarem sinal de Ortolani positivo (este sinal se apresenta como um

“clique” produzido pela cabeça femoral quando ela escorrega para dentro e para fora

do acetábulo em conseqüência de movimentos de adução seguido de abdução). Os

animais idosos apresentam um quadro clínico diferente devido à degeneração

articular crônica. A claudicação pode ser uni ou bilateral após exercícios prolongados

ou forçados, o seu andar se assemelha a requebros havendo freqüente crepitação e

limitação na amplitude do movimento da articulação. O animal prefere sentar-se ao

invés de posicionar-se em estação, apresentando dificuldade ao se levantar, e o faz

lentamente. Visualiza-se atrofia muscular do membro afetado e hipertrofia dos

músculos que envolvem a escápula e o úmero. (WALLACE e OLMSTEAD, 1995).

O exame clínico baseia-se na observação do animal em estação,

caminhando e trotando, na constatação de aumentos de volumes e assimetrias nos

membros e na busca da presença da dor, crepitação e amplitude do movimento

articular, maior na fase aguda e menor na crônica, já que nesta última intensificam-

se as alterações articulares degenerativas, tomando lugar à fibrose capsular e

muscular circundante. (FRATOCCHI e SOMMER, 2006)

O diagnóstico definitivo é obtido através do exame radiográfico, mediante

posicionamento correto do paciente e imagens de qualidade. Este posicionamento

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99

normalmente é alcançado através da anestesia geral, já que estamos frente a uma

alteração muitas vezes dolorosas e de raças geralmente grande. (FRATOCCHI e

SOMMER, 2006).

O tratamento poderá ser medicamentoso ou cirúrgico. Neste último

relacionam-se várias possibilidades, desde as mais simples, tais como, por exemplo,

a pectineotomia e a ressecção de cabeça e colo femorais (artroplastia excisional),

até as mais complexas, como as correções de desvios do tipo geno valgo e

antiversão, a denervação da cápsula articular, a acetabuloplastia extracapsular, a

osteotomia tripla de pelve, a osteotomia intertrocantérica, o alongamento de colo

femoral, a prótese total coxofemoral, mais recentemente a sinfisiodese púbica

juvenil, etc. e as associações cirúrgicas, como a osteotomia tripla de pelve com o

alongamento de colo femoral. Modernamente tem-se tratado a displasia

coxofemoral, mediante produtos com a propriedade de proteger e regenerar

(anabolizar) a cartilagem articular danificada, produzindo analgesia natural. A

associação dos antiinflamatórios só deve ser preconizada na fase inicial do

tratamento. A ação anabolizante dos produtos pode resultar ainda melhor se

acompanhada de medidas apropriadas de manejo, tais como manter o animal em

locais restritos para que o mesmo reduza sua atividade física, assim como evitar a

obesidade do paciente e os locais escorregadios. Hidroginástica e natação também

são recomendadas. (FRATOCCHI e SOMMER, 2006).

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100

4.2.2.2 Caso Clínico 3

NOME: Mickey

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: Pastor Alemão

SEXO: Macho

RG Nº: 0291/04

IDADE: 14 anos

PESO: 34 Kg

DATA:23/09/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animal Companhia (CCAC)

ANAMNESE

O proprietário observou que o animal estava bem apático, só ficava deitado,

e só se levantou com muita dificuldade para comer, e hoje pela manhã não queria se

movimentar, se cansa muito fácil, urina mesmo deitado, não é castrado. Foi

atropelado há uns 5 anos atrás e depois desse episódio sempre claudica um pouco

com o membro posterior direito. O animal apresenta uma infestação de carrapato,

olhos avermelhados com secreção, comportamento dócil, alimentado com ração

seca (pacote fechado), vacina nacional comprada em agropecuária, o vermífugo é

administrado duas vezes ao ano, vivem em ambiente que tem jardim e piso de

cimento, juntamente com uma cadela, só tem acesso à rua junto com o proprietário.

EXAME FÍSICO

O animal apresentou temperatura retal de 39,8°C, f reqüência cardíaca de 92

bpm, freqüência respiratória de 72 mpm, e TPC 1”, hidratação normal. Pulso arterial

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101

normal, mucosas rosadas, nível de consciência alerta, estado nutricional normal,

comportamento dócil. Animal com infestação de carrapato, ao se movimentar tem

muita dor no membro posterior esquerdo, não foi possível a palpação pois sentia

muita dor. Muito tártaro na cavidade oral.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raios-X, hemograma + plaqueta, glicose, creatinina + proteínas totais.

Resultados:

Raios-X em posição ventrodorsal, observa-se perda da profundidade

acetabular bilateral com remodelamento de colo e cabeça femoral severa, com

proliferação de osteófitos em articulação coxofemoral bilateral, compatível com

displasia coxofemoral com DAD (doença articular degenerativa) avançada. (Figura

14)

Glicose: 80 mg/dl

Creatinina: 0,8 mg/dl

Proteínas totais: 6,7 mg/dl

Plaquetas: 940 m/mm³

Segmentados: 69%

Eosinófilos: 5%

Linfócitos: 26%

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102

FIGURA 14: RADIOGRAFIA EM POSIÇÃO VENTRODORSAL – PERDA DA

PROFUNDIDADE ACETABULAR COM REMODELAMENTO DE

COLO E CABEÇA FEMORAL SEVERA, COM PROLIFERAÇÃO DE

OSTEÓFITOS EM ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL BILATERAL,

COMPATÍVEL COM DISPLASIA COXOFEMORAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Displasia coxofemoral bilateral com DAD.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Luxação coxofemoral, fratura do colo femoral, fratura de pelve, artrite.

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103

TRATAMENTO

Denervação da cápsula articular coxofemoral.

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com Neozine® na dose de 0,15 mg/ Kg de peso

pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol na dose de 5mg/Kg

de peso pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico com

isofluorano, volume total de 25 ml, pela via inalatória. A respiração por circuito semi-

fechado e espontâneo.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA OPERATÓRIA

Animal em decúbito lateral direito. Acesso cranial ao trocanter maior, incisão

da pele de 3 a 4 cm, seguida da fascia muscular para divulsionar entre o bíceps e

tensor da fascia lata e glúteos, tendo acesso à articulação coxofemoral. Realizando

em seguida a raspagem do periósteo em meia lua crânio dorsal ao acetábulo.

Lavagem do local com solução fisiológica, para que não fique fragmentos de

periósteo. Sutura-se a fascia muscular com pontos simples isolados, a fascia

gordurosa em padrão contínuo, o subcutâneo com cushing e a pele com contínua

simples, todas as suturas com fio nylon 0,30. O mesmo procedimento foi realizado

do lado oposto.

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104

PÓS-OPERATÓRIO

O paciente permaneceu internado por 6 horas, assim que retornou da

anestesia recebeu alta assistida a pedido do proprietário. O tratamento prescrito foi

Cefalexina® 1000mg, na dose 30mg/Kg - 1 ml, VO, TID, até novas recomendações,

Previcox® um comprimido, VO, SID, por dez dias, colar protetor, caminhadas leves e

curativo dos pontos com PVPI, SID.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

O paciente foi submetido ao procedimento de denervação da cápsula

articular coxofemoral para somente aliviar a dor, pois as mudanças degenerativas

continuaram, mas foi o tratamento de escolha e de melhor eficácia para este caso,

por que o paciente está com uma displasia coxofemoral muito avançada e

juntamente com uma doença articular degenerativa, e pela avançada idade de 14

anos.

Não foi possível o acompanhamento do paciente, pois este não voltou para o

retorno.

4.2.2.3 Caso Clínico 4

NOME: Falcão

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: Mestiço Pastor Alemão

SEXO: Macho

RG Nº: 1431/06

IDADE: 1 ANO

PESO: 27 Kg

DATA:17/08/2006

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105

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

Proprietário relata que há dois dias o animal “gritou” e depois ficou com o

membro posterior esquerdo suspenso, apático e em bradipnéia. O paciente está em

tratamento para uma dermatite, está sendo administrado Meticortem® e shampoo

Alerdog®. Não é castrado, comportamento dócil, come ração seca de boa qualidade,

vacina nacional de agropecuária, vermífugo Drontal®, no ambiente em que vive tem

piso de lajota, com dois degraus e depois cimento. Não tem acesso à rua. Os

proprietários não viram o que aconteceu, dizem que o animal é muito ativo e corre

muito, por isto não descartam a possibilidade de ter se machucado no quintal.

EXAME FÍSICO

Ao exame físico o animal apresentou temperatura retal de 38,6°C,

freqüência cardíaca de 112 bpm, freqüência respiratória com taquipnéia, tempo de

preenchimento capilar de 1”, boa hidratação, mucosas rosadas, pulso normal, nível

de consciência alerta, estado nutricional normal, comportamento dócil, não apóia o

membro posterior esquerdo, apresenta pontos de eritema na pele, já está sendo

tratado, impotência do MPE e está rotacionado para fora.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raios-X, hemograma + plaquetas e creatinina + proteínas totais

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106

Resultados:

Na radiografia em posição ventrodorsal se percebe perda de profundidade

acetabular com remodelamento e cabeça e colo femoral e proliferação e osteófitos

em articulação coxofemoral bilateral, com luxação da articulação coxofemoral à

esquerda – imagem compatível com displasia coxofemoral à esquerda com DAD

avançada. Presença de fragmentos ósseos em área de projeção de espaço articular

coxofemoral esquerdo, em vista ventrodorsal – fratura de osteófito. (Figura 15)

Creatinina: 1,07 mg/dl

Proteínas totais: 4,6 g/dl

Segmentados: 63%

Linfócitos: 37%

FIGURA 15: RADIOGRAFIA EM POSIÇÃO VENTRODORSAL – PRESENÇA DE

FRAGMENTOS ÓSSEOS EM ÁREA DE ESPAÇO ARTICULAR

COXOFEMORAL ESQUERDO

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

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107

DIAGNÓSTICO

Displasia Coxofemoral bilateral com DAD avançada e luxação da articulação

coxofemoral à esquerda.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Fratura de pelve, ruptura do ligamento cruzado, luxação de patela,

neoplasias.

TRATAMENTO

Ressecção da cabeça e colo femorais + orquiectomia

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com Neozine® na dose de 0,15 mg/ Kg de peso

pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol na dose de 5mg/Kg e

Diazepam® na dose 0,3 mg/Kg de peso pela via intravenosa, o paciente foi mantido

em plano anestésico com isofluorano, volume total de 25 ml, pela via inalatória. A

respiração foi por circuito fechado. Foi feito epidural com lidocaína mais morfina.

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108

DESCRIÇÃO DE TÉCNICA OPERATÓRIA

Animal foi colocado em decúbito lateral esquerdo, após anti-sepsia padrão.

Foi realizada uma incisão cutânea, em torno de 8 cm, na região craniolateral

centralizada sobre a articulação coxofemoral, incisou-se o subcutâneo, a hemostasia

de pequenos vasos foi feita com pinças hemostáticas. Afastando os músculos bíceps

do fêmur, o tensor da fascia lata e o músculo glúteo médio que foi trasionado (figura

16) para expor a cabeça femoral esquerda, como pode ser observado nas figuras 17

e 18. Com auxílio de um osteótomo e um martelo foi realizada a ressecção da

cabeça e colo femoral, e com uma goiva foram removidas as protuberâncias ósseas

remanescentes(Figura 19). A sutura da musculatura na cápsula articular foi com fio

vicryl 3-0, padrão interrompido simples. Reposicionou-se os músculos vasto lateral e

o glúteo profundo e se suturou com fio nylon 0,30, padrão interrompido simples. A

sutura do subcutâneo com fio nylon 0,30 com padrão cushing modificado e pele com

fio nylon 0,30, em padrão interrompido simples.

A orquiectomia foi realizada com o animal em decúbito dorsal. Acesso pré-

escrotal, incisão de 4 cm em pele e subcutâneo. Com uma pressão mecânica ocorre

a exposição do testículo, incisou-se a cápsula do testículo, pinçou o cordão

espermático, com três pinças hemostáticas, ligadura dos vasos com fio nylon 3-0, o

mesmo procedimento foi realizado no outro testículo, sutura com fio nylon 0,30 o

subcutâneo com padrão cushing modificado e a pele com nylon 0,30 em padrão

interrompido simples.

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109

FIGURAS 16, 17, 18 e 19: PROCEDIMENTO CIRÚRGICO - Ressecção da cabeça e

colo femorais

16: AFASTAMENTO DOS MÚSCULOS 17: EXPOSIÇÃO DA CABEÇA FEMORAL

18: EXPOSIÇÃO DA CABEÇA FEMORAL 19: REMOÇÃO DAS PROTUBERÂNCIAS ÓSSEAS

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

PÓS-OPERATÓRIO

O paciente permaneceu internado por dois com as seguintes prescrições,

Cefalexina® na dose 30mg/Kg - 4 ml, SC, TID, Tramal® na dose de 1mg/Kg - 0,54

ml, SC, TID, curativo dos pontos com PVPI, SID e gelo por 10 minutos, BID.

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110

Manteve a seguinte medicação, Tramal® gotas na dose 11 gotas, VO, TID, por 5

dias, Cafalexina 500mg, na dose 1 ½ comprimido, VO, TID, por 10 dias, PVPI tópico

para os pontos, colar protetor, e foi sugerido ao proprietário o uso de Osteo Syn® ou

Condroton® ou Condromax® .

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

Com base no diagnóstico de displasia coxofemoral que pode ser confirmada

através dos sinais clínicos e dos achados radiográficos, frente ao caso a conduta do

tratamento cirúrgico é a correta, assim como sugere a literatura.

4.2.3 Fratura de fêmur

4.2.3.1 Revisão de literatura

As fraturas femorais geralmente são causadas por trauma. Lesões por alta

velocidade são o tipo mais comum de trauma com fraturas femorais em pacientes

veterinários, a maioria destas é de acidentes automobilísticos. (FOSSUM, 2002).

A incidência de fraturas de fêmur é de aproximadamente 20 a 25% de todas

as fraturas na maioria das clínicas veterinárias; esta taxa é a mais alta do que todas

as fraturas de ossos do corpo. O fêmur também tem a maior incidência de não união

e osteomielite de todas as fraturas. A redução aberta e fixação interna são indicadas

em praticamente todas as fraturas femorais. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

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111

As quatro forças fisiológicas primárias que atuam sobre o osso são

compressão axial, tensão axial, envergamento (flexão) e torção. Cada uma destas

forças isoladamente ou em conjunto, resulta num padrão complexo de pressões e

deformações interna no âmbito do osso. (HULSE e HYMAN, 1998).

Vários dispositivos de fixação interna de fraturas femorais estão descritos na

literatura, como colocação de fios de aço ortopédico em cerclagem, placa e

parafuso, pinos intramedulares e fixação esquelética externa, pinos travados e

combinações destas. (GILMORE, 2005).

As fraturas diafisárias de fêmur são geralmente o resultado de traumatismo

direto e são acompanhadas por vários graus de lesão de tecidos moles e hematoma.

O padrão de fratura pode ser bem variado: transverso, oblíquo, múltiplo,

fragmentado, ou, ocasionalmente, em galho verde no animal jovem. (PIERMATTEI e

FLO, 1999).

O trauma pode ou não ter sido observado, muitas vezes, verifica-se no

animal a claudicação. Geralmente os pacientes com fraturas diafisárias femoral são

incapazes de sustentar o peso e apresentam graus variados de edema do membro.

Dor e crepitação quase sempre são desencadeados com a manipulação do membro,

é possível que a propriocepção seja anormal, já que não levanta a pata quando

colocada sobre seu dorso. (FOSSUM, 2002).

Radiografias craniocaudal e lateral do fêmur são necessárias para avaliação

da extensão do osso e lesão de tecido mole. (FOSSUM, 2002).

A aplicação de pino intramedular é o método prático e econômico de

tratamento das fraturas diafisárias transversais do fêmur, mas a prejudicial força de

rotação não é neutralizada pela fixação por apenas um pino (MILTON, 1998), e

segundo Gilmore (2005), este método obtém sucesso mais provavelmente com

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112

animais imaturos cuja seja rápida e com adultos de tamanho pequeno a médio em

que o pino único tenda a preencher uma parte significativa do canal medular.

O uso de um dispositivo de fixação externa de Kirschner – Ehmer, uma tala

de dois pinos e meio, em associação com o pino intramedular aumenta a

estabilidade rotacional. (GILMORE, 2005).

Embora considerada uma fratura “simples”, este tipo (transversa) é um dos

mais comuns a resultar a não-união, sem dúvida à subestimação das forças

biomecânicas envolvidas. A idade e o tamanho do paciente são determinantes

importantes, assim como o tipo de fixação. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

As fraturas oblíquas e espirais são reparadas com mais sucesso com pinos

intramedulares com estabilidade adicional proporcionada por pinos transcorticais e

um fio de aço de hemicerclagem ou por um fio de aço ortopédico de cerclagem

completa. A fratura é estabilizada inicialmente com pinos intramedulares, pode-se

colocar o fio de aço ao redor dos pinos transcorticais em um padrão de “oito” para

proporcionar um aumento na estabilidade rotacional, alternativamente, podem-se

utilizar fios de aço de cerclagem completa. (GILMORE, 2005).

De modo ideal seria permitido ao animal ter uso ativo prematuro do membro.

Isto requer fixação interna totalmente instável, boa cooperação do proprietário com

confinamento e restrição ao exercício, e paciente que não produza esforço excessivo

ao aparelho devido à hiperatividade. O exercício deve ser rigorosamente restrito por

quatro a seis semanas, com retorno gradual a atividade irrestrita em oito a doze

semanas. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

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113

4.2.3.2 Caso Clínico 5

NOME: Pitoco

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: SRD

SEXO: Macho

RG Nº: 2067/06

IDADE: 8 meses

PESO: 3,5 Kg

DATA:02/08/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

O paciente foi atropelado no dia anterior às 16:30 min por um carro e acredita-

se que bateu do lado esquerdo do animal, porém não pode afirmar. Urinou após o

atropelamento e não consegue ficar de pé. O proprietário administrou Dipirona® (1

comprimido, a cada 6 horas, total 3 comprimidos) e tintura de arnica. Não é castrado.

Permaneceu em estação com dificuldade, sentiu dor e perdeu o equilíbrio, observou-

se escoriações em membro posterior esquerdo face medial e não apóia o membro,

está apático desde ontem. Come comida caseira. Está na segunda dose da vacina

nacional. Vermífugo administrou Petzi® (irá repetir a dose). Ambiente em que vive

com mais dois cães é quintal com terra e cimento, tem acesso à rua sem a guia.

EXAME FÍSICO

O animal apresentou temperatura retal de 38,3° C, freqüência cardíaca de

172 bpm, freqüência respiratória de 40 mpm, e TPC 2”, leve desidratação. Pulso

arterial normal, mucosas rosadas, nível de consciência deprimido, estado nutricional

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114

normal, comportamento dócil. Animal com presença de pulga, dificuldade para

manter-se em estação e não apóia o MPE. Desvio de eixo ósseo no fêmur esquerdo

com crepitação na manipulação.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raios-X, hemograma + plaquetas, creatinina

Resultados:

Bastonetes: 0,6%

Segmentados: 73%

Eosinófilos: 0,8%

Linfócitos: 13%

Creatinina: 0,66 mg/dl

Nas radiografias tanto em posição ventrodorsal (Figura 20) como em posição

lateral (Figura 21) observa-se fratura completa transversa em terço médio de diáfise

no fêmur esquerdo.

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115

FIGURAS 20 E 21: FRATURA COMPLETA TRANSVERSA EM TERÇO MÉDIO DE

DIÁFISE NO FÊMUR ESQUERDO.

20: POSIÇÃO VENTRODORSAL 21: POSIÇÃO LATERAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Fratura completa transversa de fêmur esquerdo.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Fratura de tíbia proximal, fratura de acetábulo, ílio, junção sacro-ilíaca

TRATAMENTO

Osteossíntese de fêmur esquerdo com pino intramedular e cerclagem.

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116

PROTOCOLO ANESTÉSICO

Realizada indução anestésica com Propofol® na dose de 4mg/Kg de peso

pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico com Isofluorano®,

volume total de 10 ml, pela via inalatória. A respiração por circuito aberto. Realizada

anestesia epidural com lidocaína mais morfina.

DESCRIÇÃO DE TÉCNICA OPERATÓRIA

Animal posicionado em decúbito lateral direito. Acesso realizado em região

crânio lateral do músculo vasto lateral, feita incisão de pele, em seguida da fascia

lata. Afastou-se o músculo bíceps femoral caudalmente e o músculo vasto lateral

cranialmente acessando assim o foco da fratura. Redução da fratura com a inserção

de um pino intramedular no sentido retrógrado seguido de cerclagem com fios

metálicos em dois pontos. A hemostasia foi realizada por meio de torção (com

pinças hemostática) e por compressão com auxílio de gaze. Suturada a fascia lata

com padrão simples contínuo seguido de sutura tipo cushing no subcutâneo para

aproximação dos bordos de pele e dois pontos simples separados na pele no local

onde saiu o pino, todas as suturas foram realizadas com fio de sutura nylon 0,25.

Realizado exame radiográfico pós-cirurgia, o qual demonstrou a boa realização do

procedimento cirúrgico com boa estabilidade do pino intramedular.(Figura 22)

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117

FIGURA 22: RADIOGRAFIA DO PACIENTE EM POSIÇÃO VENTRODORSAL E

LATERAL, PÓS-OPERATÓRIO DO DIA 02/08/2006

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

PÓS-CIRÚRGICO

O paciente permaneceu internado apenas um dia e foi administrado

cetoprofeno na dose 1mg/Kg - 0,07 ml, SC, SID, morfina na dose 0,2mg/Kg - 0,06

ml, SC, de 4 em 4 horas, cefalexina na dose 30mg/Kg - 0,5 ml, SC, TID e aplicação

de compressa gelada no local por 10 minutos, BID. As orientações foram passadas

ao proprietário que o paciente deveria fazer repouso absoluto, usar colar

elizabetano, fazer compressa gelada no local da cirurgia e administrar Meloxivet® na

dose ½ comprimido, VO, SID, por cinco dias e Dicural® na dose ¼ de comprimido,

VO, SID, por sete dias, e retornar em 10 dias.

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118

Retorno dia 11/08/2006:

Proprietário relata que o animal está melhor, continua com a medicação,

teve vômito há dois dias (acha que comeu algo diferente), está comendo ração para

filhotes e ganhou peso(4,3 Kg). O animal mexeu na tala já no primeiro dia e ficou em

repouso apenas 2 dias. Recomendou-se repouso absoluto.

Retorno dia 18/08/2006

Animal piorou, pois pulou da cama e voltou a apresentar claudicação do

MPE, sugerido ao proprietário a necessidade de um novo exame radiográfico, mas

preferiu esperar. Recomendação de repouso absoluto.

Retorno dia 01/09/2006:

Paciente retornou para uma reavaliação, está com uma leve claudicação do

MPE. Foi realizado um exame radiográfico. Laudo revelou que houve reação

periostal em terço médio distal, junto ao foco da fratura, com linha de fratura

evidente em terço médio de fêmur esquerdo – evolução insatisfatória de

consolidação óssea. Recomendação de repouso absoluto. (Figura 23).

Retorno dia 26/09/2006:

Paciente veio para reavaliação, foi solicitado um novo exame radiográfico.

No laudo, linha de fratura evidente e ampla com cerclagem em foco de fratura,

reação periostal exacerbada adjacente ao foco da fratura e esclerose do canal

medular, compatível com não-união óssea, ocorreu migração do pino e osteomielite.

(Figuras 24 e 25). Uma nova cirurgia foi marcada para o dia seguinte.

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119

FIGURA 23: RADIOGRAFIA EM POSIÇÃO LATERAL E VENTRODORSAL DO

PACIENTE NO DIA 01/09/2006 – REAÇÃO PERIOSTEAL EM

TERÇO MÉDIO DISTAL, JUNTO AO FOCO DA FRATURA, COM

LINHA DE FRATURA.

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

Retorno dia 27/09/2006:

Foi realizado um novo procedimento para recolocar o pino no seu local

original e a colocação de ½ fixador tipo Kirschner com auxílio de cimento cirúrgico,

para dar mais estabilidade ao processo de consolidação ao foco de fratura. Após a

cirurgia foi realizado um raios-X de controle pós-operatório. (Figura 26 e 27).

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120

FIGURAS 24 E 25: RADIOGRAFIA DO PACIENTE NO DIA 26/09/2006 – REAÇÃO

PERIOSTEAL EXACERBADA ADJACENTE AO FOCO DA

FRATURA E ESCLEROSE DO CANAL MEDULAR,

COMPATÍVEL COM NÃO-UNIÃO.

24: POSIÇÃO LATERAL 25: POSIÇÃO VENTRODORSAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

FIGURAS 26 E 27: RADIOGRAFIA CONTROLE, PÓS-OPERATÓRIO DIA

27/09/2006 – FIXADOR TIPO KIRSCHNER COM AUXÍLIO

DE CIMENTO CIRÚRGICO

26: POSIÇÃO VENTRODORSAL 27: POSIÇÃO LATERAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

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121

4.2.3.3 Caso Clínico 6

NOME: Astolfo

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: SRD

SEXO: Macho

RG Nº: 2125/06

IDADE: adulto

PESO: 11 Kg

DATA:09/08/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

Animal encontrado na rua naquele dia, o proprietário acha que foi

atropelado. Não tem outras informações, não deu água e nem alimentou.

EXAME FÍSICO

O animal apresentou temperatura retal de 38,4°C, f reqüência cardíaca de

136 bpm, freqüência respiratória de 36 mpm, e TPC 1”, hidratação normal. Pulso

arterial regular, mucosas rosadas, nível de consciência alerta, estado nutricional

normal, comportamento dócil. Animal com presença de pulga e carrapato.

Impotência funcional do MPE, feridas em região de articulação úmero-rádio-ulnar

esquerdo, e sente muita dor a palpação em região do fêmur esquerdo.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raio-x, hemograma + plaquetas, creatinina

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122

Resultados:

Neutrófilos segmentados: 73%

Linfócitos: 17%

Monócitos: 3%

Eosinófilos: 7%

Plaquetas: 66.000 m/mm³

Creatinina: 0,92 mg/d

No exame radiográfico pré-operatório observa-se uma fratura completa

oblíqua em terço médio de diáfise de fêmur em aposição, com esquírolas ósseas

próximas ao foco da fratura. (Figura 28 e 29)

FIGURAS 28 E 29: RADIOGRAFIA DO PACIENTE, PRÉ-OPERATÓRIO –

FRATURA COMPLETA EM TERÇO MÉDIO DE DIÁFISE

DE FÊMUR.

28 : POSIÇÃO LATERAL 29: POSIÇÃO VENTRODORSAL

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

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123

DIAGNÓSTICO

Fratura completa oblíqua de fêmur esquerdo, com esta confirmação a

cirurgia foi marcada para o dia seguinte.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Luxação coxofemoral, fratura de pelve, lesão de ligamento de soldra,

contusão muscular.

TRATAMENTO

Osteossíntese de fêmur esquerdo com pino intramedular e a técnica “tie-in”.

Entre as estratégias para combater as forças axial e de envergamento no

local da fratura e ao mesmo tempo, minimizar o número de pinos de transfixação

estão a colocação de uma barra externa adicional, ou a conexão do pino

intramedular ao fixador em configuração denominada “tie-in”. Nesse tipo de

configuração, a extremidade proximal do fixador tipo I pode, por exemplo, ser

conectada na extremidade proximal de um pino intramedular de tamanho apropriado

usando uma barra adicional e grampos. Com isto, aumenta-se a força de

envergamento da montagem e reduz-se a incidência de complicações pós-

operatórias. (OLMSTEAD et al., 1995).

Um dia antes da cirurgia foi adiministrado cefalexina na dose 30mg/Kg - 1,65

ml, SC, TID, tramal na dose 1mg/Kg - 0,22 ml, SC, TID, Ivomec® 0,04 mg/Kg - 0,44

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124

ml, SC, SID, imizol na dose 5mg/Kg - 0,45 ml, SC, SID, doxiciclina 100mg na dose 1

comprimido, VO, BID e o paciente recebeu a vacina Octa-Cino-Vacin® da Biovet.

PLANO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com Neozine® na dose de 0,10 mg/ Kg de peso

pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol na dose de 5mg/Kg

de peso pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico com

isofluorano, volume total de 25 ml, pela via inalatória. A respiração foi por circuito

fechado. Foi feito anestesia epidural com lidocaína 2,2 ml e morfina na dose 0,22

mg/Kg.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA CIRÚRGICA

O animal foi posicionado em decúbito lateral direito. Acesso cranial ao

músculo bíceps incisou-se a pele em mais ou menos 10 cm, após incisou-se a fascia

lata, expondo o foco da fratura. Foi introduzido através do canal medular do fêmur

um pino de Steinmann, passando retrogradamente a partir do foco de fratura, a

esquírola foi aposicionada com auxílio de três fios de cerclagem. Lavagem do local

com solução fisiológica. Procedeu-se a síntese de subcutâneo no padrão cushing e

pele com padrão simples contínuo, e todos suturados com fio nylon 0,30. Após o

término deste procedimento, introduziu-se um pino de Steinmann, com ponta

rosqueada, na epífise caudal e outro pino na epífise cranial. Em seguida, torceu-se

as pontas dos três pinos, unindo-os com cimento ortopédico (acrílico). Foi realizado

um exame radiográfico de controle pós-operatório, onde o laudo mostra que a

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125

redução foi satisfatória mas com presença de esquírolas ósseas distantes do foco da

fratura. (Figura 30)

FIGURA 30: RADIOGRAFIA EM POSIÇAO LATERAL DO PACIENTE, PÓS-

OPERATÓRIO – PINO DE STEINMANN POSICIONADO.

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

PÓS-OPERATÓRIO

O animal ficou internado por 10 dias, sendo administrada a medicação pré-

operatória acima (menos a vacina e o imizol) e adicionando o cetaprofeno na dose

30mg/Kg - 0,22 ml, SC, SID, e mais limpeza e troca de bandagem, nos últimos três

dias de internamento só permaneceu a cefalexina e a doxiciclina na dose acima. A

prescrição recomendada para casa foi doxiciclina 100 mg na dose 1 comprimido,

VO, BID, por 30 dias, limpeza dos parafusos junto aos pontos com solução

fisiológica e aplicar Furacin®, por 10 dias. Retorno em 10 dias.

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126

Retorno dia 31/08/2006:

Proprietário relata que o animal está ativo, mas só apóia o membro posterior

esquerdo quando vai defecar. Nota-se pequena secreção amarelada quando faz o

curativo. Continua a medicação (doxiciclina). De resto tudo normal. Não quis fazer

uma radiografia de controle. Retorno em 10 dias.

Retorno dia 13/09/2006

Proprietário relata que o animal está melhorando e apoiando o MPE, e está

bem ativo, a medicação está sendo administrada conforme prescrição (doxiciclina).

Continua notando a secreção amarelada quando troca o curativo. Foi realizado um

hemograma e raio-x de controle, resultados: bastonetes 1%, neutrófilos

segmentados 67%, eosinófilos 8%, linfócitos 24%, plaquetas 280 m/mm³, hipocromia

(+), laudo radiográfico, fratura reduzida, sem sinais de complicação.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

O fixador externo do tipo “tie-in” foi acrescido à fixação do pino intramedular

e a cerclagem para ajudar a aumentar a estabilidade, pois reduz o movimento e

rotação no foco da fratura. Como o paciente ficou em repouso, em 34 dias o animal

já estava caminhando, com restrição de movimento, pôde-se perceber que a

conduta teve eficácia para o tipo de fratura.

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127

4.2.4 Fratura de tíbia

4.2.4.1 Revisão de Literatura

As fraturas da tíbia são decorrentes de traumatismo, em sua maioria, as

fraturas da tíbia envolvem também a fíbula. Acidentes automobilísticos são

responsáveis pela grande percentagem, outras causas de tíbia fraturada são:

projéteis de armas de fogo, brigas entre cães, quedas, e traumatismos de origem

desconhecida. Vários animais sofrem fraturas tibiais bilaterais. (JOHNSON e

BOONE, 1998).

Com base na anatomia, a tíbia articula-se proximalmente com o fêmur,

distalmente com o tarso, e o seu lado lateral, tanto proximalmente quanto

distalmente, com a fíbula. (JOHNSON e BOONE, 1998).

O diagnóstico das fraturas tibiais se faz por meio dos exames físico e

radiográfico. Comumente os animais afetados não sustentam o peso com membro

lesionado, e apresentam tumefação e crepitação palpável à altura da fratura. Duas

incidências radiográficas da tíbia, incluindo o joelho e o tarso, confirmam o

diagnóstico e identificam o tipo de fratura. (JOHNSON e BOONE, 1998).

A escolha de um procedimento de reparo para fraturas tibiais depende do

tipo e da localização da fratura, da idade do animal, da presença de defeitos ou

infecções dos tecidos moles associados e das considerações econômicas. (POPE,

2005).

As fraturas do segmento proximal não são comuns, compreendendo apenas

aproximadamente 7% das fraturas tibiais. A maioria das fraturas clínicas são fraturas

simples, com os tipos multifragmentários sendo extremamente raros. (PIERMATTEI

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128

e FLO, 1999). Comumente estas fraturas são transversais ou oblíquas. É cabível a

aplicação de bandagem gessada, se for possível a redução fechada estável, há

casos de necessidade de redução aberta, a fixação é com pino intramedular,

complementado pela fixação com fios de Kirschiner e metálico ortopédico.

(JOHNSON e BOONE, 1998).

As fraturas diafisárias contam de 75 a 81% de todas as fraturas tibiais. Os

padrões de fratura oblíquos e em espiral são os mais comuns em animais de todas

as idades, enquanto as fraturas multifragmentárias são mais vistas em cães adultos,

como também as fraturas abertas. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

4.2.4.2 Caso Clínico 7

NOME: Preta

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: SRD

SEXO: Fêmea

RG Nº: 2594/06

IDADE: adulta

PESO: 9,8 Kg

DATA:20/09/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

Animal atropelado por um carro no campus da UEL ao lado do Hospital

Veterinário, não consegue apoiar o MPE, não tendo mais informações do paciente.

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129

EXAME FÍSICO

O animal apresentou temperatura retal de 38,4°C, f reqüência cardíaca de

124 bpm, freqüência respiratória de 44 mpm, e TPC 2”, hidratação normal. Pulso

arterial regular, mucosas hiperêmicas, nível de consciência alerta, estado nutricional

obesa, comportamento dócil. Animal com presença de pulga. Apresenta claudicação

sem apoio do membro posterior esquerdo, ferida cutânea em região dorsal de

articulação tíbio-társica direita, com aproximadamente 5 cm de comprimento, bulhas

cardíacas normofonéticas irregulares sem sopro.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raio-x, hemograma + plaquetas, creatinina e proteínas totais

Resultados:

No exame radiográfico pré-operatório o laudo foi de uma fratura completa

em diáfise de tíbia esquerda.

Bastonetes: 1%

Neutrófilos segmentados: 78%

Linfócitos: 19%

Eosinófilos: 2%

Plaquetas: 503 m/mm³

Creatinina: 0,6 mg/dl

Proteínas totais: 5,3 g/dl

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130

DIAGNÓSTICO

Fratura completa em diáfise de tíbia esquerda.

TRATAMENTO

Osteossíntese de tíbia esquerda.

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com Neozine® na dose de 0,10 mg/ Kg pela via

intramuscular. Após indução anestésica com propofol na dose de 5mg/Kg de peso

pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico com isofluorano,

volume total de 15 ml, pela via inalatória. A respiração foi por circuito semi-fechado e

espontâneo. Foi feito anestesia epidural com bupivacaína (1ml/5Kg) mais morfina na

dose 0,2 mg/Kg.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA CIRÚRGICA

O paciente foi colocado em decúbito lateral esquerdo com o membro

posterior direito preso a um gancho (fica abaixo da mesa operatória). O acesso foi

dorsolateralmente, com uma incisão de pele em região medial da tíbia esquerda de

aproximadamente 3 cm. Em seguida, afastou-se a musculatura e se expôs o foco da

fratura, observou-se fratura longitudinal em fragmento distal da tíbia. Foi colocado

retrogradamente um pino intramedular e se fez a redução da fratura, e reinseriu-o

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131

normogradamente. Em seguida , manteve-se a fratura reduzida com auxílio de pinça

óssea, e colocou-se três pontos de cerclagem com fio de aço caudalmente ao foco

da fratura. Reaproximou-se a musculatura com fio de nylon 0,25 em padrão simples

e walking suture. Procedeu-se a sutura de subcutâneo em padrão cushing e pele em

padrão cerzidura, todas com fio de nylon 0,25.

PÓS-OPERATÓRIO

Um dia antes (20/09) da cirurgia o animal foi internado e recebeu Tramal na

dose 1mg/Kg - 0,2 ml, SC, BID, cetoprofeno na dose 30mg/Kg - 0,2 ml, SC, SID, e

cefalexina na dose 30mg/Kg - 1,5 ml, SC, BID, logo após a cirurgia (21/09) foi

administrado a mesma medicação acima, uma bandagem no MPE composta de

gaze, atadura e esparadrapo para imobilizar e atadura no MPD, (Figuras 31 e 32),

curativo com PVPI, SID e gelo no local por dez minutos, BID.

No dia seguinte (22/09) foi mudada a prescrição, pois o proprietário é

carente e a medicação é de doação, Tramadon® gotas 0,1 ml, VO, TID, Maxican®

2mg, na dose de ½ comprimido, VO, SID, Cefalexina® 600mg na dose de ½

comprimido, VO, TID, curativo com PVPI tópico e compressa de gelo no local por

dez minutos. O paciente ficou internado por 15 dias, onde pode-se observar sua

recuperação e retorno de sua deambulação.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

A técnica cirúrgica empregada para o caso foi satisfatória, pois apresenta

como vantagens a facilidade na execução, necessitando de materiais e

instrumentação cirúrgica simples e pouco tempo dispendido para execução do pós-

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132

operatório, que restringe a aplicação de antibióticos, analgésicos, bandagem e

restrição dos movimentos.

FIGURAS 31 E 32: PACIENTE COM UMA BANDAGEM NO MPE E ATADURA NO

MPD

31: BANDAGEM EM MPE 32: ATADURA EM MPD

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

4.2.5 Fratura de mandíbula

4.2.5.1 Revisão de literatura

As fraturas da mandíbula são geralmente causadas por acidentes com carro

e outras formas de traumatismo, e são caracterizadas por edema, desvio dos

segmentos, má oclusão dos dentes, e saliva com estrias de sangue. Com poucas

exceções, todas as fraturas de mandíbula são abertas e contaminadas ou

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133

infectadas. Estas fraturas podem ser uni ou bilaterais, com linhas de fratura única ou

múltiplas. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

Segundo Rossi et al (2002), as fraturas de mandíbula em pequenos animais

representam 5 a 10% de todas as fraturas, e que as fraturas na região dos pré-

molares (31%) e na região molar (18%) da porcentagem global predominam em

cães. Este tipo de fratura em cães é de difícil imobilização por sua localização e de

fácil infecção por ser geralmente exposta, determinando união óssea inadequada.

O diagnóstico é geralmente baseado na história clínica de traumatismo,

ocorrência súbita, aspecto clínico, e presença de fratura palpável. A radiografia

também é útil no discernimento das linhas de fratura e deslocamento, mas é

suplementar ao exame completo sob anestesia ou sedação, por que as linhas de

fratura podem ser de difícil visualização e orientar radiograficamente. (PIERMATTEI

e FLO, 1999).

O objetivo do tratamento deve ser o restabelecimento da oclusão funcional

por fixação que permita que o animal tenha uso suficiente da boca para se alimentar

e ingerir líquidos após a redução e fixação. (PIERMATTEI e FLO, 1999).

A focinheira mantém a redução da fratura, ao manter intertravados os dentes

caninos superiores e inferiores. Comumente as focinheiras são aplicadas sob

anestesia geral, de modo que o alinhamento dos dentes possa ser utilizado na

redução da fratura. (EGGER, 1998).

Segundo Piermattei e Flo (1999), tipicamente as focinheiras não são

aplicadas apertadas o suficiente para fechar completamente a boca; ao invés, uma

abertura grande o suficiente para a passagem da língua é deixada rostralmente para

que líquidos possam ser ingeridos. A alimentação consiste de ração pastosa. A

pequena movimentação da mandíbula por esta abertura não cria problemas se a

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134

fratura estiver razoavelmente estável. Entretanto, se a focinheira for usada para

fraturas instáveis, deve ser aplicada firmemente, e é necessária a alimentação

através de tubo gástrico. A fixação por três a quatro semanas é adequada em muitas

fraturas de terço médio do corpo da mandíbula, especialmente em pacientes

imaturos.

4.2.5.2 Caso Clínico 8

NOME: Laika

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: SRD

SEXO: Fêmea

RG Nº: 2028/06

IDADE: 7 meses

PESO: 6 Kg

DATA:01/08/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica de Cirurgia de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

Animal atropelado por um carro, apresentou sangramento pela boca e

crepitação na região mandibular. O responsável achou o animal na rua, não tem

informações anteriores sobre a saúde deste.

EXAME FÍSICO

O animal ao exame físico apresentou temperatura retal 38,9°C, freqüência

cardíaca de 180 bpm, freqüência respiratória de 28 mpm, e TPC 1”, hidratação

normal. Pulso arterial regular, nível de consciência deprimido, estado nutricional

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135

normal, comportamento medroso e agressivo. Animal estava apático, permanecia

em decúbito e sentia muita dor ao ser manipulado, lesão na mandíbula, luxação e

sangramento.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raio-x

O exame radiográfico demonstra fratura completa de ramo horizontal de

mandíbula direita e deslocamento maxila. (Figura 33 e 34).

FIGURAS 33 E 34: RADIOGRAFIA DE CRÂNIO DO PACIENTE

FIGURA 33 FIGURA 34

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Fratura completa de ramo horizontal de mandíbula direita.

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136

TRATAMENTO

O paciente foi atendido na noite do dia 01/08, a esta hora o setor de raio-x

não funciona, foi indicado o internamento e imobilização provisória da cavidade oral

com analgesia, a medicação administrada foi Tramal® na dose 1MG/Kg - 0,12 ml,

SC, TID, cefalexina na dose 30mg/Kg - 0,9 ml, IV, TID e cetaprofeno na dose

30mg/Kg - 0,1 ml, SC, SID. No dia seguinte foi realizado o raio-x com o animal

anestesiado e a inspeção da cavidade oral onde visualizou-se fratura exposta. A

fratura foi reposicionada e colocada uma imobilização externa (focinheira) no

paciente (Figuras 35 e 36). A focinheira foi confeccionada com esparadrapo no

tamanho adequado para o tamanho exato do animal (Figuras 37 e 38), neste

momento passou-se um tubo esofágico (sonda Foley), para alimentar o paciente.

FIGURAS 35 E 36: POSICIONAMENTO DA FOCINHEIRA NO PACIENTE

FIGURA 35 FIGURA 36

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

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137

FIGURAS 37 E 38: CONFECÇÃO DA FOCINHEIRA COM ESPARADRAPO

FIGURA 37 FIGURA 38

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

PÓS-OPERATÓRIO

O paciente ficou internado no HV por mais cinco dias, neste período recebia

alimentação à cada 4 horas via sonda (Sustagen®), que foi retirada um dia antes de

ir embora. Continuou com a medicação acima além da limpeza da cavidade oral com

Periogard®, TID, e a focinheira e o colar protetor para manter fratura estável. Após

sete dias (13/08) o animal retornou para uma avaliação, estava em bom estado

geral, alegre, comendo ração seca + úmida batida no liquidificador, no local onde

estava a sonda já cicatrizou (segunda intenção), a focinheira foi trocada, pois estava

muito suja. Recebeu alta no dia 03/09/2006.

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138

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

Segundo Egger (1998) uma focinheira de esparadrapo pode ser utilizada no

tratamento das fraturas unilaterais na parte média do corpo mandibular que estejam

relativamente estáveis. No referido caso, foi utilizado uma focinheira por se tratar de

uma fratura unilateral e estável, e manteve-se por quatro semanas como também é

referido na literatura.

4.2.6 Doença do disco intervertebral

4.2.6.1 Revisão de literatura

Segundo Chierichetti e Alvarenga (1999), a afecção degenerativa do

disco intervertebral, conhecida como hérnia de disco, é a causa mais comum das

síndromes neurológicas em cães. A hérnia de disco pode ser classificada como

Hansen tipo I (extrusão), ou Hansen tipo II (protrusão). As lesões causadas por estes

tipos de herniações podem ser crônicas, nas quais há adaptação da medula e os

sinais clínicos são gradativos, ou agudas, nas quais não ocorre adaptação medular,

e a sintomatologia aparece rapidamente. Na DDIV observam-se paresia, ataxia,

hiper-reflexia nos membros pélvicos e diminuição ou ausência dos reflexos de dor

superficial e profunda.

Segundo alguns autores, os animais portadores de DDIV tóraco-lombar

podem ser classificados em 5 grupos. Grupo 1 - animais portadores de dor na coluna

tóraco-lombar caminham lentamente, relutam em saltar e algumas vezes

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139

apresentam constipação; grupo 2 - animais portadores de dor tóraco-lombar e

paresia dos membros pélvicos podem apresentar ataxia e alteração da

propriocepção; grupo 3 – animais que se apresentam com paresia, incapacidade de

andar, ficar em pé e sustentar o peso, mas que possuem movimentos voluntários

nos membros pélvicos; grupo 4 - paralisia, animais com ausência de movimentos

voluntários, porém a dor profunda está preservada; grupo 5 - animais paraplégicos,

sem controle da micção e com ausência de dor profunda. (CHIERICHETTI e

ALVARENGA, 1999).

O diagnóstico pode ser feito a partir da história clínica, exame neurológico,

radiografias simples e contrastadas (mielografia) da medula espinhal, tomografia

computadorizada e ressonância magnética. O exame radiográfico contrastado do

canal medular (mielografia), é a técnica mais efetiva para delimitar e determinar o

local de afecção do disco. Ele opacifica o espaço subaracnóide e demonstra a

compressão extra-dural da medula espinhal. Deve-se proceder ao diagnóstico

diferencial entre essa patologia e fratura, luxação, discospondilite, malformação

congênita, neoplasia e osteomielite do corpo vertebral. (CHIERICHETTI e

ALVARENGA, 1999).

O tratamento conservador é feito com repouso absoluto, com ou sem a

administração de antiinflamatórios. No tratamento cirúrgico pode-se optar pelas

técnicas de hemilaminectomia, laminectomia dorsal, mini-hemilaminectomia,

pediculectomia e fenestração do disco intervertebral. Cães com evolução aguda da

afecção apresentam prognóstico reservado, enquanto que cães com evolução

crônica têm prognóstico favorável. Pacientes com perda da dor profunda por 24 a 48

horas têm prognóstico ruim. (CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999).

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140

A hemilaminectomia proporciona uma exposição rápida e segura de um

lado da medula espinhal e do piso da coluna vertebral. Uma exposição unilateral é

geralmente adequada para a remoção de um material discal herniado que não

estiver fibrosado na medula espinhal e também proporciona um acesso fácil para

fenestração. (SIMPSON, 2005). Na figura 39 é possível observar que uma parcela

do osso sobre o canal espinhal foi removida (hemilaminectomia) a fim de expor a

medula espinhal e o disco herniado. O disco pode ser visto comprimir a medula

espinhal e a raiz do nervo.

FIGURA 39: HEMILAMINECTOMIA COM EXPOSIÇÃO DO CANAL MEDULAR

FONTE: MARSOLAIS, 2004

Tem-se descrito várias técnicas para se ganhar acesso ao canal vertebral. O

uso de uma broca elétrica e de uma rosca de perfuração é o método mais rápido

para produzir um grande defeito laminar. (SIMPSON, 2005). (Figuras 40 e 41).

A remoção adequada do material discal protraído é obtida com um extrator de tártaro

cego e estreito ou uma outra cureta. Após a remoção do material discal protraído do

canal espinhal, o cirurgião deve remover o resto do disco afetado e os discos

adjacentes, pode-se fenestrar o disco herniado. (SIMPSON, 2005).

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141

FIGURAS 40 E 41: ABORDAGEM CIRÚRGICA AO CANAL VERTEBRAL

FIGURA 40 FIGURA 41

FONTE: WWW.ESPINOLAPEREIRA.PT/BIBLIOTECA/PATOLOGIA

4.2.6.2 Caso Clínico 9

NOME: Malu

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: Cocker

SEXO: Fêmea

RG Nº: 2651/06

IDADE: 8 anos

PESO: 12,4Kg

DATA: 25/09/2006

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica de Cirurgia de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

Desde sexta-feira (22/09) animal vem apresentando dificuldade de

locomoção com os membros posteriores, proprietário refere que o animal curvava os

membros ao caminhar e cambaleava, desde ontem pela manhã o animal não

caminha com os membros posteriores, além da dificuldade de locomoção o animal

está muito ofegante. No sábado (23/09) administrou ½ comprimido de Dorflex®, e

não se alimenta desde ontem (24/09). Proprietário relata que a quantidade de urina

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142

diminuiu e ontem gotejava. Não é castrada e o proprietário não lembra quando foi o

último cio. Teve infestação de carrapato há mais ou menos 6 meses, proprietário

utilizou Ivomec®, come ração seca de boa qualidade, vacina está vencida há dois

anos e também o vermífugo, ambiente de quintal e piso liso e vive com outra cadela

em bom estado, tem acesso à rua junto com o proprietário.

EXAME FÍSICO

O animal ao exame físico apresentou temperatura retal de 38,3°C,

freqüência cardíaca de 132 bpm, freqüência respiratória estava em taquipnéia, e

TPC 1”, hidratação normal. Pulso arterial regular, mucosas rosadas, nível de

consciência alerta, estado nutricional normal, comportamento dócil, presença de

pulgas. Animal estava com paraplegia dos membros posteriores, a palpação sentiu

dor entre T12 e L1, abdômen tenso.

EXAMES COMPLEMENTARES

Raio-x simples, mielografia, hemograma + plaquetas, creatinina e uréia,

exame neurológico.

Na mielografia mostrou interrupção da coluna de contraste na área de

projeção de espaço intervertebral T13 – L1. (Figuras 42 e 43).

Neutrófilos segmentados: 93%

Linfócitos: 7%

Creatinina: 1,19 mg/dl

Uréia: 39,7 mg/dl

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143

FIGURAS 42 E 43: MIELOGRAFIA DO PACIENTE, INTERRUPÇÃO DA COLUNA

DE CONTRASTE

FIGURA 42 FIGURA 43

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DIAGNÓSTICO

Discopatia intervertebral (DDIV) na região tóraco-lombar.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Fratura vertebral, luxação vertebral, discoespondilite, erliquia, cinomose,

meningite, neoplasias, criptococose, toxoplasmose, neosporose.

TRATAMENTO

O animal foi internado um dia antes da cirurgia para tratamento pré-

operatório com Tramal® 0,25 ml, SC, BID e cetoprofeno 0,25 ml, SC, SID.

Tratamento cirúrgico: Hemilaminectomia seguida de fenestração profilática.

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144

PROTOCOLO ANESTÉSICO

O paciente foi pré-medicado com neozine na dose de 0,15 mg/ Kg de peso

pela via intramuscular. Após indução anestésica com propofol na dose de 5mg/Kg

de peso pela via intravenosa, o paciente foi mantido em plano anestésico com

isofluorano, volume total de 38 ml, pela via inalatória. A respiração foi por circuito

controlado.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA OPERATÓRIA

O paciente foi colocado em decúbito ventral, e com auxílio de panos de

campo colocados entre a mesa e o abdomen, elevou-se a área toracolombar. Foi

realizada incisão sobre a área de T4 a L3, longitudinal de aproximadamente 15 cm em

pele, fascia gordurosa e muscular superficial, seguida da divulsão da musculatura

epaxial de lado, com exposição do processo articular de T13-L1 , realiza-se a remoção

do mesmo com pinça goiva e microretífica (Figuras 44 e 45), em seguida remove-se

a lâmina com pinça Kerrison expondo o canal medular, onde foi retirado

delicadamente uma grande quantidade de material extrusado. Em seguida realizou-

se a fenestração do disco intervertebral de T13-L1, a hemilaminectomia foi coberta

com enxerto de tecido gorduroso, e foi realizada a lavagem do local com solução

fisiológica. A fascia muscular e gordura foram suturadas com padrão contínuo, o

subcutâneo foi suturado com padrão cushing e pele padrão contínuo, todas as

suturas com fio de nylon 0,30.

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145

FIGURAS 44: PINÇA KERRINSON FIGURA 45: MICRORETÍFICA

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

PÓS-OPERATÓRIO

Após a cirurgia e por mais dois dias de internamento foi administrado ao

paciente à seguinte medicação: cefalotina 0,8 ml, SC, TID, morfina 0,25 ml, SC, a

cada 4 horas, colar protetor, limpeza dos pontos. Foi prescrito para cuidados em

casa, Cefalexina® 500 mg, ¾ de comprimido, VO, TID, até novas recomendações,

Meloxican® 0,5 mg, na dose 2 comprimidos, VO, SID, por 4 dias, curativo com

Merthiolate®, gaze e atadura e o uso do colar protetor. O paciente recebeu alta

assistida.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

A utilização da técnica da hemilaminectomia com fenestração terapêutica e

profilática foi a melhor escolha para o caso, pois segundo Fossum (2002) a

hemilaminectomia é preferível em relação a laminectomia, pois preserva melhor as

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146

integridades estruturais e mecânicas da espinha, é menos traumática, é mais

cosmética, reduz a chance de formação de cicatriz causando compressão de cordão

espinhal, e a fenestração profilática elimina a dor nas costas e evita extrusão discal

adicional.

Não foi possível acompanhar a evolução do paciente, pois o mesmo não

retornou.

4.3 AFECÇÕES DO SISTEMA TEGUMENTAR

4.3.1 Manejo de feridas abertas

4.3.1.1 Revisão de Literatura

A pele é um dos maiores órgãos do corpo e pode atingir, tanto em humanos

como em animais, 16% do peso corporal. Possui múltiplas funções, tais como:

proteção do organismo contra à perda de água; armazenamento de gorduras,

carboidratos e proteínas; proteção contra atritos; termo regulação corporal; formação

de vitamina E; respostas imunitárias do organismo aos alérgenos; recepção

sensorial e circulação sangüínea. (PEREIRA e ARIAS, 2002).

Dois processos estão envolvidos na cicatrização da maioria das feridas:

reparo e regeneração. A regeneração é a substituição do tecido lesado por um

tecido semelhante àquele perdido na lesão. Já o reparo é o processo pelo qual os

defeitos teciduais são substituídos por uma cicatriz não funcional. (PEREIRA e

ARIAS, 2002).

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147

Uma ferida é definida como uma injúria corporal provocada por um trauma,

com ruptura da continuidade normal das estruturas físicas.

Conforme a apresentação clínico-cirúrgica as feridas podem ser: fechada -

ocorre por contusão, onde a pele ou mucosa são lesionadas mas permanecem com

integridade aparente. Pode alcançar tecidos conectivos, muscular, tendíneo e ósseo;

aberta - apresenta-se como: a) lacerada - produzida por objetos pontiagudos que

rasgam o tecido formando bordas irregulares. Quando cutânea pode haver avulsão

ou arrancamento; b) penetrante - solução de continuidade da pele e tecidos

subjacentes alcançando cavidades como abdome, tórax, seios, etc. Podem acarretar

em perfuração de vísceras ou evisceração; c) punctória - são decorrentes de

elementos perfurantes como pregos, espetos ou estiletes. São profundos e com

pequena abertura superficial dificultando seu diagnóstico; d) ofídica - ferida punctória

com a ação de agentes peçonhentos inoculados por serpentes. e) por arma de fogo

- ferida penetrante ou punctória causada por diferentes tipos de projéteis. (SWAIM e

HENDERSON, 1990; WHITE, 1999).

A cicatrização por segunda intenção é o manejo no qual as feridas são

lavadas e tratadas com bandagens promovendo a cicatrização de dentro para fora

por granulação, contração e epitelização. A cicatrização por segunda intenção é

usualmente utilizada quando há perdas extensas de tecido e infecção. (PEREIRA e

ARIAS, 2002).

É recomendável que, tão logo o animal chegue ao ambulatório após um

trauma, a ferida seja coberta com uma compressa estéril, para evitar maior

contaminação por microrganismos presentes no ambiente hospitalar. A seguir, deve

ser realizado exame físico completo. Após a estabilização do paciente, a avaliação e

a classificação da ferida são implantadas. Realizar tricotomia ampla e prevenir que

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148

caia pêlos na ferida através de tamponamento com gaze. As sujidades e crostas que

se aglutinam em volta da ferida podem ser removidas por meio de água com sabão

e, se necessário, pode-se escovar a região. A ferida deve ser lavada

abundantemente com solução salina isotônica pura ou adicionada de 0,1% de iodo

povidine. As sujidades e os tecidos necrosados superficiais são removidos com

auxílio de gaze umedecida. Não se recomenda a escovação direta da ferida, pois o

trauma das cerdas da escova pode favorecer a penetração de bactérias. (PEREIRA

e ARIAS, 2002).

As bandagens são aliadas essenciais no tratamento de feridas abertas, e

apresentam vantagens como: redução do edema e da hemorragia, absorção de

exudatos, controle do meio interno e proteção contra contaminação, permitindo

caracterizar a secreção. De modo geral, as feridas contaminadas com tecido

necrótico utilizam-se bandagens aderentes ou debridantes, enquanto que em feridas

com tecido de granulação utilizam-se bandagens não aderentes. (PEREIRA e

ARIAS, 2002).

Segundo Mathews e Binnington (2002), no tratamento de feridas, tem-se

intensificado a pesquisa de produtos naturais para auxiliar a cicatrização, como o

açúcar.

O açúcar granulado fornece uma limpeza tópica excelente no tratamento de

feridas abertas, especialmente aquelas feridas que são contaminadas. As vantagens

de usar o açúcar incluem sua rápida ação antibacteriana, acelera a formação do

tecido de granulação, e também por ser prontamente disponível e barato.

A terapia do açúcar é apropriada para tratar pacientes com os ferimentos

abertos causados por acidentes automobilísticos; feridas cirúrgicas infectadas; pele

necrosada devido a Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Streptococcus canis

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149

e outros organismos; auto-mutilação; queimaduras. Nenhum efeito adverso foi

relatado no uso do açúcar granulado.

A sustentação científica para o tratamento das feridas que usam o açúcar

granulado é baseada no baixo índice de água (ou osmolaridade elevada) que esse

açúcar cria em uma ferida. Em acréscimo, porque a elevada osmolaridade do

açúcar drena a linfa do interior da ferida. E nutrientes dissolvidos junto com a linfa

fornecem a nutrição para o tecido regenerar. (MATHEWS e BINNINGTON, 2002).

4.3.1.2 Caso Clínico 10

NOME: Wendy

ESPÉCIE: Canina

RAÇA: Pitt Bull

SEXO: Fêmea

RG N°: 2173/06

IDADE: 1 ano e 3 meses

PESO: 21 Kg

DATA:11/08/2006

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150

SETOR DE ATENDIMENTO: Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC)

ANAMNESE

O animal atropelado por um carro, não apresentou qualquer outra alteração

fisiológica e não recebeu nenhum tipo de medicação. Animal não castrado, não toma

contraceptivos. Apoiava o MPE com muito cuidado. Comportamento dócil. Recebe

ração seca uma vez ao dia. Foi vacinada com 6 meses de idade, e vermífugo

recebeu há 3 meses. Vive em uma oficina com quintal e cimento. Não tem acesso à

rua somente acompanhada do proprietário.

EXAME FÍSICO

Ao exame físico o animal apresentou temperatura retal de 39,3°C,

freqüência cardíaca de 160 bpm, freqüência respiratória 54 mpm, tempo de

preenchimento capilar de 1”, boa hidratação, mucosas rosadas, pulso normal, nível

de consciência alerta, estado nutricional normal, comportamento dócil e agitada,

escoriações em pálpebras bilaterais, apóia o membro posterior esquerdo com

dificuldades, laceração em pele em face anterior de MPE com exposição muscular e

tendões.

TRATAMENTO

Debridamento e lavagem de ferida em membro posterior esquerdo; curativo

diário e antibioticoterapia.

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151

Dia 11/08 foi administrado:

1.Dieta: água + ração.

2.Fluidoterapia: 1x manutenção. Solução Ringer Lactato; microgotas.

3. Cefalotina 30mg/kg, 3ml IV TID.

4.Banamine® 1,1mg/Kg, 0,46ml SC SID (1ª dose).

Obs: Realizada anestesia do paciente com clorpromazina e propofol.

Limpeza e debridamento da ferida. Ocorreu perda de tecido mole em face anterior

de membro posterior esquerdo com ruptura de cápsula articular metatarso-

falanges. Realizada bandagem aderente.

Dia 12/08 foi administrado:

1.Dieta: água + ração.

2.Fluidoterapia: 1x manutenção. Solução Ringer Lactato; volume: 1295ml em

24h; volume/hora: 54ml, 1 gota / 1 segundo (microgotas)

3.Cefalin® 30mg/kg, 3,2ml IV TID.

4.Banamine® 1,1mg/Kg, 0,46ml SC SID (2ª dose).

5.Curativo: lavagem da ferida com solução fisiológica de 500ml, e bandagem

aderente úmida-seca e atadura.

Dia 13/08 foi administrado igualmente ao dia anterior mais a 3ª dose de

Banamine®

Dia 14/08 foi administrado:

1.Dieta: água + ração.

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152

2.Fluidoterapia: 1x manutenção. Solução Ringer Lactato; volume: 1295ml em

24h; volume/hora: 54ml, 1 gota / 1 segundo (microgotas)

3.Cefalin® 30mg/kg, 3,2ml IV TID.

4.Curativo: utilização de açúcar cristal seguida de lavagem com solução

fisiológica e bandagem aderente úmida-seca, atadura.

Dia 15/08

1.Dieta: água + ração.

2.Fluidoterapia: 1x manutenção. Solução Ringer Lactato; volume: 1295ml em

24h; volume/hora: 54ml, 1 gota / 1 segundo (microgotas)

3. Cefalin® 30mg/kg, 3,2ml IV TID.

4. Cetoprofeno 1mg/kg, 0,42 ml SC SID.

5. Tramal® 1mg/kg, 0,42 ml SC BID.

6. Curativo: utilização de açúcar cristal, lavagem com solução fisiológica +

Furacin®, bandagem aderente úmida-seca e atadura.

Obs: Animal em bom estado geral. Ferida apresentando melhora gradual,

com média quantidade de secreção purulenta na gaze. Está comendo e bebendo

normalmente.

Dia 16/08 foi administrado:

1. Dieta: água + ração

2. Cefalin® 30mg/kg, 3,2ml IV TID.

3. Cetoprofeno 1mg/kg, 0,42 ml SC SID.

4. Tramal® 1mg/kg, 0,42 ml SC BID.

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153

Obs: animal continua bem. A secreção purulenta na gaze diminuiu. Realizou-

se curativo com açúcar, lavagem com solução fisiológica e bandagem aderente com

Furacin® devido ao sangramento quando se retira o curativo. Melhora gradual.

No dia 17/08 foi administrado igualmente ao dia anterior.

Há aproximadamente 1 semana o animal começou a apresentar edema na

parte distal do membro afetado. Durante os 2 curativos diários, estava sendo feita

massagem para que houvesse drenagem linfática, a qual sempre apresentava

resultado imediato.

Dia 18/08 foi administrado todos os medicamentos idem ao dia anterior.

Obs: animal em bom estado geral, está mais animada; normoquesia,

normúria, normodipsia e normorexia. A ferida está evoluindo bem. Apresenta pontos

de tecido de granulação e nas bordas ainda um pouco de tecido necrosado. Feito

curativo com açúcar seguida de lavagem com solução fisiológica, bandagem

aderente nas bordas e não aderente com Furacin® no centro da ferida. Realizado

entorno da ferida um curativo tipo “tie over”, com fios de nylon 0,30. (Figuras 46 e

47)

Nos dias 19 e 20/08 a dieta, medicação e curativo, foram iguais ao dia

anterior.

Dia 21/08 foi administrado:

1. Dieta: água + ração

2. Amoxicilina 24mg/kg, 500mg, 1 comprimido VO TID.

3. Ciprofloxacina 24mg/kg, 1 comprimido VO SID.

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154

4. Curativo: lavagem com solução fisiológica, bandagem aderente nas

bordas e não aderente com Furacin® no centro da ferida.

Obs: Foram realizados cultura e antibiograma da ferida. Encontrou-se

Staphylococcus sensível a Amoxicilina e Enrofloxacina; e Gram negativa oxidase

negativa sensível a Ciprofloxacina e Gentamicina. Decidiu-se pela associação de

Amoxicilina e Ciprofloxacina.

Do dia 22 ao dia 25 a dieta, medicação e curativo são iguais ao dia 21.

No dia 26/08 o animal recebeu alta, mas orientou-se o proprietário para

retornar diariamente para fazer curativo e observar evolução da cicatrização.

FIGURAS 46 A 47: PROGRESSÃO DO TRATAMENTO DA FERIDA – Realizado

curativo tipo “tie over” com fios de nylon 0,30, para

aproximação das bordas da ferida

FIGURA 46 – DIA 18/08 FIGURA 47 – DIA 18/08

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

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155

FIGURAS 48 A 49: PROGRESSÃO DO TRATAMENTO DA FERIDA – Retorno do

paciente, a ferida apresenta área de cicatrização nas bordas

(área mais clara) e tecido de granulação no centro, curativo

tipo “tie over”.

FIGURA 48 – DIA 08/09 FIGURA 49 – DIA 08/09

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

FIGURAS 50 A 51: PROGRESSÃO DO TRATAMENTO DA FERIDA – Retorno do

paciente, ferida com áreas de cicatrização nas bordas e tecido

de granulação no centro, com curativo tipo “tie over”,região distal

do membro edemaciado.

FIGURA 50 – DIA 13/09 FIGURA 51 – DIA 13/09

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

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156

FIGURAS 52 A 53: PROGRESSÃO DO TRATAMENTO DA FERIDA – Último retorno

do paciente, grande área de cicatrização e uma pequena área

de tecido de granulação no centro da ferida, região distal do

membro edemaciado, retirado o curativo tipo “tie over”

FIGURA 52 – DIA 23/09 FIGURA 53 – DIA 23/09

FONTE: KINTOPP, HV-UEL 2006

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

A escolha pelo tratamento de ferida aberta através de cicatrização por

segunda intenção foi porque esse tipo de tratamento reduz significativamente os

índices de contaminação, por ter tido perdas extensas de tecido e por ser um

procedimento simples com custos menores.

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157

5. CONCLUSÃO

O estágio curricular realizado no Hospital Veterinário da Universidade

Estadual de Londrina – UEL me permitiu enfrentar a verdadeira rotina de um hospital

veterinário, que é muito diferente de uma clínica particular, onde adquiri segurança,

novos métodos e condutas e aprimorar meus conhecimentos acadêmicos. É um

local adequado para explorar o abrangente universo da profissão de cirurgião

veterinário, e nos permite analisar possíveis afinidades para futuras especializações.

Pode-se concluir que é de grande importância a realização do estágio

curricular, pois é nele que nos aperfeiçoamos para tornarmos verdadeiros médicos

veterinários, e que somente exercendo a prática da medicina é que será possível a

fixação do conteúdo obtido na faculdade.

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158

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