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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ EMANUELLE PEREIRA GOMES VÍDEOS JORNALÍSTICOS NA INTERNET: AS EXPECTATIVAS DO PÚBLICO DO DIÁRIO.COM CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

EMANUELLE PEREIRA GOMES

VÍDEOS JORNALÍSTICOS NA INTERNET:

AS EXPECTATIVAS DO PÚBLICO DO DIÁRIO.COM

CURITIBA

2014

EMANUELLE PEREIRA GOMES

VÍDEOS JORNALÍSTICOS NA INTERNET:

AS EXPECTATIVAS DO PÚBLICO DO DIÁRIO.COM

Trabalho de Conclusão do Curso

apresentado na pós-graduação do MBA

em Jornalismo: Gestão Editorial, da

Universidade Tuiuti do Paraná, como

requisito para a obtenção do grau de

especialista.

Orientador: Prof. Aldo Antonio Schmitz,

MSc.

CURITIBA

2014

RESUMO

Esse trabalho tem como objeto de estudo o público que assiste aos vídeos do

Diário.com, site do Diário Catarinense. É uma pesquisa importante para o jornalismo

justamente porque busca captar as opiniões do público alvo dos conteúdos e mostra

ao Grupo RBS, ao Diário Catarinense, ao Diário.com e a outras empresas do ramo o

que o público espera da produção multimídia, além de dar embasamento para

estudos futuros, já que reúne referências sobre o tema e mostra, por meio do

resultado da pesquisa, os anseios do público de uma grande organização midiática.

O objetivo do estudo é justamente esse: identificar as expectativas de quem acessa

o espaço multimídia do Diário.com. Para isso, foi aplicada pesquisa em método

qualitativo, pesquisa de opinião ou survey, com questionário com questões fechadas

e abertas. Como resultado, foi possível perceber que o público é crítico e anseia por

conteúdos próprios em vídeo, o que não é frequente atualmente no site. Também há

pouca interação e é há um espaço para crescimento dos acessos em smartphones

e tablets, com a criação de aplicativos e melhoria do player usado para a

visualização.

Palavras-chave: Jornalismo. Vídeos jornalísticos. Internet.

ABSTRACT

The object of study in this paper is the public that watches videos from Diário.com,

Diário Catarinense’s website. It’s an important journalism research because it wants

to gather opinions from audience of these contents and shows to RBS Group, Diário

Catarinense, Diário.com and other branch companies what the audience expects

from multimedia productions, also gives basement for future studies, since it gathers

references about the theme and shows, with research’s results, yearnings from a

media company’s audience. The research’s objective is exactly that: identify the

expectations from people who access the Diário.com’s multimedia area. For that, it

was applied a research in qualitative method, survey, with questionnaire that contains

close and open questions. As result, it was possible to verify that the audience is

critic and craves for own video contents, that is not frequent nowadays in the website.

Also, there are few interactions and a space to growth in video access using

smartphones and tablets, with creating applications and improvement of the software

used for visualization.

Key words: Journalism. Journalistic videos. Internet. Focus

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................. 6

1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................... 6

1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 6

1.2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 7

1.3 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA ................................................................. 7

2 VÍDEOS JORNALÍSTICOS NA INTERNET ............................................................ 9

2.1. JORNALISMO IMPRESSO NO CIBERESPAÇO ..................................................... 9

2.1.1 Mobilidade, interatividade e colaboração......................................................... 12

2.2 PRODUÇÃO DE VÍDEOS NA INTERNET .............................................................. 16

3 PÚBLICO DOS VÍDEOS DO DIÁRIO.COM .......................................................... 23

3.1 BREVE HISTÓRICO DA EXPERIÊNCIA DO GRUPO RBS ................................... 23

3.2 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA ................................................................... 24

3.3 PÚBLICO COLABORATIVO ................................................................................... 25

3.3.1 Quem não assiste aos vídeos ......................................................................... 25

3.3.2 Quem assiste aos vídeos ................................................................................ 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 34

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA ................................................... 37

APÊNDICE B – GRÁFICOS COM RESULTADOS DA PESQUISA ......................... 40

6

1 INTRODUÇÃO

As percepções do público que assiste aos vídeos publicados no canal

multimídia do Diário.com são tema deste trabalho. Este é o site do jornal Diário

Catarinense, o principal veículo impresso do Grupo RBS em Santa Catarina. Foi

realizada uma pesquisa online, com questionários, para identificar o que agrada as

pessoas que visualizam os vídeos e o que elas buscam no canal multimídia.

O questionário foi aplicado por meio do site, por esse motivo foi respondido

espontaneamente pelo espectadores. Ficou online no Diário.com durante 15 dias no

mês de dezembro. O objeto da pesquisa quantitativa são todos os vídeos publicados

pelo Diário.com, independente de terem sido produzidos pela equipe do Grupo RBS

ou enviados por espectadores.

A produção de vídeos para internet e seus formatos ainda é um tema pouco

explorado por autores do jornalismo. Afinal, que tipo de vídeos as pessoas preferem

assistir na web? Quais são as deficiências que o público costuma perceber nos

conteúdos audiovisuais na internet? Essas são as principais perguntas respondidas

com esse trabalho.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Identificar as expectativas do público do Diário.com que acessa o espaço

"multimídia" do site.

1.1.2 Objetivos específicos

Aplicar pesquisa de opinião com o público do Diário.com;

Investigar as preferências do público que assiste vídeos no site;

Verificar porquê um vídeo é mais visualizado que outro;

Mostrar quais são os temas e formatos de vídeos que mais agradam o

público;

Identificar as principais deficiências dos vídeos do Diário.com.br e suas

qualidades.

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1.2 JUSTIFICATIVA

Ainda não há um padrão de vídeos para a internet, como existe para os

vídeos veiculados pela televisão. Há indicativos do que é melhor para a divulgação

em sites, mas não há poucas pesquisas com o público que comprovam sua eficácia.

O presente trabalho é importante para o jornalismo justamente porque busca captar

as opiniões do público alvo dos conteúdos.

O trabalho mostra ao Grupo RBS, ao Diário Catarinense, ao Diário.com e a

outras empresas do ramo o que o público espera da produção multimídia, tão

questionada. Dessa forma, a produção pode ser direcionada e focada nos anseios

dos espectadores. Também pretende dar embasamento para estudos futuros, já que

reúne referências sobre o tema e mostra, por meio do resultado da pesquisa, os

anseios do público de uma grande organização midiática.

Como entusiasta da produção de vídeos jornalísticos na internet, esse

trabalho representa para minha carreira profissional grande avanço, já que terei

embasamento teórico para encaminhar projetos nesse sentido, com linguagem

própria ao público que quero comunicar. Até então, os vídeos que produzia eram

feitos do meu gosto pessoal, às cegas, imaginando o que seria melhor para quem

iria visualizar, mas não necessariamente o que era o melhor.

1.3 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA

O método de pesquisa adotado neste trabalho é quantitativo, por meio de

aplicação de questionário. É a chamada pesquisa de opinão, também conhecida

como survey. A intenção de aplicar esse método é formar um conjunto de respostas

que represente as impressões e características de todo o público dos vídeos do

Diário.com (BATISTA, 2009, p. 191).

No entanto, o questionário apresenta questões abertas e fechadas. Como

aponta Novelli (2005, p. 172), as questões abertas possibilitam que o pesquisador

conheça melhor a opinião do participante, já que as respostas são espontâneas e

não tem limitações de tamanho. Já as perguntas fechadas, são importantes para a

comparação de respostas, uma vez que ele precisa escolher uma ou mais das

alternativas.

No método escolhido, o questionário deve ser o mais claro possível. Não há a

intermediação de um entrevistador, que fará a coleta dos dados. Dessa maneira, é

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possível colocar o questionários em um site na internet, para que o participantes

possa responder sem interferências. Além de reduzir custos, esse método consegue

alcançar um público que não seria de fácil acesso para entrevistas presenciais.

Como o Diário.com, por exemplo, é um veículo estadual e na internet seu público

não pode ser limitado geograficamente, a pesquisa de opinião com preenchimento

de questionário conseguiu ter a participação de todos os tipos de pessoas (BATISTA,

2009, p. 195).

.

.

9

2 VÍDEOS JORNALÍSTICOS NA INTERNET

2.1. JORNALISMO IMPRESSO NO CIBERESPAÇO

A internet surgiu como uma ferramenta de comunicação emergencial restrita,

mas evoluiu em cerca de 20 anos para uma plataforma de troca de informações

mundial. Em 1969, quando a Advanced Research Projects Agency (Arpa) criou a

Arpanet, uma rede nacional de computadores para uso exclusivo do Departamento

de Defesa Norte-americano, não poderia imaginar que revolucionaria a comunicação

como era conhecida até então. O objetivo da Arpanet era a troca de informações

militares, mas já em 1975 pesquisadores universitários utilizavam a rede para

transferência de arquivos. Foi então que começaram a surgir outras redes e mais

pessoas passaram a utilizar o espaço virtual. A NSFNET, rede criada em 1986 pela

National Science Fundation (Fundação Nacional de Ciência), expandiu a internet,

porque pela primeira vez possibilitou a comunicação de professores de

universidades diferentes por meio de centros de computadores. Nos anos 90, a

NSFNET conseguiu ligar mais de 80 países. Até então, a internet não tinha os

recursos visuais aos quais o mundo já está acostumado. A World Wide Web (www),

rede de abrangência mundial, como o próprio nome diz, ganhou o mundo. Foi

lançada em 1989 por Tim Berners-Lee, baseada em hipertexto. A invenção reuniu

inúmeros pesquisadores que queriam aprimorar a ferramenta. Em 1993, os sites já

apresentavam recursos visuais básicos e se difundiu rapidamente. O número de

usuários saltou de 1,7 milhão em 1993 para 20 milhões em 1997 (FERRARI, 2012,

p. 14-17).

Quando a internet difundiu-se no cotidiano como a conhecemos hoje, na

última década do século XX, o jornalismo começou a perceber os potenciais do novo

meio. Mas os jornais diários entraram no ciberespaço não com a ideia de que

surgiria com ele um novo modelo de fazer jornalismo. Reproduzia-se o formato do

meio tradicional como se a internet fosse um complemento para a distribuição de

conteúdo. O texto predominava. Na página inicial, a mesma característica da capa

do jornal. As editorias vinham organizadas no site como se estivessem sendo

diagramadas para a leitura no papel. Emissoras de televisão e rádios, além das

revistas, seguiram esse mesmo modelo quando criaram seus conteúdos na internet

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(ALVES, 2006, p. 93-94).

No país, o primeiro jornal impresso a publicar seus conteúdos no ambiente

online foi o Jornal do Brasil, em 1995 (MURAD, 1999, p. 5). O hipertexto e os links

ainda não faziam parte da produção de notícias quando os jornais impressos

decidiram desbravar a internet. Para Seccon (2009, p. 26), essa pode ser

considerada a primeira geração do jornalismo na web. A segunda, que ele chama de

jornalismo online, já reconhece os recursos exclusivos da rede, como os links. Foi

nessa época que se deu início à interação entre emissores e receptores, ou seja,

jornalistas e seus públicos, por e-mails e fóruns de discussão, algo nunca antes

imaginado pelo jornalismo impresso. Mas o jornalismo impresso quebrou de fato

paradigmas quando os primeiros portais com conteúdo jornalístico difundido

exclusivamente na internet surgiram. Iniciou-se, então, a terceira geração do

jornalismo online. Os veículos passaram a produzir matérias em diferentes formatos

- texto, foto, vídeos, áudios -, mantendo uma maior atenção às necessidades de seu

público e constante diálogo.

Enquanto o jornal impresso reúne reportagens de acordo com as decisões da

equipe que o produz, a internet agrupa inúmeras matérias que serão escolhidas pelo

receptor a partir do que ele deseja ver. É o que Alves (2006, p 97) chama de

comunicação "eucêntrica". Nesse modelo, não só o receptor pode escolher o que

quer ler, ver ou ouvir, mas onde e em que formato quer fazer isso. Na internet, todo o

conteúdo fica agrupado, independente de tempo ou espaço, para ser escolhido por

seu consumidor.

Além disso, na internet o leitor pode avançar na leitura de uma reportagem da

forma que preferir, sem precisar seguir um roteiro de começo, meio e fim do texto.

Isso é possível devido ao hipertexto, um bloco de informações interconectadas por

meio de links. O leitor pode mudar de páginas, permanecer na mesma, trocar de

línguas ou ir para sites estrangeiros. Ted Nelson, o criador do hipertexto, diz que

dessa forma o receptor assume o comando e compartilha informações, inclusive em

outros formatos, criando uma "biblioteca digital" (FERRARI, 2012, p. 44).

Nessa geração, pode-se destacar também a produção praticamente

instantânea da notícia, que para Seccon (2009, p. 25-26) é a quarta fase da

evolução do jornalismo dentro das tecnologias de comunicação. O jornalismo em

tempo real veio acompanhado da quinta fase, que representa a produção de

reportagens apenas para a web. Mas não deixaram de existir as primeiras fases

11

dessa evolução, marcada primeiramente pelo uso de equipamentos eletrônicos,

como câmeras e gravadores, para a produção jornalística. A segunda fase, da

digitalização desse conteúdo para o ciberespaço, deu oportunidade para a evolução

para a terceira fase, em que o jornalista utiliza esse meio para a pesquisa e também

para a produção.

A digitalização do produto jornalístico demarcou uma mudança na atividade

jornalística. Para os veículos impressos isso aconteceu em 1980, quando os

primeiros computadores chegaram às redações. No formato digital, esses produtos

têm a capacidade de circular em diferentes formatos e com mais qualidade técnica.

Ainda, consegue diminuir o tempo de produção com etapas analógicas, melhorando

e facilitando a edição do material (FRANCISCATO; TORRES; SANTOS, 2010, p.

87). Essa transição é facilmente observável no jornalismo impresso, que inicia com

as impressões em prensas de Gutenberg, inventada em 1439, com necessidade de

amplo trabalho com o manuseio dos tipos móveis. Atualmente, as páginas são

diagramadas no computador e a impressão é feita em rotativas e parques gráficos

equipados com tecnologia de ponta, que facilita o processo. Além disso, o mesmo

conteúdo enviado para a impressão pode ser instantaneamente publicado na web.

Mas enquanto os computadores continuam centrais dentro das gerações e

fases abordadas pelos autores, não se pode esquecer da evolução do jornalismo

para os meios móveis. Para Barbosa (2013, p. 34 - 44) essa pode ser considerada a

quinta fase de desenvolvimento do jornalismo online. As mídias móveis, nesse caso,

não são consideradas concorrentes das outras mídias. Há uma atuação conjunta,

um formato horizontal de produção, edição e circulação do conteúdo. É o que a

autora chama de "continuum multimídia". Na Folha de S. Paulo e no O Globo, por

exemplo, as mesmas redações que produzem para o impresso e para a internet,

também desenvolvem para outras plataformas. Esse é o modelo vigente, apesar de

alguns veículos priorizarem a produção de notícias para a internet, como The

Gardian. Com isso, smartphones e tablets reconfiguram a todas as etapas do

jornalismo, desde a produção até a distribuição. Com as mídias móveis abre-se a

possibilidade de criação de aplicativos, o apps.

A difusão de conteúdo em iPods e aparelhos MP3 deu início com produção

de podcastings, áudios ou vídeos compilados em arquivos digitais (ALVES, 2006, p.

98). Há ainda o compartilhamento de conteúdos em smartphones, que se limita à

visualização dos mesmos produtos publicados e acessíveis por meio de computador,

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seja ele portátil ou fixo.

A conectividade transversal e planetária começa com a transformação do PC (computador pessoal, início da microinformática em 1970) em CC ( computador coletivo, com o surgimento da internet e sua popularização nos anos 80 e 90) e ganha hoje novos contornos com o atual CC móvel (computador coletivo móvel da era da ubiquidade e da computação ubíqua com a explosão dos celulares e redes sem fio). Tudo comunica e tudo está em rede: pessoas, máquinas, objetos, cidades. É a era que alguns chamam de "internet das coisas", onde objetos os mais diversos passam a se comunicar conectando-se à internet (LEMOS; LÉVY, 2010, p. 46).

Com essa comunicação ficando cada vez maior, o jornalismo começa também

a encontrar novas linguagens e esse é o grande desafio atual. As mídias móveis

reúnem todos os tipos de conteúdos, mas é preciso criar uma linguagem específica

para esse meio, o que ainda não aconteceu. Afinal, o texto não pode ser o mesmo

do colocado em um computador. A navegabilidade dificulta a leitura. O som também

é transmitido de forma diferente do rádio. Para o vídeo, fica ainda mais complicado,

uma vez que a tela é menor que o de uma televisão e o usuário depende do

download prévio ou em tempo real. A interatividade é por meio das telas touch

screen, nas quais a escolha está na ponta do dedo (RENÓ; RENÓ, 2013, p. 62 - 63).

2.1.1 Mobilidade, interatividade e colaboração

Telégrafo sem fio, telefones analógicos, satélites e videofones. Esses

aparelhos exerceram as mesmas funções que atualmente estão incumbidas a

conexões wireless, 3G e bluetooth: emissão e transmissão de conteúdo. No entanto

o formato é outro: estão relacionados a dispositivos móveis digitais, como celulares e

smartphones, que permitem o tráfego de dados e, inclusive, edição de texto e

material audiovisual. Para o jornalismo, a mobilidade, entendida como comunicação

propiciada por esses aparelhos, possibilitou o envio de informações do local em que

as coisas acontecem. Isso mudou a rotina do repórter. Antes, os dispositivos móveis

tinham função de recepção ou apenas produção. No entanto, atualmente

concentram afazeres a um único profissional. Além de escrever o texto, no caso do

jornal impresso, o repórter pode fazer registros em foto, áudio e vídeo, por exemplo.

As transmissões ao vivo, chamadas de streaming, passaram a ser possível de

serem feitas facilmente de um celular (SILVA, 2010, p. 149-162).

O chamado "jornalismo móvel" utiliza os smartphones e tablets tanto para a

13

produção de conteúdo quanto para a distribuição. A única coisa que o repórter

precisa além da mídia móvel e da internet. Com esses elementos, ele trabalha a

distância e faz o upload na hora dos conteúdos produzidos, sejam em texto, foto ou

vídeo. Não é mais incomum ver fotos tiradas com smartphones nas edições

impressas dos jornais. Para facilitar, alguns aplicativos próprios para esse tipo de

cobertura estão sendo desenvolvidos, como o Mobile Reporter e o Farcast Reporter.

A Folha de S. Paulo, por exemplo, já tem um aplicativo próprio para iPad que

disponibiliza tanto a versão impressa do jornal, quanto outros conteúdos. Há,

inclusive, matérias produzidas pela rádio e pela TV Folha, além de textos, fotos e

vídeos que não foram incluídos em outras plataformas (RUBLESCKI; BARICHELLO;

DUTRA, 2013, p. 129-130).

Da mesma forma que a internet revolucionou a forma de fazer jornalismo,

mudou as percepções de relação entre emissores e receptores de comunicação.

Para Lemos e Lévy (2010, p. 45), "o que está em jogo com a circulação virótica da

informação nada mais é do que a emergência de vozes e discursos anteriormente

reprimidos na edição de informação pelos mass media". Sendo assim, os meios de

massa, como a TV, a rádio e o impresso, passam a exercer uma função "pós-

massiva". Eles permitem a interação, estimulam que outras pessoas consumam e

produzam informações. A internet facilita a cooperação, a "desterritorialização" e a

emissão em tempo real. É o que os autores chamam de modelo "conversacional" e

"todos-todos", ao contrário do antigo jornalismo informativo e unilateral.

A comunicação digital sustenta-se em novas regras, diametralmente opostas às que até então mantinham a hegemonia das mídias tradicionais, baseadas na produção e no consumo de massa: o compartilhamento de conteúdos no lugar da concorrência pela liderança e exclusividade; a segmentação extrema, quase uma individualização da produção e do consumo; e a falta de um padrão de qualidade e de linguagem (RIBEIRO, 2013, p. 14).

A interação se destaca principalmente em ferramentas como blogs e redes

sociais, como o Twitter e o Facebook. Nesses espaços a produção é livre e o

compartilhamento das informações em diversos formatos é feita participativamente,

com comentários e aditivos à informação. Nas mídias pós-massivas, no entanto, a

opinião do público ainda é feita em uma segunda etapa. Ainda são mediadas por um

editor. Nos sites jornalísticos, qualquer um pode deixar um comentário, mas

qualquer que seja seu conteúdo terá que ser aprovado para poder ser visualizado

14

por outros leitores. Isso não acontece nas redes sociais, em que o leitor pode dizer o

que quiser sem filtros. Por esse motivo, alguns veículos desenvolveram iniciativas

que buscam incluir o espectador na produção da notícia. Um exemplo é o

Overmundo, que entrou no chamado "jornalismo cidadão, no qual as pessoas

podem encaminhar textos, fotos, vídeos, mostrando situações que testemunharam.

O "mobile jornalism" segue um modelo parecido, mas utiliza de tecnologias móveis

para a publicação de conteúdo, tanto por jornalistas quando por leitores. Com todas

essas novidades, o jornal impresso deixa de ser a reprodução de notícias do dia

anterior e passa a atuar na internet adicionando formatos, com a disponibilização de

documentos, banco de dados e outros que não puderam ser publicado na edição

impressa. Ainda, possibilita que seus leitores possam enviar conteúdos, vídeos e

fotos, sobre aquele assunto, aprofundando a informação (LEMOS; LÉVY, 2010, p. 49

- 81).

O jornalista vai perdendo o monopólio do jornalismo, enquanto cidadãos, que até bem pouco tempo atrás não tinham como publicar e chegar a grandes audiências, encontram na web formas de comunicar suas mensagens. O receptor passivo do velho esquema comunicacional se transforma assim num emissor ativo, com potencial até de, em certos casos, chegar a audiências comparáveis às dos meios de comunicação de massa tradicionais (ALVES, 2006, p. 99).

Em 2006, a importância da participação do público já chamava a atenção da

CNN. O veículo lançou um canal específico para que leitores pudessem encaminhar

textos, fotos e vídeos. Chamado de CNN Exchange, o canal seria a fusão entre o

jornalismo profissional e cidadão. Quando os leitores entravam no portal da CNN e

liam determinada reportagem, encontravam um link para os conteúdos relacionados

no Exchange que foram produzidos por espectadores (FERRARI, 2012, p. 91).

Para entender melhor a forma como o público pode interagir com o

jornalismo, Foschini e Taddei (2006, p. 19-20) separaram algumas nomenclaturas

usadas frequentemente para denominar o jornalismo cidadão. O jornalismo

participativo, no entender dos autores, ocorre quando há comentários dos leitores

em matérias publicadas. Com isso, criam-se novos conteúdos e os leitores

participam dessa construção. Já o jornalismo colaborativo é quando mais de uma

pessoa colabora para a publicação do material, mesmo que não seja apenas quando

duas pessoas escrevem uma matéria, mas quando, por exemplo, um texto vem

acompanhado de um vídeo e os dois foram criados por autores diferentes. Os

15

fenômenos wiki, que são quando um texto, fotos ou vídeos podem ser alterados por

qualquer usuário, são denominados de "jornalismo código aberto". Por último, os

autores destacam o jornalismo grassroots, caracterizado pela participação na

produção de notícias de camadas periféricas da sociedade que não encontram

espaço para serem ouvidas.

Além disso, existem os tipos de jornalistas cidadãos e como eles atuam na

internet. O chamado "publicador" tem páginas pessoas ou produz conteúdos

próprios em áudio e vídeo, sem ter foco em assuntos específicos, diferente dos

"militantes, que abordam temas pelos quais tem interesse, sejam eles políticos ou

relacionados a esportes, por exemplo. O jornalista cidadão "observador" é aquele

que pode virar fonte por estar presente em um evento imprevisível, sendo

testemunha, filmando ou gravando em áudio o ocorrido. Já o "comentarista" exprime

sua opinião por meio de comentários em páginas já existentes, inclusive nos portais

jornalísticos. Por fim, o "editor" é aquele que administra páginas e pode selecionar

conteúdos de outros sites, pessoais ou da imprensa (FOSCHINI; TADDEI, 2006, p.

25-26).

Mas o público ainda é considerado um consumidor no mundo da web, mesmo

que ele possa escolher o que deseja consumir. Apesar dos blogs e das redes sociais

ampliarem a participação dos leitores, para Primo (2007, p. 11), a interatividade tem

uma fórmula. Antes o modelo hegemônico da comunicação era emissor >

mensagem > meio > receptor. Com a internet a fórmula da interatividade se

transforma em webdesigner > site > Internet < usuário. Primo (2003, p. 7-15) já

afirmava que apesar do hipertexto ser montado de forma a possibilitar que o leitor

escolha a sequência da leitura, a interação é limitada uma vez que não é permitido

que esse espectador altere o conteúdo ou adicione informações que poderão ser

vistas pelo próximo que acessar o site. É o que ele chama de "hipertexto potencial" e

é o mais comum de ser observado em sites de veículos de comunicação, onde a

interação acontece por meio de comentário. No "hipertexto colaborativo" o conteúdo

é alterado conjuntamente, no estilo dos wikis.

Mas essa limitação da participação não quer dizer que não há interferência do

público no processo de produção de uma notícia. Com as facilidades do meio digital,

os espectadores iniciam a interação, um desses motivos poderia ser a insatisfação

com a qualidade do jornalismo. A crítica à mídia hegemônica vem de muito tempo,

desde que ativistas de direita e esquerda apontavam a parcialidade das notícias ou

16

especialistas em determinados assuntos destacavam os erros da edição. Mas antes,

esse público poderia reclamar apenas por meio de cartas. Hoje ele possui inúmeras

ferramentas no ambiente virtual e ainda pode publicar suas próprias notícias. A

abertura do webjornalismo para a participação dos consumidores na produção da

notícia, no entanto, é algo temido pelas empresas de mídias e pelos próprios

jornalistas. Mas nesse ambiente a ação de quem antes não tinha voz nos veículos

tradicionais é impossível de controlar. É nesse momento que entra o papel do

"gatewatching". O termo é usado para atualizar a noção do gatekeeping, no qual o

jornalista é o selecionador dos conteúdos que serão publicados no veículo, levando

em consideração os critérios de noticiabilidade. Na web, o papel do jornalista é

analisar as informações. O espaço é indeterminado, diferente do jornal, por isso tudo

é possível de ser publicado. Um dos sites jornalísticos que adota o modelo de

gatewatching é o Slachdot. Em formato de fórum, ele reúne notícias sobre tecnologia

de diferentes fontes escolhidas por editores, e publica um resumo com o link para o

local em que é possível ler na íntegra. O público tem a possibilidade de interagir em

cada um dos tópicos. O site sul-coreano Ohmy News é outro modelo, porém nesse

qualquer pessoa pode se cadastrar e enviar arquivos de texto, vídeo e fotos. O

conteúdo é editado por jornalistas profissionais. Há exemplos parecidos no Brasil,

mas as experiências ainda são limitadas (PRIMO; TRÄSEL, 2006, p. 4-19).

2.2 PRODUÇÃO DE VÍDEOS NA INTERNET

A experiência de produção de vídeos para a internet veio justamente da

convergência de tecnologias. Para Jenkins (2009, p. 29), convergência é o "fluxo de

conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos

mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de

comunicação". O autor ainda lembra que a convergência alterou a relação entre as

mídias existentes, como a indústria midiática opera e como o público processa o

conteúdo. Para ele, a convergência quebrou modelos pré-estabelecidos, com o

deslocamento de conteúdos exclusivos de uma única mídia para o compartilhamento

em diversos canais. Isso provocou uma interdependência de sistemas de

comunicação, com isso o conteúdo pode ser acessado de diversas plataformas e a

relação entre o emissor e o receptor fica cada vez mais complexa. (JENKINS, 2009,

p. 325).

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Sendo assim, em um cenário em que a televisão era a única capaz de

transmitir imagens, a internet veio quebrar paradigmas e possibilitar uma alternativa

à radiodifusão para o compartilhamentos de reportagens em vídeo. Com a revolução

tecnológica, as câmeras tornaram-se acessíveis, assim como celulares e máquinas

fotográficas capazes de filmar. É possível editar vídeos em computadores e, até

mesmo, em smartphones. Antes da popularização da internet, a televisão era a

única maneira de visualizar vídeos gratuitamente. (RIBEIRO, 2013, p. 9).

Foi com essas mudanças que a palavra "multimídia" passou a fazer parte do

vocabulário do jornalismo na internet.

Tanto é assim que, por desconhecimento, modismo ou por assimilação inconsciente dos conceitos de McLuhan, a palavra “multimídia” é um dos termos mais utilizados desde que a internet se incorporou ao dia a dia de redações jornalísticas e de usuários e consumidores de informação e entretenimento: conteúdo “multimídia”, profissional “multimídia” etc. Na maioria das vezes, o que se quer dizer é que tal conteúdo será apresentado em texto, foto, áudio e vídeo, de forma paralela, complementar ou simultânea, em um único meio. Rigorosamente, são conteúdos diferentes sobre o mesmo tema, em linguagens diferentes e independentes, veiculados em uma mesma plataforma: a internet (RIBEIRO, 2013, p. 25).

Os meios, antes separados pela tecnologia, começam a ocupar o mesmo

espaço. Para Seccon (2009, p. 30), a falta de um manual de redação para o

jornalismo na internet é suprido pela convergência da rádio, televisão e do impresso

na web. Ele cita exemplos de portais especializados em produções em rádio e de

outros que transmitem partidas de futebol exclusivamente para internautas, realidade

cada vez mais presente no dia a dia do jornalismo. O site do Diário Catarinense, o

Diário.com, simboliza essa convergência. Apesar do DC ser um importante veículo

impresso, presente há mais de 20 anos no cotidiano dos catarinenses, sua versão

online disponibiliza fotos e textos, mas também vídeos produzidos apenas para a

web.

A experiência do Diário.com é parecida com a vivenciada pela Folha de S.

Paulo e sua TV Folha, hospedada no portal online do veículo impresso nacional.

Spinelli (2012, p. 10 - 13), diz que a TV Folha, assim como o Diário.com, "faz parte

de um conglomerado de mídias que tem como principal veículo o jornal impresso e

não tem tradição na produção de mídia audiovisual e digital". Com isso, um texto

impresso passa a ter um complemento em vídeo e vice-versa, chamado de projeto

multimídia. Os conglomerados, no caso deste trabalho o Grupo RBS, utiliza

18

profissionais de várias áreas para a produção das reportagens audiovisuais,

incluindo informação e opinião dos próprios jornalistas do veículos impresso. O

autor ainda lembra da utilização da redação como fundo para comentários, recurso

utilizado com frequência nos vídeos tanto da TV Folha quanto dos publicado no

Diário.com. Além disso, não há padronização das estruturas da reportagem, como

acontece na televisão. Os offs, nos quais o repórter narra o acontecido com imagens

de fundo, nem sempre precisa fazer parte da reportagem.

Segundo Melinda McAdams, responsável por implantar a versão digital do Washington Post, os profissionais são atraídos de possibilidade de oferecer todos os tipos de informação que não caberiam na página de um jornal impresso. A possibilidade de utilizar recursos como textos, fotos, imagens, mapas e áudio, integrando-os na mesma mensagem, bem como de conectar, por meio do hipertexto, a matéria a informações de arquivo e/ou complementares disponíveis na home do próprio veículo ou em outro site, sem dúvida, incrementam a produção (MURAD, 1999, p.6).

E além dos conteúdos multimídia é possível criar conteúdos "transmídia", nos

quais as histórias são contadas em múltiplas plataformas com um novo texto. Com

esse modelo, os conteúdos se complementam e formam uma "narrativa transmídia".

A diferença para as reportagens multimídia é que os produtos gerados precisam ser

diferentes e acrescentar novos caminhos para a história que não os revelados pelos

outros (JENKINS, 2009, p. 138). Pode-se citar como exemplo a ação de lançamento

do filme Faroeste Caboclo, em cartaz em maio de 2013. O jornal Notícias Populares,

de São Paulo, que foi fechado e completaria 50 anos em 2013, recebeu uma nova

edição com notícias fictícias sobre os acontecimentos do filme. A edição, chamada

de Último NP, foi encartada na Folha de S. Paulo do dia 24 de maio e deu grande

visibilidade ao filme, lançado no dia 30. As matérias estão publicadas no site. O

recurso transmídia é muito utilizado pela publicidade, mas pode ser uma ferramenta

para as reportagens, principalmente com o uso da internet.

Uma narrativa transmídia, portanto, é aquela em que um conteúdo é

publicado em diferentes canais, mas só poderá ser entendido se visto em todos os

seus formatos. As histórias têm um mesmo enredo, mas são divulgadas em meio

diferentes. O caso da TV Folha pode ser enquadrado como uma narrativa

transmídia. Enquanto ela é formulada a partir de matéria, equipes e equipamentos

do jornal impresso, a TV Folha é transmitida pela internet e seus conteúdos são

publicados em um TV aberta, a TV Cultura de São Paulo. É o que Martins (2012, p.

19

6) chama de "televisão de papel".

Nesse ponto, o modelo é muito parecido com o espaço multimídia do

Diário.com, cujos vídeos são também divulgados na televisão, nesse caso fechada,

no canal TVCom. O programa da TV Cultura, produzido pela Folha de S. Paulo, tem

três blocos e tem a redação como cenário para as falas dos colunistas do jornal

impresso. As reportagens são produzidas pelos repórteres do impresso, inclusive os

correspondentes nacionais e internacionais, e as imagens são captadas pelos

fotógrafos, com câmeras SLR. As reportagens são diferentes das produzidas pela

televisão tradicional. O estilo do jornal é visível na edição das matérias, cheias de

gráficos, artes e imagens fotográficas. A interatividade com o público é garantida

pelo site. O público pode acompanhar as atualizações pelas redes sociais,

compartilhar os vídeos, mandar sugestões e deixar comentários. Essa interação é

uma das características das narrativas transmídias. No entanto, a TV Folha nem

sempre apresenta os links que possam interligar o vídeo com a matéria impressa

que deu origem a ele. Sendo assim, não há uma ligação entre as duas narrativas.

Isso quebra a questão de continuidade das narrativas transmídias, principalmente

porque os conteúdos da TV, internet e impresso não são os mesmos, apesar de

serem sobre o mesmo tema. O espectador não é impulsionado a ver todo o

conteúdo. Um outro item interessante notado nas reportagens da TV Folha é a

presença informal do repórter, que dá seu depoimento como as outras fontes em

estilo making off. Esse modelo, diferente da televisão tradicional, incentivaria a

participação dos espectadores, que se sentem mais próximos do jornalista

(MARTINS, 2012, p. 6-16).

(...) o programa de Tv é fruto de uma seleção de assuntos do que contem a Folha edição dominical impressa. Dentro desta seleção conta-se, portanto, uma parte do que é a Folha de São Paulo de domingo, além do que os conteúdos são trabalhados a partir da perspectiva, dos recursos e da linguagem audiovisual, de maneira a recriar, portanto, as narrativas, permanecendo como elementos coincidentes em relação ao jornal impresso apenas no que diz respeito à pauta e aos atores envolvidos (PICCININ, 2012, p. 9).

Com esse formato, Piccinin (2012, p. 10 - 11 ) questiona o que seria a TV

Folha. Ela levanta dois conceitos, de telewebjornal e telejornal on line. Com a

interatividade dos espectadores, a ligação com o impresso e os conteúdos

disponibilizados na internet ela acredita que a TV Folha não pode ser considerada

20

apenas um telejornal on line. Seria uma linguagem jornalística contemporânea, "um

novo formato de jornal impresso, telejornal e teleweb".

Multimídia ou transmídia, as novas formas de se fazer jornalismo na internet

basicamente fundem o que Santaella (2007, p. 76-81) chama de "matrizes lógicas".

Para a autora, todas as formas de linguagem e comunicação são resultados de

combinações e mistura dessas matrizes: sonoro, visual e verbal. As mídias são

apenas meios, "suportes materiais, canais físicos, nos quais as linguagens se

corporificam e pelos quais transitam". Mas as linguagens, segundo ela, crescem

quando esses meios se cruzam.

O jornal, por exemplo, é, entre outras coisas, uma união, que deu certo, entre o telégrafo, a foto e a modificação qualitativa da linguagem escrita no espaço gráfico (diagramação, uso dos tipos etc.). O vídeo-texto – versão rudimentar das atuais redes telemáticas conectadas com os computadores pessoais cujo modelo é a internet – nasceu da combinação de um banco de dados com o telefone e um terminal de vídeo. Enfim, o universo midiático nos fornece uma fartura de exemplos de hibridização de meios, códigos e sistemas sígnicos. São esses processos de hibridização que atuam como propulsores para o crescimento das linguagens (SANTAELLA, 2007, p. 81).

A autora destaca a hipermídia, que seria a junção das matrizes em formatos

de texto, fotos, ruídos, entre outros, no espaço digital. Isso trouxe um novo

entendimento das linguagens disseminadas nos meios tradicionais. Enquanto antes

as palavras, os sons e as imagens existiam separadamente (nos jornais, na rádio e

na televisão), agora elas passam a criar estruturas nas quais o usuário pode navegar

e interagir. Há uma mistura dessas diferentes linguagens em um único espaço.

Sendo assim, a escrita não é apenas reproduzida, ela é transformada por outras

linguagens. Com esse novo modelo, a linearidade é quebrada no que ela chama de

"módulos de informação": partes de textos, fotos, vídeos, ligados por links. Sendo

assim, é o usuário quem determinará os caminhos percorridos dentro dos

conteúdos. Apesar da inserção cada vez maior de vídeos e recursos gráfico, no

entanto, o texto ainda predomina na internet. Mas, nesse ambiente, as linguagens

não apenas convergem. Texto, fotos e vídeos não são apenas textos, fotos e vídeos.

Eles se entrelaçam, são capazes de se unirem e se separarem, podem se

complementar ou se sobrepõem (SANTAELLA, 2007, p. 84-96).

Spinelli e Pacheco (2013, p.5) utilizam conceitos de João Canavilhas para

explicar essa ligação. Enquanto no meio impresso, a matéria deveria seguir o

esquema de pirâmide invertida (lead> dados secundário> final), o conteúdo na web

21

é configurado de forma diferenciada, na chamada "pirâmide deitada". Sendo assim,

o lead serve como texto base, que dará ao leitor uma ideia do que será tratado em

linguagens ligadas a ele. Pode ser uma notícia que acabou e acontecer e não há,

portanto, maiores detalhes a serem apresentados. No "nível de explicação", o

restante da informação é preenchida, com o Por quê? e Como? do lead tradicional.

O "nível de contextualização" é aquele em que outros formatos irão complementar a

informação, com fotos, vídeos e infografia. No último nível, "de exploração", esse

conteúdo é linkado a arquivos externos e outras publicações.

Esse complemento, principalmente em vídeo, está conquistando cada vez

mais o gosto dos internautas e seu potencial pode ser facilmente observado com

pesquisas realizadas pelo mundo. O número de espectadores que consomem

vídeos na internet, independente desse conteúdo ser ou não jornalístico, é

diretamente proporcional ao acesso à banda larga. Além disso, ao contrário do que

se imagina, o número de adultos consumidores desse formato também aumenta

com o passar dos anos. Entre 2006 e 2007, a quantidade de internautas que

assistiam a vídeos pelo menos uma vez por semana cresceu 24%, alcançando 44%

deles nos Estados Unidos, de acordo com o On Line Publishers Association. Para

apenas os que tinham acesso à internet por banda larga, a agência Horowitz

Associates apresenta crescimento de 36% no consumo de vídeos na internet. Uma

pesquisa realizada em 2008 pela Pew Internet & American Life Project's aponta que

57% dos adultos assistiram ou fizeram downloads de vídeos, sendo que 19% deles

costumam fazer isso com frequência. Em 2011, esse número cresceu ainda mais:

100 milhões de americanos assistiram a vídeos, 43% a mais que no ano anterior. No

Brasil, a ComScore fez uma pesquisa que mostrou que, em 2011, 29% da população

do país assistiu a vídeos na internet. Em relação ao ano anterior, o crescimento no

número de vídeos assistidos foi de 74%. O maior responsável pelo

compartilhamento de vídeo no país é o Youtube, com 67,4% dos vídeos

compartilhados. A Globo ficou em terceiro lugar, com 1,4% dos compartilhamentos.

(RIBEIRO, 2013, p.77-78).

Como constatou Anderson (2006), no ciberespaço, amadores e profissionais partilham do mesmo espaço, mas é muito difícil para os profissionais acompanharem o ritmo dos amadores. O número de vídeos e de visitantes do YouTube impactou o sistema de TV em pontos-chave: na oferta de conteúdo audiovisual e na concorrência por audiência. Até programas de TV aberta, no Brasil, apresentam os vídeos mais assistidos no YouTube em sua programação (RIBEIRO, 2013, p. 93).

22

No entanto, em resultado apresentado sobre estudo feito com alguns dos

principais jornais do mundo sobre o conflito na Síria, foi possível perceber que as

grandes organizações jornalísticas ainda subestimam a publicação de vídeos,

principalmente junto com as notícias em texto. Muitas, principalmente em assuntos

internacionais como esse, acabam dependendo de vídeos produzidos por agências

de notícias ou outros veículos. Há pouca produção própria. O estudo também

mostrou que os vídeos são mais comuns nas edições para a internet do que nos

aplicativos de tablets e smartphones. Esse resultado aponta o desafio do jornalismo,

na criação de vídeos próprios para as mídias móveis (TEIXEIRA, 2013, p. 257-259).

23

3 PÚBLICO DOS VÍDEOS DO DIÁRIO.COM

O público é para quem o veículo produz suas reportagens, sejam elas em

vídeo, em áudio, na internet ou no impresso. No entanto, saber o que esse público

acha dos conteúdos é uma tarefa difícil. A pesquisa por método quantitativo

realizada nesse trabalho dá uma noção de como os vídeos do Diário.com são vistos

pelos seus espectadores, uma vez que a maioria não expressa qualquer opinião em

comentários enviados diretamente ao jornal ou por meio dos comentários da área

multimídia.

3.1 BREVE HISTÓRICO DA EXPERIÊNCIA DO GRUPO RBS

O Grupo RBS inaugurou sua caminhada digital em 26 de abril de 1995 com o

caderno de Informática do jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul. Quase um mês

depois passou a publicar resumos de notícias que eram publicadas no impresso e a

crônica diária do colunista Paulo Sant'ana. A primeira versão digital do jornal se

chamava ZH Informática Online. Em dezembro do ao seguinte, o Grupo deu mais

um passo e lançou o Zero Hora Digital, em que eram publicadas diariamente as

principais matérias de todas as editorias. Em 1996 ainda, a RBS criou o primeiro

portal brasileiro da internet, o Zaz, vendido em 1999. O portal ClicRBS foi lançado

em 3 de julho de 2000, unindo jornalismo, entretenimento e serviços. Apesar de ser

originário do Zero Hora Digital, também tem sua versão editada para Santa Catarina.

Desde o início, o ClicRBS possui área multimídia, na qual os usuários podiam ouvir

as emissoras de rádio do grupo, visualizar galerias de fotos e imagens em 360

graus. Havia grande preocupação do Grupo em oferecer conteúdos multimídias aos

seus leitores e garantir a interatividade com enquetes e chats (HENNEMANN;

MIELNICZUK, 2006, p. 1-14).

Em dezembro de 2007, surgiu o site do Diário Catarinense, o Diário.com. Os

conteúdos eram produzidos pelos repórteres da versão impressa do jornal de maior

circulação em Santa Catarina, por agências de notícias e por uma equipe

especialmente formada para criar conteúdos para o site. O Diário.com já surgiu com

a ideia de que seria necessário produzir em formato multimídia. Em 2010, grande

parte dos repórteres da redação conheciam o conceito e reconheciam a importância

da produção de vídeos e fotos, complementando a matéria em texto. A maioria tinha

24

produzido vídeos com câmeras digitais ou celulares, com um depoimento ou

mostrando os bastidores da produção de notícias. Alguns também produziram

vídeos e contaram com a ajuda do fotógrafo para a filmagem (LENZI, 2012, p. 3-14).

3.2 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA

A pesquisa feita por meio de questionário, com 11 questões de múltipla

escolha e cinco questões para respostas livres, foi realizada entre o dia 06 e 20 de

janeiro. O questionário foi publicado no Diário.com, com chamada na capa do site.

Em dois dias a pesquisa também foi anunciada na coluna do leitor do jornal

impresso.

Ao final do período, 43 pessoas responderam ao questionário. Dentro dessa

amostra, 22 são homens e 21 são mulheres. Com relação à faixa etária, 49% (21)

dos participantes têm entre 21 e 30 anos; 30% (13) têm idade entre 31 e 40 anos;

19% (8) têm entre 41 e 50 anos e 2% (1) têm entre 10 e 20 anos. Nenhuma pessoa

tem idade acima dos 51 anos.

Um maior número de respostas poderia ter sido alcançado, caso eu não

tivesse encontrado alguma limitações. A primeira delas tem relação com a

dinamicidade das capas de site. Alegando que não havia condições de deixar a

chamada da pesquisa todo o tempo em um mesmo local no layout, os editores

retiravam a chamada e, muitas vezes, esqueciam de colocar em outro local. Era

preciso pedir para que a pesquisa fosse recolocada diariamente. Sendo assim, há

possibilidade de que alguém tenha lido a chamada no impresso, mas não tenha

conseguido encontrar a pesquisa no site.

Além disso, apesar dos pedidos, a pesquisa não foi amplamente divulgada

nas redes sociais do Diário Catarinense. No Twitter foram feitas algumas postagens,

mas no Facebook não aconteceu a divulgação porque os editores alegavam falta de

uma foto que pudesse ilustrar a publicação.

Com poucas respostas, eu decidi encaminhar um e-mail informando a todos

os profissionais do jornal sobre a pesquisa e pedindo para que essas pessoas

divulgassem em suas redes sociais. Alguns colegas apoiaram a iniciativa e o número

de respostas cresceu visivelmente.

A última limitação foi a não publicação da pesquisa na capa do ClicRBS. Os

editores alegavam que a pesquisa era muito específica, destinava-se apenas ao

25

Diário.com, e, por esse motivo, não deveria ser publicada na capa do ClicRBS, que

chama matérias de todos os veículos do Grupo RBS em Santa Catarina.

Com os resultados em mãos, a análise dos dados coletados se deu de duas

maneiras. Primeiramente, isolei as respostas de pessoas que não assistem aos

vídeos do Diário.com para entender porque isso acontece. Em segundo lugar,

observei as respostas em múltipla escolha dos que assistem, para traçar um perfil

geral do público. Só após esse processo é que foram analisadas as questões livres,

que não eram obrigatórias e que representam opiniões particulares dos participantes

da pesquisa.

3.3 PÚBLICO COLABORATIVO

As 43 respostas obtidas por meio do questionário mostram uma parcela do

público dos vídeos do Diário.com disposto a contribuir para a melhoria ou a

manutenção do formato utilizado na produção audiovisual. Mais da metade das

pessoas (27) responderam pelo menos uma questão aberta e não obrigatória.

Apenas uma pessoas das seis que afirmaram não assistir aos vídeos do Diário.com

não respondeu nenhuma das questões abertas.

3.3.1 Quem não assiste aos vídeos

Curiosamente, seis pessoas da amostra de 43 participantes responderam que

não assistem aos vídeos do Diário.com. Quatro estão na faixa entre 21 e 30 anos de

idade, uma pessoa tem entre 31 e 40 anos e uma tem entre 41 e 50 anos. Quatro

são mulheres e dois são homens. Três participantes alegaram falta de interesse ou

de assuntos interessantes como justificativa. Um deles diz que os vídeos são

"desinteressantes e mal feitos". Outra pessoa afirma que não conhecia essa parte do

site e outra alega que "não tem o hábito de acessar o Diário.com". Um dos

participantes não justificou. Apenas uma pessoa respondeu que não assiste vídeos

em outros sites jornalísticos. Os sites Youtube, Terra, Uol, Folha de S. Paulo, A

Notícia e Notícias do Dia foram citados.

Duas pessoas responderam o que consideram ser pontos fracos dos vídeos

do Diário.com. Uma delas afirma que há "pouca divulgação, falta de espaço atrativo

26

para publicação dos vídeos e interface pobre da área para procura de vídeos.

Linguagem dos vídeos fraca, pouco conteúdo crítico". A outra pessoa diz:

"geralmente tem a reportagem junto, e prefiro ler a matéria em vez de ver o vídeo".

Apenas uma pessoa falou sobre pontos positivos dos vídeos: "já possui produção de

conteúdo com certar regularidade. Foi o primeiro a produzir vídeos com conteúdo

jornalístico no estado".

Um dos participantes respondeu que não assiste aos vídeos, mas, mesmo

assim, respondeu às perguntas feitas apenas aos que assistem ao vídeos. Essas

respostas de múltipla escolha foram consideradas nos dados sobre os que assistem

aos vídeos, deduzindo que a pessoa respondeu porque não assiste mais, mas já foi

público do Diário.com.

3.3.2 Quem assiste aos vídeos

O público dos vídeos do Diário.com não é visitante assíduo, mas os números

mostram que eles seguem esse caminho. Das 37 pessoas que assistem ao

conteúdo audiovisual, 32% vê os vídeos uma vez por semana, 26% assiste uma ou

mais vezes por mês e 21% vê duas ou mais vezes por semana. Apenas 8%, o

correspondente a três participantes, diz que assiste aos vídeos todos os dias. O

restante, 13%, não soube informar a frequencia com que assiste aos conteúdos.

Os vídeos de cultura são os mais assistidos (28%), segundo as respostas da

pergunta sobre os assuntos tratados nas reportagens, questão que permitia escolher

mais de uma opção. No entanto, os vídeos mais visualizados, de acordo com o

ranking do site durante o último ano (contando do dia 11/02/2014), são temas

relacionados a segurança. O vídeo do piloto que morreu em acidente aéreo no Rio

Grande do Sul estava com 106565 visualizações. O segundo lugar ficou com o vídeo

de um acidente envolvendo três carros em Biguaçu, com 57718 visualizações. Na

pesquisa, essa temática ficou em terceiro lugar como vistos pelos participantes

(16%), atrás de entrevista e debate (19%) e amadores, com 17% das respostas. Os

vídeos de serviço (que ensinam a fazer algo) são os preferidos por 15% e os

editoriais de 5%.

Importante destacar que os 10 vídeos mais vistos no site são amadores, isto

é, feitos por internautas. Nenhum deles é produção própria da equipe do Diário

27

Catarinense. Além disso, apenas um deles têm relação com cultura. Os outros nove

tratam de tragédias naturais e acidentes.

Apesar do uso cada vez mais frequente de smartphones e tablets, a pesquisa

aponta que a maioria do público ainda assiste aos vídeos pelo computador, o

correspondente a 65% dos participantes. Esse dado pode evidenciar a falta de

aplicativos próprios e de player adequado para a visualização do conteúdo em meios

móveis. Os números ainda podem ter relação direta com o tempo ideal do vídeos

para os participantes da pesquisa.

A duração entre 1 e 5 minutos é a escolhida por 68% dos que responderam

ao questionário. Apenas duas pessoas disseram preferir vídeos com menos de um

minuto e 26% dos participantes dizem preferir os vídeo com 1 minuto. Nenhum

entrevistado respondeu assistir a vídeos com mais de cinco minutos. Isso comprova

que vídeos muito longos na internet ainda não são os preferidos, mas mostra que os

muito curtos também não agradam o público, provavelmente por falta de conteúdo.

Quem assiste às reportagens prefere conteúdos mais analíticos. Enquanto

24% diz que os vídeos que mais gosta têm apenas imagens, 33% escolhem vídeos

que tem pessoas falando com imagens (no estilo das reportagens de televisão) e

20% gostam dos que têm falas de especialistas. Os que têm apenas legendas foram

os escolhidos por 12% dos participantes e 11% preferem quando os repórteres

aparecem em frente à câmera.

A questão "Você já comentou em algum vídeo do Diário.com?" reforçou a

observação de que há poucos comentários nos vídeos. Apenas oito participantes

(20%) diz que já comentou. Alguns dos que não comentaram (80%) justificaram a

resposta. Duas pessoas afirmaram que não costumam assistir aos vídeos, por isso

não comentam. Outros nove ainda disseram não ter interesse ou não acharam

necessário comentar. Um dos participantes falou sobre o conteúdo dos vídeos:

"Muitas vezes, o conteúdo é muito infantil ou falado de forma como se o jornalista

fosse o dono da verdade, o aventureiro. Outras vezes, os vídeos se enrolam e levam

muito tempo de duração (tempo raramente justificado no tema ou nas entrevistas).

Preferiria vídeos mais diretos que tratasse o espectador com mais respeito. Um

exemplo: a página de vídeos da Folha. Outra possibilidade: apostar em entrevistas

bacanas, rápidas com gente que tenha algo a dizer. Entrevistas especiais com gente

que não esteja no mainstream ou que seja fonte batida". Outro participante afirma

que o formulário para comentários e ruim e complicado e que ele acreditava que os

28

comentários não eram importantes para o Diário.com. "Assisto com pressa de ler

outras notícias", explica outra pessoa. Um deles ainda elogia: "Nunca comentei aos

videos em que assisti por não ter tido interesse mesmo. Mas aos que assisti gostei

muito, e quando gosto, procuro divulgá-los em meu facebook. Adoro assistir o surf

com DC".

Outro dado que chama a atenção é a falta de vontade do público de ter vídeos

publicados no Diário.com. Mais da metade, 60%, diz que não gostaria de ter um

vídeo publicado. Porém, os outros 40% ainda correspondem a um percentual

elevado de internautas que querem contribuir, indo no sentido do jornalismo

participativo. Para esses, não há um espaço prático e atrativo que incentive a

interação.

Dos 43 participantes da pesquisa, apenas 9 afirmam que não assistem vídeos

em outros sites jornalísticos. Os mais citados são Folha de S. Paulo, G1, R7, Terra,

Uol e Estadão. Internacionais New York Times e Washington Post foram citados por

um dos participantes.

Entrando nas questões abertas e não obrigatórias, as respostas podem ajudar

a entender algumas das opções escolhidas acima. O público que assiste aos vídeos

é crítico. As respostas sobre os pontos fracos foram respondidas com mais

detalhamento do que as dos pontos positivos. Ao todo, foram colhidas 19 respostas,

sendo que duas são de pessoas que não costumam assistir ao vídeos e foram

publicadas no item 3.2.1.

As respostas relativas a conteúdos foram comuns. Os participantes criticam a

falta de textos analíticos e matérias investigativas: "Os temas são banais ou de

interesse público duvidoso, tipo o cara do Pretinho Básico ou papos de variedades

que subestimam a inteligência do espectador. Melhor aplicar o conteúdo em

entrevistas com gente legal que tenha algo a dizer. Assim, o vídeo serve como

complemento ao texto do site e do jornal, e não apenas como "algo bonitinho"" e

"Baixa qualidade e muitas vezes há informações irrelevantes. Poderia haver pautas

mais contextualizadas, investigativas ou com recursos de vídeo melhores (como

uma edição mais profissional ou ângulos de câmera diferenciados). Também tem

que ser vídeos curtos - não vejo vídeos que tenham mais de 2 min, tirando quando é

uma entrevista muito boa", são alguns exemplos.

Algumas respostas também falam sobre a estrutura e a qualidade dos vídeos.

Um dos participantes diz que os vídeos amadores, com baixa qualidade,

29

comprometem a credibilidade do veículo. Outro aponta: "Nem sempre os vídeos

carregam e quando carregam são muito lentos. Muitas vezes é de perder a

paciência e desistir de assistir". Áudio ruim e falta de espaço atrativo para os vídeos

também foram apontados.

O player é o mais criticado pelos participantes: "As vezes nao roda no iphone

e ipad, pra achar videos eh bagunçado, e nao da de passar pra frente ou pra tras. Eh

bem ruinzinho", "O player é horrível. Poderia ter produções elaboradas com mais

frequência. Sobre os pilotos da varig foi bom, o harleiro também. Podia ter mais. Os

programas no estúdio precisam de apresentadores mais dinâmicos. Há muito

material institucional ou besteira: Planeta Atlantida, "Crianças falam seus desejos

para 2014"... Editorial em vídeo é uma besteira", "Player ruim, sem opçao de escolha

de qualidade de vídeo para visualização!".

Um dos participantes também reclama da falta de opção para

compartilhamento em blogs ou páginas, já que os vídeos não tem a função

"incorporar" (embed). Os vídeos de serviço, em forma de tutorial normalmente com 1

minuto de duração, foi lembrado por um dos participantes: "Os tutorias são muito

básicos - outro dia, por exemplo, assisti um sobre cabelo para praia, mas o penteado

não era legal e também não era usual para cabelo pós/durante a praia - impossível

de fazer com cabelo molhado depois de um banho de mar, mesmo penteando e

passando creme... Na maioria das vezes acho que poderiam produzir melhor e

selecionar profissionais melhores para os tutoriais do gênero".

Mas não foram só críticas que resultaram nas respostas dos questionários, já

que 17 pessoas responderam "quais são os pontos positivos dos vídeos do

Diário.com?". Além de apontar a boa produção e qualidade das imagens dos vídeos

próprios, alguns participantes citaram o repórter Eric Casagrande, repórter da

Revista de Verão, que fez alguns vídeos inovadores para o site nos últimos meses: "

Os vídeos são novidade no site, então há muito espaço para crescimento e

aprendizado. Por exemplo, aquele repórter Eric Casagrande, se não me engano, é

um bom apresentador e tem futuro. Mas para isso, é preciso que o DC faça vídeos

mais inteligentes, vídeos de entrevistas legais, por exemplo. O ideal é fugir do básico

ou do que todo mundo pode fazer com uma câmera. Tenho certeza de que há

potencial" e "Os vídeos de verão feitos pelo Eric ficam divertidos e interessantes

(assisti o do protetor e da Lagoinha do Leste), eles são uteis e bem humorados.

Outro ponto interessante é quando deixam a imagem falar por si só, geralmente

30

naqueles vídeos que duram 1 minuto, somente com trilha e imagem sobre um tema.

Outro que gostei bastante foi sobre ciclovias em Florianópolis, com o Daniel Biólogo

e o ex-prefeito de Bogotá, o estilo documentário ficou muito bom!".

Apesar de muitos terem criticado o player de vídeos do Diário.com, um dos

participantes da pesquisa aponta que "melhorou em relacao ao ultimo player". Outro

ponto positivo levantado foi a cobertura de assuntos diversos e as informações

regionais e locais que constam nas matérias audiovisuais. Um dos participantes faz

questão de lembrar que o Diário.com "já possui produção de conteúdo com certar

regularidade. Foi o primeiro a produzir vídeos com conteúdo jornalistico no estado".

A agilidade na publicação dos vídeos no momento do acontecimento e a

divulgação dos produtos nas redes sociais também foram apontados.

31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa identificou as expectativas do público dos vídeo do Diário.com,

mas identificou principalmente discrepâncias entre o que o público diz querer e o que

ele realmente faz. Por esse motivo, um único objetivo proposto não foi alcançado em

sua totalidade: por que, afinal, um vídeo é mais visualizado do que outro?

A questão do tempo dos vídeos dá uma ideia. Todos os vídeos mais

visualizados tem menos que cinco minutos e a maioria tem entre 1 e 5 minutos,

como foi a preferência de número maior de pessoas. No entanto, enquanto, na

pesquisa, os vídeos de cultura e entrevista/debate são os favoritos, a lista de mais

visualizados apresenta nenhum vídeo relativo a esses assuntos e todos relacionados

a segurança e, além disso amadores.

Apesar de não apresentar respostas conclusivas sobre esse ponto, a

pesquisa deixa uma discussão no ar: seria possível que o público estivesse

esperando um tipo de vídeo que atualmente não é o foco do Diário.com? Essa

pergunta é ainda mais necessária quando observadas as respostas sobre pontos

positivos e negativos dos vídeos.

Muitas pessoas elogiaram a produção dos vídeos próprios do Diário.com, no

entanto, nenhum deles está na lista dos mais visualizados no último ano. Além disso,

há participantes que criticaram os vídeos amadores e afirmaram que eles fazem com

que o veículos perca credibilidade, argumento que vai contra o jornalismo

participativo, apontado como o futuro do jornalismo na internet.

De fato, 60% dos participantes diz que não gostaria de ter vídeos publicados

no Diário.com. Cabe aí uma reflexão dos rumos a serem seguidos dentro do espaço

multimídia do site. É também necessário lembrar que o público que respondeu a

pesquisa é aquele que, em sua maioria, visualiza os vídeos 1 ou mais vezes por

semana. Portanto, pode ser considerado um público assíduo, diferente daquele que

pesquisa em sites de busca e se depara com os vídeos, abrindo-os por curiosidade.

Os participantes da pesquisa querem vídeos com maior qualidade de

conteúdo, mais interpretativos e críticos. Gostam de ouvir especialistas, querem ser

instigados. Esses são conceitos adotados na linha editorial do Diário Catarinense

impresso, que poderiam fazer cada vez mais parte das reportagens audiovisuais.

Por outro lado, o público quer diversão e criatividade, algo muito bem

lembrado por quem citou os vídeos da Revista de Verão, feitos pelo repórter Eric

32

Casagrande.

Além disso, a pesquisa mostra que o Diário.com precisa avançar em

aplicativos para vídeos em smartphones e tablets. Esse público, em sua maioria,

ainda assiste aos vídeos no computador, com isso, o Diário.com perde um grande

espaço de divulgação. Pelas críticas apontadas, isso acontece porque a plataforma

atual de vídeos não é compatível com os meios móveis. Os participantes apontam

dificuldades de visualização no computador, afirmando que muitas vezes os vídeos

não rodam, então é possível perceber que nos smartphones e tablets o

carregamento das reportagens pode ser ainda mais difícil.

Essa situação pode influenciar na frenquencia com que as pessoas acessam

o canal multimídia. Outra situação que poderia influenciar seria a falta de vídeos

próprios publicados diariamente. Apesar do canal ser atualizado com certa

periodicidade, a maioria dos vídeos são amadores, isto é, feitos por internautas ou

captados por câmeras de vigilância (em casos como acidentes e relacionados a

crimes, por exemplo).

Tendo em vista todos os resultados obtidos, a pesquisa é uma ferramenta

importante para que o Diário.com possa vislumbrar o futuro de seu canal multimídia.

Além de mostrar, a partir desse público, que os espectadores não estão

passivamente assistindo aos vídeos, como acontecia com a televisão. Eles estão

incomodados com a falta de qualidade, com conteúdos superficiais, e percebem

para onde o jornalismo está andando. A pesquisa reforça o que os autores apontam

como sendo uma mudança de comportamento nos receptores de conteúdos,

principalmente ao observar as respostas minuciosas e o tempo empreendido para

elogiar e criticar os vídeos.

Essa interação, no entanto, é visivelmente problemática. Porque, apesar de

terem respondido com cuidado as questões abertas, 80% dessas pessoas nunca

comentaram os vídeos do Diário.com. Observa-se aí uma lacuna. Um dos

participantes dá o caminho, alegando que o formulário para comentários no espaço

multimídia é complicado e não facilita a participação. Outros ainda dizem que

acreditavam que os comentários não importavam para o Diário.com, o que vai contra

o que é esperado pelo veículo, tendo em vista seu espaço ampliado para a

participação do leitor no impresso e enquetes e movimentos no Instagram que

sinalização a vontade de crescimento dessa interação.

Os resultados dessa pesquisa podem ser usados para uma mudança de

33

comportamento ou mesmo para reforçar situações que já eram visíveis pelos

jornalistas do Diário Catarinense, mas que não tinham sido explicitadas pelo seu

público. Além disso, pode se um caminho para a implantação mais rápida da TV DC,

nos moldes da TV Folha, uma das referências mais citadas pelos participantes. Co

isso, o conteúdo próprio seria frequente, atendendo aos pedidos dos espectadores.

No entanto, é importante lembrar que essa pesquisa demonstra as

expectativas de apenas uma parcela do público do Diário.com. Ainda, não ficou claro

qual seria melhor formato para os vídeos para a internet. A maioria dos participantes

afirma gostar dos chamados "offs", nos quais a voz do jornalista é aliada a imagens.

Mas grande parte também gosta de vídeos apenas com legendas e apenas com

imagens, sem legendas ou offs. Por esse motivo, cabe a nós, jornalistas, tentarmos

unir todos esses elementos e encontrar o formato ideal para os vídeos na web.

Uma possibilidade de pesquisa futura, que poderia complementar

apresentada nesse trabalho, poderia ser relacionada à visualização de vídeos nas

redes sociais, como Facebook e Instagram. Há a possibilidade do público que

visualiza por esses locais apresentar respostas completamente diferentes das

levantadas por esse pesquisa. Afinal, será que o formato de vídeos para os sites é o

mesmo dos vídeos publicados nessas redes?

34

REFERÊNCIAS

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http://slashdot.org/

http://international.ohmynews.com/

http://www.ultimonp.com.br

http://www.folha.com.br/tv

37

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

Responda o formulário para nos ajudar a melhorar o espaço multimídia do site do Diário Catarinense * Required Sexo *

Feminino

Masculino

Idade *

Entre 10 e 20 anos

De 21 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

Acima de 50 anos

Você assiste aos vídeos do Diário.com? *

Sim

Não

Caso a resposta acima tenha sido Não, justifique. Resposta opcional Se você assiste, com que frequência isso acontece?

Todos os dias

1 vez por semana

Mais de 2 vezes por semana

1 ou mais vezes por mês

38

Não sabe informar

Os vídeos que você costuma assistir no Diário.com são sobre...

Segurança

Cultura

Serviço (que ensinam a fazer algo, estilo tutorial)

Entrevista ou debate

Editorial

Amadores (feitos por internautas)

Como você assiste aos vídeos do Diário.com?

Computador

Celular

Tablet

Os vídeos do DC que você mais gosta têm...

Legendas

Apenas imagens

Pessoas falando enquanto passam imagens

Jornalistas aparecendo em frente à câmera

Fala de especialistas

Qual a duração dos vídeos que você costuma ver?

Menos de 1 minuto

1 minuto

Entre 1 e 5 minutos

39

Mais de 5 minutos

Você já comentou em algum vídeo do Diário.com?

Sim

Não

Caso a resposta acima tenha sido Não, justifique. Resposta opcional Você gostaria de ter um vídeo publicado no Diário.com?

Sim

Não

Você assiste a vídeos de outros sites jornalísticos? *

Sim

Não

Caso a resposta acima tenha sido Sim, cite os sites. Resposta opcional Quais são, na sua opinião, os pontos fracos dos vídeos do Diário.com? Resposta opcional Quais são, na sua opinião, os pontos fortes dos vídeos do Diário.com? Resposta opcional

40

APÊNDICE B – GRÁFICOS COM RESULTADOS DA PESQUISA

Sexo

Feminino

(21)

49%

Masculino (22) 51%

Idade

Entre 10 e 20 anos

(1)

2%

De 21 a 30 anos (21) 49%

De 31 a 40 anos (13) 30%

De 41 a 50 anos (8) 19%

Acima de 50 anos (0) 0%

Você assiste aos vídeos do Diário.com?

Sim (37) 86%

Não (6) 14%

41

Se você assiste, com que frequência isso acontece?

Todos os dias

(3)

8%

1 vez por semana (12) 32%

Mais de 2 vezes por semana (8) 21%

1 ou mais vezes por mês (10) 26%

Não sabe informar (5) 13%

Qual a duração dos vídeos que você costuma ver?

Menos de 1 minuto

(2)

5%

1 minuto (10) 26%

Entre 1 e 5 minutos (26) 68%

Mais de 5 minutos (0) 0%

Você já comentou em algum vídeo do Diário.com?

42

Sim (8) 20%

Não (33) 80%

Você gostaria de ter um vídeo publicado no Diário.com?

Sim

(16)

40%

Não (24) 60%

Você assiste a vídeos de outros sites jornalísticos?

Sim

(34)

79%

Não (9) 21%